123
0 CENTRO UNIVERSITÁRIO VILA VELHA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA DE ECOSSISTEMAS DANIELA NICIOLI ESTEVAM DA SILVA SOARES Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da água e areia da orla de Manguinhos - Serra, Espírito Santo, Brasil VILA VELHA 2009

Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

  • Upload
    vuthuy

  • View
    221

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

0

CENTRO UNIVERSITÁRIO VILA VELHA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA DE ECOSSISTEMAS

DANIELA NICIOLI ESTEVAM DA SILVA SOARES

Bases microbiológicas e químicas da qualidade

ambiental da água e areia da orla de Manguinhos

- Serra, Espírito Santo, Brasil

VILA VELHA

2009

Page 2: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

Page 3: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

1

DANIELA NICIOLI ESTEVAM DA SILVA SOARES

Bases microbiológicas e químicas da qualidade

ambiental da água e areia da orla de Manguinhos

- Serra, Espírito Santo, Brasil

VILA VELHA

2009

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Ecologia de Ecossistemas do Centro Universitário Vila Velha, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ecologia de Ecossistemas. Área de concentração Impactos e Recuperação do Meio Ambiente.

Orientador: Prof. Dr. Alessandro Coutinho Ramos

Page 4: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

2

DANIELA NICIOLI ESTEVAM DA SILVA SOARES

Bases microbiológicas e químicas da qualidade

ambiental da água e areia da orla de Manguinhos

- Serra, Espírito Santo, Brasil

BANCA EXAMINADORA

_________________________________ Dr. Alessandro Coutinho Ramos

Orientador

________________________________ Dra. Zilma Maria Almeida Cruz

Membro interno

________________________________ Dr. Daniel Basílio Zandonadi

Membro externo

Vila Velha, 21 de dezembro de 2009

Page 5: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

3

“Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo,

à sombra do onipotente descansará.”

Salmos 91:1

Page 6: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

4

Dedico esse trabalho a meus pais,

Eliana Estevam da Silva e Edmar Soares da Silva.

Page 7: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

5

AGRADECIMENTOS

Ao Centro Universitário de Vila Velha – UVV e ao Laboratório de

Microbiologia e Biotecnologia (LMAB), pela infra-estrutura que possibilitou

efetivar todo o estudo da melhor maneira possível.

A ARCELOR MITAL e ao Istituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos

Hídricos, cuja parceria celebrada possibilitou a bolsa de estudos que resultou

nesse trabalho.

Ao orientador Alessandro Coutinho Ramos, uma pessoa maravilhosa.

Agradeço as palavras de ânimo e a empolgação ao dedicar-se a esse trabalho.

As biólogas Juliana Melo, Mariana Wolkartt e Aline Spínola, extendendo

a todos os demais colegas do LMAB.

Aos colegas de turma do PPEE (Ferderico Eutrópio, Adriana Canal das

Virgens, César Abel Krohling, Roberta Guio Azevedo, Celina Alcoforado e

tantos outros).

Ao Dr. Ary Gomes da Silva e demais professores do curso.

Ao MSc. Pablo Merlo Prata pelas sugestões que valorizaram este

trabalho.

A toda a equipe de Gerenciamento Costeiro que me suportaram nesse

período de muito nervosismo e trabalho (Aline Nunes Garcia, Christianne

Bitencourt, Helaine Alvarino, Rubens Barbosa e Tainan Bezerra).

A todos os meus familiares e a Deus que compõem a parte mais

importante da minha vida.

Page 8: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

6

RESUMO

As praias são essenciais para o desenvolvimento de atividades de lazer,

esporte, turismo e convivência da população. Entretanto, o descarte

indiscriminado de resíduos e efluentes nesse ambiente favorece a ocorrência

de microorganismos patogênicos nas areias e água marinha, que podem

comprometer a saúde dos usuários. Gastrenterites, salmoneloses, viroses,

dermatites e micoses são algumas das doenças cuja ocorrência pode estar

associada a recreação em balneários com elevados índices de contaminação.

Com o objetivo de estudar a qualidade das águas e areias de praias utilizadas

para o lazer, foram realizadas análises microbiológicas e químicas das areias e

da água do mar da orla de Manguinhos no município da Serra (ES). Os níveis

mais elevados de contaminação fecal foram encontrados nos pontos

localizados sobre fontes pontuais de contaminação e em pontos próximos,

comparável a um gradiente de contaminação. O valor máximo de coliformes

totais (CT) e de coliformes termotolerantes (CTe) na água foi de 2400

NMP1/100mL. Na areia a densidde de CT variou de 3 a 210 NMP/100g e de

CTe de 3 a 240 NMP/100g. A água e a areia apresentaram padrões distintos

quanto a abundância relativa das espécies, sendo Escherichia coli mais

abundante nas amostras de água. Na areia E.coli representou 23% das

colônias e Klebsiella apresentou a mesma abundância. O ponto 3C e os

Córregos Irema e Laripe apresentaram condições impróprias a balneabilidade,

sendo constatado o descarte de efluente doméstico in natura nesses córregos.

Excetuando-se o ponto 3C, a qualidade ambiental da água e areia da orla de

Manguinhos é influenciada principalmente pelo deságüe dos Córregos Maringá,

Laripe e Irema, sendo tal constatação corroborada pelo modelo hidrodinâmico

da área e pelos resultados das análises químicas da água. Considerando os

resultados obtidos em outros estudos na costa brasileira e a legislação

pertinente, as areias da praia de Manguinhos apresentaram boa qualidade

microbiológica.

1 NMP: Número Mais Provável.

Page 9: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

7

SUMÁRIO

RESUMO ....................................................................................................... 6

LISTA DE FIGURAS ..................................................................................... 9

LISTA DE QUADROS ................................................................................... 11

LISTA DE TABELAS .................................................................................... 12

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ....................................................... 13

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 14

2 OBJETIVOS .............................................................................................. 17

2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................ 17

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................. 17

3 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................... 18

3.1 ZONA COSTEIRA: CARACTERÍSTICAS E IMPACTOS ...................... 18

3.2 DOENÇAS ASSOCIADAS A CONTAMINAÇÃO DE ÁREAS BALNEARES ................................................................................................ 22

3.2.1 BACTÉRIAS ........................................................................................ 26

3.2.2 FUNGOS ............................................................................................. 28

3.2.3 PROTOZOÁRIOS (PARASITAS) ....................................................... 30

3.2.4 VÍRUS .................................................................................................. 31

3.3 QUALIDADE DAS PRAIAS ................................................................... 32

3.3.1 RESÍDUOS SÓLIDOS (LIXO) E EFLUENTES ................................... 33

3.3.2 FONTES DIFUSAS DE CONTAMINAÇÂO ........................................ 35

3.3.3 BALNEABILIDADE ............................................................................ 36

3.3.4 BIOINDICADORES DE QUALIDADE ................................................ 38

3.4 CONTAMINAÇÃO DA AREIA DE PRAIA ............................................. 40

3.5 PADRÕES DE QUALIDADE DAS AREIAS .......................................... 43

3.6 PROGRAMA DE MONITORAMENTO DA BALNEABILIDADE DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO .................................................................. 46

3.7 ADEQUAÇÃO DO PROGRAMA DE BALNEABILIDADE DO ES ........ 48

4 MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................... 53

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ...................................... 53

4.2 DESCRIÇÃO DOS PONTOS AMOSTRAIS .......................................... 55

4.3 COLETA DA ÁGUA MARINHA E AREIA ............................................. 59

4.4 ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS .......................................................... 60

4.4.1 TÉCNICA DE TUBOS MÚLTIPLOS (NMP) ........................................ 61

4.4.2 CULTIVO EM PLACAS (CPP) ....……………………………………….. 62

4.4.3 COLORAÇÃO DE GRAM ................................................................... 62

Page 10: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

8

4.5 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS ............................................................. 63

4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA ...……………………………………………....... 64

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................... 65

5.1 ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS ......................................................... 65

5.1.1 COLIFORMES TOTAIS (CT) .............................................................. 65

5.1.2 COLIFORMES TERMOTOLERANTES (CTe) .................................... 68

5.1.3 BACTÉRIAS HETEROTRÓFICAS AERÓBICAS ............................... 71

5.1.4 COLORAÇÃO DE GRAM ................................................................... 73

5.1.5 ABUNDÂNCIA DE ESPÉCIES ........................................................... 73

5.2 HIDRODINÂMICA .................................................................................. 75

5.3 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS ............................................................. 80

5.4 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO ............................................................. 90

6 CONCLUSÃO ........................................................................................... 92

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 93

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 94

ANEXO 1........................................................................................................ 106

ANEXO 2........................................................................................................ 110

ANEXO 3 ....................................................................................................... 113

Page 11: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

9

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Delimitação da Zona Costeira do Estado do Espírito Santo ...................... 19

Figura 2. Relações entre patógeno, ambiente e saúde humana ............................... 23

Figura 3. Categorias de classificação da água das praias do Espírito Santo ............ 47

Figura 4. Localização da área de estudo e distribuição dos pontos amostrais na orla de Manguinhos, Serra (ES)................................................................. 56

Figura 5. Ponto 1: (a) Visão geral da área de amostragem no ponto 1C; (b) e (c) Destaque para a presença de barcos de pesca e animais domésticos..... 58

Figura 6. Ponto 3: (a) Córrego Irema (IR); (b) Manilha de descarte de efluente doméstico no Córrego Irema; (c) Crescimento excessivo de algas nas proximidades do ponto 3 ............................................................................ 58

Figura 7. Foto ilustrativa da metodologia de coleta de água do mar (a) e da coleta de areia (b) da orla de Manguinhos, Serra – ES ....................................... 59

Figura 8. Esquema ilustrativo da técnica de diluições seriadas para cultivo em placas ......................................................................................................... 60

Figura 9. Figura ilustrativa do método de cultivo em tubos múltiplos. Tubos positivos de EC e VB com produção de gás (a), e tubos negativos de VB e EC sem a produção de gás (b) ............................................................... 61

Figura 10. Coloração de Gram, exemplo de uma Lâmina com bactéria Gram- negativa (a) e uma Lâmina com bactéria Gram-positiva (b) ...................... 63

Figura 11. Medição do pH da água através de pHmetro (a) e medição dos parâmetros físico-químicos através de multiparâmetro (b) ........................ 63

Figura 12. Densidade de coliformes totais encontrados na areia, água marinha e córregos da orla de Manguinhos. Diferença significativa a 5% (*) e a 1% (**) de probabilidade pelo teste t-student ................................................... 65

Figura 13. Densidade de coliformes termotolerantes encontrados na areia, água marinha e córregos da orla de Manguinhos. Diferença significativa a * 5% e a ** 1% de probabilidade pelo teste t-student ................................... 68

Figura 14. Densidade de bactérias por Contagem Padrão em Placa (CPP) ............. 71

Figura 15. Resultados da coloração de Gram das bactérias isoladas das amostras de areia e água marinha nas estações de amostragem 1, 2 e 3 da orla de Manguinhos .......................................................................................... 73

Figura 16. Abundância de espécies de bactérias encontradas na areia e na água marinha da orla de Manguinhos, Serra (ES) ............................................. 74

Figura 17. Modelo hidrodinâmico do padrão de corrente em condição de baixamar em uma maré de sizígia para a Região Litorânea de Jacaraípe e Manguinhos (Fonte: Núcleo de Modelagem / IEMA) ................................. 76

Page 12: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

10

Figura 18. Detalhe do ponto 3 (a) e pontos 1 e 2 (b) do modelo hidrodinâmico do padrão de corrente em condição de baixamar em uma maré de sizígia para a Região Litorânea de Jacaraípe e Manguinhos (Fonte: Núcleo de Modelagem / IEMA) ................................................................................... 77

Figura 19. Modelo hidrodinâmico do padrão de corrente em condição de meia maré enchente em uma maré de sizígia para a Região Litorânea de Jacaraípe e Manguinhos (Fonte: Núcleo de Modelagem / IEMA) ............. 78

Figura 20. Detalhe do ponto 3 (a) e pontos 1 e 2 (b) do modelo hidrodinâmico do padrão de corrente em condição de meia maré enchente em uma maré de sizígia para a Região Litorânea de Jacaraípe e Manguinhos (Fonte: Núcleo de Modelagem / IEMA) .................................................................. 79

Figura 21. Localização dos pontos amostrais em relação ao Rio Jacaraípe, e em detalhe o anteparo que direciona o fluxo da água (as setas indicam a direção da corrente) ................................................................................... 80

Figura 22. Dados físico-químicos da água do mar em Manguinhos: (a) pH, (b) Temperatura, (c) Oxigênio Dissolvido (OD), (d) Saturação de oxigênio, (e) Salinidade, e (f) Condutividade Elétrica (CE) (* Significativo a 5% de probabilidade pela ANOVA) ....................................................................... 82

Figura 23. Isolinhas de salinidade em instante de meia-maré vazante de sizígia na Região Litorânea de Jacaraípe e Manguinhos. As linhas em vermelho destacam os limites entre águas doces (região mais a esquerda), salobras (entre as linhas em vermelho) e salinas (a direita da isolinhas de 30 UPS) (Fonte: Núcleo de Modelagem / IEMA) .................................. 83

Figura 24. Detalhe da região do ponto 3 (a) e dos pontos 1 e 2 (b) no Modelo de isolinhas de salinidade em instante de meia-maré vazante de sizígia na Região Litorânea de Jacaraípe e Manguinhos (Fonte: Núcleo de Modelagem / IEMA) ................................................................................... 84

Figura 25. Dados físico-químicos da areia da praia de Manguinhos: pH, P, Mg, Na, Ca, K, S.B., e C .......................................................................................... 87

Figura 26. Dados físico-químicos da areia da praia de Manguinhos: M.O., Fe, Mn, S, Zn e B .................................................................................................... 88

Figura 27. Localização dos pontos amostrais em relação as Estações Elavatória de Esgoto no loteamento Castelândia ....................................................... 91

Page 13: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

11

LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Distribuição populacional nos municípios litorâneos do Espírito Santo .... 20

Quadro 2. Bactérias relacionadas a contaminação de praia e doenças associadas.. 26

Quadro 3. Fungos relacionados a contaminação de praia e doenças associadas .... 29

Quadro 4. Parasitas relacionados a contaminação de praia e doenças associadas . 30

Quadro 5. Virus relacionados a contaminação de praia e doenças associadas ........ 31

Quadro 6. Padrões adotados pela Resolução 274/00 para balneabilidade das águas costeiras brasileiras ...................................................................... 37

Quadro 7. Parâmetros analisados em estudos de qualidade de areia de praia ....... 43

Quadro 8. Valores máximos recomendados (VMR), valores máximos admissíveis (VMA) e novos valores máximos recomendados (NVMR) para qualificação das areias de praias ............................................................ 44

Quadro 9. Classificação da areia de praia segundo a Resolução SMAC Nº 81/2000 e Lei Municipal Nº 3.210/2001 ................................................................. 45

Quadro 10. Revisão dos valores de referência da Resolução SMAC Nº 81/00 ........ 45

Quadro 11. Estações de monitoramento da balneabilidade do litoral do município da Serra ................................................................................................... 48

Quadro 12. Padrões de CT e CTe adotados pela Resolução CONAMA nº 20/86 para balneabilidade das águas costeiras brasileiras, revogada pela Resolução CONAMA nº 274/00 ............................................................... 66

Page 14: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

12

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Descrição dos pontos de amostragem 1 (A, B, C), 2 (A, B, C), 3 (A, B, C), IR (Córrego Irema), LA (Córrego Laripe) e MA (Córrego Maringá) ..... 57

Tabela 2. Análise de correlação de Pearson a 1% (**) e 5% (*) de probabilidade para os parâmetros físico-químicos da água da orla de Manguinhos, Serra/ES .................................................................................................... 85

Tabela 3. Valores mínimos e máximos dos resultados da análise química da areia da orla de Manguinhos – Serra/ES ............................................................ 86

Page 15: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

13

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABAE – Associação Bandeira Azul da Europa

ALERJ – Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro

APHA – American Public Health Association

AN – Ágar Nutriente

CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

CTe – Coliformes Termotolerantes

CT – Coliformes totais

EC – Caldo Escherichia coli

E.coli – Escherichia coli

EPA – United States Environmental Protection Agency

IEMA – Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo

IR – Córrego Irema

LA – Córrego Laripe

MA – Córrego Maringá

NMP – Número mais Provável

SMAC – Secretaria Municipal do Meio Ambiente do Rio de Janeiro

UFC – Unidades Formadoras de Colônias

VB – Caldo Verde Brilhante Bile (2%)

WHO – Organização Mundial da Saúde

Page 16: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

14

1 INTRODUÇÃO

As praias são essenciais para o desenvolvimento de atividades de lazer e

convivência da população, atividades de promoção da saúde física e mental,

como a prática de esportes e a realização de eventos culturais. Entretanto, a

contaminação desses ambientes, especialmente pelo descarte indiscriminado

de resíduos e efluentes, favorece a ocorrência de microorganismos

patogênicos na água, nas areias e nos recursos pesqueiros utilizados como

alimento, o que pode comprometer a saúde dos usuários (GHINSBERG et al.

1994, ALM et al. 2003, ALERJ 2006, ANDRAUS 2006, CARDOSO-DE-OLIVEIRA &

PINHATA 2008).

O monitoramento de parâmetros microbiológicos nas areias, água e

recursos pesqueiros, é de extrema importância, uma vez que tal medida pode

subsidiar ações que reduzem os riscos à saúde pública e ações de

recuperação do ambiente costeiro. Estudos sobre a qualidade das águas

marinhas são produzidos constantemente (CETESB 2004, IEMA 2009, PMV

2009), oriundos principalmente de monitoramentos sistemáticos realizados

pelo poder público em cumprimento à Resolução nº 274, do Conselho Nacional

do Meio Ambiente (CONAMA 2000).

A Resolução 274 define os critérios de balneabilidade em águas

brasileiras, incluindo metodologia de monitoramento, indicadores

microbiológicos e valores de referência que classificam a água marinha

analisada como imprópria ou própria para execução de atividades de lazer de

contato primário. Essa Resolução não obriga o poder público a analisar a areia

da praia, porém no disposto no artigo 8º ela recomenda a avaliação das

condições parasitológicas e microbiológicas deste meio, para futuras

padronizações, reconhecendo a importância deste estudo.

A areia apresenta características distintas da água marinha, incluindo

fatores bióticos e abióticos que determinam a sobrevivência de microrganismos

patogênicos. Dependendo do organismo estudado, poderá haver maior

sobrevivência na areia em relação a água do mar. Como o contato do usuário

com a areia se dá por períodos prolongados e, em especial por crianças, há o

risco de veiculação de doenças também pela areia da praia.

Page 17: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

15

Dentre as doenças que podem ser veiculadas pela areia estão a hepatite,

distúrbios gastrintestinais, desidratação, micoses e doenças parasitárias, sendo

que as crianças, idosos, e pessoas com baixa resistência são as mais

suscetíveis à exposição aos microrganismos a elas relacionados (CETESB

1998).

No Brasil os estudos que incluem a análise da qualidade das areias de

praia ainda são escassos, especialmente quando consideramos o extenso

litoral brasileiro. Além disso, como o monitoramento da ocorrência de cada

microrganismo potencialmente causador de doenças aos humanos é inviável

pelos custos e pelo tempo que demandaria. Por isso são estudados

microrganismos bioindicadores, ou seja, alguns microrganismos que sejam

indicadores da contaminação da areia, cuja ocorrência em determinada

quantidade aponta a presença dos microrganismos patogênicos e conseqüente

risco à saúde dos usuários da praia.

A atividade turística no Espírito Santo é responsável por 6,1% do PIB do

Estado e são investidos anualmente cerca de 6 milhões de reais na promoção

do turismo. Durante o ano, o Espírito Santo recebe mais de 3,5 milhões de

visitantes, sendo que as praias constituem os locais mais visitados (SEDETUR

2006).

De acordo com o Plano de Desenvolvimento Sustentável do Turismo do

Espírito Santo - 2025, “o turismo capixaba está hoje concentrado

principalmente no segmento de mercado do turismo de sol e mar, com as

praias funcionando como maior atrativo”. As características do nosso litoral e a

disponibilização de infra-estrutura adequada têm servido de atrativo para a

realização de eventos ligados ao esporte e lazer, incluindo-se o esporte

náutico, o esporte de praia e outras modalidades, principalmente na Região

Metropolitana (SEDETUR 2006).

Apesar do reconhecimento da relevância e da beleza das praias

capixabas para o desenvolvimento do Estado e da necessidade de

manutenção da qualidade ambiental das mesmas, cabe registrar que até o

momento não é conhecida as condições sanitárias das areias das praias

capixabas, pois nenhum estudo foi realizado com esse objetivo.

Page 18: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

16

Acrescenta-se ainda que não foram estabelecidos valores de referência

ou limites que permitam a classificação das areias das praias capixabas,

quanto ao risco potencial pelo uso de contato primário. Esses limites poderão

ser obtidos a partir da análise conjunta de áreas que apresentam diversas

fontes de contaminação em relação às áreas com baixo risco de contaminação,

bem como a utilização de outros dados existentes em literatura específica.

Neste cenário, este estudo contemplou análises microbiológicas da água

do mar e das areias da orla de Manguinhos, Serra-ES, utilizadas para o lazer,

fornecendo dados para o monitoramento da melhoria da qualidade da areia e

servindo de subsídios para o estabelecimento de valores de referência para a

classificação das praias do ES.

Page 19: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

17

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a qualidade ambiental da água do mar e das areias da orla de

Manguinhos, no município de Serra, Espírito Santo.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

⋅ Verificar a ocorrência de microrganismos indicadores de contaminação

fecal em amostras de areia e água marinha;

⋅ Analisar a influência de interferências antrópicas na qualidade ambiental

da praia;

⋅ Relacionar os parâmetros físico-químicos com os padrões

microbiológicos obtidos.

Page 20: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

18

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 ZONA COSTEIRA: CARACTERÍSTICAS E IMPACTOS

A Zona Costeira é a área de interface entre o oceano e o continente.

