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PLANO DE MANEJO Reserva Particular do Patrimônio Natural Ave Lavrinha Março de 2009

Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN Ave Lavrinha · POSSIBILIDADES DE CONECTIVIDADE ..... 56 2.4.1. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA REGIÃO DA RPPN AVE LAVRINHA ... Figura

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PLANO DE MANEJO

Reserva Particular do Patrimônio Natural

Ave Lavrinha

Março de 2009

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Ave Lavrinha I

Uma solidão necessária se chama Vale da Lavrinha

Nosso Vácuo entre Montanhas

Entre o puro céu e o nem tanto mar

No limite máximo do ser em paz

Local onde busquei

Por tantos anos

Um cantinho de águas frias

Flores silvestres

Moinho e monjolo

De pura poesia

E onde encontrei

Enfim

Um pavão sem pose

Uma terra sem males

Castigada pela pastagem

Longe do árido

E do mofo

Das grandes cidades

(Nietta Lindenberg Monte, 2002)

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Sumário

APRESENTAÇÃO.............................................................................................................................. 6

Lista de Siglas ................................................................................................................................... 7

Lista de Figuras ................................................................................................................................. 8

CAPÍTULO 1 – INFORMAÇÕES GERAIS ....................................................................................... 10

1.1. BASES LEGAIS DAS RPPN NO BRASIL................................................................................. 10

1.2. INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A RPPN AVE LAVRINHA ................................................. 11

1.2.1. LOCALIZAÇÃO .............................................................................................................. 12

1.2.2. ÁREA TOTAL E LIMITES DA RPPN ................................................................................. 12

1.2.3. FORMAS DE ACESSO .................................................................................................... 14

1.2.4. HISTÓRICO .................................................................................................................. 15

1.3. FICHA RESUMO ....................................................................................................................... 19

CAPÍTULO 2 – DIAGNÓSTICO DA RPPN AVE LAVRINHA E REGIÃO DO ENTORNO ............... 20

2.1. A FAZENDA LAVRINHA ............................................................................................................ 20

2.1.1. INFRAESTRUTURA DA FAZENDA .................................................................................... 21

2.1.2. ATIVIDADES PRODUTIVAS ............................................................................................. 23

2.1.3. VIVEIRO FLORESTAL .................................................................................................... 24

2.1.4. PLANEJAMENTO CONSERVACIONISTA ............................................................................ 24

2.1.5. ATIVIDADES DE PESQUISA ............................................................................................ 26

2.2. A RPPN AVE LAVRINHA .......................................................................................................... 27

2.3. CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO DO ENTORNO DA RPPN AVE LAVRINHA ........................ 29

2.3.1. A SERRA DA MANTIQUEIRA .......................................................................................... 30

2.3.2. HISTÓRIA .................................................................................................................... 30

2.3.3. BOCAINA DE MINAS ..................................................................................................... 31

2.3.3.1. Clima ........................................................................................................ 37

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2.3.3.2. Vegetação ................................................................................................ 38

2.3.3.3. Fauna ....................................................................................................... 39

2.3.3.4. Hidrografia ................................................................................................ 41

2.3.4. A SUB-BACIA DO CÓRREGO DA LAVRINHA ...................................................................... 41

2.3.4.1. População residente ................................................................................. 41

2.3.4.2. Relevo ...................................................................................................... 42

2.3.4.3. Uso atual do solo na sub-bacia do córrego da Lavrinha .......................... 46

2.3.4.4. Recursos hídricos na sub-bacia do Córrego da Lavrinha ........................ 47

2.3.4.5. Rendimento específico das nascentes ..................................................... 50

2.3.4.6. Qualidade dos recursos hídricos superficiais na sub-bacia hidrográfica do

Córrego da Lavrinha ................................................................................. 51

2.3.4.7. Enquadramento dos recursos hídricos superficiais da sub-bacia do córrego

da Lavrinha em classes estabelecidas pela Resolução 357/05 –

CONAMA................................................................................................... 53

2.4. POSSIBILIDADES DE CONECTIVIDADE ................................................................................ 56

2.4.1. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA REGIÃO DA RPPN AVE LAVRINHA ............................... 56

CAPÍTULO 3 – PLANEJAMENTO .................................................................................................. 58

3.1. ANÁLISE ESTRATÉGICA ......................................................................................................... 58

3.1.1. DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO E ANÁLISE ESTRATÉGICA ................................................... 58

3.1.2. OBJETIVOS GERAIS DE MANEJO ................................................................................... 62

3.1.3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE MANEJO ........................................................................... 63

3.1.4. NORMAS GERAIS ......................................................................................................... 63

3.2. ZONEAMENTO ......................................................................................................................... 64

3.2.1. ZONA SILVESTRE ......................................................................................................... 65

3.2.2. ZONA DE PROTEÇÃO .................................................................................................... 67

3.2.3. ZONA DE RECUPERAÇÃO ............................................................................................. 69

3.2.3. ZONA DE TRANSIÇÃO ................................................................................................... 71

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3.3. PROGRAMAS DE MANEJO .................................................................................................... 72

3.3.1. PROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO ................................................................................... 72

3.3.2 PROGRAMA DE PROTEÇÃO E FISCALIZAÇÃO ................................................................... 75

3.3.3. PESQUISA E MONITORAMENTO ..................................................................................... 77

3.3.4. EDUCAÇÃO AMBIENTAL.................................................................................................80

3.3.5 SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA ................................................................................... 81

3.3.6. PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO ..................................................................................... 82

3.4. PROJETOS ESPECÍFICOS ...................................................................................................... 84

3.5. PLANEJAMENTO OPERACIONAL .......................................................................................... 84

EQUIPE TÉCNICA ........................................................................................................................... 91

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................. 92

ANEXO I

Sinalização indicativa da RPPN Ave Lavrinha ................................................................................ 94

ANEXO II

Portaria Nº 02, de 03 de janeiro 2006 ..............................................................................................95

ANEXO III

Portaria No 351, De 11 de dezembro de 2006 ................................................................................ 99

ANEXO IV

Árvores presentes nas matas da Fazenda Lavrinha ..................................................................... 102

ANEXO V

Fauna encontrada na Fazenda Lavrinha.........................................................................................103

ANEXO VI

Diagnóstico de avifauna – RPPN Ave Lavrinha ............................................................................ 104

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APRESENTAÇÃO

Este Plano de Manejo é resultado da amizade e da parceria vivida entre os proprietários da

RPPN Ave Lavrinha, Nietta Lindenberg do Monte, André Cauty, sua familia, amigos e vizinhos: o

zootecnista Nilo Salgado Jardim, também proprietário rural, morador do entorno da Reserva,

importante mentor de sua criação e implementação; as biólogas, Branca Opazo Medina e Julieta

Matos Freschi, os produtores rurais, vizinhos e funcionários da Fazenda Lavrinha, Vicente de

Paula Costa e Alessandro Costa. Também, contou-se, antes e durante a elaboração do Plano, com

as atividades de campo e os resultados de pesquisa de um conjunto de especialistas nos temas

abordados: o engenheiro florestal Marco Aurélio Leite Fontes e sua orientanda Marilia Salgado

Martins, o ornitólogo Henrique Rajão, seu assistente Carlos Esteves e a fotógrafa Lena Trindade,

além de outros do corpo discente e docente da Universidade Federal de Lavras, sob a

coordenação do engenheiro agrícola Antonio Marciano da Silva; estes realizaram o levantamento

de importantes dados sobre a situação atual da micro-região onde se situa a RPPN, a partir dos

quais aspectos do diagnóstico socioambiental puderam se fundamentar.

Dessa maneira, por meio de uma série de levantamentos de campo, reuniões e oficinas,

ao longo do ano de 2008, o grupo consolidou a proposta para a Reserva, que contempla o

zoneamento da área e os programas de manejo necessários ao atendimento dos anseios dos

proprietarios e de seus amigos.

O Plano de Manejo da RPPN Ave Lavrinha foi elaborado conforme as recomendações do

“Roteiro Metodológico para Elaboração de Plano de Manejo para Reservas Particulares do

Patrimônio Natural” publicado pelo IBAMA (FERREIRA, 2004). Ele é composto pelos Capítulos 1 a

3 e anexos, conforme descrito a seguir:

– Capítulo 1 – Informações Gerais: apresenta as bases legais que regem as reservas privadas

no Brasil e informações gerais sobre a RPPN Ave Lavrinha.

– Capítulo 2 – Diagnóstico da RPPN Ave Lavrinha e região do entorno: neste capítulo são

apresentados os fatores físicos, bióticos, histórico-culturais e resultados de pesquisas relacionados

à Fazenda Lavrinha, à RPPN Ave Lavrinha, à sub-bacia do córrego da Lavrinha e ao município de

Bocaina de Minas.

– Capítulo 3 – Planejamento: trata do planejamento da RPPN, abordando a avaliação estratégica

da Reserva, os objetivos específicos de manejo, o zoneamento e o planejamento por áreas de

atuação, com seus respectivos cronogramas físicos de execução, que detalham atividades

necessárias à implementação do Plano de Manejo, num horizonte de 05 (cinco) anos.

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LISTA DE SIGLAS

APA: Área de Proteção Ambiental APP: Área de Preservação Permanente BO: Bocaina de Minas BR: Rodovia Federal CEPF: Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (do inglês) CF: Coliformes fecais CT: Coliformes totais CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente Cwb: Classificação climática de Köppen (mesotérmico de verões brandos e suaves e estiagem de inverno) DAE: Departamento de Administração e Economia DBO: Demanda bioquímica de Oxigênio DCF: Departamento de Ciências Florestais DEG: Departamento de Engenharia EMATER: Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural GD1: Unidade de Planejamento da bacia do rio Grande IBAMA: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBDF: Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICMBio: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade ICMS: Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços IDH: Índice de Desenvolvimento Humano IEF: Instituto Estadual de Florestas IGAM: Instituto Mineiro de Gestão das Águas IQA: Índice de qualidade das águas ITR: Imposto territorial rural IUCN: União Internacional para a Conservação da Natureza MG: Minas Gerais NO3

-: Nitrito OD: Oxigênio dissolvido ONG: Organização não governamental pH: potencial hidrogeniônico PO4: Fosfato PS1: Unidade de Planejamento da bacia do rio Paraíba do Sul RJ: Rio de Janeiro RPPN: Reserva Particular do Patrimônio Natural SNUC: Sistema Nacional de Unidades de Conservação UC: Unidades de Conservação UFLA: Universidade Federal de Lavras UTM: Universal Transversa Mercator WGr: Oeste de Greenwich (do inglês)

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização da RPPN Ave Lavrinha (Mapa base: IGA)

Figura 2: Mapa da Fazenda e da RPPN Ave Lavrinha

Figura 3: Principais roteiros de acesso à RPPN Ave Lavrinha

Figura 4: Imagem do satélite IKONOS (2003) destacando as glebas da Fazenda Lavrinha

Figura 5: Glebas da Fazenda Lavrinha e respectivas áreas

Figura 6: Casa Sede

Figura 7: Casa Azul

Figura 8: Casa Verde

Figura 9: Casa Vermelha

Figura 10: Gerador de energia elétrica

Figura 11: Detalhe da captação de água

Figura 12 : Reservatório

Figura 13: Pastagem de capim braquiária

Figura 14: Carneiros

Figura 15: Zoneamento da Fazenda Lavrinha (Planejamento Conservacionista - Jardim, 2003)

Figura 16: Antonio Couto e Vinícius Lopes (UFLA) executando o monitoramento de nascentes

Figura 17: Vinícius Lopes

Figura 18: Trilhas de acesso à RPPN Ave Lavrinha

Figura 19: Carlos Esteves

Figura 20: Carlos Esteves, durante o levantamento da avifauna; Beija-flor-de-topete (Stephanoxis lalandi)

Figura 21: Localização do município de Bocaina de Minas no estado de Minas Gerais

Figura 22: Dados referentes ao 4o trimestre de 2007 (Fundação João Pinheiro)

Figura 23: Valores por Unidade de Conservação - Junho/2008 (Fundação João Pinheiro)

Figura 24: Mapa de uso atual do solo do município de Bocaina de Minas – MG (Silveira, 2004)

Figura 25: Áreas de Preservação Permanente do município de Bocaina de Minas

Figura 26: Estação Meteorológica

Figura 27: Gráfico de precipitação

Figura 28: Distribuição do número de espécies arbóreas em função do ambiente onde foram encontradas

Figura 29: Bacias do rio Grande e do rio Paraíba do Sul em Bocaina de Minas

Figura 30: Detalhe do relevo na RPPN Ave Lavrinha

Figura 31: Delimitação da sub-bacia do córrego da Lavrinha (fonte: IBGE)

Figura 32: Ocorrência das unidades pedológica na sub-bacia

Figura 33: Unidades pedológicas presentes na sub-bacia do córrego Lavrinha (Junqueira Júnior, 2006)

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Figura 34: Uso atual do solo na sub-bacia hidrográfica do ribeirão Lavrinha

Figura 35: Mapa de uso atual do solo da sub-bacia hidrográfica do Córrego da Lavrinha

Figura 36: Formação de pastagens na sub-bacia do córrego da Lavrinha

Figura 37: Formação de pastagens na sub-bacia do córrego da Lavrinha

Figura 38: Antônio Couto, Vinícius Lopes, Ana Cecília Gonçalves e Henriqueta (UFLA) realizando o monitoramento da vazão de nascentes na Lavrinha

Figura 39: Áreas de recarga (N1 e N2) das nascentes monitoradas por Junqueira Júnior (2006)

Figura 40: Áreas de recarga N1 (mata) e N2 (pastagem) das nascentes monitoradas por Junqueira Júnior (2006)

Figura 41: Série histórica de vazão (L/s) para as nascentes monitoradas (Junqueira Júnior, 2006)

Figura 42: Sub-bacia hidrográfica do córrego da Lavrinha, pontos de amostragem de qualidade da água, usuários de água, hidrografia e modelo digital de elevação

Figura 43: Classificação do nível de qualidade da água conforme valores de IQA

Figura 45: Resumo do enquadramento do córrego da Lavrinha, em classes da Resolução CONAMA 357/05

Figura 46: Vista geral da RPPN

Figura 47: Interior da reserva

Figura 48: Interior da reserva

Figura 49: Zona Silvestre

Figura 50: Pico do Ouro

Figura 51: Cachoeira da divisa

Figura 52: Zona de Proteção

Figura 53: Vista geral

Figura 54: Ambiente interno da Zona de Proteção

Figura 55: Aricanga (Geonoma schottiana)

Figura 56: Zona de Recuperação

Figura 57: Vista geral da Zona de Recuperação

Figura 58: Candeia (Eremanthus erythropappus)

Figura 59: Arbusto florido

Figura 60: Zona de transição

Figuras 61 e 62: Vistas gerais das pastagens existentes no limite norte da RPPN

Figura 63: Branca Medina, Marco A. Fontes, Vicente Costa e Alessandro Costa

Figura 64: Julieta Freschi e Branca Medina

Figura 65: Divisa do alto (norte) da RPPN

Figura 66: Henriqueta (UFLA) medindo a vazão da nascente do córrego da Lavrinha

Figura 67: Prof. Antônio Marciano (UFLA) e Vicente Costa

Figura 68: Reunião com moradores da Lavrinha

Figura 69: Reunião do Mosaico Mantiqueira

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CAPÍTULO 1 - INFORMAÇÕES GERAIS

1.1. BASES LEGAIS DAS RPPN NO BRASIL

Uma das melhores estratégias para a proteção da biodiversidade e dos patrimônios

naturais é a criação e implementação de Unidades de Conservação; áreas protegidas pelo poder

público, pela iniciativa privada ou mesmo por organizações não-governamentais (ONG’s). Nestas

áreas, a fauna e a flora são conservadas, assim como os processos ecológicos que regem os

ecossistemas, garantindo a manutenção do estoque da biodiversidade e a sustentabilidade dos

recursos naturais.

A base legal para o estabelecimento de propriedades particulares destinadas à proteção

ambiental no Brasil, segundo Wiedmann (2001), é anterior à legislação específica das UC e vem

desde o antigo Código Florestal, de 1934. Nele estavam inseridas as chamadas “florestas

protetoras”, que permaneciam de posse e domínio do proprietário e se tornavam inalienáveis, além

de passar a dispor de isenção total de impostos.

As reservas particulares, com caráter de proteção da natureza, ganharam maior relevância

e tiveram ampliado seu conceito a partir de 1990, quando da criação do IBAMA. Dando

continuidade às iniciativas anteriores, o IBAMA assumiu, entre outras, as atribuições do IBDF,

inclusive aquelas relativas às reservas particulares. Com a edição do Decreto no 98.914/1990 foi

estabelecido um instrumento mais forte que as portarias, e o IBAMA avançou na tentativa de

regulamentar melhor essas reservas particulares.

Maior avanço ainda ocorreu em 1996, quando foi editado um novo decreto – Decreto no

1.922, de 05 de junho de 1996 – conceituando melhor a figura da RPPN e definindo os usos

permitidos, quais sejam, atividades de cunhos científico, cultural, educacional, recreativo e de

lazer, desde que assegurada a proteção dos recursos da reserva, e estabelecendo direitos e

obrigações para os proprietários e para o próprio IBAMA. Nesse Decreto, o IBAMA definiu que o

proprietário da RPPN ficava sujeito a sanções administrativas em caso de comprovada infração,

sem prejuízo de responsabilidade civil ou penal. No mesmo instrumento, ficou deliberada a

necessidade do proprietário da RPPN elaborar o plano de utilização (hoje denominado plano de

manejo) incluindo o seu zoneamento. Também no Decreto citado, ficou facultado ao proprietário

solicitar ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) a isenção do Imposto

sobre Propriedade Territorial Territorial Rural (ITR) para a área criada como RPPN. Observa-se,

portanto, o quanto foi ampliado o significado das reservas ambientais particulares e o grau de

responsabilidade do seu proprietário, ao mesmo tempo em que eram instituídos incentivos para a

sua criação.

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Apesar de tantos avanços e fortalecimentos, e da grande mobilização dos proprietários e

suas associações, as RPPNs ainda não tinham conquistado o status de UC (Mesquita &

Leopoldino, 2002). Considera-se, porém, que foram a grande adesão e a crescente importância

das RPPN no cenário da conservação ambiental no Brasil, os fatores que contribuíram para sua

classificação como UC. Com a aprovação da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, que estabeleceu

o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), as RPPNs passaram a ser

consideradas, efetivamente, unidades de conservação, compondo o grupo de uso sustentável,

mantida a obrigação da elaboração de seu plano de manejo, em substituição ao plano de utilização

e ao zoneamento, exigidos anteriormente. Por meio da Lei do SNUC, a categoria de RPPN foi

reformulada em seu conceito e em seu objetivo, sendo considerada “área privada, gravada com

perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica”, conforme determina o Artigo

21. Quanto aos usos permitidos em uma RPPN, o parágrafo 2o deste mesmo artigo, estabelece

que, “conforme se dispuser em regulamento”, podem ser desenvolvidas em uma RPPN atividades

de pesquisa científica e a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais.

O Plano de Manejo é definido como um "documento técnico mediante o qual, com

fundamento nos objetivos gerais de uma Unidade de Conservação, se estabelece o seu

zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais,

inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade".

O plano de manejo da RPPN Ave Lavrinha abrange três níveis distintos, que são:

a) área da RPPN propriamente dita;

b) área da Fazenda Lavrinha, fora do perímetro da RPPN;

c) área do entorno da Fazenda Lavrinha que pode influenciar o seu funcionamento.

Sendo a RPPN Ave Lavrinha estabelecida em caráter perpétuo, o processo de manejo é

contínuo; portanto deve ser dinâmico e suficientemente flexível para poder se adaptar às

mudanças diversas ao longo dos anos.

1.2. INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A RPPN AVE LAVRINHA

Fazemos planos de trabalho

Contemplamos a área de uma futura Reserva

Parceria em torno a fins comuns:

Reflorestar o devastado

Cultivar o remoído

Florescer o abalado

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1.2.1. LOCALIZAÇÃO

A Reserva Particular do Patrimônio Natural Ave Lavrinha está localizada no município de

Bocaina de Minas, região sul do Estado de Minas Gerais. A RPPN faz parte da Fazenda Lavrinha

que está situada na Serra da Aparecida, que integra o complexo da Serra da Mantiqueira. A

propriedade faz divisa, ao norte, com o município de Carvalhos e ao sul o com o Córrego da

Lavrinha, afluente do rio Grande (Figura 1).

Figura 1: Localização da RPPN Ave Lavrinha (Mapa base: IGA)

1.2.2. ÁREA TOTAL E LIMITES DA RPPN

A RPPN Ave Lavrinha tem área total de 49,05ha (Figura 2). Está localizada entre as

coordenadas UTM “554.868 ” e “555.866” E e “7.553.466” e “7.554.301” N.

As coordenadas estão georreferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro, tendo como

referência os Vértices implantados, M-01 de coordenadas 7.553.080,06 N, 555.125,43 E, altitude

de 1.317,395m e M-02 de coordenadas 7.554.155,02 N, 555.693,56 E, altitude de 1.703,448m e

encontram-se representadas no Sistema UTM, referenciadas ao Meridiano Central 45o WGr, tendo

como datum o SAD-69.

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Ao Norte, a RPPN faz divisa com os terrenos de Hermes Eloi dos Santos e Osvaldo

Tavares de Carvalho, no Município de Carvalhos e ao sul a RPPN tem seus limites dentro da

própria Fazenda Lavrinha. A Oeste, a RPPN tem seus limites no córrego da Pedra Lavada que

constitui a divisa com herdeiros de João Roque Dias e a Leste a divisa da RPPN é o córrego do

São Bento cujos confrontantes são os herdeiros de José Vicente Dias.

Figura 2: Mapa da Fazenda e da RPPN Ave Lavrinha.

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1.2.3. FORMAS DE ACESSO

Partindo de Belo Horizonte, pela Rodovia Fernão Dias (BR 381), deriva-se à esquerda em

Três Corações, seguindo em direção à cidade de Caxambu (Circuito das Águas). Daí segue-se

pela BR 267 até o trevo para Liberdade. Atravessando a cidade, segue-se em direção a Bocaina

de Minas ainda por estrada asfaltada. Aos 19Km a partir de Liberdade, deriva-se à direita, por

estrada não pavimentada por mais 6,5km até a RPPN Ave Lavrinha. A partir desse ponto existe

sinalização indicativa da RPPN Ave Lavrinha (Anexo I). A distância de Belo Horizonte até a RPPN

Ave Lavrinha é de aproximadamente 360km (Figura 3).

Partindo do Rio de Janeiro ou São Paulo pela Via Dutra (BR 116), em Resende, toma-se a

rodovia RJ 161, passando pelo distrito de Pedra Selada. Após 31Km deriva-se à direita

atravessando a ponte sobre o rio Preto e segue por mais 15 km até a sede do município de

Bocaina de Minas. Deste, segue-se por estrada municipal asfaltada (em direção a Liberdade) por

3km até o trevo que dá acesso à RPPN Ave Lavrinha. A partir daí segue-se 6,5km por estrada não

pavimentada conforme placas indicativas fixadas nos trevos. A distância entre o Rio e São Paulo

até a RPPN Ave Lavrinha é de 200km e 290km, respectivamente (Figura 3).

A partir do pólo turístico de Visconde de Mauá (Resende-RJ), o acesso é feito por estrada

de terra. Deve-se passar pelo distrito de Mirantão e pelo povoado de Santo Antônio do Rio Grande

até chegar no trevo da estrada de asfalto que liga Bocaina de Minas a Liberdade. Neste trevo

deriva-se a esquerda por uma estrada de terra onde há indicação do acesso à RPPN. A partir daí

segue-se 6,5km por estrada não pavimentada. A RPPN Ave Lavrinha fica a, aproximadamente,

40km de Visconde de Mauá.

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Figura 3: Principais roteiros de acesso à RPPN Ave Lavrinha

1.2.4. HISTÓRICO

Pergunto sobre o passado do Vale

Em busca das testemunhas

Dialeto mantiqueiro carregado

Quem os primeiros habitantes?

Como o feitio das janelas?

Se árvores ou capim em predomínio?

Como desenvolvimento sustentável?

Se culinária aproximada a atual?

O que mudou?

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O que ficou?

Contam-me dos fatos:

Tudo isto foi de um só dono

O Vicente Mariano

Pai de José Vicente e dona Belinha

Homi poderoso, rico como o quê

Fabricante de filhos e netos

Senhor de todos os pastos e da casa grande

A maior de todas...

Não pode nem comparar

Antes:

Verdura e angu

Mais que agora

Chuchu e abóbora cozida

Couve indispensável.

