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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ LÁZARO RODRIGUES JÚNIOR HERLEY MEHL AMÂNCIO GARBUIO Avaliação das Condições de Trabalho de Prestadores de Serviço em Redes Elétricas de Baixa Tensão em Conformidade com a Norma NR-10 CURITIBA 2011

Avaliação das Condições de Trabalho de Prestadores de ... · CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes ... exigências relacionadas à documentação, perfil do profissional

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

LÁZARO RODRIGUES JÚNIOR

HERLEY MEHL AMÂNCIO GARBUIO

Avaliação das Condições de Trabalho de

Prestadores de Serviço em Redes Elétricas de Baixa

Tensão em Conformidade com a Norma NR-10

CURITIBA

2011

LÁZARO RODRIGUES JÚNIOR

HERLEY MEHL AMÂNCIO GARBUIO

Avaliação das Condições de Trabalho de

Prestadores de Serviço em Redes Elétricas de Baixa

Tensão em Conformidade com a Norma NR-10

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

disciplina Projeto de Graduação do curso de

Engenharia Elétrica do Setor de Tecnologia da

Universidade Federal do Paraná.

Orientador: Prof. Jayme Passos Rachadel

CURITIBA

2011

RESUMO

A energia elétrica é naturalmente perigosa o que motivou a evolução de

instrumentos, ferramentas, equipamentos de segurança, procedimentos de trabalho

e qualificação dos profissionais, aumentando assim a segurança no trabalho com

eletricidade. Este assunto foi regulamentado pelo Ministério do Trabalho e Emprego,

MTE na CLT e posteriormente foi editada a Norma Regulamentadora número 10,

NR-10, que trata da segurança em instalações elétricas e serviços em eletricidade.

O objetivo deste trabalho é avaliar o atendimento à NR-10 por um prestador de

serviços em rede elétrica de baixa tensão. Para tanto foram selecionados os itens e

subitens da norma aplicáveis neste escopo. O cumprimento destes itens e subitens

foi verificado e as não conformidades foram comentadas e recomendações emitidas.

A metodologia de trabalho aplicada foi o questionamento de representantes da

contratada através de entrevistas, avaliação documental e acompanhamento de

trabalhadores em campo. Concluiu-se que os serviços da contratada são regidos

pela legislação vigente e que ela não cumpre esta legislação. A contratante também

deve adequar-se e fiscalizar o cumprimento das normas regulamentadoras.

Palavras-chave: Segurança do Trabalho. Norma Regulamentadora.

ABSTRACT

Electricity is dangerous course which led to the evolution of instruments, tools, safety

equipment, work procedures and qualification, thus increasing security in working

with electricity. This matter was regulated by the Ministry of Labor Employment MTE

in CLT and was later edited Norm No. 10, NR-10, which deals with safety in electrical

installations and electrical work. The objective of this study is to evaluate the

compliance with the NR-10 by a provider services in low-voltage grid. Were elected

to both the items and subitems the standard applicable in this scope. Compliance

with these items and subitems was checked and the non-conformities were

discussed and recommendations made. The methodology applied was the

questioning of the representatives contracted through interviews, document review

and monitoring of field workers. It was concluded that the contracted services are

governed by law and that it does not comply with this legislation. The contractor must

also conform to and monitor compliance with regulatory standards.

Keywords: Safety. Standard Regulatory

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – CONFORMIDADES DOS ITENS E SUBITENS AVALIADOS ..............26

TABELA 2 – RESUMO DAS AVALIAÇÕES..............................................................32

TABELA 3 – TOTAL DE ITENS AVALIADOS POR CLASSE DE INFRAÇÃO ..........32

TABELA 4 – CRITÉRIOS DE SEGURANÇA.............................................................32

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – INSTALAÇÃO DE SENSOR E ILUMINAÇÃO EM ALTURA .................22

FIGURA 2 – INSTALAÇÃO DE SENSOR E ILUMINAÇÃO EM ALTURA .................23

FIGURA 3 – INSTALAÇÃO DE SENSOR E ILUMINAÇÃO EM ALTURA .................24

FIGURA 4 – INSTALAÇÃO DE ILUMINAÇÃO EM ÁREA FECHADA.......................25

FIGURA 5 – INSTALAÇÃO DE ILUMINAÇÃO EM ÁREA FECHADA.......................25

FIGURA 6 – INSTALAÇÃO DE ILUMINAÇÃO EM ÁREA FECHADA.......................26

LISTA DE SIGLAS

APR - Análise preliminar de riscos

CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

CLT - Consolidação das Leis do Trabalho

CREA - Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia

EPC - Equipamento de proteção coletiva

EPI - Equipamento de proteção individual

MEC - Ministério da Educação

MTE - Ministério do Trabalho e Emprego

NR - Norma Regulamentadora

NR-10 - Norma Regulamentadora número 10

PCMSO - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional

PPRA - Programas de Prevenção de Riscos Ambientais

SESMT - Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do

Trabalho

UFPR - Universidade Federal do Paraná

SUMÁRIO

1 Introdução..................................................................................................10

1.1 Objetivo Geral .....................................................................................10

1.2 Objetivos Específicos..........................................................................11

2 Revisão Teórica.........................................................................................12

2.1 Abrangência da NR-10........................................................................12

2.2 Trabalho Profissional ..........................................................................12

2.3 Responsabilidades..............................................................................13

2.4 Medidas de Controle ...........................................................................14

2.5 Análise de Riscos................................................................................15

2.6 Rotina de Trabalho..............................................................................16

2.7 Medidas de Proteção Coletiva e Individual .........................................17

2.8 Instalações Energizadas .....................................................................18

2.9 Situações de Emergência ...................................................................19

2.10 Sinalização de Segurança.................................................................19

3 Metodologia ...............................................................................................20

3.1 Metodologia Científica.........................................................................20

3.2 Método de Trabalho ............................................................................20

4 Apresentação dos Dados ..........................................................................22

4.1 Trabalho em Campo ...........................................................................22

4.2 Dados Coletados.................................................................................26

5 Análise dos Dados.....................................................................................32

5.1 Avaliação Estatística dos Dados Coletados........................................32

5.2 Comentários e Recomendações.........................................................33

10.2.1 e 10.2.2.......................................................................................33

10.2.4 ....................................................................................................33

