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    Prof. RogerioBazilio

    energia nuclear no brasil

    A GEOPOLTICA NUCLEAR

    Ointeresse pela tecnologia nuclear no Brasil comeou na dcada de 50, com o pioneiro nesta rea, Almirantelvaro Alberto, que entre outros feitos criou o Conselho Nacional de Pesquisa, em 1951, e importou duasultracentrifugadoras da Alemanha para o enriquecimento do urnio, em 1953.

    Era de se imaginar que o desenvolvimento transcorreria numa velocidade maior, porm

    ainda so obscuras as reais causas que impediram este deslanche, e o pas no passou da instalao

    de alguns centros de pesquisas na rea nuclear.

    A deciso da implementao de uma usina termonuclear no Brasil aconteceu de fato em

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    1969, quando foi delegado a Furnas Centrais Eltricas SA a incumbncia de construir

    nossa primeira usina nuclear. muito fcil concluir que em nenhum momento se

    pensou numa fonte para substituir a energia hidrulica, da mesma maneira que tambmaps alguns anos, fcou bem claro que os objetivos no eram simplesmente o domnio

    de uma nova tecnologia. Estvamos vivendo dentro de um regime de governo militar

    e o acesso ao conhecimento tecnolgico no campo nuclear permitiria desenvolver no s submarinos nucleares,

    mas armas atmicas. O Programa Nuclear Paralelo, somente divulgado alguns anos mais tarde, deixou bem claro as

    intenes do pas em dominar o ciclo do combustvel nuclear, tecnologia esta somente do conhecimento de poucos

    pases.

    Em junho de 1974, as obras civis da Usina Nuclear de Angra 1 estavam em pleno andamento quando o

    Governo Federal decidiu ampliar o projeto, autorizando Furnas a construir a segunda usina.

    Mais tarde, no dia 27 de junho de 1975, com a justifcativa de que o Brasil j apontava escassez de energia

    eltrica para meados dos anos 90 e incio do sculo 21, uma vez que o potencial hidroeltrico j se apresentava quase

    que totalmente instalado, foi assinado na cidade alem de Bonn o Acordo de Cooperao Nuclear, pelo qual o Brasil

    compraria oito usinas nucleares e obteria toda a tecnologia necessria ao seu desenvolvimento nesse setor.

    Desta maneira, o Brasil dava um passo defnitivo para o ingresso no clube de potncias atmicas e estava assim

    decidido o futuro energtico do pas, dando incio Era Nuclear Brasileira.

    Prof. RogerioBazilio

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    Fonte Vantagens Desvantagens

    Carvo Barato;Fcil de recuperar (nos E.UA. e na Rssia).

    Requer controles de alto custo de poluio doar (exemplo: mercrio, dixido de enxofre).Contribuinte signicativo chuva cida e aoaquecimento global.Requer o sistema extensivo de transporte.

    Nuclear O combustvel barato; a fonte mais concentrada de gerao de energia;O resduo o mais compacto de toda as fontesBase cientca extensiva para todo o ciclo;Fcil de transportar como novo combustvel;Nenhum efeito estufa ou chuva cida.

    a fonte de maior custo por causa dossistemas de emergncia, de conteno, deresduo radioativo e de armazenamento.Requer uma soluo a longo prazo paraos resduos armazenados em alto nvel namaioria dos pases.Proliferao nuclear potencial.

    Hidroeltrica Muito barato aps a represa ser construda.Investimentos dos governos. Ex.: o oeste dos EUAinvestiu pesadamente na construo de represas. No Brasil o investimento do governo tambm considervel.

    Fonte muito limitada, pois depende daelevao da gua.Muitas represas disponveis existematualmente (no muito como uma fontefutura, dependendo do pas).O colapso da represa conduz geralmente perda de vidas.As represas afetam os peixes (por exemplo

    as corridas dos salmes, entre outros, at afoz do rio).Danos ambientais para as reas inundadas(acima da represa) e rio abaixo.

    Gs / leo Bom sistema de distribuio para os nveis de usoatuais.Fcil de obter.Melhor fonte de energia para o aquecimento deespaos.

    Disponibilidade muito limitada comomostrado por faltas durante o inverno nospases frios.Poderia ser o contribuinte principal doaquecimento global.Caro para gerao de energia.Grande oscilao dos preos conforme aoferta e a demanda.

    Vento O vento grtis, e disponvel.Boa fonte para suprir a demanda de bombeamento peridico de gua nas fazendas, como j visto emvrios pases no incio do sculo.

    Necessita 3x a quantidade de geraoinstalada para atingir a demanda.Limitado a poucas reas.O equipamento caro de se manter.Necessita de armazenamento de energia dealto custo (exemplo: baterias).Altamente dependente do clima - o ventopode danic-lo durante fortes ventanias ouno girar durante dias, conforme a estao doano.Pode afetar pssaros e coloc-los em perigo.

    Prof. RogerioBazilio

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    Solar A luz solar grtis, quando disponvel. Limitado s reas ensolaradas do mundo (muitademanda quando est pouco disponvel, porexemplo, no aquecimento solar).Requer materiais especiais para espelhos/painis que podem afetar o meio ambiente.A tecnologia atual requer quantidades grandesde terra para quantidades pequenas de geraoda energia.

    Biomassa A indstria est em sua infncia.

    Poderia criar empregos, pois plantas menorespoderiam ser usadas.

    Ineciente se forem usadas plantas pequenas.

    Poderia ser um contribuinte signicativo parao aquecimento global, pois o combustvel tembaixo ndice de conteno de calor.

    C o m b u s t v e la partir deresduos

    O combustvel pode ter baixo custo.Poderia criar empregos, pois plantas menorespoderiam ser usadas.Emisses baixas de dixido de enxofre.

    Ineciente se forem usadas plantas pequenas.Poderia ser um contribuinte signicativo parao aquecimento global, pois o combustvel tembaixo ndice de conteno de calor.As cinzas podem conter metais como o cdmioe chumbo.Libera no ar e nas cinzas substncias txicascomo dioxinas e furanas.

    Fuso O hidrognio e o trtio poderiam ser usados

    como fonte de combustvel.Gerao mais elevada de energia por unidade demassa do que na sso. Nveis mais baixos de radiao associadosao processo do que em reatores baseados emsso.

    O ponto de rentabilidade ainda no foi alcanado

    aps aproximadamente 40 anos de pesquisa dealto custo e as plantas comercialmente viveisso esperadas para daqui a 35 anos.

    Fonte: Geografa Geral e do Brasil Eustquio de Sene e Joo Carlos Moreira

    Editora Scipione

    Prof. RogerioBazilio

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    Prof. LeovanMorais

    Energia Nuclear Uma breve Histria

    Aenergia nuclear, tambm chamada atmica, obtida a partir da sso do ncleodo tomo de urnio enriquecido, liberando uma grande quantidade de energia. Aenergia nuclear mantm unidas as partculas do ncleo de um tomo. A diviso

    desse ncleo em duas partes provoca a liberao de grande quantidade de energia.Os primeiros resultados da diviso do tomo de metais pesados, como o urnio e o plutnio, foram obtidos

    em 1938. A princpio, a energia liberada pela sso nuclear foi utilizada para objetivos militares. Posteriormente, aspesquisas avanaram e foram desenvolvidas com o intuito de produzir energia eltrica. No entanto, armas nuclearescontinuam sendo produzidas atravs do enriquecimento de urnio.

    As motivaes para o teste podem, normalmente, ser categorizadas:Relacionadas com a arma em si (vericar que a arma funciona, ou estudar como funciona);Efeitos da arma (como a arma se comporta sob condies diversas, e como estruturas se comportam quando

    submetidas arma).

