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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS– PUC-MINAS
Programa de Pós-Graduação em Geografia - Tratamento da Informação Espacial
Leonardo de Salles
AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS AMBIENTAIS NO ENTORNO DE
UMA INDÚSTRIA SIDERÚRGICA EM BETIM/MG
Belo Horizonte
2020
Leonardo de Salles
AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS AMBIENTAIS NO ENTORNO DE
UMA INDÚSTRIA SIDERÚRGICA EM BETIM/MG
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Geografia – Tratamento da
Informação Espacial da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em Geografia.
Orientador: Prof. Dr. Henrique Paprocki
Coorientador: Prof. Dr. Alecir Antônio Maciel
Moreira
Área de Concentração: Análise Espacial
Belo Horizonte
2020
FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Salles, Leonardo de
S168a Avaliação de parâmetros ambientais no entorno de uma indústria siderúrgica
em Betim/MG / Leonardo de Salles. Belo Horizonte, 2020.
128 f. : il.
Orientador: Henrique Paprocki
Coorientador: Alecir Antônio Maciel Moreira
Dissertação (Mestrado) - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Programa de Pós-Graduação em Geografia - Tratamento da Informação Espacial
1. Usinas siderúrgicas - Aspectos ambientais - Betim (MG). 2. Geografia
urbana. 3. Urbanização. 4. Sistemas de informação geográfica. 5. Mapoteca. 6. Governança. 7. Impacto ambiental. 8. Poluição. 9. Solo urbano. I. Paprocki,
Henrique. II. Moreira, Alecir Antônio Maciel. III. Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Geografia - Tratamento da
Informação Espacial. IV. Título.
CDU: 911.3:711
Ficha catalográfica elaborada por Fernanda Paim Brito - CRB 6/2999
Leonardo de Salles
AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS AMBIENTAIS NO ENTORNO DE
UMA INDÚSTRIA SIDERÚRGICA EM BETIM/MG
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Geografia – Tratamento da
Informação Espacial da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em Geografia.
Área de Concentração: Análise Espacial
Prof. Dr. Henrique Paprocki – PUC Minas (Orientador)
Prof. Dr. Alecir Antônio Maciel Moreira – PUC Minas (Coorientador)
Prof. Dr. Sandro Laudares - PUC Minas (Banca examinadora)
Prof. Dr. Diego Tarley Ferreira Nascimento UFG (Banca examinadora)
Belo Horizonte, 14 e outubro de 2020.
A Deus, à minha esposa Flavia Cynthia de Castro, aos
meus filhos Gustavo de Castro Salles, Rafael de Castro
Salles e Samuel de Castro Salles, inspiração para alcançar
grandes desafios.
AGRADECIMENTOS
Minha sincera gratidão...
Aos meus pais, Maria Lucia de Barro Salles e Joel Jesus de Salles, que me ensinaram os
primeiros passos desta caminhada;
À minha esposa, Flavia Cynthia de Castro Salles, pela paciência, amor, companheirismo e
apoio no meu desenvolvimento intelectual;
Aos meus filhos, Gustavo de Castro Salles, Rafael de Castro Salles e Samuel de Castro Salles,
pela compreensão, ausência, incentivo e apoio.
À Pontifícia Universidade Católica De Minas Gerais – PUC Minas, que tornou possível a
concretização deste objetivo;
Aos professores Dr. Henrique Paprocki e Dr. Alecir Antônio Maciel Moreia, que com
serenidade, sabedoria, dedicação e competência, conduziram-me durante a construção desta
dissertação;
Ao meu irmão e Mestre Claudio Wagner Salles, pela avaliação e auxílio na construção desta
dissertação.
Aos colaboradores da Geoavaliar, pela presteza e auxílio no desenvolvimento dos trabalhos
técnicos dessa dissertação.
Aos proprietários dos empreendimentos que permitiram o acesso e o espaço para instalação
das estações de monitoramento.
RESUMO
O crescimento desordenado das manchas urbanas brasileiras, propiciado por razões como a
ausência de políticas públicas especificas e ocupação do solo deficitária, favorece o
estabelecimento de vida humana em áreas tidas como impróprias do ponto de vista ambiental -
como áreas de proteção, encostas e áreas industriais. Esta dissertação visa investigar e
compreender o uso e a ocupação do solo ao redor de uma unidade industrial no município de
Betim/MG, a fim de observar as interseções entre os impactos ambientais e climatológicos e o
estabelecimento da cidade de forma desordenada no entorno do empreendimento durante as
últimas décadas. Através dos aportes da geografia urbana, da climatologia e do monitoramento
de parâmetros ambientais sob o aporte de geotecnologias, utilizamos da análise comparativa
para aferir diferentes distâncias de qualidade do ar, modelagens da dispersão de poluentes e da
propagação de ruídos ambientais, levando à análise sistemática do impacto ambiental gerado
pela unidade fabril sobre seu entorno. Uma vez que o município estudado está submetido ao
impacto direto da influência gerada pela unidade industrial, espera-se, com essas informações,
propor uma área de amortização ao redor do empreendimento a ser utilizada na elaboração de
políticas públicas que auxiliem a convivência orgânica entre empreendimentos industriais e a
população de modo geral.
Palavras-chave: Impacto ambiental. Área de amortização. Poluição. Políticas públicas. Uso e
ocupação do solo urbano.
ABSTRACT
The disordered growth of Brazilian urban spots, brought about by reasons such as the absence
of specific public policies and deficient land occupation, favors the establishment of human life
in areas considered as environmentally inappropriate - such as protection areas, slopes and
industrial areas . This dissertation aims to investigate and understand the use and occupation of
the soil around an industrial unit in the municipality of Betim/MG, in order to observe the
intersections between environmental and climatological impacts and the establishment of the
city in a disorderly manner around the enterprise over the past few decades. Through the
contributions of urban geography, climatology and the monitoring of environmental parameters
under the contribution of geotechnologies, we use comparative analysis to measure different
distances of air quality, modeling of the dispersion of pollutants and the propagation of
environmental noise, leading to systematic analysis the environmental impact generated by the
plant on its surroundings. Since the municipality studied is subject to the direct impact of the
influence generated by the industrial unit, it is expected, with this information, to propose an
amortization area around the project to be used in the elaboration of public policies that help
organic coexistence between projects industrialists and the population in general.
Keywords: Environmental impact. Abatement area. Pollution. Public policy. Use and
occupation of urban land.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Cálculo do IQA ....................................................................................................... 33
Figura 2 - Fluxograma de desenvolvimento da dissertação ..................................................... 59
Figura 3 - Amostrador de grandes volumes AGV – PTS ......................................................... 62
Figura 4 - Amostrador de grandes volumes associado a separador inercial - AGV - PM10 ... 63
Figura 5 - Instrumento de Medição de Nível Sonoro Solo-Slim .............................................. 64
Figura 6 - Mapa do município de Betim/MG, suas fronteiras e a área de estudo .................... 69
Figura 7 - Densidade urbana de Betim/MG ............................................................................. 70
Figura 8 - Figura esquemática do processo produtivo usina siderúrgica integrada.................. 73
Figura 9 – Corte do Alto Forno ................................................................................................ 75
Figura 10 - Localização área de estudo em setembro de 2005. ................................................ 76
Figura 11 - Localização área de estudo em março de 2019...................................................... 76
Figura 12 - Topografia em perspectiva da região avaliada (elaborada com dados SRTM) ..... 78
Figura 13 - Topografia em Perspectiva da Região Avaliada (elaborada com dados SRTM) .. 78
Figura 14 - Localização espacial das estações meteorológicas ................................................ 79
Figura 15 - Rosa dos ventos – estação meteorológica automática Florestal – ano base 2018. 83
Figura 16 – Mapa Urbano com a Localização espacial dos pontos de monitoramento
considerados no estudo ............................................................................................................. 87
Figura 17 - Localização espacial dos pontos de monitoramento 1, 2, 3 e 4, considerados no
estudo ........................................................................................................................................ 87
Figura 18 - Localização espacial do ponto de monitoramento 5, considerado no estudo ........ 88
Figura 19 – Ponto 02 – Destaque a Direita Instrumento AGV-PM10 ..................................... 89
Figura 20 – Ponto 04 Jusante – Destaque à direita (Instrumento AGV-Hi-Vol) ..................... 96
Figura 21 - Ponto 01 – Destaque do Instrumento Solo Slin (à esquerda) .............................. 103
Figura 22 – Ponto de amostragem (à direita). ........................................................................ 103
Figura 23 - Mapa de Intensidade de Concentração de Partículas Inaláveis - PI .................... 113
Figura 24 - Mapa de Intensidade de Concentração de Partículas Totais Suspenção - PTS ... 113
Figura 25 - Mapa de Intensidade de Concentração de Ruído Ambiental - Diurno ................ 114
Figura 26 - Mapa de Intensidade de Concentração de Ruído Ambiental - Noturno .............. 114
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Fontes de informações utilizadas para a caracterização meteorológica da área de
estudo ........................................................................................................................................ 80
Tabela 2 - Análise estatística de precipitação pluviométrica - normais climatológicas (INMET)
no período de 1981 a 2010 – estação meteorológica de Florestal. ........................................... 81
Tabela 3 - Análises estatísticas de velocidade do vento – normais climatológicas (INMET) no
período de 1981 a 2010 – estação meteorológica de Florestal. ................................................ 82
Tabela 4 - Análises estatísticas de temperatura – normais climatológicas (INMET) no período
de 1981 a 2010 – estação meteorológica de Florestal .............................................................. 83
Tabela 5 - Análises estatísticas de Pressão Atmosférica – normais climatológicas (INMET) no
período de 1981 a 2010 – estação meteorológica de Florestal ................................................. 84
Tabela 6 - Análises estatísticas de Umidade Relativa do Ar – normais climatológicas (INMET)
no período de 1981 a 2010 – estação meteorológica de Florestal ............................................ 85
Tabela 7 – Resultados do monitoramento das partículas inaláveis do Ponto 01, localizado à
jusante do empreendimento, em relação a fonte geradora e a direção predominante dos Ventos.
.................................................................................................................................................. 91
Tabela 8 - Resultados do monitoramento PI - Ponto 01, apresentados em valores obtidos através
de uma função linear e comparados com os valores de IQA .................................................... 91
Tabela 9 – Resultados do monitoramento das partículas inaláveis do Ponto 02 localizado a
Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante dos Ventos)
.................................................................................................................................................. 92
Tabela 10 - Resultados do monitoramento PI – Ponto 02, apresentados em valores obtidos
através de uma função linear e comparados com os valores de IQA ....................................... 92
Tabela 11 – Resultados do monitoramento das partículas inaláveis do Ponto 03 localizado a
Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante dos Ventos)
.................................................................................................................................................. 93
Tabela 12 - Resultados do monitoramento PI - Ponto 03, apresentados em valores obtidos
através de uma função linear e comparados com os valores de IQA ....................................... 93
Tabela 13 – Resultados do monitoramento das partículas inaláveis do Ponto 04 localizado a
Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante dos Ventos)
.................................................................................................................................................. 94
Tabela 14 - Resultados do monitoramento PI - Ponto 04, apresentados em valores obtidos
através de uma função linear e comparados com os valores de IQA ....................................... 94
Tabela 15 – Resultados do monitoramento das partículas inaláveis do Ponto 05 localizado a
Montante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante dos
Ventos) ..................................................................................................................................... 95
Tabela 16 - Resultados do monitoramento PI - Ponto 05, apresentados em valores obtidos
através de uma função linear e comparados com os valores de IQA. ...................................... 95
Tabela 17 – Resultados do monitoramento das partículas totais em suspenção do Ponto 01
localizado a Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante
dos Ventos). .............................................................................................................................. 98
Tabela 18 - Resultados do monitoramento PTS - Ponto 01, apresentados em valores obtidos
através de uma função linear e comparados com os valores de IQA. ...................................... 98
Tabela 19 – Resultados do monitoramento das partículas totais em suspenção do Ponto 02
localizado a Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante
dos Ventos) ............................................................................................................................... 99
Tabela 20 - Resultados do monitoramento PTS - Ponto 02, apresentados em valores obtidos
através de uma função linear e comparados com os valores de IQA ....................................... 99
Tabela 21 – Resultados do monitoramento das partículas totais em suspenção do Ponto 03
localizado a Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante
dos Ventos) ............................................................................................................................. 100
Tabela 22 - Resultados do monitoramento PTS - Ponto 03, apresentados em valores obtidos
através de uma função linear e comparados com os valores de IQA ..................................... 100
Tabela 23 – Resultados do monitoramento das partículas totais em suspenção do Ponto 04
localizado a Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante
dos Ventos) ............................................................................................................................. 101
Tabela 24 - Resultados do monitoramento PTS - Ponto 04, apresentados em valores obtidos
através de uma função linear e comparados com os valores de IQA. .................................... 101
Tabela 25 – Resultados do monitoramento das partículas totais em suspenção do Ponto 05
localizado a Montante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção
predominante dos Ventos) ...................................................................................................... 102
Tabela 26 - Resultados do monitoramento PTS - Ponto 05, apresentados em valores obtidos
através de uma função linear e comparados com os valores de IQA ..................................... 102
Tabela 27 – Resultados do monitoramento de Ruído ambiental no Ponto 01 localizado a Jusante
do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante dos Ventos) ..... 104
Tabela 28 – Resultados do monitoramento de Ruído ambiental no Ponto 02 localizado a Jusante
do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante dos Ventos) ..... 104
Tabela 29 – Resultados do monitoramento de Ruído ambiental no Ponto 03 localizado a Jusante
do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante dos Ventos) ..... 104
Tabela 30 – Resultados do monitoramento de Ruído ambiental no Ponto 04 localizado a Jusante
do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante dos Ventos). .... 105
Tabela 31 – Resultados do monitoramento de Ruído ambiental no Ponto 05 localizado a
Montante do empreendimento em relação à fonte geradora e a direção predominante dos
Ventos. .................................................................................................................................... 105
Tabela 32 – Comparação dos resultados do monitoramento das PI, em relação ao
distanciamento dos pontos e o percentual regressivo encontrado .......................................... 106
Tabela 33 – Comparação dos resultados do monitoramento das PTS, em relação ao
distanciamento dos pontos e o percentual regressivo encontrado .......................................... 108
Tabela 34 – Comparação dos resultados do monitoramento de Ruído ambiental, em relação ao
distanciamento dos pontos e o percentual regressivo encontrado .......................................... 109
Tabela 35 - Dados meteorológicos/climáticos referente aos dias 09 e 10/09/2019, extraídos do
site INMET Estação Florestal e Instrumentos de medições utilizados em campo. ................ 110
Tabela 36- Dados meteorológicos/climáticos referente aos dias 10 e 11/09/2019, extraídos do
site INMET Estação Florestal e Instrumentos de medições utilizados em campo. ................ 111
Tabela 37 - Dados meteorológicos/climáticos referente aos dias 11 e 12/09/2019, extraídos do
site INMET Estação Florestal e Instrumentos de medições utilizados em campo ................. 111
Tabela 38 - Dados meteorológicos/climáticos referente aos dias 12 e 13/09/2019, extraídos do
site INMET Estação Florestal e Instrumentos de medições utilizados em campo. ................ 111
Tabela 39 - Dados meteorológicos/climáticos referente aos dias 13 e 14/09/2019, extraídos do
site INMET Estação Florestal e Instrumentos de medições utilizados em campo. ................ 112
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Nível da Qualidade do Ar e os efeitos sobre a Saúde ............................................ 32
Quadro 2 – IQA - Índice da qualidade do ar ............................................................................ 33
Quadro 3- Valores máximos permitidos para ruído externo na NBR 10151 ........................... 37
Quadro 4 - Participações dos setores no valor adicionado – Betim -2016 ............................... 71
Quadro 5 - Percentual dos ocupados por setor de atividade – Betim 2016 .............................. 71
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Comportamento sazonal mensal da precipitação pluviométrica – normais
climatológicas (INMET) no período de 1981 a 2010 – estação meteorológica de Florestal ... 81
Gráfico 2 - Comportamento Sazonal Mensal da Velocidade do Vento – Normais Climatológicas
(INMET) no Período de 1981 a 2010 – Estação Meteorológica de Florestal .......................... 82
Gráfico 3 - Comportamento sazonal mensal da temperatura bulbo seco – normais climatológicas
(INMET) no período de 1981 a 2010 – estação meteorológica de Florestal ............................ 84
Gráfico 4 - Comportamento sazonal mensal da pressão atmosférica – estação meteorológica
automática ................................................................................................................................. 85
Gráfico 5 - Comportamento sazonal mensal da umidade relativa do ar –estação meteorológica
automática ................................................................................................................................. 86
Gráfico 6 – Resultados de PI - Ponto 01 .................................................................................. 91
Gráfico 7 – Gráfico de Resultados PI - Ponto 02 ..................................................................... 92
Gráfico 8 – Resultados de PI - Ponto 03 .................................................................................. 93
Gráfico 9 – Resultados de PI - Ponto 04 .................................................................................. 94
Gráfico 10 – Resultados de PI - Ponto 05 ................................................................................ 95
Gráfico 11 – Resultados PTS - Ponto 01 .................................................................................. 98
Gráfico 12 – Resultados PTS - Ponto 02 .................................................................................. 99
Gráfico 13 – Resultados de PTS - Ponto 03 ........................................................................... 100
Gráfico 14 – Resultados de PTS - Ponto 04 ........................................................................... 101
Gráfico 15 – Resultados de PTS - Ponto 05 ........................................................................... 102
Gráfico 16 – Resultados Ruído Ambiental ............................................................................. 105
Gráfico 17 - Comparativos do Resultados PI ......................................................................... 107
Gráfico 18 – Comparativos dos Resultados PTS. .................................................................. 108
Gráfico 19 – Comparativos dos Resultados Ruído Ambiental. .............................................. 109
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
AGV Amostrador de grande volume
ANA Agência Nacional de Água
APA Agência de proteção ambiental de Portugal.
CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
CONAMA Conselho nacional de meio ambiente
EIA Estudos de impactos ambientais
EIV Estatuto de impacto de vizinhança
EUA EPA Agência de proteção ambiental dos Estados Unidos da América.
FEAM Fundação estadual de meio ambiente do estado de Minas Gerais
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IGAM instituto Mineiro de Gestão das Águas
IEF Instituto Estadual de Florestas
INMET Instituto Nacional de Meteorologia
INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
MMA Ministério do Meio Ambiente
NBR Normas Brasileiras regulamentadoras
OMM Organização Meteorológica Mundial
OMS Organização mundial da saúde
RPPN Reserva Particular do Patrimônio Nacional
PI Partículas inaláveis
PTS Partículas totais em suspensão
SIG Sistemas de Informação Geográfica
SEMACE Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Ceará
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 19
2 FUNDAMENTO TEÓRICO E ABORDAGENS METODOLÓGICAS ..................... 24
2.1 A urbanização ................................................................................................................... 24
2.2 Poluição Ambiental e Meio Ambiente ............................................................................ 27
2.3 Qualidade do ar ................................................................................................................ 29
2.4 Ruído ambiental ................................................................................................................ 34
2.5 Aspectos teóricos da qualidade ambiental ..................................................................... 37
2.6 Saúde Ambiental ............................................................................................................... 39
2.7 Impacto de Vizinhança ..................................................................................................... 42
2.8 Injustiça Ambiental .......................................................................................................... 43
2.9 Conflitos Ambientais ........................................................................................................ 46
2.9.1 O crescimento institucional ............................................................................................ 47
2.9.2 Os conflitos sociais e a criação leis ................................................................................ 50
2.9.3 O meio ambiental como fonte de argumentação nos conflitos ....................................... 50
2.10 Zona de Amortecimento ................................................................................................. 51
2.11 Sistema clima urbano ..................................................................................................... 53
3 MÉTODOS E TÉCNICAS ............................................................................................. 58
3.1 A escolha da área de estudo ............................................................................................. 59
3.2 Levantamento dos dados meteorológicos/climáticos ..................................................... 60
3.3 Metodologia de monitoramento e análise dos pontos de amostragens para partículas
totais em Suspensão ................................................................................................................ 61
3.4 Metodologia de monitoramento e análise dos pontos de amostragens para partículas
inaláveis ................................................................................................................................... 62
3.5 Metodologia de monitoramento e análise dos pontos de ruído ambiental .................. 64
3.6 Programação do trabalho de campo ............................................................................... 64
3.7 Equipamentos e instrumentos ......................................................................................... 65
4 CARACTERIZAÇÃO .................................................................................................... 67
4.1 Caracterização da localidade ........................................................................................... 67
4.1.1 História da expansão urbana .......................................................................................... 67
4.1.2 Localização ...................................................................................................................... 69
4.1.3 População ........................................................................................................................ 70
4.1.4 Atividades econômicas .................................................................................................... 70
4.1.5 Clima ......... ..................................................................................................................... 71
4.1.6 Hidrografia ...................................................................................................................... 71
4.1.7 Relevo..............................................................................................................................72
4.2 Características do empreendimento ............................................................................... 73
4.3 Área de estudo ................................................................................................................... 76
4.3.1 Relevo 77
4.3.2 Meteorologia ................................................................................................................... 79
4.3.3 Precipitação .................................................................................................................... 80
4.3.4 Direção do vento ............................................................................................................. 81
4.3.5 Temperatura .................................................................................................................... 83
4.3.6 Pressão atmosférica ........................................................................................................ 84
4.3.7 Umidade relativa do ar ................................................................................................... 85
4.3.8 Definição dos pontos de amostragens ............................................................................. 86
5 RESULTADOS .................................................................................................................. 89
5.1 Qualidade do Ar ........................................................................................................... 89
5.1.1 Partículas inaláveis ......................................................................................................... 89
5.1.2 Partículas totais em suspensão........................................................................................ 96
5.2 Ruído Ambiental ............................................................................................................ 103
6 ANÁLISES E INTERPRETAÇÕES DE DADOS ........................................................ 106
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 116
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 121
19
1 INTRODUÇÃO
A segunda metade do século XX foi marcada pelo crescimento exponencial dos
problemas relacionados à degradação da qualidade ambiental. Essa degradação guarda estreita
relação com as transformações que tiveram curso no mundo, após a Segunda Guerra Mundial.
Os efeitos advindos da própria guerra, a reconstrução da Europa, a expansão da atividade
industrial para as mais diversas partes do planeta e a intensificação da globalização guardam
relações causais com esse fenômeno.
Conforme Santos (2017):
São bastante conhecidos os episódios decorrentes da elevação aguda na concentração
de poluentes ocorridos no Vale do Meuse (Bélgica, 1930), em Donora (Pensilvânia,
1948) e em Londres, 1952, responsáveis por milhares de internações e óbitos por
doenças respiratórias e cardiovasculares. Estes fatos chamaram a atenção do mundo,
estimularam a realização de milhares de estudos e induziram os países a adotarem leis
ambientais cada vez mais protetivas, mas ainda insuficientes. (SANTOS, 2017, p.193)
Segundo Font e Rufi (2006) ao analisar o contexto da emergência da questão ambiental
no sistema mundo, apontam que a poluição foi, muito provavelmente, a primeira grande
estimuladora da onda mais recente do ambientalismo moderno. O evento de smog londrino de
1952, acima citado, serviu para acender o alerta global em relação aos problemas afetos à
exaustão de recursos tanto quanto da degradação de sua qualidade. A poluição, particularmente
a do ar, tornou-se uma bandeira dos movimentos ambientais nascentes nos anos 70. Essa
preocupação foi particularmente forte no centro do sistema mundo e só, posteriormente, tornou-
se uma questão para os países em desenvolvimento.
Cabe lembrar, ainda conforme Font e Rufi (2006), que a luta contra a poluição e em prol
de melhoria da qualidade do ambiente emergiu da base dos movimentos sociais europeus e se
traduziu na criação de arcabouços jurídicos e institucionais para as políticas ambientais, então
em desenvolvimento, nos âmbitos intranacionais. Na escala planetária, a garantia de
manutenção de uma ordem para o ambiente foi assumida pelas Organizações das Nações
Unidas, na falta de uma estrutura supraestatal. Desde a Convenção de Estocolmo (1972) as
preocupações com o ambiente percorreram caminhos institucionais e não institucionais e
assumiram uma centralidade na política, economia e sociedade globais.
Desde Estocolmo os diversos atores globais têm sentado à mesa para negociar os termos
dessa ordem global, desdobrando-se num conjunto de Conferências (Rio 92 e tantas outras),
acordos econômicos, Convenção da Biodiversidade-CDB, Protocolo de Kyoto, etc. Do ponto
de vista filosófico as discussões se deslocaram da ideia de crescimento zero ao conceito de
20
desenvolvimento sustentável que ora, assumimos como uma utopia possível. A reflexão sobre
a conectividade dos mundos econômico, ambiental e social avançou em diversos campos
científicos e, dela, derivaram conceitos como (in)justiça ambiental, saúde ambiental, economia
ambiental dentre tantos outros.
As preocupações iniciais com o ambiente, sobretudo pautadas na poluição se
diversificaram em tantas outras ramificações, embrenhando-se para dentro o campo da
habitação, saúde, educação, saneamento básico, proteção de espécies etc.
Este roteiro se repetiu no âmbito interno brasileiro, assumindo aqui uma matriz
fortemente associada à dimensão dos problemas sociais, posto não termos ainda solucionados
alguns dos mais básicos direitos assegurados pela Constituição Federal (BRASIL, 1988).
Dentre esses, ressaltam-se os direitos a um meio ambiente saudável (Art. 225), ou à moradia
digna como premissa da dignidade humana (Emenda Constitucional 26/00), etc. Apesar de
grandes avanços obtidos desde os anos 80 no Brasil e no mundo, as mais recentes crises
econômicas reposicionaram a economia como a maior preocupação dos governantes, ao se
sentarem à mesa para discussão dos problemas socioambientais globais. Episódios
recentíssimos acentuam essa percepção do deslocamento do eixo das negociações,
particularmente no Brasil.
