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IGARA Consultoria em Aquicultura e Gestão Ambiental Foto: saíra-capitão (Tangara cyanocephala) Créditos: Raphael Bessa Reserva Particular do Patrimônio Natural Fazenda do Tanguá: Plano de Manejo

RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

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1

IGARA – Consultoria em Aquicultura e Gestão Ambiental

Foto: saíra-capitão (Tangara cyanocephala)

Créditos: Raphael Bessa

Reserva Particular do Patrimônio Natural Fazenda do Tanguá: Plano de Manejo

Page 2: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

ii

INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE

Rômulo José Fernandes Barreto de Mello - Presidente

DIRETORIA DE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO DE PROTEÇÃO INTEGRAL

Ricardo José Soavinski - Diretor

COORDENAÇÃO GERAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

DE USO INDIRETO

Giovanna Palazzi - Coordenadora

COORDENAÇÃO DE PLANO DE MANEJO

Carlos Henrique Velásquez Fernandes - Coordenador

COORDENAÇÃO REGIONAL DO RIO DE JANEIRO

Rogério Geraldo Rocco

R P P N

Fundação dos Economiários Federais - FUNCEF

ANGRA DOS REIS

JUNHO - 2010

IIIGGGAAARRRAAA Consultoria em Aquicultura e Gestão Ambiental

Page 3: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

iii

PLANO DE MANEJO DA RPPN FAZENDA DO TANGUÁ

Coordenação Geral Carlos Henrique Fernandes Coordenador de Elaboração e Revisão de Plano de Manejo

Coordenação Técnica Luiz Alberto Marques Fernandes Biólogo, Esp. – IGARA Consultoria em Aquicultura e Gestão Ambiental

Supervisão

Caetana Franarin Pimenta Veiga Alves Turismóloga – OIKOS Consultoria Estratégica em Turismo e Meio Ambiente

Eduardo Zardo Turismólogo – OIKOS Consultoria Estratégica em Turismo e Meio Ambiente

Ludmyla Castro

Advogada – OIKOS Consultoria Estratégica em Turismo e Meio Ambiente

Planejamento André Luiz de Araújo Biólogo, Esp. – Consultor Autônomo

Carlos Alberto dos Santos Souza Biólogo, Esp./Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF

Leda Maria Vasconcelos Furtado Arquiteta, Esp. – Consultora Autônoma

Luiz Alberto Marques Fernandes Biólogo, Esp. – IGARA Consultoria em Aquicultura e Gestão Ambiental

LEVANTAMENTOS BIOLÓGICOS

Mastofauna

Adarene Guimarães da Silva Motta Bióloga Esp./Consultor Autônomo

Anderson Mendes Augusto Biólogo, Esp./Consultor Autônomo

Rodrigo Gredilha

Veterinário, Esp./Consultor Autônomo

Vegetação

Mauricio Bueno Biólogo, MSc./Consultor Autônomo

Samuel Pigozzo Engenheiro Florestal, MSc./Consultor Autônomo

Maria Clara Neves

Gestora Ambiental, Esp./Consultora Autônoma

Page 4: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

iv

Alisson Nunes

Gestor Ambiental, Esp../Consultor Autônomo

Herpetofauna

Jonas Pederassi Biólogo, Esp./Consultor Autônomo

Mauro Souza Lima

Biólogo, DSc./Universidade Federal do Piauí - UFPI

Araneofauna

Antônio Domingos Brescovit Biólogo, DSc./Instituto Butantan - IB Carlos Alberto Santos Souza

Biólogo, Esp. /Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF

Ornitofauna

Bruno Carlos Rennó Sores Biólogo, Esp./Consultor Autônomo Luciano Moreira Lima Biólogo, Esp./Consultor Autônomo

Raphael Bessa

Veterinário, Esp./Consultor Autônomo

Ictiofauna

Antônio Gomes Cruz Filho Biólogo, DSc./Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ

Márcia Cristina Costa de Azevedo Bióloga – DSc./ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ

Ruan Managna Vasconcellos Biólogo – DSc./ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ

Cláudio Nona Morado Biólogo– MSc./ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ

Clima, Geomorfologia e Hidrografia

Jaime Simon Almaraz Urdininea

Geólogo, DSc./Consultor Autônomo

LEVANTAMENTO SOCIOECONÔMICO

Guilherme Pinto de Araujo

Sociólogo, MSc./Consultor Autônomo

Elaboração dos Mapas

Pedro P. G. Barbieri

Geógrafo, Esp./ Consultor Autônomo

Page 5: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

v

AGRADECIMENTOS

A Associação de Moradores da Vila Velha Alberto Duarte

Antonio Duarte Folgosa Benedita Duarte da Silva

Benedita Folgosa Benedita Salgada de Oliveira

Djalma Pires Flávio Vieira

José Duarte do Nascimento Maria Teresa Oliveira de Deus

Maria Helena Freitas do Nascimento Miguel Benedito do Nascimento

Paulo Sérgio Veríssimo Waldir do Nascimento

Vera Lúcia Duarte

Aos Colaboradores

Alessandra Velludo

Vila Galé Eco Resort de Angra

Conference & Spa

Ivan Marcelo Neves

Instituto Socioambiental da Baía da Ilha

Caetana Franarin P. Veiga Alves

OIKOS Consultoria Estratégica em

Turismo e Meio Ambiente

Júlio Cesar Lopes de Avelar

Instituto Estadual do Ambiente (INEA-RJ)

Eduardo Flávio Zardo

OIKOS Consultoria Estratégica em

Turismo e Meio Ambiente

Ludmyla Macedo de Castro e Moura

OIKOS Consultoria Estratégica em

Turismo e Meio Ambiente

Francisco Libório

Vila Galé Eco Resort de Angra

Conference & Spa

Marcos Lacerda

Vila Galé EcoResort de Angra Conference

& Spa

Page 6: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

vi

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO......................................................................................................................................... 1

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 2

2. INFORMAÇÕES GERAIS .................................................................................................................... 4

2.1. ACESSO .......................................................................................................................................... 4

2.2. HISTÓRICO DE CRIAÇÃO E ASPECTOS LEGAIS DA RPPN ................................................................. 7

2.3. FICHA-RESUMO ............................................................................................................................... 8

3. CARACTERIZAÇÃO DA RPPN .......................................................................................................... 9

3.1. CLIMA ............................................................................................................................................10

3.1.1. Temperatura do ar .............................................................................................................11

3.1.2. Precipitação pluviométrica ..............................................................................................12

3.1.3. Precipitação e deslizamentos .........................................................................................14

3.1.4. Umidade relativa do ar e balanço hídrico .....................................................................14

3.2. GEOMORFOLOGIA E RELEVO ..........................................................................................................14 3.2.1. Comportamento topográfico e hipsometria sobre a formação da bacia

hidrográfica. ........................................................................................................................................15

3.2.2. Mapa de declividade .........................................................................................................16

3.2.3. Orientação geográfica estrutural dos cursos d‟água .................................................17

3.3. HIDROGRAFIA .................................................................................................................................17

3.3.1. Microbacia do Tanguá ......................................................................................................18

3.3.2. Praia do Tanguá .................................................................................................................20

3.3.3. Disponibilidade hídrica da microbacia ..........................................................................22

3.3.4. Qualidade da água da microbacia ..................................................................................22

3.4. VEGETAÇÃO ...................................................................................................................................23

3.5. FAUNA............................................................................................................................................32

3.5.1. Araneofauna .......................................................................................................................32

3.5.2. Ictiofauna ............................................................................................................................38

3.5.3. Herpetofauna ......................................................................................................................41

3.5.4. Avifauna ..............................................................................................................................53

3.5.5. Mastofauna .........................................................................................................................61

3.6. ASPECTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS (PATRIMÔNIO MATERIAL E IMATERIAL) ...............................66

3.7. OCORRÊNCIA DE FOGO ..................................................................................................................67

4. CARACTERIZAÇÃO DA PROPRIEDADE ........................................................................................67

4.1. ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA (ETA) ..................................................................................68

4.2. ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO (ETE) ...............................................................................69

5. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ENTORNO ...............................................................................71

5.1. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA SOCIOECONÔMICA .......................................................................72

5.2. CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DO MUNICÍPIO ......................................................................74

5.2.1. Indicadores de desenvolvimento socioeconômico .....................................................74

5.2.2. Dinâmica demográfica ......................................................................................................75

5.2.3. Situação educacional ........................................................................................................78

5.2.4. Condições de saúde .........................................................................................................81

5.2.5. Infraestrutura social ..........................................................................................................83 5.2.5.1. Serviços de resgate e atendimento de emergência ............................................................... 83 5.2.5.2. Serviços bancários ...................................................................................................................... 83 5.2.5.3. Transporte .................................................................................................................................... 83

5.2.6. Situação econômica ..........................................................................................................84

Page 7: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

vii

5.2.6.1. Estrutura produtiva e emprego ................................................................................................. 84 5.2.6.2. Indicadores econômicos ............................................................................................................ 85 5.2.6.3. Setores econômicos ................................................................................................................... 86 5.2.6.4. Estrutura Fundiária e Uso do Solo ........................................................................................... 98

5.3. CARACTERIZAÇÃO DO ENTORNO IMEDIATO À RPPN .................................................... 101

5.3.1. A Comunidade de Vila Velha ......................................................................................... 102

5.3.2. Conflitos socioambientais relacionados à RPPN ...................................................... 104 5.3.2.1. Conflito de uso relacionado à água potável.......................................................................... 104 5.3.2.2. Tráfico de animais silvestres ................................................................................................... 105 5.3.2.3. Extrativismo vegetal ................................................................................................................. 105 5.3.2.4. Ocupação urbana desordenada .............................................................................................. 105

6. OFICINA DE PLANEJAMENTO ....................................................................................................... 106

7. POSSIBILIDADE DE CONECTIVIDADE ......................................................................................... 109

7.1. AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA BAÍA DA ILHA GRANDE ....................................................... 109

7.2. O MOSAICO DA BOCAINA ............................................................................................................. 111

7.3. POSSIBILIDADE DE CONECTIVIDADE .............................................................................................. 112

8. DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA .............................................................................................. 114

9. PLANEJAMENTO E GESTÃO ......................................................................................................... 115

9.1. OBJETIVOS GERAIS ...................................................................................................................... 115

9.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................................. 116

10. ZONEAMENTO .............................................................................................................................. 116

10.1. ZONA DE PROTEÇÃO ................................................................................................................ 119

10.2. ZONA DE VISITAÇÃO................................................................................................................. 123

10.3. ZONA DE RECUPERAÇÃO ......................................................................................................... 125

10.4. ZONA DE ADMINISTRAÇÃO ....................................................................................................... 131

10.5. ZONA DE TRANSIÇÃO ............................................................................................................... 133

11. PROGRAMAS DE MANEJO ........................................................................................................ 136

11.1. PROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO .............................................................................................. 136

11.2. PROGRAMA DE PROTEÇÃO E FISCALIZAÇÃO ............................................................................ 144

11.3. PROGRAMA DE PESQUISA, MANEJO E MONITORAMENTO ......................................................... 147

11.4. PROGRAMA DE VISITAÇÃO ....................................................................................................... 152

11.4.1. Portal do Tanguá ............................................................................................................. 154

11.4.2. Centro de Interpretação – CI .......................................................................................... 155

11.4.3. Circuito dos Caminhos ................................................................................................... 157

11.4.4. Circuito das Trilhas ......................................................................................................... 158

11.4.5. Turismo científico ............................................................................................................ 163

11.5. PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO ................................................................................................ 165

11.6. PROGRAMA DE SUSTENTABILIDADE ......................................................................................... 167

12. PRONOGRAMA DE ATIVIDADES .............................................................................................. 169

12.1. PROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO .............................................................................................. 169

12.2. PROGRAMA DE PROTEÇÃO E FISCALIZAÇÃO ............................................................................ 169

12.3. PROGRAMA DE PESQUISA, MANEJO E MONITORAMENTO ......................................................... 169

12.4. PROGRAMA DE VISITAÇÃO ....................................................................................................... 170

12.5. PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO ................................................................................................ 171

12.6. PROGRAMA DE SUSTENTABILIDADE ......................................................................................... 171

13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................ 172

Page 8: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

viii

ANEXOS

ANEXO 1 – Abundância e status das espécies da areneofauna.

ANEXO 2 – Listagem total de aranhas adultas e sua relevância taxonômica.

ANEXO 3 – Portaria de criação da RPPN, Diário Oficial e Certidão de Criação.

ANEXO 4 – Certidão Negativa e RGI da Propriedade na RPPN.

ANEXO 5 – Termo de Compromisso de Criação da RPPN.

Page 9: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

ix

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Mapa de localização da RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis – RJ. .......... 5

Figura 2 – Mapa de acesso à RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis – RJ. .................. 6

Figura 3 – Detalhamento do acesso à RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis – RJ. ..... 6

Figura 4 – Delimitação física e circuito de trilhas abertas para pesquisa na RPPN Fazenda

do Tanguá, Angra dos Reis – RJ. .......................................................................................... 9

Figura 5 – Histórico de temperatura dos períodos de 1931-1960 e 1961-1990. ................... 12

Figura 6 – Histórico de precipitação nos períodos de 1931-1960 e 1961-1990. ................... 13

Figura 7 – Mapa de declividade da RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis – RJ. ........ 17

Figura 8 – Microbacia da RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis – RJ. ....................... 18

Figura 9 – Curso baixo do córrego Tanguá. ........................................................................ 19

Figura 10 – Aluvião do curso médio do córrego Tanguá na cota de 100 m.s.n.m. ............... 19

Figura 11 – Matacões de rochas acima de 150 m.s.n.m no córrego Tanguá. ...................... 20

Figura 12 – Vista da ponta do Tanguá - rochas metamórficas com cobertura floresta

ombrófila. ............................................................................................................................. 20

Figura 13 – Faixa estreita de areias litorâneas finas quartzosas e biolíticas (escuras).

Vegetação arbustiva típica de restinga gênero Calyptranthes sp. ........................................ 21

Figura 14 – Ação erosiva na faixa litorânea da praia do Tanguá. ......................................... 21

Figura 15 – Unidades de decantação e filtragem da ETA. ................................................... 22

Figura 16 – Represa da ETA. .............................................................................................. 22

Figura 17 – Pontos de amostragens de água nos córregos da RPPN Fazenda do Tanguá,

Angra dos Reis – RJ. ........................................................................................................... 23

Figura 18 – Vista aérea da cobertura vegetal da RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis

– RJ. .................................................................................................................................... 25

Figura 19 – Palmito Jussara (Euterpis edulis) no interior da RPPN Fazenda do Tanguá,

Angra dos Reis – RJ. ........................................................................................................... 29

Figura 20 – Brejaúva (Astrocaryum aculeatissimum) na RPPN Fazenda do Tanguá, Angra

dos Reis-RJ. ........................................................................................................................ 29

Figura 21 – Figueira (Ficus enormis) na RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis – RJ. 30

Figura 22 – Canela (Nectandra membranaceae) na RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos

Reis – RJ. ............................................................................................................................ 30

Figura 23 – Bananeira (Musa sp) na RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis – RJ. ..... 30

Page 10: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

x

Figura 24 – Áreas das amostragens da araneofauna da RPPN Fazenda do Tanguá, Angra

dos Reis - RJ. ...................................................................................................................... 33

Figura 25 – Representatividade da abundância das espécies de aranhas encontradas na

RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis – RJ. ............................................................... 35

Figura 26 – Poeciliidae, P. vivipara. ..................................................................................... 39

Figura 27 – Poeciliidae, P. januarius. ................................................................................... 39

Figura 28 – Poeciliidae, P. caudimaculatus. ......................................................................... 39

Figura 29 – Poeciliidae, Phalloceros sp. .............................................................................. 39

Figura 30 – Erythrinidae, H. malabarius. .............................................................................. 40

Figura 31 – Mugilidae, M. liza. ............................................................................................. 40

Figura 32 – Gobiidae, Awaous sp. ....................................................................................... 40

Figura 33 – Crustacea, Atya scabra. .................................................................................... 41

Figura 34 – Macrobrachium jelski. ...................................................................................... 41

Figura 35 – Crustacea, Trichodactylus fluviatilis. ................................................................. 41

Figura 36 – Viperidae, Bothrops jararaca. ............................................................................ 42

Figura 37 – Colubridae, Liophis sp. ...................................................................................... 42

Figura 38 – Colubridae, Thamnodynastes sp. ...................................................................... 42

Figura 39 – Delimitacão e curvas de nível encontradas na RPPN Fazenda do Tanguá,

Angra dos Reis - RJ. ............................................................................................................ 44

Figura 40 – Distribuição da espécie, Ischnocnema guentheri. ............................................. 45

Figura 41 – Rã-do-folhiço, Ischnocnema guentheri (Brachycephalidade). ............................ 45

Figura 42 – Distribuição da espécie, Haddadus binotatus. ................................................... 45

Figura 43 – Rã-do-folhiço, Haddadus binotatus (Craugastoridae). ....................................... 45

Figura 44 – Distribuição da espécie, Myrsiella microps. ....................................................... 46

Figura 45 – Rãzinha-assobiadora-da-mata, Myrsiella microps (Microhylidae). ..................... 46

Figura 46 – Distribuição da espécie, Rhinella crucifer. ......................................................... 46

Figura 47 – Sapo cururuzinho, Rhinella crucifer (Bufonidae). .............................................. 46

Figura 48 – Distribuição da espécie, Hylodes phyllodes. ..................................................... 47

Figura 49 – Rã-de-correderia, Hylodes phyllodes (Hylodidae). ............................................ 47

Figura 50 – Distribuição da espécie, Proceratophrys melanopogon ..................................... 47

Figura 51 – Sapo-de-chifres, Proceratophrys melanopogon. ............................................... 47

Page 11: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

xi

Figura 52 – Distribuição da espécie, Scinax hayii. ............................................................... 48

Figura 53 – Perereca-do-banheiro, Scinax hayii (Hylidae). .................................................. 48

Figura 54 – Distribuição da espécie Physalaemus maculiventris. ........................................ 48

Figura 55 – Rãzinha, Physalaemus maculiventris (Leiuperidae). ......................................... 48

Figura 56 – Distribuição da espécie, Scinax angrensis. ....................................................... 48

Figura 57 – Perereca, Scinax angrensis (Hylidae). .............................................................. 48

Figura 58 – Distribuição da espécie, Leptodactylus marmoratus. ........................................ 49

Figura 59 – Rãzinha, Leptodactylus marmoratus (Leptodactylidae). .................................... 49

Figura 60 - Distribuição da espécie, Dendropsophus aff. berthalutzae. ............................... 49

Figura 61 – Pererequinha, Dendropsophus aff. Berthalutzae. .............................................. 49

Figura 62 - Distribuição da espécie, Bokermannohyla luctuosa. .......................................... 50

Figura 63 – Perereca-de-mata, Bokermannohyla luctuosa. ................................................. 50

Figura 64 – Distribuição da espécie, Dendropsophus microps. ............................................ 50

Figura 65 - Pererequinha-da-mata, Dendropsophus microps. .............................................. 50

Figura 66 – Distribuição da espécie, Ischnocnema bolbodactyla. ........................................ 50

Figura 67 – Rãzinha-do-folhiço, Ischnocnema bolbodactyla (Brachicephalidae). ................. 50

Figura 68 – Distribuição da espécie, Ischnocnema parva. ................................................... 51

Figura 69 – Rãzinha-do-folhiço, Ischnocnema parva. .......................................................... 51

Figura 70 - Distribuição da espécie, Psyllophryne didactyla. ................................................ 51

Figura 71 – Sapo-pulga, Psyllophryne didactyla .................................................................. 51

Figura 72 – Distribuição da espécie, Dendrophryniscus brevipollicatus ............................... 52

Figura 73 – Sapinho-de-bromélia, Dendrophryniscus brevipollicatus. .................................. 52

Figura 74 – Rã, Leptodactylus sp......................................................................................... 52

Figura 75 – Número de espécies das 20 famílias mais representativas detectadas na RPPN

Reserva Natural da Fazenda do Tanguá. ............................................................................ 54

Figura 76 - Curva de acúmulo de espécies da área de estudo da RPPN Fazenda do

Tanguá, Angra dos Reis – RJ. ............................................................................................. 54

Figura 77 – Gavião-pega-macaco, S. tyrannus. .................................................................. 55

Figura 78 – Gavião-pombo-pequeno, L. lacernulatus........................................................... 55

Figura 79 – Papa-formiga-de-grota, Myrmeciza squamosa. ................................................ 55

Page 12: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

xii

Figura 80 – Limpa-folha-coroadao, Philydor atricapillus. ...................................................... 55

Figura 81 – Arapaçu-liso, D. turdina. .................................................................................... 56

Figura 82 – Abre-asa-de-cabeça-cinza, M. rufiventris. ......................................................... 56

Figura 83 - Distribuição de categorias de aves da RPPN da Fazenda do Tanguá, Angra dos

Reis – RJ. ............................................................................................................................ 56

Figura 84 – Gavião miudinho, A. superciliosus. ................................................................... 58

Figura 85 – Vira-bosta-picumã, M. rufoaxillaris. ................................................................... 58

Figura 86 – Sabiá cica, T. malachitacea. ............................................................................. 59

Figura 87 – Cigarra verdadeira, S. falcirostris. ..................................................................... 59

Figura 88 – Choquinha-de-peito-pintado, D. stictothorax. .................................................... 59

Figura 89 – Bico-assovelado, R. naevius. ............................................................................ 59

Figura 90 – Araponga, P. nudicollis. .................................................................................... 59

Figura 91 – Pavó, P. scutatus. ............................................................................................. 59

Figura 92 – Tucano-de-bico-preto, R. vitellinus. ................................................................... 60

Figura 93 – Rastros (pegadas) em solo úmido. ................................................................... 62

Figura 94 – Fezes de capivara. ............................................................................................ 62

Figura 95 – Gamba (Didelphis aurita) capturado em armadilha Tomahawk. ........................ 63

Figura 96 – Morcego capturado em rede de neblina. ........................................................... 63

Figura 97 – Morcego avistado no tronco da arvore. ............................................................. 63

Figura 98 – Estacão de Tratamento de Água (ETA) ............................................................ 68

Figura 99 – Estação de Tratamento de Esgoto. ................................................................... 69

Figura 100 - População residente por grupos de idade no Brasil, segundo os anos de 1991 e

2000. ................................................................................................................................... 77

Figura 101 – População residente por grupos de idade no Rio de Janeiro, segundo os anos

de 1991 e 2000. ................................................................................................................... 77

Figura 102 – População residente por grupos de idade no município de Angra dos Reis,

segundo os anos de 1991 e 2000. ....................................................................................... 78

Figura 103– Evolução percentual do nível educacional da população adulta (25 anos ou

mais) em Angra dos Reis: 1991 e 2000. .............................................................................. 79

Figura 104 – População residente por grupos de idade no Brasil, segundo os anos de 1991

e 2000. ................................................................................................................................ 80

Page 13: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

xiii

Figura 105 – Comparação da evolução percentual do analfabetismo da população adulta (25

anos ou mais), Angra dos Reis e Rio de Janeiro: 1991 e 2000. ........................................... 80

Figura 106 - Evolução percentual dos indicadores no município de Angra dos Reis entre

1991 e 2000. ........................................................................................................................ 81

Figura 107- Ocupação da população em empregos formais por setor, 2007. ...................... 85

Figura 108 – Ocupação da população em empregos formais por sexo, 2007. ..................... 85

Figura 109 – Participação (%) dos valores agregados por setor, 2006. ............................... 86

Figura 110 – Participação dos principais gêneros da indústria de transformação, 2006. ... 87

Figura 111 – Detalhamento da participação dos demais gêneros da indústria de

transformação, 2006. ........................................................................................................... 87

Figura 112 - Evolução das atividades do comercio exterior no município por ano. .............. 88

Figura 113 - Toneladas de produtos siderúrgicos movimentadas no Porto de Angra dos Reis,

1999-2003. .......................................................................................................................... 90

Figura 114– Toneladas de trigo movimentadas no Porto de Angra dos Reis, 1999-2003. ... 90

Figura 115 – Participação na produção de origem animal por tipo de produto, 2007. .......... 92

Figura 116 – Evolução da produção de sardinha no município de Angra dos Reis. ............. 93

Figura 117 – Evolução da produção de camarão no município de Angra dos Reis. ............. 94

Figura 118 – Evolução da produção de peixes diversos no município de Angra dos Reis. .. 94

Figura 119 – Mapa de localização dos cinco corredores turísticos de Angra dos Reis. ........ 96

Figura 120 - Motivo da viagem dos turistas à Angra dos Reis. ............................................. 98

Figura 121 - “Quando da resposta „lazer‟ quais fatores motivaram mais a viagem”. ............ 98

Figura 122 – Distribuição percentual do número de estabelecimentos agrícolas, segundo

estrato de área do município de Angra dos Reis, 1995. ....................................................... 99

Figura 123 – Distribuição percentual da área por hectares, segundo estrato de área do

município de Angra dos Reis, 1995. .................................................................................... 99

Figura 124 - Condição do produtor segundo número de estabelecimentos, Angra dos Reis,

1996. ................................................................................................................................. 100

Figura 125 – Condição do produtor segundo área, Angra dos Reis, 1996 ......................... 100

Figura 126 - Percentual de áreas dos estabelecimentos agropecuários, 2006. .................. 101

Figura 127 – Perfil habitacional do entorno da RPPN: empreendimentos luxuosos. .......... 102

Figura 128 – Perfil habitacional do entorno da RPPN: população de baixa renda. ............. 102

Figura 129 – Fazenda do Tanguá: fábrica de gelo. ............................................................ 103

Page 14: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

xiv

Figura 130 – Fazenda do Tanguá: familiares do antigo proprietário. .................................. 103

Figura 131 – Ocupações irregulares no topo do morro do Tanguá, Angra dos Reis – RJ. . 105

Figura 132 – Mosaico de Unidades de Conservação da Bocaina. ..................................... 112

Figura 133 – Fragmentos florestais no entorno da RPPN da Fazenda do Tanguá. ............ 113

Figura 134 – Zoneamento da Unidade. .............................................................................. 117

Figura 135 – Mapa do zoneamento da Unidade e respctivos setores. ............................... 118

Figura 136 – Setor 1 da Zona de Proteção. ....................................................................... 119

Figura 137 – Setor 3 da Zona de Proteção. ....................................................................... 120

Figura 138 – Setor 7 da Zona de Proteção. ....................................................................... 121

Figura 139 – Setor 8 da Zona de proteção. ........................................................................ 122

Figura 140 – Setor 6 da Zona de Visitação. ....................................................................... 123

Figura 141 – Setor 2 da Zona de Recuperação. ................................................................ 125

Figura 142 – Setor 9 da Zona de Recuperação. ................................................................ 126

Figura 143 – Setor 11 da Zona de recuperação. ................................................................ 127

Figura 144 – Setor 12 da Zona de Recuperação. .............................................................. 128

Figura 145 – Setor 13 da Zona de Recuperação. .............................................................. 129

Figura 146 – Setor 14 da Zona de Recuperação. .............................................................. 130

Figura 147 – Setor 16 da Zona de Recuperação. .............................................................. 131

Figura 148 – Setor 15 da Zona de Adminitração. ............................................................... 132

Figura 149 – Setor 4 da Zona de Transição. ...................................................................... 133

Figura 150 – Setor 5 da Zona de Transição. ...................................................................... 134

Figura 151 – Setor 10 da Zona de Transição. .................................................................... 135

Figura 152 – Organograma da RPPN Fazenda do Tanguá................................................ 138

Figura 153 – Mapa da RPPN da Fazendo do Tanguá destacando a infraestrutura e atrativos.

.......................................................................................................................................... 153

Page 15: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

xv

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Estações meteorológicas regionais. ................................................................... 10

Tabela 2 - Temperaturas anuais mensais da Estação da Usina Nuclear 1980-2004. .......... 11

Tabela 3 - Temperaturas anuais mensais da Estação da Ilha Guaíba 1972-1990. .............. 11

Tabela 4 - Precipitação total das estações meteorológicas: médias mensais em mm.......... 12

Tabela 5 – Médias mensais de dias chuvosos nas Estações da ETN-Usina Nuclear e Ilha

Guaíba. ................................................................................................................................ 13

Tabela 6 – Valores médios mensais de umidade relativa do ar da estação da Ilha Guaíba:

1972-1990. .......................................................................................................................... 14

Tabela 7 – Valores normais mensais do excedente hídrico da Estação de Angra dos Reis:

1961-1990. .......................................................................................................................... 14

Tabela 8 – Índices de dissecação* da rede de drenagem da RPPN Fazenda do Tanguá,

Angra dos Reis - RJ. .......................................................................................................... 15

Tabela 9 - Distribuição em área das de altitudes no mapa hipsométrico da microbacia da

RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis - RJ. ............................................................... 16

Tabela 10 - Classes de declividade média para microbacias de drenagem. ........................ 16

Tabela 11 - Áreas por classe de declividade média da RPPN Fazenda do Tanguá, Angra

dos Reis - RJ. ...................................................................................................................... 16

Tabela 12 - Orientação geográfica dos cursos de água de segunda ordem. ........................ 17

Tabela 13 – Características geométricas dos tributários. ..................................................... 19

Tabela 14 – Propriedades físico-químicas das águas da microbacia do Tanguá. ................ 23

Tabela 15 - Lista florística de todas as famílias e espécies arbustivas-arbóreas amostradas

em um trecho de Floresta Atlântica – RPPN Reserva Natural da Fazenda Tanguá, Angra

dos Reis - RJ. ...................................................................................................................... 24

Tabela 16 – Lista florística da trilha 4 contendo todas as famílias, espécies, número de

indivíduos (NI) e altura total em metros (AT), diâmetro a altura do peito, em centímetros

(DAP), dos indivíduos arbóreos amostrados em um trecho de Floresta Atlântica – RPPN

Reserva Natural da Fazenda Tanguá, Angra dos Reis, RJ. ................................................ 26

Tabela 17 – Lista florística da trilha 2 contendo todas as famílias, espécies, número de

indivíduos (NI) e altura total em metros (AT), diâmetro a altura do peito, em centímetros

(DAP), dos indivíduos arbóreos amostrados em um trecho de floresta atlântica – RPPN

Reserva Natural da Fazenda Tanguá, Angra dos Reis, RJ. ................................................ 27

Tabela 18 – Distribuição de famílias de aranhas por pontos amostrados. ............................ 34

Tabela 19 – Quantidade de aranhas amostradas em relação aos procedimentos e áreas

amostrais no interior da RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis – RJ. ......................... 35

Page 16: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

xvi

Tabela 20 – Diversidade de aranhas encontras na RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos

Reis - RJ. ............................................................................................................................. 36

Tabela 21 – Localização, altitude, hierarquia fluvial (ordem) e data de coleta dos trechos de

riachos amostrados na microbacia Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis – RJ. ................... 38

Tabela 22 – Caracterização física dos ambientes amostrados na RPPN Fazenda do Tanguá,

Angra dos Reis – RJ. ........................................................................................................... 38

Tabela 23 – Táxons de peixes amostrados na RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis –

RJ. ....................................................................................................................................... 39

Tabela 24 - Descrição de abundância de espécie e biomassa da RPPN Fazenda do Tanguá,

Angra dos Reis - RJ. ............................................................................................................ 40

Tabela 25 – Aspectos físicos da água e do ambiente de entorno do córrego do Tanguá. .... 41

Tabela 26 – Anurofauna catalogada na RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis - RJ. . 43

Tabela 27 – Lista dos táxons endêmicos para a Mata Atlântica (MA) e para o Brasil (BR)

registrados para a RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis - RJ. .................................. 57

Tabela 28 – Lista das espécies ameaçadas de extinção a nível Mundial (IUCN), Nacional

(MMA) e Estadual (RJ) relacionadas para a RPPN Fazenda do Tanguá. ............................ 58

Tabela 29 – Relação das espécies de aves sensíveis a pressão de caça presentes na RPPN

Fazenda do Tanguá. ............................................................................................................ 60

Tabela 30 – Espécies sensíveis a pressão de captura relacionadas na RPPN Fazenda do

Tanguá. ............................................................................................................................... 61

Tabela 31 – Check list das espécies de mamíferos encontrados na RPPN Fazenda do

Tanguá, Angra dos Reis – RJ. ............................................................................................. 62

Tabela 32 – Caracterização dos entrevistados. ................................................................... 65

Tabela 33 – Resultados bacteriológicas na ETA (2º Semestre de 2008). ............................ 68

Tabela 34 – Resultados físicos na ETA (2º Semestre de 2008). .......................................... 68

Tabela 35 – Resultados bacteriológicas na ETA (1º Semestre de 2009). ............................ 68

Tabela 36 – Resultados físicos na ETA (1º Semestre de 2009). .......................................... 69

Tabela 37 - Resultados físico-químicos da ETA (2º Semestre de 2008). ............................. 69

Tabela 38 – Resultados físico-químicos da ETA (1º Semestre de 2009). ............................ 70

Tabela 39 – Análises biológicas da água da praia do Tanguá (2º Semestre de 2008). ........ 70

Tabela 40 – Análises biológicas da água da praia do Tanguá (1º Semestre de 2009). ........ 70

Tabela 41 – Análises biológicas da água da praia do Tanguá (1º Semestre de 2009). ........ 70

Tabela 42 – Índice de Desenvolvimento Humano, Rio de Janeiro e Brasil, 1991 – 2000. .... 74

Page 17: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

xvii

Tabela 43 - Índice de Desenvolvimento Humano, Angra dos Reis, 1991 – 2000. ................ 74

Tabela 44 – População residente por situação de domicílio no Estado do Rio de Janeiro e no

Brasil, 1991 e 2000. ............................................................................................................. 75

Tabela 45 – População residente por ano no município de Angra dos Reis, segundos os

anos de 1991, 2000, 2007 e 2008. ....................................................................................... 75

Tabela 46 – População residente por situação de domicílio no município de Angra dos Reis,

segundo os anos de 1991 e 2000. ....................................................................................... 75

Tabela 47 – População residente por sexo no Estado do Rio de Janeiro e no Brasil, 1991 e

2000. ................................................................................................................................... 76

Tabela 48 – População residente por sexo no município de Angra dos Reis, segundo os

anos de 1991 e 2000. .......................................................................................................... 76

Tabela 49 – Evolução percentual da população total por sexo, segundo os anos de 1991 e

2000. ................................................................................................................................... 76

Tabela 50 - População residente por grupos de idade no município de Angra dos Reis,

segundo os anos de 1991 e 2000. ....................................................................................... 77

Tabela 51 – Taxa de alfabetização da população jovem do Rio de Janeiro: 1991 e 2000. .. 78

Tabela 52 – Nível educacional da população adulta (25 anos ou mais), Rio de Janeiro: 1991

e 2000. ................................................................................................................................ 78

Tabela 53 – Taxa de alfabetização da população jovem de Angra dos Reis: 1991 e 2000. . 78

Tabela 54 - Taxa de alfabetização da população adulta (25 anos ou mais) de Angra dos

Reis: 1991 e 2000. ............................................................................................................... 79

Tabela 55 – Nível educacional da população jovem, Angra dos Reis: 1991 e 2000. ............ 79

Tabela 56 - Comparação da taxa de analfabetismo da população adulta (25 anos ou mais),

Angra dos Reis e Rio de Janeiro: 1991 e 2000. ................................................................... 80

Tabela 57 - Indicadores de longevidade do município de Angra dos Reis, 1991 e 2000. ..... 81

Tabela 58 - Indicadores de mortalidade do município de Angra dos Reis, 1991 e 2000. ..... 81

Tabela 59 - Habitacão: acesso a servicos básicos, 1997 e 2000. ........................................ 81

Tabela 60 - Caracterização dos estabelecimentos por tipo de atendimento. ........................ 82

Tabela 61 - Quantidade de estabelecimentos de serviços de saúde segundo tipo de gestão

pública/privada. .................................................................................................................... 82

Tabela 62 - Relação de aeroportos públicos e privados localizados em Angra dos Reis. .... 84

Tabela 63 - Ocupação da população em empregos formais por setor, 2007. ...................... 84

Tabela 64 - PIB per capita, 2000-2006.Ano ........................................................................ 85

Tabela 65 - PIB municipal, 2000-2006. ................................................................................ 85

Page 18: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

xviii

Tabela 66 - Valores agregados por setor, 2000-2006. ......................................................... 86

Tabela 67 - Pauta das exportações do município, 2007. ...................................................... 88

Tabela 68 - Principais produtos exportados, 2007. .............................................................. 88

Tabela 69 - Pecuária: efetivo dos rebanhos por tipo de rebanho no município Angra dos

Reis, 1990, 2000 e 2007. ..................................................................................................... 91

Tabela 70 - Pecuária: produção de origem animal por ano e tipo de produto no município de

Angra dos Reis, 2000-2007. ................................................................................................ 92

Tabela 71 - Avicultura: efetivo por tipo de aves no município de Angra dos Reis, 2000-2007.

