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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROCENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDEINSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA
Vera Regina do Carmo Mendonça
Avaliação do PSF na Perspectiva do Usuário: Um Estudo de Caso noMunicípio de Volta Redonda
Rio de Janeiro
2007
Vera Regina do Carmo Mendonça
Avaliação do PSF na Perspectiva do Usuário: Um Estudo de Caso noMunicípio de Volta Redonda
Dissertação de Mestrado apresentada ao Institutode Saúde Coletiva, Centro de Ciências da SaúdeUniversidade Federal do Rio de Janeiro, comoparte dos requisitos necessários à obtenção dotítulo de Mestre em Saúde Coletiva. Área deconcentração em Políticas de Saúde,Planejamento, Avaliação.
Orientadora: Dra. Ivani Bursztyn
Rio de Janeiro
2007
M539aMENDONÇA, Vera Regina do Carmo. Avaliação do PSF na perspectiva do usuário: um estudo de caso no
município de Volta Redonda/ Vera Regina do Carmo Mendonça. Riode Janeiro: 2007.
98f. Orientadora: Ivani Bursztyn Dissertação (mestrado) – Instituto de Saúde Coletivo, Centro de
Ciências da Saúde Universidade Federal do Rio de Janeiro. 1. Programa de saúde da família 2. Avaliação de serviços e saúde 3.
Visão dos usuários I. Mendonça, Vera Regina do Carmo. II.Universidade Federal do Rio de Janeiro. III. Título.
CDD: 610.734
RESUMO
MENDONÇA, Vera Regina do Carmo. Avaliação do PSF na Perspectiva do Usuário: UmEstudo de Caso no Município de Volta Redonda. Rio de Janeiro, 2007 Dissertação (Mestradoem Saúde Coletiva) Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Riode Janeiro, 2007
O município de V. Redonda, localiza-se ao Sul do Estado do Rio de Janeiro. Suapopulação é de 258.145 habitantes. A rede assistencial do município vem sendo estruturada,acompanhando a implementação das políticas preconizadas pelo Ministério da Saúde. Em1993 aderiu á estratégia de reorganização da atenção, implantando o Programa Saúde daFamília, o qual iniciou as atividades em 1994, em cinco bairros, cobrindo 10% de suapopulação. Esta cobertura permaneceu até o lançamento do PROESF- Programa de Expansãodo PSF, para os municípios acima de 100.000 habitantes, pelo Ministério da Saúde. Estetrabalho visa analisar o padrão de utilização dos serviços de saúde pela população assistidapela estratégia Saúde da Família; analisar a utilização dos serviços pelos usuários de uma áreaassistida pela Estratégia´Saúde da Família; verificar se a população incorpora a lógica dediagnóstico e intervenção precoce ao procurar os serviços de saúde ; averiguar se a equipe dePSF atua enfatizando a prevenção de agravos e a promoção da saúde. Analisar a opinião dapopulação sobre a Estratégia Saúde da Família Neste trabalho foi realizado um estudotransversal, através de inquérito domiciliar. O universo amostral foi constituído pelas 1115famílias cadastradas em um módulo de PSF, entre as quais selecionou-se uma amostraaleatória de 300 famílias. As variáveis do estudo foram definidas enfocando, sob o ponto devista dos usuários, os aspectos de acesso aos serviços de saúde, resolubilidade das ações,organização dos serviços, processo de trabalho dos profissionais, referência e contra-referência, integralidade da atenção à saúde. A informação foi coletada por meio dequestionários formulados com perguntas abertas e fechadas. Os dados coletados foramarmazenados em bancos no programa Excel e analisados com o auxílio do software Epiinfo,realizando-se uma análise descritiva baseada de freqüências e tabulações simples. Entre osresultados deste estudo observou-se a insatisfação da população com o sistema deagendamento de consultas, a insuficiência de atividades educativas, o desconhecimento doprocesso de trabalho do PSF pela população, baixa resolubilidade e quase inexistência devisitas domiciliares por parte dos agentes comunitários. Concluiu-se que deve haver umarevisão do processo de trabalho da equipe, com capacitação adequada para as atividades deprevenção e promoção da saúde, e abordagem da comunidade.
ABSTRACT
MENDONÇA, Vera Regina do Carmo. Avaliação do PSF na Perspectiva do Usuário: UmEstudo de Caso no Município de Volta Redonda. Rio de Janeiro, 2007. Dissertação(Mestrado em Saúde Coletiva) Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio deJaneiro, Rio de Janeiro, 2007
The municipal district of Volta Redonda, is situated at the south in the state of Rio deJaneiro. It's population is about 258,145 inhabitants. The municipal health care network hasbeen structured according to the implementation of the Health Ministry's politics.In 1993 itjoined the strategy for reorganizing health care, starting the Programa de Saúde da Família,which iniciated it's activities in 1994, at five neighborhoods, covering 10% of all themunicipal districts's population. This coverage lasted until the release of PROESF –
Programa de Expansão do PSF, for municipalities over 100,000 inhabitants, by the HealthMinistry. This work aims to analyze the pattern of the utilization of the health services by thepopulation assisted by the family health strategy; to analyze the utilization of services by theusers of an area assisted by the family health strategy; to verify if the population accepts thediagnostic and early intervention logics when seeking the health services; to verify if the PSFteam acts emphasizing the grievance prevention and health promotion; to analyze the opinionof the population about the family health strategy. The sample universe was constituted by1,115 families registered in a PSF module, from which a randomized sample of 300 familieshas been selected. The study variables were defined focusing, from the user's point of view,the aspects of access to the health services, the resolubility of actions, the servicesorganization, professionals' work process, reference and counter reference,comprehensiveness of healthcare. The information was collected by means of questionnairesmade with open and closed questions. The data collected were then stored in the softwareExcel's databases and analyzed with the aid of the software Epiinfo, a descriptive analysis hasbeen carried out based on frequencies and simple tabulations. Among the results of this studyit has been observed a population dissatisfaction concerning the medical appointment system,the insufficiency of the educative activities, the population unawareness about PSF workprocess, low resolubility and the almost nonexistence of the home visits done by thecommunity health worker. It has been concluded that there must have be a review of the teamwork process, with the adequate skills development for the prevention and promotion ofhealth activities, as well as the community approach.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 12
1 INTRODUÇÃO 15
1.1 O Município de Volta Redonda. Aspectos Históricos 15
1.2 Aspectos Gerais 16
1.3 A Rede Municipal de Saúde em Volta Redonda 17
1.4 A Estratégia Saúde da Família em Volta Redonda 20
2 OBJETIVOS 24
3 A ATENÇÃO PRIMÁRIA – MODELO BRASILEIRO 25
3.1 O Conceito de Saúde 25
3.2 A Atenção Primária em Saúde 28
3.3 A Atenção Primária e Promoção da Saúde 31
3.4 A Atenção Primária no Brasil 34
3.5 Avaliação na Atenção Primária 37
4 METODOLOGIA 41
5 RESULTADOS 45
6 DISCUSSÃO 75
7 CONCLUSÃO 81
REFERÊNCIAS 82
ANEXOS 87
Agradecimentos
Este trabalho é resultado da atuação de muitas pessoas, com as quais divido a alegriapela sua conclusão e a quais agradeço do fundo do meu coração.
À Secretaria Municipal de Saúde de Volta Redonda, pelo apoio e permissão para a realizaçãodeste estudo, através dos Secretários de Saúde José Roberto Roxo e Neusa Maria Jordão;
À equipe da Unidade de Saúde e aos moradores do bairro Vila Rica
Aos meus colegas de Trabalho do Departamento de Desenvolvimento de Programas peloapoio e incentivo;
Aos meus filhos e marido pelo apoio e por entenderem as minhas dificuldades e ausências, eespecialmente à Tainá pelo trabalho de digitação das tabelas e por ter assumido as tarefasdomésticas nos finais de semana e ao Tauã pela revisão gramatical e tradução para o inglês;
À Fátima Pereira, com quem desde 1987, divido o gosto pela atuação no serviço publico, peladisponibilidade em atender meu pedido de ajuda;
À Sheila e a Laís, pelo incentivo e iniciação na vida acadêmica;
Aos meus colegas professores do Curso de Enfermagem do Centro Universitário de BarraMansa pelo incentivo e carinho e a bibliotecária Dalva de Andrade
À Ana Lúcia e seu marido André pelo apoio no inicio do curso;
À Analice, Sheila, Marluce e Berta, com as quais dividi horas de trabalho em busca de umsistema de saúde mais justo e mais humano;
À Associação de Aposentados e Pensionistas de Volta Redonda, pelo apoio de seus diretorese colegas que nesta última fase do curso permitiram e compreenderam minha ausência;
Aos funcionários do IESC, especialmente ao Ivisson e ao Geraldo de Oliveira sempre muitoatenciosos;
À Ivete, por suas palavras de incentivo e atenção;
Agradeço aos alunos do Curso de Enfermagem do UBM que participaram da aplicação doquestionário teste: Ila Cristina, Jaqueline, Priscila Cristina, Lila, Márcia.
Agradeço aos alunos do Curso de Enfermagem do Centro Universitário de Barra Mansa queconviveram comigo enfrentando sol e chuva e sem os quais este trabalho não seria concluído:André, Fernanda, Renata, Maria Luiza, Marluce, Giuliane, Natália, Daniel, Priscila Moura,Ludmila.
E por fim agradeço à minha orientadora Ivani, pela atenção, carinho, disponibilidade,compreensão e incentivo, e à banca examinadora que gentilmente aceitou avaliar meutrabalho.
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 Caracterização do entrevistado principal, bairro Vila Rica, Volta Redonda 2007. 46
Tabela 02 Distribuição dos entrevistados segundo variáveis referentes à acessibilidade àunidade de saúde do bairro Vila Rica, segundo entrevistado principal, 2007. 48
Tabela 03 Distribuição das crianças menores de 01 ano segundo variáveis segundo sexo,idade, estado imunológico e amamentação, Vila Rica, Volta Redonda, 2007. 55
Tabela 04 Distribuição das crianças de 1 a 4 anos segundo sexo, freqüência a creche,condição de deficiência, Vila Rica, Volta Redonda, 2007. 55
Tabela 05 Distribuição das crianças de 05 a 09 anos segundo sexo escolaridade e condição dedeficiência, Vila Rica, Volta Redonda, 2007. 56
Tabela 06 Distribuição das crianças de 9 a 12 anos segundo sexo, escolaridade econdição de deficiência, Vila Rica, Volta Redonda, 2007. 56
Tabela 07 Distribuição dos jovens 13 a 18 anos segundo posição na família, sexo,escolaridade, ocupação e renda, Vila Rica, Volta Redonda, 2007. 59
Tabela 08 Distribuição dos jovens de 13 a 18 anos de acordo com variáveis relativas àutilização dos serviços, Vila Rica, Volta Redonda, 2007. 60
Tabela 09 Distribuição dos homens acima dos 19 anos segundo escolaridade, ocupação,condição de deficiência, renda e faixa etária Vila Rica, Volta Redonda, 2007. 62
Tabela 10 Distribuição dos homens acima de 19 anos segundo variáveis referentes àutilização dos serviços de acordo com a faixa etária, Vila Rica, Volta Redonda,2007.
63
Tabela 11 Distribuição das mulheres acima de 19 anos segundo escolaridade, ocupação,condição de deficiência, renda e faixa etária, Vila Rica, Volta Redonda, 2007. 67
Tabela 12 Distribuição das mulheres segundo variáveis referentes à utilização da unidade desaúde, Vila Rica, Volta Redonda, 2007. 69
Tabela 13 Distribuição das mulheres de acordo com variáveis referentes à utilização de outrosserviços, Vila Rica, Volta Redonda, 2007. 71
Tabela 14 Distribuição das mulheres acima de 19 anos segundo variáveis referentes àsexualidade e participação em atividades educativas, Vila Rica, Volta Redonda,2007.
73
Tabela 15 Distribuição das mulheres acima de 60 anos segundo variáveis referentes àparticipação em atividades para 3ª idade, Vila Rica, Volta Redonda, 2007.
74
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 Aspectos positivos e negativos do Programa Saúde da Família, do bairro VilaRica-Volta Redonda, segundo entrevistado principal, 2007. 49
Quadro 02 Satisfação com o atendimento e resolução de problema no último comparecimento aunidade de saúde segundo o entrevistado principal, Vila Rica, Volta Redonda, 2007.
51
Quadro 03 Visita Domiciliar pela Equipe do Programa Saúde da Família, conforme entrevistadoprincipal, Vila Rica, Volta Redonda, 2007.
52
Quadro 04 Última utilização da unidade de saúde pelo entrevistado principal, Vila Rica, VoltaRedonda, 2007.
53
Quadro 05 Caracterização das Gestantes do bairro Vila Rica, Volta Redonda, 2007. 65
GRÁFICOS
Gráfico 01 Utilização de serviços de saúde por crianças de 0 a 12 anos, bairro Vila Rica, VoltaRedonda, 2007.
58
LISTA DE SIGLAS
ADPH Ações para o Desenvolvimento do Potencial Humano Para a Melhoria da Qualidade do Serviço Público
AIS Ações Integradas de Saúde CCS Conselho Comunitário de Saúde CIMS Comissão Municipal Inter Institucional de Saúde CONAM Conselho de Associações de MoradoresCSN Companhia Siderúrgica Nacional ENSP Escola Nacional de Saúde PúblicaESF Estratégia Saúde da FamíliaFEBAM Fundação Educacional de Barra Mansa.FIOCRUZ Fundação Oswaldo CruzFUNASA Fundação Nacional de SaúdeIBGE Instituto Brasileiro de Geografia e EstatísticaINAMPS Instituo Nacional de Assistência Médica da Previdência SocialLBA Legião Brasileira de Assistência NOAS Norma Operacional da Assistência à SaúdeOMS Organização Mundial de SaúdePREV-SAÚDE Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde PROESF Programa de Expansão do Saúde da FamíliaPSA Antígeno específico da próstataPSB Partido Socialista BrasileiroPSF Programa Saúde da Família PT Partido dos TrabalhadoresSAH Serviço Autônomo Hospitalar SINPAS Sistema Nacional de Previdência e Assistência SocialSMS Secretaria Municipal de Saúde SUS Sistema Único de Saúde UBM Centro Universitário de Barra Mansa UFRJ Universidade Federal do Rio de JaneiroUHG União Hospitalar GratuitaWWW World wide webWHO World health Organization WONCA Sociedade Européia de Clínica Geral/ Medicina de Família
APRESENTAÇÃO
Nasci em Volta Redonda, onde estudei e conclui o 1º e 2º grau. Cursei a Faculdade de
Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro e após seu término em 1980,
retornei ao meu município por entender que havia um campo de trabalho aberto para a
profissão, por minha família permanecer residindo ali e por saber que enquanto cidadã
poderia contribuir de alguma forma com os meus conhecimentos para o desenvolvimento
local. Assim, ao retornar integrei-me ao movimento popular, participando da Associação de
Moradores de meu bairro, do Conselho de Associações de Moradores - CONAM, do
Conselho Comunitário de Saúde, tendo a oportunidade de representá-lo na CIMS, Comissão
Inter Institucional de Saúde, movimentos estes muito atuantes no início da década de 80.
Minha vida profissional iniciou-se em uma clínica de assistência a crianças portadoras
de deficiência, conveniada à extinta Legião Brasileira de Assistência.
Após 02 anos de atuação, tive a oportunidade de integrar equipe do Serviço de
Psicologia e Assistência ao Escolar da Fundação Educacional de Barra Mansa, onde
trabalhava com as famílias dos alunos e a comunidade.
Nesta época, já chamava minha atenção às precárias condições de vida e saúde da
população interferindo no desenvolvimento escolar e na saúde dos alunos.
Em 1987, participei de um concurso público promovido pelo Governo Estadual, cujas
vagas destinavam-se área da Saúde com 01 vaga disponível para o Posto de Saúde de Volta
Redonda. Fui aprovada neste concurso e devido a minha classificação pude escolher o meu
município de residência como lotação.
Inicia-se então minha vinculação à área da Saúde, com a atuação na primeira equipe
de Saúde Mental que estava sendo criada. Nesta época já havia acontecido a primeira eleição
após o município deixar de ser considerado Área de Segurança Nacional e a Secretaria de
Saúde começava a se desenvolver. Minha participação agora se dava nos dois campos; no
12
movimento popular e como profissional. As contradições da sociedade ficavam cada vez mais
claras, e o entendimento de que era fundamental que os governos se preocupassem em
oferecer serviços de saúde mais adequados à realidade da população, mais evidentes.
Após avanços e retrocessos na construção do Sistema de Saúde no município num
espaço de 08 anos, ocorre uma nova eleição municipal sendo destinada ao Partido dos
Trabalhadores do qual eu era simpatizante, a condução da Secretaria de Saúde. Neste período,
iniciado em 1993, recebi um convite para gerenciar a Unidade de Saúde do Estado, da qual eu
era funcionária, com a tarefa principal de colaborar no processo de sua municipalização.
Cumprida esta tarefa, coordenei em 1994 a equipe da Assessoria de Treinamento e
Desenvolvimento de Recursos Humanos da SMS, tendo como tarefa o desenvolvimento da
estratégia de gestão democrática na área de saúde, denominada Ações para o
Desenvolvimento do Potencial Humano Para a Melhoria da Qualidade do Serviço Público -
ADPH, que buscava a adesão dos funcionários ao Projeto "Em Defesa da Vida". Este trabalho
consistia na realização de oficinas de sensibilização e de planejamento na área gerencial,
buscando um novo entendimento dos profissionais quanto á sua responsabilidade para com os
usuários do serviço e a melhoria da qualidade do atendimento, reforçando a importância da
humanização do processo de trabalho e construção de um trabalhador coletivo (Braga, 1999).
Estive na coordenação deste setor por alguns anos, me afastando por um período, para
assumir a Chefia de Gabinete da Secretaria de Saúde, posteriormente retornando à função,
acumulando também a coordenação do Departamento de Desenvolvimento de Programas,
tendo a oportunidade de participar nestes momentos do colegiado de gestão da SMS. Isto me
fez aproximar das questões gerenciais, percebendo cada vez mais a necessidade de
sistematização de ações de planejamento, avaliação para a construção de um sistema mais
efetivo.
13
Nesta construção, tive também a oportunidade de me qualificar concluindo 03
especializações: a primeira em Desenvolvimento Gerencial de Unidades de Saúde, outra em
Desenvolvimento de Recursos Humanos para o SUS, ambas pela ENSP-FIOCRUZ, e a
terceira, mais recentemente, em Vigilância em Saúde, pelo Centro Universitário de Barra
Mansa, em convênio com a Fundação Nacional de Saúde - FUNASA.
O interesse em realizar minha dissertação de mestrado enfocando a Estratégia Saúde
da Família – PSF, deve-se ao fato de eu ter participado, desde a tomada de decisão pela
implantação da estratégia, definindo os locais onde seriam implantadas as primeiras equipes,
seleção das mesmas, estratégias para sua capacitação, acompanhamento de seus resultados, e
ainda, a decisão de implantar no município o PROESF – Programa de Expansão de Saúde da
Família, para os municípios acima de 100.000 habitantes.
No entanto, percebi que nestes doze anos, a avaliação do programa privilegiou os
aspectos técnicos, não verificando a visão e a adesão da população a esta estratégia.
Portanto, pretendo com a realização deste trabalho, contribuir para a consolidação da
implantação do Programa Saúde da Família, demonstrando o nível de adesão da população ao
mesmo e o padrão de utilização, para propiciar ao serviço de saúde a possibilidade de
identificar as falhas, assim podendo corrigi-las melhorando a qualidade dos serviços
oferecidos à população.
14
1 INTRODUÇÃO
1.1 O MUNICÍPIO DE VOLTA REDONDA - ASPECTOS HISTÓRICOS
A ocupação no médio Vale do Paraíba do Estado do Rio de Janeiro, onde se situa o
município de Volta Redonda, teve seu início com o ciclo econômico cafeeiro no final do
século XVIII. Com o esgotamento deste ciclo a pecuária toma seu lugar.