Mudando para uma escala de análise regional e local, chama atenção, durante o período
que se estende dos anos 50 até o presente, mas principalmente até os anos 90, os esforços do
governo de Minas Gerais de diversificar a economia e promover o desenvolvimento econômico
estadual. Historicamente, a economia estadual se pautou na extração mineral e, em anos mais
recentes, na sua transformação industrial. Apesar dos avanços conseguidos em meados do
século XX, o modelo de desenvolvimento não foi capaz de alterar estruturalmente a economia
regional. Esse modelo é causador de fortes impactos ambientais (REZENDE et al., 2016, p. 86)
tanto na fase extrativa, quanto na fase de sua transformação. O Estado de Minas Gerais
repercute as mesmas premissas da Constituição Federal, em sua versão estadual e materializa a
execução da política ambiental através de um conjunto de órgãos e instâncias como a Fundação
Estadual do Meio Ambiente – FEAM, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM; e o
Instituto Estadual de Florestas – IEF. Destaca-se que o estado de Minas Gerais assumiu, em
diversos momentos, uma ação de vanguarda na concepção e execução de sua política ambiental.
Não obstante, há muito por se fazer.
É descendo nas escalas locais que os problemas se materializam e exigem maiores
esforços para sua solução. Alguns dos maiores desafios repousam na solução de conflitos
socioambientais. Utiliza-se a palavra conflito pois bem expressa as divergências referentes ao
21
uso de recursos por diferentes atores sociais e a distribuição não igualitária de prejuízos e lucros,
desembocando na ideia de (in)justiça ambiental. Os municípios possuem a tutela ambiental
inserida no rol de suas funcionalidades e é nessa esfera administrativa que os representantes
políticos se relacionam com as políticas públicas (FERNANDES et. al, 2011).
Conforme Fernandes et al (2011) dentre as políticas públicas ambientas, destacam-se
aquelas relacionadas à prevenção dos impactos ambientais. A poluição é uma preocupação da
população, que busca meios para resolvê-la, uma vez que ela pode ser direta e indiretamente
afetada pelos efeitos dos subprodutos dos processos industriais.
A poluição industrial no contexto urbano de uma região fortemente industrializada
como Belo Horizonte é composta de inúmeros grandezas físicas, parâmetros químicos ou
físicos/químicos que podem ser medidos, como; as emissões atmosféricas emitidas por fontes
fixas ou moveis, os recursos hídricos, o solo, ruído ambiental, vibrações, intensidade de
iluminação, radiações, os quais possuem padrões de controle.
Radicchi (2012) aponta que a poluição atmosférica é preocupante na Região
Metropolitana de Belo Horizonte, embora ainda se mantenha em níveis toleráveis, segundo
padrões da Organização Mundial de Saúde – OMS. A poluição atmosférica é mais grave nos
meses de outono-inverno, dadas as condições de inversão térmica recorrentes, e particularmente
preocupante na regional Barreiro, e nos municípios de Contagem e Betim. A população também
não é afetada de maneira uniforme pelos efeitos insalubres da poluição. Idosos, portadores de
doenças respiratórias e crianças compõem o grupo mais vulnerável. Ainda segundo Radicchi
(2012),
No grupo de crianças com até 14 anos, as causas respiratórias representaram o principal
motivo de internação, respondendo por mais de 50% das internações entre crianças de
1 a 4 anos de idade. (RADICCHI, 2012, p. 197).
Para além dos problemas derivados da poluição do ar, os ruídos são outra grande fonte
de problemas relacionados à perda da saúde humana, retratando a poluição sonora. Segundo a
Organização Mundial da Saúde, a poluição sonora só fica atrás da poluição do ar. Ruídos
causam danos profundos à saúde humana.
Uma particularidade importante do processo de produção do espaço brasileiro é a forte
capacidade de adensamento que a atividade econômica, particularmente a industrial, é capaz de
gerar sobre o território. Muito comumente à instalação de uma indústria ou outra fonte de
empregos, segue-se a formação de aglomerações populacionais, normais ou subnormais em seu
entorno. Essa lógica relaciona-se à redução de custos de deslocamento entre residência e
trabalho, fazendo gerar uma economia importante para os parcos salários da classe trabalhadora.
22
Não obstante, se essa lógica poupa recursos em dado momento, ela imputa outros custos menos
óbvios para as populações. Essas aglomerações, normalmente de baixo padrão construtivo, em
áreas pouco valorizadas pelo capital imobiliário (é uma generalização) criam suas próprias
condições ambientais, onde a insalubridade geralmente conduz ao adoecimento. Instala-se
assim a contradição e os conflitos. Usualmente, o planejamento tem sido a ferramenta principal
para solucionar e reduzir problemas de toda ordem referentes aos usos do território. Forman e
Wu (2016) afirmam que o planejamento urbano pode retardar a degradação ambiental, e até
melhorar outras características espaciais, desde que focado na criação de emprego, habitação,
transporte e crescimento econômico, aliado ao ambiente. Portanto, em tese, quanto mais
conhecimento da natureza dos problemas instalados no território, melhores podem ser as
soluções e as ferramentas que conduzem à construção da política pública.
Mas afinal, no âmbito da poluição atmosférica e sonora, existem parâmetros e critérios
mensurados (ou mensuráveis) de distanciamento que, em sendo utilizados, seriam capazes de
reduzir os problemas decorrentes da relação de proximidade entre unidades produtivas e
populações instaladas? Como se comporta a emissão dos efluentes atmosféricos e a intensidade
da vibração acústica em relação ao espaço habitado? Essas são perguntas motivadoras desta
pesquisa.
Seu objetivo geral é utilizar parâmetros espaciais e ambientais da área de estudo em
contexto da existência de poluição atmosférica e sonora nas áreas de expansão urbana, através
do monitoramento ambientais, com o objetivo de constatar padrões de distanciamentos
aceitáveis a habitação humana. Para tanto, optou-se pelo desenvolvimento de um estudo de caso
nas imediações de uma unidade industrial no município de Betim/MG. A escolha de Betim se
deveu às características do processo deformação desse espaço, entendido como recorrente no
território brasileiro, durante seu processo de modernização.
Constituem objetivos específicos:
Caracterizar a fisiografia da área de estudo;
Caracterizar o processo histórico de ocupação do local;
Identificar as fontes dos parâmetros Ambientais avaliados e caracterizar suas
propriedades;
Caracterizar seu comportamento diante do escoamento atmosférico
Identificar seus impactos diretos.
Relevância Social; inúmeras possibilidades que poderiam derivar da compreensão do
processo de produção urbana e suas derivações sobre as sociedades. Subsidiar a construção da
política pública dos municípios. Essa tarefa é particularmente importante no contexto
23
brasileiro, diante do enorme passivo socioambiental decorrente da forma de ocupação do nosso
território. Trata-se diretamente da redução da injustiça ambiental.
Relevância Geografia; investigação das diversas nuances das relações entre homem e
meio e suas implicações na organização do espaço geográfico.
Para o cumprimento dos objetivos propostos, esta pesquisa foi estruturada da seguinte
forma: a introdução que aqui se finaliza, contextualiza o tema, aponta o problema, as perguntas
motivadoras da pesquisa suas hipóteses e os objetivos além de expor a relevância do tema
discutido. O segundo capítulo trata da construção do referencial teórico que dá suporte a este
trabalho. Nele são tratados aspectos da urbanização, sistema clima urbano, impactos e saúde
ambiental. No terceiro capítulo são descritos a metodologia e os procedimentos metodológicos.
No quarto capítulo discorre sobre a caracterização fisiográfica de Betim e das especificidades
da área e do empreendimento em estudo. O quinto capítulo trata dos resultados alcançados nas
pesquisas de campo. Finalmente, as considerações finais.
24
2 FUNDAMENTO TEÓRICO E ABORDAGENS METODOLÓGICAS
2.1 A urbanização
Nos primórdios da humanidade, a relação entre as pessoas e a terra era uma espécie de
exploração predatória, ou seja, eles se assentavam em um território até que todas as fontes de
alimento se esgotassem. Segundo Sposito (2004), o período paleolítico é marcado pela não
fixação do homem, pelo nomadismo. Mas a autora destaca também que é neste período que o
homem demonstra interesse pelo lugar, interesse esse demonstrado “pela preocupação com os
seus mortos, destinando a estes um local permanente”, demarcado, “uma moradia”. (SPOSITO,
2004, p. 13).
A sedentarização dos seres humanos ocorreu graças a domesticação de animais e o
controle do processo de reprodução vegetal, segundo a mesma autora, esse fenômeno ocorria
em áreas rurais e de aglomeração na Idade Neolítica. No entanto, a atenção das pessoas a tais
grupos sociais não representa as características das cidades. A autora acredita que para uma
cidade sobreviver precisa de uma organização social mais complexa do que a aglomeração de
seres humanos na produção agrícola.
Então, em que momento da história surgiram as primeiras cidades? Sposito (2004)
destaca que “das dificuldades de se precisar o momento da origem das primeiras cidades.
Contudo, os autores são unânimes em apontar que terá sido provavelmente perto de 3500 a.C.,
seu aparecimento na Mesopotâmia...”. Estas cidades tinham como características em comum
sua formação burocrática,
Uma organização dominante, de caráter teocrático [...] e um traço na sua estruturação
interna do espaço: a elite sempre morava no centro. Isto servia tanto para facilitar o
intercâmbio de ideias como para elas ficarem menos expostas aos ataques externos,
situação bastante parecida com os atuais bairros nobres e condomínios de auto padrão.
Nestas cidades antigas, os governantes mantinham o controle sobre o excedente
produzido no campo e administravam a riqueza e acumulavam provisões alimentares
para toda a população. (SPOSITO, 2004, p. 18).
Outra etapa importante na história da urbanização é a expansão territorial do Grande
Império. Esta etapa é responsável por aumentar o número de cidades e manter o domínio
regional, o que leva à urbanização na Europa. A expansão dos grandes impérios contribuiu
também, segundo Sposito (2004, p. 14), “pelo aumento da divisão social do trabalho e da
complexidade da organização política”.
25
A formação da sociedade decorre da divisão do trabalho, portanto, o espaço urbano
apareceu pela primeira vez como uma organização do poder e das funções políticas e, com o
passar do tempo, os negócios transformaram a cidade, formando localizações estratégicas.
Para Beaujeu Garnier (1997), essa forma de organização sócio espacial também surgiu em
decorrência da evolução da divisão do trabalho, essa autora, entretanto, propõe ainda três
motivações especificas para tal fato: econômica, política e defensiva.
Spósito (2004) escreve que:
As transformações ocorridas na cidade constituíam-se em produto e condição do
modo de produção que estava se impondo: o capitalismo, em sua fase denominada
industrial ou concorrencial. A cidade, em decorrência do processo de industrialização,
cresce tanto em termos demográficos como territorialmente. A urbanização, por sua
vez, toma uma nova forma, uma vez que além de ser palco do comércio e do poder
(política), o espaço urbano torna-se também o lócus da produção. O “inchaço” da
cidade, propriamente, está associado diretamente à necessidade de força de trabalho
em excesso, sendo essa, uma das principais condições para o acúmulo de capital a
partir da indústria (SPÓSITO, 2004, p. 19).
A autora, em seu livro Capitalismo e Urbanização, procura explicar a relação entre
industrialização e urbanização levando-se em consideração as fases do capitalismo: industrial
(século XIX até a 2ª Guerra) e monopolista (pós |Segunda Guerra Mundial).
No capitalismo industrial, ou concorrencial, a industrialização se limita a alguns países
da Europa Ocidental, nos Estados Unidos e no Japão. Nesses países, com o surgimento das
indústrias, algumas cidades passaram por transformações, principalmente cidades próximas às
regiões carboníferas (carvão). Uma característica importante do capitalismo nesta fase é a
integração econômica global baseada na divisão internacional do trabalho (DIT) e na divisão
territorial regional ou nacional do trabalho (DTT). Este último levou ao estabelecimento de uma
rede consolidada de cidades da região central do estado. No DIT do capitalismo industrial,
países periféricos como o Brasil são responsáveis pela exportação de produtos primários e
importação de produtos industrializados dos países centrais (SPOSITO, 2004).
Porém, isso não significa que esses países não possuam grandes cidades, pelo contrário,
muitas cidades aumentaram relativamente nos países vizinhos devido às atividades relacionadas
ao comércio (SANTOS, 2005).
Após a Segunda Guerra Mundial, o capitalismo entrou em um estágio monopolista
caracterizado pela internacionalização do capital, o que levou à industrialização em grande
escala, através do estabelecimento de empresas multinacionais (SPÓSITO, 2004). Portanto,
países como o Brasil vivenciam um vigoroso processo de industrialização, que por sua vez
reflete a lógica geral da organização urbana e do processo de urbanização desses países.
26
A urbanização no Brasil, conforme Milton Santos (2005), se dá em duas fases distintas.
O primeiro momento, correspondente à primeira metade do século XX, caracterizou-se por uma
urbanização baseada em "ilhas", ou seja, vários centros urbanos que eram realmente
independentes uns dos outros, sobretudo mantendo o contato com o exterior. Na segunda
metade do século passado, o Brasil passou a promover as redes urbanas, condição para o
desenvolvimento industrial baseado no "modelo" de substituição de importações.
Até a Segunda Grande Guerra, a economia brasileira participava da DIT em função
de um modelo agro-exportador; assim sendo, os núcleos urbanos se desenvolveram,
especialmente, a partir do comércio exterior. Com a implantação de ferrovias no
território brasileiro foi intensificado esse modelo de subespaços regionais (a cidade,
em sua maioria capitais, e sua zona de influência que incluía o campo e pequenos
aglomerados urbanos). Deste modo, essas cidades cresceram em função do
desenvolvimento de atividades derivadas da exportação e da importação de produtos.
No desenrolar da segunda metade do século passado, o processo de industrialização
no Brasil ganhou, definitivamente, uma nova dimensão. Tal fato constituiu-se
enquanto reflexo do papel do país na dinâmica do capitalismo em sua fase
monopolista. Neste contexto, tanto a cidade como o campo sofreram grandes
transformações com a inserção do capital nas respectivas realidades locais ou
regionais, fruto do processo de modernização do país. Com a industrialização
concentrada nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, e, notadamente, São Paulo,
o processo de urbanização do Brasil deixou de se constituir em um “arquipélago”. A
integração do território, promovida pelo brasileiro, por meio de rodovias, tornou-se
condição primordial para o acúmulo e reprodução do capital industrial no país. Essa
integração do território e do mercado nacional permitiu, por sua vez, a estruturação
de uma rede urbana nacional, tendo como “epicentro” o eixo Rio - São Paulo
(SANTOS, 2005, p. 21).
Em 1980, a maior parte da população brasileira já vivia nos centros urbanos. Conforme
Souza (1988):
...essa população veio a se concentrar principalmente nas regiões metropolitanas,
evidenciando uma urbanização fundamentada no processo de metropolização: No
Brasil, a urbanização caracteriza-se por um processo de metropolização, evidenciado
pelo inchaço das regiões metropolitanas, ou pela metropolização de cidades que com
funções privilegiadas na rede urbana, sejam elas capitais dos Estados, sejam elas
cidades centros de regiões geoeconômicas dinâmicas. (...)” (SOUZA, 1988, p.16).
A discussão posta até o momento é relevante para se entender, especificamente, a
organização do tecido urbano de determinada cidade, uma vez que este espaço é produto de um
processo de urbanização, cujas características deste ambiente em enumeras vezes possuem um
desequilíbrio ambiental.
27
2.2 Poluição Ambiental e Meio Ambiente
Em inúmeros países a adoção das polícias ambientais a esfera política deu se décadas
após aos problemas ter sido discutidos nas agendas internacionais.
Conforme Sánchez (2005), a partir do momento em que os conceitos ambientais são
gradualmente absorvidos, como um modo de vida, e não mais como recursos naturais com
influência indireta, passam a ser assimilados pelo conceito de poluição
A palavra poluição tem origem do verbo poluir de origem latina, cujo o significado é
blasfemar, manchar, profanar, sujar, para Sanchez, 2005, o termo poluir é profanar a natureza,
sujando-a.
A poluição é entendida como as condições do meio ambiente (ar, água, solo) alteradas
em sua característica natural prejudiciais aos organismos. A causa da poluição, ou seja, da
condição alterada e prejudicial dos ambientes são de origem das atividades humanas, portanto,
tais atividades devem ser controladas para evitar ou reduzir a poluição.
A "Declaração de Estocolmo" recomendava que os governos tomassem medidas para
controlar as fontes de poluição. Desde a década de 1970, a Lei de Controle da Poluição surgiu,
juntamente com as entidades governamentais responsáveis pelo monitoramento ambiental e
inspeções de poluição. Os Estados Unidos revisaram e atualizaram suas leis de controle de
poluição na última década, enquanto o Brasil estabeleceu suas próprias leis de controle de
poluição no Rio de Janeiro em 1975 e em São Paulo em 1976, e mantiveram estes conceitos até
os dias de hoje e veiculados internacionalmente pela Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OECD) em 1974:
Poluição significa a introdução pelo homem, direta ou indiretamente, de substâncias ou
energia no ambiente, resultando em efeitos deletérios capazes de pôr em risco a saúde
humana, causar danos aos recursos vivos e ecossistemas e prejudicar ou interferir com
as atrações e ou outros usos legítimos do meio ambiente. (OECD, 1974, p. 31).
O que essas definições têm em comum é o significado negativo do conceito de poluição.
Outra ideia comum é a ligação entre poluição e emissões ou a presença de matéria ou energia.
Isso significa que a poluição pode estar associada a certas quantidades de parâmetros, físicos,
químicos ou físico-químicos, que podem ser medidos e comparados através de valores de
referência estabelecidos por leis (chamados de padrões ambientais):
O livro Avaliação de Impacto Ambiental: Conceitos e métodos (SÁNCHEZ, 2005) traz
a definição do conceito sobre os principais conjuntos de parâmetros ambientais, sendo estas:
Elementos ou compostos químicos presentes nas águas superficiais ou subterrâneas,
cujas concentrações pode-se medir por procedimentos padronizados, (são
28
normalmente expressas em mg/l, µg/l ou ainda em ppm) e para alguns dos quais
existem padrões estabelecidos pela regulamentação;
Material particulado ou gases potencialmente nocivos presentes na atmosfera, cujas
concentrações pode-se medir por métodos normalizados (são normalmente expressas
em µg/m3) e para alguns dos quais existem padrões estabelecidos pela
regulamentação;
Ruído, medido usualmente em decibéis – dB(A), cujos níveis de pressão sonora, são
fixados em textos legais ou normas técnicas;
Vibrações, medidas, por exemplo, em mm/s, cujas os valores são estabelecidos por
normalização técnica;
Luz, cuja intensidade é medida em límens e que é uma forma de poluição emergente,
cujos efeitos sobre a biota ainda são pouco estudados, combativamente a outros
poluentes;
Radiações ionizantes, medidas, por exemplo, em Bg/l ou sievet, que são também
objeto de regulamentação específica. (SÁNCHEZ, 2005, p. 295).
A possibilidade de medir a poluição e estabelecer padrões ambientais permite uma
definição clara da legislação e das responsabilidades dos poluidores, seja ela instituições
privadas ou públicas. Os padrões ambientais também abriram caminho para pesquisas
científicas que definem as capacidades de assimilação ambiental, estabelecendo assim padrões
ambientais. De acordo com a pesquisa de Sanchez (2005), esses padrões não são dados estáveis
ou imutáveis, mas o resultado de uma evolução contínua, pois a pesquisa tende a aprofundar
nosso conhecimento sobre os processos ambientais e os impactos oriundos dos poluentes nos
seres humanos e nos ecossistemas, ales seus efeitos sinérgicos e cumulativos.
Para Sánchez (2005) essa clareza está ausente na definição de poluição pela Lei da
Política Nacional do Meio Ambiente (BRASIL, 1981), que considera o termo como sendo:
A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou
indiretamente:
a) Prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) Criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) Afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
d) Lancem matéria ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos. (BRASIL, 1981).
Ao igualar poluição com degradação ambiental, a lei propõe uma definição
excessivamente ampla e subjetiva. A interferência ambiental causada por inúmeras atividades
humanas não foi reduzida a apenas aos lançamentos dos poluentes, e sim este conceito
abrangente em alguns momentos todo o impacto ambiental gerado ao entorno do processo que
gerou esta poluição e seus impactos ao homem e a natureza.
Proteger o meio ambiente é uma questão indispensável para a sobrevivência dos
humanos e de todos os seres vivos. Um dos marcos da proteção dos recursos naturais é o
reconhecimento do direito à proteção do meio ambiente previsto no artigo 225 da Constituição
Federal de 1988, citado a seguir.
29
Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder
público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações. (BASIL, 1988).
Em todo o processo da existência humana, muitos recursos naturais já foram degradados
e a maioria dos problemas ambientais e econômicos de inúmeras regiões já se encontram
instalados. Isso se deve ao crescimento desordenado da cidade, com suas gestões ambientais e
políticas públicas ineficazes, na ausência de um planejamento baseado no conhecimento das
características ambientais e socioeconômicas.
O estudo de caso proposto nesta dissertação apresentará o monitoramento dos
parâmetros ambientais material particulados (Partículas Totais e Inaláveis) para qualidade do
ar e do ruído, em áreas de expansão urbana, não apenas com intuito de mostrar indicadores
ambientais, mas sim de propor a aplicação medidas mitigadoras em relação ao planejamento
urbano.
2.3 Qualidade do ar
Inúmeros estudos apontam a poluição atmosférica como um dos mais graves problema
de saúde pública em regiões urbanizadas.
Conforme Organização mundial da saúde – OMS, a poluição do ar é a “introdução de
qualquer substância que, devido a sua concentração, possa a se tornar nociva à saúde e ao meio
ambiente” (CETESB, 2020). Conhecida também como poluição atmosférica refere-se à
contaminação do ar por gases, líquidos e partículas sólidas em suspensão, material biológico, e
até mesmo energia.
A qualidade do ar é o resultado da interação de conjunto de fatores químicos e físicos,
os quais se destacam a emissões, a topografia, as condições meteorológicas/climáticas, as
edificações, a existência de vias de tráfegos pavimentadas ou não, a presença de vegetação, a
presença hidrográfica e outras características da região, favoráveis ou não à dispersão dos
poluentes.
Conforme o Ministério do Meio Ambiente, o conceito de poluição atmosférica
compreende qualquer forma de matéria ou energia com intensidade, concentração, tempo ou
características “que possam tornar o ar impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, inconveniente
ao bem-estar público, danoso aos materiais, à fauna e à flora ou prejudicial à segurança, ao uso
e gozo da propriedade e as atividades normais da comunidade” (apud MINISTÉRIO DO MEIO
AMBIENTE, 2020).
30
Por sua vez, o monitoramento da qualidade do ar consiste em retirar (avaliar) uma
quantidade especifica de ar, cuja função é determinar o nível de concentração de poluentes
presentes na atmosfera (CETESB, 2020), estes, são classificados por dois conjuntos de origem,
sendo o primeiro como poluentes primários, provenientes da fontes de emissão direta, como
chaminés de processos industriais, escapamentos dos veículos, emissões provenientes de
vulcões e outras fontes de emissão diretas a atmosfera e os poluentes secundários formados na
atmosfera através da reação química entre os poluentes primários e componentes naturais da
atmosfera.
As fontes de emissões atmosféricas podem ser originadas de fontes antropogênicas ou
naturais. As fontes antropogênicas são as emissões atmosféricas provenientes dar intervenção
humana, oriundas das atividades industriais, operação de veículos ou maquinas movidas por
combustíveis fosseis, o tráfego a construção civil e outros; as fontes naturais de emissões
atmosféricas de origem natural destacam-se fenômenos da natureza provenientes das erupções
vulcânicas, fogos florestais de origem natural e erosões e transporte de partículas realizada pela
ação do vento.
As fontes de emissão atmosféricas antropogênicas são divididas em dois grupos
principais (CETESB, 2020):
Fontes de emissões móveis: tráfego rodoviário, aéreo, marítimo e fluvial;
Fontes de emissões pontuais: Dutos e fontes de processos industriais
Os principais parâmetros para controle na atmosfera e para estudo da qualidade do ar
são (CETESB, 2020):
Partículas Totais em Suspensão (PTS) – São classificadas como partículas
aerodinâmicas superiores a 50 µm. Uma parte dessas partículas é inaliável e pode causar
problemas à saúde, outra parte pode afetar desfavoravelmente a qualidade de vida da
população, mudando as características ambientais e prejudicando as atividades da
comunidade;
Partículas inaláveis (MP10) – São partículas cujo diâmetro aerodinâmico é menor ou
igual a 10 µm. Podem ficar retidas na parte superior do sistema respiratório ou penetrar
mais profundamente o sistema respiratório alcançando os alvéolos pulmonares;
Partículas Inaláveis Finas (MP2,5) – São classificadas como partículas com diâmetro
aerodinâmico menor ou igual a 2,5 µm. Devido a diâmetro de sua particula penetram
profundamente no sistema respiratório, podendo atingir os alvéolos pulmonares;
31
Dióxido de Enxofre (SO2) – Proveniente da queima de combustíveis que contém
enxofre, como óleo diesel, óleo combustível e gasolina, principal formador da chuva
ácida. O dióxido de enxofre pode reagir com outras substâncias presentes no ar
formando partículas de sulfato que são responsáveis pela redução da visibilidade na
atmosfera;
Monóxido de Carbono (CO) – Proveniente da combustão incompleta de combustíveis
de origem orgânica (combustíveis fósseis, biomassa etc.). A maior concentração deste
poluente é encontrada nas grandes cidades oriundos da emissão dos gases dos veículos
automotores;
Oxidantes Fotoquímicos, como o Ozônio (O3) - classificado como poluente secundário
os oxidantes foquemos, são formados pela mistura de poluentes secundários formados
por reações entre os óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis, na presença
de luz solar. As altas concentrações destes poluentes na atmosfera contribuem pela
diminuição da visibilidade.
A qualidade do ar em uma região e determinada por monitoramentos das
características físico-químicas de parâmetros ambientais, os quais são comparados com os
padrões de concentrações de poluentes estabelecidos na legislação ambiental. Estes padrões
são baseados em estudos científicos que definiram os efeitos produzidos por cada parâmetro
ambiental que fixaram os limites de emissão em níveis que possam propiciar uma margem de
segurança adequada aos seres vivos. (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2001).
Os efeitos adversos da poluição atmosférica podem se manifestar no ser humano,
animais e vegetais de forma crônica, ou seja, mediante exposição a uma dosagem mediana de
poluentes ao longo do tempo, ou de forma aguda, quando o receptor fica exposto a altas doses
de poluentes atmosféricos num curto espaço de tempo. (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE,
2001).
O monitoramento sistemático das concentrações de poluentes presentes na atmosfera
(qualidade do ar) é fundamental para garantir a qualidade de vida existente no local. Para isso
órgãos ambientais criaram o Índice de Qualidade do Ar (IQA), fator adimensional amplamente
utilizado desde o início da década de 80, com a finalidade de apresentar de maneira fácil as
informações sobre os parâmetros ambientais de uma determinada localidade. Em enumeras
capitais este índice é avaliado continuamente e publicado em placas e painéis eletrônicas, junto
a informações cotidianas como as horas, umidade e temperatura do ar, para alguns órgãos
32
públicos este indicador, auxilia na organização do trafego, interrupções de processos industriais
com o objetivo de reduzir a intensidade de emissões e a concentração de alguns poluentes.
O IQA é um valor numérico, compreendido entre 0 e >400. Quanto maior o valor que
expressa, maior é a poluição do ar, e consequentemente maior será a preocupação com a saúde.
Um valor de 50 para o IQA representa uma boa qualidade do ar com pouco ou nenhum potencial
para afetar a saúde pública, enquanto um valor de IQA maior que 400 representa uma qualidade
do ar ruim com uma maior possibilidade de afetar a saúde da população. O índice é dividido
nas seguintes categorias, com diferentes níveis de impactos na saúde (apud GUERBATIN,
2018, p. 37):
O Quadro 1, apresenta a correlação entre o IQAR e o efeito esperado sobre a saúde
humana, estes dados foram elaborados pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo os
quais deram origem ao Decreto Estadual nº 59.113/2013
Quadro 1 – Nível da Qualidade do Ar e os efeitos sobre a Saúde
Fonte: CETESB (2013), com base no Decreto Estadual nº 59.113/2013.
O quadro 2 apresenta as faixas de concentração dos poluentes e respectiva
classificação, bem como as cores utilizadas para ilustrar os índices de qualidade do ar adotado
pela CETESB, baseado na Resolução CONAMA 491/18, que substituiu a Resolução
33
CONAMA 03/90, cuja a apresentação está atualizada com base nas normas e legislações
atualizadas e que baseiam os quadros comparativos dos resultados de qualidade do ar
apresentados nesta dissertação.
Quadro 2 – IQA - Índice da qualidade do ar
Fonte: SEMACE-CE (2019).
A seguir é apresentada a Figura 1, que representa o Cálculo do IQA baseado nas
concentrações dos poluentes monitorados e nas faixas de concentração definidas para cada
poluente, o cálculo do IQA é dado pela seguinte equação:
Figura 1 – Cálculo do IQA
Fonte: GUERBATIN (2018).
Os padrões da qualidade do ar do estado de São Paulo foram inicialmente estabelecidos
em 1976, pelo Decreto Estadual nº 8468/76, já os padrões nacionais foram estabelecidos pelo
IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e aprovados pelo CONAMA – Conselho
34
Nacional de Meio Ambiente, por meio da Resolução CONAMA nº 03 em 28 de junho de 1990
e atualizada em 19 de novembro de 2018 através da CONAMA nº 491 (CETESEB, 2020)
Em 2005, a Organização Mundial de Saúde – OMS publicou documento com uma
revisão dos valores-guia para os poluentes atmosféricos visando à proteção da saúde da
população, à luz dos conhecimentos científicos adquiridos até então. Segundo essa publicação,
os padrões de qualidade do ar (PQAr) variam de acordo com a abordagem adotada para
balancear riscos à saúde, viabilidade técnica, considerações econômicas e vários outros fatores
políticos e sociais, que, por sua vez, dependem, entre outras coisas, do nível de desenvolvimento
e da capacidade do Estado de gerenciar a qualidade do ar. As diretrizes recomendadas pela
OMS levam em conta está heterogeneidade e, em particular, reconhecem que, ao formularem
políticas de qualidade do ar, os governos devem considerar cuidadosamente suas circunstâncias
locais antes de adotarem os valores propostos como padrões nacionais. A OMS também
preconiza que o processo de estabelecimento de padrões visa atingir as menores concentrações
possíveis no contexto de limitações locais, capacidade técnica e prioridades em termos de saúde
pública. (CESTEB, 2020)
Os resultados da qualidade do ar para efeito de divulgação do IQA são definidos através
dos valores com a maior concentração do poluente avaliado e seus efeitos a saúde humana,
mesmo que a qualidade do ar de uma estação seja avaliada para outros poluentes, e que estes
estejam dentro das faixas de aceitação.
2.4 Ruído ambiental
Devido ao deslocamento de partículas de fluido durante as fases de compressão e
afinamento, a pressão sonora causa mudanças na densidade do ar. O som de instrumentos
musicais ou ruído ambiental de qualquer fonte está em conformidade com os princípios físicos
do conceito de pressão sonora.
Segundo a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), o ruído pode ser definido como
um som desagradável (APA, 2007). Desta forma, pode-se definir som como sendo um
fenômeno físico ondulatório que o ouvido humano consegue detectar (APA, 2007). Em suma,
é um estímulo mecânico que pode induzir sensações auditivas. Como o ruído definido pelo alvo
(desagradável) é facilmente perceptível, o conceito irá variar de acordo com as características
e percepção de cada pessoa com relação à sensação auditiva que está sendo estimulada. No
entanto, existem certos valores para definir o nível de som que todos recebem todos os dias.
Embora o ruído seja subjetivo, ele passou a ser objeto de inúmeros estudos, divididos
em duas categorias ou estudos aéreos. O ruído poluente é classificado de acordo com sua
35
disseminação e a localização da população afetada. O primeiro é denominado ruído ambiental,
que envolve A área atingida não está relacionada com a fonte de geração de energia. Neste caso,
tomamos como exemplos indústrias, veículos, aeronaves e outras pessoas afetadas e fontes de
geração de energia e a segunda categoria de indústrias ilegais. O ruído é um problema de saúde
para os trabalhadores, amplamente conhecido como "ruído ocupacional" na área de segurança
do trabalho.
No Brasil e no mundo, os índices acústicos são usados em normas e legislações
ambientais e padrões de comparação ambientais, tais como:
Nível Total ou Global de Pressão Sonora, consiste em uma grandeza que fornece apenas
um nível em dB (decibéis); (NBR 10151/2019)
Nível sonoro equivalente, consiste no nível sonoro médio integrada durante uma faixa
de tempo especificada com base na energia do ruído. (NBR 10151/2019)
Onde:
T = tempo de integração;
P(t) = pressão acústica instantânea;
Po = pressão acústica de referência 2x 10-5 Nm/m2
Leq = nível contínuo equivalente em dB (A)
Níveis Estatísticos (L90, L50, L30 e L10) (ABNT, 2019)
L90: é o nível excedido em 90% do tempo de medição;
L50: é o nível excedido em 50% do tempo de medição;
L30: é o nível excedido em 30% do tempo de medição;
L10: é o nível excedido em 10% do tempo de medição;
No Brasil e no mundo as legislações existentes resguardam o conforto acústico e a
segurança, através de leis e normas.
Resolução nº 1 de 08 de março de 1990, refere-se à emissão de ruídos de quaisquer atividades
e sua relação com a saúde e sossego público e remete aos critérios e diretrizes das Normas da
ABNT;
36
ABNT NBR 10.151:2019 - Medição e avaliação de níveis de pressão sonora em áreas
habitadas
ABNT NBR 10.152:2017 - Níveis de ruído para conforto acústico.
A Resolução nº 2 de 08 de março de 1990, instituiu o Programa Nacional de Educação e
Controle de Poluição Sonora, o Programa “Silencio”, com pouca adesão por parte do
governantes e legisladores estaduais e municipais, o programa não teve responsáveis pelo
estabelecimento e implantação das diretrizes e medidas de educação e controle a poluição
sonora.
As Normas Técnicas da ABNT contemplam diferentes aspectos relativos ao ruído, A
NBR 10.051/2019, tem a finalidade de fixar as condições exigíveis para a avaliação da
aceitabilidade do ruído em comunidades e especifica um método de medição de ruído, as
correções necessárias e um critério para a comparação dos níveis encontrados e estabelecidos.
Já a NBR 10.152:2017 trata dos limites, medidas de controle e mitigação para o conforto
acústico. Em Minas Gerais, a Lei Estadual 10.100 de 17 de janeiro de 1990, dispõe sobre a
proteção contra a poluição sonora no estado de Minas Gerais:
Art. 1º - O artigo 2º da Lei nº 7.302, de 21 de julho de 1978, passa a vigorar com a
seguinte redação:
"Art. 2º - Para os efeitos desta Lei, consideram-se prejudiciais à saúde, à segurança
ou ao sossego público quaisquer ruídos que: (Lei Estadual 10.100, 1990)
I - atinjam, no ambiente exterior do recinto em que têm origem, nível de som superior
a 10 (dez) decibéis - dB(A) acima do ruído de fundo existente no local, sem tráfego;
II - independentemente do ruído de fundo, atinjam, no ambiente exterior do recinto
em que têm origem, nível sonoro superior a 70 (setenta) decibéis - dB(A), durante o
dia, e 60 (sessenta) decibéis - dB(A), durante a noite, explicitado o horário noturno
como aquele compreendido entre as 22 (vinte e duas) horas e as 6 (seis) horas, se outro
não estiver estabelecido na legislação municipal pertinente. (GOVERNO DO
ESTADO DE MINAS GERAIS, 1990).
Em Betim/MG, a Lei Municipal nº 5.921, de 10 de julho de 2015, dispõe sobre o
controle de ruídos, sons e vibrações no Município de Betim e das outras providencias. Essa
legislação indica em suas disposições preliminares;
Art. 1º A emissão de ruídos, sons e vibrações em decorrência de atividades exercidas
no Município obedecerá aos padrões, critérios e diretrizes estabelecidos por esta Lei.
Art. 2º Para fins do disposto nesta Lei, considera-se:
I - poluição sonora: a alteração adversa das características do meio ambiente causada
por emissão de ruído, som e vibração que, direta ou indiretamente, seja ofensiva ou
nociva à saúde física e mental, à segurança e ao bem-estar dos meios antrópico, biótico
ou físico, ou transgrida as disposições fixadas nesta Lei;
II - período diurno: o período de tempo compreendido entre as 07h01 (sete horas e um
minuto) e as 22h00 (vinte duas horas) do mesmo dia;
III - período noturno: o período de tempo compreendido entre as 22h01 (vinte e duas
horas e um minuto) de um dia e as 07h00 (sete horas) do dia seguinte. (BETIM, 2015).
37
No Brasil, na maioria dos estados e municípios, aparecem na forma de planos diretores
ou regulamentos posturais. Alguns municípios no Brasil formularam leis de controle da
poluição sonora e impuseram limites mais rígidos às emissões de empresas, negócios e
residentes, mas a maioria dos municípios apresentou suas condições de controle e
monitoramento à NBR 10151/2019 e NBR 10152/2017.
Os valores estabelecidos pela norma técnica para avaliação de ruídos externo são
definidos de acordo com o tipo de ocupação da área. O Quadro 03 mostram, os índices da NBR
10.151 de 2019.
Quadro 3- Valores máximos permitidos para ruído externo na NBR 10151
Fonte: ABNT NBR 10151 (2019).
O objetivo do controle da poluição sonora na cidade e áreas próximo a indústria é
garantir o sossego e o bem-estar da população e evitar os distúrbios do sono causados por
emissões excessivas, ou quaisquer desconfortos causados pela ação antrópica, incompatíveis
com as características naturais dos moradores.
Contudo, mesmo tendo normativas, legislações, leis e outras forma de controle e
educação, a maior parte da poluição ambiental está vinculada a falta de conhecimento e postura
por parte do ser humano, aliado a construção de edificações em áreas, insalubres, a utilização
de ferramentas e maquinários impróprios ou tecnologias ultrapassadas, além da ausência da
proteção acústicas em ambientes residenciais, lazer e trabalho.
2.5 Aspectos teóricos da qualidade ambiental
Os debates acerca do tema qualidade do meio ambiente urbano só começaram
recentemente, não só porque algumas sociedades superaram o nível de satisfação das
necessidades básicas, mas também pela gravidade da degradação ambiental que afeta a
qualidade de vida da população.
38
Embora as questões ambientais sejam extremamente importantes no campo do
conhecimento, ainda não foi estabelecido um quadro metodológico teórico coeso. Mesmo
considerando que as questões ambientais se tornaram uma prioridade, ainda faltam pesquisas
que forneçam métodos alternativos para reduzir o impacto humano no meio ambiente. Saldanha
et.al, (2015), ao tratarem das perspectivas de análise da questão ambiental urbana, chama a
atenção para o fato de que “se o apoio teórico sobre a relação sociedade-natureza em sua forma
atual ainda está por se consolidar, o assunto torna-se ainda mais rarefeito quando se trata da
combinação cidade-ambiente” (SALDANHA et al. 2015, p. 5).
A incorporação de perspectivas ambientais ou ecológicas na análise dos problemas
urbanos surgiu pela primeira vez no trabalho da "Escola de Chicago nos anos 1920), relacionado
à chamada ecologia urbana. Os principais autores são George Simmel, Robert Parker e Louis
Vaughan. Naquela época, as cidades eram vistas como organismos, fazendo com que conceitos
ecológicos fossem usados para explicar os conflitos urbanos.
Desde a década de 1970, a cidade não é mais um organismo vivo, mas um ecossistema,
visão esta que era sustentada pela TGS (Teoria Geral dos Sistemas) da época. Portanto, a
relação entre os seres vivos e o meio ambiente passa a ser incluída na análise. Lucia Cidade
(1996 apud BORJA, 1997, p. 24), ressalta esse fato ao mencionar que a cidade é vista “como
uma unidade ambiental dentro da qual todos os elementos e processos do ambiente são inter-
relacionados e interdependentes, de modo que uma mudança em um deles resultará em
alterações em outros componentes”. De acordo com tal acepção, haveria um ecossistema natural
e outro cultural, este último decorrente da atuação humana.
A teoria geral do sistema também pode ser relacionada a outra concepção, o conhecido
metabolismo urbano. Essa visão ignora o processo da história humana e não pode compreendê-
lo de uma perspectiva sistemática.
Todavia, é preciso perceber que a crise ambiental trouxe a necessidade de modificar o
paradigma. Se, por um lado, a complexidade do mundo humano histórico não pode ser reduzida
pelas "leis" da biologia e da física, por outro, as pessoas não podem continuar a pensar na
história humana como se ela vivesse fora do mundo natural.
A perspectiva defendida por Randolph & Bessa (1993) pode ser uma alternativa para
análise da questão ambiental urbana, onde em seus estudos considera a cidade “como uma
espacialidade de determinados processos naturais e biológicos, articulados a processos sociais,
considerando-a essencial ao processo de construção social da realidade” (RANDOLPH &
BESSA, 1993, p. 79).
39
Portanto, deve-se enfatizar que a pesquisa sobre os problemas ambientais urbanos não
pode ser individualizada por meio de campos científicos específicos, assim como o fenômeno
e a influência podem ser isolados de campos específicos de pesquisa. Deve ser estudado por
várias pessoas. Através de um conjunto de conhecimentos científicos técnicos, normativos,
sociais e culturais, desenvolver o campo científico de forma interdisciplinar.
2.6 Saúde Ambiental
A relação entre meio ambiente e a saúde humana é objeto de estudo há séculos. Diversos
filósofos, conforme Weihs e Mertens (2013), já abordaram a intersecção entre tais fatores. Os
autores aduzem que o método científico mecanicista, particular ao século XVII e que prezava
pela fragmentação e pelo reducionismo do conhecimento em diversas áreas, influenciou os
estudos sobre o tema, fazendo com que a biologia, que dá origem à medicina por meio de uma
perspectiva isolada do corpo, permaneça distante da abordagem ambiental. Ainda de acordo
com os autores, até a década de 1940, os únicos aspectos que eram tratados em estudos que
correlacionavam saúde e meio ambiente restringiam-se àqueles acerca do acesso à água potável
e ao saneamento básico.
A partir de meados do século XXI, com o aumento da preocupação governamental
quanto a questões ambientais, surgem duas vertentes com abordagens distintas no que tange
aos problemas ambientais e a saúde humana. A corrente "verde" foca sua preocupação nos
efeitos das ações humanas sobre o meio ambiente, destacando efeitos tais como a redução da
camada de ozônio, o desmatamento e o desenvolvimento sustentável. De outro lado, a corrente
"azul" trata com maior enfoque sobre os efeitos do meio ambiente sobre a saúde e a qualidade
de vida do ser humano, isto é, a saúde ambiental.
Nesse sentido, a OMS (apud FUNASA, 2020) define saúde ambiental como sendo:
Composta por todos aqueles aspectos da saúde humana, incluindo a qualidade de vida.
Ela é determinada por fatores físicos, químicos, biológicos, sociais e psicológicos no
meio ambiente. Também se refere à teoria e prática de valorar, corrigir, controlar e
evitar aqueles fatores do meio ambiente que, potencialmente, possam prejudicar a
saúde de gerações atuais e futuras (OMS, 1993 apud FUNASA, 2020, s.p.).
Com isso, passou-se a discutir diversos aspectos ambientais que influenciavam a saúde
humana. Segundo Lima (2018):
Existem diferentes problemas encontrados na saúde do homem quando se leva em
consideração o ambiente rural e o ambiente urbano. No ambiente rural um dos grandes
problemas atuais é o uso de agrotóxicos, também denominados produtos agrícolas e
40
pesticidas que visam eliminar “pragas” que diminuem a produção de alimentos.
Mesmo com o estudo destes produtos, que tem por objetivo um impacto menor sobre
o meio, a utilização de forma inadequada de recursos vem causando um grande
impacto sobre a fauna, flora, água e solo, e consequentemente criando riscos para a
saúde dos seres humanos. (LIMA, 2018, s.p.).
No meio urbano, uma das maiores preocupações se refere à poluição do ar, capaz de
ocasionar diversas doenças respiratórias, cardíacas e vários tipos de câncer, causadoras de
inúmeras internações e óbitos anualmente. Ainda conforme Lima (2018):
Um dos fatores importantes na questão da saúde ambiental é a sua relação com as
mudanças do clima que resultam em um ambiente com temperaturas elevadas e baixa
umidade do ar. Fatores que segundo pesquisas causam impacto na saúde humana,
influenciando em problemas psicológicos, ocasionando alterações do sistema imune,
sobrecarga renal e problemas cardíacos dentre outros. Em um ambiente urbano a
principal causa de males a saúde humana ainda é decorrente de crimes ambientais,
gerados por indústrias, que causam impacto no solo por meio de descarte inadequado
de resíduos, no ar, quando não ocorre a devida utilização de filtros, em chaminés, e
na água quando produtos são lançados em esgotos, córregos e rios sem o devido
tratamento. (LIMA, 2018, s.p.).
A influência exercida pelos parâmetros ambientais sobre a saúde humana tem sido
objeto de diversos atos normativos e estudos, em uma busca de controlar os graves efeitos
decorrentes de décadas de uma descontrolada emissão de poluentes. Isso porque, considerando-
se os elevados índices de qualquer parâmetro ambiental, há o comprometimento do equilíbrio,
ocasionando danos à saúde humana.
Vários poluentes são encontrados na atmosfera. Dentre estes os mais prejudiciais à
saúde humana são: aldeídos (RCHO), dióxido de enxofre (SO2), dióxido de nitrogênio (NO2),
hidrocarbonetos (HC), material particulado (MP), monóxido de carbono (CO), ozônio (O3) e
poluentes climáticos de vida curta (PCVC). Todos eles têm relação com danos à saúde
(MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2019). No entanto, "entre os associados a desfechos
respiratórios, destacam-se o dióxido de enxofre (SO2), ozônio (O3) e o material particulado
com diâmetro aerodinâmico menor que 10 µm (PM10)" (NASCIMENTO et al, 2006).
Os parâmetros ambientais afetam a saúde humana. Para melhor entendimento de
como este fenômeno é importante compreendes interação dos elementos que
determinam e integram a saúde em relação aos fatores ambientais, como a geografia,
clima, trabalho, alimentação, educação, habitação, cultura e valores éticos, há ainda a
capacidade e potencialidade de cada indivíduo, em seus aspectos físicos, fisiológicos,
psicológicos, sociais, entre outros. Esses elementos, em conjunto, dão a condição do
que podemos chamar de bem-estar, felicidade ou, traduzidos numa concepção mais
conhecida, um completo estado de saúde. Compreender estes fatores permite atenuar
os impactos no que tange a injustiça social em torno do meio ambiente e seus conflitos.
(NASCIMENTO et al., 2006).
41
De acordo com a agência de proteção ambiental dos EUA (US EPA), o material
particulado consiste em “uma mistura de partículas de diversos substancias, sendo todas cerca
de cinco vezes mais finas que um fio de cabelo ou mesmo menores que gotículas de substâncias
líquidas” (US-EPA apud RESENDE, 2007, p. 41). A depender de seu diâmetro, podem ficar
retidas na parte superior do sistema respiratório ou, no caso das partículas mais finas, podem
atingir os alvéolos pulmonares e, eventualmente, a corrente sanguínea.
Além disso, o material particulado
É classificado de acordo com o seu tamanho em partículas com até 30 µm de diâmetro;
partículas com diâmetro inferior a 10 µm (MP10), as quais são inaláveis, alcançando
as vias aéreas superiores; partículas com diâmetro inferior a 2,5 µm (MP2,5), que
alcançam vias aéreas inferiores, chegando ao interior dos pulmões até as estruturas
alveolares; e partículas com diâmetro menor que 10 nm (MP0,1) que podem
ultrapassar o alvéolo e atingir os vasos sanguíneos (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2005, p. 7 – tradução livre do espanhol).
As partículas inaláveis com dimensões inferiores a 10 µm, são as mais relacionadas com
problemas de saúde ambiental, sendo que estudos comprovam seus impactos, ainda que a
exposição prolongada se dê em níveis toleráveis do material (GOMES et al, 2013). No entanto,
cabe ressaltar que, apesar de partículas finas e ultrafinas serem mais relacionadas aos problemas
respiratórios, material sedimentar maior que 10 µm também é capaz de impactar a saúde
(VALLACK & SHILLITO, 1998).
Analisando-se individualmente os compostos químicos, tem-se que o Dióxido de
enxofre (SO2), por sua alta solubilidade, afeta sobremaneira o aparelho respiratório, gerando,
individualmente, irritação, bem como o surgimento e agravamento de doenças respiratórias
(YAMAGATA & DAMATO, 1993). Quanto ao monóxido de carbono (CO), seu impacto na
saúde correlaciona-se com sua alta capacidade de combinar-se com a hemoglobina, formando
a carboxi-hemoglobina, fazendo com que a capacidade de transporte de oxigênio no sangue seja
reduzida. Em experimentos, tem-se comprovado que mesmo baixos índices de CO são capazes
de influenciar negativamente na capacidade respiratória (DERISIO, 2017). Oxidantes
fotoquímicos, assim denominados os poluentes secundários decorrentes da reação de
hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio catalizadas pela luz solar, tem como principal
componente o ozônio (O3). "Essa substância química pode atingir as porções mais profundas
dos pulmões, causar inflamação, obstrução e diminuição da função pulmonar" (ARBEX et al,
2006). Por fim, Dióxido de nitrogênio (NO2), característico por sua baixa solubilidade e por
ser originário da queima de combustíveis a temperaturas altas, se mantém íntegro no interior
42
do aparelho respiratório, possibilitando a ocorrência de câncer e causando sintomas análogos
aos do enfisema pulmonar (BRASIL, 2020).
Outro importante aspecto da saúde ambiental refere-se à poluição acústica ou sonora. O
ruído é conhecido como o poluente esquecido, por ter sido dispensada menor preocupação pelos
órgãos responsáveis.
De acordo com a Associação Brasileira para a Qualidade Acústica – PRÓ ACÚSTICA
(2014):
No ambiente urbano, o conjunto de todos os ruídos provenientes de inúmeras fontes
sonoras, tais como meios de transporte, atividades de lazer, obras, indústria, e etc,
causam o que vem sendo definido como poluição sonora, ou seja, uma sobreposição
de sons indesejáveis que provocam perturbação. Além dos danos à audição causados
pelo ruído, como a perda auditiva e o zumbido, existem também os efeitos extra
auditivos, tais como perturbação e desconforto, prejuízo cognitivo (principalmente em
crianças) e doenças cardiovasculares. (PRÓ ACÚSTICA, 2014, s.p.)
Ressalta-se o entendimento de que o ruído pode gerar impactos à saúde mesmo que a
pessoa esteja dormindo.
Sabe-se que as pessoas percebem, avaliam e reagem aos sons (ruído)
mesmo quando estão dormindo. Por este motivo, o organismo pode
reagir ao ruído com aumento da produção de hormônios, elevação do
ritmo cardíaco, contração dos vasos sanguíneos, entre outras reações”,
Se a exposição ao ruído ocorrer por longo tempo, estas reações podem
se tornar persistentes e afetar o organismo e a saúde como um todo"
(PRÓ ACÚSTICA, 2014, s.p.).
