AVALIAÇÃO DA APTIDÃO AGRÍCOLA DE SOLOS DA …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2980/1/PDF... · Ao pai celestial, a minha família, aos meus amigos, aos profissionais

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  • DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA- CAMPUS III CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA

    Linha de Pesquisa:

    Conservao do Meio Ambiente e Sustentabilidade dos Ecossistemas

    WELLINGTON MIGUEL DANTAS

    AVALIAO DA APTIDO AGRCOLA DE SOLOS DA

    MICRORREGIO DE GUARABIRA/ PB

    GUARABIRA-PB

    2013

  • WELLINGTON MIGUEL DANTAS

    AVALIAO DA APTIDO AGRCOLA DE SOLOS DA

    MICRORREGIO DE GUARABIRA/ PB

    Monografia apresentada Universidade Estadual da

    Paraba Campus III- Guarabira (PB), para obteno

    do ttulo de Licenciatura Plena em Geografia, sob

    orientao da Prof. Dr. Luciene Vieira de Arruda.

    GUARABIRA-PB

    2013

  • Ao pai celestial, a minha famlia, aos meus amigos,

    aos profissionais da educao que esto presentes na

    minha trajetria, tanto no campo pessoal quanto

    acadmico, pela contribuio, companheirismo, das

    trocas de experincias e conhecimentos e pelos

    momentos felizes e tristes que passamos juntos

    desde sempre,

    Eu dedico.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Deus por ter me concedido o ingresso na vida acadmica, alm de ser a

    fonte de inspirao para a realizao do que fao em minha vida e na concretizao desse

    trabalho de concluso de curso. Nossa Senhora da Conceio, a qual sou devoto, por me

    iluminar e mesmo diante das dificuldades, perseverar para conseguir traar todas as metas,

    objetivos, sonhos e alcanar o sucesso com humildade, pois somos seres humanos e iguais.

    minha famlia por estar sempre ao meu lado nos acertos e erros que cometo ao longo

    do tempo. Em especial, nas pessoas de minha me Socorro e meu pai Pedro (in memorian)

    que me ajudaram a conhecer o mundo, me orientaram para vida e nos meus estudos. minha

    irm Welma que, apesar das diferenas tenho por ela um carinho imenso. Aos meus avs

    maternos Maria Miguel (me Maria) e Manoel Miguel, o pai Man (in memoriam), que

    contriburam com a minha educao e formao, alm de ajudarem no critrio financeiro.

    minha av paterna Ana - L (in memorian), pelo seu carinho e as suas palavras de estmulo.

    Aos meus tios (as), em especial, a tia Simone, que me deu muito amor e carinho e por

    me apoiar nas minhas decises, sejam elas no campo pessoal ou acadmico. Aos meus primos

    (as) pelos momentos de descontrao. s pessoas especiais que participam ativamente do meu

    cotidiano: Marta, Joo, Rose, Rosa, Fabiano, Reny, Sueliton e Joo Victor, pelas palavras de

    apoio e pela ajuda nas estadias quando perdia o nibus dos estudantes e durante os

    congressos. Aos meus amigos e os companheiros de curso: Glria, Clemilson, Estevo,

    Amanda, Vanusa, Janice, Anacleto, Janaina, Irinaldo, Waldiclia, Wallisson, Geane, Elison,

    Graa, Leonardo, Valdenize, Joseline, Rafael, Gilvnia, Ricardo, Jailson, Junio, Carol, Joo

    Paulo, Thalis, Wellington, Jssica, Juliene, Thamires, Taylane, Rosi, Maurlia, Soninha e

    entre outros. Em especial, Simone, a companheira de todos os momentos, pelo seu enorme

    carinho, conselhos, as melhores conversas e por me orientar a romper todos os meus medos e

    dificuldades. Ramon, pela amizade que construmos, apesar das discusses, sempre me

    ajudou incondicionalmente e principalmente neste trabalho, deu sua contribuio na

    elaborao das bases cartogrficas que se encontram no mesmo. A Analine a quem tenho uma

    grande estima, pois a nossa amizade de longa data e com o seu jeito meigo me encantou e a

    fez se inserir no meu crculo de amizades. A Suzy pelo seu apoio nos momentos que precisei

    da sua solidariedade e compreenso. Ao casal, Wendell e Juliana, por me escutarem quando

    precisava de uma ajuda ou de uma orientao.

    s entidades de ensino e aos profissionais da educao, que foram responsveis pela

    minha formao escolar at ingressar no ensino superior. Aos professores da UEPB Campus

  • III, do Curso de Geografia e aos que passaram por essa entidade tambm: Regina, Fbio,

    Rmulo, Lanusse, Santana, Edvaldo (Lima), Clema, Belarmino (Belo), Hlio, Alecsandra,

    Alexandre, Severino, Raquel e Rafael, por contriburem com o meu crescimento intelectual

    durante a academia. Em especial, aos professores Amanda, Carlos Belarmino e Luciene, que

    semearam o caminho do ensino, pesquisa e extenso na minha jornada de estudante, muito

    obrigado pela confiana.

    A todos os funcionrios da UEPB - Guarabira (PB), em especial Tnia, Diana,

    Elisngela, Baltazar, aos vigilantes que, mesmo nos dias que no tinha aula abriam os portes

    para que eu pudesse fazer as minhas pesquisas. Aos colegas da turma 2010.1 tarde: Simone,

    Cu, Kaline, Robria, Webson, Joo, Jaciele, Rafael, Clemilson, Jeyse, Daniel, Maria, Aline,

    Simone, Tarcsio, Socorro, Marcelo e aos que passaram tambm.

    A instituio de Fomento Universidade Estadual da Paraba e ao Programa de Incentivo

    Ps-Graduao e Pesquisa; o Programa Institucional de Bolsas Cientfica (PIBIC),

    financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico- CNPq que

    concedeu uma bolsa de iniciao cientfica para o desenvolvimento dessa pesquisa e ao

    Laboratrio de Qumica e Fertilidade do Solo (CCA/UFPB) Campus II, em nome do estimado

    profissional, em solos, Jos do Patrocnio, na realizao das anlises qumicas dos solos, alm

    de nos conceder a oportunidade de participar de grande parte deste processo. Ao grupo de

    pesquisa, nas pessoas de: Glria, Espedita, Wilkson, Geisa, Andr, Leandro e Simone que me

    auxiliaram durante a realizao desse estudo desde os momentos de discusses, os trabalhos

    de campo e na escrita dos trabalhos para apresentao em eventos cientficos. Aos

    agricultores que forneceram as informaes no campo referente aos pontos de coleta de solo.

    Banca examinadora, professores Luciene Vieira de Arruda, Carlos Antonio

    Belarmino Alves e Leandro Paiva Do Monte Rodrigues, agradeo pela disposio e boa

    vontade em contribuir com a transformao do meu conhecimento e valoriz-los.

    s experincias que obtive com outras instituies de ensino como exemplo a UFPB

    Campus II, com o Professor Reinaldo, uma pessoa cheia de luz e com a qual obtive um amplo

    conhecimento com relao etnobotnica, tive a oportunidade de realizar alguns trabalhos de

    campo sob sua orientao e ainda ser coautor em algumas pesquisas realizadas pelo

    laboratrio de etnobiologia e etnoecologia LET e aos integrantes desse grupo em especial:

    Camilla, Thamires, Natan, Amabile, Rodrigo, Joo Everton, e os demais, por terem me

    recebido com tanto carinho e pelos momentos que passamos juntos.

    Em fim agradeo a todos que contriburam direta ou indiretamente para a construo

    desse trabalho que fruto de muito esforo e dedicao, sou eternamente grato.

  • Poema da Paz

    O dia mais belo? Hoje

    A coisa mais fcil? Errar

    O maior obstculo? O medo

    O maior erro? O abandono

    A raiz de todos os males? O egosmo

    A distrao mais bela? O trabalho

    A pior derrota? O desnimo

    Os melhores professores? As crianas

    A primeira necessidade? Comunicar-se

    O que traz felicidade? Ser til aos demais

    O pior defeito? O mau humor

    O mistrio maior? A morte

    A pessoa mais perigosa? A mentirosa

    O pior sentimento? O rancor

    O presente mais belo? O perdo

    O mais imprescindvel? O lar

    A rota mais rpida? O caminho certo

    A sensao mais agradvel? A paz interior

    A maior proteo efetiva? O sorriso

    O maior remdio? O otimismo

    A maior satisfao? O dever cumprido

    A fora mais potente do mundo? A f

    As pessoas mais necessrias? Os pais

    A mais bela de todas as coisas? O amor.

    Madre Tereza de Calcut

  • 043. Curso Licenciatura Plena em Geografia

    DANTAS, WELLINGTON MIGUEL. Avaliao da aptido agrcola de solos da

    microrregio de Guarabira/PB. Monografia (Curso de Geografia, UEPB, na Linha de

    Pesquisa: Conservao do Meio Ambiente e Sustentabilidade dos ecossistemas, orientado

    pela prof. Dr. Luciene Vieira de Arruda). 2013, 91 p.

    Banca Examinadora:

    Prof Dr Luciene Vieira de Arruda Orientadora CH/UEPB;

    Prof. Msc. Carlos Antonio Belarmino Alves Examinador CH/UEPB;

    Prof. Msc. Leandro Paiva Do Monte Rodrigues Examinador CH/UEPB

    Resumo

    Atualmente os solos esto sendo muito explorados pela agricultura e pecuria, fatores que

    mais contribuem para o processo de degradao. Assim, o objetivo dessa pesquisa avaliar a

    aptido agrcola dos solos da microrregio de Guarabira/PB, visando seu uso e manejo

    adequados. Os aspectos metodolgicos pautaram-se em: trabalhos de campo em diferentes

    ambientes agrcolas, iniciando-se com o reconhecimento do local de estudo, sendo coletadas

    127 amostras de solo da camada arvel, com o uso do trado de caneco. Em seguida, o local da

    coleta foi devidamente georreferenciados e os preparados para descrio macromorfolgica.

    Posteriormente estas amostras de solos foram analisadas em suas caractersticas qumicas e de

    fertilidade no laboratrio de Qumica e Fertilidade do Solo do Departamento de Solos e

    Engenharia Rural do CCA/UFPB em Areia (PB). Os resultados confirmam que 57% dos solos

    estudados esto na faixa do pH ideal para a maioria os cultivos tradicionais da regio (5,5

    6,5); 38% so considerados cidos e apenas 5% so considerados alcalinos, no sendo

    registrado nenhum solo com pH neutro. Isso demonstra que a maior preocupao que se deve

    ter com esses solos, quanto ao pH, diz respeito correo da acidez. Os municpios de

    Caiara e Sertozinho apresentaram pH ideal em todas as amostras coletadas, seguidos dos

    municpios de Belm (80%), Cuitegi (75%) e Guarabira (75%), o que confirma as melhores

    condies de liberao de nutrientes para as plantas, demonstrando boa fertilidade natural,

    porm so marcados pela deficincia de gua, por conta dos baixos ndices pluviomtricos,

    sendo classificados como de aptido BOA em todos os nveis de manejo (A, B e C).

