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Teoria e Prtica na Engenharia Civil, n.3, p.43-51, Junho, 2003
Avaliao da susceptibilidade e do potencial eroso laminar dos solos da Bacia Hidrogrfica do Rio Tubaro e Complexo Lagunar (SC)
Evaluation of the laminar erosion susceptibility and erosive potential
from soils of the Rio Tubaros Hydrographic Basin and Lagoon Complex (SC)
Cezar Augusto Burkert Bastos1, Carlos Ronei Bortoli2, Mauro Jungblut2,
Rui Batista Antunes3 & Guilherme Xavier de Miranda Junior3 1 Departamento de Materiais e Construo, FURG, Rio Grande, RS, e-mail: [email protected]
2 EPT Engenharia e Pesquisas Tecnolgicas S.A, Porto Alegre, RS 3 Gerncia de Gesto de Recursos Hdricos, Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e
Meio Ambiente de Santa Catarina, Florianpolis, SC RESUMO: O artigo apresenta um estudo sobre a susceptibilidade eroso e o potencial erosivo dos terrenos da Bacia Hidrogrfica do Rio Tubaro e Complexo Lagunar. As classes de susceptibilidade eroso foram definidas pelo cruzamento de dados sobre a erodibilidade dos solos e sobre a declividade dos terrenos. J as classes de potencial erosivo foram definidas pelo cruzamento das classes de susceptibilidade eroso com dados sobre o uso atual do solo obtidos de trabalho de campo e imagens de satlite. Os resultados indicam expressivas reas de alta susceptibilidade eroso laminar e elevado potencial erosivo, condizente com as evidncias de campo, em particular, com o assoreamento verificado nos cursos dgua da bacia. Espera-se que este estudo venha subsidiar aes gerenciais na bacia hidrogrfica, orientando o adequado uso e ocupao do solo e justificando a implementao de variadas tcnicas conservacionistas no mbito rural, periurbano e urbano dos municpios da regio.
ABSTRACT: The article presents a study on the susceptibility to the erosion and the erosive potential of the lands of Rio Tubaro's Hydrographic Basin and Lagoon Complex. The definition of the susceptibility to the erosion classes was made with the crossing of data on the erodibility soils and on the declivities of the lands. The potential erosive classes were defined for the crossing of the susceptibility to the erosion classes with data on the land use, obtained from field works and satellite images analysis. The results indicate expressive areas of high susceptibilities to the laminar erosion and high potential erosive, in accord with the field evidences, in particular, with the silting verified in the waters resources of the basin. It is waited that this study comes to subsidize managerial actions in the basin hydrographic, guiding the appropriate use and occupation of the soil and justifying the application of the varied conservationist techniques.
1. INTRODUO
A Bacia Hidrogrfica do Rio Tubaro e
Complexo Lagunar (figura 1), no diferente de outras bacias hidrogrficas brasileiras, est sujeita a ocorrncia de processos erosivos, em geral, acelerados pela ao antrpica. Os agentes erosivos atuantes so as guas das chuvas e os ventos, estes ltimos de ao restrita aos solos arenosos da regio litornea. Em decorrncia da eroso, tem-se a gerao de sedimentos responsveis pelo o assoreamento de muito dos cursos dgua da regio.
FLORIANPOLIS
SANTA CATARINA
RIO GRANDE DO SUL
PARAN
O C E
A N O
A T
L N
T I C
O
BRASIL
N
Bacia Hidrogrficado Rio tubaro e ComplexoLagunar
Fig.1 - Localizao da bacia estudada
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A Bacia do Rio Tubaro e Complexo Lagunar construda por um substrato geolgico diversificado que, do interior em direo ao litoral, varia das rochas vulcnicas bsicas da Formao Serra Geral para rochas sedimentares diversas do Paleozico e Mesozico (arenitos, siltitos, argilitos e folhelhos) indicadoras de uma seqncia de formaes geolgicas em ambientes de deposio variados, representada em sua plenitude na Serra do Rio do Rastro. A partir da, ocorrem granitides do Embasamento Cristalino numa rea de relevo movimentado formada, entre outros, pela Serra do Tabuleiro. Por fim, na poro leste, na regio do Complexo Lagunar e litoral, ocorrem os sistemas laguna-barreira constitudos por sedimentos deltaicos, paludais, elicos e praiais marinhos e lagunares. Complementam a geologia da bacia hidrogrfica, a ocorrncia de depsitos de leques aluviais e de tlus junto a base de encostas e aluvies em plancies de inundao de alguns dos rios da regio.