10.2.6 e 10.2.7.......................................................................................34

10.2.8.1 .................................................................................................34

10.2.8.2 e 10.2.8.1.................................................................................34

10.2.9.1 .................................................................................................35

10.4.3 e 10.4.3.1....................................................................................35

10.5.1 e 10.5.2 e 10.5.4.........................................................................35

10.6.1 e 10.6.1.1....................................................................................35

10.6.2 ....................................................................................................36

10.8.3.1 e 10.8.4....................................................................................36

10.8.6 ....................................................................................................36

10.8.8 e 10.8.8.1 e 10.11.5....................................................................37

10.8.8.2 e 10.8.8.3.................................................................................37

10.10.1 ..................................................................................................37

10.11.1 e 10.11.3...................................................................................38

10.11.4 ..................................................................................................38

10.11.2 ..................................................................................................38

10.11.8 ..................................................................................................39

10.12.1 e 10.12.2 e 10.12.3 e 10.12.4...................................................39

10.13.3 ..................................................................................................39

10.14.4 e 10.14.5...................................................................................39

6 Conclusão..................................................................................................41

Anexos..........................................................................................................43

10

1 INTRODUÇÃO

A eletricidade é naturalmente perigosa, pois não é vista nem sentida. O

principal risco envolvido no trabalho em eletricidade é o choque elétrico, além do

arco-elétrico e o campo eletromagnético.

Ao longo do tempo o nível de segurança no trabalho com eletricidade vem

aumentando graças à evolução dos instrumentos e ferramentas utilizados, dos

procedimentos de trabalho, dos equipamentos de segurança e da qualificação dos

profissionais (BARROS 2010).

Em 1978 o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) regulamentou o capítulo

da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) referente à segurança e medicina do

trabalho. Foram editadas 28 Normas Regulamentadoras (NR), entre elas a Norma

Regulamentadora número 10 (NR-10) que trata da segurança em instalações

elétricas e serviços em eletricidade.

Mesmo com a NR-10 o número de acidentes envolvendo trabalhos com

eletricidade aumentou levando o governo a revisá-la em 2004. A NR-10 tem muitas

exigências relacionadas à documentação, perfil do profissional que interage com

instalações elétricas, responsabilidades envolvidas, ações de controle, dentre outras.

Das exigências da norma, apenas parte será aplicável no escopo do caso

particular da prestação de serviços em baixa tensão.

O objeto deste trabalho é verificar, por meio das evidências coletadas no

processo de investigação, quais exigências da norma deveriam ser cumpridas e

quais realmente o são.

1.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo geral deste trabalho é avaliar o atendimento à Norma

Regulamentadora número 10, NR-10, por um prestador de serviços em rede elétrica

de baixa tensão.

11

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Este trabalho tem como objetivos específicos:

• Analisar qual escopo da legislação vigente é aplicável

• Coletar dados através de entrevistas, análise de campo e análise de

documentos relativos aos itens do escopo determinados na norma

• Recomendar ações de adequação.

12

2 REVISÃO TEÓRICA

2.1 ABRANGÊNCIA DA NR-10

O primeiro capítulo da NR-10 define seu objetivo e campo de aplicação:

Atuar na prevenção do acidente de trabalho garantindo segurança e a saúde dos

trabalhadores que atuam direta ou indiretamente com instalações elétricas e

serviços com eletricidade, ainda que não seja clara a atividade é considerada como

indireta (BARROS 2010).

A norma é aplicada em praticamente qualquer atividade a ser realizada em

instalação elétrica, seja na geração, transmissão, distribuição e consumo e em

qualquer fase, projeto, construção, montagem, operação e manutenção.

Excluem-se de sua aplicação os casos em que a tensão seja extrabaixa, que

pelo glossário da norma são as tensões elétricas inferiores a 50V em corrente

alternada ou 120V em corrente contínua.

2.2 TRABALHO PROFISSIONAL

Para garantir a segurança no trabalho com eletricidade é preciso: que a

instalação esteja em boas condições; de instrumentos e ferramentas apropriados;

procedimentos de trabalho adequados; equipamentos de segurança e profissionais

qualificados.

Quanto ao profissional a norma define quatro perfis para os trabalhadores:

• qualificado

• habilitado

• capacitado

• autorizado

O trabalhador será qualificado se comprovar conclusão de curso específico

na área elétrica reconhecido pelo Sistema Oficial de Ensino. Habilitado é o

13

trabalhador qualificado e com registro em seu conselho de classe. O Sistema Oficial

de Ensino que reconhecerá o curso de qualificação do profissional não é definido,

mas assume-se como qualquer órgão oficial como o Ministério da Educação (MEC)

e o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Também não especificam o conselho

de classe e o mais comum aceito é o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura

e Agronomia (CREA)(BARROS 2010).

O trabalhador capacitado não tem pré-requisito, mas deve receber

capacitação e trabalhar sob orientação de outro profissional habilitado e autorizado

que também será responsável pelo trabalhador capacitado durante a execução da

tarefa. A capacitação só será válida para a empresa que capacitou o profissional.

A autorização do profissional será dada pela empresa por documento formal

que também o distinguirá dos outros funcionários através de crachá ou uniforme.

Esta autorização também deverá constar no prontuário do trabalhador e ele deverá

ser submetido a exame de saúde compatível com a atividade de acordo com a NR-7.

Trabalhadores autorizados deverão também passar por um curso básico de

NR-10 com carga horária mínima de 40h, cujo conteúdo programático é definido no

anexo III da norma. Esse treinamento tem validade de dois anos e após esse

período o trabalhador deverá passar por um curso de reciclagem. O trabalhador

também deverá passar pelo curso de reciclagem caso haja troca de função ou

mudança de empresa, caso o funcionário tenha ficado inativo por mais de três

meses, e quando houver mudanças significativas nas instalações elétricas, troca de

métodos, processos e organização.

2.3 RESPONSABILIDADES

As responsabilidades pela aplicação da norma cabem tanto ao empregador

como ao trabalhador. As responsabilidades da empresa e do profissional são

regidas não somente pela NR-10, mas também pela Constituição, Consolidação das

Leis do Trabalho (CLT), e os códigos e Civil e Penal. Assim, as empresas podem

responder por qualquer acidente de trabalho, caso haja culpa devido à imperícia,

imprudência ou negligência, conforme o Código Civil.

