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1 JULHO 2017 EDIÇÃO N. 1 Bolem Eletrónico Destaques desta edição: SINOPSE LEGISLATIVA Notas explicavas de alguns diplomas legais Preparado por Albano Santos (advogado) para APECA IVA Transmissões de próteses dentárias efetuadas por denstas e protésicos dentários Argo técnico por Manuel Zeferino da Silva para APECA

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JULHO 2017 EDIÇÃO N. 1

Boletim Eletrónico

Destaques desta edição:

SINOPSE LEGISLATIVA Notas explicativas de alguns diplomas legais Preparado por Albano Santos (advogado) para APECA

IVA Transmissões de próteses dentárias efetuadas por dentistas e protésicos dentários

Artigo técnico por Manuel Zeferino da Silva para APECA

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O NOSSO PRIMEIRO EDITORIAL

Porto, 28 de Julho de 2017

Boletim 1 /2017

É indubitável que o mercado de serviços de contabilidade tem vindo a crescer e a desenvolver-se rapidamente em Portu-gal.

Tal crescimento está naturalmente relacionado com as exigências de or-ganização que, cada vez mais, são

impostas às pequenas e médias em-presas, comerciais e industriais, quer por imperativos legais, quer pelo actual reconhecimento de que sem organização não poderá haver uma boa gestão.

Por vezes, essas pequenas e médias empresas estão apenas vocacionadas

Continua na pág. 10

A Qualidade passa pela Formação Profissional

No decorrer destes dois últimos anos foram dados passos importantes que fortaleceram e dignificaram a nossa Asso-

ciação: a aquisição da sede e a certificação pela DGERT.

Hoje sai o Boletim Eletrónico APECA nº 1.

A APECA, mais uma vez, está de parabéns!

Nós, enquanto associação, temos que constituir um espaço, físico ou virtual, que sirva para o encontro, o diálogo, a exposição de problemas dos Associados e diagnosticadas as respetivas soluções… Mas, para tanto, é fundamental a

participação efetiva de todos os que dela fazem parte.

Só com estes ingredientes reunidos conseguimos defender

o nosso setor.

Esperamos que este boletim vá ao encontro de questões

com que nos debatemos diariamente e para as quais buscamos respostas.

Continuamos a trabalhar nesse sentido: unir esforços na defesa dos interesses e anseios

dos nossos Associados.

Quanto mais forte e credível for a nossa Associação, melhor defenderá os seus Associ-

ados.

Os problemas com que nos debatemos diariamente na nossa atividade continuam a ser

os mesmos que estiveram na génese da criação da APECA.

Neste sentido, deixamos aqui o editorial do 1º Boletim APECA de 1988, onde pode-mos constatar esse fato: as exigências para o nosso setor mantêm-se ao longo destes

29 anos de existência.

Por isso, há que continuar a trabalhar em defesa de todos nós. É o que a direção da APECA tem feito e continuará a fazer, tendo sempre presentes os Associados, os seus

problemas, as suas preocupações e os seus anseios.

Todos em conjunto vamos fazendo o nosso caminho.

Paula Santos (Presidente da Direção)

Editorial publicado no Boletim Nº 1 da APECA Outubro de 1988

Paula Santos (Presidente da Direção)

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Ficha Técnica: APECA – Associação Portuguesa das Empresas de Contabilidade e

Administração Rua Jerónimo Mendonça, 78

4200-335 PORTO Diretora Paula Santos Diretores adjuntos Carlos Ferreira Eduardo Felício Jorge Moita Nelson Moinhos Coordenação Abílio Sousa Secretariado Ednilson Fernandes Colaboração permanente Albano Santos Abílio Sousa Pinheiro Pinto Zeferino Silva Joaquim Alexandre

A Qualidade passa pela Formação Profissional

Boletim eletrónico APECA

SINOPSE LEGISLATIVA Notas explicativas de alguns diplomas legais

Lei n.º 15/2017,de 3 de Maio

PROIBIÇÃO DA EMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS AO PORTADOR

A Lei nº 15/2007 proibiu a emissão de ações ao portador, a partir de 04 de Maio de 2017.

Relativamente às atuais ações ao portador, são convertidas em títulos nominativos, no prazo de seis meses.

A forma de conversão será objeto de regula-mentação, que ainda não foi publicada.