Contudo, inúmeros estudos permitiam a criação de normas e legislações que permitem
a detecção e o controle destes parâmetros de forma a eliminar e/ou minimizar seus impactos a
saúde humana.
2.7 Impacto de Vizinhança
O termo Impacto de vizinhança tratado, vem demostrar com clareza o objetivo desta
dissertação. Conforme Rolnilk et al. (2001, p.198), este termo é usado para descrever impactos
locais em áreas urbanas, como sobrecarga de sistemas rodoviários, saturação de infraestrutura
(como redes de drenagem de águas pluviais e de esgoto), mudanças no microclima devido ao
sombreamento, aumento da frequência de inundações devido à impermeabilização das estradas
e força do solo etc.
43
As leis de planejamento urbano e as diretrizes de zoneamento urbanos são importantes
ferramentas da política pública, mas não são suficientes para medir os interesses privado dos
empresários e investidores e os direitos da população urbana que vivem ou transitam em seu
entorno.
A compreensão das limitações dessas e de outras ferramentas de planejamento e gestão
ambiental urbana (como padrões de ruído) fez com que planejadores urbanos e outros
profissionais propusessem métodos específicos de avaliação de impacto ambiental adequados
para projetos arquitetônicos de construção e impactos urbano. O conceito foi adotado pelo
Estatuto da Cidade, que lhe dedica três artigos:
Art. 36 – Lei municipal definirá os empreendimentos e atividades provadas ou públicas em área
urbana que dependerão de elaboração de estudo prévio de impactos de vizinhança para obter as
licenças ou autorizações de construção, ampliação ou funcionamento a cargo do Poder Público
municipal;
Art. 37 – O Estudo de impacto a vizinhança será executado de forma a comtemplar os efeitos
positivos e negativos do empreendimento ou atividade quanto à qualidade de vida da população
residente na área de sua proximidade, incluindo a analise, no mínimo, das seguintes questões:
I – Adensamento populacional;
II – Equipamentos urbanos e comunitários;
III – Uso e ocupação do solo;
IV – Valorização imobiliária.
V – Geração de trafego e demanda por transporte público;
VI – Ventilação e iluminação;
VII – Paisagem urbana e patrimônio natural e cultural.
Parágrafo único. Dar-se-á publicidade aos documentos integrantes do EIV, que ficarão
disponíveis para consulta, no órgão competente do Poder Público municipal, por qualquer
interessado;
Art. 38 – A elaboração do EIV não substitui a elaboração e a aprovação do estudo prévio de
impacto ambiental (EIA), requeridas nos termos da legislação ambiental (Lei nº 10.257, seção
XII – do estudo de impacto de vizinhança). (ESTATUTO DA CIDADE, 2008)
Para os itens a seguir, será feita uma revisão bibliográfica, com o objetivo de enfatizá-
los, pois estes são fundamentais para o entendimento do trabalho. Dando desta forma,
fundamentos e conhecimentos necessários a quem venha consultar este trabalho para fins
acadêmicos ou práticos.
2.8 Injustiça Ambiental
O próprio conceito de justiça inclui análise, condensação e busca de superação de
conflitos a partir da relação entre a injustiça social e o meio ambiente. Seu conteúdo mais
decisivo é modelo de desenvolvimento e paradigma de civilização são suas origens.
(HAESBAERT, 2004).
No entanto, para se abordar a injustiça ambiental, faz-se necessário uma análise
correlacionada com o conceito de "racismo ambiental".
44
No final dos anos 1970, a ideia de racismo ambiental não nasceu, não acidentalmente,
entre os negros americanos, enquanto a conquista dos direitos civis ainda estava em pleno
andamento. Entre 1978 e 1982, houve vários protestos contra a deposição de lixo tóxico no
condado de Warren, Carolina do Norte, EUA. Todo o processo levou à descoberta de três
aterros sanitários. A maioria desses aterros está localizada no sudeste dos Estados Unidos, e
com uma estranha coincidência: eles estão todos localizados em bairros onde vivem negros,
embora representem apenas 25% da população nesta área. Naquela época, surgiu o nome
"racismo ambiental", utilizado, inicialmente, pelo negro pastor Benjamin Chavis e adotado pelo
movimento. Para conquistar grandes ONGs brancas e ser aceito na faculdade, ele passará por
uma transformação: será rebatizado de "Movimento pela Justiça Ambiental". Em qualquer caso,
devemos concordar com Robert Bullard: “em resposta às iniquidades ambientais, ameaças à
saúde pública, proteção desigual, constrangimentos diferenciados e mau tratamento recebido
pelos pobres e pessoas de cor” (BULLARD, 2004, p. 57).
As injustiças sociais e ambientais não só têm uma origem comum, mas também se
complementam. É esta lógica que, por um lado, agrava a degradação de algumas pessoas e
proporciona lucros abusivos a outras de diferentes formas. É precisamente por causa do modelo
de desenvolvimento cada vez mais exclusivo que as autoridades optaram por não cumprir, ou
pelo menos negligenciar a lei, o trabalho e o meio ambiente, por meio de subsídios ou redução
de impostos para atrair empresas, mesmo que prejudiciais ao meio ambiente, às comunidades
do entorno e aos próprios trabalhadores. Em troca do desenvolvimento de seus governos
estaduais e municipais, muitos agentes públicos aceitaram a implementação de empresas que
reduzem a qualidade ambiental por meio de suas operações, poluem o solo, a água e o ar, usam
os recursos naturais de qualquer forma, e muitos As cidades não têm contrapartida tributária,
por concedem benefícios fiscais há muitos anos. Mas não é apenas o governante que obedece a
essa lógica imoral. Diante da crescente ameaça de desemprego, muitos trabalhadores acabaram
aceitando empregos perigosos para si próprios, suas famílias e comunidades vizinhas. A
pobreza absoluta levou a uma espécie de viagem no tempo até o final do século XVIII ao início
do século XIX, e trouxe o trabalho contemporâneo a um padrão que foi superado pela conquista
social. As pessoas sucumbem ao mercado.
É praticamente impossível determinar a fronteira entre o fim dos problemas sociais e o
início dos problemas ambientais, porque na maioria dos casos eles tendem a se penetrar. Porém,
não é assim que a maioria das pessoas que participam das lutas sociais que existem na sociedade
brasileira enfrenta a realidade que nos cerca.
45
Quando se trata de justiça ambiental, o conceito de "sociedade" está implícito na
expressão e é inerente à própria natureza da justiça. A Rede Brasileira de Justiça Ambiental
(cuja secretaria executiva é o projeto "Brasil Sustentável e Democrático") declarou em 2001
por meio de seu manifesto:
Entendemos por injustiça ambiental o mecanismo pelo qual sociedades desiguais, do
ponto de vista econômico e social, destinam a maior carga dos danos ambientais do
desenvolvimento às populações de baixa renda, aos grupos sociais discriminados, aos
povos étnicos tradicionais, aos bairros operários, às populações marginalizadas e
vulneráveis. (MANIFESTO DE LANÇAMENTO DA REDE BRASILEIRA DE
JUSTIÇA AMBIENTAL, 2001).
O atual modelo de desenvolvimento está subordinado e explora e requer melhores
alternativas. Defender uma forma justa e um novo modelo de desenvolvimento ambiental e
social, livrar-se do preconceito e pavimentar a ideia de democracia e cidadania plena para todo
o povo, temos a responsabilidade de considerar essa cosmovisão e construção moral.
Conforme descrito por Acselrad (2002),
[...] dentre os fatores mais presentes na desigualdade ambiental estão: a
disponibilidade de terras baratas em comunidades de minorias e suas vizinhanças, a
falta de oposição da população local, seja por fraqueza organizativa ou por carência
de recursos políticos, típicas das comunidades de minorias; pela ausência de
mobilidade espacial das minorias em razão de discriminação residencial e, por fim, a
sub-representação das minorias nas agências governamentais responsáveis por
decisões de localização dos rejeitos. (ACSELRAD, 2002, p. 53)
Em outras palavras, os comportamentos discriminatórios das forças de mercado e
agências governamentais concorrem de forma clara para causar desigualdade ambiental. A
viabilidade da distribuição desigual dos riscos tem sido constatada nas chamadas fragilidades
políticas dos grupos sociais em áreas onde se localizam instalações perigosas, sendo as
comunidades comprometidas pela falta de conhecimento, sem se atentar para problemas
ambientais. O consultor expressou a natureza científica da resistência da população às fontes
de risco.
Por um lado, se se souber que o mecanismo de mercado causará desigualdade ambiental
- o menor custo de localização de resíduos tóxicos aponta para as áreas onde vivem os pobres -
o discurso do movimento não vai parar. Por outro lado, há que se considerar que a omissão do
papel das políticas públicas acabará por beneficiar o mercado Conduta imprópria.
Na prática, desafiando a hipótese do plano de modernização ecológica e a teoria da
sociedade de risco, a luta do movimento pela justiça ambiental constitui, portanto, uma espécie
de luta fluida. Através dessa luta, a desigualdade ambiental continua a se formar, e com o passar
do tempo, à medida que os perigos e as populações mudam sua distribuição espacial e
46
visibilidade, o capital perderá em grande parte seu poder contemporâneo. Por exemplo,
governos locais e sindicatos trabalhistas - e por meio de locais de chantagem, Regulamentações
governamentais urbanas ou ambientais e conquistas sociais a serem revogadas.
Visto que por sua maior mobilidade, o capital especializa gradualmente os espaços,
produzindo uma divisão espacial da degradação ambiental e gerando uma crescente
coincidência entre a localização de áreas degradadas e de residência de "classes ambientais",
dotadas de menor capacidade de mobilidade. Os grupos sociais que resistem a esta divisão
espacial da degradação ambiental dificultam, consequentemente, a rentabilização esperada dos
capitais, ao reduzir para estes a liberdade de escolha local e o índice de mobilidade de seus
componentes técnicos.
À medida que o capital vai se especializando no espaço devido à sua maior mobilidade,
resulta em uma divisão espacial de degradação ambiental e cada vez mais sobreposição entre a
localização da área degradada e a residência da “classe ambiental”, que se dá. Menos
mobilidade. Grupos sociais que resistem à divisão espacial dessa degradação ambiental
dificultam o retorno esperado do capital
Deve-se destacar que a luta pela justiça ambiental apresenta obstáculos organizados ao
estabelecimento de indústrias poluidoras e políticas de incentivo irregulares, por outro lado,
enfatiza a necessidade de direcionar os recursos públicos para o aumento do capital do espaço
urbano. Seus benefícios refletem diretamente na qualidade de vida da população e do espaço
urbano.
2.9 Conflitos Ambientais
O uso da categoria conflito se tornou notório com a obra de Karl Marx a partir das
análises entre capital e trabalho como reprodutor das classes sociais e todos os litígios
persistentes até hoje.
Entretanto, naquela época o processo da industrialização estava apenas começando e
não assumiam a dimensão ambiental planetária que hoje presenciamos. O trabalho nas suas
diferentes formas nas sociedades é o meio que torna a humanidade dependente da natureza, é
por tanto um mediador de relações objetivas e simbólicas tão intrínsecas e ao mesmo tempo
causadoras do abismo entre humanos e natureza. Justamente o antropocentrismo instaurado
secularmente nas mais diferentes sociedades é que exacerbou o caráter de dominação da
natureza sob diferentes contextos e formas. Podemos definir os conflitos socioambientais como
disputas entre grupos sociais derivadas dos distintos tipos de relação que eles mantêm com seu
47
meio natural. O conceito socioambiental engloba três dimensões básicas: "o mundo biofísico e
seus múltiplos ciclos naturais, o mundo humano e suas estruturas sociais, e o relacionamento
dinâmico e interdependente entre esses dois mundos. (LITTLE, 2001, p. 107).
Os conflitos socioambientais podem ser percebidos como relacionais porque envolvem
disputas de uso e interesse do ambiente por alguns que passa a se tornar uma mercadoria, de
difícil ou até mesmo impossível quantificação. Quanto custa uma montanha? Um rio? Ou uma
floresta? Cada qual com um significado e percepção ambiental diferente, porque também
possuem um valor simbólico para determinada comunidade, tribo ou indivíduo.
Os diferentes usos geram conflitos, que podem ou não ser estruturalmente
antagônicos. Os conflitos ambientais não são estruturalmente antagônicos quando
dizem respeito a disputas entre iguais e/ou quando ficam contidos em uma dada escala
ou dimensão geográfica. Os conflitos pela verdade ambiental podem ser não-
estruturalmente antagônicos (definir o grau de toxicidade de uma substância ou sua
área de atividade, divulgar tais informações), enquanto que o conflito por valores
sempre o é ( o sentido religioso do mundo versus o sentido econômico; a definição
dos problemas ambientais como ligados à escassez ou às escolhas). [...] O meio
ambiente é assim o veículo de transmissão de impactos indesejáveis, disseminados
pela água, pelo ar, pelo solo e pelos sistemas vivos. A luta simbólica, no caso, diz
respeito à confrontação das representações, valores, esquemas de percepção e ideias
que organizam as visões de mundo e legitimam os modos de distribuição do poder
sobre os recursos. (HERCULANO, 2006, p. 6)
A ambientalização, portanto, trata-se de um processo histórico do qual, assim como
outros que com ele se assemelham, decorrem transformações em diversos aspectos da vida das
pessoas, tais como mudanças em seu trabalho, lazer e comportamento. Tais mudanças são
consequência de alguns fatores sobre os quais teceremos breves comentários.
2.9.1 O crescimento institucional
Nesse ponto, merecem ser destacadas a criação de diversas instituições voltadas para
novas atividades. Como ponto de partida, toma-se a Conferência da ONU sobre o Meio
Ambiente (Estocolmo, 1972). Apesar de o governo brasileiro ter se posicionado contrariamente
ás preocupações ambientais nela expostas, devido a um receio de ocorrer um cerceamento da
industrialização levada a cabo no país desde as décadas de 30 e 40 e fomentada pelo regime
militar então vigente, que então se encontrava em pleno milagre econômico, não deixou de criar
uma secretaria do meio ambiente vinculada ao ministério do interior em 1973.
A SEMA foi idealizada buscando refletir a demanda de uma minoria que visava um
maior controle ambiental pelo governo brasileiro, sem olvidar a necessidade de garantias
ambientais necessárias para a capitação financeira internacional que as exigiam.
48
Da mesma forma, buscando dar vazão a objetivos profissionais de engenheiros e
técnicos que buscava ampliar sua área de atuação por meio de novas concessões teóricas e
administrativas, são criadas, em 1974, em São Paulo, e 1975, no Rio de Janeiro, a CETESB e a
FEEMA, respectivamente. Em decorrência, surge a figura do licenciamento ambiental, em
atividades que possam causar impactos sobre a natureza, patrimônio público e saúde,
especificamente aquelas industriais, obras de construção civil e serviços.
É elaborada, também, a SLAP (Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras),
no âmbito da Feema. Trata-se de um catálogo que prescreve os limites tolerados em atividades
técnicas produtivas, tomando como base a experiência da EPA - Environmental Protection
Agency, espécie de agência reguladora ambiental estadunidense. A SLAP foi instituída por
decreto estadual em 1977, e em 1979 é publicado o Manual do Meio ambiente, unificando e
sistematizando a normativa existente.
Aqui parece haver uma reconversão de engenheiros sanitaristas (e de
engenheiros químicos e industriais) para uma concepção mais ampla da
profissão, junto com a criação progressiva de novas especialidades de
profissões anteriores, tais como os economistas e os juristas ambientais
- sem falar nos biólogos e geógrafos e, depois, na saúde pública. Além
das novas instituições criadas, o caráter totalizante da problemática
ambiental ajudaria, nesse sentido, às revalorizações profissionais. A
partir dos anos 1960 a ecologia deixou as faculdades de biologia das
universidades e migrou para a consciência das pessoas. O termo
científico transformou-se numa percepção do mundo (SACHS, 2002
apud LOPES, 2006, p. 38).
No entanto, o avanço normativo não foi uniforme no território nacional, tendo em vista
que sua federalização por meio de resoluções do CONAMA só se daria cerca de duas décadas
depois, nos anos de 1996 e 1997. De acordo com Lopes (2006, p. 38), “todo o trabalho de
construção institucional em torno do meio ambiente está permeado por conflitos sociais entre
diferentes grupos sociais desiguais relativamente aos meios e aos efeitos de poluição; e entre
diferentes grupos militantes ou técnico-administrativos”.
Ainda sobre a égide do regime militar, é promulgada a Lei Federal nº 6.938/81, que
"dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e
aplicação, e dá outras providências", institucionalizando a matéria ambiental em âmbito federal,
criando a secretaria de meio ambiente (SEMA) subordinada a presidência da república, o
conselho nacional do meio ambiente (órgão consultivo e deliberativo) e o IBAMA. “Constitui-
se no nível federal aquilo que vinha se estabelecendo no nível dos estados, como São Paulo,
Rio de Janeiro, Minas Gerais e outros, e são criados mecanismos de articulação federal em um
49
sistema nacional de meio ambiente. As demandas institucionais de ambientalistas e técnicos
envolvidos na administração ambiental ganham força” (LOPES, 2006, p. 39).
Como decorrência dos debates gerados pelos movimentos de redemocratização,
intensificados nas eleições diretas em âmbito municipal e estadual ocorrida em 1982, é
sancionada a Lei Federal nº 7.347/85, que "disciplina a ação civil pública de responsabilidade
por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valores artísticos,
estéticos, históricos, turísticos, paisagísticos". Essa lei objetiva que “associações privadas,
ONGs e Ministério Público, sem prejuízo das ações populares, possam entrar com ações na
justiça contra as fontes que causem danos ao ambiente e ao consumidor, assim como a valores
artísticos, históricos, turísticos e paisagísticos” (LOPES, 2006, p. 40). Trata-se do início efetivo
da construção do microssistema jurídico coletivo.
No ano seguinte, é instituída pelo Conama uma política nacional de avaliação de
impactos ambientais, que previa a exigência de estudos e audiências públicas para a concessão
de licenças ambientais para atividades que tenham um potencial poluidor. Nesse sentido, são
instituídos o EIA-RIMA, com a classificação das atividades sujeitas ao licenciamento
ambiental.
Em 1988, é promulgada a atual Constituição Federal, com importante capítulo tratando
sobre meio ambiente, constitucionalizando pela primeira vez o tema. Reforçam-se as leis da
Política Nacional do Meio Ambiente e da Ação Civil Pública, bem como cria-se um paradigma
interpretativo e normativo para maiores avanços na tutela dos conflitos ambientais.
Em 1992, é realizada nova Conferência sobre Meio Ambiente da ONU, desta feita na
cidade do Rio de Janeiro, conhecida como Eco-92 ou Rio-92. Com um centro tão relevante de
discussões ambientais trazido para o território brasileiro, surgem importantes debates em toda
a sociedade, incluindo ONGs não especializadas, associações de moradores, empresas, salas de
aula, entre outros. Da mesma maneira, diversas ONGs especializadas na questão ambiental são
criadas naquele contexto.
Em relação à própria conferência, destacam-se o comprometimento dos Estados com a
Agenda 21, um documento que previa “objetivos, atividades e considerações sobre meios de
implementação, de planejamento de uma cooperação internacional e de ações nacionais e locais
em vista do desenvolvimento, do combate à pobreza e da proteção ao meio ambiente. Tal
documento repercute no interior de países signatários, como é o caso do Brasil, o governo
federal desencadeando um processo de feitura de uma Agenda 21 brasileira, convocando
especialistas, ONGs e outras entidades para uma elaboração coletiva, governos estaduais
fazendo processo similar e governos municipais ou consórcios locais também realizando
50
planejamentos locais. O Ministério do Meio Ambiente dispõe de um fundo para financiar
projetos locais de Agenda 21 para os quais os municípios concorrem apresentando propostas”
(LOPES, 2006, p. 40).
Por fim, o último marco legal relevante aqui exposto trata-se da Lei de crimes
ambientais (Lei nº 9.605/98), que tipificava diversas condutas lesivas ao meio ambiente como
crimes, prevendo sanções, inclusive, para pessoas jurídicas que as praticassem.
2.9.2 Os conflitos sociais e a criação leis
É imprescindível salientar a importância de conflitos ambientais para a instituição de
normas protetivas ao meio ambiente, tanto na elaboração de leis, quanto na mudança de hábitos
(costumes). Dentre os casos mais marcantes, ressaltam-se dois que contribuíram de maneira
clara para a promulgação de leis federais. O primeiro se refere ao conflito quanto à fábrica de
cimento na cidade de Contagem, no ano de 1975, que culminou no fechamento da fábrica por
altos índices de emissão de efluentes atmosféricos (material particulado) e deu ensejo à
elaboração da lei ante poluição no mesmo ano. Outro caso, que tomou proporções
internacionais, foi o nascimento de crianças com anencefalia (com má ou sem formação
cerebral) em decorrência da poluição na cidade de Cubatão, o que acarretou em cobranças de
medidas enérgicas ao governo, auxiliando na promulgação das leis federais já mencionadas, em
1981 e 1985, bem como a resolução do CONAMA de 1986.
2.9.3 O meio ambiental como fonte de argumentação nos conflitos
Conforme o exposto, a questão ambiental se mostra relevante em diversos aspectos
sociais, se internalizando no cotidiano das pessoas e sendo relevante em várias esferas da
sociedade. No âmbito jurídico, a partir da Lei da Ação Civil Pública, surge um novo
microssistema denominado como direito coletivo. Reúnem-se temas aparentemente desconexos
entre si, tais como o direito ao meio ambiente, direito do consumidor, e a proteção de bens de
valor estético, histórico, turístico e paisagístico, tendo em vista que tais matérias possuem em
comum uma pluralidade de sujeitos buscando ter seus interesses tutelados. Trata-se,
eminentemente, da judicialização de demandas coletivas em uma única ação, objetivando uma
sustentabilidade em tais direitos. Quanto ao ensino, a educação ambiental trata-se de nova
disciplina transversal e obrigatória nas escolas (Lei nº 9.795/99). Nas empresas, surge a
relevância das gerências ambientais no que toca à produção, incluindo a auto regulação
empresarial nacional e internacional. Algumas expressões dessa regulação são os selos
51
ambientais e as normativas tais como a ISO 9.000 e ISO 14.000. Essas novas exigências que se
convertem em parâmetros de avaliação contribuem diretamente para uma nova forma de exercer
a atividade empresarial.
Além de tais esferas trazidas a título de exemplo, em diversos outros espaços de
discussão na sociedade, tais como em associações de moradores, conselhos municipais,
sindicatos, entidades de classe e outros, o tema do meio ambiente aparece como tangente aos
assuntos ali debatidos, sempre influenciando na pauta e trazendo relevante contribuição para as
decisões tomadas. Muitas das vezes, terminologias ambientais são apropriadas por grupos
populares (operários, população pobre atingida ou vulnerável, agricultores, dentre outros) de
forma criativa, embora muitas das vezes a técnica possa estar fora de sua esfera habitual de
atuação, como argumento para se engrandecerem mediante eventuais discordantes. Nesse
sentido, corrobora LOPES (2006):
Assim, através da questão do controle da poluição industrial, como um dentre vários
problemas ambientais, remonta-se à importância crescente da questão pública do
meio ambiente. Tal questão relaciona-se com transformações do Estado, na sua forma
de operar, propondo formas de gestão participativa. Também no mundo das empresas
há lutas sobre novas formas de produzir e gerir relativamente ao meio ambiente e aos
empregados (considerar, por exemplo, os conceitos de responsabilidade social
corporativa e de balanço social). Se relaciona também com a interiorização, no
comportamento das pessoas, de novas práticas e normas de conduta relativamente a
esse novo domínio do "meio ambiente". Nesse domínio aparecem disputas entre
diferentes experts (engenheiros, químicos, advogados, médicos, biólogos, geógrafos,
e outros, inclusive cientistas sociais), e entre experts e leigos. E, dentre os leigos,
como dentre as populações "pobres" e "vulneráveis", aparecem apropriações criativas
e novas formas de associatividade em torno das questões socioambientais. (LOPES,
2006, p. 49).
Tomando como base os fatores acima o presente trabalho busca analisar os processos
de construção dos problemas ambientais em conflitos socioambientais especificamente
relacionados aos possíveis passivos ambientais da poluição atmosférica e acústica, gerados por
uma indústria siderúrgica localizada no Município de Betim/MG.
2.10 Zona de Amortecimento
Em áreas estabelecidas em torno de reservas naturais, as atividades humanas devem
obedecer a regras e restrições específicas para minimizar os impactos negativos nas reservas
naturais, com o objetivo de filtrar os impactos negativos de atividades humanas, como ruído,
poluição, espécies invasoras, desenvolvimento da ocupação, especialmente em unidades
próximas a áreas densamente povoadas. Nesse sentido, surgem as zonas de amortecimento.
Conforme escrito por Ribeiro et al. (2010):
52
As zonas de amortecimento não fazem parte das UCs, no entanto, localizadas no seu
entorno, têm a função de proteger sua periferia, ao criar uma área protetiva que não
só as defende das atividades humanas, como também previnem a fragmentação,
principalmente, o efeito de borda. A borda da área protegida é uma área sensível a
uma gama de efeitos degradadores, o que a torna mais vulnerável a quaisquer
alterações físicas (maior penetração do sol e do vento), químicas (luminosidade e
umidade do solo) e biológicas (mudanças na interação entre as espécies). Uma
ocorrência comum nas zonas limítrofes de áreas naturais, suas fronteiras acabam
expostas e, por consequência, se tornam mais frágeis a condições que influenciam
negativamente a estabilidade e o equilíbrio do ecossistema. (RIBEIRO et al., 2010, p.
