102
Cristina Maria Lima Miguel AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO ADAPTADO PARA AUTISTAS EM ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Fundação Cesgranrio, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Avaliação Orientadora: Prof.ª Dr.ª Lígia Silva Leite Rio de Janeiro 2014

AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

Cristina Maria Lima Miguel

AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO ADAPTADO PARA AUTISTAS EM ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Fundação Cesgranrio, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Avaliação

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Lígia Silva Leite

Rio de Janeiro 2014

Page 2: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

M634m Miguel, Cristina Maria Lima. Avaliação da implementação do currículo

adaptado para autistas em escola de ensino fundamental. / Cristina Maria Lima Miguel. – 2014.

102 f.; 30 cm.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Lígia Silva Leite. Dissertação (Mestrado Profissional em Avaliação) – Fundação Cesgranrio, Rio de Janeiro, 2014. Bibliografia: f. 89-93.

1. Autismo – Estudo de caso 2. Ensino Fundamental. I. Leite, Lígia Silva. II. Título.

CDD 616.85882

Ficha catalográfica elaborada por Anna Karla S. da Silva (CRB7/6298)

Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação.

Assinatura Data

Page 3: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º
Page 4: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

A todos que contribuíram para tornar este sonho possível.

Page 5: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

AGRADECIMENTOS

A Deus, companheiro fiel, que me sustentou em todas as etapas desta jornada. À Prof.ª Dr.ª Lígia Silva Leite pela sua atuação como docente do Curso de Mestrado e orientadora desta dissertação. Suas contribuições foram fundamentais no processo de construção de conhecimentos. À Prof.ª Dr.ª Lúcia Regina Goulart Vilarinho, por ter aceitado o convite para participar da banca examinadora. À Prof.ª Dr.ª Angela Carrancho da Silva, pela sua participação na banca examinadora. À Prof.ª Dr.ª Ligia Gomes Elliot, pela sua determinação em manter viva a chama da educação. Ao Colégio Batista Shepard pela autorização concedida para a realização deste estudo em suas dependências e pela acolhida carinhosa dos profissionais da educação da instituição. A Mediadora do aluno, pela sua boa-vontade e contribuição, enriquecendo o processo de coleta de dados.

Aos Pais do aluno, por permitirem que seu filho fosse submetido às observações impostas por este trabalho avaliativo.

A todos os Docentes da Fundação Cesgranrio pela dedicação e pelos conhecimentos transmitidos. Às Bibliotecárias sempre solícitas a atender os mestrandos da Fundação. Aos sempre presentes e atuantes colaboradores Valmir Paiva e Nilma Cavalcante. À minha amada mãe, queridos familiares e amigos que colaboraram em maior ou menor proporção para que o ideal de cursar esta Pós-graduação não se esvaísse em seu decurso.

Page 6: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

RESUMO

A proposta deste estudo concentrou-se em avaliar o currículo adaptado para alunos

com Transtorno do Espectro Autista em uma escola regular de ensino, limitando-se

às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º ano do ensino

fundamental. Para desenvolvimento deste trabalho foi selecionado um discente e

para metodologia adotou-se o estudo de caso que, pela sua natureza, comportou as

abordagens formativa e livre de metas. A autora optou pela observação não

estruturada por se tratar de um estudo de cunho eminentemente qualitativo. A coleta

de dados se processou em sala de aula durante o segundo trimestre letivo de 2014

e totalizou 129 horas/aula. No processo de investigação, foram também realizadas

entrevistas não estruturadas com a equipe pedagógica da escola e a mediadora do

aluno portador de Transtorno do Espectro Autista. Concluiu-se que grande parte dos

currículos adaptados atende ao aluno com necessidades especiais, embora alguns

descritores precisem ser revistos tanto em relação à sua recorrência quanto à sua

complexidade.

Palavras-chave: Avaliação. Currículo Adaptado. Transtorno do Espectro Autista.

Escola de Ensino Fundamental.

Page 7: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

ABSTRACT

The proposal of this study focused on evaluating the curriculum adapted for students

with Autism Spectrum Desorders in a regular school education. Confined to the

disciplines of Mathematics and Portuguese Language of the 5th year of elementary

school. For the development of this work, only one learner has been selected and, as

to the methodology, it was adopted the case study that, by its nature, admitted the

formative approaches and free of goals. The author chose the unstructured

observation as it is a mainly qualitative study. The gathering of data took place in the

classroom during the second quarter school making 129 classroom hours. During the

research process, unstructured interviews were made with the school pedagogical

team plus the mediator of the student with Autism Spectrum Desorders. It was

concluded that most of the curricula adapted was able to give support to the student

with special needs, although some descriptors need to be reviewed in relation to their

recurrence as much as in terms of their complexity.

Keywords: Evaluation. Curriculum Adapted. Autism Spectrum Desorders. School

Education.

Page 8: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Atividade realizada por criança autista............................................... 21

Quadro 1 Categorias, indicadores e padrões de julgamento - Matemática............. 40

Quadro 2 Categorias, indicadores e padrões de julgamento - Língua Portuguesa..... 42

Quadro 3 Distribuição dos resultados de Matemática........................................ 60

Quadro 4 Distribuição dos resultados de Matemática........................................ 61

Quadro 5 Distribuição dos resultados de Matemática........................................ 62

Quadro 6 Distribuição dos resultados de Língua Portuguesa............................ 74

Quadro 7 Distribuição dos resultados de Língua Portuguesa............................ 75

Quadro 8 Distribuição dos resultados de Língua Portuguesa............................ 77

Quadro 9 Distribuição do atendimento do currículo adaptado de Matemática aos padrões de avaliação propostos ................................................

81

Quadro 10 Distribuição do atendimento do currículo adaptado de Língua Portuguesa aos padrões de avaliação propostos ............................ 83

Page 9: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Distribuição dos descritores do currículo adaptado em relação aos indicadores do instrumento de avaliação – Matemática..................... 46

Tabela 2 Distribuição dos descritores do currículo adaptado em relação aos indicadores do instrumento de avaliação – Língua Portuguesa........ 47

Tabela 3 Análise quantitativa das respostas do aluno em Matemática............. 49

Tabela 4 Análise quantitativa das respostas do aluno em Língua Portuguesa.......................................................................................... 50

Tabela 5 Nível de atendimento pelo currículo adaptado em Matemática.......... 82

Tabela 6 Nível de atendimento pelo currículo adaptado em Língua Portuguesa........................................................................................... 86

Page 10: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABRA Associação Brasileira de Autismo

AMA Associação de Amigos do Autista

CEB Câmara de Educação Básica

CNE Conselho Nacional de Educação

CID Classificação Internacional de Doenças

LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MEC Ministério da Educação

OMS Organização Mundial de Saúde

PCN Parâmetros Curriculares Nacionais

SEE Secretaria de Educação Especial

SEF Secretaria de Educação Fundamental

TEA Transtorno do Espectro Autista

Page 11: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

SUMÁRIO

1 TRANSTORNO GLOBAL DO DESENVOLVIMENTO E A ESCOLA REGULAR DE ENSINO........................................................................... 13

1.1 OBJETIVO, QUESTÃO AVALIATIVA E JUSTIFICATIVA DO ESTUDO. 17

1.2 DELIMITAÇÕES DO ESTUDO……………………………………………... 19

2 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA E A IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO ADAPTADO................................................................ 20

2.1 TRANSTORNO GLOBAL DO DESENVOLVIMENTO/TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA ...................................................................... 20

2.2 OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS E O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA ........................................... 26

2.3 A HISTÓRIA E ATUAÇÃO DO COLÉGIO BATISTA SHEPARD............. 29

2.4 O CURRÍCULO ADAPTADO DO COLÉGIO BATISTA SHEPARD......... 31

2.5 PERFIL DO ALUNO................................................................................. 32

2.6 PERFIL DA MEDIADORA........................................................................ 33

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS................................................ 34

3.1 ABORDAGEM AVALIATIVA.................................................................... 34

3.2 CONSTRUÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM DE ALUNOS AUTISTAS............................................ 38

3.3 ANÁLISE DOS DADOS........................................................................... 48

4 RESULTADOS……………………………………………………………….. 49

4.1 MATEMÁTICA.......................................................................................... 50

4.1.1 Competências – Descritores 1 ao 8...................................................... 50

4.1.2 Habilidades – Descritores 9 ao 14....................................................... 55

4.1.3 Conteúdos – Descritores 15 ao 26....................................................... 56

4.2 LÍNGUA PORTUGUESA.......................................................................... 63

4.2.1 Competências – Descritores 1 ao seis................................................. 63

4.2.2 Habilidades – Descritores 7 ao 18........................................................ 66

4.2.3 Conteúdos – Descritores 19 ao 27....................................................... 71

5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES............................................................. 79

5.1 CONCLUSÕES........................................................................................ 79

5.2 SUGESTÕES.......................................................................................... 88

REFERÊNCIAS....................................................................................... 89

APÊNDICE A - Pedido de autorização feito ao Colégio Batista Shepard para coleta de dados.............................................................. 95

APÊNDICE B - Currículo adaptado – Matemática............................... 96

APÊNDICE C - Currículo adaptado – Língua Portuguesa.................. 98

APÊNDICE D - Desenho feito pelo aluno............................................. 100

Page 12: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

APÊNDICE E - Desenho feito pelo aluno............................................. 101

APÊNDICE F - Desenho feito pelo aluno............................................. 102

Page 13: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

1 TRANSTORNO GLOBAL DO DESENVOLVIMENTO E A ESCOLA REGULAR DE ENSINO

Qualquer sistema educacional precisa ser constantemente adaptado às

mudanças que ocorrem no âmago das diversas esferas sociais. A adaptação

contínua pode agregar valores que contribuam significativamente para o bom

desempenho dos cidadãos em sua jornada acadêmica e profissional, além de

participar efetivamente da construção de seu caráter.

Immanuel Kant, filósofo alemão, acreditava que a educação se faz mister na

formação do cidadão e essa ideia foi reforçada por Dalbosco (2004, p.1334).

A hipótese de que Kant atribui papel fundamental à educação e o faz não só por razões, digamos assim, de ordem histórico-políticas, no sentido de que a educação seria indispensável à sociabilidade humana e à construção de uma ‘cidadania universal’ com base num Estado mais justo, senão também, e fundamentalmente, por razões de ordem sistemática, conectadas com exigências internas de esclarecimento de sua própria filosofia prática.

Esse olhar analítico é fator primordial para que a educação escolar

desempenhe o papel de colaboradora no desenvolvimento cognitivo e na

socialização de qualquer sujeito. Segundo Fontenella (1996, p. 15, apud KANT,

1996), “o homem não pode se tornar um verdadeiro homem senão pela educação.

Ele é aquilo que a educação faz dele”.

Ao se observar a escola brasileira e as crianças que a frequentam e que não

apresentam qualquer tipo de Transtorno Global do Desenvolvimento1, percebe-se

que muitas questões de natureza política, pedagógica, curricular ou mesmo com

relação aos profissionais da educação necessitam de uma profunda análise e

discussão para que as ações que envolvem o processo de ensino-aprendizagem se

aproximem ao máximo de resultados positivos. A escola regular de ensino já abarca

dificuldades que inibem, em alguns momentos, o seu desempenho qualitativo.

Diante dessa realidade, cabe indagar quais são as expectativas de pais e

1 Transtorno Global do Desenvolvimento: Grupo de transtornos caracterizados por alterações

qualitativas das interações sociais recíprocas e modalidades de comunicação e por um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Estas anomalias qualitativas constituem uma característica global do funcionamento do sujeito, em todas as ocasiões. Disponível em: <http://www.psiqweb.med.br/site/DefaultLimpo.aspx?area=ES/VerClassificacoes&idZClassificacoes=322>.

Page 14: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

14

profissionais da educação envolvidos com a formação de crianças que chegam à

escola com algum tipo de Transtorno Global do Desenvolvimento, necessitando de

acolhida inclusiva? Como desconsiderar a complexidade do trabalho pedagógico

neste particular?

O plano teórico-ideológico da escola inclusiva requer a superação dos obstáculos impostos pelas limitações do sistema regular de ensino. Seu ideário defronta-se com dificuldades operacionais e pragmáticas reais e presentes, como recursos humanos, pedagógicos e físicos ainda não contemplados nesse Brasil afora, mesmo nos grandes centros. (BRASIL, 1998a, p.17).

Como consequência, cabe ressaltar que os alunos que apresentam algum

tipo de Transtorno Global do Desenvolvimento são inseridos em um modelo

educacional desenvolvido, primordialmente, para atender a um público sem qualquer

necessidade especial. Porém, é dever do Estado e da escola a responsabilidade de

garantir uma educação inclusiva, ou seja, que atenda aos estudantes matriculados

desde a pré-escola até o 3º ano do ensino médio, quer apresentem ou não qualquer

tipo de Transtorno Global do Desenvolvimento, conforme regulamenta a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº 9.394 (BRASIL, 1996), tanto

para a rede pública quanto para a privada. Dentre as alterações a que já foi

submetida, a mais recente, de 04 de Abril de 2013, refere-se à garantia da educação

escolar especializada aos alunos com necessidades especiais, tais como o

Transtorno Global do Desenvolvimento, na rede regular de ensino, conforme rege o

Artigo 4º, parágrafo XII, Inciso III:

Atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino;

De acordo com o Artigo 59, parágrafo 1º da LDBEN (BRASIL, 1996), Inciso III

haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado na escola regular para

atender às peculiaridades da clientela de educação especial. Essa mesma lei

assegura, ainda, que haverá,

Professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do

Page 15: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

15

ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns;

Em 13 de Maço de 2014, o Governador do Estado sancionou a Lei nº 6708/14

Art. 2º e Parágrafo único (RIO DE JANEIRO, 2014) que criou o programa de

conscientização do autismo que obriga a inclusão e reserva de vagas na rede

pública e privada de educação no Estado do Rio de Janeiro para crianças e

adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Essa iniciativa em âmbito

estadual reforça a obrigatoriedade de inclusão de alunos com necessidades

especiais constante na LDBEN. Conforme Art. 2º; especifica ainda que

Os estabelecimentos de ensino das Redes Púbicas e Privadas de Educação ficam obrigados a incluírem em seu ensino regular crianças ou adolescentes portadores do Transtorno do Espectro Autista. Parágrafo único Para a inclusão a que se refere o caput do presente artigo, os estabelecimentos de ensino deverão reservar o mínimo de 2 vagas por turma. (RIO DE JANEIRO, 2014).

Entretanto, o que os artigos da legislação estadual e federal dispõem não

representa a realidade educacional brasileira. A maioria das escolas particulares e,

principalmente, as da rede pública, não consegue arcar com os custos que advêm

da contratação de profissionais especializados, responsáveis pelo acompanhamento

e desenvolvimento deste público especial, tampouco dispõe de recursos materiais e

estrutura física adequada a esse tipo de educando. Essa realidade é bem retratada

pelo mestre e doutorando em educação, Eugênio Cunha.

Poucas são as escolas do ensino comum que têm espaços adequados e profissionais capacitados para trabalhar na educação inclusiva. São necessárias ações que materializem as políticas educacionais que tratam da inclusão no cotidiano das escolas. É um grande desafio. É preciso promover a preparação docente, adaptação do espaço escolar, investimento financeiro na aquisição de materiais pedagógicos e apoio à família do aluno com necessidades educacionais especiais. (CUNHA, 2013).

Refletindo sobre a problemática na linha de inclusão, o Ministério da

Educação e do Desporto (MEC), através de sua Secretaria de Educação

Fundamental (SEF) e Secretaria de Educação Especial (SEE), publicaram os

Parâmetros Curriculares Nacionais: Adaptações Curriculares (BRASIL, 1998b, p. 33)

Page 16: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

16

para atender ao público com necessidades educacionais especiais matriculados na

rede do sistema de ensino brasileiro. “Não um novo currículo, mas um currículo

dinâmico, alterável, passível de ampliação, para que atenda realmente a todos os

educandos.” Pretendeu-se, assim, garantir a inclusão desses alunos no âmbito da

escola regular.

As propostas de adaptações curriculares contidas nos Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCN) servem de norteadores para os educadores em suas

práticas em sala de aula e na escolha de uma pedagogia que se ajuste ao estudante

com Transtorno Global do Desenvolvimento. São estratégias que colaboram para a

atuação do docente e possibilitam adequações às diferentes necessidades

educacionais especiais. Apresentam orientações curriculares em linhas gerais,

cabendo a cada instituição de ensino fazer as adaptações necessárias ao currículo

do ensino regular, respeitando e valorizando as peculiaridades de cada indivíduo

com Transtorno Global do Desenvolvimento, como suas competências, habilidades,

dificuldades e necessidades, além de promover o desenvolvimento cognitivo e social

desses discentes. Cabe, assim, à equipe de profissionais de cada instituição de

ensino, responsável pela elaboração do plano pedagógico e sua aplicação,

reestruturar um currículo que se adapte a cada aluno, considerando o maior ou

menor grau de comprometimento e as especificidades impostas pelas síndromes do

desenvolvimento no processo de aprendizagem.

Nesse sentido, a adequação curricular ora proposta procura subsidiar a prática docente propondo alterações a serem desencadeadas na definição dos objetivos, no tratamento e desenvolvimento dos conteúdos, no transcorrer de todo processo avaliativo, na temporalidade e na organização do trabalho didático-pedagógico no intuito de favorecer a aprendizagem do aluno. (BRASIL, 1998a, p.13).

A complexidade dessa adaptação curricular aos alunos com Transtorno

Global do Desenvolvimento pela escola regular de ensino gera a necessidade de

avaliar como as instituições educacionais têm enfrentado tamanho desafio.

O Colégio Batista Shepard, que recebe aluno com Transtorno Global do

Desenvolvimento em qualquer segmento, é uma instituição particular regular de

ensino que oferece desde a educação infantil até o ensino médio e, como todas as

escolas públicas e particulares, cumpre as determinações da Resolução Nº 2 do

Page 17: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

17

Conselho Nacional de Educação e Câmara de Educação Básica (BRASIL, 2001),

que instituiu as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica,

seguindo a recomendação do Art. 2º.

Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para a educação de qualidade para todos. (BRASIL, 2001).

A ideia que deu origem a este estudo surgiu do desejo de contribuir para que

a educação escolar inclusiva esteja cada vez mais alicerçada em parâmetros reais

de atendimento a um público com necessidades educacionais especiais. Por se

tratar de um processo complexo, quaisquer colaborações, visando à inserção

eficiente desses discentes, merecem atenção e reflexão dos envolvidos com essa

modalidade de educação.

Interessada em dimensionar e aprimorar seu próprio fazer pedagógico, o

Colégio Batista Shepard se disponibilizou para a realização do trabalho avaliativo

proposto com a expectativa de que os resultados apresentados aperfeiçoem suas

práticas educacionais.

1.1 OBJETIVO, QUESTÃO AVALIATIVA E JUSTIFICATIVA DO ESTUDO

O objetivo deste estudo foi avaliar a implementação do currículo adaptado por

uma instituição regular de ensino fundamental para alunos com necessidades

especiais.

Os educadores, as práticas pedagógicas, os currículos e as atividades

desenvolvidas pelas instituições regulares de ensino sempre estiveram voltados

para atender ao público estudantil sem necessidades especiais. Apesar das ações

governamentais em prol da inclusão desses estudantes na rede regular de ensino,

percebe-se que a realidade está distante de um modelo ideal que receba o público

com Transtorno Global do Desenvolvimento. Como realizar práticas pedagógicas

engajadas em um processo educacional que tem, ao mesmo tempo, de ser

diferenciado e inclusivo? Esse parece ser um desafio que envolve as diferentes

esferas educacionais.

Page 18: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

18

O desafio é construir e pôr em prática no ambiente escolar uma pedagogia que consiga ser comum e prática para todos os alunos da classe escolar, porém capaz de atender aos alunos cujas situações pessoais e características de aprendizagem requeiram uma pedagogia diferenciada. Tudo isto sem demarcações, preconceitos ou atitudes nutridoras dos indesejados estigmas. (BEYER, 2006, p. 76).

A ação excludente anteriormente praticada pelas escolas regulares em

relação à integração de alunos com necessidades especiais vem sendo, com certa

resistência, substituída pelo conceito de inserção. Trata-se de uma realidade

recente, por isso, muitas questões sobrevindas dessa situação não têm respaldo em

experiências e relatos expressivos que delineiem o tipo de pedagogia mais

adequada a ser aplicada nessas circunstâncias. Em consequência, a presença

desses educandos pode implicar em práticas pedagógicas específicas para cada

indivíduo com o objetivo de desenvolver habilidades necessárias para o bom

desempenho do aluno com perfil educacional diferenciado.

É preciso ressaltar que a literatura sobre as síndromes do desenvolvimento é

incipiente, principalmente no que tange às experiências em sala de aula. O que

comumente se encontra são relatos isolados de pais e professores sobre a maneira

como lidam com as crianças que apresentam alguma disfunção mental.

Para ratificar tal constatação, em 2010, um grupo de pesquisa de um

Programa de Pós-graduação em Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade

Presbiteriana Mackenzie da cidade de São Paulo concluiu um estudo a respeito da

produção científica de autores brasileiros sobre Transtorno do Espectro Autista, no

período de 2002 a 2009. O levantamento de dados limitou-se à busca bibliográfica

realizada nas bases: PUBMED, SciELO, LILACS e portal CAPES e, para seleção

dos trabalhos, considerou os descritores “autismo e transtorno invasivo do

desenvolvimento.”

Um total de 93 artigos foi identificado, tendo sido publicados, sobretudo por autores da região Sudeste e de universidades públicas. Aproximadamente um terço dos artigos foi publicado em revistas com algum fator de impacto, variando entre 0,441 e 3,211; sendo a maioria dos artigos baseada em amostras pequenas. Foram identificadas 140 dissertações e teses; 82,1% eram dissertações de mestrado. O principal tema de pesquisa abordado neste material relacionou-se a programas de intervenção para TEA. (TEIXEIRA, 2010).

Page 19: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

19

Observa-se que as publicações nacionais em veículos de impacto

representam um índice inexpressivo (cerca de 31), considerando o período de oito

anos, o que representa uma média anual de 3,8 artigos. Há urgência de se divulgar

estudos sobre o Transtorno do Espectro Autista em virtude da presença cada vez

mais representativa do público com essa síndrome nos diversos âmbitos sociais.

Com o intuito de colaborar para o desdobramento de um processo complexo

como é a inserção de alunos com Transtorno do Espectro Autista em ensino regular,

este estudo foi norteado pela seguinte questão avaliativa:

Em que medida a implementação do currículo adaptado das disciplinas

Matemática e Língua Portuguesa da escola de ensino fundamental atende a aluno

com Transtorno do Espectro Autista no processo de ensino-aprendizagem?

1.2 DELIMITAÇÕES DO ESTUDO

Apesar de o Transtorno do Espectro Autista ser um tema de interesse de

profissionais em diversas áreas, este estudo avaliativo restringiu-se ao âmbito

educacional (5º ano do ensino fundamental), uma vez que se propôs a avaliar o

currículo adaptado, instrumento pedagógico elaborado exclusivamente para atender

a um aluno com necessidades especiais nas disciplinas Matemática e Língua

Portuguesa em uma instituição regular de ensino fundamental que recebe alunos

com Transtorno Global do Desenvolvimento.

