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 DIREITO ADMINISTRATIVO – BENS PÚBLICOS PROF. VITOR SOUZA - 2011 1 1. CONCEITO Trata-se de mais um instituto do direito administrativo que possui uma pluralidade de definições conceituais. 1ª Corrente: Para o Prof. Hely Lopes Meirelles, bens públicos são todos os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público (União, Estado e Municípios), bem como os pertencentes ao que ele chama de entidades parestatais (empresas públicas, sociedades de economia mista, serviço social autônomo etc.). CRÍTICA a) empresas públicas e sociedade de economia mista não são entidades paraestatais . Elas são empresas estatais  e compõem a Administração Pública Indireta.  Já as entidades paraestatais (Serviços Social Autônomo / Organizações Sociais / Entidades de Apoio / OSCIP) , não fazem parte da Administração Indireta. b) O art. 98 do CC/2002, dirimiu todas as dúvidas conceituais ao definir que: Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas  jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. 2ª Corrente: O Prof. José dos Santos Carvalho Filho, com base no vigente Código Civil, conceitua bens públicos como  todos aqueles que, de qualquer natureza e a qualquer título, pertençam às pessoas  jurídicas de direito público, sejam elas federativas, como a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, sejam da Administração descentralizada, como as autarquias, nestas incluindo-se as fundações de direito público e as associações públicas”.  Prevalece a segunda corrente. 2. CLASSIFICAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS Os bens públicos geralmente são classificados considerando-se três aspectos: 2.1 – QUANTO Á TITULARIDADE: o Prof. José dos Santos indica que nesse aspecto, os bens classificam-se em federais, estaduais, distritais e municipais, conforme pertençam, respectivamente, à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. Parte dessa distribuição encontra-se inserida no texto constitucional e leva em conta a chamada predominância de interesses. a) Bens Federais: interesse geral, exemplo, segurança nacional, proteção à economia nacional e a extensão do bem: Art. 20. São bens da União: I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos; II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; III - os lagos, rios e quaisquer corre ntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as áreas referidas no art. 26, II; IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva; VI - o mar territorial;

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1. CONCEITO

Trata-se de mais um instituto do direitoadministrativo que possui uma pluralidade dedefinições conceituais.

1ª Corrente: Para o Prof. Hely LopesMeirelles, bens públicos são todos os benspertencentes às pessoas jurídicas de direitopúblico (União, Estado e Municípios), bemcomo os pertencentes ao que ele chama deentidades parestatais (empresas públicas,sociedades de economia mista, serviço socialautônomo etc.).

CRÍTICA

a) empresas públicas e sociedade deeconomia mista não são entidades paraestatais . Elas são empresas estatais ecompõem a Administração Pública Indireta. Já as entidades paraestatais  (ServiçosSocial Autônomo / Organizações Sociais /Entidades de Apoio / OSCIP), não fazemparte da Administração Indireta. 

b) O art. 98 do CC/2002, dirimiu todasas dúvidas conceituais ao definir que:

Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas   jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.

2ª Corrente: O Prof. José dos SantosCarvalho Filho, com base no vigente CódigoCivil, conceitua bens públicos como “ todos aqueles que, de qualquer natureza e a 

qualquer título, pertençam às pessoas   jurídicas de direito público, sejam elas federativas, como a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, sejam da Administração descentralizada, como as autarquias, nestas incluindo-se as fundações de direito público e as associações públicas”. 

Prevalece a segunda corrente.

2. CLASSIFICAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS

Os bens públicos geralmente sãoclassificados considerando-se três aspectos:

2.1 – QUANTO Á TITULARIDADE: o Prof.José dos Santos indica que nesse aspecto, osbens classificam-se em federais, estaduais,distritais e municipais, conforme pertençam,respectivamente, à União, aos Estados, aoDistrito Federal e aos Municípios.

Parte dessa distribuição encontra-seinserida no texto constitucional e leva emconta a chamada predominância deinteresses.

a) Bens Federais: interesse geral,exemplo, segurança nacional, proteção àeconomia nacional e a extensão do bem:

Art. 20. São bens da União: I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos; II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações econstruções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental,definidas em lei; III - os lagos, rios e quaisquer correntes de

água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendama território estrangeiro ou dele provenham,bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praiasmarítimas; as ilhas oceânicas e ascosteiras, excluídas, destas, as áreas referidas no art. 26, II; IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias

marítimas; as ilhas oceânicas e ascosteiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e asreferidas no art. 26, II; V - os recursos naturais da plataformacontinental e da zona econômicaexclusiva; VI - o mar territorial; 

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VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; VIII - os potenciais de energia hidráulica; IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; X - as cavidades naturais subterrâneas e 

os sítios arqueológicos e pré-históricos; XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.

b) Bens Estaduais e Distrital:

Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: I - as águas superficiais ou subterrâneas,fluentes, emergentes e em depósito,ressalvadas, neste caso, na forma da lei,as decorrentes de obras da União; 

II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio,excluídas aquelas sob domínio da União,Municípios ou terceiros; III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.

c) Bens Municipais: os Municípios não

foram contemplados pela partilhaconstitucional de bens públicos. No entanto, éinegável que, por lógica, vários destes benslhes pertença.

