172
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E IVERMECTINA CONTRA HELMINTOS GASTRINTESTINAIS EM REBANHOS DE OVINOS E CAPRINOS NA MICRORREGIÃO DE PALMAS - TO 1 Benhoor Marcell JablonskI 1 ; Pedro Alves de Moura Sobrinho 2 ; Ricardo Rodrigues Valadares 3 ; Cláudio Henrique Clemente Fernandes 2 ; Taciana Ramalho Ramos 2 ; Demis Carlos Ribeiro Menezes 4 ; Enoch Borges de Oliveira Filho 2 1 Estudante do Curso de Zootecnia do campi da Universidade Católica; Bolsista do PIBIC- UNITINS/CNPq; E-mail: [email protected] 2 Pesquisador /Professores da Universidade do Tocantins; E-mail: [email protected] 3 Estudante do Curso de Zootecnia do campi da Universidade Católica; Bolsista da SEAGRO; E-mail: [email protected] 4 Professores da Universidade Católica do Tocantins; E-mail: demis.carlos@seagro. to.gov.br 1. INTRODUÇÃO: Os efetivos de caprinos e ovinos do Estado do Tocantins são pouco representativos em relação ao brasileiro, mas representam 17% do efetivo de caprinos e 16% de ovinos da região Norte. Em contrapartida, estes rebanhos vêm, nos últimos anos, apresentando crescimento acima da média nacional e da região Norte, com 41% e 29% de crescimento para os rebanhos de caprinos e ovinos, respectivamente, no período de 2000 a 2005. Isto mostra que embora esta atividade seja incipiente no Estado, possui dinamismo e potencial de crescimento. O Estado do Tocantins tem como principal atividade a pecuária de corte, porém tem se observado que alguns proprietários vêm, nos últimos anos, diversificando a produção com introdução de atividades como a bovinocultura leiteira, produção de grãos (soja, arroz e milho) e mais recentemente a ovinocaprinocultura, com bom potencial de crescimento. Cerca de 82% da economia do Estado do Tocantins é baseada no agronegócio, onde se destacam as cadeias produtivas da carne e couro, leite, produção de grãos, fruticultura e, em ascensão, a ovinocaprinocultura. Estudo de análise da economia do Tocantins mostra que a ovinocaprinocultura, embora pouco representativa, foi a cadeia produtiva que apresentou maior nível de eficiência coletiva atual (PIRES, 2006). O Tocantins tem todas as condições para se tornar um grande produtor de caprino 1 Estudo dos aspectos sanitários e das infecções por helmintoses gastrintestinais em ovinos e capri- nos na microrregião de Palmas - TO

AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E IVERMECTINA CONTRA HELMINTOS GASTRINTESTINAIS EM REBANHOS DE

OVINOS E CAPRINOS NA MICRORREGIÃO DE PALMAS - TO1

Benhoor Marcell JablonskI1 ; Pedro Alves de Moura Sobrinho2 ;

Ricardo Rodrigues Valadares3; Cláudio Henrique Clemente Fernandes2; Taciana Ramalho Ramos2 ; Demis Carlos Ribeiro Menezes4; Enoch Borges de Oliveira Filho2

1Estudante do Curso de Zootecnia do campi da Universidade Católica; Bolsista do PIBIC-UNITINS/CNPq; E-mail: [email protected]

2Pesquisador /Professores da Universidade do Tocantins; E-mail: [email protected]

3 Estudante do Curso de Zootecnia do campi da Universidade Católica; Bolsista da SEAGRO; E-mail: [email protected]

4 Professores da Universidade Católica do Tocantins; E-mail: [email protected]

1. INTRODUÇÃO:

Os efetivos de caprinos e ovinos do Estado do Tocantins são pouco representativos em relação ao brasileiro, mas representam 17% do efetivo de caprinos e 16% de ovinos da região Norte. Em contrapartida, estes rebanhos vêm, nos últimos anos, apresentando crescimento acima da média nacional e da região Norte, com 41% e 29% de crescimento para os rebanhos de caprinos e ovinos, respectivamente, no período de 2000 a 2005. Isto mostra que embora esta atividade seja incipiente no Estado, possui dinamismo e potencial de crescimento.

O Estado do Tocantins tem como principal atividade a pecuária de corte, porém tem se observado que alguns proprietários vêm, nos últimos anos, diversificando a produção com introdução de atividades como a bovinocultura leiteira, produção de grãos (soja, arroz e milho) e mais recentemente a ovinocaprinocultura, com bom potencial de crescimento. Cerca de 82% da economia do Estado do Tocantins é baseada no agronegócio, onde se destacam as cadeias produtivas da carne e couro, leite, produção de grãos, fruticultura e, em ascensão, a ovinocaprinocultura. Estudo de análise da economia do Tocantins mostra que a ovinocaprinocultura, embora pouco representativa, foi a cadeia produtiva que apresentou maior nível de eficiência coletiva atual (PIRES, 2006).

O Tocantins tem todas as condições para se tornar um grande produtor de caprino 1 Estudo dos aspectos sanitários e das infecções por helmintoses gastrintestinais em ovinos e capri-nos na microrregião de Palmas - TO

Page 2: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

e ovino, pois reúne condições climáticas, técnicas e estruturais para o desenvolvimento da ovinocaprinocultura. Outro fator importante é a disponibilidade de forragens ao longo do ano, que mesmo no período seco, as pastagens apresentam uma boa capacidade de suporte e disponibilidade de grãos para terminação dos animais (ALVES e ALVES, 2001),. Além disso, o avanço na organização dos Serviços Veterinários Oficiais, com o conseqüente controle de doenças, como a Febre Aftosa, facilita o comércio nacional e internacional. A ovinocaprinocultura representa uma importante fonte protéica, tornando, assim, uma atividade de relevante importância econômica em todo o País. No entanto, a produção e a produtividade desses animais ainda são limitadas, devido a problemas de manejo sanitário (ALBERTI et al., 2001). Nesse contexto, as doenças parasitárias ocupam lugar de destaque, sendo responsabilizadas por elevadas perdas econômicas, em decorrência de crescimento retardado, perda de peso, queda na produção de leite, baixa fertilidade e nos casos de infecções elevadas, altas taxa de mortalidade. Dentre as parasitoses, destacam-se as helmintoses gastrintestinais e pulmonares (CAVALCANTE, 2000; SOUZA et al., 2003).

A resistência anti-helmíntica é considerada um dos principais entraves para o sucesso dos programas estratégicos de controle de verminose. É importante considerar que em rebanhos onde há problemas de resistência anti-helmíntica, o prejuízo econômico ocasionado pela verminose é mais acentuado, uma vez que além da queda na produtividade do rebanho, os produtores ainda desembolsam recursos financeiros para a aquisição de ant-helmínticos, cuja eficácia é altamente comprometida, em função da resistência dos vermes. Portanto, este trabalho teve como objetivo avaliar os aspecto sanitário e investigar a ocorrência de resistência dos helmintos gastrintestinais aos produtos a base de albendazole e ivermectina em rebanhos de ovinos na microrregião de Palmas – TO.

2. MATERIAL E MÉTODOS:

O estudo foi realizado em dez propriedades, sendo cinco de criação de ovinos e cinco de caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. Os anti-helmínticos testados foram a base de ivermectina em quatro propriedades de ovinos e duas de caprinos, e albendazole, em duas de ovinos e duas de caprinos. A via de aplicação bem como as dosagens dos anti-helmínticos seguiram a recomendações dos fabricantes. As amostras de fezes foram coletadas diretamente da ampola retal, utilizando sacos plásticos, no dia do tratamento (dia 0) e sete dias após o tratamento (dia 7). As quais foram devidamente identificadas e encaminhadas ao Laboratório de Sanidade Animal da Fundação Universidade do Tocantins – UNITINS. As amostras foram processadas para determinação do número de ovos por grama de fezes (OPG), segundo metodologia descrita por GORDON E WHITLOCK (1939).

A análise da eficácia dos medicamentos foi calculada utilizando à média dos OPG do dia do tratamento e do sétimo dia após. Para calcular a eficácia dos produtos utilizou-se a fórmula do teste de redução do número de ovos por gramas de fezes descrita por EDWARDS et al. (1986), indicando eficácia índice igual ou superior a 90% (COLES, 1992).

4.RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Page 3: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Os resultados dos rebanhos de ovinos tratados com produtos a base de ivermectina foram 85,9; 96,7e 85,7 % de eficiência para as fazendas 1, 2 e 3 respectivamente, indicando resistência em dois dos três rebanhos tratados. É com relação aos rebanho tratado com produto a base de albendazole o porcentual de eficácia foi de 85,7; 94,0 respectiva para as fazendas 4 e 5, indicando resistência em um dos rebanhos (Tabela 1). Tabela – 1 Resultados da eficiência dos anti-helmínticos em rebanhos ovinos realizados na microrregião de Palmas - TOPropriedade Produto utilizado Espécie Eficácia %F-1 Ivermectina Ovinos 85,9F-2 Ivermectina Ovinos 96,7F-3 Ivermectina Ovinos 85,7F-4 Albendazole Ovinos 85,7F-5 Albendazole Ovinos 94,0

Com relação à espécie caprina, verificou resistência nos dois rebanhos tratados com albendazole e eficácia em um. Já nos rebanhos tratados com ivermectina observou-se eficácia em um e resistência em outro (Tabela 2 ). Estes resultados podem ser explicados possivelmente por considerar que os produtos a base de ivermectina e albendazole são as bases químicas mais utilizadas no controle dos helmintos gastrintestinais pelos criadores, contribuindo assim para o desenvolvimento de vermes resistentes. Segundo LIMA (2007), a maioria dos produtores não adota o esquema de vermifugação estratégico, nem realizam anualmente a alternância dos grupos químicos utilizados. Com isso, Os vermes rapidamente desenvolvem resistência às drogas disponíveis no mercado. Tabela – 2 Resultados da eficiência dos anti-helmínticos em rebanhos caprinos realizados na microrregião de Palmas - TO.Propriedade Produto utilizado Espécie Eficácia %F-1 Ivermectina Caprinos 20,0F-2 Albendazole Caprinos 45,0F-3 Albendazole Caprinos 84,7F-4 Ivomectina Caprinos 94,6F-5 Albendazole Caprinos 96,4

5.CONCLUSÃO:

A análise dos resultados mostrou que os tratamentos anti-helmínticos são realizados de forma ineficaz, gerando resistência dos vermes as drogas utilizadas.

6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:

ALBERTI, H., et al. Algumas consideração sobre a resistência dos parasitos aos antiparasitários e métodos de avaliação. A Hora Veterinária, ano 21, n. 123, p. 36 – 40, set/out. 2001.

ALVES, F. S. F.; ALVES, J. U. Viabilidade técnica da exploração de caprinos para leite e de ovinos e caprinos para corte no Estado do Tocantins. Relatório Consultoria Técnica. 2001.

Page 4: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

CAVALCANTE, A. C. Uso de fungos nematófago no controle de nematodeose de ruminantes. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, v. 22, n. 6, p. 234 – 235, 2000.

COLES, G. C., et al. Word Association of for the Advancemente of Veterinary Parasitology (WAAVP) methods for the detection of antihelminti resistence in nematodes of veterinary importance. Veterinary Parasitology, Amsterdam, v. 34, p. 35 – 44, 1992.

EDWARDS, J. R., et al. Survey of antihelminticresisteance in Westem Australia sheep flocks, prevalence. Australian Veterinary Journal, Brunswich, v. 63, n.5, p. 135-136, 1986.

GORDON, H. M.; WHITLOCK, H. V. A. Anew technique for counting nematode eggs in sheep faecess. Journal Science and Industry Organization, v. 12, n.1, p. 50 – 52, 1939.

LIMA, M. M. Estudo de fatores do aspecto sanitários em relação à infecção por parasitos gastrintetinais em caprinos e ovinos no Estado de Pernambuco – Brasil. 2007. 178p. Tese (Doutorado em Ciência Veterinária) – Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife.

PIRES, M. S. Perfil competitivo do Estado do Tocantins. Editora e gráfica ipiranga, 320 p. 2006.

SOUZA, A. P., et al. Dose letal de thiabendazole, em relação ao período de infecção por Haemonchus contortus, Teladorsagia circumcincta e Trichostrongylus spp. Em ovinos. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 22, n. 2, p. 49 – 52, 2003.

.

Page 5: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

INFLUÊNCIA DE FITORMÔNIO NA PRODUÇÃO DE MUDAS SECCIONADAS DE ABACAXI PÉROLA

Dark Luzia dos Santos Neto1; Gustavo Azevedo Campos2; Thadeu Texeira Junior3; Ellen Kehrle4; Gustavo Lemes da Silva4

1Estudante do Curso de Engenharia de Alimentos do campi de Palmas da Universidade Federal do Tocantins, Bolsista do PIBIC-UNITINS/CNPq, e-mail: [email protected]; 2Pesquisador da Embrapa Cerrados, [email protected]; 3Professor, UNITINS/SEAGRO, [email protected]; 4Estagiário(a).

Introdução

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO, 2004), o Brasil produziu o volume de 2,292 milhões de toneladas de abacaxi em 2005, conquistando o primeiro lugar entre os países produtores, superando a Tailândia e as Filipinas que, por muito tempo, lideraram o ranking mundial. Por um lado, a produtividade média brasileira de 37 t.ha-1, em 2005 (FAO, 2004), foi superior à de vários países com cujos produtores possuem perfil similar, a exemplo da Tailândia, China, Índia e Indonésia, que apresentaram produtividade entre 8,41 e 22,23 t.ha-1. Por outro lado, a produtividade brasileira ainda está inferior a de países que usam tecnologia de ponta, como a Costa Rica (59 t.ha-1) e o Quênia (44 t.ha-1). Parte desta diferença é decorrente do uso de cultivares mais produtivas (Smooth Cayenne, Gold), com boa aceitação no mercado internacional, mas de aceitação inferior à cultivar Pérola, cultivar nacional de grande aceitação no mercado brasileiro (REINHARDT, 2008).

O sucesso econômico no cultivo de produtos agrícolas depende muito do uso de material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais importante de qualquer cultura. A situação do material de plantio de abacaxi no Brasil pode ser definida como de escassez de mudas de boa qualidade, que tenham vigor e sanidade adequados para garantir um bom desenvolvimento inicial das plantas e um risco mínimo de ocorrerem doenças e pragas. A muda produzida em viveiro, a partir de pedaços do talo ou caule de plantas que já foram colhidas, é adequada para a implantação de plantios com melhor sanidade, especialmente com relação à fusariose (CUNHA E REINHARDT, 2004).

O seccionamento do talo permite o exame visual das suas partes internas e, portanto, o descarte de todo o material afetado pela fusariose e por outras podridões. Essa técnica pode ser uma atividade altamente rentável, permitindo a oferta de mudas de qualidade e sanidade excelentes ao longo de todo o ano. É, também, auxiliar no estabelecimento de um sistema de viveiristas credenciados e fiscalizados, base para a produção e disponibilização de material de plantio de primeira qualidade.

_________________________________

Projeto: Introdução de novas cultivares de abacaxi, visando a industrialização e maior competitividade das empresas tocantinenses - TO; UNITINS/FINEP/SEBRAE

Page 6: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Após o arranquio da planta, o desbaste das folhas e a eliminação do sistema radicular e da parte apical, o caule é cortado em pedaços longitudinais ou em discos (por guilhotina, facão ou serra circular motorizada), descartando-se rigorosamente, todos os pedaços com sintomas internos ou externos de fusariose. Depois de seccionados, mas ainda no mesmo dia, os pedaços são submetidos a tratamento fungicida inseticida por imersão. Esse método é fundamental para a produção de mudas sadias – livres sobretudo da fusariose - destinadas a plantios em novas áreas e/ou regiões produtoras (REINHARDT e SOUSA, 2000).

O objetivo do ensaio foi testar a influência de fitormônio no desenvolvimento do broto de abacaxi Pérola produzidas por meio da técnica de seccionamento de caule (talo).

Materiais e Métodos

O experimento foi realizado no Centro Agrotecnológico de Palmas, denominado Complexo de Ciências Agrárias, no viveiro, casa de vegetação e Unidade de Laboratórios da UNITINS.

Foram utilizados brotos de abacaxi Pérola, produzidos pelo método de seccionamento de caule e plantados nas dependências do Complexo de Ciências Agrárias da UNITINS.

Os brotos foram tratados nas dependências dos laboratórios do Complexo de Ciências Agrárias da UNITINS, e a fase de desenvolvimento vegetativo foi conduzida em casa de vegetação com temperatura em torno de 30°C e umidade relativa em torno de 40%.

O processo foi realizado com mudas selecionadas e sadias, possuindo em média 3cm

de altura. Após selecionar os brotos, os mesmos foram retirados dos canteiros e levados até o laboratório, em baldes plásticos contendo água. No laboratório foram separadas as quantidades para cada tratamento e logo após receberam o tratamento com fitormônio. Nessa operação, todo e qualquer broto que apresentou sintomas de doenças, especialmente de fusariose, foi imediatamente descartado. Em seguida foram levados a casa de vegetação onde foram plantados em bandejas contendo areia e terra na proporção 1:1.

Foi utilizado o produto ácido 4-(3-indolil) butírico (IBA) para preparar as soluções de fitormônio nas seguintes proporções como segue na Tabela 1. As soluções foram preparadas e usadas no momento da aplicação para garantir a eficácia dos tratamentos.

Para testar os efeitos de doses de fitormônio aplicadas nos brotos desenvolveu-se o experimento onde foram utilizados sete tratamentos em função das doses de fitormônio aplicado (AIB): i) sem fitormônio, somente álcool, 0 ppm; ii) 150 ppm; iii) 300 ppm; iv) 450 ppm; v) 600 ppm; vi) 750ppm vi) somente água, 0 ppm. O delineamento experimental adotado foi de blocos casualisados com 5 repetições.

Cada tratamento foi representado por 30 brotos, plantadas em 2 fileiras, num espaçamento de 5cm entre fileiras e 2cm entre secções dentro das fileiras. Padronizou-se o tamanho em 3cm de comprimento para cada broto.

Page 7: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

TABELA 1. Soluções em ppm, quantidade de AIB (g), Álcool(ml) e água (ml) e volume total das soluções preparadas para os tratamentos. Palmas-TO, 2009.

Solução (ppm) AIB (g) Álcool (mL) Água (mL) Volume total (mL)0 0,000 250 250 500

150 0,075 250 250 500300 0,150 250 250 500450 0,227 250 250 500600 0,300 250 250 500750 0,375 250 250 500Após 44 dias os brotos foram tirados e foi avaliado o número de raízes; os tamanhos

das raízes, utilizando paquímetro; e o peso de massa seca da parte aérea e das raízes. As raízes e parte aérea foram separados e colocados em sacos de papel, seguiram para a estufa a temperatura de 60°C, onde permaneceram até peso constante.

A partir da coleta dos dados para cada tratamento, foi realizada a análise de variância para as características avaliadas utilizando-se um programa computacional GENES (CRUZ, 2001).

Resultados e Discussão

Na Tabela 2 observam-se os resultados referentes a oito parâmetros avaliados sob as diferentes doses de fitormônio visando a obtenção de brotos enraizados de abacaxi Pérola.

O diâmetro e a altura do broto, não sofreram influência do fitormônio nas diferentes doses estudadas. Mas a maior quantidade de raízes foi nos tratamentos: somente com água, com fitormônio a 600ppm e 450ppm. Com base nesses resultados pode-se observar que o álcool teve uma influência negativa junto ao fitormônio. Mas se tratando do comprimento médio das raízes é notável que o fitormônio influência positivamente nas doses de 150, 300 e 450ppm.

Quanto a massa seca pode-se observar que a influência foi positiva no tratamento com 600ppm. Embora não apresente diferença estatisticamente significativa, entre os tratamentos de 150, 300 e 450ppm, observa-se valores crescentes na resposta de comprimento de raiz em função da dose crescente de fitormônio, culminando com 600ppm, mas declinando com a dose maior de 750ppm.

Page 8: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Tabela 2. Resultados de oito parâmetros avaliados sob sete tratamentos na obtenção de brotos enraizados de abacaxizeiro. Palmas - TO, 2009.

Tr a t a -mento DBR ABR NMR SR CMR MSR MSA MST1 5 0 ppm 1.63 a 6.84 a 2.95 b 20.06 b 6.99 a 0.19 b 4.39 a 4.54 b3 0 0 ppm 1.68 a 7.00 a 2.93 b 20.76 b 6.86 a 0.27 b 4.44 a 4.71 b 4 5 0 ppm 1.90 a 7.26 a 3.97 a 27.35 a 6.79 a 0.35 b 5.18 a 5.52 a 6 0 0 ppm 1.74 a 7.02 a 4.97 a 29.91 a 5.93 b 0.49 a 5.37 a 5.87 a 7 5 0 ppm 1.80 a 6.98 a 3.27 b 17.84 b 5.22 b 0.24 b 4.78 a 5.02 b Álcool 1.71 a 6.89 a 3.40 b 16.78 b 4.50 b 0.16 b 4.44 a 4.60 b Água 1.71 a 6.94 a 4.33 a 25.06 a 5.69 b 0.30 b 5.12 a 5.42 a

DBR: diâmetro do Broto (cm); ABR: Altura do Broto (cm); NMR: Número Médio de raízes; SR: somatório de raízes; CMR: Comprimento Médio das Raízes(cm); MSR: Massa Seca das Raízes(g); MSA: Massa Seca Aérea(g); MST: Massa Seca Total(g).

Médias seguidas pela mesma letra, na mesma coluna, pertencem a um mesmo grupo, pelo teste de Scott-Knott modificado a 5% de probabilidade de erro.

Com base nos resultados apresentados pode-se perceber que os melhores resultados foram obtidos com a dosagem 600ppm, pois o comprimento médio das raízes foi maior. Observou-se também que o álcool tem uma influência negativa junto ao fitormônio quando aplicado nos brotos.

O uso de fitormônio (AIB) na produção de mudas pelo método de seccionamento de caule, aplicando o fitormônio na fase de brotação com brotos em média de 3cm de comprimento, na concentração de 600ppm influência positivamente o enraizamento, de acordo com os parâmetros estudados nestas condições do ensaio.

Referências

CUNHA, A.P. G.; REINHARDT, D. H. R. C. Orientações básicas para o cultivo do abacaxizeiro. Comunicado técnico 110, Cruz da Almas – BA, dezembro de 2004.

CRUZ, C.D. Programa GENES (versão Windows), aplicativo computacional em genética e estatística. Viçosa: UFV, 648p. , 2001.

REINHARDT, D. H.; SOUZA, J. da S. Pineapple industry and research in Brazil. Acta Horticulturae, Wageningen, n.529, p.57-71, 2000.

FAO. FAOSTAT. Disponível em:<http://apps.fao.org./faostat/servlet>. Acesso em: 25 ago. 2004.

Page 9: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

REINHARDT, D. H. O agronegócio do abacaxi. In: ALBUQUERQUE, A. C. S.; SILVA, A. G.l da. (Ed.). Agricultura Tropical: quatro décadas de inovações institucionais e políticas. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica. v. 1: Produção e produtividade agrícola, 1.337 p. 2008.

Page 10: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

AVALIAÇÃO AGRONÔMICA DE GENÓTIPOS PROMISSORES DE MAMOEIRO

Ellen Kehrle1; Gustavo Azevedo Campos2; Thadeu Texeira Junior3; Gustavo Le�mes da Silva4; Vinicius Arruda Azevedo4; Antonio pereira Abreu Filho4; Dark Lu�

zia dos Santos Neto4; Simone de Oliveira Pereira4

1Estudante do Curso de Agronomia da Faculdade Católica do Tocantins, Bolsista do PIBIC-UNITINS/CNPq, e-mail: [email protected]; 2Pesquisador da Embrapa Cerrados, [email protected]; 3Professor, UNITINS/SEAGRO, [email protected]; 4Estagiário(a).

Introdução

O mamoeiro é cultivado em quase todos os estados brasileiros, sendo que a grande concentração da área cultivada está na Bahia e Espírito Santo que respondem por cerca 85% da produção nacional (AGRIANUAL, 2006). Para obtenção de alta produtividade o mamoeiro normalmente necessita de aporte artificial de água, mesmo em regiões onde a precipitação pluvial é superior a 1.200mm anuais, mas que sejam distribuídas irregular-mente, devido à sensibilidade da cultura ao déficit hídrico.

A análise de crescimento tem sido usada na tentativa de explicar diferenças no crescimento, de ordem genética ou resultante de modificações do ambiente (PEIXOTO, 1998) e constitui uma ferramenta muito eficiente para a identificação de materiais pro-missores (BENINCASA, 2003), além de identificar características que, no crescimento inicial, indiquem possibilidade de aumento no rendimento da planta adulta, favorecendo os trabalhos de melhoramento na busca por materiais mais produtivos.

O objetivo deste trabalho foi avaliar variedades e híbridos nacionais de mamoei-ro quanto ao desempenho agronômico sob as condições edafo-climáticas do Tocantins, levando-se em consideração as principais características fenotípicas das plantas, físicas e químicas dos frutos, bem como a incidência de mancha fisiológica nos frutos.

Metodologia

O experimento foi realizado na área do projeto de fruticultura irrigada São João, localizado na TO – 050, sentido Porto Nacional no Km 36, e também, no Laboratório de Fruticultura, localizado no Complexo de Ciências Agrárias – CCA – da UNITINS, situa-do no Centro Agrotecnológico de Palmas, a 35 km da capital.

Foram avaliados seis materiais genéticos de mamoeiro: Formosa Feltrin, Formosa Isla, Formosa Local, BSA – Baixinho de Santa Amália, Solo Feltrin e Solo Local. Con-dução do experimento: a semeadura foi realizada no dia 09 de janeiro de 2008 e o plantio das mudas em campo, no dia 16 de abril de 2008. O experimento foi montado seguindo

Page 11: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

o delineamento em blocos casualizados com seis tratamentos em quatro repetições com nove plantas por parcela, em fileira simples com 2m entre plantas e 4m entre linhas. A im-plantação e condução no campo foi conforme preconizado para a cultura. As avaliações foram feitas de acordo com os parâmetros estabelecidos por DANTAS et al, 2000.

Resultados e Discussão

Observa-se na Tabela 1, que para a característica de massa total de frutos colhidos (MTFr), a variedade que apresentou maior peso até o momento foi Formosa Feltrin, com _________________________________

Projeto: Avaliação de híbridos de mamoeiro visando o incremento da cadeia produtiva da fruti-cultura no Tocantins.

251,80kg. O peso médio ideal de fruto da variedade do grupo Solo é de 350 a 600g. Já no grupo Formosa, busca-se frutos com peso médio variando de 800 a 1.100g. Para a carac-terística de massa de fruto representativo (MFrR.), a variedade que apresentou maior peso foi Formosa Feltrin, com 1.126,09g em média por fruto.

As características Comprimento e Diâmetro de fruto permitiram inferir o tamanho de fruto de cada variedade, destacando-se os maiores para o grupo formosa e os menores tamanhos para o grupo solo. O tamanho da cavidade interna do fruto (DCav) variou ao tamanho do próprio fruto em função do grupo formosa ou solo, no entanto é desejável para o comércio, frutos com menor diâmetro de cavidade interna por estar correlacionado a maior resistência de transporte. Os frutos colhidos neste período de avaliação apre-sentaram um teor de brix acima de 10º, e a variedade que se destacou foi a Solo Feltrin com 12,86º brix. Em relação à Espessura da casa, podemos perceber que em comparação aos tratamentos Formosa, o que obteve maior resultado foi o Formosa Feltrin, com de 2,93mm, já a menor espessura de casca foi de Formosa Local, com apenas 2,66mm. Em relação aos tratamentos Solo, a maior espessura de casca foi de BSA, com 2,67mm, e o menor foi de Solo Local, com 2,57mm.

Tabela 1. Sete características quantitativas de mamoeiros avaliados no Pólo de fruticultu-ra irrigada São João, Porto Nacional – TO. 2009.

Tratamento MTFr MFrR CFr DFr DCav ECas SSForm Feltrin 251,80 1 126,09 19,81 10,91 6,13 2,93 11,81 Form Isla 234,99 1 016,91 20,14 10,70 6,09 2,73 11,84 Form Local 177,33 1 006,32 19,90 10,30 5,46 2,66 10,93 BSA 134,15 444,12 11,80 8,31 4,86 2,67 12,77 Solo Feltrin 151,48 498,95 13,29 9,13 5,14 2,63 12,86 Solo Local 123,08 295,96 10,50 8,29 4,95 2,57 11,87

MTFr: massa total dos frutos colhidos (Kg); MFrR: massa de fruto representativo (g); CFr: comprimento do fruto (cm); DFr: diâmetro do fruto (cm); DCav: diâmetro da cavi-dade interna do Fruto (cm); ECas: espessura da casca (mm); SS: teor de sólidos solúveis (ºBrix).

Page 12: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Já na Tabela 2, observa-se resultados das avaliações de características qualitativas de frutos colhidos dos mamoeiros. Entre as características que se destacam de interesse imediato para o produtor são o formato do fruto, formato da cavidade interna, a firmeza da polpa e coloração da polpa.

Segundo Dantas e Neto (2000), o formato de fruto mais desejável para comer-cialização e o formato piriforme. No presente trabalho observou-se que apenas os frutos do grupo formosa apresentaram proximidade deste formato. Já para formato da cavidade interna, o desejado é cavidade redonda e pequena. Neste caso somente Formosa Feltrin apresentaram formato arredondado para cavidade interna. Quanto a firmeza, o desejável são frutos com polpa firme, como observado na maioria dos frutos avaliados. A coloração desejável de alaranjado foi observado somente em Solo Feltrin e BSA (Tabela 2).

Page 13: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Tabela 2. Onze características qualitativas de mamoeiros avaliados no Pólo de fruticul-tura irrigada São João, Porto Nacional – TO. 2009.

Trata�Trata�mento

CFrI�mat:

CFr�Mad

For�Fr

For�Ba

Sul�Sup

For�Cav

Fir�Po

Aro�ma

Cor�

Pol TeP�

la

Cor

Sem Form Feltrin 10,02 4,42 7,96 1,70 1,42 2,92 1,74 1,58 4,68 1,80 4,13 Form Isla 10,35 4,75 7,69 1,66 1,41 3,03 1,70 1,35 4,69 1,74 3,91 Form Local 10,36 6,04 8,47 1,90 1,33 3,08 1,53 1,25 4,50 1,80 3,60 BSA

9,78 4,73 3,98 1,72 1,54 4,39 1,47 1,41 5,00 1,69 3,52 Solo Feltrin 9,79 4,90 3,38 1,88 1,34 3,84 2,21 1,60 5,01 1,44 4,20 Solo Local 9,19 5,25 3,11 1,78 1,85 3,79 2,10 1,62 4,32 1,42 2,75

CFrImat: coloração de fruto imaturo, 9: amarelo, 10: verde claro; CFrMad: coloração de fruto maduro, 4:amarelo-alaranjado, 5:laranja, 6: laranja escuro; ForFr: formato do fruto, 3:arredondado, 4:elíptico, 5:oval, 6:oblongo, 7:oblongo-elipsóide, 8:oblongo-ma-ciço; ForBa: formato da base do fruto, 1:leve depressão, 2:achatado, 3:inflado; SulSup: sulco na superfície do fruto, 1:superficial, 2:intermediário, 3:profundo; ForCav: formato da cavidade interna do fruto, 2:arredondado, 3:angular, 4:aproximado de estrela; FirPol: firmeza da polpa, 1:firme, 2:intermediária, 3:mole; Aroma: aroma da polpa, 1:forte, 2:in-termediária, 3:forte; CorPol: coloração da polpa, 4:amarelo, 5:laranja; TePla: quantidade de tecido placentário, 1:pouco, 2:intermediário, 3:muito; CorSem: coloração da semente, 2:cinza-amarelada, 3:cinza, 4:marrom.

Referências

AGRIANUAL 2003: Anuário Estatístico da Agricultura Brasileira. São Paulo: FNP, Consultoria e Comércio, 2003.

AGRIANUAL, MAMÃO. 2006: Anuário da agricultura brasileira, São Paulo, P. 351, 2005.

BENINCASA, M. M. P. Análise de crescimento de plantas: noções básicas. Jaboticabal: FUNEP, 2003. 42 p.

Dantas, J.L.L., Dantas, A.C.V., Lima, J.F. de. (2002). Mamoeiro. In: Bruckner, C.H. Me-lhoramento de Fruteiras Tropicais. Viçosa: UFV. 309-349p.

DANTAS, J.L.L.; PINTO, R.M.S.; LIMA, J.F.; FERREIRA, F.R. Catálogo de germoplas-ma de mamão (Carica papaya L.). Cruz das Almas, BA: Embrapa Mandioca e Fruticul-tura, 2000. 40p. (Embrapa Mandioca e Fruticultura, Documentos, 94).

DANTAS, J.L.L.; NETO, M.T. de C. Aspectos botânicos e fisiológicos. In. Mamão. Pro-dução: aspectos técnicos / Aldo Vilar Trindade, organizador; Embrapa Mandioca e Fru-ticultura (Cruz das Almas, BA). — Brasília: Embrapa Comunicação para Transferência

Page 14: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

de Tecnologia, p.11-14. 2000.

PEIXOTO, C. P. Análise de crescimento e rendimento de três cultivares de soja em três épocas de semeadura e três densidades de plantas. 1998. 151 f. Tese (Doutorado em Fitotecnia) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1998.

APOIO: EIT – Empresa industrial Técnica, Pólo de fruticultura irrigada São João, Porto Nacional – TO.

Page 15: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

PREFERÊNCIA ALIMENTAR DE CEROTOMA ARCUATA (COLEOPTERA: CHRYSOMELIDAE) A DIFERENTES ESPÉCIES

VEGETAIS

Fabio José Strieder1 ; Roberta Zani da Silva2 ; Daniel de Brito Fragoso2

1Estudante do Curso de Engenharia Ambiental do campus de Palmas da Universidade Federal do Tocantins; Bolsista do PIBIC-UNITINS/CNPq; E-mail:[email protected]

2Professora/Pesquisadora UNITINSAGRO; E-mail: [email protected]

Introdução

A produção do feijão caupi (Vigna unguiculata) no Estado do Tocantins ainda é pequena para atender a demanda da população e é produzido principalmente por pequenos produtores que não dispõem de tecnologias para aumentar a produção, além disso, o ataque de pragas tem contribuído para a baixa produção.

No estado as pragas que mais têm contribuído para os danos ao cultivo são “vaquinhas” Diabrotica speciosa e Cerotoma arcuata (coleoptera: chrysomelidae).

Estratégias de manejo destas pragas são restritas ao controle químico, que além de elevar o custo de produção também não tem sido eficiente, devido à contínua reinfestação das áreas, em vista do seu hábito migratório.

Os inseticidas podem ser de efetiva utilidade na agricultura, porém seu emprego impróprio pode resultar, não só no controle ineficiente de pragas e vetores biológicos de enfermidades, mas também na desnecessária poluição ambiental (CARVALHO et al. 1984).

O sistema de lavoura consorciada pode reduzir a população de várias pragas devido a dificuldade em encontrar seus hospedeiros, além de aumentar a incidência de predadores (ANDOW, 1990).

Rish (1980) estudou a dinâmica populacional dos crisomelídeos C. ruficornis rogersi, D. viridula. e Acalymma em feijão, milho e abóbora em cultivos simples e consorciados. Foi observado que a incidência de Cerotoma sp. em monocultura de feijão é maior do que em cultivo misto com milho (BASTOS et al., 2003), assim como a incidência de insetos predadores e aracnídeos é maior no sistema consorciado (MILANEZ, 1987).

A maioria dos trabalhos publicados utiliza o feijão caupi em consórcio como cultura isca, assim objetivo deste estudo é verificar o potencial atrativo de espécies vegetais para serem utilizadas em consórcio com feijão caupi no controle de C. arcuata diminuindo assim os custos de produção e a quantidade de inseticida usada na cultura.

Page 16: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Matérias e métodos

O estudo foi realizado no Laboratório Insetário no Complexo de Ciências Agrárias - CCA da Fundação Universidade do Tocantins (UNITINS).

Criação massal de C. arcuata em laboratório:

Os insetos foram coletados no campo com auxílio de rede entomológica em cultura isca de feijão caupi e transportados para o laboratório.

Manejo Alternativo De Insetos Praga Do Feijoeiro

Os insetos foram criados conforme metodologia proposta por Ávila et al. (2000), sendo colocados em gaiola (54 x 35 x 35 cm) confeccionadas com armação de madeira e as laterais de tela mantidas a temperatura 25±2°C, umidade relativa de 60±20% e foto-fase de 14h.

Os adultos foram alimentados com plantas de soja (Monsoy8866) para evitar o condicionamento pré-imaginal.

Para o suprimento de alimento nas diferentes épocas do experimento, foram feitos plantios de soja escalonados em casa de vegetação.

Consumo e preferência alimentar em laboratório:

Determinou-se o consumo, alimentando-se os adultos em testes de livre escolha e sem chance de escolha, utilizando-se folhas com a mesma idade fisiológica (5o – 6o folha emitida), dos hospedeiros: caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp), abóbora Goianinha (Cucurbita moschata) e porunga (Lagenaria spp).

O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com três tratamentos e seis repetições.

Os dados foram submetidos a analise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5%.

Teste de livre escolha:

No teste de livre escolha, foram utilizadas placas de Petri de 9 cm de diâmetro, contendo papel filtro umedecido no fundo. Círculos foliares de 2,54 cm2 dos três hospedeiros foram cortados com o auxílio de um vazador, que foram dispostos aleatoriamente de maneira eqüidistante nas placas de Petri (arena). No centro das arenas, foram colocados três indivíduos de C. arcuata.

Page 17: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Após 24h, os adultos foram retirados e procedeu-se a leitura da área remanescente dos círculos foliares, pelo programa SIARCS, sendo o consumo determinado através da diferença entre a área inicial e a área não consumida.

Teste sem chance de escolha:

No teste sem chance de escolha (confinamento), foi oferecido três círculos foliares de apenas um hospedeiro alimentar, em cada placa. O procedimento de avaliação foi idêntico àquele descrito para o teste com chance de escolha.

Índice de Preferência Alimentar:

Para determinar o índice de preferência dos hospedeiros (porunga, caupi e abóbora), instalou-se um experimento de múltipla escolha, onde o caupi foi considerado a planta padrão.

Os círculos foliares foram colocados de forma alternada em placas de Petri, contendo papel filtro umedecido com água destilada, para evitar desidratação dos círculos foliares durante a realização do experimento (24h).

O índice de preferência foi calculado segundo KOGAN & GOEDEN (1970), através da fórmula:

C = 2A / (M + A),

onde:

C = Índice de preferência

A = Consumo da planta teste(porunga e abobora)

M = Consumo da planta padrão(caupi)

A interpretação dos resultados foi de acordo com o valor de C obtido, isto é:

C > 1 - A planta teste foi preferida pelo inseto com relação à planta padrão;

C = 1 - A planta teste é semelhante à planta padrão quanto à preferência;

C < 1 - A planta teste é menos adequada do que a planta padrão.

Page 18: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Resultados e discussão

Consumo e Preferência Alimentar:

Pelo teste de livre escolha, observou-se que o consumo foliar de C. arcuata variou de acordo com os hospedeiros (Tab. 1). Assim, adultos de C. arcuata consumiram área foliar de Caupi, Abobora e Porunga equivalente a 2,29; 1,36 e 0,17 cm2, respectivamente.

Em relação aos dados do teste de consumo sem chance de escolha para C. arcuata, também foi detectada diferença significativa na preferência do inseto em função do hospedeiro, com o menor consumo ocorrendo em abobora e porunga (Tabela 2), semelhante ao teste com chance de escolha, observou-se uma diferença significativa no consumo foliar, onde a média de consumo de feijão caupi foi superior ao consumo de abobora e de porunga.

Tabela 1 – Consumo foliar (cm2) (±EP) de feijão caupi, abóbora e porunga, por adultos de C. arcuata (n=6), durante 24 horas em teste de livre escolha (Temperatura de 25±2oC, UR de 60±20% e fotofase de 14h).

Planta Hospedeira Consumo FoliarFeijão caupi 2,29* ± 0,04 AAbobora 1,36 ± 0,04 BPorunga 0,17 ± 0,05 CC.V (%) 8,87

*Médias seguidas de letras diferentes na coluna diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.

Tabela 2 – Consumo foliar (cm2) (±EP) de feijão caupi, abóbora e porunga, por adultos de C. arcuata (n=6), durante 24 horas em teste sem chance de escolha (Temperatura de 25±2oC, UR de 60±20% e fotofase de 14h).

Planta Hospedeira Consumo FoliarPlanta Hospedeira 2,37 ± 0,05 AFeijão caupi 1,49 ± 0,14 BAbobora 0,17 ± 0,04 CC.V (%) 17,21

*Médias seguidas de letras diferentes nas colunas diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade

O índice de preferência (tabela 3) da planta padrão (caupi) em relação às plantas testes (abóbora e porunga), foi significativamente maior quando comparado com o de abóbora e porunga. Isto demonstra a preferência de C. arcuata por caupi, pois no teste

Page 19: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

de livre escolha e sem chance de escolha, houve diferença significativa entre caupi, abobora e porunga. Na determinação do índice de preferência comparando-se caupi x abobora, observou-se que o índice foi inferior a um (0,75), indicando preferência de C. arcuata por caupi. Quando se comparou caupi x porunga o índice foi inferior a um (0,14), demonstrando preferência do inseto pelo caupi. Essa informação justifica a ocorrência da praga em quantidades relativamente grandes, causando prejuízos econômicos nas culturas de caupi (Vieira 1988).

Tabela 3 – Índice de Preferência Alimentar (±EP) de Caupi X Abobora e Calpi X Porunga, por adultos de C. arcuata (n=6), durante 24 horas em teste de multipla escolha. Temperatura de 25±2oC, UR de 60±20% e fotofase de 14h.

Planta Padrão X Planta Teste Índice de Preferencia AlimentarVigna unguiculata X Cucurbita moschata 0,75* ± 0,02 A1Vigna unguiculata X Lagenaria spp 0,083 ± 0,04 A2C.V. (%) 12,72

*Médias seguidas de letras diferentes nas colunas diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.

Apesar do estudo realizado por Parra e Dori (2002), aponta um índice de preferência alimentar maior para abobora do que para caupi, isto pode ser explicado, em parte, por serem populações de C. arcuata da região Sudeste, onde não se cultiva caupi, portanto, bem diferentes, das populações da região Norte e Nordeste, onde a cultura é cultivada em grandes áreas.

O teste de preferência alimentar realizado em laboratório se mostrou satisfatório quanto a determinação de índices de preferência, sendo que os resultados obtidos darão subsídios para escolha de plantas iscas a campo, assim como na escolha de novas espécies a serem testadas.

Page 20: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Referências Bibliográficas

ANDOW, D.A. Population dynamics of an insect herbivore in simple and diverse habitats. Ecology, Ithaca, v.72, n.3, p.1006- 1017, 1990.

ÁVILA, C.J., A.C.P. TABAI & J.R.P. PARRA. 2000. Comparação de técnicas para criação de Diabrotica speciosa (Germar) (Coleoptera: Chrysomelidae) em dietas natural e artificial. An. Soc. Entomol. Brasil 29: 257-267.

BASTOS, C.S.; GALVÃO J. C. C.; PICANÇO, M. C.; CECON, P. R.; PEREIRA, P. R. G. Incidência de insetos fitófagos e de predadores no milho e no feijão cultivados em sistema exclusivo e consorciado. Ciência Rural, Santa Maria, v.33, n.3, p.391-397, 2003.

CARVALHO, J.P.P.; NISHIXAWA, A.M.; ARANHAS, S.; FAY, E.F. Resíduos de praguicidas clorados em gordura bovina. O Biológico, 50:2. 1984.

DORI N.E. e PARRA J.R.P. Desenvolvimento de uma Técnica de Criação para Cerotoma Arcuata Olivier em Laboratório. Depto. Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agricola, ESALQ/USP, Piracicaba, São Paulo, 2002.

KOGAN, M. & R.D. GOEDEN. The host-plant range of Lema rilineata daturaphila (Coleoptera: Chrysomelidae). Annals of Entomologic Society of America, 63: 1175-1180, 1970.

RISCH, S. The population dynamics of several herbivorous beetles in a tropical agroecosystem: the effect of intercropping corn, beans and squash in Costa Rica. Journal of Applied Ecology, Oxford, v.17, p.593-612, 1980.

MILANEZ, J.M. Estudo da entomofauna em consórcio de feijão-milho em Santa Catarina. Florianópolis: EMPASC,1987. 16p. (EMPASC. Comunicado Técnico).

Page 21: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

VIEIRA, C. 1988. Doenças e pragas do feijoeiro. Viçosa, UFV, Imprensa Universitária. 231p.

Page 22: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

POLINIZAÇÃO DA MELANCIA POR ABELHAS AFRICANIZADAS1

Francisco Tiago de Souza Gomes1; Daniel de Brito Fragoso2; Lauro Lopes Valadares2; Flávio Vieira Medeiros da Cunha2; Rafael Pereira Soares da Rocha³

1Estudante do Curso de Engenharia Ambiental do campi de Palmas - Universidade Federal do Tocantins; Bolsista do PIBIC-UNITINS/CNPq; E-mail: [email protected]

2Professor e pesquisadores da Diretoria de Pesquisa Agropecuária e Desenvolvimento Rural – UNITINS AGRO; E-mail:[email protected]; [email protected]

³Técnico em Agropecuária Diretoria de Pesquisa Agropecuária e Desenvolvimento Rural – UNITINS AGRO;

Introdução

A melancia (Citrullus lanatus) é originária das regiões da África tropical, tendo como centro de diversificação secundário o Sul da Ásia. A cultura foi introduzida na América no século XVI. A melancia pertence à família das cucurbitáceas. Trata-se de uma planta anual, de crescimento rasteiro, com várias ramificações que alcançam até 5 m de comprimento.

A melancia, embora não sendo brasileira, tem se destacado entre as principais olerícolas cultivadas no país. A área plantada em 2008 superou 80.000 ha, com produtividade da ordem de 21 t/ha. Seu cultivo vem se expandindo com áreas de produção em vários Estados brasileiros, com destaque para Bahia (427.720 t), Rio Grande do Sul (412.970 t), São Paulo (244.850 t), Goiás (174.170 t) e Pernambuco (122.360 t), tendo ocorrido um incremento da ordem de 19,46% em relação a área plantada no Brasil no período de 1993 a 2000 e 54,11% em relação a produção no mesmo período (AGRIANUAL, 2004).

A produção de melancia, no Tocantins, em 2007 atingiu a marca de 165 mil toneladas. Os produtores rurais tocantinenses comemoram a evolução e o significativo aumento de 26% em relação ao ano passado. Nos dois municípios responsáveis pela produção no Estado, Formoso do Araguaia e Lagoa da Confusão, foram plantados cerca de 5 mil hectares do fruto (SEAGRO-TO, 2008).

As cultivares de melancia tradicionalmente mais plantadas no Brasil são de origem americana ou japonesa, que se adaptaram bem às nossas condições. O produtor tem a sua disposição um grande número de cultivares que diferem entre si quanto à forma do fruto, coloração externa e da polpa.

As flores masculinas e femininas localizam-se separadamente na mesma planta.

