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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO
PROGRAMA DE MESTRADO E DOUTORADO EM
FISIOTERAPIA
Maryanne Martins Gomes de Carvalho
AVALIAÇÃO DO SINAL ELETROMIOGRÁFICO E DA
FORÇA DE TRONCO E MEMBROS SUPERIORES EM
COLABORADORES DA REDE HOTELEIRA: ESTUDO
OBSERVACIONAL
São Paulo
2014
UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO
PROGRAMA DE MESTRADO E DOUTORADO EM
FISIOTERAPIA
Maryanne Martins Gomes de Carvalho
AVALIAÇÃO DO SINAL ELETROMIOGRÁFICO E DA
FORÇA DE TRONCO E MEMBROS SUPERIORES EM
COLABORADORES DA REDE HOTELEIRA: ESTUDO
OBSERVACIONAL
Dissertação apresentada ao Programa de
Mestrado e Doutorado em Fisioterapia da
Universidade Cidade de São Paulo, como
requisito para obtenção do título de Mestre,
sob orientação do Profº Drº César Ferreira
Amorim e Co-orientação da Profª Drª
Rosimeire Simprini Padula.
São Paulo
2014
Ficha elaborada pela Biblioteca Prof. Lúcio de Souza. UNICID
C331
a
Carvalho, Maryanne Martins Gomes de.
Avaliação do sinal eletromiográfico e da força de
tronco e membros superiores em colaboradores da
rede hoteleira: estudo observacional. / Maryanne
Martins Gomes de Carvalho --- São Paulo, 2014.
42 p.; Anexos
Bibliografia
Dissertação (Mestrado) - Universidade Cidade de
São Paulo. Orientadora Prof. Dr. César Ferreira
Amorim; co-orientadora Profa. Dra. Rosimeire
Simprini Padula.
1. Ergonomia. 2. Eletromiografia. I. Amorim, César
Ferreira, orient. II. Título.
CDD 615
MARYANNE MARTINS GOMES DE CARVALHO
AVALIAÇÃO DO SINAL ELETROMIOGRÁFICO E DA
FORÇA DE TRONCO E MEMBROS SUPERIORES EM
COLABORADORES DA REDE HOTELEIRA: ESTUDO
OBSERVACIONAL
Área de concentração: Avaliação e Prevenção em Fisioterapia
Data da apresentação: 11/06/2014
Resultado: aprovada.
Banca examinadora:
Prof. Dr. César Ferreira Amorim
Universidade Cidade São Paulo – UNICID
____________________________________________
Profa. Dra. Sandra Maria Sbeghen Ferreira de Freitas
Universidade Cidade São Paulo – UNICID
____________________________________________
Prof. Dr. Carlos Alberto Kelencz
Centro Universitário Ítalo Brasileiro
____________________________________________
DEDICATÓRIA
Dedico esse Mestrado ao meu filho Luís
Guilherme Gomes de Carvalho. Dedico também
a todas as camareiras, que gentilmente
aceitaram o convite em participar dessa
pesquisa, ao meu marido, Junior Carvalho, pelo
incentivo e amor; aos meus pais, Marijesus e
Ester; aos meus irmãos Marielle e Djalma; a
minha querida tia Zélia, e ao meu orientador
César Amorim, pela simplicidade e paciência.
Vocês fazem parte da minha vida.
AGRADECIMENTOS
Sou profundamente grata a Deus, pois é nele que encontro força, proteção e luz
para a minha vida. Obrigada por ter me concedido saúde, sabedoria, equilíbrio e
paciência para conduzir meus estudos.
Meu agradecimento ao meu marido Junior Carvalho, que cruzou meu caminho
quando menos esperei e faz os meus dias terem mais brilho. Obrigada por ser meu
amigo, companheiro e por me dar o maior presente que uma mulher pode ganhar nosso
filho Luís Guilherme, companheiro inicial das minhas idas e vindas ao mestrado e fonte
de inspiração para nunca desistir. Vocês representam amor, respeito, admiração e
sempre estarão em destaque, pois vocês são minha fonte de energia.
Ao meu orientador, professor doutor César Ferreira Amorim, meu carinho,
respeito e gratidão. Sei o quanto é difícil receber uma aluna de outro estado, e que além
disso ainda ficou grávida, porém com nosso empenho e sua dedicação fizemos um
excelente trabalho. Obrigada por não desistir e confiar em mim. Sua humildade e
paciência são exemplos que vou guardar.
Aos meus pais, Marijesus e Ester maiores exemplos de simplicidade,
honestidade, amor e determinação para toda nossa família. Obrigada aos meus irmãos,
Djalma, companheiro das alegrias e dificuldades, sempre muito prestativo e a minha
irmã, Marielle e família, como fonte de inspiração pessoal e profissional sempre me
incentivando com as camareiras. Amo vocês, viu Esterzinha!
A minha querida mãe de coração- tia Zélia que sempre lembrou a importância de
um mestrado e doutorado na vida pessoal e profissional, meu carinho e respeito. Não
tenho palavras pra descrever o quanto a amo e respeito. Te amo! Obrigada meu tio
Carvalho, pelo incentivo aos estudos e carinho mesmo que distante. O senhor é um
exemplo de perseverança e dedicação a vida acadêmica.
A minha co-orientadora, professora doutora Rosimeire Simprini Padula, pela
atenção em momentos de desespero, pelos conselhos em seguir com a licença me
trazendo mais equilíbrio. As suas opiniões, críticas e sugestões foram muito importantes
para a conclusão desse trabalho.
Agradeço também a minha família em São Paulo, tia Fátima como ela me chama
(minha filha do coração) que sempre me recebeu com muita alegria e amizade, tornando
os dias que fiquei ausente do meu filho menos dolorosos. Não vou esquecer as nossas
conversas, força e orações! Você marcou minha vida, juntamente com a prima Raquel.
Outra família que Deus me deu foram as amigas Manoela e Cintia que também me
acolheram com todo carinho. Obrigada, com vocês sempre me senti no conforto e
carinho da minha casa.
Muito obrigada, a todas as camareiras que participaram do nosso estudo, pela
paciência, carinho e respeito. A Marielle Gomes e Denise Damásio pela oportunidade
dos locais de coleta. A todos que fazem parte da Deusa do amor-Afrodite e ao do
Garden, em especial a gerente Josy que nos recebeu com muita atenção e coordenou
para que saísse no horário como combinamos. Parabéns pela organização!
Aos colegas de turma, obrigada à todos, em especial as minhas amigas e irmãs
de mestrado Juliana Correa e Núbia Oliveira, além de André Mendes que muito me
ajudaram nas dificuldades das disciplinas durante minha gestação. Ao meu coordenador
do programa de Mestrado e Doutorado em Fisioterapia da Universidade Cidade de São
Paulo professor doutor Leonardo Costa. Obrigada pelos conselhos e esclarecimentos!
Você é um exemplo de profissional, de dedicação e amor ao que se propõe a fazer, um
verdadeiro líder. Aprendi muito com você!
Obrigada às secretárias do Programa de Mestrado e Doutorado em Fisioterapia
da Universidade de São Paulo, Sheyla Alves e Claudia Pereira, sempre muito eficientes
e prestativas. Gostaria de levar vocês para trabalhar comigo!
Muito obrigada a minha amiga e sócia Letícia Evangelista que me ajudou em
toda essa caminhada, me substituindo quando preciso nas empresas, acordando muito
cedo no período da coleta, dentre outras. Seu futuro é brilhante, pois você tem garra.
Não posso esquecer as minhas queridas Antônia Lúcia e Regina que cuidam com
muito carinho do meu filho, me deixando mais tranquila nas viagens ao mestrado.
Eterna gratidão!
Muito obrigada a todos que direto ou indiretamente contribuíram com esse
momento tão importante na minha vida.
