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Bizú de Economia do Setor Público – Analista de Finanças e

Controle – Secretaria do Tesouro Nacional

Olá, Pessoal!

Assim como o conteúdo de Finanças Públicas, o conteúdo deEconomia do Setor Público cobrado neste curso de AFC tambémbastante plural e, ao mesmo tempo, extenso. A maior parte doconteúdo é similar à matéria de Finanças cobrada na prova deconhecimentos gerais. Exceções ficam por conta da análise relativa

ao tema Federalismo Fiscal, o qual, com certeza, será objeto decobrança em prova.

Também no mesmo sentido do “bizú” de Finanças Públicas,analisei a prova de conhecimentos específicos do último concurso(2008), e pude verificar que a banca exigiu do candidato (a), pormeio de questões, o conhecimento dos diversos pontos do conteúdo.

Até por conta disso, optei por estruturar o “bizú” levando emconsideração estes aspectos. Caso você já tenha estudado o “bizú” deFinanças Públicas, peço que estude apenas o item “9”, no qualdestaco os “bizús” relativos às cobranças feitas em cima do temaFederalismo Fiscal.

Bem, acredito que é provável a cobrança dos seguintes pontosem prova:

Visão Clássica das Funções do Estado. Evolução dasfunções do Governo

Falhas de Mercado (com abordagem especial feita comrelação aos bens públicos);

Funções Governamentais; Tributação e equidade

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Déficit e Dívida Pública Federalismo Fiscal

Passemos à consideração objetiva sobre os estes pontos:

1. Visão Clássica das Funções do Estado. Evolução das Funções

do Governo

As funções governamentais, representadas pela extensão da

intervenção estatal sobre o processo econômico, são derivadas dascorrentes clássica e keynesiana.

A visão clássica defendia o Estado mínimo, ou seja, aatividade estatal deveria ser voltada apenas para as funções típicasdo Estado. De outro modo, a atividade do setor público voltar-se-iaao expressamente disposto em seu orçamento, sendo a atividade

empresarial desenvolvida basicamente pela iniciativa privada. Apresença do Estado seria representada apenas pelo controle daSegurança Nacional do país, pela Segurança Pública, bem como pelosserviços de natureza social não atendidos pelo setor privado.

De forma objetiva, e com aplicação às Finanças Públicas, tem-se que, segundo a visão clássica, o Estado deve basear a suaatividade interventiva basicamente através do oferecimento de benspúblicos e semi-públicos.

Diferentemente, no caso da visão keynesiana , além da funçãoclássica, o estado deve estender a sua atuação na economia de formaa estimular a demanda agregada. Esta intervenção se daria pelo quehoje chamamos de Política Fiscal, na qual o Estado, antes apenasregulador e oferecedor de bens públicos, deveria aumentar os seus

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gastos, comprando o excedente de produção como forma deminimizar e, se possível, contribuir para a geração de emprego erenda.

2. Falhas de Mercado

As Falhas de Mercado são representadas por toda alocaçãoineficiente de recursos econômicos, derivada das transações ocorridasentre os componentes da sociedade.

Em termos de prova, e relacionado às falhas, são regularmentecobrados pela banca conceitos relacionados aos bens públicos e às

externalidades . Os bens públicos são ofertados pelo governo, tendoa caracterização de que o seu consumo por um indivíduo ou por umgrupo de indivíduos não prejudica o consumo pelos demaisindivíduos. Os referidos bens são definidos em função da sua não

rivalidade no consumo e da impossibilidade de exclusão ao seu

acesso. A segurança Nacional é um exemplo tradicionalmenterelacionado a um bem público ofertado pelo governo. Estes bens, porserem de difícil mensuração, em termos de cobrança individualizadafeita aos demais agentes econômicos, são suscetíveis, no seuconsumo, à existência free riders ” ou caronas , os quais sebeneficiam dos bens públicos sem pagar nada por isso, alegando quenão precisam do bem oferecido ou simplesmente por não pagarem atributação imposta aos mesmos por conta do consumo.

Já as externalidades representam a forma como as ações dedeterminado indivíduo ou empresa impactam os demais indivíduos. Aexistência de externalidades implica que os chamados custos ebenefícios privados, ocorridos em função da ação da iniciativaprivada, sejam diferentes dos custos e benefícios sociais destasmesmas ações. As externalidades dividem-se em positivas e

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negativas. Um exemplo de externalidade positiva , e que nos diasde hoje é tão importante, seria o caso da realização de uma limpezageral da casa por parte de um indivíduo que visasse à eliminação de

possíveis focos de reprodução dos mosquitos transmissores dadengue. Nesta situação, o benefício privado (limpeza dos focos numaúnica casa) será superior ao custo privado (custo com a limpeza), damesma forma que o consequente benefício social (decorrente dosreflexos da limpeza sobre toda a vizinhança) será maior do que ocusto social de adoção da medida.