De todo o modo e desde a citada data de 04/05/2017, estão proibidas as transmissões de ações ao portador, como está suspenso o pagamento de participação na distribuição de resulta-dos inerentes a ações ao portador.

Lei n.º 72/2017, de 21 de Junho

INCENTIVOS À CONTRATAÇÃO DE JO-VENS À PROCURA DO PRIMEIRO EM-PREGO E DE DESEMPREGADOS DE LON-GA E MUITO LONGA DURAÇÃO

O diploma acima referenciado revogou, no que ainda estava em vigor, o velho Decreto-Lei nº 89/95, de 6 de Maio, que previa a dispensa contributiva de contribuições para a segurança social das empresas, durante três anos, em relação à contratação, por tempo

indeterminado, de jovens à procura de primeiro emprego e de desempregados de longa duração.

O novo diploma legal, prevê a atribui-ção de incentivos destinados a apoiar a contratação de:

• Jovens à procura de primeiro empre-go, considerando-se como tais as pessoas com idade até 30 anos, que nunca tenham trabalhado mediante

contrato por tempo indetermina-do, sendo irrelevante que, antes, tenham trabalhado através de sucessivos contratos a termo ou mediante contrato de prestação de serviços;

• Desempregados de longa duração, isto é, desempregados inscri-tos no IEFP há, pelo menos, doze meses;

• Desempregados de muito longa duração, sendo como tais consi-derados os trabalhado-res desempregados

com 45 ou mais anos de idade, inscritos no IEFP há, pelo menos, 25 meses.

A celebração, no período de desem-prego, de contratos a termo ou de contratos de prestação de serviços, por período inferior a seis meses, que, no seu conjunto, não ultrapas-sem doze meses, não descaracteri-zam a qualificação do desempregado como de longa ou muito longa dura-ção.

Os incentivos previstos no presente diploma aplicam-se aos casos de con-versão de contratos a termo em con-tratos efetivos, seja por iniciativa do empregador, seja por se terem ultra-passado os prazos máximos legais de duração do contrato a termo.

Para beneficiar dos incentivos, o em-pregador deverá ter a sua situação contributiva regularizada perante a AT e a segurança social, não ter salá-rios em atraso, e da contratação re-sultar criação líquida de postos de trabalho, isto é, que, aquando do requerimento dos incentivos, o em-pregador tenha um total de trabalha-dores superior à média dos trabalha-dores nos doze meses imediatamen-te anteriores.

E quais são os incentivos previstos

Albano Santos (Advogado)

Continua

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Boletim eletrónico APECA

SINOPSE LEGISLATIVA Notas explicativas de alguns diplomas legais

neste diploma legal?

A nova lei prevê:

• Redução de 50% da taxa contributiva do emprega-dor, durante cinco anos, nos casos de contratação de jovens à procura de primeiro emprego;

• Redução de 50% da taxa contributiva a cargo do em-pregador, durante três anos, relativamente à contra-tação de desempregados de longa duração;

• Isenção total da taxa contributiva a cargo do empre-gador, durante três anos, nos casos de contratação de desempregados de muito longa duração.

Os períodos de redução ou dispensa contributiva do empregador estão ligados ao trabalhador, pelo que, cessando o contrato de trabalho nesse período, por facto não imputável ao trabalhador, o futuro emprega-dor beneficiará da redução ou isenção contributiva pelo período remanescente, desde que o novo contrato seja celebrado sem termo.

Para o cômputo dos prazos acima referidos de redução ou dispensa contributiva não relevam os períodos em que o contrato de trabalho tiver estado suspenso, isto é, ausência do trabalhador por facto que não lhe seja imputável e se prolongue por mais de um mês – cfr. artigo 296.º do Código do Trabalho.

O requerimento de redução ou isenção contributiva, nos termos referidos, deve ser entregue, através do sítio na internet da segurança social, no prazo de dez dias a contar da data do início do contrato, com junção de cópia do contrato de trabalho.

Tratando-se da contratação de jovens à procura de pri-meiro emprego, o requerimento deve ser ainda instruí-do com uma declaração do trabalhador em como, até essa data, não esteve vinculado por contrato de traba-lho por tempo indeterminado (sem termo).

Os incentivos à contratação previstos neste diploma legal podem ser cumulados com outros apoios à contra-tação, que os não impeçam.

