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.cm ipen AUTARQUIA ASSOCIADA À UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DE ELEMENTOS DE TERRAS RARAS PESADAS NA MICROESTRUTURA E NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS E ELÉTRICAS DE CERÂMICAS DE ZIRCÔNIA - ÍTRIA DOLORES RIBEIRO RICCI LAZAR Tese apresentada como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Doutor em Ciências na Área de Tecnologia Nuclear - Materiais. Orientador: Dr. José Octavio Armani Paschoal Co-Orientadora: Dra. Ana Helena de Almeida Bressiani Sao Paulo 2002

avaliação da influência de elementos de terras raras pesadas na

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  • . c m ipen

    AUTARQUIA ASSOCIADA UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    AVALIAO DA INFLUNCIA DE ELEMENTOS DE

    TERRAS RARAS PESADAS NA MICROESTRUTURA E NAS

    PROPRIEDADES MECNICAS E ELTRICAS DE CERMICAS

    DE ZIRCNIA - TRIA

    DOLORES RIBEIRO RICCI LAZAR

    T e s e a p r e s e n t a d a c o m o p a r t e d o s requisi tos p a r a o b t e n o do G r a u de D o u t o r e m C i n c i a s n a r e a d e Tecnologia Nuc lear - Mater ia is .

    Or ientador : Dr. Jos Octav io A r m a n i Paschoal Co -Or ien tadora : D r a . A n a H e l e n a d e A lme ida Bressiani

    Sao Paulo 2002

  • INSTITUTO DE PESQUISAS ENERGTICAS E NUCLEARES

    Autarqua Associada Universidade de So Paulo

    Y

    AVALIAO DA INFLUENCIA DE ELEMENTOS DE

    TERRAS RARAS PESADAS NA MICROESTRUTURA E NAS

    PROPRIEDADES MECNICAS E ELTRICAS DE

    CERMICAS DE ZIRCNIA - TRIA

    D O L O R E S R I B E I R O R I C C I L A Z A R

    Tese apresentada como parte dos requisitos para obteno do Grau de Doutor em Ciencias na rea de Tecnologia Nuclear - Materiais

    Orientador:

    Dr. Jos Octavio Armani Paschoal

    Co-orientadora: Dra. Ana Helena de Almeida Bressiani

    SO PAULO

    2002

    :'0i. Jt EWEHI rjCLEAH/SF irt

  • A&y meu^ querid(yy pcu^,

    UmhertcT ((AvmemorioAv) e/Laura/,

    eterncry re^on^A/e^ pela/

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    Ao-Lu^, pelo- carivuy- e^compree^Vio-

    vuyy mcmientoy dedcadxyy /reaiiyxxy-

    cie^e/ trabho:

    iOMlSSAO NACXNL CE EMtKGIA NUCLEAR/SP Wt

  • Agradecimentos

    AGRADECIMENTOS

    Ao Instituto de Pesquisas Energticas e Nucleares, pela oportunidade de realizar este

    trabalho.

    Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo, pelo vaoso auxHo

    financeiro a esta pesquisa.

    Ao Dr Jos Octavio Armani Paschoal, um agradecimento especial, pela orientao,

    incentivo e confiana, sempre presentes em nossa amizade e convvio profissional.

    A Dra. Ana Helena de Almeida Bressiani, com a minha admirao, pela competncia e

    pacincia com que conduziu a co-orientao desta tese.

    Aos amigos Bel. Valter Ussui e Dra. Cristiane Ap. B. de Menezes, por terem

    compartilhado as dificuldades e conquistas desta pesquisa.

    Dra. Emilia S. M. Seo, Dra. Snia Regina H. de Mello Castanho e ao Dr. Marcelo

    Linardi, pelo apoio e incentivo.

    Aos amigos do Laboratrio de Clulas a Combustvel, MSc. Chieko Yamagata,

    Bel. Sandra M. Cunha, Bel. Solange S. Lima, Eng. Walter Kenji Yoshito, Daniela M.

    Ferreira e Joana D. de Andrade, pela importante colaborao durante a realizao das

    atividades experimentais.

    Ao Dr. Jos Carlos Bressiani, ao Dr. Reginaldo Muccillo e ao Dr. Jos Roberto

    Martinelli, por terem aberto todas as portas dos Laboratrios de Cermica.

    Ao Dr. Nelson B. de Lima, MSc. Elizabeth Fancio e Marilene M. Serna, pela dedicao

    na realizao das anlises de difrao de raios X e de refinamento de Rietveld.

    Dra. Eliana N. S. Muccillo, pela realizao das anlises de resistividade eltrica e

    valiosa contribuio na discusso dos resultados.

    Ao Dr. Luis Filipe C. P. de Lima, pelas anlises de mdulo de elasticidade e constantes

    incentivos.

    Aos colegas dos Laboratrios de Cermica, MSc. Rosa M. da Rocha, MSc. Luis Antnio

    Genova, MSc. Vanderlei Ferreira, MSc. Yone V. Frana, MSc. Daniela M. Avila,

    MSc. Fredner Leito e Dra. Ivana C. Cosentino, pela cooperao e realizao das

    anlises de difrao a laser, anlise trmica, dilatometria e porosimetria de mercrio.

    ;OftiSC KfiClCNi \j ENtHGiA NUCLEAR/SF JPt

  • Agradecimentos

    Aos bolsistas Adriano Mantovanelli e Fernando Nagae, pela preparao das amostras

    retificadas de zircnia estabilizada.

    Aos colegas dos Laboratrios de Caracterizao Qumica, MSc. Vera L. Salvador,

    * Wilson Scapin, Marcos Scapin, Dr. Jos Oscar Bustillos, MSc. Srgio Moura,

    MSc. Cristina Sisti e Bel. Cleide M. da Silva, pelas anlises de fluorescencia de raios X,

    deteco da radiao infi-avermelho de produtos de combusto e anlises por via mida.

    Aos integrantes do grupo de Caracterizao Microestrutural, em especial ao Celso V. de

    Moraes, Nildemar A. Messias e Rene R. de Oliveira, pelo excelente trabalho de

    microscopa eletrnica, e ao Glauson A. Ferreira e Dileusa A. S. Galissi, pela ajuda na

    preparao das amostras ceramogrficas.

    Ao MSc. Gilberto Marcondes, pela ajuda na aquisio de imagens dos ensaios de dureza

    e tenacidade fratura.

    Ao Carlos E. Teixeira e La Sarita Montagna, do Centro Tecnolgico da Marinha

    (CTMSP), pelo apoio nos ensaios de dureza Vickers e anlises de espectroscopia de

    ' energia dispersiva (EDS).

    Maria Teresa Perez Acevedo, pelo apoio nas questes administrativas e palavras de

    incentivo.

    Aos membros titulares e suplentes da banca examinadora, Dr. Jos A. Varela (UNESP),

    Dr. Douglas Gouva (EPUSP), Dra. Eliana N. S Muccillo (IPEN), Dr Francisco

    Ambrzio Filho (IPEN), Dr. Nelson B. de Lima (IPEN) e Dr. Celio Xavier (EPUSP),

    por terem dedicado parte de seu tempo para avaliao desta tese.

    A todos os colegas e amigos do CCTM, pelo carinho e companheirismo em todos esses

    anos de convivncia, fundamentais para o xito deste trabalho.

  • ' Come
  • V

    Resumo

    A V A L U O DA INFLUNCIA DE ELEMENTOS DE TERRAS RARAS

    PESADAS NA MICROESTRUTURA E NAS PROPRIEDADES MECNICAS E

    ELTRICAS DE CERMICAS DE ZIRCNIA - TRIA

    Dolores Ribeiro Ricci Lazar

    RESUMO

    O emprego de concentrados de tria foi avaliado para obteno de cermicas de

    zircnia estabilizada, utilizadas como materiais estruturais e eletrlitos slidos. Devido

    associao com o itrio em diversos minrios, os elementos trbio, disprsio, hlmio,

    rbio e iterbio, classificados como terras raras pesadas, so constituintes desses

    concentrados. O desempenho das cermicas foi verificado, em um estudo comparativo

    entre os sistemas zircnia - tria e zircnia - tria - xidos de terras raras pesadas,

    fixando-se a concentrao total de dopantes em 3 e 9 mol%. Os insumos cermicos

    foram preparados pela rota de co-precipitao, a partir de solues resultantes do

    processamento qumico dos minerais zirconita e monazita e obtidas pela dissoluo de

    xidos de terras raras de elevada pureza. O trabalho experimental englobou a definio

    das condies adequadas de calcinao, moagem e processamento cermico dos ps

    sintetizados, para que a densidade do produto sintetizado fosse superior a 95% DT.

    Com base nos resultados obtidos, foram preparadas amostras para o estudo do efeito

    individual dos elementos de terras raras pesadas. Os ps foram caracterizados por

    anlises qumicas, difrao de raios X, microscopia eletrnica de varredura e de

    transmisso, adsoro gasosa (BET) e determinao da distribuio granulomtrica por

    difrao a laser. As amostras compactadas foram analisadas por porosimetria de

    mercrio e a cintica de sinterizao foi estudada por dilatometria. A caracterizao dos

    produtos sinterizados incluiu medidas de densidade aparente pelo princpio de

    Archimedes, anlises de difrao de raios X, avaliao da microestrutura por

    microscopia eletrnica de varredura e de transmisso, ensaios de impresso Vickers

    para determinao de dureza e tenacidade fratura, determinao do mdulo de

    elasticidade por anlise mecnica dinmica e medidas de resistividade eltrica por

    espectroscopia de impedncia. Os resultados obtidos mostraram que a presena de terras

    raras pesadas, no concentrado contendo 85% em massa de tria, no exerce influncia

    considervel nas propriedades das cermicas base de zircnia. As cermicas TZP.

    contendo 3 mol% de dopantes, apresentaram tamanho de gro inferior a 0,4 (im e

    valores elevados de dureza e tenacidade fratura (13 GPa e 6 MPa.m'

    respectivamente). O emprego de 9 mol% de xidos de terras raras permitiu a

    estabilizao da fase cbica da zircnia, com tamanho de gro na faixa de 3 a 5 /im e

    energia de ativao do processo de conduo inica em tomo de 1 eV.

  • Abstract

    EVALUATION OF THE EFFECT OF HEAVY RARE EARTH ELEMENTS ON

    THE MICROSTRUCTURE AND MECHANICAL AND ELECTRICAL

    PROPERTIES OF ZIRCONIA - YTTRIA CERAMICS

    Dolores Ribeiro Ricci Lazar

    ABSTRACT

    The use of yttria concentrates for synthesis and processing of zirconia based ceramics, applied as structural and solid electrolyte materials, was investigated in this work. Terbium, dysprosium, holmium, erbium and ytterbium are chemical elements, classified as heavy rare earths, that can be found in those concentrates due to their association with yttrivmi ores. The ceramic characteristics were compared to zircoma -yttria and zirconia - yttria - rare earth oxide systems. The dopant content was 3 and 9 mol%. The raw materials were prepared by the coprecipitation route using solutions fi'om the chemical processing of zircon and monazite ores and obtained by dissolution of high purity rare earth oxides. In the first part of this work, calcination, milling and ceramic processing were studied to produce ceramics with densities up to 95% TD. Samples were prepared in optimized conditions for the evaluation of the effect of each heavy rare earth element. Powders were characterized by chemical analysis. X-ray diflfraction, scanning and transmission electron microscopy, gas adsorption (BET) and laser diffraction for the determination of the agglomerate size distributions. Green pellets were characterized by mercury porosimetry and the sintering kinetic was studied by dilatometry. The characterization of the as-sintered pellets was performed by the apparent density measurement (Archimedes method). X-ray diffraction, microstructure analysis by scanning and transmission electron microscopy, Vickers indentation tests for hardness and fracture toughness determination, dynamic mechanical analysis for the elastic modulus measurement, and impedance spectroscopy for electrical resistivity measurement. It was observed that the presence of heavy rare earths in a concentrate containing 85 wt% of yttria has no significant influence on the properties of zirconia based ceramics. TZP ceramics, containing 3 mol% of dopants, have grain size smaller than 0.4|am, and Vickers hardness and fracture toughness up to 13GPa and 6MPa.m respectively. The stabilization of zirconia cubic phase was carried out adding 9 mol% of dopants. The average grain size of CSZ ceramics is in the range of 3 to 5|im and the activation energy of the ionic conduction process is approximately 1 eV.

