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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAISPUC-MINAS Programa de Pós-Graduação em Geografia - Tratamento da Informação Espacial Leonardo de Salles AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS AMBIENTAIS NO ENTORNO DE UMA INDÚSTRIA SIDERÚRGICA EM BETIM/MG Belo Horizonte 2020

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS AMBIENTAIS NO ENTORNO DE UMA INDÚSTRIA SIDERÚRGICA EM ... · 2020. 12. 15. · Dissertação (Mestrado) - Pontifícia Universidade Católica de Minas

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS– PUC-MINAS

Programa de Pós-Graduação em Geografia - Tratamento da Informação Espacial

Leonardo de Salles

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS AMBIENTAIS NO ENTORNO DE

UMA INDÚSTRIA SIDERÚRGICA EM BETIM/MG

Belo Horizonte

2020

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Leonardo de Salles

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS AMBIENTAIS NO ENTORNO DE

UMA INDÚSTRIA SIDERÚRGICA EM BETIM/MG

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Geografia – Tratamento da

Informação Espacial da Pontifícia Universidade

Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para

obtenção do título de Mestre em Geografia.

Orientador: Prof. Dr. Henrique Paprocki

Coorientador: Prof. Dr. Alecir Antônio Maciel

Moreira

Área de Concentração: Análise Espacial

Belo Horizonte

2020

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FICHA CATALOGRÁFICA

Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Salles, Leonardo de

S168a Avaliação de parâmetros ambientais no entorno de uma indústria siderúrgica

em Betim/MG / Leonardo de Salles. Belo Horizonte, 2020.

128 f. : il.

Orientador: Henrique Paprocki

Coorientador: Alecir Antônio Maciel Moreira

Dissertação (Mestrado) - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Programa de Pós-Graduação em Geografia - Tratamento da Informação Espacial

1. Usinas siderúrgicas - Aspectos ambientais - Betim (MG). 2. Geografia

urbana. 3. Urbanização. 4. Sistemas de informação geográfica. 5. Mapoteca. 6. Governança. 7. Impacto ambiental. 8. Poluição. 9. Solo urbano. I. Paprocki,

Henrique. II. Moreira, Alecir Antônio Maciel. III. Pontifícia Universidade Católica

de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Geografia - Tratamento da

Informação Espacial. IV. Título.

CDU: 911.3:711

Ficha catalográfica elaborada por Fernanda Paim Brito - CRB 6/2999

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Leonardo de Salles

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS AMBIENTAIS NO ENTORNO DE

UMA INDÚSTRIA SIDERÚRGICA EM BETIM/MG

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Geografia – Tratamento da

Informação Espacial da Pontifícia Universidade

Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para

obtenção do título de Mestre em Geografia.

Área de Concentração: Análise Espacial

Prof. Dr. Henrique Paprocki – PUC Minas (Orientador)

Prof. Dr. Alecir Antônio Maciel Moreira – PUC Minas (Coorientador)

Prof. Dr. Sandro Laudares - PUC Minas (Banca examinadora)

Prof. Dr. Diego Tarley Ferreira Nascimento UFG (Banca examinadora)

Belo Horizonte, 14 e outubro de 2020.

Page 5: AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS AMBIENTAIS NO ENTORNO DE UMA INDÚSTRIA SIDERÚRGICA EM ... · 2020. 12. 15. · Dissertação (Mestrado) - Pontifícia Universidade Católica de Minas

A Deus, à minha esposa Flavia Cynthia de Castro, aos

meus filhos Gustavo de Castro Salles, Rafael de Castro

Salles e Samuel de Castro Salles, inspiração para alcançar

grandes desafios.

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AGRADECIMENTOS

Minha sincera gratidão...

Aos meus pais, Maria Lucia de Barro Salles e Joel Jesus de Salles, que me ensinaram os

primeiros passos desta caminhada;

À minha esposa, Flavia Cynthia de Castro Salles, pela paciência, amor, companheirismo e

apoio no meu desenvolvimento intelectual;

Aos meus filhos, Gustavo de Castro Salles, Rafael de Castro Salles e Samuel de Castro Salles,

pela compreensão, ausência, incentivo e apoio.

À Pontifícia Universidade Católica De Minas Gerais – PUC Minas, que tornou possível a

concretização deste objetivo;

Aos professores Dr. Henrique Paprocki e Dr. Alecir Antônio Maciel Moreia, que com

serenidade, sabedoria, dedicação e competência, conduziram-me durante a construção desta

dissertação;

Ao meu irmão e Mestre Claudio Wagner Salles, pela avaliação e auxílio na construção desta

dissertação.

Aos colaboradores da Geoavaliar, pela presteza e auxílio no desenvolvimento dos trabalhos

técnicos dessa dissertação.

Aos proprietários dos empreendimentos que permitiram o acesso e o espaço para instalação

das estações de monitoramento.

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RESUMO

O crescimento desordenado das manchas urbanas brasileiras, propiciado por razões como a

ausência de políticas públicas especificas e ocupação do solo deficitária, favorece o

estabelecimento de vida humana em áreas tidas como impróprias do ponto de vista ambiental -

como áreas de proteção, encostas e áreas industriais. Esta dissertação visa investigar e

compreender o uso e a ocupação do solo ao redor de uma unidade industrial no município de

Betim/MG, a fim de observar as interseções entre os impactos ambientais e climatológicos e o

estabelecimento da cidade de forma desordenada no entorno do empreendimento durante as

últimas décadas. Através dos aportes da geografia urbana, da climatologia e do monitoramento

de parâmetros ambientais sob o aporte de geotecnologias, utilizamos da análise comparativa

para aferir diferentes distâncias de qualidade do ar, modelagens da dispersão de poluentes e da

propagação de ruídos ambientais, levando à análise sistemática do impacto ambiental gerado

pela unidade fabril sobre seu entorno. Uma vez que o município estudado está submetido ao

impacto direto da influência gerada pela unidade industrial, espera-se, com essas informações,

propor uma área de amortização ao redor do empreendimento a ser utilizada na elaboração de

políticas públicas que auxiliem a convivência orgânica entre empreendimentos industriais e a

população de modo geral.

Palavras-chave: Impacto ambiental. Área de amortização. Poluição. Políticas públicas. Uso e

ocupação do solo urbano.

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ABSTRACT

The disordered growth of Brazilian urban spots, brought about by reasons such as the absence

of specific public policies and deficient land occupation, favors the establishment of human life

in areas considered as environmentally inappropriate - such as protection areas, slopes and

industrial areas . This dissertation aims to investigate and understand the use and occupation of

the soil around an industrial unit in the municipality of Betim/MG, in order to observe the

intersections between environmental and climatological impacts and the establishment of the

city in a disorderly manner around the enterprise over the past few decades. Through the

contributions of urban geography, climatology and the monitoring of environmental parameters

under the contribution of geotechnologies, we use comparative analysis to measure different

distances of air quality, modeling of the dispersion of pollutants and the propagation of

environmental noise, leading to systematic analysis the environmental impact generated by the

plant on its surroundings. Since the municipality studied is subject to the direct impact of the

influence generated by the industrial unit, it is expected, with this information, to propose an

amortization area around the project to be used in the elaboration of public policies that help

organic coexistence between projects industrialists and the population in general.

Keywords: Environmental impact. Abatement area. Pollution. Public policy. Use and

occupation of urban land.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Cálculo do IQA ....................................................................................................... 33

Figura 2 - Fluxograma de desenvolvimento da dissertação ..................................................... 59

Figura 3 - Amostrador de grandes volumes AGV – PTS ......................................................... 62

Figura 4 - Amostrador de grandes volumes associado a separador inercial - AGV - PM10 ... 63

Figura 5 - Instrumento de Medição de Nível Sonoro Solo-Slim .............................................. 64

Figura 6 - Mapa do município de Betim/MG, suas fronteiras e a área de estudo .................... 69

Figura 7 - Densidade urbana de Betim/MG ............................................................................. 70

Figura 8 - Figura esquemática do processo produtivo usina siderúrgica integrada.................. 73

Figura 9 – Corte do Alto Forno ................................................................................................ 75

Figura 10 - Localização área de estudo em setembro de 2005. ................................................ 76

Figura 11 - Localização área de estudo em março de 2019...................................................... 76

Figura 12 - Topografia em perspectiva da região avaliada (elaborada com dados SRTM) ..... 78

Figura 13 - Topografia em Perspectiva da Região Avaliada (elaborada com dados SRTM) .. 78

Figura 14 - Localização espacial das estações meteorológicas ................................................ 79

Figura 15 - Rosa dos ventos – estação meteorológica automática Florestal – ano base 2018. 83

Figura 16 – Mapa Urbano com a Localização espacial dos pontos de monitoramento

considerados no estudo ............................................................................................................. 87

Figura 17 - Localização espacial dos pontos de monitoramento 1, 2, 3 e 4, considerados no

estudo ........................................................................................................................................ 87

Figura 18 - Localização espacial do ponto de monitoramento 5, considerado no estudo ........ 88

Figura 19 – Ponto 02 – Destaque a Direita Instrumento AGV-PM10 ..................................... 89

Figura 20 – Ponto 04 Jusante – Destaque à direita (Instrumento AGV-Hi-Vol) ..................... 96

Figura 21 - Ponto 01 – Destaque do Instrumento Solo Slin (à esquerda) .............................. 103

Figura 22 – Ponto de amostragem (à direita). ........................................................................ 103

Figura 23 - Mapa de Intensidade de Concentração de Partículas Inaláveis - PI .................... 113

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Figura 24 - Mapa de Intensidade de Concentração de Partículas Totais Suspenção - PTS ... 113

Figura 25 - Mapa de Intensidade de Concentração de Ruído Ambiental - Diurno ................ 114

Figura 26 - Mapa de Intensidade de Concentração de Ruído Ambiental - Noturno .............. 114

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Fontes de informações utilizadas para a caracterização meteorológica da área de

estudo ........................................................................................................................................ 80

Tabela 2 - Análise estatística de precipitação pluviométrica - normais climatológicas (INMET)

no período de 1981 a 2010 – estação meteorológica de Florestal. ........................................... 81

Tabela 3 - Análises estatísticas de velocidade do vento – normais climatológicas (INMET) no

período de 1981 a 2010 – estação meteorológica de Florestal. ................................................ 82

Tabela 4 - Análises estatísticas de temperatura – normais climatológicas (INMET) no período

de 1981 a 2010 – estação meteorológica de Florestal .............................................................. 83

Tabela 5 - Análises estatísticas de Pressão Atmosférica – normais climatológicas (INMET) no

período de 1981 a 2010 – estação meteorológica de Florestal ................................................. 84

Tabela 6 - Análises estatísticas de Umidade Relativa do Ar – normais climatológicas (INMET)

no período de 1981 a 2010 – estação meteorológica de Florestal ............................................ 85

Tabela 7 – Resultados do monitoramento das partículas inaláveis do Ponto 01, localizado à

jusante do empreendimento, em relação a fonte geradora e a direção predominante dos Ventos.

.................................................................................................................................................. 91

Tabela 8 - Resultados do monitoramento PI - Ponto 01, apresentados em valores obtidos através

de uma função linear e comparados com os valores de IQA .................................................... 91

Tabela 9 – Resultados do monitoramento das partículas inaláveis do Ponto 02 localizado a

Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante dos Ventos)

.................................................................................................................................................. 92

Tabela 10 - Resultados do monitoramento PI – Ponto 02, apresentados em valores obtidos

através de uma função linear e comparados com os valores de IQA ....................................... 92

Tabela 11 – Resultados do monitoramento das partículas inaláveis do Ponto 03 localizado a

Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante dos Ventos)

.................................................................................................................................................. 93

Tabela 12 - Resultados do monitoramento PI - Ponto 03, apresentados em valores obtidos

através de uma função linear e comparados com os valores de IQA ....................................... 93

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Tabela 13 – Resultados do monitoramento das partículas inaláveis do Ponto 04 localizado a

Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante dos Ventos)

.................................................................................................................................................. 94

Tabela 14 - Resultados do monitoramento PI - Ponto 04, apresentados em valores obtidos

através de uma função linear e comparados com os valores de IQA ....................................... 94

Tabela 15 – Resultados do monitoramento das partículas inaláveis do Ponto 05 localizado a

Montante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante dos

Ventos) ..................................................................................................................................... 95

Tabela 16 - Resultados do monitoramento PI - Ponto 05, apresentados em valores obtidos

através de uma função linear e comparados com os valores de IQA. ...................................... 95

Tabela 17 – Resultados do monitoramento das partículas totais em suspenção do Ponto 01

localizado a Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante

dos Ventos). .............................................................................................................................. 98

Tabela 18 - Resultados do monitoramento PTS - Ponto 01, apresentados em valores obtidos

através de uma função linear e comparados com os valores de IQA. ...................................... 98

Tabela 19 – Resultados do monitoramento das partículas totais em suspenção do Ponto 02

localizado a Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante

dos Ventos) ............................................................................................................................... 99

Tabela 20 - Resultados do monitoramento PTS - Ponto 02, apresentados em valores obtidos

através de uma função linear e comparados com os valores de IQA ....................................... 99

Tabela 21 – Resultados do monitoramento das partículas totais em suspenção do Ponto 03

localizado a Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante

dos Ventos) ............................................................................................................................. 100

Tabela 22 - Resultados do monitoramento PTS - Ponto 03, apresentados em valores obtidos

através de uma função linear e comparados com os valores de IQA ..................................... 100

Tabela 23 – Resultados do monitoramento das partículas totais em suspenção do Ponto 04

localizado a Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante

dos Ventos) ............................................................................................................................. 101

Tabela 24 - Resultados do monitoramento PTS - Ponto 04, apresentados em valores obtidos

através de uma função linear e comparados com os valores de IQA. .................................... 101

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Tabela 25 – Resultados do monitoramento das partículas totais em suspenção do Ponto 05

localizado a Montante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção

predominante dos Ventos) ...................................................................................................... 102

Tabela 26 - Resultados do monitoramento PTS - Ponto 05, apresentados em valores obtidos

através de uma função linear e comparados com os valores de IQA ..................................... 102

Tabela 27 – Resultados do monitoramento de Ruído ambiental no Ponto 01 localizado a Jusante

do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante dos Ventos) ..... 104

Tabela 28 – Resultados do monitoramento de Ruído ambiental no Ponto 02 localizado a Jusante

do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante dos Ventos) ..... 104

Tabela 29 – Resultados do monitoramento de Ruído ambiental no Ponto 03 localizado a Jusante

do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante dos Ventos) ..... 104

Tabela 30 – Resultados do monitoramento de Ruído ambiental no Ponto 04 localizado a Jusante

do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante dos Ventos). .... 105

Tabela 31 – Resultados do monitoramento de Ruído ambiental no Ponto 05 localizado a

Montante do empreendimento em relação à fonte geradora e a direção predominante dos

Ventos. .................................................................................................................................... 105

Tabela 32 – Comparação dos resultados do monitoramento das PI, em relação ao

distanciamento dos pontos e o percentual regressivo encontrado .......................................... 106

Tabela 33 – Comparação dos resultados do monitoramento das PTS, em relação ao

distanciamento dos pontos e o percentual regressivo encontrado .......................................... 108

Tabela 34 – Comparação dos resultados do monitoramento de Ruído ambiental, em relação ao

distanciamento dos pontos e o percentual regressivo encontrado .......................................... 109

Tabela 35 - Dados meteorológicos/climáticos referente aos dias 09 e 10/09/2019, extraídos do

site INMET Estação Florestal e Instrumentos de medições utilizados em campo. ................ 110

Tabela 36- Dados meteorológicos/climáticos referente aos dias 10 e 11/09/2019, extraídos do

site INMET Estação Florestal e Instrumentos de medições utilizados em campo. ................ 111

Tabela 37 - Dados meteorológicos/climáticos referente aos dias 11 e 12/09/2019, extraídos do

site INMET Estação Florestal e Instrumentos de medições utilizados em campo ................. 111

Tabela 38 - Dados meteorológicos/climáticos referente aos dias 12 e 13/09/2019, extraídos do

site INMET Estação Florestal e Instrumentos de medições utilizados em campo. ................ 111

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Tabela 39 - Dados meteorológicos/climáticos referente aos dias 13 e 14/09/2019, extraídos do

site INMET Estação Florestal e Instrumentos de medições utilizados em campo. ................ 112

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Nível da Qualidade do Ar e os efeitos sobre a Saúde ............................................ 32

Quadro 2 – IQA - Índice da qualidade do ar ............................................................................ 33

Quadro 3- Valores máximos permitidos para ruído externo na NBR 10151 ........................... 37

Quadro 4 - Participações dos setores no valor adicionado – Betim -2016 ............................... 71

Quadro 5 - Percentual dos ocupados por setor de atividade – Betim 2016 .............................. 71

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Comportamento sazonal mensal da precipitação pluviométrica – normais

climatológicas (INMET) no período de 1981 a 2010 – estação meteorológica de Florestal ... 81

Gráfico 2 - Comportamento Sazonal Mensal da Velocidade do Vento – Normais Climatológicas

(INMET) no Período de 1981 a 2010 – Estação Meteorológica de Florestal .......................... 82

Gráfico 3 - Comportamento sazonal mensal da temperatura bulbo seco – normais climatológicas

(INMET) no período de 1981 a 2010 – estação meteorológica de Florestal ............................ 84

Gráfico 4 - Comportamento sazonal mensal da pressão atmosférica – estação meteorológica

automática ................................................................................................................................. 85

Gráfico 5 - Comportamento sazonal mensal da umidade relativa do ar –estação meteorológica

automática ................................................................................................................................. 86

Gráfico 6 – Resultados de PI - Ponto 01 .................................................................................. 91

Gráfico 7 – Gráfico de Resultados PI - Ponto 02 ..................................................................... 92

Gráfico 8 – Resultados de PI - Ponto 03 .................................................................................. 93

Gráfico 9 – Resultados de PI - Ponto 04 .................................................................................. 94

Gráfico 10 – Resultados de PI - Ponto 05 ................................................................................ 95

Gráfico 11 – Resultados PTS - Ponto 01 .................................................................................. 98

Gráfico 12 – Resultados PTS - Ponto 02 .................................................................................. 99

Gráfico 13 – Resultados de PTS - Ponto 03 ........................................................................... 100

Gráfico 14 – Resultados de PTS - Ponto 04 ........................................................................... 101

Gráfico 15 – Resultados de PTS - Ponto 05 ........................................................................... 102

Gráfico 16 – Resultados Ruído Ambiental ............................................................................. 105

Gráfico 17 - Comparativos do Resultados PI ......................................................................... 107

Gráfico 18 – Comparativos dos Resultados PTS. .................................................................. 108

Gráfico 19 – Comparativos dos Resultados Ruído Ambiental. .............................................. 109

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AGV Amostrador de grande volume

ANA Agência Nacional de Água

APA Agência de proteção ambiental de Portugal.

CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

CONAMA Conselho nacional de meio ambiente

EIA Estudos de impactos ambientais

EIV Estatuto de impacto de vizinhança

EUA EPA Agência de proteção ambiental dos Estados Unidos da América.

FEAM Fundação estadual de meio ambiente do estado de Minas Gerais

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IGAM instituto Mineiro de Gestão das Águas

IEF Instituto Estadual de Florestas

INMET Instituto Nacional de Meteorologia

INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

MMA Ministério do Meio Ambiente

NBR Normas Brasileiras regulamentadoras

OMM Organização Meteorológica Mundial

OMS Organização mundial da saúde

RPPN Reserva Particular do Patrimônio Nacional

PI Partículas inaláveis

PTS Partículas totais em suspensão

SIG Sistemas de Informação Geográfica

SEMACE Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Ceará

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 19

2 FUNDAMENTO TEÓRICO E ABORDAGENS METODOLÓGICAS ..................... 24

2.1 A urbanização ................................................................................................................... 24

2.2 Poluição Ambiental e Meio Ambiente ............................................................................ 27

2.3 Qualidade do ar ................................................................................................................ 29

2.4 Ruído ambiental ................................................................................................................ 34

2.5 Aspectos teóricos da qualidade ambiental ..................................................................... 37

2.6 Saúde Ambiental ............................................................................................................... 39

2.7 Impacto de Vizinhança ..................................................................................................... 42

2.8 Injustiça Ambiental .......................................................................................................... 43

2.9 Conflitos Ambientais ........................................................................................................ 46

2.9.1 O crescimento institucional ............................................................................................ 47

2.9.2 Os conflitos sociais e a criação leis ................................................................................ 50

2.9.3 O meio ambiental como fonte de argumentação nos conflitos ....................................... 50

2.10 Zona de Amortecimento ................................................................................................. 51

2.11 Sistema clima urbano ..................................................................................................... 53

3 MÉTODOS E TÉCNICAS ............................................................................................. 58

3.1 A escolha da área de estudo ............................................................................................. 59

3.2 Levantamento dos dados meteorológicos/climáticos ..................................................... 60

3.3 Metodologia de monitoramento e análise dos pontos de amostragens para partículas

totais em Suspensão ................................................................................................................ 61

3.4 Metodologia de monitoramento e análise dos pontos de amostragens para partículas

inaláveis ................................................................................................................................... 62

3.5 Metodologia de monitoramento e análise dos pontos de ruído ambiental .................. 64

3.6 Programação do trabalho de campo ............................................................................... 64

3.7 Equipamentos e instrumentos ......................................................................................... 65

4 CARACTERIZAÇÃO .................................................................................................... 67

4.1 Caracterização da localidade ........................................................................................... 67

4.1.1 História da expansão urbana .......................................................................................... 67

4.1.2 Localização ...................................................................................................................... 69

4.1.3 População ........................................................................................................................ 70

4.1.4 Atividades econômicas .................................................................................................... 70

4.1.5 Clima ......... ..................................................................................................................... 71

4.1.6 Hidrografia ...................................................................................................................... 71

4.1.7 Relevo..............................................................................................................................72

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4.2 Características do empreendimento ............................................................................... 73

4.3 Área de estudo ................................................................................................................... 76

4.3.1 Relevo 77

4.3.2 Meteorologia ................................................................................................................... 79

4.3.3 Precipitação .................................................................................................................... 80

4.3.4 Direção do vento ............................................................................................................. 81

4.3.5 Temperatura .................................................................................................................... 83

4.3.6 Pressão atmosférica ........................................................................................................ 84

4.3.7 Umidade relativa do ar ................................................................................................... 85

4.3.8 Definição dos pontos de amostragens ............................................................................. 86

5 RESULTADOS .................................................................................................................. 89

5.1 Qualidade do Ar ........................................................................................................... 89

5.1.1 Partículas inaláveis ......................................................................................................... 89

5.1.2 Partículas totais em suspensão........................................................................................ 96

5.2 Ruído Ambiental ............................................................................................................ 103

6 ANÁLISES E INTERPRETAÇÕES DE DADOS ........................................................ 106

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 116

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 121

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1 INTRODUÇÃO

A segunda metade do século XX foi marcada pelo crescimento exponencial dos

problemas relacionados à degradação da qualidade ambiental. Essa degradação guarda estreita

relação com as transformações que tiveram curso no mundo, após a Segunda Guerra Mundial.

Os efeitos advindos da própria guerra, a reconstrução da Europa, a expansão da atividade

industrial para as mais diversas partes do planeta e a intensificação da globalização guardam

relações causais com esse fenômeno.

Conforme Santos (2017):

São bastante conhecidos os episódios decorrentes da elevação aguda na concentração

de poluentes ocorridos no Vale do Meuse (Bélgica, 1930), em Donora (Pensilvânia,

1948) e em Londres, 1952, responsáveis por milhares de internações e óbitos por

doenças respiratórias e cardiovasculares. Estes fatos chamaram a atenção do mundo,

estimularam a realização de milhares de estudos e induziram os países a adotarem leis

ambientais cada vez mais protetivas, mas ainda insuficientes. (SANTOS, 2017, p.193)

Segundo Font e Rufi (2006) ao analisar o contexto da emergência da questão ambiental

no sistema mundo, apontam que a poluição foi, muito provavelmente, a primeira grande

estimuladora da onda mais recente do ambientalismo moderno. O evento de smog londrino de

1952, acima citado, serviu para acender o alerta global em relação aos problemas afetos à

exaustão de recursos tanto quanto da degradação de sua qualidade. A poluição, particularmente

a do ar, tornou-se uma bandeira dos movimentos ambientais nascentes nos anos 70. Essa

preocupação foi particularmente forte no centro do sistema mundo e só, posteriormente, tornou-

se uma questão para os países em desenvolvimento.

Cabe lembrar, ainda conforme Font e Rufi (2006), que a luta contra a poluição e em prol

de melhoria da qualidade do ambiente emergiu da base dos movimentos sociais europeus e se

traduziu na criação de arcabouços jurídicos e institucionais para as políticas ambientais, então

em desenvolvimento, nos âmbitos intranacionais. Na escala planetária, a garantia de

manutenção de uma ordem para o ambiente foi assumida pelas Organizações das Nações

Unidas, na falta de uma estrutura supraestatal. Desde a Convenção de Estocolmo (1972) as

preocupações com o ambiente percorreram caminhos institucionais e não institucionais e

assumiram uma centralidade na política, economia e sociedade globais.

Desde Estocolmo os diversos atores globais têm sentado à mesa para negociar os termos

dessa ordem global, desdobrando-se num conjunto de Conferências (Rio 92 e tantas outras),

acordos econômicos, Convenção da Biodiversidade-CDB, Protocolo de Kyoto, etc. Do ponto

de vista filosófico as discussões se deslocaram da ideia de crescimento zero ao conceito de

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desenvolvimento sustentável que ora, assumimos como uma utopia possível. A reflexão sobre

a conectividade dos mundos econômico, ambiental e social avançou em diversos campos

científicos e, dela, derivaram conceitos como (in)justiça ambiental, saúde ambiental, economia

ambiental dentre tantos outros.

As preocupações iniciais com o ambiente, sobretudo pautadas na poluição se

diversificaram em tantas outras ramificações, embrenhando-se para dentro o campo da

habitação, saúde, educação, saneamento básico, proteção de espécies etc.