    Praticamente 100% das amostras de solo coletadas apresentaram soma de bases mdia a muito

    boa, sendo que os municpios de Alagoinha, Guarabira, Lagoa de Dentro e Mulungu

    registraram os melhores valores. O mesmo pode ser observado para os resultados de CTC, em

    que todas as amostras registraram CTC mdia a alta, principalmente Guarabira, Cuitegi,

    Lagoa de Dentro, Mulungu, Alagoinha, Serra da Raiz e Pirpirituba. Belm e Caiara tiveram

    100% de seus solos considerados eutrficos, seguidos de Alagoinha (90%), Mulungu (89,4%)

    e Guarabira (81,2%). Cuitegi, Pilezinhos e Logradouro registraram a condio eutrfica em

    75% dos solos analisados, j o municpio de Pirpirituba registrou o menor percentual (50%).

    Sabe-se que os solos so recursos finitos, passivos a eroses, perda de fertilidade e at,

    numa situao mais grave, ocorrncia de desertificao na rea. Ento, para se melhorar

    tanto a produtividade quanto o uso consciente dos recursos naturais, preciso respeitar o

    ambiente obedecendo ao tempo de descanso ou pousio para o solo, fazer rotao de culturas,

    avaliar a fertilidade natural atravs de anlises qumicas e principalmente evitar o uso de

    agrotxicos ou utiliz-los com restrio, pois os mesmos destroem os microorganismos do

    solo, contaminam o lenol fretico e podem deixam as pragas ainda mais resistentes.

    PALAVRAS-CHAVE: Solos, Fertilidade do solo, Aptido agrcola.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1. Localizao geogrfica da Microrregio de Guarabira, Paraba ................ 32

    Figura 2.

    Mapa de distribuio das coletas de solo de acordo com as pseudocores

    do Modelo Digital do Terreno (DMT) da Microrregio de Guarabira,

    Paraba ........................................................................................................ 36

    Figura 3. Paisagem do local da coleta Microrregio de Guarabira, Paraba ............. 38

    Figura 4. Coleta do solo com o trado de caneco Microrregio de Guarabira,

    Paraba ........................................................................................................ 38

    Figura 5. Tratamento da coleta no campo Microrregio de Guarabira, Paraba ....... 38

    Figura 6. Descrio dos dados na ficha de campo Microrregio de Guarabira,

    Paraba ........................................................................................................ 38

    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1. Alternativas de utilizao das terras de acordo com os grupos de aptido

    agrcola segundo Ramalho Filho e Beek (1995)......................................... 20

    Quadro 2. Dados demogrficos e quantidade de coletas de solos da Microrregio de

    Guarabira/PB............................................................................................... 37

    Quadro 3 Caractersticas Qumicas da camada arvel dos solos da Microrregio de

    Guarabira/PB............................................................................................... 52

    Quadro 4 Percentual de Saturao de bases (V%) e condies eutrficas e

    distrficas nos solos da Microrregio de Guarabira/PB............................. 61

    LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1. Resultados de pH das amostras de solos analisadas na Microrregio de

    Guarabira/PB.............................................................................................. 59

    Grfico 2 Percentual de Saturao de Bases (V%) e condies eutrficas e

    distrficas nos solos da microrregio de Guarabira/PB.............................. 60

  • LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

    AESA Agncia Executiva de guas do Estado da Paraba

    Al Alumnio

    C Camada

    Ca Clcio

    CCA Centro de Cincias Agrrias

    cm Centmetros

    cmolc Centimol de carga

    CO Carbono Orgnico

    C Celsius

    Cont. Continuao

    CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

    CTC Capacidade de troca catinica

    Dag Cecagrama

    DMT Modelo Digital do Terreno

    DOD Departamento de Defesa

    EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria

    EMEPA Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuria

    gr Grama

    GPS Sistema de Posicionamento Global

    H Hidrognio

    H+ AL Acidez Potencial

    hec Hectares

    hab. Habitantes

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    IDEM Instituto de Desenvolvimento Municipal do Estado da Paraba /

    K Potssio

    Kg Quilograma

    Km Quilmetro quadrado

    m Saturao por alumnio

    Mg Magnsio

    mm Milmetro

    MOS Matria orgnica do Solo

  • Na Sdio

    NIMA National Imaghy and Mapling

    P Fsforo

    PB Paraba

    pH Potencial Hdrico

    PIBIC Programa Institucional de Bolsas de Iniciao Cientfica

    PROPESQ Programa de Incentivo Ps-Graduao e Pesquisa

    PST Porcentagem de Sdio Trocvel

    S Solo

    SAAT Sistema de Avaliao da Aptido Agrcola

    SB Soma de Bases

    SIBCS Sistema Brasileiro de Classificao de Solos

    SRTH Shuttle Radar Topographic Mission

    SUDEMA Superintendncia de Administrao do Meio Ambiente

    Ton. Tonelada

    UEPB Universidade Estadual da Paraba

    UFPB Universidade Federal da Paraba

    UTM Unidade Transversa de Mercator

    V Saturao por base

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ............................................................................................................. 13

    2 FUNDAMENTAO TERICA ............................................................................... 15

    2.1 OS SOLOS E SEUS FATORES DE FORMAO .................................................... 15

    2.2 MTODOS DE AVALIAO DA APTIDO AGRCOLA DOS SOLOS .............. 18

    2.3 PARMETROS MORFOLGICOS E QUMICOS NO ESTUDO DOS SOLOS E

    SEUS EFEITOS NAS CULTURAS AGRCOLAS........................................................... 22

    2.3.1 Parmetros morfolgicos ........................................................................................ 22

    2.3.2 Parmetros qumicos ............................................................................................... 24

    3 METODOLOGIA .......................................................................................................... 30

    3.1 LOCALIZAO GEOGRFICA E CARACTERIZAO GEOAMBIENTAL

    DA REA DE ESTUDO ................................................................................................... 30

    3.2 PESQUISA BIBLIOGRFICA E CARTOGRFICA ............................................... 34

    3.3 TRATAMENTO DOS DADOS CARTOGRFICOS ............................................... 35

    3.4 PESQUISA DE CAMPO ............................................................................................. 35

    3.5 ANLISES LABORATORIAIS ................................................................................. 38

    3.6 PESQUISA EM GABINETE ....................................................................................... 39

    4 RESULTADOS E DISCUSSO................................................................................... 40

    4.1 CARACTERSTICAS GERAIS E MACROMORFOLGICAS DOS SOLOS

    ESTUDADOS NA MICRORREGIO DE GUARABIRA/PB ......................................... 40

    4.2 CARACTERSTICAS QUMICAS DOS SOLOS ESTUDADOS NA

    MICRORREGIO DE GUARABIRA/ PB ....................................................................... 47

    4.3 POTENCIALIDADES AGRCOLAS E LIMITAES DO USO DOS SOLOS

    ESTUDADOS NA MICRORREGIO DE GUARABIRA/ PB ........................................ 58

    6 CONCLUSES .............................................................................................................. 62

    REFERNCIAS ............................................................................................................... 65

    ANEXOS ........................................................................................................................... 71

    ANEXO A - QUADRO DESCRIO GERAL DA MICRORREGIO DE

    GUARABIRA/PB, 2012.................................................................

    ANEXO B - QUADRO DA DESCRIO MORFOLGICA DOS SOLOS DA

    MICRORREGIO DE GUARABIRA/PB/ PIBIC/ UEPB CNPq-

    2012..................................................................................................

    ANEXO C - QUADRO DE AVALIAO DE APTIDO AGRCOLA DE SOLOS

    DA MICRORREGIO DE GUARABIRA (PB), 2012.............................

    ANEXO D - CLASSES DE INTERPRETAO DE FERTILIDADE DO SOLO........

  • 13

    1 INTRODUO

    O solo um recurso natural precioso para a vida no planeta, mas alvo de diversos

    tipos de degradao em nome do crescimento econmico. Atualmente as atividades humanas

    exercem influncia sobre 83% da superfcie terrestre (CWS, 2007), sendo que atividades

    como os desmatamentos, o superpastoreio e as prticas agrcolas inadequadas, so os

    principais responsveis pelos processos de degradao do solo (ARAJO et al., 2005).

    Segundo Lepsch (2010), a cincia/a do solo foi subdividida em diferentes subreas do

    conhecimento do ponto de vista edafolgico (termo que deriva do grego edaphos = terreno e

    logos = estudo) dentre elas: fertilidade qumica, fsica e biolgica e manejo agrcola. E outras

    do ponto de vista pedolgico, tais como: Gnese, Morfologia e Classificao, Levantamento

    de solos, Qumica e Mineralogia do solo. A fertilidade do solo tem a funo de estudar a

    capacidade da camada superficial, ou seja, onde se concentra a maior parte das razes das

    plantas cultivadas, para suprir as necessidades essenciais do solo.

    No que se refere produo agrcola, estima-se que 98% das terras agricultveis do

    planeta j estejam sendo utilizadas por monoculturas, principalmente arroz, trigo e milho e

    23% dessas terras j foram afetadas em um grau suficiente para ameaar sua capacidade de

    produo com a consequente reduo de sua fertilidade (GEO, 2004). Isso indica que a

    populao mundial explora o solo muito alm de sua capacidade de regenerao, o que

    implica em um crescimento econmico contraditrio ao que prega o desenvolvimento

    sustentvel, pois deprecia o capital natural, compromete a manuteno da vida futura.

    Quando se leva em considerao que o acesso a terra e a implementos agrcolas

    reservado aos que detm recursos financeiros e tecnolgicos suficientes para cultivos at em

    reas naturalmente imprprias ao plantio, de se esperar que tal desenvolvimento venha

    comprometer principalmente as populaes mais carentes, que no possuem as mesmas

    condies de produo e, consequentemente, de consumo desses produtos (SANTIN, 2006).

    Nesse contexto, o uso do solo, de uma forma racional e adequada, representa fator

    imprescindvel para obteno de resultados satisfatrios nos empreendimentos agrcolas ou

    em quaisquer outros setores que utilizam o solo como elemento integrante de suas atividades.

    Para se chegar a tais resultados necessrio conhecer suas caractersticas intrnsecas e

    extrnsecas, atravs da interpretao de levantamentos de solos que possam fornecer subsdios

    para a avaliao de seu comportamento ou aptido, quando submetidos a diferentes tipos de

    explorao, ou seja, a chamada potencialidade agrcola (IBGE, 1997).

  • 14

    Assim, podem ser realizadas interpretaes de potencial de uso do solo para diversos

    fins. No que diz respeito agricultura, as terras podem ser classificadas de acordo com sua

    aptido para vrias culturas, sob diferentes condies de manejo e viabilidade de

    melhoramento, levando em considerao as necessidades de alguns fertilizantes e corretivos e

    que possibilitem a avaliao da demanda potencial desses insumos em funo da rea

    cultivada (RAMALHO FILHO e BEEK, 1995).

    Conscientes da importncia da discusso dessa temtica, luz do conhecimento

    cientfico, a referida proposta de trabalho tem como objeto de pesquisa a Microrregio de

    Guarabira, localizada no estado da Paraba, na Mesorregio do Agreste Paraibano, uma rea

    que envolve 14 municpios: Pilezinhos, Cuitegi, Alagoinha, Mulungu, Araagi, Pirpirituba,

    Sertozinho, Duas Estradas, Serra da Raiz, Lagoa de Dentro, Belm, Logradouro, Caiara e

    Guarabira situados em uma faixa estreita entre a Mata Paraibana e a Borborema, caracterizada

    geomorfologicamente como Depresso Sublitornea. Trata-se de uma rea cujas atividades

    econmicas ainda so representadas pela agricultura e pecuria, mas profundamente marcada

    pela baixa produtividade.

