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biodiesel

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Estudo sobre o Biodiesel !!!Consulte outros trabalhos:http://www.marcoscassiano.com/eng

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Page 1: biodiesel

1. Apresentação 22. Objetivos 33. Potencialidades e Desafios 4

3.1 Potencialidades 43.2 Desafios 5

4. Benefícios e Riscos do Biodiesel 64.1 Benefícios 64.2 Risco na produção do Biodiesel 7

5. Biodiesel é solução, mas para quantos? 96. Conclusão 117. Bibliografia 12

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1. Apresentação

O biodiesel é um combustível obtido a partir de matérias-primas vegetais ou animais. As

matérias-primas vegetais são derivadas de óleos vegetais tais como soja, mamona, colza

(canola), palma, girassol e amendoim, entre outros, e as de origem animal são obtidas do sebo

bovino, suíno e de aves. Incluí-se entre as alternativas de matérias-primas os óleos utilizados

em fritura (cocção).

Esse combustível é utilizado para substituição do óleo diesel, em percentuais adicionados no

óleo diesel ou integral, nos motores à combustão dos transportes rodoviários e aqua-viários e

nos motores utilizados para a geração de energia elétrica.

Há algumas décadas que o mundo tem buscado um desenvolvimento sustentável,

ambientalmente correio, socialmente justo e economicamente viável. A preocupação com

diversas questões ambientais não se limita a preservação do planeta. Estudos apontam para a

necessidade de adoção imediata de medidas mitigadoras ou de reversão dos danos já causados

ao meio-ambíente, sob pena de impossibilitarmos a existência de vida em nosso planeta em

poucas décadas.

Em 1997, em ação coletiva mundial, muitos países foram signatários do Protocolo de Kyoto,

se comprometendo com a redução da emissão de gases causadores do efeito estufa, tendo os

países mais industrializados se comprometido com metas. O Brasil, apesar de não estar entre

os países que cumprirão metas, buscou repensar políticas que permitissem colaborar com os

objetivos mundiais.

Definição de Biodiesel: biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores

a combustão interna com ignição por compressão ou, conforme regulamento, para geração de

outro tipo de energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem

fóssil.

2. Objetivos

As fontes renováveis de energia assumem importante presença no mundo contemporâneo

pelas seguintes razões:

Os cenários futuros apontam para a possível finitude das reservas de petróleo;

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A concentração de petróleo explorado atualmente está em áreas geográficas de

conflito, o que impacta no preço e na regularidade de fornecimento do produto;

As novas jazidas estão situadas geograficamente em áreas de elevado custo para a sua

extração;

As mudanças climáticas com as emissões de gases de efeito estufam liberados pelas

atividades humanas e pelo uso intensivo de combustíveis fósseis, com danosos

impactos ambientais, reorientam o mundo contemporâneo para a busca de novas

fontes de energia com possibilidade de renovação e que assegurem o desenvolvimento

sustentável.

As expectativas criadas pela nova geração de biocombustíveis passam por inúmeras questões

de vital importância para o mundo contemporâneo. Destacam-se as de caráter ambiental com

medidas mitigadoras do efeito estufa e as oportunidades de geração de emprego e renda em

toda a cadeia produtiva dos biocombustíveis.

3. Potencialidades e Desafios

3.1 Potencialidades

As projeções mundiais previstas para 2020 pela IEA - International Energy Agency -

assinalam crescente substituição das fontes de combustível de origem fóssil pelas fontes

renováveis de origem de biomassa, dentre elas as derivadas da cana-de-açúcar e do milho,

para a produção de etanol, e as derivadas dos óleos vegetais de canola, de soja, de mamona,

entre outros, para a produção de biodiesel.

Os fatores ambientais e a elevação dos preços do petróleo favorecem a expansão do mercado

de produtos combustíveis derivados da biomassa no mundo todo, predominando o etanol, para

uso em automóveis, e biodiesel, para caminhões, ônibus, tratores, transportes marítimos,

aqua-viários e em motores estacionários para a produção de energia elétrica, nos quais o óleo

diesel é o combustível mais utilizado.

Países que integram a União Européia e os EUA já produzem e utilizam o biodiesel

comercialmente. Outros países também, tais como Argentina, Austrália, Canadá, Filipinas,

Japão, índia, Malásia e Taiwan, apresentam significativos esforços para o desenvolvimento de

suas indústrias, estimulando o uso e a produção do biodiesel, assim como o Brasil.

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A busca pelo aumento da capacidade de produção de biodiesel vem sendo pautada pelas

expectativas de consumo crescente nos próximos anos.