    As potncias nucleares conduziram pelo menos 2.000 exploses nucleares de teste (os nmeros soaproximados, j que alguns destes tm sido disputados):

    Estados Unidos: 1050 testes (envolvendo 1125 engenhos), a maior parte deles na rea de testes de Nevada e nazona de testes do Pacco nas Ilhas Marshall, com dez outros testes levados a cabo em vrios pontos dos EstadosUnidos, incluindo Alasca, Colorado, Mississipi, e Novo Mxico.Unio Sovitica : entre 715 e 969 ensaios, a maioria na rea de testes da Sibria e Nova Zembla, e mais alguns emvrios pontos da Rssia, Cazaquisto, Turcomenisto e Ucrnia.Frana : 210 testes, a maior parte deles realizados em Reggane e Ekker, na Algria, e Fangataufa e Moruroa, naPolinsia Francesa.Reino Unido : 45 ensaios, 21 em territrio australiano, incluindo 9 no continente (Austrlia do Sul, em Maralinga eEmu Field), e muitos outros em territrio dos Estados Unidos, como parte da colaborao com este ltimo.China : 45 testes (23 atmosfricos e 22 subterrneos, todos conduzidos na Base de testes de Lop Nur, em Malan,Xinjiang)ndia : 5 ou 6 testes, em Pokhran.Paquisto : entre 3 e 6 testes, em Chagai Hills.

    O Tratado de No Proliferao Nuclear (TNP) um tratado entre Estados soberanos assinado em 1968, em vigora partir de cinco de maro de 1970. Atualmente conta com a adeso de 189 estados, cinco dos quais reconhecem serdetentores de armas nucleares: Estados Unidos, Rssia, Reino Unido, Frana e China que so tambm os cinco membros

    permanentes do Conselho de Segurana da ONU. Em sua origem tinha como objetivo limitar as armas nucleares dessescinco pases (a antiga Unio Sovitica foi substituda pela Rssia). Esses pases esto obrigados, pelos termos do tratado,a no transferir armas nucleares para os chamados pases no nucleares, nem auxili-los a obt-las. A China e a Frana,entretanto, no raticaram o tratado at 1992.

    Entre 3 e 28 de maio de 2010, realizou-se mais uma Conferncia de Reviso do Tratado de NoProliferao Nuclear, na sede das Naes Unidas, em Nova York. Em 28 de maio, os pases signatrios do TNP chegarama um documento de consenso o primeiro em dez anos que inclui a interdio total de armas de destruioem massa no Oriente Mdio. O documento nal da Conferncia prev planos de ao para cada umdos trs pilares do TNP:

    1. Desarmamento;2. Controle dos programas nucleares nacionais;3. Utilizao pacca da energia atmica.

    Fontes de pesquisas:http://www.brasilescola.com/ energia-nuclear.htmhttp://www.cnen.gov.brhttp://www.comciencia.br/reportagens/nuclear/nuclear01.htmhttp://www.biodieselbr.com/energia/nuclear/index.htm

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    Prof. JuanTavares

    Efeitos da Radiao em Seres Vivos

    As clulas quando expostas radiao sofrem ao de fenmenos fsicos, qumicose biolgicos. A radiao causa ionizao dos tomos, que afeta molculas, que

    podero afetar clulas, que podem afetar tecidos, que podero afetar rgos,que podem afetar a todo o corpo.

    No entanto, tende-se a avaliar os efeitos da radiao em termos de efeitos sobre clulas, quando na verdade,a radiao interage somente com os tomos presentes nas clulas e a isto se denomina ionizao. Assim, os danos

    biolgicos comeam em consequncia das interaes ionizantes com os tomos formadores das clulas.

    O corpo humano constitudo por cerca de 5 x 1012 clulas, muitas das quais altamente especializadas para odesempenho de determinadas funes. Quanto maior o grau de especializao, isto , quanto mais diferenciada for aclula, mais lentamente ela se dividir. Uma exceo signicativa a essa lei geral dada pelos linfcitos, que, emboras se dividam em condies excepcionais, so extremamente radiossensveis.

    Um organismo complexo exposto s radiaes sofre determinados efeitos somticos, que lhe so restritos eoutros, genticos, transmissveis s geraes posteriores. Os fenmenos fsicos que intervm so ionizao e excitaodos tomos. Estes so responsveis pelo compartilhamento da energia da radiao entre as clulas.

    Os fenmenos qumicos sucedem aos fsicos e provocam rupturas de ligaes entre os tomos formandoradicais livres num intervalo de tempo pequeno.

    Os fenmenos biolgicos da radiao so uma consequncia dos fenmenos fsicos e qumicos. Alteram asfunes especcas das clulas e so responsveis pela diminuio da atividade da substncia viva, por exemplo: perda das

    propriedades caractersticas dos msculos.

    Estas constituem as primeiras reaes do organismo ao das radiaes e surgem geralmente para dosesrelativamente baixas.

    Alm destas alteraes funcionais, os efeitos biolgicos caracterizam-se tambm pelas variaes morfolgicas.Entende-se como variaes morfolgicas as alteraes em certas funes essenciais ou a morte imediata da clula, isto, dano na estrutura celular. assim que as funes metablicas podem ser modicadas ao ponto da clula perder suacapacidade de efetuar as snteses necessrias sua sobrevivncia.

    Como se proteger? Mantenha distncia, exponha-se o mnimo de tempo e use blindagem para deter as radiaes.E em caso de acidente? Leia as informaes da Defesa Civil.

    Sensibilidade da Clula Radiao

    Nem todas as clulas vivas tm a mesma sensibilidade radiao. As clulas que tm mais atividade so maissensveis do que aquelas que no so, pois a diviso celular requer que o DNA seja corretamente reproduzido para quea nova clula possa sobreviver. Assim so, por exemplo, as da pele, do revestimento intestinal ou dos rgoshematopoiticos. Uma interao direta da radiao pode resultar na morte ou mutao de tal clula,enquanto que em outra clula o efeito pode ter menor consequncia.

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    Assim, as clulas vivas podem ser classicadas segundo suas taxas de reproduo,que tambm indicam sua relativa sensibilidade radiao. Isto signica que diferentes

    sistemas celulares tm sensibilidades diferentes.Linfcitos (glbulos brancos) e clulas que produzem sangue esto em constante

    reproduo e so as mais sensveis.Clulas reprodutivas e gastrointestinais no se reproduzem to rpido, portanto, so menos sensveis.Clulas nervosas e musculares so as mais lentas e, portanto, as menos sensveis.

    As clulas tm uma incrvel capacidade de reparar danos. Por isso, nem todos os efeitos da radiao so irre-versveis. Em muitos casos, as clulas so capazes de reparar qualquer dano e funcionarem normalmente.

    Em alguns casos, no entanto, o dano srio demais levando uma clula morte. Em outros casos, a clula danicada, mas ainda assim consegue se reproduzir. As clulas lhas tero falta de algum componente e morrero.Finalmente, a clula pode ser afetada de tal forma que no morre e modicada. As clulas modicadas se reprodu-

    zem e perpetuam a mutao, o que poder signicar o comeo de um tumor maligno.Efeitos Biolgicos

    A radiao nuclear no algo que passou a existir nos ltimos 150 anos. Ela faz parte denossa vida. A luz solar uma fonte natural radioativa. Est na areia da praia, na loua domstica,nos alimentos, na televiso quando est ligada. Por ano, um ser humano absorve entre 110 milirema 150 milirem de radiao de fontes diversas.

    Qualquer ser humano submetido a um exame de concentrao de possveis elementos

    radioativos em seu corpo obter um resultado de concentrao de potssio radioativo, que foiacumulado pelo consumo de batata. (O cigarro apresenta chumbo e polnio radioativos.)

