5
20 Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento O cacau na Bahia Viajando para a ensolarada e paradisíaca região do sul da Bahia, com as suas praias maravilhosas e seu povo bastante alegre e receptivo, vamos en- contrar a principal área produtora de cacau, que avança pelo continente aden- tro, com mais de 2 milhões de habitantes distribuídos em mais de 100 municípios, e que possui, sem dúvida, um dos mais belos trechos do litoral do Brasil. Até a década de 80, esses municípi- os geraram muita riqueza e divisas para o país, com a produção e a exportação de amêndoas de cacau para os merca- dos interno e externo. Embarcações par- tiam do porto de Ilhéus carregadas de amêndoas de cacau, que eram exporta- das praticamente para todo o mundo. O sul da Bahia chegou a empregar direta- mente mais de 400 mil trabalhadores nas lavouras cacaueiras e colocou o Brasil no ranking dos maiores produtores do mundo. Hoje, esses municípios baianos em- pregam pouco mais de 100 mil trabalha- dores nas lavouras, muitas, aliás, tiveram perdas de até 100% na produção e estão experimentando o sabor amargo do cho- colate. O agronegócio do cacau está vivendo uma crise sem precedentes na história do Brasil. As bruxas estão soltas. Tempos áureos e vitoriosos da saga do cacau no sul da Bahia são hoje apenas lembranças registradas na me- mória de seus habitantes de um passado não muito distante, contadas, aliás, com muito sentimento de nostalgia e esperan- ça de melhores dias pelo seu simpático povo. Jorge Amado, o escritor brasileiro contemporâneo mais ilustre e conhecido no mundo, com suas dezenas de obras literárias, muitas retratadas e vivenciadas no sul da Bahia, melhor do que nin- guém, encantou e encanta o mundo, em quase todos os idiomas, com as suas estórias mescladas de ficção e realidade passadas na região cacaueira da Bahia. Quem não conhece a Gabriela, cravo e canela? O declínio da cacauicultura, ocorri- CACAU Clones tecnológicos, a salvação da lavoura do cacau Lucas Tadeu Ferreira Fotos: Aguido Ferreira - CEPLAC do na última década, se deve principal- mente ao ataque da praga conhecida por vassoura-de-bruxa, doença causada pelo fungo que atende pelo nome de Crinipellis perniciosa, que migrou da Amazônia para a região cacaueira da Bahia, em 1989. Além desse fungo, condições cli- máticas adversas e desfavoráveis ao cul- tivo, baixa cotação do preço do produto nos mercados interno e externo - já que nesse período a tonelada baixou de mais de US$ 3,000.00 para pouco mais de US$ 1,500.00 -, aumento da produção e oferta de amêndoas por outros países produto- res, empurraram a economia cacaueira dos municípios baianos ladeira abaixo. Nos tempos gloriosos, a área culti- vada com o cacau na Bahia ocupava mais de 700 mil hectares, distribuídos entre os 100 municípios do sul do estado, destacando-se como maiores produtores Ilhéus, Camacã, Ibirapitanga, Arataca e Itajuípe. Para a Bahia, o cultivo do cacau já foi o principal produto agrícola gerador de riqueza, chegando a constituir mais de 50% das suas exportações e recei- tas. A partir do surgimento da vas- soura-de-bruxa, detectada no muni- cípio de Uruçuca-BA, em maio de 1989, somada às condições adversas, a produção de cacau, decorridos quase dez anos, gera pouco mais de 5% da arrecadação do estado. Para se ter uma idéia dos prejuízos socioeconômicos ocorridos na região nesse período, a produção da safra agrí- cola de 1987/88 era superior a 300 mil toneladas/ano, em média, e passou para, em 1996/97, 174 mil toneladas, o que representa perdas de quase 50%. De outro lado, do total de quase 700 mil hectares de área cultivada, 92,7% estão hoje infectados com o fungo Crinipellis perniciosa, em níveis diferentes de con- taminação. As bruxas estão soltas A vassoura-de-bruxa (Crinipellis per- niciosa) provoca total desorganização e

Biotecnologia Cacau

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Biotecnologia Cacau

20 Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento

O cacau na Bahia

Viajando para a ensolarada eparadisíaca região do sul da Bahia, comas suas praias maravilhosas e seu povobastante alegre e receptivo, vamos en-contrar a principal área produtora decacau, que avança pelo continente aden-tro, com mais de 2 milhões de habitantesdistribuídos em mais de 100 municípios,e que possui, sem dúvida, um dos maisbelos trechos do litoral do Brasil.