A estimativa da Oil WorlcL para 2007 é a produção de 16,7 milhões de m³, contra os 10

milhões de m³ produzidos em 2006. O acréscimo significativo na produção mundial será dado

pela União Européia e os Estados Unidos, detentores das maiores capacidades de produção no

mundo.

A abertura do mercado para o segmento do biodiesel estimulou a instalação de 27

empreendimentos nos mais diversos estados. Esses empreendimentos construídos e mais as

usinas-piloto (13) têm capacidade para processar anualmente 751,4 milhões de litros (751,4

mil m3) de biodiesel. As oleaginosas mais utilizadas como matérias-primas são: soja, palma,

mamona, girassol, nabo forrageiro, canola, dendê e pinhão manso. Em construção, mais 18

unidades com capacidade para mais 1.187 milhões de litros (1.187 mil m3) anuais, e mais 32

empreendimentos que somam à capacidade produtiva instalada mais 1.953,7 milhões de litros

anuais.

3.2 Desafios

Existem duas tecnologias que podem ser aplicadas para a obtenção de biodiesel a partir de

óleos vegetais (puros ou de cocção) e sebo animal, tecnologia de transesterificação e a

tecnologia de craqueamento.

A tecnologia para a produção de biodiesel predominante no mundo é a rota tecnológica de

transesterificação metílica, nas quais óleos vegetais ou sebo animal são misturados com

metanol que, associados a um catalizador, produz biodiesel. A opção pelo metanol,

principalmente em outros países, se deu pelo alto custo do etanol.

A rota tecnológica alternativa a transesterificação é a de craqueamento do óleo vegetal ou

animal. No Brasil, o processo está sendo desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária - Embrapa em parceria com a Universidade de Brasília. O protótipo comercial

desse equipamento já se encontra em fase de desenvolvimento pela empresa Global Energy l

and Telecommunícation (GET), com apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP).

A entrada do biocombustível derivado da biomassa e denominado biodiesel na matriz

energética brasileira são de significativa importância ambiental, social e econômica, além de

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configurar um curso histórico no Brasil de investimentos em energias mais limpas tais como o

álcool e as hidrelétricas.

Aspectos ambientais reduz de forma drástica a emissão de gases poluentes contribuindo em

benefícios imediatos principalmente nos grandes centros urbanos.

Aspectos sociais e econômicos possibilita melhor aproveitamento da agricultura com aumento

da renda do agronegócio para os produtores de pequeno porte agricultura familiar, corno para

os grandes empreendimentos, particularmente nos processos agro-industriais articulados com

pequenos empreendimentos, além de promover significativa economia de divisas para o país.

4. Benefícios e Riscos do Biodiesel

4.1 Benefícios

Ainda não há números referentes à economia que teremos com o emprego do biodiesel, mas o

grande benefício não é simplesmente financeiro ou ambiental, e sim social, já que o programa

prevê que famílias assentadas pelo Governo produzam o óleo de mamona para ser adicionado

ao diesel e cabe lembrar que nosso País só não atingiu a auto-suficiência em relação ao

petróleo por conta desse combustível. Vivemos um momento de grande apreensão mundial

em função da escassez do combustível fóssil e do valor altíssimo do barril de petróleo.

Portanto, o incentivo à pesquisa, respaldado por ações governamentais como a que acabei de

mencionar, colocam o Brasil numa condição privilegiada em relação aos demais. O potencial

bioenergético brasileiro é sem dúvida um dos maiores do mundo, e devemos explorá-lo com

responsabilidade ecológica e social. No que diz respeito à geração de emprego e renda cito

aqui um exemplo: nas regiões mais pobres do País, como o semi-árido nordestino, onde mais

de dois milhões de pessoas convivem com a fome, muitas famílias cultivam a mamona em

pequenas propriedades para o seu próprio sustento. Para se ter uma idéia, um hectare de

mamona pode produzir mais de 1.000 litros por ano de biodiesel. Ao mesmo tempo, o grão da

mamona atua como adubo e ajuda na agricultura orgânica. Por outro lado, a agricultura

familiar, que está sendo dessa forma incentivada pelo Governo Federal, tem um peso

significativo em termos de geração de empregos. Hoje ela ocupa 25% das terras cultivadas e

envolve cerca de 14 milhões de pessoas. Além disso, em alguns Estados já há experiências

com esse tipo de combustível.

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Pesquisa realizada na Unicamp aponta que a utilização de misturas parciais de diesel e

biodiesel em veículos traz benefícios quanto ao desempenho, consumo e emissão de

substâncias poluentes. Os resultados constam da pesquisa de doutorado de André Valente

Bueno, a partir de uma parceria entre a Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) e a

Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). O trabalho intitulado “Análise da

Operação de Motores Diesel com Misturas Parciais de Biodiesel” foi orientado pelos

professores Luiz Fernando Milanez e José Velásquez.