Abriga recursos naturais e áreas estratégicas de interesse de toda a

população, portanto considerada patrimônio nacional pela Constituição Federal

de 1988 (BRASIL, 1988). Seus limites são definidos pelo Plano Nacional de

Gerenciamento Costeiro – PNGC, como sendo a faixa terrestre, que abrange

os Municípios que sofrem influência direta dos fenômenos ocorrentes no litoral,

e a faixa marítima, que compreende o espaço que se estende por doze milhas

náuticas, e a totalidade do mar territorial (BRASIL, 1988; 2004).

Considerando os recortes litorâneos, a zona costeira brasileira possui

extensão de 8.698 km, abrangendo 395 municípios litorâneos ou de

importância para o litoral. A área é de aproximadamente 514 mil km2, sendo

324 mil km2 de área territorial emersa e o restante compondo o mar territorial

(MMA, 2008).

Estima-se que 50% da população mundial vivem em cidades localizadas

a menos de 100 km da linha de costa (SHUVAL 2006 apud STEWART et al. 2008).

No Brasil, estudos mostram que 1/3 da população vive a beira-mar e cerca de

50% vive a menos de 200 km da costa (MMA 2008).

De acordo com a metodologia oficial das Cartas de Sensibilidade

Ambiental de derrames de Óleo (CARTAS SAO), o litoral brasileiro é dividido

em dezesseis bacias sedimentares, sendo que a porção norte do litoral

capixaba está incluída na Bacia do Espírito Santo e a porção sul incluída na

Bacia de Campos (MMA, 2008).

Dezenove municípios, divididos em cinco setores, compõem a zona

costeira do Estado do Espírito Santo. São estes, setor Extremo Norte:

municípios de Conceição da Barra, São Mateus e Jaguaré; setor Norte:

municípios de Sooretama, Linhares e Aracruz; setor Centro: municípios de

Fundão, Serra, Vitória, Cariacica, Viana e Vila Velha; setor Sul: municípios de

Guarapari, Anchieta e Piúma; e setor Extremo Sul: municípios de Cachoeiro de

Itapemirim, Itapemirim, Marataízes, Presidente Kennedy (Figura 1).

Page 21: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

19

Figura 1. Delimitação da Zona Costeira do Estado do Espírito Santo.

Ainda que não sejam defrontantes com o mar, os municípios de Jaguaré,

Sooretama, Cariacica, Viana e Cachoeiro de Itapemirim estão incluídos na

Zona Costeira, uma vez que apresentam características de relevante

importância para o gerenciamento costeiro.

O quadro 1 foi elaborado apartir de dados obtidos pelo Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE 2007) e apresenta a distribuição da população

nos municípios litorâneos do Espírito Santo divida por setor costeiro. Ressalva-

se que a zona costeira compreende ¼ da área do Estado do Espírito Santo,

porém concentra quase metade da população capixaba. Além disso,

municípios como: Conceição da Barra, Vitória e Guarapari, recebem grande

Page 22: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

20

quantidade de turistas, especialmente no período do verão, aumentando o

número de pessoas nesse período.

Quadro 1. Distribuição populacional nos municípios litorâneos do Espírito Santo.

SETOR COSTEIRO MUNICÍPIO ÁREA

(Km2) / (%)1

POPULAÇÃO

(hab.) / (%)1

EXTREMO NORTE CONCEIÇÃO DA BARRA 1.188 / 2,6 26.230 / 0,8

SÃO MATEUS 2.343 / 5,1 96.390 / 2,8

NORTE LINHARES 3.502 / 7,6 124.564 / 3,6

ARACRUZ 1.436 / 3,1 73.358 / 2,1

CENTRO

FUNDÃO 280 / 0,6 15.209 / 0,4

SERRA 553 / 1,2 385.370 / 11,2

VITÓRIA 93 / 0,2 314.042 / 9,1

VILA VELHA 209 / 0,5 398.068 / 11,5

SUL

GUARAPARI 592 / 1,3 98.073 / 2,8

ANCHIETA 405 / 0,9 19.459 / 0,6

PIÚMA 74 / 0,2 16.249 / 0,5

EXTREMO SUL

ITAPEMIRIM 557 / 1,2 30.833 / 0,9

MARATAÍZES 135 / 0,3 31.221 / 0,9

PRESIDENTE KENNEDY 586 / 1,3 10.307 / 0,3

ESPÍRITO SANTO 46.077,5 3.453.647

1 Em relação a totalidade do Estado.

O litoral capixaba apresenta geomorfologia caracterizada por

afloramentos cristalinos pré-cambrianos, planícies flúvio-marinhas quaternárias

e tabuleiros terciários da formação barreiras. Compreende uma grande

diversidade de tipologias de praias de diferentes comportamentos erosivos e

construtivos (MUEHE 2006).

Page 23: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

21

O clima é caracterizado por chuvas tropicais de verão, com estação seca

no outono e inverno. A temperatura média anual é de 22ºC, ficando as

temperaturas a média das máximas entre 28º e 30ºC e mínimas em torno de

15ºC. Os ventos de maior freqüência e intensidade são os ventos alísios,

oriundos do quadrante NE-ENE (maior parte do ano), e os ventos relacionados

a frentes frias, oriundos do quadrante SE. As ondas mais freqüentes

apresentam altura entre 0,9 e 0,6 metros, podendo alcançar até 1,5 metros

(MUEHE 2006).

Quanto aos recursos naturais, nota-se a presença de deltas, falésias,

recifes de arenito, cordões litorâneos, foz de rios, costões rochosos, ilhas,

lagunas, manguezais, vegetação de restinga, praias arenosas, várzeas,

turfeiras, dunas, falésias, estuários e marismas. Esses ambientes abrigam

inúmeras espécies de flora e fauna, incluindo espécies de uso comercial,

endêmicas e ameaçadas de extinção (MMA 2008).

Verifica-se também o desenvolvimento industrial acelerado nos

municípios litorâneos, incluindo, principalmente, as indústrias siderúrgicas e as

indústrias de papel, além da presença de importantes pólos de movimentação

de minérios e de um grande complexo portuário. Tal desenvolvimento vem

provocando uma notável degradação ambiental, incluindo a contaminação do

ambiente costeiro por metais e outros poluentes característicos de efluentes

industriais.

Outros problemas ambientais existentes são ocasionados pela forma

inadequada de ocupação. Dentre eles estão: expansão urbana em áreas

protegidas ou impróprias para ocupação, desmatamento de vegetação nativa,

pesca predatória e a disposição inadequada de resíduos e efluentes

domésticos.

Como conseqüência disso, constata-se a intensificação de processos

erosivos e a poluição das praias que freqüentemente apresentam elevados

índices de contaminação fecal. Esses índices são superiores aos aceitáveis

para as atividades de recreação, pesca e coleta de recursos para consumo

humano.

Page 24: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

22

O trecho da costa capixaba onde observa-se os maiores impactos sobre o

meio ambiente, é o trecho da Grande Vitória, que concentra 63% da população

residente no litoral e ocupa apenas 7% da zona costeira capixaba (IBGE 2007).

O crescimento desordenado da malha urbana e a ampliação de plantas

industriais agravam cada vez mais o processo de poluição ambiental nessa

região.

3.2 DOENÇAS ASSOCIADAS A CONTAMINAÇÃO DE ÁREAS

BALNEARES

Surtos de diversas doenças relacionadas à recreação no ambiente de

praia, ocorrem em áreas balneares de todo o mundo, especialmente nos

períodos de alta temporada (verão). Diversos fatores contribuem para a

ocorrência desses surtos, que são diretamente relacionados com o grau de

contaminação do ambiente, características do patógeno e da população

afetada.

A figura 2 apresenta um resumo da relação entre patógeno, ambiente e

ser humano, distinguindo nas fases I, II, III e IV os faotores envolvidos nessa

relação. Essa abordagem permite a compreenção das interrelações entre

esses fatores e dos diversos pontos de controle e intervenção possíveis.

A fase I compreende a chegada do patógeno ao ambiente costeiro que se

dá a partir de fontes pontuais e difusas. Geralmente, a contribuição

predominante é de fontes pontuais de contaminação, como o descarte de

efluentes e resíduos contaminados na areia e água da praia. O aporte de

efluente doméstico é uma das principais fontes, sendo o grau de contaminação

desse efluente dependente da incidência de doenças na população que o

produz (STEWART et al. 2008).

Page 25: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

23

Figura 2. Relações entre patógeno, ambiente e saúde humana (adaptado de STEWART

et al. 2008).

Observa-se que quanto maior a incidência de doenças na população,

maior o aporte de microrganismos patogênicos no efluente e o consequente

aumento do risco de disseminação de doenças pelo contato com o ambiente

que recebe esse efluente. Como apenas uma parte desses organismos tem a

capacidade de sobreviver e desenvolver no ambiente, com o aumento da

contaminação, aumenta proporcionalmente a ocorrência de microrganismos

com essa habilidade (STEWART et al. 2008).

Page 26: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

24

A redução e o tratamento de efluentes domésticos e a extinção dos

pontos de descarte na costa, são as intervenções possíveis nesta fase. Ações

de educação ambiental e controle nas áreas urbanas adjacentes às praias

podem reduzir a contaminação, uma vez que parte do esgoto chega às praias

de forma clandestina.

A presença de animais domésticos nas praias constitue fator de risco a

saúde pública, pois podem haver organismos patogênicos nas fezes desses

animais. Diversas espécies de parasitos patogênicos ao homem foram

encontrados na areia de praia, tais como: S. stercoralis, Toxocara spp, A.

lumbricoides, Ancilostomídeos e outras espécies veiculadas por animais que

transitam pela praia (GONZÁLES-CÁCERES et al. 2004).

A fase II apresenta os faotores envolvidos na sobrevivência dos

microrganismos patogênicos no ambiente. No caso das areias da praia os

principais fatores são: características do ambiente, granulometria da areia, teor

de matéria orgânica, salinidade, insolação; eventos externos, como períodos de

chuva prolongados, revolvimento da areia, ressaca e outros. As características

do patógeno também determinam a sua sobrevivência, pois cada patôgeno tem

sua faixa de tolerância às condições ambientais (EPA 2009).

A precipitação pluviométrica afeta significativamente a freqüência de

fungos na areia da praia e água marinha, pois após a chuva o número de

fungos é superior ao do período seco (PINTO et al. apud LOUREIRO et al. 2005).

Esta afirmação é corroborada por LOUREIRO et al. (2005), nos resultados do

estudo realizado por este autor nas praias de Olinda – PE.

Com o desenvolvimento da população patogênica no ambiente (Fase II)

ocorrem trocas genéticas com os microrganismos nativos, havendo a

possibilidade de troca de material genético que confere patogenicidade e/ou

resistência (BONILLA et al. 2006).

Os métodos tradicionais de avaliações do nível de contaminação das

áreas costeiras, consistem na quantificação de microrganismos patogênicos ou

indicadores de contaminação fecal. Entretanto, mais recentemente têm sido

utilizadas as características de resistência dos organismos encontrados em

Page 27: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

25

ambientes contaminados como indicadoras da fonte de contaminação, se

antrópica ou não.

O gênero Enterococcus, por exemplo, mostra resistência intrínseca a

diversos antibióticos e pode adquirir rapidamente resistência a outros

antibióticos a partir de plasmídios. A característica de resistência a antibióticos

é diferenciada nas espécies de origem humana, das encontradas no ambiente

natural ou oriundas de animais silvestres (CARDOSO-DE-OLIVEIRA & PINHATA

2008).

Além disso, as praias que apresentam elevados índices de contaminação

fecal de origem humana, podem contribuir com a disseminação de resistência

entre bactérias, o que resulta na redução da eficácia de certos antibióticos no

combate a doenças infecto-contagiosas (CARDOSO-DE-OLIVEIRA & PINHATA

2008).

O comportamento do usuário (Fase III) determina o grau de exposição a

doenças. Hábitos de se enterrar na areia, de nadar próximo ao deságüe de

cursos d’água e outros, podem ampliar as chances de infecção. Os indívidos

com baixa imunidade, crianças, idosos e mulheres em período gestacional são,

também vulneráveis, apresentando maior risco a um quadro infeccioso

(STEWART et al. 2008).

No litoral de São Paulo foi realizado um estudo epidemiológico conduzido

pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São

Paulo (CETESB), que analisou a correlação entre a incidência de doenças

gastrointestinais em banhistas e os índices de contaminação fecal das águas

das praias (CETESB 1999).

Os resultados desse estudo indicaram que as pessoas expostas à água

marinha apresentaram mais sintomas do que aqueles que não tomaram banho

de mar, sendo significativamente maior o risco de ocorrência de sintomas de

doenças de veiculação hídrica para o grupo exposto à água do mar. A praia de

pior qualidade hídrica também apresentou maior incidência de doenças

gastrintestinais (CETESB 1999).

Page 28: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

26

Após a infecção (Fase IV), ainda que os indivíduos doentes sejam

rápidamente tratados, o efluente por eles gerados contém microrganimos

patogênicos. Se não forem destinados adequadamente, inicia-se novamente o

cilco de contaminação (Fase I).

3.2.1 BACTÉRIAS

O quadro 2 apresenta as espécies de bactérias patogênicas que podem

ser encontrados na água e/ou areia de praias e as doenças e sintomas a eles

associados.

Quadro 2. Bactérias relacionadas a contaminação de praia e doenças associadas (MENDONÇA-HAGLER et al. 2001, ABAE 2002, EPA 2002, BOUKAI 2005 e consulta a profissional da área).

BACTÉRIAS PATOGÊNICAS Patógeno Doença Sintomas

Aeromonas hydrophila Doença diarréica aguda Diarréia Campylobacter jejuni Gastrenterite Diarréia

Chlamydia psittaci Ornitose (doença infecciosa aguda)

Febre, cefaléia, mialgia, calafrios, tosse

Cyanobactéria Câncer hepático Diarréia

Clostridium perfrigens Gastrenterite

Enterite necrotizante ou doença de Pigbel

Início súbito de cólica abdominal, diarréia e náusea. Dor abdominal aguda, diarréia

sanguinolenta, vômitos, choque e peritonite, com 40%

de letalidade., Escherichia coli Gastroenterites Vômito, diarréia, morte*

Enterococcus

Endocardite, Infecção pélvia e intra-abdominal,

Infecção urinária, meningite, septicemia.

Febre, calafrios, sudorese (suor excessivo),

emagrecimento, mal estar, perda de apetite, tosse, dor de

cabeça, náuseas e vómitos.

Flavobacterium meningocepticum

Meningite Causa ocasional de infecção

hospitalar, incluindo a meningite neonatal.

Helicobacter pylori Gastrite, úlcera

A infecção pode ser sintomática ou assintomática.

70% das infecções são assintomáticas

Legionella pneumoniae Pneumonia

Tosse produtiva, febre elevada, dispneia e hipoxémia,

com pouca resposta aos ß-lactâmicos.

Legionella pneumophila Doença do legionário ou Doença respiratória aguda.

Page 29: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

27

Legionelose Sintomas inespecíficos como fadiga, anorexia, cefaleias,

vómitos e diarreia, associados a febre, tosse seca e dor torácica tipo pleurítica.

Leptospira interrogans Leptospirose (Enfermidade

de Weil) Infecções purulentas graves,

icterícia, febre

Pseudomonas aeruginosa

Infecções*

Infecções no olho e ouvido, infecções urinárias, infecções

no sistema respiratório, dermatites, infecções no tecido mucoso, bacteremia e outros

Salmonella typhimurium

Salmonelose (doença infecciosa aguda)

Diarréia, vômitos, dor abdominal, desidratação

Salmonella typhi Febre tifóide Febre alta, diarréia, ulceração no intestino delgado

Shigella sp Shiguelose Disenteria bacilar, diarréia

Staphylococcus aureus

Sindrome de choque tóxico, Gastroenterite,

Impetigo, Foliculite,Endocardite,

osteomielite,Pnemonia.

hipotensão, febre, eritemas difusos; vómitos, diarreia

aquosa, dores abdominais; infecção da pele

Staphylococcus epidermidis

As infecções causadas por esta espécie são

geralmente de origem hospitalar (nosocomiais).

Pústulas da acne, furúnculo, abscessos, endocardite

Vibrio cholerae Cólera

Diarréia grave, desidratação, abruptamente uma diarréia

aquosa e serosa, como água de arroz

Vibrio parahaemolyticus

Goastroenterites

Quadros explosivos de diarréia aquosa acompanhadas náusea, vómitos e dor

abdominal.

Vibrio harveyi Vibriose luminosa Doença que afeta

comercialmente cultivados camarões peneídeos

Vibrio vulnificus Gastroenterite, Celulite,

septicemia

Vómitos, diarréia, Dor abdominal, e uma dermatite

com bolhas e infecção generalizada

Yersinia enterolitica Yersinose, gastroenterites,

bacteremias

Diarréia, febre, dores abdominais. Em crianças mais

velhas e em adultos, os sintomas predominantes são

dor abdominal no lado direito e febre.

* Em populações susceptíveis (imunodeprimidas, crianças, idosos, mulheres em período gestacional)

Page 30: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

28

Nos Estados Unidos as infecções bacterianas mais comuns são causadas

por Campylobacter, Salmonella, Escherichia coli e Shigella, totalizando mais de

cem mil casos documentados por ano e doze vezes esse valor de casos não

documentados. Destes, 90% estão relacionados a eventos esporádicos (DENNO

et al. 2009). Naquele estudo o contato com águas recreacionais naturais foi um

fator de risco fortemente relacionado à incidência de infecções por

Campylobacter, Salmonella e Shigella, já as infecções causadas por

Escherichia coli estiveram mais relacionadas ao uso de piscinas.

Na ocorrência de surtos de infecções bacterianas em um determinado

local, algumas atitudes são tomadas e muitas informações são transmitidas

pela mídia. Entretanto, as ocorrências esporádicas, que afetam principalmente

crianças, não recebem o mesmo tratamento. Os surtos de doenças geralmente

estão ligados ao consumo de alimentos contaminados, já as infecções

esporádicas estão mais relacionadas à exposição à água e animais

contaminados.

DENNO et al. (2009) concluem que dentre os fatores de risco de infecção

bacteriana, as águas recreacionais são tão importantes quanto a alimentação,

apesar da regulação quanto aos alimentos ser mais comum e mais rígida.

3.2.2 FUNGOS

Os fungos são considerados os microrganismos mais ativos na

decomposição de matéria orgânica, tanto na areia, quanto na água do mar,

sendo descritas mais de 500 espécies presentes no ambiente marinho (GOMES

et al. 2008). O quadro 3 apresenta os principais fungos patogênicos que podem

ser encontrados na água e/ou areia de praia e as doenças e sintomas a eles

associados.

Page 31: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

29

Quadro 3. Fungos relacionados a contaminação de praia e doenças associadas (MENDONÇA-HAGLER et al. 2001, ABAE 2002, EPA 2002, BOUKAI 2005, e consulta a profissional da área).

FUNGOS PATOGÊNICOS Patógeno Doença Sintomas

Aspergillus candidus, A. ochraceus and A. fumigates

Aspergiloses Tosse, expectoração de catarro,fraqueza, dor torácica, chiado no peito, febre, perda de peso.

Candida albicans Candidíase (sapinho ou brotoeja)

Pontos vermelhos na pele, coceira nos genitais e em mucosas

Chrysosporium sp Infecções na pele e unhas

Cryptococcus neoforman Criptococose (Torulose) (micose profunda) Febre, tosse, dor toráxica

Epidermophyton sp Dermatofitoses ou Tinhas

Infecções do couro cabeludo e mais raramente das unhas e pele. Micoses superficiais que ocorrem em pêlos, unhas e pele.

Fusarium sp Ceratite micótica, onicomicose e hyalohyphomycosis

Infecções oculares, mais raramente infecções da pele e das unhas, e infecções sistêmicas em doentes imunodeprimidos (vítimas de queimaduras e transplante de medula óssea).

Histoplasma capsulatum Histoplasmose (micose profunda)

Infecção assintomática, febre, tosse, dor toráxica, mal estar geral, debilidade e anemia

Microsporum nanum Tinea capitis e Tinea corporis Infecções do couro cabeludo e da pele

Phaeoannellomyces werneckii

Tinea nigra (micose superficial)

Infecção crônica da camada córnea da epiderme com aparecimento de máculas castanho-enegrecidas

Rhodotorula sp Fungemia, meningite fungica e Micoses em Imunossuprimidos

Infecções em pacientes imunodeprimidos. Septicemia por fungo (infecção generalizada), meningite e infecção em pele.

Scopulariopsis sp Onicomicoses humanas ou micoses pulmonares Infecções da córnea e das unhas

Scedosporium sp

Infecção subcutânea, osteomielite e artrite geralmente pós-traumático. Pneumonia, Meningoencephalitis e endocardite.

Infecções sub-cutâneas (micetomas) e infecções profundas, ou pneumonias em imunodeprimidos

Scytalidium sp Queratomicoses Infecções da pele e unhas das mãos e dos pés

Trichophyton mentagrophytes, T. rubrum

Pé de atleta Dermatofitose inflamatória nos pés, no corpo, nas unhas, na barba e no couro cabelo.

Trichosporum cutaneum Infecções de pele e tecidos Wallemia sp Infecções sub-cutâneas

Page 32: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

30

3.2.3 PROTOZOÁRIOS (PARASITAS)

O quadro 4 apresenta os parasitas que podem ser encontrados nas águas

e/ou areias das praias e as doenças e sintomas a eles associados.

Quadro 4. Parasitas relacionados a contaminação de praia e doenças associadas (MENDONÇA-HAGLER et al. 2001, ABAE 2002, EPA 2002, BOUKAI 2005 e consulta a profissional da área).

PROTOZOÁRIOS / PARASITAS Patógeno Doença Sintomas

Acanthamoeba Ceratite amebiana, otite,

encefalite

Ancylostoma braziliensis

Larva migrans cutânea (LMC) (bicho geográfico) Erupção vermelha, coceira intensa

Ancylostoma Caninum Larva migrans cutânea

(LMC) (bicho geográfico) Erupção vermelha, coceira intensa

Ancylostoma duodenale Ancilostomíase (Amarelão) Dor abdominal, perda de apetite e geofagia

Ascaris lumbricóides (lombriga) Ascaridíase

Podem permanecer assintomáticos. Podem causar danos viscerais,

peritonite e inflamação. obstrução do intestino por um bolo de vermes (observadas principalmente em

crianças) e obstrução das bile ou duto pancreático.