Macarrão bem grossinho e comprido

Arroz que não

Só em dia de festa

Muita carne de porco e lingüiça

Hoje:

Tá tudo mais mudado

Hoje:

É solidão do casal de velhos

Fim de horas

Por trás da janela

Espiando o mundo

Os filhos quase se foram tudo

Para tentar vida na Liberdade

Terras não dão para todos

O leite agora arrasa qualquer um

Mais que alimenta

O preço da ração quando seca o pasto!

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Segundo relato do Sr. Sebastião Otacílio Dias, Seu Tião, nascido no ano de 1938 na

Fazenda Lavrinha, as terras que hoje compõem a RPPN Ave Lavrinha e adjacências foram de seu

avô Vicente Mariano. Ele habitava, com toda sua grande familia, na antiga casa sede (numa das

glebas da propriedade, onde está a denominada, hoje, “casa azul”); vivia com fartura das

atividades tradicionais de agropecuaria, comuns às familias dos pequenos ou médios produtores

nos séculos XIX e XX na região: a função básica dessas atividades era a subsistência familiar, mas

se fazia também comércio de leite, queijo e carne.

A ocupação do local por seu avô e familiares se estendia por todo o vale da Lavrinha,

desde finais do seculo XIX. No decorrer do seculo XX, as terras foram herdadas por seus filhos,

entre eles o pai de Seu Tião, José Vicente; e destes passaram para a geração seguinte, ou foram

vendidas a terceiros. Dessa forma, a Fazenda da Lavrinha foi adquirindo a configuração sócio-

fundiária atual.

Em 1987, quando parte da antiga Fazenda Lavrinha foi adquirida pela atual proprietária,

um novo projeto foi sendo experimentado, localmente, com a reorganização da ocupação do solo;

em resumo, transformou-se aspectos do modelo agropecuário, tradicional na região, em um

modelo de conservação e manejo sustentável, por meio de um conjunto de linhas de ação: a

regeneração natural das espécies a partir da interrupção total da roçada em dois grandes pastos

relacionados à gleba da casa sede e da casa vermelha, em terrenos mais inclinados; a roçada

seletiva dos pastos da gleba da casa azul; e o enriquecimento de capoeiras nas áreas em

recuperação, usando-se espécies nativas, como a araucária, guatambu, cedro e jacarandá, além

da implantação de dois viveiros de mudas, um na gleba da casa azul e outro na gleba da casa

sede.

Na Fazenda Lavrinha foi também implantado, ao longo dos anos, um pomar agroflorestal,

um apiário com oito (8) caixas com produção atual de cinquenta (50) litros de mel, pequena criação

de carneiros e gado leiteiro e de corte (durante 12 anos, até 2006, criaram-se coelhos, de forma

rudimentar e sem objetivos econômicos). Também são mantidos em funcionamento o velho

moinho de milho e um gerador de luz, ambos movidos à energia hidráulica.

No ano de 2003, foram contratados o zootecnista, Nilo Salgado Jardim e a engenheira

florestal, Ana Cecilia Gonçalves, para elaboração do Planejamento Conservacionista da Fazenda

Lavrinha. O planejamento apresentou as diretrizes para conservação do solo, da água e da

biodiversidade na propriedade. Nele, foram também identificadas as parcelas da propriedade que

deveriam constituir a Reserva Legal e a RPPN.

Assim, no intuito de preservar elementos da fauna e da flora, além de outros recursos

naturais, e manter a quantidade e a qualidade da água que nasce na Fazenda Lavrinha, ainda em

2003, foi submetida uma proposta ao edital lançado pela Aliança para a Conservação da Mata

Atlântica com objetivo de obter apoio financeiro para a criação da RPPN Ave Lavrinha. A proposta

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foi aprovada e a proprietária recebeu R$ 8.938,00 (oito mil, novecentos e trinta e oito reais) do

Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos – CEPF, para custeio de parte das despesas que

teve com a criação da reserva. Após longo processo burocrático para retificação da área da

propriedade, a documentação foi enviada ao IEF-MG pleiteando o reconhecimento oficial da RPPN

Ave Lavrinha. Esse reconhecimento veio através da Portaria no 02 de 03 de janeiro de 2006

(Anexo II). Também no ano de 2003, teve início uma parceria entre a Fazenda Lavrinha e a

Universidade Federal de Lavras, onde a Fazenda Lavrinha oferecia alojamento e apoio de campo

para a realização de pesquisas científicas na região.

No ano de 2006, a RPPN Ave Lavrinha foi nomeada para compor o Mosaico de Unidades

de Conservação da Mantiqueira, fazendo parte do seu conselho consultivo, dentro do contexto do

Corredor de Biodiversidade da Serra do Mar pela Portaria no 351, de 11 de dezembro de 2006

(Anexo III). Em 2008, foi assinado um convênio com o IEF/Promata para recuperação de 3,87ha de

áreas de preservação permanente na Fazenda Lavrinha. Com isso, a propriedade recebeu

moirões, arame e mudas de espécies nativas para a proteção e recomposição da área.

Em fevereiro de 2009, é criada a Associação Ave Lavrinha, reunindo proprietarios, amigos,

pesquisadores e vizinhos, de forma a viabilizar, a longo prazo o gerenciamento da Reserva e da

Fazenda, com apoio de recursos humanos, técnicos e financeiros mediados e administrados pela

Associação.

Com a criação da RPPN, objetiva-se também fornecer, à comunidade local e à região, uma

referência positiva de desenvolvimento local combinado com a conservação da biodiversidade, a

partir da promoção de atividades que fomentem a difusão de informação e a participação da

população local na busca de novas práticas produtivas não predatórias; estas são potencializadas

a partir de diferentes estratégias: o envolvimento dos vizinhos em coletas de sementes, produção e

plantio de mudas, em áreas de preservação permanente, as atividades de recuperação do solo, de

atenção e monitoramento da qualidade da água, a socialização dos resultados de pesquisas

realizadas entre a população local, a participação em eventos relacionados a RPPN, etc.

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1.3. FICHA RESUMO

NOME: RPPN AVE LAVRINHA

PROPRIETÁRIA: NIETTA LINDENBERG MONTE

CONTATO: RUA DAS LARANJEIRAS 531 APTO. 11 – BAIRRO LARANJEIRAS – CEP. 22.240-002 – RIO JANEIRO – RJ.

ENDEREÇO DA RPPN: FAZENDA LAVRINHA, S/NO , LAVRINHA, BOCAINA DE MINAS - MG

TELEFONE PARA CONTATO: (21) 2556 4142, (21) 93216084

EMAIL: [email protected]

ÁREA DA RPPN: 49,05HA

ÁREA DA PROPRIEDADE: 81,85HA

MUNICÍPIO: BOCAINA DE MINAS – MG

LIMITES DA RPPN (COORDENADAS UTM DATUM SAD 69) : “554.868 E” e “555.866 E”

“7.553.466 N” e “7.554.301 N”

ATO LEGAL DE CRIAÇÃO: PORTARIA IEF-MG NO 2 DE 3 DE JANEIRO DE 2006

BIOMA: MATA ATLÂNTICA

FITOFISIONOMIA: FLORESTA OMBRÓFILA ALTO-MONTANA

__________________________________________________________________________________________

DISTÂNCIAS: BELO HORIZONTE: 360KM

RIO DE JANEIRO: 200KM

SÃO PAULO: 290KM

ATIVIDADES OCORRENTES

FISCALIZAÇÃO REALIZADA POR FUNCIONÁRIOS DA FAZENDA LAVRINHA

PESQUISA A RPPN AVE LAVRINHA INCENTIVA A REALIZAÇÃO DE PESQUISAS CIENTÍFICAS

A RPPN DISPÕE DE UM LEVANTAMENTO DE AVIFAUNA EXISTENTE NA RESERVA E NO ENTORNO

ATUALMENTE, NA SUB-BACIA ONDE A RPPN ESTÁ INSERIDA, SÃO REALIZADAS ATIVIDADES DE PESQUISA EM HIDROLOGIA PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS – MG

VISITAÇÃO A RPPN AVE LAVRINHA NÃO ESTÁ ABERTA AO TURISMO E À VISITAÇÃO PÚBLICA

ATIVIDADES CONFLITANTES: PECUÁRIA, CAÇA E FOGO NAS ÁREAS ADJACENTES

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CAPÍTULO 2 - DIAGNÓSTICO DA RPPN

AVE LAVRINHA E REGIÃO DO ENTORNO

2.1 A FAZENDA LAVRINHA

A Fazenda Lavrinha tem área total de 81,85ha1 e apresenta aproximadamente 80% dessa

área em matas e capoeiras (Figura 4). A propriedade é composta por três glebas que

correspondem às três escrituras registradas em cartório (Figura 5). Essas glebas serão aqui

denominadas de Sede, Casa Azul e Casa Vermelha que corresponde à cor da pintura de cada

uma das casas existentes nessas áreas. A RPPN Ave Lavrinha está situada na gleba da Casa

Vermelha.

1 No final de 2008, foram adquiridas mais duas glebas para compor a Fazenda Lavrinha, com total de 6 alqueires, duas casas, curral e pequenos lagos de criação de peixe, além de pasto de capim gordura e braquiara.

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Figura 4: Imagem do satélite IKONOS (2003) destacando as glebas da Fazenda Lavrinha.

Nome da gleba Área (ha)

Sede 6,46

Casa Azul 7,03

Casa Vermelha 68,36

Total 81,85

Figura 5: Glebas da Fazenda Lavrinha e respectivas áreas.

2.1.1. INFRAESTRUTURA DA FAZENDA

A Fazenda Lavrinha dispõe de quatro residências: a casa sede (Figura 6) situada na gleba

do mesmo nome; casa azul (Figura 7) e casa verde (Figura 8), que são destinadas à recepção de

convidados e situam-se na gleba denominada Casa Azul; e o escritório da RPPN (Figura 9)

situada na gleba denominada Casa Vermelha. A seguir, são apresentadas imagens das casas e

algumas características relevantes de cada uma delas, excluindo-se as da sede:

Figura 6: Casa Sede

Figura 7: Casa Azul

Área construída: 80 m2 (pavimento superior)

56 m2 (porão)

Leitos: 3 casal, 2 solteiro

No de hóspedes: 8

Churrasqueira

Piscina

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Figura 8: Casa Verde

Área construída: 38 m2

Leitos: 1 casal, 3 solteiro

No de hóspedes: 5

Paiol

Figura 9: Casa Vermelha

Área construída: 35 m2

Leitos: 1 casal, 1 solteiro

No de hóspedes: 3

Paiol

A energia elétrica existente na Fazenda Lavrinha é oriunda de gerador movido à energia

hidráulica (Figura 10). Embora utilizado há alguns anos, atualmente este gerador é insuficiente

para atender a demanda.

Figura 10: Gerador de energia elétrica

A água que abastece as casas é proveniente de captação superficial nos córregos da

propriedade, como pode ser observado nas figuras 11 e 12.

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Figuras 11 e 12: Detalhe da captação de água e reservatório

2.1.2. ATIVIDADES PRODUTIVAS

Em virtude de grande parte da Fazenda Lavrinha ter sido destinada às ações de

conservação da biodiversidade (recomposição florestal e RPPN), apenas uma área, com

aproximadamente 10,6ha (13%), permanece como pastagens. Essas pastagens estão

constituídas, principalmente, pelas gramíneas Brachiaria decumbens (capim braquiária) (Figura 13) e Mellinis minutiflora (capim gordura). Com isso são mantidos alguns bovinos e ovinos que

produzem leite e carne para consumo interno e venda do excedente. O rebanho atual é composto

por sete bovinos, nove ovinos (Figura 14) e dois equinos.

A produção de grãos, frutas e hortaliças tem como objetivo o consumo interno pela

proprietária e familiares, visitantes, amigos e vizinhos próximos. Entre os grãos, o milho e feijão

são as principais culturas. As frutiferas, entre outras, são abacate, banana, jabuticaba, pitanga,

pera, pêssego, caqui, figo, ameixa, castanha portuguesa; entre os cítricos, estão algumas

variedades de laranja, limão, cidra, mixirica e lima da persia.

Figuras 13 e 14: Pastagem de capim braquiária e carneiros

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2.1.3. VIVEIRO FLORESTAL

Há caminhadas morro acima e abaixo

Observando

O ciclo da vida

As interrupções e os contínuos

Nascimentos e mortes

Araucárias, candeias, cedros e jacarandás

Uma flora incansável e indenominada

Colheita de sementes de guatandubas

Canela, mogno e quaresmeira....

Remanescentes florestais tão desejados

Assim como exóticas castanhas

Abacates e ipês de todas a cores.

Um viveiro na beira da casa

Berçário silencioso de longelineas criaturas

Replantamos a Mata Atlântica

Refazemos a Mantiqueira

Manto de preciosidades

Tesouro da juventude

A fim de subsidiar as atividades de recomposição florestal da Fazenda Lavrinha, instalou-

se um pequeno viveiro a partir da compra da propriedade em 1987. Aproximadamente 1.000

mudas de árvores nativas são produzidas no viveiro a cada ano. Dentre as espécies produzidas

destacam-se o cedro, jacarandá, guatambu, candeia, araucária e angico. Além destas, também

são produzidas mudas de espécies ornamentais e frutíferas.

2.1.4. PLANEJAMENTO CONSERVACIONISTA

No ano de 2003, foi elaborado um Planejamento Conservacionista para a Fazenda

Lavrinha com objetivo de orientar as ações e intervenções agropecuárias e de restauração

ambiental, além da locação de Reserva Legal e da RPPN.

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A proposta de manejo para a Fazenda Lavrinha, contida no Planejamento

Conservacionista, visa, sobretudo, a compatibilização das atividades agropastoris com a proteção

de importantes remanescentes florestais na sub-bacia do Córrego Lavrinha. Este planejamento

vem servindo como referência para as ações nas áreas externas à RPPN, sendo modificado ou

atualizado, ao longo dos anos, conforme a necessidade. A figura 15 apresenta o zoneamento da

propriedade definido pelo Planejamento Conservacionista da Fazenda Lavrinha (Jardim, 2003).

Figura 15: Zoneamento da Fazenda Lavrinha (Planejamento Conservacionista - Jardim, 2003)

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2.1.5. ATIVIDADES DE PESQUISA

Desde o ano de 2001, a Fazenda Lavrinha vem dando apoio logístico às pesquisas

realizadas pela Universidade Federal de Lavras – UFLA na sub-bacia do Córrego da Lavrinha e

região do Alto Rio Grande, cedendo recursos humanos (auxiliares de campo) e infraestrutura para

hospedagem dos pesquisadores.

Figuras 16 e 17: Antonio Couto e Vinícius Lopes (UFLA) executando o monitoramento de nascentes

Atualmente encontram-se publicados os resultados dos primeiros trabalhos realizados pela

UFLA na sub-bacia do Córrego da Lavrinha e região do Alto Rio Grande. Abaixo estão

relacionados os títulos desses trabalhos:

a) Caracterização fisiográfica de duas sub-bacias hidrográficas do alto rio grande e percepção

dos moradores quanto aos seus recursos naturais (Ana Cecília Gonçalves, monografia de

conclusão de curso de engenharia florestal, DCF/UFLA, 2002);

b) Uso dos recursos naturais pelos produtores rurais da nascente do Rio Grande. (Anna Carolina

Salgado Jardim, Dissertação de Mestrado DAE/UFLA, 2003);

c) Mapeamento do uso atual do solo nas áreas de preservação permanente do município de

Bocaina de Minas – MG (Eduarda Martiniano de Oliveira Silveira, monografia de conclusão de

curso de engenharia florestal, DCF/UFLA, 2004);

d) Variações florísticas e estruturais do componente arbóreo de uma floresta ombrófila alto -

montana às margens do Rio Grande, Bocaina de Minas, MG. (Acta Bot. Bras. 19(1): 91-109,

2005);

e) Estudo da vegetação remanescente como subsídio à recomposição de áreas ciliares nas

cabeceiras do Rio Grande, Minas Gerais (Tese de Doutorado de Israel Marinho Pereira,

DCF/UFLA, 2006).

f) Escoamento de nascentes associado à variabilidade espacial de atributos físicos e uso do solo

em uma bacia hidrográfica de cabeceira do rio Grande-MG. (Dissertação de Mestrado de José

Alves Junqueira Júnior DEG/UFLA, 2006).

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g) Qualidade dos recursos hídricos superficiais em sub-bacias hidrográficas da região Alto Rio

Grande-MG. (Dissertação de Mestrado de Daniel Brasil Ferreira Pinto, DEG/UFLA, 2007)

h) Uso de geotecnologias no zoneamento da Reserva Particular do Patrimônio Natural Ave

Lavrinha (Marília Salgado Martins, monografia de conclusão de curso de engenharia florestal,

DCF/UFLA, 2008);

Encontra-se ainda em andamento mais uma pesquisa de mestrado em Engenharia Agrícola

da UFLA, cujo tema é apresentado sob o titulo seguinte:

a) Comportamento da erosão e transporte de sedimentos na sub-bacia do Córrego da Lavrinha;

2.2 A RPPN AVE LAVRINHA

A RPPN Ave Lavrinha é constituída pelos remanescentes florestais mais significativos

existentes na Fazenda Lavrinha. Está situada na gleba denominada Casa Vermelha, entre as cotas

altimétricas de 1.350m e 1.739m. Uma vez que o relevo apresenta fortes declividades,

conseqüentemente as trilhas internas são frágeis e instáveis. Existem apenas duas trilhas que

ligam a parte baixa da Fazenda até a RPPN (Figura 18). Uma que sobe da casa vermelha até a

divisa norte, com aproximadamente 1.350m de extensão total (sendo 560m dentro da RPPN) e a

outra, que também tem início na casa vermelha, com 1050m de extensão (475m dentro da RPPN),

que leva até o pico do ouro, no interior da reserva.

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Figura 18: trilhas de acesso à RPPN Ave Lavrinha

A vegetação da Reserva ainda não foi pesquisada em profundidade, existindo

preliminarmente dois estudos com informações sobre a referida vegetação: trabalho de campo

inicial do engenheiro florestal Marco A. Fontes. No anexo IV apresenta-se uma lista dos nomes

comuns das espécies florestais presentes na RPPN Ave Lavrinha, relacionadas pelo Sr. Vicente de

Paula Costa, vizinho e gerente da Fazenda Lavrinha que foi sistematizada pelo geógrafo Renato

Antonio Gavazzi, no ano 2003.

Em relação aos mamíferos, o Sr. Vicente afirma que estão presentes na RPPN três

espécies consideradas importantes do ponto de vista da conservação: duas espécies de primatas,

o bugio e o sauá, e uma de felino, o gato-do-mato. Além destes, acredita-se que os remanescentes

florestais servem de corredor para a jaguatirica e a suçuarana, também presentes na região. Em

relação a avifauna da RPPN, o Sr. Vicente destaca a presença do jacú e do inhambú. O anexo V

apresenta uma listagem de nomes comuns de espécies da fauna que ocorrem na Fazenda

Lavrinha, relatadas pelo Sr. Vicente de Paula Costa ao geógrafo Renato A. Gavazzi.

Em outubro de 2008, com objetivo de subsidiar a elaboração do presente Plano de

Manejo, foi contratada a consultoria do biólogo Henrique Rajão e de seu assistente Carlos Esteves,

além da fotografa Lena Trindade para realizar o levantamento da avifauna na RPPN Ave Lavrinha.

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Em três dias de campanha de campo foram registradas 135 (cento e trinta e cinco) espécies de

aves, sendo que destas, 82 (oitenta e duas) foram registradas dentro da área da RPPN,

exclusivamente, ou não; e 53 (cinquenta e tres) foram registradas apenas no entorno imediato da

RPPN, e tem, portanto, potencial de ocorrer dentro da área da reserva. Segundo Rajão, 49% da

avifauna da RPPN (40 espécies em 82), ou seja, metade das espécies de aves registradas até o

presente na RPPN Ave Lavrinha pode ser considerada como sendo de especial interesse

conservacionista. Dentre estas, as espécies com o status de quase ameaçadas de extinção

globalmente (IUCN, 2008) são: Drymophila genei (choquinha-da-serra), Hylopezus nattereri (pinto-

do-mato) e Phylloscartes difficilis (estalinho), e a espécie com status vulnerável (Brasil, 2003 e

IUCN, 2008) é a Sporophila falcirostis (cigarra-verdadeira). O relatório completo deste

levantamento encontra-se no anexo VI.

Figuras 19 e 20: Carlos Esteves durante o levantamento da avifauna; beija-flor-de-topete (Stephanoxis lalandi)

2.3 CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO DO ENTORNO DA RPPN AVE LAVRINHA

Aqui sou só e atendo ao desejo do plural

Um certo glamour em roupinha de flanela

Visito os vizinhos em estrada de terra

Numa distância nem sempre superada

Formação silenciosa da comunidade camponesa

Pertencimento a Sociedade dos Amigos Secretos do Silêncio.

Uma associação vai nascer de nossa identidade comum

Ave Lavrinha

Moradores da Bacia do Rio Grande

Habitantes de Área de Proteção Permanente

Parte do Maciço de Itatiaia

Pedacinho da Serra da Mantiqueira

Geografia que mexe com a emoção da gente

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2.3.1. A SERRA DA MANTIQUEIRA

A Serra da Mantiqueira é uma das maiores e mais importantes cadeias montanhosas do

leste sul-americano, eqüidistante das três maiores metrópoles brasileiras (Rio de Janeiro, São

Paulo, Belo Horizonte). Nela subsistem preciosos remanescentes de ecossistemas nativos da Mata

Atlântica, mundialmente conhecida como área prioritária para conservação da biodiversidade. A

Mata Atlântica está, atualmente, restrita a cerca de cinco porcento (5%) de sua extensão original. A

Serra Fina e o Maciço do Itatiaia, nela situadas, imprimem características peculiares ao trecho mais

elevado do sudeste brasileiro, onde estão também a Pedra da Mina, 2.797m de altitude e o Pico

das Agulhas Negras, 2.787m de altitude.

O termo Mantiqueira parece ter origem numa toponímia geográfica tupi-guarani com

provável significado de “local de precipitações abundantes”, “lugar onde nascem as águas” ou

mesmo “serra que chora”. Até os dias de hoje, a Serra da Mantiqueira fornece água para a região

sudeste, uma das mais populosas e industrializadas do país (Mendes Jr., 1991).

2.3.2. HISTÓRIA

Como grande parte do Brasil, a Serra da Mantiqueira foi habitada, desde tempos

imemoriais, por sociedades indígenas, que deixaram resíduos arqueológicos em diversas partes da

região. Esta começa a ser incorporada à chamada civilização com a chegada dos primeiros

bandeirantes, no século XVI, em busca de ouro e pedras preciosas (Mendes Jr., 1991).

Não foi apenas na região de Vila Rica e São João Del Rei que o ouro foi encontrado. Na

Serra da Mantiqueira, os municípios de Alagoa e de Aiuruoca atestam como a mineração foi ativa

no século XVII. “Pelo roteiro do Padre João Faria, em 1694, já era regularmente conhecida a

região do alto Sapucaí e rio Grande” (Lamego, 1936).

A ocupação foi muito rápida. Em poucas décadas, milhares de aventureiros vieram de

Portugal. Com a imigração também chegaram os escravos africanos, que se juntaram aos índios

aprisionados. Os mamelucos paulistas ficaram com as tarefas secundárias de plantio e

abastecimento das minas. Os campos altos nativos serviram, de imediato, à criação do gado e de

burros de carga, dando inicio a uma longa tradição de derivados de leite (Mendes Jr., 1991).

Quando em meados do século XVIII, Vila Rica, S. João Del Rei e outras cidades mineiras

esplendiam em cultura, toda a bacia serrana do Paraíba nas zonas mineira e fluminense jazia

mergulhada em mato bravo. Índios Coroados, Puris e de outras tribos, e todo o poder da terra

ainda preservada afrontavam a penetração do branco. Minas Gerais deve muito ao isolamento

conferido pela mata o pitoresco de sua arte original, tipicamente brasileira. Foi a mata, e não a

montanha que retardou a penetração civilizadora por quase dois séculos. Quando os brasileiros

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falam de serra, é muito mais à floresta que eles aludem do que à montanha. “O nome de montanha

tornou-se, devido à lógica iminente da língua, um nome de floresta” (Lamego, 1950).

2.3.3. BOCAINA DE MINAS

As incursões dos bandeirantes determinaram o desbravamento da região do vale do rio

Grande, formando-se inúmeras fazendas. Duas famílias são consideradas fundadores da

localidade hoje denominada de Bocaina de Minas: a dos Marianos e dos Quirinos. Elas escolheram

o local para a construção da capela. Em dia e hora marcados, os dois chefes sairam a cavalo de

suas residências, e, no local do encontro, seria erguida a capela. Assim, em 1790, no lugar

denominado Martins, à margem direita do rio Grande, onde se constituiu o povoado, foi erguida a

igreja (Mendes Jr., 1991). Rosário da Bocaina foi o primeiro nome dado ao distrito, criado por Lei

provincial no 866, de 14/05/1858 e por Lei estadual no 2, de 14/09/1891, no município de Aiuruoca.

