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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE ENSINO SUPERIOR NORTE DO RIO GRANDE DO SUL CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS E AMBIENTAIS AVALIAÇÃO DA REMOÇÃO DE NITROGÊNIO E FÓSFORO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES DE UM ABATEDOURO AVÍCOLA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Patrícia Grassi Frederico Westphalen, RS, Brasil 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR NORTE DO RIO GRANDE DO SUL

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS E AMBIENTAIS

AVALIAÇÃO DA REMOÇÃO DE NITROGÊNIO E

FÓSFORO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE

EFLUENTES DE UM ABATEDOURO AVÍCOLA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Patrícia Grassi

Frederico Westphalen, RS, Brasil

2014

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AVALIAÇÃO DA REMOÇÃO DE NITROGÊNIO E FÓSFORO DA

ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES EM UM

ABATEDOURO AVÍCOLA

por

Patrícia Grassi

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Engenharia Ambiental

da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM,RS), como requisito parcial

para obtenção do grau de Engenheira Ambiental.

Orientador: Dr. Raphael Corrêa Medeiros.

Coorientador: Dr. Bruno Segalla Pizzolatti.

Frederico Westphalen, RS, Brasil

2014

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, a Deus!

À minha família, pelo apoio e confiança, principalmente aos meus pais Cleusa e Moisés que

sempre foram a minha base. A vocês, a minha eterna gratidão!

Ao meu orientador e amigo, professor Raphael Corrêa Medeiros. Por todo conhecimento,

apoio, amizade e pelo auxílio nas coletas das amostras, exemplo de honestidade e dedicação.

Ao meu coorientador, professor Bruno Segalla Pizzolatti que não mediu esforços para me

auxiliar na realização desse trabalho.

Ao químico industrial da empresa Soft Sul, Marco Benatti, por todo conhecimento,

informações e principalmente pela paciência.

Ao abatedouro pela disponibilidade do efluente para a realização das análises e por toda

ajuda.

Agradecimento especial as minhas colegas de curso, Caroline Peyrot e Natiele Torchetto, e a

técnica Fernanda Volpatto, pela colaboração fundamental na realização das análises no

laboratório, pela disponibilidade e amizade.

A banca do projeto, professora Aline Ferrão Custódio Passini e professora Juliana Scapin por

toda contribuição e também pela amizade.

Ao professor Alexandre Couto Rodrigues, paraninfo da turma, um grande professor e também

amigo.

Aos meus amados amigos Ademir Gerhardt, Fernanda Caroline Drumm, Patrícia Chagas e

Sarah Walhbrink pelos conselhos e parceria.

Enfim, a todos que estiveram presentes direta ou indiretamente nesta fase da minha vida e que

contribuíram para a realização deste trabalho, o meu:

MUITO OBRIGADA!

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"Profissional de sucesso é aquele que soma dois pontos de esforço, três pontos de talento e

cinco pontos de caráter”.

Roland Barthes

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RESUMO

Trabalho de Conclusão de Curso

Graduação em Engenharia Ambiental

Universidade Federal de Santa Maria

AVALIAÇÃO DA REMOÇÃO DE NITROGÊNIO E FÓSFORO DA ESTAÇÃO DE

TRATAMENTO DE EFLUENTES EM UM ABATEDOURO AVÍCOLA

AUTORA: PATRÍCIA GRASSI

ORIENTADOR: DR. RAPHAEL CORRÊA MEDEIROS

COORIENTADOR: DR. BRUNO SEGALLA PIZZOLATTI

Local e data da defesa: Frederico Westphalen, 14 de janeiro de 2014.

No abatedouro em estudo, são abatidos nove mil frangos por abate (três abates por

semana), com uma geração máxima de aproximadamente 153 mil litros de efluentes em dias

de abate. Nesse trabalho objetivou- se avaliar a eficiência na remoção de nitrogênio e fósforo

em um sistema implantado para o tratamento dos efluentes líquidos provenientes de um

abatedouro avícola localizado no município de Frederico Westphalen-RS. Para isso, foram

analisadas amostras de efluente equalizado, após a unidade de flotação e nas saídas de duas

lagoas de estabilização em série, sendo que a última continha aguapés. A ETE apresenta-se

com eficiência de DBO e fósforo compatível à qualidade final do efluente necessária para

cumprir a legislação do CONSEMA 128/2006, com valores médios de 128 mg/l de DBO e

1,22 mg/l de fósforo. Em relação à turbidez a ETE obteve eficiência de remoção de 65 %. No

entanto, não apresenta eficiência suficiente em relação à remoção de Nitrogênio Total

Kjeldahl, com valores médios de 207,2 mg/l. Possivelmente a ETE em estudo possui alguns

problemas como o mau manejo dos água pés e a presença de zonas mortas nas lagoas de

tratamento ocasionando um significativo aumento das concentrações dos parâmetros:

nitrogênio Kjeldahl, nitrito, nitrato e fósforo total nas lagoas. Sugere-se uma colheita

periódica dessas plantas e cercá-las deixando-as em uma das extremidades da lagoa, além da

implantação de chicanas para que o sistema de tratamento mostre tendência ao fluxo em

pistão ou aumento das entradas e saídas do efluente e de aeradores nas duas lagoas.

Palavras chaves: Efluentes avícolas, ETE, nitrogênio e fósforo, aguapés e zonas mortas.

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ABSTRAT

Completion of course work

Degree in Environmental Engineering

Federal University of Santa Maria

EVALUATION OF NITROGEN AND PHOSPHORUS REMOVAL OF

WASTEWATER TREATMENT STATION IN A POULTRY SLAUGHTERHOUSE

AUTHOR: Patrícia Grassi

MASTERMIND: DR. RAPHAEL CORRÊA MEDEIROS

CO-MASTERMIN: DR. BRUNO SEGALLA PIZZOLATTI. Place and date of defense: January 14, 2014.

A chicken slaughterhouse was study where nine thousand chickens are slaughted per

slaughter, with a peak generation of approximately 153,000 liters of effluent on days of

slaughter . This work aimed to evaluate the removal efficiency of nitrogen and phosphorus in

an implanted for the treatment of wastewater from a poultry slaughterhouse in the city of

Frederico Westphalen - RS. Samples from the equalized effluent, after the flotation unit and

the outputs of two stabilization ponds in series were analyzed with the latter containing

macrophytes. The ETE presented efficiency of BOD and phosphorus compatible with the

final effluent quality required to comply with legislation CONSEMA 128/2006, with average

values of 128 mg.L-1

of BOD and 1.22 mg.L-1

of phosphorus. Regarding, the turbidity

removal efficiency obtained was 65%. However, not enough efficiency features regarding the

removal of Total Kjeldahl Nitrogen, with mean values of 207.2 mg.L-1

. Possibly the ETE

study has some problems such as mismanagement feet water and the presence of dead zones

in the ponds of treatment resulted in a significant increase in the concentrations of parameters

: Kjeldahl nitrogen , nitrite , nitrate and total phosphorus in lakes . Periodically we suggest a

harvest these plants and surround them leaving them at one end of the pond , in addition to

implementation of baffles so that the treatment system show a tendency to plug flow or

increased inputs and outputs of the effluent and aerators in the two ponds.

Key words: poultry Effluent , STP , nitrogen and phosphorus , water - feet and dead zones.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Consumo de carnes no Brasil. ............................................................................... 17

Figura 2: Fluxograma das etapas do processo produtivo e geração de efluentes do abatedouro

em estudo. ............................................................................................................................ 20

Figura 3: Formas do nitrogênio em processos biológicos de tratamento de efluentes. ........... 25

Figura 4: Etapas do processo de desnitrificação. ................................................................... 28

Figura 5: Mecanismos de remoção biológica de fósforo ....................................................... 32

Figura 6: Processo de remoção biológica de nitrogênio em lagoas de estabilização .............. 42

Figura 7: Fluxograma da sequencia do trabalho. ................................................................... 46

Figura 8: Localização geográfica do município de Frederico Westphalen, RS. ..................... 47

Figura 9: Grades de retenção de penas das aves. ................................................................... 48

Figura 10: Unidade de separação das vísceras. ..................................................................... 49

Figura 11: Fluxograma das unidades da ETAR do abatedouro avícola. ................................. 49

Figura 12: Layout das unidades da ETE do abatedouro avícola e pontos de coleta. ............... 50

Figura 13: Frascos de vidro utilizados na coleta das amostras de efluente de abatedouro

avícola. ................................................................................................................................ 51

Figura 14: Temperatura das amostras nas datas de coleta. .................................................... 56

Figura 15: Resultados do pH das amostras de efluente. ........................................................ 57

Figura 16: Valores médios de turbidez do efluente ao longo da ETE. ................................... 58

Figura 17: Valores médios da concentração de DBO do efluente ao longo da ETE. .............. 59

Figura 18: Eficiência individual média de cada processo de tratamento na remoção de DBO

........................................................................................................................................... .60

Figura 19: Perfil da concentração de Amônia, Nitrito e Nitrato no efluente ao longo da ETE.

............................................................................................................................................ 61

Figura 20: Concentração média de Nitrogênio Total Kjeldahl do efluente ao longo da ETE...

............................................................................................................................................ 62

Figura 21: Eficiência média de cada processo de tratamento na remoção de Nitrogênio Total

Kjeldahl do efluente de abatedouro avícola. ......................................................................... 63

Figura 22: Concentração média de fósforo do efluente ao longo da ETE. ............................. 64

Figura 23: Eficiência individual média de cada processo de tratamento na remoção de fósforo

............................................................................................................................................ 65

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Características de efluentes brutos de abatedouro avícola. ..................................... 21

Tabela 2: Formas predominantes do nitrogênio. ................................................................... 24

Tabela 3: Distribuição entre as formas de amônia segundo o pH da amostra. ........................ 26

Figura 4: Etapas do processo de desnitrificação. ................................................................... 28

Tabela 4: Concentração dos principais compostos orgânicos capazes de inibir a nitrificação. 31

Tabela 5: Níveis de tratamento de efluentes.......................................................................... 37

Tabela 6: Sistemas biológicos de tratamento de efluentes de abatedouro avícola e suas funções

específicas. .......................................................................................................................... 38

Tabela 7: Características da eficiência dos principais sistemas de lagoas. ............................. 41

Tabela 8: Faixas usuais de operação dos aeradores de alta rotação........................................ 44

Figura 8: Grades de retenção de penas das aves. ................................................................... 48

Tabela 9: Metodologias utilizadas na determinação dos parâmetros analisados..................... 51

Tabela 10: Resultados das análises físicas e químicas do efluente bruto. .............................. 53

Tabela 11: Resultados físico-químicos das análises do efluente da unidade de flotação. ....... 54

Tabela 12: Resultados físico-químicos das análises do efluente da lagoa 1. ......................... 54

Tabela 13: Resultados físico-químicos das análises do efluente da lagoa 2. ......................... 55

Tabela 14: Tempo de detenção das lagoas (em horas)........................................................... 66

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AGV- Ácidos graxos voláteis

ANOVA- Analysis of Variance.

ATP- Trifosfato de adenosina

DBO- Demanda bioquímica de oxigênio

ETE- Estação de tratamento de efluentes

NADPH2- Nicotinamida-adenina-dinucleotídeo

NO2--N - Nitrito

NO3--N -Nitrato

NH3- -N-Amônia

NH4-N – Íon Amônio.

OAF - Organismos acumuladores de fosfato

PO43-

-P - Ortofosfatos.