Balantidium coli Balantidíase Diarréia, disenteria Cryptosporidium Criptoporidíase Diarréia

Entamoeba hystolytica Amebíase Diarréia prolongada com

sangramento, abscessos do fígado e do intestino delgado

Giardia lamblia Giardíase Diarréia média a severa, náusea, indigestão

Naegleria fowleri meningoencefalite amebiana Doença fatal, inflamação no cérebro

Necator americanus Ancilostomíase (Amarelão) Desconforto abdominal, diarréia e cólicas, anorexia, perda de peso e

anemia ferropriva

Pfiesteria Síndrome humana da

doença de Pfiesteria (PHIS)

Perdas de memória, prejuízos cognitivos, dores de cabeça,

pruridos da pele, a dor abdominal, a diarreia secretora, a irritação

conjunctival, e o broncoespasmo.

Toxocara canis Larva migrans visceral (LMV)

(toxocaríase)

Febre, problemas pulmonares, como tosse, troncos e sibilos, convulsões

e ocasionalmente exantemas parecidos com urticária

Toxocara cati Larva migrans visceral (LMV)

(toxocaríase)

Febre, problemas pulmonares, como tosse, troncos e sibilos, convulsões

e ocasionalmente exantemas parecidos com urticária

Toxoplasma gondii Toxoplasmose Cegueira

Page 33: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

31

SILVA et al. (2009) reportam a análise de enteroparasitas realizada nas

areias das praias de Porto de Galinhas, Muro Alto e Maracaípe no sudeste do

Estado de Pernambuco. A contaminação mais alta ocorreu na praia de Porto

de Galinhas, na qual 42% das amostras estavam contaminadas com larvas de

Ancylostoma e 13% com ovos de Trichuris sp. Na praia de Muro Alto, 30% das

amostras estavam contaminadas com larvas de Ancylostoma e 13%

contaminadas com Ascaris lumbricoides.

3.2.4 VÍRUS

O quadro 5 apresenta os vírus que podem ser encontrados na água e/ou

areia de praias e as doenças e sintomas a eles associados.

Quadro 5. Virus relacionados a contaminação de praia e doenças associadas (MENDONÇA-HAGLER et al. 2001, ABAE 2002, EPA 2002, BOUKAI 2005 e consulta a profissional da área).

VIRUS PATÓGENO DOENÇA SINTOMAS

Adenovirus (31 tipos) Doenças respiratórias Infecção ocular, diarréia Astroviruses Gastroenterites Vômito, diarréia

Calicivírus (como os vírus Norwalk e Sapporo) Gastroenterites Vômito, diarréia

Coxsackieviruses Encefalites, meningites, Síndrome mão-pé-boca

Meningite asséptica, diabetes, herpangina,

conjuntivite

Echovirus Infecção gastrointestinal e

erupções cutâneas. Meningite asséptica

Erupções, doenças respiratórias, as síndromes

similares ao crupe; as doenças inespecíficas

acompanhadas de febre Enterovirus (67 tipos, ex.

poliomielite, echo, coxsackie vírus)

Gastroenterites Diarréia, anomalias cardíacas e meningites*

Poliovirus Poliomelite

Fraqueza muscular e agudo paralisia flácida. Pode ocorrer diferentes

tipos de paralisia. Reovirus Gastroenterites Vômito, diarréia Rotavirus Gastroenterites Vômito, diarréia

Virus da Hepatite (A e E) Hepatites infecciosas Icterícia, febre * Muito raro

Page 34: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

32

3.3 QUALIDADE DAS PRAIAS

A Lei Nacional de Gerenciamento Costeiro conceituou praia como sendo

a área coberta ou descoberta periodicamente pelas águas, acrescida da faixa

seguinte de material detrítico, como: areias, cascalhos, seixos e pedregulhos

até o limite onde inicia a vegetação natural, ou, em sua ausência, onde começa

outro ecossistema. As praias arenosas apresentam a área emersa composta

predominantemente por sedimento não consolidado, ou seja, areia, havendo

movimentação de sedimento ao longo de toda a sua extensão, por ação

predominante de correntes de ventos e maré (BRASIL 1988).

Fatores como a morfologia da praia, proximidade de costões rochosos,

rios e estuários, o regime de ondas, ventos e maré, granulometria do

sedimento, morfologia do fundo, padrão de circulação, correntes e marés,

inclinação da praia, freqüência de fenômenos meteorológicos de grande

escala, como frentes e ressacas, e a interação entre eles determinam a

dinâmica específica de cada praia (VELOSO et al. 1997).

Diversos aspectos podem ser considerados para avaliação da qualidade

das praias balneares, destacando-se os aspectos ambientais como a

abundância de recursos naturais e o estado de conservação dos mesmos.

A vegetação de restinga, típica de praias, é protegida por lei e não deveria

ser removida (CONAMA 2002). Entretanto, é comum encontrá-la degradada

pelo avanço de estruturas de urbanização, pela ocupação por quiosques, e

para abertura de vias, estacionamento de veículos e pelo pisoteio. A

vegetação, quando presente, promove a fixação do sedimento arenoso e

delimita a área de uso da faixa de areia. A vegetação também funciona como

locais de acúmulo e aprisionamento de resíduos transportados pelo vento, e de

habitat para pequenos animais que podem ser vetores de doença.

A disseminação de espécies exóticas como Terminalia catappa

(castanheiras) e Casuarina equisetifolia (casuarinas), para fins paisagísticos ou

sombreamento, descaracteriza a vegetação natural, podendo causar impacto

sobre a fauna e outros danos ainda não estudados. O acúmulo de folhas e o

sombreamento no entorno de castanheiras, por exemplo, cria um ambiente

Page 35: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

33

favorável ao desenvolvimento de fungos e bactérias, e são locais preferidos

pelos usuários para a permanência por períodos prolongados.

A urbanização adequada pode conferir elementos de conforto ao usuário,

como sombreamento, banheiros, quiosques e restaurantes. Para tanto, deve-se

manter um distanciamento adequado da praia, a fim de não causar degradação

do ambiente natural.

Quando não são considerados os aspectos naturais e paisagísticos da

praia, a urbanização modifica para pior a estética da paisagem e pode interferir

no processo de transporte sedimentar, tanto eólico como marinho, provocando

desequilíbrios no balanço sedimentar e conseqüentemente na estabilidade da

linha de costa (MUEHE 2001).

3.3.1 RESÍDUOS SÓLIDOS (LIXO) E EFLUENTES

Diversos registros da ocorrência e distribuição de resíduos sólidos em

praias foram realizados no Brasil (ARAÚJO & COSTA 2004, WETZEL et al. 2004,

SANTOS et al. 2005, IVAR DO SUL & COSTA 2007, ARAÚJO & COSTA 2007) e em

outros países (REES & POND 1995, MADZENA & LASIAK 1997, PEREIRA et al.

2001, KUSUI & NODA 2003, SOMERVILLE et al. 2003). O conhecimento da origem

e composição do resíduo permite a proposição de medidas de controle dessa

poluição.

Os resíduos comumente encontrados na praia podem ter sido

descartados em áreas distantes e transportados até a praia pelo vento, maré,

corrente marinha, rio, canal de drenagem e de descargas de águas residuais,

industriais e urbanas. Incluem embalagens de produtos de limpeza, garrafas

pet e outros objetos de uso doméstico.

Os resíduos gerados e descartados na praia são materiais relacionados

às atividades exercidas pelos usuários da praia, como os plásticos e

embalagens de produtos e alimentos consumidos na praia. Incluem pontas de

Page 36: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

34

cigarro, garrafas e latas de bebidas, restos de alimento e partes do corpo,

como cabelos, unhas e escamação da pele.

Há também os resíduos da atividade pesqueira que são lançados

diretamente sobre a água e areia da praia, como vísceras, sobras de pescado,

fauna acompanhante, isca artificial, sinalizadores e restos de materiais de

pesca, contendo matéria orgânica e bactérias.

O acúmulo de resíduos gera riscos a saúde humana em decorrência da

existência de fragmentos de vidro, metais cortantes e vetores de doenças,

riscos para a fauna aquática e terrestre, impacto econômico como: prejuízos

para a pesca, declínio de atividades de lazer, comércio e turismo (hotéis,

quiosques, esportes, eventos), e conseqüentes gastos públicos com a limpeza

das praias.

Os resíduos servem de alimento e abrigo para vetores de doenças como

ratos, aves e cachorros, e são fonte de matéria orgânica e habitat para

microrganismos patogênicos, podendo transportar patógenos de outros

ambientes para a areia e água do mar.

As praias utilizadas para o lazer devem ser dotadas de estruturas

adequadas de coleta, transporte, tratamento e destinação final de resíduos e

efluentes.

As praias arenosas geralmente apresentam o deságüe natural de rios ou

córregos, que em diversos casos contribuem com o sedimento que compõe a

própria praia. No entanto, com a contaminação dos rios esse sistema constitui

uma fonte de poluição da praia. Somam-se a isso, o efluente produzido em

embarcações e lançado próximo à costa, e os efluentes advindos da

urbanização do entorno das praias, da rede de drenagem da água de chuva

(runoff), os efluentes industriais e de estações de tratamento de esgoto.

Em geral, as redes coletoras de esgoto estão inseridas em galerias de

drenagem da água pluvial, que por sua vez deságuam em rios ou direto na

costa. Quando não recebem a manutenção adequada de suas estruturas ou

quando sua capacidade é ultrapassada, ocorrem extravasamentos do esgoto

na rede pluvial. Além disso, é comum a ligação clandestina de esgoto na rede

Page 37: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

35

pluvial por moradores e empreendedores com o intuito de não pagar as taxas

devidas ao poder público ou por não se enquadrarem na legislação pertinente.

O despejo de efluente doméstico também transporta matéria orgânica e

nutrientes, que favorecem o desenvolvimento desses organismos. Além do

constante input de organismos patogênicos, existe ainda a disseminação de

patógenos que possuem genes de resistência a antibióticos que podem ser

transmitidos aos microrganismos presentes no ambiente (OLIVEIRA & PINHATA

2008).

3.3.2 FONTES DIFUSAS DE CONTAMINAÇÃO

As fontes difusas de poluição contribuem de forma significativa para a

contaminação das praias, sendo equivalentes ou superiores às fontes pontuais.

A United States Environmental Protection Agency (EPA), responsável pela

gestão ambiental dos Estados Unidos da América (EUA), estima que 60-80%

das águas contaminadas tem como principal contribuição as fontes difusas, tais

como o runoff de áreas urbanas e agricultura, vazamentos no sistema de

coleta, transporte e tratamento de esgoto, descarte de efluentes de barcos e

deposição de aerosóis atmosféricos (STEWART et al. 2008).

Os próprios usuários das praias podem constituir uma fonte de poluição.

Conforme relatado por STEWART et al. (2008), alguns estudos apresentam uma

correlação entre a densidade de usuários e a incidência de doenças

relacionadas, mostrando que os usuários podem deixar uma quantidade

significativa de microrganismos no ambiente costeiro, especialmente o

Enterococcos e o Staphylococcus aureus.

STEWART et al. (2008) indicam o uso de S. aureus como um indicador do

impacto oriundo dos usuários, pois este organismo geralmente está presente

no esgoto em baixa densidade (103 ufc/100ml) em relação a Enteroccos (104 a

105 ufc/100ml), porém apresenta densidade elevada em áreas com alta

freqüência de usuários.

Page 38: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

36

O conhecimento da contaminação oriunda de fontes difusas é limitado,

sendo, portanto, difícil a determinação dos indicadores mais apropriados para

avaliar tal contaminação. Para ampliar o conhecimento sobre a contaminação a

partir de fontes difusas os estudos devem incluir principalmente a identificação

de patógenos associados, a análise da abundância desses patógenos, análise

do risco à saúde humana, bem como formas para identificação das fontes de

contaminação com o objetivo de extingui-las (STEWART et al. 2008).

3.3.3 BALNEABILIDADE

Balneabilidade é o termo utilizado para designar a qualidade da água para

fins de recreação de contato primário, como atividades de lazer ou prática de

esportes, por meio de critérios previamente estabelecidos. A principal

preocupação está relacionada ao risco de transmissão de doenças pela água

do mar.

Os critérios de balneabilidade são definidos por políticas públicas,

portanto podem variar de um local para outro. Geralmente, são critérios

baseados no monitoramento de indicadores, cujos resultados são confrontados

com padrões de referencia, que refletem as condições de balneabilidade em

um determinado local, definindo inclusive, classes de qualidade para melhor

orientação dos usuários.

No Brasil, o Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA trata da

qualidade das águas costeiras nas Resoluções nos 274/00 e 357/05. A

Resolução 357/05 trata da classificação dos corpos d’água continentais e

costeiros, das diretrizes para seu enquadramento e estabelece condições e

padrões de lançamento de efluentes (CONAMA 2005).

A Resolução nº 274/00 (ANEXO 1) define os critérios de balneabilidade

em águas brasileiras, incluindo metodologia de monitoramento, indicadores

microbiológicos e valores de referência que classificam a água marinha

Page 39: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

37

analisada como imprópria ou própria para execução de atividades de lazer de

contato primário (CONAMA 2000).

Segundo a Resolução nº 274/00, é classificada como água doce aquela

com salinidade igual ou inferior a 0,50º/00; água salobra aquela com salinidade

entre 0,50º/00 e 30º/00; e salina aquela com salinidade igual ou superior a

30º/00. Quanto a balneabilidade, conforme disposto na resolução, as águas

costeiras são classificadas utilizando como referência a densidade de

microrganismos indicadores de contaminação fecal, conforme os valores de

referência apresentados no quadro 6.

Os valores estabelecidos na Resolução 274 referem-se a monitoramentos

de periodicidade semanal ou freqüência superior, sendo considerado um

conjunto de 80% do total das amostras obtidas em cinco semanas

consecutivas, e a densidade de microrganismos em 100 mL da amostra.

Quadro 6: Padrões adotados pela Resolução 274/00 para balneabilidade das águas costeiras brasileiras.

PRÓPRIA IMPRÓPRIA

INDICADOR EXCELENTE MUITO BOA SATISFATÓRIA

Coliformes fecais (termotolerantes) < 250 < 500 < 1000 > 1000

Escherichia coli < 200 < 400 < 800 > 800

Enterococos < 25 < 50 < 100 > 100

Para classificação das águas costeiras como impróprias para atividades

de contato primário, a Resolução 274 adota também os seguintes critérios:

� Valor da última amostragem superior a 2500 coliformes fecais

(termotolerantes), ou 2000 Escherichia coli ou 400 Enterococos por

100mL da amostra;

� Incidência elevada ou anormal de enfermidades relacionadas a

qualidade hídrica, na região;

Page 40: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

38

� Presença de resíduos e efluentes, como esgoto sanitário, óleos, graxas

e outras substâncias que tragam risco a saúde dos usuários ou que

tornem desagradável a recreação; e

� Floração de algas ou outros organismos que ofereçam risco aos

usuários.

Reconhecendo a importância da análise da areia, a Resolução nº 274,

recomenda aos órgãos ambientais a avaliação das condições parasitológicas e

microbiológicas da areia de praia, porém não estabelece indicadores ou valores

de referência para o monitoramento e classificação das areias. Não obstante

esta resolução sugerir a futura padronização, até o momento o Conselho

Nacional de Meio Ambiente não realizou estudo ou quaisquer iniciativas para

tornar obrigatória a análise da areia de praia e estabelecer valores de

referência para sua classificação.

3.3.4 BIOINDICADORES DE QUALIDADE

Nos Estados Unidos e Europa os indicadores de balneabilidade da água

marinha comumente utilizados são: Enteroccos e Escherichia coli. No Brasil

são utilizados o Coliforme fecal (termotolerante) e a E. coli, sendo mais

recentemente introduzido o uso do Enterococcos (CONAMA 2000).

Com base em estudos epidemiológicos a EPA afirma que a Escherichia

coli e os Enterococcos são indicadores de contaminação fecal de águas

recreacionais, mais adequados que Coliformes totais e fecais. Relata também

que os Enterococcos são mais apropriados para análise de água salgada e E.

coli para análise de água doce. De acordo com essa agência, a densidade

desses organismos prediz de forma mais eficiente o risco a saúde dos

usuários, pois apresentam uma correlação mais forte com a incidência de

gastroenterites, que os demais indicadores.

Page 41: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

39

No caso da água marinha, a correlação entre Enterococcos é mais forte

provavelmente pela habilidade desses organismos de sobreviverem por mais

tempo nesse ambiente, que os demais indicadores, tal como os organismos

causadores das doenças gastrointestinais.

Além disso, os coliformes fecais podem ser identificados em locais onde

não há contaminação fecal. Por exemplo, a Klebsiella spp. é uma bactéria que

faz parte do grupo coliformes fecais, mas que geralmente não é patogênica aos

humanos e não ocorre quando há contaminação fecal, mas ocorre em

efluentes de industrias de papel, celulose e tecido (EPA 2004).

A Salmonella é responsável por grande parte dos sintomas

gastrointestinais manifestos na população em geral (EUFRASTIOU 2009). A

ocorrência de Salmonella no esgoto doméstico é variável de acordo com o grau

de infecção da população que produz o esgoto. Em algumas amostras com

valores elevados de contaminação fecal não foi encontrado Salmonela

(EUFRASTIOU 2009).

EUFRASTIOU et al. (2009) analisaram a eficiência dos indicadores

tradicionais de balneabilidade, enterococos, Coliformes fecais e Coliformes

totais, na identificação da presença de Salmonella na água marinha. Foi

constatado que esses indicadores isoldamente podem indicar a presença de

Salmonella, sendo Enterococos o mais eficiente. A análise conjunta desses

indicadores aumenta a eficiência de detecção de Salmonella. Os limites

adotados pela EPA e União Européia (UE) para esses parâmetros apresentam

a mesma eficiência na identificação de Salmonella.

Page 42: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

40

3.4 CONTAMINAÇÃO DA AREIA DA PRAIA

Diversos microrganismos patogênicos e indicadores de contaminação

fecal sobrevivem por longos períodos na areia de praia, pois encontram

condições favoráveis como abundância de nutrientes, abrigo da luz solar e

proteção contra predação (GHINSBERG et al. 1994, ALM et al. 2003, CARDOSO-DE-

OLIVEIRA & PINHATA 2008). O uso intenso da faixa de areia para o lazer, prática

de esportes e caminhadas, especialmente no período do verão, gera uma

preocupação com relação à qualidade sanitária da areia e o risco de

propagação de doenças, e em alguns países a análise da areia também é

considerada na avaliação da qualidade da praia (ABAE 2007).

Diversos estudos sobre a contaminação das areias de praias foram

conduzidos na costa brasileira (SANCHEZ et al. 1986, VIEIRA 2000, VIEIRA et al.

2001, RIBEIRO 2002, MAIER et al. 2003, GONZÁLES-CÁCERES et al. 2004, BOUKAI

2005, LOUREIRO et al. 2005, SATO et al. 2005, ANDRAUS 2006, MATESCO et al.

2006, SANTOS et al. 2006, GOMES et al. 2008, CARDOSO-DE-OLIVEIRA & PINHATA

2008, SILVA et al. 2009) e em outros países (MENDES et al. 1993, 1997, 1998,

ABAE 2002, ALM et al., 2003, LE-FEVRE & LEWIS 2003, FERGUSON et al. 2004,

SHIBATA et al. 2004, ELMANAMA et al. 2005, MANCINI et al. 2005, LEE et al. 2006,

BOUMS et al. 2007, BRANDÃO et al. 2007, BONILLA et al. 2007, VOGEL et al. 2007,

HEANEY et al. 2009). Alguns trabalhos apresentam uma revisão bibliográfica do

tema (MENDONÇA-HAGLER et al. 2001, VIEIRA 2000, CBC 2005, STEWART et al.

2008).

A maioria dos estudos sobre a contaminação das areias de praias

oceânicas mostram que a areia geralmente apresenta contaminação superior a

da água do mar (SANCHEZ et al. 1986, ABAE 2002, ALM et al., 2003, ELMANAMA

et al. 2005, BOUKAI 2005, SATO et al. 2005, BONILLA et al. 2007, BOUMS et al.

2007, CARDOSO-DE-OLIVEIRA & PINHATA 2008). Nas praias da Flórida - EUA,

estudadas por BONILLA et al. (2007) foi identificada uma densidade de

microrganismos indicadores de contaminação fecal nas areias de até 460

vezes superior àquela identificada na água do mar.

Vários estudos analisaram a contaminação das areias em diferentes

épocas do ano, comparando a estação seca e chuvosa ou o período de alta

Page 43: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

41

temporada (verão) com períodos de menor freqüência de usuários (VIEIRA et al.

2001, RIBEIRO 2002, ABAE 2002, ELMANAMA et al. 2005, BOUKAI 2005, SATO et

al. 2005, LOUREIRO et al. 2005, ANDRAUS 2006, MATESCO et al. 2006, BONILLA et

al. 2007, VOGEL et al. 2007, GOMES et al. 2008).

O período do verão e o período chuvoso geralmente apresentam

contaminação superior em relação ao restante do ano (ELMANAMA et al. 2005,

BOUKAI 2005, SATO et al. 2005, LOUREIRO et al. 2005, ANDRAUS 2006). Segundo

ANDRAUS (2006) o grande aumento da população flutuante registrada nesta

época do ano e o conseqüente aumento na freqüência de banhistas influencia

a contaminação da areia da praia.

No período do verão o número de turistas é maior e aumenta também a

população flutuante, com isso a produção e descarte de resíduos e efluentes é

maior que no restante do ano. Pressupõe-se com isso que o risco associado ao

contato com a areia da praia é maior no período do verão em relação ao

restante do ano, e alguns estudos focaram apenas esse período (ALM et al.,

2003, GONZÁLES-CÁCERES et al. 2004, MANCINI et al. 2005, BOUKAI 2005,

BRANDÃO et al. 2007).