1 Projeto: Módulo de Pesquisa em Abelhas; Unitins/Seagro-TO; Pibic/CNPq/Uni-tins.

Page 23: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Cada flor permanece aberta por apenas um dia. A abertura ocorre de uma a duas horas após o aparecimento do sol e o fechamento, à tarde. As flores femininas da melancia abrem após o nascer do sol e permanecem abertas apenas durante algumas horas, menos de 1 dia e são predominantemente polinizadas por abelhas. A atividade das abelhas inicia-se logo após o nascer do sol e prolonga-se até meio da tarde, podendo declinar nas horas de maior calor (ALMEIDA, 2003).

A polinização é realizada por abelhas, normalmente pela manhã. A presença de abelhas durante a fase de florescimento é fundamental para aumentar o pegamento dos frutos, conseqüentemente a produtividade e para diminuir o número de frutos defeituosos.

Para uma boa produtividade é necessário que cada flor seja visitada pelo menos 8 vezes (HOCHMUTH et al., 1996). O vingamento diminui se a flor for visitada menos de 4 vezes. As colméias devem ser colocadas no perímetro da parcela no início da floração masculina.

Relatos de produtores tocantinenses que colocam colméias de abelhas africanizadas nos plantios tem observado aumento da ordem de 7 a 10 ton./ha. Portanto, a necessidade de um trabalho de pesquisa para investigação científica destas informações.

Metodologia

Este trabalho foi realizado na área experimental da Fundação Universidade do Tocantins - Unitins, situada no Complexo de Ciências Agrárias – CCA. No local, foi selecionada uma área para plantio de 270 m², dividida em três blocos com espaçamento de 0,8 m entre covas e 3,0 m entre linhas, tendo um total de seis linhas e 15 colunas (Fig. 1).

Após a realização de uma aração, foi coletado amostras de solo para a análise físico-química, para embasar a utilização da adubação química. Para o plantio foram abertas covas de 20 cm de profundidade, onde foram colocadas 3 sementes/cova. Adubação química utilizada foi 155 gramas de N-P-K na formulação 5:15:5.

O desbaste foi realizado aos 25 dias após o plantio, período este em que foi feita a adubação de cobertura com 114 g/covas gramas de N-K na proporção 1:1. No início da floração (cerca de 40 dias após o plantio), foram colocadas telas com tecido organza, para proteção contra polinização de abelhas. Seguido da colocação de uma caixa de abelhas africanizada (Fig. 1).

Page 24: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Figura 1. Foto do experimento montado no Centro Agrotecnológico de Palmas – TO.

Figura 2. Cobertura de fileiras, para proteção contra a polinização de abelhas.

A colheita dos frutos e a coleta de dados foram feitas aos 75 dias depois o plantio. Cinco plantas por bloco com polinização aberta e fechada foram usadas na avaliação da polinização por meio de quantificação do número de frutos e respectivos pesos (Fig. 3).

Page 25: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Figura 3. Foto da colheita do experimento, mostrando o processo de pesagem dos frutos.

A segunda etapa do projeto foi realizada em duas áreas no Complexo de Ciências Agrárias – CCA. Sendo uma com a presença de caixas de abelhas africanizada e outra na região do Centro de Pesquisa Fazendinha sem a presença, seguindo os mesmos procedimentos fitotécnicos do primeiro experimento, porém sem a cobertura de tecido.

Resultados e Discussão

Os resultados obtidos estão apresentados na Tabela 1. As plantas que foram cobertas com o tecido organza não produziram frutos, enquanto que as plantas polinizadas por abelhas produziram frutos com um valor de peso médio por planta de 6,63. A produtividade média por hectare foi de 27,6 toneladas, superior a média nacional que é de 21 ton/ha.

Page 26: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Tabela 1. Produção de melancia (Citrulus lunatus), em condições de polinização aberta e fechada a abelhas africanizadas.

Tratamentos N ú m e r o médio de frutos/planta

Peso médio de frutos/planta(kg)

Produtivdade (Ton/ha)

P o l i n i z a ç ã o aberta

5,0 a* 6,63 a 27,6 a

P o l i n i z a ç ã o fechada

0,0 b 0,0 b 0,0 b

*Médias com letras diferentes nas colunas diferiram entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

Estudos realizados com polinização fechada em Setor de Horticultura da Universidade de Passo Fundo em Passo Fundo – RS com morangos demonstraram uma porcentagem de apenas 23,3% dos frutos produzidos, já com a presença de colméias essa aumentou para 61,2%, mostrando assim, a eficiência da polinização por abelhas (ANTUNES 2007).

Na área protegida contra abelha, foi observado o crescimento normal das plantas e presença de florescimento, porém não houve vingamento de frutos, devido a ausência de polinização pelas abelhas (Fig. 4).

Figura 4. Abertura da área protegida no período da colheita, detalhes da presença de flores e ausência de frutos.

Com nos resultados preliminares concluímos que, as plantas com acesso a polinização por abelhas apresentaram produtividade superior a média nacional. Este fato observado evidencia o importante papel das abelhas como polinizadoras da cultura da melancia.

Page 27: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Referências

AGRIANUAL, 2004. São Paulo: FNP. p. 406-408

ALMEIDA, D.P.F. Melancia. Faculdade de Ciências, Universidade do Porto.

2003.

ANTUNES, Odirce Teixeira et al. Produção de cultivares de morangueiro polinizadas pela abelha jataí em ambiente protegido. Hortic. Bras. [online]. 2007, vol.25, n.1, pp. 94-99. ISSN 0102-0536.

HOCHMUTH, G. J., D.N. MAYNARD, C.S. VAVRINA, W.M. STALL, T.A. KUCHAREK, F. A. JOHNSON, T. G. TAYLOR. Cucurbit production in Florida: cantaloupe, cucumber, muskmelon, pumpkin, squash, watermelon. In: HOCHMUTH, G. J. & D.N. MAYNARD (editors). Vegetable production guide for Florida. University of Florida, Institute of Food and Agricultural Sciences, pp. 179-207. 1996.

SECRETARIA DA AGRICULTURA PECÚARIA E ABASTECIMENTO TO ESTADO DO TOCANTINS – SEAGRO. Fruticultura. Disponível em: < http://www.to.gov.br/seagro/conteudo.php?id=58>. Data de acesso: 03 de agosto de 2009.

Page 28: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Produção de biomassa aérea e decomposição de Crotalaria juncea em função de diferentes densidades de semeadura e espaçamentos entre

sulcos de plantio

GEOMAR AIRES ANDRADE(1), ARISON JOSÉ PEREIRA(2), VIVIANE FERNANDES MOREIRA(2), BRUNNO LANG FRAZÃO DE MORAES(2), LUIZ PAULO FIGUEREDO

BENICIO(3), TALYTA SOUZA DIAS(1), GLEISON SOUZA ROCHA(1).

1.Acadêmico de Engenharia Agronômica (FACTO), Bolsista PIBIC/UNITINS, 2.Professor da Fundação Universidade do Tocantins, Unitins Agro. [email protected]; [email protected], [email protected]; 3.Acadêmico de Engenharia Agronômica (UFT).

Introdução

O uso de plantas de cobertura é uma prática agrícola que contribui para a conservação dos solos tropicais, protegendo-os da exposição direta ao sol e do impacto das chuvas e dos ventos, principais agentes causadores de sua degradação. Além do efeito de proteção, tais plantas podem ser manejadas visando à adubação verde, acarretando impacto positivo sobre as características químicas, físicas e biológicas dos solos (DE-POLLI et al., 1996). O cultivo de plantas para adubação verde pode conduzir à conservação e incremento do teor de matéria orgânica do solo (CANELLAS et al., 2004), conferindo ao agricultor certa autonomia em relação à disponibilidade de matéria orgânica.

Apesar, de várias espécies de famílias botânicas serem cultivadas para tal fim, destacam-se aquelas da família Leguminosae. As leguminosas, além de proporcionarem benefícios similares aos obtidos com espécies de outras famílias, formam associações simbióticas com bactérias fixadoras de N2 dos gêneros Rhizobium sp. e Bradyrhizobium sp., resultando em quantidades expressivas de N após o corte, acarretando, se adequadamente manejada, auto-suficiência neste nutriente (GUERRA et al., 2004). Dentro das leguminosas, merece destaque o gênero Crotalaria L., que figura entre os cinco maiores gêneros desta família, com cerca de 700 espécies nos trópicos e subtrópicos do mundo, principalmente na África, Madagascar e Índia (ROSKOV, et al., 2005). Nos neotrópicos são encontradas cerca de 70 espécies (LEWIS, 1987; POLHILL et al., 2001), sendo o Brasil e México considerados centros de diversidade do gênero no continente americano (PALOMINO & VÁSQUEZ, 1991). As espécies de Crotalaria vivem em lugares abertos, muitas ocupando habitats perturbados pelo homem, como margem de estradas e de plantações ou consideradas invasoras de culturas. A maioria está adaptada a lugares quentes, porém algumas espécies se desenvolvem melhor em climas temperados ou são capazes de viver em solos salinos (MATOS, 1978).

No Brasil a principal forma de utilização de Crotalaria é como adubo verde, principalmente pela característica marcante das leguminosas em formar associações simbióticas com bactérias dos gêneros Rhizobium e Bradyrhizobium, representando uma das principais fontes biológicas de nitrogênio para os solos agrícolas (FREIRE, 1992). Conhecida desde a Antigüidade, essa prática pode ser conceituada como o uso de plantas em rotação ou consórcio com culturas de interesse econômico, tendo seus resíduos

Page 29: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

incorporados ao solo ou mantidos na superfície (COSTA et al., 1993).

Dentre as espécies de Crotalaria L., a maioria dos trabalhos e informações científicas no Brasil reportam-se à Crotalaria juncea (COSTA et al, 1993; ESPINDOLA et al., 2005), cujo uso é amplamente preconizado face o seu rápido crescimento, supressão de ervas espontâneas e ao grande potencial de produção de fitomassa e fixação biológica do nitrogênio atmosférico (PEREIRA, 2004).

Teoricamente, para uma planta atingir o seu potencial máximo de produção, é necessário que, além de encontrar as melhores condições de solo e clima, sofra o mínimo de competição. Estudos de arranjo de plantas com novas disposições na lavoura permitem minimizar a competição intraespecífica e maximizar o aproveitamento dos recursos ambientais. As modificações no arranjo podem ser feitas por meio da variação do espaçamento entre as plantas dentro da linha de semeadura e da distância entre as linhas (PIRES et. al., 1998).

Inúmeros estudos (DONALD & HAMBLIN, 1976) mostram que, ao longo do tempo, a produtividade biológica tem-se mantido constante. No entanto, a produtividade econômica tem aumentado continuamente em função do aumento do índice de colheita. Seleção de plantas que alocam maior proporção de material em órgãos de importância econômica tem sido responsável por essa tendência (DONALD, 1963; DONALD & HAMBLIN, 1976; DUNCAN et. al.,1978; PEIXOTO, 1998).

Outros fatores podem estar relacionados com a redução no espaçamento, como a maior eficiência no uso da água devido à menor evaporação, melhor exploração da fertilidade do solo e maior capacidade de competição com plantas espontâneas (PIRES et al., 1998).

Face o exposto, o objetivo geral do trabalho é determinar arranjos populacionais de Crotalaria juncea que permitam otimizar o potencial de desenvolvimento desta leguminosa usada como adubo verde.

Metodologia

Foi conduzido um experimento na Fazendinha Agroecológica de Palmas, localizada no Centro Agrotecnológico de Palmas, na rodovia TO-050, km 10, Palmas-TO, no período de primavera-verão (estação chuvosa).

Amostras de solo foram retiradas na camada de 0-20 cm e análise química da terra foi realizada para determinação dos teores de nutrientes. De acordo com os resultados obtidos nas análises de rotina de fertilidade do solo, foi realizada adubação homogênea com P, na forma de termofosfato e K na forma de cinza, para correção de deficiências nutricionais.

O delineamento experimental adotado constou de blocos ao acaso com tratamentos distribuídos em arranjo fatorial 4 x 4 (densidades x espaçamentos entre sulcos de plantio), com, respectivamente, 5, 10, 20 e 40 plantas por metro linear e 0,3, 0,6, 0,9 e 1,2 m entre sulcos de plantio. Cada parcela experimental possuiu área de 24m2, composta por linhas com 6m de comprimento. O plantio foi realizado no início do período chuvoso, após preparo da terra com aração e gradagem. Na véspera do plantio, estirpes de bactérias do gênero Rhizobium, recomendadas pela Embrapa Agrobiologia, foram inoculadas

Page 30: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

nas sementes. Foram utilizadas altas densidades de semeadura para posterior ajuste de população, através de desbaste manual.

Na época do florescimento (com aproximadamente 50% das flores emitidas) foi efetuado o corte de parte aérea na altura de 0,05 m da superfície do terreno. As plantas foram coletadas e pesadas para a determinação da fitomassa aérea fresca. Foram retiradas sub-amostras de cada tratamento, para serem pesadas e acondicionadas em sacos de papel e colocadas em estufa de ventilação forçada, à 65oC, permanecendo por 96 horas, para posterior determinação da produção de matéria seca da parte aérea.

A avaliação da decomposição dos resíduos vegetais foi iniciada após o corte da parte aérea da plantas. Logo após o corte foi pesado 50g de material, em seguida, as amostras foram acondicionadas em sacolas de tela plástica com abertura de malha de 4mm, permitindo assim a passagem de microorganismos e alguns invertebrados. As sacolas foram dispostas na superfície do solo. Em cada data de coleta o conteúdo remanescente das sacolas está sendo levado ao laboratório, para procedimento da limpeza e separação do material (haste e folhas), das partículas de solo, com auxílio de um pincel. Após esta etapa, haste e folha serão acondicionados em sacos de papel, separadamente, e levados à estufa de ventilação forçada de ar, à 65oC, até o material alcançar massa constante, para determinação de massa seca. O material seco será processado em moinho do tipo Willey (abertura de peneira de 20 mesh).

Os dados de decomposição dos resíduos estão sendo ajustados de acordo com modelo exponencial simples ( X= Xo e-kt ), como utilizado por REZENDE et al. (1999); onde X é a quantidade de matéria seca ou nutriente remanescente após um período de tempo, em dias; Xo é a quantidade de matéria seca ou nutriente inicial; e K é uma constante de decomposição. Reorganizando os termos da equação, é possível calcular a constante de decomposição ou valor K; descrito como K= -In (X/X0)/t. Será também estimada a partir do modelo, o tempo de meia vida, que expressa o período de tempo necessário para que a metade dos resíduos se decomponha ou para que a metade dos nutrientes contidos nesses resíduos seja liberada. De acordo com REZENDE et al. (1999), é possível calcular os tempos de meia vida através da equação: t1/2 = ln 0,5/K, onde T1/2 é o tempo de meia vida de matéria seca ou nutriente.

Os dados estão foram submetidos a testes de normalidade e homogeneidade da variância dos erros. Atendidas as pressuposições, foi realizada análise de variância, adotando-se o teste F. As variáveis cujo “teste F” foi significativo (p ≤ 0,05), foram submetidas à análise de comparação múltipla, adotando-se o teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade, com o auxílio do programa estatístico SAEG versão 9.0.

Resultados e Discussão

A partir dos resultados das análises estatísticas, observa-se que não houveram efeitos significativos dos tratamentos avaliados. Os resultados das produtividades médias de biomassa aérea de crotalária indicam que indiferentemente da população de plantas e/ou arranjo espacial do cultivo, a produtividade é semelhante (Tabela 1).

Estes resultados apresentados demonstram que o comportamento de Crotalaria juncea cultivada sob diferentes espaçamentos apresentou o fenômeno conhecido como crescimento compensatório, onde se observa que apesar da redução do número de plantas

Page 31: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

nos maiores espaçamentos e menores densidades de plantio, estas plantas compensaram o menor número de indivíduos, produzindo a mesma quantidade de biomassa por unidade de espaço, como visto na Tabela 1. Estes resultados diferem dos obtidos por PEREIRA (2007), em estudo com tratamentos semelhantes, contudo, desenvolvido na baixada fluminense, com condições de solo e clima diferentes do presente estudo.

A capacidade compensatória observada nas plantas de crotalária no presente estudo indicam que independentemente do espaçamento entre plantas e entre sulcos, a produtividade final de biomassa é estatisticamente semelhante, fato que significa que quando o objetivo do cultivo for a produção de biomassa aérea para a adubação verde, o produtor rural poderá adotar densidades e espaçamentos adequados aos seus equipamentos de plantio e principalmente adotar menores populações, uma vez que geralmente o custo de aquisição de sementes de adubos verdes são elevados.

Tabela 1. Produtividade de biomassa aérea fresca de Crotalaria juncea em função de diferentes densidades de plantas e espaçamentos entre sulcos de plantio.

Produtividade de biomassa aérea fresca*

Densidade de

plantas (plantas.m-1)

Espaçamento entre linhas de plantio (m)

0,3 0,6 0,9 1,2 Média

5 27,50 25,15 37,35 37,18 31,7910 34,00 22,81 27,33 31,32 28,8620 25,28 28,08 29,95 31,89 28,8040 30,18 25,60 31,50 37,35 31,16

Média 29,24 25,41 31,53 34,43 30,15C.V. 25,40

* Não significativo a nível de 5% de probabilidade.

A decomposição dos resíduos da parte aérea dos adubos verdes foi estimada “in situ”, sendo determinada a partir da proporção de matéria seca remanescente ao longo do tempo e sendo descrita por um modelo exponencial simples (REZENDE et al., 1999). Os modelos de regressão e os parâmetros das equações de decomposição estão apresentados na tabela 2.

A constante k do modelo matemático adotado permite comparar a taxa de decomposição dos resíduos das diferentes coberturas, ou seja, valores menores correspondem a menores taxas de decomposição. Desta forma se observou tendência que em maiores espaçamentos entre sulcos e menores densidades de plantio, os resíduos das plantas de crotalária apresentaram maior resistência a decomposição (Tabela 2), fato que possivelmente está associado ao engrossamento dos caule das plantas em menores populações, o que provavelmente possibilitou maior deposição de ligninas e polifenóis nos tecidos das estruturas de sustentação das plantas, constituindo-se em compostos de decomposição mais lenta.

Page 32: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Em contrapartida, em menores espaçamentos e maiores densidade de plantio, observou-se tendência dos resíduos apresentarem maior velocidade de decomposição, conforme observado na tabela 2.

O manejo dos resíduos culturais, em superfície ou incorporados ao solo, resulta em diferentes velocidades de decomposição. Todavia, não existe consenso na literatura com relação ao melhor método para avaliação desta decomposição, sendo a concentração de N e as relações C/N e lignina/N sugeridas por alguns autores como parâmetros a serem considerados (MELLILO et al., 1982).

Nesse sentido, a decomposição da biomassa das plantas de cobertura pode ser manejada para melhorar a absorção e utilização de nutrientes fornecidos às culturas. Para isso, podem ser estabelecidas duas estratégias: regular as taxas de liberação dos nutrientes para melhorar a sincronização do suprimento do nutriente com a demanda da planta; e proporcionar ambiente mais favorável ao crescimento da planta (MAFONGOYA et al., 1997).

Assim, as distintas taxas de decomposição obtidas no presente trabalho mostraram a necessidade de estudos futuros do manejo de resíduos vegetais.

Tabela 2. Taxas de decomposição de Crotalaria juncea em função de diferentes densidades de plantas e espaçamentos entre sulcos de plantio.

Densi-

dade de

plantas

(pl.m-1)

Espaçamentos entre sulcos (m)0,3 0,6 0,9 1,2

K2 Equação r2 K2 Equação r2 K2 Equação r2 K2 Equação r2

5 0,014Y= 38,502e-

0,0137x0,74 0,013

Y= 36,063e-

0,0130x0,63 0,010

Y=34,373e-

0,01x0,43 0,010

Y=34,712e-

0,0092x0,40

10 0,010Y=34,71e-

0,0099x0,44 0,011

Y=37,144e-

0,0105x0,53 0,011

Y=35,811e

-0,0108

0,52 0,011Y=34,164e-

0,0108x0,58

20 0,011Y=35,279e-

0,0106x0,49 0,014

Y=36,24e-

0,0143x0,68 0,014

Y=35,24e-

0,014x0,63 0,016

Y=36,098e-

0,0163x0,73

40 0,012Y=34,047e-

0,0076x0,28 0,011

Y=33,605e-

0,0054x0,16 0,010

Y=33,436e-

0,0091x0,34 0,016

Y=37,449e-

0,0157x0,76

ConclusõesIndiferentemente da população de plantas e/ou arranjo espacial do cultivo de

Crotalaria juncea, a produtividade média de biomassa aérea é semelhante. Em maiores espaçamentos entre sulcos e menores densidades de plantio, os

resíduos das plantas de Crotalaria juncea apresentaram maior resistência a decomposição.

Referências BibliográficasALVES, B.J.R.; SANTOS, J.C.F.dos; URQUIAGA, S.; BODDEY, R.M. Métodos de determinação do nitrogênio em solo e planta. In: HUNGRIA, M.; ARAÚJO, R. S., (Ed.). Manual de métodos empregados em estudos de microbiologia agrícola. Brasília: EMBRAPA-SPI; Goiânia: EMBRAPA-CNPAF, 1994. p. 449-4 67.

Page 33: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

BATAGLIA, O. C.; FURLANI, A. M. C.; TEIXEIRA, J. P. F.; GALLO, J. R. Métodos de análise química de plantas. Campinas: Instituto Agronômico, 1983. n. p. (Instituto Agronômico de Campinas. Boletim, 78).

BARRETO, P.D. Plantio em leirões, densidade e arranjo populacional no rendimento do feijoeiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 17, p. 93-98, 1982.

CANELLAS, L. P.; ESPÍNDOLA, J. A. A.; REZENDE, C. E.; CAMARGO, P. B.de; ZANDOMADI, D. B.; RUMJANEK, V. M.; GUERRA, J. G. M.; TEIXEIRA, M. G.; BRAZ-FILHO, R. Organic matter quality in a soil cultivated with perennial herbaceous legumes. Scientia Agrícola, Piracicaba, v. 61, n. 1, p. 53-61, jan./fev., 2004.

COSTA, M. B. B. da; CALEGARI, A.; MONDARDO, A.; BULISSANI, E.A; WILDNER,L.P.; ALCANTARA, P.B.; MYASAKA,S.; AMADO, T.J.C. Adubação verde no sul do Brasil. Rio de Janeiro: AS - PTA, 1993. 346 p.

DE-POLLI, H.; GUERRA, J.G.M.; ALMEIDA, D.L.; FRANCO. A.A. Adubação verde: Parâmetros para avaliação de sua eficiência. In CASTRO FILHO, C.; MUZILLI, O., ed. Manejo integrado de solos em microbacias hidrográficas. Londrina: IAPAR/SBCS, 1996. p. 225-242.

ESPINDOLA, J. A. A; GUERRA, J. G. M; ALMEIDA, D. L. de. Uso de Leguminosas Herbáceas para Adubação Verde. In: Adriana Maria de Aquino; Renato Linhares de Assis. (Org.). Agroecologia: princípios e técnicas para uma agricultura orgânica sustentável. 1 ed. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2005, v. 2, p. 435-451.

FREIRE, J.R.J. Fixação do nitrogênio pela simbiose rizóbio/leguminosas. In: CARDOSO, E.J.B.N.; TSAI, S.M.; NEVES, M.C.P. (Eds.). Microbiologia do solo. Campinas: SBCS, 1992. p.121-140.

GUERRA, J. G. M.; DE-POLLI, H.; ALMEIDA, D. L. de. Managing carbon and nitrogen in tropical organic farming trough green manuring. In: ADETOLA BADEJO, M.; TOGUN, A. O. (Ed.). Strategies and tactics of sustainable agriculture in the tropics. Ibadan: College Press, 2004. V. 2.

LEWIS, G. P. Legumes of Bahia. Kew: Royal Botanic Gardens. 1987. p. 309 - 314.

MATOS, F. G.. El genero Crotalaria en Venezuela. Acta Botanica Venezuelica, 1978. v.13, p. 81-108.

Page 34: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

PALOMINO, G. & VÁSQUEZ, R. Cytogenetic studies in Mexican populations of species of Crotalaria L. (Leguminosae-Papilionoideae). Cytologia, 1991. v. 56, p. 343-351.

PEREIRA, A. J. Produção de fitomassa aérea e sementes de Crotalaria juncea a partir de diferentes arranjos populacionais e épocas do ano. 2004. 68 p. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ.

PIRES, J. L. F.; COSTA, J. A.; THOMAS, A. L. Rendimento de grãos de soja influenciado pelo arranjo de plantas e níveis de adubação. Pesquisa Agropecuária Gaúcha, v. 4, n. 2, p. 89 – 92, 1998.

POLHILL, R. M., TOZZI, A.M.G.A. & FLORES, A.S. Crotalarieae. ln: BISBY, F.A. et al (eds.). International Legume Database & Information Service (ILDIS) Legumes or the world - CD-Rom e http://www.ildis.org. 2001.

POLHILL, R. M.; RAVEN, P. H. (Ed.). Advances in legume systematics. Kew: Royal Botanic Gardens, 1981. Part 1 e 2.

ROSKOV Y.R., BISBY F.A., ZARUCCHI J.L., SCHRIRE B.D., WHITE R.J., eds. (2005). ILDIS World Database of Legumes: draft checklist, version 10 (November 2005). CD-ROM. ILDIS: Reading, U.K.

SHEARER, G. & KOHL, D.H. N2 fixation in field settings: estimations based on natural 15N abundance. Aust. J. Plant Physiol., 13, 699-756, 1986.

_________________________________

Projeto: Fazendinha Agroecológica de Palmas - Sistema Integrado de Pesquisa em Produção Agroecológica: Instrumento para a Sustentabilidade dos Sistemas de Produção e Valorização de Produtos Agropecuários Orgânicos; UNITINS/PIBIC; Fundação Universidade do Tocantins.

Page 35: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Produção de fitomassa aérea e taxa de decomposição dos resíduos de sete leguminosas, na região de transição Cerrado-

Amazônia

GLEISON SOUZA ROCHA(1), ARISON JOSÉ PEREIRA(2), VIVIANE FERNANDES MOREIRA(2), GEOMAR AIRES ANDRADE(1), BRUNNO LANG FRAZÃO DE

MORAES(2), TALYTA SOUZA DIAS(1), LUIZ PAULO FIGUEREDO BENICIO(3).

1.Acadêmico de Engenharia Agronômica (FACTO), Bolsista PIBIC/UNITINS, 2.Professor da Fundação Universidade do Tocantins, Unitins Agro. [email protected]; [email protected], [email protected]; 3.Acadêmico de Engenharia Agronômica (UFT).

Introdução

A agricultura atual, com elevada utilização de energia e insumos externos, dificilmente conseguirá subsistir a longo prazo, uma vez que o manejo intensivo do solo sem praticas conservacionistas induz a exposição direta ao sol, às chuvas e aos ventos, principais agentes causadores de sua degradação em condições tropicais (PRIMAVESI, 1988; COSTA et. al., 1993; DE-POLLI et. al., 1996), alterando as características química, física e biológica, em maior ou menor período de tempo (COSTA et. al., 1993). Nota-se, nas últimas décadas, que a necessidade de produzir, cada vez mais, têm levado a alterações tecnológicas de práticas culturais, cujas conseqüências ecológicas não têm sido entendidas suficientemente (SIDERAS & PAVAN, 1985).

No Brasil, assim como na maioria dos países tropicais, a baixa disponibilidade de nitrogênio dos solos é limitante, devido à rápida decomposição da matéria orgânica e ocorrência de fortes chuvas, lixiviando o elemento (DÖBEREINER, 1997), sendo responsável em grande parte pelos baixos níveis de produtividade das culturas. Depois da água, o nitrogênio é o fator mais crítico para o crescimento e a produção, sendo exigido pelas plantas em quantidades significativas, pois participa da constituição protéica e de outras biomoléculas estocadas, principalmente nos grãos. Devido aos altos preços dos fertilizantes nitrogenados, as aplicações deste tipo de fertilizante na agricultura são baixas, dessa forma, parte do N requerido pelas plantas pode ser obtida pela Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) realizada por grupos de microorganismos procariotos com potencial de reduzir o N2 atmosférico transformando-o em uma forma assimilável pela planta, tornado o cultivo economicamente viável e competitivo, além de reduzir os problemas com a poluição ambiental (DÖBEREINER, 1997).

Uma prática que vem sendo bastante utilizada para aproveitamento do nitrogênio do ar é a da adubação verde, definida como: “A prática de enriquecimento do solo com matéria vegetal não decomposta (exceto resíduos de culturas), nascida no lugar ou trazida de fora”.Este conceito, no entanto, é muito mais antigo, tendo início na China, na dinastia de Chou, no período compreendido entre 1134-247 a.C. (SOUZA, 1953). Segundo CALEGARI (1998), adubação verde é a utilização de plantas em rotação ou consorciadas a cultivos, incorporando-as ao solo ou deixando-as em superfície, contribuindo para manutenção e/ou melhoria de características físicas, químicas e biológicas do solo. Para

Page 36: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

este autor a adubação verde tem múltiplas funções, ou seja, proteção contra impacto direto sobre o solo de gotas de chuva; conservar umidade; diminuir oscilações térmicas; favorecer infiltração de água; evitar erosão; adicionar e/ou reciclar nutrientes; favorecer o controle de plantas invasoras. Normalmente, as plantas que vem sendo mais utilizadas para esta prática são as da família Leguminosae, principalmente por sua forte interação com bactérias do gênero Rhizobium que possibilitam altos níveis de fixação do N2.

Os resultados de pesquisa relativos aos efeitos da adubação verde com leguminosas anuais sobre as características físicas, químicas e biológicas dos solos (DE- POLLI et. al., 1996; ESPÍNDOLA et. al., 1997), e benefícios para a produtividade de culturas (CHADAS & DE-POLLI, 1988; SOUZA et. al., 1999; OLIVEIRA, 2001) tem sido amplamente divulgados no meio científico.

O cultivo do solo sem o emprego de práticas que favoreçam a conservação do solo e a manutenção de sua fertilidade poderá causar queda de produtividade, com reflexo no aumento do custo de produção e diminuição dos lucros (PRIMAVESI, 1988). Ressalta-se, portanto, que os solos cultivados e desgastados serão, obrigatoriamente, os mesmos a serem utilizados pelas gerações futuras. Assim, a preservação do potencial produtivo do solo deixa de ser um problema meramente técnico, para assumir importante papel no contexto social e econômico (BERTONI & LOMBARDI NETO, 1990).

Uma importante informação para o cultivo de adubos verdes, diz respeito a época de semeadura, pois seu efeito significativo é bastante conhecido (AMABILE et. al., 1996 e 2000). Com a constatação desse efeito, sugere a possibilidade de melhorar o rendimento de fitomassa seca, mediante estratégias agronômicas que busquem o aperfeiçoamento das práticas agrícolas como a determinação correta das épocas mais recomendadas à semeadura das espécies empregadas como adubos verdes.

AMABILE et. al. (1996), verificaram que o atraso da semeadura, em relação ao início da estação chuvosa, acelerou o florescimento de C. juncea e reduziu o rendimento de fitomassa seca, sendo que com este atraso, os dias tornaram-se curtos, com menor número de horas por dia de luz, causando a diminuição da fase vegetativa da C. juncea.

Face o exposto, o objetivo geral do presente trabalho foi determinar o potencial de produção de fitomassa aérea e a taxa de decomposição dos resíduos de sete leguminosas, na região de transição Cerrado-Amazônia.

Metodologia

O experimento foi conduzido na Fazendinha Agroecológica de Palmas, localizada no Centro Agrotecnológico de Palmas, rodovia TO-080, km 10, Palmas-TO, localização geográfica do campo experimental da Unitins Agro, se situa entre o paralelo 10º 24’ 19,4” de latitude (Sul) e meridiano 48º 21’ 33,5” de longitude oeste (W) de Greenwich, com altitude média de 213 metros, no período de primavera-verão (estação chuvosa).

Foi avaliado o peso de 100 (cem) sementes onde os dados obtidos foram Crotalaria juncea: 4,99g Crotalaria ochroleuca: 0,85g; Crotalaria spectabilis: 1,84g; Mucuna preta (Stizolobium aterrimum): 96,33g; Mucuna cinza (Stizolobium cinereum): 110,14g Feijão Guandu (Cajanus cajan): 14,93g. Também testes de germinação foram feitos para

Page 37: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

observar seu poder germinativo.

Amostras de solo foram retiradas na camada de 0-20 cm para análise química e determinação dos teores de nutrientes. Face os resultados obtidos, realizou-se adubação homogênea com P, na forma de termofosfato “YORIN MASTER (18% de P2O5 total) e K na forma de cinza (5% de K2O), nas doses equivalentes a, respectivamente, 80 kg ha-1 de P2O5 e 80 kg ha-1 de K2O, para correção de possíveis deficiências nutricionais.

O delineamento experimental adotado foi de blocos ao acaso, com quatro repetições, tendo como tratamentos as espécies Crotalaria juncea, Crotalaria ochroleuca, Crotalaria spectabilis, Mucuna preta (Stizolobium aterrimum), Mucuna cinza (Stizolobium cinereum), Feijão Guandu (Cajanus cajan) e Feijão de Porco (Canavalia ensiformis). A área total de cada parcela foi de 10,8 m2. A semeadura (03/02/2009) ocorreu após aração, gradagem e sulcamento.

Antecedendo a semeadura, estirpes de bactérias do gênero Bradyrhizobium sp., recomendada pela Embrapa Agrobiologia, foram inoculadas nas sementes das sete espécies. A população de plantas adotada foi de 1.000.000 por hectare, que corresponde a uma densidade de plantio de 30 plantas.m-1, com sulcos espaçados de 0,3 m para as espécies de Crotalaria L. e de 4 plantas.m-1, com sulcos espaçados de 0,6 m para para as duas Mucunas, feijão de porco e de 8 plantas.m-1, com sulcos espaçados de 0,6 m para feijão guandu. Na semeadura foi utilizada alta densidade de plantio (aproximadamente o dobro de sementes) para posterior ajuste da população de plantas por meio de desbaste manual aos 15 dias após a semeadura.

A produção de fitomassa aérea foi determinada, quando as plantas chegaram ao tempo de maturação das sementes, cortando-as a 0,05 m acima da superfície do solo. As plantas foram coletadas e pesadas para a determinação da fitomassa aérea fresca, (tabela 01). Foram retiradas sub-amostras de cada tratamento (tabela 01); para serem pesadas e acondicionadas em sacos de papel e colocadas em estufa de ventilação forçada, à 65oC, devido ao imprevisto não foi possível o uso da estufa pelo mau funcionamento da mesma, para que houvesse posterior determinação da produção de matéria seca da parte aérea.

A avaliação da decomposição dos resíduos vegetais foi iniciada após o corte da parte aérea da plantas. após o corte foi pesado 50g de material, em seguida, as amostras foram acondicionadas em sacolas de tela plástica com abertura de malha de 4mm, permitindo assim a passagem de microorganismos e alguns invertebrados. As sacolas foram dispostas na superfície do solo. E já foram feitas duas coletas aos 4 e 17 dias as demais sacolas para a realização de coletas serão aos, 42, 60, 75, 95 e 130 dias após o início do ensaio. Em cada data de coleta o conteúdo remanescente das sacolas está sendo levado ao laboratório, para procedimento da limpeza e separação do material (haste e folhas), das partículas de solo, com auxílio de um pincel.

Os dados de decomposição dos resíduos serão ajustados de acordo com modelo exponencial simples ( X= Xo e-kt ), como utilizado por REZENDE et al. (1999); onde X é a quantidade de matéria seca ou nutriente remanescente após um período de tempo, em dias; Xo é a quantidade de matéria seca ou nutriente inicial; e K é uma constante de decomposição. Reorganizando os termos da equação, é possível calcular a constante de decomposição ou valor K; descrito como K= -In (X/X0)/t. Será também estimada a partir do modelo, o tempo de meia vida, que expressa o período de tempo necessário para que a

Page 38: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

metade dos resíduos se decomponha ou para que a metade dos nutrientes contidos nesses resíduos seja liberada. De acordo com REZENDE et al. (1999), é possível calcular os tempos de meia vida através da equação: t1/2 = ln 0,5/K, onde t1/2 é o tempo de meia vida de matéria seca ou nutriente.

As curvas de perdas de matéria seca e nutrientes dos resíduos vegetais, assim como as equações matemáticas, que melhor representarem o fenômeno, serão obtidas por meio de análises no programa Sigma Plot.

Os dados foram submetidos a testes de normalidade e homogeneidade da variância dos erros. Atendidas as pressuposições, foi realizada análise de variância, adotando-se o teste F. As variáveis cujo “teste F” for significativo (p ≤ 0,05), foram submetidas à análise de comparação múltipla, adotando-se o teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade, com o auxílio do programa estatístico SAEG versão 9.0.

Resultados e Discussão

Ao interpretar o resultado da análise de variância do experimento, observa-se efeito significativo (p ≤ 0,05) para a produtividade de fitomassa aérea fresca das espécies estudadas (Figura 1).

A

BC

C

AB

ABCBC

BC

0

5

10

15

20

25

30

Crot. J

unce

a

Crot. O

crhole

ucra

Crot. S

pectá

bilis

Feijão

guan

du

Mucun

a cinz

a

Mucun

a pret

a

Feijão

de po

rco

Espécies

Prod

utiv

idad

e de

Bio

mas

sa A

érea

Fr

esca

(t.h

a-1)

Figura 1- Produtividade de fitomassa aérea fresca de sete leguminosas com hábito de crescimento contrastante em condições da transição Cerrado-Amazônia.

As maiores produções de fitomassa aérea fresca, foram obtidas com Feijão de porco e Feijão Guandu (Figura 2). O menor rendimento foi obtido no cultivo de Mucuna

Page 39: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

cinza.

De maneira geral, observou-se que o cultivo das leguminosas proporcionou boas produções de fitomassa aérea seca, onde os melhores rendimentos foram obtidos com Feijão de porco e Guandu. Como a manutenção da produtividade encontra-se, em grande parte, associada à conservação e ao incremento de matéria orgânica dos solos (CANELLAS et al., 2004; GUERRA et al., 2004; ESPINDOLA et al., 2005), a adoção de sistemas que privilegiem a produção “in situ” de fitomassa como é caso da adubação verde, torna-se importante para o manejo da fertilidade do solo, principalmente em unidades orgânicas. Observou-se que as espécies presentemente avaliadas, com exceção de Mucuna cinza, apresentaram características desejáveis quanto à quantidade de fitomassa recomendada para cobertura de solo (SKORA NETO, 1998; DAROLT & SKORA NETO, 2007; EMBRAPA, 2007).

A decomposição dos resíduos da parte aérea dos adubos verdes foi estimada “in situ”, sendo determinada a partir da proporção de matéria seca remanescente ao longo do tempo e sendo descrita por um modelo exponencial simples (REZENDE et al., 1999). Os modelos de regressão e os parâmetros das equações de decomposição foram significativos ao nível de 5% de probabilidade, conforme apresentado Tabela 1.

A constante k do modelo matemático adotado permite comparar a taxa de decomposição dos resíduos das diferentes coberturas, ou seja, valores menores correspondem a menores taxas de decomposição. Desta forma observa-se que as espécies C. juncea, Mucuna Cinza e Feijão guandu, apresentaram menor taxa de decomposição, seguida pela C. ochroleuca, C. spectabilis e M preta (Tabela 1).

Maiores valores da constante K foram observados em Feijão de porco, o que significa uma maior velocidade de decomposição dos resíduos da parte aérea destas espécies como observado na Tabela 1.

Ao analisar as equações que representam o percentual de matéria seca remanescente das sete espécies leguminosas estudadas, verifica-se que C. juncea e Feijão guandu proporcionam melhor potencial para cobertura e proteção do solo. Esta maior permanência dos resíduos representa importante estratégia para o manejo e conservação de solos tropicais como é o caso da região onde trabalho foi desenvolvido.

O manejo dos resíduos culturais, em superfície ou incorporados ao solo, resulta em diferentes velocidades de decomposição. Todavia, não existe consenso na literatura com relação ao melhor método para avaliação desta decomposição, sendo a concentração de N e as relações C/N e lignina/N sugeridas por alguns autores como parâmetros a serem considerados (MELLILO et al., 1982).

Page 40: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Tabela 1. Constante de decomposição (K) e equação de decomposição da matéria fresca de sete espécies de adubos verdes.

Espécies de adubos verdes

Parâmetros da equação1 de decomposiçãok2

(g.g-1dia-1)Equação Coef. de determ.

(r2)Crotalária Juncea 0,0156 38,100e-0,0156x 0,56

Crotalária Ocroleuca 0,0208 y = 34,779e-0,0208x 0,53Crotalária spectabilis 0,0295 y = 36,568e-0,0295x 0,77

Feijão Guandu 0,0178 y = 37,862e-0,0178x 0,61Mucuna cinza 0,0168 y = 32,735e-0,0168x 0,37Mucuna preta 0,0272 y = 31,28e-0,0272x 0,56

Feijão de porco 0,0371 y = 33,208e-0,0371x 0,751Equação: C=Co e-kt; 2Constante de decaimento.

Conclusões1. As maiores produções de fitomassa aérea fresca, foram obtidas com cultivo de

Feijão de porco, seguida de C.spectabilis e Feijão Guandu.2. A maior taxa de decomposição dos resíduos foi obtida em Feijão de porco, seguida

de C. spectabilis e Mucuna preta.3. O melhor potencial para cobertura e proteção do solo foi obtido em C. juncea e

Feijão guandu.

Referências BibliográficasALVES, B.J.R.; SANTOS, J.C.F.dos; URQUIAGA, S.; BODDEY, R.M. Métodos de determinação do nitrogênio em solo e planta. In: HUNGRIA, M.; ARAÚJO, R. S., (Ed.). Manual de métodos empregados em estudos de microbiologia agrícola. Brasília: EMBRAPA-SPI; Goiânia: EMBRAPA-CNPAF, 1994. p. 449-4 67.

AMABILE, R.F.; CARVALHO, A.M. de; DUARTE, J.B.; FANCELLI, A.L. Efeito de. épocas de semeadura na fisiologia e produção de fitomassa de leguminosas nos cerrados da região do Matogrosso de Goiás. Sci. agric. vol. 53 n. 2-3 Piracicaba May/Dec. 1996

AMABILE, R.F.; FANCELLI, A.L.; CARVALHO, A.M. de; Comportamento de espécies de adubos verdes em diferentes épocas de semeadura e espaçamentos na região dos cerrados Pesq. agropec. bras., Brasília, v.35, n.1, p.47-54, jan. 2000.

BATAGLIA, O. C.; FURLANI, A. M. C.; TEIXEIRA, J. P. F.; GALLO, J. R. Métodos de análise química de plantas. Campinas: Instituto Agronômico, 1983. n. p. (Instituto Agronômico de Campinas. Boletim, 78).

BERTONI, J.; LOMBARDI NETO, F. Conservação do solo. São Paulo: Ícone, 1990.

355 p.

Page 41: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

CALEGARI, A. Espécies para cobertura do solo. In: DAROLT, M. R.(Org.). Plantio direto: pequena propriedade sustentável. Londrina: IAPAR. p.65-93, 1998.

CHADAS, S.; DE-POLLI, H. Nodulação de leguminosas tropicais promissoras para adubação verde em solo deficiente em fósforo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 23, p. 1197-1202, 1988.

COSTA, M. B. B. da (Coord.). Adubação verde no sul do Brasil. Rio de Janeiro: AS - PTA, 1993. 346 p.

DE-POLLI, H; GUERRA, J.G.M; ALMEIDA, D.L; FRANCO. A.A. Adubação verde: Parâmetros para avaliação de sua eficiência. In CASTRO FILHO, C; MUZILLI, O., ed. Manejo integrado de solos em microbacias hidrográficas. Londrina: IAPAR/SBCS, 1996. p. 225-242.

DÖBEREINER, J. Biological nitrogen fixation in the tropics: social and economic contributions. Soil Biology & Biochemistry. V. 29, n. 516, p. 771 – 774, 1997.

ESPÍNDOLA, J. A. A.; GUERRA, J. G. M; ALMEIDA, D. L. de. Adubação verde: estratégia para uma agricultura sustentável. Seropédica: Embrapa Agrobiologia, 1997. 20 p. (EMBRAPA- CNPAB. Documentos, 42).

GILLER K.E. & WILSON K.J. Nitrogen fixation in tropical cropping systems. Wallingford: CAB International, 1991. 313p.

MOREIRA, V.F. Produção de biomassa de guandu a partir de diferentes densidades de plantio e cultivo de brócolos em faixas intercalares sob manejo orgânico. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. 66p. Dissertação de Mestrado em Ciência do Solo, 2003.

OLIVEIRA, F.L. de. Manejo orgânico da cultura do repolho (Brassica oleracea var. capitata): Adubação orgânica, adubação verde e consorciação. 2001. 87p. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica-RJ.

PEREIRA, A. J. Produção de fitomassa aérea e sementes de Crotalaria juncea a partir de diferentes arranjos populacionais e épocas do ano. 2004. 68 p. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica,

Page 42: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

RJ.

PRIMAVESI, A. Manejo ecológico do solo: a agricultura em regiões tropicais. São Paulo: Nobel, 1988. 549 p.

REZENDE, C. P.; CANTARUTTI, R. B.; BRAGA, J. M.; GOMIDE, J. A.; PEREIRA, J. M.; FERREIRA, E.; TARRÉ, R.; MACEDO, R.; ALVES, B. J R.; URQUIAGA, S.; CADISCH, G.; GILLER, K.; BODDEY, R.M. Litter deposition and disappearance in Brachiaria pastures in the Atlantic forest region of the South of Bahia, Brazil. Nutrient Cycling in Agroecossystems. v. 54, p. 99-112, 1999.

SIDERAS, N.; PAVAN, M. A. Influência do sistema de manejo do solo no seu nível de fertilidade. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Campinas, v. 9, p. 249- 254, 1985.

SOUZA, D.F. A adubação verde e o problema dessa prática agrícola na lavoura canavieira paulista. Piracicaba, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, 1953. Tese de Doutoramento.

SHEARER, G. & KOHL, D.H. N2 fixation in field settings: estimations based on natural 15N abundance. Aust. J. Plant Physiol., 13, 699-756, 1986.

SOUZA, F.A. de; TRUFEM, S.F.B.; ALMEIDA, D.L.; SILVA, E.M.R.; GUERRA, J.G. M. Efeito de pré-cultivos sobre o potencial de inóculo de fungos micorrízicos arbusculares e produção da mandioca. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 34, p. 1913- 1923, 1999.

ZOTARELLI, L.; FERREIRA, E.; OLIVEIRA, O.C.; BODDEY, R.M.; URQUIAGA, S. & ALVES, B.J.R. Limitação de nitrogênio na decomposição da matéria orgânica do solo de uma pastagem degradada de Panicum maximum. [abstract] In: III SINRAD - Simpósio Nacional de Recuperação de Áreas Degradas. Ouro Preto, MG, p.118-24, 1997.

_________________________________

Projeto: Fazendinha Agroecológica de Palmas - Sistema Integrado de Pesquisa em Produção Agroecológica: Instrumento para a Sustentabilidade dos Sistemas de Produção e Valorização de Produtos Agropecuários Orgânicos; UNITINS/PIBIC; Fundação Universidade do Tocantins.