............................................................................................................................................ 92

Tabela 72 - Área plantada e quantidade produzida em lavoura permanente no município de

Angra dos Reis, 1990, 2000 e 2007. .................................................................................... 95

Tabela 73 - Producão agrícola: área plantada e quantidade produzida em lavoura temporária

no município de Angra dos Reis, 1990, 2000 e 2007. .......................................................... 95

Tabela 74 - Procedência dos turistas que chegam em Angra dos Reis por corredor turístico.

............................................................................................................................................ 97

Tabela 75 - Estrutura fundiária: número de estabelecimentos por tamanho no município de

Angra dos Reis, 1995-1996. ................................................................................................ 99

Tabela 76 - Utilização das terras dos estabelecimentos agropecuários, 1996-2006. ......... 101

Tabela 77 – Fraquezas da RPPN apontadas na Oficina de Planejamento. ........................ 106

Tabela 78 – Fortalezas da RPPN apontadas na Oficina de Planejamento. ........................ 107

Tabela 79 – Ameaças à RPPN apontadas na Oficina de Planejamento............................. 107

Tabela 80 – Oportunidades associadas à RPPN apontadas na Oficina de Planejamento. 108

Tabela 81 – Coordenadas geográficas em UTM do setor 1 na Zona de Proteção. ............ 119

Tabela 82 – Coordenadas geográficas em UTM do setor 3 na Zona de Proteção. ............ 120

Tabela 83 – Coordenadas geográficas em UTM do setor 7 da Zona de Proteção. ............ 121

Tabela 84 – Coordenadas geográficas em UTM do setor 8 da Zona de Proteção. ............ 122

Tabela 85 – Coordenadas geográficas em UTM do setor 6 da Zona de Visitação. ........... 124

Tabela 86 – Coordenadas geográficas em UTM do setor 2 da Zona de Recuperação. .... 125

Tabela 87 – Coordenadas geográficas em UTM do setor 9 da Zona de Recuperação. .... 126

Tabela 88 – Coordenadas gegráficas em UTM do setor 11 da Zona de recuperação. ....... 127

Tabela 89 – Coordenadas geográficas em UTM do setor 12 da Zona de Recuperação. ... 128

Tabela 90 – Coordenadas geográficas em UTM do setor 13 da Zona de Recuperação. ... 129

Page 19: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

xix

Tabela 91 – Coordenadas geográficas em UTM do setor 14 da Zona de Recuperação. ... 130

Tabela 92 – Coordenadas geográficas em UTM do setor 16 da Zona de Recuperação. ... 131

Tabela 93 – Coordenadas geográficas em UTM do setor 15 na Zona de Administração. . 132

Tabela 94 – Coordenadas Geográficas em UTM do setor 4 da Zona de Transição. .......... 133

Tabela 95 – Coordenadas geográficas em UTM do setor 5 da Zona de Transição. ........... 134

Tabela 96 – Coordenadas geográficas em UTM do setor 10 da Zona de Transição. ......... 135

Tabela 97 – Quadro funcional com perfil e atribuições da UC. ........................................... 137

Page 20: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

xx

LISTA DE SIGLAS RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural

WWF World Wildlife Fund

IUCN International Union for Conservation of Nature and Natural Resources

FUNCEF Fundação dos Economiários Federais

ICMBio Instituto Chico Mendes da Biodiversidade

AER Avaliação Ecológica Rápida

UC Unidade de Conservação

INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

INMET Instituto Nacional de Meteorologia

ZCAS Zona de Convergência do Atlântico Sul

m.s.n.m. metros sobre o nível do mar

UBM Centro Universitário de Barra Mansa

IQA Índice de Qualidade de Água

DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio

OD Oxigênio Dissolvido

ETA Estação de Tratamento de Água

INEA Instituto Estadual do Ambiente

RAE Relatório de Acompanhamento de Efluentes

ETE Estação de tratamento de esgoto

ESEC Estação Ecológica

CBRO Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos

EBA Endemic Bird Área

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

FMP Faixa Marginal de Proteção

TEBIG Terminal da Baia de Ilha Grande

SUS Sistema Único de Saúde

Page 21: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

1

APRESENTAÇÃO

Cada vez mais proprietários de terras, empresas e organizações não-governamentais estão transformando áreas ameaçadas pela degradação ambiental em Reservas Particulares do Patrimônio Natural, objetivando preservar a fauna e a flora, ou seja, a biodiversidade, demonstrando um exemplo concreto de responsabilidade sócioambiental. De acordo com a Confederação Nacional de Reservas Particulares do Patrimônio Natural, atualmente existem 929 RPPN protegendo uma área de aproximadamente 672.455,10 hectares de florestas, matas, nascentes, rios, litorais e serras do território brasileiro. As RPPN são parte integrante do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, composto pelo somatório das áreas protegidas federais públicas e privadas que constituem em um importante mecanismo no estabelecimento de corredores ecológicos, instrumentos de conectividade entre as unidades de conservação. Uma vez oficialmente criada, a RPPN assume um caráter de perpetuidade, impedindo que o proprietário, bem como seus herdeiros, utilize a área para outro fim. Embora enfrentando uma série de problemas e dificuldades, como insuficiência de conhecimento técnico, pouco recurso financeiro para a manutenção da área frente ao desafio de proteger a unidade da caça, do extrativismo, do fogo e demais agressões ambientais, os proprietários privados têm obtidos resultados positivos, o que justifica o aumento crescente do número de RPPN. Nos últimos anos verifica-se um aumento da importância da participação do setor privado na estratégia de conservação in situ da biodiversidade brasileira, particularmente através da criação de RPPN. Uma das explicações deste fenômento pode estar relacionada às limitações do sistema público de unidades de conservação. As RPPN têm atuado como um instrumento adicional para o fortalecimento do sistema de unidade de conservação existente, permitindo o aumento de áreas sob proteção legal, promovendo a proteção e o apoio à pesquisa de forma complementar à rede de áreas protegidas públicas. Tem facilitado, também, o aumento da conectividade da paisagem natural e a proteção de importantes áreas dos biomas brasileiros. A criação de parques e reservas no Brasil é relativamente recente, sendo que o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC foi somente oficializado no ano 2000 através da Lei 9.985. O Brasil é o único país da América Latina a incluir as reservas privadas no seu sistema oficial de áreas protegidas. Embora as RPPN tenham sido incluídas no SNUC no grupo de unidades de conservação de uso sustentável, o veto presidencial a um dos itens do artigo 21 da referida lei (que possibilitava a extração de recursos naturais em RPPN) fez com que assumissem um caráter de proteção integral. Desta forma, as RPPN são tratadas nas estratégias de conservação como unidades de conservação de proteção integral. A RPPN Fazenda do Tanguá, criada no ano 2008 pela Portaria nº 72, de propriedade da Fundação dos Economiários Federais – FUNCEF integra este cenário e já assumiu a construção de seu plano de manejo, documento técnico que permitirá sua efetiva implementação de forma a atingir seus objetivos de criação.

Page 22: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

2

1. INTRODUÇÃO

Conceitos mais clássicos sobre Biologia da Conservação são descritos nas mais diversas bibliografias científicas sobre as funções e importâncias voltadas a preservação e conservação de biomas e ecossistemas. Em um caráter mais específico, a Mata Atlântica e as demais florestas tropicais são conhecidas por sua alta biodiversidade (Briggs, 1996; Burslem et al., 2001), são os biomas mais ricos e diversos, apresentando uma complexidade estrutural que favorece a existência de muitos nichos ecológicos (Mantovani, 2003). Terborgh & Schaik (2002) em seus estudos sobre a significância de “porque que o mundo necessita de parques” levantaram informações que demonstram que as extinções estão ocorrendo centenas de vezes mais rapidamente que as taxas registradas na história dos fósseis (taxa de extinção de fundo), sendo que a proteção real e formal só foi conseguida para cerca de 5% da Terra (WCMC, 1992). Ou seja, cinco porcento dos habitats terretres do planeta não chegam nem perto de ser suficientes para conservar sua biodiversidade. E mais ainda, existe uma ampla aceitação da ideia de que a humanidade tem a obrigação moral (reconhecida por no mínimo 80% dos governos do mundo) de dividir o planeta com outras formas de vida, sob a forma de áreas protegidas legalmente constituídas (WCMC, 2000). Os benefícios fundamentais derivados da conservação da natureza são intangíveis, relacionados com recreação, bem-estar físico e o valor intrínseco da própria natureza. Estes são valores que trazem milhões de visitantes para as unidades de conservação a cada ano. Acredita-se que existam valores permanentes relacionados ao comportamento destes visitantes, embora sejam também intangíveis, e estes não são intrínsecos a um lugar, mas ao processo de adquirir afinidade pela natureza (Terborgh & Schaik, 2002). A partir de um prisma estritamente ecológico foram constatados através dos levantamentos de campo, vários aspectos que justificam a importância da Reserva Particular do Patrimônio Natural Fazenda do Tanguá em termos de funcionalidade e conservação biológica: a Mata Atlântica é um dos biomas mais ricos e diversos do planeta, além de ser um dos mais ameaçados. A região da Baía da Ilha Grande, por possuir alta diversidade e elevado número de espécies endêmicas e/ou ameaçadas de extinção, está incluída em um dos centros brasileiros de diversidade de plantas reconhecidos pela WWF - World Wildlife Fund for Nature e IUCN – International Union for Conservation of Nature and Natural Resources (Davis et al., 1997). Apesar disso, as espécies desta região, ainda estão pouco representadas nos levantamentos, demonstrando lacunas no conhecimento científico (Marques, 1997). A criação da RPPN Fazenda do Tanguá no município de Angra dos Reis pela Fundação dos Economiários Federais se reveste de suma importância e demonstra a responsabilidade sócioambiental desta instituição, especialmente no prosseguimento do processo através da elaboração do Plano de Manejo desta unidade de conservação. O Plano de Manejo, conforme definido na Lei nº 9985/00 que cria o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, corresponde ao documento técnico que, usando como base os objetivos gerais de uma unidade de conservação, estabelece o seu zoneamento e as normas gerais que devem nortear e regular o uso que se faz da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da UC. Esta mesma lei estabelece a categoria de RPPN como área privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica, permitindo seu uso

Page 23: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

3

conforme o que dispuser em seu Plano de Manejo, podendo desenvolver atividades de pesquisa científica e a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais. Conforme orientação do Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade – ICMBio, a elaboração do Plano de Manejo é baseada em um Roteiro Metodológico de Planejamento, que fixa diretrizes para o conteúdo do plano abrangendo o diagnóstico da UC (características ambientais e socioeconômicas), seu zoneamento (áreas agrupadas por potencialidades e tipos de usos permitidos) e definição de programas de manejo (onde deverão constar as atividades e normas permitidas para cada área). O Plano de Manejo para uma RPPN deve abranger três níveis distintos: (1) a área da RPPN propriamente dita; (2) área da propriedade, quando a RPPN está inserida em um imóvel maior, não sendo a sua totalidade e (3) a área do entorno, compreendida como aquela dos municípios de inserção da RPPN e/ou que influenciam o seu funcionamento. O presente documento corresponde ao diagnóstico socioambiental da unidade, considerando a RPPN como parte integrante de uma propriedade maior inserida no município de Angra dos Reis.

Page 24: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

4

2. INFORMAÇÕES GERAIS A RPPN Fazenda do Tanguá está localizada no Estado do Rio de Janeiro, mesorregião Sul Fluminense, microrregião da Baía da Ilha Grande, no município de Angra dos Reis, especificamente na área caracterizada pela Fundação de Turismo Municipal como Corredor Turístico do Centro. A RPPN Fazenda do Tanguá dista a aproximadamente 157 Km da capital do Estado e 396 Km da cidade de São Paulo. Encontra-se, ainda, a 106 Km do município de Volta Redonda, situado no Vale Médio do Rio Paraíba (Figura 1). Angra dos Reis tem como municípios limítrofes a cidade de Paraty, ao sul, conhecida internacionalmente pelo seu valor histórico-cutural, ao norte Mangaratiba, também situada na zona costeira, e Rio Claro, a oeste, compreendendo a porção serrana. A RPPN encontra-se inserida em uma propriedade de 345,44 ha pertencente a Fundação dos Economiários Federal – FUNCEF, onde 117,93 ha corresponde a área da unidade de conservação, a qual caracteriza-se como uma microbacia coberta por Floresta Ombrófila Densa Submontana da Mata Atlântica, com uma rede hidrográfica de pequenos córregos que nascem no local. A RPPN está situada no bairro Vila Velha, na altura do número 8.413 da Estrada Vereador Benedito Adelino, também conhecida como Estrada do Contorno, tendo como referência o hotel Vila Galé Ecoresort de Angra.

2.1. Acesso Para quem vem do Rio de Janeiro, o acesso pode ser feito através da Av. Brasil, seguindo posteriormente pela rodovia Mário Covas (Rio-Santos). Ao chegar ao município de Angra dos Reis, a melhor opção é entrar pela Av. Alte Jair Carneiro Toscano de Brito em direção ao centro da cidade, seguindo pela Av. Airton Sena até a Rua Dr. Coutinho e chegando-se a Av. Padre Júlio Maria no centro da cidade. Mantendo-se pela orla, segue-se pela Av. Reis Magos e, na sequência, pela Av. Alte M. Q. de Leão até o Colégio Naval, encontrando a Estrada Vereador Benedito Adelino. O percurso, contado da saída da BR-101 até a RPPN é de aproximadamente 11,2 Km. Para quem vem de São Paulo, uma opção é seguir a Rodovia Presidente Dutra até o município de Barra Mansa e descer a serra através da rodovia RJ-155, passando por Rio Claro, até alcançar a rodovia Mário Covas, se dirigindo à entrada de Angra dos Reis. Outra opção é descer por Taubaté até Ubatuba, e seguir pela rodovia Mário Covas em direção ao Rio de Janeiro. Finalmente, tem-se a alternativa de descer por São José dos Campos pela Rodovia dos Tamoios até Caraguatatuba e seguir pela Rodovia Mario Covas, sentido Rio de Janeiro até Angra dos Reis. Pelo mar, existem várias opções de ancoradouros e marinas. As Figuras 2 e 3 ilustram os acessos à RPPN Fazenda do Tanguá.

Page 25: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

5

Figura 1 – Mapa de localização da RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis – RJ.

Page 26: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

6

Figura 2 – Mapa de acesso à RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis – RJ.

Figura 3 – Detalhamento do acesso à RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis – RJ.

Page 27: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

7

2.2. Histórico de criação e aspectos legais da RPPN

No início da década de 90 a FUNCEF implantou um grande empreendimento hoteleiro em uma propriedade conhecida como Fazenda do Tanguá. A infraestrutura hoteleira foi erguida próxima à Praia do Tanguá, no bairro Vila Velha, no local da antiga sede da fazenda, ficando o empreendimento cercado pelo mar e pela Mata Atlântica, sob a administração do Hotel Blue Tree Park Resort. Apesar de constituir-se em uma atividade geradora de trabalho e renda, o empreendimento, à época, foi alvo de polêmica, especialmente por parte das entidades ambientalistas locais que denunciavam os danos ambientais e a privatização da praia do Tanguá, apesar do acesso público à praia de ter sido construído. No ano de 2008, com a intenção de caracterizar o empreendimento efetivamente com um caráter sustentável e ecológico, a FUNCEF desenvolveu uma série de iniciativas tais como: a denominação de Eco Resort, a contratação de uma consultoria para a implantação da ABNT NBR 15.401 (Meios de Hospedagem – Sistema de Gestão de Sustentabilidade) e a contratação da empresa Oikos Consultoria Estratégica em Turismo e Meio Ambiente para a implantação de uma RPPN, além de uma série de medidas administrativas e de marketing para este enquadramento. A intenção da FUNCEF, além da caracterização do hotel no conceito ECO, era a promoção de medidas de responsabilidade ambiental semelhantes a seus outros empreendimentos, como o de Cabo de Santo Agostinho, na região nordeste do país. Assim, através da Portaria n° 72/2008 do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade – ICMBio, criou-se a RPPN Fazenda do Tanguá. No ano de 2009, a FUNCEF contratou a empresa Igara Consultoria em Aquicultura e Gestão Ambiental para a elaboração do Plano de Manejo desta unidade de conservação, ficando a empresa Oikos como supervisora dos trabalhos, em conjunto com o ICMBio. Recentemente (setembro/09), novas mudanças ocorreram, onde a administração do hotel passou para a empresa portuguesa Vila Galé, recebendo a denominação de Vila Galé Eco Resort de Angra. A princípio, a FUNCEF priorizou a administração independente do hotel em relação à RPPN, o que leva à conclusão de que ambos deverão possuir identidades próprias neste primeiro momento.

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8

2.3. Ficha-Resumo

Nome da RPPN RPPN Fazenda do Tanguá

Data e Número de Ato Legal de Criação Portaria nº 72 de 09/09//2008

Nome do Imóvel Fazenda do Tanguá

Logomarca A elaborar.

Proprietário e Representante Fundação dos Economiários Federais

Endereço para correspondência SCN Qd. 02, Bl. A, 12º andar, Ed. Corporate Financial Center – Asa Norte – Brasília/DF CEP. 70.712-900

Telefone (61) 3329-2466 e 3329-1943

E-mail [email protected]

Endereço da RPPN Estrada Vereador Benedito Adelino, n° 8413, Vila Velha, Angra dos Reis.

Página na Internet A construir.

Município e Estado Abrangidos Angra dos Reis – Rio de Janeiro

Meio Principal de Chegada à UC Transporte rodoviário

Área da RPPN 117,93 ha Área da Propriedade 168.42 ha

Limites e confrontantes Norte: Condomínio Vilas do Tanguá Sul: Família Amaral Leste: Vertentes Oeste: Baia da Ribeira – Baia da Ilha Grande

Coordenadas geográficas 23°00‟40,9‟‟ S / 044°20‟48,2‟‟ W SAD-69

Bioma e/ou Ecossistema Mata Atlântica – Floresta Ombrófila Densa Submontana

Atividades ocorrentes A unidade ainda não está implantada, não havendo atividades ocorrentes. As diretrizes deste Plano de Manejo contemplam a visitação, educação ambiental e a pesquisa científica.

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9

7.455.500

566.0

00

566.4

00

566.8

00

7.455.100

7.454.700

7.454.500

7.455.900

567.2

00

567.6

00

567.8

00

565.6

00

Trilha 1Trilha 2

Trilha 3

Trilha 4

Nascente

Nascentes

3. CARACTERIZAÇÃO DA RPPN O diagnóstico sócioambiental da RPPN Fazenda do Tanguá foi realizado a partir de levantamentos de dados secundários e fundamentalmente de dados primários através dos trabalhos de campo, uma vez que pouco se tem publicado especificamente sobre a região de estudo. A metodologia de levantamento baseou-se em uma adaptação da Avaliação Ecológica Rápida – AER (Sobrevila e Bach, 2000), partindo-se preliminarmente de uma visita de reconhecimento ao local, seguida por análises de imagens de satélites e fotografias aéreas. Os grupos de estudos consistiram de: flora, mastofauna, avefauna, herpetofauna, ictiofauna, aranofauna, geologia, hidrologia e sócioeconomia. Uma vez formada a equipe multidisciplinar, realizou-se uma Oficina de Nivelamento com os pesquisadores. Cada área especifica de conhecimento confeccionou previamente um plano de execução para elaboração de suas atividades de campo estabelecendo os períodos de estudo (dias e horários), materiais e metodologia aplicada para a obtenção de dados. Todas as atividades de campo ocorreram entre 10 a 30 de agosto de 2009 em trilhas pré-determinadas para auxílio à operação de pesquisa no interior da RPPN. As quatro trilhas (T1, T2, T3 e T4) foram selecionadas (Figura 4) pelos pesquisadores de forma a avaliar os atributos específicos da UC no período de estudo. O levantamento sócioeconômico foi realizado anteriormente e independente deste trabalho de campo. O georreferenciamento dos sítios de estudo e os marcos que definem atributos ou pressões foram obtidos com uso de GPS portátil de forma a subsidiar a espacialização das informações no processo de construção do zoneamento da UC.

.

Após os trabalhos de campo, os dados foram sistematizados e analisados pelos pesquisadores, entregando os resultados em forma de relatórios. Realizou-se, então, a Oficina de Análise Integrada objetivando discutir as interações ecológicas entre os diversos grupos, as principais ameaças e as ações de manejo a serem contempladas no Plano de Manejo. Nesta oportunidade, tentou-se uma primeira aproximação de um zoneamento preliminar da UC. A seguir, são apresentados os resultados dos trabalhos que subsidiaram este diagnóstico.

Figura 4 – Delimitação física e circuito de trilhas abertas para pesquisa na RPPN Fazenda

do Tanguá, Angra dos Reis – RJ.

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10

3.1. Clima Os aspectos climatológicos regionais foram obtidos por quatro estações meteorológicas (Tabela 1), sendo três inseridas no município de Angra dos Reis (São Bento, Ilha Grande e Usina Nuclear) e uma no município de Mangaratiba (Ilha Guaíba). No entanto, ressalta-se que não existem na região estações meteorológicas (completas) das redes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE ou do Instituto Nacional de Meteorologia - INMET. Tabela 1 – Estações meteorológicas regionais.

Estação Meteorológica Coordenadas Geográficas Período Registro

São Bento (Angra dos Reis) 23º 00‟ S 044º 19‟ W 1931 – 1990

Ilha Grande (Angra dos Reis) 23º 11‟ S 044º 11‟ W ? - 1993*

ETN-Usina Nuclear (Angra dos Reis) 23º 08‟ S 044º 27‟ W 1980 – 2004

Ilha Guaíba (Mangaratiba) 23º 00‟ S 044 03‟ W 1972 – 1990

*Tempo de registro não determinado

A classificação climática segundo Köppen-Geiger, que tem como base a distribuição dos valores da temperatura e precipitação durante as estações do ano para a área costeira litorânea de Mangaratiba até o litoral de São Paulo (estando inclusa a região de Angra dos Reis) é do tipo Af. Este tipo se caracteriza pela elevada temperatura média do ar entre 24º C e 27º C, com média mensal sempre superior a 18º C e, pela alta pluviosiade total anual superior 2.000 mm e precipitação média mensal superior a 60 mm em todos os meses do ano. As referências por Strahler caracterizam o clima para a região em estudo do tipo litorâneo úmido, sendo que a massa de ar que tem maior influência é a tropical atlântica com médias térmicas e índices pluviométricos elevados resultando em um clima quente úmido. Detalhadamente, a proximidade dos contrafortes da Serra do Mar com a linha de costa se comporta como anteparo às massas úmidas do ar oceânico que força sua ascensão gerando as chuvas orográficas. Esta peculiaridade geográfica torna o clima úmido a super-úmido e os cursos de água com fluxo torrencial e descargas fluviais rápidas responsáveis por movimentos de massa (escorregamentos, queda de taludes, corridas de lama,) e movimentação de blocos e matações de rocha pendente abaixo. A classificação adotada pelo Projeto RADAMBRASIL (BRASIL, 1983) que associa a reconstituição de ambientes através do uso de três parâmetros: litologia, formas de relevo e relação ombrotérmica (número de dias secos nos diagramas de Baugnouls & Gaussen), a região em estudo é tida como clima ombrófilo sem déficit hídrico e com acentuada influência marinha, pois o mar funciona como um regulador térmico da temperatura (Lima e Silva, 2002), e a proximidade existente entre a Serra do Mar e o litoral propicia a ocorrência das chuvas orográficas ou de relevo. Ao analisar os dados normais de temperatura e precipitação das séries temporais 1930/60 e 1961/91 para Angra dos Reis, sugerem uma tendência para a elevação da temperatura e diminuição da precipitação, resultando assim a tendência na direção dos climas mais secos. Para Thornthwaite & Mather (1955) o clima da região nas duas séries temporais analisadas passou do tipo Ar para B3r, isto é, de um clima tipo mesotérmico super-úmido com cobertura de floresta úmida para um clima do tipo megatérmico úmido com cobertura de floresta úmida sempre com precipitação em todas as estações do ano.

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3.1.1. Temperatura do ar A série temporal 1961/91 da estação meteorológica de Angra dos Reis, que define o clima da região, demonstrou que o mês mais quente é o de fevereiro com valores normais de temperaturas média, máxima e mínima, respectivamente iguais a 26,4º C, 30,4º C e 23,1º C. O mês mais frio correspondeu a junho, com valores normais de temperaturas média, máxima e mínima, respectivamente iguais a 20,6º C, 25,0º C e 17,1º C (Tabela 2). Tabela 2 - Temperaturas anuais mensais da Estação da Usina Nuclear 1980-2004.

Fonte: Eletronuclear (2009)

Os aspectos climatológicos da estação da Ilha Guaíba demonstraram que o mês de fevereiro continua sendo o mês que apresentou a maior temperatura registrada no período (30,4 °C) seguido pelo mês de janeiro (29,8 °C). As temperaturas médias mínimas foram obtidas nos meses de junho (17,1 °C) e julho (16,5 °C) (Tabela 3). Tabela 3 - Temperaturas anuais mensais da Estação da Ilha Guaíba 1972-1990.

Meses T ºC Média T ºC Máxima T ºC Mínima

Janeiro 26,0 29,8 22,6

Fevereiro 26,4 30,4 23,1

Março 25,8 29,5 22,5

Abril 24,0 27,6 20,8

Maio 22,2 26,2 18,9

Junho 20,6 25,0 17,1

Julho 20,2 24,6 16,5

Agosto 20,7 25,0 17,2

Setembro 21,3 24,9 18,2

Outubro 22,3 25,6 19,3

Novembro 23,5 27,0 20,4

Dezembro 24,9 28,6 21,7

Fonte: - RIMA ANGRA II (1998) apud SOARES (2006)

As series históricas referentes às flutuações normais de temperatura dos períodos de 1931-1960 e 1961-1990 encontram-se apresentadas na Figura 5.

Meses T ºC Média T ºC Máxima T ºC Mínima

Janeiro 26,0 29,8 22,6

Fevereiro 26,4 30,4 23,1

Março 25,8 29,5 22,5

Abril 24,0 27,6 20,8

Maio 22,2 26,2 18,9

Junho 20,6 25,0 17,1

Julho 20,2 24,6 16,5

Agosto 20,7 25,0 17,2

Setembro 21,3 24,9 18,2

Outubro 22,3 25,6 19,3

Novembro 23,5 27,0 20,4

Dezembro 24,9 28,6 21,7

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Valores Normais de Temperatura

( 1931- 1960 e 1961 -1990 )

17

19

21

23

25

27

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Meses

Tem

pera

tura

Med

ia

oC 1931 1960

1961 1990

3.1.2. Precipitação pluviométrica Em relação à precipitação, a série temporal 1961/91 da estação metereológica de Angra dos Reis demonstrou que os meses mais chuvosos foram janeiro (276,4 mm), dezembro (265,0 mm), fevereiro (240,2 mm) e março (237,1 mm). A estação meteorológica da Ilha Guaiba apresentou o mesmo padrão de dados pluviométricos, sendo janeiro, dezembro e fevereiro os meses com maior precipitação, respectivamente 276,4 mm, 265,0 mm e 240,2 mm (Tabela 4). Tabela 4 - Precipitação total das estações meteorológicas: médias mensais em mm.

Fonte: - RIMA ANGRA II (1998) apud SOARES (2006)

Detalhadamente, os meses que apresentaram a maior quantidade de dias com chuvas foram: dezembro (18 dias), janeiro (17 dias), outubro (16 dias) e novembro (16 dias) (Tabela 5). Estes dados apontam que em média, ao longo de 161 dias no ano existiram chuvas sobre a região, sendo o período mais chuvoso compreendido entre os meses de outubro até janeiro com 16 a 18 dias de chuva em média por mês e os meses de junho até agosto representando os mais secos com 8 a 9 dias de chuva por mês.

Meses Angra dos Reis

1961-1990 Ilha Guaíba 1972 -1990

ETN-Usina Nuclear 1980 - 2004

Janeiro 276,40 276,60 253,72

Fevereiro 240,20 239,50 220,29

Março 237,10 237,30 243,73

Abril 189,50 177,40 163,62

Maio 109,00 109,00 109,84

Junho 78,30 73,00 69,99

Julho 76,20 69,00 66,00

Agosto 78,20 70,00 66,66

Setembro 116,0 124,20 151,20

Outubro 144,1 145,00 171,76

Novembro 166,6 171,60 196,71

Dezembro 265,0 259,00 216,63

Total 1977,00 1951,60 1930,15

Figura 5 – Histórico de temperatura dos períodos de 1931-1960 e 1961-1990.

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Valores Normais de Precipitacao Total ( 1931

1960 e 1961 1990)

0

50

100

150

200

250

300

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Meses

recip

itacao

To

tal

mm

1931 1960

1961 1990

Tabela 5 – Médias mensais de dias chuvosos nas Estações da ETN-Usina Nuclear e Ilha Guaíba.

Fonte: - RIMA ANGRA II (1998) apud SOARES (2006)

Segundo Soares (2006) a climatologia da precipitação, obtida a partir de uma série pluviométrica de 25 anos (1980-2004) na estação da ETN-Usina Nuclear revela que janeiro é o mês de maior pluviometria (253,72 mm), seguido pelos meses de março (243,73 mm), fevereiro (220,29 mm) e dezembro (216,63 mm). Dados comparativos referentes aos registros diários no período de 25 anos (1980 a 2004) da Usina Nuclear, Ilha Guaíba (1972 a 1990) e do pluviógrafo de São Bento em Angra dos Reis (1961-1990) (Figura 6), sugerem a existência de uma correspondência no padrão das duas curvas médias nas diversas variáveis climáticas registradas. Entre o período de 1931-1960 os registros demonstraram que a precipitação pluvial anual foi superior à 2000 mm, enquanto que na série 1961-1990 esses valores foram próximos de 1950 mm, evidenciando desta forma uma tendência de diminuição do caráter superúmido para o úmido. Todavia, ressalta-se que os volumes de chuva bastante elevados nos meses de verão reforçam as ações dos sistemas dominantes na região: a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), o sistema de baixa pressão do Oceano Atlântico, as frentes frias, as brisas marítima e terrestre, as brisas de vale e montanha, e as chuvas orográficas.

Meses Ilha Guaíba 1972-1990

ETN-Usina Nuclear 1980-2004

Janeiro 17 18

Fevereiro 14 15

Março 14 16

Abril 13 12

Maio 11 11

Junho 9 8

Julho 8 9

Agosto 9 9

Setembro 13 14

Outubro 16 17

Novembro 16 17

Dezembro 18 18

Total 158 164

Figura 6 – Histórico de precipitação nos períodos de 1931-1960 e 1961-1990.

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3.1.3. Precipitação e deslizamentos O deslizamento de encostas está associado a intensa precipitação pluvial nos meses de verão (corroborando com os registros históricos) que são os de maior intensidade, sendo considerado um dos fatores de risco na região de Angra dos Reis cuja situação geográfica entre a Serra do Mar e o litoral associado aos solos profundos aumenta a susceptibilidade a esse tipo de movimento de massa (deslizamento) característico das regiões tropicais. Somam-se a essa peculiaridade climática os cortes de taludes na ocupação das encostas decorrente do processo de urbanização desordenada, o que vem comprometendo a estabilidade das encostas das varias feições geomorfológicas da Serra do Mar. Os estudos de Soares (2006) nos últimos 25 anos utilizando principalmente dados da estação meteorológica da ETN-Usina Nuclear propõem como limiar 75 mm de precipitação diária para que seja considerada uma relação de causa (a precipitação) e efeito (o deslizamento) na região de Angra dos Reis. Os dados justificam a necessidade de um controle mais rigoroso na precipitação pluvial diária a fim de permitir uma atuação preventiva por parte das autoridades entre elas a defesa civil (Soares, 2006). Os deslizamentos registrados nessa época do ano (período chuvoso de verão) são frequentes ao longo da Rodovia Rio-Santos e em vários bairros do município de Angra dos Reis. Estatisticamente, a maior a frequência de dias com deslizamentos foram observados nos meses de dezembro (7), seguido pelo mês de fevereiro (6), janeiro (4) e marco (3).

3.1.4. Umidade relativa do ar e balanço hídrico A umidade média relativa do ar registrada foi de 81,58 %, sendo o mês de outubro considerado o mais com 83% e fevereiro o mês mais seco com 80% caracterizando o clima úmido ao longo de todo o ano (Tabela 6). Tabela 6 – Valores médios mensais de umidade relativa do ar da estação da Ilha Guaíba: 1972-1990.

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

81 80 81 82 82 82 81 81 82 83 82 82

Em análises metodológicas sobre o balanço hídrico, segundo a proposição de Thornthwaite & Mather (1955) descrevem que houve um excedente hídrico durante todo o período, ou seja, não existindo deficiência hídrica em nenhum dos meses do ano que é uma das características dos climas úmidos (Tabela 7). Tabela 7 – Valores normais mensais do excedente hídrico da Estação de Angra dos Reis: 1961-1990.

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

126.9 100.7 98.2 84.0 25.5 15.3 15.7 13.0 44.9 56.2 63.8 135.0

3.2. Geomorfologia e Relevo

A região de Angra dos Reis é constituída por rochas da idade do Pré-Cambriano que integram a unidade morfoestrutural denominada Cinturão Orogênico do Atlântico. As rochas metamórficas e ígneas que formam essa unidade passaram por vários ciclos orogênicos, sendo o último deles o evento Brasiliano de idade Proterozóica. A geomorfologia atual é o resultado da ação de agentes climáticos atuando sobre o cenário de rochas ígneo-metamórficas resultando em diversas intervenções tectônicas. A feição do planalto da Serra do Mar representa uma antiga superfície de erosão a partir da qual se originou o atual escarpamento que caracteriza parte do litoral fluminense. Tratando-se de um planalto com altitudes de algumas centenas acima do nível do mar gerando como resultados uma feição de serras denominadas escarpamento serrano. Neste contexto,

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vestígios desse planalto se observam na península de Angra dos Reis onde está situada a RPPN Fazenda do Tanguá. Os aspectos desta península consolidam platôs residuais alinhados na direção N 55 E, e com altitudes entre 300 e 400 metros sobre o nível do mar -m.s.n.m. No limite Sul da Unidade de Conservação esse alinhamento passa para leste-oeste com altitude de 300 m.s.n.m. As análises reforçam que o escarpamento serrano da península formam vertentes ao Norte e ao Sul que esculpidas pela erosão marinha geraram muitas enseadas e pequenas baías com praias de águas tranquilas devido ao anteparo às ondas pelas ilhas da Gipóia e Grande. No interior da UC as rochas são metamórficas formadas por migmatitos, gnaisses micro a macrocristalinos, cataclasitos com expressiva quantidade de juntas, fraturas e falhas silcificadas, característica está sendo refletida na orientação dos componentes da rede de drenagem. Variações litológicas são observadas na composição dos solos na UC, entre formas argilo-arenosos e areno–argilosos.

3.2.1. Comportamento topográfico e hipsometria sobre a formação da bacia hidrográfica.

As análises de compartimentação topográfica correspondem a um tipo de estudo dos compartimentos geomorfológicos que representam o grau de encaixamento fluvial ou entalhe erosivo das encostas através do desnivelamento altimétrico. Esta análise fornece elementos para reconhecer a evolução geodinâmica do relevo. Na Tabela 8 constam os índices de dissecação dos tributários de ambas as margens, incluindo o córrego externo à microbacia e o que está dentro da UC por se tratar de uma analise conjunta a este curso de água como fazendo parte do mesmo processo erosivo.

Tabela 8 – Índices de dissecação* da rede de drenagem da RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis - RJ.

Tributários Índice Dissecação Afastamento Categoria

Margem Direita A 180 + 15 2ª.

B 190 + 25 2ª.

C 130 - 30 1ª.

D 180 + 15 2ª.

Margem Esquerda

A 180 + 15 2ª.

B 170 + 5 2ª.

C 140 - 25 1ª.

Externo à microbacia 150 - 15 1ª.

ÍNDICE MEDIO 165 Σ = + 5

*Na sua confecção do cálculo dos índices de desnivelamento altimétrico ou índice de dissecação do relevo foram utilizadas as diferenças dos valores das curvas de nível mais elevada e a mais baixa a partir da drenagem(s) formadora(s) até a confluência com a drenagem coletora.

O valor do índice médio de dissecação (165) dos vários cursos de água de segunda ordem de drenagem demonstraram que todos estão muito próximos entre si no trabalho erosivo da vertente. Os afastamentos calculados desse valor constatam equilíbrio do conjunto. Todos os córregos estão praticamente no mesmo nível erosivo. No entanto, o detalhamento da intensidade erosiva formam duas categorias: a primeira categoria mais nova que a segunda, porém, muito próximas entre sim. O nível mais baixo com altitudes de 0 até 10metros foi individualizado da classe 0 – 50 m por representar uma unidade geomorfológica da Baía Pré-Glacial responsável pela feição que alberga todas as instalações do Vila Galé Eco Resort de Angra, e sendo a única feição com topografia capaz de permitir instalações desse porte sem alterar o relevo com sérias intervenções de terraplanagem (Tabela 9).

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Tabela 9 - Distribuição em área das de altitudes no mapa hipsométrico da microbacia da RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis - RJ.

Fonte: Carta topográfica folha nº. 05 elaborada para a Prefeitura de Angra dos Reis na escala 1:25.000 pela DIGICART.