Este roteiro se repetiu no âmbito interno brasileiro, assumindo aqui uma matriz

fortemente associada à dimensão dos problemas sociais, posto não termos ainda solucionados

alguns dos mais básicos direitos assegurados pela Constituição Federal (BRASIL, 1988).

Dentre esses, ressaltam-se os direitos a um meio ambiente saudável (Art. 225), ou à moradia

digna como premissa da dignidade humana (Emenda Constitucional 26/00), etc. Apesar de

grandes avanços obtidos desde os anos 80 no Brasil e no mundo, as mais recentes crises

econômicas reposicionaram a economia como a maior preocupação dos governantes, ao se

sentarem à mesa para discussão dos problemas socioambientais globais. Episódios

recentíssimos acentuam essa percepção do deslocamento do eixo das negociações,

particularmente no Brasil.

Mudando para uma escala de análise regional e local, chama atenção, durante o período

que se estende dos anos 50 até o presente, mas principalmente até os anos 90, os esforços do

governo de Minas Gerais de diversificar a economia e promover o desenvolvimento econômico

estadual. Historicamente, a economia estadual se pautou na extração mineral e, em anos mais

recentes, na sua transformação industrial. Apesar dos avanços conseguidos em meados do

século XX, o modelo de desenvolvimento não foi capaz de alterar estruturalmente a economia

regional. Esse modelo é causador de fortes impactos ambientais (REZENDE et al., 2016, p. 86)

tanto na fase extrativa, quanto na fase de sua transformação. O Estado de Minas Gerais

repercute as mesmas premissas da Constituição Federal, em sua versão estadual e materializa a

execução da política ambiental através de um conjunto de órgãos e instâncias como a Fundação

Estadual do Meio Ambiente – FEAM, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM; e o

Instituto Estadual de Florestas – IEF. Destaca-se que o estado de Minas Gerais assumiu, em

diversos momentos, uma ação de vanguarda na concepção e execução de sua política ambiental.

Não obstante, há muito por se fazer.

É descendo nas escalas locais que os problemas se materializam e exigem maiores

esforços para sua solução. Alguns dos maiores desafios repousam na solução de conflitos

socioambientais. Utiliza-se a palavra conflito pois bem expressa as divergências referentes ao

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uso de recursos por diferentes atores sociais e a distribuição não igualitária de prejuízos e lucros,

desembocando na ideia de (in)justiça ambiental. Os municípios possuem a tutela ambiental

inserida no rol de suas funcionalidades e é nessa esfera administrativa que os representantes

políticos se relacionam com as políticas públicas (FERNANDES et. al, 2011).

Conforme Fernandes et al (2011) dentre as políticas públicas ambientas, destacam-se

aquelas relacionadas à prevenção dos impactos ambientais. A poluição é uma preocupação da

população, que busca meios para resolvê-la, uma vez que ela pode ser direta e indiretamente

afetada pelos efeitos dos subprodutos dos processos industriais.

A poluição industrial no contexto urbano de uma região fortemente industrializada

como Belo Horizonte é composta de inúmeros grandezas físicas, parâmetros químicos ou

físicos/químicos que podem ser medidos, como; as emissões atmosféricas emitidas por fontes

fixas ou moveis, os recursos hídricos, o solo, ruído ambiental, vibrações, intensidade de

iluminação, radiações, os quais possuem padrões de controle.

Radicchi (2012) aponta que a poluição atmosférica é preocupante na Região

Metropolitana de Belo Horizonte, embora ainda se mantenha em níveis toleráveis, segundo

padrões da Organização Mundial de Saúde – OMS. A poluição atmosférica é mais grave nos

meses de outono-inverno, dadas as condições de inversão térmica recorrentes, e particularmente

preocupante na regional Barreiro, e nos municípios de Contagem e Betim. A população também

não é afetada de maneira uniforme pelos efeitos insalubres da poluição. Idosos, portadores de

doenças respiratórias e crianças compõem o grupo mais vulnerável. Ainda segundo Radicchi

(2012),

No grupo de crianças com até 14 anos, as causas respiratórias representaram o principal

motivo de internação, respondendo por mais de 50% das internações entre crianças de

1 a 4 anos de idade. (RADICCHI, 2012, p. 197).

Para além dos problemas derivados da poluição do ar, os ruídos são outra grande fonte

de problemas relacionados à perda da saúde humana, retratando a poluição sonora. Segundo a

Organização Mundial da Saúde, a poluição sonora só fica atrás da poluição do ar. Ruídos

causam danos profundos à saúde humana.

Uma particularidade importante do processo de produção do espaço brasileiro é a forte

capacidade de adensamento que a atividade econômica, particularmente a industrial, é capaz de

gerar sobre o território. Muito comumente à instalação de uma indústria ou outra fonte de

empregos, segue-se a formação de aglomerações populacionais, normais ou subnormais em seu

entorno. Essa lógica relaciona-se à redução de custos de deslocamento entre residência e

trabalho, fazendo gerar uma economia importante para os parcos salários da classe trabalhadora.

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Não obstante, se essa lógica poupa recursos em dado momento, ela imputa outros custos menos

óbvios para as populações. Essas aglomerações, normalmente de baixo padrão construtivo, em

áreas pouco valorizadas pelo capital imobiliário (é uma generalização) criam suas próprias

condições ambientais, onde a insalubridade geralmente conduz ao adoecimento. Instala-se

assim a contradição e os conflitos. Usualmente, o planejamento tem sido a ferramenta principal

para solucionar e reduzir problemas de toda ordem referentes aos usos do território. Forman e

Wu (2016) afirmam que o planejamento urbano pode retardar a degradação ambiental, e até

melhorar outras características espaciais, desde que focado na criação de emprego, habitação,

transporte e crescimento econômico, aliado ao ambiente. Portanto, em tese, quanto mais

conhecimento da natureza dos problemas instalados no território, melhores podem ser as

soluções e as ferramentas que conduzem à construção da política pública.

Mas afinal, no âmbito da poluição atmosférica e sonora, existem parâmetros e critérios

mensurados (ou mensuráveis) de distanciamento que, em sendo utilizados, seriam capazes de

reduzir os problemas decorrentes da relação de proximidade entre unidades produtivas e

populações instaladas? Como se comporta a emissão dos efluentes atmosféricos e a intensidade

da vibração acústica em relação ao espaço habitado? Essas são perguntas motivadoras desta

pesquisa.

Seu objetivo geral é utilizar parâmetros espaciais e ambientais da área de estudo em

contexto da existência de poluição atmosférica e sonora nas áreas de expansão urbana, através

do monitoramento ambientais, com o objetivo de constatar padrões de distanciamentos

aceitáveis a habitação humana. Para tanto, optou-se pelo desenvolvimento de um estudo de caso

nas imediações de uma unidade industrial no município de Betim/MG. A escolha de Betim se

deveu às características do processo deformação desse espaço, entendido como recorrente no

território brasileiro, durante seu processo de modernização.

Constituem objetivos específicos:

Caracterizar a fisiografia da área de estudo;

Caracterizar o processo histórico de ocupação do local;

Identificar as fontes dos parâmetros Ambientais avaliados e caracterizar suas

propriedades;

Caracterizar seu comportamento diante do escoamento atmosférico

Identificar seus impactos diretos.

Relevância Social; inúmeras possibilidades que poderiam derivar da compreensão do

processo de produção urbana e suas derivações sobre as sociedades. Subsidiar a construção da

política pública dos municípios. Essa tarefa é particularmente importante no contexto

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brasileiro, diante do enorme passivo socioambiental decorrente da forma de ocupação do nosso

território. Trata-se diretamente da redução da injustiça ambiental.

Relevância Geografia; investigação das diversas nuances das relações entre homem e

meio e suas implicações na organização do espaço geográfico.

Para o cumprimento dos objetivos propostos, esta pesquisa foi estruturada da seguinte

forma: a introdução que aqui se finaliza, contextualiza o tema, aponta o problema, as perguntas

motivadoras da pesquisa suas hipóteses e os objetivos além de expor a relevância do tema

discutido. O segundo capítulo trata da construção do referencial teórico que dá suporte a este

trabalho. Nele são tratados aspectos da urbanização, sistema clima urbano, impactos e saúde

ambiental. No terceiro capítulo são descritos a metodologia e os procedimentos metodológicos.

No quarto capítulo discorre sobre a caracterização fisiográfica de Betim e das especificidades

da área e do empreendimento em estudo. O quinto capítulo trata dos resultados alcançados nas

pesquisas de campo. Finalmente, as considerações finais.

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2 FUNDAMENTO TEÓRICO E ABORDAGENS METODOLÓGICAS

2.1 A urbanização

Nos primórdios da humanidade, a relação entre as pessoas e a terra era uma espécie de

exploração predatória, ou seja, eles se assentavam em um território até que todas as fontes de

alimento se esgotassem. Segundo Sposito (2004), o período paleolítico é marcado pela não

fixação do homem, pelo nomadismo. Mas a autora destaca também que é neste período que o

homem demonstra interesse pelo lugar, interesse esse demonstrado “pela preocupação com os

seus mortos, destinando a estes um local permanente”, demarcado, “uma moradia”. (SPOSITO,

2004, p. 13).

A sedentarização dos seres humanos ocorreu graças a domesticação de animais e o

controle do processo de reprodução vegetal, segundo a mesma autora, esse fenômeno ocorria

em áreas rurais e de aglomeração na Idade Neolítica. No entanto, a atenção das pessoas a tais

grupos sociais não representa as características das cidades. A autora acredita que para uma

cidade sobreviver precisa de uma organização social mais complexa do que a aglomeração de

seres humanos na produção agrícola.

Então, em que momento da história surgiram as primeiras cidades? Sposito (2004)

destaca que “das dificuldades de se precisar o momento da origem das primeiras cidades.

Contudo, os autores são unânimes em apontar que terá sido provavelmente perto de 3500 a.C.,

seu aparecimento na Mesopotâmia...”. Estas cidades tinham como características em comum

sua formação burocrática,

Uma organização dominante, de caráter teocrático [...] e um traço na sua estruturação

interna do espaço: a elite sempre morava no centro. Isto servia tanto para facilitar o

intercâmbio de ideias como para elas ficarem menos expostas aos ataques externos,

situação bastante parecida com os atuais bairros nobres e condomínios de auto padrão.

Nestas cidades antigas, os governantes mantinham o controle sobre o excedente

produzido no campo e administravam a riqueza e acumulavam provisões alimentares

para toda a população. (SPOSITO, 2004, p. 18).

Outra etapa importante na história da urbanização é a expansão territorial do Grande

Império. Esta etapa é responsável por aumentar o número de cidades e manter o domínio

regional, o que leva à urbanização na Europa. A expansão dos grandes impérios contribuiu

também, segundo Sposito (2004, p. 14), “pelo aumento da divisão social do trabalho e da

complexidade da organização política”.

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A formação da sociedade decorre da divisão do trabalho, portanto, o espaço urbano

apareceu pela primeira vez como uma organização do poder e das funções políticas e, com o

passar do tempo, os negócios transformaram a cidade, formando localizações estratégicas.

Para Beaujeu Garnier (1997), essa forma de organização sócio espacial também surgiu em

decorrência da evolução da divisão do trabalho, essa autora, entretanto, propõe ainda três

motivações especificas para tal fato: econômica, política e defensiva.

Spósito (2004) escreve que:

As transformações ocorridas na cidade constituíam-se em produto e condição do

modo de produção que estava se impondo: o capitalismo, em sua fase denominada

industrial ou concorrencial. A cidade, em decorrência do processo de industrialização,

cresce tanto em termos demográficos como territorialmente. A urbanização, por sua

vez, toma uma nova forma, uma vez que além de ser palco do comércio e do poder

(política), o espaço urbano torna-se também o lócus da produção. O “inchaço” da

cidade, propriamente, está associado diretamente à necessidade de força de trabalho

em excesso, sendo essa, uma das principais condições para o acúmulo de capital a

partir da indústria (SPÓSITO, 2004, p. 19).

A autora, em seu livro Capitalismo e Urbanização, procura explicar a relação entre

industrialização e urbanização levando-se em consideração as fases do capitalismo: industrial

(século XIX até a 2ª Guerra) e monopolista (pós |Segunda Guerra Mundial).

No capitalismo industrial, ou concorrencial, a industrialização se limita a alguns países

da Europa Ocidental, nos Estados Unidos e no Japão. Nesses países, com o surgimento das

indústrias, algumas cidades passaram por transformações, principalmente cidades próximas às

regiões carboníferas (carvão). Uma característica importante do capitalismo nesta fase é a

integração econômica global baseada na divisão internacional do trabalho (DIT) e na divisão

territorial regional ou nacional do trabalho (DTT). Este último levou ao estabelecimento de uma

rede consolidada de cidades da região central do estado. No DIT do capitalismo industrial,

países periféricos como o Brasil são responsáveis pela exportação de produtos primários e

importação de produtos industrializados dos países centrais (SPOSITO, 2004).

Porém, isso não significa que esses países não possuam grandes cidades, pelo contrário,

muitas cidades aumentaram relativamente nos países vizinhos devido às atividades relacionadas

ao comércio (SANTOS, 2005).

Após a Segunda Guerra Mundial, o capitalismo entrou em um estágio monopolista

caracterizado pela internacionalização do capital, o que levou à industrialização em grande

escala, através do estabelecimento de empresas multinacionais (SPÓSITO, 2004). Portanto,

países como o Brasil vivenciam um vigoroso processo de industrialização, que por sua vez

reflete a lógica geral da organização urbana e do processo de urbanização desses países.

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A urbanização no Brasil, conforme Milton Santos (2005), se dá em duas fases distintas.

O primeiro momento, correspondente à primeira metade do século XX, caracterizou-se por uma

urbanização baseada em "ilhas", ou seja, vários centros urbanos que eram realmente

independentes uns dos outros, sobretudo mantendo o contato com o exterior. Na segunda

metade do século passado, o Brasil passou a promover as redes urbanas, condição para o

desenvolvimento industrial baseado no "modelo" de substituição de importações.

Até a Segunda Grande Guerra, a economia brasileira participava da DIT em função

de um modelo agro-exportador; assim sendo, os núcleos urbanos se desenvolveram,

especialmente, a partir do comércio exterior. Com a implantação de ferrovias no

território brasileiro foi intensificado esse modelo de subespaços regionais (a cidade,

em sua maioria capitais, e sua zona de influência que incluía o campo e pequenos

aglomerados urbanos). Deste modo, essas cidades cresceram em função do

desenvolvimento de atividades derivadas da exportação e da importação de produtos.

No desenrolar da segunda metade do século passado, o processo de industrialização

no Brasil ganhou, definitivamente, uma nova dimensão. Tal fato constituiu-se

enquanto reflexo do papel do país na dinâmica do capitalismo em sua fase

monopolista. Neste contexto, tanto a cidade como o campo sofreram grandes

transformações com a inserção do capital nas respectivas realidades locais ou

regionais, fruto do processo de modernização do país. Com a industrialização

concentrada nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, e, notadamente, São Paulo,

o processo de urbanização do Brasil deixou de se constituir em um “arquipélago”. A

integração do território, promovida pelo brasileiro, por meio de rodovias, tornou-se

condição primordial para o acúmulo e reprodução do capital industrial no país. Essa

integração do território e do mercado nacional permitiu, por sua vez, a estruturação

de uma rede urbana nacional, tendo como “epicentro” o eixo Rio - São Paulo

(SANTOS, 2005, p. 21).

Em 1980, a maior parte da população brasileira já vivia nos centros urbanos. Conforme

Souza (1988):

...essa população veio a se concentrar principalmente nas regiões metropolitanas,

evidenciando uma urbanização fundamentada no processo de metropolização: No

Brasil, a urbanização caracteriza-se por um processo de metropolização, evidenciado

pelo inchaço das regiões metropolitanas, ou pela metropolização de cidades que com

funções privilegiadas na rede urbana, sejam elas capitais dos Estados, sejam elas

cidades centros de regiões geoeconômicas dinâmicas. (...)” (SOUZA, 1988, p.16).

A discussão posta até o momento é relevante para se entender, especificamente, a

organização do tecido urbano de determinada cidade, uma vez que este espaço é produto de um

processo de urbanização, cujas características deste ambiente em enumeras vezes possuem um

desequilíbrio ambiental.

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2.2 Poluição Ambiental e Meio Ambiente

Em inúmeros países a adoção das polícias ambientais a esfera política deu se décadas

após aos problemas ter sido discutidos nas agendas internacionais.

Conforme Sánchez (2005), a partir do momento em que os conceitos ambientais são

gradualmente absorvidos, como um modo de vida, e não mais como recursos naturais com

influência indireta, passam a ser assimilados pelo conceito de poluição

A palavra poluição tem origem do verbo poluir de origem latina, cujo o significado é

blasfemar, manchar, profanar, sujar, para Sanchez, 2005, o termo poluir é profanar a natureza,

sujando-a.

A poluição é entendida como as condições do meio ambiente (ar, água, solo) alteradas

em sua característica natural prejudiciais aos organismos. A causa da poluição, ou seja, da

condição alterada e prejudicial dos ambientes são de origem das atividades humanas, portanto,

tais atividades devem ser controladas para evitar ou reduzir a poluição.

A "Declaração de Estocolmo" recomendava que os governos tomassem medidas para

controlar as fontes de poluição. Desde a década de 1970, a Lei de Controle da Poluição surgiu,

juntamente com as entidades governamentais responsáveis pelo monitoramento ambiental e

inspeções de poluição. Os Estados Unidos revisaram e atualizaram suas leis de controle de

poluição na última década, enquanto o Brasil estabeleceu suas próprias leis de controle de

poluição no Rio de Janeiro em 1975 e em São Paulo em 1976, e mantiveram estes conceitos até

os dias de hoje e veiculados internacionalmente pela Organização para Cooperação e

Desenvolvimento Econômico (OECD) em 1974:

Poluição significa a introdução pelo homem, direta ou indiretamente, de substâncias ou

energia no ambiente, resultando em efeitos deletérios capazes de pôr em risco a saúde

humana, causar danos aos recursos vivos e ecossistemas e prejudicar ou interferir com

as atrações e ou outros usos legítimos do meio ambiente. (OECD, 1974, p. 31).

O que essas definições têm em comum é o significado negativo do conceito de poluição.

Outra ideia comum é a ligação entre poluição e emissões ou a presença de matéria ou energia.

Isso significa que a poluição pode estar associada a certas quantidades de parâmetros, físicos,

químicos ou físico-químicos, que podem ser medidos e comparados através de valores de

referência estabelecidos por leis (chamados de padrões ambientais):

O livro Avaliação de Impacto Ambiental: Conceitos e métodos (SÁNCHEZ, 2005) traz

a definição do conceito sobre os principais conjuntos de parâmetros ambientais, sendo estas:

Elementos ou compostos químicos presentes nas águas superficiais ou subterrâneas,

cujas concentrações pode-se medir por procedimentos padronizados, (são

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normalmente expressas em mg/l, µg/l ou ainda em ppm) e para alguns dos quais

existem padrões estabelecidos pela regulamentação;

Material particulado ou gases potencialmente nocivos presentes na atmosfera, cujas

concentrações pode-se medir por métodos normalizados (são normalmente expressas

em µg/m3) e para alguns dos quais existem padrões estabelecidos pela

regulamentação;

Ruído, medido usualmente em decibéis – dB(A), cujos níveis de pressão sonora, são

fixados em textos legais ou normas técnicas;

Vibrações, medidas, por exemplo, em mm/s, cujas os valores são estabelecidos por

normalização técnica;

Luz, cuja intensidade é medida em límens e que é uma forma de poluição emergente,

cujos efeitos sobre a biota ainda são pouco estudados, combativamente a outros

poluentes;

Radiações ionizantes, medidas, por exemplo, em Bg/l ou sievet, que são também

objeto de regulamentação específica. (SÁNCHEZ, 2005, p. 295).

A possibilidade de medir a poluição e estabelecer padrões ambientais permite uma

definição clara da legislação e das responsabilidades dos poluidores, seja ela instituições

privadas ou públicas. Os padrões ambientais também abriram caminho para pesquisas

científicas que definem as capacidades de assimilação ambiental, estabelecendo assim padrões

ambientais. De acordo com a pesquisa de Sanchez (2005), esses padrões não são dados estáveis

ou imutáveis, mas o resultado de uma evolução contínua, pois a pesquisa tende a aprofundar

nosso conhecimento sobre os processos ambientais e os impactos oriundos dos poluentes nos

seres humanos e nos ecossistemas, ales seus efeitos sinérgicos e cumulativos.

Para Sánchez (2005) essa clareza está ausente na definição de poluição pela Lei da

Política Nacional do Meio Ambiente (BRASIL, 1981), que considera o termo como sendo:

A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou

indiretamente:

a) Prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

b) Criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) Afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

d) Lancem matéria ou energia em desacordo com os padrões ambientais

estabelecidos. (BRASIL, 1981).

Ao igualar poluição com degradação ambiental, a lei propõe uma definição

excessivamente ampla e subjetiva. A interferência ambiental causada por inúmeras atividades

humanas não foi reduzida a apenas aos lançamentos dos poluentes, e sim este conceito

abrangente em alguns momentos todo o impacto ambiental gerado ao entorno do processo que

gerou esta poluição e seus impactos ao homem e a natureza.

Proteger o meio ambiente é uma questão indispensável para a sobrevivência dos

humanos e de todos os seres vivos. Um dos marcos da proteção dos recursos naturais é o

reconhecimento do direito à proteção do meio ambiente previsto no artigo 225 da Constituição

Federal de 1988, citado a seguir.

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Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de

uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder

público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras

gerações. (BASIL, 1988).

Em todo o processo da existência humana, muitos recursos naturais já foram degradados

e a maioria dos problemas ambientais e econômicos de inúmeras regiões já se encontram

instalados. Isso se deve ao crescimento desordenado da cidade, com suas gestões ambientais e

políticas públicas ineficazes, na ausência de um planejamento baseado no conhecimento das

características ambientais e socioeconômicas.

O estudo de caso proposto nesta dissertação apresentará o monitoramento dos

parâmetros ambientais material particulados (Partículas Totais e Inaláveis) para qualidade do

ar e do ruído, em áreas de expansão urbana, não apenas com intuito de mostrar indicadores

ambientais, mas sim de propor a aplicação medidas mitigadoras em relação ao planejamento

urbano.

2.3 Qualidade do ar

Inúmeros estudos apontam a poluição atmosférica como um dos mais graves problema

de saúde pública em regiões urbanizadas.

Conforme Organização mundial da saúde – OMS, a poluição do ar é a “introdução de

qualquer substância que, devido a sua concentração, possa a se tornar nociva à saúde e ao meio

ambiente” (CETESB, 2020). Conhecida também como poluição atmosférica refere-se à

contaminação do ar por gases, líquidos e partículas sólidas em suspensão, material biológico, e

até mesmo energia.

A qualidade do ar é o resultado da interação de conjunto de fatores químicos e físicos,

os quais se destacam a emissões, a topografia, as condições meteorológicas/climáticas, as

edificações, a existência de vias de tráfegos pavimentadas ou não, a presença de vegetação, a

presença hidrográfica e outras características da região, favoráveis ou não à dispersão dos

poluentes.

Conforme o Ministério do Meio Ambiente, o conceito de poluição atmosférica

compreende qualquer forma de matéria ou energia com intensidade, concentração, tempo ou

características “que possam tornar o ar impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, inconveniente

ao bem-estar público, danoso aos materiais, à fauna e à flora ou prejudicial à segurança, ao uso

e gozo da propriedade e as atividades normais da comunidade” (apud MINISTÉRIO DO MEIO

AMBIENTE, 2020).

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Por sua vez, o monitoramento da qualidade do ar consiste em retirar (avaliar) uma

quantidade especifica de ar, cuja função é determinar o nível de concentração de poluentes

presentes na atmosfera (CETESB, 2020), estes, são classificados por dois conjuntos de origem,

sendo o primeiro como poluentes primários, provenientes da fontes de emissão direta, como

chaminés de processos industriais, escapamentos dos veículos, emissões provenientes de

vulcões e outras fontes de emissão diretas a atmosfera e os poluentes secundários formados na

atmosfera através da reação química entre os poluentes primários e componentes naturais da

atmosfera.

As fontes de emissões atmosféricas podem ser originadas de fontes antropogênicas ou

naturais. As fontes antropogênicas são as emissões atmosféricas provenientes dar intervenção

humana, oriundas das atividades industriais, operação de veículos ou maquinas movidas por

combustíveis fosseis, o tráfego a construção civil e outros; as fontes naturais de emissões

atmosféricas de origem natural destacam-se fenômenos da natureza provenientes das erupções

vulcânicas, fogos florestais de origem natural e erosões e transporte de partículas realizada pela

ação do vento.

As fontes de emissão atmosféricas antropogênicas são divididas em dois grupos

principais (CETESB, 2020):

Fontes de emissões móveis: tráfego rodoviário, aéreo, marítimo e fluvial;

Fontes de emissões pontuais: Dutos e fontes de processos industriais

Os principais parâmetros para controle na atmosfera e para estudo da qualidade do ar

são (CETESB, 2020):

Partículas Totais em Suspensão (PTS) – São classificadas como partículas

aerodinâmicas superiores a 50 µm. Uma parte dessas partículas é inaliável e pode causar

problemas à saúde, outra parte pode afetar desfavoravelmente a qualidade de vida da

população, mudando as características ambientais e prejudicando as atividades da

comunidade;

Partículas inaláveis (MP10) – São partículas cujo diâmetro aerodinâmico é menor ou

igual a 10 µm. Podem ficar retidas na parte superior do sistema respiratório ou penetrar

mais profundamente o sistema respiratório alcançando os alvéolos pulmonares;

Partículas Inaláveis Finas (MP2,5) – São classificadas como partículas com diâmetro

aerodinâmico menor ou igual a 2,5 µm. Devido a diâmetro de sua particula penetram

profundamente no sistema respiratório, podendo atingir os alvéolos pulmonares;

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Dióxido de Enxofre (SO2) – Proveniente da queima de combustíveis que contém

enxofre, como óleo diesel, óleo combustível e gasolina, principal formador da chuva

ácida. O dióxido de enxofre pode reagir com outras substâncias presentes no ar

formando partículas de sulfato que são responsáveis pela redução da visibilidade na

atmosfera;

Monóxido de Carbono (CO) – Proveniente da combustão incompleta de combustíveis

de origem orgânica (combustíveis fósseis, biomassa etc.). A maior concentração deste

poluente é encontrada nas grandes cidades oriundos da emissão dos gases dos veículos

automotores;

Oxidantes Fotoquímicos, como o Ozônio (O3) - classificado como poluente secundário

os oxidantes foquemos, são formados pela mistura de poluentes secundários formados

por reações entre os óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis, na presença

de luz solar. As altas concentrações destes poluentes na atmosfera contribuem pela

diminuição da visibilidade.