Page 43: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

DESEMPENHO DE SEIS POPULAÇÕES DE MARACUJAZEIRO NA REGIÃO DE PALMAS – TO

Gustavo Lemes da Silva1; Gustavo Azevedo Campos2; Thadeu Teixeira Junior3; Ellen Kehrle4, Dark Luzia dos Santos Neto4

1Estudante do Curso de Agronomia da Faculdade Católica do Tocantins, Bolsista do PIBIC-UNITINS/CNPq, e-mail: [email protected]; 2Pesquisador da Embrapa Cerrados, [email protected]; 3Professor, UNITINS/SEAGRO, [email protected]; 4Estagiário(a)

1-Introdução

Dentre os principais fatores responsáveis pela baixa produtividade, destaca-se: o cultivo de variedades ou linhagens inadequadas; uso de mudas de baixa qualidade e contaminadas com doenças; ausência de irrigação nas regiões sujeitas a déficit hídrico; ausência de um plano adequado de correção do solo, adubação, manejo de pragas e de doenças; além da não realização da polinização manual (Maia, 2005).

Em 1999 foi criado, no Estado do Tocantins, o Programa de Perenização das Águas do Tocantins - PROPERTINS, com recursos do Ministério da Integração, onde apenas para o projeto piloto de aproveitamento das águas do Rio Manuel Alves, há uma expectativa de que o maracujazeiro ocupe uma área de 550 hectares e gere R$ 3 milhões. Dessa maneira a fruticultura tem sido fomentada em todo o Estado do Tocantins, no qual têm surgido diversos pólos de fruticultura devido às condições climáticas propícias ao desenvolvimento da fruticultura tropical. No entanto, há uma escassez de informações quanto ao cultivo do maracujazeiro no Estado, o que dificulta a adoção e expansão da cultura, assim como o desenvolvimento satisfatório da cadeia produtiva do maracujá na região. Dentre as espécies cultivadas, o maracujazeiro-amarelo (Passiflora edulis f. flavicarpa) apresenta uma grande variação nas suas características. Esta variedade corresponde a 97 % da área plantada com o maracujazeiro no Brasil (Agrianual, 2007). É uma planta que apresenta, predominantemente, polinização cruzada, necessitando ser complementada com polinização manual, pois esta prática promove aumento do peso dos frutos, do número de sementes, no rendimento de suco, na frutificação e na produtividade (Kavati, 1998).

O objetivo foi avaliar agronomicamente diferentes populações de maracujazeiro para as condições edafo-climáticas da região de Palmas – TO para o segundo ano de produção.

Metodologia

O ensaio foi realizado na área do projeto de fruticultura irrigada São João, na TO-050, sentido Porto Nacional, Km 36, em parceria com a Empresa Industrial Técnica - EIT.

Foram avaliadas seis populações: IAC-277 (comercializada pela Embrapa), AP-1

Page 44: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

e GA-2 (cedidas pela Embrapa CPAC), FB-200 (comercializada pela Flora Brasil – Araguari – MG), Redondo Amarelo (ISLA PARK) e UFV-C54 (provenientes do programa de melhoramento da UFV – Universidade Federal de Viçosa).

Estas populações foram avaliadas em períodos anteriores e foram selecionadas como promissoras para continuidade das avaliações agronômicas e seleção de matrizes para cruzamento e continuidade do programa de melhoramento genético visando a disponibilização de uma população local adaptada mais produtiva (Campos, 2008).

As plantas foram conduzidas em sistema de arame, sendo sustentadas por um único fio na altura de 2,0 m a partir do solo. Foi adotado um espaçamento de 5,0m entre plantas na fileira e 4,0 m entre fileiras. O delineamento estatístico foi em blocos casualisados com 4 repetições. A unidade experimental foi constituída de 7 plantas, num total de 28 plantas por população.

A semeadura foi realizada em bandejas e tubetes colocados em viveiro, com irrigações diárias até o plantio definitivo no campo.

O preparo do solo, adubação e tratos fitossanitários foram realizados de acordo com as recomendações para a cultura.

A Irrigação instalada foi por micro-aspersão e monitorada constantemente para se manter o turno de rega estabelecido.

Desde a primeira colheita, foram feitas amostragens por genótipo durante os meses de frutificação, onde foram colhidos apenas os frutos maduros, na ocasião da amostragem. As características avaliadas foram:

Desde a primeira florada foi feita a contagem dos frutos, contando-se todos os frutos na parcela e dividindo-se pelo número de plantas, obtendo-se o número médio de frutos por planta.

Amostras dez frutos por genótipo foram realizadas nas plantas, em seguida os frutos serão pesados em balança eletrônica de precisão 0,01 grama e capacidade de 4,0 kg (mínimo).

As medidas de comprimento dos frutos foram feitas a partir de medidas das dimensões longitudinais dos frutos, com a utilização de paquímetro.

As medidas de largura dos frutos foram feitas a partir de medidas das dimensões transversais dos frutos, com a utilização de paquímetro.

A espessura da casca foi determinada por meio de medição da casca externa na porção mediana dos frutos (cortados transversalmente, no sentido de maior diâmetro), com utilização de paquímetro.

O teor de sólidos solúveis foi obtido por refratometria, utilizando-se refratômetro com leitura na faixa de 0 a 32o de brix. As leituras serão feitas em amostras de suco da polpa de cada fruto. Serão feitas 5 amostras de cada material.

_________________________________

Projeto: Comportamento de populações de maracujazeiro na região de Palmas – TO

Page 45: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

O rendimento da polpa foi obtido por meio da diferença entre o peso do fruto e o peso da casca, utilizando-se 5 frutos e os resultados finais expressos em %.

Para cada tratamento (população), será realizada a análise de variância para as características avaliadas utilizando-se dos recursos tecnológicos do software GENES (para Windows) (CRUZ, 2001).

Resultados e Discussão

O experimento teve inicio no dia 11 de janeiro de 2008 com sua semeadura, e as plantas foram transplantadas no dia 28 de Marco de 2008 com sua instalação do experimento no campo. E as avaliações tiveram inicio no dia 20 de novembro de 2008 com a colheita de seus primeiros frutos comercias do pomar.

Na tabela 1 contém resultados finais de avaliações agronômicas de seis variadades de maracujazeiro cultivados no Projeto de fruticultura irrigada São João, em Porto Nacional.

Na Tabela 1 pode-se observar que a variedade que apresentou maior produção de frutos em tonelada por hectare (ton) foi a variedade UFV-C54 que teve rendimento de peso final de 20,93g.

E quanto ao peso médio de frutos (PMF) a variedade que apresentou maior peso foi o Red. Amar, com o peso de 126,58g. Na característica Peso Médio de Polpa (PMPolpa) a variedade que se destacou foi a Red.Amar, também foi a que se destacou, com 77,83g de polpa por fruto.

Tabela 1. Resultado de oito parâmetros de seis variedades de maracujazeiro cultivados no Projeto de fruticultura irrigada São João, Porto Nacional - TO, 2008-2009.

Varie-dades Ton.ha-1 PMF

PMPol -pa %Polpa CF DF EC BRIX

R e d .Amar 19,74 a 126,58 a 77,83 a 39,19 b 7,60 a 6,99 a 0,53 a 12,92 cF B -200 20,33 a 125,62 a 69,18 a 36,74 c 7,75 a 6,82 a 0,53 a 13,22 bAP-1 19,88 a 120,20 a 68,60 a 38,15 b 7,88 a 7,45 a 0,48 b 12,80 cGA-2 20,06 a 120,06 a 61,87 b 34,96 c 7,36 a 6,91 a 0,51 a 12,85 cU F V -C54 20,93 a 107,63 a 69,02 a 40,78 b 6,89 b 6,51 a 0,53 a 13,75 aI A C -277 19,63 a 87,38 b 61,02 b 44,22 a 6,66 b 6,27 a 0,43 b 13,58 a

Ton.ha-1: produção média de frutos (ton) por hectare; PMF: Peso Médio de Fruto (g); PMPolpa: Peso Médio de Polpa por fruto (g); %Polpa: porcentagem de polpa no fruto; CF: comprimento do fruto (cm); DF: diâmetro do fruto (cm); EC: média da espessura da casca (cm); BRIX: teor médio de sólidos solúveis (ºbrix);

*Médias seguidas pela mesma letra, na mesma coluna, pertencem a um mesmo grupo, pelo teste de Scott-Knott modificado a 5% de probabilidade de erro. O tratamento IAC-277 apresentou maior porcentagem de polpa (% de polpa) que teve o rendimento de

Page 46: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

44,22g. Provavelmente em função da menor espessura de casca apresentada por esta variedade, 0,43 cm de espessura.

Os frutos que foram colhidos apresentaram um teor médio de brix abaixo do observado em avaliações de anos anteriores (Campos, 2008) que foi de 14º, e a variedade que apresentou o brix mais elevado foi o tratamento UFV-C54 com 13,75º brix.

Embora a UFV-C54 tenha apresentado o maior valor absoluto em termos de produção de frutos, não houve diferença estatisticamente significativa entre as variedades. No entanto, o parâmetro de peso de fruto e de polpa deve ser considerado para tomada de decisão pelo produtor, assim a variedade Redondo Amarelo se destaca por apresentar o maior peso médio, seguida do FB-200, característica essa que faz toda a diferença no momento da comercialização da produção, pois o mercado in natura paga melhor por frutos maiores (extra).

Baseado nas avaliações realizadas até o momento, as variedades Redondo Amarelo e FB-200 podem ser consideradas as mais indicadas para a utilização pelos produtores de maracujá na região.

Referências

AGRIANUAL. Maracujá. São Paulo: FNP Consultoria & Comércio, 2007. p.387-394.

CAMPOS, G.A.; CELLA, A.J.S; TEIXEIRA JUNIOR, T.; COSTA, J.S.; VIANA, Z.W.; FENANDES, D.C. Resultados agronômicos de maracujazeiros cultivados no projeto de fruticultura irrigada São João – TO. III Seminário de Ciência e Tecnologia Agropecuária da UNITINS, 2008, Palmas – TO. p. 96-99.

CRUZ, C.D. Programa GENES (versão Windows), aplicativo computacional em genética e estatística. Viçosa: UFV, 648p. , 2001. Versão 2005.0.0.

KAVATI, R. Florescimento e frutificação do maracujazeiro amarelo (Passiflora edulis f. flavicarpa). In: SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE A CULTURA DO MARACUJAZEIRO, 5, 1998. Jaboticabal/Coordenador Carlos Ruggiero. Anais... Jaboticabal: Funep, p.107-129.

MAIA, T. E. de G. Implantação de pomar de maracujá e mamão consorciados sob irrigação por gotejamento para comercialização no Distrito Federal. UPIS - Faculdades Integradas, Departamento de Agronomia. Planaltina – DF. 2005. Disponível em: <http://www.upis.br/pesquisas/pdf/agronomia/projeto_empresarial/boletim%20tecnico%20-%20Thales%20Eduardo.pdf>. Acesso em: 22 de Set. de 2009.

APOIO: EIT – Empresa industrial Técnica, Pólo de fruticultura irrigada São João, Porto Nacional – TO.

Page 47: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

ORCHIDACEAE DA SUB-BACIA DO RIBEIRÃO SÃO JOAO, TOCANTINS

Lemos, H. L.1; Silva, R. Z. da 2; Santos, E. R.2

1 Bióloga formada pelo Ceulp Ulbra de Palmas TO; Bolsista do PIBIC-UNITINS/CNPq; E-mail:[email protected]

2 Pesquisador da Fundação Universidade do Tocantins (UNITINS/ NUPAM).

Introdução

A família Orchidaceae é composta por plantas que estão disseminadas por todos os continentes, com um total de mais de 19,500 espécies distribuídas em 725 generos (Dressler, 1993). O Brasil possui cerca de 2.350 espécies distribuídas em 191 gêneros, para o Cerrado são registradas de 500-600 destas, ou seja, 25% da biodiversidade dessa família, ocupando a terceira colocação, atrás da Serra do Mar seguida da Amazônia (Pabst e Dungs, 1975).Para o Estado do Tocantins, Curcino (2006) identificou 46 espécies distribuídas em 23 gêneros em 10,8 % dos municípios do Estado. Esta constitui a maior lista da família já divulgada para o Estado do Tocantins, entretanto diversas espécies só foram identificadas em nível genérico, além de outras cuja identificação não são totalmente seguras. As sementes de orquídea diferenciam-se da maioria das outras espécies por não possuírem reservas suficientes para promover a germinação (Ramos, 1969). Desta forma, na natureza são incapazes de germinar na ausência de fungos micorrizicos (Arditti, 1979). Deste modo, considerando a riqueza de espécies de orquídeas para o Cerrado e a lacuna de conhecimento para o Tocantins, o presente estudo tem por objetivo identificar a composição florística e avaliar a percentagem de germinação in vitro de Orchidaceae na Sub-bacia do Ribeirão São João.

Metodologia

Para o levantamento florístico da família Orchidaceae foram realizadas excursões mensais do período de agosto de 2008 a julho de 2009 ao longo da Sub-bacia do Ribeirão São João, onde priorizou-se a observação das espécies em campo e o georeferenciamento destas. As amostras dos materiais férteis, ainda não catalogados para a área foram coletadas e incorporadas à coleção do Herbário da Universidade do Tocantins (HUTO). As orquídeas utilizadas para propagação in vitro foram Brassavola fragans e Epidendrum sp. As cápsulas fechadas, coletadas em 2008, foram desinfetadas em solução de hipoclorito de sódio a 20% (vv) por 30 minutos. Transcorrido esse tempo, foram lavadas três vezes em água destilada. Em seguida as sementes foram retiradas e armazenadas conforme a metodologia de Campos (2000). Em seguida foram semeadas em meio. Foram utilizados quatro tratamentos: tratamento A sem antibiótico e sem adubo; tratamento B sem antibiótico e com adubo; tratamento C com antibiótico e sem adubo; e tratamento D com antibiótico e com adubo. Os frascos contendo as sementes foram transferidos para uma sala climatizada a 25o C com fotoperíodo de 10h.

Page 48: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Resultados e Discussão

Para toda a sub-bacia foram observados 136 espécimes distribuídos em 24 espécies distribuídas em 18 gêneros (Tabela 01). A mata de galeria predomina com o maior número de espécies, seguida de floresta estacional semidecidual, cerradão, cerrado, campo sujo e vereda.

Quanto ao hábito a maioria é epífita o que segundo Waechter (1986) citado por Batita e Bianchetti (2002) apresenta vantagens que são proporcionadas pelas melhores condições de luminosidade e substrato relativamente isento de competição.

Tabela 01: Orchidaceae total Sub-bacia Ribeirão São João, Palmas – Porto Nacional, janeiro 2009, Unitins.

Espécie Hábito HabitatBarbosella orbiculares Epífita FESBrassavola fragans Epífita CerradãoCampylocetrum micranthum Epífita FES, CerradãoCatasetum confusum Epífita Mata de galeriaCatasetum macrocarpum Epífita Mata de galeriaCatasetum sp. Epífita Mata de galeriaCattleya nobilior Epífita FES, Mata de galeriaEncyclia linearifolioides Epífita FES, MG, CDEncyclia sp. Epífita FES, MG, CEEpidendrum sp. Epífita Mata de galeriaLockhartia lunifera Epífita FESNotylia sagittifera Epífita Mata de galeriaNotylia sp. Epífita Mata de galeriaOeceoclades maculata Terrestre Mata de galeriaOncidium cebolleta Epífita Mata de galeriaPolystachya concreta Epífita FES, MG, CDHabenaria aphylla Terrestre FESCleistes gracilis Terrestre CEVanilla palmarum Escandente VeredaVanilla sp. Escandente Mata de galeriaScaphyglottis modesta Epífita Mata de galeriaScaphyglottis sp. Epífita Mata de galeriaStenorrhynchus cf. hypnophilus Epífita Mata de galeriaIndeterminada Terrestre Mata de galeria

Os principais hospedeiros foram Byrsonima sp., Andira sp., Buchenavia tomentosa, Luehea paniculata, Myracrodon urundeuva, Physocalima scaberimum, Hymenaea sp., Astronium fraxnifolium, Tabebuia sp. e Acrocomia aculeata.

_________________________________

Projeto: Uso, conservação e preservação de recursos naturais na Sub-bacia do Ribeirão São João: uma proposta de participação comunitária na gestão dos recursos hídricos.; Fonte de Recursos; Apoio Institucional.

Page 49: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Quanto a propagação in vitro os resultados obtidos não foram positivos, na primeira tentativa, todos os frascos foram contaminados por fungos, na segunda tentativa os frascos com os tratamentos B e C foram contaminados na primeira semana de cultivo e descartados. 150 dias após o cultivo nenhuma semente germinou nos tratamentos A e D, vários fatores podem ter afetado o resultado, a não esterilização completa dos frascos bem como a escolha de um meio de cultura inadequado para o desenvolvimento in vitro das espécies selecionadas.

Referências Bibliográficas

Arditti, J. Aspects of the physiology of orchids. Adv. Bot. Rev. v.7.p421-655. 1979.

Batista, J. A. N.; Bianchetti, L. de B. Lista atualizada das Orchidaceae do Distrito Federal. Acta Bot. Bras. v.17.n.2.p.187-201. 2002.

Campos, D.M. Orquídeas: manual prático de reprodução. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 2000. 127p.

Curcino, N. A. Levantamento das espécies da família Orchidaceae no Estado do Tocantins. Trabalho de Conclusão de curso de graduação (Bacharelado em Ciências Biológicas) – Universidade do Tocantins, Campus de Porto Nacional. 2006. 12p.

Dressler, R. L. Phylogeny and Classification of the Orchid Family. Portland, Dioscorides Press, 314 p. 1993.

Pabst, G. F. J.; Dungs, F. Orchidaceae brasiliensis I. Kurt Schmersow. Hildesheim. 1975.

Ramos, M. S. S. A orquídea e sua reprodução pela semente. Campinas: Saraiva S.A. 1969. 103p.

Page 50: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

CULTIVO DE MANDIOCA E FEIJÃO EM SISTEMAS CONSORCIADOS1

Merilene O.M. Damasceno2; Eliane R.Archangelo3; André C.França4; Antônio A.Silva5; Ronaldo R.Coimbra6; Arison J.Pereira3; Roberta Z. Silva3

Lucas K.Naoe3; Suzana de O.Carneiro2

2Graduandas do Curso de Engenharia de Alimentos do Campus Universitário de Palmas – UFT, Bolsistas do PIBIC-UNITINS/CNPq. 3Professores da Fundação Universidade do Tocantins – UNITINS. 4Professor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

– UFVJM. 5Professor da Universidade Federal de Viçosa – UFV. 6 Professor da Fundação Universidade Federal do Tocantins – UFT

INTRODUÇÃO

A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é uma planta heliófila perene, pertencente à família Euphorbiaceae. Segundo Damasceno et al. (2001), a cultura da mandioca desempenha uma elevada importância social por constituir na principal fonte de carboidrato para mais de 700 milhões de pessoas, essencialmente nos países em desenvolvimento.

O consórcio é uma técnica agronômica utilizada por pequenos produtores e pela agricultura de subsistência, principalmente as regiões norte e nordeste do país. Esta técnica consiste no plantio simultâneo ou não de duas ou mais culturas numa mesma área Albuquerque (2006). Este sistema de plantio visa o aproveitamento total da área e com isso, melhoria da renda do pequeno agricultor, com a obtenção de duas diferentes culturas cultivadas no mesmo espaço e no mesmo tempo, técnica de manejo alternativa, que, servirá como fonte de alimentação e renda para toda a família. O interesse em estudar e incentivar os produtores rurais a consorciar o feijão caupi com a cultura da mandioca reside, principalmente, na necessidade de aumentar a produção nacional do feijão e pelo seu ciclo relativamente curto e com isso aproveitando a lentidão da mandioca em estabelecer e formar o dossel, Vieira, (1989), e maior controle de plantas daninhas, pois os espaços que serviriam para as plantas daninhas crescerem, isso não ocorre no consórcio, pois são ocupados por outras culturas.

Sendo assim, o objetivo do presente trabalho foi avaliar diferentes consórcios entre a cultura da mandioca, grupo da variedade das mansas, com o feijão caupi.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi instalado no Complexo de Ciência Agrárias da Fundação Universidade do Tocantins - UNITINS, Município de Palmas, TO. O solo da presente área é classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, com textura média. O solo foi preparado com grade aradora a uma profundidade de aproximadamente 25cm aos 93 dias antes do plantio, sendo antes realizado a correção de acidez do solo por meio de calagem com 2,3 ton ha-1 utilizando calcário 1 1Projeto: Desenvolvimento de Técnicas Agronômicas para a Cultura da Mandioca no Estado do Tocantins; CNPq-UNIVERSAL/UNITINS.

Page 51: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

PRNT de 85%. No plantio foi realizado o nivelamento da área e o sulcamento. Utilizou-se do delineamento em blocos ao acaso, com sete tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos utilizados foram constituídos pelas culturas de mandioca com feijão caupi plantadas em consórcio e monocultivo conforme tabela 2.

Tabela 2 - Descrição dos Tratamentos avaliados no experimentoTratamento Descrição Espaçamento (m)

T1 Fileiras simples de feijão (monocultivo) (0,50m entre linhas)T2 Fileira simples de mandioca em monocultivo (1,0 X 0,5)T3 Fileira simples de mandioca + 1 linha de feijão entre as fileiras

de mandioca

(1,0 X 0,5)

T4 Fileira dupla de mandioca em monocultivo (2,0 X 0,5 X 0,6)T5 Fileira dupla de mandioca + 1 linha de feijão entre as fileiras

duplas de mandioca

(2,0 X 0,5 X 0,6)

T6 Fileira dupla de mandioca + 2 linhas de feijão entre as fileiras

duplas de mandioca

(2,0 X 0,5 X 0,6)

(0,50m entre linhas)T7 Fileira dupla de mandioca + 3 linhas de feijão entre as fileiras

duplas de mandioca

(2,0 X 0,5 X 0,6)

(0,50m entre linhas)

Para a cultura da mandioca utilizou-se como adubação de plantio 320 kg ha-1 de N-P-K da formulação 5-25-15 + Zn na cova de plantio e de acordo com a recomendação da cultura (CFSEMG, 1999). O plantio de feijão caupi (corujinha) foi realizado manualmente, utilizando a matraca e simultaneamente ao da mandioca, espaçados de 0,5 m entre linha, à profundidade de 3-5 cm, com 15 sementes por metro. Na colheita do feijão aos 85 dias após o plantio, todas as plantas foram seccionadas rente ao solo, excetuando a plantas presentes a meio metro de cada extremidade, e levadas para o laboratório para a secagem natural e após a debulha e pesagem para determinar a produtividade de grãos (PG). Na ocasião da colheita da mandioca (335 DAP) avaliaram-se as plantas da área útil da parcela, altura média das plantas (AP), altura média da primeira ramificação (APR), diâmetro médio do caule (DC), comprimento médio da raiz (CR), diâmetro médio da raiz (DR), estande final (S), peso da parte aérea (PPA), peso das raízes (PR), determinação da matéria seca das raízes tuberosas (MS) e teor de amido (TA), obtido pelo método da balança hidrostática (GROSSMANN & FREITAS, 1950) e índice de colheita (IC), de acordo com a fórmula: IC= (peso de raízes)/(peso de raízes + peso da parte aérea) x 100. Para os tratamentos consorciados, foi determinado o Índice de Equivalência em Área (IEA), através da fórmula: IEA= (produtividade da mandioca no consórcio ÷ produtividade de mandioca no monocultivo) + (produtividade do feijão no consórcio ÷ produtividade do feijão no monocultivo). Os dados foram submetidos à análise de variância, separadamente para as duas culturas, e a diferença entre as médias, foi determinada usando o teste de Scott Knott a 5% de probabilidade, utilizando o programa SISVAR 5.0 VERSÃO 4.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas Tabelas 2, 3 e 4 apresentam-se as médias de todas as características avaliadas na cultura da mandioca e do feijão, em monocultivo e nos diferentes consórcios. Considerando as avaliações realizadas na cultura da mandioca, observou-se que não houve diferenças significativas entre os tratamentos para altura de planta (AP), altura da primeira ramificação (APR), diâmetro do caule (DC), comprimento de raízes (CR), diâmetro de raízes (DR) (Tabela 2), índice

Page 52: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

de colheita (IC), matéria seca de raízes (MS) e teor de amido (TA) (Tabela 3). No que se refere a esses caracteres, pode-se concluir que o comportamento da cultura da mandioca não foi afetado pelo feijoeiro nos diferentes consórcios estudados.

Tabela 2– Médias de altura de planta (AP), altura da primeira ramificação (APR), diâmetro do caule (DC), comprimento de raízes (CR) e diâmetro de raízes (DR) do cultivar de mandioca. Palmas-TO, 2009.

Tratamento AP (m) APR (m) DC (cm) CR (cm) DR (mm)T1 1,43 a 0,86 a 1,56 a 26,30 a 3,21 aT2 1,41 a 0,90 a 1,46 a 27,00 a 3,44 aT3 1,45 a 1,00 a 1,61 a 26,21 a 3,31 aT4 1,59 a 1,06 a 1,65 a 25,92 a 3,44 aT5 1,45 a 0,92 a 1,46 a 25,96 a 3,34 aT6 1,48 a 1,00 a 1,53 a 26,67 a 3,30 aT7 1,47 ns 0,96 ns 1,55ns 25,83 3,27

CV (%) 9,62 11,79 8,06 11,56 9,23Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste de Scott Kanott. T1 - Fileiras simples de feijão (monocultivo); T2 - Fileira simples de mandioca em monocultivo; T3 - Fileira simples de mandioca + 1 linha de feijão entre as fileiras de mandioca; T4 - Fileira dupla de mandioca em monocultivo; T5 - Fileira dupla de mandioca + 1 linha de feijão entre as fileiras duplas de mandioca; T6 - Fileira dupla de mandioca + 2 linhas de feijão entre as fileiras duplas de

mandioca; T7 - Fileira dupla de mandioca + 3 linhas de feijão entre as fileiras duplas de mandioca.

Considerando que o consórcio envolvendo as culturas de mandioca e feijão não interferiu no desempenho da mandioca em fileira dupla com uma linha de feijão em peso da parte aérea (tabela 3), enquanto que o maior peso de raízes (tabela 4) de mandioca foi observado no monocultivo de mandioca em fileira dupla, apesar de não diferirem estatisticamente do monocultivo em fileira simples. Embora Mattos et al. (1983 e 1984) e Bessa et al. (1986) observaram diferença estatística em produtividades de raízes de mandioca quando cultivada em fileira dupla em comparação a fileira simples. Nesse contexto, o arranjo de plantio em fileiras duplas exerce importante papel entre as diversas inovações possíveis no sistema de produção de mandioca. Devido ao chamado efeito de borda, a aproximação de duas fileiras simples aumenta o espaço livre entre as fileiras duplas sem redução de produtividade e com vantagens adicionais, como por exemplo, facilita a mecanização.

Tabela 3- Médias de estande final (EF), peso da parte aérea (PPA), índice de colheita (IC), matéria seca de raízes (MS) e teor de amido (TA) do cultivar de mandioca. Palmas-TO, 2009.

Tratamento EF

(há)

PPA

(kg ha-1)

IC

(%)

MS

(%)

TA

(%)T1T2 15000 a 6271,76 a 52,47 a 26,05 a 21,40 aT3 12500 b 4987,85 b 52,16 a 25,15 a 20,50 aT4 11667 b 6333,33 a 53,10 a 25,56 a 20,92 aT5 9333 b 6073,10 a 48,57 a 24,96 a 20,31 aT6 10000 b 4565,58 b 50,93 a 25,44 a 20,79 aT7 9333 b 4201,07 b 50,22 a 25,68 a 21,03 a

Média 11306* 5405,45* 51,24 ns 5,12 ns 20,82 nsCV (%) 12,53 10,09 8,11 25,47 6,27Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo

teste de Scott Kanott. T1 - Fileiras simples de feijão (monocultivo); T2 - Fileira simples de mandioca em monocultivo; T3 - Fileira simples de mandioca + 1 linha de feijão entre as fileiras de mandioca; T4 - Fileira dupla de mandioca em monocultivo; T5 - Fileira dupla de mandioca + 1 linha de feijão entre as fileiras duplas de mandioca; T6 - Fileira dupla de mandioca + 2 linhas de feijão entre as fileiras duplas de mandioca; T7 - Fileira dupla de mandioca + 3 linhas de feijão entre as fileiras duplas de mandioca.

Observa-se na (tabela 4) que a média de produtividade de raízes de mandioca em monocultivo tanto de fileira simples (6923,61 kg ha-1) e como a fileira dupla (7178,57 kg ha-1) foi estatisticamente superior à média obtida no

Page 53: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

consórcio com uma linha de feijão (5406,25 kg ha-1) em fileira simples e (5735,42 kg ha-1) em fileira dupla, e essa média pode ser observada mais reduzida quando a convivência com duas (4725,00 kg ha-1) e três linhas de feijão (4247,92 kg ha-1) em fileira dupla, caracterizando a competição exercida pelo feijão nesse arranjo, conforme já relatado por Mattos et al. (1992), Silva e Ceretta (1986), Mattos et al. (2005) e Cavalcante et al. (2006). Considerando as avaliações realizadas na cultura do feijão, para as produtividades de feijão foram observadas que houve diferenças significativas entre os tratamentos em monocultivos e os consorciados, sendo a maior média (696,18 kg ha-1) obtida no monocultivo (tabela 4). Enquanto que nos tratamentos consorciados de feijão e com a mandioca, tanto em fileira simples quanto em fileira dupla de mandioca não houve diferença significativa na produtividade de feijão. Esses resultados divergem dos obtidos por Mattos et al. (1996), que pode-se constatar que não houve diferença significativa entre o tratamento feijão em monocultivo e os tratamentos consorciados e arranjados em fileiras duplas. O mesmo não acontecendo com o sistema semelhante ao do produtor, o que foi inferior a todos os outros Mattos et al. (1992).

Nos consórcios, geralmente, se detecta alguma redução na produtividade das espécies associadas, o que evidencia a necessidade de estudos direcionados ao melhor entendimento dos mecanismos ecológicos específicos envolvidos nesse modo de cultivo (OLIVEIRA, et al. 2005).

Tabela 4- Médias de peso das raízes (PR) do cultivar de mandioca, peso de grãos (PG) de feijão e índice de equivalência em área (IEA), relativos ao consórcio mandioca-feijão. Palmas-TO, 2009.

Tratamento PR

(kg ha-1)

PG

(kg ha-1)

IEA

T1 -- 696,18 a --T2 6923,61 a -- --T3 5406,25 b 531,25 b 1,54T4 7178,57 a -- --T5 5735,42 b 540,97 b 1,58T6 4725,00 c 552,58 b 1,45T7 4247,92 c 595,83 b 1,45

Média 5702,93* 583,36 *CV (%) 9,86 7,74

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo

teste de Scott Kanott. T1 - Fileiras simples de feijão (monocultivo); T2 - Fileira simples de mandioca

em monocultivo; T3 - Fileira simples de mandioca + 1 linha de feijão entre as fileiras de mandioca; T4

- Fileira dupla de mandioca em monocultivo; T5 - Fileira dupla de mandioca + 1 linha de feijão entre as

fileiras duplas de mandioca; T6 - Fileira dupla de mandioca + 2 linhas de feijão entre as fileiras duplas de

mandioca; T7 - Fileira dupla de mandioca + 3 linhas de feijão entre as fileiras duplas de mandioca.

Um dos parâmetros muito utilizado na avaliação de consórcios culturais é o índice de equivalência em área (IEA). A partir dos valores de produtividade de raízes de mandioca e de grãos feijão foi calculado o IEA que, em valores médios alcançou 1,51. Isto significa que seria necessário um acréscimo de 50% de área plantada (espaço físico) para se obter, com os monocultivos, produtividades, totais equivalentes às alcançadas nos consórcios. Um consórcio é considerado eficiente quando o valor do IEA for superior a 1,00 (FAGERIA, 1989, VANDERMEER, 1990, OLIVEIRA, et al. 2005), desde que o padrão comercial das culturas seja atingido. No experimento os IEA calculados para os arranjos de consórcio estudados variaram de 1,45 a 1,58 (Tabela 4). Os menores índices

Page 54: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

foram obtidos nos consórcios de mandioca em fileira dupla com duas e três linhas de feijão. Os demais índices situaram-se por volta de 1,54, mostrando-se altamente eficientes do ponto de vista de uso eficiente da terra.

CONCLUSÕES

A produtividade de feijão e de raízes de mandioca em monocultivo tanto de fileira simples e como a fileira dupla foram superiores à média obtida no consórcio. Os índices de equivalência em área mostraram altamente eficientes do ponto de vista de uso eficiente da terra. Dessa forma pode-se relatar que o cultivo consorciado da mandioca com o feijão foi adequado do ponto de vista agronômico, pois a presença do feijão não diminuiu de modo drástico a produção da mandioca, além de se apresentar como possibilidade concreta de complementar uma renda extra para o agricultor em uma mesma área física.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBUQUERQUE, J. A. A; SEDIYAMA, T.; SILVA, A. A; CARNEIRO, E. S. De; CECON, P.R; ALVES, J. M. A..Viabilidade do consórcio de mandioca e feijão em diferentes arranjos de cultivo. Dissertação (Doutorado em Fitotecnia) – Universidade Federal de Viçosa. Minas Gerais: Viçosa, 2006.

BESSA, J. M. G.; LIMA, J. A. D.; CESAR, F. Plantio de mandioca plantada em fileiras duplas: uma prática viável em Pernambuco. Revista Brasileira de mandioca, v. 5, n. 1, p. 103-110, 1986.

CAVALCANTE, F. S.; SILVA, I. F.; ARAÚJO, M. C. S. P.. Avaliação da viabilidade do consórcio de mandioca e feijão comum em latossolo amarelo no brejo paraibano. Agropecuária Técnica, Áreia-PB, v. 26, n. 1. 2005. Disponível em:<http : //WWW.cca.ufpb.br/revista/pdf/2005_2_3.pdf>. Acesso em: 01/02/2009.

DAMASCENO, L.; MATTOS, P.L.; CALDAS, R. Arranjos espaciais de mandioca (Manihot esculenta crantz) em monocultivo e consorciada com Feijão (Phaseolus vulgaris L.) e milho (Zea mays L.). Cruz das Almas BA. v.13, n.1, jan/jun. 2001. Disponível em: http://www.magistra.ufrb.edu.br/publica/magist13/01-13-05c.html. Acesso em: 06 fev. 2009

FAGERIA,N.K. SISTEMA DE CULTIVO CONSORCIADO.In: FAGERIA, N.K. (Ed) Solos tropicais e aspectos fisiológicos das culturas. Brasília: Embrapa-DPU, 1989.p.185-196.

GROSSMANN, J. FREITAS, A.C. Determinação do teor de matéria seca pelo peso específico em raízes de mandioca. Revista Agronômica, 1950. v. 160/162, n.4, p.75 - 80.

MATTOS, P. L.; SOUZA, A. S.; CALDAS, R. C. Adaptação do espaçamento em fileiras fileiras duplas para a cultura da mandioca ( Manihot esculenta Crantz). Revista Brasileira de Mandioca, v.2, n.2, p. 13-22, 1983.

MATTOS, P. L.; SOUZA, A. S.; CALDAS, R. C. Cultivo consorciado de mandioca com caupi. Revista Brasileira de Mandioca, v. 3, p. 87-94, 1984.

MATTOS, P. L. P, SOUZA, A. S, CALDAS , R. C.; Mandioca em consorciação

Page 55: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

e em monocultivo. Revista Brasileira de Mandioca. Cruz das Almas - BA, v.11, n.1, p.41-53, 1992.

MATTOS, P. L. P, SOUZA, L. S, SOUZA, J. S, CALDAS, R. C, CRUZ J. L. Mandioca consorciada com feijão e milho. Revista Brasileira de Mandioca, v.15, n.1/2, p.81-88, Nov. 1996.

MATTOS, P. L.; SOUZA, A. S.; CALDAS, R. C. Consorciação da mandioca plantada em fileiras simples com culturas de ciclo curto. Mandioca x feijão x milho. Revista Brasileira de Mandioca, v.18, n.1, p. 25-30, 2005.

OLIVEIRA, F. L, RIBAS, R. G. T, JUNQUEIRA, R. M, PADOVAN, M. P, GUERRA, J. G. M, ALMEIDA, D. L, RIBEIRO R. L. D. Desempenho do consórcio entre repolho e rabanete com pré-cultivo de crotalária, sob manejo orgânico. Revista Horticultura Brasileira, ISSN 0102-0536, v. 23, n. 2, Brasília abril/junho, 2005.

SILVA, P. R. F.; CERETTA, C. A. Sistema de cultivo de mandiocal. Monocultivos em fileira simples e duplas. Revista Brasileira de mandioca, v. 5, n. 2, p. 55-63. 1986.

VANDERMEER, J.H. Intercropping. In: GLIESSMAN, S. R. (Ed.) Agroecology: researching the ecological basis for sustainable agriculture. 1990, p.481-516.

VIEIRA, Clibas. O feijão em cultivos consorciados. - UFV, Impr. Univ. Viçosa, 1989, p. 134.

Page 56: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

ENTOMOFAUNA DE COLEÓPTEROS NA SUB-BACIA DO RIBEIRÃO SÃO1

JOÃO, PALMAS –TO

Nayane da Conceição Oliveira Alvarenga1; Daniel de Brito Fragoso2; Flávio Vieira Medeiros da Cunha2 ; Rocicleide Lima Vieira 3;.

1Estudante do Curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário Luterano de Palmas CELP/ULBRA; Bolsista do PIBIC-UNITINS/CNPq; E-mail: [email protected]

2Professores e Técnicos do Departamento de Entomologia da Fundação Universidade do Tocantins; E-mail: [email protected]

3Técnica de Laboratório.

Introdução

O bioma cerrado é a segunda maior formação vegetal brasileira, e possui uma biodiversidade bastante expressiva.

Dados reunidos de vários autores sugerem que, dependendo do grupo taxonômico considerado, a porcentagem de espécies brasileiras que ocorrem no Cerrado pode representar algo entre 20 e 50% (Shepherd, 2000). Além dessa expressiva representação, a biodiversidade do Cerrado possui um significativo número de endemismos para vários grupos de animais e plantas.

A ordem Coleóptera é a maior ordem dos insetos e contém cerca de 40% das espécies conhecidas da classe. Os insetos têm uma grande importância ecológica no ambiente terrestre (Barnes et al.,1996).

Nessa região central do Brasil durante muito tempo, fatores históricos, econômicos e até mesmo culturais foram responsáveis por sua degradação e substituição por monoculturas e pastagens (Neiman, 1998).

E o Estado do Tocantins vem sofrendo grandes impactos em sua área, pois o seu território encontra-se em grande avanço nas atividades rurais, existindo assim uma degradação acelerada, diante disso é importante manter mosaicos de vegetação natural de cerrado, para que se possa manter uma diversidade biológica.

1 Projeto: Uso, conservação e preservação dos recursos naturais na sub-bacia do Ribeirão São João. Fonte de Recursos: CNPq/Pibic/Unitins. Apoio: Petróleo Brasileiro S.A. – PETROBRAS.

Page 57: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Diante da falta de informações sobre a entomofauna de coleópteros no estado do Tocantins, necessita-se de projetos que obtenha informações sobre este grupo, pois o bioma cerrado e áreas ecotonais se encontram sobre forte pressão de exploração econômica e pouco se conhece sobre a biodiversidade existente.

Para implementar e aumentar o conhecimento a respeito da ordem Coleóptera no Tocantins, são necessários trabalhos de levantamento da entomofauna dos coleópteros que ocorre neste bioma. O objetivo do presente trabalho é inventariar a entomofauna de coleópteros em fragmentos de cerrado na área da sub-bacia do Ribeirão São João, no município de Palmas - TO.

Metodologia

Neste trabalho foram coletados insetos da ordem Coleoptera focando as principais famílias como Scarabaeidae, Carabeidae, Chrysomelidae, Cerambycidae, Curculionidae, Bostrichiidae, Bupestridae, Bruchidae, Tenebrionidae, Passalidae, Coccinellidae,

Staphylinidae entre outras.

As coletas foram realizadas no período de agosto de 2008 a maio de 2009 em dois fragmentos (F1 e F2) de cerrado, dentro da área da sub-bacia do Ribeirão São João, no município de Palmas – TO (Fig. 1).

Fragmento 1

Fragmento 2

CCA

Fragmento 1

Fragmento 2

CCA

Figura 1. Imagem mostrando os fragmentos que serviram de pontos de coletas para o inventário da Entomofauna de coleópteros, Palmas – TO. Fonte: Google Earth, 2009.

Para coleta dos coleópteros foram utilizadas armadilhas luminosas, com lâmpadas fluorescente, acopladas em bateria 12 Volts, modelo Luiz de Queiroz. Em cada armadilha

Page 58: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

era colocado um saco plástico, contendo papel jornal picado e um frasco contendo acetato de etila, com a finalidade de entorpecer os insetos coletados. As armadilhas eram colocadas as 16:00 hs e retiradas no dia seguinte as 9:00 hs. O material coletado foi levado para o laboratório de Entomologia para realização dos procedimentos de triagem (separação, contagem, identificação ,montagem e secagem em estufa). Após essa etapa, os insetos montados foram acondicionados em gavetas de armários entomológicos constituindo se em coleções de referências (Fig. 2).

Figura 2A. Estufa de secagem de insetos

Figura 2B. Armários entomológicos

Figura 2C. Gaveta entomológica Figura 2D. Coleção de coleópterosFigura 2. Fotos mostrando o processo de curadoria de insetos, no Laboratório de Entomologia da Fundação Universidade do Tocantins.

A identificação taxonômica dos insetos foi feita com auxílio de manuais de entomologia (Gallo et al., 2002; Borror et al., 1992; Costa-Lima, 1938) e do acervo digital do Museu de Entomologia da Esalq-USP (www.me.esalq.usp.br) chegando a categoria de famílias.

Page 59: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Resultados e Discussão

Um total de 968 indivíduos foram coletados e identificados na categoria taxonômica de 8 famílias. As famílias em ordem decrescente de números de indíviduos foram Carabeidae, Scarabaeidae, Tenebrionidae, Curculionidae, Elateridae, Hydrophylidae, Bupestridae e Cerambycidae (Tab. 01).

Tabela 01. Famílias de coleópteros coletados em fragmentos de cerrado na área da sub-bacia do Ribeirão São João, Palmas – TO.

Famílias Número de indivíduosCarabeidae 546Scarabaeidae 211Tenebrionidae 90Curculionidae 42Elateridae 33Hydrophylidae 25Buprestidae 18Cerambycidae 3Total 968

O maior número de indivíduos coletados foi verificado na família Carabeidae, com 546 indivíduos, seguido da família Scarabaeidae com 211 indivíduos. E o menor número de indivíduo coletado foi a família Cerambycidae com 3 indivíduos.

Os besouros se distinguem facilmente pela presença dos élitros, que possuem consistência coriácea ou córnea, protegendo as asas posteriores que se dobram quando em repouso. Os coleópteros têm hábito detritívoro, herbívoro, frugívoro ou de predação (Borror e Delong, 1992), o que lhes permite a colonização e distribuição por diferentes biomas.

Muitas espécies de coleópteros são de grande importância econômica, , como os besouros que são pragas e outros que são úteis, como polinizadores (Borror e Delong, 1992).

A biodiversidade do Cerrado é bastante expressiva. Dados reunidos de vários autores sugerem que, dependendo do grupo taxonômico considerado, a porcentagem de espécies brasileiras que ocorrem no Cerrado pode representar algo entre 20 e 50% (SHEPHERD, 2000). Além dessa expressiva representação, a biodiversidade do Cerrado possui um significativo número de endemismos para vários grupos de animais e plantas.

Diante da falta de informações sobre a entomofauna de coleópteros no estado do Tocantins, o presente trabalho obteve as primeiras informações sobre este grupo, no bioma cerrado tocantinense.

A coleopterofauna nos dois fragmentos foi bastante expressiva e considerando a importância desse grupo em termos de diversidade de espécies necessita de mais estudos, principalmente na área de taxonomia.

Page 60: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Referências

BARNERS, R.D., RUPPERT, E.E.; 1996. Zoologia dos Invertebrados. 6ª Edição. Pág. 805. Editora Roca, São Paulo.

BORROR, D. J., TRIPLEHORN, C.A., JOHNSON, N.F. An introduction to the study of insects. New York: Saunders, 1992.

COSTA LIMA, A. Insetos do Brasil. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Agronomia. 1938.

LARA, F.M. Princípios de Entomologia. 3 ed. São Paulo: Ícone, 1992.

MACHADO, R.B., M.B. RAMOS NETO, P.G.P. PEREIRA, E.F. CALDAS, D.A. GONÇALVES, N.S. SANTOS, K. TABOR E M. STEININGER. Estimativas de perda da área do Cerrado brasileiro. Relatório técnico não publicado. Conservação Internacional, Brasília, DF. 2004.

NEIMAN, Z. 1998. Era verde? Ecossistemas brasileiros ameaçados. Ed. Atual. 103 p.(19a. ed).

USP. Museu de Entomologia da Esalq-USP. Disponível em: < http://www.me.esalq.usp.br/>.

SHEPHERD, G.J. Conhecimento e diversidade de plantas terrestres do Brasil. Relatório técnico não publicado. Secretaria de Biodiversidade e Florestas, Ministério do Meio Ambiente-MMA. Brasília, DF. 53. 2000.

Page 61: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Influência do sistema de plantio na população de insetos associado à cultura da Berinjela em sistema de cultivo orgânico

Nina Isabella Santos Silva1 , Roberta Zani da Silva2, Viviane Moreira Fernades2

1Estudante do Curso de Engenharia Ambiental do campi de Palmas da Universidade Federal do Tocantins; Bolsista do PIBIC-UNITINS/CNPq; E-mail: [email protected]

2Professora/Pesquisadora UNITINSAGRO; e-mail: [email protected]

INTRODUÇÃO

A crescente demanda dos consumidores por produtos agrícolas saudáveis, livres de contaminação por agroquímicos e provenientes de propriedades ecologicamente equilibradas é um fato mercadológico incontestável (MIKLÓS & et al., 1998). Assim, o cultivo de hortaliças em sistemas orgânicos é uma atividade economicamente viável para agricultor familiar.

A adaptação ao novo, entretanto, exige enfoque e técnicas distintos dos convencionais. Nesta fase de conversão é prioritário o favorecimento da capacidade de auto-regulação do ambiente. Com este intuito, a biodiversidade pode ser introduzida e manejada no sistema produtivo de modo funcional, visando suprir o agroecossistema com recursos biológicos que permitam a regulação das populações de insetos-pragas, (ARMANDO, 2002).

Os sistemas denominados de plantio direto e cultivo mínimo vêm sendo ultimamente pesquisados no Brasil em relação a diversas espécies olerícolas (PONTES, 2001; SILVA, 2002; OLIVEIRA et al., 2003). Especificamente com referência à berinjela. Castro et al.(2005) apontaram vantagens do plantio direto na palhada de pré-cultivo de Crotalaria juncea, leguminosa de ciclo anual.

Os inimigos naturais de pragas de importância econômica devem ser preservados

Page 62: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

e se possível aumentados, através da manipulação do ambiente de forma favorável empregando-se práticas culturais adequadas, de preservação do habitat e/ou de fontes de alimentação (método da conservação). Estas práticas são importantes por favorecer a ação de agentes naturais na mortalidade de pragas nos agroecossistemas, mantendo o equilíbrio entre as diferentes populações (PARRA et al., 2002).

