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1 Descontinuidades em juntas soldadas Objetivo Esta Norma define os termos empregados na denominação de descontinuidades em materiais metálicos semi-elaborados ou elaborados, oriundos de processos de fabricação e/ou montagem; soldagem por fusão, fundição, forjamento e laminação. Nota — Descontinuidade é a interrupção das estruturas típicas de uma peça, no que se refere a homogeneidade de características físicas, mecânicas ou metalúrgicas. Não é necessariamente um defeito. A descontinuidade só deve ser considerada defeito, quando, por sua natureza, dimensões ou efeito acumulado, tomar a peça inaceitável, por não satisfazer os requisitos mínimos da norma técnica aplicável. 1 - Definições As definições apresentadas para os termos relacionados são as seguintes: 2 - Descontinuidade em Juntas Soldadas 2.1 - Abertura de arco Imperfeição local na superfície do metal de base resultante da abertura do arco elétrico. 2.2 - Ângulo excessivo de reforço Angulo excessivo entre o plano da superfície do metal de base e o piano tangente ao reforço de solda, traçado a partir da margem da solda (Figura.1). Figura 1 – Ängulo excessivo de reforço

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Descontinuidades em juntas soldadas

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Descontinuidades em juntas soldadas

Objetivo

Esta Norma define os termos empregados na denominação de

descontinuidades em materiais metálicos semi-elaborados ou elaborados, oriundos

de processos de fabricação e/ou montagem; soldagem por fusão, fundição,

forjamento e laminação.

Nota — Descontinuidade é a interrupção das estruturas típicas de uma peça, no que

se refere a homogeneidade de características físicas, mecânicas ou metalúrgicas.

Não é necessariamente um defeito. A descontinuidade só deve ser considerada

defeito, quando, por sua natureza, dimensões ou efeito acumulado, tomar a peça

inaceitável, por não satisfazer os requisitos mínimos da norma técnica aplicável.

1 - Definições

As definições apresentadas para os termos relacionados são as seguintes:

2 - Descontinuidade em Juntas Soldadas

2.1 - Abertura de arco

Imperfeição local na superfície do metal de base resultante da abertura do

arco elétrico.

2.2 - Ângulo excessivo de reforço

Angulo excessivo entre o plano da superfície do metal de base e o piano

tangente ao reforço de solda, traçado a partir da margem da solda (Figura.1).

Figura 1 – Ängulo excessivo de reforço

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2.3 - Cavidade alongada

Vazio não arredondado com a maior dimensão paralela ao eixo da solda

podendo estar localizado:

(a) na solda (Figura.2a).

(b) na raiz da solda(Figura.2b).

Figura 2 (a e b) – Cavidade alongada

2.4 - Concavidade

Reentrância na raiz da solda, podendo ser :

(a) central, situada ao longo do centro do cordão (Figura. 3a).

(b) lateral, situada nas laterais do cordão (Figura.3b).

Figura 3 (a e b) – Concavidade 2.5 - Concavidade excessiva

Solda em ângulo com a face excessivamente côncava (Figura.4).

Figura 4 – Concavidade excessiva

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2.6 - Convexidade excessiva

Solda em ângulo com a face excessivamente convexa (Figura.5).

Figura 5 – Convexidade excessiva

2.7 - Deformação angular

Distorção angular da junta soldada em relação a configuração de projeto

(Figura. 6), exceto para junta soldada de topo (Ver embicamento).

Figura 6 – Deformação angular

2.8 - Deposição insuficiente

lnsuficiência de metal na face da solda (Figura. 7).

Figura 7 – deformação insuficiente

2.9 - Desalinhamento

Junta soldada de topo, cujas superfícies das peças, embora paralelas,

apresentam-se desalinhadas, excedendo a configuração de projeto. Como mostra a

figura 8.

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Figura 8 - desalinhamento

2.10 - Embicamento

Deformação angular de junta soldada de topo. Como mostra a figura 9.

Figura 9 – Embicamento

2.11 - Falta de fusão

Fusão incompleta entre a zona fundida e o metal de base, ou entre passes da

zona fundida, podendo estar localizada:

(a) na zona de ligação (Figura.10 a).

(b) entre os passes (Figura 10 b).

(c) na raiz da solda (Figura 10c e d).

Figura 10 – Falta de fusão

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2.12 - Falta de penetração

lnsuficiência de metal na raiz da solda (Fig. 11).

Figura 11 – Falta de Penetração

2.13 - lnclusão de Escória

Material não metálico retido na zona fundida, podendo ser:

(a) alinhada (Figura. 12a e 12b);

(b) isolada (Figura. 12c);

(c) agrupada (Figura. 12d).

Figura 12 (a,b,c e d) – Inclusão de Escória

2.14 - lnclusão metálica

Metal estranho retido na zona fundida.

