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AVALIAO, CUIDADO E PROMOO DE SADE:
Construo de Saberes e Prticas.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEAR
ReitoR
Jos Jackson Coelho Sampaio
Vice-ReitoR
Hidelbrando dos Santos Soares
editoRa da Uece
Erasmo Miessa Ruiz
conselho editoRial
Antnio Luciano PontesEduardo Diatahy Bezerra de Menezes
Emanuel ngelo da Rocha Fragoso Francisco Horcio da Silva Frota
Francisco Josnio Camelo ParenteGisafran Nazareno Mota Juc
Jos Ferreira NunesLiduina Farias Almeida da Costa
Lucili Grangeiro CortezLuiz Cruz LimaManfredo RamosMarcelo Gurgel Carlos da SilvaMarcony Silva CunhaMaria do Socorro Ferreira OsterneMaria Salete Bessa JorgeSilvia Maria Nbrega-Therrien
conselho consUltiVo
Antnio Torres Montenegro | UFPEEliane P. Zamith Brito | FGV
Homero Santiago | USPIeda Maria Alves | USP
Manuel Domingos Neto | UFF
Maria do Socorro Silva Arago | UFCMaria Lrida Callou de Arajo e Mendona | UNIFORPierre Salama | Universidade de Paris VIIIRomeu Gomes | FIOCRUZTlio Batista Franco |UFF
Maria Rocineide Ferreira da SilvaLarissa Alves Alexandre Moliterno
Lvia Lopes Custdio(Organizadoras)
1a Edio
Fortaleza - CE
2015
AVALIAO, CUIDADO E PROMOO DE SADE:
Construo de Saberes e Prticas.
AVALIAO, CUIDADO E PROMOO DE SADE: CONSTRUO DE SAbERES E PRTICAS.
2015 Copyright by Maria Rocineide Ferreira da Silva, Larissa Alves Alexandre Moliterno e Lvia Lopes Custdio
Impresso no Brasil / Printed in BrazilEfetuado depsito legal na Biblioteca Nacional
TODOS OS DIREITOS RESERVADOSEditora da Universidade Estadual do Cear EdUECE
Av. Dr. Silas Munguba, 1700 Campus do Itaperi Reitoria Fortaleza CearCEP: 60714-903 Tel: (085) 3101-9893
www.uece.br/eduece E-mail: [email protected]
Editora filiada
Coordenao EditorialErasmo Miessa Ruiz
Diagramao e CapaNarcelio de Sousa Lopes
Reviso de TextoVanda de Magalhes Bastos
Ficha Catalogrfica Vanessa Cavalcante Lima CRB 3/1166
A 945 Avaliao, cuidado e promoo de sade: construo de saberes e prticas/ Maria Rocineide Ferreira da Silva, Larissa Alves Alexandre Moliterno, Lvia Lopes Custdio (Org.). Fortaleza: EdUECE, 2015.
379 p. ISBN: 978-85-7826-300-3
1. Cuidado em sade. 2. Teoria e pratica. I. Ttulo. CDD: 610
SUMRIO
Prefcio .............................................................................10
Introduo ........................................................................13
PARTE 1CUIDADO E ATENO SADE .................................16
Captulo 1 Diabetes e hipertenso como fatores de risco para a doena renal crnica ............................................................................................ 17Luana Rodrigues Sarmento, Larissa Alexandre Alves Moliterno, Lvia Cristina Barros Barreto, Paula Franssineti Castelo Branco Camura Fernandes
Captulo 2 Miocardiopatia puerperal e o cuidado em situao de adoecimento: experincia e reviso integrativa ....................................................... 38Tamires Layane de Lima, Maria Jos melo Ramos Lima, Pedro Braga Neto
Captulo 3 Doena falciforme em crianas e as perspectiva de cuidado domiciliar 68Lvia Lopes Custdio, Ilvana Lima Verde Gomes, Aline Mayra Lopes Silva, Sarah Vieira Figueiredo, Mrcia Shirley de Meneses, Ana Valeska Siebra e Silva
Captulo 4Empoderamento do paciente diabtico: autocuidado como modelo centrado na pessoa ........................................................................... 87Andrea Caprara, Lucimar Bh Barbosa, Elaine Neves de Freitas, Edenbia Pereira Flix
Captulo 5 Comportamento alimentar de adultos jovens escolares com excesso ponderal em um municpio do nordeste brasileiro ......................... 109Jair Gomes Linard, Irialda Sabia Carvalho, Raquel Sampaio Florncio, Thereza Maria Magalhes Moreira
Captulo 6Compreenses acerca dos problemas relacionados ao uso de crack e assistncia aos usurios na perspectiva dos trabalhadores de sade dos Caps ad e da ateno primria. ...................................................... 122Lourdes Suelen Pontes Costa, Aline Teles de Andrade, Thalita Soares Rimes, Nara Albuquerque Ges, Paulo Henrique Dias Quinder, Maria Salete Bessa Jorge.
PARTE 2INTINERRIOS E FORMAO PARA ATENO QUALIFI-CADA .................................................................................147
Captulo 7A formao de alunos da educao de jovens e adultos como navegadores de sade: avanos e descompassos .................................................. 148Eliany P. Mariano, Ehrika Vanessa A Menezes, Helena A Carvalho Sampaio, Maria da Penha B. Passamai, Soraia Pinheiro M. Arruda
Captulo 8Processo de trabalho em sade bucal: saberes e prticas no contexto da residncia multiprofissional em sade da famlia e comunidade. .... 164Pedro A. de Arajo Filho, Kilma Wanderley Lopes Gomes Valdicleibe Lira Amorim, Maria Rocineide Ferreira da Silva
Captulo 9Interao ensino-servio e diversificao dos cenrios de prtica: reflexes para a formao de enfermeiros comprometidos com o SUS. ......... 198Danielly M. de Queiroz, Lcia C. de Oliveira, Maria Marlene M. vila, Mirian Ferreira C.Castelo Branco, Elisngela Rebouas Custdio
Captulo 10Mtodo de ensino-aprendizagem: predomnio do ensino tradicional nos cursos da rea da sade em uma universidade pblica no Cear. .... 222Maria Marlene M. vila, Maria das Graas B. Peixoto, Maria do Socorro de Sousa, Lucia Conde de Oliveira, Vanessa Calixto V. Sanca, Elisangela C. Rebouas
Captulo 11 Retrato das internaes pelo vrus da imunodeficincia humana HIV no Cear. ....................................................................................... 242Francisca Geisa de S. Passos, Lllian de Queiroz Costa, Marcelo Gurgel Carlos da Silva
PARTE 3 SADE MENTAL, REDE CEGONHA E ONCOLOGIA NA PERSPECTIVA DO CUIDADO .............................................. 259
Captulo 12Violncia enquanto um problema de sade coletiva: exemplo de um programa canadense de preveno de comportamentos agressivos. . 260Ana Carina Stelko-Pereira, Carla Samya N. Falo, Danielle D. Fernandes, Gabriela P.Amncio
Captulo 13(Des)institucionalizao do cuidado em sade mental: uma anlise crtica da ateno psicossocial. ....................................................... 279Mariana Pompilio G. Cabral, Carliene B. da Costa, Diego M. da Silva, Erasmo M. Ruiz, Maria alete B. Jorge.
Captulo 14 O Caps encaminha pra c, mas ns no somos psiquiatras: desafios da produo do cuidado em sade mental na ateno primria e especializada. ................................................................................. 303Carliene B. da Costa, Mariana Pompilio G. Cabral, Maria Salete B. Jorge
Captulo 15Direitos dos usurios em adoecimento mental como ferramenta de cuidado com foco na integralidade. ............................................... 329Karine Correia C. Schuster, Maria Salete B. Jorge
Captulo 16 Cartografia como ferramenta com potencial para pesquisa em sade coletiva. ......................................................................................... 345Maria Raquel Rodrigues Carvalho, Diego da Silva Medeiros, Tlio Franco, Maria Salete B. Jorge
SObRE OS AUTORES ...................................................368
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PREFCIO
A Sade Coletiva no um paradigma terico. Revela-se com um outro cenrio que (re)contextualiza as reflexes do pen-sar e faz intervenes no processo assistencial. Resgata a plura-lidade do cuidado em todas as suas dimenses que se interrela-cionam entre si. A produo do cuidado perpassa por dimenses sociais, culturais, econmicas, formativas, poltica e ideolgica.
