B-015 Niedja Maria Galvao Araujo Oliveira

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    O PROCESSO DE DESERTIFICAO NO STIO MANDURI-PE - BRASIL

    OLIVEIRA, Nidja Maria Galvo Arajo. (UPE/ITEP) [email protected]

    CARVALHO, Joo Allyson Ribeiro. (UPE) [email protected]

    RESUMO

    O homem um animal que consegue mudar ou moldar a natureza na tentativa de uma

    vida melhor. Desde a Pr-histria este vem fazendo tais proezas e atualmente a

    sociedade encontra-se bem mais complexa devido aos avanos conseguidos pela

    espcie humana. Todavia, certas mudanas realizadas por essa espcie trazem

    problemas natureza e por conseqncia para os que fazem parte dela. Neste sentido, a

    pesquisa localiza-se no Stio do Manduri, Municpio de Santa Maria do Cambuc, situada

    entre as coordenadas de 7 48 45 de latitude S e 35 52 50 de longitude W de

    Greenwich, no Estado de Pernambuco na zona fisiogrfica do Agreste. A extrao ilegal

    de areia do subsolo podem ser o motivo mais contundente para que tal municpio esteja

    em processo de degradao. Com base no exposto, objetiva-se analisar os meios fsico e

    socioeconmicos priorizando o processo de desertificao emergente na rea e suas

    principais conseqncias no ambiente, associando processos geradores deste fenmeno

    com a devastao que vem ocorrendo na regio do Manduri. Metodologicamente,

    analisaram-se os processos dinmicos atuantes na rea com o auxlio de

    fotointerpretao, imagem csmica LANDSAT e GOOGLE EARTH, em consrcio com o

    trabalho de campo, atravs de entrevistas com a comunidade. Para a fundamentao no

    processo evolutivo com interface desertificao, realizaram-se anlises climticas

    edficas. Utilizou-se o GPS e altmetro para contemplar aquisio de fundamentao

    sobre a rea. As amostras foram retiradas de duas reas diferentes denominadas:

    CAMPO 1 e 2, sendo ambos classificados como Regossolos. Conclui -se que a retirada da

    areia leva a vrios impactos ao meio ambiente; dentre muitos, pode-se citar a erosoacelerada, compactao do solo, destruio da fauna e flora, e afetando a comunidade

    com o processo migratrio, sobretudo produzindo o inchao das sedes dos municpios

    vizinhos, perda da produtividade gerando problemas urbanos de infra -estrutura e outros.

    PALAVRAS-CHAVE: Susceptibilidade a Desertificao, Degradao, Extra o Mineral,

    xodo Rural.

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    INTRODUO

    A retirada das areias no Stio do Manduri, Municpio de Santa Maria do Cambuc,

    levou a vrios impactos ao meio ambiente; dentre muitos, podemos citar a eroso

    acelerada, compactao do solo, destruio da fauna e flora, e afetando a comunidadecom o processo migratrio, sobretudo produzindo o inchao das sedes dos municpios

    vizinhos, perda da produtividade gerando problemas urbanos de infra -estruturas e outros.

    Neste sentido, na rea de pesquisa existe a susceptibilidade ao processo de

    desertificao entre as coordenadas 7 48 45 de latitude S e 35 52 50 de longitude W

    de Greenwich, situada politicamente no Estado de Pernambuco na zona fisiogrfica do

    Agreste. Nesse local de estudo, se tem uma forte extrao ilegal de areias do subsolo que

    podem ser o motivo mais contundente para que tal municpio esteja em processo de

    degradao.Uma das modificaes negativas e antigas no processo a deteriorizao do solo,

    que comeou a partir do uso inadequado deste pela humanidade. Dentre os tantos

    existentes, ser abordado nesta pesquisa o processo da desertificao que est sendo

    visualizado por estudiosos deste trabalho, com a maximizao de agudos problemas.

    Norteado sem dvida, como materializao que atinge todas as esferas da vida, desde o

    sistema fsico, sistema biolgico perpassando ao sistema social. Sendo o ltimo o mais

    afetado por essa degradao. A desertificao no um fenmeno recente, este foi

    percebido nos anos de 1930, devido severa e extrema seca que atingiu o meio Oeste

    dos Estados Unidos, sendo conhecido como DUST BOWL (bacia de areia).