A qualidade do ar em uma região e determinada por monitoramentos das

características físico-químicas de parâmetros ambientais, os quais são comparados com os

padrões de concentrações de poluentes estabelecidos na legislação ambiental. Estes padrões

são baseados em estudos científicos que definiram os efeitos produzidos por cada parâmetro

ambiental que fixaram os limites de emissão em níveis que possam propiciar uma margem de

segurança adequada aos seres vivos. (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2001).

Os efeitos adversos da poluição atmosférica podem se manifestar no ser humano,

animais e vegetais de forma crônica, ou seja, mediante exposição a uma dosagem mediana de

poluentes ao longo do tempo, ou de forma aguda, quando o receptor fica exposto a altas doses

de poluentes atmosféricos num curto espaço de tempo. (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE,

2001).

O monitoramento sistemático das concentrações de poluentes presentes na atmosfera

(qualidade do ar) é fundamental para garantir a qualidade de vida existente no local. Para isso

órgãos ambientais criaram o Índice de Qualidade do Ar (IQA), fator adimensional amplamente

utilizado desde o início da década de 80, com a finalidade de apresentar de maneira fácil as

informações sobre os parâmetros ambientais de uma determinada localidade. Em enumeras

capitais este índice é avaliado continuamente e publicado em placas e painéis eletrônicas, junto

a informações cotidianas como as horas, umidade e temperatura do ar, para alguns órgãos

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públicos este indicador, auxilia na organização do trafego, interrupções de processos industriais

com o objetivo de reduzir a intensidade de emissões e a concentração de alguns poluentes.

O IQA é um valor numérico, compreendido entre 0 e >400. Quanto maior o valor que

expressa, maior é a poluição do ar, e consequentemente maior será a preocupação com a saúde.

Um valor de 50 para o IQA representa uma boa qualidade do ar com pouco ou nenhum potencial

para afetar a saúde pública, enquanto um valor de IQA maior que 400 representa uma qualidade

do ar ruim com uma maior possibilidade de afetar a saúde da população. O índice é dividido

nas seguintes categorias, com diferentes níveis de impactos na saúde (apud GUERBATIN,

2018, p. 37):

O Quadro 1, apresenta a correlação entre o IQAR e o efeito esperado sobre a saúde

humana, estes dados foram elaborados pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo os

quais deram origem ao Decreto Estadual nº 59.113/2013

Quadro 1 – Nível da Qualidade do Ar e os efeitos sobre a Saúde

Fonte: CETESB (2013), com base no Decreto Estadual nº 59.113/2013.

O quadro 2 apresenta as faixas de concentração dos poluentes e respectiva

classificação, bem como as cores utilizadas para ilustrar os índices de qualidade do ar adotado

pela CETESB, baseado na Resolução CONAMA 491/18, que substituiu a Resolução

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CONAMA 03/90, cuja a apresentação está atualizada com base nas normas e legislações

atualizadas e que baseiam os quadros comparativos dos resultados de qualidade do ar

apresentados nesta dissertação.

Quadro 2 – IQA - Índice da qualidade do ar

Fonte: SEMACE-CE (2019).

A seguir é apresentada a Figura 1, que representa o Cálculo do IQA baseado nas

concentrações dos poluentes monitorados e nas faixas de concentração definidas para cada

poluente, o cálculo do IQA é dado pela seguinte equação:

Figura 1 – Cálculo do IQA

Fonte: GUERBATIN (2018).

Os padrões da qualidade do ar do estado de São Paulo foram inicialmente estabelecidos

em 1976, pelo Decreto Estadual nº 8468/76, já os padrões nacionais foram estabelecidos pelo

IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e aprovados pelo CONAMA – Conselho

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Nacional de Meio Ambiente, por meio da Resolução CONAMA nº 03 em 28 de junho de 1990

e atualizada em 19 de novembro de 2018 através da CONAMA nº 491 (CETESEB, 2020)

Em 2005, a Organização Mundial de Saúde – OMS publicou documento com uma

revisão dos valores-guia para os poluentes atmosféricos visando à proteção da saúde da

população, à luz dos conhecimentos científicos adquiridos até então. Segundo essa publicação,

os padrões de qualidade do ar (PQAr) variam de acordo com a abordagem adotada para

balancear riscos à saúde, viabilidade técnica, considerações econômicas e vários outros fatores

políticos e sociais, que, por sua vez, dependem, entre outras coisas, do nível de desenvolvimento

e da capacidade do Estado de gerenciar a qualidade do ar. As diretrizes recomendadas pela

OMS levam em conta está heterogeneidade e, em particular, reconhecem que, ao formularem

políticas de qualidade do ar, os governos devem considerar cuidadosamente suas circunstâncias

locais antes de adotarem os valores propostos como padrões nacionais. A OMS também

preconiza que o processo de estabelecimento de padrões visa atingir as menores concentrações

possíveis no contexto de limitações locais, capacidade técnica e prioridades em termos de saúde

pública. (CESTEB, 2020)

Os resultados da qualidade do ar para efeito de divulgação do IQA são definidos através

dos valores com a maior concentração do poluente avaliado e seus efeitos a saúde humana,

mesmo que a qualidade do ar de uma estação seja avaliada para outros poluentes, e que estes

estejam dentro das faixas de aceitação.

2.4 Ruído ambiental

Devido ao deslocamento de partículas de fluido durante as fases de compressão e

afinamento, a pressão sonora causa mudanças na densidade do ar. O som de instrumentos

musicais ou ruído ambiental de qualquer fonte está em conformidade com os princípios físicos

do conceito de pressão sonora.

Segundo a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), o ruído pode ser definido como

um som desagradável (APA, 2007). Desta forma, pode-se definir som como sendo um

fenômeno físico ondulatório que o ouvido humano consegue detectar (APA, 2007). Em suma,

é um estímulo mecânico que pode induzir sensações auditivas. Como o ruído definido pelo alvo

(desagradável) é facilmente perceptível, o conceito irá variar de acordo com as características

e percepção de cada pessoa com relação à sensação auditiva que está sendo estimulada. No

entanto, existem certos valores para definir o nível de som que todos recebem todos os dias.

Embora o ruído seja subjetivo, ele passou a ser objeto de inúmeros estudos, divididos

em duas categorias ou estudos aéreos. O ruído poluente é classificado de acordo com sua

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disseminação e a localização da população afetada. O primeiro é denominado ruído ambiental,

que envolve A área atingida não está relacionada com a fonte de geração de energia. Neste caso,

tomamos como exemplos indústrias, veículos, aeronaves e outras pessoas afetadas e fontes de

geração de energia e a segunda categoria de indústrias ilegais. O ruído é um problema de saúde

para os trabalhadores, amplamente conhecido como "ruído ocupacional" na área de segurança

do trabalho.

No Brasil e no mundo, os índices acústicos são usados em normas e legislações

ambientais e padrões de comparação ambientais, tais como:

Nível Total ou Global de Pressão Sonora, consiste em uma grandeza que fornece apenas

um nível em dB (decibéis); (NBR 10151/2019)

Nível sonoro equivalente, consiste no nível sonoro médio integrada durante uma faixa

de tempo especificada com base na energia do ruído. (NBR 10151/2019)

Onde:

T = tempo de integração;

P(t) = pressão acústica instantânea;

Po = pressão acústica de referência 2x 10-5 Nm/m2

Leq = nível contínuo equivalente em dB (A)

Níveis Estatísticos (L90, L50, L30 e L10) (ABNT, 2019)

L90: é o nível excedido em 90% do tempo de medição;

L50: é o nível excedido em 50% do tempo de medição;

L30: é o nível excedido em 30% do tempo de medição;

L10: é o nível excedido em 10% do tempo de medição;

No Brasil e no mundo as legislações existentes resguardam o conforto acústico e a

segurança, através de leis e normas.

Resolução nº 1 de 08 de março de 1990, refere-se à emissão de ruídos de quaisquer atividades

e sua relação com a saúde e sossego público e remete aos critérios e diretrizes das Normas da

ABNT;

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ABNT NBR 10.151:2019 - Medição e avaliação de níveis de pressão sonora em áreas

habitadas

ABNT NBR 10.152:2017 - Níveis de ruído para conforto acústico.

A Resolução nº 2 de 08 de março de 1990, instituiu o Programa Nacional de Educação e

Controle de Poluição Sonora, o Programa “Silencio”, com pouca adesão por parte do

governantes e legisladores estaduais e municipais, o programa não teve responsáveis pelo

estabelecimento e implantação das diretrizes e medidas de educação e controle a poluição

sonora.

As Normas Técnicas da ABNT contemplam diferentes aspectos relativos ao ruído, A

NBR 10.051/2019, tem a finalidade de fixar as condições exigíveis para a avaliação da

aceitabilidade do ruído em comunidades e especifica um método de medição de ruído, as

correções necessárias e um critério para a comparação dos níveis encontrados e estabelecidos.

Já a NBR 10.152:2017 trata dos limites, medidas de controle e mitigação para o conforto

acústico. Em Minas Gerais, a Lei Estadual 10.100 de 17 de janeiro de 1990, dispõe sobre a

proteção contra a poluição sonora no estado de Minas Gerais:

Art. 1º - O artigo 2º da Lei nº 7.302, de 21 de julho de 1978, passa a vigorar com a

seguinte redação:

"Art. 2º - Para os efeitos desta Lei, consideram-se prejudiciais à saúde, à segurança

ou ao sossego público quaisquer ruídos que: (Lei Estadual 10.100, 1990)

I - atinjam, no ambiente exterior do recinto em que têm origem, nível de som superior

a 10 (dez) decibéis - dB(A) acima do ruído de fundo existente no local, sem tráfego;

II - independentemente do ruído de fundo, atinjam, no ambiente exterior do recinto

em que têm origem, nível sonoro superior a 70 (setenta) decibéis - dB(A), durante o

dia, e 60 (sessenta) decibéis - dB(A), durante a noite, explicitado o horário noturno

como aquele compreendido entre as 22 (vinte e duas) horas e as 6 (seis) horas, se outro

não estiver estabelecido na legislação municipal pertinente. (GOVERNO DO

ESTADO DE MINAS GERAIS, 1990).

Em Betim/MG, a Lei Municipal nº 5.921, de 10 de julho de 2015, dispõe sobre o

controle de ruídos, sons e vibrações no Município de Betim e das outras providencias. Essa

legislação indica em suas disposições preliminares;

Art. 1º A emissão de ruídos, sons e vibrações em decorrência de atividades exercidas

no Município obedecerá aos padrões, critérios e diretrizes estabelecidos por esta Lei.

Art. 2º Para fins do disposto nesta Lei, considera-se:

I - poluição sonora: a alteração adversa das características do meio ambiente causada

por emissão de ruído, som e vibração que, direta ou indiretamente, seja ofensiva ou

nociva à saúde física e mental, à segurança e ao bem-estar dos meios antrópico, biótico

ou físico, ou transgrida as disposições fixadas nesta Lei;

II - período diurno: o período de tempo compreendido entre as 07h01 (sete horas e um

minuto) e as 22h00 (vinte duas horas) do mesmo dia;

III - período noturno: o período de tempo compreendido entre as 22h01 (vinte e duas

horas e um minuto) de um dia e as 07h00 (sete horas) do dia seguinte. (BETIM, 2015).

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No Brasil, na maioria dos estados e municípios, aparecem na forma de planos diretores

ou regulamentos posturais. Alguns municípios no Brasil formularam leis de controle da

poluição sonora e impuseram limites mais rígidos às emissões de empresas, negócios e

residentes, mas a maioria dos municípios apresentou suas condições de controle e

monitoramento à NBR 10151/2019 e NBR 10152/2017.

Os valores estabelecidos pela norma técnica para avaliação de ruídos externo são

definidos de acordo com o tipo de ocupação da área. O Quadro 03 mostram, os índices da NBR

10.151 de 2019.

Quadro 3- Valores máximos permitidos para ruído externo na NBR 10151

Fonte: ABNT NBR 10151 (2019).

O objetivo do controle da poluição sonora na cidade e áreas próximo a indústria é

garantir o sossego e o bem-estar da população e evitar os distúrbios do sono causados por

emissões excessivas, ou quaisquer desconfortos causados pela ação antrópica, incompatíveis

com as características naturais dos moradores.

Contudo, mesmo tendo normativas, legislações, leis e outras forma de controle e

educação, a maior parte da poluição ambiental está vinculada a falta de conhecimento e postura

por parte do ser humano, aliado a construção de edificações em áreas, insalubres, a utilização

de ferramentas e maquinários impróprios ou tecnologias ultrapassadas, além da ausência da

proteção acústicas em ambientes residenciais, lazer e trabalho.

2.5 Aspectos teóricos da qualidade ambiental

Os debates acerca do tema qualidade do meio ambiente urbano só começaram

recentemente, não só porque algumas sociedades superaram o nível de satisfação das

necessidades básicas, mas também pela gravidade da degradação ambiental que afeta a

qualidade de vida da população.

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Embora as questões ambientais sejam extremamente importantes no campo do

conhecimento, ainda não foi estabelecido um quadro metodológico teórico coeso. Mesmo

considerando que as questões ambientais se tornaram uma prioridade, ainda faltam pesquisas

que forneçam métodos alternativos para reduzir o impacto humano no meio ambiente. Saldanha

et.al, (2015), ao tratarem das perspectivas de análise da questão ambiental urbana, chama a

atenção para o fato de que “se o apoio teórico sobre a relação sociedade-natureza em sua forma

atual ainda está por se consolidar, o assunto torna-se ainda mais rarefeito quando se trata da

combinação cidade-ambiente” (SALDANHA et al. 2015, p. 5).

A incorporação de perspectivas ambientais ou ecológicas na análise dos problemas

urbanos surgiu pela primeira vez no trabalho da "Escola de Chicago nos anos 1920), relacionado

à chamada ecologia urbana. Os principais autores são George Simmel, Robert Parker e Louis

Vaughan. Naquela época, as cidades eram vistas como organismos, fazendo com que conceitos

ecológicos fossem usados para explicar os conflitos urbanos.

Desde a década de 1970, a cidade não é mais um organismo vivo, mas um ecossistema,

visão esta que era sustentada pela TGS (Teoria Geral dos Sistemas) da época. Portanto, a

relação entre os seres vivos e o meio ambiente passa a ser incluída na análise. Lucia Cidade

(1996 apud BORJA, 1997, p. 24), ressalta esse fato ao mencionar que a cidade é vista “como

uma unidade ambiental dentro da qual todos os elementos e processos do ambiente são inter-

relacionados e interdependentes, de modo que uma mudança em um deles resultará em

alterações em outros componentes”. De acordo com tal acepção, haveria um ecossistema natural

e outro cultural, este último decorrente da atuação humana.

A teoria geral do sistema também pode ser relacionada a outra concepção, o conhecido

metabolismo urbano. Essa visão ignora o processo da história humana e não pode compreendê-

lo de uma perspectiva sistemática.

Todavia, é preciso perceber que a crise ambiental trouxe a necessidade de modificar o

paradigma. Se, por um lado, a complexidade do mundo humano histórico não pode ser reduzida

pelas "leis" da biologia e da física, por outro, as pessoas não podem continuar a pensar na

história humana como se ela vivesse fora do mundo natural.

A perspectiva defendida por Randolph & Bessa (1993) pode ser uma alternativa para

análise da questão ambiental urbana, onde em seus estudos considera a cidade “como uma

espacialidade de determinados processos naturais e biológicos, articulados a processos sociais,

considerando-a essencial ao processo de construção social da realidade” (RANDOLPH &

BESSA, 1993, p. 79).

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Portanto, deve-se enfatizar que a pesquisa sobre os problemas ambientais urbanos não

pode ser individualizada por meio de campos científicos específicos, assim como o fenômeno

e a influência podem ser isolados de campos específicos de pesquisa. Deve ser estudado por

várias pessoas. Através de um conjunto de conhecimentos científicos técnicos, normativos,

sociais e culturais, desenvolver o campo científico de forma interdisciplinar.

2.6 Saúde Ambiental

A relação entre meio ambiente e a saúde humana é objeto de estudo há séculos. Diversos

filósofos, conforme Weihs e Mertens (2013), já abordaram a intersecção entre tais fatores. Os

autores aduzem que o método científico mecanicista, particular ao século XVII e que prezava

pela fragmentação e pelo reducionismo do conhecimento em diversas áreas, influenciou os

estudos sobre o tema, fazendo com que a biologia, que dá origem à medicina por meio de uma

perspectiva isolada do corpo, permaneça distante da abordagem ambiental. Ainda de acordo

com os autores, até a década de 1940, os únicos aspectos que eram tratados em estudos que

correlacionavam saúde e meio ambiente restringiam-se àqueles acerca do acesso à água potável

e ao saneamento básico.

A partir de meados do século XXI, com o aumento da preocupação governamental

quanto a questões ambientais, surgem duas vertentes com abordagens distintas no que tange

aos problemas ambientais e a saúde humana. A corrente "verde" foca sua preocupação nos

efeitos das ações humanas sobre o meio ambiente, destacando efeitos tais como a redução da

camada de ozônio, o desmatamento e o desenvolvimento sustentável. De outro lado, a corrente

"azul" trata com maior enfoque sobre os efeitos do meio ambiente sobre a saúde e a qualidade

de vida do ser humano, isto é, a saúde ambiental.

Nesse sentido, a OMS (apud FUNASA, 2020) define saúde ambiental como sendo:

Composta por todos aqueles aspectos da saúde humana, incluindo a qualidade de vida.

Ela é determinada por fatores físicos, químicos, biológicos, sociais e psicológicos no

meio ambiente. Também se refere à teoria e prática de valorar, corrigir, controlar e

evitar aqueles fatores do meio ambiente que, potencialmente, possam prejudicar a

saúde de gerações atuais e futuras (OMS, 1993 apud FUNASA, 2020, s.p.).

Com isso, passou-se a discutir diversos aspectos ambientais que influenciavam a saúde

humana. Segundo Lima (2018):

Existem diferentes problemas encontrados na saúde do homem quando se leva em

consideração o ambiente rural e o ambiente urbano. No ambiente rural um dos grandes

problemas atuais é o uso de agrotóxicos, também denominados produtos agrícolas e

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pesticidas que visam eliminar “pragas” que diminuem a produção de alimentos.

Mesmo com o estudo destes produtos, que tem por objetivo um impacto menor sobre

o meio, a utilização de forma inadequada de recursos vem causando um grande

impacto sobre a fauna, flora, água e solo, e consequentemente criando riscos para a

saúde dos seres humanos. (LIMA, 2018, s.p.).

No meio urbano, uma das maiores preocupações se refere à poluição do ar, capaz de

ocasionar diversas doenças respiratórias, cardíacas e vários tipos de câncer, causadoras de

inúmeras internações e óbitos anualmente. Ainda conforme Lima (2018):

Um dos fatores importantes na questão da saúde ambiental é a sua relação com as

mudanças do clima que resultam em um ambiente com temperaturas elevadas e baixa

umidade do ar. Fatores que segundo pesquisas causam impacto na saúde humana,

influenciando em problemas psicológicos, ocasionando alterações do sistema imune,

sobrecarga renal e problemas cardíacos dentre outros. Em um ambiente urbano a

principal causa de males a saúde humana ainda é decorrente de crimes ambientais,

gerados por indústrias, que causam impacto no solo por meio de descarte inadequado

de resíduos, no ar, quando não ocorre a devida utilização de filtros, em chaminés, e

na água quando produtos são lançados em esgotos, córregos e rios sem o devido

tratamento. (LIMA, 2018, s.p.).

A influência exercida pelos parâmetros ambientais sobre a saúde humana tem sido

objeto de diversos atos normativos e estudos, em uma busca de controlar os graves efeitos

decorrentes de décadas de uma descontrolada emissão de poluentes. Isso porque, considerando-

se os elevados índices de qualquer parâmetro ambiental, há o comprometimento do equilíbrio,

ocasionando danos à saúde humana.

Vários poluentes são encontrados na atmosfera. Dentre estes os mais prejudiciais à

saúde humana são: aldeídos (RCHO), dióxido de enxofre (SO2), dióxido de nitrogênio (NO2),

hidrocarbonetos (HC), material particulado (MP), monóxido de carbono (CO), ozônio (O3) e

poluentes climáticos de vida curta (PCVC). Todos eles têm relação com danos à saúde

(MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2019). No entanto, "entre os associados a desfechos

respiratórios, destacam-se o dióxido de enxofre (SO2), ozônio (O3) e o material particulado

com diâmetro aerodinâmico menor que 10 µm (PM10)" (NASCIMENTO et al, 2006).

Os parâmetros ambientais afetam a saúde humana. Para melhor entendimento de

como este fenômeno é importante compreendes interação dos elementos que

determinam e integram a saúde em relação aos fatores ambientais, como a geografia,

clima, trabalho, alimentação, educação, habitação, cultura e valores éticos, há ainda a

capacidade e potencialidade de cada indivíduo, em seus aspectos físicos, fisiológicos,

psicológicos, sociais, entre outros. Esses elementos, em conjunto, dão a condição do

que podemos chamar de bem-estar, felicidade ou, traduzidos numa concepção mais

conhecida, um completo estado de saúde. Compreender estes fatores permite atenuar

os impactos no que tange a injustiça social em torno do meio ambiente e seus conflitos.

(NASCIMENTO et al., 2006).

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De acordo com a agência de proteção ambiental dos EUA (US EPA), o material

particulado consiste em “uma mistura de partículas de diversos substancias, sendo todas cerca

de cinco vezes mais finas que um fio de cabelo ou mesmo menores que gotículas de substâncias

líquidas” (US-EPA apud RESENDE, 2007, p. 41). A depender de seu diâmetro, podem ficar

retidas na parte superior do sistema respiratório ou, no caso das partículas mais finas, podem

atingir os alvéolos pulmonares e, eventualmente, a corrente sanguínea.

Além disso, o material particulado

É classificado de acordo com o seu tamanho em partículas com até 30 µm de diâmetro;

partículas com diâmetro inferior a 10 µm (MP10), as quais são inaláveis, alcançando

as vias aéreas superiores; partículas com diâmetro inferior a 2,5 µm (MP2,5), que

alcançam vias aéreas inferiores, chegando ao interior dos pulmões até as estruturas

alveolares; e partículas com diâmetro menor que 10 nm (MP0,1) que podem

ultrapassar o alvéolo e atingir os vasos sanguíneos (WORLD HEALTH

ORGANIZATION, 2005, p. 7 – tradução livre do espanhol).

As partículas inaláveis com dimensões inferiores a 10 µm, são as mais relacionadas com

problemas de saúde ambiental, sendo que estudos comprovam seus impactos, ainda que a

exposição prolongada se dê em níveis toleráveis do material (GOMES et al, 2013). No entanto,

cabe ressaltar que, apesar de partículas finas e ultrafinas serem mais relacionadas aos problemas

respiratórios, material sedimentar maior que 10 µm também é capaz de impactar a saúde

(VALLACK & SHILLITO, 1998).

Analisando-se individualmente os compostos químicos, tem-se que o Dióxido de

enxofre (SO2), por sua alta solubilidade, afeta sobremaneira o aparelho respiratório, gerando,

individualmente, irritação, bem como o surgimento e agravamento de doenças respiratórias

(YAMAGATA & DAMATO, 1993). Quanto ao monóxido de carbono (CO), seu impacto na

saúde correlaciona-se com sua alta capacidade de combinar-se com a hemoglobina, formando

a carboxi-hemoglobina, fazendo com que a capacidade de transporte de oxigênio no sangue seja

reduzida. Em experimentos, tem-se comprovado que mesmo baixos índices de CO são capazes

de influenciar negativamente na capacidade respiratória (DERISIO, 2017). Oxidantes

fotoquímicos, assim denominados os poluentes secundários decorrentes da reação de

hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio catalizadas pela luz solar, tem como principal

componente o ozônio (O3). "Essa substância química pode atingir as porções mais profundas

dos pulmões, causar inflamação, obstrução e diminuição da função pulmonar" (ARBEX et al,

2006). Por fim, Dióxido de nitrogênio (NO2), característico por sua baixa solubilidade e por

ser originário da queima de combustíveis a temperaturas altas, se mantém íntegro no interior

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do aparelho respiratório, possibilitando a ocorrência de câncer e causando sintomas análogos

aos do enfisema pulmonar (BRASIL, 2020).

Outro importante aspecto da saúde ambiental refere-se à poluição acústica ou sonora. O

ruído é conhecido como o poluente esquecido, por ter sido dispensada menor preocupação pelos

órgãos responsáveis.

De acordo com a Associação Brasileira para a Qualidade Acústica – PRÓ ACÚSTICA

(2014):

No ambiente urbano, o conjunto de todos os ruídos provenientes de inúmeras fontes

sonoras, tais como meios de transporte, atividades de lazer, obras, indústria, e etc,

causam o que vem sendo definido como poluição sonora, ou seja, uma sobreposição

de sons indesejáveis que provocam perturbação. Além dos danos à audição causados

pelo ruído, como a perda auditiva e o zumbido, existem também os efeitos extra

auditivos, tais como perturbação e desconforto, prejuízo cognitivo (principalmente em

crianças) e doenças cardiovasculares. (PRÓ ACÚSTICA, 2014, s.p.)