Em 1940, o espaço urbano era composto por dois povoados, um á margem esquerda e
outro à direita do rio Paraíba do Sul, constituído como o 8º Distrito do município de Barra
Mansa, com poucos equipamentos urbanos e serviços públicos precários (IPPU-VR, 1994).
A cidade se desenvolveu a partir da implantação da CSN em 09 de abril de 1941, quando
chegaram os primeiros trabalhadores incumbidos de sua construção.
Paralelamente à construção da Usina, inicia-se a construção da cidade operária, com
infra-estrutura adequada, conforme padrão norte-americano. As residências eram construídas
e destinadas aos funcionários conforme o seu padrão de especialização, formando bairros com
características sócio-econômicas diferenciadas reforçando a estratificação social.
O processo de industrialização foi marcante determinando o desenvolvimento e a
expansão demográfica da região.
O município foi criado pela lei nº 2185 de 17 de julho de 1954, quando se emancipou de
Barra Mansa. Nesta época expandiu-se a malha urbana, com implantação de vários bairros e
ocupações de terras não regularizadas, carecendo de equipamentos sociais. Existiam “dois
municípios” um administrado pela Prefeitura e outro administrado pela CSN. Durante o
período de ditadura militar, o município passou a ser considerado área de Segurança Nacional
(COSTA, 1991).
Em 1968 reuniu-se sob a mesma administração a cidade operária e a cidade velha, visto a
retirada da CSN da administração das tarefas urbanas e da venda de suas casas aos operários
que as ocupavam (IPPU-VR, 1994).
15
Na década de 70 ocorre a primeira expansão da CSN, trazendo um contingente de
operários contratados temporariamente para a cidade, que nela permaneceram após o término
das obras, causando um crescimento urbano desordenado, agravado também pela crise
econômica da década de 80.
Na metade dos anos 90, fruto da política econômica nacional, ocorreu à privatização da
CSN, um forte golpe para a cidade. Houve um aumento do desemprego face à política de
demissões implantada e redução dos direitos sociais dos empregados, do qual a assistência à
saúde é um exemplo. A assistência que era gratuita e prestada pela empresa é privatizada,
passando a fazer jus á mesma quem pagasse por ela, através da adesão a planos de saúde.
1.2 ASPECTOS GERAIS
O município de Volta Redonda está situado às margens do rio Paraíba do Sul, na região
do Médio Paraíba, entre as Serras do Mar e da Mantiqueira, ao sul do Estado do Rio de
Janeiro, limitando-se com os municípios de Pirai, Barra do Piraí, Pinheiral, Barra Mansa e Rio
Claro. Tem uma superfície de 181Km², sendo um dos menores municípios do Estado (IPPU-
VR, 1994).
Sua população em 2006 foi estimada pelo IBGE em 258.145 habitantes.
Volta Redonda é uma cidade industrial que possui como característica a hegemonia de
uma só empresa–A CSN. Sofre, portanto as conseqüências de todas as decisões tomadas em
seu âmbito, o que afeta tanto a economia quanto a vida social da cidade. As atividades
comerciais e de prestação de serviços respondem a exigência de um mercado urbano,
atendendo a outros municípios da região, caracterizando a cidade como metrópole regional
(IPPU-VR, 1994).
16
1.3 A REDE MUNICIPAL DE SAÚDE EM VOLTA REDONDA
A instalação da rede de saúde ocorreu de acordo com a política de saúde vigente no país.
O primeiro estabelecimento da área de saúde em Volta Redonda foi o hospital da
Companhia Siderúrgica Nacional, criado na década de 40, para prestar assistência aos
trabalhadores empregados na construção da usina.
Nos anos 50, foi fundado um hospital, por uma instituição filantrópica a União Hospitalar
Gratuita - UHG, com o objetivo de atender à população não previdenciária e também aos seus
associados, em contra ponto à assistência prestada pelo hospital da CSN, que atendia apenas
seus funcionários e familiares.
A partir de 1970 é criado o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social –
SINPAS, que visava à expansão de cobertura previdenciária. Na metade desta década, é
implantado o Sistema Nacional de Saúde (lei 6229 de 17 de julho de 1975) que inspirado
numa visão sistêmica, consolidava as mesmas funções, duplicações e superposições de ações
de saúde que eram alvo da crítica de diversos segmentos da área de saúde (CORDEIRO,
2004).
De acordo com a política vigente, ocorre no município de Volta Redonda a expansão dos
serviços de saúde. A União Hospitalar Gratuita foi municipalizada, a partir da criação de uma
autarquia, o Serviço Autônomo Hospitalar (SAH), denominando o hospital como São João
Batista. Foram implantadas três unidades estatais, duas ambulatoriais e outra de urgência, e no
âmbito privado, de seis estabelecimentos hospitalares, além da transformação do status do
Departamento de Pronto Socorro em Secretaria de Saúde (MENDONÇA E TEIXEIRA,
1998).
Durante a Ditadura Militar, o município foi considerado Área de Interesse da Segurança
Nacional (Decreto-Lei nº 1.273 de 29 de maio de 1973), tendo sido suprimida a eleição para
prefeito. Esta medida foi revogada com a edição da Lei 7.332 de 01 de julho de 1985 que re-
17
estabeleceu a eleição para Prefeito e Vice-prefeito nos municípios considerados de Interesse
de Segurança Nacional.(COSTA, 1991).
Com a primeira eleição municipal, após este período, elege-se um governo de oposição.
A Secretaria Municipal de Saúde, acompanhando a tendência nacional de reorganização da
assistência, em função dos problemas relacionados á falência da Previdência Social, e da
pouca efetividade da assistência prestada pelo INAMPS, iniciou as discussões para a
implantação das AIS (Ações Integradas de Saúde) culminando mais tarde a criação da CIMS -
Comissão Interinstitucional de Saúde, em 1985, na qual tinham assento os representantes do
das Instituições Federais (Chefe da Medicina Social do INAMPS), da Instituição Estadual
(Chefe do Posto de Saúde do Estado), e do Município (Secretário Municipal de Saúde) além
do coordenador do Conselho Comunitário de Saúde, órgão criado pelo movimento popular.
Pela importância e responsabilidade frente à saúde do município participavam também da
CIMS, representantes do Hospital São João Batista, Hospital da CSN, Escola de Ciências
Médicas de Volta Redonda e representante do Sindicato dos Metalúrgicos.(VOLTA
REDONDA, CIMS, 1987a).
Até meados dos anos 80, o Hospital da CSN, responsabiliza-se pela maior oferta de
serviços de saúde no município, “apontando naturalmente para a demanda por internações e
consultas especializadas. As ações de saúde pública eram executadas pelo Posto de Saúde do
Estado” (PINHEIRO, 2000).
Em 03 de outubro de 1987, acontece o 1º Fórum de Saúde de Volta Redonda, quando os
debates apontaram para uma redefinição de modelo assistencial, propondo a reestruturação de
rede de serviços, com aumento da capacidade instalada, hierarquização e definição de áreas de
atuação dos diferentes níveis de governo a partir da complexidade de serviços, definição de
prioridades e grupos populacionais alvos destas ações, reforçando a articulação entre as
diversas instituições e o movimento popular (VOLTA REDONDA. CIMS/SMS, 1987b).
18
Em 1988 realiza-se a 1ª Conferência Municipal de Saúde que deliberou pela criação do
Conselho Municipal de Saúde e do Fundo Municipal de Saúde.
O governo eleito no período seguinte, não deu continuidade à reorganização do sistema
de saúde, conforme a proposta da reforma sanitária, promovendo a expansão da rede de saúde
sem, contudo, colocá-la em funcionamento efetivo.
Em 1992, ocorre nova eleição municipal e uma coligação denominada frente popular
(PSB-PT) conquista o governo. A Secretaria de Saúde teve sua condução destinada ao Partido
dos Trabalhadores. Inicia-se a reorganização do Sistema de Saúde Municipal. Realiza-se, em
Dezembro de 1993, a 3ª Conferência Municipal de Saúde, discutindo-se os temas Saúde
Direito de Cidadania, Controle Social (participação popular), Financiamento do Sistema
Único de Saúde, Modelo Assistencial, Política de Recursos Humanos, Conselho e Fundo
Municipal de Saúde. (VOLTA REDONDA, SMS, 1993).
Elege-se o Conselho Municipal de Saúde, delibera-se pela implantação do Fundo
Municipal de Saúde e o repasse de 25% do faturamento do SUS para aplicação em
complementação salarial para os funcionários, que evoluiu após estudos para o pagamento da
Gratificação de Incentivo ao Desempenho (VOLTA REDONDA, SMS, 1993).
Nesta gestão, o município foi organizado em quatro Distritos Sanitários, contando com
unidades básicas de saúde, serviços de referência em especialidades, e serviços de diagnose.
Dois hospitais públicos (um deles psiquiátrico, sob intervenção) além de uma rede de serviços
contratados para suprir carências da rede pública.
O município na última década acompanhou o desenvolvimento das políticas
implementadas pelo Ministério da Saúde, assumindo as formas de gestão preconizadas pelas
Normas Operacionais, estando hoje habilitado para a Gestão Plena do Sistema Municipal de
Saúde, conforme a NOAS/2001.
19
Em 2006, a cidade apresenta uma rede de serviços composta por 02 hospitais gerais
públicos, um hospital psiquiátrico sob intervenção municipal, 48 unidades Básicas de Saúde,
das quais 26 são módulos do Programa Saúde da Família, 01 unidade de atendimento em
especialidades e 07 centros de referência, 01 laboratório central. Além de contar com serviços
contratados e conveniados complementares ao sistema. Assume a execução das ações
programáticas preconizadas pelo Ministério da Saúde, possuindo serviço de vigilância
sanitária e epidemiológica.
1.4 A ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA EM VOLTA REDONDA.
A Constituição Federal em seu artigo 196, afirma que:
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais eeconômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acessouniversal e igualitário as ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.(BRASIL. C.F, 1988).
Afirma também os princípios da descentralização com direção única em cada esfera de
governo, atendimento integral priorizando atividades preventivas sem prejuízo das
assistenciais e participação da comunidade (BRASIL. C.F, 1988).
As leis 8080 de 19 de setembro de 1990 e 8142 de 28de dezembro de 1990
regulamentaram o Sistema Único de Saúde. Para operacionalizá-lo foram editadas, pelo
Ministério da Saúde, as Normas Operacionais
que são orientações específicas e pactuadas para reorganizar o modelo degestão, alocar recursos, promover a integração entre as três esferas degoverno e promover a transferência para estados e municípios dasresponsabilidades do SUS (RADIS n.5, dez 2002, p.17).
A estratégia Saúde da Família, lançada em 1993, surge como possibilidade de
reorganização do sistema de saúde, no sentido de fortalecer a implementação do Sistema
Único de Saúde.
20
Em 1994, a Secretaria Municipal de Saúde de Volta Redonda, aderiu à estratégia Saúde
da Família, assinando convênio com o Ministério da Saúde, porém, só em 1995 iniciaram-se
as atividades.
Para sua implantação, utilizaram-se critérios epidemiológicos para avaliar indicadores
de saúde da população e políticos no sentido de ouvir as comunidades, além do Conselho
Municipal de Saúde, que aprovou a adesão ao Saúde da Família em outubro de 1994. Assim,
respeitaram-se critérios, semelhantes a outros municípios brasileiros, como cobertura de
grupos vulneráveis identificados, observação de indicadores sociais e de saúde, atendimento a
população de baixa renda, que conseqüentemente apresentavam maior risco epidemiológico e
com risco social presentes (BRASIL, MS, 2005, p.72).
Foram criados 05 módulos nos bairros, Vila Rica, Mariana Torres, São Carlos, Santa Rita
do Zarur, Padre Josimo, cobrindo a população de 8 localidades, oferecendo cobertura a 10%
da população.
Os profissionais foram escolhidos segundo perfil traçado pela equipe técnica da SMS, de
acordo com as orientações do Ministério da Saúde. Passaram também pelo treinamento
introdutório, também elaborado pelos técnicos da SMS.
As equipes foram implantadas ou substituíram as equipes das antigas unidades básicas de
saúde não havendo superposição de ações. As unidades foram fisicamente adequadas para
receber as novas equipes de acordo com suas características. As equipes são compostas por
médico, enfermeiro, 02 auxiliares ou técnicos de enfermagem, 04 a 06 agentes comunitários
de saúde.
A Estratégia Saúde da Família, ao longo de 10 anos, mostrou-se viável para a
reorganização do Sistema de Saúde, pois:
visa a mudar o modelo assistencial na Atenção Básica, substituindo as unidadesbásicas preexistentes, ou como um programa constituído de modo paralelo àestrutura de atenção à saúde preexistente. Nas concepções de estratégia, asubstituição pode ser total ou parcial, quando apenas parte das unidades básicas
21
foram substituídas por USF ou nos casos que a implantação do Saúde da Famíliaocorreu somente por meio de criação de novas unidades de saúde, expandindocobertura em áreas previamente sem assistência, convivendo com a rede básicatradicional sem superposição. (BRASIL. MS, 2005, p.79).
Desta forma a SMS procurava viabilizar sua expansão.
Em 2000, inicia-se nova gestão municipal e a discussão entre a Secretária de Saúde e o
quadro técnico identifica os seguintes problemas:
• A concentração de recursos e esforços no atendimento curativo• A lógica programática centrada no controle de agravos a partir de seu
acontecimento e não na intervenção precoce e detecção.• Modelo assistencial não direcionado á demanda de necessidades de cada
Distrito atendendo de forma programada, a partir da demanda espontânea asomente alguns grupos de risco.
• Esta eleição dos grupos prioritários não emerge da necessidade local, mas simdo preconizado pelo nível central, na tentativa de impactar na saúde dapopulação, contando com sua capacidade operacional.
• Processo de trabalho não enfoca a vigilância em saúde, o que compromete aresolutividade das ações.
• A porta de entrada ao Sistema de Saúde não vem garantindo acesso adequado(tempo e qualidade) ao usuário do serviço. (VOLTA REDONDA, SMS, 2002).
No ano de 2003, a Secretaria Municipal de Saúde apresentou em seu relatório de Gestão a
Estratégia Saúde da Família como:
o eixo estruturante da atenção básica, integrados aos demais níveis de atenção, comresponsabilidade sanitária sobre o território e acesso para os segmentos populacionaisprioritários. Assim, aderiu ao Projeto de Expansão da Saúde da Família junto aoMinistério da Saúde e Banco Mundial em setembro de 2003, comprometendo-se aalcançar uma cobertura de 70% da população do município com equipes de saúde dafamília até julho de 2007. (FILGUEIRAS, 2005 p 19).
O Departamento de Desenvolvimento de Programas e sua equipe, em conjunto com a
Epidemiologia, elaborou o projeto de implantação das novas equipes a partir do mapeamento
das áreas de risco do município, classificadas de acordo com critérios estabelecidos, analisando
dados de geoprocessamento e leitura dos seguintes indicadores de saúde: prevalência de
tuberculose, prevalência de hanseníase, coeficiente de mortalidade infantil e renda mensal da
pessoa responsável pelo domicílio segundo o senso do IBGE–2000, classificando a população
por critério de risco (alto, médio e baixo risco) propondo a cobertura de 100% da população
22
atendida pelo SUS, com previsão de atingir esta meta em 2007 (VOLTA REDONDA, SMS,
2002).
Atualmente, o município tem priorizado esta expansão, contando em agosto de 2006 com
49 equipes, cobrindo 65% da população. É importante ressaltar que várias unidades possuem
02 ou 03 equipes, visto cada equipe responsabilizar-se pelo atendimento a 1000 famílias ou
4.500 pessoas por equipe, conforme preconizado pelo Ministério da Saúde.
23
2 OBJETIVOS:
Geral:
Analisar o padrão de utilização dos serviços de saúde pela população assistida pela
Estratégia Saúde da Família.
Específicos:
• Analisar a utilização dos serviços pelos usuários de uma área assistida pela Estratégia
Saúde da Família.
• Verificar se a população incorpora a lógica de diagnóstico e intervenção precoce ao
procurar os serviços de saúde.
• Averiguar se a equipe de Saúde da Família atua enfatizando a prevenção de agravos e
promoção da saúde.
• Analisar a opinião da população sobre a Estratégia Saúde da Família
A motivação para a realização deste estudo foi norteada pelas seguintes questões: A
população conhece a Estratégia Saúde da Família? Esta estratégia atende às expectativas da
população? O comportamento da população com relação à utilização dos serviços revela a
ênfase nos aspectos de prevenção e promoção?
24
3 A ATENÇÃO PRIMÁRIA – MODELO BRASILEIRO
3.1 O CONCEITO DE SAÚDE
O conceito de saúde evoluiu da visão mágica, onde a doença era explicada pela influência
de demônios e forças naturais, passando pela concepção religiosa, resultante da desobediência
aos códigos prescritos por deuses e vigiados por sacerdotes, ao entendimento de sua
concepção enquanto fenômeno natural que, a partir do renascimento cultural, possibilitou
maior compreensão do corpo humano. Os avanços da física e da química resultaram na
representação do corpo como uma máquina, passível de defeitos, que quando identificados
eram sujeitos à correção (SABROZA, 2005).
Com o início dos tempos modernos, estabelecido pelas relações mercantilistas e mais
tarde com o aparecimento da indústria, estabeleceu-se um período de exploração de
trabalhadores, que eram submetidos a um processo de desgaste físico, além de não ter moradia
e alimentação adequadas, refletindo uma crise sanitária expressa pelo processo de reprodução
capitalista.
O movimento dos trabalhadores, reivindicando melhores condições de trabalho e. por
outro lado, as regulamentações estatais, que introduziu legislações e mecanismos de controle
específicos, criaram condições para uma concepção positiva de saúde, vinculada a condições
de vida adequadas, onde as enfermidades eram caracterizadas como resultado da pobreza e da
injustiça e sua possibilidade de superação vinculada ao progresso social (SABROZA, 2005).
Visando a preservação da força produtiva, os países industrializados adotaram políticas
de prevenção de doenças, orientando-se pelo modelo da História Natural de Doenças,
proposto por Leavell & Clark.
25
Neste modelo, são enfocados três períodos: O primeiro, o pré-patogênico, “é a própria
evolução das inter-relações dinâmicas que envolvem, de um lado os condicionantes sociais e
ambientais e de outro, os fatores próprios do suscetível, até que se chegue a uma configuração
favorável a instalação da doença” (ROUQUAYROL, 2003). Neste período, a inter-relação de
fatores sociais, econômicos, políticos, ambientais, culturais, genéticos são preponderantes.
O período patogênico é caracterizado por alterações na normalidade percorrendo os
estágios de interação estímulo-suscetível; alterações bioquímica, fisiológicas e histológicas;
sinais e sintomas; defeitos permanentes e cronicidade.
Por último o período de incapacidade temporária ou permanente, onde o indivíduo se
readapta as novas condições de vida.
Este modelo pressupõe formas de intervenção que passam pela promoção da saúde,
prevenção de doenças, diagnóstico precoce, tratamento e recuperação da saúde.
Pode-se então afirmar que saúde não é ausência de doenças e para obtê-la conforme
definido pela Organização Mundial de Saúde-OMS (1946), como “completo estado de bem
estar físico, mental e social” é necessário avançar na discussão de um conceito mais amplo.
Na década de 70, auge da revolução científica e tecnológica, iniciada com o final da
segunda guerra e com a bipolarização econômica e ideológica propiciada pela guerra fria, já
se reconheciam as grandes e crescentes desigualdades e injustiças sociais, causadas pelas
precárias condições de vida como pobreza e abandono de grande parte das populações. Por
isto as decisões das Assembléias Mundiais de Saúde de 1975 e 1976, afirmarem o
compromisso de Saúde para Todos no ano 2000 (RIVERO, 2003).
Esta meta social e política, proposta pela OMS pretendiam alcançar um nível da saúde
que permitisse a todos sem exceção levar uma vida digna dentro de um padrão de
desenvolvimento verdadeiramente humano, comprometendo todos os países com o objetivo
de alcançar esta meta com prazos variáveis.