A análise experimental do combustível foi conduzida nos laboratórios da PUC-PR e envolveu

um motor diesel turbo de médio porte. Bueno explica que o biodiesel utilizado nesta pesquisa

teve como matéria-prima o álcool etílico e o óleo de soja, por serem substâncias produzidas

em larga escala no Brasil. Nos ensaios realizados pelos pesquisadores, a adição de 10% de

biodiesel ao óleo diesel ofereceu os melhores resultados operacionais, proporcionando uma

elevação de cerca de 1,5% no torque máximo desenvolvido pelo motor e uma redução de 2%

no consumo de combustível.

Com relação à emissão de poluentes, os ensaios demonstraram benefícios diante dos dois

principais problemas dos motores diesel. A emissão de material particulado e óxidos de

nitrogênio representam os desafios atuais, informa André Bueno. Segundo o autor da

pesquisa, os testes apresentaram uma redução média de 14% para a emissão de material

particulado com a adição de 20% de biodiesel ao óleo diesel. “Este fato constitui um forte

argumento para a utilização do biodiesel nos grandes centros urbanos, onde os prejuízos

causados à saúde pelas partículas emitidas pelos motores diesel são acentuados”, observa. As

emissões de óxidos de nitrogênio também apresentaram resultados favoráveis ao emprego do

biodiesel, tendo sido registrada uma redução de cerca de 5% para essas substâncias poluentes.

4.2 Risco na produção do Biodiesel

Biodiesel pode gerar mais emissões que combustíveis convencionais.

A adoção do biodiesel para combater o aquecimento global pode ser um erro uma vez que o

uso deste combustível pode aumentar as emissões de dióxido de carbono (CO2) em

comparação com o combustível derivado do petróleo. Estas conclusões surgem num estudo

divulgado esta segunda-feira na revista Chemistry & Industry.

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Analistas da SRI Consulting compararam as emissões de gases de efeitos de estufa geradas

pelos dois combustíveis ao longo do seu ciclo de vida - da produção à combustão - e

descobriram que o biodiesel gera quase a mesma quantidade de emissões que o combustível

convencional.

No entanto, se a terra utilizada para plantar as oleaginosas necessárias para a produção de

biodiesel fosse usada para plantar árvores, as contas seriam bem diferentes: o combustível

convencional gera apenas um terço das emissões do biodiesel.

Isto porque o combustível tradicional emite 85 por cento dos gases de efeito de estufa na fase

final de consumo, quando queimado pelo motor, enquanto dois terços das emissões

provocadas pelo biodiesel ocorrem durante as colheitas das plantas necessárias, quando é

emitido óxido nitroso (N2O), duzentas vezes mais potente como gás de efeito de estufa que o

CO2.

Os resultados desta pesquisa podem ter enormes implicações nas decisões políticas, uma vez

que vários países e mesmo a União Européia têm colocado o aumento do uso de biodiesel

como meta para combater a emissão de gases de efeito de estufa e o aquecimento global.

Os grandes volumes de glicerina previstos (subproduto) só poderão ter mercado a preços

muito inferiores aos atuais; todo o mercado de óleo-químicos poderá ser afetado. Não há uma

visão clara sobre os possíveis impactos potenciais desta oferta de glicerina.

No Brasil e na Ásia, lavouras de soja e dendê, cujos óleos são fontes potencialmente

importantes de biodiesel, estão invadindo florestas tropicais, importantes bolsões de

biodiversidade. Embora, aqui no Brasil, essas lovouras não tenham o objetivo de serem

usadas para biodiesel, essa preocupação deve ser considerada.

Uso da soja na produção do combustível poderia incentivar a derrubada de floresta para o

plantio de lavouras.

Com o preço do petróleo em alta e a pressão internacional pela redução de emissão de

poluentes, como estabelece o Protocolo de Kioto, o mercado para os chamados "combustíveis

verdes" tem potencial para se transformar num promissor segmento da economia. Mas

especialistas temem que o Programa Nacional de Biodiesel, lançado pelo governo, possa

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agravar o desmatamento na Amazõnia, principalmente em Mato Grosso, com a utilização da

soja na produção do combustível.