SUMÁRIO
RESUMO ..........................................................................................................................i
ABSTRACT.....................................................................................................................ii
1.0 INTRODUÇÃO.........................................................................................................4
2.0 OBJETIVOS............................................................................................................. 7
3.0 MATERIAIS E MÉTODOS.....................................................................................7
3.1Participantes e local do estudo..........................................................................7
3.2Procedimentos.................................................................................................. 8
3.3Análise Estatística...........................................................................................15
4.0 RESULTADOS........................................................................................................17
4.1Perfil das camareiras estudadas......................................................................17
4.2Atividades desempenhadas por uma camareira..............................................20
4.3 Força e sinal eletromiográfico.......................................................................21
5.0 DISCUSSÃO............................................................................................................24
5.1Perfil das camareiras estudadas......................................................................24
5.2 Atividades desempenhadas por uma camareira.............................................26
5.3 Força, eletrogoniometria e eletromiografia de superfície..............................26
5.4 Limitações do estudo.....................................................................................28
6.0 CONCLUSÃO..........................................................................................................28
PUBLICAÇÕES OBTIDAS.........................................................................................29
REFERÊNCIAS.............................................................................................................30
Apêndice I.......................................................................................................................35
Apêndice II.....................................................................................................................36
Apêndice III....................................................................................................................37
Anexo I............................................................................................................................39
Anexo II..........................................................................................................................40
AnexoIII......................................................................................................................... 42
i
Avaliação do sinal eletromiográfico e da força de tronco e membros superiores em
colaboradores da rede hoteleira: Estudo observacional
Assessment the EMG signal and the strength of the trunk and upper limbs in employees
hotel chain: an observational study
Maryanne Martins Gomes de Carvalho1
César Ferreira Amorim1
Rosimeire Simprini Padula1
¹ Programa de Mestrado e Doutorado em Fisioterapia - Universidade Cidade de São
Paulo - UNICID
Autor Correspondente:
César Ferreira Amorim
Rua Cesário Galeno 448/475, CEP 03071-000, Tatuapé, São Paulo/SP, (11) 2178
1565,
Email: [email protected]
ii
RESUMO
Introdução: A taxa de doenças ocupacionais entre trabalhadores da rede hoteleira
excede a média dos trabalhadores do setor de serviços, onde as camareiras encontram-se
em evidência quanto ao seu número de absenteísmo. A fadiga muscular pode
desencadear disfunções musculoesqueléticas de natureza ocupacional, afastando
qualidade de vida de milhões de trabalhadores. Objetivos: Avaliar a força e sinais
elétricos dos músculos eretor da espinha- longuíssimo, trapézio superior e deltóide
médio de camareiras antes e após a jornada de trabalho. Material e Métodos: Foram
avaliadas 22 camareiras através do registro dos sinais elétricos dos músculos eretores da
espinha, trapézio superior e deltoide médio e da força das camareiras através de um
dinamômetro lombar. As voluntárias fizeram força máxima através do transdutor
lombar sincronizados com os sinais eletromiográficos durante 5 segundos. Foram
aplicados 3 questionários, um que analisava dados pessoais, intensidade da dor e região
predominante; outro a escala de Borg no início e final da atividade e por
fim,questionário relacionado ao dia de atividade. Resultados: Apenas 7 colaboradoras
(31,8%) não relataram dor, todas as demais 15 (68,2%) colaboradoras relataram. Destas,
5 (33,3%) possuem mais de um local com dor: parte inferior e superior das costas,
joelho e tornozelo. Escala de Borg indicou grau moderado de esforço no final da
jornada de trabalho. A força e ângulo de flexão de tronco não apresentaram diferenças
estatisticamente significante para p<0,05. A eletromiografia de superfície do deltoide
médio direito antes e após a jornada de trabalho apresentou diferenças estatisticamente
significante normalizado pelo pico na coleta, com valores de RMS 74,80 (43,11 -87,33)
e após a jornada de trabalho 52,55 (28,24 - 78,52), com P valor = 0,009. O mesmo
ocorreu para o músculo deltoide médio esquerdo respectivamente com valores antes
62,32 (57,05-79,20) e após 48,55 (39,41-68,35), p=0,001. O músculo trapézio direito
apresentou diferenças com 110,91 (52,84-150,85) e após 44,21 (23,24-89,61) com
p=0,020. Conclusão: A Eletromiografia de superfície e a dinamometria mostraram ser
uma ferramenta confiável e eficaz no reconhecimento do trabalho muscular, podendo
ser recomendada para avaliar camareiras após treinamento de função.
Palavras-chave: ergonomia; eletromiografia de superfície; dinamometria; camareiras.
3
ABSTRACT
Introduction: The rate of occupational diseases among workers of the hotel chain
exceeds the average worker in the service sector, where the maids are in evidence as to
the number of absenteeism. Muscle fatigue can trigger musculoskeletal disorders of
occupational nature, away from the quality of life of millions of workers. Objectives:
To evaluate the strength and electrical signals from the erector muscles of the spine very
long, upper trapezius and middle deltoid chambermaid before and after the workday.
Material and Methods: We evaluated 22 maids by recording the electrical signals
from the erector muscles of the spine, upper trapezius and middle deltoid and the
strength of the maids through a lumbar dynamometer. The volunteers made maximum
force with lumbar transducer synchronized with electromyographic signals for 5
seconds. 3 questionnaires, one which analyzed personal data, pain intensity and
predominant region were applied; another the Borg scale at the beginning and end of the
activity, and finally, the questionnaire related to the activity day. Results: Only 7
collaborators (31.8%) reported no pain, all the remaining 15 (68.2%) reported
collaborating. Of these, 5 (33.3%) have more than one location in pain: lower and upper
back, knee and ankle. Borg scale indicated moderate exertion at the end of the workday.
The force and angle of trunk flexion showed no statistically significant differences at p
<0.05. Surface electromyography of the right middle deltoid before and after the work
day showed statistically significant differences normalized by the peak in the collection,
with RMS values of 74.80 (43.11 -87.33) and after the workday 52.55 (28.24 to 78.52),
with P value = 0.009. The same occurred for the left middle deltoid muscle respectively
with values before 62.32 (57.05 to 79.20) and after 48.55 (39.41 to 68.35), p = 0.001.
The right trapezius muscle showed differences with 110.91 (52.84 to 150.85) and after
44.21 (23.24 to 89.61) with p = 0.020. Conclusion: Surface electromyography and
dynamometry shown to be a reliable and effective tool in recognition of muscle work
may be recommended to evaluate maids function after training.
Keywords: ergonomics; Surface electromyography; dynamometry; room maid.
4
1.0 INTRODUÇÃO
Na América e em países da Europa, os profissionais da limpeza têm sido pouco
estudados, apesar dos diversos problemas de saúde, absenteísmo e insatisfação no
trabalho. No Canadá, na área de Quebec, os funcionários de manutenção sanitária sofre
um número de doenças superior à média do conjunto do setor de saúde, na sua maior
parte, são lesões que afetam as costas e os membros superiores 1.
O cenário hoteleiro, no Brasil mudou com a instalação das redes hoteleiras
internacionais inaugurando uma fase de muita exigência no padrão dos serviços e
preços. A hotelaria nacional teve que modificar sua forma de administrar colocando
qualidade de seus serviços em primeiro lugar 2.
A empresa hoteleira prima por uma excelência em seu atendimento ao cliente,
muitas vezes, tem o seu desempenho fundamentado no contingente de funcionários que
operacionalizam as suas atividades produtivas. O processo de acolhida e o tratamento
concedido aos hóspedes durante a sua estadia são fundamentais para a construção de
uma boa imagem, pois é muito comum a sobrecarga muscular e psíquica de
colaboradores, a fim de realizar tarefas rápidas e algumas vezes até repetitiva3,4
.