Este diploma legal entra em vigor no dia 1 de agosto de 2017.

Decreto-lei n.º 74/2017, de 21 de Junho

LIVRO DE RECLAMAÇÕES

Com a publicação do Decreto-Lei n.º 74/2017 foi criado o livro de reclamações eletrónico aplicável, por ora, aos prestadores de serviços públicos essenciais.

Os fornecedores de bens e os prestadores de serviços

particulares só ficarão obrigados ao livro de reclamações eletrónico a partir de 1 de Julho de 2018.

Quando se tornar obrigatório, os fornecedores de bens e os prestadores de serviços deverão possuir o livro de reclamações eletrónico, além do livro de reclamações em suporte de papel.

Com a nova lei, deixou de ser obrigatório comprar um novo livro de reclamações no caso de o fornecedor de bens ou o portador de serviços alterar o seu objeto social ou o CAE.

Por força da nova lei, os fornecedores de bens e os pres-tadores de serviços estão legalmente obrigados a ajudar os adquirentes dos seus bens ou os utentes dos seus serviços a elaborar uma reclamação em que estejam interessados e tenham dificuldade no seu preenchimen-to.

Deixou também de ser obrigatório o dístico oficial de informação da existência do livro de reclamações, sendo, todavia, legalmente obrigatório afixar, em local visível, uma informação com a indicação de que “Este estabele-cimento dispõe de livro de reclamações”. A obrigação de informação mantém-se, embora sem dístico oficial. Isto para o futuro, já que os anteriores dísticos oficiais não têm que ser substituídos.

Preparado em 2017-07-10 por Albano Santos (advogado) para APECA

Dec.-Lei nº 79/2017 de 30 de Junho

O Dec.-Lei nº 79/2017, de 30 de Junho, além do CIRE, alterou também o Código das Sociedades Comerciais no tocante aos seus Artºs 87º, 88º e 89º, relativamente ao aumento de capital das sociedades por quotas por con-versão de suprimentos.

Tal diploma legal entrou em vigor no dia 01/07/2017.

Como resulta do disposto no nº 1 do Artº 89º do CSC, às entradas nos aumentos de capital aplica-se o disposto quanto às entradas do mesmo tipo, aquando da consti-tuição de sociedades.

Ora, os suprimentos não são dinheiro, traduzindo antes um direito de crédito do sócio sobre a sociedade. E daí que, recorrendo ao Artº 28º, nº 1, do CSC, o aumento de capital social por via dos suprimentos (um bem diferente de dinheiro) implicava a exigência de um relatório de revisor oficial de contas sem interesses na sociedade, designado por deliberação dos sócios, na qual não votari-am os sócios titulares dos suprimentos.

Continua

Continuação da pág. 3

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A Qualidade passa pela Formação Profissional

Boletim eletrónico APECA

Continuação da pág. 4

Agora, com os aditamentos feitos aos Artºs 87º e 89º e face à alteração do Artº 88º, to-dos do CSC, para o aumento de capital por conversão de suprimentos, que estejam aprovados no último balanço, o sócio da sociedade por quotas que, isolada ou em conjunto com outros sócios, reuna a maioria qualificada de votos necessária para altera-ção de pacto social (em princípio ¾ dos vo-tos correspondentes ao capital social – Artº 265º, nº 1, CSC), comunica à gerência o au-mento do capital por conversão de supri-mentos registados no último balanço apro-vado.

Por sua vez, a gerência terá de comunicar, por escrito e no prazo de dez dias, aos ou-tros sócios, advertindo-os de que, caso não se oponham, por escrito, também no prazo de dez dias, ao comunicado aumento de capital, este torna-se eficaz, isto é, produz efeitos.

Para efeitos de registo, será necessário que a gerência declare, por escrito autónomo, ou em acta, quais as entradas já realizadas por transformação de suprimentos, e que não é exigida pela deliberação, pela lei ou pelo pacto social a realização de outras entradas – Artº 88º CSC.

Acresce que, nesta matéria, o anterior rela-tório do ROC foi agora substituído por uma declaração do contabilista certificado, que viu aqui a sua posição reforçada, respeitante à verificação das entradas, referindo que a quantia usada para aumento de capital cons-ta dos registos contabilísticos, indicando ainda a sua proveniência (suprimentos cons-tantes do último balanço aprovado) e a data.