9).
Não são apenas os fatores ecológicos que dizem respeito ao entorno da unidade de
proteção. Por não avaliar as consequências de suas ações, as atividades humanas realizadas nas
proximidades da área protegida afetam seriamente seus atributos. Portanto, a mera criação de
uma UC que apenas fixe os limites da atividade humana dentro do seu âmbito legal não é
suficiente para atingir o objetivo da proteção.
Definida pelo art. 2º da Lei do SNUC (BRASIL, 2000), como “o entorno de uma
unidade de conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições
específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade”, as zonas de
amortecimento se prestam como uma barreira que garanta a efetividade do Sistema Nacional
das Unidades de Conservação, fazendo com que não haja, de fato, impactos negativos gerados
ao ecossistema pelas atividades humanas.
Nesse sentido, “como a própria definição legal deixa transparecer, “a finalidade da zona
de amortecimento consiste na contenção dos efeitos externos que possam de alguma maneira
influenciar negativamente na conservação da unidade” (INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL,
2014). Desta forma, embora a área de amortecimento não preveja claramente o propósito de
proteger o reflexo ecológico causado pelo meio em volta, a área de amortecimento tem como
objetivo minimizar as consequências dos efeitos de borda comum na área de limite,
estabelecendo gradativamente o isolamento entre o meio regional. Áreas protegidas e
adjacências e medidas para evitar que as atividades humanas afetem negativamente a
manutenção da biodiversidade.
Para esta pesquisa, trataremos área de amortização com o mesmo sentido, mas aplicado
à comunidade local, sendo uma área de conservação com o objetivo de filtrar os impactos
negativos das atividades que ocorrem dentro das áreas indústrias, como ruídos, poluição
atmosféricas, vibrações, iluminação excessiva e outros impactos inerentes ao processo
produtivo próximos as áreas de ocupação humana. A área de amortização proposta nesta
pesquisa entrará com plano de minimização dos possíveis impactos ambientais provocados
53
pelas indústrias, com o objetivo reduzir os riscos gerados as comunidades circunvizinhas as
indústrias.
2.11 Sistema clima urbano
A poluição ambiental é um tema amplo, não só pelos efeitos destrutivos sobre as
características naturais do meio ambiente, mas também principalmente pelos efeitos nocivos à
saúde da população, ao patrimônio e ao meio ambiente. Sua complexidade vai além da
compreensão da dinâmica dos processos físicos e químicos e está intimamente ligada ao mundo
da tecnologia, ciência e política. Portanto, para resolver este problema, devemos reconhecer os
atores sociais e seus projetos que utilizam os recursos naturais.
Desde o nascimento do nosso planeta, o ar está poluído. Mas confie em preparações
naturais. O que está acontecendo hoje é que o ambiente natural está poluído (seja devido a
erupções vulcânicas, etc.) porque fábricas e indústrias agravaram esse problema. O problema é
que, desde o início da revolução industrial, as emissões de dióxido de carbono na atmosfera
aumentaram dramaticamente. Fábricas e indústrias usam carvão e petróleo para gerar
eletricidade. Com o avanço da tecnologia, o petróleo também passou a ser utilizado como
matéria-prima e fonte de combustível para diversos sistemas de transporte.
Existe uma relação estreita entre a poluição do ar e a saúde humana. O relatório de
pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado em 25 de março de 2014 estimou
que que houve cerca de 7 milhões de mortes em todo o mundo em 2012 devido à exposição à
poluição do ar, um oitavo do total de mortes no mundo, sendo relevante tanto no meio urbano
quanto no rural.
Para poluição ambiental geral, especialmente poluição atmosférica, vários métodos
podem ser adotados, mas a perspectiva espacial aqui é digna de atenção. Neste caso, a
prioridade é dada à relação entre espaço e poluição, o que o tornará uma solução geográfica
para o problema. Mais especificamente, pretende situar esta investigação no âmbito da poluição
urbana e compreender a sua dinâmica na interface entre o espaço urbano e a atmosfera.
Os problemas de poluição ambiental podem ser analisados aplicando-se dois princípios
básicos de formação da poluição ambiental: a correlação entre distribuição espacial e poluição,
local urbano, densidade populacional, função urbana, ritmo dos tipos de tempo e condições
climáticas.
Partindo deste princípio, Monteiro (1976, p.95) em sua tese discorre sobre o Sistema
Clima Urbano (SCU). “o clima urbano é um sistema que abrange o clima de um dado espaço
54
terrestre e sua urbanização”. Então “o espaço urbanizado, que se identifica a partir do sítio,
constitui o núcleo do sistema que mantém relações íntimas com o ambiente regional imediato
em que se insere”. E segue: “tanto a explosão demográfica quanto a expansão das atividades
industriais nos espaços urbanos assumem total responsabilidade no máximo impacto gerado a
partir das atividades humanas, com toda sua organização recorrente e deterioração do ambiente”
(MONTEIRO, 1976, p.95).
Na estrutura do Sistema Clima Urbano desenvolvido por Monteiro (1976), muitos
fatores contribuem para a formação do clima urbano, incluindo características naturais locais,
estrutura de uso da terra e características socioeconômicas. O autor também enfatiza que a
existência do ser humano é uma referência ao valor dos fatos geográficos no problema e no seu
comportamento. Nesse sentido, criou três canais de percepção humana por meio da pesquisa,
sendo eles (MONTEIRO, 1976, p. 128-131):
Conforto térmico: inclui componentes termodinâmicos expressos por calor, ventilação
e umidade. É considerado um filtro perceptivo muito importante porque afeta a todos
de forma permanente. É formado em climatologia médica ou tecnologia de habitação;
Qualidade do ar: A contaminação do ar, na perspectiva urbana, acaba sendo associada
a inúmeras outras formas de poluição como por exemplo: da água, do solo, da pressão
e vibração acústica, da iluminação, da radiação, entre outros. Percepção a qual está
embasada esta pesquisa e que trataremos com maior detalhe;
Meteoros do impacto: este é um resumo de todas as formas de meteoros, água (chuva,
neve, nevoeiro), mecânica (tornados) e eletricidade (tempestades), todos os quais
afetarão a vida da cidade, destruindo-a ou comprometendo-a, ressaltados os aspectos da
circulação de pessoas e dos serviços.
O aspecto tríplice assim como tratado neste estudo, advém da aglutinação no complexo
energético de elementos termodinâmicos, físico-químicos e hídricos.
Em seu artigo, o autor descreve o que é muito importante para a UCS, ou seja, expressar
quantitativamente sua estrutura em um período contínuo de tempo para que seja avaliado o grau
de desenvolvimento de sua estrutura. Neste caso, inúmeros estudos estão sendo realizados com
base nos dados reais acumulados e processados estatisticamente com o auxílio de cálculos e
softwares climáticos.
A percepção e compreensão das questões urbanas, em especial as climáticas,
desempenham um papel decisivo na qualidade do ambiente urbano, pois geram ansiedade e
expectativas. De uma perspectiva social, é extremamente importante encontrar referências de
55
valores e responsabilidades sociais, de tal sorte que estabeleçam metas para a vida da
comunidade.
Como toda organização complexa, o clima da cidade admite uma visão sistêmica, com
vários graus de hierarquia funcional e diferentes níveis de resolução. Mesmo pensando que é
impossível desmembrar os estudos do clima urbano, Monteiro (1976) enfatiza em seu estudo a
necessidade de aglutinar em conjuntos, que mantendo associação intrinsecamente atmosférica
(composição, comportamento e produção meteórica) são dirigidos à percepção sensorial e
comportamental do habitante da cidade. O desmembramento utilizado por ele na análise do
clima urbano trata-se de um artifício para a comodidade da análise, por não poder ser executada
diretamente no todo.
O autor também destacou em seu artigo que a tendência natural de equilibrar o sistema
climático urbano com os diversos elementos que compõem suas características está destinada
a constituir um sistema orgânico que busca a homeostase. Devido ao crescimento desordenado
da urbanização, é difícil fazer isso, e os sistemas exacerbados por muitos produtos prejudiciais
inevitavelmente cairão na entropia. No entanto, nada pode impedir as pessoas da cidade de
intervir conscientemente para se adaptar gradualmente à meta de crescimento dos harmônicos.
Considerando essa consciência e contribuição do ser humano, muitas pesquisas estão
sendo realizadas para garantir a construção, o uso e o planejamento dos diversos elementos das
características urbanas para que o sistema não fique saturado. Por exemplo, além de formular
leis e diretrizes, as pessoas também podem pensar em novas formas de circulação e transporte,
industrialização usando tecnologias mais avançadas e planejamento para o desenvolvimento
urbano. Todas essas são adaptações formais, cujo objetivo é garantir um hipotético equilíbrio
ecológico e manter os padrões de qualidade de vida em um nível aceitável.
Na Qualidade do Ar, subsistema físico-químico descrito por Monteiro (1976), a
diversidade global não se prende à latitude nem aos insumos atmosféricos, tendo relevância ou
expressão as atividades desenvolvidas pelo ser humano, sendo diferenciada pelos graus de
desenvolvimento econômico e sua relação com o uso e a ocupação do solo"
A verificação da poluição do ar urbano requer algumas medidas preventivas. Em
primeiro lugar, a medição da qualidade do ar deve ter uma certa precisão. Ao mesmo tempo, a
fonte de poluição deve ser investigada, pois como produção humana, deve ser corrigida na fonte
de emissão do processo industrial. Os poluentes ambientais produzidos por esses processos
industriais são lançados na atmosfera. Saia em vez de atribuí-lo à atmosfera. O ar não pode
controlar seu comportamento de entrada de energia.
56
Parte das medidas de controle existentes para o controle de poluentes está baseada no
uso de tecnologia e controle corretos, ou seja, penalidades por meios legais específicos. No
passado, as ações eram ineficazes, mas hoje os mecanismos punitivos tornaram-se uma
importante ferramenta para a expansão dos negócios e a disponibilização de recursos
financeiros por meio de crédito e recursos governamentais. Num organismo urbano amplo,
como uma metrópole, é essencial o conhecimento dos mecanismos de difusão do setor onde há
emissão (geração do poluente), para aqueles outros que sofreram a influência da contaminação.
Monteiro (1976) ressalta que o entendimento de mecanismos padronizados de
observação meteorológica para análises terrestres e globais não é suficiente para fazer a
correlação entre poluentes e dinâmica de difusão. Desta forma, descreve a necessidade de
compreender o clima urbano através de mecanismos específicos de calor do espaço e ventilação
urbana típica. Para o autor, "os dados de ventos das estações padronizadas, neutralizando a ação
da realidade urbana, revelam o fenômeno apenas como resposta local ao fluxo regional dos
sistemas meteorológicos. As situações de calmaria são importantes porque não só fomentam a
concentração localizada dos poluentes, como ressaltam as variações locais. A ventilação, a
partir de suas componentes intrassistêmicas, tem papel de difundir os poluentes".
Nos países em desenvolvimento, as pessoas não podem pensar em parar a evolução
industrial e prejudicar a qualidade ambiental. O mais importante é adotar um plano de
arrendamento para indústrias altamente poluentes em um ambiente que não comprometa o
entorno. Para tanto, a pesquisa em climatologia urbana pode fornecer subsídios valiosos para
terrenos industriais e fornecer moradia para terceiros.
Nessa perspectiva, Monteiro advoga sobre a relevância de tais estudos, uma vez que
muitas dessas cidades já apresentam problemas ambientais alarmantes, frutos do crescimento
desordenado e da ausência de planejamento.
Analisando o clima como elemento do planejamento urbano e como fator adjuvante no
tratamento de problemas ambientais, Monteiro (1976) discorre sobre a importância da análise
minuciosa do sítio urbano para estudos do clima nas pequenas e médias cidades, pois, quanto
menor a cidade, maior influência o sítio urbano exerce sobre seu clima.
Devido à concentração do processo de industrialização posterior, aliada ao alto custo
dos equipamentos e à falta de indicadores ambientais, a implantação da empresa na periferia da
cidade tem feito com que pessoas e pesquisadores prestem atenção à qualidade respiratória,
intensidade do ruído e outros fatores que colocam em risco a saúde humana.
57
Levando em consideração este padrão, enumeras pesquisas científica interdisciplinares
sobre essas questões fornecem subsídios ao poder público na forma de soluções alternativas aos
elementos e atributos que permitem o planejamento e o desenvolvimento dos sistemas urbanos.
Além dos trabalhos nas áreas de temperatura, umidade, calor e meteorologia, é
necessário expandir as pesquisas nas áreas físicas e químicas das cidades brasileiras,
especialmente aquelas localizadas no Norte e Nordeste do país, raramente exploradas pelos
climatologistas urbanos.
O lugar de uma cidade, pelo menos para um geógrafo, não é apenas um "dado lugar"
sobre o qual se quer observar (medir elementos ou notar comportamentos da atmosfera). A
verdade é que, no domínio geográfico podemos constatar atitudes que variam de "foco" em
material de localização e padrões de morfologia urbana. Desde a fase hoje dita "tradicional"
houve preocupações com tipologias, padrões e modelos, variando entre as "determinações da
natureza sobre a localização das cidades.
O meteorologista sueco Roger Taesler, um dos notáveis na pesquisa dos climas urbanos,
ao tratar dos problemas de sua metodologia e informação (TAESLER, 1986) demonstra uma
clara percepção desse fato.
De um ponto de vista climatológico, o principal interesse e estudar o impacto da área
urbana na atmosfera. No planejamento urbano e projeto de edificação (bulding
design). O interesses maior está na direção oposta, ou seja, estudar os impactos da
atmosfera urbana nos aspectos funcionais, econômicos e de segurança do ambiente
edificado na saúde e bem-estar de seus ocupantes. Tendo identificado tais impactos,
0 que nem sempre se constitui em tarefa fácil, o próximo passo e desenvolver métodos
para modificar estes impactos. Algum sucesso limitado pode aqui ser obtido por meio
de um raciocínio qualitativo a base de experiência no trato de clima e na observância
de princípios gerais. Contudo o que e realmente necessário e uma metodologia para
um suporte quantitativo utilizando modelos de "input-output" incorporando
particularmente e o sistema afetado por este clima. 0 sistemas podem ser tidos como
os seres humanos, operações climáticas sensíveis, edifícios isolados ou a área urbana
inteira, (TAESLER, 1986, p. 201).
Em países em desenvolvimento, como o Brasil, onde a falta de planejamento constrói
formas de industrialização e de urbanização desordenadas, contribuindo para que os problemas
ambientais urbanos alcançam dimensões assustadoras. Corroborando com a citação de Roger
Taesler, este estudo visa criar informações que auxiliem no planejamento urbano e projeção de
edificações urbanas eficazes.
58
3 MÉTODOS E TÉCNICAS
Este capítulo é dedicado a apresentar o percurso escolhido para se atingir os objetivos
do trabalho, bem como os métodos e as técnicas utilizadas para compor a metodologia. São
indicados os materiais e softwares utilizados na pesquisa.
Em termos metodológicos, esta dissertação tem quatro fases distintas que foram
executadas no decorrer de seus desenvolvimentos. A seguir, a estrutura e organização destas
etapas serão elucidadas.
Na primeira etapa desta pesquisa foram realizados os estudos documentais e
bibliográficos, a fim de entender a abrangência da área e do significado e importância da
qualidade do ar e acústica. Diversas fontes foram consultadas como: dados bibliográficos,
cartográficos, banco de dados, disponíveis na Internet, nas bibliotecas da PUC Minas, UFMG
e outras instituições governamentais como: CETESB, USEPA, FEAM, CONAMA, etc.
Em uma segunda fase foi realizada a seleção da indústria eleita através do estudo de
imagens, esta tomará como base a quantidade e a qualidade das informações existentes a fim
de possibilitar uma visão sistêmica, da indústria e seus impactos, da expansão urbana e seus
impactos, do plano diretor e políticas públicas do município sede deste empreendimento.
Através de levantamentos bibliográficos foram levantadas as características da área em
estudo eleita, tais como o relevo (localização do empreendimento e distância entre os
loteamentos), demografia, vegetação, atividade econômica e clima, dando destaque para a
precipitação, velocidade e direção dos ventos, fatores de extrema importância na disseminação
das poeiras.
No momento da pesquisa considerado como terceira fase foram realizados o
planejamento e a execução do trabalho de campo prévio para o conhecimento da área de estudo,
através dos levantamentos de medições metrológicas contendo os dados climáticos,
identificando os pontos e área de estudo a serem instalados os equipamentos de medição para a
determinação da concentração das partículas totais e suspensão, partículas inaláveis e ruído
ambiental in situ (comentados acima). Ainda nesta etapa, foram inseridos os dados obtidos no
trabalho de campo, utilizando os recursos disponíveis do “software” Excel, originando assim
um banco de dados, onde foram processados os monitoramentos realizados em campo.
Os dados foram organizados em tabelas, a partir das quais geraram gráficos, análise
interpretativa, para caracterizar melhor o espaço estudado, bem como a influência dos mesmos
sobre a área de estudo. Os resultados obtidos em campo serão aqui, discutidos e comparados
59
com os dados disponibilizados pelas resoluções ambientais pertinentes, CONAMA 03/90 e
ABNT NBR 10.151 e Lei 10.100 de Minas Gerais.
A última etapa do trabalho, consistiu na redação final, estruturação, análises dos
resultados e conclusão. Todos as etapas descritas acima podem ser vistas de uma forma mais
simplificada no fluxograma de desenvolvimento abaixo (Figura 2).
Figura 2 - Fluxograma de desenvolvimento da dissertação
Fonte: Elaborado pelo Autor (2020).
3.1 A escolha da área de estudo
A escolha da área de estudo foi realizada tomando como base a comparação de imagens
aéreas, através do software Google Earth Pro; esta avaliação tomou como bases inúmeros
municípios cuja indústrias e a dinâmica de expansão urbana se assemelham as características
eleitas para o desenvolvimento do estudo.
Este software permitiu uma altitude de visão próxima a superfície, sendo possível
visualizar com detalhe as áreas industriais, o perímetro urbano existente e a perspectiva de
expansão urbana. A partir desta perspectiva foi possível perceber que vários municípios
60
brasileiros foram formados a partir do processo de industrialização e a formação das cidades
em detrimento a necessidade mão de obra, transporte insumos voltados a estas indústrias.
3.2 Levantamento dos dados meteorológicos/climáticos
A concentração de poluentes está fortemente relacionada às condições
meteorológicas/climáticas. (CESTEB, 2020). Levando em consideração esta citação foi
utilizada nesta pesquisa ferramentas que propiciaram informações robustas que permitiram a
caracterização e análise das condições meteorológicas /climáticas da região de estudo.
No presente trabalho foram utilizados dados simulados adquiridos da Lakes
Environmental, companhia canadense, autora do software utilizado e que possui larga
experiência nesse tipo de modelagem. Os dados simulados compreendem o período de
01/01/2014 a 31/12/2018 por meio do modelo WRF4. Além disso, foi realizada a análise de
aderência a fim de assegurar a qualidade dos mesmos, embasada em dados de monitoramento
obtidos pela estação meteorológica automática de superfície instalada dentro do Campus da
Universidade Federal de Viçosa – UFV, localizada na cidade de Florestal/MG.
Os dados meteorológicos/climáticas obtidos pelos instrumentos foram levantados em
três etapas distintas, sendo:
A primeira etapa, através dos dados levantados e processados no software Lakes
Environmental, com dados simulados ente o período de 1/01/2014 a 31/2018 e Normais
Climáticas (INMET) no período de 1981 a 2010, para a definição da área de amostragem
e início dos estudos para a instalação dos pontos de monitoramento;
A segunda etapa, através do levantamento dos dados meteorológicos obtidos pela
estação meteorológica de Florestal/MG em 2018, em comparação com o relevo e as
características do sítio para confirmação dos pontos e instalação dos instrumentos;
A terceira etapa os dados foram levantados pelo Estação Florestal, administrado pelo
INMET, com a correlação dos dados meteorológicos obtidos em campo por
instrumentos portáteis de propriedade da Geoavaliar Análises e Consultorias
Ambientais, calibrados e checados pelo pesquisador no período dos monitoramentos.
Todos os dados encontrados foram tabelados e apresentados em gráficos, permitido uma
melhor visualização e interpretação das informações junto aos resultados dos parâmetros
ambientais.
61
3.3 Metodologia de monitoramento e análise dos pontos de amostragens para partículas
totais em Suspensão
- Método de coleta de amostra para determinar a concentração de partículas totais em suspensão
(PTS), no ar ambiente.
O Amostrador de grandes volumes – AGV (Hi-Vol) método gravimétrico para análise
de partículas em suspensão em ambientes.
A amostragem das partículas foi realizada através de filtros constituídos de fibra de
vidro, livres de compostos orgânicos, com capacidade de retenção de 99,95% para partículas
abaixo de 3 micras.
O Hi-Vol é composto de uma casinhola/gabinete; contendo um horâmetro, controlador
de fluxo, um controlador de tempo, e um porta filtro contendo placas de orifício com diâmetros
específicos e um motor de aspiração. A metodologia utilizada no Brasil é a ABNT NBR
9547:1997.
O monitoramento da qualidade do ar é realizado por um período de 24 horas, podendo
ser interrompido uma hora antes ou passar uma hora após o termino das 24 horas, o ar ambiente
e aspirado para o interior de um abrigo, através de uma bomba, passando por um filtro de vidro
de 8” x 10”, a uma vazão de 1,1 a 1,7 m3/min e por um período de 24 horas corridas (cerca de
2.000 m3/dia).
O material particulado é retido no filtro. Um medidor de vazão registra a quantidade de
ar seccionada. A concentração de partículas em suspensão no Ar ambiente (mg/nm3), após a
retirada da amostra o filtro é encaminhado ao laboratório que realiza a pesagem gravimétrica
do material retido no filtro, relacionando-se a massa retida no filtro e o volume de ar succionado.
O AGV – PTS (Figura 3) pode ser usado em uma série de avaliações, dentre elas para
o monitoramento da qualidade do ar, pela determinação da concentração de material particulado
em suspensão, estudos de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), para determinar níveis pré-
existentes da qualidade do ar, monitoramentos de emissões fugitivas de processos industriais
onde não é possível a utilização de amostradores de chaminés/dutos de processo e análise da
presença de metais em ar ambiente, no material particulado amostrado no filtro.
62
Figura 3 - Amostrador de grandes volumes AGV – PTS
Fonte: Energética Metrologia (2018).
O local da instalação do equipamento foi escolhido de acordo com a direção e
velocidade dos ventos predominantes descritos neste estudo.
A localização da instalação dos amostrador deve ficará afastado em no mínimo 20 m de
árvores, edifícios ou outros grandes obstáculos e a entrada do ar deve ficar de 2 a 15 m do solo,
conforme procedimentos de amostragem.
3.4 Metodologia de monitoramento e análise dos pontos de amostragens para partículas
inaláveis
O Amostrador de grandes volumes AGV – PM10 método gravimétrico para análise de
partículas em suspensão em ambientes. pode ser usado em uma série de avaliações, dentre elas
para o monitoramento da qualidade do ar, pela determinação da concentração de material
particulado em suspensão, estudos de impacto ambiental (EIA/RIMA), para determinar níveis
pré-existentes da qualidade do ar, monitoramentos de emissões fugitivas de processos
industriais onde não é possível a utilização de amostradores de chaminés/dutos de processo e
análise da presença de metais em ar ambiente, no material particulado amostrado no filtro.
A amostragem das partículas foi realizada através de filtros constituídos de fibra de
vidro, livres de compostos orgânicos, com capacidade de retenção de 99,95% para partículas
abaixo de 3 micras.
O amostrador de grande volume – AVG PM10 é composto de uma casinhola/gabinete;
contendo um horâmetro, controlador de fluxo, um controlador de tempo, e um porta filtro
63
contendo placas de orifício com diâmetros específicos e um motor de aspiração A metodologia
utilizada no Brasil é a ABNT NBR 9547:1997.
Para medição de material particulado inalável foram sendo usados amostradores de
grande volume (Hi-Vol MP10). A metodologia adotada é a Norma ABNT NBR 13412:1995.
O AGV MP10 (Figura 4), o amostrador foi instalado com um afastamento de no mínimo
20 m de árvores, edifícios ou outros grandes obstáculos e a entrada do ar deve ficar de 2 a 15
m do solo.
O monitoramento da qualidade do ar é realizado por um período de 24 horas, podendo
ser interrompido uma hora antes ou passar uma hora após o termino das 24 horas, o ar ambiente
e aspirado para o interior de um abrigo, através de uma bomba, passando por um filtro de vidro
de 8” x 10”, a uma vazão em torno de 1,13 m3 /min., e a geometria da entrada da cabeça de
separação favorecem a coleta de apenas partículas com diâmetro aerodinâmico ≤ 10 µm. As
partículas são coletadas num filtro de microquartzo ou de fibra de vidro, estabilizado e pesado
antes (tara) e após (bruto) a amostragem a fim de se determinar o ganho de massa da amostra.
O volume de ar amostrado, corrigido para condições padrão [25°C, 760 mmHg], é determinado
a partir da vazão medida e do tempo de amostragem. A concentração de partículas de até 10
µm em suspensão no ar ambiente, MP10, é computada dividindo-se a massa de partículas
coletada pelo volume de ar amostrado e é expressa em microgramas por metro cúbico (µg/m3).
Figura 4 - Amostrador de grandes volumes associado a separador inercial - AGV -
PM10
Fonte: Energética Metrologia (2018).
Da mesma forma que o HI-vol - aparelho citado anteriormente, o PM 10 foi instalado
de acordo com a direção e velocidade dos ventos predominantes descritos neste estudo.