As camareiras são uma das colaboradoras mais cobradas dentro de um hotel. A
atividade física pode minimizar a parte física e psíquica provocando benefícios.5
Atualmente, existem diversos cursos específicos para a função de camareiras que
abordam tópicos importantes como: organização de espaço físico e arrumação; higiene e
limpeza de quartos, apresentação profissional, organização de carrinho, gerenciamento,
rouparia, segurança do trabalho, atendimento a hospedes e responsabilidade ambiental 6.
Os afastamentos temporários ou permanentes, a falta de treinamento muscular
adequado tem desviado as camareiras de sua função, principalmente, da obtenção do seu
5
melhor desempenho. No entanto, a preocupação com a musculatura das camareiras
ainda não despertou interesse de empresários 2,6
.
A camareira é responsável pela higienização e limpeza dos quartos de um hotel,
que engloba trocar e fazer cama, retirar lixo, limpar banheiros, tirar pó das superfícies,
repor produtos do minibar, recolocar papel higiênico, toalhas no banheiro, passar
aspirador ou pano úmido no chão, limpar vidros, encaminhar roupas para a lavanderia
quando solicitados, manter seu material de trabalho organizado, encaminhar material
esquecido para a governanta ou para a recepção, informar a manutenção sobre possíveis
reparos, comunicar qualquer ocorrência anormal nos produtos de limpeza, atendimento
cordial ao cliente 7. A realidade aponta que há oportunidades de emprego para as
operadoras da limpeza de um hotel, no entanto, faltam profissionais preparados 8,9
.
O sistema musculoesquelético, algumas vezes, é sobrecarregado por atividade
laboral, com movimentos repetitivos de membros superiores, de tronco, manutenção de
posturas estáticas e dinâmicas por tempo prolongado, e movimentos de sobrecarga para
a coluna vertebral podendo apresentar comprometimentos dolorosos nesta estrutura10,11
.
Dentre estes se incluem pedreiros, carpinteiros, fisioterapeutas, dentistas, camareiras,
faxineiras, secretárias dentre outras ocupações 3,10
.
A taxa de doenças ocupacionais entre trabalhadores de hotel excede a média dos
trabalhadores do setor de serviços. As camareiras representam aproximadamente 17,8%
do quadro de funcionários de um hotel e são responsáveis por 28,7% do índice de
doenças relacionadas ao trabalho dentre todos trabalhadores do local12
.
Dentre as atividades realizadas por camareiras de hotel, a arrumação da cama
corresponde a 26% do tempo total de trabalho. O risco ocupacional representado por
esta atividade é o mais expressivo dentre as tarefas, correspondendo a 74% da
incidência de lesões, seguida pela limpeza do banheiro12
.
6
Na sequência de arrumação de uma cama é visto o levantar do colchão com 62%
de risco de acometimento da região lombar.12
Para a arrumação de cama existe o
seguinte grau de risco para a lombar: retirada da fronha 46%, retirada dos lençóis 46%,
levantar colchão na região dos pés 62%, levantar colchão na região da cabeceira 59%,
colocar o lençol da cama 52%, colocar fronhas limpas 51%, colocar colcha da cama
54% e por fim o cobertor 37%6.Os resultados de um estudo realizado em hospitais
australianos revelaram que a tarefa de arrumar a cama pode ser responsável pela alta
incidência de dor lombar entre as atendentes de quarto11
.
São necessárias aproximadamente 20 flexões de tronco para arrumar uma única
cama, o que representa 67% do tempo de arrumação. Supõe-se que tal movimento seja
um dos fatores responsáveis pelo alto índice de risco ocupacional, bem como pela
incidência de 63% de dor lombar em camareiras12,13
.
Apesar da presença de fatores de risco e alta incidência de doenças ocupacionais
em camareiras de hotel, poucos são os estudos que abordam a identificação da
sobrecarga musculoesquelética nessas profissionais, mesmo mediante a importância do
setor hoteleiro no país2. Diante disso: como estão os membros superiores e a
musculatura do tronco da camareira antes e após sua jornada de trabalho?
Conhecer previamente o grau de força de funcionários de uma rede hoteleira,
assim como compreender o seu grau de desgaste no dia a dia pode colaborar para
futuras abordagens ergonômicas, preventivas e terapêuticas, visando o aumento do
desempenho dos colaboradores da rede hoteleira. Em contra partida as empresas que
fazem a contratação de camareiras também podem se proteger de ações judiciais
posteriores ao evitar contratar uma camareira que não tenha uma boa condição física
para a realização desse trabalho.
7
2.0 OBJETIVO
O objetivo primário do presente estudo foi avaliar a força e a atividade elétrica
dos músculos eretor da espinha- porção longuíssimo, trapézio superior e deltoide médio
de camareiras antes e após a jornada de trabalho. Os objetivos secundários foram
verificar o esforço de uma forma qualitativa através da aplicação da escala de Borg
antes e após a jornada de trabalho; analisar a prevalência de queixas
musculoesqueléticas e analisar a frequência mediana na jornada de trabalho da
camareira.
3.0 MATERIAIS E MÉTODOS
O presente estudo é de caráter transversal do tipo observacional. Inicialmente
contou com a aprovação dos responsáveis pelos hotéis estudados – anexo I e pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Cidade de São Paulo (CEP-UNICID),
com número do processo: CAAE: 21041113.3.0000.0064 - Nº do parecer 485.676-
anexo II.
3.1 Participantes e local do estudo
Foram selecionadas 25 camareiras de 2 hotéis previamente visitados, ambos com
a mesma gerência e padrão de atendimento, então foi realizado um esclarecimento
inicial sobre os objetivos e método do estudo. Um dia antes da coleta foi marcada uma
reunião com todas as voluntárias que visualizaram o termo de consentimento livre e
8
esclarecido (TCLE) – Anexo II e receberam treinamento sobre o posicionamento no
dinamômetro no momento da coleta, eletrodos e aparelhos de coleta.
Conforme De Luca (1997), a normalização pode vir a suprimir dados que seriam
essenciais para distinguir e comparar colaboradores. A normalização dos dados foi feita
em cima do valor do pico máximo da coleta. Com o intuito de diminuir as limitações do
EMG, estudiosos, recomendam treinar e esclarecer os participantes que serão avaliados
sobre todos os procedimentos aos quais será submetido e realizar, pelo menos 3 coletas
para cada situação avaliada para assegurar a fidedignidade do exame 15
.
Foram excluídas da pesquisa 3 voluntárias, duas por estarem exercendo outra
função no período da coleta e outra por se recusarem a assinar o termo de
consentimento livre e esclarecido. Participaram da pesquisa 22 camareiras do sexo
feminino, com faixa etária de 21 a 56 anos (36,5).
O IBGE divide o Índice de Massa Corpórea- IMC em varias categorias sendo
considerado baixo peso o que possui valor menor que 20, peso ideal valor entre 20 e 25,
sobrepeso valor entre 25 a 30, obesidade valor entre 30 e 50 e por fim, superobesidade
com valor maior que 50. 16,17
Das camareiras estudadas 9 (40,9%) estão com sobrepeso,
6 camareiras (26%) estão obesas, 4 colaboradoras estão com baixo peso e apenas 3
(13,6%) com peso ideal.
3.2 Procedimentos
Após a reunião de esclarecimento e treinamento, assinatura do TCLE foram
realizados 3 dias de coleta, pois as colaboradoras trabalham no regime de 12 por 36
horas.