3.2.2. Mapa de declividade

O detalhamento das classes nos intervalos de 30 – 40% e de 40 – 47% de declividade levou em conta a peculiaridade da área e cobertura vegetal, de forma a não criar tendências sobre a caracterização do declive médio para microbacias de drenagem (Tabela 10). Tabela 10 - Classes de declividade média para microbacias de drenagem.

Detalhadamente, os valores percentuais relativos à declividade encontrada na área da UC demonstram que 16% apresentam declividade extrema superior à 47% e em 39% da área a declividade é inferior à 30% (Tabela 11). Estes aspectos caracterizam uma região íngreme com declividade acentuada facilmente comprometida na estabilidade das encostas sendo indispensável à manutenção da cobertura vegetal integral a fim de evitar processos erosivos anômalos que degradem de forma irrecuperável e coloquem em risco as instalações antrópicas presentes e aquelas que possam ser feitas no futuro para garantir um melhor abastecimento de água (Figura 7). Tabela 11 - Áreas por classe de declividade média da RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis - RJ.

Classe de declividade média % de Área

< 12% 4

12 - 30% 35

30 - 40% 18

40 - 47 % 27

> 47 16

Faixas de altitude % Área

0 – 10 4

10 – 50 6

50 -100 17

100 – 150 17

150 -200 17

200 – 250 17

250 – 300 12

300 – 350 8

> 350 2

Declividade Média Características e Legislação.

0 – 12% Limite urbano – industrial

Limite máximo para agricultura mecanizada.

12 – 30% Limite máximo de urbanização: Lei 6.766/79

30 – 47% Código Florestal: Lei 4.771/65

> 47% Código Florestal: Lei 4771/65 Art 10. Derrubada em regime de utilização racional.

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3.2.3. Orientação geográfica estrutural dos cursos d‟água O córrego do Tanguá apresenta direção preferencial N 70 E, sendo que o alinhamento dos demais cursos de água obedece a duas direções preferênciais a noventa graus, reflexo do controle geológico-estrutural proveniente das litologias metamórficas que compõem a área em estudo (Tabela 12). Tabela 12 - Orientação geográfica dos cursos de água de segunda ordem.

3.3. Hidrografia

Os cursos de água que integram a UC fazem parte da Região Hidrográfica Atlântica Sudeste, uma das doze regiões hidrográficas do país, segundo o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, região essa que engloba todas as bacias hidrográficas dos rios que desembocam no Atlântico. Ao nível estadual a região de Angra dos Reis está classificada como unidade hidrográfica de número nove do Estado do Rio de Janeiro, sendo composta por cursos de água que nascem nas encostas da Serra do Mar e deságuam na Baia da Ilha Grande em regime torrencial. Os vários cursos de água presentes na UC compõem, quase que integralmente, a microbacia do córrego do Tanguá, com exceção de um pequeno curso de água situado no

Cursos de água Orientação geográfica

Margem Direita

A N 15 E

B N 60 E

C E W

D N 75 E

Margem Esquerda

A N 10 E

B N 20 W

C N 25 W

Externo à microbacia N 30 W

Figura 7 – Mapa de declividade da RPPN Fazenda do Tanguá,

Angra dos Reis – RJ.

Page 38: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

18

extremo oeste da área que desemboca diretamente no Atlântico e representa menos de 10% da área total da UC.

3.3.1. Microbacia do Tanguá A microbacia do córrego Tanguá é caracterizada por um sistema fluvial (ravinas, canais, tributários) que abrange uma área com dimensões superficiais inferiores a 20.000 ha, sendo considerada de terceira ordem, segundo a hierarquização estabelecida por Strahler (Figura 8). O córrego Tanguá alcança um comprimento total de 1.900 m representada por uma área de bacia de entorno de 2 km2. O índice de Gravelius ou de compacidade é próximo da unidade, pois o formato da microbacia é pseudocircular, apresentando sistema de drenagem do tipo dendritico, formado por cursos de água que tem uma parte em regime permanente e outro em regime temporário durante os meses de menor precipitação pluvial (junho até setembro), sendo que a cabeceira do córrego principal e dos tributários permanecem secas durante esse período do ano, acima das cotas de 100 a 150 m.s.n.m. O leito do córrego Tanguá tem um fluxo de água laminar o que permite deposição de areias na forma de bancos entre os seixos e blocos de rochas que sofrem movimentação no período de intensa pluviosidade, consequentemente, nestes períodos todos os córregos recebem muita água que associada à forte declividade da microbacia adquirem caráter torrencial, fortemente erosiva com o transporte de seixos, matações e blocos de rochas. A microbacia é alimentada predominantemente pelas águas de superfície que escoam durante as chuvas e uma parte menos significativa pelas águas de subsuperfície que surgem do nível freático na interseção com a superfície do terreno na forma de olhos de água ou mananciais. Toda área que integra a UC forma a vertente dessa microbacia com forte declividade: desde as cota zero na sua desembocadura na praia do Tanguá ate próximo da cota 400 m.s.n.m no perímetro do divisor de águas e limite da UC; esta peculiaridade geomorfológica não permite um pleno desenvolvimento de solo residual, o mesmo que vem sendo constantemente removido pendente abaixo, restringindo assim ao desenvolvimento de aquífero do tipo freático. Este fato está refletido na alimentação dos córregos durante a estiagem que lhes imprimem o caráter temporário anteriormente apontado. As principais características físicas dos cursos de água que integram a microbacia encontram-se representados na Tabela 13.

Figura 8 – Microbacia da RPPN Fazenda do Tanguá, Angra

dos Reis – RJ.

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19

Tabela 13 – Características geométricas dos tributários.

Cursos de Água Extensão ml.

Área 1000 m²

Declividade %

Tipo de Fluxo Nº. Ordem

Margem direita: A 1200 840 21 turbilhonar 2ª

B 800 240 24 turbilhonar 2ª

Margem Esquerda:

A 800 225 24 turbilhonar 1ª

B 500 100 27 turbilhonar 1ª

C 450 150 29 turbilhonar 2ª

D 600 190 22 turbilhonar 2ª

O perfil do leito do córrego Tanguá demonstra as características que adquire ao longo de todo seu curso e permite dividi-lo em três trechos: curso alto, médio e baixo. O curso baixo com aproximadamente 600 metros de comprimento se desenvolve nos dez primeiros metros do relevo, isto é, entre a cota zero no nível de mar e altitude de 10 m.s.n.m. com declividade próxima a 2%, ou seja, correndo no extremo norte da praia do Tanguá em parte sobre as areias litorâneas dessa enseada e em parte sobre seus próprios sedimentos fluviais depositados ao longo do trecho. A largura do plano aluvial é da ordem de 10 m e a espessura da lâmina da água de poucos centímetros

variando de 4 até 7 cm. Nos últimos metros próximos da linha de praia suas águas sofrem influência das marés e se tornam salobras durante a época dos meses de menor vazão (junho a setembro), entretanto, nos meses de verão essa peculiaridade desaparece devido ao forte influxo de água que o córrego aporta nesse período do ano de outubro a março. As análises sobre as medições expeditas obtiveram valor médio de vazão da ordem de 14 m³/h, sendo que a velocidade terminal medida foi de 1,8 km / h, e as áreas transversais calculadas com perfil de profundidades nos trecho de 1,35 m a 1,72 m da lâmina de água. Estima-se que essa vazão no auge da estação chuvosa, quando a profundidade do córrego alcança 0,90 m (evidenciada pelas marcas nas rochas que o margeiam), é de 1400 m³/h (Figura 9). O curso médio apresenta aproximadamente 900 metros e se desenvolve entre as cotas de 10 até 150 m.s.n.m, com declividade pouco superior à 15 %. O leito é formado por sedimentos arenosos predominantemente de granulação grossa, seixos de rochas metamórficas e de quartzo leitoso em tamanho de matações evidenciando cataclasitos nas áreas fontes desses sedimentos. A largura do leito descreve aproximadamente 10 m, onde estão presentes os sedimentos fluviais. A dinâmica de sedimentação observada neste trecho indica as retomadas de erosão no período de verão.

Figura 9 – Curso baixo do córrego Tanguá.

Figura 10 – Aluvião do curso médio do córrego Tanguá na

cota de 100 m.s.n.m.

Page 40: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

20

Ao longo do período de levantamento de campo (que coincidiu com o período de menor incidência de chuvas), este trecho apresentou poças entre bancos de areia e fluxo de água laminar com espessura da lâmina de água de poucos centímetros. Os aspectos locais sugerem que no período do verão (estação chuvosa) a velocidade da corrente deve ascender valores consideráveis como demonstram a presença dos matações rochosos e de quartzo que rolam pelo leito deste córrego no seu curso médio. Experimentos laboratoriais indicam que o peso da partícula maior que um rio pode movimentar no seu fundo varia proporcionalmente à sexta potência da velocidade média (Figura 10). O curso alto foi considerado acima da cota 150 m.s.n.m até as cabeceiras na altitude de 300 a 320 m.s.n.m quando se registram as primeiras descidas das águas formadoras do curso inicial, onde a declividade deste trecho alcança 30% com fluxo turbilhonar altamente erosivo transportando matações de rocha e desestabilizando blocos de rocha em processo de intemperismo químico. A partir da cota 150 até a cota 200 o curso ainda é permanente, acima dessas altitudes o leito é seco nas estações de inverno e primavera. Estes dados sugerem que sejam realizadas a posteriori análises detalhadas dos blocos identificando aqueles que podem comprometer a segurança das atividades a jusante (Figura 11). Sinteticamente, o aspecto geral da microbacia demonstra elevada declividade média e com índice de compacidade próximo da unidade o que possibilita a ocorrência de chuvas intensas cobrindo ao mesmo tempo a bacia em toda sua extensão. Este fato eleva o risco de fortes enxurradas movimentarem vertente abaixo os blocos e matações que existem na bacia comprometendo as obras de captação de água e outras que possam vir a ser programadas para o melhor aproveitamento das águas da bacia.

3.3.2. Praia do Tanguá Embora fora dos limites da RPPN, achou-se aconselhável caracterizar a praia do Tanguá objetivando o entendimento da dinâmica hidrográfica local. O aspecto fisionômico da praia reflete a sua inserção em enseada com planície costeira pouco desenvolvida e linha de costa de traçado irregular, ou seja, demonstrando um recorte acentuado no litoral da Baía da Ribeira. A extensão da faixa praial apresenta aproximadamente 400 m entre dois pontais de rochas metamórficas, sendo um deles conhecido como Ponta do Tanguá que deu origem ao nome da praia. Esses pontais são recobertos por vegetação característica de fragmentos ombrófilos densos (Figura 12).

Figura 12 – Vista da ponta do Tanguá - rochas

metamórficas com cobertura floresta ombrófila.

Figura 11 – Matacões de rochas acima de 150 m.s.n.m no

córrego Tanguá.

Page 41: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

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Os depósitos sedimentares que formam esse acidente geográfico são de duas origens: marinho e fluvial. As areias depositadas pelo mar formam uma estreita faixa litorânea de granulação fina, quartzosas, com níveis de areias escuras pela concentração de biotita preta. A maré enchente de sizígia deixa um nível de areias pretas que permanecem até a próxima preamar contrastando com as demais areias esbranquiçadas. Outro contraste é a poluição das garrafas plásticas e de outros resíduos sólidos que se emaranham nas raízes da vegetação do tipo restinga que está representada por vários exemplares de arbustos do gênero Calyptranthes sp. que margeiam parte da praia (Figura 13). Os depósitos fluviais são formados pelo córrego do Tanguá no seu curso baixo até a desembocadura no oceano, constituídos por areias médias e grosseiras com seixos, onde esse aluvião alcança largura de 10 m. Neste trecho o córrego corre com sua margem direita encaixada no pontal norte de rochas metamórficas. As águas da enseada são calmas com ondas suaves devido à proteção que as ilhas fazem sobre as ondas, o que confere uma condição muito apreciada no turismo de lazer. Levantamentos realizados por

Ferreira da Silva (1996) acerca das ondas da Baía da Ilha Grande mostram que durante o verão é maior a ocorrência das ondas mais baixas (0,3 a 0,5 m) e no inverno as mais altas, porém todas elas chegam muito amortecidas ao interior dessa baía e mais ainda na Baía da Ribeira, ainda mais interna, onde se situa a praia do Tanguá. As leituras de temperatura (22,72º C) e salinidade (32,64%) das águas da praia do Tanguá realizadas durante os trabalhos de campo mostraram valores compatíveis com aqueles constantes nas cartas elaboradas por Besnard (1984) relativo à distribuição superficial desses dois parâmetros na condição de primavera. As curvas batimétricas apresentadas na região mostram que as profundidades até 5 m se estendem por 100 m, enquanto que as profundidades com até 10 m alcançam pouco mais de 500 m da linha de praia do Tanguá caracterizado por declives batimétricos suaves da ordem de 2%. Entre as cotas de 2 a 10 m se desenvolve uma feição plana esculpida durante a última época interglacial nos solos residuais das rochas metamórficas, e corresponde a área onde se situa o complexo hoteleiro do Vila Galé. O fundo da feição de enseada corresponde a uma antiga e pequena baía de origem interglacial.

Figura 13 – Faixa estreita de areias litorâneas finas

quartzosas e biolíticas (escuras). Vegetação arbustiva

típica de restinga gênero Calyptranthes sp.

Figura 14 – Ação erosiva na faixa litorânea da praia do Tanguá.

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As poucas espécies arbóreas da faixa litorânea estão com seu substrato de solo sendo removido pela ação das marés de alta de sizígia que evidenciam uma ascensão erosiva do mar (Figura 14).

3.3.3. Disponibilidade hídrica da microbacia O complexo hoteleiro Vila Galé é abastecido com água potável a partir de duas captações na microbacia do Tanguá: uma situada no córrego principal a montante da Estação de Tratamento de Água (ETA) e outra no primeiro tributário desse córrego pela margem direita, onde em ambos locais foram construídas recentemente represas novas com caixas de areia para filtragem em cotas mais elevadas, a fim de permitir abastecimento de água por gravidade com menor turbidez proporcionando economia no consumo

de produtos químicos para tratamento e garantir uma peculiaridade mais ecológica à água potável condizente com esse caráter do hotel (Figuras 15 e 16). A adução da água é realizada através de tubulação PVC Ø100 mm até a Estação de Tratamento de Água. Outros usuários são atendidos por água bruta dessa microbacia através de captações nos córregos acima assinalados com represas situadas em cotas mais baixas em relação às represas novas, usando como adutora tubos PVC Ø60 mm que conduzem água ao longo da Estrada do Contorno até as Vilas dos Contadores e Vila Velha distantes aproximadamente 4 km. Outra captação feita no primeiro tributário da margem esquerda abastece as casas vizinhas ao Vila Galé , onde nele existe uma caixa com capacidade para 3 m3.

3.3.4. Qualidade da água da microbacia Atualmente, o principal uso da água da microbacia dentro e fora da UC é doméstico por parte do Vila Galé e das comunidades vizinhas, por esse motivo atenção especial é dada a avaliação da qualidade dessa água. As amostras coletadas foram conduzidas para análise de potabilidade e propriedades físico-químicas no laboratório do Centro Universitário de Barra Mansa (UBM). Também foram realizadas leituras (parâmetros físico-químicos) in loco com uso de sondas (Tabela 14 e Figura 17). O Índice de Qualidade de Água - IQA analisado enquadra a água bruta dos vários cursos de água na Classe 2. O IQA demonstra que os resultados obtidos através das análises

Figura 15 – Unidades de decantação e filtragem da

ETA.

Figura 16 – Represa da ETA.

Page 43: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

23

efetuadas apontam que as águas dos rios monitorados podem ser consideradas de boa qualidade. Tabela 14 – Propriedades físico-químicas das águas da microbacia do Tanguá.

Local / nº. da amostra

DBO (ppm)

pH Temperatura

(º C) Salinidade

ppt OD (%)

1 24,44 6,93 19,26 0,03 -

2 8,14 7,20 18,88 0,02 8,14

3 6,01 6,90 19,55 0,03 66,1

4 7,8 7,16 19,02 0,03 87,0

5 8,28 7,22 20,36 0,03 90,8

6 6,72 7,12 21,18 0,03 69,6

8 8,04 7,26 18,66 0,03 87,26

9 29,20 7,5 18,8 0,03 -

10 7,75 6,87 19,14 0,03 83,3

11 29,10 7,09 19,03 0,02 -

12 8,32 6,88 18,86 0,24 89,6

Parâmetros aferidos in loco com uso de sonda digital HANNA HI 9228 Versão 2.1. DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio OD – Oxigênio Dissolvido

3.4. Vegetação

As atividades relativas ao inventário florístico ocorreram entre os dias 27 a 30 de agosto de 2009, sendo realizado através de quatro transectos iniciando a partir dos 20 m medidos da borda da floresta para o seu interior, segundo o método preconizado por Cottam e Curtis (1956). O método de ponto quadrante nas trilhas dois e quatro acrescidos de caminhadas livres nas trilhas um e três da área estudada, assim o número de indivíduos identificados foi limitado pela quantidade possível de unidades amostrais (pontos) e pela extensão das trilhas, estabelecidos sobre as diagonais mais preservadas do remanescente (trilhas dois e quatro). Os pontos amostrais foram georreferenciados e distanciados entre si por 100 m, estabelecidos alternadamente à direita e à esquerda da diagonal (quando possível) e afastados perpendicularmente 15 m desta. Para este estudo, foi considerado como critério

Figura 17 – Pontos de amostragens de água nos córregos da

RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis – RJ.

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de inclusão indivíduos com DAP ≥ 5 cm (diâmetro a altura do peito), tomado a 1,3 m do solo, estimada a altura total e realizadas observações gerais de cada indivíduo (analisados e identificados taxonomicamente com base no sistema de classificação de Cronquist (1988), corrigidos e atualizados pelo site de Pesquisas Taxonômicas dos Trópicos

(www.mobot.org), do Missouri Garden-USA).

No levantamento florístico da área estudada foram amostradas 38 espécies ou morfoespécies distribuídas em 25 famílias botânicas. Do total amostrados de 296 indivíduos, 13 encontravam-se mortos em pé, o que representa um percentual de 4,39%. A relação das espécies arbustivas-arbóreas encontra-se na Tabela 15. Tabela 15 - Lista florística de todas as famílias e espécies arbustivas-arbóreas amostradas em um trecho de Floresta Atlântica – RPPN Reserva Natural da Fazenda Tanguá, Angra dos Reis - RJ.

Família Espécie Nome vulgar Total de Indivíduos

por espécies ANACARDIACEAE

Astronium fraxinifolium Schott Def. de dados Gonçaleiro 3

Tapirira guianensis Tapiriri 1

ANNONACEAE

Anona cacans Warm. Ariticum cagão 4

Xylopia brasiliesis Pindaíba 2

ARECACEAE

Euterpe edulis Mart. Juçára 53

Syagrus romanzoffina Jerivá 10

Bactris setosa Tucum 6

Astrocaryum aculeatissimum (Schott) Burret Brejaúva 23

BIGNONIACEAE

Sparattosperma leucanthum Caroba branca 2

BORAGINACEAE

Cordia trichotoma (Vell.) Toledo Louro pardo 2

CHRYSOBALANACEAE

Hirtella gracilipes (Hook. F.) Prance Bosta de rato 2

DICKSONIACEAE

Dicksonia sellowiana Ameaçada Xaxim 3

ERYTHROXYLACEAE

Erythroxylum gaudichaudii Pyer. - 4

EUPHORBIACEAE

Maprounea guianensis Aubl. Var. - 5

HIPPOCRATEACEAE

Salacia amygdalina Pyer. Sete casca 2

LAURACEAE

Nectandra membranaceae (Swartz) Griseb Canela branca 38

LEGUMINOSAE

Bauhinia forficata Link Pata de vaca 5

Pterocarpus rohrii Vahl Mututi 3

Piptadenia gonoacantha (Mart.) Macbr Pau jacaré 16

MELASTOMATACEAE

Dalbergia nigra (Vell.) ex Benth Jacarandá 2

Tibouchina candolleana (DC.) Cogn. Quaresmeira da serra 8

MELIACEAE

Guarea guidonia (L.) Sleumer Olho de cabra 5

Cabralea canjerana (Velloso) C. Martius Cedro canjerana 5

MONIMIACEAE

Page 45: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

25

Mollinedia schottiana (Spreng.) Perkins Pimentinha 4

MORACEAE

Ficus enormis (Mart, ex Miq.) Mart. Figueira do mato 8

Artocarpus integrifólia L. Jaqueira 1

MYRTACEAE

Myrcia rostrata DC. Pêssego do mato 3

NYCTAGINACEAE

Guapira opposita (Vell.) Reitz Maria mole 6

PHYTOLACCACEAE

Gallesia integrifolia Pau d‟álho 9

PIPERACEAE

Piper amalago Pimentinha de macaco 7

POLYGONACEAE

Triplaris gardneriana Wedell. Novateiro preto 2

RUBIACEAE

Posoqueria latifolia Baga de macaco 1

Coffea arabica Café 6

SAPINDACEAE

Cupania oblongifolia Mart. Camboatã 6

Allophylus edulis (A.St.-Hil.) Radlk. Olho de pomba 3

Matayba guianensis Camboatá branco 2

SAPOTACEAE

Ecclinusa ramiflora Mart. - 2

CECROPIACEAE

Cecropia sciadophylla Mart Embaúba 16

As famílias que se destacam em número de indivíduos são: Lauraceae (N=38), pertencentes a uma única espécie, Leguminosae (N=26), distribuídos em quatro espécies e Arecaceae (N=92), distribuídos em quatro espécies. No trecho estudado encontram-se árvores entre dois metros a trinta e oito metros divididos em dois estratos distintos com altura média de 15 m, além do estrato herbáceo-arbustivo compondo o sub-bosque da floresta caracterizado pela abundância de cipós. Especificamente, no primeiro estrato arbóreo a altura varia entre 10 m e 25 m de altura e nele destacam-se: Euterpe edulis (palmito jussara), Piptadenia gonoacantha (Pau Jacaré), Nectandra membranaceae (canela branca) . Desse estrato sobressaem poucos indivíduos emergentes com alturas que variam entre 25 m e 30 m, dentre esses se destacam: Nectandra membranaceae, Gallesia integrifolia (pau d‟álho) e Piptadenia gonoacantha que apresenta um indivíduo com 38 m aproximadamente. O segundo estrato de difícil caracterização é constituído por arbustos e árvores de dois metros até 12 metros de altura condicionando trechos onde a locomoção torna-se difícil, pois é constituído por grande número de indivíduos e outro no qual a locomoção é feita com mais

Figura 18 – Vista aérea da cobertura vegetal da RPPN

Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis – RJ.

Page 46: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

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facilidade. Algumas espécies mais abundantes no estrato arbustivo-arbóreo alcançam grande porte no estrato superior ou entre as emergentes como: Nectandra membranaceae, Piptadenia gonoacantha, Astronium fraxinifolium (gonçaleiro), Guapira opposita (maria-mole) e Gallesia integrifólia resultando na ocupação de diferentes estratos (Figura 18, Tabela 16, Tabela 17). Tabela 16 – Lista florística da trilha 4 contendo todas as famílias, espécies, número de indivíduos (NI) e altura total em metros (AT), diâmetro a altura do peito, em centímetros (DAP), dos indivíduos arbóreos amostrados em um trecho de Floresta Atlântica – RPPN Reserva Natural da Fazenda Tanguá, Angra dos Reis, RJ.

Família Espécie NI AT (m) DAP (cm)

ANACARDIACEAE

Astronium fraxinifolium Schott 1 28 198

Astronium fraxinifolium Schott 1 10 54

ANNONACEAE

Anona cacans Warm. 1 8 24

ARECACEAE

Euterpe edulis Mart. 1 6 26

Euterpe edulis Mart. 1 12 19

Euterpe edulis Mart. 1 12 18

Euterpe edulis Mart. 1 10 24

Euterpe edulis Mart. 1 7 22

Euterpe edulis Mart. 1 7 19

Euterpe edulis Mart. 1 6 19

Euterpe edulis Mart. 1 12 30

Euterpe edulis Mart. 1 10 28

Euterpe edulis Mart. 1 12 30

Euterpe edulis Mart. 1 7 19

Syagrus romanzoffina 1 15 72

Syagrus romanzoffina 1 15 70

Bactris setosa 1 6 18

Bactris setosa 1 6 18

BIGNONIACEAE

Sparattosperma leucanthum 1 2 48

BORAGINACEAE

Cordia trichotoma (Vell.) Toledo 1 4 19

CECROPIACEAE

Cecropia sciadophylla Mart 1 25 75

Cecropia sciadophylla Mart 1 30 78

CHRYSOBALANACEAE 24

Hirtela gracilipis (Hook. F.) Prance 1 5 21

EUPHORBIACEAE

Maprounea guianenisis Aubl. Var. 1 9 41

Maprounea guianenisis Aubl. Var. 1 6 20

Aparistium cordatum (A. Juss.) Baillon 1 10 29

LAURACEAE

Nectandra membranaceae (Swartz) Griseb 1 10 60

Nectandra membranaceae (Swartz) Griseb 1 10 58

Nectandra membranaceae (Swartz) Griseb 1 10 81

Nectandra membranaceae (Swartz) Griseb 1 10 53

Nectandra membranaceae (Swartz) Griseb 1 10 107

Nectandra membranaceae (Swartz) Griseb 1 7 47

Nectandra membranaceae (Swartz) Griseb 1 8 37

Nectandra membranaceae (Swartz) Griseb 1 14 78

Nectandra membranaceae (Swartz) Griseb 1 12 42

Nectandra membranaceae (Swartz) Griseb 1 8 54

Nectandra membranaceae (Swartz) Griseb 1 10 47

Nectandra membranaceae (Swartz) Griseb 1 12 48

Nectandra membranaceae (Swartz) Griseb 1 30 75

Nectandra membranaceae (Swartz) Griseb 1 7 38

Page 47: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

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LEGUMINOSAE

Piptadenia gonoacantha (Mart.) Macbr 1 19 58

Piptadenia gonoacantha (Mart.) Macbr 1 12 48

Piptadenia gonoacantha (Mart.) Macbr 1 22 64

Piptadenia gonoacantha (Mart.) Macbr 1 28 34

Dalbergia nigra (Vell.) ex Benth 1 12 80

Dalbergia nigra (Vell.) ex Benth 1 10 37

MELIACEAE

Guarea guidonea (L.) Sleumer 1 5 70

Guarea guidonea (L.) Sleumer 1 10 63

Guarea guidonea (L.) Sleumer 1 18 68

NYCTAGINACEAE

Guapira opposita (Vell.) Reitz 1 6 45

Guapira opposita (Vell.) Reitz 1 10 44

Guapira opposita (Vell.) Reitz 1 4 20

Guapira opposita (Vell.) Reitz 1 6 52

Guapira opposita (Vell.) Reitz 1 6 42

Guapira opposita (Vell.) Reitz 1 4 29

Guapira opposita (Vell.) Reitz 1 8 30

Guapira opposita (Vell.) Reitz 1 8 30

Guapira opposita (Vell.) Reitz 1 5 25

PHYTOLACCACEAE

Gallesia integrifólia 1 26 160

Gallesia integrifólia 1 23 57

Gallesia integrifólia 1 5 25

Gallesia integrifólia 1 4 25

Tabela 17 – Lista florística da trilha 2 contendo todas as famílias, espécies, número de indivíduos (NI) e altura total em metros (AT), diâmetro a altura do peito, em centímetros (DAP), dos indivíduos arbóreos amostrados em um trecho de floresta atlântica – RPPN Reserva Natural da Fazenda Tanguá, Angra dos Reis, RJ.

Família Espécie NI AT (m) DAP (cm) ANACARDIACEAE

Astronium fraxinifolium Schott 1 10 54

Tapirira guianensis 1 6 19

ANNONACEAE

Anona cacans Warm. 1 10 80

ARECACEAE

Euterpe edulis Mart. 1 8 19

Euterpe edulis Mart. 1 10 23

Euterpe edulis Mart. 1 7 23

Euterpe edulis Mart. 1 13 24

Euterpe edulis Mart. 1 11 26

Euterpe edulis Mart. 1 12 31

Euterpe edulis Mart. 1 7 28

Euterpe edulis Mart. 1 8 27

Euterpe edulis Mart. 1 7 22

Euterpe edulis Mart. 1 7 19

Euterpe edulis Mart. 1 6 20

Euterpe edulis Mart. 1 12 29

Euterpe edulis Mart. 1 10 27

Euterpe edulis Mart. 1 7 30

Euterpe edulis Mart. 1 8 30

Euterpe edulis Mart. 1 7 30

Euterpe edulis Mart. 1 7 19

Astrocaryum aculeatissimum (Schott) Burret 1 3 40

CECROPIACEAE

Cecropia sciadophylla Mart. 1 16 70

EUPHORBIACEAE

Aparistium cordatum (A. Juss.) Baillon 1 15 54

LAURACEAE

Page 48: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

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Nectandra membranaceae (Swartz) Griseb 1 23 80

Nectandra membranaceae (Swartz) Griseb 1 8 54

Nectandra membranaceae (Swartz) Griseb 1 18 84

Nectandra membranaceae (Swartz) Griseb 1 10 37

Nectandra membranaceae (Swartz) Griseb 1 30 165

Nectandra membranaceae (Swartz) Griseb 1 20 60

Nectandra membranaceae (Swartz) Griseb 1 6 26

Nectandra membranaceae (Swartz) Griseb 1 12 110

LEGUMINOSAE

Pterocarpus rohrii Vahl 1 3 26

Pterocarpus rohrii Vahl 15 120

Piptadenia gonoacantha (Mart.) Macbr 1 38 160

Piptadenia gonoacantha (Mart.) Macbr 30 200

Piptadenia gonoacantha (Mart.) Macbr 30 170

Piptadenia gonoacantha (Mart.) Macbr 28 80

MELASTOMATACEAE

Tibouchina candoleana (DC.) Cogn. 1 4 26

MELIACEAE

Guarea guidonea (L.) Sleumer 1 8 72

Cabralea canjerana (Velloso) C. Martius 1 8 48

Tal resultado demonstra que, mesmo a floresta estando em sucessão, a composição florística é bastante variável e influenciada pelo meio abiótico (topografia, solo, altitude, dentre outros). As espécies de maior ocorrência na amostra total foi o Euterpe edulis Mart com 19,08 % a Nectandra membranaceae com 13,42% do total amostral, indicando seu estádio médio do processo de sucessão secundária, destacando o fato da Piptadenia gonoacantha, com 13,42% e a Cecropia sciadophylla Mart (embaúba) com 6,36% do total amostral, serem espécies tipicamente pioneiras indicadoras de formações secundárias que sofreram alterações. O Euterpe edulis, (Palmito), espécie de maior ocorrência nas trilhas, é apontada como uma das mais importantes da Floresta Atlântica, tanto em áreas de bom estado de conservação como em perturbadas ou secundárias (Silva, 1980; Guedes, 1988; Mantovani et al., 1990; Programa Mata Atlântica, 1990, 1992; Melo, 1993; Mantovani, 1993). Na trilha dois as espécies de maiores diâmetros (DAP) que sobressaíram foram o Astronium fraxinifolium Schott com 198 cm (Secundária Inicial), Gallesia integrifólia com 160 cm (Primária) e Nectandra membranaceae com 107 cm (Secundária Tardia). Na trilha quatro foram Piptadenia gonoacantha com 200 cm, 170 cm e 160 cm (SI), Nectandra membranaceae com 165cm e 110 cm (ST) e Pterocarpus rohrii Vahl com 120cm (P), não ocorrendo muita diferenciação entre as duas trilhas. As ações antrópicas ocorridas nessa região no passado tornaram mais favorável ao estabelecimento de pioneiras e secundárias iniciais exigentes de luz, melhorando as condições para as secundárias tardias e climáticas. Em uma análise quanto ao grupo ecológico nas trilhas dois e quatro, foram encontrados os seguintes resultados: Trilha dois: quatro espécies com 28 indivíduos de secundária tardias, oito espécies com 24 indivíduos de secundárias iniciais e três espécies com nove indivíduos de pioneiras; Trilha quatro: três espécies com 27 indivíduos de secundárias tardias, cinco espécies com oito indivíduos de secundárias iniciais e quatro espécies com cinco indivíduos de pioneiras. A princípio, estes resultados demonstram certo equilíbrio na composição florística entre os dois trechos estudados.

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As espécies que mais se destacam nas trilhas dois e quatro são Euterpe edulis e Astrocaryum aculeatissimum, respectivamente, sendo este um dos parâmetros que demonstram a grande semelhança entre estas duas regiões em termos de comunidade vegetal.(Figura 19).

A declividade e topografia da área inventariada na trilhas um e três ocasionam uma variedade de situações ambientais como o favorecimento do transporte de partículas do solo ao longo do perfil, interferência na organização do dossel e o favorecimento do aspecto de degrau no estrato arbóreo. Com um maior grau de dificuldade devido a elevação e inclinação do terreno, nas trilhas onde foram realizadas as caminhadas livres, foram observados indivíduos de grande porte da Família Lauraceae, espécie Nectandra membranaceae (canela), indivíduos da família Artocarpus integrifólia (Jaqueira), e em diversos pontos a presença de Musa sp. (bananeiras), Astrocaryum aculeatissimum (brejaúva) e o Ficus enormis (figueira). Apesar da vegetação nessa área encontrar-se bastante alterada por ação antrópica, evidência um forte processo de regeneração natural.(Figuras 20, 21 e 22)

Figura 19 – Palmito Jussara (Euterpis edulis) no interior

da RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis – RJ.

Figura 20 – Brejaúva (Astrocaryum aculeatissimum) na

RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis-RJ.

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Nestas duas trilhas pode-se observar maior presença de secundárias tardias, com pequenas clareiras, sub-bosque e banco de plântulas, mostrando que a área da RPPN apresenta vegetação em diferentes estádios de regeneração, com boa parte dessa área coberta por bananais (Figura 23). Espécies representadas por um único indivíduo em um hectare foram conceituadas como espécies raras (Martins, 1993). Entre espécies raras podem estar englobadas espécies com populações pequenas e em risco de extinção, espécies de distribuição muito esparsa, ou aquelas que estão entrando ou saindo do cenário florístico da área, ou ainda, as que apresentam problemas de recrutamento (Guedes-Bruni, 1998). Algumas vezes esse conceito de espécie rara tem sido usado para indicar as espécies que ocorrem com baixa frequência em levantamentos estruturais. No entanto, essas espécies podem não ser realmente raras, mas sim, apresentarem apenas baixas densidades, devido a alguns fatores relacionados aos procedimentos no levantamento ou as características das espécies. Entre esses fatores, estão o tamanho da área, as restrições estabelecidas nos levantamentos estruturais e o padrão de distribuição e estádios sucessionais das espécies amostradas (Durigan et al., 2000). Na área inventariada foi encontrada duas espécies incluídas na lista da 6ª. Instrução Normativa de 2008 do Ministério do Meio Ambiente, sendo elas: Dicksonia sellowiana pertencente a família Dicksoniaceae e Euterpe edulis Mart. pertencente a família Arecaceae. Foram encontrados também indivíduos do gênero Ficus que se distinguem dos demais componentes arbóreos da área inventariada em diâmetro e altura, representando recurso significativo para a fauna e um importante elemento de atração para a fauna dispersora de sementes. Pôde-se observar a concentração de bananeiras (Musa sp.) em áreas abertas e indivíduos de Coffea sp. no sub-bosque, confirmando a hipótese de utilização da área com culturas agrícolas no período histórico anterior da fazenda (Figura 23).

Figura 23 – Bananeira (Musa sp) na RPPN Fazenda do

Tanguá, Angra dos Reis – RJ.

Figura 22 – Canela (Nectandra membranaceae) na

RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis – RJ.

Figura 21 – Figueira (Ficus enormis) na RPPN

Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis – RJ.