Page 20: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

2 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA E A IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO ADAPTADO

O objeto deste estudo consiste nas competências, habilidades e conteúdos

indicados no currículo adaptado das disciplinas Matemática e Língua Portuguesa do

5º ano do ensino fundamental para aluno com Transtorno do Espectro Autista.

2.1 TRANSTORNO GLOBAL DO DESENVOLVIMENTO/TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

Os Transtornos Globais do Desenvolvimento são anomalias biológicas que

afetam o desenvolvimento cognitivo das crianças e seus sintomas manifestam-se

até os três anos de idade. Se cognição é a forma como o cérebro percebe, aprende,

recorda e pensa sobre toda informação captada através dos cinco sentidos

(INSTITUTO HIPPOCAMPUS DE PSICOLOGIA, [2013?]), os indivíduos com essas

síndromes têm a socialização, a aprendizagem e a concentração desajustadas e, a

área de interesse delas é bem limitada, comprometendo o desenvolvimento de suas

habilidades.

Segundo a Classificação Internacional de Doenças - CID 10 - F84 - publicada

pela Organização Mundial de Saúde (OMS), os Transtornos Globais do

Desenvolvimento referem-se a um

Grupo de transtornos caracterizados por alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e modalidades de comunicação e por um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Estas anomalias qualitativas constituem uma característica global do funcionamento do sujeito, em todas as ocasiões. (INSTITUTO HIPPOCAMPUS DE PSICOLOGIA, [2013?]).

Dr. José Salomão Schwartzman, médico brasileiro, especialista em

Neurologia Infantil pelo Queen Square Institute of London em 1968-69 e professor

titular de pós-graduação em Distúrbios do Desenvolvimento na Universidade

Presbiteriana Mackenzie, do Estado de São Paulo, diz que Transtornos Globais ou

Invasivos do Desenvolvimento é a nomenclatura dada às síndromes classificadas

como Autismo, a Síndrome de Asperger, a Síndrome de Rett e o Transtorno Global

do Desenvolvimento Sem Outra Especificação (SCHWARTZMAN, 2010).

Page 21: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

21

Ainda, de acordo com esse médico, mais recentemente cunhou-se o termo

Transtorno do Espectro Autista para englobar o Autismo2, a Síndrome de Asperger e

o Transtorno Global do Desenvolvimento Sem Outra Especificação.

São crianças que parecem não tomar consciência da presença do outro como pessoa; apresentam muita dificuldade de comunicação. Não é que não falem, não conseguem estabelecer um canal de comunicação eficiente, têm um padrão de comportamento muito restrito e repetitivo. Atualmente, qualquer indivíduo que apresente esses sintomas, em maior ou menor grau, é caracterizado como autista. (SCHWARTZMAN, [2011?]).

Figura 1 - Atividade realizada por criança autista

Fonte: AUTISMO. [S. l., 2010].

Empilhar objetos, por exemplo, pode ser uma atividade comum em crianças

com autismo (Figura 1).

Em 1911, o termo autismo foi usado pela primeira vez por Eugene Bleuler

(1857-1939), psiquiatra suíço que o criou para nomear um dos sintomas da

esquizofrenia. As primeiras descrições sobre o autismo, no entanto, foram feitas em

1943, pelo médico austríaco Leo Kanner (1894-1981) que, a partir do conceito

formulado por Bleuler sobre autismo, diagnosticou 11 crianças que apresentavam a

incapacidade de se relacionarem de maneira normal com pessoas e situações

desde o princípio de suas vidas (KANNER, 1943, apud BRASIL, 2013a).

2 O autismo é uma síndrome proveniente de causas ainda desconhecidas, mas com grande

contribuição de fatores genéticos. Trata-se de um transtorno complexo com sintomas e quadros comportamentais distintos. Os sintomas giram em torno de uma tríade principal: comprometimentos na comunicação, dificuldades na interação social e atividades restritas e repetitivas, o que ocasiona uma forma de pensar rígida, muito literal e com pouca ingerência simbólica. Disponível na página, http://educacao.atarde.uol.com.br/?p=15588.

Page 22: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

22

Para Kanner, a síndrome apresentada por esses pacientes infantis tinham

origem, predominantemente, psicológica e ambiental. A questão biológica não

representava fator de grande relevância no diagnóstico do Transtorno do Espectro

Autista. Os conceitos sobre esquizofrenia, Transtorno do Espectro Autista e psicose,

nessa época, se entrelaçavam por serem síndromes muito próximas em seus

sintomas. Diante de um campo tão amplo quanto o da psiquiatria, diferentes

correntes e muitas contribuições teóricas e clínicas surgiram nessa área, a citar

Margareth Mahler (1897-1985), Bruno Bettelheim (1903-1990), Frances Tustin

(1913-1994) e Donald Meltzer (1922-2004), psicanalistas europeus, que se

dedicaram à descoberta e análise do comportamento de autistas.

No Brasil, o conhecimento e desdobramento sobre o Transtorno do Espectro

Autista surgiram bem mais tarde e, ao longo do tempo, foram fundadas algumas

associações em território nacional que pudessem representar a classe com essa

síndrome, criando oportunidades significativas para discussões sobre tal temática e

ampliando os postos de atendimento aos autistas, tanto na área educacional quanto

da saúde.

A Associação de Amigos do Autista (AMA) de São Paulo foi a primeira

agremiação de pais e amigos fundada no Brasil, em 1983. A partir dessa iniciativa,

os demais estados se organizaram e consolidaram representações da AMA,

fortalecendo, cada vez mais, suas ações e seus projetos.

Outras associações surgiram para representar as questões do público autista,

que, em consequência dos movimentos que se estabeleciam, tornaram-se cada vez

mais expressivas. Em 1988, para melhor representar em nível nacional e

internacional as entidades envolvidas com a questão do autismo, foi fundada a

Associação Brasileira de Autismo (ABRA) com sede em Brasília, entidade

exclusivamente civil.

O dia 2 de Abril foi decretado o dia Mundial de Conscientização do Autismo,

data criada pela ONU em 2008 com o propósito de chamar a atenção dos indivíduos

e conscientizá-los sobre uma síndrome que afeta, mundialmente, mais de 70

milhões de pessoas e estima-se que há mais de 2 milhões de brasileiros com

Transtorno do Espectro Autista.

Não há como determinar com precisão as causas que geram tal patologia.

Sabe-se, porém, que é determinada por fatores biológicos e seus sintomas se

manifestam na infância, mais precisamente, até os três anos de idade. Agentes

Page 23: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

23

externos, por exemplo, o álcool, podem ser responsáveis pelo surgimento e

desenvolvimento de deficiências mentais, quando ingeridos na gravidez.

Nós nunca vamos conhecer a causa do autismo, porque a cada momento estamos descobrindo novas possibilidades. Eu poderia elencar 20, 30, 40 condições diferentes que podem cursar com autismo. A síndrome de Down, a síndrome do X-Frágil e uma série de outras doenças podem cursar o autismo. Da mesma forma, a síndrome fetal alcoólica provocada pela ingestão de álcool durante a gravidez é uma das causas frequentes de deficiência mental e autismo. (SCHWARTZMAN, [2010?]).

O que os especialistas na área médica podem afirmar, entretanto, é que se

trata de um transtorno cujos sintomas se manifestam em diferentes graus de

intensidade e seriedade, ou seja, autismo é “um espectro de desordens autísticas,

em que aparecem as mesmas dificuldades em graus de comprometimento variáveis”

(SCHWARTZMAN, [2011?]). Alguns indivíduos têm seu desenvolvimento mental

altamente comprometido, sendo classificados como autistas graves ou de alta

funcionalidade, cujas características mais marcantes são: dificuldade de interagir

com os outros; isolamento; rodopios em torno de si mesmo e realização de

movimentos estereotipados e repetitivos.

Outros têm manifestações mais moderadas da síndrome, classificados como

autistas clássicos, os quais apreendem apenas o sentido literal das palavras; são

meros repetidores do que ouvem por terem dificuldade de compreensão e

interpretação; não olham as pessoas e estabelecem uma relação social tênue.

Na manifestação do transtorno em seu estágio mais brando, Síndrome de

Asperger, esse grupo possui as mesmas dificuldades dos outros, porém em uma

graduação extremamente sutil. São verbais e tão inteligentes que chegam a ser

confundidos com gênios porque são imbatíveis nas áreas do conhecimento em que

se especializam.

Há o indivíduo portador das características em grande proporção e com deficiência mental grave; o grupo com o tipo de autismo descrito pelo médico austríaco Leo Kanner que tem comprometimento moderado e os indivíduos com a Síndrome de Asperger (Hans Asperger foi o médico que a descreveu), que são autistas com linguagem e intelecto preservados. (SCHWARTZMAN, [2010?]).

Page 24: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

24

A Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde

ou apenas CID-10, foi publicada em 1992 pela OMS e sua última atualização

ocorreu em 2006, o que corresponde a 10ª edição dessa tabela classificatória que,

Visa padronizar a codificação de doenças e outros problemas relacionados à saúde e fornecer códigos relativos à classificação de doenças e de uma grande variedade de sinais, sintomas, aspectos anormais, queixas, circunstâncias sociais e causas externas para ferimentos ou doenças. (MEDICINANET, [2013?]).

Para diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista, no Brasil, utiliza-se,

oficialmente, a CID-10 que apresenta vinte e seis categorias nomeadas desde a letra

A até Z. Cada uma delas corresponde a uma síndrome, que, por sua vez, é

codificada numericamente. Assim a CID-10F comporta setenta e oito códigos, dentre

os quais o F84 - Transtornos Globais do Desenvolvimento - que nomeia os

diferentes transtornos de comportamento e encontram-se assim descritos:

CID 10 - F84.0 - Autismo infantil

CID 10 - F84.1 - Autismo atípico

CID 10 - F84.2 - Síndrome de Rett

CID 10 - F84.3 - Outro transtorno desintegrativo da infância

CID 10 - F84.4 - Transtorno com hipercinesia associada a retardo mental e

movimentos estereotipados

CID 10 - F84.5 - Síndrome de Asperger

CID 10 - F84.8 - Outros transtornos globais do desenvolvimento

CID 10 - F84.9 - Transtornos globais não especificados do desenvolvimento

De acordo com a CID-10, conceitua-se o autismo como

Um transtorno invasivo do desenvolvimento, definido pela presença de desenvolvimento anormal e/ou comprometimento que se manifesta antes da idade de 3 anos e pelo tipo característico de funcionamento anormal em todas as três áreas: de interação social, comunicação e comportamento restrito e repetitivo. O transtorno ocorre três a quatro vezes mais frequentemente em garotos do que em meninas. (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 1992).

Além disso, a CID-10 estabelece critérios para que a diagnose do Transtorno

do Espectro Autista seja confirmada. Segundo essa classificação, dos dezesseis

itens que compõem a lista e que estão distribuídos em quatro áreas distintas de

Page 25: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

25

desenvolvimento, a pessoa tem de apresentar, no mínimo, oito deles para receber o

diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista.

A. Lesão marcante na interação social recíproca, manifestada por pelo menos três dos próximos cinco itens:

- dificuldade em usar adequadamente o contato ocular, expressão facial,

gestos e postura corporal para lidar com a interação social.

- dificuldade no desenvolvimento de relações de companheirismo.

- raramente procura conforto ou afeição em outras pessoas em tempos de

tensão ou ansiedade, e/ou oferece conforto ou afeição a outras pessoas que

apresentem ansiedade ou infelicidade.

- ausência de compartilhamento de satisfação com relação a ter prazer com

a felicidade de outras pessoas e/ou de procura espontânea em compartilhar suas

próprias satisfações através de envolvimento com outras pessoas.

- falta de reciprocidade social e emocional.

B. Marcante lesão na comunicação:

- ausência de uso social de quaisquer habilidades de linguagem existentes.

- diminuição de ações imaginativas e de imitação social.

- pouca sincronia e ausência de reciprocidade em diálogos.

- pouca flexibilidade na expressão de linguagem e relativa falta de

criatividade e imaginação em processos mentais.

- ausência de resposta emocional a ações verbais e não-verbais de outras

pessoas.

- pouca utilização das variações na cadência ou ênfase para refletir a

modulação comunicativa.

- ausência de gestos para enfatizar ou facilitar a compreensão na

comunicação oral.

C. Padrões restritivos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades manifestados por pelo menos dois dos próximos seis itens:

- obsessão por padrões estereotipados e restritos de interesse.

- apego específico a objetos incomuns.

- fidelidade aparentemente compulsiva a rotinas ou rituais não funcionais

específicos.

- hábitos motores estereotipados e repetitivos.

Page 26: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

26

- obsessão por elementos não funcionais ou objetos parciais do material de

recreação.

- ansiedade com relação a mudanças em pequenos detalhes não funcionais

do ambiente.

D. Anormalidades de desenvolvimento devem ter sido notadas nos primeiros três

anos para que o diagnóstico seja feito.

Diante do exposto, depreende-se que o Transtorno do Espectro Autista é uma

síndrome relacionada a segmentos da área médica, tais como, psicologia,

psicopedagogia, neurologia, fonoaudiologia e ao campo educacional em toda sua

dimensão. Esses diversos tentáculos dinamizam a troca de informações entre os

profissionais e facilitam sua consequente propagação em vários e diferentes meios

sociais, o que colabora sobremaneira para conscientizar os indivíduos sobre a

necessidade de estarem atentos às diversas formas de manifestações dessa

síndrome. Entretanto, perceber os sintomas de tal transtorno em um período tão

tenro da vida de uma criança pode representar um obstáculo para os responsáveis

pelos indivíduos com Transtorno do Espectro Autista, pois suas evidências, muitas

vezes, não são facilmente detectadas por pessoas que não convivem com essa

realidade. E, na outra ponta, a delonga no diagnóstico desse transtorno pode

retardar o desenvolvimento cognitivo e emocional da criança em decorrência da falta

de esclarecimento sobre a forma mais adequada de lidar com crianças com

necessidades especiais e educá-las no sentido mais abrangente da palavra.

Perceber e não desprezar as diferentes reações de comportamentos nos três

primeiros anos de vida da criança é uma maneira de detectar essa síndrome o

quanto antes.

2.2 OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS E O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

A inserção e permanência dos alunos com Transtorno do Espectro Autista no

ensino regular é uma questão inquietante para pais e educadores. Alguns

profissionais da área médica e educacional acreditam que as pessoas com

síndromes do desenvolvimento necessitam de atenção e práticas educacionais

distintas dos demais alunos, além de educadores qualificados para esse tipo de

exercício profissional. Logo, preconizam a integração desses alunos em instituições

Page 27: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

27

de ensino especializadas, a fim de se obter resultados progressivos. Outros

acreditam que alunos com necessidades específicas devem conviver com os demais

educandos, pois esse convívio favorece o despertar e o desenvolvimento das

diversas habilidades humanas.

Centrado na perspectiva de oferecer mais suporte aos educadores, o MEC,

através de sua Secretaria de Educação Fundamental (SEF), criou os PCN, que

começaram a ser elaborados em 1995 e concluídos em 1997, quando foram

publicados e distribuídos para a rede nacional de escolas. Eles surgiram para

orientar as instituições de ensino e os profissionais da educação sobre o tipo de

conhecimento que é relevante em cada uma das disciplinas, respeitando os

segmentos que compõem o sistema educacional brasileiro e os objetivos a serem

alcançados para assegurar a construção e produção de conhecimento dos

educandos.

Estamos certos de que os Parâmetros serão instrumento útil no apoio às discussões pedagógicas em sua escola, na elaboração de projetos educativos, no planejamento das aulas, na reflexão sobre a prática educativa e na análise do material didático. E esperamos, por meio deles, estar contribuindo para a sua atualização profissional — um direito seu e, afinal, um dever do Estado. (BRASIL, 1997).

Com isso, parte do currículo é rígida para todo o território nacional, ou seja,

abarca um mesmo conteúdo, a fim de disseminar equitativamente determinados

conhecimentos transmitidos pelas escolas brasileiras. Outros descritores, entretanto,

são apresentados como sugestões sem que haja rigidez em sua aplicação, cabendo

a cada instituição educacional a responsabilidade de desenvolvê-los, modificá-los,

adaptá-los ou mesmo criá-los. Essa flexibilidade advém da necessidade de se criar

um currículo que considere e respeite as diferenças regionais e a realidade

socioeconômica, política e cultural brasileira. Tal abertura permite inserir no

processo de ensino-aprendizagem diferentes saberes e realidades de cada região

ou grupo social, conforme dispõe o Artigo 26, Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013 da

LDBEN (BRASIL, 2013a) que altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996

(BRASIL, 1996).

Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada

Page 28: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

28

estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos.

Os PCN não são referenciais rígidos e inflexíveis, ao contrário, são propostas

elaboradas com o intuito de auxiliar os educadores na construção de seus projetos

educacionais, responsabilidade de cada entidade escolar, e por reconhecer a

necessidade de se criar parâmetros no âmbito da educação nacional brasileira, haja

vista o alto nível de complexidade das práticas educativas.

A criação desse documento fez-se mister diante das mudanças ocorridas nos

diversos segmentos da sociedade, principalmente, nas áreas tecnológica e humana,

além das “[...] preocupações contemporâneas com o meio ambiente, com a saúde,

com a sexualidade e com as questões éticas relativas à igualdade de direitos, à

dignidade do ser humano e à solidariedade” (BRASIL, 1997). Era urgente criar um

dispositivo oficial que contemplasse tantas transformações sociais para garantir que

a educação alicerçasse esses novos e diferentes conhecimentos. Assegurava-se,

assim, ao educando o acesso aos saberes relevantes para o exercício da cidadania.

Pensar em um processo de ensino-aprendizagem para alunos com

Transtorno do Espectro Autista requer conhecimento sobre essa síndrome por parte

de todos os envolvidos com o seu aprendizado para que haja resultados

representativamente positivos. Até que ponto atender a alunos autistas em

instituições regulares de ensino demanda, por parte dos administradores da

educação, conhecimento específico sobre tal transtorno para que a atuação

competente desses profissionais, realmente, contribua para o desenvolvimento

cognitivo e social desses aprendizes? É relevante considerar que os alunos com

Transtorno do Espectro Autista representam uma parcela mínima dentro de sala de

aula, o que pode simbolizar um obstáculo na contratação de profissionais com

especialização para atendê-los, visto que essa situação implica um custo

significativamente elevado.

Preocupadas com esses alunos, a SEF e a Secretaria de Educação Especial

(SEE), órgãos vinculados ao MEC, adaptaram, a partir dos PCN do ensino regular,

um currículo para atender aos educandos com necessidades educacionais

especiais. E, em 1998, o MEC lança os Parâmetros Curriculares Nacionais:

Adaptações Curriculares direcionados a esse público como forma de democratizar o

acesso à educação e reconhecer a heterogeneidade do público acadêmico.

Page 29: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

29

As adequações curriculares constituem, pois, possibilidades educacionais de atuar frente às dificuldades de aprendizagem dos alunos. Pressupõem que se realize a adequação do currículo regular, quando necessário, para torná-lo apropriado às peculiaridades dos alunos com necessidades especiais. (BRASIL, 2003b).

Os PCN do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental foram organizados por áreas

de conhecimento - Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Naturais, História,

Geografia, Arte e Educação Física e disponibilizados em livros. São disciplinas

obrigatórias, às quais se agregam temas transversais, como Ética, Pluralidade

Cultural, Orientação Sexual, Meio Ambiente e Saúde. Os PCN: Adaptações

Curriculares conservam as mesmas áreas de estudo dos PCN, porém fornecem

orientações e sugestões que facilitam a operacionalização do currículo para alunos

que apresentam algum tipo de deficiência visual, mental, física, condutas típicas de

síndromes e quadros clínicos. Além disso, apontam três fatores que devem ser

analisados antes de serem processadas quaisquer adaptações curriculares. De

acordo com os PCN: Adaptações Curriculares (BRASIL, 1998a), são eles:

a real necessidade dessas adaptações;

a avaliação do nível de competência curricular do aluno, tendo como

referência o currículo regular;

o respeito a seu caráter processual, de modo que permita alterações

constantes e graduais nas tomadas de decisão.

As adaptações curriculares pressupõem uma relação estreita entre todos os

envolvidos diretamente com o desenvolvimento global do aluno a fim de assegurar o

maior e melhor rendimento possível das práticas educacionais. Isso significa dizer

que tanto os profissionais da escola quanto aqueles que dão suporte extraclasse

devem integrar o processo educacional, atuando em diferentes níveis do

desenvolvimento humano.

2.3 A HISTÓRIA E ATUAÇÃO DO COLÉGIO BATISTA SHEPARD

Fundado em 05 de Março de 1908, na cidade do Rio de Janeiro, o Colégio

Batista Shepard, teve sua primeira unidade situada na Rua São Francisco Xavier, nº

11, com o nome de Colégio Batista Americano Brasileiro, casa que anteriormente

pertenceu ao Colégio Pedro II. Atualmente localiza-se em uma área de 27.000 m²,

na rua José Higino, nº 416, Tijuca, bairro clássico da zona Norte da cidade do Rio de

Page 30: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

30

Janeiro. Essa propriedade pertenceu ao Barão de Itacurussá e foi adquirida em 1911

pelos missionários Dr. A. B. Deter, Sr. W. C. Canadá e Dr. John J. Watson Shepard,

norte-americanos que idealizavam disseminar o evangelho e a educação em solo

brasileiro. Assim, foram iniciadas as atividades acadêmicas com doze alunos e seis

seminaristas. Quatro anos após a fundação dessa academia, em 1915, graduou-se

a primeira turma do curso de Bacharel em Ciências e Letras. Posteriormente, as

atividades da unidade de São Francisco Xavier foram transferidas para a Rua do

Bispo, nº 157, onde passou a funcionar o Internato Feminino. Mais tarde, foram

iniciadas as atividades do internato masculino no Edifício Ray, prédio inaugurado em

1921, e, onde, no ano seguinte, também passou a funcionar a Escola Teológica para

Obreiras Batistas.

O Colégio Batista e o Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, até 1936,

representavam uma única entidade. A partir desse ano, as unidades institucionais

foram dissociadas, o que garantiu total autonomia a ambas.

A Junta de Educação da Convenção Batista Carioca é a entidade

mantenedora do colégio, cuja infraestrutura é composta por biblioteca, capela e

capelania, laboratórios de informática e de ciências, laboratório de desenvolvimento

da inteligência, parque aquático, complexo poliesportivo, salas de música, salas de

expressão artística, sala de educação física, brinquedoteca, miniauditório, auditório

para quatrocentas pessoas, sala para ensino de idiomas, bicicletário, conjunto de

vestiários, reprografia, cantinas, campos/quadras e restaurantes.

O público estudantil do Colégio Batista Shepard é composto por

aproximadamente 1.200 alunos. A instituição oferece desde a educação infantil até o

ensino médio e recebe crianças com necessidades educacionais especiais em

qualquer nível escolar. Tem compromisso com a educação que integra a

disseminação dos princípios cristãos e o desenvolvimento do ser humano no que

tange ao senso crítico e à criatividade. Está engajada em aperfeiçoar suas práticas

pedagógicas para melhor atender os discentes com necessidades especiais,

contribuindo efetivamente para a promoção da inclusão social.