No final do século XIX, a política nacional de colonização deu origem à formação do

“Núcleo Colonial de Mauá”. Esta se concretizou no início do século XX, com a chegada de

imigrantes europeus de diversas nacionalidades. Antes, a região era ocupada pelos índios Puris e

por poucos posseiros mineiros. Entre os imigrantes predominavam os alemães, presentes na

região desde 1909, cujos descendentes ainda residem na região de Visconde de Mauá. Os

remanescentes da cultura alemã podem ser identificados nas construções e na culinária local. Na

visita de Lamego ao Itatiaia, em 1935, havia apenas três famílias remanescentes de trezentas que

formaram o núcleo Mauá (Lamego, 1936). Quando foi constituído, este núcleo de colonização se

alastrava pelas duas margens do rio Preto.

Em 1916, o governo autorizou a comercialização das terras concedidas aos colonos do

Núcleo Mauá, possibilitando a vários fazendeiros, principalmente mineiros, adquirissem grandes

extensões de terra. As fazendas de gado leiteiro surgiram na primeira metade do século XX,

tornando-se uma das atividades econômicas da região, juntamente com a atividade turística. A

partir de 1922, os primeiros turistas eram recebidos pelos imigrantes em suas casas.

O distrito de Rosário da Bocaina passou a ser denominado, simplesmente, Bocaina, pela Lei

Estadual no 843, de 07/09/1923. O Decreto-Lei Estadual, no 148, de 17/12/1938, transferiu o distrito

de Bocaina, do município de Aiuruoca, para o novo município de Liberdade. Em 31/12/1943, o

distrito de Bocaina passou a Arimatéia, pelo Decreto-Lei Estadual no 1058. Com a Lei Estadual no

1039, de 12/12/1953, o distrito de Arimatéia foi desmembrado de Liberdade e elevado à categoria

de município, com a denominação de Bocaina de Minas. Em divisão territorial datada de

01/07/1960, o município foi constituído de dois distritos: Bocaina de Minas e Mirantão.

O município de Bocaina de Minas está localizado na Serra da Mantiqueira entre as

coordenadas geográficas 22°00’ e 22°30’ de latitude sul e 44°45’ e 44°15’ de longitude oeste,

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possuindo uma área de 498,26 km2, aproximadamente. Em Bocaina de Minas a altitude varia de

962m a 2.787m. Bocaina faz divisa com o estado do Rio de Janeiro, nos municípios de Resende e

Itatiaia, em seus respectivos distritos de Visconde de Mauá e Maromba e no estado de Minas

Gerais faz divisas com os municípios de Itamonte, Alagoa, Aiuruoca, Carvalhos, Liberdade e Passa

Vinte (Figura 21).

Figura 21: Localização do município de Bocaina de Minas no estado de Minas Gerais

Entre o final da década de 1940 e início dos anos de 1950, foram construídas as vias de

acesso aos municípios vizinhos. Somente no ano de 2007, foi completada a pavimentação asfáltica

da estrada que liga Liberdade a Bocaina de Minas.

Socioeconomia

Bocaina de Minas tem atualmente uma população de 5.020 habitantes, dos quais cerca de

55% residem no meio rural, sendo assim a principal fonte de renda do Município proveniente da

agropecuária (IBGE, 2001). O rendimento médio mensal é de R$ 472,78 para homens e R$ 323,52

para mulheres. O PIB per capita no município é de R$ 3.197,00 (IBGE, 2004). O índice de

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desenvolvimento humano2 municipal medido pela Fundação João Pinheiro (2000), é de 0,724. Este

índice está entre os menores dentre os municípios da APA Serra da Mantiqueira (Ribeiro, 2004).

Uma estratégia adotada por muitos estados brasileiros é a instituição de leis de

compensação financeira para os municípios que abrigam, dentro de seus limites, unidades de

conservação ou mananciais de abastecimento público. O benefício se dá com a transferência de

uma porcentagem do imposto relativo à circulação de mercadorias e serviços – o ICMS – aos

municípios, como forma de compensação pela restrição de uso em áreas destinadas à

conservação e ao abastecimento, entre outras finalidades. O Paraná foi pioneiro na instituição

desse mecanismo e, atualmente, quatorze estados brasileiros já possuem legislação que

determina o repasse de um percentual do ICMS de acordo com critérios ambientais (Costa, 2006).

O modelo de Minas Gerais adota, para efeitos de cálculo do valor a ser repassado, um

fator de conservação da unidade de conservação, que varia de 0,1 a 1, de acordo com a categoria

de manejo. A legislação prevê, ainda, que seja considerado um fator de qualidade, referente às

características intrínsecas da unidade (estado físico da área, plano de manejo, infraestrutura,

estrutura de proteção e fiscalização, entre outros parâmetros)

A figura 22 apresenta o índice de conservação atribuído à RPPN Ave Lavrinha e outras

UCs da região, e a figura 23 apresenta os valores repassados à prefeitura municipal de Bocaina

de Minas referente ao mês de Junho de 2008.

Unidade de conservação Categoria Área

(ha) Índice de

conservação

Ave Lavrinha RPPNE- Reserva Particular do Patrimônio Natural ESTADUAL 49 0,00087800

Itatiaia PAQF- Parque Nacional (FEDERAL) 5.645 0,01010462

Mitra do Bispo RPPNF- Reserva Particular do Patrimônio Natural FEDERAL 35 0,00062650

Serra da Mantiqueira APAF- Área de Proteção Ambiental FEDERAL 44.375 0,00220644

Figura 22: Dados referentes ao 4o trimestre de 2007 (Fundação João Pinheiro)

2 Índice de desenvolvimento humano (IDH): criado no início da década de 90 para o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), é um indicador de qualidade de vida que combina três componentes básicos do desenvolvimento humano: ·1-a longevidade, que também reflete, entre outras coisas, as condições de saúde da população; medida pela esperança de vida ao nascer; é- a educação; medida por uma combinação da taxa de alfabetização de adultos e a taxa combinada de matrícula nos níveis de ensino: fundamental, médio e superior, 3-a renda; medida pelo poder de compra da população, baseado no PIB per capita ajustado ao custo de vida local para torná-lo comparável entre países e regiões, através da metodologia conhecida como paridade do poder de compra (PPC). A metodologia de cálculo do IDH envolve a transformação destas três dimensões em índices de longevidade, educação e renda, que variam entre 0 (pior) e 1 (melhor), e a combinação destes índices em um indicador síntese. Quanto mais próximo de 1 o valor deste indicador, maior será o nível de desenvolvimento humano do país ou região.

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Unidade de conservação

Categoria Área (ha)

Valor

Ave Lavrinha RPPNE- Reserva Particular do Patrimônio

Natural ESTADUAL 49 R$ 160,31

Itatiaia PAQF- Parque Nacional (FEDERAL) 5.645 R$ 1.845,01

Mitra do Bispo RPPNF- Reserva Particular do Patrimônio

Natural FEDERAL 35 R$ 114,39

Serra da Mantiqueira APAF- Área de Proteção Ambiental FEDERAL 44.375 R$ 402,88

Figura 23: Valores por Unidade de Conservação - Junho/2008 (Fundação João Pinheiro)

Para o município é fundamental que a existência de uma área legalmente preservada

possa trazer-lhe vantagens e benefícios. O ICMS ecológico é um grande passo nessa direção, pois

oferece a possibilidade de uma compensação àquelas comunidades que se vêem obrigadas a

orientar suas atividades em função de estarem dentro ou próximas de áreas especialmente

protegidas (Costa, 2006).

Serviços

- Saúde O município dispõe de um pequeno hospital, com pronto socorro e também o programa de

saúde na família, além de uma sede da APAE com 45 inscritos. Existem consultórios odontológicos

e duas farmácias.

- Transporte Há uma linha de ônibus intermunicipal ligando Liberdade-MG ao município de Bocaina de

Minas, que, passando pela sede do município, segue até as localidades de Santo Antônio do Rio

Grande, Mirantão e Maringá, antes de retornar a Liberdade.

Em relação ao transporte interestadual, há uma linha regular de ônibus ligando Bocaina de

Minas a Resende, no estado do Rio com saída diária às 8:00h e retorno às 15:00h.

- Bancos e correios Não há agência bancária no município, existindo apenas correspondente do banco

Bradesco, na agência dos Correios e um caixa eletrônico da Caixa Econômica Federal.

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- Comércio Em Bocaina há pequeno comércio de alimentos industriais, assim como de carnes, grãos,

verduras e frutas, roupas, utensílios e produtos agropecuários. Existe apenas um posto de gasolina

no município.

- Telefonia celular Apenas a operadora Claro oferece serviços de telefonia celular em Bocaina de Minas.

Turismo

Observa-se que a atividade turística vem tomando espaço cada vez maior em regiões

vizinhas, como Santo Antonio, Mirantão, (MG) Visconde de Mauá, Maromba e Maringá (RJ), por

meio da criação de hotéis-fazenda e pousadas, como alternativa de renda para os habitantes

nativos e também para os novos proprietários. Além disso, é notório o movimento de atração de

setores da classe média urbana para o mundo rural. Este fato, têm impulsionado os nativos a

lotearem suas propriedades para venderem pequenas parcelas a pessoas. Busca-se o contato

com a natureza da região, que oferece cachoeiras e belas paisagens.

A infraestrutura turística na região de Maringá, na divisa com o estado do Rio de Janeiro, é

mais desenvolvida do que no vale do rio Grande, em virtude da tradição hoteleira da região de

Visconde de Mauá, que oferece os mais variados serviços de alimentação e hospedagem.

Já o turismo, no vale do rio Grande, não tem se caracterizado como intensivo, ou de

“massa”, marcado que está por indivíduos afinados com os princípios da ecologia, alguns dos

quais compram propriedades rurais para transformá-las em RPPNs, como é o caso da Ave

Lavrinha e da Mitra do Bispo, e de outras que estão sendo criadas na região.

Agropecuária e Uso do Solo

Os principais produtos agropecuários das comunidades locais são o leite, o queijo, o milho

e o feijão, cujos sistemas de produção caracterizam-se pelo baixo uso de tecnologias e,

conseqüentemente, apresentam baixa produtividade.

A partir de 2007, foi implantado um escritório da EMATER que disponibiliza um engenheiro

agrônomo para atender aos produtores.

Da criação de gado, conforme já havia descrito Mendes Jr. (1991), provém a produção

artesanal de queijos, como por exemplo, o branco de Minas e o parmesão, além de manteiga e

mussarela.

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Atualmente, o rebanho bovino em Bocaina de Minas conta com aproximadamente 8.764

cabeças (IBGE, 2006), sendo que a produção de leite anual é de 287 mil litros.

Não há dados oficiais sobre a produção de derivados do leite, e ainda que existissem,

seriam pouco precisos, pois a maior parte do queijo produzido no município não é inspecionado,

nem tributado.

O milho é o principal produto agrícola de Bocaina de Minas, sendo usado para

alimentação, para produção de silagem e grãos. A área plantada, anualmente, com essa gramínea

é de 700ha. Já em menor escala, e, basicamente, com fins de subsistência, vem a lavoura de

feijão, que ocupa uma área total de 300ha no município (IBGE, 2006).

Avaliando o uso atual do solo em Bocaina de Minas, Silveira (2004), constatou-se que as

áreas de floresta densa ocupam uma área de 203,59 km² (40,86% do município) e as áreas de

regeneração ocupam 101,53 km2 (20,38 %). As áreas de pastagens ocupam 158,43 Km² (31,80%)

e as de campo ocupam uma área 19,49 km² (3,91 %), sendo que estas últimas estão localizadas

nas altitudes elevadas. As áreas de solo exposto representam 15,22 km² (3,06 %) (Figura 24).

Figura 24: Mapa de uso atual do solo do município de Bocaina de Minas – MG (Silveira, 2004)

A figura 25 apresenta a área e porcentagem das Áreas de Preservação Permanente

existentes no município.

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Áreas de Preservação Permanente Área (Km²) % das APPs

Margem de rio 76.30 59.00

Ao redor das nascentes 12.36 9.56

Declividade superior a 45º 1.09 0.84

Altitude acima de 1800 m 39.58 30.60

Total 129.33 100.00

Figura 25: Áreas de Preservação Permanente do município de Bocaina de Minas

2.3.3.1. Clima

De acordo com a classificação de Köppen, o clima na região do vale do rio Grande em

Bocaina de Minas é do tipo Cwb, caracterizado como mesotérmico de verões brandos e suaves e estiagem de inverno. A temperatura média anual é em torno de 18oC, tendo no mês mais quente e

no mês mais frio temperaturas médias de 25,6°C e 13,1°C, respectivamente, com ocorrência de

geadas, anualmente, entre os meses de maio a agosto.

No ano de 2004, foi instalada uma estação meteorológica digital na Fazenda Lavrinha

(Figura 26), de propriedade da Universidade Federal de Lavras. Assim, a partir dessa data, está

sendo possível monitorar as variações climáticas locais. A figura 27 apresenta a precipitação

mensal registrada no ano de 2005.

Precipitação mensal 2005 (mm)

0

100

200

300

400

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezMeses

Lâm

ina

(mm

)

Precipitação mensal (mm) Figura 26: Estação Meteorológica Figura 27: Gráfico de precipitação

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2.3.3.2. Vegetação

A região da Serra da Mantiqueira é reconhecida como “área de importância biológica

especial” e prioritária para a conservação da biodiversidade em Minas Gerais, devido à presença

de 20% dos remanescentes de Mata Atlântica deste estado, à alta riqueza de espécies da fauna e

flora e à presença de espécies endêmicas de répteis e anfíbios (Costa et. al., 1998).

Ainda assim, são recentes as descrições florísticas, estruturais e ecológicas dessa

vegetação situada acima de 1.100m de altitude, a maioria delas ainda na forma de dissertações

universitárias (Carvalho et. al., 2005). Segundo o autor, para o maciço do Itatiaia, até o presente

momento, sua vegetação foi objeto de estudos detalhados apenas do lado do estado do Rio de

Janeiro, particularmente no Parque Nacional de Itatiaia. Desta forma, as florestas da vertente

interior do maciço do Itatiaia, em Minas Gerais, são ainda muito pouco conhecidas. Nesta região, o

vale que aloja as nascentes do rio Grande apresenta atualmente uma cobertura florestal muito

pobre. Esse quadro resulta de um processo indiscriminado de abate de árvores que atendeu as

necessidades madeireiras, principalmente do eixo Rio de Janeiro – São Paulo, durante boa parte

do século passado. O desmatamento foi particularmente acelerado, na década de 1940, durante a

construção da Usina Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda, quando aumentou a demanda

regional de madeira e carvão.

No intuito de ampliar o conhecimento dos remanescentes florestais na região de cabeceira

do rio Grande, pesquisadores da Universidade Federal de Lavras realizaram estudos sobre a

composição, a estrutura e a diversidade do compartimento arbóreo em três fragmentos de matas

ciliares em Bocaina de Minas: eles encontraram diferenças tanto em função do ambiente quanto do

estadio de regeneração das mesmas. Estas diferenças foram mais evidentes em relação à

composição de espécies entre os ambientes de aluvião e encosta (Figura 28). Ao todo, foram

identificadas 286 espécies no compartimento arbustivo-arbóreo dos fragmentos, distribuídas em

144 gêneros e 62 famílias (Pereira, 2006).

Áreas Espécies Gêneros Famílias

Aluvião 81 58 31

Encosta em regeneração 117 71 42

Encosta conservada 220 123 57

Figura 28: Distribuição do número de espécies arbóreas em função do ambiente onde foram encontradas

Segundo Pereira (2006), as três áreas diferiram bastante entre si quanto às espécies mais

abundantes. Para a área de aluvião, as cinco espécies mais abundantes totalizaram 51,5% do

número total de indivíduos amostrados. São elas: Sebastiania commersoniana (branquilho)

(14,5%), Anadenanthera colubrina (angico) (11,6%), Symplocos celastrinea (pau-de-cangalha)

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(10,2%), Matayba guianensis (caboatã-branco) (8,9%) e Sebastiania brasiliensis (leiteira) (6,4%).

Para a área de encosta em regeneração, as cinco espécies de maior número de indivíduos

contabilizaram 43,2% da amostra total. São elas: Myrsine umbellata (capororoca) (13,6%), Croton

organensis (9,3%), Tibouchina arbórea (8,1%), Miconia sellowiana (quaresmeira) (6,4%) e

Psychotria Vellosiana (fruto-de-pombo) (5,8%). Já para a encosta conservada, as seis espécies

que mais se destacaram, em número de indivíduos, foram: Psychotria vellosiana (fruto-de-pombo)

(8,3%), Vochysia magnifica (pau-novo) (7,1%), Alchornea triplinervia (6,4%), Tibouchina pulchra

(manacá-da-serra) (4,1%), Casearia arbórea (cafazeiro-do-mato) (3,3%) e Lamanonia ternata

(cangalheiro) (3,3%). Juntas, essas espécies somaram 32,5% do número total de indivíduos

amostrados nesta área.

Com esse estudo, Pereira (2006) concluiu que a composição, a estrutura e a diversidade

do compartimento arbóreo das três matas ciliares das cabeceiras do rio Grande diferem, tanto em

função do ambiente (aluvião e encosta) quanto do estádio de maturidade das mesmas. Estas

diferenças são mais evidentes em relação à composição de espécies entre os ambientes. Segundo

o autor, a distribuição das espécies nos diferentes habitats de mata ciliar foi significativamente

correlacionada com o regime hídrico dos solos (distância do rio e drenagem), evidenciando a

existência de gradientes de elevações topográficas e de umidade e estádio geral dos mesmos.

Os valores de densidade de árvores (3.005 a 2.180 árvores.ha-1) dos três fragmentos

situam-se entre os mais elevados quando comparados aos registrados em vinte levantamentos

realizados na região do Alto Rio Grande. Utilizaram-se nestes levantamentos o mesmo critério de

inclusão e que variam de 2.683 árvores.ha-1, em Ingaí a 969 árvores.ha-1, em Ibituruna (Pereira,

2006).

2.3.3.3. Fauna

A população rural de Bocaina de Minas, assim como de outras regiões do Brasil, tem

estreita relação com espécies da fauna silvestre. Em sua dissertação de mestrado, Jardim (2003)

transcreve alguns trechos de entrevistas realizadas com moradores da região de cabeceira do rio

Grande. Nestes testemunhos, podemos ter noção da riqueza de espécies da região e da relação

dos moradores locais com esses recursos.

Apresentam-se alguns depoimentos colhidos para a dissertação de Jardim (2003) cujos

nomes foram intencionalmente identificados, pela autora do trabalho, apenas pelas letras iniciais:

“Agora o quati parece que num tá existindo muito por aqui não, igual o tatu, parece que

num ixeste mais, né?! Tá existindo mais é a onça e ela pega esses bichinho tudo quando eles vai

beber água... Sempre a gente vê mais rastro de onça do que dos outro bichinho. Os bichinho tá

diminuindo porque a onça come tudo eles. Naquele terreno lá pra cima assim, nóis fomo roçar lá,

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nóis achemo o casco do tatu raspadinho assim, que a onça tinha pegado e comido a carne dele.

Naquelas varge de rio lá também costuma achar casco de tatu... Também ele é um bicho bobinho,

fica andando por lá assim, aí ela cata ele. A onça que tem aqui é a suçuarana, né, cumpade? Ela

vem até perto da casa, pega as galinha, já pegou os cabrito quando tinha aqui. Ninguém nem num

tem mais cabrito, porque elas adora comer a carne deles” (Sr. A.).

“...Da onça, tudo é bom... A gordura dela também é boa pra reumatismo, mas vai matar pra

ver! A minha mãe tinha óleo dessas coisa... É fedido, num posso nem lembrar! Da onça ainda usa

a carne, mas eu num acho muito boa. A da paca é que é boa. E do bugio, aquele copinho que o

bugio tem, diz que é bom para a criança quando num fala... Diz que é bom dar água pra criança

beber naquele copinho que ela aprende a falar... E do papagaio é a língua, aquele papagaio

verdinho, mas num é a maritaca não. Tem papagaio amarelo, tem vermelho... A canela do veado

também é boa pra lavar a canelinha da criança que ainda num anda... Esse menino meu mesmo.

Só foi andar com um ano e oito meses, aí eu lavei a canelinha dele com a canela do veado” (Sra.

I).

“Da capivara, o osso dela e a manteiga diz que é remédio... O osso, se rala e põe no vinho,

é remédio pra reumatismo. A manteiga diz que é pra passar assim pra dor muscular” (Sr. A).

“Aqui tem quati... Tem macaco de 5-6 Kg e eles são danado pra comer milho... Eles sabe

até fazê nó na espiga do milho e carregá pra comer no mato. A gente dá uns tiro aí pra espantar

eles, mas num mata não, porque a carne deles parece de gente. Agora o quati a carne é boa, se

ele tiver comendo o milho, a gente tira o pêlo dele que fica parecido com leitoa. Porco do mato

esse tem bem, tem uma porção de qualidade deles. Tem o canela ruiva, tem o cateto e tem o

queixada. O que tem mais aqui é o cateto, mas eles é velhaco, é difícil pegá eles. Se ocê vai cedo,

eles vêm de tarde... Mas a carne deles é boa quando eles tá comendo o milho. O resto dele num

tem valor não. Agora a carne de onça é ruim, a gente mata assim só quando ela tá invadindo,

porque a a carne dela cheira a cachorro molhado. O couro é que é bonito. É um couro que tem um

fiozinho no lombo bem pretinho... A manteiga dela também é remédio” (Sr. A).

Em relação à caça, Jardim (2003) observou que os animais silvestres mais caçados pelos

nativos da região das nascentes do rio Grande são os que causam prejuízos às roças de milho,

como os catetos, queixadas e capivaras, ou os que comem as criações, como é o caso das onças.

Eles costumavam ser mortos e comidos pelas pessoas do local. Também o jacú e a paca foram

comumente caçados para consumo da carne. Além disso, até a algum tempo atras, era comum a

vinda de cavaleiros, de cidades próximas, com cães para caçar veado.

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Atualmente, a atividade da caça está reduzida devido às denúncias e às ações da

fiscalização, porém ainda ocorre, esporadicamente, nos fins de semana e feriados.

2.3.3.4. Hidrografia

Bocaina de Minas integra a Bacia Hidrográfica do Rio Grande e a Bacia Hidrográfica do Rio

Paraíba do Sul (Figura 29), pertencendo à Unidade de Planejamento GD1 e PS1,

respectivamente. As nascentes desses dois rios encontram-se em Bocaina de Minas, protegidas

pelo Parque Nacional de Itatiaia. A RPPN Ave Lavrinha encontra-se na Bacia do Rio Grande.

Figura 29: Bacias do rio Grande e do rio Paraíba do Sul em Bocaina de Minas

2.3.4. A SUB-BACIA DO CÓRREGO DA LAVRINHA 2.3.4.1. População residente

Listo os afetos

Que são nomes e de gente

Vicente, Maria

Cerne de tudo

Companheiros de todas as horas

Geralda e Tião na outra margem

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42

Terezinha e Zé Roberto pelos altos

Penha e Donizete no ermo de curva

Suely e Airton logo abaixo

Guardando no seu gelo

Minhas reservas e sobras

No mais longe e mais perto

Lílian e Nilinho

Cumplicidade de projetos

E outros e outroras

Alguns quase tudo

Mariana já morta

Minha maior amiga de longínquas horas

Segundo dados colhidos por Nilo S. Jardim com a Sra. Angelita, moradora do vale da

Lavrinha, atualmente, na sub-bacia do córrego Lavrinha, residem 35 pessoas, sendo 23 adultos

(entre 20 e 60 anos), 5 jovens (entre 10 e 20 anos) e 7 crianças (entre 0 e 10 anos). Os moradores

mais idosos (acima de 60 anos) mudaram-se para a sede do município de Bocaina devido a

ausencia de seus filhos para tocarem à roça, pois em geral estes se mudaram para a cidade ou

trabalham como asalariados em outras propriedades; e, também em busca de maior facilidade

para atendimento médico e o acesso ao comércio. Além desses moradores, há também 5 familias

de proprietários de terras que residem em outras cidades, Rio deJaneiro, Bocaina e Resende, e

vêm para Lavrinha apenas nos fins-de-semana e feriados.

2.3.4.2. Relevo

A sub-bacia hidrográfica do córrego da Lavrinha foi originada de rochas gnáissicas

formadas há bilhões de anos, na era Pré-Cambriana. Essa região foi soerguida durante episódios

tectônicos (acontecimentos que dobraram e cortaram as rochas em virtude da compressão,

distensão ou torção na crosta terrestre) atuantes no Sudeste brasileiro, que deram origem aos

falhamentos e blocos montanhosos das serras do Mar e da Mantiqueira (Medina, 1995).