    iOMissAO NAC;CK/;L DE E N E K B I A N U C L E A H / S P lU

  • Sumrio

    SUMARIO

    Pgina

    1. INTRODUO 1

    2. REVISO DA LITERATURA 2

    2.1. Zircnio e Terras Raras: Propriedades, Minerais e Processos de Purificao 4

    2.LL Zircnio 4

    2. L2. Terras Raras 5

    2.L3. Purificao de solues de zircnio e de terras raras 11

    2.2. Consideraes Gerais sobre as Cermicas de Zircnia Estabilizada 18

    2.2.1. Histrico 18

    2.2.2. Polimorfismo dos xidos de terras raras e de zircnio 20

    2.2.3. Mecamsmos de estabilizao de fases 27

    2.2.4. Os sistemas zircnia - tria e zircnia - xidos de terras raras pesadas 30

    2.2.5. Propriedades mecnicas de cermicas de zircnia estabilizada 34

    2.2.6. Condutividade eltrica de cermicas de zircnia estabilizada 43

    3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 51

    3.1. Matrias-primas 51

    3.2. Sntese dos ps 53

    3.3. Caracterizao dos ps 56

    3.4. Processamento cermico 57

    3.5. Caracterizao das amostras sinterizadas 57

    4. RESULTADOS E DISCUSSO 64

    4.1. Otimizao das condies de calcinao e de secagem dos ps 64

    4.1.1. Caracterizao dos ps 64

    4.1.2. Caracterizao das amostras conformadas 76

    4.1.3. Caracterizao das amostras sinterizadas 78

  • Sumrio

    4.2. Otimizao das condies de processamento cermico 80

    4.3. Influncia dos elementos de terras raras pesadas 89

    4.3.1. Caracterizao dos ps 89

    4.3.2. Caracterizao das amostras sinterizadas 91

    5. CONCLUSES 115

    SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS 117

    TRABALHOS PUBLICADOS 118

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 119

  • Lista de Tabelas

    LISTA DE TABELAS

    Pgina

    Tabela 2. L2.1: Raio efetivo dos tomos e ons de terras raras,

    temperatura ambiente '''''^ 7

    Tabela 2.1.2.2: Relao dos elementos de terras raras, seus respectivos

    nmeros e massas atmicas e os subgrupos a que

    per tencem" '^ 9

    Tabela 2.1.2.3: Composio tpica de alguns minerais de terras raras 10

    Tabela 2.2.2.1: Informaes cristalogrficas das estruturas polimrficas da

    zircnia''^'* 25

    Tabela 2.2.3.1: Raio inico de alguns elementos que formam soluo slida

    3 14 1 0 comazircoma ' i a

    Tabela 2.2.5.1: Densidade, tamanho de gro, dureza e tenacidade fratura das

    cermicas 3Y-TZP, preparadas a partir de ps comerciais 42

    Tabela 3.2.1: Codificao das amostras de zircnia estabilizada com tria e

    concentrados deste xido 54

    Tabela 3.2.2: Composio molar nominal dos xidos de terras raras nas

    amostras de zircnia estabilizada 55

    Tabela 3.2.3: Raio inico mdio dos estabilizantes das amostras de zircnia. 55

    Tabela 4.1.1.1: Resultados das anlises qumicas, realizadas por fluorescencia

    de raios X, de ps de zircnia estabilizada com tria e

    concentrado Ml 65

    Tabela 4.1.1.2: Teores de carbono e eaxofre em ps de zircnia estabilizada

    com tria, determinados pela deteco da radiao

    infravermelho, em funo das condies de calcinao e de

    secagem, aps moagem em meio alcolico 67

    W.SSO NACCN^i OE ENERGIA MCLEAR/5P IPt

  • Lista de Tabelas

    Tabela 4.1.1.3: rea de superficie especfica de ps de zircnia estabilizada

    com tria e concentrado MI , em fimo das condies de

    calcinao e moagem (A = moinho de aha energa e B =

    moinho de bolas) 67

    Tabela 4.1.1.4: Concentrao de fases e indicadores estatsticos de qualidade

    do refinamento de Rietveld de ps de zircnia estabilizada com

    tria e concentrado MI , calcinados a 800 C por 1 hora e

    submetidos moagem em moinho de bolas (B) e de alta

    energa (A) 73

    Tabela 4.1.2.1: Densidades geomtrica e relativa de amostras a verde de

    zircnia estabilizada com tria e concentrado MI , em funo

    das condies de calcinao, moagem (A, B) e conformao

    (U,U/I) 76

    Tabela 4.1.3.1: Densidade relativa de cermicas de zircnia estabilizada com

    tria, conformadas por prensagem uniaxial e sinterizadas a

    1350 e 1550 C, em funo das condies de secagem dos ps

    submetidos moagem de alta energia, em meio alcolico 80

    Tabela 4.2.1: Densidade relativa, em fimo das condies de tratamento

    trmico, temperatura e tempo de sinterizao, de cermicas de

    zircnia estabilizada com tria e concentrado Ml 84

    Tabela 4.2.2: Densidade relativa de cermicas de zircnia estabilizada com

    tria, sinterizadas a 1500 C por 1 hora, preparadas a partir de

    ps contendo diferentes teores de enxofre 89

    Tabela 4.3.1.1: rea de superfcie especfica de ps de zircnia estabilizada

    com xidos de terras raras (misturas sintticas M2 a M4),

    calcinados a 800 "C por 1 hora e submetidos moagem em

    moinho de bolas 91

    Tabela 4.3.2.1: Concentrao de fases e ndices de qualidade do refinamento

    de Rietveld de cermicas de zircnia estabilizada com tria e

    concentrados deste xido 92

  • Lista de Tabelas

    Tabela 4.3.2.2: Parmetros de rede e densidade terica, determinados pelo

    refinamento de Rietveld dos dados de difrao de raios X, de

    cermicas de zircnia estabilizada com tria e concentrados

    deste xido 94

    Tabela 4.3.2.3: Densidade aparente e relativa de cermicas de zircnia

    estabilizada com tria e concentrados deste xido,

    conformadas por prensagem uniaxial e sinterizadas a 1500 "C

    por 1 hora 94

    Tabela 4.3.2.4: Tamanho de gro de cermicas de zircnia estabilizada com

    tria e concentrados deste xido 103

    Tabela4.3.2.5: Dureza e tenacidade fratura de cermicas de zircnia

    estabilizada com tria e concentrados deste xido 111

    Tabela 4.3.2.6: Energia de ativao (E) e fator pr-exponencial (po) do

    processo de conduo inica, em cermicas de zircnia

    estabilizada, e valores de condutividade eltrica a 400 e

    estimativa a l 000 C 113

  • Lista de Figuras

    LISTA DE FIGURAS

    Pgina

    Figura 2.1.2.1: Raio atmico (a) e inico (b) das terras raras, em fimo do

    nmero atmico 8

    Figura 2.1.3.1: Fluxograma esquemtico do processamento da areia monaztica

    realizado pelas Indstrias Nucleares do Brasil ^^

    Figura 2.1.3.2: Fluxograma esquemtico das etapas de abertura da zircomta e de

    obteno de oxicloreto de zircnio adotadas na Usina Piloto de

    Produo de Zircmo do IPEN 14

    Figura 2.1.3.3: Fluxograma das rotas, adotadas no IPEN, para obteno de

    concentrados e xidos puros de terras raras ^

    Figura 2.2.2.1: Representao esquemtica das clulas unitrias das trs

    estruturas polimrficas da zircnia ' ^ 23

    Figura 2.2.2.2: Poliedro de coordenao do zircmo na zircnia monoclnica ' ^ 24

    Figura 2.2.2.3: Representao da distoro da rede cbica de face centrada para

    tetragonal de corpo centrado ^ 25

    Figura 2.2.4.1: Diagramas de fases de alguns sistemas zircnia - xidos de

    terras raras, onde M, T e C representam os campos de

    existncia das fases monoclnica, tetragonal e cbica,

    respectivamente ^'^''^ 32

    Figura 2.2.5.1: Representao esquemtica da formao de microtrincas ao

    redor de uma partcula de zircnia transformada (a) e a absoro

    da energia de uma trinca em propagao ( b ) ' 34

    Figura 2.2.5.2: Representao esquemtica do mecanismo de transformao

    induzida por tenso ' 35

  • Lista de Figuras

    Figura 2.2.5.3: Tamanlio crtico de gro em fimo da porcentagem molar de

    tria, empregada para estabilizao da zircnia 38

    Figura 2.2.5.4: Tenacidade fi-atura em fimo da porcentagem molar de tria,

    empregada para estabilizao da zircnia 38

    Figura 2.2.5.5: Tamanho de gro em fimo da porcentagem molar de tria,

    empregada para estabilizao da zircnia, em que M, T e C

    representam a presena das fases monoclnica, tetragonal e

    cbica, respectivamente 39

    Figura 2.2.6.1: Condutividade inica de cermicas base de zircnia, em

    fimo da concentrao de estabilizante (T = 800 "C) 44

    Figtira 2.2.6.2: Condutividade inica de cermicas de zircnia - tria, em

    fimo do teor de dopante ' ' : (a) 400 C e (b) 1000 C 46

    Figura 2.2.6.3: Resultados experimentais, obtidos por STAFFORD et al.

    para sistemas binarios zircnia - 12 mol% de xidos de terras

    raras: (a) curvas de Arrhenius e (b) energa de ativao em

    fimo do raio inico do estabilizante 49

    Figura 2.2.6.4: Condutividade eltrica, a 1000 C, de diversas cermicas de

    zircnia estabilizada com xidos de terras raras, em fimo do

    teor e do raio inico do estabilizante 49

    Figura 3.1: Fluxograma esquemtico da metodologa adotada para sntese,

    processamento e caracterizao de cermicas de zircnia

    estabilizada 52

    Figura 3.5.1: Desenho esqueititico das trincas tipo Palmqvist e radial-

    mediana ' ^ 61

    Figura 4.1.1.1: Curvas TG - DTA de hidrxidos co-precipitados de zircnio e

    itrio, obtidos aps secagem a 80 "C por 24 horas 66

    Figura 4.1.1.2: Curvas TG de ps de zircnia estabilizada com 3 e 9 mol% de

    tria, previamente calcinados a 800 "C, por 1 hora, e submetidos

    moagem, em meio alcolico, em moinho de bolas 66

    -OMISSO WACiCNtL t ENtRJA WUL'LtAH./.SP .'^tr

  • Lista de Figuras

    Figura 4.1.1.3: Curvas de distribuio granulomtrica de ps de zircnia

    estabilizada com tria e concentrado M l , em fiino das

    condies de calcinao e de moagem (A = moinho de alta

    energia e B = moinho de bolas) 68

    Figura 4.1.1.4: Micrografias, obtidas por MEV, de ps de zircnia estabilizada

    com tria e concentrado M l , calcinados a 800 C por 1 hora e

    submetidos moagem em moinho de bolas : (a) 3P, (b) 3M1;

    ( c )9Pe (d )9Ml 69

    Figura 4.1.1.5: Micrografias, obtidas por MEV, de ps de zircnia

    estabilizada com 3 mol% de tria, calcinados a diferentes

    temperaturas e submetidos moagem em moinho de alta

    energia : (a) 3P - 600 C, (b) 3P - 800 C; (c) 3P - 1000 C e

    (d)3P-1100C 70

    Figura 4.1.1.6: Micrografias, obtidas por MEV, de ps de zircnia

    estabilizada com 9 mol% de tria, calcinados a diferentes

    temperaturas e submetidos moagem em moinho de alta

    energia : (a) 9P - 600 C, (b) 9P - 800 C; (c) 9P - 1000 C e

    (d)9P-1100C 71

    Figtira 4.1.1.7: Micrografias, obtidas por MET, de ps de zircnia estabilizada

    com tria, calcinados a 800 "C por 1 hora e submetidos

    moagem em moinho de bolas: (a) 3P e (b) 9P 72

    Figura 4.1.1.8: Difratogramas de raios X, observados experimentalmente e

    calculados pelo refinamento de Rietveld, de ps de zircnia

    estabilizada com 3 mol% de tria, calcinados a 800 C por

    1 hora e submetidos moagem em moinho de bolas (a) e de

    alta energia (b) 74

    Figura 4.1.1.9: Difratogramas de raios X. observados experimentabnente e

    calculados pelo refinamento de Rietveld, de ps de zircnia

    estabilizada com 9 mol% de tria, calcinados a 800 C por

    1 hora e submetidos moagem em moinho de bolas (a) e de alta

    energia (b) 75

  • Lista de Figuras

    Figura 4.1.2.1: Distribuio de tamanho de poros de amostras a verde de

    zircnia estabilizada com tria, em fimo da tcnica de moagem

    (A,B) e de conformao dos ps (U, U/I) 77

    Figura 4.1.3.1: Densidade relativa de cermicas de zircnia estabilizada com

    tria, sinterizadas a 1350 e 1550 C, em fimo da temperatura

    de calcinao e da tcnica de conformao (U, U/T) dos ps

    submetidos moagem de alta energia 78

    Figura 4.2.1: Retrao linear, em fimo da temperatura de sinterizao, de

    cermicas de zircnia estabilizada com tria e concentrado M l ,

    preparadas a partir de ps submetidos a diferentes condies de

    moagem (A, B) e de conformao (U, U/I) 81

    Figura 4.2.2: Taxa de retrao linear, em fimo da temperatura de

    sinterizao, de cermicas de zircnia estabilizada com tria e

    concentrado M l , preparadas a partir de ps submetidos a

    diferentes condies de moagem (A, B) e de conformao

    (U,U/I) 82

    Figura 4.2.3: Densidade relativa de cermicas de zircnia estabilizada com

    tria e concentrado M l , em fimo das condies de moagem

    dos ps (A, B), conformao (U, U/I) e sinterizao 83

    Figura 4.2.4: Micrografias, obtidas por MEV, de superfcies de fratura de

    cermicas de zircnia estabilizada com tria, preparadas a partir

    de ps submetidos moagem de alta energia, em fimo das

    condies de conformao e de sinterizao: (a) 3P-U/I-

    1250 C, (b) 9P-U/I-1250 T , (c) 3P-U-1350 C, (d) 9P-U-

    1350 T , (e)3P-U-1550Ce (f) 9P-U-1550C 86

    Figura 4.2.5: Micrografias, obtidas por MEV, de superfcies de fratura de

    cermicas de zircnia estabilizada com 3 mol% de tria e

    concentrado Ml , sinterizadas a 1500 C por 1 hora, preparadas a

    partir de ps submetidos moagem em moinho de bolas:

    (a) 3P - U, (b) 3M1 - U, (c) 3P - U/I e (d) 3M1 - U/I 87

    S 5 A 0 F . tHG!A NUCLE/^R/Sf 11^'

  • Lista de Figuras

    Figura 4.2.6: Micrografias, obtidas por MEV, de superficies de fi-atura de

    cermicas de zircnia estabilizada com 9 mol% de tria e

    concentrado MI , sinterizadas a 1500 C por 1 hora, preparadas a

    partir de ps submetidos moagem em moinho de bolas:

    (a) 9P - U, (b) 9M1 - U, (c) 9? - U/I e (d) 9M1 - U/I 88

    Figura 4.3.1.1: Curvas de distribuio granulomtrica de ps de zircnia

    estabilizada com xidos de terras raras ( misturas sintticas M2

    a M4), calcinados a 800 "C por 1 hora e submetidos moagem

    em moinho de bolas 90

    Figura 4.3.2.1: Difratogramas de raios X, observados experimentalmente e

    calculados pelo refinamento de Rietveld, de cermicas de

    zircnia estabilizada com tria: (a) 3P e (b) 9? 93

    Figura 4.3.2.2: Micrografias, obtidas por MEV, de superfcies polidas e

    atacadas termicamente de cermicas de zircnia estabilizada:

    (a)3P, ( b ) 3 M l e ( c ) 3 M 2 95

    Figura 4.3.2.3: Micrografias, obtidas por MEV, de superficies polidas e

    atacadas termicamente de cermicas de zircnia estabilizada:

    (a) 3M3Dy, (b) 3M3Er, (c) 3M3Ho, (d) 3 M3Yb, (e) 3M3Tb e

    (f) 3M4Tb 96

    Figura 4.3.2.4: Micrografias, obtidas por MEV, de superficies polidas e

    atacadas termicamente de cermicas de zircnia estabilizada:

    (a) 9P, (b) 9M1 e (c) 9M2 97

    Figura 4.3.2.5: Micrografias, obtidas por MEV, de superficies polidas e

    atacadas termicamente de cermicas de zircnia estabilizada:

    (a) 9M3Dy, (b) 9M3Er. (c) 9M3Ho, (d) 9M3Yb, (e) 9M3Tb e

    (f)9M4Tb 98

    Figura 4.3.2.6: Distribuio de tamanho de gro de cermicas de zircnia

    estabilizada: (a) 3P. (b) 3M1 e (c) 3M2 99

  • Lista de Figuras

    Figura 4.3.2.7: Distribuio de tamanho de gro de cermicas de zircnia

    estabilizada: (a) 3M3Dy, (b) 3M3Er, (c) 3M3Ho, (d) 3M3Yb,

    (e)3M3Tbe(f)3M4Tb 100

    Figura 4.3.2.8: Distribuio de tamanho de gro de cermicas de zircnia

    estabilizada: (a) 9P, (b) 9M1 e (c) 9M2 101

    Figura 4.3.2.9: Distribuio de tamanho de gro de cermicas de zircnia

    estabilizada: (a) 9M3Dy, (b) 9M3Er, (c) 9M3Ho, (d) 9M3Yb,

    (e)9M3Tbe(f)9M4Tb 102

    Figura 4.3.2.10: Micrografias, obtidas por MET, de cermicas Y-TZP,

    mostrando gros de estrutura tetragonal (a), macias que

    caracterizam os gros de estrutura monoclnica (b) e regio de

    contomo de gro (c) 105

    Figura 4.3.2.11: Padro de difrao eletrnica e indexao por DIFPAT de um

    gro de estrutura tetragonal, presente em cermicas de zircnia

    estabilizada com 3 mol% de xidos de terras raras ( B =

    [-1,1,-1])... 106

    Figura 4.3.2.12: Micrografias, obtidas por MET, de certnicas Y-CSZ,

    mostrando a nucleao de precipitados de estrutura tetragonal

    em gros de estrutura cbica (a, b) e regio de contorno de

    gro(c) 107

    Figura 4.3.2.13: Padro de difrao eletrnica e indexao por DIFPAT de um

    gro de estrutura cbica ( B = [0,-1,1] ), contendo precipitados

    de estrutura tetragonal ( B = [-1,0,0] ), presentes em cermicas

    de zircnia estabilizada com 9 mol% de xidos de terras raras 108

    Figura 4.3.2.14: Curva de dureza, em fimo da fora aplicada pelo indentador

    piramidal, relativa cermica de zircnia estabilizada com

    3 mol% de tria de elevada pureza (3P) 109

    Figura 4.3.2.15: Micrografias, obtidas por microscopia ptica, de impresso

    Vickers na cermica de zircnia estabilizada com 3 mol% de

    tria de elevada pureza (3P), aps indentao (a) e posterior

    polimento com pasta de diamante (b) 110

    ^O^yilSSAO WCCNL DE ENEHGIA NCLEAR/SP

  • Lista de Figuras

    Figura 4.3.2.16: Grficos de Arrhenius da resistividade eltrica de cermicas de

    zircnia estabilizada com 3 e 9 mol% de tria e concentrado

    MI 112

    Figura 4.3.2.17: Grficos de Arrhenius da resistividade eltrica de cermicas de

    zircnia estabilizada com 9 mol% de xidos de terras

    raras 112

    Figura 4.3.2.18: Comparao do grfico de Arrhenius divulgado por CIACCHI

    et al. ' ^ e a faka obtida neste trabalho, para cermicas de

    zircnia estabilizada com 9 mol% de xidos de terras

    raras 113

  • Introduo

    1. INTRODUO

    As cermicas base de zircnia tm sido intensamente estudadas por

    possibilitarem um grande nmero de aplicaes tecnolgicas devido excelente

    combinao das suas propriedades qumicas, mecnicas, eltricas, trmicas e pticas.

    Tradicionalmente empregadas como refratrios, pigmentos e abrasivos na indstria

    cermica convencional, esses materiais tambm tm sido utilizados como cermica

    estrutural biomateriais e eletrlitos slidos em sensores de oxigmo e em clulas a

    combustvel de alta temperatura. Esta vasta gama de aplicaes alcanada pela adio

    de xidos que permitem estabilizar as fases tetragonal e cbica da zircnia, evitando a

    expanso volimitrica que acompanha a transformao martenstica tetragonal

    monoclnica ' ' *.

    De uma maneira geral, a zircnia tetragonal policristalina ( tetragonal zirconia

    polycrystals ~ TZP ) um material adequado para aplicaes com alta solicitao

    mecnica e condies extremas de desgaste, pois apresenta valores relativamente

    elevados de tenacidade Iratura e de resistncias mecnica e abraso, decorrentes do

    mecanismo de reforo por transformao. A zircnia parcialmente estabilizada

    ( partially stabilized zirconia - PSZ ) empregada, principalmente, como refratrio

    devido s boas resistncias ao choque trmico e a ataques qumicos. A zircnia

    estabilizada na fase cbica ( cubic stabilized zircoma - CSZ), por sua vez, utilizada

    como eletrlito slido por apresentar condutividade inica elevada, resultante da

    formao de vacncias de oxignio no processo de estabizao com ctions di e

    trivalentes ' ~ .

  • Introduo

    Como conseqncia do fenmeno de ^'contrao lantandica", as terras raras,

    que se encontram associadas ao itrio em etapas intermedirias dos processos separao

    qumica desses elementos, tambm apresentam propriedades adequadas para

    estabilizao da zircnia " Esse grupo, classificado como terras raras pesadas,

    inclui os elementos trbio, disprsio, hlmio, rbio e iterbio . A proximidade dos

    raios inicos dos ons trivalentes dessas espcies (entre 0,985 e 1,04 ) e o nmero de

    coordenao oito com o on Zr so fatores que justificam a semelhana entre o

    sistema zircnia - tria e os demais sistemas binarios zircnia - xidos de terras raras

    , 4, 9 1 4 - 2 0

    pesadas ' ' .

    Apesar do bom desempenho dos diversos xidos de terras raras pesadas para

    estabilizao da zircnia, o custo elevado desses insimios, decorrente da complexidade

    das tcnicas de purificao e dos reagentes envolvidos, inviabiliza a produo comercial

    desses materiais ' ' Considerando-se esses aspectos, a substituio da tria de

    elevada pureza por concentrados deste xido pode representar um avano tecnolgico

    para o setor cermico.

    A viabilidade de utilizao de concentrados de tria, como dopante da zircnia,

    foi demonstrada em alguns estudos " ao passo que a caracterizao das

    propriedades mecnicas e eltricas desses materiais um assunto abordado em poucos

    trabalhos

    Tendo em vista a importncia tecnolgica do emprego de concentrados de tria.

    como agente estabilizante da zircnia, o presente trabalho teve como objetivo inicial a

    A tria considerada um dos dopantes mais efetivos para estabilizao da

    zircnia. Este &to deve-se sua extensa faka de solubilidade nas estruturas tetragonal e

    cbica. Alm disso, a transformao eutetide, babea temperatura no campo

    tetragonal, possibilita a reteno desta fase, temperatura ambiente, quando a

    microestrutura controlada '

  • Introduo

    O estudo da influncia de elementos de terras raras pesadas na microestrutura e

    nas propriedades mecnicas e eltricas das cermicas de zircnia - tria foi objetivo da

    segimda etapa do trabalho, utilizando-se as condies otimizadas de calcinao,

    moagem, secagem, conformao e sinterizao.

    As solues de zircnio e de terras raras, empregadas como matrias-primas

    desta pesquisa, foram provetentes do beneficiamento da areia monaztica, realizado

    pela empresa Nuclemon (atual Indstrias Nucleares do Brasil - INB). O tratamento

    qumico da zirconita e o fracionamento do cloreto de terras raras foram realizados nas

    instalaes do IPEN, conforme procedimento previamente estabelecido ^ ' '

    Para avaliao do efeito individual dos xidos de terras raras pesadas, no sistema

    zircnia - tria, tambm foram empregados cloretos de itrio, trbio, disprsio, rbio,

    hlmio e iterbio, com pureza superior a 99,9% em massa, de procedncia comercial.

    definio das condies de preparao e processamento dos ps, para a obteno de

    cermicas de elevada densidade. A co-precipitao foi a rota de sntese adotada, por

    possibilitar rgido controle das caractersticas fsicas e qumicas dos ps, especialmente

    a granulometria, estado de aglomerao e composio. Outra vantagem desta tcnica

    refere-se sua simpcidade operacional e bako custo, sendo, portanto, adequada para

    apcao industrial ' -^^-^^

  • Reviso da Literatura

    2. REVISO DA LITERATURA

    2.1. Zircnio e Terras Raras: Propriedades, Minerais e Processos de Purifcao

    2.1.1. Zircnio

    O zircmo classificado como um elemento de transio, pertencente ao grupo

    IVB da tabela peridica, cujas propriedades qumicas so extremamente semelhantes s

    do hfiiio. Esta similaridade est relacionada s configuraes eletrnicas desses dois

    elementos, em que os orbitais externos 5s e 6s so ocupados antes do preenchimento

    dos orbitais internos 4d e 4f, respectivamente para o zircnio e hfiiio. A proximidade

    de raios inicos (0,84 A para o Zr e 0,83 para o H f c o n s i d e r a n d o - s e nmero de

    coordenao 8) conseqncia deste arranjo eletrnico ''''^'-^^.

    A associao do zircnio ao hfiiio, na natureza, numa proporo Hf / Zr

    correspondente a 2% em massa, fez com que a descoberta do hfio ocorresse somente

    em 1922, 133 anos aps a identificao do zircnio. A necessidade de separao desses

    elementos surgiu somente com o desenvolvimento da indstria nuclear, em decorrncia

    dos valores distintos de seo de choque de absoro de neutrons trmicos (ao contrrio

    do zircnio, o hfiiio um absorvedor de neutrons) .

    O zircnio encontra-se como elemento principal em cerca de vinte minerais, que

    podem ser divididos em trs grupos: ortossiiicatos de zircnio {zirconita e suas

    variedades), dixido de zircnio {badeleta e suas variedades) e zirconossilicatos de

    sdio, clcio e ferro (eudialita. catapleita, entre outros)''^"*".

    4

  • Reviso da Literatura

    Dentre esses minerais, a zirconita, ortossilicato de frmula ZrSi04, com

    impurezas de FeiOa, CaO e AI2O3, a principal fonte industrial de zircnio.

    Originalmente associada a depsitos gneos, a zirconita tambm encontrada em

    aluvies litorneos, juntamente com outros minerais densos como o rutilo, ilmenita e

    monazita. A badeleta o segundo mais importante minrio de zircnio; obtida como

    subproduto da explorao do cobre, ferro e fosfetos, constituda, aps o

    beneficiamento, por xido de zircnio quase puro

    Os depsitos minerais de zircnio encontram-se distribudos em quase todos os

    continentes, destacando-se as reservas localizadas na frica do Sul e Austrlia, que,

    somadas, representam mais de 65% das reservas mundiais. As reservas brasileiras so

    constitudas essencialmente de zirconita associada ao rutilo, ilmenita e monazita,

    localizada nos estados do Amazonas, Paraba, Rio de Janeiro, Bahia e Rio Grande do

    Norte, atingindo cerca de 5% das reservas mimdiais .

    2.1.2. Terras Raras

    Segundo a recomendao da lUPAC (International Union of Pure and Applied

    Chemistry), o termo "terras raras" tem sido empregado para designao do grupo de

    elementos que inclu o escandio, o itrio e a srie do lantnio ao lutcio. O termo srie

    do lantnio relativo aos elementos de nmero atmico 57 a 71 (lantnio a lutcio ) e

    lantandeos aos elementos de nmero atmico 58 a 71 ( crio a lutcio ) " .

    A denominao de "ierras raras" a esses elementos tem como origem a

    ocorrncia na natureza na forma de xidos, que eram chamados, na nomenclatura

    arcaica, de "terras", alm de serem considerados raros. Atualmente, esta expresso no

    est mais relacionada escassez desses elementos, pois sabe-se que o crio. o elemento

    mais abundante entre os lantandeos. ocorre em quantidades maiores que o cobre: o

    tlio, mesmo considerado raro, mais abundante que a prata. Somente o elemento

    5

  • Reviso da Literatura

    promcio no encontrado diretamente na natureza, pois ocorre apenas como

    conseqncia da fisso espontnea do urnio - 238 .

    A reunio dos elementos de terras raras em um nico grupo justificada pela

    similaridade de suas propriedades qumicas, decorrentes, essencialmente, da

    configurao eletrnica caracterstica desta femlia

    O escandio, itrio e lantnio esto posicionados como primeiros membros das

    sries de transio da tabela peridica, em que os eltrons ocupam os orbitais externos

    4s, 5s e 6s, antes do preenchimento dos orbitais internos 3d, 4d e 5d, respectivamente.

    Para os elementos de nmero atmico superior ao do lantnio, os eltrons so

    preferencialmente adicionados camada 4f, constituindo, desta forma, a primeira srie

    de transio interna. Como so 7 orbitais 4f, cada um com capacidade para

    2 eltrons, existem 14 elementos nesta regio (crio a lutcio), justificando a no

    incluso do lantnio na srie dos lantandeos, embora este elemento apresente

    propriedades similares aos adjacentes. Este arranjo eletrnico faz com que o tamanho

    dos tomos ou dos ons no aimiente com o nmero atmico, como comirni nas

    demais famlias, em que a adio de eltrons ocorre em nveis energticos superiores.

    Na realidade, no caso dos lantandeos este efeito inverso, ou seja, os raios atmicos e

    inicos diminuem com o aumento do nmero atmico, fenmeno este conhecido como

    "contrao lantandica" '"'^^.

    Os raios efetivos dos tomos e ons de terras raras so apresentados na tabela

    2.1.2.1 e figura 2.1.2.1. Um aspecto importante a ser observado a diferena de

    tamanho dos tomos de europio e iterbio, em relao s demais terras raras.

    Neste caso, duas hipteses so consideradas: as diferenas de estrutura cristalina e a

    tendncia desses elementos serem bivalentes no estado methco. divergindo da grande

    maioria que so estveis na forma trivalente

  • Reviso da Literatura

    Na tabela 2.1.2.1 e figtira 2.1.2.1 observa-se tambm que a magnitude da

    contrao lantandica tal que o raio inico do itrio muito prximo ao das espcies

    de hlmio e de disprsio, justificando a sua ocorrncia na natureza, em associao aos

    lantandeos, e a grande dificuldade de separao qumica. O escandio o elemento que

    apresenta menores valores de raio inico e atmico, devido ao seu posicionamento na

    tabela peridica.

    Tabela 2.1.2.1: Raio efetivo dos tomos e ons de terras raras, temperatura

    ambiente '"^'^^.

    Elemento Nmero Atmico

    Raio atmico efetivo

    ()

    Raio inico efetivo

    (A) Elemento Nmero

    Atmico

    Raio atmico efetivo

    () R^^ R^^

    Sc 21 1,641 0,87 Y 39 1,801 1,019 La 57 1,877 1,16 Ce 58 1,824 1,143 0,97 Pr 59 1,828 1,27 1,126 0,96 Nd 60 1,821 1,25 1,109 Pm 61 1,81 1,093 Sm 62 1,802 1,079 Eu 63 2,042 1,066 Gd 64 1,802 1,053 Tb 65 1,782 1,04 0,88 Dy 66 1,773 "" 1,027 Ho 67 1,766 1,14 1,015 Er 68 1,757 1,004 Tm 69 1,746 0,994 Yb 70 1,94 0,985 Lu 71 1,734 0,977

    Estrutura hexagonal "' Estrutura cbica de face centrada Estrutura rombodrica Estrutura cbica de corpo centrado Considerando-se nmero de coordenao

    igual a 8, caracterstico da estrutura cbica de corpo centrado.

  • Reviso da Literatura

    (a)

    10 20 30 40 50 60

    Nmero atmico

    70 80

    o >

    U O J 'c :2 o

    10 20 30 40 50 60 70

    Nmero Atmico

    (b)

    80

    Figura 2.1.2.1: Raio atmico (a) e inico (b) das terras raras, em limo do nmero

    14.45 atmico

    8

  • Reviso da Literatura

    A classificao das terras raras em subgrupos baseada nas composies dos

    produtos obtidos em algims processos de firaciotiamento (tabela 2.1.2.2). Assim, a

    classificao desses elementos como terras cricas e itricas tem origem no processo de

    precipitao de terras raras com sulfatos duplos de sdio e potssio, em que os

    elementos compreendidos entre o lantnio e europio constituem o produto insolvel.

    A denominao de terras raras leves, mdias e pesadas, adotada no presente trabalho,

    decorrente do fi-aciotiamento observado em processos de extrao lquido-lquido .

    Os minerais de terras raras de maior interesse comercial so representados pela

    bastnaesita, monazita e xenotima, embora sejam cotihecidos mais de 200 minerais

    contendo esses elementos ^ . A composio tpica desses trs minerais

    apresentada na tabela 2.1.2.3.

    Tabela 2.1.2.2: Relao dos elementos de terras raras, seus respectivos nmeros e

    massas atmicas e os subgrupos a que pertencem

    Smbolo Elemento Nmero Massa Classificao em subgrupos atmico atmica

    Classificao em subgrupos

    La Lantnio 57 138,9 Ce Crio 58 140,1 Leves

    Pr Praseodmio 59 140,9 Cricas

    Nd Neodimio 60 144,2

    Sm Samrio 2 - '"'T50",4'" Eu Europio 63 152,0 Mdias

    Gd Gadolinio 64 157,3 Tb Trbio '65 ------Dy Disprsio 66 162,5

    itricas Ho Hlmio 67 164,9 itricas Pesadas

    Er rbio 68 167,3

    Tm Tlio 69 168,9

    Yb Iterbio 70 173,0

    Lu Lutcio 71 175,0

    Y itrio 39 88,9

    Sc Escandio 21 45,0 Elementos que no so includos em Pm Promcio 61 145,0 subgrupos

  • Reviso da Literatura

    Tabela 2.1.2.3: Composio tpica de algmis minerais de terras raras 32

    xido Concentrao (% em massa)

    xido

    Bastnaesita Monazita Xenotima

    LazOs 30 22,4 3,7 CeOz 53 47,6 7,1

    PrOn 3,7 4,9 0,8 NdzOj 10,4 18,7 3,8 SmaOs 0,6 2,2 2,2 EU2O3 0,1 0,049 0,3 GdzOs 1,2 1,66 5,0 Tb407 0,15 1,0 DyzOs 0,45 11,0 H02O3 0,047 1,6 ErzOs 0,06 8,0 TmzOj 1 0,0034 0,5 YbzOs > 7,0 LU2O3 / 0,41 0,3 Y2O3 1,37 47,7

    * Base de clculo: 100% de xidos de terras raras (R2O3)

    A bastnaesita um fluorcarbonato constitudo basicamente por xidos de terras

    raras leves, geralmente associado a rochas alcalinas. Atualmente, este mineral

    representa a maior fonte mundial de terras raras " -

    A monazita um fostato de terras raras, contendo trio e urnio, que ocorre em

    areias de praias e junto a margens de rios. Gerahnente associada a minerais como rutilo,

    iknenita e zirconita, contm xidos de terras raras em concentraes de 55 a 60% em

    massa 11,21.44

    A xenotima um fosfato de terras raras rico em itrio. Assim como a monazita,

    ocorre em aluvies litorneos e fluviais como subproduto da minerao de outros

    metais "- '-^V

  • Reviso da Literatura

    Os depsitos de bastnaesita, localizados na China e Estados Unidos,

    representam cerca de 60% das reservas mmidiais de terras raras. As reservas brasileiras,

    referentes monazita localizada nos estados do Rio de Janeiro, Esprito Santo, Bahia e

    Minas Gerais e xenotima localizada no Amazonas, constituem menos de 1% do total

    mundial Deve-se considerar, no entanto, que as reservas brasileiras aumentam

    significativamente (cerca de 400%) se tambm forem englobadas as reservas que ainda

    no foram viabilizadas tecnologicamente, localizadas nos estados de Gois e Minas

    Gerais

    2.1.3. Purifcao de solues de zircnio e de terras raras

    No Brasil, a obteno de solues purificadas de zircnio e de terras raras

    realizada, em grande parte, a partir de minerais provenientes do beneficiamento da areia

    monaztica, que constituda por minerais densos como a monazita, ilmenita, zirconita

    e magnetita, contendo tambm uma fi-ao de quartzo .

    O fluxograma esquemtico do processamento da areia monaztica, realizado

    pelas Indstrias Nucleares do Brasil (INB) nas unidades de beneficiamento e de

    abertura de minrios, anteriormente pertencentes Nuclemon, apresentado na figura

    2.1.3.1. Destacam-se, nesta figura, as operaes de separao fsica dos minerais e as

    etapas de tratamento qumico da monazita, que possibilitam a separao das terras raras

    do urnio e trio e a recuperao do fosfato trissdico ^'

    Dando seqncia ao processo apresentado na figura 2.1.3.1, so descritas, a

    seguir, as rotas que tm sido adotadas no IPEN para tratamento qumico da zirconita e

    racionamento do cloreto de terras raras.

    lOIISSAO fJCiGN/M DE ENERGA NUCLEAF(/SF iF&

  • Reviso da Literatura

    Areia monaztica bruta

    Separao hidrogravimtrica

    ilmenita (magntica)

    rutilo (no magntico)

    condutores

    ^

    quartzo

    monazita, zirconita, rutilo e ilmenita

    Separao eletrosttica

    Separao magntica

    magntica

    no condutores

    z u Separao magntica

    no magntica

  • Reviso da Literatura

    A rota referente ao processamento da zirconita apresentada no fluxograma da

    figura 2.1.3.2. O processo inicia-se com o ataque da zirconita com hidrxido de sdio, a

    temperaturas da ordem de 600 C, promovendo a formao de zirconatos e silicatos de

    sdio. Aps a eliminao dos silicatos, por lixiviao aquosa, a slica residual

    removida por lixiviao clordrica, sendo gerada a soluo bruta de oxicloreto de

    zircnio. Em seguida, purifica-se esta soluo de zircnio precipitando-se o sulfato

    bsico de zircnio, que posteriormente submetido reao com hidrxido de amnio

    concentrado para converso na forma de hidrxido. Este precipitado solubilizado em

    cido clordrico para que seja obtida a soluo purificada de oxicloreto de zircnio.

    Somente para aplicaes nucleares do zircmo h necessidade de eliminao do hfiiio,

    que realizada empregando-se a tcnica de extrao com solventes

    A separao individual dos elementos de terras raras representa uma das

    tecnologias mais complexas da qumica inorgnica. De uma maneira geral, a estratgia

    adotada tem sido o firacionamento sucessivo em grupos, a partir dos quais se realiza a

    separao individual.

    As tcnicas de separao de terras raras podem ser subdivididas em duas grandes

    categorias: "clssicas" e "modernas". Dentre as tcnicas clssicas, incluem-se a

    cristalizao e precipitao /racionadas e as reaes trmicas. Na categoria das

    tcnicas modernas encontram-se a troca inica e a extrao com solventes

    A cristalizao fracionada das terras raras provocada pela mudana na

    concentrao do sal, geralmente por evaporao, ou por mudana da solubilidade com a

    variao da temperatura ou natureza do solvente. Os principais exemplos de emprego

    desta tcnica so representados pela separao de terras raras cricas com nitrato duplo

    de amnio e pela cristalizao de terras raras itricas na forma de bromatos ' ""^^

    13

  • Reviso da Literatura

    NaOH

    H , 0

    HCI

    (NH,) ,SO,

    NH,OH

    Zirconita

    Fuso Alcalina

    Na^ZrOj.Na^SiO,

    i _

    Lixiviao aquosa

    Na^ZrO,

    Lixiviao clordrica

    ZrOCL

    1 Precipitao

    Sulfato bsico de zircnio

    Metlese

    Hidrxido de zircnio

    - > Na^SiO^

    resduo (SiO,)

    impurezas (Fe, Ti, etc.)

    HCl Dissoluo

    Oxicloreto de zircnio

    Figura 2.1.3.2: Fluxograma esquemtico das etapas de abertura da zircomta e de

    obteno de oxicloreto de zircnio, adotadas na Usina Piloto de

    Produo de Zircnio do IPEN ^'^.

    14

  • Reviso da Literatura

    A precipitao fracionada baseia-se na formao de compostos insolveis pela

    adio de agentes precipitantes, quando so controlados parmetros como pH,

    temperatura e concentrao de metais. Os exemplos clssicos de emprego desta tcnica,

    na separao seletiva de terras raras, incluem a obteno de sulfetos duplos alcalinos e

    de hidrxidos de algims desses elementos. ainda especialmente aplicvel na separao

    de elementos que apresentam diferentes estados de oxidao em soluo aquosa, caso

    do crio e europio

    Ainda com relao s tcnicas clssicas, podem ser mencionados os mtodos de

    decomposio trmica, seguida de lixiviao cida, e os baseados na volatilizao de

    cloretos de terras raras, ambos restritos escala de laboratrio "' '^.

    Os mtodos designados modernos, como a troca inica e a extrao com

    solventes, so mais efetivos pois permitem alcanar um grande nmero de equihlsrios

    sucessivos '^'''-'^^

    O processo de separao de terras raras por troca inica consiste na fixao de

    ctions desses elementos em uma resina orgnica contendo stios ativos. A seletividade

    do processo dada pela diferena dos raios inicos hidratados das terras raras e pela

    diferenas de complexao com os agentes utilizados como eluentes. So bastante

    utilizados, para esta finalidade, o cido ctrico e o EDTA (cido etileno diamino

    tetractico). Vantajosa para obteno de xidos de terras raras, com pureza superior a

    99% em massa, a troca inica requer o processamento de solues bastante diludas, o

    que resulta em um consumo elevado de reagentes. Este fato, acrescido lentido e

    descontinuidade do processo, confere ao mtodo limitaes tcnicas e econmicas para

    sua aplicao em plantas industriais .

    A extrao com solventes, por se tratar de um processo multiestgio e contnuo,

    considerada, atualmente, a tcnica hidrometalrgica mais importante de separao de

    terras raras. Neste caso, os elementos so seletivamente complexados com um reagente

    15

  • Reviso da Literatura

    orgnico (agente extrator), sendo transferidos, preferencialmente, de imia soluo

    aquosa para uma fese orgnica, em um sistema contnuo de equilbrio. A recuperao

    dos elementos extrados realizada por meio de contactaes com diferentes solues

    aquosas, em etapas de processo denominadas reextrao seletiva (ou lavagem) e

    reextrao total. Agentes extratores tpicos incluem os fosfetos orgnicos (caso do

    fosfeto de tri-n-butila, TBP), os cidos orgnicos (destacando-se o cido di-2-etil hexil

    fosfrico, D2EHPA) e as aminas (Aliquat 336, Alamina 336, Adogen 464 e Primene

    81-R). Separaes com TBP so mais efetivas para separao de lantnio, praseodmio e

    neodimio, em meio ntrico. D2EHPA, por outro lado, tem assumido grande inortncia

    na separao de terras raras adjacentes, sendo utilizado em sistemas clordricos e

    sulfricos. Nos ltimos anos, o fraciotiamento de terras raras tambm tem sido

    aperfeioado com o uso de agentes quelantes nos sistemas de extrao com solventes,

    resultando no aimiento dos coeficientes de separao dos pares adjacentes. o caso do

    cido dietileno triamino pentactico (DTPA), utilizado na extrao de itrio com

    solventes alquilfosfricos ' 3 , 4 5 , 4 8 - 5 1

    Para preparao de concentrados de itrio, partindo-se da soluo de cloretos de

    terras raras mdias e pesadas, produzida pelas Indstrias Nucleares do Brasil (INB),

    tem-se adotado, no IPEN, a rota apresentada no fluxograma da figura 2.1.3.3.

    Neste caso, a matria-prima submetida a duas etapas de firacionamento por extrao

    com solventes. Em ambas etapas o agente extrator empregado o cido di-2-etil hexil

    fosfrico (D2EHPA), ressaltando-se que na etapa de "extrao 2c " utiliza-se tambm o

    cido dietileno triamino pentactico (DTPA), como agente complexante. A tcnica de

    troca inica tem sido empregada quando a pureza requerida para os xidos de terras

    raras for superior a 99% em massa '

    16

  • Cloreto de terras raras

    Extrao 1

    terras raras leves (Ce, La, Nd, Pr)

    rota 1

    terras raras mdias (Sm, Eu, Gd) e pesadas ( Y, Tb, Dy, Ho, Er, Yb)

    rota 2

    Extrao 2a NaCIO_

    " A " Precipitao Ia

    Extrao 2b

    Reduo

    NHjOH ^ Precipitao 2a Precipitao Ib

    Extrao 3a

    Extrao 3b

    Extrao 4b

    y.Tb.DyT Ho,Er,Yb^

    Extrao 2c

    Figura 2.1.3.3: Fluxograma d ls rotas, adotadas no IPEN, para obteno de concentrados e xidos puros de terras raras 34

  • Reviso da Literatura

    2.2. Consideraes Gerais sobre as Cermicas de Zircnia Estabilizada

    2.2.1. Histrico

    O interesse pelo enprego tecnolgico da zircnia, como material cermico,

    coincide com a descoberta, em 1892, do mineral badeleta em territrio brasileiro.

    A primeira identificao do xido de zircmo, no entanto, j havia sido reportada em

    1789, quando KLAPROTH isolou este composto a partir da zirconita '

    Durante a primeira guerra mundial, o xido de zircnio j estava sendo utilizado

    industrialmente, pela Alemanha, como material refi-atrio . Todavia, esta primeira

    aplicao industrial foi baseada em evidncias essencialmente empricas, uma vez que

    as estruturas monoclmca e tetragonal da zircnia foram identificadas somente em 1929,

    por RUFF e EBERT empregando-se a tcnica de difi-ao de raios X. Estudos de

    estabilizao da zircnia tambm foram iniciados nesta poca por estes

    pesquisadores

    A viabilidade do uso da zircnia, como eletrlito slido, foi demonstrada por

    NERNST em 1899, ao passo que o seu emprego em clula a combustvel ocorreu em

    1937 Por sua vez, os sensores de oxignio, base de zircnia, surgiram no final da

    dcada de 50 e comearam a ser comercializados em meados da dcada de 60

    A partir de ento, muitas pesquisas foram realizadas visando verificar, entre outros

    aspectos, o comportamento da condutividade eltrica com a concentrao de dopante e a

    temperatura de operao. ETSELL e FLENGAS agruparam esses dados e publicaram,

    em 1970, um artigo de reviso sobre as propriedades eltricas de vrios xidos

    cermicos.