Cabe a empresa informar o profissional sobre os riscos a que estão

expostos, além dos procedimentos e medidas de controle para controlar esses

14

riscos. A empresa deve também implantar ações preventivas e corretivas na

ocorrência de acidente do trabalho, atividade da Comissão Interna de Prevenção de

Acidentes (CIPA) em parceria com o Serviço Especializado em Engenharia de

Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT). As empresas devem garantir

também livre acesso para os trabalhadores e autoridades competentes a toda a

documentação de segurança constante na norma.

Os empregados também podem ser responsabilizados pelas suas ações e

omissões. Cabe a eles o cumprimento dos procedimentos de segurança e a

comunicação de situações de risco. Os trabalhadores também têm o direito de

recusar determinada atividade caso ofereçam algum risco que não se possa eliminar

ou controlar e devem informar um superior hierárquico de tal fato.

2.4 MEDIDAS DE CONTROLE

A eletricidade não apresenta cor, cheiro, ruído ou movimentos visíveis.

Neste fato residem muitos dos enormes riscos da eletricidade, além do fato de ela

está inserida no cotidiano e presente em praticamente qualquer lugar.

A NR-10 define no seu glossário o conceito de risco:

Risco: capacidade de uma grandeza com potencial par a causar lesões ou danos à saúde das pessoas.

Os riscos elétricos podem ser classificados como (OLIVEIRA 2007):

• Choque elétrico

• Arco elétrico

• Campo eletromagnético

Em todas as intervenções em instalações elétricas devem ser adotadas

medidas preventivas de controle do risco elétrico e de riscos adicionais através de

Análise Preliminar de Risco (APR) (BARROS 2010). Tais medidas devem integrar-se

às demais iniciativas de segurança, saúde e meio ambiente de trabalho.

Os estabelecimentos com carga acima de 75 kW devem constituir e manter

Prontuário de Instalações Elétricas que deverá conter:

• Conjunto de procedimentos e instruções técnicas e administrativas de

segurança e saúde;

15

• Especificação dos equipamentos de proteção coletiva e individual;

• Documentação comprobatória dos trabalhadores e dos treinamentos

realizados;

• Resultados dos testes de isolação elétrica realizada em equipamentos

de proteção coletiva e individual.

Este prontuário deve organizado e atualizado pela empresa ou pessoa

formalmente designada por ela e estar a disposição dos trabalhadores envolvidos

nos serviços e para as autoridades competentes. Os autores dos documentos do

prontuário devem ser legalmente habilitados.

2.5 ANÁLISE DE RISCOS

Antes da execução de trabalhos com eletricidade devemos analisar os riscos

envolvidos, sejam os riscos elétricos ou os demais riscos adicionais, de maneira a

podermos eliminar as possibilidades de acidentes.

A análise de risco é a medida preventiva de controle dos riscos elétricos e

adicionais.

Não existe uma fórmula geral para a análise de risco, mas ela é basicamente

uma metodologia para identificar os riscos que determinada atividade representa,

considerando a exposição das pessoas, os equipamentos envolvidos e o meio

ambiente. A metodologia será adaptada para cada caso tendo como ponto comum à

identificação de possíveis causas de acidentes e as medidas de prevenção e

controle cabíveis servindo de base para a elaboração de procedimentos para a

execução de determinada atividade (BARROS 2010).

Para a análise preliminar de riscos (APR) devemos analisar as atividades,

etapa por etapa, identificando os riscos elétricos e adicionais em cada uma delas.

Para cada risco identificado, devemos avaliar as Medidas de Controle

existentes e as melhorias necessárias.

Os acidentes no trabalho poderão ter como causa:

• Equipamentos e máquinas não adequados

• Falta de treinamento

• Falta de EPI

16

• Fatores momentâneos associados ao próprio trabalhador

• Fatores momentâneos externos que influenciam o trabalhador

• Desconhecimento dos riscos envolvidos

• Incompatibilidade entre o executante e a tarefa devido ao

comportamento do trabalhador

• Fator pessoal de insegurança

2.6 ROTINA DE TRABALHO

Uma determinada tarefa pode ser realizada com uma seqüência de

atividades. Pode-se chegar num mesmo objetivo com uma variedade de seqüências

de atividades. As diferentes seqüências de atividades devem ser executadas de

modo seguro, conforme estabelece norma.

O procedimento de trabalho é um documento definido na norma e descreve

como uma tarefa deve ser executada, mostrando a seqüência de atividades que o

profissional deve seguir, e que valerá para qualquer dia e ocasião. Os

procedimentos de execução são específicos para uma tarefa. A norma estabelece

também que o procedimento deve ser assinado por profissional habilitado.

Enquanto o procedimento de trabalho é o mesmo e válido para todas as

vezes que a tarefa é executada, ordens de serviço são específicas para a tarefa que

é realizada. A realização de serviços em instalações elétricas deve sempre ser

precedido de uma ordem de serviço.

Segundo a norma os procedimentos de trabalho devem, no mínimo, conter:

• O objetivo

• Campo de aplicação

• Base técnica

• Competências e responsabilidades

• Disposições gerais

• Medidas de controle

• Orientações finais

17

A base técnica pode ser qualquer referência usada na elaboração do

procedimento ou que o profissional usará na tarefa. Medidas de controle

estabelecem as ações que devem evitar qualquer acidente.

A equipe do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em

Medicina do Trabalho (SESMT), quando houver, deve participar da elaboração dos

procedimentos de trabalho.

Não é determinando um modelo de documento para formalizar os

procedimentos trabalho, mas ele deve conter: tipo, data, local e referência ao

procedimento do trabalho.

2.7 MEDIDAS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL

As medidas de proteção coletiva devem ser pensadas e vistas antes das

medidas de proteção individual e proteger não somente o trabalhador envolvido na

tarefa executada, mas também todas as pessoas que podem ser afetadas por esta

(LOURENÇO 2008).