Depois do anúncio, no dia 18, de que 26.130 quilõmetros quadrados de floresta foram

derrubados entre agosto de 2003 e agosto do ano passado, o segundo maior índice de

desmatamento registrado na Amazõnia, 6% superior ao período anterior, o temor é que, ao

direcionar a produção de soja para um mercado que, por causa de aspectos estratégicos, é

mais ágil que o das commodities agrícolas, a velocidade da destruição de florestas para

plantio de lavoura na região aumente rapidamente.

A indústria da energia, pela possibilidade de ganhos maiores que oferece, numa conjuntura de

alta do petróleo e aumento da demanda por produtos menos poluentes, pode levar a uma

catástrofe se não houver controle por parte do governo - diz o professor Edmilson Moutinho

dos Santos, do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP).

Ambientalista propõe negociação com produtores Segundo a Associação Brasileira das

Indústrias de óleos Vegetais (Abiove), a atual disponibilidade de óleo de soja - são fabricadas

seis milhões de toneladas por ano -é suficiente para garantir o produto para a alimentação e o

biodiesel, já que, para adicionar 2% do combustível vegetal ao óleo diesel consumido no país,

como prevê a primeira fase do programa, seriam necessárias 900 mil toneladas de biodiesel.

O coordenador de oleaginosas e fibras do Ministério da Agricultura, Sávio Pereira, diz que o

temor não tem fundamento, pois a área de cerca de 50 milhões de hectares ocupada hoje pelo

cultivo de grãos no país pode crescer 150% sem que seja necessário derrubar árvores:

Temos mais de 60 milhões de hectares disponíveis no cerrado, áreas que eram pastagens ou

que já foram devastadas por madeireiros.

Para o diretor da ONG Amigos da Terra, Roberto Smeraldi, o governo deveria calcular o

custo social e ambiental da expansão da soja e negociar com os produtores.

5. Biodiesel é solução, mas para quantos?

Aos poucos, parece estar se formando um quase-consenso em torno da tese de que o Brasil

poderá ser um dos líderes de uma revolução no campo da energia, baseada na produção de

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derivados de biomassas que possam substituir combustíveis fósseis. O governo federal,

entretanto, deve uma discussão mais ampla do tema com os vários setores interessados e com

o País todo, para que não se cometam erros desnecessários nem se percam oportunidades raras

e valiosas.

Pode-se começar com o que tem dito um dos pensadores mais lúcidos sobre a problemática

brasileira, o professor Ignacy Sachs, do Centro de Estudos sobre o Brasil Contemporâneo, na

França. Ele lembra que não voltaremos ao regime de 'petróleo barato' e que em uma ou duas

décadas atingiremos o pico dessa produção. Esses dois fatores, associados à necessidade de

reduzir a emissão de gases que intensificam mudanças climáticas, exigem novas alternativas.

E os Departamentos de Energia e de Agricultura dos Estados Unidos já calcularam que em 25

anos se pode chegar a 1 bilhão de toneladas de biomassas por ano, como matéria-prima para

biocombustíveis.

Nesse contexto, pensa Sachs, são extraordinárias as possibilidades de, com as biomassas,

contribuir também para reduzir o grave problema de trabalho e renda de 2,5 bilhões de

pessoas que vivem da agricultura no mundo.

No Brasil, ajudaria a repensar o desenvolvimento rural - partindo da premissa de que detemos

a maior biodiversidade planetária, as maiores reservas de terras férteis (sem necessitar de

desmatamentos novos na Amazônia), boa disponibilidade de recursos hídricos. 'Tudo isso',

afirma ele, 'faz do Brasil um país predestinado a liderar a transição mundial da civilização do

petróleo para a civilização moderna da biomassa.' Sachs exemplifica com o dendê, que foi a

base da reforma agrária na Malásia.

Se forem incluídas num programa 500 famílias, cada uma delas recebendo 10 hectares para a

produção de dendê, mais 10 para produção agroflorestal, vai-se conseguir gerar, na primeira

área, trabalho para uma pessoa e para mais duas nas outras atividades - sem falar em que uma

agrovila com 500 famílias (5 mil hectares de dendê) justifica a implantação de uma usina de

esmagamento, com novos postos de trabalho, aos quais se acrescentarão outros nas áreas de

transporte, alimentação, serviços técnicos, serviços sociais. É preciso, entretanto, contar com

assistência técnica da Embrapa e com uma estratégia decidida de fazer da biomassa o suporte

também da geração de trabalho e renda, além da produção de alternativa energética.