Em cada turno de coleta, foram explicados novamente os objetivos e
procedimentos do estudo, dessa vez para as camareiras reunidas. Após esta explicação,
as camareiras, assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, em seguida
9
preencheram 2 questionários. O primeiro questionário, com informações pessoais e
análise de local e grau de dor. Ao identificar a existência de alguma região acometida
por dor em camareiras, a colaboradora pesquisada pode demarcar a região que sente dor
e classificar de 0 a 10 em uma escala visual de dor de 10 cm. (Apêndice I) O segundo
questionário aplicado foi o de Borg (Apêndice II), também aplicado no final da jornada
de trabalho antes da coleta.
Na década de 70 foi formulada pelo sueco Gunnar Borg com o propósito de
quantificar os sintomas dos pacientes, como falta de ar e a dor torácica.18
Hoje em dia, a
escala de Borg (Apêndice II) tornou-se o instrumento mais usado para a mensuração da
percepção da intensidade de esforço pela sua praticidade, baixo custo financeiro e sua
relação com importantes variáveis fisiológicas, apesar de algumas contradições.
Para quantificar a sobrecarga de um trabalho é necessário o uso de medidas
quantitativas objetivas, obtida de forma sincronizada e simultânea, e assim poder passar
para a avaliação de benefícios de uma intervenção ergonômica19
. Nessa perspectiva, foi
montado um laboratório num quarto de cada hotel. Nas coletas foram utilizados de
forma sincronizada: eletromiógrafo de superfície, dinamômetro lombar e goniômetro,
todos acoplados a um computador para a captura e armazenamento dos dados.
A Eletromiografia de superfície (EMGs) é uma avaliação objetiva, que consiste
no registro e estudo das propriedades elétricas intrínsecas dos músculos esqueléticos,
pois todo músculo ao ser contraído, sofre uma série de transformações mecânicas,
estruturais, químicas e elétricas, podendo assim demonstrar o potencial de ação do
músculo analisado, onde de acordo com Basmaijan& De Luca (1985) é o estudo dos
sinais elétricos que os músculos liberam durante uma função.
10
Para o estudo foi utilizado um módulo condicionador de sinais de oito canais
(Modelo EMG 830C, EMG System do Brasil Ltda, S. J. Campos, São Paulo, Brasil),
conforme figura 1, com frequência de amostragem 2 kHz por canal, resolução de 16
bits, ganho de amplificação em 2000 vezes, rejeição de modo comum > 100 dB,21
filtros
20 – 500 Hz, conectado com um microcomputador pela porta USB que receba o sinal
eletromiográfico e o armazenará em arquivo, através do software para registro e análise
de sinais, EMGLab 2.022
. Foram utilizados 6 canais para a captura do sinal do
eletromiógrafo dos músculos estudados, 1 canal para o dinamômetro de força lombar e
1 canal para o eletrogoniômetro.
Figura 1. Eletromiógrafo 830C – 8 canais para sensores diversos
Fonte:consulta em www.emgsystem.com.br em 08.11.2012.
Já o dinamômetro é um transdutor que transforma grandeza física em sinal
elétrico, tendo como objetivo a medição de forças aplicada sobre ela 23,24
.
Ao primeiro canal do EMG830C – foi acoplado o dinamômetro lombar da marca
(EMG System do Brasil Ltda.), capacidade máxima 200 kgf, (figura 2), utilizando o
teste de força para os músculos eretores da coluna-longuíssimo, proposto por
KENDALL (1998) onde o sujeito em pé, pés apoiados e paralelos, joelhos estendidos,
coluna inicialmente fletida realiza a extensão da coluna segurando com os membros
11
superiores a barra de alavanca para marcação no dinamômetro. (figura 3) Cada
camareira ao ficar em cima do dinamômetro ficava na posição citada acima e era
regulada a altura da alavanca a nível do joelho da camareira estudada.
Figura 2. Dinamômetro Lombar
Fonte:consulta em www.emgsystem.com.br em 08.11.2012.
Figura 3. Posicionamento de flexão de tronco na coleta com dinamômetro.
Fonte: voluntária
Legenda: TP-eletrodos no Trapézio médio, EE-eletrodos no eretor da espinha, DM-eletrodos do deltóide
médio, PC-computador acoplado, EG-eletrogoniômetro, EMG- eletromiografo de superfície, DL-
dinamômetro lombar
O eletrogoniômetro é um transdutor que mensura, eletronicamente, a variação
angular das articulações durante o movimento 26
. Foi utilizado um eletrogoniômetro
12
acoplado ao segundo canal do EMG 830C (EMG System do Brasil Ltda, S. J. Campos,
São Paulo, Brasil) (figura 3).
Após a montagem do laboratório, as voluntárias entravam individualmente e
então foi iniciado o processo de higiene e limpeza da pele com álcool 70% e utilização
de uma lixa tipo leve para diminuir a impedância. O avanço da tecnologia, com
eletrodos de gel e bom poder de aderência, os eletrodos possuem condutividade tão boa
que talvez esse processo seja desnecessário 27
. Logo em seguida os eletrodos foram
posicionados em um local padronizado e toda coleta foi realizada pelo mesmo operador.
Os eletrodos de superfície escolhidos foram de modelo da 3M código BIA 1052
com diâmetro de contato de 10 mm. Foram utilizados em cada camareira 12 eletrodos
por coleta, totalizando 24 eletrodos por voluntária, uma vez que após a coleta os
eletrodos eram retirados e reposicionados novos após a jornada de trabalho. Foram
fixados no ventre dos músculos na orientação das fibras, distanciados em 20 mm entre
si conforme padronização da SENIAM. Após a primeira coleta foi demarcado com
caneta dermatológica a prova d’água as regiões pesquisadas de forma a controlar
padronização da colocação do eletrodo. A coleta foi realizada por um único
examinadora.
O tipo de eletrodo, tamanho, localização e espaçamento são muito importantes,
principalmente a utilização de um mesmo aplicadores 20,28
. O eletrodo de referência
“terra” foi posicionado no punho- extensor esquerdo para garantir ótima fixação e
qualidade do sinal.
Dando continuidade afim de realizar a coleta, foram posicionados os eletrodos
em todos os músculos estudados que foram: trapézio superior, deltóide médio e eretores
da espinha- longuíssimo. Foram seguidas todas as recomendações referente ao
procedimento de colocação e captação dos sinais EMG conforme sugestão da ISEK
13
(International Society of Electrophysiology and Kinesiology) e SENIAM (Surface
Electromyography for the Non-Invasive Assessment of Muscles)29
. Para a análise do
músculo trapézio superior, 2 eletrodos foram posicionados no ventre da musculatura,
sendo colocados bilateralmente, entre C7 e acrômio, (Figura 5).
Figura 4. Posicionamento dos eletrodos no trapézio superior.
Para a análise do músculo deltoide médio, 2 eletrodos foram posicionados no
ventre da musculatura, localizado logo abaixo do acrômio e acima do epicôndilo lateral,
sendo colocados bilateralmente (Figura 5).
Figura 5. Posicionamento dos eletrodos no deltoide médio
14
Para a análise do músculo eretor da espinha, porção longuíssimo, eletrodos
foram posicionado no ventre da musculatura- longitudinal, localizado próximo a L1,
sendo colocados bilateralmente (Figura 6). Os músculos eretores da espinha são
responsáveis pela integridade física e funcional da coluna vertebral, atuando
predominantemente de forma estática ou quase estática na maior parte do dia 30
.
Figura 6. Posicionamento dos eletrodos no eretor da coluna
A fixação dos eletrodos deve ser bem feita no local, pois o movimento do
eletrodo na pele e a atividade de outros músculos que não são os investigados pode
gerar o “crosstalk”, dependendo da região onde estão sendo registrados os sinais EMG,
pode conter outros sinais biológicos de forma simultânea poluindo o sinal 20,31
.