Nesse sentido a norma reserva um capítulo totalmente dedicado a

desenergização, com a seqüência de atividades a serem cumpridas:

• Seccionamento

• Impedimento de reenergização

• Constatação da ausência de tensão

• Instalação de aterramento temporário com equipotencialização dos

condutores dos circuitos

• Proteção dos elementos energizados existentes na zona controlada

• Instalação da sinalização de impedimento de reenergização

E para a reenergização:

• Retiradas das ferramentas utensílios e equipamentos

• Retirada da zona controlada de todos os trabalhadores não

envolvidos no processo de reenergização

• Remoção do aterramento temporário, da equipotencialização e das

proteções adicionais

• Remoção da sinalização de impedimento de reenergização

18

• Destravamento, se houver, e religação dos dispositivos de

seccionamento

Essas seqüências devem ser respeitadas, mas abre-se uma alternativa para

que elas sejam alteradas, e passos sejam incluídos ou eliminados, desde que seja

feito por profissional habilitado e autorizado e com o devido respaldo técnico

documentado, e que de maneira a alguma diminua os níveis de segurança

(BARROS 2010).

A desenergização é a maneira mais eficiente de limitar os riscos, mas uma

vez não sendo possível deve-se tentar o uso de tensão de segurança, 50V em

corrente alternada ou 120V em corrente contínua, que como visto, exclui a aplicação

da NR-10. Também não sendo possível, outras medidas devem ser usadas:

instalação de obstáculos, barreiras, sinalização, seccionamento automático, bloqueio

do religamento automático.

Se as medidas de proteção coletiva não forem suficientes para conter os

riscos, a segurança deve ser complementada pelos equipamentos de proteção

individual (EPI) de acordo com as disposições da NR-6. A norma sugere a adoção

primária de equipamentos de proteção coletiva (EPC) para proteger antes o maior

número pessoas possível para em seguida agir nos riscos resultantes

individualmente.

2.8 INSTALAÇÕES ENERGIZADAS

Operações elementares, como ligar e desligar circuitos elétricos em baixa

tensão, podem ser realizados por pessoa não advertida desde que os materiais e

equipamentos elétricos estejam em perfeito estado de conservação e adequados

para a operação.

Os serviços nas instalações energizadas ou proximidades devem ser

suspensos de imediato quando algo possa colocar os trabalhadores em risco. Cabe

também ao trabalhador responsável pela execução do serviço suspender as

atividades diante de situações e condições de risco não previstas e que não possam

ser eliminadas.

19

2.9 SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA

As ações de emergência que envolva as instalações ou serviços em

eletricidade devem constar no plano de emergência da empresa, devendo os

trabalhadores autorizados estar aptos a executar o resgate, primeiros socorros e

operar equipamentos de prevenção e combate a incêndio.

Os métodos de resgate devem ser padronizados e adequados às atividades

da empresa.

2.10 SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA

A sinalização de segurança consiste num procedimento padronizado

destinado a orientar, alertar, avisar e advertir as pessoas quanto aos riscos ou

condições de perigo existentes, proibições de ingresso ou acesso e cuidados e

identificação dos circuitos ou parte dele.

É de fundamental importância à existência de procedimentos de sinalização

padronizados, documentados e que sejam conhecidos por todos os trabalhadores

(próprios e prestadores de serviços). Os materiais de sinalização constituem-se de

cone, bandeirola, fita, grade, sinalizador, placa, etc.

20

3 METODOLOGIA

3.1 METODOLOGIA CIENTÍFICA

Para este trabalho foi usado o método de investigação estudo de caso dado

ser este o que melhor se adapta ao objeto da pesquisa, qual seja, o cumprimento da

parte da NR-10, aplicável na prestação de serviços em eletricidade de baixa tensão,

uma vez que trata-se da análise de um caso empírico particular e de uma realidade

bem delimitada.

3.2 MÉTODO DE TRABALHO

Foi realizada uma análise de conformidade com a NR-10 nos serviços em

instalações elétricas de baixa tensão (BT), prestados por empresa terceirizada na

UFPR. O estudo de caso pretende determinar quão expostos aos riscos elétricos

estão os trabalhadores devido ao cumprimento ou descumprimento dos itens e

subitens da norma.

Inicialmente fez-se a análise de legislação vigente e bibliografia aplicada.

Foram previamente selecionados itens e subitens da norma que estariam dentro do

escopo do trabalho e seriam questionados à empresa prestadora dos serviços.

A coleta dos dados se deu por duas entrevistas, uma com o técnico em

segurança do trabalho responsável da contratada e outra com o preposto do

contrato da UFPR. A coleta seguiu com a verificação da documentação exigida na

NR-10 e, por fim, uma inspeção em campo com o acompanhamento dos trabalhos

desenvolvidos pelos eletricistas no campus do Centro Politécnico.

Cada item e subitem da norma foram avaliados como:

• Não conformidade (NC), quando não se cumprem as determinações

da norma.

• Conformidade (CO), se as determinações foram cumpridas.

21

• Não aplicável (NA), quando se verificou que o item não era aplicável

no escopo desse trabalho.

Os itens em não conformidade foram analisados e comentados.

Os dados apresentados foram consolidados entre CO e NC, e também por

classe de infração, em tabelas cuja análise permitiu inferir estatisticamente o não

cumprimento da legislação.

A indicação das classes de infração dos itens e subitens é data pela tabela

do anexo II da NR-28.

O trabalho é concluído com uma análise final e sugestões para trabalhos

posteriores.

22

4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS

4.1 TRABALHO EM CAMPO

Registrou-se com fotos os trabalhos em campo dos eletricistas que se

acompanhou. Segue abaixo as fotos com os principais itens em não conformidade

comentados.

As figuras FIGURA 1, FIGURA 2 e FIGURA 3 mostram a instalação de

sensor e iluminação em altura. O trabalho sendo executado não dispunha de

procedimento de trabalho nem ordem de serviço específica nos termos da NR-10. O

trabalho foi executado sem desenergização e vê-se a ausência dos EPI’s como

capacete, luvas e óculos.

FIGURA 1 – INSTALAÇÃO DE SENSOR E ILUMINAÇÃO EM ALTURA Fonte: O autor (2011)

23

FIGURA 2 – INSTALAÇÃO DE SENSOR E ILUMINAÇÃO EM ALTURA Fonte: O autor (2011)

O trabalho foi executado em altura (acima de 2 m) sem cinto de segurança

tipo paraquedista, capacete com jugular fixa e talabarte. Não havia sinalização de

segurança e cesta aérea. O cabo utilizado para alimentação de ferramenta tinha

pontos de isolação precária. Não havia identificação da autorização para trabalhos

em eletricidade no uniforme do trabalhador.