No caso de se tratar de sociedades sujeita a revisão de contas, esta declaração terá de ser emitida por revisor oficial de contas.

Porto, 24 de Julho de 2017.

Lei nº 55/2017 de 30 de Junho

A Lei nº 55/2017, de 17 de Julho, veio alar-gar o campo de aplicação da protecção do trabalho precário não declarado a todos os casos em que se verifiquem indícios da exis-tência de um contrato de trabalho.

Com a presente lei a ACT, sempre que verifi-

que que a relação de trabalho existente apresenta características de um contra-to de trabalho, lavra auto e notifica o empregador para regularizar a situação. E, não sendo esta regularizada no prazo de dez dias, a ACT participa o facto ao Ministério Público para que instaure uma acção de reconhecimento da exis-tência de contrato de trabalho, assumin-do o património desse processo.

E, no caso de o empregador cessar o vínculo de trabalho até ao trânsito em julgado da sentença, o Ministério Públi-co, oficiosamente, instaura providência cautelar de suspensão do despedimen-to.

Estes procedimentos que, até agora, se aplicavam apenas aos chamados falsos recibos verdes, passam a aplicar-se a todas as situações de contrato de traba-lho dissimulado sob a forma de contra-tos de prestação de serviços, assim co-mo aos contratos de estágio ou de vo-luntariado que não reúnam as caracte-rísticas legalmente exigidas ou a outras situações equivalentes.

A regularização da situação, seja pela via da aceitação voluntária face à notifica-ção da ACT, seja por força da sentença judicial que vier a ser proferida, implica também a regularização da situação contributiva perante a segurança social.

Este diploma legal entra em vigor no dia 01 de Agosto de 2017.

Porto, 24 de Julho de 2017

SINOPSE LEGISLATIVA Notas explicativas de alguns diplomas legais

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Até 31 de Dezembro de 2016, apenas estavam isentas de imposto, de acordo com o disposto na alínea 3) do artigo 9.º do Código do IVA, as prestações de serviços efetuadas, no exercício da sua atividade, por protésicos dentários.

Com a alteração introduzida pela Lei n.º 42/2016, de 28 de dezembro – OE, passaram a estar isentas de imposto, de acordo com a mesma alínea, as prestações de serviços efetuadas no exer-cício da sua atividade por protésicos dentá-rios bem como as transmissões de próteses dentárias efetuadas por dentistas e protési-cos dentários.

Daí que se tivesse entendido que, de acordo com a nova redação, passavam a estar isen-tas de imposto as transmissões de próteses efetuadas por dentistas e protésicos dentá-rios.

Como já beneficiavam da mesma isenção, as prestações de serviços efetuadas no exercício da sua atividade por protésicos dentários.

E que a referida isenção se aplicava, quer às transmissões de próteses efetuadas por dentistas e protésicos dentá-rios, quer aos serviços de reparação e manutenção das próteses, quando efetuadas no exercício da sua atividade, por protésicos dentários.

E ainda que a mesma isenção não se aplicava nas trans-missões de próteses e nas prestações de serviços de ma-nutenção e reparação efetuadas por outras entidades (nomeadamente sociedades de dentistas ou protésicos dentários), relativamente às quais não se verificava qual-quer alteração.

Mas, no Ofício Circulado n.º 30188, de 2017-01-31, a AT veio comunicar que, pelo Despacho n.º 9/2017 – XXI do Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, de 26 do mes-mo mês, foi determinado o seguinte:

"A Lei n.º 42/2016, de 28 de dezembro, que aprovou o Orçamento do Estado para 2017, veio esclarecer o âmbito de aplicação da alínea 3) do artigo 9.º do Código do IVA, no sentido daquela que vinha sendo a interpretação da Autoridade Tributária e Aduaneira (1), passando aquela a dispor que ficam isentas de imposto "as prestações de serviços efetuadas no exercício da sua atividade por pro-tésicos dentários bem como as transmissões de próteses dentárias efetuadas por dentistas e protésicos dentários".

Por sua vez, as prestações de serviços efetuadas no exercí-cio das profissões de médicos, odontologistas, parteiros, enfermeiros e outras profissões paramédicas encontram-se isentas nos termos da alínea 1) do artigo 9.º do Código do IVA.