O tempo gasto com cada voluntária foi aproximadamente 12 minutos, desde a
limpeza, colocação dos eletrodos até o final das 3 repetições estipuladas. Foi definida
uma janela de 10s de registro dos sinais, porém o período para contração isométrica
voluntária máxima – CIVM foi de 5 segundos. Entre os três ciclos realizados por cada
voluntária foi proposto um descanso de 1 min. O movimento de flexão de tronco para
aplicação da força no dinamômetro lombar, foi previamente informado aos voluntários,
o que não gerou problemas metodológico na execução. O comando verbal utilizado na
CIVM foi importante para ajudar o voluntário a entender o movimento a ser feito.
15
O intervalo mais utilizado para CIVM nas pesquisas, observa-se um período de
03 a 05 segundos de duração, com 01 s ou 2 s adicionais do início, para permitir atingir
a amplitude do pico eletromiográfico. O número de repetições pode variar, comumente
são observadas 3 repetições, sendo avaliada a melhor atividade de contração
eletromiográfica, a média do número de repetições, ou outros métodos, para chegar no
critério de normatização32
. No nosso caso utilizamos a media das 3 repetições. Um
repouso de no mínimo 30 s entre cada repetição e de 01 a 5 minutos entre cada
movimento, assim evita cansaço ou fadiga muscular 20
.
Após a jornada de trabalho, as coletas dos sinais foram repetidas em todas as
camareiras e o questionário de Borg (apêndice 2) aplicado novamente. Antes de realizar
a coleta as camareiras responderam 3 questionários que possuía perguntas relacionadas
ao dia de trabalho das camareiras estudadas (apêndice 3).
3.3 Análise Estatística
O teste de Shapiro-Wilk foi utilizado para testar a normalidade da distribuição
das variáveis estudadas. Para as variáveis que apresentaram distribuição paramétrica, a
comparação das variáveis antes e após a jornada de trabalho foi feita pelo teste t
(student) para amostras emparelhadas. Para distribuição não-paramétrica, a comparação
das variáveis foi feita com o teste Wilcoxon Mann-Whitney. A análise estatística foi
feita com auxílio do programa SPSS versão 20 e o nível de significância estabelecido
foi de 5%. Os dados estão apresentados na forma de média ± desvio-padrão ou como
mediana (intervalo interquartil) a depender da distribuição da variável.
16
Figura 7. Fluxograma do estudo
Visita ao Hotel
n=22
camareiras
n
Critérios de inclusão
e exclusão
Recrutamento
Análise do
trabalho com
gerente do Hotel
Fixação dos
eletrodos.
Análise dos dados coletados
Esforço percebido antes e após jornada de trabalho (qualitativo-questionário);
Força dos músculos trapézio superior, deltoide médio e eretor da espinha.
n
Final
(18:00)/(6:00)
EMG
+
Dinamômetro
(Extensão de Tronco)
Aplicação do
APENDICE I e II
Aplicação do
APENDICE II e III
EMG
+
Dinamômetro
(Extensão de Tronco)
Início
(6:00)/(18:00)
Assinatura do TCLE,
Altura e Peso.
Recrutamento das camareiras que
estão entrando e agradecimento
aos participante da pesquisa que
estão saindo
Demarcação da área
para recolocar no
final do trabalho.
17
4.0 RESULTADOS
4.1Perfil das camareiras estudadas
De um total de 22 camareiras, que corresponde 88% da amostra disponível pelos
2 hotéis estudado, todas do sexo feminino, a maioria casada 11 (50%). Tabela 2
Ao introduzir um questionário para detectar características pessoais foi
verificado que a maioria 19(86,4%) não faz atividade física. As 3 pessoas que fazem
atividade física somente realizam caminhada 3 vezes por semana, Tabela 1.
Em relação aos trabalhos anteriores apenas 7 (31,8%) nunca tinham trabalhado
os demais já exerceram a função de garçonete, vendedora, comerciante, frentista,
doméstica e serviços gerais. A maioria passou 1 ano no trabalho anterior.
Tabela 1 – Descrição das características pessoais das camareiras segundo questionário
aplicado antes da jornada de trabalho.
Variável
Total
(n=22)
ATIVIDADE
FÍSICA
Sim
3(13,6%)
Não
19(86,4%)
TRABALHO
ANTERIOR
Sim
15(68,2%)
Não 7(31,8%)
ESTADO CIVIL Solteira 8 (36,4%)
Casada 11 (50,0%)
Divorciada 3(13,6%)
Outros 0
_____________________________________________
18
As 22 camareiras que participaram do estudo gostam da função que
desempenham, algumas tem pouco tempo na atividade, por exemplo 7 (31,8%) dessas
colaboradoras possuem apenas 1 ano de trabalho, 2 (9,09%) possuem 2 anos, 4 (18,1%)
possuem 4 anos na função e 3 (13,6%) camareiras possuem 3 anos nessa função, e as
demais entre 5 e 13 nos, Gráfico1.
Tempo como camareira
Gráfico 1. Distribuição do número de camareiras por tempo de serviço em hotelaria
Ao analisar especificamente cada local acometido por dor na camareira notou-se
que das 22 camareiras estudadas apenas 7 (31,8%) não possuem dor, das 15 (68,2%)
colaboradoras que referem dor 5 (33,3%) possuem mais de um local com dor. Um total
de 7 funcionárias estudadas reclamaram de dor no joelho, 6 referenciaram dor no
tornozelo, 6 reclamaram de dor na parte inferior das costas, 4 demonstraram dor na
parte superior das costas. Gráfico 2. Quanto ao grau de dor, analisado pela marcação da
linha de 10 (dor máxima) sendo cada 1cm na escala um grau de dor, foi verificado que 5
camareiras informaram sentir grau 5 de dor e 5 camareiras grau 8 de dor, apenas uma
19
sente dor grau 9, 2 colaboradoras sentem dor grau 6, 3 camareiras sentem dor grau 7 e
as demais possuem grau abaixo de 5.
Regiões do corpo
Gráfico 2. Distribuição do número de camareiras por regiões do corpo com dor.
Ao analisar o questionário de Borg (Apêndice II) aplicado antes e após a jornada
de trabalho foi verificado que 14 (63,7%) camareiras não relataram nenhum grau de
esforço ao realizar as primeiras atividades no hotel, 5(22,7%) afirmaram que a atividade
de camareira era extremamente leve naquele momento e 3(13,6%) camareiras acham o
trabalho no início da jornada de trabalho leve. Já no final da jornada de trabalho a
realidade mudou 11(50%) das camareiras afirmaram que o trabalho gerava um esforço 4
moderado, 4 (18,1%) gerava esforço um esforço 3 moderado, 3(13,6%) camareiras
acham o trabalho pesado e 1 (4,6%) camareira acha muito pesado o trabalho no final do
dia, Tabela 2. A relação do grau de esforço no início e final da jornada de trabalho das
camareiras foi diretamente proporcional, pois as que consideravam nenhum esforço
quase todas viraram moderado, apenas uma saiu de nenhum esforço para muito pesado.
20
Tabela 2 – Descrição do grau de esforço das camareiras segundo questionário de Borg aplicado
antes e após a jornada de trabalho.
Variável
Total
(n=22)
BORG
INICIAL
0Nenhum
14(63,7%)
0,5 ext. Leve
2 Leve
5(22,7%)
3(13,6%)
BORG FINAL
3 Moderado 4(18,1%)
4 Moderado 11(50,0%)
5Pesado 2(9,1%)
6 Pesado 3(13,6%)
8 Muito pesado 1(4,6%)
9 Muito pesado 1(4,6%)
______________________________________________
4.2 Atividades desempenhadas por uma camareira
Ao analisar a jornada de trabalho de uma camareira que trabalha 12 por 36 horas
de descanso foi verificado que a mesma arruma em média 13 quartos, podendo chegar
ao extremo de 25 quartos e arruma em média 13 camas e limpa em média 13 banheiros.