    Em uma exploso nuclear ou em certos acidentes com fontes radioativas, as pessoasexpostas recebem radiaes em todo o corpo, mas, as doses absorvidas podem ser diferentes

    Prof. JuanTavares

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    Prof. JuanTavares

    em cada tecido. Cada rgo reage de uma certa forma, apresentando tolernciasdiferenciadas em termos de exposio radiao.

    Os efeitos somticos classicam-se em imediatos e retardados com base num limite,adotado por conveno, de 60 dias. O mais importante dos efeitos imediatos dasradiaes aps exposio do corpo inteiro a doses relativamente elevadas a Sndrome

    Aguda de Radiao (SAR). O efeito retardado de maior relevncia a cancerizao radioinduzida, que s aparecevrios anos aps a irradiao.

    O quadro clnico apresentado por um irradiado em todo o corpo depende da dose de radiao absorvida.A unidade para expressar a dose da radiao absorvida pela matria o Gray (Gy), denido como a quantidade deradiao absorvida, correspondente a 1 Joule por quilograma de matria.

    Doses muito elevadas, da ordem de centenas de grays, provocam a morte em poucos minutos, possivelmenteem decorrncia da destruio de macromolculas e de estruturas celulares indispensveis manuteno de processosvitais.

    Doses da ordem de 100 Gy produzem falncia do sistema nervoso central, de que resultam: desorientaoespao-temporal, perda de coordenao motora, distrbios respiratrios, convulses, estado de coma e, nalmente,morte, que ocorre algumas horas aps a exposio ou, no mximo, um ou dois dias mais tarde.

    Quando a dose absorvida numa exposio de corpo inteiro de dezenas de grays, observa-se sndromegastrointestinal, caracterizada por nuseas, vmito, perda de apetite, diarria intensa e apatia. Em seguida surgemdesidratao, perda de peso e infeces graves. A morte ocorre poucos dias mais tarde.

    Doses da ordem de alguns grays acarretam a sndrome hematopoitica, decorrente da inativao das clulassanguneas (hemcias, leuccitos e plaquetas) e, principalmente, dos tecidos responsveis pela produo dessasclulas (medula).

    Para doses inferiores a 10 Gy, as possibilidades de uma assistncia mdica eciente so maiores.As radiaes, como diversos agentes qumicos, tambm tm efeito teratognico, isto , provocam alteraes

    signicativas no desenvolvimento de mamferos irradiados quando ainda no tero materno.

    Inquestionavelmente, as radiaes ionizantes so um agente mutagnico, concluso vlida para espcies animaise vegetais, com base em resultados obtidos ao longo de seis dcadas de experimentao.

    Na espcie humana, a deteco de tais alteraes bastante difcil. Mesmo entre os sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki,a ocorrncia de mutaes radioinduzidas no foi satisfatoriamente demonstrada.

    Nveis de ExposioOs efeitos biolgicos da radiao so divididos em duas categorias. A primeira categoria consiste de exposio a

    altas doses de radiao em breve intervalos de tempo, produzindo efeitos agudos de curta durao. A segunda categoria formada pela exposio a baixas doses de radiao num perodo de tempo mais extenso, produzindo efeitos crnicos ou delonga durao. As altas doses tendem a matar as clulas, enquanto as baixas doses tendem a danicar ou modic-las. Asaltas doses podem matar muitas clulas, danicando tecidos e rgos. Isto pode provocar uma resposta rpida do corpo,

    conhecida como Sndrome de Radiao Aguda. As baixas doses recebidas num longo perodo no causam um problemaimediato. Os efeitos de baixas doses ocorrem no nvel celular e os resultados podem ser observados depois de muitos anos

    passados.

    Efeitos de Altas Dosess vezes difcil entender por que algumas pessoas morrem, enquanto outras sobrevivem

    depois de serem expostas a mesma dose de radiao. A principal razo para isto a sade dosindivduos quando expostos e quais so suas capacidades individuais em combater os efeitosincidentais da exposio radiao, bem como suas sensibilidades a infeces.Alm da morte, h outros efeitos de dose de alta radiao.

    Perda de Cabelo (epilao) similar aos efeitos na pele e ocorre depois de doses agudas de

    cerca de 500 Rad.Esterilidade pode ser temporria ou permanente em homens, dependendo da dose. Emmulheres, geralmente permanente, mas para isto requer-se doses altssimas, da ordem de400 Rad nas clulas reprodutivas.Cataratas (turvamento da lente do olho) surgem para um limiar de dose de 200 Rad. Os

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    nutrons so especialmente relacionados com as cataratas, devido ao fato do olho contergua e esta ser absorvedora de nutrons.

    Sndrome Aguda de Radiao se vrios tecidos importantes e rgos so danicados,pode-se produzir uma reao aguda. Os sinais iniciais e sintomas de SAR so nusea,vmito, fadiga e perda de apetite. Abaixo de 150 Rad, estes sintomas que so diferentes

    daqueles produzidos por uma infeco viral podem ser a nica indicao externa de exposio radiao. Acimade 150 Rad, uma das trs sndromes de radiao se manifestam dependendo do nvel da dose.

    Efeitos da Exposio a Baixas Doses de Radiao

    H trs categorias gerais para os efeitos resultantes exposio a baixas doses de radiao.

    Efeitos Genticos -- sofridos pelos descendentes da pessoa exposta.

    Efeitos Somticos -- primariamente sofridos pelo indivduo exposto. Sendo o cncer o resultado primrio, diz-semuitas vezes Efeito Carcinognico.

    Efeitos In-Utero -- Alguns erradamente consideram estes como uma consequncia gentica da exposio radiao,porque o efeito observado aps o nascimento, embora tenha ocorrido na fase embrionria/fetal. No entanto, trata-sede um caso especial de efeito somtico, porque o feto exposto radiao.

    Efeitos Genticos: mutao da clulas reprodutivas transmitidas aos descendentes de um indivduo exposto

    Os efeitos genticos atingem especicamente as clulas sexuais masculinas e femininas, espermatozoides e vulos.

    As mutaes so transmitidas aos descendentes dos indivduos expostos.A radiao um agente mutagnico fsico. H tambm agentes qumicos, bem como agentes biolgicos (vrus) quecausam mutaes.

    Um fato importante a lembrar que a radiao aumenta a taxa de mutao espontnea, mas no produz quaisquernovas mutaes. Entretanto, uma possvel razo para que os efeitos genticos resultantes de exposio a baixas taxasde dose no tenham sido observados que as clulas reprodutivas podem espontaneamente absorver ou eliminar estasmutaes nos primeiros estgios da fertilizao.

    Nem todas as mutaes so letais ou prejudicam o indivduo, porm mais prudente considerar que todas asmutaes so ruins, e assim, pela norma NRC (10 CFR Part 20), a exposio radiao deve ser a mnima absoluta ou AsLow As Reasonably Achievable(ALARA). Isto particularmente importante, pois qualquer que seja a dose sempre haver

    um efeito proporcional ela, sem haver um limiar para incio dos efeitos.

    Efeitos Somticos em Indivduos Expostos

    O resultado primrio o cncer.Os efeitos somticos (carcinognicos) so, de uma perspectiva ocupacional de risco, os mais

    signicativos, principalmente para os trabalhadores da rea que podem ter consequncias na suasade, a saber, o cncer.

    A radiao um exemplo de agente fsico carcinognico, enquanto o cigarro um exemplode agente qumico que causa cncer e os vrus, agentes biolgicos.