As isenções em causa, como é consabido, têm como obje-

tivo principal que estes cuidados de saúde não sejam onera-dos com o acréscimo de custos adveniente da tributação em IVA.

Sucede que, muitas vezes, como as prestações de cuidados de saúde implicam a incorporação de determinados materi-

ais, pode haver lugar a algumas dificuldades no seu enquadramento.

Assim, através da alteração legislativa introdu-zida clarifica-se que, quando, com a prestação de cuidados de saúde realizada, ocorra conco-mitantemente uma transmissão de prótese dentária a um paciente, considera-se que am-bas as operações estão isentas de IVA.

Pelo contrário, a isenção não será aplicável às transmissões de próteses dentárias que não sejam efetuadas a pacientes (por exemplo, a médicos dentistas ou clínicas), pelo que estas

encontram-se sujeitas a imposto e dele não isentas.

Considerando que a alteração legislativa introduzida possa ter suscitado dúvidas interpretativas que tenham estado na origem da entrega da declaração de alterações prevista no artigo 32.º do Código do IVA, os sujeitos passivos podem efetuar a correção da situação mediante a entrega de nova declaração de alterações até ao dia 28 de fevereiro de 2017".

Em nossa opinião, de acordo com a referida norma, estão isentas de imposto todas as transmissões de próteses den-tárias efetuadas por dentistas e protésicos dentários e não apenas as transmissões de próteses dentárias que sejam efetuadas aos seus pacientes, como resulta do referido Des-pacho.

Mas talvez a contradição entre a letra da lei e o Despacho do SEAF resulte da transposição que foi efetuada da alínea e) do n.º 1 do artigo 132.º da Diretiva 2006/112/CE, do Con-selho, de 28 de novembro (a Diretiva IVA) nos termos da qual, os Estados–Membros isentam “as prestações de servi-ços efetuadas no âmbito da sua atividade por protésicos dentários, e bem assim o fornecimento de próteses dentá-rias efetuadas por dentistas e protésicos dentários”.

Com efeito, enquanto, nos termos da Diretiva, estão isentos os fornecimentos de próteses dentárias efetuadas por den-tistas e protésicos dentários, de acordo com a alínea 3) do artigo 9.º do CIVA, estão isentas as transmissões efetuadas pelos mesmos profissionais.

Enquanto que uma transmissão terá que ser entendida co-mo a transferência onerosa de bens corpóreos por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, ou “venda”, o fornecimento de próteses pode ser entendido como fazendo parte integrante de uma serviço prestado aos seus clientes, pelos referidos profissionais.

Boletim eletrónico APECA

IVA Transmissões de próteses dentárias efetuadas por dentistas e protésicos dentários

Manuel Zeferino

Continua

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Boletim eletrónico APECA

IVA Transmissões de próteses dentárias efetuadas por dentistas e protésicos dentários

Continuação da pág. 6

Assim, os sujeitos passivos que decidiram adotar os proce-dimentos preconizados pelo Despacho do SEAF, encontrar-se-ão, pelo menos desde 28 de fevereiro de 2017, enqua-drados no regime normal do IVA, liquidando IVA pelas transmissões de próteses que não sejam efetuadas a paci-entes, pelo que não terão problemas decorrentes de uma eventual inspeção.

O mesmo poderá não suceder com os dentistas e protési-cos dentários que procederam à entrega de uma declara-ção de alterações, passando a ficar enquadrados no regime de isenção do artigo 9.º, em virtude da interpretação que fizeram (em nossa opinião correta) do disposto na alínea 3) do artigo 9.º, com a redação introduzida pela Lei n.º 42/2016 e que não procederam à entrega de nova declara-ção de alterações para voltarem a ficar enquadrados no regime normal.

Com efeito, caso estes sujeitos passivos sejam alvo de uma inspeção, os funcionários da AT procederão à exigência do IVA não liquidado nas transmissões de próteses a não paci-entes, em obediência ao Despacho do SEAF, acima referi-do, restando aos sujeitos passivos o recurso a impugna-ções judiciais das liquidações, dado que, pela via adminis-trativa (reclamações graciosas e recursos hierárquicos), certamente não verão anuladas as liquidações adicionais que tiverem sido propostas, já que os funcionários da AT que apreciarem os pedidos apresentados devem obediên-cia às instruções administrativas emanadas da AT e aos despachos do SEAF..