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As análises comparativas entre os pontos amostrados nas trilhas através do uso do teste do qui-quadrado não demonstrou diferença entre os valores observados e esperados, o que sugere que o acréscimo do número de pontos amostrais não resultará em ganho de precisão ao trabalho, confirmando que não há diferença entre os pontos amostrados. Os resultados encontrados indicam pouca diversidade florística de difícil determinação do estágio sucessional, ficando evidente o nível de perturbação e a intensa ação antrópica relatada por moradores das comunidades vizinhas (relatos do Sr. Djalma Pires), sendo necessário sofrer intensa intervenção ao nível de manejo florestal. Estes resultados sugerem o controle de cipós e áreas de clareiras no interior da mata, controle de queimadas e derrubada de espécies comerciáveis (Euterpe edulis), enriquecimento com espécies nativas de mata atlântica, seleção de matrizes para produção de sementes e implementação de sistemas agroflorestais em alguns pontos como alternativa de manejo. Além das espécies nativas, a região apresenta espécies exóticas como o Artocarpus integrifólia (Jaqueira), Cofea arábica (café) e Musa sp (banana), introduzidas provavelmente pelas atividades agrícolas na antiga Fazendo do Tanguá. A presença da espécie Coffea arábica em alta abundância afeta a riqueza e diversidade de espécies no estrato regenerante, podendo inclusive modificar a velocidade de substituição de espécies característica do processo de transformações sucessionais da comunidade vegetal local. As observações permitem identificar que a região encontra-se em estádio médio-avançado do processo de sucessão secundária, devido à grande presença da Dicksonia sellowiana e Euterpe edulis Mart, às características florísticas e estruturais das formações primárias, assim como o sub-bosque adensado pela ocorrência de cipós e Astrocaryum aculeatissimum mostrando que a região encontra-se em fase de regeneração. Com a eliminação da quase totalidade de sua floresta natural para dar lugar às culturas de café, banana e pecuária, conforme relatos de antigos moradores da Fazenda do Tanguá, poucos são os remanescentes da mata primária, representados pelo pau d‟ álho (Gallesia integrifólia) e majestosas figueiras (Ficus sp), ocupando o andar superior da floresta, a canela (Nectandra membranaceae) e o pau jacaré (Piptadenia gonoacantha), formando um dossel irregular, poupados em função do seu baixo valor comercial na época da exploração, além de motivações de cunho religioso. Algumas décadas atrás, conforme informação de antigos moradores entrevistados, além das atividades agropecuárias, derrubava-se a mata para a produção de carvão em carvoarias artesanais, o qual era vendido no centro da cidade, além do uso doméstico. Árvores também eram derrubadas para a construção de canoas utilizadas como meio de transporte e para a pesca artesanal. Esta forma de exploração contribui na compreensão do estagio vegetacional atual, onde em meio a uma floresta em recuperação encontram-se árvores de grande porte. Espécies representadas por um único indivíduo em um hectare foram conceituadas como espécies raras (Martins, 1993). Entre espécies raras podem estar englobadas espécies com populações pequenas e em risco de extinção, espécies de distribuição muito esparsa, ou aquelas que estão entrando ou saindo do cenário florístico da área, ou ainda, as que apresentam problemas de recrutamento (Guedes-Bruni, 1998). Algumas vezes esse conceito de espécie rara tem sido usado para indicar as espécies que ocorrem com baixa frequência em levantamentos estruturais. No entanto, essas espécies podem não ser realmente raras, mas sim, apresentarem apenas baixas densidades, devido a alguns fatores relacionados aos procedimentos no levantamento ou as características das espécies. Entre esses fatores, estão o tamanho da área, as restrições estabelecidas nos levantamentos estruturais e o padrão de distribuição e estádios sucessionais das espécies amostradas (Durigan et al., 2000).

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Na área inventariada foram encontradas duas espécies incluídas na lista da 6ª. Instrução Normativa de 2008 (Anexo I) do Ministério do Meio Ambiente, sendo elas: Dicksonia sellowiana (samambaia-açu) pertencente a família Dicksoniaceae e Euterpe edulis (palmito jussara) pertencente a família Arecaceae. Foram encontrados também indivíduos do gênero Ficus que se distinguem dos demais componentes arbóreos da área inventariada em diâmetro e altura, representando recurso alimentar significativo para a fauna, inclusive a dispersora de sementes. Em síntese, os resultados encontrados indicam um remanescente de mata de encosta de Floresta Ombrófila Densa Submontana alterada, onde a original sofreu intensa ação antrópica associada à agricultura, pecuária, extração seletiva de produtos florestais para o fabrico de carvão e canoas, encontrando-se em regeneração natural há mais de duas décadas em função do abandono da atividade e mudanças no modus vivendis imposto pelo modelo de desenvolvimento sócioeconômico da região associado à abertura da BR-101 e a implantação de grandes empreendimentos como o Terminal da Petrobrás, a Usina Nuclear e o antigo estaleiro Verolme. Embora este fragmento florestal encontra-se em bom estágio de recuperação natural, ações de manejo florestal poderão ser executadas objetivando acelerar o processo, tais como o controle de cipós e lianas, o enriquecimento com outras espécies da Mata Atlântica, o controle das espécies exóticas, especialmente as consideradas invasoras, como a jaqueira, a seleção de matrizes para a produção de sementes. Logicamente, estas ações deverão ser precedidas de estudos técnicos para se atingir os resultados com o mínimo de impacto ambiental à unidade de conservação.

3.5. Fauna

3.5.1. Araneofauna Foram realizadas três campanhas entre os dias 15 a 16/08, 22 a 23/08 e 29 a 30/08/2009 totalizando 79 h de esforço amostral. Quatro áreas foram selecionadas para análises considerando as características relevo/topografia (estratificação altimétrica e grau de inclinação do terreno) e aspectos fitofisionômicos que permitissem aplicar os procedimentos amostrais para diagnose do inventário e distribuição da araneofauna (Figura 24). Estas áreas foram aqui denominadas de A1, A2, A3 e A4, possuindo as seguintes coordenadas sob o Datun SAD-69:

A1 – 23K 566527 / 7455729, em altitude de 86 m.s.n.m. A2 – 23K 567387 / 7455480, em altitude de 280 m.s.n.m. A3 - 23K 567484 / 7455378, em altitude de 315 m.s.n.m. A4 - 23K 567040 e 7454658, em altitude de 247 m.s.n.m.

Para cada área amostrada foram empregados três métodos de avaliação: guarda-chuva entomológico (GCE), coleta manual noturna (CMN) adaptados de Coddington et al. (1991), e uso de armadilhas de solo (pitfall traps), sendo que o tamanho das áreas amostradas variaram entre 2 a 3 ha apartir do entorno das estação de captura (armadilhas de solo) instaladas. Os animais coletados pelo emprego do GCE ou CMN foram quantificados a cada trinta minutos de avaliação. O esforço amostral foi variável entre os pontos de coleta devido às condições climáticas, tempo de trabalho gasto por protocolo, distanciamento/esforço de investimento, aspectos relacionados ao relevo ou fitofisionomia.

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A1

A2 A3

A4

Figura 24 – Áreas das amostragens da araneofauna da RPPN Fazenda do Tanguá, Angra

dos Reis - RJ.

A identificação do material foi realizada mediante uso de chaves dicotômicas proposta por

Brescovit et al. (2002), sendo que a nomenclatura obedeceu ao catálogo de Platnick (2009).

O nível taxonômico abordado foi específico ou, na impossibilidade de atingí-lo, os

exemplares foram registrados como morfoespécies. Para fins qualitativos, os espécimes

jovens não foram incluídos nas análises estatísticas.

A seleção das variáveis está sempre atrelada com os critérios de análise pré-estabelecidos

pelo pesquisador dentro de uma previsibilidade dos dados que serão registrados. Desta

forma, o tamanho das amostras e a precisão dos registros podem determinar qual índice ou

modelo estatístico são mais indicados para uma mensuração diagnóstica. Para calcular as

classes de dominância (D) das morfoespécies utilizou-se a fórmula estabelecida por Palissa

et al. (1979) apud Ott (1997) sendo que para D = > 10% Eudominante; D = 5 – 10%

Dominante; D = 2 – 5% Subdominante; D = 1 – 2% Recessiva e D = < 1% Rara.

A constância (C) foi avaliada segundo proposição de Bodenheimer (1955) apud Silveira

Neto (1976), sendo agrupadas nas seguintes categorias: C = > 50% constante, C = 25 –

50% acessória e C = < 25 acidental.

Os índices de diversidade de espécies podem ser compreendidos como descritores da estrutura de uma comunidade, sendo consideradas comunidades muito ricas aquelas que possuem muitas espécies presentes e, igualmente abundantes. Desse modo, os índices ponderam tanto a presença de espécies como a relação de abundância nas comunidades pesquisadas (Brower & Zar, 1984). Os índices de diversidade foram determinados a partir do índice de Shannon (H’) e Simpson (D) e equitabilidade de Pielou (J) (Brower & Zar, 1984; Magurran, 1988, Pinto-Coelho, 2002; Cullen Jr. et al. 2003). O índice de similaridade foi determinado segundo o coeficiente de Jaccard (SJ) (Magurran, 1991). Foram amostradas 2.771 aranhas, sendo 1.213 adultas (43,78%) e 1.558 jovens (56,22%) distribuídas em 34 famílias. Das 34 famílias amostradas três apresentaram apenas

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indivíduos jovens (Gnaphosidae, Philodromidae, Pisauridae). Entre as 31 famílias representadas por indivíduos adultos, foram reconhecidas 91 espécies descritas e 11 morfo-espécies não descritas (ANEXOS 1 e 2). Os resultados referentes ao total de aranhas amostradas demonstraram que as famílias Pholcidae (N=1171, 42,259%), Theridiidae (N=387, 13,966%) e Aniphaenidae (N=343, 12,378%) foram as mais abundantes. As famílias Clubionidae, Gnaphosidae, Mismenidae, Philodromidae, Prodidomidae e Synotaxidae resultaram nos menores valores de abundância por apresentarem somente um exemplar cada (N=1, 0.036%) (Tabela 18). Tabela 18 – Distribuição de famílias de aranhas por pontos amostrados.

Trilhas e pontos amostrados

Família A1 A2 A3 A4 Σ %

Aniphaenidae 120 71 99 53 343 12.3782

Araneidae 31 16 45 22 114 4.114

Caponiidae 0 1 1 0 2 0.072

Clubionidae 1 0 0 0 1 0.036

Corinnidae 12 6 5 3 26 0.938

Ctenidae 6 25 37 36 104 3.753

Deinopidae 2 2 2 2 8 0.289

Dipluridae 0 1 6 2 9 0.325

Gnaphosidae* 0 0 1 0 1 0.036

Linyphiidae 47 7 105 0 159 5.738

Mimetidae 16 7 18 1 42 1.516

Miturgidae 2 0 1 1 4 0.144

Mismenidae 0 0 1 0 1 0.036

Nemesidae 3 4 0 0 7 0.253

Nephilidae 1 2 0 0 3 0.108

Ochyrocerathidae 0 0 0 1 1 0.036

Oonopidae 3 0 1 0 4 0.144

Palpimanidae 1 2 0 0 3 0.108

Philodromidae* 1 0 0 0 1 0.036

Pholcidae 261 262 326 322 1171 42.259

Pisauridae* 0 2 0 0 2 0.072

Prodidomidae 0 1 0 0 1 0.036

Salticidae 66 35 47 34 182 6.568

Scytodidae 1 3 4 0 8 0.289

Sparassidade 6 6 10 6 28 1.010

Synotaxidae 0 1 0 0 1 0.036

Tetragnathidae 5 7 17 17 46 1.660

Theraposidae 1 10 5 1 17 0.613

Theridiidae 151 86 89 61 387 13.966

Theridiosomatidae 2 0 0 0 2 0.072

Thomisidae 31 12 17 5 65 2.346

Trechaleidae 0 0 2 1 3 0.108

Uloboridae 4 2 1 1 8 0.289

Zoridae 14 2 1 0 17 0.613

TOTAL 788 573 841 569 2771 100.00

*Famílias com apenas representantes jovens.

Especificamente, entre todos os pontos amostrados as famílias Pholcidae, Theridiidae e Aniphaenidae foram as mais abundantes. Ressalta-se que as famílias Salticidae nas áreas A1 (N=66, 36,26%) e A2 (N=35, 19,23%), Linyphiidae na A3 (N=105, 66,03%) e Ctenidae (N=36, 34,61%) na A4 também foram relativamente abundantes. Os resultados expressos na Tabela 18 também demonstram que do total de famílias amostradas, 14 (41,17%) foram comuns entre todos os pontos amostrados (o que sugere um mesmo padrão de distribuição e uma possível semelhança fitofisionômica), 5 famílias

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Figura 25 – Representatividade da abundância das espécies de aranhas

encontradas na RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis – RJ.

foram encontradas distribuídas em 3 pontos amostrados, 6 famílias foram encontradas em 2 pontos amostrados e 9 famílias em apenas 1 ponto amostrado. A diversidade de famílias amostradas descreveu para as áreas A1 e A2 como sendo os mais representativos com a presença de 25 famílias cada, seguido da A3 com 24 famílias e A4 com18 famílias. Os valores de abundância por espécimes adultos demonstraram que as espécies Mesabolivar sp 1 (N=280, 23,08%), Mesabolivar sp 2 (N=231, 19,04%) da família Pholcidae foram consideradas eudominante. A espécie Sphecozone sp 1 (N=73, 6,02%) da família Linyphiidade foi considerada dominante, enquanto que as espécies Patrera cita (N=32, 2,64%, Aniphaenidae); gen? sp1 (N=52, 4,29%), Metagonia sp1 (N=28, 2,31%) e Carapoia sp 1 (N=36, 2,97%) da família Pholcidae; Spintharus gracilis (N=30, 2,47%, Theridiidae). As espécies consideradas recessivas foram Alpaida sp 1 (N=14, 1,15%, Araneidae); Isoctenus sp 1 (N=24, 1,98%, Ctenidae); gen? sp1 (N=17, 1,40%, Linyphiidae); Ero sp 1 (N=21, 1,73%, Mimetidae); gen? sp3 (N=19, 1,57%) Noegus sp 1 (N=22, 1,81%) da família Salticidae; Plesiopelma sp1 (N=15, 1.24%, Theraphosidae); Ariamnes aff. longissimus (N=4, 0,33%), Dipoena sp1 (N=13, 1,07%) e Wamba sp1 (N=16, 1,32%) da família Theridiidae; e finalmente a espécie gen? sp 1 (N=16,1,32%) da família Zoridae. As demais espécies encontradas foram consideradas raras (Figura 25). A temperatura monitorada no período de estudo oscilou entre 17,7ºC (mínima) e 23,7ºC (máxima) descrevendo uma média de 18,1ºC e amplitude de 6ºC. Respectivamente, a umidade variou entre 67% a 93% com média de 72.8% e amplitude de 26%. Estes fatores contribuíram diretamente na alternância de condições entre períodos de nebulosidade e pluviosidade nos períodos de campanha. Os resultados obtidos entre as áreas estudadas e a quantidade de exemplares amostrados por protocolo de trabalho (Tabela 19) possivelmente refletem a diferença de esforço amostral (tempo e a quantidade de unidades amostrais) e instabilidade climática do período de estudo. Tabela 19 – Quantidade de aranhas amostradas em relação aos procedimentos e áreas amostrais no interior da RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis – RJ.

Procedimentos Área 1 Área 2 Área 3 Área 4 Total

Arm. Solo 69 42 30 10 151

GCE 697 430 599 376 2102

CMN 22 99 193 204 518

Total 788 571 822 590 2771

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As análises de riqueza específica demonstraram relativa equivalência em número de espécies encontradas (Tabela 20), no entanto somente 11,76% (S=12) das espécies são consideradas comuns entre os pontos amostrados, sendo a maioria 37,25% (S=38) em apenas um dos pontos analisados. As famílias que apresentaram a maior riqueza de espécies foram Theridiidae (S=19, 18,62%), Pholcidae (S=11, 10,78%) e Araneidae (S=11, 10,78%) (ANEXO 1). Tabela 20 – Diversidade de aranhas encontras na RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis - RJ.

Área 1 Área 2 Área 3 Área 4

Indivíduos adultos (N) 297 267 363 286

Riqueza observada (S) 54 57 59 45

Índice de Shanon-Wiener (H‟) 3,1523 2,9608 3,0566 2,4067

Índice de Equitabilidade de Pielou (E) 0,79 0,73 0,70 0,60

ÍIndice de Simpson (1/D) 14,5824 8,1167 10,1026 4,9197

Segundo os valores de riqueza obtidos entre os índices de Shanon-Wiener e Simpson a área um (A1) apresentou maior diversidade. Estes valores podem refletir a regularidade topográfica por se tratar de uma área de pouca altitude e declividade o que permite maior estabilidade de condições e heterogeneidade de microhabitats pelo acumulo de serrapilheira no solo. Outros fatores relevantes estão ligados às características intrínsecas da área amostrada como a presença de clareiras naturais e artificiais que aumentam a interferência do efeito de borda condicionando o aparecimento de um maior número de espécies oportunistas e taxonimicamente mais diversas como os exemplares de famílias Pholcidae, Theridiidae e Araneidae, conhecidamente morfotipos predominantes no subbosque ocupando diversos microhabitats (Silva, 1996). Ressalta-se que as espécies consideradas raras em levantamentos de campo somente foram avistadas nas áreas mais internas do fragmento. As modificações físicas do ambiente alterado são responsáveis por muitas das modificações observadas nas comunidades de animais e plantas, bem como na biologia de muitos desses organismos. Assim, a probabilidade de ocorrência e manutenção de diversas espécies pode ser afetada direta ou indiretamente pelas modificações microclimáticas. Essas modificações, se por um lado podem ser desfavoráveis às espécies adaptadas ao interior da mata, podem beneficiar espécies adaptadas a ambientes abertos, que podem então se estabelecer no fragmento (Lovejoy et al. 1984, 1986), sugerindo que a estrutura do ambiente pode influenciar na composição e riqueza das comunidades de aranhas (Huhta, 1971; Wise, 1993; Foelix, 1996; Santos, 1999). Rosenzweig (1995), detalhadamente propõe que a diversidade de aranhas está correlacionada à sazonalidade, heterogeneidade espacial, competição, predação, tipo de habitat, estabilidade ambiental e produtividade. Taxonomicamente, a relevância da diversidade encontrada na RPPN demostrada pela existência de 29 morfoespécies (28,43%) consideradas comuns na Mata Atlântica, 14 espécies consideradas novas (13,72%) para o mesmo fragmento, 19 espécies possivelmente novas (18,62%) e 3 espécies (2,94%) raras em estudos de campo (ANEXO 2). Para avaliação da similaridade entre as populações de aranhas as áreas amostradas foram organizadas em blocos (BL1 e BL2), sendo A1 e A2 correspondente aos BL1 e T3 e T4 correspondente ao BL2. O critério utilizado para a alocação em blocos foi a proximidade entre as áreas de distribuição, semelhança topográfica e florística, assim o valor de similaridade entre as populações distribuídas no BL1 e BL2 correponderam a Q=0,261682. Detalhadamente, esta resultante descreveu 80 espécies para BL1 e 78 espécies para BL2 com um número comum de 56 espécies entre ambos os blocos. Os resultados obtidos em relação a abundância de aranhas na RPPN são expressivos, no entanto, os maiores valores de abundância obtidos pelo estudo refletem a similaridade de distribuição de espécies de aranhas em outras áreas estudadas no Brasil (Hofer & Brescovit, 2001; Ott et al., 2007; Brescovit et al., 2004; Raizer et al., 2005).

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A uniformidade na distribuição de abundâncias (“evenness”) foi considerada baixa já que a comunidade apresentou poucas espécies dominantes e a vasta maioria foi rara. Na maioria das comunidades, umas poucas espécies são abundantes e muitas são raras (Odum, 1985; Ricklefs, 2003). Esse fato se deve ao ajuste entre os organismos no seu ambiente, definido pelo grau de adaptação de cada espécie (Pianka, 1982; Odum, 1985; Ricklefs, 2003). A adaptação ocorre em várias dimensões, onde os organismos devem se encaixar simultaneamente aos padrões de temperatura, umidade, competidores, predadores, respeitando os seus limites. A estrutura geral da comunidade de aranhas com alto número de espécies e baixo número de indivíduos por espécie é conhecida e característica de comunidades tropicais de aranhas (Nentwig, 1993). Entretanto, a maior representatividade de espécies consideradas raras tem implicações para conservação. Se estas espécies de fato preferem estes ambientes, manter um mosaico de tipos de vegetação pode ser muito importante para a manutenção da diversidade total de aranhas da região. A raridade destas espécies nas amostras apenas aumenta a necessidade de manutenção destes ambientes para sua conservação. Outras observações podem ser pontuadas em relação a distribuição araneofaunística e os recursos encontrados. Os pontos de centro, situados em áreas que sofrem constantemente com a lixiviação do solo, o que inviabiliza a presença de aranhas forrageadoras, em contrapartida as áreas são menos afetadas por ações antrópicas, como desmatamento e formação de trilhas, visitação para prática de esportes e lazer, favorecendo assim a predominância de vegetação herbácea e arbustiva na área (Teles, 2001), consequentemente mais recursos alimentares, hastes para fixação de teia ou abrigo para aranhas construtoras de teia. A variação do esforço amostral entre os métodos empregados no estudo possivelmente podem descrever uma tendência nos dados obtidos, no entanto, ficou claro que o uso de armadilhas de solo se mostra com baixa eficiência em períodos curtos de estudo (o que os torna dispendioso em relação a distância entre os pontos amostrais, relevo e condições florísticas). Assim como as características topográficas do terreno (incidência de maiores áreas de média e alta declividade) ocasionam um aumento da lixiviação em períodos de grande pluviosidade resultando na menor riqueza e abundância de guildas de solo por destruição de micro-habitats. Comparativamente, os resultados relativos ao número de espécies encontradas (S=102) demonstram um percentual de 33,11% em relação aos levantamentos de araneofauna desenvolvidos no processo de revisão do Plano de Manejo do Parque Nacional da Tijuca que reconheceram a distribuição de 308 espécies (Moreira, 2006). Consequentemente, os valores referentes à diversidade de aranhas encontradas na RPPN representam 11,28% para o Estado do Rio de Janeiro e 21,65% para a cidade do Rio de Janeiro. Apesar do pequeno esforço empreendido na reserva é possível notar grande diversidade e riqueza de aranhas na área. Detectou-se grande número de gêneros e espécies potencialmente novos para a ciência de Araneae, mas é clara a necessidade de investimentos maciços no estudo da taxonomia e da sistemática destes animais na reserva. Sugere-se como novos investimentos de pesquisa: a) continuidade do inventário, de forma a ampliar significativamente as áreas de amostragem; b) diversificar as metodologias de coleta com aplicação de coletas noturnas com lanternas, armadilhas de Winkler para aranhas de poucos milímetros, coletas especializadas em rochas e troncos de árvores para aranhas crípticas; c) realizar estudos focados nas aranhas presentes no dossel, uma fauna pouco conhecida na Mata Atlântica, através da aplicação de técnicas de termonebulização da copa das árvores;

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d) investigar a presença de aranhas sinantrópicas ou introduzidas na reserva, com coletas intensivas nas áreas mais antropizadas ou que possuam construções; e) resgatar dados de coleta na bibliografia de áreas próximas para eventuais comparações; f) após amplo estudo de aranhas, contemplar outros aracnídeos, especialmente opiliões e escorpiões que podem ser ótimos indicadores do estado de conservação da área, além das aranhas.

3.5.2. Ictiofauna As avaliações foram realizadas entre os dias 14 a 16 de agosto em três pontos amostrais (baixo, médio e alto) no trecho principal da microbacia do Tanguá levando em consideração as características ambientais como os trechos encachoeirados, remansos, áreas sombreadas e expostas. Os pontos amostrais foram georreferenciados (Tabela 21) e seus atributos fisionômicos (Tabela 22) foram descritivos segundo a proposta metodológica de AER (Avaliação Ecológica Rápida). Os métodos amostrais consistiram no uso de tarrafa de malha com 3 mm entre nós (2 m de circunferência), puçás (circulares e triangulares) com malha de filó sobreposta, peneiras metálicas circulares com malha de 2 mm e covos iscados (garrafa tipo PET de 2 l). Também foram realizadas observações subaquáticas para e registro fotográfico. As operações de amostragem ocorreram contracorrente segundo as orientações de Uieda & Castro (1999). Os peixes amostrados foram capturados, acondicionados, anestesiados e fixados em substância conservativa. Após etiquetagem, os exemplares foram encaminhados para identificação e biometria (comprimento total e massa corpórea) em laboratório. Parâmetros abióticos mínimos também foram obtidos junto aos pontos amostrais. Tabela 21 – Localização, altitude, hierarquia fluvial (ordem) e data de coleta dos trechos de riachos amostrados na microbacia Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis – RJ.

Trechos Localidade Altura (m) Ordem

1 Córrego do Tanguá (parte baixa). Posição: 23K0565981/7455480

4 3ª

2 Córrego Tanguá (trecho médio) Posição: 23K0566894/7455160

114 2ª

3 Córrego Tanguá (parte alta). Posição: 23K0567086/7455220

180 1ª

Tabela 22 – Caracterização física dos ambientes amostrados na RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis – RJ.

Trechos Descrição

1 Traçado pouco sinuoso; margens com baixa declividade e barrancos entre 0,2 - 2,0 m de altura; margens com predominância de “capins”; e margem esquerda de jusante para montante com vegetação de Mata Atlântica; leito com trecho arenoso, rochoso e lamoso na parte mais alta; presença de folhiços e galhadas em área aberta.

2 Traçado pouco sinuoso; margens com declividade mediana; barrancos de até 1,60 m de altura; com alternância de poços e corredeiras; margem com predominância de Mata Atlântica e número elevado de samambaias; raízes e leito bem rochoso e com área aberta.

3 Traçado bem sinuoso; margens com alta declividade; barrancos chegando a ultrapassar 2 m de altura; trecho mediano lênticos com folhiços, galhadas e leito rochoso e arenoso.

A ictiofauna amostrada totalizou um montante de 126 exemplares, pertencentes a 4 famílias, 6 gêneros e 7 espécies onde apenas no ponto nº 1 foi obtido sucesso amostral (cabeceira – ponto baixo). Os exemplares perfizeram uma biomassa total de 16,54 g. As espécies amostradas pertencem a três ordens Cyprinodontiformes (96,83%), Perciformes (2,38%) e Characiformes (0,79% (Tabela 23).

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Figura 29 – Poeciliidae, Phalloceros sp.

Tabela 23 – Táxons de peixes amostrados na RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis – RJ. Ordem Família Espécie

Characiformes Erythrinidae

Hoplias malabaricus (Bloch, 1794)

Cyprinodontiformes Poeciliidae

Phalloceros caudimaculatus (Hensel, 1868) Phalloceros sp.

Poecilia vivipara (Schneider,1801) Phalloptychus januarius (Hensel, 1868)

Perciformes

Mugilidae Mugil liza (Valenciennes, 1836)

Gobiidae Awaous sp.

Os registros demonstraram que apenas N=11 indivíduos (aproximadamente 9% do total) dos exemplares amostrados apresentaram comprimento total igual ou superior a 3 cm. A família Poeciliidae foi numericamente mais representativa contribuindo com 96% dos indivíduos amostrados perfazendo 4 espécies de peixes: Poecilia vivipara (Figura 26), Phalloptychus januarius (Figura 27), Phalloceros caudimaculatus (Figura 28) e Phalloceros sp. (Figura 29). As espécies mais abundantes e com maior biomassa foram P. caudimaculatus com 71% e massa de 11,95 g, seguida de P. januarius com respectivamente 22% e 2,54 g, contribuindo com a biomassa de cada uma das espécies entre aproximadamente 72 e 15% (Tabela 24).

Figura 27 – Poeciliidae, P. januarius. Figura 26 – Poeciliidae, P. vivipara.

Figura 28 – Poeciliidae, P. caudimaculatus.

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Tabela 24 - Descrição de abundância de espécie e biomassa da RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos

Reis - RJ. Espécies N N (%) Peso (g) Peso (%)

Phalloceros caudimaculatus 90 71,42 11,95 72,24

Phalloptychus januarius 28 22,22 2,54 15,36

Poecilia vivípara 3 2,38 0,79 4,77

Mugil Liza 2 1,59 1,02 6,17

Hoplias malabaricus 1 0,79 0,06 0,36

Phalloceros SP. 1 0,8 0,09 0,55

Awaous SP. 1 0,8 0,09 0,55

As demais espécies H. malabaricus, Mugil liza e Awaous sp. são amostrados nas Figuras 30, 31 e 32. Observações através do censo visual também não registraram presença de peixes nos pontos 2 e 3 (trecho médio e alto do córrego) o que demonstra a necessidade de uma maior investigação em diferentes períodos do ano, haja vista o registro de diferentes espécies de crustáceos que podem fazer parte da cadeia alimentar de vários peixes. Quanto ao “estado de conservação” das espécies de peixes capturados nenhuma consta da lista oficial de espécies ameaçadas de extinção ou mesmo de pressão de pesca ou coleta. No entanto, a espécie Atya scabra (Leach, 1816) de crustáceo jovem e adulto capturado nos pontos 2 e 3, (Figura 33), consta na Lista Nacional das Espécies Brasileira Ameaçadas de Extinção. Outras espécies amostradas fortuitamente compuseram a carcinofauna nos trechos 2 e 3, Macrobrachium jelski (Miers, 1877) (Figura 34) e Trichodactylus fluviatilis (Latreille, 1828) (Figura 35).

Figura 32 – Gobiidae, Awaous sp.

Figura 31 – Mugilidae, M. liza. Figura 30 – Erythrinidae, H. malabarius.

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Os parâmetros abióticos da água aferidos no local entre os trechos amostrados encontram-se descritos na Tabela 25. Sinteticamente, os barramentos para captação de água observados em diferentes pontos do córrego contribuem para modificações das condições naturais podendo estar interferindo em processos biológicos que corroboram para escassez da ictiofauna. A composição da carcinofauna em que a identificação de uma espécie Atya scabra sob risco de extinção, revelou que a área reserva um importante recurso natural cuja atenção

especial deva ser atribuída quando se busca estabelecer um plano de manejo. Atenção especial deve ser dada à ETA que abastece o hotel Vila Galé, uma vez que liberação crônica ou acidental de produtos químicos na água podem trazer graves prejuízos à fauna aquática. Tabela 25 – Aspectos físicos da água e do ambiente de entorno do córrego do Tanguá.

3.5.3. Herpetofauna As atividades de levantamento da herpetofauna ocorreram entre os dias 10 a 13 de agosto de 2009 com duração de 55 h de esforço amostral. A procura dos resultados foi realizada pelo método de levantamento em sítio de reprodução (Conte & Rossa-Feres, 2006), durante o período noturno, entre 18:00 e 24:00 h e diurno entre 7:00 e 17:00 h. Além da procura por sítio de reprodução, também foi utilizado o método da varredura, isto é, duas ou mais pessoas trabalham na procura visual, onde o esforço de procura se estende a todos os micro-habitats do trecho em estudo (Lima e Peixoto, 2007). Na área da bacia hidrográfica principal e secundária foi utilizado o método do transecto linear (Brower & Zar, 1984), onde a

Trechos Larg. (m)

Prof. (m)

Veloc. Cor.

(km/h)

Temp. água (ºC)

PH OD

mg/l

Cond.

(m.cm)

Transp (m)

Sal. (ppt)

Granul. Veget.

entorno

1 2-3 0,05-0,30

1,8 19,7 7,55 7,90 0,012 Total 0,03 Areia

grossa Gramínea

2 4-5 0,05-0,40

-- 19,5 7,22 7,86 0,034 Total 0,03 Areia

grossa, rocha.

Mata

3 1-1,6 0,12-0,50

-- 18,7 7,23 7,75 0,014 Total 0,03 Rocha, areia

grossa

Mata

Figura 33 – Crustacea, Atya scabra. Figura 34 – Macrobrachium jelski.

Figura 35 – Crustacea, Trichodactylus fluviatilis.

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Figura 38 – Colubridae, Thamnodynastes sp.

área de amostra correspondeu à linha perpendicular a Estrada do Contorno e o esforço amostral foi por varredura (Lima e Peixoto op cit.) e sítio de reprodução (Conte & Rossa-Feres op cit.). Na área de borda foi utilizado o método Plot Sampling (Brower & Zar op cit.), onde a área amostral correspondeu a uma área geométrica relativa ao perímetro da RPPN e o esforço amostral foi por varredura (Lima e Peixoto op cit.) e sítio de reprodução (Conte & Rossa-Feres op cit.). A biocenose por gradiente altimétrico foi avaliada por dois métodos Plot Sampling (Brower & Zar op cit.), onde a área amostral correspondeu à área de ocupação da fitocenose e seus ecótones, sendo o esforço amostral por sítio de reprodução; o outro método transecto linear, onde a área de amostra correspondeu a uma linha perpendicular ao perímetro da RPPN e o esforço amostral foi por varredura. Foi estabelecida a poligonal da RPPN com suas respectivas curvas de nível e distribuição das espécies por área de abrangência grau de preservação e classificação zoológica. Para o estudo foram estabelecidos 1.787 pontos amostrais de observação com avaliação da fitocenose e corpos d‟água sendo encontradas 18 espécies de anuros distribuídas em nove famílias, três ocorrências de ofídios (Figuras 36, 37 e 38) e um lacertílio Gymnophthalmidae, Pantodactylus schreibersii. O Colubridae Liophis sp. foi identificado a partir de foto cedida pelo grupo de inventário de Arthropoda. Embora nenhuma espécie esteja incluída nas listas de espécies ameaçadas do Estado do Rio de Janeiro e do Brasil, a RPPN deve ser considerada importante para a manutenção das populações da herpetofauna local.

Os anuros catalogados nas atividades de campo foram coletados, anestesiados, fixados e encaminhados para depósito junto à coleção herpetológica do Laboratório de Zoologia de Vertebrados do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Piauí (Tabela 26).

Figura 37 – Colubridae, Liophis sp. Figura 36 – Viperidae, Bothrops jararaca.

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Tabela 26 – Anurofauna catalogada na RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis - RJ.

A varredura amostral permitiu caracterizar a RPPN como um fragmento de Mata Atlântica sendo que alguns trechos de seus 117 ha, em alguns pontos do dossel, sobretudo os de maior dificuldade de acesso (altura e inclinação), apresentam camada de folhagem contínua composta pelo conjunto das plantas lenhosas mais altas, possibilitando a geração de microambientes que favorecem a perpetuação da fauna local. As características fisionômicas foram descritas e correlacionadas com a distribuição dos anuros, assim desta forma foram obtidos: poça temporária – locais que acumulam água após chuvas torrenciais junto às depressões no solo onde há explosão reprodutiva de anuros. Na RPPN não foi identificado nenhuma área com esta característica, entendemos que dois elementos contribuíram para o fato:

1o - O período amostral correspondeu à época de redução de chuvas, ainda que tenha chovido nos dias da amostragem, porém não corresponderam a chuvas torrenciais – trovoadas – comum no período de verão; 2o - A área corresponde a um talude com forte inclinação formando uma bacia de drenagem de forte escoamento d‟água (Figura 39) e pronunciadas curvas de nível;

Família Espécie Quantidade

Bufonidae Dendrophyniscus brevipollicatus 2

Rhinella crucifer 1

Brachycephalidae Ischnocnema bolbodactyla

Ischnocnema guentheri

Ischnocnema parva

Psyllophryne didactyla

1

2

1

1

Cycloramphidae Proceratophrys melanopogon 1

Craugastoridae Haddadus binotatus 2

Hylidae Bokermannohyla luctuosa 1

Dendropsophus aff. berthalutzae 2

Dendropsophus microps 1

Scinax angrensis 1

Scinax hayii 2

Hylodidae Hylodes phyllodes 1

Leiuperidae Physalaemus maculiventris 2

Leptodactylidae Leptodactylus marmoratus 2

Leptodactylus sp 1

Microhylidae Myrsiella microps 1

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represas – pequenas barragens formadas para coleta de água que abastecem o complexo hoteleiro e a comunidade local com o ambiente antropizado e destruição da vegetação. Nestes locais encontramos Scinax angrensis (Hylidae), Bokermanohyla luctuosa (Hylidae), Dendropsophus microps (Hylidae) e Hylodes phyllodes (Hylodidae). Recomendamos a recomposição ciliar do ambiente e a redução de pessoas que devido ao pisoteio constante impedem a sucessão natural das pioneiras. rochas – destacamos que existem abrigos naturais com amplo salão coberto por rocha, porém não foi encontrada nenhuma espécie da herpetofauna. Alguns fatos favorecem estes resultados:

1o – O ambiente não possui filetes de água ou poças temporárias abrigadas o que dificulta a presença de anuros; 2o – O ambiente seco e abrigado favoreceria a presença de anuros Bufonidae, bem como a da ofidiofauna, no entanto, este mesmo ambiente por apresentar características de abrigo parece ser ocupado por palmiteiros e caçadores constantemente impedindo a ocupação pela fauna local.

crenum – este ambiente brejoso margeia a RPPN junto à Estrada do Contorno devido à vazante da represa de tratamento de água do hotel formando um ambiente permanentemente alagado sobre solo arenoso e ricamente coberto por folhiço. Nesta área foram encontrados: Scinax hayii (Hylidae), Dendropsophus aff. berthalutzae (Hylidae), Physalaemus maculiventris (Leiuperidae) e Rhinella crucifer (Bufonidae). serrapilheira – a camada de folhas e detritos que se acumula no chão do ambiente florestado é abundantemente ocupada por Ischnocnema guentheri (Brachycephalidae) e de forma exclusiva e pontual por Haddadus binotatus (Craugastoridae), Proceratophris melanopogon (Cycloramphidae), Ischnocnema bolbodactyla, I. parva, Psyllophryne didactyla (Brachycephalidae), e Myrsiella microps (Microhylidae).

Figura 39 – Delimitacão e curvas de nível encontradas na RPPN Fazenda do

Tanguá, Angra dos Reis - RJ.

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riachos e remansos – os afluentes e remansos que cobrem a RPPN apresentam-se com largura de 1 a 2,5 m , com água límpida e fundo arenoso e abundantemente ocupado por Hylodes phyllodes (Hylodidae). bromélias – vegetais que, na sua maioria, conservam água no seu interior favorecendo associação de fauna variada. Das espécies bromelígenas (Peixoto, 1995) Dendrophryniscus brevipollicatus (Bufonidae) foi a única registrada. Especificamente, a tabulação dos registros de distribuição de anuros descreveram: Espécie: Ischnocnema guentheri (Brachycephalidae) Nome-vulgar: rã-do-folhico (Figura 41) Coord. Geográficas: S23º 00‟ e W44º 21‟ Habitat: áreas florestadas Distribuição: (Figura 40) Grau de Preservação: frequente

Espécie: Haddadus binotatus (Craugastoridae) Nome-vulgar: rã-do-folhico (Figura 43) Coord. Geográficas: S23º 00,547‟ W44º 21.132; S23º 00,541 W44º 21,108; S23º 00,276 W44º 20,327; S23º 00,196 W44º 21,030; S23º 00,44 W44º 20,455 Habitat: áreas florestadas Distribuição: (Figura 42) Grau de Preservação: frequente

Fonte: http://farm4.static.flickr.com/3419/3201520595_d1aeb334c1.jpg?v=0

Figura 41 – Rã-do-folhiço, Ischnocnema

guentheri (Brachycephalidade).

Figura 40 – Distribuição da espécie,

Ischnocnema guentheri.

Figura 42 – Distribuição da espécie,

Haddadus binotatus.

Distribuição da espécie, Haddadus

binotatus.

Figura 43 – Rã-do-folhiço, Haddadus

binotatus (Craugastoridae).

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Espécie: Myrsiella microps (Microhylidae) Nome-vulgar: rãzinha-assobiadora-da-mata (Figura 45) Coord. Geográficas: S23º 00,500 W44º 21,019; S23º 00,502 W44º 21,034; S23º 00,196 W44º 21,030 Habitat: áreas florestadas Distribuição: (Figura 44) Grau de Preservação: frequente

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/91/Myersiella_microps02.jpg

Espécie: Rhinella crucifer (Bufonidae) Nome-vulgar: sapo-cururuzinho (Figura 47) Coord. Geográficas: S23º 00,517 W44º 21,093; S23º 00,196 W44º 21,030 Habitat: áreas abertas ou florestadas Distribuição: (Figura 46) Grau de Preservação: frequente Espécie: Hylodes phyllodes (Hylodidae) Nome-vulgar: rã-de-corredeira (Figuara 49) Coord. Geográficas: S23º 00,445 W44º 21,039; S23º 00,449 W44º 21,042; S23º 00,455 W44º 21,039; S23º 00,462 W44º 21,046; S23º 00,470 W44º 21,040; S23º 00,491 W44º 21,038; S23º 00,494 W44º 21,040; S23º 00,494 W44º 21,038; S23º 00,506 W44º 21,003; S23º 00,519 W44º 21,012; S23º 00,512 W44º 21,006; S23º 00,507 W44º 21,006; S23º 00,504 W44º 21,010; S23º 00,504 W44º 21,017; S23º 00,504 W44º 21,029; S23º 00,503

Figura 44 – Distribuição da espécie,

Myrsiella microps.

Figura 45 – Rãzinha-assobiadora-da-

mata, Myrsiella microps (Microhylidae).

Figura 46 – Distribuição da espécie,

Rhinella crucifer.

Figura 47 – Sapo cururuzinho, Rhinella

crucifer (Bufonidae).

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W44º 21,031; S23º 00,503 W44º 21,032; S23º 00,502 W44º 21,034; S23º 00,500 W44º 21,036; S23º 00,497 W44º 21,037; S23º 00,497 W44º 21,041; S23º 00,495 W44º 21,045; S23º 00,493 W44º 21,049; S23º 00,495 W44º 21,053; S23º 00,498 W44º 21,055; S23º 00,531 W44º 21,099; S23º 00,546 W44º 21,109; S23º 00,549 W44º 21,116 Habitat: áreas florestadas Distribuição: (Figura 48) Grau de Preservação: frequente

Fonte: Ariovaldo Giaretta (2004)

Espécie: Proceratophrys melanopogon (Cycloramphidae) Nome-vulgar: sapo-de-chifres (Figura 51) Coord. Geográficas: S23º 00 e W44º 21 Habitat: áreas florestadas Distribuição: (Figura 50) Grau de Preservação: frequente

Fonte: Germano Woehl Jr. (2001) Espécie: (Hylidae) Nome-vulgar: perereca-de-banheiro (Figura 53) Coord. Geográficas: S23º 00,517 W44º 21,093 Habitat: áreas florestadas Distribuição: (Figura 52) Grau de Preservação: frequente

Figura 48 – Distribuição da espécie,

Hylodes phyllodes.

Figura 49 – Rã-de-correderia,

Hylodes phyllodes (Hylodidae).

Figura 50 – Distribuição da espécie,

Proceratophrys melanopogon

Figura 51 – Sapo-de-chifres,

Proceratophrys melanopogon.

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Fonte: http://www.ra-bugio.org.br/images/anfibios/perereca.jpg Espécie: Physalaemus maculiventris (Leiuperidae) Nome-vulgar: rãzinha (Figura 55) Coord. Geográficas: S23º 00,517 W44º 21,093; S23º 00,544 W44º 20,455 Habitat: borda e interior de floresta Distribuição: (Figura 54) Grau de Preservação: pouco frequente Espécie: Scinax angrensis (Hylidae) Nome-vulgar: perereca (Figura 57) Coord. Geográficas: S23º 00,461 W44º 21,045 Habitat: áreas florestadas Distribuição: (Figura 56) Grau de Preservação: frequente

Figura 52 – Distribuição da espécie,

Scinax hayii.

Figura 53 – Perereca-do-banheiro,

Scinax hayii (Hylidae).

Figura 54 – Distribuição da espécie

Physalaemus maculiventris.

Figura 55 – Rãzinha, Physalaemus

maculiventris (Leiuperidae).

Figura 56 – Distribuição da espécie,

Scinax angrensis.

Figura 57 – Perereca, Scinax

angrensis (Hylidae).

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Espécie: Leptodactylus marmoratus (Leptodactylidae) Nome-vulgar: rãzinha (Figura 59) Coord. Geográficas: S23º 00,439 W44º 21,043; S23º 00,276 W44º 20,327; S23º 00,196 W44º 21,030; S23º 00,544 W44º 20,455 Habitat: áreas florestadas Distribuição: (Figura 58) Grau de Preservação: frequente

Fonte: Diego J. Santana (2008)

Espécie: Dendropsophus aff. berthalutzae (Hylidae) Nome-vulgar: pererequinha (Figura 61) Coord. Geográficas: S23 º00,517 W44º 21,093 Habitat: áreas florestadas Distribuição: (Figura 60) Grau de Preservação: desconhecido

Fonte: http://www.ra-bugio.org.br/anfibios_sobre_04.php Espécie: Bokermannohyla luctuosa (Hylidae) Nome-vulgar: Perereca-de-mata (Figura 63) Coord. Geográficas: S23º 00,461 W44º 21,045 Habitat: áreas florestadas Distribuição: (Figura 62) Grau de Preservação: frequente

Figura 58 – Distribuição da espécie,

Leptodactylus marmoratus.

Figura 59 – Rãzinha, Leptodactylus

marmoratus (Leptodactylidae).

Figura 60 - Distribuição da espécie,

Dendropsophus aff. berthalutzae.

Distribuição da espécie,

Dendropsophus aff. berthalutzae.

Figura 61 – Pererequinha, Dendropsophus

aff. Berthalutzae.

Page 70: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

50

Espécie: Dendropsophus microps (Hylidae) Nome-vulgar: Pererequinha-da-mata (Figura 65) Coord. Geográficas: S23º 00,461 W44º 21,045 Habitat: áreas florestadas Distribuição: (Figura 64) Grau de Preservação: frequente Espécie: Ischnocnema bolbodactyla (Brachicephalidae) Nome-vulgar: rãzinha-do-folhiço (Figura 67) Coord. Geográficas: S23º 00,550 W44º 21,115; S23º 00,572 W44º 21,173 Habitat: áreas florestadas Distribuição: (Figura 66) Grau de Preservação: pouco frequente

Fonte:http://www.ra-bugio.org.br/images/anfibios/anf_sob_00_13g.jpg

Figura 62 - Distribuição da espécie,

Bokermannohyla luctuosa.

Figura 63 – Perereca-de-mata,

Bokermannohyla luctuosa.

Figura 64 – Distribuição da espécie,

Dendropsophus microps.

Figura 65 - Pererequinha-da-mata,

Dendropsophus microps.

Figura 66 – Distribuição da espécie,

Ischnocnema bolbodactyla.

Figura 67 – Rãzinha-do-folhiço, Ischnocnema

bolbodactyla (Brachicephalidae).

Page 71: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

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Espécie: Ischnocnema parva (Brachicephalidae)

Nome-vulgar: rãzinha-do-folhiço (Figura 69)

Coord. Geográficas: S23º 00,196 W44º 21,030 Habitat: áreas florestadas Distribuição: (Figura 68) Grau de Preservação: frequente

Fonte: Diego J. Santana (2008)

Espécie: (Brachicephalidae) Nome-vulgar: sapo-pulga (Figura 71) Coord. Geográficas: S23º 00,276 W44º 20,327 Habitat: áreas florestadas Distribuição: (Figura 70) Grau de Preservação: pouco frequente Espécie: Dendrophryniscus brevipollicatus (Bufonidae) Nome-vulgar: sapinho-de-bromélia (Figura 73) Coord. Geográficas: S23º 00,538 W44º 21,102 Habitat: áreas florestadas Distribuição: (Figura 72) Grau de Preservação: pouco freqüente

Figura 68 – Distribuição da espécie,

Ischnocnema parva.

Figura 69 – Rãzinha-do-folhiço,

Ischnocnema parva.

Figura 70 - Distribuição da espécie,

Psyllophryne didactyla.

Figura 71 – Sapo-pulga, Psyllophryne

didactyla

Page 72: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

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Espécie: Leptodactylus sp. (Leptodatylidae) Nome-vulgar: rã (Figura74) Coord. Geográficas: S23º 00 e W44º 21 Habitat: áreas florestadas Distribuição: desconhecido Grau de Preservação: desconhecido Os anuros apresentaram distribuição diferenciada na RPPN com exceção de Ischnocnema guentheri que está distribuído por toda reserva. Em segundo lugar encontra-se ricamente distribuído Hylodes phyllodes por toda área de drenagem e de forma pontual os demais representantes: Scinax angrensis, Bokermanohyla luctuosa, Leptodactylus marmoratus, Dendropsophus microps, Scinax hayii, Dendropsophus aff. berthalutzae, Physalaemus maculiventris, Rhinella crucifer, Ischnocnema bolbodactyla, Ischnocnema parva, Psyllophryne didactyla, Haddadus binotatus, Proceratophris melanopogon, Myrsiella microps e Dendrophryniscus brevipollicatus. A RPPN do Tanguá está representada por cerca de 4,5% dos anuros que compõem a Mata Atlântica de acordo com Haddad et al. (2008) destacando que três representantes facilmente podem entrar na lista de espécimes em perigo, sendo a primeira de distribuição restrita Scinax angrensis (Carvalho-e-Silva et al., 2008), a segunda Dendrophryniscus brevipollicatus com pouca freqüência (Haddad et al., 2008) e a terceira Psyllophryne didactyla só encontrada acima de 200 metros (Carvalho-e-Silva et al., 2008). Ao analisarmos os resultados de outras áreas de Mata Atlântica inventariadas como Boracéia – SP com 62 espécies de anfíbios (Heyer et al., 1990), Serra do Japi-SP com 31 (Ribeiro et al., 2005) e Juréia – SP com 26 espécies (Pombal e Gordo, 2004), ESEC Bananal com 30 espécies (Zaher et al., 2005) e Reserva Rio das Pedras – RJ com 41 espécies de anuros (Carvalho-e-Silva et al., 2008) onde todas estas áreas inventariadas apresentam ocupação de reserva maior que 1000 ha, a RPPN Fazenda do Tanguá, com aproximadamente 117 ha de floresta, demonstra o potencial biótico de preservação, principalmente quando sabemos que esta área de Mata Atlântica encontra-se em uma região de forte apelo turístico onde o estabelecimento de área de reserva torna-se premente para preservação de seus representantes, em especial no litoral sudeste do território brasileiro por ser sem dúvida a área nacional de maior desenvolvimento, mas sobretudo a de maior degradação. Assim, o Plano de Manejo da RPPN Fazenda do Tanguá deverá levar em consideração as áreas exclusivas de ocorrências das espécies e estabelecer:

Figura 72 – Distribuição da espécie,

Dendrophryniscus brevipollicatus

Figura 73 – Sapinho-de-bromélia,

Dendrophryniscus brevipollicatus.

Figura 74 – Rã, Leptodactylus sp.

Page 73: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

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a restrição ao uso público;

a priorização de linhas de pesquisa;

a consolidação de um forte quadro de segurança;

a fiscalização para coibir a caça e a extração do palmito;

a recuperação da mata ciliar de seus mananciais;

a visitação pública controlada, levando em consideração o potencial biótico sem causar danos, e a sensibilização das futuras gerações.

3.5.4. Avifauna

As atividades de observação ocorreram entre os dias 22 e 28 de agosto de 2009 entre as trilhas existentes 1, 2, 3 e 4 nas primeiras horas da manhã, geralmente entre 6:00 h às 10:00 h e no período vespertino entre as 14:00 h e às 19:00 h. A metodologia aplicada na observação basearam-se no uso de binóculos 10 x 40 e equipamento profissional recomendado para a gravação de vocalizações de aves (microfone direcional e gravador). Procedimentos de play-back foram utilizados, a fim de verificar a presença de espécies inconspícuas, raras e ameaçadas de extinção. A identificação das espécies foi baseada nos estudos de Ridgely e Tudor (1989, 1994), Sick (1997) e Souza (2000). O levantamento das espécies foi realizado através do método das listas de espécies, também conhecido como método das listas de MacKinnon (MacKinnon & Phillips, 1993, Bibby et al., 1998). Após a compilação da lista da avifauna da RPPN Fazenda do Tanguá, as espécies foram agrupadas de acordo com o uso do habitat. Dessa forma, cada táxon foi classificado em alguma das seguintes categorias: dependentes de florestas, semidependentes de florestas, independentes de florestas e aquáticos e/ou marinhos. O status de conservação de cada espécie foi avaliado tendo como base as listas de fauna ameaçada de extinção estadual (Alves, 2000), nacional (MMA, 2003) e global (IUCN, 2004). Para a definição de espécies endêmicas da Mata Atlântica foi utilizado como base o trabalho de Bencke et al. (2006). A nomenclatura científica, os nomes populares e a sequência taxonômica seguem a proposição do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2009). Para a definição de espécies sensíveis a pressão de caça, levou-se em consideração espécies com porte considerável e sabidamente alvo de caçadores em diferentes regiões do país, destacando-se representantes das famílias Tinamidae, Cracidae, Rallidae e Columbidae. As espécies sensíveis a pressão de captura foram definidas tendo como base o canto e o colorido da plumagem, sendo estas as principais características buscadas pelas pessoas que mantém aves em cativeiro. No total, 161 espécies de aves distribuídas em 17 ordens e 47 famílias, foram registradas na RPPN Fazenda do Tanguá. As famílias mais representativas foram Tyrannidae (n= 25), Thraupidae (n= 13), Thamnophilidae (n=11) e Emberizidae (n=8). A Figura 75 exibe a distribuição das espécies em diferentes famílias enquanto a Figura 76 exibe a curva de acúmulo de espécies.

Page 74: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

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As 161 espécies registradas durante o presente estudo na RPPN Fazenda do Tanguá representam aproximadamente 38% da avifauna conhecida para a região da Costa Verde, a qual segundo Pacheco et al. (1997) conta com 421 espécies. Embora a curva de acúmulo de espécies comece a esboçar uma estabilização, mais estudos são indispensáveis para uma melhor caracterização da avifauna da RPPN Fazenda do Tanguá (figura 76). É importante ressaltar que pelas campanhas de coleta de dados terem se concentrado em apenas um período do ano, não foi possível a observação de padrões de sazonalidade. Ainda sim, o número de espécies registradas para a área de estudo pode ser considerado elevado se comparado a outras áreas de Mata Atlântica com tamanho similar. Este fato é explicado quando se leva em consideração as grandes extensões de floresta nas áreas adjacentes a RPPN, as quais são indispensáveis para manutenção de populações viáveis de diversas espécies registradas na área de estudo. O bom estado de conservação da RPPN Fazenda do Tanguá é também evidenciado pelo elevado número de endemismos da Mata Atlântica ocorrentes na área. A maior parte das espécies endêmicas registradas é restrita a “Endemic Bird Area” Mata Atlântica de Planície, que segundo Stattersfield (1998) representa uma das mais ameaçadas do planeta e com uma das maiores riquezas de espécies.

Figura 75 – Número de espécies das 20 famílias mais representativas detectadas na

RPPN Reserva Natural da Fazenda do Tanguá.

Figura 76 - Curva de acúmulo de espécies da área de estudo da RPPN Fazenda

do Tanguá, Angra dos Reis – RJ.

Page 75: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

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Outros grupos indicativos de ambientes bem estruturados presentes na RRPN Fazenda do Tanguá incluem predadores de grande porte, como o gavião-pega-macaco (Figura 77) e o gavião-pombo-pequeno (Figura 78), além de insetívoros de sub-bosque como Philydor atricapillus (Figura 79), Myrmeciza squamosa (Figura 80) e Mionectes rufiventris (Figura 81), e insetívoros escaladores como Dendrocincla turdina (Figura 82) Predadores de grande porte necessitam de grandes áreas para encontrarem um número de presas suficientes, já os insetívoros de sub-bosque e escaladores incluem espécies com pequena capacidade de dispersão e dieta altamente especializada, sendo por isso especialmente sensíveis a fragmentação.

Fonte: Wikiaves (2009): Rafael Fortes

Figura 80 – Papa-formiga-de-grota,

Myrmeciza squamosa.

Fonte: Wikiaves (2009): Alexandre Faitarone

Figura 79 – Limpa-folha-coroadao, Philydor atricapillus.

Fonte: Wikiaves (2009): Rafael Fortes

Figura 78 – Gavião-pombo-pequeno, L.

lacernulatus.

Figura 77 – Gavião-pega-macaco, S.

tyrannus.

Page 76: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

56

Dentre as espécies registradas, 83 são privativas do ambiente florestal (dependentes), 36 espécies são consideradas semidependentes, estando associadas principalmente as áreas de borda, 10 espécies são dependentes de ambientes aquáticos e/ou marinhos, enquanto outras 32 são características de áreas abertas, habitando principalmente ambientes antropizados (Figura 83). Entre as espécies florestais, 45 representam táxons endêmicos do bioma Mata Atlântica, dos quais 18 possuem sua distribuição restrita ao território brasileiro (Tabela 27). A presença de um elevado número de espécies dependentes ou semidependentes de ambientes florestados, que corresponderam a mais de 73% das espécies registradas, pode ser interpretada como um indicativo da presença de ambientes bem conservados na área de estudo. O registro de um baixo número de espécies representativas do ambiente marinho/aquático mesmo se tratando de uma área a beira mar, pode ter sido ocasionado pelo menor esforço amostral empregado nestes ambientes e pela ausência no período de amostragem de diversas espécies de migrantes de verão.

Fonte: Wikiaves (2009): Dario Sanches

Figura 82 – Abre-asa-de-cabeça-cinza, M.

rufiventris.

Figura 81 – Arapaçu-liso, D. turdina.

Figura 83 - Distribuição de categorias de aves da RPPN da Fazenda do Tanguá,

Angra dos Reis – RJ.

Page 77: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

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Tabela 27 – Lista dos táxons endêmicos para a Mata Atlântica (MA) e para o Brasil (BR) registrados para a RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis - RJ.

Nome do táxon Nome vulgar MA BR

Leucopternis lacernulatus (Temminck, 1827) gavião-pombo-pequeno X X

Aramides saracura (Spix, 1825) saracura-do-mato X

Pyrrhura frontalis (Vieillot, 1817) tiriba-de-testa-vermelha X

Brotogeris tirica (Gmelin, 1788) periquito-rico X X

Triclaria malachitacea (Spix, 1824) sabiá-cica X X

Pulsatrix koeniswaldiana (Bertoni & Bertoni, 1901) murucututu-de-barriga-amarela X

Ramphodon naevius (Dumont, 1818) beija-flor-rajado X X

Aphantochroa cirrochloris (Vieillot, 1818) beija-flor-cinza X

Thalurania glaucopis (Gmelin, 1788) beija-flor-de-fronte-violeta X

Baryphthengus ruficapillus (Vieillot, 1818) juruva-verde X

Melanerpes flavifrons (Vieillot, 1818) benedito-de-testa-amarela X

Veniliornis maculifrons (Spix, 1824) picapauzinho-de-testa-pintada X X

Hypoedaleus guttatus (Vieillot, 1816) chocão-carijó X

Mackenziaena severa (Lichtenstein, 1823) borralhara X

Dysithamnus stictothorax (Temminck, 1823) choquinha-de-peito-pintado X X

Myrmotherula gularis (Spix, 1825) choquinha-de-garganta-pintada X X

Drymophila ferruginea (Temminck, 1822) Trovoada X X

Terenura maculata (Wied, 1831) zidedê X

Pyriglena leucoptera (Vieillot, 1818) papa-taoca-do-sul X

Myrmeciza squamosa Pelzeln, 1868 papa-formiga-de-grota X X

Conopophaga melanops (Vieillot, 1818) cuspidor-de-máscara-preta X X

Conopophaga lineata (Wied, 1831) chupa-dente X

Sclerurus scansor (Ménétriès, 1835) vira-folha X

Dendrocincla turdina (Lichtenstein, 1820) arapaçu-liso X

Xiphorhynchus fuscus (Vieillot, 1818) arapaçu-rajado X

Phacellodomus erythrophthalmus (Wied, 1821) joão-botina-da-mata X X

Philydor atricapillus (Wied, 1821) limpa-folha-coroado X

Automolus leucophthalmus (Wied, 1821) barranqueiro-de-olho-branco X

Mionectes rufiventris (Cabanis, 1846) abre-asa-de-cabeça-cinza X

Myiornis auricularis (Vieillot, 1818) miudinho X

Todirostrum poliocephalum (Wied, 1831) teque-teque X X

Attila rufus (Vieillot, 1819) capitão-de-saíra X X

Procnias nudicollis (Vieillot, 1817) araponga X

Pyroderus scutatus (Shaw, 1792) pavó X

Ilicura militaris (Shaw & Nodder, 1809) tangarazinho X X

Chiroxiphia caudata (Shaw & Nodder, 1793) tangará X

Cantorchilus longirostris (Vieillot, 1819) garrinchão-de-bico-grande X

Tachyphonus coronatus (Vieillot, 1822) tiê-preto X

Ramphocelus bresilius (Linnaeus, 1766) tiê-sangue X X

Thraupis ornata (Sparrman, 1789) sanhaçu-de-encontro-amarelo X X

Tangara seledon (Statius Muller, 1776) saíra-sete-cores X

Tangara cyanocephala (Statius Muller, 1776) saíra-militar X

Hemithraupis ruficapilla (Vieillot, 1818) saíra-ferrugem X X

Haplospiza unicolor Cabanis, 1851 cigarra-bambu X

Sporophila falcirostris (Temminck, 1820) cigarra-verdadeira X

Euphonia pectoralis (Latham, 1801) ferro-velho X

Page 78: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

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No tocante as espécies de interesse conservacionista, nove táxons são considerados ameaçados ou quase ameaçados em nível global, três espécies estão presentes na lista nacional da fauna ameaçada de extinção e nove são tratadas como ameaçadas ou quase ameaçadas na lista da fauna ameaçada de extinção do Estado do Rio de Janeiro. No total, 10 espécies estão presentes em pelo menos uma das listas de espécies ameaçadas (Tabela 28). Tabela 28 – Lista das espécies ameaçadas de extinção a nível Mundial (IUCN), Nacional (MMA) e Estadual (RJ) relacionadas para a RPPN Fazenda do Tanguá.

Nome do táxon Nome vulgar IUCN MMA RJ

Triclaria malachitacea (Spix, 1824) sabiá-cica QA VU VU

Ramphodon naevius (Dumont, 1818) beija-flor-rajado QA PA

Dysithamnus stictothorax (Temminck, 1823) choquinha-de-peito-pintado QA

Sporophila falcirostris (Temminck, 1820) cigarra-verdadeira VU VU EP

Leucopternis lacernulatus (Temminck, 1827) gavião-pombo-pequeno VU VU VU

Procnias nudicollis (Vieillot, 1817) Araponga VU PA

Accipiter superciliosus (Linnaeus, 1766) gavião-miudinho PA

Spizaetus tyrannus (Wied, 1820) gavião-pega-macaco PA

Pyroderus scutatus (Shaw, 1792) Pavó VU

Ramphocaenus melanurus (Vieillot, 1819) bico-assovelado VU

Pelo menos duas espécies encontradas durante o presente estudo, Accipiter superciliosus (Figura 84) e Molothrus rufoaxillaris (Figura 85), não estão listadas nas principais referências disponíveis sobre a avifauna da região, podendo ser consideradas potenciais novos registros para Costa Verde. Accipiter superciliosus é uma pequena espécie de gavião florestal com poucos registros para o Estado do Rio de Janeiro, enquanto Molothrus rufoaxillaris é uma espécie típica de áreas abertas que aparenta estar ampliando sua distribuição pelo Brasil oriental. Entre as espécies ameaçadas de extinção, destacam-se os registros do gavião-pombo-pequeno (Leucopternis lacernulatus), do sabiá-cica (Triclaria malachitacea) (Figura 86) e da cigarra-verdadeira (Sporophila falcirostris) (Figura 87). Todas consideradas ameaçadas ou quase ameaçadas em âmbitos estaduais, nacionais e mundiais e endêmicos da Mata Atlântica. Tanto Leucopternis lacernulatus, quanto Triclaria malachitacea são espécies associadas principalmente a áreas de floresta de baixada bem conservadas. A cigarra-verdadeira por sua vez, é uma espécie associada à frutificação de taquaras, ocorrendo tanto em áreas de baixada como de altitude, mas cuja biologia é ainda pouco conhecida. Outras espécies endêmicas da Mata Atlântica e consideradas ameaçadas ou quase ameaçadas em pelos menos uma lista foram Ramphodon naevius (Figura 88), Dsythamnus stictothorax (Figura 89), Procnias nudicollis (Figura 90) e Pyroderus scutatus (Figura 91).

Figura 84 – Gavião miudinho, A. superciliosus. Figura 85 – Vira-bosta-picumã, M.

rufoaxillaris.

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É digno de notar a presença de frugívoros de grande porte, como o pavó (Pyroderus scutatus), a araponga (Procnias nudicollis) e o tucano-de-bico-preto (Ramphastos vitellinus) (Figura 92). Frugívoros de grande porte necessitam de grandes extensões florestais para subsistir, pois empreendem movimentos sazonais ao longo do ano em busca de árvores em frutificação, sendo, por isso, considerados indicadores de ambientes bem conservados. É importante salientar também, que as aves frugívoras desempenham importante papel nos ecossistemas, atuando como eficientes dispersores de semente.

Figura 87 – Cigarra verdadeira, S. falcirostris.

Figura 88 – Bico-assovelado, R. naevius. Figura 89 – Choquinha-de-peito-pintado, D.

stictothorax.

Figura 91 – Pavó, P. scutatus.

Figura 86 – Sabiá cica, T.

malachitacea.

Figura 90 – Araponga, P. nudicollis.

Page 80: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

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Se considerados em conjunto os resultados discutidos acima, indicam que mesmo se tratando de uma área relativamente pequena, a RPPN Fazenda do Tanguá pode ser reconhecida como um importante reduto para a avifauna da região, devendo ser considerada de grande importância para conservação da avifauna da Mata Atlântica em âmbito local. É preciso levar em conta, contudo, a presença de extensas áreas de florestas adjacentes, o que contribui decisivamente para manutenção da riqueza da avifauna na área de estudo. Tendo em vista a ocorrência de um expressivo número de táxons endêmicos da Mata Atlântica e espécies ameaçadas de extinção, todas elas dependentes do ambiente florestal, é altamente desaconselhável a realização de atividades que possam de alguma forma descaracterizar a estrutura da composição florestal da RRPN Fazenda do Tanguá, incluindo o desmatamento, abertura de novas estradas ou trilhas, entre outros, sendo recomendado o incentivo a prática da “observação de aves” como uma atividade turística viável e ferramenta de educação ambiental a ser desenvolvida na UC. Por se tratar de uma área relativamente pequena, a conservação em longo prazo da biodiversidade da RPPN Fazenda do Tanguá dependerá de ações desenvolvidas em âmbito regional, uma vez que grande parte das espécies ocorrentes na área de estudo é também dependente das áreas de mata adjacentes a esta unidade de conservação para manutenção de populações viáveis, assim recomenda-se a implementação de um programa de educação ambiental em âmbito regional onde devem ser abordados questões relacionadas à conservação da biodiversidade, que deverão auxiliar na manutenção dos altos índices de pressão de caça e captura das aves da área de estudo (tabelas 29 e 30) e o desenvolvimento de mais estudos em diferentes períodos do ano buscando uma melhor caracterização da avifauna da UC, os quais permitirão a verificação de padrões de sazonalidade e outras informações relacionadas com a biologia e conservação da avifauna da área de estudo.

Tabela 29 – Relação das espécies de aves sensíveis a pressão de caça presentes na RPPN Fazenda do Tanguá.

Nome do táxon Nome vulgar

Crypturellus tataupa (Temminck, 1815) inhambu-chintã

Penelope superciliaris Temminck, 1815 jacupemba

Aramides cajanea (Statius Muller, 1776) saracura-três-potes

Aramides saracura (Spix, 1825) saracura-do-mato

Columbina talpacoti (Temminck, 1811) rolinha-roxa

Patagioenas picazuro (Temminck, 1813) pombão

Patagioenas cayennensis (Bonnaterre, 1792) pomba-galega

Fonte: Wikiaves (2009): Ruy Salaverry

Figura 92 – Tucano-de-bico-preto, R. vitellinus.

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Leptotila verreauxi (Bonaparte, 1855) juriti-pupu

Leptotila rufaxilla (Richard & Bernard, 1792) juriti-gemedeira

Geotrygon montana (Linnaeus, 1758) pariri

Tabela 30 – Espécies sensíveis a pressão de captura relacionadas na RPPN Fazenda do Tanguá.

Nome do táxon Nome vulgar

Pyrrhura frontalis (Vieillot, 1817) tiriba-de-testa-vermelha

Forpus xanthopterygius (Spix, 1824) Tuim

Brotogeris tirica (Gmelin, 1788) periquito-rico

Pionus maximiliani (Kuhl, 1820) maitaca-verde

Amazona amazonica (Linnaeus, 1766) curica

Triclaria malachitacea (Spix, 1824) sabiá-cica

Ramphastos vitellinus (Lichtenstein, 1823) tucano-de-bico-preto

Procnias nudicollis (Vieillot, 1817) araponga

Chiroxiphia caudata (Shaw & Nodder, 1793) tangará

Turdus flavipes (Vieillot, 1818) sabiá-uma

Turdus rufiventris (Vieillot, 1818) sabiá-laranjeira

Turdus leucomelas (Vieillot, 1818) sabiá-barranco

Turdus amaurochalinus (Cabanis, 1850) sabiá-poca

Turdus albicollis (Vieillot, 1818) sabiá-coleira

Tachyphonus cristatus (Linnaeus, 1766) tiê-galo

Tachyphonus coronatus (Vieillot, 1822) tiê-preto

Ramphocelus bresilius (Linnaeus, 1766) tiê-sangue

Thraupis sayaca (Linnaeus, 1766) sanhaçu-cinzento

Thraupis ornata (Sparrman, 1789) sanhaçu-de-encontro-amarelo

Thraupis palmarum (Wied, 1823) sanhaçu-do-coqueiro

Tangara seledon (Statius Muller, 1776) saíra-sete-cores

Tangara cyanocephala (Statius Muller, 1776) saíra-militar

Dacnis cayana (Linnaeus, 1766) saí-azul

Hemithraupis ruficapilla (Vieillot, 1818) saíra-ferrugem

Zonotrichia capensis (Statius Muller, 1776) tico-tico

Sicalis flaveola (Linnaeus, 1766) canário-da-terra-verdadeiro

Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) tiziu

Sporophila falcirostris (Temminck, 1820) cigarra-verdadeira

Sporophila caerulescens (Vieillot, 1823) coleirinho

Sporophila leucoptera (Vieillot, 1817) chorão

Saltator maximus (Statius Muller, 1776) tempera-viola

Euphonia violacea (Linnaeus, 1758) gaturamo-verdadeiro

3.5.5. Mastofauna

As avaliações mastofaunísticas ocorreram através de três campanhas: 14 a 16, 21 a 23 e 28 a 30 de agosto de 2009, utilizando métodos qualitativos diretos e indiretos. A metodologia consistiu na aplicação de levantamentos qualitativos indiretos (levantamentos blibliográficos, questionários de entrevista Dietrich (1995), rastreamento de vestígios como: fezes, pêlos, pegadas, restos alimentares...) e levantamentos qualitativos diretos (observação direta e zoofonia, transectos paralelos aos cursos d‟água, aplicação de armadilhas tipo Tomahawk e redes de neblinas, sendo este último seguindo os pressupostos de Mitchell-Jones & Mcleish, 1999). Especificamente, as amostragens de quirópteros foram organizadas períodos de lua nova e crescente para evitar as noites de chuva, em acordo com Singaravelan & Marimuthu (2002). Todos os morcegos capturados foram marcados com substância descolorante de pêlos e soltos. A disposição das redes foi determinada pela escolha de local onde a captura

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de Chiroptera costuma ser mais eficiente, como clareiras, cursos d‟água, bordas de mata e trilhas naturais ou artificiais (Kunz, 1988). Os pontos de ocorrência dos métodos qualitativos diretos (observação, zoofonia e captura) e o método qualitativo indireto (marcas deixadas no ambiente) foram registrados através de georreferenciamento. Durante o período de estudo foram amostrados um total de N=19 espécies de mamíferos distribuídos em 6 ordens através de registros visuais, evidências fecais ou de rastros, zoofonia e captura/soltura (Tabela 31). A frequência relativa entre os mamíferos observados demonstrou dominância de espécies da ordem Chiroptera (42,10%, N=8 espécies) seguido pela ordem Rodentia (36,84%, N=7 espécies) e pelas ordens Xenarthra, Lagomorpha e Didelphimorphia com respectivamente uma espécie por ordem totalizando 5,26%. Tabela 31 – Check list das espécies de mamíferos encontrados na RPPN Fazenda do Tanguá, Angra dos Reis – RJ.

Nome vulgar Nome científico Dimorfismo sexual

N total Método de constatação M F

Cutia Dasyprocta aguti x x 2 visualização

Gambá Didelphis aurita 2 4 6 Captura

Caxinguelê Guerlinguetus ingrami x x 3 visualização

Capivara Hydrochoeris hidrochoeris x x x evidências

Sagui Callithrix jacchus x x x Zoofonia

Rato silvestre Sooretamys angouya x x 4 Captura

Rato silvestre Trinomys sp. x x 6 Captura

Morcego Artibeus lituratus 9 4 13 Captura

Morcego Artibeus fimbriatus 2 4 6 Captura

Morcego Carollia perspicillata 4 3 7 Captura

Morcego Tonata bidens 1 0 1 Captura

Morcego Phyllostomus hastatus 1 1 2 Captura

Morcego Anoura geoffroyi 0 1 1 Captura

Morcego Glossophaga soricina 1 0 1 Captura

Morcego Myotis nigricans 0 1 1 Captura

Tatu-galinha Dasypus novemcinctus x x 1 visualização

Tapiti Sylvilagus brasiliensis x x 1 visualização

Ouriço-caxeiro Sphiggurus villosus x x 1 visualização

Paca Cuniculus paca x x x evidências

Através de constatação vestigial foram identificados rastros (Figura 93) em solo úmido das espécies de mamíferos Didelphis aurita e Dasyprocta aguti e fezes de Capivara (Hydrochoeris hydrochaeris) (Figura 94). As armadilhas Tomahawk posicionadas no solo ou sobre árvores obtiveram êxito na amostragem de roedores das espécies Sooretamys angouya e Trinomys sp., juntamente com gambás da espécie Didelphis aurita (Figura 95).

Figura 93 – Rastros (pegadas) em solo úmido. Figura 94 – Fezes de capivara.

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Figura 95 – Gamba (Didelphis aurita) capturado em armadilha Tomahawk.

Didelphis aurita (gambá), Dasyprocta aguti (cutia) e Callithrix jacchus (sagui) são espécies animais adaptadas, assim como resistentes as mudanças e aos nichos ecológicos humanos, sendo consideradas espécies sinantrópicas. Por esta razão, a preocupação com a saúde pública deve ser redobrada, uma vez que são animais que podem transmitir e vetorar doenças de importância epidemiológica. Esses animais também são reservatórios de agentes etiológicos responsáveis por diversas patologias ao homem e animais domésticos. O primata Callithrix jacchus, conhecido popularmente como sagui, é uma espécie exótica invasora, que foi introduzida há vários anos em regiões de Mata Atlântica, se estabelecendo e ocupando nichos de outras espécies nativas. Este primata tem origem da região nordeste do Brasil, mais especificamente do bioma Caatinga. A associação entre primatas nativos e exóticos pode resultar em competição por recursos e troca de parasitas, o que constitui uma ameaça à conservação da espécie nativa, como por exemplo, o que vem ocorrendo no Rio de Janeiro em relação ao mico-leão-dourado. As atividades relativas ao levantamento de morcegos (Figura 96 e 97) resultaram na captura de 33 indivíduos com uma recaptura. Estes resultados descreveram a existência de 2 famílias, 7 gêneros e 8 espécies. Para Phyllostomidae foram capturados 13 exemplares de Artibeus lituratus (Olfers, 1818), sete de Artibeus fimbriatus Gray, 1838, com uma recaptura, 7 de Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758), todos frugívoros; um exemplar de Anoura geoffroyi (Gray, 1838), um de Glossophaga soricina (Pallas, 1766), ambos nectarívoros; dois exemplares de Phyllostomus hastatus (Pallas, 1767), onívoros e um exemplar de Tonatia bidens (Spix, 1823), insetívoro/carnívoro. Para Vespertilionidae foi capturado um exemplar de Myotis nigricans (Schinz, 1821), insetívoro. Com relação às espécies de morcegos capturados, os frugívoros relacionados na lista se colocam como os principais responsáveis pela regeneração das florestas neotropicais. Os insetívoros são considerados como controladores de insetos, estimando-se que algumas espécies possam comer quantidades correspondentes a uma vez e meia o seu peso em uma única noite. Os nectarívoros desempenham um papel essencial nos ecossistemas, pois participam na polinização de centenas de espécies de plantas e, para algumas, ocorre total dependência deles para sua reprodução. Embora a grande maioria dos filostomíneos apresente predominância pela animalivoria não existem estudos aprofundados sobre a influência deles na dinâmica populacional de suas presas, mas especula-se que as espécies

Figura 97 – Morcego avistado no tronco

da arvore.

Figura 96 – Morcego capturado em rede de

neblina.

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carnívoras não cheguem a desempenhar papel de destaque nas comunidades em que atuam. Algumas informações importantes acerca das espécies capturadas na RPPN Fazenda do Tanguá foram destacadas com o intuito de relacionar a importância da espécie com o uso do habitat. A espécie de morcego, Artibeus lituratus é largamente distribuído pela região Neotropical, ocorrendo em todas as regiões do Brasil, inclusive em ambientes conservados. Esta espécie é muito bem adaptada aos centros urbanos, sendo também abundante no meio rural. Apresenta dieta variada, embora seja predominantemente frugívoro, eventualmente alimenta-se de insetos como besouros, recursos florais e ainda flores. Utiliza como abrigo as copas das árvores, folhas de palmeiras e outras plantas. Esta espécie não está considerada como ameaçada de extinção (IUCN, 2009). Já o morcego Artibeus fimbriatus é espécie endêmica à América do Sul, com ocorrência em apenas três países, Brasil (especialmente na Mata Atlântica), Paraguai e Argentina (Simmons, 2005), ocorrendo raramente em áreas urbanas. Apesar de ser predominantemente frugívoro, alimentando-se de Cecropiaceae, Moraceae, além de Solanaceae, Piperaceae e Curcubitaceae e eventualmente empregando insetos e recursos florais na sua dieta. Pouco se sabe sobre a utilização de abrigos. Esta espécie está posicionada na categoria de baixo risco de extinção, mas quase ameaçada (IUCN, 2009). Carollia perspicillata é uma espécie que possui distribuição ampla, ocorre em quase todos os Estados do Brasil. Alimenta-se preferencialmente de plantas da família da Piperaceae e, em menor quantidade, outros gêneros como Cecropia, Eugenia, Ficus, Passiflora, Solanum e Vismia (Marinho-Filho, 1991) além de insetos e néctar em alguns períodos do ano. Abrigam-se em cavernas, bueiros, galerias pluviais e edificações abandonadas. O estado de conservação da espécie é de baixo risco (IUCN, 2009). Anoura geoffroyi é uma espécie com distribuição ampla na região Neotropical, ocorrendo em quase todos os Estados do Brasil. Este é predominantemente de nectarívoro, podendo fazer uso de insetos. Consome ainda frutos e pólen, além de bombacáceas, cariocaráceas, bromeliáceas e passifloráceas para obtenção de néctar. Abriga-se em bueiros, túneis e ocos de árvores. Encontra-se em baixo risco de extinção (IUCN, 2009). Glossophaga soricina é uma espécie com distribuição ampla na região Neotropical, ocorrendo em quase todos os Estados do Brasil. Sua dieta de néctar abrange uma grande variedade de plantas, incluindo, no Brasil, representantes das famílias Tiliaceae, Passifloraceae, Leguminosae (Silva et al., 1996a), Bombacaceae (Silva & Peracchi, 1995), Myrtaceae (Silva et al., 1996b), Lythraceae, Gentianaceae Gesneriaceae e Bignoniaceae. Na Mata Atlântica, G. soricina poliniza Dyssochroma viridiflorum, Solanaceae epífita endêmica e de Pitcairnia albiflos, bromeliácea rara endêmica de afloramentos rochosos no Estado do Rio de Janeiro, além de frutos de Solanaceae, Melastomataceae e Elaeocarpaceae e insetos. Encontra-se classificada em baixo risco de extinção (IUCN, 2009). Phyllostomus hastatus é uma espécie que ocorre em quase todos os estados do Brasil. Sua classificação alimentar está como onívora, embora em algumas regiões ocorrer predominância para a insetivoria ou frugívoria e/ou carnívoria (Wilson et al., 1996), além de se alimentar de néctar. É um grande consumidor de Cecropia e parece ser o principal dispersor de Gurania spinulosa e Lecythis spp. Encontra-se classificada em baixo risco de extinção (IUCN, 2009). Tonatia bidens é uma espécie que ocorre em quase todos os Estados do Brasil. Sua ampla variedade alimentar inclui desde insetos, pequenos vertebrados (anfíbios, répteis, aves e

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morcegos) e possivelmente frutos. Encontra-se classificada em baixo risco de extinção (IUCN, 2009). Myotis nigricans é uma espécie que ocorre em alguns Estados do Brasil. Sua dieta alimentar está classificada como insetívora aéreo de florestas e clareiras. Encontra-se classificada como de “baixo risco de extinção” pela IUCN (2009), subcategoria “preocupação menor” (LR/lc). Especificamente, o grupo de quirópteros incidentes na UC apresenta grande interação com a vegetação existente no local. Este fato justifica-se através da maior densidade amostrada de formas frugívoras possivelmente relacionados à disponibilidade alimentar do local. Os questionários-entrevistas aplicados junto aos moradores de entorno levaram em conta o tempo de residência. O perfil de atividades dos entrevistados destacou entre o sexo feminino as funções domésticas (aposentadas) e entre os homens profissionais autônomos, como atividades de pesca e serviços na área de construção civil e estiva portuária (aposentados) (Tabela 32). Tabela 32 – Caracterização dos entrevistados.

Nome Sexo Estado civil Idade Tempo de residência

(anos)

Benedita Duarte da Silva feminino viúva 72 68

Benedita Salgada de Oliveira feminino viúva 80 65

Maria Teresa Oliveira de Deus feminino casada 58 54

Maria Helena Freitas do Nascimento feminino casada 56 39

Antonio Duarte Folgosa masculino viúvo 77 12

Djalma Pires masculino casado 45 16

Waldir do Nascimento masculino casado 62 62

Miguel Benedito do Nascimento masculino viúvo 72 72

José Duarte do Nascimento masculino casado 68 68

O resultado da entrevista sobre as espécies de mamíferos conhecidas pela comunidade seguiu um padrão de frequência modal, sendo relatado ao entrevistador que algumas das espécies já não são mais vistas ultimamente como a preguiça (Bradypus tridactylus), irara (Eira barbara), paca (Cuniculus paca), cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) e jaguatirica (Leopardus pardalis). As espécies citadas no cheklist foram descritas pelos entrevistados com exceção do Tapiti (Sylvillagus brasiliensis). Um aspecto peculiar observado nas atividades de levantamento de campo está relacionado as interações ecológicas alimentares entre as palmeiras brejaúvas (Astrocaryum aculeatissimum) o caxinguelê (Guerlinguetus ingrami) e a cutia (Dasyprocta aguti), uma vez que ambos são espécies encontradas na Mata Atlântica e desenvolvem-se em associação ecológica, onde esses mamíferos alimentam-se dos seus frutos e atuam como agentes dispersores. A palmeira brejaúva também deve ser considerada como um local e abrigo noturno para diversas espécies de animais encontrados na região tal como ouriço caxeiro (Guerlinguetus ingrami) devido principalmente aos seus hábitos arborícolas, embora tenha uma preferência por transitar nas bordas da mata de galeria, o que em parte não significa evidenciar a ocorrência desta espécie em áreas mais conservadas ou em locais com maior densidade de espécies vegetais secundárias. Sinteticamente, no levantamento da área estudada observou-se a abundância de corpos d‟água durante os percursos delimitados nas trilhas 3 e 4, fundamentando a importância destes para a sobrevivência e perpetuação da biodiversidade de mamíferos da UC, considerando-o como uma condição sine qua non para a manutenção e dinâmica ecológica existente. As espécies de mamíferos levantadas na UC, pelas diversas técnicas metodológicas, pertencem à fauna brasileira, não sendo consideradas ameaçadas de

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extinção, segundo a lista de animais ameaçados de extinção (red list) do World Conservacion Union - IUCN.

3.6. Aspectos Históricos e Culturais (Patrimônio Material e Imaterial) Poucas informações relacionadas ao patrimônio material e imaterial referente à região da UC foram obtidas através de pesquisas bibliográficas. Assim, partiu-se para a estratégia de se obter informações diretamente dos antigos moradores durante a Oficina de Planejamento realizada especificamente para este Plano de Manejo. Através de uma abordagem espontânea, três integrantes de uma mesma família (uma tia e duas irmãs) relataram suas lembranças da época em que moravam na antiga Fazenda do Tanguá. D. Benedita Folgosa (tia), com 83 anos de idade, e suas duas sobrinhas Benedita Salgada de Oliveira e Maria Teresa Oliveira de Deus apresentaram o modus vivendis da época, colaborando grandemente para o entendimento da atual paisagem florística da RPPN. As pesquisas de campo não identificaram nenhuma edificação antiga ou até mesmo ruínas no interior da RPPN. Sabe-se, no entanto, que parte das instalações da antiga sede da fazenda encontra-se mantidas no interior do hotel Vila Galé, como testemunhos desta época, assim como as imponentes palmeiras imperiais que adornam este empreendimento. Segundo estas moradoras, na região de interesse existiam duas fazendas pertencentes aos senhores Roberto Jordão e Custódio Galindo, os quais criavam gado. Seus pais não possuíam trabalho fixo, vivendo de serviços esporádicos, praticando cultura de subsistência (mandioca, milho, banana) e criação de pequenos animais (galinha, porcos). Exerciam a caça como alternativa complementar de proteína animal, tendo como principais animais a capivara, paca, cotia, gambá e macuco. Também praticavam a pesca, tendo como prática a salga de pescados. Exploravam também os recursos florestais, sendo que consistia em prática a derrubada de árvores para a transformação em carvão através de carvoarias artesanais. Derrubavam seletivamente as árvores, pois muitas não eram adequadas para a produção de carvão, o qual era comercializado no centro da cidade e também consumido domesticamente. Relatam que com o dinheiro do carvão compravam-se basicamente sal, sabão e tecidos, pois as demais necessidades tiravam da própria terra. Descreveram que, certa feita, surgiu um senhor que derrubou uma grande parcela da mata para a produção comercial de carvão, mas a atividade não prosperou por muito tempo. Recorriam, ainda, à retirada de árvores para a construção de canoas, tendo o guapuruvú como um dos principais recursos em função da facilidade de manuseá-lo, além de sua leveza. Utilizavam ervas medicinais retiradas da mata para a produção doméstica de medicamentos dos mais variados. Apesar das dificuldades quando comparadas aos dias atuais, garantem que sentem saudades daquela época, reforçando a simplicidade do viver com segurança e tranquilidade. Reportam-se aos momentos festivos, geralmente nas sedes das fazendas ou na vila, onde cantavam e dançavam, além da oportunidade de se encontrar os companheiros para o matrimônio. As histórias e lendas que compartilhavam entre si nos momentos em que a família se reunia basicamente são as mesmas que ainda povoam o imaginário das pessoas das pequenas cidades do interior do Estado, como as histórias da mula-sem-cabeça, lobsomem, saci-pererê, dentre outras. Atualmente, no interior da RPPN não existem moradores e tampouco resquícios arquitetônicos do passado. No entanto, encontram-se grandes árvores, como a canela, o

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jacarandá, a figueira, além de algumas exóticas como a bananeira, a jaqueira e o café que constituem em testemunhos históricos deste passado recente.

3.7. Ocorrência de fogo A recente criação da RPPN e a ausência de registros históricos dificultam uma interpretação mais exata da ocorrência de fogo no interior dos domínios desta UC. Análises de campo não constataram vestígios de queima junto aos diferentes estratos florísticos, exceto que em alguns pontos foi evidenciada a presença de carvão depositado na serrapilheira. Relatos obtidos junto a antigos moradores da comunidade de Vila Velha durante a Oficina de Planejamento descrevem a presença de carvoarias confeccionadas para queima de madeira no interior da mata da antiga Fazenda do Tanguá, onde parte dos produtos destinava-se ao comércio local e outra parte utilizada para consumo doméstico. Estes argumentos possivelmente justificam a presença de vestígios de carvões depositados na serrapilheira. Devemos enfatizar também que a grande umidade relativa presentes nestes fragmentos florestais possivelmente representam um fator limitante para propagação de fogo nas áreas de domínio da RPPN. 4. CARACTERIZAÇÃO DA PROPRIEDADE A propriedade designada como Fazenda Tanguá possui 345,44 ha divididos em doze Glebas (A, B, C, D, E, F, G, H, I-1,I-2,I-3,J) e quatro Áreas Remanescentes (1,2,3 e 4), registrada sob a matrícula nº 17636, registro nº 2, ficha 4, de 30/06/2006, do Cartório de Imóveis – 1º Ofício de Angra dos Reis em nome da Fundação dos Economitários Federais - FUNCEF. A área da RPPN Fazenda do Tanguá corresponde a Gleba I-1, com 117,9341 ha, onde seu limite inferior coincide com a cota 60 m e o superior com o divisor de águas do morro do Tanguá (vertente). Esta Gleba foi averbada como Reserva Legal, sendo o gravame feito em escritura, não podendo “nela ser feita qualquer tipo de exploração e alteração de sua destinação nos casos de transmissão a qualquer título ou desmembramento de área” (Certidão de Imóveis, Anexo 4). Interessante ressaltar que ficou excluída da RPPN a área da Faixa Marginal de Proteção (FMP) do córrego do Tanguá e suas nascentes. A FMP é legalmente considerada Área de Preservação Permantente, conforme o Código Florestal Brasileiro. Parte da propriedade encontra-se em uma área mais plana, junto ao mar, e outra parte maior em relevo acidentado, coberto por Mata Atlântica secundária, o que lhe dá um caráter de preservação permanente. Do total da área, 3,22 ha corresponde a terreno de marinha. Na parte mais baixa, próximo ao mar, encontra-se um luxuoso empreendimento hoteleiro de propriedade da FUNCEF, sob a administração do grupo português Vila Galé. A presença do hotel pode constituir-se em uma oportunidade para a consolidação da RPPN, uma vez a mesma poderá tornar-se um atrativo turístico e de lazer para os hóspedes. Contígua à área do hotel tem-se a Praia do Tanguá e, um pouco mais distante, a Praia do Tanguazinho, sendo esta bastante frequentada por turistas e moradores da região, especialmente no verão. A construção do hotel, nos idos de 1990, gerou alguns conflitos com entidades ambientalistas locais que acusavam o hotel de privatizar a praia. Um acesso público foi construído para garantir o acesso de pedestres às praias.

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4.1. Estação de tratamento de água (ETA)

No ano de 2000 foi construída uma Estacão de Tratamento de Água (ETA) no interior de uma microbacia pelo ecoresort para o tratamento de água bruta, hoje sendo gerenciada pela empresa PLANEP Engenharia (Figura 98). A ETA não se encontra no interior da RPPN. A ETA tem capacidade para 32 m³/h dispondo de uma represa, duas unidades de decantação e filtragem e uma caixa de água tratada com capacidade de 1.250.000 l. No processo de tratamento são usados barrilha, sulfato de alumínio e cloro líquido, sendo mantido um sistema de controle diário com leituras em campo e análises mensais das propriedades físico-químicas pelos laboratórios: Hidroquímica e Quimicafactor. Os relatórios de acompanhamento de efluentes são enviados para o Instituto Estadual do Ambiente -INEA trimestralmente. As Tabelas 33, 34, 35 e 36 reproduzem resultados analíticos fornecidos pela PLANEP Engenharia, exemplificando os resultados constantes no RAE Relatório de Acompanhamento de Efluentes. Tabela 33 – Resultados bacteriológicas na ETA (2º Semestre de 2008).

Análises Unidade Água Bruta Água Tratada Torneira Cozinha Padrão CONAMA

Coliformes Totais Bac/100ml 45 - 308 ausente ausente ausente

Coliformes Fecais Bac/100ml 45 - 308 ausente ausente ausente

Cloro Residual ml/L 0,0 1 - 3 1,0 0,5 -1,0

Fonte: PLANEP Engenharia

Tabela 34 – Resultados físicos na ETA (2º Semestre de 2008).

Análises Unidade Água Bruta Água Tratada Padrão CONAMA

Cor real UPtCo 10 - 25 10 - 15 ausente

RNFT UPtCo <1 - 4 <1 - 8 -

pH UpH 6,80 - 7,09 5,63 - 7, 19 5 – 9

Turbidez U Turbidez <1 - 2,31 <0,01 - 0,1 até 9,0

Fonte: PLANEP Engenharia

Tabela 35 – Resultados bacteriológicas na ETA (1º Semestre de 2009).

Análises Unidade Água Bruta Água Tratada Torneira Cozinha Padrão CONAMA

Coliformes Totais Bac/100ml 45 - 308 ausente ausente ausente

Coliformes Fecais Bac/100ml 45 - 308 ausente ausente ausente

Cloro Residual ml/L 0,0 1 - 3 1,0 0,5 - 1,0

Fonte: PLANEP Engenharia

Figura 98 – Estacão de Tratamento de Água (ETA)

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Tabela 36 – Resultados físicos na ETA (1º Semestre de 2009).

Análises Unidade Água Bruta Água Tratada Padrão CONAMA

Cor real UPtCo 10 - 30 10 - 15 ausente

RNFT UPtCo 3 - 17 2 - 12 -

pH UpH -- - 7,11 6,33 - 7,42 5 – 9

Turbidez U Turbidez 0,68 - 3,74 0,4 - 2,71 ate 9,0

Fonte: PLANEP Engenharia

Segundo os limites estabelecidos pela legislação vigente, todos os parâmetros estão de acordo os mesmos. Especificamente, na ETA com as novas represas construídas para captação de água deverá existir diminuição nos custos de tratamento e no consumo de energia elétrica, além de poder propiciar água com menos aditivos químicos devido ao uso das caixas de filtro de areia associadas ao sistema de captação.

4.2. Estação de tratamento de esgoto (ETE) Os efluentes gerados pelas atividades do Vila Galé são transferidos por sistema de bombas até a Estação de Tratamento de Esgoto - ETE situado à margem da estrada do Contorno junto a divisa norte da UC, portanto, fora dos limites da RPPN (Figura 99). A ETE tem capacidade de 32m³/h com três unidades de aeração e decantação, e uma linha de raios ultravioleta na adutora para o emissário submarinho, contornando o litoral da praia da Ribeira e tendo como destino final os efluentes líquidos na Baía da Ribeira aproximadamente 500 m da linha de praia, alcançando o canal natural ou via submarinha com uma vazão variando entre 2,21 até 2,26 l/s. A eficiência do tratamento dos efluentes da ETE tem variado entre 80 a 90%, segundo informações da operadora da estação. O lodo ativado e a gordura gerados são removidos da estação por carros limpa-fossas transportados até a CEDAE com frequência bi-mensal. As Tabela 37 e 38 constam os resultados das análises físico-químicas dos esgotos brutos e tratados pela ETE, no 2º semestre de 2008 e no 1º semestre de 2009. Tabela 37 - Resultados físico-químicos da ETA (2º Semestre de 2008).

Parâmetros Unidades Efluente Bruto Efluente Tratado Eficiência

% PADRAO NT 202 e DZ 215

DBO5 mg 02/L 160 - 1087 6,9 - 24,17 84,89 - 98,60 90 %

Sólidos suspensos totais mg/L 88 - 218 12 - 18 80

P total mg/L 1,43 - 2,41 1,0

N Kjedhal mg/L 1,12 - 2,02 10,0

Sólidos Sedimentáveis

ml/L 0,3 - 1,5 0,1 - 0,4 1,0 ml/l

Óleos e graxas mg/L < 10 20,0 mg/l

Figura 99 – Estação de Tratamento de Esgoto.

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pH upH 5,55 - 6,88 6,0 - 9,0

Surfactantes mg/L < 0,1 - 0,12 2,0 mg/l

Fonte: PLANEP Engenharia

Tabela 38 – Resultados físico-químicos da ETA (1º Semestre de 2009).

Parâmetros Unidades Efluente Bruto Efluente Tratado Eficiência

% Padrão NT 202

e DZ 215

DBO5 mg 02/L 160 - 1087 6,9 - 24,17 84,89 - 98,60

90 %

Sólidos suspensos totais mg/L 88 - 218 12 - 18 80

P total mg/L 1,43 - 2,41 1,0

N Kjedhal mg/L 1,12 - 2,02 10,0

Sólidos Sedimentáveis

ml/L 0,3 - 1,5 0,1 - 0,4 1,0 ml/l

Óleos e Graxas mg/L < 10 20,0 mg/l

pH upH 5,55 - 6,88 6,0 – 9,0

Surfactantes mg/ L < 0,1 - 0,12 2,0 mg/l

Fonte: PLANEP Engenharia

O monitoramento das condições da água da praia do Tanguá (para sua utilidade para banho de mar pelos usuários do Vila Galé e outras comunidades) são aferidos pela empresa PLANEP Engenharia no que concerne sobre a influência dos efluentes que têm destino final no saco da Ribeira através do emissário submarinho. Os resultados das analises realizadas na água da praia foram plotados nas Tabelas 39 e 40. Tabela 39 – Análises biológicas da água da praia do Tanguá (2º Semestre de 2008).

Coliformes Unidade Lado Direito Meio Lado Esquerdo Padrão CONAMA

Totais Bac/100ml 63 - 68 38 - 54 38 - 125 1000

Fecais Bac/100ml 20 - 68 25 - 38 36 - 75 1000

** Intervalos de Variação de três relatórios Fonte: PLANEP Engenharia Tabela 40 – Análises biológicas da água da praia do Tanguá (1º Semestre de 2009).

Coliformes Unidade Lado Direito Meio Lado Esquerdo Padrão CONAMA

Totais Bac/100ml 70 - > 2419 322 - > 2419 137 - > 2419 1000

Fecais Bac/100ml 20 - 68 25 - 38 36 - 75 1000

** Intervalos de Variação de três relatórios Fonte: PLANEP Engenharia Segundo, os dados obtidos (Tabela 41) no mês de fevereiro de 2009 houve uma significativa alteração dos quantitativos de coliformes. Tabela 41 – Análises biológicas da água da praia do Tanguá (1º Semestre de 2009).

Coliformes Unidade Lado Direito Meio Lado Esquerdo Padrão

CONAMA

Totais Bac/100ml 12000 12400 16000 1000

Fecais Bac/100ml 10000 12000 12000 1000

Fonte: PLANEP Engenharia As condições de balneabilidade permitem enquadrar as águas da praia durante o período que abrangem os Relatórios de Estudos Ambientais – REA no Artigo 2º da Resolução CONAMA nº 274 porém, no mês de fevereiro 2009 essas condições foram alteradas, não atendendo aos critérios estabelecidos para as águas próprias. Provavelmente a queda de eficiência da ETE para 80% nesse mesmo mês resultou por esse aumento nos coliformes. Nos meses subsequentes as águas da praia foram melhorando significativamente, porém, sem alcançar no mês de junho os valores do ano anterior. Certamente as observações e

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medições ao longo do 2º. semestre de 2009 informarão se essa recuperação se deu aos níveis mais baixos de novembro 2008. O Sistema da ETE demonstra que a estrutura encontra-se dimensionada para atender a demanda do Vila Galé. No entanto, resíduos originados pelo tratamento, como o lodo ativado e as gorduras poderão ter outra destinação ecologicamente correta com algum benefício financeiro. O emissário submarino que despeja no saco da Ribeira deverá ser transferido para fora da zona de influência da ESEC Tamoios e seu novo ponto de despejo dos efluentes tratados deverá ser aferido. 5. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ENTORNO

As informações sócioeconômicas compreenderam a avaliação regional onde a UC está inserida, a partir da caracterização do município de Angra dos Reis. Para tanto foi resgatada a história sócioambiental da região, entendendo-a como o pano de fundo para as situações que se verificam no presente e a avaliação do entorno imediato da Unidade de Conservação, também do ponto de vista socioeconômico. Os levantamentos de campo foram realizados a partir de informantes atores-chaves previamente identificados. Para tanto, foram selecionados representantes de diferentes segmentos sociais, tanto de instituições governamentais como não-governamentais, atuantes nos processos recentes da região. Além de pessoas residentes nas comunidades dotadas de representativo conhecimento sobre a área de estudo. O objetivo desta fase foi detectar a percepção das comunidades em relação à área de entorno da RPPN Fazenda do Tanguá. Parte das entrevistas de campo foram realizadas em agrupamentos comunitários dispostos ao longo da Estrada do Contorno, com destaque para a comunidade de Vila Velha devido a sua proximidade com a UC. Outra parte do esforço de pesquisa procurou obter informações qualitativas com representantes das seguintes instituições:

representante da Estação Ecológica de Tamoios, ligada ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade;

representante da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio de Janeiro – EMATER Angra dos Reis;

representantes da Associação de Moradores de Vila Velha;

representante da Associação de Moradores da Enseada;

representante da sub-Secretaria de Pesca da Secretaria de Atividades Econômicas;

representante da sub-Secretaria de Agricultura e da Secretaria de Atividades Econômicas

representante da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano;

representante da Fundação de Turismo de Angra dos Reis;

representante da Colônia de Pescadores de Angra dos Reis;

representante da Administração Regional da Enseada, ligada à Prefeitura Municipal de Angra dos Reis;

representante comunitário do Corredor Turístico da Estrada do Contorno;

representante do Convention & Visitors Bureau de Angra dos Reis.

As entrevistas seguiram um roteiro pré-estabelecido constituido por temas e questões elencadas com base nos dados secundários analisados, respeitando a lógica de argumentação dos entrevistados, não induzindo respostas e buscando obter argumentos cruciais não conhecidos a priori.

Especificamente, as condições socioeconômicas apresentadas no presente, tomaram como referência dados secundários disponíveis, abordando a situação dos indicadores sociais e econômicos, sumarizados no IDHm (Índice de Desenvolvimento Humano dos municípios), a dinâmica demográfica e a situação educacional da população, a estrutura produtiva e de

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emprego, bem como as características fundiárias e de uso da terra e, finalmente os conflitos.

5.1. Contextualização histórica socioeconômica A região denominada Angra dos Reis teve sua gênese histórica aliada à expansão ultramarina da Coroa Portuguesa. Recentemente, a partir do século XX, sua conformação sociopolítica e espacial refletiu o processo de modernização socioprodutiva induzido no Estado Brasileiro.

Existe grande dúvida na historiografia nacional sobre o responsável pelo “descobrimento” da região hoje conhecida como Angra dos Reis. A maior probabilidade recai sobre Gaspar Lemos, pois ele participou da frota de Cabral e foi o mensageiro da notícia do descobrimento do Brasil ao rei de Portugal. Logo em 1502 quando a esquadra de Cabral examina o litoral da nova terra em busca de riquezas, produz-se o relato da descoberta da baía de Angra dos Reis (Isaltino, 2004) (o município foi batizado por Américo Vespúcio devido a sua “grande baía” (angra) e por ser dia dos Santos Reis Magos).

As disparidades sociais hoje presentes no município de Angra dos Reis têm ligação com o período do “descobrimento”, quando o homem branco dividiu e se apropriou da terra já habitada por povos indígenas, a partir da autorização/concessão da coroa portuguesa. Em 1532 passa pela região a expedição de Martin Afonso de Souza, enviado por D. João III ao Brasil com a finalidade de povoar as novas terras:

“A quantos esta minha carta virem, faço saber que as terras que Martim Afonso de Souza, do meu conselho descobrir na terra no Brasil, oude o envio como meu Capitão-Mor, se possam aproveitar, eu por minha carta lhe dou poder para dar as pessoas que consigo levar, as que na dita terra quiserem ficar e povoas aquela parte da terra que assim achar e descobrir” (Araujo, 1995).

Vê-se que o elemento indígena, tão presente nas terras do Novo Mundo e na região de Angra dos Reis representado por comunidades indígenas Tupi, Guarani, Guaianaz, e Tupinabá foi de pronto desconsiderado.

Depois de 54 anos após o “descobrimento” de Angra, em decorrência das deliberações da Coroa Portuguesa, em 1556 é fundado o primeiro povoado (Vila Velha) pelos filhos do Capitão-Mor Antônio de Oliveira; em 1559 é colonizada a Ilha Grande pelo doutor Vicente da Fonseca (Isaltino, 2004; Araujo, 1995).

Nos primeiros duzentos anos de ocupação portuguesa a região hoje compreendida pelos municípios de Angra dos Reis e Paraty viu desaparecer a cultura originária dos povos indígenas e assistiu a gradativa implantação das sesmarias1.

A pesca e a lavoura foram atividades produtivas sempre presentes na dinâmica histórica do município, foram elas que sustentaram o povoado que inicialmente se instalou em 1593 na Vila de Nossa Senhora da Conceição de Angra dos Reis da Ilha Grande, atual comunidade de Vila Velha.

Desde o período colonial a região foi marcada por ciclos econômicos. O primeiro deles foi o chamado “ciclo do açúcar”. Ele influenciou não só a produção da cana-de-açúcar, mas também da pecuária e a pequena produção agrícola de subsistência, como: feijão, arroz, mandioca, milho, entre outros. Segundo Isaltino (2004), a partir do século XVIII iniciaram-se os primeiros cultivos de cana-de-açúcar e foram instalados os primeiros engenhos e, dessa forma, por praticamente 300 anos a base da economia da região foi a agricultura. Ou seja, as matas nativas desde o início da colonização portuguesa foram utilizadas na produção agropecuária, consequentemente resultando em uma ação antrópica secular.

1 É na distribuição das terras que está a origem do sistema sesmarial, uma forma que se difundiu pelo sul de Portugal a partir

do século XIII e que se converteu em verdadeira política de povoamento, estendendo-se às suas colônias. A instituição de um conselho municipal implicava na necessidade da distribuição de suas terras pelos moradores. A principal função do sistema de sesmarias é estimular a produção. Quando o titular da propriedade não iniciava a produção dentro dos prazos estabelecidos, seu direito de posse era cassado.

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A figura dos fazendeiros foi de extrema relevância, pois foram eles os primeiros Senhores de Engenho e acumulavam atribuições ligadas ao poder legislativo e judiciário; tiveram, portanto, grande influência na formação econômica de todo o Estado do Rio de Janeiro. O trabalho escravo foi a marca deste período: “Eram os escravos, pés e mãos de seus senhores”. O principal engenho de Angra dos Reis foi engenho Central do Bracuy, o qual foi construído com o apoio financeiro do Governo Imperial em 1887.

Concomitantemente à cana-de-açúcar deu-se a exploração do café. Angra dos Reis, além de ser um importante produtor – haja vista a grande produção de café na Ilha Grande -, foi o ponto onde convergia a exportação de toda a produção da região. A produção cafeeira demandou um maior aporte de mão-de-obra escrava e a construção de novos portos, como Mambucaba, Jurumim, Itanema, Frade, Abraão, Sítio Forte e Ariró (Isaltino, 2004). Portanto, economicamente Angra sempre esteve vinculada ao mar e às atividades portuárias. Inclusive, em meados do século XIX já era o segundo maior porto do Brasil meridional. Outro importante período da história econômica de Angra dos Reis foi o Ciclo do Ouro, que teve como mote substituir o açúcar quando este perdeu sua rentabilidade. Quando as jazidas se exauriram o café ocupou posição de destaque na economia regional. Segundo Araújo (1995), o papel de Angra dos Reis no Ciclo do Ouro foi servir de escoadouro ao produto das minas gerais. Tanto em Angra como em Paraty foram abertos os “caminhos do ouro”. Povoados como Resende, Ponte Nova, Rio Claro e Capivary se formaram ao longo deste “caminho” que se formava da Serra em direção ao Mar. No entanto, a partir de 1850, devido ao fim do tráfego negreiro, a construção da Estrada de Ferro D. Pedro II entre 1858 e 1877 sem que houvesse nenhum ramal ligando Angra e a abolição da escravatura em 1888, o município ficou isolado e perdeu sua importância como um dos centros escoadouros de produtos da Região Sudeste. A nova ferrovia era capaz de transportar grandes quantidades de carga entre Rio e São Paulo, deixando para trás as antigas trilhas e estradas de barro, com sua tropas, cavalos e liteiras.

Em consequência da decadência econômica registrou-se o declínio demográfico em decorrência da migração populacional para outros municípios mais prósperos que se estendeu até o século XX.

O revigoramento da economia só foi possível a partir de 1914. O primeiro marco deste novo período foi a inauguração da Escola Naval. Seguiu-se então com a construção do Porto de Angra em 1926, a extensão do ramal ferroviário da Estrada de Ferro Oeste de Minas ligando Barra Mansa a Angra dos Reis.

Durante as décadas de 1940 e 1950 deu-se início a instalação de fábricas para industrialização do pescado na Ilha Grande, Gipóia e Centro da cidade.

Um grandioso feito para a economia de Angra dos Reis ocorreu na era Juscilino Kubitschek, quando foi instalada em 1960 a indústria naval em Angra dos Reis. Através de parceria com o governo holandês foi construído o Verolme Estaleiros Reunidos do Brasil S/A (atual Estaleiro BrasFells).

Na década de 1970 deu-se início a construção da Central Nuclear Almirante (primeiramente houve construção de Angra 1 e finalmente projetando para construção futura Angra 2 e Angra 3); assim como o Terminal Marítimo Almirante Maximiano Fonseca (Petrobrás); e da Rodovia Rio-Santos (BR-101), ligando Angra ao Rio de Janeiro e Paraty.

A partir da década de 1980, pelo advento do Projeto Turis que qualificou o município de Angra dos Reis como região de exploração turística “classe A”, ocorreu uma expressiva expansão da rede hoteleira no litoral e na Ilha Grande.

Todos estes empreendimentos atraíram milhares de profissionais de todo o Brasil a partir da década de 1960; e fez com que um expressivo contingente populacional abandonasse as atividades tradicionais da agricultura e pesca, as quais desde o período inicial de colonização garantiram os meios de subsistência frente aos diferentes ciclos socioeconômicos. Nesse sentido, a segunda metade do século XX é um período ambíguo na socioeconomia angrense, de um lado edificou o progresso da sociedade moderna

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ocidental; de outro tornou o contingente populacional completamente suscetíveis à oscilações econômicas. Segundo o trabalho de Souza (2003) é uma incoerência pensar que o município de Angra dos Reis é um paraíso verde de beleza exuberante, mas o resultado do desenvolvimento desigual e combinado do espaço, acarretando diversos conflitos sociais em diferentes escalas. A implementação de grandes empreendimentos estatais a partir da segunda metade do século passado impactou significativamente a estrutura demográfica e ambiental. Resultando em problemas e conflitos em termos da ocupação desordenada das encostas e manguezais; poluição do meio ambiente aquático e degradação dos recursos florestais. Além disso, a valorização do solo suscitou uma série de conflitos envolvendo a posse da terra.

5.2. Caracterização socioeconômica do município

5.2.1. Indicadores de desenvolvimento socioeconômico O Índice de Desenvolvimento Humano foi criado e utilizado pela ONU desde o início de 1990 e tem o propósito de medir não só aspectos econômicos, mas também sociais, sendo, portanto, um indicador utilizado com o propósito de evidenciar as condições de desenvolvimento socioeconômico de um país, estado e/ou município. Ele permite que se verifique o grau de desigualdade entre unidades político-administrativas, auxiliando na gestão de políticas públicas. Para tanto se faz uma composição entre índice de renda, longevidade, através da expectativa de vida ao nascer e educação, considerando o índice de analfabetismo e a taxa de matrícula em todos os níveis de ensino. No cálculo do IDH as três dimensões têm a mesma importância. O município de Angra dos Reis registrou um destacado aumento de seu IDH entre os anos de 1991 e 2000. No início da década 1990, o município alcançou o IDH 0,722. Uma década depois, em 2000, observa-se que praticamente não houve mudanças significativas no IDH do município, permanecendo na faixa de Médio Desenvolvimento. Entretanto é importante salientar que entre 1991-2000 todos os índices que compõem o IDHm apresentaram variação positiva. O que mais chama a atenção é aquele relativo à educação, houve variação positiva (9%) acima da média estadual e nacional registrada no mesmo período (Tabelas 42 e 43). Tabela 42 – Índice de Desenvolvimento Humano, Rio de Janeiro e Brasil, 1991 – 2000.

Rio de Janeiro Brasil

1991 2000 Evolução Percentual

1991-2000 1991 2000

Evolução Percentual 1991-2000

IDH 0,753 0,807 7,1 0,696 0,766 10,0

IDH-Educação 0,837 0,902 7,7 0,745 0,849 13,9

IDH-Longevidade 0,690 0,740 7,2 0,662 0,727 9,8

IDH-Renda 0,731 0,779 6,5 0,681 0,723 6,1

Posição Relativa 4º 5º - - - -

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasi: PNUD (2000)

Tabela 43 - Índice de Desenvolvimento Humano, Angra dos Reis, 1991 – 2000.

1991 2000

Evolução percentual 1991-2000

Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDHm 0,722 0,772 6,90

Educação 0,798 0,870 9,00

Longevidade 0,707 0,736 4,10

Renda 0,660 0,711 7,70

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasi: PNUD (2000)

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75

5.2.2. Dinâmica demográfica A dinâmica demográfica que se observa no município corresponde às condições gerais que têm se verificado no país e no estado, com uma acentuada mudança do local de residência do campo em direção às áreas urbanas (Tabela 44). Tabela 44 – População residente por situação de domicílio no Estado do Rio de Janeiro e no Brasil, 1991 e 2000.

Fonte: IBGE - Censo demográfico, 1991 e 2000

Ao nível municipal, segundo a Tabela 45, entre os anos de 1991 a 2008, a cidade de Angra dos Reis experimentou um acréscimo populacional de mais de 60 mil de habitantes. Ou seja, um crescimento de 73% quase duas décadas aliado a concentração 95% da população em áreas urbanas. Isso se explica pelo aporte populacional de uma população imigrante que fixou residência na cidade em razão de seu desenvolvimento econômico e expansão da atividade turística (Tabela 46). Tabela 45 – População residente por ano no município de Angra dos Reis, segundos os anos de 1991,

2000, 2007 e 2008.

País/Estado/Municipio 1991 2000 2007 2008

Brasil 146.825.475 169.872.856 183.987.291 189.612.814

Rio de Janeiro 12.807.706 14.392.106 15.420.375 15.872.362

Angra dos Reis 85.571 119.247 148.476 164.191

Fonte: IBGE (anos 1991 e 2000 - Censo demográfico; 2007 Contagem da população; 2008 Estimativas de população)

Tabela 46 – População residente por situação de domicílio no município de Angra dos Reis, segundo os anos de 1991 e 2000.

Situação do domicílio

População residente (pessoas)

População residente (%)

Evolução 1991-2000 (%)

1991 2000 1991 2000

Total 85.571 119.247 100,00 100,00 39,35

Urbana 78.445 114.300 91,67 95,85 45,70

Rural 7.126 4.947 8,33 4,15 -30,5%

Fonte: IBGE - Censo demográfico, 1991 e 2000

Nos níveis estadual e nacional, a divisão por sexo não apresentou mudança expressiva, entre 1991 a 2000. Os homens diminuíram sua participação na composição da população brasileira de 49,37% para 49,21%, enquanto a participação das mulheres passou de 50,63% para 50,79% (Tabela 47).

Esferas Situação do

domicílio

População residente (pessoas) População Residente (%) Evolução

1991-2000 (%) 1991 2000 1991 2000

Brasil

Total 146.825.475 169.872.856 100,00 100,00 -

Urbana 110.990.990 137.925.238 75,59 81,19 7,4

Rural 35.834.485 31.947.618 24,41 18,81 -22,9

Rio de Janeiro

Total 12.807.706 14.392.106 100,00 100,11 -

Urbana 12.199.641 13.821.484 95,25 96,04 0,8

Rural 608.065 570.622 4,75 3,96 -16,6

Page 96: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

76

Tabela 47 – População residente por sexo no Estado do Rio de Janeiro e no Brasil, 1991 e 2000.

Fonte: IBGE - Censo demográfico, 1991 e 2000

A divisão da população do município por sexo não apresentou mudança expressiva, entre 1991 e 2000. Os homens diminuíram sua participação de 50,85% para 50,39%, enquanto a participação feminina aumentou de 49,15% para 49,61% (Tabela 48). Tabela 48 – População residente por sexo no município de Angra dos Reis, segundo os anos de 1991 e 2000.

Sexo População residente

(pessoas) População residente

(%) Evolução 1991-2000 (%) 1991 2000 1991 2000

Total 85.571 119.247 100,00 100,00 39,35

Homens 43.512 60.089 50,85 50,39 38,00

Mulheres 42.059 59.158 49,15 49,61 40,00

Fonte: IBGE - Censo demográfico, 1991 e 2000

O perfil demográfico da área de abrangência dos estudos demonstra que há uma proporcionalidade no que se refere à composição da população por sexo. Em 1991 os dados censitários mostravam esta situação, porém indicava maior número de homens em relação às mulheres. Em 2000, a população masculina continua ultrapassando a feminina, mas com uma diferença menos expressiva. Outra informação que ajuda a compreender o perfil demográfico de uma região são os dados relativos à composição etária da população. No caso do município aqui estudado, entre os anos 1991 e 2000, verificou-se uma tendência semelhante ao conjunto do país e ao Estado do Rio de Janeiro, ou seja, um aumento do topo da pirâmide etária, o que significa um envelhecimento da população e o crescimento das faixas-etárias com idade acima de 40 anos. Ao mesmo tempo se verifica uma relativa manutenção da base da pirâmide, com redução do número de habitantes nas faixas-etárias inferior a 39 anos (Tabela 49, Figura 100, Figura 101). Tabela 49 – Evolução percentual da população total por sexo, segundo os anos de 1991 e 2000.

Esferas

Grupos de idades

População residente (pessoas) População residente (%)

1991 2000 1991 2000

Brasil

0 a 9 anos 33.941.273 32.962.498 23,10 19,41

10 a 19 anos 32.064.631 35.302.972 21,84 20,80

20 a 39 anos 46.730.212 55.280.355 31,84 32,60

40 a 59 anos 23.366.654 31.788.044 15,92 18,80

60 ou mais 10.722.705 12.751.381 7,30 7,50

Rio de Janeiro

0 a 9 anos 2.370.050 2.416.716 18,51 17,00

10 a 19 anos 2.426.014 2.519.248 18,94 17,50

20 a 39 anos 4.363.468 4.723.966 34,07 33,00

40 a 59 anos 2.465.580 3.190.457 19,25 22,20

60 ou mais 1.182.594 1.358.683 9,23 9,50

Fonte: IBGE - Censo demográfico, 1991 e 2000

Esferas Situação do

domicílio

População residente (pessoas)

População residente (%)

Evolução 1991-2000 (%)

1991 2000 1991 2000

Brasil

Total 146.825.475 169.872.856 100,00 100,00 -

Homens 72.485.122 83.602.317 49,37 49,21 -0,32

Mulheres 74.340.353 86.270.539 50,63 50,79 0,31

Rio de Janeiro

Total 12.807.706 14.392.106 100,00 100,00 -

Homens 6.177.601 6.900.312 48,23 47,95 -0,58

Mulheres 6.630.105 7.491.794 51,77 52,05 0,54

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77

17 17,5

33

22,2

9,23

19,25

34,07

18,9418,51

9,5

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0 a 9 anos 10 a 19 anos 20 a 39 anos 40 a 59 anos 60 ou mais

1991 2000

O perfil demográfico por faixa etária do município, segundo os anos de 1991 e 2000 encontram-se expressos na Tabela 50 e na Figura 102. Tabela 50 - População residente por grupos de idade no município de Angra dos Reis, segundo os anos de 1991 e 2000.

Grupos de idades

População residente (pessoas)

População residente (%)

1991 2000 1991 2000

0 a 9 anos 19.080 23.555 22,30 19,75

10 a 19 anos 18.057 23.564 21,11 19,77

20 a 39 anos 30.488 41.036 35,64 34,40

40 a 59 anos 13.541 23.736 15,83 19,91

60 anos ou mais 4.405 6.597 5,16 5,53

Fonte: IBGE - Censo demográfico, 1991 e 2000

Fonte: IBGE - Censo demográfico, 1991 e 2000

Figura 100 - População residente por grupos de idade no Brasil, segundo os

anos de 1991 e 2000.

Fonte: IBGE - Censo demográfico, 1991 e 2000 Figura 101 – População residente por grupos de idade no Rio de Janeiro,

segundo os anos de 1991 e 2000.

23,1

7,3

20,818,8

7,5

15,92

21,84

31,84

19,41

32,6

0

5

10

15

20

25

30

35

0 a 9 anos 10 a 19

anos

20 a 39

anos

40 a 59

anos

60 ou mais

1991 2000

Page 98: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

78

5.2.3. Situação educacional

Os aspectos educacionais de alfabetização apresentados pelo Estado do Rio de Janeiro, segundo o PNUD (2000) descrevem que as taxas de alfabetização entre jovens e adultos encontram-se em continua ascensao, assim como também houve melhoria do nível educacional e média de anos de estudo (Tabelas 51 e 52). Tabela 51 – Taxa de alfabetização da população jovem do Rio de Janeiro: 1991 e 2000.

Faixa etária (anos)

Taxa de alfabetização (%)

Evolução 1991-2000 (%)

1991 2000

7 a 14 87,3 93,3 6,8%

10 a 14 93,9 97,7 4,0%

15 a 17 95,7 98,5 2,9%

18 a 24 95,5 97,8 2,4%

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil/PNUD, 2000

Tabela 52 – Nível educacional da população adulta (25 anos ou mais), Rio de Janeiro: 1991 e 2000.

Período Taxa de alfabetização Evolução da taxa de alfabetização 1991-

2000

Média de anos de estudo

Evolução da taxa média de anos de estudo entre

1991 e 2000

1991 89,1 3,7

6,5 10,70

2000 92,4 7,2

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil/PNUD, 2000

A situação educacional da população na área dos estudos melhorou no período de 1991 e 2000, quando o município apresentou um aumento na taxa de alfabetização em todas as faixas etárias, tanto entre os jovens como entre os adultos (Tabelas 53 e 54). Tabela 53 – Taxa de alfabetização da população jovem de Angra dos Reis: 1991 e 2000.

Faixa etária (anos)

Taxa de alfabetização (%) Evolução 1991-2000

(%) 1991 2000

7 a 14 83,6 90,4 8,13

10 a 14 91,3 96,9 6,13

15 a 17 94,6 97,6 3,17

18 a 24 93,8 96,8 1,19

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil/PNUD, 2000

22,319,75 21,1119,77

35,64 34,4

15,8319,91

5,16 5,53

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0 a 9 anos 10 a 19

anos

20 a 39

anos

40 a 59

anos

60 anos ou

mais

1991 2000

Fonte: IBGE - Censo demográfico, 1991 e 2000 Figura 102 – População residente por grupos de idade no município de Angra dos Reis,

segundo os anos de 1991 e 2000.

Page 99: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

79

Tabela 54 - Taxa de alfabetização da população adulta (25 anos ou mais) de Angra dos Reis: 1991 e 2000.

Período Taxa de alfabetização Evolução da taxa de alfabetização

1991-2000

Média de anos de estudo

Evolução da taxa média de anos de estudo entre

1991 e 2000

1991 83,4 6,90

5,1 15,60

2000 89,2 5,9

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil/PNUD, 2000

Também se verifica no período um considerável aumento na taxa de freqüência escolar (Tabela 55) descrevendo um aumento de 79,9% em 1991 para 89,8% em 2000. A melhoria do nível educacional é relevante, pois favorece o acesso da população ao conjunto de informações disponíveis, ao mesmo tempo em que pode se comunicar de forma mais clara com o conjunto de segmentos que compõem a sociedade (Figura 103). Tabela 55 – Nível educacional da população jovem, Angra dos Reis: 1991 e 2000.

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil/PNUD, 2000.

O conjunto de informações demonstra que a situação educacional no município de Angra dos Reis melhorou significativamente nas últimas décadas, com redução das taxas de analfabetismo e melhoria da taxa média de anos de estudo. Entretanto, ainda que evoluído positivamente ao longo daquele período, os índices do município de Angra dos Reis ficam atrás dos níveis estaduais, a exemplo da taxa média de anos de estudo por faixa etária da população jovem e a taxa de analfabetismo (Tabela 56, Figuras 104 e 105).

Faixa etária (anos)

Taxa de analfabetismo

% com menos de 4 anos de estudo

% com menos de 8 anos de estudo

% frequentando a escola

1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000

7 a 14 16,4 9,6 - - - - 86,2 95,9

10 a 14 8,7 3,1 66,6 46,1 - - 87,5 95,9

15 a 17 5,4 2,4 29,5 13,6 85,4 66,1 66,2 78,0

18 a 24 6,2 3,2 24,7 13,4 65,8 50,3 - -

Média 9,175 4,575 40,26667 24,36667 75,6 58,2 79,9 89,9

6,90%

15,60%

0,00%

2,00%

4,00%

6,00%

8,00%

10,00%

12,00%

14,00%

16,00%

18,00%

Alfabetização da população adulta Média de anos de estudo da

população adulta

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasi: PNUD (2000) Figura 103– Evolução percentual do nível educacional da população

adulta (25 anos ou mais) em Angra dos Reis: 1991 e 2000.

Page 100: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

80

3,7%

15,60%

10,70%

6,90%

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

14,0%

16,0%

18,0%

Evolução da taxa de alfabetização Evolução da taxa média de anos de estudo

Rio de Janeiro Angra dos Reis

-34,90%

-30,20%

-36,00%

-35,00%

-34,00%

-33,00%

-32,00%

-31,00%

-30,00%

-29,00%

-28,00%

-27,00%

Angra dos Reis Rio de Janeiro

Tabela 56 - Comparação da taxa de analfabetismo da população adulta (25 anos ou mais), Angra dos Reis e Rio de Janeiro: 1991 e 2000.

Período

Angra dos Reis Rio de Janeiro

Taxa de analfabetismo

Evolução 1991-2000 (%)

Taxa de analfabetismo

Evolução 1991-2000 (%)

1991 16,60% -34,90%

10,90% -30,20%

2000 10,80% 7,60%

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasi: PNUD (2000)

Um importante estabelecimento de ensino do município de Angra dos Reis é o Colégio Naval. Sua história começa em 1871, quando foi estabelecido o Arsenal de Marinha da Corte, no Rio de Janeiro. Na época oferecia um curso de um ano para preparação para a Escola da Marinha. Depois de uma série de transformações, em 1914 iniciaram as aulas no Colégio Naval de Angra dos Reis, em um prédio construído na Enseada Batista das Neves, localizada na Estrada do Contorno. Adiante as atividades foram encerradas e transferidas para o Rio de Janeiro, contudo, retornam para Angra dos Reis em 1951, onde funciona até hoje, formando jovens para compor o Corpo de Aspirantes da Escola Naval, onde se forma o corpo de oficiais da Marinha do Brasil. Poucos cursos superiores são oferecidos no município, sendo comum que os extratos jovens de sua população de desloquem para outras cidades a fim de concluir o ensino superior.

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasi: PNUD (2000)

Figura 104 – População residente por grupos de idade no Brasil,

segundo os anos de 1991 e 2000.

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasi: PNUD (2000) Figura 105 – Comparação da evolução percentual do analfabetismo da população

adulta (25 anos ou mais), Angra dos Reis e Rio de Janeiro: 1991 e 2000.

Page 101: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

81

2,5%

4,10%

0,0%

0,5%

1,0%

1,5%

2,0%

2,5%

3,0%

3,5%

4,0%

4,5%

Esperança de vida ao nascer (anos) IDH-M - Longevidade

5.2.4. Condições de saúde Os dados relativos à saúde, que compõem o IDH, traduzem-se pelo índice de esperança de vida e longevidade (Tabela 57, Figura 106) que entre os anos de 1991 a 2000 apresentaram, respectivamente, crescimento de 2,5% e 4,1%.

Tabela 57 - Indicadores de longevidade do município de Angra dos Reis, 1991 e 2000.

Indicador 1991 2000 Evolução percentual dos indicadores

entre 1991 e 2000

Esperança de vida ao nascer (anos) 67,4 69,1 2,50

IDHm longevidade 0,707 0,736 4,10

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasi: PNUD (2000)

A mortalidade infantil também é um parâmetro para se exprimir a saúde da população. Registra-se significativa redução deste índice entre os anos de 1991 e 2000, cerca de 27%, conforme demonstrado na Tabela 58. Tabela 58 - Indicadores de mortalidade do município de Angra dos Reis, 1991 e 2000.

Indicador 1991 2000 Evolução percentual entre 1991 e 2000

Mortalidade até 1 ano de idade (por 1.000 nascidos vivos)

27,5 20,1 -26,9

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasi: PNUD (2000) Outro indicador de qualidade de vida e saúde da população é sua condição habitacional, ou seja, acesso à água encanada, energia elétrica e serviços de coleta de lixo. O município de Angra dos Reis apresentou uma melhora expressiva nestes três indicadores, uma vez que praticamente a totalidade de sua população tinha acesso os referidos serviços em suas residências no ano de 2000 (Tabela 59). Tabela 59 - Habitacão: acesso a servicos básicos, 1997 e 2000.

Servicos 1991 2000

Água Encanada 88,8 96,7

Energia Elétrica 93,3 98,0

Coleta de Lixo 81,7 97,3

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasi: PNUD (2000)

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasi: PNUD (2000) Figura 106 - Evolução percentual dos indicadores no município de Angra

dos Reis entre 1991 e 2000.

Page 102: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

82

Segundo pesquisa realizada pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, em 2008, Angra dos Reis (Tabelas 60 e 61) provê de uma Gestão Plena do Sistema Municipal de Saúde, isto é,

“[...] o município é responsável por executar todas as ações e serviços de saúde no município; gerenciar todas as unidades ambulatoriais, hospitalares e de serviços estatais ou privadas; administrar a oferta de procedimentos de alto custo e complexidade; executar as ações básicas, de média e de alta complexidade de vigilância sanitária, de epidemiologia e de controle de doenças; controlar, avaliar e auditar os serviços no município; e operar o Sistema de Informações Hospitalares e o Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS. (2008)“.

Tabela 60 - Caracterização dos estabelecimentos por tipo de atendimento.

Estabelecimentos por tipo Quantidade

Central de regulação de serviços de saúde 1

Centro de saúde/ unidade básica de saúde 42

Posto de saúde 3

Pronto socorro geral 1

Pronto socorro especializado 2

Hospital geral 2

Hospital especializado 2

Hospital dia 0

Centro de Parto Normal 0

Policlínica 6

Clinica especializada/ambulatório especializado 17

Consultório isolado 161

Farmácia 1

Laboratório Central de Saúde Pública - LACEN 0

Unidade de serviço de apoio de diagnose e terapia 12

Unidade de vigilância em saúde 2

Unidade mista 0

Unidade móvel de nível pré-hospitalar - urgência/emergência 0

Unidade móvel fluvial 1

Unidade móvel terrestre 0

Total 253

A Tabela 61 refere-se à quantidade de estabelecimentos segundo gestão pública e privada. Tabela 61 - Quantidade de estabelecimentos de serviços de saúde segundo tipo de gestão pública/privada. Descriçao Numero de estabelecimentos

Estabelecimentos de Saúde total 54

Estabelecimentos de Saúde público total 38

Estabelecimentos de Saúde privado total 16

Estabelecimentos de Saúde privado com fins lucrativos 13

Estabelecimentos de Saúde privado sem fins lucrativos 3

Estabelecimentos de Saúde privado SUS 6

Estabelecimentos de Saúde total privado/SUS 6

Estabelecimentos de Saúde SUS 44

Estabelecimentos de Saúde com atendimento ambulatorial total 43

Estabelecimentos de Saúde com atendimento de emergência total 9

Estabelecimentos de Saúde que prestam serviço ao SUS Ambulatorial 38

Estabelecimentos de Saúde que prestam serviço ao SUS Internação 2

Estabelecimentos de Saúde que prestam serviço ao SUS Emergência 7

Fonte: Tribunal de Contas do Esatdo do Rio de Janeiro (2008).

Page 103: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

83

5.2.5. Infraestrutura social

5.2.5.1. Serviços de resgate e atendimento de emergência

O município de Angra dos Reis conta com atendimento do Corpo de Bombeiros através dos destacamentos localizados no Centro, na Ilha Grande e na Ponta Sul, do 10º GBM, e também na Ponta Sul de um destacamento do 26º GBM. O município também apresenta uma base da Defesa Civil localizada no bairro São Bento, com plantão e frota para atendimento terrestre e náutico. As operações contabilizadas até agosto de 2009 totalizaram 500 atendimentos emergenciais, em 24h de trabalho diário, de buscas e resgates em Angra dos Reis. Segundo informações do site da Prefeitura Municipal de Angra dos Reis, a cidade e a região poderão contar também com o atendimento do SAMU, sendo que a data prevista para a entrega da sede do serviço no município é 2010 e contará com uma frota inicial de duas ambulâncias de UTI e duas motocicletas.

5.2.5.2. Serviços bancários A mairoria dos serviços bancários está localizada no centro de Angra dos Reis, sendo eles: Bradesco, HSBC, Itaú, Unibanco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco Real, além de uma segunda agência do Banco Real em Praia Brava, Itaorna. De acordo com informações turísticas fornecidas pelo site da Prefeitura Municipal de Angra dos Reis, o serviço de câmbio é feito pela empresa Califórnia-Sul Agência de Viagens e Câmbio, localizada no centro da cidade.

5.2.5.3. Transporte Dentre as opções de saída e chegada ao município de Angra dos Reis, está o acesso as frotas de ônibus interestaduais. No Terminal Rodoviário Vereador Nilton Barboza operam as seguintes empresas com os referidos destinos: Costa Verde Transportes Rodoviários (com destino à capital Rio de Janeiro, Nova Iguaçu, Niterói e Campo Grande), Reunidas Paulista (com destino as cidades do Estado de São Paulo). As empresas Kaiowa, Cometa, Itapemirim e Penha, com variados destinos pelo país, oferecem apenas serviços de venda de bilhetes e com partidas nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, não havendo saídas a partir do município de Angra dos Reis. A empresa Útil Transportes Rodoviários opera com ônibus que seguem até Belo Horizonte, passando por outras cidades mineiras (PMAR, 2009). O serviço de transporte urbano por ônibus é oferecido pela empresa Viação Senhor do Bonfim, com aproximadamente uma frota de 130 veículos e 28 linhas distribuídas pelo município de Angra dos Reis (Senhor do Bonfim, 2009). Atualmente, o serviço de táxi é oferecido por uma Cooperativa de táxi (COOPERTAXI), no qual apresenta um ponto fixo junto ao Terminal Rodoviario Verador Nilton Barboza e outros dois pontos fixos no centro da cidade. No município, o transporte marítimo com destino a Ilha Grande é de responsabilidade da empresa Barcas S.A. Além disso, outras empresas particulares oferecem linhas regulares de passageiros. Para chegar à Angra dos Reis por via aérea os serviços de transporte de passageiros são oferecidos nos seguintes aeroportos (Tabela 62).

Page 104: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

84

Tabela 62 - Relação de aeroportos públicos e privados localizados em Angra dos Reis.

Aeroportos Públicos

Localidade Situação Administração Pista

Rumo Dimensões Natureza do piso

Angra dos Reis Homologado Estado/SETRANS 10/28 913 m x 30 m Asfalto

Aeroportos Privados

Ilha dos Porcos Grandes Registrado - 09/27 500 m x 18 m Cascalho

Fazenda Pedra Branca Registrado - 06/24 1.050 m x 18 m Asfalto

Fonte: Secretaria de Transportes do Governo do Rio de Janeiro

5.2.6. Situação econômica

5.2.6.1. Estrutura produtiva e emprego

Historicamente, o município de Angra dos Reis teve uma estreita ligação com os ciclos econômicos desde o descobrimento. Em termos gerais, a mão de obra da região era dirigida para os setores produtivos que floresciam em cada época. Os sucessivos ciclos econômicos influenciaram o redirecionamento da mão de obra do campo e do litoral. Mesmo assim atividades de subsistência relacionadas à pesca e agricultura conseguiu coexistir com os processos de modernização produtiva ao longo da história. Em muitos períodos funcionaram como “tampão” em relação à renda familiar. Mesmo em períodos prósperos a pequena agricultura e pesca de subsistência desempenharam papel fundamental na economia e renda familiar das populações autóctones. Entretanto, nas últimas décadas a pesca e a agricultura se distanciaram do litoral cedendo espaço a novos empreendimentos e transformando a relação com o ambiente natural. Na década de 1960-70 foram instaladas em Itaorna a Usina Nuclear de Angra I. Em 1972 é aberta a Rodovia Rio-Santos, aumentando o volume de carga do Porto de Angra dos Reis e possibilitando a expansão turística da região litorânea, hoje ocupada por grandes empreendimentos imobiliários e que recebe turistas do Brasil e de todo o mundo, ensejando a ocupação desordenada da orla. A instalação do Terminal Petrolífero da Baía da Ilha Grande (TEBIG) em 1979 e a expansão do Porto de Angra, em regime de concessão, pela Companhia Docas do Rio de Janeiro a partir de 1976, foram os processos mais recentes que reorientaram a oferta de mão de obra em toda a região, deslocando um expressivo contingente populacional da agricultura e pesca para a indústria de transformação. Desde o início da década de 1980 o perfil ocupacional do município vem sofrendo alterações por decorrência do desenvolvimento do setor industrial e pela demanda de serviços ligados ao turismo. Juntos, os setores de serviços e da indústria de transformação empregam mais de 7 mil pessoas entre os empregos formais e representam mais de 90% do PIB do município (Tabela 63, Figura 107). A distribuição da ocupação da população segue, em média, a proporção da participação dos setores da economia no PIB do município, indicando que a maior parte da população está concentrada nos setores de serviços e indústria, onde existiu uma participação intensa dos homens ocupando os empregos formais (Figura 108), indicando que a maior parte do contingente feminino da população ocupa empregos informais. Tabela 63 - Ocupação da população em empregos formais por setor, 2007. Indicadores Masculino Feminino Total

Total das Atividades 23.113 10.134 33.247

Total das Atividades (%) 69,52 30,48 100,00

Extrativa Mineral 108 10 118

Indústria de Transformação 7.276 450 7.726

Serviços Industriais de Utilidade Pública 1.681 253 1.934

Page 105: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

85

23%

6%

7%

16%

33%

14%

0%1%

Extrativa Mineral

Indústria de Transformação

Serviços Industriais de

Utilidade Pública

Construção Civil

Comércio

Serviços

Administração Pública

Agropecuária

69,52%

30,48%

Masculino Feminino

Construção Civil 2.162 156 2.318

Comércio 3.020 2.372 5.392

Serviços 6.734 3.950 10.684

Administração Pública 1.860 2.932 4.792

Agropecuária 272 11 283

Idade de 16 a 24 anos 4.038 1.935 5.973

Fonte: RAIS, 2007 - TEM

5.2.6.2. Indicadores econômicos

A primeira década deste milênio se apresentou de maneira positiva do ponto de vista econômico para o município. Conforme a Tabela 64 o PIB per capita cresceu consideravelmente entre os anos de 2000 e 2006, cerca de 136 %. Tabela 64 - PIB per capita, 2000-2006.Ano

Evolução entre 2000-2006 (%)

2000 2006

PIB per capita 10.273 24.250 136

Fonte: IBGE – Produto Interno Bruto dos Municípios 2000-2006

O PIB municipal também registrou crescimento expressivo de cerca de 180% entre os anos de 2000 e 2006 (Tabela 65). Tabela 65 - PIB municipal, 2000-2006.

Ano Evolução entre 2000-2006 (%)

2000 2006

PIB 1.247.470 3.495.349 180

Fonte: IBGE – Produto Interno Bruto dos Municípios 2000-2006

Figura 107- Ocupação da população em empregos formais por setor, 2007.

Figura 108 – Ocupação da população em empregos formais por sexo, 2007.

Page 106: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

86

0,6%

42%

42%

15%

VA Agropecuária VA Indústria VA Serviços VA Administração Pública

Nos últimos anos o setor industrial e de serviços foram os pilares da economia do município (Tabela 66, Figura 109). De forma mais detalhada, nas figuras a seguir observa-se a evolução do PIB do município por setores mais desagregados. Estas representações indicam um aumento considerável de participação no PIB dos setores de serviços, aluguéis, administração pública e transportes enquanto os outros setores mantiveram-se na média ou diminuíram sua participação na economia.

Tabela 66 - Valores agregados por setor, 2000-2006.

Valores agregados

2000 2006

Valores em mil reais

Participação no valor total (%)

Valor em mil reais

Participação no valor total (%)

Agropecuária 2.326 0,17 16.285 0,6

Indústria 608.387 45,0 1.241.288 42,0

Serviços 521.221 38,5 1.222.304 42,0

Administração Pública

220.441 16,3 434.381 15,0

Fonte: IBGE – Produto Interno Bruto dos Municípios 2000-2006

Este contexto se explica pelos incentivos do governo federal para retomar a indústria naval e siderúrgica brasileira. Além disso, esse foi um período muito favorável para aqueles dois setores devido à progressiva redução da inflação e o estabelecimento do valor do dólar em patamares que permitiram a importação de pacotes tecnológicos atualizados.

5.2.6.3. Setores econômicos Indústria O Setor Industrial é o que mais contribui com o PIB do município de Angra dos Reis em 2006. Ganha destaque com a indústria da transformação, cujos principais produtos são os materiais de transporte e máquinas e equipamentos, onde se insere a indústria naval (Figura 110, 111) O setor de Serviços Industriais de Utilidade Pública demonstrou significativa participação na economia do município, uma vez que corresponde a produção de energia nuclear que abastece parte do Estado do Rio de Janeiro.

Fonte: IBGE – Produto Interno Bruto dos Municípios (2006) Figura 109 – Participação (%) dos valores agregados por setor, 2006.

Page 107: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

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43,2%

0,0%

0,0%

0,3%

9,7%

0,0%

0,0%

46,6%

0,2%

0,0%

0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0%

Demais Gêneros

Produtos de Borracha

Produtos Alimentares

Bebidas

Quimico

Participação dos principais gêneros na industria de transformação 2006

0,3%

0,0%

0,0%

0,3%

3,2%

0,0%

0,0%

0,0%

0,8%

1,7%

1,4%

35,4%

0,1%

0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0%

Calçados

Ourivesaria e Bijuteria

Vestuário

Equipamento medido e Hospitalar

Artigo de Perfumaria

Material Eletricoeletrônico

Artigo de Plasticos

Detalhamento da participação dos demais gêneros na industria de Transformação -2006

A partir de 2005, o município de Angra dos Reis experimentou um destacado aumento de suas exportações, com maior participação da produção de combustíveis e lubrificantes derivados da Petrobrás S.A., no TEBIG (Terminal da Baia de Ilha Grande), correspondendo a 90,2% da pauta de exportações. A seguir apresentam-se Figuras 112, Tabelas 67 e 68 que expressam a evolução das exportações do período entre 2002 e 2007, a pauta das exportações e os principais produtos exportados.

Fonte: Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro,(2008)

Figura 110 – Participação dos principais gêneros da indústria de transformação, 2006.

Fonte: Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro,(2008) Figura 111 – Detalhamento da participação dos demais gêneros da indústria de transformação, 2006.

Page 108: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

88

2002 2003 2004 2005 2006 2007

Angra dos Reis 0 0 0 0 0 0

Exportação 899.954 915.948 828.273 357.817 786.223 5.953.137

Importação 1.098.180 1.063.491 1.911.785 2.140.161 1.586.578 2.259.091

0

1000000

2000000

3000000

4000000

5000000

6000000

7000000

Comércio Exterior em US$ 1.000 FOB

Tabela 67 - Pauta das exportações do município, 2007.

Composição Valor em US$ FOB % do total

Bens de capital 555.676.264 9,30%

Bens intermediarios 448.209 0,00%

Bens de consumo 24.815 0,00%

combustíveis e lubrificantes 5.368.648.802 90,20%

Demais operações 28.339.295 0,50%

Total 5.953.137.385 100,00% Fonte: Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, 2008

Tabela 68 - Principais produtos exportados, 2007.

Descrição Valor em US$ FOB

Óleos Brutos de Petróleo 5.309.817.809

Plataformas de perfuração/Exploração, Flutuantes, Etc. 555.676.184

Fuel-oil 58.830.993

Consumo de bordo - combustíveis e lubrif. p/ embarcações 28.339.295

Outras Fibrs de vidro e suas obras 448.209

Outros projetores de vídeo 24.815

Modelos p/Moldes 80

Fonte: Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, 2008

Usinas Nucleares Angra I, II e III A Usina Nuclear Angra I teve sua construção iniciada em 1972, inaugurando o programa nuclear brasileiro, mas somente em 1985 suas atividades de produção foram iniciadas. Em 1997 é fundada a Eletrobrás Termonuclear S/A. com o objetivo de construir e operar usinas termonucleares no Brasil, entre elas o término da construção e operação de Angra I, II e III. Para construção de Angra II e III, o Brasil estabeleceu um acordo de cooperação com a Alemanha, o que possibilitou o acesso a todo processo de produção da energia nuclear e acelerar a construção das usinas. A Eletrobrás Termonuclear S/A., empresa de economia mista e subsidiária da Eletrobrás, responde pela geração de aproximadamente 3% da energia elétrica consumida no Brasil. Pelo sistema elétrico interligado, essa energia chega aos principais centros consumidores

Fonte: Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, 2008

Figura 112 - Evolução das atividades do comercio exterior no município por ano.

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do país e corresponde a mais de 50% da eletricidade consumida no Estado do Rio de Janeiro. Em 2007, Angra I atendeu a cerca de 1, 4 milhões de habitantes, ou 8,3% do consumo de energia do Estado do Rio de Janeiro. E Angra II a 4,8 milhões de habitantes ou 29,5% do consumo do Estado do Rio de Janeiro. Neste mesmo ano o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) autorizou a retomada da construção de Angra III, e no dia 23 de julho do ano seguinte o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (IBAMA) concedeu a Licença Prévia Ambiental da Usina, cujo início da operação é previsto para 2014. Portanto, a capacidade da matriz energética nuclear brasileira será ainda ampliada quando da conclusão da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto – CNAAA (Angra III). Keppel FELS Brasil S/A. A Keppel FELS Brasil S/A. é uma empresa do Grupo Keppel FELS, de Cingapura e atende o mercado de construção naval e offshore de óleo e gás. No Brasil, o estaleiro BrasFELS, antigo Verolme Estaleiros Reunidos, presta serviços para a empresa Petrobrás S/A. incluindo as atividades das plataformas P-51 e P-52, situadas em Angra dos Reis. O ex-Verolme Estaleiros Reunidos, foi fundado em 1959 pelo empresário holandês Cornélius Verolme e é considerada a maior planta de construção naval da América do Sul, quinze milhões de metros quadrados. Um dos impactos gerados foi a diminuição de áreas então destinadas à agropecuária que foram transformadas em perímetro urbano. Suas atividades principais eram a construção, reparo de embarcações e estruturas oceânicas de grande porte e atualmente vem atuando predominantemente na manutenção de estruturas. O Estaleiro chegou a possuir em seu quadro 12 mil empregados na década de 70. Segundo informe da própria empresa, em abril de 2008 a Brasfels empregava 3.500 funcionários. Terminal Petrolífero da Baía da Ilha Grande – TEBIG O TEBIG foi construído em 1977 com o objetivo de receber grandes navios envolvidos na importação de petróleo. Desde então, passam por ele os maiores navios petroleiros do mundo, principalmente do Oriente Médio, e durante a primeira década de atividades movimentou 23 milhões de toneladas de petróleo, superando a quantidade movimentada pelo próprio porto de Angra dos Reis. A capacidade de estocagem do terminal é de 750 mil metros cúbicos distribuídos em 10 tanques e recebe, em média, 18 navios por mês, que descarregam cerca de 1.440.000 m³ de óleo cru. Atualmente o TEBIG responde pela maior arrecadação do município de Angra dos Reis. Porto de Angra dos Reis De acordo com informações disponíveis no site da Companhia Docas do Estado do Rio de Janeiro (2009), as atividades do Porto de Angra dos Reis estão diretamente relacionadas às necessidades de exportação da região e também do país, especialmente do transporte do café proveniente da região do Vale do Paraíba. Suas atividades foram iniciadas sob o regime de concessão pública estadual em 1932, com o transporte de volumes expressivos de carga que consistiam basicamente de importações de carvão e madeira e aportando barcos de pesca. Com a criação da Companhia Siderúrgica Nacional – CSN, em 1945, o Porto de Angra dos Reis passou a receber o carvão proveniente de Imbituba, no sul do país, até o ano de 1963, quando o abastecimento do produto para a usina passou a ser efetuado por intermédio de

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rodovias. A partir de 1970, o Porto tornou-se um pólo exportador de produtos siderúrgicos da CSN, além de importador de trigo. Em 1976 o controle do porto foi transferido à Companhia Docas do Rio de Janeiro. Os produtos mais movimentados pelo Porto são basicamente: os siderúrgicos, bobinas de aço laminado produzido pela CSN e pela Dufferco que atendem o comércio asiático; granito, oriundo do sul dos Estados do Rio de Janeiro, de Minas Gerais, de Goiás e São Paulo; e trigo, predominantemente importado da Argentina e Canadá para abastecer o Moinho Sul Fluminense. O Porto está localizado na Baía da Ilha Grande, litoral sul do Estado do Rio de Janeiro e pode ser acessado: pelas Rodovias RJ-155, que se conecta às Rodovias BR-101 e BR-494, a 7 km do Porto, pela ferrovia Ferrovia Centro-Atlântica S/A e pelos canais de entrada do próprio porto. As Figuras 113 e 114 demonstram a evolução da movimentação dos navios e cargas no Porto de Angra dos Reis no período 1999 a 2003.