    O termo desertificao foi proposto por Aubravile (BERMDEZ, 1988 Apud

    Cavalcanti. 2005 pg. 20), quando em 1949 utilizou para caracterizar as reas da frica

    que estavam ficando parecidas com desertos. O prprio nome foi criado com uma viso

    de expanso dos desertos, mas que no decorrer dos estudos percebeu -se que tal

    fenmeno acontecia em locais onde no existiam desertos. Logo, houve a confuso com

    o termo desertificao perante a falta de uma denom inao nica para o problema,

    seguindo-se dentro de um processo histrico por uma diversidade de conceitos,

    canalizando ao que viria ser desertificao.

    Esse problema resolvido na Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio

    Ambiente e Desenvolvimento Humano Rio-92 (1992), onde a desertificao definida e

    delimitada. Atravs deste conceito, o processo da desertificao foi desvinculado da idia

    de expanso de desertos, visto que o bioma deserto tem caractersticas prprias e origem

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    natural. J a problemtica da desertificao um fenmeno destrutivo e que no possui

    um estgio final no qual o ecossistema esteja contrito com os fatores biticos e abiticos.

    Diversos especialistas no assunto abordam a desertificao como no uma

    conseqncia unicamente climtica, embora seja caracterstica de reas ridas, semi -

    ridas e sub-midas. Ela insuficiente em relao ao predatria do homem que,

    muitas vezes, no considera suas limitaes, pondo em risco a capacidade de auto -

    regenerao das reas afetadas provocando uma perda na qualidade de vida da

    populao local, fato evidenciado no Stio do Manduri.

    Os impactos da desertificao so imensos e afetam no apenas o quadro

    ambiental, mas geram problemas de mbito social e econmico. Os naturais vm sendo

    visualizados no ambiente atravs da eliminao da cobertura vegetal com conseqente

    reduo da biodiversidade local, permitindo que os solos fiquem mais vulnerveis

    eroso, como por exemplo, as guas da chuva que arrastam todos os seus nutrientesinorgnicos e orgnicos, provocando nos rios o enchimento dos leitos, fenmeno este

    conhecido como assoreamento. Tais eroses fazem com que ocorram perdas totais ou

    parciais nos solos, seja por fenmenos fsicos (voorocas) ou fenmenos qumicos

    (salinizao e alcalinizao).

    A incapacidade de reteno de gua nos solos aumenta seca edfica. Todos

    esses fatores afetam a fertilidade e a produtividade agrcola, impactando o ambiente.

    Elementos esses, problemas economia, como a queda na produo e produtividade

    agrcola diminui a renda e o consumo da populao, resultando na desorganizao do

    mercado local e regional. Essa memria gera processos migratrios desse contingente

    populacional para reas urbanas na maioria das vezes despreparadas para receber e

    promover uma vida de qualidade para esses indivduos. Prejuzos sociais como estes so

    caracterizados pela diminuio da qualidade de vida, o aumento da mortalidade infantil e

    diminuio da expectativa de vida da populao. Em geral, pode-se afirmar que a

    populao do Manduri uma das mais pobres do Estado e sem acesso educao e

    renda adequada.

    Com a ocorrncia da desertificao, foram criados critrios para localizar com mais

    preciso as reas pontuais possveis ao processo de degradao. Visualizando as

    consideraes de Aziz Ab Saber (1977 apud SALES, 2006, pg. 37) que descreve as

    reas susceptveis desertificao como as que possuem predisposio geoecolgica,

    quase sempre acentuada por aes antrpicas diretas ou indiretas. Logo com o

    mapeamento, quantificam-se reas susceptveis a desertificao singularizadas na

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    Cartilha Desertificao: caracterizao e impactos elaborada em parceria com o Instituto

    Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA) e Ministrio do Meio Ambiente (MMA), onde podem

    ser quantificadas em reas de susceptibilidade muito alta (238.644,47 km2), portanto, de

    susceptibilidade alta (384.209,71 km2) e moderadamente susceptveis (358.037,40 km2),

    correspondendo a um total dentro do Nordeste de ( 980.711,58 km2). Todavia, nesta

    quantificao no se pode implicitar a rea objeto de estudo, por ser foco de investigao.