O relevo na RPPN Ave Lavrinha é recortado por vales profundos, onde falhas e fraturas

existentes facilitam o caminho das águas, que seguem erodindo seus leitos rochosos (Medina,

1995), com altitudes variando entre 1.250m no Córrego da Lavrinha e 1.739m no Pico dos Puris

(IBGE, 1973). Medina (1995) descreve o vale onde está inserida a RPPN Ave Lavrinha como um

anfiteatro, cercado por cristas angulosas da Serra da Aparecida (Figura 30).

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Figura 30: Detalhe do relevo na RPPN Ave Lavrinha

A sub-bacia apresenta uma declividade média de 35% e 22 drenos com uma distribuição

homogênea na rede de drenagem (Gonçalves, 2002). O dreno principal da sub-bacia, o córrego da

Lavrinha, possui 4.807 m de comprimento, desde sua nascente até o encontro com o rio Grande.

Na nascente e no encontro com o rio Grande, o dreno encontra-se a 1.622m e a 1.159m de

altitude, respectivamente (Pinto, 2007). O córrego da Lavrinha apresenta baixa sinuosidade, como

pode ser observado na Figura 31, o que implica em altas velocidades de escoamento e,

conseqüentemente, baixa tendência para a ocorrência de enchentes (Gonçalves, 2002).

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Figura 31: Delimitação da sub-bacia do córrego da Lavrinha (fonte: IBGE)

A sub-bacia possui área total de 687 ha, sendo representativa dos ambientes associados

aos Cambissolos da região do Alto Rio Grande, na Serra da Mantiqueira.

Nessa área existem oito especificidades de solos as quais são apresentadas nas figuras 32 e 33 (Junqueira Júnior, 2006).

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Unidades pedológicas Área (ha) Área (%)

Cambissolo húmico, textura média, pouco profundo 49,2 7,2

Cambissolo háplico, textura média, A moderado, muito profundo 53,7 7,8

Cambissolo háplico, textura argilosa, A proeminente endopedregoso pouco profundo 5,5 0,8

Cambissolo háplico, textura média, A moderado endopedregoso pouco profundo 81,4 11,8

Cambissolo háplico, textura média, A proeminente endopedregoso pouco profundo 410,8 59,8

Cambissolo háplico, textura média, A proeminente muito profundo 43,7 6,4

Neossolo flúvico, textura média, A moderado com mosqueados 22,7 3,3

Neossolo flúvico, textura média, A proeminente com mosqueados 20,1 2,9

Total 687,1 100,0

Figura 32: Ocorrência das unidades pedológica na sub-bacia.

CH=Cambissolo húmico, CX=Cambissolo háplico, NF=Neossolo flúvico.

Figura 33: Unidades pedológicas presentes na sub-bacia do córrego Lavrinha (Junqueira Júnior, 2006).

Os solos encontrados na RPPN Ave Lavrinha são o Cambissolo Háplico e o Cambissolo

Húmico (Junqueira Júnior, 1996).

Cambissolos são solos rasos e pouco desenvolvidos, apresentam permeabilidade mediana

e são, muitas vezes, cascalhentos. De maneira geral, por serem derivados de rochas pobres em

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46

nutrientes, os Cambissolos do Alto Rio Grande são bastante ácidos, limitando o desenvolvimento

das plantas. Os Cambissolos Húmicos, apesar de se localizarem em relevos mais movimentados,

possuem melhor capacidade de armazenamento de água que os Cambissolos Háplicos,

basicamente por serem mais profundos e possuírem teores de matéria orgânica substancialmente

maiores (Araújo, 2006).

2.3.4.3. Uso atual do solo na sub-bacia do córrego da Lavrinha

Por ser uma área bastante montanhosa e com grande variação de exposição à radiação

solar, houve preferência para formação de pastagens na face sul da bacia, onde a incidência de

luz solar é maior. Já na face norte, a ocupação permaneceu predominantemente com mata.

Na figura 34 encontram-se as classes de uso atual do solo presentes na sub-bacia, com

as respectivas áreas. Verifica-se a predominância de ocupação por mata nativa e pastagem,

devido à pecuária leiteira, seguida da regeneração (Pinto, 2007).

Uso atual do solo Área (ha) Percentual (%)

Mata nativa 284,8 41,5

Pastagem 277,8 40,4

Regeneração natural 90,9 13,2

Várzea 33,5 4,9

Total 687 100

Figura 34: Uso atual do solo na sub-bacia hidrográfica do ribeirão Lavrinha.

A figura 35 apresenta o mapeamento do uso atual do solo na sub-bacia hidrográfica do

Córrego da Lavrinha. As figuras 36 e 37 ilustram a formação de pastagens na sub-bacia.

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Figura 35: Mapa de uso atual do solo da sub-bacia hidrográfica do Córrego da Lavrinha.

Figuras 36 e 37: formação de pastagens na sub-bacia do córrego da Lavrinha

2.3.4.4. Recursos hídricos na sub-bacia do Córrego da Lavrinha

A Sub-bacia do Córrego da Lavrinha foi escolhida por pesquisadores da UFLA para

estudos hidrológicos na região do Alto Rio Grande, pois é uma bacia hidrográfica de cabeceira,

representativa da região da Serra da Mantiqueira (Junqueira Júnior, 2006). Durante um intervalo de 586 dias, nos anos de 2004 e 2005, Lopes (2006) monitorou a

vazão de 6 nascentes na sub-bacia do córrego da Lavrinha (Figura 38).

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Figura 38: Antônio Couto, Vinícius Lopes, Ana Cecília Gonçalves e Henriqueta (UFLA) realizando o monitoramento da

vazão de nascentes na Lavrinha.

Posteriormente, Junqueira Júnior (2006) mapeou a variabilidade espacial de atributos

físico-hídricos do solo na sub-bacia; associou a produção de água das mesmas ao uso atual do

solo nas áreas de recarga de duas nascentes representativas: uma no norte da sub-bacia, sob

mata nativa na divisa da RPPN Ave Lavrinha com o terreno de José Roberto Dias (N1), e outra no

sul, sob pastagem (N2). Estas podem ser visualizadas nas figuras 39 e 40.

A série histórica de vazão (L/s) para as nascentes monitoradas estão apresentadas na

figura 41.

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Figura 39: Áreas de recarga (N1 e N2) das nascentes monitoradas por Junqueira Júnior (2006).

Figura 40: Áreas de recarga N1 (mata) e N2 (pastagem) das nascentes monitoradas por Junqueira Júnior (2006).

2004

NASCENTE 10/ABR 11/JUN 5/AGO 1/OUT 5/NOV Mata (N1) 7,3 4,92 3,237 2,579 3,098

Pastagem (N2) 0,214 0,101 0,053 0,032 0,113 2005

NASCENTE 22/ABR 3/JUL 21/SET 20/OUT Mata (N1) 6,563 4,324 2,411 1,532

Pastagem (N2) 0,106 0,023 0,010 0,007

Figura 41: Série histórica de vazão (L/s) para as nascentes monitoradas (Junqueira Júnior, 2006).

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2.3.4.5. Rendimento específico das nascentes

Ao longo dos anos de monitoramento, particularmente no caso da nascente sob mata

nativa, na divisa da RPPN Ave Lavrinha, esta se mostrou com maior quantidade e melhor

uniformidade de produção de água. Ressalta-se que, além da quantidade de agua produzida, a

nascente mostrou-se com uma boa distribuição no tempo. Isto quer dizer que a área de recarga,

responsável pela recarga do aqüífero formador da nascente, armazena parte da água precipitada,

cede aos poucos e mantem a vazão constante, inclusive durante o período seco. Isto é

fundamental tanto para o uso econômico da água, com os bebedouros ou irrigação como para a

manutenção do regime hídrico do corpo d'água principal: garante a disponibilidade de água no

período do ano em que realmente mais se precisa dela (Junqueira Júnior, 2006).

Segundo o autor, notou-se uma considerável variação da vazão específica na nascente 2

(pastagem) para os dois anos de monitoramento, chegando a apresentar, entre os meses de

outubro e novembro de 2004, uma variação de 260%, enquanto que a vazão da nascente sob mata

nativa apresentou uma variação menor (entre 30 e 40%) e mais constante, ao longo das

observações. Esta grande amplitude de variação pode ser atribuída às condições de infiltração,

escoamento superficial e armazenamento de água em suas áreas de recarga, representada pela

variabilidade espacial dos atributos do solo, assim como pelo estado da cobertura vegetal em cada

área de recarga; sabe-se que, nesta época do ano, as pastagens se apresentam demasiadamente

pobres, deixando o solo exposto em muitos locais, com início de erosão laminar.

Notou-se, no período compreendido entre os meses de abril e julho de 2005, que a

precipitação apresentou comportamento oscilatório, ora diminuindo, ora aumentando. Esta variação

ocasionou também variação na vazão das nascentes. Porém, a variação na vazão não foi tão

pronunciada na nascente sob mata nativa, em que os percentuais de variação se situaram entre 30

e 40%.

Assim, considera-se que a grande vantagem da mata, natural ou reflorestada, em termos

de recursos hídricos, reside na sua grande capacidade de retenção da água das chuvas pelas

árvores e serrapilheira (Junqueira Júnior, 2006).

Algumas das características importantes observadas na mata nativa, com vistas à

otimização da recarga do aqüífero e o conseqüente fluxo das nascentes, podem ser as atenuações

do impacto das gotas da chuva pelo dossel, e a presença de um sistema radicular bem

desenvolvido. Tais condições estabilizam o solo e o mantém com boas características de infiltração

e recarga.

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51

2.3.4.6. Qualidade dos recursos hídricos superficiais na sub-bacia hidrográfica do Córrego da Lavrinha

A figura 42 apresenta o mapa da sub-bacia hidrográfica do Córrego da Lavrinha, com o

modelo digital de elevação, os pontos de amostragem de qualidade da água, a localização dos

usuários de água e a hidrografia da área.

Figura 42: Sub-bacia hidrográfica do córrego da Lavrinha, pontos de amostragem de qualidade da água, usuários de água,

hidrografia e modelo digital de elevação.

O ponto BO–01 encontra-se na cabeceira da área, a paisagem no entorno do mesmo é

mata nativa.

O ponto BO–02 encontra-se na Fazenda Lavrinha, tendo, na margem direita, a ocupação

por pastagem e, na margem esquerda, por mata.

A regeneração natural e a mata nativa compõem a paisagem do entorno do ponto BO–03.

O ponto BO–04 localiza-se numa área de predominância de mata na margem esquerda e

de pasto na margem direita.

Os pontos BO–05 e BO–06 encontram-se sob ocupação, por vegetação de várzea.

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O ponto BO–06 localiza-se na seção controle da sub-bacia, onde o córrego encontra o Rio

Grande (Pinto, 2007).

• Índice de Qualidade da Água (IQA)

O Índice de Qualidade de Água adotado por Pinto (2007), foi o proposto pelo IGAM, sendo

calculado com base nos parâmetros: OD, coliformes fecais, pH, DBO, NO3-, PO4, temperatura,

turbidez e sólidos totais, conforme apresentado na figura 43.

Nível de Qualidade Faixa Excelente 90 < IQA ≤ 100

Bom 70 < IQA ≤ 90

Médio 50 < IQA ≤ 70

Ruim 25 < IQA ≤ 50

Muito ruim 0 < IQA ≤ 25 Figura 43: Classificação do nível de qualidade da água conforme valores de IQA.

O IQA calculado para a sub-bacia hidrográfica do ribeirão Lavrinha é apresentado na

figura 44.

IQA-(IGAM) Data de

amostragem 01 02 03 04 05 06

10/05/06 67,41 64,71 64,44 63,56 57,41 50,89

03/07/06 95,52 95,08 93,87 92,25 95,02 91,72

07/08/06 94,78 71,25 70,79 70,60 73,19 69,15

17/09/06 72,47 62,41 68,99 66,78 66,58 62,38

22/10/06 71,61 71,24 68,57 56,97 59,96 61,77

03/12/06 69,54 69,85 68,20 60,74 59,74 55,10

07/01/07 76,53 75,13 70,86 69,51 68,04 68,95

MÉDIA 78,26 72,81 72,25 68,63 68,56 65,71 Figura 44: Índice de Qualidade da Água nos pontos de amostragem na sub-bacia hidrográfica do ribeirão Lavrinha, durante

o período de monitoramento (Pinto, 2007).

Analisando a figura 44, nota-se que o comportamento do IQA no mês de julho foi

excelente, tendo uma variação de 91,72 (ponto 06) a 95,52 (ponto 01). Estes altos índices estão

ligados à ausência de coliformes fecais neste período, pois este parâmetro, representa 17 % no

calculo do IQA. Uma possível causa da ausência de coliformes fecais é a rotatividade do gado nas

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53

pastagens e o baixo índice pluviométrico nesta época do ano na região, não ocasionando, portanto

o escoamento superficial direto (Pinto, 2007).

Os valores inferiores de IQA foram verificados na amostragem do mês de maio, variando

entre 50,89 (ponto 06) a 67,41 (ponto 01). No momento desta amostragem, ocorria chuva e o

escoamento superficial era nítido, fato que influenciou nos resultados obtidos, elevando os valores

de coliformes, sólidos totais e sólidos totais dissolvidos.

Nota-se que, a partir do mês de outubro, quando as precipitações ficam mais freqüentes na

região, a qualidade da água sofre uma degradação. O efeito de diluição pela água da chuva não

ocorreu, o que pode estar relacionado com o fato de o escoamento superficial direto transportar

material orgânico e inorgânico, presente nas pastagens para dentro do ribeirão. Portanto, o efeito

transportador do deflúvio foi maior que o de diluição (Pinto, 2007).

Do mês de setembro a janeiro, o IQA variou de 56,97 a 72,42, enquadrando-se em nível

médio a bom de qualidade. O parâmetro coliformes fecais foi decisivo nos resultados de IQA,

elevando-o quando este parâmetro apresenta mínimas concentrações e baixando-o quando as

concentrações apresentaram-se elevadas. As elevadas concentrações de coliformes fecais

coincidem com períodos de chuva na região, sendo o escoamento superficial direto o responsável

pelo transporte do material fecal para as águas do ribeirão. As atividades de pecuária representam

grande risco a qualidade de corpos d’água, quando nestas não são adotadas práticas de manejo

conservacionistas (terraços, aração em nível, instalação de bebedouros fora de APP) elevando os

valores de DBO e coliformes fecais (Pinto, 2007).

Segundo Pinto (2007), na média, o IQA apresentou-se de nível bom, da cabeceira até o

ponto 03 e nível médio do ponto 04 até a seção controle, sendo o parâmetro coliforme o que mais

interferiu no cálculo do índice de qualidade da água.

O fato de o IQA ser superior no trecho da cabeceira até o ponto 03 e inferior deste até a

seção controle, está intimamente relacionado com a ocupação do solo. No primeiro trecho, há

predominância de ocupação por mata e regeneração natural, e a mata ciliar está presente nas

margens do ribeirão Lavrinha. Já no segundo trecho, observa-se um domínio das pastagens na

ocupação do solo, mesmo em áreas de preservação permanente (Pinto, 2007).

2.3.4.7. Enquadramento dos recursos hídricos superficiais da sub-bacia do córrego da Lavrinha em classes estabelecidas pela Resolução 357/05 – CONAMA.

A figura 45 apresenta um resumo do enquadramento em classes conforme Resolução

CONAMA 357/05 para cada ponto amostrado, de acordo com Pinto (2007).

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54

Ponto Enquadramento Parâmetro

Violado Uso do solo no entorno do

ponto

01 Classe 3 C. F. Mata nativa

02 Classe 3 C. F. Mata nativa, mata em

regeneração e pastagem

03 Classe 3 C. F. Mata nativa, mata em

regeneração e pastagem

04 Classe 3 C. F. Mata ciliar estreita e pastagem

05 Classe 3 C. F. e O.D. Pastagem

06 Sem

enquadramento

C.F, O.D. e

D.B.O. Várzea e pastagem

C.F. Coliformes fecais, O.D. Oxigênio dissolvido, D.B.O. Demanda bioquímica de oxigênio

Figura 45: Resumo do enquadramento, de cada ponto amostrado na sub-bacia hidrográfica do córrego da Lavrinha, em

classes da Resolução CONAMA 357/05.3

Do ponto 01 ao ponto 04, a maioria dos parâmetros apresentaram-se dentro dos limites da

classe 1, exceto coliformes fecais, que violaram a classe 2 em uma amostragem, fazendo com que

o ponto de cabeceira e o ponto 04 se enquadrassem na classe 3. Os valores de coliformes fecais

variaram de 0 a 4.500 NMP/100 ml, sendo que a Resolução CONAMA 357/05 estabelece o limite

de 200 coliformes em 80% ou mais de, pelo menos 6 amostras coletadas bimestralmente ao longo

do ano, para a classe 1 e de 1.000 coliformes para a classe 2.

O ponto 05 também foi enquadrado na classe 3, devido ao mesmo problema anterior, ou

seja, os coliformes fecais foram determinantes no enquadramento. O oxigênio dissolvido

apresentou valores abaixo de 6 mg L-1 (5,45mg L-1 amostragem do dia 03/12/2006), sendo o limite

da classe 1 estabelecido pela Resolução não inferior, em nenhuma amostra, a 6 mg L-1, fazendo

com que este parâmetro levasse o enquadramento em classe 2. Porém, foram encontrados valores

de até 2,5x104 NMP/100 mL para o parâmetro coliformes fecais, fazendo com que o ponto se

enquadre na classe 3.

Na seção controle da sub-bacia, onde o córrego deságua no rio Grande (ponto 06), foram

encontrados valores de DBO acima de 3 mg L-1 (3,3 mg L-1 amostragem do dia 10/05/2006), OD

3 De acordo com o Art. 4º da a Resolução CONAMA 375/05: “(...) IV - classe 3: águas que podem ser destinadas: a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou avançado; b) à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras; c) à pesca amadora; d) à recreação de contato secundário; e e) à dessedentação de animais. (...)”

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55

abaixo de 6 mg . L-1 (5,35 mg L-1 e 5,24mg L-1 nas amostragens dos dias 03/12/2006 e 07/01/2007

respectivamente) o que enquadraria o curso d’água neste ponto na classe 2. Porém encontraram-

se valores de coliformes fecais de até 4,5x104 NMP/100 ml (amostragem do dia 10/05/2006),

impedindo o enquadramento do curso d’água neste ponto mesmo na classe 3.

Como se pode observar, o parâmetro coliformes fecais foi determinante no

enquadramento, reduzindo em alguns pontos, de classe 1 para a classe 3, em outros de classe 2

para classe 3 e em um caso, impossibilitando o enquadramento em qualquer classe. Assim, diante

dos resultados apresentados neste estudo, Pinto (2007) apresenta as principais conclusões:

a) A pecuária extensiva, juntamente com o baixo nível tecnológico empregado nesta atividade

foram determinantes no nível da qualidade da água, concorrendo para a elevação dos

valores de coliformes fecais e DBO.

b) A presença da mata nativa, de mata em processo de regeneração e nas áreas ciliares,

explicam o melhor nível da qualidade da água num dos pontos estudados.

c) Práticas de manejo sustentável fazem-se necessárias na sub-bacia hidrográfica para

reduzir os problemas relacionados à poluição hídrica.

Como sugestão para minorar os problemas de qualidade da água na sub-bacia

hidrográfica, o autor sugere:

• Adoção de práticas de conservação do solo e da água;

• Recuperação da vegetação ciliar;

• Isolamento das nascentes, construção de bebedouros para o gado, a fim de minimizar o

pisoteio próximo as nascentes e nas margens dos drenos;

• Rotação de pastagens;

• Construção de tanques de decantação para os efluentes oriundos dos currais e reutilização

deste material como fertilizante na agricultura.

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56

2.4 POSSIBILIDADES DE CONECTIVIDADE

A RPPN Ave Lavrinha faz parte de um mosaico de fragmentos florestais remanescentes de

um modelo de ocupação do solo onde, nas faces onde bate mais sol, as “soalheiras”, a vegetação

foi substituída por pastagens; e, nas faces mais sombreadas, ou, “noruega”, a vegetação arbórea

foi poupada de corte raso. A RPPN, por estar numa dessas faces sombreadas, permaneceu

preservada formando um contínuo de mata juntamente com os remanescentes das propriedades

vizinhas.

Os fragmentos que ainda permanecem nas faces sombreadas muitas vezes estão

conectados uns aos outros, formando corredores ecológicos. A RPPN tem conexão com

fragmentos em seu entorno, funcionando, possivelmente, como um corredor.

Atualmente, no entanto, em virtude da subdivisão das propriedades no entorno da Fazenda

Lavrinha, mesmo a face sombreada tem sido alvo de desflorestamento para formação de

pastagens, e quando sem sucesso econômico, substituidas pela plantação de eucaliptos.

2.4.1. Unidades de Conservação na região da RPPN Ave Lavrinha

Na região do entorno da RPPN há Unidades de Conservação, algumas das quais

pertencem ao Mosaico da Mantiqueira. Elas estão descritas a seguir.

Área de Proteção Ambiental da Serra da Mantiqueira

A APA Federal da Serra da Mantiqueira, criada através do Decreto no 91.304 de 03 de

junho de 1985, com área total de 422.873ha, abrange, total ou parcialmente o território de 28

municípios nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, apresentando duas

subdivisões principais: a primeira corresponde aos municípios das vertentes do Vale do Paraíba e

a segunda ao Sul de Minas Gerais. A sub-região do Vale do Paraíba apresenta altos índices de

urbanização, economia diversificada com significativa presença de indústrias e rendas médias

maiores e melhor distribuídas. A região Sul de Minas caracteriza-se por uma realidade

predominantemente rural, com economia pouco diversificada e padrões de renda relativamente

mais baixos.

Dentre os municípios que fazem parte da APA Serra da Mantiqueira, em sua porção

mineira, encontra-se o município de Bocaina de Minas, onde está localizada a RPPN Ave Lavrinha.

O município de Bocaina de Minas tem a totalidade do seu território dentro do perímetro da APA

Serra da Mantiqueira.

A sede administrativa da APA Serra da Mantiqueira está localizada no município de

Itamonte – MG e o ICMBio é o responsável pela gestão da unidade.

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57

Área de Proteção Ambiental do Francês

A APA do Francês foi criada no município de Carvalhos-MG pela Lei Municipal no 1.041 de

29 de outubro de 2001 com objetivo de conservar a biodiversidade, os recursos hídricos e

promover o desenvolvimento sustentado. Com área total 18.309,24ha, a APA do Francês abrange

a região das cabeceiras do córrego do Francês na divisa de Carvalhos com Aiuruoca e Bocaina de

Minas, sendo limítrofe também à RPPN Ave Lavrinha. A Prefeitura Municipal de Carvalhos é a

responsável pela gestão desta UC.

Parque Nacional de Itatiaia

O Parque Nacional de Itatiaia, primeira Unidade de Conservação brasileira, foi criado em

1937 através do Decreto no 87.586 de 20 de setembro, com o propósito de incentivar a pesquisa

científica e oferecer lazer às populações urbanas. A proposta foi feita inicialmente pelo botânico

Alberto Löfgren. Apesar da ampliação de sua área em 1982 (de 120 Km2 para 300 km2), do

crescimento do movimento ambientalista e da busca da população por lugares de lazer e descanso

junto à natureza, a situação do Itatiaia, como da maioria dos Parques Nacionais do país, é

precária, pois além do ainda não resolvido problema de regularização fundiária, faltam

infraestrutura, recursos humanos e financeiros para sua manutenção.

O acesso até a sede administrativa do Parque Nacional de Itatiaia é feito pelo município de

Itatiaia – RJ, e o ICMBio é o responsável pela gestão desta UC.

Parque Estadual da Serra do Papagaio

Criado através do decreto Estadual no 39.793 de 1998 o Parque Estadual da Serra do

Papagaio tem área aproximada de 22.917 ha abrangendo terras dos municípios de Aiuruoca,

Alagoa, Baependi, Itamonte e Pouso Alto. Interliga-se, geograficamente, com a porção norte do

Parque Nacional do Itatiaia, permitindo uma proteção mais efetiva da flora e da fauna, por compor

um conjunto montanhoso contínuo, legalmente preservado. O IEF-MG é o órgão gestor da

Unidade.

RPPN da Mitra do Bispo

A RPPN da Mitra do Bispo, de propriedade do Sr. Carlos Simas, foi reconhecida pelo

IBAMA através da Portaria Normativa No 97 de 1999. Com área aproximada de 35ha, está

localizada no município de Bocaina de Minas, na divisa com Alagoa e Aiuruoca. Esta RPPN

protege um importante remanescente de Floresta Ombrófila Alto-Montana em altitudes que variam

de 1.800m a 2.000m de altitude.