Diferentemente, as externalidades negativas sãorepresentadas por determinadas ações que de forma direta ouindireta prejudicam os demais indivíduos participantes da sociedade.Um caso clássico de externalidade negativa é representado pelodespejo por parte de empresas, de produtos poluentes nos rios. Estaação tende a tornar o custo social superior ao custo privado,especialmente pelo fato de que as comunidades ribeirinhas às

margens do rio serão diretamente atingidas.

3. Funções Governamentais

As funções governamentais tradicionais são a função

alocativa , função distributiva e função estabilizadora . A função

alocativa ou de afetação é aquela que atribui ao Estado aresponsabilidade pela alocação dos recursos existentes na economiaquando, pela livre iniciativa de mercado, isto não ocorrer. Aconstrução de uma estrada ligando municípios isolados, representaesta função. Diferentemente, a função distributiva é representadapela melhoria na chamada distribuição da renda gerada na economia.Políticas de tributação progressiva da renda com a consequenteadoção por parte do governo de programas de transferência de rendarepresentam uma política distributiva do governo. Por fim, tem-se a

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função estabilizadora, associada às políticas fiscal e monetáriarealizadas, respectivamente, pelo governo federal, por meio doorçamento, e pelo Banco Central. A política fiscal é implementada

tanto por meio do aumento dos gastos do governo como pela reduçãodos tributos. Já a política monetária, realizada pelo BACEN, érepresentada especialmente pelo uso da taxa de juros. Quanto menorfor esta taxa, maior será o estímulo ao consumo das famílias, visto ocrédito se tornar mais “barato”. Vale o contrário caso a AutoridadeMonetária eleve os juros, o que fará com que haja uma inibição sobreo consumo e, desta forma, sobre a possível causa da inflação.

4. Tributação e Equidade

A banca sempre realiza cobranças, por meio de questões,relacionadas à tributação e equidade. Isso ocorre especialmente peloamplo espectro de temas afetos a este ponto do conteúdoprogramático. Não obstante, aposto fortemente numa questão queaborde os princípios teóricos da tributação. Vamos a uma rápidalembrança:

O princípio da neutralidade impõe que os impactos geradospelo ônus tributário não devem interferir na alocação derecursos na economia. Considerando que os preços são a

melhor forma de se estabelecer uma relação de troca derecursos em uma economia, pode-se inferir que o impacto datributação sobre os preços dos bens e serviços deve ser neutro,ou seja, a relação de preços existente entre os diversos bensdeve-se manter constante (igual – em que o preço de umproduto em relação aos outros se mantém constante). Osimpostos do tipo “ lump-sun tax são considerados neutros;

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O princípio da equidade afirma que os impactos gerados pelatributação devem ser equânimes, isto é, o ônus da tributaçãodeve ser distribuído de maneira justa entre os componentes da

sociedade. A equidade é baseada em critérios estabelecidosentre os indivíduos. Para isso, temos que nos valer do chamadoprincípio da equidade horizontal , em que deve serdispensado tratamento igual entre indivíduos consideradosiguais . Não menos importante, temos o chamado princípio daequidade vertical , em que os indivíduos consideradosdesiguais devem ser tratados de forma desigual . Ainda

decorrente do princípio da equidade tem-se os princípios dobenefício e da capacidade de pagamento. O princípio do

benefício afirma que o consumidor deve pagar ao governo naforma de tributos o equivalente ao total de benefícios que esterecebe. Já o princípio da capacidade de pagamento afirma quequanto maior for a renda/riqueza do agente econômico, maiorserá a tributação incidente.

5. Déficit e Dívida Pública

Por ser o Tesouro Nacional o administrador da dívida pública nopaís, incluindo-se o controle das dívidas dos demais entes dafederação, em atendimento à disciplina imposta pela Lei deResponsabilidade Fiscal, acredito fortemente na cobrança de umaquestão sobre o tema. Não menos importante, a mensuração doresultado das contas públicas é assunto recorrente em prova. Não sepode deixar de concluir que a dívida pública é resultado de anos eanos de resultados negativos nas contas públicas, sejam estesresultados mensurados pelo critério primário, operacional ou nominal.

Vejamos as formas de mensuração do resultado das contaspúblicas:

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O critério “acima da linha ” mede o desempenho fiscal doGoverno mediante a apuração dos fluxos de receitas e despesas

orçamentárias. O resultado primário é obtido pela diferença entrereceitas e despesas primárias, tendo como exemplos,respectivamente, o recebimento de tributos e o pagamento depessoal. O resultado operacional é medido por meio da adição, aoresultado primário, das receitas e despesas financeiras, incluindo-seneste caso, os pagamentos e recebimentos de juros e amortizaçãodas dívidas. Por fim, o chamado resultado nominal inclui, além do

resultado operacional, as variações monetárias e cambiais associadasàs dívidas pré-existentes.