26
A Conferência de Alma-Ata (1978) reitera esta definição, e agrega a ela o conceito de
saúde enquanto direito humano fundamental, cabendo aos diversos países perseguir o objetivo
de obtenção do maior nível de saúde possível para suas populações.
O Brasil, que não participou da Conferência de Alma-Ata, adere aos seus princípios em
1979. Em 1980, quando da realização da VII Conferência Nacional de Saúde, o Ministério da
Saúde, articulado com o da Previdência Social, lança o PREV-SAÚDE, que pretendia a
reorientação do sistema de saúde, através da integração dos três níveis de governo. As
diretrizes deste programa reforçavam a atenção primária á saúde, a articulação entre os órgãos
públicos, descentralização dos serviços, a integração de ações preventivas e curativas,
enfatizando ações de promoção, recuperação e reabilitação e a participação da comunidade
(PAIM, 2000, p.46).
Na década seguinte, quando se vivenciava o processo de abertura política, após duas
décadas de ditadura militar, é realizada a VIII Conferência Nacional de Saúde.
Esta Conferência propôs:
Em seu sentido mais abrangente, a saúde como resultante dascondições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente,trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terrae acesso a serviços de saúde. É assim antes de tudo, o resultado dasformas de organização social da produção, as quais podem gerargrandes desigualdades nos níveis de vida. (BRASIL, M.S. 8ªCNS,1986).
Afirmou ainda, que a saúde é fruto de um contexto histórico, devendo ser conquistada
pela população através de suas lutas cotidianas, definindo o direito á saúde como:
Garantia pelo Estado, de condições dignas de vida e acesso universal eigualitário às ações e serviços de promoção, proteção e recuperação desaúde, em todos os seus níveis, a todos os habitantes do territórionacional, levando ao desenvolvimento pleno do ser humano em suaindividualidade (BRASIL, M.S. 8ªCNS, 1986).
27
O relatório final desta Conferência foi apresentado à Assembléia Nacional Constituinte,
realizada em 1988, que aprovou o Sistema Nacional de Seguridade Social, responsável por
assegurar os direitos relativos à saúde, previdência e a assistência social.
Atendendo às reivindicações e propostas do movimento pela Reforma Sanitária brasileira,
foi instituído o Sistema Único de Saúde, formulando-se mais tarde a legislação complementar.
A lei 8080 de 1990, além de enfocar o conceito ampliado de saúde, afirma ter o Sistema
Único de Saúde, os seguintes objetivos:
• A identificação e divulgação dos fatores condicionantes edeterminantes da saúde,
• A formulação de políticas sociais e econômicas que visem à reduçãode riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento decondições que assegurem o acesso universal e igualitário às ações eserviços para a sua promoção, proteção e recuperação.
• A assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção,proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada dasações assistenciais e das atividades preventivas. (BRASIL, M.S.1990).
3.2 A ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE
A Atenção Primária á Saúde, é definida pela Conferência de Alma Ata como:
Cuidados essenciais de saúde baseados em métodos e tecnologiaspráticas, cientificamente bem fundamentadas e socialmente aceitáveis,colocadas ao alcance universal dos indivíduos e famílias dacomunidade, mediante sua plena participação a um custo que acomunidade e o país pode, manter em cada fase do seudesenvolvimento, no espírito de autoconfiança e auto determinação.Fazem parte integrante tanto do sistema de saúde do país do qualconstituem a função central e ao foco principal, quanto dodesenvolvimento social e econômico global da comunidade.Representam o primeiro nível de contato dos indivíduos, da família eda comunidade, com os sistemas nacionais de saúde, pelo qual oscuidados de saúde são levados o mais proximamente possível aoslugares onde pessoas vivem e trabalham, e constituem o primeiroelemento de um continuado processo de assistência á saúde. (OMS,1978).
28
Esta Conferência ainda afirmou que os cuidados primários á saúde refletem as condições
sócio-econômicas, culturais e políticas dos países e devem se basear na aplicação de
conhecimentos técnicos e científicos, tendo em vista a resolução de problemas de saúde das
comunidades, proporcionados por ações de promoção, prevenção, cura e reabilitação. Rivero,
(2003) analisando a Conferência de Alma-Ata, 25 anos após sua realização, aponta que os
propósitos desta Conferência muitas vezes foram mal interpretados e distorcidos. Afirma que,
em determinados momentos, a atenção primária foi confundida com uma atenção médica
curativa, centrada exclusivamente nas enfermidades, outras vezes foi entendida como uma
forma simples de programação, mais técnica do que social e mais burocrática do que política.
Afirma ainda, em relação aos princípios de Alma Ata, que a saúde não foi compreendida
como realidade social, que não pode ser separada de aspectos sociais, econômicos e políticos
dentro dos quais se devem tomar decisões e comprometer todos os setores governamentais,
reforçando ainda que a saúde é responsabilidade e dever de todas as pessoas, grupos sociais,
cidadãos em geral e que todos devem cuidar da saúde individual e coletiva, lamentando-se que
as pessoas continuam a ser recipientes passivos de atividades pontuais dos sistemas de saúde
voltados para a assistência curativa. (RIVERO, 2003).
A prática assistencial relativa aos cuidados primários é caracterizada por
• Alta incidência de problemas agudos e de evolução autolimitada;• Alta prevalência de doenças crônico-degenerativas;• Alta prevalência de componente psico-sócio-cultural;• Alta prevalência de pessoas saudáveis;• Apresentação precoce de doenças graves (PISCO, sd).
Pode-se afirmar que a saúde possui vários determinantes, estando correlacionada á
distribuição de renda e as questões sociais. Desta forma, a atenção primária á saúde deve ter
uma atuação, para além das ações curativas individuais, interferindo nos aspectos que a
condicionam.
A atenção primária,
29
É aquele nível do sistema de serviços de saúde que oferece a entrada nosistema para todas as novas necessidades e problemas, fornece a atençãocontinuada, no decorrer do tempo e fornece atenção a todas as situações,exceto as incomuns ou raras. (STARFIELD, 2002 p.28).
Responsabiliza-se por acesso, qualidade, custo, funções que não lhe são exclusivas e
realiza atividades de prevenção, tratamento, reabilitação e trabalho em equipe.
A atenção primária deve lidar com o contexto onde a doença se localiza e influenciar as
respostas das pessoas a seus problemas de saúde.
Os cuidados primários devem enfocar a educação em saúde, as questões de saneamento,
tratamento de doenças, fornecimento de medicamentos, entre outros.
Prevê ainda, envolvimento de outros setores relacionados ao desenvolvimento social e
econômico requerendo ações coordenadas entre eles. Enfatiza a participação comunitária no
planejamento, organização, operação e controle dos cuidados primários à saúde, propõe que
estes cuidados sejam apoiados por sistemas de referência integrados e sejam desenvolvidos
em nível local por equipes multi profissionais para responder às necessidades de saúde da
população.
A reforma dos sistemas de saúde é comum a vários países no mundo. Há evidências
indicando que, os sistemas de saúde baseados em cuidados primários á saúde, com médicos
generalistas (Médicos de Família), prestam cuidados com maior efetividade, tanto em termos
de custos como em termos clínicos, em comparação com os sistemas com uma fraca
orientação para os cuidados primários (STARFIELD, 2002; WONCA, 2002; OPAS, 2005).
A Sociedade Européia de Clínica Geral/ Medicina de Família (2002) apresenta como
características da medicina familiar:
a) Ser normalmente o primeiro ponto de contato médico com o sistema desaúde, proporcionando um acesso aberto e ilimitado aos seus usuários,lidando com todos os problemas de saúde, independentemente da idade,sexo, ou qualquer outra característica da pessoa em questão;
b) Utilizar eficientemente os recursos da Saúde, coordenando a prestação decuidados, trabalhando com outros profissionais no contexto dos cuidados
30
primários e gerindo a interface com outras especialidades, assumindo umpapel de defesa do paciente sempre que necessário;c) Desenvolver uma abordagem centrada na pessoa, orientada para oindivíduo, a família e a comunidade;
d) Ter um processo de consulta singular em que se estabelece uma relação ao longo do tempo, através de uma comunicação médico-paciente efetiva; e) Ser responsável pela prestação de cuidados continuados longitudinalmente consoante as necessidades do paciente;
f) Possuir um processo de tomada de decisão determinado pela prevalência eincidência de doença na comunidade;g)Gerir simultaneamente os problemas, tanto agudos como crônicos, dospacientes individuais;h) Gerir a doença que se apresenta de forma indiferenciada, numa faseprecoce da sua história natural, e que pode necessitar de intervenção urgente;i) Promover a saúde e bem-estar através de intervenções tanto apropriadascomo efetivas.j)Ter uma responsabilidade específica pela saúde da comunidade.K)Lidar com os problemas de saúde em todas as suas dimensões física,psicológica, social, cultural e existencial.
Conclui-se que na Atenção primária busca-se identificar as necessidades de saúde das
pessoas independente da procura pelos serviços, existindo uma preocupação com o cuidado
aos pacientes crônicos, além de prevenir e detectar precocemente as doenças.
3.3 A ATENÇÃO PRIMÁRIA E PROMOÇÃO DA SAÚDE
O conceito de promoção da saúde, segundo BUSS (2000) foi enfocado por Sigerist em
1946 definindo quatro tarefas essenciais para a medicina: promoção da saúde, prevenção de
doenças, recuperação de enfermos e reabilitação, conceitos posteriormente retomados por
Leavell & Clark, a partir da História Natural das Doenças.
Posteriormente, o informe Lalonde, constituiu o conceito de campo da saúde, propondo
quatro fatores que influenciam a saúde das pessoas: a biologia humana, o estilo de vida, o
meio ambiente físico e social e a organização dos serviços de atenção á saúde. Este conceito é
entendido como um instrumento de análise dos problemas de saúde, visto abarcar todas as
situações que causam o adoecimento, contribuindo para que todos os envolvidos com a saúde
tenham consciência de suas funções e influências no nível de saúde da população. Permite
31
analisar os problemas de saúde sobre estes quatro aspectos, avaliando a importância de cada
um deles e sua interação (LALONDE, 1974).
Na década seguinte, influenciada por este documento, a Primeira Conferência
Internacional sobre Promoção da Saúde, realizada em Ottawa (1986), propõe sua Carta de
Intenções, adotada tanto por países industrializados, como por países em desenvolvimento,
como reforço aos objetivos de “Saúde para Todos no ano 2000”.
A Carta de Ottawa (1986), define promoção da saúde como um “processo de capacitação
da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde incluindo uma maior
participação no controle deste processo”.
Ao enfatizar a saúde como recurso para a vida, e não um objetivo de viver trabalha com
um conceito positivo de saúde onde as responsabilidades pelas ações extrapolam o setor
saúde.
Fatores políticos, sociais, econômicos, culturais, ambientais, comportamentais e
biológicos, podem tanto favorecer como prejudicar a saúde. As ações de promoção da saúde
objetivam, através da defesa da saúde, fazer com que as condições descritas sejam cada vez
mais favoráveis. Aponta, como requisitos fundamentais para a saúde, a paz, habitação,
educação, alimentação, renda, eco-sistema estável, recursos sustentáveis, justiça social e
eqüidade. As ações de promoção da saúde devem ter como objetivo reduzir as diferenças no
estado de saúde da população (OMS, 1986).
Segundo TERRIS (1996), a estratégia de promoção da saúde possui componentes inter-
relacionados: a ação intersetorial, que tem por objetivo realizar políticas públicas saudáveis,
além de políticas de saúde pública; papel ativo da população através do uso de seus
conhecimentos sobre saúde, realizando escolhas saudáveis para obtenção do maior controle,
sobre sua saúde e o ambiente onde vive, além de ação comunitária, através do fortalecimento
32
da participação da população e do direcionamento dos temas relacionados à saúde, por ela
definido como a essência da estratégia da promoção da saúde.
Outros documentos, elaborados pela OMS em anos posteriores, como a CARTA DE
ADELAIDE (1998), SUNDSVALL (1991), BOGOTÁ (1992), MÉXICO (2000) E
BANGKOK (2005) abordaram temas específicos como políticas públicas saudáveis,
ambientes favoráveis à saúde, promoção da saúde e eqüidade e globalização.
Todos os documentos são unânimes em reforçar a participação ativa das pessoas e das
comunidades, visando a mudança no estilo de vida e nos ambientes. Abordam também, a
responsabilidade de todos os atores sociais e seus diferentes graus de decisões políticas na
aplicação de estratégias de promoção da saúde, com vistas à redução das desigualdades
sociais, direcionando as ações que estejam voltadas á obtenção de um conceito amplo de
saúde, condicionado por fatores sociais, econômicos, ambientais, culturais, políticos,
biológicos como outras metas a serem perseguidas. Assim,
Promover a saúde alcança, dessa maneira, uma abrangência muitomaior do que a que circunscreve o campo específico da saúde,incluindo o ambiente em sentido amplo, atravessando a perspectivalocal e global, além de incorporar elementos físicos, psicológicos esociais (CZERESNIA, 2003).
Em nosso país, a promoção da saúde vem se desenvolvendo a partir da instalação do
Sistema Único de Saúde, constituindo-se como oportunidade de aperfeiçoá-lo através da
retomada dos preceitos da reforma sanitária no que se refere ao combate ás desigualdades para
a construção da saúde e vida com dignidade (CARVALHO, 2004).
O reconhecimento da promoção da saúde, como responsabilidade dos governantes, deve
ser compartilhada por todos os setores e níveis da sociedade, e entendida como prioridade das
políticas públicas, que devem reconhecer a saúde como um bem essencial, transformando as
relações excludentes em relações eqüitativas que são condições indispensáveis para a saúde e
o desenvolvimento ( BRASIL, M.S. 1996).
33
3.4 A ATENÇÃO PRIMÁRIA NO BRASIL
O quadro sanitário brasileiro, caracterizado no início do século pela prevalência das
doenças transmissíveis e doenças materno infantis entre outras, propiciou às estruturas
burocráticas, a proposição da constituição de uma rede de centros de saúde, cujo objetivo seria
constituir “uma rede básica permanente que deveria estar próxima às comunidades e que
combatesse a ignorância do povo a respeito da higiene e especialmente a inoperância da saúde
pública frente aos novos desafios colocados pela urbanização e industrialização do país”
(CAMPOS, 1998).
Os Centros de saúde representaram a superação do antigo modelo sanitário, tentando
assegurar a ascendência da saúde pública, sobre outras formas de assistência, como a clínica.
(CAMPOS, 1998).
Apesar de não ter sido priorizada nas décadas de 50 a 70, período em que se enfatizou a
medicina curativa, através da política previdenciária, inicia-se na década de 80, nova expansão
dos serviços básicos de saúde.
A partir da reformulação da Constituição Federal Brasileira, em 1988 instituiu-se no país
o Sistema Único de Saúde, regulamentado por um arcabouço jurídico –institucional, que
orientou a reorganização do sistema de saúde, o modelo de gestão, as responsabilidades de
cada esfera de governo com as ações de saúde em seus diversos níveis de atenção.
A lei 8080/90 ao consolidar a proposta do Sistema único de Saúde, reafirma que a saúde é
um direito de todo ser humano, cabendo ao Estado prover as condições necessárias para sua
obtenção. Apresenta os princípios que devem orientar o sistema de saúde: integralidade da
assistência, universalidade, eqüidade, resolutividade, intersetorialidade, humanização do
atendimento e participação popular.
34
As Normas Operacionais Básicas, regulamentadoras do Sistema Único de Saúde - NOB-
91, 93 e 96, que apresentam as bases para redirecionamento da assistência, afirmam que o
modelo de atenção deve ser centrado na qualidade de vida das pessoas, em seu meio ambiente,
além de privilegiar a relação da equipe da unidade de saúde com a comunidade, através de
seus grupos primários, ou seja, as famílias.
O Ministério da Saúde (1998), definiu a atenção básica, como “conjunto de ações de
caráter individual ou coletivo, situadas no primeiro nível de atenção dos sistemas de saúde,
voltadas para a promoção da saúde, prevenção de agravos, tratamento e reabilitação”,
propondo um novo redirecionamento, através de um modelo de atenção voltado de um lado
para a “transformação na relação entre o usuário e os agentes do sistema de saúde,
estabelecendo o vinculo entre quem presta o serviço e quem o recebe e, de outro, a
intervenção ambiental, para que sejam modificados fatores determinantes da situação de
saúde” (BRASIL, M.S, 1998).
O Programa Saúde da Família, instituído pelo Ministério da Saúde em 1993, vem sendo
apontado, desde então, como uma estratégia para a reorganização do sistema de saúde
brasileiro.
Propõe um conjunto de ações voltadas para a população, priorizando grupos com maior
risco de adoecimento e morte, com ênfase no atendimento primário à saúde. Ao contrário do
modelo tradicional, centrado na doença e no hospital, o PSF prioriza as ações de proteção e
promoção da saúde dos indivíduos e da família, tanto adultos quanto crianças sadios ou
doentes, de forma integral e contínua (BRASIL, M.S. 1994).
Enfatiza o atendimento domiciliar a partir do trabalho multiprofissional, priorizando os
aspectos epidemiológicos da área adstrita, executa ações programáticas com vistas à redução
da procura por centros de saúde e hospitais e estimula a participação comunitária e o controle
social (BRASIL, M.S. 1994).
35
O Programa executado como primeiro nível da atenção á saúde, tem seus princípios
reforçados pela Carta de Lubliana, adotada pela Organização Mundial de Saúde em 1996.
Conforme STARFIELD (2002), este documento propõe que os sistemas de saúde sejam:
• Dirigidos por valores de dignidade humana, equidade, solidariedade eética profissional,
• Direcionados para a proteção e promoção da saúde,• Centrado nas pessoas, permitindo que os cidadãos influenciem os
serviços de saúde e assumam a responsabilidade por sua própria saúde. • Focados na qualidade, incluindo a relação custo – efetividade.• Baseados em financiamento sustentável, para permitir a cobertura
universal e o acesso eqüitativo.• Direcionados para a atenção primária.
Estes princípios, também encontrados no arcabouço do Sistema Único de Saúde,
enfatizam a saúde como direito e responsabilidade do Estado, acesso universal e igualitário,
prestação de serviços com qualidade e participação da comunidade.
O conceito ampliado de saúde, definido na Lei 8080/1990, que relaciona:
A alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, otrabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer o acesso a bens e serviçosessenciais, como meio de garantir as pessoas e a coletividade, condições debem estar físico, mental e social, ainda não foi incorporado pelo conjunto dapopulação, que em senso comum ainda percebe a saúde como ausência dedoença ou como acesso á assistência médica, buscando as ações curativascomo principal meio de obter saúde (BRASIL, M.S. 1990).
Visando a modificação deste contexto, cabe então, a organização de um sistema de saúde
que tenha na assistência básica a saúde, não só:
a porta de entrada de um sistema de saúde, mas o lugar essencial a realizar aintegralidade das ações individuais e coletivas de saúde, ao mesmo tempoem que fosse a linha de contato entre as práticas de saúde e o conjunto daspráticas sociais que determinam a qualidade de vida provocando a mudançano sentido das práticas (MERHY, 1997).
Desse modo, deve-se constituir como tarefa primordial do Programa Saúde da Família, as
ações que clarifiquem os aspectos determinantes das condições de saúde e fortaleçam os
indivíduos e comunidade para atuarem como sujeitos capazes de identificar os problemas e
necessidades de saúde e participarem de forma ativa na busca de soluções efetivas para os
mesmos.
36
3.5 AVALIAÇÃO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
O Programa Saúde da Família, enquanto modelo de reorganização do sistema de saúde,
se apresenta como desafio, visto em muitos casos, se constituir na reprodução do modelo
tradicional de assistência. Conforme FRANCO e MERHY (2000), a implantação do PSF por
si só não significa mudança do modelo assistencial sendo, portanto, necessário avaliar sua
implantação.
A avaliação de serviços de saúde tem sido objeto de vários estudos e para isto métodos e
técnicas diversificadas, têm sido utilizadas. Deve ter como objetivo, identificar problemas e
subsidiar os processos decisórios para reorientação da atuação dos serviços de saúde.