64
3.5 Metodologia de monitoramento e análise dos pontos de ruído ambiental
Para o monitoramento de ruído ambiental, foi usado Instrumento de Medição de Nível
Sonoro Solo-Slim. (Figura 5) A metodologia adotada é a Norma ABNT NBR 10.151:2019 –
Medição e avaliação de níveis de pressão sonora em áreas habitadas — Aplicação de uso geral.
O monitoramento de ruído ambiental é utilizado para comparar fontes de ruído em que
as características são idênticas. O campo acústico é descrito pelo nível de som registrado pelo
medidor de som. Um número limitado de pontos é levantado, e não é feita uma análise detalhada
do meio ambiente acústico. Entretanto, é necessário que seja anotada a variação do ruído. O
uso dos circuitos de compensação de frequência A ou C é recomendado. Em muitos casos
práticos, o nível de som C é uma aproximação satisfatória do nível de pressão acústica global.
A curva compensada da escala A é útil para a avaliação das reações humanas ao ruído.
Figura 5 - Instrumento de Medição de Nível Sonoro Solo-Slim
Fonte: Testo Engenharia (2020).
3.6 Programação do trabalho de campo
O trabalho de campo teve como base a tabela de descrição e de localização dos pontos
de amostragem fornecida ABNT NBR e adaptadas e informatizadas pelo autor.
65
As medições foram realizadas no período de 09 a 14 de setembro de 2019 (período de
estiagem na região), de forma não ter interferência das chuvas na supressão das poeiras
suspensas.
Ao longo da área de estudo foram monitorados 5 (cinco) pontos, tendo a distribuição da
seguinte forma: 4 (quatro) pontos a jusante (localizado depois do empreendimento em relação
a predominância dos ventos com a contribuição ambiental do empreendimento) e 1 (um) ponto
a montante (ponto localizado antes do empreendimento em relação a predominância dos ventos
sem contribuição ambiental do empreendimento, branco de amostragem).
O trabalho de campo foi realizado em um período de 5 (cinco) dias consecutivos durante
24 (vinte quatros) horas para o parâmetro qualidade do ar (partículas totais em suspensão e
partículas inaláveis).
Já para as medições do nível de ruído ambiental foram tomadas as orientações da ABNT
NBR 10.151 de 2000, que defini os limites de horário para o período diurno e noturno, que
podem ser definidos pelas autoridades de acordo com os hábitos da população. As medições de
Ruído ambiental foram avaliadas em apenas no dia 09 de setembro de 2019, nos períodos diurno
e noturno, com 125 leituras no período de espaço de 10 (dez) minutos em cada um dos pontos.
3.7 Equipamentos e instrumentos
Aparelhos GPS - Garmim vista e Garmim 12 – usado para georreferenciar os pontos de
medição na área de estudo;
Amostrador de grande volume - AGV PM10;
Amostrador de grande volume - AGV PTS
Medidor de nível de pressão sonora – Solo Slim 01 dB.
Formulário para registros de dados (condições meteorológicas - temperatura, condições
do céu e vento, identificação dos pontos, dos filtros horâmetro inicial e final e etc.);
Filtro de fibra de vidro processados;
Cartas gráficas e pena do registrado de vazão;
Pena registrador
Motores de motoaspiração
Termo higrômetro digital;
Multímetro;
Cartas topográficas;
66
Estação meteorológica automática do INMET- Instituto Nacional de Meteorologia
(dados meteorológicos http://www.inmet.gov.br/portal/)
Anemômetro digital
Barômetro Digital
Pluviômetro Digital
Notebook
Máquina fotográfica.
“Software” Excel 2013– utilizados na elaboração das planilhas e gráficos;
“Software” ArcGis 10.2.2 – utilizado na confecção dos mapas.
Veículo para o transporte da equipe de campos e equipamentos.
67
4 CARACTERIZAÇÃO
As ciências sociais historicamente observaram que o surgimento das cidades e padrão
de urbanização impulsionaram o sistema fabril (SPOSITO, 2004; DE TONI, 2017). O padrão
adotado mundialmente pelo sistema fabril é aquele cuja fábrica requer proximidade dos
operários, infraestrutura para armazenar, transportar e distribuir a produção, energia suficiente
para movimentar as máquinas, e outros aspectos como o mercado de consumo nos perímetros
adjacentes ao da atividade de produção. Em muitos casos, se a fábrica não surge na cidade, é a
cidade que se forma a sua volta.
Malta Campos (1989) trata do espaço interurbano de origem irregular, onde relata que
a expansão horizontal tem sido feita através de loteamentos clandestinos sem o atendimento da
legislação urbanística ou normas sanitárias elementares (áreas insalubres, inundáveis, grande
declividade, encostas etc.). Depois que estas áreas se consolidam, os custos de sua integração
ao tecido urbano regular se tornam absurdos e inviáveis.
A área Betim e a indústria Metalsider foram definidas pela proximidade à residência do
pesquisador, facilitando o desenvolvimento e a redução dos custos logísticos aplicados à
pesquisa. É importante salientar que o estudo atual não fere os direitos da unidade industrial
escolhida; antes, propõe-se a ser uma ferramenta de auxílio na conservação das áreas ao
entorno, de forma a separar ou criar uma área de segurança e proteção entre as residências e os
muros das empresas.
Paul Longley (2003) destaca a importância da localização geográfica ao afirmar que
as atividades humanas de qualquer natureza ou informações de um determinado local sempre
foram preocupações consideradas das mais importantes para a humanidade. Isto porque muitos
problemas podem ser solucionados se é conhecida a sua localização geográfica. Para isto, o
sistema de informações geográficas - GIS (Geographical Information System) ajuda a gerenciar
as informações que são conhecidas, facilitando processos de organização, armazenamento,
acesso, recuperação, manipulação de modo a sintetizar e aplicar a solução dos problemas.
4.1 Caracterização da localidade
4.1.1 História da expansão urbana
O território de Betim se desmembra no ano de 1711, quando Joseph Rodrigues Betim
obtém a sesmaria da coroa portuguesa das terras referentes ao ribeirão da cachoeira (Rio Betim),
anteriormente integrantes da Vila Real de Sabará.
68
Em 1754, a aldeia passou a chamar-se Arraial da Capela Nova de Betim. Em agosto de
1797, Bernardo José Lorena, Conde de Salcedas, assumiu o governo do Capitão Minas e criou
novos distritos. Betim). Após a reforma administrativa, o território Quiterense (hoje
Esmeraldas) foi promovido a município em 1901. Neste mesmo momento, o distrito de Capela
Nova de Betim passou a integrar esse município (BETIM, 2020).
Em 1910, a ferrovia Oeste de Minas chega à cidade. As inúmeras estações ferroviárias
constituem algumas profissões ao seu redor. O desenvolvimento da construção ferroviária para
oeste e sul ajuda a construir o empreendedorismo, e eles acreditam na conexão da economia
municipal com a metrópole prometida.
Em 1938, por decreto do governador Benedicto Valladares Ribeiro de 17 de dezembro,
Betim foi promovido a município.
Até a década de 1940, a economia da cidade era baseada na atividade agrícola, e sua
produção era escoada por uma rede ferroviária. Mas, no início desse período, em 1941, o
governo estadual estabeleceu um parque industrial para de alguma forma aproveitar o potencial
da região, ao mesmo tempo em que desperta as elites econômicas locais e estabelece novas
indústrias na sede. Em 1948, as duas cidades de Contagem e Ibirité foram separadas do território
de Betim.
Na segunda metade da década de 1960, a cidade estabeleceu seu primeiro grande
empreendimento industrial, a Refinaria Gabriel Passos (Refinaria Gabriel Passos), que foi
fundada em 1968 para desenvolver diversas atividades complementares, como o atacado de
combustíveis.
Com o planejamento da região metropolitana de Belo Horizonte, a localização industrial
e o potencial de desenvolvimento urbano de Betim foram ampliados. A indústria ocupa muito
espaço na cidade: a zona industrial de Paulo Camilo foi criada na segunda metade da década de
1970, e a Fiat Automóveis S / A foi fundada em 1976, surgindo também sua indústria de
satélites. Formou a espinha dorsal da segunda indústria automobilística do país.
No início da década de 1980, a população cresceu dramaticamente, chegando a 82.601
pessoas. Betim é considerada uma das cidades que mais cresce no país, mas a crise econômica
desacelerou o desenvolvimento.
A partir da década de 1990, devido à saturação de áreas industriais em outras regiões e
à necessidade de adequar os parques industriais aos padrões competitivos impostos pelo
mercado externo, o crescimento de Betim foi retomado, atraindo novas indústrias, o que
acarretou na elevação da qualidade geral e processo de terceirização.
69
Os dados descritos acima e demais itens da caracterização geográfica foram retirados a
página oficial da Prefeitura de Betim e do estudo de caracterização dos ecossistemas de
Betim/MG elaborado pela EMATER, 2006.
4.1.2 Localização
O município de Betim está localizado no distrito metalúrgico, integra a região
metropolitana de Belo Horizonte. Com uma área de 346 quilômetros quadrados, está a 31
quilômetros de Belo Horizonte por estrada e 38 quilômetros por ferrovia. O município faz parte
da bacia do Paraopeba, afluente do rio São Francisco, e o rio Betim atravessa a cidade. A cidade
está localizada a uma altitude média de 860 m. Sua localização é determinada pelas coordenadas
geográficas de 19 ° 57 '52 "de latitude sul e 44 ° 11 '54" de longitude oeste. De acordo com o
mapa de localização abaixo, a cidade faz divisa com Esmeraldas, Contagem, Juatuba, Igarapé,
Ibirité, São Joaquim de Bicas, Mário Campos e Sarzedo. (BETIM, 2020).
Figura 6 - Mapa do município de Betim/MG, suas fronteiras e a área de estudo
70
4.1.3 População
De acordo com os dados do censo de 2020 compilados pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística IBGE, a população total da cidade de Betim é estimada em 3444.784
habitantes, sendo que 2,7% da população do município vive na zona rural da cidade. O
crescimento populacional de Betim é estimado em aproximadamente 7,85% ao ano.
Figura 7 - Densidade urbana de Betim/MG
Fonte: Plano Diretor do Município de Betim/MG (2018).
4.1.4 Atividades econômicas
As atividades econômicas da Cidade de Betim (MG) correspondem, principalmente, as
áreas de indústrias e serviços. A última pesquisa realizada pela Fundação João Pinheiro em
2016 mostrou que os indicadores de outros setores não apresentam caráter representativo.
O Quadro 4 apresenta a distribuição da agricultura, indústria e serviços (estes últimos
se subdividem em administração pública e outros serviços) no valor adicionado municipal total.
Já a composição setorial desta ocupação é apresentada no Quadro 5. Este quadro mostra a
distribuição do pessoal ocupado com 18 anos ou mais de acordo com o Censo 2010, por um
lado, e por outro mostra apenas o mercado de trabalho formal, de acordo com informações da
RAIS sobre a distribuição das ocupações em 2016.
71
Quadro 4 - Participações dos setores no valor adicionado – Betim -2016
Setores % do Valor adicionado total
Agropecuária 0,10
Indústria 54,00
Serviços 29,90
Administração publica 8,90
Outros serviços 7,10
Fonte: Fundação João Pinheiro (2016).
Quadro 5 - Percentual dos ocupados por setor de atividade – Betim 2016
SETORES
% dos ocupados de 18
anos ou mais de idade
(Censo 2010)
% das ocupações
formais
(RAIS-2016)
Agropecuária 1,79 0,70
Indústria de Transformação 26,66 37,22
Industria de Construção 10,47 3,20
Extração Mineral 0,64 0,20
Comércio 14,88 17,30
Serviços 44,50 40,80
Serviços de utilidade pública 1,03 0,58
Fonte: Fundação João Pinheiro (2016).
4.1.5 Clima
O clima local é descrito como o tropical de altitude ameno e seco. Os dias, geralmente,
são ensolarados e as noites, amenas. Quanto as estações, há uma clara distinção entre verão
(mais úmido) e inverno (mais seco). A temperatura média depende da altitude, ao passo que as
precipitações, que costumam ocorrer com maior frequência entre os meses de dezembro e
fevereiro, se mantém em um patamar entre 1500 e 2000 milímetros ((EMATER, 2006).
Como os dados climáticos da região fazem parte desta dissertação, tanto no que diz
respeito a implantação dos pontos de amostragem quando no tratamento e interpretação dos
resultados, este item será tratado com maior detalhamento nos itens de desenvolvimento desta
pesquisa.
4.1.6 Hidrografia
O município de Betim está situado na bacia hidrográfica do rio Paraopeba, e o córrego
Betim atravessa a cidade. A nascente do ribeiro Betim está localizada a 920 m de altitude no
município de Contagem. Sua bacia tem uma área total de cerca de 172 km². Após 43 km,
deságua no Rio Paraopeba pela margem direita. Possui uma inclinação média de 3,19 m / km.
72
Cerca de 139 km² ou 80% de sua área total está localizada no município de Betim, região com
maior concentração de população urbana (EMATER, 2006).
Os riachos Saraiva, Bom Retiro, Várzea das Flores e Areias são os principais afluentes
de um determinado trecho. O reservatório de Várzea das Flores é uma obra de engenharia que
possui grande capacidade de amortecimento de vazões de enchentes, proporcionando um fator
de segurança para a câmara inferior da barreira. Essa segurança se deve ao rígido controle da
ocupação do solo rio acima.
Cabe destacar que sua ocupação em várzea ou sua ocupação agrícola é invariavelmente
a solução mais barata para os problemas de inundação, além de oferecer outras vantagens como
preservar ecossistemas e criar áreas verdes e proporcionar recreação.
Ressalta-se que a ocupação de várzea ou agricultura é invariavelmente a solução mais
barata para os problemas de inundação, além de outros benefícios como a proteção do
ecossistema e a criação de espaços verdes e recreativos.
4.1.7 Relevo
O município de Betim está localizado na bacia do rio Paraopeba. Seu relevo é formado
por planaltos ondulantes sobre um imenso tabuleiro que se estende ao pé da Serra do Curral a
oeste de Minas Gerais. O relevo é acidentado, principalmente nas encostas da Serra Negra,
terminando em vales e áreas menos inclinadas.
A topografia de Betim pode ser caracterizada da seguinte forma (EMATER, 2006): 15%
da topografia é plana, 25% montanhosa e a grande maioria 60% ondulada.
Em diferentes áreas da Bacia do Betim, a intensidade dos processos de fragmentação e
redução mostram padrões diferentes. Esses padrões se devem à interação entre as características
físicas da área (principalmente a topografia e a fertilidade do solo) e a herança histórica das
diversas atividades econômicas desenvolvidas pela cidade desde a época da ocupação. A área
urbana é a área com maior redução da cobertura vegetal. A maior parte dos resíduos florestais
estão no topo de colinas e vales e encostas superiores.
Foram identificados, em 1994, três tipos fisionômicos principais: Florestas de galeria,
floresta mesófila (secas) e cerrados (lato sensu). As espécies identificadas foram (EMATER,
2006):
Mata galeria - apresenta elementos da floresta Amazônica e fica próxima de cursos
dágua. Quando sofre influências dos cursos dágua é chamada de fluvial, mas a certa
distância é pluvial; intercalada com outros tipos vegetacionais é denominada capão.
O estrato arbóreo atinge até 20 metros de altura e possui em seu interior grande
número de mesófitos, herbáceos, macrófilos e epífitas;
73
Florestas mesófilas - são formações florestais caducifólia e subcaducifólia (secas) e
acham-se disseminadas abundantemente na área central dos cerrados, em forma de
manchas. Ocorrem onde as chuvas são abundantes numa época reduzida;
Cerrado - uma formação bioestratificada, com estrato herbáceo dominado
principalmente por gramíneas. Entre as espécies que ocorrem no “cerrado típico”,
40% a 50% participam dos diversos tipos fisionômicos em múltiplas combinações
4.2 Características do empreendimento
O estudo de caso desta dissertação é a indústria METALSIDER LTDA, localizada na
Avenida Amazonas – Nº 2481– Cachoeira, Betim/Mg e sua area ao entorno
A história da METALSIDER teve início em janeiro de 1982, a empresa iniciou sua
produção de ferro-gusa em Betim, Minas Gerais. Com sua produção e comercialização
inicialmente voltadas para o mercado consumidor interno, a METALSIDER começou suas
atividades operando com dois altos-fornos. Nos anos seguintes a empresa expandiu sua
capacidade com a aquisição de outras três usinas siderúrgicas, consolidando o parque industrial
hoje existente.
Minas Gerais é um dos polos brasileiros da indústria siderúrgica, metalúrgica e
metalomecânica. Somente o estado mineiro é responsável por mais de um terço da produção
brasileira dessa indústria. Contidas nesse segmento se encontram um amplo número de
diferentes processos, todos baseados no tratamento térmico do produto oriundo do minério de
ferro. Desta forma, para este inventário estimativo o processo siderúrgico integrado será
considerado. Tal processo engloba os processos de formação do ferro gusa, e em seguida, a
produção de aço.
O processo siderúrgico pode ser caracterizado de forma simplificada em seis etapas,
indo desde o minério bruto até a produção do aço laminado. A Figura a seguir representa
esquematicamente o processo simplificado.
Figura 8 - Figura esquemática do processo produtivo usina siderúrgica integrada
Fonte: ArcelorMittal (2020).
Com relação aos conceitos básicos aplicados à siderurgia temos as seguintes
caracterizações.
SinterizaçãoAlto Forno à
Carvão Vegetal ou Coque
Convertedor Forno PanelaLingotamento
ContínuoLaminadores
74
Metalurgia é a ciência e tecnologia que extrai metais do minério, os transforma e os
utiliza para a industrialização (IF-PA, 2011). No caso especial da metalurgia do ferro, é
denominado aço.
A metalurgia do ferro é basicamente composta por um agente redutor (geralmente um
combustível de carbono) reduzindo seus óxidos. Entre as diversas matérias-primas necessárias
à produção do aço, a mais importante é o minério de ferro, tanto em quantidade quanto em
custo. O Brasil possui uma das maiores reservas de minério de ferro do mundo: mais de 49
bilhões de toneladas, apenas Índia e Rússia podem se igualar ao nosso país. O ferro existe na
natureza em várias formas de minerais. No entanto, apenas alguns deles têm valor comercial
como fontes de ferro. Entre eles, diversos minerais formados pelo óxido de ferro "representam
a grande maioria das fontes de ferro na indústria siderúrgica” (IF-PA, 2011, p. 15). São eles:
Magnetita (Fe3O4) - Corresponde a aproximadamente 72% de ferro e 28% de oxigênio
do cinza claro ao preto, com densidade de 5,16 g / cm3. Possui altas propriedades
magnéticas e é fácil de remover resíduos indesejáveis do minério.
• Hematita (Fe2O3) - correspondendo à composição, cerca de 70% ferro e 30%
oxigênio, sua cor varia do cinza ao avermelhado e sua densidade é de 5,26 g / cm3. É o
minério mais utilizado na indústria do aço.
A maior jazida do Brasil está localizada em Carajás, no Estado do Pará. Em muitos
depósitos, uma certa proporção de materiais frágeis é facilmente decomposta, "O pó fino
produzido não pode ser usado diretamente no alto-forno ou no processo de redução. Esses pós
finos coalescerão durante o processo de síntese e granulação (IF-PA, 2011, p. Página 13) para
produzir materiais com tamanho de partícula controlável e obter excelentes rendimentos nos
altos-fornos Carvão - formado por certos óxidos presentes no minério, esses óxidos irão derreter
para formar escória durante o processo de redução. A escória é um material inerte de minério
(ganga). O fluxo e as cinzas no coque ou carvão reagem entre si em alta temperatura para formar
silicato (CaO.SiO2; FeO.SiO2; Al2O3.SiO2) ou aluminato (MgO.Al2O3; CaO.Al2O3; etc.).
O ferro-gusa (um produto da redução do minério de ferro em um alto-forno com alto
teor de carbono) é produzido "devido ao contato próximo com o coque ou carvão, e o coque ou
carvão atua como combustível e agente redutor ao mesmo tempo" (IF-PA, 2011, p. 31) .
Geralmente, o ferro-gusa tem 3,0% a 4,5% de carbono e uma grande quantidade de impurezas,
portanto não pode ser usado industrialmente e deve ser purificado antes do uso. As principais
impurezas são: carbono, silício, manganês, fósforo e enxofre.
Os produtos obtidos no alto-forno são: ferro-gusa, escória, gás de carvão e pó. O alto-
forno está construído sobre fundação de concreto e sustentado por colunas de aço. Tem uma
75
forma circular com vários diâmetros e cerca de 30 metros de altura. Conforme mostrado na
Figura 20, ele é construído com tijolos refratários e reforçado com uma estrutura metálica de
aço na parte externa.
Figura 9 – Corte do Alto Forno
Fonte: E-Disciplinas USP (2020).
As partes que compõem o alto-forno são (RIZZO, 2009 apud IF-PA, 2011):
Cadinho – é a parte mais baixa do alto-forno. Sua função é coletar o gusa e, por cima
deste, a escória à medida que se forma.
Rampa – está colocada sobre o cadinho e tem a forma tronco-cônica. É a zona de fusão
dos materiais.
Ventre – região cilíndrica sobre a rampa. Em alguns altos-fornos não há ventre, a
rampa une-se diretamente à cuba. • Cuba – tem a forma de uma grande seção tronco-
cônica, com a base maior apoiada sobre o ventre (ou o cadinho).
Goela – é a parte que está localizada acima da cuba. É revestida internamente de placas
de desgastes que protegem o refratário do impacto da carga durante o enfornamento.
Topo – está localizado na parte superior do forno, onde se localizam os dispositivos
de carregamento (cone grande, cone pequeno, distribuidor, dutos de gás, portas de
explosão, sangradouros) e as plataformas de acesso a todos esses equipamentos.
Ventaneiras – está localizada a 1/3 do cadinho. Seu número depende do diâmetro do
forno. São feitas de cobre eletrolítico. Como estão expostas as temperaturas mais altas
utiliza-se água de caldeira em recirculação para sua refrigeração. É pelas ventaneiras
que é insuflado o ar pré-aquecido para a queima do combustível, a fim de fornecer
calor às reações químicas e fusão do ferro.
O alto-forno é um trocador de calor em contracorrente. Materiais como minério de ferro,
pelotas, minério sintetizado, coque ou carvão de madeira e fundente (calcário) são carregados
alternadamente pelo topo do alto-forno.
76
4.3 Área de estudo
A área de análise deste estudo foi dimensionada de forma a abranger a região
potencialmente sujeita à influência direta das emissões atmosféricas e vibrações acústicas
decorrentes da indústria Metalsider, localizado no município de Betim, em Minas Gerais.
A delimitação da área de estudo tem início com a predominância dos ventos definidos
a partir dos dados meteorológicos levantados, sendo um dos requisitos fundamentais para a
definição da abrangência e resolução da modelagem.
As áreas foram definidas a partir dos agregados por setores censitários mais próximos
do empreendimento estudado (Censo 2010, base IBGE.).
Os agregados por setores censitários foram gerados a partir dos dados do universo do
Censo Demográfico 2010 e são formados por 21 planilhas de dados para cada Unidade da
Federação, contendo mais de 3.200 variáveis.
Nas imagens de 1985 e 2019 (Figuras 22 e 23) destacam o crescimento urbano ao
entorno da unidade industrial e foram delimitadas duas áreas, sendo:
1ª - área urbana definida (zona de adensamento construtivo). (em hachura vermelho)
2ª - área expansão urbana (em hachura verde).
Figura 10 - Localização área de estudo em setembro de 2005.
Fonte: Imagem Satélite TM/Landsat-5, publicada por Google Earth (2005)1.
Figura 11 - Localização área de estudo em março de 2019.
1 Acesso em: 05 jul. 2019.
77
Fonte: Imagem Satélite TM/Landsat-5, publicada por Google Earth (2019)2.
4.3.1 Relevo
O relevo exerce papel importante como condicionante do regime de ventos e de outras
variáveis meteorológicas de uma região (Figura 24). As interferências do relevo podem ser
mecânicas ou térmicas. As interferências mecânicas ocorrem pelo próprio efeito de obstáculo
ao escoamento livre dos ventos na atmosfera, causando perturbações e alterações na direção e
velocidade dos ventos (EMATER, 2006). Enquanto, as interferências térmicas ocorrem devido
aos padrões de comportamento de ventos nas regiões próximas às montanhas e vales
provocados pelo ciclo de aquecimento e resfriamento da Terra, originando os ventos de
montanha e de vale (EMATER, 2006).
2 Acesso em: 05 jul. 2019.
78
Localização da indústria Metalsider
Betim/MG
Figura 12 - Topografia em perspectiva da região avaliada (elaborada com dados SRTM)
As informações de relevo utilizadas neste estudo foram disponibilizadas pela Lakes
Environemntal, por meio do projeto SRTM (Shuttle Radar Topography Mission). A Figura 25
a seguir apresentam o perfil topográfico de toda a área de estudo.
Figura 13 - Topografia em Perspectiva da Região Avaliada (elaborada com dados
SRTM)
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
79
4.3.2 Meteorologia
As condições meteorológicas de determinada região contribuem de forma direta nos
processos de emissão e dispersão dos poluentes emitidos pela indústria. Para estudos como o
desta dissertação, a qualidade dos dados climáticos é de suma importância para a coerência dos
resultados apresentados.
Assim, a fim de caracterizar a região serão apresentados a seguir dados referentes ao
ano de 2018, além das análises de normais climatológicas, dos danos de 1981 a 2010.
Além destes dados, para caráter ilustrativo, serão apresentados os dados climáticos
adquiridos por sonda vertical pela estação meteorológica do aeroporto internacional de confins
para a data de 25/04/2019. Estas ilustrações apresentam o perfil vertical da atmosfera e, dada a
pouca variação de perfil desta em altas altitudes, podem caracterizar razoavelmente a região
estudada, apesar da localização distante da área de monitoramento.