Até a década de 80, esses municípi-os geraram muita riqueza e divisas parao país, com a produção e a exportaçãode amêndoas de cacau para os merca-dos interno e externo. Embarcações par-tiam do porto de Ilhéus carregadas deamêndoas de cacau, que eram exporta-das praticamente para todo o mundo. Osul da Bahia chegou a empregar direta-mente mais de 400 mil trabalhadores naslavouras cacaueiras e colocou o Brasilno ranking dos maiores produtores domundo.

Hoje, esses municípios baianos em-pregam pouco mais de 100 mil trabalha-dores nas lavouras, muitas, aliás, tiveramperdas de até 100% na produção e estãoexperimentando o sabor amargo do cho-colate. O agronegócio do cacau estávivendo uma crise sem precedentes nahistória do Brasil. As bruxas estão soltas.

Tempos áureos e vitoriosos da sagado cacau no sul da Bahia são hojeapenas lembranças registradas na me-mória de seus habitantes de um passadonão muito distante, contadas, aliás, commuito sentimento de nostalgia e esperan-ça de melhores dias pelo seu simpáticopovo.

Jorge Amado, o escritor brasileirocontemporâneo mais ilustre e conhecidono mundo, com suas dezenas de obrasliterárias, muitas retratadas e vivenciadasno sul da Bahia, melhor do que nin-guém, encantou e encanta o mundo, emquase todos os idiomas, com as suasestórias mescladas de ficção e realidadepassadas na região cacaueira da Bahia.Quem não conhece a Gabriela, cravo ecanela?

O declínio da cacauicultura, ocorri-

CACAUClones tecnológicos, a salvação da lavoura do cacau

Lucas Tadeu FerreiraFotos: Aguido Ferreira - CEPLAC

do na última década, se deve principal-mente ao ataque da praga conhecida porvassoura-de-bruxa, doença causada pelofungo que atende pelo nome de Crinipellisperniciosa, que migrou da Amazôniapara a região cacaueira da Bahia, em1989.

Além desse fungo, condições cli-máticas adversas e desfavoráveis ao cul-tivo, baixa cotação do preço do produtonos mercados interno e externo - já quenesse período a tonelada baixou de maisde US$ 3,000.00 para pouco mais de US$1,500.00 -, aumento da produção e ofertade amêndoas por outros países produto-res, empurraram a economia cacaueirados municípios baianos ladeira abaixo.

Nos tempos gloriosos, a área culti-vada com o cacau na Bahia ocupavamais de 700 mil hectares, distribuídosentre os 100 municípios do sul doestado, destacando-se como maioresprodutores I lhéus, Camacã,Ibirapitanga, Arataca e Itajuípe. Para aBahia, o cultivo do cacau já foi oprincipal produto agrícola gerador deriqueza, chegando a constituir maisde 50% das suas exportações e recei-tas.

A partir do surgimento da vas-soura-de-bruxa, detectada no muni-cípio de Uruçuca-BA, em maio de1989, somada às condições adversas,a produção de cacau, decorridos quasedez anos, gera pouco mais de 5% daarrecadação do estado.

Para se ter uma idéia dos prejuízossocioeconômicos ocorridos na regiãonesse período, a produção da safra agrí-cola de 1987/88 era superior a 300 miltoneladas/ano, em média, e passou para,em 1996/97, 174 mil toneladas, o querepresenta perdas de quase 50%. Deoutro lado, do total de quase 700 milhectares de área cultivada, 92,7% estãohoje infectados com o fungo Crinipellisperniciosa, em níveis diferentes de con-taminação.

As bruxas estão soltas

A vassoura-de-bruxa (Crinipellis per-niciosa) provoca total desorganização e

Page 2: Biotecnologia Cacau

Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento 21

desequilíbrio fisiológico no cacaueiro,com tal magnitude que chega a provocarperdas de até 100% na produção daplanta. Hoje, essa doença está presentenos países produtores de cacau, commaior ou menor grau de contaminação ede perdas de produção, como Bolívia,Equador, Colômbia, Guiana, México,Panamá, Peru, Suriname, Venezuela eilhas do Caribe.

No Brasil, todos os registros e infor-mações disponíveis dos órgãos encarre-gados da defesa fitossanitária vegetalindicavam que a vassoura-de-bruxa es-tava presente somente na região Amazô-nica - seu local de origem -, até seridentificada no sul da Bahia, em l989.

Como ela migrou para as regiõesprodutoras de cacau de vários estados,ninguém tem uma explicação científicaconvincente até hoje. Entretanto, desdemeados deste século, medidas preventi-vas já vinham sendo implementadas paraimpedir a migração desta praga para aslavouras cacaueiras do sul da Bahia edemais regiões produtoras.

A Comissão Executiva do Plano daLavoura Cacaueira - CEPLAC, órgão doMinistério da Agricultura e do Abasteci-mento - MA, criado em 1957, no governode Juscelino Kubitschek, contando coma ativa colaboração e participação devárias instituições públicas e privadas,

criou em 1978 um forte e eficiente servi-ço de defesa sanitária vegetal e instituiua Campanha de Controle da Vassoura-de-bruxa - CAVAB para impedir a entra-da desse patógeno no Estado da Bahia edemais regiões produtoras.

Para garantir o êxito da campanha,foram instalados postos de fiscalização econtrole em rodovias, portos, aeroportosetc. para impedir o trânsito de materialgenético contaminado entre os estadosprodutores, a partir da Amazônia, entreeles, Acre, Rondônia, Pará, Bahia, Espí-rito Santo, Minas Gerais e Sergipe, sendocr iada uma verdadeira "muralha"fitossanitária de contenção e defesa con-tra a vassoura-de-bruxa.

Infelizmente, à semelhança do queaconteceu com outros países produtoresde cacau da região Amazônica, AméricaCentral e Caribe, a vassoura-de-bruxarompeu a barreira fitossanitária e é pre-sença indesejável e uma triste realidadeno sul da Bahia, há quase dez anos. Anatureza muitas vezes não obedece oslimites e barreiras impostos pelo homeme comete desatinos.

Ciclo reprodutivo e sintomas

O fungo Crinipellis perniciosa de-senvolve seu ciclo de vida em doisestágios distintos: no primeiro, parasita

os tecidos novos e vivos do cacaueiro,causando inchamentos, provocandosuperbrotações e anomalias nos frutos ealmofadas florais; no segundo, com maiorvirulência, causa necrose e apodreci-mento dos tecidos da planta.

A colonização e o desenvolvimentodo fungo são muito rápidos, iniciando-se nos tecidos novos e em crescimento,de onde o Crinipellis obtém nutrientesdas células vivas e se estabelece comoparasita. Quando o crescimento do ca-caueiro é detido pela praga, os nutrien-tes solúveis se tornam escassos e indu-zem o fungo a invadir e necrosar - causarpodridão - nos tecidos, passando assima obter energia dos tecidos mortos daplanta. É nesta fase de vida do fungo queaparecem os basidiocarpos - fungos noformato de cogumelos -, que produzemmuitos esporos e disseminam cada vezmais a doença.

A liberação dos esporos - processoreprodutivo do fungo - se dá preferenci-almente à noite, estando associada àqueda de temperatura e ao aumento daumidade relativa do ar, sendo dissemi-nados pela corrente dos ventos. Osesporos têm vida curta, são sensíveis àluz e não vivem mais que uma hora. Adisseminação pode acontecer tambémpela água e através do transporte desementes contaminadas.

Page 3: Biotecnologia Cacau

22 Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento

O Crinipellis só se desenvolve emtecido novo, ou seja, tecido em cresci-mento ou meristemático (brotamento),ocorrendo ainda nos ramos, almofadasflorais e nos frutos. O ataque nos ramos,ou brotos vegetativos, provoca inchaçãoda parte afetada, acompanhada da pro-liferação de pequenos brotamentos pró-

ximos uns dos outros, onde se prendemas folhas grandes, curvadas e retorcidas,que parecem vassouras-de-bruxa, daí onome da doença. Nas almofadas floraisinfectadas formam-se cachos de floresanormais que dão origem a frutos quemorrem prematuramente.

