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FATEO
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Aula de Trindade – Dia 21/08/2015.
Início da comissão de diálogo bilateral entre Igreja Católica e Igreja Luterana.
Seminário bastante frequentado sobre os 500 anos do luteranismo. A Igreja Luterana
teve a participação de todos seus pastores sinodais. Deste seminário saiu um documento
chamado Do Conflito à Comunhão, que coloca o estágio atual do diálogo ecumênico
entre as duas Igrejas como: batismo, ministério, eucaristia e como se compreende cada
um, o papel importante das pesquisas teológicas que deram origem a Reforma e o
reconhecimento do pecado do passado das Igrejas. Que o Congresso de Teologia de
2017 tenha como tema a Reforma. É importante uma leitura deste documento diante de
tantas bobagens ditas da parte de bispos, padres e leigos sobre a Reforma como: que os
Luteranos devem se aproximar da Igreja Católica por que deixaram o sobrenatural de
lado e que os Luteranos não creem na Santíssima Trindade. Lutero Aceitou todos os
Concílios anteriores e os Luteranos recitam o Símbolo Niceno-Constantinapolitano.
Não devemos deixar se seduzir por pregadores de internet que falam asneiras sobre a fé.
A Igreja não é um recinto de pessoas desajustadas, mas lugar de testemunhar de forma
autentica e libertadora o Evangelho. Onde as pessoas são testemunhas desta vivência do
Evangelho, de abertura que acolhe os irmãos na alegria da fé, de se relacionar bem,
numa responsabilidade social e transformadora. Mesmo que antropologicamente temos
a tendência a agressividade o problema maior é transformá-la em violência, inclusive na
política e no cotidiano da violência na sociedade atual. A Teologia Trinitária é
testemunhar um Deus-Amor.
O tema da aula é o agnosticismo. O que significa? A insignificância de Deus na
existência. Uma atitude de não tomada de posição de crer ou não crer em Deus, um
indiferentismo sobre Deus. Diante desta posição como podemos fazer credível esta
posição agnóstica de Deus. Num primeiro momento é deixar um espaço aberto ao
diálogo.
O monismo materialista seria a redução total da unidade humana ao
materialismo. Estas questões podem ser debatidas tranquilamente na Filosofia em nome
da Ciência. Podemos contrapor que a consciência unitária é mais coerente na tradição
bíblica que defende a unidade do ser humano. Na tradição do credo foram assumidas
que Cristo desceu a mansão dos mortos para explicitar que ele morreu verdadeiramente,
até o fundo da morte onde todas as outras coisas posteriores são fantasias como: Cristo
foi nos infernos avisar os demônios que terminou o reino deles, onde o corpo foi para o
tumulo, a alma foi pro inferno para avisar aqueles que lá estão e o Filho foi para junto
do Pai e na passagem do sábado para domingo os três se ajuntaram e se deu a
ressurreição; teoria de Changallot. Na tradição do século XX a antropologia teológica
recupera a tradição da unidade em Cristo.
O espiritismo tem a doutrina da reencarnação com seu dualismo radical que
psicografa cartas, espíritos vagantes etc. Depois temos o dualismo mitigado onde as
almas eram criadas antes que os corpos fossem formados e quando os corpos eram
formados elas viriam habitar neles. Tomás de Aquino faz coincidir a origem da alma
com a origem do humano, quando a matéria prima está pronta então vem a forma
substancial que é a alma. O outro pensamento seria a compreensão unitária do ser
humano. É uma discussão científica, filosófica e teológica. Nem a Filosofia, nem a
Teologia deve ter a palavra última, mas dialogar ambas com a Ciência.
Como podemos falar de Deus e vivermos em Deus se participamos de injustiça,
da violência; ao mesmo tempo que dizemos que Deus é amor e devemos amar o
próximo como sustentar este dualismo, esta contradição? Superaremos os agnósticos na
medida em que nós vamos mostrando a coerência com a justiça.
Temos aqui no Brasil as tradições indígenas, as tradições afro-brasileiras e
tradições europeias. Cada qual com sua cultura. A cultura indígena é ligada a cultura da
terra e água. As tradições indígenas também tem um entendimento de Deus. A falta de
expressões que fixaram a cultura indígena através da escrita cria dificuldade para
entender o pensamento do índio quanto sua transcendência. Algo conhecemos sobre este
assunto com um influxo do cristianismo em sua cultura. Outro problema são as línguas
originais dos grupos indígenas para entender melhor esta expressão religiosa. Se pode
dizer de modo geral que há uma tendência de uma realidade transcendente que não se
personifica. Essa realidade transcendente está associada a natureza, a saúde e a
pajelança. A transcendência está relacionada então aos deuses, com as forças da
natureza e a nível da saúde que estão associados no pajé, tendo nele uma espécie de
sacralidade. Ele é separado do cotidiano e domina os espíritos do bem e do mal.
Analogia ao sacerdote católico, ao pontífice que são pontes da imanência com a
transcendência. A estrutura do pajé tem uma mesma semelhança do xamã da Sibéria.
No NT, na carta aos Hebreus se diz que Jesus é o único e eterno sacerdote..., onde Ele
supera o xamã e isso faz do cristianismo uma religião complicada onde o cristianismo é
o contraditório com o arcaico e o arquétipo humano que coloca Deus bem longe e povoa
o intermediário com muitas entidades e ai chegamos as religiões afro-brasileiras que é
para nós a representatividade destas entidades. No mundo judaico se tem o
entendimento de uma única divindade. O cristianismo quando sai da palestina e vai ao
mundo grego começa a substituir desuses gregos por santos cristãos, datas pagãs em
datas cristãs, lugares de peregrinações pagãs em santuários cristãos. No período do
descobrimento, junto com os colonizadores, são trazidos muitas imagens de santos.
Chegando aqui vai se substituindo o culto dos indígenas aos espíritos pelo culto dos
santos cristãos.
Os africanos, mesmo depois do batismo que são submetidos antes de virem,
trazem junto com eles o culto dos orixás. Que chegando aqui tiveram que desistir de
maneira violenta este culto num primeiro momento, depois o sincretismo continuou a
existir.
Quando vamos falar de Deus devemos prestar atenção a esta estrutura complexa
da religiosidade que há no Brasil em geral, com variações locais em particular. Isso faz
a religiosidade brasileira ser o que é. A nossa tarefa é fazer refletir a realidade de Deus é
refazer esta estrutura de religiosidade, mas até agora pouco se conseguiu realizar para
permear esta estrutura e a própria religiosidade popular. Se não deixarmos de lado os
deuses que temos não conseguiremos chegar ao verdadeiro Deus. A idolatria é a nossa
tentação permanente. Também não devemos acusar as religiões afro-brasileiras de
idolatria e superstição, sobretudo, numa sociedade onde defendemos o pluralismo
religioso, a tolerância religiosa e o diálogo inter-religioso. Contudo, não foge os cristãos
da responsabilidade de reconduzir estas culturas índia e africana ao conhecimento do
Deus verdadeiro.
Durante o comércio escravocrata para o Brasil a Igreja batizava antes de saírem
da África pelo fato de serem pagãos. Quando chegaram aqui resignificaram imagens de
santos cristãos com seus orixás permanecendo até hoje o sincretismo religioso dos
descendentes afro-brasileiros com a religião “mãe” que seus antepassados criam.
Que possamos ter uma transformação na nossa própria espiritualidade, que o
Deus que nós cremos tenhamos uma amizade por Ele e que a partir da compreensão
deste mistérios tenhamos também uma espiritualidade trinitária e filial.