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BOLETIM DE RESUMOS · Marcelo Lavrinha (Técnico/IESA/UFG) Musa Maria Nogueira Gomes (Curso de Geologia/UFG) ... Cláudia Valéria Lima (Curso de Geografia/UFG-Goiânia) Coordenadora

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BOLETIM DE RESUMOS I Simpósio de Geodiversidade e Geoconservação do estado de Goiás

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COMISSÃO ORGANIZADORA Coordenação Geral Profa. Dra. Cláudia Valéria de Lima – IESA/UFG Prof. Dr. Carlos Roberto Candeiro – Curso de Geologia/FCT/UFG Profa. Dra. Adriana Aparecida Silva – UEG/Campus Cidade de Goiás Comissão Discente Ana Paula Matos (Curso de Ciências Ambientais/IESA/UFG) Breno Wilson de Alencar Nogueira (Curso de Ciências Ambientais/IESA/UFG) Bruno Martins (Mestre em Geografia/IESA/UFG) Débora Santos Maia (Curso de Geologia/UFG) Francisco Catalano (Doutorando em Geografia/IESA/UFG) Gabriela Couto Barbosa (Mestranda em Geografia/IESA/UFG) Lucas Ribeiro (Curso de Geografia/IESA/UFG) Luciano Vidal (Uniasselvi/Maringá) Marcelo Lavrinha (Técnico/IESA/UFG) Musa Maria Nogueira Gomes (Curso de Geologia/UFG) Natalia Barbosa Mateus (Curso de Ciências Ambientais/IESA/UFG) Pedro Ernesto Pontes de Castro (Curso de Ciências Biológicas/PUC-GO) Priscila Maia (Doutoranda em Geografia/IESA/UFG) Ricardo Faria Pinto Filho(Doutorando em Geografia/IESA/UFG) Tiago Alves Cordeiro (Curso de Geologia/UFG) Wesley Belizario (Doutorando em Geografia/IESA/UFG)

Comissão Cientifica Coordenador: Prof. Dr. Carlos Roberto A. Candeiro– Curso de Geologia/FCT/UFG MSc. Luciana Gonçalves Tibiriça(IESA/UFG) Dr. Marco Antonio Pires Paixão (IFG/GO) Dr. Pedro Alves Vieira (UEG/Campus Cidade de Goiás) Dra. Joana Paula Sanchez (Curso de Geologia/UFG) Dr. José de Araújo Nogueira Neto (Curso de Geologia/UFG) Dr. Carlos Roberto A. Candeiro (Curso de Geologia/UFG) Dra. Drielli Peyerl (Oklahoma State University/Universidade de Campinas) Dra. Suely Aparecida Gomes Moreira (ESEBA/UFU) Dr. Roberto Barboza Castanho (Curso de Geografia/Campus Pontal/UFU) Dr. Anderson Pereira Portuguez(Curso de Geografia/Campus Pontal/UFU) Dra. Lilian Carla Moreira Bento (Curso de Geografia/Campus Pontal/UFU) Dra. Camila Azevedo de Moraes Wichers (Curso de Museologia e Museu Antropológico/UFG) MSc. Ricardo Eustáquio Fonseca Filho (Curso de Turismo/UFOP) Dr. Wellington Ferreira da Silva Filho (Curso de Geologia/UFC) Dr. Daniel Rodrigues do Nascimento Junior(Curso de Geologia/UFC) Prof. Dr. Vinicius Aguiar (IESA/UFG)

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APRESENTAÇÃO É com grande satisfação que o Laboratório de Laboratório de Geologia Aplicada do Instituto de Estudos

Socioambientais da Universidade Federal de Goiás realiza o “I Simpósio de Geodiversidade e Geoconservação do estado de Goiás” cujo tema “A Geodiversidade e Geoconservação do estado de Goiás: patrimônio e a sua valoração” remete a discussões sobre o conhecimento do Patrimônio Geológico, Geomorfológico e Paleontológico do estado de Goiás e áreas de interesse dessas temáticas.

Este evento é resultado do desejo dos integrantes e colaboradores do Laboratório de Geologia Aplicada que tem se comprometido com a pesquisa através destas duas linhas de investigação que mais crescem dentro das Geociências. A realização deste evento coroa o esforço composto pela colaboração em conjunto de jovens pesquisadores do Curso de Geologia/UFG e Universidade Estadual de Goiás que teceram ao longo destes meses de preparação, a programação que aqui apresentamos.

O apoio da Universidade Federal de Goiás, particularmente do Curso de Geografia, Programa de Pós-Graduação em Geografia/UFG, Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais/CPRM, Sociedade Brasileira de Geologia e Fundação de Amparo a Pesquisa de Goiás/FAPEG bem como outros parceiros, demonstra o compromisso institucional para a viabilização das atividades do “I Simpósio de Geodiversidade e Geoconservação do estado de Goiás”, compartilhando objetivos comuns em espaços da UFG que recebem pesquisadores participantes de outras instituições, além de professores, alunos e também a sociedade. Os 25 trabalhos, cujos resumos se encontram neste Boletim de Resumos Expandidos, assim como toda a programação do evento dão mostra da diversidade de enfoques que os temas Geodiversidade e Geoconservação abrangem atualmente, e isto demonstra o fortalecimento contínuo destas importantes áreas do conhecimento que buscam compreender e dar resposta a sociedade da interação do homem com “monumentos” da natureza.

Agradecemos aos conferencistas e palestrantes do I Simpósio de Geodiversidade e Geoconservação do estado de Goiás que colaboraram com seus conhecimentos no evento. O Encontro teve o apoio institucional do Instituto Sócio Ambientais/UFG e Programa de Pós-Graduação em Geografia/UFG, apoio financeiro da Fundação de Amparo a Pesquisa de Goiás e suporte da Sociedade Brasileira de Geologia.

Esperamos que o do “I Simpósio de Geodiversidade e Geoconservação do estado de Goiás” tenha sido um ambiente favorável a que o conhecimento seja compartilhado, bem como sirva de inspiração aos estudantes e jovens geocientistas brasileiros para que encontrem novos desafios intelectuais podendo assim se desenvolverem como cientistas e pesquisadores. Musa Maria Nogueira Gomes (Curso de Geologia/UFG) Editora assistente do Boletim de Resumos Carlos Roberto A. Candeiro (Curso de Geologia/UFG) Editor e Coordenador Científico Cláudia Valéria Lima (Curso de Geografia/UFG-Goiânia) Coordenadora Geral do Evento

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PROGRAMAÇÃO 21 de março de 2017 (Terça-Feira) Manhã 8:00 – Credenciamento 9:00 – Cerimônia de Abertura 9:30 – 11:30 - Conferencia de Abertura Conferencista: Dr. Cássio Roberto da Silva - CPRM/RJ Coordenadora: Profa. Dra. Cláudia Valéria de Lima (IESA/UFG) Tarde 14:00 – 17:00: Mesa-Redonda: Estratégias para promover a Geoconservaçao: Ensino e Geoturismo. Palestrante: Profa. Dra. Kátia Leite Mansur (UFRJ) Profa. Dra. Jasmine Cardozo Moreira (UEPG) Coordenação: Prof. Dr. Denis Castilho (UFG) 22 de março de 2017 (quarta-feira) Manhã 8:30 – 10:30 – Apresentação de trabalhos Coordenação: Profa. MsC. Luciana Tibiriça (UFG) Profa. Dra. Adriana Aparecida da Silva (UEG/Cidade de Goiás) 10:30-12:00: Apresentação do Mapa de Geodiversidade do Estado de Goiás e Distrito Federal Geol. Maurício Gomes Rocha – SUREG/GO Tarde 14:00 –17:00 - Conferencia de Encerramento Tema: Patrimônio Geológico, Geoconservação e a criação de Geoparques Conferencista: Prof. Dr. Marcos Antonio Leite do Nascimento (UFRN) Coordenador: Prof. Dr. Carlos Roberto Candeiro (UFG) 17:00 - Encerramento

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SUMÁRIO

RESUMOS EXPANDIDOS

1. A GEODIVERSIDADE E O PATRIMÔNIO GEOLÓGICO DO PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DOS VEADEIROS

Gabriela Couto Barbosa, Cláudia Valéria de Lima, Ricardo de Faria Pinto Filho......................................................XX

2. CURADORIA APLICADA A CONSERVAÇÃO DA COLEÇÃO PALEONTOLÓGICA DO LABORATÓRIO DE PALEONTOLOGIA E EVOLUÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GÓIÁS

Musa Maria Nogueira Gomes, Pedro Ernesto Pontes de Castro, Débora Santos Maia, André Luis de Souza Junior, Tiago Alves Cordeiro, Carlos Roberto dos Anjos Candeiro.....................................................................................................XX

3. A IDENTIDADE DA COMUNIDADE TRADICIONAL E SEU PAPEL EM UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO DO BRASIL CENTRAL: UMA PERSPECTIVA DA ECOLOGIA POLÍTICA

Victória de Melo Leão, Rafael de Freitas Juliano, Giovanna Adriana Tavares Gomes................................................XX

4. EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UM CAMINHO PARA CONSERVAÇÃO Andréia Oliveira Martins, Taynara Martins dos Santos, Adriana Aparecida Silva.......................................................XX

5. ENSINO DA GEOCONSERVAÇÃO COMO FERRAMENTA PARA A VALORAÇÃO DO PATRIMÔNIO GEOLÓGICO: UMA INTRODUÇÃO

Raylon da Frota Lopes....................................................................................................................................................XX

6. O USO DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA (GIS) PARA O PLANEJAMENTO DA ATIVIDADE TURÍSTICA

Paulo Roberto Ferreira de Aguiar Junior.......................................................................................................................XX

7. OS SÍTIOS GEOLÓGICOS DO GRUPO GOIÁS-VELHO (GOIÁS-GO) Ricardo de Faria Pinto Filho, Gabriela Couto Barbosa, Cláudia Valéria de Lima.........................................................XX

8. CONSERVAÇÃO DOS ARTEFATOS DA RESERVA TÉCNICA DE ARQUEOLOGIA DA FUNDAÇÃO CASA DA

CULTURA DE MARABÁ/PA Marlon Prado, Musa Maria Nogueira Gomes................................................................................................................XX.

9. OBSERVAÇÕES SOBRE AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS, GEOLÓGICAS E TURÍSTICAS DO MUNICÍPIO DE MARINGÁ, PARANÁ

Luciano da Silva Vidal, Bianca Gabrielly de Almeida Alves..............................................................................................XX

10. GEOCONSERVAÇÃO NO ESTADO DE GOIÁS: O PAPEL DO GOVERNO E DA SOCIEDADE Ana Clara de Oliveira Sousa, Daiane Rúbia de Freitas, Adriana Aparecida Silva.............................................................XX

11. O POTENCIAL GEOTURÍSTICO DE ÁREAS CRETÁCICAS DO SUL DE GOIÁS: UM POSSÍVEL EXEMPLO

DE DIFUSÃO DO PATRIMÔNIO GEOLÓGICO Pedro Ernesto Pontes de Castro.........................................................................................................................................XX

12. GEOTECNOLOGIAS APLICADAS NA PROSPECÇÃO DE CACHOEIRAS NA REGIÃO FRONTEIRIÇA ENTRE

OS MUNICÍPIOS DE CAIAPÔNIA, PIRANHAS, BOM JARDIM E BALIZA (GO). Derick Martins Borges de Moura.........................................................................................................................................XX

13. A ATUAÇÃO DO MUSEU ANTROPOLÓGICO DA UFG NA PRESERVAÇÃO DOS PATRIMÔNIOS CULTURAIS ATRAVÉS DO SALVAMENTO ARQUEOLÓGICO

Adelino Adilson de Carvalho; Bianca Gabrielly de Almeida Alves......................................................................................XX

14. GEORROTA DAS CORREDEIRAS DO PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DOS VEADEIROS-GOIÁS-BRASIL

Joana Paula Sánchez, Marcelo Henrique Leão Santos, Musa Maria Nogueira Gomes, Letícia Gonçalves de Oliveira, Lavoisier Matias dos Santos, Gabriel Veloso Martineli, Bruno Fagundes Silva, Elton Junio de Oliveira Cunha.............XX

15. POSSIBILIDADES GEOTURÍSTICAS DO MUNICÍPIO DE ITUIUTABA-MG

Arthur Viegas Soares, Daisi Parreira de Queiroz, Felipe Santos da Silva, Gustavo de Andrade Barreto, Mildred Lúcia de Moraes, Paula Cristina Inacio, Lilian Carla Moreira Bento..........................................................................................XX

16. QUANTIFICAÇÃO DOS GEOSSÍTIOS PUBLICADOS PELO SIGEP: COLETA DE DADOS E PRINCIPAIS IMPRESSÕES DOS AUTORES DURANTE A EXPERIÊNCIA DE APLICAÇÃO PRÁTICA DO MÉTODO

Edjane Maria dos Santos, Luciana Freitas de Oliveira França, Maria da Glória Motta Garcia......................................XX

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

17. SERRA DAS GALÉS: UM PATRIMÔNIO GEOLÓGICO DE PARAÚNA/GOIÁS Bruno Martins Ferreira.......................................................................................................................................................XX

18. OS IMPACTOS DO AGRONEGÓCIO TRANSGÊNICO NO CERRADO: O USO DO HERBICIDA GLIFOSATO E

SUA TOXICIDADE Eva Caroline Nunes Rezende, Junilson Augusto de Paula Silva, Lucas Henrique de Oliveira, Isabella Regina Serra Brito Mesquita, Denise Oliveira Dias...........................................................................................................................................XX

19. CAMINHO DAS ÁGUAS EM GOIÁS: CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES SOBRE O USO TURÍSTICO NO/DO CERRADO

Luan Filipe Fonseca Coelho, Silvani Gomes Messias, Arlete Mendes da Silva…………………………………………………………..XX

20. A PROBLEMÁTICA SOCIOAMBIENTAL DA EXTINÇÃO DE UMA NASCENTE URBANA EM CALDAS NOVAS-GO

Isabella Regina Serra Brito Mesquita, Cícero Antônio Mesquita da Silva Brito, Alik Timóteo de Sousa, Eva Caroline Nunes Rezende..................................................................................................................................................................................XX

21. A DISTRIBUIÇÃO DO PATRIMÔNIO ESPELEOLÓGICO CONHECIDO NAS UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DA ÁREA CÁRSTICA 1 DO PAN CAVERNAS DO SÃO FRANCISCO

Lindalva Ferreira Cavalcanti...................................................................................................................................................XX

22. ESTUDO TÉCNICO PARA FORMALIZAÇÃO DO PROCESSO DE CRIAÇÃO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MUNICIPAL: ASPECTOS GEOLÓGICOS, GEOMORFOLÓGICOS, PEDOLÓGICOS DE RUBIATABA – GO

Fernando Yuri Silva dos Anjos, Marcos Aurélio Tolentino da Silva, Marcia Rodrigues Oliveira............................................XX

23. PICO DE ITAPEVA: EXEMPLO DE SÍTIO GEOMORFOLÓGICO DO INVENTÁRIO DA BACIA DE TAUBATÉ Fernanda Coyado Reverte, Maria da Glória Motta Garcia....................................................................................................XX

24. COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ASPECTOS ECOLÓGICOS DA VEGETAÇÃO AQUÁTICA NO TRIBUTÁRIO

AREIAS, AFLUENTE DO RESERVATÓRIO LUÍS EDUARDO MAGALHÃES (LAJEADO), ESTADO DO TOCANTINS

Úria Graziela Barroso de Souza Rodrigues, Solange de Fátima Lolis, Rodney Haulien Oliveira Viana, Oscar Eduardo Paes Manchola, Alice Ferreira Araujo.....................................................................................................................................XX

25.UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE USO SUSTENTÁVEL: IMPACTOS DECORRENTES DA AÇÃO

ANTRÓPICA NA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL JOÃO LEITE Amanda Vieira Leão, Raphael Fernandes Ribeiro, Bernardo Cristóvão Colombo da Cunha.................................................XX

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

A GEODIVERSIDADE E O PATRIMÔNIO GEOLÓGICO DO PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DOS VEADEIROS

Gabriela Couto Barbosa¹, Cláudia Valéria de Lima², Ricardo de Faria Pinto Filho³.

¹²³Universidade Federal de Goiás, IESA. Avenida Esperança, s/n. CEP74690-900. Goiânia, Goiás, Brasil

*e-mail: ¹ [email protected], ²[email protected], ³[email protected]

Palavras chaves: Geodiversidade, Patrimônio Geológico, Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros

INTRODUÇÃO

O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV) está localizado na mesorregião Norte do estado de Goiás. Com uma área de 65.540 hectares (BRASIL, 2009) abrange os municípios de Alto Paraíso de Goiás e Cavalcante. Seu acesso é dado através de duas rodovias que o margeiam, a GO-118 e a GO-239. A principal entrada do parque está localizada no distrito de São Jorge, distante aproximadamente 30 km de Alto Paraíso de Goiás.

A região do PNCV é conhecida nacionalmente por suas belezas cênicas e por seus atrativos como cachoeiras, que são responsáveis pela atividade turística na região. Esta atividade movimenta a economia dos municípios que investem cada vez mais em infraestrutura, como hotéis e restaurantes.

O objetivo principal deste trabalho é explanar acerca da geodiversidade e do patrimônio geológico localizados nos limites do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, bem como diferenciar claramente os dois conceitos.

Para cumprir os objetivos deste trabalho foram realizadas três etapas metodológicas. A primeira contou com o levantamento bibliográfico de autores nacionais e internacionais. A segunda foi a elaboração de material cartográfico. Por fim, a terceira etapa consistiu na escrita em si do presente trabalho.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O conceito de geodiversidade é discutido por diversos autores brasileiros e estrangeiros. Um dos pesquisadores mais importantes da área, Sharples, define geodiversidade como “the range (or diversity) of geological (bedrock), geomorphological (landform) and soil features, assemblages, systems and processes” (SHARPLES, 2002, p.06). No mesmo sentido, Brilha define geodiversidade como “a variedade de ambientes geológicos, fenômenos e processos ativos que dão origem a paisagens, rochas, minerais, fósseis, solos e outros depósitos superficiais que são o suporte para a vida na Terra” (BRILHA, 2005, p.17). No Brasil o termo é definido por Ruchkys como “a variação litológica das rochas, à disposição destas representando a sucessão de paleoambientes, à diversidade de solos e a todos os processos geológicos que modelam a crosta terrestre” (RUCHKYS, 2007, p.12

Ainda na mesma temática, Brilha (2005) apresenta o conceito de geossítio e o define como:

Ocorrência de um ou mais elementos da geodiversidade (aflorantes, quer em resultado da ação de processos naturais,

quer devido à intervenção do homem), bem delimitado geograficamente e que apresente valor singular do ponto de vista científico, pedagógico, cultural, turístico, ou outro (BRILHA, 2005, p.52).

Nesse sentido, surge à necessidade de

mencionar outro conceito, o de geoconservação. Brilha (2005, p. 51) diz que “a necessidade de conservar um determinado geossítio é igual a soma do seu valor mais as ameaças que o mesmo enfrenta”. Portanto, o conceito trata principalmente de conservação. Sharples (2002) utiliza do seguinte conceito:

Geoconservation is an approach to the conservation management of rocks, landforms and soils which recognises that geodiversity has nature conservation values. (SHARPLES, 2002, p.06).

Para melhor ilustrar o que é a geoconservação,

Brilha (2015) apresenta o seguinte fluxograma representado na Figura 1:

Figura 1. Arcabouço conceitual da geodiversidade, patrimônio geológico e geoconservação, tendo em vista o âmbito da geoconservação. Fonte: Brilha, 2015, p.02.

Na figura 1, o autor faz uma divisão da geodiversidade entre elementos do patrimônio geológico e elementos da geodiversidade. Essa divisão é feita para deixar claro que nem todos os elementos da geodiversidade podem ser considerados como patrimônio geológico, mas todos os patrimônios geológicos são considerados geodiversidade. Entretanto, ambos estão ligados a um conceito comum, o de geoconservação. Somente uma pequena fração da geodiversidade tem relevância (valores) que justifique a

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

implementação de estratégias de geoconservação (traduzido de BRILHA, 2015).

O patrimônio geológico é considerado como

parte da geodiversidade, uma vez que é composto por aspectos abióticos que são parte da geodiversidade. Entretanto, Nascimento et al (2008) afirmam que os conceitos não devem ser encarados como sinônimos, pois a geodiversidade compreende a todo o meio abiótico da Terra, já o patrimônio geológico trata de uma parte da geodiversidade com características específicas e únicas que devem ser preservados. Portanto, a afirmação de Brilha (2015) todo patrimônio geológico é geodiversidade, mas nem toda geodiversidade é um patrimônio geológico é mais uma vez confirmada.

Valcarce & Cortes apud Nascimento (2008, p.

11) definem patrimônio geológico como “um conjunto de recursos naturais não-renováveis, de valor científico, cultural ou educativo, que permitem conhecer, estudar e interpretar a evolução da história geológica da Terra e os processos que a modelaram.”. Nota-se, portanto, a presença de uma característica fundamental para a classificação como patrimônio geológico: a questão dos valores.

Brilha (2005) afirma que algo só é protegido se

lhe for atribuído algum valor. Quando determinada área é considerada patrimônio, seja cultural, geológico ou geomorfológico, automaticamente é atribuído um valor a ela, o que não quer dizer que seja necessariamente um valor econômico. Nesse sentido, o autor trata de seis valores possíveis, baseados na proposta de Gray (2004). São eles: intrínseco, cultural, estético, econômico, funcional, científico e educativo, que serão apresentados a seguir:

1.Valor Intrínseco: é, de acordo com Brilha

(2005), o valor mais subjetivo, uma vez que há uma certa dificuldade de quantificação deste valor por depender diretamente da ligação com as perspectivas filosóficas, religiosas e culturais de cada sociedade. Ou seja, o que é considerado com muito valor para um pode não ter o mesmo valor para o outro. Entretanto, Brilha considera que ‘a geodiversidade terá um valor intrínseco independente da sua maior ou menor valia para o Homem’.

2.Valor Cultural: é conferido quando a

sociedade estabelece uma relação entre seu desenvolvimento social, cultural e religioso ao meio físico local. Brilha cita como exemplos a construção de castelos e fortes em locais geomorfologicamente favoráveis que apresentavam ampla visão da área ao redor; o desenvolvimento da cerâmica em determinadas regiões com grande ocorrência de argila; por fim, ele cita o exemplo da cidade de Lourinha, em Portugal, que

apresenta uma grande ocorrência de fósseis de dinossauros, o que faz com que a cidade atraia muitos turistas interessados nesta temática. Nascimento et al (2008) afirmam que no Brasil, algumas cidades possuem seu nome ligado a aspectos da geologia ou geomorfologia, como o caso de Serra Caiada (RN), Diamantina (MG), Torre de Pedra (SP) e Pedra Grande (MT e RN). Além disso, os autores citam o fato de que há mais de 140 municípios no Brasil cujo nome começa com o prefixo “Ita” que significa “pedra”.

3.Valor Estético: apesar de considerado um

tanto quanto subjetivo, pela dificuldade de quantificação, é fato que a atividade de observação de paisagens naturais é muito popular. Pode, até mesmo, ser considerado um ato instintivo para um grande número de pessoas. Um exemplo disso são as atividades turísticas voltadas a paisagem natural, como caminhadas, trilhas, escaladas, etc. Além disso, é válido ressaltar a influência da paisagem natural em obras de artes.

4.Valor Econômico: trata do valor da

geodiversidade para a economia. Brilha cita alguns exemplos para melhor ilustrar tal valor como a exploração de petróleo e gás; a exploração de minerais; a construção de barragens; e utilização de gemas para fabricação de joias. Todos esses exemplos alteram diretamente a economia do local. No caso da região do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, há um grande número de artesanatos produzidos a partir da geodiversidade local, como cristais de quartzo. É comum encontrar na região vendedores ambulantes comercializando esse tipo de material.

5.Valor Funcional: dividido sob duas

perspectivas, o valor funcional pode ser aquele que em que se refere a valorização da geodiversidade que se mantém no seu local de origem, por exemplo como suporte para construções de barragens ou cidades, ou aquele que oferece condições para a sustentação de sistemas físicos e ecológicos, como acontece com algumas espécies de fauna que necessitam de condições geomorfológicas específicas para viver. Como exemplo deste tipo de valor agregado, Nascimento et al (2008) citam o caso da região Sudeste, onde a existência da terra roxa, resultante da decomposição do basalto e diabásio, foi fator decisivo para o desenvolvimento da cultura de café, atividade econômica responsável por grande parte do desenvolvimento da região.

6.Valor Científico e Educativo: o valor da

geodiversidade para a ciência é inquestionável. A realização de estudos e pesquisas depende muito da análise de amostras, o que só é possível com a conservação de tais áreas. Já para a educação, é importantíssimo que os alunos possam ter contato com essas áreas para ajudar na sua formação enquanto

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

profissional, pois trata de um exemplo concreto. Para Nascimento et al (2008), o trabalho de campo é fundamental para apresentar o valor educacional da geodiversidade, pois ajuda na conscientização e na valorização dos ambientes naturais.

Conhecida por sua beleza paisagística, a região da Chapada dos Veadeiros atrai um grande número de turistas. Esta atividade movimenta a economia dos municípios que investem cada vez mais em infraestrutura, como hotéis e restaurantes. A grande oferta de diversidade fisiográfica é a responsável por produzir paisagens tão atraentes aos olhos de turistas e visitantes, como mostra a figura 2:

Figura 2: Vista do PNCV a partir do Mirante do Salto do Rio Preto de 120m. Autora: Gabriela Couto Barbosa, 2016.

O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros

conta, atualmente, com sete atrativos abertos aos visitantes. Entretanto, o foco deste trabalho será em apenas cinco deles: Saltos do rio Preto 80 e 120m, Cachoeira da Carioca, Cânion II e Corredeiras. A justificativa desta seleção se dá pelo fato de que as outras duas atrações, Cânion I e Siriema, não estão entre as atrações mais visitadas do parque, uma vez que o Cânion I faz parte da Travessia das Sete Quedas, trilha que dura até três dias, diminuindo assim seus visitantes, e a Siriema que se encontra em uma trilha de apenas 800m, o que faz com que ela também não seja muito visitada.

Percebe-se que todos os atrativos explorados no

PNCV são quedas d1água. Para compreender melhor tais formações, foi elaborado um mapa localizando os cinco principais atrativos dentro da geologia da região, como mostra a figura 3:

Figura 3. Mapa de geologia dos atrativos do PNCV. Elaborado por: Gabriela Couto Barbosa

Como visto na figura anterior, todos os atrativos se encontram na Formação Arraias do Grupo Araí. Entretanto, em relação à paisagem, há uma diversidade muito grande.

Para Oliveira (2007, p.161):

[...] essa homogeneidade litológica não se reflete na paisagem, em função das mudanças oriundas de estruturas geológicas, como falhas e dobramentos, que juntamente com a ação das forças morfogenéticas, moldaram e esculpiram diversas feições geomorfológicas, como as cachoeiras, corredeiras e cânions. (OLIVEIRA, 2007, p. 161).

Do mesmo modo, Oliveira (2007) afirma que as falhas são as responsáveis pela formação das cachoeiras e cânions, além de influenciar indiretamente na mudança de fitofisionomias, que de acordo com o Plano de Manejo podem variar entre nove fitofisionomias diferentes.

CONCLUSÕES

De acordo com o conceito de patrimônio geológico apresentado anteriormente, nota-se que peça fundamental para tal classificação é a agregação de valores.

No caso do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, considerando apenas os atrativos que já são atualmente explorados para o turismo, há a presença de

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

mais de um valor em sua geodiversidade. Por isso pode-se considerar como um patrimônio geológico.

Portanto pode-se considerar que, além da rica geodiversidade, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros apresenta um número considerável de patrimônio geológico, o que justifica ações para a geoconservação.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e o Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Goiás.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Instituto Chico Mendes. Plano de Manejo do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. 2009. Disponível em: http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/imgs-unidades-coservacao/pm_chapada_dos_veadeiros_1.pdf Acesso em 20 de janeiro de 2016. BRILHA, José. Patrimônio Geológico e Geoconservação: A Conservação da Natureza na sua vertente Geológica. Portugal, 2005. Editora Palimage. 190p. BRILHA, José. Inventory and Quantitative Assessment of Geosites and Geodiversity Sites: a Review. In: Geoheritage. p. 1 – 16. Published online: 15 January 2015. CPRM. Mapa Geodiversidade do Brasil. Escala 1:2.500.000. Legenda expandida. Brasília: CPRM/Serviço Geológico do Brasil, p. 68, CD-ROM, 2006. NASCIMENTO, Marcos Antonio Leite; SCHOBBENHAUS, Carlos & MEDINA, Antonio Ivo de Menezes. Patrimônio Geológico: Turismo Sustentável. In: Geodiversidade do Brasil. p. 147-162. Rio de Janeiro, 2008. OLIVEIRA, Ivanilton José de. Cartografia turística para a fruição do patrimônio natural da Chapada dos Veadeiros (GO). Tese (doutorado em Geografia) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Departamento de Geografia, Universidade de São Paulo, 2007, 201 p. RUCHKYS, Úrsula Azevedo. Patrimônio Geológico e Geoconservação no Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais: Potencial para a criação de um Geoparque da UNESCO. Tese (doutorado em Geologia) – Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais, 2007, 211 p. SHARPLES, C. Concepts and principles of geoconservation. Disponível em: http://www.dpiwe.tas.gov.au/inter.nsf/webpages/, 2002. Acesso em 20 de jan. 2015.

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

CURADORIA APLICADA A CONSERVAÇÃO DA COLEÇÃO PALEONTOLÓGICA DO LABORATÓRIO DE PALEONTOLOGIA E EVOLUÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL

DE GÓIÁS

Musa Maria Nogueira Gomes; Pedro Ernesto Pontes de Castro; Débora Santos Maia; André Luis de Souza Junior; Tiago Alves Cordeiro; Carlos Roberto dos Anjos Candeiro

Laboratório de Paleontologia e Evolução,Curso de Geologia, Faculdade de ciências e Tecnologia,Ccampus Aparecida de Goiânia,

Universidade Federal de Goiás, GO. Rua Mucuri, S/N, Setor Conde dos Arcos – Fone (62) 3209-6551 / 3209-6550 – Aparecida de

Goiânia -GO – CEP: 74.968-755

*e-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]. Palavras chave: curadoria, paleontologia, laboratório.

INTRODUÇÃO

A tafonomia descreve o processo de fossilização, ou seja, os processos que tornam um organismo morto depositado em um sedimento em um fóssil. Após a fossilização uma série de intemperismos podem agir sobre o fóssil, assim levar a sua destruição. Com a descoberta e posterior retirada do material da rocha matriz os processos de intemperismos continuam agindo, podendo causar a inutilização ou até mesmo a destruição do espécime. Para impedir que isto ocorra, as peças de uma coleção paleontológica devem ser acondicionadas adequadamente. Gavetas apropriadas devem ser utilizadas, as peças devem ser protegidas de fatores que podem comprometer a sua integridade, como temperatura, umidade, luz, elementos corrosivos presentes na atmosfera, choques mecânicos, fungos, insetos, roedores, até mesmo a oleosidade da pele dos pesquisadores que fazem uso do acervo (MENDES et al., 2001). A curadoria em paleontologia compreende um conjunto de procedimentos que visam resguardar o material fóssil adicionado a coleções paleontológicas. Estes, abrange a proteção física, catalogação e disponibilização pública. A ação de agentes físicos e químicos ambientais, distintos do contexto original em que o fóssil se inseria, tais como luminosidade, condições de umidade, temperatura e poluição são determinantes na busca de soluções para a durabilidade dos espécimes. Os tipos litológicos que compõem os fósseis e o tempo de exposição a que estão sujeitos os agentes ambientais são determinantes para a manutenção da integridade dos acervos. Uma coleção de fósseis é o registro documental da diversidade paleobiológica e da História Geológica da Terra, e seu manejo adequado é fundamental para a sua preservação (CARVALHO, 2010). O Laboratório de Paleontologia e Evolução do Curso de Geologia (LABPALEOEVO)/Campus Aparecida de Goiânia da Universidade Federal de Goiás abriga um

acervo paleontológico constituídos por espécimes provenientes de diversas regiões do Brasil e América do Sul, abrangendo uma diversidade de espécimes e um vasto período geológico, para garantir a integridade destes materiais são aplicadas diversas técnicas de curadoria.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Um acervo bem organizado e acondicionado é indispensável para a realização de estudos paleontológicos. O trabalho de curadoria engloba o acondicionamento adequado dos espécimes, a sua catalogação de forma precisa e compreensível e a disponibilização destas peças para o público, todas estas atividades constituem uma parte fundamental do

trabalho de um paleontólogo. No acervo do LABPALEOEVO a curadoria é realizada por estudantes e membros colaboradores do mesmo. Algumas atividades primordiais para a conservação do material o a limpeza das caixas e gavetas e organização do material (Figs. 1 e 2). Figura 1. Limpeza das caixas utilizadas para o armazenamento dos fósseis, realizada por alunos-colaboradores. Fonte: Musa Gomes/2017.

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Figura 2. Acondicionamento do material nas caixas. Fonte: Musa Gomes/2017. Apesar da concepção errônea da função de curador como sendo um cargo de menor relevância, as funções atribuídas ao cargo curatorial são de considerável importância. Além de desenvolver pesquisas em sua área específica um curador tem a tarefa de zelar pela manutenção de sua coleção e trabalhar para o seu constante crescimento. A ele compete a tarefa de manter a coleção em estado exemplar, assim como definir a forma na qual o material de sua coleção será utilizado, já que cada item de uma coleção paleontológica compreende um elemento único e insubstituível. Além de servir como guardião de sua coleção este pesquisador também retém a responsabilidade de organizar as instalações e exposições de suas peças, assim como a de formação e capacitação de novos pesquisadores na área. Para a boa preservação do material no laboratório, as gavetas de armazenamento (Fig. 3) são feitas de madeira, acolchoadas e mantidas limpas, enquanto o ambiente tem sua temperatura controlada por um sistema de ar condicionado e o manejo das peças é feito com cuidado e apenas por alunos e pesquisadores autorizados.

Figura 3. Armários feito de madeira, com identificação. Fonte: Musa Gomes/2017. Os espécimes acondicionados no Laboratório de Paleontologia e Evolução (Figs. 4,5,6 e 7) são guardados no Campus de Aparecida de Goiânia onde são utilizados

para estudos dos alunos de iniciação científica assim como dos alunos de graduação e em projetos de extensão. Para garantir a boa preservação e organização do material uma série de procedimentos curatoriais são empregados, como uma clara identificação e destino ideal para cada conteúdo do acervo, limpeza da área e das peças, monitoramento do que entra ou sai, imposição de regras no local.

Figura 4. Acondicionamento feito em caixas de madeira. Fonte: Musa Gomes/2017. Figura 5. Acondicionamento em caixas. Fonte: Musa

Gomes/2017. Figura 6. Acondicionamento em gavetas. Fonte: Musa Gomes/2017.

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Figura 7. Acondicionamento em gavetas e caixas. Fonte: Musa Gomes/2017.

CONCLUSÕES

Com a realização dos métodos curatoriais aplicado na coleção de fósseis do Laboratório de Paleontologia e Evolução, é possível manter a conservação dos mesmos, com o objetivo de possuir sempre um bom condicionamento ao material, visando a disposição de exemplares conservados para estudos técnico-científico da paleontologia, voltado para estudantes de graduação, pós-graduação, mestrado, doutorado, ligados também para projetos de pesquisa e extensão.

REFERÊNCIAS

CARVALHO, I.S. Paleontologia – Conceitos métodos. Editora Interciência, 3ed. Vol. 1, p. 373 – 383. MENDES, M.; SILVEIRA, L.; BEVILAQUA, F. & BAPTISTA, A. C. N. 2001. Conservação: conceitos e práticas. Introdução. Editora UFRJ, p. 11-14

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A IDENTIDADE DA COMUNIDADE TRADICIONAL E SEU PAPEL EM UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO DO BRASIL CENTRAL: UMA PERSPECTIVA DA

ECOLOGIA POLÍTICA

Victória de Melo Leão¹; Rafael de Freitas Juliano²; Giovanna Adriana Tavares Gomes³

¹²Universidade Estadual de Goiás, R. Quatorze, 327 - Jd. América,75650-000, Morrinhos, Goiás, Brasil; ³Observatório do

Turismo – IPTUR – Goiás Turismo, R. 30, S/N – St. Central,74015-180, Goiânia, Goiás, Brasil

*e-mail:¹[email protected][email protected][email protected].

Palavras chave: Unidades de Proteção Integral. Direito Ambiental. Conflitos Socioambientais.