Ressalta-se o entendimento de que o ruído pode gerar impactos à saúde mesmo que a

pessoa esteja dormindo.

Sabe-se que as pessoas percebem, avaliam e reagem aos sons (ruído)

mesmo quando estão dormindo. Por este motivo, o organismo pode

reagir ao ruído com aumento da produção de hormônios, elevação do

ritmo cardíaco, contração dos vasos sanguíneos, entre outras reações”,

Se a exposição ao ruído ocorrer por longo tempo, estas reações podem

se tornar persistentes e afetar o organismo e a saúde como um todo"

(PRÓ ACÚSTICA, 2014, s.p.).

Contudo, inúmeros estudos permitiam a criação de normas e legislações que permitem

a detecção e o controle destes parâmetros de forma a eliminar e/ou minimizar seus impactos a

saúde humana.

2.7 Impacto de Vizinhança

O termo Impacto de vizinhança tratado, vem demostrar com clareza o objetivo desta

dissertação. Conforme Rolnilk et al. (2001, p.198), este termo é usado para descrever impactos

locais em áreas urbanas, como sobrecarga de sistemas rodoviários, saturação de infraestrutura

(como redes de drenagem de águas pluviais e de esgoto), mudanças no microclima devido ao

sombreamento, aumento da frequência de inundações devido à impermeabilização das estradas

e força do solo etc.

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As leis de planejamento urbano e as diretrizes de zoneamento urbanos são importantes

ferramentas da política pública, mas não são suficientes para medir os interesses privado dos

empresários e investidores e os direitos da população urbana que vivem ou transitam em seu

entorno.

A compreensão das limitações dessas e de outras ferramentas de planejamento e gestão

ambiental urbana (como padrões de ruído) fez com que planejadores urbanos e outros

profissionais propusessem métodos específicos de avaliação de impacto ambiental adequados

para projetos arquitetônicos de construção e impactos urbano. O conceito foi adotado pelo

Estatuto da Cidade, que lhe dedica três artigos:

Art. 36 – Lei municipal definirá os empreendimentos e atividades provadas ou públicas em área

urbana que dependerão de elaboração de estudo prévio de impactos de vizinhança para obter as

licenças ou autorizações de construção, ampliação ou funcionamento a cargo do Poder Público

municipal;

Art. 37 – O Estudo de impacto a vizinhança será executado de forma a comtemplar os efeitos

positivos e negativos do empreendimento ou atividade quanto à qualidade de vida da população

residente na área de sua proximidade, incluindo a analise, no mínimo, das seguintes questões:

I – Adensamento populacional;

II – Equipamentos urbanos e comunitários;

III – Uso e ocupação do solo;

IV – Valorização imobiliária.

V – Geração de trafego e demanda por transporte público;

VI – Ventilação e iluminação;

VII – Paisagem urbana e patrimônio natural e cultural.

Parágrafo único. Dar-se-á publicidade aos documentos integrantes do EIV, que ficarão

disponíveis para consulta, no órgão competente do Poder Público municipal, por qualquer

interessado;

Art. 38 – A elaboração do EIV não substitui a elaboração e a aprovação do estudo prévio de

impacto ambiental (EIA), requeridas nos termos da legislação ambiental (Lei nº 10.257, seção

XII – do estudo de impacto de vizinhança). (ESTATUTO DA CIDADE, 2008)

Para os itens a seguir, será feita uma revisão bibliográfica, com o objetivo de enfatizá-

los, pois estes são fundamentais para o entendimento do trabalho. Dando desta forma,

fundamentos e conhecimentos necessários a quem venha consultar este trabalho para fins

acadêmicos ou práticos.

2.8 Injustiça Ambiental

O próprio conceito de justiça inclui análise, condensação e busca de superação de

conflitos a partir da relação entre a injustiça social e o meio ambiente. Seu conteúdo mais

decisivo é modelo de desenvolvimento e paradigma de civilização são suas origens.

(HAESBAERT, 2004).

No entanto, para se abordar a injustiça ambiental, faz-se necessário uma análise

correlacionada com o conceito de "racismo ambiental".

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No final dos anos 1970, a ideia de racismo ambiental não nasceu, não acidentalmente,

entre os negros americanos, enquanto a conquista dos direitos civis ainda estava em pleno

andamento. Entre 1978 e 1982, houve vários protestos contra a deposição de lixo tóxico no

condado de Warren, Carolina do Norte, EUA. Todo o processo levou à descoberta de três

aterros sanitários. A maioria desses aterros está localizada no sudeste dos Estados Unidos, e

com uma estranha coincidência: eles estão todos localizados em bairros onde vivem negros,

embora representem apenas 25% da população nesta área. Naquela época, surgiu o nome

"racismo ambiental", utilizado, inicialmente, pelo negro pastor Benjamin Chavis e adotado pelo

movimento. Para conquistar grandes ONGs brancas e ser aceito na faculdade, ele passará por

uma transformação: será rebatizado de "Movimento pela Justiça Ambiental". Em qualquer caso,

devemos concordar com Robert Bullard: “em resposta às iniquidades ambientais, ameaças à

saúde pública, proteção desigual, constrangimentos diferenciados e mau tratamento recebido

pelos pobres e pessoas de cor” (BULLARD, 2004, p. 57).

As injustiças sociais e ambientais não só têm uma origem comum, mas também se

complementam. É esta lógica que, por um lado, agrava a degradação de algumas pessoas e

proporciona lucros abusivos a outras de diferentes formas. É precisamente por causa do modelo

de desenvolvimento cada vez mais exclusivo que as autoridades optaram por não cumprir, ou

pelo menos negligenciar a lei, o trabalho e o meio ambiente, por meio de subsídios ou redução

de impostos para atrair empresas, mesmo que prejudiciais ao meio ambiente, às comunidades

do entorno e aos próprios trabalhadores. Em troca do desenvolvimento de seus governos

estaduais e municipais, muitos agentes públicos aceitaram a implementação de empresas que

reduzem a qualidade ambiental por meio de suas operações, poluem o solo, a água e o ar, usam

os recursos naturais de qualquer forma, e muitos As cidades não têm contrapartida tributária,

por concedem benefícios fiscais há muitos anos. Mas não é apenas o governante que obedece a

essa lógica imoral. Diante da crescente ameaça de desemprego, muitos trabalhadores acabaram

aceitando empregos perigosos para si próprios, suas famílias e comunidades vizinhas. A

pobreza absoluta levou a uma espécie de viagem no tempo até o final do século XVIII ao início

do século XIX, e trouxe o trabalho contemporâneo a um padrão que foi superado pela conquista

social. As pessoas sucumbem ao mercado.

É praticamente impossível determinar a fronteira entre o fim dos problemas sociais e o

início dos problemas ambientais, porque na maioria dos casos eles tendem a se penetrar. Porém,

não é assim que a maioria das pessoas que participam das lutas sociais que existem na sociedade

brasileira enfrenta a realidade que nos cerca.

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Quando se trata de justiça ambiental, o conceito de "sociedade" está implícito na

expressão e é inerente à própria natureza da justiça. A Rede Brasileira de Justiça Ambiental

(cuja secretaria executiva é o projeto "Brasil Sustentável e Democrático") declarou em 2001

por meio de seu manifesto:

Entendemos por injustiça ambiental o mecanismo pelo qual sociedades desiguais, do

ponto de vista econômico e social, destinam a maior carga dos danos ambientais do

desenvolvimento às populações de baixa renda, aos grupos sociais discriminados, aos

povos étnicos tradicionais, aos bairros operários, às populações marginalizadas e

vulneráveis. (MANIFESTO DE LANÇAMENTO DA REDE BRASILEIRA DE

JUSTIÇA AMBIENTAL, 2001).

O atual modelo de desenvolvimento está subordinado e explora e requer melhores

alternativas. Defender uma forma justa e um novo modelo de desenvolvimento ambiental e

social, livrar-se do preconceito e pavimentar a ideia de democracia e cidadania plena para todo

o povo, temos a responsabilidade de considerar essa cosmovisão e construção moral.

Conforme descrito por Acselrad (2002),

[...] dentre os fatores mais presentes na desigualdade ambiental estão: a

disponibilidade de terras baratas em comunidades de minorias e suas vizinhanças, a

falta de oposição da população local, seja por fraqueza organizativa ou por carência

de recursos políticos, típicas das comunidades de minorias; pela ausência de

mobilidade espacial das minorias em razão de discriminação residencial e, por fim, a

sub-representação das minorias nas agências governamentais responsáveis por

decisões de localização dos rejeitos. (ACSELRAD, 2002, p. 53)

Em outras palavras, os comportamentos discriminatórios das forças de mercado e

agências governamentais concorrem de forma clara para causar desigualdade ambiental. A

viabilidade da distribuição desigual dos riscos tem sido constatada nas chamadas fragilidades

políticas dos grupos sociais em áreas onde se localizam instalações perigosas, sendo as

comunidades comprometidas pela falta de conhecimento, sem se atentar para problemas

ambientais. O consultor expressou a natureza científica da resistência da população às fontes

de risco.

Por um lado, se se souber que o mecanismo de mercado causará desigualdade ambiental

- o menor custo de localização de resíduos tóxicos aponta para as áreas onde vivem os pobres -

o discurso do movimento não vai parar. Por outro lado, há que se considerar que a omissão do

papel das políticas públicas acabará por beneficiar o mercado Conduta imprópria.

Na prática, desafiando a hipótese do plano de modernização ecológica e a teoria da

sociedade de risco, a luta do movimento pela justiça ambiental constitui, portanto, uma espécie

de luta fluida. Através dessa luta, a desigualdade ambiental continua a se formar, e com o passar

do tempo, à medida que os perigos e as populações mudam sua distribuição espacial e

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visibilidade, o capital perderá em grande parte seu poder contemporâneo. Por exemplo,

governos locais e sindicatos trabalhistas - e por meio de locais de chantagem, Regulamentações

governamentais urbanas ou ambientais e conquistas sociais a serem revogadas.

Visto que por sua maior mobilidade, o capital especializa gradualmente os espaços,

produzindo uma divisão espacial da degradação ambiental e gerando uma crescente

coincidência entre a localização de áreas degradadas e de residência de "classes ambientais",

dotadas de menor capacidade de mobilidade. Os grupos sociais que resistem a esta divisão

espacial da degradação ambiental dificultam, consequentemente, a rentabilização esperada dos

capitais, ao reduzir para estes a liberdade de escolha local e o índice de mobilidade de seus

componentes técnicos.

À medida que o capital vai se especializando no espaço devido à sua maior mobilidade,

resulta em uma divisão espacial de degradação ambiental e cada vez mais sobreposição entre a

localização da área degradada e a residência da “classe ambiental”, que se dá. Menos

mobilidade. Grupos sociais que resistem à divisão espacial dessa degradação ambiental

dificultam o retorno esperado do capital

Deve-se destacar que a luta pela justiça ambiental apresenta obstáculos organizados ao

estabelecimento de indústrias poluidoras e políticas de incentivo irregulares, por outro lado,

enfatiza a necessidade de direcionar os recursos públicos para o aumento do capital do espaço

urbano. Seus benefícios refletem diretamente na qualidade de vida da população e do espaço

urbano.

2.9 Conflitos Ambientais

O uso da categoria conflito se tornou notório com a obra de Karl Marx a partir das

análises entre capital e trabalho como reprodutor das classes sociais e todos os litígios

persistentes até hoje.

Entretanto, naquela época o processo da industrialização estava apenas começando e

não assumiam a dimensão ambiental planetária que hoje presenciamos. O trabalho nas suas

diferentes formas nas sociedades é o meio que torna a humanidade dependente da natureza, é

por tanto um mediador de relações objetivas e simbólicas tão intrínsecas e ao mesmo tempo

causadoras do abismo entre humanos e natureza. Justamente o antropocentrismo instaurado

secularmente nas mais diferentes sociedades é que exacerbou o caráter de dominação da

natureza sob diferentes contextos e formas. Podemos definir os conflitos socioambientais como

disputas entre grupos sociais derivadas dos distintos tipos de relação que eles mantêm com seu

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meio natural. O conceito socioambiental engloba três dimensões básicas: "o mundo biofísico e

seus múltiplos ciclos naturais, o mundo humano e suas estruturas sociais, e o relacionamento

dinâmico e interdependente entre esses dois mundos. (LITTLE, 2001, p. 107).

Os conflitos socioambientais podem ser percebidos como relacionais porque envolvem

disputas de uso e interesse do ambiente por alguns que passa a se tornar uma mercadoria, de

difícil ou até mesmo impossível quantificação. Quanto custa uma montanha? Um rio? Ou uma

floresta? Cada qual com um significado e percepção ambiental diferente, porque também

possuem um valor simbólico para determinada comunidade, tribo ou indivíduo.

Os diferentes usos geram conflitos, que podem ou não ser estruturalmente

antagônicos. Os conflitos ambientais não são estruturalmente antagônicos quando

dizem respeito a disputas entre iguais e/ou quando ficam contidos em uma dada escala

ou dimensão geográfica. Os conflitos pela verdade ambiental podem ser não-

estruturalmente antagônicos (definir o grau de toxicidade de uma substância ou sua

área de atividade, divulgar tais informações), enquanto que o conflito por valores

sempre o é ( o sentido religioso do mundo versus o sentido econômico; a definição

dos problemas ambientais como ligados à escassez ou às escolhas). [...] O meio

ambiente é assim o veículo de transmissão de impactos indesejáveis, disseminados

pela água, pelo ar, pelo solo e pelos sistemas vivos. A luta simbólica, no caso, diz

respeito à confrontação das representações, valores, esquemas de percepção e ideias

que organizam as visões de mundo e legitimam os modos de distribuição do poder

sobre os recursos. (HERCULANO, 2006, p. 6)

A ambientalização, portanto, trata-se de um processo histórico do qual, assim como

outros que com ele se assemelham, decorrem transformações em diversos aspectos da vida das

pessoas, tais como mudanças em seu trabalho, lazer e comportamento. Tais mudanças são

consequência de alguns fatores sobre os quais teceremos breves comentários.

2.9.1 O crescimento institucional

Nesse ponto, merecem ser destacadas a criação de diversas instituições voltadas para

novas atividades. Como ponto de partida, toma-se a Conferência da ONU sobre o Meio

Ambiente (Estocolmo, 1972). Apesar de o governo brasileiro ter se posicionado contrariamente

ás preocupações ambientais nela expostas, devido a um receio de ocorrer um cerceamento da

industrialização levada a cabo no país desde as décadas de 30 e 40 e fomentada pelo regime

militar então vigente, que então se encontrava em pleno milagre econômico, não deixou de criar

uma secretaria do meio ambiente vinculada ao ministério do interior em 1973.

A SEMA foi idealizada buscando refletir a demanda de uma minoria que visava um

maior controle ambiental pelo governo brasileiro, sem olvidar a necessidade de garantias

ambientais necessárias para a capitação financeira internacional que as exigiam.

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Da mesma forma, buscando dar vazão a objetivos profissionais de engenheiros e

técnicos que buscava ampliar sua área de atuação por meio de novas concessões teóricas e

administrativas, são criadas, em 1974, em São Paulo, e 1975, no Rio de Janeiro, a CETESB e a

FEEMA, respectivamente. Em decorrência, surge a figura do licenciamento ambiental, em

atividades que possam causar impactos sobre a natureza, patrimônio público e saúde,

especificamente aquelas industriais, obras de construção civil e serviços.

É elaborada, também, a SLAP (Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras),

no âmbito da Feema. Trata-se de um catálogo que prescreve os limites tolerados em atividades

técnicas produtivas, tomando como base a experiência da EPA - Environmental Protection

Agency, espécie de agência reguladora ambiental estadunidense. A SLAP foi instituída por

decreto estadual em 1977, e em 1979 é publicado o Manual do Meio ambiente, unificando e

sistematizando a normativa existente.

Aqui parece haver uma reconversão de engenheiros sanitaristas (e de

engenheiros químicos e industriais) para uma concepção mais ampla da

profissão, junto com a criação progressiva de novas especialidades de

profissões anteriores, tais como os economistas e os juristas ambientais

- sem falar nos biólogos e geógrafos e, depois, na saúde pública. Além

das novas instituições criadas, o caráter totalizante da problemática

ambiental ajudaria, nesse sentido, às revalorizações profissionais. A

partir dos anos 1960 a ecologia deixou as faculdades de biologia das

universidades e migrou para a consciência das pessoas. O termo

científico transformou-se numa percepção do mundo (SACHS, 2002

apud LOPES, 2006, p. 38).

No entanto, o avanço normativo não foi uniforme no território nacional, tendo em vista

que sua federalização por meio de resoluções do CONAMA só se daria cerca de duas décadas

depois, nos anos de 1996 e 1997. De acordo com Lopes (2006, p. 38), “todo o trabalho de

construção institucional em torno do meio ambiente está permeado por conflitos sociais entre

diferentes grupos sociais desiguais relativamente aos meios e aos efeitos de poluição; e entre

diferentes grupos militantes ou técnico-administrativos”.

Ainda sobre a égide do regime militar, é promulgada a Lei Federal nº 6.938/81, que

"dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e

aplicação, e dá outras providências", institucionalizando a matéria ambiental em âmbito federal,

criando a secretaria de meio ambiente (SEMA) subordinada a presidência da república, o

conselho nacional do meio ambiente (órgão consultivo e deliberativo) e o IBAMA. “Constitui-

se no nível federal aquilo que vinha se estabelecendo no nível dos estados, como São Paulo,

Rio de Janeiro, Minas Gerais e outros, e são criados mecanismos de articulação federal em um

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sistema nacional de meio ambiente. As demandas institucionais de ambientalistas e técnicos

envolvidos na administração ambiental ganham força” (LOPES, 2006, p. 39).

Como decorrência dos debates gerados pelos movimentos de redemocratização,

intensificados nas eleições diretas em âmbito municipal e estadual ocorrida em 1982, é

sancionada a Lei Federal nº 7.347/85, que "disciplina a ação civil pública de responsabilidade

por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valores artísticos,

estéticos, históricos, turísticos, paisagísticos". Essa lei objetiva que “associações privadas,

ONGs e Ministério Público, sem prejuízo das ações populares, possam entrar com ações na

justiça contra as fontes que causem danos ao ambiente e ao consumidor, assim como a valores

artísticos, históricos, turísticos e paisagísticos” (LOPES, 2006, p. 40). Trata-se do início efetivo

da construção do microssistema jurídico coletivo.

No ano seguinte, é instituída pelo Conama uma política nacional de avaliação de

impactos ambientais, que previa a exigência de estudos e audiências públicas para a concessão

de licenças ambientais para atividades que tenham um potencial poluidor. Nesse sentido, são

instituídos o EIA-RIMA, com a classificação das atividades sujeitas ao licenciamento

ambiental.

Em 1988, é promulgada a atual Constituição Federal, com importante capítulo tratando

sobre meio ambiente, constitucionalizando pela primeira vez o tema. Reforçam-se as leis da

Política Nacional do Meio Ambiente e da Ação Civil Pública, bem como cria-se um paradigma

interpretativo e normativo para maiores avanços na tutela dos conflitos ambientais.

Em 1992, é realizada nova Conferência sobre Meio Ambiente da ONU, desta feita na

cidade do Rio de Janeiro, conhecida como Eco-92 ou Rio-92. Com um centro tão relevante de

discussões ambientais trazido para o território brasileiro, surgem importantes debates em toda

a sociedade, incluindo ONGs não especializadas, associações de moradores, empresas, salas de

aula, entre outros. Da mesma maneira, diversas ONGs especializadas na questão ambiental são

criadas naquele contexto.

Em relação à própria conferência, destacam-se o comprometimento dos Estados com a

Agenda 21, um documento que previa “objetivos, atividades e considerações sobre meios de

implementação, de planejamento de uma cooperação internacional e de ações nacionais e locais

em vista do desenvolvimento, do combate à pobreza e da proteção ao meio ambiente. Tal

documento repercute no interior de países signatários, como é o caso do Brasil, o governo

federal desencadeando um processo de feitura de uma Agenda 21 brasileira, convocando

especialistas, ONGs e outras entidades para uma elaboração coletiva, governos estaduais

fazendo processo similar e governos municipais ou consórcios locais também realizando

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planejamentos locais. O Ministério do Meio Ambiente dispõe de um fundo para financiar

projetos locais de Agenda 21 para os quais os municípios concorrem apresentando propostas”

(LOPES, 2006, p. 40).

Por fim, o último marco legal relevante aqui exposto trata-se da Lei de crimes

ambientais (Lei nº 9.605/98), que tipificava diversas condutas lesivas ao meio ambiente como

crimes, prevendo sanções, inclusive, para pessoas jurídicas que as praticassem.

2.9.2 Os conflitos sociais e a criação leis

É imprescindível salientar a importância de conflitos ambientais para a instituição de

normas protetivas ao meio ambiente, tanto na elaboração de leis, quanto na mudança de hábitos

(costumes). Dentre os casos mais marcantes, ressaltam-se dois que contribuíram de maneira

clara para a promulgação de leis federais. O primeiro se refere ao conflito quanto à fábrica de

cimento na cidade de Contagem, no ano de 1975, que culminou no fechamento da fábrica por

altos índices de emissão de efluentes atmosféricos (material particulado) e deu ensejo à

elaboração da lei ante poluição no mesmo ano. Outro caso, que tomou proporções

internacionais, foi o nascimento de crianças com anencefalia (com má ou sem formação

cerebral) em decorrência da poluição na cidade de Cubatão, o que acarretou em cobranças de

medidas enérgicas ao governo, auxiliando na promulgação das leis federais já mencionadas, em

1981 e 1985, bem como a resolução do CONAMA de 1986.

2.9.3 O meio ambiental como fonte de argumentação nos conflitos

Conforme o exposto, a questão ambiental se mostra relevante em diversos aspectos

sociais, se internalizando no cotidiano das pessoas e sendo relevante em várias esferas da

sociedade. No âmbito jurídico, a partir da Lei da Ação Civil Pública, surge um novo

microssistema denominado como direito coletivo. Reúnem-se temas aparentemente desconexos

entre si, tais como o direito ao meio ambiente, direito do consumidor, e a proteção de bens de

valor estético, histórico, turístico e paisagístico, tendo em vista que tais matérias possuem em

comum uma pluralidade de sujeitos buscando ter seus interesses tutelados. Trata-se,

eminentemente, da judicialização de demandas coletivas em uma única ação, objetivando uma

sustentabilidade em tais direitos. Quanto ao ensino, a educação ambiental trata-se de nova

disciplina transversal e obrigatória nas escolas (Lei nº 9.795/99). Nas empresas, surge a

relevância das gerências ambientais no que toca à produção, incluindo a auto regulação

empresarial nacional e internacional. Algumas expressões dessa regulação são os selos

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ambientais e as normativas tais como a ISO 9.000 e ISO 14.000. Essas novas exigências que se

convertem em parâmetros de avaliação contribuem diretamente para uma nova forma de exercer

a atividade empresarial.

Além de tais esferas trazidas a título de exemplo, em diversos outros espaços de

discussão na sociedade, tais como em associações de moradores, conselhos municipais,

sindicatos, entidades de classe e outros, o tema do meio ambiente aparece como tangente aos

assuntos ali debatidos, sempre influenciando na pauta e trazendo relevante contribuição para as

decisões tomadas. Muitas das vezes, terminologias ambientais são apropriadas por grupos

populares (operários, população pobre atingida ou vulnerável, agricultores, dentre outros) de

forma criativa, embora muitas das vezes a técnica possa estar fora de sua esfera habitual de

atuação, como argumento para se engrandecerem mediante eventuais discordantes. Nesse

sentido, corrobora LOPES (2006):

Assim, através da questão do controle da poluição industrial, como um dentre vários

problemas ambientais, remonta-se à importância crescente da questão pública do

meio ambiente. Tal questão relaciona-se com transformações do Estado, na sua forma

de operar, propondo formas de gestão participativa. Também no mundo das empresas

há lutas sobre novas formas de produzir e gerir relativamente ao meio ambiente e aos

empregados (considerar, por exemplo, os conceitos de responsabilidade social

corporativa e de balanço social). Se relaciona também com a interiorização, no

comportamento das pessoas, de novas práticas e normas de conduta relativamente a

esse novo domínio do "meio ambiente". Nesse domínio aparecem disputas entre

diferentes experts (engenheiros, químicos, advogados, médicos, biólogos, geógrafos,

e outros, inclusive cientistas sociais), e entre experts e leigos. E, dentre os leigos,

como dentre as populações "pobres" e "vulneráveis", aparecem apropriações criativas

e novas formas de associatividade em torno das questões socioambientais. (LOPES,

2006, p. 49).

Tomando como base os fatores acima o presente trabalho busca analisar os processos

de construção dos problemas ambientais em conflitos socioambientais especificamente

relacionados aos possíveis passivos ambientais da poluição atmosférica e acústica, gerados por

uma indústria siderúrgica localizada no Município de Betim/MG.

2.10 Zona de Amortecimento

Em áreas estabelecidas em torno de reservas naturais, as atividades humanas devem

obedecer a regras e restrições específicas para minimizar os impactos negativos nas reservas

naturais, com o objetivo de filtrar os impactos negativos de atividades humanas, como ruído,

poluição, espécies invasoras, desenvolvimento da ocupação, especialmente em unidades

próximas a áreas densamente povoadas. Nesse sentido, surgem as zonas de amortecimento.

