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Biazetto, um símbolo de seu tempo

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Algacyr Arilton Biazetto, personalidade da história de Cascavel e do Paraná

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Page 1: Biazetto, um símbolo de seu tempo

Aroldo Cruz colocou presos docadeião nas obras do Autódromo

D8 - O Paraná Domingo, 27/9/2009

Biazetto, um símbolo de seu tempo

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HISTÓRIA

máquinado tempo

27 de setembro 1970Na prova automobilísticafeminina, a madrinha MarilisPirotelli e as competidorasMeire Pompeu e TusneldaCortese. Ao fundo, BetoPompeu e Adolpho Cortese

Eleito presidente da Câmara, abriu mão do cargo. Teve a eleição roubada e agradeceu aos fraudadores

Cascavel - Tudo hoje pare-ce até inacreditável. O auto-mobilismo em Cascavel come-çou com a ousadia de um gru-po de meninos. Luiz CarlosBiazetto e João Carlos Formi-ghieri, filho do ex-prefeito JoséNeves Formighieri, em seustenros 16 anos de idade, co-meçaram a propor umaprova automobilísticanas ruas centrais deCascavel.Sua loucura juvenil

teria ficado apenas noentusiasmo inócuo seela não contami-nasse alguémmais velho. Sem-pre sério e res-ponsável, nempor isso AlgacyrArilton Biazet-to, que faleceuno início de setembro, esca-pou a essa febre. Tanto que elepróprio participou das primei-ras provas, ainda em pista deterra, e redigiu os estatutosdo Automóvel Clube de Cas-cavel, de cuja fundação tam-bém participou.O automobilismo foi uma

das inúmeras atividades que

Biazetto, nascido em Curitibaem 1926, exerceu em Cascavel.Secretário da Prefeitura, tra-zido à cidade por Celso Formi-ghieri Sperança, ele foi verea-dor e retornaria à Prefeituravárias vezes, tendo atuandotambém na esfera estadual.

Dentre suascontr ibui -ções, foi umdos fundado-res da Associ-ação Comer-cial e Indus-trial de Casca-vel (Acic) einiciou a pri-meira livra-ria em Casca-vel (Lex, de-pois transfe-rida a Alber-to Pompeu).

Biazetto deixou revelaçõesinéditas a ser publicadas apóssua morte. Uma delas é a de-talhada narrativa sobre a for-mação do Autódromo de Cas-cavel, que será contada inte-gralmente em um futuro li-vro. Biazetto narra que o pre-feito Octacílio Mion não to-mou conhecimento do fato de

28 de setembro de 1958Oscar Mar tinez adquire as ter-

ras do Campo dos Baianos,

na Gleba Santa Cruz, forman-

do a Companhia Colonizadora

Nor te do Paraná e projetando

a futura cidade de Assis Cha-

teaubriand.

28 de setembro de 2004Criada em Foz do Iguaçu a Associa-

ção Guatá – Cultura em Movimento.

29 de setembro de 1958Governador Moysés Lupion se

reúne com a comunidade de Pa-

lotina no Cine Real para exami-

nar o conflito entre a coloniza-

dora e o Estado sobre a posse

das terras da região.

29 de setembro de 1982Decreto proíbe o acesso de brasilei-

ros ao ex-parque de Guapira, onde

se localizavam as Sete Quedas.

Calendário30 de setembro de 1957

Lei 65 autoriza o prefeito casca-

velense Helber to Schwarz a

construir uma usina geradora de

energia elétrica no salto do rio

Melissa, com capacidade inicial

de 2 mil KVA.

1Ú de outubro de 1980Aula inaugural da Facitol, um dos

elementos constituintes da Uni-

versidade do Oeste. Funcionava

nas instalações da Fundação Edu-

cacional de Toledo (Funet).

3 de outubro de 1930Revolução da Aliança Liberal derru-

ba a República Velha.

3 de outubro de 1988Presidente José Sarney assina de-

creto 96.913 concedendo à em-

presa Ferroeste S/A concessão

para construir e gerenciar a Ferro-

via Paraná-Oeste.