INTRODUÇÃO

Este ensaio tem como objetivo apresentar a análise histórica e discutir as incongruências dos instrumentos legais que regem o Parque Estadual de Terra Ronca (PETER), sitiado no município de São Domingos-GO. Destaca-se a representação da comunidade tradicional perante o território ocupado por uma Unidade de Conservação. Palco de conflitos socioambientais, o PETER abriga o maior complexo espeleológico da América do Sul. Para sustentar a discussão, apropriamos dos recursos analíticos da Ecologia Política. O estudo adotou a revisão integrativa de literatura como aporte metodológico, versada. Expõe-se a necessidade da revisão dos instrumentos legais, a fim da harmonização das relações socioambientais no parque.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os conflitos são inerentes à história humana, “independente do contexto histórico e do espaço geográfico” (BRITO et al., 2011, p. 51). O “conflito pode ser interpretado como qualquer forma de oposição de forças antagônicas” (ARAUJO & SOUZA, 2012, p.23), ou seja, rivalidade entre grupos sociais de natureza e origem diferentes, com interesses discordantes, muitas vezes gerando confrontos.

Os conflitos socioambientais se arrolam em diferentes aspectos, incluindo interesses distintos, apropriação, uso, significação do território, etc. Eles desempenham um papel relevante, pois “[...] denunciam contradições em que as vítimas das injustiças ambientais não só são verdadeiramente excluídas do chamado desenvolvimento, mas assumem todo ônus dele resultante” (ZHOURI, 2008, p. 105). Podem, assim, descortinar as injustiças não declaradas em projetos e políticas apresentados como essenciais para o “desenvolvimento” regional e/ou nacional.

As discussões sobre os conflitos socioambientais gradualmente se direcionam a uma profundidade holística no que tange a sociedade e natureza, não se exaurindo apenas no aspecto econômico, como a sobreposição de usos e disputa por recursos naturais, além de considerar a dinâmica dos processos sociais que compõem um modelo específico de sociedade. Estudando o quanto são fundamentais para a sobrevivência humana na Terra e que não são apropriados de maneira equitativa (MARTINEZ-ALIER,

2007; MUNIZ, 2009), os conflitos referentes ao uso e exploração dos recursos naturais se tornam cada vez mais frequentes, principalmente à medida que os mesmos tendem à escassez, levando à exploração de ambientes “intocados” e, muitas vezes, ocupados por povos e comunidades tradicionais que resistem a esta exploração (MARTINEZ-ALIER, 2007).

A tomada de uma atitude reducionista diante conflitos socioambientais pode induzir a iniciativas autoritárias e simplórias. É necessário considerar os diversos agentes envolvidos em sua diversidade, suas representações, a interação com o meio ambiente e os seus interesses intrínsecos (ACSELRAD, 2004). O campo dos conflitos ambientais “[...] se encontra caracterizado pela diversidade e pela heterogeneidade dos atores e dos seus modos de pensar o mundo e nele projetar o futuro” (ZHOURI & LASCHEFSKI, 2010, p. 16).

Diante da necessidade de mitigar os conflitos socioambientais a fim do desenvolvimento sustentável, desenvolveu-se o conceito e as premissas da Ecologia Política. O desenvolvimento sustentável, segundo esta, define-se a partir da necessidade de articulação entre sociedade e natureza, mediante uma visão de justiça social, governança e empoderamento. A Ecologia Política “propõe análise dos problemas ambientais em função do contexto socioeconômico e Político-ideológico, considerando a ‘socionatureza’ como a base do processo produtivo e como palco de conflitos” (JATOBÁ et al., 2009, p. 49-50, grifo do autor).

A compreensão do conceito de comunidade tradicional, atores sociais de nossa discussão, se apresenta como necessário perante a análise dos conflitos. As culturas tradicionais continuamente incorporam em sua estrutura partes significativas de componentes sofisticados, intelectuais de sua própria tradição, ou de tradições que foram assimiladas no passado, ou que fazem parte de uma área cultural mais abrangente (FOSTER, 1953).

No Brasil, o reconhecimento jurídico-formal dos denominados “povos e comunidades tradicionais” é realizado a partir da sua adição no texto constitucional de 1988, através de reivindicações de diferentes movimentos sociais. Por meio do art. 215, é determinado que o Estado proteja as manifestações culturais populares, indígenas e afro-brasileiras, como a de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional (BRASIL, 1988).

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No art. 216, a Constituição Federal (BRASIL, 1988) institui que o Poder Público deve promover e proteger o patrimônio cultural brasileiro, levando em consideração tanto os bens de natureza material quanto imaterial, ou seja, o jeito de expressar, ser e viver dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.

O conceito de povos e comunidades tradicionais, concebido pelas Ciências Sociais e Ciências Ambientais - integrado ao ordenamento jurídico, pode ser compreendido baseado na interconexão entre biodiversidade e sociodiversidade. Barretto Filho (2009, p.124) define a comunidade tradicional como indivíduos, famílias, comunidades e grupos – seja tradicional ou moderno – que ocupam, habitam e/ou utilizam regularmente ou recorrentemente determinado território dentro ou próximo a uma área protegida estabelecida ou proposta.

Estabelecem relações específicas de identidade com as terras historicamente ocupadas e seus recursos naturais, qualificando-as como território. Nesse território estão estampados fatos e acontecimentos que sustentam a memória coletiva do grupo, implicando dimensões simbólicas, onde os indivíduos resgatam fatos, histórias e praticas cotidianas em comunidade (DELEUZE & GUATARRI, 1997). O “território nasce com uma dupla conotação, material e simbólica... tem a ver com dominação, ficam alijados da terra, ou no ‘territorium’ são impedidos de entrar” (HAESBAERT, 2007, p. 20).

Os grupos sociais que ocupam os territórios tradicionais comumente se configuram em extensas famílias com um ou mais núcleos residindo na mesma casa (MINAS GERAIS, 2014). Logo, a presença de povos e comunidades tradicionais em territórios que se dispõem Unidades de Conservação deve ser administradas com máxima cautela devido ao choque de interesses no uso do espaço entre ambas as partes.

Portanto, é fundamental o reconhecimento da autoidentificação dos povos e comunidades tradicionais como critério legítimo de pertencimento, ou seja, reconhecer que apenas os representantes dos grupos interessados possuem autoridade para definir e expressar sua própria convicção de pertencimento identitário étnico e cultural. Este princípio se explicita no art. 1º da Convenção nº 169/1989 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre povos indígenas e tribais, observando o fato que: “A autoidentificação como indígena ou tribal deverá ser considerada um critério fundamental para a definição dos grupos aos quais se aplicam as disposições da presente Convenção” (OIT, 2011).

É importante salientar que a Política Nacional da Biodiversidade, Decreto nº 4.339, de 22 de agosto de 2002, prediz, dentre os objetivos específicos: “desenvolver e implementar plano de ação para a solução dos conflitos devidos à sobreposição entre áreas protegidas e terras indígenas e quilombolas.”

Essa proposta é substancialmente distinta do que foi expresso no art. 42 da Lei nº 9.985/2000, que institui o

Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). O art. 42 prevê a realocação das “populações tradicionais residentes em unidades de conservação nas quais sua presença não seja permitida”, com indenização ou compensação pelas benfeitorias existentes.

A Convenção nº 169 da OIT, através do Decreto 5.051/2004, teve seu cumprimento determinado no Brasil. A mesma reconhece os direitos territoriais como fundamentais, bem como o direito de livre acesso aos recursos naturais de que se utilizam tradicionalmente para sua reprodução social, cultural, econômica, ancestral e religiosa.

Os povos e comunidades tradicionais têm o direito de permanecer no território que tradicionalmente ocupam e, o reassentamento dos mesmos, deve acontecer em casos excepcionais, mediante as garantias previstas no art. 16 da Convenção. A realocação se cumpre geralmente à necessidade de Unidades de Conservação, na maioria de Proteção Integral, que limita a ação humana em seus espaços.

O Parque Estadual de Terra Ronca – GO, PETER, foi criado através da promulgação da Lei nº 10.879, de 7 de julho de 1989, período do Governo Estadual Henrique Santillo, com objetivo de preservar o patrimônio espeleológico, nascentes, rios interiores e cachoeiras, fauna, flora e paisagem natural do maior complexo de cavernas do Centro Oeste brasileiro (YAGUIU, 2011, p. 149).

Localizado entre os municípios de São Domingos e Guarani – GO possui área de 57.018 hectares. Seus limites foram estabelecidos pelo Decreto nº 4.700 de 21 de agosto de 1996.

O Decreto n° 4700/96, no artigo 2º, trata sobre a desapropriação de terras e benfeitorias. Porém, o artigo 3º assegurou a permanência das populações tradicionais residentes dentro dos limites do parque.

Para definir o termo “população tradicional”, o legislador expõe no parágrafo 1º do artigo 3º que é considerado neste termo famílias que sobrevivam de roças, pequena lavoura ou extrativismo sustentável de recursos naturais renováveis a fim de subsistência, que estejam ligadas a região tradicionalmente e culturalmente, e que residam na área há no mínimo 10 anos da criação do Parque.

Porém, muitos moradores ainda permanecem no dentro do parque com atividades que divergem dos objetivos de conservação, aguardando indenizações pela desapropriação de terras a serem pagas pelo Governo de Goiás.

A decisão decorrida tomou uma postura diferente da concepção de unidade de conservação de proteção integral da época, baseada no modelo norte-americano de unidade de conservação (VALLEJO, 2003, p. 3), onde “não é permitida a realização de atividades humanas, a não serem aquelas com finalidade de pesquisa científica” (JATOBÁ et al., 2009, p.53).

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Para a análise das inconsistências presentes na constituição do PETER é necessário uma contextualização prévia de seus elementos isoladamente, seguido de interpelação integrativa das necessidades da Unidade de Conservação.

O texto do Decreto nº 4.700/1996, que estabelece a área e os limites do Parque Estadual de Terra Ronca e dá outras providências, se mostra ineficiente em sua totalidade, visto que as definições dos atores sociais não são compatíveis às definições dos instrumentos legais superiores.

As comunidades tradicionais referidas ao longo do texto do Decreto acima tendem a assumir uma denominação local destoante do qualitativo tradicional, sendo designadas por critérios temporais. É necessário atentar para o fato de que o autorreconhecimento dos atores sociais ditos como tradicionais tem sido parte do processo que se constitui, a partir das circunstâncias e conflitos.

O objetivo da Lei nº 10.879/1989, destoa, ainda, com os processos sociais da comunidade residente em seu território, no que se trata das restrições para a preservação ambiental.

O processo de desapropriação das terras imposto pelo Decreto nº 4.700/1996, leva em consideração na formatação dos critérios para a definição dos sujeitos com direito à terra, conceitos ultrapassados e incoerentes.

Compreendemos que a criação de Unidades de Conservação como decisão unilateral por parte do Poder Executivo imiscui na dinâmica econômica e sociocultural das populações locais, subjugando-as. Este contexto tem transformado as Unidades de Conservação em elementos insólitos perante a paisagem regional, causando ações de resistência por parte das comunidades afetadas. O contexto histórico das Unidades de Conservação é marcado por situações de enfrentamento e resistência, potencializadas pelo comportamento administrativo, prejudicando a Unidade como um todo.

A restrição de uso imposta pela criação de Unidades de Conservação de Proteção Integral é a principal razão do surgimento de diversos conflitos, determinados pela sobreposição de efígies simbólicas antagônicas e paradoxais sobre o conceito de natureza. As comunidades pertencentes destes territórios tiveram suas atividades tradicionais restringidas, e simultaneamente, direcionadas ao Turismo como principal atividade econômica. Sitiam-se no PETER pequenas chácaras e um vilarejo, denominado de Povoado São João Evangelista. O vilarejo possui estrutura precária quanto ao saneamento básico e urbanização (Figura 1). Figura 1. Povoado São João Evangelista – GO

Fonte: Arquivo pessoal dos autores (2016).

Tradicionalmente, as atividades da comunidade são voltadas ao extrativismo, porém estão sendo direcionada a atividade turística, devido necessidade de adequação aos objetivos de preservação do parque. Possui poucas pousadas, algumas irregulares e, nenhuma registradas no Sistema Cadastur .

CONCLUSÕES

Observa-se, a partir do estudo acima, a necessidade de revisão dos instrumentos legais que regem o Parque Estadual de Terra Ronca - GO, em todas as suas tonalidades e esferas, a fim de harmonizar as relações socioambientais no território. A comunidade, subjugada a falta de infraestrutura e de recursos, tenta modificar seus meios produtivos para o turismo, na tentativa de conciliar a sua sobrevivência aos objetivos de preservação do parque. Os princípios da Ecologia Política podem ser considerados adequados para análise e mitigação desses conflitos.

REFERÊNCIAS

ACSELRAD, H. (org). Conflitos ambientais no Brasil. Relumé Dumará, Rio de Janeiro, 2004, 294 pp. ARAUJO, L. R. R., SOUZA R. M. Territorialidade, conflitos socioambientais e a atividade turística em unidades de conservação: uma discussão conceitual. In: Revista Nordestina de Ecoturismo, nº5, vol.2, p.19-27, 2012. Disponível em: http://dx.doi.org/10.6008%2FESS1983-8344.2012.002.0002. Acesso em 28 jan 2017. BARRETTO FILHO, H. Populações tradicionais: introdução à critica da ecologia política de uma noção. In ADAMS, C.; MURRIETA R. S. S.; NEVES, W. A. Sociedades caboclas amazônicas: modernidade e invisibilidade. Annablume, São Paulo, 2006, p. 109-143. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 28 jan 2017. BRASIL. Lei n. 9.985. Institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza. 2000. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9985.htm. Acesso em 10 dez 2016.

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BRASIL 2002. Decreto n. 4.339. Institui princípios e diretrizes para a implementação da Política Nacional da Biodiversidade. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d4339.htm. Acesso em: 05 jan 2017. BRITO, D. M. C., BASTOS, C. M. C. B., DE FARIAS, R. T. S., BRITO, D. C., DIAS, G. A. C. D. CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS NO SÉCULO XXI. PRACS: Revista Eletrônica de Humanidades do Curso de Ciências Sociais da UNIFAP, nº4, vol. 4, p. 51-58, 2011. DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Ed 34, São Paulo, 1997, 207 pp. FOSTER G. M. 1953. What Is Folk Culture? American Anthropologist. Nº 55, vol. 2, p. 159-173. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1525/aa.1953.55.2.02a00020. Acesso em 31 jan 2017. GOIÁS. Lei n. 10.879. Cria o Parque Estadual de Terra Ronca.1989. Disponível em: http://www.gabinetecivil.go.gov.br/pagina_leis.php?id=5399. Acesso em: 05 jan 2017. GOIÁS. Decreto n. 4.700. Estabelece a área e os limites do Parque Estadual de Terra Ronca, criado pela Lei 10.879, de 7 de julho de 1989, localizado no Município de São Domingos, e dá outras providências. 1996. Disponível em: http://www.gabinetecivil.goias.gov.br/decretos/numerados/1996/decreto_4700.htm. Acesso em: 05 jan 2017. JATOBÁ S. U. S.; CIDADE L. C. F.; VARGAS G. M. Ecologismo, Ambientalismo e Ecologia Política: diferentes visões da sustentabilidade e do território. Revista Sociedade e Estado, nº 24, vol. 1, p. 47-87, 2009. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69922009000100004. Acesso em: 29 jan 2017. HAESBAERT, R. 2007. Território e Multiterritorialidade: um debate. In: GEOgraphia, nº 9, vol 17, p. 19-46. Disponível em: http://www.uff.br/geographia/ojs/index.php/geographia/article/download/213/205. Acesso em: 31 jan 2017. MARTINEZ-ALIER, J. O Ecologismo dos pobres: conflitos ambientais e linguagens de valoração. Contexto, São Paulo, 2007, 379 pp. MINAS GERAIS. MINISTÉRIO PÚBLICO. DIREITOS DOS POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS. Minas Gerais: Superintendência de Comunicação Integrada - Mpmg, 2014. Disponível em: <http://www.mpmg.mp.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A91CFAA4726B5F1014768BFB16E6016>. Acesso em: 20 jan. 2017. MUNIZ, L. M. ECOLOGIA POLÍTICA: o campo de estudo dos conflitos sócio-ambientais. Revista Pós Ciências Sociais, nº 6, vol. 12, p. 181-196, 2009. Disponível em: http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/rpcsoc/article/view/64/45. Acesso em 29 jan 2017. OIT. Organização Internacional do Trabalho. Convenção n° 169 sobre povos indígenas e tribais e Resolução referente à ação da OIT. Brasília: OIT, 2011. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Convencao_169_OIT.pdf>. Acesso em: 28 jan. 2017. VALLEJO, L. R. UNIDADES DE CONSERVAÇÂO: Uma Discussão Teórica à Luz dos Conceitos de Território e de Políticas Públicas. Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, 2003. YUGUIU, S. Parque Estadual Terra Ronca. In: POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS EM ÁREAS DE PROTEÇÃO INTEGRAL NO BRASIL – Conflitos e direitos. Núcleo de Apoio à Pesquisa sobre Populações Humanas em Áreas Úmidas Brasileiras. USP, São Paulo, 2011. Disponível em: http://nupaub.fflch.usp.br/sites/nupaub.fflch.usp.br/files/color/levantamentoconf.pdf. Acesso em: 31 jan 2017.

ZHOURI, A. Justiça ambiental, diversidade cultural e accountability: desafios para a governança ambiental. Revista Brasileira de Ciências Sociais, nº23, vol. 68, p, 97-107, 2008. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69092008000300007. Acesso em 29 jan 2017. ZHOURI, A.; LASCHEFSKI, K. (Orgs.). Desenvolvimento e conflitos ambientais. UFMG, Belo Horizonte, 2010, 484 pp.

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UM CAMINHO PARA CONSERVAÇÃO

Andréia Oliveira Martins; Taynara Martins dos Santos; Adriana Aparecida Silva

Universidade Estadual de Goiás- Câmpus Anápolis CSEH, Av, Juscelino Kubitscheck, 146, Jundiaí 75.110-390,

Anápolis, Goiás, Brasil

*e-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected].

Palavras chave: Educação ambiental, Conservação, Conscientização.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho aborda a questão da relevância de se desenvolver a sensibilização para geoconservação nas escolas, por meio da educação ambiental. A educação ambiental precisa ser trabalhada com toda sociedade, a começar pelos alunos das séries iniciais, pois, a inserção desse tema contribuirá para formação de pessoas com consciência crítica e mais preocupados com os impactos ao meio ambiente.

A falta de conhecimento por parte da sociedade sobre a importância de se preservar os recursos naturais vem causando impactos como: contaminação da água e do ar, degradação dos solos com a compactação e as erosões, extinção de espécies da fauna e flora, dentre outros. Diante disto, consideramos de grande importância que seja abordado no ambiente escolar, a educação ambiental, tendo em vista a formação de cidadãos com um olhar mais crítico da importância de se preserva dos elementos naturais, assim incentivando ações em prol conservação do meio ambiente. Como proposta de ação, colocamos o trabalho de campo como uma metodologia diferenciada e que muito tem a contribuir para a educação ambiental, pois a prática de campo e um momento onde a teoria aprendida em sala ganha forma e vida, chamando a atenção dos alunos para os problemas ambientais.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O meio escolar é um dos primeiros passos para a sensibilização dos futuros cidadãos, mas, para que os alunos entendam a necessidade de preservar é preciso que sejam trabalhados alguns conceitos, dentre eles o de Geoconservação e o de Educação Ambiental. O conceito de Geoconservação evoluiu do conceito de Geodiversidade, onde Brilha (2005) defende que em sentido amplo, a Geoconservação é a gestão sustentável dos

recursos abióticos, ou seja, as rochas, os minerais, as águas, os solos, etc.

Segundo Azevedo (2007), a falta de conhecimento por parte da sociedade sobre a os recursos naturais consiste em um dos grandes obstáculos para a conscientização da Geoconservação. Desta maneira, vê-se a importância é a necessidade de abordar esses conceitos no ambiente escolar, tendo em vista formar cidadãos com um olhar mais crítico da importância de se preserva dos elementos naturais para a vida, assim, incentivando ações em prol do meio ambiente.

A educação ambiental, porém, mais do que informações e conceitos é preciso que a escola se disponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores, e com mais ações práticas do que teóricas, para que o aluno possa aprender a respeitar e praticar a conservação ambiental (MEDEIROS, 2011, p.3).

Metodologias diferenciadas de ensino são essenciais para chamar a atenção dos alunos, um exemplo são aulas em campo, pois elas se tornam um momento de reflexão, onde a teoria aprendida em sala de aula ganha forma e vida. A prática de campo é uma atividade “extraclasse” e constituem uma prática essencial e enriquecedora para o ensino, pois atiça a curiosidade e o interesse pelo estudo, buscando o entendimento e a análise do meio e do contexto socioespacial a que se faz referência (TOMITA, 1999).

O campo promove a análise inter-relacional entre aspectos físicos e humano-culturais: paisagem rural e urbana, relações sociais e dinâmicas socioeconômicas e outros fatores que transformam a paisagem natural em uma outra forma, a paisagem cultural humanizada, no espaço geográfico. O Trabalho de Campo é, portanto, uma atividade investigativa e exploratória que promove na dimensão cognitiva do aluno, a curiosidade e o interesse em estudar

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determinado fenômeno. Segundo Souza et at (2008, p.82):

(...) por meio do trabalho de campo é possível desenvolver as habilidades de observar, descrever e interpretar fenômenos naturais e socioespaciais no cotidiano dos alunos, também contribuir com a formação de profissionais na área de Geociências, despertando interesse pelo tema.

Para essa proposta de atividade de campo como formação para educação ambiental, trabalhamos com alunos do Colégio Estadual Polivalente Frei João Batista e escolhemos como objeto de estudo e visita técnica o Córrego dos Cesários. Este córrego atravessa importante área urbana de Anápolis. O curso médio desse córrego se avizinha a vias de intenso tráfego, como, a avenida. Universitária que liga a região centro à saída norte da cidade (Figura 1).

Fonte: Oliveira.

2005, p. 11.

A urbanização se intensificou nas

médias e grandes cidades brasileiras com a expansão das atividades industriais desde a década de 1970. O desenvolvimento e o crescimento desses centros urbanos, muitas vezes, não ocorrem de forma planejada, o que provoca forte alteração na natureza e cria severos problemas ambientais e socioeconômicos. Bacias hidrográficas são fortemente atacadas quando seu curso atravessa áreas urbanas. Rios, córregos, nascentes são poluídos e degradados constantemente pelo mau uso dos recursos naturais e urbanização mal planejada. Não são poucos os leitos de rios e córregos urbanos que são transformados em esgotos a céu aberto devido ao depósito constante de

lixo em suas margens e a descarga de resíduos líquidos e sólidos nos cursos d’agua.

É com base nessas questões socioambientais e preocupados com a responsabilidade social na formação da consciência ambiental que se propõe e se justifica a importância da atividade de trabalho de campo nas disciplinas escolares do Ensino Fundamental e Médio.

Neste estudo a escolha pelo Córrego dos Cesários como local para o trabalho de campo se deu por estar presente no cotidiano dos alunos do Colégio Estadual Polivalente Frei João Batista. A ida para campo com os alunos objetivou: Provocar o debate sobre a Aula de Campo como recurso para discutir conceitos e conteúdos da educação ambiental;

Possibilitar momento de reflexão sobre os impactos causados ao ambiente, às margens e leito do córrego;

Despertar senso de preservação dos recursos naturais.

Em campo foi possível observar que o Córrego dos Cesários apresenta graves problemas ambientais, como: assoreamento, erosão, depósito de lixo nas suas margens, construções irregulares, atividade de hortifrutigranjeiros, ausência de matas ciliares, além, do forte tráfego nas proximidades do curso d’agua.

O espaço urbano pelo qual “corre” o Córrego dos Cesários se caracteriza por um longo trecho com urbanização intensa, num bairro residencial da cidade. O leito do córrego faz fundo com o Colégio Estadual Frei João Batista, em um trecho de intensa movimentação de carros e pedestres. Além disso, a observação da região do entorno do Córrego dos Cesários permite uma reflexão sobre os impactos que o homem e a dinâmica urbana vêm provocando na natureza, bem como suas consequências para o ambiente e comunidade local. Foi levantada também a questão de que a ausência de consciência ambiental por aqueles que “usam” o córrego desrespeitam e degradam o ambiente.

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

PRESENÇA DE NASCENTES E O PROCESSO DE PERMEABILIDADE DO

SOLO.

Foram identificadas ações que provocam sérios riscos e impactam o meio no Córrego dos Cesários, sendo elas:

Impactos que o homem e a dinâmica urbana vêm provocando na natureza bem como suas consequências para o ambiente e comunidade local;

Ausência de consciência ambiental por aqueles que “usam” o córrego de forma inadequada, desrespeitando o ambiente.

IMPACTOS AMBIENTAIS EM PARTE DO CURSO DO CÓRREGO

A partir dessas considerações propomos duas questões-problema: I- Em que medida a atividade de campo proposta poderá contribuir com a reflexão e apreensão dos fenômenos ambientais?

II –Quais resultados práticos poderão ser absorvidos e em que medida os problemas percebidos no trabalho de campo despertarão a consciência de preservação ambiental?

A proposta de trabalho de campo no Córrego dos Cesários contribuiu para uma

analise dos problemas ambientais existentes no local, como os assoreamentos, as erosões e o lixo jogado todos os dias pela população local, permitindo que fosse feita a relação com o crescimento urbano, a verticalização, os condomínios, faculdades, entre outras ocupações irregulares próximas ás margens do córrego e, sobretudo sobre a falta de consciência ambiental dos moradores da região.

CONCLUSÕES

O trabalho de campo oportuniza aos alunos conhecer a realidade que os cerca, podendo exercer papel de pesquisador e formador de conceitos e de conhecimento. Isso porque o aluno irá observar, comparar, perguntar, inquirir, inferir, ilustrar, exemplificar e problematizar a teoria apresentada em sala, e com isso, se tornar um cidadão consciente.

É notável que a geoconcervação ainda represente um assunto pouco explorado nas escolas, mesmo nos tempos atuais, onde impactos sobre os recursos naturais sejam tão evidentes. Sendo assim, é papel de nós educadores demonstrar a necessidade de se inserir o assunto, pois, sabemos da urgência em se conservar o ambiente.

A visita dos alunos nas proximidades do córrego Cesários possibilitou uma nova percepção sobre a realidade do local e certamente contribuiu para reflexão de temas como os relacionados a educação ambiental e a geoconsservação.

REFERÊNCIAS

BRILHA, J. A importância dos geoparques no ensino e divulgação das Geociências. Revista do Instituto de Geociências. Ed. Especial. v.5. São Paulo. USP, 2009. P. 27-33. Disponível em: <http://www.dct.uminho.pt/docentes/pdfs/jb_usp.pdf> acesso em 02/03/2017. MEDEIROS, Aurélia Barbosa. A Importância da educação ambiental na escola nas séries iniciais, 2009. Disponível em<:http://www.terrabrasilis.org.br/ecotecadigital/pdf/a-importancia-da-educacao-ambiental-na-escola-nas-series-iniciais.pdf.> Acesso em: 1 de março. 2017. SEARA, Filho Gomes. Apontamentos de introdução à educação ambiental. Revista Ambiental, v.1, 1987. TOMITA, Luzia M. Saito. Trabalho de campo como instrumento de ensino em Geografia. Geografia. Londrina, v.8, n.1, p.13-15, jan./jun. 1999. SOUZA, C. J. O; Faria, F. S. R.; Neves, M. P. Trabalho de campo, por que fazê-lo? Reflexões à luz de documentos legais

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e de práticas acadêmicas com as geociências. Anais VII Simpósio Nacional de Geomorfologia. Belo Horizonte, 2008.

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ENSINO DA GEOCONSERVAÇÃO COMO FERRAMENTA PARA A VALORAÇÃO DO PATRIMÔNIO GEOLÓGICO: UMA INTRODUÇÃO

Raylon da Frota Lopes

Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade, Ecologia e Conservação, Universidade Federal do Tocantins, Rua Três S/N, CEP 77500-000, Porto Nacional, Tocantins, Brasil.

E-mail: [email protected]

Palavras chave: Geoconservação, Educação, Geodiversidade.

INTRODUÇÃO

A Geoconservação é uma área das Geociências que tem como foco o manejo sustentável dos atributos geológicos que ocorrem em uma determinada área de significado e valor, principalmente geológico. Essas propriedades que se consistem, por exemplo, por minerais, rochas, formas de relevo, fósseis e solos englobam elementos que constituem a Geodiversidade, as quais interagem diretamente com os elementos bióticos, sejam eles humanos ou não, como plantas, animais e também as comunidades humanas que habitam essas áreas. Este trabalho tem o objetivo de discorrer de forma teórica e com exemplos práticos sobre a importância do ensino e da aprendizagem da Geoconservação para a preservação de áreas com grande valor Geológico.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O surgimento e desenvolvimento da Geoconservação ocorram nas últimas duas décadas devido a grande necessidade de se estudar, compreender e preservar o patrimônio geológico (Brilha, Sá. 2012) . A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), com a sua visão geoconservacionista constituiu no ano de 2000 a Rede Mundial de Geoparques, que visa desde então a preservação das áreas de considerável valor geológico, cujas ações para essa proteção estão dispostas em intervenções naturais e humanas, quais sejam, atividades técnicas de preservação e também ações educativas com as populações dessas áreas (Onary-Alves et al. 2015). As ações educativas são de grande importância em todas as esferas de conservação, pois o conhecimento leva os cidadãos a respeitar, valorizar e cuidar do patrimônio, seja ele geológico ou não. Dentro desta concepção, o ensino da Geoconservação e também da própria Geologia tem demostrado a responsabilidade de levar aos indivíduos uma visão responsável e participativa do Sistema Terra, já que pode despertar neste um novo olhar acerca de temas ambientais. Mas para alcançar esse objetivo é

necessário que a população tenha o mínimo aceitável de conhecimento das estruturas do sistema Terra para agir criticamente em relação às questões ambientais. Ao fazer isto o cidadão poderá se posicionar em uma sociedade onde, mais e mais, recursos naturais são explorados, e essa extração desenfreada afeta de forma rápida e direta os patrimônios que levaram milhões de anos para se formarem, assim como todo o meio ecológico que os circundam (Pereira, Rios, Garcia. 2016) . O estabelecimento de ações educativas referentes à Geoconservação permite uma maior e mais eficaz gestão do Patrimônio Geológico, uma vez que a população estará mais consciente e, portanto, apta a fiscalizar e evitar atividades que acelerem os processos intempéricos e erosivos (Bacci et al. 2012). Entretanto, é necessária uma administração que não esteja ligada apenas ao mundo acadêmico e científico, mas também à esfera social, com a participação de todos em ações conservacionistas que repercutam no dia a dia.

CONCLUSÕES

O ensino da Geoconservação leva a preservação dos patrimônios Geológicos a uma preocupação não apenas científica, mas também faz dessa preocupação um “incômodo” social. A maior dificuldade está em repassar essa consciência aos cidadãos em uma linguagem acessível e de fácil compreensão. O ensino e a disseminação desses conhecimentos são tão importantes quanto o trabalho técnico desenvolvido para a conservação dos patrimônios geológicos, pois as ações pedagógicas levam os cidadãos a viverem de forma racional e sustentável com os patrimônios a serem preservados.

REFERÊNCIAS

BACCI. Denise de La Corte, PIRANHA. Joseli Maria, BOGGIANI. Paulo César, DEL LAMA. Eliane Aparecida, TEIXEIRA, Wilson. GEOPARQUE - Estratégia de Geoconservação e Projetos Educacionais. 2009. Revista do Instituto de Geociências – USP. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/gusppe/article/download/45386/48998>. Acesso em 10 de Março de 2017.

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

BRILHA. José, SÃ. Artur. 2012. Geoconservação: uma nova Geociência para a promoção do desenvolvimento sustável. I congresso Internacional “Geociência na CPLP”. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/gusppe/article/download/45386/48998>. Acesso em 09 de Março de 2017. ONARY-ALVES S.Y., BECKER-KERBER B., VALENTIN P.R., PACHECO. M.L.A.F. 2015. O Conceito de geoparque no Brasil: Reflexões, perspectivas e propostas de divulgação. Terræ Didatica. Disponível em <https://www.ige.unicamp.br/terraedidatica/v11_2/PDF11-2/TD11_2-141-4%20.pdf>. Acesso em 05 de Março de 2017. PEREIRA. R.G.F.A., RIOS D.C., GARCIA P.M.P. 2016. Geodiversidade e Patrimônio Geológico: ferramentas para a divulgação e ensino das Geociências. Terræ Didatica. Disponível em: <https://www.ige.unicamp.br/terraedidatica/v12_3/PDF12_3/Td-123-5.pdf>. Acesso em 10 de Março de 2017.

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

O USO DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA (GIS) PARA O PLANEJAMENTO DA ATIVIDADE TURÍSTICA

Paulo Roberto Ferreira de Aguiar Junior

Universidade Federal de Goiás - UFG Avenida Esperança s/n,

Campus Samambaia, 74690-900, Goiânia, Goiás, Brasi

E-mail: [email protected]

Palavras chave: turismo, GIS, planejamento.

INTRODUÇÃO

O turismo, como fenômeno socioeconômico, é hoje fator importante na balança comercial de muitos países, pois a movimentação de pessoas pelo globo mostra de que forma o turismo repercute na economia, chegando a ser, dentro do setor de serviços, o carro chefe. Atualmente, o volume de negócios do turismo iguala ou supera o das exportações de petróleo, produtos alimentares ou automóveis (UNWTO, 2016). Assim, o turismo torna-se, em muitos países em escala global, o ponto de equilíbrio do Produto Nacional Bruto (PNB), proporcionando uma redução na taxa de desemprego, como afirma Beni (2001).

O território brasileiro, devido à sua extensão territorial, comporta um mosaico paisagístico bem diverso, e essas variações são, em parte, devido à localização, uma vez que nosso território encontra-se nas faixas tropical e subtropical, dentro das quais existem diferentes tipos de clima. Desta forma, o Brasil apresenta características fitogeográficas distintas, o que, para o turismo, representa uma forma de seduzir turistas nacionais e internacionais que estão em busca de complexos paisagísticos diferenciados.

Nesse sentido, o Cerrado, que Ab’Saber (2003) denomina de Domínio dos Chapadões Recobertos por Cerrados e Penetrados por Florestas-Galeria, com sua área estendendo-se entre 1,7 e 1,9 milhão de quilômetros quadrados, possui um conjunto paisagístico interessante para o investimento e o desenvolvimento do turismo. Guerra (2014) afirma, ainda, que a Geomorfologia aplicada ao turismo pode ser de grande valia para que tal atividade possa florescer cada vez mais e com o aproveitamento máximo das belezas naturais, sendo a paisagem apenas um dos subsistemas do turismo a ser explorado.

No entanto, as savanas brasileiras ainda não são um polo indutor do turismo. Ainda que a paisagem, inicialmente, possa parecer enganosamente monótona, como afirmara Ab’Saber (2003), há, nesse domínio paisagístico, diversos atrativos ligados à natureza, como cenários deslumbrantes proporcionados pelo conjunto estrutura geológica-relevo-vegetação, nos quais se registram a existência de centenas a milhares de cachoeiras, cânions, lagos etc., instalados ou não em unidades de conservação, o

que torna a região propícia ao turismo de aventura, ecoturismo, turismo rural.

Desta forma, tentar entender as razões pelas quais a região tem um mau desempenho nesta atividade, é essencial para melhorar o planejamento do turismo regional que, por sua vez, pode ter influência positivamente na renda da população local. Com o objetivo de oferecer condições ao planejamento da atividade turística e, por conseguinte na manutenção da conservação de áreas que estão a mercê da atividade agrícola, mais especificamente da monocultura que vem tomando a paisagem do cerrado brasileiro, é que o levantamento de áreas com potencial paisagístico deve ser feito e que a utilização da cartografia e do Sistema de informação geográfica (SIG) são essenciais.

A comunicação cartográfica em mapas turísticos pode atender satisfatoriamente a seus usuários e aos gestores, tanto da área privada quanto publica, uma vez que podemos visualizar de forma rápida e fácil onde estão os atrativos turísticos, por categoria, a distribuição dos turistas no território nacional, equipamentos turísticos, empresas ligadas as atividades de recreação e lazer etc. Assim, a cartografia ligada ao turismo, ou cartografia turística é cada vez mais importante. E, como afirma Fernandes e Graça (2014), a garantia de um bom produto cartográfico está diretamente ligado aos dados em informações turísticas que é coletado. Por esse motivo que a figura abaixo é tão utilizada, didaticamente, para mostrar a diferença entre dados e informação.