Conforme escrito por Ribeiro et al. (2010):

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As zonas de amortecimento não fazem parte das UCs, no entanto, localizadas no seu

entorno, têm a função de proteger sua periferia, ao criar uma área protetiva que não

só as defende das atividades humanas, como também previnem a fragmentação,

principalmente, o efeito de borda. A borda da área protegida é uma área sensível a

uma gama de efeitos degradadores, o que a torna mais vulnerável a quaisquer

alterações físicas (maior penetração do sol e do vento), químicas (luminosidade e

umidade do solo) e biológicas (mudanças na interação entre as espécies). Uma

ocorrência comum nas zonas limítrofes de áreas naturais, suas fronteiras acabam

expostas e, por consequência, se tornam mais frágeis a condições que influenciam

negativamente a estabilidade e o equilíbrio do ecossistema. (RIBEIRO et al., 2010, p.

9).

Não são apenas os fatores ecológicos que dizem respeito ao entorno da unidade de

proteção. Por não avaliar as consequências de suas ações, as atividades humanas realizadas nas

proximidades da área protegida afetam seriamente seus atributos. Portanto, a mera criação de

uma UC que apenas fixe os limites da atividade humana dentro do seu âmbito legal não é

suficiente para atingir o objetivo da proteção.

Definida pelo art. 2º da Lei do SNUC (BRASIL, 2000), como “o entorno de uma

unidade de conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições

específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade”, as zonas de

amortecimento se prestam como uma barreira que garanta a efetividade do Sistema Nacional

das Unidades de Conservação, fazendo com que não haja, de fato, impactos negativos gerados

ao ecossistema pelas atividades humanas.

Nesse sentido, “como a própria definição legal deixa transparecer, “a finalidade da zona

de amortecimento consiste na contenção dos efeitos externos que possam de alguma maneira

influenciar negativamente na conservação da unidade” (INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL,

2014). Desta forma, embora a área de amortecimento não preveja claramente o propósito de

proteger o reflexo ecológico causado pelo meio em volta, a área de amortecimento tem como

objetivo minimizar as consequências dos efeitos de borda comum na área de limite,

estabelecendo gradativamente o isolamento entre o meio regional. Áreas protegidas e

adjacências e medidas para evitar que as atividades humanas afetem negativamente a

manutenção da biodiversidade.

Para esta pesquisa, trataremos área de amortização com o mesmo sentido, mas aplicado

à comunidade local, sendo uma área de conservação com o objetivo de filtrar os impactos

negativos das atividades que ocorrem dentro das áreas indústrias, como ruídos, poluição

atmosféricas, vibrações, iluminação excessiva e outros impactos inerentes ao processo

produtivo próximos as áreas de ocupação humana. A área de amortização proposta nesta

pesquisa entrará com plano de minimização dos possíveis impactos ambientais provocados

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pelas indústrias, com o objetivo reduzir os riscos gerados as comunidades circunvizinhas as

indústrias.

2.11 Sistema clima urbano

A poluição ambiental é um tema amplo, não só pelos efeitos destrutivos sobre as

características naturais do meio ambiente, mas também principalmente pelos efeitos nocivos à

saúde da população, ao patrimônio e ao meio ambiente. Sua complexidade vai além da

compreensão da dinâmica dos processos físicos e químicos e está intimamente ligada ao mundo

da tecnologia, ciência e política. Portanto, para resolver este problema, devemos reconhecer os

atores sociais e seus projetos que utilizam os recursos naturais.

Desde o nascimento do nosso planeta, o ar está poluído. Mas confie em preparações

naturais. O que está acontecendo hoje é que o ambiente natural está poluído (seja devido a

erupções vulcânicas, etc.) porque fábricas e indústrias agravaram esse problema. O problema é

que, desde o início da revolução industrial, as emissões de dióxido de carbono na atmosfera

aumentaram dramaticamente. Fábricas e indústrias usam carvão e petróleo para gerar

eletricidade. Com o avanço da tecnologia, o petróleo também passou a ser utilizado como

matéria-prima e fonte de combustível para diversos sistemas de transporte.

Existe uma relação estreita entre a poluição do ar e a saúde humana. O relatório de

pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado em 25 de março de 2014 estimou

que que houve cerca de 7 milhões de mortes em todo o mundo em 2012 devido à exposição à

poluição do ar, um oitavo do total de mortes no mundo, sendo relevante tanto no meio urbano

quanto no rural.

Para poluição ambiental geral, especialmente poluição atmosférica, vários métodos

podem ser adotados, mas a perspectiva espacial aqui é digna de atenção. Neste caso, a

prioridade é dada à relação entre espaço e poluição, o que o tornará uma solução geográfica

para o problema. Mais especificamente, pretende situar esta investigação no âmbito da poluição

urbana e compreender a sua dinâmica na interface entre o espaço urbano e a atmosfera.

Os problemas de poluição ambiental podem ser analisados aplicando-se dois princípios

básicos de formação da poluição ambiental: a correlação entre distribuição espacial e poluição,

local urbano, densidade populacional, função urbana, ritmo dos tipos de tempo e condições

climáticas.

Partindo deste princípio, Monteiro (1976, p.95) em sua tese discorre sobre o Sistema

Clima Urbano (SCU). “o clima urbano é um sistema que abrange o clima de um dado espaço

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terrestre e sua urbanização”. Então “o espaço urbanizado, que se identifica a partir do sítio,

constitui o núcleo do sistema que mantém relações íntimas com o ambiente regional imediato

em que se insere”. E segue: “tanto a explosão demográfica quanto a expansão das atividades

industriais nos espaços urbanos assumem total responsabilidade no máximo impacto gerado a

partir das atividades humanas, com toda sua organização recorrente e deterioração do ambiente”

(MONTEIRO, 1976, p.95).

Na estrutura do Sistema Clima Urbano desenvolvido por Monteiro (1976), muitos

fatores contribuem para a formação do clima urbano, incluindo características naturais locais,

estrutura de uso da terra e características socioeconômicas. O autor também enfatiza que a

existência do ser humano é uma referência ao valor dos fatos geográficos no problema e no seu

comportamento. Nesse sentido, criou três canais de percepção humana por meio da pesquisa,

sendo eles (MONTEIRO, 1976, p. 128-131):

Conforto térmico: inclui componentes termodinâmicos expressos por calor, ventilação

e umidade. É considerado um filtro perceptivo muito importante porque afeta a todos

de forma permanente. É formado em climatologia médica ou tecnologia de habitação;

Qualidade do ar: A contaminação do ar, na perspectiva urbana, acaba sendo associada

a inúmeras outras formas de poluição como por exemplo: da água, do solo, da pressão

e vibração acústica, da iluminação, da radiação, entre outros. Percepção a qual está

embasada esta pesquisa e que trataremos com maior detalhe;

Meteoros do impacto: este é um resumo de todas as formas de meteoros, água (chuva,

neve, nevoeiro), mecânica (tornados) e eletricidade (tempestades), todos os quais

afetarão a vida da cidade, destruindo-a ou comprometendo-a, ressaltados os aspectos da

circulação de pessoas e dos serviços.

O aspecto tríplice assim como tratado neste estudo, advém da aglutinação no complexo

energético de elementos termodinâmicos, físico-químicos e hídricos.

Em seu artigo, o autor descreve o que é muito importante para a UCS, ou seja, expressar

quantitativamente sua estrutura em um período contínuo de tempo para que seja avaliado o grau

de desenvolvimento de sua estrutura. Neste caso, inúmeros estudos estão sendo realizados com

base nos dados reais acumulados e processados estatisticamente com o auxílio de cálculos e

softwares climáticos.

A percepção e compreensão das questões urbanas, em especial as climáticas,

desempenham um papel decisivo na qualidade do ambiente urbano, pois geram ansiedade e

expectativas. De uma perspectiva social, é extremamente importante encontrar referências de

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valores e responsabilidades sociais, de tal sorte que estabeleçam metas para a vida da

comunidade.

Como toda organização complexa, o clima da cidade admite uma visão sistêmica, com

vários graus de hierarquia funcional e diferentes níveis de resolução. Mesmo pensando que é

impossível desmembrar os estudos do clima urbano, Monteiro (1976) enfatiza em seu estudo a

necessidade de aglutinar em conjuntos, que mantendo associação intrinsecamente atmosférica

(composição, comportamento e produção meteórica) são dirigidos à percepção sensorial e

comportamental do habitante da cidade. O desmembramento utilizado por ele na análise do

clima urbano trata-se de um artifício para a comodidade da análise, por não poder ser executada

diretamente no todo.

O autor também destacou em seu artigo que a tendência natural de equilibrar o sistema

climático urbano com os diversos elementos que compõem suas características está destinada

a constituir um sistema orgânico que busca a homeostase. Devido ao crescimento desordenado

da urbanização, é difícil fazer isso, e os sistemas exacerbados por muitos produtos prejudiciais

inevitavelmente cairão na entropia. No entanto, nada pode impedir as pessoas da cidade de

intervir conscientemente para se adaptar gradualmente à meta de crescimento dos harmônicos.

Considerando essa consciência e contribuição do ser humano, muitas pesquisas estão

sendo realizadas para garantir a construção, o uso e o planejamento dos diversos elementos das

características urbanas para que o sistema não fique saturado. Por exemplo, além de formular

leis e diretrizes, as pessoas também podem pensar em novas formas de circulação e transporte,

industrialização usando tecnologias mais avançadas e planejamento para o desenvolvimento

urbano. Todas essas são adaptações formais, cujo objetivo é garantir um hipotético equilíbrio

ecológico e manter os padrões de qualidade de vida em um nível aceitável.

Na Qualidade do Ar, subsistema físico-químico descrito por Monteiro (1976), a

diversidade global não se prende à latitude nem aos insumos atmosféricos, tendo relevância ou

expressão as atividades desenvolvidas pelo ser humano, sendo diferenciada pelos graus de

desenvolvimento econômico e sua relação com o uso e a ocupação do solo"

A verificação da poluição do ar urbano requer algumas medidas preventivas. Em

primeiro lugar, a medição da qualidade do ar deve ter uma certa precisão. Ao mesmo tempo, a

fonte de poluição deve ser investigada, pois como produção humana, deve ser corrigida na fonte

de emissão do processo industrial. Os poluentes ambientais produzidos por esses processos

industriais são lançados na atmosfera. Saia em vez de atribuí-lo à atmosfera. O ar não pode

controlar seu comportamento de entrada de energia.

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Parte das medidas de controle existentes para o controle de poluentes está baseada no

uso de tecnologia e controle corretos, ou seja, penalidades por meios legais específicos. No

passado, as ações eram ineficazes, mas hoje os mecanismos punitivos tornaram-se uma

importante ferramenta para a expansão dos negócios e a disponibilização de recursos

financeiros por meio de crédito e recursos governamentais. Num organismo urbano amplo,

como uma metrópole, é essencial o conhecimento dos mecanismos de difusão do setor onde há

emissão (geração do poluente), para aqueles outros que sofreram a influência da contaminação.

Monteiro (1976) ressalta que o entendimento de mecanismos padronizados de

observação meteorológica para análises terrestres e globais não é suficiente para fazer a

correlação entre poluentes e dinâmica de difusão. Desta forma, descreve a necessidade de

compreender o clima urbano através de mecanismos específicos de calor do espaço e ventilação

urbana típica. Para o autor, "os dados de ventos das estações padronizadas, neutralizando a ação

da realidade urbana, revelam o fenômeno apenas como resposta local ao fluxo regional dos

sistemas meteorológicos. As situações de calmaria são importantes porque não só fomentam a

concentração localizada dos poluentes, como ressaltam as variações locais. A ventilação, a

partir de suas componentes intrassistêmicas, tem papel de difundir os poluentes".

Nos países em desenvolvimento, as pessoas não podem pensar em parar a evolução

industrial e prejudicar a qualidade ambiental. O mais importante é adotar um plano de

arrendamento para indústrias altamente poluentes em um ambiente que não comprometa o

entorno. Para tanto, a pesquisa em climatologia urbana pode fornecer subsídios valiosos para

terrenos industriais e fornecer moradia para terceiros.

Nessa perspectiva, Monteiro advoga sobre a relevância de tais estudos, uma vez que

muitas dessas cidades já apresentam problemas ambientais alarmantes, frutos do crescimento

desordenado e da ausência de planejamento.

Analisando o clima como elemento do planejamento urbano e como fator adjuvante no

tratamento de problemas ambientais, Monteiro (1976) discorre sobre a importância da análise

minuciosa do sítio urbano para estudos do clima nas pequenas e médias cidades, pois, quanto

menor a cidade, maior influência o sítio urbano exerce sobre seu clima.

Devido à concentração do processo de industrialização posterior, aliada ao alto custo

dos equipamentos e à falta de indicadores ambientais, a implantação da empresa na periferia da

cidade tem feito com que pessoas e pesquisadores prestem atenção à qualidade respiratória,

intensidade do ruído e outros fatores que colocam em risco a saúde humana.

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Levando em consideração este padrão, enumeras pesquisas científica interdisciplinares

sobre essas questões fornecem subsídios ao poder público na forma de soluções alternativas aos

elementos e atributos que permitem o planejamento e o desenvolvimento dos sistemas urbanos.

Além dos trabalhos nas áreas de temperatura, umidade, calor e meteorologia, é

necessário expandir as pesquisas nas áreas físicas e químicas das cidades brasileiras,

especialmente aquelas localizadas no Norte e Nordeste do país, raramente exploradas pelos

climatologistas urbanos.

O lugar de uma cidade, pelo menos para um geógrafo, não é apenas um "dado lugar"

sobre o qual se quer observar (medir elementos ou notar comportamentos da atmosfera). A

verdade é que, no domínio geográfico podemos constatar atitudes que variam de "foco" em

material de localização e padrões de morfologia urbana. Desde a fase hoje dita "tradicional"

houve preocupações com tipologias, padrões e modelos, variando entre as "determinações da

natureza sobre a localização das cidades.

O meteorologista sueco Roger Taesler, um dos notáveis na pesquisa dos climas urbanos,

ao tratar dos problemas de sua metodologia e informação (TAESLER, 1986) demonstra uma

clara percepção desse fato.

De um ponto de vista climatológico, o principal interesse e estudar o impacto da área

urbana na atmosfera. No planejamento urbano e projeto de edificação (bulding

design). O interesses maior está na direção oposta, ou seja, estudar os impactos da

atmosfera urbana nos aspectos funcionais, econômicos e de segurança do ambiente

edificado na saúde e bem-estar de seus ocupantes. Tendo identificado tais impactos,

0 que nem sempre se constitui em tarefa fácil, o próximo passo e desenvolver métodos

para modificar estes impactos. Algum sucesso limitado pode aqui ser obtido por meio

de um raciocínio qualitativo a base de experiência no trato de clima e na observância

de princípios gerais. Contudo o que e realmente necessário e uma metodologia para

um suporte quantitativo utilizando modelos de "input-output" incorporando

particularmente e o sistema afetado por este clima. 0 sistemas podem ser tidos como

os seres humanos, operações climáticas sensíveis, edifícios isolados ou a área urbana

inteira, (TAESLER, 1986, p. 201).

Em países em desenvolvimento, como o Brasil, onde a falta de planejamento constrói

formas de industrialização e de urbanização desordenadas, contribuindo para que os problemas

ambientais urbanos alcançam dimensões assustadoras. Corroborando com a citação de Roger

Taesler, este estudo visa criar informações que auxiliem no planejamento urbano e projeção de

edificações urbanas eficazes.

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3 MÉTODOS E TÉCNICAS

Este capítulo é dedicado a apresentar o percurso escolhido para se atingir os objetivos

do trabalho, bem como os métodos e as técnicas utilizadas para compor a metodologia. São

indicados os materiais e softwares utilizados na pesquisa.

Em termos metodológicos, esta dissertação tem quatro fases distintas que foram

executadas no decorrer de seus desenvolvimentos. A seguir, a estrutura e organização destas

etapas serão elucidadas.

Na primeira etapa desta pesquisa foram realizados os estudos documentais e

bibliográficos, a fim de entender a abrangência da área e do significado e importância da

qualidade do ar e acústica. Diversas fontes foram consultadas como: dados bibliográficos,

cartográficos, banco de dados, disponíveis na Internet, nas bibliotecas da PUC Minas, UFMG

e outras instituições governamentais como: CETESB, USEPA, FEAM, CONAMA, etc.

Em uma segunda fase foi realizada a seleção da indústria eleita através do estudo de

imagens, esta tomará como base a quantidade e a qualidade das informações existentes a fim

de possibilitar uma visão sistêmica, da indústria e seus impactos, da expansão urbana e seus

impactos, do plano diretor e políticas públicas do município sede deste empreendimento.

Através de levantamentos bibliográficos foram levantadas as características da área em

estudo eleita, tais como o relevo (localização do empreendimento e distância entre os

loteamentos), demografia, vegetação, atividade econômica e clima, dando destaque para a

precipitação, velocidade e direção dos ventos, fatores de extrema importância na disseminação

das poeiras.

No momento da pesquisa considerado como terceira fase foram realizados o

planejamento e a execução do trabalho de campo prévio para o conhecimento da área de estudo,

através dos levantamentos de medições metrológicas contendo os dados climáticos,

identificando os pontos e área de estudo a serem instalados os equipamentos de medição para a

determinação da concentração das partículas totais e suspensão, partículas inaláveis e ruído

ambiental in situ (comentados acima). Ainda nesta etapa, foram inseridos os dados obtidos no

trabalho de campo, utilizando os recursos disponíveis do “software” Excel, originando assim

um banco de dados, onde foram processados os monitoramentos realizados em campo.

Os dados foram organizados em tabelas, a partir das quais geraram gráficos, análise

interpretativa, para caracterizar melhor o espaço estudado, bem como a influência dos mesmos

sobre a área de estudo. Os resultados obtidos em campo serão aqui, discutidos e comparados

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com os dados disponibilizados pelas resoluções ambientais pertinentes, CONAMA 03/90 e

ABNT NBR 10.151 e Lei 10.100 de Minas Gerais.

A última etapa do trabalho, consistiu na redação final, estruturação, análises dos

resultados e conclusão. Todos as etapas descritas acima podem ser vistas de uma forma mais

simplificada no fluxograma de desenvolvimento abaixo (Figura 2).

Figura 2 - Fluxograma de desenvolvimento da dissertação

Fonte: Elaborado pelo Autor (2020).

3.1 A escolha da área de estudo

A escolha da área de estudo foi realizada tomando como base a comparação de imagens

aéreas, através do software Google Earth Pro; esta avaliação tomou como bases inúmeros

municípios cuja indústrias e a dinâmica de expansão urbana se assemelham as características

eleitas para o desenvolvimento do estudo.

Este software permitiu uma altitude de visão próxima a superfície, sendo possível

visualizar com detalhe as áreas industriais, o perímetro urbano existente e a perspectiva de

expansão urbana. A partir desta perspectiva foi possível perceber que vários municípios

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brasileiros foram formados a partir do processo de industrialização e a formação das cidades

em detrimento a necessidade mão de obra, transporte insumos voltados a estas indústrias.

3.2 Levantamento dos dados meteorológicos/climáticos

A concentração de poluentes está fortemente relacionada às condições

meteorológicas/climáticas. (CESTEB, 2020). Levando em consideração esta citação foi

utilizada nesta pesquisa ferramentas que propiciaram informações robustas que permitiram a

caracterização e análise das condições meteorológicas /climáticas da região de estudo.

No presente trabalho foram utilizados dados simulados adquiridos da Lakes

Environmental, companhia canadense, autora do software utilizado e que possui larga

experiência nesse tipo de modelagem. Os dados simulados compreendem o período de

01/01/2014 a 31/12/2018 por meio do modelo WRF4. Além disso, foi realizada a análise de

aderência a fim de assegurar a qualidade dos mesmos, embasada em dados de monitoramento

obtidos pela estação meteorológica automática de superfície instalada dentro do Campus da

Universidade Federal de Viçosa – UFV, localizada na cidade de Florestal/MG.

Os dados meteorológicos/climáticas obtidos pelos instrumentos foram levantados em

três etapas distintas, sendo:

A primeira etapa, através dos dados levantados e processados no software Lakes

Environmental, com dados simulados ente o período de 1/01/2014 a 31/2018 e Normais

Climáticas (INMET) no período de 1981 a 2010, para a definição da área de amostragem

e início dos estudos para a instalação dos pontos de monitoramento;

A segunda etapa, através do levantamento dos dados meteorológicos obtidos pela

estação meteorológica de Florestal/MG em 2018, em comparação com o relevo e as

características do sítio para confirmação dos pontos e instalação dos instrumentos;

A terceira etapa os dados foram levantados pelo Estação Florestal, administrado pelo

INMET, com a correlação dos dados meteorológicos obtidos em campo por

instrumentos portáteis de propriedade da Geoavaliar Análises e Consultorias

Ambientais, calibrados e checados pelo pesquisador no período dos monitoramentos.

Todos os dados encontrados foram tabelados e apresentados em gráficos, permitido uma

melhor visualização e interpretação das informações junto aos resultados dos parâmetros

ambientais.

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3.3 Metodologia de monitoramento e análise dos pontos de amostragens para partículas

totais em Suspensão

- Método de coleta de amostra para determinar a concentração de partículas totais em suspensão

(PTS), no ar ambiente.

O Amostrador de grandes volumes – AGV (Hi-Vol) método gravimétrico para análise

de partículas em suspensão em ambientes.

A amostragem das partículas foi realizada através de filtros constituídos de fibra de

vidro, livres de compostos orgânicos, com capacidade de retenção de 99,95% para partículas

abaixo de 3 micras.

O Hi-Vol é composto de uma casinhola/gabinete; contendo um horâmetro, controlador

de fluxo, um controlador de tempo, e um porta filtro contendo placas de orifício com diâmetros

específicos e um motor de aspiração. A metodologia utilizada no Brasil é a ABNT NBR

9547:1997.

O monitoramento da qualidade do ar é realizado por um período de 24 horas, podendo

ser interrompido uma hora antes ou passar uma hora após o termino das 24 horas, o ar ambiente

e aspirado para o interior de um abrigo, através de uma bomba, passando por um filtro de vidro

de 8” x 10”, a uma vazão de 1,1 a 1,7 m3/min e por um período de 24 horas corridas (cerca de

2.000 m3/dia).

O material particulado é retido no filtro. Um medidor de vazão registra a quantidade de

ar seccionada. A concentração de partículas em suspensão no Ar ambiente (mg/nm3), após a

retirada da amostra o filtro é encaminhado ao laboratório que realiza a pesagem gravimétrica

do material retido no filtro, relacionando-se a massa retida no filtro e o volume de ar succionado.

O AGV – PTS (Figura 3) pode ser usado em uma série de avaliações, dentre elas para

o monitoramento da qualidade do ar, pela determinação da concentração de material particulado

em suspensão, estudos de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), para determinar níveis pré-

existentes da qualidade do ar, monitoramentos de emissões fugitivas de processos industriais

onde não é possível a utilização de amostradores de chaminés/dutos de processo e análise da

presença de metais em ar ambiente, no material particulado amostrado no filtro.

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Figura 3 - Amostrador de grandes volumes AGV – PTS

Fonte: Energética Metrologia (2018).

O local da instalação do equipamento foi escolhido de acordo com a direção e

velocidade dos ventos predominantes descritos neste estudo.

A localização da instalação dos amostrador deve ficará afastado em no mínimo 20 m de

árvores, edifícios ou outros grandes obstáculos e a entrada do ar deve ficar de 2 a 15 m do solo,

conforme procedimentos de amostragem.

3.4 Metodologia de monitoramento e análise dos pontos de amostragens para partículas

inaláveis

O Amostrador de grandes volumes AGV – PM10 método gravimétrico para análise de

partículas em suspensão em ambientes. pode ser usado em uma série de avaliações, dentre elas

para o monitoramento da qualidade do ar, pela determinação da concentração de material

particulado em suspensão, estudos de impacto ambiental (EIA/RIMA), para determinar níveis

pré-existentes da qualidade do ar, monitoramentos de emissões fugitivas de processos

industriais onde não é possível a utilização de amostradores de chaminés/dutos de processo e

análise da presença de metais em ar ambiente, no material particulado amostrado no filtro.

A amostragem das partículas foi realizada através de filtros constituídos de fibra de

vidro, livres de compostos orgânicos, com capacidade de retenção de 99,95% para partículas

abaixo de 3 micras.

O amostrador de grande volume – AVG PM10 é composto de uma casinhola/gabinete;

contendo um horâmetro, controlador de fluxo, um controlador de tempo, e um porta filtro

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contendo placas de orifício com diâmetros específicos e um motor de aspiração A metodologia

utilizada no Brasil é a ABNT NBR 9547:1997.

Para medição de material particulado inalável foram sendo usados amostradores de

grande volume (Hi-Vol MP10). A metodologia adotada é a Norma ABNT NBR 13412:1995.

O AGV MP10 (Figura 4), o amostrador foi instalado com um afastamento de no mínimo

20 m de árvores, edifícios ou outros grandes obstáculos e a entrada do ar deve ficar de 2 a 15

m do solo.

O monitoramento da qualidade do ar é realizado por um período de 24 horas, podendo

ser interrompido uma hora antes ou passar uma hora após o termino das 24 horas, o ar ambiente

e aspirado para o interior de um abrigo, através de uma bomba, passando por um filtro de vidro

de 8” x 10”, a uma vazão em torno de 1,13 m3 /min., e a geometria da entrada da cabeça de

separação favorecem a coleta de apenas partículas com diâmetro aerodinâmico ≤ 10 µm. As

partículas são coletadas num filtro de microquartzo ou de fibra de vidro, estabilizado e pesado

antes (tara) e após (bruto) a amostragem a fim de se determinar o ganho de massa da amostra.

O volume de ar amostrado, corrigido para condições padrão [25°C, 760 mmHg], é determinado

a partir da vazão medida e do tempo de amostragem. A concentração de partículas de até 10

µm em suspensão no ar ambiente, MP10, é computada dividindo-se a massa de partículas

coletada pelo volume de ar amostrado e é expressa em microgramas por metro cúbico (µg/m3).

Figura 4 - Amostrador de grandes volumes associado a separador inercial - AGV -

PM10

Fonte: Energética Metrologia (2018).