Os frutos infectados apresentam di-versos sintomas, dependendo do graude contaminação. Quando a infecção sedá através da raiz da flor, surgem frutoscom formas parecidas com o morangoque também morrem prematuramente.Se a infecção se dá diretamente nosfrutos, eles ficam parecidos com umacenoura. Nos frutos jovens, o sintomacaracterístico é o aparecimento de umamancha negra, dura e irregular, ficandoas sementes grudadas entre s i einaproveitáveis.

Clones e tecnologia,

a salvação da lavoura

Para tentar controlar e eliminar avassoura-de-bruxa das regiões cacaueirasbrasileiras, a CEPLAC, bastante motivadapelo seu quadro de técnicos, pesquisa-dores e demais funcionários, em tempohábil, empreendeu todos os esforçosnecessários e vem travando uma verda-deira guerra com a vassoura. Firmouainda vários convênios e estabeleceuparcerias com instituições públicas eprivadas envolvidas direta e indireta-mente com o agronegócio do cacau,como é o caso, por exemplo, da Embrapa- Recursos Genéticos e Biotecnologia eNestlé, e importou da América Centralprogênies de clones nativos resistentes àvassoura-de-bruxa.

Assim, a CEPLAC passou a dispor decoleções de clones de Theobroma cacaotolerantes ao fungo, com níveis diferen-tes de resistência, para selecioná-las eadaptá-las às regiões produtoras. Dentreas coleções conhecidas e amplamenteutilizadas nos países produtores de ca-cau da América Central, as da sérieScavina, juntamente com outrasintroduzidas da região Amazônica, mos-traram-se mais resistentes à doença, emtestes feitos pelo Centro de Pesquisas doCacau - CEPEC, órgão de pesquisa daCEPLAC.

A partir do cruzamento do clone

Scavina 6, procedente do Peru, com oICS1, procedente de Trinidade e Tobago,a CEPLAC desenvolveu a variedadeTheobahia, que apresenta graus de resis-tência e tolerância ao fungo C.perniciosa,em níveis bastantes animadores e pro-missores. Theobahia é apenas um nomecomercial escolhido para identificar essavariedade originada do cruzamento doSCA6 x ICS1, cujas sementes já vêm

sendo amplamente distribuídas aos pro-dutores da região cacaueira da Bahianeste ano de 1997.

Como tantas outras manifestações eexpressões da cultura baiana, este sim-

pático nome de variedade de cacaudesenvolvida e batizada pela CEPLACtambém invoca um pouco da força dosorixás baianos, já que "Theo" quer dizer

Deus. Em vários ensaios realizados, oTheobahia se mostrou muito produtivo ebastante resistente à vassoura-de-bruxa,quando comparado a outras variedadescomuns. Veja o quadro comparativoabaixo, a partir de testes realizados no

Page 4: Biotecnologia Cacau

Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento 23

CEPEC/CEPLAC:Além do Theobahia, que é multipli-

cado por sementes, outros cinco clones

resistentes à vassoura-de-bruxa, quatrodeles importados da América Central eum desenvolvido pelo CEPEC/CEPLAC,também estão sendo multiplicados e vãoser distribuídos aos produtores, sob a

forma de mudas, para fins de enxertianas plantas doentes. São eles: TSH1188,TSH516, TSH565, procedentes deTrinidade; EET397, procedente do Equa-

dor; e CEPEC42, desenvolvido pelaCEPLAC, a partir de progênies resisten-tes. Em curtíssimo espaço de tempo, os

cacauicultores terão esses clones tole-rantes e mais produtivos em suas fazen-das.

No momento, a CEPLAC está distri-buindo sementes do Theobahia aos pro-

dutores de cacau, e espera alcançar ameta de 1.000.000 de sementes neste anode 1997. A partir de 1998, a distribuiçãode sementes será multiplicada por qua-

tro, quando serão distribuídas 4.000.000a cada ano, até o ano de 2001. Seqüênciade produção de clones resistentes àvassora-de-bruxa:

Os propágulos, pequenos pedaçosde galhas de mudas obtidos dos clones,serão utilizados para enxertia nos tron-cos das plantas doentes. Esse métodoreduz o tempo de produção do cacauei-ro para menos de dois anos, enquantoque com a propagação vegetativa, apartir das sementes, a planta começa aproduzir com no mínimo seis anos.