Outros estudos analisaram separadamente a areia seca e a areia úmida,

sendo esta última a faixa constantemente atingida pela água do mar, e a areia

seca a parte emersa raramente alcançada pela maré (VIEIRA et al. 2001,

RIBEIRO 2002, ABAE 2002, MAIER et al. 2003, GONZÁLES-CÁCERES et al. 2004,

BOUKAI 2005, SATO et al. 2005, ANDRAUS 2006, BOUMS et al. 2007, BRANDÃO et

al. 2007, VOGEL et al. 2007, BONILLA et al. 2007, CARDOSO-DE-LIVEIRA & PINHATA

2008).

Dentre os estudos que analisaram a contaminação da água em relação a

areia, em sua maioria, foi verificada uma forte relação entre a areia úmida e a

água, indicando um fluxo contínuo de microrganismos entre os meios (ABAE

2002, BOUKAI 2005, SATO et al. 2005, CARDOSO-DE-OLIVEIRA & PINHATA 2008).

Conforme CARDOSO-DE-OLIVEIRA & PINHATA (2008) as atividades de recreação e

eventos naturais como tempestade, ondas e maré, promovem a turbulência no

sedimento, remobilizando microrganismos do sedimento para a água e

aprisionando no sedimento microrganismos presentes na água.

Page 44: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

42

No entanto, a areia seca apresenta um comportamento distinto, com

contaminação superior aos demais meios. A areia seca sofre pouca influencia

da maré e sua contaminação não está diretamente relacionada com a água

marinha (VIEIRA et al. 2001, ABAE 2002, BOUKAI 2005, SATO et al. 2005,

ANDRAUS 2006, BOUMS et al. 2007, VOGEL et al. 2007, CARDOSO-DE-OLIVEIRA &

PINHATA 2008).

A areia seca é exposta a elevados níveis de contaminação de fontes

distintas àquelas que exercem maior influencia sobre a contaminação da areia

úmida (VIEIRA et al. 2001, ABAE 2002, BOUKAI 2005, SATO et al. 2005, ANDRAUS

2006, BOUMS et al. 2007, VOGEL et al. 2007, CARDOSO-DE-OLIVEIRA & PINHATA

2008). A água do mar pode ser a fonte principal de contaminação da areia

úmida, enquanto outras fontes, como resíduos sólidos e fezes de animais,

podem constituir as fontes de contaminação predominantes da areia seca.

O monitoramento da água não é suficiente para eliminar o risco à saúde

dos freqüentadores das praias. Faz-se necessário, também, o monitoramento

da areia. O quadro 7 foi elaborado a partir de um levantamento dos estudos

que analisaram a qualidade das areias de praia na costa brasileira e

internacioanal. Esse quadro apresenta os parâmetros analisados nos principais

estudos sobre o tema.

A maioria dos estudos analisou o grupo Enterococos e alguns estudos

apontaram este grupo como um indicador de contaminação fecal da areia

melhor que o grupo Coliformes (MENDES et al. 1997, RIBEIRO 2002, ANDRAUS

2006). Não há organismos que satisfaçam simultaneamente todas as

condições necessárias para um indicador de contaminação. Na ausência de

um indicador ideal, então deve ser utilizado o melhor indicador possível,

considerando a melhor correlação com os riscos de saúde associados com a

contaminação de um determinado ambiente (BASTOS 2000).

As metodologias tradicionais de análise de bactérias, fungos e parasitas

foram adotadas pela maioria dos estudos. Alguns estudos recentes adotaram

técnicas mais sofisticadas como kits rápidos de análise e análises moleculares

(RIBEIRO 2002, ABAE 2002, MAIER et al. 2003, SHIBATA et al. 2004, BOUMS et al.

2007, BRANDÃO et al. 2007, VOGEL et al. 2007).

Page 45: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

43

Quadro 7. Parâmetros analisados em estudos de qualidade de areia de praia.

Col

iform

es to

tais

C. t

erm

otol

eran

tes

(fec

ais)

Escherichia

coli

Ent

eroc

ocos

Fun

gos

Par

asita

s

Pseud

om

onas

aeru

gin

osa

Salm

onella

Out

ros

SANCHEZ et al. 1986 X X X X X X X MENDES et al. 1997 X X X X X X MENDES et al. 1998 X

VIEIRA et al. 2001 X X X X X RIBEIRO 2002 X X X X X

ABAE 2002 X X X X X MAIER et al. 2003 X X X X X X

ALM et al. 2003 X X LE FEVRE & LEWIS 2003 X

GONZÁLES-CÁCERES et al. 2004 X FERGUSON et al. 2004 X

SHIBATA et al. 2004 X X X X X BOUKAI 2005 X X X X

ELMANAMA et al. 2005 X X X X LOUREIRO et al. 2005 X

MANCINI et al. 2005 X SATO et al. 2005 X X X X X

ANDRAUS 2006 X X X LEE et al. 2006 X X

MATESCO et al. 2006 X SANTOS et al. 2006 X BOUMS et al. 2007 X X X X X

BRANDÃO et al. 2007 X X X BONILLA et al. 2007 X X X X

VOGEL et al. 2007 X GOMES et al. 2008 X

OLIVEIRA & PINHATA 2008 X SILVA et al. 2009 X

3.5 PADRÕES DE QUALIDADE DAS AREIAS

Existem apenas duas normas em vigor que qualificam as areias de praia,

apesar de diversos estudos sobre qualidade das areias de praia confirmarem o

risco de veiculação de doenças por esse meio.

Page 46: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

44

LEGISLAÇÃO INTERNACIONAL

A Associação das Bandeiras Azuis para a Europa (ABAE), o Instituto

Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), e o Instituto do Ambiente (IA),

realizaram um extenso estudo sobre qualidade das areias das praias de

Portugal, e estabeleceram valores de referência para classificação das

mesmas. O quadro 8 apresenta a classificação em vigor em 2002 (Mendes et

al. 2002) e novos valores propostos por Brandão et al. (2007).

Quadro 8. Valores máximos recomendados (VMR), valores máximos admissíveis (VMA) e novos valores máximos recomendados (NVMR) para qualificação das areias de praias (adaptado de BRANDÃO 2007).

Parâmetros VMR NVMR VMA

Ufc/100g

Leveduras 3.000 300 6.000

Fungos potencialmente patogênicos 7.000 500 8.500

Dermatófitos 100 100 1.500

Coliformes totais 100 100 1.500

Escherichia coli 100 100 2.000

Enterococos intestinais 100 100 2.000

LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Rio de Janeiro – SMAC,

publicou a Resolução SMAC nº 081/2000 (ANEXO 2) e a Lei municipal nº

3.210/2001, que estabelecem, respectivamente, valores de referência para a

classificação da areia de praia (Quadro 9) e a obrigatoriedade de divulgação de

informações de qualidade da areia para a população (SMAC 2000, RIO DE

JANEIRO 2001, ALERJ 2006). Essa legislação foi elaborada com base em

estudos de qualidade das areias por meio de indicadores e parâmetros

microbiológicos conhecidos.

Page 47: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

45

Quadro 9. Classificação da areia de praia segundo a Resolução SMAC Nº 81/2000 e Lei Municipal Nº 3.210/2001.

Classificação Coliformes Totais1 Escherichia coli1

**** Até 10.000 Até 10

*** > 10.000 a 20.000 > 10 a 200

** > 20.000 a 30.000 > 200 a 400

*

IMPRÓPRIA2 Acima de 30.000 Acima de 400

1 Valores em NMP/100g de areia

2 Considera-se também imprópria a areia que contiver ovos e larvas de parasitos em quantidade que cause risco a saúde

Os parâmetros e valores de referência da Resolução nº 81/00, foram

analisados por BOUKAI (2005), com base em um novo monitoramento da

qualidade das areias das principais praias do município do Rio de Janeiro,

resultando em novos parâmetros e valores de referência (Quadro 10).

Quadro 10. Revisão dos valores de referência da Resolução SMAC Nº 81/00 (BOUKAI 2005).

Classificação **** *** ** * IMPRÓPRIA

Bactérias

Coliformes Totais1 Até 10.000 > 10.000 a

20.000 > 20.000 a

30.000 Acima de 30.000

Escherichia coli1 Até 10 > 10 a 200 > 200 a 400 Acima de 800

Fungos

Cândida sp2 < 1000 1000

Parasitas

Ancylostoma sp AUSENTE PRESENTE

Toxocara sp AUSENTE PRESENTE

1 Valores em NMP/100g de areia; 2 Valores em ufc/100g de areia

Os valores da Resolução SMAC nº 81/00 para as praias cariocas, estão

em vigor, apesar do estudo apresentado por BOUKAI (2005).

Page 48: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

46

3.6 PROGRAMA DE MONITORAMENTO DA BALNEABILIDADE DO

ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Desde 1991 o Governo do Estado do ES monitora a balneabilidade das

praias capixabas, com exceção das praias da capital Vitória, pois são

monitoradas pelo município. Atualmente, são monitorados 70 pontos

distribuídos ao longo do litoral, que englobam lagoas, estuários e água marinha

(ANEXO 3). O monitoramento é realizado pelo Instituto Estadual de Meio

Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), com base nos padrões estabelecidos na

Resolução CONAMA nº 274/00.

Segundo as informações fornecidas pelo IEMA o monitoramento consiste

na análise quinzenal da densidade de coliformes termotolerantes presentes na

água, por meio da técnica de tubos múltiplos. Para tanto, são adotadas as

diluições 101, 10-1, 10-2 da amostra, para inoculação em séries de cinco tubos

contendo caldo lactosado e púrpura de bromocresol, para cada diluição.

Após incubação por 24 ± 2h a 35 ± 0,5ºC, os resultados positivos são

identificados pela turvação com acidificação do meio (mudança da cor de roxo

para amarelo). Destes, são inoculadas amostras em caldo lactosado verde

brilhante (bílis a 2%), incubados por 48 ± 3h a 35 ± 0,5ºC, e feita a leitura dos

resultados positivos pela turvação.

Finalmente, são inoculadas amostras dos tubos positivos em EC-MUG por

24 ± 2h a 44,5 ± 0,2ºC. Os tubos que apresentaram turvação são quantificados

para cada diluição e a seqüência numérica é comparada em tabela de

probabilidade, que confere um Número Mais Provável para cada 100mL de

água marinha (NMP/100mL).

Os valores obtidos são lançados em planilhas digitais e analisados para

classificação da água, conforme os seguintes critérios:

a. Se o valor recém obtido for superior a 2.500 NMP/100mL o ponto é

classificado como IMPRÓPRIO;

b. Se o valor recém obtido for inferior a 2.500 NMP/100mL, são adotados

como referência os cinco valores mais recentes, incluindo o valor recém

Page 49: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

47

obtido. Desse conjunto de dados é excluído o de maior valor, e dos

quatro valores restantes é utilizado o maior valor para classificação de

acordo com as classes apresentadas abaixo (Figura 3):

COLIFORMES

TERMOTOLERANTES

(NMP/100ML)

CLASSIFICAÇÃO

< 250 EXCELENTE

< 500 MUITO BOA

< 1.000 SATISFATÓRIA

> 1.000 IMPRÓPRIA

Figura 3. Categorias de classificação da água das praias do Espírito Santo.

No município de Serra são monitorados 11 pontos distribuídos na orla de

Nova Almeida, Jacaraípe, Manguinhos, Carapebus e Bicanga (Quadro 11). Os

pontos 05, 06 e 07 estão localizados próximos aos pontos 3, 2 e 1,

respectivamente, de análise da areia e água da Orla de Manguinhos realizada

no presente trabalho.

A análise do período de 2007 a 2009 concluiu que, no Estado do Espírito

Santo, os locais abaixo apresentam pior qualidade da água para

balneabilidade:

⋅ Anchieta – Praia Central (AN4)

⋅ Aracruz – Próximo a foz do Rio Guaxindiba (AR3), e do Rio Sahy (AR1)

⋅ Serra – Jacaraípe próximo a Manguinhos (S5), e Nova Almeida (S1 e S2)

⋅ Guarapari – Meaípe (G14)

Estes pontos permaneceram de 12% a 79% do período pesquisado em

condições imprópias ao banho, ou seja, oferecendo risco a saúde dos usários.

Os dados de colimetria desses pontos apresentam grandes variações ao longo

do tempo, sendo muitas vezes na ordem de 350 vezes a diferença entre

resultados de semanas consecutivas.

Page 50: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

48

Quadro 11. Estações de monitoramento da balneabilidade do litoral do município da Serra (fonte: IEMA).

ESTAÇÃO (PONTO) – LOCALIDADE COORDENADAS UTM

01 Nova Almeida - Próximo ao Posto de Saúde 20°03’33,0” S 40°11’15,0” W

02 Nova Almeida - Quiosque Doce Mar. Próx. Hotel Praia Sol 20°07’11,9” S 40°10’36,1” W

03 Jacaraípe - Quiosque Stravagancia. Rua Caiçara 20°08’14,0” S 40°11’01,5” W

04 Jacaraípe - Colônia de Férias do BANESTES Não identificada

05 Jacaraípe - Colônia de Férias da CVRD 20°09’36,9” S 40°11’03,7” W

06 Manguinhos - Em frente ao Condomínio Ainda 20°1126,2” S 40°11’28,8” W

07 Manguinhos - Primeira estação de Manguinhos 20°11’53,4” S 40°11’32,8” W

08 Bicanga - A 500m do Córrego Manguinhos Não identificada

09 Lagoa Carapebus - Entre Colônia de Férias e a passarela 20°13’51,2” S 40°12’47,4” W

10 Carapebus - Restaurante GJ-Drink 's Não identificada

11 Carapebus - Colônia de pescadores 20°14’08,7” S 40°12’56,7” W

3.7 ADEQUAÇÃO DO PROGRAMA DE BALNEABILIDADE DO ES

Diagnóstico das condições sanitárias das areias das praias do

Espírito Santo

Os resultados do estudo da qualidade das areias da orla de Manguinhos e

de outros estudos na costa brasileira e em outros países que abordaram o

tema, mostram que as condições sanitárias das areias devem ser consideradas

na análise da qualidade das praias utilizadas para o lazer. Como ainda não é

conhecida a condição das areias das praias capixaba, faz-se necessário um

Page 51: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

49

diagnóstico que contemple a avaliação de parâmetros microbiológicos em pelo

menos um a três pontos em cada praia do Estado.

O diagnóstico deve indicar as áreas com os níveis mais elevados de

contaminação, nas quais serão necessários estudos detalhados. Também deve

contemplar a análise da diversidade microbiana, a fim de subsidiar propostas

de indicadores específicos para o litoral capixaba. Para tanto sugere-se um

programa utilizando a metodologia e os parâmetros de referência propostos por

ABAE (2007) e BOUKAI (2007), com adaptações para o contexto capixaba.

Análise integrada dos dados de balneabilidade do ES

O atual programa de balneabilidade do ES conta com séries históricas de

dados, mas não com uma análise integrada e sistematização das informações

na forma de relatórios. A análise integrada dos dados deve indicar as áreas

onde faz-se necessário um detalhamento maior e as áreas nas quais poderiam

ser reduzidos os esforços de monitoramento, pela boa condição que

apresentam.

A análise integrada dos resultados deve relacionar os valores de

colimetria com as condições ambientais e interferências identificadas em cada

praia, tais como a existência de fontes pontuais e difusas de contaminação e a

freqüência de usuários. Deve ser utilizado métodos estatísticos para verificação

de tendências e diferenças ao longo do tempo e espaço. Sugere-se a distinção

das praias em classes que reflitam a necessidade de intervenções e manejo.

As informações devem ser consolidadas em um relatório técnico para uso

na gestão ambiental e ampla divulgação científica, e em uma publicação

didática para consulta por usuários ou técnicos de outras áreas. Os relatórios

da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São

Paulo (CETESB) e da United States Environmental Protection Agency (EPA)

podem ser utilizados como referência (CETESB 2008, EPA 2009).

Page 52: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

50

Adequação da malha amostral e frequência de amostragem

Com base na análise dos dados históricos de balneabilidade e outras

informações relevantes, a malha amostral deve ser revista para inclusão e

exclusão de pontos amostrais, aumento ou redução da periodicidade de

análise.

A malha amostral do programa de balneabilidade deve contemplar as

principais fontes de contaminação da orla e pontos adjacentes, a fim de

verificar até onde há influencia dessas fontes. Além disso, deve abranger de

forma mais detalhada os pontos de maior freqüência de usuários,

especialmente no período do verão.

Adequação dos parâmetros e metodologias de análises laboratoriais

A metodologia utilizada no programa adotado pelo Governo do Estado do

ES é morosa e apresenta grande variação nos resultados. As informações de

balneabilidade divulgadas à população demostram a situação com 15 (quinze)

dias de atraso, em média. Os dados obtidos no programa devem refletir a

situação do momento para que possa proporcionar a prevenção e redução do

risco de disseminação de doenças pelo lazer nas praias capixabas.

Atualmente existem métodos rápidos de análise que garantem maior

eficácia no monitoramento, reduzindo o tempo em 24 a 48 horas. Diversos kits

comerciais e métodos de análise molecular foram descritos e validados pela

literatura, mas o custo para adequação dos labortórios e aquisição dos kits tem

sido reportado como um fator dificultador.

Diante do exposto, cabe ressaltar que a ocorrência de doenças na

população e a diminuição substancial do turismo na praia, geram custos e a

população local sente diretamente a queda da receita esperada. A medida a

ser adotada pelos órgão competentes para evitar tais efeitos será um

monitoramento adequado da qualidade da água balnear. Algumas praias ao

longo da costa capixaba apresentam áreas com índices colimétricos passíveis

Page 53: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

51

de interdição e, caso seja adotada tal medida, resultará em prejuízos para o

comércio e demais atividades relacionadas as praias.

Diagnóstico das fontes pontuais de contaminação

As fontes pontuais de contaminação das praias são passíveis de

identificação e caracterização. A partir deste diagnóstico é possível estabelecer

as áreas de intervenção e as áreas onde o uso para o banho pode ser

incentivado. O monitoramento dessas fontes permite a utilização de métodos

para extinção ou redução da contaminação e melhoria das praias.

Esse diagnóstico deve contemplar a identificação georreferenciada e a

caracterização de:

• Deságüe da rede pluvial;

• Foz artificial e natural de rios e córregos;

• Despejo de efluentes de ETE, EEEB e indústrias;

• Efluentes de banheiros, quiosques, comércios e residências

lançados diretamente na praia;

• Pontos de comunicação com lagoas costeiras e áreas alagáveis.

O diagnóstico poderá ser realizado ao longo de todo o Estado ou em

áreas previamente definidas pelas características de uso e qualidade balnear.

O diagnóstico deverá apontar fontes passíveis de extinção imediata, a exemplo

de manilhas e tubulações abandonadas, banheiros irregulares e estruturas sem

licenciamento ambiental. Deverá indicar também, as fontes pontuais de grande

relevância para a balneabilidade, que devem ser incluídas no programa de

monitoramento.

Estudo Epidemiológico – areia e água

Em outros países as normas elaboradas sobre balneabilidade foram

fundamentadas em estudos epidemiológicos que relacionam o nível de

contaminação do ambiente ao grau de comprometimento da saúde do usuário.

Page 54: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

52

Entretanto, no Brasil esses estudos são raros e as normas de balneabilidade

foram construídas por meio de discussões com base nos parâmetros adotados

internacionalmente.

No Espírito Santo é aplicada a Resolução CONAMA nº 274/00 para

análise da balneabilidade, não sendo encontrado nenhum estudo

epidemiológico sobre o tema. Assim, faz-se necessária a realização de um

estudo epidemiológico que analise os índices microbiológicos encontrados na

areia e na água marinha com a ocorrência de doenças como a gastroenterites.

HEANEY et al. (2009) apresenta os resultados de um estudo

epidemiológico que avaliou o risco associado a recreação na areia de praia,

abordando inclusive aspectos importantes como o comportamento do usuário

de se enterrar ou não na areia, idade, estado de saúde e outros fatores

relacionados ao contato do usuário com o meio e a sucetibilidade a patógenos.

Os resultados de estudos epidemiológicos devem subsidiar o

estabelecimento de níveis de contaminação aceitáveis para qualidade das

areias e água marinha, com base no risco associado a disseminação de

doenças.

Page 55: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

53

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

O Município de Serra está localizado no litoral Central do Estado do

Espírito Santo (ES), região metropolitana da Grande Vitória – ES. Apresenta

uma área de aproximadamente 553 km² e uma população estimada de 385.370

habitantes, sendo o segundo maior município em população do Estado (IBGE

2007). A economia municipal é baseada principalmente na atividade industrial,

constituindo o maior centro industrial do Estado. Possui terminais portuários,

estradas, linha férrea, e outros elementos que compõem a estrutura logística

agregada à atividade industrial (SERRA 2004).

O litoral desse município estende-se por aproximadamente 23 km, sendo

que a maior parte é composta por praias arenosas utilizadas para o lazer,

pesca e turismo. Aproximadamente 160.000 turistas visitam o município a cada

ano, dos quais 63% ficam hospedados em residência de parentes (SERRA

2004). Ocorre que, com o aumento do número de pessoas por residência,

especialmente nos períodos de alta temporada, aumenta também o aporte de

efluentes domésticos, extrapolando muitas vezes, a capacidade de suporte das

redes públicas de coleta e tratamento desse efluente, ocasionando o

extravazamento de esgoto no ambiente.

O clima da região é tropical quente e úmido, com temperatura média

anual de 24ºC, com predominância de ventos no quadrante NE, durante a

maior parte do ano e média anual pluviométrica variando entre 900 a

1.200mm3. A hidrografia é formada pelas bacias dos rios Reis Magos, Santa

Maria da Vitória e Jacaraípe, e pelas microbacias do Córrego Jacaraípe, da

Lagoa Jacuném e do Córrego Maringá (SERRA 2004).

O relevo do município apresenta uma variedade de feições

geomorfológicas, destacando-se as regiões das planícies costeiras, das colinas

e maciços costeiros e da Mantiqueira setentrional. A formação vegetal original

é composta por Mata Atlântica, restanto porém apenas pequenas áreas

preservadas (SERRA 2004).