O que se espera é que o SEAF e a AT tenham o bom senso de não despoletar qualquer inspeção àqueles profissionais que se encontram enquadrados no regime de isenção do artigo 9.º do Código e que promovam nova alteração legis-lativa da referida alínea 3) do artigo 9.º, para então terem plena legitimidade para exigir o imposto sobre a transmis-são de próteses a não pacientes.

É que exigir o imposto com base numa interpretação erra-da da norma em causa, será um ato de discricionariedade inaceitável, baseado numa posição dominante, de não igualdade de direitos entre a AT e os profissionais em cau-sa.

Além do mais, ainda há relativamente pouco tempo, atra-vés do Ofício-Circulado n.º 030 183, de 2016-10-28, ainda na vigência da anterior redação da alínea 3) do artigo 9.º, foi esclarecido no seu ponto 3, que “As prestações de ser-viços que consistam na aplicação de implantes dentários - constituídos por implante ou parafuso de titânio, pilar e coroa dentária - efetuadas por odontologistas ou por pro-tésicos dentários aos seus pacientes, encontram-se isentas de IVA ao abrigo, respetivamente, das alíneas 1) e 3) do artigo 9.º do CIVA, uma vez que o fornecimento das próte-ses e seus componentes integra a prestação de serviços

efetuada.”.

Tendo igualmente sido esclarecido nos seus n.ºs 7 e 8 que:

“7 - Nestes termos, a transmissão de implantes e demais peças de ligação ou fixação de próteses dentárias, em qual-quer fase do circuito comercial, incluindo a importação, está sujeita a IVA à taxa reduzida, por aplicação da verba 2.6 da Lista I anexa ao CIVA.

8.- O seu fornecimento por odontologistas ou por protésicos dentários no âmbito das prestações de serviços realizadas aos seus pacientes, constitui parte destas, isentas de IVA ao abrigo, respetivamente, das alíneas 1) e 3) do artigo 9.º do CIVA”.

Daí que não se entenda que tenha sido levada a cabo uma alteração legislativa da alínea 3) do artigo 9.º do Código pa-ra, de acordo com o Despacho do SEAF, apenas se confirmar a interpretação que a AT vinha adotando.

Tanto mais que essa interpretação é manifestamente con-trária à letra da referida alínea 3) do artigo 9.º, na sua reda-ção atual.

O que contraria o disposto no n.º 3 do artigo 9.º do Código Civil, nos termos do qual “Na fixação do sentido e alcance da lei, o intérprete presumirá que o legislador consagrou as soluções mais acertadas e soube exprimir o seu pensamento em termos adequados”.

Preparado em 2017-07-07 por Manuel Zeferino da Silva para APECA

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A Qualidade passa pela Formação Profissional

Boletim eletrónico APECA

Consultório Técnico

Assunto: IRS - Benefícios Atribuídos ao Trabalhador - Tickets Oferta

Pergunta:

Gostaria de saber se a oferta de "Tickets Oferta" a funcionários em situações excecio-nais, como por exemplo, o nascimento de um filho/casamento é considerado gasto para a empresa e não tem de ser considerado como rendimento para o funcionário.

Resposta:

Nos termos da alínea c) do n.º 3 do art.º 2.º do Código do IRS, os benefícios ou regalias auferidos pela prestação ou em razão da prestação do trabalho dependente são consi-derados rendimentos da Categoria A.

A atribuição de tickets oferta aos trabalhadores nos termos descritos enquadra-se na-quela norma de incidência e como tal o valor atribuído deve ser tributado como rendi-mento da categoria A de IRS.

Tratando-se de rendimento em espécie está dispensado de retenção na fonte, nos ter-mos da alínea a) do nº 1 do artº 99º do CIRS.

Este rendimento deve constar do recibo de vencimento e na DMR deve ser declarado com o código A5.

Para a entidade pagadora é um gasto com pessoal fiscalmente relevante para determi-nação do lucro tributável.