    A rea do Manduri pode ser identificada pela visibilidade do espao, como de

    carter concentrado. Os impactos na regio do Manduri no deixam de ser perceptveis;

    assim como as reas que sofrem com a desertificao, essa regio padece

    conseqncias dos impactos citados acima, principalmente os que afetam os aspectos

    fsicos, com a retirada da cobertura vegetal e da areia para a construo civil, e os que

    afetam os aspectos econmicos com a perda da produo da castanha de caju, entre

    outros, que existem na regio, desestruturando a renda familiar e o comrcio regional. A

    desertificao no um processo irreversvel, porm, as recuperaes das reas

    afetadas podem ser inacessveis para muitos. lastimvel que na maioria das localidades

    brasileiras o desenvolvimento sustentvel ainda algo distante de ser percebido,

    principalmente onde a desertificao e a seca esto presentes, devido carncia da

    populao que nela habita. A desertificao um problema extremamente grave.

    A Pesquisa envolve material bibliogrfico j existente no que se reporta em pauta.

    Levantamentos dos aspectos conceituais dos impactos ambientais aplicados ao processo

    de desertificao, considerando a rea em estudo. Os parmetros estudados e avaliados

    nesta Pesquisa esto formatados por anlise dos sedimentos, anlises morfolgicas,

    hidrolgicas, flora, esttica da paisagem, uso do solo, urbanizao e indstria em

    concomitncia com as etapas de campo (monitoramento), laboratrio, fotointerpretao e

    o papel da comunidade implcita no processo. Utilizando a anlise de mapas e imagens

    de satlites de vrios aspectos contidos na paisagem.

    Na visita de campo foram realizadas medies para aferir profundidade das

    crateras, que resultam da extrao da areia. Tais crateras antrpicas esto gerando

    novas vertentes, inviabilizando o surgimento de vegetao e dando origem ao sistema devoorocamento, face conseqente remobilizao do solo. Foram coletadas amostras de

    solo dos locais onde esto acontecendo essa atividade com a ajuda de p e sacos

    plsticos para recolher o material. Utilizou-se tambm instrumentos como GPS e altmetro

    para contemplar aquisio de fundamentao sobre a rea. As amostras foram retiradas

    de duas reas diferentes denominadas: CAMPO 1 e CAMPO 2, respectivamente.

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    Objetivando-se mais informaes locais concernentes relao homem-natureza,

    foram realizadas entrevistas orais com moradores locais e com indivduos que lidam com

    a extrao da areia, uma vez que a desertificao no um problema apenas fsico, mas

    de carter social, econmico e cultural. Ento no estudo da questo, coube envolver e

    pesquisar os agentes sociais que so atores e pacientes na desertificao.

    Na busca de identificao dos impactos naturais e antrpicos, justificada por ser

    uma rea de instabilidade topogrfica, da geomorfologia local, da influncia dos fatores

    naturais e humanos e suas conseqncias, formula-se um primeiro delineamento

    multidisciplinar da Pesquisa. Essa multidisciplinaridade comporta -se de maneira

    espontnea, pois todos os processos citados encontram-se interagindo, materializando

    assim, um elo do qual o homem agente catalisador dos resultados, uma vez que este

    o norte antropognico por excelncia que interage e potencializa os seus efeitos

    impactando o meio ambiente, mesmo com impactos negativos e positivos, os positivos

    organizam-se a partir dos impactos negativos.

    Diante do exposto, na tentativa de identificar os processos e determinao das

    unidades e o uso potencial, permitindo uma evoluo e correlao com os elementos e

    fatores ambientais, foi escolhida como fase experimental o tratamento em foto grafias

    areas, utilizando a fotointerpretao, imagem csmica LANDSAT e GOOGLE EARTH, e

    trabalho de campo. Podendo assim, justificar seus processos evolutivos.

    Em referncia aos materiais, utilizou-se a bssola para identificao do grau das

    vertentes, higrmetro para medio da umidade relativa do ar, altmetro para aferir as

    altitudes, GPS para localizao das unidades morfolgicas, velocidade do vento (com

    dados fornecidos pelo ITEP/LAMEPE), trena para aferir medida entre a borda da vertente

    e a profundidade dos pontos da extrao de areias, sacos plsticos e esptula para coleta

    de amostras a serem analisadas, fios de nylon para utilizao no sistema de amarrao,

    martelo geolgico, anlise laboratorial fsico -qumico dos sedimentos e o sistema de

    peneiramento para identificao da granulometria dos sedimentos.