    Diferente dos efeitos genticos da radiao, o cncer radioinduzido bem documentado.Muitos estudos foram realizados que indicam a relao entre radiao e o cncer. Alguns indivduosestudados e os cnceres induzidos:

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    cncer de pulmo--trabalhadores de minas de urnio.cncer dos ossos--pintores de mostrador de relgio base de rdio.

    cncer de tiroide--pacientes em terapia e exposio ao iodo radioativo.cncer de seio--pacientes em terapia.cncer de pele--radiologistas.

    leucemia--sobreviventes de exploses de bombas, exposio intra-uterina, radiologistas, pacientes em terapia.

    Efeitos In-Utero em Embries/Fetos

    Os efeitos podem ser:

    morte intrauterina;

    retardamento no crescimento;desenvolvimento de anormalidades;cnceres na infncia.

    Os efeitos intrauterinos envolvem a produo de ms-formaes em embries em desenvolvimento. A radiao um agente fsico teratognico. H muitos agentes qumicos (como a talidomida) e muitos agentes biolgicos (comoos vrus que causam sarampo) que tambm podem produzir ms-formaes enquanto o beb ainda est no estgio dedesenvolvimento embrinico ou fetal.

    Os efeitos da exposio in-utero podem ser considerados como subconjunto de uma categoria geral de efeitossomticos. As ms-formaes produzidas no indicam um efeito gentico, pois quem est sendo exposto o embrio e no

    as clulas reprodutivas dos pais.

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    Profes. Paula Almeida&

    Adriano GregoQUMICA NO COTIDIANO

    1. A GUA E O PLANETA TERRA

    Calcula-se que a Terra, o terceiro planeta mais prximo do sol, tenha se formado h aproximadamente4,5 bilhes de anos.A Terra est estruturada em vrias partes, todas ricas em substncias e compostos orgnicos.Suas principais divises so a atmosfera, a litosfera e a hidrosfera cerca de 75% da superfcie da Terra est coberta

    por gua.

    Sem cheiro, gosto nem cor, a gua parece uma substncia sem grandes atrativos, mas a geometria e a grande

    polaridade de sua molcula, aliadas s pontes de hidrognio que atuam nos estados lquidos e slidos, fazem com que

    seu comportamento seja muito especial. E o fenmeno da vida o melhor exemplo de tudo isso.

    - Porqueogeloutua?

    Na maioria das substncias, a fase slida mais densa que a lquida por causa da maior compactao dos

    tomos ou das molculas.

    No gelo, cada molcula de gua est cercada por outras quatro, em um arranjo tetradrico, que forma estruturas

    maiores, com orientaes hexagonais, repetindo-se em todas as direes. Com isso, ao congelar, a gua expande-se e o

    slido passa a ter menor densidade (0,92 g/cm3) que o lquido (1 g/cm3).

    - TensosuperfcialUma molcula no interior de um lquido atrada para diversas direes. Uma molcula da superfcie sofre atrao

    apenas das outras molculas que esto abaixo dela. Surge, ento, a tenso supercial do lquido.

    Lquidos com grande tenso supercial formam gotas facilmente.

    - Solvatao:

    Duas substncias dissolvem-se uma na outra quando suas partculas so atradas por foras semelhantes.

    Quando adicionamos sal gua, o retculo cristalino (arranjo estrutural) se desmancha, os ons so envolvidos

    por molculas de gua e estabelecem-se ligaes on-dipolo; formando, assim, uma pelcula de gua ao redor dos ons,

    denominada camada de hidratao ou, de maneira mais geral, camada de solvatao.

    Observao: gua dura Quantidade excessiva de ons

    Ca2+ e Mg2+

    gua pesada apresentam o istopo hidrognio 2 (deutrio)

    - Tratamento de gua

    A gua um timo solvente para substncias polares. Esse fato explica por que a gua do planeta

    encontrada na forma de uma soluo de vrios ons. Com cerca de 0,1% em massa de sais dissolvidos,

    ela chamada gua doce e, quando prpria para consumo humano, chamada gua potvel.

    Acompanhe uma sntese do tratamento de gua:

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    Profes. Paula Almeida&

    Adriano Grego

    1) Represa (ou rio).2) A gua captada e enviada para a Estao de Tratamento.

    3) Os primeiros processos que a gua sofre so: adio de cloro, para iniciar o combate a bactrias; alcalinizao (com cal,CaO ou barrilha, Na2CO

    3) e adio de agentes coagulantes, como sulfato de alumnio. Toda essa mistura sofre agitao e

    transferida para outro tanque.4) Na etapa anterior iniciou-se a formao de uma substncia gelatinosa hidrxido de alumnio que lentamente ir sedepositar, carregando materiais slidos. Essa etapa pode ser chamada coagulao ou oculao.

    Al2(SO

    4)

    3+ 6 OH- 2 Al(OH)

    3+ 3 SO

    4-2

    5) A mistura ir repousar durante vrias horas, para que ocorra a decantao do material gelatinoso.6) Aps a decantao, a mistura passa por vrios sistemas de ltrao, alguns deles constitudos por areias de diferentesgranulaes. A mistura aquosa torna-se lmpida e incolor. Por isso, o processo at aqui costuma ser chamado genericamentede clarifcao.7) Na prxima etapa, a mistura ser higienizada com compostos de cloro e or e eventualmente oznio. Alm disso, pode

    ser agitada para captar oxignio do ar e passar por ltros de carvo para eliminar odores.8) A gua, pronta para consumo, armazenada em grandes tanques.9) Depois a gua tratada chega aos reservatrios dos bairros.10) Em seguida o lquido atinge as redes de distribuio e chega at as nossas casas.

    2. DIXIDO DE CARBONO (CO2)Em regies no poludas, a chuva j ligeiramente cida por causa do gs carbnico

    (CO2). Quando essa substncia absorvida pela gua da chuva, forma-se cido carbnico, que

    fraco:CO

    2(g)+ H

    2O

    (l) H+

    (aq)+ HCO-

    3(aq)

    Devido a instabilidade do cido carbnico, todas as reaes que envolvem carbonatos(CO2-3) ou mesmo bicarbonato (HCO-

    3) em meio cido ocorrero espontaneamente; este fato

    se explica pela formao de substncia mais voltil, no caso, o gs carbnico proveniente dadecomposio do H

    2CO

    3.

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    Observao: O CO2 mais solvel em gua quando submetido a altas presses.O CO

    2slido conhecido como gelo-seco e apresenta a propriedade da sublimao.

    O CO2 um oxido cido e reage com bases produzindo sal e gua.

    CO2

    + Ca(OH)2

    CaCO3

    + H2O

    3. UM ALCINO MUITO IMPORTANTE: O ACETILENO

    Acetileno o nome empregado para designar o menor e mais importante dos alcinos: O etino (HC CH),um gs muito pouco solvel em gua e bastante solvel em solventes orgnicos.

    Esse gs obtido a partir da reao do carbeto de clcio, ou simplesmente carbureto (de cheiro intenso edesagradvel) e gua:

    CaC2(s)

    + 2 H2O

    (l) Ca(OH)

    2(aq)+ HC CH

    (g)

    Carbureto acetileno

    O acetileno, por ter capacidade de liberar grandes quantidades de calor durante sua combusto, muito usadoem processos de solda de metais que exigem temperaturas elevadas.

    Obs.: O acetileno tambm age no amadurecimento de frutas.

    Profes. Paula Almeida&

    Adriano Grego

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    Tema: Escravido

    Aescravido no Brasil consolidou-se como uma experincia de longa durao amarcar diversos aspectos da cultura e da sociedade brasileira. Mais que umasimples relao de trabalho, a existncia da mo de obra escrava africanaxou um conjunto de valores da sociedade brasileira em relao ao trabalho, aos homens e s instituies.

    Nessa trajetria podemos ver a ocorrncia do problema do preconceito racial e social no decorrer de nossahistria.

