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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS CENTRO DE ENGENHARIAS CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA Trabalho de Conclusão de Curso Avaliação Ecotoxicológica de Solos Impactados com Borra Oleosa Submetidos a Diferentes Tratamentos de Biorremediação Mariel Penha Lapa Pelotas, 2014.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS CENTRO DE ENGENHARIAS

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA

Trabalho de Conclusão de Curso

Avaliação Ecotoxicológica de Solos Impactados com Borra Oleosa Submetidos a Diferentes Tratamentos de

Biorremediação

Mariel Penha Lapa

Pelotas, 2014.

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MARIEL PENHA LAPA

Avaliação Ecotoxicológica de Solos Impactados com Borra

Oleosa Submetidos a Diferentes Tratamentos de Biorremediação

Trabalho acadêmico apresentado ao Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária, da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Engenheiro Ambiental e Sanitarista

Orientadora: Profª. Drª. Vanessa Sacramento Cerqueira.

Pelotas, 2014.

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Banca examinadora:

Profª. Drª. Vanessa Sacramento Cerqueira – Centro de Engenharias/UFPel -

Orientadora

Prof. Dr. Érico Kunde Corrêa – Centro de Engenharias/UFPel

Prof. Msc. Michel David Gerber – Instituto Federal Sul-Rio-grandense/IFSUL

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AGRADECIMENTOS

A Deus por minha vida, família e amigos.

À minha orientadora Vanessa, pelos ensinamentos, correções е incentivos.

Ao professor Paulo Lopes da UNESP, pela disposição de sempre esclarecer

algumas dúvidas que surgiram no decorrer desse trabalho.

À Patricia Quadros da UFRGS por ter me cedido as amostras.

À professora Luciara por sua amizade, dedicação e carinho, sempre me

tranquilizando e motivando.

Ao professor Érico, pelos ensinamentos e por ter cedido o NEPERS para os

experimentos.

Ao pessoal do NEPERS, em especial para Daiane, Mateus e Vanessa, pela ajuda e

risadas durante a realização do trabalho.

À minhas colegas e amigas que levarei para vida toda Edenara e Vanderleia, por

sempre me ajudarem, acalmarem nos momentos de agonia e por me darem forças

para seguir em frente.

Aos meus pais Jurandir e Ruth, pelo amor, e por acreditarem em mim, mais do que

eu mesma, sempre me encorajando e alicerçando para seguir em frente, me

incentivando nas horas difíceis, de desânimo е cansaço, enfim, por serem o meu

exemplo, a minha vida.

Às minhas tias e meus primos, pelos incentivos e por estarem sempre ao meu lado,

em especial a minha prima Juliana, pela boa vontade e carinho com que me ajudou

nas correções.

Às minhas amigas da vida, Aline, Amélia, Bruna, Diana, Gabriela, Giulia, Isa,

Juliana, Lara, Manoela, Mayara, Rafaella, Vanessa e Vitória, por entenderem por

inúmeras vezes a minha ausência, pеlаs alegrias, tristezas е dores compartilhas.

Com vocês, as pausas entre um parágrafo е outro de produção melhora tudo о qυе

tenho produzido na vida.

A todos aqueles qυе dе alguma forma estiveram е estão próximos de mim, fazendo

esta vida valer cada vez mais а pena.

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RESUMO

LAPA, Mariel Penha. Avaliação Ecotoxicologica de Solos Impactados com Borra

Oleosa Submetidos a Diferentes Tratamentos de Biorremediação. 2014. 62f.

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Graduação em Engenharia Ambiental e

Sanitária. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

As refinarias e indústrias petroquímicas geram, durante seu processamento, um resíduo sólido de grande preocupação ambiental, denominado borra oleosa. A maioria dos componentes presentes neste resíduo são tóxicos, mutagênicos e carcinogênicos, sendo assim classificados como poluentes ambientais prioritários. Como forma de tratamento, tem sido empregada a tecnologia de biorremediação chamada landfarming, um processo lento que pode ter sua eficiência aumentada com a adição de microrganismos (bioaumentação) e nutrientes (bioestimulação). Visando determinar a qualidade do solo recuperado após o processo de biorremediação, faz-se importante a avaliação da ecotoxicidade destes solos. Em vista disso, o presente trabalho avaliou a toxicidade de solos contaminados com 6% de borra oleosa petroquímica, antes e após 54 dias do período de biorremedição onde aplicaram-se diferentes tratamentos: atenuação natural (AN), bioestimulação (BE), bioaumentação (BA) e bioestimulação seguido de bioaumentação (BEA). Nos ensaios de bioestimulação foram adicionados ao solo NH4NO3 e KH2PO4, como fonte de nitrogênio e fósforo, respectivamente, na relação de 100:6:1,5 de C:N:P, e nos ensaios de bioaumentação foi utilizado um consórcio microbiano (Stenotrophomonas acidaminiphila, Bacillus megaterium, Bacillus cibi, Pseudomonas aeruginosa e Bacillus cereus) previamente selecionado como eficiente na degradação de borra oleosa petroquímica. Nos ensaios, foram avaliados a atividade microbiana por meio de análises químicas, taxa de CO2 liberado por microrganismos, e por meio de bioensaios de toxicidade utilizando como organismo teste a Eruca sativa (rúcula) e a Lactuca sativa (alface). Os tratamentos mostram comportamento semelhante quanto a produção de CO2, alcançando a maior liberação de CO2 acumulado (1430 mg/Kg) no experimento onde adicionou-se nutrientes (BE), e a menor produção no tratamento de AN, onde a produção atingiu 1377 mg/Kg. Nos testes de toxicidade utilizando as hortaliças, verificou-se o maior índice de germinação (IG) para as sementes de rúcula no tratamento de BA, obtendo-se o valor de 100,97% enquanto para alface o maior IG foi obtido na BEA obtendo-se o valor de 126,4%. Os menores valores de IG para ambas as espécies ocorreram na AN, o que demonstra que as medidas adotadas (adição de nutrientes e microrganismos) para aumentar a eficiência da biorremediação deste importante passivo ambiental mostraram-se eficientes.

Palavras-Chave: Biorremediação. Borra oleosa. Ecotoxicidade.

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ABSTRACT

LAPA, Mariel Penha. Ecotoxicological Assessment of Soils Impacted with Oily

Sludge Submitted to Different Bioremediation Treatments. 62f. Course

Conclusion Paper (TCC). Graduation in Environmental and Sanitary Engineering.

Federal University of Pelotas, Pelotas.

Refineries and petrochemical industries, during their processing, generate a solid waste of great environmental concern called oily sludge. Most compounds contained in this waste are toxic, mutagenic and carcinogenic, and therefore classified as priority environmental pollutants. The bioremediation technology called landfarming has been used as a treatment approach. Landfarming is a slow process that can have an increase in efficiency with the addition of microorganisms (bioaugmentation) and nutrients (biostimulation). Aiming to ascertain the quality of the soil gathered after the bioremediation process, it is important to assess the ecotoxicity of these soils. Therefore, this study assessed the toxicity of the soils contaminated with 6% of petrochemical oily sludge, before and after 54 days of bioremediation, where different treatments were applied: Natural Attenuation (AN), biostimulation (BE), bioaugmentation (BA) and biostimulation followed by bioaugmentation (BEA). In biostimulation tests, NH4NO3 and KH2PO4 were added to the soil as source of nitrogen and phosphorus, respectively, in the ratio of 100:6:1.5 of C:N:P. In bioaugmentation tests a microbial consortium (Stenotrophomonas acidaminiphila, Bacillus megaterium, Bacillus cibi, Pseudomonas aeruginosa and Bacillus cereus) was used, after being previously selected as efficient in the degradation of petrochemical oily sludge. In tests, the microbial activity was evaluated by chemical analyzes, using the rate of CO2 released by microorganisms, and by toxicity bioassays, using Eruca Sativa (arugula) and Lactuca Sativa (lettuce) as test organisms. The treatments show similar behavior as the production of CO2, achieving the highest release of cumulative CO2 (1430 mg/Kg) in the experiment where nutrients (BE) were added, and the lowest production in the treatment of AN, where production reached 1377 mg/Kg. In toxicity tests using greenery, the greater germination index (GI) for the arugula seeds were found in the BA treatment, having the value of 100.97%. For the lettuce, the greater germination index was obtained in the BEA, having the value of 126.4%. The lower GI values for both species were found in the AN, which demonstrates that the adopted measures (addition of nutrients and microorganisms) to increase the efficiency of bioremediation of this important environmental liability is efficient. KEYWORDS: Bioremediation. Oily sludge. Ecotoxicity.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.... ............................................................................................... 12

1.1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 14

1.1.1 Objetivos Gerais ............................................................................................... 14

1.1.2 Objetivos específicos........................................................................................ 14

2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 16

2.1 Indústrias do petróleo e os aspectos ambientais ................................................. 16

2.1.1 Petróleo ............................................................................................................ 16

2.1.2 Refinarias de petróleo e indústrias petroquímicas ............................................ 17

2.1.3 Borra oleosa ..................................................................................................... 18

2.2 Biorremediação ................................................................................................... 20

2.2.1 Fatores intervenientes na eficiência e aplicabilidade da biorremediação ......... 21

2.2.3 Tipos de tratamento de biorremediação ........................................................... 23

2.2.4 Estratégias de biorremediação ......................................................................... 24

2.3 Métodos de avaliação da biodegradação ............................................................ 25

2.4 Toxicologia .......................................................................................................... 26

2.4.1 Ecotoxicologia .................................................................................................. 27

2.4.2 Testes de toxicidade ........................................................................................ 28

2.4.3 Ensaio de germinação e desenvolvimento das radículas com Lactuca sativa e

Eruca sativa ............................................................................................................... 30

3. METODOLOGIA .................................................................................................... 32

3.1 Coleta do solo ..................................................................................................... 32

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3.2 Experimentos de biorremediação ........................................................................ 33