2.15 - Micro-trinca

Trinca com dimensões microscópicas.

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2.16 - Mordedura

Depressão sob a forma de entalhe, no metal de base acompanhando a

margem da solda (Figura. 13).

Figura 13 - Mordedura

2.17 - Mordedura na raiz

Mordedura localizada na margem da raiz da solda (Figura. 14).

Figura 14 – Mordedura na raiz

2.18 - Penetração excessiva

Metal da zona fundida em excesso na raiz da solda (Figura. 15).

Figura 15 – Penetração Excessiva

2.19 - Perfuração

Furo na solda (Figura. 16a) ou penetração excessiva localizada (Fig. 16b)

resultante da perfuração do banho de fusão durante a soldagem.

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Figura 16 (a e b) – Perfuração na solda

2.20 - Poro

Vazio arredondado, isolado e interno à solda.

2.21 - Poro superficial

Poro que emerge à superfície da solda.

2.22 - Porosidade

Conjunto de poros distribuídos de maneira uniforme, entretanto não alinhado

(Figura. 17).

Figura 17 - Porosidade

2.23 - Porosidade agrupada

Conjunto de poros agrupados (Figura. 18).

Figura 18 - Porosidade Alinhada

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2.24 - Porosidade alinhada

Conjunto de poros dispostos em linha, segundo uma direção paralela ao eixo

longitudinal da solda (Figura. 19).

Figura 19 – Porosidade alinhada

2.25 - Porosidade Vermiforme

Conjunto de poros alongados ou em forma de espinha de peixe situados na

zona fundida (figgura.20)

Figura 20 – Porosidade Vermiforme

2.26 - Rechupe de cratera

Falta de metal resultante da contração da zona fundida, localizada na cratera

do cordão de solda (Figura. 21).

Figura 21 – Rechupe de Cratera

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2.27 - Rechupe interdendrítico

Vazio alongado situado entre dendritas da zona fundida.

2.28 - Reforço excessivo

Excesso de metal da zona fundida, localizado na face da solda (Figura. 22).

Figura 22 – Reforço excessivo

2.29 - Respingos

Glóbulos de metal de adição transferidos durante a soldagem e aderidos à

superfície do metal ou base ou à zona fundida já solidificada.

2.30 - Sobreposição

Excesso de metal da zona fundida sobreposto ao metal de base na margem

da solda, sem estar fundido ao metal de base (Figura. 23).

Figura 23 - Sobreposição

2.31 - Solda em ângulo assimétrica

Solda em ângulo, cujas pernas são significativamente desiguais em

desacordo com a configuração do projeto (Figura. 24).

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Figura 24 – Solda em ângulo assimétrica

2.32 - Trinca

Descontinuidade bidimensional produzida pela ruptura local do material.

2.33 - Trinca de cratera

Trinca localizada na cratera do cordão do solda, podendo ser:

(a) longitudinal (Figura. 25a);

(b) transversal (Figura. 25b);

(c) em estrela (Figura. 25c).

Figura 25 (a,b e c) – Trinca de cratera

2.34 - Trinca em estrela

Trinca irradiante do tamanho inferior a largura de um passe da solda

considerada (ver trinca irradiante).

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2.35 - Trinca interlamelar

Trinca em forma de degraus, situados em planos paralelos a direção de

laminação, localizada no metal de base, próxima à zona fundida (Figura. 26).

Figura 26 – Trinca interlamelar

2.36 - Trinca irradiante

Conjunto de trincas que partem de um mesmo ponto, podendo estar

localizada:

(a) na zona fundida (Figura. 27a);

(b) na zona afetada termicamente (Figura. 27b);

(c) no metal do base (Figura. 27c).

Figura 27 (a,b e c) – Trinca irradiante

2.37 - Trinca longitudinal

Trinca com direção aproximadamente paralela ao eixo longitudinal do cordão

de solda, podendo estar Iocalizada:

(a) na zona fundida (Figura. 28a);

(b) na zona de ligação (Figura. 28b);

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(c) na zona afetada termicamente (figura. 28c);

(d) no metal de base (figura. 28d).

Figura 28 (a,b,c e d) – Trinca longitudinal

2.38 - Trinca na margem

Trinca que se inicia na margem da solda, localizada geralmente na zona

afetada termicamente (Figura.29).

Figura 29 – Trinca na margem

2.39 - Trinca na raiz

Trinca que se inicia na raiz da solda, podendo estar localizada:

(a) na zona fundida (Figura. 30a);

(b) na zona afetada termicamente (Figura. 30b).

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Figura 30 (a e b) – Trinca na raiz

2.40 - Trinca ramificada

Conjunto de trincas que partem de urna trinca, podendo estar localizado:

(a) na zona fundida (Figura. 31a);

(b) na zona afetada termicamente (Figura. 31b);

(c) no metal de base (Figura. 31c).