É responsabilidade da escola a construção de seu projeto pedagógico que

tem por objetivo imprimir a identidade da instituição, criar e organizar ações que

colaborem para o bom desempenho dos acadêmicos e estabelecer o tipo de

formação que pretende oferecer ao seu público-alvo. É através dele que as

instituições de ensino com a participação de toda a equipe pedagógica (entende-se

Page 31: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

31

por tal termo todos os gestores da educação, inclusive, os professores),

estabelecem os conteúdos a serem trabalhados, os objetivos a serem alcançados e

disponibilizam os meios para realizá-los. As adaptações lhe são inerentes por se

tratar de um processo constituído por propostas que estão a serviço do ensino e da

aprendizagem que, por sua vez, requer dinamismo e versatilidade. As adaptações

curriculares têm de estar em consonância com o plano pedagógico para que os

objetivos esperados sejam alcançados com a máxima eficiência.

Dentro de uma linha pedagógico-filosófica estruturada e desenvolvida pela

equipe técnico-pedagógica, o Colégio Batista Shepard elaborou, a partir das

propostas constantes nos PCN e do currículo do ensino regular construído pelo

próprio colégio, um documento que atendesse exclusivamente a criança com

Transtorno do Espectro Autista matriculada no 5º ano do ensino fundamental. Trata-

se de um dispositivo a serviço do processo educacional escolar, encontra-se, pois,

em construção, admitindo adaptações, com vistas ao desenvolvimento cognitivo e à

formação educacional do discente com tal síndrome.

2.4 O CURRÍCULO ADAPTADO DO COLÉGIO BATISTA SHEPARD

Os Parâmetros Curriculares Nacionais: Adaptações Curriculares contêm

estratégias para atender a alunos com necessidades especiais. Servem como

norteadores para os docentes desenvolverem suas práticas pedagógicas através de

um currículo ajustado ao aluno que necessita de um modo diferenciado de

aprendizagem. As adequações são feitas de acordo com o grau de déficit cognitivo e

dos transtornos cerebrais apresentados pelo discente.

A coordenadora e orientadora pedagógicas do 1º segmento do ensino

fundamental do Colégio Batista Shepard e a professora regente do 5º ano

adaptaram o currículo do ensino regular para atender a um aluno com Transtorno do

Espectro Autista. É fato que essas adequações previamente elaboradas podem e

devem ser questionáveis ao longo das práticas educacionais em sala de aula, visto

que esse instrumento deve estar a serviço de um processo de aprendizagem

dinâmico e flexível, que não pode ser fechado em si mesmo, mas precisa se

adequar às peculiaridades do indivíduo com tal transtorno. É fato, também, que

essas particularidades só são percebidas quando efetivamente exigidas.

Page 32: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

32

É necessário esclarecer que é com base nas demandas em sala de aula e nos seus objetivos que será seguido esse planejamento curricular, e, se necessário, uma nova organização do mesmo. Este planejamento está sujeito a modificações e ajustes ao longo de sua aplicação, objetivando o salto qualitativo do aluno. (COLÉGIO BATISTA SHEPARD, 2014).

Os planos curriculares são um dos tentáculos que compõem a educação

escolar inclusiva e diferenciada. Outro aspecto igualmente relevante diz respeito à

presença, em sala de aula, de um profissional qualificado que assista ao aluno com

necessidades especiais em seu processo de aprendizagem. Para garantir tal

formação, a família do discente, escolhido como sujeito do estudo, contratou uma

mediadora que o acompanhou em todas as atividades escolares durante o período

letivo de 2014. Sua presença contribuiu, significativamente, para a aplicação e

aperfeiçoamento do currículo adaptado, determinando o nível de complexidade e de

aprofundamento que o conteúdo foi trabalhado.

2.5 PERFIL DO ALUNO

O aluno que fez parte deste estudo é uma criança de 12 anos com autismo de

alta funcionalidade. Trata-se de uma criança dócil, tranquila e sensível que, como

qualquer outra, adora guloseimas. Apesar de interagir minimamente com os colegas

em sala de aula, sabia o nome e, às vezes, o sobrenome de cada um deles

(aproximadamente 25 alunos).

Suas áreas de maior interesse, percebidas durante o período das

observações na escola, foram marcadamente o desenho e a pintura. Sempre muito

sincero em suas manifestações de afeto demonstrava muito carinho pela mediadora

e, quando não a obedecia, costumava perguntar: “- Tá zangada?” ou “Tá com

raiva?”, manifestando preocupação com o descontentamento dela. E, em seguida,

costumava abraçá-la e beijá-la como se fosse um pedido de desculpas.

Seu desenvolvimento psicomotor e afetivo-emocional é acompanhado por

profissionais de fonoaudiologia, psicologia e psiquiatria, o que contribui,

significativamente, para o progresso contínuo de seu processo de aprendizagem e

para uma convivência social mais consciente e interativa.

Page 33: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

33

2.6 PERFIL DA MEDIADORA

A mediadora que acompanhou o educando durante o ano letivo de 2014 é

uma profissional com formação em docência pela Escola Normal Heitor Lira. Cursou

Mediação Escolar e atua há 5 anos na educação especial. Em 2014, assumiu a

mediação desse discente. Nesse mesmo ano, finalizou o sexto período do curso de

Pedagogia. É uma especialista educacional contratada pela família do aluno e não

tem vínculo empregatício com o Colégio Batista Shepard. Seu grau de envolvimento

com o corpo pedagógico do colégio é mínimo, cabendo a ela fazer as adaptações

necessárias com base no planejamento da professora regente da turma.

Page 34: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste capítulo são apresentados os procedimentos metodológicos que

abrangem os seguintes aspectos deste estudo avaliativo: tipo de abordagem

adotada, escolha do instrumento, aplicação dos instrumentos, descrição da coleta de

dados, tratamento dos dados e critérios de julgamento.

3.1 ABORDAGEM AVALIATIVA

O ato de avaliar é inerente ao ser humano. É esse senso crítico que permite a

qualquer pessoa vislumbrar outras possibilidades diante de uma situação de

desgaste, mudar estratégias para se alcançar resultados satisfatórios ou propiciar

uma nova tomada de decisões, a fim de se atingir os objetivos desejados. Qualquer

área da atividade humana é perpassada por diferentes modalidades de avaliação, as

quais podem conter ou não um corpo teórico.

Por se tratar de um estudo de caso, que acompanhou um aluno com

necessidades especiais, este trabalho concentrou-se em avaliar questões que

envolvem o comportamento e o desenvolvimento cognitivo humano, portanto, uma

apreciação, essencialmente, qualitativa, em que a autora optou pelo uso de

abordagens que se apropriaram adequadamente da proposta deste trabalho,

conforme apontado a seguir. Entretanto, salienta-se que dados quantitativos também

foram coletados.

Michael Scriven, matemático, filósofo e teórico atuou, significativamente, na

área da avaliação, tanto na formulação de teorias quanto na elaboração de práticas

avaliativas e definiu avaliação como julgar o valor ou mérito de alguma coisa.

Segundo esse autor, essa é a meta de uma avaliação, enquanto seus papéis dizem

respeito à forma como os resultados serão usados.

A avaliação formativa, conceituada por Scriven (1967 apud WORTHEN;

SANDERS; FITZPATRICK, 2004), relaciona-se ao momento em que é realizado o

estudo avaliativo, ou seja, ela transcorre durante as atividades educacionais com o

objetivo de aperfeiçoar aquilo que está sendo implementado. As informações

advindas do processo avaliativo contribuem para o aperfeiçoamento das práticas

educacionais. Seu objetivo é determinar o valor ou a qualidade do programa,

visando aprimorá-lo. De acordo com Scriven, esse é um dos papéis da avaliação

formativa e as informações advindas desse tipo de abordagem podem conduzir a

Page 35: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

35

equipe do programa a uma nova tomada de decisões para aperfeiçoá-lo. Como este

trabalho tratou de avaliar o desenvolvimento alcançado por um aluno específico nas

competências, habilidades e conteúdos propostos pelo currículo adaptado durante a

realização das atividades educacionais, teve caráter formativo que resultou em um

feedback para aqueles que estavam envolvidos com a elaboração e aplicação do

currículo adaptado.

Outra abordagem de relevância para este estudo é a avaliação livre de metas

defendida por Scriven (1973 apud VIANNA, 2000), a qual enfatiza a necessidade do

avaliador se concentrar na busca de resultados reais do programa, ou seja,

esclarecer o que o programa está efetivamente fazendo e não o que intenciona

fazer. Significa que o avaliador não deve estar centrado apenas nos objetivos pré-

determinados que, muitas vezes, não são alcançados ou se restringem a um plano

aquém do que é realmente atingido, mas privilegiará os resultados que foram

produzidos pelo programa. A opção por esse modelo de avaliação justifica-se pelo

fato de se tratar de um estudo avaliativo cujo objeto está relacionado ao

desenvolvimento escolar de uma criança com Transtorno do Espectro Autista e, por

isso, passível de apresentar indicadores não considerados antecipadamente.

Este trabalho também comporta análises de cunho exploratório-descritivo. De

acordo com Tripodi et al. (1975, apud HAMER; ORSOLIN; HAMER, 2004), estudos

exploratórios:

São aqueles estudos que buscam descrever um fenômeno, podendo haver preocupação com uma análise de comportamento, onde são realizadas análises empíricas e teóricas. As descrições apresentam-se tanto em forma qualitativa, como quantitativa e ocorre o acúmulo de informações detalhadas.

Ainda, segundo esse teórico, o caráter descritivo contribui para que “as

práticas sejam melhoradas através da descrição e análise de observações objetivas

e diretas” (TRIPODI et al., 1975, apud HAMER; ORSOLIN; HAMER, 2004), assim

como se processou neste estudo de caso.

A autora deste estudo avaliativo escolheu os currículos adaptados de

Matemática e Língua Portuguesa por entender que se trata das disciplinas que

alicerçam a aquisição e a produção de conhecimento em qualquer área de estudo. A

LDBEN, inclusive, assim as considera quando, no Inciso I do Art. 32, determina

Page 36: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

36

como uma das prerrogativas para a formação básica do cidadão “o desenvolvimento

da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura,

da escrita e do cálculo”.

Conforme dito anteriormente, para desenvolvimento deste trabalho, optou-se

por utilizar a metodologia de estudo de caso, que de acordo com Lüdke (1983, p.

15),

Procura retratar, naturalmente, a realidade do fenômeno educacional em sua inteireza, sem depender muito de artifícios analíticos utilizados por outros métodos da investigação científica. No esforço de retratar a realidade, o pesquisador dela procura se aproximar ao máximo, tanto pela sua maneira de agir durante o estudo, como pelo relato final. Ao privilegiar a visão do todo e estimular o uso da interpretação pessoal, o estudo de caso permite ir além do que a simples apresentação de dados numéricos permitiria.

Yin (2001) e Stake (2000) afirmam que estudos de caso podem ser norteados

pelos seguintes passos:

1) Formulação do problema;

2) Definição da unidade-caso;

3) Determinação do número de casos;

4) Elaboração do protocolo;

5) Coleta de dados;

6) Avaliação e análise dos dados;

7) Preparação do relatório.

Com base nessa proposta metodológica, foram percorridas as seguintes

etapas para realização deste trabalho avaliativo:

1ª – Foi definido o tipo de problema a ser estudado, ou seja, avaliar o

currículo adaptado das disciplinas Matemática e Língua Portuguesa para aluno com

Transtorno do Espectro Autista.

2ª – Foi identificado aluno com Transtorno do Espectro Autista de alta

funcionalidade e que frequenta classe regular de ensino fundamental.

3ª – Devido à extensão do trabalho avaliativo, foi escolhido apenas um

discente em um contexto estritamente escolar.

4ª – Foi feito pedido de autorização pela autora deste estudo ao Colégio

Batista Shepard para a coleta de dados realizada através de observações em sala

Page 37: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

37

de aula sobre as atividades em Matemática e Língua Portuguesa pelo aluno com

Transtorno do Espectro Autista (Apêndice A). Do mesmo modo, o Colégio Batista

Shepard solicitou autorização aos pais do aluno para que a autora do estudo

realizasse as observações em sala de aula, focalizando as atividades realizadas

pelo aluno nessas duas disciplinas.

Para realizar este estudo avaliativo foi utilizado um instrumento de avaliação

que precisou ser confrontado com os currículos adaptados do Colégio Batista

Shepard para atender o aluno com Transtorno do Espectro Autista. Essa análise foi

realizada antes da coleta de dados para que pudesse ser constatada a

compatibilização entre ambos, fato confirmado pela autora deste estudo.

Antes de iniciar a observação, a autora realizou algumas entrevistas não

estruturadas para conhecimento do contexto da avaliação e, conforme o incremento

das observações registradas, em determinados momentos, algumas informações

tornaram-se relevantes para esclarecer algumas lacunas no processo de

investigação.

Foram entrevistadas a coordenadora pedagógica e a professora regente,

responsáveis pelas adaptações curriculares; a mediadora contratada pela família do

aluno e que o acompanhou em tempo integral, cabendo a ela a responsabilidade de

todo o processo de ensino-aprendizagem do aluno com Transtorno do Espectro

Autista, ou seja, desde a explanação da abordagem teórica até a execução de todas

as tarefas em sala de aula. Sua presença viabilizou a prática das competências,

habilidades e conteúdos propostos no currículo adaptado, o que colaborou

significativamente para o desempenho positivo do aluno nas atividades escolares.

5ª - Registro escrito das observações feitas em sala de aula sobre todas as

atividades realizadas nas disciplinas Matemática e Língua Portuguesa pelo aluno

com Transtorno do Espectro Autista. O período de observação correspondeu ao

segundo trimestre letivo, iniciado em 5 de maio e finalizado em 23 de agosto de

2014, totalizando 129 horas de observação em sala de aula, das quais 55 horas/aula

referentes à Matemática e 74 horas/aula à Língua Portuguesa.

Para realização deste estudo avaliativo de cunho predominantemente

qualitativo, a autora optou pela observação não estruturada, por se tratar de uma

investigação sobre a aprendizagem de um aluno com Transtorno do Espectro

Autista e, não participante, a fim de manter o maior grau possível de imparcialidade

na coleta de dados, pois “na medida em que fazemos parte do grupo observado,

Page 38: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

38

tendemos a concordar com as crenças e as opiniões nativas, e a observação se

torna mais difícil de ser empreendida de um ponto de vista distanciado” (SA EARP,

2012, p. 196). Além disso, o não distanciamento do “observador pode causar um

viés pessoal excessivo nas observações na medida em que não consiga realizar

estranhamento” (DA MATTA, 1978, apud SÁ EARP, 2012, p. 28).

Pesquisa bibliográfica também fez parte deste trabalho para coletar

informações referentes ao Transtorno do Espectro Autista e ao currículo adaptado

para alunos com essa modalidade de transtorno.

6ª – Após a coleta de dados, processou-se a sua análise.

7ª – Os resultados do estudo estão apresentados no Capítulo 4.

Estudar as reações do ser humano requer do observador a maior isenção

possível ao descrevê-las e interpretá-las, pois muitas vezes, as atitudes do

respondente se distanciam do padrão de conduta social, o que pode acarretar

distorções na análise do estudo. Quando se trata de uma pessoa com Transtorno do

Espectro Autista, tal afastamento pode ser mais significativo ainda, em decorrência

do comportamento peculiar produzido pela síndrome. Por isso, torna-se

imprescindível recorrer à literatura antes mesmo de se iniciar o período de coleta de

dados para que os elementos relacionados ao objeto de observação e análise se

tornem mais inteligíveis.

3.2 CONSTRUÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM DE ALUNOS AUTISTAS

Na busca de um instrumento que contemplasse a avaliação educacional de

alunos com necessidades educacionais especiais, em setembro de 2013, a autora

encontrou, em ambiente virtual, o documento intitulado “Referencial sobre Avaliação

na Área da Deficiência Intelectual” elaborado pela Secretaria Municipal de Educação

de São Paulo (2008), por meio da Diretoria de Orientação Técnica – Educação

Especial e Especialistas em Deficiência Intelectual dos Centros de Formação e

Acompanhamento à Inclusão (CEFAI), das Diretorias Regionais de Educação. Esse

instrumento de avaliação foi disponibilizado para a rede de ensino, portanto,

encontra-se devidamente validado. A proposta de avaliação constante desse

instrumento é estruturada de forma a “identificar os processos de desenvolvimento e

aprendizagem dos alunos com deficiência intelectual” (SECRETARIA MUNICIPAL

Page 39: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

39

DE EDUCAÇÃO, 2008, p.5). Nenhum outro dispositivo de avaliação voltado para a

educação especial foi encontrado apesar da relevância de se ter uma ferramenta

que consiga mensurar, de alguma forma, uma modalidade de atendimento que vem

crescendo e se tornando significativo na área educacional.

O currículo adaptado do Colégio Batista Shepard está estruturado em seções,

a saber: I – Competência; II – Habilidade; III – Conteúdos; IV – Procedimentos; V –

Interdisciplinaridade; VI – Bibliografia; VII – Avaliação. Para relacioná-lo ao

instrumento de avaliação, foram considerados apenas os itens I, II e III, uma vez que

estes se referem aos descritores das disciplinas, mantendo relação direta com o

instrumento de avaliação, enquanto os demais tratam de questões que não o

compõem, mas descrevem o modo como esses descritores devem ser trabalhados,

como se relacionam com as outras disciplinas, os livros adotados e a modalidade de

avaliações propostas.

Ao se confrontar o currículo adaptado do Colégio Batista Shepard com o

instrumento de avaliação, ficou constatado que os descritores constantes naquele

foram integralmente comtemplados neste. Dessa forma, não houve necessidade de

se elaborar um novo instrumento para este estudo avaliativo, porém foi realizada

uma validação do mesmo da seguinte maneira:

1º- As competências, habilidades e os conteúdos do currículo adaptado foram

numerados.

2º- Foram identificados pela autora deste estudo, os descritores propostos no

currículo adaptado para as áreas de Matemática e Língua Portuguesa,

correlacionando-os aos indicadores do instrumento de avaliação através de um

registro numérico para cada uma das competências, habilidades e conteúdos

identificados.

Em reunião com a coordenadora e orientadora pedagógicas do colégio, foi

realizada nova análise dos descritores trabalhados no currículo adaptado em

confronto com o instrumento de avaliação, registrando o número total de descritores

identificados.

3º- Foram confrontadas as duas análises realizadas, porém não houve

necessidade de serem feitos ajustes relevantes.

4º- Como não houve necessidade de alterar o instrumento original, seus

indicadores foram transcritos e acrescentaram-se a eles os padrões de avaliação

Page 40: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

40

propostos para que se tornasse possível o registro das observações (Quadro 1 e 2).

Diante dessa realidade, o instrumento não precisou ser revalidado.

Os quadros de critérios que orientaram este estudo avaliativo foram

construídos a partir do instrumento de avaliação elaborado pela Secretaria Municipal

de Educação de São Paulo empregado em processos de avaliação de

aprendizagem nas áreas curriculares que atendem a alunos com deficiência mental.

Desses quadros constam as categorias e os indicadores relativos à disciplina

Matemática e Língua Portuguesa e os padrões de julgamento utilizados na avaliação

dos alunos.

Quadro 1 – Categorias, indicadores e padrões de julgamento - Matemática

Categorias Indicadores (M) Padrão

RPL RPA RCA NR CNAA

Número

Compreende e utiliza as regras do sistema de numeração decimal, para leitura e escrita, operando de acordo com sua capacidade: unidades de dezena ou de centena.

Explora diferentes significados das frações em situações concretas e vivenciais: parte-todo, inteiro-metade.

Operações

Resolve situações-problema, compreendendo diferentes significados das operações, envolvendo números naturais, mesmo que com ajuda direta e operando de acordo com sua capacidade: unidades de dezena ou de centena.

Resolve adições com números naturais e usa de estratégias de verificação e controle de resultados pelo uso da calculadora, mesmo que com ajuda direta e operando de acordo com sua capacidade: unidades de dezena ou de centena.

Resolve subtrações com números naturais e usa estratégias de verificação e controle de resultados pelo uso da calculadora, mesmo que com ajuda direta e operando de acordo com sua capacidade: unidades de dezena ou de centena.

Resolve multiplicações com números naturais e usa estratégias de verificação e controle de resultados pelo uso da calculadora, mesmo que com ajuda direta e operando de acordo com sua capacidade: unidades de dezena ou de centena.

(Continua)

Page 41: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

41

(Conclusão)

Categorias Indicadores (M) Padrão

RPL RPA RCA NR CNAA

Operações

Resolve divisões com números naturais, usa estratégias de verificação e controle de resultados pelo uso da calculadora, mesmo que com ajuda direta e operando de acordo com sua capacidade: unidades de dezena ou de centena.

Compreende o significado das frações em situações concretas.

Espaços e Formas

Representa, de forma dirigida, por meio de desenhos, a localização ou movimentação de uma pessoa ou de um objeto.

Identifica, com ajuda, semelhanças e diferenças entre poliedros (como os prismas, as pirâmides e outros).

Identifica, com ajuda, semelhanças e diferenças entre polígonos, considerando seu número de lados e de ângulos.

Grandezas e Medidas

Identifica unidades usuais de tempo (dia, semana, mês e ano) e temperatura (quente-frio) em situações cotidianas.

Utiliza, de forma dirigida, algumas unidades de tempo: dia, semana, mês, consultando calendários e faz leitura de horas e minutos em relógios digitais.

Utiliza o sistema monetário brasileiro em situações concretas do cotidiano.

Utiliza unidades usuais de comprimento, massa e capacidade em situações do cotidiano.

Fonte: A autora (2014). Legenda: RPL – realiza plenamente; RPA – realiza parcialmente; RCA – realiza com ajuda; NR – não realiza; CNAA – conteúdo não apresentado ao aluno.

A análise de dados foi feita a partir das competências, habilidades e

conteúdos descritos no currículo adaptado e, posteriormente, confrontados com o

instrumento de avaliação, que era composto, inicialmente, por seis padrões, dos

quais cinco foram mantidos no quadro de critérios. Apenas o padrão NAG - conteúdo

não apresentado ao grupo – foi retirado por se tratar de um estudo com um único

integrante.

No decorrer do processo de análise, houve necessidade de se criar algumas

normas para tornar o quadro de critérios mais funcional e compreensível, conforme

descrições relacionadas a seguir.

Page 42: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

42

Concernente aos padrões, foram utilizadas as mesmas diretrizes para as

duas disciplinas. RPL refere-se a todos as respostas corretas alcançadas pelo aluno

sem qualquer ajuda. RPA representa exclusivamente as respostas dadas, com ou

sem ajuda, que apresentaram erros. Esse critério foi adotado no momento de se

registrar os resultados quantitativos, em função da necessidade de se determinar os

limites entre os padrões RPA e RCA. O padrão RCA corresponde a todos os

exercícios realizados com ajuda direta da mediadora e respondidos corretamente.

NR diz respeito às questões, cujos conteúdos foram apresentados ao aluno, porém

ele não conseguiu resolvê-las.

Enquanto em Matemática, o quadro de critérios foi analisado

quantitativamente, em Língua Portuguesa ele não foi preenchido numericamente por

se tratar de uma disciplina cujo processo, em grande parte, não pôde ser

mensurado. As construções textuais elaboradas pelo aluno e tantas outras

interpretadas com a ajuda da mediadora, por exemplo, não comportaram uma

análise quantitativa.

Quadro 2 – Categorias, indicadores e padrões de julgamento - Língua Portuguesa

Categorias Indicadores (P) Padrão

RPL RPA RCA NR CNAA

Leitura

Relaciona o gênero à situação concreta. Por exemplo: receita, bilhete, conto, notícia, gibi e música.