    As variveis analisadas nortearam-se a partir da descrio geral e caractersticas

    morfolgicas, anlises mineralgicas, fsica e qumica dos perfis do solo, anlisemeteorolgica do perodo em estudo, justificado para a obteno do ndice pluviomtrico

    da rea, com o olhar para o sistema hidrolgico do espao em estudo. Fatos basilares

    que se somam ao humana, repercutindo na gnese dos processos de desertificao,

    justificando o quantitativo da extrao da areia na rea em questo. Fato que contribui

    para o desflorestamento da cobertura vegetal original, com predominncia do cajueiro

    (Anacardium occidental), floresta que entra em processo de degradao quase absoluta.

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    O homem como agente transformador deteriorando com as mudanas das formas

    de ocupao do solo, na retirada das areias e ao mesmo tempo a comunidade forada

    ao processo migratrio por venda irrisria de suas pequenas propriedades, utilizadas

    posteriormente para o uso da extrao da areia.

    Sempre foi de vital importncia na vida humana e no seu meio social, a

    necessidade de agir sobre o meio natural para suprir suas necessidades. Todavia, tais

    necessidades podero ser sanadas medida que o mesmo deveria interferir no meio

    ambiente, passando a se inserir outra problemtica no contexto, a degradao do meio,

    tanto pelo uso inadequado das tcnicas de cultivo, quanto de manejo do solo, tornando -se

    nocivo ao espao e ao homem. Nesse sentido, os primeiros resultados iniciam seu iderio

    com a degradao das rochas, do solo, da cobertura vegetal e do homem no Stio do

    Manduri.

    O Stio do Manduri, como citado anteriormente, situa-se no Nordeste do Brasil,

    Estado de Pernambuco, na regio do Agreste Setentrional no munic pio de Santa Maria

    do Cambuc, como pode ser visualizado a seguir: Figuras 01, 02 e 03.

    Fonte: Google Earth 2010. Figura: 01 Nordeste do Brasil. Figura: 02 Estado de PE.

    Fonte: Google Earth 2010. FIGURA-03 Santa Maria do Cambuc, Stio do Mandurirea factvel ao processo de Desertificao.

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    Regossolos RE : a classeencontradanareado Stiodo anduri emmaior

    representatividade. aracteriza-sepelapresenadesoloscom texturaarenosaoumdia

    combaixos teoresdeargila, normalmenteentre e %, e teoresdesilt emais freqentes

    entre e %, sendo pequena a variao do contedo de argila ao longo do perfil.

    Quandoarenosos, elesapresentamaclasse textural areia francacomodominante.

    s Regossolos ocorrem na paisagem com relevo dominantemente suave e/ou

    plano. Sendo fortemente drenados, no apresentando fases de pedregosidade e, em

    algunscasos, ocorremcom faserochosa. Ascores, nasuagrande totalidade, soclaras,

    ouacinzentadas, especialmentequandoobservadascomosolonoestadosecodo Pr-

    Cambriano Indiviso, principalmentegranitosquartzososou, emmenorespropores, com

    quartzitos feldspticos, relacionadoscomo Pr-Cambriano Superior.

    o ambiente cuja cobertura vegetal dominante a caatinga, h uma ligeira

    predominnciadeRegossolos Eutrficossobreos istrficos. osambientesdecaatinga

    hipoxerfila e floresta caduciflia, os Regossolos istrficos predominam sobre os

    Eutrficos. sRegossoloscompotencialidadese limitaesconstituem-sedesolos forte

    amoderadamentecidos. Porseremsolosdebaixa fertilidadenatural ebaixacapacidade

    de reteno de gua, nesses solos desenvolveu-se a vegetao nativa do cajueiro

    A

    i cci

    t l

    , espcieatpicanodomniodavegetaodacaatinga iguras

    e . Essaespcienativautilizadacomo fontedeenergiaparausodomsticoou

    comercializadaparaoprpriomunicpioereasadjacentes.