Sobre esta geologia diversa ocorrem solos tambm variados. Segundo dados da ref.[4], na regio da Formao Serra Geral ocorrem predominantemente Solos Litlicos (Neossolos Litlicos1) e Cambissolos, j sobre as rochas sedimentares desenvolvem-se predominantemente perfis de Podzlicos Vermelho-Amarelos Latosslicos (Argissolos Vermelho-Amarelos1) e Latossolos Vermelho-Amarelos. Na geologia dos granitides predomina a ocorrncia de Podzlicos Vermelho-Amarelos, associados a Cambissolos e Solos Litlicos, enquanto no Complexo Lagunar e litoral predominam perfis de Solos Orgnicos (Organossolos1) e Solos Glei (Gleissolos1) nas vrzeas e Areias Quartzosas (Neossolos Quartzarnicos1) e Dunas nas reas de cobertura praial e elica recente. A erodibilidade relativa destes solos ser discutida adiante, quando da avaliao da susceptibilidade eroso laminar dos solos da bacia hidrogrfica.
Na regio da Bacia Hidrogrfica do Rio Tubaro e Complexo Lagunar, os terrenos so ocupados por atividades econmicas diversas. Quanto a atividade agrcola, destacam-se, entre outros, o plantio de fumo e cana de acar nas reas de relevo movimentado (ondulado e forte ondulado) e rizicultura e horticultura em reas de vrzea. O reflorestamento (pinus e eucalipto) em reas de relevo forte ondulado at montanhoso
1 Nomenclatura das classes de solos segundo o novo Sistema Brasileiro de Classificao de Solos [3]
tambm se mostra muito presente. J quanto a atividade pecuria, a criao de bovinos a campo em reas de relevo movimentado e a suinocultura destacam-se. A atividade extrativa mineral intensa, com a minerao de carvo mineral (parte da bacia est inserida na Regio Carbonfera Catarinense) e extraes de saibros, argilas e cascalho.
Neste ambiente geolgico, pedolgico e de ocupao do solo, a ao de agentes naturais, como as chuvas, so responsveis pelo conjunto dos processos de destacamento e remoo de partculas de solo e pelo transporte destas at s drenagens e cursos dgua. O acmulo destes sedimentos tem como conseqncia o assoreamento dos cursos dgua e reservatrios. Este assoreamento verificado tanto prximo a reas fonte, como particularmente a longa distncia, onde o curso dgua apresenta diminuda sua capacidade de transporte de sedimento.
Neste trabalho, apresentada uma avaliao da susceptibilidade eroso laminar dos solos da Bacia Hidrogrfica do Rio Tubaro com base na metodologia apresentada na ref.[5]. Esta metodologia leva em conta a erodibilidade das principais classes de solo ocorrentes e a declividade dos terrenos. Tambm, a partir da metodologia acima citada (com algumas modificaes), apresentada uma avaliao do potencial eroso laminar agregando a susceptibilidade eroso dos solos o fator de uso e ocupao atual das terras. Os resultados obtidos integram relatrio tcnico do Plano Integrado de Recursos Hdricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Tubaro e Complexo Lagunar [6], estudo promovido pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente de Santa Catarina (SDM/SC) em convnio com a Secretaria de Recursos Hdricos do Ministrio do Meio Ambiente (SRH/MMA).
2. METODOLOGIA
A metodologia adotada na avaliao da
susceptibilidade eroso e do potencial erosivo baseia-se naquela apresentada na ref.[5].
A susceptibilidade eroso avaliada com base no cruzamento dos dados qualitativos sobre a erodibilidade relativa dos solos com dados sobre a declividade representada por faixas de isodeclividade dos terrenos (figura 2).