3.3 Montagem dos ensaios de toxicidade aguda com L. sativa e E. Sativa .............. 35

3.3.1 Análises para avaliação da fitotoxicidade ......................................................... 37

3.4 Análise estatística ............................................................................................... 39

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... ....40

4.1 Medida da atividade microbiana (CO2) ................................................................ 40

4.2 Avaliação da fitotoxicidade dos solos .................................................................. 43

5. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 53

6. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 54

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Quadro dos 16 HPAs e seu potencial carcinogênico ...................................... 19

Figura 2: Células de Landfarming. ...................................................................................... 32

Figura 3: Sementes Lactuca sativa (alface) e Eruca sativa (rúcula). ............................ 36

Figura 5: Medida do alongamento da raiz. ........................................................................ 38

Figura 6: (a) Produção diária de CO2 (mg/Kg de solo) e (b) Produção acumulada de

CO2 (mg/Kg de solo) ao longo de 54 dias para os ensaios realizados. ....................... 42

Figura 7: Germinação relativa das sementes de rúcula. ................................................. 44

Figura 8: Germinação relativa das sementes de alface. ................................................. 44

Figura 9: Desenvolvimento relativo da raiz de rúcula. ..................................................... 45

Figura 10: Desenvolvimento relativo da raiz de alface. ................................................... 45

Figura 11: Índice de germinação para rúcula. ................................................................... 49

Figura 12: Índice de germinação para alface. ................................................................... 49

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Caracterização físico- química do solo Landfarming. ................................ 33

Tabela 2: Comparação entre valor de germinação do solo contaminado, solo

controle e solos após os tratamentos de biorremediação. ........................................ 51

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANP: Agência Nacional do Petróleo

CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente

CETESB: Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São

Paulo

EPA: Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos

FDA: Food and Drug Administration

HPAs: Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos

ISO: International Organization for Standardization

BTEX: benzeno, tolueno, etil-benzeno e xilenos (o-xileno, m xileno e p-xileno)

OECD: Organization for Economic Cooperation and Development

UFPel: Universidade Federal de Pelotas

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1. INTRODUÇÃO

O ambiente em que vivemos vem sofrendo alterações significativas

decorrentes do crescimento exponencial da população, acompanhado pelo aumento

do consumo dos seus recursos naturais. Nos últimos anos, tem se intensificado

significativamente a exploração e o processamento do petróleo, pois este além de

ser uma das fontes de energia mais utilizadas pela sociedade possui derivados que

são amplamente empregados como matéria prima para produção de inúmeros bens

de consumo. Dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) mostram que o Brasil

alcançou, em 2012, a produção total (petróleo e gás) de 2,495 milhões de barris de

óleo equivalente por dia.

A teoria mais aceita sobre a formação do petróleo é de que este seja um

composto complexo formado a partir da matéria orgânica proveniente de restos de

plantas e animais que depois de sedimentarem são submetidas a transformações

aeróbias e especialmente anaeróbias mediadas por bactérias. A matéria orgânica

sofre a ação da pressão e de temperaturas de aproximadamente 150°C, ao longo de

períodos geológicos (OLIVEIRA, 2006). Em sua forma natural, não possui nenhum

valor prático ou comercial, mas após passar por processos físicos e químicos, onde

ocorre a separação dos seus diversos componentes ele torna-se de grande

utilidade. O petróleo pode liberar diversas substâncias poluentes, podendo

contaminar o meio ambiente durante a sua extração, transporte, armazenamento,

refino e na queima para a produção de energia (SILVA, 2007).

A importância desses processos físicos e químicos, denominado refino,

dentro de toda a cadeia produtiva do petróleo não se resume apenas ao ponto de

vista estratégico. Do ponto de vista ambiental, as refinarias são grandes geradoras

de resíduos. Elas consomem grandes quantidades de água e de energia, produzem

grandes quantidades de efluentes, emitem diversos gases nocivos para a atmosfera

e produzem resíduos sólidos de difícil tratamento e disposição (MARIANO, 2001).

Esses resíduos gerados durante seu processo são extremamente tóxicos e podem

vir a causar graves problemas de contaminação ambiental caso não recebam uma

destinação ou disposição final ambientalmente adequada.

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Dentre os resíduos gerados, a borra oleosa merece especial destaque visto

à quantidade produzida e a sua toxicidade. É um resíduo sólido gerado

principalmente no fundo dos tanques de armazenamento, equipamentos de

processamento e nos separadores de óleo-água. Estimativas indicam que uma

indústria petroquímica que processa de 200-500 barris de petróleo por dia, gera

cerca de 10.000 m³ de borra oleosa (GAFAROV et al., 2006). Usualmente, a borra

oleosa contém água, sólidos grosseiros, óleos, gorduras, compostos orgânicos,

elementos químicos e metais (CERQUEIRA, 2011). São classificados de acordo com

a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT - NBR 10004 como resíduo

Classe I ou resíduos perigosos, que são aqueles não reutilizáveis nem recicláveis,

podendo apresentar características de inflamabilidade, corrosividade, toxicidade ou

patogenicidade (BRASIL – ABNT, 2004).

Nas últimas décadas, as indústrias do petróleo vem buscando alternativas

para realizar uma destinação ou disposição final adequada e economicamente

sustentável da borra oleosa, para que ela não agrida o meio ambiente

comprometendo a saúde ambiental e humana (CERQUEIRA, 2011). Nesse sentido,

uma alternativa promissora é o processo de biorremediação, que utiliza processos

biológicos para degradação dos resíduos. Os processos biológicos empregados

para remoção de contaminantes oleosos se mostram mais atraentes quando

comparados a alternativas físico-químicas devido ao seu baixo custo e elevada

eficiência (ABDUSALAM e OMALE, 2009). Os microrganismos são considerados

biodegradadores eficientes devido à sua abundância, à diversidade de espécies, e

sua versatilidade catabólica e anabólica, bem como a sua capacidade de adaptação

a condições ambientais adversas (MORAES e TORNISIELO, 2009).

Dentre os processos de biorremediação existentes, podemos citar a

atenuação natural ou biorremediação passiva, bioventilação, Landfarming, biopilhas,

fitorremediação e em biorreatores. Estes processos quando executados em

ambientes abertos, como o caso do Landfarming, que é atualmente a técnica mais

utilizada pelas refinarias e indústrias petroquímicas, tem mostrado baixa eficiência.

Em algumas regiões, como no caso do estado do Rio Grande do Sul, esta técnica

tem apresentado baixo rendimento em algumas épocas do ano, principalmente, em

períodos de muita chuva e temperaturas mais baixas (CERQUEIRA, 2011). Visando

aumentar o rendimento do processo, duas alternativas promissoras vêm se

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destacando, a bioestimulação e a bioaumentação. A bioestimulação consiste na

adição de nutrientes orgânicos e inorgânicos no ambiente contaminado visando

estimular a atividade microbiana (JACQUES et al., 2007). Já a bioaumentação

baseia-se na introdução, no local contaminado, de microrganismos pré-selecionados

com comprovada capacidade catabólica (CAVELHÃO, 2011).

Como forma de avaliar a eficiência destes processos na descontaminação

de solos contaminados com resíduos orgânicos, os métodos mais amplamente

utilizados atualmente são os físico-químicos. Alguns compostos quando degradados

geram produtos intermediários que podem ser mais tóxicos que a substância

original. Entretanto, as análises químicas não mostram necessariamente o real

impacto de cada substância nos organismos vivos. Neste contexto, o uso de

bioensaios para medir a toxicidade de solos contaminados tem recebido grande

atenção nos últimos anos. Estudos ecotoxicológicos tem mostrado ser uma

poderosa ferramenta complementar para predizer o efeito de uma mistura complexa

de hidrocarbonetos tal como o petróleo no ambiente.

Diante disto, o presente trabalho visa avaliar e comparar o nível de

toxicidade de solos contaminados com borra oleosa e a taxa de biodegradação em

diferentes tratamentos de biorremediação.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivos Gerais

Avaliar a toxicidade de solos contaminados com borra oleosa petroquímica,

através de teste de germinação de duas espécies vegetais, após diferentes

tratamentos de biorremediação (atenuação natural, bioestimulação, bioaumentação

e bioestimulação seguido de bioaumentação).

1.1.2 Objetivos específicos

- Investigar os efeitos da adição de nutrientes e microrganismos na

biodegradação da borra oleosa e toxicidade em solos;

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- Relacionar às respostas de fitotoxicidade e de degradação de

hidrocarbonetos;

- Comparar a eficiência de diferentes indicadores de fitotoxicidade.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Indústrias do petróleo e os aspectos ambientais

2.1.1 Petróleo

Uma das teorias mais aceitas atualmente é que ao longo de milhões de

anos, camadas sedimentares compostas de matéria orgânica e também de demais

sedimentos, depositadas e mantidas sobre determinadas condições, sem a

presença de oxigênio e outros compostos oxidantes e sofrendo a ação de altas

pressões e temperaturas, originaram o petróleo (PEDERZOLLI, 2006).

Definido como um líquido viscoso, em geral de coloração escura, o petróleo

ocorre naturalmente no ambiente, e sua composição química varia de lugar para

lugar (MILLIOLI, 2009). O petróleo é um combustível fóssil, composto basicamente

por hidrocarbonetos (97%) e elementos como nitrogênio, enxofre e oxigênio.

Também é possível encontrar no petróleo alguns metais pesados, como vanádio,

níquel, sódio, cálcio, cobre e urânio. No entanto, a proporção da presença destes

metais, bem como, das demais frações do petróleo podem estar associadas à

formação geológica do local de origem, e o tempo de formação (CERQUEIRA, 2011;

RAMOS, 2006).