Lê textos de seu cotidiano de maneira hipotética, ajustando o falado ao escrito ou apoiando-se na ilustração.

Estabelece conexões entre o texto e os conhecimentos prévios, vivências, crenças e valores.

Estabelece a relação entre o título e o corpo do texto ou entre as imagens (fotos, ilustrações) e o corpo do texto.

Compreende o assunto do texto com base nos indicativos figurativos e de palavras-chave.

Explicita a ideia principal (O que o texto fala do assunto tratado?).

Reconhece, com ajuda, os temas subjacentes às lendas e aos mitos (o Universo, o mundo, a vida).

Infere o sentido das palavras a partir do contexto e com orientações específicas.

(Continua)

Page 43: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

43

(Continuação)

Categorias Indicadores (P) Padrão

RPL RPL RPL RPL RPL

Leitura

Infere, a partir de elementos presentes no próprio texto e com ajuda direta, o uso de palavras no sentido figurado.

Recupera informações explícitas mesmo que através de palavras-chave ou marcas tipográficas.

Localiza de forma dirigida informações em gráficos, tabelas, mapas etc.., que acompanham o texto.

Usa os pronomes, com orientação, como sinônimos para estabelecer coesão textual.

Leitura

Reconhece no texto escrito as informações sobre problema e solução, fato e opinião relativa ao fato narrado.

Levanta de forma dirigida as ideias principais do texto para organizá-las em sequência lógica.

Descreve personagens e identifica o narrador.

Reconhece o espaço onde ocorrem os eventos narrados: se a história ocorre no campo, na cidade, na escola, no jardim etc.

Produção Escrita

Produz texto simples, com apoio, levando em conta o gênero (receita, lista, bilhete) com base em sua hipótese de escrita.

Reescreve texto a partir de modelo, levando em conta o gênero e o seu contexto de produção, com ajuda.

Revisa o texto, através de modelo, com apoio dirigido, percebendo erros na grafia de palavras conhecidas e significativas.

Participa da proposta de resumo de artigo de divulgação científica.

Análise e Reflexão Sobre a Língua e a Linguagem

Identifica com auxílio do professor, possíveis elementos constitutivos (data, horário, nome, imagens, setas, títulos, subtítulos, ingredientes) da organização interna de um gênero (bilhete, lista, receita, notícia, trova).

Reconhece, com apoio direto, em relação à finalidade e ao interlocutor, o nível de linguagem em uso: formal/ informal.

(Continua)

Page 44: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

44

(Continuação)

Categorias Indicadores (P) Padrão

RPL RPL RPL RPL RPL

Análise e Reflexão Sobre a Língua e a Linguagem

Distingui fala de personagem do enunciado do narrador.

Observa de forma dirigida expressões que marcam a progressão do tempo e as que estabelecem as relações de causalidade entre os acontecimentos relatados num texto: história, quadrinhos, contos e canções.

Identifica marcadores espaciais (dentro/fora, em cima/embaixo, direita/esquerda etc.) para compreender alguns de seus usos.

Análise e Reflexão Sobre a Língua e a Linguagem

Examina, com orientação, o uso dos verbos do dizer para introduzir a fala dos personagens.

Examina com orientação o uso dos verbos de ação/deslocamento: seguir, vir, passar, contornar etc.

Identifica, com apoio, marcadores temporais (depois, logo após, então, em seguida etc.).

Examina com apoio o uso de elementos para-textuais: box, gráficos, tabelas e infográficos.

Vivencia de forma concreta o uso de metáforas.

Observa o funcionamento do ritmo e da rima dos poemas.

Escuta - Produção Oral

Participa de situações de intercâmbio oral e rodas de conversas nas diferentes situações de aula.

Participa de recontar textos de diferentes gêneros, com apoio do professor, colega ou figuras, percebendo as características do texto-fonte.

Ouve com atenção textos lidos ou contados, apresenta postura de escuta: olha para o leitor, dirige o olhar para as figuras etc.

Recita poesias, versos e trovas conhecidos.

Colabora na preparação de roteiro para realizar entrevista.

Dramatiza textos.

Expõe assuntos pesquisados, com ajuda do colega, apoiando-se em ilustração ou pequeno esquema.

(Continua)

Page 45: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

45

(Conclusão)

Categorias Indicadores (P) Padrão

RPL RPA RCA NR CNAA

Escuta - Produção Oral

Aprecia poemas lidos.

Relata acontecimentos, respeitando a sequência temporal e causal.

Expectativas de Aprendi- zagem dos Padrões de Escrita

Segmenta o texto em parágrafos em razão das restrições impostas pelos gêneros.

Pontua corretamente final de frases, usando inicial maiúscula.

Pontua corretamente os elementos de uma enumeração.

Emprega a vírgula para isolar inversões e intercalações no interior das frases.

Pontua, corretamente, com apoio, passagens de discurso direto, diferenciando do discurso narrativo.

Aplica a regra geral de concordância verbal e nominal.

Formata graficamente o texto.

Fonte: A autora (2014). Legenda: RPL – realiza plenamente; RPA – realiza parcialmente; RCA – realiza com ajuda; NR – não realiza; CNAA – conteúdo não apresentado ao aluno.

Foram adotados padrões diferentes para o instrumento de avaliação em

relação aos utilizados para o quadro de critérios, a fim de se obter medidas

adequadas para retratar os resultados deste trabalho avaliativo, a saber:

- Atende Plenamente – indicador totalmente atendido

- Atende Parcialmente – indicador parcialmente atendido

- Não Atende – indicador não atendido

Para compreender como os descritores do currículo adaptado encontram-se

distribuídos entre os indicadores do instrumento de avaliação e, em que proporção,

foram contemplados por este instrumento, elaborou-se as Tabelas 1 e 2.

Page 46: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

46

Tabela 1 – Distribuição dos descritores do currículo adaptado em relação aos indicadores do instrumento de avaliação - Matemática

Descritores do CA Nº

Indicadores (M) do IA Nº

Nº de indicadores constantes nos descritores

1 01, 08, 09, 10 e 11 5

2 01, 07 e 11 3

3 07, 08, 09, 10 e 11 5

4 07, 10 e 11 3

5 07, 08, 09, 10 e 11 5

6 01, 08 e 10 3

7 01, 03 e 12 3

8 03, 07, 11 e 12 4

9 07, 08, 09, 10 e 11 5

10 07, 08, 09, 10, 11 e 12 6

11 24, 25, 26 e 27 4

12 01, 03, 07, 11 e 12 5

13 08, 09, 10 e 11 4

14 24, 25, 26 e 27 4

15 17 1

16 18 1

17 21 1

18 18 e 21 2

19 27 1

20 26 1

21 01 e 24 2

22 01 e 24 2

23 18 e 21 2

24 21 1

25 10 1

26 11 e 12 2

Fonte: A autora (2014).

Fazendo uma análise comparativa entre o currículo adaptado do Colégio

Batista Shepard e o instrumento de avaliação em cada uma das disciplinas,

verificou-se que alguns descritores daquele são contemplados com maior frequência

neste. Ao se observar os currículos adaptados, fica evidente que esse fato se

processa em ambos os currículos, conforme demostram as Tabelas 1 e 2, que

apresentam a distribuição das competências, habilidades e conteúdos em relação a

cada indicador e suas respectivas disciplinas. Assim sendo, os 26 descritores

constantes no currículo adaptado de Matemática estão distribuídos entre os 15

indicadores do instrumento de avaliação. Essa ocorrência é justificada pelo fato de

que alguns indicadores relacionam-se com diferentes aspectos de um mesmo

descritor, como é o caso, por exemplo, do descritor 10 que corresponde a seis

indicadores simultaneamente. Significa dizer que, enquanto o descritor é abrangente

Page 47: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

47

em relação a um tema de estudo, o indicador é mais específico na forma de

apresentar as questões advindas do mesmo tema.

Tabela 2 – Distribuição dos descritores do currículo adaptado em relação aos indicadores do instrumento de avaliação - Língua Portuguesa

Descritores Nº Indicadores (P) - Nº Nº de indicadores

constantes nos descritores

1 3, 16, 17, 36, 37, 49 e 67 7

2 2, 15, 23, 44, 54 e 67 6

3 96 1

4 4 e 67 2

5 10 1

6 12 1

7 42, 44 e 96 3

8 6 1

9 14 1

10 51 e 58 2

11 9, 34, 35, 50, 53, 55, 60 e 64 8

12 9 1

13 6, 7 e 9 3

14 9, 13, 40 e 45 4

15 32 1

16 11 e 49 2

17 97 1

18 32 1

19 1, 3, 8, 16, 17, 23, 33, 37, 51, 62, 65 e 67

12

20 32 1

21 84, 85, 86 e 87 4

22 84 1

23 42, 44 e 96 3

24 13 1

25 29, 83, 84 e 85 4

26 9 e 13 2

27 9 e 13 2

Fonte: A autora (2014).

Em relação à Língua Portuguesa, os 27 descritores perpassam pelos

quarenta e sete indicadores do instrumento de avaliação. Conforme mostra a Tabela

2, o descritor nº 1, por exemplo, está diretamente relacionado a 7 indicadores,

enquanto os de nº 11 e 19 estão inseridos em 8 e 12 indicadores, respectivamente.

Reforça-se, aqui, a mesma relação entre o currículo adaptado e o instrumento de

avaliação verificada em Matemática.

Page 48: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

48

3.3 ANÁLISE DOS DADOS

Inicialmente, as observações foram separadas por disciplinas, respeitando a

ordem cronológica para que a análise qualitativa fosse processada.

Os dados foram analisados correlacionando os descritores do currículo

adaptado às observações coletadas em sala de aula através de registros escritos, e,

posteriormente, confrontados com o quadro de critérios de cada disciplina. Em

sequência, as informações contidas nesses Quadros foram relacionadas aos

indicadores do instrumento de avaliação de Matemática e de Língua Portuguesa

para a apresentação do resultado final.

É preciso ressaltar que todo o processo de ensino-aprendizagem relativo a

este aluno foi desenvolvido com a intervenção direta de sua mediadora, prática que

deveria ser comumente utilizada com alunos autistas e que necessitam de estímulo

permanente na condução das descobertas e no desenvolvimento das diversas

competências, habilidades e conteúdos propostos nos currículos.

Muitos exercícios precisaram ser adaptados em maior ou menor dimensão, no

momento de sua realização, de acordo com o grau de complexidade que

apresentavam.

Page 49: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

4 RESULTADOS

A análise a seguir foi construída a partir dos 26 descritores do currículo

adaptado em Matemática e 27 em Língua Portuguesa. Obedeceu a ordem numérica

crescente e a classificação atribuída a eles. Em Matemática, os descritores do nº 1

ao 8 referem-se ao quesito Competência; enquanto os de nº 9 ao 14 correspondem

à Habilidade; 15 ao 26 são os itens pertinentes aos Conteúdos. Concernente à

Língua Portuguesa, estão assim distribuídos os 27 descritores: Competência - 1 ao

6; Habilidade - 7 ao 18; Conteúdos - 19 ao 27. Todos esses descritores são

apresentados nos Apêndices B e C.

Em um primeiro momento, foi realizada uma análise quantitativa em cada

uma das duas disciplinas. Para tal, foram elaboradas Tabelas com a quantidade de

respostas dadas pelo aluno de acordo com os padrões criados. Duas situações

distintas surgiram desse tipo de análise. Em Matemática, os dados quantitativos

puderam ser coletados em função da objetividade inerente a essa disciplina.

Entretanto, percebeu-se que essa análise não traduzia a realidade na disciplina de

Língua Portuguesa, uma vez que muitas respostas não puderam ser computadas

numericamente, em função da subjetividade atribuída, principalmente, ao estudo dos

diversos textos. Em função disso, os padrões criados se mostraram inapropriados

para retratar a essência dessa análise. Mesmo assim, as Tabelas foram anexadas

ao trabalho, a fim de mostrar a importância de se criar padrões perfeitamente

ajustados ao objetivo da avaliação.

Tabela 3 - Análise quantitativa das respostas do aluno em Matemática

Sem Erro Com Erro

Com ajuda 235

Sem ajuda 407

Com ajuda 40

Sem ajuda 83

Total 765

30,72% 53,20% 5,23% 10,85% 100%

Fonte: A autora (2014).

Os exercícios de Língua Portuguesa computados na Tabela 4 referem-se

apenas aos tópicos gramaticais por admitirem respostas objetivas.

Page 50: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

50

Tabela 4 - Análise quantitativa das respostas do aluno em Língua Portuguesa

Sem Erro Com Erro

Com ajuda 109

Sem ajuda 146

Com ajuda 58

Sem ajuda 23

Total 336

32,44% 43,45% 17,26% 6,85% 100%

Fonte: A autora (2014).

4.1 MATEMÁTICA

Antes de preencher o Quadro 3, localizado ao final do item 4.1.3, foi

necessário proceder a análise dos descritores, o que, por sua vez, reforçou a

importância de se elaborar um currículo adaptado que comporte conteúdo

diferenciado para atender a um público com necessidades especiais em decorrência

das limitações impostas pelas síndromes mentais.

4.1.1 Competências - Descritores 1 ao 8

“Desenvolver estratégias de cálculo que levem à compreensão das

propriedades das operações”, descritor nº 1. Associativa, comutativa, distributiva,

elemento neutro... são algumas das propriedades das quatro operações

matemáticas. Essa temática não foi abordada no decorrer do segundo trimestre

letivo.

“Repartir em partes iguais” refere-se ao descritor nº 2, que comporta os

problemas relacionados à divisão e às contas de dividir. O aluno fez oito problemas

que precisavam empregar a divisão em partes iguais. Em alguns momentos, a

mediadora utilizou canetas coloridas para auxiliar o aluno na visualização da divisão.

Foi necessário conduzir, passo a passo, o desenvolvimento de todos os problemas.

Do total de exercícios realizados foram alcançados sete acertos.

Em relação às contas de dividir, das 30 divisões feitas, o aluno errou oito.

Importante mencionar que as contas realizadas para atender a esse descritor foram

compostas por divisores simples (com apenas um algarismo). O número um, apesar

de fazer parte dos divisores simples estudados, não foi computado nesta análise,

por não resultar em divisões em partes iguais.

“Elaborar situações problemas para expressões numéricas”, descritor nº 3.

Esse conteúdo não foi trabalhado com o aluno de acordo com as observações

realizadas para este estudo avaliativo.

Page 51: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

51

“Descobrir os fatores e os divisores de números naturais” trata-se do descritor

nº 4. Foram estudados os divisores 1 ao 12, 14 ao 18, 20, 21, 24, 25 e 30 em

algumas modalidades de exercícios como: relacionar os divisores dos números

dados; aplicar os critérios de divisibilidade, determinar os divisores comuns e o

mínimo múltiplo comum (m.m.c.) entre dois números e questões com respostas

objetivas. Totalizaram 223 respostas. Foi considerado um acerto para cada divisor

relacionado corretamente e um erro para cada um não relacionado ou relacionado

equivocadamente. Explica-se, assim, o alto índice de respostas contabilizadas, das

quais 172 estavam corretas e 51 apresentaram erros. Os divisores com mais de um

algarismo constantes neste trabalho foram estudados unicamente para representar o

maior divisor de um número natural, uma vez que o aluno não sabia fazer cálculos

com divisores compostos. Embora frações também sejam divisões, elas foram

analisadas no descritor nº 7 e 8, que abordam exclusivamente esse conteúdo.

Os fatores de números naturais, matéria que compõe este descritor, foi um

conteúdo trabalhado como recurso para induzir o aluno a descobrir os divisores de

um número, aplicando a operação inversa, a multiplicação. Dentre as quatro

aplicações, houve apenas um acerto.

“Resolver problemas contendo as quatro operações” refere-se ao descritor nº

5. As operações matemáticas foram trabalhadas separadamente e suas análises

podem ser relacionadas ao descritor nº 2 “Repartir em partes iguais”, onde constam

oito problemas que envolveram divisão. Excetuando esse descritor, três questões

envolveram subtração e duas, multiplicação, em momentos distintos.

“Compor e decompor” refere-se ao descritor nº 6. O “Sistema monetário

brasileiro”, descritor nº 20, foi uma ferramenta utilizada em uma das modalidades de

exercícios para atender a composição e decomposição de valores. Um deles pedia

para colar o número de moedas autoadesivas de R$ 0,50; R$ 0,25; R$ 0,10 e

R$ 0,05 necessário para compor R$ 1,00. A mediadora precisou ajudar o aluno,

somando os valores um a um. O trabalho de colagem das moedas pareceu ser

bastante prazeroso para o aluno. Trabalhando ainda a composição de números

decimais, em outro momento, cada um dos valores dados se encontrava

decomposto em notas de R$ 100,00; R$ 10,00 e moedas de R$ 1,00. Era

necessário compor os preços finais para cada um dos três valores decompostos.

Todo o processo para a realização do exercício foi conduzido pela mediadora,

Page 52: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

52

incluindo as multiplicações. Dos 12 cálculos que perfizeram as três composições, o

aluno acertou 10.

Em relação à decomposição de números decimais, foi realizado um exercício

em que precisavam ser criadas três possibilidades diferentes de pagamento para

quatro produtos. Os preços deveriam ser decompostos em valores de R$1,00;

R$ 10,00 e R$100,00 simultaneamente. A mediadora solicitou apenas uma

combinação para cada um deles e os valores de 7 e 15 mil de dois produtos, foram

substituídos por 700 e 500 reais. As decomposições foram feitas com a orientação

da mediadora, embora todas as multiplicações decorrentes de cada uma delas

tenham sido efetuadas pelo aluno com sucesso.

Decompor os cinco preços discriminados em uma tabela, usando o menor

número de moedas de R$ 1,00; R$ 0,10 e R$ 0,01. O discente errou apenas uma

conta das 15 necessárias para a realização do exercício. Entretanto, quando foi

solicitada a decomposição dos valores R$ 2,40 e R$ 4,30 em exercício

imediatamente posterior, o aluno não conseguiu realizá-la.

“Trabalhar com números fracionários” (frações e números racionais) refere-se

ao descritor nº 7 que também remete ao de nº 12 “Perceber frações como números”.

Das modalidades de exercícios propostos para atender àquele descritor, escrever

em forma de fração as representações marcadas nas figuras foi um formato

trabalhado em 28 exercícios com acerto total.

As figuras geométricas foram utilizadas para o ensino de frações, como, por

exemplo, um círculo recortado em um papel que representou o inteiro, sua metade e

quarta parte, de acordo com o número de dobras feitas. Depois de ensinados esses

conceitos foram solicitados ao aluno o desenho de um círculo inteiro e sua metade,

o que foi feito corretamente. Entretanto, na representação, em outra figura, da

metade da metade, ou seja, a quarta parte, ele dividiu apenas ao meio.

Além do círculo, outras formas geométricas como eneágono, octógono,

pentágono e retângulo foram recortadas e coladas em uma folha em branco para

posteriormente serem elaborados problemas para cada uma das quatro figuras,

considerando suas partes coloridas. Neste exercício, a mediadora fez adaptações:

escreveu, numericamente, as frações que representavam as figuras e pediu para o

aluno colá-las ao lado da fração correspondente. A colagem foi feita corretamente.

Nos exercícios que solicitavam para escrever por extenso como se liam as 40

frações, 31 foram escritas corretamente e sem ajuda. A fração 5/3 que requeria a

Page 53: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

53

leitura de “avos” não foi feita por se tratar de um estudo não realizado pelo aluno.

Houve apenas três erros. As seis restantes foram realizadas com ajuda da

mediadora.

Identificar os números decimais ou frações que estavam indicados pelas

setas na reta numérica e, em versão inversa, marcar na reta a posição dos números

decimais e das frações dadas foram duas modalidades de exercícios em que as

frações foram desconsideradas, uma vez que, precisavam ser transformadas em

números decimais, e o aluno não realizava divisão de frações próprias - numerador

menor que o denominador. A representação de fração em retas não foi inteligível,

naquele momento, para o aluno. Dos 15 números propostos, o discente efetuou três,

sozinho e acertou, os demais foram executados com ajuda da mediadora.

Observar as adições e subtrações representadas nas retas numéricas,

transcrevê-las em forma de frações, além de realizar os cálculos advindos dessas

operações, relacionaram-se a 21 exercícios, dos quais 12 foram feitos sem qualquer

ajuda e corretamente.

O discente realizou com sucesso a representação, em fração ordinária, das

partes marcadas em cada uma das 15 retas apresentadas, ressaltando-se que 13

delas foram feitas corretamente sem qualquer ajuda da mediadora.

Em versão oposta a anterior, algumas frações ordinárias precisavam ser

representadas em retas. Do total de seis, o aluno fez três, com acerto, sem ajuda.

Ligar as cinco frações às figuras coloridas que correspondem às suas

representações foi uma tarefa que apesar de ter sido realizada com auxílio, foi de

fácil execução.

Na representação gráfica de 19 frações ordinárias, apenas três foram feitas

com ajuda, as demais o aluno fez sem auxílio, acertando todas.

Representar numericamente as frações decimais correspondentes à parte

colorida das seis figuras. Nesse exercício, quando o número fracionário era

composto por duas figuras, a mediadora solicitou a representação de cada uma das

figuras, separadamente. Considerando essa adaptação, o discente não teve

dificuldades e acertou tudo.

A adição e subtração de frações totalizaram 45 exercícios e o discente

alcançou 41 acertos sem qualquer ajuda da mediadora. Ressalta-se que nesta

modalidade de exercício foram trabalhadas, exclusivamente, frações com

denominadores comuns, uma vez que a soma ou subtração de frações com

Page 54: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

54

denominadores diferentes requeriam o cálculo do m.m.c., tarefa não realizada pelo

aluno. Em relação à adição de frações mistas, a parte inteira precisou ser eliminada,

pois o aluno não sabia transformá-las em frações impróprias (numerador maior que

o denominador).

O discente acertou a identificação da maior fração com denominadores

comuns em cada um dos três grupos apresentados.

Escrever em forma de fração decimal (aquela cujo denominador é

representado por 10 ou 100 ou 1000 ou outra potência positiva de 10) as quatro

representações numéricas, a saber: duas em cada 10; 25 em cada 100; 31 em cada

100 e três em cada 10. Este exercício foi respondido corretamente.

Em outro exercício, quatro frações decimais precisavam ser representadas

em três formas distintas: números decimais, gráficos e porcentagens. O primeiro

exercício foi feito com ajuda, os demais, o aluno fez sozinho sem cometer erros.

A partir dos dados estatísticos contidos em um gráfico foi solicitado ao aluno

escrevê-los em forma de fração, número decimal e porcentagem. A mediadora

ajudou na execução do primeiro exercício e, os outros dois, ele fez sozinho e

acertou.

Os números 0,2 e 50%; 1/4 e 25% precisaram ser pintados nas figuras dadas

e cada representação numérica correspondia a uma cor conforme indicações

constantes nas legendas. Foi necessária a ajuda da mediadora para realização

desse exercício e as frações 3/10 e 50/100 não foram representadas.

Houve acerto total na realização de dois exercícios em que um deles pedia

para que fossem representadas em fração, as três formas escritas por extenso e, em

outro, três frações com denominadores comuns deveriam ser organizadas em ordem

crescente.

Transformar as quatro frações decimais em porcentagem e escrever em

forma de fração as 12 porcentagens dadas foram duas modalidades de exercícios

executados com correção pelo aluno.

“Resolver problemas simples com frações” remete ao descritor nº 8 Apesar

das questões terem sido realizadas sob a orientação constante da mediadora, das

16 relacionadas a essa modalidade de exercício, 15 foram respondidas

corretamente. Como recurso para visualização do inteiro e suas partes, foi usada

massa de modelar para figurar uma pizza e suas fatias, além do uso de desenhos

Page 55: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

55

geométricos. A representação feita com esses elementos facilitou a apreensão de

frações como divisões e colaborou para despertar o interesse do aluno.

4.1.2 Habilidades - Descritores 9 ao 14

“Conhecer e valorizar os recursos disponíveis para que execute as quatro

operações matemáticas”, descritor nº 9. Dos recursos apresentados ao aluno para

realização de cálculos, a calculadora foi um instrumento utilizado para a correção de

algumas contas, conforme citado na análise do descritor nº 13. O sistema monetário

também pode ser considerado uma ferramenta de grande auxílio na elaboração e

compreensão das operações matemáticas. No descritor nº 6, a análise sobre

composição e decomposição, utilizando o sistema monetário, corrobora com esta

afirmativa. Para aquele descritor, cabe também a análise feita sobre critérios de

divisibilidade constante do descritor de nº 10 já que esses critérios são recursos que

podem ser aplicados a uma das operações matemáticas estudadas, a divisão.

“Observar os padrões apresentados e utilizá-los para realizar cálculos”,

reporta ao descritor nº 10. Os Critérios de divisibilidade são regras que auxiliam a

verificar se um número natural qualquer pode ser ou não divisível por outro número

também natural, sem que haja necessidade de se efetuar a divisão. Para execução

desse exercício, o discente precisou da orientação constante da mediadora. Foram

estudados os critérios de divisão para os divisores dois, três, cinco, seis, nove e 10.

Das 56 respostas, o aluno acertou 36.

As contas de adição, subtração e multiplicação estão compreendidas neste

descritor. Totalizaram 34, das quais 25 multiplicações, cinco subtrações e quatro

adições. As divisões encontram-se contabilizadas no descritor nº 2 “Repartir em

parte iguais”.

“Observar que as expressões numéricas podem ser associadas a um

contexto” refere-se ao descritor nº 11 que, assim como o descritor nº 3, “Elaborar

situações problemas para expressões numéricas”, não foi apresentado ao aluno em

decorrência de sua complexidade.

“Perceber frações como números” diz respeito ao descritor nº 12. Em função

do alto índice de acerto dos exercícios realizados com frações, conforme análise dos

descritores nº 7 e 8, pareceu evidente para o aluno a relação entre ambos. Os 91%

Page 56: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

56

de acertos alcançados nos exercícios de adição e subtração de frações, reforça tal

conclusão, uma vez que essas duas operações estão associadas a números.

“Selecionar e utilizar instrumentos de cálculo e representar dados” – descritor

nº 13. A calculadora foi o único instrumento de cálculo utilizado pelo aluno, em dois

momentos distintos. O primeiro para conferir 12 divisões realizadas, dentre as quais

seis estavam certas, quatro apresentaram erro e duas não foram feitas. O segundo,

para confrontar e corrigir as respostas das tabuadas de sete, oito e nove. Dos 27

cálculos, 15 estavam corretos. Ressalta-se que ele mostrou destreza no manuseio

desse instrumento.

“Reconhecer, utilizar, interpretar e propor modelos explicativos para

fenômenos dos mais diferentes contextos sociais, matemáticos e históricos” trata-se

do descritor nº 14. As unidades de dia, mês e ano foram trabalhadas, em alguns

momentos, com o uso de um calendário, em que o aluno riscava os dias que

antecederam àquela consulta. A cada dia riscado, a mediadora perguntava a que dia

da semana ele correspondia, apontando no calendário o respectivo nome. O mesmo

se processou em relação ao mês e ano.

A interpretação de fenômenos sociais e matemáticos tem sua abordagem em

um gráfico que descrevia o número de colisões de aviões com diferentes aves no

espaço aéreo. A significação dos dados ali registrados precisou da ajuda da

mediadora.

Em exercício relacionado ao descritor nº 20, ocorreu outra oportunidade para

utilização de tabela e gráfico para representar contextos sociais. A leitura dos dados

da tabela foi de fácil entendimento pelo aluno, entretanto, ele não conseguiu

representá-los no gráfico corretamente.

4.1.3 Conteúdos – Descritores 15 ao 26

Foram subdivididos em quatro classes:

1ª- “Espaço e Formas Geométricas” que corresponde aos descritores

nº 15, 16 e 17 conforme análises a seguir.

“Localização e orientação espacial” referem-se ao descritor nº 15. Os

conteúdos que compunham este descritor foram desenvolvidos, inicialmente, em

dois exercícios: o primeiro pedia para o aluno transcrever os percursos delineados,

na malha quadriculada, feitos por cada uma das duas crianças, tendo como

Page 57: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

57

referência os pontos cardeais, o que foi feito sem qualquer dificuldade; no segundo,

em modalidade inversa a anterior, foi necessário desenhar os percursos feitos pelas

duas crianças, a partir dos pontos dados. O aluno não teve dificuldade alguma para

desenhar as coordenadas na malha quadriculada.

Com base nas informações contidas em um mapa, foi solicitada a

identificação da coordenada onde se localizavam dois prédios. Ainda baseado no

mapa, o educando precisava indicar a quantidade de lugares percorridos por uma

pessoa, de acordo com o trajeto marcado. As respostas dadas sob a orientação da

mediadora estavam certas.

“A circunferência (linha) e o círculo (espaço interno)” - descritor nº 16. Ambos

foram usados para facilitar o estudo de frações em figuras. Seus traços não foram

associados ao ensino de formas geométricas. Vale ressaltar que além do círculo, o

triângulo, retângulo, quadrado, pentágono e hexágono também foram utilizados para

o estudo de frações em figuras.

Com relação ao descritor nº 17 “Ângulos”, diz respeito a um conteúdo não

apresentado ao aluno durante o período de observação deste estudo.

2ª- Geometria, Medidas e Frações: formas, medidas e frações em figuras.

Abrange os descritores nº 18 e 19.

“Composição de figuras planas”, descritor nº 18. “Uma figura qualquer é plana

quando todos os seus pontos situam-se no mesmo plano.” (UNIMAR, 2006, p. 9). As

ideias contidas nesse descritor foram trabalhadas com a colagem de polígonos de

três lados (triângulos) que foram recortados e colados em uma folha para compor

novas figuras geométricas planas. Foram criadas cinco composições a partir dos

triângulos recortados.

Em outra oportunidade, algumas retas encontravam-se parcialmente

delineadas em um plano pontilhado e precisavam ser finalizadas para formar

polígonos com diferentes números de lados. O aluno desenhou um triângulo, um

pentágono, um hexágono e cinco quadriláteros.

Quando foi solicitado desenhar integralmente, na malha pontilhada, formas

com linhas retas e fechadas para a construção de polígonos, o discente representou,

corretamente, 12 figuras de diferentes formas: triângulo, quadrado, retângulo,

losango e trapézio. Apenas uma delas, o círculo, foi desenhada por ele

equivocadamente.

Page 58: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

58

Outro exercício pedia para que fossem localizados na obra de arte de Paul

Gris, os cinco polígonos em destaque. O aluno os identificou rapidamente.

Foi solicitada a reprodução de três desenhos feitos exclusivamente com retas.

Como desenhar é uma atividade prazerosa para o aluno, ele demonstrou interesse e

desenvoltura na realização desse trabalho.

Em relação ao estudo sobre “Volume”, descritor nº 19, trata-se de um

conteúdo não apresentado ao aluno durante o período de observação feito pela

autora deste trabalho avaliativo.

3ª- Racionais, medidas e estatística decimais no dia-a-dia referem-se aos

descritores nº 20, 21 e 22.

O “Sistema monetário brasileiro”, descritor nº 20 tem algumas de suas

análises desenvolvidas no descritor nº 6 “Compor e decompor”, por ter sido uma

ferramenta utilizada para o estudo de composição e decomposição de números

inteiros e decimais.

Outra aplicação do sistema monetário ocorreu quando foi solicitada a

identificação dos animais que aparecem estampados nas notas de R$ 2,00; R$ 5,00;

R$ 10,00; R$ 20,00; R$ 50,00 e R$ 100,00. Dos seis reconhecimentos, cinco foram

feitos, adequadamente, sem auxílio.

Em 15 problemas envolvendo cálculos com a moeda brasileira, sete questões

compreendiam multiplicação, três adições, quatro subtrações e uma divisão. Foi

necessária a intervenção da mediadora para auxiliar o aluno na interpretação e

desenvolvimento das questões.

Quando o aluno precisou escrever por extenso os três valores monetários, a

mediadora precisou ajudá-lo, porém o aluno respondeu certo.

Uma tabela continha o preço de três produtos em cinco países e o aluno

precisava identificar o preço do sanduíche em cada região e, posteriormente, marcá-

los no gráfico, o que foi feito com ajuda e com precisão. Entretanto, as marcações

foram representadas erradamente e a mediadora precisou orientá-lo nas correções.

“Medida de temperatura” reporta ao descritor nº 21. Há uma relação de

proximidade com o descritor nº 22 que trata do estudo dos “Números decimais”. A

temperatura do tempo e corpo humano foram as duas modalidades estudadas. Um

dos exercícios pedia para que fossem relacionadas, separadamente, de acordo com

uma pesquisa realizada, as temperaturas médias atuais em prédios com telhados

desprovidos de vegetação e daqueles cobertos com vegetação, em seis cidades

Page 59: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

59

diferentes. A correlação das cinco cidades/temperaturas foi feita corretamente e com

ajuda, embora, em algumas transcrições, a vírgula tenha sido posicionada

erradamente e, em outras, foram suprimidas.

Seguindo a sequência, duas temperaturas referentes à cidade de Hong Kong

precisavam ser marcadas nos termômetros, o que foi feito com acerto e ajuda. Neste

exercício, foram desprezadas as casas decimais, de acordo com adaptação feita, ou

seja, foram considerados os valores 23º e 13º em vez de 23,3º e 13,5º.

Para trabalhar a temperatura do corpo humano, o aluno precisou escrever,

em números decimais, as temperaturas apontadas em cada um dos quatro

termômetros, o que foi feito com excelência. Em operação inversa a essa, ou seja,

três termômetros precisavam ser pintados de acordo com as temperaturas dadas, as

três marcações foram feitas pelo aluno sem ajuda e apenas uma apresentou erro.

Ligar três crianças aos termômetros correspondentes, de acordo com a

temperatura indicada para cada uma delas, foi uma modalidade de exercício de

difícil execução pelo aluno. Foram necessárias algumas tentativas para que ele

acertasse.

“Números decimais”, descritor nº 22. As análises feitas para os descritores nº

7 “Trabalhar com números fracionários” e nº 21 “Medida de temperatura” estão

diretamente relacionadas àquele descritor por envolverem o uso de números

decimais. Foram trabalhados também em exercício que solicitava a transformação

de nove valores percentuais em números decimais. Excetuando os dois primeiros

exercícios, o restante o discente fez sozinho e acertou.

4ª- Arte e geometria

O estudo de “Figuras planas”, descritor nº 23 e “Composição de figuras

planas”, nº 18, perfazem o mesmo conteúdo. Portanto, as análises daqueles

descritores inserem-se nestes.

“Características de polígonos", nº 24. “Polígonos são figuras fechadas

formadas por segmentos de reta, sendo caracterizados pelos seguintes elementos:

ângulos, vértices, diagonais e lados” (BRASIL ESCOLA, [2014]). Ao se comparar o

conceito sobre polígonos com a análise feita sobre o descritor nº 18, fica notório que

as figuras planas trabalhadas para atender a este descritor, referem-se,

exclusivamente, a polígonos com diferentes números de lados. Naquela

oportunidade, inclusive, não foi admitido o desenho de círculos.

Page 60: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

60

O conceito de retas foi ensinado ao aluno e, em um desenho, foi solicitado

localizá-las. O aluno identificou as linhas dos braços e das pernas, corretamente.

Não houve estudo dos descritores nº 25 “Propriedades da multiplicação” e

“Divisão”, nº 26, relacionado à arte e geometria.

O Quadro 3 demonstra o desempenho do aluno na disciplina Matemática em

relação a cada um dos indicadores, respeitando os critérios adotados para os cinco

padrões, conforme descrito anteriormente, a saber:

RPL – realiza plenamente – exercícios realizados pelo aluno com acerto e

sem ajuda.

RPA – realiza parcialmente – exercícios realizados pelo aluno com ou sem

ajuda que apresentaram erros.

RCA – realiza com ajuda – exercícios realizados pelo aluno com acerto e com

ajuda.

NR – não realiza – exercícios que o aluno não conseguiu realizar, mesmo

com ajuda.

CNAA – conteúdo não apresentado ao aluno

Quadro 3 – Distribuição dos resultados de Matemática

Categorias Indicadores (M) Padrão

RPL RPA RCA NR CNAA

Número

Compreende e utiliza as regras do sistema de numeração decimal, para leitura e escrita, operando de acordo com sua capacidade: unidades de dezena ou de centena.

26 14 30 2

Explora os diferentes significados das frações em situações concretas e vivenciais: parte-todo, inteiro-metade.

94 3 44 6

Fonte: A autora (2014).

A maior parte dos resultados apontados nos indicadores que compõem a

categoria “Número” pode ser exemplificada pelos seguintes extratos de observação:

- Os exercícios que utilizaram o sistema monetário representaram questões

bastante prazerosas para o aluno, principalmente, por envolverem atividades

manuais, por exemplo, colagem de moedas e serem ricas em desenhos,

despertando o interesse e trazendo a ideia do concreto, o que facilitou o

entendimento dos problemas propostos.

Page 61: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

61

- A utilização de figuras geométricas para representação de frações e de

cores para marcação de suas partes foi outro aspecto que mereceu destaque, pois

os exercícios que continham desenhos e matizes foram objetos de especial

interesse do aluno. O alto índice de acertos alcançados nos exercícios sobre frações

corrobora com essa observação.

Quadro 4 – Distribuição dos resultados de Matemática

Categorias Indicadores (M) Padrão

RPL RPA RCA NR CNAA

Operações

Resolve situações-problema, compreendendo diferentes significados das operações, envolvendo números naturais, mesmo que com ajuda direta e operando de acordo com sua capacidade: unidades de dezena ou de centena.

159 75 62

Resolve adições com números naturais e usa estratégias de verificação e controle de resultados pelo uso da calculadora, mesmo que com ajuda direta e operando de acordo com sua capacidade: unidades de dezena ou de centena.

3* 1*

Resolve subtrações com números naturais e usa estratégias de verificação e controle de resultados pelo uso da calculadora, mesmo que com ajuda direta e operando de acordo com sua capacidade: unidades de dezena ou de centena.

4* 1*

Resolve multiplicações com números naturais e usa estratégias de verificação e controle de resultados pelo uso da calculadora, mesmo que com ajuda direta e operando de acordo com sua capacidade: unidades de dezena ou centena.

15

12 + 3*

24*

Resolve divisões com números naturais, usa estratégias de verificação e controle de resultados pelo uso da calculadora, mesmo que com ajuda direta e operando de acordo com sua capacidade: unidades de dezena ou centena.

4 6 2

Compreende o significado das frações em situações concretas.

71 5 30

Fonte: A autora (2014). *Acertos sem o uso da calculadora.

Constatou-se grande desenvoltura do aluno na realização dos exercícios

relacionados às quatro “Operações” matemáticas, fato que pôde ser confirmado pela

quantidade expressiva de acertos. Em relação às adições e subtrações realizadas

Page 62: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

62

com frações, das 106 questões feitas, apenas cinco não estavam corretas. Esse fato

ratifica o interesse e a facilidade com que o aluno trabalha com cálculos, conforme já

apontado na categoria anterior.

Os resultados dos exercícios referentes às operações matemáticas que não

utilizaram a calculadora como estratégias de verificação foram registrados com

asterisco no Quadro 4 para distingui-los daqueles que usaram tal recurso.

Quadro 5 – Distribuição dos resultados de Matemática

Categorias Indicadores (M) Padrão

RPL RPA RCA NR CNAA

Espaços e Formas

Representa, de forma dirigida, por meio de desenhos, a localização ou movimentação de uma pessoa ou de um objeto.

6

Identifica, com ajuda, semelhanças e diferenças entre poliedros (como os prismas, as pirâmides e outros).

X

Identifica com ajuda, semelhanças e diferenças entre polígonos, considerando seu número de lados e de ângulos.

33 1

Grandezas e Medidas

Identifica unidades usuais de tempo (dia, semana, mês e ano) e temperatura (quente-frio) em situações cotidianas.

2 5 17

Utiliza, de forma dirigida, algumas unidades de tempo: dia, semana, mês, consultando calendários, e faz leitura de horas e minutos em relógios digitais.

X

Utiliza o sistema monetário brasileiro em situações concretas do cotidiano.

15

Utiliza unidades usuais de comprimento, massa e capacidade em situações do cotidiano.

X

Fonte: A autora (2014). Legenda: RPL – realiza plenamente; RPA – realiza parcialmente; RCA – realiza com ajuda; NR – não realiza; CNAA – conteúdo não apresentado ao aluno.

Na categoria “Espaços e Formas”, o resultado apresentado no terceiro

indicador enfatiza o fato de que a utilização das figuras geométricas foi um recurso

de expressivo interesse do discente. Das 34 questões com diferentes abordagens

sobre o tema (vide análise do descritor nº 18), 33 foram realizadas corretamente e

sem qualquer colaboração da mediadora. Não houve resistência do aluno para

realização desse conteúdo.

Page 63: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

63

O conteúdo “Ângulos” do 11º indicador não foi considerado na análise por se

tratar de um item não apresentado ao aluno até o término das observações

realizadas em sala de aula. Preservou-se, entretanto, a abordagem referente aos

polígonos, tanto para análise dos dados quanto para o registro no instrumento de

avaliação.

4.2 LÍNGUA PORTUGUESA

4.2.1 Competências - Descritores 1 ao 6

“Assegurar-se de sua própria capacidade de construção, identificando

personagens e espaços do texto”, descritor nº 1. Tanto a interpretação de textos

como a construção de outros, realizadas em diversos momentos, foram sempre

mediadas através de perguntas feitas ao aluno, que o ajudaram na descoberta dos

diversos elementos que os compunham. Foi trabalhado um total de 19 textos de

diferentes gêneros, incluindo os constantes em simulados, testes e avaliações. Em

todos eles, o aluno identificou os personagens e espaços textuais.

Na análise do descritor nº 2 “Ler, compreender e contar o texto lido

(sequência lógica dos fatos), além de construir textos empregando corretamente os

tempos verbais”. A leitura dos textos, em muitos momentos, foi alternada entre o

aluno e a mediadora, e tanto a compreensão quanto o relato das histórias lidas eram

construídos através de perguntas que conduziram o aluno à descoberta dos

elementos textuais, explorando-os, passo a passo, viabilizando todo este processo e

preservando a sequência lógica dos fatos.

Em relação ao uso dos verbos para elaboração de textos, foram consideradas

apenas as noções de passado, presente e futuro em suas formas simples sem

classificá-los em seus diferentes modos de conjugações - pretérito-perfeito,

imperfeito, futuro do presente, do pretérito etc. Quando aplicado em 11 construções

frasais feitas em diversas aulas, que exigiram apenas o uso do passado e presente,

o aluno os usou adequadamente.

Nas concordâncias verbais a que se referem os descritores nº 3 “Identificar na

linguagem oral e escrita do cotidiano, as concordâncias verbais e nominais corretas”

e nº 23 “Verbos”, em um dos exercícios propostos, o aluno demonstrou grande

dificuldade, acertando apenas um dos sete exercícios realizados. Essas construções

Page 64: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

64

pediam para completar com o verbo no passado, entretanto, ele usou os verbos no

tempo presente.

Em exercício composto por duas frases que solicitava a substituição do

pronome eu por nós e sua respectiva concordância verbal no passado, o aluno

precisou fazer algumas tentativas para realizar as adaptações verbais.

Em outros exercícios, que solicitavam o emprego de verbos tanto no singular

quanto no plural da 3ª pessoa, no tempo passado ou presente, o aluno acertou 17

dos 21.

Quando foi pedido que os verbos escritos isoladamente na 1ª pessoa do

singular do passado fossem conjugados na 1ª pessoa do plural, o aluno respondeu

corretamente quatro dos cinco exercícios. Em outro momento, foi pedido para

identificar, dentre as opções dadas, o emprego correto dos verbos no singular ou

plural. Tratava-se de seis frases a serem completadas, dentre as quais ele acertou

quatro. Ainda, no que concerne às concordâncias verbais, quando foi necessário o

emprego do futuro, o aluno não conseguiu fazê-lo em nenhum dos nove exercícios

que pediam para completar com os verbos já apresentados em sua forma infinitiva.

A noção de futuro não foi percebida pelo aluno.

No exercício seguinte, o aluno precisava construir um parágrafo utilizando os

cinco verbos que estavam relacionados. A mediadora iniciou as frases e o aluno

completou-as, utilizando os verbos. Foram frases simples e bem curtas.

Na substituição do pronome ele(a) por nós, foi pedido para o aluno fazer a

adequação verbal em três frases. Após algumas tentativas, ele acertou.

Futuro com a e passado com há. Após a explicação da mediadora, o aluno

relacionou a diferença entre os dois usos corretamente. Foi solicitada, também, a

elaboração de uma frase para cada uso. A mediadora iniciou cada uma das frases e

ele completou com a forma certa. Esses exercícios foram realizados com muita

facilidade. Em outros momentos, sete frases foram completadas com acerto, com

um ou outro desses elementos, e apenas três não estavam corretas.

As concordâncias nominais foram estudadas nos exercícios que pediam a

substituição do gênero masculino pelo feminino ou vice-versa e o plural dos nomes

(substantivos e adjetivos). Das três frases que compunham um dos exercícios, a

primeira, o aluno não conseguiu substituir o pronome e substantivo masculinos pelos

seus femininos correspondentes, apesar das tentativas e explicações dadas pela

mediadora. Nas outras duas, a noção de feminino foi entendida pelo aluno apesar de

Page 65: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

65

suas formas estarem incorretas, como foi o caso das palavras ator-atora (atriz) e

judeu-juda (judia). Quando foi solicitada a substituição simultânea de gênero e plural

de frases inteiras, o discente teve muita dificuldade para executá-la em função da

complexidade do trabalho.

Posteriormente, foi solicitado que o aluno escrevesse o masculino de sete

palavras, quando errou apenas uma. Em outro momento, foram apresentadas quatro

frases que continham 10 substantivos masculinos que deveriam ser substituídos

pelo gênero oposto. Todas as substituições foram feitas corretamente. Outro

exercício que solicitava a correlação numérica entre os substantivos e seus

respectivos femininos, o aluno realizou com sucesso os cinco exercícios.

Quando se tratou de trabalhar o gênero, o número das palavras e a

concordância verbal isoladamente, o aluno não apresentou dificuldades significativas

por se tratar de uma modalidade de exercício que exigia a execução de cada um

deles em momentos distintos. Contudo, quando foi solicitada a conjugação

simultânea desses elementos, em uma única frase, a boa realização dos exercícios

ficou comprometida, pois, tratava-se de muitos componentes a serem modificados

em um mesmo momento.

“Estabelecer conexão entre as partes do texto, percebendo as relações

existentes” refere-se ao descritor nº 4 que se relaciona com os descritores nº 1

“Assegurar-se da sua própria capacidade de construção, identificando personagens

e espaços do texto” e nº 2 “Ler, compreender e contar o texto lido (sequência lógica

dos fatos)”. Essa consideração deve-se ao fato de que os descritores acima citados

contêm os mesmos caracteres de análise. Dessa forma, foram considerados os

mesmos exercícios para os três descritores que, conforme análise anterior,

perfizeram 19 textos.

O descritor nº 5 “Desenvolver o vocabulário” foi trabalhado, essencialmente,

com apoio nos diversos textos. Para o aluno, as palavras apresentavam apenas o

sentido denotativo, cujo valor semântico foi assimilado com facilidade.

O descritor nº 6 “Assegurar a compreensão e leitura de gráficos, tabelas e

mapas relacionados a textos” não foi apresentado ao aluno na disciplina de Língua

Portuguesa durante o segundo trimestre.

Page 66: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

66

4.2.2 Habilidades - Descritores 7 ao 18

“Falar, selecionando as concordâncias verbais e nominais adequados à

situação de comunicação”, descritor nº 7, está inserido nos descritores nº 2 “Ler,

compreender, e contar o texto lido...” e nº 3 “Identificar na linguagem oral e escrita

do cotidiano, as concordâncias verbais...”, por se entender que estes englobam

perfeitamente aqueles e, consequentemente, cabem também as mesmas análises.

No que tange ao descritor nº 8 “Agir com sensibilidade na observação das

fotos relacionadas a elementos da natureza”, não foi trabalhado na disciplina de

Língua Portuguesa.

As leituras de texto, dinâmicas alternadas entre o discente e a mediadora, e

as perguntas referentes às suas interpretações, além de quaisquer exercícios

gramaticais, todos foram lidos, interpretados e respondidos, sem exceção, em voz

alta. Portanto, o descritor nº 9 “Ouvir para reconhecer, na frase, a intenção de

comunicação” foi desenvolvido em grande escala ao longo do trimestre.

Quanto ao descritor nº 10 “Falar com a entonação adequada para garantir a

interação comunicativa”, o aluno apresentou um estilo próprio ao se reportar aos

demais. Geralmente se dirigia aos presentes em sala de aula, através de perguntas.

A leitura em voz alta tanto dos textos quanto dos exercícios era essencialmente

silábica, desprovida, pois, de entonação adequada.

Ao se tratar do descritor nº 11 “Ouvir para colaborar e construir o sentido de

uma frase em uma situação de comunicação (roda de conversa, roteiros de

entrevista, e apresentação de trabalhos e outras situações) em sua forma conotativa

e denotativa” foi desenvolvido nos diversos momentos em que foram realizadas as

leituras e suas subsequentes interpretações, além das construções textuais

elaboradas pelo aluno, uma vez que estas eram processadas através de perguntas

que conduziam o aluno a respostas que compunham seus textos. Excetuam-se,

entretanto, as construções utilizando-se os sentidos conotativos, pelo fato dessa

realidade não fazer parte da percepção cognitiva do aluno. Sua capacidade de

interação limitou-se ao sentido literal das palavras e suas informações.

O descritor nº 12 “Ler para ampliar o vocabulário, interagindo com

informações selecionadas”, encontra-se inserido no de nº 5 “Desenvolver o

vocabulário”. De acordo com a análise deste descritor, o vocabulário foi

desenvolvido com a leitura de diversos textos.

Page 67: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

67

Descritor nº 13 “Compreender o conceito de cidadania, direitos e deveres”.

Esses conceitos foram trabalhados a partir de um texto que tratava dos direitos e

deveres dos cidadãos no trânsito. A abordagem foi direcionada às regras de trânsito

tanto para pedestres quanto motoristas, trazendo a noção da prática da cidadania.

Ainda sobre esse descritor, outra história abordou a questão do trabalho infantil,

levantando a questão sobre sua legitimidade ou não. O texto “Domínio Próprio” foi

outro momento que perpassou pelo tema cidadania quando foi tratada a questão do

respeito ao direito do próximo. Em todos os textos, o aluno demonstrou perfeito

entendimento sobre as questões apresentadas, respondendo com clareza e

sensatez.

“Compreender a função das classes de palavras (substantivos, adjetivos,

pronomes e marcadores espaciais e temporais) para a construção de textos e

frases” reporta ao descritor nº 14. Os exercícios sobre preposição inserem-se aqui.

Em um primeiro momento, foram trabalhadas as preposições a, de e com que ele

identificou imediatamente em cada uma das três frases apresentadas. Em exercício

posterior, composto por cinco frases para que fossem completadas com as

preposições entre, em, para, por e a, o aluno acertou três.

As preposições de, em e por usadas com pronomes demonstrativos foram

trabalhadas, apresentando suas formas dissociadas para que fossem feitas as

contrações. Com as preposições de e em, o aluno fez sozinho as 14 fusões,

entretanto, com a preposição por mais o artigo definido o, os, a, as ele precisou de

ajuda da mediadora nas quatro contrações solicitadas.

Em outros exercícios, foram apresentadas 32 orações para identificação das

preposições. Ele acertou 26 questões.

Em outro momento, o aluno precisava deduzir quais preposições

completariam as frases adequadamente. A mediadora começou a ler a frase para

ele completar. Nas primeiras tentativas, ele errou. Para facilitar, foi permitido a ele

consultar a relação de preposições. Ele errou várias vezes, mesmo consultando a

lista. Das oito, errou sete.

No exercício seguinte, era necessário identificar as preposições. Para tal ele

precisou consultar as preposições que estavam relacionadas no caderno. A primeira

frase ele acertou depois de seis tentativas; a segunda, depois de sete tentativas; a

terceira frase ele leu, consultou a relação e acertou; na quarta frase ele acertou na

segunda tentativa sem consultar a relação; a quinta e oitava frases, consultou a

Page 68: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

68

relação e acertou; a sexta, sétima e décima ele acertou sem consultar a relação; na

nona, ele consultou a relação várias vezes e acertou.

Completar as orações com as preposições constantes em um quadro: após

ler cada frase, ele respondeu, corretamente, cinco das oito questões.

Os pronomes pessoais, possessivos e oblíquos correspondem às habilidades

nº 14 “Compreender a função das classes de palavras” e 24 “Pronomes”. Quando foi

solicitada a identificação dos pronomes do caso reto e possessivo nas frases dadas,

o aluno identificou os cinco. Da mesma forma, quando foi pedida a construção de

frases para cada um dos dois pronomes retos e um possessivo indicados, não

houve quaisquer dificuldades. Percebeu-se que, enquanto se tratou de identificar os

pronomes em textos ou orações construídos, ou mesmo a construção de frases com

os pronomes previamente selecionados, o aluno não apresentou quaisquer

problemas. Entretanto, quando os exercícios exigiram a classificação desses

elementos, como pessoais ou possessivos, o aluno só conseguiu diferenciá-los

depois de alguns exemplos dados e, ainda assim, com ajuda da mediadora.

Com relação aos pronomes oblíquos, o aluno deveria substituir a expressão

para mim por me em três frases, distintamente. Ele fez as substituições, com

presteza, sem, entretanto, posicioná-las adequadamente nas orações. Ainda,

trabalhando com esses pronomes, o uso de o e a em substituição aos objetos

diretos de três frases não foi realizado pelo aluno. Esta modalidade de emprego de

pronome não foi de fácil entendimento para ele.

A substituição do complemento verbal no plural pelo pronome lhes, apontado

em três frases, foi realizado, mas não houve a concordância de pessoa, ficando o

pronome no singular.

Em outro exercício, os pronomes pessoais ele e eles deveriam ser

empregados, respeitando-se o singular e o plural dos verbos já escritos em cada

uma das seis frases. O acerto foi total. Entretanto, quando o exercício pedia para

substituir os nomes por esses mesmos pronomes, das 10 substituições propostas, o

aluno acertou quatro, após algumas tentativas.

“Analisar as alterações ortográficas presentes nos textos estudados” refere-se

ao descritor nº 15 que, por sua natureza, engloba o estudo de palavras homônimas.

Apenas duas delas estavam inseridas em um texto, a saber, concerto e conserto.

Apesar dos sentidos das palavras terem sido assimilados pelo aluno, a palavra

conserto foi grafada com c indevidamente em três construções feitas por ele.

Page 69: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

69

Em outro exercício, foram retiradas frases de um texto lido anteriormente pelo

aluno que continham oito palavras escritas com s e z, porém todas com som de /z/.

O aluno identificou essa particularidade.

Ainda trabalhando com frases retiradas do mesmo texto, agora, com as letras

/c/, /ç/, /x/, /ss/ e /s/, o exercício pedia para que fosse feita uma relação das palavras

grafadas com cada uma dessas letras, identificando, ao mesmo tempo, a

similaridade sonora entre elas. O aluno acertou tudo. Foi pedido a ele para

relacionar outras palavras com cada uma dessas letras e depois escolher um

vocábulo de cada letra para elaboração de frases. As frases foram construídas sem

ajuda da mediadora.

Já as palavras ouve e houve, apesar de homônimas, não se encontravam

inseridas em um texto, mas foram estudadas em frases avulsas. Das quatro

sentenças dadas para o emprego correto dessas palavras, o aluno acertou três de

imediato e a quarta frase em uma segunda tentativa.

As demais alterações ortográficas foram trabalhadas em exercícios diversos,

sem apoio em textos, cujas análises foram conjugadas com os descritores nº 18

“Conhecer e identificar as alterações ortográficas referentes à série em questão: s

com som de /z/,..” e nº 20 “Perceber o uso de s, ss, ç,...” por se tratar do mesmo teor

gramatical.

Descritor nº 16 “Usar marcas tipográficas para a compreensão e construção

do texto”. Entende-se por marcas tipográficas os “recursos visuais empregados nos

textos para chamar a atenção do leitor, tais como, números, palavras em negrito,

itálico ou sublinhado, símbolos, letras maiúsculas, títulos, gráficos, tabelas...”

(LENDO EM INGLES, 2009). Esses recursos foram empregados em um exercício

que utilizava um código para cada letra do alfabeto. Tais códigos deveriam ser

substituídos pelas letras correspondentes. A frase resultante constituía uma dica

sobre a história seguinte a ser lida. O discente fez o exercício sem qualquer ajuda da

mediadora com enorme desenvoltura e rapidez.

Outros recursos tipográficos utilizados em textos dizem respeito a frases

sublinhadas ou iluminadas que deram destaque a algumas informações

consideradas relevantes. A mediadora utilizou essas marcas para direcionar melhor

o foco situacional, garantindo assim, maior envolvimento do aluno com a perspectiva

textual.

Page 70: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

70

Com relação ao descritor nº 17 “Representar textos através de desenhos

segundo sequência lógica dos fatos”, a representação textual através de desenhos

foi um aplicativo bastante utilizado, por ser, inclusive, uma atividade de bastante

interesse do aluno. Entretanto, eram representações de alguns aspectos da história,

normalmente aqueles de maior realce para o aluno, sem, entretanto,

corresponderem a reproduções sequenciais.

“Conhecer e identificar as alterações ortográficas referentes à série em

questão: s com som de /z/; s com som de /s/; c; ç; z; x com som de /z/” diz respeito

ao descritor nº 18. Essa questão foi trabalhada, inicialmente, em um exercício que

pedia para que ele separasse as palavras com som de /c/ das que apresentavam

som de /s/. O aluno teve muita dificuldade para distinguir esses sons, ficando o

exercício inacabado.

Em exercícios que tratavam de palavras com os fonemas /x/, /s/ e /z/, todas

com som de /z/, o aluno agrupou os 23 fonemas em suas respectivas colunas.

Identificar vocábulos grafados com a letra c, independentemente, de sua

posição na palavra foi uma tarefa realizada com sucesso, pois ele assinalou as 12,

acertadamente.

No teste o aluno retirou do texto palavras com c, ç, s, sc e ss, conforme

solicitado. Ele acertou 10 dos 11 vocábulos selecionados.

Em uma questão do simulado, foram apresentadas quatro palavras grafadas

com x para que fossem identificadas as que possuíam som de /s/ ao serem

pronunciadas. Três tinham essa particularidade que foram apontadas com facilidade

pelo discente.

O aluno teve de agrupar separadamente palavras com s e z retiradas de uma

relação de 20 palavras escritas no feminino. Este exercício foi feito sem ajuda,

acertando a totalidade do exercício. Após sua execução, ele leu todos os femininos

relacionados, atentando para a diferença entre o som dessas consoantes.

Foi apresentada ao aluno a composição dos substantivos

fraqueza=fraco+eza; beleza=belo+eza. Na apresentação de quatro palavras, ele não

conseguiu fazer essa associação, errando todas. No exercício seguinte, ele

precisava fazer a dissociação: pobreza=pobre+eza; riqueza=rico+eza; das quatro

acertou todas. A mediadora, então, voltou ao exercício anterior: riqueza= rico+eza,

quando, então, ele acertou as quatro composições apresentadas anteriormente.

Page 71: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

71

No exercício seguinte, o aluno teve de completar com esa ou eza; acertando

cinco das 10 questões.

Foi solicitada a elaboração de uma frase com esa e outra com eza. Para

realização de tal exercício, ele necessitou recorrer à relação das palavras na página

anterior. A mediadora precisou iniciar as frases para que ele pudesse dar

continuidade.

4.2.3 Conteúdos - Descritores 19 ao 27

“Textos variados (cartas, jornais, artigos diversos, etc.)” corresponde ao

descritor nº 19 e remete ao descritor nº 1 “Assegurar-se de sua própria capacidade

de construção...” e nº 2 “Ler, compreender e contar o texto...”. A análise dos dados

mostra que diversos gêneros textuais foram trabalhados com o aluno. A leitura era

intercalada entre a mediadora e o aluno e o processo de interpretação e as

reescritas textuais foram realizados através de perguntas que conduziam o aluno à

descoberta dos diversos elementos que os compunham.

A seguir são apontadas as tarefas realizadas com cada um deles.

Canção (uma) - Foram trabalhadas a interpretação textual e a elaboração de

um desenho representativo de alguns de seus elementos.

Carta (duas) - Esse gênero textual foi elaborado a partir da reescrita da

história em quadrinhos e de um conto.

Contos (oito) - Leitura, interpretação oral e escrita, reescrita em forma de

narrativa e desenhos representativos de alguns elementos textuais.

Crônica (uma) – Interpretação oral e a elaboração de desenho ilustrativo.

Entrevista (uma) - Feita, em casa, com a avó e ilustrado com desenho feito

pelo aluno.

Fábula (uma) - Foi feita sua reescrita, apontando a moral da história.

Ficção científica/aventura (uma) - (20 mil léguas submarinas) - A leitura de

alguns capítulos foi processada durante algumas aulas e alternada entre o aluno e a

mediadora. Paralelamente à leitura, a mediadora fazia perguntas ao aluno para

ajudá-lo a interpretar o texto e para enriquecer sua compreensão e reconstrução.

Foram pedidas a reprodução de um desenho e a recontagem escrita da passagem

lida através de perguntas feitas pela mediadora.

Page 72: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

72

Folheto (um) – Apresentação de algumas normas de trânsito. Posteriormente,

foi solicitada ao aluno a elaboração de algumas frases relacionadas a essas regras e

seus respectivos desenhos.

História em Quadrinhos – (um) - Leitura pelo aluno, interpretação e respostas

constantes no livro.

Jornal (um) - Apresentação e discussão sobre uma foto de jornal que expunha

a atitude agressiva de um jogador – posteriormente foi feita uma produção textual,

relacionando tal comportamento com o tema “Domínio Próprio”. Tratou-se de um

texto não verbal que deu origem a outro, não verbal.

Poema (dois) – Esse gênero foi trabalhado em dois momentos distintos: no

primeiro, o discente o reescreveu em forma de história e, em um simulado, foi feita

uma comparação entre um poema e um conto, em que ambos continham o mesmo

conteúdo e, como complemento, foi solicitada a elaboração de um desenho.

Produção textual (quatro) – Três criações a partir de temas dados e um tema

livre.

Reprodução de um desenho a partir de outro, ou seja, texto não verbal,

originando outro, do mesmo gênero.

Revista (dois) - Produção textual do aluno a partir da escolha de cinco figuras

recortadas de uma revista, coladas no caderno e a correção das palavras com

auxílio da mediadora; produção livre a partir de palavras grafadas com x, z e s

recortadas de revistas.

Texto motivacional (um) - “Construindo pontes” leitura, interpretação, repostas

às perguntas constantes na folha e desenho, representando elementos da história.

Descritor nº 20 “Perceber o uso de s, ss, ç, x, z, xc, sc, sç, c ou s” foi

analisado junto com descritor nº 15 por se tratar do mesmo teor gramatical.

“Pontuação” refere-se ao descritor nº 21. Aqui, também, será tratado o item

“pontuação de enumeração” constante no descritor nº 25 “Aspectos gramaticais:

pontuação de enumeração, uso de letras maiúsculas”, pelo fato deste estar

adequadamente inserido naquele descritor. O emprego de vírgulas e pontos, em

alguns momentos, foi feito espontaneamente pelo discente e, em outros, não havia

qualquer pontuação. Grande parte de seu uso foi solicitado pela mediadora.

A mediadora utilizou uma história lida e interpretada, anteriormente, para

contextualizar o uso da interjeição dor, que estava inserida no descritor nº 22, que

trata unicamente das interjeições. Posteriormente, outros valores semânticos foram

Page 73: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

73

apresentados, como alegria, aplauso, admiração, alívio, desejo, silêncio etc. Como

exemplo, foi solicitado ao aluno que relacionasse ao lado de cada valor semântico

as interjeições indicadas pela mediadora para que ele pudesse compreender melhor

o seu uso. Em oportunidade posterior, foi pedida a identificação do valor semântico

de cada uma das interjeições inseridas nas orações. As mais usuais como

agradecimento, alegria, aplauso, desculpa e dor, cujos significados fazem parte do

dia-a-dia do aluno, foram facilmente classificadas. As demais, entretanto, precisaram

de reforço nos exemplos.

Em um dos testes aplicados, o discente acertou as cinco respostas de uma

questão que pedia para sublinhar as interjeições relacionadas às emoções.

O descritor nº 23, verbos, foi analisado simultaneamente com os de nº 2, 3 e

7, uma vez que estes tratam do emprego dos verbos nas construções textuais, no

uso cotidiano da oralidade e escrita.

Descritor nº 25 “Aspectos Gramaticais: pontuação de enumeração, o uso de

letras maiúsculas, paragrafação a partir de modelo, levando em conta o gênero e

contexto de produção.” As produções escritas feitas pelo aluno a partir de diferentes

gêneros foram conduzidas passo a passo pela mediadora através de perguntas que

exploravam os textos e cujas respostas construíam as composições, continuamente,

sem a preocupação em demarcar parágrafos. Em relação às letras maiúsculas, a

mediadora constantemente pedia ao aluno para iniciar as frases com seu uso.

Os descritores nº 26 “Grau do Adjetivo” e nº 27 “Conhecer Adjetivo no Grau

Superlativo e Adjetivo Pátrio” foram conteúdos não apresentados ao aluno.

Grande parte do conteúdo estudado em Língua Portuguesa teve apoio nos

diversos gêneros textuais, fator relevante para a abordagem da maioria dos

descritores constantes no currículo adaptado.

O Quadro 6 demonstra o desempenho do aluno na disciplina Língua

Portuguesa em relação a cada um dos indicadores, respeitando os critérios

adotados para os cinco padrões.

Page 74: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

74

Quadro 6 – Distribuição dos resultados de Língua Portuguesa

Categorias Indicadores (P) Padrão

RPL RPA RCA NR CNAA

Leitura

Relaciona o gênero à situação concreta. Por exemplo: receita, bilhete, conto, notícia, gibi música.

X

Lê textos de seu cotidiano de maneira hipotética, ajustando o falado ao escrito ou apoiando-se na ilustração.

X

Estabelece conexões entre o texto e os conhecimentos prévios, vivências, crenças e valores.

X

Estabelece a relação entre o título e o corpo do texto ou entre as imagens (fotos, ilustrações) e o corpo do texto.

X

Compreende o assunto do texto, com base nos indicativos figurativos e de palavras-chave.

X

Explicita a ideia principal (O que o texto fala do assunto tratado?).

X

Reconhece, com ajuda, os temas subjacentes às lendas e aos mitos (o Universo, o mundo, a vida).

X

Infere o sentido das palavras a partir do contexto e com orientações específicas.

X

Infere, a partir de elementos presentes no próprio texto e com ajuda direta, o uso de palavras no sentido figurado.

X

Recupera informações explícitas mesmo que através de palavras-chave ou marcas Tipográficas.

X

Localiza de forma dirigida informações em gráficos, tabelas, mapas etc., que acompanham o texto.

X

Usa os pronomes, com orientação, como sinônimos para estabelecer coesão textual.

X

Reconhece no texto escrito as informações sobre problema e solução, fato e opinião relativa ao fato narrado.

X

Levanta de forma dirigida as ideias principais do texto para organizá-las em sequência lógica.

X

Descreve personagens e identifica o narrador. X

Reconhece o espaço onde ocorrem os eventos narrados: se a história ocorre no campo, na cidade, na escola, no jardim etc.

X

(Continua)

Page 75: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

75

(Conclusão)

Categorias Indicadores (P) Padrão

RPL RPA RCA NR CNAA

Produção Escrita

Produz texto simples, com apoio, levando em conta o gênero (receita, lista, bilhete) com base em sua hipótese de escrita.

X

Reescreve texto a partir de modelo, levando em conta o texto e o seu contexto de produção, com ajuda.

X

Revisa o texto, através de modelo, com apoio dirigido, percebendo erros na grafia de palavras conhecidas e significativas.

X

Participa da proposta de resumo de artigo de divulgação científica.

X

Fonte: A autora (2014).

As aulas de Língua Portuguesa pareciam ser mais exaustivas para o aluno e,

durante o período de coleta de dados, não houve registro de um único exercício

realizado por sua própria iniciativa. A maior parte desse comportamento pode ser

exemplificada através dos seguintes extratos da observação em relação às

categorias “Leitura” e “Produção Escrita”: Em um dos momentos de pausa

concedido pela mediadora, o aluno desenhava com canetas coloridas quando lhe foi

solicitado que guardasse o material para retornar ao estudo de Língua Portuguesa.

Imediatamente, ele respondeu: “Não, muito obrigado. Estou ocupado.” Outras falas

ditas à mediadora, tais como: “Quer que eu chame a polícia?”; “Vai embora!”;

demonstraram, em alguns momentos, sua inquietação e enfado na realização de

algumas atividades como, por exemplo, interpretação textual ou leituras mais

extensas.

Quadro 7 – Distribuição dos resultados de Língua Portuguesa

Categorias Indicadores (P) Padrão

RPL RPA RCA NR CNAA

Análise e Reflexão Sobre a Língua e a Linguagem

Identifica com auxílio do professor, possíveis elementos constitutivos (data, horário, nome, imagens, setas, títulos, subtítulos, ingredientes) da organização interna de um gênero (bilhete, lista, receita, notícia, trova).

X

Reconhece, com apoio direto, em relação à finalidade e ao interlocutor, o nível de linguagem em uso: formal, informal.

X

(Continua)

Page 76: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

76

(Conclusão)

Categorias Indicadores (P) Padrão

RPL RPA RCA NR CNAA

Análise e Reflexão Sobre a Língua e a Linguagem

Distingui fala de personagem do enunciado do narrador.