A complexidade que envolve o processo assistencial tem, ao largo dos anos, exigido estratgias que apontam claramente as necessidades sociais da sade (OMS, 1995; OPAS, 1997). Essas necessidades foram contempladas no Movimento da Reforma Sanitria, que props mudanas no modelo convencional das prticas assistenciais, e no modelo de sade autoritrio centrado em aes curativas para o modelo de sade centrado nas aes de promoo da sade e preveno de agravos e doenas, forta-lecendo o direito sade com princpios fundamentados para melhoria do processo de ateno sanitria.
Essa transio, fundamentalmente, fomentou o fortale-cimento da Ateno Primria de Sade, implementando uma reestruturao organizativa e funcional e potencializou a interdis-ciplinaridade, o papel social do sujeito usurio com participao familiar, estabelecendo os desafios e perspectivas para a promoo da sade.
Assim, o processo de adoecimento passa a ser interpretado como um contexto que envolve uma gama de fatores ou determi-nantes, defendidos na VIII Conferncia Nacional de Sade em 1986. Esta concepo da sade alm da ausncia de doena foi reforada e institucionalizada no Brasil atravs da Poltica Nacio-nal de Promoo da Sade (BRASIL, 2006).
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Sabemos que os desafios na construo de novas prticas que incorporem um pensamento crtico reflexivo do cuidar en-volve um processo contnuo e cultural, que deve ser transversal e associvel entre a formao e a prtica clnica.
O cuidado e a ateno sade envolve um movimento que implica atender aos princpios da autonomia do cuidado, partindo da base que o adoecimento exige intervenes coletivas, abordando prticas e saberes que contribuam para as perspectivas de empoderamento do saber e fazer, como um caminho para dar visibilidade ao papel social, ideolgico, poltico e cultural no pro-cesso de tomada de deciso na ateno sanitria.
O empoderamento deve partir, fundamentalmente, do eixo da formao tanto a nvel acadmico como tambm no processo de trabalho. O conhecimento e a prtica clinica deve ser um caminho de vrios sentidos como uma reciprocidade de associao para a melhoria do processo assistencial pautado na ateno qualificada, principalmente no que tange essa assistncia na ateno primaria sade, campo promissor na mudana do paradigma sanitrio brasileiro, influindo sobremodo no investi-mento de polticas pblicas de Sade. Ningum nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se forma, como educador, permanentemente, na prtica e na reflexo da prtica. (FREIRE, 1991: 58).
Existem reas de ateno especializada que no significam atuao ou interveno isolada. Pelo contrrio, a especialidade pode representar um repensar multidimensional ou multidis-ciplinar sobre um perfil de usurios de um sistema. Por exem-plo, podemos mencionar a Sade Mental, a Oncologia e a Rede Cegonha na ateno Primria. Partindo dessa premissa, viven-ciam-se no cotidiano prticas que exigem uma responsabilidade
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compartilhada do processo de cuidado, redirecionando as inter-venes do singular para o plural. Deve se observar a pluralidade de aportes que cada especialidade necessita para substituir antigas prticas em novas formas de pensar, fazer e ser tanto como profis-sional da sade como usurio do sistema sanitrio.
O cuidar na Sade Coletiva um campo de pluralidades nas produes de novas prticas assistenciais, indo alm de con-ceitos ou paradigmas. ultrapassar a fronteira da singularidade da doena e do adoecer e dar visibilidade ao sujeito, que passa a ser usurio do sistema sanitrio, na sua integralidade e autono-mia, como ponte para alcanar a excelncia na resolubilidade do processo assistencial.
Adriana Catarina de Souza Oliveira
Enfermeira. Doutora em Sade Pblica. Professora da Graduao em Enfermagem e Ps-Graduao em Investigacion en Ciencias Sociosanitarias na Universidade Catlica de Murcia
(UCAM - Espanha).
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INTRODUO
O livro se apresenta como produes de captulos articula-do com temticas sobre avaliao, cuidado e promoo da sa-de, de uma coletnea de pesquisas dos alunos e seus professores/orientadores do Programa de Ps-Graduao em Sade Coletiva da Universidade Estadual do Cear. Foi um caminho que se abre em vrias trilhas de construes coletivas as quais articulam sabe-res e conhecimentos de reas que juntas atravessam e compem o campo da sade coletiva.
O debate sobre avaliao, cuidado e promoo da sade vem aumentando nos ltimos anos. Por isso, fazem-se necessrias reflexes, pesquisas, textos que pautem o dilogo sobre temas to atuais e necessrios de serem profundados na contemporaneidade no momento em que precisamos unir foras para continuar a defesa de um sistema pblico de sade, que j existe, mas que pela via das pesquisas acadmicas implicadas com a produo da vida vai se fazendo vivo, revelando suas fragilidades e ao mesmo tempo sua potncia.
Os desdobramentos desse processo de produo pautaram-se em reflexes a cerca dos cuidados em situao de adoecimento, empoderamento do paciente e o auto-cuidado, das compreenses acerca dos problemas vinculados sade mental, alm do papel desempenhado pelos profissionais da rea da sade, vislumbran-do a interao ensino, formao e suas prxis.
O livro articula-se em trs eixos temticos acerca da sade. Tendo como a primeira parte intitulada como cuidado e ateno sade compostos pelos seguintes captulos: Diabetes e hiper-tenso como fatores de risco para a doena renal crnica; Mio-cardiopatia puerperal e o cuidado em situao de adoecimento:
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experincia e reviso integrativa; Doena falciforme em crianas e as perspectiva de cuidado domiciliar; Empoderamento do pa-ciente diabtico: autocuidado como modelo centrado na pessoa; Comportamento alimentar de adultos jovens escolares com ex-cesso ponderal em um municpio do nordeste brasileiro; Com-preenses acerca dos problemas relacionados ao uso de crack e assistncia aos usurios na perspectiva dos trabalhadores de sade dos caps ad e da ateno primria.
A parte dois, intitulada Intinerrios e Formao para Ateno Qualificada, discute: A formao de alunos da edu-cao de jovens e adultos como navegadores de sade: avanos e descompassos; Processo de trabalho em sade bucal: saberes e prticas no contexto da residncia multiprofissional em sade da famlia e comunidade; Interao ensino-servio e diversificao dos cenrios de prtica: reflexes para a formao de enfermeiros comprometidos com o SUS; Mtodo de ensino-aprendizagem: predomnio do ensino tradicional nos cursos da rea da sade em uma universidade pblica no Cear e Retrato das internaes pelo vrus da imunodeficincia humana HIV no Cear.
A terceira e ltima parte dessa produo cientfica, Sade Mental, Rede Cegonha e Oncologia na perspectiva do Cuida-do aborda os seguintes temas: Violncia enquanto um problema de sade coletiva: exemplo de um programa canadense de pre-veno de comportamentos agressivos; (Des)institucionalizao do cuidado em sade mental: uma anlise crtica da ateno psi-cossocial; O caps encaminha pra c, mas ns no somos psi-quiatras..: desafios da produo do cuidado em sade mental na ateno primria e especializada; Direitos dos usurios em adoecimento mental como ferramenta de cuidado com foco na integralidade; Cartografia como ferramenta com potencial para pesquisa em sade coletiva.
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Caro leitor, cara leitora, a partir da oferta de um mosaico de possibilidades que apresentamos nesta obra, a voc destinada, desejamos que os temas aqui tratados alimentem reflexes e de-bates... Boa leitura!!!