Estudos sobre o efeito da diversidade de agroecossistemas sobre populações de insetos têm mostrado que a consorciação de culturas e o plantio direto podem aumentar ou diminuir a densidade populacional de pragas e de inimigos naturais (ANDOW, 1991). Nas lavouras sob plantio direto, o ambiente torna-se favorável ao desenvolvimento da fauna de solo e beneficia os inimigos naturais de pragas (BRUST et al., 1996).

A biodiversidade é crucial para as defesas dos cultivos: quanto mais diversificadas as plantas, animais e organismos do solo que ocuparem um sistema agrícola, maior será a diversidade da comunidade de inimigos naturais de pragas que a unidade de produção poderá sustentar (ALTIERI, 2007).

Como os sistemas de culturas consorciadas e de plantio direto são importantes para a agricultura, é necessário que sejam obtidas informações sobre a influência desses sistemas sobre as populações dos inimigos naturais e das pragas, para que seja melhor entendidas estas relações.

Assim, o objetivo deste trabalho foi verificar a incidência de insetos pragas e inimigos naturais no cultivo de berinjela consorciado com feijão caupi.

METODOLOGIA

O trabalho foi realizado na Fazendinha Agroecológica de Palmas-To localizada no Centro de Ciências Agrárias da Fundação Universidade do Tocantins na safra 2008/2009.

O solo da área experimental corresponde a um Argissolo Amarelo, e foi convencionalmente preparado com a aragem e gradagem, seguido de adubação: (1) 80 kg termofosfato (P2O5 ha -¹); (2) 80 kg de cinza ha -¹ e (3) 40 kg de cama de aviário ha -¹.

Adotou-se o delineamento de blocos ao acaso, com oito tratamentos e Quatro repetições,

Page 63: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

totalizando 32 parcelas com o tamanho de 5m x 6m. Os tratamentos foram: (1) Berinjela (Solanum melongena) solteira sob plantio direto em palhada de milho (Zea mays); (2) Berinjela (Solanum melongena) solteira sob plantio direto em palhada de crotalária (Crotalaria juncea); (3) Berinjela (Solanum melongena) solteira sob plantio direto em palhada de milho (Zea mays) consorciado com duas linhas crotalária (Crotalaria juncea); (4) Berinjela (Solanum melongena) solteira em plantio convencional; (5) Berinjela (Solanum melongena) consorciada com feijão caupi sob plantio direto em palhada de milho (Zea mays); (6) Berinjela (Solanum melongena) consorciada com feijão caupi sob plantio direto em palhada de crotalária (Crotalaria juncea); (7) Berinjela (Solanum melongena) consorciada com feijão caupi sob plantio direto em palhada de milho (Zea mays) consorciado com duas linhas crotalária (Crotalaria juncea); (8) Berinjela (Solanum melongena) consorciada com feijão caupi sob plantio convencional.

O plantio do milho foi executado nos dias 16/01/2009 e 19/01/2009, e em cada parcela foram semeadas 180 sementes, sendo que o espaçamento ente linhas foi de 1 m e 20 cm entre plantas, com aproximadamente dez dias após a semeadura do milho foi realizado o plantio da crotalária.

As mudas de berinjela foram formadas a partir de sementes em embalagens plásticas com substrato específico e transplantadas para o local definitivo aproximadamente um mês e meio após a semeadura (03/06/2009). O espaçamento entre as plantas foram padronizados 1,35 x 0,65 m. Devido a falta de sementes de feijão caupi, a semeadura do mesmo foi realizada no dia 25/07/2009.

A amostragem de insetos foi realizada semanalmente, a partir do início de desenvolvimento das plantas de feijão caupi, utilizando-se armadilhas amarelas adesivas modelo Bio Trap, sendo utilizada uma armadilha por parcela, presa em haste na altura do dossel das plantas, dispostas nas entrelinhas.

Os insetos coletados foram levados para laboratório para triagem, contagem, e identificação das espécies de pragas e inimigos naturais.

Os dados coletados foram submetidos a analise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Até o momento não foi possível finalizar a coleta de dados uma vez que o experimento foi

Page 64: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

prejudicado pelo atraso do período chuvoso, atraso no transplantio de mudas de berinjela e atraso na semeadura de feijão caupi.

O atraso no período chuvoso inviabilizou a semeadura do milho que deveria ter sido realizada em outubro de 2008, o que pode ser comprovado por Pimentel (1985) que afirma que uma das maiores limitações do cultivo do milho é a umidade inadequada do solo durante o ciclo. Na China, SUN et al (1990) atribuíram a produtividade instável e baixa às condições desfavoráveis do clima, notadamente no que se refere à temperatura do ar e precipitação pluviométrica, sendo que para pequenas variações decorrentes de pequenos acréscimos nos valores desses elementos meteorológicos ocorrem grandes decréscimos de produtividade.

As mudas de berinjela foram severamente atacadas por lagartas no viveiro, uma nova semeadura foi realizada em casa de vegetação e devido a um erro técnico a irrigação foi interrompida por dois dias no final de semana causando a morte das mudas, fatos que atrasou o transplantio das mudas de berinjela em dois meses.

Devido ao atraso na semeadura do feijão caupi por falta de sementes disponíveis a coleta de dados não foi finalizada.

Contudo até o presente momento não foi possível montar um quadro com os resultados encontrados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALTIERI, M.A., Controle biológico de pragas através do manejo de agroecossistemas. Brasília-2007

ANDOW, D. A. Vegetational diversity and arthropod population response. Annual Review of Entomology, Palo Alto, CA, v. 36, p. 561-586, 1991.

ARMANDO, M. S. Agrodiversidade: Ferramenta para uma agricultura sustentável. Documentos 75. Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Brasília 2002.

Page 65: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

BRUST, G. E.; STINNER, B. R.; McCARTNEY, D. A. Predation by soil inhabiting arthropods in intercropped and monoculture agroecosystems. Agriculture, Ecosystems and Environment, Amsterdam, v. 18, p. 145-154, 1996.

CIVIDANES, F. J.; BARBOSA, J. C.; Efeitos do plantio direto e da consorciação soja-milho sobre inimigos naturais e pragas. Pesq. agropec. bras., Brasília, v. 36, n. 2, p. 235-241, fev. 2001.

MIKLÓS, A.. Perspectiva econômica da agroecologia. In: conferência brasileira de agricultura biodinâmica, 3. 1998, Piracicaba. A agroecologia em perspectiva: anais. Piracicaba: IBDR/GAOA/FEALQ, 1998.

PARRA, J.R.P.; BOTELHO, P.S.M.; CORRÊA-FERREIRA, B.S.; BENTO, J.M.S. Controle biológico: Terminologia. In: PARRA, J.R.P.; BOTELHO, P.S.M.; CORRÊA-FERREIRA, B.S.; BENTO, J.M.S (Eds.) Controle biológico no Brasil. São Paulo: Manole, 2002. p. 1-16.

SANTOS, C. A. B., Plantio direto de berinjela (solanum melongena), sob manejo orgânico, em solo com cobertura viva permanente de gramínea e leguminosa. ISSN 1571-8862. Seropédica- RJ, Dezembro de 2006.

VENTURA, S. R. S. 2007. Influência das doses de nitrogênio e das coberturas vivas do solo em cultivo orgânico de berinjela, na incidência de Corythaica cyathicollis em diferentes períodos do dia. Revista Biotemas, 20 (4).

Page 66: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

ESTABELECIMENTO DE VALORES ORIENTADORES PARA METAIS PESADOS NOS SOLOS DO PROJETO DE IRRIGAÇÃO

DO RIO FORMOSO

Pablo Adriell de Melo Leal1 ; Mauro Lúcio Torres Corrêa2

1Acadêmico de Agronomia, Faculdade Católica do Tocantins - FACTO; Bolsista PIBIC-UNITINS/CNPq; E-mail: [email protected]

2Professor/Pesquisador; Diretoria de Pesquisa Agropecuária – UnitinsAgro/Unitins; E-mail: [email protected]

Introdução

Na bacia do rio Formoso, foi implantado o maior projeto de irrigação por inundação do mundo. Portanto, passível de contaminações ambientais devido à intensa atividade antrópica.

Nesse particular, tem-se destacado a preocupação com a contaminação ambiental na área, em especial por metais pesados devido à utilização de defensivos agrícolas bem como outros insumos e fertilizantes que podem conter tais elementos químicos.

Os metais pesados são altamente reativos e bio-acumulativos, ou seja, os organismos não são capazes de eliminá-los. Os seres vivos necessitam de pequenas quantidades de alguns desses metais, incluindo cobalto, cobre, manganês, molibdênio, vanádio, estrôncio, e zinco, para a realização de funções vitais no organismo. Porém níveis excessivos desses elementos podem ser extremamente tóxicos. Outros metais pesados como o mercúrio, chumbo e cádmio não possuem nenhuma função dentro dos organismos e a sua acumulação pode provocar graves doenças, sobretudo nos mamíferos.

Em função da problemática exposta definiu-se como objetivo do trabalho mapear os níveis de metais pesados na área de influência do projeto de irrigação do rio formoso.

_____________________________

Projeto: Estabelecimento de Valores Orientadores para Metais Pesados nos Solos do Projeto de Irrigação do Rio Formoso; PIBIC; UNITINS.

Page 67: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Material e Métodos

A área de influência do projeto rio Formoso foi subdividida em talhões homogêneos e caracterizada, a princípio, conforme suas características de ocupação e utilização das áreas. Nas áreas de ocorrência de Plintossolos foram coletadas, em triplicatas e em duas épocas distintas, a primeira época em novembro de 2008 e a segunda em janeiro de 2009. As amostras de solos foram coletadas em talhões de 25 hectares, tendo sidas distribuídas espacialmente e geo-referênciadas. Essas amostras Foram coletadas nas profundidades de 0 a 2 cm e acondicionadas em recipientes apropriados e conduzidas ao laboratório de solos da Unitins Agro. Foram determinados os teores totais de metais pesados conforme descrito pela (USEPA, 2003). Os resultados obtidos foram analisados estatisticamente por meio do software SAEG e comparados com os “valores de referência de qualidade”, “prevenção” e “intervenção” estabelecidos pela CETESB (2005) para os solos do estado de São Paulo quanto aos teores de metais pesados.

Page 68: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Resultados e Discussão

Segundo as análises de variância, foram verificadas diferenças significativas entre os elementos químicos Cr, Cu, Pb, Ni e Zn nas parcelas estudadas (Tabela 1).

As amostras 07 e 09 apresentaram teores de cromo maiores que aqueles estabelecidos pela CETESB (2005) quanto aos valores de referência de qualidade para solos. As demais amostras apresentaram valores inferiores para este elemento, indicando que até agora não houve contaminação ambiental da área em estudo pelo cromo (Tabela 2 e 3).

Com relação aos teores de cobre, zinco e chumbo nas amostras avaliadas, nenhuma delas apresentou teores de superiores àqueles estabelecidos pela CETESB (2005), não indicando problemas de contaminação ambiental por estes elementos na área em questão (Tabelas 2 e 3).

A amostra 08 apresentou teores de níquel maiores que aqueles recomendados pela CETESB (2005) como referência de qualidade para solos. Tais valores não indicam necessariamente problemas de contaminação ambiental por este elemento. Sugere-se que esta área específica (S 11º 49. 904’ W 049° 44. 282’) seja monitorada por mais tempo para se verificar a potencialidade de contaminação por níquel. As demais amostras apresentaram valores inferiores aos limites de qualidade para o níquel, indicando que até o presente momento não houve contaminação ambiental da área em estudo por este elemento (Tabelas 2 e 3).

Tabela 1. Análise de variância para Cr, Cu, Pb, Ni e Zn dos solos do município de Formoso do Araguaia (TO).

F.V. G.L. Q.M.Cr Cu Pb Ni Zn

Repetição 2 2,48 0,82 22,24 0,68 1,22Solos 12 508,74** 98,44** 5,10** 71,95** 194,42**Resíduo 24 10,34 2,60 18,84 2,24 12,37C.V. (%) 10,58 10,91 12,04 20,22 10,76Média 30,39 14,77 1,96 7,40 32,68

** coeficientes significativos a P ≤ 0,01.

Page 69: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Tabela 2. Teores de metais pesados nas amostras de solos coletadas no município de Formoso do Araguaia (TO).

Amostra Localização Cr Cu Pb Ni Znmg Kg-1

1 S 11º 52. 506’

W 049º 39. 843’

9,174 6,066 0,222 0,178 16,957

2 S 11º 51. 345’

W 049º 41. 102’

33,600 16,798 3,258 6,636 39,146

3 S 11º 50. 372’

W 049º 38. 233’

12,142 6,768 0,257 0,106 21,222

4 S 11º 48. 992’

W 049º 40. 299

28,652 18,163 2,771 11,374 38,368

5 S 11º 52. 504’

W 049º 43. 318’

30,026 16,533 1,986 11,369 33,181

6 S 11º 51. 325’

W 049º 41. 653’

31,507 18,306 1,555 11,662 37,630

7 S 11º 50. 381’

W 049º 41. 718’

53,931 17,554 3,776 9,467 37,111

8 S 11º 49. 904’

W 049º 44. 281’

37,948 26,364 2,872 15,817 43,902

9 S 11º 49. 907’

W 049º 42. 298’

48,764 16,205 3,549 6,374 39,127

10 S 11º 48. 895’

W 049º 43. 897’

26,573 14,839 1,426 7,879 30,337

11 S 11º 48. 482’

W 049º 41. 618’

24,732 12,959 1,613 6,681 27,431

12 S 11º 47. 995’

W 049º 43. 314’

39,979 15,438 2,485 8,629 36,102

13 S 11º 47. 523’

W 049º 41. 835’

18,153 6,122 0,444 0,249 24,409

Tabela 3. Valores orientadores para solo, segundo a companhia (CETESB).

Cr Cu Pb Ni Znmg.Kg-1

VRQ 40 35 17 13 60VP 75 60 72 30 300VI 150 200 180 70 450

VRQ = Valor de Referência de qualidade; VP = Valor de Prevenção; VI = Valor de Intervenção.

Fonte: CETESB.

Page 70: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Não foi detectado a contaminação ambiental no projeto Rio Formoso, localizado no município de Formoso do Araguaia – TO pelos metais pesados Cr, Cu, Pb, Ni, e Zn em função da atividade antrópica.

Sugere-se quer sejam adotados, a princípio, como valores de “referência de qualidade de solos”; “valores de prevenção”; e “valores de alerta” os valores adotados pela CETESB para a área em questão, devido aos poucos trabalhos ainda existentes para a referida área.

Referências

CETESB – Relatório de estabelecimento de valores orientadores para solos e águas subterrâneas no estado de São Paulo. Dorothy C. P. Casarini [et al.]. São Paulo, SP: CETESB, 2001. 73 p.

EMBRAPA – EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Manual de análises químicas de solos, plantas e fertilizantes. Organizador: Fábio Cesar da Silva. – Brasília: Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia, 1999. 370p.

MEHLICH, A. Determination of P, Ca, Mg, K, Na, NH4. Short Test Methods Used in Soil Testing Division, Department of Agriculture, Raleigh, North Carolina. S.T.D.P. no. 1-53. 1953.

MEHLICH, A. Mehlich 3 soil test extractant: a modification of Mehlich 2 extractant. Communications in Soil Science and Plant Analysis, v.15, p.1409-1416, 1984.

OLIVEIRA, J. B. Pedologia Aplicada. Funep: Jaboticabal. 2001. 414p.

SEPLAN – Secretária de Planejamento do Estado do Tocantins. Mapas geológico, de relevo e de solos. Disponível em: http://www.seplan.to.gov.br. Acesso em 05/06/2007.

USEPA – United States Environmental Agency. Washington DC. SW 486 On Line. Test Methods for Evaluating Solid Wastes, Physical/Chemical Methods. 2003.

VIEIRA, L.S. Manual da Ciência do Solo: com ênfase aos solos tropicais. 2ª edição, São Paulo: Editora Agronômica Ceres, 1988.

Page 71: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO E PRODUTIVIDADE DA CULTURA DA MANDIOCA EM FILEIRAS SIMPLES SOB A

INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS1

Suzana de O.Carneiro2; Eliane R.Archangelo3; André C.França4; Antônio A.Silva5; Ronaldo R.Coimbra6; Arison J.Pereira3; Roberta Z. Silva3; Merilene O.M. Damasceno2

2Graduandas do Curso de Engenharia de Alimentos do Campus Universitário de Palmas – UFT, Bolsistas do PIBIC-UNITINS/CNPq. 3Professores da Fundação Universidade do Tocantins – UNITINS. 4Professor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM. 5Professor da Universidade Federal de Viçosa – UFV. 6Professor da Fundação Universidade Federal do Tocantins – UFT

1.0 – INTRODUÇÃOA cultura da mandioca (Manihot esculenta crantz) possui crescimento

inicial lento, deixando o solo descoberto, facilitando, dessa forma, o desenvolvimento de plantas daninhas, que competem pelos fatores de produção (água, luz, nutrientes e gás carbônico). (AZEVEDO et al., 2000). De acordo com Johanns e Contiero (2006) tem-se preconizado para o incremento na produção da mandioca, a eliminação da competição por plantas daninhas durante o período inicial de crescimento. No entanto, muitos consideram que a cultura é capaz de sobreviver, competir e produzir com a realização de somente um controle. Os objetivos deste trabalho foram os de avaliar a cultura da mandioca cultivada em fileiras simples, associadas ao manejo de plantas daninhas e identificar as principais espécies de plantas daninhas infestantes durante o cultivo da mandioca.

2.0 – MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos foram conduzidos a campo no Complexo de Ciências Agrárias (CCA), da Fundação Universidade do Tocantins (UNITINS), localizado no Centro Agrotecnológico de Palmas, no município de Palmas-TO, em solo classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico de textura média. O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso, com sete tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos do experimento I foram compostos por diferentes períodos de convivência das plantas daninhas com a cultura da mandioca. Os tratamentos do experimento II foram compostos por diferentes períodos de controle das plantas daninhas com a cultura. O solo foi inicialmente preparado com aração, gradagem e sulcamento. A adubação de plantio foi de 320 kg ha-1 de N-P-K da formulação 5-25-15 + Zn na cova de plantio e de acordo com a recomendação da cultura (CFSEMG, 1999). O plantio foi realizado utilizando o 1 1Projeto: Desenvolvimento de Técnicas Agronômicas para a Cultura da Mandioca no Estado do Tocantins; CNPq-UNIVERSAL/UNITINS.

Page 72: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

espaçamento de 1,0 m entre linhas e 0,6 m entre plantas nas linhas. Cada parcela com 14,4 m2, formada por 4 linhas de 3,6 m de comprimento por 4,0 m de largura, com 28 plantas por parcela, sendo 10 plantas centrais consideradas úteis, correspondentes a uma área de 6m2. As manivas foram obtidas de ramas do cultivar denominado de Cacau Teixeira, do grupo das mandiocas mansas, colhidas de plantas sadias com idade aproximada de 12 meses, foram dispostas nos sulcos e cobertas com 10 cm de solo. Aos 70 dias após o plantio realizou-se a adubação de cobertura, referente a 155 kg ha-1, utilização a formulação 20-0-20. As avaliações das plantas daninhas foram realizadas no final de cada período de convivência com as plantas daninhas (50, 75, 100, 125, 150 e 335 dias após plantio) com a cultura da mandioca. Na ocasião dessas avaliações fizeram-se as coletas das plantas daninhas por meio de amostragem utilizando um quadro de 1,0 x 0,5 m de dimensão, lançado aleatoriamente na área útil de cada parcela. As plantas daninhas presentes em cada amostragem foram identificadas, quantificadas e secas em estufa de circulação de ar forçado aos 65°C para obtenção de massa seca por espécies. Na colheita, realizada aos 335 dias após plantio foram avaliadas para os dois experimentos, altura média das plantas (AP), altura média da primeira ramificação (APR), diâmetro do caule (DC), comprimento médio da raiz (CR), diâmetro médio da raiz (DR), estande final (S), peso da parte aérea (PPA), peso das raízes (PR), determinação da matéria seca das raízes tuberosas (MS) e teor de amido (TA), obtida pelo método da balança hidrostática (GROSSMANN e FREITAS, 1950) e índice de colheita (IC), de acordo com a fórmula: IC= (peso de raízes)÷(peso de raízes + peso da parte aérea) x 100. Após verificação quanto à normalidade de homogeneidade, os dados obtidos para AP, APR, DC, CR, DR, S, PPA, PR, MS, TA e IC foram submetidos à análise de variância, e a diferença entre as médias, foi determinada usando teste de Scott Knott a 5% de probabilidade, utilizando o programa SISVAR 5.0 VERSÃO 4. Os resultados produção de raízes (PR) de mandioca foram analisados, segundo critérios de períodos de convivência e livre de plantas daninhas, sendo submetidos à análise de regressão. Para a escolha correta do modelo, é necessário considerar aspectos de ordem teórica e de aplicação prática. A escolha dos modelos foi baseada no fenômeno biológico, no valor do coeficiente de determinação (r²) e na significância da análise de variância da regressão. Com base nas curvas das equações de regressão, determinou-se o período crítico de prevenção da interferência (PCPI). Os dados de produção de raízes, em ambos os períodos de interferência, foram ajustados a um modelo de regressão não-linear, por meio do programa SigmaPlot, usando o modelo sigmoidal de 4 parâmetros:

Y = y0+a

(1+exp(-(x-x0

)/b))

em que Y = a produção de raízes de mandioca (t ha-1); y0= produtividade mínima obtida na testemunha infestada; x0 = número de dias em que ocorre 50% na redução; x = o número de dias após o plantio da cultura; a e b são coeficientes, de modo que a é o valor máximo menos o valor mínimo obtido na testemunha limpa e estimado pelo modelo; b é a declividade da curva.

3.0 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

As quantidades de plantas daninhas identificadas e a biomassa seca de cada espécie encontram-se na Figura 01. Houve predomínio da espécie Sida spp, que apresentou o

Page 73: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

maior número e biomassa em todas as épocas de coleta. Nas Tabelas 02, 03, 04 e 05 são apresentadas as médias de todos os caracteres avaliados na cultura da mandioca referentes ao experimento I e II. Considerando as avaliações realizadas na colheita da cultura da mandioca aos 335 DAP (Tabela 02, 03, 04 e 05), foram observadas que não houve diferenças significativas entre os tratamentos para altura de planta (AP), altura da primeira ramificação (APR), diâmetro de raiz (DR), stande (S), matéria seca de raízes (MS) e teor de amido (TA) nos experimento I (convivência com as plantas daninhas) e II (livre das plantas daninhas) e peso da parte aérea (PPA) no experimento I e comprimento de raízes (CR), índice de colheita (IC) no experimento II. No que se refere a esses caracteres, pode-se concluir que o comportamento da cultura da mandioca não foi afetado pelas plantas daninhas presentes na área estudada. Nas tabelas 02 e 03 pode-se observar que para diâmetro do caule (DC) e para índice de colheita (IC) os maiores valores foram observados na testemunha isenta de competição das plantas daninhas. Todavia analisando o experimento como um todo, verifica-se que não é necessária a manutenção do mandiocal sempre no limpo durante todo o ciclo. Essa prática não é recomendável, pois, com a manutenção do solo totalmente livre de plantas daninhas, há aumento da erosão e também maior custo. Além disso, a presença das plantas daninhas em período em que não ocorre competição pelos fatores do crescimento é fundamental para reciclagem de nutrientes e manutenção de camada protetora, devendo a capina ser realizada quando necessário (ALBURQUERQUE et al., 2008). Considerando os dados da Figura 02, o período anterior à interferência (PAI) para a cultura, foi de 27 dias e o período total de prevenção da interferência (PTPI) foi de 169 dias, indicando um período crítico de interferência (PCPI) de 27 a 169 dias após o plantio.

a

0

10

20

30

40

50

60

50DAP 75DAP 100DAP 125DAP 150DAP 335DAPDias após o plantio

Plan

tas d

anin

has (

50cm

-²)

Sida spp Mimosa pudica Digitaria horizontalis

Cynodon dactylon Glycine wightii Amaranthus spp.

b

0

100

200

300

400

500

50DAP 75DAP 100DAP 125DAP 150DAP 335DAP

Dias após o plantio

Mas

sa p

lant

as d

anin

has (

g 50

cm-²)

Sida spp Mimosa pudica Digitaria horizontalis

Cynodon dactylon Glycine wightii Amaranthus spp.

Figura 01 - Número (50cm-²) (a) e massa seca de plantas daninhas (g 50cm-²) (b), em convivência com a cultura de mandioca coletadas aos 50, 75, 100, 150 e 335 dias após plantio da cultura. UNITINS. Palmas – TO, 2009.

Tabela 02 – Médias de altura de planta (AP), altura da primeira ramificação (APR), diâmetro do caule (DC), comprimento de raízes (CR) e diâmetro de raízes (DR) do cultivar de mandioca, referentes ao experimento I (convivência com as plantas daninhas). UNITINS. Palmas – TO, 2009.

Tratamento AP (cm) APR (cm) DC (mm) CR (cm) DR (mm)CPD1/ após 0 DAP2/ 201,06 a 81,13 a 22,13 a 27,92 a 48,08 aCPD após 50 DAP 199,88 a 89,56 a 16,67 c 22,29 b 45,71 aCPD após 75 DAP 198,75 a 77,06 a 19,75 b 30,04 a 47,99 aCPD após 100 DAP 193,75 a 90,69 a 18,08 c 26,29 a 49,25 aCPD após 125 DAP 194,88 a 97,06 a 17,13 c 25,50 a 50,21 aCPD após 150 DAP 190,06 a 101,13 a 15,88 c 27,34 a 45,79 aCPD até 335 195,25 a 95,69 a 19,42 b 20,63 b 40,21 aMédia 196,23 ns 90,33 ns 18,44 * 25,71 * 46,75 nsCV (%) 8,36 12,73 8,95 13,01 10,66

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste de Scott Kanott. 1/ convivência com as plantas daninhas; 2/dias após plantio.

Page 74: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Tabela 03 - Médias de estande (S), peso da parte aérea (PPA), índice de colheita (IC), matéria seca de raízes (MS) e teor de amido (TA) do cultivar de mandioca, referentes ao experimento I (convivência com as plantas daninhas). UNITINS. Palmas – TO, 2009.

Tratamento S

(pl.ha-1)

PPA

(kg ha-1)

IC

(%)

MS

(%)

TA

(%)CPD1/ após 0 DAP2/ 12917 a 13330 a 53,74 a 26,96a 22,31aCPD após 50 DAP 11250 a 7941 a 38,60 b 27,87a 23,22aCPD após 75 DAP 15417 a 14374 a 51,36 a 27,73a 23,08aCPD após 100 DAP 13333 a 15768 a 46,01 b 28,16a 23,51aCPD após 125 DAP 12083 a 12090 a 41,84 b 27,17a 22,52aCPD após 150 DAP 13333 a 12372 a 42,38 b 27,10a 22,45aCPD até 335** 13750 a 11093 a 40,34 b 29,72a 25,07aMédia 13155 ns 12424 * 44,89 * 27,82ns 23,16nsCV (%) 16,65 22,03 12,59 8,55 10,27

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste de Scott Kanott. 1/ convivência com as plantas daninhas; 2/dias após plantio.

Tabela 04– Médias de altura de planta (AP), altura da primeira ramificação (APR), diâmetro do caule (DC), comprimento de raízes (CR) e diâmetro de raízes (DR) do cultivar de mandioca, referentes ao experimento II (livre das plantas daninhas). UNITINS. Palmas – TO, 2009.

Tratamento AP (cm) APR (cm) DC (mm) CR (cm) DR (mm)LPD1/ após 0 DAP2/ 182,13 a 78,32 a 19,81 a 27,25 a 48,92 aLPD após 50 DAP 176,00 a 86,56 a 16,13 b 21,42 a 41,04 aLPD após 75 DAP 172,44 a 86,50 a 17,13 b 26,67 a 40,62 aLPD após 100 DAP 178,38 a 65,19 a 19,19 a 26,38 a 45,67 aLPD após 125 DAP 175,56 a 91,19 a 19,47 a 26,58 a 44,96 aLPD após 150 DAP 180,19 a 78,38 a 19,68 a 29,34 a 46,83 aLPD até 335 180,75 a 82,25 a 20,44 a 23,92 a 42,75 aMédia 177,92 ns 81,20 ns 18,83 * 25,93 ns 44,40 ns CV (%) 7,32 18,59 8,15 16,80 9,54

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste de Scott Kanott. 1/ livre de plantas daninhas; 2/dias após plantio.

Tabela 05 - Médias de estande (S), peso da parte aérea (PPA), índice de colheita (IC), matéria seca de raízes (MS) e teor de amido (TA) do cultivar de mandioca, referentes ao experimento II (livre das plantas daninhas). UNITINS. Palmas – TO, 2009.

Tratamento S

(pl. ha-1)

PPA

(kg ha-1)

IC

(%)

MS

(%)

TA

(%)LPD1/ após 0 DAP2/ 12500a 13131 a 53,95 a 27,24 a 22,59 aLPD após 50 DAP 12083 a 8170 b 46,57 a 27,74 a 23,09 aLPD após 75 DAP 13333 a 9020 b 55,25 a 27,02 a 23,23 aLPD após 100 DAP 12917 a 120456 a 57,00 a 29,28 a 24,63 aLPD após 125 DAP 13750 a 9659 b 56,52 a 27,10 a 22,45 aLPD após 150 DAP 11250 a 12832 a 59,32 a 27,81 a 23,16 aLPD até 335 12500 a 11080 a 49,05 a 27,74 a 23,09 aMédia 12619 ns 10848 * 53,95 ns 27,70 ns 23,18 nsCV (%) 21,08 18,17 19,34 8,52 9,81

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste de Scott Kanott. 1/ livre de plantas daninhas; 2/dias após plantio.

Page 75: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Dias após plantio0 100 200 300 400

Produção (t ha-1)

0

5

10

15

20

Períodos de convivênciay = 4,6016+14,4506/(1+exp(-(x-105,0359)/-26,6339))R² = 0,97Períodos de controley = -1,7232+21,3966/(1+exp(-(x-61,0536)/59,4937))R² = 0,98

PAI

PCPI

PTPI

27 dias 169 dias

Figura 02 - Efeito de períodos de convivência com plantas daninhas alternados por períodos com controle, sobre a produtividade de raízes (t ha-1) da cultura da mandioca. UNITINS. Palmas – TO, 2009.

4.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBURQUERQUE, J. A. A.; SEDIYAMA, T.; SILVA, A. A.; CARNEIRO, J. E. S.; CECON, P. R.; ALVES, J. M. A. Interferência de plantas daninhas sobre a produtividade da mandioca (Manihot esculenta). Planta Daninha, Viçosa, v. 26, n. 2, p. 279-289. 2008.

AZEVÊDO, C. L.; CARVALHO, J. B.; LOPES, C.;ARAÚJO, A, M. A. Levantamento de plantas daninhas na cultura da mandioca, em um ecossistema semi-árido do estado da Bahia. Magisra, Cruz das almas, v. 12, n. ½, jan/dez de 2000.

CFSEMG – Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais: 5ª. Aproximação. Viçosa 1999. 360p.

FADEL A. D. Futuro da mandioca. Revista Associação Brasileira dos produtores de Amido de Mandioca - ABAM, ano. VII , n. 15, P. 28, mai/junho 2009.

FRAIFE Filho, G. A. et. al., Mandioca. Disponível em: <http:www.ceplac.gov.br/radar/mandioca.htm>. Acessado em: 15.01.2008.

FURLANETO et al. O Agronegócio da Mandioca na Região Paulista do Médio Paranapanema. Informações Econômicas, vol. 37, n.º 10, p. 20. São Paulo, 2007.

GROSSMANN, J.; FREITAS, A.C. Determinação do teor de matéria seca pelo peso específico em raízes de mandioca. Revista Agronômica, 1950. v. 160/162, n.4, p.75-80.

JOHANNS O., CONTIERO, R.L. Efeitos de diferentes períodos de controle e convivência de plantas daninhas com a cultura da mandioca. Revista Ciência Agronômica, v.37, n.3, p.326-331, 2006.

Page 76: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

OLIVEIRA JR. et. al. Recomendações técnicas de manejo para o cultivo da mandioca em agricultura familiar no meio-norte do Brasil. Terezina, PI. EMBRAPA: Pecuária e Abastecimento, Circular Técnico 41, p.1, 2005.

Page 77: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

CARACTERIZAÇÃO DA SECA METEOROLOGICA E SEUS EFEITOS EM DIFERENTES REGIÕES DO ESTADO DO

TOCANTINS

Daniel Lima Batista1, José Luiz Cabral da Silva Júnior2

1Graduando em Eng. Ambiental- UFT, Campus de Palmas. Bolsista PIBIC/UNITINS. e-mail: [email protected], D.Sc., Núcleo Estadual de Meteorologia e Recursos Hídricos, UNITINS/Palmas – TO. E-mail: [email protected]

Introdução

O Estado do Tocantins ainda apresenta uma grande carência de informações e investimentos, sobre o clima e os fenômenos naturais de suas regiões e localidades. Frente às constantes variações do regime pluviométrico, temperatura do ar e das atividades antropogênicas desenvolvidas nestas regiões, se faz necessário investimentos em novas tecnologias e conhecimento. Isto aumentaria os subsídios de sua cadeia produtiva alimentar, o planejamento agrícola, a prevenção e mitigação dos efeitos extremos dos fenômenos naturais, tais como a seca meteorológica, ventos, descargas atmosférica entre outros eventos sobre o Estado.

A seca é uma anomalia que ocorre em todos os regimes climáticos com alta ou baixa precipitação pluvial e pode afetar milhões de pessoas ao mesmo tempo (WILHITE et al, 1996) apud GOIS (2005). O fenômeno da seca tem características diferentes de outros fenômenos naturais, tais como furacões, terremotos e enchentes que iniciam e terminam repentinamente, além de normalmente se restringirem a uma pequena região, pois as secas normalmente atingem uma vasta extensão temporal e espacial (MOLINAS & LIMA, 1999). Desta forma, a seca vem sendo considerada ao longo dos anos, como a responsável por mortes e grandes prejuízos socioeconômicos, tanto na agricultura como nas atividades humanas, sendo a população rural a mais exposta ao fenômeno em muitos estados (DUARTE, 2001).

Na tentativa de caracterizar os impactos causados pelo fenômeno da Seca, uma série de modelos matemáticos vêem sendo utilizados para tal fim baseados no desvio de precipitação para um determinado local à precipitação normal. Existe uma grande variedade de índices de seca, entre eles o Índice de Precipitação Padronizado (SPI) McKEE et al., (1993 e 1995), sendo este um dos índices entre os mais utilizados para caracterização de seca.________________________

Monitoramento Hidro (agro) meteorológico e Previsão de Tempo e Clima para o Estado do Tocantins. Fonte: FINEP; UNITINS/PIBIC.

Page 78: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Diante da necessidade de fornecer informações sobre a ocorrência das secas no Estado do Tocantins, o presente estudo avaliou o Índice de Precipitação padronizado – SPI em diversas localidades do Estado, divididas em oito microrregiões, e ainda utilizou os períodos de ocorrência do fenômeno EL Niño para melhor identificação e caracterização dos períodos secos.

Metodologia

A área de estudo abrange o território do Estado do Tocantins localizado na Região Norte do Brasil entre as latitudes, S 5º 10´ 06 e S 13 º 27´ 59”. O clima predominante é Aw, segundo clasificação de Köppen. O índice pluviométrico apresenta precipitação mínina anual de 1200 mm e média máxima de 1700 mm. A temperatura média mínima anual é de 23° C, e a média máxima de 26°C. a umidade relativa varia entre uma média mínima anual de 65 % e média máxima de 75%.

Dados meteorológicos de precipitação pluvial mensal de 30 estações pluviométricas foram coletados, junto à rede hidrométrica nacional do banco de dados Hidroweb, sob gestão da Agencia Nacional de Águas – ANA. Os anos de ocorrência de períodos de ENOS (EL Niño) foram adquiridos junto a fonte CPC-NCEP-NOAA (2009).

Os estudos foram divididos em três etapas, são elas: i) O índice SPI nas escalas SPI - 3 e 6 meses foi calculado para todas as 30 estações meteorologias com média de 30 anos de dados históricos de precipitação; ii) As estações foram agrupadas em microrregiões geográficas de acordo com IBGE (2009), e calculados valores de SPI para cada microrregiões através das medias das estações pertencentes a mesma; iii) Os resultados encontrados foram comparados a anos de ocorrência do fenômeno EL Niño.

Não foram considerados no estudo os meses do período de estiagem no estado (Abril a Setembro), considerando para efetivo de analise do índice SPI os períodos de maior umidade (Outubro a março) e sua divisão em escala de tempo seguiu a seguinte divisão: Inicio do período chuvoso (Outubro a Dezembro), para SPI – 3 meses; Fim do período chuvoso (Janeiro a Março), para SPI - 3 meses;T odo o período chuvoso (Outubro a Março), para SPI – 6 meses. A microrregião de Araguaína foi descartada por não possuir estações em sua região que representassem as condições de precipitação da localidade.

Os cálculos para o SPI foram desenvolvido por McKEE et al. (1993), onde SPI é um índice que quantifica o déficit ou o excesso de precipitação para diferentes escalas de tempo, como 1,3 6 9 12 e 14 meses. Esta versatilidade permite ao SPI monitorar o fornecimento de água em pequenas escalas, mensal, por exemplo, ajudando ao interesse agrícola bem como em longas escalas de tempo, por exemplo, bianual, ao interesse hidrológico. Sendo ajustado através da distribuição gama a qual é então transformada em uma distribuição normal, pela definição tem o valor zero para sua média e variância unitária.

Quando ocorre evento seco, o SPI é igual ou menor a -1 e tem seu fim quando o índice torna-se positivo. Dentro de sua escala os valores menores ou iguais a -2 indicam seca extrema e os maiores ou iguais a 2 unidades extremas, conforme TABELA 2.

Page 79: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

TABELA – 1 Classificações dos períodos secos e úmidos do Índice de Precipitação Padronizado - SPI, segundo (McKEE, 1993)

Escala Categoria≥ 2,00 Extremamente úmido

1,5 a 1,99 Muito úmido1,00 a 1,49 Moderadamente úmido0,99 a -0,99 Próximo ao normal-1,00 a -1,49 Moderadamente seco-1,50 a -1,99 Muito seco

≤ -2,00 Extremamente seco

Resultados e Discussões

Com base no Índice de Precipitação Padronizado – SPI, nas escalas temporais 3 e 6 meses, observou-se a ocorrência da seca meteorológica nas sete microrregiões do Estado do Tocantins e sua relação com anos anômalos de ocorrência do fenômeno EL Niño. Na figura 1 é apresentado o comportamento do índice SPI para as escalas de estudo nas sete microrregiões do estado do Tocantins analisadas.

Page 80: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Figura – 1 Variação do SPI- 3 meses (OUT-DEZ), (JAN-MAR), e 6meses (OUT-DEZ) nas microrregiões: a) Dianópolis; b) Gurupi; c) Miracema; d) Porto Nacional; e) Rio Formoso; f) Jalapão; g) Bico do Papagaio.

De acordo com a Figura 1, a escala de tempo SPI – 3 meses (OUT-DEZ) e (JAN-MAR) apresentaram respectivamente 25 e 26 eventos de seca de qualquer intensidade em sua série histórica para as sete microrregiões estudadas. A escala de tempo SPI – 6 meses (OUT-MAR) apresentaram 16 eventos de seca de qualquer intensidade para as sete microrregiões estudadas.

De acordo com a Figura 1, a microrregião de Porto Nacional apresentou os índices mais severos de seca nos anos de 1994/95 para a escala SPI – 6 meses com valor (-2,60) e no ano de 1996 para a escala de tempo SPI – 3 meses (JAN-MAR), sendo considerados eventos Extremamente secos (ExS) para todo o período estudado. A microrregião do Bico do Papagaio revelou-se como menos castigada por eventos de seca, com apenas 6 eventos registrados ao longo da série histórica considerados moderadamente seco (MoS).

Page 81: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Foram verificadas ocorrências de anos de secas que coincidiram com anos do fenômeno EL Niño, (1997 e 1993/94) para a microrregião de Dianópolis, (1990/91) para Gurupi, (1982/1983, 1994) para Miracema, (1976, 1977/78, 1994, 1996 e 1997) para a microrregião de Porto Nacional, (1977 e 1991) para Rio Formoso, (1977/1978, 1977 e 2003) para Jalapão e (1982 e 1993) para a microrregião do Bico do Papagaio.

Foi verificada a ocorrência de eventos de seca que não coincidiram com os anos de interferência do fenômeno EL Niño (1976, 1982, 1984, 1990, 2003 e 1984/85) para a microrregião de Dianópolis, (1975, 1999 e 1984/85) para a microrregião de Gurupi, (1974, 1979, 1981 e 1990) para Miracema, (1984, 1996, 1999 e 2001) para Porto Nacional, (1990 e 1996) para a microrregião de Rio Formoso, (1974, 1990, 1994 e 1997) para Jalapão e (1974 e 1990) para o Bico do Papagaio.

A modificação lenta das condições dinâmicas da atmosfera pode ter influenciado na caracterização de períodos seco pelo SPI onde teoricamente não se estabeleceram como anos de EL Niño.

Conclusões

Pode-se concluir que o índice SPI se apresentou como uma ferramenta importante na caracterização da seca no estado do Tocantins, fazendo-se necessários estudos complementares em outras escalas de tempo e estudo com outros índices de seca que possam representar e caracterizar a seca nas regiões do estado do Tocantins. Ainda foi verificado que a seca no estado do Tocantins não ocorre de forma homogênea em todo o território, apresentando-se variável espacialmente e em sua intensidade para cada microrregião

Referências

CPC-NCEP-NOAA. Cold and Warm Episodes by Season. Climate Prediction Center. Disponível: em <http:// www.cpc.ncep.noaa.gov/products/analysis_monitoring/ ensostuff/ensoyears.html> Acesso em: 15.Mai.2009.

DUARTE, R. S. Seca, Pobreza e Políticas Públicas no Nordeste do Brasil In: Pobreza, Desiguald social y cuidadanía. 1º ed Buenos Aires: CLASCO, 2001, v. 1, p. 425-440.

McKEE, T.B., DOESKEN, N.J., KLEIST, J. The relationship of drought frequency and duration to time scales. In: PROCEEDINGS OF THE 8TH CONFERENCE ON APPLIED CLIMATOLOGY. AMS, Boston, MA, pp. 179–184. 1993.

McKEE, T. B.; DOESKEN, N. J.; KLEIST, J. Drought monitoring with multiple time scales. Preprints, 9th Conference on Applied Climatology, 15-20 January, Dallas, TX, pp. 233-236, 1995

MOLINA, P. A & LIMA, L. C. T. M. Estudo de secas agrícolas no Nordeste Brasileiro. In: XIII SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS: ÁGUA EM QUANTIDADE E QUALIDADE – O DESAFIO DO PRÓXIMO MILÊNIO. (CDROM). Belo Horizonte, MG, 1999.

Page 82: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

WILHITE, et al. (1996), apud, GOIS, G. Caracterização da seca e seus efeitos na produção da cultura do milho para as diferentes regiões do estado de Minas Gerais. Viçosa: UFV, 2005.

Page 83: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO AMBIENTAL DAS RELAÇÕES HOMEM-MEIO QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE DE ÁGUA.

Kaio Cézar de Assis Borba1; Juliana Mariano Alves2; Fred Newton da Silva2; Luiz Renato D’Agostini3; Jane Kelly Marinho Lima4; Daiane Santana da Silva4.

1Estudante do Curso de Engenharia Ambiental, Campus de Palmas da Universidade Federal do Tocantins; Bolsista do PIBIC-UNITINS/CNPq; E-mail: [email protected]; 2Professor/Pesquisador UNITINS/NUDAM 3Professor da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC; 4Engenheira Ambiental, Bolsista EXP/CNPq.

INTRODUÇÃO

O monitoramento da qualidade da água, e dos fluxos de precipitação e vazão é fundamental para aplicação de índices indicadores que avaliem os recursos hídricos. A rede hidrométrica brasileira conta com 23.910 pontos catalogados no banco de dados da Agência Nacional de Águas (ANA), sendo que desse total, 14.169 estão ativados. A ANA opera 4.341 estações, sendo 1.806 fluviométricas (1.286 com coleta para análise da qualidade e 456 com coleta de sedimentos) e 2.535 pluviométricas (BRASIL, 2006, p.58).

No contexto da sub-bacia do ribeirão São João, o Indicador de Qualidade no Uso da Água (IQUA) têm demonstrado que a partir da incorporação de dados de qualidade, quantidade e regularidade é possível e bastante providencial a avaliação do desempenho ambiental no uso da água. Conforme descrito por D’Agostini (2007), quase nada se pode fazer com bastante água sem um mínimo de qualidade, da mesma forma pouco significa dispor de água boa em quantidade insuficiente, ao passo que também são limitadas as possibilidades a partir de água que somente resulte disponível sem regularidade na quantidade ou na qualidade.

Para os propósitos do presente estudo entende-se que em uma micro-bacia as características e condições de superfície têm efeito redutor como o de sustentar a vazão na foz. Isso, pois as taxas de entrada e de saída de água afetam bastante a disponibilidade de água, tanto no interior como no sistema aberto à jusante. Para D’Agostini (2007),

_________________________________ Projeto: Avaliação e orientação do desempenho ambiental em usos da água no meio rural: estratégia e instrumentos de gestão. (CT-Hidro/CNPq/NUDAM-UNITINS).

Page 84: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

a qualidade das relações homem-meio nos limites de uma bacia hidrográfica, afetam a regularidade de fluxos da hidrologia de superfície, que juntamente com as características bio-físico-químicas da água, são determinantes da efetiva disponibilidade. Assim, é possível estabelecer relações

que afetem o desempenho ambiental dos recursos hídricos no contexto da sub-bacia do ribeirão São João.

Diante do exposto, o uso do Indicador de Regularização de Hidrologia de Superfície (IRHIS), conforme proposto por D’ Agostini (2007), permitirá avaliar o desempenho ambiental das ações que afetam a disponibilidade de água, levando em conta regime de chuvas, as características fisiográficas da bacia e as variações na vazão. Em síntese, o IRHIS é uma nota que varia de 0 a 1 que determina a medida de regularização de fluxos da água.

METODOLOGIA

A área de abrangência do presente estudo compreende a sub-bacia do Ribeirão São João, entre os municípios de Palmas-TO e Porto Nacional-TO. A sub-bacia do ribeirão São João situa-se entre os paralelos 10° 19’ 18’’ e 10° 27’ 56’’ e os meridianos 48° 05’ 03’’ e 48° 24’ 40’’, integrando o grupo dos tributários do Rio Tocantins, ocupando uma área de 34.328,15 ha e um perímetro de 108,2 km.

O levantamento busca identificar informações e dados necessários à caracterização da microbacia do córrego São Joãozinho, e da sub-bacia do ribeirão São João, especialmente em relação aos aspectos físicos (relevo, clima, hidrografia, geologia, geomorfologia e solos). Outra informação importante é a capacidade de armazenamento da água pelo solo, (ou profundidade do horizonte A), o qual será obtido através de levantamento em campo.