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Mas o programa do biodiesel corre riscos de não cumprir esse papel estratégico de aliar a

produção de uma alternativa energética à finalidade social. Pode até repetir erros e agravar

alguns problemas. É o que diz, por exemplo, estudo da Fundação LaGuardia (ítaloamericana)

e do economista/ ecologista Luiz Prado, que foi secretário do Meio Ambiente do Espírito

Santo e presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente do Rio de Janeiro. Dizem eles

que é alto o risco de o programa gerar concentração da renda e da propriedade rural,

contribuir para o êxodo de populações para as periferias urbanas e repetir erros que deveriam

ter sido evitados já no Proálcool (além desses, a expulsão das culturas de alimentos para longe

dos maiores centros consumidores, contribuindo para o encarecimento de preços).

Justificam esse raciocínio casos concretos observados em cultivos de mamona no Piauí, de

dendê no Pará, e outros, nos quais a produção está dissociada da presença de esmagadoras

locais - o que leva ao compromisso de entrega a grandes esmagadoras, situadas a grandes

distâncias. Além de transferir para estas os ganhos com agregação de valor, isso gera também

altos custos de transporte para os fornecedores. Num caso examinado, num assentamento de

reforma agrária no Piauí, o produtor só recebe o título definitivo de propriedade do lote se

produzir mamona durante dez anos, com contrato de venda antecipada. No caso do Pará, os

contratos já prevêem o desconto, no pagamento, de despesas com financiamento bancário. 'E

não há estímulo à formação de cooperativas, ao associativismo', diz o estudo.

Lembra esse trabalho que o Brasil, que já foi o maior produtor mundial de mamona, hoje

cultiva cerca de 180 mil hectares de 1 milhão que existem no mundo (a Índia é a maior

produtora, em 600 mil hectares). Perdeu sua posição exatamente porque faltaram políticas

públicas para o setor. A Embrapa já desenvolveu variedades de sementes de alta

produtividade no semiárido - até 1.500 quilos por hectare, sem adubação, com teor de óleo de

48,9% e altura média de 1,90 metro (que facilita a colheita). Mas em alguns testes, por falta

de assistência técnica, a produtividade caiu para 450 quilos por hectare.

O estudo recomenda que, para beneficiar pequenos produtores, num estágio inicial, se

concentrem esforços na produção de óleo e na busca de um parceiro tecnológico com

interesse na produção e exportação de biodiesel - além de usar o produto para consumo na

própria região, em veículos automotores e motores estacionários nas áreas mais remotas (onde

o diesel custa mais caro). Além disso, associados, os pequenos produtores poderão

candidatarse a financiamentos no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, da

Convenção de Mudanças Climáticas.

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São ponderações que precisam ser ouvidas. O Brasil está diante de uma possibilidade

excepcional. Não pode perdêla, nem deixar de utilizá-la para resolver nossos graves

problemas de concentração da renda e geração de postos de trabalho.

6. Conclusão

Existe um consenso mundial sobre a importância de se incentivar a produção de biodiesel

tanto pelos benefícios sociais quanto pelos benefícios ambientais decorrentes da sua mistura

ao diesel de petróleo. Para aumentar os benefícios sociais, as produções de biodiesel devem

ser preferencialmente cultivadas em pequenas propriedades rurais e o combustível produzido

em cooperativas de pequenos agricultores. Deve ser privilegiada a produção de biodiesel na

Região Nordeste e Norte e, no caso do biodiesel ser produzido em cooperativas de pequenos

agricultores, deve haver incentivo tributário em toda a cadeia de produção. A mamona e o

dendê são as matérias-primas mais indicadas para a produção de biodiesel no Brasil. A

mamona pelo grande potencial de inclusão social no semi-árido brasileiro e o dendê pela sua

alta produtividade. O óleo de soja, pelo seu baixo custo de produção, também pode ser

utilizado como matéria-prima, desde que adotado um modelo de produção sustentado por

pequenos produtores. Caso contrário, poder caminhar para um processo socialmente

excludente, como o PROALCOOL.A abertura de linhas de crédito especiais em bancos

oficiais, isso para garantir o sucesso do programa. Essas linhas de créditos devem ser tanto

para o plantio das matérias-primas como para as instalações das cooperativas de pequenos

agricultores. A obrigação legal de que o diesel seja aditivado com 2% de biodiesel plenamente

justificado nos pontos de vista tático, ambiental e econômico.Mesmo admitindo-se um custo

de produção do biodiesel três vezes maior que o diesel de petróleo, o aumento final para o

consumidor seria de apenas R$0,02.

7. Bibliografia

Biodiesel – O novo combustível do Brasil

Sebrae – Ano 2007

Pesquisa mostra benefícios do uso de misturas parciais de diesel e biodiesel

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Page 12: biodiesel

Universidade Unicamp - Raquel do Carmo Santos - Ano 2007

Washington Novaes in O Estado de S. Paulo

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