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Fig. 2 - Metodologia adotada na definio da susceptibilidade eroso laminar
A erodibilidade relativa dos solos estimada
com base na classificao pedolgica destes. Nesta estimativa so levados em conta as principais caractersticas fsicas, qumicas e morfolgicas que influem na resistncia eroso dos solos:
textura influi na capacidade de infiltrao e absoro da gua da chuva e na coeso do solo, interferindo na erosividade das enxurradas e na resistncia a remoo das partculas;
gradincia textural influi na capacidade de infiltrao e no fluxo das guas superficiais e subsuperficiais;
estrutura influi na capacidade de infiltrao e absoro das guas das chuvas e na capacidade de remoo das partculas, podendo, em certas situaes, favorecer a concentrao do escoamento superficial;
espessura do solo influi na capacidade de infiltrao e no fluxo das guas superficiais e subsuperficiais;
permeabilidade, densidade e porosidade determinam a maior ou menor capacidade de infiltrao das guas das chuvas;
propriedades qumicas, biolgicas e mineralgicas influem no estado de agregao e coeso entre as partculas do solo, interferindo na estruturao do solo e na resistncia a remoo das partculas por ao da gua. Com base no mapa de solos da bacia
hidrogrfica [4] foi realizado o agrupamento dos solos com comportamento erosivo relativamente semelhante, segundo as classes de erodibilidade relativa apresentadas na ref.[5] (tabela 1). Como
produto foi obtido o mapa de erodibilidade relativa dos solos da bacia. mapa de
erodibilidade dos solos
mapa de
susceptibilidade eroso laminar
Tabela 1 - Classes de erodibilidade relativa (segundo ref.[5])
Classe ndices de erodibilidade
relativa
Classes pedolgicas de solos2
E1 8,1 a 10 Cambissolos, Solos litlicos, Podzlicos de textura arenosa/mdia abruptos, Areias Quartzosas
E2 6,1 a 8 Podzlicos no abruptos e Podzlicos de textura mdia/argilosa
E3 4,1 a 6 Podzlicos argilosos e Latossolo Vermelho-Amarelo textura argilosa
E4 2,1 a 4 Latossolos de textura mdia, Latossolo Roxo e Terra Roxa Estruturada
E5 0 a 2 Solos Gleis, Solos Orgnicos e Planossolos
mapa de isodeclividade
A declividade constitui apenas um dos
chamados fatores de relevo (ou topogrficos) que influem na eroso. Junta-se a este o comprimento de rampa, a forma da vertente e a rea do interflvio. O chamado fator topogrfico LS da Equao Universal de Perda de Solo USLE [7] leva em conta o produto da declividade pelo comprimento de rampa da encosta.
Na metodologia adotada, apenas a declividade considerada, como um fator isolado, e representada por um mapa de isovalores de declividade adotando-se as classes: > 20%, 12 a 20%, 6 a 12% e < 6%.
O mapa de susceptibilidade eroso laminar ser determinado pelo cruzamento do mapa de erodibilidade com o mapa de isovalores de declividade. As classes de susceptibilidade eroso laminar so apresentadas abaixo e definidas segundo a tabela 2:
classe S1 muito alta classe S2 alta classe S3 moderada
2 Seguindo a fonte original adotado o Sistema de
classificao de solos usado em levantamentos pedolgicos no Brasil [2]
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classe S4 baixa classe S5 - nula
Tabela 2 - Determinao das classes de susceptibilidade eroso laminar (segundo ref.[5])
Classes de isovalores de declividadeClasse de erodibilidade > 20% 12a20% 6 a 12% < 6%
E1 S1 S1 S2 S2 E2 S1 S2 S2 S3 E3 S2 S3 S3 S4 E4 S3 S4 S4 S5 E5 - - - S5
O potencial eroso laminar foi avaliado
cruzando o mapa de classes de susceptibilidade eroso laminar com o mapa de uso atual das terras (figura 3).
Fig. 3 - Metodologia adotada na definio do potencial eroso laminar
O uso das terras na regio da Bacia do Rio
Tubaro e Complexo Lagunar foi avaliado com base na interpretao de imagens de satlite. Em funo das caractersticas particulares de uso e ocupao e da cobertura vegetal dos solos da bacia hidrogrfica e do trabalho de investigao de campo dos processos erosivos e de suas condicionantes principais, foram definidas quatro classes de uso do solo frente eroso laminar (tabela 3) e partir destas definido o mapa de uso do solo frente eroso laminar.
O cruzamento da susceptibilidade eroso laminar com o uso do solo permitiu a definio de trs classes de potencial eroso laminar:
classe PI alto potencial eroso laminar so esperados processos erosivos de muito difcil controle, associados ao uso incompatvel do solo;
classe PII mdio potencial eroso laminar o uso do solo no compatvel, mas os processos erosivos controlveis;
classe PIII baixo potencial eroso laminar processos erosivos inexpressivos em vista do uso compatvel do solo.