Segundo Bisognin (2012), os hidrocarbonetos são compostos químicos

constituídos apenas por átomos de carbono e de hidrogênio, podendo ser divididos

em quatro frações: alifáticos, aromáticos, resinas e asfaltenos. Os compostos

alifáticos e aromáticos se caracterizam por serem mais leves, enquanto as resinas e

asfaltenos são as frações mais pesadas. Os compostos alifáticos incluem os

alcanos, alcenos e cicloalcanos. Já os aromáticos compreendem os hidrocarbonetos

mono aromáticos voláteis, tais como, benzeno, tolueno, etilbenzeno e isômeros de

xilenos (BTEX) e os policíclicos aromáticos (HPAs), como os naftaleno-aromáticos.

As resinas e os asfaltenos, por sua vez, são constituídos de moléculas polares

contendo nitrogênio, enxofre e oxigênio, no entanto, as resinas são caracterizadas

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por serem sólidos amorfos dissolvidos no óleo, enquanto os asfaltenos são grandes

moléculas coloidais dispersas no óleo.

2.1.2 Refinarias de petróleo e indústrias petroquímicas

O petróleo bruto extraído do ambiente tem pouca ou nenhuma utilização

efetiva, por isso é necessária sua transformação em derivados que irão atender a

demanda do mercado. Essas transformações se dão por meio da aplicação de

processos físicos e químicos em refinarias, em que ocorre a separação dos diversos

componentes do petróleo (REZENDE, 2013).

As refinarias atuam na decomposição do petróleo em diferentes

subprodutos, tais como: gasolina, diesel e querosene. Para a realização desse

processo, as refinarias recebem o petróleo bruto das plataformas de extração,

espalhadas pelo mundo, e o submetem a diversos processos químicos. O primeiro e

mais importante desses processos é a destilação, que ocorre no interior de uma

grande torre, na qual o petróleo é aquecido a altas temperaturas, evapora e, quando

volta à sua forma líquida novamente, passa a apresentar grande parte de seus

principais subprodutos separados. A partir desses subprodutos por destilação,

ocorre a produção de derivados do petróleo em indústrias petroquímicas (MARIANO,

2001).

Dentre os derivados produzidos a partir do processamento o qual o petróleo

é submetido, estão alguns que conhecemos, pois estão presentes no nosso

cotidiano, são eles: gás liquefeito (GLP) ou gás de cozinha, gasolinas, naftas, óleo

diesel, querosenes de aviação e de iluminação, óleos combustíveis, asfaltos,

lubrificantes, solventes, parafinas (FELTRE, 2004).

Esse processo de refino gera não apenas produtos finais, mas também

matérias-primas para outros produtos, como por exemplo, produção de tinta,

borracha, plásticos, pneus e chicletes. Isso possibilita a integração da indústria

petroquímica aos mais diversos segmentos presentes nas várias cadeias produtivas

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em que o petróleo e seus derivados apresentam-se como insumos (OLIVEIRA,

2007).

A sociedade moderna, devido ao grande número de produtos produzidos a

partir do petróleo, tem se tornado dependente desse recurso natural. No entanto,

devido ao elevado número de operações envolvidas na manufatura da matéria-prima

e da diversidade de produtos, a refinaria e a indústria petroquímica se tornam

grandes geradoras de resíduos de origem principalmente perigosa, representando

uma das piores fontes de poluição, por causar efeitos ecológicos de curta e longa

duração e também trazer prejuízos às atividades socioeconômicas nos territórios

atingidos (LEEMAN, 1988, apud CADERNO DE DIAGNOSTICO, 2011; MILLIOLI

et.al., 2009).

Durante toda a cadeia produtiva do petróleo, há elevada geração de

resíduos sólidos, líquidos e gasosos. Dentre os resíduos produzidos no processo de

refino do petróleo, os principais e mais perigosos são: os catalisadores gastos, os

lodos oriundos das estações de tratamento de águas e efluentes e as borras

oleosas. Dentre estes, o que tem merecido uma atenção especial por parte das

refinarias e indústrias petroquímicas é a borra oleosa (CERQUEIRA, 2011;

MARIANO, 2001).

2.1.3 Borra oleosa

A borra oleosa é produzida principalmente no fundo dos tanques de

armazenamento, equipamentos de processamento e nos separadores de óleo-água.

A composição deste resíduo sólido é variável devido a diferentes fatores, são eles:

diversidade na qualidade dos óleos crus; diferenças nos processos usados para a

separação de óleo-água; vazamentos durante os processos industriais e mistura

com borras oleosas já existentes. Entretanto, usualmente, a borra oleosa contém

água, sólidos grosseiros, óleos, gorduras, compostos orgânicos, elementos químicos

e metais. Entre os compostos orgânicos presentes, os mais comuns são os

saturados, aromáticos, resinas e asfaltenos (CERQUEIRA, 2011).

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Dentre os compostos orgânicos presentes na borra oleosa, os de maior

preocupação, com relação a poluição ambiental, são os hidrocarbonetos policíclicos

aromáticos (HPAs), pois contribuem significativamente para as propriedades

toxicológicas dos resíduos do refino do petróleo, apresentando, muitos destes,

potencial mutagênico e carcinogênico (CERQUEIRA, 2011). Em vista disto, a

Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) classifica 16 HPAs como

poluentes ambientais prioritários para remediação nos sedimentos, na água, no solo

e na biota (BOHRER, 2012). A Figura 1 apresenta algumas das propriedades dos 16

HPAs relacionados na lista da EPA.

HPAs Nº DE ANÉIS ATIVIDADE

CARCINOGÊNICA

1 NAFTALENO 2 -

2 ACENAFTILENO 3 -

3 ACENAFTENO 3 -

4 FLUORENO 3 -

5 FENANTRENO 3 -

6 ANTRACENO 3 -

7 FLUORANTENO 4 -

8 PIRENO 4 -

9 BENZO [a] ANTRACENO 4 -

10 CRISENO 4 +

11 BENZO [b] FLUORANTENO 5 ++

12 BENZO [K] FLUORANTENO 5 -

13 BENZO [a] PIRENO 5 +++

14 INDENO [1,2,3-cd] PIRENO 6 +

15 DIBENZO [a,h] ANTRACENO 6 +++

16 BENZO [Ge] PERILENO 6 - - não carcinogênico ; + fracamente carcinogênico ; ++ carcinogênico ; +++ Muito

carcinogênico

Figura 1: Quadro dos 16 HPAs e seu potencial carcinogênico

Fonte: Adaptado Castro (2010).

A presença desses resíduos no meio ambiente pode acarretar em sérios

problemas ambientais e até mesmo causar um intenso e significativo impacto

ambiental. Segundo a Resolução n.º 001/86 do Conselho Nacional do Meio

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Ambiente (CONAMA), impacto ambiental é definido como a alteração das

propriedades físico-químicas e biológicas do meio ambiente. Sendo assim, o

tratamento desses resíduos é essencial para termos uma gestão sustentável na

exploração e aproveitamento dos recursos minerais.

No Brasil, se tratando da disposição de resíduos perigosos, a alternativa que

vem sendo mais empregada são os aterros industriais. Outra forma bastante

utilizada com relação a destinação de resíduos sólidos das refinarias é a incineração

desses resíduos, porém podem causar danos ao meio ambiente, pois durante sua

queima muitos resíduos liberam gases tóxicos, exigindo assim a construção de filtros

com grande capacidade de limpeza do gás que a queima gera (SENA, 2013). No

entanto, muitos desses processos são onerosos ou ainda não resultam em completa

descontaminação. Então, como alternativa promissora e visando a sustentabilidade

de exploração do petróleo, emergem os processos biológicos, dentre eles a

biorremediação, que possuem baixo custo e grande eficiência para tratamento

desses resíduos de alta toxicidade e quantidade (FERREIRA, 2010).

2.2 Biorremediação

A biorremediação baseia-se em um processo tecnológico e biológico de

remoção da poluição ou redução da toxicidade do poluente visando a restauração da

qualidade ambiental por meio da degradação dos poluentes utilizando plantas e/ou

microrganismos de ocorrência natural, como bactérias, fungos e leveduras

(MOREIRA, 2013; CRUZ, 2013). Dentre estes microrganismos, as bactérias são as

mais empregadas e, também são consideradas como os elementos principais em

trabalhos que envolvem a biodegradação de contaminantes. Elas são importantes

em função de seus efeitos bioquímicos e por transformarem os contaminantes

potencialmente perigosos em compostos menos danosos ao ser humano e ao meio

ambiente (ANDRADE et al., 2010). Os produtos finais após o processo de

biorremediação efetiva são água e gás carbônico (processo denominado

mineralização), compostos estes, que não apresentam toxicidade e que podem ser

incorporados ao ambiente sem prejuízo aos organismos vivos (PEREIRA, 2012).

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Em comparação a outros organismos vivos capazes de degradar poluentes

orgânicos, os microrganismos são considerados os agentes preferenciais para

desempenhar a função de restauradores da qualidade ambiental, devido a alguns

aspectos, são eles: sua natureza ubíqua, sua ampla diversidade genética e catalítica

e capacidade de atuar sob condições ambientais extremas (COLLA, 2012 apud.

MEGHARAH et al., 2011).

2.2.1 Fatores intervenientes na eficiência e aplicabilidade da biorremediação

A eficácia dos processos de degradação depende de fatores físicos,

químicos e biológicos. Dentre os fatores físicos que influenciam na degradabilidade,

podemos citar a natureza física da matriz onde o contaminante é encontrado, seja

no solo, água ou sedimento. Dentre os químicos estão à composição química da

matriz ambiental, a estrutura molecular do poluente e sua concentração. Por fim, os

fatores biológicos, que são de suma importância para garantir a eficiência dos

processos de degradação, pois é essencial a presença de microrganismos capazes

de metabolizar a molécula original e seus produtos de degradação (TONINI, 2010).

Além disso, condições ambientais adequadas também são fundamentais

para que o processo de biorremediação aconteça de forma eficaz (CARNEIRO e

GARIGLIO, 2010). Caso isto não ocorra, o crescimento e a sobrevivência dos

microrganismos envolvidos no processo de degradação serão severamente afetados

e, por consequência a biorremediação dos compostos poluentes ficará

comprometida (TONINI et al., 2011; SILVA et al., 2013).