    A economia colonial e o africano

    O latifndio monocultor no Brasil exigia uma mo de obra permanente. Era invivel a utilizao deportugueses assalariados, j que a inteno no era vir para trabalhar, e sim para se enriquecer no Brasil.

    O sistema capitalista nascente no tinha como pagar salrios para milhares de trabalhadores, almdo que, a populao portuguesa que no chegava aos 3 milhes, era considerada reduzida para oferecerassalariados em grande quantidade.

    Mo de obra escrava na monocultura colonialEmbora o ndio tenha sido um elemento importante para formao da colnia, o negro logo o suplantou,

    sendo sua mo de obra considerada a principal base, sobre a qual se desenvolveu a sociedade colonial brasileira. Na fase inicial da lavoura canavieira ainda predominava o trabalho escravo indgena. Parece-nos ento que

    argumentos to amplamente utilizados, como inaptido do ndio brasileiro ao trabalho agrcola e sua indolnciacaem por terra. Apesar de todos esses obstculos, o indgena amplamente escravizado, permanecendo como mode obra bsica na economia extrativista do Norte do Brasil, mesmo aps o trmino do perodo colonial.

    A maior utilizao do negro como mo de obra escrava bsica na economia colonial, deve-se principalmenteao trfconegreiro, atividade altamente rentvel, tornando-se uma das principais fontes de acumulao de capitais

    para metrpole. Exatamente o contrrio ocorria com a escravido indgena, j que os lucros com o comrcio dosnativos no chegavam at a metrpole. Torna-se claro assim, o ponto de vista defendido pelo historiador Fernando

    Novais, de que o trco explica a escravido, e no o contrrio. Para os portugueses, o trco negreiro no eranovidade, pois desde meados do sculo XV, o comrcio de escravos era regular em Portugal, sendo que durante o

    reinado de D. Joo II o trco negreiro foi institucionalizado com a ao direta do Estado portugus, que cobrava taxas elimitava a participao de particulares. Quanto procedncia tnica do negro, destacaram-se dois grupos importantes: osbantos, capturados na frica equatorial e tropical provenientes do Congo, Guin e Angola, foram levados principalmente

    para Pernambuco, Rio de Janeiro e Minas Gerais e os sudaneses, vindos da frica ocidental, Sudo e norte da Guin,foram levados principalmente para a Bahia.

    Escravos de Ganho1. = os escravos de ganho eram aqueles que viviam nas cidades e realizavam trabalhos temporriosem troca de pagamento, que era revertido, parcial ou totalmente, para seus proprietrios.Negro de eito2. = Os escravos que trabalhavam nas lavouras aucareiras e na minerao. Quando desobedeciam asordens, podiam sofrer vrios tipos de castigos, geralmente aplicados em pblico, para que os outros escravos tambmse intimidassem o chamado castigo exemplar.

    Escravos domsticos3. = os escravos domsticos eram escolhidos entre aqueles que os senhores consideravam maisdceis e conveis. Muitas vezes recebiam roupas melhores, alimentao mais adequada e alguns cuidados.

    Prof. LeovanMorais

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    Prof. MarekEkert

    O processo de Emancipao ou deAbolio da escravido...

    A grande virtude e a excelncia do cristianismo est justamente em que ele se amolda a todasas condies sociais. Consola todas as misrias, todas as dores deste mundo. Se um esplendor para

    os reis, um refgio para os cativos. A todos grandes e pequenos, ilustres e obscuros, ricos e pobres, a

    todos a religio aponta uma esperana inefvel: a esperana de uma vida melhor.

    Jos de Alencar

    Emanciparouabolir?

    No Brasil, a escravido comeou na primeira metade do sculo XVI, com a produo de acar.

    Passavam as noites nas senzalas, que eram galpes escuros, midos e com pouca higiene, acorrentadospara evitar fugas. Eram constantemente castigados sicamente, sendo que o aoite era a punio mais comumno Brasil-Colnia. O pena de aoite s seria abolida por lei imperial em 1885, e esta abolio da pena deaoite estimulou os escravos a fugirem, pois no tinham que temer mais esse tipo de punio caso fossemrecapturados, o que fez aumentar muito a fuga de escravos nos ltimos anos da escravido no Brasil.

    No Sculo do Ouro, sculo XVIII, alguns escravos conseguiram comprar sua liberdade aps adquirirema carta de alforria.

    A escravatura foi abolida em Portugal, no Reinado de D. Jos I, a 12 de Fevereiro de 1761, pelo Marqusde Pombal, no Reino/Metrpole e na ndia, contudo no Brasil ( poca da colnia portuguesa) ela permaneceu ematividade.

    A Frana aboliu a escravido nas suas colnias a partir de 1793 e a Inglaterra em 1808.

    A Conjurao Baiana, em 1798, defendeu a abolio da escravido.

    Nos Tratados de 1810, D. Joo VI prometeu Inglaterra que aboliria o comrcio de escravos.

    O Congresso de Viena, em 1815, proibiu o comrcio de escravos acima da linha do Equador.

    DESDE 1822 A INGLATERRA EXIGIU AT 1825 O FIM DO TRFICO EM TROCA DO RECONHECIMENTODA INDEPENDNCIA DO BRASIL

    Jos Bonifcio de Andrada e Silva, em sua famosa representao Assembleia Constituinte de 1823, j haviachamado a escravido de cancro mortal que ameaava os fundamentos da nao.1826 LEI DE COMPROMISSO DO FIM DO TRFICO (D. PEDRO I)

    1831 A FORMALIZAO DA LEI DE 1826

    No Perodo Regencial, desde 7 de novembro de 1831, a Cmara dos Deputados havia aprovado e a Regncia promulgadoum lei que proibia o trco de escravos africanos para o pas, porm esta lei no foi aplicada.1845 BILL ABERDEEN DIREITO DE APRISIONAR QUALQUER NAVIO NEGREIRO (PARLAMENTOBRITNICO)

    Em 1850 a Lei Eusbio de Queirz nalmente probe o comrcio internacional de escravos.No ano de 1854 era aprovada a Lei Nabuco de Arajo, Ministro da Justia de 1853 a 1857, que previa sanes para asautoridades que encobrissem o contrabando de escravos.

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    Progressivamente, os imigrantes europeus assalariados substituram os escravos nomercado de trabalho. Mas foi s a partir da Guerra do Paraguai que o movimento

    abolicionista ganhou impulso. Milhares de ex-escravos que retornaram da guerravitoriosos, muitos at condecorados, correram o risco de voltar condio anterior por

    presso dos seus antigos donos. O problema social tornou-se uma questo poltica para a elite dirigente doSegundo Reinado.

    A abolio do trco de escravos, as vrias epidemias de malria, as constantes fugas de escravos,seu baixo ndice de reproduo, e a alforria de muitos escravos, inclusive daqueles que lutaram na Guerrado Paraguai, contriburam sensivelmente para a diminuio da quantidade de escravos no Brasil, quando dapoca da abolio.

    Revista Ilustrada de 1880 sobre a campanha abolicionista

    Em 1880, polticos importantes, como Joaquim Nabuco e Jos do Patrocnio, criam, no Rio de Janeiro, aSociedade Brasileira Contra a Escravido, que estimula a formao de dezenas de agremiaes semelhantes pelo Brasil.Da mesma forma, o jornal O Abolicionista, de Nabuco, e a Revista Ilustrada, de ngelo Agostini, servem de modeloa outras publicaes antiescravistas. Advogados, artistas, intelectuais, jornalistas e polticos engajam-se no movimento earrecadam fundos para pagar cartas de alforria. Embora no se divulgue muito, a Igreja Positivista do Brasil, de MiguelLemos e Raimundo Teixeira Mendes, teve uma atuao destacada na campanha abolicionista, inclusive ao deslegitimar aescravido, vista, a partir de ento, como uma forma brbara e atrasada de organizar o trabalho e tratar os seres humanos.