Após a aplicação do questionário foi verificado que 17 (77,3%) fizeram check out para
algum cliente, apenas 5 (22,7%) camareiras não fizeram check out. A maioria das
camareiras, 18(81,8%) possuem 2 horas para realizar a refeição, apenas 4 (18,2%)
possuem apenas 1 hora para realizar sua refeição. A análise de descanso foi satisfatória,
pois 20 (90,9%) camareiras conseguiram realizar esse momento. Tabela 3
21
Tabela 3 – Descrição das atividades desempenhadas por uma camareira em um dia de
trabalho
.
Variável
Total
(n=22)
CHECK OUT
Sim
17 (77,3%)
Não
5(22,7%)
INTERVALO
REFEIÇÃO
1 Hora 4(18,2%)
2 Horas 18(81,8%)
DESCANSO
Sim
20(90,9%)
Não
2(9,1%)
_____________________________________________
4.3 Força e sinal eletromiográfico
Ao analisar especificamente a força das camareiras notou-se que elas possuem
um valor de força de 48,79 ±15,54 Kgf, antes de iniciar a jornada de trabalho e após o
trabalho essa força reduziu para 45,41±15,62Kgf, com um P valor 0,229, não tendo uma
diferença estatística significante, porém achamos que ocorre um desgaste na capacidade
do recrutamento muscular ao longo da jornada de trabalho, Tabela 4.
Tabela 4 – Valores médios e desvio padrão da força aplicada no dinamômetro pré e após a
jornada de trabalho.
N Voluntários Força pré jornada de trabalho – Kgf
Força após a jornada de trabalho - Kgf
P valor
22 48,79 ±15,54 45,41±15,62 0,229
22
O acoplamento de um eletrogoniômetro foi fundamental para analisar o ângulo
de flexão de tronco das camareiras ao realizar o movimento de flexão junto ao
dinamômetro lombar. O ângulo de flexão de tronco antes é de 77,28 (68,87 - 93,02),
que apresenta um intervalo interquartis sem diferença estatística significante (P valor de
0,758) indicando uma homogeneidade durante o movimento, com mediana do ângulo
final 82,01 (73,58 - 91,29), Tabela 5.
Tabela 5 – Valores da mediana e intervalos interquartis do ângulo de inclinação (flexão) do
tronco pré e após jornada de trabalho.
N Voluntários Ângulo pré jornada de trabalho – Graus
Ângulo após a jornada de trabalho - Graus
P valor
22 77,28 ( 68,87 - 93,02 ) 82,01 (73,58 - 91,29) 0,758
Em relação ao sinal eletromiográfico dos 3 músculos estudados bilateralmente
(Trapézio Superior, Deltóide Médio e Eretor da Espinha-longuíssimo) foi observado
que o valores da mediana são todos maiores no período que antecede o trabalho da
camareira. No entanto, os únicos músculos que possuem significância estatística P<
0,05 são deltoide médio direito, deltoide médio esquerdo e trapézio superior direito.
O músculo deltóide médio direito possui sinal de 74,80 (43,11 -87,33) antes da
jornada de trabalho, já o deltóide médio esquerdo possui um sinal menor 62,32 (57,05 -
79,20) no mesmo instante. Ao analisar o deltóide médio direito e esquerdo após a
jornada de trabalho notou-se que o direito 52,55 (28,24 - 78,52) possui um maior valor
sobre o esquerdo 48,55 (39,41 - 68,35), Tabela 6.
Já o sinal eletromiográfico do músculo eretor da espinha- longuíssimo esquerdo
82,03 (58,72 - 109,92) é maior que o direito 80,06 (50,88 - 101,17) repetindo essa
23
perspectiva no final da jornada de trabalho, com esquerdo 79,46 (54,34 - 95,15) com
sinal maior que o eretor da espinha direito 68,21 (48,57 - 85,49). Os P valor do eretor da
espinha são > 0,05 o que os define como resultado não significante.
As camareiras, no seu início da jornada de trabalho, possuem um trapézio direito
110,91 (52,84 - 150,88) com um sinal com maior intensidade que o esquerdo 58,86
(44,40 - 127,55). Notou-se que a amplitude do sinal eletromiográfico é maior nos
músculos deltoide direito e esquerdo, trapézio direito antes de iniciar a jornada de
trabalho. Apresentando diferença estatística significativa com P valor apresentado na
tabela 6
Tabela 6 – Valores da mediana e intervalos interquartis da amplitude RMS do sinal
eletromiográfico normalizado com pico máximo pré e após jornada de trabalho.
Músculo
Pré-jornada de trabalho RMS
Após jornada de trabalho RMS
P valor
Deltoide Direito 74,80 ( 43,11 -87,33 ) 52,55 ( 28,24 - 78,52 ) *0,009
Deltoide Esquerdo 62,32 ( 57,05 - 79,20 ) 48,55 ( 39,41 - 68,35 ) *0,001 Trapézio Direito 110,91 ( 52,84 - 150,88) 44,21 ( 23,24 - 89,61 ) *0,020
Trapézio Esquerdo 58,86 (44,40 - 127,55 ) 40,58 ( 29,51 - 90,69 ) 0,088 Eretor Direito 80,06 ( 50,88 - 101,17 ) 68,21 ( 48,57 - 85,49 ) 0,140
Eretor Esquerdo 82,03 (58,72 - 109,92 ) 79,46 ( 54,34 - 95,15 ) 0,249
* Diferença Significante
Tabela 7 – Valores da mediana e intervalos interquartis da frequência mediana do sinal
eletromiográfico pré e após jornada de trabalho.
Músculo
Pré-jornada de trabalho Frequência mediana - Hz
Após jornada de trabalho Frequência mediana - Hz
P valor
Deltoide Direito 61,03 (60,55 - 76,90) 84,96 (72,26 - 93,01) *0,001
Deltoide Esquerdo 60,55 (60,55 - 61,52) 63,48 (61,52 - 72,75) *0,002 Trapézio Direito 60,55 (60,55 - 63,72) 61,03 (60,42 - 68,60) 0,776
Trapézio Esquerdo 60,55 (60,55 - 66,65) 60,55 (60,55 - 64,69) 0,777 Eretor Direito 60,55 (60,55 - 67,14) 62,50 (60,55 - 71,29) 0,370
Eretor Esquerdo 60,55 (60,55 - 63,48) 63,96 (60,55 - 69,09) *0,026
* Diferença Significante
24
Os valores da frequência mediana do sinal eletromiográfico apresentaram
diferenças estatisticamente significantes nos músculos Eretor da espinha esquerdo,
Deltóide Direito e Deltóide esquerdo (P valor <0,05), sendo maior no final da jornada
de trabalho. Esse aumento da velocidade de dispara das fibras musculares pode estar
associado a maior solicitação do músculo no final da jornada em função do desgaste ao
final das atividades, Tabela 7.
5.0 DISCUSSÃO
5.1 Perfil das camareiras estudadas
No presente estudo observou-se que a amostra estudada era na sua totalidade do
sexo feminino, onde 11 (50%) das camareiras pesquisadas eram casadas, e a maioria
19(86,4%) não faz atividade física. Estudos demonstram a necessidade de uma
preparação física para que um colaborador integre uma equipe hoteleira, melhorando
tanto a parte física como mental 3,5,33
.
Alguns colaboradores possuem distúrbios musculares advindos de funções
exercidas em trabalhos anteriores, esse fato acontece em muitas empresas devido a falta
de uma avaliação admissional completa34
. Em relação aos trabalhos anteriores 15
(68,2%) das camareiras estudadas já tinham trabalhado em outros cargos, mas todas
com exame admissional em dia, porém sem maiores detalhes do exame.
As atividades exercidas por uma camareira são diversas variando de uma
higienização e limpeza dos quartos de um hotel até atendimento cordial ao cliente6,7,34
.