2.2 – QUANTO AOS DESTINATÁRIOS:Aqui se considera o objetivo a que se

destinam.

2.1.1 - Bens de Uso Comum: sãoaqueles destinados à utilização geral pelosindivíduos, que podem ser utilizados por todosem igualdade de condições,independentemente do consentimento doPoder Público, de uso público, usados porqualquer um do povo. Exemplos: ruas, mares,praças, rios, calçadas.

Em regra, são disponíveis à coletividadegratuitamente. Mas existem aqueles quepodem ser objeto de cobrança. Exemplos:estacionamento rotativo (zona azul), pedágiocobrado nas estradas.

Os Professores Vicente Paulo e MarceloAlexandrino indicam que, apesar dedestinados à população em geral, estãosujeitos ao Poder de Policia.

2.1.2 - Bens de Uso Especial: Sãotodos aqueles utilizados pela AdministraçãoPública para a realização de suas atividades.

São os bens das pessoas jurídicas dedireito público utilizados para a realização dafunção pública. Exemplos: repartições

públicas, edifícios teatros, universidades,museus, escolas públicas, cemitérios,aeroportos.

2.1.3 -  Bens Dominicais: são aquelesque representam o patrimônio da pessoa  jurídica de direito público. Integram patrimônio estatal, mas sem ter umadestinação pública definida. Portanto, todosaqueles que não são bens de uso comum,nem são bens de uso especial, serão BENS

DOMINICAIS / DOMINIAIS. Exemplos: imóveisdesafetados (sem destinação especifica deutilização); terras devolutas (terras vazias quenão são utilizadas pelo Poder Público).

2.2 – QUANTO À DISPONIBILIDADE

2.2.1 – Bens Indisponíveis porNatureza: todos aqueles que, em razão de

sua natureza – não patrimonial, não podem seralienados ou onerados nem desvirtuados dasfinalidades a que se destinam, exigindodaqueles que os possuam o dever de mantê-los, conservá-los e melhorá-los.

São exemplos de bens indisponíveis, osbens de uso comum do povo, incluindo-se,pois, os mares, as praças e os logradouros

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públicos, os rios, as estradas, o espaço aéreoetc.

2.2.2 – Bens PatrimoniaisIndisponíveis: aqueles que, mesmo tendonatureza patrimonial são indisponíveis, poisestão afetados a uma destinação públicaespecífica. O Poder Público não pode delesdispor, mesmo sendo estes suscetíveis deavaliação pecuniária.

São bens patrimoniais indisponíveis osbens de uso especial  e os bens de uso comum passíveis de avaliação pecuniária.São exemplos de bens patrimoniaisindisponíveis, os veículos oficiais, os prédiosdas repartições públicas, as universidades

públicas, os hospitais públicos, as terrasdevolutas necessárias à proteção dosecossistemas naturais etc.

CF/88 Art. 225 § 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados,por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.

2.2.3 – Bens PatrimoniaisDisponíveis: todos aqueles que possuemnatureza patrimonial e, por não estaremafetados a uma destinação específica, podemser alienados pelo Poder Público, na forma econdições estabelecidas em lei.

Os bens disponíveis são os bensdominicais em geral, pois não se destinam aopúblico em geral, ou seja, não são de usogeral do povo; nem são utilizados para aprestação de serviços públicos, isto é, não sãobens de uso especial.

CC/ 2002.Art. 99. São bens públicos: I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal,estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; 

III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direitopúblico, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.Parágrafo único. Não dispondo a lei emcontrário, consideram-se dominicais os

bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dadoestrutura de direito privado.

3. REGIME JURÍDICO DOS BENSPÚBLICOS - CARACTERÍSTICAS

3.1 – INALIENABILIDADE /ALIENABILIDADE CONDICIONADA.

Como regra, não se pode dispor dosbens públicos, ou seja, estes não podem servendidos, permutados (trocados) ou doados.