ser área particular e colocouas máquinas e o pessoal daPrefeitura para fazer a infra-estrutura do circuito.A Câmara Municipal, que

deveria fazer a fiscalização,não só aprovou esse apoiocomo até autorizou a doaçãode material público para aobra. Foi uma espécie de mu-tirão comunitário. Até os pre-sos no cadeião de Cascavelentraram nesse extraordiná-rio mutirão, uma união popu-lar hoje impossível.O coronel Aroldo Cruz, que

foi delegado de polícia, ce-deu os presos para abrir nomato as clareiras por ondeiria passar o traçado da pis-ta do Autódromo. Ciro Bu-caneve, um engenheiro ita-liano que adotou Cascavelcomo sua cidade, elaboroua planta do Autódromo.“Não cobrou nada e nãoderam nem um título de só-cio para ele”, disse Biazet-to no depoimento em quehistoriou o início do auto-mobilismo em Cascavel.Biazetto, certa vez, teve que

enfrentar um bandido de al-tíssima periculosidade. A vaca

do tal bandido devorava ashortaliças de um agricultor eBiazetto autorizou a vítima amatar a vaca se ela retornas-se. Retornou, foi abatida eentregue diante da Prefeitura.“Esse mesmo bandidão”,

contou Biazetto, “matou naZona do Meretrício uma mu-lher com um punhal enorme,que atravessou a mulher e fi-cou grudado no assoalho”.

O iniciador do automobilismo em Cascavel, Luiz Carlos Biazetto,em companhia de Beto e Meire Pompeu

Fotos: Divulgação

Quando se deu o julgamento,Biazetto era um dos jurados.Condenado, o réu recebeuuma sentença pesada, superi-or a trinta anos de cadeia. Obandido se levantou, olhoupara Biazetto e reclamou:“Isso é perseguição política!”Alegava que, nessa “per-

seguição”, primeiro haviaperdido a vaca e, agora, per-dia a liberdade...

Biazetto dizia que sempre houve fraudes nas antigas elei-ções para a Câmara de Vereadores em Cascavel e ele foivítima de uma delas. Candidato à reeleição em 1968, a apura-ção seguia com sobra de votos para obter um novo mandato.Já estava sendo cumprimentado quando veio a relação doseleitos e seu nome estava fora. Mais tarde, ao fazer um favora um estudante, ouviu dele a confissão de que muitos de seusvotos foram desviados para o líder estudantil Luiz Picoli. Osestudantes convocados para fazer a escrutinação desviaramos votos dos demais candidatos para seu representante.Biazetto apenas sorriu ao ouvir a revelação, pois já sabia tersido prejudicado na apuração: “Você me fez um favor extraor-dinário. Não pense que sou seu inimigo. Mais amigo ainda,pois eu não suporto, não tolero política. Você me fez um gran-de favor. Não se preocupe, está tudo bem.”Os jovens fraudadores não ousaram confessar o desvio de vo-tos e devolvê-los a Biazetto, pois seriam punidos. Biazetto nãoquis prejudicá-los e deixou tudo por isso mesmo.

A eleição ‘garfada’

AlgacyrBiazetto:esporte, políticae associativismo

Histórias doParaná (71)

Tudo parecia acontecer na

região, mas a população de

Foz do Iguaçu estava incon-

formada com as dificuldades

de comunicação, que não

acompanhavam as melhori-

as no transporte. Havia ape-

nas um telégrafo rudimentar,

pois na verdade a linha tele-

gráfica havia estacado em

Guarapuava. Os iguaçuenses

exigiam, no entanto, que ela

se estendesse até a frontei-

ra com a máxima urgência.

O poder público, por sua vez,

só garantiu a extensão dos

fios até Cascavel. Vitório

Basso, um dos líderes da co-

munidade fronteiriça, não

aceitou essa limitação e se

dispôs a fazer todo o poste-

amento entre Foz do Iguaçu

e Cascavel se as autorida-

des prometessem estender

os fios sobre os postes plan-

tados pela população.

“Pedro Basso apelou então

para todos os segmentos

da sociedade e levantou

em apenas 35 dias o pos-

teamento necessário para

este fim” (João Adelino de

Souza, revista Memória,

Foz do Iguaçu).

(A seguir: Barella e Ca-sagrande)

Em princípios de 1964 já circulavam os boatos de que opresidente constitucional, João Goular t, seria derrubado porum golpe envolvendo militares e os EUA. Os vereadores mor-riam de medo de assumir a Presidência da Câmara, pois a“revolução” viria cassar os mandatos e os cassados passari-am à história como bandidos.

Assim, aproveitaram a ausência de Algacyr Biazetto na ses-são do dia 7 de fevereiro para elegê-lo presidente. QuandoBiazetto retornou, renunciou na hora. Mesmo assim e apesarde ingressar no partido de sustentação do regime ditatorial –a Arena – teve sérios dissabores porque seu filho, o jornalistaLuiz Carlos Biazetto, da revista Oeste, foi preso sob a alega-ção de ser comunista.

Na internet:http://dihitt.com.br/CascavelE-mail: [email protected]

Presidente? Eu não!