A alta exigência para melhor servir os clientes e o esforço físico das camareiras são
responsáveis por 28,7% do índice de doenças relacionadas ao trabalho voltados para
essa população da rede hoteleira12
. Na pesquisa foi identificado que a maioria das
25
camareiras 7 (31,8%) possuem apenas 1 ano de trabalho e 4(18,1%) possuem 4 anos na
função, confirmando o aumento na rotatividade na função da camareira já descrita em
algumas pesquisas 8,12,35
.
Os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT) podem gerar
diferentes graus de incapacidade funcional, onde a incidência é maior em mulheres
prevalecendo a faixa etária de 20 a 39 anos 36
. A dor muito forte, é uma das principais
características das afecções musculoesqueléticas relacionadas ao trabalho, onde cada
função possui locais mais afetados37
. Ao analisar especificamente cada local acometido
por dor na camareira notou-se que 15 (68,2%) colaboradoras possuem dor e que 5
(33,3%) funcionárias possuem mais de um local com dor.
A DORT afetam principalmente a região lombar e membros superiores38,39
. Em
um estudo feito com camareiras que realizam em média 20 flexões de tronco para
arrumar uma cama, demonstra que 63% possuem dor na lombar 12
. Em nosso estudo
esses dados foram comprovados com a afirmação de 6(40%) camareiras com dor na
parte inferior das costas, 4(26,7%) funcionárias com dor na parte superior das costas e
fomos surpreendidas com 7(46,7%) funcionárias estudadas reclamaram de dor no
joelho e 6(40%) camareiras com dor no tornozelo.O grande índice de reclamações em
membros inferiores podem está associado a amostra de camareiras que possuem uma
grande quantidade com IMC elevado, retirando o foco de queixas de membros
superiores para membros inferiores.
Um estudo realizado com trabalhadores envolvidos no transporte de pacientes
demonstra a importância da análise do grau de esforço ao realizar essa função 40
. É
importante a utilização da escala de Borg nas diversas profissões para testar o grau de
esforço do trabalhador 41,42
. Ao analisar o questionário de Borg (Apêndice II) aplicado
antes e após a jornada de trabalho foi verificado que 14 (63,7%) camareiras não
26
relataram nenhum grau de esforço no início da jornada de trabalho, porém no final a
realidade mudou 11(50%) camareiras afirmaram que o trabalho gerava um esforço 4
moderado, o que demonstra que para as camareiras seu serviço gera esforço moderado.
5.2 Atividades desempenhadas por uma camareira
Um estudo que analisou a sequência de arrumação de uma cama por camareiras
demonstrou que arrumar a cama é bem mais prejudicial a região lombar que a higiene
do banheiro12
.
A NR-17 estabelece que deve ser incluído sistema de pausa para descanso nas
atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica de pescoço, ombros,
dorso, membros superiores e inferiores43
. Para as camareiras estudadas a pausa é única
na hora da refeição, ou um descanso de 1 hora, onde a maioria das camareiras,
18(81,8%) fizeram 2 horas de refeição, apenas 4 (18,2%) fez apenas 1 hora. A análise
de descanso foi satisfatória, pois 20 (90,9%) camareiras conseguiram realizar esse
momento. Foi necessário explicar bem a diferença de descanso para pausa da refeição,
pois para as camareiras estudadas tinham o mesmo significado.
O check out ou saída do cliente do hotel é um horário que, muitas vezes,
sobrecarrega a camareira, pela precisão do tempo em realizar o mais rápido possível a
função 44,45
. Ao analisar o questionário foi verificado que 17 (77,3%) fizeram check out,
o que pode ter contribuído para a sobrecarga muscular no final do dia.
5.3 Força, eletrogoniometria e eletromiografia de superfície
Além do trabalho muscular é importante também averiguar o grau de força que
colaboradores executam durante a suas atividades de trabalho. É importante evitar que
27
um funcionário exerça o máximo de sua força constantemente e assim desencadear
doenças ocupacionais chegando ao afastamento do colaborador. Instrumento como o
dinamômetro foi utilizado na captura das informações acima citadas 23,24
. O teste de
força muscular serve para avaliarmos a força isométrica do indivíduo 46,47,48
. Foi
quantificada a força das camareiras antes e após a jornada de trabalho e notou-se que
elas possuem um valor de força de 48,79 ±15,54 Kgf, antes maior que a final
(45,41±15,62Kgf), porém com um P valor 0,229, não tendo uma diferença estatística
significante.
O eletrogoniômetro, importante ferramenta para análises biomecânicas do
movimento26,49
, foi utilizado para analisar a homogeneidade da inclinação dos
voluntários durante o movimento de aplicação da força no dinamômetro. O resultado
comprovou que não houve diferença estatisticamente significante com P valor =0,758.
Em relação ao sinal eletromiográfico, foi analisado por meio da média RMS
Root Mean Square, (RMS) 27,52
. Foi observado que os valores são em todos maiores no
período que antecede o trabalho da camareira. No entanto, os únicos músculos que
possuem diferença com significância estatística P< 0,05 são deltoide médio direito,
deltoide médio esquerdo e trapézio superior direito.
A análise da frequência mediana do sinal eletromiográfico foi fundamental para
entender o comportamento da velocidade dos disparos das fibras musculares ao longo
da jornada de trabalho. Observou-se que a frequência mediana no início e final da
jornada de trabalho apresentaram diferenças estatisticamente significante nos músculos
deltoide médio direito, deltoide médio esquerdo e eretor da espinha esquerdo. Podemos
citar como observação que o deltoide aparenta ser um músculo que sofre uma variação
importante ao longo da jornada de trabalho nesta população, que merece uma atenção
especial.
28
5.4 Limitações do estudo
O trabalho possui algumas limitações referentes a dados bibliográficos sobre a
população estudada, porém tem um acervo grandioso quanto a musculatura estudada
principalmente com a eletromiografia de superfície e a dinamometria. Podemos citar
também a dificuldade de encontrar hotéis com mesmo padrão de treinamento e que
tenham disponibilidade de tempo em ceder seus funcionários na colaboração com a
pesquisa.
6.0 CONCLUSÃO
A Eletromiografia de superfície e a dinamometria mostraram ser uma ferramenta
confiável e eficaz no entendimento do trabalho muscular e na avaliação da
funcionalidade do trabalhador, assim como uma estratégia de avaliação e treinamento de
funcionários. Fatores que podem contribuir com diminuição de índice de reclamação e
afastamentos no posto de trabalho.
O presente estudo demonstrou que no final da jornada de trabalho, muitas
camareiras já estão bastante desgastadas psicologicamente, porém suas musculaturas
possuem uma maior sensibilidade a evolução da força, apresentando uma intensidade da
atividade elétrica com padrão característico.
O próximo passo é desenvolver um padrão ouro de treinamento para essa
população estudada e no final analisar sua efetividade, através de um estudo de
intervenção.
29
PUBLICAÇÕES OBTIDAS
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Caroline Galatti Moura Coelho, Sedenir Batista Filho, Maryanne Martins Gomes de
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ativação muscular do reto femoral na dinâmica da pedalada. Revista Terapia Manual.
2013.
2. Priscilla Anjos de Sousa, Wellington Bueno Vieira, Regina Carla Pinto da Silva,
Caroline Galatti Moura Coelho, Sedenir Batista Filho, Maryanne Martins Gomes de
Carvalho, Lucas Nery, Luciana Chiavegato, Cesar Ferreira Amorim. Sinal
eletromiográfico de músculo respiratório acessório frente a um exercício incremental.
Revista Terapia Manual. 2013.