X

Observa de forma dirigida expressões que marcam a progressão do tempo e as que estabelecem as relações de causalidade entre os acontecimentos relatados num texto: história, quadrinhos, contos e canções.

X

Identifica marcadores espaciais (dentro/fora, em cima/embaixo, direita/esquerda, etc.) para compreender alguns de seus usos.

X

Examina, com orientação, o uso dos verbos do dizer para introduzir a fala dos personagens.

X

Examina, com orientação, o uso dos verbos de ação/deslocamento: seguir, vir, passar, contornar etc.

X

Identifica, com apoio, marcadores temporais (depois, logo após, então, em seguida etc.).

X

Examina, com apoio, o uso de elementos para-textuais: box, gráficos, tabelas e infográficos.

X

Vivencia de forma concreta o uso de metáforas.

X

Observa o funcionamento do ritmo e da rima nos poemas.

X

Fonte: A autora (2014).

Ao se comparar os resultados dos Quadros 3, 4 e 5 de Matemática e 6, 7 e 8

de Língua Portuguesa, ficou evidente que, em muitos momentos, o aluno teve

autonomia para resolver as questões propostas naquela disciplina e apresentou

desempenho superior àquele alcançado em Língua Portuguesa, que necessitou da

intervenção direta da mediadora para entendimento e realização dos exercícios que

foram efetivamente resolvidos, com exceção de um apenas, que está contabilizado

no indicador “Examina, com apoio, o uso de elementos para-textuais: boxes,

gráficos, tabelas e infográficos”. Tratou-se de um pequeno texto representado por

símbolos, que precisavam ser substituídos pelas letras correspondentes. Foi notória

a rapidez e o interesse com que o aluno realizou sozinho, a decodificação do

Page 77: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

77

parágrafo. Tal fato pode estar ligado à lógica matemática exigida pelo exercício e

exemplifica o interesse mais acentuado do discente por essa disciplina.

Quadro 8 – Distribuição dos resultados de Língua Portuguesa

Categorias Indicadores (P) Padrão

RPL RPA RCA NR CNAA

Escuta - Produção Oral

Participa de situações de intercâmbio oral e rodas de conversas nas diferentes situações de aula.

X

Participa de recontar textos de diferentes gêneros, com apoio do professor, colega ou figuras, percebendo as características do texto-fonte.

X

Ouve com atenção textos lidos ou contados, apresenta postura de escuta: olha para o leitor, dirige o olhar para as figuras etc.

X

Recita poesias, versos e trovas conhecidos.

X

Colabora na preparação de roteiro para realizar entrevista.

X

Dramatiza textos. X

Expõe assuntos pesquisados, com ajuda do colega, apoiando-se em ilustração ou pequeno esquema.

X

Aprecia poemas lidos ou recitados. X

Relata acontecimentos, respeitando a sequência temporal e causal.

X

Expectativas de Aprendi- zagem dos Padrões de Escrita

Segmenta o texto em parágrafos em razão das restrições impostas pelos gêneros.

X

Pontua corretamente final de frases, usando inicial maiúscula.

X

Pontua corretamente os elementos de uma enumeração.

X

Emprega a vírgula para isolar inversões e intercalações no interior das frases.

X

Pontua, corretamente, com apoio, passagens do discurso direto, diferenciando do discurso narrativo.

X

Aplica a regra geral de concordância verbal e nominal.

X

Formata graficamente o texto. X

Fonte: A Autora (2014). Legenda: RPL – realiza plenamente; RPA – realiza parcialmente; RCA – realiza com ajuda; NR – não realiza; CNAA – conteúdo não apresentado ao aluno.

Page 78: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

78

Em relação aos indicadores realizados na categoria “Escuta-Produção Oral”,

frequentemente a mediadora solicitava a atenção do aluno, pedindo, inclusive, que

ele olhasse para ela, pois, constantemente, ele se dispersava.

Page 79: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES

5.1 CONCLUSÕES

O currículo adaptado para aluno com Transtorno do Espectro Autista foi o

objeto de estudo deste trabalho avaliativo realizado com o propósito de responder a

seguinte questão avaliativa:

Em que medida a implementação do currículo adaptado das disciplinas

Matemática e Língua Portuguesa da escola de ensino fundamental atende a aluno

com Transtorno do Espectro Autista no processo de ensino-aprendizagem?

Os conteúdos das aulas do aluno, em muitos momentos, não transcorreram

paralelamente aos da professora regente, em decorrência do tempo mais extenso

dedicado ao processo de ensino-aprendizagem do discente. Entretanto, esse fato

não interferiu no bom desenvolvimento das aulas, visto que o aluno dependia

exclusivamente da mediadora, uma profissional sob a responsabilidade da família e

não da escola, para o cumprimento do currículo adaptado.

A partir da análise dos dados e relacionando-a ao currículo adaptado,

verificou-se que dos 26 descritores que compunham a disciplina Matemática, sete

não foram apresentados ao aluno em função de seus conteúdos abarcarem maior

quantidade de elementos, simultaneamente, ou por não haver tempo hábil para

trabalhar descritores mais complexos, visto que, muitas vezes, o período dedicado

ao processo de ensino-aprendizagem excedeu aquele previsto no cronograma

escolar. O descritor nº 3 “Elaborar situações problemas para expressões numéricas”

pode ser apontado como exemplo de tal análise. É importante ressaltar que, no caso

de aprendizes autistas, o tempo de aprendizagem fica subjugado ao grau de

comprometimento causado pela síndrome, mas seguramente é muito mais extenso

do que o tempo médio dedicado ao processo de ensino-aprendizagem da mesma

competência por alunos não portadores dessa síndrome.

Alguns descritores apresentaram uma relação muito estreita entre si. Os de nº

2 e 5, por exemplo, abrangeram, respectivamente, divisão em partes iguais e

resolver problemas com divisão. O entrelaçamento dos conteúdos permitiu que

esses descritores comportassem as mesmas análises para alguns exercícios.

Entender que frações representam números conforme indicado no descritor nº

12 foi um conteúdo trabalhado em decorrência do ensino dos números fracionários

(descritor 7) e problemas com frações (descritor 8). Dessa forma, houve a inserção

Page 80: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

80

de um descritor no currículo adaptado, cujo conteúdo já se encontrava inserido em

outros dois.

Em algumas situações, a inter-relação ocorreu em função de um descritor

conter outro pela dimensão natural de um deles. Nesse caso, quando os exercícios

compreendiam o mesmo conteúdo, foi considerada uma única apreciação para

ambos. Cita-se, a exemplo disso, o descritor nº 7 que se refere ao estudo de

números fracionários (frações e números decimais), englobando,

consequentemente, o de nº 22 que compreende exclusivamente os números

decimais. Logo, as análises deste descritor estão contidas naquele. Ocorreu assim

duplicidade de conteúdos em descritores distintos.

Ao analisar o descritor nº 21 “Medida de temperatura”, verificou-se sua

relação com o de nº 22 “números decimais”, pois ambos comportaram o uso de

números decimais. Essa condição, entretanto, não subjugou nenhum deles, pois

também estiveram inseridos em modalidades de exercícios que abordaram seus

conteúdos isoladamente. Vale ressaltar que essa conjugação de elementos serviu

de instrumento para a aquisição de diferentes formas de conhecimento.

Considerando o instrumento de avaliação de Matemática e relacionando-o ao

currículo adaptado, verificou-se que:

Houve ênfase nos indicadores referentes aos diferentes usos do sistema de

numeração relacionados às quatro operações matemáticas inseridas em diferentes

modalidades de exercícios. Em M01 e M07 do instrumento de avaliação, houve um

registro de 368 respostas, ratificando esse caráter enfático. Vale lembrar que a

contabilização, em muitos momentos, não foi feita pelo número de exercícios

realizados, mas pelo número de respostas dadas pelo aluno. (Vide análise na página

48, 1º §). Os resultados destes indicadores refletem o atendimento aos descritores

de nº 2, 4, 5, 6, 7, 9, 10, 21 e 22 do currículo adaptado.

Os indicadores relacionados às frações, M03 e M12, totalizaram 253

respostas, o que demonstra o alto índice de exercícios trabalhados com esses

conteúdos. Assim, foram atendidos os descritores de nº 7, 8, 10, e 12 do currículo

adaptado.

Dos quatro indicadores relacionados ao uso de calculadora, não houve

nenhum registro de verificação pelo uso desse instrumento em M08 e M09 (adição e

subtração), entretanto M10 e M11 foram contemplados com a verificação de 27

Page 81: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

81

resultados (multiplicação e divisão). Logo, o descritor nº 13 do currículo adaptado foi

atendido.

Os indicadores M17 e M21, este com ressalva em relação ao ensino de

ângulos, foram contemplados com seis e 34 repostas, respectivamente, atendendo

aos descritores nº 18, 23 e 24.

Em relação aos indicadores M24 e M26, foram registrados 39 exercícios que

atenderam aos descritores nº 14, 20 e 21.

Quadro 9 - Distribuição do atendimento do currículo adaptado de Matemática aos padrões

de avaliação propostos

Indicadores (M) Atende plena- mente

Atende parcial-mente

Não atende

MO1 - Compreender e utilizar as regras do sistema de numeração decimal, para leitura e escrita, operando de acordo com sua capacidade: unidades de dezena ou centena.

X

MO3 - Explorar diferentes significados das frações em situações concretas e vivenciais: parte-todo, inteiro-metade.

X

MO7 - Resolver situações-problema, compreendendo diferentes significados das operações envolvendo números naturais, mesmo que com ajuda direta e operando de acordo com sua capacidade: unidades de dezena ou de centena.

X

MO8 - Resolver adições com números naturais e usar estratégias de verificação e controle de resultados pelo uso da calculadora, mesmo que com ajuda direta e operando de acordo com sua capacidade: unidades de dezena ou de centena.

X

MO9 - Resolver subtrações com números naturais e usar estratégias de verificação e controle de resultados pelo uso da calculadora, mesmo que com ajuda direta e operando de acordo com sua capacidade: unidades de dezena ou de centena.

X

M1O - Resolver multiplicações com números naturais e usar estratégias de verificação e controle de resultados pelo uso da calculadora, mesmo que com ajuda direta e operando de acordo com sua capacidade: unidades de dezena ou de centena.

X

M11 - Resolver divisões com números naturais e usar estratégias de verificação e controle de resultados pelo uso da calculadora, mesmo que com ajuda direta e operando de acordo com sua capacidade: unidades de dezena ou de centena.

X

M12 - Compreender o significado das frações em situações concretas.

X

(Continua)

Page 82: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

82

(Conclusão)

Indicadores (M) Atende plena- mente

Atende parcial-mente

Não atende

M17 - Representar, de forma dirigida, por meio de desenhos, a localização ou movimentação de uma pessoa ou de um objeto.

X

M18 - Identificar com ajuda, diferenças e semelhanças entre poliedros (como os prismas, as pirâmides e outros).

X

M21 - Identificar com ajuda, diferenças e semelhanças entre polígonos considerando seu número de lados e de ângulos.

X

M24 - Identificar unidades usuais de tempo (dia, semana, mês e ano) e temperatura (quente-frio) em situações cotidianas.

X

M25 – Utilizar, de forma dirigida, algumas unidades de tempo: dia, semana, mês, consultando calendários e fazer leitura de horas e minutos, em relógios digitais.

X

M26 - Utilizar o sistema monetário brasileiro em situações concretas do cotidiano.

X

M27 - Utilizar unidades usuais de comprimento, massa e capacidade em situações do cotidiano.

X

Fonte: A autora (2014).

O padrão “Atende Parcialmente” do instrumento de avaliação de Matemática

está relacionado aos indicadores sobre adições e subtrações realizadas pelo aluno

que não foram submetidas à verificação com o uso da calculadora.

Diante dos dados apontados pelo instrumento de avaliação, o currículo

adaptado da disciplina Matemática da escola de ensino fundamental atende ao

aluno com Transtorno do Espectro Autista nas seguintes proporções:

Tabela 5 – Nível de atendimento pelo currículo adaptado em Matemática

Nível de atendimento N

Atende plenamente 10

Atende parcialmente 2

Não atende 3

Fonte: A autora (2014).

Verificou-se um índice significativamente alto no padrão “Atende Plenamente”,

considerando que o currículo adaptado encontrava-se em processo de construção,

portanto, suscetível a equívocos, distorções e lacunas. Além disso, os indicadores

atendidos parcialmente obtiveram essa classificação pela falta de uso da calculadora

para verificação dos resultados, entretanto seu objetivo maior, resolver cálculos, foi

atendido.

Page 83: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

83

Em relação à Língua Portuguesa, dos 27 descritores que compunham o

currículo adaptado, apenas quatro não foram trabalhados com o aluno. Esse fato

não se relacionou à sua complexidade, mas por serem abordagens não inseridas

nos conteúdos estudados. O descritor nº 6, cujo teor referia-se à leitura de gráficos,

tabelas e mapas relacionados a textos, exemplifica bem essa análise, uma vez que

não houve textos que explorassem essas possibilidades.

Entretanto, diversos textos de diferentes gêneros foram preponderantes para

o estudo de vários descritores, pois inseridos em contextos, atribuíram mais

objetividade e certo sentido de concretização aos conceitos abordados. Fizeram

parte dessa inserção 19 descritores.

Por terem sido bastante trabalhados, os textos representaram um instrumento

eficaz para o ensino de elementos gramaticais, como o emprego da pontuação,

adjetivos, concordâncias verbais e nominais, interjeição, ortografia, pronomes, entre

outros. Para ilustrar tal análise, pode-se citar a interpretação textual explorada

através do jogo de perguntas e respostas que contribuiu sobremaneira para

incentivar a descoberta dos elementos textuais. Além dessas propriedades, os

textos serviram também de suporte para as produções escritas elaboradas pelo

aluno e o incremento do vocabulário.

As pessoas com Transtorno do Espectro Autista apresentam algumas

peculiaridades inerentes à síndrome, e a entonação de voz sem nuances foi uma

dessas particularidades observadas no aluno. Portanto, o descritor nº 10 “Falar com

a entonação adequada para garantir a interação comunicativa” trata de uma questão

extremamente peculiar a esse aluno, portanto, não passível de ser trabalhada em

sala de aula.

Quadro 10 – Distribuição do atendimento do currículo adaptado de Língua Portuguesa aos

padrões de avaliação propostos

Indicadores (P)

Atende plena- mente

Atende parcial-mente

Não atende

P1 - Relacionar o gênero à situação concreta. Por ex.: receita, bilhete, conto, notícia, gibi e música.

X

P2 - Ler textos de seu cotidiano de maneira hipotética, ajustando o falado ao escrito ou apoiando-se na ilustração.

X

P3 - Estabelecer conexões entre o texto e os conhecimentos prévios, vivências, crenças e valores.

X

P4 - Estabelecer a relação entre o título e o corpo do texto ou entre as imagens (fotos, ilustrações) e o corpo do texto.

X

(Continua)

Page 84: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

84

(Continuação)

Indicadores (P)

Atende plena- mente

Atende parcial-mente

Não atende

P6 - Compreender o assunto do texto com base nos indicativos figurativos e de palavras- chaves.

X

P7 - Explicitar a ideia principal (o que o texto fala, do assunto tratado).

X

P8 - Reconhecer, com ajuda, os temas subjacentes às lendas e mitos (o Universo, o mito, a vida).

X

P9 - Inferir o sentido das palavras a partir do contexto e com orientações específicas.

X

P10 - Inferir, a partir de elementos presentes no próprio texto e com ajuda direta, o uso de palavras no sentido figurado.

X

P11 - Recuperar informações explícitas mesmo que através de palavras-chaves ou marcas tipográficas.

X

P12 - Localizar de forma dirigida informações em gráficos, tabelas, mapas etc. que acompanham o texto.

X

P13 - Usar os pronomes, com orientação, como sinônimos para estabelecer coesão textual.

X

P14 - Reconhecer no texto escrito as informações sobre problema e solução, fato e opinião relativa ao fato narrado.

X

P15 - Levantar de forma dirigida as ideias principais do texto para organizá-las em sequência lógica.

X

P16 - Descrever personagens e identificar o narrador. X

P17 - Reconhecer o espaço onde ocorrem os eventos narrados; se a história ocorre no campo, na cidade, na escola, no jardim, etc.

X

P23 - Produzir textos simples, com apoio, levando em conta o gênero (receita, lista, bilhete) com base em sua hipótese de escrita.

X

P29 - Reescrever texto a partir de modelo, levando em conta o gênero e o seu contexto de produção, com ajuda.

X

P32 - Revisar o texto, através de modelo, com ajuda dirigida, percebendo erros na grafia de palavras conhecidas e significativas.

X

P33 - Participar da proposta de resumo de artigo de divulgação científica.

X

P34 - Identificar, com auxílio do professor, possíveis elementos constitutivos (data, horário, nome, imagens, setas, títulos, subtítulos, ingredientes) da organização interna de um gênero (bilhete, lista, receita, notícia, trova).

X

P35 - Reconhecer com apoio direto em relação à finalidade e ao interlocutor, o nível de linguagem em uso: formal/informal.

X

P36 - Distinguir fala de personagem do enunciado do narrador.

X

(Continua)

Page 85: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

85

(Conclusão)

Indicadores (P)

Atende plena- mente

Atende parcial-mente

Não atende

P37 - Observar de forma dirigida expressões que marcam a progressão do tempo e as que estabelecem as relações de causalidade entre os acontecimentos relatados num texto: história, quadrinhos, contos e canções.

X

P40 - Identificar marcadores espaciais (dentro/fora, em cima/embaixo, direita/ esquerda etc.) para compreender alguns de seus usos.

X

P42 - Examinar com orientação o uso de verbos do dizer para produzir a fala dos personagens.

X

P44 - Examinar, com orientação, o uso dos verbos de ação/deslocamento: seguir, vir, passar, contornar etc.

X

P45 - Identificar, com apoio, marcadores temporais (depois, logo após, então, em seguida etc.).

X

P49 - Examinar, com apoio, o uso de elementos para-textuais: box, gráficos, tabelas e infográficos.

X

P50 - Vivenciar de forma concreta o uso de metáforas. X

P51 - Observar funcionamento do ritmo e da rima nos poemas.

X

P53- Participar de situações de intercâmbio oral e de rodas de conversas nas diferentes situações de aula.

X

P54 – Participar de recontar textos de diferentes gêneros, com apoio do professor, colega ou figuras, percebendo as características do texto-fonte.

X

P55 - Ouvir com atenção textos lidos ou contados, apresentar postura de escuta: olha para o leitor, dirige o olhar para as figuras, etc.

X

P58 - Recitar poesias, versos e trovas conhecidas. X

P60 - Colaborar na preparação de roteiro para realizar entrevista.

X

P62 - Dramatizar textos. X

P64 - Expor assuntos pesquisados, com ajuda do colega, apoiando-se em ilustração ou pequeno esquema.

X

P65 - Apreciar poemas lidos ou recitados. X

P67 - Relatar acontecimentos, respeitando a sequência temporal e causal.

X

P83 - Segmentar o texto em parágrafos em relação das restrições impostas pelo gênero.

X

P84 - Pontuar corretamente final de frases, usando inicial maiúscula.

X

P85 - Pontuar corretamente os elementos de uma enumeração.

X

P86 - Empregar a vírgula para isolar inversões e intercalações no interior das frases.

X

P87 - Pontuar, corretamente, com apoio, passagens de discurso direto, diferenciando do discurso narrativo.

X

P96 - Aplicar a regra geral de concordância verbal e nominal.

X

P97 - Formatar graficamente o texto. X

Fonte: A autora (2014).

Page 86: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

86

O padrão “Atende Parcialmente” do instrumento de avaliação em Língua

Portuguesa atende aos indicadores cujos conteúdos foram apresentados ao aluno,

mas não foram realizados por ele.

Diante dos dados apontados pelo instrumento de avaliação, o currículo

adaptado da disciplina Língua Portuguesa da escola regular de ensino fundamental

atende ao aluno com Transtorno do Espectro Autista nas seguintes proporções:

Tabela 6 – Nível de atendimento pelo currículo adaptado em Língua Portuguesa

Nível de atendimento N

Atende plenamente 28

Atende parcialmente 2

Não atende 17

Fonte: A autora (2014).

Apesar do currículo adaptado de Língua Portuguesa ter sido atendido em

grande parte, o padrão “Não Atende” obteve um índice, expressivo, necessitando,

pois, de uma análise atenta em relação aos descritores não contemplados pelo

instrumento de avaliação. A esse fato pode ser atribuído também o nível de

complexidade dos indicadores do instrumento de avaliação em relação aos

descritores do currículo adaptado.

Ficou evidente o interesse do aluno pelos recursos visuais e manuais

utilizados para explicação e realização dos exercícios, como, por exemplo,

desenhos, o uso de canetas coloridas (essas duas atividades de grande interesse do

aluno), massa de modelar, calculadora e a colagem de adesivos. Os exercícios que

exigiram a realização de desenhos foram consideravelmente mais envolventes por

se tratar de uma atividade de grande interesse do aluno e a mais praticada por ele

nos intervalos concedidos entre as atividades realizadas em sala de aula. Os

Apêndices D, E e F são desenhos realizados pelo aluno e cedidos à autora deste

estudo. Ilustram como o universo de figuras e cores são percebidas pelo aluno.

Observou-se também que as aulas de Matemática transcorreram com mais

tranquilidade e foram mais prazerosas para o aluno do que as de Língua

Portuguesa.

Para que a análise deste estudo de caso se afastasse ao máximo das

distorções, dois fatores foram considerados imprescindíveis: que a avaliadora

assistisse às aulas do trimestre escolhido para coleta de dados, ininterruptamente,

pois as observações feitas, obedecendo à sequência das aulas, permitiram o

Page 87: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

87

registro de todas as etapas do processo. Entendeu-se que as interrupções no

registro da coleta de dados poderiam trazer distorções ou mesmo impossibilidade na

análise de alguns descritores e, segundo a autora, para o trabalho de registro das

observações nesta modalidade de estudo não há como comportar mais de um

sujeito a ser avaliado. Observações simultâneas feitas por um único observador

ficariam comprometidas pelas lacunas provenientes da duplicidade de indivíduos a

serem observados.

O período de observação despendido para a realização deste trabalho

avaliativo ratificou a importância de um profissional, em sala de aula, que se dedique

exclusivamente ao aluno portador de transtorno do desenvolvimento, pois são eles

que viabilizam a boa execução das etapas que compõem o processo de ensino-

aprendizagem. Para ilustrar essa importância, vale mencionar que para a realização

dos exercícios houve necessidade do comando direto e contínuo da mediadora, pois

o aluno não demonstrava iniciativa para fazê-los.

O comprometimento da instituição de ensino em elaborar um currículo

adaptado ajudou a nortear os níveis de competências, habilidades e conteúdos a

serem trabalhados e desenvolvidos em sala de aula. As adequações constantes no

currículo tornaram a execução do processo de educação escolar mais próximo da

realidade do educando, minimizando a distância entre ambos. Entretanto, todo esse

processo só se tornou possível graças à presença e atuação de uma medidora, que

acompanhou o educando, com exclusividade, ao longo do período escolar,

assegurando o bom desempenho de todo o processo educacional.