Dados Informação

Figura 01

Assim, é necessário antes haver uma

cultura de geração de dados para assim tornar mais fácil e assertiva a confecção dos mapas. Metodologia

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

Para apresentar a dificuldade em constituir uma produção cartográfica sobre paisagens com potencial turístico, utilizando o sistema de informação geográfica (SIG), mesmo sendo recente sua utilização, há pouco mais de quatro décadas, o SIG está sendo utilizada por diferentes áreas como: Biologia, Cartografia, Botânica Geografia entre outros.

Desta forma, houve a tentativa de confeccionar um produto que mostrasse os investimentos na atividade turística por município e relacionar com o numero de turistas que a região recebe e os rendimentos oriundos do turismo, mesmo sendo difícil por haver o efeito multiplicador que Beni (2001) apresenta. Foi escolhido o estado de Goiás para realização do produto acima mencionado, entretanto o resultado final não foi o esperado, uma vez que os dados não são disponibilizados. A não disponibilização de dados no site oficial do governo do estado, Goiás Turismo, pode ser o desdém que Goiás tem com essa atividade e também a falta de cultura da produção de dados.

Para se atingir o objetivo proposto, a pesquisa foi divida em duas etapas. Na primeira etapa procurou se a sistematização da pesquisa como propõe Ruschman (1997), o levantamento dos dados que pudesse subsidiar a espacialização dos mesmos. Os respectivos dados que fora escolhido, a fim de mostra-los no espaço, são referentes às despesas que os munícipios do estado de Goiás realizaram em 2015 com a atividade turística. Mas não fora realizado de todos os munícipios, apenas os municípios que firmaram convenio com a Diretoria de Pesquisas Turísticas (Iptur), pois estes tem o apoio do governo do estado e incentivos para o desenvolvimento da atividade turística. Após a escolha dos municípios, os dados referentes às despesas com atividade turística foram baixados do site do Tribunal de Contas do Município (TCM), que foi a principal fonte deste levantamento. Após o levantamento de dados do TCM, bem como da Goiás Turismo, elaborou-se o mapa apresentado na Figura 02.

Figura 02. Mapa da distribuição dos investimentos com turismo nos municípios goianos cadastrados no

IPTUR em 2016. Diante do mapa elaborado, mesmo que

poucos municípios mapeados, devido à metodologia escolhida para confecção do respectivo produto, é possível visualizar que a mesorregião sul e a mesorregião centro (na mesorregião centro, contamos com a cidade de Pirenópolis que reconhecidamente é um dos destinos mais procurado do estado) de Goiás são as regiões que possuem maiores despesas com turismo dentro dos municípios trabalhados.

Desta forma, foi possível verificar visualmente onde estão os maiores investimentos nesse setor, bem como comparar com mapa turístico disponibilizado pela Goiás Turismo.

Figura 03. Comparativo entre o novo produto confeccionado e o mapa disponibilizado pela Goiás Turismo. Após o término da confecção do produto, é possível, se bem trabalho pelos gestores, realizar um planejamento a fim de levantar as regiões que ainda não foram firmados acordos entre a Goiás Turismo e os municípios que tem um potencial paisagístico para ser explorado, como: cachoeiras, cidades “históricas”, eventos entre outros.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Assim, podemos perceber que a maior despesa está na área que se encontra na Região Agroecológica e nas Regiões das Águas e dos

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Lagos, ambas situadas na mesorregião sul do estado, ficando a exceção com Pirenópolis que está na Região do Ouro, na mesorregião central, e que possui um dos maiores gastos com turismo dos municípios do estado de Goiás.

Percebe-se também que a Região do Vale da Serra da Mesa tem destaque entre os municípios, mesmo que seja menor das mesorregiões citadas, mas é certo que um potencial paisagístico para ser explorado. Mesmo porque Serra da Mesa é o quinto maior Lago do país.

Por outro lado, podemos perceber que a região do vale do Araguaia não tem despesas com turismo tão grandes comparadas as mesorregiões sul e centro, mesmo que tenha o rio Araguaia e as chamadas “praia dos goianos” que são um dos atrativos mais procurados na alta temporada. Tendo São Miguel do Araguaia como destaque, bem como o município de Piranhas. Esses dois municípios se destacam em despesas na atividade

turística. O incentivo para geração de dados pode

auxiliar a conservação e incentivo de áreas que pode gerar renda pela atividade turística e não somente pelo uso, muitas vezes indevido, do solo. Mostrar outas alternativas para geração de renda utilizando a paisagem, pesquisa e profissionalização podem auxiliar a limitar um dos biomas que mais sofre com a atividade humana.

Quadro 1. Destinos (percentual) de pessoas que desejam viajar pelo Brasil – 2016.

Nordest

e Sul Sudest

e Centro-Oeste

Norte

48% 25,3% 19,2% 4% 3,5%

* Portal Brasil

CONCLUSÕES

A falta de diagnósticos, de planejamento e de divulgação voltados para o turismo da região das Savanas do Centro-Oeste brasileiro, pode ser um dos principais problemas para atrair turistas para a região. Desta fora, incentivar a cultura da geração de dados se torna imprescindível para que se possa ser gerado diversos tipos de produtos voltados para os turistas e para os gestores.

A atividade turística foi o setor que conseguiu manter um crescimento mundial e até ultrapassar os setores de produção automobilística e exportação de petróleo, sendo muito importante para economia de qualquer

país, estado ou município. Mas para que haja um retorno satisfatório da atividade turística, deve haver cada vez mais investimentos, estudos, na produção de produtos que possa auxiliar nos desenvolvimentos de politicas publicas para alavancar o turismo.

O meio físico, por mais que seja de grande relevância, ele sozinho não é capaz de proporcionar um crescimento na atividade turística. Há de ser investir na infraestrutura: rede de telecomunicação, malha viária, hospedagem, alimentar etc. E para tal, precisa-se saber quais são as potencialidades para que seja investido de forma assertiva. É neste momento, que o Sistema de Informação Geográfica (SIG) aparece como uma ferramenta a auxiliar na espacialização desses dados.

A utilização de SIG pode ser para um levantamento de recursos naturais das áreas a serem exploradas, bem como definir planos de ação para a implantação de um turismo sustentável, levando em consideração os recursos naturais da área é importante não somente ter em um mapa temático com iconografias representando cada tipo de turismo. Devem-se ter vários produtos com o intuito de cruzar dados e verificar se há gargalos no setor ou não. Com a espacialização de tais dados, é possível verificar se os destinos mais procurados estão próximos dos polos indutores, de outros estados, de turismo ou não, se há algum município com atrativo cênico a ser explorado e ainda não foi, ou seja, há inúmeras possibilidades de trabalhar com SIG no planejamento do turismo.

REFERÊNCIAS

AB’SABER, Aziz Nacib. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo, Ateliê Editorial, 2003 BENI, Mário Carlos. Analise estrutural do turismo. 5ª ed. São Paulo. Ed. SENAC São Paulo, 2001. GUERRA, Antônio José Teixeira. Geomorfologia ambiental. 6ª ed. Rio de Janeiro. Ed. Bertrand, 2014 Instituto Mauro Borges de Estatísticas e estudos socioeconômico. Disponível em <http://www.imb.go.gov.br/ >. Acessado em 18 agos. 2016. MENEZES, Paulo Márcio Leal de e MENEZES, Manoel do Couto Fernandes. Roteiro de cartografia. São Paulo: Ed. Oficina de Textos, 2013. NOGUERIA, Ruth E. Cartografia: representação, comunicação e visualização de dados espaciais. – 2ª ed. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2008 Goiás Turismo Disponivel em: < http://www.goiasturismo.go.gov.br/goias-turismo/mapa-turistico-de-goias/>. Acesso em 18 agos. 2016. World Tourism Organization UNWTO Disponível em: < http://www2.unwto.org/>. Acesso em 18 agos. 2016.

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

OS SÍTIOS GEOLÓGICOS DO GRUPO GOIÁS-VELHO (GOIÁS-GO)

Ricardo de Faria Pinto Filho, Gabriela Couto Barbosa, Cláudia Valéria de Lima

Universidade Federal de Goiás, Av. Esperança, s/n - Samambaia, 74001-970, Goiâinia, Goiás, Brasil

*e-mail: ¹[email protected], ²[email protected], ³[email protected]

Palavras chave: patrimônio geológico, grupo goiás velho, geoconservação

INTRODUÇÃO

Pesquisas sobre a conservação do patrimônio geológico ainda são poucos difundidas no território brasileiro. Ruchkys (2007) salienta que, desde o início dos anos 90 do século passado, a comunidade científica tem se mobilizado, visando a iniciativas que confirmam um tratamento especial à geoconservação. A autora ressalta ainda que essas iniciativas são refletidas no desenvolvimento de projetos e eventos envolvendo a comunidade geológica mundial. O município de Goiás, tem o perímetro urbano, localizado a 142 km da capital do estado de Goiás, Goiânia. O sítio histórico do município foi tombado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) como Patrimônio Histórico da Humanidade no ano de 2001. O município de Goiás possui belas paisagens, destacando-se a Serra Dourada, vista ao sul do sítio urbano. E ao norte/ nordeste destaca-se a Serra de Santa Rita e a Serra Cantagalo. Além da beleza cênica da Serra Dourada, o município de Goiás teve na riqueza aurífera o principal condicionante para a formação do Estado que temos hoje. A descoberta de ouro no Grupo Goiás-Velho foi o fator crucial para a apropriação dessa região no século XVIII. O presente trabalho tem como objetivo apontar e inventariar os sítios de interesse geológico no Grupo Goiás-Velho. Existem muitas áreas da ciência que pesquisam em prol da conservação de algo, seja patrimônio cultura, arquitetônico, arqueológico dentro outros. Mas o campo que trabalha pesquisas sobre a conservação da geodiversidade ainda é pouco divulgado e pesquisado em território nacional.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Em trabalho de mapeamento geológico, o Governo do Estado de Goiás em parceria com o Governo Federal, define o Grupo Goiás Velho da seguinte forma:

As rochas do Grupo Goiás Velho compreendem uma associação do tipo greenstone belt que ocorre entre a cidade de Goiás e Faina, como faixa com cerca de 150 km de comprimento e 6 km de largura média, orientada segundo N60W. (CPRM, 2007, p. 51)

O greenstone belt foi objeto de estudos de vários pesquisadores. Popp (2007) o interpreta como uma ocorrência de rochas máficas vulcânicas, associadas a sedimentos antigos, dobradas e metamorfizadas em

áreas do escudo, com idades superiores a 2,5 bilhões de anos. Segundo Resende (1998), as porções basais do greenstone belt conhecidas em todo o mundo são constituídas por derrames ultramáficos, apresentam inúmeras jazidas sulfetadas, preferencialmente de níquel, depositado a partir de um líquido sulfetado contido em um magma silicático rico em magnésio. Segundo Tomazzoli (1992), o greenstone belt que ocorre no município de Goiás está inserido em rochas do Complexo Granito-Gnáissico, cujos contatos se dão através de uma falha de empurrão a N60 – 70W. Esta falha é responsável pelos limites grosseiramente retilíneos da faixa. Pinto filho (2014), propôs e inventariou os seguintes sítios geológicos inseridos no Grupo Goiás-Velho (Figura 1)

Figura 1. Sítios Geológicos do Grupo Goiás Velho.

Geossítio Cachoeira das Andorinhas O geossítio localiza-se a 7 km do centro histórico da Cidade de Goiás e tem como acesso principal a estrada não pavimentada com início próximo à Igreja de Santa Bárbara. A Cachoeira das Andorinhas (Figura 2) encontra-se dentro de uma propriedade particular, Hotel Fazenda Manduzanzan, a qual possui uma boa infraestrutura para receber visitantes, como restaurante e chalés para pernoite. O acesso à cachoeira a partir da sede do hotel fazenda, é uma trilha que passa por pasto e mata fechada, com aproximadamente 1 km de caminhada e trechos de difícil acesso. O sítio encontra-se na zona de contato da Unidade de Granito Pau de Choro com a Formação Manoel Leocádio, pertencente ao Grupo Goiás Velho. Nota-se

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na figura 1 que a região possui vários falhamentos, os quais certamente são a causa da queda d'água com aproximadamente sete metros de altura.

Figura 2. Geossítio Cachoeira das Andorinhas Como foi dito anteriormente, o difícil acesso à Cachoeira das Andorinhas pode ser um fator que contribui para a preservação do local. A trilha e a Cachoeira estão em bom estado de conservação, sem a presença de pichações nas rochas ou lixo pelo caminho.

Geossítio Pedreira de São Sebastião Outro Sítio Geológico que se destaca no Grupo Goiás Velho é a Pedreira de São Sebastião(Figura 3). Localizada nas proximidades do Antigo Arraial de Ouro Fino, a aproximadamente 2 km do antigo largo da Igreja de Ouro Fino.

Figura 3. A) Dobramento em Quartzito; B) Afloramento no Geossítio Pedreira de São Sebastião A Pedreira de São Sebastião tem uma significativa importância cultural. Ali, todos os anos, no dia 2 de setembro é realizada a procissão de São Sebastião da Pedreira. No local existe um modelo de altar com a imagem de São Sebastião, no topo de um dos rochedos. A Pedreira é localizada em meio a um pasto de propriedade particular. No lajeado, ao qual foi dado o nome de Pedreira de São Sebastião pode-se encontrar Quartzitos com intercalações de xistos. A Pedreira está inserida na Formação Digo-Digo, descrita anteriormente. Observa-se que as rochas encontram-se com mergulho acentuado e em alguns afloramentos é possível observar dobras relativas aos esforços de atividades tectônicas na região. Nota-se também um processo de intemperismo biológico ocasionado pela vegetação no afloramento rochoso.

Geossítio Largo da Carioca O Largo da Carioca está localizado no centro histórico da Cidade de Goiás. Nele encontra-se o Chafariz da Carioca, primeira fonte pública de abastecimento de água em Vila Boa (Figura 4). Curado (1994) discorre em seu livro “Goyaz e Serradourada - Joaquim Craveiro e poetas”, por meio de fotos de Joaquim Craveiro, que o Largo da Carioca recebeu a primeira usina termoelétrica do estado de Goiás em 1920, porém ficou em atividade somente por 4 anos. Em 1924, uma de suas caldeiras explodiu, destruindo assim todo o maquinário.

Figura 4. Fonte do Largo da Carioca O Largo da Carioca é de fácil acesso, sendo pavimentada com blocos de pedra feita no período colonial. Há um balneário também procurado pelos turistas e moradores, chamado Poço do Bispo, banhado pelo Rio Vermelho. Às margens e no leito do rio observam-se rochas com mergulho acentuado (Figura 5). A área está inserida no Grupo Goiás Velho, mais precisamente na Unidade 1 da Sequência Serra do Cantagalo. O embasamento litológico são xistos intercalados por metaconglomerados e com forte mergulho. Resende et al. (1998) explicam que os metaconglomerados são suportados por clastos estirados, os quais mostram a granoclassificação. (Figura 5)

Figura 5. Metaconglomerados da Carioquinha Com base em pesquisas relacionadas aos metaconglomerados, Danni et al. (1981) afirmam que os metaconglomerados presentes no Largo da Carioca pertencem à Unidade 1 da Sequência Serra do Cantagalo, e que esta Unidade foi denominada de

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Metaconglomerados da Carioquinha, fazendo referência aos afloramentos do Largo. A presença de lixo é marcante no local, pode-se assimilar com o fato da facilidade de chegar ao sítio. O local possui um museu a céu aberto onde relata-se a história da antiga capital (Figura 6) e um pequeno parque de diversões para crianças. A preservação do local deve ser indispensável, pois ali está parte de um patrimônio histórico da antiga capital, além das belezas cênicas que a geologia proporciona.

Figura 6. Museu a céu aberto – Largo da Carioca

Geossítio Metachert do Digo-Digo O geossítio está localizado às margens do córrego Digo-Digo, aproximadamente a 7 km do perímetro urbano da Cidade de Goiás. O sítio está inserido na Formação Manoel Leocádio, cujo embasamento litológico compreende xistos magnesianos, serpentinitos, clorititos, talco serpentinitos, carbonato-talco xistos, clorita-talco xistos, clorita-quartzo xistos, metachert ferrífero, metachert grafitoso, filitos e filitos grafitosos (Figura 7).

Figura 6. Metachert do Digo-digo Metachert é um tipo de rocha sedimentar metamorfizada. Tal rocha se deriva do chamado chert, que é uma rocha silicosa, resistente e que pode ter origem orgânica ou inorgânica. Zimbre (2013) explica que os chert mais escuros são formados em ambiente

de fundo de mar. Por ser um local de difícil acesso, o geossítio encontra-se em perfeito estado de conservação. O Metachert do Digo-Digo é rico em calcopirita, aumentando a beleza do afloramento. No local encontra-se também um balneário de beleza cênica e pouco ou nada utilizado pela atividade

turística. Além dos geossítios descritos no presente trabalho foram inventariados por Pinto Filho (2014) no Grupo Goiás-Velho no município de Goiás mais quatro geossítios, um geomorfológico e três sítios que retratam a história da mineração no estado de Goiás.

CONCLUSÕES

O presente trabalho conclui que o Grupo-Goiás velho possui uma gama de sítio de interesse para o conhecimento e divulgação dos saberes geológicos, além de possuir um grande potencial para a prática de atividades turísticas, dentre elas ressalta-se o Geoturismo. Avaliou-se que a maioria dos sítios encontram-se parcialmente preservados porém ainda não passaram por uma análise quantitativa de valoração.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e o Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Goiás.

REFERÊNCIAS

CPRM, Mapa Geológico do Estado de Goiás e DF: Unidades Crono-estratigráficas, Goiânia, 2007.

CURADO, L. A. C. Goyaz e Serradourada - Joaquim Craveiro e Poetas. Edição do Autor. Goiânia, 1994, 124 p.

DANNI, J. C. M., Dardene, M. A., Fuck, R. A. – Geologia da Região da Serra de Santa Rita e Sequência Serra de Cantagalo: Simpósio de Geologia do Centro-Oeste, 1. Goiânia, Anais..., p. 265-280, 1981.

PINTO FILHO, R. F. Inventário e Avaliação da Geodiversidade no município de Goiás e Parque Estadual da Serra Dourada. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Instituto de Estudos Sócioambientais, Universidade Federal de Goiás, 2014, 101 p.

POPP, J. H. Geologia Geral. 5ª ed., Editora Livros Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro, 2007, 367p.

RESENDE, M. G.; JOST, H.; OSBORNE, G. A. & MOL, A. G.. Stratigraphy of the Goiás and Faina Greenstone Belts, Central Brazil: a new proposal. Revista Brasileira de Geociências, 28(1), p. 77-94, 1998.

RUCHKYS, U. A. Patrimônio Geológico e Geoconservação no Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais: Potencial para a

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Criação de um Geoparque da UNESCO. Tese (Doutorado em Geologia) – Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais, 2007, 211 p. TOMAZZOLLI, E. R. O Greenstonebelt de Goiás: Estudos Geocronológicos, Revista Brasileira de Geociências, 22(1), p. 56-60, 1992.

ZIMBRE, E. Dicionário Livre de Geociências. Disponível em: http:// www.dicionario.pro.br. Acessado em 14/12/2013.

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CONSERVAÇÃO DOS ARTEFATOS DA RESERVA TÉCNICA DE ARQUEOLOGIA DA FUNDAÇÃO CASA DA CULTURA DE MARABÁ/PA

Marlon Prado1, Musa Maria Nogueira Gomes2

1Fundação Casa da Cultura de Marabá, Folha 31, Quadra Especial Lote 01, 68.507-670, Marabá-Pará-Brasil. 2Laboratório de

Paleontologia e Evolução, Curso de Geologia, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Campus Aparecida de Goiânia, Universidade

Federal de Goiás.

[email protected]/ [email protected]

Palavras chave: Arqueologia, Artefatos, Reserva Técnica.

INTRODUÇÃO

Este trabalho apresenta os dados da Reserva Técnica do Núcleo de Arqueologia (NAM) localizado na Fundação Casa da Cultura no município de Marabá/PA, assim como o sistema de conservação dos artefatos arqueológicos. Para esse fim, utilizou-se o manual de conservação do Núcleo e os procedimentos criados para a entrada de materiais no NAM. O Núcleo existe há 33 anos e vem fazendo a identificação e o registro de sítios arqueológicos ao longo desse tempo na Região Sul e Sudeste do Pará. Também se faz o trabalho de Educação Patrimonial na região, com professores e alunos.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A Reserva Técnica (RT) possui atualmente cerca de 808.000 artefatos, constituído por material cerâmico e Lítico (figura 1). Destes, pouco mais de 1% são materiais provenientes dos 404 sítios identificados e registrados pelo NAM (tabela 1), os restantes são materiais oriundos de Apoios Institucionais mediante pesquisas de empresas de consultorias na região. Os artefatos vindos de Apoios já chegam analisados e catalogados pelas empresas. As informações são inseridas no banco de dados próprio do NAM e seguem para o recondicionamento para dar entrada na RT. Este recondicionamento é realizado para caixas de arquivo (material plástico), sendo etiquetada de acordo com o Projeto, tipo de material, sequência do número da caixa e data do acondicionamento (figura 2). O uso dessas caixas é criticado por pessoas da área, porém, utiliza-se as mesmas há 33 anos e constatou-se que não há problemas com a parte da conservação dos materiais. No interior da RT há um esterilizador de ar (HTST) e um Datalogger de Umidade e Temperatura com Display - Mod. HT-70 (figura 3), com certificado de calibração.

Tabela 1. Listagem dos sítios arqueológicos identificados pelo NAM.

Município Número de

Sítios

Tipo de Material

1 São Geraldo do Araguaia-PA 123 Cerâmico/ Lítico

2 Marabá-PA 103 Cerâmico/ Lítico

3 Nova Ipixuna-PA 14 Cerâmico/ Lítico

4 Itupiranga-PA 07 Cerâmico/ Lítico

5 Jacundá-PA 08 Cerâmico/ Lítico

6 Curionópolis-PA 32 Cerâmico/ Lítico

7 Parauapebas-PA 01 Cerâmico/ Lítico

8 Eldorado dos Carajás-PA 04 Cerâmico/ Lítico

9 Conceição do Araguaia-PA 15 Cerâmico/ Lítico

10 Brejo Grande do Araguaia-PA 05 Cerâmico/ Lítico

11 São Domingos do Araguaia-PA 02 Cerâmico/ Lítico

12 São João do Araguaia-PA 06 Cerâmico/ Lítico

13 Bom Jesus do Tocantins-PA 02 Cerâmico/ Lítico

14 Novo Repartimento-PA 19 Cerâmico/ Lítico

15 Ananás-TO 09 Cerâmico /Lítico

16 Xambioá-TO 14 Cerâmico/ Lítico

17 Santarém-PA 01 Cerâmico 18 Mocajuba-PA 01 Cerâmico 19 Palestina-PA 02 20 Ipixuna-PA 02 21 Altamira-PA 01 Cerâmico 22 Araguatins-TO 03 23 Guarantã do Norte-MT 05 24 Tasso Fragoso-MA 12 Arte

Rupestre 25 Apinagés-PA 02 Cerâmico e

arte rupestre 26 Chañaral-Chile 01 27 São Felix do Xingu-PA 02 Cerâmico/

Lítico 28 Pacajá-PA 02 Cerâmico 29 Tucuruí-PA 01 Cerâmico/

Lítico 30 Baião-PA 01 Cerâmico 31 Itaguatins-TO 01 Cerâmico 32 São Pedro da Água Branca-MA 02 Cerâmico 33 Cumarú do Norte-PA 01 Cerâmico

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Figura 1. Material cerâmico (acima – esquerda), material lítico (acima - direita) e pinturas rupestres de Tasso Fragosso/MA (abaixo). Fonte: FCCM

Figura 2. Recondicionamento em caixas de arquivo (material plástico). Fonte: FCCM

Figura 3. Esterilizador de ar (HTST) (à esquerda) e um Datalogger de Umidade e Temperatura com Display - Mod. HT-70 (à direita). Fonte: FCCM

CONCLUSÕES

Os artefatos presentes na Reserva Técnica estão em boas condições. A RT não é climatizada, porém, consegue-se manter uma temperatura estável. A umidade tem pequenas oscilações, porém não chega a comprometer a conservação dos materiais. O fator principal de qualquer RT é o monitoramento da temperatura e umidade. Não adianta possuir os aparelhos instalados e não monitorá-los cotidianamente. Esses índices têm que permanecer em um nível estável de valores, sem grandes alterações, consequentemente, qualquer ambiente onde há esse controle, os artefatos estarão em boas condições, sendo este, o principal fator a ser observado.

REFERÊNCIAS

Núcleo de Arqueologia. Manual de Conservação – Fundação Casa da Cultura de Marabá, 2ª ed. 2014. Acessórios-Laboratório. http://www.instrutherm.com.br/instrutherm/product.asp?template_id=60&old_template_id=60&partner_id=&tu=b&dept_id=3010&pf_id=07393&nome=Datalogger+de+Umidade+e+Temperatura+com+Display+-+Mod.+HT-70&dept_name=Laborat%F3rio. Acesso: 03/03/2017

Produtos.http://www.superar.com.br/produtos.html. Acesso: 03/03/2017.

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OBSERVAÇÕES SOBRE AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS, GEOLÓGICAS E TURÍSTICAS DO MUNICÍPIO DE MARINGÁ, PARANÁ

1*Luciano da Silva Vidal; 2**Bianca Gabrielly de Almeida Alves

1,2Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI-SC

*e-mail:[email protected];**[email protected]

Palavras chave: Maringá, Paraná, Região Sul do Brasil

INTRODUÇÃO

Maringá é um município do estado do Paraná, região Sul do Brasil, cujas características do solo permite o cultivo de diversas culturas. Apresenta também potencial turístico devido às áreas verdes de preservação ambiental. Objetiva-se neste trabalho a explanação sobre as principais características geográficas, geológicas e turísticas do município de Maringá. A metodologia empregada neste estudo foi baseada em levantamento bibliográfico.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O estado do Paraná (Fig. 1) apresenta uma geomorfologia distinta e formações geológicas diversas, principalmente do Fanerozoico.

Figura 1. Mapa do Brasil e localização do Paraná.

Na região da baixada litorânea, Serra do Mar e Primeiro Planalto, encontram-se rochas magmáticas e metamórficas mais antigas, recobertas parcialmente por sedimentos recentes de origem marinha e continental (SOUZA & GASPARETTO, 2010; MAACK, 1981). O Segundo Planalto constitui a faixa de afloramento dos sedimentos paleozoicos da Bacia do Paraná. Sobrepostas a estes sedimentos ocorrem as rochas vulcânicas de idade mesozóica da Formação Serra Geral (Grupo São Bento), formando o Terceiro

Planalto, recobertas por sedimentos cretáceos no noroeste do estado (SOUZA & GASPARETTO, 2010; MAACK, 1981). Os sedimentos recentes ocorrem em todas as regiões, principalmente nos vales dos rios, além de outros tipos de depósitos inconsolidados. O município de Maringá localiza-se no Norte Central do Estado do Paraná, região Sul do Brasil, (fig. 2) e está sustentado por rochas da bacia sedimentar Fanerozoica do Paraná, na unidade morfoescultural denominada Terceiro Planalto Paranaense (MAACK, 1981).

Figura 2. Apresentação dos Planaltos paranaense.

Maringá está limitada ao Norte por Iguaraçu, Astorga e Flórida; ao Sul por Floresta e Ivatuba; a Leste por Sarandi, Marialva e Oeste por Paiçandu (SAMPAIO et al, 2012) (fig. 3).

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Figura 3. Localização do Município de Maringá.

Maringá apresenta um relevo levemente ondulado com altitudes que varia entre 400 a 560m (SOUZA &GASPARETTO, 2010) e uma das características mais notáveis do solo da região é o aspecto avermelhado – que deu origem ao termo “pé vermelho” - mais conhecida como terra roxa. Com relação ao solo, destacam-se os Latossolo Vermelho férrico e o Nitossolo Vermelho, ambos de textura argilosa, ocupam a maior área do município, sendo solos profundos e bem drenados, de coloração vermelha-arroxeada (BARROS et al., 2004; SALA & GASPARETTO. 2010), que associados às suas propriedades físico-químicas são favoráveis à maioria das culturas regionais sendo intensamente utilizados para a produção agrícola. Maringá possui, segundo a classificação de Köppen, clima subtropical, com verões quentes, polca freqüência de geadas e abundância de chuvas durante o verão (BARROS et al., 2004). As temperaturas mais baixas são entre os meses de maio a julho, enquanto as temperaturas mais altas são entre novembro a março. A vegetação natural da região de Maringá era a Mata Atlântica. No entanto, a floresta foi derrubada para que os terrenos pudessem ser usados para fins agrícolas (SAMPAIO et al, 2012). Maringá manteve no plano diretor da cidade algumas reservas verdes, que seriam os “pulmões” do município: o Horto Florestal, o Bosque II (rebatizado de Parque dos Pioneiros) e o Parque do Ingá, além da vegetação natural nos fundos de vale. Esses parques são áreas verdes localizadas no interior da cidade (fig. 4).

Figura 4. Localização das áreas verdes de preservação na cidade de Maringá. Dentre estes, destaca-se o Parque do Ingá que se mantém aberto ao público geral oferecendo um espaço de visitação para os residentes locais e como ponto turístico para os visitantes (fig. 5, 6 e 7).

Figura 5. Portão do Parque do Ingá.

Figura 6. Parque do Japão (dentro do Parque do ingá).

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Figura 7. Lagoa do Parque do Ingá, aberta para passeios de caiaque e pedalinho. Os rios da região de Maringá são todos de planalto, normalmente mais acidentados, com muitas quedas d’água. Na região temos as bacias dos rios Ivaí, Tibagi e Paranapanema, que fazem parte da bacia hidrográfica do Rio Paraná, ou bacia Platina, a segunda maior do mundo em área. O rio que abastece a cidade é o Pirapó, um afluente do Paranapanema, que tem cerca de 150 km de extensão.

CONCLUSÕES

A região de Maringá – Paraná, Sul do Brasil - devido às características físico-químicas de seu solo, mostra-se propícia às diversas culturas tornando a região conhecida, principalmente por suas produções agrícolas. Ainda que tenha essa característica, Maringá também dispõe de diversos parques ecológicos, amplamente divulgados pelo governo local, preparados para receber visitantes como ponto turístico e cartão postal da cidade. Dentre eles, destaca-se o Parque do Ingá, com infraestrutura específica para visitação oferecendo instrumentos para se conhecer o meio ambiente e, como consequência há o incremento do comercio local.

REFERÊNCIAS

BARROS, Z. X.; TORNERO, M. T.; STIPP, N. A. F.; CARDOSO, L. G.;

POLLO R. A. Estudo da Adequação do Uso do Solo, no Município de

Maringá - PR, Utilizando-se de Geoprocessamento. Engenharia

Agrícola, Jaboticabal - SP, v.24, n.2, p.436-444, 2004.

LIMA, V. C.; LIMA, M. R.; MELO, V. F. O solo no meio ambiente:

abordagem para professores do ensino fundamental e médio e alunos

do ensino médio. Curitiba: Universidade Federal do Paraná,

Departamento de Solos e Engenharia Agrícola, 130 p, 2007.

MAACK, R. Geografia física do Estado do Paraná. 2. ed. Curitiba:

Secretaria da Cultura e do Esporte do Governo do Estado do Paraná,

1981.

SALA M. G; GASPARETTO N. V. L. Fragilidade ambiental dos solos

em bacias hidrográficas de pequena ordem: o caso da bacia do

ribeirão Maringá-PR. Boletim de Geografia da Universidade Estadual

de Maringá (UEM),vol. 28, n2, p. 113-126, 2010.

SAMPAIO, A. C. F.; BLUM, C. T.; MONTEIRO, P. J. M.; GERMANO,

T.; ANGELIS, B. L. D. Avaliação da cobertura florestal no município

de Maringá, Paraná. Revista da Sociedade Brasileira de Arborização

Urbana, Piracicaba – SP, v.7, n.2, p.89-101, 2012.

SOUZA. V; GASPARETTO N. V. L. Avaliação da erodibilidade de

algumas classes de solos do município de Maringá – PR por meio de

análises físicas e geotécnicas. Boletim de Geografia da Universidade

Estadual de Maringá (UEM), 28, p. 5-16, 2010.

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GEOCONSERVAÇÃO NO ESTADO DE GOIÁS: O PAPEL DO GOVERNO E DA SOCIEDADE

Ana Clara de Oliveira Sousa1, Daiane Rúbia de Freitas1, Adriana Aparecida Silva2

1Universidade Estadual de Goiás/Campus de Ciências Socioeconômicas e Humanas/Curso de Geografia, 2Universidade Estadual

de Goiás/Campus Cora Coralina/Curso de Geografia e-mail:

E-mail: [email protected], [email protected], [email protected]

Palavras chave: Geooconservação, Geodiversidade, Governo, sociedade.

INTRODUÇÃO

Atualmente as demandas ambientais têm sido foco de pesquisas, cuja temática é a relação do homem com a natureza e as formas de uso e conservação dessa natureza. São exemplos os trabalhos de Silva “Geodiversidade no Brasil: Conhecer o passado para entender o presente e prever o futuro” (2008) – Ruchkys “Patrimônio geológico e geoconservação no quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais: potencial para a criação de um geoparque da UNESCO” (2007) e de Nascimento “Geodiversidade, geoconservação e geoturismo: Trinômio importante para a proteção do patrimônio geológico” (2008). Ainda que o tema ambiental esteja em voga e que a discussão da relação do homem com a natureza esteja sendo feita, ocorre que o entendimento da necessidade de conservar o ambiente não tem sido efetivado, e nem mesmo se observa uma real mudança de paradigma de consumo dos recursos naturais.

O artigo 225 da Constituição Federal afirma que “todos têm direito ao ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial á sadia qualidade de vida”, sendo função do Estado fiscalizar e punir quem degrada o ambiente, mas, as ações do governo, e mesmo da sociedade civil organizada, estão aquém do considerado necessário para que haja uma ação efetiva de conservação. Diante de tais afirmações, entendemos como necessário avaliar o papel do governo e da sociedade perante as demandas pela conservação dos recursos naturais, tendo como exemplo o estado de Goiás.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para pensar em conservação dos recursos naturais é preciso entender o que é geoconservação. “A geoconservação envolve todas as ações empreendidas no sentido de preservar a geodiversidade, com o objetivo da conservação e gestão do patrimônio geológico e dos processos naturais a ele associados” (MINEROPAR, 2017), ou seja, refere-se a medidas para fins de preservação dos recursos geológicos, assim como os outros elementos como: solo, relevo, vegetação, recursos hídricos. Importante destacar que a preservação dos recursos geológicos também está associado a preservação da historia da Terra, pois, elementos do passado são preservados em sua

estrutura sendo seu reconhecimento essencial para o entendimento da história do planeta.

A Terra é um sistema vivo que abriga milhões de organismos, incluindo os humanos, e apresenta delicado equilí- brio para manter a vida. Como a geologia é a ciência que estuda a Terra – origem, composição, evolução e funcionamento –, o conhecimento daí advindo poderá contribuir para desenvolver e preservar os habitats que o planeta abriga (SILVA et. al., 2008, p.12).

Foi realizado em 1991, o Primeiro

Simpósio Internacional sobre a Proteção do Patrimônio Geológico de Digne-les-Bains (1991), que gerou uma carta chamada Carta de Digne, relativa á Declaração Internacional dos Direitos á Memória da Terra.

O Homem e a Terra compartilham uma mesma herança, um patrimônio comum. Cada ser humano e cada governo não são senão meros usufrutuários e depositários deste patrimônio. Todos os seres humanos devem compreender que a menor depredação do patrimônio geológico é uma mutilação que conduz a sua destruição, a uma perda irremediável. Todas as formas do desenvolvimento devem respeitar e levar em conta o valor e a singularidade deste patrimônio. (DIGNE-LES-BAINS, 1991, p.2)

Preservar o patrimônio geológico é

preservar a possibilidade de manutenção da vida no planeta. Neste discurso da geoconservação, é preciso entender também o conceito de geodiversidade. Geodiversidade representa a natureza (o meio físico), que é constituído de ambientes, fenômenos e processos geológicos, e, a partir disso, dão origem á paisagem, água, solos, rochas, minerais, como também outras condições que permitem o desenvolvimento da vida na Terra.

Considerando as palavras de Nascimento, em seu livro “Geodiversidade, Geoconservação e Geoturismo: trinômio importante para a proteção do patrimônio geológico”, o autor diz que: “a geodiversidade, de forma simples, consiste em toda a

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variedade de minerais, rochas, fósseis e paisagens que ocorre no Planeta Terra.” (NASCIMENTO, 2008, p. 09), assim, podemos entender que a geodiversidade nada mais é do que a natureza, a vida, a variedade dos processos geológicos que ocorrem na Terra.