Profa. Dra. Maria Rocineide Ferreira da SilvaMestranda Larissa Alves Alexandre Moliterno
Mestranda Lvia Lopes Custdio
PARTE I - CUIDADO E ATENO SADE
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CAPTULO 1
DIAbETES E HIPERTENSO COMO FATORES DE RISCO PARA DOENA RENAL
CRNICA.
Luana Rodrigues SarmentoLarissa Alexandre Alves Moliterno
Lvia Cristina Barros BarretoPaula Frassinetti Castelo Branco Camura Fernandes
INTRODUO
A Doena Renal Crnica (DRC) atualmente um pro-blema de sade pblica devido sua crescente incidncia e ao alto custo da terapia de substituio renal (TRS). Afeta 5 a 10% da populao mundial e sua incidncia no Brasil tm aumen-tado, devido ao nmero crescente de pacientes diagnosticados, principalmente os portadores de diabetes mellitus, hipertenso arterial, bem como pelo aumento da longevidade da populao. Estima-se que cerca de 10% da populao adulta tem algum grau de perda de funo renal. Segundo a Sociedade Brasileira de Ne-frologia (SBN), esse percentual pode aumentar para 30% a 50% em pessoas acima de 65 anos (SESSO, 2007).
Entende-se por DRC a leso do parnquima renal (com funo renal normal) e/ou a diminuio funcional renal presentes por um perodo igual ou superior a trs meses, sendo proposto a partir de ento a definio por estagiamento da doena (Tabela
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1). Assumiu-se tal definio a partir dos critrios estabelecidos pela National KidneyFoundation Americana (NKF), em seu docu-mento KidneyDisease Outcomes Quality Initiative (K/DOQI). Os critrios so: Leso presente por um perodo igual ou superior a trs meses, definida por anormalidades estruturais ou funcionais do rim, com ou sem diminuio da Filtrao Glomerular (FG), evidenciada por anormalidades histopatolgicas ou de marcado-res de leso renal, incluindo alteraes sanguneas ou urinrias, ou ainda de exames de imagem; e FG
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De acordo com as Diretrizes Clnicas para o Cuidado ao paciente com Doena Renal Crnica(2014), o cuidado clnico no controle dos fatores de progresso da DRC deve ser sempre intensificado, de acordo com a evoluo da DRC:
a) DRC estgio 1: Pacientes com funo renal normal, sem nenhum tipo de sintoma, mas sob alto risco de deteriorao da funo renal a longo prazo devido algumas doenas (diabetes, hipertenso, rins polics-ticos, etc.) Para tratamento dos fatores de risco deve ser realizado o controle da glicemia, da hipertenso arterial, dislipidemia, obesidade, doenas cardiovas-culares, tabagismo e adequao do estilo de vida.
b) DRC estgio 2: Pessoas com pequenas perdas da fun-o dos rins. Pacientes correm maior risco de agrava-mento da funo renal se expostos a drogas txicas aos rins (anti-inflamatrios ou contrastes). Tambm deve-se tratar os fatores de risco.
c) DRC estgio 3: subdividido em 3A e 3B:
d) c.1) 3A - Deve-se avaliar e tratar as complicaes. Os pacientes devem intensificar tratamento dos fatores de risco para desenvolver a DRC e doena cardiovascular, deve ser acompanhado por nefrologista. As primeiras complicaes da doena comeam a se desenvolver (anemia, osteodistrofia).
c.2) 3B - Tratar complicaes, iniciar discusses sobre as opes para possveis futuras necessidades de tera-pia de substituio renal.
d) DRC estgio 4: O acompanhamento deste indiv-duo deve ser multiprofissional. Os primeiros sintomas
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comeam a aparecer e as anlises laboratoriais eviden-ciam vrias alteraes: nveis elevados de fsforo e PTH, anemia estabelecida, pH sanguneo baixo, ele-vao do potssio, emagrecimento e sinais de desnu-trio, piora da hipertenso, enfraquecimento sseo, aumento do risco de doenas cardacas, diminuio da libido, reduo do apetite, cansao, etc.
e) DRC estgio 5: O rim j no desempenha funes bsicas. Os pacientes comeam a sentir os sintomas da doena renal, chamados uremia. O incio da terapia renal substitutiva est indicado e o acompanhamento desses indivduos em procedimento dialtico realiza-do nas unidades de ateno especializadas em doena renal crnica.
Deve-se indicar terapia renal substitutiva (TRS) para pa-cientes com TFG inferior a 10 mL/min/1,73m. Em pacientes diabticos e com idade inferior 18 anos, pode-se indicar o incio da TRS quando a TFG for menor do que 15 mL/min/1,73m. Em todas essas situaes, deve-se respeitar a condio clnica e alterao laboratorial do paciente. A escolha do mtodo de TRS deve levar em considerao a escolha do paciente, bem como a condio clnica, de acordo com avaliao da equipe multiprofis-sional, sendo as modalidades disponveis: a hemodilise, a dilise peritoneal e o transplante renal (BRASIL, 2014a).
Na hemodilise, a mquina recebe o sangue do paciente por um acesso vascular, que pode ser um cateter (tubo) ou uma fstula arteriovenosa, e depois impulsionado por uma bomba at o filtro de dilise (dialisador). Nele, o sangue exposto so-luo de dilise (dialisato) atravs de uma membrana semiper-mevel que retira o lquido e as toxinas em excesso e devolve o
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sangue limpo para o paciente pelo acesso vascular. Dependendo da situao clnica do paciente o tempo pode variar de 3 a 5 horas por sesso e pode ser feita 2, 3, 4 vezes por semana ou at mesmo diariamente, de acordo com a prescrio do mdico nefrologista (BRASIL, 2015).
A dilise peritoneal (DP) utiliza equipamento especfico que infunde e drena uma soluo especial diretamente no abd-men do paciente, sem contato direto com o sangue atravs de um cateter implantado na cavidade peritoneal. A DP realizada no prprio domiclio do paciente com o auxlio de um equipamento porttil com durao mdia de 12 horas, podendo ser realizada enquanto o paciente dorme, todos os dias da semana (BRASIL, 2015).
A indicao de transplante deve seguir as orientaes da Portaria GM/MS N 2.600, de 31 de outubro de 2009. Os pa-cientes com DRC devem ser encaminhados para os servios es-pecializados em transplante desde o estgio 5, no dialtico. Duas modalidades de transplante de rim podem ser consideradas, de acordo com o tipo de doador, em transplante com doador vivo ou doador falecido. Pode-se considerar o transplante preemptivo, que aquele realizado antes do paciente iniciar TRS (BRASIL, 2009).
A importncia clnica da instituio da classificao em es-tgios de DRC consiste na uniformizao da linguagem entre os profissionais que lidam com a doena na prtica clnica (BRASIL, 2014a). Segundo Bastos & Kirsztajn (2011), o tratamento ideal da DRC baseado em trs pilares de apoio:
1. Diagnstico precoce: alteraes funcionais, principal-mente atravs da TFG, so importantes componentes no diagnstico e classificao da DRC.
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2. Encaminhamento imediato para tratamento nefrol-gico: possibilita a educao pr-dilise.
3. Implementao de medidas para preservar a funo renal: retardam ou interrompem a progresso para os estgios mais avanados da doena, assim como dimi-nuem morbidade e mortalidade iniciais.
De acordo com as Diretrizes Clnicas para o Cuidado ao paciente com Doena Renal Crnica(2014), a preveno feita inicialmente atravs do conhecimento do seu grau de funo re-nal, da deteco e controle da hipertenso arterial e Diabetes, a manuteno do peso ideal atravs de uma dieta saudvel e a pr-tica de exerccios fsicos, uma adequada ingesta de gua (30ml/kg), o cuidado com o uso abusivo de medicamentos por conta prpria, sobretudo os anti-inflamatrios, abandono do tabagis-mo, cujo controle e tratamento devem estar de acordo com as normatizaes e orientaes do Ministrio da Sade.