Page 56: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

54

De acordo com MUEHE (2006) a dinâmica do litoral da Serra é influenciada

pela presença dos terraços de abrasão na antepraia e na plataforma

continental interna, que dissipam a energia das ondas incidentes, ocasionando

a redução da amplitude de variação das alturas das ondas, resultando em

pequena variação topográfica sazonal dos perfis das praias. A dinâmica da

maré então, se destaca atuando como armadilhas para retenção do sedimento

na antepraia.

As praias variam entre dissipativas e intermediária, apresentando áreas

com declividade suave, zona de surfe, faixa entre-marés extensas e areia fina,

e áreas com declividade moderada, faixa entre-marés pouco extensa e areia

média. Ressalva-se a presença de couraças lateríticas em distribuição esparsa

e de dunas fortemente degradadas pela ocupação, intensificando o processo

erosivo em alguns locais (MUEHE 2006).

Apesar da urbanização do balneário de Manguinhos estar ainda em

processo de desenvolvimento, suas praias são intensamente freqüentadas pela

população e por turistas. Tais fatores, talvez, devem-se às características da

região, que se diferencia das demais praias da Grande Vitória, principalmente

pela tranqüilidade do local e paisagem bucólica.

A maior parte da orla de Manguinhos apresenta estrutura urbana voltada

ao uso turístico e veraneio, caracterizada por quiosques, restaurantes, praças,

iluminação pública adequada, calçadas, edificações residenciais e de veraneio

e de ruas pavimentadas e não pavimentadas, incluindo os trechos ocupados

pela Rodovia ES – 10.

A orla de Manguinhos foi escolhida para a realização do estudo pelos

seguintes fatores:

⋅ Presença de fontes pontuais de contaminação (deságüe de córregos de

águas contaminadas por efluentes domésticos);

⋅ Intenso uso turístico;

⋅ Área de uso da população local para atividades de lazer e convivência;

Page 57: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

55

⋅ Hidrodinamismo considerado moderado ocasionando baixa renovação da

água em alguns pontos;

⋅ Estudos preliminares do Laboratório de Microbiologia Ambiental e

Biotecnologia (LMAB) do Centro Universitário Vila Velha (UVV)

indicaram altos níveis de contaminação na areia e água de Manguinhos

4.2 DESCRIÇÃO DOS PONTOS AMOSTRAIS

O trecho estudado está compreendido entre a foz do Rio Jacaraípe (UTM

376226/7769905 – datum WGS 84) e o deságüe do Córrego Maringá

(375489/7766352) (Figura 4).

Foram delimitados 12 (doze) pontos de amostragem da areia e da água

da orla de Manguinhos, abrangendo áreas de elevado uso (1A, 1B, 1C) e áreas

próximas ao deságüe do Córrego Maringá (MA e 2A), Córrego Laripe (LA, 2B e

2C) e Córrego Irema (3A, 3B, 3C e IR). A tabela 1 apresenta uma descrição de

cada ponto amostral e as figuras 5 e 6 apresentam fotos ilustrativas das

principais características desses pontos.

Page 58: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

56

Figura 4. Localização da área de estudo e distribuição dos pontos amostrais na orla de Manguinhos, Serra (ES).

Page 59: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

57

Tabela 01. Descrição dos pontos de amostragem 1 (A, B, C), 2 (A, B, C), 3 (A, B, C), IR (Córrego Irema), LA (Córrego Laripe) e MA (Córrego Maringá).

Ponto Coordenada Descrição

3C1 20º 09’ 47,29 S 40º 11’ 02,04 W Área que apresenta: médio fluxo de banhistas,

poucas barracas, via litorânea asfaltada, presença eventual de animais domésticos e proximidade com

loteamentos residenciais

3B1 20º 09’ 50,99 S 40º 11’ 03,03 W

3A1 20º 09’ 57,79 S 40º 11’ 02,98 W

IR1 20º 09’ 59,32 S 40º 11’ 03,48 W

Deságue do Córrego Irema e possivelmente da rede de drenagem pluvial das vias adjacentes

2C1 20º 10’ 51,95 S 40º 11’ 22,23 W

Área que apresenta: baixo fluxo de banhistas, faixa de areia estreita e proximidade com a Rodovia ES -10

LA1 20º 10’ 53,43 S 40º 11’ 24,17 W

Deságue do Córrego Laripe e possivelmente da rede de drenagem pluvial das vias adjacentes

2B1 20º 10’ 59,88 S 40º 11’ 28,22 W

Área que apresenta: baixo fluxo de banhistas, faixa de areia estreita e proximidade com a Rodovia ES -10

2A1 20º 11’ 09,29 S 40º 11’ 26,19 W

Área que apresenta: baixo fluxo de banhistas e ocupação de parte da faixa de areia por residências

MA1 20º 11’ 10,43 S 40º 11’ 25,48 W

Deságue do Córrego Maringá e possivelmente da rede de drenagem pluvial das vias adjacentes

1C1 20º 11’ 21,03 S 40º 11’ 26,28 W

Área que apresenta: freqüencia elevada de banhistas e animais, quiosques e estruturas de lazer, alto fluxo

de vendedores ambulantes, desembarque de pescado e proximidade com Colônia de Pescadores e

loteamentos residenciais

1B1 20º 11’ 25,94 S 40º 11’ 26,94 W

1A1 20º 11’ 29,49 S 40º 11’ 25,59 W

Page 60: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

58

Figura 5. Ponto 1: (a) Visão geral da área de amostragem no ponto 1C; (b) e (c) Destaque para a presença de barcos de pesca e animais domésticos.

Figura 6. Ponto 3: (a) Córrego Irema (IR); (b) Manilha de descarte de efluente doméstico no Córrego Irema; (c) Crescimento excessivo de algas identificado no dia 28/01/09 em área próxima ao ponto 3 (altura da maré: 0.3).

Page 61: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

59

4.3 COLETA DA ÁGUA MARINHA E AREIA

As amostras de água e areia da orla de Manguinhas foram coletadas no

período de julho a agosto de 2009 com a variação da maré de 0.5 até 1.0 (DHN

2009). Em cada ponto foram delimitados, na faixa de areia, transectos

paralelos ao calçadão nos quais foram estabelecidos pontos em zigzag para

coleta de amostra composta. Em cada transecto foram coletados em torno de

500g de areia da camada superficial na profundidade aproximada de 0–25 cm,

utilizando régua, coletores e sacolas plásticas devidamente esterilizadas e

identificadas.

Foram coletados aproximadamente 100 mL da água do mar nos pontos 1

(A, B, C), 2 (A, B, C) e 3 (A,B,C) e da água dos Córregos Irema (IR), Laripe

(LA) e Maringá (MA), utilizando frascos previamente esterilizados e

identificados (Figura 7). As amostras de areia e de água foram acondicionadas

em caixas térmicas e levadas ao LMAB onde foram armazenadas em freezer -

20ºC até a realização das análises.

Figura 7. Foto ilustrativa da metodologia de coleta de água do mar (a) e da coleta de

areia (b) da orla de Manguinhos, Serra - ES.

Page 62: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

60

4.4 ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS

As análises microbiológicas foram realizadas pela técnica de fermentação

em tubos múltiplos que utiliza a contagem indireta de microrganismos pelo

método do número mais provável (NMP), e pelo método de cultura em placas

com resultados obtidos por contagem direta também conhecida por contagem

padrão em placas (CPP) de unidades formadoras de colônia (ufc). Sendo

ambos os métodos baseados na técnica de diluições seriadas (APHA, 1995).

Testes bioquímicos para confirmação e identificação das bactérias também

foram realizados.

As amostras de areia foram preparadas adicionando-se 10g de areia em

90 ml de água destilada em um Becker seguido de agitação por 10 minutos, e

coletado o sobrenadante para ser utilizado como a solução inicial. Para as

amostras de água foram utilizadas diretamente sem diluição inicial. Com ajuda

de uma pipeta estéril foi retirado 1mL diretamente da solução inicial para um

tubo de ensaio contendo 9 mL de salina peptonada à 1%, homogeneizando-se

o conteúdo por agitação e com outra pipeta estéril transferiu-se 1 mL da

diluição10-1 para diluição 10-2 e assim sucessivamente até a diluição 10-4

(Figura 8) (VASCONCELLOS et al. 2006).

Figura 8. Esquema ilustrativo da técnica de diluições seriadas para cultivo em placas

(Adaptado de http://bervieira.sites.uol.com.br/dilui.gif)

Page 63: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

61

4.4.1 TÉCNICA DE TUBOS MÚLTIPLOS (NMP)

Alíquotas de 1 ml das diluições seriadas de 10-1 a 10-4, foram inoculadas

nos meios de cultivo Caldo Lactosado e E.C. incluindo um tubo de Durhan,

usando-se séries de 3 tubos para cada diluição. Em seguida os tubos foram

incubados por 48h a 37ºC e obtidos os resultados a partir de cada conjunto de

tubos da mesma diluição. O resultado foi interpretado como positivo na

ocorrência de turbidez e produção de gás no tubo de Durhan.

Os tubos positivos para caldo lactosado foram semeados em Caldo

Lactose Bile Verde Brilhante (VB) para detecção de coliformes totais e

incubados à 37ºC em estufa bacteriológica. Para analise de coliformes

termotolerantes foi usado Caldo EC incubados à 45,5°C por 48 horas (Feitosa

et al., 1997) (Figura 9). Para a determinação da concentração média das

bactérias por 100 mL foi utilizada uma tabela de número mais provável (APHA,

1998).

De cada tubo de Caldo EC positivo, foi retirada uma alçada do meio e

estriada em placas contendo Ágar Maccnonkey que foram incubadas à 37ºC

por 48 horas, para verificar o crescimento de colônias típicas de E. coli e

Klebsiella sp.

Figura 9. Figura ilustrativa do método de cultivo em tubos múltiplos. Tubos positivos de EC e VB com produção de gás (a), e tubos negativos de VB e EC sem a produção de gás (b).

Page 64: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

62

4.4.2 CULTIVO EM PLACAS (CPP)

De cada diluição transferiu-se 0,1 mL para placas de Petri contendo 20 ml

de Agar nutriente, e espalhando-se na placa com o auxilio de alça de Drigalski.

Todo o processo foi realizado em fluxo laminar próximo a chama do bico de

busen. As placas foram devidamente identificadas e incubadas de forma

invertidas em estufas a 37°C durante 48 horas e após esse tempo realizou-se a

contagem das colônias.

4.4.3 COLORAÇÃO DE GRAM

A partir de bactérias isoladas pelo método de cultura em placas foi

realizada a coloração de Gram. Para o preparo do esfregaço foi suspensa com

uma alça bacteriológica flambada uma pequena porção da amostra bacteriana

em uma gota de solução salina 0,85% sobre uma lâmina, em seguida, esse

material foi flambado rapidamente em chama de um bico de Bunsen para a

fixação da amostra. Com a amostra fixada foi aplicado corante cristal violeta

por um minuto, sendo após esse tempo retirado o excesso do corante com

água deionizada.

Seguiu-se a fixação da lâmina com lugol, também por um minuto e

retirado o excesso com água deionizada. Em seguida, com a lâmina inclinada

foi despejado álcool puro para remover o complexo cristal violeta-lugol de

células gram-negativas, porem com o devido cuidado de não exceder o tempo

de cinco minutos, pois o descolorizador poderia remover o corante cristal

violeta das células gram-positivas, em seguida a lâmina foi novamente

enxaguada com agua deionizada.

Em seguida, foi realizada a aplicação do corante secundário safranina por

30 (trinta) segundos e retirada o excesso do corante com água deionizada.

Para leitura das lâminas foi utilizada a microscopia óptica, no aumento de 1000

vezes com o auxilio do óleo de emersão.As bactérias de Gram-positivas tem

uma coloração roxa escura, enquanto que as Gram-negativas apresentam uma

coloração mais rosada (Figura 10).

Page 65: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

63

Figura 10. Coloração de Gram, exemplo de uma Lâmina com bactéria Gram- negativa (a) e uma Lâmina com bactéria Gram-positiva (b).

4.5 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS

ÁGUA

Os parâmetros Temperatura (T), Salinidade (S), Condutividade Elétrica

(CE), Oxigênio Dissolvido (OD) e Saturação de Oxigênio (SO) foram medidos

com multiparâmetro YSI 85 E. O pH foi medido com auxílio de um pHmetro

portátil Q-400H (Figura 11).

Figura 11. Medição do pH da água através de pHmetro (a) e medição dos parâmetros físico-químicos através de multiparâmetro (b).

AREIA

As amostras foram submetidas a análises físico-químicas no Laboratório

de Solos da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF),

em Campos-RJ. Os parâmetros analisados incluíram teor de matéria orgânica

(MO), macronutrientes (P, K, Ca, Mg, S), micronutrientes (Fe, Mn, Zn, Cu, B), e

Page 66: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

64

outros parâmetros comuns a análise de solo - Al, H+Al, Na, C, Soma de bases

(S.B.), CTC a pH 7,0 (T), CTC efetiva (t), Saturação de Alumínio (m) e

Saturação de base (V).

4.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para tratamentos dos dados foi usado excel 2007 for Windows. As

análises estatísticas foram feitas pelo teste ANOVA e t- student utilizando o

programa SAEG®.

Page 67: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

65

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS

5.1.1 COLIFORMES TOTAIS (CT)

A figura 12 apresenta os dados de coliformes totais encontrados na areia,

água marinha e efluentes da orla de Manguinhos.

Figura 12. Densidade de coliformes totais encontrados na areia, água marinha e córregos da orla de Manguinhos. Diferença significativa a 5% (*) e a 1% (**) de probabilidade pelo teste t-student.

ÁGUA

A densidade de CT na água marinha de Manguinhos atingiu valores entre

≤ 3 a ≥2400 NMP/mL, sendo os maiores valores encontrados nos pontos

localizados no deságüe dos Córregos Irema e Laripe. A Resolução CONAMA

nº 274/00 não utiliza CT como indicador de balneabilidade por ser este grupo

menos específico que CTe, Enterococcos e E. coli. De acordo com BASTOS

(2000) “a presença de coliformes totais em baixas densidades pode ser

Page 68: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

66

desprovida de qualquer significado sanitário”, o mesmo valendo para os

“coliformes fecais”.

Entretanto a Resolução CONAMA nº 20/86 revogada pela resolução 274,

classificava como muito boa águas marinhos com valores de CT inferiores a

2.500 CT/100mL (Quadro 12). A luz dos padrões desta resolução todos os

pontos da orla de Manguinhos apresentaram condição muito boa da água

marinha.

Quadro 12. Padrões de CT e CTe adotados pela Resolução CONAMA nº 20/86 para balneabilidade das águas costeiras brasileiras, revogada pela Resolução CONAMA nº 274/00.

CLASSIFICAÇÃO CT / 100 mL CTe

EXCELENTE < 1.250 < 250

MUITO BOA < 2.500 < 500

SATISFATÓRIA < 5.000 < 1.000

IMPRÓPRIA > 5.000 > 1.000

AREIA

A densidade de coliformes totais nas areias da orla de Manguinhos variou

de ≤ 3 a 210 NMP/100g, sendo o ponto 3C e a foz do Córrego Maringá os

locais de maior contaminação (Figura 12). Os resultados indicam boa qualidade

das areias da orla de Manguinhos, Serra-ES, considerando os padrões da

Resolução SMAC nº 081/00.

A Resolução SMAC nº 081/00, do Município do Rio de Janeiro, classifica

as areias como impróprias ao uso quando os valores de CT são superiores a

30.000 NMP/100g. A legislação internacional admite o valor máximo de 1.500

ufc/100g de CT nas areias de praia, entretando a comparação com os padrões

internacionais não é possível pois tais valores não são expressos em NMP.

Page 69: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

67

Esses resultados são semelhantes aos resultados obtidos nas praias do

Rio Grande do Sul por RECHDEN-FILHO (2002), e muito inferiores a maioria dos

casos relatados na literatura pertinente. A densidade de coliformes totais das

areias da orla de Capão Canoa e Xangrilá – RS, variaram de 07 a 33

NMP/100g (RECHDEN-FILHO 2002). As condições climáticas características do

litoral sul do Brasil podem influenciar nas baixas densidades encontradas, pois

a ocorrência de baixas temperaturas podem reduzir o metabolismo de algumas

bactérias.

A orla de Camburi - Vitória (ES) também apresentou boa qualidade das

areias, sendo os valores de CT de 10 a 2.400.000 NMP/100g (RIBEIRO 2002).

Nesse estudo foram analisados oito pontos distribuídos a partir do Canal de

Vitória, que recebe constante aporte de efluente doméstico. Os resultados

também mostraram contaminação elevada apenas nos pontos próximos ao

canal, que funciona como fonte pontual de contaminação para a praia de

Camburi.

SANCHEZ et al. (1986) analisaram a qualidade das areias de oito praias da

Baixada Santista (SP). Nesse estudo a média geométrica de CT variou de

6.450 a 38.100 NMP/100g nas praias do Tombo e Itararé, respectivamente. Em

um estudo semelhante nas praias mais freqüentadas do Rio de Janeiro a

densidade de CT encontrada nas areias foi muito superior a encontrada nas

praias capixabas e paulistas, atingindo valores de 95 a 110.000 NMP/100g2

(BOUKAI 2005).

Nas praias de Matinhos, Coiabá e Guaratuba no Estado do Paraná, os

valores máximos da densidade de CT nas areias foram 500.000, 1.600.000 e

300.000 NMP/100g, respectivamente, e o valor mínimo em todas as praias foi

de 200 NMP/100g (ANDRAUS 2006). As praias paranaenses também

apresentaram contaminação muito superior a identificada na orla de

Manguinhos quanto ao parâmetro CT.

2 Valores de mediana.

Page 70: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

68

5.1.2 COLIFORMES TERMOTOLERANTES (CTe)

A figura 13 apresenta os dados de coliformes termotolerantes

encontrados na areia, água marinha e efluentes da orla de Manguinhos.

Figura 13. Densidade de coliformes termotolerantes encontrados na areia, água marinha e córregos da orla de Manguinhos. Diferença significativa a * 5% e a ** 1% de probabilidade pelo teste t-student.

ÁGUA

A densidade de CTe na água marinha de Manguinhos atingiu valores

entre ≤ 3 a ≥2400 NMP/mL, sendo os maiores valores encontrados nos pontos

localizados no deságüe dos Córregos Irema e Laripe e no ponto 3C. De acordo

com os padrões estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 274/00 os pontos

LA, IR e 3C podem ser classificados como impróprios ao banho. Os demais

pontos podem ser classificados como próprios ao banho, sendo que os pontos

1A, 1B, 1C, 2B e 2C também classificados como de excelente qualidade.

Os Córregos Irema, Laripe e Maringá foram adotados como fontes

pontuais de contaminação, pois recebem contribuições de efluente doméstico e

água de drenagem, que aumentam a concentração de microrganismos

patogênicos na água. Como os locais de deságüe desses córregos são

Page 71: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

69

utilizados para o lazer, especialmente por crianças, há o risco de veiculação de

doenças pelos elevados níveis de contaminação encontrados nessas áreas.

O ponto 3C apresentou densidade de CT na areia superior aos demais

pontos e densidade de CTe elevada na água e na areia em relação aos demais

pontos. Este ponto pode ser influenciado pelo deságüe do Rio Jacaraípe

localizado o norte de Manguinhos, e pelo deságüe de efluente da rede de

drenagem urbana. Tais suposições são corroboradas pelos resultados do

monitoramento realizado pelo IEMA no ponto denominado Jacaraípe (JAC)

(Figura 13), que apresenta histórico de má qualidade das águas marinhas,

atingindo valores superiores a 16.000 NMP/100mL no verão de 2009.

AREIA

A densidade de coliformes termotolerantes nas areias da orla de

Manguinhos, Serra-ES, atingiu valores entre ≤ 3 a 240 NMP/100g, sendo que

os pontos 2C, 3A e 3C apresentaram níveis mais elevados de contaminação

(Figura 13). Considerando a Resolução SMAC nº 81/00, cujo limite aceitável de

contaminação por CTe é de 400 NMP/100g, as areias da orla de Manguinhos

podem ser classificadas como próprias para o uso, sendo tal classificação

corroborada pelos valores de CT e por outros estudos no litoral brasileiro.

Os resultados obtidos por RIBEIRO (2002) mostram valores de 10 a 104

NMP/100g de CTe nas areias da praia de Camburi (Vitória/ES), que quando

comparados com os padrões definidos pela Resolução SMAC 81/00,

classificam as areias como próprias ao uso.

Nas praias de São Paulo a densidade de CTe nas areias variou de 248 a

16.500 NMP/100g3 no monitoramento realizado por SANCHEZ et al. (1986), e de

103 a 106 NMP/100g, nos estudos realizados por SATO et al. (2005). Nas praias

de Fortaleza (CE) VIEIRA et al. (2007) encontraram resultados semelhantes aos

das praias paulistas. A praia de Meireles e do Futuro a densidade de CTe

variou, respectivamente, de < 30 a 4.600 NMP/100g e de < 30 a 1.500

NMP/100g. 3 Média geométrica.

Page 72: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

70

Os níveis de coliformes termotolerantes encontrados nas praias do litoral

do Rio Grande do Sul, estudadas por RECHDEN-FILHO (2002), variaram de 02 a

11 NMP/100g, sendo valores muito inferiores aos identificados no litoral

nordeste. A região Sul do Brasil apresenta condições climáticas distintas que

podem refletir na qualidade microbiológica das areias.

As características da praia determinam, até certo ponto, a

susceptibilidade da praia à contaminação. Praias com elevado hidrodinamismo,

por exemplo, tendem a ser menos susceptíveis à contaminação, pois a areia é

constantemente lavada pela água do mar. No caso de praias mais calmas, a

areia permanece mais tempo sem revolvimento, o que propicia o

desenvolvimento de microrganismos patogênicos.

A orla de Manguinhos, por sua hidrodinâmica, é considerada

intermediária, com isso a dispersão da contaminação a partir de fontes

pontuais é limitada em algumas áreas. Esse fator permite que, sob certas

condições, a contaminação fique acumulada em áreas específicas e

apresentando gradiente de contaminação a partir de cada fonte pontual de

contaminação.