Pensar a geoconservação no Estado de Goiás é uma questão de extrema relevância para manutenção da sadia qualidade de vida, pois, a partir da promoção da Geoconservação com base na legislação é que será possível a manutenção dos elementos naturais que constituem a paisagem do território goiano.

De acordo com a Política Nacional do Meio Ambiente, Lei nº 6.938/81, que se refere a um dispositivo constitucional que estabelece a interversão e a regulamentação das formas de uso do ambiente temos que

os requisitos ambientais em desenvolvimento no País, tanto legais quanto normativos, em especial os que se referem à Avaliação de Impacto Ambiental - AIA (conforme ampla legislação correlata vigente) e ao Sistema de Gestão Ambiental - SGA (conforme normas técnicas nacionais e internacionais editadas), fornecem alguns fundamentos essenciais para o estabelecimento de um modelo de gestão integrada, ou seja, aplicável às relações do empreendimento com o meio ambiente desde sua origem e ao longo de toda sua vida útil (FREITAS, [et al.], 2001, p.87).

Porém, a geoconsevação depende da

regulamentação estadual até mesmo municipal. No caso do Estado de Goiás foi implementado o Conselho Estadual do Meio Ambiente – CEMAm um órgão, criado pela lei nº 12.603, integrante da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos, com o intuito de promover, estabelecer e regulamentar ações e propostas para a redução do impacto ambiental.

No Estado de Goiás e a Lei nº 18104 estabelece normas sobre a proteção da vegetação e as áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal e nas áreas urbanas.

Esta Lei estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal; a exploração florestal, o suprimento de matéria-prima florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e prevenção dos incêndios florestais, e prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus objetivos. (BRASIL, 2012, art. 1)

De acordo com Freitas ([et al.], 2001,

p.92) a realização do diagnóstico ambiental do meio físico objetivando a caracterização de seus processos, permite o conhecimento da dinâmica ambiental. Só

conhecendo a dinâmica do ambiente é possível intender a real importância em efetivar ou altera as áreas de ocupação, por os reflexos de uma ocupação irregular são grande e as leis que regulamentam são frágeis e a fiscalização ainda menos efetiva.

Não podendo contar efetivamente com a ação do estado na conservação dos recursos naturais, fica a cargo da sociedade a criação de uma consciência de conservação. No caso da sociedade, devem ser consideradas as formas com que a população utiliza os recursos naturais, sendo para habitação, atividades econômicas e culturais, etc, e associadas a estas opções de uso não degradante, usar sem degradar, buscando promover a percepção ambiental, através da educação para o uso consciente dos recursos.

“Não existe relação com a natureza a não ser por meio de um conjunto de significações socialmente instituído e, portanto possível de ser reinventado num processo aberto, complexo, contraditório e indefinido sempre em condições históricas e geograficamente determinadas” (PORTO-GONÇAVES, 2004 apud ALEXANDRE, 2009, p.2), pois, a forma de apropriação e exploração dos recursos, foi aprimorada ao longo dos anos, constituindo uma relação do homem com a natureza com significados, sendo assim, um desafio ambiental para a sociedade e para as ações do governo mudar de atitude, buscando promover a conservação dos recursos naturais e não buscando novas formas de utiliza-los.

CONCLUSÕES

O Estado é responsável por fiscalizar a conservação dos ambientes, mas, considerando o papel da sociedade em relação á geoconservação, podemos dizer que seu papel principal é o da conscientização, pois todos devem entender que não é possível destruir a natureza presente sem se auto destruí. Como dito, a relação do homem com a natureza deve ser significativa, ele tem que conservar a natureza, ou seja, ele tem que apresentar formas de como preservar esse bem tão precioso e essencial à vida do próprio ser humano.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Decreto nº 12. 603, de 11 de setembro de 2015. O GOVERNADOR DO ESTADO DE GOIÁS, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, considerando o disposto no Anexo I, inciso I, alínea “o”, da Lei nº 17.257, de 25 de janeiro de 2011, com alterações posteriores, e tendo em vista o que consta do Processo nº 201500017000817, Disponível em: http://www.gabinetecivil.go.gov.br/pagina_decretos.php?id=13700 Acesso em: 27/02/2017. BRASIL, Decreto nº 18104. DE 25 DE MAIO DE 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nos 4.771, de 15 de

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Disponível em: http://www.sgc.goias.gov.br/upload/arquivos/2015-10/lei-estadual-18_104_2013.pdf Acesso em: 27/02/2017. DELPHIM, Carlos Fernando de Moura (tradução). Carta de Digne: DÉCLARATION INTERNATIONALE DES DROITS DE LA MÉMOIRE DE LA TERRE, Texto elaborado a 13 de junho de 1991 em Digne-Les-Bains, França, durante o Primeiro Simpósio Internacional sobre a Proteção do Patrimônio Geológico, Rio de Janeiro: USP, 11 de março de 2009. Disponível em: http://sigep.cprm.gov.br/destaques/Declaracao_Internacional_Direitos_a_Memoria_da_Terra.pdf Acesso: 07/03/2017. FREITAS, Carlos G. L. de. (coordenador) [et al.]. Instrumentos de Gestão Ambiental Integrada. In:_____________. Habitação e meio ambiente - Abordagem integrada em empreendimentos de interesse social, São Paulo: Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT, 2001, p. 87-103. Disponível em: http://www.habitare.org.br/publicacao_colecao4.aspx Acesso em 27/02/2017. MINEROPAR, 2017. Geoturismo e Geoconservação – Conceitos.

http://www.mineropar.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=134 NASCIMENTO, Marcos A. L. do. RUCHKYS, Úrsula A. NETO, Virginio Mantesso. A Geodiversidade e o Patrimônio Geológico. In: Geodiversidade, Geoconservação e Geoturismo: trinômio importante para a proteção do patrimônio geológico. 2008, 81p. Livro disponível em: https://www.google.com.br/search?q=geoconserva%C3%A7%C3%A3o+no+estado+de+goi%C3%A1s&oq=geo&aqs=chrome.2.69i57j69i60j69i59l2j0l2.3279j0j8&sourceid=chrome&ie=UTF-8 Acesso em: 25/02/2017. PORTO-GONÇAVES, Carlos. Walter. O desafio ambiental. Rio de Janeiro: Record, 2004, p. 182. Resenha de: Alexandre, Fernanda. Ateliê Geográfico, Goiânia-GO, v. 1, n.6, abr/2009, p.143-147, página 143. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/atelie/article/view/6261/4737 Acesso em: 27/02/2017. SILVA, Cassio Roberto da, RAMOS, Maria Angélica Barreto, PEDREIRA, Augusto José, DANTAS, Marcelo Eduardo. Geodiversidade e Origem da Terra. In: SILVA, Cassio Roberto da (editor). Geodiversidade do Brasil: conhecer o passado, para entender o presente e prever o futuro, Rio de Janeiro: CPRM, 2008, p. 12-14. Disponível em: http://www.cprm.gov.br/publique/media/geodiversidade_brasil.pdf Acesso:13/03/2017.

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

O POTENCIAL GEOTURÍSTICO DE ÁREAS CRETÁCICAS DO SUL DE GOIÁS: UM POSSÍVEL EXEMPLO DE DIFUSÃO DO PATRIMÔNIO GEOLÓGICO

Pedro Ernesto Pontes de Castro

Curso de Ciências Biológicas, Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Laboratório de Paleontologia e Evolução, Faculdade de

Ciências e Tecnologia, Universidade Federal de Goiás, 934, R. Mucuri, 920 – Parque Itatiaia, 74968-755, Aparecida de Goiânia,

Goiás, Brasil

E-mail: [email protected]

Palavras chave: geoturismo; cretáceo; geoconservação

INTRODUÇÃO

O sul do estado do Goiás apresenta

inúmeras características físicas com potencial de atração geoturística (ex. quedas d’água, residuais, cavernas, áreas fossilíferas, dentre outras).

O objetivo do presente trabalho é demonstrar a potencialidade do Geoturismo em áreas cretácicas do sul do estado de Goiás.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Geoturismo, em linhas gerais, pode ser

considerado como parte da atividade turística na qual o Patrimônio Geológico é a principal atração. Este recurso natural e seu uso deve ser protegido através da geoconservação, onde a consciência ambiental do turista deve ser um dos requisitos básicos. O Patrimônio Geológico (incluindo aqui o patrimônio paleontológico, mineralógico, entre outros) é, em inúmeras regiões do mundo, uma atração turística conjugada com a conscientização geoambiental. Esta incorporação tem a função de, além de gerar turismo movimentando o comercio local, apresentar uma forma de educação acerca do ambiente (HOSE, 2011).

O desenvolvimento do Geoturismo como uma forma de difusão do Patrimônio Geológico (sensu Geológico) é determinado por fatores políticos, sociais e científicos. Estes fatores têm, cada um de sua forma, a competência de promover ou limitar o Geoturismo, possibilitando ou não o acesso da população à lazer e informações acerca do valor do patrimônio geológico de determinada região (NEWSOME & DOWLING, 2010). Do ponto de vista político, a administração aliada às políticas públicas que determinam a preservação e o uso das áreas a serem exploradas, assim como a infraestrutura pública como vias de acesso e redes elétricas e de água, exercem uma grande influência no Geoturismo a ser desenvolvido. A estrutura social, comercial e turística de uma determinada região, como o mercado hoteleiro e de bens de consumo básicos, pode potencializar ou limitar o

Geoturismo, uma vez que esta é uma atividade própria, mas que está contida dentro da oferta turística. Por fim, temos o fator científico, que deve ser o primeiro a ser levado em consideração quando se fala do desenvolvimento do Geoturismo, já que a demarcação, a descrição e a definição do Patrimônio Geológico trabalhado é o primeiro passo para se desenvolver qualquer atividade turística centrada nos recursos naturais. Sem o apoio destes três fatores o desenvolvimento do Geoturismo não pode ocorrer, uma vez que este, em sua essência é a união do poder público, da comunidade científica e da iniciativa privada para desenvolver o turismo baseado no patrimônio geológico natural (NEWSOME & DOWLING, 2010; HOSE, 2011).

As descobertas de fósseis de dinossauros têm sido um grande atrativo em muitos países que, devido à grande curiosidade do público, acaba trazendo mais turistas à localidade. Como exemplos brasileiro temos o Sítio Paleontológico de Peirópolis em Uberaba Minas Gerais, o Museu Paleontológico de Monte Alto no estado de São Paulo e algumas cidades da Chapada do Araripe no estado do Ceará, onde o atrativo principal para os turistas são restos de dinossauros, o que corrobora com a asserção de que os fósseis são um grande chamativo à visitação turística.

No estado de Goiás afloram rochas do Cretáceo Superior das formações Adamantina e Marília do Grupo Bauru (Bacia do Paraná) (FERNANDES & COIMBRA, 1996). Estas unidades geológicas têm revelado nos últimos três anos restos de dinossauros e outros fósseis indeterminados nos municípios de Quirinópolis e Rio Verde.

Os municípios de Quirinópolis e Rio Verde possuem inúmeras rodovias de fácil acesso, assim como um aeroporto regional na cidade de Rio Verde. A presença de materiais fossilíferos e infraestrutura básica unidas a esforços das comunidades locais pode possibilitar que as áreas cretácicas destes municípios se tornem elementos importantes de atrativos Geoturísticos.

CONCLUSÕES

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

O turismo natural faz parte da história recente do estado, e há uma grande procura por trilhas e cachoeiras em diversos parques e em propriedades particulares. No entanto, a falta de conhecimento e estrutura torna este turismo bastante limitado e rudimentar. Devido à falta de divulgação, coordenação, estruturação e incentivo político a atração turística que o patrimônio natural pode proporcionar acaba ficando de lado e acaba ficando à sombra do turismo puramente cênico. O desenvolvimento de estudos acerca da geologia local aplicados ao turismo é extremamente limitado e a infraestrutura de acolhimento e apoio aos turistas é praticamente inexistente na maioria dos casos, pois a população local não possui o conhecimento específico sobre o Geoturismo para suprir essa demanda.

Existe um imenso potencial Geoturístico no estado de Goiás no que tange às áreas Cretácicas. Mas essa aptidão por si só não é o bastante. É necessário que exista uma

infraestrutura básica e uma população disposta a capitalizar neste ramo do turismo assim como o esforço da comunidade científica para tal fim, uma vez que a região do grupo Bauru no sul do estado, possui todas as características necessárias para este desenvolvimento, tornando-a a uma área ideal para o Geoturismo.

REFERÊNCIAS

Fernandes, L. A.; Coinmbra, A. M. (1996) A Bacia Bauru (Cretáceo Superior, Brasil). Anais da Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro, v. 68, n.2, p. 195-205 Hose, T. A. (2011), “ 3G’s for Modern Geotourism ”, Geoheritage 4:7-24 Newsome, D. and Dowling , R.K. (2010) Geotourism: The Tourism of Geology and Landscape, Oxford : Goodfellow Publishers.

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

GEOTECNOLOGIAS APLICADAS NA PROSPECÇÃO DE CACHOEIRAS NA REGIÃO FRONTEIRIÇA ENTRE OS MUNICÍPIOS DE CAIAPÔNIA,

PIRANHAS, BOM JARDIM E BALIZA (GO).

Derick Martins Borges de Moura

Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Cidades, Infraestrutura e Assuntos Metropolitanos (Secima). Palácio

Pedro Ludovico Teixeira - Rua 82, S/N Setor Sul - CEP: 74088-900, Goiânia, Goiás, Brasil.

*e-mail: [email protected]

Palavras chave: Geotecnologias, Cachoeiras, Oeste goiano.

INTRODUÇÃO

Esse trabalho objetivou a prospecção de cachoeiras na região fronteiriça entre os municípios de Caiapônia, Piranhas, Bom Jardim e Baliza (GO), denominada por CAPIBOMBA. Como procedimentos metodológicos foram utilizados ferramentas geotecnológicas e posterior validação em campo. As ferramentas geotecnolócias contribuem para uma aquisição e análise dos dados de maneira mais rápida, prática e objetiva, além de reduzir os custos operacionais, o que viabiliza sua utilização. Para isso foram utilizadas imagens rasters SRTM processadas no SIG Qgis, obetendo a altimetria e o relevo sombreado da região. Também foi utilizado os programas Google Earth e Bing Maps, para a prospecção em escritório das possíveis cachoeiras da região.

Foi utilizado o SIG online da SIEG e o GeoBankGIS da CPRM, para visualização das características físicas como geologia, hidrografia, hipsometria, entre outros. Para validação em campo, os pontos de interesse e as estradas foram inseridas no aparelho GPS sendo seguidos os percursos até a localização do alvo.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nos mapeamentos e trabalhos de campo, foram encontradas onze cachoeiras, e no mapeamento altimétrico do modelo digital de elevação, foi verificado que a região abriga as maiores altitudes do oeste goiano, chegando a 1024 m. O relevo da região é do tipo Cuesta, contendo escarpas nas bordas, e onde coincidem com mananciais, foram moldadas pela ação hídrica, fazendo um avanço no front.

Foi verificado através do GeoBank GIS da CPRM, e através do mapa geológico do oeste goiano em escala de 1:100.000 que a região pertence as formações geológicas da Bacia sedimentar do Paraná – Grupo Paraná - Formação Furnas e Ponta Grossa, Grupo Rio Ivaí – Formação Vila Maria e Grupo Nova Xavantina, contendo rochas sedimentares e metamórficas como a Figura

1 ilustra. Já a Figura 2, ilustra a altimetria da região CAPIBOMBA.

Figura 1. Recorte no mapa geológico 1:100.000

Figura 2. Mapa altimétrico contendo as cachoeiras.

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

Em virtude de a região abrigar elevadas altitudes, e a geologia ser formada por rochas sedimentares e metamórficas contendo diferentes resistências ao intemperismo, contribuiu na formação de cachoeiras. As inúmeras cachoeiras mapeadas, tem relação direta com o fato de a região conter diversas falhas e fraturas geológicas, as quais propiciam a formação das quedas d’água e corredeiras. Em campo foi verificado a existência de planos de falhas e escarpas de falhas, também contribuindo na formação de cachoeiras.

Segundo Lima (2002), a presença de cachoeiras como pontos de quebra, indicam falhas produzidas por reativação. Essas feições geralmente estão associadas à ação de movimentos neotectônicos. Em campo as cachoeiras foram localizadas e fotografadas como nota-se na Figura 3.

Figura 3. Mapa de localização das cachoeiras.

Com a utilização do programa bing maps foi possível localizar algumas cachoeiras na imagem aérea, e programar os percursos em campo para conseguir acesso. A figura 4 mostra a prospecção através Bing Maps utilizado no smartphone, e a validação da cachoeira em campo, sendo capturado a fotografia.

Figura 4. Prospecção e validação de cachoeiras.

CONCLUSÕES

O trabalho mostrou que as ferramentas geotecnológicas são capazes de facilitar o trabalho de localização de atrativos turísticos naturais como as cachoeiras. O mapeamento altimétrico diagnosticou que a região contém as mais altas elevações da região oeste goiano, e subsidiou a localização das cachoeiras devido as mudanças drásticas de altimetria no relevo. O uso do GPS foi fundamental na localização em campo do alvo mapeado em escritório.

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos amigos que contribuíram para a pesquisa, auxiliando no trabalho de campo, e aos proprietários das fazendas onde situam-se as cachoeiras, permitindo nossa entrada para validação do atrativo. Aos organizadores do evento por realizar esse simpósio tão importante para a divulgação dos trabalhos acadêmicos nessa área.

REFERÊNCIAS

CPRM. Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais. Programa novas fronteiras do Brasil. Oeste goiano Escala 1:100.000. Brasília, 2016. Disponível em: http://geobank.cprm.gov.br/. Acesso em 10 Jan. 2017.

CPRM/SIC-FUNMINERAL. Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – Superintendência de Indústria e Comércio de Goiás – Fundo de Fomento à Mineração. Geologia do Estado de Goiás e Distrito Federal. Maria Luiza Osório Moreira, Luiz Calos Moreton, Vantederlei Antônio de Araújo, Joffre Valmório de

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

Lacerda Filho, Heitor Faria da Costa (Organizadores). Escala 1:500.000. Goiânia, 2008.

INPE. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Divisão de Geração de Imagens. Disponível em: http://www.dgi.inpe.br/siteDgi/index_pt.php/ Acesso em: 01 Jul. 2015.

LATRUBESSE, E. M. CARVALHO, T. M. Geomorfologia do Estado de Goiás e Distrito Federal. Secretaria de Industria e comércio. Superintendência de Geologia e mineração. Goiânia, 2006.

LIMA, M. I. C. de. Análise de drenagem e seu signifi cado geológico-geomorfológico. Belém: [s.n.], 2002. 1 CD-ROM.

RIGEO. Repositório Institucional de Geociências. Diponível em http://rigeo.cprm.gov.br/xmlui/. Acesso em 10 Jan. 2017.

SIEG. Sistema Estadual de Geoinformação de Goiás. Mapas em formato shapefile. Disponível em: <www.sieg.go.gov.br>. Acesso em: 15 Jan. 2017.

TOPODATA. Banco de Dados Geomorfométricos do Brasil. Folha 16S525. Altitude. Disponível em: < www.webmapit.com.br/inpe/topodata/>. Acesso em: 15 jan. 2017.

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A ATUAÇÃO DO MUSEU ANTROPOLÓGICO DA UFG NA PRESERVAÇÃO DOS PATRIMÔNIOS CULTURAIS ATRAVÉS DO SALVAMENTO ARQUEOLÓGICO

1 Adelino Adilson de Carvalho; 2 Bianca Gabrielly de Almeida Alves

1 PPGAS – Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social – UFG, 2 Centro Universitário Leonardo da Vinci –

UNIASSELVI-SC

e-mails:1 [email protected]; 2 [email protected]

Palavras chave: Museu, Patrimônio, Arqueologia de contrato

INTRODUÇÃO

O Museu Antropológico da UFG (MA/UFG) é uma instituição sem fins lucrativos, aberta ao público, e que se destina à coleta, inventário, documentação, preservação, segurança, exposição e comunicação de seu acervo. Objetiva-se neste trabalho uma breve explanação sobre o salvamento arqueológico desenvolvido pelo museu através da Arqueologia de Contrato (AC). A metodologia empregada neste estudo foi baseada em levantamento bibliográfico.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O MA/UFG (fig. 1) tem por objetivo fundamental apoiar e desenvolver a pesquisa antropológica interdisciplinar, da qual se origina o acervo nele existente e a sua organização, focalizando o estudo do modo de vida do homem na Região Centro-Oeste. Desse objetivo decorrem ações de inventário, documentação, conservação, segurança, preservação, divulgação do conhecimento científico e comunicação de seu acervo a partir de recursos expográficos e de ações educativo-culturais.

O MA/UFG não possui dotação orçamentária da UFG, sendo assim, necessita buscar recursos para continuar cumprindo sua missão, bem como atingir os seus objetivos. Para isso, tem se reestruturado a partir da lógica do mercado, o que se dá pela prestação de serviços através da chamada “Arqueologia de Contrato” – AC.

O termo arqueologia de contrato foi introduzido como decorrência do surgimento de um mercado de trabalho que pressupunha para o arqueólogo, como já ocorria com outras profissões, a existência de patrões ou de clientes. Um serviço arqueológico determinado é realizado por uma remuneração negociada entre as partes (MEIGHAN 1986; GNECCO & DIAS, 2015).

O arqueólogo que trabalha pela AC tem a responsabilidade de elaborar pareceres que influenciará diretamente sobre o destino dos recursos arqueológicos da área geográfica trabalhada. É interessante mencionar que há arqueólogos que trabalham exclusivamente com laudos ambientais sem se preocuparem com salvamento arqueológico.

A Sociedade de Arqueologia Brasileira-SAB, reconhece que a Arqueologia é uma disciplina que em

todas as suas vertentes trata e envolve aspectos essenciais da condição humana e, sendo assim, podemos deduzir que uma das missões do arqueólogo envolve o estudo do presente procurando preservar o passado, ou seja, não apenas confeccionar um laudo ambiental visando somente o lado financeiro.

Figura 1. Foto da entrada do Museu Antropológico.

A interface arqueologia / biologia / geografia / geologia / geoarqueologia / pedologia, busca reconstituir o cotidiano das populações do passado por meio da recuperação e da análise da cultura material e da construção do cenário ambiental do passado.

O salvamento arqueológico (fig. 2) compreende uma série de medidas e procedimentos realizados pelos arqueólogos para proteger os vestígios arqueológicos que correm o risco de desaparecerem ou de serem modificados pela construção de uma obra

(CALDARELLI & SANTOS, 2000). Os estudos de gabinete, associados aos trabalhos de campo e laboratório, requerem métodos e técnicas apropriadas para uniformizar o registro dos dados, possibilitando a reconstituição da história contextual dos sítios e dos testemunhos arqueológicos neles contidos,

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viabilizando a organização, o inventário, o acondicionamento, a conservação e a preservação do material arqueológico e de suas informações, que passam a compor a reserva técnica.

Orientado por especialistas em arqueologia, o estudo de material arqueológico envolve estudantes de diferentes cursos de graduação da UFG: Ciências Sociais, História, Geografia, Artes Visuais, Museologia, entre outros. A possibilidade do envolvimento dos alunos nas atividades diversas proporciona não somente o conhecimento geral da sociedade acerca dos materiais resgatados, mas também oferece aos alunos conceitos sobre a AC no sentido do que deve ser feito para o real trabalho de resgate do material arqueológico sem negligenciar a importância dos achados para a compreensão histórica regional.

Figura 2. Salvamento arqueológico.

CONCLUSÕES

Embora muito recente, a Arqueologia de Contrato traz consigo discussões acaloradas a respeito da ética profissional, já que em muitos casos, como salientado anteriormente, os pareceres dos laudos ambientais providenciado pelos agentes negligenciam a importância arqueológica dando ênfase aos fins comerciais (empreendimentos).

O salvamento arqueológico proporciona o estudo e o conhecimento sobre o passado que, junto ao museu, propicia o trabalho de preservação do patrimônio arqueológico assumindo a responsabilidade de pesquisar o passado no presente, preservando assim os bens patrimoniais e culturais.

O desenvolvimento de atividades interdisciplinares com os alunos das diversas áreas (Ciências Sociais, História, Geografia, Artes Visuais, Museologia, entre outros) pode esclarecer, em grande parte, o papel do arqueólogo e a posição profissional adotada mediante a importância do material arqueológico.

REFERÊNCIAS

https://labarq.museu.ufg.br. Acesso em 11/03/2017.

https://www.museu.ufg.br/Acesso em 11/03/2017.

http://www.sabnet.com.br/download/download?ID_DOWNLOAD=

377. Acesso em 11/03/2017.

CALDARELLI, S. B; SANTOS, M. C. M. M. Arqueologia de Contrato no Brasil. Revista USP, São Paulo, n.44, p. 52-73, 2000. GNECCO, C; DIAS, A. S. Sobre a Arqueologia de Contrato. Revista de Arqueologia. V. 28, N.2, 2015.

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GEORROTA DAS CORREDEIRAS DO PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DOS VEADEIROS-GOIÁS-BRASIL

Joana Paula Sánchez; Marcelo Henrique Leão Santos; Musa Maria Nogueira Gomes; Letícia

Gonçalves de Oliveira; Lavoisier Matias dos Santos,; Gabriel Veloso Martineli; Bruno Fagundes Silva,; Elton Junio de Oliveira Cunha

Curso de Geologia, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Campus Aparecida de Goiânia, Universidade Federal de Goiás.

RUA MUCURI, S/N, ST. CONDE DOS ARCOS – FONE (62) 3209-6551 / 3209-6550 – APARECIDA DE GOIÂNIA-GO – CEP:

74.968-755

*e-mail:[email protected];[email protected]; [email protected]; [email protected];

[email protected];[email protected]; [email protected]; [email protected].

Palavras chave: Georrota, Patrimônio Geológico, Inventário

INTRODUÇÃO

A geodiversidade (ou diversidade geológica) é a variedade (a diversidade) de elementos e de processos geológicos, sob qualquer forma, qualquer escala e qualquer nível de integração, existente no planeta Terra (do grego geo, Terra + latim diversitate, diversidade). A geodiversidade é fundamental para a integração entre materiais e fenômenos geológicos que dão forma ao Planeta, e o modificam (a sua estrutura e a sua superfície) e que, em conjugação com a biodiversidade, define a essência material da Terra e o modo como ela se transforma e evolui. (www.pt.wikipedia.org /wiki/geodiversidade) Integrado à geodiversidade tem-se o Patrimônio Geológico que se entende pelo conjunto dos aspectos notáveis e de exemplos concretos de geodiversidade, aos mais diversos níveis, que, por esta ou por aquela razão, se entendeu salvaguardar por meio de medidas especiais de proteção, tal como consignadas na legislação específica de cada país. Para preservar e defender a geodiversidade, é necessário empreender ações que possibilitem a preservação de áreas que apresentem um valor agregado (geológico, cênico, etc.) – chamado Geoconservação. E com esse intuito de preservar, são estabelecidos programas para elaborar produtos que unem pesquisa e extensão, como cartilhas, guias, placas/painéis explicativos, etc. (BRILHA, 2005) Nesse contexto a georrota pretende estabelecer e consolidar a geoconservação da microrregião da Chapada dos Veadeiros, com atividades que envolvam a comunidade local e os visitantes. O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV) está localizado no segmento nordeste do Estado de Goiás, e ocupa uma área de 600 km2 (Figura 1). O acesso, a partir de Brasília, se dá através da BR-020 até o cruzamento com GO- 118, de onde se toma o rumo norte e passa pelas cidades de São Gabriel, São João D´Aliança até alcançar a cidade de Alto Paraíso de Goiás. O limite do parque está situado a oeste de Alto Paraíso de Goiás, sendo seu extremo leste distribuído ao longo da GO-118 (entre Alto Paraíso e Teresina de Goiás) e seu limite sul está ao longo da estrada estadual que liga Alto Paraíso a

Colinas do Sul (DARDENNE,M.A. and CAMPOS,J.E.G.,

2002).

Figura 1. Mapa de localização do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. (Cedido por Alex Mota dos Santos) O PNCV foi criado em 1961 e protege uma área de 65.514 ha do Cerrado de altitude. São diversas formações vegetais; centenas de nascentes e cursos d’água; rochas com mais de um bilhão de anos, além de paisagens de rara beleza, com feições que se alteram ao longo do ano. O Parque também preserva áreas de antigos garimpos, como parte da história local e foi declarado Patrimônio Mundial Natural em 2001 pela UNESCO. Além da conservação, o Parque tem como objetivos a pesquisa científica, a educação ambiental e a visitação pública. As caminhadas e os banhos de cachoeiras são as principais atividades no Parque nas imensas paisagens da Chapada numa viagem pelo Cerrado brasileiro em antigas rotas usadas por garimpeiros, que hoje são utilizados pelos visitantes (ICMBIO, 2017). O objetivo deste trabalho é proporcionar aos visitantes do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros o conhecimento geológico de formação e estruturação da Chapada.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

As georrotas (Figura 2) do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros têm como objetivo auxiliar a população e

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os turistas a compreenderem a formação das estruturas geológicas locais.

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Por meio de um mapeamento geológico de detalhe (Escala 1:10.000) foram determinados pontos estratégicos de compreensão da geologia. Nas georrotas são contemplados os locais de interesse geológico (LIG) segundo Carcavilla (2009), pontos de relevância para o entendimento da geologia local. O intuito da georrota, guiada ou não, são as pessoas poderem ler nas rochas a história de formação da Chapada. A georrota 1: Corredeiras, Chapada dos Veadeiros, Goiás-Brasil é o caminho já utilizado pelos turistas para chegarem nas cachoeiras, mas pouco se apercebem da geologia. A mesma conduz às cachoeiras das corredeiras e ao mirante do salto de 120 e do salto de 80 (Cachoeira do Garimpão) e apresenta na trilha diversidade de elementos geológicos de extrema importância para a interpretação da geologia local. Durante o percurso (Figura 2) são encontradas estruturas sedimentares preservadas que representam um ambiente marinho. Logo no início da trilha encontra-se o jardim das estratificações cruzadas (Figura 3), mais adiante dobras convolutas com estratificação (Figura 4) e rochas com estratificação cruzada acanalada (Figura 5. Na continuidade da trilha após cruzar a estrada de acesso interno do PNCV encontram-se os garimpos de cristais de quartzo associado ao valor histórico e cultural local (Figura 6 e 7). Ao chegar nas Corredeiras do Rio Preto, com acessibilidade a cadeirantes e pessoas com dificuldade de locomoção, afloram marcas onduladas (Figura8) e estratificações cruzadas (Figura 9) que revelam o ambiente de maré.

Figura 3. Jardim das estratificações cruzadas. Fonte: Leão-Santos, Marcelo Henrique

Figura 4. Dobras convolutas. Fonte: Sánchez, Joana Paula

Figura 5. Estratificação cruzada acanalada. Fonte: Sánchez, Joana Paula.

Figura 6. Garimpos de cristais de quartzo. Fonte: Sánchez, Joana Paula.

Figura 7. Veios de quartzo em garimpo. Fonte: Leão-Santos, Marcelo Henrique.

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Figura 8. Marcas onduladas. Fonte: Sánchez, Joana Paula.

Figura 9. Estratificação cruzada nas Corredeiras do Rio Preto. Fonte: Sánchez, Joana Paula. Para um melhor entendimento desses conhecimentos geológicos, descreveram-se técnicas interpretativas tais como o emprego de analogias acerca da vida cotidiana e uso do humor, entre outros, em um curso ministrado para os condutores de visitantes no município de Alto Paraíso de Goiás, na Universidade Aberta do Brasil, nos dias 14 a 16 de fevereiro (teórico) e 20 e 21 de fevereiro (práticas de campo). O curso teve como objetivo capacitar os guias da Chapada para que eles possam multiplicar os conhecimentos adquiridos para os visitantes. Os cursos tem a intenção de tornar a geologia uma linguagem de mais fácil acesso. Os locais de interesse geológico dentro do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros foram contemplados nas aulas de campo e os guias estão habilitados para explicar a geologia aos visitantes.

CONCLUSÕES

Percebeu-se que a georrota, assim como ocorre em outros países com geoparques como Zumaia e Sobrarbe na

Espanha, é de relevante importância para a compreensão da geologia local. Dentro do PNCV percebe-se que os turistas tem interesse pela geologia, mas não há conhecimento por parte dos guias da mesma. O curso para os guias foi um início desta primeira intenção de tornar a geologia mais acessível à população. A georrota é uma ferramenta de auxílio para a compreensão da geologia e pode ser utilizada por qualquer pessoa, basta os locais serem indicados como pontos de interesse geológico (Carcavilla, 2009) e que os mesmos apresentem a descrição sucinta.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao ICMBio, à Servitur pelo apoio aos projetos e ao Professor Alex Mota (UFG) pela confecção do mapa de localização..

REFERÊNCIAS

Brilha, J. B. R. & Carvalho, A. M. G. 2010. Geoconservação em Portugal: Uma introdução. Ciências Geológicas-Ensino e Investigações e sua História. Volume II. Cap. IV. Geologia e Patrimônio Natural (geodiversidade).Pp. 435-441. Brilha J.B.R. 2015. Inventory and quantitative assessment of geosites and geodiversity sites: a review. Geoheritage, publicado on-line em 15/jan/2015, disponível em <http://link.springer.com/article/10.1007/s12371-014-0139-3>. Brilha, J. 2005. Patrimônio Geológico e Geoconservação: a conservação da Natureza na sua vertente geológica. Palimage, Editora. 190p. Dardenne, M. A. and J. E G. Campos. 2002. Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, GO—Sítio de grande beleza cênica do centro-oeste brasileiro. Pp. 323–333 in Sítios geológicos e paleontológicos do Brasil, v. 1, eds. C. Schobbenhaus, D. A. Campos, E. T. Queiroz, M. Winge, and M. L. C. Berbert-Born. Brasília: SIGEP. García-Cortés A, y Carcavilla Urquí L. 2009. Documento metodológico para la elaboración del inventario español de lugares de interés geológico (IELIG), versión 18/07/2013. Instituto Geológico y Minero de España, Madrid.61p. Geoparque de Sobrarbe - Parque Geológico de los Pirineos <www.geoparquepirineos.com>. Acessado em: 14/03/2017. Geoparque Zumaia <www.flysch.com>. Acessado em: 14/03/2017. LIMA, F. F. Proposta metodológica para a inventariação do patrimônio geológico brasileiro. 2008. 103f. Dissertação de mestrado em Patrimônio Geológico e Geoconservação. Escola de Ciências. Universidade do Minho. Portugal, 2008. Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros – ICMBio. http://www.icmbio.gov.br/parnachapadadosveadeiros/. Acessado em: 14/03/2017.

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POSSIBILIDADES GEOTURÍSTICAS DO MUNICÍPIO DE ITUIUTABA-MG

Arthur Viegas Soares, Daisi Parreira de Queiroz, Felipe Santos da Silva, Gustavo de Andrade Barreto, Mildred Lúcia de Moraes, Paula Cristina Inacio, Lilian Carla Moreira Bento

Faculdade de Ciências Integradas do Pontal – FACIP-UFU, Rua 20, nº 1600, Bairro Tupã, CEP 38304-402, Ituiutaba, Minas

Gerais, Brasil

*e-mail: [email protected]¹, [email protected], [email protected], [email protected],

[email protected], [email protected], [email protected]

Palavras chave: Geodiversidade, Geopatrimônio, Turismo.