No entanto, o Código Civil de 2002,positivou de forma clara, aquilo que já era oentendimento doutrinário – a inalienabilidadenão é característica absoluta, podendo serrelativizada quando presentes os requisitos econdições legais, tais como, interesse público,pesquisa prévia de preços, licitação

(concorrência ou leilão), desafetação (bens deuso comum e especial); autorização legislativa(bens imóveis). As regras para a alienaçãocondicionada dos bens públicos estão na Lei8.666/93 – Art. 17.

CC/2002.Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial sãoinalienáveis, enquanto conservarem a suaqualificação, na forma que a lei determinar.

Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.

Lei 8.666/93 Art. 17. A alienação de bens daAdministração Pública, subordinada àexistência de interesse públicodevidamente justificado, será precedida

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de avaliação e obedecerá às seguintes normas: I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos,

inclusive as entidades paraestatais,dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência,dispensada esta nos seguintes casos:  

AFETAÇÃO x DESAFETAÇÃO

1) Afetação: ato administrativo pelo qual seatribui ao bem público uma destinação públicaespecial de interesse, direito ou indireto daAdministração.

- Afetado: quando o bem público está ligadodiretamente ao exercício da função pública,isto é, se o bem está sendo utilizado parauma finalidade pública. Ex.: uma praça (comobem de uso comum do povo); um prédio ondefuncione uma repartição pública (bem de usoespecial). Afetação é, pois,

2) Desafetação: é o fato administrativo peloqual um bem público é desativado, deixandode servir à finalidade pública anterior.

- Desafetado: o bem não é utilizado paraqualquer fim público. Ex.; um prédiopertencente ao Poder Público, mas que é poreste utilizado, estando vazio ou destinada auma finalidade que não a prestação deserviço; um veículo inservível

3.2 - IMPENHORABILIDADE: os benspúblicos, em regra, não podem ser objeto depenhora.

A penhora é instrumento de restrição  judicial que recai sobre o patrimônio dodevedor, de forma a se permitir a satisfação docredor no caso de não pagamento de umaobrigação.

A possibilidade de penhora significariaviolação ao comando constitucional depagamento dos débitos da Fazenda Pública,

que segue a regra da ordem cronológica deliquidação de precatórios.

CF/88.Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais,

Distrital e Municipais, em virtude desentença judiciária, far-se-ãoexclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida adesignação de casos ou de pessoas nasdotações orçamentárias e nos créditosadicionais abertos para este fim. 

Outro argumento da impenhorabilidadedos bens públicos é a possibilidade deinterrupção da prestação de serviços públicos.

3.3 - IMPRESCRITIBILIDADE:

Os bens públicos, seja qual for a suanatureza, são imprescritíveis, ou seja, nãopodem ser adquiridos por meio da usucapião.

A usucapião é a aquisição prescritiva(pelo decurso do tempo) do direito depropriedade.

CF/88.Art. 183. § 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.(URBANO)Art. 191. Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos porusucapião. (RURAL).

CC/2002.Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.

3.4 – NÃO-ONERABILIDADE:

Onerar significa gravar, fora do juízo,um bem como forma de garantia de satisfaçãode um credor, caso uma obrigação não sejacumprida. São espécies de direitos reais de

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garantia sobre a coisa alheia: o penhor, aanticrese e a hipoteca.

Os bens públicos não podem seronerados. Proibição óbvia diante da vedaçãode livre alienação.

4. USO DOS BENS PÚBLICOS

Os bens públicos são administradospelas pessoas políticas que detêm a suapropriedade, nos termos da distribuição feitapela Constituição Federal. No entanto,qualquer que seja o bem – de uso comum,especial ou dominical – é possível a sua

outorga aos particulares, para uso privado,O particular pode utilizar um bem

público para fins particulares por meio dosseguintes institutos:

4.1 - AUTORIZAÇÃO:

É o ato administrativo, precário,unilateral e discricionário, por meio do qual a

autoridade administrativa faculta ao particularo uso de um bem público de modo privativo,em caráter episódico, precário, de curtíssimaduração, sem a necessidade de prévialicitação. Exemplos: fechamento de ruas,utilização de terreno para eventos em finais desemana.

4.2 - PERMISSÃO:

É o ato administrativo, unilateral,precário e discricionário, pelo qual aAdministração faculta a terceiros o uso de umbem público para fins de interesse coletivo,sem previsão de prazo de duração.

Quanto à necessidade de licitaçãoprévia, o Prof. José dos Santos indica que aesta será necessária sempre que for possível

e houver mais de um interessado na utilizaçãodo bem, evitando-se favorecimentos ouposteriores ilegitimidades.