A areia da orla de Manguinhos apresentou níveis de contaminação

inferiores aos constatados na água. Entretanto pode-se observar que os pontos

de maior contaminação da areia e água não estão associados a maior

freqüência de usuários, mas pela localização próxima ao deságüe de efluentes.

Essa constatação permite inferir que a principal fonte de contaminação da orla

de Manguinhos é o deságüe de efluentes na costa. Portanto, a influência das

ações dos usuários na qualidade da areia é inferior a influência dos efluentes.

Desta forma, a extinção dos pontos de descarte de efluentes na costa ou

o tratamento prévio dos mesmos poderá reduzir o risco de veiculação de

doenças relacionadas ao lazer na praia, ou seja, melhorar a balneabilidade da

orla de Manguinhos.

A maioria dos estudos que compara a contaminação da água com a da

areia em pontos próximos revela uma contaminação superior da areia em

relação a da água, indicando, assim, um processo de acumulação na areia ou

Page 73: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

71

fontes distintas de contaminação. No caso da orla de Manguinhos a

contaminação fecal da água foi igual ou superior a da areia, sendo até 267

vezes superior em relação a CT e até 56 vezes superior em relação CTe.

Exceto o ponto 2C onde a areia apresentou contaminação 80 vezes superior a

encontrada na água.

5.1.3 BACTÉRIAS HETEROTRÓFICAS AERÓBIAS

A Figura 14 apresenta a densidade de bactérias heterotróficas aeróbias

viáveis presentes nas amostras de areia e água da orla de Manguinhos,

enumerada por contagem direta de unidades formadoras de colônia.

Figura 14. Densidade de bactérias por Contagem Padrão em Placa (CPP).

O método de contagem padrão em placas (CPP) é baseado na premissa

de que cada célula viável, isolada, homogeneizada em meio sólido (Agar) dará

origem a uma colônia, uma vez que uma colônia provém de uma célula

microbiana, e portanto, o número de unidades formadoras de colônias (ufc),

Page 74: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

72

encontrado na areia representa a contagem de bactérias aeróbias, mesófilas

que estavam presentes nas amostras (VIEIRA et al. 2002, 2007).

Os resultados obtidos pela CPP nas areias da orla de Manguinhos –

Serra/ES variaram de 0 a 250.000 ufc/g. Os resultados na água do mar foram

inferiores aos da areia, atingindo no máximo 70.000 ufc/g. Não existe padrão

ou valores de referência para classificação das areias, a partir dos resultados

de bactérias aeróbias em geral, pois predominam referências de grupos

específicos como coliformes e enterococos.

Entretanto, os resultados de Manguinhos podem ser comparados com os

resultados obtidos por VIEIRA et al. (2007) nas praias de Fortaleza-CE. A

densidade de bactérias heterotróficas aeróbias nas areias da praia do Futuro

variaram de < 10 a 230.000 ufc/g, e na Praia do Meireles de <10 a 520.000

ufc/g (VIEIRA et al. 2007), sendo valores semelhantes aos encontrados na orla

de Manguinhos.

Estudos realizados quanto a qualidade microbiológica de areia de praias

internacionais, em geral, utilizam metodologias que expressam os resultados

em ufc/100g ou ufc/g, além de transformações logarítmicas que expressam os

dados em Log ufc/100g ou Log ufc/g. Mesmo assim, não há como comparar os

dados obtidos por CPP na orla de Manguinhos com os resultados desses

estudos, pois os trabalhos em praias internacionais se referem à enumeração

de indicadores específicos (Enterococos, Coliformes e outros).

Ainda assim, a comparação dos resultados obtidos pela técnica de NMP e

de CPP mostrou ser relevante, pois foi observado que utilizando o método de

CPP os valores encontrados na areia é superior aos encontrados nas amostras

de água. O oposto ocorre quando é utilizada a tácnica de NMP, indicando que

a CPP pode ser mais eficiente que a utilização de NMP na análise da areia.

Page 75: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

73

5.1.4 COLORAÇÃO DE GRAM

As bactérias isoladas a partir da cultura em placas foram submetidas a

coloração de Gram, cujos resultados estão apresentados na figura 15, sendo

resumidos por estação de amostragem.

Figura 15: Resultados da coloração de Gram das bactérias isoladas das amostras de areia e água marinha nas estações de amostragem 1, 2 e 3 da orla de Manguinhos.

A coloração de Gram permitiu verificar que a maioria das bactérias

heterotróficas aeróbias encontradas na areia da praia são gram positivas. Esse

grupo inclui o gênero Enterococcus que são um problema global e têm sido

isolados com alta frequência nos hospitais do Brasil (CAMARGO 2005). Esse

gênero é adotado pela legislação nacional e internacional como indicador de

qualidade da água marinha, entretando, na maioria dos estados brasileiros

ainda é utilizado o grupo coliformes em monitoramentos de balneabilidade.

5.1.5 ABUNDÂNCIA DE ESPÉCIES

A areia e a água marinha da orla de Manguinhos– Serra/ES apresentaram

resultados distintos em relação a abundância das espécies, com dominância de

grupos distintos de bactérias em cada meio (Figura 16).

Page 76: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

74

Figura 16. Abundância de espécies de bactérias encontradas na areia e na água marinha da orla de Manguinhos, Serra (ES).

Na água marinha o indicador E. coli é mais abundante que outros

organismos. Portanto a análise desse indicador pode refletir os níveis de

contaminação da água do mar. Já nas areias da orla de Manguinhos o

indicador E. coli não foi dominante e apresentou abundância semelhante a

apresentada por Klebisiella. Tais resultados podem indeicar que os parâmetros

Page 77: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

75

microbiológicos comumente utilizados para monitoramento da água do mar,

talvez não sejam os mais adequados para análise da areia de praia.

A abundância de espécies de certos grupos tem sido utilizada para a

identificação da origem dos microrganismos patogênicos encontrados no

ambiente costeiro. Fezes de animais e de seres humanos, por exemplo,

apresentam padrões de dominância distintos para o gênero Enterococcus. A

predominância das espécies E. faecalis e E. faecium são consideradas mais

específicas dos humanos, enquanto a predominância de espécies com E.

avium e E. raffinosus tem sido associada a contaminação por fezes de animais

(CARDOSO-DE-OLIVEIRA & PINHATA 2008).

5.2 HIDRODINÂMICA

Os dados utilizados para análise da hidrodinâmica do litoral de

Manguinhos – Serra/ES foram levantados pelo Projeto de Gerenciamento da

Poluição Costeira e de Águas do Estado do Espírito Santo - Projeto Águas

Limpas, realizado pelo Governo do Estado em conjunto com o Banco Mundial

(BIRD) e outras instituições parceiras.

O Projeto Águas Limpas contempla, dentre outros estudos, a modelagem

computacional de dados ambientais da Baía de Vitória e Guarapari, Bacias

Hidrográficas dos Rios Reis Magos, Jacaraípe, Jucu e córregos da região de

Manguinhos e o sistema costeiro que compõem essas áreas. O programa

utilizado para elaboração da modelagem computacional é o SISBAHIA 5.1 com

a interface gráfica do software SURFER 7.0.

Conforme o modelo hidrodinâmico do padrão de corrente em condição de

baixamar em uma maré de sizígia para a Região do Rio Jacaraípe, a direção

predominante da corrente é para o sul, com velocidade reduzida próximo ao

deságüe dos Córregos Irema, Laripe e Maringá. Os resultados obtidos no

presente estudo seguem de acordo com a hidrodinâmica estudada para a

região pela modelagem computacional (Figuras 17 e 18).

Page 78: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

76

Oceano Atlântico

Velocidade (m/s)

0.000.010.020.030.040.050.060.070.080.090.100.150.200.250.300.400.500.600.700.80

Figura 17. Modelo hidrodinâmico do padrão de corrente em condição de baixamar em uma maré de sizígia para a Região Litorânea de Jacaraípe e Manguinhos (Fonte: Núcleo de Modelagem / IEMA).

Page 79: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

77

Figura 18. Detalhe do ponto 3 (a) e pontos 1 e 2 (b) do modelo hidrodinâmico do padrão de corrente em condição de baixamar em uma maré de sizígia para a Região Litorânea de Jacaraípe e Manguinhos (Fonte: Núcleo de Modelagem / IEMA).

Em condições de meia maré enchente, as correntes predominantes se

mantém em direção ao sul. No caso do ponto 3, que compreende a área de

deságüe do Córrego Laripe, a influência deste córrego é limitada até o ponto

3B (Figura 19 e 20). O ponto 3C apresenta resultados distintos dos demais pois

sofre influência predominante de fontes localizadas a norte, devido às

condições hidrodinâmicas locais.

Page 80: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

78

Oceano Atlântico

Velocidade (m/s)

0.000.010.020.030.040.050.060.070.080.090.100.150.200.250.300.400.500.600.700.80

Figura 19. Modelo hidrodinâmico do padrão de corrente em condição de meia maré enchente em uma maré de sizígia para a Região Litorânea de Jacaraípe e Manguinhos (Fonte: Núcleo de Modelagem / IEMA).

Page 81: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

79

Figura 20. Detalhe do ponto 3 (a) e pontos 1 e 2 (b) do modelo hidrodinâmico do padrão de corrente em condição de meia maré enchente em uma maré de sizígia para a Região Litorânea de Jacaraípe e Manguinhos (Fonte: Núcleo de Modelagem / IEMA).

As análises microbiológicas mostraram que o ponto 3C distintingui-se dos

demais pontos próximos ao Córrego Irema, apesar de inicialmente ter sido

considerado sob influência desse córrego. Como pode ser visto no gráfico

apresentado na figura 13, a densidade de coliformes termotolerantes da água

coletada no ponto 3C assemelhou-se àquela encontrada no ponto JAC,

monitorado pelo IEMA. O ponto JAC sofre influencia das águas do Rio

Jacaraípe, que são direcionadas para o sul pelo anteparo posto a foz do rio

(Figura 21).

Page 82: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

80

Figura 21. Localização dos pontos amostrais em relação ao Rio Jacaraípe, e em detalhe o anteparo que direciona o fluxo da água (as setas indicam a direção da corrente).

5.3 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS

ÁGUA

Os resultados das análises físico-químicas da água da praia de

Manguinhos estão apresentados na Figura 22 (a - f). O pH da água marinha da

Orla de Manguinhos atingiu valores entre 6,0 e 8,5, sendo os menores valores

encontrados no deságüe dos Córregos Irema, Laripe e Maringá e em pontos

adjacentes. A temperatura da água variou de 25 a 27,5 ºC. A salinidade variou

de 0,0 a 35,4 ppt, e a condutividade elétrica atingiu valores entre 0,0 a 52,5 ms.

O oxigênio dissolvido varou de 0,17 a 7,77 mg/L e a saturação de oxigênio de

1,8 a 109,7%.

Page 83: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

81

Page 84: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

82

Figura 22. Dados físico-químicos da água do mar em Manguinhos: (a) pH, (b) Temperatura, (c) Oxigênio Dissolvido (OD), (d) Saturação de oxigênio, (e) Salinidade, e (f) Condutividade Elétrica (CE) (* Significativo a 5% de probabilidade pela ANOVA).

Nos pontos amostrais localizados na foz dos Córregos Laripe, Irema e

Maringá em Manguinhos – Serra/ES, observa-se os menores valores de

salinidade e condutividade, indicando o aporte de água doce a partir desses

efluentes. O ponto 2A apresenta maior influencia do Córrego Maringá que o

ponto 1C localizado ao sul do córrego, o que indica uma tendência de

Page 85: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

83

dispersão para o norte nessa área. Esta tendência também é vista nos

resultados microbiológicos, nos quais o ponto 2A exibe resultados superiores

ao ponto 1C.

Oceano Atlântico

Salinidade (ups)

0.001.003.005.007.009.0011.0013.0015.0017.0019.0021.0023.0025.0027.0029.0031.0033.0035.00

Figura 23. Isolinhas de salinidade em instante de meia-maré vazante de sizígia na Região Litorânea de Jacaraípe e Manguinhos. As linhas em vermelho destacam os limites entre águas doces (região mais a esquerda), salobras (entre as linhas em vermelho) e salinas (a direita da isolinhas de 30 UPS) (Fonte: Núcleo de Modelagem / IEMA).

Page 86: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

84

Figura 24. Detalhe da região do ponto 3 (a) e dos pontos 1 e 2 (b) no Modelo de isolinhas de salinidade em instante de meia-maré vazante de sizígia na Região Litorânea de Jacaraípe e Manguinhos (Fonte: Núcleo de Modelagem / IEMA).

Os dados de salinidade encontrados em todos os pontos amostrais, estão

em conformidade com o modelo de isolinhas de salinidade proposto para a

área (Figuras 23 e 24). De acordo com o modelo são esperados valores de

salinidade mais baixos nos pontos LA, MA e IR, e valores intermediários nos

pontos 2A, 2B e 3A, dada a hidrodinâmica local e a porte de água doce dos

córregos.

Page 87: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

85

TESTE DE CORRELAÇÂO

A análise de correlação de Pearson, apresentada na tabela 2, mostrou

que os parâmetros pH e salinidade apresentaram correlação significativa com

quase todos os outros parâmetros analisados. A temperatura não apresentou

correlação com os demais parâmetros.

Tabela 2: Análise de correlação de Pearson a 1% (**) e 5% (*) de probabilidade para os parâmetros físico-químicos da água da orla de Manguinhos, Serra/ES.

Parâmetros físico-químicos da água

pH OD SO S CE Temp

pH - 0.9261** 0.9282** 0.8927** 0.9105** 0.1577ns

OD - 0.9979** 0.9539** 0.8789** 0.0896ns

SO - 0.9686** 0.8992** 0.1243ns

S - 0.9392** 0.2294ns

CE - 0.2595ns

Temp -

ns: Não significativo

AREIA

Os resultados das análises físico-químicas da areia da praia de

Manguinhos estão apresentados graficamente nas figuras 25 e 26 e a tabela 3

apresenta um resumo dos valores mínimos e máximos encontrados para cada

parâmetro.

Page 88: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

86

Tabela 3: Valores mínimos e máximos dos resultados da análise química da areia da orla de Manguinhos – Serra/ES.

Parâmetros Mínimo Máximo

pH 7,6 8,5

P (mg/dm3) 4,0 9,0

Mg (cmolc/dm3) 0,5 3,6

Na (cmolc/dm3) 1,5 1,3

Ca (cmolc/dm3) 1,4 2,2

K (mg/dm3) 19 182

V (%) 100 100

C (%) 0,1 0,3

MO (g/dm3) 1,7 4,5

Fe (mg/dm3) 5,0 19,0

Mn (mg/dm3) 14,8 44,4

S (mg/dm3) 30,1 196,8

Zn (mg/dm3) 0,0 4,8

B (mg/dm3) 0,57 0,86

Cu (mg/dm3) 0,1 0,1

Al (cmolc/dm3) 0,0 0,0

H+Al (cmolc/dm3) 0,0 0,0

S.B. (cmolc/dm3) 3,6 19,4

T (cmolc/dm3) 3,6 19,4

t (cmolc/dm3) 3,6 19,4

m (%) 0,0 0,0

Page 89: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

87

Figura 25. Dados físico-químicos da areia da praia de Manguinhos: pH, P, Mg, Na, Ca,

K, S.B., e C.

Page 90: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

88

Figura 26. Dados físico-químicos da areia da praia de Manguinhos: M.O., Fe, Mn, S, Zn e B.

Não existem referências quanto a parâmetros químicos de areia de praia.

Apenas o estudo conduzido por ANDRAUS (2008) analisa, comparativamente,

parâmetros químicos e microbiológicos das areias no estudo das praias do

Paraná. Para a análise dos parâmetros não contemplados por ANDRAUS (2008),

foram utilizados padrões para solos agrícolas.

Page 91: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

89

Os parâmetros pH, P, Mg, Ca, e S.B., apresentaram resultados

semelhantes ao identificado por ANDRAUS (2008). Já os parâmetros Na e K

apresentaram valores superiores no presente estudo. O oposto ocorreu com o

parâmetro C, onde os valores obtidos nesse estudo foram inferiores aos

obtidos por ANDRAUS (2008).

De acordo com os padrões estabelecidos para solos arenosos destinados

à agricultura, a alcalinidade apresentada pelas areias da orla de Manguinhos é

considerada elevada, o que é comum em solo salino ou sódico. O elevado

valor do pH também pode estar relacionado a deficiência de P, altos valores de

Ca, Mg e K e alta saturação por bases, o que ocorreu na maioria das amostras

de Manguinhos (CAMARGOS 2005).

O pH tem um efeito importante na distribuição dos metais no solo, com

implicações relevantes na retenção e mobilidade desses elementos,

principalmente em solos contaminados (ANDRÉ et al. 2003). O pH elevado

causa a precipitação dos cátions metálicos sobre óxidos de Mn e de Fe

cristalinos e amorfos, decrescendo, por sua vez, a forma trocável e a forma

ligada à matéria orgânica (ZHANG et al. 1997, ANDRÉ et al. 2003).

O teor de S encontrado no ponto 3 em Manguinhos pode ser considerado

elevado, pois quando comparado ao valor de referência para solos agrícolas

excede em até 19 vezes o limite de 10 mg/dm3. Os valores elevados de S

encontrados no ponto 3 está associados ao descarte de efluente doméstico

neste ponto.

Os resultados da análise qímica da areia da Orla de Manguinhos permitiu

distinguir as duas estações de amostragem, especialmente em relação ao teor

de enxofre. A estação de amostragem 1, que inclui os pontos 1A, 1A' e 1B,

apresentou valores em geral inferiores aos encontrados na estação 3 (pontos

3A, 3A' e 3B).

Page 92: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

90

5.5 USO E OCUPAÇÂO DO SOLO

A bacia de drenagem do Córrego Irema é ocupada principalmente por

loteamentos residenciais e industrias e comércios de pequeno porte. Inclui,

principalmente, os seguintes loteamentos: Feu Rosa, Estados Unidos, Sítio

Irema, Portal de Jacaraípe e Castelândia no município da Serra - ES. Em toda

a extensão do Córrego Irema são identificadas áreas de ocupação urbana

consolidada, sendo possível o descarte de efluentes urbanos e industriais

diretamente sobre o corpo hídrico.

De acordo com a Companhia Espírito Santense de Saneamento

(CESAN), a rede pública de coleta de esgoto nesta localidade foi implantada

recentemente, atendendo toda a área. A rede conta com tubulações para

transporte de esgoto bruto e 3 Estações Elevatórias de Esgoto Bruto (EEEB –

Curva da Baleia, Leão Castelo, Portal de Jacaraípe) que conduzem o efluente

e uma Estação de Tratamento de Esgoto em, pois a ETE de Castelândia

encontra-se desativada.

A EEEB – Curva da Baleia está localizada próximo ao deságüe do

Córrego Irema no bairro Castelândia, onde predominam casas residências e de

veraneio. Neste caso, se a rede apresentar problemas no funcionamento

poderá ocorrer contaminação do córrego e da praia. Como a rede de coleta de

esgoto foi instalada recentemente, ela provavelmente não atende a todas as

residências, pois em geral os munícipes demoram em efetuar a ligação das

casas com a rede pública, protelando assim, o pagamento das taxas devidas à

CESAN.

O ponto 3C está localizado próximo a EEEB – Leão Castelo e

possivelmente em frente a um ponto de lançamento do efluente da rede pluvial

(Figura 27). É conhecida a prática de ligações clandestinas de esgoto na rede

pluvial do município da Serra e em outras localidades. Esta prática tem como

conseqüência a contaminação da praia, especialmente em períodos de chuva.

Page 93: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

91

Figura 27. Localização dos pontos amostrais em relação as Estações Elavatória de Esgoto no loteamento Castelândia.

O presente estudo idenfificou que os Córregos Irema, Maringá e Laripe

funcionam como fontes pontuais de contaminação da orla de Manguinhos, mas

para melhor caracterização dessa contaminação faz-se necesário estudos mais

detalhados e prolongados e que englobem também as fontes difusas de

contaminação.

Page 94: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

92

6 CONCLUSÃO

A água marinha e as areias da orla de Manguinhos apresentam qualidade

microbiológica boa, exceto nos pontos próximos ao deságüe dos Córregos

Irema e Laripe.

Os Córregos Maringá, Laripe e Irema funcionam como fontes pontuais de

contaminação microbiológica para a orla de Manguinhos.

A contaminação microbiológica das areias da orla de Manguinhos foi

melhor analisada com o uso da metodologia de cultivo e contagem padrão em

placas.

A análise físico-química da areia fornece informações relevantes, sendo

uma ferramenta útil na análise da qualidade da areia de praia. Entretanto, como

é pouco utilizada e a comparação dos resultados é limitada.

O Programa de Balneabilidade atualmente em funcionamento no Estado

do Espírito Santo é ineficaz, não atendendo as principais necessidades que o

tema exige.

Page 95: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

93

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A qualidade da água e areia da orla de Manguinhos pode ser considerada

própria ao contato primário no período de estudo, com base nos padrões

exigidos pela resolução CONAMA nº 274/2000, exceto nos pontos localizados

no deságüe dos Córregos Irema e Laripe e ponto 3C. Entretanto, existem

ressalvas na interpretação dos resultados pois o período de estudo não

contemplou o período do verão que tende a apresentar valores superiores ao

restante do ano.

As análises físico-químicas foram pontuais fazendo-se necessário

análises periódicas e a comparação com áreas não contaminadas a fim de

possibilitar a utilização desses parâmetros na qualificação das areias de praias.

Diversos outros fatores e parâmetros ambientais devem ser estudados em

conjunto com as condições microbiológicas da água e areia de praia. Os

estudos epidmiológicos também devem ser priorizados, pois relacionam a

incidência de doenças em usuários de praia com os níveis de contaminação

devem, fornecendo subsídios para a gestão.

Page 96: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

94

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABAE – Associação Bandeira Azul da Europa. 2007. Monitorização da

qualidade das areias em zonas balneares. Lisboa.

ALERJ - Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro: Comissão de

Defesa do Meio Ambiente. Relatório da qualidade da areia das praias

da Guanabara. 2006.

ALM, E.W.; BURKE, J.; SPAIN, A. 2003. Fecal indicator bacteria are abundante

in wet sand at freshwater beaches. Water Research, Michigan. N.37, p

3978-3982.