Para a elaboração do mapa de declividade optou-se por utilizar técnicas de extração de dados de imagem de radar, para isso foi obtido uma imagem da Missão Topográfica por Radar Interferométrico (Shuttle Radar Topographic Mission - SRTM) disponibilizado no site da (NASA, 2009).

De posse da imagem SRTM, foi efetuado o recorte no software ENVI 4.5 usando arquivo shapefile dos limites da bacia, e em seguida no ARCMAP 9.2, realizou-se um procedimento de realce para melhorar a qualidade de visual da imagem. Originalmente o STRM contém resolução espacial de 90 metros, por isso se faz necessário a utilização da extensão Spatial Analyst, na função RasterToFeature para se interpolar, utilizando

Page 85: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

o método Spline, que foram geradas curvas de nível no intervalo de 20 metros, sendo apresentado as curvas mestras com variação de 50 ou 100 metros. Com base nos resultados foi gerado o Modelo Numérico do Terreno – MNT através da extensão 3D Analyst. Na função Slope o mapa de declividade foi obtido em graus, e posteriormente esse mapa foi reclassificado em intervalos de 15 graus.

Calculo da declividade media e área respectiva das seções da micro bacia: medições para declividade no sentido ortogonal para o rio, medições de 50 a 200m. O numero de medicoes ira variar de acordo com a uniformidade do terreno.

O calculo declividade media ponderada da micro-bacia: .

A cada sete dias foi realizada a coleta dos dados que ficam registrados no datalogger das Estações descritas pelo quadro abaixo. Essas informações são arquivadas numa base de dados, de onde foram sistematizadas.

No quadro abaixo temos listadas as localizações das Estações. A identificação do Quadro está listado pelas iniciais PNVS que são respectivamente, precipitação, nível, vazão e sedimento.

Ponto Identificação Localização (Coordenadas)

Estação I PNV0809453

8847767

Estação II PNV0808854

8849984

Estação III PNVS0808045

8851375

Estação IV NVS0809096

8852097

Estação V PNVS0794376

8848081

Page 86: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

O calculo do Índice de Regularização da Hidrologia de Superfície – IRHIS pode ser esboçado pela formula abaixo:

Quanto à natureza e origem dos dados apresentam os seguintes termos que compõem as equações: onde, u é tempo (s) unitário de flutuação (1800s, 3600s...); Vui vazão (m3/s) na foz (vazão média na duração u); Vum∆t é vazão média no período de tempo de avaliação; n é o número de unidades de duração u no período de tempo Δt; luj é lâmina d’água de chuva (m) que ocorreu em cada uma das r durações uj no período Δt (s) da avaliação (D’AGOSTINI, 2007).

Já lumΔt é o valor da lâmina média em uma unidade de duração u, se a entrada fosse processo contínuo, ou seja, a chuva fosse constante no período de tempo t considerado. Portanto, lumΔt é uma constante de um lugar e de uma época do ano; A é a área da sub-bacia (m2) e Ac é a área que está sob chuva no tempo em que valores positivos de luj estão sendo registrados; θ é ângulo de inclinação do terreno; Cc é coeficiente de compacidade de bacia; L é lâmina (m) correspondente à amplitude média das flutuações no regime de entrada que ocorrem ao longo do período Δt; p é profundidade do solo mais permeável (horizonte A); K é a capacidade de o sistema bacia promover/atenuar flutuações de vazão onde m é o componente promotor e k o componente atenuador de efeito redutor e/ou sustentador(D’AGOSTINI, 2007).

Page 87: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Gráfico dos resultados do IRHIS

Verificamos que o IRHIS é sensível as mudanças climáticas. Desta forma temos o IRHIS do período de menos chuvas que compreendeu ao segundo semestre de 2008 e a um período com maior intensidade de chuvas no primeiro semestre de 2009. Apesar de apresentarem grandes diferenças numéricas, devido às mudanças climáticas, o gráfico se mostra regular quando se analisa cada Estação. Sabendo que o fluxo do Ribeirão São Joãozinho inicia-se nas proximidades da Estação I passando pela Estação II e desaguando Ribeirão São João entre as Estações III e IV. Esta queda é facilmente compreendida levando-se em conta que na Estação I, a ação antrópica é mínima, porem aumenta no decorrer do fluxo, tal redução no indicador ocorre nos dois períodos. As Estações III e IV foram colocadas em posições estratégicas, a Estação III onde deságua o Ribeirão São Joãozinho no Ribeirão São João, e a Estação IV logo antes do encontro dos dois cursos, assim podemos fazer o estudo da Micro-bacia e da Sub-bacia como um todo. Desta forma temos Estações I, II e III compreendendo a Micro-bacia (Ribeirão São Joãozinho) e Estações IV e V sendo um complemento ao estudo da Sub-bacia do Ribeirão São João. No estudo da Micro-bacia, com a leitura do indicador, entendemos que ao longo do curso d’água em questão encontram-se assentamentos, que fazem usos consultivos e não consultivos da Micro-bacia, desta forma comprometem a qualidade do uso da água. Quando estudamos a Sub-bacia, notamos que o indicador nos apresenta dados numéricos menores nas Estações II, III e IV, isto é devido aos usos múltiplos inferidos à Sub-bacia nessas localidades, pois é onde se concentram os assentamentos.

Page 88: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Nessas Estações onde a ação antrópica é menor como é o caso das estações I e V, o indicador foi maior, a Estação I devido estar situada a jusante, onde ainda não sofreu nenhuma ação antrópica e na Estação V já próximo a vazante, distante da dos assentamentos, apresentando uma grande recuperação de seu desempenho ambiental. Através desse estudo o professor Luiz Renato D’Agostini trabalha na produção de um programa capaz de criar um banco de dados, pois com um banco de dados é possível fazer comparativos de diferentes intervalos de tempos e datas. Fazendo um acompanhamento da evolução do desempenho ambiental com maior precisão e facilidade.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Plano Nacional de Recursos Hídricos: síntese executiva. Brasília, DF, 2006. 135 p.

D’AGOSTINI, L. R; CUNHA; A. P. P. Ambiente. Rio de Janeiro: Garamond, 2007.

NASA; Nat iona l Aeronaut i c s and Space Admin i s t ra t ion . Dispon íve l em <http://www.nasa.gov/topics/earth/index.html>, ace s so em 23 de junho de 2009.

Page 89: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Levantamento e Caracterização dos Sistemas Agroflorestais implantados no Reassentamento Mariana, Sub-Bacia São João

Lamartine José Mansur Junior¹; Fred Newton da Silva Souza2;

Patrícia C. Magro3

¹ Estudante do curso de Engenharia Ambiental do Campi de Palmas da Universidade Federal do Tocantins; Bolsista; E-mail: [email protected]

² Engenheiro Agrônomo, M.Sc em Agroecossistemas, pesquisador UNITINS/NUDAM

3Engenheira de Alimentos, pesquisadora UNITINS/NUDAM

Introdução

Os Sistemas Agroflorestais, SAFs, estão em grande crescimento, surgindo como alternativa para problemas como desmatamento e complementação de renda.

Programas de desenvolvimento social, econômico e ambiental no espaço rural têm, como objetivo final, melhorar a qualidade de vida dos membros da comunidade. Os objetivos imediatos, por sua vez, sempre são implementar ações que podem promover melhorias de condições para a comunidade viver (MAGRO, 2008).

Para FERREIRA (2005) O SAFs como técnica de uso da terra pode proporcionar um rendimento sustentável a longo prazo com a introdução de espécies anuais, frutíferas e madeiráveis, as quais ainda podem ser consorciadas com a criação de animais.

O presente trabalho tem como objetivo verificar se o grau de melhoria das condições promovidas coincide com o grau de aumento de satisfação das pessoas que vivem as condições no contexto do Projeto de Produção Integrada Participativa e Agroecológica da Sub-Bacia do Ribeirão São João.

Metodologia

Este trabalho foi realizado no Reassentamento Mariana, com os produtores que fazem uso da produção Agroflorestal inserido na comunidade local pelo projeto PIPA. No total foi feito o levantamento de dezesseis propriedades localizadas dentro do Reassentamento.

Foram entrevistadas dezesseis famílias do Reassentamento Mariana com relação às características, métodos de plantio e cuidados referentes aos Sistemas Agroflorestais.

Page 90: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Para execução deste trabalho utilizou-se o GPS (Global Position Sistems). E também um aplicativo criado em Excel para geração polígono de cada e área avaliada.

Com o Sistema de Posicionamento Global (GPS) foram coletados os dados de cada área que contém SAFs. Os dados do GPS foram extraídos de forma manual e inseridos no Aplicativo do Excel para quantificação da área convertida em SAFs.

O levantamento foi feito com a aplicação de questionário, onde foram feitas perguntas sobre método adotado para plantio do sistema agroflorestal, espaçamento adotado entre cada planta, quantidade, tipos de mudas utilizadas em cada local e quais as culturas cultivadas em curto prazo para avaliar se houve implicações ou interferências em ambos os cultivos. Enfim o questionário foi desenvolvido para captar os dados referentes aos produtos gerados em cada propriedade.

Essa Metodologia permite o desenvolvimento de estudos de caso e constitui uma ferramenta fundamental para compreender o processo decisório, a situação e os objetivos do produtor e sua família, enfim, a sustentabilidade do sistema de produção.

Resultados e Discussão

Os sistemas de produção adotados na comunidade em estudo são caracterizados pelo bom desempenho ambiental, uma vez que as características edafoclimáticas, os espécies vegetais e as praticas de manejo são bastante compatíveis.

A partir das visitas realizadas nas propriedades que adotaram os SAFs foi possível observar que existe uma grande produção agroflorestal, e que a maioria delas seguem linhas de produção e metodologias diferentes, algumas dessas metodologias indicadas pelos pesquisadores e outras aplicadas pelos próprios proprietários, que usaram os conhecimentos técnicos obtidos nos cursos oferecidos pelo projeto, e também no conhecimento empírico adquirido com o tempo.

Apesar dos produtores receberem instruções como proceder com no plantio das mudas. Espaçamento, local de plantio e interação de espécies, muitos dos produtores implantaram seus Sistemas Agroflorestais aleatoriamente em locais diferentes daqueles sugeridos pelos pesquisadores, e também com a introdução de novas espécies vegetais, a seguir será apresentado um gráfico que faz referência a junção de todas as áreas que fizeram uso do sistema agroflorestal em um total de 100% e caracterizando a porcentagem de cada agricultor que fez uso do SAFs.

Page 91: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

O Gráfico 1 apresenta a área total utilizada por cada produtor para uso e produção dos SAFs. Área esta que é utilizada também como meio de cultivos sazonais e algumas por criação de animais.

Gráfico 1 – Área total de cada produtor.

Gráfico 1 mostra que, a família 1, família 5 e família 12 correspondem a 48% do total plantado na região estudada, restando para as demais famílias 52% de produção de SAFs.

O Gráfico 2 apresenta as plantas mais aceitas pelos produtores, os quais primam por espécies que podem obter maior rendimento e maior qualidade dos produtos dos SAFs. Algumas das plantas definidas para os SAFs e respectivamente mais aceitas pelos produtores são: açaí, banana, cupuaçu, laranja, limão, manga, mogno e murici.

Gráfico 2 – Plantas mais produzida no SAFs.

Nesse último gráfico apresentado, percebeu-se uma preferência das famílias para a utilização de plantas como açaí, cupuaçu e bananas, sendo que estas três espécies mais utilizadas são diretamente beneficiadas pela interação de tais plantas, pelas propriedades

Page 92: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

do solo, tipo de hidrografia da região.

Das espécies plantadas, algumas já estão em fase de produção como o açaí, laranja, limão e banana. No Gráfico 2 o item Outros, se refere às demais espécies que compõe os SAFs avaliados. Essas espécies são: abacate, coco, eucalipto, graviola, jaca, mamão, tangerina, etc.

O Gráfico 3 mostra que das 35 áreas convertidas em Sistemas Agroflorestais, 21 foram demarcadas no início do projeto PIPA, 14 demarcadas posteriormente para aplicação dos cultivos envolvendo SAFs.

Gráfico 3 – Relação por hectares entre áreas demarcadas ainda existentes no início do Projeto PIPA e as novas áreas demarcadas para a produção dos SAFs.

Nesse gráfico a área 1 faz referência a quantidade de áreas que foram convertidas em SAFs, a área 2 diz respeito às novas áreas de produção agroflorestal.

O tempo de crescimento e a vida útil das principais espécies produzidas nos Sistemas Agroflorestais na comunidade são apresentados no Quadro 1. Essa informação é importante para que posteriormente seja possível obter uma média da produção para cada espécie cultivada.

Açaí Banana Cupuaçu Laranja Limão Manga Mogno Murici

Tempo de crescimento

3,5 a 4 anos

A partir de 4 meses

4,5 a 5,5

anos

3 a 4 anos

3 a 4 anos

3,5 a 5,5 anos

15 anos3 a 4 anos

Vida útil da planta

15 a 18 anos

8 a 15 anos 30 anos 10 anos 10 anosMais de 13 anos

Mais de 200 anos

14 anos

Quadro 1 - relação planta X crescimento e tempo de vida para produção

Cada espécie citada nesse trabalho possui suas particularidades, podendo o agricultor adotar o cultivo daquelas que melhor atenda suas necessidades, interesses e ser compatível com possíveis cultivos sazonais.

A partir do levantamento realizado no presente trabalho foi possível observar

Page 93: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

que a maioria das famílias que fazem uso dos SAFs como meio integrado de produção, tem como objetivo principal obter renda extra e complementar, e estão contentes com os resultados obtidos até o momento.

Espera-se que as famílias continuem a produzir e também a ampliarem seus SAFs, com isso garantir melhor qualidade aos cultivos, aos produtores e também para geração de renda complementar para a família.

A produção integrada através dos SAFs e cultivos sazonais mostram-se bastante promissora e de grande repercusão na região à medida que novos agricultores se mostram interessados em adotar esta alternativa de uso das terras.

Referências

DOSSA, D.; CONTO, A. J. de; RODIGHERI, H, R.; HOEFLICH, V. A. Aplicativo com análise de rentabilidade para sistemas de produção de florestas cultivadas e de grãos. Colombo: Embrapa Florestas, 2000. 56 p. (Embrapa Florestas. Documentos, 36).

MAGRO, Patrícia C. Indicadores de sustentabilidade como instrumento de avaliação da qualidade de vida e das condições para viver no Reassentamento Mariana. Resumo Expandido – Petrobrás Ambiental e Unitins, 2008.

RODIGHERI; H. R. Rentabilidade econômica comparativa entre plantios florestais e sistemas agroflorestais com ervamate, eucalipto e pinus e as culturas do feijão, milho, soja e trigo. Colombo: EMBRAPA-CNPF, 1997. 36 p. (EMBRAPA-CNPF. Circular Técnica, 26).

SOUZA, F. N. D. S; ALVES. J. M; D’AGOSTINI. L. R. Agricultores Experimentadores, aprender com a experiência e experimentar para saber. UNITINS: Palmas/TO 2008.

Page 94: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

APLICAÇÃO DE REJEITOS DE LAVRA MINERAL COMO FONTE ALTERNATIVA DE POTÁSSIO PARA USO AGRÍCOLA1

Vanderson Rodrigues de Almeida1; Fred Newton da Silva Souza2;

Juliana Mariano Alves2; Lucas Koshy Naoe3.

1Estudante do Curso de Engenharia Ambiental, Campus de Palmas da Universidade Federal do Tocantins, Bolsista do PIBIC-UNITINS/CNPq, E-mail: [email protected]; 2Professor/Pesquisador, UNITINS/NUDAM; 3Professor/Pesquisador, UNITINS.

Introdução

Na agricultura o potássio é um dos nutrientes mais importantes, pois além de ser requerido em quantidades significativas pelas plantas cultivadas, diferentemente do nitrogênio que pode ser disponibilizado por processos de fixação biológica, não existem fontes renováveis de potássio (K), de modo que sua absorção pelas plantas depende essencialmente das reservas do solo e da aplicação de fertilizantes.

O território brasileiro é constituído, na sua maior parte, por solos ácidos e pobres em nutrientes, como o potássio (K). Para torná-los produtivos, são utilizadas quantidades elevadas de fertilizantes, que englobam cerca de 40% dos custos variáveis de produção. Há, contudo, a necessidade de se buscar alternativas econômicas aos fertilizantes tradicionais. O Brasil tem importado a maior parte do fertilizante potássico utilizado na agricultura, especialmente, na forma de cloreto de potássio (KCl). Em 2007, foram produzidas 471 mil toneladas de K2O, correspondendo 11% da demanda nacional, que atingiu 4,7 Mt. A importação para atender o consumo foi de 4,1 Mt, equivalendo a US$ 1,5 bilhão (Oliveira, 2008).

Metodologia

A rocha usada no projeto como fonte alternativa de potássio, é um rejeito proveniente de minas de exploração de esmeralda na região de Montes Santos no Tocantins, pertence ao grupo de rochas silicáticas sendo classificada como Biotita Xistos. Estudos preliminares evidenciam que rochas com uma quantidade razoável de Biotita podem ser usadas como fontes potenciais de K. A rocha moída apresenta uma fração granulométrica menor que 0,2 mm. Após analise química da rocha foram identificados níveis de óxido de cálcio (CaO), óxido de magnésio (MgO) e óxido de potássio (K2O) em porcentagens equivalentes a 9%, 15% e 2,7% respectivamente.

1 Projeto: Avaliação de rochas e rejeitos de lavra mineral como fonte de fertilizantes para a agropecuária (UNITINS/UnB/Embrapa-CPAC).

Page 95: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

No projeto serão trabalhadas duas variedades de soja a MSOY-8527-RR e a MSOY-9144-RR, que para facilitar o manejo foram nomeadas respectivamente como variedade “A” e “B”. As duas variedades de sementes foram semeadas a mão em blocos de 4x7m, em entre linhas de 50 cm e com densidade de 8 sementes/m linear.

No experimento 1 trabalhamos com três tratamentos utilizando como fonte de K o pó de rocha e um tratamento como testemunha comercial que usa como fonte de K o cloreto de potássio (KCl). Os tratamentos foram dispostos em parcelas de delineamento inteiramente casualizados com quatro repetições, neste caso trabalhando com duas variedades de sementes de soja, temos então o seguinte fatorial 4x2x4.

No Experimento1, utilizou-se como fonte de K o pó de rocha, aplicando-se dosagens de 223, 446 e 892 kg/ha que corresponde respectivamente a 60,120 e 240 kg de K2O/ha. Após a aplicação do pó de rocha a área passou por um período de incubação de 30 dias. Na testemunha comercial, utilizou-se como fonte de K o KCl, considerando que o KCl possui 60% de K2O, o solo recebeu 50 kg KCl/ha, que foi aplicado no sulco, cerca de 5 gramas/m linear. Na adubação complementar utilizou-se apenas fósforo, na ocasião o Superfosfato Simples (P2O5), insumo que possui 20% de P, resultando numa aplicação de 175 kg/ha de P2O5, feita em sulco, o equivalente a 18 gramas/m linear.

Resultados e Discussão

Os dados colhidos foram submetidos à análise estatística, teste de média e análise de variância, conforme Tabela 3. Podemos observar que a variedade “A” não apresentou diferenças significativas com relação à produção (Kg/ha) entre os tratamentos, mas podemos notar que os tratamentos PR-120 e PR-240 que receberam uma maior quantidade de pó de rocha obtiveram um melhor desenvolvimento em todos os parâmetros analisados. A variedade “B” se comportou de forma semelhante à variedade “A”. Pelos resultados obtidos é fácil observar que o desempenho produtivo da variedade “B” foi significativamente maior que o aquele da variedade “A”. Tal comportamento deve estar relacionado ao ciclo produtivo mais tardio da variedade “B”, somado também ao aspecto altura das plantas notadamente superior ao observado na variedade “A”.

Ao observarmos os tratamentos PR-120 e PR-240 vemos que apesar de se ter dobrado a quantidade de pó de rocha aplicado no tratamento PR-240, a diferença na produção de grãos se manteve equiparável, isso pode indicar que a quantidade ideal de pó de rocha a ser aplicada, pelo menos em relação a cultura da soja, deva estar próximo dessa faixa de aplicação.

Para os demais parâmetros analisados não se observou diferenças significativas, mas os tratamentos PR-120 e PR-240 apresentaram um desenvolvimento melhor que os demais.

Page 96: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Tabela 3. Médias e resultado da análise estatística para os diferentes parâmetros.

Variedades Tratamentos Produção

(Kg/ha)

Vagens

(N°)

Nós

(N°)

Altura

(cm)

A

Testemunha 536,7 a 42,6 a 11,2 a 27,0 aPR – 60 586,7 a 47,4 a 10,6 a 26,4 aPR – 120 656,7 a 54,3 a 11,1 a 28,7 aPR - 240 913,3 a 49,2 a 11,4 a 28,5 a

B

Testemunha 1056,7 a 43,3 a 12,4 a 36,4 abPR – 60 536,7 b 27,3 b 10,2 b 31,5 bPR – 120 1336,7 a 33,3 a 13,3 a 39,4 aPR - 240 1383,3 a 42,0 a 12,9 a 40,5 a

Médias seguidas pela mesma letra, minúscula na linha, não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5%.

Dos resultados preliminares obtidos conclui-se que o pó de rocha pode constituir-se em importante fonte alternativa de fertilizante agrícola, sobretudo, para as condições dos solos tropicais. Essa conclusão fundamenta-se no fato de os resultados de produção e demais aspectos avaliados terem se mostrado muito semelhantes nos diferentes tratamentos e, sobretudo, no fato da produção obtida com pó de rocha ter sido superior ao do cloreto de potássio.

Considerando os efeitos residuais da aplicação do pó de rocha, somado ao fato de que grande parte dos solos tropicais hoje cultivados apresenta teores de argila inferiores a 20%, a viabilização do uso do pó de rocha como fonte alternativa de fertilizante agrícola torna-se bastante promissora. Nessas condições o pó de rocha promove a liberação gradual de nutrientes, condição de toda desejável devido o efeito mais duradouro e o menor risco de perdas, se comparado a adubos de alta solubilidade.

Nessa safra 2009-2010 será dada continuidade ao experimento a fim de se avançar também na avaliação dos efeitos residuais da aplicação do pó de rocha. Essas avaliações serão complementadas pelos demais estudos já realizados, e também por novos estudos referentes aos custos de exploração e comercialização do pó de rocha como fertilizante agrícola alternativo. Com isso espera-se comprovar que os custos são relativamente baixos, e que o o uso do produto pode ser perfeitamente acessível a todos os produtores agrícolas, especialmente ao agricultor familiar.

Referências

ANDA. Anuário Estaíistico Setor de Fetilizantes, ANDA,S. Paulo, 2001.

CAMPE, J. O’BRIEN, T.A. BARKER, A.V. Soil remineralization for sustainable agriculture. Remineralise the Earth, Spring, p. 141-164.1996.

CURI, N.; KÄMPF, N.; MARQUES, J.J. Mineralogia e Formas de Potássio em Solos Brasileiros. IN: YAMADA, T. & ROBERTS, T.L. (ED.). Potássio na agricultura brasileira. Piracicaba: Instituto da Potassa & Fosfato, Instituto Internacional da Potassa, 2005. p. 91-122.

DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral. 2001. Sumário Mineral.

Page 97: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

MACHADO, C.T.T.; RESENDE, A.V.; MARTINS, E.S; SOBRINHI, D.A.S; NASCIMENTO, M.T; FALEIRO, A.S.G.; LINHARES, N.W.; SOUZA, A.L.; CORAZZA, E.J.. Potencial de rochas silicáticas no fornecimento de potássio para culturas anuais: ii. Fertilidade do solo e suprimento de outros nutrientes.. In: Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, 30. Recife, 2005. Anais... Recife: UFRPE/SBCS, 2005. (CD-rom).

MARTINS, E.S. Estudos de cinética química de dissolução de minerais de rochas de complexos carbonatíticos. In: ANDRADE, L.R.M. (Org.). Avaliação de fontes alternativas para correção de acidez e adubação do solo sob Cerrado. Planaltina: Embrapa Cerrados. Programa 01. Subprojeto 01.1999.338-01 (Relatório Técnico 2000), 2001.

NASCIMENTO, M.; LOUREIRO, F.E.L. Fertilizantes e sustentabilidade: o potássio na agricultura brasileira, fontes e rotas alternativas. Rio de Janeiro: CETEM/MCT, 2004. 66p. (Série Estudos e Documentos, 61).

RESENDE, A.V.; MACHADO, C.T.T.; MARTINS, E.S.; NASCIMENTO, M.T.; SOBRINHO, D.A.S; FALEIRO, A.S.G.;LINHARES, N.W.; SPUZA, A.L.; CORAZZA, E.J. Potencial de rochas silicáticas no fornecimento de potássio para culturas anuais: i. respostas da soja e do milheto. In: Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, 30. Recife, 2005. Anais... Recife: UFRPE/SBCS, 2005. (CD-rom).

VILELA, L.; SOUSA, D.M.G.; SILVA, J.E. Adubação potássica. In: Sousa, D.M.G.; Lobato, E. (Eds.). Cerrado: correção do solo e adubação. Planaltina: Embrapa Cerrados, 2002, p.169-183.

TÁVORA, J.E.M. Reservas minerais de potássio e suas explorações. In: YAMADA, T.; IGUE, K.; MUZILLI, O.; USHERWOOD, N.R. (Eds.). Potássio na agricultura brasileira: Anais... Piracicaba: Instituto da Potassa & Fosfato: Instituto Internacional da Potassa, 1982. p.37-50.

Rochas e Minerais Industriais – CETEM/2008, 2a Edição.

OLIVEIRA, L.A.M. (2008). Potássio, Sumário Mineral – DNPM. Disponível em: http//www.dnpm.gov.br (acesso em 12 de julho de 2008).

Page 98: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

MÉTODOS COMPUTACIONAIS APLICADOS A METEOROLOGIA: PREVISÃO NUMÉRICA DE TEMPO

PARA O ESTADO DO TOCANTINS UTILIZANDO O MODELO MATEMÁTICO BRAMS

Marcos de Melo da Silva1; José Luiz Cabral da Silva Júnior2 , Diego Raoni da Silva Rocha3

1Estudante do Curso de Ciência da Computação do campi de Palmas da Universidade Federal do Tocantins; Bolsista do PIBIC-UNITINS/CNPq; E-mail: [email protected]

2Professor do Núcleo Estadual de Meteorologia e Recursos Hídricos da Fundação Universidade do Tocantins.

3Pesquisador DTI/CNPQ do Núcleo Estadual de Meteorologia e Recursos Hídricos da Fundação Universidade do Tocantins.

Introdução

Um dos principais objetivos operacionais da meteorologia é a previsão de tempo, que pode ser entendida como a previsão dos fenômenos atmosféricos que ocorrerão em um período futuro de até 15 dias. Além disso, há também a determinação da tendência das flutuações climáticas, tais como, a variação da temperatura, umidade do solo, precipitação, para o próximo ano ou estação, e se estas estarão acima, abaixo ou próximas de um determinado valor esperado (VIANELLO & ALVES, 2000).

Atualmente a previsão do tempo está associada à análise de resultados gerados por modelos numéricos, que prevêem o comportamento médio da atmosfera para um determinado período de tempo, os quais utilizam como parâmetros de entrada dados observacionais, dados fornecidos por satélites, e dados gerados por modelos de dias anteriores. Assim, a predição numérica do tempo faz uso das leis físicas de movimento e conservação de energia, através da evolução das condições da atmosfera que é expressa por uma série de equações matemáticas (TEICHRIEB, 2008).

Dentre os modelos de mesoescala utilizados por centros de pesquisa brasileiros, tem-se o Brazilian Regional Atmospheric Modeling System (BRAMS), desenvolvido a partir do modelo RAMS, e especialmente adaptado para simular as condições atmosféricas do Brasil. Devido a sua versatilidade, pode ser utilizado também em outras escalas, bem como para diferentes tipos de aplicação, em modo de produção ou para pesquisas cientificas. (ALMEIDA, 2007).

A utilização de modelos de mesoescala, tal como o BRAMS, para previsão de tempo e clima nos Estados são ferramentas de grande valia, uma vez que possibilitam configurações melhor adaptadas a cada região e auxiliam os profissionais atuantes na área na tomada de decisões.

Page 99: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Metodologia

A avaliação da previsibilidade do modelo visa determinar a qualidade dos valores obtidos, para assim estabelecer o grau de acurácia, o desvio e habilidade de previsão do mesmo. A seguir são apresentados os principais parâmetros estatísticos utilizados para avaliar o comportamento das previsões de temperatura do ar e precipitação.

Para temperatura do os seguintes parâmetros foram utilizados:

3.1.Erro Médio Absoluto (EMA)

Devido ao fato do EMA considerar o módulo do desvio entre o valor previsto e o observado para uma quantidade de N previsões, pode ser interpretado como a magnitude do erro da previsão em determinado período de tempo.

Onde: Tpr é o valor previsto (modelado);Tobs o valor observado;N o tamanho da série de dados.

3.2.Erro Médio Aritmético (Deriva)

A deriva mostra a tendência das previsões, ou seja, se a deriva for maior do que zero, na média, as previsões estão sendo superestimadas e caso sejam menores que zero, estão sendo subestimadas.

3.3.Variância

A variância mostra a dispersão em torno da média. A variância dos valores previstos e a variância dos valores observados são calculados separadamente e sua comparação é útil para verificar se as previsões estão acompanhando a variabilidade das observações.

A precipitação foi analisada através de categorias, onde, o critério de erro ou acerto

Page 100: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

da previsão baseia-se na ocorrência ou não do evento de chuva. Para isto são definidas as seguintes categorias:

o modelo previu chuva e ocorreu no ponto de verificação (a);•

o modelo previu chuva no ponto e não ocorreu (b);•

o modelo não previu chuva no ponto e ocorreu (c);•

o modelo não previu chuva no ponto e não ocorreu (d);•

Estas categorias podem ser representadas da seguinte forma:

Tabela 1 - Tabela de contingência para verificação da ocorrência ou não de precipitaçãoTabela de Contingência Observado

Chuva Não-chuvaModelado Chuva a b

Não-chuva c d

Conforme a tabela acima foram definidos os seguintes índices de avaliação para a ocorrência ou não de precipitação modelada:

3.4.Hit hate (H)

Considera a ocorrência ou não do evento, ou seja, considera que ocorra chuva e não chuva equivalentemente no período de avaliação.

Sendo n o número total de casos considerados.

3.5.False alarm hate (FAR)

Estabelece a proporção de previsões de ocorrência de chuva que na verdade não ocorreram. Quanto mais próximos de 1 (um) for o valor de FAR pior é a previsão de chuva.

3.6.BIAS

Indica se as previsões estão apresentando mais casos em que a previsão superestima (BIAS > 1) ou mais casos em que a previsão subestima (BIAS < 1) a ocorrência de precipitação num determinado período.

Page 101: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

3.7.Índice de acerto com chuva (IR)

O IR mostra a percentagem de acerto em função dos eventos de ocorrência de chuva. Quanto melhor forem as previsões mais o IR se aproxima de 1 (um).

3.7.Índice de acerto sem chuva (IS)

O IS é a percentagem de acerto dos eventos de não-chuva, sendo que quando o IS fica perto de 1 (um) a previsão da não ocorrência de chuva é melhor.

Os dados utilizados para avaliação do modelo consistiram de uma série de dados observados obtidos a partir de estações de superfície e disponibilizados no sitio do INMET, e de uma série de dados obtidos da saída do modelo. O período coberto por estas séries compreende os meses de Maio, Junho, Julho e Agosto, totalizando 45 dias, sendo que o intervalo entre cada amostra é de 3 horas. Foram avaliados os dados das estações das cidades de Araguaína (Lat.7.1042 S, Long. 48.2011 O), Araguatins (Lat. 5.64361 S, Long. 48.1117 O), Dianópolis (Lat. 11.5942 S, Long. 46.8472 O), Formoso do Araguaia (Lat. 11.7822 S, Long. 49.6083 O), Gurupi (Lat. 11.7458 S, Long. 49.0497 O), Palmas (Lat. 10.190 S, Long.48.3019 O), Paranã (Lat. 12.6147 S, Long. 47.9886 O), Pedro Afonso (Lat. 8.9686 S, Long. 48.1775 O) e Peixe (Lat. 12.0181 S, Long. 48.5433 O).

Resultados e Discussão

A partir da Figura 2, são apresentadas as correlações dos valores simulados pelo modelo BRAMS com os valores observados pela estação meteorológica em superfície. Para a estação Dianópolis o modelo apresentou uma correlação de (R2= 0,74) dos valores observados e simulados. Os resultados obtidos a partir da aplicação dos parâmetros de avaliação da temperatura do ar para os valores simulados/observados estão representados na Tabela 2. O parâmetro estatístico BIAS, ainda na estação Dianópolis, apresentou um valor de 0,20, indicando que o modelo superestimou levemente os dados observados.

Page 102: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Quanto ao erro médio absoluto, o valor obtido foi de 1,5°C. Para a variância, 5.33, fato este, devido aos valores aqui analisados serem horários, mostrando assim a amplitude térmica da região.

Para as localidades de Araguatins e Paranã, Figuras 3 e 4, os resultados apresentam (R2= 0,64) e (R2= 0,63), respectivamente. Para os valores do BIAS, 0,26 para ambas, indicando que o modelo superestimou levemente os valores observados. Os valores para erro médio de 2,19 e 3,56, respectivamente, mostram que as temperaturas modeladas e observadas divergem significativamente, entretanto, os valores de R2 indicam que há coerência na representatividade da marcha diária da temperatura, as variâncias de ambas também apresentam valores que condizem com o observado.

Tabela 2 - Avaliação da variável temperatura do ar para as nove cidadesLocalidade EMA BIAS VAR

Araguaína 4.07 1.82 4.55Araguatins 2.19 0.26 5.32Dianópolis 1.46 0.20 5.33Formoso do Araguaia 3.43 -0.17 4.54Gurupi 4.51 0.84 4.29Palmas 3.04 -0.58 4.20Paranã 3.56 0.26 6.78Pedro Afonso 3.44 0.96 4.70Peixe 3.40 0.26 4.96

Para as outras localidades, Araguaína, Formoso do Araguaia, Gurupi, Palmas, Pedro Afonso e Peixe, Figuras de 5 a 10. Os valores observados e simulados de temperatura do ar ficaram abaixo de (R2 = 0,5), indicando uma forte dispersão dos dados, provavelmente provocada pela baixa representatividade de estações de superfície que alimenta com dados de entrada os modelos globais e que padroniza as condições de contorno utilizado pelo modelo BRAMS ou até mesmo a falta de parametrização especifica para a topografia regional, física das nuvens entre outras que não foram utilizadas para estas simulações.

Page 103: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

16 18 20 22 24 26 28 30 32 3415

17

19

21

23

25

27

29

31

33f(x) = 0.6x + 9.91R² = 0.74

Dispersão Temperatura - Dianópolis

Temperatura (°C)Regressão linear de Temperatura (°C)

Temperatura (°C)

Tem

pera

tura

(°C

)

18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 3820

22

24

26

28

30

32

34f(x) = 0.45x + 15.21R² = 0.64

Dispersão Temperatura - Araguatins

Temperatura (°C)Regressão linear de Temperatura (°C)

Temperatura (°C)

Tem

pera

tura

(°C

)

10 15 20 25 30 35 4015

17

19

21

23

25

27

29

31

33f(x) = 0.35x + 16.13R² = 0.63

Dispersão Temperatura - Paranã

Temperatura (°C)Regressão linear de Temperatura (°C)

Temperatura (°C)

Te

mp

era

tura

(°C

)

10 15 20 25 30 35 4020

22

24

26

28

30

32

34f(x) = 0.23x + 21.01R² = 0.36

Dispersão Temperatura - Araguaína

Temperatura (°C)Regressão linear de Temperatura (°C)

Temperatura (°C)

Te

mp

era

tura

(°C

)

15 20 25 30 35 4020

22

24

26

28

30

32

34f(x) = 0.28x + 19.02R² = 0.42

Dispersão Temperatura - Formoso do Araguaia

Temperatura (°C)Regressão linear de Temperatura (°C)

Temperatura (°C)

Te

mp

era

tura

(°C

)

10 15 20 25 30 35 4020

22

24

26

28

30

32f(x) = 0.21x + 20.4R² = 0.35

Dispersão Temperatura - Gurupi

Temperatura (°C)Regressão linear de Temperatura (°C)

Temperatura (°C)

Te

mp

era

tura

(°C

)

15 20 25 30 35 4020

22

24

26

28

30

32

34f(x) = 0.3x + 18.75R² = 0.43

Dispersão Temperatura - Palmas

Temperatura (°C)Regressão linear de Temperatura (°C)

Temperatura (°C)

Tem

pera

tura

(°C

)

15 20 25 30 35 4020

22

24

26

28

30

32

34f(x) = 0.3x + 19.52R² = 0.5

Dispersão Temperatura - Pedro Afonso

Temperatura (°C)Regressão linear de Temperatura (°C)

Temperatura (°C)

Tem

pera

tura

(°C

)

15 20 25 30 35 4020

22

24

26

28

30

32f(x) = 0.31x + 17.84R² = 0.5

Dispersão Temperatura - Peixe

Temperatura (°C)Regressão linear de Temperatura (°C)

Temperatura (°C)

Tem

pera

tura

(°C

)

Figura 1. Representação da dispersão das temperaturas do ar observada e simulada para as estações Dianópolis, Araguatins, Paraná, Araguaína, Formoso do Araguaia, Gurupi, Palmas, Pedro Afonso e Peixe.

Para a variável precipitação, para todas as localidades estudadas, o modelo não apresentou resultados satisfatórios, quando da ocorrência de chuva, entretanto, modelou com significativa precisão os dias sem chuva, isto devido principalmente ao fato do período estudado não ser representativo do período chuvoso impossibilitando análise da variável.

Contudo, para uma melhor aplicação do modelo BRAMS para as condições climáticas da região Norte do país e pelas particularidades inerentes ao estado do Tocantins foi observado que se faz necessária a utilização da técnica da parametrização para que os prognósticos de tempo venham a ter uma melhor representatividade das condições médias atmosféricas locais.

Resultados e Discussão

Pode-se concluir que os valores simulados pelo modelo BRAMS para a temperatura do ar para os municípios de: Dianópolis, Araguatins e Paranã apresentaram boa relação com os valores observados. Quanto a variável precipitação o modelo não apresentou resultados significativos para o período estudado.

Page 104: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Para que o modelo venha apresentar resultados que representem mais satisfatoriamente as condições para o estado se faz necessário uma parametrização adequando da topografia, física das nuvens entre outras, uma vez que nestas simulações foram utilizadas as parametrizações constantes, com algumas adequações, do arquivo de configuração do modelo ramsin (default).

Referências bibliográficas

ALMEIDA, E. S.; CAMPOS VELHO, H. F.; PRETO, A. J.; STEPHANY, S. Metodologia para determinação de climatologia de mesoescala do modelo BRAMS em grade computacional. In: Workshop dos Cursos de Computação Aplicada do INPE (WORCAP-2005). Anais. São José do Campos: INPE, 2005.

ALMEIDA, E. S. Climatologia de mesoescala em grade computacional. Tese (Pós-Graduação em Computação Aplicada) - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, INPE, São José dos Campos, 2007.

ALONSO, M. F.; SARAIVA, J. M. B. Estudo numérico do papel dos esquemas de convecção na simulação de um evento severo nos extratrópicos do Brasil. Rev. Bras. Geof., São Paulo, v.25, n.3, Sept. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102261X2007000300002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 02 de setembro de 2009.

ALONSO, M. F.; SARAIVA, J. M. B; FREITAS, S. R. Estudo da confiabilidade das simulações do RAMS versão 5.02 (BRAMS) para eventos severos no Rio Grande do Sul. In: Congresso Brasileiro de Meteorologia, 13, Fortaleza. Anais eletrônicos. Fortaleza: SBMET, 2004.

ARAVÉQUIA, J. A.; QUADRO, M.F.L. Aspectos gerais da previsão numérica de Tempo e Clima. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, São José dos Campos, 2003.

BRAMS (Brazilian Regional Atmospheric Modeling System). Disponível em: <http://www.cptec.inpe.br/brams>, Acesso em: 02 de setembro de 2009.

FREITAS, E. D.; DIAS, P. L. S. Interação entre fatores envolvidos na formação e desenvolvimento de tempestades severas na região metropolitana de São Paulo. In: SIMÓSIO BRASILEIRO DE DESASTRES NATURAIS, 1., p.665-679, Florianópolis. Anais. Florianópolis: GEDN/USC, 2004.

TEICHRIEB, C. A. Sensibilidade do BRAMS para descrição de chuva e temperatura, no nordeste do Rio Grande do Sul, para diferentes resoluções espaciais. Dissertação (Pós-Graduação em Física)-Universidade Federal de Santa Maria, UFSM, Rio Grande do Sul, 2008.

VIANELLO, R. L.; ALVES, A. R. Meteorologia básica e aplicações. Viçosa: UFV, 2000.

___________________________

Projeto: Monitoramento Hidroagrometeorológico de previsão de Tempo e Clima para o Estado do Tocantins; Fonte de Recursos; Apoio Institucional.

Page 105: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

APROVEITAMENTO DO REJEITO DE LAVRA MINERAL: OPORTUNIDADES DE MERCADO1

Leonel Moreira Nascente1; Marcos Antonio Dozza2; Fred Newton da Silva Souza2.

1Estudante do Curso de Tecnologia em Mineração, da Fundação Universidade do Tocantins – UNITINS, Bolsista PIBIC-UNITINS/CNPq; 2Professor/Pesquisador do Núcleo de Desenvolvimento e Avaliação do Desempenho Ambiental – NUDAM/UNITINS.

INTRODUÇÃO

O Estado do Tocantins tem na agropecuária seu maior potencial econômico, sendo considerado pela Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB, o maior produtor de grãos e frutas da região Norte do Brasil. Somado ao grande potencial do agronegócio a atividade de mineração também contribui de maneira significativa para o crescimento econômico do Tocantins. Atualmente, dados do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral - DNPM colocam o Estado entre os primeiros do país com maior número de pedidos de requerimento de área para prospecção e pesquisa mineral.

Todavia, os desafios técnicos, sociais e ambientais que se colocam para a indústria mineral, em nível mundial, requerem o aperfeiçoamento e o contínuo desenvolvimento de novos métodos de mineração e de processamento de minerais que permitem minimizar os impactos ao meio ambiente e, ao mesmo tempo, fornecer os recursos necessários para a economia. As diretrizes do Plano Plurianual do Governo Federal (PPA 2004-07) apontam para a expanção e crescimento do setor mineral, que dentre tantas ações possíveis e necessárias, preve o estimulo ao desenvolvimento de tecnologias que possibilitem o aproveitamento e a incorporação dos resíduos e rejeitos na matriz produtiva das empresas, reduzindo substancialmente os efeitos nocivos de qualquer empreendimento.

Atualmente esforços interisntitucionais e interdisciplinares são dirigidos ao desenvolvimento de processos de inovação tecnológica para o uso de minerais na agricultura, a exemplo dos estudos de aproveitamento de rejeitos de mineração (lavra e beneficiamento) como fontes de fertilizantes alternativos. Como bem aponta Costa (2004), a possibilidade de produzir um recurso mineral depende das características geológicas e minerais do mesmo, as possibilidades tratamento do produto, seu custo enquanto produto comercial e do preço de mercado dos produtos alternativos. Valadão & Araújo

1 Projeto: Caracterização e análises de rochas e rejeitos de lavra mineral para o uso em sistemas de produção agropecuários (UNITINS/UnB/Embrapa).

Page 106: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

(2007) enfatizam a importância do tratamento de minérios primários, pois o conjunto das operações sobre uma matéria prima mineral (minério bruto) objetiva não só sua adequação e geração de novos produtos, mas torna-se determinante quanto à viabilidade comercial de tais produtos.

Com base em dados e informações que orientam os experimentos agrícolas que avaliam as possibilidades de aproveitamento de um rejeito mineral como fonte de fertilizante agrícola, e considerada a similaridade do processo de beneficiamento desse rejeito e do calcário, o presente trabalho teve como objetivo analisar o potencial econômico da utilização comercial desse possível ‘novo’ produto.

METODOLOGIA

Os trabalhos aqui descritos envolveram as seguintes atividades: caracterização do processo de beneficiamento/moagem do rejeito mineral; entrevistas com os responsáveis técnicos de empresas mineradoras de calcário; levantamentos junto às empresas de Palmas-TO que comercializam fertilizantes convencionais; resgate dos dados e informações que orientam os experimentos agrícolas que avaliam a eficiência agronômica do pó de rocha enquanto fertilizante alternativo; e sistematização, integração e análise dos dados obtidos nas etapas anteriores.

O rejeito foi transportado até a Empresa de Mineração - Caltins, no Município de Bandeirante do Tocantins – TO para a etapa de moagem do material e obtenção do pó de rocha. Na ocasião foi realizada a caracterização do processo de beneficiamento, atentando-se para as várias etapas, equipamentos utilizados, tempo de processamento e perdas do processo. Na oportunidade entrevistou-se o técnico responsável, seguindo um roteiro pré-elaborado visando detectar os aspectos econômicos e financeiros do processo de beneficiamento/produção do calcário.

Depois de geradas as informações por ocasião do acompanhamento do processo de moagem do rejeito mineral, realizou-se o levantamento dos valores praticados no mercado de Palmas-TO referentes a comercialização de adubos convencionais.

Com base nos resultados das fases anteriores, e considerando ainda os dados e informações que orientam os estudos agronômicos (Souza et alli., 2009), sobretudo quanto ás doses utilizadas nos experimentos agrícolas, tornou-se possível analisar o potencial econômico da utilização comercial do pó de rocha.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da caracterização do processo de beneficiamento/produção do calcário, o qual inclui britagem e moagem, constatou-se que o mesmo serve também perfeitamente ao beneficiamento do rejeito mineral para obtenção do pó de rocha. A estrutura que compõe a planta de beneficiamento/produção do calcário é composta de: britador de mandíbula responsável pela britagem primária em blocos de elevadas dimensões/dureza; moinhos de martelos onde se dá a fragmentação dos blocos por impacto e obtenção do produto com uma granulometria uniforme e menor; peneiras e esteiras para separação das frações granulométricas maiores e re-alimentação do moinho para moagem secundária.

Page 107: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Das observações do processo de moagem do pó de rocha foram identificados alguns aspectos que merecem atenção a fim de minimizar os custos e evitar problemas operacionais. Na alimentação do britador é importante que o material não esteja muito fino e com elevada umidade, tão pouco com blocos muito grandes que possam causar o entupimento da calha alimentadora, pois tais aspectos aumentam o desgaste do equipamento. Essas constatações foram apontadas também por Chaves (1989), que destaca a necessidade da instalação de equipamentos e dispositivos auxiliares para reduzir os possíveis danos causados pela poeira e demais resíduos resultantes do processo de beneficiamento do calcário.

Durante o processo de britagem/moagem do rejeito mineral as perdas decorrentes da rejeição do material foram em torno de 7%, decorrente da elevada umidade do rejeito, obtendo-se um pó de rocha com granulometria de 0,2 mm. No processo de moagem do calcário, segundo informações obtidas da entrevista com o responsável técnico da empresa as perdas são de apenas 2% na forma de poeira.

Segundo depoimento do responsável técnico da empresa mineradora outros aspectos operacionais que também merecem atenção são: os circuitos elétricos, rolamentos em geral e correias transportadoras, pois estes são as principais causas da paralisação da usina; mão-de-obra para operação da usina e manutenção dos equipamentos; prontidão dos equipamentos de transporte como caminhões e pá carregadeira.