Entre os diversos conceitos de avaliação estudados, optou-se pela definição de
CONTANDRIOPOULOS et al (1997 p.31).
Avaliar consiste fundamentalmente em fazer um julgamento de valor, arespeito de uma intervenção ou sobre qualquer um de seus componentes, como objetivo de ajudar na tomada de decisões. Esse julgamento pode serresultado da aplicação de critérios e de normas (avaliação normativa) ou seelaborar a partir de um procedimento científico (pesquisa avaliativa).
Para o autor, a avaliação normativa consiste em fazer um julgamento sobre uma
intervenção, comparando os recursos empregados e sua organização (estrutura), os serviços ou
bens produzidos (processo) e os resultados obtidos com critérios e normas, enquanto a
pesquisa avaliativa examina as relações existentes entre os diferentes componentes de uma
intervenção, as relações existentes entre esta intervenção e o contexto no qual se situa, com o
objetivo de auxiliar na tomada de decisões (CONTANDRIOPOULOS, 1997).
Segundo HARTZ e SILVA (2005, p.17), a pesquisa avaliativa:
Corresponderia ao julgamento que é feito sobre as práticas sociais a partir daformulação de uma pergunta não respondida ainda na literatura
37
especializada, sobre as características dessas práticas, em geral, ou em umcontexto particular, através do recurso a metodologias científicas.
A intervenção é definida por CONTANDRIOPOULOS (1997, p.31) como "conjunto dos
meios (físicos, humanos, financeiros, simbólicos) organizados em um contexto específico, em
um dado momento, para produzir bens ou serviços com o objetivo de modificar uma situação
problemática”. Para a análise de uma intervenção, é necessário considerar os diferentes atores
nela envolvidos, pelo fato de terem objetivos diferenciados em relação à própria intervenção e
sua avaliação.
O Programa Saúde da Família por possuir componentes técnicos, políticos e
comportamentais, deve ser avaliado sobre estes três eixos, incluindo aspectos quantitativos e
qualitativos.
Segundo STARFIELD (2002, p.60) A avaliação da atenção primária deve ser
realizada enfocando alguns elementos estruturais. Entre eles, encontra-se a acessibilidade,
variedade de serviços, definição da população eletiva, continuidade, utilização de serviços
pela população e reconhecimento de problemas pelos profissionais dos serviços de saúde.
A acessibilidade trata da localização dos serviços, horários, grau de tolerância para
consultas não agendadas e a percepção da população sobre a pertinência destes aspectos. A
variedade de serviços refere-se ao que é ofertado pelo serviço de atenção primária e como a
população enxerga o serviço que é oferecido. A definição da população eletiva relaciona-se à
definição da área de abrangência da unidade de saúde pela equipe, bem como o entendimento
da população de que a unidade de saúde de fato se responsabiliza por ela. Quanto à
continuidade, deve ser avaliado a oferta ininterrupta de serviços que pode ser medida pela
atuação do profissional que atende os registros nos prontuários realizados corretamente.
Ainda segundo STARFIELD (2002, p.61), deve ser objeto de avaliação de
desempenho da atenção primária, a utilização dos serviços de saúde pela população, através
dos motivos para os quais usa como, por exemplo, a ocorrência de um novo problema, o
38
acompanhamento de um problema anterior ou a participação em programas de prevenção. O
reconhecimento de um problema ou necessidade de saúde da população também deve ser
enfocado visto constituir uma etapa do processo de trabalho das equipes que é a elaboração de
diagnóstico.
Os aspectos acima citados, ainda contribuem para a avaliação do alcance de quatro
atributos da atenção primária: atenção ao primeiro contato, longitudinalidade, integralidade e
coordenação. A atenção ao primeiro contato trata de aspectos relativos à acessibilidade aos
serviços de saúde entendidos como fornecimento de atendimento a cada episódio de um
problema que demanda atenção da equipe de saúde.
Para medir a acessibilidade outros aspectos devem ser considerados como, por
exemplo, os de caráter organizacionais, citados anteriormente. Deve ser levada em
consideração também a acessibilidade econômica entendida como consumo de tempo, energia
e dinheiro para a obtenção de assistência à saúde, prejuízos por falta ao trabalho ou
afastamento por doenças e gasto com aquisição de medicamentos.
Um outro tipo de acessibilidade é a sócio-cultural observada através da representação que
a população faz de seu adoecer, sobre as crenças relativas á saúde, tolerância à dor e
credibilidade nos serviços. Ainda deve-se observar a acessibilidade geográfica medida em
função do tempo e dos meios habituais para chegar aos serviços de saúde (FEKETE, 1997).
Percebe-se então que a prática da Saúde da Família deve ser realizada além dos muros da
unidade de saúde, deve desviar seu olhar para o espaço domicílio das famílias e comunidades
onde as práticas são realizadas, tornando família alvo estratégico de investigação (TRAD,
BASTOS, 1998).
Pode-se afirmar, portanto que devem ser avaliadas as relações existentes entre a equipe de
saúde e os usuários e as características da atenção prestada a esta família.
39
Entre as diversas formas de avaliação a Organização Mundial de Saúde tem utilizado as
metodologias rápidas - “rapid appraisal", que tem se constituído como uma possibilidade,
visto a obtenção de informações necessárias ao planejamento, com rapidez e baixo custo,
favorecendo a participação e cooperação multi setorial, tendo como objetivo o conhecimento
dos problemas comunitários para reduzir os riscos de adoecimento (WHO, 2006).
A avaliação rápida é um método para buscar informação em torno de problemas. Deve
ser realizada num prazo curto, para que seus resultados tenham repercussão na realidade,
visando atender à situação de recursos escassos, sejam estes materiais, de tempo ou mesmo de
poder (BURSZTYN, 2005).
O termo rápido é relativo ao tempo de coleta e análise de dados. As informações são
construídas a partir do diálogo com a comunidade e de suas observações.
Entre as metodologias de avaliação rápida que têm sido desenvolvidas por países
industrializados a partir da década de 60, encontram-se os inquéritos populacionais, cujos
instrumentos são utilizados para formulação e avaliação de políticas públicas.
A OMS tem aplicado em vários países inquéritos populacionais com o objetivo, de
monitorar os sistemas de saúde, verificar o alcance de suas metas e elaborar políticas baseadas
em evidências, a fim de adequar políticas, estratégias e programas á necessidade da população
(WHO, 2006).
Através dos inquéritos populacionais é possível coletar dados e construir indicadores de
saúde, bem como identificar fatores de risco e aspectos determinantes do processo saúde-
doença (VIACAVA, 2002).
40
4 METODOLOGIA
Foi realizado um estudo transversal. A escolha deste tipo de estudo deve-se ao fato de
apresentar um desenho adequado aos objetivos propostos, de baixo custo, podendo ser
coletado em um curto intervalo de tempo, não havendo necessidade de seguimento das
pessoas e facilidade de obter a amostra representativa da população.
O universo amostral definido como "conjunto de elementos que possuem determinadas
características" (RICHARDSON, 1999 p.157) constituiu-se pelas 1057 famílias cadastradas
no módulo do P.S.F. Vila Rica do município de Volta Redonda, implantado quando da adesão
ao Programa em 1994.
O tamanho da amostra, definido como 282, foi calculado de acordo com a fórmula
(KISH e LESLIE, 1965)
S = Z*Z P(1-P)/D*D
Em que
S: tamanho da amostra
Z: 1,96 para um grau de confiança igual a 95%
P: freqüência aceitável do fator de estudo (50%)
D: metade da largura do intervalo de confiança desejado para a amostra (5%)
A amostra é ajustada para o tamanho da população por meio da fórmula
Sample Size = S/(1-(S/population)
As variáveis do estudo, entendidas como "características mensuráveis de um fenômeno,
que podem apresentar variações ou diferenças em relação ao mesmo ou a outros fenômenos"
(RICHARDSON, 1999, p.117) foram definidas de maneira a levantar, sob o ponto de vista
dos usuários, os aspectos de acesso aos serviços de saúde, resolubilidade das ações,
organização dos serviços, processo de trabalho dos profissionais, referência e contra-
referência, integralidade da atenção á saúde.
41
A coleta de dados se deu pela aplicação de questionários formulados com perguntas
abertas e fechadas para cumprir "pelo menos duas funções: descrever as características e
medir determinadas variáveis de um grupo social" (RICHARDSON, 1999, p.189).
As perguntas fechadas visaram obter informação sócio-demográfica do entrevistado e
respostas de identificação de opiniões, as perguntas abertas aprofundaram as opiniões do
entrevistado (RICHARDSON, 1999, p.193).
Para analisar a situação de emprego dos entrevistados, optou-se por adotar a Classificação
Brasileira de Ocupações (CBO) do Ministério do Trabalho e emprego, atualizada no ano de
2002, que define emprego como um conjunto de atividades desempenhadas por uma pessoa
com ou sem vínculo empregatício.
Os questionários foram aplicados através de contato direto, por entrevistadores recrutados
entre alunos do curso de Enfermagem do Centro Universitário de Barra Mansa após
treinamento específico.
O questionário foi discutido com profissionais vinculados ao Programa Saúde da Família
e após a confecção, foi verificada sua validade por meio da aplicação de um pré-teste em 12
famílias moradoras do bairro, entrevistada por acadêmicos do curso de enfermagem que
consistiu em testar os instrumentos da pesquisa em uma população com características
semelhantes, visando identificar inconsistências ou complexidade de questões, ambigüidades
ou linguagem inacessível, além de perguntas supérfluas (MARCONI E LAKATOS, 2005), foi
testado também o processo de coleta e tratamento dos dados (RICHARDSON, 1999).
Ressalta-se que as famílias participantes do pré -teste foram excluídas da pesquisa.
No tocante aos aspectos da ética em pesquisa, foi obtida autorização da SMS-Volta
Redonda (anexo A), assim como foi solicitado o consentimento esclarecido dos sujeitos
entrevistados (anexo B).
42
De acordo com o disposto na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, o estudo
não incorre em maleficências para os sujeitos e os resultados serão encaminhados a SMS-
Volta Redonda para que possam ser utilizados no aprimoramento do serviço e maior
satisfação da população usuária. Com o intuito de comunicar a realização desta pesquisa e
obter apoio para a sua aplicação, foi também realizado contato com a equipe de saúde da
família da área pesquisada, bem como com o Conselho Gestor da Unidade de Saúde e
Associação de Moradores do bairro, com os quais também se firmou o compromisso de
repasse dos resultados da pesquisa.
A Unidade de Saúde da Família do bairro Vila Rica em Volta Redonda, registrava no
SIAB em 2006, 3815 pessoas e 1057 famílias cadastradas.
A pesquisa de campo foi realizada nos meses de dezembro de 2006 e janeiro de 2007,
pela própria pesquisadora e alunos do curso de enfermagem do Centro Universitário de Barra
Mansa-UBM.
Foram selecionadas através de amostra sistemática aleatória, extraídas do cadastro da
unidade, 300 famílias. Destas, 82 foram substituídas, no decorrer do trabalho de campo,
devido a seguintes situações: mudança da família residente no domicílio sorteado, problemas
com o endereço (nº da casa não localizado, morador não encontrado após 3ª visita) e outras
questões relativas à falta de atualização do cadastro da unidade. Houve, por parte de 46
famílias, recusas à participação por motivos diversos, entre eles encontram-se a não utilização
da unidade de saúde, a insatisfação com o serviço, ser usuário de plano de saúde e por isto não
se sentir em condição de opinar. O estudo final contou com 254 famílias, conformando 90%
do tamanho de amostra calculado (282).
Para a realização da entrevista foi considerado como entrevistado principal a pessoa
que recebeu o entrevistador adulto ou adolescente que na abordagem afirmou ser capaz de
responder ao questionário.
43
O formulário aplicado (anexo C) contém um questionário principal, elaborado com o
objetivo de caracterizar o entrevistado, conhecer a estrutura familiar em seus aspectos sociais
econômicos e educacionais, a forma de utilização dos serviços de saúde, a opinião sobre a
Saúde da Família e seu funcionamento. Foram também aplicados formulários anexos
adequados à faixa etária dos membros da família (crianças menores de 1ano, 1 a 4 anos, 5 a 9
anos, 9 a 12 anos; jovens 13 a 19 anos, mulheres de 19 a 59 anos, acima de 60 anos e
gestantes. Homens adultos entre 19 e 39 anos e homens acima de 40 e 60 anos), com o
objetivo de verificar se estes recebem o atendimento adequado às necessidades de sua faixa
etária e quais as ações programáticas desenvolvidas na unidade de saúde. Como forma de
facilitar o trabalho de campo, os formulários anexos foram impressos em cores diferentes,
permitindo uma seleção rápida e sem erros no momento da entrevista.
Os dados coletados foram armazenados em bancos no programa Excel e analisados com o
auxílio do software Epiinfo 6.0.
44
5 RESULTADOS
Neste estudo foram entrevistadas 254 famílias. Como entrevistado principal foi
considerada a pessoa que recebeu os entrevistadores na residência e que se sentiu apta a
responder o questionário.
Quanto à caracterização do entrevistado principal (tabela 1), pode-se afirmar que
predominou o sexo feminino (78,0%). Em relação ao estado civil1, a maioria afirmou ser
casado (54,7%), seguidos de solteiros (26,4%). No que se refere à ocupação, observou-se que
a maioria afirma exercer atividades domésticas no próprio lar (44,0%), 13,7% estão
aposentados ou são pensionistas da Previdência Social, os desempregados correspondem a
2,8%, e os estudantes são 3,1%. Entre as pessoas que trabalham encontram-se 10,6% de
mantenedores de edificações, seguidos pelos vendedores e prestadores de serviço do comércio
(9,1%), dos trabalhadores domésticos em geral (9,1%). Outras ocupações somaram 6,0%, e há
ainda 1,6% que não informaram a situação de emprego.
Quanto à escolaridade percebe-se que 11,4% dos respondentes informaram ser analfabetos,
7,3% cursaram da 1ª à 8ªsérie do antigo ensino fundamental. Apenas 10,2% têm o 2º grau
completo e 1,2% dos respondentes iniciaram o ensino superior sem conclusão.
Em relação à renda familiar, 6,3 % das famílias entrevistadas referem menos de 1
salário mínimo, 71,2% possuem renda familiar entre 1 e 3 salários mínimos, 15,3% possuem
renda entre 3 a 5 salários mínimos, 6,0 % tem renda familiar acima de 5 salários mínimos.
Não informaram a renda familiar apenas 2,4% dos respondentes.
Na tabela 2, enfocam-se alguns aspectos relativos à acessibilidade ao serviço de saúde.
A maioria dos entrevistados informou residir no bairro há mais de 5 anos (80,7%), seguidos
dos que moram entre 2 a 5 anos (12,2%). Entre os que residem há menos de dois anos
1 Foram consideradas apenas as situações oficiais e com registro civil
45
encontra-se com um ano de moradia 2,8 % dos entrevistados e com menos de um ano de
moradia, 4,3% dos entrevistados.
Tabela 1- Caracterização do entrevistado principal, bairro Vila Rica, Volta Redonda, 2007.
VARIÁVEIS Nº ENTREV. % FR.AC.
SexoMasculino 56 22,0 22,0
Feminino 198 78,0 100,0
Estado civil
Solteiro 67 26,4 26,4
Casado 139 54,7 81,1
Divorciado 14 5,5 86,6
Viúvo 29 11,4 98,0
Não informado 5 2,0 100,0
Ocupação
Mantenedores de edificações 27 10,6 10,6
Trabalhadores de serviços domésticos em geral 23 9,1 19,7
Vendedores e prestadores de serviços do comércio 23 9,1 28,8
Trabalhadores de confecções de roupas 4 1,6 30,4
Trabalhadores em serviços de embelezamento ecuidados pessoais
3 1,2 31,6
Motoristas de ônibus urbanos, metropolitanos erodoviários
3 1,2 32,8
Trabalhadores em serviços administrativos 2 0,8 33,6
Técnicos da ciência da saúde 1 0,4 34,0
Agente comunitário de saúde 1 0,4 34,4
Profissionais de relações públicas, publicidade,mercado e negócios
1 0,4 34,8
Aposentados e pensionistas 35 13,7 48,5
Não informada 4 1,6 50,1
Estudantes 8 3,1 53,2
Desempregados 7 2,8 56,0
Do lar 112 44,0 100,0
Escolaridade
Sem escolaridade 29 11,4 11,4
1ª a 4ª série do ensino fundamental 92 36,2 47,6
5ª a 8ª série do ensino fundamental. 77 30,3 77,9
2º grau incompleto 27 10,6 88,5
2º grau completo 26 10,3 98,8
Superior incompleto 3 1,2 100
Renda Familiar
Menos de 1 salário mínimo 16 6,3 6,3
01 a 02 salários mínimos 139 54,7 61,0
02 a 3 salários mínimos 42 16,5 77,5
3 a 4 salários mínimos 32 12,6 90,1
4 a 5 salários mínimos 07 2,7 92,8
Mais de 5 salários mínimos 12 4,8 97,6
Não informado 06 2,4 100,0
Total 254 100,0
46
Quanto à locomoção até a unidade de saúde, 82,6% dos entrevistados afirmaram que ao
dirigir-se de casa até a unidade de saúde, gastam até 15 minutos, 11,1%, de 15 a 25 minutos e
apenas 5,5% afirmaram gastar mais de 25 minutos. Não utilizam nenhum meio de locomoção,
89,8% dos entrevistados que afirmam irem a pé até o serviço de saúde do bairro, 3,1%
utilizam bicicleta, e 4%, veículo automotor. Não informaram o meio de transporte utilizado
3,1%.
Ao serem indagados sobre as unidades de saúde existentes em seu bairro, 92,2% dos
entrevistados referiram-se à Unidade de Saúde Vila Rica, 7,9 % citaram as unidades de saúde
próximas (Posto de Saúde do bairro Três Poços e a Unidade de Saúde da Faculdade de
Medicina da Fundação Oswaldo Aranha - FOA).
Quanto à utilização dos serviços de saúde, 88,9% dos entrevistados disseram freqüentar
as unidades de saúde por eles referidas. Entre estes, 41,7% utilizam as unidades de saúde do
bairro Três Poços ou a unidade da FOA. Não informaram à unidade que utilizam 1,2 % dos
respondentes.
Quanto ao tipo de problema que motiva a utilização da unidade observa-se que 31,8%
dos entrevistados informaram ser motivada pelo controle da hipertensão arterial, 17,7%
referiu-se a consultas clinicas e solicitação de exames laboratoriais, seguidas por consultas de
pediatria 8,6%, consultas ginecológicas e exames preventivos de câncer (7,5%), solicitação de
encaminhamentos a especialistas motivaram 5,1% dos entrevistados e vacinação 4,8 %.
Problemas diversos que constituem a porta de entrada para o serviço de saúde foram referidos
por 24,5%.
No quadro 1, que aborda a opinião dos entrevistados em relação a aspectos positivos e
negativos no Programa Saúde da Família, foi encontrado quase o dobro de citações para o que
é ruim (440), em relação ao que é bom (243). O aspecto mais lembrado é o atendimento em
geral, referido como bom por 113 entrevistados e como ruim por 176. O atendimento médico
47
é destacado como um aspecto ruim por 121 entrevistados, enquanto apenas 4 o referiram
como bom.
Tabela 2– Distribuição dos entrevistados segundo variáveis referentes à acessibilidade à unidade de saúde do bairroVila Rica, segundo entrevistado principal, 2007.