Figura 31 (a,b e c) – Trinca ramificada

2.41 - Trinca sob cordão

Trinca localizada na zona afetada termicamente não se estendendo a

superfície da peca (Figura. 32).

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Figura 32 – Trinca sob cordão

2.42 - Trinca transversal

Trinca com direção aproximadamente perpendicular ao eixo longitudinal do

cordão de solda, podendo estar localizada:

(a) na zona fundida (Figura. 33a);

(b) na zona afetada termicamente (Figura. 33b);

(c) no metal de base (Figura. 33c).

Figura 33 – Trinca Transversal

A tabela 1 mostra os defeitos na soldagem suas causas prováveis e possíveis

soluções.

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Tabela 1 – Defeitos na soldagem

Defeito Causa provável Possível Correção

Solda de má aparência

1 – Corrente muito alta

2 – Corrente muito baixa

3 – Uso incorreto do

eletrodo

4 – Eletrodo defeituoso ou

erro na escolha

1 – Ajustar a corrente

2 – Ajustar a corrente

3 – Usar uma técnica de

solda apropriada

4 – Trocar o eletrodo.

Penetração demasiada

furando a chapa

1 – Corrente muito alta

2 – Arco muito longo

3 – Sopro do arco

excessivo

4 – Eletrodo defeituoso ou

erro na escolha

1 – Diminuir a corrente

2 – Encurtar o arco

3 – Ver o sopro do arco

4 – Trocar o eletrodo

Excesso de respingo

1 – Corrente muito alta

2 – Técnica de solda

errada

1 – usar corrente mais

baixa

2 – Mudar o ângulo do

porta-eletrodo de maneira

que a força do arco usada

para encher a junta,

diminua velocidade do

movimento, evitando o

curto-circuito.

Sopro no arco

1 – Quando soldamos com

corrente contínua, criamos

um campo magnético, o

qual causa a oscilação do

arco, dificultando o

trabalho da soldagem

1 – Usar corrente

alternada; contrabalancear

o sopro, variando o ângulo

do eletrodo. Variar o ponto

de fixação do cabo-terra;

usar bronze ou cobre para

sustentar a peça;

Substituir a mesa de

trabalho magnetizado

Solda porosa 1 – Velocidade de avanço

muito alta

1 – Diminuir a velocidade

de avanço

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2 – Corrente muito baixa

3 – Alto teor de enxofre ou

outras impurezas no metal

base

4 – Eletrodo defeituoso ou

erro na escolha

2 – Usar eletrodo do tipo

“baixo hidrogênio” com

revestimento a base de

óxido de cálcio quando

soldar aços de alto teor de

enxofre

3 – Trocar o eletrodo

Cordão de Solda Trinca

1 – Eletrodo errado

2 – Junta muito rígida sob

tensão

3 – Forma errada do

cordão

4 – Formação de crateras

ou falhas

5 – Resfriamento muito

rápido

1 - Usar eletrodo tipo baixo

hidrogênio

2 – Redesenhar a junta.

Pré-aquecimento ou pós-

aquecimento, ou ambos.

Faça com o cordão de

solda comum um

movimento de tecer e não

de mão corrida

3 – Usar velocidade menor

ou uma maior oscilação do

eletrodo, obtendo-se um

cordão mais convexo

4 – Ressoldar, a fim de

encher as crateras ou

falhas

5 – pré-aquecimento ou

pós-aquecimento, ou

ambos

Distorção e Empeno

1 – Projeto incorreto

2 – Superaquecimento

3 – Velocidade de avanço

muito pequena

4 – Seqüência de

soldagem errada

5 – Fixação defeituosa

1 – Redesenhar

2 – Usar corrente menor

com uma barra de

resfriamento mais eficiente

3 – usar velocidade de

avanço menor

4 – Estudar e verificar a

seqüência da soldagem

5 – prender fortemente

com um torno a barra de

resfriamento

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com um torno a barra de

resfriamento

Solda quebradiça ou frágil

1 – Eletrodo errado

2 – Tratamento térmico

errado

3 – O metal depositado

pode ter sido temperado

pelo ar ambiente

4 – O metal básico

empenado

1 – Usar eltrodo do tipo

austenítico ou de baixo

teor de hidrog~enio

2 – Usar pré-aquecimento

ou pós-aquecimento, ou

ambos

3 – Usar eletrodos

austeníticos

4 – Usar menor

penetração, dirigindo o

arco para o ponto de fusão

3 – Exercícios

1 – Nas figuras seguintes, identifique as descontinuidades e escreva seus nomes na folha.

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2) Identifique as trincas escrevendo seus nomes nas letras

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3) Identifique as descontinuidades existentes nas figuras apresentadas a seguir.