Da mesma forma que o HI-vol - aparelho citado anteriormente, o PM 10 foi instalado

de acordo com a direção e velocidade dos ventos predominantes descritos neste estudo.

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3.5 Metodologia de monitoramento e análise dos pontos de ruído ambiental

Para o monitoramento de ruído ambiental, foi usado Instrumento de Medição de Nível

Sonoro Solo-Slim. (Figura 5) A metodologia adotada é a Norma ABNT NBR 10.151:2019 –

Medição e avaliação de níveis de pressão sonora em áreas habitadas — Aplicação de uso geral.

O monitoramento de ruído ambiental é utilizado para comparar fontes de ruído em que

as características são idênticas. O campo acústico é descrito pelo nível de som registrado pelo

medidor de som. Um número limitado de pontos é levantado, e não é feita uma análise detalhada

do meio ambiente acústico. Entretanto, é necessário que seja anotada a variação do ruído. O

uso dos circuitos de compensação de frequência A ou C é recomendado. Em muitos casos

práticos, o nível de som C é uma aproximação satisfatória do nível de pressão acústica global.

A curva compensada da escala A é útil para a avaliação das reações humanas ao ruído.

Figura 5 - Instrumento de Medição de Nível Sonoro Solo-Slim

Fonte: Testo Engenharia (2020).

3.6 Programação do trabalho de campo

O trabalho de campo teve como base a tabela de descrição e de localização dos pontos

de amostragem fornecida ABNT NBR e adaptadas e informatizadas pelo autor.

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As medições foram realizadas no período de 09 a 14 de setembro de 2019 (período de

estiagem na região), de forma não ter interferência das chuvas na supressão das poeiras

suspensas.

Ao longo da área de estudo foram monitorados 5 (cinco) pontos, tendo a distribuição da

seguinte forma: 4 (quatro) pontos a jusante (localizado depois do empreendimento em relação

a predominância dos ventos com a contribuição ambiental do empreendimento) e 1 (um) ponto

a montante (ponto localizado antes do empreendimento em relação a predominância dos ventos

sem contribuição ambiental do empreendimento, branco de amostragem).

O trabalho de campo foi realizado em um período de 5 (cinco) dias consecutivos durante

24 (vinte quatros) horas para o parâmetro qualidade do ar (partículas totais em suspensão e

partículas inaláveis).

Já para as medições do nível de ruído ambiental foram tomadas as orientações da ABNT

NBR 10.151 de 2000, que defini os limites de horário para o período diurno e noturno, que

podem ser definidos pelas autoridades de acordo com os hábitos da população. As medições de

Ruído ambiental foram avaliadas em apenas no dia 09 de setembro de 2019, nos períodos diurno

e noturno, com 125 leituras no período de espaço de 10 (dez) minutos em cada um dos pontos.

3.7 Equipamentos e instrumentos

Aparelhos GPS - Garmim vista e Garmim 12 – usado para georreferenciar os pontos de

medição na área de estudo;

Amostrador de grande volume - AGV PM10;

Amostrador de grande volume - AGV PTS

Medidor de nível de pressão sonora – Solo Slim 01 dB.

Formulário para registros de dados (condições meteorológicas - temperatura, condições

do céu e vento, identificação dos pontos, dos filtros horâmetro inicial e final e etc.);

Filtro de fibra de vidro processados;

Cartas gráficas e pena do registrado de vazão;

Pena registrador

Motores de motoaspiração

Termo higrômetro digital;

Multímetro;

Cartas topográficas;

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Estação meteorológica automática do INMET- Instituto Nacional de Meteorologia

(dados meteorológicos http://www.inmet.gov.br/portal/)

Anemômetro digital

Barômetro Digital

Pluviômetro Digital

Notebook

Máquina fotográfica.

“Software” Excel 2013– utilizados na elaboração das planilhas e gráficos;

“Software” ArcGis 10.2.2 – utilizado na confecção dos mapas.

Veículo para o transporte da equipe de campos e equipamentos.

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4 CARACTERIZAÇÃO

As ciências sociais historicamente observaram que o surgimento das cidades e padrão

de urbanização impulsionaram o sistema fabril (SPOSITO, 2004; DE TONI, 2017). O padrão

adotado mundialmente pelo sistema fabril é aquele cuja fábrica requer proximidade dos

operários, infraestrutura para armazenar, transportar e distribuir a produção, energia suficiente

para movimentar as máquinas, e outros aspectos como o mercado de consumo nos perímetros

adjacentes ao da atividade de produção. Em muitos casos, se a fábrica não surge na cidade, é a

cidade que se forma a sua volta.

Malta Campos (1989) trata do espaço interurbano de origem irregular, onde relata que

a expansão horizontal tem sido feita através de loteamentos clandestinos sem o atendimento da

legislação urbanística ou normas sanitárias elementares (áreas insalubres, inundáveis, grande

declividade, encostas etc.). Depois que estas áreas se consolidam, os custos de sua integração

ao tecido urbano regular se tornam absurdos e inviáveis.

A área Betim e a indústria Metalsider foram definidas pela proximidade à residência do

pesquisador, facilitando o desenvolvimento e a redução dos custos logísticos aplicados à

pesquisa. É importante salientar que o estudo atual não fere os direitos da unidade industrial

escolhida; antes, propõe-se a ser uma ferramenta de auxílio na conservação das áreas ao

entorno, de forma a separar ou criar uma área de segurança e proteção entre as residências e os

muros das empresas.

Paul Longley (2003) destaca a importância da localização geográfica ao afirmar que

as atividades humanas de qualquer natureza ou informações de um determinado local sempre

foram preocupações consideradas das mais importantes para a humanidade. Isto porque muitos

problemas podem ser solucionados se é conhecida a sua localização geográfica. Para isto, o

sistema de informações geográficas - GIS (Geographical Information System) ajuda a gerenciar

as informações que são conhecidas, facilitando processos de organização, armazenamento,

acesso, recuperação, manipulação de modo a sintetizar e aplicar a solução dos problemas.

4.1 Caracterização da localidade

4.1.1 História da expansão urbana

O território de Betim se desmembra no ano de 1711, quando Joseph Rodrigues Betim

obtém a sesmaria da coroa portuguesa das terras referentes ao ribeirão da cachoeira (Rio Betim),

anteriormente integrantes da Vila Real de Sabará.

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Em 1754, a aldeia passou a chamar-se Arraial da Capela Nova de Betim. Em agosto de

1797, Bernardo José Lorena, Conde de Salcedas, assumiu o governo do Capitão Minas e criou

novos distritos. Betim). Após a reforma administrativa, o território Quiterense (hoje

Esmeraldas) foi promovido a município em 1901. Neste mesmo momento, o distrito de Capela

Nova de Betim passou a integrar esse município (BETIM, 2020).

Em 1910, a ferrovia Oeste de Minas chega à cidade. As inúmeras estações ferroviárias

constituem algumas profissões ao seu redor. O desenvolvimento da construção ferroviária para

oeste e sul ajuda a construir o empreendedorismo, e eles acreditam na conexão da economia

municipal com a metrópole prometida.

Em 1938, por decreto do governador Benedicto Valladares Ribeiro de 17 de dezembro,

Betim foi promovido a município.

Até a década de 1940, a economia da cidade era baseada na atividade agrícola, e sua

produção era escoada por uma rede ferroviária. Mas, no início desse período, em 1941, o

governo estadual estabeleceu um parque industrial para de alguma forma aproveitar o potencial

da região, ao mesmo tempo em que desperta as elites econômicas locais e estabelece novas

indústrias na sede. Em 1948, as duas cidades de Contagem e Ibirité foram separadas do território

de Betim.

Na segunda metade da década de 1960, a cidade estabeleceu seu primeiro grande

empreendimento industrial, a Refinaria Gabriel Passos (Refinaria Gabriel Passos), que foi

fundada em 1968 para desenvolver diversas atividades complementares, como o atacado de

combustíveis.

Com o planejamento da região metropolitana de Belo Horizonte, a localização industrial

e o potencial de desenvolvimento urbano de Betim foram ampliados. A indústria ocupa muito

espaço na cidade: a zona industrial de Paulo Camilo foi criada na segunda metade da década de

1970, e a Fiat Automóveis S / A foi fundada em 1976, surgindo também sua indústria de

satélites. Formou a espinha dorsal da segunda indústria automobilística do país.

No início da década de 1980, a população cresceu dramaticamente, chegando a 82.601

pessoas. Betim é considerada uma das cidades que mais cresce no país, mas a crise econômica

desacelerou o desenvolvimento.

A partir da década de 1990, devido à saturação de áreas industriais em outras regiões e

à necessidade de adequar os parques industriais aos padrões competitivos impostos pelo

mercado externo, o crescimento de Betim foi retomado, atraindo novas indústrias, o que

acarretou na elevação da qualidade geral e processo de terceirização.

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Os dados descritos acima e demais itens da caracterização geográfica foram retirados a

página oficial da Prefeitura de Betim e do estudo de caracterização dos ecossistemas de

Betim/MG elaborado pela EMATER, 2006.

4.1.2 Localização

O município de Betim está localizado no distrito metalúrgico, integra a região

metropolitana de Belo Horizonte. Com uma área de 346 quilômetros quadrados, está a 31

quilômetros de Belo Horizonte por estrada e 38 quilômetros por ferrovia. O município faz parte

da bacia do Paraopeba, afluente do rio São Francisco, e o rio Betim atravessa a cidade. A cidade

está localizada a uma altitude média de 860 m. Sua localização é determinada pelas coordenadas

geográficas de 19 ° 57 '52 "de latitude sul e 44 ° 11 '54" de longitude oeste. De acordo com o

mapa de localização abaixo, a cidade faz divisa com Esmeraldas, Contagem, Juatuba, Igarapé,

Ibirité, São Joaquim de Bicas, Mário Campos e Sarzedo. (BETIM, 2020).

Figura 6 - Mapa do município de Betim/MG, suas fronteiras e a área de estudo

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4.1.3 População

De acordo com os dados do censo de 2020 compilados pelo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística IBGE, a população total da cidade de Betim é estimada em 3444.784

habitantes, sendo que 2,7% da população do município vive na zona rural da cidade. O

crescimento populacional de Betim é estimado em aproximadamente 7,85% ao ano.

Figura 7 - Densidade urbana de Betim/MG

Fonte: Plano Diretor do Município de Betim/MG (2018).

4.1.4 Atividades econômicas

As atividades econômicas da Cidade de Betim (MG) correspondem, principalmente, as

áreas de indústrias e serviços. A última pesquisa realizada pela Fundação João Pinheiro em

2016 mostrou que os indicadores de outros setores não apresentam caráter representativo.

O Quadro 4 apresenta a distribuição da agricultura, indústria e serviços (estes últimos

se subdividem em administração pública e outros serviços) no valor adicionado municipal total.

Já a composição setorial desta ocupação é apresentada no Quadro 5. Este quadro mostra a

distribuição do pessoal ocupado com 18 anos ou mais de acordo com o Censo 2010, por um

lado, e por outro mostra apenas o mercado de trabalho formal, de acordo com informações da

RAIS sobre a distribuição das ocupações em 2016.

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Quadro 4 - Participações dos setores no valor adicionado – Betim -2016

Setores % do Valor adicionado total

Agropecuária 0,10

Indústria 54,00

Serviços 29,90

Administração publica 8,90

Outros serviços 7,10

Fonte: Fundação João Pinheiro (2016).

Quadro 5 - Percentual dos ocupados por setor de atividade – Betim 2016

SETORES

% dos ocupados de 18

anos ou mais de idade

(Censo 2010)

% das ocupações

formais

(RAIS-2016)

Agropecuária 1,79 0,70

Indústria de Transformação 26,66 37,22

Industria de Construção 10,47 3,20

Extração Mineral 0,64 0,20

Comércio 14,88 17,30

Serviços 44,50 40,80

Serviços de utilidade pública 1,03 0,58

Fonte: Fundação João Pinheiro (2016).

4.1.5 Clima

O clima local é descrito como o tropical de altitude ameno e seco. Os dias, geralmente,

são ensolarados e as noites, amenas. Quanto as estações, há uma clara distinção entre verão

(mais úmido) e inverno (mais seco). A temperatura média depende da altitude, ao passo que as

precipitações, que costumam ocorrer com maior frequência entre os meses de dezembro e

fevereiro, se mantém em um patamar entre 1500 e 2000 milímetros ((EMATER, 2006).

Como os dados climáticos da região fazem parte desta dissertação, tanto no que diz

respeito a implantação dos pontos de amostragem quando no tratamento e interpretação dos

resultados, este item será tratado com maior detalhamento nos itens de desenvolvimento desta

pesquisa.

4.1.6 Hidrografia

O município de Betim está situado na bacia hidrográfica do rio Paraopeba, e o córrego

Betim atravessa a cidade. A nascente do ribeiro Betim está localizada a 920 m de altitude no

município de Contagem. Sua bacia tem uma área total de cerca de 172 km². Após 43 km,

deságua no Rio Paraopeba pela margem direita. Possui uma inclinação média de 3,19 m / km.

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Cerca de 139 km² ou 80% de sua área total está localizada no município de Betim, região com

maior concentração de população urbana (EMATER, 2006).

Os riachos Saraiva, Bom Retiro, Várzea das Flores e Areias são os principais afluentes

de um determinado trecho. O reservatório de Várzea das Flores é uma obra de engenharia que

possui grande capacidade de amortecimento de vazões de enchentes, proporcionando um fator

de segurança para a câmara inferior da barreira. Essa segurança se deve ao rígido controle da

ocupação do solo rio acima.

Cabe destacar que sua ocupação em várzea ou sua ocupação agrícola é invariavelmente

a solução mais barata para os problemas de inundação, além de oferecer outras vantagens como

preservar ecossistemas e criar áreas verdes e proporcionar recreação.

Ressalta-se que a ocupação de várzea ou agricultura é invariavelmente a solução mais

barata para os problemas de inundação, além de outros benefícios como a proteção do

ecossistema e a criação de espaços verdes e recreativos.

4.1.7 Relevo

O município de Betim está localizado na bacia do rio Paraopeba. Seu relevo é formado

por planaltos ondulantes sobre um imenso tabuleiro que se estende ao pé da Serra do Curral a

oeste de Minas Gerais. O relevo é acidentado, principalmente nas encostas da Serra Negra,

terminando em vales e áreas menos inclinadas.

A topografia de Betim pode ser caracterizada da seguinte forma (EMATER, 2006): 15%

da topografia é plana, 25% montanhosa e a grande maioria 60% ondulada.

Em diferentes áreas da Bacia do Betim, a intensidade dos processos de fragmentação e

redução mostram padrões diferentes. Esses padrões se devem à interação entre as características

físicas da área (principalmente a topografia e a fertilidade do solo) e a herança histórica das

diversas atividades econômicas desenvolvidas pela cidade desde a época da ocupação. A área

urbana é a área com maior redução da cobertura vegetal. A maior parte dos resíduos florestais

estão no topo de colinas e vales e encostas superiores.

Foram identificados, em 1994, três tipos fisionômicos principais: Florestas de galeria,

floresta mesófila (secas) e cerrados (lato sensu). As espécies identificadas foram (EMATER,

2006):

Mata galeria - apresenta elementos da floresta Amazônica e fica próxima de cursos

dágua. Quando sofre influências dos cursos dágua é chamada de fluvial, mas a certa

distância é pluvial; intercalada com outros tipos vegetacionais é denominada capão.

O estrato arbóreo atinge até 20 metros de altura e possui em seu interior grande

número de mesófitos, herbáceos, macrófilos e epífitas;

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Florestas mesófilas - são formações florestais caducifólia e subcaducifólia (secas) e

acham-se disseminadas abundantemente na área central dos cerrados, em forma de

manchas. Ocorrem onde as chuvas são abundantes numa época reduzida;

Cerrado - uma formação bioestratificada, com estrato herbáceo dominado

principalmente por gramíneas. Entre as espécies que ocorrem no “cerrado típico”,

40% a 50% participam dos diversos tipos fisionômicos em múltiplas combinações

4.2 Características do empreendimento

O estudo de caso desta dissertação é a indústria METALSIDER LTDA, localizada na

Avenida Amazonas – Nº 2481– Cachoeira, Betim/Mg e sua area ao entorno

A história da METALSIDER teve início em janeiro de 1982, a empresa iniciou sua

produção de ferro-gusa em Betim, Minas Gerais. Com sua produção e comercialização

inicialmente voltadas para o mercado consumidor interno, a METALSIDER começou suas

atividades operando com dois altos-fornos. Nos anos seguintes a empresa expandiu sua

capacidade com a aquisição de outras três usinas siderúrgicas, consolidando o parque industrial

hoje existente.

Minas Gerais é um dos polos brasileiros da indústria siderúrgica, metalúrgica e

metalomecânica. Somente o estado mineiro é responsável por mais de um terço da produção

brasileira dessa indústria. Contidas nesse segmento se encontram um amplo número de

diferentes processos, todos baseados no tratamento térmico do produto oriundo do minério de

ferro. Desta forma, para este inventário estimativo o processo siderúrgico integrado será

considerado. Tal processo engloba os processos de formação do ferro gusa, e em seguida, a

produção de aço.

O processo siderúrgico pode ser caracterizado de forma simplificada em seis etapas,

indo desde o minério bruto até a produção do aço laminado. A Figura a seguir representa

esquematicamente o processo simplificado.

Figura 8 - Figura esquemática do processo produtivo usina siderúrgica integrada

Fonte: ArcelorMittal (2020).

Com relação aos conceitos básicos aplicados à siderurgia temos as seguintes

caracterizações.

SinterizaçãoAlto Forno à

Carvão Vegetal ou Coque

Convertedor Forno PanelaLingotamento

ContínuoLaminadores

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Metalurgia é a ciência e tecnologia que extrai metais do minério, os transforma e os

utiliza para a industrialização (IF-PA, 2011). No caso especial da metalurgia do ferro, é

denominado aço.

A metalurgia do ferro é basicamente composta por um agente redutor (geralmente um

combustível de carbono) reduzindo seus óxidos. Entre as diversas matérias-primas necessárias

à produção do aço, a mais importante é o minério de ferro, tanto em quantidade quanto em

custo. O Brasil possui uma das maiores reservas de minério de ferro do mundo: mais de 49

bilhões de toneladas, apenas Índia e Rússia podem se igualar ao nosso país. O ferro existe na

natureza em várias formas de minerais. No entanto, apenas alguns deles têm valor comercial

como fontes de ferro. Entre eles, diversos minerais formados pelo óxido de ferro "representam

a grande maioria das fontes de ferro na indústria siderúrgica” (IF-PA, 2011, p. 15). São eles:

Magnetita (Fe3O4) - Corresponde a aproximadamente 72% de ferro e 28% de oxigênio

do cinza claro ao preto, com densidade de 5,16 g / cm3. Possui altas propriedades

magnéticas e é fácil de remover resíduos indesejáveis do minério.

• Hematita (Fe2O3) - correspondendo à composição, cerca de 70% ferro e 30%

oxigênio, sua cor varia do cinza ao avermelhado e sua densidade é de 5,26 g / cm3. É o

minério mais utilizado na indústria do aço.

A maior jazida do Brasil está localizada em Carajás, no Estado do Pará. Em muitos

depósitos, uma certa proporção de materiais frágeis é facilmente decomposta, "O pó fino

produzido não pode ser usado diretamente no alto-forno ou no processo de redução. Esses pós

finos coalescerão durante o processo de síntese e granulação (IF-PA, 2011, p. Página 13) para

produzir materiais com tamanho de partícula controlável e obter excelentes rendimentos nos

altos-fornos Carvão - formado por certos óxidos presentes no minério, esses óxidos irão derreter

para formar escória durante o processo de redução. A escória é um material inerte de minério

(ganga). O fluxo e as cinzas no coque ou carvão reagem entre si em alta temperatura para formar

silicato (CaO.SiO2; FeO.SiO2; Al2O3.SiO2) ou aluminato (MgO.Al2O3; CaO.Al2O3; etc.).

O ferro-gusa (um produto da redução do minério de ferro em um alto-forno com alto

teor de carbono) é produzido "devido ao contato próximo com o coque ou carvão, e o coque ou

carvão atua como combustível e agente redutor ao mesmo tempo" (IF-PA, 2011, p. 31) .

Geralmente, o ferro-gusa tem 3,0% a 4,5% de carbono e uma grande quantidade de impurezas,

portanto não pode ser usado industrialmente e deve ser purificado antes do uso. As principais

impurezas são: carbono, silício, manganês, fósforo e enxofre.

Os produtos obtidos no alto-forno são: ferro-gusa, escória, gás de carvão e pó. O alto-

forno está construído sobre fundação de concreto e sustentado por colunas de aço. Tem uma

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forma circular com vários diâmetros e cerca de 30 metros de altura. Conforme mostrado na

Figura 20, ele é construído com tijolos refratários e reforçado com uma estrutura metálica de

aço na parte externa.

Figura 9 – Corte do Alto Forno

Fonte: E-Disciplinas USP (2020).

As partes que compõem o alto-forno são (RIZZO, 2009 apud IF-PA, 2011):

Cadinho – é a parte mais baixa do alto-forno. Sua função é coletar o gusa e, por cima

deste, a escória à medida que se forma.

Rampa – está colocada sobre o cadinho e tem a forma tronco-cônica. É a zona de fusão

dos materiais.

Ventre – região cilíndrica sobre a rampa. Em alguns altos-fornos não há ventre, a

rampa une-se diretamente à cuba. • Cuba – tem a forma de uma grande seção tronco-

cônica, com a base maior apoiada sobre o ventre (ou o cadinho).

Goela – é a parte que está localizada acima da cuba. É revestida internamente de placas

de desgastes que protegem o refratário do impacto da carga durante o enfornamento.

Topo – está localizado na parte superior do forno, onde se localizam os dispositivos

de carregamento (cone grande, cone pequeno, distribuidor, dutos de gás, portas de

explosão, sangradouros) e as plataformas de acesso a todos esses equipamentos.

Ventaneiras – está localizada a 1/3 do cadinho. Seu número depende do diâmetro do

forno. São feitas de cobre eletrolítico. Como estão expostas as temperaturas mais altas

utiliza-se água de caldeira em recirculação para sua refrigeração. É pelas ventaneiras

que é insuflado o ar pré-aquecido para a queima do combustível, a fim de fornecer

calor às reações químicas e fusão do ferro.

O alto-forno é um trocador de calor em contracorrente. Materiais como minério de ferro,

pelotas, minério sintetizado, coque ou carvão de madeira e fundente (calcário) são carregados

alternadamente pelo topo do alto-forno.

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4.3 Área de estudo

A área de análise deste estudo foi dimensionada de forma a abranger a região

potencialmente sujeita à influência direta das emissões atmosféricas e vibrações acústicas

decorrentes da indústria Metalsider, localizado no município de Betim, em Minas Gerais.

A delimitação da área de estudo tem início com a predominância dos ventos definidos

a partir dos dados meteorológicos levantados, sendo um dos requisitos fundamentais para a

definição da abrangência e resolução da modelagem.

As áreas foram definidas a partir dos agregados por setores censitários mais próximos

do empreendimento estudado (Censo 2010, base IBGE.).

Os agregados por setores censitários foram gerados a partir dos dados do universo do

Censo Demográfico 2010 e são formados por 21 planilhas de dados para cada Unidade da

Federação, contendo mais de 3.200 variáveis.

Nas imagens de 1985 e 2019 (Figuras 22 e 23) destacam o crescimento urbano ao

entorno da unidade industrial e foram delimitadas duas áreas, sendo:

1ª - área urbana definida (zona de adensamento construtivo). (em hachura vermelho)

2ª - área expansão urbana (em hachura verde).

Figura 10 - Localização área de estudo em setembro de 2005.

Fonte: Imagem Satélite TM/Landsat-5, publicada por Google Earth (2005)1.

Figura 11 - Localização área de estudo em março de 2019.

1 Acesso em: 05 jul. 2019.

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Fonte: Imagem Satélite TM/Landsat-5, publicada por Google Earth (2019)2.

4.3.1 Relevo

O relevo exerce papel importante como condicionante do regime de ventos e de outras

variáveis meteorológicas de uma região (Figura 24). As interferências do relevo podem ser

mecânicas ou térmicas. As interferências mecânicas ocorrem pelo próprio efeito de obstáculo

ao escoamento livre dos ventos na atmosfera, causando perturbações e alterações na direção e

velocidade dos ventos (EMATER, 2006). Enquanto, as interferências térmicas ocorrem devido

aos padrões de comportamento de ventos nas regiões próximas às montanhas e vales

provocados pelo ciclo de aquecimento e resfriamento da Terra, originando os ventos de

montanha e de vale (EMATER, 2006).

2 Acesso em: 05 jul. 2019.

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Localização da indústria Metalsider

Betim/MG

Figura 12 - Topografia em perspectiva da região avaliada (elaborada com dados SRTM)

As informações de relevo utilizadas neste estudo foram disponibilizadas pela Lakes

Environemntal, por meio do projeto SRTM (Shuttle Radar Topography Mission). A Figura 25

a seguir apresentam o perfil topográfico de toda a área de estudo.

Figura 13 - Topografia em Perspectiva da Região Avaliada (elaborada com dados

SRTM)

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

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4.3.2 Meteorologia

As condições meteorológicas de determinada região contribuem de forma direta nos

processos de emissão e dispersão dos poluentes emitidos pela indústria. Para estudos como o

desta dissertação, a qualidade dos dados climáticos é de suma importância para a coerência dos

resultados apresentados.

Assim, a fim de caracterizar a região serão apresentados a seguir dados referentes ao

ano de 2018, além das análises de normais climatológicas, dos danos de 1981 a 2010.

Além destes dados, para caráter ilustrativo, serão apresentados os dados climáticos

adquiridos por sonda vertical pela estação meteorológica do aeroporto internacional de confins

para a data de 25/04/2019. Estas ilustrações apresentam o perfil vertical da atmosfera e, dada a

pouca variação de perfil desta em altas altitudes, podem caracterizar razoavelmente a região

estudada, apesar da localização distante da área de monitoramento.