Fatores de risco
As causas mais importantes para a DRC so resultantes das doenas cardiovasculares tais como a hipertenso arterial sis-tmica (HAS), o diabetes mellitus (DM), a histria familiar de DRC e o envelhecimento, deste modo, torna-se importante a sua preveno e tratamento precoce (BRASIL, 2012).
Conhecer essas duas condies, suas manifestaes clnicas e suas comorbidades de fundamental importncia para o pla-nejamento de intervenes. Primeiramente a hipertenso arterial sistmica (HAS) que definida como o aumento dos nveis pres-sricos arteriais acima da mdia considerada normal. Esta altera-o decorre do aumento na contratilidade da camada muscular
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lisa que forma a parede da artria. Em termos gerais, pode-se definir a hipertenso como as medidas acima de 140mmHg para presso sistlica e acima de 90mmHg para a presso diastlica. Podendo ser primria ou secundria a outras causas, como con-sequncia de um estreitamento de parte da artria, tumores nas glndulas supra-renais e compresso do parnquima renal (UNI-FESP, 2004).
Tal condio considerada democrtica, visto que atinge, indistintamente, pessoas de ambos os sexos, raas e etnias, alm de afetar indivduos de diferentes idades, classes sociais e estilo de vida. Os dados epidemiolgicos dessa disfuno demonstram que acomete um em cada trs adultos, estimando-se que 30% da populao brasileira apresente esse quadro, chegando a mais de 50% na populao com mais de 60 anos. Os dados evidenciam, ainda, que 5% das crianas e adolescentes brasileiros so acome-tidos pela HAS e que, no mundo, 3% das crianas e adolescentes enfrentam esse problema. Alm disso, a HAS responsvel por 40% dos infartos, 80% dos derrames e 25% dos casos de insufi-cincia renal terminal. No mundo, segundo a Organizao Mun-dial da Sade, cerca de 7 milhes de pessoas morrem, a cada ano, e 1,5 bilho, adoecem devido hipertenso (BRASIL, 2014b).
Alm de estar intimamente relacionada funo renal, po-dendo ser tanto a causa como a consequncia de doenas renais, estando presente na maior parte dessas patologias, principalmen-te nas glomerulopatias e na nefropatia diabtica. A prevalncia de hipertenso, determinada por ocasio da deteco da doena renal, aumenta progressivamente medida que a funo renal vai se deteriorando, de tal forma que na fase terminal ou dialtica da doena renal crnica a quase totalidade dos nefropatas hiper-tensa (BORTOLOTTO; PRAXEDES, 2005; KAPLAN, 2002; THURALSINGHAM, 2015).
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A HAS causa dano renal por dois processos fisiopatolgi-cos, isquemia e barotrauma. Graas ao mecanismo de autorregula-o dos capilares glomerulares, os glomrulos conseguem se pro-teger do barotrauma e consequente proteinria. Contudo, com a evoluo da doena hipertensiva, comea a ocorrer nefroesclerose devido isquemia, com consequente perda de nfrons. Com o avanar das perdas, faz-se necessrio vasodilatao das arterolas aferentes a fim de manter a TFG, o que aumenta a transmisso da presso arterial para os capilares glomerulares, podendo gerar barotrauma glomerular e consequente proteinria e glomeruloes-clerose (BIDANI et al., 2012).
Diferentemente, a Diabetes Mellitus (DM) envolve um grupo de doenas metablicas que se caracterizam pela hipergli-cemia, que pode ser oriunda de anormalidades na secreo de insulina, na sua ao ou em ambas. A doena est associada a complicaes em vrios rgos do organismo, como corao e rins (ADA, 2008).
O Instituto Nacional de Sade e Excelncia Clnica (NICE) recomenda, atualmente, que todas as pessoas com dia-betes na Inglaterra e no Pas de Gales estejam com seus exames renais, incluindo os testes para albuminria, em dia com o intu-tito de minimizar custos para a ateno primria (NICE, 2008; NEW et al., 2007).
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, em 2013, o nmero de brasileiros acometidos pela doena chegava a, aproximadamente, 12 milhes, sendo a grande porcentagem li-gada ao sedentarismo e dieta inadequada. Sabe-se que os fatores de risco correspondentes a menor porcentagem so os genticos (SARTORELLI; FRANCO, 2003; IDF, 2014).
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Os dois tipos de diabetes so o DM tipo I e DM tipo II. No primeiro, as clulas beta do pncreas so danificadas, geral-mente, por um processo autoimune. No segundo, ocorre altera-o na ao ou secreo da insulina, sendo responsvel por cerca de 90% dos casos (GROSS et al., 2002).
O diagnstico do diabetes pode ser detectado por meio de exames mais minuciosos, alm da taxa de glicemia e da HA1C (hemoglobina glicada). Nesse conjunto, encontram-se marca-dores de autoimunidade e a avaliao da reserva pancretica de insulina atravs da medida do peptdeo C e da fase rpida de secreo de insulina. Essas opes servem de base para a explica-o da origem da doena, assim como detectar o tipo de diabetes (GROSS, 2002). Na doena em questo, a glicemia em jejum 126 mg/dl; a HA1C, 6,5% e a glicemia ps-prandial, 200 mg/dl (MAGALHES, 2012).
A doena renal associada ao diabetes ocorre no contexto de hipertenso arterial como condio subjacente, como afirma MCGOVERN et al., (2013) ao dizer em seu estudo que quase todas as pessoas que tinham DM e DRC possuam HAS, compa-rados com indivduos que apresentavam apenas hipertenso sem a doena renal crnica. Os mesmo autores afirmam tambm que a prevalncia da DRC em nveis mais avanados crescente em indivduos com hipertenso e diabetes.
Essa sndrome leva a uma srie de alteraes nas estrutu-ras renais, nefropatia diabtica, e que colaboram no processo da DRC. A hipertrofia glomerular, o espessamento da membrana basal glomerular e expanso mesangial acelular culminam na glomeruloesclerose, que marca o processo de leso renal perma-nente. Sendo um dos fatores de maior relevncia nesse processo, a glicosilao das protenas, resultante de um processo de hiper-
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glicemia crnica, pode faz-las se acumularem nos tecidos devido capacidade de ligao com colgeno, levando a leses teciduais (BAKRIS, 2013).
Frente a esses importantes fatores de risco para injria re-nal, preciso utilizar marcadores que a detectem precocemen-te. A elevao dos nveis sricos de creatinina e a presena de proteinria no exame de urina tipo I so os melhores preditores para a doena renal, sendo este ltimo o indicador mais sensvel, mas que pode falhar na deteco de estados precoces de DRC (CROOK et al., 2002).
A excreo de albumina na urina apresenta-se como impor-tante marcador precoce de leso renal, especialmente na presena de DM, HAS e doena glomerular. No necessrio sua aferio em uma amostra de urina coletada em 24 horas para quantificar de forma precisa o nvel de excreo, podendo ser usado a nvel de screening as amostras de urina de preferncia matinal, sendo realizado a anlise com o disptick especfico para albumina ou a relao albumina/creatinina na amostra (K/DOQI, 2002).
A importncia da excreo da albumina est principal-mente nos pacientes com fatores de risco, em especial a DM, sendo recomendada a pesquisa deste marcador mesmo quando no houver deteco de proteinria pelo exame de urina tipo I, sendo ento uma ferramenta importante para a deteco precoce da DRC e seu tratamento (LEVEY et al., 2003).
Diante de duas doenas de alta prevalncia na populao brasileira como a DM e HAS, que trazem implicaes severas de forma insidiosa, em particular a nvel renal, torna-se importante o cuidado e a avaliao precoce desses fatores de risco nesse grupo de pacientes, especialmente ao nvel da ateno primria no SUS, a qual seria responsvel por identificar precocemente a injria
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renal e iniciar os seus cuidados, a fim de evitar o crescimento cada vez maior do nmero de pacientes portadores de DRC.