VARIÁVEIS Freq (N =254) %
Tempo de residência no bairro
menos de 1 ano 11 4,3
1 a 2 anos 07 2,8
2 a 5 anos 31 12,2
mais de 5 anos 205 80,7
Tempo gasto de casa à unidade de saúde
Até 10 minutos 185 72,8
De 10 a 15 minutos 25 9,8
De 15 a 20 minutos 21 8,3
De 20 a 25 minutos 07 2,8
De 25 minutos a 30 minutos 14 5,5
Não informado 02 0,8
Meio de locomoção usado para chegar àunidade de saúde
Á pé 228 89,8
De bicicleta 08 3,1
De ônibus 04 1,6
De carro 06 2,4
Não informado 08 3,1
Qual unidade de saúde existe no bairro Posto Vila Rica - 234 92,2
Três Poços 17 6,7
FOA 3 1,1
Em relação à freqüência a estas unidadesfreqüentam 226 88,9
não freqüentam 27 10,7
Não informaram 1 0,4
Freqüenta qual unidadePosto de Três Poços /FOA 106 41,7
Posto vila Rica 145 57,1
Não informaram 3 1,2
Utiliza para que problema
tratamento de hipertensão 81 31,8
consultas clinicas e exames laboratoriais 45 17,7
consultas de pediatria 22 8,6
preventivo e ginecologia 19 7,5
solicitar encaminhamento a especialistas 13 5,1
vacinação 12 4,8
Outros motivos 62 24,5
total 254 100,0
48
O agendamento é visto como ruim por 56 entrevistados, enquanto apenas 9 o referem
como bom.
VARIÁVEIS BOM NO PSF ( N=243)freq
RUIM NO PSF (N=440)freq
Atendimento em geral 113 176
Atendimento médico 04 121
Profissionais 16 03
Dispensação de medicação 14 15
Visita domiciliar 12 06
Não tem nada a dizer 46 49
Agendamento 09 56
Não conhecem o programa por isto nãosabem informar.
29 14
VARIÁVEIS POR QUE É BOM POR QUE É RUIM
Atendimento em Geral Assistem à saúde, dão atenção, fazem reuniões,esclarecem dúvidas; sorteiam o Kit bebê,informam se a vacina está atrasada, e elo entre aSMS e a população, previnem doenças,facilidade para atendimento, possui dentista
Demora nas consultas erealização de exames,encaminhamentos, agendamento;Precisam buscar atendimento emoutro lugar; Não tem atendimentoquando precisam; Não resolvemproblemas simples. O horário deatendimento não atende ànecessidade da comunidade
Atendimento médico O médico atende em casa, consultas rápidas,tem médico,
Porque tem que agendar, não tempediatra, clínico e ginecologista, égeneralista, troca constante deprofissionais, sempre encaminha,não examina, não conhece acomunidade,
Profissionais São atenciosos e educados, tratam bem A enfermeira não pode receitar,faltam com respeito à população;Não resolvem problemas simples;O agente não deveria ser moradordo bairro, privilegiam os amigos.Falta dentista
Dispensação de Medicação Recebem medicação; facilita a vida das pessoas. Nem sempre tem remédio,interrompendo o tratamento.
Agendamento Tem garantido o atendimento, Demora no agendamento, quandoconseguem a consulta, jábuscaram atendimento em outrolugar, ou melhoraram.
Visita domiciliar Entregam o encaminhamento em casa, avisamdata de consulta informam se a vacina estáatrasada
Não fazem visita domiciliar; sãoirregulares.
Quadro 1- Aspectos positivos e negativos do Programa Saúde da Família, do bairro Vila Rica-Volta Redonda,segundo entrevistado principal, 2007
49
Os itens profissionais e visita domiciliar foram os únicos que tiveram mais apreciação
positiva do que negativa, embora, no geral, tenham tido poucas menções. A dispensação de
medicação teve apreciação equilibrada.
Nas justificativas para a satisfação com o PSF encontraram-se 108 citações, estando
entre as dez mais citadas as relacionadas à atenção dos funcionários e o acolhimento na
unidade, seguido das relacionadas à assistência à saúde. Satisfação com dispensação de
medicamentos, atendimento domiciliar, facilitar a vida das pessoas, esclarecimento de
dúvidas, agendamento, atividades educativas. Prevenção de doenças também foi citada.
O maior grau de insatisfação foi encontrado em relação ao atendimento, justificado pela
demora no agendamento, atendimento em geral, demora no encaminhamento, demora no
atendimento, falta de atendimento odontológico, não consegue ser atendido na hora que
precisa, falta de visita domiciliares e profissionais pouco capacitados. Queixaram-se ainda da
falta de medicamento, demora na marcação e entrega de exames, de não haver atendimento à
noite, funcionários serem moradores do bairro, estrutura física do posto inadequada e de
outros itens relacionados ao processo de trabalho: não realizar curativos em casa, não tirar
ponto cirúrgico, o pré-natal e o exame ginecológico serem realizados por enfermeira,
funcionários permanecerem sem ocupação na unidade, limitações do sistema de saúde e falta
de comunicação.
Dentro das críticas ao atendimento ressalta-se o atendimento médico. Destas a maior
queixa se refere à não existência de pediatra e ginecologista, seguida do fato da equipe só ter
um médico. Muitos se queixaram de falta de médico e a troca constante destes profissionais.
As outras queixas foram relativas ao fato do profissional não realizar visita domiciliar, não
examinar adequadamente os pacientes, não atender durante toda a semana, encaminhar para
outros profissionais como, por exemplo, o pré-natal, não terem acesso ao médico quando tem
dúvidas e queixas da falta de especialistas na unidade.
50
Em relação a ultima vez que se consultou na unidade de saúde ou a procurou por
alguma razão (quadro 02), observa-se que a maioria dos entrevistados disse ter sido bem
atendido na unidade quando procurou atendimento pela última vez 86,2%, e terem tido seu
problema resolvido, 76,4% dos entrevistados. O não atendimento a sua demanda foi relatada
por 11% dos entrevistados e não resolução de seu problema por 20,1% dos entrevistados.
VARIÁVEIS Freq (N=254) %
Foi bem atendido na UBS
Sim 219 86,2
Não 28 11,0
Não informado 07 2,8
Resolveu seu problema
Sim 194 76,4
Não 51 20,7
Não informado 09 3,5
Quadro 02- Satisfação com o atendimento e resolução de problema no último comparecimento aunidade de saúde segundo o entrevistado principal, Vila Rica, Volta Redonda, 2007.
Em relação às visitas domiciliares (Quadro 03) foi obtido um percentual de 55,9% para
o não recebimento de visitas e 43,3% para a resposta afirmativa, 0,8% da população não
respondeu à pergunta. Sobre quem visita, 63,7% afirmaram ser visitado pelo agentes
comunitários de saúde, 29,1% não souberam informar quem é a pessoa que o visita. A visita
realizada pelo médico teve 2,7 % dos registros e do enfermeiro 4,5 %; nota-se que não foi
mencionada a visita realizada pelo auxiliar de enfermagem, o que pode estar enviesado pelo
fato da população não diferenciar o auxiliar de enfermagem do enfermeiro.
À pergunta sobre o motivo pelo qual não é visitado, realizada às 142 pessoas que
afirmaram não receber visita, obteve-se o seguinte resultado: 56,3 % não sabem a razão ou
não informaram. O segundo maior percentual encontrado, 13,4% disseram que os
funcionários do posto só vêm à sua casa para entrega de encaminhamentos, avisar da
marcação de consultas e entregar resultados de exames. 8,5% disseram que acham que é
porque não tem necessidade. Outros 8,5 % afirmaram que os funcionários só visitam se a
51
pessoa precisar, estiver doente e for solicitada a visita. Disseram que trabalham o dia inteiro
3.5% e por isto as visitas não ocorrem. Afirmaram morar há pouco tempo no bairro ou não ter
sido cadastrado no posto 2,8% e outros 4,2% afirmaram que não existe regularidade na visita
e que os profissionais não tem interesse em realizá-las. Dos entrevistados 1,4% disseram que
os funcionários só passam por eles na rua e perguntam se está tudo bem. 0,7 % dos
entrevistados afirmaram não querer ser visitado e 0,7% não ter agente em sua área.
VARIÁVEIS Freq %
Alguém da Equipe de Saúde daFamília visita sua casa
SimNãoNão informaramtotal de respondentes
110142 02254
43,355,9 0,8
100,0
Quem visita sua casa
MédicoEnfermeiroAgente de saúdeNão soube informartotal de respondentes
03057032
110
2,74,5
63,729,1
100,0
Quando recebeu a última visita
1 mês2 meses3 a 5 mesesmais de 6 mesesnão informadototal de respondentes
4913172605
110
44,611,815,523,6
4,5100,0
Por que não visitam
Só visitam se a pessoa precisar, quem estiver doente e sefor solicitado 12Só vem para entregar encaminhamentos, avisar data deconsulta e entregar o resultado de exame 19Não tem necessidade 12Trabalha o dia inteiro 05Falta de interesse Não tem regularidade na visita 06Mora a pouco tempo no bairro,não é cadastrado 04Perguntam se está tudo bem Só conversam na rua 02Não informaram 80Não quer ser visitado 01Não tem agente na área 01total de respondentes 142
8,5
13,48,53,54,2
2,8 1,4
56,3 0,7 0,7
100,0
Quadro 03- Visita Domiciliar pela Equipe do Programa Saúde da Família, conforme entrevistadoprincipal, Vila Rica, Volta Redonda, 2007.
52
Sobre a última utilização da unidade de saúde (quadro 4) 61,3 % dos entrevistados a
utilizaram nos últimos 2 meses, seguidos de 13,8% que compareceram à unidade num período
de 3 a 6 meses. Há mais de 6 meses é o tempo utilizado por 8,7 % dos usuários. Não
lembram do último comparecimento ao posto ou não informaram quando ocorreu o último
atendimento 11,4% dos entrevistados.
VARIÁVEIS Freq %
Tempo decorrido após a últimautilização da unidade de saúde
Menos de 1 mês1 a 2 meses3 a 4 meses5 a 6 meses6 meses a 1 anomais de 1 anonão lembram / não informaram
25131
2965
1741
9,851,511,4
2,42,06,7
16,2
Motivo que levou a utilização daunidade de saúde
Consultas diversasControle de hipertensãoExames laboratoriaisSolicitar encaminhamentoMarcar consultasVacinar /fazer teste do pezinhobuscar medicaçãoretirar pontos / fazer curativoatividade educativa não lembra / não informado
135291213
81308060129
53,111,4
4,75,23,15,23,12,40,4
11,4
Receberam atendimento no mesmodia em que procuraram o serviço.
SimNãoNão informaram
19353
8
76,020,9
3,1
TOTAL 254 100,0
Quadro 4- Última utilização da unidade de saúde pelo entrevistado pirncipal, Vila Rica, VoltaRedonda, 2007
Em relação ao motivo do comparecimento à unidade 53,1% dos entrevistados
procuraram por consultas clínicas, de pediatria, ginecológicas, pré-natal, entre outras.
Referiram-se ao controle da hipertensão 11,4%, sem, no entanto, afirmar se foram à
consulta médica ou receberam outro tipo de atendimento, 4,7% foram realizar ou buscar
resultados de exames laboratoriais. Solicitar encaminhamento a especialista foi o motivo de
5,2% dos entrevistados. Marcar consulta, vacinar, realizar teste do pezinho, buscar medicação,
retirada de ponto, participar de atividade educativa, motivaram outros 14,2% dos usuários do
53
posto. Afirmaram não lembrar ou não informaram o motivo do último comparecimento á
unidade 11,4% dos entrevistados.
Quanto ao atendimento, 76,0% dos entrevistados, disseram que foram atendidos no
mesmo dia em que procuraram o serviço de saúde, 20,9 % não foram atendidos e 3,1% não
informaram. Vale considerar que consultas de rotina, exames preventivos, controle de
hipertensão, exame pré-natal, são atividades que costumam ser agendadas e outras atividades
como coleta de exames, teste do pezinho e algumas vacinas também terem dias marcados para
sua realização.
A seguir inicia-se a análise dos grupos, desagregados por faixa etária.
5. ASPECTOS DE SAÚDE E UTILIZAÇÃO DOS SERVIÇOS EM CRIANÇAS ATÉ 12
ANOS
Entre os menores de 01 ano (tabela 03) que totalizam 68 crianças no bairro, foram
entrevistadas os responsáveis por 23 delas, o que corresponde a 33,8% das crianças nesta
faixa etária. A divisão por sexo foi registrada como 52% do sexo masculino, 48% do sexo
feminino. Todas as crianças estão com as vacinas em dia. Questionados sobre a amamentação
74% das crianças são amamentadas (17 crianças) e destas 47%, com idade variando de
algumas semanas a 4 meses, encontram-se em amamentação exclusiva.
Registra-se que na faixa de 0 a 6 meses existem 12 crianças, portanto o índice de
aleitamento exclusivo até 6 meses de idade encontrado neste grupo é de 66,6%. Entre as
crianças as 6 crianças não amamentadas no momento da entrevista 66,7% tiveram a
amamentação interrompida precocemente até os dois meses de idade. No grupo avaliado não
foram encontradas crianças com deficiência.
54
Tab. 03- Distribuição das crianças menores de 01 ano segundo variáveis referentes a sexo, idade, estado imunológicoe amamentação, Vila Rica, Volta Redonda, 2007.
Variáveis freq %
Idade em meses 0 a 1 mês1 a 3 meses4 a 6 meses7 a 9 meses9 a 12 meses
0107040209
4,330,417,38,7
39,2
SexoMasculinoFemininoTotal
121123
52,048,0
100,0
ImunizaçãoVacinas em dia? Sim 23
100,0
AmamentaçãoAmamentação Exclusiva?SimNão
0809
47,053,0
É amamentada? SimNão
1706
74,026,0
Amamentada até que mês?1 semana1 mês2 meses5 meses9 meses
0101020101
16,716,733,316,716,7
Caracterizando as crianças de 1 a 4 anos (tabela 04) observou-se que das 219 crianças
do bairro que encontram-se nesta faixa etária, foram entrevistados os responsáveis por 49
(22,3%). Nesta faixa, apenas 10% das crianças tem acesso à creche. Todas estão com as
vacinas em dia. Neste grupo foram encontradas duas crianças com deficiência, uma visual e a
outra não informada. (4,1% das crianças de 1 a quatro anos).
Tabela 4 – Distribuição das crianças de 1 a 4 anos segundo sexo, freqüência à creche, condição de deficiência, VilaRica, Volta Redonda, 2007.
Variáveis freq %
Sexo MasculinoFeminino
3118
63,336,7
Freqüenta creche? SimNão
1039
20,479,6
Portadora de deficiência? SimNão
0247
4,195,9
Qual deficiência? Visualnão informada
0101
50,050,0
55
Tabela 5 – Distribuição das crianças de 05 a 09 anos segundo sexo escolaridade e condição de deficiência, Vila Rica,Volta Redonda, 2007
Variáveis freq %
Sexo Masculino Feminino
4936
57,742,3
Grau de instrução Sem escolaridade Pré-escola 1ª a 4ª série
132349
15,227,157,7
Freqüenta escola? Sim Não Não informado
780502
91,7 5,9 2,4
Portadora de Deficiência Sim Não Não informado
057901
5,992,9
1,2
Na faixa etária de 05 a 09 anos (tabela 05) encontrou-se 86 crianças, 91,7% delas
freqüentam escola, sendo 27,1% a pré-escola e 57,6 % 1ª a 4ª série do ensino fundamental.
Destas crianças cinco possuem deficiência, relacionadas como Síndrome Neurológica, (01)
mental e auditiva (01) e atraso mental (03), 98,8% das crianças estão com as vacinas em dia.
Tabela 6 – Distribuição das crianças de 9 a 12 anos segundo sexo, escolaridade e condição de deficiência,Vila Rica, Volta Redonda, 2007.
Variáveis freq %
Sexo MasculinoFeminino
3727
58,141,9
Grau de instrução sem escolaridade1ª a 4ª séries5ª a 8ª sériesNão informado
02313001
3,148,446,9
1,6
Freqüenta escola? SimNão
6301
98,41,6
Portador dedeficiência
SimNão
0262
3,196,9
Qual deficiência Déficit de aprendizagemNeurológica
0101
50,050,0
Dentre as crianças de 9 a 12 anos (tabela 06), encontramos 64 crianças. Destas, 58,1 %
são do sexo masculino, 3,1% não tem escolaridade, por serem portadores de deficiência
relacionada a déficit de aprendizagem e deficiência neurológica. Das crianças nesta faixa
etária 48,4% cursam da 1ª a 4ª série do ensino fundamental, enquanto 49,6% estão na 5ª a 8ª
série. Apenas 1% não teve a informação registrada.
56
A seguir apresenta-se no gráfico 01 a análise da utilização dos serviços de saúde pelas
crianças na faixa etária de 0 a 12 anos. Percebe-se que o índice de vacinação na faixa etária de
0 a 4 anos encontra-se em 100%, caindo para 92,2% na faixa de 5 a 9 anos e 90,6% na faixa
de 9 a 12 anos. A falta da vacina foi justificada pelos informantes como esquecimento ou
desconhecimento do fato.
Em relação ao agendamento de consultas que é preconizado com maior regularidade
para a faixa etária de 0 a 1 ano percebe-se que apenas 39% destas crianças estão com
consultas agendadas. Os que não tem agendamento alegaram não gostar do atendimento da
unidade de saúde, terem esquecido de agendar, perda da consulta anterior, utilizarem a
unidade de Três Poços ou a da FOA. Referiram-se também ao agendamento para o ano de
2007 estar fechado, o que pode estar relacionada ao fato de, no mês do estudo, a enfermeira
estar de férias, tendo sido suspensas o agendamento das consultas de puericultura. Observa-se
também que o percentual de consultas agendadas cai nas faixas etárias de 1 a 4 para 26,5%,
na faixa de 5 a 9 anos para 9,4%, na faixa de 9 a 12 anos o percentual eleva-se para 10,7%.
Como motivo para o não agendamento de consultas para estas crianças obtiveram-se como
justificativas dadas pelos entrevistados o fato do posto não possuir pediatra, demora para
agendar as consultas quando solicitadas, e o não agendamento das crianças nestas faixas
etárias pela unidade de saúde.
A utilização de outros serviços de saúde é referida para 74,0% das crianças na faixa de 0
a 1 ano, 83,7% na faixa de 1 a 4 anos, 77,7% na faixa de 5 a 9 anos e 59,3% na faixa de 9 a
12 anos. Os informantes alegaram não conseguirem atendimento no posto, acharem os outros
serviços de saúde melhores, ausência de pediatra na unidade de saúde, conseguirem
atendimento mais rápido em outros serviços.
57
Gráfico 1- Utilização de serviços de saúde por crianças de 0 a 12 anos, bairro Vila Rica,Volta Redonda, 2007.
Sobre os outros serviços de saúde procurados registram-se o maior percentual para
os serviços de urgência, relativos a 29% na faixa etária de 0 a 1 ano, 49% na faixa de 1 a 4
anos, 50,6% na faixa etária de 5 a 9 anos e 27,8% na faixa de 9 a 12 anos.
5.2 ASPECTOS DE SAÚDE E UTILIZAÇÃO DOS SERVIÇOS EM JOVENS ENTRE 13 E
18 ANOS
Apresenta-se a seguir a caracterização do jovem de 13 a 18 anos (tabela 07). Foi
observado que entre estes o nível de escolaridade encontra-se entre a 5ª e 8 série do ensino
fundamental para 52,7%, 29,1% possuem o 2º grau incompleto, 7,5% o 2º grau completo e
outros 7,5% cursaram apenas da 1ª a 4ª série do ensino fundamental.
Atualmente 75.3% freqüentam escola e 8,6% trabalham tendo profissões não
qualificadas relacionadas á prestação de serviços, possuindo baixa remuneração.
58
0-1 01 a 04 05 a 09 09 a 120,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
100,00%
Vacinas
Consulta agendadaProcura outro serviçoServ. proc: emergência
Tabela 07 – Distribuição dos jovens 13 a 18 anos segundo posição na família, sexo, escolaridade, ocupaçãoe renda, Vila Rica, Volta Redonda, 2007.