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58

CAPÍTULO 3 - PLANEJAMENTO

3.1. ANÁLISE ESTRATÉGICA

3.1.1. DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO E ANÁLISE ESTRATÉGICA

A presente etapa do Plano é uma análise da situação geral da RPPN em relação aos

fatores, tanto internos quanto externos, que a impulsionam, ou que dificultam que os objetivos para

os quais ela foi criada sejam alcançados. Os fatores endógenos que constituem o cenário interno

da reserva foram caracterizados como “pontos fortes” e “pontos fracos” e condicionam seu manejo.

Os fatores do cenário externo são caracterizados como “oportunidades” e “ameaças” e auxiliam ou

dificultam o alcance de seus objetivos.

Os principais resultados da análise situacional estratégica da RPPN são:

Forças Restritivas

AMBIENTE INTERNO AMBIENTE EXTERNO TEMAS ANALISADOS

PONTOS FRACOS AMEAÇAS

Meio Biótico

Baixa diversidade de espécies florestais dadas as carcterísticas do meio físico (declividade e altitude)

Historico de forte pressão sobre a fauna, nos anos anteriores à aquisição da área

Pesquisa científica da Fauna e Flora ainda incipiente

Caça eventual Costume de cães nas casas Ausência de cerca na divisa do alto e a invasão de bovinos da propriedade vizinha

Perigo de fogo eventual originado pela queima das pastagens nativas da propriedade vizinha (alto)

Meio Físico Solos rasos com forte declividade Trilhas instáveis e frágeis devido à

declividade e ao tipo de solo

Erosão em áreas contíguas Dificuldade de acesso aos pesquisadores

Pressão Antrópica

Vizinhos temem maior fiscalização na região em virtude da existência da RPPN

Tradicional concepção da mata e capoeira como “sujo” x pastagem como “limpo”

Costume, por parte da população local, de praticar a caça eventual para consumo (jacu, paca) ou animais de companhia (trinca-ferro, coleirinho)

Costume de proprietários do entorno (divisa do alto) de renovar pastagens com uso do fogo

Proteção

Declividade alta e dificuldade de manutenção irregular das trilhas dificultam também acesso no caso de emergência

Inexistência de um programa sistemático e organizado de prevenção e combate aos incêndios com pessoal qualificado e equipamentos

Ausência de aceiro ou outra medida preventiva para evitar fogo na RPPN, sobretudo em sua divisa mais fragil, a do alto

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59

AMBIENTE INTERNO AMBIENTE EXTERNO TEMAS ANALISADOS

PONTOS FRACOS AMEAÇAS

Pesquisa

O conhecimento sobre os recursos naturais da RPPN e do seu entorno ainda é incipiente e insuficientemente debatido e divulgado

Ausência de norma de conduta explicita para os pesquisadores que transitam na área

Ausência de controle sobre o fluxo de pesquisadores que desenvolvem trabalho na RPPN

A articulação com a UFLA está condicionada a presença do assessor técnico

Devolução de resultados das pesquisas para a proprietária e comunidade ainda é insuficiente

Há proprietários no entorno insatisfeitos com a presença dos pesquisadores em suas propriedades

Publicação de pesquisas realizadas na área sem referência à RPPN

Impacto sócio-ambiental das práticas dos pesquisadores, muitos deles ainda jovens e sem formação especifica para a questão

Educação Ambiental

Ausência de pessoas disponiveis na equipe para ações de educação ambiental amplas: as atividades de educação ambiental se restringem ao relacionamento com os funcionários da RPPN e alguns moradores do entorno;

A população do entorno apresenta baixa motivação e tempo limitado para as ações de educação ambiental pretendidas, uma vez que se sente conhecedora da região

Gestão

Baixa institucionalização da reserva Não há estrutura de gestão formal

definida para a RPPN As ações de gestão são realizadas

pela proprietaria e familiares a partir da experiência acumulada em outros contextos e pelos funcionarios da RPPN, de forma empírica

Ritmo de visitas da proprietária e familiares é irregular, sendo os funcionários os principais co-responsáveis pela gestão/ administração

Comunicação Externa

Poucas atividades organizadas de debate e divulgação dos objetivos da RPPN com a comunidade da Lavrinha

Conhecimento não explicitado sobre a função e objetivos da RPPN pela comunidade da Lavrinha; tendencia a percebe-la como ameaça às suas praticas agropecuarias tradicionais.

Não há atividades de comunicação externa

Conflitos de interesses e perspectiva entre a RPPN e o entorno

Pouca participação da comunidade e de orgãos e entidades ambientais nas etapas atuais de gestão

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AMBIENTE INTERNO AMBIENTE EXTERNO TEMAS ANALISADOS

PONTOS FRACOS AMEAÇAS

Infraestrutura

Não há linha de telefone na Fazenda Lavrinha, nem internet

O uso do celular é possivel em alguns trechos mais altos da fazenda

A luz elétrica provém de gerador movido a água e está sujeita a oscilações, podendo provocar danos a equipamentos eletro-eletrônicos

Falta sinalização do acesso para quem vem de Santo Antônio e de Liberdade

Comunicação vulnerável em caso de emergência

Desenvolvimento Local

A RPPN e a fazenda estão relacionadas à regeneração da capoeira/floresta e à proteção da fauna, e a algumas atividades de subsistência dos funcionarios, vizinhos, como horta, pomar, roça, criação de animais, sem cunho econômico.

Percepção errônea da RPPN como barreira ao desenvolvimento econômico local, e motivadora de maior fiscalização por parte dos orgãos IBAMA e IEF

Forças Impulsoras

AMBIENTE INTERNO AMBIENTE EXTERNO TEMAS ANALISADOS

Pontos Fortes Oportunidades

Meio Biótico

A RPPN abriga espécies de aves ameaçadas, vulneráveis ou raras no Estado.

Possibilidade de aumento da biodiversidade após a aquisição da área e a criação da reserva.

A área da Reserva é cercada por mata, com exceção da divisa norte (alto da serra) que tem pastagens

Houve redução gradual da pressão de caça em virtude da crescente fiscalização e também pela presença de um novo modelo de uso definido na propriedade e na Reserva

A heterogeneidade de ambientes (floresta densa, regeneração, borda e escarpas rochosas) propicia, potencialmente, maior riqueza de espécies

Preservação de fragmento de Floresta Ombrófila Densa Alto-Montana e a biodiversidade associada

Conectividade da RPPN a outros fragmentos florestais do entorno favorece o fluxo gênico

Meio Físico

As escarpas da RPPN apresentam grande beleza cênica

Relevo favorece a proteção contra o fogo e contra o desmatamento

Elevada captação de água e recarga das nascentes

Existência de diversas nascentes Elevada vazão das nascentes

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AMBIENTE INTERNO AMBIENTE EXTERNO TEMAS ANALISADOS

Pontos Fortes Oportunidades

Situação Fundiária

Limites da RPPN e da propriedade estão georreferenciados

Acordo vindo de tradição oral dos limites da propriedade com vizinhos

Bom relacionamento com vizinho.

Pressão Antrópica

Inexistência de infraestrutura e ocupação humana acima da reserva

Vizinhos próximos respeitam a opção da proprietária pela preservação da área

Difusão de tecnologias e práticas conservacionistas de produção para a comunidade do entorno pode diminuir pressão antrópica na RPPN e no seu entorno

Proteção

A proprietária e seus familiares, junto aos funcionários, já desenvolvem, de forma espontânea e empirica, ações de proteção e fiscalização

Matas que constituem parte das propriedades limítrofes (à esquerda e à direita) e a regeneração dentro da própria Fazenda Lavrinha servem como zona tampão

Operações de fiscalização realizadas pela APA Serra da Mantiqueira e polícia ambiental inibem ações clandestinas na região

Boa articulação com outras UCs do Mosaico Mantiqueira realizadas pelo técnico que coordena as atividades relacionadas à RPPN.

Boa interação com a comunidade e vizinhos pode ajudar, em caso de convocação de emergência

Parque Estadual da Serra do Papagaio e IEF-MG podem apoiar em situações de emergência

Pesquisa

Ambiente atrativo para pesquisas científicas relacionadas aos meios físico e biótico.

Parceria com a Univ. Federal de Lavras e possibilidade de outras parcerias.

Existência de infraestrutura de apoio a pesquisadores (alojamentos).

Fluxo permanente de estudantes e pesquisadores com potencial de aumentar.

Possibilidade de ampliação da parceria com a UFLA através do contato com docentes de outras áreas do conhecimento

Possibilidade de parceria com outras instituições educacionais de nível superior da região

Possibilidade de identificação de plantas ou animais endêmicos e ameaçados de extinção

A existência de dados sobre a hidrologia e o clima da sub-bacia da Lavrinha pode subsidiar ações de conservação.

Atividades de pesquisa tem potencial para modificar positivamente o ambiente de conservação externo.

Educação Ambiental

Corpo técnico qualificado, com grande experiência anterior, para fomento e desenvolvimento de projetos e ações de educação ambiental

Infraestrutura adequada no entorno para ações de educação ambiental

Possibilidade de utilização da infraestrutura da Fazenda Lavrinha e alguns de seus recursos humanos especializados para atividades de sensibilização da comunidade do entorno

Possibilidade de utilização da infraestrutura da Fazenda Lavrinha para atividades capacitação de professores do município

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AMBIENTE INTERNO AMBIENTE EXTERNO TEMAS ANALISADOS

Pontos Fortes Oportunidades

Gestão

Motivação e experiência organizacional da proprietária e de seus familiares e amigos por seu historico de coordenação de ONG indigenista, a Comissão Pro-Indio do Acre, cujo trabalho sócio-ambiental e de educação é reconhecido nacionalmente

Existe um sistema de gestão estabelecido desde a aquisição da fazenda que se estende a RPPN

Processo de implementação da Associação Ave Lavrinha, que visa aumentar e favorecer as parcerias e a institucionalização das ações sem a perda de seu caráter criativo e culturalmente adequado

Criação de uma associação para gerenciar a RPPN com vistas a seu desenvolvimento e ampliação de médio e largo prazo

Gestão Financeira

Disponibilidade de recursos próprios da proprietaria para a gestão, independente de apoio externo

Sustentabilidade gradual a ser alcançada junto a criação e implementação das atividades da Associação Ave Lavrinha, a ser criada no primeiro semestre de 2009.

Possibilidade de desenvolvimento institucional sustentado de médio e largo prazo, assim como de captação de recursos externos complementares para ampliação do escopo das ações.

Comunicação externa

Os funcionarios da RPPN e vizinhos mantém forte relação de compadrio e parentesco e há grande circulação de informações entre eles

A proprietária, familiares e amigos mantém relações de amizade e boa vizinhança com a população da Comunidade da Lavrinha há mais de duas décadas

Potencial de internalização e compreensão progressiva por parte dos moradores dos objetivos da RPPN, com envolvimento gradual em suas atividades e da Associação

Infraestrutura

A RPPN dispõe, no seu entorno imediato, na Fazenda, de espaços administrativos e de documentação e pesquisa.

A Fazenda Lavrinha disponibiliza de varias alternativas de alojamento para pesquisadores

A Fazenda Larinha apresenta potencial de crescimento e melhoria de sua infraestrutura e dos serviços com a chegada da luz eletrica e a aquisição de novas glebas e residencias

Desenvolvimento Local Geração de emprego na Fazenda e

na RPPN e fomento de alternativas para usos sustentaveis das áreas do entorno e da propria fazenda

Fomento de política pública local e regional que auxiliem na conservação da biodiversidade conciliada ao desenvolvimento local

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3.1.2. OBJETIVOS GERAIS DE MANEJO

a) Preservar a diversidade biológica de um remanescente de Floresta Ombrófila Alto-

Montana;

b) Proteger nascentes da bacia hidrográfica do córrego da Lavrinha;

c) Incentivar a pesquisa científica aplicada a fins sociais e educacionais em Bocaina de Minas

e região.

d) Favorecer uma politica publica de cunho socioambiental no municipio, integrando-a às

praticas produtivas tradicionais da população local

3.1.3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE MANEJO

a) Proteção de espécies endêmicas, raras, vulneráveis ou quase ameaçadas de extinção tais

como: canelas (lauráceas), xaxim (Dicksonia sellowiana), bugio (Allouatta fusca), sauá

(Callicebus personatus), choquinha-da-serra (Drymophila genei), pinto-do-mato (Hylopesus

nattereri), estalinho (Phylloscartes difficilis) e cigarra-verdadeira (Sporophila falsirostis),

dentre outras de possível ocoerrência;

b) Contribuição para o desenvolvimento regional, incentivando a adoção de práticas

conservacionistas de manejo da propriedade rural e da biodiversidade nela existente;

c) Valorização da RPPN junto à população da Lavrinha e região, através do desenvolvimento

de atividades de educação ambiental em dois âmbitos: formal, incluída no currículo de

ciências/geografia/etc, no ensino municipal (fundamental e médio); e informal, junto à

população local (eventos e encontros para difusão do conhecimento e do saber).

3.1.4. NORMAS GERAIS

A execução das ações de manejo e o funcionamento geral da RPPN Ave Lavrinha podem

ser orientados por meio do estabelecimento de um conjunto de normas e regras. Estas devem ser

seguidas pelos usuários da Fazenda Lavrinha e debatidas, avaliadas e replanejadas, quando

necessário.

Assim, em relação às normas gerais definidas para a RPPN fica estabelecido que:

a) Toda e qualquer atividade desenvolvida na Reserva deve estar de acordo com os

princípios definidos pelo SNUC;

b) As atividades não constantes no Plano de Manejo, mas que necessitam ser realizadas,

devem ser submetidas à aprovação prévia dos proprietários, em conjunto com os

funcionários da RPPN;

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c) Fica proibida a entrada e permanência de pessoas que ameacem a Reserva e seus

habitantes, pelo uso de armas, materiais ou instrumentos destinados à caça, ao corte de

vegetação e outros; e que coloquem em risco a fauna, flora, ou os visitantes e funcionários

da reserva;

d) É expressamente proibido o abandono de lixo não orgânico, detritos de qualquer natureza

ou quaisquer outros materiais que comprometam a integridade paisagística e sanitária da

área;

e) Deve ser evitada a entrada ou permanência de cães e outros animais domésticos no

interior da RPPN;

f) Não é permitida a introdução de espécies exóticas da fauna e da flora;

g) Toda a infraestrutura instalada na RPPN Ave Lavrinha deve ser projetada de forma a

harmonizar-se com a paisagem natural e limitar-se às estritamente necessárias ao seu

manejo;

h) A sinalização deve ser de fácil leitura e harmônica com o ambiente natural.

i) A abertura de trilhas é permitida quando comprovada sua necessidade e viabilidade

técnica e desde que aprovada pela proprietaria e/ou a administração da Reserva;

j) Os acampamentos no interior da RPPN somente são permitidos para atividades de

monitoramento e proteção da área; e, em casos excepcionais de pesquisa científica,

previamente autorizados pela proprietaria e/ou a administração da Reserva e seguindo

normas rígidas de mínimo impacto;

k) Não é permitido acender fogueiras no interior da RPPN;

l) As atividades de pesquisa somente serão realizadas mediante autorização da proprietária;

m) As pesquisas devem ser orientadas para uma dimensão educacional e aplicada a ser

definida no escopo dos acordos entre pesquisadores-orientador e a gerência da RPPN.

n) Os funcionários da RPPN serão capacitados para o exercício de suas funções específicas,

bem como para receber e compreender informações gerais sobre a conservação dos

recursos naturais e o manejo de áreas silvestres.

3.2. ZONEAMENTO

O zoneamento é uma técnica de ordenamento territorial, usada para atingir melhores

resultados no manejo de uma Unidade de Conservação. Ele estabelece usos diferenciados para

cada espaço, segundo seus objetivos, suas potencialidades e as características encontradas no

local. Identificando e agrupando áreas com as qualificações citadas, estas áreas vão constituir

zonas específicas, que passam a ter normas próprias. Dessa forma, o zoneamento torna-se uma

ferramenta essencial na gestão da RPPN Ave Lavrinha.

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Para a escolha do número e dos nomes para zonas na RPPN Ave Lavrinha, considerou-

se:

a) O objetivo geral da RPPN: a conservação da diversidade biológica;

b) Os usos permitidos na RPPN: a pesquisa e a educação;

c) As situações que podem ocorrer em uma RPPN;

d) A simplificação das zonas para o plano de manejo, afim de facilitar a compreensão e o

domínio do tema pelos funcionários;

e) A infraestrutura administrativa situada externamente ao perímetro da RPPN;

f) Os anseios da proprietária, seus familiares, amigos e funcionários de que não seja

desenvolvida atividade de visitação pública com fins de turismo;

Foram, então, definidas três zonas para a RPPN Ave Lavrinha:

a) Zona Silvestre; b) Zona de Proteção; e c) Zona de Recuperação.

3.2.1. ZONA SILVESTRE

A Zona Silvestre (Figuras 46, 47 e 48) foi definida considerando-se o grau de conservação

da vegetação, a dificuldade de acesso e a fragilidade ambiental, em virtude da forte declividade da

área.

Os limites desta zona são: à esquerda, o córrego do Palhaço; à direita, o córrego do São

Bento, na divisa com herdeiros de José Vicente Dias, no alto, a divisa norte da reserva (crista da

serra), e, na parte baixa, o limite inferior da RPPN dentro da Fazenda Lavrinha (gleba da casa

vermelha) (Figura 49).

Figuras 46, 47 e 48: Vista geral da RPPN e interior da reserva

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Figura 49: Zona Silvestre

Objetivos

a) Proteger a biodiversidade local;

b) Proteger as nascentes da Fazenda Lavrinha;

c) Possibilitar atividades de pesquisa científica que forneçam informações para ampliar o

conhecimento sobre os recursos naturais da RPPN e subsidiar o seu manejo;

Normas/ações

a) As atividades permitidas nessa zona são a fiscalização, a pesquisa científica e a visitação

restrita;

b) É permitido apenas o acesso ao Pico do Ouro e à cachoeira da divisa (Figuras 50 e 51);

c) As pesquisas científicas deverão ser previamente autorizadas pelos proprietários e as

coletas de material biológico pelos órgãos competentes;

d) A abertura de trilhas somente poderá ocorrer, seja para fins de fiscalização, pesquisa ou

monitoramento, com autorização prévia dos proprietarios, ou pela administração da RPPN,

considerando-se a mínima intervenção possível;

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e) Deve-se criar sistemática semestral de manutenção das trilhas de acesso ao Pico do Ouro

e à cachoeira da divisa;

f) Deverá ser implantada infraestrutura para minimizar os impactos antrópicos e aumentar a

segurança de funcionários e pesquisadores em pontos críticos das trilhas;

g) As trilhas deverão ser sinalizadas com pequenas placas, com adesivos refletores, de modo

a auxiliar as pessoas que, por ventura, transitem na área à noite;

Figuras 50 e 51: Pico do Ouro e Nilo S Jardim na Cachoeira da divisa

3.2.2. ZONA DE PROTEÇÃO

A Zona de Proteção da RPPN Ave Lavrinha corresponde à área situada desde o córrego

da Pedra Lavada, na divisa com José Roberto Dias, até o córrego do Palhaço. Ao norte, a zona de

proteção tem seus limites na divisa da propriedade; e, ao sul, onde se inicia a Zona de

Recuperação (Figuras 52, 53, 54 e 55).

A Zona de Proteção é cortada pela trilha que dá acesso a divisa no alto da serra.

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Figura 52: Zona de Proteção

Figuras 53, 54, 55: Vista geral, ambiente interno e aricanga (Geonoma schottiana).

Objetivos

a) Oferecer oportunidade aos visitantes convidados de conhecer a RPPN Ave Lavrinha e seu

entorno, permitindo um contato direto com a natureza por meio da trilha que dá acesso à

divisa norte;

b) Possibilitar a pesquisa científica;

c) Possibilitar a fiscalização e monitoramento da RPPN.

Normas

a) As atividades humanas permitidas nessa zona são a fiscalização, proteção, pesquisa

científica e visitação por amigos e convidados da proprietária da RPPN;

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b) A visitação de amigos ou convidados só será permitida com acompanhamento dos

proprietários ou de funcionários da RPPN;

c) As trilhas deverão ser sinalizadas com pequenas placas com adesivos refletores, de modo

a auxiliar as pessoas que, por ventura, transitem na área à noite;

d) Deverá ser implantada infraestrutura para minimizar os impactos antrópicos e aumentar a

segurança de funcionários e pesquisadores em pontos críticos das trilhas;

3.2.3. ZONA DE RECUPERAÇÃO

É uma zona constituída de área significativamente alterada pela ação humana, de caráter

provisório. Esta zona terá sua área totalmente incorporada à zona de proteção ou à zona silvestre,

à medida que a recuperação vá sendo alcançada.

A Zona de Recuperação tem seus limites na divisa com José Roberto Dias, na divisa

inferior da RPPN, na margem direita do córrego do Palhaço e e no limite inferior da Zona de

Proteção (Figura 56, 57, 58 e 59).

Desde o ano de 1999, essa gleba não é roçada, possibilitando a regeneração natural da

área.

Figura 56: Zona de Recuperação

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Figuras 57: Vista geral da Zona de Recuperação

Figuras 58, 59: candeia (Eremanthus erythropappus) e arbustos floridos

Objetivo

a) Propiciar a regeneração da vegetação de uma área de terra que havia sido desmatada

com fins de agricultura, anteriormente à aquisição da propriedade e à criação da RPPN;

Normas

a) O processo de recuperação deve continuar a se desenvolver por meio da regeneração

natural;

b) No manejo, não será permitida a introdução de espécies florestais exóticas;

c) As pesquisas científicas poderão ser executadas desde que compatíveis com o objetivo de

manejo.

d) A abertura de trilhas somente poderá ocorrer para fins de pesquisa ou monitoramento, com

autorização prévia da administração da RPPN, considerando a mínima intervenção

possível;

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3.2.4. ZONA DE TRANSIÇÃO

A zona de transição situa-se ao longo de toda a divisa norte com largura de 5 metros

(Figura 60). Essa medida foi fixada levando em conta que o limite norte da RPPN fica no divisor de

águas da serra da aparecida e a declividade desse ponto para o interior da reserva é um fator que

protege a vegetação de fatores externos como o fogo.

Figura 60: Zona de Transição

Figuras 61, 62: Vistas gerais das pastagens existentes no limite norte da RPPN

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Objetivo

a. Proteger a vegetação da RPPN contra ameaças externas como fogo e a entrada de

bovinos;

Normas

a) Deverá ser feito e mantido um aceiro ao longo da divisa norte com objetivo de evitar que

incêndios danifiquem a vegetação;

b) Deve ser construída uma cerca ao longo da divisa norte para evitar a entrada de bovinos

na área;

c) Devem ser mantidas placas indicativas da Reserva em pontos estratégicos ao longo da

divisa.

3.3. PROGRAMAS DE MANEJO

Os programas de manejo englobam cada atividade desenvolvida na RPPN. Consistem na

definição de ações que podem ser gerais ou por áreas. As ações gerais são aquelas que se

aplicam a toda a RPPN, que, pelo seu caráter de abrangência, são aplicadas a todas as zonas da

UC. Incluem ações e recomendações que têm interface com a propriedade, quando for o caso, e

com a área do entorno, no que couber. Cada programa inclui atividades e normas.

Para tornar o plano de manejo mais simples, foram definidos cinco temas para os

programas, que serão adotados de acordo com os usos pretendidos para a RPPN:

1) administração;

2) proteção e fiscalização;

3) pesquisa e monitoramento;

4) educação ambiental

5) sustentabilidade econômica;

6) comunicação.

3.3.1. PROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO

Objetivos

a) Coordenar as ações necessárias à implementação do Plano de Manejo

b) Implementar o Plano de Manejo da RPPN Ave Lavrinha, conforme estabelecido

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c) Identificar, selecionar e sistematizar as informações geradas para estudos, análises e

revisões

Figura 63 (esq.): Branca Medina, Marco A. Fontes, Vicente Costa e Alessandro Costa na divisa do alto da RPPN

Figura 64 (dir.): Julieta Freschi e Branca Medina

Atividades

a) Implantar um sistema de gestão para a Reserva, que funcione independentemente da

Fazenda Lavrinha: a criação da Associação Ave Lavrinha pretende ajudar a concentrar e

viabilizar a gestão;

b) Capacitar os funcionários e demais interessados para o bom desenvolvimento das

atividades a serem executadas;

c) Estabelecer as prioridades de serviços e/ou ações necessários à implementação do

presente plano;

d) Estabelecer as prioridades de aquisição de equipamentos e/ou materiais necessários à

implementação do presente plano;

e) Organizar num banco de dados os documentos e imagens relacionados à Reserva

f) Fomentar, organizar e manter registro fotográfico periódico da Reserva e seu entorno;

g) Zelar pelo bom estado de conservação da placas de sinalização e demais elementos da

infraestrutura da Fazenda Lavrinha;

h) Manter organizado e catalogado todo o acervo bibliográfico e audiovisual da RPPN;

i) Manter um livro para registro dos pesquisadores ou visitantes da RPPN

j) Instalar um telefone em uma das casa da Fazenda Lavrinha que sirva de unidade de

administração;

k) Atualizar e rever, periodicamente, o Plano de Manejo.

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Normas/Ações

a) A administração da RPPN deve ser realizada pela figura do gerente da Reserva,

acompanhada pelos proprietarios e pela equipe de coordenação da Associação Ave

Lavrinha, seguindo as recomendações da Assembléia Geral da Associação e as normas

estabelecidas pelo presente documento.

b) O gerente da Reserva assim como os associados da Associação Ave Lavrinha são

responsáveis pela implementação e acompanhamento do Plano de Manejo;

c) Intervenções de qualquer natureza no interior da RPPN deverão ser autorizadas

previamente pelos proprietarios e pela gerência da Reserva;

d) As construções necessárias ao bom desenvolvimento da RPPN devem ser implantadas,

prioritariamente, fora do perímetro da reserva e com arquitetura compatível com a cultura

local e o ambiente;

e) Os funcionários da RPPN, inclusive o seu gerente, deverão ser treinados para as suas

novas funções, bem como para receber e incorporar informações gerais sobre

conservação da natureza em unidades de conservação e manejo conservacionista de

propriedades rurais;

f) Todo visitante (amigo, convidado, pesquisador ou outros) deve assinar livro de presença,

registrando as seguintes informações: nome completo, endereço, telefone, e-mail,

instituição a que está ligado, motivo da visita e cidade de origem. Este livro ficará sob

responsabilidade do gerente da Fazenda Lavrinha e deve ser preenchido na chegada à

propriedade;

g) Todo lixo inorgânico (materiais recicláveis, pilhas ou outros rejeitos), trazido por

convidados ou pesquisadores, deve ser levado de volta para cidade a fim de dar o destino

adequado;

h) As placas de sinalização devem seguir um mesmo padrão pré-estabelecido e devem ser

harmônicas com o ambiente natural.

Prioridades

1. Elaborar e implantar um sistema de gestão da Reserva a partir do presente Plano;

2. Criar e registrar a Associação Ave Lavrinha para que se fortaleça o sistema de gestão da

Reserva, independente e complementarmente ao da Fazenda;

3. Estabelecer o organograma administrativo;

4. Implementar um sistema de documentação/registro do conhecimento ja acumulado sobre a

Reserva, reunindo os documentos gerados pelos pesquisadores ou visitantes, os

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resultados de pesquisas, as imagens da formação e da recuperação da mata, a fauna e

flora, entre outros.

3.3.2 PROGRAMA DE PROTEÇÃO E FISCALIZAÇÃO

Objetivos

a) Proteger os recursos naturais da RPPN Ave Lavrinha;

b) Proporcionar segurança aos funcionários, visitantes e pesquisadores;

c) Envolver as propriedades vizinhas, no esforço de proteção do patrimônio natural da

Reserva e seu entorno;

Atividades

a) Estabelecer uma rotina de vistoria na divisa norte da RPPN onde se dão os riscos e

ameaças mais importantes (Figura 65);

b) Elaborar um programa de prevenção e combate a incêndios para a RPPN;

c) Construir cerca de arame ao longo da divisa norte e instalar porteiras nas trilhas de acesso

à reserva para evitar a entrada de bovinos/equinos na RPPN;

d) Manter limpas as trilhas do interior e da divisa norte da RPPN;

e) Manter um aceiro ao longo da divisa norte, numa faixa mínima de 5 metros, para evitar que

focos possíveis de incêndio alcancem a RPPN;

f) Colocar placas proibindo a caça e a coleta de plantas nas entradas da reserva e ao longo

da divisa norte;

g) Manter disponível, como parte da infraestrutura da fazenda, equipamentos de primeiros

socorros e de comunicação (rádio), bem como treinar os funcionários que trabalham na

área para lidar com situações de emergência;

h) Fortalecer a integração com as outras UCs do Mosaico Mantiqueira.

i) Criar estrategias de integração com a comunidade para a proteção da Reserva

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Figura 65: Divisa do alto (norte) da RPPN

Normas/Ações

a) A caça, a coleta de plantas ou de outros materiais biológicos ou minerais são proibidas a

qualquer pessoa e, de qualquer forma, salvo para fins científicos, com a devida autorização

da gerência da RPPN, da proprietária e dos órgãos competentes;

b) Deverão ser mantidos materiais de combate a incêndio em locais de fácil acesso e os

funcionários e outros moradores do entorno deverão ser treinados para a função;

c) Monitorar o uso do fogo nas propriedades do entorno imediato;

d) Estabelecer contato com os proprietários das fazendas que fazem divisa ao norte da RPPN

para obter anuência e/ou parceria para manutenção de aceiro ao longo de toda a divisa;

e) A introdução ou reintrodução de espécies nativas da fauna e flora, somente será

permitida quando autorizadas pelo IBAMA ou IEF; e desde que orientadas por projetos

específicos que incluam o monitoramento, após a implantação ou soltura;

f) Os eventuais restos arqueológicos encontrados da RPPN Ave Lavrinha devem permanecer

na Reserva para estudos e pesquisa histórica ou sereo doadas a instituição especilizada;

g) As manutenção das trilhas deverá seguir normas pré-estabelecidas pela gerência e

administração da RPPN;

h) Qualquer pessoa que adentre na Reserva deverá estar portando rádio de comunicação,

sendo que outro rádio deverá ficar na casa do administrador da Fazenda Lavrinha;

i) Não é permitido o uso de bebidas alcólicas ou de drogas que possibilitem risco aos

indivíduos no interior da RPPN;

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j) Qualquer lixo gerado no interior da RPPN deve ser trazido de volta.

Prioridades

1. Estabelecer uma sistemática de manutenção das trilhas do interior e da divisa norte da

RPPN;

2. Estabelecer contato com os vizinhos da divisa norte para tratar da construção de cerca e

aceiro;

3. Criar um aceiro ao longo da divisa norte.

4. Fortalecer laços institucionais com os orgãos responsáveis pela proteção das UCs da

Mantiqueira

3.3.3. PESQUISA E MONITORAMENTO

Objetivos

a) Aprofundar os conhecimentos sobre os recursos naturais da RPPN Ave Lavrinha, visando

otimizar o manejo da Reserva e do entorno;

b) Aprofundar os conhecimentos sobre a situação sócio-econômica e ambiental da região do

entorno, visando direcionar ações que promovam a integração com a comunidade local e a

discussão e difusão dos conhecimentos gerados pelas pesquisas;

c) Subsidiar politicas de proteção e desenvolvimento sustentável em nivel local e regional;

Atividades

a) Promover convênios com instituições de pesquisa e estimular pesquisadores para

condução de estudos, de caráter aplicado, sobre os recursos naturais da RPPN e aspectos

sócio-econômicos e ambientais da região (Figura 62);

b) Formalizar e ampliar o acordo de cooperação técnica com a UFLA, dando-lhe nova

dimensão pedagógica e aplicada;

c) Obter relatórios semestrais dos parâmetros climáticos obtidos pela estação meteorológica

instalada na Fazenda Lavrinha;

d) Capacitar os funcionários da RPPN para a realização de atividades como auxiliares de

pesquisa e como agentes de monitoramento;

e) Mapear todas as trilhas potenciais, e priorizar seu desenvolvimento baseado no custo de

manejo e efetividade para monitoramento e fiscalização;

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78

f) Criar sistemáticas de reuniões entre os administradores da reserva, a comunidade local e

os agentes publicos para discussão e difusão do andamento das pesquisas feitas na

RPPN e na região.

g) Incentivar processos de interação entre os pesquisadores, a administração da Reserva e a

comunidade local visando o retorno dos resultados nas pesquisas em formato audiovisual

e escrito.

Figura 66: Henriqueta Bernardi (UFLA) medindo a vazão da nascente do córrego da Lavrinha

Normas/Ações

a) É permitida e incentivada a realização de pesquisas científicas, as quais devem ter os seus

projetos analisados e aprovados pela gerência da RPPN para sua instalação, condução e

encerramento, e devem estar voltados aos interesses da Unidade de Conservação e da

comunidade da Lavrinha;

b) É de responsabilidade do orientador dos estudos providenciar as demais autorizações que

se façam necessárias, junto aos órgãos estaduais e/ou federais, para realização da

pesquisa;

c) Deverão ser retiradas toda e qualquer marcação de campo, tais como fitas, equipamentos,

e outros materiais que não sejam mais necessários ao desenvolvimento das pesquisas;

d) Todo resultado de pesquisa, relatório ou publicação contendo dados obtidos na RPPN,

deve ser enviado para a proprietária e/ou a administração da Reserva em forma digital

(arquivos editáveis) e impressa, para compor o acervo científico da reserva;

e) Os créditos da pesquisa devem mencionar a RPPN Ave Lavrinha;

f) Serão de acesso dos pesquisadores os dados já disponíveis sobre a pesquisa proposta

que constam do Banco de Dados da Reserva;

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79

g) Todo material utilizado no monitoramento (mapas, fotos, etc.) deverá ser mantido na sede

da RPPN;

h) As pesquisas devem ser traduzidas em material pedagógico (banners, cadernos de

pesquisa, videos) para distribuição e difusão entre a comunidade de Lavrinha e do entorno

e para subsidiar ações de educação ambiental nos municipios próximos.

i) Pesquisadores que desejarem se alojar nas dependências da Fazenda Lavrinha deverão

agendar com antecedência mínima de uma semana e respeitar as normas estabelecidas;

j) Os pesquisadores devem ser informados sobre as normas e regulamentos da RPPN no

momento da chegada, na ocasião do preenchimento do livro de visitantes;

k) Devido às características da RPPN Ave Lavrinha, é importante que se cumpram os

procedimentos de rotina que diminuam riscos de acidentes durante as atividades de

pesquisa;

l) É obrigatório o uso de equipamentos de proteção individual (perneiras ou botas de cano

longo) a todos que adentrem na reserva;

m) A administração deverá ser informada sobre o planejamento das atividades, o local da

pesquisa e previsão de saída e retorno dos pesquisadores;

n) Os pesquisadores devem ser avisados da existência de cobras peçonhentas e dos riscos

de acidentes ofídicos;

o) Devem se incentivadas “palestras” e comunicações periódicas dos pesquisadores no

periodo de campo, para que os funcionários possam entender e contribuir efetivamente

com a realização das pesquisas e também para divulgar e discutir com a comunidade da

Lavrinha os resultados obtidos;

Prioridade

a) Formalizar o acordo de cooperação técnica com a UFLA e outras instituições de pesquisa

que demonstrem interesse na proteção da biodiversidade da reserva

b) Contactar pesquisadores para implementar e desenvolver estudos de fauna e da flora na

RPPN;

c) Incentivar a devolução das pesquisas ja realizadas até aqui (e as proximas) em forma de

sistemáticas de debate entre pesquisadores, comunidade local e administradores da

RPPN, e na elaboração de material pedagógico.

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3.3.4. EDUCAÇÃO AMBIENTAL Objetivo

a) Contribuir para a geração de alternativas e novas práticas produtivas, economicamente

viáveis, ambientalmente responsáveis e culturalmente adequadas na região

b) Capacitar professores da rede pública do municipio a partir das atividades e temáticas dos

estudos e das pesquisas relacionadas à Reserva

c) Difundir as atividades da RPPN nas escolas do sistema estadual e municipal

d) Elaborar projeto pedagogico especifico para a APAE, visando atender aos portadores de

necessidades especiais com atividades relacionadas à Reserva

e) Produzir materiais pedagógicos para os diferentes públicos do programa de educação

ambiental

Atividades

a) Propor e implementar acordos de cooperação com o poder executivo do municipio,

prefeitura e suas secretarias de educação, meio ambiente, agricultura e saúde, para iniciar

planejamento das linhas de atividades propostas

b) Estudar com o poder legislativo o uso do ICMS ecológico advindo das Ucs, entre elas da

Reserva Ave Lavrinha, a fim de viabilizar atividades de educação ambiental

c) Reunir e organizar as informações ja existentes sobre a Reserva para fins de educação

ambiental

d) Produzir proposta de material audiovisual e impresso para o programa de educação,

destinado aos professores e aos alunos

e) Pensar possibilidades de atividades educacionais com os portadores de necessidades

especiais

Normas

a) As ações de educação ambiental serão realizadas por profissionais selecionados pela

proprietaria e pela gerência da Reserva

b) Os educadores serão especializados nos temas focados, sejam eles moradores da região

ou docentes e estudantes, amigos e colaboradores

c) As atividades de cooperação com o poder executivo não dependerão de afinidades

politico-partidarias ou ideologicas

d) As atividades propostas poderão ser realizadas nas áreas de lazer da Fazenda Lavrinha,

ou nas escolas da rede, dependendo do teor da programação

e) O trabalho de educação ambiental não visa gerar recursos financeiros para a Reserva e

será oferecido gratuitamente.

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Prioridades

a) Propor um conjunto de encontros de trabalho para tratar do assunto de cooperação e

parceria do municipio com a Reserva nas ações de educação ambiental

b) Identificar os profissionais que podem colaborar permanentemente e ocasionalmente com

as atividades

c) Organizar o acervo de documentos, livros e imagens existentes na Reserva e em outras

Ucs da região

d) Adquirir material e equipamentos para as atividades de educação ambiental (data show)

3.3.5 SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA

Objetivo

a) Viabilizar a manutenção, o desenvolvimento, a ampliação e intensificação das atividades

que permitam alcançar os objetivos da RPPN Ave Lavrinha;

Atividades

a) Elaborar projetos para captação de recursos visando a implementação do Plano de

Manejo;

b) Formalizar a Associação Ave Lavrinha que passará a captar e administrar os recursos para

a RPPN;

c) Estabelecer o valor da hospedagem nas dependências da Fazenda Lavrinha a fim de

ajudar a manter as casas de apoio;

d) Identificar e mensurar os serviços ambientais prestados pela Reserva a fim de candidatar-

se a receber pagamento por esses serviços;

e) Incentivar os funcionarios e vizinhos da reserva a desenvolverem alternativas de

sustentação econômica compativeis com a existência da RPPN, tendo para tal apoio da

Fazenda Lavrinha por meio de: apiário, venda de doces e verduras, leite, queijo, carnes,

etc;

Normas/Ações

a) A administração dos recursos financeiros será realizada pela proprietária da RPPN ou por

pessoa por ela designada; ou pela Associação Ave Lavrinha;

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b) As prioridades para aplicação dos recursos será definida pela administração da reserva ou

pela Associação Ave Lavrinha;

c) Será cobrada, a título de colaboração, taxa de pernoite de pesquisadores nas

dependências da Fazenda Lavrinha: o valor da pernoite será definido anualmente pela

administração da RPPN e informado aos pesquisadores no momento da reserva das

acomodações;

d) Parentes, amigos e convidados da proprietária não estão sujeitos a obrigatoriedade de

taxas de pernoite, mas devem colaborar com a manutenção da propriedade quanto a

compras de material de manutenção (material de limpeza, bujão de gás, lâmpadas,

alimentos) ;

Prioridades

1. Formalizar a Associação Ave Lavrinha;

2. Elaborar projetos para captação de recursos visando a implementação do Plano de

Manejo;

3.3.6. PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO

Objetivos

a) Divulgar e valorizar a RPPN Ave Lavrinha e a região do Alto Rio Grande;

b) Promover a integração com a comunidade da Lavrinha, prefeitura, instituições e setores

que atuam no município;

c) Incentivar a conscientização ambiental da comunidade da Lavrinha, em relação à

relevância da RPPN e dos benefícios diretos e indiretos de sua existência (Figuras 63, 64 e 65);

d) Promover a participação da comunidade da Lavrinha na proteção dos recursos ambientais

conciliando-a com o desenvolvimento local: agropecuária, apicultura, piscicultura, etc.

e) Realimentar a integração da RPPN com as demais áreas protegidas da região.

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Figuras 67, 68, 69: Prof. Antônio Marciano (UFLA) e Vicente Costa; reunião dos pesquisadores com os moradores da

Lavrinha; reunião do Mosaico Mantiqueira em Passa Quatro

Atividades

a) Contratar serviços de terceiros para criação da logomarca da RPPN e para a criação de

material de difusão como calendário, camisetas, agenda, etc;

b) Elaborar um folder sobre a RPPN Ave Lavrinha;

c) Editar e publicar o plano de manejo, uma vez aprovado pelo IEF, MG

d) Manter um acervo em forma de banco de dados, escrito e audiovisual sobre a Reserva;

e) Divulgar a disponibilidade da RPPN Ave Lavrinha para o desenvolvimento de estudos e

pesquisas em areas de conhecimento que sejam de interesse da proprietária e da equipe

de administração da reserva;

f) Identificar novos locais que necessitam da instalação de placas de sinalização do acesso e

de orientação dos visitantes e convidados;

g) Traduzir os resultados de pesquisas em material pedagógico que possa ser divulgado

localmente.

Normas

a) As placas de sinalização ou interpretação deverão transmitir com clareza a mensagem

desejada e primar pela harmonia com o ambiente;

b) O folder e os materiais de divulgação deverão ser elaborado em papel reciclado e devem

ser elaborados em linguagem acessivel à população do entorno e aos alunos das escolas

municipais;

Prioridades

1. Criar a logomarca da RPPN Ave Lavrinha;

2. Elaborar um folder sobre a Reserva

3. Editar e divulgar o presente plano de manejo uma vez aprovado

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3.4. PROJETOS ESPECÍFICOS

O conhecimento da biodiversidade presente na RPPN Ave Lavrinha e no entorno é

fundamental para o planejamento das ações de proteção. Assim é fundamental o fomento ao

desenvolvimento de pesquisas que resultem na identificação de elementos da fauna e flora locais.

Outros aspectos que devem ser investigados e definidos são os serviços ambientais

proporcionados pela RPPN Ave Lavrinha. Isso proporcionará subsídios técnicos para pleitear, junto

ao governo estadual, uma compensação financeira por esses serviços.

3.5. PLANEJAMENTO OPERACIONAL

Como o Plano de Manejo é uma ferramenta de planejamento estratégico, e de médio e

longo prazo, não fornece detalhes sobre o planejamento operativo necessário para implantar cada

linha de ação. Entende-se o Plano Operacional como uma etapa da execução do Plano de Manejo,

de responsabilidade dos gestores. Durante a atual etapa e as próximas, cada linha de ação deverá

ser operacionalizada de acordo com os seguintes aspectos:

Atividades e projetos

Fontes de verificação

Cronograma

Responsáveis e parceiros

Fontes de financiamento

O Plano Operacional detalha a distribuição das atividades ao longo do curto (até um ano),

médio (entre o segundo e o terceiro ano) e longo (do quarto ano em diante) prazos, indicando os

responsáveis pela sua realização.

A administração deve buscar alternativas que diminuam os custos da implementação da

reserva. Várias ações poderão ser executadas com a prestação de serviço de outros profissionais,

ou por meio de convênios de cooperação com orgaos publicos e universidades, instituições de

pesquisa e extensão, com ONGs, ou a partir da captação de recursos de agencias ambientalistas

para a implementação dos programas e projetos, assim como o patrocínio de empresas privadas

para a realização de determinadas atividades.

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PROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO

ATIVIDADE AÇÃO RESPONSÁVEL PRAZO

Implantar um sistema de gestão para a Reserva

Instituir a Associação Ave Lavrinha (AAL);

Estabelecer as prioridades de serviços e/ou ações necessários à implementação do presente plano;

Estabelecer as prioridades de aquisição de equipamentos e/ou materiais necessários à implementação do presente plano;

Manter um livro para registro dos pesquisadores ou visitantes da RPPN;

Manter registro fotográfico periódico da Reserva e seu entorno;

Manter organizado e catalogado todo o acervo bibliográfico e audio-visual da RPPN;

Zelar pelo bom estado de conservação da placas de sinalização e demais infraestruturas da Fazenda Lavrinha;

Instalar eletricidade e um telefone na casa do administrador da Fazenda Lavrinha;

Atualizar o Plano de Manejo.

Proprietária, Consultor Juridico

Proprietaria, Gerente, e AAL

Proprietaria, Gerente e Funcionários

Gerente e Funcionários

Gerente

Gerente e Funcionários

Proprietária

Gerente, AAL

Proprietária e Funcionários

Gerente e AAL

C

C

C

C

C,M,L

C

C,M,L

M

M,L

Capacitar os funcionários para o desenvolvimento das atividades;

Promover cursos, oficinas, reuniões e palestras e participar de eventos similares.

Gerente, Consultores C,M,L

AAL: Associação Ave Lavrinha; C: Curto Prazo; M: Médio Prazo; Longo Prazo

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86

PROGRAMA DE PROTEÇÃO E FISCALIZAÇÃO

ATIVIDADE AÇÃO RESPONSÁVEL PRAZO

Proteger a RPPN da

entrada de pessoas

não autorizadas

Manter limpas as trilhas do interior

e da divisa norte da RPPN;

Manter uma rotina de vistoria na

divisa norte da RPPN;

Colocar placas proibindo a caça e a

coleta de plantas nas entradas da

reserva e ao longo da divisa norte;

Funcionários

Funcionários

Funcionários

C

C

C,M

Proteger a RPPN da

invasão de animais

domésticos

Construir cerca de arame ao longo

da divisa norte e instalar portões

nas trilhas de acesso à reserva para

evitar a entrada de bovinos/equinos

Funcionários

M

Proteger a RPPN de

incêndios

Elaborar programa de prevenção e

combate a incêndios para a RPPN;

Manter aceiro ao longo da divisa

norte;

Monitorar o uso do fogo nas

propriedades do entorno imediato;

Estabelecer contato com os

proprietários das fazendas que

fazem divisa ao norte da RPPN

para manutenção de aceiro ao

longo de toda a divisa;

Adquirir equipamentos de primeiros

socorros;

Treinar os funcionários que

trabalham na área para lidar com

situações de emergência;

Gerente e AAL

Funcionários

Gerente,

Funcionários

Gerente

Proprietária

Gerente e

Consultores

M

M

C,M,L

C

C

M

Fortalecer a integração

com as outras UCs do

Mosaico Mantiqueira.