    Teve participao destacada na campanha abolicionista a maonaria brasileira, sendo que quase todos os principaislderes da abolio foram maons. Jos Bonifcio, pioneiro da abolio, Eusbio de Queirs que aboliu o trco deescravos, o Visconde do Rio Branco responsvel pela Lei do Ventre Livre e os abolicionistas Lus Gama, Antnio Bento,Jos do Patrocnio, Joaquim Nabuco, Silva Jardim e Rui Barbosa eram maons. Em 1839, os maons David Canabarro e

    Bento Gonalves emancipam escravos durante a Guerra dos Farrapos.

    No Recife, os alunos da Faculdade de Direito mobilizam-se, sendo fundada uma associao abolicionista poralunos como Plnio de Lima, Castro Alves, Rui Barbosa, Aristides Spnola, Regueira Costa, dentre outros.

    Prof. MarekEkert

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    Prof. MarekEkert

    O pas foi tomado pela causa abolicionista, e, em 1884, o Cear e o Amazonasaboliram a escravido em seus territrios. Nos ltimos anos da escravido no Brasil,

    a campanha abolicionista se radicalizou com a tese Abolio sem indenizaolanada por jornalistas, prossionais liberais e polticos que no possuam propriedades

    rurais.A Lei do Ventre Livre declarava de condio livre os lhos de mulher escrava nascidos desde a

    data da lei. O ndice de mortalidade infantil entre os escravos aumentou, pois alm das pssimas condiesde vida, cresceu o descaso pelos recm-nascidos. A ajuda nanceira prevista pela Lei do Ventre Livre,aos fazendeiros, para estes, arcarem com as despesas da criao dos ingnuos jamais foi fornecida aosfazendeiros:

    1. da lei 2040:- Os ditos flhos menores fcaro em poder e sob a autoridade dos senhores de suasmes, os quais tero a obrigao de cri-los e trat-los at a idade de oito anos completos. Chegando o flho

    da escrava a esta idade, o senhor da me ter opo, ou dereceber do Estado a indenizao de 600$000, ou

    de utilizar-se dos servios do menor at a idade de 21 anos completos. No primeiro caso, o Governo receber

    o menor e lhe dar destino, em conformidade da presente lei.

    Joaquim Nabuco escreveu, em 1883:

    O abolicionismo antes de tudo um movimento poltico, para o qual, sem dvida, poderosamenteconcorre o interesse pelos escravos e a compaixo pela sua sorte, mas que nasce de um pensamento diverso:

    o de reconstruir o Brasil sobre o trabalho livre e a unio das raas na liberdade. Joaquim Nabuco

    A Lei Saraiva-Cotegipe cou conhecida como a Lei dos Sexagenrios. Nascida de um projeto dodeputado baiano Rui Barbosa, esta lei libertou todos os escravos com mais de 60 anos, mediante compensaesnanceiras aos seus proprietrios mais pobres para que ajudassem esses ex-escravos. Porm, esta parte da lei

    jamais foi cumprida e os proprietrios de escravos jamais foram indenizados. Os escravos que estavam com idadeentre 60 e 65 anos deveriam prestar servios por 3 anos aos seus senhores e aps os 65 anos de idade seriamlibertos.

    Poucos escravos chegavam a esta idade e j sem condies de garantir seu sustento, ainda mais que agoraprecisavam competir com os imigrantes europeus.

    O Exrcito Brasileiro pediu publicamente para no mais ser utilizado na captura dos fugitivos. Nos ltimos anosda escravido no Brasil, a campanha abolicionista adotou o lema Abolio sem indenizao.

    Em 13 de maio de 1888, a lei urea extinguiu a escravido no Brasil. A deciso desagradou aos fazendeiros,que exigiam indenizaes pela perda de seus bens. Como no as conseguiram, aderiram ao movimento republicano.Ao abandonar o regime escravista, o Imprio perdeu uma coluna de sustentao poltica. O m da escravatura, porm,no melhorou a condio social e econmica dos ex-escravos. Sem formao escolar ou uma prosso denida, para amaioria deles a simples emancipao jurdica no mudou sua condio subalterna nem ajudou a promover sua cidadaniaou ascenso social. O negro tambm reagiu escravido: foram comuns as revoltas nas fazendas em que grupos de escravos fugiam,formando, nas orestas, os famosos quilombos, comunidades onde os integrantes viviam em uma organizao comunitria

    onde podiam praticar sua cultura, falar sua lngua e exercer seus rituais religiosos. O mais famoso foi o Quilombo dePalmares, comandado por Zumbi. A Revolta dos Mals foi a nica tipicamente negra, sem a liderana de elementosintelectualizados brancos. Escravos e libertos de todas as etnias, sem o apoio de outros segmentos sociais, enfrentaram astropas do governo e civis armados.

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    Prof. JeffersonSouza

    Sermo XIV do Rosrio

    (...) E que coisa h na confusodesse mundo mais semelhante aoinferno que qualquer destes vossosengenhos, e tanto mais, quanto demaior fbrica? Por isso foi to bem

    recebida aquela breve e discretadenio de quem chamou a umengenho de acar doce inferno. Everdadeiramente quem vir na escuridadeda noite aquelas fornalhastremendas perpetuamente ardentes:as labaredas que esto saindoa borbotes de cada uma pelasduas bocas, ou ventas, por onderespiram o incndio: os etopes, ouciclopes banhados em suor tonegros como robustos que subministram

    a grossa e dura matria aofogo, e os forcados com que o revolveme atiam; as caldeiras oulagos ferventes com os cachessempre batidos e rebatidos, j vomitandoespumas, exalando nuvensde vapores mais de calor, que defumo, e tornando-os a chover paraoutra vez os exalar: o rudo dasrodas, das cadeias, da gente todada cor da mesma noite, trabalhandovivamente, e gemendo tudo ao

    mesmo tempo sem momento detrguas, nem de descanso: quemvir em m toda a mquina e aparatoconfuso e estrondoso daquelaBabilnia, no poder duvidar,ainda que tenha visto Etnas e Vesvios,que uma semelhana deinferno. Mas se entre todo esserudo, as vozes que se ouviremforem as do Rosrio, orando e meditandoos mistrios Dolorosos,todo esse inferno se converter emParaso; o rudo em harmonia celestial;

    e os homens, posto quepretos, em Anjos. [...](Pe. Antnio Vieira)

    O Navio Negreiro

    (...) Era um sonho dantesco... o tombadilhoQue das luzernas avermelha o brilho.Em sangue a se banhar.Tinir de ferros... estalar de aoite...

    Legies de homens negros como a noite,Horrendos a danar...Negras mulheres, suspendendo s tetasMagras crianas, cujas bocas pretasRega o sangue das mes:Outras moas, mas nuas e espantadas,

    No turbilho de espectros arrastadas,Em nsia e mgoa vs! (...)

    (Castro Alves)

    Mulher proletria

    Mulher proletria nica fbricaque o operrio tem, (fabrica lhos)tuna tua superproduo de mquina humanaforneces anjos para o Senhor Jesus,forneces braos para o senhor burgus.

    Mulher proletria,o operrio, teu proprietrioh de ver, h de ver:a tua produo,a tua superproduo,ao contrrio das mquinas burguesassalvar o teu proprietrio.