    Em 1969, estudos que buscavam uma correlao entre a microestrutura e a

    condutividade dos materiais foram impulsionados por BAUERLE com a introduo

    18

  • Reviso da Literatura

    da tcnica de espectroscopia de impedncia na determinao das propriedades eltricas

    de eletrlitos slidos. Esta tcnica permite identificar, em muitos casos, as contribuies

    individuais dos gros e dos contomos de gro de materiais policristalinos, tomando

    possvel uma anlise mais detalhada dos fatores responsveis pela conduo e pelo

    bloqueio de portadores de cargas em materiais cermicos.

    Estudos relativos ao emprego da zircnia, como material estmturaL, comearam

    a ser realizados somente aps 1975, quando GARVIE, HANNINK e PASCOE

    descobriram o mecanismo de reforo por transformao em cermicas de zircnia

    parciahnente estabilizada com clcia. Esses pesquisadores verificaram que as partculas

    tetragonais de zircnia, dispersas em tuna matriz cbica, so estveis quando

    apresentam dimetro inferior a 0 , l^m e que, somente sob tenso, transformam-se para a

    fase monoclnica. Esta energia de transformao absorvida pela pea, evitando a sua

    mptura. A natureza desta mudana de fese j havia sido estudada anteriormente por

    WOLTEN que sugeriu ser do tipo martetistica, ou seja, similar transformao da

    fase martensita dos aos, que ocorre sem difuso, com movimento dos tomos pelo

    processo de cisalhamento. SUBBARAO et al. apresentaram uma discusso detalhada

    sobre esse assimto.

    Com auxlio da tcnica de microscopia eletrnica de transmisso, o mecanismo

    de reforo por transformao foi elucidado por PORTER e HEUER ^^ Neste trabalho

    foi observada a zona de transformao ao redor da ponta da trinca, produzida por

    itnpresso Vickers, em cermicas de zircnia parcialmente estabilizada com magnesia.

    Para essas amostras, foi verificado que o tamanho crtico para desestabilizao da fase

    tetragonal era de 0,2 [im.

    Os primeiros estudos de obteno e caracterizao de cermicas de zircnia

    tetragonal policristalina (TZP) foram reportados por RIETH ^^ em 1976. e por GUPTA

    et al. em 1977. Foi observado que possvel aumentar ainda mais os valores de

    resistncia mecnica e de tenacidade fi-atura, quando a matriz constituda por 100%

    de fase tetragonal

    19

  • Reviso da Literatura

    O efeito do tamanho de gro na estabilizao da fase tetragonal pode ser

    explicado pelo balano termodinmico da transformao tetragonal monoclnica.

    Abordagens tericas e experimentais sobre este tema podem ser encontradas em vrios

    trabalhos, entre os quais destacam-se os publicados por LANGE '

    No caso de cermicas de zircnia que no exibem a transformao tetragonal ->

    monoclnica, mesmo sob tenso, ou quando so utilizadas a temperaturas superiores a

    esta transformao, o mecanismo de reforo proposto para explicar os elevados valores

    de tenacidade fratura baseia-se na reorientao dos domnios ferroelsticos. Fenmeno

    anlogo ao ferromagnetismo e ferroeletricidade, o estado ferroelstico caracterizado

    pela existncia de imia deformao permanente e uma curva de histerese de deformao

    em fimo da tenso aplicada. O processo de obteno das cermicas de zircnia que

    contm a fase tetragonal no-transformvel, comimiente designada de " fase t' ",

    consiste, gerabnente, na sinterizao desse material a temperaturas correspondentes ao

    campo da fese cbica, submetendo-o, em seguida, a resfiiamento rpido

    Todos os trabalhos, acima citados, so considerados fimdamentais para o

    conhecimento da potencialidade e desempenho das cermicas base de zircnia.

    Motivados por estes resultados, comearam a ser realizados vrios estudos relacionados

    s reas de preparao de ps, processamento cermico, anlise microestrutural e

    caracterizao mecnica e eltrica dessas cermicas. A reviso, apresentada a seguir,

    aborda algims aspectos relevantes relacionados s propriedades desses materiais,

    particularmente, as que se referem ao sistema zircnia - xidos de terras raras pesadas.

    2.2.2. Polimorfismo dos xidos de terras raras e de zircnio

    A maioria dos xidos de terras, estveis temperatura e atmosfera ambiente,

    apresenta, em sua composio, dois tomos de metal para cada trs tomos de oxignio,

    o que corresponde frmula R2O3 de um sesquixido. Excees so verificadas para os

    20

  • Reviso da Literatura

    xidos de crio, praseodmio e trbio, cujas composies estveis so correspondentes a

    de um dixido (caso do Ce02) e compreendidas entre dixido e sesquixido (caso do

    PrOii e Tb407). Nestas trs ltimas situaes, os sesquixidos podem ser obtidos por

    reduo de xidos desses elementos que contenham teores elevados de oxignio ' ' .

    A grande parte dos sesquixidos de terras raras apresenta estrutura cbica a

    temperaturas inferiores a 700 " C. O aumento da temperatura, no entanto, diminui o

    campo de estabilidade desta fase, que se toma restrito para os sesquixidos de terras

    raras de maior nmero atmico. A clula unitria do tipo efe (fluorita), contendo 16

    molculas de R2O3, sendo 32 ctions, 48 nions e 16 sitios no ocupados, arranjados de

    forma que cada on de terra rara seja gado a 6 ons de oxignio

    O dixido de zircnio (ZrOz) a forma mais estvel entre os xidos de zircnio.

    Dentre as formas instveis so conhecidos os xidos contendo um teor reduzido de

    oxigmo, que formam solues slidas com o zircnio metlico

    A zircnia pura apresenta, presso atmosfrica, trs formas polimrficas.

    A estmtura monoclmca a fase estvel at cerca de 1170 "C, temperatura a partir da

    qual ocorre a transformao para a estmtura tetragonal. aproximadamente 2370 C a

    forma tetragonal se transforma na cbica tipo uorita, que estvel at o ponto de fiiso

    (= 2680 "C). Em amostras submetidas a presses elevadas tem sido verificada a

    formao, na zircnia, da estmtura ortorrmbica. Contudo, como essa condio no

    usual nas etapas de processamento e de aplicaes deste material, poucas informaes

    so disponveis sobre esta estmtura da zircnia ^' .

    importante comentar que as mudanas de fase na zircnia pura so reversveis,

    embora tenha sido constatado que a transio da fase monoclnica em tetragonal,

    durante o aquecimento, ocorre nimi intervalo de temperatura superior em cerca de 150 a

    300 C quele em que se d a transformao inversa durante o resfiiamento,

    caracterizando assim uma histerese trmica . Essas temperaturas tambm podem ser

    'mwssm fi/'XiCN/'L c t :r>ii:;HiA RUJCLTAH/SF

    21

  • Reviso da Literatura

    alteradas pela presena de outros elementos. A hiia ( H D 2 ) , por exemplo, eleva as

    faixas de temperatura em que ocorrem essas transies, por apresentar temperaturas

    superiores de mudanas de fases ''^.

    O fato do tamanho de cristato exercer um papel fimdamental na transformao

    tetragonal -> monoclnica pode explicar a existncia das formas metaestveis da

    zircnia. Um dos exemplos a obteno da estrutura tetragonal, temperatura

    ambiente, aps calcinao do hidrxido de zirctiio em temperaturas relativamente

    baixas (400 a 500 C). A transformao para a forma monoclmca ocorre somente

    quando esses ps so calcinados a temperaturas superiores a 800 C. Segundo

    GARVIE esta transformao ocorre quando o tamanho de cristalito ultrapassa o valor

    crtico de 300 , condio esta que desfavorece a ocorrncia da forma metaestvel.

    O polimorfismo da zircnia geralmente discutido considerando-se que as

    estruturas tetragonal e monoclnica so distores da estrutura cbica. Assim, as feses

    tetragonal e monocltca ocorrem no sentido de acomodar as tenses resultantes do

    resfiiamento da fase cbica, O menor valor de densidade da estruttira monocltca

    {= 5,83 g.cm '^), comparado ao da forma tetragonal (=6,10 g . c m provocado pela

    expanso de volume de cerca de 5%, conseqncia das ligaes parcialmente covalentes

    da estrutura monoclnica. As ligaes Zr-O, na estrutura tetragonal, apresentam carter

    iico mais acentuado '" ^.

    As representaes esquemticas das clulas unitrias das trs estruturas

    polimrficas da zircia, estveis presso atmosfrica, so apresentadas na figura

    2.2.2.1. Observa-se que cada clula imitaria constituda por quatro molculas de ZrOz.

    Nas estruturas tetragonal e cbica cada on de zircio ligado a oito ons de oxigio;

    na estrutura monocltca este nmero reduzido a sete ' .

    22

  • Reviso da Literatura

    Monoclnica

    Tetragonal

    Cbica

    Figura 2.2.2.1: Representao esquemtica das clulas unitrias das trs estruturas

    polimrficas da zircnia onde: = tomos de zircnio e

    O = tomos de oxignio.

    2 3

  • Reviso da Literatura

    Na estrutura monoclnica os tomos de oxignio formam dois tipos de arranjos

    com o zircnio: um piramidal e outro tetradrico (figura 2.2.2.2). A alterao do nmero

    de coordenao de sete para oito, com a mudana da fase monoclnica para tetragonal,

    promove a incluso de mais um tomo de oxignio no poliedro de coordenao do

    zircnio, transformando o arranjo piramidal em tetradrico, pela rotao dos tomos de

    oxigemo 2,3

    tomo de zircnio

    tomo de oxignio

    Figura 2.2.2.2: Poliedro de coordenao do zircnio na zircnia monoclnica 2.3

    Conforme representado na figura 2.2.2.3, a estrutura cbica de face centrada

    pode resultar na formao da estrutura tetragonal de corpo centrado. Devido

    compresso ou expanso dos ebcos ortogonais, o parmetro de rede "a" da clula

    tetragonal corresponde razo entre o parmetro de rede da clula cbica e V2

    existindo, na clula unitria, dois tomos de zircnio e quatro de oxignio. Esta

    distoro, conhecida como deformao de Bain, foi utilizada, inicialmente, para

    descrever a transformao martenstica nos sistemas ferro-carbono . Com base na rede

    de corpo centrado, de grupo espacial P42/nmc, TEUFER refinou a estrutura tetragonal

    da zircnia. As informaes cristalogrficas e densidades das estruturas polimrficas,

    acima discutidas, so apresentadas na tabela 2.2.2.1.

    24

  • Reviso da Literatura

    > y

    Expanso (-12%) Expanso (-12%)

    Figura 2.2.2.3: Representao da distoro da rede cbica de face centrada para

    tetragonal de corpo centrado .

    Tabela 2.2.2.1: Informaes cristalogrficas das estruturas polimrficas da zircnia 1,74

    Tipo de estrutura Monoclnica Tetragonal Cbica

    grupo espacial P 2 , / c P42 / nmc Fm3m

    parmetros de rede a = 5,156

    b = 5,191

    c = 5,304

    P = 98,9"

    rede de face centrada: a = 5,094

    c = 5,177

    rede de corpo centrado: a = 3,64 A c = 5,27

    a = 5,124

    densidade

    (g.cm'^)

    5,83 6,10 6,09

    25

  • Reviso da Literatura

    As estruturas cristalinas da zircnia so geralmente identificadas por difi-ao de

    raios X ou difi-ao de nutrons. Dificuldades ocorrem quando necessrio distinguir as

    fases tetragonal e cbica, devido superposio dos picos mais relevantes,

    correspondentes s reflexes {111}, situadas em valores de 20 prximos a 30. Nesta

    situao, recomendvel a observao das reflexes {200}, em 26 em tomo de 35, ou

    {400}, nas proximidades de 73. Esses ltimos picos, embora de menor intensidade, so

    preferidos devido melhor resoluo propiciada pelos altos ngulos de difrao .