24

FIGURA 3 – INSTALAÇÃO DE SENSOR E ILUMINAÇÃO EM ALTURA Fonte: O autor (2011)

As figuras FIGURA 4 (propositalmente borrada), FIGURA 5 e FIGURA 6

mostram a instalação de iluminação em área fechada. Verifica-se a ausência de

EPI’s como capacete, luva isolante e óculos de segurança. O serviço foi executado

sem procedimento de trabalho e ordens de serviço nos termos da norma. Não houve

desenergização no quadro de iluminação e a sua própria localização não era de

conhecimento do trabalhador. Não havia sinalização de segurança (principalmente

no interruptor das lâmpadas onde o trabalho estava sendo realizado) e o trabalhador

portava adorno pessoal. O serviço foi executado muito próximo à pessoa não

envolvida no trabalho sem outras precauções.

25

FIGURA 4 – INSTALAÇÃO DE ILUMINAÇÃO EM ÁREA FECHADA Fonte: O autor (2011)

FIGURA 5 – INSTALAÇÃO DE ILUMINAÇÃO EM ÁREA FECHADA Fonte: O autor (2011)

26

FIGURA 6 – INSTALAÇÃO DE ILUMINAÇÃO EM ÁREA FECHADA Fonte: O autor (2011)

4.2 DADOS COLETADOS

A TABELA 1 traz na sua coluna ‘Item’ os itens e subitens questionados com

uma breve descrição do que estabelece a norma. Cada item e subitem foi avaliado

com NC ou CO ou NA, quando, respectivamente, em não conformidade, em

conformidade, e não aplicável.

TABELA 1 – CONFORMIDADES DOS ITENS E SUBITENS AVALIADOS

Item Descrição NC CO

10.2.1 Medidas preventivas de controle do risco elétrico e de outros riscos adicionais, mediante técnicas de análise de risco

X

10.2.2 As medidas de controle adotadas devem integrar-se às demais iniciativas de preservação da segurança, da saúde e do meio ambiente do trabalho da empresa

X

10.2.4 Constituir e manter o Prontuário de Instalações Elétricas, contendo:

a) Procedimentos e instruções técnicas e administrativas de segurança e saúde implantadas e descrição das medidas de controle existentes

X

27

c) Especificação dos equipamentos de proteção coletiva e individual e o ferramental aplicáveis

X

d) Documentação comprobatória da qualificação, habilitação, capacitação, autorização dos trabalhadores e dos treinamentos realizados

X

e) Resultados dos testes de isolação elétrica dos equipamentos de proteção individual e coletiva

X

10.2.6 Prontuário de Instalações Elétricas organizado e atualizado e à disposição dos trabalhadores envolvidos nas instalações e serviços em eletricidade.

X

10.2.7 Documentos técnicos previstos no Prontuário de Instalações Elétricas elaborados por profissional legalmente habilitado.

X

10.2.8.1 Em todos os serviços executados em instalações elétricas devem ser previstas e adotadas, prioritariamente, medidas de proteção coletiva aplicáveis, mediante procedimentos

X

10.2.8.2 Medidas de proteção coletiva que compreendem, prioritariamente, a desenergização elétrica. Na sua impossibilidade, o emprego de tensão de segurança

X

10.2.8.2.1 Na impossibilidade de implementação do estabelecido no subitem 10.2.8.2, utilizar outras medidas de proteção coletiva

X

10.2.9.1 Quando as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou insuficientes, adotar equipamentos de proteção individual específicos e adequados às atividades desenvolvidas

X

10.2.9.2 Vestimentas de trabalho adequadas às atividades (NA) - -

10.2.9.3 Vedado o uso de adornos pessoais nos trabalhos com instalações elétricas ou em suas proximidades.

X

10.4.1 As instalações elétricas devem ser construídas, montadas, operadas, reformadas, ampliadas, reparadas e inspecionadas de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores e dos usuários, e serem supervisionadas por profissional autorizado (NA)

- -

10.4.2 Adotar medidas preventivas destinadas ao controle dos riscos adicionais, adotando-se a sinalização de segurança

X

10.4.3 Utilizar equipamentos, dispositivos e ferramentas elétricas compatíveis com a instalação elétrica respeitadas as recomendações do fabricante e as influências externas

X

10.4.3.1 Equipamentos, dispositivos e ferramentas que possuam isolamento elétrico devem estar adequados às tensões envolvidas, e serem inspecionados e testados de acordo com as regulamentações existentes ou recomendações dos fabricantes

X

28

10.4.4 As instalações elétricas devem ser mantidas em condições seguras de funcionamento e seus sistemas de proteção devem ser inspecionados e controlados periodicamente (NA)

- -

10.4.4.1 Locais de serviços elétricos, compartimentos e invólucros de equipamentos e instalações elétricas exclusivos para essa finalidade, sendo expressamente proibido utilizá-los para armazenamento ou guarda de quaisquer objetos (NA)

- -

10.4.5 Garantir ao trabalhador iluminação adequada e uma posição de trabalho segura (NA)

- -

10.5.1 Desenergizar as instalações elétricas mediante os procedimentos e seqüência apropriados

X

10.5.2 Manter a instalação desenergizada até a autorização para reenergização. Reenergizar respeitando a seqüência de procedimentos apropriados

X

10.5.3 Alterações nos itens 10.5.1 e 10.5.2 feitas por profissional legalmente habilitado e autorizado mantendo o mesmo nível de segurança (NA)

- -

10.5.4 Serviços em instalações elétricas desligadas, mas com possibilidade de energização devem atender ao que estabelece o disposto no item 10.6

X

10.6.1 Intervenções em instalações elétricas com tensão igual ou superior a 50V em corrente alternada ou superior a 120V em corrente contínua realizadas por trabalhadores que atendam o item 10.8

X

10.6.1.1 Trabalhadores recebem treinamento de segurança para trabalhos com instalações elétricas energizadas, com currículo mínimo, carga horária e demais determinações estabelecidas no Anexo II da NR-10