A estação do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) utilizada para compor tanto
os dados anuais quanto as normais climatológicas situa-se a 754 m (setecentos e cinquenta e
quatro metros) acima do nível do mar e a cerca de 20 km (vinte quilômetros) do
empreendimento avaliado. Já o aeroporto internacional se encontra a aproximadamente 830 m
(oitocentos e trinta metros) acima do nível do mar e cerca de 50 km (cinquenta quilômetros) do
empreendimento de estudo. Vale destacar que o empreendimento se localiza a cerca de 765 m
(setecentos e sessenta e cinco metros) acima no nível do mar. A Figura a seguir apresenta a
localização espacial das estações.
Figura 14 - Localização espacial das estações meteorológicas
80
Fonte: Imagem Satélite TM/Landsat-5, publicada por Google Earth (2019). Acesso em: 17 abr. 2019.
A Tabela 1 a seguir apresenta a síntese das informações utilizadas para a caracterização
meteorológica da área de estudo, incluindo a descrição das estações de medição, bem como os
parâmetros analisados e o período de coleta de dados.
Tabela 1 - Fontes de informações utilizadas para a caracterização meteorológica da área
de estudo
Estação Meteorológica Parâmetro Analisados Período de Dados
Lakes Environmental Dados Simulados – Modelo WRF3 01/01/2014 a 31/12/2018
Estação Meteorológica
Automática – Florestal
Precipitação Pluviométrica
01/01/2018 a 31/12/2018
Velocidade do Vento
Direção do Vento
Temperatura do Ar
Pressão Atmosférica
Umidade Relativa do Ar
Normais climatológicas
(INMET)
Precipitação Pluviométrica
1981 a 2010
Velocidade do Vento
Direção do Vento
Temperatura do Ar
Pressão Atmosférica4
Umidade Relativa do Ar
Elaboração: Salles, Leonardo (2019) com base nos dados extraídos do INMET.
4.3.3 Precipitação
Na região avaliada por este estudo ocorrem variações sazonais bem definidas do regime
de chuvas. A Tabela a seguir apresenta as estatísticas mensais de precipitação a partir dos dados
obtidos da estação meteorológica da Florestal para o ano de 2018 e a média mensal das normais
climatológicas (1981 a 2010).
Conforme pode ser observado no Gráfico 01, o período chuvoso abrange os meses de
novembro a março, enquanto o período seco compreende os meses de abril a outubro, perfil
observado para as Normais Climatológicas e para o ano de 2018 na estação base deste estudo.
Destaca-se que o ano de 2018 apresentou variações sazonais mais extremas que as
normais climatológicas. Isto é a época seca do ano base apresentou perfil mais seco que as
Normais, enquanto que a época húmida apresentou perfil de chuvas mais intensas que o período
3 OBS: Estes dados serão utilizados após a obtenção dos resultados de campo. 4 Os dados de Normais Climatológicas de Pressão Atmosférica utilizados foram baseados nos dados INMET do
período de 1961 a 1990, dado a ausência de tais dados para o período de 1981 a 2010.
81
de 1981 a 2010. Outro ponto de destaque foi o acumulado do ano, 2018 apresentou um aumento
de 25% (vinte e cinco por cento) no acumulado anual de chuvas, comparado ao perfil histórico.
Tabela 2 - Análise estatística de precipitação pluviométrica - normais climatológicas
(INMET) no período de 1981 a 2010 – estação meteorológica de Florestal.
Estação Parâmetro
Estatístico
Precipitação Pluviométrica/mm
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Ano Base
2018 Acum. 217,4 327,4 198,4 9,4 24,8 0,0 0,0 11,4 81,0 69,6 339,6 426,6
Normais
Clim.5
Média do
Acum.
Mensal
275,5 154,4 185,1 58,5 25,3 12,0 7,4 12,1 44,5 90,6 208,1 319,9
Elaboração: Salles, Leonardo (2019) com base nos dados extraídos do INMET.
Gráfico 1 - Comportamento sazonal mensal da precipitação pluviométrica – normais
climatológicas (INMET) no período de 1981 a 2010 – estação meteorológica de Florestal
Elaboração: Salles, Leonardo (2019) com base nos dados extraídos do INMET.
4.3.4 Direção do vento
Dentre as variáveis mais significativas no processo de dispersão e concentração de
poluentes atmosféricos o vento se destaca, representado por suas componentes direção e
velocidade. A Tabela 3 apresenta as estatísticas de velocidade do vento medida na estação
meteorológica superficial de Florestal e a média mensal das normais climatológicas. A Figura
14 apresenta estes dados graficamente.
Observa-se a velocidade média no ano de 2018 de 0,66 m s-1, já para a média das normais
de 1,2 m s-1, não havendo grande variação de perfil durante o ano. Este padrão de baixa
variância dos dados foi observado não apenas para o ano base 2018, mas também para todo o
período histórico entre os anos de 1981 e 2010.
0.0
100.0
200.0
300.0
400.0
500.0
Pre
cip
itaç
ão
Acu
mu
lad
a/m
m
Normais Climatológicas Ano Base 2018
82
Os dados do ano base 2018, se apresentaram 45% (quarenta e cinco por cento) inferiores
à média das normais climatológicas para o período 1981 a 2010. Todavia, contata-se a
ocorrência de fenômenos de curto período, relacionados a rajadas de vento com velocidades
elevadas. Indicado pela ocorrência de máximas elevadas quando comparadas a média
observada, como observado em todo o período, com destaque para os meses de janeiro,
novembro e dezembro.
Tabela 3 - Análises estatísticas de velocidade do vento – normais climatológicas
(INMET) no período de 1981 a 2010 – estação meteorológica de Florestal.
Estação Parâmetro
Estatístico
Velocidade do Vento/m s-1
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Ano Base
2018
Mínima 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Média 0,8 0,6 0,6 0,6 0,5 0,5 0,7 0,7 0,8 0,8 0,7 0,7
Máxima 5,0 3,0 3,7 4,0 4,1 3,4 3,5 3,6 3,7 6,8 6,0 4,2
Normais
Clim.2 Média 1,2 1,2 1,2 1,2 1,2 1,2 1,2 1,4 1,4 1,3 1,2 1,2
Elaboração: Salles, Leonardo (2019) com base nos dados extraídos do INMET.
Gráfico 2 - Comportamento Sazonal Mensal da Velocidade do Vento – Normais
Climatológicas (INMET) no Período de 1981 a 2010 – Estação Meteorológica de
Florestal
Elaboração: Salles, Leonardo (2019) com base nos dados extraídos do INMET.
O Gráfico (figura 27) apresenta a rosa dos ventos da estação meteorológica automática
de Florestal para o período de 01/01/2018 a 31/12/2018. O gráfico apresenta de forma
aproximada a direção de origem do vento existente nesta área estudo.
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
Inte
nsi
dad
e d
o V
ento
/m s
-
1
Normais Climatológicas Ano Base 2018
83
Figura 15 - Rosa dos ventos – estação meteorológica automática Florestal – ano base
2018.
Elaboração: Salles, Leonardo (2019) com base nos dados extraídos do INMET.
O comportamento da direção predominante do vento, anual da área de estudo se
manifesta na orientação noroeste e Leste. Os dados do ano base 2018, todavia apresentaram
55% de Calmaria, o que compromete a qualidade destes dados.
O levantamento deste fator climático foi determinante para a instalação dos
equipamentos de medição, cujo objetivo é de monitorara a área de maior intensidade e dispersão
dos poluentes.
4.3.5 Temperatura
A Tabela 4 apresenta as estatísticas mensais de temperatura do ar a partir dos dados
obtidos da estação meteorológica automática de Florestal e para as normais climatológicas. A
figura 16 mostra o gráfico de sazonalidade das mesmas.
Representada no Gráfico 3, observa-se para a estação Florestal a sazonalidade média
horária com valores típicos oscilando entre 17,1 e 23,3 ºC e para as normais climatológicas a
temperatura mínima é identificada no mês de julho (16,3 ºC), enquanto a máxima é verificada
para o mês de fevereiro (23,0 ºC) e a temperatura média observada equivale a cerca de 20,3 ºC.
Tabela 4 - Análises estatísticas de temperatura – normais climatológicas (INMET) no
período de 1981 a 2010 – estação meteorológica de Florestal
84
Estação
Parâmetro
Estatístico
Temperatura Bulbo Seco/°C
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Ano Base
2018
Mínima 14,2 15,1 14,3 11,1 4,1 8,1 7,0 4,0 7,7 12,3 14,1 13,7
Média 23,3 22,4 23,1 20,7 17,6 18,0 17,1 18,0 20,9 22,9 21,6 22,9
Máxima 33,2 31,5 32,9 30,6 29,0 29,7 29,2 30,5 33,0 34,6 32,6 34,0
Normais
Clim. Média 22,8 23,0 22,6 21,1 18,4 16,3 15,9 17,3 19,9 21,5 22,1 22,5
Elaboração: Salles, Leonardo (2019) com base nos dados extraídos do INMET.
Gráfico 3 - Comportamento sazonal mensal da temperatura bulbo seco – normais
climatológicas (INMET) no período de 1981 a 2010 – estação meteorológica de Florestal
Elaboração: Salles, Leonardo (2019) com base nos dados extraídos do INMET.
4.3.6 Pressão atmosférica
A Tabela 5 apresenta as estatísticas mensais de pressão atmosférica da estação
automática de Florestal e para as normais climatológicas. O Gráfico 4 mostra a sazonalidade da
pressão atmosférica média mensal medida na Estação Meteorológica Automática de Florestal
no período de 01/01/2018 a 31/12/2018 e das Normais Climatológicas do INMET (1961 a
1990). Este último período difere dos demais dado a ausência deste parâmetro no período
recente.
Os valores médios de pressão atmosférica variam de 928,3 a 934,2 hPa para a estação
de Florestal e de 926,3 a 932,9 hPa para as Normais climatológicas, sendo que os meses de
inverno apresentam os maiores valores, dada a menor temperatura da atmosfera.
Tabela 5 - Análises estatísticas de Pressão Atmosférica – normais climatológicas
(INMET) no período de 1981 a 2010 – estação meteorológica de Florestal
10.00
15.00
20.00
25.00
30.00
Normais Climatológicas Ano Base 2018
85
Estação Parâmetro
Estatístico
Pressão Atmosférica/hPa
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Ano Base
2018
Mínima 922 922 923 924 927 928 929 929 925 923 922 922
Média 929 928 929 932 933 934 934 934 930 929 930 929
Máxima 935 936 934 938 939 940 939 939 937 935 934 938
Normais
Clim.6 Média 926 927 928 929 931 932 933 932 930 928 926 926
Elaboração: Salles, Leonardo (2019) com base nos dados extraídos do INMET.
Gráfico 4 - Comportamento sazonal mensal da pressão atmosférica – estação
meteorológica automática
Elaboração: Salles, Leonardo (2019) com base nos dados extraídos do INMET.
4.3.7 Umidade relativa do ar
A Tabela 6 apresenta as estatísticas mensais de umidade relativa do ar da estação
automática de Florestal e as normais climatológicas. O Gráfico 5 mostra a de sazonalidade
desses dados.
Os valores médios de umidade relativa variam de 68,6 a 80,9% para a estação de
Florestal no ano base 2018 e de 58,8 a 69,3% para as normas climatológicas, sendo que os
meses do período seco apresentam os menores valores, e os meses de chuvas os maiores.
Observa-se também que o ano base 2018 apresentou de modo geral valores mais elevados de
umidade, possivelmente tais resultados estão associados a precipitação anual cerca de 25%
maior que os registros históricos.
Tabela 6 - Análises estatísticas de Umidade Relativa do Ar – normais climatológicas
(INMET) no período de 1981 a 2010 – estação meteorológica de Florestal
Estação Umidade Relativa do Ar/%
6 Os dados de Normais Climatológicas de Pressão Atmosférica utilizados foram baseados nos dados INMET do
período de 1961 a 1990, dado a ausência de tais dados para o período de 1981 a 2010.
920.0
925.0
930.0
935.0
Normais Climatológicas Ano Base 2018
86
Parâmetro
Estatístico Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Ano Base
2018
Mínima 20,0 33,0 35,0 32,0 21,0 24,0 22,0 11,0 14,0 27,0 31,0 29,0
Média 74,5 80,9 79,5 76,4 76,5 75,3 69,5 71,2 68,6 74,0 79,4 76,4
Máxima 96,0 96,0 96,0 96,0 97,0 96,0 96,0 96,0 96,0 96,0 96,0 95,0
Normais
Clim. Média 68,9 66,4 65,5 65,2 64,0 61,9 60,8 58,8 60,1 63,6 65,9 69,3
Elaboração: Salles, Leonardo (2019) com base nos dados extraídos do INMET.
Gráfico 5 - Comportamento sazonal mensal da umidade relativa do ar –estação
meteorológica automática
Elaboração: Salles, Leonardo (2019) com base nos dados extraídos do INMET.
4.3.8 Definição dos pontos de amostragens
Para definição da localização dos pontos de monitoramento e dos parâmetros a serem
efetivamente monitorados foram realizados levantamentos climáticos com base em dados
históricos e através de cálculos de modelamento e com base nos resultados obtidos definiu-se
os pontos de amostragens mais representativos para o estudo.
Levando em consideração os dados de velocidade e direção dos ventos levantados
acima, foi possível determinar a direção média dos ventos e a marcação dos pontos a serem
monitorados (figura 28), ficando:
Pontos 1, 2, 3 e 4 todos com um distanciamento linear de 50 metros um do outro,
representando os pontos com as contribuições da unidade industrial da Metalsider, figura 29
(pontos a jusante).
Ponto 01 - 19°58'27.17"S - 44°13'33.09"O
Ponto 02 - 19°58'28.16"S - 44°13'34.44"O
Ponto 03 - 19°58'29.16"S - 44°13'36.01"O
Ponto 04 - 19°58'30.17"S - 44°13'37.43"O
Ponto 5, representara o ponto sem a contribuição da unidade industrial da Metalsider,
figura 30 (ponto a montante).
50.060.070.080.090.0
100.0
Normais Climatológicas Ano Base 2018
87
Ponto 05 - 19°58'3.05"S - 44°12'53.99"O
Figura 16 – Mapa Urbano com a Localização espacial dos pontos de monitoramento
considerados no estudo
Figura 17 - Localização espacial dos pontos de monitoramento 1, 2, 3 e 4, considerados
no estudo
Fonte: Imagem Satélite TM/Landsat-5, publicada por Google Earth (2019)7.
7 Acesso em: 05 jul. 2019.
88
Figura 18 - Localização espacial do ponto de monitoramento 5, considerado no estudo
Fonte: Imagem Satélite TM/Landsat-5, publicada por Google Earth (2019)8.
Importante ressaltar que as interferências urbanas podem alterar significativamente os
resultados do ponto a montante (Ponto 5). Contudo o objetivo da pesquisa é determinar em qual
percentual o distanciamento progressivo dos pontos a jusante (Pontos 1, 2, 3 e 4) apresentam
em redução nos resultados.
8 Acesso em: 05 jul. 2019.
89
5 RESULTADOS
5.1 Qualidade do Ar
5.1.1 Partículas inaláveis
A determinação da taxa de partículas inaláveis foi realizada conforme instrução
operacional padrão proposta pela norma ABNT NBR 13412:1995 adotadas pela empresa
GEOAVALIAR – Análise e Consultorias Ambientais situada em Contagem/MG, a qual
acompanhou o processo de instalação dos aparelhos de medição e disponibilizou as estruturas
laboratoriais para a realização das análises do material coletado pelo autor.
Para coleta das partículas da atmosfera foram utilizados os amostradores de grande
volume com separação inercial - AGV-PM10, equipamento a direita na imagem (figura 31),
instalado conforme as orientações e requisitos dos métodos de amostragem, longe de arvores e
construções que interverem na circulação local do vento.
Figura 19 – Ponto 02 – Destaque a Direita Instrumento AGV-PM10
Fonte: Salles, Leonardo (2019).
As amostragens foram realizadas conforme procedimento citado, com duração média
de 24 horas, os volumes de amostragem ficaram em torno de 1,05 m3/min, atendendo as
especificações técnicas que devem estar ao entorno de 1,13 m3 /min. O material coletado no
filtro de fibra de vidro, foi encaminhado ao laboratório da Geoavaliar e pesado, após pesagem
os dados gravimétricos foram lançados em uma planilha de Excel cuja valores físicos (vazão e
volume) da amostragem, mais os dados gravimétricos obtidos no laboratório, juntamente com
90
os dados meteorológicos (dados coletados em campo através de termômetros e barômetros
calibrados), foram processados calculando-se a concentração de partículas inaláveis expressa
em microgramas por metro cúbico (µg/m3), através dos cálculos fornecidos pela ABNT NBR
13412 publicada em 1995, descrito a seguir:
A - Cálculo de Vazão
Qp = Qr x ( Pm/Tm) x (Tp/Pp)
Onde:
Qp = vazão média nas condições padrão, em m3/min;
Qt = vazão média nas condições reais de temperatura e pressão, em m3/min;
Pm = pressão barométrica média durante o período de amostragem ou pressão
barométrica média no local de amostragem, em KPa (ou mmHg);
Tm = temperatura ambiente média durante o período de amostragem ou temperatura ambiente
média sazonal (ou anual) no local de amostragem, em K.
Tp = temperatura padrão, definida como 298 K.
Pp = pressão padrão, definida como 101,3 kPa (ou 760 mmHg).
B - Cálculo de Volume
Vp = Qp x t
Onde:
Vp = ar total amostrado em unidade de volume nas condições padrão, em m3;
t = tempo de amostragem, em min
C - Cálculo da Concentração de MP10
C = (Mf – Mi)/ Vp x 106
Onde:
C = concentração de massa em µg/m3,
Mf = massa final do filtro em g,
Mi = massa inicial do filtro em g,
Vp = ar total amostrado em unidade de volume nas condições padrão, em m3;
Os dados obtidos nos 5 (cinco) pontos de monitoramento, no período de 09 a 14 de
setembro de 2019, apresentaram resultados esperados para o estudo, e podem ser avaliado nas
tabelas 7, 9, 11 e 13 para os pontos a jusante do empreendimento e tabela 15 para a o ponto a
montante do empreendimento, de forma a aprimorar a sensibilidade das informações, os
gráficos 6 a 10, compararam os resultados encontrados as legislações de controle ambiental
brasileira CONAMA 491 de 2018 e com o mesmo objetivos as tabelas 8, 10, 12, 14 e 16,
apresentados os resultados obtidos através de uma função linear e comparados com os valores
de IQA- Índice de Qualidade do Ar.
91
Tabela 7 – Resultados do monitoramento das partículas inaláveis do Ponto 01,
localizado à jusante do empreendimento, em relação a fonte geradora e a direção
predominante dos Ventos.
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
Gráfico 6 – Resultados de PI - Ponto 01
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
Tabela 8 - Resultados do monitoramento PI - Ponto 01, apresentados em valores obtidos
através de uma função linear e comparados com os valores de IQA
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
92
Tabela 9 – Resultados do monitoramento das partículas inaláveis do Ponto 02 localizado
a Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante
dos Ventos)
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
Gráfico 7 – Gráfico de Resultados PI - Ponto 02
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
Tabela 10 - Resultados do monitoramento PI – Ponto 02, apresentados em valores
obtidos através de uma função linear e comparados com os valores de IQA
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
93
Tabela 11 – Resultados do monitoramento das partículas inaláveis do Ponto 03
localizado a Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção
predominante dos Ventos)
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
Gráfico 8 – Resultados de PI - Ponto 03
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
Tabela 12 - Resultados do monitoramento PI - Ponto 03, apresentados em valores
obtidos através de uma função linear e comparados com os valores de IQA
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
94
Tabela 13 – Resultados do monitoramento das partículas inaláveis do Ponto 04
localizado a Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção
predominante dos Ventos)
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
Gráfico 9 – Resultados de PI - Ponto 04
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
Tabela 14 - Resultados do monitoramento PI - Ponto 04, apresentados em valores
obtidos através de uma função linear e comparados com os valores de IQA
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
95
Tabela 15 – Resultados do monitoramento das partículas inaláveis do Ponto 05
localizado a Montante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção
predominante dos Ventos)
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
Gráfico 10 – Resultados de PI - Ponto 05
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
Tabela 16 - Resultados do monitoramento PI - Ponto 05, apresentados em valores
obtidos através de uma função linear e comparados com os valores de IQA.
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
96
5.1.2 Partículas totais em suspensão
A determinação da taxa de partículas totais em suspensão foi realizada conforme
instrução operacional padrão proposta pela norma ABNT NBR 9547:1997 adotadas pela
empresa GEOAVALIAR – Análise e Consultorias Ambientais situada em Contagem/MG, a
qual acompanhou o processo de instalação dos aparelhos de medição e disponibilizou as
estruturas laboratoriais para a realização das análises do material coletado pelo autor.
Para coleta das partículas da atmosfera foram utilizados os amostradores de grande
volume com separação inercial, denominado AGV-Hi-vol, equipamento a esquerda na imagem
(Figura 32) devidamente instalado no local de medição.
Figura 20 – Ponto 04 Jusante – Destaque à direita (Instrumento AGV-Hi-Vol)
Fonte: Salles, Leonardo (2019).
As amostragens foram realizadas conforme procedimento citado, com duração média
de 24 horas, os volumes de amostragem ficaram em torno de 1,21 m3/min, atendendo as
especificações técnicas cuja vazão deve o estar entre 1,1 à 1,7 m3 /min. O material coletado no
filtro de fibra de vidro, foi encaminhado ao laboratório da Geoavaliar e pesado, após pesagem
os dados gravimétricos foram lançados em uma planilha de Excel cuja valores físicos (vazão e
volume) da amostragem, mais os dados gravimétricos obtidos no laboratório, juntamente com
os dados meteorológicos (dados coletados em campo através de termômetros e barômetros
calibrados), foram processados calculando-se a concentração de partículas inaláveis expressa
em microgramas por metro cúbico (µg/m3), através dos cálculos fornecidos pela ABNT NBR
13412 publicado em 1995, descrito a seguir:
97
A - Cálculo de Vazão
Qp = Qr x ( Pm/Tm) x (Tp/Pp)
Onde:
Qp = vazão média nas condições padrão, em m3/min;
Qt = vazão média nas condições reais de temperatura e pressão, em m3/min;
Pm = pressão barométrica média durante o período de amostragem ou pressão
barométrica média no local de amostragem, em KPa (ou mmHg);
Tm = temperatura ambiente média durante o período de amostragem ou temperatura ambiente
média sazonal (ou anual) no local de amostragem, em K.
Tp = temperatura padrão, definida como 298 K.
Pp = pressão padrão, definida como 101,3 kPa (ou 760 mmHg).
B - Cálculo de Volume
Vp = Qp x t
Onde:
Vp = ar total amostrado em unidade de volume nas condições padrão, em m3;
Qp = vazão média, em condições padrão, em m3;
t = tempo de amostragem, em min
C - Cálculo da Concentração de MP10
C = (Mf – Mi)/ V x 106
Onde:
C = concentração de massa em µg/m3,
Mf = massa final do filtro em g,
Mi = massa inicial do filtro em g,
V = volume de ar amostrado em unidade de volume nas condições padrão, em m3;
106 = conversão de gramas para microgramas.
Os resultados obtidos nos 5 (cinco) pontos de monitoramento, realizados no período de
09 a 13 de setembro de 2019, apresentaram resultados esperados para o estudo, e podem ser
avaliado nas tabelas 17, 19, 21 e 23 para os pontos a jusante do empreendimento e tabela 25,
para a o ponto a montante do empreendimento, de forma a aprimorar a sensibilidade das
informações, os gráficos 11 a 15, compararam os resultados encontrados as legislações de
controle ambiental brasileira CONAMA 491 de 2018 e com o mesmo objetivos as tabelas 18,
20, 22, 24 e 26, apresentados os resultados obtidos através de uma função linear e comparados
com os valores de IQA- Índice de Qualidade do Ar.
98
Tabela 17 – Resultados do monitoramento das partículas totais em suspenção do Ponto
01 localizado a Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção
predominante dos Ventos).
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
Gráfico 11 – Resultados PTS - Ponto 01
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
Tabela 18 - Resultados do monitoramento PTS - Ponto 01, apresentados em valores
obtidos através de uma função linear e comparados com os valores de IQA.
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
99
Tabela 19 – Resultados do monitoramento das partículas totais em suspenção do Ponto
02 localizado a Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção
predominante dos Ventos)
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
Gráfico 12 – Resultados PTS - Ponto 02
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
Tabela 20 - Resultados do monitoramento PTS - Ponto 02, apresentados em valores
obtidos através de uma função linear e comparados com os valores de IQA
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
100
Tabela 21 – Resultados do monitoramento das partículas totais em suspenção do Ponto
03 localizado a Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção
predominante dos Ventos)
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
Gráfico 13 – Resultados de PTS - Ponto 03
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
Tabela 22 - Resultados do monitoramento PTS - Ponto 03, apresentados em valores
obtidos através de uma função linear e comparados com os valores de IQA
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
101
Tabela 23 – Resultados do monitoramento das partículas totais em suspenção do Ponto
04 localizado a Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção
predominante dos Ventos)
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
Gráfico 14 – Resultados de PTS - Ponto 04
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
Tabela 24 - Resultados do monitoramento PTS - Ponto 04, apresentados em valores
obtidos através de uma função linear e comparados com os valores de IQA.
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
102
Tabela 25 – Resultados do monitoramento das partículas totais em suspenção do Ponto
05 localizado a Montante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção
predominante dos Ventos)
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
Gráfico 15 – Resultados de PTS - Ponto 05
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
Tabela 26 - Resultados do monitoramento PTS - Ponto 05, apresentados em valores
obtidos através de uma função linear e comparados com os valores de IQA
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
103
5.2 Ruído Ambiental
Para o monitoramento de Ruído Ambiental, foi usado Instrumento de Medição de Nível
Sonoro Solo-Slim, conforme imagem (figura 33 e 34) A metodologia adotada é a Norma ABNT
NBR 10.151:2019 – Medição e avaliação de níveis de pressão sonora em áreas habitadas —
Aplicação de uso geral.