INTRODUÇÃO

O município de Ituiutaba está localizado no Pontal do Triângulo Mineiro, oeste de Minas Gerais e conta com uma diversidade de elementos da geodiversidade, tais como quedas d’água e relevos residuais, alvos de muitas pesquisas e atividades de visitação local. O objetivo desse trabalho é apresentar os resultados parciais das pesquisas realizadas no âmbito do Laboratório de Geologia do curso de Geografia da FACIP-UFU. Objetivo esse que está relacionado justamente com a necessidade de se ampliar os estudos sobre a geodiversidade desse município, buscando localizar, caracterizar e avaliar (qualitativa e quantitativamente) os possíveis geossítios. Salienta-se que esses dados são fundamentais para um futuro planejamento turístico de Ituiutaba, voltado, principalmente, para seu potencial geoturístico. Como se trata dos resultados parciais, os procedimentos metodológicos, até o momento, ficaram restritos a etapa de fundamentação teórica e levantamento cartográfico. Na primeira etapa foram trabalhados os principais conceitos relacionados a temática, tais como Geodiversiadade, Geopatrimônio, Geoconservação e Geoturismo, bem como aspectos relacionados ao conhecimento da Geologia e Geomorfologia da área de estudo. Na etapa de levantamento cartográfico foram reunidas algumas imagens de satélites e bases cartográficas para elaboração dos mapas de localização e das unidades litológicas.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

- ASPECTOS TEÓRICO-CONCEITUAIS:

A temática da geodiversidade e afins tem mostrado ascensão no Brasil a partir dos anos 2000 e até os dias atuais já foram defendidos cerca de 80 trabalhos, entre dissertações e teses, sinalizando para o fortalecimento e importância da mesma (RUCHKYS, MANSUR, BENTO, 2016). O termo Geodiversidade é análogo ao de biodiversidade e foi criado em meados de 1990, como forma de se destacar aspectos abióticos da natureza (NIETO, 2001). Por ser um conceito relativamente recente percebe-se que há ainda um esforço de

aperfeiçoamento e adaptação por pesquisadores de diversas partes do mundo, imprimindo suas interpretações e realidade. Em linhas gerais, pode ser considerado como o conceito que abarca todos os elementos e processos relacionados à vertente abiótica da natureza, tais como as rochas, relevo, solos, água, fósseis, minerais, entre outros. Tendo em vista que esses elementos são passíveis de valoração, e que é justamente esse processo que induz à conservação desses elementos, Gray (2005) associa seis possíveis valores a geodiversidade: intrínseco, econômico, estético, cultural, funcional e educativo-científico. Quando porções da geodiversidade apresentam algum tipo de valor, ela passa a ser denominada de geossítio e, ao conjunto desses, denomina-se Patrimônio geológico ou Geopatrimônio. O geopatrimônio é, portanto, uma parte representativa da geodiversidade e sendo não renovável, Nascimento, Ruchkys e Mantesso Neto (2008, p. 21) argumentam que esse tipo de patrimônio “[...] uma vez destruído, não se regenera e parte da memória da Terra é perdida para sempre”, suscitando a importância da geoconservação. Geoconservação envolve, na verdade, uma série de etapas voltadas à conservação e valorização do geopatrimônio. Brilha (2005) propõe as seguintes etapas: inventariação, quantificação, classificação, conservação, valorização e divulgação e, finalmente, monitorização do patrimônio geológico. Outro aspecto importante é que sejam criadas medidas de proteção e conservação de cunho legal, dotadas de figura jurídica, suportadas por financiamento estatal e por ações de divulgação e sensibilização (BENTO; RODRIGUES, 2013). Dentro da geoconservação, numa tentativa de se colocar o desenvolvimento sustentável em prática, aliando conservação e desenvolvimento econômico local, surge a proposta do geoturismo. Assim como no caso da geodiversidade, o geoturismo emerge também na tentativa de se suprir uma deficiência deixada pelo ecoturismo, por não abordar ou não abordar da forma correta com os visitantes e/ou turistas dos aspectos relacionados à geodiversidade. Bento e Rodrigues (2013) argumentam que esse termo começou a ser divulgado em meados da década de 1990, inicialmente nos países europeus onde a geodiversidade se destaca ante a biodiversidade,

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sendo Thomas Hose quem inicialmente o conceituou. A elaboração deste conceito por Hose tem como finalidade dar destaque às ameaças que geossítios da Inglaterra vinham sofrendo, em especial o Peak District, onde começaram as primeiras incursões geoturísticas no país. Atualmente, o geoturismo pode ser considerado uma prática turística com objetivos de promoção do geopatrimônio através de visitas que aliem a contemplação com o entendimento dos locais visitados, tanto áreas naturais ou urbanas, por meio da interpretação ambiental: personalizada (com a presença de guias ou monitores capacitados a abordarem não só as características, como os processos que deram origem aos elementos do geopatrimônio) ou não-personalizada (na forma, principalmente, de painéis interpretativos colocados em locais pré-selecionados, com as informações básicas dos locais) (BENTO, 2010; 2014). - CARACTERÍZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO: Ituiutaba faz parte da mesorregião do Triângulo Mineiro (Mapa 01), a qual foi afetada, principalmente, pelos eventos geológicos que se iniciaram a partir do final do Jurássico ao Eocretáceo Pré-Aptiano. Mapa 01: Localização da área de estudo

Entre esses eventos destacam-se o intenso magmatismo que ocorreu na forma de sucessivos derrames devido à separação dos continentes da América do Sul e da África, bem como a permanência de um clima extremamente árido, com condições desérticas, contribuindo para a formação posterior de rochas sedimentares do tipo arenito. Pertinente ressaltar que, ao término dessas manifestações magmáticas, a porção meridional da placa-sul-americana sofreu um processo de subsidência termal culminando com o desenvolvimento de muitas bacias interiores, entre elas, as bacias Caiuá e Bauru constituintes da Província Sedimentar Meridional (ALMEIDA; ASSINE; CARNEIRO, 2012).

A partir desses eventos, as rochas e o relevo dessa mesorregião apresentam características que permitem a sua inclusão na Província Sedimentar Meridional. Essa província reúne todas as bacias sedimentares localizadas mais ao sul do Brasil e essa designação genérica engloba diferentes bacias com processos tectônicos de formação distintos, a saber: i) a Bacia do Paraná, ii) a Bacia Serra Geral e, por fim, iii) a Bacia Bauru (SILVA et al, 2003). Em Ituitaba há três unidades litológicas associadas a essa província (Mapa 02): Mapa 02: Unidades litológicas da área de estudo

- Bacia Serra Geral: esta bacia consiste no pacote de rochas vulcânicas e sedimentares. (ASSINE; PIRANHA; CARNEIRO, 2004; ALMEIDA; ASSINE; CARNEIRO, 2012; ALMEIDA; CARNEIRO; BARTORELLI, 2012). Na área de estudo percebe-se, ao longo dos cursos d’água apenas a Formação Serra Geral, constituída por basaltos. É nessa unidade que são encontradas as quedas d’água, sendo locais com grande visitação.

- Bacia Bauru: representa a sequência de rochas siliciclásticas de idade neocretácea (FERNANDES, 2004; MILANI, 2004; BATEZELLI, 2010; ALMEIDA; ASSINE; CARNEIRO, 2012). Compreende a maior parte da área de estudo e o Grupo predominante é o Bauru, destacando-se as formações: i) Marília: aparece no topo do Grupo Bauru e é composta basicamente por arenitos maciços e conglomerados subordinados, cimentados por CaCO3, o que confere ao relevo de sua área de ocorrência uma paisagem de chapadas. É nessa formação que são encontrados os relevos residuais do município, locais de grande beleza cênica e que já apresentam grande visitação e ii) Vale do Rio do Peixe, equivale a parte inferior da Formação Adamantina e é constituída por arenitos intercalado com siltitos, muito finos ou finos, marrom-claros rosado a alaranjado, aspecto maciço ou cruzado tabular. Localmente é cimentado com CaCO3.

CONCLUSÕES

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Como já foi explicado na introdução, esse trabalho visa apresentar apenas os resultados parciais do conjunto de pesquisas realizadas no Laboratório de Geologia. A futura etapa de trabalhos de campo contribuirá para exemplificar a caracterização da área, bem como os processos formadores dos principais elementos da geodiversidade de Ituiutaba que se pretende estudar: quedas d’água e relevo residual.

Apesar de serem resultados parciais e não ter sido efetuado o trabalho de campo, já é possível inferir, de acordo com outros trabalhos realizados na região (CANDEIRO, BENTO, RODRIGUES, CARVALHO, ALVES, 2012; CANDEIRO, CASTANHO, PORTUGUEZ, 2014) que esses locais, no geral, apresentam grande potencial para a prática do geoturismo. Isto é, para a realização de uma prática turística que foca os aspectos abióticos da natureza e visa não apenas sua contemplação, mas, principalmente, o seu entendimento, sendo, por isso, uma ferramenta voltada tanto para o aspecto econômico, como para a conservação dos locais a partir da sua cientificação.

Tem-se como perspectivas futuras das pesquisas: - Entender os processos de formação e evolução das quedas d’água, bem como avaliar suas potencialidades e fragilidades para a prática do geoturismo. - Compreender os processos responsáveis pela manutenção dos residuais encontrados no município. - Buscar formas de interpretação ambiental para que o conhecimento geocientífico desses locais possa ser repassado aos visitantes (atuais e potenciais), de preferência após o planejamento da atividade junto ao poder público e proprietários rurais.

A (geo) conservação dos locais potenciais para a prática do geoturismo em Ituiutaba deve ser a base de quaisquer intervenções que venham a ser efetuadas no município. Um dos princípios dessa geoconservação é levar o conhecimento da geodiversidade para a sociedade, pois só assim será possível se pensar em formas de conservação, uma vez que ninguém quer conservar aquilo que não se conhece e sabe a importância. Espera-se que, ao final de todas as pesquisas, se tenha dado um primeiro passo nesse intuito, contribuindo para a conservação e utilização de forma planejada e sustentável desses locais, sendo o geoturismo uma ferramenta que pode ser utilizada para tal.

AGRADECIMENTOS

Ao CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico pela bolsa de mestrado e a FAPEMIG – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais pelas bolsas de Iniciação Científica.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, F. M. de; CARNEIRO, C. D. R; BARTORELLI, A. O magmatismo pós-paleozoico no Brasil. In: HASUI, Y. et al. Geologia do Brasil. São Paulo: Beca, 2012. p. 430-452. ALMEIDA, F M. de; ASSINE, M. L.; CARNEIRO, C. D. R. A megadesertificação mesozoica. In: HASUI, Y. et al. Geologia do Brasil. São Paulo: Beca, 2012. p. 419-429. ASSINE, M. L.; PIRANHA, J. M.; CARNEIRO, C. D. R. Os paleodesertos Pirambóia e Botucatu. In: MANTESSO-NETO, V. et al. Geologia do continente sul-americano: evolução da obra de Fernando Flávio Marques de Almeida. São Paulo: Beca, 2004. p. 77 – 92. BATEZELLI, A. Análise da sedimentação cretácea no Triângulo Mineiro e sua correlação com áreas adjacentes. 2003 195 f. Tese (Doutorado em Geologia) – Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2003. BENTO, L. C. M. Potencial geoturístico das quedas d’água de Indianópolis. 2010. 150 f. Dissertação (Mestrado em Geografia)–Instituto de Geografia, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2010. BENTO, L. C. M. Parque Estadual do Ibitipoca/MG: potencial geoturístico e proposta de leitura do seu geopatrimônio por meio da interpretação ambiental. 2014. 185 f. Tese (Doutorado em Geografia) – Instituto de Geografia, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2014. BENTO, L. C. M.; RODRIGUES, S. C. Geoturismo em unidades de conservação: uma nova tendência ou uma necessidade real? – estado da arte. Revista do Departamento de Geografia – USP, São Paulo, v. 25, 2013, p. 99-119. BRILHA, J. Patrimônio geológico e geoconservação – a conservação da natureza na sua vertente geológica. Braga: Palimage, 2005. 190 p. CANDEIRO, R. C.; CASTANHO, R. B.; PORTUGUEZ, A. P. A geodiversidade do pontal do Triângulo Mineiro como possibilidade para o turismo local. Caderno Prudentino de Geografia, Presidente Prudente, n. 36, v. 2, p. 68-80, ago./dez. 2014 CANDEIRO, C. R. dos A.; BENTO, L. C. M.; RODRIGUES, S. C.; CARVALHO, A. A.; ALVES, M. C. Potencialidades de geoturismo na região do Triângulo Mineiro: exemplos de Campina Verde, Prata, Ituiutaba e Indianópolis. In: PORTUGUEZ. A. P.; SEABRA, G.; QUEIROZ, O. T. M. M. (Orgs.). Turismo, espaço e estratégias de desenvolvimento local. 1 ed. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, p. 239-253, 2012. FERNADES, L. A. Mapa litoestratigráfico da parte oriental da Bacia Bauru (PR, SP, MG), escala 1:1000.000. Boletim Paranaense de Geociências, n. 55, p. 53-66, 2004. GRAY, M. Geodiversity and Geoconservation: what, why, and how? Geodiversity & Geoconservation, p. 4-12, 2005. Disponível em: http://www.georgewright.org/223gray.pdf. Acesso em:7 fev. 2017. MILANI, E. J. Comentários sobre a origem e evolução tectônica da Bacia do Paraná. In: MANTESSO-NETO, V. et al. Geologia do continente sul-americano: evolução da obra de Fernando Flávio Marques de Almeida. São Paulo: Beca, 2004. p. 265-279. NASCIMENTO, M. A. L. do.; RUCHYS, U. A. de; MANTESSO NETO, V. Geodiversidade, geoconservação e geoturismo: trinômio importante para a proteção do patrimônio geológico. São Paulo: Sociedade Brasileira de Geologia, 2008. NIETO, L. M. Geodiversidad: propuesta de uma definición integradora. Boletin geológico y minero, v. 112, n. 2, p. 3-12, 2001. Disponível em: <http://www.igmes.es/internet/Boletin/2001/112_2-2001/1-

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ARTICULO%20%20GEODIVERSIDAD.pdf>. Acesso em: 23 jan. 2017. RUCHKYS, U. A. de; MANSUR, K. L.; BENTO, L. C. M. Análise histórica e estatística da produção acadêmica brasileira sobre geodiversidade, patrimônio geológico,

geoconservação, geoturismo e geoparques em nível de mestrado e doutorado. 2016. (No prelo). SILVA, A. J. P. da et al. Bacias sedimentares paleozoicas e meso-cenozoicas interiores. In: BIZZI, L. A. et al. Geologia, tectônica e recursos minerais do Brasil. Brasília: CPRM, 2003. p. 55-85.

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QUANTIFICAÇÃO DOS GEOSSÍTIOS PUBLICADOS PELO SIGEP: COLETA DE DADOS E PRINCIPAIS IMPRESSÕES DOS AUTORES DURANTE A EXPERIÊNCIA DE

APLICAÇÃO PRÁTICA DO MÉTODO

Edjane Maria dos Santos¹, Luciana Freitas de Oliveira França², Maria da Glória Motta Garcia¹.

¹Universidade de São Paulo (USP), Instituto de Geociências, Rua do Lago, 562 – Cidade Universitária, CEP: 03178-200, São

Paulo, São Paulo, Brasil; Universidade de Pernambuco (UPE), Departamento de Geografia, BR203 ( Km2), S/N – Vila Eduardo,

CEP: 56300-000, Petrolina, Pernambuco, Brasil

*e-mails: [email protected], [email protected], [email protected]

Palavras chave: Quantificação, Geossítios, SIGEP.

INTRODUÇÃO

A Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos (SIGEP), fundada em 1997, tem com principal função a criação e gerenciamento de um banco de dados onde estejam listados geossítios de relevância no Brasil, além da publicação de artigos referentes a estes sítios, a serem disponibilizados na internet e também em publicações impressas. Para tal, foram recebidas e selecionadas por sua equipe de trabalho, diversas propostas enviadas voluntariamente por pesquisadores em todo o território nacional que, posteriormente, também se encarregariam de descrever de forma mais detalhada e justificar a importância de conservação desses locais de interesse geológico e/ou paleobiológico. Desde a sua criação, a SIGEP publicou 116 sítios, divididos em três volumes: o primeiro, em 2002, com 58 sítios; o segundo, em 2009, com 40 sítios e o terceiro, em 2013, com 18 sítios publicados. (Figura 1) Figura 1. Distribuição de todos os sítios publicados nos três volumes da SIGEP. Fonte: Winge et al., 2013.

Atualmente, organiza-se através de uma parceria entre onze entidades/instituições ligadas ao patrimônio natural, meio ambiente, geociências e biociências, dentre elas: DNPM (Departamento Nacional de Pesquisas Minerais), CPRM (Serviço Geológico do Brasil), IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), IBGE(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). (Schobbenhaus et al., 2002) O presente resumo é parte de uma pesquisa desenvolvida, em nível de pós-doutorado, cujo objetivo é realizar a quantificação dos 116 sítios publicados pelo SIGEP, utilizando a metodologia proposta por Brilha (2016), além de sugerir agrupamentos dos resultados com análise multivariada e medidas de geoconservação. Para este momento, apresenta-se aqui uma síntese das problemáticas enfrentadas durante a coleta de dados, além de uma discussão a respeito da aplicabilidade de um método de quantificação como Brilha (2016) para a realidade desses geossítios brasileiros, levando em consideração as principais impressões e comentários dos pesquisadores convidados a quantificar os sítios. A metodologia adotada para a realização desta etapa do trabalho que aqui é apresentada compreende os seguintes procedimentos: 1) Revisão bibliográfica, que consistiu principalmente em consulta ao banco de dados de sítios publicados nos três volumes do SIGEP, além de diversas referências que abordam a geodiversidade e geoconservação e também a quantificação do patrimônio geológico; 2) Quantificação: os autores e coautores dos 116 sítios publicados foram convidados a responder uma planilha de quantificação com os critérios propostos por Brilha (2016), que se dividem em quatro categorias: Valor Científico (VC) – 7 questões, Potencial de uso educativo (PUE) – 12 questões, Potencial de Uso Turístico (PUT) – 13 questões e Risco de Degradação (RD) - 5 questões. Cada uma destas questões pode receber valores de 1 a 4 pontos e, em alguns casos, pode-se atribuir valor “zero”. Este método foi escolhido, dentre outros fatores, por já ser utilizado na quantificação realizada pela CPRM através do aplicativo Geossit1. Foram realizadas algumas poucas adaptações de dimensões de área e vocabulário

1 http://www.cprm.gov.br/geossit/

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para melhor adequar-se à realidade brasileira. Todos os sítios publicados foram considerados “geossítios”, que possuem valor científico comprovado, sendo submetidos à quantificação completa e não parcial (PUE, PUT e RD), como recomendados para os chamados “sítios de geodiversidade”, ou seja, sítios sem valor científico comprovado. Todos os autores e coautores das propostas publicadas foram convidados a responder esses questionários – sem precisar realizar nenhum cálculo das médias ponderadas - primeiramente via email, mas em alguns casos, também foram realizadas entrevistas pessoalmente ou por mensagens em redes sociais. Quando não houve retorno dos autores, foram convidados outros pesquisadores em Geociências que não estavam diretamente envolvidos na autoria do sítio publicado, mas que realizaram trabalhos semelhantes na mesma área de estudos; 3) Compilação dos Dados: Nesta etapa foram contabilizadas as respostas de quantificação. Classificando-as pelo tipo de abordagem e nível de envolvimento do colaborador. Também foram listadas as principais dificuldades enfrentadas para a coleta desses dados, as principais dúvidas, observações e sugestões dos mesmos, de modo a compreender suas percepções a respeito da aplicação do referido método na prática.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O primeiro grande impasse para a coleta desses dados consistiu em tentar amenizar as possíveis complicações oriundas da junção de três fatores determinantes: a quantidade e diversidade de sítios a serem quantificados, a complexidade do método adotado e o desconhecimento, por parte da maioria dos colaboradores, a respeito dos métodos de quantificação do patrimônio geológico. Para a solução da questão da dimensão da área e da quantidade de sítios, o que dificultava a abordagem presencial, o primeiro contato foi realizado com os autores e coautores através de envio de emails onde estava anexada uma cópia do formulário com as questões propostas pelo método, o qual deveria ser devolvido preenchido. A fase I de coleta de dados ocorreu entre junho de 2015 e maio de 2016. A primeira tentativa, ainda em caráter experimental, resultou em um retorno muito abaixo do esperado, o que demandou novos ajustes e criação de planilhas para facilitar o preenchimento e reenvio dos emails para novas tentativas, além de algumas abordagens presenciais, que resultou em uma melhora no percentual de respostas, mas ainda assim, com uma abstenção de quase 65% por parte dos autores, (equivalente a 39 sítios), além de percentuais expressivos de preenchimento apenas parcial das planilhas. A fase II da coleta de dados ocorreu no período de junho a dezembro de 2016 e teve como principal objetivo aumentar o índice de participação de autores e/ou outros pesquisadores na quantificação dos sítios. Nesta etapa, houve uma procura mais incisiva por meio presencial desses colaboradores, além de contato telefônico e também através de redes sociais diversas, o que resultou

em respostas mais imediatas e, de certa forma, tornou mais dinâmica a obtenção dos dados. (Quadro 1) Quadro 1. Respostas positivas de sítios quantificados através de diferentes meios de abordagem

Email Pessoalmente Telefone Redes Sociais

59* 04 01 13**

*Ao todo 59 autores e demais pesquisadores participaram da quantificação dos sítios e todos foram contatados primeiramente via email; **Facebook (8) e WhatsApp (5).

Também foi decisiva nesta fase a participação de muitos pesquisadores que não estavam diretamente envolvidos com as publicações no SIGEP, mas que eram aptos a quantificar os referidos sítios em decorrência de sua ampla experiência de pesquisa e ensino na área. Ao todo, 59 colaboradores (sendo eles autores diretos e/ou outros pesquisadores) responderam total ou parcialmente aos formulários de quantificação. Mais da metade desses (36) quantificou apenas um geossítio, outros 18 colaboradores quantificaram entre dois e três geossítios cada e uma minoria (5 pesquisadores) ficou responsável pela quantificação de quatro a seis geossítios. (Figura 2) Figura 2. Relação entre o número de autores e demais pesquisadores que colaboraram com a pesquisa e o número de sítios quantificados individualmente por eles.

Ainda nesta segunda fase da coleta de dados, em relação aos critérios do método de quantificação proposto por Brilha (2016), foram necessárias algumas simplificações neste novo formulário para facilitar ainda mais o seu preenchimento, especialmente entre aqueles colaboradores que não conheciam muito bem a temática da geoconservação e os métodos de quantificação do patrimônio geológico de forma geral. Alguns critérios mais abrangentes e menos dependentes do olhar experiente de um geocientista, a exemplo de: “área”,

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“proximidade de estradas e povoações”, “quantitativo populacional” e “renda média dos habitantes” foram descartados desse novo envio, ficando sua pontuação a cargo de consultas posteriores em sites como o IBGE, onde se poderiam obter indicadores socioambientais e imagens públicas de satélite, que puderam ser utilizadas para calcular distâncias, perímetros e também outros aspectos relacionados à acessibilidade dos locais. Desta forma, após todas essas “tentativas, erros, adaptações e novas tentativas”, o quantitativo de sítios totalmente quantificados pelos autores (VC, PUE, PUT, RD), subiu de 37 para 65 sítios e as abstenções, onde nenhuma resposta foi obtida por autores e/ou outro colaboradores, caiu de 39 para 22 sítios e os parcialmente quantificados, de 40 para 29. (Figura 3)

Figura 3. Evolução da coleta de dados entre as duas fases de quantificação dos sítios publicados pelo SIGEP.

Mesmo havendo um aumento considerável entre as duas etapas da pesquisa, esperava-se que os 116 sítios fossem quantificados em sua totalidade pelos autores e outros pesquisadores, porém, alguns fatos contribuíram para essas recusas e/ou falta de retorno de alguns deles, dentre os quais, podemos listar: o tamanho muito extenso dos formulários, algumas questões dúbias e/ou difíceis de pontuar, a extensão das áreas a serem quantificadas, o intervalo de tempo entre as publicações desses sítios, o que dificultou um pouco essa revisão. Por se tratar de um método novo, mas de referência mundial e já serve de base para o Geossit, o mesmo foi aplicado tal como proposto por Brilha (2016) com

algumas adaptações muito sutis, porém, trata-se de um longo formulário, com 37 questões subdivididas em até quatro tópicos cada, o que muitas vezes, pode ter sido um fator desestimulante aos colaboradores que, em um primeiro momento, até poderiam estar aptos a ajudar, mas ao se depararem com o formulário e pesarem o tempo e o trabalho que despenderiam para preenchê-lo, acabavam por deixando para muito depois ou até desistindo. Outros ainda começavam a tarefa, mas se deparavam com questões complicadas de pontuar, pois muitas vezes cabiam duas ou até mais respostas possíveis para o mesmo critério, o que causava muitas dúvidas. Para tentar resolver isso, quando o critério não se encaixava em nenhuma das alternativas, recomendou-se que atribuíssem nota zero e passassem aos próximos e se estivesse entre dois, escolhesse o de maior valor. Muitos autores também, apesar de serem geocientistas experientes, não estavam familiarizados com a linha de pesquisa de patrimônio geológico e geoconservação e não conheciam a finalidade de métodos de quantificação e a autonomia que ela oferece ao pesquisador, o que gerou, muitas vezes, questionamentos do tipo: “Mas o que você quer que eu responda?” ou “As respostas estão satisfatórias para você? Se não estiverem, eu mudo”. Outro fator que desencadeou problemas foi o expressivo intervalo de 11 anos entre as publicações do SIGEP, sendo a primeira em 2002 e a última, em 2013. E as diferenças são perceptíveis entre esses dois extremos: no volume I, nota-se certa urgência em publicar o maior número de sítios possíveis o que deixou mais livres os critérios para a seleção desses sítios. Além disso, o próprio conceito de “geossítio” ainda era desconhecido pela maioria dos pesquisadores, o que tornou o envio muito abrangente resultando, muitas vezes, em descrições demasiado sucintas de áreas com extensão colossal e grande complexidade de elementos da geodiversidade. Com o passar tempo e maior compreensão a respeito da temática da geoconservação, os critérios que direcionaram a seleção das propostas também se ajustaram e se tornaram mais precisos, porém, ao trabalharmos os dados em conjunto – como o fizemos com esta pesquisa – muitas vezes essas diferenças de rigor acabavam por criar impasses, a exemplo do que ocorreram com os denominados “megageossítios”. Tratam-se de áreas gigantescas e bastante complexas, que muitas vezes envolvem mais de um Estado e até extrapolam os limites do País (o que poderia dificultar possíveis medidas de geoconservação futuras). Ao todo, são 21 sítios nesta situação. Na primeira publicação, esse tipo de sítio aparece 15 vezes, caindo para cinco na segunda e para apenas um na terceira. Foram, sem dúvida, os mais difíceis de quantificar, pois dificilmente os critérios do método adotado seriam suficientes para atender a dinâmica diversa a qual os mesmos se inseriam. Alguns pesquisadores e até os próprios autores das propostas, mesmo já havido contribuído bastante nesta coleta de dados para outros sítios mais convencionais, ao serem convidados a auxiliar na quantificação dos então

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chamados megageossítios, por mais que estivessem a par da realidade do mesmo e ainda trabalhassem na área com certa frequência, se recusaram a quantifica-los e justificavam isso, pois aquela proposta não poderia ser mais considerada um geossítio e sim a junção de vários deles (algumas até já com propostas para tornarem-se geoparques) e não seria possível (ou talvez inútil) aplicar um método de quantificação nos mesmos. O tempo de publicação, especialmente nos sítios do primeiro volume, também dificultou bastante a coleta de dados, pois muitos autores já haviam falecido, se aposentado e/ou não visitavam a área há anos e não poderiam auxiliar de forma mais fidedigna, pois não tinham mais a percepção atual da realidade dos sítios de sua autoria. Desta forma, esgotadas todas as possibilidades de contato com os próprios autores das propostas e/ou outros pesquisadores com vasto conhecimento na área, a quantificação de 51 sítios que estavam total ou parcialmente pendentes foi realizada através das próprias informações contida.

CONCLUSÕES

Acredita-se que é de grande importância que todos os geossítios propostos, descritos e publicados pelo SIGEP avancem para uma etapa seguinte que é a quantificação. Essa fase será essencial caso haja interesse em se criar, no futuro, um plano de geoconservação dos sítios brasileiros, visando o uso e manejo sustentável dessas áreas. Apesar de nos depararmos com um número ainda significativo de abstenções, a resposta positiva por grande parte dos autores e demais pesquisadores em colaborar com a coleta de dados foi fundamental para que consigamos entender como um método de quantificação pode levantar tantas percepções diferentes dependendo do local a ser quantificado e, especialmente, do ponto de vista e da experiência prévia de quem o aplica. Os pesquisadores que já possuíam certo conhecimento sobre tais métodos, geralmente apresentavam dúvidas e dificuldades mais objetivas, principalmente relacionadas a conceitos (as exemplo da diferenciação dos “megageossítios”) e questões associadas a um ou outro aspecto menos aplicável em algum dos parâmetros. Já os geocientistas que nunca haviam tido contato com este tipo de metodologia geralmente se apresentavam mais confusos em relação à finalidade da aplicação do questionário em si, além de ainda se sentirem pouco à vontade em pontuar as questões diante da certa subjetividade e o excesso de autonomia que muitas vezes os métodos da quantificação conferem ao pesquisador. Outro fator que nos chamou atenção é a necessidade que os conceitos e métodos referentes ao patrimônio geológico e a geoconservação sejam mais difundidos

entre os geocientistas de uma forma geral o que, futuramente, pode auxiliar e tornar mais atrativas suas colaborações em novos trabalhos no âmbito nacional.

AGRADECIMENTOS

A CAPES, através do PNPD, pela concessão da bolsa pós-doutoral vinculada ao programa de Mineralogia e Petrologia do IGc/USP a Edjane Maria dos Santos; Aos autores e demais pesquisadores que se propuseram a quantificar os sítios publicados pela SIGEP; Ao geólogo Carlos Schobbenhaus (CPRM) e à geóloga Mylène Berbert-Born (CPRM) pelas inúmeras contribuições ao longo da pesquisa.

REFERÊNCIAS

BRILHA J. 2016. Inventory and quantitative assessment of geosites and geodiversity sites: a review. Geoheritage, Vol. 8, No 2, 119-134.

SCHOBBENHAUS, C.; CAMPOS, D.A.; QUEIROZ, E. T.; WINGE, M.; BERBERT-BORN, M. L. C. (Edit.) 2002. Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil. DNPM/CPRM - Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos (SIGEP) - Brasília 2002; 554 pp; ilust.

WINGE, M.; SCHOBBENHAUS, C.; SOUZA, C. R. G.; FERNANDES, A. C. S.; QUEIROZ, E. T.; BERBERT-BORN, M.; CAMPOS, D. A. (Edts.). 2009. Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil. Brasília: CPRM, 2009. v. 2. 515 p. il. color. ISBN 857499077-4. WINGE, M.; SCHOBBENHAUS, C.; SOUZA, C. R. G.; FERNANDES, A. C. S.; BERBERT-BORN, M.; SALUN FILHO, W.; QUEIROZ , E. T. (Edts.) 2013. Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil. Brasília: CPRM, 2013. v. 3. p. il. color. ISBN 978-85-7499-198-6

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SERRA DAS GALÉS: UM PATRIMÔNIO GEOLÓGICO DE PARAÚNA/GOIÁS

Bruno Martins Ferreira

Programa de Pós Graduação em Geografia, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Goiás, Brasil

E-mail: [email protected]

Palavras chave: geodiversidade, patrimônio geológico, geoforma.

INTRODUÇÃO

A geodiversidade consiste na variedade de

paisagens, ambientes geológicos, rochas, solos, fósseis,

minerais e outros depósitos superficiais que dão suporte

à vida na Terra (BRILHA, 2005). A conservação desses

elementos naturais é uma temática que tem tido um

crescente interesse nas últimas décadas. Nesse sentido,

caracteriza-se a geoconservação como uso consciente e

a proteção dos recursos relacionados à geodiversidade.

A partir da década de 1990, o termo

“geodiversidade” vem sendo utilizado por geólogos e

geógrafos no intuito de descrever a variedade do meio

abiótico. Essa terminologia surgiu no Reino Unido,

durante a Conferência de Malven sobre Conservação

Geológica e Paisagística, realizada em 1993 (BRILHA,

2005). Nessa ocasião, Sharples (1993 apud

NASCIMENTO; SCHOBBENHAUS; MEDINA, 2008)

caracterizou a geodiversidade como a diversidade de

características, assembleias, sistemas e processos

geológicos (relacionados ao substrato), geomorfológicos

(formas da paisagem) e do solo.

O conceito geodiversidade é o título do artigo

publicado por Stanley (2000), adaptado pela Royal

Society for Nature Conservation, do Reino Unido, que

também intitula seu relatório de Ciência da Terra

(Geodiversity Update). Tal relatório define

geodiversidade como “variedade de ambientes,

fenômenos e processos ativos de caráter geológico,

geradores de paisagens, rochas, minerais, fósseis, solos

e outros depósitos superficiais que constituem a base

para vida na Terra” (GRAY, 2002).

Segundo Nascimento, Schobbenhaus e Medina

(2008), a geodiversidade “é também o elo entre as

pessoas, paisagens e sua cultura, por meio da interação

com a biodiversidade”. Nesse âmbito, reconhecê-la é

essencial para que a humanidade desenvolva ações

sustentáveis.

As discussões acerca dessa temática envolvem

também a valoração da geodiversidade, que pode ter os

seguintes valores: intrínseco, cultural, estético,

econômico, funcional, científico e educativo. A

geodiversidade abarca, no seu conjunto, a conceituação

de geossítios e patrimônio geológico.

Para Brilha (2005), o patrimônio geológico é

entendido como o conjunto de geossítios inventariados

e caracterizados numa determinada área ou região e

que “integra todos os elementos notáveis que

constituem a geodiversidade, incluindo o patrimônio

paleontológico, o

patrimônio mineralógico, o patrimônio geomorfológico,

o patrimônio hidrogeológico entre outros”.

Munoz (1988) define patrimônio geológico como

constituído por georrecursos naturais, que são aqueles

não renováveis de índole cultural, que contribuem para

o reconhecimento e a interpretação dos processos que

modelaram o Planeta Terra e que podem ser

caracterizados de acordo com seu valor (científico,

didático), com sua utilidade (científica, pedagógica,

museológica, turística) e com sua relevância (local,

regional, nacional e internacional).

Tido como um lugar particular para o estudo da

geologia, os geossítios são áreas com características

notáveis do ponto de vista científico, didático ou

turístico. É também considerado, do ponto de vista

físico natural, como um sítio geológico.

A Serra das Galés localiza-se 28 km da área

urbana de Parauna, dentro do Parque Estadual de

Paraúna, considerado um patrimônio geológico,

destaca-se a presença de geossitios. Para Figueiredo &

Olivatti, (1974) é evidente nos monumentos da Serra

das Galés a presença de argilitos, silititos e arenitos

finos. Os monumentos, que são rochas esculpidas por

ações intempéricas ao longo dos anos, demonstram

diversas formas caracterizando um valor estético.

Apresenta um valor cultural, pelo fato da população da

região ter uma determinada crença religiosa e utilizar

aquele espaço para manifestações religiosas, pois,

acreditam que seja uma área de pouso para óvnis

extraterrestres. O

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objetivo do trabalho é analisar o patrimônio

geológico das Serra das Galés em Paráuna, Goías.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Segundo o Diagnostico Turístico de

Paraúna (2007) a serra das Galés, possui uma área

total de 271 ha, formada por um conjunto de

blocos de arenito que formam monumentos

denominados de Cálice, a Tartaruga, a Índia, os

Três Reis Magos, a Lagartixa, a Bigorna, e o

Cérebro de Pedra e outros. Para Goiás (2008)

esses monumentos são formados por erosão

diferencial, em diversos níveis, permitindo a

formação de morros-testemunhos que lembram

objetos. Os nomes dessas geoformas foram

atribuídos por moradores da região e fazem parte

da cultura local.

As geoformas, Lagartixa (Figura 01) e

Cérebro (Figura 02) são similares principalmente

por terem formas cilíndricas esculpidas pelo

intemperismo. O processo erosivo ocorreu de

forma semelhante de uma determinada parte do

topo á base. Porém, no topo, o intemperismo foi

mais intenso ocasionando a presença de menores

e mais finas estruturas areníticas.

Figura 01. Geoforma denominada Lagartixa esculpida em rochas areníticas. Autor: Bruno Martins Ferreira

Figura 02. Geoforma denominada Cérebro esculpida em rochas arenítica. Autor: Bruno Martins Ferreira.

Nas geoformas Os três Reis Magos (Figura

03) e a Índia (Figura 04) destacam-se feições

pontiagudas presentes nos topos dos paredões de

arenito, decorre basicamente, de processos

erosivos combinados com a dissolução e remoção

dos grãos que retiram as partes frágeis e deixam

ressaltar as mais resistentes da rocha. Tais feições

dispõem características de uma Índia observando

o horizonte e os Três Reis Magos a caminho de

Cristo na noite do seu nascimento.

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Figura 03. Geoforma Os Três Reis esculpida em rochas areníticas. Autor: Bruno Martins Ferreira.

Figura 04. Geoforma denominada Índia esculpida em rochas areníticas. Autor: Bruno Martins Ferreira

Já a geoforma denominada Cálice (Figura

05) é a mais procurada pelos visitantes e turistas,

segundo os guias turísticos. É uma coluna de

arenito com o topo alargado e base estreita,

resultante da erosão diferencial que tem como

principal agente erosivo o escoamento das águas

pluviais responsável pela remoção dos grãos

antecedida por dissolução dos minerais solúveis.