Variáveis N %
Posição na família Filho Filha Esposa Outros
46400106
49,543,0
1,16,4
Sexo Masculino Feminino
4944
52,747,3
Grau de instrução 1ª a 4ª série 5ª a 8ª série 2º grau incompleto 2º grau completo Não informaram
0749270703
7,552,729,1
7,53,2
Freqüenta escola? Sim Não Não informaram
701607
75,317,2
7,5
Ocupação Serviços administrativos Serviços domésticos Venda e prestação de serviços/ comércio Trabalho em serviços de embelezamento
01020901
1,02,19,71,0
Renda 1 a 2 salários mínimos 2 a 3 salários mínimos Não informaram Sem renda
02030880
2,13,2
8,586,2
Total 93 100,0
A utilização dos serviços de saúde por estes jovens é apresentada na tabela 08.
Verifica-se que 71,0% dos jovens afirmaram não possuir problemas de saúde.
Disseram freqüentar outras unidades de saúde, 57,0%. Registra-se que isto ocorre por
problemas diversos, mas chama a atenção como itens mais citados a hipertensão arterial,
(15,3%), rinite e sinusite (11.4%).
A hipertensão arterial é referida por quatro jovens entre 16 e 17 anos, sendo 3
mulheres e um homem, havendo uma que refere associação com nefropatia. Configura-se uma
prevalência de 4,0% da hipertensão arterial neste grupo, sobressaindo-se como motivo de
procura pelos serviços de saúde.
Nos três meses anteriores a esta pesquisa 26,9% dos jovens utilizaram um serviço de
saúde e 43,0% dos jovens não utilizam o serviço há mais de um ano.
59
Tabela 08 – Distribuição dos jovens de 13 a 18 anos de acordo com variáveis relativas à utilização dosserviços, Vila Rica, Volta Redonda, 2007
Variáveis freq %
Utilização de Serviços deSaúde
Tem problema de saúdeSim Não Não informado
266601
27,971,0
1,1
qual problema?HA Rinite / sinusite Anemia Visual Neurológico outros problemas Não informaram
04030202021102
15,411,57,77,77,7
42,37,7
Quando consultou a ultima vez?1 mês 2 a 3 meses 4 a 6 meses 6 meses a 1 ano Mais de 1 ano Não lembra Não freqüenta o posto Não informaram
1015041111290805
10,816,14,3
11,811,831,28,65,4
Porquê consultou?Consultas Problema Respiratório / alergiaSolicitar exames Problema de estômago suspeita de fratura dermatológicos Controle de H.A Outros problemas Não lembra / Não informou
070803030202023630
7,68,63,23,22,12,12,1
38,8 32,3
Procura que outros Serviços de Saúde?Serviços Especializados Urgência/ Hospitais Outra UBS Plano de saúde / convenio FOA Não informado Consultório particular Não procuram
0732030504160224
7,534,43,25,44,3
17,22,2
25,8
Procura por que?Atendimento de urgência Porque é mais rápido /resolvem o problemaTem atendimento especializado Tem plano de saúde / convênio não conseguem atendimento no posto não informaram / outros motivos
150706050526
21,817,3 8,7 7,2 7,237,8
Total 93 100,0
60
Em relação ao motivo para a última consulta são relacionados problemas diversos aparecendo
como principal citação as consultas clínicas sem especificação (7,6%), seguida pelos
problemas respiratórios e alergias (4,3%).
Sobre quais outros serviços de saúde procuram 25,8% disseram não procurar,
enquanto 34,4% procuram hospitais ou serviços de urgência e 7,5% os serviços
especializados, motivados pelo fato de atenderem a casos de urgência (21,8%), serem
atendidos mais rapidamente (10,1%), terem atendimento especializado (8,7%), seguidos de
outras motivações.
As informações referentes à atividade reprodutiva estão enviesadas pelo fato de muitos
questionários terem sido respondidos pelo responsável e não diretamente pelo adolescente,
mas ressalta-se o fato de três das jovens serem mães e sua posição na família é de filha ou
enteada.
5. ASPECTOS DE SAÚDE E UTILIZAÇÃO DOS SERVIÇOS EM HOMENS ACIMA DE19 ANOS
Quanto à caracterização dos homens participantes da pesquisa (tabela 09), pode-se
afirmar que a falta de escolaridade é mais presente na faixa etária acima de 60 anos, com
19,5%. Registra-se também que a escolaridade mais expressiva em todas as faixas etárias
corresponde ao ensino fundamental (até a 8ª série do 1º grau). Entre os homens a ocupação é
compatível com a escolaridade apresentada encontrando-se como mais expressivas as
ocupações em serviços de comércio, lojas e mercado, seguidas por trabalhadores em estrutura
de alvenaria, e serviços de administração, conservação, manutenção de edifícios e
logradouros. É relevante o número de desempregados registrados na faixa de 19 a 40 anos, em
comparação com as outras faixas.
61
Quanto a portar deficiência, o maior índice é encontrado na faixa acima de 40 anos, com
predominância da deficiência física entre as referidas.
Tabela 9: Distribuição dos homens acima dos 19 anos segundo escolaridade, ocupação, condição dedeficiência, renda e faixa etária Vila Rica, Volta Redonda, 2007.
Variáveis Faixa Etária
19 a 39anos
(n = 131)
% 40 a 59 anos
(n = 92)
% Acima de 60anos
(n = 41)%
Grau de instruçãoSem escol.Até 8ªsérie2º grau incompleto 2º grau completosuperior incompletosuperior completonão informado
02781624040205
1,559,612,218,33,11,53,8
04680412
--
04
4,374,0
4,313,1
--
4,3
08290101
--
02
19,570,8
2,42,4
--
4,9
Ocupação Serv. ComercioServ. Est. de alvenariaServ. ManutençãoDesempregadooutras ocupações / aposentado
2116151762
16,012,211,513,052,7
0612200549
6,513,121,7
5,453,3
030104
-133
2,20,72,8
-94,3
Possui deficiênciaSimNãonão informaram
06119
06
4,690,84,6
107804
10,984,8
4,3
033206
7,378,114,6
Qual deficiênciaFísicaFalaVisualMental
04--
02
80,0--
20,0
07010101
70,010,010,010,0
03---
100,0
---
Renda 1a 2 sal 55,7 1 a 3 sal 57
61,9 1 a 2 sal 24 58,5
Em relação à utilização dos serviços de saúde (tabela 10), entre os homens das diversas
faixas etárias, observa-se que o maior percentual de consultas agendadas encontra-se na faixa
acima de 60 anos com 45,8%. Nesta faixa também se encontram os que mais referiram
possuir doenças 53,7 %. Entre as doenças citadas, a principal é a hipertensão arterial citada
62
pelos entrevistados nas 03 faixas etárias, chamando a atenção o percentual de 30,0%, para os
adultos entre 19 e 39 anos. O Diabetes e os problemas de coluna são citados como causas de
adoecimento nas faixas acima de 40 anos e a epilepsia como uma causa importante na faixa
de 19 a 39 anos.
Tabela 10-Distribuição dos homens acima de 19 anos segundo variáveis referentes à utilização dos serviçosde acordo com a faixa etária, Vila Rica, Volta Redonda, 2007.
Variáveis
Faixa Etária
19 a 39 anos (n = 131)
Freq
%
40 a 59 anos (n = 92)
Freq %
Acima de 60 (n = 41)
Freq %
Consulta. Agend. Sim 04 3,0 Sim 12 13,0 Sim 11 45,8
Possui doença Sim 30 22,9 Sim 48 52,2 Sim 22 53,7
Qual doença H.A. 09Gástrica 03Epilepsia 03
30,010,010,0
H.A 28Diabetes 08Coluna 08
42,512,112,1
H.A 19Coluna 04Diabetes 03
86,318,113,6
Freqüenta outrosserviços
Sim 62 47.3 Sim 46 50,0 Sim 19 46,3
Qual freqüenta urg/hosp 33plano/conv 16UBS/FOA 07Serv. Espec.03não inform. 03
53,325,911,24,84,8
urg/hosp 25plano/conv 04UBS/FOA 09Serv. Espec 08
54,48,7
19,617,3
urg/hosp 06Serv. Espec 07UBS/FOA 06
31,636,831,6
Freqüenta outrosserviços por que
Tem plano 13posto nãoatende 09só atendeagendados 07
20,9
14,6
11,3
Nec. Especialista 10atend. Rápido 06não é atendido no posto 05
20,012,0
10,0
É mais rápido 07neces.Espec. 06É urgenc. 03
36,831,615,8
Participa Ativ.Educ Não 124 94,6 Não 80 87,0 Não 31 75,6
Porque não participa Não inf. 96Não seinteressa 11
72,2
8,3
Não inf. 55Não foi convidado 06
73,38,0
Não inf. 22
Não gosta 05
71,0
16,1
Fez exame de próstata - - Sim 25 27,2 Sim 13 31,7
Sobre a utilização de outros serviços de saúde, nas três faixas encontra-se um
percentual alto (acima de 45%). Entre os serviços mais utilizados encontram-se os serviços de
urgência procurados por mais de 53% dos homens entre 19 e 59 anos. Seguidos
63
posteriormente por serviços ligados a planos de saúde, convênios ou serviços particulares e
outras unidades de saúde. Quanto aos motivos para a procura de outros serviços registram-se
a dificuldade em conseguir atendimento no posto de saúde do bairro, ter necessidade de
acompanhamento com especialistas e estes serviços serem mais rápidos.
É relevante a não participação em atividades educativas pelos homens das diversas
faixas etárias, citados por mais de 75% na faixa acima de 60 anos e por 94,6% entre os que
possuem entre 19 e 39 anos. Entre os motivos para a não participação, foram apontados: não
freqüência ao posto, falta de tempo, trabalho e não sentir necessidade de participação, sendo
relevante o fato de não saberem informar o porque da não participação mais de 70% dos
homens em todas as faixas etárias.
5.4 ASPECTOS DE SAÚDE E UTILIZAÇÃO DOS SERVIÇOS EM MULHERES
Analisando o grupo mulheres, foram encontradas no decorrer da pesquisa 05
gestantes (quadro 05). Pode-se afirmar que todas têm escolaridade entre a 5ª e 8ª séries do
ensino fundamental, atualmente não estudam. Duas são adolescentes (16 e 18 anos), as outras
tem idade entre 24 e 29 anos. Não exercem ocupação fora do lar, nem possuem renda própria,
duas encontravam-se no primeiro trimestre da gravidez e três no terceiro trimestre. Todas
informaram que a gravidez foi desejada.
Das cindo gestantes, 01 não havia iniciado o pré-natal. Somente uma delas faz o pré-
natal na unidade de saúde do Vila Rica., três fazem na Policlínica da Mulher. As quatro
gestantes iniciaram o pré-natal no primeiro trimestre gestacional. Duas gestantes informaram
ter consulta agendada para o mês da entrevista. Uma havia realizado o pré-natal no mês
anterior e duas não estavam agendadas. Uma delas porque ainda não confirmou a gravidez
com exames laboratoriais a outra não informou a razão.
64
Duas gestantes foram vacinadas contra rubéola e duas não. E uma outra não soube
informar. As que não foram vacinadas não souberam informar o porquê. Em relação à vacina
antitetânica, três afirmaram ter recebido a vacina. Uma gestante não foi vacinada e a outra não
informou.
Variáveis Resultado (nº absoluto)
Variáveis Resultado (nº absoluto)
Características Posição nafamília
Mãe 01Enteada 01Companheira 01Mulher 02
Idade15 a 19 anos 02
20 a 29 anos 03
Grau deinstrução
5ª a 8ª séries 05 Ocupação Do lar 05
FreqüentamEscola
Não 05 Renda Sem rendimentos 05
SituaçãoGestacional
Idade gestacional 1º trimestre 023º trimestre 03
Gravidezdesejada
Sim 05
Faz Pré-natal Sim 04Não 01
Posto Vila RicaPoliclínica da
Mulher
01
03
Tem consultaagendada
Sim 03Não 02
Consulta nãoagendada por
que?
Gravidez não confirmada porExames 01Não informado 01
Vacinas Rubéola Sim 02Não 02Não informado 01 AntitetânicaSim 03Não 01Não informado 01
AtividadesEducativas
Participam Sim 02 Regularmente Sim 01 Não 01
Não 03 Por que nãoparticipam
Não tem interesse 02Não iniciou pré-natal 01
Recebemorientação sobre
o parto
Sim 03Não 02
Quem orienta Médico 02Enfermeira 01
Orientação sobreamamentação
Sim 02Não 03
Quem orienta Enfermeira 01não informado 01
Quadro 5 -Caracterização das Gestantes do bairro Vila Rica, Volta Redonda, 2007.
65
Quanto à participação em atividades educativas para a gestante na unidade de saúde,
02 afirmaram participar das mesmas. Uma delas regularmente e a outra não. Três gestantes
negaram participação neste tipo de atividade.
Alegando motivos para não participação, citaram a falta de interesse em participar e a
outra porque ainda não começou o pré-natal. Sobre as orientações sobre o parto 03 afirmaram
recebê-las, duas do profissional médico e outra da enfermeira. Uma não informou de quem
recebe orientação.
Em relação á amamentação duas são orientadas a respeito e três não. Das que recebem
orientação uma afirmou recebê-la da enfermeira e a outra não disse de quem recebe. Das três
que não recebem orientação duas disseram que ainda é muito cedo para isto e uma não iniciou
o pré-natal.
Em relação às mulheres com idade entre 19 e 59 anos e acima de 60 anos cuja
caracterização é apresentada na tabela 11, foi observado que entre as primeiras, 5,8% não tem
escolaridade, 28% possuem até a 4ª série do ensino fundamental, 30,7% estudaram da 5ª a 8ª
série, 10,5% possuem o 2º grau incompleto e 17,9% o 2º grau completo, 4,3% cursaram o
nível superior, porém somente 0,4% o completou. Das respondentes, 2,8% não tiveram seu
grau de instrução identificado. Entre as mulheres acima de 60 anos predomina a falta de
escolaridade apontada em 42,3% das entrevistadas, seguidas pelas 35,5% que estudaram da 1ª
a 4ª série. Apenas 11,1% destas mulheres possuem o ensino fundamental completo.
Quanto à ocupação, 49,4% das mulheres entre 19 e 59 anos não exercem atividades fora do
lar. Entre as principais ocupações encontram-se 15,9% das mulheres trabalhando em serviço
de comércio, lojas e mercados, 15,2% atuando em serviços de administração, conservação,
manutenção de edifícios e logradouros.
66
Tabela 11- Distribuição das mulheres acima de 19 anos segundo escolaridade, ocupação, condição dedeficiência, renda e faixa etária, Vila Rica, Volta Redonda, 2007.
Variáveis 19 a 59 anos (n= 257)
Freq %
Acima de 60 anos(n=45)
Freq %
Grau de instruçãoSem escol.1ª a 4ª série5ª a 8ª série2º grau incompleto2º grau completosuperior incompletosuperior completonão informado
1572792746100107
5,8 28,0
30,710,517,9 3,9 0,4 2,8
19160601
---
03
42,235,613,3
2,2---
6,7
Ocupação Serv. ComercioServ. ManutençãoAtiv. do larAposentadas / pensionistasOutras ocupações
4139
1270545
15,915,249,4 1,917,6
0202152303
4,44,4
33,451,1
6,7
Possui deficiênciaSimNãonão informaram
10246
01
3,995,70,4
083601
17,880,0
2,2
Qual deficiênciaFísicaFalaVisualMentalnão informada
0402
-0301
40,020,0
-30,010,0
05-
02-
01
62,5%-
25,0%-
12,5%
Renda 1 a 2 sal. 75 57,7% 1 a 2 sal. 18 40,4%
Entre as que possuem mais de 60 anos predominam as aposentadas e pensionistas com
51,1% das citações, seguidas das que não exercem atividades fora do lar. Encontra-se um
percentual pequeno (4,4%), de mulheres que trabalham, persistindo as mesmas ocupações
citadas para o outro grupo de mulheres, ou seja, o serviço no comércio e em serviços de
manutenção. Em outras ocupações encontram-se 6,7%.
Em relação à renda, 57,7% das entrevistadas afirmaram ser de 01 a 02 salários
mínimos, na faixa entre 19 e 59 anos e 40,4% para as que possuem mais de 60 anos.
67
Perguntado às mulheres acima de 19 anos, se portam alguma deficiência, 3,9%
informaram que sim, e entre estas 30% possuem deficiência mental, 40% a física e 20% a
visual. Não informaram qual deficiência portam 10,0% das entrevistadas.
Na faixa acima de 60 anos 17,8% afirmaram portar deficiência, predominando a física,
62,5%, seguida de visual 25%. Não informaram tipo de deficiência 12.5% das entrevistadas.
Sobre a utilização dos serviços de saúde (tabela 12) 26,8% das mulheres que possuem
entre 19 e 59 anos, afirmaram ter realizado uma consulta no mês de realização desta
entrevista, 19,1% nos cinco meses anteriores a ela e 14,4% no período de seis meses a um
ano antes desta pesquisa, 20,3% realizaram uma consulta a mais de 01 ano e não lembram ou
não informaram quando fizeram sua última consulta 19,4% das respondentes.
Entre as mulheres acima de 60 anos foram encontradas 40,0% que realizaram consulta no
mês da entrevista e outras 40,0 % se consultaram no período de 2 a 5 meses anteriores a esta
pesquisa. Com atendimento médico há mais de 01 ano foram encontradas 2,2% das mulheres
nesta faixa etária, enquanto 17,8% não lembram ou não informaram o período de seu último
atendimento. Quanto a agendamento de consultas, 75,5% das mulheres na faixa de 19 a 59
anos informaram não ter consulta agendada, enquanto 22,9% afirmaram possuí-la. Destas
mulheres 61,0% tinham consulta agendada para o mês de realização desta pesquisa, 32,2%
tinham consulta agendada par o mês posterior e 6,8% para dois meses após.
Na faixa acima de 60 anos 28,9% possuíam consultas agendadas enquanto 42,2%
disseram não ter. Não responderam ou não informaram 28,9% das mulheres nesta faixa.
Em relação aos motivos para não terem consultas agendadas, 42,3% das mulheres
inseridas na primeira faixa, disseram que não tem necessidade, 9,8% afirmaram que a agenda
para o ano de 2007 ainda não estava aberta, 12,9% citaram que o posto é ruim e por isto não
conseguem atendimento, por possuir plano de saúde 3,6%, por outros motivos 5,1%. No que
se refere à dificuldade em marcação de consulta para o mês de janeiro, repete-se o que já foi
68
Tabela 12 – Distribuição das mulheres segundo variáveis referentes à utilização da unidade de saúde, VilaRica, Volta Redonda, 2007.
Variáveis 19a 59 anosFreq %
Mais de 60 anos Freq %
Data da últimaconsulta
No mês da entrevista De 2 a 5 meses 6 meses a 1 ano mais de 1 ano não lembra /não informado
6949375250
26,819,114,420,319,4
1818-
0108
40,040,0
- 2,217,8
Motivo da últimaconsulta
Não informado Consulta clínica agendada Controle de HA Consulta ginecológica Fazer pré-natal Consulta especializada outros motivos Solicitar encaminhamento Fazer exames laboratoriais
523721451409150707
25,117,910,121,86,83,57,23,8 3,8
091014---
12--
20,022,231,1
---
26,7--
Tem consultaagendada?
Sim Não Não informado
59 194
4
22,975,51.6
131913
28,942,228,9
Para quando? Mês da entrevista Próximo mês2 meses após a entrevista
361904
61,032,2 6,8
030604
23,146,130,8
Porque não temconsulta agendada?
Não tem agenda aberta para 2007Porque no hospital é mais rápidoEstá aguardando resultados de examesnão é atendido, posto ruim Demora para agendarEsqueceu de agendarNão tem necessidadeNão informadoTem plano de saúdeAguardando especialistafalta médico médico visita
19020325010282510702--
9,81,01,612,90,51,042,326,3 3,6 1,0
--
04-
01--
01-
11--
0101
21,0-
5,3--
5,3-
57,8--
5,35,3
Mulher portadora dealguma doença?
Sim Não Não informado
9216203
35,863,5
0,7
300213
66,64,4
29,0
Qual doença? Anemia Problema cardíaco Coluna Diabetes Hipertensão outros
060807114812
6,68,67,6
12,052,213,0
-0405032126
-6,78,55,1
35,644,1
Recebe medicação naunidade?