O outro critério para medição do resultado das contas públicas éaquele utilizado pelo Banco Central, definido como critério “ abaixo

da linha ”. Conhecido como Necessidade de Financiamento do SetorPúblico, seu resultado é medido pela variação da Dívida Líquida do

Setor Público (DLSP). Caso a dívida se eleve, isso implica a ocorrênciade um déficit das contas públicas, restando apenas saber se oresultado negativo foi decorrente das contas primárias, dopagamento de juros e amortização da dívida (resultado operacional)ou mesmo da atualização monetária e cambial da dívida pública(resultado nominal). Resumidamente, temos:

NFSP conceito Nominal = Déficit Nominal

NFSP conceito Nominal = Variação da Dívida Líquida do Setor

Público

NFSP operacional = Variação da Dívida Líquida do Setor

Público – Atualização Monetária e Cambial da Dívida

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NFSP primário = Variação da Dívida Líquida do Setor Público –

Atualização Monetária e Cambial da Dívida – Juros Reais –

Amortização da Dívida

9. Federalismo Fiscal

Segundo destacado em aula (curso de Economia do SetorPúblico), o Federalismo Fiscal procura analisar tanto as atribuições ecompetências dos diferentes entes governamentais (União, estados,DF e municípios), quanto às relações interfinanceiras entre estes

mesmos entes. Sendo quase todos os Estados Nacionaisdescentralizados, compostos por uma estrutura administrativavertical, torna-se importante definir quais as atribuições, recursos ecompetências de cada nível de governo.

O Federalismo Fiscal tem íntima relação com a estrutura depoder político de um país. A descentralização política entre os entes

federados (União, estados e municípios) é concretizada na forma detransferências de atribuições e competências, a exemplo dosfornecimentos dos serviços de saúde, educação, etc.. Por seremdemocraticamente eleitos, os políticos dos entes subnacionaispossuem autonomia (ao menos relativa) para definição de alocaçãodos recursos (gastos), bem como da forma de arrecadação dereceitas que sustentam ao menos parte dos gastos.

A descentralização política será tanto maior quanto maioresforem as competências e recursos dos entes subnacionais. Ótimosexemplos são o Estado e a cidade de São Paulo. Com,respectivamente, o segundo e terceiro maiores orçamentos dafederação brasileira, estes entes possuem grande liberdade paratomada de decisões de alocação de seus recursos com fins de

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cobertura de despesas criadas, tendo assim um elevado grau deautonomia da União.

No contexto da função alocativa governamental, adescentralização política permite com que a União fique responsávelpela provisão dos chamados bens públicos puros, a exemplo dasegurança nacional, aos estados e ao DF os bens públicos regionais, aexemplo da segurança pública, e aos municípios, os bens públicoslocais, a exemplo de parques, praças e jardins 1. Não menosimportante, a provisão diferenciada de recursos, em função das

especificidades de cada parte do país (o Nordeste e o Norte sãoregiões menos ricas que Sul e Sudeste), permite a obtenção de maioreficiência na ação governamental.

Com relação aos mecanismos de repartição das receitas edespesas públicas, inerentes ao federalismo fiscal, temos que, nocaso do Brasil, a Constituição Federal atribuiu diferentes

responsabilidades aos três entes da federação. O problema associadoa estas atribuições foi a desproporção imposta principalmente aosestados frente a sua parte no “bolo” da arrecadação. A transferênciadas atribuições de oferecimento de saúde e educação sem o repassede pessoal e de bens do ativo fixo destinados a este fim obrigou osentes subnacionais a expandirem consideravelmente os seus gastos.

Em resumo, pode-se afirmar que à União coube aresponsabilidade do pagamento de pessoal, auxílio desemprego,aposentadorias e os serviços da dívida pública, inclusive por meio doassunção das dívidas de estados e municípios nos anos de 1990. Nãoobstante, e conforme já abordado, coube à União à competência

1 Não fazemos a citação referente à educação especialmente porque existe uma segregação não exclusiva,conforme previsto na Constituição Federal, quanto à responsabilidade do oferecimento pelos entesgovernamentais (União, estados e Municípios) de escolas de ensino fundamental, médio e superior.

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residual de criação de novas contribuições sociais, permitindo ao enterecompor a sua receita disponível.

No caso dos municípios, em termos de verticalidade do “bolo” da arrecadação, estes foram os principais beneficiados, em especialos pequenos municípios que sem necessidade de atendimento degrandes demandas da sociedade, puderam desfrutar de uma receitatotal muito maior do que a receita própria gerada. Por fim, destaca-seque os estados foram os mais prejudicados na repartição decompetências, uma vez que tendo a si associado a necessidade de

atendimento de demandas na área de saúde a educação, tiveram asua receita disponível diminuída.

Conclusões:

Espero que estes “bizús” contribuam com vocês na hora daprova.

Um grande abraço e boa sorte!

Mariotti