O ponto de amostragem foi posicionado com distâncias superiores a 10 metros de
obstáculos e a 1.5 metros de altura com o auxílio de um pedestal (figuras 33 e 34).
Figura 21 - Ponto 01 – Destaque do Instrumento Solo Slin (à esquerda)
Figura 22 – Ponto de amostragem (à direita).
Fonte: Salles, Leonardo (2019).
O monitoramento de ruído ambiental foi realizado com tempo de leitura de10 minutos,
tempo suficiente para leitura e estabilidade das informações.
Os resultados obtidos nos 5 (cinco) pontos de monitoramento, realizados no dia 09 de
setembro de 2019, apresentaram resultados esperados, indicando que o distanciamento entre a
fonte geradora e a instalação de construções urbanas é sim um fator de redução dos índices de
contribuição dos paramentos ambientais, e podem ser avaliados nas tabelas 27 a 30 para os
pontos a jusante do empreendimento e tabela 31 para a o ponto a montante do empreendimento,
de forma a aprimorar a sensibilidade das informações, o gráfico 16 compararam os resultados
encontrados nos períodos diurnos e noturnos com as normas que indicam os níveis de referência
utilizados para este estudo ABNT NBR 10151-2019.
104
Tabela 27 – Resultados do monitoramento de Ruído ambiental no Ponto 01 localizado a
Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante dos
Ventos)
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
Tabela 28 – Resultados do monitoramento de Ruído ambiental no Ponto 02 localizado a
Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante dos
Ventos)
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
Tabela 29 – Resultados do monitoramento de Ruído ambiental no Ponto 03 localizado a
Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante dos
Ventos)
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
105
Tabela 30 – Resultados do monitoramento de Ruído ambiental no Ponto 04 localizado a
Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante dos
Ventos).
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
Tabela 31 – Resultados do monitoramento de Ruído ambiental no Ponto 05 localizado a
Montante do empreendimento em relação à fonte geradora e a direção predominante
dos Ventos.
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
Gráfico 16 – Resultados Ruído Ambiental
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
106
6 ANÁLISES E INTERPRETAÇÕES DE DADOS
Após o levantamento dos resultados quantitativos obtidos para os cinco pontos, os dados
foram agrupados, possibilitando constatar a redução linear entre a fonte geradora e os pontos
de monitoramento, permitindo desta forma a interpretação dos dados e a confirmação da
distribuição dos resultados em relação ao distanciamento proposto.
Os resultados quantitativos contribuem para elucidar uma das perguntas iniciais desta
dissertação, cuja critérios mensuráveis de distanciamento entre a comunidade e áreas de
produção, propiciam um menor ou maior incomodo ambiental as comunidades, e dentro desta
expectativa a proposição da criação de áreas de abatimento (redução) ou mesmo proteção
ambiental entre comunidade e indústria.
A quantidade de coletas e a frequência das amostragens foram definidas, tomando um
número representativo de amostras além dos custos dos monitoramentos, as condições
climáticas e a representatividade dos dados.
A metodologia utilizada, foi embasada nas normas técnicas da ABNT-NBR e
legislações ambientais Brasileiras, sendo que todos os equipamentos utilizados foram definidos
de acordo com particularidade de cada parâmetro monitorado.
Os resultados nas Tabelas 32, 33 e 34 e respectivos Gráficos 17, 18 e 19, evidenciam a
redução dos parâmetros ambientais avaliados.
Tabela 32 – Comparação dos resultados do monitoramento das PI, em relação ao
distanciamento dos pontos e o percentual regressivo encontrado
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
107
Gráfico 17 - Comparativos do Resultados PI
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
Com base nos resultados, pode se perceber que características particulares de cada área
avaliada, contribuíram para a atenuação ou a ampliação dos resultados encontrados.
Os resultados das Partículas inaláveis, os pontos 1, 2, 3 e 4 instalados a jusante do
empreendimento estão localizados numa área de expansão urbana, onde atualmente possui a
cultura de gramíneas para o pastoreio de animais, vegetação arbórea de pequeno porte, ausência
de tráfego de veículos e poucas moradias, estas características contribuíram para atenuação dos
resultados. A despeito dessas características, foi observado a redução do parâmetro, para os
distanciamentos adotado de 50 metros. Entre o primeiro ponto e o segundo ponto a redução foi
de 14%, do segundo para o terceiro ponto a redução foi de 6%, do terceiro para o quarto ponto
a redução foi de 2%. A redução encontrada entre os pontos não foi linear. Esse resultado pode
ser atribuído à dispersão dos poluentes pela ação dos ventos, à redução da influência da indústria
em relação aos pontos mais distantes à absorção das partículas por deposição no solo vegetado,
e à não ressuspensão das partículas pela ausência de tráfego. O percentual de redução
encontrado entre o primeiro ponto e o quarto ponto foi de aproximadamente 21 %.
O ponto 5, instalado a montante do empreendimento, próximo à avenida Amazonas,
área urbana de Betim, cuja característica predominante de construções residenciais
unifamiliares, empresas de comércios e serviços, com contribuição de grande circulação de
veículos pequenos, de transporte coletivo e de produtos minerais (como calcário e areia para
construção civil) e mercadorias. Com pouca contribuição por parte da indústria, uma vez que
este ponto fica no lado opostos a dispersão dos poluentes, registrou resultados mais elevados
do que os pontos monitorados a jusante do empreendimento. Quatro características locais
importantes foram caracterizadas nos períodos do monitoramento e justificam os resultados
obtidos: a grande circulação de veículos automotores, a queda de materiais no translado dos
108
caminhões de carga, a ressuspensão das partículas no ir e vir dos veículos e a falta de vegetação
que contribuíram consideravelmente pela alta dos resultados deste ponto.
Tabela 33 – Comparação dos resultados do monitoramento das PTS, em relação ao
distanciamento dos pontos e o percentual regressivo encontrado
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
Gráfico 18 – Comparativos dos Resultados PTS.
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
Com a mesma perspectiva, os resultados das Partículas Totais em Suspensão,
apesentaram os mesmos, fatores e dinâmica aplicados para o parâmetro “Partículas Inaláveis”.
Os resultados encontrados no distanciamento adotado de 50 metros entre o primeiro e o segundo
ponto, uma redução de aproximadamente 10%, do segundo para o terceiro pontos a queda foi
de 7% e do terceiro para o quarto, de 4%. As reduções encontradas entre os pontos também
foram lineares, apesentando um percentual de redução de aproximadamente 20 %.
O ponto 5, instalado a montante do empreendimento, também foi influenciado pelos
fatores descritos para o parâmetro Partículas Inaláveis;
109
Tabela 34 – Comparação dos resultados do monitoramento de Ruído ambiental, em
relação ao distanciamento dos pontos e o percentual regressivo encontrado
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
Gráfico 19 – Comparativos dos Resultados Ruído Ambiental.
Elaboração: Salles, Leonardo (2019).
Ruído Ambiental foi monitorado próximo aos pontos da qualidade do ar. Os pontos 1,
2, 3 e 4 apresentaram resultados que exibem atenuação linear a partir da fonte de ruído. A
redução do primeiro para o segundo ponto foi de aproximadamente 2%, do segundo para o
terceiro ponto foi de 4% e do terceiro para o quarto de 5%. Também foi perceptível que o
distanciamento da fonte geradora atenua a influência do poluente sobre a comunidade, o
percentual de redução total encontrado entre o primeiro e o quarto pontos foi de
aproximadamente 10%. A atenuação dos resultados em relação ao distanciamento dos pontos
foi proporcionada pela ausência de outra fonte geradora, pela inexistência de áreas físicas
construídas fazendo com que a ando sonora não refletisse permitindo sua atenuação em relação
ao distanciamento, a inexistência de tráfego de veículos e transportes de materiais, inexistência
de pontos de comercio e de acúmulo de pessoas.
110
Já o ponto 5 instalado a montante do empreendimento, próximo à avenida Amazonas,
área urbana de Betim, cuja característica predominante de construções residenciais
unifamiliares, empresas de comércios e serviços (propaganda interna de loja, música alta e bares
e restaurantes, etc.), com contribuição de grande circulação de veículos pequenos e de
transporte materiais (som dos motores, buzinas, sirenes, etc.), ruídos das obras de construção
civil (marteletes, carros betoneiras, etc.), teve seus resultados ampliados devido os fatores
citados, responsáveis pelo acúmulo de fontes de contribuição e pela baixa capacidade de
diluição das ondas sonoras, proporcionado pela quantidade de áreas físicas construídas com
materiais de baixa absorção.
Os dados meteorológicos/climáticos (temperatura, pressão barométrica, pluviosidade,
umidade do ar, predominância e velocidade dos ventos) levantados nesta pesquisa foram de
grande relevância na representação da dispersão dos poluentes, na definição das instalações das
torres de monitoramento, dos cálculos de amostragem, na calibração dos instrumentos e na
interpretação dos resultados avaliados.
As tabelas 35 a 39 demonstram as condições sinóticas obtidas pelo site do INMET,
através dos dados levantados pela Estação automática de Floresta/MG e pelas anotações
realizadas em campo por instrumentos portáteis calibrados nos dias dos monitoramentos, que
permitiam incluir as variáveis existentes na área de estudo (microclima), onde o relevo, a
vegetação, solos expostos, pavimentações e a construções locais que corroboram com o modelo
de funcionamento da circulação de larga escala da atmosfera obtidas pela estação climática em
Floresta/MG,
Tabela 35 - Dados meteorológicos/climáticos referente aos dias 09 e 10/09/2019, extraídos do
site INMET Estação Florestal e Instrumentos de medições utilizados em campo.
Elaboração: Salles, Leonardo (2020).
111
Tabela 36- Dados meteorológicos/climáticos referente aos dias 10 e 11/09/2019, extraídos do
site INMET Estação Florestal e Instrumentos de medições utilizados em campo.
Elaboração: Salles, Leonardo (2020).
Tabela 37 - Dados meteorológicos/climáticos referente aos dias 11 e 12/09/2019, extraídos do
site INMET Estação Florestal e Instrumentos de medições utilizados em campo
Elaboração: Salles, Leonardo (2020).
Tabela 38 - Dados meteorológicos/climáticos referente aos dias 12 e 13/09/2019, extraídos do
site INMET Estação Florestal e Instrumentos de medições utilizados em campo.
Elaboração: Salles, Leonardo (2020).
112
Tabela 39 - Dados meteorológicos/climáticos referente aos dias 13 e 14/09/2019, extraídos do
site INMET Estação Florestal e Instrumentos de medições utilizados em campo.
Elaboração: Salles, Leonardo (2020).
Sobre a interpretação dos dados meteorológicos/climáticos levantados em relação aos
resultados dos parâmetros ambientais adotados nestes estudos, podemos constatar que as
condições atmosféricas, atuaram como fatores que determinaram a qualidade dos resultados.
No período do monitoramento a taxa de precipitação foi ausente, fator que contribui no
aumento e na dispersão dos poluentes, a temperatura e umidade foram estáveis, sem nenhuma
contribuição na dinâmica dos resultados.
A direção predominância do vento, permaneceu conforme os padrões levantados no
estudo das normais climáticas e nos dados obtidos no ano de 2018, exceto nos últimos dias de
monitoramento que foi caracterizado um pequena modificação na predominância do vento,
fator este que não descaracterizou os resultados e o objetivo das amostragens, pois a
proximidade dos pontos em relação ao empreendimento, fonte geradora dos contaminantes
ambientais e a baixa intensidade na velocidade vento, ligada as características do sitio,
proporcionaram a dispersão dos poluentes de forma radial, não alterando a atenuação dos
resultados em relação ao distanciamento dos pontos de monitoramento.
Os mapas de localização e temáticos viabilizaram a análise da dinâmica espacial dos
parâmetros pesquisados. Além da representação cartográfica este trabalho conta com imagens
fotográficas que permitiram registrar, reproduzir e documentar as evidências do espaço
estudado e dos métodos e técnicas aplicadas.
Os mapas (Figuras 35, 36, 37 e 38) demonstram de forma gráfica a atenuação dos
resultados levantados, tendo em vista o distanciamento dos pontos da fonte emissora.
113
Figura 23 - Mapa de Intensidade de Concentração de Partículas Inaláveis - PI
Figura 24 - Mapa de Intensidade de Concentração de Partículas Totais Suspenção - PTS
114
Figura 25 - Mapa de Intensidade de Concentração de Ruído Ambiental - Diurno
Figura 26 - Mapa de Intensidade de Concentração de Ruído Ambiental - Noturno
115
As curvas de dispersão dos poluentes demonstrados nos mapas não são lineares, pois
sua dispersão varia de acordo com as condições geográficas e ambientais presentes no ambiente,
como; o relevo a vegetação, a hidrografia, do clima (velocidade e predominância dos ventos,
temperatura, pluviosidade e pressão barométrica). Ressalta-se que estes parâmetros foram
levantados e monitorados apenas em um conjunto de pontos. O objetivo é demonstrar que o
distanciamento, reduz para os parâmetros ambientais avaliados neste estudo os impactos
ambientais gerados a comunidade circunvizinha.
116
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com vistas a traçar algumas considerações sobre os resultados obtidos pela pesquisa
volta-se, aqui, para a retomada das questões motivadoras desse trabalho.
As perguntas foram: a) no âmbito da poluição atmosférica e sonora existem parâmetros
e critérios mensurados (ou mensuráveis) de distanciamento que, sendo utilizados, seriam
capazes de reduzir os problemas decorrentes da relação de proximidade entre unidades
produtivas e populações instaladas? e; b) Como se comporta o despejo de efluentes
atmosféricos e pressão sonora em relação ao espaço habitado?
Os resultados indicaram que o distanciamento entre a fonte geradora e a instalação de
áreas urbanas é sim um fator de redução dos impactos ambientais. Observou-se que, a despeito
das condições locais, tais com topografia, circulação atmosférica, cobertura vegetal,
características de urbanização e funcionalidade, a distância atua como atenuador dos efeitos dos
poluentes. Os parâmetros ambientais - partículas inaláveis, partículas totais em suspensão e
ruído ambiental, escolhidos como indicadores para este estudo - foram determinantes para
demonstrar esta relação.
Com relação à segunda questão observou-se que os monitoramentos da qualidade do ar
para os parâmetros partículas totais em suspenção e partículas inaláveis apresentam resultados
abaixo dos limites preconizados pela Resolução CONAMA 491/18), da mesma forma os
resultados de ruído ambiental apresentam resultados abaixo dos limites estabelecidos na norma
técnica NB 10151:2019, padrões escolhidos com base de comparação dos resultados deste
estudo.
Sobre as condições atmosféricas, estas atuaram como fatores que determinaram a
qualidade dos resultados. No período do monitoramento as taxas de precipitação foram
ausentes, a temperatura e umidade foram estáveis, a direção do vento teve pequenas alterações
em relação aos dados iniciais da pesquisa, mas, contudo, sem grandes alterações nos resultados
devido a velocidade do vento que se comportou para este período como calmo e suave, fazendo
com que os paramentos ambientais estudados se dispersassem de forma radial, sem nenhuma
contribuição na dinâmica dos resultados.
Vale ressaltar que comportamentos atmosféricos encontrados neste estudo, condizem
com trabalhos já existentes (SANTOS et al., 2016), referentes a outra localidade. Enfatizando
em as condições atmosféricas como fator predominante na dinâmica da dispersão dos poluentes
ambientais.
117
Os monitoramentos realizados nos pontos a jusante do empreendimento, mesmo com a
contribuição gerada pela dispersão dos poluentes provenientes da indústria, apresentaram
resultados atenuados, devido a característica local, com a presença da vegetação, hidrografia e
relevo. Em contrapartida, os resultados encontrados no ponto a montante, mesmo não sofrendo
a influência direta desta dispersão, tiveram seus desfechos acentuados devido às características
da área urbana dotada de construções, vias de tráfego pavimentadas e pouca área verde.
Por outro lado, o Ponto 5 localizado à montante do empreendimento, na área urbana
consolidada de Betim, com predominância de construções residenciais unifamiliares, empresas
de comércios e serviços, com grande circulação de veículos pequenos e de transporte materiais,
teve seus resultados ampliados devido ao acúmulo de fontes de contribuição e pela baixa
capacidade de diluição dos parâmetros ambientais.
Os resultados obtidos neste estudo corroboraram com a hipótese de que o
distanciamento reduzir a intensidade dos poluentes e os problemas decorrentes da relação de
proximidade entre unidades produtivas e populações instaladas. Desta forma podemos ressaltar
que planejamento das estruturas urbanas é um fator primordial para a redução dos impactos, e
a equidade ambiental.
Do ponto de vista teórico, conforme Sposito (2004), as cidades são uma organização
dominante, de caráter teocrático, e um traço na sua estruturação interna do espaço era: a elite
sempre morava no centro. Isto servia tanto para facilitar o intercâmbio de ideias como para elas
ficarem menos expostas aos ataques externos. (SPOSITO, 2004, p. 18).
As cidades têm, portanto, uma estrutura padrão. O espaço não é organizado de forma
aleatória, mas tem origem num campo de forças que determina sua estrutura. Apesar dos
mosaicos espaciais, cidades dos países em desenvolvimento continuam exibindo os traços
“desenhados” por Sposito. As classes mais abastadas desfrutam da melhor estrutura e posição
enquanto aos demais, são destinados espaços pouco valorizados para o capitalismo.
Nesse contexto, exposição ao risco e vulnerabilidade socioeconômica, associam-se a
condições de impropriedade ambientais. Esta condição pode ser demonstrada através da
experiência profissional do pesquisador em inúmeros estudos e demandas jurídicas,
vivenciando os conflitos entre comunidades e indústrias, especificamente no que trata as áreas
ambientais. Enfatiza-se a similaridade das situações expostas nas imagens aéreas retiradas do
Google Earth Pro das 6 (seis) regiões. Isso, em tese, possibilitaria a aplicabilidade dos
resultados da pesquisa, dada a universalidade do processo no contexto das periferias
capitalistas. Não obstante, há que se considerar as especificidades dos sítios, que são únicos
para cada clima urbano.
118
Conforme Monteiro “o clima urbano é um sistema que abrange o clima de um dado
espaço terrestre e sua urbanização”. Então “o espaço urbanizado, que se identifica a partir do
sítio, constitui o núcleo do sistema que mantém relações íntimas com o ambiente regional
imediato em que se insere” (MONTEIRO, 1976, p. 95).
A percepção e a conscientização dos problemas da cidade, em especial no caso do clima,
são decisivas para a qualidade do ambiente urbano, pois, induzem a anseios e expectativas que,
em termos sociais, são extremamente importantes para encontrar os referenciais de valores e o
estabelecimento de metas para o convívio comunitário
Para Monteiro (1990), compreender as variações meteorológicas da atmosfera de uma
cidade requer que se adentre no interior dela, “tomando-a como, fato geográfico‟, em sua real
estruturação físico-natural de ambiente altamente derivado‟ pelo homem sob uma dinâmica
funcional conduzida pelos condicionamentos econômicos” (MONTEIRO, 1990, p.9).
As cidades consistem em sistemas complexos, abertos a fluxos de energia e massa, em
contínuo processo de mudança. A concentração de área construída e verticalizada, de
complexos comerciais e industriais com vastas áreas de pavimentação, acompanhadas da
presença de poluentes, acabam alterando as propriedades da baixa troposfera e, por conseguinte,
o clima local (ASSIS, 2010).
Variáveis meteorológicas, como a pluviosidade, velocidade de vento, umidade relativa
do ar e temperatura exercerem influência direta sobre as concentrações dos poluentes,
favorecendo ou não sua dispersão (BRUM, 2010). Partindo deste princípio, os pontos de
monitoramento desta dissertação foram definidos após o estudo detalhado das condições
climáticas, utilizado o banco de dados do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET, através
de consultas aos dados históricos referentes à estação convencional de Florestal/MG e
instrumentos de medições portáteis instalados próximos as estações de monitoramento de forma
a validade as informações, minimizando ao máximo eventuais interferências e dando aos
resultados robustez e confiabilidade.
Conforme mencionado por Warthern, “a mudança em um parâmetro ambiental”, num
determinado período e numa determinada área, “que resulta de uma dada atividade, comparada
com a situação que ocorreria se esta atividade não tivesse iniciada é considerada com uma
intervenção ambiental” (WATHERN, 1988, p. 7.).
Estudos realizados para a qualidade do ar e vibração acústica são considerados na
literatura recente, TORRES (2013), KING & MURPHY (2016) e SÁ NETO et al. (2018), como
levantamentos ambientais de forma indicativa de controle, onde projetam intervenções nas
119
bases estruturais da cidade de forma a minimizar a exposição humana, mas em nenhum
momento a preservação das áreas as quais possuem sua aptidão natural ou econômica.
Atualmente, a poluição do ar é considerada uma das principais questões ambientais que
impactam a saúde, os ecossistemas, o ambiente construído e o clima. Além disso, a Organização
Mundial da Saúde estima que 92% da população mundial viva em locais onde os níveis das
diretrizes de qualidade do ar não foram alcançados (OMS, 2016).
Considerando estes aspectos, ATJAI (2019) enfatiza que é de vital importância
desenvolver normas e regulamentos visando garantir a melhor qualidade do ar, pois afeta todos
os aspectos ambientais, incluindo a vida humana. Neste aspecto este estudo destaca a
importância do planejamento do uso da terra e da incorporação de informações sobre a
qualidade do ar processo, a fim de obter um ambiente mais saudável.
Importante ressaltar que as lutas por justiça ambiental representam uma barreira
organizada, contra a instalação de indústrias e contra as políticas de incentivo irregular. Por
outro lado, também enfatizam a necessidade do direcionamento dos recursos públicos na
distribuição da renda urbana de forma que os benefícios se reflitam sobre a qualidade de vida
das populações e do espaço.
Com o intuito de colaborar com construção dos espaços urbanos adequados tanto quanto
a manutenção das atividades econômicas, esta pesquisa demonstra através de seus resultados,
o equilíbrio necessário de, por um lado construir em locais cujos processos produtivos
industriais não gerem impactos a saúde da comunidade, e por outro a permanência das
indústrias com o seu objetivo primário de fornecer postos de trabalhos e geração de recursos
financeiros a seus associados, colaboradores e municípios.
O distanciamento pretendido depende da grandeza dos parâmetros ambientais avaliados,
da sua ação direta sobre a saúde do indivíduo, tanto quanto dos recursos naturais presentes,
aliados ao valor e interesse de preservação e a funcionalidade das ferramentas urbanas
disponíveis. Neste caso específico, sugere-se que a presença do Rio Betim com suas cachoeiras,
as áreas de alagamento e as áreas de vegetação de mata ciliar propiciariam a criação de uma
reserva ambiental que além de exercer as funções de controle geológico, adotariam a função de
atenuadores ambientais.
Estudos de TORRRES (2013), KING & MURPHY (2016) e ATJAI (2019) e ainda
SILVA (2018) e CORRÊA (2014), sobre conflitos ambientais, fechamento de indústrias e o
agravamento da falta de empregos e crise social sugerem a possibilidade de sua replicação na
esfera local deste estudo, conforme demonstraram os resultados ora obtidos. Desta forma,
soluções relativamente simples poderiam minimizar os conflitos. Sugere-se aqui a criação de
120
uma área de proteção (distanciamento). WARTHERN (1988) sugere o uso de indicadores para
a avaliação e definição de áreas de proteção, nomeando-as “zonas de amortecimento” de
parâmetros ambientais. Isso resultaria na melhoria nas condições da comunidade e a redução
dos conflitos ambientais.
O termo amortecimento foi definido e regulamentado pelo, Art. 225, Par. 1º, Incisos I,
II, III E VII da Constituição federal que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza e Outros – SNUC, esta terminologia é utilizadas em relação as
reservas naturais, onde as atividades humanas estão sujeitas a regras e restrições especificas,
objetivo desta medida é minimizar o impacto negativo nas reservas. Como a própria definição
afirma, o objetivo da zona de amortecimento é conter influências externas que podem afetar
negativamente a preservação da unidade de alguma forma. Desta forma, mesmo que o propósito
de proteger o reflexo ecológico causado pelo meio que o envolve, minimizando os impactos
gerados nas zonas de limite, formando assim uma zona de proteção hierárquica ao seu entorno
e medidas para evitar que as atividades humanas afetem negativamente a manutenção da
biodiversidade. (BRASIL, 2000).
Para esta pesquisa, a área de amortização possui o mesmo sentido, mas aplicado à
comunidade local. Trata-se de uma área de conservação cujo objetivo seria filtrar os impactos
negativos das atividades que ocorrem dentro das áreas industriais, tais como: ruídos, poluição
atmosféricas, vibrações, iluminação excessiva e outros impactos inerentes ao processo
produtivo próximos as áreas de ocupação humana.
A área estudada é propícia e ideal à preservação ambiental e à criação desta área de
abatimento, além de resgatar e proteger a comunidade a áreas de vulnerabilidade, neste caso o
alagamento através do transbordo do Rio Betim, e as possíveis interferências ambientais
geradas pela indústria.
Este trabalho sugere um método expedito e simplificado para detectar os impactos e
propor mitigações e recursos de forma a separar as áreas de uso e ocupação do solo.
Os resultados finais apresentados nesta dissertação permitem subsidiar a construção das
políticas públicas dos municípios, recomendando a aplicação e o desenvolvimento de projetos
ambientais adequados tanto para a indústria, quanto para a população, afim de melhorar as
condições ambientais em termos de qualidade de vida, reduzindo a injustiça ambiental,
reduzindo o efeito da poluição a saúde humana e minimizando os conflitos sociais existentes.
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