As condições ambientais podem afetar o processo de biodegradação em

dois níveis: influenciando o crescimento e a atividade microbiana e influenciando

também as propriedades físicas e químicas dos poluentes. A otimização das

condições ambientais é, portanto, uma etapa fundamental no desenvolvimento de

qualquer tecnologia adotada no processo de biorremediação de solos contaminados

(RIZZO et al., 2007). Dentre os fatores ambientais podemos citar:

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- Aeração: Ela objetiva o suprimento de oxigênio ao ambiente, favorecendo o

crescimento de microrganismos aeróbios que utilizam este elemento como aceptor

final de elétrons, viabilizando a biodegradação do poluente (SILVA, 2009).

- Nutrientes: Alguns nutrientes são importantes para a atividade microbiana

durante o processo de degradação, como por exemplo, potássio, nitrogênio e

fósforo. A adição de nutrientes é feita de modo a se estabelecer relações entre o

carbono e o nitrogênio (C:N) e/ou o carbono e o fósforo (C:P), adequadas à

biodegradação. No entanto, uma adição descontrolada de um desses nutrientes

pode promover a eutrofização do local, contribuindo assim para o desequilíbrio

ambiental (SILVA, 2009).

- Umidade: Durante o processo de biorremediação de solos contaminados, o

teor de umidade deve ser mantido entre 50-80% da capacidade de campo do solo

para que taxas ótimas de degradação sejam obtidas. Baixo teor de umidade,afeta

negativamente o metabolismo microbiano, a movimentação dos microrganismos no

solo e também o transporte dos nutrientes através deste. Já o excesso de umidade,

por sua vez, também traz prejuízos para a degradação, pois limita o transporte de

oxigênio no solo (REGINATTO et al., 2011).

- pH: A atividade microbiana é fortemente influenciada pelo pH do meio, da

mesma forma que a solubilidade dos contaminantes e a sorção desses ao solo. A

biodegradação é mais efetiva com o pH em torno da neutralidade (ROCHA e

ALVES,2013).

- Temperatura: A temperatura tem efeito nas características físicas

(solubilidade, sorção, volatilização) dos contaminantes presentes no solo e também

no metabolismo dos microrganismos (REGINATTO et al., 2011).

Então, para a utilização do processo de biorremediação na degradação de

poluentes, como a borra oleosa, é importante levar em consideração os aspectos

acima problematizados para que possamos garantir a eficácia do processo aplicado.

Além disso, existem diferentes tipos de tratamentos que podem ser utilizados

durante a biorremediação, os quais serão apresentados a seguir.

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2.2.3 Tipos de tratamento de biorremediação

De acordo com o tipo de tratamento, as técnicas de biorremediação são

denominadas in situ e ex situ. Nos processos in situ, a biodegradação ocorre no

local contaminado. Entre os tratamentos podemos citar a atenuação natural, a

fitorremediação e a bioventilação. Já nos tratamentos ex situ, o material

contaminado é retirado e transferido até a unidade de tratamento, como por

exemplo, o Landfarming, as biopilhas, a compostagem e os biorreatores. Para o

desenvolvimento dessas técnicas, é importante levar em consideração os poluentes,

o custo dos processos e, principalmente, a concentração final do contaminante no

término do tratamento como aceitável para o tipo de resíduo e para o uso futuro da

área (MOREIRA, 2013).

A atenuação natural é um processo no qual o contaminante permanece no

local contaminado e através de processos naturais como volatilização,

biodegradação, diluição e sorção, os poluentes são transformados em substâncias

menos nocivas ou são imobilizados. Esse é um método aceito para o tratamento de

meios impactados por combustíveis e apresenta como vantagens ser uma técnica

relativamente simples comparada a outras tecnologias de remediação. No entanto,

este processo requer mais tempo para alcançar níveis de descontaminação do que

outros métodos de biorremediação, pois grande parte dos solos são originalmente

oligotróficos e desprovidos de uma população microbiana degradadora em

magnitude satisfatória (COLLA, 2012).

Apesar dessas vantagens da atenuação natural, atualmente a técnica mais

utilizada para tratamento dos seus resíduos sólidos pelas refinarias e indústrias

petroquímicas de vários países é o Landfarming. A escolha deste sistema deve-se à

simplicidade de operação e à possibilidade de alta taxa de aplicação dos resíduos

ao solo (CERQUEIRA, 2011). O Landfarming é uma tecnologia de biorremediação

na qual os resíduos são espalhados e misturados à camada reativa do solo, de

forma controlada, a fim de que a própria microbiota do solo atue como agente de

degradação (SILVA, 2009). Após a aplicação dessa técnica, espera-se que ocorra a

transformação do contaminante em substâncias inertes como o material orgânico

estabilizado, água e CO2. Esse processo é executado em ambientes abertos e

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muitas vezes mostra baixa eficiência quando desenvolvido em regiões que possuem

períodos de baixa temperatura e de altos índices de precipitações, como o caso do

Rio Grande do Sul (CERQUEIRA, 2011).

Visando aumentar a eficiência do processo de biorremediação, duas

principais estratégias têm sido propostas: bioestimulação e bioaumentação. Essas

diferentes estratégias em geral, visam aumentar a população microbiana criando

condições ambientais favoráveis ao seu desenvolvimento (ANDRADE et al., 2010).

As estratégias de biorremediação têm sido adotadas, desde os meados dos anos 80

do século XX, como uma maneira eficaz e de custo baixo para o tratamento de solos

contaminados com o petróleo.

2.2.4 Estratégias de biorremediação

2.2.4.1 Bioaumentação

A bioaumentação consiste na adição de microrganismos ou consórcios de

microrganismos que tenham capacidade de degradar o contaminante. O inóculo

utilizado no meio impactado pode ter origem do próprio local, denominados como

autóctone ou de outros ambientes contaminados, chamados de exógenos (OSTI,

2012). Para que se tenha sucesso com a aplicação desta técnica é necessário que

os microrganismos selecionados apresentem algumas características, tais como:

capacidade para degradar a maior parte dos contaminantes; estabilidade genética;

alto nível de atividade enzimática e além da capacidade de competir com a

população intrínseca do solo (BISOGNIN, 2012).

2.2.4.2 Bioestimulação

O processo de bioestimulação consiste em introduzir nutrientes adicionais na

forma de fertilizantes orgânicos e/ou inorgânicos na área contaminada, incentivando

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o crescimento de microrganismos capazes de degradar os poluentes existentes no

meio e, com isso, promovendo o aumento da população microbiana e

consequentemente, uma degradação mais rápida do contaminante (DEON, 2012

apud MILLER, 2010). O nitrogênio e o fósforo são os nutrientes mais comumente

utilizados na bioestimulação para favorecer o crescimento microbiano. Estes

nutrientes são considerados fatores limitantes para a degradação microbiana e,

quando empregados em concentrações adequadas, podem estimular a

biodegradação no solo (BAPTISTA, 2013).

2.3 Métodos de avaliação da biodegradação

- Cromatografia

A cromatografia é um método físico-químico de separação, podendo ser

liquida ou gasosa. Ela está fundamentada na migração diferencial dos componentes

de uma mistura, que ocorre devido a diferentes interações, entre duas fases

imiscíveis, a fase móvel e a fase estacionária (DEGANI et al., 1998). A cromatografia

gasosa visa identificar e quantificar o maior número de constituintes em misturas

complexas (PEDROSO et al., 2009). Sendo a cromatografia gasosa um dos

métodos mais utilizados para análise da degradação dos hidrocarbonetos de

petróleo (RESCHKE, 2012).

- Respiração basal

Segundo Lopes (2014), a respiração da comunidade microbiana é utilizada

como indicador de atividade biológica, constituindo-se numa ferramenta importante

para avaliar o potencial de biodegradação de compostos orgânicos. Com isso,

ensaios de respirometria permitem avaliar este potencial, pois consiste na

determinação da quantidade de CO2 gerado pela degradação da matéria orgânica, a

partir do metabolismo microbiano. Assim, temos que a quantificação da liberação de

CO2 como indicador da respiração basal microbiana podem fornecer informações

sobre a biodegradabilidade dos hidrocarbonetos em solos contaminados, sendo a

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quantidade de CO2 emitida, proporcional à biodegradabilidade do substrato (COLLA,

2012).

- Métodos toxicológicos

Apesar da caracterização da poluição e da concentração dos poluentes

serem realizadas principalmente por métodos físico-químicos, a qualidade global do

solo contaminado não pode ser inferida apenas por meio destas análises. No que diz

respeito à ecotoxicidade dos poluentes, as metodologias mais adequadas na

determinação dos seus riscos sobre a ecologia do solo e o meio ambiente são as

técnicas biológicas (LOPES, 2014).

2.4 Toxicologia

Toxicologia é definida como a ciência que estuda o efeito adverso de

substâncias químicas sobre os organismos vivos, com a finalidade principal de

identificar os riscos relacionados à exposição de um poluente e assim prevenir o

aparecimento destes efeitos, estabelecendo o uso seguro destas substâncias

químicas (COSTA, 2010).

A toxicologia compreende os seguintes ramos: toxicologia clínica, que

estuda os efeitos de drogas sobre pacientes humanos; toxicologia forense, na qual o

objetivo baseia-se em detectar o uso ilegal de agentes tóxicos para fins judiciais;

toxicologia ambiental que se preocupa com o destino dos agentes tóxicos, seus

metabólitos e produtos de degradação no ambiente e nas cadeias alimentares e com

o efeito desses contaminantes sobre os organismos e populações (COSTA et al.,

2008).