3. Wellington Bueno Vieira, Priscilla Anjos de Sousa, Regina Carla Pinto da Silva,
Caroline Galatti Moura Coelho, Sedenir Batista Filho, Maryanne Martins Gomes de
Carvalho, Lucas Nery, Luciana Chiavegato, Cesar Ferreira Amorim. Sinal
eletromiográfico do músculo trapézio superior em cicloergômetro instrumentado:
Análise wavelet. Revista Terapia Manual. 2013.
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35
Apêndice I
Este questionário será aplicado a cada camareira participante desta pesquisa, no início
do dia com o objetivo de complementar as informações coletadas no processamento de
sinais (EMGs).
I- Identificação
Nome:_________________________________________________________________
Data de nascimento:____/____/____ Peso:______ Altura:______ IMC:___________
Profissão anterior:____________________ Quanto tempo atrás:_______________
Estado Civil:______________________Naturalidade:_________________________
Quantos anos você trabalha como camareira (governança)?____________________
Possui outro trabalho, além da atividade de camareira?
( )Não ( )Sim Qual? __________________________________________________
Realiza alguma atividade física?
( )Não ( )Sim Qual? __________________________________________________
II- Dor local:
01-Você sente dor em alguma parte do corpo?
( )Sim ( )Não
02- Se sua resposta foi afirmativa, marque com X a(s) região(es) do corpo em que sente
dor,além de marcar na escala a direita da região dolorosa de 0 a 10 qual seu nível de dor.
Pescoço
Ombros
Parte Sup. Costas
Cotovelos
Punhos
Parte Inf.Costas
Quadril
Joelhos
Tornozelo
l______________________________________________________l
l______________________________________________________l
l______________________________________________________l
l______________________________________________________l
l______________________________________________________l
l______________________________________________________l
l______________________________________________________l
l______________________________________________________l
l______________________________________________________l
36
Apêndice II
Este questionário será aplicado a cada camareira participante desta pesquisa, no início e
final do dia com o objetivo de que represente o seu grau de esforço ao iniciar e finalizar
a atividade de camareira.
Nome:_________________________________________________________________
Escala de Borg para atividade de camareira:
Marque um X no número que represente o seu grau de esforço ao iniciar a atividade de
camareira, nesse momento.
37
Apêndice III
Este questionário será aplicado a cada camareira que participa desta pesquisa, no final
do dia a cada camareira com o objetivo de complementar as informações coletadas no
processamentos de sinais (EMGs)
Nome:_________________________________________________________________
I- Análise do dia de trabalho:
01-Você arrumou quantos quartos hoje? ______________
02-Você ajudou alguma colega na arrumação do quarto que não era de sua
responsabilidade?
( )Não ( )Sim Quantos? ______________
03-Você recebeu ajuda de alguma colega na arrumação do quarto que não era
responsabilidade dela?
( )Não ( )Sim Quantos? ______________
04-Você fez quantas camas hoje?
Solteiro ______________ Casal ______________
05-Você ajudou alguma colega a fazer cama que não era de sua
responsabilidade?Quantas?
( )Não ( )Sim Solteiro ______________ Casal ______________
06-Você recebeu ajuda de alguma colega para fazer cama que não era de
responsabilidade dela?Quantas?
( )Não ( )Sim Solteiro ______________ Casal ______________
07-Você fez quantos banheiros hoje? ______________
08-Você ajudou alguma colega a fazer banheiro que não era de sua responsabilidade?
( )Não ( )Sim Quantos? ______________
09-Você ajudou alguma colega a fazer banheiro que não era responsabilidade sua?
( )Não ( )Sim Quantos? ______________
38
10-Você fez algum check out hoje?
( )Não ( )Sim Quantos? ______________
11-Você ajudou alguma colega a fazer algum check out hoje que não era de sua
responsabilidade?
( )Não ( )Sim Quantos? ______________
12- Quanto tempo foi o seu intervalo de refeição hoje?
( )menos 30 min ( ) 30 a 60 min ( )acima de 1 hora a 1h 30s ( ) Acima de
1h 30s
13-Fez algum descanso?
( )Não ( )Sim Quantos tempo? ______________
14- Que horas você iniciou seu trabalho (Arrumar cama, check out, banheiro)?
Inicio: ______________ Termino: ______________
15- Quantos apartamento foram limpos hoje nos diversos turnos?
Manha? ______________ Tarde? ______________ Noite? ______________
16- Você faz alguma atividade física?
( )Não ( )Sim Qual?__________________________________________________
Há quanto Tempo?______ Quantas X/sem?_____
39
Anexo I - Termo de responsabilidade da Rede Hoteleira pesquisada
40
Anexo II - Termo de aprovação no CEP
41
42
Anexo III- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido-TCLE
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO-TCLE
O Sr.(a) ______________________________________________________________________
RG n.o _____________________________, nascido em _______________________________,
do sexo ___________________, residente em (a)_____________________________________
_____________________________________________________________________________
na cidade de _________________________, está sendo convidado a participar do estudo
“Avaliação do comportamento do sinal eletromiográfico e da força de tronco e
membros superiores em colaboradores da rede hoteleira: Estudo observacional.”
cujo objetivo é avaliar a força e a atividade elétrica dos músculos do tronco e membros
superiores e inferiores de camareiras ao longo da jornada de trabalho.
Inicialmente, será realizada uma explicação aos colaboradores relativo aos
procedimentos do estudo. Será realizada a aplicação de questionários com o objetivo de
identificar a região mais acometida por dor, e em seguida iniciaremos a a colocação de
eletrodos de superfície sob os músculos de membros superior. Para essa finalidade
utilizaremos a técnica da eletromiografia de superfície (EMGs) e Dinamometria. Esse
método é não invasivo, indolor, sem contraindicação e tem a finalidade de mensuração
da amplitude do sinal elétrico gerado no músculo durante sua contração.
Simultaneamente iremos quantificar a força do movimento isométrico através do
dinamômetro lombar sincronizado ao sinal eletromiografico de superfície. O teste de
força muscular servirá para avaliarmos a força isométrica do indivíduo. Será realizada
pelo menos 01 repetição com duração de 5 segundos com comando verbal para
mantermos um padrão do movimento durante o protocolo de coleta de dados.
Qualquer dúvida ou esclarecimento poderá ser dado pelo pesquisador responsável,
César Ferreira Amorim, que pode ser encontrado, Rua Cesário Galeno, 448/475,
Tatuapé, São Paulo-SP, CEP: 03071-000 Cel:(12) 8135-6609.
43
O Sr. (a) _________________________________________________________ tem
garantia de sigilo de todas as informações coletadas e pode retirar seu consentimento a
qualquer momento, sem nenhum prejuízo ou perda de benefício.
Declaro ter sido informado e estar devidamente esclarecido sobre os objetivos deste
estudo, sobre as técnicas e procedimentos a que estarei sendo submetido e sobre os
riscos e desconfortos que poderão ocorrer. Recebi garantias de total sigilo e de obter
novos esclarecimentos sempre que desejar. Assim, concordo em participar
voluntariamente deste estudo e sei que posso retirar meu consentimento a qualquer
momento, sem nenhum prejuízo ou perda de qualquer benefício (caso o sujeito de
pesquisa esteja matriculado na Instituição onde a pesquisa está sendo realizada).
Data: __ / _ / __
_____________________________________________
Assinatura do sujeito da pesquisa ou representante lega
_____________________________________________
Pesquisador responsável / orientador
César Ferreira Amorim
Eu, _____________________________________________________________,
responsável pela pesquisa “Avaliação do compotamento do sinal eletromiográfico e
da força de tronco e membros superiores em colaboradores da rede hoteleira:
estudo observacional.”declaro que obtive espontaneamente o consentimento deste
sujeito de pesquisa (ou de seu representante legal) para realizar este estudo.
Data: __/__/___
__________________________________________
César Ferreira Amorim