Sim Não Não informado
77171 09
29,966,5
3,6
220815
48,917,833,3
Recebe medicaçãocom qual
regularidade?
Com regularidade Sem regularidade Não recebe Não informado
42090125
54,511,7 1,2
32,6
1304
05
59,118,2
-22,7
69
assinalado quanto à puericultura: sendo o mês de férias da enfermeira, aparentemente,
algumas atividades estavam suspensas. Das respondentes, 26,3% não souberam informar o
porque de não estarem agendadas para consulta.
Entre as mulheres na faixa acima de 60 anos que não possuíam consultas agendadas
encontraram-se 21,0 % que apresentaram como justificativa a agenda para o ano de 2007
ainda não esta aberta, estar aguardando resultado de exame 5,3%, estar aguardando marcação
para especialista 5,3%, achar o atendimento do posto ruim 5,3,%, possuir plano de saúde
5,3%, e ter esquecido de agendar 57,8% das respondentes a esta pergunta.
Quanto a possuir alguma doença, 36,1% das mulheres acima de 19 anos responderam
afirmativamente referindo-se à hipertensão (52,2%), seguidas respectivamente de diabetes
(12,0%), problema cardíaco (8,6%), problema de coluna (7,6%) anemia (6,6%) e outras (13,0
%). Dentre as que referem alguma doença, 29,9% disseram receber o medicamento que
necessita na unidade de saúde, enquanto 66,5% negaram o recebimento. Das que recebem a
medicação na unidade de saúde 54,5 % informou recebê-la com regularidade e 11,7% sem
regularidade. Informaram não receber medicação do serviço de saúde 1,2% das mulheres
nesta faixa, enquanto 32,6% não informaram a respeito.
Entre as mulheres acima de 60 anos, 66,6% afirmaram estar doente. Enquanto 4,4%
negaram qualquer problema de saúde e 29,0% não responderem à questão. Citando os
problemas de saúde que as acometem aparece a hipertensão (35,6%), seguida problema de
coluna (8,5%) problema cardíaco ( 6,7%), diabetes (5,1%) e outros (44,1 %). Ressalta-se que
algumas entrevistadas citaram mais de um problema de saúde. Das entrevistadas 48,9%
disseram receber o medicamento que necessita na unidade de saúde, enquanto 17,8% negaram
o recebimento, e 33,3 % não informaram. Das que recebem a medicação na unidade de saúde
59,1% informou recebê-la com regularidade e 18,2 % sem regularidade. Sem informar
encontramos 22,7% das respondentes.
70
Na tabela 13 observa-se que 60,3% afirmaram freqüentar outros serviços de saúde,
enquanto 38,1% negaram. Não informaram se freqüentam ou não outros serviços, 1,6% das
entrevistadas. Sobre que serviços freqüentam, o maior percentual encontrado foi relativo ao
serviço de urgência (37,4%), seguido dos centros de Especialidades (32,9%) e de outras
unidades básicas de saúde (29,7%).
Quanto aos motivos para a procura destes serviços, o maior percentual encontrado foi
para a realização de consulta ginecológica (27,7%), seguidas de consultas clínicas e situações
de emergência. (18,1%). Outros tipos de consultas foram citados por 18,6% das entrevistadas,
enquanto 14,1% não responderam a indagação.
Tabela 13 – Distribuição das mulheres de acordo com variáveis referentes à utilização de outros serviços, Vila Rica,Volta Redonda, 2007.
VARIÁVEIS Freq %
Freqüenta outros serviços desaúde?
Sim Não Não informado
1559804
60,338,11,6
Qual freqüenta? Outra UBS Centro especializado Serviço de urgência/ hospital
465158
29,732,937,4
Freqüenta estes serviços paraquê?
Emergência Consulta odontológica Consulta ginecológica Consulta clinica Consulta de HA / diabetes Consulta especializada Consulta pediátrica Não informaram
2803433308120622
18,12,1
27,721,35,17,73,9
14,1
Freqüenta outros serviçosporque?
Atendimento / marcação de consultas mais rápido Tem plano de saúde Foi encaminhado Consulta é feita pelo médico Costume Emergência Necessita de tratamento especializado
73241511060917
47,015,59,77,13,95,8
11,0
Ao serem inquiridas sobre por que procuram estes serviços, 47,0% disseram que o
atendimento e marcação de consultas mais rápidas (47,0%) necessitar de especialista (11,0%),
possuir plano de saúde ou convênio (15,5%), ter sido encaminhada pelo posto (9,7%), a
71
consulta ser realizada por médico (7,1%), para situações de emergência (5,8%) e por estar
acostumada (3,9%).
Na tabela 14 é apresentada a participação em atividades educativas e a atitudes em
relação à prevenção do câncer. Das mulheres pesquisadas 69,6% informaram ter vida sexual
ativa e 81,7% tem filhos. Destas 88,6% fizeram pré-natal e 9,7 % das mulheres informaram
participação em atividades de planejamento familiar, 82,9% negaram participação e 7,4% não
informaram.
Sobre a contracepção, 39,7% das mulheres utilizam algum método contraceptivo, sendo
a maioria deles a pílula (50%), seguido da laqueadura (24,5%), preservativo (9,8%), DIU
(4,9%), vasectomia (2,0%), 7,8% não informaram o método que utilizam.
Quanto à realização de exames de prevenção ao câncer de colo de útero 79,4%
afirmaram realizá-lo, 19,8% não se submetem ao exame e 0,8% não informou. Para o exame
preventivo do câncer de mama obteve-se resposta positiva (74,7%) e negativa (23,4%). Em
relação à data do último exame preventivo 62,3% das mulheres entrevistadas o realizaram no
último ano, 25,0% o fizeram a mais de dois anos, 7,3 % a mais de 03 anos. Não informaram a
data 5,4% das mulheres.
Quanto à participação em atividades educativas apenas 15,2% disseram participar ou
terem participado em algum momento, citando grupo de hipertensos (25,6%) grupo de
gestantes (12,8%), grupo de mulheres (10,3%), palestras e planejamento familiar (15,4%)
respectivamente.
Quanto à regularidade da freqüência, 51,3% não informaram e 23,1% disseram que não
tem regularidade. As outras informações obtidas foram: no período do pré-natal (2,6%),
quando marcam (17,9%), quando é realizada no momento da consulta (5,1%).
72
Tabela 14- Distribuição das mulheres acima de 19 anos segundo variáveis referentes à sexualidade e participação ematividades educativas, Vila Rica, Volta Redonda, 2007.
Variáveis Freq %
Tem vida sexual ativa? Sim Não Não informado
179 59 19
69,623,07,4
Tem filhos? Sim Não Não informado
210 43 04
81,716,71,6
Fez pré-natal Sim Não
186 24
88,611,4
Fez planejamento familiar? Sim Não Não informado
25213 19
9,782,97,4
Usa método contraceptivo Sim Não Não informado
102138 17
39,753,76,6
Qual usa? Pílula Diu Vasectomia Laqueadura Anticoncepcional injetável Preservativo Não informado
51 05 02 25 01 10 08
50,04,92,0
24,51,09,87,8
Fez preventivo de útero? Sim Não Não informado
204 51 02
79,419,80,8
Fez preventivo da mama? Sim Não Não informado
192 60 05
74,723,41,9
Data do ultimo preventivo 2006/2007 2005 2004 Mais de 3 anos Não informaram
127 37
14 15
11
62,318,2 6,8 7,3
5,4
Participa de atividade educativa? Sim Não Não informado
39213 05
15,282,91,9
Qual atividade? Controle de peso Grupo de gestantes Grupo de mulheres Grupo de hipertensos Adolescentes Palestras Planejamento familiar Não informaram
03 05 04 10 01 06 06 04
7,712,810,325,62,5
15,415,410,3
Freqüenta com qual regularidade? Sem regularidade No período do pré-natal Sempre quando marca Quando é feita no horário da consulta Não informaram
09 01 07 02 20
23,12,6
17,95,1
51,3
73
Tabela 15-Distribuição das mulheres acima de 60 anos segundo variáveis referentes à participação em atividadespara 3ª idade, Vila Rica, Volta Redonda, 2007.
Variáveis nº %
Participa de atividadespara a 3ª idade?
Sim Não Não informado
103302
22,273,3
4,5
Qual atividade? Caminhada Hidroginástica Ginástica
010108
10,010,080,0
Não freqüenta porque? Dificuldade de locomoção Não tem tempo Precisa cuidar de outros familiares É acamada Não quis participar Não informado Mora longe Orientação médica
0503040214030101
15,19,1
12,16,1
42,59,13,03,0
Em relação à freqüência em atividades para a terceira idade 22,2% das entrevistadas
afirmaram participar, 73,3% negaram participação e 4,5% não informaram. As que participam
citaram a ginástica (80,0%), hidroginástica (1,0%) e caminhada (1,0%) como atividades
praticadas. Como justificativa para a não participação citam não quererem participar 42,5%,
dificuldade de locomoção 15,15%, necessidade de cuidar de familiares (12,1%), não ter
tempo (9,1%), ser acamada (6,1%), outros motivos (6,0%) e não informaram 9,1%.
74
6 DISCUSSÃO
A Estratégia Saúde da Família tal como concebido pelo Ministério da Saúde (1994)
deve constituir–se como estratégia de reorganização do sistema de saúde devendo priorizar
ações de proteção e promoção da saúde de indivíduos sadios ou doentes de forma integral e
contínua, reforçando o vínculo com a comunidade, devendo se constituir como porta de
entrada ao sistema de saúde, com profissionais capazes de assistir aos problemas de saúde
mais comuns atuando no nível individual e coletivo, desenvolvendo ações em conjunto com a
comunidade.
Em relação à unidade de saúde estudada esta orientação precisa ser objeto de reflexão,
pois foi percebido logo no contato inicial com a unidade, quando do momento da seleção das
famílias a serem entrevistadas, a falta de atualização dos dados cadastrais, o que ficou claro
nos problemas vivenciados durante a realização do trabalho de campo. Entre estes problemas
podemos citar: famílias que já não moravam no bairro ainda com prontuários abertos, famílias
novas, residindo há mais de três meses no bairro sem cadastro no posto, pessoas falecidas
fazendo parte do cadastro, mudança na composição das famílias não registradas, novos
nascimentos não incluídos, datas de nascimento desatualizadas, número das casas não
existentes na rua. Estes fatos refletiram neste estudo visto a necessidade de substituição de 83
famílias que constitui 27,6% da amostra selecionada.
O fato acima citado remete à discussão do processo de trabalho da equipe, visto que a
mesma tem por prerrogativa o conhecimento da realidade das famílias sob sua
responsabilidade. O cadastro sendo uma atribuição da equipe deve ser mantido atualizado.
Para tal tarefa a equipe possui um membro que deve atuar como elo com a comunidade,
através do contato direto em seu domicílio que é o Agente Comunitário de Saúde.
Segundo o Ministério da Saúde (1994 ) entre as atribuições do agente comunitário
ressalta-se a realização de mapeamento da micro-área, cadastramento destas famílias e sua
75
atualização permanente, propiciando a identificação de indivíduos e famílias expostas a
situações de risco.
O Desenvolvimento de ações de educação e vigilância à saúde, com ênfase na
promoção da saúde e na prevenção de doenças, também dada como tarefa primordial deste
profissional, nesta unidade não são identificadas pela comunidade visto a referência à visita
domiciliar como o momento da entrega de encaminhamentos, aviso da data de uma consulta,
ou ainda entrega do resultado de exames, fato que é reforçado pelo registro da não
regularidade das visitas. Percebe-se também um desconhecimento da população deste aspecto
do trabalho da equipe visto ser desconhecida a obrigatoriedade do agente percorrer a área
sobre sua responsabilidade persistentemente, por deter a tarefa da vigilância à saúde.
Na análise dos dados ficou demonstrado que a maioria dos entrevistados não recebem
visita domiciliar o que é muito significativo, pois é norma do programa que as famílias sejam
visitadas uma vez a cada mês.
Quanto às visitas pelos outros profissionais de saúde acredita-se que ela ocorra dentro
da necessidade apresentada pela população, visto a referência de pessoas acamadas ou
impossibilitadas de comparecer á unidade, à visita médica em seu domicílio. Segundo
FRANCO e MERHY (2003) as visitas não devem ser realizadas compulsoriamente, sem
indicação e motivações claras.
Quanto à caracterização destas famílias percebe-se pelas respostas relativas à sua
composição que em torno de 90% das famílias apresentam uma composição nuclear o que
pode facilitar o trabalho da equipe pela possibilidade da abordagem do indivíduo através do
entendimento de sua dinâmica familiar.
Os integrantes do núcleo familiar tem nível de escolaridade baixo, que reflete na
característica das ocupações que não exigem qualificação e por isto tem baixa remuneração.
76
A acessibilidade aos serviços, segundo CARMEM UNGLERT (1987) está vinculada
ás condições sociais e econômicas da população, devendo ser avaliada em seus aspectos
geográficos, funcionais, culturais e econômicos. A unidade analisada é bem localizada dentro
do bairro, percebe-se que a maioria da população gasta pouco tempo para sair de sua casa e
chegar ao serviço, de saúde, porém a acessibilidade organizacional demonstra problemas visto
a queixa relativa à organização do trabalho da equipe, presente em todas as faixas etárias
analisadas que informam a insatisfação com o processo de agendamento e a procura pelas
unidades de saúde próximas ao bairro no caso a UBS Três Poços e a Unidade de Saúde da
Faculdade de Medicina da Fundação Oswaldo Aranha que são freqüentadas pela população.
Conforme UNGLERT (1987) a área de abrangência de uma unidade de saúde
compreende a área de responsabilidade do serviço e deve ser definida segundo critérios de
acessibilidade geográfica e fluxo da população. Deve-se então discutir se esta comunidade
incorpora o conceito de área de abrangência de serviços, presente na estratégia saúde da
família, que prevê a responsabilização pela população em um dado território. Observa-se que
a população procura por outras unidades para resolver problemas que poderiam ser resolvidos
no próprio bairro, que dispenderia de menos tempo e recursos. Discute-se também se a
unidade enquanto serviço tem condição de acolher e atender a todas as necessidades sentidas
pela população, pois cabe aos serviços de atenção primária, conforme STARFIELD (2002)
oferecer à comunidade a entrada no sistema de saúde e a atenção continuada a todos os
problemas e situações excetuando-se as incomuns ou raras. Por isto é prerrogativa da
Estratégia Saúde da Família a substituição das práticas convencionais por uma prática voltada
para a vigilância à saúde, visando o atendimento integral à população assegurando o trânsito
em todos os níveis do sistema de saúde dos quais a população necessita.
Em relação a este fato, ressalta-se que o atendimento é o item que apresenta maior
queixa entre os usuários entrevistados e com um registro quase unânime de insatisfação com o
77
atendimento médico, visto a população não aceitar o médico generalista e apresentar como
queixa, a falta do médico das especialidades básicas, ou seja, do ginecologista, do clínico e do
pediatra, que é motivo para a procura de outros serviços de saúde. Os entrevistados justificam
os aspectos que consideram ruins, pelo não atendimento das funções básicas dos serviços de
atenção primária à saúde, como os especificados, por exemplo, pela SOCIEDADE
EUROPÉIA DE MEDICINA FAMILIAR-WONCA (2002 ) que entre outros aspectos afirma
que a atenção primária deve ser o primeiro ponto de contato médico com o sistema de saúde,
garantindo acesso aos serviços, e resolvendo problemas de saúde, independentemente da
idade, sexo, ou qualquer outra característica da pessoa em questão; ser responsável pela
prestação de cuidados continuados, estabelecendo com o usuário uma relação ao longo do
tempo, através de uma comunicação médico-paciente efetiva além de lidar com os problemas
de saúde em todas as suas dimensões física, psicológica, social, cultural e existencial. O não
cumprimento destes aspectos é evidenciado na queixa de vários usuários quanto à troca
constante de profissionais, especificamente os médicos, que não criam vínculo com a
comunidade e não prestam o atendimento às questões básicas, muitas vezes encaminhando o
paciente, o que gera um descrédito no serviço.
Uma outra questão relativa à organização do trabalho diz respeito ao agendamento, que
é visto pelos órgãos oficiais como um diferencial no atendimento pela Estratégia Saúde da
Família, porém, do ponto de vista da comunidade é um problema, pela forma como é
desenvolvido, não propiciando um atendimento rápido à demanda espontânea, gerando a
procura por outros serviços de saúde especialmente os serviços de urgência de hospitais e
centros intermediários em saúde, citados pela maioria dos entrevistados como alternativa à
dificuldade encontrada para conseguir atendimento rápido na unidade de saúde, no momento
em que dela necessita. Conforme FRANCO e MERHY (2003) este é um erro estratégico do
programa que acaba por reforçar a organização de serviços com características mais próximas
78
do modelo hegemônico, porque estes respondem às necessidades mais imediatas da
população.
Quanto à utilização de outros serviços de saúde pelos usuários das faixas etárias
analisadas, observaram-se três principais problemas que a motivam:
O primeiro está relacionado à percepção do usuário quanto a
resolubilidade do atendimento prestado pelo posto de saúde, retratado
nas afirmações de que “não conseguem atendimento”, “o posto só
atende agendados”, “o atendimento em outros serviços é mais rápido”,
“o posto não tem pediatra e ginecologia”, o que foi apontado pelos
respondentes que tem filhos e pelas mulheres;
O segundo está relacionado à percepção do próprio médico de
família quanto à sua responsabilidade clínica, e é referida como o
encaminhamento da unidade a outros serviços, quando o profissional
não se sente habilitado a resolver um caso agudo de pediatria, por
exemplo.
O terceiro está relacionado às situações de urgência ou emergência.
Também é apontado, especialmente pelos homens, o não
funcionamento da unidade de saúde à noite e nos finais de semana, o
que reforça o não envolvimento do programa com eventos e
intercorrências fora do atendimento programático.
Segundo FRANCO e MERHY (2003) a Estratégia Saúde da Família pressupõe a idéia
de vinculo e adscrição de clientela, devendo se constituir como porta de entrada no sistema de
saúde, porém por atuar com ações programáticas não priorizam a demanda espontânea e o
atendimento ás urgências, que não se constitui como ponto forte e é importante na visão do
79
usuário que demonstra baixa credibilidade no serviço, buscando assim outros serviços como
os de urgência e pronto atendimento para a resolução de seus problemas.
Avaliando a informação dos entrevistados sobre as atividades de prevenção e
promoção da saúde, supõe-se que as mesmas são realizadas esporadicamente, e não trazem
impacto diante da população. Ressalta-se que segundo o MINISTÉRIO DA SAÚDE (2000)
cabe à equipe desenvolver processos educativos através de grupos voltados à recuperação da
auto estima, troca de experiências, apoio mútuo e melhoria do auto cuidado além de em
contato com indivíduos sadios ou doentes promover a saúde através da educação sanitária.
De acordo com este estudo, conclui-se que a população que utiliza esta unidade de
saúde não demonstra adesão a alguns princípios colocados pelo programa, como adscrição da
clientela, responsabilização e vínculo; não reconhece a unidade de saúde como porta de
entrada para o sistema de saúde, visto a utilização de outros serviços de acordo com suas
necessidades pessoais.
80
7 CONCLUSÃO
Este estudo, longe de esgotar todas as possibilidades de análise, face o vasto material
produzido, demonstra que o processo e organização do trabalho desenvolvido por esta equipe
necessita ser revisto e reformulado.
A utilização dos serviços de saúde pela população é influenciada pelos aspectos
relativos a rapidez no atendimento, resolução do problema que a aflige no momento da
necessidade sentida, não importando com o perfil assistencial do serviço de saúde que
procura, nem com os princípios organizacionais colocados para os serviços de saúde. No
entanto, a população demonstra reconhecer e aderir a algumas ações como, por exemplo, a
vacinação e o controle de hipertensão no sentido da assistência medicamentosa.