Parte da doutrina entende prévialicitação para as permissões, não obstanteserem atos administrativos, decorrem docomando previsto no art. 31 da Lei 9.074/95,ressalvados as situações legais de dispensa ede não exigência de licitação – Lei 8.666/93.

Exemplos: instalação de barracas emfeiras livres, instalação de boxes em mercadosmunicipais, colocação de mesas e cadeiras emfrente a estabelecimentos comerciais.

4.3 - CONCESSÃO: 

A Prof. Maria Sylvia Di Pietro conceituaa concessão de uso de bem público como ocontrato administrativo pelo qual a Administração Pública faculta ao particular a utilização privativa de bem público, para que a exerça conforme a sua destinação”.

É um contrato administrativo o PoderPúblico transfere, por prazo certo e

determinado, o uso de um bem para terceiros,para o cumprimento de uma finalidadeespecífica nos termos e condições fixados noajuste.

Exige licitação, salvo nos casos dedispensa e inexigibilidade (Lei 8.666/93). Nãopossui a característica da PRECARIEDADE,só podendo haver rescisão nas hipóteses econdições legais, não se admitindo revogação.Se a extinção da concessão, antes do prazofixado no contrato, deriva de causa nãoimputável ao particular, faz surgir para o

mesmo o direito de indenização.Exemplos: construção de restaurantes,

quiosques ou lojas em aeroportos, rodoviáriasetc.; instalação de um restaurante emzoológico ou em parque municipal; instalaçãode uma lanchonete ou de um quiosque deflores em um cemitério.

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AUTORIZAÇÃO PERMISSÃO CONCESSÃOAto adm. Ato Admin. Contrato AdmSem licitação Licitação * LicitaçãoPrecário Precário Não PrecárioSem prazo Sem prazo Prazo

determinadoRevogável Revogável Não

Revogável*** Será necessária sempre que for possível e

houver mais de um interessado na utilização do bem,ressalvados as situações legais de dispensa e deinexigibilidade de licitação – Lei 8.666/93.

** Só admite rescisão nos casos, termos econdições da lei.

5. PRINCIPAIS FORMAS DE AQUISIÇÃO:

A aquisição de bens públicos pode serclassificada em originária e derivada.A aquisição originária é aquela em que

não ocorre a transmissão de propriedade, nãohavendo manifestação de vontade. Exemplode aquisição originária é o da acessão poraluvião.

Já na aquisição derivada alguémtransmite um bem ao adquirente mediantecertas condições. É exemplo aquela queresulta de contrato de compra e venda.

5.1 – CONTRATOS: possibilidade que asentidades públicas têm de firmar contratos decompra e venda, de doação, de permuta e dedação em pagamento.

5.2 – USUCAPIÃO: é a aquisição prescritiva(pelo decurso do tempo) do direito depropriedade.

5.3 – DESAPROPRIAÇÃO: o Código Civiltrata a desapropriação como forma de perdada propriedade. No entanto, é também formaaquisitiva para o Poder Público (expropriante).Assim que ingressa no patrimônio doexpropriante, transformam-se em benspúblicos.

5.4 – ACESSÃO: acréscimo. Indica que passaa pertencer ao proprietário tudo o que aderir àpropriedade, revelando-se um acréscimo aeste direito.

A acessão pode se dar por:

a) pela formação de ilhas;b) por aluvião: aumento vagaroso de

terras pelo. O acréscimo, como já dito,pertence ao proprietário do terreno marginal.

c) por avulsão: ocorre quando uma forçasúbita, natural e violenta, promove odesprendimento repentino de determinadaárea de terra, que passa a ficar anexa a outrapropriedade.

d) pelo abandono de álveo: álveo é oleito de um rio. Quando o curso deste édesviado.

e) construções de obras e plantações.

QUESTÕES DE CONCURSOSCONSULPLAN E OUTROS

01. Considerando bens públicos, todas as

alternativas estão corretas, exceto a:

A) Os bens públicos de uso especial são aqueles

que constituem o aparelhamento material da

Administração Pública para execução dos serviços

administrativos e serviços públicos em geral,podendo ser móveis ou imóveis.

B) Em relação ao regime jurídico, os preceitos

básicos que norteiam os bens públicos de uso

comum do povo e os dominicais são:

inalienabilidade, impenhorabilidade,

imprescritibilidade e não-onerosidade.

C) Os bens públicos dominicais constituem o

patrimônio das pessoas jurídicas de Direito

Público, como objeto de direito real ou pessoal decada entidade.