    Essa pesquisa foi dividida em duas etapas: na primeira etapa da pesquisa fez-se apenas

    uma avaliao da aptido agrcola de solos no municpio de Guarabira (PB) e a descrio

    geral dos solos do restante dos municpios. Na segunda etapa so analisados todos os

    resultados referentes aos 14 municpios da microrregio em estudo. Assim, constam neste

    trabalho as caractersticas macromorfolgicas e qumicas de todos os solos coletados nos

    municpios da microrregio de Guarabira/PB, bem como o desenvolvimento e indicao das

    prticas de manejo e conservao dessas terras para cada uma das classes de aptido agrcola

    (boa, regular, restrita ou inapta).

    O estudo proposto um instrumento essencial para a discusso de um planejamento

    racional de uso dos solos na Microrregio de Guarabira e pode servir de exemplo para outras

    microrregies, com o propsito de compreender o equilbrio entre as atividades humanas e o

    meio ambiente, de modo a possibilitar o melhor aproveitamento dos solos no sentido de

    maximizar a produo agrcola e de reverter o atual processo de degradao.

    O objetivo geral da pesquisa avaliar a aptido agrcola dos solos da Microrregio de

    Guarabira, visando seu uso e manejo adequado, de modo a possibilitar o melhor

    aproveitamento no sentido de minimizar o atual processo de degradao das terras, melhorar

    sua produtividade e contribuir para o crescimento econmico e social dessa Microrregio.

  • 15

    2 FUNDAMENTAO TERICA

    A presente fundamentao terica explica como os solos so formados, mostra a

    importncia de se realizar estudos direcionados avaliao da aptido agrcola dos solos,

    apresenta os mtodos utilizados por estudiosos que realizaram pesquisas nessa rea e discute a

    importncia da macromorfologia e dos macronutrientes contidos no solo para as culturas.

    2.1 OS SOLOS E SEUS FATORES DE FORMAO

    Segundo Primavesi (2006), o solo Alfa e mega, o incio e o fim de tudo. A autora,

    com essas simples palavras, tenta mostrar que toda a vida existente no Planeta Terra depende

    do solo e por isso devemos cuidar muito bem desse recurso natural para que sempre possa nos

    sustentar e produzir o que consumimos. Os solos so formados em funo de cinco principais

    fatores: material de origem, clima, organismos vivos, topografia e tempo (VIEIRA, 1988). a

    ao desses fatores que controla a alterao intemprica e que vai provocar profundas

    mudanas no saprolito, caracterizadas por perdas, adies, translocaes e transformaes de

    materiais (TOLEDO et al., 2001).

    Os fatores clima e topografia, ao interagir com os organismos, durante um certo perodo

    de tempo, determinam o ambiente do solo (CHAVES e GUERRA, 2006). O clima e os

    organismos vivos so os fatores ativos porque, durante determinado tempo e em certas

    condies de relevo, agem diretamente sobre o material de origem, que fator de resistncia

    ou passivo. Em certos casos, um desses fatores tem maior influncia sobre a formao do

    solo do que os outros. Contudo, e em geral, qualquer solo resultante da ao combinada de

    todos esses cinco fatores (OLIVEIRA, 2005).

    A maior ou menor velocidade com que o solo se forma depende, portanto, do tipo de

    material de origem e de seu intemperismo, uma vez que, sob condies idnticas de clima,

    organismos e topografia, certos solos se formam mais rpido que outros (LEPSCH, 2010).

    O material de origem um fator to importante na gnese dos solos que muitas de suas

    classificaes foram nele baseadas, como o caso dos solos do Arenito Bauru, Arenito

    Botucatu e outros. E importante ainda reconhecer que os solos atuais devem suas

    propriedades composio da parte superior presente quando o conjunto de fatores do meio

    ambiente iniciou suas aes e continuou agindo ao longo do tempo (BUOL et al., 1997).

    Dessa forma, o material de origem, dependendo das condies pedogenticas a que

    estiver submetido pelo conjunto dos outros fatores de formao (relevo, organismos, clima e

  • 16

    tempo), vai interferir diretamente sobre muitos atributos dos solos, tais como textura, cor,

    composio qumica e mineralgica (OLIVEIRA et al., 1992).

    Um material derivado de uma mesma rocha poder formar solos completamente

    diferentes. Por outro lado, materiais diferentes podem formar solos similares quando sujeitos,

    por um longo perodo de tempo, ao mesmo ambiente climtico. O clima regula o tipo e a

    intensidade de intemperismo das rochas, o crescimento dos organismos e, conseqentemente,

    a distino entre os horizontes pedogenticos (LEPSCH, 2010).

    Entre os elementos do clima, a temperatura e a precipitao pluvial so aqueles que

    mais interferem na formao dos solos. A precipitao pluvial fornece a gua, presente na

    maior parte dos fenmenos fsicos, qumicos e bioqumicos que se processam no solo. A

    temperatura, por outro lado, influencia, marcadamente, na velocidade e intensidade com que

    estes fenmenos atuam, principalmente nas reaes qumicas (VIEIRA, 1988).

    A topografia do terreno outro fator de influncia marcante na formao do solo e no

    desenvolvimento do perfil e pode modific-lo de trs maneiras: facilita a absoro e reteno

    de gua de precipitao pelo solo (relao de umidade essencial para as aes qumicas e

    biolgicas do processo de intemperizao); influencia no grau de remoo de partculas do

    solo pela eroso; e facilita a movimentao de materiais em suspenso ou em soluo, para

    outras reas (VIEIRA, 1988). O relevo reflete diretamente sobre o clima e sobre a dinmica

    da gua, pois regula seus movimentos ao longo da vertente, age sobre seu regime hdrico, atua

    sobre a percolao, implicando em mais lixiviao de solutos, transporte de partculas

    coloidais em suspenso no meio lquido e ainda nos processos onde a presena da gua

    imprescindvel (hidrlise, hidratao e dissoluo) (OLIVEIRA, 2005).

    Para o autor supracitado, a influncia do relevo perceptvel no solo pela variao da

    cor, que pode ocorrer a distncias relativamente pequenas, quando comparadas com as

    diferenas advindas unicamente da ao de climas diversos. Em sua maioria, resultam de

    desigualdades de distribuio no terreno da gua da chuva, da luz, do calor do sol e da eroso.

    A profundidade de um solo, por exemplo, tende a ser maior em reas planas do que em

    reas de maior declividade. Os terrenos pouco ondulados geralmente possuem melhores solos,

    porque neles a drenagem ocorre de modo suficiente e a eroso menor. A variao de

    topografia origina uma sequncia de perfis geneticamente ligados entre si, mas diferenciados

    por caractersticas morfolgicas (eluviais, coluviais e aluviais) (LEPSCH, 2010).

    Os organismos (microorganismos, vegetais superiores, animais, etc.) que vivem no solo

    e sobre ele, so tambm de grande importncia para a diferenciao dos perfis de solos, pois

    determinam o tipo, a quantidade e a deposio dos materiais orgnicos que se acumulam no

  • 17

    solo. Influenciam ainda na reciclagem dos nutrientes, trazendo-os da parte mais profunda do

    perfil do solo para a superfcie, da mesma forma que participam de importantes reaes do

    solo (BIGARELLA et al., 1996; CHAVES e GUERRA, 2006).

    Os microorganismos (algas, bactrias e fungos) desempenham o incio da decomposio

    dos restos vegetais e animais e contribuem para a formao do hmus, que se acumula

    principalmente nos horizontes mais superficiais. Os produtos dessa decomposio tambm

    promovem a unio das partculas primrias do solo, ajudando a formar agregados que

    compem a estrutura do solo (LEPSCH, 2010).

    A macroflora, representada pela cobertura vegetal, tem duas aes bsicas na formao

    dos solos: uma passiva, que atenua a agressividade climtica e protege a superfcie do solo

    contra a eroso, favorecendo a formao de solos mais profundos; a outra ao mais ativa e

    age atravs de processos fisiolgicos (absoro de gua e dos compostos nela dissolvidos,

    transpirao, exsudao, etc) e pela adio de galhos, folhas, ramos, sementes, razes e

    tubrculos que formaro a matria orgnica do solo (OLIVEIRA, 2005).

    A microflora e microfauna tm maior importncia nos estgios iniciais do intemperismo

    qumico e fsico das rochas, pois penetram atravs das fissuras das rochas deixando-as mais

    vulnerveis desagregao. Ambas, juntamente com a macroflora, influenciam na

    composio do ar dos solos medida que interferem nas reaes de oxidao, reduo,

    carbonatao, condicionando a solubilizao de minerais das rochas, de compostos qumicos

    inorgnicos delas derivados, tornando-os mobilizveis ou no nas guas que transitam nos

    solos (OLIVEIRA et al., 1992).

    O ser humano tambm tem sua influncia na formao dos solos quando retira ou

    adiciona material, o que vai refletir na constituio e no arranjo das camadas do solo e em

    novos direcionamentos da pedognese. Assim, o manejo inadequado dos solos, seja de

    retirada de material ou na adio de insumos agrcolas, pode modificar as condies

    ambientais a ponto de causar desequilbrios irreversveis (VIEIRA, 1988).

    Para compreender como o fator tempo influencia na formao do solo, interessante

    observar a superfcie de um afloramento rochoso, no qual musgos e liquens comeam a se

    desenvolver sobre uma delgada camada de rocha decomposta. Este um exemplo do estgio

    inicial da formao do solo. Com o passar do tempo, e no havendo eroso acelerada, as

    caractersticas desse solo comeam a se tornar cada vez mais distintas: os horizontes vo se

    espessando e diferenciando-se, e o slum (horizonte A + horizonte B) pode atingir alguns

    metros. Portanto, a mais bvia caracterstica influenciada pelo tempo observar a

  • 18

    diferenciao dos horizontes do solo, pois solos jovens so normalmente menos espessos que

    os solos velhos (LEPSCH, 2010).

    Para saber quanto tempo necessrio para que um solo seja formado deve-se distinguir

    a sua idade (cronologia) e sua maturidade (evoluo). A idade absoluta de um solo a medida

    dos anos transcorridos desde o seu incio at determinado momento, enquanto a maturidade

    expressa pela evoluo por ele sofrida, manifestada pelos seus atributos (OLIVEIRA et al.,

    1992). Um solo maduro, por exemplo, aquele cujas feies do perfil so bem desenvolvidas,

    ou seja, quanto maior o nmero de horizontes e maior a sua espessura e diferenciao com

    relao aos outros horizontes, mais maduro se o solo (VIEIRA, 1988). Nesse contexto, deve-

    se avaliar o seu grau de intemperismo, mediante a proporo de minerais primrios (quartzo,

    feldspatos, piroxnio, micas, anfiblios e olivinas), em relao aos minerais secundrios

    (MEURER, 2006). Assim, quanto maior for esse resultado, menos intemperizado ser o solo

    (VAN WANBEKE, 1959), apud Oliveira (2005).

    Uma outra forma de avaliao desse critrio atravs do ndice Ki ou relao

    SiO2/Al2O3. Ki alto indica solos pouco intemperizados, com predomnio de argilas jovens ou

    pouco intemperizadas (vermiculita, montmorilonita, etc) e Ki baixo indica solos altamente

    intemperizados, com predomnio de argilas velhas (caulinita, gibsita) (VIEIRA, 1988).