A adoção de hábitos saudáveis e mudanças comportamentais não são aparentes,
demonstrando que a lógica de diagnóstico precoce voltada para os aspectos de prevenção e
promoção da saúde não são incorporados pela população e nem estimulados pela equipe de
trabalho visto que as atividades relacionadas a estes aspectos não aparecem como ponto forte
em nenhum momento da pesquisa, e é reforçada também pela inexistência das ações de
vigilância à saúde demonstrada pelas criticas à atuação dos agentes comunitários de saúde,
pela ausência de atividades educativas sistemáticas que estimulariam a adoção do auto
cuidado pela população.
Cabe á luz das observações realizadas a intensificação das ações de supervisão à
equipe, não no sentido punitivo, mas no sentido da educação permanente em serviço que
propicie a reestruração da assistência.
Por fim registra-se que este estudo deve ser objeto de aprofundamento pelos serviços
de saúde que visem à implementação do Programa Saúde da Família para de fato garantir uma
assistência com qualidade e que atenda às necessidades da população.
81
REFERÊNCIAS
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BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.
BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde Dentro de Casa. Programa Saúde da Família.Brasília. Fundação Nacional de Saúde, 1994.
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86
ANEXOS
87
Anexo A
Universidade Federal do Rio de JaneiroCentro de Ciências da Saúde
Núcleo de Estudos de Saúde ColetivaMestrado em Saúde ColetivaÁrea de Concentração Políticas e Planejamento em Saúde
Rio de Janeiro, 06 de junho de 2006.
Ilma. Sra.
Vimos através deste, solicitar autorização para realização de pesquisa de campo da mestranda Vera
Regina do Carmo Mendonça.
A pesquisa que tem como título provisório “Avaliação de um modelo: 10 anos de PSF em Volta
Redonda" pretende avaliar o os fatores que influenciam a utilização dos serviços pelos usuários de áreas
assistidas pelo Programa Saúde da Família e identificar os padrões de utilização destes serviços pela população.
A mestranda pretende avaliar duas unidades que possuem 10 anos de implantação do programa: PSF
Vila Rica (Três Poços), escolhida aleatoriamente entre as 05 unidades implantadas inicialmente no município.
Pretende-se que a pesquisa de campo seja realizada, tão logo obtenha-se a aprovação pelo conselho de
Ética e Pesquisa que analisa o projeto, em data a ser informada posteriormente.
A pesquisa será coordenada pela mestranda e contará com a participação de alunos do Curso de
Enfermagem do Centro Universitário de Barra Mansa, recrutados como pesquisadores.
A mestranda compromete-se a repassar os resultados da pesquisa a esta instituição, visando colaborar
para o aprimoramento do serviço, e informa que os dados coletados serão utilizados exclusivamente para fins
acadêmicos.
Aguardando seu pronunciamento, despedimo-nos.
Vera Regina do Carmo Mendonça
mestranda - pesquisadora
Ivani Bursztyn
professora orientadora
88
Anexo B
Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências da Saúde
Núcleo de Estudos de Saúde Coletiva Mestrado em Saúde Coletiva Área de Concentração Políticas e Planejamento em Saúde
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Título do Projeto: Avaliação de um Modelo: 10 Anos de PSF em Volta RedondaPesquisador Responsável: Vera Regina do Carmo MendonçaInstituição a que pertence o Pesquisador Responsável: Universidade Federal do Rio de JaneiroTelefones para contato: (24) 334666-92, (24) 92114562
Nome do voluntário:______________________________________________________________________________ Idade: _____________ anos R.G. __________________________
Responsável legal (quando for o caso):_______________________________________________________________R.G. Responsável legal: _________________________
O Sr. (ª) está sendo convidado(a) a participar como voluntário do projeto de pesquisa "Avaliaçãode um Modelo -10 anos de PSF em Volta Redonda" de responsabilidade do pesquisador Vera Reginado Carmo Mendonça, que tem por objetivo conhecer e avaliar como a população utiliza os serviços desaúde e como a população participa do Programa Saúde da Família. Este estudo será realizado pormeio de entrevistas, realizadas por acadêmicos do Curso de Enfermagem, do Centro Universitário deBarra Mansa, sob a supervisão da pesquisadora. As respostas do questionário serão anotadas peloentrevistador, o questionário será identificado pelo número do prontuário da família registrado naunidade de saúde, será resguardado o sigilo e as informações relatadas serão usadas somente para finsacadêmicos. Suas dúvidas poderão ser esclarecidas pelos entrevistadores bem como com apesquisadora do projeto. Espera-se com este projeto contribuir para melhorar o atendimento prestado apopulação deste bairro, bem como a população de Volta Redonda, pela Secretaria Municipal de Saúde,que receberá o relatório final desta pesquisa. Informamos também que a Associação de Moradoresdeste bairro e o Conselho Gestor de Saúde serão informados do resultado deste trabalho.
Eu, __________________________________________, RG nº _____________________ declaro tersido informado e concordo em participar, como voluntário, do projeto de pesquisa acima descrito.
Volta Redonda, _____ de ____________ de _______
.................................................................. .................................................... assinatura do entrevistado assinatura do entrevistador
89
Anexo C
Universidade Federal do Rio de JaneiroCentro de Ciências da SaúdeNúcleo de Estudos de Saúde ColetivaMestrado em Saúde ColetivaÁrea de Concentração: Políticas e Planejamento emSaúde
PESQUISA - AVALIAÇÃO DE UM MODELO: 10 ANOS DE PSF EM VOLTA REDONDA Unidade de Saúde:................................................................ Nº do questionário:.............................................. Horário de Funcionamento da Unidade:............................... Nome do Entrevistador:........................................................ Nome do supervisor:............................................. Nº da visita:.................. Data....../........../.............. Horário:..................................................................
I - IDENTIFICAÇÃO:
Nº PRONTUÁRIO.................................................
DATA DE NASCIMENTO ......../........./............... ESTADO CIVIL:...................................... SEXO:................
PROFISSÃO: ........................................................ OCUPAÇÃO: .......................................................................
ESCOLARIDADE:
( ) Sem Escolaridade ( ) 1ª a 4ª série do ensino fundamental
( ) 5ª a 8ª série do ensino fundamental ( ) 2º grau incompleto.
( ) 2º grau completo. ( ) Superior incompleto ( ) Superior completo.
RENDA FAMILIAR:
( ) menos de um salário mínimo ( ) 1 a 2 salários mínimos
( ) 2 a 3 salários mínimos ( ) 3 a 4 salários mínimos ( ) 4 a 5 salários mínimos
( ) 5 a 6 salários mínimos ( ) mais de 6 salários mínimos
2- COMPOSIÇÃO FAMILIAR:
posição nafamília
sexo grau deinstrução
data denascimento
ocupação horário detrabalho
renda
90
3- DESENVOLVIMENTO:
1- TEMPO DE RESIDÊNCIA NO BAIRRO: ( ) 01 a 3 meses ( ) 03 a 6meses ( ) 07 meses a 11 meses ( ) 01 ano ( ) 02 anos ( ) 03 anos ( ) 04 anos ( ) 05 anos ( ). mais de 05 anos .....................
2- QUE UNIDADES DE SAÚDE TEM EM SEU BAIRRO?
...................................................................................................................................................................................
3- VOCÊ FREQUENTA ESTA(S) UNIDADE(S) DE SAÚDE?
( ) sim ( ) não Qual (is)?..............................................................................................................................
Para que tipo de problema?.......................................................................................................................................
...................................................................................................................................................................................
4- NOS ÚLTIMOS QUINZE DIAS ALGUÉM DA CASA PROCUROU OUTRO SERVIÇO DE SAÚDE?
( ) sim ( ) não
quem? ............................................. qual serviço? ..............................................................................................
por quê?....................................................................................................................................................................
...................................................................................................................................................................................
5- O QUE TEM DE BOM NO PROGRAMA SAÚDE DA FAMILIA?
..............................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................
por quê?.....................................................................................................................................................................
..............................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................
6- O QUE TEM DE RUIM NO PROGRAMA SAÚDE DA FAMILIA?
..............................................................................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................................
por quê?.....................................................................................................................................................................
..............................................................................................................................................................................................
.......................................................................................................................................................................
7-NA ÚLTIMA VEZ EM QUE SE CONSULTOU, OU UTILIZOU A UNIDADE DE SAÚDE, A EQUIPE DA
UNIDADE
o atendeu bem ( ) Sim ( ) Não
resolveu seu problema ( )Sim ( ) Não
91
8- QUAL O TEMPO GASTO PARA IR DE SUA CASA ATÉ A UNIDADE DE SAÚDE?
( ) até 10 minutos ( ) de 10 a 15 minutos
( ) de 15 a 20 minutos ( ) de 20 a 25 minutos
( ) 25 a 30 minutos ( ) mais de 30 minutos
9- QUAL O MEIO DE LOCOMOÇÃO QUE VOCÊ USA PARA CHEGAR Á UNIDADE DE SAÚDE?
( ) á pé ( ) bicicleta
( ) ônibus ( ) carro ( ) outros....................................................................
10 - ALGUÉM DA EQUIPE DA UNIDADE DE SAÚDE VISITA SUA CASA?
( ) sim, Quem?.......................................................................................................................................................
( ) não Por quê?....................................................................................................................................................
11- QUANDO RECEBEU A ÚLTIMA VISITA?..................................................................................................
12- QUANDO USOU PELA ÚLTIMA VEZ A UNIDADE DE SAÚDE?.............................................................
...................................................................................................................................................................................
13-- QUAL FOI O MOTIVO?.................................................................................................................................
...................................................................................................................................................................................
14- FOI ATENDIDO NO MESMO DIA EM QUE PROCUROU O SERVIÇO?
( ) sim ( ) não Por quê? ......................................................................................................................
...................................................................................................................................................................................
do dia em que procurou o serviço ao dia do atendimento quantos dias passaram?...................................................
15- EM SEU ÚLTIMO ATENDIMENTO QUE PROFISSIONAL O (A) ATENDEU?........................................
...................................................................................................................................................................................
16- O QUE VOCE ACHOU DESTE ATENDIMENTO?
..............................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................
por que?.................................................................................................................................................................
...................................................................................................................................................................................
92
GRUPOS PRIORITÁRIOS: CRIANÇAS
MENOR DE 01 ANO:
01- AS VACINAS DA CRIANÇA ESTÃO EM DIA? (solicitar o cartão e verificar)
( ) sim ( ) não, por quê? ...............................................................................................................................
02- A CRIANÇA TEVE ALGUMA INTERNAÇÃO?
( ) sim por quê?.................................................................................................................................................
( ) não
03- A CRIANÇA É AMAMENTADA?
( ) sim, aleitamento exclusivo? ( )sim ( ) não
( ) não, foi amamentada até que mês?.............................................................................................................
04- DATA DA ÚLTIMACONSULTA: .................................................................................................................
05 - TEM CONSULTA AGENDADA? ( ) Sim, para quando? ...........................................................................
( ) não, por que? .............................................................................................................................................
06- É PORTADORA DE DEFICIENCIA? ( ) sim qual?.................................................................... ( ) não
07 -AO APRESENTAR ALGUM PROBLEMA DE SAÚDE COMO É TRATADA?
...................................................................................................................................................................................
...................................................................................................................................................................................
08- ALÉM DO PSF, QUE OUTROS SERVIÇOS DE SAÚDE VOCÊ COSTUMA PROCURAR?
..................................................................................................................................................................................
por quê?.....................................................................................................................................................................
01 A 4 ANOS
01- AS VACINAS DA CRIANÇA ESTÃO EM DIA? (solicitar o cartão e verificar)
( ) sim
( ) não por quê? ....................................................................................................................................................
02- FREQUENTA CRECHE? ( ) sim ( ) não
03- DATA DA ÚLTIMA CONSULTA: .................................................................................................................
04 - TEM CONSULTA AGENDADA? ( ) sim, para quando? ............................................................................
( ) não, por que? .............................................................................................................................................
05-- É PORTADORA DE DEFICIENCIA? ( ) sim ( ) não, qual?....................................................................
06- ALÉM DO PSF, QUE OUTROS SERVIÇOS DE SAÚDE VOCÊ COSTUMA PROCURAR?
.................................................................................................................................................................................
por quê?.....................................................................................................................................................................
....................................................................................................................................................................................
93
5 A 9 ANOS
01- ESTA ESTUDANDO? ( ) sim ( ) não QUAL SÉRIE?..............................................................................
02- AS VACINAS DA CRIANÇA ESTÃO EM DIA? (solicitar o cartão e verificar)
( )sim ( )não ( ) por que? .........................................................................................................................
03- DATA DA ÚLTIMA CONSULTA: ..............................................................................................................
04 - TEM CONSULTA AGENDADA?
( ) sim, para quando? ...................................................................................................................................
( ) não, por que? ............................................................................................................................................
05- É PORTADORA DE DEFICIENCIA? ( ) sim qual?....................................................................................
( ) não
06- ALÉM DO PSF, QUE OUTROS SERVIÇOS DE SAÚDE VOCÊ COSTUMA PROCURAR?
..................................................................................................................................................................................
por quê?....................................................................................................................................................................
...................................................................................................................................................................................
9 A 12 ANOS
01-ESTA ESTUDANDO? ( ) sim ( ) não QUAL SÉRIE?................................................................................
02- AS VACINAS DA CRIANÇA ESTÃO EM DIA? (solicitar o cartão e verificar)
( )sim ( )não por quê? ..................................................................................................................................
03- - DATA DA ÚLTIMA CONSULTA:
04 - TEM CONSULTA AGENDADA? ( )Sim, para quando? .........................................................................
( ) não, por que? ...........................................................................................................................................
05- É PORTADORA DE DEFICIENCIA? ( ) sim QUAL?................................................................................
( ) não
06- ALÉM DO PSF, QUE OUTROS SERVIÇOS DE SAÚDE VOCÊ COSTUMA PROCURAR?
...............................................................................................................................................................................
por quê?....................................................................................................................................................................
...................................................................................................................................................................................
94
GRUPOS PRIORITÁRIOS: ADOLESCENTES
JOVENS 13 A 18 ANOS
01- TEM PROBLEMAS DE SAÚDE?
( ) sim Qual? ..................................................................................................................................................
( ) não
02- QUANDO FOI ATENDIDO PELA ÚLTIMA VEZ NA UNIDADE DE SAÚDE?
...................................................................................................................................................................................
por que?....................................................................................................................................................................
...................................................................................................................................................................................
03- TEM VIDA SEXUAL ATIVA? ( ) sim ( ) não
04- TEM FILHOS?
( ) sim quantos? ..................................................................................................................................................
( ) não
05- FEZ PRÉ-NATAL?
( ) sim onde? .......................................................................................................................................................
( ) não
06- PARTICIPA DE ATIVIDADES DE PLANEJAMENTO FAMILIAR?
( ) sim ( ) não
07- UTILIZA MÉTODOS CONTRACEPTIVOS?
( ) sim qual? .................................................................... ( ) não
Recebe o método na unidade de saúde? ( ) sim ( ) não
08- POSSUI ALGUM TIPO DE DEFICIÊNCIA?
( ) sim qual? ......................................................................... ( ) não
09- ESTUDA?
( ) sim série .....................................................................................................................................................
( ) não Por quê?..............................................................................................................................................
10- TRABALHA?
( ) sim ocupação? ............................................................................................................................................
( ) não
11- ALÉM DO PSF, QUE OUTROS SERVIÇOS DE SAÚDE VOCÊ COSTUMA PROCURAR?
...................................................................................................................................................................................
por quê?....................................................................................................................................................................
..............................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................
95
GRUPOS PRIORITÁRIOS : MULHERES
MULHER 19 a 59 anos
01- QUANDO SE CONSULTOU PELA ÚLTIMA VEZ? ...................................................................................
Qual foi o motivo? .............................................................................................................................................
............................................................................................................................................................................
02-TEM CONSULTA AGENDADA?
( ) sim, para quando? .......................................................................................................................................
( ) não, por que? ..............................................................................................................................................
03- POSSUI ALGUMA DOENÇA? ( ) sim ( ) não
qual? ...................................................................................................................................................................
04- RECEBE MEDICAÇÃO NA UNIDADE DE SAUDE? ( ) sim ( ) não
com que regularidade? .....................................................................................................................................
05- TEM VIDA SEXUAL ATIVA? ( ) sim ( ) não
06- TEM FILHOS?
( ) sim quantos? ......................... ( ) não
07- FEZ PRÉ-NATAL? ( ) sim ( ) não
ONDE? ...............................................................................................................................................................
08- PARTICIPA DE ATIVIDADES DE PLANEJAMENTO FAMILIAR?
( ) sim ( ) não
09- UTILIZA MÉTODOS CONTRACEPTIVOS? ( ) sim qual? ...........................................
( ) não
10- FAZ EXAMES PREVENTIVOS?
PARA CANCER DE ÚTERO? ( ) sim ( ) não
PARA CANCER DE MAMA? ( ) sim ( ) não
QUAL DATA DO ÚLTIMO PREVENTIVO? ...............................................................................................
EM SUA ÚLTIMA CONSULTA A MAMA FOI EXAMINADA? ( ) sim ( ) não
11- FREQUENTA OUTROS SERVIÇOS DE SAÚDE? ( ) sim ( ) não
qual? ................................................................. para que?.............................................................................
por que? ...........................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................ ...................
12- PARTICIPA DE ALGUMA ATIVIDADE EDUCATIVA NA UNIDADE DE SAÚDE?
( ) sim qual?..................................................................................................................................................
( ) não
com que regularidade?....................................................................................................................
13- É PORTADORA DE DEFICIENCIA? ( ) sim qual?..........................................................................
( ) não
96
MULHER ACIMA DE 60 ANOS
01- FREQUENTA ATIVIDADE PARA A 3ª IDADE?
( ) sim Qual?......................................................................................................... ...................
( ) não Por quê? ........................................................................................................................
02- FAZ EXAMES PREVENTIVOS?
PARA CANCER DE ÚTERO? ( ) sim ( ) não
PARA CANCER DE MAMA? ( ) sim ( ) não
QUAL DATA DO ÚLTIMO PREVENTIVO? .........................................................................
EM SUA ÚLTIMA CONSULTA A MAMA FOI EXAMINADA? ( ) sim ( ) não
03- É PORTADORA DE DEFICIENCIA?
( ) sim, qual?.............................................................................................................
( ) não
97
HOMEM ADULTO: ACIMA DE 19 ANOS
01- QUANDO SE CONSULTOU PELA ÚLTIMA VEZ?.....................................................................................
02- QUANDO SERÁ A PRÓXIMA CONSULTA?................................................................................................
03- POSSUI ALGUMA DOENÇA?
( ) sim qual? .......................................................................................................................................................
( ) não
04- RECEBE MEDICAÇÃO NA UNIDADE DE SAUDE?
( ) sim com que regularidade? .............................................................................................................................
( ) não
05- FREQUENTA OUTROS SERVIÇOS DE SAÚDE?
( ) sim, qual? ................................................. para que?..................................................................................
por que? ..............................................................................................................................................................
.............................................................................................................................................................................
( ) não
06- PARTICIPA DE ALGUMA ATIVIDADE EDUCATIVA NA UNIDADE DE
SAÚDE? ( ) sim qual?...................................................................................................................................
( ) não por quê? ..............................................................................................................................
07- COM QUE REGULARIDADE?........................................................................................................................
08- É PORTADOR DE DEFICIENCIA? ( ) sim qual?......................................................................................
( ) não
PARA OS HOMENS ACIMA DE 40 ANOS:
01-JÁ REALIZOU EXAME DE PROSTATA? ( )sim ( ) não Por quê?.....................................................
...............................................................................................................................................................................
02- JÁ FOI SOLICITADO O PSA? ( ) sim ( ) não
PARA OS HOMENS ACIMA DE 60 ANOS
01-JÁ REALIZOU EXAME DE PROSTATA? ( ) sim ( ) não Por
quê?............................................................................................................................................................................
02- JÁ FOI SOLICITADO O PSA? ( ) sim ( ) não
03- FREQUENTA ATIVIDADE PARA A 3ª IDADE?
( ) sim qual? ......................................................................................................................................................
( ) não porque? ...................................................................................................................................................
98