D) A acessão por aluvião é um exemplo de

aquisição originária de bem público.

E) Afetação é o fato administrativo através do qual

se atribui ao bem público uma destinação pública

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específica de interesse direto ou indireto da

Administração.

2. Sobre os bens públicos, assinale a afirmativa

correta.a) Consideram-se bens públicos apenas aqueles

que podem ser utilizados livremente pelo público

em geral

b) Os bens dominicais são todos aqueles que têm

uma destinação pública definida.

c) Os bens públicos de uso especial são

inalienáveis enquanto conservarem essa

característica e não podem ser adquiridos por

usucapião.

d) Todos os bens públicos são inalienáveis.

e) A alienação de bens imóveis de uso especial

depende de autorização passada por decreto

executivo.

3. Em relação aos bens públicos: 

I. Os terrenos destinados a serviço das autarquias

ou prédios onde funcionam tribunais, escolaspúblicas, entre outros, são considerados bens

públicos de uso comum do povo.

II. As enseadas, baías, golfos e rios, entre outros,

são caracterizados juridicamente como bens

públicos de uso especial.

III. As terras devolutas, as estradas de ferro e os

títulos de dívida pública, entre outros, são

considerados bens públicos dominicais.

Está correto APENAS o que se afirma em

a) I. 

b) II.

c) III

d) I e II.

4. São considerados bens públicos de uso

especial, exceto:

a) edifícios das repartições públicas.

b) os terrenos de marinha.

c) as escolas públicas.d) os matadouros públicos.

e) os mercados municipais.

5. Os bens públicos de uso especial são:

a) aqueles utilizados por todos, sem necessidade

de autorização ou consentimento.

b) aqueles destinados a formar a reserva

patrimonial do Poder Público, sem utilidade

imediata.

c) todos aqueles que integram o patrimônio

público.

d) aqueles utilizados pela Administração Pública

para a realização de suas atividades e satisfação

de seus objetivos.

e) aqueles conhecidos como bens dominicais.

6. Terras devolutas são bens públicos dominiais(ou dominicais) que, por isso mesmo, não estão

aplicadas a nenhuma finalidade específica; existem

terras devolutas de propriedade da União, como as

da faixa de fronteira, assim como as existem de

propriedade dos estados e dos municípios

(CERTO/ERRADO).

7. Mares, praias e rios são chamados bens

públicos de uso especial, dada sua forma coletiva

de fruição (CERTO/ERRADO).

8. A venda a particulares, pelo Município, de

área de terreno onde atualmente se localiza

uma praça:

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a) não é possível por se tratar de bem de uso

comum do povo por natureza.

b) depende, além de outros requisitos, da

desafetação do bem, por meio de decreto, e da

utilização do procedimento do leilão.c) depende, além de outros requisitos, da

desafetação do bem, por meio de lei, e da

utilização do procedimento do leilão.

d) depende, além de outros requisitos, da

desafetação do bem, por meio de decreto, e da

utilização do procedimento da concorrência.

e) depende, além de outros requisitos, da

desafetação do bem, por meio de lei, e da

utilização do procedimento da concorrência.

9. Observada a disciplina jurídica das terras

devolutas, não é verdadeiro que

a) terras devolutas são aquelas que não estão

destinadas a qualquer uso público nem

incorporadas ao domínio privado.

b) as terras devolutas são inalienáveis.

c) as terras devolutas integram a categoria de bensdominicais.

d) são indisponíveis as terras devolutas

necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.

e) pertencem à União as terras devolutas

indispensáveis à defesa das fronteiras.

10. Os bens públicos de uso comum do povo e os

bens públicos de uso especial são, em princípio,

inalienáveis; todavia, até mesmo alguns bens

classificados como de uso comum do povo podem

ser alienados, após perderem essa qualificação,

observadas as exigências legais em todo o

processo (CERTO/ERRADO).

11. O instituto jurídico pelo qual o bem público de

uso comum passa a integrar a categoria de bem

público dominical denomina-se:

a) desapropriação

b) desafetaçãoc) adjudicação

d) tombamento

e) privatização

12. os bens públicos dominicais não têm afetação

(CERTO/ERRADO). 

13. Os bens públicos de uso especial são

inalienáveis, porque:

a) não podem ser vendidos em hipótese alguma.

b) só podem ser vendidos mediante licitação

pública.

c) podem ser alienados, se uma comissão

nomeada pelo chefe do executivo atestar sua

desnecessidade.

d) sua alienação depende de sentença passada

em julgado.e) só podem ser vendidos após desafetados por

lei.