Através da multidisciplinaridade da toxicologia e as subdivisões ocorridas na

área da ecologia, como, por exemplo, a ecologia aquática, terrestre, de populações,

de comunidades, entre outras, toxicologistas e ecologistas na década de 1970

notaram que havia algo de comum entre estas duas disciplinas. A partir desta linha

de pensamento, com a associação dos conhecimentos de toxicologia com a ecologia

surgiu a ecotoxicologia (ZAGATTO, 2006).

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2.4.1 Ecotoxicologia

A ecotoxicologia é uma ciência que tem como principal objetivo proteger os

ecossistemas e prever os futuros impactos provenientes do descarte de substâncias

químicas e de resíduos no ambiente. Um dos desafios da ecotoxicologia é identificar

potenciais fontes de contaminantes no meio ambiente, bem como conhecer as

possíveis interações, transformações e destino que estes contaminantes podem ter

no ambiente para realizar uma predição segura dos efeitos tóxicos que estes

contaminantes podem causar a diferentes ecossistemas (CASTRO, 2013).

A ecotoxicologia tem buscado definir os limites aceitáveis de toxicidade a

partir de padronização dos protocolos dos testes de toxicidade, para que esses

possam vir a ser utilizados como limite guia para a tomada de decisões, e também

facilitar a comparação de dados obtidos em diferentes laboratórios, contribuindo na

utilização de dados já publicados e permitindo a reprodutibilidade dos ensaios

(CASTRO, 2013).

A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São

Paulo (CETESB) no ano de 1975 participou de um programa de padronização

internacional de testes de toxicidade aguda para peixes, desenvolvido pelo Comitê

Técnico das Águas TC147 da International Organization for Standardization (ISO),

sendo essa uma das primeiras iniciativas no Brasil para desenvolver uma

metodologia na área da ecotoxicologia.

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2.4.2 Testes de toxicidade

Segundo Lopes (2014), apesar da caracterização da poluição e da

concentração dos poluentes serem realizadas por métodos físico-químicos, a

qualidade global do solo contaminado não pode ser inferida apenas por meio destas

análises. No que diz respeito à ecotoxicidade dos poluentes, as metodologias mais

adequadas na determinação dos seus riscos sobre a ecologia do solo e o meio

ambiente são as técnicas biológicas.

Para a análise dos efeitos tóxicos das substâncias ou misturas, são

realizados testes de toxicidade que visam predizer o impacto potencial de um

xenobiótico (agente tóxico) ao meio ambiente (FLOHR et al., 2005). Esses testes

baseiam-se na exposição de organismos representativos do ambiente submetidos a

concentrações de substâncias a serem avaliadas ou a fatores ambientais em um

determinado espaço de tempo, a fim de observar os efeitos que essa substância

causa sobre suas funções biológicas fundamentais como o seu crescimento,

desenvolvimento, as mutações ou até mesmo a morte (COSTA, 2010).

Os testes de toxicidade vêm sendo cada vez mais utilizados para fins

diversos, tais como, determinar a toxicidade de compostos químicos, efluentes

líquidos e percolados de resíduos sólidos, estabelecer limites máximos para

lançamentos de descarte de contaminantes e realizar o monitoramento ambiental

(NASCIMENTO et al., 2008). Esses testes podem se diferenciar entre agudos e

crônicos, sendo a principal diferença entre eles o tempo de exposição do organismo

em relação ao contaminante.

A toxicidade crônica corresponde à resposta a um estimulo prolongado ou

contínuo, por um longo período de tempo, podendo abranger parte ou todo o ciclo de

vida do organismo. Por meio desses testes se determina o potencial tóxico de um

agente químico ou de uma mistura complexa, sendo os efeitos desses poluentes

mensurados através da resposta de organismos vivos, que reagem de forma

diferente para um mesmo composto (CARNIATO et al., 2007).

Os testes de toxicidade aguda são ensaios laboratoriais, realizados sob

condições específicas e controladas e que visam avaliar a toxicidade de um agente

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nocivo, podendo este ser substâncias, efluentes industriais, resíduos e amostras de

água ou sedimentos, sobre uma espécie-teste. Seus resultados possibilitam

determinar uma concentração confiável da substância química ou efluente para

serem lançados ao meio ambiente (COSTA, 2010).

Os resultados da avaliação dos efeitos agudos de substâncias ou efluentes

potencialmente tóxicos através do teste de toxicidade aguda são fornecidos através

de cálculos da concentração letal média (CL50) ou concentração efetiva média

(CE50), isto é, a concentração do agente tóxico que causa mortalidade ou

imobilidade, respectivamente, a 50% dos organismos-teste depois de um

determinado termo de exposição (MAGALHÃES e FILHO, 2008). Segundo Costa

(2010), estes resultados expressam somente uma estimativa da toxicidade aguda

global da substância, não podendo ser extrapolados para resultados de toxicidade

subaguda e crônica. Assim, os testes de toxicidade aguda oferecem informações

que são suficientes para iniciar ações de controle.

Devido à facilidade de execução, curta duração e baixo custo, os ensaios de

toxicidade aguda foram os primeiros a serem desenvolvidos e, portanto constituem a

base de dados ecotoxicológicos (RUBINGER, 2009).

Para realização desses testes, são utilizados organismos, chamados de

organismos teste. Esse sofrem efeitos adversos quando em contato com

substâncias tóxicas. Dentre os efeitos adversos pode-se incluir desde alterações

genéticas, imobilidade, deformidades até letalidade (PIMENTEL et al., 2011).

Esses organismos testes são utilizados em ensaios de toxicidade,

sendo eles escolhidos e padronizados de acordo com algumas características, entre

elas a ampla distribuição geográfica, a alta sensibilidade a diversas classes de

contaminantes, a baixa variabilidade genética, a sua disponibilidade em abundância

e de preferência ser autóctone e representativo no ambiente (ALEGRE, 2009).

A concentração utilizada no ensaio, o seu tempo de exposição, e o efeito

observado classificam um ensaio de toxicidade. Em geral são considerados ensaios

de toxicidade para efeito agudo aqueles que avaliam doses elevadas do

contaminante em um período curto de exposição. Normalmente a duração desses

ensaios tem de 24 a 96 horas (ALEGRE, 2009).

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Os testes de toxicidade vem sendo realizados com uma ampla variedade de

espécies representantes de diferentes níveis tróficos. A definição do organismo a ser

utilizado deve ser baseada em considerações específicas do problema a ser

solucionado, no entanto, ainda não existe uma espécie que atenda os requisitos

necessários para todos os ecossistemas (COSTA, 2010 apud RAND et al., 1995).

No ecossistema terrestre como principais bioindicadores têm sido utilizadas

as hortaliças, como o repolho, a cebola, o tomate, o pepino, a cevada e alface.

Esses produtos têm sido utilizados nos testes de germinação e crescimento das

raízes, principalmente quando estão no estágio de semente. Também estão sendo

amplamente utilizados os decompositores, como por exemplo, as minhocas. Realizar

os testes utilizando vegetais é interessante porque eles possuem uma boa

sensibilidade na indicação qualitativa de presença de substâncias tóxicas ou

inibidores biológicos e ainda possuem baixo custo (BARROS, 2007; CASTRO,

2010).

2.4.3 Ensaio de germinação e desenvolvimento das radículas com Lactuca

sativa e Eruca sativa

Nos testes de toxicidade com sementes de hortaliças, elas são expostas ao

contaminante e posteriormente observa-se os efeitos na germinação e no

crescimento dos organismos teste. Durante o período de germinação, as sementes

são sensíveis ao estresse ambiental, que podem influenciar os primeiros estágios de

desenvolvimento do organismo teste. Parâmetros como sobrevivência, germinação e

crescimento podem ser facilmente monitorados e avaliados (VIEIRA, 2010).

É importante destacar que os bioensaios de germinação com sementes de

plantas são realizados durante os primeiros dias de seu desenvolvimento nos quais

ocorrem uma série de processos fisiológicos importantes e a presença de uma

substância tóxica pode causar efeitos adversos, resultando em uma série de

anomalias e até mesmo interferir na sobrevivência desta planta (CASTRO, 2013).

- ALFACE (Lactuca sativa)

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As sementes de L. sativa têm características ideais para a realização de

bioensaios, por estas apresentarem um ciclo de vida curto, grande importância para

a agricultura e o seu cultivo é difundido em quase todo o mundo (FERREIRA, 2007).

O tempo de teste não é longo, são sensíveis a substâncias e podem ser

aplicados a testes com água, sedimentos ou solos. A Lactuca sativa, variedade bola

de manteiga é uma das espécies padrão recomendada pela EPA, pela Food and

Drug Administration (FDA) e pela Organization for Economic Cooperation and

Development (OECD) (REDE, 2011).

- RÚCULA (Eruca sativa)

A rúcula, também conhecida como mostarda-persa, é uma verdura

pertencente à família Brassicaceae. Tem origem no sul da Europa e parte ocidental

da Ásia, a espécie é adaptada a clima fresco. É uma das principais hortaliças

folhosas produzidas no Brasil, por possuir ciclo curto, apresentar alto conteúdo

nutricional, alta produção por área e ampla aceitabilidade pelo mercado consumidor

devido as suas diferenciadas características organolépticas (MATSUZAKI, 2013).

As sementes são excelentes indicadores para realização de bioensaios, pois

possuem ciclo de vida curto e quando são reidratadas elas entram em processo de

germinação, onde sofrem rápidas mudanças fisiológicas e tornam-se altamente

sensíveis ao estresse ambiental (COSTA, 2010).

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3. METODOLOGIA

3.1 Coleta do solo

Amostras de solo, classificado como argiloso vermelho distrófico, foram

coletadas de uma célula de Landfarming pertencente a uma Indústria Petroquímica,

localizada no Rio Grande do Sul (Figura 1). No momento da coleta, a célula não

recebia resíduos há aproximadamente 4 meses. Foram selecionados 50 pontos de

amostragem a uma profundidade de 0-20 cm. As amostras foram acondicionadas

em sacos plásticos e encaminhadas a temperatura ambiente até o Laboratório de

Biorremediação (UFRGS). As amostras foram então homogeneizadas e peneiradas

em peneira de 4 mm e encaminhadas ao Laboratório de Análises de Solos do

Departamento de Solos da Faculdade de Agronomia (UFRGS), para caracterização

físico-química (Tabela 1).