No incio da dcada passada, estimava-se que haveria cerca de 2 milhes de pessoas em TRS em todo o mundo em 2010, sendo que esse nmero tem aumentado de forma expressiva nos pases em desenvolvimento. Aproximadamente 90% dos casos diagnosticados de DRCT ao redor do mundo so provenientes dos pases em desenvolvimento. A taxa de prevalncia de pacien-tes em TRS de 1.000 pacientes por milho de pessoa (pmp) em pases da Europa, no Chile e Uruguai, e de 1.750 pacientes pmp nos EUA (XUE, 2001; SARAN et al.,., 2014).
De acordo com dados do Censo Brasileiro de Dilise re-ferente a julho de 2013, a situao dos centros de dilise e dos pacientes em tratamento dialtico de manuteno no Brasil, es-to cadastradas na Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) 703 unidades de dilise no pas, sendo 658 unidades ativas com pro-grama crnico, porm, destas, apenas 334 (50,8%) responderam o formulrio, no total de 50.961 pacientes. Foi estimado um total de 100.397 pacientes em tratamento dialtico por ano. A maior porcentagem (84%) em dilise realizam o tratamento atravs do Sistema nico de Sade. A taxa de prevalncia de tratamento dia-ltico foi de 499 pacientes por milho da populao. 90,8% dos pacientes em dilise crnica faziam tratamento por hemodilise e 9,2% por dilise peritoneal, sendo que, desta, a dilise peritoneal automatizada (DPA) era a modalidade predominante. O maior percentual de pacientes em dilise (62,6%) tem idade entre 19 a 64 anos e 58% dos pacientes eram do sexo masculino.
O acometimento renal pelo diabetes responde por 40% dos casos incidentes de dilise nos Estados Unidos, e no Bra-sil compete com a hipertenso, acometendo 30% dos pacientes que iniciam tratamento dialtico. Estes pacientes sofrem um risco
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adicional de morte de 20% no primeiro ano de dilise, princi-palmente por causas cardiovasculares. Em outras palavras, cerca de 30% dos pacientes com diabetes desenvolvem nefropatia dia-btica, especialmente em associao com hipertenso. A DRC um importante determinante de desfechos adversos em pacientes hipertensos e diabticos, sendo, atualmente, considerada um dos mais significativos fatores no tradicionais de risco cardiovascular.
O conhecimento do impacto dos fatores de risco na doen-a renal crnica d subsdio para aes de preveno da doena e promoo da sade daqueles que j convivem com a mesma, evitando o seu agravamento. A partir de ento, se torna possvel implementar medidas preventivas com a finalidade de diminui-o de casos de DRC em todo pas.
Os objetivos deste captulo so descrever o impacto da hi-pertenso arterial e do diabetes mellitus na DRC, assim como relacion-los como fatores de risco para doena renal crnica, e ainda revisar a literatura, a fim de identificar as melhores evidn-cias disponveis.
METODOLOGIA
Trata-se de uma reviso baseada nos dados da literatura, principalmente nos Registros Brasileiros de Dilise e DRC e nas Diretrizes Nacionais (SBN) e Internacionais (K/DOQI) das doenas renais.
RESULTADOS E DISCUSSO
Contextualizada a influncia de hipertenso arterial sis-tmica e diabetes com fatores de risco importantes para doen-a renal crnica e, tendo em vista o aumento na incidncia da
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doena, despontaram aes no mundo para a sua preveno. O Dia Mundial do Rim (DMR) tem como objetivo aumentar a conscientizao sobre a importncia dos nossos rins a nossa sade em geral e reduzir a frequncia e o impacto da doena renal seus problemas de sade associados em todo o mundo (ISN, 2015).
A ao de 2015 manteve o foco em alertar a populao com relao a adoo de hbitos saudveis, ingesto de gua, mu-dana de estilo de vida e autocuidado das doenas crnicas no transmissveis, como hipertenso arterial sistmica, diabetes mel-litus e obesidade (DMR, 2015).
A Universidade Estadual do Cear em unidade com outras duas universidades, Universidade Federal do Cear e Universi-dade de Fortaleza, potencializou o DMR na cidade de Fortale-za, CE, realizando aes de promoo e educao em sade e de preveno da doena renal. Tratou-se de uma ao conjunta de graduandos em medicina da Universidade Estadual do Cear e de profissionais mdicos e enfermeiros. Os aspectos ticos foram respeitados.
Um stand foi montado em uma praa pblica no cen-tro da cidade, tendo sido visitado por 220 indivduos. A visita ocorria em seis estaes. Na primeira, eram coletados dados de identificao geral e anamnese voltada para doenas renais. Na segunda, foram realizadas medidas antropomtricas. Na terceira, ocorreu a aferio da presso arterial sistmica. Na quarta estao foi realizada a medio da glicemia capilar. Na quinta, realizou-se um teste rpido de urina pra identificar a presena de protein-ria ou hematria. Na ltima estao, com a posse de todos os dados obtidos nas estaes anteriores, foi realizada uma reviso e discusso dos achados, assim como uma entrevista com a pessoa analisada na busca de entender possveis alteraes encontradas
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e encaminhar para o servio competente no caso de encontradas alteraes.
Foram coletados dados atravs de um questionrio estrutu-rado. Realizou-se exame fsico simplificado investigando antece-dentes patolgicos pessoais e familiares, aferindo Presso Arterial (PA), verificando peso, altura, circunferncia abdominal, ndice cintura-quadril, IMC e realizando o teste rpido de glicemia.
Obteve-se que do total, mais da metade eram homens (53,94%), possuam idade mdia de 58,15 anos (DP14,03). A hipertenso esteve presente em 43,64% dos visitantes, e destes, 58,33% apresentaram PA elevada. O diabetes tambm teve des-taque com 15,76% dos visitantes que afirmaram ser diabticos, conferindo que destes, 38,46% estavam com glicemia capilar aleatria (GCA) elevada. No geral, 15,95% apresentaram GCA >140mg/dl, sendo que 61,54% disseram no ser diabticos ou desconheciam. 13,3% referiram doena cardaca e 5,45% In-farto Agudo do Miocrdio. 21,82% tinham histria de doena renal, 20% de drogas nefrotxicas, 23,64% histria familiar de doena renal, 22,09% IMC>30,0kg/m, 69,51% circunferncia abdominal aumentada. Com relao ao ndice Cintura-Quadril, 90,18% enquadrou-se no grupo de moderado e alto.
Segundo a World Health Organization (2005), as doenas crnicas no transmissveis (DCNT) so responsveis por cerca de 60% das causas de mortes em todo mundo, afetando cerca de 35 milhes de pessoas por ano e, para a prxima dcada, es-pera-se que haja um aumento de 17% na mortalidade causada pelas DCNT. Dentre os principais tipos de DCNT, a doena cardiovascular (DCV) a que tem o maior impacto epidemio-lgico, sendo responsvel por cerca de 30% de todas as mortes no mundo.
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essencial agir na preveno, tratando e controlando os fatores de risco modificveis: diabetes, hipertenso, dislipidemia, obesidade, doena cardiovascular e tabagismo, cujo controle e tratamento devem estar de acordo com as normatizaes e orien-taes do Ministrio da Sade. Em relao ao uso de medicamen-tos, deve-se orientar que o uso crnico de qualquer tipo de medi-cao deve ser realizado apenas com orientao mdica e deve-se ter cuidado especfico com agentes com efeito reconhecidamente nefrotxico (BRASIL, 2014a).
O modelo da vigilncia em sade contempla o processo sade/doena na coletividade e fundamenta-se na epidemiologia e nas cincias sociais. A vigilncia em sade permite orientar in-tervenes visando ao controle de danos, controle de riscos e controle de causas (PAIM; ALMEIDA FILHO, 1998).