Geralmente, fraturas condicionam o isolamento

dessas feições. Como as demais geoformas, o

nome foi dado por populares da cidade, sendo

nítida a semelhança com um cálice.

Figura 05. Geoforma o Cálice por outro ângulo. Autor: Bruno Martins Ferreira.

A geoforma Tartaruga (Figura 06),

esculpida pela ação intempérica no arenito,

também desperta a curiosidade dos visitantes.

Com o formato angular na área superior,

assemelha-se com o casco, as pequenas elevações

lembram a cabeça e o rabo da tartaruga.

Populares acreditam que a tartaruga está

adormecida e que foi petrificada a milhões de

anos, podendo em algum dia voltar à vida.

Figura 06. Geoforma denominada Tartaruga esculpida em arenitos. Autor: Bruno Martins Ferreira

As geoformas existentes na Serra das Galés

não são únicas geologicamente e

geomorfologicamente. Em Vila Velha no Paraná,

existem algumas geoformas que se assemelham

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com as de Paraúna, principalmente, por fazerem

parte da mesma unidade geológica o grupo

Itararé, formação Aquidauana da Bacia do Paraná,

e serem esculpidos em rochas areníticas

simbolizando também alguns objetos, animais e

outros (LETENSKI, GUIMARÃES, PIEKARZ,

MELO, 2009).

CONCLUSÕES

A Serra das Galés é um importante

patrimônio geológico de Paraúna, considerado o

ponto turístico mais visitado, pela presença de

geoformas areníticas. Tais geoformas, são

parecidas com animais, figuras e objetos do

cotidiano das pessoas. Como por exemplo, a

tartaruga, o cálice, os três reis magos, o soldado, o

cérebro. Por meio, da geomorfologia, destacam-se

morros e superfícies tabulares, ocorrendo em

cotas acima de 720 metros e geralmente bem

delimitados por vertentes escarpadas. São relevos

estruturais, caracterizados por morros com topos

planos e patamares, bem como relevos

ruiniformes, que constituem os principais pontos

turísticos da área. Geologicamente, está na

Formação Aquidauana.

REFERÊNCIAS

BRILHA, J. B. R. Patrimônio geológico e geoconservação: a conservação da natureza na sua vertente geológica. Lisboa: Editora Palimage, 2005. 190 p. GOIAS (Governo do Estado de Goiás). Secretaria de Indústria e Comércio. Superintendência de Geologia e Mineração. Geologia do Estado de Goiás e do Distrito Federal. Por MOREIRA, Maria Luiza Osório; et al. Goiânia, GO. 2008. GRAY, M. Geodiversity: valuing and conserving abiotic nature. Londres: John Wiley & Sons Ltda., 2002. p. 7. MUNOZ, E. Georrecursos culturales, geologia ambiental. Madrid: ITGE, 1988. p. 85-100. NASCIMENTO, M. A. L.; SCHOBBENHAUS, C.; MEDINA, A. I. M. Patrimônio geológico: turismo sustentável. In: Geodiversidade do Brasil. Rio de Janeiro: CPRM, 2008. p. 147-162. PARAÚNA. Diagnóstico turístico e plano de ação do município de PARAÚNA- GO. Paraúna-Goiás, 2007. STANLEY, M. Geodiversity. Earth Heritage, v. 14, p. 15-18, 2000.

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OS IMPACTOS DO AGRONEGÓCIO TRANSGÊNICO NO CERRADO: O USO DO HERBICIDA GLIFOSATO E SUA TOXICIDADE

Eva Caroline Nunes Rezende, Junilson Augusto de Paula Silva, Lucas Henrique de Oliveira,

Isabella Regina Serra Brito Mesquita, Denise Oliveira Dias

Universidade Estadual de Goiás, Rua Quatorze, 327 – Jd. América, 75650-000, Morrinhos, Goiás, Brasil

*e-mail: [email protected]/[email protected]/[email protected]/[email protected]/

[email protected]

Palavras chave: cerrado, glifosato, análise de toxicidade.

INTRODUÇÃO

O bioma Cerrado e toda sua diversidade faunística e florística, são ameaçados há tempos. Atualmente, classificado como um hotspot, por conta de sua altíssima taxa de diversidade biológica e endêmica de espécies, (DURIGAN, G. et al., 2011) nem sempre houve a preocupação de se preservar, conservar ou realizar estudos de impactos ambientais em atividades antrópicas no bioma, o que ocasionou gerações de destruições, queimadas, estagnação e extinção dos espécies.

A devastação e o comprometimento dos recursos naturais do cerrado se dá em diferentes modos, seja através de queimadas descontroladas de origens não naturais, através do desmatamento, seja através da falta de manejo adequado do solo e das culturas agrícolas, o que causa prejuízos tanto ambientais quanto sociais.

Figura 1. Colheita de soja, safra 2016/2. Fazenda Santa Anastácia, no município de Sorriso/MT. Exportação para a China e Índia.

(Foto: Acervo pessoal dos autores)

Neste contexto, o presente trabalho visa abordar o impacto que a utilização de herbicidas pode gerar, avaliando particularmente a citotoxicidade de um componente da fórmula de um dos herbicidas mais utilizados pelo setor agrícola, visto que o uso vem crescendo no bioma cerrado juntamente com o

aumento da utilização de cultivares transgênicos resistentes à ação herbicida.

Notou-se, por consequência, uma catalização de processos fitofisiológicos danosos, por conta da interação planta-herbicida , conforme demonstrado a seguir, através do experimento realizado com cebolas, para discorrer a respeito da citotoxicidade do ingrediente glifosato, componente principal do herbicida Roundup, da Monsanto.

Com base na revisão literária, há uma série de estudos e discussões que demonstram a toxicidade do glifosato tanto para a saúde humana como ambiental (ANTONIOU et al., 2012; BATTAGLIN et al., 2014; JAYASUMANA et al., 2015; JOHAL; HUBER, 2009; MYERS, et al., 2009; OLORUNSOGO et al., 1979; TOY; UHING, 1964; VANDERBERG et al., 2013), Em contrapartida, o amparo legal da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) revelam uma duvidosa autorização da utilização do herbicida, por conta de resultados de estudos custeados pelas empresas interessadas no comércio em larga escala do produto, o que se torna questionável, em vista dos supracitados estudos.

De acordo com os dados do Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários (Agrofit), dentre os dez agrotóxicos mais consumidos no Brasil, por princípio ativo, no ano de 2013, o glifosato aparece na primeira posição, correspondendo a 411.343.703 kg, conforme a figura abaixo. O glifosato é um herbicida amplamente utilizado na agricultura brasileira e, recentemente, classificado como provavelmente cancerígeno para humanos, pela International Agency for Research on Cancer (IARC). (BRASIL, 2016) Figura 2. Agrotóxicos químicos mais comercializados no Brasil, em 2013.

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(Foto: Agrofit, 2013 e 2014. Consulta em dez./2014. Disponível em: Ministério da Saúde – Relatório Nacional de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos. Brasília/DF, 2016.)

O herbicida glifosato, selecionado como objeto do estudo apresentado, é um composto químico pertencente ao grupo das glicinas substituídas, o qual foi sintetizado a partir da substituição de um hidrogênio amínico, do aminoácido glicina, pelo radical metilfosfônico. (KRUGER, 2009).

Quando lançados no ambiente, os agrotóxicos são capazes de interagirem com os organismos vivos, causando múltiplas alterações que podem gerar graves desequilíbrios ecológicos, dependendo do grau de contaminação e do tempo de exposição. (YOUNES, 2000).

Levando em conta o que foi dito acima, o presente trabalho tem por objetivo geral avaliar alguns dos impactos da toxicidade do Glifosato (Roundup Original DI) através da análise de sua citotoxicidade, por meio do comprimento das raízes dos bulbos dos bioensaios.

Tradicionalmente, as técnicas para a avaliação destes impactos, se dá pela utilização de bioindicadores, e vêm sendo divididas em duas abordagens principais: através da associação aos níveis superiores de organização, tais como populações, comunidades e ecossistemas; e a nível individual – que trata de alterações comportamentais, malformações, mudanças nas taxas de crescimento, reprodução, alimentação, alterações bioquímica e fisiológica (inclui alterações na integridade da membrana celular, no transporte de íons, no metabolismo celular e em atividades enzimáticas). (YOUNES, 2000)

Figura 3. Glifosato utilizado no experimento – Roundup Original DI/Monsanto

(Foto: Acervo pessoal dos autores)

Foi utilizado o Sistema Test Allium cepa L., pois é uma ferramenta básica bastante útil para a verificação do potencial genotóxico e citotóxico, de diversas substâncias contaminadas (CUCHIARA, et al., 2012).

Para isso, foram realizados testes no laboratório da Universidade Estadual de Goiás, situada na cidade de Morrinhos, com uso de 14 bulbos, divididos em cinco (5) concentrações crescentes. Tais bulbos foram adquiridos comercialmente, sendo que, em todos os bioensaios foram utilizadas cebolas da mesma procedência.

Para cada concentração testada, e para o controle negativo (água destilada), foram utilizados três bulbos de A. cepa. As concentrações utilizadas do herbicida foram de: 100, 70, 50, 30 e 0 mL . Figura 4. Teste Allium cepa. Tubos de ensaio contendo as devidas concentrações de glifosato + água destilada.

(Foto: Acervo pessoal dos autores)

O comprimento das raízes foi utilizado como índice de toxicidade, como referência padrão foram utilizadas três raízes. Cada tratamento foi comparado com o controle negativo e a ocorrência de toxicidade (inibição do crescimento) foi considerada quando a diferença entre tratamento e controle negativo foi estatisticamente significativa.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Na série de bioensaios com o Glifosato, utilizando as concentrações indicadas acima, ocorreu inibição significativa do crescimento das raízes. A taxa de crescimento radicular dos bulbos, expostos ao Glifosato, foi entre 99% e 100% inferiores aos observados no controle negativo .

Os potenciais genotóxico deste herbicida, em resultados disponíveis na literatura, revelam uma atividade fraca da formulação técnica. Em geral, os dados disponíveis na literatura científica mostram uma baixa toxicidade aguda e crônica do glifosato na concentração, normalmente, usada na agricultura ou encontrada em produtos tratados (BOLOGNESI et al., 2003).

De acordo com (FILHO et al., 2007), os solos agricultáveis apresentam variações nos atributos físicos e químicos, mesmo em áreas consideradas homogêneas, subsistindo variação espacial de determinados atributos a curtas distâncias, em grau

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suficiente para interferir na produtividade das culturas em grande escala pela agricultura.

No presente estudo, o experimento com o Glifosato (Roundup Original BI) teve uma total inibição do crescimento das raízes, demonstrando toxicidade, nas alíquotas descritas, que foram adaptadas para avaliar concentrações superiores às testadas por KRUGER (2009). Portanto os resultados demonstram que os efeitos inibem o crescimento celular em plantas, como observados nos bulbos, identificados nas figuras seguintes.

Figura 5. Total inibição do crescimento das raízes, demonstrando toxicidade.

(Foto: Acervo pessoal dos autores) Figura 6. Crescimento normal detectado no controle negativo.

(Foto: Acervo pessoal dos autores)

CONCLUSÕES

Os bioensaios, portanto, demonstraram que a toxicidade do herbicida em questão, mesmo que em pequenas quantidades se comparadas às utilizadas em uma cultura como a apresentada na Figura 1, pode, paradoxalmente, afetar até mesmo a produtividade das próprias culturas, cujas produtividades se desejam salvaguardar com a aplicação do agrotóxico.

A ação de inibição do crescimento celular oriunda da aplicação do herbicida pode também se desdobrar a todas as áreas e culturas adjacentes aos plantios pulverizados, causando impactos ambientais como a desregulação do crescimento vegetativo e populacional das diferentes espécies de plantas nativas do cerrado, como também até mesmo impactos sociais,

afetando populações que dependem de fragmentos do bioma vizinhos às culturas que recebem massivas doses de glifosato.

Com isso, o uso – em larga escala – dos compostos que contém glifosato, sem uma avaliação de riscos, testes e precauções, se torna um vilão para a vegetação nativa, visto o grande potencial tóxico e citotóxico do composto.

O estudo demonstra, então, a importância de conhecer os efeitos colaterais da utilização de herbicidas, quanto à sua citotoxicidade. É impreterível que estudos mais aprofundados sejam realizados para mensurar o potencial citotóxico em larga escala, do herbicida glifosato. O cerrado, maior afetado entre os biomas bases do agronegócio, vem sofrendo impactos frente à produção transgênica, tendo suas florestas savânicas desmatadas e afetadas com o agrohidronegócio¹.

Assim sendo, incumbe ao Estado, com seu poder de polícia, fiscalizar a venda de herbicidas, cujos impactos ainda não são totalmente mensuráveis, tanto ambiental como socialmente, exigindo que os danos ambientais sejam os menores possíveis, bem como sua reparação imediata. Deve-se também, fomentar a comunidade científica em pesquisas sobre os possíveis danos ao meio ambiente e seres humanos, em que pese serem bastante imprecisos os resultados de seu uso.

Por fim, é um dever garantir o direito de informação aos cidadãos, visto que são consumidores de algo que desconhecem, pois não existem mecanismos eficazes para promover o que é o uso de tais alimentos e tampouco seus impactos ambientais.

Já que o meio ambiente equilibrado é direito de todos, nada mais justo que estes o conhecimento do assunto ser uma ampla e vasta base para que a diversidade biológica seja preservada, ao passo que a tecnologia, seus estudos e aplicações também surtam efeito em nosso meio natural, social, econômico, político e ecológico.

______

1 Termo usado pela primeira vez por Thomaz Júnior (2010).

AGRADECIMENTOS

Agradecemos à prof. Dr. Débora de Jesus Pires, por seu empenho em nos ajudar, tanto em relação à pesquisa, apoio e orientação, quanto ao empréstimo dos objetos e materiais empregados na execução do teste, no laboratório de Biologia da UEG/Morrinhos. Nosso muito obrigado à tão grande profissional.

REFERÊNCIAS

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ANTONIOU, M.; HABIB, M. E. M.; HOWARD, C. V.; JENNINGS, R. C.; LEIFERT, C.; NODARI, R. O. et al. Teratogenic effects of glyphosate-based herbicides: divergence of regulatory

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

CAMINHO DAS ÁGUAS EM GOIÁS: CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES SOBRE O USO TURÍSTICO NO/DO CERRADO

Luan Filipe Fonseca Coelho, Silvani Gomes Messias, Arlete Mendes da Silva

Universidade Estadual de Goiás, Avenida JK, 146, Jundiaí 75110390, Anapolis, Goiás, Brasil

*e-mail: [email protected], [email protected], [email protected]

Palavras chave: Geografia; Turismo; Cerrado.

INTRODUÇÃO

A paisagem do Cerrado, especialmente as

chapadas e chapadões é um espetáculo único como as

cascatas, cachoeiras e corredeiras; seus “buracos de

araras”, suas veredas de buritis, os rios de água

cristalina e longos rios piscosos navegáveis, como o

Araguaia e o Tocantins (CORIOLANO, 1999).

Os recursos naturais do Cerrado estão,

rapidamente, sofrendo fortes alterações impactantes

em seu sistema ecobiogeográfico. Se não forem

tomadas medidas urgentes os elementos naturais do

Bioma Cerrado poderão sofrer danos irreparáveis num

curto espaço de tempo.

Esse estudo, em caráter inicial, tem como

objetivo analisar a demanda, o potencial e uso turístico

das terras do Cerrado que se configuram importantes

atrativos por meio dos cursos d’agua e recursos

hídricos.

A metodologia consiste em: pesquisa

bibliográfica e busca da produção cartográfica em

guias, cartilhas, publicações de folders e outros

manuais de circuitos e marketing do Turismo em

Goiás, com ênfase no “consumo” dos atrativos

turísticos naturais, as “águas cerradeiras”.

Localização da área de estudo – Cerrado

Goiano

Fonte: Instituto cerrado e sociedade, 2008.

É sabido que a vegetação natural do cerrado

está em um processo de “extinção”. De acordo com a

EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária - 2015) “parte do bioma Cerrado ainda

mantém as características de vegetação natural, ou

seja, sem alterações decorrentes da atividade humana.

As áreas com pastagens plantadas perfazem 29,4%. A

agricultura (anual e perene) totaliza 11,6% da área”.

No Bioma Cerrado que estão localizadas as

nascentes das bacias do Araguaia-Tocantins e São

Francisco, além dos principais afluentes das bacias

Amazônica e do Prata conferindo importância

estratégica em termos de disponibilidade de recursos

hídricos.

A EMBRAPA (Serviço Brasileiro de Apoio às

Micro e Pequenas Empresas), (2015) assinala ainda

que “o estudo é importante para ajudar a definir uma

política de ocupação sustentável”.

Uso e cobertura da terra no Cerrado

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

RESULTADOS E DISCUSSÕES

De acordo com a Organização Mundial do

Turismo (OMT), o termo TURISMO pode ser

compreendido como “uma modalidade de

deslocamento espacial, que envolve a utilização de

algum meio de transporte e ao menos uma pernoite no

destino; esse deslocamento pode ser motivado pelas

mais diversas razoes” (CRUZ, 2001, p 04).

Todo tipo de viagem pode ser considerado

como turismo, independente da motivação da viagem,

seja ela de negócios, eventos, saúde. Assim, viagem e

turismo podem ser considerados como sinônimos.

De acordo com Cruz (2001, p 62) “A

diversidade natural dos ambientes brasileiros faz do

Brasil um país com grande potencial para práticas de

turismo de natureza”. Complementado a noção de

turismo em áreas naturais, afirma-se que “O turismo

constitui uma das principais atividades realizadas em

áreas naturais protegidas, pois demanda pouca infra-

estrutura construída no interior das unidades, além de

teoricamente impactar menos que outras atividades

como, por exemplo, a agricultura ou o extrativismo”

(Coelho, 2006, p 5).

O turismo em áreas naturais pode ocorrer em

parques, reservas florestais, reservas biológicas,

reservas de desenvolvimento sustentável, estações

ecológicas, áreas naturais protegidas, áreas de

relevante interesse ecológico e em áreas de proteção

ambiental.

Diante do exposto, questiona-se:

Qual a relação intrínseca entre Geografia e

Turismo?

Quais elementos manifestam proximidade

teórica e prática entre a ciência geográfica e o

fenômeno turístico?

Que tipo de uso das terras do Cerrado tem sido

identificado (apropriado/usado) como potencial

turístico nos Cerrados goianos com fortes impactos

ambientais?

Que tipo de impactos socioambientais, nos

últimos 10 anos, tem se verificado com o intenso uso

das águas do Cerrado como atrativo turístico no

estado?

É possível mapear áreas fortemente

impactadas pela atividade turística com riscos

eminentes para os recursos hídricos no Cerrado

goiano?

De acordo com Andrade (2001), no turismo os

aspectos naturais e geográficos ganham ênfase, pois

assumem papel fundamental como elemento de

identificação e caracterização na definição da própria

natureza do produto, ou seja, a geografia local colabora

com a diversidade de atrativos locais.

Dentre diversas características físicas e os

vários elementos das paisagens consideradas ofertas

turísticas naturais, encontram-se: planícies,

montanhas, grutas, nascentes de águas, riachos,

cachoeiras, ilhas, rios, lagos e lagoas no Cerrado

goiano.

Os territórios que abrigam os lugares turísticos

estão preservados por lei. Denomina-se Unidades de

Conservação: locais protegidos, sejam eles parques,

florestas, áreas naturais, áreas de proteção ambiental,

etc.

Cruz (2001) salienta que o turismo, nessas

áreas protegidas, somente estão liberadas em casos que

estejam previstos na legislação.

As áreas de preservação ambiental, “são áreas

já transformadas pelo homem e que comportam,

diferentemente de outras categorias de conservação, a

presença do homem no seu interior; como se tratam de

áreas abertas, são de livre acesso a visitação; há,

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

entretanto, controle, por parte dos organismos

ambientais competentes, do uso e ocupação do solo

nessas áreas” (CRUZ, 2001, p 64).

A Chapada dos Veadeiros e o Parque Nacional

das Emas, ambos em Goiás, seriam áreas de

preservação ambiental, pois há o contato do público,

no entanto, com alguns requisitos, como a capacidade

de carga do local.

O Cerrado na Chapada dos Veadeiros- GO

Fonte: COELHO, L. F (2015).

Mesmo com todos os procedimentos adotados

para preservar os locais turísticos, a atividade gera

impactos ao meio ambiente, sejam eles positivos e/ou

negativos. Positivamente, o turismo eleva o aumento

da arrecadação para os municípios e

consequentemente o estado com aumento da oferta de

trabalho local. No entanto, na contramão dos impactos

positivos, temos a degradação do espaço natural e dos

elementos ecobiogeográficos do Cerado.

De acordo com Coriolano (1999, p 93), “os

grandes empreendimentos turísticos estão projetados

para áreas que deveriam ser de preservação.

Preservação implica não-uso e não-destruição”.

O Estado de Goiás, localizado no Bioma

Cerrado, possui uma diversidade natural exuberante o

que favorece o turismo voltado aos recursos hídricos e

sua utilização.

Para Lima e Chaveiro (2010, p 277): “Alguns

dos principais destinos para o turismo de natureza em

Goiás são: Pirenópolis, a Cidade de Goiás (patrimônio

histórico mundial da UNESCO desde 2001), Alto

Paraíso de Goiás/Chapada dos Veadeiros, Caldas

Novas/Parque Estadual da Serra de Caldas, Mambaí,

Santa Branca (Teresópolis), Paraúna, Salto de

Corumbá, Chapadão do Céu/Parque Nacional das

Emas, Lagoa Santa, Rio Araguaia, Porto das

Antas/Serranópolis, Rio Quente, Três

Ranchos/Catalão”.

Em 2002, a AGETUR (Agência Goiana de

Turismo) e o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às

Micro e Pequenas Empresas) se uniram na

regionalização do turismo, criando um programa

integrado denominado “Caminhos de Goiás” que

destaca as regiões turísticas do Estado ressaltando as

diversidades geográficas e naturais, identificadas como

sítios de patrimônio. A tabela a seguir apresenta a

classificação por municípios pertencentes a cada

região:

Fonte: SEBRAE; AGETUR (2007).

Oliveira (2008, p 130) observa: “Dos quatro

“caminhos” do turismo, três são referências à

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

exploração das paisagens e belezas naturais do estado,

perfazendo uma rota turística: o caminho do sol, o

caminho das águas, e o caminho da biosfera. Cada

“caminho” com suas particularidades, no entanto sem

perder a ênfase turística do/no cerrado.

O caminho do sol, leva às praias do rio

Araguaia e às cachoeiras e rios do sul e sudoeste. Já o

caminho das águas, segue em direção às águas termais

de Caldas Novas e Rio Quente, e às estâncias balneárias

ao longo do rio Paranaíba. Por último, o caminho da

biosfera, remete ao ecoturismo nas áreas mais

preservadas de cerrado, no norte-nordeste do estado.

Como referência para estudos preliminares,

entre os locais citados como alternativas para o

turismo, chama a atenção a chapada dos veadeiros,

situada no “caminho da biosfera”. A chapada dos

veadeiros, seria então, um laboratório a céu aberto

para geógrafos e demais pesquisadores desenvolverem

suas análises e pareceres.

Chapada dos veadeiros- GO

Fonte: Coelho, L.F. (2015)

O gráfico a seguir mostra, o número de

visitantes do Parque Nacional da Chapada dos

Veadeiros no período de 2006 a 2014. De acordo com o

gráfico, o número de visitantes apresentou um

crescimento médio de 13% nos anos de 2012 e 2013.

Nos primeiros 7 meses de 2014, este

crescimento foi de 50% se comparado a 2013. A

expectativa e que a cada ano esse percentual de

crescimento se mantenha no entanto, fica como ponto

de indagação: qual será os impactos de tal aumento?

CONCLUSÕES PARCIAIS

O turismo pode se tornar forte aliado às

ferramentas de gestão para o alcance dos objetivos de

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

conservação/preservação em destinos que possuem

áreas protegidas e têm sua imagem associada

diretamente a eles. O turismo oferece aos visitantes o

conhecimento acerca dos ambientes visitados,

sensibilizando e despertando para a importância da

compreensão e apreciação das características naturais

e culturais de uma determinada região.

Importante desafio para o turismo será

alcançar o equilíbrio entre os benefícios econômicos e

sociais gerados e a manutenção das condições naturais

e culturais das regiões turísticas.

O atrativo turístico é forte base econômica

local. Os ecossistemas mais sensíveis só admitem

práticas turísticas e produtivas sustentáveis, fazendo

com que o homem repense suas práticas sobre o meio.

REFERÊNCIAS

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

A PROBLEMÁTICA SOCIOAMBIENTAL DA EXTINÇÃO DE UMA NASCENTE URBANA EM CALDAS NOVAS-GO

Isabella Regina Serra Brito Mesquita, Cícero Antônio Mesquita da Silva Brito, Alik Timóteo de Sousa, Eva Caroline Nunes Rezende

Universidade Estadual de Goiás, Rua Quatorze, 327, Jd. América, Morrinhos, Goiás, Brasil

*e-mail: [email protected]; [email protected];[email protected]; [email protected]

INTRODUÇÃO A cidade de Caldas Novas está situada na região

sul do Estado de Goiás, entre as coordenadas 17°44′38″S e 48°37′33″W. Possui área territorial de 1.595,966 km² (IBGE, 2016), distando a aproximadamente 160 km de Goiânia, capital do Estado (Figura 1). O município está em área de domínio do bioma Cerrado.

Figura 1. Localização do Município de Caldas Novas

Fonte: Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMMARH)

A transformação socioespacial e econômica da região está em torno da exploração das águas quentes. A priori, as águas termais atraiam pessoas pela fama das propriedades terapêuticas e medicinais, em meados de 1860 (Albuquerque, 1996). Gradativamente o espaço foi transformando-se em atração de lazer. “As estâncias hidrotermais, que antes eram frequentadas tão somente, para fins terapêuticos, tornaram-se sofisticados centros de lazer e entretenimento e glamour” (OLIVEIRA, 2014).

Se por um lado Caldas Novas é um importante espaço de entretenimento, por outro, milhares de migrantes foram atraídos por novas oportunidades. Em decorrência disso, elevou-se o crescimento demográfico. A população que estava no patamar de 200 habitantes em 1842 (ALBUQUERQUE, 1996), saltou para 83.220 em 2016 (IBGE, 2016).

Conforme os dados do recenseamento, no ano de 2010 (Figura 2), houve uma queda na ocupação das propriedades rurais. Em contrapartida, ocorreu um acelerado processo de urbanização. A taxa de ocupação da malha urbana repercutiu no número de lançamento de loteamentos. Em suma, “o uso do espaço se tornou mais capitalístico” (SANTOS, 2012).

Figura 2. População residente, por situação do domicílio e sexo – 2010

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010.

No entanto, o crescimento populacional não foi

acompanhado de planejamento, o que trouxe profundas consequências de ordem ambiental, em especial na exploração irracional dos recursos naturais e na ocupação das áreas non edificandi.

O objetivo da pesquisa é promover uma reflexão sobre a atual situação da nascente próxima ao Aeroporto da cidade de Caldas Novas à luz da relação homem com o meio ambiente.

Propõem-se a utilização de pesquisa descritiva que visa esboçar a situação da nascente que foi alterada em decorrência do crescimento demográfico. Com esse intuito foi realizado atividade de campo para coletar dados e identificar a antiga nascente, bem como, verificar a relação entre os tipos de uso de solo e a extinção. Foi utilizada caderneta para anotações e uma câmera fotográfica para registrar as imagens do local.

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

“Não podemos acreditar que sempre teremos soluções prontas para aplicar em nossos problemas” (GUERRA, 2011). Por isso, será empregado o enfoque interdisciplinar, ou seja, analisar a problemática por meio da conjugação dos saberes da geografia e do direito.

RESULTADOS E DISCUSSÕES As nascentes estão diretamente relacionadas

com a origem dos recursos hídricos. O artigo 2°, inciso II, da Resolução do CONAMA nº 303, de 20 de março de 2002 define nascente como o local onde aflora naturalmente, mesmo que de forma intermitente, a água subterrânea.

A água que está armazenada no reservatório subterrâneo emerge para a superfície formando as nascentes e os pequenos cursos d´água que se transformam em córregos e rios. Desta forma, as nascentes são essenciais para manter o equilíbrio hídrico de uma dada região.

Caldas novas possui 26 nascentes. Os principais ribeirões do município de caldas novas são: Pirapitinga e Sapé. O município é drenado por córregos e rios pertencentes à bacia hidrográfica do rio Corumbá, tributário do rio Paranaíba, um dos principais formadores do rio Paraná.

Diante da essencialidade é vital adotar práticas de gestão norteadas pela prevenção de ocorrência de danos ambientais. As políticas públicas e os investimentos econômicos, que são estruturantes do desenvolvimento de uma cidade, devem inserir a pauta ecológica na sua conjuntura. Isto porque, a proteção ambiental tem natureza transdisciplinar, ou seja, está presente em todas as áreas.

A utilização racional do espaço urbano que contém nascente é inerente ao potencial esgotamento e imprescindibilidade para a vida humana dos recursos hídricos. Além disso, é um dever jurídico-ambiental das gerações presentes em face das gerações futuras.

Nas proximidades do Aeroporto de Caldas Novas, entre as coordenadas 17° 43’ 39.37”S e 48º 36’ 29.29”O, havia uma nascente. Todavia, em razão da degradação antrópica, a nascente desapareceu (Figura 3).

Figura 3. Nascente inexistente.

Fonte: Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMMARH)

A conduta humana na área desta nascente provocou dano ambiental irreversível, uma vez que a água é um bem finito. A política de expansão econômica foi desenvolvida em atrito direito à preservação de um bem de uso comum.

A referida nascente estava entre o córrego Fundo e o ribeirão Caldas, área de intensa ocupação urbana, com a presença de muitos edifícios residenciais e com usos múltiplos, voltados para o turismo (COSTA, 2008).

A dimensão ecológica na expansão urbana é reconhecida diante da própria dignidade do ser humano e dos deveres deste com a natureza. Assim, nas áreas de nascentes deve haver restrições urbano-ambientais. Dado este panorama, o meio ambiente está diretamente associado à dignidade da pessoa humana, esculpido no artigo 1º, inciso III, da Constituição Federal de 1988. A característica difusa e o tratamento de direito fundamental dado ao meio ambiente configura conteúdo essencial para garantir a sadia qualidade de vida e manter o equilíbrio do ecossistema. Portanto, conforma uma dimensão ecológica da dignidade humana, ou seja, uma matriz fundante (FENSTERSEIFER, 2008).

Nesse panorama, as ações antropogênicas impuseram ao meio físico transformações, como por exemplo, a construção de loteamentos e sistema viário em áreas que deveriam ser preservadas. Essas alterações impactam o meio ambiente de forma negativa.

Segundo o princípio do Poluidor-Pagador, considerado fundamental na política ambiental, o poluidor “deve suportar as despesas de prevenção, reparação e repressão dos danos ambientais” (SILVA, 2014, p.70). Na medida em que essas áreas são ocupadas surgem impactos ambientais. O custo da degradação ambiental, que deveria ser exclusivamente do poluidor, transforma-se num custo social, arcado pela coletividade.

Nesse sentido, o art. 225, caput, da CF/88 determina que:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Inferem do uso do pronome “todos” que o direito ao meio ambiente é difuso, ou seja, extrapola o interesse individual. Cada cidadão tem o direito e o dever de promover ações para gerir o espaço urbano de maneira sustentável. Por fazer isso, as nascentes urbanas serão preservadas.

CONCLUSÕES A existência humana pode ser encarada como

inacabável. Mas para que essa existência seja essencialmente infinita é necessário tolerar e respeitar

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

aquele que a torna assim: o meio ambiente, sobretudo a água. A sobrevivência dos seres vivos decorre de entender a gravidade da expansão urbana sem planejamento nas áreas de nascentes.

Nesta seara, é preciso desenvolver novos instrumentos de intervenção urbanística, que paute na preservação das nascentes.

Por conseguinte, é necessário encarar a propriedade urbana de Caldas Novas como uma forma de alcançar o bem comum concatenado com o equilíbrio do meio ambiente. Especialmente em razão da extraordinária essencialidade que as nascentes urbanas exercem na bacia hidrográfica do rio Corumbá.

É inadmissível que ações antropogênicas imponham transformações irreversíveis nas áreas de surgências d’água, como aconteceu com a nascente em torno do Aeroporto, isto porque essas alterações impactam o ambiente e refletem negativamente na qualidade de vida da população atual e na das gerações futuras.

Quanto mais aprendermos a respeito da inserção da água no cenário da expansão urbana, maior importância será dada em ações de preservação das nascentes. Quanto maior conhecimento da dinâmica dos recursos hídricos, tanto em áreas rurais quanto urbanas, mais dar-se-á conta que a degradação ambiental referente aos cursos d´água influencia as gerações atuais e futuras.

O valor ecológico no cenário político-jurídico nacional deve perpassar todas as esferas da sociedade e das disciplinas e refletir na relação do homem com o meio ambiente.

A sociedade deve firmar novos diálogos diante da conjuntura socioambiental no panorama da expansão urbana nas áreas de nascentes. E, consequentemente, compreender que a água é um dos recursos mais importantes da humanidade, por isso, não deve haver intromissão no ciclo hidrológico.

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, Carlos. Caldas Novas: Além das águas quentes. Ed. Kelps, 1996. COSTA, Rildo Aparecido. Zoneamento ambiental da área de expansão urbana da Caldas Novas GO: procedimentos e aplicações. 2008. 216 f. Tese (Doutorado em Ciências Humanas) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2008. CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais. Mapa da Geodiversidade Brasil: Brasília/DF: DNPM, 2006. Escala: 1:2.500.000. In Geodiversidade E Geoconservação: Possibilidades No Âmbito Da Educação Ambiental Dentro E Fora De Sala De Aula. Disponível em: <http://www.falaprofessor2015.agb.org.br/resources/anais/5/1440858759_ARQUIVO_GeodiversidadeeGeoconserrvacaonaeducacaoambiental.pdf> Acesso em: 16 de fevereiro de 2017. FENSTERSEIFER, Tiago. Direitos fundamentais e

proteção do ambiente: a dimensão ecológica da dignidade humana no marco jurídico-constitucional do Estado Socioambiental de Direito. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008. GUERRA, Antônio José Teixeira. Geomorfologia: exercícios, técnicas e aplicações. 5. Edição – Rio de Janeiro; Bertrand Brasil, 2011. IBGE-Cidades@. Dados sobre os municípios goianos. Disponível em: <http://cod.ibge.gov.br/EIL>. Acesso em: 17 de fevereiro de 2017. LIMA, Flávia Fernanda de. Proposta metodológica para a inventariação do patrimônio geológico brasileiro. 2008. 103f. Dissertação de mestrado em Patrimônio Geológico e Geoconservação. Escola de Ciências. Universidade do Minho. Portugal, 2008. Disponível em: <www.dct.uminho.pt/mest/pgg/docs/tese_lima.pdf>. Acesso em:16 de fevereiro de 2017. OLIVEIRA, Hamilton Afonso de (org.). Diferentes olhares sobre o turismo na região das Águas Quentes de Goiás. ed. Kelps, 2014. SANTOS, Milton. Espaço e Método. Ed. da Universidade de São Paulo, 2012.

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

A DISTRIBUIÇÃO DO PATRIMÔNIO ESPELEOLÓGICO CONHECIDO NAS UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DA ÁREA CÁRSTICA 1 DO PAN

CAVERNAS DO SÃO FRANCISCO

Lindalva Ferreira Cavalcanti

Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas – CECAV/Instituto Chico Mendes, SAS Quadra 5, Lote 5,

Bloco H, 4º andar, 70070-914, Brasília, DF, Brasil *e-mail: [email protected]

Palavras chave: cavernas, geodiversidade, PAN

INTRODUÇÃO

Durante os anos de 2011 e 2012, o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (CECAV), do Instituto Chico Mendes, elaborou em cinco oficinas participativas ― que contou com 130 representantes de 70 instituições governamentais (federais, estaduais e municipais), não governamentais e do setor produtivo ― o Plano de Ação Nacional para a Conservação do Patrimônio Espeleológico nas Áreas Cársticas da Bacia do Rio São Francisco - PAN Cavernas do São Francisco (CAVALCANTI et al., 2012). Os limites da região de abrangência do PAN se estendem por toda a bacia do rio São Francisco e áreas adjacentes e foram readequados em 2013 (LIMA; CAVALCANTI; MEGUERDITCHIAN, 2014). Porém, para efeito da execução de ações de conservação foram definidas três áreas cársticas prioritárias. A Área Cárstica 1 abrange três unidades hidrográficas do Médio São Francisco e 40 áreas protegidas. Está situada no Bioma Cerrado e nas regiões cársticas do Grupo Paranoá, Grupo Bambuí e Formação Vazante. A Área Cárstica 2 compreende oito unidades hidrográficas do Submédio São Francisco e uma do Baixo São Francisco, na Região Hidrográfica do São Francisco, três unidades na Região Hidrográfica Atlântico Leste e uma unidade na Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental, além de 47 áreas protegidas. Situa-se nos domínios dos Biomas Caatinga e Mata Atlântica e nas regiões cársticas do Supergrupo Canudos, Grupo Una e Formação Caatinga. Por outro lado, a Área Cárstica 3 abrange seis unidades hidrológicas do Alto São Francisco, oito do Médio São Francisco e 117 áreas protegidas. Está situada nos domínios dos Biomas Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica e nas regiões cársticas Quadrilátero Ferrífero, Grupo Bambuí, Formação Caatinga, Grupo Una, Grupo Paranoá e Formação Vazante. O objetivo desse trabalho é correlacionar o Patrimônio Espeleológico conhecido, de acordo com dados do Cadastro Nacional de Informações Espeleológicas – CANIE (CECAV, 2017), com as unidades geológico-ambientais da Área Cárstica 1 do PAN Cavernas do São Francisco.