A estação do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) utilizada para compor tanto

os dados anuais quanto as normais climatológicas situa-se a 754 m (setecentos e cinquenta e

quatro metros) acima do nível do mar e a cerca de 20 km (vinte quilômetros) do

empreendimento avaliado. Já o aeroporto internacional se encontra a aproximadamente 830 m

(oitocentos e trinta metros) acima do nível do mar e cerca de 50 km (cinquenta quilômetros) do

empreendimento de estudo. Vale destacar que o empreendimento se localiza a cerca de 765 m

(setecentos e sessenta e cinco metros) acima no nível do mar. A Figura a seguir apresenta a

localização espacial das estações.

Figura 14 - Localização espacial das estações meteorológicas

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Fonte: Imagem Satélite TM/Landsat-5, publicada por Google Earth (2019). Acesso em: 17 abr. 2019.

A Tabela 1 a seguir apresenta a síntese das informações utilizadas para a caracterização

meteorológica da área de estudo, incluindo a descrição das estações de medição, bem como os

parâmetros analisados e o período de coleta de dados.

Tabela 1 - Fontes de informações utilizadas para a caracterização meteorológica da área

de estudo

Estação Meteorológica Parâmetro Analisados Período de Dados

Lakes Environmental Dados Simulados – Modelo WRF3 01/01/2014 a 31/12/2018

Estação Meteorológica

Automática – Florestal

Precipitação Pluviométrica

01/01/2018 a 31/12/2018

Velocidade do Vento

Direção do Vento

Temperatura do Ar

Pressão Atmosférica

Umidade Relativa do Ar

Normais climatológicas

(INMET)

Precipitação Pluviométrica

1981 a 2010

Velocidade do Vento

Direção do Vento

Temperatura do Ar

Pressão Atmosférica4

Umidade Relativa do Ar

Elaboração: Salles, Leonardo (2019) com base nos dados extraídos do INMET.

4.3.3 Precipitação

Na região avaliada por este estudo ocorrem variações sazonais bem definidas do regime

de chuvas. A Tabela a seguir apresenta as estatísticas mensais de precipitação a partir dos dados

obtidos da estação meteorológica da Florestal para o ano de 2018 e a média mensal das normais

climatológicas (1981 a 2010).

Conforme pode ser observado no Gráfico 01, o período chuvoso abrange os meses de

novembro a março, enquanto o período seco compreende os meses de abril a outubro, perfil

observado para as Normais Climatológicas e para o ano de 2018 na estação base deste estudo.

Destaca-se que o ano de 2018 apresentou variações sazonais mais extremas que as

normais climatológicas. Isto é a época seca do ano base apresentou perfil mais seco que as

Normais, enquanto que a época húmida apresentou perfil de chuvas mais intensas que o período

3 OBS: Estes dados serão utilizados após a obtenção dos resultados de campo. 4 Os dados de Normais Climatológicas de Pressão Atmosférica utilizados foram baseados nos dados INMET do

período de 1961 a 1990, dado a ausência de tais dados para o período de 1981 a 2010.

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81

de 1981 a 2010. Outro ponto de destaque foi o acumulado do ano, 2018 apresentou um aumento

de 25% (vinte e cinco por cento) no acumulado anual de chuvas, comparado ao perfil histórico.

Tabela 2 - Análise estatística de precipitação pluviométrica - normais climatológicas

(INMET) no período de 1981 a 2010 – estação meteorológica de Florestal.

Estação Parâmetro

Estatístico

Precipitação Pluviométrica/mm

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Ano Base

2018 Acum. 217,4 327,4 198,4 9,4 24,8 0,0 0,0 11,4 81,0 69,6 339,6 426,6

Normais

Clim.5

Média do

Acum.

Mensal

275,5 154,4 185,1 58,5 25,3 12,0 7,4 12,1 44,5 90,6 208,1 319,9

Elaboração: Salles, Leonardo (2019) com base nos dados extraídos do INMET.

Gráfico 1 - Comportamento sazonal mensal da precipitação pluviométrica – normais

climatológicas (INMET) no período de 1981 a 2010 – estação meteorológica de Florestal

Elaboração: Salles, Leonardo (2019) com base nos dados extraídos do INMET.

4.3.4 Direção do vento

Dentre as variáveis mais significativas no processo de dispersão e concentração de

poluentes atmosféricos o vento se destaca, representado por suas componentes direção e

velocidade. A Tabela 3 apresenta as estatísticas de velocidade do vento medida na estação

meteorológica superficial de Florestal e a média mensal das normais climatológicas. A Figura

14 apresenta estes dados graficamente.

Observa-se a velocidade média no ano de 2018 de 0,66 m s-1, já para a média das normais

de 1,2 m s-1, não havendo grande variação de perfil durante o ano. Este padrão de baixa

variância dos dados foi observado não apenas para o ano base 2018, mas também para todo o

período histórico entre os anos de 1981 e 2010.

0.0

100.0

200.0

300.0

400.0

500.0

Pre

cip

itaç

ão

Acu

mu

lad

a/m

m

Normais Climatológicas Ano Base 2018

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82

Os dados do ano base 2018, se apresentaram 45% (quarenta e cinco por cento) inferiores

à média das normais climatológicas para o período 1981 a 2010. Todavia, contata-se a

ocorrência de fenômenos de curto período, relacionados a rajadas de vento com velocidades

elevadas. Indicado pela ocorrência de máximas elevadas quando comparadas a média

observada, como observado em todo o período, com destaque para os meses de janeiro,

novembro e dezembro.

Tabela 3 - Análises estatísticas de velocidade do vento – normais climatológicas

(INMET) no período de 1981 a 2010 – estação meteorológica de Florestal.

Estação Parâmetro

Estatístico

Velocidade do Vento/m s-1

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Ano Base

2018

Mínima 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Média 0,8 0,6 0,6 0,6 0,5 0,5 0,7 0,7 0,8 0,8 0,7 0,7

Máxima 5,0 3,0 3,7 4,0 4,1 3,4 3,5 3,6 3,7 6,8 6,0 4,2

Normais

Clim.2 Média 1,2 1,2 1,2 1,2 1,2 1,2 1,2 1,4 1,4 1,3 1,2 1,2

Elaboração: Salles, Leonardo (2019) com base nos dados extraídos do INMET.

Gráfico 2 - Comportamento Sazonal Mensal da Velocidade do Vento – Normais

Climatológicas (INMET) no Período de 1981 a 2010 – Estação Meteorológica de

Florestal

Elaboração: Salles, Leonardo (2019) com base nos dados extraídos do INMET.

O Gráfico (figura 27) apresenta a rosa dos ventos da estação meteorológica automática

de Florestal para o período de 01/01/2018 a 31/12/2018. O gráfico apresenta de forma

aproximada a direção de origem do vento existente nesta área estudo.

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

Inte

nsi

dad

e d

o V

ento

/m s

-

1

Normais Climatológicas Ano Base 2018

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83

Figura 15 - Rosa dos ventos – estação meteorológica automática Florestal – ano base

2018.

Elaboração: Salles, Leonardo (2019) com base nos dados extraídos do INMET.

O comportamento da direção predominante do vento, anual da área de estudo se

manifesta na orientação noroeste e Leste. Os dados do ano base 2018, todavia apresentaram

55% de Calmaria, o que compromete a qualidade destes dados.

O levantamento deste fator climático foi determinante para a instalação dos

equipamentos de medição, cujo objetivo é de monitorara a área de maior intensidade e dispersão

dos poluentes.

4.3.5 Temperatura

A Tabela 4 apresenta as estatísticas mensais de temperatura do ar a partir dos dados

obtidos da estação meteorológica automática de Florestal e para as normais climatológicas. A

figura 16 mostra o gráfico de sazonalidade das mesmas.

Representada no Gráfico 3, observa-se para a estação Florestal a sazonalidade média

horária com valores típicos oscilando entre 17,1 e 23,3 ºC e para as normais climatológicas a

temperatura mínima é identificada no mês de julho (16,3 ºC), enquanto a máxima é verificada

para o mês de fevereiro (23,0 ºC) e a temperatura média observada equivale a cerca de 20,3 ºC.

Tabela 4 - Análises estatísticas de temperatura – normais climatológicas (INMET) no

período de 1981 a 2010 – estação meteorológica de Florestal

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84

Estação

Parâmetro

Estatístico

Temperatura Bulbo Seco/°C

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Ano Base

2018

Mínima 14,2 15,1 14,3 11,1 4,1 8,1 7,0 4,0 7,7 12,3 14,1 13,7

Média 23,3 22,4 23,1 20,7 17,6 18,0 17,1 18,0 20,9 22,9 21,6 22,9

Máxima 33,2 31,5 32,9 30,6 29,0 29,7 29,2 30,5 33,0 34,6 32,6 34,0

Normais

Clim. Média 22,8 23,0 22,6 21,1 18,4 16,3 15,9 17,3 19,9 21,5 22,1 22,5

Elaboração: Salles, Leonardo (2019) com base nos dados extraídos do INMET.

Gráfico 3 - Comportamento sazonal mensal da temperatura bulbo seco – normais

climatológicas (INMET) no período de 1981 a 2010 – estação meteorológica de Florestal

Elaboração: Salles, Leonardo (2019) com base nos dados extraídos do INMET.

4.3.6 Pressão atmosférica

A Tabela 5 apresenta as estatísticas mensais de pressão atmosférica da estação

automática de Florestal e para as normais climatológicas. O Gráfico 4 mostra a sazonalidade da

pressão atmosférica média mensal medida na Estação Meteorológica Automática de Florestal

no período de 01/01/2018 a 31/12/2018 e das Normais Climatológicas do INMET (1961 a

1990). Este último período difere dos demais dado a ausência deste parâmetro no período

recente.

Os valores médios de pressão atmosférica variam de 928,3 a 934,2 hPa para a estação

de Florestal e de 926,3 a 932,9 hPa para as Normais climatológicas, sendo que os meses de

inverno apresentam os maiores valores, dada a menor temperatura da atmosfera.

Tabela 5 - Análises estatísticas de Pressão Atmosférica – normais climatológicas

(INMET) no período de 1981 a 2010 – estação meteorológica de Florestal

10.00

15.00

20.00

25.00

30.00

Normais Climatológicas Ano Base 2018

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85

Estação Parâmetro

Estatístico

Pressão Atmosférica/hPa

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Ano Base

2018

Mínima 922 922 923 924 927 928 929 929 925 923 922 922

Média 929 928 929 932 933 934 934 934 930 929 930 929

Máxima 935 936 934 938 939 940 939 939 937 935 934 938

Normais

Clim.6 Média 926 927 928 929 931 932 933 932 930 928 926 926

Elaboração: Salles, Leonardo (2019) com base nos dados extraídos do INMET.

Gráfico 4 - Comportamento sazonal mensal da pressão atmosférica – estação

meteorológica automática

Elaboração: Salles, Leonardo (2019) com base nos dados extraídos do INMET.

4.3.7 Umidade relativa do ar

A Tabela 6 apresenta as estatísticas mensais de umidade relativa do ar da estação

automática de Florestal e as normais climatológicas. O Gráfico 5 mostra a de sazonalidade

desses dados.

Os valores médios de umidade relativa variam de 68,6 a 80,9% para a estação de

Florestal no ano base 2018 e de 58,8 a 69,3% para as normas climatológicas, sendo que os

meses do período seco apresentam os menores valores, e os meses de chuvas os maiores.

Observa-se também que o ano base 2018 apresentou de modo geral valores mais elevados de

umidade, possivelmente tais resultados estão associados a precipitação anual cerca de 25%

maior que os registros históricos.

Tabela 6 - Análises estatísticas de Umidade Relativa do Ar – normais climatológicas

(INMET) no período de 1981 a 2010 – estação meteorológica de Florestal

Estação Umidade Relativa do Ar/%

6 Os dados de Normais Climatológicas de Pressão Atmosférica utilizados foram baseados nos dados INMET do

período de 1961 a 1990, dado a ausência de tais dados para o período de 1981 a 2010.

920.0

925.0

930.0

935.0

Normais Climatológicas Ano Base 2018

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86

Parâmetro

Estatístico Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Ano Base

2018

Mínima 20,0 33,0 35,0 32,0 21,0 24,0 22,0 11,0 14,0 27,0 31,0 29,0

Média 74,5 80,9 79,5 76,4 76,5 75,3 69,5 71,2 68,6 74,0 79,4 76,4

Máxima 96,0 96,0 96,0 96,0 97,0 96,0 96,0 96,0 96,0 96,0 96,0 95,0

Normais

Clim. Média 68,9 66,4 65,5 65,2 64,0 61,9 60,8 58,8 60,1 63,6 65,9 69,3

Elaboração: Salles, Leonardo (2019) com base nos dados extraídos do INMET.

Gráfico 5 - Comportamento sazonal mensal da umidade relativa do ar –estação

meteorológica automática

Elaboração: Salles, Leonardo (2019) com base nos dados extraídos do INMET.

4.3.8 Definição dos pontos de amostragens

Para definição da localização dos pontos de monitoramento e dos parâmetros a serem

efetivamente monitorados foram realizados levantamentos climáticos com base em dados

históricos e através de cálculos de modelamento e com base nos resultados obtidos definiu-se

os pontos de amostragens mais representativos para o estudo.

Levando em consideração os dados de velocidade e direção dos ventos levantados

acima, foi possível determinar a direção média dos ventos e a marcação dos pontos a serem

monitorados (figura 28), ficando:

Pontos 1, 2, 3 e 4 todos com um distanciamento linear de 50 metros um do outro,

representando os pontos com as contribuições da unidade industrial da Metalsider, figura 29

(pontos a jusante).

Ponto 01 - 19°58'27.17"S - 44°13'33.09"O

Ponto 02 - 19°58'28.16"S - 44°13'34.44"O

Ponto 03 - 19°58'29.16"S - 44°13'36.01"O

Ponto 04 - 19°58'30.17"S - 44°13'37.43"O

Ponto 5, representara o ponto sem a contribuição da unidade industrial da Metalsider,

figura 30 (ponto a montante).

50.060.070.080.090.0

100.0

Normais Climatológicas Ano Base 2018

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87

Ponto 05 - 19°58'3.05"S - 44°12'53.99"O

Figura 16 – Mapa Urbano com a Localização espacial dos pontos de monitoramento

considerados no estudo

Figura 17 - Localização espacial dos pontos de monitoramento 1, 2, 3 e 4, considerados

no estudo

Fonte: Imagem Satélite TM/Landsat-5, publicada por Google Earth (2019)7.

7 Acesso em: 05 jul. 2019.

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Figura 18 - Localização espacial do ponto de monitoramento 5, considerado no estudo

Fonte: Imagem Satélite TM/Landsat-5, publicada por Google Earth (2019)8.

Importante ressaltar que as interferências urbanas podem alterar significativamente os

resultados do ponto a montante (Ponto 5). Contudo o objetivo da pesquisa é determinar em qual

percentual o distanciamento progressivo dos pontos a jusante (Pontos 1, 2, 3 e 4) apresentam

em redução nos resultados.

8 Acesso em: 05 jul. 2019.

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89

5 RESULTADOS

5.1 Qualidade do Ar

5.1.1 Partículas inaláveis

A determinação da taxa de partículas inaláveis foi realizada conforme instrução

operacional padrão proposta pela norma ABNT NBR 13412:1995 adotadas pela empresa

GEOAVALIAR – Análise e Consultorias Ambientais situada em Contagem/MG, a qual

acompanhou o processo de instalação dos aparelhos de medição e disponibilizou as estruturas

laboratoriais para a realização das análises do material coletado pelo autor.

Para coleta das partículas da atmosfera foram utilizados os amostradores de grande

volume com separação inercial - AGV-PM10, equipamento a direita na imagem (figura 31),

instalado conforme as orientações e requisitos dos métodos de amostragem, longe de arvores e

construções que interverem na circulação local do vento.

Figura 19 – Ponto 02 – Destaque a Direita Instrumento AGV-PM10

Fonte: Salles, Leonardo (2019).

As amostragens foram realizadas conforme procedimento citado, com duração média

de 24 horas, os volumes de amostragem ficaram em torno de 1,05 m3/min, atendendo as

especificações técnicas que devem estar ao entorno de 1,13 m3 /min. O material coletado no

filtro de fibra de vidro, foi encaminhado ao laboratório da Geoavaliar e pesado, após pesagem

os dados gravimétricos foram lançados em uma planilha de Excel cuja valores físicos (vazão e

volume) da amostragem, mais os dados gravimétricos obtidos no laboratório, juntamente com

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90

os dados meteorológicos (dados coletados em campo através de termômetros e barômetros

calibrados), foram processados calculando-se a concentração de partículas inaláveis expressa

em microgramas por metro cúbico (µg/m3), através dos cálculos fornecidos pela ABNT NBR

13412 publicada em 1995, descrito a seguir:

A - Cálculo de Vazão

Qp = Qr x ( Pm/Tm) x (Tp/Pp)

Onde:

Qp = vazão média nas condições padrão, em m3/min;

Qt = vazão média nas condições reais de temperatura e pressão, em m3/min;

Pm = pressão barométrica média durante o período de amostragem ou pressão

barométrica média no local de amostragem, em KPa (ou mmHg);

Tm = temperatura ambiente média durante o período de amostragem ou temperatura ambiente

média sazonal (ou anual) no local de amostragem, em K.

Tp = temperatura padrão, definida como 298 K.

Pp = pressão padrão, definida como 101,3 kPa (ou 760 mmHg).

B - Cálculo de Volume

Vp = Qp x t

Onde:

Vp = ar total amostrado em unidade de volume nas condições padrão, em m3;

t = tempo de amostragem, em min

C - Cálculo da Concentração de MP10

C = (Mf – Mi)/ Vp x 106

Onde:

C = concentração de massa em µg/m3,

Mf = massa final do filtro em g,

Mi = massa inicial do filtro em g,

Vp = ar total amostrado em unidade de volume nas condições padrão, em m3;

Os dados obtidos nos 5 (cinco) pontos de monitoramento, no período de 09 a 14 de

setembro de 2019, apresentaram resultados esperados para o estudo, e podem ser avaliado nas

tabelas 7, 9, 11 e 13 para os pontos a jusante do empreendimento e tabela 15 para a o ponto a

montante do empreendimento, de forma a aprimorar a sensibilidade das informações, os

gráficos 6 a 10, compararam os resultados encontrados as legislações de controle ambiental

brasileira CONAMA 491 de 2018 e com o mesmo objetivos as tabelas 8, 10, 12, 14 e 16,

apresentados os resultados obtidos através de uma função linear e comparados com os valores

de IQA- Índice de Qualidade do Ar.

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91

Tabela 7 – Resultados do monitoramento das partículas inaláveis do Ponto 01,

localizado à jusante do empreendimento, em relação a fonte geradora e a direção

predominante dos Ventos.

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

Gráfico 6 – Resultados de PI - Ponto 01

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

Tabela 8 - Resultados do monitoramento PI - Ponto 01, apresentados em valores obtidos

através de uma função linear e comparados com os valores de IQA

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

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Tabela 9 – Resultados do monitoramento das partículas inaláveis do Ponto 02 localizado

a Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante

dos Ventos)

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

Gráfico 7 – Gráfico de Resultados PI - Ponto 02

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

Tabela 10 - Resultados do monitoramento PI – Ponto 02, apresentados em valores

obtidos através de uma função linear e comparados com os valores de IQA

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

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93

Tabela 11 – Resultados do monitoramento das partículas inaláveis do Ponto 03

localizado a Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção

predominante dos Ventos)

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

Gráfico 8 – Resultados de PI - Ponto 03

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

Tabela 12 - Resultados do monitoramento PI - Ponto 03, apresentados em valores

obtidos através de uma função linear e comparados com os valores de IQA

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

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94

Tabela 13 – Resultados do monitoramento das partículas inaláveis do Ponto 04

localizado a Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção

predominante dos Ventos)

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

Gráfico 9 – Resultados de PI - Ponto 04

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

Tabela 14 - Resultados do monitoramento PI - Ponto 04, apresentados em valores

obtidos através de uma função linear e comparados com os valores de IQA

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

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95

Tabela 15 – Resultados do monitoramento das partículas inaláveis do Ponto 05

localizado a Montante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção

predominante dos Ventos)

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

Gráfico 10 – Resultados de PI - Ponto 05

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

Tabela 16 - Resultados do monitoramento PI - Ponto 05, apresentados em valores

obtidos através de uma função linear e comparados com os valores de IQA.

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

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96

5.1.2 Partículas totais em suspensão

A determinação da taxa de partículas totais em suspensão foi realizada conforme

instrução operacional padrão proposta pela norma ABNT NBR 9547:1997 adotadas pela

empresa GEOAVALIAR – Análise e Consultorias Ambientais situada em Contagem/MG, a

qual acompanhou o processo de instalação dos aparelhos de medição e disponibilizou as

estruturas laboratoriais para a realização das análises do material coletado pelo autor.

Para coleta das partículas da atmosfera foram utilizados os amostradores de grande

volume com separação inercial, denominado AGV-Hi-vol, equipamento a esquerda na imagem

(Figura 32) devidamente instalado no local de medição.

Figura 20 – Ponto 04 Jusante – Destaque à direita (Instrumento AGV-Hi-Vol)

Fonte: Salles, Leonardo (2019).

As amostragens foram realizadas conforme procedimento citado, com duração média

de 24 horas, os volumes de amostragem ficaram em torno de 1,21 m3/min, atendendo as

especificações técnicas cuja vazão deve o estar entre 1,1 à 1,7 m3 /min. O material coletado no

filtro de fibra de vidro, foi encaminhado ao laboratório da Geoavaliar e pesado, após pesagem

os dados gravimétricos foram lançados em uma planilha de Excel cuja valores físicos (vazão e

volume) da amostragem, mais os dados gravimétricos obtidos no laboratório, juntamente com

os dados meteorológicos (dados coletados em campo através de termômetros e barômetros

calibrados), foram processados calculando-se a concentração de partículas inaláveis expressa

em microgramas por metro cúbico (µg/m3), através dos cálculos fornecidos pela ABNT NBR

13412 publicado em 1995, descrito a seguir:

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97

A - Cálculo de Vazão

Qp = Qr x ( Pm/Tm) x (Tp/Pp)

Onde:

Qp = vazão média nas condições padrão, em m3/min;

Qt = vazão média nas condições reais de temperatura e pressão, em m3/min;

Pm = pressão barométrica média durante o período de amostragem ou pressão

barométrica média no local de amostragem, em KPa (ou mmHg);

Tm = temperatura ambiente média durante o período de amostragem ou temperatura ambiente

média sazonal (ou anual) no local de amostragem, em K.

Tp = temperatura padrão, definida como 298 K.

Pp = pressão padrão, definida como 101,3 kPa (ou 760 mmHg).

B - Cálculo de Volume

Vp = Qp x t

Onde:

Vp = ar total amostrado em unidade de volume nas condições padrão, em m3;

Qp = vazão média, em condições padrão, em m3;

t = tempo de amostragem, em min

C - Cálculo da Concentração de MP10

C = (Mf – Mi)/ V x 106

Onde:

C = concentração de massa em µg/m3,

Mf = massa final do filtro em g,

Mi = massa inicial do filtro em g,

V = volume de ar amostrado em unidade de volume nas condições padrão, em m3;

106 = conversão de gramas para microgramas.

Os resultados obtidos nos 5 (cinco) pontos de monitoramento, realizados no período de

09 a 13 de setembro de 2019, apresentaram resultados esperados para o estudo, e podem ser

avaliado nas tabelas 17, 19, 21 e 23 para os pontos a jusante do empreendimento e tabela 25,

para a o ponto a montante do empreendimento, de forma a aprimorar a sensibilidade das

informações, os gráficos 11 a 15, compararam os resultados encontrados as legislações de

controle ambiental brasileira CONAMA 491 de 2018 e com o mesmo objetivos as tabelas 18,

20, 22, 24 e 26, apresentados os resultados obtidos através de uma função linear e comparados

com os valores de IQA- Índice de Qualidade do Ar.

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98

Tabela 17 – Resultados do monitoramento das partículas totais em suspenção do Ponto

01 localizado a Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção

predominante dos Ventos).

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

Gráfico 11 – Resultados PTS - Ponto 01

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

Tabela 18 - Resultados do monitoramento PTS - Ponto 01, apresentados em valores

obtidos através de uma função linear e comparados com os valores de IQA.

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

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99

Tabela 19 – Resultados do monitoramento das partículas totais em suspenção do Ponto

02 localizado a Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção

predominante dos Ventos)

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

Gráfico 12 – Resultados PTS - Ponto 02

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

Tabela 20 - Resultados do monitoramento PTS - Ponto 02, apresentados em valores

obtidos através de uma função linear e comparados com os valores de IQA

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

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100

Tabela 21 – Resultados do monitoramento das partículas totais em suspenção do Ponto

03 localizado a Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção

predominante dos Ventos)

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

Gráfico 13 – Resultados de PTS - Ponto 03

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

Tabela 22 - Resultados do monitoramento PTS - Ponto 03, apresentados em valores

obtidos através de uma função linear e comparados com os valores de IQA

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

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101

Tabela 23 – Resultados do monitoramento das partículas totais em suspenção do Ponto

04 localizado a Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção

predominante dos Ventos)

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

Gráfico 14 – Resultados de PTS - Ponto 04

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

Tabela 24 - Resultados do monitoramento PTS - Ponto 04, apresentados em valores

obtidos através de uma função linear e comparados com os valores de IQA.

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

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102

Tabela 25 – Resultados do monitoramento das partículas totais em suspenção do Ponto

05 localizado a Montante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção

predominante dos Ventos)

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

Gráfico 15 – Resultados de PTS - Ponto 05

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

Tabela 26 - Resultados do monitoramento PTS - Ponto 05, apresentados em valores

obtidos através de uma função linear e comparados com os valores de IQA

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

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103

5.2 Ruído Ambiental

Para o monitoramento de Ruído Ambiental, foi usado Instrumento de Medição de Nível

Sonoro Solo-Slim, conforme imagem (figura 33 e 34) A metodologia adotada é a Norma ABNT

NBR 10.151:2019 – Medição e avaliação de níveis de pressão sonora em áreas habitadas —

Aplicação de uso geral.