Todas as prticas de sade orientadas para os modos de andar a vida, melhorando as condies de existncia das pessoas e coletividades demarcam interveno e possibilidades s transfor-maes nos modos de viver, trabalham com promoo da sade, preveno de doenas e agravos, aes de reabilitao psicossocial e proteo da cidadania, entre outras prticas de proteo e recu-perao da sade (CARVALHO; CECCIN, 2006).
Como o encontrado na ao do DMR em Fortaleza, foi verificada alta prevalncia de fatores de risco para DRC entre os entrevistados, elevadas porcentagens de indivduos diabticos e hipertensos com glicemia e PA no controlados no momen-to do exame. Demonstrando que diabetes e hipertenso, apesar de serem alvo da preveno primria da DRC e foco de aes de promoo, preveno e educao em sade permanecem no controlados. Aes mais efetivas e de amplo alcance devem ser implementadas.
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CONSIDERAES FINAIS
A hipertenso arterial sistmica e o diabetes so, portan-to, fatores de risco e promotores de progresso da doena renal. A identificao, principalmente, desses fatores pode sugerir in-tervenes preventivas em pacientes que poderiam evoluir pra doena renal crnica, assim como naqueles que j possuem al-gum grau de insuficincia renal, retardando a perda de funo renal. Com isso, v-se a importncia da identificao dos fatores de risco para um diagnstico precoce de insuficincia renal e o acompanhamento adequado de doenas que podem evoluir com insuficincia renal.
Recomenda-se adoo de medidas efetivas de vigilncia, preveno, tratamento e controle para pacientes de risco, impac-tando no diagnstico precoce, diminuio do comprometimento renal, utilizao de TRS e, no caso de pacientes crnicos, na sua sobrevida.
A dilise afeta drasticamente a qualidade de vida dos pa-cientes. A descoberta da necessidade de tratamento dialtico ini-cialmente produz sentimentos de negao, medo e angstia e a evoluo da doena altera na rotina do paciente renal crnico e esto relacionadas limitao fsica, cognitiva e social do indiv-duo. Alm disso, sentimento de insegurana e dependncia so muitas vezes vivenciados pelos portadores de DRC.
Nesse contexto, a fundamentao cientfica, a competncia tcnica e a excelncia do tratamento, embora fundamental, no bastam. So necessrias adaptaes na rotina de vida do paciente, garantir que o paciente tenha acesso informao de qualidade sobre a sua doena e o seu estado, a participao ativa da equipe de sade multidisciplinar, o apoio familiar consistente e suporte emocional e espiritual so fundamentais para que o tratamento seja bem sucedido e humanizado.
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Diante de duas doenas de alta prevalncia na populao brasileira como o DM e HAS, que trazem implicaes severas de forma insidiosa, em particular a nvel renal, torna-se importante o cuidado e a avaliao precoce desses fatores de risco, a fim de evitar o crescimento cada vez maior do nmero de pacientes por-tadores de DRC.
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CAPTULO 2
MIOCARDIOPATIA PUERPERAL E O CUIDADO EM SITUAO DE
ADOECIMENTO: ExPERINCIA E REVISO INTEGRATIVA
Tamires Layane de LimaMaria Jos Melo Ramos Lima
Pedro Braga Neto
A gravidez um evento fisiolgico que faz parte da vida de um grande nmero de mulheres. uma fase de profundas alteraes, no mbito social, psicolgico e fsico da gestante. Toda gravidez, no entanto, apresenta um risco potencial sade da gestante, por ser um dos momentos de maior sobrecarga cardaca na vida da me (GAMA PINTO et. al., 2007).
Segundo Custdio et al. (2008), dentre as diversas modifi-caes hemodinmicas esperadas durante a gestao, pode-se ci-tar: o aumento do volume sanguneo, a queda da presso arterial e resistncia vascular sistmica e o aumento na frequncia cardaca e dbito cardaco. Alm disso, durante o trabalho de parto e puer-prio, ocorrem aumento adicional do dbito cardaco e da presso arterial, principalmente relacionado s contraes uterinas.
Entretanto, algumas das alteraes podem ocorrer menos usuais. Dentre as mais raras, tem-se a miocardiopatia periparto (MCPP) que uma doena de etiologia desconhecida, com maior
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incidncia em mulheres de raa negra, multparas e com idade superior a 30 anos. Caracteriza-se pela presena de insuficincia cardaca (IC) materna, no ltimo ms de gestao ou at cinco meses aps o parto, com disfuno ventricular sistlica esquerda, na ausncia de outras causas de insuficincia cardaca e em mulhe-res previamente saudveis (GAMA PINTO et. al., 2007).
J Sliwa e Bohm (2014), trazem como definio que a car-diomiopatia puerperal uma doena do miocrdio associada gravidez com significativa morbidade e mortalidade. Uma decla-rao Europia recente da Sociedade de Cardiologia do Grupo de Trabalho sobre cardiomiopatias periparto definiu a doena como uma cardiomiopatia idioptica apresentada com insufi-cincia cardaca secundria disfuno sistlica do VE no final da gravidez ou nos meses aps o parto, quando no h nenhuma outra causa de insuficincia cardaca, e esta pode ser difcil de distinguir de outras formas de cardiomiopatia, tais como fami-liar ou cardiomiopatia dilatada idioptica, prexistente que ge-ralmente se apresenta pr-parto no segundo ou terceiro Sintomas trimestre, e so semelhantes s de outras formas de insuficincia cardaca, definio esta que tambm citada por Huisman et. al. em seu estudo de coorte realizado em 2013.
A Sociedade Europeia de Cardiologia de Trabalho de Gru-po em cardiomiopatia periparto recentemente expandiu a de-finio para uma cardiomiopatia idioptica apresenta com IC secundria a disfuno sistlica do ventrculo esquerdo no final da gravidez ou nos meses aps o parto, em que nenhuma ou-tra causa encontrada, sendo que os fatores de risco atualmen-te aceites associado com o desenvolvimento da cardiomiopatia puerperalincluem idade materna avanada, Africano-Americano raa, hipertenso crnica, pr-eclmpsia, gestaes mltiplas e uso prolongado de tocolticos (KOLTE et. al., 2014).
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A insuficincia cardaca resulta de um defeito de contrao e/ou de uma disfuno no enchimento das cavidades cardacas. Assim, existe a insuficincia quando o corao no pode se esva-ziar corretamente devido a um dficit de contrao ou quando o rgo no pode se encher corretamente. Frequentemente, as doenas que resultam em insuficincia cardaca acontecem no prprio msculo cardaco. Outros problemas podem ter conse-quncias anlogas, como as doenas do pericrdio e as doenas das valvas (ISNARD; KOMAJDA, 2009).
O diagnstico estabelecido atravs de exames comple-mentares, com destaque para o RX de trax, eletrocardiograma (ECG) e ecocardiograma (ECO). J a teraputica farmacolgi-ca consiste no suporte inotrpico, reduo da pr e ps-carga cardaca e anticoagulao, estando teraputica cirrgica, com transplante cardaco, reservada para casos graves e refratrios teraputica mdica (GAMA PINTO et. al., 2007).
Segundo Huisman et. al. (2013), a doena cardiovascular complica aproximadamente 1-3% de gravidezes e responsvel por 10 a 15% da mortalidade materna. No Reino Unido iden-tificaram que as doenas cardiovasculares so cada vez mais uma causa importante de morte materna indireta. Nos dois ltimos trinios terminando em 2005 e 2008, a doena cardaca foi causa mais frequente e indireta de morte materna com uma taxa de mortalidade materna de 2,27 e 2,31 por 100.000 maternida-des, respectivamente. A mortalidade materna por doenas car-dacas adquiridas (AHD) aumentou de 3,8 por milho em 1996 para 21,8 por milho de maternidades em 2008. Na Holanda, a doena cardiovascular foi a principal causa da mortalidade mater-na indireta (1,6 por 100.000 nascidos vivos) entre 1993 e 2005, e aumentou significativamente em comparao e 1983 a 1992, quando era a segunda causa mais frequente (0,6 por 100.000 nas-cidos vivos), aps doenas cerebrovasculares.
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O prognstico depende da recuperao da funo ven-tricular esquerda, ao final de seis meses, apresentando uma taxa de mortalidade materna que pode atingir os 50%. Em casos de persistncia de disfuno cardaca, gestaes futuras no so reco-mendadas. No surpresa a recomendao de alguns especialistas que, alm de contraindicar uma nova gravidez, sugiram o trmi-no, j que o risco materno de bito pode variar de 8% a 35% (CUSTDIO et. al., 2008).
Huisman et. al. (2013) tambm relata que quando ocor-rem os bitos maternos indiretos, estes so resultantes de uma doena ou doena preexistente que se desenvolve durante a gra-videz, no devido a causas obsttricas diretas, mas que agravada pelos efeitos fisiolgicos da gravidez. Ao olhar para todas as causas de mortalidade materna, a doena cardiovascular aumentou da quarta para a segunda causa mais frequente aps a pr-eclmpsia.
Para detectar as manifestaes da MCPP e consequente-mente trat-la de modo correto, so necessrios que se conheam os fatores que levam uma gestante a desenvolver esta patologia com prognstico sombrio. O alto ndice de bitos de gestantes e parturientes relatadas na literatura vigente e as experincias vivi-das por ns enquanto profissionais assistenciais em unidades de terapia intensiva coronarianas, desperta cada vez mais o interesse de conhecer mais sobre essa patologia to pouco explorada e ao mesmo tempo to grave.
Justifica-se, ento, a realizao desta pesquisa pela neces-sidade de que sejam desenvolvidos mais estudos sobre essa te-mtica, se revela uma escassez de estudos que aprofundem e que abordem esse assunto na dimenso que essa patologia alcana em um momento que deveria ser nico e feliz na vida da mulher.
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Essa percepo despertou em ns o interesse em desenvol-ver um estudo que levantasse informaes sobre essa doena to temida e to pouco conhecida.
Realizamos este estudo com o intuito de revisar os conhe-cimentos a respeito da miocardiopatia puerperal e seus fatores associados, contribuindo assim, para uma assistncia de qualida-de aos pacientes cardiopatas em unidades de terapias intensivas, assim como, proporcionarem uma maior realizao enquanto profissional da sade.
Foram objetivos do estudo: conhecer a incidncia e os fa-tores predisponentes para o desenvolvimento da miocardiopatia puerperal; enumerar os principais sinais e sintomas da miocardio-patia puerperal associada insuficincia cardaca e identificar os fatores de risco associados ao desenvolvimento da MCPP.
A metodologia adotada foi a pesquisa bibliogrfica para a construo de um artigo de reviso integrativa da literatura que definida como uma reviso em que concluses de estudos an-teriores so sumarizadas, de maneira sistemtica, a fim de que se formulem inferncias sobre um tpico especfico e, assim, atender aos objetivos propostos (SOUSA; SILVA; CARVALHO, 2010).
Para esta reviso utilizamos leitura sistemtica de alguns estudos a fim de definir as categorias necessrias ao aprofunda-mento e discusso acerca da miocardiopatia puerperal associada insuficincia cardaca.
Esse tipo de reviso obedece a seis etapas. so elas: 1) ela-borao da pergunta norte adora; 2) busca na literatura; 3) coleta de dados; 4) anlise crtica dos estudos includos; 5) discusso dos resultados e 6) apresentao da reviso integrativa. (SOUSA; SILVA; CARVALHO, 2010).
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Para iniciar este estudo, partiu-se da seguinte questo nor-teadora: Nos ltimos 15 anos, como alguns estudos realizados contemplam a etiologia e desenvolvimento da miocardiopatia puerperal?
Aps esse questionamento ter sido formado, realizamos uma busca nas bases de dados do stio da Biblioteca Virtual em Sade (BVS) BIRE ME: LILACS (Literatura Latino-Ameri-cano e do Caribe, em Cincias da Sade) e SCIELO (Scientific Eletronic Library Online), utilizando nos DeCS (Descritores es-pecficos das Cincias da Sade), utilizando as palavras-chave:-miocardiopatia periparto: cardiomiopatia e perodo ps-parto, e acrescentamos artigos para ttulo de comparao aos artigos nacionais encontrados aps busca no Pubmed, recurso de livre acesso que desenvolvido e mantido pela NCBI, na NLM (U.S. National Library of Medicine), localizado na National Institutes of Health (NIH), onde foram usadas as palavras-chave: peripartum e cardiomyopathy. Ento, foram selecionados alguns artigos pu-blicados nos ltimos 15 anos, na ntegra, nas lnguas portuguesa, inglesa e espanhola, todos artigos disponveis em meio eletrnico.
Foram utilizados os seguintes critrios de excluso: artigos publicados h mais do que 15 anos; artigos publicados em outras lnguas que no a portuguesa, inglesa e espanhola e artigos que no seguiam a temtica proposta pelas palavras-chave.
RESULTADOS E DISCUSSO
A busca nas bases de dados recuperou nove artigos. Desses, quatro na lngua portuguesa, quatro na lngua inglesa e um em espanhol, todos da autoria de mdicos intensivistas, cardiologis-tas e residentes de unidades coronarianas.
44
Em relao ao delineamento dos estudos analisados, en-contramos estudos no experimentais e experimentais, distribu-dos em descritivos sendo um ensaio clnico, duas coortes, trs revises de literatura e trs casos clnicos ou relatos de caso. Dos artigos analisados, o ensaio clnico, uma reviso de literatura e dois dos casos clnicos ou relatos de caso esto na lngua portu-guesa, duas revises de literatura e os dois estudos de coorte esto na lngua inglesa, e um caso clnico est na lngua espanhola.
Aps a seleo dos artigos, os mesmos foram organizados em quadros, contendo a sntese dos artigos que foram utilizados, contemplando os seguintes aspectos considerados pertinentes: nome da pesquisa, nome dos autores, objetivos e/ou resultados e concluses.
A apresentao dos resultados e discusso dos dados obti-dos foi feita de forma descritiva, possibilitando ao leitor a avalia-o da aplicabilidade da reviso integrativa elaborada, de forma a atingir o objetivo desse mtodo, ou seja, conhecer de forma prtica e cientfica a miocardiopaia periparto positivamente na qualidade da prtica e assistncia ao paciente.
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Verificou-se que na literatura, de acordo com a abordagem adotada, que os artigos nos trouxeram o conceito, incidncia, etiologia, fatores de risco, apresentao clnica, diagnstico, tra-tamento e prognstico da patologia, porm, quanto existncia ou no de protocolos ou diretrizes assistenciais constatou-se a no existncia de uma nica literatura que abordasse o tema.
No Quadro1, temos um ensaio clnico realizado com 12 pacientes levando em considerao variveis obsttricas e eco-cardiogrficas, sendo analisado frao de ejeo, volume ejetado durante a sstole e dbito cardaco, mostrando ao final do trata-mento evoluo desfavorveis aquelas com dilatao e disfuno ventricular esquerda persistente, e evoluo favorvel aquelas que cursaram para normalizao da funo e da morfologia cardaca com FE >56%, estando esta ltima, associada reduo da massa miocrdica, que durante a fase aguda da doena ocorre aumento da cmara cardaca em decorrncia da reduo da ejeo e au-mento sbito do volume residual da cavidade, levando conges-to pulmonar intensa, que causa dispneia em repouso, um dos sintomas referidos em todos os estudos da pesquisa, e ao aumento da espessura relativa da parede ventricular como mostra o estudo de Moreira et. al. (2005).
No estudo de Moreira et. al. (2005), mostraram tambm que das pacientes com evoluo desfavorvel, um total de seis mulheres, quatro eram de raa negra, enquanto que todas com evoluo favorvel eram brancas, comprovando a maior incidn-cia nesta raa conforme os outros estudos inclusos nesta pesquisa. Porm divergiu da literatura no que diz respeito a uma maior incidncia em multparas e com gravidez gemelar, pois no estudo as mulheres eram primigestas ou secundigestas.