    2.2 MTODOS DE AVALIAO DA APTIDO AGRCOLA DOS SOLOS

    A avaliao da aptido agrcola das terras corresponde interpretao de estudos e

    informaes obtidas dos levantamentos de solos, complementando-se com dados climticos.

    A classificao da aptido agrcola das terras no necessariamente um guia fundamental

    para se obter os benefcios das terras, mas uma orientao de como utilizar os recursos em

    nvel de planejamento regional e nacional (IBGE, 1994).

    Conforme Barnes e Souza (2003) a avaliao da aptido agrcola das terras uma das

    tcnicas mais importantes no estudo dos solos, por permitir o uso e adequao do seu uso no

    que diz respeito sua capacidade de sustentao, alm de evitar a possvel degradao desse

    recurso natural a partir do cultivo de culturas agrcolas.

    Dentre os vrios sistemas usados para a classificao das terras quanto ao potencial de

    uso agrcola, esto: o Sistema de Classificao da Capacidade de Uso das Terras, proposto por

    Klingebiel e Montgomery (1961), conhecido como Sistema Americano e o Sistema de

    Avaliao da Aptido Agrcola das Terras (SAAT), ou Sistema Brasileiro, desenvolvido por

    Ramalho Filho e Beek (1995) (SCHNEIDER, GIASSON e KLAMT, 2007).

  • 19

    Deste modo, utilizamos o Sistema de Avaliao da Aptido Agrcola das Terras

    proposto por Ramalho Filho e Beek (1995), que representa a verso mais atualizada da

    metodologia sugerida por Bennema et al. (1964). Nesta metodologia so considerados trs

    sistemas de manejo (primitivo, pouco desenvolvido e desenvolvido), sendo as classes de

    aptido agrcola, identificadas a partir dos graus de limitao (nulo, ligeiro, moderado, forte e

    muito forte) relativos a cinco critrios: deficincia de fertilidade; deficincia de gua; excesso

    de gua ou deficincia de oxignio; susceptibilidade eroso; e impedimento mecanizao.

    No Sistema de Avaliao da Aptido Agrcola das Terras, Ramalho Filho e Beek

    (1995), definem os seguintes critrios a serem considerados:

    Deficincia de Fertilidade: depende principalmente dos teores de macro e

    micronutrientes disponveis, da presena ou ausncia de certos elementos txicos, como

    alumnio (Al) e Mangans (Mn) , que diminuem a disponibilidade de alguns minerais

    importantes para as plantas, bem como da presena ou ausncia de sais solveis,

    especialmente Sdio (Na). Assim, tal ndice avaliado atravs da saturao por bases (V),

    saturao com Al (M), soma de bases (S), Capacidade de Troca Catinica (CTC), relao

    C/N, fsforo disponvel, saturao com Na, condutividade eltrica do extrato de saturao e

    pH, todos obtidos na anlise do solo.

    Deficincia de gua: definida pela quantidade de gua armazenada no solo, possvel

    de ser aproveitada pelas plantas, a qual est na dependncia de condies climticas

    (especialmente precipitao e evapotranspirao) e condies edficas (capacidade de

    reteno de gua do solo). Nesse caso, importante conhecer a distribuio anual das

    precipitaes, a durao do perodo de estiagem, as caractersticas da cobertura vegetal, o

    comportamento das culturas, bem como algumas caractersticas fsicas e qumicas do solo

    (textura, tipo de argila, teor de matria orgnica, quantidade de sais e profundidade efetiva).

    Excesso de gua ou deficincia de oxignio: normalmente est relacionado com a

    classe natural de drenagem natural do solo, que por sua vez, resultante da interao de

    vrios fatores (precipitao, evapotranspirao, relevo local e propriedades fsicas e qumicas

    do solo), incluindo tambm os riscos, a frequncia e a durao das inundaes a que a rea

    est susceptvel. Devem ser observadas caractersticas do solo como a permeabilidade,

    presena e profundidade de um horizonte menos permevel (pan, plintita, etc).

    Susceptibilidade eroso: refere-se ao desgaste que a superfcie poder sofrer, quando

    submetida a qualquer uso desprovido de medidas conservacionistas. Nesse caso, este ndice

    depende diretamente das condies climticas (principalmente do regime pluviomtrico), das

    condies fsicas do solo, das condies do relevo e da cobertura vegetal.

  • 20

    Impedimento mecanizao: diz respeito as condies apresentadas pelas terras para

    o uso de mquinas e implementos agrcolas. Assim, tanto as caractersticas fsicas quanto a

    situao do relevo so importantes na determinao dessa condio.

    Como resultado do cruzamento desses critrios, as terras so ordenadas em quatro

    classes (boa, regular, restrita e inapta), levando-se em conta seis grupos de aptido agrcola

    (Quadro 1), sendo que os trs primeiros grupos (1, 2 e 3) so aptos para lavouras e divididos

    de acordo com o aumento da intensidade de uso (aptido restrita, regular e boa); o grupo 4

    indicado, basicamente para pastagem plantada; o grupo 5 indicado para silvicultura e ou

    pastagem natural; e o grupo 6 rene terras sem aptido agrcola, sendo indicada somente para

    a preservao da natureza.

    Quadro 1. Alternativas de utilizao das terras de acordo com os grupos de aptido agrcola

    segundo Ramalho Filho e Beek (1995).

    Grupo de

    Aptido

    Agrcola

    Aumento da intensidade de uso

    Preservao

    da flora e

    da fauna

    Silvicultura

    e/ou

    pastagem

    natural

    Pastagem

    plantada

    Lavouras

    Aptido

    restrita

    Aptido

    regular

    Aptido

    boa

    1

    2

    3

    4

    5

    6 Fonte: adaptado de RAMALHO FILHO E BEEK (1995 p. 10).

    Estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE, 1997) referente ao

    potencial agrcola brasileiro, afirmam que na dcada de 1990 apenas 8,2 % dos solos do pas

    possuam classe de aptido boa, 42,7 % se enquadravam na classe regular, 11,2 % eram solos

    de classe restrita e 33,2 % eram considerados inaptos para o desenvolvimento de atividades

    agrcolas. No que diz respeito ao Nordeste brasileiro, a Embrapa Semirido (EMBRAPA,

    2004) atesta que vinte milhes de hectares de solos aproximadamente encontram-se em

    processo de degradao, o equivalente a 12 % da rea total da regio, sendo que o estado da

    Paraba apresenta o maior percentual (63 %). Essa porcentagem est distribuda nos seguintes

    nveis de evoluo da degradao: 37,36 % dos solos j esto com um nvel de degradao

    extremamente forte; 12,28 % so considerados de nvel muito forte; 5,29 % se enquadram no

    nvel forte e os 8,49 % restantes so considerados de nvel moderado.

  • 21

    Dados organizados por Arruda (2008) atestam que os estudos referentes anlise de

    solos na Paraba so ainda incipientes. Em 1972 foi realizado o levantamento exploratrio-

    reconhecimento de solos do estado da Paraba, sendo avaliados 64 perfis de solos bem como

    sua interpretao para uso agrcola (BRASIL, 1972). Baseado neste documento, o Ministrio

    da Agricultura, atravs da Secretaria Nacional de Planejamento Agrcola, elaborou, em 1978,

    a avaliao da aptido agrcola das terras deste estado (BRASIL, 1978).

    Em 1978, um convnio feito entre rgos estaduais e federais (PARABA, 1978)

    realizou o zoneamento agropecurio e pedoclimtico do estado da Paraba, a partir de 167

    perfis de solo, complementando com mais 20 perfis descritos em Brasil (1972). Tal

    zoneamento delineou o potencial do meio fsico estadual para 16 atividades agrcolas, uma

    atividade florestal e uma atividade agropecuria (pastagem), levantando o uso dos solos, mas

    sem indicar ou mapear a aptido agrcola dos mesmos.

    Embora um mapa de aptido agrcola das terras do estado da Paraba j tenha sido

    elaborado, com o intuito de orientar produtores e gestores no melhor uso dessas terras, as

    atuais condies de produo e uso dessas terras tm demonstrado que, possivelmente, tal

    estudo no foi suficiente para proporcionar maior conhecimento, quantitativo e qualitativo ou

    que no foi levado at os produtores para que pudessem por em prtica tais recomendaes,

    principalmente na escala das microrregies paraibanas, no que diz respeito s reservas

    potenciais dessas terras visando o uso correto das mesmas.

    O atual quadro socioeconmico da Microrregio de Guarabira demonstra que a

    agropecuria entrou em declnio, no somente em funo da superao dos padres

    tecnolgicos dominantes, mas sobretudo, devido a fatores ambientais (exausto dos solos, da

    fauna e da flora) (ARRUDA, 2008). As condies naturais exercem uma influncia

    considervel no sistema agrcola, exceto nas grandes fazendas agropecurias, concentradas na

    Zona da Mata, ou nos grandes projetos agropecurios financiados pelo governo federal, onde

    se produz principalmente cana-de-acar, abacaxi e coco-da-baia (SUDEMA, 2004),

    produes estas que mascaram os ndices de distribuio de renda no estado, pois se sabe que

    tais rendimentos no se estendem maioria da populao paraibana.

    A situao exposta nada mais que uma consequncia de problemas maiores de ordem

    social, poltica e econmica como a ausncia de programas educacionais que possam

    melhorar o nvel tcnico do agricultor e de seus familiares, da falta de planejamento agrcola

    nacional, regional ou local e da estrutura fundiria bastante irregular, marcada pelo latifndio.

  • 22

    2.3 PARMETROS MORFOLGICOS E QUMICOS NO ESTUDO DOS SOLOS E SEUS

    EFEITOS NAS CULTURAS AGRCOLAS

    2.3.1 Parmetros Morfolgicos

    Os principais parmetros morfolgicos do solo so: cor, textura, estrutura e

    consistncia. A cor do solo funo principalmente da presena de xidos de ferro e matria

    orgnica (MO), alm das condies de drenagem e aerao do solo, da lixiviao, do material

    de origem, da intensidade dos processos de alterao da rocha e da distribuio do tamanho

    das partculas (FERNANDEZ e SCHULZE, 1992). Alguns solos refletem diretamente as

    cores do material geolgico que o originou. O mangans (Mn), por exemplo, tende a dar cores

    negras ao solo, a matria orgnica (MO) induz a tonalidades preta e marrom, elevados

    contedos de clcio (Ca2+

    ) e magnsio (Mg2+

    ) atribuem cores esbranquiadas ao solo

    (SANTOS et al., 2005).

    A matria orgnica (MO) a principal responsvel pelas cores escuras dos solos,

    podendo variar do branco (deficincia de MO) ao negro (excesso de MO). Os compostos de

    ferro no hidratados geralmente do tonalidades que variam do vermelho (hematita) ao

    marrom. Por outro lado, as cores amarelas e cinza-amareladas dependem do contedo de

    xidos hidratados. Essas cores que dependem dos compostos de ferro podem indicar, com

    segurana, as condies de drenagem do solo (CHAVES e GUERRA, 2006).

    O solo pode apresentar resistncia ou no s aes erosivas, sejam elas oriundas da

    natureza ou da ao humana. Tais reaes tm ligao direta com a textura do mesmo. A

    textura do solo uma caracterstica importantssima, utilizada no estudo da gnese,

    morfologia e do solo. Alm disso, a textura tem relao direta sobre a fertilidade dos solos, ou

    seja, solos arenosos tendem a ser menos frteis que solos argilosos; tambm tem relao com

    o nvel de conservao do solo, ou seja, solos arenosos tm alta permeabilidade gua, mas

    podem tambm ser mais susceptveis eroso hdrica (KONDO, 2008).

    A textura do solo definida como a proporo das relaes entre as fraes

    granulomtricas: a areia, no estado mais grosso, silte e argila, os componentes mais finos.

    Ambos fazem parte da massa do solo (SANTOS et al. , 2005). A quantidade de cada frao

    define a classe textural que, por sua vez, vai interferir em outras caractersticas fsicas do solo

    (argila dispersa em gua, grau de floculao, relao silte/argila, densidade do solo (Ds) e de

    partculas (Dp) e porosidade total (Pt)) (LEPSCH, 2010, MALAVOLTA, 2006).

    Os solos com presena de areia no apresentam plasticidade, nem pegajosidade e por

    isso, so suscetveis eroso. O grau granulomtrico da textura de cada solo vai indicar o

  • 23

    percentual da presena de minerais, que influenciam na questo de infiltrao e

    armazenamento de gua e presena de razes. Conforme Lepsch (2010), a textura est

    relacionada s propores das vrias partculas de gros individuais, dentre elas: areia, silte e

    argila que formam o solo.

    Embora as fraes areia e silte sejam importantes para determinar a origem dos solos,

    seu estado de intemperizao e suas reservas de nutrientes, no so importantes na atividade

    fsico-qumica dos mesmos, por isso tais fraes so consideradas apenas o esqueleto do solo.

    J as argilas so as responsveis pelos processos de expanso e contrao do solo, quando

    absorvem ou perdem gua. O fato da maioria das argilas serem carregadas negativamente,

    forma uma camada eletrosttica dupla com ons de soluo do solo ou com molculas de gua

    que permitem aos solos argilosos uma tendncia a serem plsticos e pegajosos, quando

    molhados, densos e duros, quando secos, a terem baixa permeabilidade gua e a serem

    pobremente arejados (CHAVES e GUERRA, 2006).

    Juntamente com a textura, a estrutura do solo influencia na quantidade de ar e de gua,

    bem como na penetrao e distribuio das razes, necessrias s plantas para sua fixao ao

    solo, absoro de nutrientes, atividade microbiana e na resistncia eroso, entre outros

    (SANTOS et al, 2005). Refere-se ao modo como as partculas primrias esto distribudas e a

    facilidade de separ-las, pois se encontram interligadas atravs de agregados, o que indica o

    grau de desenvolvimento de cada estrutura (SANTOS et al., 2005).

    A anlise da consistncia se define com o tato, ou seja, a fora imposta dureza ou

    mesmo facilidade que uma amostra de solo tende a quebrar. Pode-se dizer que a

    consistncia est relacionada capacidade que tem o solo de resistir desagregao atravs

    de determinada presso exercida sobre o mesmo.

    Lepsch (2010) menciona que o solo sofre mudanas no apenas por causa das

    caractersticas mais fixas do solo (textura, estrutura e agentes cimentantes, etc.), mas tambm

    pelo teor de umidade nos poros por ocasio de sua determinao. Assim, a consistncia do

    solo est classificada em trs estados de umidade: saturado (para estimar a plasticidade e

    pegajosidade); mido (para estimar a friabilidade) e seco (para estimar a dureza ou

    tenacidade). Assim, Para caracterizar a consistncia de um agregado no estado seco preciso

    considerar a dureza ao esborrachar nos dedos; quando a amostra est mida a consistncia

    diagnosticada a partir da friabilidade; por ltimo, quando a amostra est molhada ou

    encharcada, caracterizada pela presena ou ausncia de plasticidade e pegajosidade do solo

    (SANTOS et al, 2005).

  • 24

    2.3.2 Parmetros Qumicos

    As plantas so capazes de sintetizar todas as molculas orgnicas de que necessitam a

    partir da gua, do dixido de carbono atmosfrico e de elementos minerais, utilizando a

    radiao solar como fonte de energia. As plantas absorvem os elementos presentes na soluo

    do solo, mesmo que deles no necessitem. A cultura de plantas em soluo nutritiva permitiu

    identificar os elementos essenciais para as plantas, designados por nutrientes vegetais.

    Segundo Vale et al. (1997) os nutrientes podem ser classificados de acordo com

    critrios fisiolgicos ou quantitativos. No primeiro caso, os nutrientes so divididos em quatro

    grupos, conforme as funes desempenhadas nas plantas. No critrio quantitativo, o carbono

    (C), o oxignio (O), o hidrognio (H+), o nitrognio (N), o fsforo (P), o potssio (K

    +), o

    clcio (Ca2+

    ), o magnsio (Mg2+

    ) e o enxofre (S) so designados por macronutrientes, por

    serem necessrios em quantidades mais elevadas, enquanto que o ferro (Fe), o mangans

    (Mn), o zinco (Zn), o cobre (Cu), o nquel (Ni), o boro (B), o molibdnio (Mo) e o cloro (Cl)

    so designados por micronutrientes.

    Segundo os autores supracitados, o cloro foi o ltimo elemento essencial a ser

    descoberto e outros elementos ainda podem ser adicionados a essa lista pois, elementos

    exigveis em quantidades negligveis podem ainda se mostrarem essenciais. O sdio (Na), o

    silcio (Si) e o cobalto (Co) so designados por elementos benficos porque estimulam o

    crescimento de algumas plantas, sendo essenciais apenas para algumas espcies vegetais.

    Conforme Malavolta (2006) afirma que, para entender melhor os resultados das anlises

    qumicas dos solos e a reao dos nutrientes importante ter em mente que todos os

    fenmenos de relevncia para o manejo da fertilidade do solo ocorrem a partir da soluo do

    solo, de onde a planta retira as substncias minerais e orgnicas dissolvidas e gases,

    necessrios ao seu crescimento e desenvolvimento e onde exsudam (transpirao) os seus

    resduos. O autor afirma ainda que essencial tambm conhecer a participao dos elementos

    minerais na vida da planta e suas quantidades necessrias, bem como as condies de pH do

    solo, uma vez que pH muito baixo ou muito alto implica em condies desfavorveis no

    desenvolvimento das plantas.

    Nesse contexto, os parmetros qumicos a serem analisados no presente trabalho so:

    pH (potencial hidrogeninico), matria orgnica (MO), fsforo (P), potssio (K+), sdio

    (Na+), clcio (Ca

    2+), magnsio (Mg

    2 +), alumnio (Al

    3+), soma de bases (SB), capacidade de

    troca de ctions (CTC), saturao por bases (V%), saturao por alumnio (m%) e percentual

    de sdio trocvel (PST).

  • 25

    Segundo Tedesco et al (1995), o termo pH define a acidez ou alcalinidade relativa de

    uma soluo e sua escala varia de 0 a 14. Consiste na remoo dos ctions bsicos (clcio

    (Ca2+

    ), magnsio (Mg2 +

    ) potssio (K

    +) e

    sdio (Na

    +) do sistema do solo, substituindo-os

    por ctions cidos (alumnio (Al) e hidrognio (H+). O valor 7,0 que est no meio, definido

    como neutro; valores abaixo de 7,0 so cidos e os acima de 7,0 so alcalinos. Para os

    autores, os solos variam de pH 3,0 a 10,0.

    Conforme Vale et al. (1997) definem uma substncia cida como uma substncia que

    libera ons hidrognio (H+); quando saturado de H+, comporta-se como solo cido fraco;

    quanto mais H+ for retido no complexo de argila e matria orgnica ou vermiculita, maior

    ser a acidez desse solo. O alumnio (Al) tambm age como elemento acidificante e ativa o

    H+. Os ons bsicos Ca+2

    e Mg+2

    tornam o solo menos cidos, ou em excesso mais alcalinos.

    No solo o pH influencia no desenvolvimento das culturas de forma indireta, atravs das

    mudanas que provoca nas disponibilidades dos elementos essenciais existentes no solo.

    Solos muito cidos ou alcalinos so indesejveis para a maioria das plantas restringindo seu

    crescimento, sendo que a faixa de pH ideal para cultivo de 5,5 a 6,5 (Malavolta, 2006).

    Quando o pH do solo cido (< 5), ons fosfato se combinam com ferro e alumnio

    formando compostos de baixa solubilidade, indisponveis s plantas. Concomitantemente os

    teores de Ca2

    e Mg2

    sero baixos, a CTC efetiva ser baixa, assim como a saturao por

    bases (V). Por outro lado haver maior disponibilidade de Fe, Cu, Mn e Zn, podendo at

    causar toxidez por esses micronutrientes (TOM Jr., 1997). Nesse caso, aconselha-se corrigir

    o solo com calagem. Do contrrio, se o solo apresenta alcalinidade, aconselha-se a gessagem.

    Todavia, Luz et al. (2002) afirmam que o calcrio, no geral, no corrige a acidez do solo

    em camadas mais profundas, alm da camada arvel. Neste caso, se na camada de 20 a 40 cm

    ou de 30 a 60 cm o teor de Ca2+

    for menor que 3 mmolc dm-3 e/ou o Al3+

    for maior que 5

    mmolc dm-3

    e/ou a saturao por Al3+

    for maior que 30%, deve-se fazer uma gessagem

    (COMISSO DE FERTILIDADE DO SOLO - MG, 1989).

    Para os autores acima citados, a gessagem elimina o Al3+

    , aumenta os teores de bases

    trocveis (Ca2+

    , Mg2+

    e K+, principalmente) na subsuperfcie e fornece clcio e enxofre para

    as plantas. Alm disso, o gesso pode ser usado diretamente como fornecedor de nutrientes,

    como condicionador de esterco (pois evita a perda de amnia durante a mineralizao da

    matria orgnica) e como corretivo da alcalinidade do solo. Os autores ainda afirmam que a

    gessagem feita usando-se o gesso agrcola ou fosfogesso, um subproduto da fabricao do

    superfosfato triplo e dos fosfatos mono (MAP) e diamnio (DAP) e deve ser aplicado junto

    com o calcrio e distribudo uniformemente em toda a rea na superfcie, ou incorporado.

  • 26

    A matria orgnica do solo (MOS) indispensvel ao solo, pois indica a sua fertilidade.

    Segundo Haynes e Mokolobate (2001) a MOS constitui-se em um dos melhores benefcios do

    solo planta, pois influencia nas caractersticas fsicas, qumicas e biolgicas do solo;

    melhora a estrutura do solo e, consequentemente, a aerao, drenagem e reteno de gua;

    fornece carbono como fonte de energia para os microorganismos, promovendo a ciclagem de

    nutrientes; interage, ainda com metais, xidos e hidrxidos metlicos, atuando como trocador

    de ons e na estocagem de nitrognio, fsforo e enxofre. Alm disso, a MOS libera cidos

    orgnicos durante a sua decomposio, que pode complexar o Al3+

    da soluo do solo ou se

    ligar s cargas eltricas dos xidos de ferro e alumnio, diminuindo assim, os stios de

    adsoro de P (MEURER, 2004). Zinback (2003) menciona que a MOS formada por restos

    de animais e vegetais em seu estgio de decomposio, sendo que os restos vegetais possuem

    alto teor de matria orgnica para o solo.

    Rolim Neto et al., (2004) definem o fsforo (P) como um macronutriente que, apesar de

    ser exigido em menor quantidade pelas plantas, em relao aos outros nutrientes, um

    composto de energia que faz extensa ligao com os colides e constitui-se em fator limitante

    na produtividade da maioria das culturas nos solos fortemente intemperizados, onde

    predominam formas inorgnicas de P ligadas frao mineral (com alta energia) e formas

    orgnicas estabilizadas fsica e quimicamente. Os autores afirmam ainda que a falta deste

    nutriente na planta provoca o aparecimento de reas necrticas e pecolos nas folhas e que, ao

    deixar de fazer o seu metabolismo, as clulas morrero. As folhas velhas tendem a ficar

    avermelhadas enquanto que as jovens escurecem. Esses sintomas atingem na fase inicial as

    partes mais velhas da planta e no se conhece sintomas para o seu excesso no vegetal.

    Segundo EMBRAPA (2007) o P encontra-se no solo como um componente da matria

    orgnica e de argilas cristalinas e amorfas, adsorvido1 na matriz do solo e em soluo. Os ons

    fosfato so absorvidos pelas plantas e organismos do solo, adsorvidos na matriz, precipitados,

    e perdidos por escoamento superficial e eroso. Em solos cidos, o P encontra-se precipitado

    com ferro, alumnio e magnsio, ou adsorvido a minerais argilosos e xidos e hidrxidos de

    ferro, alumnio e magnsio. Em solos calcrios, grande parte do P precipitado pelo clcio ou

    encontra-se adsorvido superfcie das partculas de calcrio. A disponibilidade de P

    estudada recorrendo a isotrmicas de adsoro, e traduzida pelos conceitos de intensidade

    (quantidade de nutriente em soluo), capacidade (quantidade de nutriente retido na matriz) e

    poder tampo (capacidade do solo para se opor variao da intensidade).

    1Adsoro, adsorver: processo pelo qual tomos, molculas ou ons so retidos na superfcie de slidos

    mediante interaes de natureza qumica ou fsica (EMBRAPA, 2005).

  • 27

    Salomo e Antunes (1998) afirmam que os feldspatos potssicos e as micas so,

    geralmente, os principais minerais potencialmente fornecedores de K, sendo abundantes numa

    grande variedade de rochas, principalmente em granitos e gnaisses, que so rochas abundantes

    em Guarabira. Dessa forma, tais reservas dependem da litologia bem como da intensidade e

    durao do intemperismo durante a evoluo do solo.

    Segundo Tom Jr. (1997) a partir da intemperizao da rocha e do saprolito, que os

    minerais primrios que contm K sofrem alteraes, primeiramente formando as argilas,

    como as esmectitas e vermiculitas que, posteriormente se transformaro em caulinita. Desse

    modo a ilita formada a partir de uma micro-diviso das micas, enquanto a vermiculita pode

    ser formada a partir da ilita com abertura gradual das entrecamadas e conseqente liberao

    do K, podendo ctions como Al3

    , Ca2

    e Mg2

    ocuparem ento esse lugar. Para Meurer

    (2006), as reservas de K no solo constituem um importante fator de produtividade das

    culturas, sendo o ction que mais se acumula na planta, porm sua disponibilidade pode ser

    afetada pelo teor de gua no solo e pela sua relao com os elementos Ca2+

    e Mg2+

    .

    Dados de Mielniczuk (1980) afirmam que o K encontra-se na estrutura de minerais,

    fixado em minerais argilosos, no complexo de troca e em soluo sua disponibilidade para as

    plantas depende do poder tampo do solo e do nvel do nutriente em soluo. O Ca2+

    e o Mg2+

    encontram-se na estrutura de minerais ou da matria orgnica, adsorvidos no complexo de

    troca e em soluo. O on Ca2+

    normalmente o primeiro ction de troca, o Mg2+

    o segundo

    e o K+ o terceiro. A proporo entre ons adsorvidos e em soluo depende, sobretudo, do teor

    de cada elemento e da capacidade de troca catinica do solo, sendo que o Ca2+

    adsorvido

    preferencialmente ao Mg2+

    .

    No que se refere gua, a diminuio da umidade no solo afeta a difuso do K+ na

    soluo do solo, dificultando sua absoro pelas plantas. J os teores de Ca2+

    e Mg2+

    , quanto

    mais elevados mais inibem a absoro de K+ pelas plantas, devido competio que se trava

    entre esses elementos pelos stios de absoro das plantas (MIELNICZUK, 1980).

    O K influencia nas resistncias das plantas a condies adversas, como baixa

    disponibilidade de gua e altas temperaturas. A soluo deste nutriente a fonte imediata para

    as plantas. Na forma trocvel, o K encontra-se na frao slida do solo, representado por ons

    de K+ absorvidos nas cargas negativas dos colides do solo atravs da atrao eletrosttica

    (VALE et. al., 1997). A carncia de K+ nas plantas provoca um crescimento demasiadamente

    reduzido, apresentando folhas recurvadas e enroladas sobre a face superior e encurtamento de

    entrens, alm de clorose matizada da folha, e manchas necrticas. Geralmente esses efeitos

  • 28

    atingem as partes mais velhas da planta, porm, quantidades excessivas de K na planta no

    apresentam sintomalogia.

    O Na+ corresponde ao sdio trocvel e seu valor utilizado na classificao de solos

    salinos, sdicos e no salinos. Altas quantidades de Na causam disperso do colide argiloso

    no solo (SALOMO e ANTUNES, 1998).

    Para Vale et al (1997) afirmam que o Ca2+

    um nutriente que compe a parede celular

    da planta e se apresenta imvel. O seu excesso altera o ritmo da diviso celular do vegetal. A

    sua falta aponta para uma reduo do crescimento radicular, mudana da colorao das razes,

    curvamento dos pices, deformaes nas folhas jovens, clorose marginal podendo evoluir para

    necrose. Todos esses sintomas costumam apresentar-se nas partes mais velhas do vegetal.

    Segundo Salomo e Antunes (1998) o Mg2+

    um nutriente mvel essencial ao

    funcionamento dos ribossomas, sendo um constituinte de cofactores enzimticos, clorofila e

    protenas. A deficincia do Mg2+

    nos vegetais provoca a morte prematura das folhas, a

    degenerao dos frutos, cloroses intervenais, necrose foliar, reduo do crescimento vegetal e

    inibio da florao. Esses sintomas se apresentam inicialmente, como nos demais casos, nas

    reas mais velhas do vegetal. O excesso de Mg2+

    altera absoro de K e Ca+ pela planta. O

    Ca+ e o Mg

    2+ possuem alto teor floculante, que asseguram a estabilidade do solo.

    Segundo Malavolta (2006) a CTC ou capacidade de troca catinica do solo se d

    quando uma soluo salina colocada em contato com certa quantidade de solo, o que

    proporciona a troca entre os ctions contidos na soluo e os da fase slida do solo. Esta

    reao de troca se d com rapidez, em propores estequiomtricas e reversvel. Por

    mtodos analticos, a quantidade de ction que passou a neutralizar as cargas negativas do

    solo pode ser determinada, resultando ento na capacidade de troca catinica do solo.

    O autor acima citado afirma ainda que, na determinao de CTC do solo, importante

    considerar o pH em que a troca catinica acontece, pois alm das cargas negativas de carter

    eletrovalente, existem tambm cargas de carter covalente, que se manifestam, ou no, de

    acordo com o pH do meio. A um dado pH, parte das cargas dependentes estar bloqueada por

    H: (ligaes covalentes). Desta forma, a CTC do solo nesse pH ser dada pelas cargas

    permanentes mais aquelas dependentes de pH, porm livres do hidrognio covalente,

    constituindo a CTC efetiva do solo, a esse valor de pH. E, quando se aumenta o pH do

    sistema, mais ons H+ ligados a cargas dependentes do pH so neutralizados, resultando num

    consequente aumento da CTC efetiva do solo (MALAVOLTA, 2006).

    Dentre os ctions que neutralizam as cargas negativas da CTC efetiva do solo, incluem-

    se, principalmente, as bases (Ca2+,

    Mg2+,

    K+, Na

    + e NH

    4+), o Al

    3+ e, tambm, ctions H

    +

  • 29

    ligados a cargas negativas da CTC de carter mais eletrovalente (tipo cido forte). Ao

    conjunto dos ctions que esto ocupando a CTC do solo, saturando-a, juntamente com as

    cargas negativas dos colides denomina-se complexo sortivo do solo (MEURER, 2006).

    Segundo Guerra e Chaves (2006), o baixo valor de CTC caracteriza um solo sujeito

    excessiva perda de nutrientes por lixiviao, e neste caso os adubos e corretivos, caso sejam

    usados nestes solos, no devem ser aplicados de uma s vez. Os autores ainda afirmam que a

    importncia da CTC to expressiva que dela dependem as interpretaes em clculos de

    necessidades de corretivos e de fertilizantes. Essas caractersticas so a prpria CTC, tambm

    representada por T para a CTC a pH 7 e por t para CTC efetiva, no pH do solo, a soma de

    bases (SB), o ndice de saturao por bases (V), a acidez trocvel (alumnio trocvel), a acidez

    total (H + Al) e a saturao por alumnio (m). Esses valores, exceo da saturao por

    alumnio, so conhecidos como valores de Hissink.

    A soma de bases trocveis (SB) de um solo, argila ou hmus representa a soma dos

    teores de ctions permutveis (Ca+

    , Mg2+

    e K+ Na

    + e NH

    4+ trocveis) e serve para indicar se

    o solo contm nutrientes disponveis para a planta. Nos solos cidos de regies tropicais,

    como os do Estado de Minas Gerais, os ctions trocveis Na+ e NH4+ geralmente tm

    magnitude desprezvel.

    A saturao por bases (V%) definida por Prado (2008) como a participao das bases

    (Ca2+

    , Mg2+

    e K+ ) no complexo sortivo do solo, expressa em porcentagem: V = SB% por T e

    x por 100 . Trata-se de um dado utilizado no 3 nvel categrico do Sistema Brasileiro de

    Classificao dos Solos - SiBCs (EMBRAPA, 2006) para distinguir as condies eutrficas

    ou distrficas no solo. Assim, quando os valores de V% so iguais ou superiores a 50%,

    acontece uma alta saturao por bases, ou seja, os solos possuem mais da metade dos pontos

    de troca dos coloides ocupados com as bases trocveis e, por isso so considerados eutrficos

    e so normalmente considerados os mais frteis. Caso contrrio, se os valores forem inferiores

    a 50% a saturao por bases baixa e os solos so classificados como distrficos ou pouco

    frteis. Lepsch (2010) afirma que a condio eutrfica ou distrfica no implica que os solos

    possam vir a apresentar deficincias em Ca2+

    , em Mg2+

    e ou em K+.

    A Saturao por alumnio (m%) resultado da relao entre o teor de Al com a

    somatria de SB mais Al, determinada pela frmula: Al x 100 / S + Al. Quando o solo contm

    um elevado teor de Al no solo, esse fator prejudicial ao crescimento da maioria da vegetao

    (MEURER, 2006). Informaes sobre os valores de CTC, SB e V% de um solo podem indicar

    o tipo de mineral presente na frao argila e possveis problemas na sua utilizao, bem como

    sobre o procedimento adequado a ser tomado para otimizar sua utilizao (ALVAREZ, 1986).

  • 30

    3 METODOLOGIA

    Os caminhos metodolgicos esto divididos em: localizao e caracterizao

    geoambiental da rea de estudo, pesquisa bibliogrfica e cartogrfica, pesquisa de campo,

    anlises laboratoriais qumicas e de fertilidade natural, pesquisa em gabinete e tratamento

    preliminar dos dados cartogrficos (geoprocessamento).

    3.1 LOCALIZAO GEOGRFICA E CARACTERIZAO GEOAMBIENTAL DA

    REA DE ESTUDO

    A microrregio de Guarabira localiza-se na Mesorregio do Agreste Paraibano no

    estado da Paraba, em uma rea que envolve 14 municpios: Guarabira, Pilezinhos, Cuitegi,

    Alagoinha, Mulungu, Araagi, Pirpirituba, Sertozinho, Duas Estradas, Serra da Raiz, Lagoa

    de Dentro, Belm, Logradouro e Caiara. Os mesmos se encontram situados em uma faixa

    estreita de terras entre a Mata Paraibana e a Borborema (Figura 1). Trata-se de uma rea que

    tem uma extenso territorial de 1.285,5 km, onde vivem 164.819 habitantes. No que se refere

    s atividades econmicas ainda so representadas pela agricultura e pecuria, mas

    profundamente marcada pela baixa produtividade (CPRM, 2005; IBGE, 2006; IBGE, 2010).

    De acordo com a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM, 2005), os

    aspectos geolgicos da microrregio de Guarabira se encontram divididos em cinco unidades

    litoestratigrficas distintas:

    a) Arqueano representado pelo Complexo Cabaceiras, composto de Ortognaisse

    tonaltico-granodiortico intercalaes de metfica. Caracteriza-se principalmente na

    poro de leste ao sudeste da rea de estudo;

    b) Paleoproterozico caracteriza-se pelo Complexo Sertnia formado por gnaisses,

    mrmores, quartizitos e metavulcnicas mficas que cobrem as pores leste e sudeste

    da rea; o complexo Serrinha Pedro Velho constitudo de ortognaisse tonaltico-

    trondhjemtico a grantico migmatito se apresenta nas pores norte e noroeste; o

    complexo Santa Cruz composto por augem-gnaisse grantico, leuco-ortognaisse,

    quartzo monzontico a grantico e ocorre na extenso do nordeste ao sudoeste dos

    terrenos estudados;

    c) Mesoproterozico formado pela sute grantica-migmattica peraluminosa

    Recanto Riacho do Forno formado de ortognaisse, migmatito granodiortico a

  • 31

    monzograntico se apresenta na parte central, oeste, nordeste e sudoeste dos terrenos; o

    complexo So Caetano constitudo por gnaisse, metagrauvaca, metavulcnica flsica a

    intermediria e metavulcanolstica apresenta-se nas reas oeste, sul, leste, nordeste e

    central da rea;

    d) Neoproterozico O Complexo sute calcialcalina de mdio a alto potssio

    Itaporanga constitudo de granito e granodiorito porfirtico associado diorito

    porfirtico associado diorito se apresenta na poro sul, leste oeste e noroeste da rea,

    Granitides indiscriminados formados de granito, granosiorito, monzogranito na poro

    oeste da rea e o grupo Serid constitudo de quartzito, mrmore e rocha calcissilictica

    se apresenta na parte da poro norte, noroeste e oeste;

    e) Cenozico formado pelo grupo Barreiras constitudo de arenito e conglomerado,

    intercalaes de silto e argilito na poro leste e sudeste.

    Conforme o Atlas da Paraba (PARABA, 2003), o clima predominante da Microrregio

    de Guarabira, segundo a classificao climtica de Kppen do tipo As com caractersticas

    de quente e mido com chuvas de outono a inverno, atingindo desde o litoral at uma

    extenso aproximada de 100 km em direo ao interior. Caracteriza-se por apresentar

    perodos de estiagem de cinco a seis meses. O regime pluviomtrico depende da Massa

    Equatorial Atlntica. A poca chuvosa inicia-se no ms de fevereiro ou maro, prologando-se

    at julho ou agosto. O perodo seco comea em setembro e estende-se at fevereiro. A

    amplitude trmica anual muito pequena em funo da baixa latitude. As temperaturas

    variam de 22 C e 26 C.

  • 32

    Figura 1. Localizao geogrfica da Microrregio de Guarabira, Paraba.

    Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE, 2007) e Ministrio do Meio Ambiente (MMA)

    cedido por: Ramon Santos Souza (2013).

  • 33

    Segundo a Agncia Executiva de Gesto das guas do Estado da Paraba (AESA, 2003)

    e o Instituto de Desenvolvimento Municipal e Estadual da Paraba (IDEM, 2012), as

    principais bacias hidrogrficas que banham a Microrregio de Guarabira pertencem ao litoral

    norte e possuem as seguintes caractersticas:

    a) Bacia hidrogrfica do Mamanguape - est situada no extremo leste do estado da

    Paraba. Seu principal rio o Mamanguape, que recebe contribuies dos corpos d

    gua como os rios Guarabira, Guandu, Araagi, Saquaba e Riacho Bloqueio, que

    drenam os seguintes municpios: Alagoinha, Araagi, Belm, Cuitegi, Duas Estradas,

    Guarabira, Lagoa de Dentro, Mulungu, Pilezinhos, Pirpirituba, Serra da Raiz e

    Sertozinho;

    b) Bacia hidrogrfica de Camaratuba - localiza-se no extremo leste do estado da

    Paraba, tem como rio principal o Camaratuba, drena alguns municpios de: Araagi,

    Duas Estradas, Lagoa de Dentro, Pirpirituba, Serra da Raiz e Sertozinho.

    c) Bacia hidrogrfica do Curimata - tem como rio principal o Curimata, nasce na

    poro nordeste do Planalto da Borborema no municpio de Barra de Santa Rosa,

    alimentado por rios e riachos que descem das encostas desse planalto e seguem em

    direo leste, penetrando no Rio Grande do Norte e desaguando no Oceano Atlntico,

    atravs de um esturio. Os principais Municpios drenados por essa bacia so: Belm,

    Caiara, Duas Estradas, Lagoa de Dentro, Logradouro e Serra da Raiz.

    A vegetao composta praticamente por matas semideciduais ao norte, leste e sul da

    rea, com alguns resqucios de caatinga arbustiva arbrea aberta e fechada ao noroeste e

    matas midas ao sul (ATECEL/INCRA-PB, 2002).

    A cobertura de solos da Microrregio de Guarabira (PB) constituda de quatro ordens

    de solos. Estudos realizados como o I levantamento exploratrio de reconhecimento de solos

    do estado da Paraba (BRASIL, 1972); o Sistema Brasileiro de Classificao de Solos

    (EMBRAPA, 2006) e Arruda (2008) comprovam que dentre elas esto: os Argissolos

    Vermelho-Amarelos, os Neossolos, os Planossolos e os Luvissolos.

    Os Argissolos Vermelho-Amarelos ocorrem nos municpios de: Alagoinha, Araagi,

    Belm, Caiara, Cuitegi, Duas Estradas, Guarabira, Lagoa de Dentro, Mulungu, Pilezinhos,

    Pirpirituba, Serra da Raiz e Sertozinho cuja principal caracterstica desse solo o grande

    aumento de argila em profundidade. Na superfcie do solo o teor de argila muito baixo, mas

    em subsuperfcie mdio/alto, alm de ser a ordem de solo mais extensa do Brasil, pois ocupa

  • 34

    um percentual de 20% aproximadamente do territrio nacional, podendo ser rasos ou muito

    profundos com alta ou baixa saturao por bases; arenosos ou argilosos em superfcies e

    transies de texturas que podem ser graduais ou abruptas (LEPSCH, 2010).

    Os Neossolos ocorrem nos municpios de: Belm, Caiara, Guarabira, Lagoa de Dentro,

    Logradouro e Serra da Raiz. Estes solos so formados por material mineral ou orgnico pouco

    distribudo, no apresentam alteraes significativas em relao ao material originrio devido

    baixa intensidade de atuao dos processos pedogenticos. Isso acontece devido s

    caractersticas inerentes ao prprio material de origem, no que diz respeito a sua maior

    resistncia ao processo de intemperismo ou a composio qumico-mineralgica, ou por

    influncia dos demais fatores de formao, que podem impedir ou limitar a evoluo destes

    solos e trata-se de solos jovens e horizonte A pouco desenvolvido (EMBRAPA, 2013).

    Os Planossolos aparecem apenas nos Municpios de Guarabira e Logradouro. So

    definidos como solos minerais, imperfeitamente ou mal drenados, com mudana textural

    abrupta, entre o horizonte ou horizontes superficiais (A ou E) e o superficial (Plnico). A

    fertilidade natural varivel, outras caractersticas como estrutura, porosidade,

    permeabilidade e muitas vezes as cores, so tambm bastante contrastantes (IBGE, 2007).

    Os Luvissolos ocorrem na rea de estudo em tais municpios: Alagoinha, Araagi,

    Guarabira e Mulungu correspondem a solos medianamente intemperizados, ricos em

    saturao por bases e com acumulao de argila no horizonte B. eles tem maior

    representatividade nas regies semiridas do Nordeste brasileiro (LEPSCH, 2010).

    3.2 PESQUISA BIBLIOGRFICA E CARTOGRFICA

    O embasamento terico se deu atravs de leituras e fichamentos de textos dos seguintes

    autores: Ramalho Filho e Beek (1995), Gleriani (2000), Santin (2006) Scheneider, Giasson e

    Klamt (2007), Lepsch (2010) e entre outros que discutem a respeito da avaliao da aptido

    agrcola de solos; pesquisas em rgos bem como o IBGE (1997), EMBRAPA SEMIRIDO

    (2004), SUDEMA (2004) e outros diversos com a finalidade de analisar o uso do solo, o seu

    potencial agrcola no territrio nacional e o atual quadro socioeconmico da microrregio de

    Guarabira; revistas como a GEO (2004) e a CWS (2007) para obter informaes sobre as

    atividades antrpicas no solo e a sua produo agrcola no mundo.

    O Esboo cartogrfico desta pesquisa constitui-se de mapas geolgicos de todos os

    municpios da microrregio de Guarabira/PB desenvolvidos pela Companhia de Pesquisa dos

    Recursos Minerais (CPRM, 2005) e os mapas temticos elaborados por Arruda (2008) do

  • 35

    municpio de Guarabira. Foram utilizados para a caracterizao da rea de estudo o mapa das

    bacias hidrogrficas do estado da Paraba (PARABA, SECTMA e AESA, 2003) e o

    levantamento exploratrio-reconhecimento de solos do Estado da Paraba, (BRASIL, 1972).

    De posse desse material, foi possvel preparar os quadros e tabelas com os resultados da

    pesquisa, avaliados segundo a proposta de Ramalho Filho e Beek (1995), que trata do Sistema

    de Avaliao da Aptido Agrcola das Terras.