    Fonte:EMBRAPA. 2001. Figura 08: Mapa de solos do Municpio de SantaMaria do Cambuc-PE, rea de crculo vermelho materializando o regossolo doStio do Mandur.

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    Figura 10: Em primeiro plano a retirada do regossolo e em Figura 11: Tronco de cajueiro aps o ceifar de sua vida para esegundo plano o Grupo nativo da Anacardium occidentale posterior aproveitamento de sua madeira para comercializaoe vrios amontoados da madeira dispostas venda. 2008. 2008.

    No domnio da paisagem do Stio do Mandur, verifica -se, portanto uma fragilidade

    permeada pelos solos do tipo regossolos de constituio frivel, incapacitando oarmazenamento de umidade na parte superficial, a mesma inluviando a horizontes mais

    profundos. Surgindo a vegetao atpica do caju num domnio exgeno a esse grupo

    vegetacional. Uma vez que o mesmo caracterstico das areias quartzos as nas zonas de

    restingas dos ecossistemas litorneos nas faces praiais.

    A populao se adensou na forma de diviso das terras em minifndios, e as

    mesmas durante o seqenciar de suas vidas, tinham como base de seus recursos a

    produo da castanha-do-caju e a passa do pecolo, e que praticamente est sendo

    perdida face retirada das areias provenientes do regossolos para fins comerciais,gerando problemas sociais intensos. Aumentando o ndice de pobreza constitudo o ndice

    mais baixo do Estado de Pernambuco.

    Os indivduos do Stio do Manduri, quando persistem vivendo em suas terras, a sua

    fora de trabalho na retirada das areias e preenchimento dos caminhes, para seguirem

    para as reas circunvizinhas, recebendo em mdia de R$ 5,00 a R$ 10,00 por cada

    carga de areia. A pecuria feita de forma extensiva na rea do rio Caia, pois o mesmo

    um rio efmero. E em reas que acompanham os terraos fluviais, mas toda pecuria

    realizada de forma extensiva, aumentando ainda mais o risco desertificao. Aagricultura praticada somente na estao das chuvas (no cultivadas nas reas onde

    foram retiradas as areias, por incapacidade de surgimento de vegetao nesses solos),

    sendo esta realizada de forma primitiva e de baixa produtividade .

    As caractersticas identificadas na rea de trabalho, por si s, justificam o desastre

    das reas desnudas pela retirada da areia e pela forma inadequada da utilizao dos

    solos, pois aps a retirada do material arenoso, segundo informaes dos sitiantes,

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    nenhum tipodeculturavemasedesenvolvernarea igura . oje, noentanto, essas

    reas saqueadas pelos invasores das areias, apresentam solos desnudos igura

    comasemelhanadeumsolo lunarsemamenorcapacidadedeumreflorestamento.

    igura

    !

    "

    : rea incompetenteparagerminaoedesenvol-igura

    !

    #

    : Solosdesnudos." $ $ %

    .vimentodevegetao.

    " $ $ %

    .

    CONCLUSES

    Pode-seconcluirqueaextraodaareiano Stio anduri tem incionadcadade

    paraaconstruoda rodovia PE-90quedacessoaomunicpiode Santa ariado

    Cambuc, ondese insereareade trabalho. Posteriormenteeathoje, aextrao tomou

    propores maiores e parte da populao se volta para essa atividade que passa a

    abastecer a indstria da construo civil. Extrao realizada de modo indiscriminado

    resultandonaaberturade imensas craterasquenosorecuperadasapsaretiradado

    material explorado.

    O Stiodo anduri marcadoporbaixaprecipitaoealtas temperaturas, incluso

    nomunicpiode Santa ariadoCambuc. O relevoconstitui -seporreadedepresso

    relativa considerando oentorno, com testemunhos residuaisdo Planaltoda Borborema

    Pr-Cambriano) e a Vertente do Lrio de rochas sedimentares calcrio), essa ltima

    vemsofrendouma intensaaodeextraomineral, que inclusive tambmareamais

    propensa desertificaodazonasub-midado Estadode Pernambuco.