A abordagem livre de metas adotada para este estudo enriqueceu o processo

avaliativo, pois gerou resultados que, efetivamente, estão sendo alcançados com a

implementação do currículo adaptado. Uma abordagem com objetivos pré-

determinados, por exemplo, teria restringido o registro de observações e,

consequentemente, os resultados ficariam subjugados apenas à proposta do

currículo adaptado.

A abertura e boa vontade do Colégio Batista Shepard para a realização deste

estudo serão retornadas a ela com a apresentação dos resultados alcançados, a fim

de que se torne um recurso eficaz na busca do aperfeiçoamento do currículo

adaptado e suas práticas pedagógicas.

Considerando os resultados deste estudo avaliativo, pode-se afirmar que o

objetivo proposto foi atingido por ter demonstrado em que medida os currículos

Page 88: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

88

adaptados em cada uma das duas disciplinas atendem ao aluno com Transtorno do

Espectro Autista em seus diferentes padrões.

5.2 SUGESTÕES

Com o intuito de contribuir para o aperfeiçoamento do processo educacional,

a autora sugere que:

- os profissionais que são autorizados pela legislação brasileira a atuar,

pedagogicamente, como mediadores de alunos autistas possam colaborar com

sugestões na elaboração do currículo adaptado;

- o período de aula possa ser intermediado entre atividades em sala de aula

e práticas em espaços lúdicos e com repercussão sonora baixa;

- a criação de um departamento psicopedagogo para que esse público seja

atendido em sua atipicidade;

- sejam disponibilizados materiais pedagógicos e recursos didáticos

integrados a uma educação especial;

- seja revista a quantidade de descritores de ambos os currículos;

- seja revisto o conteúdo de alguns descritores tanto em relação à

complexidade quanto à sua recorrência;

- seja dada continuidade a este estudo, estendendo-o a outras áreas de

conhecimento, disciplinas e séries, visando o constante aprimoramento do currículo

adaptado e das práticas pedagógicas na educação especial;

- outros estudos avaliativos de alunos com Transtorno do Espectro Autista

sejam desenvolvidos, utilizando a metodologia do estudo de caso e a observação

nestas mesmas séries do ensino fundamental e em outras também.

Os resultados oriundos deste estudo avaliativo visam colaborar na execução

de novas ações pedagógicas através de um currículo mais ajustado ao público com

Transtorno do Espectro Autista, recriando uma pedagogia cada vez mais

direcionada aos alunos com necessidades educacionais especiais e comprometida

com o seu desenvolvimento cognitivo, humano e social.

Page 89: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

89

REFERÊNCIAS

AUTISMO: Crianças om autismo podem desenvolver talentos específicos. G1, ed. 25 ago. 2013. Disponível em: <http://g1.globo.com/fantastico/quadros/autismo-universo-particular/noticia/2013/08/criancas-com-autismo-podem-desenvolver-talentos-especificos.html> Acesso em: 16 dez. 2013. AUTISMO. In: Wikipédia: a enciclopédia livre. [S. l., 2010]. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Autismo#Hist.C3.B3rico>. Acesso em: 22 jul. 2013. BARROS, Iris Christina Borges. Avaliação do serviço de fisioterapia de um hospital da rede pública estadual do Rio de Janeiro: a visão dos usuários e dos profissionais. 64 f. 2009. Dissertação (Mestrado Profissional em Avaliação)-Fundação Cesgranrio, Rio de Janeiro, 2009. Disponível em: <http://mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2007/11%20Junho%202009%20Dissertacao%20Iris%20Borges%20Turma%202007.pdf>. Acesso em: 30 ago. 2013. BEYER, Hugo Otto. Da integração escolar à educação inclusiva: implicações pedagógicas. In: BATISTA, Claudio Roberto (Org.). Inclusão e escolarização: múltiplas perspectivas. Porto Alegre: Mediação, 2006. BRASIL. Constituição (1988). Constituição República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. Disponível em: <http://www.dji.com.br/constituicao_federal/cf205a214.htm>. Acesso em: 6 jun. 2013. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. [Diário Oficial da União], Brasília, DF, 23 dez. 1996. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/blegais.pdf>. Acesso em: 24 jul. 2013. BRASIL. Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012. Institui a política nacional de proteção dos direitos da pessoa com Transtorno do Espectro Autista; e altera o § 3º do art. 98 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990. [Diário Oficial da União], Brasília, DF, 2012, Seção 1, p. 2. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2012/lei-12764-27-dezembro-2012-774838-publicacaooriginal-138466-pl.html>. Acesso em: 25 jun. 2013. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica. [Diário Oficial da União]. São Paulo: MEC; SEESP, 2001. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/diretrizes.pdf>. Acesso em: 4 mar. 2014. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais, Brasília, DF: MEC/SEF, 1997, 9 p. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf>. Acesso em: 19 jun. 2014.

Page 90: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

90

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: adaptações curriculares. Estratégias para a educação de alunos com necessidades educacionais especiais. Brasília, DF: MEC, 1998a, p. 13 -17. Disponível em: <http://www.conteudoescola.com.br/pcn-esp.pdf>. Acesso em: 18 dez. 2013. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: adaptações curriculares. Estratégias para a educação de alunos com necessidades educacionais especiais, Brasília, DF: MEC, 2003a, 34. p. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/serie4.pdf>. Acesso em: 4 set. 2013. BRASIL. Secretaria de Educação. Secretaria de Educação Especial, Brasília, DF: MEC/ SEF/SEESP, 1998b, p. 33. Disponível em: <http://www.conteudoescola.com.br/pcn-esp.pdf>. Acesso em: 3 mar. 2014. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Saberes e práticas da inclusão: estratégias para a educação de alunos com necessidades educacionais. Brasília, DF: Ministério da Educação. 2003b. (Saberes e práticas da inclusão, 4). Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/serie4.pdf>. Acesso em: 12 set. 2013. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Ações programáticas estratégicas coordenação nacional de saúde mental, álcool e outras drogas. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013c. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/autismo_cp.pdfAcesso>. Acesso em: 11 set. 2013. BRASIL ESCOLA. Polígonos. [2014]. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/matematica/poligonos.htm>. Acesso em: 15 out. 2014. COLÉGIO BATISTA SHEPARD. Perspectivas: as mesmas atividades realizadas pela turma regular com adaptações em nível conceitual. Rio de Janeiro, 2014. CUNHA, Eugênio. O desafio de lidar com o autismo em sala de aula. Folha Dirigida, Rio de Janeiro, 30 jul. 2013. Disponível em: <http://www.eugeniocunha.com.br/artigo/134/o-desafio-de-lidar-com-o-autismo-em-sala-de-aula/>. Acesso em: 2 mar. 2014. DALBOSCO, Cláudio Almir. Da pressão disciplinada à obrigação moral: esboço sobre o significado e o papel da pedagogia no pensamento de Kant. Educ. Soc., Campinas, v. 25, n. 89, p. 1333-1356, set./dez. 2004. Disponível em: <http://www.cedes.unicamp.br>. Acesso em: 12 out. 2013. DIAGNÓSTICO do autismo. [S.l.: s.n., 2012?]. Disponível em: <http://autismoerealidade.org/informe-se/sobre-o-autismo/diagnosticos-do-autismo/>. Acesso em: 23 ago. 2013.

Page 91: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

91

GODOY, Arilda Schmidt. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. Revista de Administração de Empresas. São Paulo, v. 35, n. 3, maio / jun. 1995. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rae/v35n2/a08v35n2.pdf>. Acesso em: 2 mar. 2014. HAMER, Eleri; ORSOLIN, Juarez; HAMER, Márcia R. Schwingwel. Avaliação qualitativa de um programa de gestão de propriedades rurais em cooperativa sob o enfoque da informação e do conhecimento. In: SOCIEDADE BRASIELEIRA DE ECONOMIA ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA RURAL, 42., 2004, Cuiabá, Resumos... Cuiabá: SOBER, 2004. Disponível em: <http://www.sober.org.br/palestra/12/02O096.pdf>. Acesso em: 13 set. 2013. INSTITUTO HIPPOCAMPUS DE PSICOLOGIA. Neuropsicologia empresarial. São Paulo, [2013?]. Disponível em: <http://www.ihpsi.com.br/empresa/desenvolvimento>. Acesso em: 28 mar. 2014. KANT, Immanuel. Sobre a Pedagogia. Tradução de Francisco Cock Fontanella. Piracicaba: UNIMEP, 1996. LENDO EM INGLÊS. Marcas tipográficas, [S.l.], 2009. Disponível em: <https://sites.google.com/site/learningtoreadenglishandothers/lendo-em-ingles-1/kk/marcas-tipograficas>. Acesso em: 31 ago. 2014. LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar. 14. ed. São Paulo: Cortez, 2002. LUDKE, Hermengarda. Discussão do trabalho de Robert e Stake: estudo de caso em pesquisa e avaliação educacional. Rio de Janeiro: PUC/RIO, [1983]. Disponível em: <http://www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/es/artigos/56.pdf>. Acesso em: 17 set. 2014. MARQUES, Viviane. Linguagem e cognição. [S.l.: s.n., 2012?]. Disponível em: <http://www.vivianemarques.com.br/aulas/fono_oncolpogia/linguagem_cognicao.pdf>. Acesso em: 27 jul. 2013. MEDICINA NET. CID-10: Transtorno globais do desenvolvimento. Porto Alegre, [2013?]. Disponível em: <http://www.medicinanet.com.br/cid10/1569/f84_transtornos_globais_do_desenvolvimento.htm>. Acesso em: 10 mar. 2014. MINAYO, Maria Cecilia de Souza; SANCHES, Odécio. Quantitativo-quantitativo: oposição ou complementariedade?. Cad. Saúde Publ., Rio de Janeiro, n. 9, v. 3, p. 239-262, jul./set. 1993. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. ONU. Classificação Internacional de Doenças. Autismo CID – 10: critérios para diagnóstico do autismo, 1992. Disponível em: <http://www.autismo-br.com.br/home/D-cd-10.htm>. Acesso em: 9 mar. 2014.

Page 92: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

92

PSIQ WEB. Desenvolvimento e transtornos globais do CID 10: transtornos globais do desenvolvimento, Campinas, [2012]. Disponível em: <http://www.psiqweb.med.br/site/DefaultLimpo.aspx?area=ES/VerClassificacoes&idZClassificacoes=322>. Acesso em: 12 ago. 2014. RENNA, Marcos A. L. Transtorno autista CID-10: classificação internacional de doenças. 10. ed. São Paulo: PSICNET, [2013]. Disponível em: <http://www.psicnet.psc.br/v2/site/dicionario/default.asp?cod=3&inicial=&curpage=2> Acesso em: 18 jan. 2013. RIO DE JANEIRO. (Estado). Lei nº 6.708, de 13 de março de 2014. Cria o programa de conscientização e obriga a inclusão e reserva de vagas na rede pública e privada de educação no Estado do Rio de Janeiro para crianças e adolescentes com transtorno do espectro autista e dá outras providências. [Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro], Rio de Janeiro, 14 mar. 2014. SÁ EARP, Maria de Lourdes. Observação. In: ELLIOT, Ligia Gomes (Org.). Instrumentos de avaliação e pesquisa: caminhos para construção e validação. Rio de Janeiro: Wak, 2012. SCHWARTZMAN, José Salomão. Autismo (primeira parte). São Paulo, [2010?] entrevista concedida a Dr. Dráuzio Varela. Disponível em: <http://drauziovarella.com.br/crianca-2/autismo-primeira-parte>. Acesso em: 15 set. 2013. SCHWARTZMAN, José Salomão. Autismo infantil. São Paulo, [2011?] entrevista concedida a Dr. Dráuzio Varela. Disponível em: <http://drauziovarella.com.br/crianca-2/autismo-primeira-parte>. Acesso em: 9 mar. 2014. SCHWARTZMAN, José Salomão. Autismo e outros transtornos do espectro autista. Revista Autismo: informação gerando ação. [São Paulo], set. 2010. Disponível em: <http://www.revistaautismo.com.br/edic-o-0/autismo-e-outros-transtornos-do-espectro-autista>. Acesso em: 6 dez. 2013. SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO. Referencial sobre avaliação da aprendizagem na área da deficiência intelectual. São Paulo: SME/DOT, 2008. Disponível em: <http://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/Documentos/BibliPed/EdEspecial/Referencial_AvaliacaoAprendizagem_DeficienciaIntelectual.pdf> Acesso em: 20 nov. 2013. STAKE, Robert E. Case studies. In: DENZIN, N.; LINCOLN, Y. (Ed.). Handbook of qualitative research. 2. ed. Thousand Oaks: Sage, 2000. TIRADENTES, Kiê. Diário de um autista. [S.l.: s.n., 2013?] Disponível em: <http://www.redetiradentes.com.br/diariodeumautista/?cat=19>. Acesso em: 19 jun. 2014.

Page 93: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

93

TEIXEIRA, Maria Cristina Trigueiro Veloz et al. Literatura científica brasileira sobre transtornos do espectro autista. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo, v. 56, n. 5, p. 607-614, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ramb/v56n5/v56n5a26.pdf>. Acesso em: 18 jun. 2014. UNIMAR. Universidade de Marília. Anotações de aulas: desenho técnico. 2006. p. 9. Disponível em: <ftp://ftp.sm.ifes.edu.br/professores/SolivanAltoe/1EN/Apostilas/LIVRO%20DE%20DESENHO_UNIMAR.pdf>. Acesso em: 16 set. 2014. VALE, Tania Gracy Martins do; MAIA, Ana Cláudia Bortolozzi. Aprendizagem e comportamento humano. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. Disponível em: <http://books.google.com.br/books?id=wgKIdInngFQC&pg=PA198&lpg=PA198&dq=Castro,+Melo,+%26+Silvares,+2003).&source=bl&ots=gszApX4_eH&sig=WaVlv36wANeTRW6CKs7e-hxFzVs&hl=pt-BR&sa=X&ei=_ZPSUt3>. Acesso em: 22 dez. 2013. VARELLA, Dráuzio. Corpo humano: autismo. [São Paulo, 2009?]. Disponível em: <http://drauziovarella.com.br/crianca-2/autismo/>. Acesso em: 4 mar. 2014. VIANNA, Heraldo M. Avaliação educacional. São Paulo: IBRASA, 2000. WORTHEN, Blaine; R.; SANDERS, James R.; FITZPATRICK, Jody L. Avaliação de programas: concepções e práticas. São Paulo: Ed. Gente, 2004. YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Tradução: Daniel Grassi. 2. ed. Porto Alegre: Brookman, 2001.

Page 94: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

APÊNDICES

Page 95: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

95

Apêndice A – Pedido de autorização feito ao Colégio Batista Shepard para a coleta de dados

Curso de Mestrado Profissional em Avaliação

Pedido de Autorização

Ilustríssimo(a) Senhor(a),

Eu, Cristina Maria Lima MIGUEL, na qualidade de mestranda da turma de 2013 do Curso de Mestrado Profissional em Avaliação do Programa de Pós-Graduação da Fundação CESGRANRIO, venho solicitar autorização para a realização de coleta de dados em sua instituição de ensino, Colégio Batista Shepard, necessária ao desenvolvimento da dissertação, que é requisito para obtenção do título de Mestre em Avaliação.

Como desenvolvo a dissertação sobre o currículo adaptado para aluno com Transtorno do Espectro Autista em escola regular de ensino, o objetivo do estudo é avaliar em que medida esse currículo atende às necessidades de aluno autista. Tendo em vista que uma sociedade produtiva, justa e digna é alicerçada pela educação de qualidade para todos, o tema se insere no contexto social da atualidade. Assim, espera-se que os resultados provenientes deste estudo avaliativo possam servir como base para reflexões de todos aqueles envolvidos com esse estudo.

Os procedimentos adotados serão observação, entrevistas e questionários. Essas atividades não apresentam riscos aos sujeitos participantes – aluno Pedro Henrique Cassela, responsáveis pelo aluno, professor regente, equipe técnico-pedagógica, psicóloga. É previsto que o tempo para coleta de dados não ultrapasse seis meses.

A participação será voluntária, isto é, a qualquer momento os participantes podem recusar-se a responder qualquer pergunta ou desistir de participar e retirar seu consentimento. Esta recusa não trará nenhum prejuízo na relação com o avaliador ou com a instituição. Além disso, a identidade de todos os participantes será protegida pelo anonimato.

Atenciosamente,

Cristina Maria Lima Miguel

Fundação Cesgranrio Rua Cosme Velho, 155 – Cosme Velho – 22241-125 – Rio de Janeiro Internet: http://mestradocesgranrio.org.br e-mail: e-mail: [email protected].

Page 96: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

96

Apêndice B – Currículo adaptado – Matemática

Plano de Curso 2014 - Estratégias Adaptadas No Processo de Inclusão

Área de Conhecimento: Matemática 5º ano – Fundamental

Trimestre: 2º

I – Competência

• Desenvolver estratégias de calculo que o levem à compreensão das propriedades das operações - 1 • Repartir em partes iguais - 2 • Elaborar situações problemas para expressões numéricas - 3 • Descobrir os fatores e os divisores de números naturais - 4 • Resolver problemas contendo as quatro operações -5 • Compor e decompor - 6 • Trabalhar com números fracionários - 7 • Resolver problemas simples com frações – 8

II – Habilidade

• Conhecer e valorizar os recursos disponíveis para que execute as quatro operações matemáticas - 9 • Observar os padrões apresentados e utilizá-los para realizar cálculos - 10 • Observar que as expressões numéricas podem ser associadas a um contexto - 11 • Perceber frações como números - 12 • Selecionar e utilizar instrumentos de cálculo e representar dados - 13 • Reconhecer, utilizar, interpretar e propor modelos explicativos para fenômenos dos mais diferentes contextos sociais, matemáticos e históricos – 14

III – Conteúdos

ESPAÇO E FORMAS GEOMÉTRICAS (Apresentação dos conteúdos mais complexos)

• Localização e orientação espacial - 15 • A circunferência e o círculo - 16 • Ângulos - 17

GEOMETRIA, MEDIDAS e FRAÇÔES: FORMAS, MEDIDAS E FRAÇÕES EM FIGURAS • Composição de figuras planas - 18 • Volume – 19

RACIONAIS, MEDIDAS E ESTATÍSTICA DECIMAIS NO DIA A DIA • Sistema monetário brasileiro - 20 • Medida de temperatura - 21 • Números decimais – 22

ARTE E GEOMETRIA • Figuras planas - 23 • Características de polígonos - 24 • Propriedades da multiplicação -25 • Divisão – 26

Page 97: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

97

IV – Procedimentos

• Atividades em sala de aula. • Fazer o cálculo utilizando um calendário adicionando os números de quatro quadrinhos consecutivos em diversas posições. • Usar a malha para atividades que desenvolvam noções de simetria. • Resolução de atividades variadas do capítulo. • Participação nas atividades práticas do capítulo. • Avaliação prática oral, abordando os conteúdos desenvolvidos relacionados às frações. • Trabalho em dupla ou grupo sobre medidas de superfície e contorno. • Atividades em dupla, partindo de textos matemáticos.

V – Interdisciplinaridade

• Arte – brincando na malha; • Língua Portuguesa - Leitura e interpretação das situações problemas;

VI – Bibliografia

PCNS • Livro De Matemática Rede Cristã de Educação 5º ano

VII – Avaliação Adaptada

- Simuladinho; - Atividades em aula; - Trabalhos em grupo e duplas - Avaliação Trimestral; - TAT’s.

Page 98: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

98

Apêndice C – Currículo adaptado - Língua Portuguesa

Plano de Curso 2014 - Estratégias adaptadas no processo de inclusão

Área de Conhecimento: Língua Portuguesa 5º ano – Fundamental I

Trimestre: 2º

I – Competência

- Assegurar-se de sua própria capacidade de construção, identificando personagens e espaços do texto; 1

- Ler, compreender e contar o texto lido (sequência lógica dos fatos) além de construir textos empregando corretamente os tempos verbais; 2

- Identificar na linguagem oral e escrita do cotidiano, as concordâncias verbais e nominais corretas; 3

- Estabelecer conexão entre as partes do texto, percebendo as relações existentes; 4 - Desenvolver o vocabulário. 5 - Assegurar a compreensão e leitura de gráficos, tabelas e mapas relacionados a textos; 6

II – Habilidade

- Falar selecionando as concordâncias verbais e nominais adequados à situação de comunicação; 7

- Agir com sensibilidade na observação das fotos relacionados a elementos da natureza; 8 - Ouvir para reconhecer, na frase, a intenção de comunicação; 9 - Falar com a entonação adequada para garantir a interação comunicativa; 10 - Ouvir para colaborar e construir o sentido de uma frase em uma situação de

comunicação (roda de conversa, roteiros de entrevista e apresentação de trabalhos e outras situações), em sua forma conotativa e denotativa; 11

- Ler para ampliar o vocabulário, interagindo com informações selecionadas; 12 - Compreender o conceito de cidadania, direitos e deveres; 13 - Compreender a função das classes de palavras (substantivos, adjetivos, pronomes e

marcadores espaciais e - temporais) para a construção de textos e frases. 14 - Analisar as alterações ortográficas presentes nos textos estudados. 15 - Usar marcas tipográficas para a compreensão da construção do texto; 16 - Representar textos através de desenhos segundo sequência lógica dos fatos; 17 - Conhecer e identificar as alterações ortográficas referentes à série em questão: S com

som de /Z/; S com - som de /S/; C; Ç; Z; SS; X com som de /Z/. 18

III – Conteúdos

- Textos variados (cartas, jornais, artigos diversos, etc.); 19 - Perceber o uso de s, ss, ç, x, z, xc, sc, sç, c ou s; 20 - Pontuação; 21 - Interjeição; 22 - Verbos; 23 - Pronomes; 24 - Aspectos gramaticais: pontuação de enumeração, uso de letras maiúsculas,

paragrafação a partir de modelo, levando em conta o gênero e contexto de produção; 25 - Grau do adjetivo; 26 - Conhecer adjetivo no superlativo e adjetivo pátrio. 27

IV – Procedimentos

Page 99: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

99

- Debates sobre leituras realizadas; - Uso do dicionário; - Atividades em duplas e grupos; - Produção de texto (revisão de crônica); - Pesquisas; - Construção do cantinho “Vale a Pena Conferir” - fichas de leitura; - Atividades realizadas nos livros, caderno, folha xerocada; - Produção de texto (carta); - Atividades entrevistas, observando as características desse gênero de texto; - Dicionário como fonte de consulta para atender a diferentes propósitos; - Releitura dos direitos da criança e adolescente; - trabalhar com gráficos, tabelas e mapas relacionados;

V – Interdisciplinaridade

- História e Geografia – conteúdos comuns a temáticas históricas; - Artes – diferentes linguagens.

VI – Bibliografia

- PCNS para o Ensino Fundamental l Vol. 1; - Livro de Português Rede Cristã de Educação 5º ano

VII – Avaliação

- Individual durante as aprendizagens; perceber como a criança está interagindo e como a aprendizagem está acontecendo;

- Continua e diagnostica / andamento do processo, desenvolvimento do aluno; - Pesquisas; - Atividades em grupo; - Simuladinhos, TABS e avaliação trimestral adaptados.

Page 100: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

100

Apêndice D – Desenho feito pelo aluno

Page 101: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

101

Apêndice E – Desenho feito pelo aluno

Page 102: AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO …mestrado.cesgranrio.org.br/pdf/dissertacoes2014/11 de Dezembro de... · às disciplinas de Matemática e de Língua Portuguesa do 5º

102

Apêndice F - Desenho feito pelo aluno