A CEPLAC espera distribuir essespropágulos, aumentando progressiva-mente o número de mudas, até os anos2001-2, e disponibilizar mais de 1.500.000unidades, atendendo, assim, a demandados produtores dos 700.000 mil hectaresde lavoura cacaueira. As projeções dedistribuição da CEPLAC estão conside-rando um aproveitamento médio de 50%dos propágulos e de 80% das sementes,com densidade de 1.100 plantas porhectare.

A vantagem principal dos propágulosé que eles mantêm todo o patrimônio

genético das progênies (ascendentes),daí a denominação de clones, além dascaracterísticas de resistência, óbvio. Elesainda serão enxertados diretamente nas

plantas infectadas com avassoura-de-bruxa e, depoisdo pegamento, a parte do-ente da planta acima do en-xerto é decepada e a produ-ção de cacau ocorre antesmesmo do segundo ano. Essatécnica poderá ser aplicadafacilmente por qualquer pro-

dutor de cacau, os quais estão receben-do treinamento e orientação técnica, apartir dos demais departamentos daCEPLAC e do seu Centro de Extensão

Page 5: Biotecnologia Cacau

24 Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento

Rural - CENEX.Juntamente com as sementes do

Theobahia e com os propágulos dos

clones tolerantes, a CEPLAC está dis-

tribuindo uma cartilha intitulada Ma-

nual de Recomendações para o Con-

trole da Vassoura-de-bruxa que, em

linguagem simples e acessível, os pro-

dutores de cacau saberão como proce-

der em relação à remoção de material

infectado pela doença, rebaixamento e

adequação das copas das árvores, épo-

ca, intervalo e aplicação de fungicidas,

além de outras técnicas de cultivo.

Enfim, a CEPLAC alerta os produtores

para que sigam rigorosamente estas

instruções técnicas, já que só o manejo

integrado da vassoura-de-bruxa é que

irá proporcionar bons índices de pro-

dução e produtividade.

A CEPLAC, através do CEPEC, estáainda desenvolvendo pesquisas de con-trole biológico da vasssoura-de-bruxa,como mais uma técnica alternativa paraconter os prejuízos dessa praga. Já foiidentificado na natureza um fungo co-nhecido por Trichoderma viride que ini-be o crescimento do C.perniciosa, tantoem condições controladas como em ex-perimentos realizados no campo. OCEPEC está também realizando pesqui-sas com técnicas avançadas demarcadores moleculares para definirquais são os melhores padrões genéticosde cruzamento entre os clones. Estesdois trabalhos de pesquisa, em breve,apresentarão ganhos substanciais de tem-po, de produção e produtividade noscacaueiros, mas ainda estão na faseinicial.

Paralelamente ao desenvolvimentoe distribuição dos clones e sementes decacau resistentes à vassoura-de-bruxa, aCEPLAC está promovendo um amploesforço de diversificação de culturas naregião, com a introdução de outros cul-tivos, para evitar a monocultura, taiscomo manga, abacate, maracujá, dendê,açaí, pupunha, banana, seringueira etc.,e também com o incentivo à criação deanimais de pequeno e grande portes,como forma de assegurar outras alterna-tivas de receita aos produtores rurais.

Com todas essas medidas adotadasem conjunto, resta a esperança e a con-vicção de que a CEPLAC vai conseguirresgatar e incrementar a economia daregião sul da Bahia, como tem feito,aliás, ao longo dos seus 50 anos deexistência. Em breve, espera-se que avassoura-de-bruxa seja apenas mais umcapítulo da história do cacau e umapequena lembrança na memória dosmoradores da região.

Afinal, certa vez, o ex-presidenteErnesto Geisel resumiu muito bem e empoucas palavras a importância daCEPLAC para o nosso país: "Feliz doBrasil se tivesse vinte ou trinta CEPLAC".