    Oclimacomumamdiapluviomtricaanual girandoem tornode 00mma 00

    mm. al ndicenovemadefiniroproblemadeumarea susceptvel aoprocessode

    desertificao, sendoumaquestoda formade utilizaodo solo, no casodareade

    trabalho, foi verificado que existe a extrao indiscriminada das areias para

    Fonte: Os Autores. Figura 12: rea incompetente para

    germinao e desenvolvimento de vegetao. 2008.

    Fonte: Os Autores. Figura 13: Solos desnudos.

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    comercializao nas reas circunvizinhas. Entretanto, para que ocorra essa consolidao,

    a cobertura vegetal constituda pela Anacardium occidentale praticamente se faz sentir

    um forte abalo no ecossistema por seu desflorestamento. Espcies que j haviam sido

    destrudas, para ceder lugar cultura do coqueiro, que passou a ser envolvido tambm

    num processo de destruio pela retirada das are ias. Essas reas so utilizadas at

    cumprir sua funo econmica, sendo abandonadas sem nenhuma reparao, gerando

    danos de magnitude elevada.

    Diante de um geossistema frgil, o Stio do Manduri tem na extrao mineral, no

    caso a areia, um agente antrpico que tem modificado e transformado o cenrio fsico,

    biolgico, social e econmico local. Atividade que em determinados pontos do municpio

    tornou-se a principal. Ou seja, uma rea que tem uma forte susceptibilidade

    desertificao em funo da ao antrpica, justificada pela constituio de seus solos,

    sendo um aspecto relevante dos Regossolos, por constiturem uma baixa fertilidade

    natural, baixa reteno de gua, em um relevo suave ou plano, sendo facilitados ao

    desenvolvimento agrcola, entretanto, o sistema de manejo se faz de forma insustentvel.

    Os Regossolos, de base de textura arenosa a mdia e um baixo teor de argila, por

    apresentarem solos cidos com o pH entre 4 e 5 e por serem solos friveis, norteiam ao

    maior processo de eroso. Sobretudo quando esses solos e subsolos so retirados e

    expostos aos processos de intemperizao, o material transportado pelas aes das

    chuvas e elica, geralmente direcionado para as reas mais baixas, aumentando o

    desnudar da rea em questo e sem a menor condio para recuperao das reas j

    afetadas. O importante ser atravs da presente pesquisa, a preveno e um alerta na

    educao da populao residente no Stio do Manduri.

    A populao que vende suas propriedades na esperana de uma vida melhor

    migram para a sede do municpio ou para municpios vizinhos que na maioria das vezes

    no possuem estrutura para receber e manter esses indivduos. Resultando assim em

    mais desemprego e pobreza. A extrao da areia se d com a compra, pelo empresrio

    interessado em negoci-la, de propriedades que contm solo arenoso. Essa venda

    realizada, em muitos casos, mediante o desconhecimento dos donos das propriedadesdos reais interesses dos empresrios e conseqentemente dos malefcios da atividade

    extrativa que ali se instalar. Esses proprietrios so colocados diante de situaes que

    para eles a oportunidade de mudana de vida. Os terrenos que venham a valer

    determinada quantia so propostos valores bem maiores.

    Existem tambm indivduos que no vendem suas propriedades, mas permitem a

    retirada das areias, vendendo-as indiretamente. Esse fato vem preocupando essa

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    populao nesse exerccio de comrcio das areias, pois posteriormente com a retirada

    das mesmas, os stios parecem estreis, impossibilitando a condio de d esenvolver

    algum tipo de cultura ou mesmo a vegetao primitiva voltar a se desenvolver,

    potencializando uma rea inspita e desequilibrante vida do sistema.

    O solo dessa rea vem sendo muito agredido pelas atividades realizadas como a

    agricultura, pecuria e recentemente a extrao mineral. Diante da situao social da

    populao, todas essas ocupaes so realizadas de forma insustentvel deteriorando

    fortemente o solo e expondo-o a eroso e mais degradao. Coloca-se em risco o meio e

    as geraes presentes e futuras. Ocasionando em toda uma desorganizao dos

    sistemas fsico, biolgico e social. Pressupostos susceptibilidade do processo de

    desertificao no Stio do Mandur.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ABSABER, Aziz Nacib. A problemtica da desertif icao e da savanizao no Brasil

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