X

10.6.1.2 Materiais e equipamentos elétricos em perfeito estado de conservação, adequados para operação para que operações elementares como ligar e desligar circuitos elétricos, realizadas em baixa tensão, possam ser realizadas por pessoa não advertida (NA)

- -

10.6.2 Procedimentos específicos para trabalhos com ingresso na zona controlada, respeitando as distâncias previstas

X

10.6.3 Serviços em instalações energizadas, ou em suas proximidades suspensos de imediato na iminência de ocorrência que possa colocar os trabalhadores em perigo

X

10.6.5 Responsável pela execução do serviço suspende as atividades quando verificar situação ou condição de risco não prevista, cuja eliminação ou neutralização imediata não seja possível

X

29

10.8.3.1 Capacitação pela própria empresa e nas condições estabelecidas pelo profissional habilitado e autorizado responsável pela capacitação

X

10.8.4 Trabalhadores autorizados com anuência formal da empresa

X

10.8.5 Sistema de identificação que permita a qualquer tempo conhecer a abrangência da autorização de cada trabalhador

X

10.8.6 Trabalhadores autorizados a trabalhar em instalações elétricas têm essa condição consignada no sistema de registro de empregado da empresa

X

10.8.7 Trabalhadores autorizados a intervir em instalações elétricas submetidos a exame de saúde compatível com as atividades desenvolvidas e registro em prontuário médico

X

10.8.8 Trabalhadores autorizados a intervir em instalações elétricas possuem treinamento específico sobre os riscos decorrentes do emprego da energia elétrica e as principais medidas de prevenção de acidentes em instalações elétricas

X

10.8.8.1 Autorização concedia aos trabalhadores que tenham participado com avaliação e aproveitamento satisfatórios dos cursos constantes do ANEXO II da NR

X

10.8.8.2 Treinamento de reciclagem bienal e sempre que houver situação que o requeira

X

10.8.8.3 Carga horária e conteúdo programático dos treinamentos de reciclagem atendem as necessidades da situação que o motivou

X

10.10.1 Adoção de sinalização adequada de segurança:

b) Travamentos e bloqueios de dispositivos e sistemas de manobra e comandos

X

c) Restrições e impedimentos de acesso X

d) Delimitações de áreas X

e) Sinalização de áreas de circulação, de vias públicas, de veículos e de movimentação de cargas;

X

f) Sinalização de impedimento de energização X

g) Identificação de equipamento ou circuito impedido X

10.11.1 Serviços em instalações elétricas planejados e realizados em conformidade com procedimentos de trabalho específicos, padronizados, com descrição detalhada de cada tarefa, assinados por profissional habilitado e autorizado

X

10.11.2 Serviços em instalações elétricas precedidos de ordens de serviço especificas, aprovadas por trabalhador autorizado

X

30

10.11.3 Procedimentos de trabalho contem, objetivo, campo de aplicação, base técnica, competências e responsabilidades, disposições gerais, medidas de controle e orientações finais

X

10.11.4 Procedimentos de trabalho, treinamento de segurança e saúde e autorização de que trata o item 10.8 tem participação no processo de desenvolvimento do SESMT

X

10.11.5 Autorização referida no item 10.8 esta em conformidade com o treinamento ministrado, previsto no Anexo II da NR-10

X

10.11.6 Toda equipe tem um de seus trabalhadores indicado e em condições de exercer a supervisão e condução dos trabalhos

X

10.11.7 Antes de iniciar trabalhos em equipe os seus membros, em conjunto com o responsável pela execução do serviço, realizam uma avaliação prévia, estudam e planejam as atividades e ações a ser desenvolvidas

X

10.11.8 Na alternância de atividades e considerado a análise de riscos das tarefas e a competência dos trabalhadores envolvidos

X

10.12.1 Ações de emergência que envolvem as instalações ou serviços com eletricidade constam no plano de emergência da empresa

X

10.12.2 Trabalhadores autorizados estão aptos a executar o resgate e prestar primeiros socorros a acidentados

X

10.12.3 A empresa possui métodos de resgate padronizados e adequados às suas atividades, disponibilizando os meios para a sua aplicação

X

10.12.4 Trabalhadores autorizados estão aptos a manusear e operar equipamentos de prevenção e combate a incêndio existentes nas instalações elétricas

X

10.13.3 A empresa, na ocorrência de acidentes de trabalho envolvendo instalações e serviços em eletricidade, propõe e adota medidas preventivas e corretivas

X

10.13.4 Os trabalhadores zelam pela sua segurança e saúde e a de outras pessoas; responsabilizam-se pelo cumprimento das disposições legais e regulamentares; e comunicam de imediato o responsável pela execução dos serviços às situações que considera de risco.

X

10.14.1 Trabalhadores interrompem suas tarefas exercendo o direito de recusa, sempre que constatam evidências de riscos graves e iminentes para sua segurança e saúde ou a de outras pessoas, comunicando imediatamente o fato a seu superior hierárquico

X

31

10.14.4 A documentação prevista nesta NR está permanentemente à disposição dos trabalhadores que atuam em serviços e instalações elétricas, respeitadas as abrangências, limitações e interferências nas tarefas

X

10.14.5 A documentação prevista nesta NR está, permanentemente, à disposição das autoridades competentes

X

32

5 ANÁLISE DOS DADOS

5.1 AVALIAÇÃO ESTATÍSTICA DOS DADOS COLETADOS

Os itens e subitens aplicáveis totalizam 56 analisados. As proporções de

itens em conformidade ou não é dada na TABELA 2.

TABELA 2 – RESUMO DAS AVALIAÇÕES

Descrição Quantidade % Itens e subitens em conformidade 7 12,5 %

Itens e Subitens em não conformidade 49 87,5 %

Total 56 100%

Por fim a totalização também foi feita pela classe de infração conforme

Anexo II da NR-28. Os critérios para segurança (OLIVEIRA 2007) seguem na

TABELA 4.

TABELA 3 – TOTAL DE ITENS AVALIADOS POR CLASSE DE INFRAÇÃO

Classe de Infração Itens avaliados Itens atendidos % I 4 1 25%

II 18 1 5,56%

III 21 2 9,52%

IV 10 2 20%

TABELA 4 – CRITÉRIOS DE SEGURANÇA

Classe de Infração I 70%

Classe de Infração II 80%

Classe de Infração III 90%

Classe de Infração IV 100%

33

5.2 COMENTÁRIOS E RECOMENDAÇÕES

Nas entrevistas realizadas muitos dos itens questionados foram respondidos

como sendo cumpridos, mas não havia formalização dessas informações através da

documentação especificada na norma. A única documentação apresentada foi o de

Programas de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) em cumprimento à NR-9 e o

Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) em cumprimento à

NR-7.

Não foram identificados procedimentos de trabalho, ordens de serviços

específicas, e uma análise preliminar de riscos, na forma como exige a norma. Isso

contribuiu sobremaneira para a pouca adequação dos serviços à NR-10.

Segue abaixo comentários sobre os itens em não conformidade e algumas

recomendações para sua adequação.

10.2.1 e 10.2.2

A empresa não cumpre as medidas preventivas de controle de risco elétrico

e de outros ricos adicionais, desta forma ela não garante a segurança dos

trabalhadores. Deve desenvolver uma análise preliminar de riscos e indicar as

medidas de controle adequadas e integrar tais medidas às demais medidas de

segurança da empresa.

10.2.4

a) A empresa não possui procedimentos e as instruções técnicas e

administrativas de segurança e devendo constituí-los nos termos da norma.

c) As devidas especificações dos equipamentos de proteção individual os

EPI´s são de inteira responsabilidade da empresa, devendo ela verificar e controlar a

adequação destes CA´s.

34

d) A empresa não possui esta comprovação.

e) A empresa não tem documentado a realização de testes de isolação

elétrica nos seus equipamentos. Os testes quando realizados, deverão ser anexado

ao prontuário. A empresa poderá optar pela substituição dos EPI´s num intervalo

médio de 1 ano.

10.2.6 e 10.2.7

A empresa não tem um Prontuário de Instalações Elétricas. O prontuário

deve ser elaborado por profissional legalmente habilitado e mantido organizado,

atualizado e a disposição dos trabalhadores pelo empregador ou por uma pessoa

formalmente designada pela empresa.

10.2.8.1

A empresa não possui procedimentos de proteção coletiva. Sendo assim

deixam de garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores.

10.2.8.2 e 10.2.8.1

Não realiza a desenergização elétrica, e também não adota tensão de

segurança. E em sistemas energizados não isola as partes vivas nem utiliza

obstáculos e barreiras de sinalização. A empresa deve prioritariamente adotar os

procedimentos de desenergização e somente na sua impossibilidade deve utilizar as

demais medidas de proteção coletiva.

35

10.2.9.1

Não possuem medidas de proteção individual adequada para realizar os

serviços. Deve-se adotar EPI’s específicos e adequados às atividades desenvolvidas

como dispõe a NR-6 e vedar o uso de adornos pessoais.

10.4.3 e 10.4.3.1

Os dispositivos e ferramentas utilizadas não são adequados às atividades.

Eles devem ser especificados de acordo com a Análise Preliminar de Riscos e

serem inspecionados e testados de acordo com as recomendações dos fabricantes

ou regulamentações existentes.

10.5.1 e 10.5.2 e 10.5.4

Não possuem procedimentos apropriados para a desenergização e

reenergização das instalações elétricas ou adotam os procedimentos para

instalações energizadas. Deve-se elaborar procedimentos para desenergização e

reenergização, usados prioritariamente, e nos termos da norma, com todas as

etapas e seqüências exigidas. Nessa impossibilidade deve-se adotar o que dispõe o

capítulo 10.6 da norma, para instalações energizadas.

10.6.1 e 10.6.1.1

Os serviços devem ser realizados por profissionais que atendam aos

critérios determinados no capítulo 10.8 da NR-10. Os requisitos que devem ser

cumpridos referem-se à qualificação, habilitação, capacitação e autorização dos

profissionais. Os profissionais devem ter treinamento específico sobre os riscos em

36

eletricidade e aproveitamento em curso de Segurança em Instalações e Serviços

com Eletricidade, como indicado no anexo III da NR-10, com carga horária mínima

de 40 horas. A validade do treinamento é de 2 anos, assim deve-se atentar para a

reciclagem necessária na forma como trata o item 10.8.8.2.

10.6.2

A empresa não possui procedimento formal para atividades próximas de

redes energizadas.

Os trabalhos nos quais os profissionais estejam a uma distância menor que

0,70m no entorno de parte condutora exigem procedimento específico. Esta

distância refere-se à zona controlada para instalações com até 1000V determinada

no anexo II na NR-10.

10.8.3.1 e 10.8.4

A empresa não possui comprovação da qualificação e capacitação dos seus

funcionários, devendo adequar-se ao item. Também não autoriza formalmente seus

funcionários para serviços em eletricidade.

10.8.6

Não há formalização de autorização conforme estabelece a norma para os

trabalhadores.

A empresa deve ter documento adicional no registro dos empregados

concedendo, aos profissionais, autorização para realizar determinadas atividades

nos serviços em instalações elétricas prestados.

37

10.8.8 e 10.8.8.1 e 10.11.5

Todos os profissionais autorizados pela empresa a prestar trabalhos em

instalações e serviços em eletricidade devem ter aproveitamento satisfatório em

curso de NR-10 com carga horária mínima de 40h e cujo conteúdo programático é

definido no anexo III da norma.

Os trabalhadores não têm tal treinamento.

10.8.8.2 e 10.8.8.3

Para o caso em análise, não cabe reciclagem, pois os funcionários ainda

não realizaram o curso básico.

10.10.1

Como medida de proteção coletiva a empresa deve elaborar procedimentos

de sinalização padronizados e documentados com objetivo de proibir o ingresso ou

acesso; orientar, avisar, alertar e advertir pessoas quanto aos riscos e cuidados com

os circuitos; atendendo aos seguintes subitens:

b) Travamentos e bloqueios de dispositivos e sistemas de manobra e

bloqueio

c) Restrições e impedimentos de acesso

d) Delimitações de áreas

e) Sinalização de áreas de circulação, de vias públicas, de veículos e de

movimentação de cargas

f) Sinalização de impedimento de reenergização

g) Identificação de equipamento circuito ou circuito impedido

A empresa não dispunha de procedimentos sobre sinalização e os subitens

não são cumpridos integralmente.

38

10.11.1 e 10.11.3

Nenhum procedimento de trabalho estava documentado.

Para cada atividade de serviços desenvolvidos pela empresa em instalações

elétricas deve ser elaborado um procedimento de trabalho, documento que define a

forma como a atividade deve ser executada em seqüências de ações, passo a

passo. O procedimento deverá conter no mínimo: descrição do trabalho, objetivo,

campo de aplicação, base técnica (referências usadas, como NR´s, normas técnicas,

tabelas etc.), competências e responsabilidades, disposições gerais, medidas de

controle (ações para evitar que os riscos venham a efetivamente causar acidentes,

como a obrigatoriedade de uso de EPI e EPC) e orientações finais.

O procedimento pode ser elaborado por profissional qualificado e habilitado.

10.11.4

Os procedimentos de trabalho devem ter a participação, no seu

desenvolvimento, do SESMT, Serviço Especializado de Engenharia de Segurança e

Medicina do Trabalho. O SESMT deverá participar também do desenvolvimento dos

processos de autorização dos profissionais e do treinamento de segurança e saúde.

10.11.2

A empresa não possui ordens de serviço específicas para serviços com

eletricidade conforme estabelece este item devendo, portanto, elaborar essas

ordens de serviços.

39

10.11.8

A empresa deve atentar para a alternância de atividades executadas por

determinado profissional. A escalação da equipe deverá ser feita considerando o

conhecimento da atividade e dos riscos aos quais estarão expostos. Os riscos

envolvidos devem ser identificados através de análises de risco.

10.12.1 e 10.12.2 e 10.12.3 e 10.12.4

A empresa deverá ter um plano para situações de emergência que

contemple os riscos elétricos. As ações devem ser padronizadas e contemplar o

atendimento a acidentado, métodos de resgate e combate a incêndio. Todos os

trabalhadores autorizados devem receber treinamento e estar aptos a prestarem

estes primeiros socorros e a manusear os equipamentos de prevenção e combate a

incêndio.

10.13.3

A empresa deve implantar ações preventivas e corretivas na ocorrência de

acidente de trabalho. Tal atividade é usualmente executada pela CIPA, Comissão

Interna de Prevenção de Acidentes, em parceria com o SESMT, Serviço

Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho.

10.14.4 e 10.14.5

A empresa deverá disponibilizar para as autoridades competentes e para os

trabalhadores a documentação determinada na norma:

40

• Procedimentos de segurança em instalações e serviços em

eletricidade e descrição das medidas de controle existentes

• Especificações dos EPI’s, EPC’s e ferramental usado nas atividades

• Certificados e documentos comprobatórios de qualificação,

habilitação, capacitação e autorização dos trabalhadores

• Relatório técnico com as inspeções dos itens anteriores e em caso de

desacordo plano de adequação com cronograma e prazos.

• As especificações dos EPI’s, constantes no PPRA, não estavam

disponíveis no local de trabalho dos eletricistas. As demais

documentações não existiam.

41

6 CONCLUSÃO

Os serviços em eletricidade desenvolvidos pela empresa são regidos pela

legislação vigente dentro do escopo apresentado.

Os dados foram coletados através de entrevistas com os responsáveis

indicados pela empresa, através de documentação disponibilizada para consulta e

acompanhamento de trabalho de eletricistas em campo, e demonstram que a

contratada não cumpre esta legislação.

Os resultados dos dados coletados foram avaliados e as seguintes

recomendações, para a contratada, formuladas: desenvolver uma análise preliminar

de riscos, indicar as medidas de controle adequadas e especificar os EPI’s e EPC’s;

elaborar procedimentos técnicos e ordens de serviço; constituir e manter prontuário

de instalações elétricas e disponibilizá-lo para as autoridades e trabalhadores;

implementar planos de emergência; e adaptar o perfil profissional às exigências do

capítulo 10.8 da NR-10.

Também responsável solidária, a contratante deve manter atualizados os

diagramas e projetos, elaborar mapa de risco das atividades repassadas à

contratada, rever critérios de fiscalização e contratação, e fiscalizar o cumprimento

das Normas Regulamentadoras.

Para trabalhos futuros sugere-se o mapeamento dos riscos das instalações

elétricas e serviços em eletricidade nos campi da UFPR e as determinações das

medidas de controle correspondentes.

42

REFERÊNCIAS

BARROS, B. F.; Guimarães, E. C. A.; Borelli, R.; Gedra, R. L.; Pinheiro, S. R.; NR-10 Norma Regulamentadora de Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade Guia Prático de Análise e Aplicação, 1ª edição, Editora Érica, 2010

FUNDACENTRO, Curso Básico de Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade Manual de treinamento – CPNSP (em abril de 2011)

OLIVEIRA, A.M.; Curso Básico de Segurança em Eletricidade , Edição do Autor, 2007

NR-10, Norma Regulamentadora número 10 Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade, 2004

LOURENÇO, H.; Lobão, E. C.; Segurança no Trabalho: Análise das Alterações Propostas na Revisão da NR-10 , I Seminário Internacional de Arquitetura & Urbanismo e Engenharia Civil, Brasil, 2008

FARIA, A.N.; A segurança no trabalho , Rio de Janeiro, APEC, 1971

PIZA, Fábio de Toledo; Conhecendo e eliminando riscos no trabalho , [s.l.],[s.n.], [200-?].

CUNHA, João Gilberto; Norma Regulamentadora N 10 Segurança em instalações e serviços em eletricidade – Comentada, São José dos Campos, 2010

SENAI; Primeiros Socorros – Apostila de,São Paulo, 2005.

GONÇALVES, Edwar Abreu; Manual de Segurança e Saúde no Trabalho , LTR 2000.

JORGE NETO, Francisco Ferreira; CAVALCANTE, Jouberto de Quadros Pessoa; Responsabilidade e as Relações do Trabalho , LTR, 1998.

CARDELLA, Benedito. Segurança no trabalho e prevenção de acidentes : uma abordagem holística: segurança integrada à missão organizacional com produtividade, qualidade, preservação ambiental e desenvolvimento de pessoas, 1ª edição, São Paulo, Atlas, 1999.

GANA SOTO, Jose Manuel Osvaldo; Equipamentos de proteção individual ,1ª edição,São Paulo, FUNDACENTRO, 1983.

43

ANEXOS