Figura 2: Células de Landfarming.

Fonte: Vanessa Cerqueira, 2008.

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Tabela 1: Caracterização físico-química do solo Landfarming.

Parâmetros Solo

Landfarming Metodologia

Argila 12 % Densímetro

pH 6,2 pH em água 1:1

Fósforo 27 mg/dm³ Mihlich I

Potássio 127 mg/dm³ Mihlich I

Matéria Orgânica 4,5 % Digestão úmida

Alumínio 0 Cmolc/dm³ Extraído com KCl 1 mol/L

Cálcio 10,4 Cmolc/dm³ Extraído com KCl 1 mol/L

Magnésio 1,5 Cmolc/dm³ Extraído com KCl 1 mol/L

Enxofre 179 mg/dm³ Extraído com CaHPO4 500 mg/L de P

Zinco 466 mg/dm³ Extraído com HCL 0,1 mol/L

Cobre 41 mg/dm³ Extraído com HCL 0,1 mol/L

Boro 0,6 mg/dm³ Extraído com água quente

Sódio 85 mg/dm³ Extraído com KCl 1 mol/L

Níquel 91 mg/kg EPA 3050 / ICP-OES / 0,4 mg/kg

Molibdênio < 0,2 mg/kg EPA 3050 / ICP-OES / 0,2 mg/kg

Selênio < 4 mg/kg EPA 3050 / ICP-OES / 4 mg/kg

Bário 256 mg/kg EPA 3050 / ICP-OES / 1 mg/kg

Cádmio 0,9 mg/kg EPA 3050 / ICP-OES / 0,2 mg/kg

Manganês 74 mg/kg Extraído com KCl 1 mol/L

Cromo 112 mg/kg EPA 3050 / ICP-OES / 0,4 mg/kg

Chumbo 301 mg/kg EPA 3050 / ICP-OES / 2 mg/kg

Arsênio < 2 mg/kg EPA 3050 / ICP-OES / 2 mg/kg

Mercúrio 6,7 mg/kg Digestão úmida EPA 7471 / 0,01

mg/kg

3.2 Experimentos de biorremediação

Os ensaios de biorremediação foram montados em frascos de vidro,

hermeticamente fechados, com capacidade de 1L. Em cada unidade experimental,

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foi colocado 300 g de solo, o qual foi posteriormente contaminado com 6% de borra

oleosa (p/p). Nos experimentos de bioestimulação foi feito a adição dos nutrientes

NH4NO3 e KH2PO4, como fonte de nitrogênio e fósforo, respectivamente, na relação

de C:N:P de 100:6:1,5. Nos experimentos de bioaumentação foi feito a adição de um

consórcio bacteriano previamente selecionado e identificado (CERQUEIRA, 2011).

O consórcio foi composto por 5 cepas: Stenotrophomonas acidaminiphila, Bacillus

megaterium, Bacillus cibi, Pseudomonas aeruginosa e Bacillus cereus. Para todos

os tratamentos, a umidade do solo foi ajustada e mantida a 70 % da capacidade de

campo. O solo foi revolvido a cada amostragem para promover aeração. O pH do

solo coletado apresentou valor de 6,7, não necessitando de calagem.

Os frascos foram incubados em estufa à temperatura controlada de 28°C por

um período de 54 dias.

Foram realizados os seguintes tratamentos:

Tratamento 1: Controle (C): solo Landfarming sem contaminação de borra oleosa.

Tratamento 2: Atenuação natural (AN): solo Landfarming contaminado com 6% de

borra oleosa.

Tratamento 3: Bioestimulação (BE): solo Landfarming contaminado com 6% de

borra oleosa e ajuste da proporção C:N:P para 100:6:1,5 pela adição de uma

solução de NH4NO3 e KH2PO4.

Tratamento 4: Bioaumentação (BA): solo Landfarming contaminado com 6% de

borra oleosa e inoculação do consórcio bacteriano.

Tratamento 5: Bioestimulação e Bioaumentação (BEA): solo Landfarming

contaminado com 6% de borra oleosa com ajuste da proporção C:N:P para

100:6:1.5 pela adição de uma solução de NH4NO3 e KH2PO4 e inoculação do

consórcio bacteriano.

Ao longo dos experimentos foi realizado a medida da produção de CO2 como

uma medida indireta da degradação da borra oleosa.

A atividade respiratória do solo pode ser analisada através da determinação

do gás carbônico gerado pela comunidade microbiana ao longo de um período

determinado (MOREIRA, 2006), sendo com isto possível também estimar a taxa de

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35

mineralização do contaminante. Desta forma, cada microcosmo foi equipado com

um aparato contendo NaOH 0,5 M para captação de CO2. A liberação do gás foi

monitorada periodicamente. Os frascos foram mantidos hermeticamente fechados e

foram abertos somente para determinação da respiração basal. No momento da

análise, foram adicionados 2 mL de BaCl 30% ao NaOH e 6 gotas de fenolftaleína

1%. A quantidade de NaOH residual na solução foi titulada com HCl 1M e a

produção de C-CO2 (mg/Kg de solo) foi determinada segundo cálculo descrito por

(STOTZKY, 1965).

( ) [( ) ]

(Equação 1)

Sendo,

B = volume (mL) da solução de HCl gasto para titular o branco (sem solo);

T = volume (mL) da solução de HCl gasto para titular o tratamento;

eq = equivalente-grama do C, igual a 6;

M = molaridade da solução padronizada do HCl;

FC = Fator de Correção da normalidade ácido/base (MHCl/MNaOH);

Mc = massa de solo seco (Kg)

3.3 Montagem dos ensaios de toxicidade aguda com L. sativa e E. Sativa

Os experimentos de fitotoxicidade foram realizados na Universidade Federal

de Pelotas. A avaliação da fitotoxicidade das amostras de solo provenientes dos

diferentes tratamentos foi realizada segundo Morales (2004) e Lopes (2014).

Neste estudo, foram utilizadas sementes de dois organismos teste, Lactuca

sativa (alface) e Eruca sativa (rúcula), conforme mostrado na Figura 2. As sementes

utilizadas foram adquiridas de um mesmo fornecedor (ISLA) e cada uma pertencente

ao mesmo lote.

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36

Figura 3: Sementes Lactuca sativa (alface) e Eruca sativa (rúcula).

Os testes de toxicidade foram preparados em copos plásticos de 50 mL. A

cada copo contendo 25 g de solo, foi adicionado 1,0 mL de água destilada e

semeadas 10 (dez) sementes do organismo-teste em análise. Logo depois de

semeados, os recipientes plásticos foram cobertos com Parafilme, a fim de não

perder umidade, e incubados em câmara climatizada durante 120 h a

aproximadamente 22°C ± 1º C, na ausência de luz.

Para cada organismo teste, foram realizados bioensaios de toxicidade em

triplicata para cada tratamento de biorremediação.

Foi também realizado o controle negativo (CN) para verificar a eficácia do

ensaio. No controle negativo foi utilizado o solo sem a contaminação da borra

oleosa. (experimento 1- Controle) (DAGUANO et al., 2007 ; REDE, 2011).

Após o período de 120h, as plântulas foram retiradas da câmara climatizada,

e se procederam à contagem de sementes germinadas e seus comprimentos de raiz

(Figura 4).

Alface Rúcula

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37

Figura 4: Unidades experimentais retiradas da câmara climatizada após 120 horas.

3.3.1 Análises para avaliação da fitotoxicidade

Para cada experimento, foram realizadas as seguintes análises: germinação

das sementes, o alongamento da raiz e do hipocótilo e o índice de germinação,

utilizando a metodologia de Lopes (2014).

Germinação relativa das sementes (%G)

Para determinação da porcentagem da germinação relativa foi considerada a

relação da contagem das sementes germinadas no experimento e no controle

negativo. Foi considerado como germinada as medidas iguais ou superiores a 2 mm.

(

) 100 (Equação 2)

Onde,

SGa = número total de sementes germinadas na amostra analisada;

SGc = número total de sementes germinadas no CN.

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38

Alongamento da raiz

Para a determinação do desenvolvimento de cada plântula, foram efetuadas

as medidas de tamanho da raiz utilizando um paquímetro (INSIZE) (Figura 5).

Figura 5: Medida do alongamento da raiz.

O cálculo efetuou-se a partir da média do alongamento da raiz nas sementes

germinadas no experimento e da média do alongamento da raiz nas sementes

germinadas no controle negativo (Equação 2).

(

) (Equação 3)

Onde,

MRa = média do alongamento da raiz nas sementes germinadas no

experimento analisado;

MRc = média do alongamento da raiz nas sementes germinadas no CN.

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39

Índice de germinação (IG)

Para a determinação do índice de germinação combina-se as medidas de

germinação relativa das sementes ao CN (%G) e do alongamento da raiz relativo ao

CN (%R) (Equação 3).

( ) ( )

(Equação 4)

3.4 Análise estatística

Os resultados obtidos foram submetidos à análise estatística empregando o

teste de Tukey (comparação entre médias) a um nível de confiança de 95%,

utilizando o programa Statistica 7.1.

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40

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Medida da atividade microbiana (CO2)

A respiração basal é um dos mais antigos parâmetros para quantificar a

atividade microbiológica do solo (BATISTA et al., 2014). Ela representa a oxidação

da matéria orgânica do solo por organismos aeróbios, ou seja, que utilizam oxigênio

(O2) como aceptor final de elétrons e liberam gás carbônico (CO2) (ANDERSON,

1982). Os microrganismos com capacidade degradadora utilizam os hidrocarbonetos

como fonte de carbono em seu metabolismo, liberando como resultado desta

assimilação, o gás carbônico (CERQUEIRA et al., 2011). A determinação da

respiração microbiana no laboratório pode ser feita através da medida do O2

consumido ou do CO2 liberado do solo, sendo esta última a mais utilizada

(SILVEIRA, 2011).