Tabela 3 - Classes de uso do solo frente eroso laminar para a Bacia Hidrogrfica do Rio Tubaro
e Complexo Lagunar Classe de uso frente
eroso laminar Uso do solo / cobertura
vegetal 1. Atividade antrpica muito intensiva
reas degradadas e solo exposto
2. Atividade antrpica moderada a intensiva
culturas anuais, campos e pastagens nas encostas, rizicultura e zonas urbanas
3. Atividade antrpica moderada
formao arbrea arbustiva e reflorestamento
4. Atividade antrpica reduzida
mata nativa, dunas, vrzeas sem cultivo
atu
mapa de susceptibilidade
eroso laminar mapa de potencial
eroso laminar mapa de uso
al do solo frente eroso laminar
A definio das classes de potencial eroso laminar segue as indicaes da tabela 4.
Tabela 4 - Determinao das classes de potencial
eroso laminar Classes de uso do solo frente eroso
laminar atividade antrpica Classe de
susceptibilidade eroso laminar
muito intensiva
moderada a
intensiva
moderada reduzida
S1 PI PI PI PII S2 PI PI PII PIII S3 PI PII PII PIII S4 PII PIII PIII PIII S5 PIII PIII PIII PIII
3. DADOS BSICOS SOBRE A BACIA HIDROGRFICA
3.1. Erodibilidade relativa
O levantamento de solos da folha de Cricima
[4] mostra a ocorrncia das classes de solos para a rea da bacia. As classes de erodibilidade relativa destes solos so apresentada na tabela 5.
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Tabela 5 - Classes de erodibilidade relativa dos solos da bacia hidrogrfica
Solos3 Classe de erodibilidade
1. Cambissolo Bruno Hmico lico, Cambissolo Bruno lico, Cambissolo Hmico lico, Cambissolos distrfico, eutrfico e lico, Solos Litlicos Hmicos licos, Solos Litlicos eutrficos e distrficos, Areias Quartzosas distrficas e licas e Dunas
E1
2. Podzlico Vermelho-Amarelo lico textura mdia/argilosa
E2
3. Podzlico Vermelho-Amarelo Latosslico lico textura argilosa e Latossolo Vermelho-Amarelo lico textura argilosa
E3
4. Glei Hmico eutrfico e Solos Orgnicos distrficos e eutrficos
E5
Analisando a distribuio espacial das classes
de erodibilidade, predominam na bacia solos da classe E2, em funo da ocorrncia destacada dos solos Podzlicos Vermelho-Amarelo de textura mdia/argilosa. A susceptibilidade a eroso laminar dos solos desta classe condicionada principalmente pelo gradiente textural A/B. O enriquecimento em argila no horizonte B determina menor capacidade de infiltrao e, em conseqncia, maior intensidade do fluxo superficial e subsuperficial.
Na classe E3, os Podzlicos Vermelho-Amarelo Latosslicos e o Latossolo Vermelho-Amarelo de textura argilosa tm reduzido o gradiente textural A/B. A baixa capacidade de infiltrao, em tese associada a textura argilosa, compensada pela melhor estruturao destes solos.
A classe E1, de maior susceptibilidade a eroso ocorre em duas pores bem definidas. A oeste da bacia est associada a ocorrncia de Cambissolos e Solos Litlicos, em relevo forte ondulado e montanhoso e com substrato de rochas sedimentares dos Grupos Passa Dois e So Bento e basaltos da Formao Serra Geral. So solos de pequena espessura e evoluo pedogentica restrita, determinantes de um maior escorrimento superficial e baixa resistncia eroso laminar. Cambissolos tambm so encontrados na regio do embasamento cristalino, nas reas de relevo mais
3 Segundo o Sistema de classificao de solos usado em
levantamentos pedolgicos no Brasil [2], adotado na definio das classes de solos na ref.[4]
movimentado, como nos vales dos principais rios da bacia. A outra ocorrncia significativa de solos da classe E1 junto ao litoral, onde solos sem coeso, essencialmente arenosos, como as Areias Quartzosas e Dunas esto sujeitos eroso hdrica e em particular eroso elica.
A classe E5 tem ocorrncia localizada na regio do Complexo Lagunar. formada por solos hidromrficos (Solos Glei e Solos Orgnicos) encontrados em relevo plano, reas onde os gradientes de fluxo superficial so bem menores.
3.2. Declividade
A partir de dados topogrficos da bacia
hidrogrfica, representados cartograficamente por curvas de nvel, foi gerado um mapa de isovalores de declividade.
Analisado o mapa observou-se a ocorrncia destacada de reas com declividade > 20%, em particular nas encostas da Serra Geral e nos vales do embasamento cristalino, geradoras de elevados gradientes hidrulicos por fluxo superficial. Em contraste, na regio do Complexo Lagunar e litoral predominam declividades < 6%, onde a energia do fluxo superficial das guas da chuva bem menor.
3.3. Uso atual dos solos/cobertura vegetal
Os solos da bacia do Rio Tubaro tem uso atual
variado, onde se destacam atividades agropecurias, atividades extrativas minerais, reflorestamento e urbanizao. Vale aqui destacar algumas particularidades do uso do solo na bacia.
A atividade agrcola tem como expoentes o cultivo do fumo e da cana de acar nas encostas e da horticultura e a rizicultura nas vrzeas. O plantio em encostas sem adequada prtica conservacionista do solo tem levado a elevada perda de solo. J a rizicultura irrigada, tambm quando executada sem adequadas tcnicas de manejo, pode gerar transporte de sedimentos pelos canais de drenagem. Logo, segundo a metodologia empregada, estas atividades foram consideradas de moderada a alta intensidade.
Quanto a atividade pecuria, destaca-se a criao de sunos. Sob a tica da eroso, importante enfatizar a degradao do solo provocada tanto pelo desmatamento visando a formao de campos para alimentao do gado bovino, como pelo prprio pisoteio do animal. Esta
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atividade tambm foi considerada de moderada a alta intensidade.
A extrao mineral de carvo, intensiva na regio das nascentes do Rio Tubaro (em torno do municpio de Lauro Muller), saibro, argilas e cascalho, principalmente as duas primeiras, originam reas de intensa degradao por depsitos de rejeitos e pela exposio de solos saprolticos reconhecidamente mais erodveis [1]. So consideradas reas de atividade antrpica intensa.
O reflorestamento e a vegetao arbustiva em reas onde houve desmatamento foi considerada rea de moderada atividade antrpica. O uso de queimadas e a derrubada desordenada da mata nativa condiciona as perdas de solo.
A urbanizao considerada uma atividade antrpica muito intensa. A ocupao urbana e periurbana, com abertura de lotes e estradas aumenta a incidncia de solo exposto.
As reas de mata nativa, dunas e vrzeas sem ocupao constituem aquelas cuja ao antrpica reduzida. Logo, so reas em que a preservao tambm justificada para o controle da eroso na bacia hidrogrfica.
4. SUSCEPTIBILIDADE EROSO LAMINAR
O cruzamento dos dados de erodibilidade
relativa e de isovalores de declividade permitiu a gerao do mapa de susceptibilidade eroso laminar para a Bacia Hidrogrfica do Rio Tubaro (figura 4).
A anlise do mapa permite concluir pelo predomnio espacial de reas da classe S2 alta susceptibilidade eroso hdrica (60,6% da rea territorial da bacia). Os principais condicionantes so: ocorrncia de solos Podzlicos Vermelho-Amarelo (pertencentes a classe E2) em reas do Embasamento Cristalino com declividades de 6 a 20% e a ocorrncia de solos essencialmente arenosos na rea litornea (classe E1), mesmo em terrenos de baixa declividade (< 6%).
A seguir, na ordem decrescente de ocupao espacial na bacia, tem-se a classe S3 moderada susceptibilidade eroso (19,8% da rea da bacia). O principal condicionante desta classe a ocorrncia de solos Podzlicos Vermelho-Amarelos Latosslicos e Latossolos Vermelho-Amarelos (pertencentes a classe E3) em terrenos de declividade de 6 a 20% na regio da Depresso
Perifrica, transio do Embasamento Cristalino Serra Geral.
A classe S1 muito alta susceptibilidade (8,6 % da rea da bacia) tem ocorrncia marcante na regio da Serra Geral, onde os condicionantes so a ocorrncia de solos pertencentes a classe de erodibilidade E1 (Cambissolos e Solos Litlicos) em reas de elevada declividade, e tambm em regies esparsas do Embasamento Cristalino, em terrenos onde a declividade atinge valores superiores a 20%.
A classe S5 susceptibilidade nula (7,5% da rea da bacia) tem manifestao restrita s vrzeas da regio do Complexo Lagunar, onde a ocorrncia de solos hidromrficos (Solos Glei e Solos Orgnicos) em reas de muito pequena declividade (< 6%) o condicionante principal.
Por fim, a classe S4 baixa susceptibilidade (3,4% da rea da bacia) tem ocorrncia ainda mais restrita s reas de transio dos solos do Embasamento Cristalino aos solos de vrzea.
Com o objetivo de melhorar a legibilidade, o mapa apresentado na figura 4, foram agregadas as classes S3 e S4, representando-as por Classe S3/S4 - baixa a moderada. 5. POTENCIAL A EROSO LAMINAR
O mapa de potencial eroso laminar foi
definido pelo cruzamento do mapa de susceptibilidade eroso laminar com o de uso atual do solo (figura 5).
O mapa revela significativas reas de alto potencial erosivo (PI) (17,5% da rea da bacia). Estas reas encontram-se disseminadas na regio do Embasamento Cristalino, condicionadas pela ocorrncia de terrenos de alta susceptibilidade (S2) com uso por plantio e criao de gado em encostas e a presena de reas degradadas, e tambm junto ao litoral pelo ocorrncia de terrenos da classe S2 com solo exposto.
reas de mdio potencial erosivo (PII) (33,9% da rea da bacia) so observadas disseminadas no Embasamento Cristalino e predominantemente na poro oeste da bacia, onde terrenos de moderada susceptibilidade eroso (S3) so ocupados principalmente por atividade agrcola e de reflorestamento em encostas.
As reas de baixo potencial erosivo (PIII) (48,6% da rea da bacia) tambm ocorrem disseminadas no Embasamento Cristalino, mas predominam na poro norte e centro-leste da
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bacia. Na poro norte encontram-se grandes reas de vegetao nativa preservadas, como na Reserva da Serra do Taboleiro e na poro centro-leste tem-se a ocorrncia do Complexo Lagunar, onde terrenos susceptibilidade baixa e nula (S4 e S5) so ocupados por rizicultura.
6. CONCLUSES
Como principais concluses podemos destacar:
Na Bacia Hidrogrfica do Rio Tubaro ocorre uma significativa extenso de terras com susceptibilidade alta e muito alta a eroso laminar, determinada pela ocorrncia de solos potencialmente erodveis em reas de relevo movimentado;
Esta susceptibilidade eroso associada ao uso atual do solo na bacia hidrogrfica determinam expressivas reas de alto potencial eroso laminar;
Esta avaliao do potencial erosivo est condizente com os processos verificados em campo e com a preocupante produo de sedimentos que tem gerado assoreamentos nos principais rios da bacia hidrogrfica. Cabe destacar que, numa anlise mais completa neste sentido, devem ser somados a esta avaliao o potencial a eroso por fluxo dgua concentrado (sulcos, ravinas e boorocas). esperado como principal resultado deste
estudo que o mesmo venha a subsidiar aes gerenciais na bacia hidrogrfica, com vistas sobretudo a orientar o adequado uso e ocupao do solo e a implementao de variadas tcnicas
conservacionistas tanto no mbito rural, como no mbito periurbano e urbano dos municpios da regio.
REFERNCIAS
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erodibilidade dos solos residuais no saturados. Tese de doutorado. PPGEC/UFRGS. 296p, 1999.
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5. Salomo, F.X.T. Eroso e a ocupao rural e urbana. 3o Curso de Geologia de Engenharia Aplicada a Problemas Ambientais. So Paulo, AGAMA-DIGEM. p.44-71, 1992.
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LagoaSto Antnio
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Lagoa doMirim
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Lagoa doCamacho
escala 1:750.000
URUBICISC431
Lmina dgua
Classe S5 - Nula
Classe S3/S4 - Baixa a Moderada
Classe S2 - Alta
Classe S1 - Muito Alta
Classes de susceptibilidade eroso
Sedes municipaisLimite da bacia hidrogrfica do Rio Tubaroe Complexo Lagunar
N
Fig. 4 - Mapa de susceptibilidade a eroso
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ANITPOLIS
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escala 1:750.000
URUBICI
SC 4
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Classe PIII - Baixo PotencialClasse PII - Mdio Potencial
Classe PI - Alto Potencial
Classes de potencial eroso
Lmina dguaSedes municipaisLimite da bacia hidrogrfica do Rio Tubaroe Complexo Lagunar
N
Fig. 5 - Mapa do potencial erosivo