ANDRAUS, S. 2006. Aspectos microbiológicos da qualidade sanitária das

águas do mar e areias das praias de Matinhos, Caiobá e Guaratuba-PR.

Dissertação de mestrado em Ciência do solo, Universidade Federal do

Paraná.

ARAÚJO, M. C. B.; COSTA, M. 2007. Visual diagnosis of the solid wastes

contamination of a turist beach in Brazil. Waste Management. V. 27, p.

833–839.

ARAÚJO, M.C.B.; COSTA, M.F. 2004. Quali-quantitative analysis of the solid

wastes at Tamandaré Bay, Pernambuco, Brazil. Tropical Oceanography,

Recife, v. 32, n. 2, p. 159–170.

BASTOS, R. K. X.; BEVILACQUA, P. D.; NASCIMENTO, L. E.; CARVALHO, G.

R. M.; SILVA, C. V. 2000. Coliformes como indicadores da qualidade da

Page 97: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

95

água: alcance e limitações. In: XXVII Congresso Interamericano de

Engenharia Sanitária e Ambiental. ABES - Associação Brasileira de

Engenharia Sanitária e Ambiental. Disponível em:

http://www.ingenieroambiental.com/newinformes/coliformes.pdf

BONILLA, T. D.; NOWOSIELSKI, K.; ESIOBU, N. ; MCCORQUODALE, D. S.;

ROGERSON, A. 2006. Species assemblages of Enterococcus indicate

potencial sources of fecal bacteria at a south Florida recreational beach.

Marine Pollution Bulletin, 52, p. 800-815. Disponível em:

www.sciencedirect.com.br Acesso em: 04/05/07.

BOUKAI, N. Qualidade Sanitária da areia das praias no município do Rio de

Janeiro: Diagnóstico e estratégia para monitoramento e controle.

Dissertação de mestrado em Engenharia Ambiental. Universidade do

Estado do Rio de Janeiro – UERJ. 2005.

BAUMS, I.B.; GOODWIN, K.D.; KIESLING, T.; WANLESS, D.; DIAZ, M.R.;

FELL, J.W. 2007. Luminex detection of fecal indicators in river samples,

marine recreational water, and beach sand. Mar. Pollut. Bull., 54(5):521–

536.

BRASIL, Constituição Federal 1988.

BRASIL. Lei nº 7.661, de 16 de maio de 1988. Institui o Plano Nacional de

Gerenciamento Costeiro e dá outras providências.

BRASIL, Decreto 5.3000 de 07 de dez. 2004. Institui o Plano Nacional de

Gerenciamento Costeiro.

Page 98: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

96

CAMARGO, I. L. B. C. 2005. Estudo dos fatores de virulência em Enterococcus

sp. isolados no Brasil. Tese de Doutorado. Faculdade de Ciências

Farmacêuticas de Ribeirão Preto. Universidade de São Paulo, Ribeirão

Preto – SP.

CARDOSO-DE-OLIVEIRA, A.J.F.; PINHATA, J.M.W. 2008. Antimicrobial

resistance and species composition of Enterococcus spp. isolated from

waters and sands of marine recreational beaches in Southeastern Brazil.

Water Research, 42: 2242–2250

CETESB - COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL.

1998. Estudo epidemiológico: ocorrência de distúrbios gastrointestinais

em banhistas e sua correlação com a qualidade sanitária das areias das

praias. São Paulo.

CETESB - COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL.

2004. Balneabilidade das Praias Paulistas. São Paulo, p. 37.

CETESB - COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL.

2008. Qualidade das águas litorâneas no Estado de São Paulo. Série

Relatórios 2007. São Paulo, p. 294. Disponível em:

<http://www.cetesb.sp.gov.br/Agua/rios/publicacoes.asp>.

CONAMA - CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE (Brasil). 2000.

Resolução n. 274, de 29 nov. 2000. Dispõe sobre a qualidade das águas

de balneabilidade e altera o disposto na Resolução CONAMA n. 20, 18

jun. 1986. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Poder

Executivo, Brasília, DF, 08 jan. 2001. Seção I, p. 70-71.

Page 99: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

97

CONAMA - CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE (Brasil). 2002.

Resolução n. 303, de 20 mar. 2002. Dispõe sobre parâmetros, definições

e limites de Áreas de Preservação Permanente. Diário Oficial [da]

República Federativa do Brasil. Poder Executivo, Brasília, DF, 13 mai.

2002. Seção I, p. 68.

CONAMA - CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE (Brasil). 2005.

Resolução n. 357, de 17 mar. 2005. Dispõe sobre a classificação dos

corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento. Diário

Oficial [da] República Federativa do Brasil. Poder Executivo, Brasília,

DF, 18 mar. 2005. Seção I, p. 58-63.

DHN. Tábuas das marés: Terminal de Tubarão (Estado do Espírito Santo).

Disponível em: <http://www.mar.mil.br/dhn/chm/tabuas>. Acesso em: 07

jan 2009.

EPA, UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. 2009.

EPA’s BEACH Report: 2008 Swimming season. Disponível em:

www.epa.gov.

ELMANAMA, A.A.; FAHD, M.I.; AFIFI, S.; ABDALLAH, S.; BAHR, S. 2005.

Microbiological beach sand quality in Gaza Strip in comparison to

seawater quality. Environ Res., 99(1):1–10.

EFSTRATIOU, M. A. & TSIRTSIS, G. 2009. Do 2006/7/EC European Union

Bathing Water Standards exclude the risk of contact with Salmonella or

Candida albicans? Marine Pollution Bulletin, 58, 1039–1044

Page 100: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

98

GHINSBERG, R.C.; LEIBOWITZ, P.; WITKIN H.; MATES, A.; SEINBERG, Y.;

BAR, D.L.; NITZAN, Y.; ROGOL, M. 1994. Monitoring of selected bacteria

and fungi in sand and seawater along the Tel-Aviv coast. Athens, United

Nations Environment Programme, Mediterranean Action Plan, p. 65–81

MAP Technical Reports Series (87).

GONZÁLEZ-CÁCERES, A.P.S.; GONÇALVES, F. [DE] A.; CAZORLA, I.M.;

CARVALHO, S.M.S. 2004. Contaminação do solo por helmintos de

importância médica na Praia do Sul (Milionários), Ilhéus – BA. NewsLab,

ed. 67, p. 146-155.

GOMES, D.N.F.; CAVALCANTI, M.A.Q.; FERNANDES, M.J.S.; LIMA, D.M.M.;

PASSAVANTE, J.Z.O. 2008. Filamentous fungi isolated from sand and

water of “Bairro Novo” and “Casa Caiada” beaches, Olinda, Pernambuco,

Brazil. Braz. J. Biol., 68(3): 577-582.

HEANEY, C.D.; SAMS, E.; WING, S.; MARSHALL, S.; BRENNER, K.;

DUFOUR, A.P.; WADE, T.J. 2009. Contact with beach sand among

beachgoers and risk of illness. American Journal of Epidemiology, vol.

170, n. 2.

IEMA - INSTITUTO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS

HÍDRICOS. Qualidade das praias. 2009. Disponível em:

<www.iema.es.gov.br>. Acesso em: 28 jul. 2009.

IVAR-DO-SUL, J.A.; COSTA, M.F. 2007. Marine debris review for Latim

América and the Wider Caribbean Region: From the 1970s until now, and

Page 101: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

99

where do we go from here? Marine Pollution Bulletin, v. 54, p. 1087-

1104.

KUSUI, T.; NODA, M. 2003. International survey on the distribution of stranded

and buried litter on beaches along the Sea of Japan. Marine Pollution

Bulletin, 47, p. 175-179.

LEE, C.M.; LIN, T.Y.; LIN, C.; KOHBODI, G.A.; BHATT, A.; LEE, R.; JAY, J.A.

2006. Persistence of fecal indicator bacteria in Santa Monica Bay beach

sediments. Water Research, 40, 2593 – 2602.

LE FEVRE, N.M.; LEWIS, G.D. 2003. The role of resuspension in enterococci

distribution in water at an urban beach. Water Science and Technology,

vol. 47, n. 3 p. 205–210.

LOUREIRO, S.T.A.; CAVALCANTI, M.A. [DE] Q.; NEVES, R.P.;

PASSAVANTE, J.[DE] Z.O. 2005. Yeasts isolated from sand and sea

water in beaches of Olinda, Pernambuco State, Brazil. Brazilian Journal

of Microbiology, 36:333-337.

MADZENA, A.; LASIAK, T. 1997. Spatial and temporal variations in beach litter

on the Transkei Coast of South Africa. Marine Pollution Bulletin, v. 34, n.

11, p. 900-907.

MANCINI, L.; D’ANGELOA, A.M.; PIERDOMINICIA, E.; FERRARIA, C.;

ANSELMOA, A.; VENTURIB, L.; FAZZOB, L.; FORMICHETTIA, P.;

IACONELLIA, M.; PENNELLIA, B. 2005. Microbiological quality of Italian

beach sands. Microchemical Journal, 79, 257– 261

Page 102: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

100

MAIER, L. DE M.; OLIVEIRA, V.R.; REZENDE, K.C.R.; VIEIRA, V. D. R.;

CARVALHO, C.R. 2003. Avaliação da presença de fungos e bactérias

patogênicas em duas praias do Município do Rio de Janeiro. Coleção

Estudos da Cidade. Disponível em: www.armazemdedados.rio.rj.gov.br

Acesso em: 15 set. 2009.

MATESCO, V.C.; MENTZ, M.B.; ROTT, M.B.; SILVEIRA, C [DE] O. 2006.

Contaminação sazonal por ovos de helmintos na praia de Ipanema, em

Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Revista de Patologia Tropical,

vol. 35 (2): 135-141. mai-ago.

MENDES, B.; NASCIMENTO, M.J.; OLIVEIRA, J.S. 1993. Preliminary

characterization and proposal of microbiological quality standard of sand

beaches. Water Sci. Technol, 27(3-4), 453-456.

MENDES, B.; URBANO, P.; ALVES, C.; LAPA, N.; MORAIS, J.;

NASCIMENTO, J.; OLIVEIRA, J.F.S. 1997. Sanitary quality of sands from

beaches of Azores islands. Water Sci. Technol, 35(11-12), 147-150.

MENDES, B.; URBANO, P.; ALVES, C.; MORAIS, J.; LAPA, N; NASCIMENTO,

J.; OLIVEIRA, J.F.S. 1998. Fungi as environmental microbiological

indicators. Water Sci. Technol., 38(12), 155-162.

MENDONÇA-HAGLER, L.C.; VIEIRA, R.H.S.F.; HAGLER, A.N. 2001. Microbial

quality of water, sediment, fish and shellfish in some Brazilian Coastal

regions. Pp. 197-216. In: Faria, B.M.; FARJALLA, V.F.; ESTEVES, F.A.

Page 103: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

101

(eds). Aquatic Microbial Ecology in Brazil. Series Oecologia Brasiliensis,

vol. IX. PPGE-UFRJ. Rio de Janeiro, Brasil.

MMA – MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Macrodiagnóstico da Zona

Costeira. 2008.

MUEHE, D. 2001. Critérios morfodinâmicos para o estabelecimento de limites

da orla costeira para fins de gerenciamento. Revista Brasileira de

Geomorfologia, Vol.2, nº 1, p. 35 – 44.

MUEHE, D. 2006. Erosão e Progradação do Litoral Brasileiro. Ministério do

Meio Ambiente – MMA, Brasília – DF, p. 476.

PEREIRA, M.A.M.; ABREU, D.C. [DE]; COSTA, A.C.D. [DA]; LOURO, C.M.M.

2001. Levantamento preliminar dos resíduos sólidos nas praias do sul de

Moçambique: Ponta Malongane. 16 pp. Maputo, CDS-MICOA.

PMV – PREFEITURA MUNICIPAL DE VITÓRIA. Balneabilidade das praias da

Grande Vitória. 2009. Disponível em: <www.vitoria.es.gov.br>. Acesso

em: 28 jul. 2009.

PINTO, I.M. [DE] A.; Cavalcanti, M.A.Q.; Passavante, J.Z. de O. Fungos

filamentosos do solo e da água da praia de Boa Viagem, Recife-PE. Bol.

Micol., 7(1-2), 39-45, 1992.

Page 104: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

102

RECHDEN-FILHO, R.C. 2005. Índice de qualidade de praia: O exemplo de

Capão da Canoa. Dissertação de mestrado em Geociências.

Universidade Federal do Rio Grande Sul. p.149.

REES, G.; POND, K. 1995. Marine litter monitoring programmes – A review of

methods with special reference to national surveys. Marine Pollution

Bulletin, v. 30, n. 2, p. 103-108.

RIBEIRO, E.N. 2002. Avaliação de indicadores microbianos de balneabilidade

em ambientes costeiros de Vitória/ES. Dissertação de mestrado em

Engenharia Ambiental. Universidade Federal do Espírito Santo.

SANCHEZ, P.S.; AGUDO, E.G.; CASTRO, F.G.; ALVES, M.N.; MARTINS, M.T.

1986. Evaluation of the sanitary quality of marine recreational waters and

the sand from beaches of the São Paulo State, Brazil. Water Sci.

Technol., 18(10), 61-72.

SANTOS, N.M.; SILVA, V.M.G.[DA]; THÉ, T.S.; SANTOS, A.B.[DOS]; SOUZA,

T.P.[DE]. 2006. Contaminação das praias por parasitos caninos de

importância zoonótica na orla da parte alta da cidade de Salvador-BA. R.

Ci. Méd. Biol., Salvador, v. 5, n. 1, p. 40-47, jan./abr.

SANTOS, I.R.; FRIEDRICH, A.C.; BARRETO, F.P. 2005. Overseas garbage

pollution on beaches of northeast Brazil. Marine Pollution Bulletin, 50, p.

782-786.

SATO; M.I.Z.; BARI, M.D.; LAMPARELLI, C.C.; TRUZZI, A.C.; COELHO,

M.C.L.S.; HACHICH, E.M. 2005. Sanitary quality of sands from marine

Page 105: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

103

recreational beaches of São Paulo, Brazil. Brazilian Journal of

Microbiology, 36:321-326.

SEDETUR - SECRETARIA DE ESTADO DE DESENVOLVIMENTO

ECONÔMICO E TURISMO DO ESPÍRITO SANTO. 2006. Plano de

Turismo.

SERRA, Prefeitura Municipal. 2004. SERRA em NÚMEROS: Indicadores

Sociais e Econômicos do Município. Disponível em:

www.serra.es.gov.br. Acesso em: 23 jul. 2009.

SHIBATA, T.; SOLO-GABRIELE, H.M.; FLEMING, L.E.; ELMIR, S. 2004.

Monitoring marine recreational water quality using multiple microbial

indicators in an urban tropical environment. Water Research, 38, p.

3119–3131.

SHUVAL, H. Thalassogenic infectious diseases caused by waste-water

pollution of the marine environment. In Oceans and Health: Pathogens in

the marine environment. Edited by: Belkin S, Colwell P.R. New York:

Springer, 2006: 373-389.

SILVA, P.F.[DA]; CAVALCANTI, I.M.D.; IRMÃO, J.I.; ROCHA, F.J.S. 2009.

Common beach sand contamination due to enteroparasites on the

southern coast of Pernambuco State, Brazil. Rev. Inst. Med. trop. S.

Paulo, 51(4):217-218, July-August.

SMAC - SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE. Resolução nº 81 de

28 de dezembro de 2000. Limites máximos de colimetria a serem

Page 106: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

104

utilizados na classificação da areia para recreação de contato primário.

Diário oficial do município do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 28 dez.

2000.

SOMERVILLE, S.E.; MILLER, K.L.; MAIR, J.M. 2003. Assessment of the

aesthetic quality of a selection of beaches in the Firth of Forth, Scotland.

Marine Pollution Bulletin, v. 46, p. 1184-1190.

STEWART, J.R.; GAST, R.J.; FUJIOKA, R.S.; SOLO-GABRIELE, H.M.;

MESCHKE, J.S.; AMARAL-ZETTLER, L.A.; CASTILLO, E.D.; POLZ, M.F.;

COLLIER, T.K.; STROM, M.S.; SINIGALLIANO, C.D.; MOELLER, P.D.R.;

HOLLAND, A.F. 2008. The coastal environment and human health:

microbial indicators, pathogens, sentinels and reservoirs. Environmental

Health, 7 (Suppl 2): S3.

VASCONCELLOS, F.C.; IGANCI, J.R.V.; RIBEIRO,G.A. 2006. Qualidade

microbiológica da água do Rio São Lourenço, São Lourenço do Sul, Rio

Grande do Sul. Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.73, n.2, p.177-181.

VELOSO, V. G.; CARDOSO, R.S.; FONSECA, D. B. 1997. Adaptações e

biologia da macrofauna de praias arenosas expostas com ênfase nas

espécies da região entre-marés do litoral fluminense. Oecologia

Brasiliensis. Vol. III: Ecologia de praias arenosas do litoral brasileiro.

ABSALÃO, R. S.; ESTEVES, A. M. (editores), 1997, p. 135-154. Programa

de Pós-Graduação em Ecologia – Instituto de Biologia – UFRJ, Rio de

Janeiro – RJ. [2000].

VIEIRA, R.H.S.F. 2000. Poluição microbiológica de algumas praias brasileiras.

Arq. Ciên. Mar, Fortaleza, 33: 77-84.

Page 107: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

105

VIEIRA, R.H.S.F.; OLIVEIRA, A.C.N.; SOUSA, O.V. 2007. Monitoramento

microbiológico das águas e areias das praias do Meireles e do Futuro,

Fortaleza – Ceará. Bol. Téc. Cient. Cepnor, Belém, v. 7, n. 1, p. 17 – 26.

VIEIRA, R.H.S.F. ; RODRIGUES, D.P. ; ROCHA, C.A.S. ; MENEZES, F.G.R. ;

ARAGÃO, J.S. ; THEOPHILO, G.N.D. ; REIS, E.M.F. 2002. Poluição do

mar e das areias de três praias de Fortaleza, Ceará, Brasil. Arquivos de

Ciências do Mar, Fortaleza, v. 35, p. 113-118.

VIEIRA, R.H.S.F.; RODRIGUES, D.P.; MENEZES, E.A.; EVANGELISTA,

N.S.S.; REIS, E.M.F.; MELO, L.B.; GONÇALVES, F.A. 2001. Microbial

contamination of sand from major beaches in Fortaleza, Ceará State,

Brazil. Revista de Microbiologia, São Paulo, v. 32, n. 2, p. 77-80.

VOGEL, C.; ROGERSON, A.; SCHATZ, S.; LAUBACHE, H.; TALLMANF, A.;

FELLF, J. 2007. Prevalence of yeasts in beach sand at three bathing

beaches in south Florida. Water Res., 41(9):1915–1920.

WETZEL, L.; FILMANN, G.; NIENCHESKI, L.F.H. 2004. Litter contamination

processes and management perspectives on the southern Brazilian coast.

International Journal of Environmental and Pollution, v. 21, nº 2, p.

153-164.

Page 108: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

106

ANEXO 1

RESOLUÇÃO CONAMA Nº 274 DE 29 DE NOVEMBRO 2000

Publicada no DOU de 8 de janeiro de 2001

O Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA, no uso das competências que lhe são conferidas pela Lei nº 6938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, e tendo em vista o disposto na Resolução CONAMA nº 20, de 18 de junho de 1986 e em seu Regimento Interno, e

CONSIDERANDO que a saúde e o bem-estar humano podem ser afetados pelas condições de balneabilidade;

CONSIDERANDO ser a classificação das águas doces, salobras e salinas essencial à defesa dos níveis de qualidade, avaliados por parâmetros e indicadores específicos, de modo a assegurar as condições de balneabilidade;

CONSIDERANDO a necessidade de serem criados instrumentos para avaliar a evolução da qualidade das águas, em relação aos níveis estabelecidos para a balneabilidade, de forma a assegurar as condições necessárias à recreação de contato primário;

CONSIDERANDO que a Política Nacional do Meio Ambiente, a Política Nacional de Recursos Hídricos e o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC) recomendam a adoção de sistemáticas de avaliação da qualidade ambiental das águas.

RESOLVE:

Art. 1º Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições:

a) águas doces: águas com salinidade igual ou inferior a 0,50º/00;

b) águas salobras: águas com salinidade compreendida entre 0,50º/00 e 30º/00;

c) águas salinas: águas com salinidade igual ou superior a 30º/00;

d) coliformes fecais (termotolerantes): bactérias pertencentes ao grupo dos coliformes totais caracterizadas pela presença da enzima ß-galactosidade e pela capacidade de fermentar a lactose com produção de gás em 24 horas à temperatura de 44-45°C em meios contendo sais biliares ou outros agentes tenso-ativos com propriedades inibidoras semelhantes. Além de presentes em fezes humanas e de animais podem, também, ser encontradas em solos, plantas ou quaisquer efluentes contendo matéria orgânica;

e) Escherichia coli: bactéria pertencente à família Enterobacteriaceae, caracterizada pela presença das enzimas ß-galactosidade e ß-glicuronidase. Cresce em meio complexo a 44-45°C, fermenta lactose e manitol com produção de ácido e gás e produz indol a partir do aminoácido triptofano. A Escherichia coli é abundante em fezes humanas e de animais, tendo, somente, sido encontrada em esgotos, efluentes, águas naturais e solos que tenham recebido contaminação fecal recente;

Page 109: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

107

f) Enterococos: bactérias do grupo dos estreptococos fecais, pertencentes ao gênero Enterococcus (previamente considerado estreptococos do grupo D), o qual se caracteriza pela alta tolerância às condições adversas de crescimento, tais como: capacidade de crescer na presença de 6,5% de cloreto de sódio, a pH 9,6 e nas temperaturas de 10° e 45°C. A maioria das espécies dos Enterococcus são de origem fecal humana, embora possam ser isolados de fezes de animais;

g) floração: proliferação excessiva de microorganismos aquáticos, principalmente algas, com predominância de uma espécie, decorrente do aparecimento de condições ambientais favoráveis, podendo causar mudança na coloração da água e/ou formação de uma camada espessa na superfície;

h) isóbata: linha que une pontos de igual profundidade;

i) recreação de contato primário: quando existir o contato direto do usuário com os corpos de água como, por exemplo, as atividades de natação, esqui aquático e mergulho.