Na segunda fase da pesquisa, e a partir dos dados e informações que orientam os trabalhos referentes a experimentação agrícola, sobretudo quanto aos teores de pó de rocha utilizados nos experimentos, foi estimado os custos da aplicação do pó de rocha. Para tanto, adotou-se como valor de referência o preço médio do calcário comercializado no Estado do Tocantins.

Page 108: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Tabela 1. Teor de potássio K2O do pó de rocha, e respectivas doses utilizadas nos experimentos e custos de aplicação.

Rejeito/Pó de Rocha (2,7% de K2O)Experimentos Agronô-

micosCustos (R$ 42,00/tone-

lada)100 Kg PR-------------

2,7 Kg K2O

X--------------------60 kg K2O

X = 2,2 toneladas de pó de rocha

60 Kg K2O.ha-1

ou

2,2 Mg.ha-1

R$ 93,24

100 Kg PR-------------2,7 Kg K2O

X------------------120 Kg K2O

X = 4,4 toneladas de pó de rocha

120 Kg K2O.ha-1

ou

4,4 Mg.ha-1

R$ 186,48

100 Kg PR-------------2,7 Kg K2O

X-------------------240 Kg K2O

X = 8,8 toneladas de pó de rocha

240 Kg K2O.ha-1

ou

6,6 Mg.ha-1

R$ 372,96

Na Tabela-1 são apresentadas as quantidades de potássio contido no pó de rocha utilizado nos experimentos agronômicos, e os respectivos custos da sua aplicação. Nota-se que apesar de ser necessário grandes quantidades de pó de rocha para o fornecimento das dosagens de potássio recomendadas para a correta nutrição das plantas, o baixo custo torna sua aplicação bastante interessante do ponto de vista econômico.

Com base nos dados obtidos em levantamento realizado junto às empresas de Palmas-TO que comercializam fertilizantes convencionais, simulou-se os custos comparativos da aplicação do cloreto de potássio (KCl) e do pó de rocha K2O. Na Tabela-2. São apresentados os custos referentes a aplicação desses dois produtos, de onde constata-se ser possível o agricultor ter uma economia de mais de 60% com a utilização do pó de rocha.

Page 109: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Tabela 2. Comparação dos custos da aplicação do Pó de Rocha e do Cloreto de Potássio.

Custos de aplicação de K2O com Pó de rocha e Cloreto de Potássio.

Cloreto de Potássio KCl (60% K2O)

Pó de Rocha (2,7% K2O)

60 Kg K2OR$

276,00 60 Kg K2O R$ 93,24

120 Kg K2OR$

552,00 120 Kg K2OR$

186,48

240 Kg K2OR$

1.104,00 240 Kg K2OR$

372,96

CONCLUSÃO

Conclui-se com base no descrito ao longo do presente trabalho, que o pó de rocha é interessante do ponto de vista econômico, com diferenças de preços/custos significativas quando comparado com os fertilizantes químicos tradicionais, no caso o cloreto de potássio KCl. Como se trata de um produto de baixo valor unitário (custo/tonelada), assim como o calcário, o transporte é o principal fator determinante da viabilidade comercial do pó de rocha.

REFERÊNCIAS

COSTA, C.F.; RAMOS, M. Análise Econômico-Financeiro da Distribuição a Granel de Fertilizantes. CEGENTE - Centro de Estudos Gente: Dezembro 2004

VALADÃO, G.E.S.; ARAUJO, A.C. Introdução ao Tratamento de Minérios. Belo Horizonte: UFMG, 2007.

CHAVES, A.P.; PERES, A.E.C. Teoria e prática do tratamento de minérios. Editora Signus 1989.

SOUZA, F.N.S.; ALVES, J.M.; PINHEIRO, O.N.; D’AGOSTINI, L.R.; NAOE, L.K.; ALMEIDA, V.R. Potencial de um rejeito mineral na produção de grãos. 1° Congresso Brasileiro de Rochagem, Brasília-DF. 2009.

Page 110: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

ARTE RUPESTRE: ESTUDOS E ANÁLISES COMPARATIVAS NO MUNICÍPIO DE TAGUATINGA (TO).

Ariana Silva Braga1 ; Marcos Aurélio C. Zimmermann 2 1Estudante do Curso de História do campi de Porto Nacional da Universidade Federal do Tocantins; Bolsista do PIBIC-UNITINS/CNPq; E-mail: arianasilvabraga”gmail.com

2Professores do Departamento de História da Universidade Federal do Tocantins, Professor Pesquisador da Universidade do Tocantins e Coordenador do Núcleo Tocantinense de Arqueologia; E-mail: [email protected]

Introdução

Os estudos rupestres no Tocantins começaram por volta de 1984 quando uma equipe do Instituto Anchietano de Pesquisas coordenados por Shmitz veio até a região norte, cujo território fazia parte do Estado de Goiás, registraram as informações a respeito das inscrições rupestres que encontraram. O livro Arte Rupestre no Centro do Brasil: Pinturas e gravuras da pré-história de Goiás e oeste da Bahia, traz informações de um abrigo com gravuras rupestres seguidas de pintura no município de Monte do Carmo e ainda cita superficialmente a presença de um sítio nas imediações “de Porto Nacional, na beira do Tocantins” (SCHMITZ et al.,1984, p.24). O abrigo do município de Monte do Carmo descrito nesta obra apresenta-se com uma complexa ocupação humana que os autores supõem ter sido

“ocupado de 4.000 anos, provavelmente, até a poucos séculos atrás. O abrigo era usado para sepultamento dos mortos. No começo e no fim eles eram deitados de costas, estendidas, em covas rasas, muitas vezes cobertas com pedras. No período do meio traziam para ali os restos descarnados de mortos que antes teriam sido sepultados em outro lugar; os ossos aparecem ora incompletos e dispersos, ora arrumados em pequenos pacotes, como se tivessem sido ordenados e amarrados para transporte (...). Cobrindo a parede do abrigo, agrupadas frouxamente em quatro painéis, encontram-se pequenas gravuras simples, produzidas por raspagem e preenchidas com pigmentos de várias cores, que vão do vermelho ao preto. (...) São sulcos paralelos ou cruzados de várias maneiras, algumas delas lembrando pisadas de aves ou símbolos femininos.” (SCHMITZ et al, 1984, p.24).

Após os estudos realizados em 1984, somente em 2003 surge um novo estudo focalizando as inscrições rupestres no Tocantins, Julia Berra em sua dissertação de mestrado estuda o complexo rupestre da Serra do Lajeado, onde foram

Projeto: Programa de levantamento Monitoramento e Resgate do Patrimônio Histórico Cultural paisagís-tico e Arqueológico na Rodovia BR 242 no Estado do Tocantins. SALTOVIA BR – 242

Page 111: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

“cadastrados 33 sítios de arte rupestre dos quais 8 são lajedos gravados nas águas do Rio Tocantins e um lajedo no vale do Rio Lajeado. Os demais são abrigos pintados sendo que 3 não estão localizados na Serra do Lajeado mas em vales fluviais, um a 200 metros do rio Tocantins e os dois restantes próximos a córregos pertencentes à bacia do Rio Lajeado.” (BERRA, 2003, p. 1)

Conclui-se segundo Júlia Berra, que a arte rupestre na Serra do Lajeado, possui grande individualidade, entretanto se mostra semelhante a inscrições encontradas no Piauí e em Minas Gerais.

Tais estudos revelam que no Tocantins há uma grande deficiência na informação a respeito da arte rupestre, não por inabilidade dos pesquisadores que aqui passaram, mas porque foram poucos e inconstantes. Dado o tamanho do território tocantinense podemos afirmar que não há estudos abrangentes sobre a temática, tendo em vista esta deficiência, modestamente realizaremos um mapeamento com informações colhidas por meio do levantamento bibliográfico e agregaremos outras informações obtidas durante os estudos referentes ao tema nos projetos1 realizados pelo Núcleo Tocantinense de Arqueologia.

Metodologia

Os sítios arqueológicos foram encontrados durante as prospecções partindo das evidências arqueológicas ou por meio de entrevistas com os moradores das regiões circundantes aos sítios. Ao chegarem nestes sítios os técnicos de campo fizeram a análise geral do sítio: preenchendo as fichas de campo, descrevendo as características geográficas, as condições de preservação do sítio e suas peculiaridades

Após o levantamento global do ambiente do sítio, as inscrições rupestres foram divididas em painéis caracterizados por fatores cenográficos ou ambientais. Os painéis foram medidos e fotografados individualmente, com escala para auxiliar as futuras análises das inscrições e, a partir desses procedimentos, foram preenchidas novas fichas para cada painel. Em seguida, procedemos com a decalcagem de cada painel, sendo feita da seguinte forma: coloca-se sobre a superfície rochosa gravada o papel manteiga ou plástico, se a mesma for pintada, com o giz cera preto ou pinceis atômicos de cores2 diversas, copiam-se em tamanho real as inscrições para o papel manteiga ou plástico.

Após os trabalhos de campo quanto que compreende aos levantamentos in situ, os decalques foram levados para o laboratório, onde são feitas as transposições das inscrições rupestres decalcadas. As transposições resumem em repassar todos os decalques do papel manteiga para o papel vegetal, objetiva-se com isto auxiliar a análise e trazer maior transparência e limpeza aos painéis. Além de transpassar os painéis para a forma positiva, no caso das gravações, o que irá ajudar na analise de cada painel. Posteriormente, efetuam-se tomadas fotográficas dos painéis transpostos e, em seguida, a digitalização das transposições, para agregar o acervo digital a respeito de cada sítio.

1 Os projetos até o momento que registraram sítios com inscrições rupestres foram: SALTINS, SALTMI- Os projetos até o momento que registraram sítios com inscrições rupestres foram: SALTINS, SALTMI-SA, SALTFENS, SALTAREIAS E SALTOVIA BR – 242.

2 Tenta-se chegar o mais próximo possivel das cores que estão pintadas na rocha. Ainda temos procedi-Tenta-se chegar o mais próximo possivel das cores que estão pintadas na rocha. Ainda temos procedi-mentos tecnicos como a utilização do azul para indicar sobreposição e relevos na rocha e o verde para indicar pinturas em branco, buscando sempre angariar o maior numero de informações e fidelidade ao inscrito no suporte rochoso.

Page 112: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Com a finalização dos procedimentos práticos para registro dos painéis, deu-se inicio as análises interpretativas, levaram-se em consideração além dos elementos rupestres os contextos geográficos e arqueológicos. Durante a análise interpretativa dos painéis foram preenchidas outras fichas, com anotações sobre os dados que apareceram com as novas análises feitas em laboratório. Com os dados em mãos, começaram as análises comparativas entre painéis e sítios rupestres buscando semelhanças e diferenças das imagens produzidas pelos nossos ancestrais.

Resultados e Discussão

Pela extensão da pesquisa foi necessário selecionar um dos municípios do Programa de Levantamento, Monitoramento e Resgate do Patrimônio Histórico Cultural Paisagístico e Arqueológico na região da Rodovia BR 242 no estado do Tocantins (SALTOVIA BR- 242) para realização dos trabalhos, escolhemos o município de Taguatinga, devido à grande quantidade de sítios rupestres encontrados durante a etapa de prospecção.

Segue a descrição dos sítios arqueológicos rupestres do município de Taguatinga.

Sítio Arqueológico Jenipapeiro I (SALTOVIA BR-242):

O sítio é um abrigo calcário com grandes salões com a temperatura interna seca, localizado a trezentos metros do Riacho Doce. Apesar do grande salão onde poderia habitar conter muitas pinturas, o sítio apresenta-se contraditório tendo em vista que, seu único painel contém um pequeno fitomorfo pintado em pigmento preto, localizado no teto da boca da caverna, em um espaço pequeno e de difícil acomodação para o autor da inscrição.

Sitio Arqueológico Jenipapeiro II (SALTOVIA BR-242).

Localizado em formação calcária, a quatrocentos metros do córrego Riacho Doce, que é afluente do Rio Conceição. O abrigo é amplo e úmido. O sítio apresenta além das pinturas bicrômicas, gravuras, marcas de amoladores e quebra-coquinhos, podendo ter sido um sítio bastante freqüentado pelos autores dos grafismos em tempos remotos, devido à grande intervenção deles na superfície dos paredões. O sítio foi dividido em cinco painéis conforme as técnicas de execução3. O sítio apresenta grafismos puros nas gravuras e pinturas, fitomorfos e motivos astronômicos gravados e em meio aos motivos rupestres, marcas de três quebra coquinhos, que mostram a provável atividade alimentar no abrigo.

Painel 1: O painel possui onze centímetros de largura por três centímetros de comprimento, pintado em preto, grafismo puro arredondado com traços verticais.

Painel 2: Bloco gravado na parede do abrigo, na altura de um metro e meio do solo, possui trinta e cinco centímetros de largura por vinte e seis centímetros de comprimento, provavelmente fora utilizado como amolador há no centro do bloco um motivo astronômico e um fitomorfo gravado e no seu centro observamos um desgaste provavelmente resultante da utilização do local como quebra-coquinhos.

3 Divididos em pinturas e gravuras, tendo em vista que esta divisão já havia sido elaborada pelos seus autores, pois as pinturas habitam as partes mais altas do abrigo, enquanto as gravuras as mais próximas do solo.

Page 113: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Painel 3: Com um metro e cinqüenta centímetros de largura e um metro e dez de comprimento, o painel finamente polido mostra-se utilizado como gravador devido a ausência de formas reconhecíveis e a grande quantidade de sulcos paralelos nos bordos do bloco gravado próximo ao solo. O bloco ainda abarca dois quebra- coquinhos.

Painel 4: Painel gravado com sulcos finos e polidos em um metro e oitenta centímetros de largura por noventa centímetros de comprimento. O painel densamente gravado com grafismos puros.

Painel 5: Painel pintado, possui um metro de largura por trinta e cinco centímetros de comprimento próximo ao teto do abrigo. A utilização da policromia é evidente devido as tonalidades de vermelho e a presença do preto, em conjunto. O painel é composto por dois grafismos puros, um arredondado com trações horizontais intercalando o vermelho e o preto dentro do círculo e o segundo com apenas traços horizontais em vermelho.

Sítio Arqueológico Gruta dos Caldeirões (SALTOVIA BR-242).

O sítio encontra-se em uma gruta calcária com como estalactites, estalagmites. O rio Caldeirões corta a gruta estando a quinze metros dos paredões decorados. Para a realização dos nossos trabalhos o sítio foi dividido em sete painéis, entretanto, devido à ação intensiva dos vândalos não foi possível decalcar todo o sítio, por apresentar alguns pontos irreconhecíveis devido à aplicação de tintas a base de óleo e a gravação de nomes próprios sobre os painéis. Há a predominância de grafismos puros no abrigo, entretanto, uma divisão da bicromia com pinturas rupestres em preto e vermelho, que torna os painéis monocromáticos. Os painéis com grafismos puros na parte mais escura e baixa do abrigo são todos em pigmento vermelho, já as inscrições pintadas com pigmento preto no teto próximo a boca da gruta em local bem iluminado são predominantemente de motivos astronômicos. Levantamos a hipótese de dois momentos na formação estética dos grafismos nesta gruta. O primeiro, a preocupação de tornar o grafismo visível no escuro utilizam uma cor viva em meio à ausência de luz e, o segundo, a ausência destas preocupações dando liberdade para o autor utilizar o preto. Os dois momentos além de se diferenciarem na coloração do pigmento, são diferentes nos motivos e nas técnicas de execução. O primeiro momento no interior da gruta traços grossos semelhante a uma pintura executada com os dedos e o segundo, na boca da gruta são traços finos possivelmente pintados com a utilização de gravetos para sua execução. Induzimos a idéia da autoria dos grafismos terem sido feitos por grupos culturais diferentes.

Painel 1: Painel pintado em vermelho no teto do abrigo,possui trinta e cinco centímetros de largura por dez centímetros de comprimento. O grafismo puro, aparenta-se ter sido pintado com o próprio dedo do autor, devido as imperfeições e ainda a espessura do grafismo.

Painel 2: Possui um metro e quarenta de largura por vinte centímetros de comprimento. Pintado no teto da gruta em pigmento vermelho um grafismo puro.

Painel 3: Possui sessenta centímetros de largura por trinta de comprimento. O único grafismo puro do painel, pintado em vermelho provavelmente com os dedos localizado na parede lateral direita da gruta apresenta-se como um emaranhado de traços.

Painel 4:Com quatro pequenos motivos astronômico e grafismos puros finamente pintados em preto. Possui oitenta centímetros de largura por trinta centímetros de comprimento,

Page 114: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

esse painel foi agredido com sobreposições atuais de pinturas feitas com carvão, isso impossibilita a visualização total do painel original.

Painel 5: Possui um metro de largura por sessenta e nove centímetros de comprimento, foi pintado em bicromia de preto e vermelho com motivos astronômicos e grafismos puros.

Painel 6: Com setenta e oito centímetros de largura e trinta e oito centímetros de compri-mento. Os grafismos puros são de traços finos pintados em preto no teto da gruta.

Painel 7: Foi necessário dividir o painel em duas folhas. A primeira com quatorze centí-metros de comprimento por nove centímetros de largura,c compõe-se de com pintura fina e preta, cujo motivo é um fitomorfo. A segunda folha com quarenta e três centímetros de largura por trinta e três centímetros de comprimento, possuindo dois grafismos puros, pintados em preto.

Sítio Arqueológico Abrigo dos Tapuios (SALTOVIA BR-242).

Localizado a quinhentos metros do Córrego Riachão, pela sua margem direita. O abrigo calcário devido a grande incidência de salitre, foi provocado com o passar do tempo o clareamento e o desaparecimento das pinturas rupestres, em função disso não foi possível decalcar todos os painéis. O sítio foi intensamente pintado, entretanto, com pou-quíssimas sobreposições e as duas sobreposições existentes parecem ser para compor a cena e não apagar a pintura rupestre pré-existente. O mesmo possui grande multiplicidade temática e técnica, de motivos, entre os quais, zoomorfos, propulsores, antropomorfos e grafismos puros. Possui grande variedade de pigmento que varia nas cores preta, verme-lha e amarela.

Painel 1: Possui aproximadamente dois metros e sessenta centímetros de largura por setenta centímetros de comprimento, pintados a aproximadamente dez metros do solo. Seis antropomorfos, cinco zoomorfos e quinze propulsores, entre outros grafismos puros, pintados em vermelho, que varia ao vermelho amarelado em algumas partes do painel. Apesar do salitre podemos observar vários antropomorfos e zoomorfos distribuídos no centro do painel em meio a propulsores o que nos indica uma provável cena de caça. Ain-da observamos algumas sobreposições de amarelo sobre o vermelho. Os grafismos puros encontrados neste painel são semelhantes na cor e forma aos encontrados no sítio Gruta dos Caldeirões.

Painel 3: Painel pintado na parte superior da fenda a um metro e meio aproximadamente do solo atual. O painel possui um metro e quarenta de largura por noventa centímetros de comprimento com quatro grafismos puros pintados todos com o mesmo tom de verme-lho, traços largos com pouca precisão quanto as laterais aparentemente pintadas com os dedos.

Painel 4: Possui trinta e cinco centímetros de largura por dezessete centímetros de com-primento. Nele apresenta dois tridígitos pintados em vermelho, com vinte e três centíme-tros de distancia entre eles.

Painel 5: Painel possui um metro e quarenta de largura por oitenta centímetros de com-primento. Os motivos são um zoomorfo e dois grafismos puros pintados com bicromia de amarelo e preto sendo que o amarelo é sobreposto pelo preto em certos momentos.

Page 115: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Painel 6: Possui um metro de largura por oitenta centímetros de comprimento. Encontra-se noventa centímetros aproximadamente do solo, os motivos são astronômicos, fitomor-fos com policromia vermelha, amarela e preta. A policromia deste painel foi muito intensa tendo em vista a disposição criteriosa do vermelho e preto em um motivo fitomorfo, grande preocupação na disposição dos pigmentos.

Mapa Rupestre do Tocantins

Os sítios rupestres no Tocantins apresentam-se em dois grandes pólos, um ao norte do estado, onde prevalece o gosto pela gravura e, ao centro-sul do estado, com a predileção das pinturas. As pinturas no quadro geral do Tocantins são aproximadamente 52% da preferência técnica, as gravuras representam 38% e a associação de técnicas de gravura e pintura são apenas 9% aproximadamente. Entretanto, se dividirmos o Estado do Tocantins ao meio, tendo em vista a capital Palmas para esta divisão, observamos 93% de gravuras ao norte da capital e 92% de pinturas na região sul partindo da capital. Dados que nos revelam uma grande distinção das técnicas de produção dos grafismos rupestres por determinadas áreas.

Logo concluímos que o Tocantins é um cenário pré-histórico de significativa va-riedade cultural, tendo em vista a diversidade das técnicas elaboradas por estes povos para excussão dos seus grafismos rupestres e, ainda, a variedade de motivos inscritos nas rochas. Entretanto, em meio a tanta riqueza arqueológica, o Tocantins necessita de ações educacionais, pois os sítios rupestres estão sendo apagados diariamente pela ação de vân-dalos que os destroem com muito mais intensidade que o tempo os guarda. Esperamos que este trabalho pudesse também conscientizar a população tocantinense para preservar e resguardar a integridade destas inscrições rupestres, pois elas fazem parte da história do território tocantinense.

Legenda

Pinturas Gravuras Pinturas e

Gravuras

Page 116: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Referências

BERRA, Júlia Cristina de Almeida. A Arte Rupestre na Serra do Lajeado, Tocantins. 2003. Dissertação (Mestrado em Arqueologia) USP. São Paulo.

SCHIMITZ, Pedro Inácio etal. Arte Rupestre no Centro do Brasil: Pinturas e gravuras da pré-história de Goiás e oeste da Bahia. São Leopoldo: UNISINOS, 1984.

Page 117: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

MAPEAMENTO DE PERIÓDICOS ELETRÔNICOS OPEN ACCESS E A RELEVÂNCIA PARA AS ÁREAS DE COMUNICAÇÃO E

EDUCAÇÃO

Dandara Dias do Amaral1 ; M. Ed. Francisco Gilson Rebouças Porto Junior2

1Estudante do Curso de Jornalismo do campi de Palmas da Universidade Federal do Tocantins; Bolsista do PIBIC-UNITINS/CNPq; E-mail: [email protected]

2Professor do Departamento de Pedagogia da Universidade Fundação Universidade do Tocantins. Orientador da Pesquisa PIBIC-UNITINS-CNPq. Mestre em Educação (FE-UnB) e Doutorando em Comunicação Social (UFBA); E-mail:[email protected]

Introdução

Aprincipalformaencontradaparadivulgaçãodoconhecimentocientíficoforamas revistascientíficas.ComocolocaAndré(citadoporKURAMOTO,2006,p.91)“noséculoXVII,nascemasrevistascientíficas,consideradasabasedosistemamodernodecomunicaçãocientífica”.Paraseadquiriressasrevistas,erammantidasassinaturasdasmesmas,porémastaxasdeassinaturaerammuitoaltas.

Com o advento da internet, viu-se a possibilidade de superar o problema doacessoaosperiódicos.Asrevistassetornaramtambémeletrônicas,sendodenominadasperiódicoseletrônicos.Essesperiódicos,disponibilizadosviarede,podiamseracessadoson-line. Porém,oproblemadoacessoaindapersistiu,poisoacessoaosdocumentosnãoeraabertoatodos,sendonecessárioumcustoparaisso.

Somenteapartirdosanos90,comomovimentoOpen Archives Iniciative (OAI), o problema começou a encontrar superação. O Open Archives foi lançado em julho de 1999naConvençãodeSantaFéesegundooautorKuramoto(2006,p.96)“omovimentosebaseianoprincípiodequetodososresultadosdepesquisasfinanciadascomrecursospúblicos devem ser de livre acesso”. Porém, levanta-se outra questão, a da qualidadeda informação contida nos mesmos. Muitos editores vêem esses periódicos com certa desconfiança, aindamais quando se trata de periódicos nomodeloOpen Access. Na internet,determinadasaçõespodemserefetuadassemmuitoesforçoeas informaçõespodemseralteradasfacilmente,comocolocaPôrto(2008,p.7)

[...]afacilidadeerapidezdadisponibilizaçãodainformaçãoé confundida com sua veracidade e fidedignidade. [...] Nãopodemos atribuir à internet a culpabilidade pela falsificação

Page 118: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

deinformação,masamigraçãotemgeradosituaçõesemque“forjarresultados”temsidomaisfácilerápido.

Aprincipalformadeavaliaçãodainformaçãocientíficadoperiódicoépormeiodo peer review, ouseja,osistemadeavaliaçãoporpares.Nessesistema,opesquisadorenviaseutrabalhoparaquesejaavaliadoporespecialistase,somenteapósessaanálise,poderáserpublicado.Aquestãoprincipaldacomunidadecientíficaé seosperiódicoseletrônicospassamounãoporessesistema.Porém,issopodeserapenasumaresistênciaaonovoporpartedospesquisadores,poissegundoKuramoto(2006)essaspublicaçõesemmeioseletrônicosdelivreacessoseguemosmesmospadrõesdaspublicaçõesimpressas,epossuemespecialistasqueasavaliameumcomitêeditorial.Oautorcoloca,também,que alguns provedores de dados separam os repositórios que contêm trabalhos avaliados pelo peer review do repositório de trabalhos que ainda não foram avaliados.

A presente pesquisa tem como objetivo catalogar periódicos eletrônicos comtemáticasociaisrelevantesparaaeducaçãoeacomunicação,quepossamserutilizadosem programas de formação continuada para professores e alunos do sistema prisional. Paraissofoifeitoummapeamentodosperiódicoseletrônicoscientíficosdisponíveisnawebquedisponibilizemacessolivre.

Metodologia

A metodologia baseia-se no mapeamento de periódicos eletrônicoscientíficos presentes na web, nas áreas de humanas e sociais aplicadas e naclassificação de padrões de divulgação em periódicos eletrônicos. E, também,na construção de um modelo para classificar os periódicos de acesso livre,considerando-seasuacientificidade.Paraaanálisebuscou-seométodoquemelhorque seencaixassenessaproposta, sendoescolhidaaMetodologiadeAnáliseeAvaliaçãodeRecursosDigitaisOn-linedeLluísCodina.

EssametodologiafoidesenvolvidaporLluísCodinaeprocuraanalisareavaliaraorganização,arepresentaçãoeoacessoàinformação,àergonomiaeàadequaçãoaomeiodigital dos recursos digitais on-line.

Aanáliseeaavaliaçãosãofeitaspormeiodeumatabelaquecontémparâmetroseindicadoressobreorecursodigital.Osparâmetrossãoasdimensõesdosrecursosqueserãoanalisadas e os indicadores são os elementos que possibilitam determinar a qualidade dos parâmetros.Porissocada,parâmetropossuiváriosindicadores.Osparâmetrosrespondema questão “o que queremos avaliar?” e os indicadores, a questão “como avaliar esseparâmetro?”(CODINA,2003).

Apontuaçãopodeserfeitadeacordocomobinário0-1(bom/mal)eaindaemfraçõescomo0-3emque(0)errograve;(1)erro;(2)correto,maspodemelhorar;(3)excelente.

Page 119: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Osparâmetrossãoagrupadospelasseguintesseções:conteúdo,paraumaanálisedoconteúdodorecurso;navegaçãooumicronavegação,paraumaanálisedanavegaçãodentrodoprópriorecurso,ouseja,aorganizaçãoeaestruturadapublicação;visibilidadeoumacronavegação,queanalisaoencaixedorecursodentrodocontextoglobalnaweb;e a usabilidade, que analisa a facilidade de acesso as atividades ou transações que apublicação digital oferece.

Essa análise é dividida em duas fases, a primeira denomina-se identificação ea segunda, exploração sistemática.Na primeira, são utilizadas as seções de autoria eidentificam-seotemaeosobjetivosdorecurso.Nasegunda,foifeitaaanáliseseguindoaordemdatabeladeparâmetroseindicadores.

Resultados e Discussão

Otrabalhoiniciou-secomabuscaporrepositóriosdigitais,ouseja,sítiosweb que disponibilizamperiódicoseletrônicosdandopreferênciaaosperiódicosnomodeloOpen Access. Foramdestacadosaquelesrelacionadosàsáreasdecomunicaçãoeeducação.

Dentre os sítios pesquisados podem-se citar o IBICT (Instituto Brasileiro de Ciência e Tecnologia), que foi criado com a missão de contribuir para odesenvolvimento científico do país por meio da disseminação da produçãocientíficabrasileira.Oinstitutoapóiaeestimulaomodeloopen access, por isso lançouomanifestobrasileirode apoio ao acesso livre à informaçãocientífica,e oferece em seu sítio inúmeras bases dedados, alémdebibliotecade teses edissertações,comutaçãobibliográficaentreoutros.Comoperiódicoopen access oferecidopelosítio,podemoscitararevistaCiência da Informação que possui publicaçãoquadrimestraleoferececonteúdoparasetorescomoeducação,culturaepesquisa,informática,tecnologiadainformação.Naspolíticaseditoriais,contacom especialistas que promovem a avaliação por pares, possui normas parapublicação e política de acesso livre.

PodemoscitartambémoportalSciELO(BibliotecaCientíficaEletrônicaemLinha),queéummodeloparaapublicaçãodeperiódicoscientíficosonline. Oportalbuscasuprirasnecessidadesdecomunicaçãocientíficaentreospaísesemdesenvolvimento,emespecialaAméricaLatinaeCaribe.Oseuobjetivoécontribuirparaodesenvolvimentodapesquisacientíficalatinoamericana,assimoScieLOapóiaomodeloopen access. Possui,também,critériosparaapublicaçãodosperiódicoseparaapermanênciadosmesmosnoportal,entreessescritériosesta o do peer review ou avaliação por pares.

Paraestaanáliseforamselecionados19periódicoseletrônicosnomodeloopen access, especificamente das áreas deComunicação e Educação dos sitesScieLO,IBICTedeUniversidadesFederais.UtilizandoaMetodologiadeAnáliseeAvaliaçãodeRecursosDigitaisOn-LinedeLluisCodina, cadaperiódico foiavaliadodeacordocomatabeladeanálisedesenvolvidapeloautor.Apontuaçãofoialternadaentrebinária0-1(mal/bom)eapontuaçãoemfrações0-3(0)errograve;(1)erro;(2)correto,maspodemelhorar;(3)excelente.Aseguirpodemos

Page 120: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

veraanálisedeumdosprincipaisindicadoresdatabeladenominadoautoriadoparâmetroautoria/fonte.

Vê-seclaramentequeamaioriadosperiódicosapresentaresponsabilidadeintelectual e organismo, ou equipe responsável pela publicação, além deinformações sobre a instituição responsável.Cada periódico possui uma seçãoespecial para esse fim, e alguns apresentaram na página principal do recurso.Porém,umdelesapresentouumafalhanalocalizaçãodessasinformações.Apesardeapresentaraautoria,ocontextode localizaçãodessa informaçãonãoestavafacilmente acessível.

Gráfico 1

ComautilizaçãodatabeladoprofessorLluísCodinacadadetalhedorecursopôdeseranalisadoeamaioriaapresentouresultadosexcelentes.Asrevistasseguemumpadrão,ummodelodesistema,principalmentenasrevistasdoportalIBICTedoportalSciELO.Osartigosapresentaramrigornasinformações,poispossuemcitações,referências,dadosnuméricosefactuais.Origornasinformaçõeséimportanteparacomprovaracientificidadedos artigos.

Conclui-se,portanto,queosperiódicoseletrônicosseguemumpadrãotãorigorosoquantoosimpressos,apresentandopeer review eelementosdecientificidade.

Referências

CODINA,Lluís.Metodología de análisis y evaluación de recursos digitales en línea (v.6). Barcelona:COBDC,2003.(documentoreprografiado).

Page 121: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

KURAMOTO,Hélio.Informaçãocientífica:propostadeumnovomodeloparaoBrasil.In: Revista Ciência da Informação, Brasília,v.35,n.2,p.91-102,maio/ago.,2006.

PÔRTOJÚNIOR,F.G.R..AbrindoacaixadePandora:problematizandoosperiódicoseletrônicos.In:FRANÇA,G;LABANCA,M.R.C.P.(Org.).Práticas em ead: temas emergentes.Palmas:UNITINS,2008,v.1,p.1-14.

Page 122: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

_________________________________

Projeto:AvaliaçãodePráticaseMateriaisEducacionaisUtilizadosnaEducaçãoemSistemasPrisionais;FontedeRecursos;ApoioInstitucional.

Page 123: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

OS PROCESSOS (MORFO)FONOLÓGICOS DO DISCURSO ORAL QUE APARECEM NA ESCRITA DE UMA ALUNA-INFORMANTE

DA APAE: UM ESTUDO DE CASO.

Elane Tomaz da Silva1 ; Maristela de Souza Borba2

1Estudante do Curso de Letras do campi de Palmas da Universidade do Tocantins-UNITINS; Voluntária do PIVIC-UNITINS; E-mail:[email protected]

2Professora do Curso de Letras da Universidade do Tocantins-UNITINS; E-mail:[email protected]

1. INTRODUÇÃOSabemos que o aluno, ao aprender a escrita, parte do discurso oral para desenvolvê-

la. Há, então, um contínuo entre a produção oral e a escrita, ou seja, há influência da oralidade na produção escrita. Por isso, para desenvolvermos este trabalho, temos como base as regras da morfologia (formação de palavras) e da fonologia-fonética (estudo do som), para, refletirmos sobre os processos (morfo)fonológicos que aparecem na escrita de uma aluna informante, ou seja, observamos a influência da oralidade na escrita de uma aluna-informante por meio dos processos (morfo)fonológicos presentes no discurso escrito que podem ser por acréscimo de traços (voar avoar), perda de traços (óculos oclos), mudança de traços (bolo Boueo) e transposição de traços (variar vairar) (BIAZOTTO; SCHIER, 2008; CALLOU; LEITE, 2000).

Essa investigação responde a pergunta: quais são os processos (morfo)fonológicos do discurso oral que aparecem na escrita de uma aluna-informante da Escola Especial Integração de Palmas - APAE?

Como objetivo geral, destaca-se a reflexão acerca dos processos (morfo)fonológicos da escrita produzidos por uma aluna com dificuldades cognitivas que estuda na Escola Especial Integração de Palmas – APAE. Os objetivos específicos são: compreender os processos (morfo)fonológicos do discurso oral que aparecem no discurso escrito da informante; proporcionar subsídios teóricos e práticos sobre o tema de investigação à disciplina de Letras da UNITINS - Lingüística II, que é Fonética e Fonologia da Língua Portuguesa (3º. Período); proporcionar à APAE maneiras significativas de se trabalhar com essa informante do ponto de vista lingüístico

2. METODOLOGIA

Esse trabalho é um estudo de caso (GIL, 2002) e o nosso caso são os processos (morfo)fonológicos do discurso escrito de uma aluna da Escola Especial Integração _________________________________

Projeto da Professora-Orientadora: um estudo de caso acerca dos processos fonológicos produzidos por uma aluna da Escola Especial Integração de Palmas – APAE, UNITINS 2008-2009.

Page 124: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

de Palmas - APAE, situada no plano diretor sul de Palmas. A informante participa da escolarização mista há cinco anos, mostrando-se receptiva a esse estudo, faz as tarefas de maneira organizada e bastante interessada.

A informante S.F.A. (sigla fictícia) tem 25 anos e síndrome de Down leve a moderada (PUESCHEL, 1995; WEIHS, 1991). Freqüenta a APAE desde 1997. Estudou em uma escola regular pública municipal em Palmas, mas não se adaptou e, atualmente, estuda somente na APAE, desenvolvendo atividades relacionadas ao seu grau de deficiência.

A coleta de dados ocorreu de 18.11.2008 a 12.12.2008, totalizando assim uma quantidade de quatro semanas. Em alguns dias, os dados não puderam ser coletados por

motivo de outras atividades diárias estabelecida pela escola como oficinas, sala de vídeo etc., mas como comenta Martins (2006, p.73), nem sempre os procedimentos para a coleta de dados seguem uma rotina previamente estabelecida.

A coleta de dados foi realizada de varias maneiras: ditados de palavras aleatórias e também realizado por meio de jogos didáticos usando alfabeto de madeira; escrita no quadro negro de palavras ditadas. Essas atividades foram desenvolvidas na própria sala de aula da APAE sob a orientação da professora regente, sendo ditadas por essa professora titular da escola e também pela aluna-pesquisadora.

A análise dos dados seguiu os seguintes procedimentos: inicialmente, foram copiadas as palavras com as alterações sem mudar a escrita da informante; depois, foram transcritas, na língua padrão, essas palavras; na sequência, nomes (categorias) foram dados a cada dado (alteração) surgido; posteriormente, uniram-se os dados recorrentes que formavam uma categoria; por fim, quantificamos os dados de cada categoria para enxergarmos o todo e a parte dos dados.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nos dados coletados, foram analisadas 244 palavras ditadas à aluna-informante, sendo que 86 são incompreensíveis e 25 palavras escritas corretamente, conforme demonstrado a seguir.

DADOS COLETADOS NA ESCRITA

PalavrasQuantidade

de palavras

Porcentagem

(%)Corretas 25 10Incompreensíveis 86 35Analisadas 133 55

Total: 244Tabela 0: total de dados coletados

Das 133 palavras analisadas, surgiram 219 processos (morfo)fonológicos, os quais são: acréscimo (27% - 60 palavras), apagamento (26% - 57 palavras), permuta (17% - 36 palavras), dissimilação (11% - 25 palavras), transposição (9% - 19 palavras), assimilação (8% - 18 palavras), desnasalização (1% - 3 palavras), acento (1% - 1 palavra), conforme demonstrado no gráfico zero a seguir.

Page 125: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

27%

26%17%

11%9% 8%

1% 1% PROCESSOS ACRÉSCIMOAPAGAMENTOPERMUTADISSIMILAÇÃOTRANSPOSIÇÃOASSIMILAÇÃODESNASALIZAÇÃOACENTO

Gráfico 0: demonstrativo geral das categorias dos processos (morfo)fonológicos surgidos.

Demonstramos, agora, oito gráficos e tabelas que informam sobre os dados emergidos da quantidade (porcentagem) maior para a menor, ou seja, fone/morfemas que foram alterados que sinalizam os processos (morfo)fonológicos da escrita. Nos exemplos das tabelas, a palavra antes da seta é da língua padrão e a que aparece após a seta demonstra a escrita da informante, os processos (morfo)fonológicos que estão negritados. Optou-se por registrar os dados conforme apareceram, ou seja, se as letras estão escritas em maiúsculas (ou minúsculas) é porque elas foram transcritas como foram escritas pela aluna.

ACRÉSCIMO1.

27%

11%

2%

60%

ACRÉSCIMO VOCÁLICO

CONSONANTAL

CONSONANTAL:SONORIZAÇÃO

SILÁBICO

Gráfico 1: demonstrativo da categoria acréscimo.

1.1 ACRÉSCIMO VOCÁLICO: quando o fone/morfema que se acrescenta é vocálico

1.1.1 Início da palavra

Exemplo Quantidade de palavras

Porcentagem

(%)

Tia ETE 2 12

1.1.2 Interior da palavra Lixo LOEXO 6 38

1.1.3 Final da palavra tia TEAE 8 50

1.2 ACRÉSCIMO CONSONANTAL: quando o fone/morfema que se acrescenta é uma consoante

Page 126: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

1.2.1 Início da palavra

Exemplo Quantidade de palavras

Porcentagem

(%)

cajá gcanalaca 1 14

1.2.2 Interior da palavra galo Gnala 5 72

1.2.3 Final da palavra dado DOT 1 14

ACRÉSCIMO CONSONANTAL: SONORIZAÇÃO: 1.1 quando há o vozeamento do fone/morfema, já que o som adequado é o desvozeado (surdo).

1.3.1 Final da palavra

Exemplo Quantidade de palavras

Porcentagem

(%)

casa CASZ 1 100

1.4 ACRÉSCIMO SILÁBICO: acréscimo de sílaba

1.4.1 Início da palavra

Exemplo Quantidade de palavras

Porcentagem

(%)

cola OTAOLA 3 8

1.4.2 Interior da palavra bolo Bonoblo 9 25

1.4.3 Final da palavra faca facafa 24 67

Total 60Tabela 1: demonstrativo da categoria acréscimo.

APAGAMENTO2.

Gráfico 2: demonstrativo da categoria apagamento.

2.1 APAGAMENTO VOCÁLICO: quando o fone/morfema que se apaga é vocálico

Exemplo Quantidade de palavras

Porcentagem

(%)

2.1.1 Interior da palavra Pato PTO 10 56

2.1.2 Final da palavra casa CASZ 8 44

2.2 APAGAMENTO CONSONANTAL: quando o fone/morfema que se apaga é uma consoante

Page 127: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

2.2.1 Início da palavra

Exemplo Quantidade de palavras

Porcentagem

(%)

cola OTAOLA 7 37

2.2.2 Interior da palavraarte ATE

cachorro caso 12 63

2.3 APAGAMENTO SILÁBICO: quando os fones/morfemas que se apagam representam sílaba

2.3.1 Início da palavra

Exemplo Quantidade de palavras

Porcentagem

(%)

dado DOT 4 20

2.3.2 Interior da palavra tenize TEZEA 8 40

2.3.3 Final da palavra natal NAIP 8 40

Total 57Tabela 2: demonstrativo da categoria apagamento.

PERMUTA3.

Gráfico 3: demonstrativo da categoria permuta.

3.1 PERMUTA VOCÁLICA: quando o fone/morfema consonantal é alterado para vocálico

Exemplo Quantidade de palavras

Porcentagem

(%)

3.1.1 Interior da palavra bolo Boueo 7 100

PERMUTA CONSONANTAL: SONORIZAÇÃO1.3 quando há uma troca do vozeamento do fone/morfema, já que o som adequado é o vozeado.

Exemplo Quantidade de palavras

Porcentagem

(%)

3.3.2 Interior da palavracasa CAZA

mesa MAZA7 78

Page 128: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

3.3.3 Final da palavra presente PEZ 2 22

3.4 PERMUTA SILÁBICA: quando uma sílaba é substituída por outra

Exemplo Quantidade de palavras

Porcentagem

(%)3.4.1 Interior da palavra cajá gcanalaca 4 203.4.2 Final da palavra gato gala 16 80

Total 36Tabela 3: demonstrativo da categoria permuta de fone/morfema.

DISSIMILAÇÃO4.

Gráfico 4: demonstrativo da categoria dissimilação.

4.2 DISSIMILAÇÃO VOCÁLICA: quando o fonema que se dissimila (modifica) é vocálico

4.1.1 Início da palavra

Exemplo Quantidade de palavras

Porcentagem

(%)

lixo EOEO 1 33

4.1.3 Final da palavra leite DITA 2 67

4.1 DISSIMILAÇÃO CONSONANTAL: o fonema que se dissimila (modifica) é consonantal

Exemplo Quantidade de palavras

Porcentagem

(%)

4.1.2 Início da sílaba boca CACA 5 23

4.1.3 Interior da palavra cola COVO 17 77

Total 25Tabela 4: demonstrativo da categoria dissimilação de fone/morfema.

Page 129: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

TRANSPOSIÇÃO5.

Gráfico 5: demonstrativo da categoria transposição.

5.1 TRANSPOSIÇÃO VOCÁLICA: deslocamento de fone/morfema vocálico para outra síla-ba

Exemplo Quantidade de palavras

Porcentagem

(%)

Entre sílabas

5.1.1 Interior da palavra rato rota 4 100

5.2 TRANSPOSIÇÃO CONSONANTAL: deslocamento de fone/morfema consoante

Exemplo Quantidade de palavras

Porcentagem

(%)

Entre sílabas

5.2.1 Interior da palavra farda FDARA 7 87

Mesma sílaba

5.2.2 Interior da palavra cachorro AHCO 1 12

5.3 TRANSPOSIÇÃO CV/VC: deslocamento de fone/morfema de consoante e vogal para vogal e consoante

5.3.1 Inicio da palavra

Exemplo Quantidade de palavras

Porcentagem

(%)

dever ED 4 57

5.3.2 Final da palavra bota PAT 3 43

Total 19Tabela 5: demonstrativo da categoria transposição de fone/morfema.

Page 130: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

ASSIMILAÇÃO 6.

Gráfico 6: demonstrativo da categoria assimilação.

6.1 ASSIMILAÇÃO VOCÁLICA TOTAL: o fonema assimilado se identifica ao assimilador.

Exemplo Quantidade de palavras

Porcentagem

(%)Entre sílabas

6.1.1 Interior da palavragalo Gnala

cola COVO10 67

6.1.2 Final da palavra boca CACA 5 33 6.2 ASSIMILAÇÃO CONSONANTAL TOTAL: o fonema assimilado se identifica ao assimila-

dor.

Exemplo Quantidade de palavras

Porcentagem

(%)Entre sílaba

6.2.1 Inicio da palavra sapato PAPATO 2 67

6.2.2 Interior da palavra vaso VAVO 1 33

Total 18Tabela 6: demonstrativo da categoria assimilação de fone/morfema.

DESNASALIZAÇÃO7.

Gráfico 7: demonstrativo da categoria desnasalização

Page 131: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

7.1 DESNAZALIZAÇÃO: quando um fonema nasal passa a ser oral

Exemplo Quantidade de palavras

Porcentagem

(%)7.1.1 Interior da palavra mão MAGO 3 100

Tabela 7: demonstrativo da categoria desnazalização de fone/morfema.

ACENTO8.

8.1 ACENTO: ênfase dada a uma sílaba da palavra durante a fala

8.1.1 Alteração da vogal tôni-ca que se torna átona pó polasla

1 100Tabela 8: demonstrativo da categoria acento.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Respondendo a pergunta, quais são os processos (morfo)fonológicos da escrita da informante, as seguintes categorias surgiram: acréscimo (27%), apagamento (26%), permuta (17%), dissimilação (11%), transposição (9%), assimilação (8%), desnasalização (1%), acento (1%).

Mediante o estudo de caso acerca dos processos (morfo)fonológico realizado, pode-se concluir que a aluna informante esta na fase da alfabetização pré-silábica, conforme os gráficos e tabelas apresentados, sendo que a informante tem dificuldade na escrita.

Sugere-se à APAE a ênfase no estudo das categorias mais recorrentes nos dados, tais como acréscimo consonantal e vocálico e, principalmente o silábico já que essa foi a maior categoria de alteração. O apagamento silábico, seguido do consonantal, a permuta silábica, a dissimilação consonantal no interior da palavra, a transposição consonantal entre sílabas, a assimilação vocálica no interior da sílaba também são sugeridas como reflexões necessárias à aluna-informante.

Sugere-se ao curso de Letras (disciplina fonética e fonologia da língua portuguesa) que propicie aos Acadêmicos o contato com dados autênticos de alunos com limitações da escrita, a fim de que eles possam relacionar melhor a prática da escrita à teoria fonética-fonológica.

No geral, ainda há muito trabalho a ser realizado. Esse é só um ponto de partida para futuras investigações em relação aos aspectos (morfo)fonológicos que surgem na escrita de pessoas com síndrome de Down. A partir do que foi até agora trabalhado nesse estudo de caso, sugere-se, então, outras investigações que podem fundamentar também o fenômeno estudado e essas são: estudos sobre os processos (morfo)fonológicos da escrita da aluna-informante quando há a copia do quadro negro; investigações sobre a escrita realizada no material impresso usado na sala de aula (livro didático) e estudo da escrita, realizada com jogos didáticos, como, por exemplo, dominó de letras.