Assunto: Badwill (Goodwill Negativo) - Microentidades - Participações de capital

Pergunta:

Uma microentidade, Sociedade por quotas unipessoal, sem Volume de negócios, que apenas tem o seu gerente no quadro de pessoal, adquiriu 2/3 do capital de uma SA, por 1.500.000 euros, o badwill apurado na aquisição é de 1.000.000 de euros. As questões são as seguintes: É obrigatório registar o Badwill e aplicar o regime geral do SNC ? Ou simplesmente por ser micro, podemos apenas registar a aquisição na conta 414, pois no estatuto de Mi-cro é a única conta possível de utilizar, e não fazer nada em relação ao Badwill. Em caso de ser obrigatório a aplicação das regras gerais, podemos optar pela aplicação das normas como PE, mesmo contabilizando o Badwill, ou terá de ser como media/grande entidade? Em que ponto da vasta legislação do SNC, poderei verificar essa obrigação, em caso de existir?

Resposta:

Tratando-se de microentidade que se pretenda enquadrar no referencial contabilístico previsto para entidades como tal qualificadas, ou seja, a Norma Contabilística para Mi-croentidades, o registo da participação de capital em outra sociedade deve ser efetua-do pelo custo de aquisição, tal como expressamente se prevê no ponto 17.3 dessa Nor-ma.

Não existe, pois, qualquer registo de goodwill ou de badwill nesta classe de entidades.

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Boletim eletrónico APECA

Consultório Técnico Continuação da pág. 8

Assunto: Faltas por casamento

Pergunta:

Uma funcionária com contrato sem termo e com início a 07/03/2017. Em Maio passado informou que vai casar a 15/09/2017. Que direitos, em termos de faltas e relacionados com o casamento, tem já direito?

Resposta:

A trabalhadora em causa tem direito a faltar ao trabalho durante 15 dias seguidos, por altura do casamento – Cfr. Artº 249º, nº 2, alínea a), do Código do Trabalho.

As faltas dadas por motivo de casamento são justificadas e retribuídas pelo empregador – Cfr. Artº 255º do Código do Trabalho.

As faltas por casamento justificam-se pela ocorrência do casamento, sendo irrelevante a antiguidade do trabalhador.

Porto, 04 de Julho de 2017

Assunto: Reforma. Continuação ao serviço. Conversão do contrato

Pergunta:

Quando um trabalhador chega à idade da reforma, a entidade patronal pode forçá-lo a aposentar-se?

Se entidade patronal anuir a que o trabalhador fique a trabalhar depois de reformado, a relação configura um contrato a prazo? Se sim, será necessário formalizar um contrato de trabalho a termo certo, ou não é necessário e o posto de tra-balho pode ser extinto em qualquer momento.

Resposta:

O pedido de reforma constitui um direito do trabalhador, que pode ou não requerê-la, independentemente de reunir os requisitos legais para o efeito. E, não a requerendo, mantém-se o contrato de trabalho.

No caso de, após 30 dias do conhecimento da situação de reforma por ambas as partes (trabalhador e empregador) ou após o trabalhador atingir 70 anos de idade sem estar reformado, o contrato de trabalho transforma-se em contrato a termo certo, por força da lei, pelo prazo de seis meses, sucessivamente renovável – Cfr. Artº 348º do Código do Traba-lho.

Esta conversão em contrato a termo certo não carece de ser formalizada, porquanto resulta da lei.

A cessação desse contrato, no termo do prazo inicial dos seis meses ou de qualquer das suas prorrogações, opera medi-ante comunicação do empregador com a antecedência mínima de 60 dias ou do trabalhador com a antecedência de 15 dias – Cfr. Artº 348º citado.

A caducidade destes contratos a termo não implica o pagamento de qualquer compensação.

Porto, 04 de Julho de 2017

Page 10: Boletim 1 /2017 - Apeca€¦ · Boletim 1 /2017 É indubitável que o mercado de serviços de contabilidade tem vindo a crescer e a desenvolver-se rapidamente em Portu-gal. Tal crescimento

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Boletim eletrónico APECA

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APECA - Associação Portuguesa das Empresas de Contabilidade e Administração

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para a produção, possuindo uma débil estrutura económica e fi-nanceira, que não lhes permite o "luxo" de ter em exclusividade, ao seu serviço e a tempo inteiro, técnicos administrativos e, muito menos, fazer investimentos em equipamentos não produtivos.