As Figuras 6a e 6b mostram, respectivamente, a produção diária e a

produção acumulada de CO2 ao longo de 54 dias, para os diferentes experimentos

de biorremediação.

A Figura 6a mostra que a maior produção de gás carbônico ocorreu em sete

dias de processo para os experimentos BE, BA e BEA, apresentando valores

máximos de 150,5 mg/Kg no tratamento BEA, de 145 mg/Kg no tratamento BA, e de

146,5 mg/Kg no tratamento BE. No ensaio de AN, a máxima produção de CO2 foi

139 mg/kg em dois dias. de processo. Comportamento semelhante foi observado em

estudos realizados em solos contaminados com 1,5 e 6% de borra oleosa

(CERQUEIRA, 2011) e em solos oriundos de postos de combustível contaminado

com óleo diesel (MARIANO, 2006) nos quais a maior liberação de CO2 ocorreu nos

primeiros 10 dias de processo.

A medida do CO2 está relacionada com a mineralização dos

hidrocarbonetos, ou seja, até a transformação total do contaminante em CO2,

portanto não considerando a formação de subprodutos intermediários (MARIANO,

2006). A degradação microbiológica possui uma sequência preferencial de

compostos a serem degradados. Os hidrocarbonetos alifáticos (alcanos e alcenos)

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41

são mais rapidamente e facilmente degradados, seguidos pelos hidrocarbonetos

aromáticos e finalmente cicloalcanos (BENTO et al., 2005). Nestes ensaios, as

frações mais lábeis (hidrocarbonetos lineares e de cadeias abertas) presentes na

borra oleosa podem ter sido prontamente utilizadas como fonte de carbono e energia

pela microbiota presente (CERQUEIRA, 2011).

A Figura 6b apresenta a quantificação do CO2 liberado e acumulado ao

longo do período de incubação. Observa-se que todos os ensaios apresentaram

comportamento semelhante. A máxima produção acumulada de CO2 (1430 mg/Kg)

foi alcançada no ensaio de BE. O bioestímulo com a adição de nutrientes (N e P)

tem sido reportado como um importante fator para aumentar a eficiência da

biorremediação (GALLEGO et al., 2001; CARDONA e ITURBE, 2003). Em trabalho

realizado por Orantas (2013), no qual foi avaliada a degradação de borra oleosa no

solo com contaminação inicial de 1,5%, os valores de CO2 acumulado nos

experimentos de BE, BA e BEA foram consideravelmente maiores que o verificado

na atenuação natural. Resultados obtidos por Mariano et al. (2007) mostraram que

todas as estratégias de biorremediação empregadas (bioestimulação e

bioaumentação), intensificaram o processo de degradação de óleo diesel em solo,

onde os melhores resultados obtidos foi quando houve a adição de nutrientes.

Neste trabalho, entretanto, a produção de CO2 acumulado no experimento

de bioestimulação não mostrou diferença significativa quando comparado ao

tratamento de atenuação natural, e aos demais tratamentos, possivelmente porque a

quantidade de nutrientes adicionados não foi adequada para estimular a microbiota

do solo que continha um alto percentual de borra oleosa. Em trabalho realizado por

Cerqueira (2011), onde foram comparados os tratamentos de atenuação natural,

bioestimulação e bioaumentação em solos contaminados com borra oleosa a 1,5 e

6% foi observado que em solos contaminados a 6% a adição de nitrogênio e fósforo

na relação C:N:P de 100:10:1 inibiu a produção de CO2 quando comparado a AN,

diferentemente dos ensaios a 1,5%, no qual a relação de C:N:P de 100:10:1 mostrou

favorecer a produção de CO2 frente a AN. Isto sugere que para o tratamento de altas

concentrações de borra oleosa em solo, o ideal é a aplicação de maiores relações

C:N nos ensaios de bioestimulação.

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42

(a)

Tempo (dias)

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60

Pro

du

çã

o d

e C

-CO

2 (

mg

/Kg

)

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Controle

AN

BE

BA

BEA

(b)

Tempo (dias)

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60

Pro

du

ção

acu

mu

lad

a d

e C

-CO

2 (

mg

/Kg

)

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

Controle

AN

BE

BA

BEA

Figura 6: (a) Produção diária de CO2 (mg/Kg de solo) e (b) Produção acumulada de CO2 (mg/Kg de

solo) ao longo de 54 dias para os ensaios realizados.

AN: Atenuação natural BE: Bioestimulação BA: Bioaumentação BEA: Bioestimulação seguido de

bioaumentação

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43

4.2 Avaliação da fitotoxicidade dos solos

Testes de toxicidade são utilizados para avaliar os potenciais efeitos

adversos de substâncias tóxicas sobre organismos de diferentes ecossistemas,

sendo esses um complemento às avaliações químicas (CASTRO, 2013).

Esses testes são importantes porque, muitas vezes, os compostos

intermediários formados durante o processo de degradação podem ser mais tóxicos

e assim causar maiores prejuízos ambientais que o contaminante inicial, fato

observado por Ferreira (2010), que realizou biorremediação de um solo contaminado

por gasolina aditivada, onde maiores níveis de toxicidade foram obtidos após alguns

ensaios de biorremediação do que o observado inicialmente com altas

concentrações de hidrocarbonetos. Diante da possibilidade de formação de produtos

intermediários mais tóxicos que os iniciais, os testes de toxicidade utilizando

bioindicadores constituem em um recurso interessante para ser realizado. Sendo os

testes de toxicidade utilizando hortaliças um recurso prático, de baixo custo, rápido e

de sensibilidade razoável na indicação de danos causados por substâncias tóxicas

(COSTA, 2010).

Para determinar a fitotoxicidade dos solos contaminados com borra oleosa

petroquímica após diferentes tratamentos de biorremediação, foram realizados

ensaios ecotoxicológicos com dois organismos testes (E. sativa e L. sativa), nos

quais foram avaliados: a germinação das sementes, o crescimento das radículas e o

índice de germinação.

A medida da germinação relativa (%G) representa, em porcentagem, a

relação entre a contagem das sementes germinadas na amostra e no controle

negativo. As Figuras 7 e 8 mostram os resultados obtidos de germinação relativa

nos ensaios utilizando rúcula e alface, respectivamente.

Conforme apresentado na Figura 7, o experimento que mostrou maior

resposta de germinação relativa, utilizando as sementes de rúcula, foi o BA (87,9%),

fato este que não se repetiu nos ensaios utilizando sementes de alface (Figura 8),

onde a maior germinação relativa ocorreu no experimento de BEA (113,69%).

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44

Experimento

AN BE BA BEA

Germ

inação

rela

tiva (

%)

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Figura 7: Germinação relativa das sementes de rúcula.

Experimento

AN BE BA BEA

Ge

rmin

ão

re

lati

va

(%

)

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Figura 8: Germinação relativa das sementes de alface.

As Figuras 9 e 10 apresentam os resultados obtidos de desenvolvimento

relativo da raiz (%R) para as sementes de rúcula e alface, respectivamente. O

desenvolvimento relativo da raiz é obtido a partir da relação entre a média do

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45

alongamento da raiz das sementes germinadas no ensaio e a média do

alongamento da raiz do ensaio controle negativo.

Experimento

AN BE BA BEA

Desen

vo

lvim

en

to r

ela

tivo

da r

aiz

(%

)

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Figura 9: Desenvolvimento relativo da raiz de rúcula.

Experimento

AN BE BA BEA

Desen

vo

lvim

en

to r

ela

tivo

da r

aiz

(%

)

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Figura 10: Desenvolvimento relativo da raiz de alface.

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46

Observou-se que, assim como os resultados de germinação relativa, o

desenvolvimento relativo da raiz para rúcula foi maior no experimento BA, atingindo

o valor 115,48%, e o segundo maior crescimento foi para BEA, enquanto para a

alface a %R foi maior no BEA, alcançado o valor de 111,16% e o segundo maior

crescimento observado foi para a BA.

O conjunto de medidas da germinação relativa e desenvolvimento relativo da

raiz permite o cálculo do índice de germinação (IG) das sementes após o período de

120 horas.

Os resultados obtidos de IG (%) para os diferentes experimentos estão

mostrados nas Figuras 11 e 12, quando utilizou-se sementes de rúcula e alface,

respectivamente.

Os maiores índices de germinação alcançados, em ambas as sementes,

foram obtidos nos tratamentos BA e BEA. Já nos tratamentos de BE e AN, os

resultados foram inferiores a esses, mostrando, portanto maior toxicidade às

espécies avaliadas.

Nos ensaios utilizando a alface, o máximo IG foi alcançado no ensaio de

BEA, seguido de BA, BE e AN. Entretanto, os resultados de IG entre os tratamentos,

não apresentaram diferença significativa entre eles (p>0,05). Nos ensaios utilizando

a rúcula, o máximo IG foi alcançado para o tratamento de BA, que apresentou

diferença significativa (p<0,05) com os tratamentos de BE e AN. A partir destes

resultados, pode-se inferir que a utilização do consórcio bacteriano favoreceu a

degradação e a menor ou não formação de compostos tóxicos intermediários,

quando comparado aos ensaios de AN e BE. Os resultados obtidos de menor

toxicidade alcançado no tratamento de bioaumentação mostrou que a utilização de

consórcio de bactérias autóctones apresentou eficiência na degradação de borra

oleosa.