    (Jorge de Lima)

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    Profa. LucianaTavares

    A HERANA DO NEGRO NA CULTURAARTSTICA BRASILEIRA

    Acultura negra chegou ao Brasil com os povos escravizados trazidos da fricadurante o longo perodo em que durou o trco negreiro transatlntico.A diversidade cultural da frica reetiu-se na diversidade dos escravos,pertencentes a diversas etnias que falavam idiomas diferentes e trouxeram tradies distintas. Os africanostrazidos ao Brasil incluram bantos, nags e jejes, cujas crenas religiosas deram origem s religies afro-

    brasileiras, e os haus e mals, de religio islmica e alfabetizados em rabe. Assim como a indgena,a cultura africana foi geralmente suprimida pelos colonizadores. Na colnia, os escravos aprendiam o

    portugus, eram batizados com nomes portugueses e obrigados a se converter ao catolicismo.

    Os africanos contriburam para a cultura brasileira em uma enormidade de aspectos: dana, msica,religio, culinria e idioma. Essa inuncia se faz notar em grande parte do pas; em certos estados comoBahia, Maranho, Pernambuco, Alagoas, Minas Gerais, Rio de Janeiro, So Paulo e Rio Grande do Sul acultura afro-brasileira particularmente destacada em virtude da migrao dos escravos.

    Os bantos, nags e jejes no Brasil colonial criaram o candombl, religio afro-brasileira baseada noculto aos orixs praticada atualmente em todo o territrio. Largamente distribuda tambm a umbanda, umareligio sincrtica que mistura elementos africanos com o catolicismo e o espiritismo, incluindo a associao desantos catlicos com os orixs.

    ESCULTURA E ARQUITETURAO patrimnio histrico brasileiro um dos mais antigos da Amrica, sendo especialmente rico em

    relquias de arte e arquitetura barrocas, concentradas, sobretudo no estado de Minas Gerais (Ouro Preto,Mariana,Diamantina, So Joo del-Rei, Sabar, Congonhas) e em centros histricos de Recife, So Luis, Salvador, Olinda,Santos, Paraty, Goiana, Pirenpolis, Gois, entre outras cidades.

    Minas Gerais nasceu em funo da descoberta de ouro e diamantes na regio de Ouro Preto, Diamantina,Sabar e Congonhas do Campo. Nestas cidades, e em muitas outras do estado, foram erguidos inmeros templos,

    j num estilo rococ, clebres por sua decorao extraordinariamente rica e sosticada. Dentre os escultores earquitetos negros o que mais se destaca :

    ANTNIO FRANCISCO LISBOA - o Aleijadinho, um dos marcos da arte nacional e maior representanteda escultura barroca no Brasil. Escultor, arquiteto e entalhador, Aleijadinho deixou trabalhos em um estilo

    inconfundvel em vrias cidades mineiras. Sua maior criao o ciclo da Paixo de Cristo, com 66 guras em cedro que

    reproduzem o caminho do Glgota, instaladas em capelas ao p do Santurio do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhasdo Campo. No adro da igreja outro grupo escultrico, em pedra-sabo, representando 12 profetas, completa este conjuntoque uma das maiores obras-primas da escultura nacional de todos os tempos.

    PINTURAA arte negra uma das poucas que no sofreu interferncia ao longo dos sculos XVIII e XIX. Manteve uma

    linguagem expressiva e nica, uma arte impregnada de respeito natureza e cheia de paixo pela vida. Apesar da maioriados artistas negros terem como religio, o candombl, eles souberam estabelecer sincretismo com a religio catlica queera dominante. Foram muitas as obras realizadas por artistas negros em templos catlicos e criaram obras repletas dedetalhes sutis que valorizaram o conjunto pelo ineditismo. At mesmo pela segregao e escravagismo sentidos na pele, osnegros brasileiros herdaram todas as caractersticas da arte africana, que tem como princpio no retratar a realidade, massim construir imagens libertrias mais prximas do iderio. Dentre os artistas negros no Brasil podemos destacar:

    Heitor dos Prazeres - 1898/1965. O pintor carioca teve de enveredar por outra arte, da composio musical, para poderdesenvolver sua arte pictrica. Foi restaurador do Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional. Suas msicaszeram tanto sucesso quanto seus quadros, muitos deles adquiridos pela rainha Elizabeth, da Inglaterra. Sem dvida omaior nome brasileiro da arte Naif.

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    Estevo Silva,1845 /1891. Carioca, foi pintor e professor, estudou na AcademiaImperial de Belas Artes, RJ. o artista mais consagrado como autor das mais belas

    naturezas-mortas do sculo XIX. Uma de suas obras mais admiradas Camares,leo sobre tela de 1916.

    MSICANa msica a cultura africana contribuiu com os ritmos que so a base de boa parte da msica popular

    brasileira. Gneros musicais coloniais de inuncia africana, como o lundu, terminaram dando origem base rtmica do maxixe, samba, choro, bossa-nova e outros gneros musicais atuais. Tambm h algunsinstrumentos musicais brasileiros, como o berimbau, o afox e o agog, que so de origem africana. O

    berimbau o instrumento utilizado para criar o ritmo que acompanha os passos da capoeira, mistura de danae arte marcial criada pelos escravos no Brasil colonial.

    MARACATU - Tem origem negra e religiosa. Grupos de negros acompanhavam os reis do Congo, eleitospelos escravos, que eram coroados nas igrejas, em que depois faziam um batuque em homenagem padroeiraou, em especial, a Nossa Senhora do Rosrio, padroeira dos homens negros. A tradio religiosa se perdeu eo grupo convergiu para o carnaval, mas conservou elementos prprios, diferentes dos de outros cordes ou

    blocos carnavalescos. frente do grupo vo rei e rainha, prncipes, embaixadores, danarinas e indgenas.No h enredo. Simplesmente se desla ao ritmo dos tambores. O ritmo surgiu em Pernambuco, mas tambmse encontra em outros estados do Nordeste.

    COCO - Dana tradicional do Nordeste e do Norte, o coco, tem origem incerta: alguns dizem que veio da fricacom os escravos, e h quem defenda ser ela o resultado do encontro entre as culturas negra e ndia. Apesar defrequente no litoral, o coco teria surgido no Quilombo dos Palmares, a partir do ritmo em que os cocos eramquebrados para a retirada da amndoa. A sua forma musical cantada, com acompanhamento de um ganz ou

    pandeiro e da batida dos ps. Tambm conhecido como samba, pagode ou zamb, o coco originalmente se d emuma roda de danadores e tocadores, que giram e batem palmas.

    LUNDU e MAXIXE - O lundu foi o primeiro gnero afro-brasileiro de cano popular. Originalmente era umadana sensual praticada por negros e mulatos em rodas de batuque, xando-se como cano apenas no naldo sculo 18. Posteriormente, no sculo 19, com harmonizao erudita, chegou aos sales das elites cariocas.Contudo, o ritmo desapareceu no incio do sculo 20, ou melhor, misturou-se ao tango e polca e deu origem aomaxixe. Este apareceu entre 1870 e 1880, como dana, e tornou-se gnero musical por volta de 1902.

    Apesar de o tambor e os instrumentos de percusso, em geral, serem bem conhecidos dos portugueses,foram os africanos que introduziram no pas a maior variedade que deles existe hoje, alm das danas que tm na

    percusso a sua essncia, caso do Tambor-de-crioulo. Este compe-se de uma srie de cantos e dana, ao som detringulo, cabaa e tambores.

    TEATROIncio do Sculo XVI:Brasil colnia

    Padre Anchieta primeiras iniciativas de teatro no Brasil (do ponto de vista do branco, pois j existiam as manifestaesritualsticas dos povos indgenas que expressam diversos elementos do fazer teatral na sua essncia). Escreveu Autosna forma europeia (1567/1570);Paralelo aos Autos jesutas (sc. XVI), tambm os escravos promoviam representaes dos seus Autos profanos: aCongada, as Taieiras, o Quicumbre, os Quilombos e o Bumba-Meu-Boi (adaptado pelos escravos, com a introduo de

    personagens como Mateus e Bastio, por exemplo).