    Para anlise quantitativa de amostras, contendo as misturas de feses cbica e

    monoclnica ou tetragonal e monoclnica, pode-se utilizar o mtodo dos polimorfos, em

    que so medidas as intensidades das reflexes {111}. A frao de fese monoclnica

    (Xm) dada pela relao

    ^ I ( 1 1 1 ) M - ^ I ( 1 1 ) M (Eq. 2.2.2.1)

    I ( 1 1 1 ) M + I ( 1 1 1 ) M + I ( 1 1 1 ) C , T

    A quantificao das estmturas cbica e tetragonal, pelo mtodo dos polimorfos,

    apresenta maior dificuldade pois depende das medidas de intensidades das reflexes

    {400}, cujos valores so relativamente babeos, limitao esta intensificada pela

    superposio dos picos e problemas de microabsoro de raios X na amostra

    Neste caso, o mtodo de Rietveld tem-se mostrado mais adequado pois permite que as

    estmturas cristalinas e os parmetros do perfil de difrao sejam refinados de forma

    iterativa e dinmica, incluindo todas as reflexes " Esta anlise consiste no ajuste

    do padro de difrao calculado, a partir de dados cristalogrficos, ao padro observado

    experimentalmente. Este refinamento conduzido pela minimizao das somas das

    diferenas entre as intensidades calculadas e observadas, a cada passo angular do padro

    de difrao, empregando-se o mtodo dos mnimos quadrados. As variveis incluem

    parmetros estmturais (posies atmicas, fetores de ocupao e fetor de escala) e

    parmetros do perfil (parmetros da largura meia altura, assimetria, parmetros da

    clula unitria, 29 inicial, orientao preferencial e coeficientes de radiao de fimdo).

    A escolha da fimo matemtica, que ajusta adequadamente a forma, a largura e as

    posies das reflexes de Bragg, tambm fimdamental na determinao do padro

    26

  • Reviso da Literatura

    calculado. O arquivo de sada contm os valores dos parmetros de rede e de densidade

    da clula unitria, a quantificao das fases presentes e os ndices, ou resduos, que

    definem a qualidade do refinamento

    2.2.3. Mecanismos de estabilizao de fases

    O efeito deletrio provocado pela expanso volumtrica decorrente da mudana

    de fese tetragonal -> monoclnica, durante o resfi-iamento da cermica sinterizada, pode

    ser evitado com a estabilizao da fase tetragonal e/ou cbica, temperatura ambiente.

    Os ons estabilizantes mais adequados so aqueles que apresentam um valor de raio

    inico, cuja diferena, em relao ao raio do on tetravalente de zircnio, seja inferior a

    40%, quando este ltimo apresentar nmero de coordenao igual a oito, ou seja,

    estrutura cbica ou tetragonal. Seguindo este critrio, apresenta-se, na tabela 2.2.3.1,

    alguns ons que podem ser empregados para estabilizao da zircnia, seus respectivos

    raios inicos para nmero de coordenao oito e as diferenas percentuais em relao ao

    on tetravalente de zircmo. Os ons de clcio e de magnesio despertam interesse para

    produo industrial de zircnia estabilizada, devido, principalmente, ao menor custo dos

    respectivos xidos. A escanda o estabilizante de custo mais elevado. Dentre os xidos

    de terras raras, a tria e a cria apresentam maior interesse para estabilizao devido ao

    custo relativamente bako e ao bom desempenho das cermicas ' " 3,21

    Apesar do grande avano no desenvolvimento do processamento e

    caracterizao das cermicas de zircnia, as origens atomsticas da estabilizao ainda

    esto sendo estudadas. Os primeiros trabalhos neste sentido foram realizados, em 1943,

    por WAGNER Foi proposto que os ctions dopantes, introduzidos na rede cristalina

    da zircnia, ocupam as posies dos ons de zircnio, criando vacncias de oxignio

    para manter a neutralidade eltrica.

    27

  • Reviso da Literatura

    Tabela 2.2.3.1: Raio inico de alguns elementos que formam soluo slida com a

    3, 14 zircoma

    * Considerando-se nmero de coordenao 8

    on Raio inico efetivo*

    (A)

    Diferena de tamanho em relao ao Zr ' "

    (%)

    Zv'' 0,84 Ca^" 1,12 +33 Ce^" 0,97 +15 Hf'" 0,83 - 1 Mg^" 0,89 + 6 Sc^" 0,87 + 4 Y 3 . 1,019 +21

    1,027 +22

    Ho^" 1,015 +21

    Er^" 1,004 +20

    Yb^" 0,985 +17

    T b ' " 0,88 + 5

    Utilizando-se a notao de Krger-Vink, a introduo de tria na rede da zircnia

    pode ser descrita da seguinte forma :

    Zr02

    Y2O3 2Y'zr + V o " + 3 O 0 ' (Eq. 2.2.3.1)

    Nesta notao o ndice subscrito indica a posio que o defeito ocupa na rede e o

    sobrescrito identifica a carga efetiva do defeito, em relao rede de imi cristal perfeito.

    So utilizados os seguintes smbolos:

    ( ' ) representa uma carga efetiva positiva;

    ( ' ) corresponde carga efetiva negativa; e

    ( X ) indica a neutralidade de carga.

    28

  • Reviso da Literatura

    Desta forma:

    Y'zr representa o cation trivalente de itrio ( Y^"), de carga efetiva negativa, em relao

    ao cristal perfeito e que ocupa a posio do on de zircnio;

    Vo** representa a vacncia aninica de oxignio com carga efetiva duplamente

    positiva; e

    Oo" representa o anion de oxigenio, de carga efetiva nula, ocupando um stio da rede.

    Para cada mol de tria, formando soluo slida com a zircnia, gerado 1 mol

    de vacncias de oxignio, o que explica os elevados valores de condutividade inica

    dessas cermicas.

    Alm da influncia do raio inico do on estabilizante e de sua concentrao, o

    processo de estabilizao fortemente dependente da valncia deste on. amplamente

    reconhecido que ctions di, tri e tetravalentes apresentam solubilidade elevada em

    xidos de estrutura fluorita^.

    No caso de ons tetravalentes, KONTOUROS e PETZOW verificaram que a

    criao de vacncias de oxignio conseqncia da reduo de parte desses ons

    durante o processo de sinterizao. Dentre os dopantes base de terras raras, esta

    situao apcvel somente para os ons de crio, trbio e praseodmio.

    Alguns estudos tm permitido a obteno de informaes mais detalhadas sobre

    a localizao dos ons na rede cristalina da soluo slida. Utilizando-se tcnicas de

    absoro de raios X, LI et al. ' estudaram o efeito da valncia e do tamanho dos

    dopantes na estabilizao da zircnia. Para ctions trivalentes, verificaram que o

    tamanho do on determina a localizao preferencial das vacncias e a coordenao do

    ction com o oxignio. ons maiores que o Zr'" ( caso do Y^" e Gd^" ) introduzem

    vacncias que se associam ao zircnio, de forma que as gaes entre o oxignio e o on

    2 9

  • Reviso da Literatura

    dopante apresentem nmero de coordenao oito. ons de menor tamanho (Fe^" e Ga^")

    competem com o Zr"*" pelas vacncias, ligando-se a apenas seis tomos de oxignio.

    Este fato pode explicar a maior eficincia dos ctions de maior tamanho na estabilizao

    das fases tetragonal e cbica.

    Quando a estabilizao da fase tetragonal promovida por ctions tetravalentes

    maiores que o Zr '" ( caso do Ce'" ) ocorre a formao de soluo slida substitucional

    desordenada, ao passo que na estabilizao com ctions menores ( caso do Ge ' " ) so

    observados domnios ordenados, remanescentes da estrutura ABO4. A formao da fase

    cbica observada somente em concentraes elevadas de Ce'" e no ocorre com a

    adio de Ge'" *^

    Dopantes pentavalentes (Nb^" e Ta ", por exemplo) no solubilizam na estrutura

    cbica da zircnia. A co-dopagem da zircnia - tria com xidos de niobio (Nb205) e de

    tntalo (Ta205) conduz reduo da estabilidade, pois estes xidos tendem a aniquilar

    as vacncias de oxignio que so geradas pelo xido de itrio

    2.2.4. Os sistemas zircnia - tria e zircnia - xidos de terras raras pesadas

    Embora sejam apresentados na literatura diversos diagramas de fases do sistema

    zircnia - tria ~ , o proposto por SCOTT ^ o universalmente adotado, uma vez

    que concorda com a maioria dos dados experimentais obtidos por imi grande nmero de

    pesquisadores. No entanto, estudos realizados por RHLE, CLAUSSEN e HEUER e

    por LANTERI et al. '' apresentam uma avaliao mais precisa da posio das interfaces

    (tetragonal / tetragonal + cbica) e (tetragonal + cbica / cbica).

    3 0

  • Reviso da Literatura

    O diagrama de fase do sistema zircnia - tria, determinado por SCOTT

    e os publicados por DURAN et a l . " p a r a os sistemas zircnia - disprsia,

    zircnia - rbia e zircnia - itrbia so apresentados na figura 2.2.4.1. Observa-se que

    esses diagramas so similares no que se refere aos tipos de fases presentes, embora

    pequenas variaes sejam notadas nas porcentagens de dopantes necessrias para

    estabilizao de cada uma das fases. Deve-se considerar, no entanto, que a configurao

    de cada diagrama tambm depende das condies de preparao das matrias-primas e

    de processamento da pea cermica

    Um dos aspectos importantes dos diagramas apresentados na figura 2.2.4.1 a

    extensa feixa de solubilidade do aditivo estabilizante na estrutura tetragonal que,

    associada transformao eutetide em temperatura relativamente babea {= 500 C),

    possibilita a reteno desta fase temperatura ambiente

    A mistura de fases tetragonal e cbica permite a formao da zircnia

    parcialmente estabilizada. Materiais com composio neste campo, sinterizados a

    temperaturas elevadas (em tomo de 1700 C) e submetidos a um resfriamento lento,

    possibifitam a nucleao de precipitados de zircnia tetragonal na matriz cbica.

    O aumento do teor de dopante resulta na formao da fase cbica em soluo slida,

    estvel temperatura ambiente at o ponto de fuso .

    YOSfflMURA et al. ' ' ' verificaram que os parmetros de rede da fase

    tetragonal aumentam sistematicamente com o aumento do raio inico das terras raras

    (R = Nd, Sm, Y, Er, Yb), embora a tetragonalidade (razo c/a dos parmetros de rede)

    seja relacionada concentrao de estabilizante. Observaram ainda, que a estabilidade

    da fase tetragonal depende, essencialmente, da concentrao de dopante. no sendo

    funo destes ons de terras raras. Estes resultados, realizados em amostras de zircnia

    estabilizada com at 10 mol% de R2O3, preparadas por fuso, seguida de resfriamento

    rpido, diferem dos realizados por CHANG et al. em que as amostras foram obtidas

    por reao em estado slido. Neste ltimo caso, a frao de fase estabilizada funo da

    espcie e da concentrao do xido de terra rara (R = Pr, Nd, Sm, Dy, Ho, Yb), uma vez

    que a formao da soluo slida menos efetiva nesta condio de processamento.

    ;0^ iS iAC NACiCNAL U thm\f< N L t A R / S P IPfc

    31

  • Reviso da Literatura

    3000

    2500 .

    2000

    2 1500

    1 3 a. P 3 1000

    500

    I L + C i..^

    C

    T \

    \ \

    M

    M T C \

    T : i .

    0 2 4 6 8

    Porcentagem molar de Y2O3

    10

    2500 .

    O 2 10

    ZrO, Porcentagem molar de Dy203

    2500

    M M + C

    0 2 4 6

    ZrO,

    8 10

    Porcentagem molar de Er203

    U o

    2500

    2000

    1500

    I 1000 500

    \ \

    V \

    \

    \

    V N N \

    \

    \ ^ A \ V M + T T + C \

    Ml' 1 1 1 1

    M + C

    0 2 4 6 8

    ZrO, Porcentagem molar de YbiOj

    Figura 2.2.4.1: Diagramas de tases de alguns sistemas zircnia - xidos de terras raras.

    onde M. T e C representam os campos de existncia das fases

    monoclnica, tetragonal e cbica, respectivamente '

    3 2

  • Reviso da Literatura

    LOG et al. verificaram que amostras de zircnia estabilizada com 3 mol% de

    xidos puros de terras raras leves e mdias ( R= La, Pr, Nd, Sm e Gd ), preparadas por

    mistura mecnica e sinterizadas 1500 C por 2 horas, apresentam tuna maior

    porcentagem de fase monoclnica, resultando na formao de microtrincas. No caso das

    amostras de zircnia estabilizada com 3 mol% de xidos de terras raras pesadas

    (R = Dy, Er, Y e Yb), a formao da fese tetragonal predominante. A anlise desses

    resultados sugere que, no caso do emprego de xidos de terras raras leves como

    estabilizante da zircnia, a concentrao adotada no favorece a formao da fase

    tetragonal

    ANDRIEVSKAYA e LOPATO ao realizar um estudo da transformao

    tetragonal - monoclnica em cermicas de zircnia estabilizada com 15 mol% de R2O3

    (R = La, Nd, Sm, Eu), comprovaram a importncia do teor de dopante quando se visa a

    formao da fese tetragonal. Estes pesquisadores ressaltaram a tendncia de formao

    da fese do tipo pirocloro (ZtzRzOj), quando so utilizados xidos de terras raras leves

    para estabilizao.

    YASHIMA et al. '" ' avaliaram o efeito da carga e do tamanho do dopante nos

    parmetros de rede da estrutura monoclnica de solues slidas ZrO - 2 mol% MO n/2

    (n = 4 para M = Ce; n = 3 para M = La, Nd, Sm, Y, Er, Yb, Sc; e n = 2 para M = Mg e

    Ca). As medidas, realizadas pelo mtodo de Rietveld, mostraram que, no caso dos ons

    trivalentes, os parmetros , b , Cm e o volume da clula aumentam com o aumento

    do tamanho do on estabilizante, enquanto o valor do ngulo P diminui. O emprego de

    ons estabilizantes de valencias mais elevadas tambm contribui para o aumento do

    volume da clula unitria.

    De uma maneira geral, os trabalhos acima referenciados reportam a influncia

    do tipo e concentrao de diversos xidos de terras raras na formao e estabilidade das

    fases das cermicas base de zircnia. Nos itens a seguir, ressaltado que esta

    correlao fundamental para definio das propriedades desses materiais,

    especialmente a resistncia mecnica, tenacidade firatura e condutividade inica.

    3 3

  • Reviso da Literatura

    2.2.5. Propriedades mecnicas de cermicas de zircnia estabilizada

    A estabilizao da fase tetragonal um pr-requisito para aumento da resistncia

    mecnica e tenacidade fratura de cermicas base de zircnia. Os dois mecanismos

    clssicos que explicam a melhora dessas propriedades baseiam-se na formao de

    microtrincas e na transformao de fase induzida por tenso

    A formao de microtrincas pode ser induzida pela presena de gros de

    zircnia tetragonal na matriz cermica, de tal maneira que, durante o resfriamento da

    pea sinterizada, ocorra a transformao para a fase monoclnica. Esta expanso induz,

    ao redor da partcula, um estado de tenso, compresso e formao de microtrincas, que

    propicia a absoro de energia de uma trinca que est se propagando (figura 2.2.5.1).

    Aumenta-se, desta forma, a tenacidade da cermica.

    trinca crtica

    ( b )

    Figura 2.2.5.1: Representao esquemtica a. formao de microtrincas ao redor de

    uma partcula de zircnia transformada (a) e a absoro da energia de

    uma trinca em propagao ( b ) ' .

    No mecanismo de transformao induzida por tenso, representado na

    figura 2.2.5.2, os gros de zircnia tetragonal so mantidos na forma metaestvel por

    meio de foras de compresso da matriz. Durante a propagao de uma trinca ocorre a

    34

  • Reviso da Literatura

    formao de mn campo de tenses capaz de induzir a transformao martenstica e

    permitir a expanso volumtrica das partculas transformadas. O aumento de volume

    dessas partculas e, portanto, a compresso sobre a matriz, dificulta a propagao da

    trinca.

    partcula de zircnia tetragonal metaestvel

    partcula de zircnia transformada para a fase monoclnica

    campo de tenso ao redor da ponta de trinca

    Figura 2.2.5.2: Representao esquemtica do mecanismo de transformao induzida

    por tenso ' .

    A termodinmica da transformao tetragonal -> monoclnica foi estudada por

    LANGE considerando-se, inicialmente, o caso de uma partcula esfrica tetragonal

    contida em uma matriz. Durante esta transformao, um estado de tenso gerado entre

    a partcula e a matriz, devido s alteraes de volume que esto por ocorrer. Nesta

    situao, a variao de energia livre ( AG t->m) entre estas duas fases, por unidade de

    volume de material transformado, dada por:

    ou

    sendo:

    A G t ^ n , = ( G q ^ - G ^ ) + ( U d ^ - U d * ) + ( U s ^ - U s ' )

    A G , ^ m = - A G q + A U d + A U s (Eq. 2.2.5.1)

    35

  • Reviso da Literatura

    A G q = variao de energia livre qumica;

    A U d = variao de energia de deformao associada partcula transformada e

    matriz; e

    A U s = variao da energia de superfcie associada partcula.

    O termo referente variao de energia livre qunica sempre negativo, pois a

    fase monoclnica a fase estvel na condio em que ocorre a transformao

    martenstica, ou seja, Gq' > Gq"". Como a condio para que ocorra a transformao

    requer que A G ^ O, tem-se que:

    A G q > U d ' " + A U s (considerando-se U d = 0) (Eq.2.2.5.2)

    A energia de deformao ( U d " ) pode aimientar ou diminuir em fimo das foras

    atuantes no campo de transformao e no campo de tenso residual inicial, este ltimo

    decorrente dos processos de fabricao. Assim, caso estejam presentes uma fora de

    compresso, no campo de transformao, e uma fora de tenso, no campo de tetiso

    residual, a energia de deformao diminui. De maneira anloga, a energia de

    deformao aumenta se o campo de tenso residual tiver o mesmo sentido que o campo

    de transformao. Como esta ltima situao provoca uma diminuio da temperatura

    de transformao, conveniente que este termo seja maximizado aumentando-se as

    propriedades elsticas da matriz. No caso das cermicas base de zircnia, uma matriz

    ideal deve apresentar valores elevados de mdulo de elasticidade e de expanso trmica.

    O termo correspondente variao de energia de superfcie (AUs) expresso por

    unidade de volume de uma partcula esfrica, segundo a relao :

    A U - " n- " ^ ' _ i^n, - gs Y . ) (Eq. 2.2.5.3) D

    3 6

  • Reviso da Literatura

    sendo:

    A m e A t = reas das superfcies interfeciais das fases monoclnica e tetragonal;

    Y m e y t = energias especficas de interface dos estados transformado (m) e

    no-transformado (t);

    V = volimie transformado = ( t iD^) / 6;

    D = dimetro da partcula transformada; e

    g s = A , / A m .

    A partir da equao 2 . 2 . 5 . 3 , LANGE demonstrou que a variao de energia de

    superfcie fimo do tamanho da partcula, existindo, portanto, um dimetro crtico de

    partcula (Dc) acima do qual verificada a transformao tetragotial->monoclnica,

    quando AG t->m ^ 0. Assim, o dimetro crtico dado por:

    D > D = 6 ( Y . n - g s Y . ) (Eq. 2 .2 .5 .4 )

    A G , - A U ,

    Esta previso foi confirmada por LANGE em estudos experimentais, onde foi

    verificado que o tamanho crtico de gro aumenta de 0,1 para l|am, com o incremento

    do teor de tria na zircnia de 1,5 para 3 mol%. Observou-se tambm que a reteno de

    9 0 % da fase tetragonal, temperatura ambiente, s possvel quando a concentrao de

    tria for superior a 3 mol%, condio esta em que se inicia a formao de fase

    cbica (figura 2 .2 .5 .3 ) . Por sua vez, o fator de intensidade de tenso crtica ( K

  • Reviso da Literatura

    E 3 .

    1,0

    0,8

    - 8 0,6

    o 0,4

    0,0

    < 90% de reteno *> 90% de reteno

    da fase tetragonal / da s e tetragonal-

    I I

    0 1 2 3 4

    Porcentagem molar de Y^O^

    Figura 2.2.5,3: Tamanho crtico de gro em funo da porcentagem molar de tria,

    empregada para estabilizao da zircnia

    Frao volumtrica de fase tetragonal

    1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 V 1 ' 1 ' . 1 1 ' 1 ' 1 ' 1 1

    6 -5 - I -4

    -i

    -

    j -Monoclnica

    S c )

    -2 &

    . Tetragonal Tetragonal & Cbica

    1 'Xi

    1 . ^

    0 " i l l 1 1 , 1 1 1 1 i 1 '

    0 1 2 3 4 5 6

    Porcentagem molar de Y,0,

    Figura 2.2.5.4: Tenacidade fratura em funo da porcentagem molar de tria,

    empregada para estabilizao da zircnia .

    38

  • Reviso da Literatura

    LANGE tambm correlacionou a dependncia do tamanho de gro com a fase

    estabilizada da zircnia, em uma faka mais ampla de adio de tria (O a 6,6 mol%),

    empregando-se, neste caso, o processo de decomposio trmica das solues

    clordricas de zircmo e de itrio, em substituio mistura mecnica dos xidos.

    Pode-se observar, na figura 2.2.5.5, que nas condies empregadas ocorre uma

    diminuio do tamanho de gro, quando o teor de tria situa-se na faka de 0,8 a

    1,4 mol%. Valores relativamente pequenos de tamanho de gro so observados no

    campo de existncia da fase tetragonal (1,4 a 4,5 mol % de tria), aumentando quando

    somente a fase cbica est presente (6,6 mol% de tria).

    I

    2,5

    2,0

    1,5

    1,0

    0,5

    0,0

    1 1 1 1 1 1 1 1 ' 1 ' 1 ' 1

    - PC -

    M /

    - \ /

    /

    T+C . 1 . 1 . 1 1 , 1 . 1 . 1

    0 1 2 3 4 5 6 7

    Porcentagem molar de , 0 ^

    Figura 2.2.5.5: Tamanho de gro em fimo da porcentagem molar de tria, empregada

    para estabilizao da zircnia, em que M, T e C representam a presena

    das fases monoclnica, tetragonal e cbica, respectivamente

    O aumento do tamanho de gro, em cermicas de zircnia cbica, foi explicado

    por RHLE, CLAUSSEN e HEUER como sendo conseqncia da dificuldade de

    nucleao desta fase durante a sinterizao. Neste caso, o transporte de material para o

    contorno de gro de estrutura cbica ocorre mais rapidamente que a nucleao de um

    novo gro.

    39

  • Reviso da Literatura

    Considerando-se esses resultados, verifica-se que existe um compromisso entre

    o valor mximo de tenacidade fi-atnra e a porcentagem de tria adicionada zircnia.

    Se o teor de tria for muito baixo (< 2 mol%), pode ocorrer a transformao espontnea

    para a fase monoclnica, diminuindo a tenacidade. Por outro lado, aumentando-se a

    porcentagem de tria para valores superiores a 3 mol%, inicia-se a formao de fase

    cbica, que tambm contribui para a diminuio da tenacidade. por este motivo que os

    ps comerciais de Y-TZP, para aplicaes estruturais, apresentam, em suas

    composies, teores de tria na feka de 2 a 3 mol% ^ .

    BASANI