Como procedimento metodológico, inicialmente, foi gerado o mosaico da geodiversidade da região de abrangência do PAN Cavernas do São Francisco utilizando-se os dados digitais dos mapas estaduais da geodiversidade disponibilizados pelo Geobank, do Serviço Geológico do Brasil (CPRM, 2016) de Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí e Sergipe. Em seguida, esse mosaico foi recortado com o shapefile de cada área cárstica prioritária do PAN Cavernas do São Francisco. Depois, foram cruzados os dados das cavernas conhecidas na região de abrangência do PAN (CANIE, atualização de 16/02/2017) com os recortes dos mosaicos da geodiversidade das 3 áreas, obtendo-se, assim, o quantitativo de cavernas por unidade geológico-ambiental. Da mesma forma, também foram cruzados com as áreas cársticas prioritárias os dados geoespaciais de unidades de conservação (CNUC/MMA, 2017); áreas de proteção especial (categoria não contempladas pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC), disponibilizadas pelo Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF, 2016); terras indígenas (FUNAI, 2017); biomas (IBGE, 2004) e de regiões cársticas do Brasil (CECAV, 2009a). Os programas QGIS 2.14.11 e ArcGIS 10.4.1 foram utilizados para o processamento dos dados.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Na região de abrangência do PAN Cavernas do São Francisco são conhecidas 7.441 cavernas (CANIE, de 16/02/2017), mas apenas 8% desse total se encontra na Área Cárstica 1, localizada nos estados de Minas Gerais, Goiás e no Distrito Federal (Fig. 1). O cruzamento do mosaico da geodiversidade da região de abrangência do PAN Cavernas do São Francisco com as 597 cavernas conhecidas na Área Cárstica 1 (CANIE, de 16/02/17) resultou em sete domínios com cavernas: Domínio das coberturas Cenozóicas Detrito-Lateríticas (DCDL), Domínio de Complexos Granitoides Intensamente Deformados: ortognaisses (DCGR3), Domínio dos sedimentos Cenozóicos e Mesozóicos pouco a moderadamente consolidadas associados a profundas e extensas bacias continentais (DCM), Domínio de Sedimentos indiferenciados

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

Cenozóicos relacionados ao retrabalhamento de outras rochas (DCSR), Domínio de Coberturas Sedimentares Proterozóicas, não ou muito pouco dobradas e metamorfizadas (DSP1), Domínio das Sequências sedimentares Proterozóicas dobradas, metamorfizadas em baixo grau a médio grau (DSP2) e Domínio das coberturas Sedimentares e Vulcanossedimentares Mesozóicas e Paleozóicas pouco a moderadamente consolidadas, associadas a grandes e profundas bacias sedimentares do tipo sinéclise (DSVMP). A partir desse cruzamento, foram encontradas, nesses domínios, 13 unidades geológico-ambientais (Fig. 2), em que 78% das cavernas localizam-se em geoambientes com predominância de rochas carbonáticas: DSP2mcsaa (32%), DSP1csaa (26%) e DSP2mcx (21%), conforme demonstrado no Quadro 1. Além disso, de acordo com informações oriundas do relatório gerencial do CANIE, apenas 19,1% das cavernas conhecidas na Área 1 têm grau de validação 2, isto é, apresentam coordenadas coletadas ou conferidas in loco segundo os procedimentos metodológicos definidos pelo Cecav [2009b]. Figura 1. Localização da Área Cárstica 1 na região de abrangência do PAN Cavernas do São Francisco.

Figura 2. Detalhamento das Unidades Geológico-Ambientais (COD_UNIGEO) na Área Cárstica 1.

Quadro 1. Distribuição das cavernas conhecidas nas principais unidades geológico-ambientais da Área Cárstica 1 do PAN Cavernas do São Francisco.

Cod_Unigeo Nome_U

nida Hierarq

uia Relevo

Cav. 16/2/

17

DSP1csaa Lagoa do Jacaré

Formação

Degraus Estruturais e Rebordos Erosivos

102

DSP1csaa Sete Lagoas

Formação

Degraus Estruturais e Rebordos Erosivos

46

DSP1csaa Sete Lagoas

Formação

Degraus Estruturais e Rebordos Erosivos

4

DSP1csaa Sete Lagoas

Formação

Chapadas e Platôs

1

Total de cavernas - DSP1csaa 153

DSP2mcsaa Vazante - Unidade B

Formação

Domínio de Colinas Amplas e Suaves

58

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Cod_Unigeo Nome_U

nida Hierarq

uia Relevo

Cav. 16/2/

17

DSP2mcsaa Paraopeba, calcário

Litofácies

Domínio de Colinas Dissecadas e Morros Baixos

45

DSP2mcsaa Paraopeba

Supergrupo

Domínio de Colinas Dissecadas e Morros Baixos

12

DSP2mcsaa Paraopeba

Supergrupo

Escarpas Serranas

11

DSP2mcsaa Paraopeba

Supergrupo

Escarpas Serranas

9

DSP2mcsaa Vazante - Unidade B

Formação

Escarpas Serranas

8

DSP2mcsaa Paraopeba

Subgrupo

Degraus Estruturais e Rebordos Erosivos

6

DSP2mcsaa Vazante - Unidade B

Formação

Inselbergs 6

DSP2mcsaa Paraopeba

Supergrupo

Superfícies Aplainadas Conservadas

4

DSP2mcsaa Paraopeba

Supergrupo

Superfícies Aplainadas Conservadas

4

DSP2mcsaa Vazante - Unidade B

Formação

Escarpas Serranas

3

DSP2mcsaa Paraopeba, calcário

Litofácies

Escarpas Serranas

3

DSP2mcsaa Paraopeba

Subgrupo

Degraus Estruturais e Rebordos Erosivos

2

DSP2mcsaa Vazante - Unidade

Formação

Domínio de Colinas Dissecadas

2

Cod_Unigeo Nome_U

nida Hierarq

uia Relevo

Cav. 16/2/

17

B e Morros Baixos

DSP2mcsaa Paraopeba, calcário

Litofácies

Escarpas Serranas

2

DSP2mcsaa Vazante - Unidade B

Formação

Superfícies Aplainadas Degradadas

2

DSP2mcsaa Vazante - Unidade B

Formação

Superfícies Aplainadas Degradadas

2

DSP2mcsaa Paraopeba, calcário

Litofácies

Degraus Estruturais e Rebordos Erosivos

2

DSP2mcsaa Paraopeba

Supergrupo

Superfícies Aplainadas Degradadas

2

DSP2mcsaa Vazante - Unidade B

Formação

Inselbergs 2

DSP2mcsaa Paraopeba

Subgrupo

Degraus Estruturais e Rebordos Erosivos

1

DSP2mcsaa Paraopeba

Subgrupo

Degraus Estruturais e Rebordos Erosivos

1

DSP2mcsaa Paraopeba

Subgrupo

Degraus Estruturais e Rebordos Erosivos

1

DSP2mcsaa Vazante - Unidade B

Formação

Escarpas Serranas

1

Total de cavernas - DSP2mcsaa 189

DSP2mcx Paranoá 4 -

Unidade Degraus Estruturai

72

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Cod_Unigeo Nome_U

nida Hierarq

uia Relevo

Cav. 16/2/

17

Rítmica Pelito-carbonatada

s e Rebordos Erosivos

DSP2mcx

Paranoá 4 - Rítmica Pelito-carbonatada

Unidade

Domínio de Morros e Serras Baixas

27

DSP2mcx

Paranoá 4 - Rítmica Pelito-carbonatada

Unidade

Degraus Estruturais e Rebordos Erosivos

7

DSP2mcx

Paranoá 4, metacalcário

Unidade

Domínio de Morros e Serras Baixas

6

DSP2mcx

Paranoá 4 - Rítmica Pelito-carbonatada

Unidade

Degraus Estruturais e Rebordos Erosivos

5

DSP2mcx Paranoá Grupo Domínio Montanhoso

3

DSP2mcx

Paranoá 4 - Rítmica Pelito-carbonatada

Unidade

Degraus Estruturais e Rebordos Erosivos

2

DSP2mcx

Paranoá 4 - Rítmica Pelito-carbonatada

Unidade

Domínio de Morros e Serras Baixas

1

Total de cavernas - DSP2mcx 123

TOTAL DE CAVERNAS NA ÁREA CÁRSTICA 1 (CANIE, DE 16/02/17)

597

Fonte: Geobank/CPRM e CANIE/CECAV. Onde: DSP1csaa = Rochas calcárias com intercalações subordinadas de sedimentos siltico-argilosos e arenosos; DSP2mcsaa = Predomínio de metacalcários, com intercalações subordinadas de metassedimentos síltico-argilosos e arenosos; DSP2mcx = Intercalações irregulares de metassedimentos arenosos, metacalcáreos, calciosilicáticas e xistos calcíferos.

CONCLUSÕES

Os dados obtidos pelo presente trabalho contribuem para a melhoria do processo de prospecção e de verificação de dados geoespaciais de cavernas, uma vez que os mapas da geodiversidade agregam nas tabelas de atributos informações relevantes sobre relevo, geologia, características das unidades lito-hidrogeológica, dentre outros. Essas informações geoespaciais são relevantes para as atividades relacionadas à gestão, manejo e fiscalização do Patrimônio Espeleológico nacional.

AGRADECIMENTOS

Agradeço à geóloga Mylene Luiza C. Berbert Born, da CPRM e às analistas ambientais do CECAV, Débora C. Jansen e Maristela F. Lima.

REFERÊNCIAS

CAVALCANTI, L. F.; LIMA, M. F. de; MEDEIROS, R. C. S de; MEGUERDITCHIAN, I. Plano de Ação Nacional para a Conservação do Patrimônio Espeleológico nas Áreas Cársticas da Bacia do Rio São Francisco – PAN Cavernas do São Francisco. Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Instituto Chico Mendes, 2012. 140 p. (Série Espécies Ameaçadas, 27). Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/docs-plano-de-acao/pan-cavernas/livro_cavernas.pdf>. Acesso em: 13 out. 2015. CECAV. CENTRO NACIONAL DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO DE CAVERNAS. Cadastro Nacional de Informações Espeleológicas (CANIE: atualização de 16/02/2017). Formato shapefile. Sistema de Coordenadas Geográficas, Datum SIRGAS 2000. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/cecav/canie.html>. CECAV. CENTRO NACIONAL DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO DE CAVERNAS. Mapa das regiões cársticas do Brasil. Brasília. 2009a. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/cecav/projetos-e-atividades/provincias-espeleologicas.html>. Acesso em: 25 out. 2016. CECAV. CENTRO NACIONAL DE PESQUISA E

CONSERVAÇÃO DE CAVERNAS. Projeto Inventário Anual do

Patrimônio Espeleológico Anual: Rotina de procedimentos

associados à coleta dedados relativos à localização de

cavidades. [2009b]. Disponível em:

<http://www.icmbio.gov.br/cecav/images/download/Rotina%

20de%20procedimentos%20associados%20%C3%A0%20colet

a%20de%20dados%20relativos%20%C3%A0%20localiza%C3

%A7%C3%A3o%20de%20cavidades%20Jun_2012.pdf>.

Acesso em: 7 mar. 2017.

CPRM. SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL. Mapas estaduais de geodiversidade. Formato shapefile. Sistema de Coordenadas Geográficas, Datum SIRGS 2000, escalas variadas. Disponível em: <http://geobank.cprm.gov.br/>. Acesso em: 25 out. 2016.

FUNAI. FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO. Download de dados geográficos. Terra Indígena (Regularizada, Homologada, Declarada, Delimitada e Área em Estudo. Formato shapefile. Sistema de Coordenadas Geográficas, Datum SIRGAS 2000. Disponível em: <http://www.funai.gov.br/index.php/shape>. Acesso em: 15 fev. 2017.

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Malhas Digitais - Município 2013. Formato shapefile. Sistema de Coordenadas Geográficas, Datum SIRGAS 2000. Disponível em: <http://downloads.ibge.gov.br/downloads_geociencias.htm>. Acesso em: 13 out. 2015. IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Biomas Continentais do Brasil. Formato shapefile. Sistema de Coordenadas Geográficas, Datum SIRGAS 2000, compatível com a escala 1:5.000.000. Disponível em: <ftp://geoftp.ibge.gov.br/mapas_tematicos/mapas_murais/shapes/biomas/>. Acesso em: 13 out. 2015. IEF. INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAL DE MINAS GERAIS. Banco de Dados de Unidades de Conservação Estaduais. Formato shapefile. Sistema de Coordenadas Geográficas, Datum SIRGAS 2000. Disponível em: <http://www.ief.mg.gov.br/areas-protegidas/banco-de-dados-de-unidades-de-conservacao-estaduais>. Acesso em: 23 ago. 2016. LIMA, M. F. de; CAVALCANTI, L. F., MEGUERDITCHIAN, I. (Org.). Relatório Descritivo - Oficina da Segunda Monitoria Anual do PAN Cavernas do São Francisco. Brasília: CECAV, 2014. 119p. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/cecav/images/stories/projetos-e-atividades/PAN/PAN_Cavernas_do_SF__relatorio_segunda_Monitoria_Anual_260314.pdf>. Acesso em: 28 jul. 2014. MMA. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC). Formato shapefile. Sistema de Coordenadas Geográficas, Datum SAD 69. Disponível em: <http://mapas.mma.gov.br/i3geo/datadownload.htm>. Acesso em: 15 fev. 2017.

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

ESTUDO TÉCNICO PARA FORMALIZAÇÃO DO PROCESSO DE CRIAÇÃO DA

UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MUNICIPAL: ASPECTOS GEOLÓGICOS, GEOMORFOLÓGICOS, PEDOLÓGICOS DE RUBIATABA – GO

Fernando Yuri Silva dos Anjos, Marcos Aurélio Tolentino da Silva, Marcia Rodrigues Oliveira

Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Recursos Naturais, Avenida Caraíba n° 385, 76350-000, Rubiataba, Goiás, Brasil

*e-mail:[email protected], [email protected]

Palavras chave: Unidade de Conservação, Área de Proteção Ambiental, Meio Físico Ambiental

INTRODUÇÃO

O Brasil possui uma das biotas mais notáveis

do planeta, mas ela tem sido degradada de forma

dramática ao longo das últimas décadas (PINTO,

2008). Particularmente, o Estado de Goiás, por sua

abundante riqueza sociocultural em sua culinária,

crenças, monumentos históricos e hábitos, além de ser

considerado o berço das águas que abastece os

afluentes das maiores bacias hidrográficas do país,

possui forte potencial econômico voltado para

atividades agrosilvopastoris, desenvolvidas no bioma

cerrado.

O Cerrado brasileiro ocupava há seis mil anos e

até o presente momento uma área de

aproximadamente dois milhões de km². Os cálculos do

tamanho ocupado pelo Cerrado no território brasileiro

variam bastante e dependem basicamente da inclusão

ou não das áreas de transição existentes nas bordas da

área central do bioma (MACHADO et al., 2004).

Além disso, abrange como área contínua os

estados de Goiás, Tocantins e Distrito Federal, parte

dos estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso,

Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, Rondônia e

São Paulo, além de ocorrer também em áreas disjuntas

ao norte nos estados do Amapá, Amazonas, Pará e

Roraima e, ao sul, e, pequenas “ilhas” no Paraná. No

território brasileiro, portanto, as disjunções acontecem

na Floresta Amazônica, Floresta Atlântica, Caatinga e

Pantanal (EITEN, 1994).

ROMA (2006) relata que o Cerrado é o

segundo maior bioma da América do Sul, cobrindo

originalmente uma área entre 1,8 e 2,0 milhões de km2

no Brasil Central e em pequenas porções do nordeste

do Paraguai e leste da Bolívia. Atualmente, estima-se

que apenas 34,2% do bioma permanece inalterado, isso

em decorrência dos pouco mais de 50 anos de

ocupação antrópica em larga escala”. MACHADO et al.,

(2004) estima-se a perda de pelo menos 55% da

cobertura vegetal nativa, onde já foram desmatados ou

transformados pela ação humana.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente

(2010), são as unidades de conservação que melhor

traduzem a missão de contribuir para a proteção da

biodiversidade brasileira, principalmente de espécies

endêmicas e ameaçadas de extinção, além de ajudar a

regular o clima, abastecer os mananciais de água,

melhorar a qualidade de vida das pessoas, além de

geração de emprego e renda, principalmente através da

exploração adequada e uma potencial área de lazer.

Para efetivação do estudo, foi utilizado análises

de dados primários e secundários disponíveis acerca da

mesorregião centro goiano, situada na microrregião de

Ceres. Os dados primários foram obtidos através de

levantamentos em campo na área proposta e os

secundários foram compilados a partir de estudos e

pesquisas científicas realizadas na região e na rede

mundial de computares.

Desta forma o presente trabalho objetivou

apresentar os levantamentos dos aspectos geológicos,

geoformologicos e pedológicos, para compor o estudo

técnico da área proponente da Unidade de

Conservação Municipal de Rubiataba – GO.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados das análises primarias e segundarias

revelaram que a superfície regional de Aplainamento

(SRA) pode ser entendida como uma unidade

denudacional, gerada pelo arrasamento/aplainamento

de uma superfície de terreno dentro de um

determinado intervalo de cotas. Esta unidade

geomorfológica é a mais representativa no Estado de

Goiás (LATRUBESSE et al., 2005).

Na microrregião de Ceres/Goiás, a superfície

regional de aplainamento se subdivide em outros

compartimentos, que são organizados com base nas

cotas, como SRAIIIA, que apresenta cotas de 550m a

850m, desenvolvendo-se sobre rochas pré-cambrianas

de embasamento cristalino fazendo contato com

unidades de morros e colinas e SRAIVC1, com cotas de

250m a 400m desenvolvidas em rochas pré-

cambrianas de lateritas bem desenvolvidos

(LATRUBESSE; CARVALHO, 2006).

Por sua vez, morros e colinas são formados a partir

de processos litológicos que permaneceram resistentes

a erosão. Destacam-se sobre uma superfície de

extensão regional situada em uma cota inferior, com

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

relevo que varia de suave ondulado a ondulado

(LATRUBESSE; CARVALHO, 2006).

A microrregião de Ceres/Goiás, como mostra a

figura 01, tem sua geologia formada por rochas

supracrustais, envolvidas por terrenos granitóides,

representadas pelas rochas metavulcanossedimentar,

formadas no período Arqueano. Apresenta rochas de

composição que variam de tonalítica a granodiorítica

com variação de textura e granulação (fáceis grossas a

finas, isotrópicas ou com forte foliação), representadas

pelo complexo da Anta, Caiamar e Moquém. Rochas

caracterizadas pelo complexo mafico-ultramafico de

Barro Alto (Paleo/Neoproterozóico), composto pela

Sequência Plutônica Serra da Malacacheta e pela

Sequência Granulítica Serra de Santa Bárbara.

Apresenta, também, rochas de sucessão quartzitos,

quartzitos micáceos, xistos e lentes de mármore,

presentes no Grupo Serra da Mesa e Serra Dourada do

período Paleo/Mesoproterozóico, dentre outras

formações rochosas que não estão descritas aqui, mas

estão dispostas no mapa geológico desta microrregião.

Figura 1. Mapa Geológico da Microrregião de Ceres. Fonte: Ferreira, D.C; Ratts,A. 2013

Já a geologia da Região do Município de Rubiataba,

conforme os dados do SIEG e CPRM, faz parte do

grupo Serra da Mesa – unidade B- Metapsamo- Pélitica

e tem tipos de rochas metamórficas, anfibolito/xisto

verde. Faz parte da bacia intracontinental e, na

sequência (Pós- Rift), da geotectônica do Tocantins

faixa Brasília (Mesopróterozóico). O período geológico,

(Proterozóico), e período mínimo Estateriano, onde o

seu sistema tecno-estratigráfico é estrutural. E essas

características estão na maior parte da região,

conforme representa a figura 02.

Figura 2. Mapa Geológico de Rubiataba. Fonte: Ferreira, D.C; Ratts,A. 2013

Outra característica da região é o Complexo Anta-

Unidade Granito Gnáissica, localizada na província da

geotectônica Tocantins faixa Brasília, com

embasamento da faixa de (Brasília), onde o seu período

geológico é (Arqueano), com terrenos (Granitos-

Greenstone). Com classificação de rochas ígneas, e

também Metamorfismo com anfibolito.

O relevo aqui precisa ser entendido como

resultados de ações geológicas, morfológicas e também

antrópicas. Existe uma preservação na área core da

região que tem na sua extensão duas classificações

geomorfológicas, figura 3. A primeira com relevos de

Morros e colinas com dissecação forte, com sistema

denudacional. E o segundo com relevo de Morros e

colinas com dissecação muito forte e forte controle

estrutural. A região tem como predominância as

planícies sedimentares.

Figura 3. Mapa Geomorfoligico de Rubiataba. Fonte: Ferreira, D.C; Ratts,A. 2013

No entanto os aspectos pedológicos, possui

composição geológica e geomorfológica, juntamente

com o clima, o tempo, entre outros fatores, dá origem

aos solos, que são uma importante fonte de vida para

animais, plantas e outros organismos vivos como

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fungos e bactérias. Para determinar a classe de solo,

baseia-se em suas características físicas, morfológicas e

químicas, como: cor, textura, estrutura, fertilidade,

acidez e matéria orgânica (REATTO et al., 2008).

A formação dos solos do bioma Cerrado ocorre,

principalmente, por rochas antigas, com variação de

idade entre 570 milhões a 4,7 bilhões de anos.

Aproximadamente 46% de seus solos são profundos,

bem drenados, com baixas inclinações (normalmente

menores que 3%), ricos em argila e óxidos de ferros, o

que lhes propicia uma cor, de modo geral,

avermelhada. Cerca de 90% dos solos do Cerrado são

ácidos, de baixa fertilidade, baixa concentração de

matéria orgânica e nutriente como cálcio, magnésio,

fósforo e potássio, e apresentam alta concentração de

ferro e alumínio (ALHO; MARTINS,1995).

Os principais solos que compõe o Cerrado são:

os Latossolos, que representam 48,66% do bioma

Cerrado; os NeossolosQuartizarênicos, com

representatividade de 15%; os Argissolos, que ocupam

a porção inferior das encostas; os Nitossolos

Vermelhos, apresentando uma ocorrência de

aproximadamente 1,7% da superfície da região; os

Cambissolos, com representatividade 3,47% da área; os

Plintossolos, que correspondem a 9% da área total; os

NeossolosLitólicos, representando 7,49% da área do

bioma; os GleissolosHáplicos e os Gleissolos

Melânicos, com área estimada em 1,61% do Cerrado

(REATTO et al., 2008), conforme o solo da

microrregião de Ceres, figura 4.

Figura 4. Solos – Microrregião Ceres. Fonte: Ferreira, L.C. G. (2009).

Quanto à classificação de solos segundo os

dados coletados pelo SIEG e EMBRAPA a pedologia da

área é dívida em três tipos de solos, com Latossolo,

Cambissolo e Neossolos Quartizarênico. Haja vista, que

a maior predominância é de Latossolo que tem

características de solos, (REATTO et al., 2008);

O Sistema Brasileiro de Classificação de Solo -

SiBCS (2009) cita que os Latossolos são solos

constituídos por material mineral, com horizonte B

latossólicoimediatamenteabaixo de qualquer um dos

tipos de horizontes diagnóstico superficial, exceto

hístico. NETTO (2008) cita que Latossolos são solos de

sequência de horizonte A, Bw e C, composto por

minerais altamente intemperizados que originam uma

fração argila de baixaatividade. Já Porto (2004) citado

por NETTO (2008), relata que Latossolos são bem

desenvolvidos e possuem uma estrutura granular

muito pequena formada por grãos dequartzo residual e

uma plasmacaolinítico com oxihidróxidos de ferro e de

alumínio.

Quanto à classificação de solos segundo os

dados coletados pelo SIEG EMBRAPA a pedologia da

área (figura 5) é dívida em três tipos de solos, com

Latossolo, Cambissolo e NeossolosQuartizarênico, haja

vista, que a maior predominância é de Latossolo que

tem características de solos, (REATTO et al.);

Figura 5. Mapa de Solos de Rubiataba. Fonte: Ferreira, L.C. G. (2009).

A Identificação do Solo da área proposta, foi

realizada em in loco, conforme a metodologia

preconizada por Lemos & dos Santos (1996). Com base

nas coletas e vistorias em campo na área, foram

identificados dois tipos de solo, conforme a figura 06

sendo predominantemente latossolo vermelho, que são

solos são virtualmente destituídos de minerais

primários ou secundários menos resistentes ao

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intemperismo, e têm capacidade de troca de cátions da

fração argila baixa, inferior a 17cmol c /kg de argila

sem correção para carbono, comportando variações

desde solos predominantemente cauliníticos, com

valores de Ki mais altos, em torno de 2,0, admitindo o

máximo de 2,2, até solos oxídicos de Ki extremamente

baixo.

Figura 6. Latosso Vermelho Fonte: Dos Anjos, F. Y. S (2016).

/CONCLUSÕES

De modo sintético, abordou-se nesse estudo os

dados adquiridos no que tange as informações do eixo

de Meio Físico, resultados estes obtidos, que possuem

extrema relevância, no que se refere a geologia,

geomorfologia e pedologia da região, para o processo

de formalização da Unidade Conservação Municipal,

permitindo que possibilite a aplicação de medidas de

conservação, por meio da Área de Proteção Ambiental

denominada Nascente Córrego do Horto que será

criada.

AGRADECIMENTOS

A Prefeitura de Rubiataba, Goiás, pelo apoio a

pesquisa e criação da APA Nascente Córrego do Horto.

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e

Recursos Naturais de Rubiataba, em nome de toda a

equipe, que colaborou de forma direta e indireta.

Ao Secretário Municipal de Meio Ambiente e

Recursos Naturais de Rubiataba, Marcos Aurélio

Tolentino da Silva.

REFERÊNCIAS

ALHO, C. J. R.; MARTINS, E. S. De Grão em Grão, o Cerrado Perde Espaço. In: Cerrado: Impactos do Processo de Ocupação. WWF, Brasília, 1995. EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos (Rio de Janeiro, RJ). Sistema brasileiro de classificação de solos. 2. ed. – Rio de Janeiro: EMBRAPA-SPI, 2006. EITEN, G.A. A vegetação do Cerrado. In: PINTO, M.N. (org) 1990. Cerrado: Caracterização, ocupação e perspectivas. 2.ed. Brasília: UNB, SEMATEC, 1994.9-65p. FERREIRA, D. C.; RATTS, A. A cartografia do meio físico do Cerrado em terras indígenas dos Tapuia. Revista Territorial - Goiás, v.2, n.2, p.43-60, jul./dez. 2013.

MACHADO, R.B. et al. Estimativas de perda da área do Cerrado brasileiro. Relatório técnico não publicado. Conservação Internacional, Brasília, DF, 2004.

NETTO, I. T. P. Qualidade física e química de um Latossolo Vermelho - Amarelo sob a pastagens com diferentes períodos de uso. Brasília, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília, 2008. 67 p. Dissertação de Mestrado.

LATRUBESSE, E. M.; CARVALHO, T. M. Geomorfologia do Estado de Goiás e Distrito Federal. Goiânia, 2006. LATRUBESSE, E. M. et al. Mapa Geomorfológico do Estado de Goiás: Relatório Final. Goiânia, 2005. LEMOS, R.C. SANTOS, R.D. Manual de Descrição e coleta de solo no campo. 3º ed. Sociedade Brasileira de Ciência do Solo. Campinas. 1996. REATTO, A. et al. Solos do Bioma Cerrado: Aspectos Pedológicos – In: Cerrado -Ecologia e Flora. EMBRAPA, Brasília/DF, 2008

ROMA, J. C. A fragmentação e seus efeitos sobre aves de fitofisionomias abertas do Cerrado. 2006. 211 f. Tese (Doutorado em Ecologia) – Instituto de Ciências Biológicas, Universidade de Brasília, Brasília, 2006.

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PICO DE ITAPEVA: EXEMPLO DE SÍTIO GEOMORFOLÓGICO DO INVENTÁRIO DA BACIA DE TAUBATÉ

Fernanda Coyado Reverte & Maria da Glória Motta Garcia

Núcleo de Apoio à Pesquisa em Patrimônio Geológico e Geoturismo (GeoHereditas)

Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo, Rua do Lago, 562, CEP: 05508-080, São Paulo – SP, Brasil.

*e-mail: [email protected]

Palavras chave: Geossítios, Bacia de Taubaté, Geoconservação.

INTRODUÇÃO

Localizada na porção leste do Estado de São Paulo, no médio curso do Rio Paraíba do Sul, a Bacia de Taubaté abrange os municípios de Jacareí, São José dos Campos, Caçapava, Taubaté, Tremembé, Pindamonhangaba, Roseira, Aparecida, Guaratinguetá, Lorena e Cruzeiro (Figura 1).

Figura 01. Mapa de localização da área de estudo com destaque para a localização da Bacia de Taubaté no Estado de São Paulo.

Fonte: Carvalho et al.(2011)

Geograficamente, encontra-se entre as serras do Mar e da Mantiqueira, no Planalto Atlântico, apresentando forma alongada com aproximadamente 170 km de comprimento e 25 km de largura, e profundidade sedimentar máxima de 850 m (Vidal et al., 2004). Trata-se de uma bacia sedimentar do período Terciário, constituída por embasamentos pré-cambrianos, Formação Resende, Formação Tremembé, Formação Pindamonhangaba, Formação São Paulo e sedimentos quaternários (Freitas, 2007), cuja gênese está associada à abertura do Oceano Atlântico. Do ponto de vista geológico, faz parte de um conjunto de bacias pertencentes ao Rifte Continental do Sudeste do Brasil – RCSB – (Riccomini, 1989), tendo sido relacionada à fase tardia do evento de ativação tectônica da Plataforma Sul Americana, associada à fragmentação do supercontinente Gondwana e à formação do Atlântico Sul.

Posicionada no segmento central do RCSB, corresponde a uma bacia assimétrica formada internamente por regiões deprimidas e elevadas. Está relacionada à tectônica distensiva de idade paleógena e sua forma alongada está condicionada por descontinuidades antigas de direção geral ENE (Fernandes, 1993; Fernandes & Chang, 2001). Assenta-se sobre rochas ígneas e metamórficas do Cinturão de Dobramentos Ribeira, datadas desde o Paleoproterozoico até o Neoproterozoico (Hasui & Ponçano, 1978) e seu arcabouço é formado por semigrábens separados por zonas de transferências, com depocentros invertidos, em típica geometria de bacia do tipo rifte (Vidal et al., 2004). Estas zonas são representadas pelos picos de Caçapava e Pindamonhangaba e subdividiram a Bacia em três compartimentos: São José dos Campos, Taubaté e Aparecida. Com relação à geodiversidade, a Bacia de Taubaté contempla inúmeras formações geológicas que se constituem em excelentes locais para estudo, apresentando afloramentos com estruturas e feições que proporcionam pesquisa in situ caracterizando o grande potencial didático da área. Além disso, a região se destaca por constituir uma das mais importantes áreas para estudos paleontológicos do sudeste brasileiro, apresentando riqueza geológica que está se perdendo gradativamente em virtude da extrema vulnerabilidade de suas rochas constituintes, afetadas tanto pela ação do intemperismo, como também, por atividades antrópicas. O desconhecimento da geodiversidade de determinado local gera ameaças a sua conservação. Para a Royal Society for Nature Conservation do Reino Unido o termo geodiversidade pode ser definido como a variedade de ambientes geológicos, fenômenos e processos ativos que dão origem a paisagens, rochas, minerais, fósseis, solos e outros depósitos superficiais que são o suporte para a vida na Terra (Stanley, 2001). A grande maioria dos afloramentos da Bacia encontra-se vulnerável à destruição e degradação, tornando-se imprescindível desenvolver ações que possam evitar com que o patrimônio geológico, ou pelo menos parte dele, seja destruído, de modo a preservá-los para que futuros estudantes possam visualizar de forma didática os processos que caracterizam uma bacia sedimentar e os registros da história geológica da região. Estas ações podem emergir, por exemplo, da concepção de um inventário científico, ao selecionar geossítios relevantes do ponto de vista geológico.

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Por esse motivo, o inventário científico da Bacia de Taubaté está em fase de finalização como parte da pesquisa de doutorado da autora intitulada: “Proposta de metodologia para caracterização e plano de gestão de geossítios com alta vulnerabilidade: exemplo da Bacia de Taubaté, Rifte Continental do Sudeste do Brasil”. A metodologia adotada para a pesquisa consistiu, primeiramente, em realizar o inventário científico de potenciais geossítios da região por meio de pesquisa bibliográfica sobre a Bacia de Taubaté e consulta a pesquisadores que estudaram a região, para seleção preliminar de potenciais geossítios. Segundo Lima (2008), o inventário do patrimônio geológico de uma dada região serve para suportar o desenvolvimento de outras ações relacionadas com a geoconservação, uma vez que compreende a identificação e caracterização dos geossítios, promovendo a sistematização do conhecimento geológico em uma base de dados. Corresponde, portanto, ao primeiro passo para se estabelecer estratégias de conservação de parte significativa da geodiversidade de uma região, pois fundamenta ações de ordenamento territorial, divulgação do conhecimento geocientífico e geoturismo. Como meio de facilitar a elaboração do inventário, visto que a área de estudo é extensa, a metodologia iniciou-se com a pesquisa bibliográfica para direcionar a definição das categorias temáticas que nortearam a seleção de geossítios com valor científico. Tais categorias, que representam contextos geológicos distintos da área, visam compreender os aspectos mais relevantes da geodiversidade local, de acordo com a história e evolução geológica, incluindo a geomorfológica da região. Dentre os geossítios selecionados apresentamos o Pico de Itapeva, que representa um dos geossítios com interesse geomorfológico da Bacia de Taubaté no estado de São Paulo.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O Rifte Continental do Sudeste do Brasil (RCSB) compreende cerca de uma dezena de bacias, dentre as quais se destacam as de Curitiba, São Paulo, Taubaté, Resende, Volta Redonda, ltaboraí e Macacu, alojadas em uma depressão alongada segundo a direção geral ENE- WSW, perfazendo uma extensão de cerca de 1000 km entre as cidades de Curitiba, no Paraná, e Barra de São João, no Rio de Janeiro. De idade, cenozoica, o rifte segue grosseiramente a linha de costa atual, da qual dista em média cerca de 70 km, alcançando o Oceano Atlântico em sua terminação nordeste.

O embasamento pré-cambriano da região é constituído por rochas metamórficas e ígneas, refervíeis ao Ciclo Brasiliano. Ocorrem também intrusões de diabásio, comumente sob a forma de diques e soleiras, datados do Cretáceo Inferior (Amaral et al. 1966).