PHA- Poliihidroxialcalonatos

PHB- Polihidroxibutirato

RBFE - Remoção biológica de fósforo em excesso

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LISTA DE APÊNDICES E ANEXOS

Apêndice A- Processo produtivo do abatedouro em estudo .................................................. 75

Anexo A- Padrões de lançamento de efluentes - CONSEMA 128. ....................................... 77

Anexo B – Procedimento utilizado para a determinação de DBO5,20 ..................................... 78

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 14

2. OBJETIVO ................................................................................................. 16

2.1 Objetivo geral ................................................................................................................ 16

2.2 Objetivos específicos...................................................................................................... 16

3 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................. 17

3.1 Avicultura no Brasil ....................................................................................................... 17

3.2 Processo produtivo avícola ............................................................................................. 18

3.3 Geração de efluentes por abatedouros avícolas ............................................................... 19

3.4 Caracterização dos efluentes avícolas ............................................................................. 21

3.5 Nitrogênio e fósforo nas águas residuárias ...................................................................... 22

3.5.1 Processos de remoção de nitrogênio e fósforo .............................................................. 23

3.5.2 Remoção biológica do nitrogênio ................................................................................ 23

3.5.2.1. Amonificação .......................................................................................................... 25

3.5.2.2 Nitrificação .............................................................................................................. 27

2.5.2.3 Desnitrificação ......................................................................................................... 28

3.5.2.4 Fatores que exercem influência na remoção biológica de nitrogênio ......................... 29

3.5.2.4.1 Temperatura .......................................................................................................... 29

3.5.2.4.2 pH ......................................................................................................................... 30

3.5.2.4.3 Oxigênio Dissolvido .............................................................................................. 30

3.5.2.4.4 Substâncias inibidoras ........................................................................................... 31

3.5. 3 O fósforo nas águas residuárias .................................................................................. 32

3.5. 3.1 Remoção biológica do fósforo ................................................................................. 32

3.5.3.2 Fatores que influenciam na remoção de fósforo ........................................................ 34

3.5.3.2.1 Temperatura .......................................................................................................... 34

3.5.3.2.2 pH ......................................................................................................................... 34

3.5.3.2.3 Oxigênio Dissolvido .............................................................................................. 35

3.5.3.2.4 Nitrato ................................................................................................................... 35

3.6 Legislação ambiental ...................................................................................................... 35

3.7 Grau de tratamento de efluentes ..................................................................................... 36

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3.8 Tratamento de Efluente de Abatedouro de Aves ............................................................. 37

3.8.1 Tratamento primário .................................................................................................... 38

3.8.1.1 Equalização .............................................................................................................. 39

3.8.1.2 Coagulação/Floculação ............................................................................................. 39

3.8.1.3 Flotação.................................................................................................................... 40

3.8.2 Tratamento secundário ................................................................................................ 40

3.8.2.1 Lagoas de estabilização ............................................................................................ 40

3.8.2.1.1 Lagoas facultativas: descrição do processo ............................................................ 42

3.8.2.1. 2 Lagoas aeradas ..................................................................................................... 43

3.8.2.1.3 Lagoas com aguapés .............................................................................................. 44

4 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................ 46

4.1 Descrição do local de estudo .......................................................................................... 46

4.2 Estação de tratamento de efluentes do abatedouro em estudo. ......................................... 48

4.3 Pontos de coleta ............................................................................................................. 49

4.4 Análises Físicas e Químicas ........................................................................................... 51

4.5 Análise dos Dados .......................................................................................................... 52

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 53

5.1 Temperatura ................................................................................................................... 55

5.2 pH .................................................................................................................................. 57

5.3 Turbidez ......................................................................................................................... 58

5.4 DBO .............................................................................................................................. 58

5.5 Amônia NH3, Nitrito (NO2-) e Nitrato (NO3

-). ................................................................. 60

5.6 Nitrogênio Kjeldahl ........................................................................................................ 61

5.7 Fósforo........................................................................................................................... 63

5.8 Dimensionamento das lagoas ......................................................................................... 65

6CONCLUSÃO .............................................................................................. 67

7 SUGESTÕES ............................................................................................... 68

8 REFERÊNCIAS .......................................................................................... 69

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1 INTRODUÇÃO

À medida que a população, atividade industrial e agricultura irrigada expandem-

se, a demanda pela água cresce mundialmente. Apesar de ocuparem a segunda posição

no consumo total de água, perdendo somente pela agricultura, os processos industriais

são um dos principais responsáveis pela poluição das águas ao lançarem seus efluentes

sem tratamento adequado, causando assim degradação aos corpos receptores (FRICK,

2011).

Após altos investimentos movidos pela crescente demanda pela carne, o setor

produtivo avícola nacional sofreu uma acelerada expansão, consequentemente um

aumento do volume de efluente. A água é o principal insumo natural utilizado em

abatedouros avícolas, que ao final do processo gera água residuária, caracterizada por

alto teor de matéria orgânica, sólidos, óleos e graxas, altas concentrações de nutrientes,

principalmente, nitrogênio e fósforo, representando desta maneira um material de

grande carga poluente, necessitando de um tratamento eficaz (SUNADA, 2011).

O consumo de água é proporcional à capacidade de abate. Segundo a

PORTARIA N° 210 DE 10 DE NOVEMBRO DE 1998, que trata da padronização dos

métodos de elaboração de produtos de origem animal em relação às instalações,

equipamentos, higiene do ambiente, esquema de trabalho do serviço de inspeção

federal, para o abate e a industrialização de aves, incluindo todas as etapas do processo

produtivo, o consumo médio de água em abatedouros poderá ser calculado tomando-se

como base o volume de 30 (trinta) litros por ave abatida. Atualmente esse volume tende

a ser reduzido, e pode ser estimado em cerca de 20 (vinte) litros em média. No

abatedouro em estudo, são abatidos nove mil frangos por abate (três abates por semana),

com uma geração máxima de aproximadamente 153 mil litros de efluentes em dias de

abate.

Para minimizar o impacto dos efluentes lançados nos corpos receptores, as

empresas estão diante de uma política ambiental fiscalizadora cada vez mais rígida.

Com isso elas têm sido obrigadas a ajustar seus processos produtivos, através da adoção

de procedimentos que visam a menor geração de resíduos, e também de possuírem

técnicas de tratamento eficazes na remoção dos poluentes contidos nos efluentes

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gerados (VACLAVIK, 2010). Mas devido a fatores limitantes como o custo de capital,

orçamento operacional e espaço físico, o não atendimento de todos ou de alguns dos

parâmetros exigidos pela legislação ainda é realidade presenciada em diversas

empresas, principalmente naquelas de médio e pequeno porte (SCHOENHALS, 2006).

Os sistemas de tratamento tradicionais para os efluentes, que combinam

tratamento físico (ou físico-químico) com tratamento biológico, permite a remoção da

matéria orgânica e de outros compostos eutrofizantes presentes nos efluentes, como o

nitrogênio e fósforo. Permitindo assim, atender aos padrões de lançamento exigidos pela

legislação e minimizando os seus impactos ambientais (BETINELE, 2011).

A remoção de nitrogênio e fósforo nos efluentes avícolas é necessária, já que o

acúmulo desses macronutrientes, limitantes para o crescimento de plantas aquáticas, nos

ambientes aquáticos são os principais responsáveis pelo fenômeno de eutrofização

(JORDÃO; PESSOA, 2011). Este fenômeno pode causar danos aos corpos receptores,

dentre eles: condições anaeróbias no corpo d’água; eventuais mortandade de peixes

devido ao consumo de oxigênio dissolvido por bactérias aeróbias; maior dificuldade e

elevação nos custos de tratamento da água para abastecimento público ou industrial

devido a problemas de corrosão e crescimento biológico; toxicidade das algas,

problemas estéticos e recreacionais, dentre outros (MOTA; SPERLING, 2009).

No caso do abatedouro em estudo o efluente é lançado no solo, mas devido ás

intempéries do tempo, como as chuvas, esse pode chegar aos corpos hídricos. Dentre

tantos danos que os mesmos podem causar no ambiente aquático como já citado

anteriormente, está à importância desse trabalho, que foi desenvolvido na estação de

tratamento de efluente de um abatedouro avícola da cidade de Frederico Westphalen/RS

e teve como objetivo principal monitorar a concentração de nitrogênio e fósforo para

verificar a eficiência de remoção quanto a esses dois parâmetros em cada etapa de

tratamento que o efluente passa pela estação.

Para a realização desse trabalho, primeiramente, foi conhecido o processo

produtivo e a geração de efluentes, juntamente com a Estação de Tratamento (ETE) e

seu funcionamento e a eficiência no tratamento. Coletaram-se amostras para a

caracterização físico-química, avaliando a eficiência da ETE a fim de se fazer um

diagnóstico do processo de tratamento e casuais problemas nela encontrados.

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2. OBJETIVO

2.1 Objetivo geral

Avaliar a eficiência na remoção de nitrogênio e fósforo em um sistema de

tratamento dos efluentes líquidos provenientes de um abatedouro avícola localizado no

município de Frederico Westphalen-RS.

2.2 Objetivos específicos

Como objetivos específicos, propôs-se:

Monitorar os parâmetros físico-químicos: série de nitrogênio e fósforo,

temperatura, pH, turbidez e DBO nos processos de tratamento da ETE;

Avaliar se as questões climáticas interferem na eficiência de remoção dos

nutrientes analisados;

Diagnosticar problemas e propor soluções na ETE.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Avicultura no Brasil

O constante crescimento demográfico no Brasil e no mundo têm ocasionado o

aumento da demanda de produtos alimentares, dentre eles, carne e seus derivados

(GOMES, 2010). Consequentemente, este crescimento contribui também para o

aumento do número de frigoríficos, matadouros, abatedouros, entre outros (BETINELE,

2011).

Na figura 1 podem ser observados os percentuais correspondentes ao consumo

de carne no mercado nacional.

Figura 1: Consumo de carnes no Brasil.

Fonte: GOMES (2010 apud ADAPTADO DE IBGE 2007).

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Devido a sua extensão territorial e capacidade produtora de grãos, o Brasil

possui rebanhos de bovinos, suínos e aves com importante relevância mundial. Neste

cenário, a avicultura de corte brasileira é reconhecida como uma das mais desenvolvidas

do mundo, com altos índices de produtividade, devido a amplas pesquisas na área nos

últimos anos (SUNADA, 2011).

Segundo a UBABEF - (União Brasileira de Avicultura), o Brasil é um dos

maiores produtores e exportadores de carne de frango de corte do mundo. O país já

ocupa o terceiro lugar de produtor mundial de frango, perdendo apenas para a China e

Estados Unidos. Nas exportações, desde 2004, ocupa a posição de maior exportador

mundial de carne de frango carne; e em 2011 chegou a marca de 3,9 milhões de

toneladas.

Como consequência deste acelerado desenvolvimento do setor avícola, houve

uma maior produção de efluentes providos do processamento da carne de frangos. Esses

efluentes representam sérios problemas ambientais devido à alta degradação dos corpos

receptores quando dispostos de modo inadequado: elevada concentração de matéria

orgânica e de microrganismos patogênicos (GOMES, 2010).

3.2 Processo produtivo avícola

Segundo SCARASSATI et al. (2003), as etapas de abate de aves são as

seguintes:

Chegada dos caminhões: As aves chegam em caminhões e são

descarregadas no local de abate.

Atordoamento: As aves são presas pelos pés a um transportador aéreo e o

atordoamento é feito pela aplicação de um choque elétrico na região da

cabeça. No caso do abatedouro em estudo, o atordoamento é aplicado nos

pés das aves.

Sangria: Realizada através do seccionamento da veia jugular, com coleta

do sangue para reaproveitamento. No abatedouro em estudo, o sangue é

destinado para uma fábrica de ração. Depois as aves são encaminhadas

para um túnel de sangria.

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Escaldagem: A fim de, remover impurezas, sangue e facilitar a

depenagem, as aves são imersas em um tanque contendo água quente.

Depenagem: A retirada das penas é realizada por ação mecânica em

máquinas próprias, acompanhada de lavagem através de chuveiros, o que

gera parte dos efluentes.

Escaldagem dos pés: As aves são transferidas para outro transportador,

onde são penduradas pela cabeça, e passam por processo de escaldagem

dos pés e retirada mecânica das cutículas.

Evisceração: É realizada a remoção das vísceras comestíveis (fígado,

coração e moela), intestinos e pulmões (extraídos a vácuo), com posterior

lavagem das carcaças.

Pré-resfriamento: As carcaças passam por tanque contendo água gelada,

onde permanecem cerca de 30 minutos e chegam atingir a temperatura de

0 a 5 °C. Nessa etapa também se pode visualizar geração de efluentes.

Depois de resfriada, a carne é embalada.

Figuras para ilustração de cada uma das etapas relatadas anteriormente

podem ser visualizadas no Apêndice A.

3.3 Geração de efluentes por abatedouros avícolas

O consumo de água é proporcional à capacidade de abate. Paralelo ao alto

consumo de água nos abatedouros avícolas está a produção de um grande volume de

efluentes - 80 a 95% da água consumida é descarregada como efluente líquido

(CETESB apud UNEP; DEPA; COWI, 2000).

Segundo OLIVEIRA (2011), como pode ser observado na figura 2, os principais

pontos de geração de efluentes no abate e processamento das aves são: a sangria, que

contribui principalmente com sangue; a escaldagem, que colabora com penas, sangue e

gordura; a evisceração, onde se podem encontrar vísceras, sangue, gordura e pequenos

pedaços de carne; e o resfriamento e classificação das carcaças, onde estão presentes

sangue, gordura e pequenos fragmentos de carne. Deve-se considerar também a água

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gasta na limpeza do abatedouro e lavagem dos equipamentos, pois esta é incorporada ao

efluente gerado durante o abate e também é destinada a estação de tratamento.

Figura 2: Fluxograma das etapas do processo produtivo e geração de efluentes do

abatedouro em estudo.

Fonte: Adaptado de SCHOENHALS (2006 apud HÜBNER, 2001).

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3.4 Caracterização dos efluentes avícolas

As características físicas, químicas e biológicas de um efluente líquido industrial

variam de acordo com o tipo de indústria, o período de operação, a matéria prima

utilizada, a reutilização de água, entre outros fatores (FRICK, 2011). No que se refere

aos abatedouros avícolas, as águas residuárias contêm principalmente sangue, gordura e

penas, além de restos de tecidos de aves e conteúdo de vísceras (SHOENHALS, 2006).

Segundo FRICK (2011), os principais parâmetros de caracterização de efluentes

são: temperatura, cor aparente, pH, teor de metais, fósforo total, nitrogênio, DQO

(demanda química de oxigênio), DBO (demanda bioquímica de oxigênio), sólidos

sedimentáveis, sólidos suspensos, óleos e graxas.

As águas residuárias brutas de matadouros apresentam características conforme

a tabela 1.

Tabela 1: Características de efluentes brutos de abatedouro avícola.

Fonte: Adaptado de SUNADA (2009 apud JOHNS, 1995); MARIA (2008 apud IDE et. al 1997).

Parâmetro Concentração Média Intervalo de concentrações

DBO5 (mg.L-1

) 1384 710 a 4.633

DQO (mg.L-1

) 4086,6 1.400 a 11.118

Fósforo Total 10,6 13 a 120

Nitrogênio Total Kjedhal

(mg.L-1

)

117,6 110 a 700

Nitrogênio Amoniacal

(mg.L-1

)

45,2 3 a 300

Óleos e Graxas Totais 593,4 50 a 897

Sólidos sedimentáveis 11,4

Sólidos suspensos 984

pH 6,09

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Com base nas características físicas e químicas do efluente de abatedouro

avícola verifica-se a necessidade de sistemas de tratamento que possam diminuir a alta

carga orgânica e de nutrientes (SUNADA, 2009).

3.5 Nitrogênio e fósforo nas águas residuárias

O nitrogênio e o fósforo são de fundamental importância ambiental em virtude

de serem indispensáveis ao crescimento dos seres vivos. Mas o acúmulo desses

macronutrientes nos ambientes aquáticos pode levar ao quadro de eutrofização, com

consequências de deterioração à qualidade das águas (TAVARES, 2004). Este

fenômeno pode causar danos aos corpos hídricos, dentre eles:

Problemas estéticos e recreacionais;

Condições anaeróbias no fundo ou no corpo d’água;

Eventuais mortandades de peixes devido ao consumo de oxigênio

dissolvido por organismos aeróbios que atuam na degradação da matéria

orgânica;

Maior dificuldade e elevação nos custos de tratamento da água para

abastecimento público ou industrial devido a problemas de corrosão e

crescimento biológico;

Toxicidade.

Além disso, a amônia pode causar problemas de toxicidade aos peixes e implicar

em consumo de oxigênio dissolvido. Em termos de águas subterrâneas o nitrato, pode

contaminar águas utilizadas para abastecimento, podendo causar problemas de saúde

pública, como por exemplo, uma doença denominada metemoglobinemia, mais

conhecida como a síndrome do bebê azul (MOTA; VON SPERLING, 2009).

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3.5.1 Processos de remoção de nitrogênio e fósforo

O nitrogênio e o fósforo são de difícil remoção dos efluentes em sistemas

convencionais de tratamento biológico de efluentes o que dificulta o atendimento às

exigências do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA). Esse problema pode

ser agravado caso a diluição do efluente no corpo receptor seja baixa (MOTA; VON

SPERLING, 2009).

Os processos utilizados para remoção de nitrogênio em águas residuárias podem

ser divididos em quatro categorias principais: tratamento convencional (contemplando

tratamento primário e secundário), processos químicos, processos físicos e disposição

de águas residuárias no solo (ASSUNÇÃO, 2009 apud METCALF e EDDY, 1991).

Já para a remoção de fósforo de efluentes, podem ser realizados em três tipos de

tratamento principais: físicos, biológicos ou químicos, ou também associados em físico-

químicos (coagulação e floculação). Devido a dificuldades operacionais, os processos

físicos são geralmente caros e algumas vezes pouco eficientes na remoção de fósforo.

Os processos baseados no tratamento químico de efluentes, com aplicação de sais de

Ca, Fe, e Al são seguros e já bem estabelecidos (SANTOS 2011 apud CLARK;

STEPHENSON; PEARCE, 1997).

3.5.2 Remoção biológica do nitrogênio

Conforme SPERLING (2002), a origem natural de nitrogênio se dá devido à

presença como constituinte de proteínas, clorofila e vários outros compostos biológicos.

Já a sua origem antropogênica se dá através de despejos de esgotos domésticos,

despejos industriais, excrementos de animais e fertilizantes.

Segundo TEIXEIRA (2006), o nitrogênio, apresenta várias formas e estados de

oxidação dentro do ciclo biogeoquímico, No meio aquático, o nitrogênio pode ser

encontrado nas seguintes formas químicas: nitrogênio molecular (N2) em equilíbrio

entre a água e a atmosfera; nitrogênio orgânico dissolvido e em suspensão; nitrito (NO2-

) , nitrato (NO3 -) e nitrogênio amoniacal (NH3 e NH4

+ ).

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Na tabela 2 podem ser verificadas as formas encontradas de nitrogênio.

Tabela 2: Formas predominantes do nitrogênio.

Forma Fórmula Estado de oxidação

Nitrogênio molecular N2 0

Nitrogênio orgânico Variável Variável

Amônia livre NH3 -3

Íon amônio NH4+

-3

Íon nitrito NO2-

+3

Íon nitrato NO3- +5

Fonte: MOTA; VON SPERLING (2009)

De acordo TAVARES (2006), com as condições ambientais, o nitrogênio pode

ser removido ou transportado no ambiente aquático em diversas espécies com diferentes

níveis de oxidação. As transformações dos compostos nitrogenados podem ser

realizadas por organismos aeróbios, anaeróbios, anóxicos e através de diversos

mecanismos, sendo que os principais, do ponto de vista de tratamento de esgoto, são:

amonificação, a síntese (ou assimilação), a nitrificação, e a desnitrificação (figura 3).

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Figura 3: Formas do nitrogênio em processos biológicos de tratamento de efluentes.

Fonte: Adaptado PICKBRENNER (2002 apud SEDLAK, 1991).

3.5.2.1. Amonificação

Segundo DALLAGO, 2009 apud VAN HAANDEL; MARAIS, 1999, nas águas

residuárias, o nitrogênio orgânico é produzido por meio da hidrólise química de

proteínas, ácidos nucléicos, aminas e peptídeos, como também pela oxidação dos

próprios micro-organismos (endogenia). Sua transformação biológica leva à formação

de nitrogênio amoniacal, processo conhecido como amonificação.

A amonificação ocorre por meio de diferentes reações de desaminação (por

exemplo, hidrolítica, oxidativa, redutiva e dessaturativa), que em termos gerais podem

ser esquematizadas pela equação 1 (ASSUNÇÃO, 2009, apud NELSON e COX, 2000).

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(1)

R-NH2+ H2O NH3+ R-OH + energia

O nitrogênio amoniacal existe em duas formas: em solução aquosa como íon

amônio (NH4+), ou gás amônia não ionizada (NH3). Por convenção, diversos autores

têm concordado em denominar o NH4+ de amônia ionizada e o NH3 de amônia não

ionizada. O somatório das duas formas pode ser denominado simplesmente de

nitrogênio amoniacal (TEIXEIRA, 2006). Segundo VON SPERLING (2002), o

equilíbrio entre íons amônio e amônia dissolvida é expresso pela Equação 2:

(2)

NH3 + H+ NH4

+

Amônia livre Amônia ionizada

A proporção dessas duas substâncias dependem do pH, da temperatura e da

salinidade do ambiente (TEIXEIRA, 2006).

De acordo com VON SPERLING (2002) a distribuição relativa assume a

seguinte forma em função dos valores de pH (tabela 3):

Tabela 3: Distribuição entre as formas de amônia segundo o pH da amostra.

pH Formas de amônia

pH < 8 Praticamente toda amônia na forma de NH4

pH=9,5 Aproximadamente 50 % NH3 e 50% NH4

pH >11 Praticamente toda amônia na forma de NH3

Fonte: VON SPERLING (2002).

Hidrólise

enzimática

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3.5.2.2 Nitrificação

Na nitrificação, sob condições aeróbias acontece à oxidação do N-

amoniacal (amônio+amônia) a nitrito NO2-

e, sequencialmente, a nitrato NO3-

(JORDÃO; PESSOA, 2011).

Os micro-organismos responsáveis pela nitrificação são autotróficos

quimiossintetizantes (ou quimioautotróficos), os quais utilizam o gás carbônico como

forma de energia. Esta energia é obtida através da oxidação de um substrato inorgânico,

como a amônia, a formas mineralizadas (VON SPERLING, 2002).

Os dois grupos de bactérias envolvidos no processo são as Nitrosomonas e as

Nitrobacter e cada gênero se diferenciam pela forma de oxidar formas específicas de

nitrogênio. As bactérias do gênero Nitrosomonas oxidam amônia a nitrito e as do

gênero Nitrobacter oxidam nitrito a nitrato (SANTIAGO et.all, 1997).

O crescimento das Nitrosomonas é limitado pela concentração de amônio,

enquanto que o crescimento das Nitrobacter é limitado pela concentração de nitrito no

meio. A taxa de crescimento de ambos, principalmente as do gênero Nitrosomonas, é

bem lenta (VON SPERLING, 2002). Sendo assim, o rendimento energético das reações

de oxidação é baixo e para que haja a oxidação do nitrogênio amoniacal a nitrato é

necessário que o tempo de retenção celular seja suficiente para permitir o

desenvolvimento dos micro-organismos e garantir a permanência da biomassa

nitrificante no reator (TEIXEIRAS, 2006).

As reações bioquímicas de oxidação da amônia em nitrito e nitrato estão

descritas nas equações 3 e 4 por VON SPERLING (2002):

(3)

2 NH4+ - N + 3 O2 2 NO2

- - N + 4 H

4 + 2H2O + Energia

(4)

2 NH2- - N + O2 2 NO3

-- N + Energia

Nitrossomonas

Nitrobacter

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A reação total da oxidação do íon amônio é obtida pela soma das equações 3 e 4,

gerando a equação 5:

(5)

NH4+ - N + 2O2 NO3

-- N + 2 H

+ H2O + Energia

2.5.2.3 Desnitrificação

Segundo (DALLAGO 2009, apud MADIGAN MARTINKO PARKER, 2004),

dois tipos de reação caracterizam este processo: na primeira o nitrato é reduzido a

nitrito; na segunda o nitrito é reduzido a nitrogênio gasoso, como pode se visualizado na

figura 4:

Figura 4: Etapas do processo de desnitrificação.

Fonte: DALLAGO (2009, APUD MADIGAN MARTINKO PARKER (2004).

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De acordo com VON SPERLING (2002), o processo de desnitrificação acontece

em condições anaeróbias. As bactérias heterotróficas facultativas (ex: Pseudomonas),

devido à ausência do oxigênio dissolvido, passam a utilizar os nitratos como aceptores

de elétrons (NO3 - em substituição ao oxigênio), convertendo-os a N2, que escapa para a

atmosfera, completando assim seu ciclo. A transformação de nitrato a nitrogênio

orgânico é realizada conforme a equação 6:

(6)

2 NO3—

N + 2 H+ N2 + 2,5 O2+ H2O

As bactérias presentes no processo de desnitrificação são denominadas

heteretróficas. A fonte de carbono desses organismos é a matéria orgânica carbonácea.

Os principais gêneros de bactérias heterótrofas responsáveis pela desnitrificação, são:

Achromobacter, Acinetobacter, Agrobacterium, Alcaligenes, Arthrobacter, Bacillus,

Chromobacterium, Corynebacterium, Flavobacterium, Hypomicrobium, Moraxella,

Neisseria, Paracoccus, Propioniacterium, Pseudomonas, Rhizobium,

Rhodopseudomonas, Spirillum e Vibrio, sendo Pseudomonas as mais comuns

(DALLAGO, 2009 apud METCALF & EDDY, 2003).

3.5.2.4 Fatores que exercem influência na remoção biológica de nitrogênio

Segundo SPERLING (2002), os seguintes fatores ambientais influenciam na

remoção biológica do nitrogênio: temperatura, pH, oxigênio, dissolvido e a presença de

substâncias inibidoras.

3.5.2.4.1 Temperatura

A faixa de temperatura da taxa de crescimento das bactérias envolvidas no

processo de nitrificação é de, aproximadamente, 4 a 45 ºC, sendo que a Nitrosomonas

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apresentam temperatura ótima próxima a 35 ºC, e a Nitrobacter, a faixa ótima é de 35 a

42 ºC. Já para a desnitrificação, a temperatura ótima está em uma ampla faixa de 0 a 50

oC (SANTIAGO et al., 1997).

3.5.2.4.2 pH

Na nitrificação, os microrganismos desenvolvem-se melhor em condições

levemente alcalinas, com pH na faixa que varia entre 7,4 e 8,6 (SANTIAGO, et al,1997

). Para a desnitrificação, segundo (TEIXEIRA, 2006 apud DINÇER E KARGI, 2000) e

VON SPERLING (2002), o pH ótimo está em uma faixa que varia de 7,0 a 8,0.

3.5.2.4.3 Oxigênio Dissolvido

A faixa de concentração de oxigênio dissolvido necessária para sistemas com

biomassa em suspensão é de 0,5 a 2,5 mg.L-1

. Em contrapartida, em sistemas onde a

biomassa é fixa, em que a transferência de massa e resistência à difusão são fatores que

devem ser levados em consideração, o nível de oxigênio requerido é maior

(SANTIAGO et al.,1997). Inversamente à nitrificação, agora a ausência de oxigênio é,

obviamente, um pré-requisito fundamental para a ocorrência da desnitrificação.

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3.5.2.4.4 Substâncias inibidoras

Um grande número de compostos orgânicos e inorgânicos são inibidores da

atividade das bactérias nitrificantes, como pode ser visualizado na tabela 4.

(SANTIAGO et al.,1997 ).

Devido à presença de uma maior diversidade das bactérias desnitrificantes

comparadas com as bactérias nitrificantes, o impacto de algum agente inibidor

específico é menor. Mesmo assim, na presença de substâncias tóxicas ou inibidoras, é

bem provável que a desnitrificação seja bastante reduzida (ou anulada) pelo fato de a

nitrificação ter sido inibida, pois o processo de desnitrificação é sequencial à

nitrificação (SPERLING, 2002).

Tabela 4: Concentração dos principais compostos orgânicos capazes de inibir a

nitrificação.

Composto Concentração (mg.L-1

)

Acetona 2000

Sulfeto de carbono 38

Clorofôrmico 18

Etanol 2400

Fenol 5,6

Etilenodiamina 17

Hexaetilenodiamina 85

Anilina <1

Monoetilenoamina (MEA) <200

Fonte: (SANTIAGO et al., 1997).

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3.5. 3 O fósforo nas águas residuárias

Segundo NUVOLARI (2011), o fósforo é um dos elementos essenciais para a

síntese bacteriana pois é a parte integrante do protoplasma dos micro-organismos. As

formas de ocorrência do fósforo são:

Ortofosfato (PO 4 3-

, HPO4 2 E H3PO4);

Polifosfatos (2 ou mais átomos de oxigênio e/ou átomos de hidrogênio) ou seja,

moléculas complexas;

Fosfatos orgânicos: moléculas complexas como as proteínas.

Na forma inorgânica (polifosfatos e ortofosfatos), o fósforo tem origem

principal nos detergentes e outros produtos químicos domésticos, já na forma orgânica o

mesmo tem origem fisiológica (MOTA; SPERLING, 2009 apud IAWQ, 1995).

3.5. 3.1 Remoção biológica do fósforo

O processo de remoção do fósforo pode ser visualizado na figura 5:

Figura 5: Mecanismos de remoção biológica de fósforo.

Fonte: PICKDRENNER, 2002 apud EPA, 1987.

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A remoção biológica de fósforo em excesso (RBFE) se dá devido à ação de

micro-organismos conhecidos como organismos acumuladores de fosfato (OAF), os

quais são capazes de armazenar fosfato como polifosfato intracelular. Diferentemente

da maioria dos outros micro-organismos, os OAF sob condições anaeróbias podem

armazenar intracelularmente os ácidos graxos, como polímeros de carbono, como

poliihidroxialcalonatos (PHA) e polihidroxibutirato (PHB) (BRASIL, 2010).

Os OAF necessitam da alternância entre condições entre anaeróbia e aeróbia,

para construir os seus componentes internos de armazenamento de energia, moléculas

orgânicas e polifosfatos (VON SPERLING, 2002).

Os OAF possuem no interior de suas células polifosfato e material orgânico

facilmente biodegradável. Na fase anaeróbia, eles liberam fosfato armazenado como

poli-P como única forma a obter energia para o consumo da matéria orgânica e fontes

de carbono e, assim para a formação e armazenamento de produtos metabólicos

orgânicos, como poliihidroxialcalonatos (PHA) e polihidroxibutirato (PHB). A

utilização do fosfato é feita através da quebra das ligações de ATP para então ocorrer a

absorção de ácidos graxos voláteis (AGV). Como resultado, a concentração de fósforo

solúvel no meio líquido aumenta e a concentração de material carbonáceo diminui no

ambiente anaeróbio. O substrato adsorvido é armazenado no interior das células

bacterianas até que possa ser utilizado nas condições aeróbias (BRASIL, 2010 apud

CHEN et al., 2005).

Em condições aeróbias, o PHB armazenado será oxidado, liberando energia na

forma de NADH2 que será usada para recuperar o fosfato liberado mais um adicional

que está presente no meio e o ATP para o crescimento dos micro-organismos. O fator

mais importante na fase aeróbia é que as bactérias armazenam mais fosfato do que

liberam na fase anaeróbia, utilizam todo o fosfato liberado mais um adicional que está

presente no esgoto bruto (BRASIL, 2010 apud WENTZEL et al., 1986).

Várias espécies são responsáveis pelo processo de remoção em excesso de

fósforo, sendo que as primeiras identificadas são as Acinetobacter. Também gêneros

como Pseudomonas, Aeromonas, Moraxella, entre outras, têm-se mostrado presentes

nos processos biológicos de remoção de fósforo (NÓBREA, 2009).

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3.5.3.2 Fatores que influenciam na remoção de fósforo

Entretanto alguns fatores podem influenciar na remoção biológica de fósforo

nas ETEs como temperatura, pH, OD e entrada de nitrato na zona anaeróbia (BRASIL,

2010).

3.5.3.2.1 Temperatura

Os OAF são capazes de tolerar uma ampla faixa, que variam 20 a 30°C, no

entanto são incapazes de manter suas atividades na faixa de 30 a 35 ° C (BRASIL, 2010

apud PANSWAD et all , 2003). Isso se deve ao fato de que em temperaturas mais altas

(20°C) ocorre uma maior diversidade de micro-organismos competindo pelo substrato,

reduzindo assim a eficiência do processo de RBFE, enquanto que em temperaturas mais

baixas (5°C) a competição pelo substrato é reduzida, resultando numa população maior

de OAF.

3.5.3.2.2 pH

Com base em dados experimentais, quanto maior o pH do efluente inicial, menor

a eficiência de remoção do fósforo, devendo ser corrigido para pH 6,4 a 7,2 para um

desempenho ideal da RBFE (BRASIL, 2010; apud LIU et all, 2007). Em pH com

valores inferiores a 6,5, há uma redução na taxa de remoção de fósforo e toda a

atividade é perdida em pH próximo a 5,0. (VON SPERLING, 2002).

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3.5.3.2.3 Oxigênio Dissolvido

A remoção biológica depende da alternância entre condições anaeróbias e

aeróbias (SPERLING, 2002).

De acordo com BRASIL (2010) na zona anaeróbia a entrada de oxigênio não

deve ocorrer, porque os organismos acumuladores de fosfato são aeróbios facultativos,

então podem utilizar todo o oxigênio presente na zona anaeróbia para metabolizar

anaerobicamente os ácidos graxos.

Já na zona aeróbia, não há ainda estudos específicos que expressam o efeito da

concentração de OD sobre a eficiência de fósforo; mas deve haver oxigênio suficiente a

fim de que ocorra a remoção de fósforo (SPERLING, 2002).

3.5.3.2.4 Nitrato

A presença de nitrato na zona anaeróbia reduz a eficiência de remoção de

fósforo. Isso se deve ao fato de que, as bactérias passam a utilizar o nitrato como

aceptor de elétrons, não precisando efetuar a liberação de fosfato para assimilar o

substrato disponível, o que indica que as bactérias que realizam a biodesfosfatação são

as mesmas que realizam a desnitrificação (BRASIL, 2010).

3.6 Legislação ambiental

Os efluentes provenientes de qualquer fonte poluidora só poderão ser lançados

em corpos de água, após o devido tratamento e desde que a qualidade obtida do efluente

final atenda às exigências legais impostas em cada país (NÓBREGA, 2009)

Em relação aos padrões de lançamento, no âmbito federal, há a Resolução

CONAMA nº 357/2005, que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes

para o seu enquadramento, e também estabelece as condições e padrões de lançamento

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de efluentes. Então a partir desta resolução, os Estados podem delimitar seus próprios

padrões, desde que sejam, no mínimo, iguais ou mais restritivos à lei federal.

A Resolução No 430, de 13 de maio 2011 do Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA) dispõe sobre condições, parâmetros, padrões e diretrizes para gestão do

lançamento de efluentes em corpos de água receptores, alterando parcialmente e

complementando a Resolução n0 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do

Meio Ambiente (CONAMA).

No estado do Rio Grande do Sul, há a Resolução CONSEMA Nº 128/2006 que

fixa esses padrões de emissão de efluentes líquidos (FRICK, 2011). Pode ser

visualizado no anexo 2 os padrões de lançamento para essas emissões. Na tabela B1

estão as concentrações de SS (Sólidos Suspensos), DBO5,20 (Demanda Bioquímica de

Oxigênio, em 5 dias, à 20 ºC) e DQO (Demanda Química de Oxigênio), e na tabela B2

as concentrações de nitrogênio total e fósforo (anexo A).

O órgão responsável pelo monitoramento dos empreendimentos no estado do

Rio Grande do Sul é a FEPAM (Fundação Estadual do Meio Ambiente), o qual recolhe

amostras de efluentes para verificar o atendimento aos padrões de emissão (FRICK,

2011).

3.7 Grau de tratamento de efluentes

De acordo com Piovesan (2006) o funcionamento de uma Estação de Tratamento

de Águas Residuárias (ETAR) é composta por etapas (operações unitárias), as quais

podem ser denominadas de níveis de tratamento, que objetivam a remoção dos

poluentes.

Cada etapa possui funções específicas no tratamento, como pode ser visualizado

na tabela 5:

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Tabela 5: Níveis de tratamento de efluentes.

Nível Remoção

Preliminar *Sólidos em suspensão grosseiros (materiais de maiores

dimensões)

Primário *Sólidos em suspensão sedimentáveis

*DBO em suspensão (matéria orgânica componente dos

sólidos em suspensão sedimentáveis)

Secundário *DBO em suspensão (matéria orgânica em suspensão fina,

não removida no tratamento primário)

*DBO solúvel (matéria orgânica na forma de sólidos

dissolvidos)

Terciário *Nutrientes

*Patogênicos

*Componentes não biodegradáveis

*Metais pesados

*Sólidos inorgânicos dissolvidos

*Sólidos em suspensão remanescentes

OBS: A remoção de nutrientes por processos biológicos e patogênicos pode ser considerada como parte

integrante do tratamento secundário dependendo da concepção de tratamento de cada local.

Fonte: FRICK (2011 apud ABEAS, 1996).

3.8 Tratamento de Efluente de Abatedouro de Aves

Os processos largamente utilizados no Brasil para tratamento de efluentes de

abatedouros de frangos são constituídos por lagoas de estabilização. No caso de não

haver espaço disponível para a implantação de lagoas, processos preliminares podem ser

de clarificação físico-química por flotação e tratamento biológico por lodos ativados

(PIOVESAN, 2006).

O tabela 6 mostra os sistemas biológicos mais utilizados para a remoção da

matéria orgânica desses efluentes (PIOVESAN, 2006 apud Mendes et al. 2005).

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Tabela 6: Sistemas biológicos de tratamento de efluentes de abatedouro avícola e suas

funções específicas.

Tipo de tratamento Função específica

Lagoas de estabilização Fornecimento natural de oxigênio pelo

desenvolvimento de algas em lagoas construídas para

a degradação microbiana de compostos orgânicos

poluentes, e conversão a dióxido de carbono e água.

Lodos ativados, filtros

biológicos, lagoas

aeradas e valos de

oxidação.

Degradação microbiana de compostos orgânicos

poluentes por meio do metabolismo aeróbios,

facilitados pela disponibilidade artificial de oxigênio

em reatores ou em lagoas, e conversão a dióxido de

carbono e água.

Sistemas de nitrificação. Conversão de compostos orgânicos nitrogenados e

amônia a nitratos.

Sistemas de

desnitrificação.

Conversão de nitratos a nitrogênio gasoso

Sistema alternado

anóxico e aeróbio para

remoção de nutrientes.

Remoção de nutrientes, particularmente de fosfatos.

Biodigestão anaeróbia Degradação microbiana de compostos orgânicos a

ácidos orgânicos, alcoóis, hidrogênio, dióxido de

carbono e metano.

Fonte: PIOVESAN (2006 apud Mendes et al. 2005).

3.8.1 Tratamento primário

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39

O tratamento primário é constituído principalmente por processos físico-

químicos. Nesta etapa é realizada a equalização e neutralização da carga do efluente a

partir de um tanque de equalização e pode haver a adição de produtos químicos.

Posteriormente, ocorre a separação de partículas líquidas ou sólidas através de processos

de floculação e sedimentação, utilizando floculadores e decantadores (sedimentador)

primário (PIOVESAN 2006).

3.8.1.1 Equalização

Esse tanque possui volume e configuração adequadamente definidos, com vazão

de saída constante e por meio de dispositivo de mistura, o efluente é homogeneizado

minimizando a sedimentação de eventuais sólidos em suspensão. Tem por finalidade

principal eliminar os picos de vazões dos efluentes nas ETEs (FIESP, 2006).

3.8.1.2 Coagulação/Floculação

A coagulação é responsável pela desestabilização das partículas coloidais em um

sistema aquoso, preparando-as para a sua remoção nas etapas subsequentes do processo

de tratamento (GOMES, 2010 APUD FERREIRA 1998). A adição de substâncias

coagulantes, ou seja, produtos químicos que liberam determinados íons, irão reagir com

as partículas coloidais (impurezas), provocando a desestabilização das partículas de

impurezas (GOMES 2010). Na floculação, as partículas coloidais são colocadas umas

em contato com as outras fazendo com que se aglomerem e formem flocos, até tamanho

e massa suficiente para serem removidos pela sedimentação ou flotação (GOMES, 2010

apud FERREIRA 1998).

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40

3.8.1.3 Flotação

A flotação é um processo que envolve três fases: líquida, sólida e gasosa. A

introdução de gás no tanque de flotação faz com que as impurezas coaguladas

(partículas suspensas, materiais graxos ou óleos), cuja densidade é menor que a do

líquido, subam á superfície do mesmo, podendo ser coletadas em uma operação de

raspagem superficial (FAGUNDES, 2010 METCALF & EDDY, 1991).

3.8.2 Tratamento secundário

Esta etapa do tratamento ocorre em reatores anaeróbios ou aeróbios e destina-se

à remoção de matéria orgânica biodegradável dissolvida ou coloidal, podendo ser

removidos os nutrientes: nitrogênio e fósforo (PIOVESAN, 2006).

3.8.2.1 Lagoas de estabilização

No Brasil, os sistemas mais adotados como tratamento secundário de efluentes

de agroindústrias são as lagoas de estabilização, as quais podem ser constituídas por

processos biológicos anaeróbios, facultativos e aeróbios (GOMES, 2010).

As lagoas de estabilização são tecnologia consolidada para o tratamento de

efluentes (domésticos, industriais e agrícolas), mas geralmente necessitam de

tratamentos preliminares para reter e remover os sólidos grosseiros, bem como equalizar

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41

o afluente. As lagoas podem ser classificadas, de acordo com a atividade metabólica

predominante na degradação da matéria orgânica: anaeróbias, como facultativas ou de

maturação, com variantes segundo a qualidade do efluente necessária ao final do

tratamento, como por exemplo, lagoas com macrófitas, lagoas aeradas, lagoas de alta

taxa de degradação, etc. (TAVARES, 2004 apud BAVARESCO 1998).

A tabela 7 apresenta a eficiência para remoção de variáveis físicas e químicas

dos principais sistemas de lagoas de estabilização tratando efluente doméstico.

Tabela 7: Características da eficiência dos principais sistemas de lagoas.

Eficiência (%) Sistemas de lagoas

Facultativa

Anaeróbia

Facultativa

Aerada

Facultativa

Aerada de mistura

completa-

Decantação

DBO 75-85 75-85 75-85 75-85

DQO 65-80 65-80 65-80 65-80

Sólidos

sedimentáveis

70-80 70-80 70-80 80-97

Amônia <50 <50 <30 <30

Nitrogênio <60 <60 <30 <30

Fósforo <35 <35 <35 <35

Coliformes 90-99 90-99 90-99 90-99

Fonte: SPERLING, 1997.

Segundo Mota e Von Sperling (2009), os principais mecanismos de remoção de

nitrogênio em sistemas de lagoas são: volatilização da amônia; assimilação de amônia e

nitratos pelas algas (com consequente sedimentação do N-orgânico e sua retenção no

lodo); e nitrificação – desnitrificacão, como pode ser observado na figura 6.

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42

Figura 6: Processo de remoção biológica de nitrogênio em lagoas de estabilização.

Fonte: MOTA; VON SPERLING (2009).

3.8.2.1.1 Lagoas facultativas: descrição do processo

Segundo VON SPERLING (1997), as lagoas facultativas são compostas por três

zonas: anaeróbia, aeróbia e facultativa.

A oxidação da matéria orgânica na parte superior se dá através da atividade

fotossintética das algas e da ação de bactérias e, no fundo, a matéria orgânica

sedimentada é estabilizada por bactérias anaeróbias e facultativas, liberando gases como

o metano ao meio (FRICK, 2011). É importante saber que, devido ao fato de a matéria

orgânica sedimentar, forma-se uma camada de lodo no fundo dessas lagoas (VON

SPERLING, 1997).

Essas lagoas são assim denominadas, devido à presença de diversos grupos de

bactérias, as quais devem sobreviver e se proliferar tanto na ausência como na presença

de oxigênio. Na ausência de oxigênio livre são utilizados outros receptores de elétrons,

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43

como nitratos (condições anóxicas) e sulfatos e CO2 (condições anaeróbias) (VON

SPERLING, 1997).

3.8.2.1. 2 Lagoas aeradas

As lagoas aeradas facultativas são construídas quando se deseja ter um sistema

predominante aeróbio, e de dimensões mais reduzidas que as lagoas facultativas ou o

sistema de lagoas anaeróbias seguidas por lagoas facultativas (VON SPERLING, 1997).

Em termos de construção, as mesmas assemelham-se às lagoas de estabilização

facultativas. No entanto, diferenciam-se na forma de suprimento de oxigênio na coluna

d’água, nesse caso o oxigênio é introduzido artificialmente por meio de aeradores

(CENTRO EXPERIEMENTAL DE SANEAMENTO BÁSICO-UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, 2011).

A fim de resolver problemas de sobrecarregamento de matéria orgânica e falta

de área para a expansão, as lagoas facultativas podem ser convertidas a lagoas aeradas

facultativas, através da inclusão de aeradores. Mas é muito importante já se prever esta

possibilidade desde o período de projeto, para que possa ser selecionada uma

profundidade que seja compatível com os futuros equipamentos de aeração e colocadas

placas protetoras de concreto no fundo, abaixo dos aeradores. Devido a introdução de

aeradores, essas lagoas são menos simples em termos de manutenção e operação

comparadas com as lagoas facultativas convencionais (VON SPERLING, 1997).

O que têm levado a utilização cada vez maior dos aeradores no tratamento de

efluentes sanitário e industriais é a redução de custos, alta eficiência, facilidade de

instalação e controle dos odores no tratamento de efluentes (REVISTA TAE, 2013).

No tratamento de efluentes, os aeradores mais frequentemente utilizados para as

lagoas aeradas são aeradores mecânicos flutuantes de eixo vertical e alta rotação.

Recentemente tem sido empregados também aeradores de turbina com aspiração (VON

SPERLING, 1997).

A tabela 8 apresenta valores aproximados para as faixas de operação de

aeradores mecânicos, em função de sua potência.

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Tabela 8: Faixas usuais de operação dos aeradores de alta rotação.

Faixa de

potência dos

aeradores (CV)

Profundidade

normal de

operação (m)

Diâmetro de influência (m)

Oxigenação Mistura

Diâmetro da

placa anti-

erosiva

5-10 2,0-3,6 45-50 14-16 2,6-3,4

5-25 3,0-4,3 60-80 19-24 3,4-4,8

30-50 3,8-5,2 85-100 27-32 4,8-6,0

Fonte: VON SPERLING, 1997.

É importante saber que, embora o suprimento de ar seja suficiente para manter o

oxigênio dissolvido na maior parte da massa líquida (camada superficial) das lagoas

aeradas, não é suficiente para estabelecer a mistura completa nem o fluxo contínuo,

permitindo a separação por sedimentação de parcelas dos sólidos em suspensão,

consequentemente a decomposição anaeróbia (lodo) (JORDÃO; PESSOA, 2011).

3.8.2.1.3 Lagoas com aguapés

O uso de macrófitas aquáticas para a remoção de nutrientes de esgotos

domésticos industriais e agroindustriais é uma alternativa bastante interessante e tem

sido proposto por TAVARES (2004 apud BOYD ,1990).

Esses sistemas de lagoas com plantas aquáticas representam uma alternativa

viável para o polimento final de efluentes contendo pequenas quantidades de nutrientes

e de carga orgânica. Dentre as espécies de plantas usadas no tratamento de efluentes, a

macrófita aquática Eichhornia crassipes é a mais promissora em ambientes eutróficos

tropicais e subtropicais, por possuir um rápido crescimento e facilidade de adaptação,

aliado à sua intensa assimilação de nutrientes. Além de as plantas removerem do meio

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45

aquático quantidades expressivas de nitrogênio, fósforo e potássio, sua rizosfera

constitui um sítio propício à atividade bacteriana e de organismos da microfauna

aquática, os quais podem remover patógenos, carga orgânica e nutrientes (BALLEN et

al,, 2007).

Apesar disso, a utilização de lagoas com aguapés tem sido objeto de grande

polêmica. A remoção do fósforo é proporcional a necessidade das plantas que

geralmente não excede 65% da quantidade presente no efluente (TAVARES, 2006 apud

HAUSSER, 1984).

A assimilação de nitrogênio e fósforo pelo aguapé se dá na fase de crescimento

da planta, portanto, a remoção de nutrientes nessas lagoas depende das condições para o

crescimento e da sua colheita periódica (TAVARES, 2006 apud RODRIGUES, 2005).

Em temperaturas baixas a remoção dos nutrientes diminui, as plantas produzem grande

quantidade de biomassa (30 g/m2 de matéria seca ao dia) apresentando baixo valor

nutricional, baixa digestibilidade, alto custo na coleta e alto grau de evaporação

(TAVARES, 2006 apud BENTON et al., 1978).

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46

4 METODOLOGIA

O trabalho foi realizado em um abatedouro avícola. A seguir é apresentada uma

figura com o fluxograma da sequencia do trabalho.

Figura 7: Fluxograma da sequencia do trabalho.

Fonte: O autor

4.1 Descrição do local de estudo

O efluente líquido para a realização do trabalho foi proveniente de um

abatedouro de frangos localizado na cidade de Frederico Westphalen. O município está

situado na região noroeste do estado do Rio Grande do Sul (figura 8), com uma latitude

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47

27º21’33” sul; longitude 53º23'40" oeste; altitude de 566 metros (KEMERICH et all.

2013). Possui área de 264,976 km2 e sua população é de 28.843 habitantes, segundo o

último censo do IBGE 2010.

Figura 8: Localização geográfica do município de Frederico Westphalen, RS.

Fonte: ABREU (2006).

Atualmente no abatedouro são abatidos nove mil frangos/dia/abate sendo

considerado um abatedouro de pequeno porte.

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48

Seu quadro de funcionários é composto por cento e dezoito trabalhadores fixos,

que trabalham em diversos setores da empresa. No setor de abate, os funcionários

operam no turno da manhã, três vezes por semana (segunda, quarta e sexta). Com isso,

há a produção de aproximadamente 153 mil litros de efluentes por dia de abate.

As principais atividades do abatedouro são: abate, processamento e

comercialização de frangos inteiros e seus subprodutos. E os produtos: frango colonial

inteiro e toda linha de corte: peito, coração, meio das asas (Tulipa), moela, coxinha da

asa, filé de peito, coxa, sobre coxa e dorso de frango.

4.2 Estação de tratamento de efluentes do abatedouro em estudo.

Primeiramente a estação de tratamento de estudo é composta por um tratamento

preliminar (figuras 9 e 10) onde são separadas penas e vísceras através de peneiras.

Figura 9: Grades de retenção de penas das aves.

Fonte: O Autor.

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49

Figura 10: Unidade de separação das vísceras.

Fonte: O Autor.

A estação de tratamento de águas residuárias objeto do estudo é constituída por:

tanque de equalização (1); unidade de flotação (2) com a utilização do coagulante

policloreto de alumínio 10% (PAC); lagoa facultativa aerada 1 (3) ; lagoa facultativa

aerada 2, a qual contém macrófitas (4) e sumidouro (5), como pode ser visualizado na

figura 10. O corpo receptor (sumidouro) da ETE é o solo.

Figura 11: Fluxograma das unidades da ETAR do abatedouro avícola.

Fonte: O Autor.

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50

4.3 Pontos de coleta

Para verificar a eficiência da ETE, foram realizadas análises físicas e químicas

no Laboratório de Recursos Hídricos da Universidade Federal de Santa Maria -

CESNORS, campus de Frederico Westphalen, de amostras coletadas nos seguintes

pontos: 1- tanque de equalização; 2- saída da unidade de flotação; 3- saída da lagoa

aerada 1 e 4- lagoa aerada 2. Os pontos de coleta podem ser visualizados na figura 12.

Figura 12: Layout das unidades da ETE do abatedouro avícola e pontos de coleta.

Fonte: O Autor.

O monitoramento teve uma duração de quatro meses (08/julho/2013 a

21/novembro/2013).

Os resultados do último ponto de coleta (lagoa aerada 2) foram comparados com

a legislação vigente (Resolução do Conselho Estadual do Meio Ambiente- CONSEMA-

128/2006), para verificar se os parâmetros estão de acordo com os padrões de

lançamento.

As amostras foram coletadas em frascos de vidros, previamente lavados e

desinfetados com solução de hipoclorito de sódio, como pode ser visualizado na figura

13:

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51

Figura 13: Frascos de vidro utilizados na coleta das amostras de efluente de abatedouro

avícola.

Fonte: O Autor.

4.4 Análises Físicas e Químicas

A periodicidade de avaliação das amostras foi quinzenal, e as variáveis

analisadas foram: temperatura (°C), pH, DBO (mg/L), NH4-N (mg/L), NO2--N (mg/L),

NO3--N (mg/L), Nitrogênio Total e PO4

3--P (mg/L).

As análises de caracterização física e química e respectivas metodologias estão

apresentadas na tabela 9. O método para determinar DBO está descrito no anexo B.

Tabela 9: Metodologias utilizadas na determinação dos parâmetros analisados.

Variável Método

pH Eletrométrico – STANDARD METHODS 4500-H+ B.

(APHA 2005).

NH4-N (mg/L) Método de Kjedal- TEDESCO, M.J.et al. (1995).

NO2--N (mg/L) Espectrofotometria – XIMENES; RODRIGUES;

MARQUES (1998).

NO3--N (mg/L) Método de Kjedal - TEDESCO, M.J.et al. (1995)

Nitrogênio Kjeldahl. Método de Kjedal - TEDESCO, M.J.et al. (1995).

PO43-

-P (mg/L) Método colorimétrico do Ácido vanadomolybdfosfórico

(APHA,1995).

Temperatura Medição com termômetro de vidro.

Fonte: O Autor.

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52

4.5 Análise dos Dados

A partir dos resultados das análises, foram calculados: média, desvio padrão e a

eficiência de cada processo de tratamento, com ajuda do software MICROSOFT

EXCEL® 2010. A análise estatística foi realizada com o software STATISTICA 7.0.

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53

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados das variáveis analisadas em cada coleta estão apresentadas nas

tabelas 10,11,12 e 13, para efluente bruto, efluente após a flotação, efluente após o

tratamento por lagoa aerada, efluente após o tratamento por lagoa aerada com aguapés,

respectivamente.

Tabela 10: Resultados das análises físicas e químicas do efluente bruto.

Coletas Data Temp

. Cº

pH DBO 5,20

(mg/l)

Turbidez NTK

(mg/l)

N-NH4

(mg/l)

N-

NO2-

(mg/l)

N-

NO3-

(mg/l)

P-PO4

3-

(mg/l)

1 08/07/2013 11 6,6 150,2 10,8 3,2 4,5

2 22/07/2013 15 7,26 2067 819 212,1 5,9 3,5 3,2 28,6

3 05/08/2013 19 7 1388 398 433 6,8 3 2,5 11,8

4 19/08/2013 16 7,1 1913 643 300,5 6,6 1,5 6,2 2

5 04/09/2013 20,8 6,92 951 507 335,8 7,1 2,8 6,2 13,3

6 02/10/2013 21,1 6,7 105 371,2 10,6 1,2 10,1 30

7 23/10/2013 26,5 6,8 81 105 419,7 6,9 2,6 4,4 18,6

8 06/11/2013 23,9 6,62 269 372 6,0 2,3 34

9 21/11/2013 25,5 3597

Média 19,9 6,88 1666,2 406,6 324,3 7,8 3,0 4,9 19,8

Desvio

padrão

5,2 0,2 1187,5 269,9 99,3 2,0 1,5 2,6 11,6

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

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54

Tabela 11: Resultados físico-químicos das análises do efluente da unidade de flotação.

Coletas Data Temp

. Cº

pH DBO 5,20

(mg/l)

Turbidez NTK

(mg/l)

N-NH4

(mg/l)

N-

NO2-

(mg/l)

N-

NO3-

(mg/l)

P-PO4

3-

(mg/l)

1 08/07/2013 11 6,61 176,8 26,9 0,8 0,8 1,6

2 22/07/2013 15 7,32 209 21 26,5 4,9 0,3 6,6 1,6

3 05/08/2013 19 6,38 24 212,1 6,6 0,7 5,4 0,3

4 19/08/2013 16 6,21 587 62 123,7 5,2 2,3 5,1 1,7

5 04/09/2013 20,8 6,11 141 4,05 176,8 7,1 0,8 8,1 1,9

6 02/10/2013 21,1 6,03 17,2 247,5 10,6 1,3 5,8 4,1

7 23/10/2013 26,5 5,84 188 17,2 276,6 6,6 0,5 5,9 1,8

8 06/11/2013 23,9 5,98 159 11,2 276,6 7,6 0,7 6,3

9 21/11/2013 25,5 279

Média 19,9 7,06 260,5 22,4 189,6 9,4 0,9 5,5 1,9

Desvio

padrão

4,1 0,3 115,0 11,8 63,6 4,7 0,4 1,3 0,7

Fonte: Dados da pesquisa (2013)

Tabela 12: Resultados físico-químicos das análises do efluente da lagoa 1.

Coletas Data Temp

. Cº

pH DBO 5,20

(mg/l)

Turbidez NTK

(mg/l)

N-NH4

(mg/l)

N-

NO2-

(mg/l)

N-

NO3-

(mg/l)

P-PO4

3-

(mg/l)

1 08/07/2013 11 7 141,4 25,9 1,8 0,5

2 22/07/2013 15 6,02 29 21 35,4 25,7 0,4 0,4 1,3

3 05/08/2013 19 7,25 69 9,7 291,6 27,2 0,9 2,8 0,5

4 19/08/2013 16 7,29 413 14,7 123,7 26,2 0,4 1,8 0

5 04/09/2013 20,8 7,88 38 42 176,8 31,5 0,9 1,2 1,1

6 02/10/2013 21,1 7,17 29 176,8 14,2 0,3 3,2 1,4

7 23/10/2013 26,5 6,95 80 29 324,3 31,4 0,8 3,4 2,3

8 06/11/2013 23,9 6,9 159 39 295,7 28,5 1,2 1 1,4

9 21/11/2013 25,5 79

Média 19,9 7,06 123,9 26,3 195,7 26,3 0,8 1,8 1,1

Desvio

padrão

5,2 0,5 134,3 12,0 100,2 5,5 0,5 1,2 0,7

Fonte: Dados da pesquisa (2013)

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55

Tabela 13: Resultados físico-químicos das análises do efluente da lagoa 2.

Coletas Data Temp

. Cº

pH DBO5,20

(mg/l)

Turbidez NTK

(mg/l)

N-NH4

(mg/l)

N-

NO2-

(mg/l)

N-

NO3-

(mg/l)

P-PO4

3-

(mg/l)

1 08/07/2013 11 7,4 88,4 19,8 8 0

2 22/07/2013 15 6,76 26 3,5 53 15,8 6,6 0 0,6

3 05/08/2013 19 7,01 64 3,5 291,6 17 8,2 0,2 1,4

4 19/08/2013 16 7,09 359 10,6 167,9 20,5 4,5 3,2 0,4

5 04/09/2013 20,8 7,03 6,3 203,3 23,4 3,9 4,5 3,1

6 02/10/2013 21,1 6,98 15,5 185,6 14,8 2,2 6,4 1,2

7 23/10/2013 26,5 6,7 48 15,5 295,7 16,8 4,8 4,6 1,5

8 06/11/2013 23,9 6,69 14,9 372 12,2 11,2 0 0,4

9 21/11/2013 25,5 26

Média 19,9 6,96 104,6 9,27 207,2 17,5 6,2 2,4 1,2

Desvio

padrão

5,2 0,2 143,1 5,5 108,3 3,5 2,9 2,6 0,9

Fonte: Dados da pesquisa (2013)

As questões climáticas (variações de temperaturas) no tempo de experimento,

não influenciaram na eficiência da remoção das variáveis pesquisadas – DBO,

nitrogênio amoniacal, nitrito, nitrato, NTK, fósforo e turbidez. Não houve diferença

estatística (p-valor > 0,05) com a aplicação da ANOVA (Analysis of Variance) e do

teste estatístico não paramétrico de Mann-Whitney.

5.1 Temperatura

As variações de temperaturas das amostras de efluente são apresentadas na

figura 14. Pode-se observar que houve uma diferença de 15,5 C°, sendo que a

temperatura mínima foi de 11C0 no dia 08 de julho e a máxima foi de 26,5 C

0 no dia 23

de outubro.

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56

Tendo em vista que a temperatura tem influência direta nos fenômenos químicos

e biológicos que ocorrem no sistema de tratamento, de acordo com VON SPERLING

(1986), para temperaturas abaixo de 10 °C, ocorre a diminuição da atividade biológica,

porém na faixa de 10 a 35 °C, a velocidade das reações praticamente dobra a cada 10

°C. Sendo 35 C0, a temperatura mais eficiente para o tratamento biológico.

Figura 14: Temperatura das amostras nas datas de coleta.

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

O fato da temperatura não ter influenciado no tratamento pode ser devido às

características do efluente, pois esse sofreu alterações de um dia para outro de abate. Em

dias de maior carga de poluente contidos no mesmo, a eficiência no tratamento era

próxima aos dias em que a carga do poluente era menor. Outro fator pode ser a

manutenção e operação das lagoas, em relação à retirada correta dos água-pés.

11

16 19

16

20,8 21,1

26,5 23,9

0

5

10

15

20

25

30

08/j

ul

15/j

ul

22/j

ul

29/j

ul

05/a

go

12/a

go

19/a

go

26/a

go

02/s

et

09/s

et

16/s

et

23/s

et

30/s

et

07/o

ut

14/o

ut

21/o

ut

28/o

ut

04/n

ov

Tem

per

atu

ras

Datas

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57

5.2 pH

Os valores médios de pH são representados na figura 15. Analisando o gráfico

pode-se verificar que as variações foram pequenas. Houve uma diminuição de 6,88 do

efluente bruto para 6,31 no efluente que saiu da unidade de flotação e uma diminuição

muito pequena nas lagoas de tratamento, com valores de 7,06 para a lagoa 1 e 6,96 para

a lagoa 2. A verificação do pH ao longo do tempo é importante, tendo em vista que o

pH próximo à neutralidade é ideal para a ação dos microrganismos, tanto para a

remoção biológica de nitrogênio quanto de fósforo.

Na nitrificação, os microrganismos desenvolvem-se melhor em condições

levemente alcalinas, com pH na faixa que varia entre 7,4 e 8,6 (SANTIAGO, et al,

1997). Para a desnitrificação, segundo TEIXEIRA (2006 apud DINÇER E KARGI,

2000) o pH ótimo está em uma faixa que varia de 7,0 a 8,0. Já para um desempenho

ideal da remoção biológica de fósforo o pH deve ser corrigido para pH 6,4 a 7,2.

(BRASIL, 2010; apud LIU et all, 2007).

Figura 15: Resultados do pH das amostras de efluente.

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

6,88

6,31

7,06 6,96

5,80

6,00

6,20

6,40

6,60

6,80

7,00

7,20

Bruto Flotador Lagoa 1 Lagoa 2

pH

pH

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58

5.3 Turbidez

Na figura 16 podem ser visualizados os valores médios de turbidez. Pode-se

notar que esse parâmetro apresenta uma significativa redução ao longo do tratamento,

principalmente na unidade de flotação.

Figura 16: Valores médios de turbidez do efluente ao longo da ETE.

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

5.4 DBO

Na Figura 17 estão apresentados os valores médios de DBO do efluente.

Essa variável representa a quantidade de oxigênio dissolvido necessária aos

microrganismos na estabilização na matéria orgânica em decomposição, sob condições

aeróbias (JORDÃO E.P; PESSOA C.A 2011). Para um efluente avícola bruto, esse

parâmetro pode variar entre 710 a 4.633 mg.L-1

(MARIA, 2008 apud IDE et. al 1997).

406,6

22,4 26,3 9,27

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

Bruto Flotador Lagoa 1 Lagoa 2

Turb

idez

(U

NT

)

Turbidez

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59

Figura 17: Valores médios da concentração de DBO do efluente ao longo da ETE.

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Em relação à remoção de DBO, pôde-se ver que o tratamento está sendo

eficiente o suficiente para os limites dos padrões de lançamento exigidos, de até 110

mg/l para as faixas de vazões do abatedouro (de 100 a 1500 m³/d), sendo a vazão do

abatedouro aproximadamente 153 mil litros de efluentes em dias de abate. Pode-se

observar que a concentração está 5 mg/l acima do permitido mas isso se deve ao fato de

um dos dias de coleta a concentração estar bastante elevada.

Além disso, pode-se perceber que a ETE apresenta uma eficiência média de

94%, e o processo mais eficiente de remoção de DBO é o processo físico-químico de

flotação, sendo seguido pelo processo biológico da lagoa aerada 1 e por último, a lagoa

aerada 2, como pode ser verificado na figura 18.

1666,2

260,5

123,9 104,6

0,0

500,0

1000,0

1500,0

2000,0

2500,0

3000,0

3500,0

Bruto Flotador Lagoa1 Lagoa 2

DB

O(m

g/l

)

DBO(mg/l)

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60

Figura 18: Eficiência individual média de cada processo de tratamento na remoção de

DBO. (B.F - Bruto -Flotador; L1 - após a Lagoa 1; L2 - após a Lagoa 2; ETE - remoção

dos processos em conjunto).

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

5.5 Amônia NH3, Nitrito (NO2-) e Nitrato (NO3

-).

Na figura 19 estão apresentados os valores de amônia, nitrito e nitrato no

decorrer do tratamento do efluente.

Pode-se verificar que há um aumento bastante significativo da amônia na lagoa

1. Isso pode ser devido ao fato de a lagoa 1, antes da instalação do flotador, ter sido uma

lagoa anaeróbia e após a implantação de aeradores, pode ter ocorrido ressuspensão do

lodo que estava no fundo da mesma.

Em relação ao nitrito e ao nitrato, observou-se um significativo aumento da

concentração desses dois parâmetros na lagoa 2, constituída por aguapés.

De acordo com Gomes ( 2010), o sistema de lagoas com presença de macrófitas

é eficiente, mas é preciso um manejo adequado dos aguapés. Von Sperling (1997)

afirma que os aguapés crescem a uma taxa bastante elevada, e é necessária uma

infraestrutura de acordo com a sua taxa de crescimento, de forma a impedir que as

84

52

16

94

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

B.F L1 L2 ETE

Efi

ciên

cia d

e re

moçã

o d

e

DB

O(%

l)

Eficiência

Page 61: AVALIAÇÃO DA REMOÇÃO DE NITROGÊNIO E FÓSFORO DA ...w3.ufsm.br/frederico/images/TCC_final_-PATRÃ_CIA_GRASSI.pdf · com eficiência de DBO e fósforo compatível à qualidade

61

plantas mortas se dirijam ao fundo da lagoa, onde, ao sofrerem conversão anaeróbia,

ocasionarão a ressolubilização dos poluentes e nutrientes anteriormente removidos.

Figura 19: Perfil da concentração de Amônia, Nitrito e Nitrato no efluente ao longo da

ETE.

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

5.6 Nitrogênio Kjeldahl

Na figura 20 pode ser visualizado a concentração média de Nitrogênio Total

Kjeldahl. Observou-se aumento da concentração nas lagoas 1 e 2, talvez por causa de

zonas mortas que ocasionariam áreas de sedimentação de lodo, e que, a partir do seu

revolvimento, pode aumentar a concentração desse nutriente, como já explicado

anteriormente (5.5).

0

5

10

15

20

25

30

Bruto Flotador Lagoa 1 Lagoa 2

Co

nce

ntr

ação

de

NH

3;

NO

2;N

O3

(mg/l

)

NH3

NO2

NO3

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62

Figura 20: Concentração média de Nitrogênio Total Kjeldahl do efluente ao longo da

ETE.

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Em relação ao Nitrogênio Total Kjeldahl, a ETE não está atendendo os padrões

de lançamento propostos pela CONSEMA 128/2006, pois de acordo com a vazão do

abatedouro de aproximadamente 153 mil litros de efluentes em dias de abate, a

concentração deveria ser de, no máximo, 20 mg/l.

Sendo o processo físico-químico da flotação o que apresenta maior eficiência na

(42%), e a ETE apresentou uma eficiência total de 36 %, como pode ser visualizado na

figura 21.

324,31

189,56 195,69 207,18

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

300,00

350,00

400,00

450,00

Bruto Flotador Lagoa 1 Lagoa 2

Con

cen

traçã

o N

tota

l (m

g/l

)

NTK

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63

Figura 21: Eficiência média de cada processo de tratamento na remoção de Nitrogênio

Total Kjeldahl do efluente de abatedouro avícola. (B.F - Bruto -Flotador; L1 - após a

Lagoa 1; L2 - após a Lagoa 2; ETE - remoção dos processos em conjunto).

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

5.7 Fósforo

Na Figura 22 estão apresentados os valores médios da concentração de Fósforo

Total do efluente, à medida que se avança nas etapas de tratamento da ETE. Percebe-se

que a ETE atende aos limites exigidos pela Resolução CONSEMA 128/06, a qual exige

que as atividades geradoras de efluentes, para a faixa de vazão que se encontra o

abatedouro de até 153 m3/dia, lancem seus despejos com uma concentração máxima de

3 mg.L-1

ou apresentem uma eficiência mínima de remoção de 75%.

42

-3 -6

36

-10

0

10

20

30

40

50

B.F L1 L2 ETE Efi

ciên

cia d

e re

moçã

o d

e N

tota

l

(%)

Eficiência

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64

Figura 22: Concentração média de fósforo do efluente ao longo da ETE.

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Através da figura 23, pode-se verificar que o padrão exigido pela legislação do

CONSEMA é cumprido ainda na saída do sistema físico-químico. Isso deve-se ao fato

de uma grande quantidade de partículas sólidas serem removidas pelo processo de

flotação. Cechetti (2012 apud AISSE et all., 2002), cita que a remoção do fósforo das

águas residuárias envolve a incorporação do mesmo em uma forma particulada (sólidos

suspensos) e, na sequência, a remoção dos sólidos suspensos. Os tipos de sólidos

suspensos nos quais os fosfatos podem ser incorporados são biológicos (micro-

organismos) ou químicos (fosfatos de metal precipitados pouco solúveis).

Na figura 23 pode ser visualizada a eficiência de cada etapa de tratamento na

remoção do fósforo.

19,75

1,86 1,14 1,22

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

Bruto Flotador Lagoa 1 Lagoa 2

Con

cen

traçã

o d

e P

(mg/l

)

Fósforo

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65

Figura 23: Eficiência individual média de cada processo de tratamento na remoção de

fósforo. (B.F - Bruto -Flotador; L1 - após a Lagoa 1; L2 - após a Lagoa 2; ETE -

remoção dos processos em conjunto).

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

A unidade de flotação foi instalada na ETE do abatedouro somente no ano de

2012. Antes disso a ETE era constituída por caixa de areia com peneiras, caixa de

gordura, lagoa anaeróbia e lagoa facultativa e vala de infiltração no solo. PIOVESAN

(2006), em um estudo realizado na mesma ETE, obteve resultados que mostravam

ineficiência na remoção de nutrientes e o não atendimento à legislação vigente.

5.8 Dimensionamento das lagoas

Realizaram-se cálculos para verificar se o tempo de detenção das duas lagoas

aeradas estão de acordo com a carga de DBO que cada uma delas recebe. Os cálculos

foram realizados de acordo com o Von Sperling (2002). Os resultados estão na tabela

10.

91

39

-7

94

-20

0

20

40

60

80

100

B.F L1 L2 ETE Efi

ciên

cia n

a r

emoçã

o d

e P

(%

)

Eficiência

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66

Tabela 14: Tempo de detenção das lagoas (em horas).

Lagoa 1 Lagoa 2

TDH teórico (Temperatura 11 C°) 5,6 dias 2,74

TDH teórico (Temperatura 26, 5C°) 1,25 dias 0,58

TDH das lagoas em operação 3,03 3,51

Nota: TDH: Tempo de detenção hidráulica.

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Segundo Von Sperling (2002), o tempo de detenção não é um parâmetro direto

de projeto, mas um parâmetro de verificação (resultante do volume da lagoa) e diz

respeito ao tempo necessário para que os micro-organismos procedam à estabilização da

matéria orgânica no reator (lagoa). A lagoa 1 da ETE em estudo apresenta TDH abaixo

do mínimo necessário em temperaturas mínimas e acima em temperaturas máximas. Já

a lagoa 2 apresenta TDH acima do mínimo necessário para o bom funcionamento, até

mesmo em temperaturas baixas.

Dessa forma, pode-se supor que a eficiência baixa de remoção de DBO,

nitrogênio e fósforo nas lagoas seja devido a:

Zonas mortas (que diminuiriam o volume útil de tratamento e

consequentemente o TDH)

Curtos-circuitos, visto que há somente um ponto de entrada e de saída de

efluente nas lagoas, podendo criar linhas de fluxo preferenciais, e

novamente, fazendo com que o esse tempo de detenção das mesmas 3,03

e 3,51 também seja menor.

TDH da lagoa 1 abaixo do necessário em temperaturas mínimas.

A falta de monitoramento e retirada de aguapés da lagoa 2.

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67

6 CONCLUSÃO

A partir dos resultados encontrados, pode-se concluir que:

A ETE apresenta-se com eficiência de DBO e fósforo compatível à qualidade

final do efluente necessária para cumprir a legislação do CONSEMA 128/2006. No

entanto, não apresenta eficiência suficiente em relação à remoção de Nitrogênio Total

Kjeldahl.

Alguns problemas foram constatados como, o mau manejo dos aguapés na

última lagoa de tratamento, onde houve um significativo aumento das concentrações

dos parâmetros: nitrito, nitrato, NTK e fósforo total.

As lagoas da ETE aparentemente possuem zonas mortas e curtos-circuitos que

possivelmente ocasionam áreas de sedimentação de lodo, e que, a partir do seu

revolvimento, pode aumentar a concentração dos nutrientes como amônia e nitrogênio

total kjeldahl.

A instalação da unidade de flotação na ETE ajudou a atingir os padrões de

lançamento exigidos pela legislação, em comparação aos resultados obtidos por

Piovesan (2006).

Em relação á legislação, esta ainda é precária em se tratando de efluentes.

Necessita-se de uma resolução específica para lançamento de efluentes no solo, que é

caso da forma de disposição do ETE em estudo, pois até então utiliza-se os mesmos

padrões de lançamento para corpos hídricos.

As questões climáticas (variações de temperaturas) no tempo de experimento,

não influenciaram na eficiência na remoção dos nutrientes analisados, pois não houve

diferença na remoção desses parâmetros.

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68

7 SUGESTÕES

Para uma melhor eficiência da ETE na remoção de nitrogênio e fósforo, há a

necessidade de:

Colheita periodicamente dos água pés e cercamento dos mesmos, deixando-os

em uma das extremidades da lagoa 2.

Implantação de chicanas nas duas lagoas aeradas, para um fluxo de pistão e

assim melhoramento na mistura do efluente e eficiência de tratamento.

Aumento no número de entradas e saídas nas lagoas para a eliminação das zonas

mortas e curtos-circuitos das mesmas. Ao menos deve-se posicionar a entrada e

a saída já existentes nas lagoas, em um sistema linear no centro das mesmas,

caso não for implantado as chicanas.

Aumento no número de aeradores nas lagoas.

Troca de produtos de limpeza utilizados na unidade de produção para a

diminuição das espumas na ETE.

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69

8 REFERÊNCIAS

ABREU, R.L. 2006. Mapa da localização de Frederico Westphalen no estado e no

país. Disponível em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:RioGrandedoSul_Municip_FredericoWestphalen.s

vg. Acesso em: 13/06/2013.

ASSUNÇÃO, F.A.L. Estudo da remoção de nitrogênio, com ênfase na volatilização

de amônia, em lagoas de polimento de efluentes de reatores UASB tratando

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APÊNDICE A- PROCESSO PRODUTIVO DO ABATEDOURO EM ESTUDO

Figura A1: Chegada das matrizes Figura A2: Pendura

Figura A3:: Insensibilização Figura A4: Sangria

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Figura A5: Túnel de sangria Figura A6: Banho em tanque com água quente

para depenagem

Figura A7: Depenagem Figura A8: Geração de efluentes na sala de

depenagem

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Figura A9: Retirada das vísceras Figura A10: Tanque de lavagem de carcaças

Figura A11: Sala de pré-resfriamento Figura 12A: Geração de efluente

Figura A13: Sala de cortes e embalagens

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ANEXO A - PADRÕES DE LANÇAMENTO DE EFLUENTES- CONSEMA

128/2006.

Tabela A1: Padrões de lançamento de efluentes dos parâmetros: DBO, DQO E SS.

Faixa de vazão

(m3/d)

DBO 5 (mgO2/L) DQO (mgO2/L) SS (mgO2/L)

Q < 20

180 400 180

20≤ Q ≤100

150 360 155

100≤ Q ≤500

110 330 125

500≤ Q ≤1000

80 300 100

1000≤ Q ≤3000

70 260 80

3000≤ Q ≤7000

60 200 70

7000≤ Q ≤10000

50 180 60

Q ≥10000 40 150 50

Fonte: CONSEMA 128 (2006).

Tabela A2: Padrões de lançamento de efluentes dos parâmetros: Nitrogênio total e

fósforo.

Faixa de vazão

(m3/d)

Nitrogênio Total Kjeldah Fósforo

Concentração

(mg NTK/L)

Eficiência

NTK (%)

Nitrogênio

Amoniacal

(mgNTK/L)

Concentração

(mg P/L)

Eficiência

(%)

Q<100 20 75 20 4 75

100≤Q≤1000 20 75 20 3 75

1000≤Q≤10000 15 75 20 2 75

10000≤Q 10 75 20 1 75

Fonte: Fonte: CONSEMA 128 (2006).

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ANEXO B – PROCEDIMENTO UTILIZADO PARA A DETERMINAÇÃO DE

DBO5,20

Procedimento de análise da DBO:

Estimar a faixa de medição de DBO, conforme a tabela:

Tabela B1: Medição de DBO.

Faixa de medição DBO

(mg/l)

Volume da amostra (ml) Dosagem de ATH

0- 40 428 10 gotas

0-80 360 10 gotas

0-200 244 5 gotas

0-400 157 5 gotas

0-800 94 3 gotas

0-2000 56 3 gotas

0-400 21,7 1 gota

Qualquer tratamento prévio da amostra deve ser feito neste momento (ajuste de

pH, filtragem, etc.).

Medir e transferir o volume das amostras para a garrafa com o auxílio de um

funil. Se necessário adicionar o inibidor de nitrificação (ver tabela B1).

Colocar a barra magnética na garrafa;

Adicionar 3 ou 4 gotas de solução de hidróxido de potássio (KOH0 no suporte

de borracha e posiciona-la na garrafa.

Fechar o sistema: Sensor + garrafa DBO

Posicionar as garrafas no suporte/rack.

Deixar o equipamento em uma incubadora com 20 0C.

Iniciar o processo de medição.

Depois de 5 dias fazer as leituras das amostras.