Art. 2º As águas doces, salobras e salinas destinadas à balneabilidade (recreação de contato primário) terão sua condição avaliada nas categorias própria e imprópria.

§ 1º As águas consideradas próprias poderão ser subdivididas nas seguintes categorias:

a) Excelente: quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo local, houver, no máximo, 250 coliformes fecais (termotolerantes) ou 200 Escherichia coli ou 25 enterococos por l00 mililitros;

b) Muito Boa: quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo local, houver, no máximo, 500 coliformes fecais (termotolerantes) ou 400 Escherichia coli ou 50 enterococos por 100 mililitros;

c) Satisfatória: quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo local, houver, no máximo 1.000 coliformes fecais (termotolerantes) ou 800 Escherichia coli ou 100 enterococos por 100 mililitros.

§ 2º Quando for utilizado mais de um indicador microbiológico, as águas terão as suas condições avaliadas, de acordo com o critério mais restritivo.

§ 3º Os padrões referentes aos enterococos aplicam-se, somente, às águas marinhas.

§ 4º As águas serão consideradas impróprias quando no trecho avaliado, for verificada uma das seguintes ocorrências:

a) não atendimento aos critérios estabelecidos para as águas próprias;

b) valor obtido na última amostragem for superior a 2500 coliformes fecais (termotolerantes) ou 2000 Escherichia coli ou 400 enterococos por 100 mililitros;

c) incidência elevada ou anormal, na Região, de enfermidades transmissíveis por via hídrica, indicada pelas autoridades sanitárias ;

Page 110: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

108

d) presença de resíduos ou despejos, sólidos ou líquidos, inclusive esgotos sanitários, óleos, graxas e outras substâncias, capazes de oferecer riscos à saúde ou tornar desagradável a recreação;

e) pH < 6,0 ou pH > 9,0 (águas doces), à exceção das condições naturais;

f) floração de algas ou outros organismos, até que se comprove que não oferecem riscos à saúde humana;

g) outros fatores que contra-indiquem, temporária ou permanentemente, o exercício da recreação de contato primário.

§ 5º Nas praias ou balneários sistematicamente impróprios, recomenda-se a pesquisa de organismos patogênicos.

Art. 3º Os trechos das praias e dos balneários serão interditados se o órgão de controle ambiental, em quaisquer das suas instâncias (municipal, estadual ou federal), constatar que a má qualidade das águas de recreação de contato primário justifica a medida.

§ 1º Consideram-se ainda, como passíveis de interdição os trechos em que ocorram acidentes de médio e grande porte, tais como: derramamento de óleo e extravasamento de esgoto, a ocorrência de toxicidade ou formação de nata decorrente de floração de algas ou outros organismos e, no caso de águas doces, a presença de moluscos transmissores potenciais de esquistossomose e outras doenças de veiculação hídrica.

§ 2º A interdição e a sinalização, por qualquer um dos motivos mencionados no caput e no § 1o deste artigo, devem ser efetivadas, pelo órgão de controle ambiental competente.

Art. 4º Quando a deterioração da qualidade das praias ou balneários ficar caracterizada como decorrência da lavagem de vias públicas pelas águas da chuva, ou em conseqüência de outra causa qualquer, essa circunstância deverá ser mencionada no boletim de condição das praias e balneários, assim como qualquer outra que o órgão de controle ambiental julgar relevante.

Art. 5º A amostragem será feita, preferencialmente, nos dias de maior afluência do público às praias ou balneários, a critério do órgão de controle ambiental competente.

Parágrafo único. A amostragem deverá ser efetuada em local que apresentar a isóbata de um metro e onde houver maior concentração de banhistas.

Art. 6º Os resultados dos exames poderão, também, abranger períodos menores que cinco semanas, desde que cada um desses períodos seja especificado e tenham sido colhidas e examinadas, pelo menos, cinco amostras durante o tempo mencionado, com intervalo mínimo de 24 horas entre as amostragens.

Art. 7º Os métodos de amostragem e análise das águas devem ser os especificados nas normas aprovadas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial-INMETRO ou, na ausência destas, no Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater-APHA-AWWA-WPCF, última edição.

Art. 8º Recomenda-se aos órgãos ambientais a avaliação das condições parasitológicas e microbiológicas da areia, para futuras padronizações.

Page 111: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

109

Art. 9º Aos órgãos de controle ambiental compete a aplicação desta Resolução, cabendo-lhes a divulgação das condições de balneabilidade das praias e dos balneários e a fiscalização para o cumprimento da legislação pertinente.

Art. 10. Na ausência ou omissão do órgão de controle ambiental, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-IBAMA atuará, diretamente, em caráter supletivo.

Art. 11. Os órgãos de controle ambiental manterão o IBAMA informado sobre as condições de balneabilidade dos corpos de água.

Art. 12. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios articular-se-ão entre si e com a sociedade, para definir e implementar as ações decorrentes desta Resolução.

Art. 13. O não cumprimento do disposto nesta Resolução sujeitará os infratores às sanções previstas nas Leis nºs 6.938, de 31 de agosto de 1981; 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e no Decreto nº 3.179, de 21 de setembro de 1999.

Art. 14. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 15. Ficam revogados os arts. nºs 26 a 34, da Resolução do CONAMA nº 20, de 18 de junho de 1986.

JOSÉ SARNEY FILHO

Presidente do CONAMA

JOSÉ CARLOS CARVALHO Secretário-Executivo

Page 112: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

110

ANEXO 2

RESOLUÇÃO SMAC Nº 081 DE 28 DE DEZEMBRO DE 2000

Dispõe sobre a análise e informações das condições das areias das praias no Município do Rio de Janeiro.

O SECRETÁRIO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE no uso das atribuições que lhe são conferidas pela legislação em vigor e;

CONSIDERANDO que a Lei Orgânica do Município do Rio de Janeiro determina em seu Art. 472, inciso II que o Poder Público é obrigado a garantir amplo acesso dos interessados às informações sobre fontes e causas de poluição e de degradação ambiental, os níveis de poluição, qualidade do meio ambiente, situações de risco de acidentes e a presença de substâncias potencialmente danosas à saúde na água potável, nos alimentos e nas areias das praias;

CONSIDERANDO que a Constituição Federal determina em seu artigo 30, inciso I, que compete aos Municípios legislar sobre assuntos de interesse local;

CONSIDERANDO a lacuna existente na legislação Federal, notadamente nas Resoluções do CONAMA, e Estadual sobre os padrões para classificação da qualidade das areias das praias;

CONSIDERANDO o disposto na Lei n.º 2.138 de 11 de maio de 1994, que cria a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e estabelece em seu artigo 2o, inciso VII, que no exercício de sua competência, caberá à SMAC estabelecer padrões ambientais que terão vigor no território do Município;

CONSIDERANDO a necessidade de informar a população sobre a qualidade das areias das praias do Município;

CONSIDERANDO os estudos realizados pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, pelo período de um ano, em pontos de areia da Prainha e da praia de Copacabana, abrangendo zonas de areia próximo à calçada, no centro da faixa de areia e próximos ao mar, bem como nas laterais das “línguas negras”, além de outros vinte pontos nas praias oceânicas e cinco pontos nas praias no interior da Baía de Guanabara;

CONSIDERANDO que a qualidade da areia da Prainha foi considerada a meta a ser atingida;

CONSIDERANDO que os referidos estudos revelaram nas praias a ocorrência de densidade de coliformes totais e E.coli, que se revelaram em condições de ser indicadores de poluição;

Page 113: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

111

RESOLVE:

Art. 1o – A Secretaria Municipal de Meio Ambiente - SMAC divulgará, quinzenalmente, o Boletim de Avaliação da condição das areias das praias do Município do Rio de Janeiro, garantindo amplo acesso da informação à população.

Art. 2º - Os resultados apresentados no Boletim, de que trata o artigo anterior, serão gerados a partir de análises físico-químicas e bacteriológicas das amostras de areia coletadas nas praias, verificação das condições meteorológicas, notificações de incidentes nas redes de esgotamento sanitário e drenagem e constatações visuais de interferências poluidoras.

Parágrafo único - A emissão do Boletim estará sob a responsabilidade técnica de profissionais habilitados para este fim.

Art. 3º - As amostras de areia serão sempre coletadas em um dos dias da semana correspondentes aos do monitoramento da balneabilidade nas praias, realizado pela SMAC.

§ 1o - As amostras, de que trata o caput deste artigo, serão coletadas sempre no mesmo local, no centro da faixa de areia, local mais freqüentado pelos banhistas, porém não atingido pela maré, definido por medição com a utilização de trena.

§ 2o - As coordenadas dos pontos de coleta de amostras serão registradas com o auxílio de um Sistema de Posicionamento Global – GPS.

Art. 4o - As condições para realização da amostragem deverão atender aos seguintes critérios:

I – A amostragem de areia em cada estação de coleta será realizada em área de 2 m², no centro da faixa de areia.

II – As amostras deverão ser coletadas na área delimitada, de onde serão retiradas cinco sub-amostras em sua parte superficial (até 5 cm) e colocadas em frascosesterelizados com capacidade de 250 ml, que serão preenchidos até a metade

III - As amostras serão acondicionadas em isopor à temperatura de 4o C e levadas ao laboratório para análise imediata.

Art. 5o - As análises laboratoriais serão realizadas pelo método dos tubos múltiplos com a utilização do Caldo LMX, produzido pela Merck.

Parágrafo único - As análises laboratoriais serão realizadas por laboratórios credenciados no INMETRO e contratados para este fim.

Art. 6º - Os limites máximos de colimetria a serem utilizados na classificação da areia para recreações de contato primário são:

Page 114: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

112

Classificação Coliformes Totais

(NMP/100g)

Coliformes Fecais

(NMP/100g)

* * * * até 10.000 até 10

* * * > 10.000 a 20.000 > 10 a 200

* * > 20.000 a 30.000 > 200 a 400

* acima de 30.000 acima de 400

§ 1º - Não serão recomendados contatos com areias que possuam classificação igual a *.

§ 2º - Também não serão recomendados contatos com areias que tenham sinais de poluição perceptíveis pelo olfato ou visão.

§ 3º - No caso de se constatar a presença de substância potencialmente danosa à saúde da população será adotada sinalização gráfica nas praias como advertência quanto à utilização da área em questão.

§ 4º - A classificação apresentada é baseada nos resultados de colimetria obtidos com o monitoramento da areia da Prainha, considerada limpa e sem influência de urbanização.

Art. 7o – A classificação de que trata o artigo 6o deverá ser revista no prazo de dois anos, contados da publicação desta Resolução.

Art. 8o - O Boletim de Avaliação da condição das areias das praias será utilizado para divulgação nos meios de comunicação escrita e outros.

Art. 9º - Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

MAURÍCIO LOBO SECRETÁRIO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE

D.O. Rio de 29.12.2000

Page 115: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

113

ANEXO 3

ESTAÇÕES DE MONITORAMENTO DA BALNEABILIDADE NO ESTADO DO

ESPÍRITO SANTO

MUNICÍPIO PONTO PRAIA – Localização COORDENADAS

CO

NC

EIÇ

ÃO

DA

BA

RR

A

CB1 Itaúnas - Meio da praia das Dunas 18°24’49,2” S

39°41’51,4” W

CB2 Itaúnas – Rio Itaúnas. Próximo à ponte no Parque de Itaúnas

18°25’06,2” S

39°42’24,8” W

CB3 Guaxindiba - Em frente ao Hotel Barra Mar 18°33’42,0” S

39°43’52,4” W

CB4 Praia da Barra - Fim do calçadão – Ponto mais ao Norte

18°34’58,9” S

39°43’50,8” W

CB5 Praia da Barra - Em frente ao restaurante Caranguejão

18°34’45,1” S

39°43’51,0” W

O M

AT

EU

S

SM1 Rio Preto - Próximo à foz do rio *

SM2 Guriri - Av. Oceano Atlântico, em frente à Capelinha

*

SM3 Guriri - Em frente à Av. Ari Paixão, ponto mais ao Sul

*

SM4 Praia de Barra Nova - Área do Projeto Tamar

*

SM5 Barra Nova - Enseada - Foz do rio Mariricu, próx. à 1ª barraca *

LIN

HA

RE

S

L1 Lagoa Juparanã - Em frente à Cabana Juparanã

19°18’17,1” S

40°05’06,5” W

L2 Lagoa Nova – Em frente ao Restaurante Cabana

19°25’05,4”S

40°09’22,7”W

L3 Lagoa Nova – 10 metros a direita do banheiro público

19°25’05,6”S

40°09’19,1”W

Page 116: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

114

L4 Pontal Ipiranga - Em frente ao acesso principal

*

L5 Povoação - Em frente ao acesso principal *

L6 Regência - Rio Doce, no portinho, ao lado da Vila Regência

*

AR

AC

RU

Z

AR1 Rio Sahy - Próximo à foz do rio 19°52’24,5” S

40°04’53,4” W

AR2 Barra do Sahy - Próximo ao 1º posto salva-vidas

19°52’47,0” S

40°05’07,9” W

AR3 Rio Guaxindiba - Próximo à foz do rio 19°53’08,8” S

40°05’17,3” W

AR4 Mar Azul – Meio da Praia 19°54’53,7” S

40°05’56,9” W

AR5 Coqueiral de Aracruz em frente ao Bochas Bar

19°56’14,1” S

40°08’02,0” W

AR6 Santa Cruz - Em frente à manilha da rede pluvial

19°57’13,7” S

40°09’05,5” W

AR7 Praia Formosa – em frente ao SESC 19°59’16,2” S

40°08’51,7” W

FU

ND

ÃO

F1 Praia Grande – À dir. da Escola Comunitária, próx. ao Casebre

20°02’22,4” S

40°11’05,3” W

F2 Praia Grande - 300m à esq. da

desembocadura do R. Reis Magos

20°02’44,9” S

40°11’19,7” W

SE

RR

A

S1 Nova Almeida - Próximo ao Posto de Saúde

20°03’33,0” S

40°11’15,0” W

S2 Nova Almeida - Quiosque Doce Mar. Próx. Hotel Praia Sol

20°07’11,9” S

40°10’36,1” W

S3 Jacaraípe - Quiosque Stravagancia. Rua Caiçara

20°08’14,0” S

40°11’01,5” W

S4 Jacaraípe - Colônia de Férias do BANESTES

20°07’11,9” S 40°10’36,1” W

Page 117: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

115

S5 Jacaraípe - Colônia de Férias da CVRD 20°09’36,9” S

40°11’03,7” W

S6 Manguinhos - Em frente ao Condomínio Aida

20°1126,2” S

40°11’28,8” W

S7 Manguinhos - Primeira estação de Manguinhos

20°11’53,4” S

40°11’32,8” W

S8 Bicanga - A 500m do Córrego Manguinhos

*

S9 Lagoa Carapebus - Entre Colônia de Férias e a passarela

20°13’51,2” S

40°12’47,4” W

S10 Carapebus - Restaurante GJ-Drink 's *

S11 Carapebus - Colônia de pescadores 20°14’08,7” S

40°12’56,7” W

VIT

ÓR

IA

V1 Jardim Camburi – em frente ao campo de futebol Zé da Bola *

V2 Jardim Camburi – Av. Dante Michelini, esquina com a Rua Silvino Grecco *

V2 A Jardim Camburi – Av. Dante Michelini, 100m. à direita do 3° píer *

V3 Jardim Camburi – Av. Dante Michelini, 100m. à esquerda do 2° píer *

V4 Mata da Praia – Av. Dante Michelini, esquina com a Av. Adalberto Simão Nader *

V5 Mata da Praia – Av. Dante Michelini, esquina com a Av. Nicolau Von Shilgen *

V6 Jardim da Penha – Av. Dante Michelini, próximo a av. Carlos Orlando Carvalho *

V7 Jardim da Penha – Av. Dante Michelini, esquina com a Rua Eugenilio Ramos *

V8 Praia de Camburi – Av. Dante Michelini, 150m. à esquerda do píer de Iemanjá *

V9 Praia de Camburi – Canal de Camburi, ao lado direito do píer de Iemanjá *

Page 118: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

116

V10 Praia do Canto – 80m. à direita do Iate

Clube *

V11 Praia do Canto – 80m. à esquerda da ponte da Ilha do Frade *

V12 Praia de Santa Helena – 100m. à direita da

Ponte da Ilha do Frade – Praça dos Desejos

*

V13 Praia de Santa Helena – 200m. à esquerda das barracas da Curva da Jurema *

V14 Praia de Santa Helena – Em frente às barracas da Curva da Jurema *

V15 Ilha do Frade – 1ª praia à direita *

V16 Ilha do Frade – Praia da Castanheira *

V17 Ilha do Frade – Praia da Ilha do Frade *

V18 Ilha do Boi – Praia da direita *

V19 Ilha do Boi – Praia Grande *

V20 Praia/Enseada do Suá – Praia do Suá/Praça do Papa *

V21 Praia/Enseada do Suá – Praia do Meio (embaixo da 3ª ponte) *

V22 Santo Antônio – Praia de santo Antônio / Praça Dom João Batista *

V23 Canal da Passagem – Canal de Camburi / Ponte da passagem *

VIL

A V

ELH

A

VV1 Praia da Costa - Próximo ao clube Libanês S 20º19’45.9”

W 40º16’24.9”

VV2 Itapoã - Ponta de Itapuã, próximo à colônia dos Pescadores

S 20º21’12.1”

W 40º17’03.1”

VV3 Coqueiral de Itaparica - Próximo ao Quiosque Chalezinho

S 20º21’52.9”

W 40º17’55.1”

VV4 Barra do Jucu - Próx. ao 1º quiosque, sentido Vitória – Guarapari

S 20º25’37.4”

W 40º19’21.7”

VV5 Lagoa Grande - Ponta da Fruta,em frente ao Bar do Camilo

S 20º30’13.5”

W 40º21’34.1”

Page 119: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

117

VV6 Ponta da Fruta - Próx. ao acesso principal, em frente ao Bar do Helvécio

S 20º31’01.3”

W 40º21’40.5” G

UA

RA

PA

RI

G1 Lagoa de Caraís - Meio da lagoa

*

G2 Setiba S 20º38’01.6”

W 40º26’21.6”

G3 Santa Mônica - Próx. a Feira de Artesanato, em frente ao Iglu

S 20º37’21.7”

W 40º27’31.3”

G4 Praia do Morro – Em frente ao Maison Classic

S 20º39’07.9”

W 40º28’35.4”

G5 Praia do Morro - Em frente ao Maison Classic

S 20º39’27.9”

W 40º29’35.3”

G6 Praia do Morro - Em frente ao Residencial Flat

S 20º39’37.8”

W 40º29’43.4”

G7 Muquiçaba - Ao lado da marinha S 20º39’50.5”

W 40º29’51.9”

G8 Praia das Virtudes S 20º40’07.7”

W 40º29’36.9”

G9 Praia dos Namorados S 20°40’16,2”

W 40°29’50,9”

G10 Castanheiras - Próx. ao Clube Siribeira S 20º40’27.2”

W 40º29’50.9”

G11 Praia da Areia Preta - Meio da Praia S 20º40’28.0”

W 40º29’58.9”

G12 Enseada Azul – Em frente ao Edifício Monteiro Lobato

S 20º43’39.9”

W 40º31’31.1”

G13 Enseada Azul – Em frente ao restaurante Sete Mares

S 20º43’57.6”

W 40º31’51.2”

G14 Meaípe – Aproximada/ a 100m do riacho, em frente ao Hotel Gaeta

S 20º44’17.7”

W 40º32’17.8”

Page 120: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

118

A

NC

HIE

TA

AN1 Ubu - Praça em frente ao abrigo de ônibus S 20º48’06.3”

W 40º35’39.3”

AN2 Parati – próximo ao camping S 20º48’15.1”

W 40º36’11.1”

AN3 Castelhanos - Em frente ao 2ª chuveiro, sentido Vitória- Anchieta

S 20°50’03,7”

W 40°37’28,8”

AN4 Anchieta - Praia Central - Meio da Praia S 20º48’23.6”

W 40º38’57.0”

AN5 Iriri - Em frente à praça, próx. ao Res. Cheiro de Mar

S 20º49’52.0”

W 40º41’38.9”

AN6 Iriri - Areia Preta, próximo às pedras, quiosque Ja1000

S 20°49”57,5”

W 40°41”51,7”

PIÚ

MA

P1 Piúma - Prainha em frente a R. da Escola de Pesca

S 20º50’29.4”

W 40º43’30.3”

P2 Piúma - Quiosque do Gelson, meio da praia S 20º50’56.1”

W 40º44’45.0”

ITA

PE

-MIR

IM

I1 Itaipava - Meio da praia, em frente ao Mineiro's Bar nº 500

S 20º53’36.8”

W 40º46’27.0”

I2 Itaoca - em frente ao Camping

S 20º54’30.9”

W 40º46’59.3”

MA

RA

TA

ÍZE

S

M1 Areia Preta - Em frente ao Bar Verão, meio da praia

S 21º02’14.3”

W 40º49’06.5”

M2 Marataízes - Meio da praia, em frente ao Bar Chalé

S 21º02’42.4”

W 40º49’43.2”

M3 Marataízes – Praia Cidade Nova, em frente ao Quiosque Toa Toa

S 21º03’06.8”

W 40º49’54.5”

M4 Lagoa do Siri – Em frente ao Caiacos Bar S 21º06’24.1”

W 40º51’10.6”

Page 121: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

119

PR

ES

IDE

NT

E

KE

NN

ED

Y PK1 Praia de Marobá - em frente ao 2º

quiosque, meio da praia

S 21º11’27.7”

W 40º55’40.7”

PK2 Praia das Neves -Meio da praia, em frente ao Rest. do Ivo

S 21°16’37,8”

W 40°57’44,8”

* Informação não encontrada

Page 122: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Page 123: Bases microbiológicas e químicas da qualidade ambiental da ...livros01.livrosgratis.com.br/cp132361.pdf · Bases microbiológicas e químicas da qualidade ... importante da minha

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo