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aware Abril 2012 | N.5 ANGOLAN DESK

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Abril 2012 | N.5

ANGOLAN DESK

ANGOLAN DESK | EDITORIAL

Com a presente “Aware” vimos dar

conta da enorme produção legislativa

que se verifica em Angola, procurando

acompanhar o crescimento económi-

co deste país, modernizando-o e do-

tando-o de instrumentos adequados

ao fluxo crescente de investimento

estrangeiro. A produção legislativa

a que nos referimos abarca sectores

e matérias como a água, ambiente,

crédito, laboral, transportes, admi-

nistração, impostos, entre outros, com

destaque para o novo Regulamento

sobre a Contratação de Serviços de

Assistência Técnica Estrangeira e o

novo regime jurídico das sociedades

de cessão financeira e sociedades de

locação financeira.

De salientar este enorme esforço que

as autoridades Angolanas estão a fa-

zer e que são o espelho de um país

onde tudo está a acontecer ao mesmo

tempo e a grande velocidade.

Fernando Veiga Gomes, Advogado | Só[email protected]

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Em 27 de Outubro foi publicado o De-creto Presidencial n.º 273/11, de 27 de Outubro, que veio aprovar o Regu-lamento sobre a Contratação de Presta-ção de Serviços de Assistência Técnica Estrangeira ou de Gestão (doravante, Regulamento), que entrou em vigor na própria data da sua publicação, ou seja, no dia 27 de Outubro.

Na prática, o Regulamento vem limitar exponencialmente a contratação deste tipo de serviços, particularmente quan-do se trate de sociedades com projecto de investimento aprovado pela ANIP, visando, sobretudo, a protecção do in-teresse nacional, a promoção do desen-volvimento do mercado de trabalho e a racionalização dos recursos cambiais angolanos.

Objecto e âmbito de aplicação

Este Regulamento vem aplicar-se a to-dos os contratos de prestação de ser-viços de assistência técnica estrangeira ou de gestão, que venham a ser celebra-dos pelas empresas angolanas, privadas ou mistas, excluindo-se os contratos de tecnologia e a contratação individual de

especialistas, bem como a contratação de serviços de assistência técnica es-trangeira ou de gestão por parte de em-presas que actuem no sector petrolífero e diamantífero.

Para efeitos de aplicação do Regula-mento, considera-se como “contrato de prestação de serviços de assistência téc-nica estrangeira ou de gestão” a relação jurídico-obrigacional que tem por objec-to a aquisição a entidades colectivas não residentes, de serviços administrativos, científicos e técnicos especializados ne-cessários para manter, melhorar ou au-mentar a capacidade produtiva, quer de bens quer de serviços, bem como o au-mento do nível de formação profissional dos trabalhadores que exigem dos seus executantes conhecimentos que não po-dem ser obtidos no país.

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REGuLAmENTO SObRE A CONTRATAçãO DE SERvIçOS DE ASSISTêNCIA TéCNICA ESTRANGEIRA Ou DE GESTãO

Porém, o regime aplicável será distinto consoante o seu preço global anual seja superior ou inferior a USD 300.000,00.

Assim, no caso de contratos cujo valor global seja inferior a USD 300.000,00 (trezentos mil dólares) e cujo prazo de execução seja inferior ou igual a 12 meses, apenas há necessidade de dar conhecimento dos mesmos ao Ministé-rio da Economia.

Nos demais casos, ou seja, quando se trate de: a) contratos cujo valor global seja inferior a USD 300.000,00 mas cujo prazo de execução seja su-perior a 12 meses; e b) contratos cujo valor global seja superior a USD 300.000,00, a celebração do con-trato está sujeita a aprovação de Comissão de Avaliação a ser consti-tuída junto do Ministério da Economia.

Seja qual for o preço global do con-trato, quando a parte contratante seja uma empresa constituída ao abrigo de um projecto de investimento e a outra parte seja uma sua associada estrangeira, a celebração do contrato apenas poderá ocorrer mediante auto-rização da ANIP, após parecer favorável do Ministério da Economia.

Pressupostos para a contratação

Para que um contrato de prestação de serviços, cujo preço global exceda USD 300.000,00, mereça a aprovação da Comissão de Avaliação, têm de estar verificados os seguintes pressupostos:

a) Os serviços a contratar envolverem tal complexidade e especialização que não possam ser obtidos em Angola;

b) Os serviços a contratar enquadra-rem-se na realização de programas pré-determinados que envolvam co-nhecimentos especializados, dentro de prazos fixados;

c) A contratação dos serviços implique significativas vantagens para a empre-sa ou serviço contratante, bem como para a economia nacional;

d) O objecto dos serviços a prestar contribua de forma decisiva para o de-senvolvimento económico do país.

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Conteúdo obrigatório do contrato

Para que sejam aprovados pela Comissão de Avaliação, os contratos a celebrar de-vem obrigatoriamente ser redigidos em língua portuguesa e conter os seguintes elementos:

a) Identificação completa das partes contratantes, respectiva sede social e as entidades com poderes para as repre-sentar;

b) Definição detalhada do objecto do contrato;

c) Especificação dos resultados espe-rados e a garantia de que a forma da prestação e o conteúdo dos serviços é suficiente para a obtenção dos resulta-dos previstos;

d) Programa de Trabalhos;

e) Cronograma das acções a desenvolver;

f) Trabalhadores estrangeiros necessári-os (deverá ser indicada a identificação e perfil profissional de cada trabalhador, bem como o tempo de trabalho estima-do, em função do Cronograma apresen-tado);

g) Prazo global do contrato;

h) Obrigatoriedade de a entidadecontratante fornecer todas as informa-ções relevantes e a documentação téc-nica a utilizar na prestação dos serviços;

i) Obrigatoriedade de a entidade contrata-da apresentar um relatório de execução do contrato, incluindo a apresentação de recomendações relativas ao objecto contratado, aquando do termo do con-trato;

j) Indicação da lei angolana aplicável em cada momento da execução do contrato;

k) Forma e órgãos de resolução de litígios – sendo possível optar pela re-solução de litígios através de Tribunal Arbitral, quaisquer conflitos que não se-jam amigavelmente solucionados serão dirimidos pelo Tribunal da Província competente em razão da matéria;

l) Quaisquer outras cláusulas que se mostrem relevantes de modo a que o contrato não seja impreciso, indetermi-nado, ininteligível, confuso ou ambíguo.

São expressamente proibidas as se-guintes cláusulas:

a) Objectos vagos, imprecisos, indeter-minados ou complexos;

b) Preços exorbitantes, indeterminados, aleatórios ou compósitos;

c) Cláusulas que reflictam um manifesto desequilíbrio entre as prestações recí-procas das partes;

d) Restrições à livre utilização, pela par-te nacional, das informações técnicas;

e) Referências a prestações característi-cas de outro tipo de contratos, designa-damente royalties;

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f) Cláusulas que estabeleçam a pro-rrogação automática do contrato;

g) Cláusulas atentatórias da soberania nacional;

h) Cláusulas lesivas da ordem pública interna.

valor do contrato

O contrato deve fixar um preço global pelos serviços a prestar, devendo no entanto ser decomposto, especificando, designadamente, as prestações que se refiram a:

a) Operações de invisíveis correntes;

b) Operações de mercadorias (quando seja o caso);

c) Demais elementos que colaborem para a formação do preço global.

Note-se que o somatório do preço global de todos os contratos de prestação de serviços de assistência técnica estrangei-ra ou de gestão celebrados com enti-dades não residentes não pode exceder 10 vezes o valor dos fundos próprios da entidade beneficiária dos serviços, ou seja, a entidade nacional.

Caso este limite não seja cumprido, o valor excedente será considerado como despesa desnecessária à actividade da empresa e, consequentemente, não dedutível para efeitos fiscais.

Prazo

Nos termos do Regulamento, os contra-tos devem ser celebrados pelo período de tempo considerado como razoavelmente necessário. Para este efeito, considera-se como “razoavelmente necessário” o prazo que não seja superior a 36 meses.

Em circunstâncias excepcionais, poderão os contratos ter um prazo de vigência superior, mas terão de ser devidamente justificados e estão sujeitos a autoriza-ção do Ministério da Economia.

Renovação ou prorrogação dos contratos

A renovação ou prorrogação dos contra-tos de prestação de serviços está sujeita às mesmas formalidades que a celebra-ção do contrato inicial, devendo, no en-tanto, ser acompanhada do relatório de execução do contrato anterior.

Ressalva-se que, conforme acima, são expressamente proibidas as cláusulas que prevejam a prorrogação automática do contrato.

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Tramitação

Antes da assinatura do contrato de prestação de serviços, a entidade resi-dente deve submeter ao Ministério da Economia o processo relativo à intenção de celebrar um contrato de prestação de serviços com entidade não residente.

Caso o pedido seja formulado de modo deficiente ou insuficiente, o Ministério da Economia notifica a entidade requerente para, em 8 (oito) dias úteis, suprir as irregularidades encontradas ou fornecer informações adicionais ou complemen-tares.

Uma vez aceite o pedido, a Comissão de Avaliação constituída disporá de 30 (trinta) dias úteis para analisar e deci-dir sobre o contrato apresentado. Fin-do este prazo sem que a Comissão de Avaliação se pronuncie, haverá lugar a deferimento tácito do pedido sub-metido. Caso a Comissão de Avaliação se pronuncie, emitirá um parecer final e comunicará a sua decisão à entidade residente que, em posse desse parecer favorável, poderá então assinar o con-trato de prestação de serviços.

Após a assinatura, o contrato de presta-ção de serviços será registado nos ter-mos da regulamentação cambial sobre invisíveis correntes.

Porém, no que respeita à liquidação, compete ao Banco Nacional de Angola definir os termos e condições em que a mesma se processará, o que até agora ainda não aconteceu.

No final da execução do contrato, e para efeitos de controlo da sua execução por parte do Ministério da Economia, a enti-dade residente deverá apresentar àquele Ministério um relatório de execução do contrato no prazo de 45 (quarenta e cin-co) dias após o termo do mesmo.

Disposições finais e transitórias

Os contratos de prestação de serviços de assistência técnica estrangeira ou de gestão com entidades não residentes que estejam sujeitos aos termos deste Regulamento, mas não o cumpram em qualquer das suas disposições, são nu-los, não produzindo quaisquer efeitos jurídicos.

Os contratos de prestação de serviços que estejam em vigor à data da publi-cação deste Regulamento, mantêm-se válidos até ao seu termo mas deviam ter sido registados junto do Ministério da Economia no prazo máximo de 60 (sessenta) dias úteis após a entrada em vigor deste Diploma, ou seja, até dia 20 de Janeiro de 2012.

Em qualquer um dos casos, a conse-quência mais directa e gravosa será, naturalmente, a dificuldade (senão mes-mo, impossibilidade) de proceder à efec-tiva transferência do pagamento pelos serviços contratados.

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Ficha Técnica do Contrato

Em complemento deste diploma, a Comissão de Avaliação de Contratos de Prestação de Serviço de Assistência Téc-nica Estrangeira ou de Gestão fez publi-car, no passado dia 8 de Março, no Jornal de Angola, um comunicado nos termos do qual os contratos sujeitos aos termos do Regulamento têm de ser acompa-nhados de uma Ficha Técnica do Contrato devidamente preenchida e de do-cumen-tação adicional, em formato electrónico.

Assim, na Ficha Técnica do Contrato deve constar a seguinte informação:

Relativamente à entidade contratante, deve ser indicado o NIF, endereço, re-presentante legal, capital social e fundos próprios.

No que respeita à entidade contratada, deve ser indicado NIF, endereço, repre-sentante legal e capital social.

Quanto ao tero do próprio contrato, devem ser indicadas as seguintes informações:

a) Definição do objecto do contrato;

b) Especificação dos resultados espera-dos;

c) Prazo global de execução do contrato, incluindo: data de assinatura, data de entrada em vigor e data de termo;

d) Número total de trabalhadores da entidade contratante, discriminando o número de trabalhadores nacionais e trabalhadores estrangeiros, bem como os já contratados e a contratar ao abrigo do contrato;

e) Número de identificação e perfil pro-fissional dos especialistas a contratar;

f) Programa de trabalho, Cronograma de acções e tempo de trabalho de cada um dos especialistas estrangeiros a contratar;

g) Informações técnicas e demais do-cumentação a prestar pela entidade contratada, se aplicável;

h) Forma de prestação de contas ou de boa execução do contrato;

i) Valor global do contrato, especifican-do o valor das mercadorias, se aplicável, bem como, outros elementos que en-tram na composição do preço;

j) Forma de pagamento;

k) Garantias;

l) Taxa de penalização;

m) Legislação aplicável; e

n) Forma de resolução de litígios.

As entidades contratantes constituídas ao abrigo da Lei do Investimento Prova-do, devem ainda indicar:

a) O valor global do investimento;

b) O investimento em meios monetário; e

c) O investimento em bens de equipa-mentos e outros.

A Fica Técnica do Contrato deve ser re-metida à Comissão de Avaliação acom-panhada do projecto de contrato a ce-lebrar e dos seguintes documentos:

a) Estatutos da entidade contratante;

b) RENT;

c) Comprovativo de situação fiscal re-gularizada (Modelo 1 de Declaração de Rendimentos).

Marta Romano de Castro, Advogada [email protected]

Maria Cabral de Azevedo, Advogada [email protected]

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Na sua versão original, a Lei das Insti-tuições Financeiras, aprovada pela Lei n.º 13/05, de 30 de Setembro reconhe-cia já, como instituições financeiras não bancárias, as sociedades de cessão finan-ceira (sociedades de factoring) e de loca-ção financeira (sociedades de leasing).

Porém, face à necessidade de regula-mentar diversos aspectos deste tipo de sociedades foram publicados os se-guintes regulamentos: (i) Regulamento sobre a actividade das sociedades de lo-cação financeira, aprovado pelo Decreto Presidencial n.º 65/11, de 18 de Abril; e (ii) o Regulamento sobre a actividade das sociedades de cessão financeira, aprovado pelo Decreto Presidencial n.º 95/11, de 28 de Abril.

No mesmo sentido, o Banco Nacional de Angola publicou os Avisos n.º 14/2011, de 19 de Dezembro, n.º 15/2011, de 19 de Dezembro, n.º 16/2011, de 19 de Dezembro e n.º 17/2011, de 19 de Dezembro.

Nos termos da lei as sociedades de cessão financeira (factoring) e as socie-dades de locação financeira (leasing) são instituições financeiras não bancárias ligadas à moeda e ao crédito, sujeitas à jurisdição e supervisão do Banco Na-cional de Angola. Nesta medida, cabe ao Banco Nacional de Angola regulamentar a actividade deste tipo de sociedades, consoante as necessidades que o mer-cado revele.

Para que possam exercer a sua activi-dade em Angola, estas sociedades de-verão cumprir determinados requisitos legais, não só de autorização de consti-tuição, mas também de registo junto do Banco Nacional de Angola.

Forma e Firma da Sociedade

As sociedades devem adoptar a forma de sociedade anónima. A firma ou denomi-nação social deve, obrigatoriamente, in-cluir uma designação que identifique a

espécie da sociedade, não podendo in-duzir o público em erro quanto ao âm-bito das operações a que a instituição está autorizada a realizar. Assim, de-verá ser incluída na firma a expressão “cessão financeira” ou “locação finan-ceira”, de acordo com o caso, seguida da expressão “Sociedade Anónima” ou pela abreviatura “S.A.” correspondente.

REGImE juRíDICO ANGOLANO DAS SOCIEDADES DE CESSãO FINANCEIRA E SOCIEDADES DE LOCAçãO FINANCEIRA

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Objecto Social

O objecto social das sociedades estálimitado às actividades legalmente pre-vistas.

Assim, as sociedades de cessão finan-ceira terão por objecto exclusivo o exer-cício da actividade de cessão financeira, mediante a qual uma das partes (cessio-nário ou factor) adquire da outra (ader-ente) créditos a curto prazo, resultantes da venda de produtos ou da prestação de serviços a uma terceira pessoa (de-vedor), nos termos que sejam permiti-dos por lei.

Por seu lado, as sociedades de locação financeira terão como objecto exclusivo o exercício da actividade de locação fi-nanceira podendo, acessoriamente: a) alienar, ceder a exploração, locar ou efectuar outros actos de administração sobre bens que lhes hajam sido restituí-dos, quer por motivos de resolução de um contrato de locação financeira, quer em virtude do não exercício pelo loca-tário do direito de adquirir a respectiva propriedade; b) locar bens móveis fora dos casos em que os bens lhes hajam sido restituídos no termo do contrato de locação financeira.

Capital Social e Fundos Próprios

O capital social mínimo das sociedades deverá ser integralmente realizado em moeda nacional no montante de AKZ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de kwanzas), não devendo os Fundos Próprios Regulamentares das sociedades ser inferiores a este valor.

Na data da constituição das sociedades, o capital social mínimo deve estar inte-gralmente realizado e depositado numa instituição financeira bancária domicili-ada em Angola.

Nos casos em que o capital social ini-cial seja superior ao mínimo legalmente previsto, é exigida a realização de, pelo menos, 50% do montante que exceda aquele valor mínimo, devendo o rema-nescente ser integralmente realizado no prazo de seis meses a contar da data de constituição da sociedade.

Se a sede da sociedade se situar fora da Província de Luanda, o montante do capital social mínimo pode ser reduzido em 50%, ou seja, AKZ 25.000.000,00 (vinte e cinco milhões de kwanzas). Porém, este benefício implica que a sociedade não possa abrir agências em Luanda antes de completar cinco

exercícios económicos. Caso a sociedade o faça, perderá o benefício de redução do capital social, devendo realizar o montante mínimo de capital social acima referido de AKZ 50.000.000,00.

Administração das Sociedades

O órgão de administração das sociedades deve ser constituído por um número ím-par de membros fixado pelos estatutos da sociedade, com o mínimo de três administradores, devendo a gestão cor-rente da sociedade ser confiada a, pelo menos, dois membros do órgão de ad-ministração.

Para além de preencherem requisitos legais de idoneidade, disponibilidade e experiência profissional, os membros dos órgãos de administração da socie-dade não podem, cumulativamente, e-xercer cargos de gestão ou desempe-nhar quaisquer funções em outras instituições financeiras bancárias ou não bancárias, salvo se existir uma relação de grupo entre as instituições em causa e a tal não se opuser o Banco Nacional de Angola.

O não o cumprimento destes requisitos poderá levar à revogação da autorização para o exercício da actividade.

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Estrutura de controlo accionista

As participações directas e indirectas no capital social que impliquem o controlo das sociedades apenas podem ser deti-das por:

i. Pessoas singulares ou pessoas colec-tivas cujos controladores finais sejam pessoas singulares;

ii. Instituições financeiras autorizadas a funcionar pelo Banco Nacional de Angola ou por outra entidade de supervisão, na-cional ou estrangeira.

Caso se verifiquem alterações estatu-tárias, o Banco Nacional de Angola pode pedir às instituições financeiras em fun-cionamento, a apresentação de todos ou alguns documentos e informações, como se tratasse da instrução de um pedido de autorização inicial para o exercício da actividade.

Depende da autorização do Banco Na-cional de Angola a transacção entre resi-dentes de lotes de acções que, isolada ou cumulativamente, representem mais de 10% do capital social da sociedade, bem como quaisquer transacções de acções em que intervenham entidades não residentes.

Recursos

As sociedades apenas podem financi-ar a sua actividade através dos fundos próprios e dos seguintes recursos:

i. Emissão de obrigações de qualquer espécie nos termos e condições fixados na Lei das Sociedades Comerciais, bem como de papel comercial;

ii. Financiamentos concedidos por insti-tuições bancárias, nomeadamente no âmbito do mercado interbancário, se a regulamentação aplicável a este merca-do o permitir, bem como por instituições financeiras internacionais;

iii. Obtenção de crédito dos fornece-dores dos bens destinados à locação;

iv. Suprimentos e outras formas de em-préstimo e adiantamentos entre uma sociedade e os respectivos sócios;

v. Operações de tesouraria, quando le-galmente permitidas, entre as socie-dades que se encontrem numa relação de domínio ou de grupo.

Rácio de Solvabilidade e Fundos Próprios Regulamentares

O rácio de solvabilidade regulamentar corresponde à relação entre os fundos próprios regulamentares e o valor do património exposto aos riscos inerentes às operações realizadas pela instituição financeira, devendo ser igual ou superior a 10%, de acordo com os critérios legal-mente determinados.

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As sociedades deverão remeter ao Ban-co Nacional de Angola, trimestralmente, até 8 dias após o termo de cada trimes-tre o balancete reportando a posição global da instituição.

Até ao dia 30 de Abril do ano subse-quente, as demonstrações financeiras do exercício anterior deverão ser publi-cadas e remetidas ao Banco Nacional de Angola, bem como o Parecer de Audito-ria Externa e, se for o caso, o Parecer do Conselho Fiscal.

O incumprimento do prazo de envio das informações acima é punível por cada dia de atraso, sendo aplicável a cada documento uma multa correspondente a 1% do capital social mínimo definido para as sociedades de cessão financeira, dividido por 360 dias.

Auditoria Externa

As sociedades deverão submeter anual-mente as suas demonstrações financei-ras a uma auditoria externa, que será realizada por um auditor independente, que poderá ser uma empresa de auditoria devidamente autorizada ou perito con-tabilista devidamente inscrito na Ordem dos Contabilistas e Peritos Contabilistas.

Note-se que a entidade responsável pela auditoria não pode exercer as suas fun-ções na sociedade por período superior a quatro anos.

Findo este prazo, a entidade auditora apenas poderá vir a auditar novamente a mesma sociedade após o decurso de igual prazo de quatro anos.

Processo de Autorização para a Constituição da Sociedade

A autorização para constituição de socie-dades de cessão financeira (factoring) e de sociedades de locação financeira (leasing) deverá ser solicitada mediante requerimento dirigido ao Governador do Banco Nacional de Angola, em mo-delo oficial, acompanhado de diversos elementos referentes não apenas à so-ciedade a constituir e ao mercado alvo, como também referentes aos accionis-tas e às pessoas que assumirão cargos de gestão e fiscalização na sociedade.

Não obstante o envio dos documentos considerados como obrigatórios, o Ban-co Nacional de Angola poderá ainda so-licitar documentos adicionais, bem como convocar os accionistas e administrado-res para entrevista.

Após a concessão de autorização para constituição, por parte do Banco Na-cional de Angola, a sociedade deverá ser constituída no prazo de seis meses ou iniciar a sua actividade no prazo de doze meses, sob pena de caducidade da autorização, sem prejuízo de, por uma única vez, o prazo de início de actividade poder prorrogado até seis meses.

Imposto do Selo

Na sequência da publicação do novo Código do Imposto do Selo, no âmbito da Reforma Tributária angolana, as o-perações de locação financeira passarão a estar sujeitas a Imposto do Selo, nos seguintes termos:

Operação: Locação financeira sobre bens imóveis, sobre o montante da con-traprestação. Taxa: 0,3%

Operação: Locação financeira e o-peracional de bens móveis corpóreos, integrando a manutenção e assistência técnica, sobre o montante da contra-prestação. Taxa: 0,4%

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Prestações de Informações

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No que respeita às operações de cessão fi-nanceira, a incidência do Imposto do Selo, para o que aqui releva, será a seguinte:

Operação: Pela utilização de créditos, sob a forma de fundos, mercadorias e outros valores em virtude da concessão de crédito a qualquer título, incluindo a cessão de créditos, o factoring e as operações de tesouraria quando envol-vam qualquer tipo de financiamento (…), sobre o respectivo valor, em função do prazo:

i) Crédito de prazo igual ou inferior a um ano, por cada mês ou fracção. Taxa: 0,5%

ii) Crédito de prazo igual ou superior a um ano. Taxa: 0,4%.

iii) Crédito de prazo igual ou superior a cinco anos. Taxa: 0,3%.

Nesta sede, cumpre ainda chamar a a-tenção para o facto de, sobre o valor das letras e livranças de valor superior a AKZ 100,00, dadas em garantia na assinatu-ra dos contratos de locação financeira, por exemplo, incidir Imposto do Selo à taxa de 0,1%.

Marta Romano de Castro, Advogada [email protected]

Maria Cabral de Azevedo, Advogada [email protected]

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Decreto Presidencial n.º 265/11, de 14 de Outubro, que aprova o regime jurídi-co das contas poupança-habitação.

Decreto Presidencial n.º 272/11, de 26 de Outubro, que aprova o regime ju-rídico da cedência temporária de tra-balhadores, bem como da actividade das empresas de trabalho temporário.

Decreto Presidencial n.º 273/11, de 27 de Outubro, que aprova o Regulamento sobre a contratação de serviços de as-sistência técnica estrangeira ou de gestão.

Decreto Presidencial n.º 287/11, de 1 de Novembro, que define os princípios e regras especiais geradoras da obrigação de taxas municipais.

Decreto Executivo n.º 179/11, de 8 de Novembro, que determina que as en-tidades empregadoras, que exercem a sua actividade em território nacional, devem, para assunção efectiva dos respectivos custos, constituir obrigatori-amente a provisão para o pagamento do prémio do seguro de Acidentes de Tra-balho e de Doenças Profissionais, em cumprimento do Regime Jurídico dos Acidentes de Trabalho e Doenças Profis-sionais e define as regras aplicáveis à constituição desta provisão.

Decreto Presidencial n.º 293/11, de 15 de Novembro, que aprova o Protocolo Bilateral entre a República de Angola e a República Portuguesa sobre facilitação de vistos.

Despacho n.º 1069/11, de 29 de No-vembro, que aprova a actualização dos valores base correspondentes ao valor médio por metro quadrado dos prédios urbanos constantes das tabelas de ava-liação aprovadas pelo Decreto Presiden-cial n.º 81/11, de 25 de Abril.

Lei n.º 39/11, de 29 de Novembro, que procede à alteração da Lei da Organiza-ção e Funcionamento dos Órgãos da Ad-ministração Local do Estado, aprovada pela Lei n.º 17/10, de 29 de Julho.

Lei n.º 33/11, de 6 de Dezembro, que autoriza o Executivo a definir um Regime Especial de Isenção do Imposto sobre a Aplicação de Capitais aplicável aos ju-ros de financiamento ou de suprimentos concedidos às entidades do sector pú-blico empresarial na execução do Pro-grama Nacional de Habitação.

Lei n.º 34/11, de 12 de Dezembro, que aprova a Lei de Combate ao Branquea-mento de Capitais e do Financiamento do Terrorismo.

Lei n.º 35/11, de 16 de Dezembro, que autoriza o Titular do Poder Executivo a legislar sobre a revisão do Código do Im-posto Industrial, do Código do Imposto sobre a Aplicação de Capitais, do Código do Imposto sobre o Rendimento do Tra-balho e do Regulamento do Imposto do Consumo, no sentido de os ajustar à ac-tual realidade económica e tributária do País, e a aprovar o Código do Imposto de Selo.

Decreto Executivo Conjunto n.º 197/11, de 26 de Dezembro, que procede à cria-ção do Tribunal Municipal de Camacuio, na província do Namibe.

Decreto Legislativo Presidencial n.º 5/11, de 30 de Dezembro, que aprova a re-visão ao Código do Imposto sobre a Apli-cação de Capitais.

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Novidades Legais

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Novidades Legais (continuação)

Decreto Legislativo Presidencial n.º 6/11, de 30 de Dezembro, que aprova o Código do Imposto do Selo e revoga o Diploma Legislativo n.º 3841/68, de 6 de Agosto, o Decreto n.º 7/89, de 15 de Agosto, o Decreto Executivo n.º 85/99, de 11 de Junho, igualmente o Decreto n.º 18/92, de 15 de Maio, o Decreto Executivo Conjunto dos Ministérios das Finanças e Justiça, e o Decreto Execu-tivo n.º 71/04, de 9 de Julho, bem como a demais legislação contrária.

Decreto Legislativo Presidencial n.º 7/11, de 30 de Dezembro, que altera os arti-gos 1.º, 2.º, 8.º, 9.º, 11.º, 12.º e 14.º do Regulamento do Imposto de Consu-mo, aprovado pelo Decreto n.º 41/99, de 10 de Dezembro.

Lei n.º 1/12, de 12 de Janeiro, que apro-va a Lei sobre a designação e execução de actos jurídicos internacionais.

Lei n.º 2/12, de 13 de Janeiro, que apro-va a Lei sobre o regime cambial aplicável ao sector petrolífero.

Lei n.º 3/12, de 13 de Janeiro, que aprova a Lei de Bases das Associações Públicas.

Lei n.º 6/12, de 18 de Janeiro, que apro-va a Lei das Associações Privadas.

Lei n.º 7/12, de 18 de Janeiro, que apro-va a Lei do Cinema e do Audiovisual.

Lei n.º 8/12, de 18 de Janeiro, que apro-va a Lei do Mecenato.

Aviso n.º 1/2012, do Banco Nacional de Angola, de 27 de Janeiro, que regula os termos e condições a que deve obedecer a entrada e saída de moeda nacional e de moeda estrangeira.

Decreto Presidencial n.º 22/12, de 30 de Janeiro, que altera o Decreto n.º 9/05, de 18 de Março, que cria a Comissão de Mercado de Capitais e aprova o seu Es-tatuto Orgânico.

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Esta Aware contém informação e opiniões de carácter geral, não substituindo o recurso a aconselhamento jurídico para a resolução de casos concretos. Para esclarecimentos adicionais contacte Angolan Desk: [email protected] | Visite o nosso site www.abreuadvogados.com

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LISBOA SEDE * PORTO * MADEIRA * LISBOA

PORTO

MADEIRA

ANGOLA (EM PARCERIA)

MOÇAMBIQUE (EM PARCERIA)

CHINA (EM PARCERIA)

(*) Actividade certificada nos locais indicados.

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