Participar das reuniões do Conselho

do Mosaico Mantiqueira

Gerente,

Funcionários

C,M,L

AAL: Associação Ave Lavrinha; C: Curto Prazo; M: Médio Prazo; Longo Prazo

Page 87: Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN Ave Lavrinha · POSSIBILIDADES DE CONECTIVIDADE ..... 56 2.4.1. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA REGIÃO DA RPPN AVE LAVRINHA ... Figura

87

PROGRAMA DE PESQUISA E MONITORAMENTO

ATIVIDADE AÇÃO RESPONSÁVEL PRAZO

Incentivar a pesquisa científica na RPPN e entorno

Promover convênios com instituições de pesquisa e estimular pesquisadores para condução de estudos sobre os recursos naturais da RPPN e aspectos sócio-econômicos e ambientais da região da Lavrinha;

Formalizar o acordo de cooperação técnica com a UFLA;

Obter relatórios mensais dos parâmetros climáticos obtidos pela estação meteorológica instalada na Fazenda Lavrinha;

Disponibilizar aos pesquisadores os dados já disponíveis à pesquisa proposta;

Manter organizado todo material utilizado no monitoramento (mapas, fotos...) na sede da RPPN;

Informar os pesquisadores sobre as normas e regulamentos da RPPN;

Promover oficinas para que os funcionários possam entender e contribuir efetivamente com a realização das pesquisas;

Promover palestras para divulgar e discutir com a comunidade da Lavrinha os resultados obtidos;

Gerente e AAL

Gerente

Gerente

Gerente

Gerente

Funcionários

AAL e Pesquisadores

AAL e

Pesquisadores

M

C

C,M,L

C,M,L

C

C,M,L

M,L

M,L

Promover o monitoramento da RPPN

Capacitar os funcionários da RPPN para a realização de atividades de monitoramento;

Gerente e Pesquisadores

M

AAL: Associação Ave Lavrinha; C: Curto Prazo; M: Médio Prazo; Longo Prazo

Page 88: Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN Ave Lavrinha · POSSIBILIDADES DE CONECTIVIDADE ..... 56 2.4.1. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA REGIÃO DA RPPN AVE LAVRINHA ... Figura

88

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

ATIVIDADE AÇÃO RESPONSÁVEL PRAZO

Propor e implementar

acordos de

cooperação com o

poder executivo do

municipio

Reunir com

prefeitura e suas

secretarias

Elaborar termos da

cooperação

Executar as ações

de capacitação de

professores e

alunos

Proprietarios e

Gerente

Consultorias

especificas e AAL

C, M

C

M, L

Estudar com o poder

legislativo o uso do

ICMS ecológico

advindo das Ucs, a fim

de viabilizar atividades

de educação

ambiental

Reunir com

presidência da

câmara

Propor texto de lei

municipal

Discutir com

conjunto de

vereadores

Proprietarios, gerente

Proprietarios, AAL

Proprietarios, AAL

C, M

C, M

C, M

Reunir e organizar as

informações existentes

sobre a Reserva para

fins de educação

ambiental

Alimentar e manter

atualizações periodicas

Identificar e

selecionar o

conjunto de

documentos

Elaborar um critério

para sua

classificação

Organizar o acervo

digital e impresso

na gleba de casa

azul

Incorporar as

novas informaçoes

ao acervo

Gerente

Gerente

Gerente

Gerente

C,

C

C, M

M, L

Page 89: Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN Ave Lavrinha · POSSIBILIDADES DE CONECTIVIDADE ..... 56 2.4.1. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA REGIÃO DA RPPN AVE LAVRINHA ... Figura

89

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

ATIVIDADE AÇÃO RESPONSÁVEL PRAZO

Produzir proposta de

material audiovisual e

impresso para o

programa de

educação, destinado

aos professores e aos

alunos

Criar grupo de

trabalho

especilizado para

adequação das

informaçoes

existentes em

material

pedagogico

Executar o projeto

Capacitar grupo de

professores para

uso do material

Distribuir nas

escolas e avaliar

Proprietarios, gerente

e Assessorias e

consultorias

M, L

M, L

M, L

Pensar possibilidades

de atividades

educacionais com os

portadores de

necessidades

especiais

Reunir com equipe

da APAE de

Bocaina e

Liberdade

Estudar programa

diferenciado de

parceria

Executar programa

Proprietarios, gerente

e AALe

Proprietarios, AAL

consultores

AAL

M

M

M, L

AAL: Associação Ave Lavrinha; C: Curto Prazo; M: Médio Prazo; Longo Prazo

Page 90: Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN Ave Lavrinha · POSSIBILIDADES DE CONECTIVIDADE ..... 56 2.4.1. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA REGIÃO DA RPPN AVE LAVRINHA ... Figura

90

PROGRAMA DE SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA

ATIVIDADE AÇÃO RESPONSÁVEL PRAZO

Promover a sustentabilidade econômica da RPPN Ave Lavrinha

Elaboração de projetos para captação de recursos visando a implementação do Plano de Manejo e desenvolvimento de pesquisas científicas; Identificar e mensurar os serviços ambientais prestados pela Reserva;

Gerente, AAL e Pesquisadores Pesquisadores e Consultores

C,M,L

M

AAL: Associação Ave Lavrinha; C: Curto Prazo; M: Médio Prazo; Longo Prazo

PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO

ATIVIDADE AÇÃO RESPONSÁVEL PRAZO

Divulgar a RPPN Ave Lavrinha

Criar uma logomarca e elaborar um folder sobre a RPPN Ave Lavrinha; Editar e Divulgar o plano de manejo aprovado

Consultor Proprietária e Gerente

C

C, M

Divulgar a disponibilidade da RPPN Ave Lavrinha para o desenvolvimento de estudos e pesquisas;

Estabelecer contato com pesquisadores em universidades e centros de pesquisa visando a identificação de potenciais parceiros que atendam as demandas da RPPN

Gerente e AAL C,M,L

Transmitir o conhecimento adquirido com as pesquisas para a população local

Traduzir os resultados de pesquisas para uma linguagem local. Promover oficinas e palestras para a comunidade local Manter um acervo audiovisual sobre a Reserva;

AAL Gerente e AAL Gerente

M

M

C,M,L

Sinalizar as vias de acesso à RPPN

Identificar novos locais que necessitam da instalação de placas;

Gerente C

AAL: Associação Ave Lavrinha; C: Curto Prazo; M: Médio Prazo; Longo Prazo

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EQUIPE TÉCNICA

COORDENAÇÃO GERAL NIETTA LINDENBERG MONTE, PROPRIETÁRIA

NILO SALGADO JARDIM, ZOOTECNISTA; CRMV MG 936/Z

REVISÃO BRANCA MEDINA, BIÓLOGA; CRBIO 42.629/02

JULIETA MATOS FRESCHI, BIÓLOGA

CONSULTORIA HENRIQUE RAJÃO, BIÓLOGO; CRBIO 21.804/02

MARCO AURELIO FONTES, ENGENHEIRO FLORESTAL; CREA MG 59.217/D

COLABORADORES ALESSANDRO COSTA, PRODUTOR RURAL

ANDRÉ CAUTY, MATEMÁTICO

CARLOS ESTEVES, BIÓLOGO; CRBIO 32.381/02

LENA TRINDADE, FOTÓGRAFA

LILLIAN CUNHA SALGADO, PRODUTORA RURAL

MARILIA MARTINS, ENGENHEIRA FLORESTAL

VICENTE PAULA COSTA, PRODUTOR RURAL

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Alto Rio Grande – MG. Lavras: UFLA, 2007. 89 p. : il.

Silveira, E. M. O Mapeamento do uso atual do solo nas áreas de preservação permanente do

município de Bocaina de Minas – MG. Lavras : UFLA, 2004. 46 p.: il.

Ribeiro, K. O. Dados secundários da APA Mantiqueira: sócio-economia e ambiente. Projeto:

Fortalecimento da Gestão Participativa da APA Serra da Mantiqueira. Convênio MMA/FNMA

057/2003 - Processo no 02000.003015/03-14. Relatório parcial. 2004.

Roué, M. Novas perspectivas em etnoecologia: “saberes tradicionais” e gestão dos recursos

naturais. In: Diegues, A. C. (org.) Etnoconservação: novos rumos para proteção da natureza nos

trópicos. São Paulo: Hucitec/Nupaub/USP, 2000. P. 67-80.

SNUC BRASIL. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza: lei no 9.985, de 18

de julho de 2000. Brasília: MMA/SBF, 2000. 32 p.

Website. www.almg.gov.munmg, 2000. (IGA; IBGE).

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ANEXO I

Sinalização indicativa da RPPN Ave Lavrinha

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ANEXO II

PORTARIA Nº 02, DE 3 DE JANEIRO 2006.

Reconhece como Reserva Particular do Patrimônio

Natural, a RPPN situada no município de Bocaina de

Minas – Minas Gerais, denominada “AVE LAVRINHA”

de propriedade de Nietta Lindenberg Monte.

O Diretor Geral Substituto do Instituto Estadual de Florestas – IEF, designação via Portaria

nº 33, de 9 de março de 2004, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo inciso IV do art.

9° do Decreto n°. 43.369, de 5 de junho de 2003, e com respaldo na Lei Delegada n°. 79, de 29 de

janeiro de 2003, com base na Lei n°. 2.606, de 5 de janeiro de 1962, no Decreto n°. 34.271, de 24

de novembro de 1992, na Lei 9.985, de 18 de julho de 2000, Decreto n°. 4.340, de 22 de agosto de

2002 e com base no Decreto n° 39.401, de 21 de janeiro de 1998.

RESOLVE:

Art. 1º Reconhecer, mediante registro, como Reserva Particular do Patrimônio Natural –

RPPN, de interesse público e em caráter de perpetuidade, a área de 49,0517 hectares,

denominada RPPN Ave Lavrinha, situada no município de Bocaina de Minas, estado de Minas

Gerais, de propriedade da Sra. Nietta Lindenberg Monte, cujo imóvel encontra-se matriculado no

Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de Aiuruoca, sob o número 9.883, Livro 2, fls.01.

Art. 2º O proprietário fica obrigado ao cumprimento do disposto no Decreto n° 39.401, de

21 de janeiro de 1998 e demais normas legais e regulamentares aplicáveis, devendo proceder, no

prazo de 60 (sessenta) dias, à averbação do Termo de Compromisso, no Cartório de Registro de

Imóveis competente.

Art. 3º As condutas e atividades lesivas à área reconhecida, sujeitam o infrator às

penalidades e sanções administrativas, civis e penais cabíveis.

Art. 4º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

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Art. 5° Revogam-se as disposições em contrário.

Belo Horizonte, aos 3 de janeiro de 2006, 218° da Inconfidência Mineira e 184° da

Independência do Brasil.

Geraldo Fausto da Silva

Diretor Geral Substituto

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MEMORIAL DESCRITIVO DA ÁREA DE RPPN

“AVE LAVRINHA”

1}.DESIGNAÇÃO DO IMÓVEL: Gleba do terreno Rural de formato irregular situado na

região Sul do Estado de Minas Gerais, Comarca de Aiuruoca/MG.

2}. LOCALIZAÇÃO DO IMÓVEL: A referida área está localizado no Imóvel FAZENDA

LAVRINHA, Município de Bocaina de Minas/MG.

3}.PROPRIETÁRIA: NIETTA LIDENBERG MONTE .

4}. CARACTERÍSTICAS DO TERRENO EM RELAÇÃO AOS CONFRONTANTES:

Conforme o levantamento o terreno apresenta as seguintes características em relação aos

confrontantes.

Inicia-se a descrição deste perímetro no vértice N21 de coordenadas N 7.554.301,09m e E

555.560,90m,situado na divisa com o terreno de João Ferreira; Deste,segue confrontando com o

terreno de João Ferreira nos vértices: N22 de coordenadas 7.554.292,00 e E 555.576,66m ao N23

de coordenadas N 7.554.269,05m e E 555.622,83m ao N24 de coordenadas N 7.554.256,51m e E

555.647,09m ao N25 de coordenadas N 7.554.185,61 e E 555.708,88m; Deste, segue

confrontando com o terreno dos Herdeiros de José Vicente Dias nos vértices: V40 de coordenadas

N 7554.060,21m e E 555.777,94m ao V39 de coordenadas N 7.554.034,75m e E 555.802,33m ao

V38 de coordenadas N 7.553.999,47m e E 555.832,80m ao V37 de coordenadas N 7.553.980,77m

e E 555.839,91m ao V36 de coordenadas N 7.553.932,75m e E 555.866,45m ao V35 de

coordenadas N 7.553.886,84m e E 555.858,43m ao p90 de coordenadas N 7.553.860,69m e E

555.851,48m ao p89 de coordenadas N 7.553.817,12m e E 555.824,60m ao V32 de coordenadas

N 7.553.792,80m e E 555.818,67m ao V31 de coordenadas N 7.553.739,59m e E 555.800,28m ao

V30 de coordenadas N 7.553.700,39 e E 555.778,74m ao V29 de coordenadas N 7.553.686,92m e

E 555.771,88m ao V28 de coordenadas N 7.553.664,66m e E 555.763,10m ao V27 de

coordenadas N 7.553.641,46m e E 555.745,43m ao V26 de coordenadas N 7.553.627,54m e E

555.739,14m ao p88 de coordenadas N 7.553.603,09m e E 555.734,42m ao p87 de coordenadas

N 7.553.562,17m e E 555.711,18m ao p86 de coordenadas N 7.553.502,76m e E 555.697,19m ao

p85 de coordenadas N 7.553.476,78m e E 555.688,85m até p84 de coordenadas N 7.553.466,81m

e E 555.684,18m; Deste segue confrontando com o terreno de Nietta Lindenberg Monte nos

vértices: B8 de coordenadas N 7.553.669,53m e E 555.659,19 ao B7 de coordenadas N

7.553.698,19m e E 555.646,64m ao B6 de coordenadas N 7.553.716,28m e E 555.632,81m. ao B5

de coordenadas 7.553.725,09m e E 555.613,64m ao B4 de coordenadas N 7.553.717,22m e E

555.597,03m ao B2 de coordenadas N 7.553.695,08m e E 555.588,11m ao p180a de coordenadas

N 7.553.601,53m e E 555.491,90m ao p180 de coordenadas N7.553.495,81m e E555.426,39m ao

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98

p181 de coordenadas N 7.553.643,94 e E 555.250,66m ao p101 de coordenadas N 7.553.681,11m

e E 555.052,58m ao p102 de coordenadas N 7.553.715,01m e E 555.037,19m ao p103 de

coordenadas N 7.553.721,74m e E 555.018,92m ao p104 de coordenadas N 7.553.725,24m e E

555.002,56m ao N9 de coordenadas N 7.553.770,39m e E 554.985,61m ao N10 de coordenadas N

7.553.783,26m e E 554.978,68m ao N11 de coordenadas N 7.553.802,53m e E 554.950,52m ao

N12 de coordenadas N 7.553.881,05m e E 554.892,46m ao N13 de coordenadas N 7.553.912,61m

e E 554.877,99m ao N14 de coordenadas N 7.553.974,11m e E 554.871,19m ao N15 de

coordenadas N 7.553.990,82m e E 554.868,63m ao N16 de coordenadas N 7.554.038,20m e E

554.873,69m; Deste,segue confrontando com o terreno de Geraldo Alves nos vértices: N17 de

coordenadas N 7.554.038,59m e E 554.894,89m ao N18 de coordenadas 7.554.108,48m e E

5545.118,11 ao N19 de coordenadas N 7.554.119,96m e E 555.142,13m ao N20 de coordenadas

N 7.554.132,13m e E 555.162,73m ao N20a de coordenadas N 7.554.186,04m e E 555.289,78m;

Deste segue confrontando com o terreno de João Ferreira até o vértice N21,onde teve inicio a

discrição deste Memorial,conforme Planta Topográfica,anexa,que faz parte integrante deste

Memorial Descritivo. Todas as Coordenadas aqui descritas estão georreferenciadas ao Sistema

Geodésico Brasileiro,tendo como referencia os Vértices, implantados,M-01 de coordenadas N

7.553.080,06m , E 555.125,43m,altitude de 1.317,395m e M-02 de coordenadas N 7.554 .155,02m,

E 555.693,56m,altitude de 1.703,448m e encontram-se representadas no Sistema

UTM,referenciadas ao Meridiano Central 45 WGr,tendo como datum o SAD-69.

5}.SUPERFÍCIE : a gleba de terreno especificado possui uma superfície de 49,0517 hectares.

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ANEXO III

PORTARIA No 351, DE 11 DE DEZEMBRO DE 2006

A MINISTRA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE, no uso de suas atribuições, e tendo em

vista o disposto na Lei no 9.986, de 18 de julho de 2000 e nos arts. 8o, 9o, 17o a 20o do Decreto no

4.340 de 22 de agosto de 2002, e o que consta do Processo no 02000.004417/2006-71, resolve:

Art. 1o Reconhecer como mosaico de unidades de conservação da região da Serra da

Mantiqueira, o Mosaico Mantiqueira, abrangendo as seguintes unidades de conservação e zonas

de amortecimento:

I - do Estado do Rio de Janeiro:

a) sob a gestão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-

IBAMA:

1. Parque Nacional do Itatiaia;

b) sob a gestão da Agência de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Resende-RJ:

1. Parque Municipal da Serrinha do Alambari;

2. Parque Municipal da Cachoeira da Fumaça;

3. Área de Proteção Municipal da Serrinha do Alambari;

II - do Estado de São Paulo:

a) sob a gestão do IBAMA:

1. Floresta Nacional de Lorena;

2. Área de Proteção Ambiental dos Mananciais do Rio Paraíba do Sul;

b) sob a gestão do Instituto Florestal da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo-

IF/SMA:

1. Parque Estadual dos Mananciais de Campos de Jordão;

2. Parque Estadual de Campos de Jordão;

c) sob a gestão da Coordenadoria de Planejamento Ambiental Estratégico e Educação Ambiental

Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo-CPLEA/SMA:

1. Área de Proteção Ambiental de Campos de Jordão;

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2. Área de Proteção Ambiental de Sapucaí Mirim;

3. Área de Proteção Ambiental São Francisco Xavier;

d) sob a gestão da Prefeitura da Estância de Campos de Jordão:

1. Área de Proteção Ambiental Municipal de Campos de Jordão;

III) do Estado de Minas Gerais:

a) sob a gestão do IBAMA:

1. Área de Proteção Ambiental Serra da Mantiqueira;

2. Floresta Nacional de Passa Quatro;

b) sob a gestão do Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais:

1. Parque Estadual da Serra do Papagaio;

2. Área de Proteção Ambiental Fernão Dias;

c) sob a gestão privada:

1. Reserva Particular do Patrimônio Natural Ave Lavrinha;

2. Reserva Particular do Patrimônio Natural Mitra do Bispo;

3. Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto Gamarra.

Art. 2o O Mosaico Mantiqueira contará com apoio de um Conselho Consultivo, que atuará

como instância de gestão integrada das unidades de conservação constantes do art. 1o desta

Portaria.

Art. 3o O Conselho Consultivo terá a seguinte composição:

I - representação governamental:

a) os chefes, administradores ou gestores das unidades de conservação abrangidos pelo Mosaico

Mantiqueira;

II - representação da sociedade civil:

a) um representante para cada unidades de conservação públicas federais, estaduais e municipais

listadas no art. 1o desta Portaria, preferencialmente indicado pelo seu Conselho Consultivo ou pelo

gestor da unidade, quando não houver conselho;

b) um representante para cada unidade de conservação privada que compõe o Mosaico

Mantiqueira;

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Art. 4o Ao Conselho Consultivo compete:

I - elaborar seu regimento interno, no prazo de noventa dias, contados da sua instituição;

II - propor diretrizes e ações para compatibilizar, integrar e otimizar:

a) as atividades desenvolvidas em cada unidade de conservação, tendo em vista, especialmente:

1. os usos na fronteira entre unidades;

2. o acesso às unidades;

3. a fiscalização;

4. o monitoramento e avaliação dos Planos de Manejo;

5. a pesquisa científica;

6. a alocação de recursos advindos da compensação referente ao licenciamento ambiental de

empreendimentos com significativo

impacto ambiental;

b) a relação com a população residente na área do mosaico.

III - manifestar-se sobre propostas de solução para a sobreposição de unidades; e

IV - manifestar-se, quando provocado por órgãos executor, por conselho de unidade de

conservação ou por outro órgão do Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA, sobre assunto

de interesse para gestão do mosaico.

Art. 5o O Conselho Consultivo será presidido por um dos chefes das unidades de

conservação abrangidos pelo Mosaico Mantiqueira, escolhido pela maioria simples de seus

membros.

Art. 6o O mandato de conselheiro será de dois anos, renovável por igual período, não

remunerado e considerado atividade de relevante interesse público.

Art. 7o O presidente do Conselho Consultivo poderá convidar representantes de outros

órgãos governamentais, não governamentais e pessoas de notório saber, para contribuir na

execução dos seus trabalhos.

Art. 8o Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

MARINA SILVA

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ANEXO IV

Árvores presentes nas matas da Fazenda Lavrinha (por Vicente de Paula Costa, colhido por

Renato Gavazzi – 2003)

Amorinha Angazero (ou olho de cabrito) Angico Branco Araçá Araticum Aricanga Borracheiro Brauna Cajarana Cambará Cambuí Candeia Candeia Cambará Candeinha vermelha Canela Bosta Canela cedro Canela parda Canela parda da amarela Canela prego Canela Preta Canjarana Capichingui Capororoca Carvalho Carvãnzinho Cedro Espeto Branco Espinha cui (arbusto) Feijão Preto Figueira Fruta de gavião Goiaba Guamirim Guamirim

Guatambu Branco Guatambu Peroba Gumichá Ingazeiro Ingazeiro (ingá de macaco) Ipê Amarelo Ipê Roxo Jabuticabeira Jacarandá Massaranduba Mixirica Murici Osso e cavalo Pau abóbora Pau de cinza Pau de vinho Peito e pomba Pessegueiro bravo Pinheiro Pitangueira Piuna Pororoca Branca Pororoca Preta Quaresmeira Quaresmeirinha Sabugueira Sangra d’água Seca logo Sucupira Tarumã Tarumã Tiriva Tiriveira

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ANEXO V

Fauna encontrada na Fazenda Lavrinha (Informante: Vicente de Paula Costa – 2003)

Nome popular

Andorinha

Avinhado

Azulão de crista vermelha

Azulão preto

Beija-flor

Beija-flor

Beija-flor

Bem-te-vi

Bigodinho

Bugio

Canarinho da terra

Canário do reino

Capivara

Caranguejo

Carinana (verde)

Cascavel

Cipó

Coelho (lebre)

Coral

Corelinha

Correlim

Coruja

Cureango

Cutia

D’água

Fevereiro

Furão

Gambá

Garça

Garça

Gato do Mato

Gavião Caracara

Gavião Coruja

Gavião Pato

Gavião Pinhé

Graima

Guacha -

Guacha -

Guiquica

Inhambu

Irara

Jacarambeva

Jacu

Jaguatirica

João bobo

João de barro

Largato

Lontra

Maria Branca

Maria Preta

Marisuma ou Maria mole

Maritaca

Mico estrela

Ouriço

Pardal

Pássaro Preto

Pato Branco

Pato marreco

Pato Marrom

Periquito

Pintassilgo

Piria

Pomba

Porco do Mato

Quati

Quebra-quebra

Rabo de palha

Rolinha

Sabia

Sabia

Sabia

Saíra

Sanhazinho

Sanhazira

Saracura

Sauá

Sebinho

Seriema

Tatu burro

Tatu canastra

Tatu capoeira

Tesourão

Tisiu

Tracajá

Trinca ferro

Tucano

Tucano de bico verde

Urubu

Urutu cruzeiro

Urutu d’água

Urutu Nanico

Urutu pintado

Veado mocho

Vovô

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ANEXO VI

Diagnóstico de avifauna – RPPN Ave Lavrinha

Responsável técnico: Henrique Rajão Auxiliar de campo: Carlos Esteves

INTRODUÇÃO A avifauna foi o grupo faunístico escolhido para compor o plano de manejo da Reserva Particular

do Patrimônio Natural Ave Lavrinha, porque é considerada como um dos mais eficientes indicadores de

qualidade ambiental. E os levantamentos ornitológicos são também um meio confiável de acesso, rápido

e acurado, das características ecológicas e do status de conservação de comunidades terrestres (Stotz

et al., 1996). Entre as características que fazem das aves um excelente grupo bioindicador para

ambientes terrestres podemos listar as seguintes (veja Gonzaga, 1986 e Stotz et al., 1996 para uma

apresentação mais detalhada):

• O conhecimento taxonômico sobre as aves, ao nível de espécie, é considerado muito avançado em

relação a qualquer outro grupo de fauna ou de flora.

• A maioria das aves pode ser facilmente detectada, seja através de observação direta ou da

identificação de suas vocalizações.

• As aves, em sua grande maioria, podem ser identificadas até o nível de espécie por simples

observação, dispensando a organização de coleções ou o uso de técnicas mais trabalhosas como

dissecção.

• A possibilidade de amostragem ao longo de todo o ano, ao contrário de plantas, insetos, répteis e

anfíbios, que podem apresentar forte sazonalidade.

• O conhecimento já existente sobre as exigências ecológicas de muitas famílias, gêneros e espécies

de aves, suficiente para selecionar e utilizar certas aves como indicadores das condições ambientais

às quais são sensíveis.

• O número de espécies de aves é maior do que o de qualquer outro grupo de vertebrados terrestres

e, geralmente, é grande o número de espécies endêmicas e especialistas de habitat em regiões

neotropicais, o que faz com que os levantamentos avifaunísticos possam ser amplamente utilizados

em análises de qualidade ambiental.

MATERIAL E MÉTODOS

O levantamento da avifauna na RPPN Ave Lavrinha e entorno foi feito entre os dias 17 e 19 de

outubro de 2008. Durante esse período, foram amostradas não só as áreas da RPPN, mas também

aquelas pertencentes ao seu entorno e que, portanto, podem abrigar espécies de aves de potencial

ocorrência na RPPN. Na área da RPPN foram amostrados principalmente ambientes florestais em

estágios de sucessão variados enquanto no entorno da RPPN, foram amostradas áreas antropizadas

como pastos e jardins além de áreas de regeneração florestal e bordas de mata.

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A avifauna associada aos ambientes de mata foi amostrada percorrendo-se trilhas pré-existentes

no interior da mata e através de observações feitas a partir das bordas dos fragmentos florestais. As

trilhas e acessos foram percorridos geralmente em velocidade aproximadamente constante de ca. 1km/h,

do amanhecer ao final da manhã e no final da tarde e início da noite. Nesses horários é maior a atividade

das aves e mais fácil, portanto, a sua detecção.