Por outro lado, e, independente-mente do preço que essas empre-sas se proponham pagar, não é fácil encontrar, no nosso mercado do emprego, técnicos competentes e actualizados, dado que os mes-mos estão, normalmente, ao servi-ço das grandes empresas, que investem permanentemente na sua formação, ou então, já não estão disponíveis para trabalhar por con-ta de outrem.

É, neste contexto, que surgem e se desenvolvem em Portugal as em-presas de prestação de serviços de contabilidade.

Por um lado, em resultado da procura dos seus serviços pelo próprio mercado, e, por outro la-do, por imperativos de especializa-ção, resultantes da necessidade de actualização e informação per-manentes, quer dos conhecimen-tos contabilísticos e fiscais, quer da evolução tecnológica dos equipa-mentos.

Assim. este sector da actividade económica está em franco cresci-mento. empregando já alguns mi-lhares de profissionais. entre técni-cos de contas, informáticos, consul-tores fiscais, economistas e pessoal auxiliar.

É necessário, no entanto, que esse crescimento seja disciplinado e que a actividade seja regulamentada, para que as empresas de prestação de serviços de contabilidade pas-sem a conhecer as suas obrigações e também os seus direitos, pois, dou-tro modo, correr-se-á o risco de, por culpa de alguns, vir a ser afectada a imagem de todos.

É nesta tarefa que os empresários do sector deverão estar actualmen-te empenhados, não permitindo

que outros. oportunisticamente, o façam por si e, ainda por cima, com o evidente propósito de atropelarem interesses de um sector que muito tem dado ao país, não só na organização administrativa das empresas (contribuintes), como também na imple-mentação das normas contabilisticas e fiscais.

Nesta perspectiva, é fundamental que todas as empresas de prestação de serviços de contabilidade se tornem associadas da APECA e estejam mobili-zadas em torno da sua associação empresarial na defesa dos interesses comuns.

Constantemente absorvidos na reso-lução dos problemas dos nossos clien-tes e, normalmente, pressionados na luta contra o tempo, no cumprimento de obrigações dentro do respectivo prazo, temos relegado para segundo plano, a defesa dos interesses empresa-riais do nosso próprio sector de activi-dade.

Felizmente que em 21 de Maio passado conseguimos constituir a APECA — Associação Portuguesa das Empre-sas de Contabilidade e Administra-ção e eleger os respectivos orgãos associativos.

É que o comboio já estava em anda-mento, mas chegamos ainda a tempo de apanhar a primeira carruagem.

A nossa existência e a nossa impor-tância chegou já ao conhecimento do Senhor Director Geral das Contribui-ções e Impostos que, reconhecendo-nos como parceiro interessado, solicitou á APECA criticas e sugestões relativa-mente ao primeiro projecto de "Regulamentação Legal da Profissão e da Organização Profissional dos Técni-cos de Contas".

Tendo em conta a nossa condição de associação empresarial, a posição da APECA é:

De interferir na referida regulamen-tação profissional, apenas na parte em que a mesma atropela os nos-sos interesses - essencialmente no regime de pontuação e das sociedades técnicos de contas.

A de apresentar um "Projecto de Regulamento das Empresas de Prestação de Serviços de Contabili-dade".

Independentemente de aspectos de pormenor, mais ou menos discutí-veis, o fundamental, a nosso ver, é a existência de um "Regulamento das Empresas de Prestação de Serviços de Contabilidade", que legitime e moralize a nossa actividade, legisla-ção essa que deverá ter em conta a realidade existente em Portugal, de modo a que o potencial humano e de equipamentos, instalados nas nossas empresas, continue em expansão, ao serviço das pequenas e médias empresas comerciais e industriais e, bem assim, do desenvolvimento eco-nómico do país.

A direcção da APECA, pugnará na conquista deste e outros anseios mas, para tal, necessitará do apoio de todas as empresas do sector, o qual deverá traduzir-se, não só na sua inscrição como associadas da APE-CA, com vista ao aumento da nossa representatividade, como também, no pagamento atempado das respectivas quotizações pois "Sem ovos não se fazem omoletas".

Neste momento, tão importante para o sector,

CONTAMOS POIS COM O VOSSO APOIO.

Maia, 20 de Setembro de 1988 António Alexandre L. Oliveira

(Presidente da Direcção)

Editorial publicado no Boletim Nº 1 da APECA Outubro de 1988