    3.3 TRATAMENTO DOS DADOS CARTOGRFICOS

    Primeiramente foi criada uma pasta para abrigar os pontos de coletas dos solos

    georreferenciados pelo equipamento receptor GPS (geographic position system),

    posteriormente exportou-se para o software Quantum GIS.

    Para montar a base cartogrfica da Microrregio foram obtidas informaes do projeto

    SRTM (Shuttle Radar Topographic Mission) realizado em cooperao entre a NASA e a

    NIMA (National Imagery and Mapping Agency), do DOD (Departamento de Defesa) dos

    Estados Unidos e das agncias espaciais da Alemanha e da Itlia (VALERIANO, 2004), e

    arquivos vetoriais do estado da Paraba (limite, mesorregies, microrregies, municpios,

    sedes municipais, drenagem principal, estradas, etc) elaborados no ano 2007 pelo Instituto

    Brasileiro de Geografia e Estatstica. Optou-se neste trabalho os arquivos da SRTM/NASA

    no formato TIFF das imagens de radar: SB-25-Y-A; SB-25-Y-C. na ferramenta extrao

    raster cortador do QGIS foram retirados os excedentes do limite da microrregio e por fim foi

    calculado e classificado as imagens (Figura 2).

    3.4 PESQUISA DE CAMPO

    Foram realizados diversos trabalhos de campo em diferentes reas de ambientes

    agrcolas dos municpios que pertencem Microrregio de Guarabira/PB, (Figura 2) onde

    foram feitas 127 coletas de solo no total, apenas da camada arvel, as quais foram nomeadas

    de solo 1 a solo 127 ,para a descrio das seguintes caractersticas: gerais, morfolgicas e

    qumicas para avaliar a sua aptido agrcola.

  • 36

    Figura 2. Mapa de distribuio das coletas de solo de acordo com as pseudocores do Modelo Digital do Terreno

    (DMT) da Microrregio de Guarabira, Paraba.

    Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE, 2007) e SRTM/NASA (2000) cedido por: Ramon

    Santos Souza (2012).

  • 37

    As atividades de campo foram desenvolvidas nos meses de Janeiro e Fevereiro de 2012

    iniciando-se com o reconhecimento da rea em estudo realizado com o auxlio da base

    cartogrfica, elaborada por Arruda (2008) e pela Companhia de Pesquisa de Recursos

    Minerais (CPRM, 2005), para fazer a caracterizao geoambiental dos municpios; em

    seguida fez-se o georreferenciamento atravs do Sistema de Posicionamento Global (GPS)

    atravs do Sistema de Coordenadas em Unidades Transversas de Mercator (UTM).

    No campo realizou-se primeiramente a observao da paisagem local (Figura 3), no que

    diz respeito aos seus aspectos geoambientais; Em seguida, foram coletadas as amostras de

    solo com o uso do trado de caneco de 4 (Figura 4), numa profundidade de (0-40 cm), sendo

    feitas trs coletas da camada arvel dos solos em pontos distanciados por aproximadamente

    trs metros. Logo aps, as trs amostras foram homogeneizadas formando apenas uma

    amostra para cada ponto de coleta, sendo em seguida, armazenadas em sacos plsticos e

    identificadas com a localizao do ponto, o nmero da coleta e a data da coleta (Figura 5).

    O critrio utilizado para definir o nmero de amostras foi de que a cada 10 km da rea

    territorial de cada municpio que compe a Microrregio de Guarabira/PB, fosse feita uma

    coleta da amostra de solo, conforme est descrito no quadro 2.

    Quadro 2. Dados demogrficos e quantidade de coletas de solos da Microrregio de

    Guarabira/PB.

    Fontes: Censo demogrfico (IBGE, 2010) e Pesquisa de Campo (2012).

    Seguidas as metodologias supracitadas, as amostras foram analisadas em seus aspectos

    macromorfolgicos, de acordo com Santos et al. (2005) e Arruda (2008), preenchendo-se os

    dados dispostos na ficha de campo (Figura 6). Por ltimo, o material coletado foi

    encaminhado para o Laboratrio de Qumica e Fertilidade do Solo do Departamento de Solos

    Ordem Municpios Populao rea territorial

    (km)

    Quantidade de coletas de

    solo

    1 Guarabira 55.320 165,0 16

    2 Cuitegi 6.889 39,0 4

    3 Lagoa de Dentro 7.370 85,0 8

    4 Mulungu 9.469 192,0 19

    5 Sertozinho 4.395 33,0 3

    6 Belm 17.041 100,0 10

    7 Alagoinha 13.557 97,0 10

    8 Caiara 7.324 128,0 12

    9 Pilezinhos 5.155 43,9 4

    10 Logradouro 3.942 37,0 4

    11 Serra da Raiz 3.204 29,8 3

    12 Duas Estradas 3.636 26,0 3

    13 Pirpirituba 10.296 79,8 8

    14 Araagi 17.221 230,0 23

    Total 164.819 1.285,5 127

  • 38

    e Engenharia Rural do Centro de Cincias Agrrias (CCA) da Universidade Federal da

    Paraba (UFPB), Campus II, em Areia (PB), e foram analisadas em suas caractersticas

    qumicas e de fertilidade natural, de acordo com EMBRAPA (1997).

    Figura 3. Paisagem do local da coleta. Microrregio de

    Guarabira, Paraba.

    Fonte: Pesquisa de Campo, 2012.

    Figura 4. Coleta do solo com o trado de caneco.

    Microrregio de Guarabira, Paraba.

    Fonte: Pesquisa de campo, 2012.

    Figura 5. Tratamento da coleta no campo. Microrregio

    de Guarabira, Paraba.

    Fonte: Pesquisa de Campo, 2012.

    Figura 6. Descrio dos dados na ficha de campo.

    Microrregio de Guarabira, Paraba.

    Fonte: Pesquisa de Campo, 2012.

    3.5 ANLISES LABORATORIAIS

    As amostras de solo coletadas foram analisadas em suas caractersticas qumicas no

    laboratrio de Qumica e Fertilidade do Solo do Departamento de Solos e Engenharia Rural

    do CCA/UFPB, no perodo de maro a maio de 2012 conforme Embrapa (1997). As anlises

    qumicas foram as rotineiras de fertilidade, com a determinao do pH em gua, Fsforo,

  • 39

    Potssio, Sdio, Clcio, Magnsio, Acidez Potencial (H + Al), e Carbono orgnico. Desses

    resultados geraram-se a Capacidade Troca Catinica (CTC), Saturao por Bases (V),

    Saturao por Alumnio (M), Soma de Bases (SB) e a Porcentagem de sdio trocvel (PST).

    3.6 PESQUISA EM GABINETE

    Descritas as caractersticas morfolgicas da camada arvel dos solos analisados e de

    posse das anlises qumicas das mesmas, partiu-se para os clculos das amostras de cada um

    dos solos, tais como a Capacidade de Troca Catinica (CTC), Saturao de Bases (V),

    Saturao por Alumnio (m), Soma de Bases (SB) e a Porcentagem de Sdio Trocvel (PST).

    Logo aps, procedeu-se a avaliao da aptido agrcola desses solos no que diz respeito

    fertilidade natural e aptido agrcola segundo o Sistema de Avaliao da Aptido Agrcola

    das Terras (Ramalho Filho e Beek, 1995), Nesta metodologia so considerados trs sistemas

    de manejo (primitivo, pouco desenvolvido e desenvolvido), sendo as classes de aptido

    agrcola identificada a partir dos graus de limitao (nulo, ligeiro, moderado, forte e muito

    forte) relativos a cinco critrios: deficincia de fertilidade, deficincia de gua, excesso de

    gua ou deficincia de oxignio, susceptibilidade eroso e impedimento mecanizao.

    Como resultado do cruzamento dos critrios supracitados, os solos estudados foram

    ordenados em quatro classes (boa, regular, restrita e inapta), levando-se em conta cinco tipos

    de utilizao: lavouras, pastagem plantada, silvicultura e/ou pastagem natural e preservao

    da flora e da fauna. Para cada solo foram listados os atributos das terras e os parmetros

    relativos deficincia de fertilidade, de gua, de oxignio, susceptibilidade eroso e

    impedimentos mecanizao. Assim, de acordo com o grau de afastamento da condio ideal

    do solo, foram definidos os desvios: nulo, ligeiro, moderado, forte e muito forte e, conforme o

    nvel de manejo considerado, estimou-se a viabilidade da melhoria dessas limitaes.

  • 40

    4 RESULTADOS E DISCUSSO

    As discusses a seguir esto baseadas em Santos et al (2005) quando afirmam que o

    estudo dos solos deve iniciar pelas suas caractersticas gerais (altitude, coordenadas

    geogrficas, tipo de relevo, condies fsicas, cobertura vegetal e drenagem); pelas

    caractersticas macromorfolgicas (variao de cor, textura, estrutura, consistncia,

    porosidade, distribuio de razes, cerosidade, superfcie de compresso, superfcie de

    deslizamento, fendas entre outras); e pelas anlises fsicas, qumicas e de fertilidade natural,

    para obter diversas informaes relativas aptido agrcola e limitaes de uso desses solos.

    Assim, dispostas as caractersticas gerais, os resultados macromorfolgicos, as anlises

    qumicas e de fertilidade natural (Quadro 3) e a avaliao de aptido agrcola da camada

    arvel dos solos estudados na presente pesquisa, seguem as discusses referentes s 127

    amostras de solo coletadas na Microrregio de Guarabira.

    4.1 CARACTERSTICAS GERAIS E MACROMORFOLGICAS DOS SOLOS

    ESTUDADOS NA MICRORREGIO DE GUARABIRA/PB

    Das amostras de solos coletadas no municpio de Guarabira, os solos 1 a 13 foram

    estudados anteriormente por Arruda (2008), na ocasio, sendo classificados at a 4 Ordem,

    de acordo com Embrapa (2006). Na presente pesquisa estamos analisando apenas a camada

    arvel desses solos para completar o nosso objetivo, referente aptido dessa pequena parte,

    horizonte ou camada desses solos.

    Os solos 1 a 4, 7, 12 e 16 se enquadram na subordem vermelho, com textura variando

    de arenosa a argilosa e estrutura granular a subangular, todas sob condies de boa drenagem.

    Os solos 1 a 4 se dispem em relevo local montanhoso a forte ondulado, enquanto o restante

    se desenvolve em relevo plano a suave ondulado. Provavelmente a cor predominantemente

    vermelha desses solos seja devido forte presena de hematita em ambos, pois a variao das

    quantidades desses xidos contribui para a variao da intensidade da cor vermelha, podendo

    indicar a quantidade de ferro herdado do material geolgico que deu origem ao solo

    (FERNANDEZ e SHULZE, 1992). Segundo os autores supracitados, sob condies de

    drenagem menor do que no ambiente de formao da hematita, o vermelho d lugar ao

    amarelo (goethita) e ao cinza, indicando reduo no estado de oxidao do ferro.

    Com relao situao geomorfolgica em que os solos 1 a 4 se encontram, sob relevo

    montanhoso, impede algumas tcnicas mecnicas de preparo e de manejo do solo tais como:

  • 41

    arao, gradagem, plantio e roo mecanizado. Dessa forma, o custo de produo das lavouras

    cultivadas nesses solos tende a ser mais alto.

    Os solos 12 a 15 tm cores que tendem de bruno muito escuro ao cinzento avermelhado

    ou muito