Estudos têm mostrado que a utilização de bactérias isoladas do próprio

local a ser tratado resulta em maiores taxas de biodegradação, devido ao fato de já

estarem adaptadas àquele contaminante. Bento et al. (2005), avaliando a

bioaumentação em solos contaminados com óleo diesel, encontrou melhores

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47

resultados de biodegradação quando utilizou microrganismos os quais foram

isolados do próprio solo avaliado do que comparado com o solo em que foi aplicado

microrganismos alóctones. Além disto, também encontrou valores mais altos de

degradação com a BA quando comparado aos valores de bioestimulação e

atenuação natural. Deon (2012) verificou valores semelhantes entre os processos de

bioaumentação e atenuação natural, em seu estudo utilizando os processos de

biorremediação em um solo contaminado por óleo diesel, justificando tais resultados

pelo fato de que os microrganismos utilizados serem alóctones, ou seja, não foram

isolados do próprio solo contaminado.

Os menores índices de germinação foram alcançados no tratamento de AN,

onde para a rúcula foi de 34,84% e para alface de 53,22%. Esse menor índice pode

ter se dado porque, segundo Orantas (2013), o processo de atenuação natural é

lento, visto que neste um poluente orgânico no solo ocorre sem adequação das

melhores condições para a atividade microbiana. Nesse processo, os poluentes

podem ser transformados em substâncias menos nocivas ou serem imobilizados

com o tempo, utilizando-se para isso apenas os microrganismos nativos do solo

onde o resíduo foi disposto. No entanto grande parte dos solos são originalmente

desprovidos de uma população degradadora eficiente e numerosa, resultando em

um período de tempo muito extenso para que ocorram as reações. Assim, o

desempenho na AN quanto comparada com os processos onde ocorre a adição de

nutrientes e microrganismos de forma adequada, apresenta menor eficiência e um

espaço de tempo maior para obter a degradação dos compostos tóxicos. Esse

desempenho inferior do experimento de atenuação natural também foi identificado

por Cavelhão (2011), em estudos de biorremediação de solo contaminado por

diesel, onde as técnicas de adição de microrganismos e de nutrientes se mostraram

eficientes, verificando-se valores mais altos quando relacionados aos valores que

obtiveram na atenuação natural.

O crescimento no tratamento de BE obteve o índice mais baixo após a AN

para as duas espécies de organismos teste utilizadas.

O tratamento de BE apresentou IG menor do que os tratamentos de BA e

BEA. Considerando também os resultados de produção de CO2, provavelmente a

relação C:N:P utilizada, de 100:6:1,5, pode ter sido inadequada em relação a

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48

quantidade de contaminante adicionado e não ter favorecido a degradação dos

compostos mais recalcitrantes.

A adição de nutrientes (BE), quando comparado a AN, para ambas as

sementes, apresentaram índices de germinação similares, não apresentando

diferença significativa (p>0,05), sendo assim a adição de nutrientes não intensificou

o processo de degradação, e consequentemente a redução de toxicidade.

Divergindo dos resultados obtidos no presente estudo, em diversos trabalhos

(GALLEGO et al., 2001; CARDONA e ITUBRE, 2003), a adição de nutrientes

mostrou efeito positivo na biorremediação de solos contaminados por

hidrocarbonetos quando comparados a atenuação natural. É importante ressaltar

que em todos estes trabalhos é colocado em evidencia que a relação entre os

nutrientes deve ser bastante minuciosa, pois quantidades excessivas podem

apresentar efeito inibitório, e quantidades pequenas diferenças não significativas.

Comparando o desempenho das sementes, a rúcula mostrou maior

sensibilidade frente a fatores ambientais adversos. A semente de rúcula é mais

sensível do que a semente de alface, possivelmente pelo fato da semente de rúcula

apresentar tamanho menor. Em Tanveer et al. (2013) e Cruz et al. (2013), sementes

menores também apresentaram-se mais sensíveis ao estresse ambiental. Esse fato

foi explicado baseado na diferença entre os tamanhos das sementes, constatando-

se que sementes maiores oferecem maior proteção quando expostas a um

contaminante.

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49

Experimento

AN BE BA BEA

Índ

ice d

e g

erm

inação

(IG

)

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Figura 11: Índice de germinação para rúcula.

Experimento

AN BE BA BEA

Índ

ice

de

ge

rmin

ão

(IG

)

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Figura 12: Índice de germinação para alface.

A Tabela 2 apresenta os resultados de porcentagem de sementes

germinadas nos bioensaios com rúcula e alface para o tempo inicial e final.

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50

Os resultados dos bioensaios são confiáveis, pois, conforme citado por Cruz

et al. (2013), a condição estabelecida para a confiabilidade do teste de fitotoxicidade

com hortaliças, de acordo com a EPA, é de que devem germinar 65% das sementes

do controle negativo. Nos ensaios realizados em rúcula e alface obtiveram-se,

respectivamente, os valores de 73,3% e 96,7%, ambos superiores ao estipulado

pela EPA.

Observa-se que os tratamentos de biorremediação aplicados foram

eficientes quando comparados ao solo contaminado (tempo zero), visto que no

tempo final apresentaram aumento na porcentagem de germinação, apresentando

redução na toxicidade. Comportamento semelhante foi observado por Lopes (2014),

onde a maioria dos tratamentos propostos apresentaram redução nos níveis de

toxicidade de solo contaminado por óleo lubrificante, demonstrando a eficiência dos

processos de biorremediação. Já em estudos realizados por Al-Mutairi et al. (2008),

foi encontrado comportamento inverso, onde após processo de biorremediação de

solo contaminado por combustíveis derivados de petróleo houve aumento dos níveis

de toxicidade do solo, mostrando que os compostos formados durante a degradação

tinham potencial tóxico maior que dos hidrocarbonetos iniciais.

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51

Tabela 2: Comparação entre valor de germinação do solo contaminado, solo

controle e solos após os tratamentos de biorremediação.

A partir dos resultados, nota-se que aplicação dos tratamentos, em especial

a adição de microrganismos, favoreceu a redução da fitotoxicidade. Além disso, foi

observado que o porcentual de germinação nos tratamentos no tempo final

alcançaram valores próximos do solo controle, mostrando que os solos estavam em

processo de recuperação. A borra oleosa contém em sua composição compostos

orgânicos, sendo formado por compostos saturados, aromáticos, resinas e

asfaltenos (CERQUEIRA, 2011), sendo a fração de hidrocarbonetos aromáticos a

mais preocupante, visto que ela contribui de forma significativa para as propriedades

toxicológicas do resíduo. Frente a isso, possivelmente, os hidrocarbonetos

policíclicos aromáticos (HPAs) foi a fração da composição da borra oleosa que mais

colaborou para os baixos índices de germinação que foi observado. Segundo

Teramae et al. (2012), solos que apresentam hidrocarbonetos de petróleo, possuem

baixo índice de germinação de sementes, sendo os hidrocarbonetos observados

como fator limitante para o processo de germinação. Complementar a isso, Cruz

(2013) cita que a presença de HPAs é relatada em alguns trabalhos como inibidores

Tempo

Tratamento

Sementes

germinadas

RÚCULA (%)

Sementes

germinadas

ALFACE (%)

Inicial Solo Controle (sem adição de borra) 73,3 96,7

Solo Contaminado (tempo zero) 40,0 26,7

Final AN 53,3 53,3

BE 73,3 76,7

BA 75,0 85,0

BEA 83,3 80,0

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52

de germinação, o que corrobora com os resultados que foram obtidos no presente

trabalho.

De acordo com os dados obtidos na análise de fitotoxicidade, verifica-se que

a adição de nutrientes e consórcio microbiano mostraram reduzir a toxicidade do

solo, mais eficientemente do que a atenuação natural. Essas técnicas utilizadas para

aumentar a eficiência da biorremediação são de grande importância, visto que elas

intensificam o processo de degradação, assim diminuindo o tempo do processo de

biorremediação. Já entre os experimentos de BE, BA e de BEA notou-se que foi

alcançado maior eficiência na degradação da borra oleosa quando houve a adição

do consórcio de microrganismos endógenos.

Page 53: Avaliação Ecotoxicológica de Solos Impactados com Borra ... · Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). ... Desenvolvimento relativo da raiz de rúcula ... Agência de Proteção

53

5. CONCLUSÃO

Os resultados obtidos na medida de CO2, liberado a partir da atividade de

degradação dos microrganismos, mostrou que o tratamento BE apresentou maior

quantidade de CO2 liberado (1430 mg/Kg), porém esse não teve diferença

significativa com os demais tratamentos.

As análises ecotoxicológicas, utilizando como organismo teste a rúcula e a

alface, mostraram maior índice de germinação nos diferentes tratamentos de

biorremediação aplicados do que o observado no solo contaminado (tempo zero).

Além disso, os IG obtidos após os 54 dias de biorremediação para todos os

tratamentos apresentaram valores próximos aos obtidos na amostra controle (sem

contaminação), o que remete que o solo após esse período foi recuperado. Entre os

tratamentos, os que apresentaram maior desempenho foram os que utilizaram o

consórcio microbiano com microrganismos autóctones (BA e BEA), onde para a

rúcula, o maior IG foi para o tratamento BA (100,97%), e para alface foi para o

tratamento BEA (126,4%). Os resultados da BE quando comparados com a

atenuação natural não apresentaram diferenças significativas para ambas as

espécies, possivelmente porque a relação 100:6:1,5 adicionada não foi capaz de

estimular a atividade microbiana.

Entre os organismos testes notou-se que a rúcula foi mais sensível quando na

presença de substâncias tóxicas, mostrando diferença significativa entre os

diferentes experimentos, e apresentando os índices de germinação de todos os

tratamentos inferiores aos obtidos pela alface.

Frente aos resultados obtidos na respiração basal e nos ensaios

ecotoxicológicos, conclui-se que o tratamento de biorremediação aplicados no solo

contaminado com a borra oleosa mostraram ser uma estratégia eficaz, onde os

testes demostraram que ocorreu redução da toxicidade do solo contaminado

incialmente (tempo zero) para o solo analisado após o período de 54 dias de

biorremediação. Ainda constata-se que os tratamentos que mostraram maior eficácia

foram os que receberam a adição de microrganismos.

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