Page 132: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

5. REFERÊNCIAS

BIAZOTTO, Sibele Letícia Rodrigues de Oliveira; SCHIER, Silvéria Aparecida Basniak. Lingüística II (fonética e fonologia da língua portuguesa). In: Caderno de Conteúdos e Atividades 3ª período de Letras. UNITINS, 2008. p.1-110.

CALLOU, Dinah; LEITE, Yonne. Iniciação à fonética e à fonologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2000.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2002.

MARTINS, Gilberto Andrade. Estudo de caso: uma estratégia de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2006.

PUESCHEL, Siegfried M. Características físicas da criança. In: PUESCHEL, Siegfried M. (Orgs). Síndrome de Dawn: guia para os pais e educadores. (Série Educação Especial). Trad. Lúcia Helena Reily. Campinas, SP: Papirus, 1995. p. 37-43

WEIHS, Thomas Johannes. Crianças com necessidades de cuidados especiais. Trad. Elaine de Marco. São Paulo: Antroposófica, 1991

Page 133: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

DESCORTINANDO A INTERTEXTUALIDADE N’A MARCA DE UMA LÁGRIMA, DE PEDRO BANDEIRA

Fernanda dos Reis Guedes1; Cristina Maria Vasques2.

Introdução

A intertextualidade suscita interpretações variadas de estudiosos em todo o mundo. Julia Kristeva (apud FÁVERO, 1994, p.50) chama intertextualidade as vozes que coexistem simultaneamente num mesmo texto: “o termo intertextualidade designa a transposição de um (ou vários) sistemas de signos em um outro” (KRISTEVA,1974, p. 59, tradução livre). Laurent Jenny (1979, p. 14) afirma que “a intertextualidade fala uma língua cujo vocabulário é a soma dos textos existentes [e é] o trabalho de transformação e assimilação de vários textos, operado por um texto centralizador, que detém o comando do sentido”.

Pensando-se nas definições de Kristeva e Jenny, infere-se que a intertextualidade trata de toda e qualquer relação entre textos, entendidos como quaisquer formas de expressão portadoras de sentido, a saber, a transposição e assimilação ou de um (ou vários) sistema(s) de signos – e sua possível transformação – em outro sistema de signos (VASQUES, 2007, p. 82). Jenny afirma também que a intertextualidade permite a introdução, no texto centralizador, de “um sentido, uma representação, uma história, um conjunto ideológico, [mesmo que sem] falá-los. [Assim,] o texto de origem lá está, virtualmente presente, portador de todo o seu sentido, sem que seja necessário enunciá-lo” (JENNY, 1979, p. 22, grifo nosso).

Desta forma, o estudo da intertextualidade pode contribuir não somente para a compreensão da obra em si, como também para o entendimento de outras obras e autores que determinaram a sua criação. Pode também reforçar a importância e a necessidade do conhecimento de obras literárias consideradas clássicas para o sucesso de toda escritura.

N’ A Marca de uma Lágrima, obra em que Bandeira trata da descoberta do amor, tema instigante para jovens e adolescentes e, por isso, considerada uma obra da literatura juvenil, a intertextualidade é marcante e embasa toda a história de Isabel, excelente aluna de português, exímia em redação, justamente porque, de acordo com o narrador, lê muito: “uma pilha dos seus livros preferidos. Paul Valéry, Vinicius, Ferreira Gullar, García Lorca, Pablo Neruda...” (BANDEIRA, 2003, p.52).

A maestria técnica com que Bandeira conta a história de Isabel vai além da coexistência de vozes no texto, representada pelos diversos autores e obras que cita de alguma forma. Ele faz poesia e brinca com as palavras, lembrando que “o uso intertextual dos discursos corresponde sempre a uma vocação crítica, lúdica e exploradora” (JENNY, 1979, p. 49):

1 Projeto: A Arte Literária da Narrativa Infantojuvenil Brasileira. Aluna do 6º Período do Curso de Graduação em Letras-Espanhol, modalidade EAD, da Fundação Univer-sidade do Tocantins – UNITINS. Bolsista do PIBIC-UNITINS; e-mail: [email protected] Profª do Departamento de Pedagogia EAD da Fundação Universidade do Tocantins – UNITINS; Mestra em Estudos Literários pela UNESP de Araraquara; e-mail: [email protected].

Page 134: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Da Linamarina? [...] das garotas presas em frascos, da Lina e da Marina, de Linaisabel, da Isabelmarina, da Linarana, Marinarana, aranhaisabel, cobracristiano, arana e cobra... Ai, cobra e aranha, aranha e cobra, a aranha quer a cobra, a cobra busca a aranha, a aranha se debate a gaiola de vidro, vai quebrar-se ovidro, já vem vido a cobra, vem, Cristiano, me abraça, me enlaça, me arregaça, me enleia, tateia, procura, me aperta, me pega, me toma, te amo, sou sua, estou na, te quero, te pego, te levo comigo, me leva contigo, me faz viver, me faz feliz, me faz mulher! (BANDEIRA, 2003, p. 54).

Assim, este estudo tem o objetivo de buscar, na obra A Marca de uma Lágrima, aspectos artísticos que lhe conferem a condição de obra literária, a partir da intertextualidade colocada na narrativa.

Metodologia

Buscou-se uma bibliografia que apontasse para os conceitos de estética literária que dessem conta da análise d’A Marca de uma Lágrima, considerando-se critérios como os encontrados por Perrone-Moisés (1998) junto a escritores-critícos: maestria técnica, concisão, exatidão, visualidade, sonoridade e intensidade, completude e fragmentação, intransitividade, utilidade, impessoalidade, universalidade e novidade.

Considerando-se esses critérios, pode-se examinar inúmeros aspectos inerentes ao texto literário, como tempo, espaço, narrador, personagens, linguagem, motivo, tema, etc., aspectos eventualmente presentes como humor, ironia, intertextualidade, paródia, mito, folclore e outros, bem como suas relações com a história e demais ciências. Isso é possível porque

o caráter literário das obras literárias está precisamente na integração de todos os elementos recebidos das várias formas que influenciam a Literatura, integração essa que se transforma em unidade, em totalidade. [...] o texto literário caldeia, transfigura e unifica tudo quanto a sensibilidade do escritor capta do mundo de fora [que forma] uma massa única e total que a observação do escritor apreende em contato com o mundo físico e concreto e que sua imaginação transforma e amplia livremente. (MOISÉS, 1970, p. 297).

Foram consultadas obras de autores que teorizaram sobre o assunto, como

Kristeva (1974), Jenny (1979), Held (1980), Bettelheim (1980), Paz (1982), Bakhtin (1988), Fávero (1994), Zilberman (1994), Cardoso-Silva (1997), Perrone-Moisés (1998), Walty e Cury (1999), Coelho (2003), Colomer (2003), Machado (2002), Eco (2005), Vasques (2007), a fim de se obter os subsídios literários necessários para a análise da intertextualidade na obra em estudo.

Page 135: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Discussão

A intertextualidade contida n’A Marca de Uma Lágrima, aspecto marcante e fio condutor da narrativa, contempla todos os aspectos apontados por Perrone-Moisés (1988) como critérios de valorização artística comuns aos escritores-críticos analisados por ela.

A primeira marca intertextual da obra em estudo é ser ela, conforme afirma Bandeira (2003, p. 175-176), uma versão da obra de Edmond Rostand, Cyrano de Bergerac. O Enredo gira em torno da história de Isabel, que demonstra seu conhecimento literário em vários trechos, como no que a protagonista justifica sua redação de uma só frase:

A folha passou para as mãos do professor [...]

-O que é isto? Há apenas a mesma frase escrita várias vezes!

-É um poema concreto, professor. Assim como Uma pedra é uma pedra, do Carlos Drummond de Andrade. O leitor deve completar o poema de acordo com suas próprias experiências, de acordo com suas lembranças [...] (BANDEIRA, 2003, p. 41-42).

Ao comparar sua redação com o poema concreto “No Meio do Caminho”, de Andrade (CARVALHO, 2008), a protagonista d’A Marca de Uma Lágrima evoca a vanguarda européia.

Isabel apaixona-se por seu primo Cristiano, mas seu amor não é retribuído, pois o rapaz apaixona-se e é correspondido por Rosana, sua melhor amiga, fato que remete aos desencontros amorosos do poema “Quadrilha”, também de Carlos Drummond de Andrade. Reforça-se, assim, o conteúdo concretista que o autor imprimiu na obra em estudo: “João amava Teresa que amava Raimundo/que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili” (ANDRADE, [2003-2009]). A Marca de Uma Lágrima discute também o amor idealizado, sonhado por Isabel, fazendo com que a protagonista – usando palavras do poema “Autopsicografia”, de Fernando Pessoa – finja para si mesma “o amor que deveras sente” (PESSOA, [200-]). Isbel é testemunha de uma cena suspeita que resulta na morte da diretora da escola onde estuda, e sente-se ameaçada. A idéia de morte começa a tomar conta de sua mente:

lembrou-se do poeta João Cabral de Melo Neto e de Morte e vida severina, [...]. Uma vida severina...uma morte linamarina... [...] O que seria então a morte senão um alívio, um basta a toda aquela tortura? O que seria a morte? Severina, como a do retirante nordestino? Linamarina, como a da diretora obesa e sorridente? (BANDEIRA, 2003, p. 97-98, grifos do autor.).

E essa ideia de morte, o sentimento de estar ameaçada, bem como o assassinato da diretora da escola envolto em mistérios, remetem ao fantástico, se o entendermos como uma narrativa cuja noção “parece indissoluvelmete ligada a tudo aquilo que desperta o medo, ao inquietante, ao traumatizante.” (HELD, 1980, p. 20).

Page 136: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Pode-se afirmar que o folclore, sistema de signos e uma das fontes do fantástico, é uma outra forma de intertexto de que Bandeira se utiliza para a composição da narrativa em estudo, uma vez que a obra cita duas histórias – hoje consideradas contos de fadas infantis – provenientes do folclore: “A Bela Adormecida” e “Branca de Neve”, e também faz uso de provérbios, cuja origem está cravada na sabedoria popular. Sem indicação de data ou autoria, os provérbios ou ditos populares expressam o bom senso de uma sociedade e, assim, os seus valores. A maestria de Bandeira estende-se para além da técnica. Sua habilidade com as palavras faz d’ A Marca de Uma Lágrima um texto poético – “ momento em que o escritor cria, em que funde sua mente e seu coração às palavras que sozinhas, soltas, não fariam sentido mas, juntas pela avidez do autor, geram significados alheios e além de si mesmas, resultando em sua obra” (PAZ, 1982, p. 225.) – artístico, pois ”recria um mundo. [Revive] um instante ou uma série de instantes [...]. Por isso recorre aos poderes rítmicos da linguagem e às virtudes transmutadoras da imagem. [...] imagina, poetiza (PAZ, 1982, p. 68), como mostra o fragmento a seguir, que conta sobre a “inimizade” da protagonista com o espelho:

Aquele era o seu pior inimigo. O mais cruel, o mais cínico, o mais impiedoso. O inimigo que falava a verdade. Sempre. Sempre a verdade. Toda aquela verdade que Isabel conhecia muito bem e que nunca a abandonava.

Ainda com a escova de cabelo na mão, Isabel náo podia deixar de encará-lo. Lá estava ele, encarando a garota de volta, com os próprios olhos da menina. De um lado, eles estavam molhados. Do outro, refletiam-se gelados, vítreos, sem compaixão. (BANDEIRA, 2003, p. 6).

Percebe-se, assim, que um texto considerado apropriado para jovens, como A Marca de uma Lágrima, contém elementos que fazem dele uma obra de arte literária.

E constata-se que a intertextualidade contida na obra em estudo extrai do percurso da humanidade diferentes possibilidades literárias e as distribui entre seus personagens e seus leitores, a fim de que “as dúvidas acerca do mundo” – dúvidas do próprio autor – sejam discutidas e possam “cutucar a imaginação do leitor e levá-lo a pensar junto com o autor” (BANDEIRA, 1985, p. 64). Ou, como afirma Held (1980, p. 20), possam “afinar nosso espírito crítico e fazer-nos refletir”.

Referências

ANDRADE, Carlos Drummond de. Quadrilha. Studio sol comunicação digital, [2003-2009]. Disponível em <http://letras.terra.com.br/carlos-drummond-de-andrade/460652/>. Acesso em 21 Ago. 2008.

Page 137: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

BAKHTIN, Mikhail. Questões de literatura e de estética: a teoria do romance. São Paulo: Unesp/Hucitec, 1988.

BANDEIRA, Pedro. A marca de uma lágrima. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2003. (Coleção Veredas).

BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fada. Trad. de Arlene Caetano. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.

CARDOSO-SILVA, Emamuel. Leitura: sentido e intertextualidade. Emanuel Cardoso Silva. São Paulo: Unimarco Editora, 1997.

CARVALHO, Cristiane . No meio do caminho: 80 anos. Digestivo Cultural, 2008. Disponível em <http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=2535>. Acesso em 07 Fev. 2009.

COELHO, Nelly Novaes. O conto de fadas: símbolos, mitos, arquétipos. São Paulo: Difusão Cultural do Livro. 2003.

COLOMER, Tereza. A formação do leitor literário: narrativa infantil e juvenil atual. Trad. Laura Sandroni. São Paulo: Global, 2003.

ECO, Umberto. Interpretação e superinterpretação. Trad. de Monica Stahel. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

FÁVERO, Leonor Lopes. Paródia e dialogismo. In: BARROS, Diana Pessoa de e FIORIN, José Luiz (Orgs.). Dialogismo, polifonia, intertextualidade. Em torno e Bakhtin.. São Paulo: Edusp, 1994, p. 49-61. (Ensaios de Cultura, 7).

HELD, Jacqueline. O imaginário no poder: as crianças e a literatura fantástica. Trad. de Carlos Rizzi. São Paulo: Summus, 1980.

JENNY, Laurent. A estratégia da forma. In: Poétique. Intertextualidades. Revista de teoria e análise literárias. v. 27. Trad. de Clara Crabbé Rocha. Coimbra: Livraria Almedina, 1979.

KRISTEVA, Julia. La révolution du langage poétique. L´avant-garde a la fin du XIXe. Siècle: Lautréamont et Mallarmé. Paris: Seuil, 1974.

MACHADO, Ana Maria. Como e por que ler os clássicos universais desde cedo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.

Page 138: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

MOISÉS, Massaud. Guia prático de análise literária. São Paulo: Cultrix, 1970.

PAZ, Octavio. A Consagração do Instante. In: ______. O arco e a lira. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.

PERRONE-MOISÉS, Leyla. Altas literaturas: escolha e valor na obra crítica de escritores modernos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

PESSOA, Fernando. Autopsicografia. Projeto Poesia: Fernando Pessoa, [200-]. Disponível em <http://www.insite.com.br/art/pessoa/cancioneiro/143.html>. Acesso em 30 Out. 2008.

VASQUES, Cristina Maria. Uma viagem pela intertextualidade em Reinações de Narizinho. Dissertação de Mestrado - PPG em Estudos Literários. UNESP - FLC de Araraquara – SP, 2007.

WALTY, Ivete e CURY, Maria Zilda. Textos sobre textos: um estudo da metalinguagem. Belo Horizonte: Dimensão, 1999.

ZILBERMAN, Regina. A literatura e o apelo das massas. In: AVERBUCK, Ligia (Org.). Literatura em tempo de cultura de massa. São Paulo: Nobel, 1994.

Page 139: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

MÉTODOS PARA SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA E GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE CARYOCAR BRASILIENSE CAMBESS. (Caryocaraceae).

Hugo Victor de Menezes Parente1; Maria Inês Ramos Azevedo2; Eduardo Ribeiro dos Santos3

1 Estudante do Curso de Biologia do Centro Universitário Luterano de Palmas; Bolsista do PIBIC – UNITINS/CNPq; E-mail: [email protected] Professora da Fundação Universidade do Tocantins – Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (NUPAM); E-mail: [email protected] Pesquisador/Professor da Fundação Universidade do Tocantins; Coordenador do Grupo de Pesquisa NUPAM da UNITINS; E-mail: [email protected]

IntroduçãoNo Brasil a produção de mudas de espécies nativas do Cerrado é incipiente,

possuindo um grande potencial de expansão para serem utilizadas nos mais diversos fins. Na maioria das vezes as mudas são propagadas via semente. Portanto, técnicas apropriadas para a avaliação da porcentagem de germinação, métodos adequados de quebra dormência e vigor de sementes deve ser experimentado, principalmente, para aquelas espécies de maior valor econômico e ambiental.

A germinação é um evento fisiológico que depende da qualidade da semente e das condições de germinação, como o suprimento de água e de oxigênio e condições de temperatura, luz e substrato (SALOMÃO et al., 2003).

Seguindo-se as recomendações estabelecidas no RAS - Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 1992), o teste de germinação fornece informações sobre o potencial de uma amostra germinar sob condições ótimas de ambiente, além de padronizar com ampla possibilidade de repetição dos resultados, dentro de níveis razoáveis de tolerância (KRZYZANOWSKI, 1999).

Para Castro et al. (2004), as sementes germinam quando as condições para o crescimento são favoráveis e elas não apresentam algum tipo de dormência. Entretanto as informações sobre a germinação de sementes de espécies do Cerrado, encontram-se dispersas (SALOMÃO et al., 2003).

A dormência é o fenômeno pelo qual sementes de determinada espécie, mesmo sendo viáveis e possuindo todas as condições ambientais para tanto, não germinam. O fenômeno da dormência é tido como um recurso pelo qual a natureza distribui a germinação no tempo (FOWLER e MARTINS, 2001).

A dormência em sementes de espécies florestais nativas provoca inúmeros problemas no viveiro e no estabelecimento de plantios. Assim, uma vez identificada à dormência em sementes, devem-se procurar métodos adequados para sua superação (RAMOS e ZANON, 1984).

No entanto nas espécies tropicais a ocorrência de dormência é freqüente, causando germinação lenta e desuniforme (CRUZ e CARVALHO, 2006), envolvendo um mecanismo que funciona como uma espécie de sensor remoto, o qual controlaria a germinação de modo que essa viesse a ocorrer não somente quando as condições fossem ________________________________________________________________________Projeto: Uso, Conservação e Preservação de Recursos Naturais na Sub-Bacia do Ribeirão São João: Uma proposta de participação comunitária no processo de Educação Ambiental – II Fase.Patrocínio: Petrobras S.A. (Programa Petrobras Ambiental). Apoio: UNITINS.

Page 140: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

propícias à germinação, mas também ao crescimento da planta resultante (CARVALHO e NAKAGAWA, 2000).

O presente estudo tem por finalidade avaliar o método de quebra de dormência mais eficiente e o comportamento germinativo em fase de viveiro das sementes de Caryocar brasiliense visando subsidiar a produção de mudas em larga escala, tornando o processo mais produtivo e eficiente.

Metodologia Os frutos de Caryocar brasiliense foram coletados de matrizes pré-selecionadas do Cerrado e que se encontram distribuídas aleatoriamente numa área total de 108,21 km2 do “Projeto Conservação e Preservação de Recursos Naturais na Sub-Bacia do Ribeirão São João: Uma Proposta de Participação Comunitária no Processo de Gestão Ambiental” situada entre os municípios de Palmas e Porto Nacional -TO, entre os meses de outubro a novembro de 2008. Coletas semanais foram realizadas na área de estudo durante este período.

O presente estudo foi conduzido no Viveiro de Propagação de Plantas situado no Complexo de Ciências Agrárias – CCA, situado a 32 km de Palmas – TO, onde foi realizado o beneficiamento e a quebra de dormência das sementes e posteriormente analisado o comportamento germinativo das sementes e condução das mudas.

Foram quantificadas as porcentagens de emergência de plântulas por meio do IVE – índice de velocidade de emergência e consequentemente observado o método de quebra de dormência mais eficiente e que promover os valores mais altos de IVE. Para estes cálculos, foi utilizada a fórmula proposta por Maguire (1962), alterada para emergência de plântulas:

IVE = (C1/T1 + C2/T2 + ... + Ci/Ti)em que

IVE = índice de emergência de plântulas - média diária; C1 a Ci = contagem diária da emergência de plântulas; eT1 a Ti = tempo.O critério de germinação adotado foi o da emergência das plântulas, calculando-se

a porcentagem de sementes que apresentarem emissão da parte aérea.

O número de sementes germinadas foi contado diariamente sempre no mesmo horário até o momento em que não houver mais germinação. O delineamento estatístico usado será o inteiramente casualizado – DIC, contendo cinco tratamentos com quatro repetições totalizando 20 parcelas de 25 sementes cada.

A análise estatística do estudo foi realizada por meio de análise de variância - ANOVA e os dados serão comparados com auxílio do teste de Tukey utilizando o Software SAEG – Sistema para Análises Estatísticas, Versão 9.1.

Preparo do Experimento

Os frutos de pequi foram coletados e beneficiados nos dias 11 e 12 de novembro de 2008. As sementes dos tratamentos T1 e T2 foram semeadas nos saquinhos no dia 13/11/2008.

Partes das sementes beneficiadas foram colocadas para secar por um período de 35 dias aproximadamente após o beneficiamento (Figura 1).

Page 141: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Após a secagem realizou-se a semeadura dos tratamentos T3, T4 e T5 no dia 18/12/2008.

O experimento foi dividido em cinco blocos de cem saquinhos de polietileno contendo uma semente cada um, totalizando quinhentas (500) sementes ao todo. As observações estão sendo realizadas de dois em dois dias com o objetivo de observar a emergência de plântulas (Figura 5) e a condução do experimento. Os resultados da germinação e emergência de plântulas em cada bloco estão sendo tabulados para uma planilha para posterior analise estatística.

Resultados e Discussão

Para os tratamentos T3 e T5 ocorreu a emergência de plântulas, como mostra a Tabela 1. Nos outros tratamentos até o presente momento não se observou a emergência de plântulas.

Tabela 1. Percentual de germinação (%) obtida até o momento.

TRATAMENTO Nº DE SEMENTES % DE GERMINAÇÃOT1 0 0T2 0 0T3 3 12T4 0 0T5 2 8

Devido a heterogeneidade na germinação das sementes em todos os tratamentos durante o período de observação deste estudo ficou evidenciado a inviabilidade de se utilizar o Índice de Emergência de Plântulas – IVE, já que o mesmo necessita de uma periodicidade de germinação das sementes para ser tabulado e calculado.

Os resultados observados (Tabela 1), confirmam que os processos de beneficiamento e secagem dos frutos após a colheita é um processo fundamental para acelerar o método de germinação e homogeneidade na produção de mudas de Caryocar brasiliense.

Um dos prováveis motivos para o baixo valor encontrado se deve a maturação fisiológica das sementes que não foi alcançada. Davide e Silva (2008), confirmam que a época da colheita e a maturação fisiológica das sementes (quando apresentam o máximo acúmulo de matéria seca e consequetemente máxima germinação) são essenciais para um bom resultado na porcentagem de germinação.

Especificamente no caso de frutos de pequi, as sementes com endocarpo (sem os espinhos) podem ser obtidas com a fermentação dos frutos e seu processamento por meio de escarificação mecânica (PIÑA-RODRIGUES, ET AL., 2004; DAVIDE e SILVA, 2008).

Em espécies como o pequi geralmente no processo de propagação de mudas o que é semeado é o seu diásporo, que é definido como o órgão de dispersão da espécie, constituído da semente envolta do fruto ou parte do fruto. Essa camada de polpa do fruto quando seca serve como uma barreira a entrada de água na semente e restringi consequetemente a germinação (DAVIDE e SILVA, 2008).

Page 142: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

No presente estudo ficou evidenciado a existência de um conjunto de fatores que promovem a heterogeneidade e um baixo percentual de germinação das sementes de Caryocar brasiliense. Um destes fatores encontrado foi a dormência nas sementes. Provavelmente isso ocorreu, devido a mais de um tipo de bloqueio de diferentes intensidades à germinação e que promoveram e intensificaram esse processo. Dentre estes, Davide e Silva (2008), citam o mecanismo fisiológico de inibição e embrião imaturo (Dormência Endógena Morfofisiológica), tegumento impermeável à água e ibidores da germinação (Dormência Exógena).

A dormência de sementes pode ser definida como sendo um fenômeno pelo qual, sementes de uma determinada espécie, mesmo estando viáveis e tendo as condições ambientais favoráveis para germinarem, não germinam (DAVIDE e SILVA, 2008).

Mesmo utilizando diferentes métodos de quebra de dormência, ao final deste trabalho, encontrou-se um baixo valor percentual de germinação e uma alta heterogeneidade de emergência de plântulas desses métodos em todos os tratamentos, o que evidencia que os métodos utilizados de quebra de dormência nesse estudo deverão ser reformulados e testados novamente posteriormente.

Conclusão

Mediante os resultados obtidos pode-se concluir:

Ocorreu um baixo valor percentual de germinação e uma alta heterogeneidade de •emergência de plântulas em todos os tratamentos utilizados no presente estudo;

Os métodos utilizados de quebra de dormência deverão ser reformulados e •testados novamente posteriormente.

Referências

BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília-DF: SNDA/DND/CLAV, 1992. 365 p. CARVALHO, N. M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. 4 ed. Jaboticabal: FUNEP, 2000. p. 98-118.

CASTRO, R.D.; BRADFORD, K.J.; HILHORST, H.W.M. Embebição e reativação do metabolismo. Org. Alfredo Gui Ferreira e Fabian Borghetti. – Porto Alegre: Artmed, 2004a. 323p.DAVIDE, A. C.; SILVA, E. A. A. da. Produção de sementes e mudas de espécies florestais. Antônio Cláudio Davide, Edivaldo Aparecido Amaral da Silva, -- 1. Ed. – Lavras: Ed. UFLA, 2008. 175 p. :il.FOWLER, J. A. P.; MARTINS, E. G. Coleta de sementes. In: Manejo de sementes de espécies florestais. Colombo: EMBRAPA Florestas, 2001. p. 9-13 (Documentos, 58).

KRZYZANOWSKI, F.C.; VIEIRA, R.D.; FRANÇA NETO, J.B. Vigor de sementes: conceitos e testes. Londrina: ABRATES, 1999. 218p.

MAGUIRE, J. D. Speed of germination in selection and evaluation of seedling emergence and vigor. Crop Science, Madison, v. 2, n. 1, p. 176-177, 1962.

Page 143: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

MARCOS-FILHO, J. Testes de vigor: Importância e utilização. In: KRZYZANOWSKI, F. C.; .VIEIRA, R. D.; FRANÇA-NETO, J. B. (Ed.). Vigor de sementes: conceitos e testes. Londrina: ABRATES, 1999. p. 1.1-1.21.

PIÑA-RODRIGUES, F. C. M.; FILGLIOLIA, M. B.; PEIXOTO, M. C. Testes de qualidade. In: FERREIRA, A.G.; BORGHETTI, F. (Org.). Germinação – do básico ao aplicado. Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 283-297. RAMOS, A.; ZANON, A. Dormência em sementes de espécies florestais nativas. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE TECNOLOGIA DE SEMENTES FLORESTAIS, 1., 1984, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: Informativo ABRATES, 1984. p. 241-265.

SALOMÃO, A.N.; SOUSA-SILVA, J.C.; DAVIDE, A.C.; GONZÁLES, S.; TORRES, R.A.A.; WETZEL, M.M.V.S.; FIRETTI, F.; CALDAS, L.S. Germinação de Sementes e Produção de Mudas de Plantas do Cerrado. In: SALOMÃO, A.N...[et al.]. (Orgs.) Brasília, Rede de Sementes do Cerrado, 2003. 96. p. il.

Page 144: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

COMPILAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA COLEÇÃO CIENTÍFICA DE AVES DO MUSEU DE ZOOLOGIA JOSÉ HIDASI,

PORTO NACIONAL – TO.

Marcus Vinicius Moreira Barbosa1; José Hidasi2; José Fernando de Sousa Lima2,3

1 Estudante do Curso de Ciências Biológicas do campi universitário de Porto Nacional da Universidade Federal do Tocantins; Bolsista do PIBIC-UNITINS/CNPq; E-mail: [email protected]

2 Professor Doutor do Núcleo de Zoologia e Taxidermia da Fundação Universidade do Tocantins.

3 E-mail: [email protected]

Introdução

No Brasil existem 1.822 espécies de aves, divididas em 26 Ordens e 96 Famílias (CBRO, 2008). O Brasil ocupa uma região de elevado grau de endemismo, alta biodiversidade e grande variedade de ambientes, o que reflete em uma grande diversidade biológica (SICK, 1997). No entanto apesar da expressiva riqueza os processos que contribuem para a perda da diversidade têm refletido negativamente sobre os ecossistemas (ZAHER e YOUNG, 2003).

As coleções zoológicas são acervos de espécimes que funcionam como uma amostra da diversidade existente, ou extinta, no mundo real, a partir da qual são feitas inferências sobre a diversidade biológica (BRITO e JOLY, 1999). As coleções zoológicas, também são importantes bancos de dados, pois servem como referências para pesquisas faunísticas e ecológicas, sendo imprescindíveis para estudos taxonômicos (MARTINS, 1994). Em geral, a classificação sistemática é feita baseada em estudos comparativos dos caracteres de organismos preservados em coleções zoológicas (BONALDO, 2000; BRAUL e LISE, 2002). Então, importantes coleções de pesquisa permitem o desenvolvimento dos estudos taxonômicos e biológicos (MARTINS, 1994).

Um recente levantamento preliminar do acervo científico do Museu de Zoologia José Hidasi (MZJH) de animais catalogado ou em processo de catalogação, apresenta entre aves, mamíferos, répteis, anfíbios e peixes 7.007 espécimes, no mínimo (lembramos que anfíbios e peixes são catalogados em lotes com dois ou mais exemplares).

Em decorrência da importância das coleções científicas, faz-se necessário conhecer as condições das informações da avifauna depositada no MZJH, de forma que contribua como referências científicas que servirá de base para estudos futuros. Portanto, este trabalho tem como objetivo atualizar a nomenclatura dos exemplares do acervo, organizar a coleção científica e fazer um novo livro tombo digitalizado com os dados obtidos.

* PROJETO: Reestruturação do Museu de Zoologia José Hidasi Para Revitalização do Acervo.

Page 145: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Metodologia

O presente estudo foi realizado no Núcleo de Zoologia e Taxidermia (NUZT), mais especificamente nas instalações do MZJH, que se localiza na Avenida Presidente Kennedy n°. 1055, centro, Porto Nacional - TO.

Primeiro as peles foram limpas, com pinceis para tirar o acumulo de pó. Em seguida, foi feito a compilação de cada um dos exemplares, anotando as informações contidas nas etiquetas em planilhas, de forma organizada, procurando atender as seguintes informações: (i) nome científico, (ii) coletor, (iii) procedência, (iv) data de coleta, (v) sexo e (vi) observações (dados biométricos).

Em seguida foram fixadas etiquetas plásticas de 9 mm, no tarso de cada ave, com numeração crescente que corresponde ao novo número de tombo do acervo da coleção do MZJH. Esta numeração começa do MZJH-1 e vai até o número que corresponde à compilação do último exemplar, no caso MZJH-2544.

As informações, depois de compiladas, foram digitalizadas em uma planilha eletrônica do programa SpeciBase, de fácil acesso e prático. Depois de digitalizadas, as informações foram impressas e encadernadas, tornando-se o livro de registro atual.

Os exemplares foram organizados em armários de metal, seguindo os critérios do CBRO (2007), de modo que facilite sua localização.

Colocamos uma “planilha sintetizada”, em cada gaveta dos armários, com as informações atualizadas dos espécimes ali presentes, obtidas no programa SpeciBase. A atualização da nomenclatura segue a proposta do CBRO (2007).

Devemos ressaltar que nas situações onde exemplares que apresentam a nomenclatura desatualizada, foram utilizadas as literaturas especializadas disponíveis, PEÑA e RUMBOLL (1998) e SOUZA (2002).

Resultados e Discussão

Foi registrado um total de 2.544 exemplares, os quais estão distribuídos em 21 Ordens, 83 Famílias, 296 gêneros e 437 espécies. Deste total 2.196 exemplares, que representa 86,32%, são animais de origem brasileira, e 348 exemplares, que representa 13,68%, são animais exóticos.

Dentre as aves de origem brasileira, a Ordem mais representativa foi a dos Passeriformes (1.072 exemplares), seguido pelos Psittaciformes (364 exemplares), como observado na Figura 1. Este resultado já era esperado, visto que, os Passeriformes constituem a Ordem mais representativa, em número de espécie, representando 55% de todas que ocorrem no Brasil, com base na lista do CBRO (2007).

Os psitacídeos, que foram o segundo grupo mais representativo (Figura 1), estão entre os mais ameaçados da Classe Aves (Birdlife International 2000). No Brasil, segundo GALETTI et al (2002) a perda de hábitat, é o principal fator para o declínio desta Ordem.

Page 146: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Por outro lado, a Ordem brasileira menos representativa foi a Pelecaniformes (Figura 1). As espécies pertencentes deste grupo são animais aquáticos (marinhos ou não) e algumas famílias possuem ampla distribuição (SICK, 1997). O único exemplar dessa Ordem é da espécie Anhinga anhinga, coletada em Aragarças-GO, no ano de 1953. Mas tem-se conhecimento que essa espécie é comum na região.

Fig. 1. Número de indivíduos por Ordem, dos animais de origem brasileira.

Em relação a procedência das espécimes observamos que, dentre as aves de origem brasileira, os exemplares de zoológico e criatório representam 48%, as coletadas (aves provenientes do seu habitat natural) são 40%, os apreendidos são 8%, os atropelados e os de choques acidentais com a parede são, ambos, 2% (Figura 2).

Fig. 2. Relação de indivíduos com procedência, dos animais de origem brasileira. Legenda: Zoo./Cria.: Zoológico e Criatório; Apree.: Apreendido; Atro.: Atropelado; Ch.Par.: Chocou com parede.

Dos 2544 exemplares, 456 são provenientes do estado do Tocantins, os quais estão distribuídos em 17 Ordens, 42 Famílias, 142 Gêneros e 176 Espécies. Isso corresponde 17,92% do total de espécimes de aves depositados na coleção científica. Os exemplares

Page 147: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

mais antigos, coletados no estado do Tocantins, tem registro a partir do ano de 1953, na região de Araguatins, Porto Nacional e Ilha do Bananal.

Ao relacionarmos os animais exóticos de acordo com a Ordem, observamos que os Passeriformes também foram os mais representativos, com 148 indivíduos, seguido pelos Galliformes com 90 indivíduos (Figura 3). Com apenas um representante podemos observar as Ordens: Falconiformes, Gruiformes, Charadriiformes, Caprimulgiformes, Piciformes, e Coliiformes. As quais podem ter sido adquiridas pelo professor Dr. José Hidasi, em uma das suas viagens ao exterior.

Fig. 3. Número de indivíduos por Ordem, dos animais exóticos.

Constatamos que aves exóticos de zoológico e criatório são 61%, e as coletadas representam 39%. Nessa categoria de exótica não foi registrado nenhum exemplar, atropelado, que se chocou com a parede e apreendido. Em relação ao último caso até seria esperado pelas polêmicas sobre tráfico de animais silvestres nacionais e exóticos, como é comentado em diversos sites que falam sobre a conservação da natureza, como por exemplo: IBAMA, WWF-Brasil, Ambiente Brasil (Figura 4).

Fig. 4. Relação de indivíduos com procedência, dos animais exóticos. Legenda: Zoo./Cria.: Zoológico e Criatório; Apree.: Apreendido; Atro.: Atropelado; Ch.Par.: Chocou com parede.

Page 148: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Durante o período de bolsa algumas mudanças aconteceram, devido ao projeto de reestruturação do museu, financiado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). No inicio, o acervo ficava no 1º andar do prédio, em armários de madeira (Figura 5), posteriormente, mais precisamente em 2007, foi construída a sala da coleção, adequada para colocar os novos armários de metal, não apresenta incidência de luz interna, umidade e pó, era climatizada e protegida dos intemperies (Figura 6, A).

Fig. 5. Sala e armários da coleção (antes).

A B C

Fig. 6. A - Sala e armários da coleção (1997); B – Sala reformada (2009); C – bancada para Taxidermia.

No início de 2009, com verba repassada pelo NUTA (Núcleo Tocantinense de Arqueologia) via Pró-Reitoria de pesquisa UNITINS, foi reformada e ampliado a sala da coleção e eliminado alguns problemas com umidade (Figura 6, B). Apesar de não estar planejado, com essa mesma verba, foi possível criar condições para o Setor de Taxidermia, bancada de alvenaria com pia, etc. (Figura 6, C), o que possibilitou a prática científica com aves e mamíferos.

O levantamento permitiu constatar que cerca de 1500 exemplares de aves (a maioria), não atendeu os critérios discutidos na metodologia. O que descaracteriza 59% do acervo do padrão “científico”. Essa situação, de exemplares com deficiência de informações, mostra que estes, podem ser separados em um tipo de coleção Especial, denominada de levantamento.

Page 149: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Referências Bibliográficas

BIRDLIFE INTERNATIONAL 2000. Threatened Birds of the World. Lynx Edicions and Birdlife International. Barcelona and Cambridge.

BONALDO, A. B. 2000. Taxonomia da Subfamília Corinninae (Araneae, Corinnidae) nas Regiões Neotropical e Neártica. Iheringia, ser. Zool., v.89, p.3-148.

BRAUL, A.; LISE, A. A. 2002. Revisão Taxonômica das Espécies de Vinnius e a Proposição de dois Gêneros novos (Araneae, Salticidae). Biociência, v.10, n.2, p.87-125.

BRITO, M. C. W.; JOLY, C. A. 1999. Infra-estrutura para conservação ex situ da biodiversidade. IN: BRITO, M. C. W.; JOLY, C. A. (Ed). Biodiversidade do estado de São Paulo, Brasil: síntese do conhecimento ao final do século XX. 7: Infra-estrutura para conservação da biodiversidade. São Paulo: FAPESP. p 49-52.

CBRO - COMITÊ BRASILEIRO DE REGISTROS ORNITOLÓGICOS (2007). Listas das aves do Brasil. Versão 15/08/2007. Disponível em <http://www.cbro.org.br>. Acesso em: agosto de 2007.

CBRO - COMITÊ BRASILEIRO DE REGISTROS ORNITOLÓGICOS (2008). Listas das aves do Brasil. Versão 05/10/2008. Disponível em <http://www.cbro.org.br>. Acesso em: janeiro de 2009.

GALETTI, M; GUIMARÃES, P. R; MARSDEN, S. J. Padrões de riqueza, risco de extinção e conservação dos psitacídeos neotropicais. In: GALETTI, M; PIZO, M. A. (Ed(s)). Ecologia e conservação de psitacídeos no Brasil. Belo Horizonte: Melopsittacus Publicações Científicas, 2002. p. 17-26.

MARTINS, U.R. 1994. A Coleção Taxonômica. In: N. PAPAVERO (ed), Fundamentos Práticos de Taxonomia Zoológica: Coleções, Bibliografias, Nomenclatura. São Paulo, Ed. Da Universidade Estadual Paulista, p. 19-42.

PEÑA, M. R.; RUMBOLL, M. 1998. Birds of Southern South America and Antarctica. Ed. Collins, London. 304.

SICK, H. 1997. Ornitologia Brasileira, Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro. 912p.

SOUZA, D. G. S. 2002. All the Birds of Brazil: An Identification Guide. Ed Dall, Salvador Bahia, 356p.

ZAHER, H.; YOUNG, P. S. 2003. Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência: As Coleções Zoológicas Brasileiras: Panorama e Desafios. Ciência e Cultura. n.3, p.24-26.

Page 150: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

A MÁQUINA EXTRAVIADA: imaginário social na obra

de José J. Veiga

Murilo Alves Leite1; M. Leila Dias Pereira do Amaral2

1Estudante do Curso de Letras da Fundação Universidade do Tocantins; Bolsista do PIBIC-UNITINS/CNPq; E-mail: [email protected]

2Professora do Departamento de Letras da Fundação Universidade do Tocantins; Orientadora da pesquisa PIBIC-UNITINS/CNPq. Mestre em Sociologia (UFG) e Doutoranda em Sociologia (UnB). E-mail: [email protected]

Introdução

Estudamos a obra de José J. Veiga, pois ela retrata o conflito de culturas na sociedade rural, onde os avanços técnicos, tidos como elementos de civilização, são recebidos como algo hermético e estranho. Isso fica bem claro em A Usina Atrás do Morro, A Máquina Extraviada e A Hora dos Ruminantes, obras que problematizam o encontro com o progresso. É também nesse conflito de culturas, segundo Potenciano (1990), podemos ler a relação do homem com esse progresso, num processo de conhecimento desconfiado e resistente, com as exigências do mundo administrado, que carrega consigo novas relações de trabalho e de opressão.

Outro ponto surge da análise desse choque de culturas: o da rejeição da modernidade tecnológica acompanhada de uma administração dissociadora da estrutura coletiva familiar. “Modalidades diversas de normas e fiscalizações saltam do espaço de empresas ou fábricas, para burocratizar a vida habitual dos cidadãos” (POTENCIANO,1990.p.30). É, acima de tudo, dessas temáticas que se alimenta a obra de José J. Veiga.

Da mesma forma, o fantástico está presente na obra veigueana, viabilizado pelas ferramentas utilizadas pelo autor, algumas mais claras e outras um pouco sutis, mas sempre com uma enorme elaboração artística cumprindo a sua atribuição. Um dos fatores de sustentação da literatura fantástica está na hesitação. Conforme Todorov (2004) “A hesitação do leitor é, pois a primeira condição do fantástico” (TODOROV, 2004. p. 37). Ao escrever seu texto José J. Veiga prioriza o discurso indireto livre levando o seu leitor a hesitar sobre quem fala. Como nos mostra Todorov (2004): “O fantástico implica, portanto, não apenas a existência de um acontecimento estranho que provoca hesitação no leitor e no herói, mas também numa maneira de ler esse acontecimento” (TODOROV, 2004, p. 38). Existe, porém, uma encenação de fenômenos ou seres inexplicáveis, ou seja, a confusão do real, mas que não se fundamenta num sobrenatural. Na verdade trata-se do incomum ou ao que nos remete a um estranhamento. Como afirma Laboissière (1989) “o insólito rompe o equilíbrio inicial; surge o estranhamento e a realidade transfigura-se”

Page 151: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

(LABOISSIÈRE 1989. p. 59). Com relação aos traços discursivos do fabuloso, de acordo com a abordagem de Laboissière, a ordem do sobrenatural não pode reger o discurso fantástico, pois a mesma constitui um dado cultural, ineficaz para ser um elemento da estrutura indispensável do maravilhoso.

Queremos contribuir para a discussão dos temas referentes ao campo do Imaginário, especialmente do Imaginário Social.

Aprofundar o conhecimento sobre o Imaginário presente na obra de José J. Veiga como uma configuração específica para a compreensão da vida moderna no Brasil e analisar as diferentes formas como é abordado o tema da modernização em José J. Veiga.

Metodologia

O modelo escolhido para a execução desta proposta é o de Mannheim, na medida em que visa abordar não apenas o pensamento discursivo, mas toda gama de expressões simbólicas, incluindo a arte e a religião.

Buscando demonstrar a dimensão social dos processos mentais o autor constata que a percepção imediata é incompleta e que o caráter referencial dessa percepção se apóia em sua função e em seu habitat social. Sem levar tais aspectos em conta é impossível compreender o sentido de tais percepções. Daí que “não se pode mais compartimentalizar as manifestações humanas numa dimensão social de um lado e noutra metassocial de outro” (MANNHEIM:1974, p.34).

Primeiramente analisamos as expressões documentadas de pensamento, sentimento ou gosto, para que pudéssemos descobrir seu sentido inerente ou pretendido, sem nos preocuparmos com questionamentos acerca de sua validade ou veracidade. Buscamos na obra de José J. Veiga essas expressões, com o intuito de resgatar as imagens ou enunciações que constrói sobre o tema – modernização em Goiás – sem perder de vista as demais expressões presentes na construção literária.

Num segundo momento, foi estabelecida e delineada toda a gama de relações sociais nas quais essas expressões são concebidas e realizadas, levantando as análises históricas do período, dando um enfoque especial à questão da modernização em Goiás e, também às teorias referentes a esse tema.

Por último, ponderamos os conteúdos das manifestações, que são retomadas no contexto restaurado da interação original, reconstruindo seu significado situacional. Então, pudemos estabelecer um diálogo entre os dados retirados da obra veigueana e as análises históricas do período, bem como as teorias referentes ao tema, buscando revelar o significado social daquelas expressões de sentido.

Hoje sabemos que não podemos avaliar uma obra com base em visões decompostas, pois há necessidade de unir texto e contexto, conseqüentemente, fatores externos e internos. Segundo Antonio Candido (1989), os fatores externos estão intimamente ligados à sociologia da literatura, que frisa a preferência estatística por um gênero, o gosto das classes, a origem social dos autores, a influência da organização social, econômica, política

Page 152: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

e a relação entre as obras e as idéias. Os fatores internos estão relacionados à estrutura da obra. O social passa a desempenhar, portanto, um papel na constituição da estrutura da obra, passando de fator externo a interno.

Resultados e Discussão

A análise do conto A máquina extraviada nos remete a diversos níveis de percepção, tanto por semelhança como por oposição. Dependendo do ângulo de visão e do movimento que se perpetra, novas imagens, símbolos e gestos se formam, a perspectiva do realismo maravilhoso cede lugar a um aprofundamento no fantástico, seja para o lado alegórico ou insensato. É preciso relembrar, contudo, que a narrativa de Veiga não aceita uma delimitação precisa de fronteiras. O que configura a linguagem literária do autor é o movimento pendular entre o real e o irreal, o cotidiano e o incomum, nos diferentes graus e modos. No trecho a seguir o autor se refere a uma região afastada dos centros urbanos, o interior de um país ou região: “Você sempre pergunta pelas novidades daqui deste sertão, e finalmente posso lhe contar uma importante[..]”. (ME, 1981. p.75).

O Sertão enquanto uma região cultural é dotada de imaginação e símbolos riquíssimos, formados por meio da união de muitos fatores: ambientais, geográficos, políticos e econômicos. Lencioni (1999, pg. 101) destaca que o enfoque regional passou a desenvolver novos temas, procurando apreender os laços afetivos que criam paridade regional, mantém traços acentuados na sua estrutura social, principalmente nas comunidades rurais e nos pequenos povoados. Com isso a região passou a ser considerada como obra da história e da cultura de determinados grupos sociais. Torna-se evidente, então, a introdução de questões políticas e culturais na análise regional, associando-se as representações e imagens moldadas sobre a região, portanto, essa perspectiva agrupou desde a análise regional à dimensão subjetiva. As questões culturais, observadas do ponto de vista da obra, apresentaram mudanças a partir do surgimento da máquina e aprimoram-se conforme o tempo.

Delimitando a história por meio da invasão tecnológica no ambiente rural como objeto do estudo, a regionalidade onde os personagens mergulham retrata um clima de estranheza natural, convivência com o que causa espanto: o novo. Por ser o conhecimento fruto da relação sujeito-objeto, as propriedades do objeto confluem para sua explicação, não sendo possível a total adequação entre intelecto e objeto compreendido, visto que conhecer o mundo é inserir as coisas em um sistema de relações organizadas, num sistema de significações. Tais significações são sociais, produzidas em contextos históricos localizados, mediadas pela forma como os sujeitos sociais organizam sua realidade ligada ao Imaginário.