    Sculo XVIII:

    Casas da pera ou Casas da Comdia, que comearam a se espalhar pelo pas. A Casa de pera do Rio de Janeiro foi construda pelo mulato e corcunda, Padre Ventura;Entre 1753/1771, Chica da Silva ex-escrava manteve, em Diamantina (MG), um teatro particular onde assistia aorepertrio clssico da poca;A atividade teatral era uma prosso desprezvel, abaixo das infames e criminosas. No sculo XVIII e incio do XIX,os atores eram pessoas das classes mais baixas, em sua maioria mulata. Havia um preconceito contra a atividade,

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    sendo proibida a participao de mulheres nos elencos. Dessa forma, eram osprprios homens que representavam os papis femininos, passando a ser chamados

    de travestis;O mulato personicava, concomitantemente, a convergncia e a repulsa entre a Casa

    Grande e a Senzala. Destinavam ao mulato, funes como a de feitor e de capito-do-mato e, mais tarde, a de ator teatral.

    Sculo XIX:Imprio do Brasil

    Marcado por um modelo de representao apoiado em vcios que tornavam a negrura um

    signo indesejvel e pejorativo, sendo o negro dramatizado por representaes grosseiras e linguagempreconceituosa;

    Quase total ausncia de uma dramaturgia que buscasse na histria do negro as formas que expandissemo conhecimento sobre a herana cultural dos povos africanos no Brasil;

    1808: Vinda da famlia real portuguesa, iniciando uma mudana no panorama teatral do Brasil. Onegro e o mulato passaram a ser excludos da cena ou retornando aos personagens estereotipados, o modelode representao e dramaturgia agora o francs;

    Na primeira metade do sculo, no reinado de D. Pedro I, surge Joo Caetano, o primeiro grande ator eimpulsionador do teatro brasileiro. Que, depois de sua montagem de Antonio Jos ou O Poeta e a Inquisio(1838), de Gonalves de Magalhes, d incio a um teatro com temas e atores brasileiros;

    Por volta de 1838, o teatro ca marcado pela tragdia romntica de Gonalves Magalhes com a pea:O Poeta e a Inquisio e tambm Martins Pena com O juiz de paz na roa. Martins Pena com toda suasimplicidade para escrever, porm justa eccia para descrever o painel da poca, teve seguidores clssicos deseus trabalhos, como Joaquim Manoel de Macedo, Machado de Assis e Jos de Alencar;

    1888: Promulgada a Lei urea, que extingue a escravido no Brasil. O pas o ltimo a abolir a escravidodo ocidente.

    Sculo XX:Repblica Federativa do Brasil

    1926: Surgimento da Companhia Negra de Revistas Teatro de Revista, um entretenimento popular de gnero musicadono qual eram apresentadas as novidades e acontecimentos sociais e polticos do momento;1944: Surge o Teatro Experimental do Negro (TEN);1950: Aprovada a Lei Afonso Arinos, que condena como contraveno penal a discriminao de raa, cor e religio,tambm criado o Conselho Nacional de Mulheres Negras;1969: O governo do general Emlio G. Mdici probe a publicao de notcias sobre o Movimento Negro e adiscriminao racial.1976: O governo da Bahia suprime a exigncia de registro policial para os templos de ritos afro-brasileiros;Cincia, Cultura e Magia;1990: inaugurado, no municpio de Volta redonda RJ, o memorial Zumbi dos Palmares.

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    O PAPEL DA RODA DOS ENJEITADOSNA CONSTRUO DA IDENTIDADE

    NACIONAL

    Em reexes sobre o racismo, Sartre ressalva o fato de que os descendentes dos negros tinham-semostrado capazes de expressar sua problemtica existencial atravs da preservao da cultura, e assimpreservaram sua identidade e contriburam para a construo de uma nova identidade no integralmenteafricana, mas com toda interracialidade a qual foram submetidos. Mas a fortaleza da identidade preservada a raiz, o tronco e o crebro da nova identidade construda

    Os africanos que desembarcavam no Brasil vinham de vrias regies da frica, nos famosos naviosnegreiros, em condies sub-humanas. Eles traziam consigo uma bagagem preciosa que ningum podialhes tirar: as diversas tradies e os valores culturais de seus antepassados do antroplogo e mdico da

    psicologia social, Nina Rodrigues (1862-1906), em sua. As raas humanas. Obs: Nina Rodrigues oriundoda Roda dos Enjeitados e dedicou sua vida a pesquisar e salvar a memria negra brasileira.

    Sectarismo a parte vamos reetir e compreender alguns processos que tambm contriburam para aconstruo da identidade do brasileiro.

    A mestiagem desenvolve-se no Brasil atravs de dois processos dolorosos. O branco macho submeteas negras recm-chegadas da frica violncia sexual, o abuso era a regra e no a conquista. Desse encontro dafora do poder branco com a submisso e humilhao negra surgem os primeiros mulatos nascidos no Brasil (O

    povo brasileiro) que so tratados como escravos da mesma forma que os africanos.

    Os enjeitados eram na maioria das vezes concebidos na relao de encantamento de mulheres brancascom homens negros (escravos) na solido dos trpicos. Gosto de apreciar o seu corpo de bano que brilhaintensamente ao sol, seus braos fortes, suas mos geis e o encanto do sorriso largo e branco em contraste como puro bano da sua pele. S no aprecio no podermos mais enroscar nossos corpos. Custariam vidas como a da

    pequena Maria, tambm com pele de bano, que me arrancaram dos braos instantes depois do primeiro choro.Fragmento das anotaes do dirio de Ana Vaz Rego, portuguesa balzaquiana que mudou-se para o Brasil ainda

    pequena acompanhando a famlia que instalou-se e prosperou com o Engenho So Pedro, na Baixa Verde.

    Como funcionava a Roda dos EnjeitadosEm situaes conituosas nas quais relaes de mulheres brancas com homens negros geravam descendncia, afamlia da mulher branca a escondia fora da convivncia com os outros em locais afastados at o nascimento da

    criana. Se a pele da criana fosse branca a mesma seria criada na casa grande como um parente rfo, teria todo estatutode pessoa livre. Nascendo a criana com a pele negra ou morena (mulata) seria apartada do convvio com a me e colocadana roda dos enjeitados sem nenhuma referncia familiar. me era dito que a criana havia morrido.

    As crianas colocadas na roda dos enjeitados eram criadas e educadas por religiosos e religiosas que constituam noBrasil um grupo letrado com domnio pleno dos conhecimentos; da agrimensura, matemtica, latim, msica e letramentoe prticas mdicas. Fator que favoreceu o acesso dessas crianas ao conhecimento e a preparao de uma mo de obraespecializada e livre.

    No perodo de domnio holands no Nordeste (1630 a 1654) o conde Maurcio de Nassau requisitou essesprossionais livres oriundos da roda dos enjeitados.

    Dois desenhistas trabalharam diretamente com Albert Eckhout. Os escritos do mdico holands Willen Piso,registra o trabalho eciente de prticos rfos que desenvolveram as habilidades das prticas mdicas nos mosteiros.

    Os sobreviventes da roda dos enjeitados tero papel crucial na educao colonial, saram desse grupo as primeirasprofessoras e professores, os primeiros msicos brasileiros. So descendentes da matriz africana e europeia, mas so

    brasileiros livres construindo a identidade brasileira e a primeira referncia do Ethos brasileiro com base no respeitoprossional e humano.

    Profes. Silvana PedrozaMario Melo &Mariana Trajano