Em relao a isto, Gama Pinto et. al., (2007), fala que a miocardiopatia puerperal ocorre em cerca de uma em cada 1300-
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1500 gestaes apresentando uma incidncia superior em mulhe-res de raa negra, com mais de 30 anos e multparas. Alm destes trs, apontam-se como fatores de risco a gravidez gemelar, o baixo nvel socioeconmico e desnutrio, com dficit de selnio na alimentao, histria familiar de MCPP, tocliseprolongada com - agonista ou sulfato de magnsio, HTA, obesidade, tabagismo, alcoolismo e consumo de cocana. A taxa de mortalidade varia entre os sete e os 50%, atribuindo-se, sobretudo a situaes de ICC grave, disritmias e doena tromboemblica.
Quanto ao conceito inerente cardiomiopatia periparto temos o artigo do Quadro.1 e o artigo do Quadro.5 que dizem ser uma patologia rara, de etiologia desconhecida e caracterizada pela presena de quatro critrios definidos, em 1995, pela So-ciedade Americana de Cardiologia: Desenvolvimento de insufi-cincia cardaca, no ltimo ms de gravidez ou at cinco meses ps-parto; Diminuio da funo sistlica ventricular esquerda; Ausncia de cardiopatia prvia; Excluso de outras causas de IC. Porm Feitosa et. al. (2005), fazem referncia ainda a mais um critrio adicional: Disfuno sistlica do ventrculo esquerdo, demonstrada por critrios ecocardiogrficos, com reduo da fra-o de encurtamento ou frao de ejeo, no entanto, Carlos, Timerman e Stefanini (2009), acrescentam ainda que a disfuno sistlica do ventrculo esquerdo se faz demonstrada em critrios ecocardiogrficos clssicos como: frao de ejeo < 45% e frao de encurtamento 2,7 cm/m2. Ele diz tambm que frequente a recuperao da funo ventricular e, nesses casos, no h restrio s gestaes subsequentes.
No Quadro 5, temos um artigo de Gama Pinto et. al. (2007), que diz as possveis origens, miocardite infecciosa, dada a presena de infiltrado linfocitrio em bipsias miocrdica e mio-cardite autoimune, dada a presena de anticorpos anti-miocrdio
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no sangue do cordo umbilical, e Carlos, Timerman e Stefanini (2009), tambm dizem que as possveis causas propostas para a cardiomiopatia periparto incluem miocardite, resposta imunol-gica anormal gestao, resposta mal adaptada aos estresses he-modinmicos da gestao, citocinas ativadas e toclise.H alguns relatos e doena familiar revelada na gestao. Ele diz que estudos mostram a resposta imunolgica ausente durante a gestao, que se pode explicar maior probabilidade de miocardite. Fala que o estresse hemodinmico da gravidez tambm pode ter papel no desenvolvimento da doena. Durante a gestao a pr-carga e o dbito cardaco aumentam e a ps-carga diminui. Como conse-quncia, ocorre diminuio da funo do ventrculo esquerdo, at a fase inicial ps-parto.
H 20 anos a incidncia da cardiomiopatia periparto era descrita como sendo 1: 4.000 a 1: 15.000 gestaes. O primeiro estudo populacional tratando do assunto concluiu que a incidn-cia nos Estados Unidos foi de 1: 3.189 recm-nascidos vivos. Re-latos recentes sugerem incidncia de 1: 299 a 1: 1.00 nos pases do sul. Sua importncia reside na alta taxa de mortalidade, que varia entre 18% e 56%. (CARLOS; TIMERMAN; STEFANI-NI, 2009).
O artigo de reviso apresentado no Quadro 7, Sliwa e Bohm (2014), traz relatos de que estudos recentes sugerem uma grande variao nas incidncias esperadas: um caso para cada 299 nascidos vivos no Haiti; 29,30 casos por 1000 nascidos vivos na frica do Sul; 31 casos por 1.149- 4.000 nascidos vivos nos EUA. A razo para esta variao continua pouco clara e poderia estar ligado sua origem tnica e fatores socioeconmicos, mas isso precisa ser mais bem investigado. Um estudo realizado na EUA por Brar et. al. encontraram uma grande diferena na incidncia entre os diferentes grupos tnicos, com 1: 1421 em afro-ameri-
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canos, 1: 2675 em asiticos, 1: 4075 em caucasianos, e 1: 9861 em hispnicos. Outro estudo dos EUA foi encontrado que 15 vezes maior a incidncia de CMP em mulheres africano-america-nas em comparao com os no afro-americanos. Curiosamente, no ventrculo esquerdo, as taxas de recuperao e sobrevivncia dos PPCM em afro-americanos so semelhantes aos relatados de Haiti e frica do Sul, mas diferente do que dos caucasianos diag-nosticados. A vida socioeconmica pode limitar o acesso assis-tncia mdica oportuna e avanada. No entanto, nos EUA e os estudos Sul-africano, os pacientes tiveram uma taxa semelhante de drogas ideais terapia, incluindo inibidores da ECA e betablo-queadores, em comparao a outro grupo. O aumento relatado em incidncia ao longo do tempo nos EUA tem sido atribudo ao aumento de idade materna, aumento substancial em gestaes multifetal devido s tcnicas contemporneas de reproduo e possvel aumento do reconhecimento da doena.
O artigo presente no Quadro.6, cita possveis fatores etio-lgicos, como resposta imunolgica anormal gravidez, com produo de anticorpos, citocinas ativadas por estresse, deficin-cia de fatores nutricionais, predisposio gentica e resposta mal adaptada ao estresse hemodinmico da gravidez.
Os dois artigos dos Quadros.4 e 5, acrescentam como pro-postas etiologia, a toclise prolongada e prolongada exposio de mulheres terapia tocoltica com a terbutalina.
Ferre e Carbonne (2009), dizem que a presso arterial das mulheres tem tendncia a diminuir durante a gravidez, devido ao aumento do volume sanguneo da me: o corao tem mais dificuldade para bombear esse volume maior. Algumas mulheres podem ser hipertensas devido a uma hipertenso arterial preexis-tente, conhecida e geralmente controlada por medicamentos, ou
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a uma hipertenso arterial gravdica. Nesses casos, os mecanismos fisiopatolgicos diferem para a me e para o feto, podendo ser fator de risco para complicaes cardacas periparto.
Quanto aos fatores de risco para a cardiomiopatia puerpe-ral, quatro artigos relatam a multiparidade, idade materna acima de 30 anos, pr-eclmpsia, hipertenso gestacional, o baixo nvel socioeconmico e desnutrio e raa negra. Porm, Pinto et. al. (2007) em seu estudo acrescentou como fatores de risco, a gravi-dez gemelar, dficit de selnio na alimentao, histria familiar de MMCP, obesidade, tabagismo, alcoolismo e consumo de cocana.
No estudo ingls de Kolte et. al. (2014), concluram que h um aumento na incidncia de CMP em mulheres 20 anos de idade, em todos os grupos raciais/tnicas (exceto Hispnicos e asiticos / Ilhas do Pacfico), e em todos censo regies nos Estados Unidos, disse ainda que em relao a complicaes houve um aumento de choque cardiognico e uso de suporte circulatrio mecnico, e mostrou que estratgias para reduzir a incidncia e melhorar os resultados de CMP deve se concentrar em controlar a obesidade, hipertenso, diabetes mellitus, estilo de vida e pro-movendo modificaes em mulheres de grupo idade frtil.
Todos os estudos analisados nesta pesquisa integrativa mostraram sinais e sintomas clnicos de dispneia, fadiga e edema de membros inferiores, sintomas idnticos aos verificados na in-suficincia cardaca, acrescentados tosse, ortopnia, hemoptise associada embolia pulmonar, presso arterial normal ou dimi-nuda, cardiomegalia e taquicardia, conforme disseram Feitosa et