O ponto de amostragem foi posicionado com distâncias superiores a 10 metros de

obstáculos e a 1.5 metros de altura com o auxílio de um pedestal (figuras 33 e 34).

Figura 21 - Ponto 01 – Destaque do Instrumento Solo Slin (à esquerda)

Figura 22 – Ponto de amostragem (à direita).

Fonte: Salles, Leonardo (2019).

O monitoramento de ruído ambiental foi realizado com tempo de leitura de10 minutos,

tempo suficiente para leitura e estabilidade das informações.

Os resultados obtidos nos 5 (cinco) pontos de monitoramento, realizados no dia 09 de

setembro de 2019, apresentaram resultados esperados, indicando que o distanciamento entre a

fonte geradora e a instalação de construções urbanas é sim um fator de redução dos índices de

contribuição dos paramentos ambientais, e podem ser avaliados nas tabelas 27 a 30 para os

pontos a jusante do empreendimento e tabela 31 para a o ponto a montante do empreendimento,

de forma a aprimorar a sensibilidade das informações, o gráfico 16 compararam os resultados

encontrados nos períodos diurnos e noturnos com as normas que indicam os níveis de referência

utilizados para este estudo ABNT NBR 10151-2019.

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104

Tabela 27 – Resultados do monitoramento de Ruído ambiental no Ponto 01 localizado a

Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante dos

Ventos)

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

Tabela 28 – Resultados do monitoramento de Ruído ambiental no Ponto 02 localizado a

Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante dos

Ventos)

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

Tabela 29 – Resultados do monitoramento de Ruído ambiental no Ponto 03 localizado a

Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante dos

Ventos)

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

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105

Tabela 30 – Resultados do monitoramento de Ruído ambiental no Ponto 04 localizado a

Jusante do empreendimento em relação a fonte geradora e a direção predominante dos

Ventos).

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

Tabela 31 – Resultados do monitoramento de Ruído ambiental no Ponto 05 localizado a

Montante do empreendimento em relação à fonte geradora e a direção predominante

dos Ventos.

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

Gráfico 16 – Resultados Ruído Ambiental

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

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106

6 ANÁLISES E INTERPRETAÇÕES DE DADOS

Após o levantamento dos resultados quantitativos obtidos para os cinco pontos, os dados

foram agrupados, possibilitando constatar a redução linear entre a fonte geradora e os pontos

de monitoramento, permitindo desta forma a interpretação dos dados e a confirmação da

distribuição dos resultados em relação ao distanciamento proposto.

Os resultados quantitativos contribuem para elucidar uma das perguntas iniciais desta

dissertação, cuja critérios mensuráveis de distanciamento entre a comunidade e áreas de

produção, propiciam um menor ou maior incomodo ambiental as comunidades, e dentro desta

expectativa a proposição da criação de áreas de abatimento (redução) ou mesmo proteção

ambiental entre comunidade e indústria.

A quantidade de coletas e a frequência das amostragens foram definidas, tomando um

número representativo de amostras além dos custos dos monitoramentos, as condições

climáticas e a representatividade dos dados.

A metodologia utilizada, foi embasada nas normas técnicas da ABNT-NBR e

legislações ambientais Brasileiras, sendo que todos os equipamentos utilizados foram definidos

de acordo com particularidade de cada parâmetro monitorado.

Os resultados nas Tabelas 32, 33 e 34 e respectivos Gráficos 17, 18 e 19, evidenciam a

redução dos parâmetros ambientais avaliados.

Tabela 32 – Comparação dos resultados do monitoramento das PI, em relação ao

distanciamento dos pontos e o percentual regressivo encontrado

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

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107

Gráfico 17 - Comparativos do Resultados PI

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

Com base nos resultados, pode se perceber que características particulares de cada área

avaliada, contribuíram para a atenuação ou a ampliação dos resultados encontrados.

Os resultados das Partículas inaláveis, os pontos 1, 2, 3 e 4 instalados a jusante do

empreendimento estão localizados numa área de expansão urbana, onde atualmente possui a

cultura de gramíneas para o pastoreio de animais, vegetação arbórea de pequeno porte, ausência

de tráfego de veículos e poucas moradias, estas características contribuíram para atenuação dos

resultados. A despeito dessas características, foi observado a redução do parâmetro, para os

distanciamentos adotado de 50 metros. Entre o primeiro ponto e o segundo ponto a redução foi

de 14%, do segundo para o terceiro ponto a redução foi de 6%, do terceiro para o quarto ponto

a redução foi de 2%. A redução encontrada entre os pontos não foi linear. Esse resultado pode

ser atribuído à dispersão dos poluentes pela ação dos ventos, à redução da influência da indústria

em relação aos pontos mais distantes à absorção das partículas por deposição no solo vegetado,

e à não ressuspensão das partículas pela ausência de tráfego. O percentual de redução

encontrado entre o primeiro ponto e o quarto ponto foi de aproximadamente 21 %.

O ponto 5, instalado a montante do empreendimento, próximo à avenida Amazonas,

área urbana de Betim, cuja característica predominante de construções residenciais

unifamiliares, empresas de comércios e serviços, com contribuição de grande circulação de

veículos pequenos, de transporte coletivo e de produtos minerais (como calcário e areia para

construção civil) e mercadorias. Com pouca contribuição por parte da indústria, uma vez que

este ponto fica no lado opostos a dispersão dos poluentes, registrou resultados mais elevados

do que os pontos monitorados a jusante do empreendimento. Quatro características locais

importantes foram caracterizadas nos períodos do monitoramento e justificam os resultados

obtidos: a grande circulação de veículos automotores, a queda de materiais no translado dos

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108

caminhões de carga, a ressuspensão das partículas no ir e vir dos veículos e a falta de vegetação

que contribuíram consideravelmente pela alta dos resultados deste ponto.

Tabela 33 – Comparação dos resultados do monitoramento das PTS, em relação ao

distanciamento dos pontos e o percentual regressivo encontrado

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

Gráfico 18 – Comparativos dos Resultados PTS.

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

Com a mesma perspectiva, os resultados das Partículas Totais em Suspensão,

apesentaram os mesmos, fatores e dinâmica aplicados para o parâmetro “Partículas Inaláveis”.

Os resultados encontrados no distanciamento adotado de 50 metros entre o primeiro e o segundo

ponto, uma redução de aproximadamente 10%, do segundo para o terceiro pontos a queda foi

de 7% e do terceiro para o quarto, de 4%. As reduções encontradas entre os pontos também

foram lineares, apesentando um percentual de redução de aproximadamente 20 %.

O ponto 5, instalado a montante do empreendimento, também foi influenciado pelos

fatores descritos para o parâmetro Partículas Inaláveis;

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109

Tabela 34 – Comparação dos resultados do monitoramento de Ruído ambiental, em

relação ao distanciamento dos pontos e o percentual regressivo encontrado

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

Gráfico 19 – Comparativos dos Resultados Ruído Ambiental.

Elaboração: Salles, Leonardo (2019).

Ruído Ambiental foi monitorado próximo aos pontos da qualidade do ar. Os pontos 1,

2, 3 e 4 apresentaram resultados que exibem atenuação linear a partir da fonte de ruído. A

redução do primeiro para o segundo ponto foi de aproximadamente 2%, do segundo para o

terceiro ponto foi de 4% e do terceiro para o quarto de 5%. Também foi perceptível que o

distanciamento da fonte geradora atenua a influência do poluente sobre a comunidade, o

percentual de redução total encontrado entre o primeiro e o quarto pontos foi de

aproximadamente 10%. A atenuação dos resultados em relação ao distanciamento dos pontos

foi proporcionada pela ausência de outra fonte geradora, pela inexistência de áreas físicas

construídas fazendo com que a ando sonora não refletisse permitindo sua atenuação em relação

ao distanciamento, a inexistência de tráfego de veículos e transportes de materiais, inexistência

de pontos de comercio e de acúmulo de pessoas.

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110

Já o ponto 5 instalado a montante do empreendimento, próximo à avenida Amazonas,

área urbana de Betim, cuja característica predominante de construções residenciais

unifamiliares, empresas de comércios e serviços (propaganda interna de loja, música alta e bares

e restaurantes, etc.), com contribuição de grande circulação de veículos pequenos e de

transporte materiais (som dos motores, buzinas, sirenes, etc.), ruídos das obras de construção

civil (marteletes, carros betoneiras, etc.), teve seus resultados ampliados devido os fatores

citados, responsáveis pelo acúmulo de fontes de contribuição e pela baixa capacidade de

diluição das ondas sonoras, proporcionado pela quantidade de áreas físicas construídas com

materiais de baixa absorção.

Os dados meteorológicos/climáticos (temperatura, pressão barométrica, pluviosidade,

umidade do ar, predominância e velocidade dos ventos) levantados nesta pesquisa foram de

grande relevância na representação da dispersão dos poluentes, na definição das instalações das

torres de monitoramento, dos cálculos de amostragem, na calibração dos instrumentos e na

interpretação dos resultados avaliados.

As tabelas 35 a 39 demonstram as condições sinóticas obtidas pelo site do INMET,

através dos dados levantados pela Estação automática de Floresta/MG e pelas anotações

realizadas em campo por instrumentos portáteis calibrados nos dias dos monitoramentos, que

permitiam incluir as variáveis existentes na área de estudo (microclima), onde o relevo, a

vegetação, solos expostos, pavimentações e a construções locais que corroboram com o modelo

de funcionamento da circulação de larga escala da atmosfera obtidas pela estação climática em

Floresta/MG,

Tabela 35 - Dados meteorológicos/climáticos referente aos dias 09 e 10/09/2019, extraídos do

site INMET Estação Florestal e Instrumentos de medições utilizados em campo.

Elaboração: Salles, Leonardo (2020).

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111

Tabela 36- Dados meteorológicos/climáticos referente aos dias 10 e 11/09/2019, extraídos do

site INMET Estação Florestal e Instrumentos de medições utilizados em campo.

Elaboração: Salles, Leonardo (2020).

Tabela 37 - Dados meteorológicos/climáticos referente aos dias 11 e 12/09/2019, extraídos do

site INMET Estação Florestal e Instrumentos de medições utilizados em campo

Elaboração: Salles, Leonardo (2020).

Tabela 38 - Dados meteorológicos/climáticos referente aos dias 12 e 13/09/2019, extraídos do

site INMET Estação Florestal e Instrumentos de medições utilizados em campo.

Elaboração: Salles, Leonardo (2020).

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112

Tabela 39 - Dados meteorológicos/climáticos referente aos dias 13 e 14/09/2019, extraídos do

site INMET Estação Florestal e Instrumentos de medições utilizados em campo.

Elaboração: Salles, Leonardo (2020).

Sobre a interpretação dos dados meteorológicos/climáticos levantados em relação aos

resultados dos parâmetros ambientais adotados nestes estudos, podemos constatar que as

condições atmosféricas, atuaram como fatores que determinaram a qualidade dos resultados.

No período do monitoramento a taxa de precipitação foi ausente, fator que contribui no

aumento e na dispersão dos poluentes, a temperatura e umidade foram estáveis, sem nenhuma

contribuição na dinâmica dos resultados.

A direção predominância do vento, permaneceu conforme os padrões levantados no

estudo das normais climáticas e nos dados obtidos no ano de 2018, exceto nos últimos dias de

monitoramento que foi caracterizado um pequena modificação na predominância do vento,

fator este que não descaracterizou os resultados e o objetivo das amostragens, pois a

proximidade dos pontos em relação ao empreendimento, fonte geradora dos contaminantes

ambientais e a baixa intensidade na velocidade vento, ligada as características do sitio,

proporcionaram a dispersão dos poluentes de forma radial, não alterando a atenuação dos

resultados em relação ao distanciamento dos pontos de monitoramento.

Os mapas de localização e temáticos viabilizaram a análise da dinâmica espacial dos

parâmetros pesquisados. Além da representação cartográfica este trabalho conta com imagens

fotográficas que permitiram registrar, reproduzir e documentar as evidências do espaço

estudado e dos métodos e técnicas aplicadas.

Os mapas (Figuras 35, 36, 37 e 38) demonstram de forma gráfica a atenuação dos

resultados levantados, tendo em vista o distanciamento dos pontos da fonte emissora.

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113

Figura 23 - Mapa de Intensidade de Concentração de Partículas Inaláveis - PI

Figura 24 - Mapa de Intensidade de Concentração de Partículas Totais Suspenção - PTS

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114

Figura 25 - Mapa de Intensidade de Concentração de Ruído Ambiental - Diurno

Figura 26 - Mapa de Intensidade de Concentração de Ruído Ambiental - Noturno

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115

As curvas de dispersão dos poluentes demonstrados nos mapas não são lineares, pois

sua dispersão varia de acordo com as condições geográficas e ambientais presentes no ambiente,

como; o relevo a vegetação, a hidrografia, do clima (velocidade e predominância dos ventos,

temperatura, pluviosidade e pressão barométrica). Ressalta-se que estes parâmetros foram

levantados e monitorados apenas em um conjunto de pontos. O objetivo é demonstrar que o

distanciamento, reduz para os parâmetros ambientais avaliados neste estudo os impactos

ambientais gerados a comunidade circunvizinha.

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116

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com vistas a traçar algumas considerações sobre os resultados obtidos pela pesquisa

volta-se, aqui, para a retomada das questões motivadoras desse trabalho.

As perguntas foram: a) no âmbito da poluição atmosférica e sonora existem parâmetros

e critérios mensurados (ou mensuráveis) de distanciamento que, sendo utilizados, seriam

capazes de reduzir os problemas decorrentes da relação de proximidade entre unidades

produtivas e populações instaladas? e; b) Como se comporta o despejo de efluentes

atmosféricos e pressão sonora em relação ao espaço habitado?

Os resultados indicaram que o distanciamento entre a fonte geradora e a instalação de

áreas urbanas é sim um fator de redução dos impactos ambientais. Observou-se que, a despeito

das condições locais, tais com topografia, circulação atmosférica, cobertura vegetal,

características de urbanização e funcionalidade, a distância atua como atenuador dos efeitos dos

poluentes. Os parâmetros ambientais - partículas inaláveis, partículas totais em suspensão e

ruído ambiental, escolhidos como indicadores para este estudo - foram determinantes para

demonstrar esta relação.

Com relação à segunda questão observou-se que os monitoramentos da qualidade do ar

para os parâmetros partículas totais em suspenção e partículas inaláveis apresentam resultados

abaixo dos limites preconizados pela Resolução CONAMA 491/18), da mesma forma os

resultados de ruído ambiental apresentam resultados abaixo dos limites estabelecidos na norma

técnica NB 10151:2019, padrões escolhidos com base de comparação dos resultados deste

estudo.

Sobre as condições atmosféricas, estas atuaram como fatores que determinaram a

qualidade dos resultados. No período do monitoramento as taxas de precipitação foram

ausentes, a temperatura e umidade foram estáveis, a direção do vento teve pequenas alterações

em relação aos dados iniciais da pesquisa, mas, contudo, sem grandes alterações nos resultados

devido a velocidade do vento que se comportou para este período como calmo e suave, fazendo

com que os paramentos ambientais estudados se dispersassem de forma radial, sem nenhuma

contribuição na dinâmica dos resultados.

Vale ressaltar que comportamentos atmosféricos encontrados neste estudo, condizem

com trabalhos já existentes (SANTOS et al., 2016), referentes a outra localidade. Enfatizando

em as condições atmosféricas como fator predominante na dinâmica da dispersão dos poluentes

ambientais.

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117

Os monitoramentos realizados nos pontos a jusante do empreendimento, mesmo com a

contribuição gerada pela dispersão dos poluentes provenientes da indústria, apresentaram

resultados atenuados, devido a característica local, com a presença da vegetação, hidrografia e

relevo. Em contrapartida, os resultados encontrados no ponto a montante, mesmo não sofrendo

a influência direta desta dispersão, tiveram seus desfechos acentuados devido às características

da área urbana dotada de construções, vias de tráfego pavimentadas e pouca área verde.

Por outro lado, o Ponto 5 localizado à montante do empreendimento, na área urbana

consolidada de Betim, com predominância de construções residenciais unifamiliares, empresas

de comércios e serviços, com grande circulação de veículos pequenos e de transporte materiais,

teve seus resultados ampliados devido ao acúmulo de fontes de contribuição e pela baixa

capacidade de diluição dos parâmetros ambientais.

Os resultados obtidos neste estudo corroboraram com a hipótese de que o

distanciamento reduzir a intensidade dos poluentes e os problemas decorrentes da relação de

proximidade entre unidades produtivas e populações instaladas. Desta forma podemos ressaltar

que planejamento das estruturas urbanas é um fator primordial para a redução dos impactos, e

a equidade ambiental.

Do ponto de vista teórico, conforme Sposito (2004), as cidades são uma organização

dominante, de caráter teocrático, e um traço na sua estruturação interna do espaço era: a elite

sempre morava no centro. Isto servia tanto para facilitar o intercâmbio de ideias como para elas

ficarem menos expostas aos ataques externos. (SPOSITO, 2004, p. 18).

As cidades têm, portanto, uma estrutura padrão. O espaço não é organizado de forma

aleatória, mas tem origem num campo de forças que determina sua estrutura. Apesar dos

mosaicos espaciais, cidades dos países em desenvolvimento continuam exibindo os traços

“desenhados” por Sposito. As classes mais abastadas desfrutam da melhor estrutura e posição

enquanto aos demais, são destinados espaços pouco valorizados para o capitalismo.

Nesse contexto, exposição ao risco e vulnerabilidade socioeconômica, associam-se a

condições de impropriedade ambientais. Esta condição pode ser demonstrada através da

experiência profissional do pesquisador em inúmeros estudos e demandas jurídicas,

vivenciando os conflitos entre comunidades e indústrias, especificamente no que trata as áreas

ambientais. Enfatiza-se a similaridade das situações expostas nas imagens aéreas retiradas do

Google Earth Pro das 6 (seis) regiões. Isso, em tese, possibilitaria a aplicabilidade dos

resultados da pesquisa, dada a universalidade do processo no contexto das periferias

capitalistas. Não obstante, há que se considerar as especificidades dos sítios, que são únicos

para cada clima urbano.

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118

Conforme Monteiro “o clima urbano é um sistema que abrange o clima de um dado

espaço terrestre e sua urbanização”. Então “o espaço urbanizado, que se identifica a partir do

sítio, constitui o núcleo do sistema que mantém relações íntimas com o ambiente regional

imediato em que se insere” (MONTEIRO, 1976, p. 95).

A percepção e a conscientização dos problemas da cidade, em especial no caso do clima,

são decisivas para a qualidade do ambiente urbano, pois, induzem a anseios e expectativas que,

em termos sociais, são extremamente importantes para encontrar os referenciais de valores e o

estabelecimento de metas para o convívio comunitário

Para Monteiro (1990), compreender as variações meteorológicas da atmosfera de uma

cidade requer que se adentre no interior dela, “tomando-a como, fato geográfico‟, em sua real

estruturação físico-natural de ambiente altamente derivado‟ pelo homem sob uma dinâmica

funcional conduzida pelos condicionamentos econômicos” (MONTEIRO, 1990, p.9).

As cidades consistem em sistemas complexos, abertos a fluxos de energia e massa, em

contínuo processo de mudança. A concentração de área construída e verticalizada, de

complexos comerciais e industriais com vastas áreas de pavimentação, acompanhadas da

presença de poluentes, acabam alterando as propriedades da baixa troposfera e, por conseguinte,

o clima local (ASSIS, 2010).

Variáveis meteorológicas, como a pluviosidade, velocidade de vento, umidade relativa

do ar e temperatura exercerem influência direta sobre as concentrações dos poluentes,

favorecendo ou não sua dispersão (BRUM, 2010). Partindo deste princípio, os pontos de

monitoramento desta dissertação foram definidos após o estudo detalhado das condições

climáticas, utilizado o banco de dados do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET, através

de consultas aos dados históricos referentes à estação convencional de Florestal/MG e

instrumentos de medições portáteis instalados próximos as estações de monitoramento de forma

a validade as informações, minimizando ao máximo eventuais interferências e dando aos

resultados robustez e confiabilidade.

Conforme mencionado por Warthern, “a mudança em um parâmetro ambiental”, num

determinado período e numa determinada área, “que resulta de uma dada atividade, comparada

com a situação que ocorreria se esta atividade não tivesse iniciada é considerada com uma

intervenção ambiental” (WATHERN, 1988, p. 7.).

Estudos realizados para a qualidade do ar e vibração acústica são considerados na

literatura recente, TORRES (2013), KING & MURPHY (2016) e SÁ NETO et al. (2018), como

levantamentos ambientais de forma indicativa de controle, onde projetam intervenções nas

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bases estruturais da cidade de forma a minimizar a exposição humana, mas em nenhum

momento a preservação das áreas as quais possuem sua aptidão natural ou econômica.

Atualmente, a poluição do ar é considerada uma das principais questões ambientais que

impactam a saúde, os ecossistemas, o ambiente construído e o clima. Além disso, a Organização

Mundial da Saúde estima que 92% da população mundial viva em locais onde os níveis das

diretrizes de qualidade do ar não foram alcançados (OMS, 2016).

Considerando estes aspectos, ATJAI (2019) enfatiza que é de vital importância

desenvolver normas e regulamentos visando garantir a melhor qualidade do ar, pois afeta todos

os aspectos ambientais, incluindo a vida humana. Neste aspecto este estudo destaca a

importância do planejamento do uso da terra e da incorporação de informações sobre a

qualidade do ar processo, a fim de obter um ambiente mais saudável.

Importante ressaltar que as lutas por justiça ambiental representam uma barreira

organizada, contra a instalação de indústrias e contra as políticas de incentivo irregular. Por

outro lado, também enfatizam a necessidade do direcionamento dos recursos públicos na

distribuição da renda urbana de forma que os benefícios se reflitam sobre a qualidade de vida

das populações e do espaço.

Com o intuito de colaborar com construção dos espaços urbanos adequados tanto quanto

a manutenção das atividades econômicas, esta pesquisa demonstra através de seus resultados,

o equilíbrio necessário de, por um lado construir em locais cujos processos produtivos

industriais não gerem impactos a saúde da comunidade, e por outro a permanência das

indústrias com o seu objetivo primário de fornecer postos de trabalhos e geração de recursos

financeiros a seus associados, colaboradores e municípios.

O distanciamento pretendido depende da grandeza dos parâmetros ambientais avaliados,

da sua ação direta sobre a saúde do indivíduo, tanto quanto dos recursos naturais presentes,

aliados ao valor e interesse de preservação e a funcionalidade das ferramentas urbanas

disponíveis. Neste caso específico, sugere-se que a presença do Rio Betim com suas cachoeiras,

as áreas de alagamento e as áreas de vegetação de mata ciliar propiciariam a criação de uma

reserva ambiental que além de exercer as funções de controle geológico, adotariam a função de

atenuadores ambientais.

Estudos de TORRRES (2013), KING & MURPHY (2016) e ATJAI (2019) e ainda

SILVA (2018) e CORRÊA (2014), sobre conflitos ambientais, fechamento de indústrias e o

agravamento da falta de empregos e crise social sugerem a possibilidade de sua replicação na

esfera local deste estudo, conforme demonstraram os resultados ora obtidos. Desta forma,

soluções relativamente simples poderiam minimizar os conflitos. Sugere-se aqui a criação de

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uma área de proteção (distanciamento). WARTHERN (1988) sugere o uso de indicadores para

a avaliação e definição de áreas de proteção, nomeando-as “zonas de amortecimento” de

parâmetros ambientais. Isso resultaria na melhoria nas condições da comunidade e a redução

dos conflitos ambientais.

O termo amortecimento foi definido e regulamentado pelo, Art. 225, Par. 1º, Incisos I,

II, III E VII da Constituição federal que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de

Conservação da Natureza e Outros – SNUC, esta terminologia é utilizadas em relação as

reservas naturais, onde as atividades humanas estão sujeitas a regras e restrições especificas,

objetivo desta medida é minimizar o impacto negativo nas reservas. Como a própria definição

afirma, o objetivo da zona de amortecimento é conter influências externas que podem afetar

negativamente a preservação da unidade de alguma forma. Desta forma, mesmo que o propósito

de proteger o reflexo ecológico causado pelo meio que o envolve, minimizando os impactos

gerados nas zonas de limite, formando assim uma zona de proteção hierárquica ao seu entorno

e medidas para evitar que as atividades humanas afetem negativamente a manutenção da

biodiversidade. (BRASIL, 2000).

Para esta pesquisa, a área de amortização possui o mesmo sentido, mas aplicado à

comunidade local. Trata-se de uma área de conservação cujo objetivo seria filtrar os impactos

negativos das atividades que ocorrem dentro das áreas industriais, tais como: ruídos, poluição

atmosféricas, vibrações, iluminação excessiva e outros impactos inerentes ao processo

produtivo próximos as áreas de ocupação humana.

A área estudada é propícia e ideal à preservação ambiental e à criação desta área de

abatimento, além de resgatar e proteger a comunidade a áreas de vulnerabilidade, neste caso o

alagamento através do transbordo do Rio Betim, e as possíveis interferências ambientais

geradas pela indústria.

Este trabalho sugere um método expedito e simplificado para detectar os impactos e

propor mitigações e recursos de forma a separar as áreas de uso e ocupação do solo.

Os resultados finais apresentados nesta dissertação permitem subsidiar a construção das

políticas públicas dos municípios, recomendando a aplicação e o desenvolvimento de projetos

ambientais adequados tanto para a indústria, quanto para a população, afim de melhorar as

condições ambientais em termos de qualidade de vida, reduzindo a injustiça ambiental,

reduzindo o efeito da poluição a saúde humana e minimizando os conflitos sociais existentes.

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