A observação das aves foi feita com o uso de binóculos Pentax 10x42. As espécies foram quase

sempre identificadas diretamente no campo, através de visualização ou do reconhecimento das

vocalizações. A técnica de playback (reprodução de sons gravados) foi utilizada para a atração das aves

e confirmação da identificação (BUDNEY & GROTKE, 1997).O termo playback é freqüentemente usado

em pesquisas de campo ornitológicas como a reprodução de vocalizações gravadas com o intuito de

atrair ou provocar a resposta vocal da espécie que se quer estudar. Espécies não identificadas

diretamente no campo tiveram suas vocalizações registradas para análises posteriores, como proposto

por PARKER (1991).

As gravações foram feitas com gravadores digitais Marantz PMD660 e microfones direcionais

Sennheiser ME 66. As vozes gravadas foram posteriormente comparadas com aquelas de guias sonoros

(VIELLIARD, 1995; VIELLIARD, 1999; GONZAGA & CASTIGLIONI, 2001; ISLER & WITNEY, 2002) e

arquivos sonoros (ASEC, Laboratório de Ornitologia e Bioacústica da UFRJ; Xeno-Canto (www.xeno-

canto.org); arquivo sonoro pessoal de H. Rajão), para a correta identificação das espécies. Todas as

gravações serão depositadas no Arquivo Sonoro do Laboratório de Ornitologia e Bioacústica da UFRJ

([email protected]).

Para o esclarecimento a respeito da identificação de certas espécies foram utilizadas as

seguintes fontes: RIDGELY & TUDOR, 1989; DEL HOYO et al., 1994; RIDGELY & TUDOR, 1994; SICK,

1997; DEL HOYO et al., 2003; DEVELEY & ENDRIGO, 2004; ERIZE et al., 2006; SIGRIST, 2007.

As espécies listadas foram classificadas quanto ao seu status como sendo: 1) Indicadoras de

qualidade ambiental (de acordo com PARKER et al., 1996); 2) endêmicas da Mata Atlântica (de acordo

com BROOKS et al., 1999); 3) Ameaçadas de extinção no Brasil (de acordo com BRASIL, 2003); 4)

Ameaçadas de extinção globalmente (de acordo com IUCN, 2008); 6) Espécies de valor econômico (de

acordo com CITES, 2007). A nomenclatura utilizada neste relatório e a ordem taxonômica estão de

acordo com aquelas recomendadas pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2007).

Para padronizar e validar os registros de campo foram utilizados os seguintes critérios: OBS:

Observação (aves identificadas por observação simples); VOC: Vocalização (aves identificadas pelas

voz); GRA: Gravação da vocalização (vozes gravadas para identificação posterior e para documentação

do registro). A fim de complementar o inventário de aves da RPPN Ave Lavrinha e entorno, foram

feitas entrevistas com moradores locais sobre a presença de diferentes espécies de aves na região.

Aquelas espécies que foram indicadas pelos moradores, quando apresentadas figuras ou fotos em guias

de campo, sem que houvesse interferência do entrevistador, foram incluídas na lista final do inventário e

devidamente identificas quanto à origem da informação.

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106

CARACTERIZAÇÃO DAS ESPÉCIES OBSERVADAS No atual levantamento foram registradas 135 espécies de aves, sendo que destas, 53 foram

registradas apenas no entorno imediato da RPPN, e tem, portanto, potencial de ocorrer dentro da área

da reserva e 82 registradas dentro da área da RPPN, exclusivamente ou não. Cinqüenta e duas

espécies de aves foram identificadas pelos moradores entrevistados, sendo que vinte e cinco espécies

deste total não foram observadas por nós durante o atual levantamento. Do total de espécies

registradas (135), 35 (26%) são endêmicas da Mata Atlântica, 23 (17%) são indicadoras de qualidade

ambiental, 4 (3%) estão ameaçadas ou provavelmente ameaçadas de extinção e 13 (10%) são de valor

econômico (Quadro 1). Se for considerada apenas a RPPN, sem a área do entorno, foram registradas 30

espécies endêmicas da Mata Atlântica (37% das 82 espécies), 22 espécies indicadoras de qualidade

ambiental (27%), quatro ameaçadas ou quase ameaçadas de extinção (5%) e sete espécies de valor

econômico (9%) (Quadro 1).

Aves endêmicas da Mata Atlântica

As aves endêmicas da Mata Atlântica registradas durante o atual levantamento foram:

Odontophorus capueira (uru), Aramides saracura (saracura-do-mato), Pyrrhura frontalis (tiriba-de-testa-

vermelha), Macropsalis forcipata (bacurau-tesoura-gigante), Stephanoxis lalandi (beija-flor-de-topete),

Leucochloris albicollis (beija-flor-de-papo-branco), Clytolaema rubricauda (beija-flor-rubi), Trogon

surrucura (surucuá-variado), Ramphastos dicolorus (tucano-de-bico-verde), Mackenziaena leachii

(borralhara-assobiadora), Mackenziaena severa (borralhara), Thamnophilus ambiguus (choca-de-

sooretama), Dysithamnus xanthopterus (choquinha-de-asa-ferrugem), Drymophila genei (choquinha-da-

serra), Drymophila malura (choquinha-carijó), Pyriglena leucoptera (papa-taoca-do-sul), Scytalopus

notorius (tapaculo-preto), Dendrocincla turdina (arapaçu-liso), Lepidocolaptes squamatus (arapaçu-

escamado), Synallaxis ruficapilla (pichororé), Cranioleuca pallida (arredio-pálido), Heliobletus

contaminatus (trepadorzinho), Mionectes rufiventris (abre-asa-de-cabeça-cinza), Hemitriccus obsoletus

(catraca), Hemitriccus nidipendulus (tachuri-campainha), Todirostrum poliocephalum (teque-teque),

Phylloscartes difficilis (estalinho), Knipolegus nigerrimus (maria-preta-de-garganta-vermelha), Muscipipra

vetula (tesoura-cinzenta), Neopelma chrysolophum (fruxu), Chiroxiphia caudata (tangará), Schiffornis

virescens (flautim), Hylophilus poicilotis (verdinho-coroado), Sporophila falcirostris (cigarra-verdadeira),

Basileuterus leucoblepharus (pula-pula-assobiador). Destas espécies, apenas o uru, a saracaura-do-

mato, o bacurau-tesoura-grande, o teque-teque e a maria-preta-de-garganta-vermelha não foram

registradas na área da RPPN.

Aves indicadoras de qualidade ambiental

As espécies indicadoras de qualidade ambiental registradas na RPPN e entorno foram: Penelope

obscura (jacuaçu), Odontophorus capueira (uru), Clytolaema rubricauda (beija-flor-rubi), Batara cinerea

(matracão), Mackenziaena leachii (borralhara-assobiadora), Mackenziaena severa (borralhara),

Dysithamnus xanthopterus (choquinha-de-asa-ferrugem), Drymophila genei (choquinha-da-serra),

Hylopezus nattereri (pinto-do-mato), Scytalopus notorius (tapaculo-preto), Chamaeza ruficauda (tovaca-

de-rabo-vermelho), Lepidocolaptes squamatus (arapaçu-escamado), Cranioleuca pallida (arredio-pálido),

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Heliobletus contaminatus (trepadorzinho), Lochmias nematura (joão-porca), Xenops rutilans (bico-virado-

carijó), Hemitriccus obsoletus (catraca), Phylloscartes difficilis (estalinho), Platyrinchus mystaceus

(patinho), Turdus flavipes (sabiá-una), Tangara desmaresti (saíra-lagarta), Sporophila falcirostris (cigarra-

verdadeira), Cacicus chrysopterus (tecelão). Destas, apenas o uru não foi registrado na RPPN.

Aves ameaçadas de extinção

No atual levantamento foram registradas três espécies com o status de quase

ameaçadas de extinção (near theatened) globalmente (de acordo com IUCN, 2008). São elas:

Drymophila genei (choquinha-da-serra), Hylopezus nattereri (pinto-do-mato) e Phylloscartes

difficilis (estalinho), e uma espécie com o status vulnerável que é a cigarra-verdadeira

(Sporophila falcirostris) (de acordo com BRASIL, 2003 e IUCN, 2008). Todas as quatro espécies

foram registradas exclusivamente na RPPN.

Aves de interesse econômico

Treze espécies estão incluídas no apêndice II do CITES (Convenção sobre Comércio

Internacional de Flora e Fauna Silvestres), que inclui espécies não necessariamente ameaçadas

de extinção, mas cujo comércio deve ser controlado. São elas: Heterospizias meridionalis

(gavião-caboclo), Rupornis magnirostris (gavião-carijó), Caracara plancus (caracará), Milvago

chimachima (carrapateiro), Aratinga leucophthalma (periquitão-maracanã), Pyrrhura frontalis

(tiriba-de-testa-vermelha), Forpus xanthopterygius (tuim), Megascops choliba (corujinha-do-

mato), Phaethornis pretrei (rabo-branco-acanelado), Eupetomena macroura (beija-flor-tesoura),

Stephanoxis lalandi (beija-flor-de-topete), Leucochloris albicollis (beija-flor-de-papo-branco) e

Clytolaema rubricauda (beija-flor-rubi). Destas, seis não foram registradas por nós na área da

reserva, apenas no seu entorno (gavião-caboclo, periquitão-maracanã, tuim, corujinha-do-mato,

rabo-branco-acanelado e beija-flor-tesoura).

De acordo com STOTZ et al. (1996), espécies indicadoras de qualidade ambiental são

aquelas que compartilham características como endemismo, especialização de habitat e

sensibilidade a alterações ambientais e por isso correm alto risco de extinção, seja em escala

local ou regional. Ainda segundo esses autores, áreas com muitas dessas espécies, contém

comunidades biológicas vulneráveis, merecendo especial atenção conservacionista.

Nesse contexto, grande parte das espécies endêmicas podem ser consideradas como

boas indicadoras de qualidade ambiental, pois, geralmente, apresentam marcante especificidade

de habitat (RAPOPORT, 1982; ANDERSON, 1994; GRELLE, 2000), o que as torna mais

sensíveis à fragmentação dos ambientes. Estudos recentes têm, de fato, demonstrado que

espécies endêmicas de aves (BROOKS & BALMFORD, 1996; BROOKS et al. 1999) e

mamíferos (GRELLE et al. 1999) da Mata Atlântica são mais afetadas pela destruição e

alteração das matas do que as espécies não endêmicas.

Assim, uma lista com todas as espécies endêmicas da Mata Atlântica, indicadoras de

qualidade ambiental e ameaçadas de extinção pode agora ser compilada, indicando, portanto

aquelas espécies encontradas na RPPN e no seu entorno imediato que podem ser

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108

biologicamente mais importantes e que portanto merecem especial atenção do ponto de vista da

conservação.

Foram registradas, portanto 45 espécies consideradas biologicamente importantes,

sendo que apenas cinco destas não foram observadas no interior da RPPN. Esses valores

representam respectivamente 33% da avifauna total (45 espécies em 135) e 49% da avifauna da

RPPN (40 espécies em 82). Ou seja, metade das espécies de aves registradas até o presente na

RPPN Ave Lavrinha pode ser considerada como sendo de especial interesse conservacionista.

As espécies de aves endêmicas, ameaçadas e/ou indicadoras de qualidade ambiental

presentes na RPPN e entorno são as seguintes: Penelope obscura (jacuaçu), Odontophorus

capueira (uru), Aramides saracura (saracura-do-mato), Pyrrhura frontalis (tiriba-de-testa-

vermelha), Macropsalis forcipata (bacurau-tesoura-gigante), Stephanoxis lalandi (beija-flor-de-

topete), Leucochloris albicollis (beija-flor-de-papo-branco), Clytolaema rubricauda (beija-flor-rubi),

Trogon surrucura (surucuá-variado), Ramphastos dicolorus (tucano-de-bico-verde), Batara

cinerea (matracão), Mackenziaena leachii (borralhara-assobiadora), Mackenziaena severa

(borralhara), Thamnophilus ambiguus (choca-de-sooretama), Dysithamnus xanthopterus

(choquinha-de-asa-ferrugem), Drymophila genei (choquinha-da-serra), Drymophila malura

(choquinha-carijó), Pyriglena leucoptera (papa-taoca-do-sul), Hylopezus nattereri (pinto-do-

mato), Chamaeza ruficauda (tovaca-de-rabo-vermelho), Scytalopus notorius (tapaculo-preto),

Dendrocincla turdina (arapaçu-liso), Lepidocolaptes squamatus (arapaçu-escamado), Synallaxis

ruficapilla (pichororé), Cranioleuca pallida (arredio-pálido), Heliobletus contaminatus

(trepadorzinho), Lochmias nematura (joão-porca), Xenops rutilans (bico-virado-carijó), Mionectes

rufiventris (abre-asa-de-cabeça-cinza), Hemitriccus obsoletus (catraca), Platyrinchus mystaceus

(patinho), Hemitriccus nidipendulus (tachuri-campainha), Todirostrum poliocephalum (teque-

teque), Phylloscartes difficilis (estalinho), Knipolegus nigerrimus (maria-preta-de-garganta-

vermelha), Muscipipra vetula (tesoura-cinzenta), Neopelma chrysolophum (fruxu), Chiroxiphia

caudata (tangará), Schiffornis virescens (flautim), Hylophilus poicilotis (verdinho-coroado), Turdus

flavipes (sabiá-una), Tangara desmaresti (saíra-lagarta), Sporophila falcirostris (cigarra-

verdadeira), Basileuterus leucoblepharus (pula-pula-assobiador), Cacicus chrysopterus (tecelão).

CONCLUSÃO A diversidade de aves não foi das mais altas, contudo, a alta quantidade de espécies

endêmicas, ameaçadas de extinção e indicadoras da boa qualidade ambiental, demontra que a

RPPN possui um elevado valor conservacionista.

E é também muito provável que o fragmento abrigue muitas outras espécies dos outros

grupos faunísticos, incluindo outras espécies endêmicas, ameaçadas e indicadoras.

Portanto, o presente levantamento demonstra a importância da reserva como um refúgio

para a fauna da região, e como uma importante área para a manutenção da diversidade regional,

aumentando ainda mais a importância da sua conservação e manejo.

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Quadro 1. Lista das espécies de aves presentes na RPPN Ave Lavrinha e entorno. Nomenclatura e ordem taxonômica de acordo com o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos - CBRO (2007).

Nome do Táxon Nome em Português RPPN entorno fonte registro Ind Ame End Eco Tinamiformes Tinamidae

Crypturellus obsoletus inhambuguaçu X obs,ent voc,grav Anseriformes Anatidae Amazonetta brasiliensis pé-vermelho X ent Galliformes Cracidae

Penelope obscura jacuaçu X obs,ent voc,vis X Odontophoridae Odontophorus capueira uru X ent X X Ciconiiformes Ardeidae Tigrisoma lineatum socó-boi X ent Ardea alba garça-branca-grande X ent Cathartiformes Cathartidae

Cathartes aura urubu-de-cabeça-vermelha X obs vis Coragyps atratus urubu-de-cabeça-preta X obs,ent vis

Falconiformes Accipitridae Heterospizias meridionalis gavião-caboclo X ent II Rupornis magnirostris gavião-carijó X X obs,ent vis II Falconidae Caracara plancus Caracará X X ent II

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Nome do Táxon Nome em Português RPPN entorno fonte registro Ind Ame End Eco Milvago chimachima Carrapateiro X X obs,ent vis II

Gruiformes Rallidae

Aramides saracura saracura-do-mato X obs,ent vis X Cariamidae Cariama cristata seriema X ent Charadriiformes Charadriidae Vanellus chilensis quero-quero X ent Columbiformes Columbidae Columbina talpacoti rolinha-roxa X ent

Patagioenas picazuro pombão X X obs,ent vis Patagioenas plumbea pomba-amargosa X obs voc,grav Leptotila verreauxi juriti-pupu X obs voc

Psittaciformes Psittacidae

Aratinga leucophthalma periquitão-maracanã X obs voc, vis II Pyrrhura frontalis tiriba-de-testa-vermelha X obs voc,vis X II Forpus xanthopterygius tuim X ent II Strigiformes Strigidae Megascops choliba corujinha-do-mato X ent II Caprimulgidae Nyctidromus albicollis bacurau X ent Macropsalis forcipata bacurau-tesoura-gigante X ent X

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Nome do Táxon Nome em Português RPPN entorno fonte registro Ind Ame End Eco Apodiformes Trochilidae Phaethornis pretrei rabo-branco-acanelado X obs vis II

Eupetomena macroura beija-flor-tesoura X obs vis II Stephanoxis lalandi beija-flor-de-topete X obs voc, vis,grav X II Leucochloris albicollis beija-flor-de-papo-branco X obs voc, vis X II Clytolaema rubricauda beija-flor-rubi X obs vis X X II

Trogoniformes Trogonidae

Trogon surrucura surucuá-variado X obs voc, vis X Galbuliformes Bucconidae

Nystalus chacuru joão-bobo X obs,ent voc Piciformes Ramphastidae

Ramphastos dicolorus tucano-de-bico-verde X obs,ent voc,vis X Picidae

Picumnus cirratus pica-pau-anão-barrado X obs voc, vis Colaptes campestris pica-pau-do-campo X X obs voc, vis

Passeriformes Thamnophilidae

Batara cinerea matracão X obs voc X Mackenziaena leachii borralhara-assobiadora X obs voc,vis X X

Mackenziaena severa borralhara X obs voc X X Thamnophilus ambiguus choca-de-sooretama X obs vis X Thamnophilus

caerulescens choca-da-mata X obs voc

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Nome do Táxon Nome em Português RPPN entorno fonte registro Ind Ame End Eco

Thamnophilus ruficapillus choca-de-chapéu-vermelho X obs voc,vis,grav

Dysithamnus xanthopterus choquinha-de-asa-ferrugem X obs vis X X

Drymophila genei choquinha-da-serra X obs voc X QA2 X Drymophila malura choquinha-carijó X obs voc,vis,grav X Pyriglena leucoptera papa-taoca-do-sul X obs voc X

Conopophagidae Conopophaga lineata chupa-dente X obs voc,vis,grav Grallariidae

Hylopezus nattereri pinto-do-mato X obs voc X QA2 Rhinocryptidae

Scytalopus notorius tapaculo-preto X obs voc X X Formicariidae

Chamaeza ruficauda tovaca-de-rabo-vermelho X obs voc X Dendrocolaptidae Dendrocincla turdina arapaçu-liso X obs voc X Sittasomus griseicapillus arapaçu-verde X obs voc

Xiphocolaptes albicollis arapaçu-de-garganta-branca X obs voc

Xiphorhynchus fuscus arapaçu-rajado X obs voc Lepidocolaptes squamatus arapaçu-escamado X X obs voc,vis X X Furnariidae Furnarius rufus joão-de-barro X ent Synallaxis ruficapilla pichororé X obs voc X

Synallaxis spixi joão-teneném X X obs voc Cranioleuca pallida arredio-pálido X X obs voc X X

Phacellodomus rufifrons joão-de-pau X obs vis

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Nome do Táxon Nome em Português RPPN entorno fonte registro Ind Ame End Eco Syndactyla rufosuperciliata trepador-quiete X obs voc Heliobletus contaminatus trepadorzinho X obs voc,vis,grav X X

Lochmias nematura joão-porca X X obs voc X Xenops rutilans bico-virado-carijó X obs vis X

Tyrannidae Mionectes oleagineus abre-asa X X obs voc

Mionectes rufiventris abre-asa-de-cabeça-cinza X obs voc X Leptopogon amaurocephalus cabeçudo X obs voc,vis

Hemitriccus obsoletus catraca X obs voc, vis,grav X X Hemitriccus nidipendulus tachuri-campainha X obs voc, vis X Poecilotriccus plumbeiceps tororó X obs voc Todirostrum poliocephalum teque-teque X obs,ent voc X Phyllomyias fasciatus piolhinho X X obs voc

Elaenia flavogaster guaracava-de-barriga-amarela X obs voc, vis

Camptostoma obsoletum risadinha X X obs voc Serpophaga subcristata alegrinho X obs voc, vis

Phylloscartes difficilis estalinho X obs voc,vis X QA2 X Tolmomyias sulphurescens bico-chato-de-orelha-preta X X obs voc Platyrinchus mystaceus patinho X obs vis X

Myiophobus fasciatus filipe X obs vis Lathrotriccus euleri enferrujado X obs voc

Knipolegus cyanirostris maria-preta-de-bico-azulado X obs vis

Knipolegus nigerrimus maria-preta-de-garganta-vermelha X ent X

Satrapa icterophrys suiriri-pequeno X obs vis Xolmis velatus noivinha-branca X ent

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Nome do Táxon Nome em Português RPPN entorno fonte registro Ind Ame End Eco Muscipipra vetula tesoura-cinzenta X obs vis X

Fluvicola nengeta lavadeira-mascarada X obs,ent vis Pitangus sulphuratus bem-te-vi X obs,ent voc Empidonomus varius peitica X obs voc, vis Tyrannus melancholicus suiriri X obs vis Tyrannus savana tesourinha X obs,ent vis

Myiarchus swainsoni irré X obs voc,vis Myiarchus ferox maria-cavaleira X obs voc

Pipridae Neopelma chrysolophum fruxu X obs voc, grav X Chiroxiphia caudata tangará X X obs voc,vis X

Tityridae Schiffornis virescens flautim X obs voc X Pachyramphus polychopterus caneleiro-preto X obs voc

Vireonidae Cyclarhis gujanensis pitiguari X obs voc Hylophilus poicilotis verdinho-coroado X X obs voc X

Corvidae Cyanocorax cristatellus gralha-do-campo X ent Hirundinidae

Pygochelidon cyanoleuca andorinha-pequena-de-casa X obs,ent voc, vis

Troglodytidae Troglodytes musculus corruíra X obs,ent voc, vis

Turdidae Turdus flavipes sabiá-una X obs voc, grav X Turdus rufiventris sabiá-laranjeira X obs,ent voc, vis

Page 117: Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN Ave Lavrinha · POSSIBILIDADES DE CONECTIVIDADE ..... 56 2.4.1. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA REGIÃO DA RPPN AVE LAVRINHA ... Figura

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Nome do Táxon Nome em Português RPPN entorno fonte registro Ind Ame End Eco Turdus leucomelas sabiá-barranco X obs,ent voc,vis Turdus amaurochalinus sabiá-poca X obs,ent vis

Turdus albicollis sabiá-coleira X obs voc,vis Mimidae Mimus saturninus sabiá-do-campo X ent Coerebidae

Coereba flaveola cambacica Thraupidae

Schistochlamys ruficapillus bico-de-veludo X obs vis Trichothraupis melanops tiê-de-topete X obs vis

Piranga flava sanhaçu-de-fogo X obs vis Thraupis sayaca sanhaçu-cinzento X X obs,ent voc, vis

Thraupis palmarum sanhaçu-do-coqueiro X ent Stephanophorus

diadematus sanhaçu-frade X obs,ent voc, vis

Tangara desmaresti saíra-lagarta X obs voc, vis X Tangara cayana saíra-amarela X X obs,ent vis Dacnis cayana saí-azul X X obs vis

Emberizidae Zonotrichia capensis tico-tico X X obs voc, vis

Poospiza laterallis quete X obs voc, vis,grav

Sicalis flaveola canário-da-terra-verdadeiro X ent

Volatinia jacarina tiziu X ent Sporophila lineola bigodinho X ent Sporophila caerulescens coleirinho X obs,ent voc,vis

Sporophila falcirostris cigarra-verdadeira X obs voc, grav X VU 1,2 X Sporophila angolensis curió X ent

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Nome do Táxon Nome em Português RPPN entorno fonte registro Ind Ame End Eco Cardinalidae

Saltator similis trinca-ferro-verdadeiro X X obs,ent voc, vis Cyanocompsa brissonii azulão X obs voc

Parulidae Basileuterus culicivorus pula-pula X X obs voc Basileuterus

leucoblepharus pula-pula-assobiador X X obs voc X

Icteridae Psarocolius decumanus japu X X obs,ent voc, vis Cacicus chrysopterus tecelão X X obs,ent vis X Icterus jamacaii corrupião X obs vis

Gnorimopsar chopi graúna X ent Molothrus bonariensis vira-bosta X obs,ent vis

Fringillidae Carduelis magellanica pintassilgo X obs,ent vis

Passeridae Passer domesticus pardal X ent

Legenda: Fonte: Observação durante o atual levantamento (obs), Entrevista com moradores locais (ent); Registro: Observação visual (vis), Vocalização (voc), Gravação da voz (grav).End: espécies endêmicas da Mata Atlântica. Am: Espécies ameaçadas de extinção; grau de ameaça – CP = Criticamente em Perigo; EP = Em perigo; VU=Vulnerável; QA = quase ameaçada; 1Espécies ameaçadas em território brasileiro (segundo BRASIL, 2003); 2Espécies globalmente ameaçadas (segundo IUCN, 2008); Eco: espécies de interesse econômico (de acordo com CITES, 2007); Ind: espécies indicadoras de qualidade ambiental (de acordo com Parker et al., 1996).