José J. Veiga é, se considerarmos que a linguagem é a fundadora da cultura e da sociedade e, portanto, da própria ciência, o escritor, o artesão da literatura, e, de certa forma, “um homem de ciência”.

O lugar e o universal se dispõem, se compõem e se recompõem na técnica literária da obra de Veiga. Adentrar no mesmo significa estar disposto a alçar vôos alucinantes e ao mesmo tempo mergulhos abissais, pois sua literatura parte da fundante realidade vivida e retorna para a mesma, revelando-a, (re)significando-a, reconstruindo-a.

Page 153: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Em nosso trabalho, percebemos como é tratada a modernidade quando chega a lugares distantes e sem novidades na obra de Veiga, ao mesmo tempo em que essas pessoas, inseridas naquele ambiente vivem o estranhamento e a rejeição que essas novas formas de sociação provocam, sentem-se atraídos, num jogo em que enigma, resistência e sedução se entrecruzam e nos revelam o caráter ambíguo da modernidade. Torna-se então, algo rotineiro, o novo que faz parte de tudo e todos, modificando a forma de viver, de ser e de pensar naquela região.

Referências Bibliográficas

CÂNDIDO, Antônio. Direitos Humanos e Literatura. In: FESTER, A. C. Ribeiro e outros. Direitos Humanos... .São Paulo: Brasiliense, 1989.

LABOISSIÈRE, Maria Luiza Ferreira. A transfiguração da realidade. Goiânia: Secretaria da Cultura do Estado de Goiás, 1989.

MANNHEIM, Karl. Sociologia da cultura. São Paulo: Perspectiva/Universidade de São Paulo, 1974.

POTENCIANO, Agostinho de Souza. Um olhar crítico sobre o nosso tempo: uma leitura da obra de José J. Veiga. Campinas: UNICAMP, 1990.

TODOROV, Tzvetan. Introdução à literatura fantástica. Tradução de Maria Clara Correa Castelo. São Paulo – SP: Perspectiva, 2004.

VEIGA, José J. A estranha máquina extraviada: contos. 4. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981.

LENCIONI, Sandra . Região e Geografia. 1. ed. São Paulo: EDUSP, 1999.

Page 154: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

UM ESTUDO DE CASO ACERCA DOS PROCESSOS FONOLÓGICOS PRODUZIDOS POR UMA ALUNA DA ESCOLA

ESPECIAL INTEGRAÇÃO DE PALMAS - APAE

Patrícia Gomes Aguiar1; Maristela de Souza Borba2

1 Estudante do Curso de Letras do campi de Porto Nacional da Universidade Federal do Tocantins; bolsista do PIBIC UNITINS 2008-2009. E-mail: [email protected].

2 Professora do Departamento de Letras da Universidade Estadual do Tocantins; e-mail: [email protected].

Introdução

Sabemos que a oralidade é uma capacidade inata, cognitiva, biológica do ser humano, ou seja, aprendemos a falar bem como a andar. A fonética, estudo dessa linguagem oral (fala), propicia suporte aos estudos da fonologia e de outras áreas da lingüística. Segundo Mori (2000) e Massini-Cagliari e Cagliari (2001), a aplicação dos estudos dos sons (fonológicos e fonéticos) contribui, por exemplo, na descoberta/compreensão de desordens fônicas da fala de pessoas com distúrbios de linguagem oral1.

Destaca-se, então, que muito se tem discutido acerca da importância de estudos sobre os processos fonológicos (Andrade e Borba, 2008; Biazotto e Schier, 2007; Souza e Santos, 2003; Callou e Leite, 2001; Bagno, 2000; Crystal, 2000; Fromkin e Rodman, 1993 e Malmberg, 1954) que são as mudanças que podem acontecer em relação à produção oral e também a influência da oralidade na escrita do falante.

Este projeto tem como objeto de estudo os processos fonológicos produzidos por uma aluna com dificuldade cognitiva em relação à produção oral e que estuda na Escola Especial Integração de Palmas – APAE. A investigação responde a seguinte pergunta: quais são os processos fonológicos produzidos por uma aluna da Escola Especial Integração de Palmas – APAE?

Os objetivos específicos são: reconhecer e compreender os processos fonológicos que aparecem no discurso oral da informante; proporcionar subsídios teóricos e práticos sobre o tema de investigação à disciplina de Letras da UNITINS, Lingüística II (Fonética e Fonologia da Língua Portuguesa, 3º período); proporcionar à APAE, sob um enfoque

1 Segundo Azevedo (2003), atraso de linguagem (fala inteligível), dislalia (troca, omissões ou acréscimos de fonemas na fala), disfonia (rouquidão), disfenia (gagueira) e deglutição típica (alteração da arcada den-tária conseqüente de um possível mau posicionamento de um dos órgãos da fala, como os lábios ou língua) são exemplos de distúrbios de fala. Essa informação está disponível em http://www2.uol.com.br/omosso-roense/170603/entrevista.htm. Acesso em 21/1/2009._________________________________Projeto da Professora-Orientadora: um estudo de caso acerca dos processos fonológicos produzidos por uma aluna da Escola Especial Integração de Palmas – APAE, UNITINS 2008-2009.

Page 155: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

lingüístico, sugestões significativas em relação a maneiras de se trabalhar com a informante do ponto de vista fonológico-fonético.

Metodologia

De acordo com Martins (2006), o estudo de caso é uma investigação empírica que pesquisa fenômenos dentro de um contexto real, sendo que o pesquisador busca apreender a totalidade de uma situação, descrever, compreender e interpretar a complexidade de um caso concreto. Nosso caso caracteriza-se como os processos fonológicos produzidos por uma aluna da Escola Especial Integração de Palmas – APAE.

A informante possui 24 anos e apresenta um retardo do desenvolvimento neuropsicomotor e oligofrenia moderada (deficiência das atividades psíquicas quando comparada à faixa etária e sócio-cultural) disartria (distúrbio neurológico caracterizado pela incapacidade de articular as palavras de maneira correta)2. Ela é acompanhada por uma fonoaudióloga e em virtude das dificuldades dos aspectos cognitivos e perceptíveis, a aluna não é alfabetizada.

A pesquisa foi executada entre agosto de 2008 a julho de 2009. A coleta de dados foi realizada por meio de gravações em áudio do discurso oral da informante (15 minutos), relatos da coordenadora pedagógica, da professora e da fonoaudióloga a partir de questionários semi-abertos.

A fim de compreender o fenômeno investigado, fizemos a análise dos dados por meio da quantificação das categorias surgidas. Realizamos transcrições fonéticas das falas da informante, identificamos os processos fonológicos surgidos, agrupamos os dados (processos fonológicos) semelhantes e nomeamos cada um desses grupos, criando categorias. Assim, partimos dos dados na compreensão do fenômeno linguístico.

2 Para mais informação, acesse Castillo (2004), disponível em http://www.psiquiatriainfantil.com.br/revista/edicoes/Ed_04_2/in_10_04.pdf. Acesso em 10/7/2009.

Page 156: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Resultados e discussões

Nos dados, há a ocorrência de onze grandes categorias que estão demonstradas no gráfico um a seguir.

0,25%0,25%

1%2%3% 3%

7%9%

11%

31,5%

32%

DADOS

ELISÃO VOCÁLICA

TRANSPOSIÇÃO DE TRAÇOS

DISSIMILAÇÃO

DITONGAÇÃO

ACRÉSCIMO DE TRAÇOS

PERMUTA DE TRAÇOS

MONOTONGAÇÃO

REDUÇÃO VOCÁLICA

Gráfico 1: demonstrativo geral de todas as categorias que representam todos os processos fonológicos surgidos nos dados.

Agora, demonstramos cada categoria surgida na forma de tabelas e essas estão a seguir. Informamos que V é vogal, V´ é semivogal ou glide, C é consoante, Ṽ é vogal nasal e σ é sílaba. A primeira coluna demonstra o tipo de processo fonológico. A seta sinaliza a mudança, ou seja, o que vem antes da seta é a pronúncia padrão e o dado que aparece após a seta representa a fala da informante, isto é, o processo fonológico surgido e analisado. A segunda coluna demonstra a alteração surgida. A terceira coluna exemplifica, com dados da análise realizada, o que foi informado (a alteração) na segunda coluna. A quarta coluna demonstra a porcentagem dos dados surgidos.

ELISÃO VOCÁLICA1. : apagamento de um som vocálico em um contexto determi-nado.

1.1 V alteração exemplo porcentagema esper[a] [a]i esper[a]i 0.25%

TRANSPOSIÇÃO DE TRAÇOS2. : deslocamento de fone.

2.1 Metátesealteração exemplo porcentagem

l ɾ est[ɾ]e[l]inha este[ɾ]ia 0.25%

DISSIMILAÇÃO3. : um som adquire peculiaridades distintas dos sons que o cercam de maneira que os sons se tornem menos parecidos.

3.1 Consonantal alteração exemplo porcentagemC la[v]ar La[h]ar 80%

3.2 Silábica CV tele[vi]são [nã]são 20%

Page 157: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

DITONGAÇÃO4. : combinação de segmentos, promovendo a passagem de uma vogal a ditongo (junção de som vocálico com um semivocálico)

V 1.1 VV’ alteração exemplo porcentageme eɪ̯ tamb[e]m tamb[eɪ]̯ 66%

4.2 V V’Vo ɪu̯ brilh[o] brilh[ɪu̯] 17%a ɪa̯ Prizilh[a]s prizilh[ɪa̯]s 17%

ACRÉSCIMO DE TRAÇOS5. : modificações ocorridas na palavra por causa do aumento de um novo som/segmento.

5.1 Início da pala-vra

alteração exemplo porcentagem

silábica CV [ba]bado [ba]babado 64%CVCV so [so][so]so 9%

vocálica V [a]ço [a][a]ço 9%5.2 Interior da pa-lavra vocálica V kalipso kalip[i]so 18%

PERMUTA DE TRAÇOS6. : substituição ou troca de um fone por outro.

6.1 Vocalização

alteração exemplo porcentagemCV V o[ʎo] o[i] 40%C V joe[ʎ]o joe[i] 30%

CVV’ Ṽ [fei]jão [ã]jão 20% CVC Ṽ [des]culpa [ã]culpa 10%

MONOTONGAÇÃO7. : perda da vogal final ou os ditongos reduzem-se a uma única vogal.

7.1 VV’ V

alteração exemplo porcentagemoʊ̯ o p[oʊ̯]co p[o]co 50%eɪ̯ e l[eɪ]̯te l[e]te 27%oɪ̯ o dez[oɪ]̯to dez[o]to 11%aɪ̯ a b[aɪ]̯xo baxo 8%

ãʊ̯ a n[ãʊ̯] n[ã] 4%

REDUÇÃO VOCÁLICA8. : as vogais são afetadas em certos contextos prosodicamente menos privilegiados, como é o caso das vogais átonas. Os segmentos vocálicos tornam-se schwa, [ә]

8.1 V [ә]

alteração exemplo porcentagem

a ә nad]a nad[ә] 9%

NASALIZAÇÃO9. : vogal assimila a nasalidade da consoante nasal.

9.1 V Ṽ

alteração exemplo porcentagema ã vit[a]mina vit[ã]mina 42%i ĩ salt[i]nho salt[ĩ] 35%

e ẽ t[e]nho t[ẽ]u 19%o õ c[o]mer c[õ]mer 2%u ũ perf[u]me perf[ũ[me 2%

Page 158: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

PERDA DE TRAÇOS:10. modificações ocorridas na palavra em função da perda de um som/segmento.

10.1 Início da palavra

Consonantal

C perda de C

alteração exemplo porcentagem[g] [g]osto osto

28%

[s] [s]emana emana[t] [t]ambém ambém[p] [p]assiei assiei[ ʃ ] [ ʃ ]ort ort[l] [l]ambada ambada

[m] [m]orango orango[v] [v]aidosa aidosa[k] [k]adeira adeira[f] [f]aço aço

Vocálica

V perda de V[a] [a]qui qui 1%

Silábica

σ perda de σ

VC [es]tou to

11%CV [tã]bem bem

CVCV [te][te]visão nansãoVCCV [obri]gada nada

10.2 Interior da palavra

Consonantal

C perda C

[h] qua[h]ta quata

40%

[ɲ] te[ɲ]o teo[d] dormin[d]o dormino[l] pu[l]sera pusera[ʎ] estreli[ʎ]a estrelia[b] tam[b]em ameim[s] me[s]mo memo

Silábica

σ σ

CV a[ma]relo alelo

5%VC em síla-bas diferen-

tesPir[ul]Ito pirito

10.3 Final da palara

Consonantal

C perda de C

[h] lava[h] lava

9%[l] azu[l] azu[s] lápi[s] lapi[z] fi[z] fi

Silábica

σ perda de σCV pouqui[ɲ]o pouqui 6%

ASSIMILAÇÃO11. : influência exercida por segmento de som sobre a articulação de outro, de forma que os sons/segmentos se tornem mais parecidos ou idênticos.

11.1 Vocálica

(harmonia vocálica)

alteração exemplo porcentagemo u tud[o] tud[u] 68.8%e i tapet[e] tapet[i] 20.8%a e p[a]sseio p[e]sseio 1.6%a o lambad[a] ambad[o] 1.6%i e m[i]nha m[e]a 0.8%i o pip[o]ca [ɔ]poca 0.8%a u ros[a] ros[u] 0.8%

11.2 Parcial ʃ l [ʃ]u[ʃ]inha [s]u[s]inha 1.6 %ʎ l bri[ʎ]o bi[l]io 0.8%

11.3 Consonantal h l la[h]anja la[l]anja 2.4%

Page 159: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Considerações finais

Com base nos dados dessa pesquisa, sugerimos à APAE práticas de exposição e repetição oral dos seguintes casos: palavras com perda de um traço, palavras com vogais que foram nasalizadas, mas que não precedem consoantes nasais, palavras em que há a troca de uma CV por uma Ṽ; palavras que foram acrescentados os traços CV; palavras que há perda da identidade de um som consonantal por outro e palavras que sofrem a transposição de um fone consonantal.

Em virtude da dificuldade da informante em pronunciar os fones oclusivos [t], [d], [g]; fricativos [s], [X], [h]; nasal [ɲ], dos fones laterais [l] e [ʎ], dos ditongos decrescentes [oʊ̯] e [eɪ]̯, da CV [ɲo], e da VC [es], sugere-se a prática de uma terapia intensiva desses sons para um melhor desempenho da produção da fala da informante. Além disso, é importante que o acompanhamento atenha-se às alterações comunicativas resultantes da fala hipernasalizada que dificulta a compreensão da fala da informante pelo ouvinte.

A exposição dos processos fonológicos da fala da informante sugere aos estudantes dessa disciplina buscar, por meio de exemplos reais, um melhor conhecimento do sistema fonológico da língua para entender e explicar a dinamicidade da linguagem oral de um falante. Propõem-se, assim, aos acadêmicos a oportunidade de colocar em prática a análise fonética para que haja a compreensão das desordens fônicas na fala de pessoas com algum tipo de distúrbio de linguagem

Referências

ANDRADE, Karylleila; BORBA, Maristela Souza. Lingüística II: fonética e fonologia da língua portuguesa. In: Caderno de Conteúdos e Atividades do curso de Letras da UNITINS, 2008. 90 p.

AZEVEDO, Isabelle. O mossoroense. 2003. Disponível em http://www2.uol.com.br /omossoroense/170603/entrevista.htm. Acesso em 21/1/2009.BAGNO, Marcos. Dramática da língua portuguesa: tradição gramatical, mídia & exclusão social. São Paulo: Loyola, 2000.

BIAZO SCHIER, Silvéria. Lingüística II. In: Caderno de conteúdos e atividades da UNITINS- curso de Letras, 2007. p.1-103

CALLOU, Dinah; LEITE, Yonne. Iniciação à fonética e à fonologia. Rio de Janeiro: Jorge Editor, 2001.

CASTILLO, Ana Regina. Fatores Etiológicos nas Oligofrenias. Disponível em http://www.psiquiatriainfantil.com.br/revista/edicoes/Ed_04_2/in_10_04.pdf. Acesso em 20/1/2009

CRYSTAL, David. Dicionário de lingüística e fonética. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2000.

FROMKIN, Victoria e RODMAN, Robert. Introdução à linguagem. Coimbra: Editora Almedina, 1993.

MALMBER, Bertil. A fonética. Lisboa: Ed. Livros da Brasileira, 1954.

Page 160: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

MARTINS, Gilberto de Andrade. Estudo de caso. São Paulo: Editora Atlas S.A, 2006.MASSINI-CAGLIARI, Gladis e CAGLIARI, Luiz Carlos. Fonética. In: BENTES, Anna Christina e MUSSALIM, Fernanda. Introdução à lingüística 1. Domínios e fronteiras. São Paulo: Editora Cortez, 2001. p.105-146.

MORI, Angel Corbera. Fonologia. In: MUSSALIM, Fernanda, BENTES, Anna Christina. Introdução à lingüística 1. São Paulo: Ed. Cortez, 2000. p. 147-179.

SCARPA, Ester Mirian. Aquisição da linguagem. In: BENTES, Anna Christina e MUSSALIM, Fernanda. Introdução à lingüística 2. Domínios e fronteiras. São Paulo: Editora Cortez, 2003. p. 203-232

SOUZA, Paulo Chagas; SANTOS, Raquel Santana. Fonologia. In: FIORIN, José Luiz. Introdução à lingüística II. Princípios de análise. São Paulo: Contexto, 2003. p 33-58.

Page 161: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

ANÁLISE DO DISCURSO ACERCA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL, DESENVOLVIDO NO CIBERESPAÇO, PELO

INSTITUTO HSBC SOLIDARIEDADE

MORAES, Nelson Russo de; SANTOS, Paula Fernanda Nogueira dos

INTRODUÇÃOA evolução da humanidade caracteriza-se pelas estruturas sociais constituídas

pela sociedade, na qual assumem relevada importância as possibilidades de articulações e construções estabelecidas a partir da comunicação, assumida como mecanismo para a superação de dificuldades ambientais, culturais, econômicas e sociais, interferindo na estruturação real da sociedade contemporânea.

Este trabalho, desenvolvido por meio do Programa de Iniciação Científica – PIBIC 2008/2009 da Fundação Universidade do Tocantins – UNITINS estudou a relação mediática estabelecida entre instituições financiadoras e organizações do terceiro setor, em representação da sociedade civil.

Para bem delimitarmos este campo conceitual trabalhado, adotamos a ideia de sociedade civil trazida por Bresser Pereira e Cunnil Grau (1999), que destacam que a sociedade civil engloba as organizações do terceiro setor, tais como associações, fundações, partidos e igrejas, como também todos os tipos de empresas, delineando-a como sendo “formada por indivíduos com poder derivado de sua riqueza, de seu conhecimento ou de sua capacidade organizadora, por organizações corporativas e por entidades públicas não-estatais, do terceiro setor” (BRESSER PEREIRA e CUNILL GRAU, 1999, p.19-20).

A evolução do pensamento societário e das relações inter-organizacionais levou a formação da responsabilidade social como um novo viés de atuação empresarial, tornando as instituições envolvidas parceiras e co-responsáveis pelo desenvolvimento social, englobando preocupações com seus diversos públicos e sociedade de maneira geral.

A ética tem se constituído como a base do fortalecimento da Responsabilidade Social e se expressa através dos princípios e valores adotados pela organização, denotando-se a importância da coerência entre ação e a aplicação do discurso. Segundo o Instituto Ethos:

“[...] Responsabilidade Social Empresarial é a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais que impulsionem o desenvolvimento sustentável da sociedade. Isso deve ser feito preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais.” (disponível em <http:/www.ethos.org.br>acessado em 10 de dez.2008).

Neste campo social multifacetado e composto por inúmeros perfis de organizações, as possibilidades e o composto real de parcerias entre os três diferentes setores da sociedade – Estado, mercado e terceiro setor – se fortalecem sobre mecanismos de comunicação estabelecidos principalmente na rede mundial de computadores – internet. Segundo LÉVY (1999), o ciberespaço permite a combinação de vários modos de comunicação entre eles o correio eletrônico, as transferências eletrônicas, sistemas avançados de aprendizagem ou trabalho cooperativo, enfim, os mundos virtuais multiusuários. Como define Pierre Lévy (1999):

Page 162: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

O ciberespaço é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infra-estrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. Quanto ao neologismo “cibercultura”, especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço. (LÉVY, P,1999,p.17)

Neste contexto, haverá evolução na apropriação do discurso de responsabilidade social pelas instituições financiadoras para além da simples terceirização da execução de projetos e ações sociais, expressando-se na busca de novas plataformas mediáticas e de discurso mais próximo da realidade das comunidades e suas organizações?

Como hipótese, os pesquisadores pressupõem que a comunicação, principalmente pela internet coloca-se transversalmente à sociedade civil, instrumentalizando-a e estabelecendo a conexão entre seus diferentes atores. Neste campo, entre a audiência ou acesso ao meio mediático e o entendimento da mensagem ou texto central, existe um percurso articulado entre as imagens, o áudio, os textos atachados, os mecanismos de interatividade e a rota para a decodificação da mensagem. Neste sentido e neste percurso desenha-se a problematização pautada sobre o entendimento do discurso de responsabilidade social pelos atores envolvidos como público-alvo.

A comunicação é um fenômeno cunhado na esfera da sociabilidade humana, as pessoas – independentemente dos meios – buscam se comunicar com outras pessoas, na relação um para um, um para muitos ou mesmo de todos para todos. Ou como Colin Cherry, citado por Poyares (1999) destaca, “a comunicação é uma questão essencialmente social”. O que vale ressaltar é que a comunicação perpassa a própria condição humana, marcada pelos cinco sentidos, todos relacionados à comunicação: o olfato, a audição, o paladar, o tato e a visão.

Sob esta perspectiva, a aproximação e o processo de compatibilização entre as empresas e as organizações da sociedade civil passam pela apropriação das características próprias da comunicação no ciberespaço e pela intensa busca de subsídios pelas organizações da sociedade civil.

O Instituto HSBC Solidariedade e – IHS e as organizações que com ele opera no Estado do Tocantins serviram de espaço amostral para analisar o discurso da Responsabilidade Social impelido por este instituto em seu website oficial, com a finalidade de expressar sua missão, princípios e normas organizacionais implícitos.

O objetivo geral deste estudo é de identificar os principais aspectos da evolução do discurso de responsabilidade social de institutos empresariais, delineando-se um campo de compatibilidade comumicacional entre quem emite e quem decodifica a mensagem. Desdobram-se como objetivos específicos:

Definir os elementos que compõem o cenário mediático envolvente ao campo da 1) responsabilidade social;Delimitar aspectos comunicacionais utilizados no 2) website do Instituto HSBC Solidariedade;Identificar a estratégia organizacional para a constituição da identidade 3) socialmente responsável da empresa;Analisar o discurso de responsabilidade social do 4) Instituto HSBC Solidariedade, a partir da convergência mediática estabelecida na internet.

Page 163: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

METODOLOGIAPara bem compreender o estudo desenvolvido, faz-se necessário apresentar de

maneira prática e direta os métodos utilizados para a construção do mesmo. Neste sentido, adotando-se a pesquisa em fontes secundárias foram realizadas leituras e pesquisas sobre os temas comunicação, sociedade e seus setores, conceito de empresa e responsabilidade social, comunicação básica e organizacional, em livros, revistas e sites da internet.

Posteriormente, foram desenvolvidas as pesquisas em fontes primárias, ou seja, o estudo da comunicação veiculada nos sites de institutos empresarias, para se mapear as ferramentas comunicacionais utilizadas, como chats, textos, fóruns, fotos, entre outros. Neste mesmo cenário em contato direto com os sujeitos da pesquisa, foram realizadas entrevistas junto aos gestores e colaboradores de OTS (Organizações do Terceiro Setor), com a finalidade de elucidar a efetividade da internet como plataforma de comunicação entre os mais diferentes institutos e a sociedade civil de maneira geral.

A abordagem qualitativa foi utilizada, por possibilitar melhores respostas a problematização anteriormente estabelecida, sobre isso referenciou-se as informações em base qualitativa. As primeiras pesquisas perpassaram à busca e o alargamento da estrutura conceitual, através da leitura de artigos e livros sobre os temas envolvidos.

Adotando-se a amostragem não probabilística intencional, foi escolhido o Instituto HSBC Solidariedade e três instituições tocantinenses a ele relacionados na execução de projetos e ações na região amazônica do Brasil. Sobre esta metodologia de amostragem, Lehfeld (1991) destaca e define que:

As amostras não probabilísticas são compostas muitas vezes de forma acidental ou intencionalmente, nela os elementos não são selecionados aleatoriamente [...] de acordo com uma estratégia adequada, os elementos da amostra são escolhidos. Estes relacionam-se intencionalmente com as características estabelecidas. (LEHFELD, 1991, p. 41)

A partir da escolha do Instituto HSBC Solidariedade, como objeto de estudo, cumpriram-se os dois passos seguintes do trabalho: aplicação da técnica de entrevista (por meio de pautas semi-estruturadas) junto aos gestores e colaboradores das três organizações do terceiro setor financiadas pelo instituto, assim como a análise direta das informações expressas no site do mesmo instituto.

Por fim, a técnica de análise e interpretação dos conteúdos foi essencial para a construção de posicionamento sólido dos pesquisadores acerca do tema, questionamentos e hipóteses previamente levantadas no projeto deste trabalho de pesquisa.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O Instituto HSBC Solidariedade é uma instituição, ligada ao Banco HSBC, sediada na cidade de Curitiba – PR, com escritório em São Paulo – SP, a partir de onde mantém uma forte rede de comunicação com diversas, longínquas e dispersas organizações do terceiro setor, que por sua vez desenvolvem ações nas áreas financiáveis pelo instituto: educação, meio ambiente e geração de renda.

A partir do estudo detalhado do website do Instituto HSBC Solidariedade, foram previamente relacionados todos os projetos financiados nos últimos quatro anos, e realizando-se corte para o afunilamento de pesquisas no Estado do Tocantins, chegou-

Page 164: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

se às seguintes instituições à comporem o espaço amostral: 1) Social Desenvolvimento Humano e Comunitário; 2) Instituto Ecológica e 3) Centro de Defesa da Criança e do Adolescente “Glória de Ivone” (CEDECA-TO).

Aplicando-se o questionário semi-estruturado (ou por pautas) junto aos interlocutores (gestores ou colaboradores indicados) das três organizações, pode-se observar a fluidez e facilidade de comunicação construída entre as organizações que representam a sociedade civil tocantinense e o instituto financiador.

A análise dos conteúdos das entrevistas e das comunicações apontam que a conexão entre as diferentes organizações é estabelecida no ciberespaço a partir da procura de editais e posteriormente pela leitura dos textos que podem ou não afirmar o grau de compatibilidade entre as partes. Somente a partir dessa construção de identidades postas no ciberespaço e da reconstrução destas perante o interesse da outra é que se inicia o processo de constituição de parceria, que via-de-regra perpassa principalmente pela análise de custo-benefício do investimento e do acréscimo à reputação ou imagem das organizações.

O continuum de aproximação entre as organizações do terceiro setor, que representam a sociedade microterritorial, seus anseios e demandas e as empresas que se constituem em importante fonte de financiamento inicia-se na capacidade de acesso e de decodificação de mensagens espalhadas pelo ciberespaço sobre os serviços prestados (mesmo que apenas financiamento) de uma dada empresa.

Em um segundo momento, notou-se a capacidade de argüição dos institutos na linguagem escrita para que esta seja acessível a pessoas de diversos níveis de conhecimento, possibilitando o fazer-se entender e o tornar-se comum.

Em seguida, as análises subjetivas das pessoas que compõem as três organizações acerca da intencionalidade e grau de responsabilidade da outra parte, em um momento de investigações, inclusive em outros ambientes do ciberespaço.

As instituições pesquisadas destacaram em suas respostas alguns elementos relevantes à comunicação pela internet e no concernente ao discurso de responsabilidade social do Instituto HSBC Solidariedade e que merecem destaques:

Entendimento de “responsabilidade social empresarial”, em seu conceito, 1) responsabilidades e produção de valores entre as diversas organizações;Entendimento da importância dos investimentos privados para a superação 2) dos desafios locais;Sensação de conforto na navegação pelo 3) website do Instituto (destacando-se a composição de fotos e de cores de maneira sempre incentivadora à ação das organizações do terceiro setor);Facilidade de entendimento das mensagens textuais que compõem as 4) informações e mesmo os editais de seleção de projetos.

Ao considerarmos as definições trazidas sobre a comunicação no ciberespaço, responsabilidade social empresarial e contextos sócio-econômicos, a reflexão sobre um olhar sócio-organizacional das relações que estabelecidas entre o Instituto HSBC Solidariedade e as organizações do terceiro setor do Estado do Tocantins e por analogia científica entre os institutos empresariais e aquelas que representam a sociedade civil, pode-se concluir que a internet tem servido como principal plataforma de comunicação e estabelecimento de conexões off-line de cooperação entre diferentes setores da sociedade.

Page 165: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

As informações qualitativas consolidadas em dados acerca das relações e percepções comunicacionais estabelecidas entre os setores da sociedade apontam para a confirmação da hipótese defendida, de que a comunicação coloca-se transversal à sociedade civil, instrumentalizando-a e estabelecendo a conexão entre seus diferentes atores

Outro elemento importante que se destaca é a importância da criatividade, cadenciada pelo profissionalismo e pela apropriação de estudos psicológicos tem notadamente criado competitividade até mesmo entre empresas que coabitam raias para financiar bons projetos de desenvolvimento de comunidades microterritoriais. Para além da simples reflexão de apropriação de créditos à imagem ou reputação institucional, em um prisma de marketing social, esta aproximação do universo on-line tem constituído possibilidades off-line reais e positivas até então inusitadas e não possíveis para estes diferentes setores.

Uma grande envergadura de possibilidades reais de fortalecimento de bases sociais e superação de demandas se constitui então a partir do ciberespaço, assim como um novo campo de fortalecimento de conexões inter-setoriais que fortalecem, para além das organizações envolvidas, a sociedade de maneira geral.

BIBLIOGRAFIA

BRESSER PEREIRA, L.C.; CUNILL GRAU, N. (orgs.). O público não-estatal na reforma do Estado. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1999.

CAMARGO, M. F. et al. Gestão do terceiro setor no Brasil. São Paulo: Futura, 2001.

CASTELLS, M. A galáxia da internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.

DUPRAT, C.C. A empresa na comunidade: um passo-a-passo para estimular sua participação social. São Paulo: Global, 2005.

FERNANDES, R. C. Privado porém público. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999.

GOMES, W. Transformações da política na era da comunicação de massa. São Paulo: Paulus, 2004.

LEVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999

POYARES, W. O carisma da comunicação humana. São Paulo: Elevação, 1999.

www.ethos.org.br. Responsabilidade social. Acessado em 10 de dez. 2008

Page 166: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

O TESOURO DO QUILOMBO: UM VÍNCULO TEMPORAL QUE APROXIMA PRESENTE, PASSADO E FUTURO

Vanubia Stela Soares Rocha1; Cristina Maria Vasques².

INTRODUÇÃO

A literatura é uma arte e como tal, seu objetivo primeiro é o prazer do leitor. Porém, ainda que sua meta fundamental não seja a Educação, toda literatura tem uma vocação pedagógica em seu sentido amplo, ou seja, conforme afirma Soriano (1975, p. 186), mesmo no caso em que é definida como literatura de puro entretenimento, ela transmite a mensagem – ensina, portanto – de que é mais importante se divertir do que preencher as lacunas do conhecimento.

A literatura infantojuvenil, antes de ser infantil ou juvenil, tem as mesmas características artísticas e estéticas de toda literatura. A infância e a juventude, por sua vez, são períodos em que o ser humano está aberto a novos conhecimentos, pois está experimentando o mundo no qual se percebe cada vez mais parte integrante e dependente, além de também estar formando a sua personalidade e construindo a sua autonomia. Esses períodos caracterizam-se como momentos fundamentais dessa constituição e a literatura infantojuvenil, um instrumento que pode constituir-se relevante em termos de contribuição na formação conceitual da criança e do jovem, em sua emancipação e na sua forma de viver em sociedade (CADEMARTORI, 1991, p. 23).

Desta forma, utilizar a literatura infantojuvenil como recurso didático-pedagógico é sinônimo não somente de promover o contato do estudante com o prazer estético da arte, como também de contribuir com a construção de sua capacidade críticorreflexiva, de sua autonomia. Mas a literatura infanto-juvenil pode ainda ser instigadora da busca pelo conhecimento e, assim, coadjuvante do ensino de diversas disciplinas. O Tesouro do Quilombo, de Ângelo Machado, objeto deste trabalho, é uma dessas obras da literatura infantojuvenil capaz de despertar, no leitor, o desejo pelo saber. Sua característica mais marcante é a forma pela qual lida com o tempo. Arte e tempo encontram-se justamente por serem “o indício da passagem do homem no mundo, o resumo da sua experiência emotiva dele” (PESSOA, [19--], p. 25).

Dessa forma propôs-se, nesse projeto de pesquisa, o estudo do tempo na obra O Tesouro do Quilombo de Ângelo Machado, em busca de características que revelem a sua qualidade estética, com bases em critérios que determinam as propriedades artísticas de qualquer obra literária, apresentados posteriormente.

1 Projeto: A Arte Literária da Narrativa Infantojuvenil Brasileira. Aluna do 6º Período do Curso de Graduação em Letras-Espanhol, modalidade EAD, da Fundação Uni-versidade do Tocantins – UNITINS. Bolsista de iniciação cinetífica CNPq-UNITINS; e-mail: [email protected]. Profª do Departamento de Pedagogia EAD da Fundação Universidade do Tocantins – UNITINS; Mestra em Estudos Literários pela UNESP de Araraquara; e-mail: [email protected].

Page 167: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

METODOLOGIA

A análise literária de qualquer obra, seja ela para adultos ou para crianças e jovens, não se reduz a um simples comentário ou à crítica dessa obra. O Tesouro do Quilombo foi analisado sob o enfoque do tempo, fator importante em se tratando de uma narrativa na qual esse aspecto inter-relaciona momentos passados e presentes de diferentes culturas, aproximação essa que culmina na possibilidade de um futuro melhor. Usando palavras de Paz (1982, p. 227), “instantes consagrados [que se tornam] uma categoria temporal que flutua, por assim dizer, sobre o tempo, [...] algo que não cessa de se manifestar”. Instantes consagrados, como o texto abaixo, que aponta para a beleza do despertar fora dos grandes centros:

Eduardo acordou com um canto estridente de duas aves.

Começava alto e ia diminuindo:

AAH! AAh! Aah! aah! aa! a!

uma cantava e a outra respondia:

AAH! AAh! Aah! aah! aa! aa! a! a! a! a! (MACHADO, 2001, p.15).

Foi efetuada uma pesquisa teórico-bibliográfica com a finalidade de buscar, em autores como Paz (1982), Nunes (2000), e Moisés (1970 a; 1970 b), conceitos de tempo e instrumentos de análise que pudessem ser aplicados à obra O Tesouro do Quilombo, uma vez que

é deslocável o presente como deslocáveis são o passado e o futuro. [...] o tempo da ficção liga entre si momentos que o tempo real separa. Também pode inverter a ordem desses momentos ou perturbar a distinção entre eles, de tal maneira que será capaz de dilatá-los indefinidamente ou de contraí-los num momento único, caso em que se transforma no oposto do tempo, figurando o intemporal e o eterno. (NUNES, 2000, p. 25)

Critérios como maestria técnica, concisão, exatidão, visualidade, sonoridade, intensidade, completude, fragmentação, utilidade e universalidade, encontrados por Perrone-Moisés (1998) junto a escritores-autores modernos, serviram de base para a análise do tempo, para a compreensão do confronto de tempos diversos na obra escolhida:

Tem índio na fazenda? – perguntou Eduardo, surpreso.

- Tinha – respondeu o pai. – Mas sumiu. Dizem que já morreu, mas ninguém tem certeza. [...]

Page 168: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Aquela história do capão do índio não saía de sua cabeça. Que índio moraria lá? Seria perigoso? Será que ainda andava nu? Eduardo nunca vira um índio de verdade. Aliás, conhecia mais índios norte-americanos andando a cavalo nos filmes de cowboy do que índios brasileiros. (MACHADO, 2001, p.11 e 14).

Tempos, dentre outros abundantes na obra, que colocam, conforme aponta o trecho acima, no presente do protagonista d´O Tesouro do Quilombo, um passado nacional, quando o texto se refere aos índios brasileiros e outro passado, desta vez norte-americano, ao apontar os filmes de cowboy.

DISCUSSÃO

Publicado pela primeira vez em 2001, O Tesouro do Quilombo trata da história da busca do tesouro do rei quilombola Ambrósio, supostamente escondido para que não fosse encontrado pelos opressores que destruíram seu quilombo. É uma história considerada infanto-juvenil que se desenvolve em três planos: presente, passado e futuro. A idéia de tempo, conforme afirma Nunes (2000, p.23), é conceitualmente multíplice; o tempo é plural em vez de singular. Entretanto, suas várias modalidades não são díspares; embora com alcance diferente, a todas se aplicam de ordem, (sucessão, simultaneidade), duração e direção, que recobrem, em vez de uma identidade, relações variáveis entre acontecimentos, ora com apoio nos estados e no mundo físico, ora nos estados vividos, ora na enunciação lingüística, nas condições objetivas da cultura, nas visões de mundo e no desenvolvimento social e histórico.

No plano do tempo presente, surge a história de Eduardo, que vai passar férias na fazenda de seu pai, no interior de Minas Gerais, e faz amizade com Nêuber, o filho do administrador da fazenda, e com Maria de Jesus, a filha de D. Clarice, mulher de um dos plantadores de soja. Descobrem que, nas proximidades da fazenda, há um índio temido por todos.

Uma vez que na ficção são deslocáveis presente, passado e futuro, é comum “intercalar sequências retrospectivas ou prospectivas às sequências correspondentes ao momento narrado, sem quebra da continuidade do discurso, que evoca ou antecipa os acontecimentos, de modo a deslocar [...] a ação” (NUNES, 2000, p.32). Dessa forma, tem-se o segundo plano temporal da narrativa de Machado relacionado ao passado. Surge aos poucos, quando as crianças conhecem o índio Meri-Buttu, último descendente da tribo Araxá, fato que o entristece e preocupa:

– Andei por aí por esse sertão afora tentando achar meu irmão. Acabei descobrindo que ele morreu. Agora sou o último Araxá vivo. Sou cacique, pajé, guerreiro, tudo junto. É muita responsabilidade. (MACHADO, 2001, p. 51).

Page 169: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

Com relação ao passado, Meri-Buttu conta aos garotos a história de sua gente:

- Antigamente não tinha índio Araxá. Um dia, apareceu na vereda um brotinho de palmeira buriti. Brotinho cresceu, tronco ficou grosso, ganhou muitas folhas e lá no alto apareceu um cacho muito bonito cheio de cocos. Os coquinhos caíram no córrego da vereda, correnteza levou e eles foram parando nas margens. De cada coquinho nasceu um índio Araxá. Eles cresceram, e foram morar na aldeia e tiveram muitos filhos.

-Então foi da palmeira buriti que surgiram os araxás! - exclamou Nêuber, pensativo.

-Não todos – disse Merri-Bettu. - É mais complicado. Assim surgiram os araxás do grupo de Meri-Buttu, os araxás Iwaguddudogue. (MACHADO, 2001, p. 50-51, grifos do autor).

Meri Buttu evoca a lenda de seu povo, uma história quase imemorial, cujo argumento é proveniente da tradição. De acordo com Coelho (2000, p. 171-172), a lenda “consiste no relato de acontecimentos em que o maravilhoso e o imaginário superam o histórico e o verdadeiro. É transmitida e conservada pela tradição oral. É também ligada a certo espaço geográfico e a determinado tempo”.

Quando o índio fala sobre a origem de seu povo, reproduz o que tradicionalmente serviu de explicação para esse fato. Uma vez que essa origem não se deu de forma hoje encarada como natural, ou seja, conforme expõe a ciência – ou o cristianismo – constitui-se em um acontecimento sobrenatural, em que o imaginário daquele povo, para a sua cultura, supera o histórico, supostamente conhecido por Meri Buttu, devido ao tempo em que esteve em contato com a cultura dos brancos.

O índio Araxá narra ainda outra lenda: a história do quilombo do Ambrósio, que foi de acordo com a historiografia, destruído sob o comando do capitão Antônio João de Oliveira, por um batalhão “de quatrocentos homens fortemente armados, inclusive com granadas” (MACHADO, 2001, p. 124) e, na ficção machadiana, pelas tropas do governo mineiro: tudo aconteceu no inverno, conta Meri-Buttu. Soldados mataram muitos guerreiros do quilombo pequeno e já estavam se aproximando do quilombo grande. Os quilombolas preparavam-se para lutar:

– Se a gente tiver que morrer, a gente morre. Mas é preferível morrer pela liberdade que viver sem ela.

E todo mundo ficou animado e começou a se preparar para defender o quilombo. (MACHADO, 2001, p. 77).

Page 170: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

O índio de nome Okiwa, morador do quilombo, último guerreiro Araxá de sua época, amigo do rei, chefe e general Ambrósio, teve outra missão: esconder o tesouro do quilombo – uma arca com todas as riquezas que os quilombolas possuíam – longe dali. Enquanto Okiwa fugia com o tesouro – fato de que não se orgulhou pois, como guerreiro, sentia-se na obrigação de lutar – a peleja continuou. Os quilombolas ganhavam a batalha, mas Ambrósio levou um tiro no peito e caiu, fato que fez esmorecer o ânimo dos guerreiros. Os soldados puseram fogo no quilombo e quem não morreu foi preso e marcado com ferro em brasa.

A narrativa volta ao presente e os garotos resolvem sair em busca do tesouro perdido. Após todos os preparativos, a busca teve início. Passados vários dias sem sucesso as crianças, com fome e sede, quiseram desistir. Encontraram pelo caminho uma lagoa, onde decidiram pescar para matar a fome e descobriram que aquela água fazia a pele coçar. Mesmo assim, resolveram pescar e depois de algum tempo, pegaram um bagre. Ao limpá-lo, Nêuber encontrou uma pequena argola, coberta com uma espécie de lodo marrom, em seu estômago. Quando rasparam o lodo, descobriram que se tratava de um anel de ouro com diamante.

- Tem alguma coisa escrita aqui – disse.

Nêuber tomou o anel, virou-o para que a luz do sol o iluminasse e leu:

- Ambrósio.

- Santo Deus! – exclamou Eduardo. Achamos a aliança que o Ambrósio deu a sua noiva [...]

Certamente, antes da batalha final, quando Ambrósio encarregou Okiwa de fugir e esconder as jóias do quilombo caso perdessem a guerra, incluiu entre elas as próprias alianças – calculou Nêuber.

- Isso mesmo! – concordou Eduardo. – assim, o tesouro deve estar no fundo dessa lagoa, provavelmente em algum baú ou arca. Com o tempo, a madeira deve ter sido destruída, os objetos se espalharam pelo fundo e o bagre engoliu o anel. [...]

Por isso ele viajou para tão longe.

Para escondê-lo no fundo de uma lagoa onde ninguém entraria por causa da coceira. (MACHADO, 2001, p. 101-106).

No que diz respeito ao futuro, a obra de Machado aponta para a necessidade da preservação ecológica e cultural. Essa necessidade tem seu fundamento no passado, nas lendas que as crianças ouviram de Meri-Buttu, que as impressionaram em relação à importância que os povos indígenas atribuíam a animais e plantas.

[Eduardo] sabia da importância que os índios davam a animais e plantas, mas não a ponto de se considerarem descendentes deles. Assim –

Page 171: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

pensou ele –, para muitos índios o desaparecimento de espécies animais e plantas significa o desaparecimento de seus próprios ancestrais. [...]

. Quando índio araxá morre, vai morar em uma das aldeias dos AROÉS no meio do cerrado, lá no alto. Lá tem rios bonitos, veredas, pequizeiros, gabirobas, araticuns, muita caça, tudo. Todos os meus parentes que morreram estão lá e um dia eu também vou para lá encontrar com eles. Quando AROÉS quer passear na terra, escolhe uma planta ou um animal, entra dentro dele e fica por aí passeando, divertindo e comendo fruta o tempo que quiser. Depois volta para a aldeia lá do alto. Para índio araxá, gente, planta e bicho é tudo igual. Tudo é vida. (MACHADO, 2001, p. 52-53, grifo do autor).

A preservação idealizada pelos garotos-personagens ultrapassa a preocupação com a ecologia, fazendo com que eles criem, com o dinheiro obtido pelo tesouro, numa área de cerrado totalmente preservada, o Parque Nacional do Ambrósio, destinado à preservação da cultura dos quilombolas, e a Fundação Meri-Buttu, dedicada ao resguardo da cultura dos índios Araxás.

O estudo do tempo na obra O Tesouro do Quilombo consegue trazer para os dias atuais parte da formação cultural brasileira, ao mesmo tempo em que une, no presente, o passado que contribuiu com a construção da identidade do povo brasileiro e permite o vislumbre de um futuro construído sobre as bases sólidas desse passado.

O autor d’O Tesouro do Quilombo procura enfatizar a importância da preservação da cultura, para a compreensão da identidade de um povo, de uma nação: a brasileira. Machado promove não somente o contato do leitor com o prazer estético da arte, como também contribui com a construção de sua capacidade críticoreflexiva, de sua autonomia, especialmente porque trata, aqui, de uma literatura considerada infanto-juvenil, ou seja, em teoria, especificamente destinada a crianças e jovens. Machado faz o que diz Paz (1982. p. 225): revive “uma série de instantes [recorrendo] aos poderes [...] da linguagem e às virtudes transmutadoras da imagem. Imagina, poetiza [...] recria um mundo”. Mundo que reconhece, respeita e valoriza o passado como fundamento, alicerce consistente para a construção de um futuro sólido.

REFERÊNCIAS

CADEMARTORI, Lígia. O que é Literatura Infantil. 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 1991. (Coleção Primeiros Passos, 163).

COELHO, Nelly Novaes. A literatura infantil: história, teoria, análise: das origens orientais ao Brasil de hoje. São Paulo: Quíron; Brasília: INL, 1981.

______. A literatura infantil: teoria, análise, didática: São Paulo: Moderna, 2000.

Page 172: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE E … · caprinos localizadas na microrregião de Palmas – TO. ... material de plantio de boa qualidade, que se constitui no insumo mais

MACHADO, Ângelo. O Tesouro do Quilombo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

MOISÉS, Massaud. A criação literária: introdução à problemática da literatura. 3. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1970 a.

______. Guia prático de análise literária. São Paulo: Cultrix, 1970 b.

NUNES, Benedito. O tempo na narrativa. 2. ed. São Paulo: Ática, 2000.

PAZ, Octavio. O arco e a lira. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.

PERRONE-MOISÉS, Leyla. Altas literaturas: escolha e valor na obra crítica de escritores modernos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

PESSOA, Fernando. Antologia de estética: teoria e crítica literária. Rio de Janeiro: Ediouro, [19--].

SORIANO, Marc. Guide de littérature pour la jeunesse: courrants, problèmes, choix d’auteurs. Paris, France: Flammarion, 1975.