Os traços gerais da tectônica e estratigrafia da região do RCSB, compreendida entre as cidades de São Paulo e Volta Redonda, em uma extensão de cerca de 350 km de comprimento, foram descritos por diversos autores. Riccomini (1989), com base principalmente na análise cinemática de estruturas rúpteis e na análise de fácies sedimentares, amparado em dados mineralógicos, palinológicos, geocronológicos e geomorfológicos, entre outros, estabeleceu a seguinte sequencia de seis eventos para a área estudada.

a) Paleógeno (Eoceno-Oligoceno): formação da depressão original (hemi-graben), contínua na porção analisada, como resultado do campo de esforços extensionais de direção NNW-SSE;

b) Neógeno: transcorrência sinistral de direção E-W, com extensão NW-SE e, localmente, compressão NE-SW;

c) Plioceno a Pleistoceno Inferior: implantação de novo sistema fluvial meandrante (Formação Pindamonhangaba) na porção central da Bacia de Taubaté, em condições provavelmente quente e úmida;

d) Pleistoceno Superior: inicialmente fase de estabilidade tectônica com a deposição de sedimentos colúvio-aluviais;

e) Holoceno: nova extensão WNW-ESE (E-W), afetando depósitos de baixos terraços ligados à evolução da rede de drenagem do rio Paraíba do Sul; e

f) Atual: campo de tensões indicando compressão E-W, sugestivo de nova mudança no regime de esforços. Os fenômenos geológicos descritos,

responsáveis pela ruptura continental que culminou na abertura do Oceano Atlântico e a instalação da Bacia de Taubaté, representam a geodiversidade local, cujos registros encontram-se distribuídos em toda a região e contam a história geológica da Bacia de Taubaté. Todos os pontos selecionados através da síntese bibliográfica foram visitados durante os trabalhos de campo. De um total de 33 potenciais geossítios, 20 foram selecionados para compor o inventário. Alguns deles, inclusive, em virtude de sua relevância científica, compõem o inventário do estado de São Paulo. É o caso dos geossítios “Paleolago Tremembé da Mina Santa Fé” e “Falhas Normais de Taubaté”, nos municípios de Tremembé e Taubaté, respectivamente (Garcia, et al., 2017). Os demais foram destruídos ou se apresentam muito intemperizados, visto que feições e estruturas descritas na literatura não se mostram mais visíveis atualmente.

Diante do exposto, foram definidas cinco categorias geológicas: 1) Abertura da bacia; 2) Deposição e Deformação Neógena; 3) Deposição e Deformação Quaternária; 4) Sítios com interesse geomorfológico; e 5) Patrimônio paleontológico (Tabela 1).

Dentre os geossítios definidos como “Sítios com interesse geomorfológico”, destaca-se o Pico de Itapeva.

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Refere-se a um geomorfossítio da Formação Itapeva com 2025 metros de altitude cujo cume localiza-se no município de Pindamonhangaba – SP. É caracterizado por ser um dos pontos mais altos acessíveis por automóvel do país, com estrada pavimentada do início ao fim. O acesso à referida via inicia-se no município de Campos do Jordão – SP.

Corresponde a um mirante sustentado por metassedimentos da Bacia de Taubaté, de onde se tem uma ampla visão da extensão de toda a Bacia de Taubaté e da Serra do Mar, possibilitando, em dias claros, a observação panorâmica de quinze cidades do Vale do Paraíba. São elas: Tremembé, Guaratinguetá, Aparecida, Taubaté, Pindamonhangaba, Roseira, Caçapava, Potim, Cruzeiro, Lorena, Piquete, Moreira Cesar, São José dos Campos, Eugênio de Melo e Cachoeira Paulista (Figura 2).

Tabela 1. Categorias geológicas e conteúdos de interesse dos geossítios da Bacia de Taubaté

Categorias Temáticas

Geossítios Conteúdos de

interesse

Abertura da Bacia

05

Sedimentar Tectônico-estrutural

Estratigráfico

Deposição e Deformação

Neógena 05

Sedimentar Tectônico-estrutural

Estratigráfico

Deposição e Deformação Quaternária

05

Sedimentar Tectônico-estrutural

Estratigráfico Sítios com interesse

geomorfológico

02

Sedimentar Tectônico-estrutural

Geomorfológico

Patrimônio Paleontológico

03

Sedimentar Paleontológico Estratigráfico

Mineiro

Figura 02. Vista panorâmica para o Vale do Paraíba do Pico de Itapeva.

Do ponto de vista geológico, Cavalcante et al.

(1979) atribuíram aos depósitos do Pico de Itapeva a denominação “Formação”, identificando-a como uma bacia de idade proterozoica. Riccomini (1993) estudou a origem, evolução e inversão da Bacia do Pico de Itapeva, descrevendo contatos tectônicos da referida bacia com as rochas do embasamento proterozoico, através de falhamentos or de empurrão ora transcorrentes, cujas feições decorrem de um deslocamento sinistral ao longo da Zona de Cisalhamento de Jundiuvira, corroborando uma bacia em forma de “S”, do tipo pull-apart.

A sedimentação da Bacia Pico de Itapeva contempla pacotes que superam 1350 metros de espessura, constituídos principalmente por metaconglomerados em sua base, intercalados com metarenitos e metapelitos (Figuras 3 e 4).

Figura 3. Detalhe do metaconglomerado da Formação Itapeva observado no topo do pico.

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Figura 4. Local de visitação do mirante sobre um dos afloramentos de metagonglomerados, utilizados pelos turistas.

O local é um ponto turístico muito bem

frequentado durante o ano inteiro. A acessibilidade e o amplo estacionamento, que comporta inclusive ônibus, favorecem o (geo)turismo. Atualmente, o local não apresenta infraestrutura adequada à visitação: não existe nenhuma forma de contenção que cerque o geossítio, como uma mureta, por exemplo, o que pode causar acidentes; não têm sanitários; presença de fios e cabos elétricos espalhados por toda a extensão do geossítio o que polui a visibilidade e denigre a imagem do geossítio; embora exista a presença de ambulantes que ofertam desde vestimentas à produtos alimentícios, não há um comércio legalizado o que poderia favorecer à economia e população local ; ausência de informações sobre o mirante, visto que o único painel existente encontra-se depredado; e não existe coleta de lixo (Figuras 5 e 6).

Figura 5. Presença de antenas de telecomunicações em todo o mirante. Detalhe de vendedores ambulantes nos dois veículos à

direita da foto.

Figura 6. Estrutura de antigo painel do mirante que se encontra vandalizada e sem informações sobre o local.

CONCLUSÕES

O conhecimento adequado do patrimônio geológico de uma dada região fornece subsídios para a gestão sustentável e uso correto dos recursos hídricos, comportamento frente a fontes poluidoras, riscos geológicos, manutenção do meio ambiente, promoção do geoturismo, dentre outros, apontando as adequabilidades e limitações para o uso e ocupação dos terrenos. A Bacia de Taubaté é considerada por muitos professores uma “escola a céu aberto”, pois possui diversos afloramentos que apresentam elevado interesse científico e didático e são frequentemente utilizados em trabalhos de campo, principalmente por estudantes de ciências da Terra, como o geossítio Tabuões. Por esse motivo, é essencial que os geossítios sejam preservados para que futuros estudantes possam visualizar de forma didática os processos, registros e estruturas que caracterizam uma bacia sedimentar. O Pico de Itapeva representa um geossítio com interesses turístico e/ou recreativo. Contudo, seu caráter científico corrobora o seu potencial didático, visto que o mirante se encontra numa área de formação geológica única denominada Formação Pico de Itapeva, com afloramentos expostos e que podem ser utilizados no ensino de geociências. Além disso, aspectos da geomorfologia podem ser explorados, pois a visualização das feições das escarpas das Serras do Mar, da Mantiqueira e da própria bacia são plenamente visíveis e didáticos ao ensino de Ciências da Terra, tanto em roteiros de excursões científicas voltadas a aulas de campo em instituições de ensino, como também ao público visitante do local. Com relação ao seu estado de conservação, ainda é possível observar estruturas e aspectos geológicos nos afloramentos expostos e as feições geomorfológicas não são afetadas em nossa escala de tempo geológico. Contudo, o geossítio encontra-se vulnerável à ação antrópica, visto que os visitantes circulam sobre o afloramento, o que o degrada

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gradativamente. Além disso, as diversas antenas de telecomunicações e a ausência de infraestrutura representam risco à segurança do local. Sendo assim, é necessário propor estratégias voltadas à geoconservação, criando mecanismos que o promovam de modo sustentável.

AGRADECIMENTOS

À CAPES e ao Instituto de Geociências, pela disponibilização de recursos financeiros para a realização da pesquisa e participação neste evento, respectivamente.

REFERÊNCIAS

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ASPECTOS ECOLÓGICOS DA VEGETAÇÃO AQUÁTICA NO TRIBUTÁRIO AREIAS, AFLUENTE DO RESERVATÓRIO LUÍS

EDUARDO MAGALHÃES (LAJEADO), ESTADO DO TOCANTINS

Úria Graziela Barroso de Souza Rodrigues1; Solange de Fátima Lolis2; Rodney Haulien Oliveira Viana2; Oscar Eduardo Paes Manchola1; Alice Ferreira Araujo1

1 Discentes do Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Ecótonos – Universidade Federal do Tocantins, rua3, s/n, Jardim dos Ipês,

Porto Nacional – TO, CEP 775000-000.

2 Docentes (Profa. Dra. e Prof. Dr.) do Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Ecótonos e graduação em Ciências Biológicas –

Universidade Federal do Tocantins, rua 3, s/n, Jardim dos Ipês, Porto nacional, TO, CEP 775000-000.

E-mail: [email protected]

Palavras chave: ambientes aquáticos ∙ grupos ecológicos ∙ macrófitas aquáticas

INTRODUÇÃO

Vários estudos mostram a importância de pesquisas sobre macrófitas aquáticas, especialmente em regiões tropicais (Pompêo, 1999), sendo encontradas em diversos ecossistemas aquáticos, com diferentes adaptações e, de modo geral, ocorrem em áreas marginais de lagos (Bento et al. 2007).

Os reservatórios são ambientes aquáticos que constituem áreas de transição flúvio-lacustre (Pompêo, 1999), sendo colonizados abundantemente pela vegetação aquática nos primeiros anos de operação devido à alta taxa de nutrientes disponíveis nesta fase (Filippo, 2003). Logo, as macrófitas aquáticas exercem forte influência na dinâmica e estrutura de lagos e reservatórios.

O conhecimento da ecologia da vegetação aquática é necessário para sua preservação e controle (Thomaz, 2002) uma vez que os processos dinâmicos destas espécies em reservatórios são ainda pouco conhecidos (Thomaz & Bini, 2003).

Estudos sobre composição florística de macrófitas aquáticas são recentes e começaram a ser discutidos a partir da metade do século XX (Wetzel, 2001), sendo estas espécies discutidas com maior frequência a partir da década de 1990 (Thomaz & Bini, 2003). Como exemplos de estudos florísticos de plantas aquáticas podem ser citados os trabalhos de Pedralli & Meyer (1996), Carvalho et al. (2005), Pivari et al. (2008), Pitelli et al. (2008), Ferreira et al. (2011).

Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento da atual composição florística da vegetação aquática no rio Areias, afluente do reservatório da Usina Hidrelétrica Luís Eduardo Magalhães (Lajeado), estado do Tocantins.

O rio Areias localiza-se no reservatório Luís Eduardo Magalhães, que por sua vez está

localizado na bacia hidrográfica do rio Tocantins (Paiva, 1982). A formação do reservatório foi concluída em outubro de 2000 e seu enchimento em fevereiro de 2001. O represamento tem extensão de 172 km, com área superficial de 626 km2 e área de drenagem de 184.219 km2 (Lolis & Thomaz, 2011). O tributário em estudo abrange áreas dos municípios de Porto Nacional, Monte do Carmo, Ipueiras e Silvanópolis, totalizando uma área de 239.693.534 hectares, entre os paralelos 11°17'51" e 10°41'19" de Latitude Sul e entre os meridianos 48°27'00" e 47°47'00" de Longitude Oeste (Leite et al. 2014).

Para avaliar a composição da comunidade de macrófitas aquáticas no rio Areias foram efetuadas observações em campo, por meio de campanhas matutinas, realizadas nos meses de janeiro, abril, julho e outubro de 2016. Para tanto, foram selecionados 10 pontos de observação, georreferenciados com aparelho de GPS (Global Positioning System) e em cada ponto foi percorrida uma extensão de 100m aproximadamente, e todas as espécies foram registradas.

Exemplares de cada espécie foram coletados, colocados em sacos plásticos e levados para o Laboratório de Taxonomia Vegetal do Campus de Porto Nacional da Universidade Federal do Tocantins, para serem prensados, secados e incorporados à coleção do Herbário (HTO). Os pontos de observação foram distribuídos nas duas margens do rio.

A análise ecológica das formas biológicas das macrófitas aquáticas foi classificada de acordo com metodologia proposta por Pedralli (1990): submersa fixa, submersa livre, flutuante fixa, flutuante livre, emergentes, anfíbias e epífitas. Para apresentação da composição florística foi utilizado o sistema de classificação APG III (2009).

Os dados de precipitação mensal (mm) foram cedidos pela estação meteorológica do Instituto

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

Federal do Tocantins (IFTO), campus de Porto Nacional.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

As espécies de macrófitas aquáticas observadas em campo estão registradas na Tabela 1, onde constam 14 táxons distribuídos em 11 famílias. Dos 14 táxons, 12 foram identificados à nível de espécie. Da família Polygonaceae foi registrado o gênero Polygonum e os indivíduos da família Polypodiaceae não foram identificados a níveis mais específicos. Os indivíduos da família Polypodiaceae são pteridófitos (samambaias) e epífitos, podendo ocorrer tanto em ambientes secos quanto em ambientes alagados (Barros et al. 2004). Najadaceae, Cyperaceae, Salviniaceae e Pontederiaceae foram as famílias mais frequentes na observação em campo.

Tabela 1. Composição florística e formas biológicas (grupos

ecológicos) da vegetação aquática do tributário Areias, afluente

do reservatório Luís Eduardo Magalhães, TO.

Famílias/Espécies Grupos

Ecológicos

ALISMATACEAE

Echinodorus longipetalus Micheli Emergente

ASTERACEAE

Eclipta prostrata (L.) L. Anfíbia

CYPERACEAE

Eleocharis interstincta (Vahl) Roem. & Schult. Emergente

Oxycaryum cubense (Poepp. & Kunth) Lye Epífita

MENYANTHACEAE

Nymphoides indica (L.) Kuntze Flutuante fixa

NAJADACEAE

Najas microcarpa K. Schum. Submersa fixa

ONAGRACEAE

ludwigia sedoides (H.B.K.) Hara Flutuante fixa

POACEAE

Brachiaria mutica (Forssk.) Stapf Anfíbia

Paspalum repens Berg. Flutuante fixa

POLYGONACEAE

Polygonum sp Emergente

POLYPODIACEAE

sp Epífita

PONTEDERIACEAE

Eichhornia azurea (Sw.) Kunth Flutuante fixa

Pontederia parviflora Alexander Emergente

SALVINIACEAE

Salvinia auriculata Aubl. Flutuante livre

Lolis & Thomaz (2011), estudando o mesmo

tributário deste levantamento, amostraram 32 espécies de macrófitas aquáticas entre março de 2005 e janeiro de 2006, demonstrando maior riqueza em relação aos dados obtidos em 2016 neste trabalho. Isto pode ser explicado pelo maior aporte de nutrientes na fase inicial de criação de reservatórios, como citado anteriormente, uma vez que a pesquisa ocorreu nos primeiros anos da formação do reservatório Luís Eduardo Magalhães.

Sucessões ambientais provocam mudanças em populações de macrófitas aquáticas e, consequentemente, dos grupos ecológicos (Thomaz, 2002), fazendo com que algumas espécies desapareçam e outras sobrevivam, adaptando-se ao ambiente.

Ambientes com pouca flutuação de água, como reservatórios, apresentam comunidades de macrófitas aquáticas menos diversas e dominantes, com maior habilidade competitiva (Lacoul & Freedman, 2006). Diferentemente de planícies alagáveis, por exemplo, onde as cheias permitem trocas de espécies entre rios e lagos (Padial et al. 2009).

Pott & Pott (1997) estudando macrófitas aquáticas no Pantanal, afirmaram que o referido ecossistema aquático, por ser alagável, favorece o desenvolvimento dessas espécies. Logo, verifica-se que os reservatórios em geral, possuem tendência de se tornarem ambientes estáveis ao longo dos anos, menos suscetíveis a distúrbios e com menor riqueza de plantas aquáticas.

As espécies observadas atualmente no tributário Areias, também ocorreram em vários ambientes aquáticos citados na literatura. Pott & Pott (1997) coletaram inúmeras espécies, entre as quais, Salvinia auriculata, popularmente chamada de orelha de onça, Echinodorus longipetalus, Eclipta prostrata, Eleocharys interstincta, Oxycaryum cubense, Nynphoides indica, Najas microcarpa, Paspalum repens e Eichhornia azurea.

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A espécie Salvinia auriculata foi mais frequente em janeiro (período chuvoso) e abril (transição chuvoso-seco), assim como Pontederia parviflora, ambas diminuindo nos períodos seguintes, enquanto Najas microcarpa, Oxycaryum cubense e Eichhornia azurea estiveram presentes em todos os pontos e foram constantes em todos os meses de observação.

Esses dados revelam uma dominância das cinco espécies de macrófitas aquáticas supracitadas, sobretudo de Najas microcarpa e Oxycaryum cubense. Lolis & Thomaz (2011), em seu estudo no rio Areias, verificaram alta frequência de O. cubense e N. microcarpa, mostrando que estas espécies prevalecem no local. As demais espécies listadas foram observadas em vários pontos, porém com menor frequência.

Eichhornia azurea foi vista com maior frequência nos meses de julho (período seco). De acordo com Kufner et al. (2011), o gênero Eichhornia pode ter sua produção aumentada por altas temperaturas. Em períodos chuvosos a temperatura da água aumenta, favorecendo as taxas de decomposição e, de acordo com Pott & Pott (2000), S. auriculata utiliza maior quantidade de oxigênio para sua decomposição.

Segundo Thomaz et al. (2003) a alteração dos níveis de água são determinantes na distribuição de plantas aquáticas, no entanto essa distribuição depende da forma biológica de cada espécie. As variações de precipitação pluviométrica influenciam nas alterações dos níveis de água dos reservatórios (Pompêo et al. 1997). O valor máximo de precipitação pluvial foi registrado no mês de janeiro, em torno de 450 mm, não havendo registro de chuva nos meses de julho e agosto de 2016. Outubro foi marcado como período de início das chuvas.

Para os grupos ecológicos foram observadas duas espécies anfíbias, quatro espécies emergentes, duas espécies epífitas, quatro flutuantes fixas, uma flutuante livre e uma submersa fixa (Fig. 1). As emergentes e flutuantes fixas, ambas com 29%, somaram 58% das formas biológicas, porém, as espécies pertencentes a estes grupos não foram as mais abundantes. Houve apenas uma espécie flutuante livre (7%) e uma espécie submersa fixa (7%), ambas porém, foram observadas com regularidade em todos os pontos.

Figura 1. Representação gráfica dos grupos ecológicos das

espécies de macrófitas aquáticas levantadas no tributário

Areias, afluente do reservatório Luís Eduardo Magalhães, TO.

Najas microcarpa (submersa fixa), foi a

espécie mais frequente nas observações em campo. Em relação a isso, Thomaz (2006) explica que a menor quantidade de nutrientes provoca diminuição de macrófitas aquáticas flutuantes, consequentemente aumenta a radiação subaquática, aumentando a frequência das espécies submersas. Em seguida destacou-se Oxycaryum cubense, que é uma espécie epífita, constituindo espécies flutuantes como hospedeiras (Pedralli, 2000) provocando assim a diminuição das mesmas.

CONCLUSÕES

A riqueza da vegetação aquática no tributário Areias diminuiu quando comparada com dados anteriores para o mesmo local. Najas microcarpa e Oxycaryum cubense foram as espécies mais frequentes na paisagem local, sugerindo que o ecossistema aquático possui menor aporte de nutrientes. O declínio da riqueza de macrófitas aquáticas responde à estabilidade do ambiente, mostrando a dominância de espécies com maior habilidade competitiva.

AGRADECIMENTOS

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pela bolsa de estudo. Ao colegiado do Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Ecótonos, Núcleo de Estudos Ambientais e Laboratório de Taxonomia Vegetal da Universidade Federal do Tocantins.

REFERÊNCIAS

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I SIMPÓSIO DE GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

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UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE USO SUSTENTÁVEL: IMPACTOS DECORRENTES DA AÇÃO ANTRÓPICA NA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL JOÃO

LEITE

Amanda Vieira Leão; Raphael Fernandes Ribeiro; Bernardo Cristóvão Colombo da Cunha

Universidade Estadual de Goiás - Câmpus Anápolis CSEH, Av. Juscelino Kubitscheck, 146, Jundiaí, 75.110-390, Anápolis, Goiás,

Brasil

*e-mail:[email protected];[email protected]; [email protected].

Palavras chave: Unidade de conservação; Área de Proteção Ambiental João Leite; Ação antrópica.

INTRODUÇÃO

Desde a origem da humanidade, o homem via na natureza a fonte de tudo o que necessitava: alimentação, vestuário, moradia, entre outros. O seu relacionamento com a natureza era pautado no sentido de que ela havia sido criada para suprir os seus anseios, isto é, a natureza estava à sua disposição. Este comportamento fazia com que o ser humano se deslocasse constantemente para que pudesse satisfazer suas necessidades

No período medieval, já surgia uma leve preocupação quanto aos alimentos escassos, às espécies animais que eram caçadas, à preservação de árvores, florestas, etc. As primeiras iniciativas relacionadas à preservação da natureza, nessa época, decorriam de ações das classes dominantes e da igreja para atender seus interesses territoriais, econômicos, políticos, entre outros.

Tempos depois, a partir de estudos e ações relacionados à interpretação das relações entre os seres vivos e seu habitat, o biólogo e geógrafo, Alexandre Von Humboldt, passa a ser considerado um dos primeiros teóricos que analisou o meio ambiente, visando a proteção da natureza.

No Brasil, as primeiras iniciativas de proteção ao meio ambiente são datadas do período colonial, porém não passavam de propostas. A colonização brasileira foi essencialmente exploratória, florestas foram desmatadas, ecossistemas foram devastados e modificados pela ação humana para a construção de cidades. O principal objetivo era explorar os recursos naturais.

As primeiras medidas efetivas de proteção ambiental ocorreram com a criação dos Jardins Botânicos do Rio de Janeiro (1811), da Bahia (1825), Cuiabá (1825), Aracaju (1825), Ouro Preto (1825), Olinda (1825) e São Luiz (1830) bem como de alguns Hortos Florestais a partir de 1910. As demais áreas de proteção foram instituídas somente no final da década de 1930. Criou-se o Parque Nacional de Itatiaia (1937), Parque Nacional do Iguaçu (1939), Parque Nacional da Serra dos Órgãos (1939), entre outros (SILVA, 2004).

A partir destas preocupações e com a modificação da percepção dos problemas ambientais e da dos recursos naturais ao longo dos séculos, é perceptível a necessidade de criar espaços territoriais

para a manutenção do meio natural, conservação da biodiversidade, manutenção do patrimônio genético e proteção de ecossistemas naturais, ou pelo menos amostras deles. Estes espaços territoriais passaram a ser chamados de ‘Unidades de Conservação’ e passam a ter uma enorme relevância, principalmente, a partir de 1990 até os dias atuais, devido à globalização dos problemas ambientais.

Os critérios para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação são estabelecidos pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). O SNUC foi criado por meio da Lei nº. 9.985, de 2000, trata-se de um sistema nacional que objetiva garantir a proteção de parcela representativa dos biomas brasileiros, a partir de certas práticas de gestão territorial.

No Brasil, a criação e manejo das unidades de conservação é papel do Estado, segundo o SNUC. O Estado deve conduzir a política das áreas protegidas com a participação da sociedade civil. “O SNUC é instrumento importante de gestão para o Poder Público, mas também para a sociedade, que a partir de sua promulgação passou a fazer parte, legalmente, da gestão das unidades de conservação.” (CASTRO JÚNIOR; COUTINHO; FREITAS, 2009, p. 54).

O art. 2º, I, da referida lei, define unidade de conservação como “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”. A partir dessa definição tem-se que um “[...] Espaço Territorial se converte numa Unidade de Conservação quando assim é declarado expressamente, para lhe atribuir um regime jurídico mais restritivo e mais determinado.” (SILVA, 2004, p. 230).

A situação em que se encontram as unidades de conservação no Brasil é ainda bastante precária. Há pouca representatividade dessas unidades no que se refere ao tamanho do país. Isto ocorre devido à não implantação de forma efetiva de muitas áreas que não foram estruturadas e nem inventariadas adequadamente (DIOS; MARÇAL, 2009).

A importância das unidades de conservação, em especial no Estado de Goiás, deve-se à preservação e conservação dos ecossistemas que as contemplam, aí

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incluídas as unidades de proteção integral e as unidades de uso sustentável.

O grupo das unidades de proteção integral é composto pelas seguintes categorias de unidades de conservação: Estação Ecológica; Parque Estadual; Monumento Natural; e Refúgio de Vida Silvestre.

Constituem o grupo das unidades de uso sustentável as seguintes categorias de unidade de conservação: Área de Proteção Ambiental (APA); Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS); Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN); Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE); e Floresta Estadual.

Neste trabalho, estudar-se-á a Área de Proteção Ambiental na qual a cidade de Anápolis está integrada: a APA João Leite, que está inserida no grupo das unidades de uso sustentável. O principal objetivo é analisar os impactos decorrentes da ação antrópica na Área de Proteção Ambiental João Leite.

Para isso, serão apresentadas as atividades conflitantes no que se refere ao uso e cobertura da terra na APA João Leite. Considera-se atividades conflitantes aquelas que elevam os riscos diretos aos recursos ambientais da APA, ensejando usos não sustentáveis da unidade de conservação, isto é, provocam dúvidas quanto a qualidade da água que é destinada ao consumo humano.

Para compreender melhor o objeto de estudo realizou-se pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo e análise de dados. Seguiram-se os seguintes passos metodológicos: revisão bibliográfica do tema em artigos, livros, revistas, dissertações e teses na área de Geografia Física; trabalho de campo; tabulação e análise dos dados coletados; redação do resumo e, posteriormente, sua apresentação.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Ao identificar uma unidade de conservação, observa-se que há o manejo de áreas que possuem valor biológico, cultural e cênico. Esse processo requer, não somente fonte de recursos, mas também assegurar que de fato essa área está sendo realmente protegida (DIAS, 1993). Entretanto, qual a clareza do propósito de estabelecer uma unidade de conservação? Ela está sendo protegida de quem e para quem?

O estabelecimento de unidades de conservação, independente da sua categoria e do município, Estado ou país em que se localiza, tem em sua essência garantir a manutenção dos processos ecológicos essenciais. Muitas áreas são apenas preservadas e/ou protegidas no papel e esse tratamento é insuficiente. Faz-se necessário que estas áreas sejam objetivamente instituídas como unidades de conservação, visto que a conservação engloba a preservação, a utilização sustentada e a recomposição dos ambientes.

Sem dúvidas as atividades antrópicas são, de longe, as que representam as maiores ameaças para essa área protegida. Porém, deve-se visar estabelecer, ou legitimar a área de preservação, viabilizando o envolvimento do homem com a natureza. Afinal, as

unidades de conservação são componentes do ambiente das sociedades humanas desde a mais remota antiguidade. Sem contar que é extremamente interessante manter os cenários onde esse envolvimento seja possível, pois uma evolução considerável no aspecto crítico é essencial.

Para que isso aconteça, a educação ambiental é de fundamental importância. Ela permite a atuação da população em todo o processo que envolva áreas de proteção, se tornando um instrumento hábil para a intervenção dos diferentes agentes sociais nesse processo. Além do mais a educação ambiental serviria como instrumento de adequação nas práticas cotidianas ao objetivo de sua fixação no local, com o uso dos recursos naturais de forma equilibrada, viabilizando a sobrevivência econômica digna, em harmonia com o ecossistema.

Caracterização do objeto de estudo: A Área de

Proteção Ambiental João Leite A cidade de Anápolis está integrada à Área de

Proteção Ambiental João Leite, criada pelo Decreto Estadual nº. 5.704, de 27 de dezembro de 2002. O Decreto Estadual nº. 5.845, de 10 de outubro de 2003, delimita a APA João Leite.

Os municípios que compõem a APA João Leite são Anápolis, Campo Limpo de Goiás, Goianápolis, Goiânia, Nerópolis, Ouro Verde de Goiás e Terezópolis de Goiás (ver Figura 1).

Figura 1. Área de Proteção Ambiental João Leite - 72.128,00 ha. Fonte: Google Earth.

Territorialmente os municípios contribuem de

modo diferenciado para a formação da APA: Terezópolis de Goiás e Campo Limpo de Goiás participam com a totalidade de suas áreas; Goianápolis, na sua maior parte e, os demais, contribuem com parcela menor de seus territórios. Em alguns casos, a APA englobou áreas urbanas e rurais, como em Anápolis, Campo Limpo de Goiás, Goianápolis, Goiânia e Terezópolis de Goiás e, em outros, somente áreas rurais, casos de Nerópolis e Ouro Verde de Goiás.

Esta APA está inserida no bioma cerrado, na bacia hidrográfica do Rio João Leite, que integra o Rio Meia Ponte, Paranaíba e finalmente o Paraná. Assim, representa todo o potencial para conservar a paisagem

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nos aspectos físicos e biológicos das formações de matas estacionais (matas secas), assim como a sua beleza cênica, podendo integrar-se aos corredores ecológicos e outras estratégias de conservação integradas aos ecossistemas protegidos da região.

A bacia do Rio João Leite é constituída, predominantemente, por matas ciliares, de galeria e outras formações densas. Essas características de vegetação ripária, ou seja, com vários subtipos, favorecem a condição de deslocamento da fauna silvestre, principalmente terrestre, interligando uma heterogeneidade de habitats do Cerrado e podendo ser consideradas como zonas de transição ambiental, a qual acolhe a maior biodiversidade do bioma cerrado.

Estas características também são importantes para a flora porque contribuem com a disseminação das plantas, garantindo a diversidade vegetal nos diferentes ambientes na região da Bacia do Rio João Leite e mesmo o bioma cerrado.

A APA apresenta uma diversidade quanto ao uso da terra compreendendo desde áreas de conservação ambiental, como Parque Estadual, Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) e faixa de proteção do Reservatório João Leite, até áreas altamente adensadas, como vários bairros de Anápolis e as cidades de Terezópolis de Goiás e Campo Limpo de Goiás. Importante destacar que mais de 60% da área é ocupada pela agropecuária.

Como dito anteriormente, a APA abriga o Reservatório do Rio João Leite, que tem o objetivo de abastecer a população da Grande Goiânia.

Além da Barragem e do Reservatório do Rio João Leite, a APA abriga parte de importantes infraestruturas para o país como a ferrovia Norte/Sul e a BR-153. O uso do solo para fins industriais é de dimensões reduzidas, porém o Distrito Agroindustrial de Anápolis pequeno, destacando-se o setor mineral.

Impactos das principais atividades

desenvolvidas na Área de Proteção Ambiental João Leite

Ao realizar trabalho de campo, foram constadas

algumas atividades conflitantes ou potencialmente conflitantes nos municípios que integram a APA João Leite. Tais atividades produzem riscos diretos aos recursos ambientais e ensejam usos não sustentáveis da APA, gerando dúvidas referentes à qualidade da água que é consumida pela população.

A qualidade da água de uma bacia hidrográfica está diretamente relacionada com o grau de equilíbrio entre fatores naturais e antrópicos. O Ribeirão João Leite, é um dos três mananciais de abastecimento de água da cidade de Goiânia, que vem sendo degradado ao longo dos anos, pelo uso inadequado da terra e do solo, ocupação desordenada e redução da cobertura vegetal.

Algumas atividades conflitantes que foram identificadas na APA João Leite:

1. degradação ambiental e redução de cobertura vegetal;

2. extração de areia e argila em áreas de preservação permanente;

3. lançamento de efluentes urbanos (doméstico e agroindustrial) nos cursos d'água;

4. uso de fertilizantes e defensivos agrícolas; 5. grandes erosões; entre outros.

As áreas agrícolas estão distribuídas em diferentes pontos da bacia, sobretudo nas porções norte e central, observa-se a predominância de lavouras. O plano de manejo que regulamenta o uso da terra na APA institui proibição de utilização de agrotóxicos das classes I, II e III, permitindo o uso de classe toxicológica IV, considerado pouco ou muito pouco tóxica, além de limitar a utilização de áreas para agricultura, represamento e captação de água. Entretanto, percebe -se pouca intervenção no que concerne à fiscalização da utilização de agrotóxicos e defensivos agrícolas.

Das localidades situadas na bacia do Rio João Leite, à montante da barragem, somente Anápolis (apenas uma pequena parte da área urbana desta cidade localiza-se na bacia) conta com sistema de esgotamento sanitário.

Goianápolis não conta ainda com implantação de sistemas de esgotamento sanitário e como o seu núcleo urbano situa-se, em sua maior parte, fora da Bacia do Rio João Leite, é recomendável que adote a solução de verter a parte dos esgotos coletados na área desta bacia para outra, evitando o lançamento, mesmo tratado, no reservatório João Leite. A situação do esgoto de Campo Limpo de Goiás é a mesma, no entanto, essa cidade se encontra totalmente dentro da bacia do Rio João Leite, o que carece ainda mais de projetos e estudos para regularizar essa situação e não lançar efluentes urbanos nos cursos d’água da bacia.

Em relação aos principais agentes promotores de atividades erosivas na bacia tem-se os barreiros, as trilhas de gado, o plantio agrícola e de eucalipto sem adoção de práticas conservacionistas ou manejo adequado. Grande parte desses problemas encontra-se localizada nas sub-bacias dos Córregos Jurubatuba e das Pedras, uma vez que correspondem ao polo de olarias, onde proliferam os barreiros para a extração de material (argilas) e onde se concentram as maiores extensões de plantio de eucalipto para a sustentação dos fornos das cerâmicas.

A alteração da paisagem vem sendo realizada, na maior parte de forma irresponsável, resultando na degradação dos mananciais hídricos e da cobertura vegetal, seja pela aceleração dos processos erosivos, pelo escoamento superficial e assoreamentos de córregos que alimentam este ribeirão estudado. Com isto, há alteração das disponibilidades hídricas, ou até mesmo, através de contaminação por defensivos agrícolas e lançamento de efluentes urbanos.

CONCLUSÕES

Constata-se que as APAs constituem uma importantíssima categoria das unidades de conservação, apesar da complexidade das relações

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políticas, econômicas e sociais, sem contar que sempre abrangem territórios de dois ou mais municípios. Entretanto, as APAs são fundamentais para os processos de planejamento regional. Pode-se afirmar seguramente, devido ao estudo realizado, que a Área de Proteção Ambiental João Leite possui uma forte integração populacional, independente dos limites dos municípios inseridos nessa área. Como já especificado neste trabalho, o setor primário (especificamente a agricultura) é predominantemente intenso ao redor da bacia do Rio João Leite. Por parte desses agricultores não é visado a conservação desses locais, entrando em divergência com as propostas da APA João Leite. Devido a isso, são procuradas e estudadas diversas formas adequadas de manejo a serem realizadas nessa região. Quando se trata especificamente da bacia hidrográfica do João Leite, em meio a sua situação ecológica atual, seria essencial um processo de educação ambiental. Tal processo, já está sendo realizado nos últimos anos de Ensino Regular e dentro das universidades por grupos de Gestão Sustentável. Entretanto, se intensificado e estendido à população, esta, provavelmente, se tornará um agente ativo no fator de preservação ambiental na bacia do João Leite. E como um resultado benéfico, haverá um disciplinamento em relação ao uso do solo. De acordo com a legislação, a efetividade dos processos de preservação, conservação, zoneamento e gestão ambiental cabem inteiramente ao poder público.

AGRADECIMENTOS

Este trabalho se insere entre as várias iniciativas do Laboratório de Geoprocessamento do Curso de Geografia do Câmpus Anápolis de Ciências Socioeconômicas e Humanas da Universidade Estadual de Goiás (LABOGEO/CCSEH/UEG - http://www.labogeo.unucseh.ueg.br), voltadas à espacialização de fenômenos geográficos pela utilização de dados e informações obtidos por sensores e/ou por pesquisa em campo. Os autores agradecem à coordenação do referido laboratório pelo incentivo e contribuição na realização deste estudo.

REFERÊNCIAS

CASTRO JÚNIOR, Evaristo de; COUTINHO, Bruno Henriques; FREITAS, Leonardo Esteves de. Gestão da biodiversidade e áreas protegidas. In: GUERRA, Antonio José Teixeira; COELHO, Maria Célia Nunes. Unidades de conservação: abordagens e características geográficas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009, p. 25-65. DIAS, B. F. S. A conservação da natureza. In: PINTO, M. N. (Org.). Cerrado: Caracterização, Ocupação e Perspectivas. Brasília/DF: Editora UNB, 1993. DIOS, Claudia Blanco de; MARÇAL, Mônica dos Santos. Legislação ambiental e a gestão de unidades de conservação: o caso do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba-RJ. In: GUERRA, Antonio José Teixeira; COELHO, Maria Célia Nunes (Orgs.). Unidades de conservação: abordagens e características geográficas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009, p. 173-199.

SILVA, José Afonso da. Direito Ambiental Constitucional. 5. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2004.

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