Fonte: Companhia Docas do Estado do Rio de Janeiro (2003)

Figura 113 - Toneladas de produtos siderúrgicos movimentadas no Porto de

Angra dos Reis, 1999-2003.

Fonte: Companhia Docas do Estado do Rio de Janeiro (2003)

Figura 114– Toneladas de trigo movimentadas no Porto de Angra dos Reis,

1999-2003.

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Pecuária A pecuária angrense também sofreu transformações nas últimas décadas e representa o setor menos expressivo na economia, empregando menos trabalhadores em regime formal. Historicamente, o relevo naturalmente acidentado não favorece a produtividade agrícola, além disso, principalmente a partir da segunda metade do século XX as novas atividades econômicas instaladas com a finalidade de modernizar o país provocaram o crescimento das cidades e valorização das atividades econômicas desenvolvidas na área urbana. O processo de urbanização e parcelamento das propriedades agrícolas reduziu as áreas destinadas à agropecuária na região. Com relação à produção animal, verifica-se um aumento em todas as categorias de rebanhos, exceto muares e suínos. Os bovinos e suínos são os rebanhos mais representativos no município, a exemplo do que ocorre na maior parte da produção pecuária nacional (Tabela 69). O Brasil produziu 153.058.275 cabeças de gado em 1995 e aumentou sua produção para 169.900.049 em 2006, segundo os Censos Agropecuários de 1970/2006. Tabela 69 - Pecuária: efetivo dos rebanhos por tipo de rebanho no município Angra dos Reis, 1990, 2000 e 2007. Tipo de rebanho

Ano Participação no rebanho total - 2007 (%)

Evolução da produção entre 1990 e 2007(%)

1990 2000 2007

Bovino 2.430 2.800 4.000 78,6 64,6

Equino 80 100 160 3,1 100,0

Asinino 0 10 8 0,1 100,0

Muar 405 95 160 3,1 -60,4

Suíno 1.912 290 538 10,5 -71,8

Caprino 100 50 200 3,9 100,0

Ovino 0 0 22 0,4 100,0

Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal (2007)

Segundo as informações advindas das entrevistas de campo, atualmente a produção animal regional está focada na produção de gado de corte nas propriedades de maior porte – cerca de 700 a 1000 ha, e gado de leite nas pequenas e médias propriedades. A produção de leite e de ovos de galinha se manteve estáveis nos últimos anos. O leite é comercializado in natura, uma vez que o município, segundo o interlocutor consultado da EMATER, não pratica a inspeção municipal. Todavia, existe um núcleo de defesa sanitária para a fiscalização dos bovinos de corte. Os estudos também apontaram que a produção de leite do Estado do Rio de Janeiro ainda não está sendo capaz de competir com a produtividade de Estados próximos, como São Paulo e Minas Gerais. A produção de mel de abelha é um dos produtos de origem animal de maior significância para o município devido à implementação do projeto realizado pela Secretaria de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação do município de Angra dos Reis, em parceria com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRJ), o “Programa Sertão Vivo/Ilha Viva”, para incentivar a geração de renda e o desenvolvimento sustentável através do manuseio e captação do mel de abelhas. (SMECTI/PMAR, 2006; 2007) (Tabela 70 e Figura 115). A produção de mel configura-se como uma alternativa produtiva para a RPPN a ser realizada a partir de sistemas agroflorestais.

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Tabela 70 - Pecuária: produção de origem animal por ano e tipo de produto no município de Angra dos Reis, 2000-2007.

TIPO DE PRODUTO ANO

1990 2000 2007

Leite (Mil litros) 121 560 533

Ovos de galinha (Mil dúzias) 61 5 16

Mel de abelha (Quilogramas) 0 600 1.750

Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal (2007)

A produção de aves se encontra oscilando, descrevendo um processo regressivo da produção se comparada desde 1990, o que indica a existência de uma tendência crise no setor (Tabela 71).

Tabela 71 - Avicultura: efetivo por tipo de aves no município de Angra dos Reis, 2000-2007.

Tipo de rebanho

Ano Participação na produção total –

2007 (%)

Evolução da produção entre 1990 e 2007 (%)

1990 2000 2007

Galos, frangas, frangos e pintos

18.500 2.500 5.516 79,70% -70,1

Galinhas 3.100 500 1.400 20,3% -54,80

Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal (2007)

Pesca Angra dos Reis é reconhecida por sua produção pesqueira e aquícola, sobre uma diversidade de espécies de alto valor comercial. A extração é caracterizada de duas maneiras: pela pesca comercial ou pela pesca artesanal. A pesca comercial é responsável pela captura da sardinha, outros peixes e camarão rosa com uso de instrumentos eletrônicos. A pesca artesanal se utiliza de uma variedade maior de técnicas em pequenas a médias embarcações e até canoas à remo, consistindo na captura sem auxílio de equipamentos eletrônicos. Especificamente na área de abrangência dos estudos não há concentração de fazendas marinhas. Segundo o representante da Sub Secretaria de Pesca do Município de Angra dos Reis, existem atualmente no município de Angra dos Reis 1.047 pescadores artesanais2. O interlocutor estima que próximo à área de estudos o contingente seja de 80 pescadores.

2 Nesta classificação enquadram-se na categoria “pescador artesanal” aqueles que pescam em

barcos sem motores e menores de 8 metros.

23,20%

0,70%

76,10%

Leite (Mil litros) Ovos de galinha (Mil dúzias) Mel de abelha (Quilogramas)

Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal (2007)

Figura 115 – Participação na produção de origem animal por tipo de

produto, 2007.

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Os grupos entrevistados ligados direto ou indiretamente ao setor pesqueiro, afirmam que a pesca artesanal atualmente encontra-se em decadência. Isso se evidencia na atitude da maioria dos antigos pescadores artesanais que venderam suas embarcações e apetrechos. Aqueles que permaneceram no setor foram absorvidos pela pesca industrial. No final da década de 1990 ocorre o início de uma reorientação da atividade pesqueira por implicação da consolidação da indústria pesqueira e dos novos projetos ligados à aquicultura no município. Segundo dados da Prefeitura Municipal, no ano de 1993 havia 4.679 empregos ligados à pesca, valor superior ao somatório de empregos gerados pelo Verolme Estaleiros Reunidos (hoje Bras FELLS), Usina Nuclear, Porto de Angra dos Reis e o TEBIG, as mais importantes empresas do município. O que demonstra a importância da atividade pesqueira no município. Comparando-se dados municipais e estaduais, verifica-se quão expressiva é a produção pesqueira de Angra dos Reis. De acordo com os dados estatísticos municipais, o município participa com 21% da produção pesqueira total do Estado. O caso especial é a pesca da Sardinha, na qual o município é o maior produtor contribuindo com 57% da produção total do Estado (Figuras 116, 117 e 118). Em 2007 o Estado do Rio de Janeiro foi o quarto maior produtor de pescado do país. Neste contexto, Angra dos Reis ocupa a segunda colocação na produção total de pescado e a primeira na produção de Sardinha. Contudo, os problemas ambientais e econômicos vêm se manifestando em decorrência da atividade pesqueira empresarial. O desrespeito às épocas de desova da sardinha; a degradação de ecossistemas costeiros; e o uso de métodos predatórios de captura vêm prejudicando a sustentabilidade da produção. Por outro lado, fatores como o crescimento populacional desordenado; o crescimento da pesca comercial em detrimento da pesca artesanal; o turismo de massa e a especulação imobiliária apontam para problemas futuros da produção pesqueira em Angra dos Reis. Problemas esses recorrentes em diversas áreas costeiras do Brasil.

Fonte: Instituto Ecoplan (2005)

Figura 116 – Evolução da produção de sardinha no município de Angra dos Reis.

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Agricultura Sobre as lavouras (temporárias e permanentes), a produção de banana se destaca por estar relacionada com ação antrópica na área da RPPN Fazenda do Tanguá. A banana foi cultivada durante o século XX ao longo de toda a Baía de Ilha Grande, principalmente em fazendas que remontavam ao período colonial. Corroborando com as informações obtidas no estudo referente ao passado, onde toda a área de abrangência esteve destinada ao cultivo da banana. O sistema produtivo da banana era extrativista. Seu plantio era realizado de maneira rudimentar. As técnicas de plantio foram adaptadas dos indígenas que realizavam o raleio da mata e dispunham seus cultivares em função da topografia do lugar, não obedecendo a nenhuma tecnologia agronômica. Segundo o Censo Agrícola de 1985 (Governo do Estado do Rio de Janeiro, 1993), o município de Angra dos Reis produzia 1.413 milhares de cachos de banana naquele ano e a produção abastecia o comércio regional. Atualmente a produção da banana desempenha papel de destaque na produção agrícola do município, ao contrário do passado, geralmente cultivada em pequenas e médias propriedades. Esta cultura correspondeu por 92,8% da produção agrícola em lavouras permanentes em 2007. Estudos demonstram que o tamanho da área plantada de banana se manteve estável nas últimas décadas, entretanto, aumentou significativamente sua produtividade (Tabela 72). A mesma fonte de dados demonstra a dinâmica de crescimento da área plantada e da quantidade produzida do coco-da-baía e do palmito. No caso do palmito, essa tendência

Fonte: Instituto Ecoplan (2005)

Figura 117 – Evolução da produção de camarão no município de

Angra dos Reis.

Fonte: Instituto Ecoplan (2005)

Figura 118 – Evolução da produção de peixes diversos no município

de Angra dos Reis.

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pode ser considerada um reflexo do incentivou à produção de Palmito Pupunha realizada no final da década de 1980, através de incentivo da prefeitura municipal na distribuição de mudas e incentivo ao reflorestamento com palmito. O primeiro cultivo no município foi realizado em 1989 em nível experimental, numa área de 3,0 ha da Fazenda do Hotel do Frade. A partir de 1993, houve a expansão dos cultivos e os primeiros cultivos de pequenos produtores rurais apoiados pela Secretaria de Agricultura do município de Angra dos Reis. As mudas de palmito pupunha são produzidas a partir da aquisição de sementes nas estufas da COMISFLU (Cooperativa Mista do Sul Fluminense). Foram produzidas cerca de 40 mil mudas até o ano de 2005 para distribuição aos produtores. Tabela 72 - Área plantada e quantidade produzida em lavoura permanente no município de Angra dos Reis, 1990, 2000 e 2007.

Lavoura permanente Área plantada (ha) Variação

1991 e 2000

Qtde. Produzida Variação 1991 e 2000

Participação na produção

2007 1990 2000 2007 1990 2000 2007

Banana (cacho) (t) 1.225 1.440 1.350 10,2 1.150 284 3.915 240,4 92,8 Coco-da-baía (Mil frutos) 6 8 15 150,0 12 98 202 1583,3 4,8

Laranja (t) 11 5 3 -72,7 306 120 24 -92,1 0,6

Palmito (t) 0 34 52 100,0 0 105 78 100,0 1,8

Fonte: IBGE – Producao Agricola Municipal (2007) Em relação às lavouras temporárias (Tabela 73) existe uma forte tendência negativa na produção de culturas historicamente cultivadas pelas populações tradicionais de pescadores e agricultores, como o feijão, a mandioca e o milho. Estas informações podem estar indicando a progressiva desestruturação da agricultura no município de Angra dos Reis, em razão do contexto socioeconômico recente que se “apropriou” das áreas de cultivo. Neste contexto, acrescenta-se o sucateamento da empresa de extensão agrícola do Estado do Rio de Janeiro (EMATER) e o fraco desempenho das instituições ligadas ao setor agrícola que não são capazes de responder a este quadro de crise. A precariedade do sistema agrícola regional, relatada intensivamente ao longo do estudo, explica também a baixa utilização de agrotóxicos, uma vez que este tipo de insumo é extremamente oneroso para os produtores locais – em sua maioria de pequeno porte e economicamente desfavorecidos. Tabela 73 - Producão agrícola: área plantada e quantidade produzida em lavoura temporária no município de Angra dos Reis, 1990, 2000 e 2007.

Lavoura temporária Área plantada (ha)

Variação 1991 e 2000 Qtde. Produzida

Variação 1991 e 2000

Participação na produção

2007 1990 2000 2007 1990 2000 2007

Arroz (em casca) 21 0 3 -85,7 31 0 6 -80,6 0,92

Cana-de-açúcar 0 15 8 100,0 0 336 160 100,0 24,70

Feijão (em grão) 30 5 3 -90,0 24 4 6 -75,0 0,92

Mandioca 106 90 34 -67,9 1.590 1.260 476 -70,0 73,45

Milho (em grão) 70 0 0 -100,0 126 0 0 -100,0 0,00

Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal (2007)

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Turismo Segundo a Turisangra (2009), o município de Angra dos Reis é um dos cinco principais destinos turísticos do Rio de Janeiro, sendo selecionada pelo Ministério do Turismo como um dos 65 municípios indutores do turismo no Brasil. Atualmente, o município de Angra dos Reis é dividido em cinco áreas turísticas denominadas “corredores”, são elas: Ilha Grande, Estrada do Contorno, Ponta Leste, Ponta Sul e Corredor do Centro, sendo este último a área de abrangência da RPPN Fazenda do Tanguá. Segundo as informações obtidas por pessoas entrevistadas, este Corredor é um dos mais dinâmicos (Figura 119), pois alcançou os objetivos iniciais do programa: congregar os atores ligados ao setor. Atualmente, está estruturado como uma associação e possui um representante responsável para intermediar o grupo junto à Prefeitura Municipal. Esse dinamismo e organização engendraram a formação do Covention Bureau de Angra dos Reis, uma organização formada por empresário que visa fortalecer o setor no município através da promoção de seus negócios. O novo Plano Diretor do município de Angra dos Reis deverá acentuar ainda mais as características turísticas desta localidade, pois passará de uma Zona Urbana de Proteção Ambiental (ZUPA) para uma Zona de Interesse Turístico 3 (ZIT3). Sendo que em seu Art. 10, o novo Plano Diretor de 2009 menciona:

“Zona de Interesse Turístico (ZIT) é aquela que, por sua potencialidade turística, deve ser objeto de implantação de equipamentos e serviços turísticos, em edificações e instalações de superfície destinadas à hospedagem, alimentação, entretenimento, agenciamento, informação e outros serviços de apoio à atividade turística” (PMAR, 2009).

Em seu parágrafo único classifica a ZIT 3 da seguinte maneira:

“Zona com características relacionadas aos atrativos turísticos naturais passiveis de utilização urbana, destinada ao turismo, com implantação de meios de hospedagem com até 40 UH e outros equipamentos de serviços e apoio à atividade turística”.

Fonte: PMAR (2009)

Figura 119 – Mapa de localização dos cinco corredores turísticos de Angra dos Reis.

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Encontra-se em processo de execução o Inventário Turístico de Angra dos Reis. Este projeto de autoria da Turisangra (Fundação de Turismo de Angra dos Reis) consiste em um levantamento de todos os atrativos turísticos da cidade, tais como pontos comerciais, hotéis, pousadas, campings, albergues, restaurantes, lanchonetes, quiosques, artesanato, grupos culturais, associações e demais serviços que formam o patrimônio turístico do município. A partir das informações deste inventário será possível elaborar um plano de marketing turístico para o município, sendo criado um selo de qualidade no turismo que irá identificar os empreendimentos que atendam critérios de qualidade. Dentre as metas estabelecidas para o setor turístico pela atual administração pública municipal chama a atenção o “Programa de Regionalização do Turismo”, uma iniciativa do Ministério do Turismo que propiciou o estabelecimento de uma parceria entre os municípios integrantes da “Costa Verde” visando à formação e promoção de um produto turístico regional. Também a meta de “sinalização turística de padrão internacional”, identificando os Corredores e atrativos turísticos. Assim como a meta “infraestrutura turística e projeto orla”, visando a construção de estações de passageiros, praça de alimentação, quiosques para artesanato e banheiros em praias bastante populares do município. A Baía da Ilha Grande possui muitas características socioculturais e ambientais privilegiadas para o desenvolvimento do turismo, como: riquezas naturais, geografia privilegiada para a navegação, pesca, mergulho, etc. Com a abertura da Rodovia Federal Rio-Santos (BR-101) em 1972, observa-se um incremento maior do setor turístico e imobiliário no município, incentivando a urbanização de áreas rurais ou não ocupadas. A partir de 1980 essa dinâmica se intensifica em razão da construção de empreendimentos imobiliários para segunda residência e ligados ao lazer, como pousadas, hotéis, bares e restaurantes. Segundo a pesquisa de demanda turística realizada em parceria entre a Prefeitura Municipal de Angra dos Reis, o Instituto Gênesis da PUC-Rio e o SEBRAE-RJ, a caracterização do perfil do turista que frequenta o município em uma amostra de 377 entrevistados resulta em 210 brasileiros sendo 11% a mais que estrangeiros (PMAR, 2006) (Tabela 74). Tabela 74 - Procedência dos turistas que chegam em Angra dos Reis por corredor turístico.

Áreas Turistas Nacionais Turistas Estrangeiros Total

Estrada do contorno 35 22 57

Ilha Grande 101 102 203

Ponta Leste 15 18 33

Ponta Sul 36 12 48

Centro de Angra 23 13 36

Total 210 167 377 Fonte: PMAR (2006)

Quando questionados sobre o motivo de sua chegada no município, a maioria dos turistas respondeu: “em busca de lazer”. Especificamente, os dados da pesquisa descrevem que o lazer, as praias e as belezas naturais são os maiores responsáveis pela potencialidade do setor turistico, indicando a importância do patrimônio natural para a manutenção do setor (Figuras 120 e 121).

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98

1,5%

22,8%

4,8%

1,9%

0,5%

4,5%

2,4%

89,1%

1,2%

27,5%

6,0%

1,2%

1,2%

3,0%

4,2%

88,2%

1,9%

19,0%

3,8%

2,4%

0,0%

5,7%

1,0%

91,4%

0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0%

Esportes náuticos

Atrativos naturais

Ecologia/ecoturismo

Visita a parentes/amigos

Religioso

Negócios/trabalho

Manifestações populares

Lazer

brasileiro

estrangeiro

geral

5,4%

19,6%

6,0%

68,8%

42,6%

11,9%

1,8%

20,8%

3,5%

20,8%

6,3%

68,8%

50,0%

9,7%

2,1%

32,6%

6,8%

18,8%

5,7%

68,8%

37,0%

13,5%

1,6%

12,0%

0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% 80,0%

Outro

Visita as Ilhas

Esportes náuticos

Beleza natural

Praias

Proximidade com Rio/SP

Gastrônomia

Clima

brasileiro

estrangeiro

geral

5.2.6.4. Estrutura Fundiária e Uso do Solo O contexto do uso e ocupação do solo no município foi singular, grandes e pequenas propriedades conviveram lado a lado durante os sucessivos ciclos econômicos. No entanto, a partir da metade do século passado os diversos fenômenos econômicos ligados a modernização do país contribuíram para a modificação da estrutura agrária, principalmente na Zona Costeira. Em relação a composição da estrutura fundiária do município de Angra dos Reis verifica-se a predominância de estabelecimentos agrícolas entre os extratos menores que 50 ha,

Fonte: PMAR (2006)

Figura 120 - Motivo da viagem dos turistas à Angra dos Reis.

Fonte: PMAR (2006) Figura 121 - “Quando da resposta „lazer‟ quais fatores motivaram mais a viagem”.

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99

3% 5%

10%

9%

22%

51%

Menos de 10 há

10 a menos de 20 ha

20 a menos de 50 há

50 a menos de 100 há

100 a menos de 500 há

500 ou mais há

totalizando 82% das propriedades agrícolas. Embora os estratos maiores ainda predominem, caracterizando a predominância do modelo latifundiário herdado do período colonial de ocupação do território, uma vez que 73% da área agrícola municipal se situam em estratos superiores a 100 ha (Tabela 75, Figuras 122 e 123). Tabela 75 - Estrutura fundiária: número de estabelecimentos por tamanho no município de Angra dos Reis, 1995-1996.

Classe (ha) N° de Estabelecimentos Área (ha)

< 10 44 210

10 Ⱶ 20 26 385

20 Ⱶ 50 23 701

50 Ⱶ 100 10 685

100 Ⱶ 500 8 1.561

> 500 2 3678

TOTAL 113 7.220

FONTE: IBGE – Censo Agropecuário (1995)

Segundo informações do Plano Diretor do Parque Estadual da Ilha Grande (Governo do Estado do Rio de Janeiro,1993), conforme informado no Censo Agropecuário de 1985, dois terços dos produtores rurais não eram os legítimos proprietários das terras em todo o município de Angra dos Reis. Situação bastante distinta da apresentada no Censo de 1996,

39%

23%

20%

9%

7% 2%Menos de 10 há

10 a menos de 20 ha

20 a menos de 50 há

50 a menos de 100 há

100 a menos de 500

500 ou mais há

Fonte: IBGE – Censo Agropecuário (1995)

Figura 122 – Distribuição percentual do número de estabelecimentos

agrícolas, segundo estrato de área do município de Angra dos Reis, 1995.

Fonte: IBGE – Censo Agropecuário (1995)

Figura 123 – Distribuição percentual da área por hectares, segundo estrato de área do município de Angra dos Reis, 1995.

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100

segundo o qual a maior parte (83 %) dos estabelecimentos agropecuários e a as áreas agrícolas (86 %) encontravam-se em poder de seus proprietários. Esta situação evidencia a transformação ocorrida no período de uma década na estrutura agrária do município. A condição de má distribuição de terra e regularização fundiária foi melhorada ao longo do período (Figuras 124 e 125). Uma hipótese para explicar esta dinâmica é a influência das transformações socioeconômicas, principalmente levadas a cabo pelo setor industrial e de serviço. Uma vez que existe maior oferta de empregos formais é natural que os trabalhadores vinculados ao setor agropecuário em condições precárias de trabalho (como arrendatário, parceiro e ocupante) migrem para eles. Além disso, a partir da valorização imobiliária do município a partir da década de 1990, muitas áreas utilizadas para fins agropecuários foram mobilizadas pelo setor imobiliário e turístico.

Os dados de uso do solo demonstram que entre os anos de 1996 e 2006 ocorreram dois fenômenos: o aumento significativo no número de estabelecimentos em todos os tipos de utilização de terras; aliado à diminuição das lavouras e o aumento das pastagens e matas/florestas (Tabela 76). Corroborando, dessa forma, com o conjunto de informações apresentadas neste documento, demonstrando que existe uma tendência de diminuição da agricultura familiar de pequeno porte em detrimento do aumento de áreas destinados a criação de gado de corte e leiteiro. O ponto positivo é o registro do aumento significativo das áreas de matas e florestas no município. Segundo a Figura 126 as matas e florestas representaram no ano de 2006 53% das terras de Angra, o que sustenta a tendência de desestruturação do setor agrícola municipal.

83%

0%

6%

11%

Proprietário Arrendatário Parceiro Ocupante

86%

12%

1%

1%

Proprietário Arrendatário Parceiro Ocupante

Fonte: IBGE - Censo Agropecuário, 1995-1996. Figura 124 - Condição do produtor segundo número de estabelecimentos,

Angra dos Reis, 1996.

Fonte: IBGE - Censo Agropecuário, 1995-1996.

Figura 125 – Condição do produtor segundo área, Angra dos Reis, 1996

Page 121: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

101

7% 4%

36%53%

Lavouras permanentes Lavouras temporárias

Pastagens Matas e f lorestas

Tabela 76 - Utilização das terras dos estabelecimentos agropecuários, 1996-2006.

Utilização das terras

Nº. de Estabelecimentos Evolução entre 1996-2006 (%)

Área dos Estabelecimentos

Evolução entre 1996-2006 (%)

1996 2006 1996 2006

Lavouras permanentes

96 207 115,6 725 650 -10,3

Lavouras temporárias

76 145 90,7 579 401 -30,7

Pastagens 52 129 148,0 2.214 3.373 52,3

Matas e florestas

85 235 176,4 3.452 5.075 47,0

Fonte: IBGE - Censo Agropecuário, 2006.

5.3. CARACTERIZAÇÃO DO ENTORNO IMEDIATO À RPPN Segundo Souza (2003), as características do relevo do município não foram favoráveis ao desenvolvimento de aglomerados urbanos, com a presença de planícies costeiras de pequena extensão, correspondendo a apenas 12% da faixa continental do município. Devido ao crescimento populacional e urbanização sem precedentes, a pesca artesanal e a agricultura, por longo tempo calcada na produção de banana, de culturas destinadas ao consumo familiar e ao abastecimento do comércio local perderam significado, cedendo espaço à especulação imobiliária. A partir de uma “leitura da paisagem” propiciada por incursões ao longo do período de estudo com o objetivo de investigar a situação atual da área de abrangência percebeu-se a precariedade da infraestrutura de entorno: não existindo posto de saúde para atender a comunidade da Vila Velha. A única escola fornece apenas a educação básica. São escassas as linhas de ônibus e ausentes em alguns trechos, sendo que a via principal de acesso (Estrada do Contorno) é muito perigosa evidenciando em seu revestimento asfáltico a falta de manutenção, além de possuir pouca sinalização. A região contígua à RPPN, especialmente a orla, é ocupada por residências de alto padrão imobiliário, algumas, inclusive, equipadas com helipontos, registrando a presença de “condomínios fechados”, hotéis e pousadas de médio e alto padrão (Figura 127).

Fonte: IBGE - Censo Agropecuário, 2006.

Figura 126 - Percentual de áreas dos estabelecimentos agropecuários, 2006.

Page 122: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

102

Existe um denso contraste entre os empreendimentos surgidos em decorrência da valorização imobiliária a partir da década de 1980 em virtude da atratividade turística; e a situação das comunidades de baixa renda e periféricas formadas a partir do período de modernização do município já caracterizado. Neste contexto, destaca-se a comunidade de Vila Velha (comunidade mais próxima da RPPN) e do bairro Retiro, onde se observa um perfil habitacional denso, sem planejamento e, portanto, de menor valor imobiliário (Figura 128).

Acima à esquerda: Bairro Retiro Acima à direita: Bairro Vila Velha

Existe uma tendência de valorização de toda esta região, uma vez que, segundo as informações advindas das entrevistas de campo, observa-se a estagnação da ocupação imobiliária em decorrência da escassez de novas áreas (terrenos) para serem ocupadas.

5.3.1. A Comunidade de Vila Velha É na Praia de Vila Velha, onde está localizada a comunidade homônima que deu origem à Angra dos Reis. Vila Velha é a comunidade geograficamente mais próxima à RPPN, uma área de forte apelo turístico apresentando sua história de formação social e econômica remontada no período da colonização do país. Foi neste local onde a esquadra de Cabral em 1502, e posteriormente em 1556, por ordem da Coroa Portuguesa, fundou pelos filhos de Antônio de Oliveira o primeiro povoamento de onde se originou Angra dos Reis. É interessante salientar que muitos entrevistados em Vila Velha nasceram e trabalharam na antiga “Fazenda do Tanguá”. Inaugurada em 09 de maio de 1927, esta FazendA perfazia todo o território compreendido pela RPPN do Tanguá e a comunidade de Vila Velha, tendo como primeiro proprietário o Capitão Roberto Jordão da Silva Vargas. Desde sua gênese a

Figura 127 – Perfil habitacional do entorno da RPPN: empreendimentos luxuosos.

Figura 128 – Perfil habitacional do entorno da RPPN: população de baixa renda.

Page 123: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

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principal atividade produtiva da Fazenda foi o cultivo de banana e a criação de gado. A propriedade também possuía uma fábrica de gelo destinado ao fornecimento para o setor pesqueiro de Angra dos Reis (Figura 129 e 130). O contingente populacional da comunidade de Vila Velha é caracterizado por remanescentes caiçaras3, portanto sempre possuíram na agricultura e na pesca artesanal a base de sua reprodução social. Antes da década de 1970, o acesso à comunidade era realizado por um pequeno “caminho” e por essa razão por longo tempo se manteve relativamente isolada. As atividades econômicas desenvolvidas no local foram sucessivamente influenciadas pelo contexto socioeconômico de Angra dos Reis, onde segundo os entrevistados, as atividades produtivas mais relevantes foram a plantação de banana, o gado de corte e o carvão. O carvão tinha a finalidade de produzir lenha que era utilizada como fonte energética em diversas atividades produtivas da região. O gado de corte, além de prover alimentação, ligava-se ao fenômeno do tropeirismo4 devido ao qual transitaram na região rebanhos que eram conduzidos até São Paulo e Minas Gerais.

3 Caiçara é uma palavra de origem tupi para designar indivíduos que viviam da pesca de subsistência. As

comunidades caiçaras nasceram a partir do século XVI da miscigenação de brancos de origem portuguesa com grupos indígenas das regiões litorâneas. Também houve o aporte de negros libertos.

4 A palavra "tropeiro" deriva de tropa, numa referência ao conjunto de homens que transportavam gado e

mercadoria no Brasil colônia.

Fonte: Isaltino (2004)

Figura 129 – Fazenda do Tanguá: fábrica de gelo.

Fonte: Isaltino (2004) Figura 130 – Fazenda do Tanguá: familiares do antigo

proprietário.

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104

A banana assumiu lugar de destaque na história do local desde o início do século XX. Durante muito tempo foi a principal atividade econômica da região do sul fluminense. Seu cultivo seguiu o ritmo do tropeirismo na região, pois eram eles os responsáveis pela comercialização do produto, o qual era transportado dos morros até o litoral e seguia em canoas até as cidades de Angra dos Reis, Paraty e Magaratiba. O cultivo da banana ocorreu de maneira rudimentar na área da RPPN Fazenda do Tanguá (no interior da mata) não havenda aragem, utilização de agroquímicos ou insumos agrícolas, apenas era realizado o “raleio” da vegetação e o plantio seguia as linhas da topografia declivosa dos morros. Contudo, outras culturas também eram cultivadas dessa maneira em consórcio com a banana, como foi o caso do café e das culturas destinadas à subsistência familiar. As famílias que historicamente estiveram ligadas às atividades relacionadas com a pesca e/ou a agricultura passaram a desempenhar outras funções como empregadas domésticas, metalúrgicos, trabalhadores da construção civil, marinheiros, entre outros. Ou seja, o processo de desenvolvimento econômico da região a partir da segunda metade do século XX teve implicações ambíguas no tecido social de Angra dos Reis. De um lado melhorou as condições materiais de vida até então rudimentares, na medida em que foi facilitado o acesso à educação formal, saneamento básico e a melhores condições de saúde. Entretanto, inviabilizou a base produtiva artesanal, ligada ao binômio pesca/agricultura, que por longo tempo foi capaz de prover a reprodução social de inúmeras comunidades tradicionais, principalmente nos períodos de crise econômica. Com isso um vasto contingente populacional se tornou suscetível às oscilações do cenário econômico internacional. As construções das usinas nucleares Angra I e II, do Verolme Estalerios Reunidos (hoje Brasfells) e do Porto de Angra dos Reis no século passado foram os fatores que influenciaram um vasto processo migratório de mão-de-obra da pesca e agricultura para a indústria. Este processo teve fundamental influência no declínio da produção de banana na área da RPPN da Fazenda do Tanguá e o início de sua “vocação turística” no final de 1980. Esta tendência esteve intimamente ligada ao parcelamento de terras em virtude do apelo turístico criado em torno das belezas naturais de Angra dos Reis no final da década de 1980. Neste período registrou-se nas áreas contíguas à RPPN a venda de grandes terrenos de famílias nativas por preços irrisórios a empreendedores oriundos de outras regiões do país e do mundo. Com isso, os antigos moradores de comunidades tradicionais espalhadas ao longo da orla do município concentraram-se a pequenos núcleos habitacionais, dentre eles a comunidade de Vila Velha. Segundo os relatos dos membros da associação de moradores de Vila Velha, os moradores se ressentem de inúmeros transtornos como: aumento no fluxo viário, perda de liberdade em função do aumento da violência, escassez de empregos formais, dificuldade em se fazer presente nos espaços de gestão pública, entre outros. Além disso, o incremento de um contingente populacional exótico e economicamente favorecido não trouxe benefícios diretos à comunidade; apenas ensejou novas dinâmicas, tais como a “privatização” das praias, diminuição dos espaços de pesca e agricultura, poluição causada pelo despejo de esgoto sanitário no mar, entre outros.

5.3.2. Conflitos socioambientais relacionados à RPPN

5.3.2.1. Conflito de uso relacionado à água potável Segundo informações da pesquisa de campo, parte da água utilizada pelos moradores da comunidade de Vila Velha advém de nascentes localizadas dentro da RPPN do Tanguá e seu entorno imediato. Atualmente existe um conflito de interesses em relação à utilização da água potável, uma vez que a prefeitura não fornece o produto, a água é captada e transportada via sistema de canalização transpondo propriedades particulares, com isso gerando disputas entre os usuários.

Page 125: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

105

Figura 131 – Ocupações irregulares no topo do morro do

Tanguá, Angra dos Reis – RJ.

Além disso, o incremento populacional da região vem provocando escassez de água, principalmente na alta temporada.

5.3.2.2. Tráfico de animais silvestres Segundo os representantes do ICMBio que atuam na Estação Ecológica Tamoios (ESEC-Tamois), o tráfico de animais e aves é um dos principais crimes ambientais praticado na região, sendo grande o número de apreensões realizadas durante todo o ano. A mesma região, Sul Fluminense, é apontada como a segunda rota prioritária para o tráfico de animais silvestres no Brasil. Nesse sentido, foi criada a campanha “Bicho legal é bicho solto” através de uma parceria entre ESEC-Tamoios, o IBAMA, dentre outras instituições ligadas ao assunto, ao qual busca através da informação sensibilizar as comunidades sobre a captura de animais na natureza e do comércio ilegal. No entanto, as entrevistas junto aos moradores do entorno na RPPN da Fazenda do Tanguá descrevem que as atividades de caça vêm decrescendo, uma vez que as novas gerações não são mais atraídas por esta atividade.

5.3.2.3. Extrativismo vegetal Constatou-se durante os trabalhos de campo a retirada de produtos florestais no interior da RPPN, especialmente o palmito Jussara. Esta ação provavelmente está relacionada com moradores das comunidades próximas, especialmente à do morro do Bulé, situada na outra vertente do morro do Tanguá.

5.3.2.4. Ocupação urbana desordenada Uma das principais ameaças à RPPN é a ocupação irregular que vem ocorrendo no morro do Tanguá, inclusive em Área de Preservação Permanente (topo de morro). Além de três taperas (edificações precárias de pau-a-pique) encontradas no interior da RPPN, verificou-se a existência de aproximadamente uma dezena de outras edificações semelhantes, embora algumas já sendo construídas em alvenaria (Figura 131). Interessante ressaltar que, em duas expedições ao local, não se encontrou nenhum morador e somente casas

fechadas com corrente e cadeado. Em alguns casos, o terreno encontra-se cercado com arame farpado e portão, com lavoura de subsistência (mandioca e cana). Geralmente no entorno das casas encontram-se árvores frutíferas. Em pelo menos uma das edificações encontrou-se grande quantidade de alçapão e arapucas utilizadas para a caça. Ainda não se sabe ao certo a finalidade destas casas, mas levanta-se a hipótese das mesmas serem utilizadas como ponto de apoios aos caçadores ou local de refúgio de traficantes de drogas das proximidades. Se caracterizada a inexistência de moradia fixa, estas edificações deverão ser rapidamente demolidas pelo poder público.

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106

6. OFICINA DE PLANEJAMENTO No período de 8 a 10 de outubro de 2009, realizou-se a Oficina de Planejamento objetivando a integração e a cooperação dos participantes e suas organizações no planejamento e gestão da RPPN Fazenda do Tanguá, e gerar subsídios para a elaboração do Plano de Manejo. A Oficina contou com a participação de representantes do Instituto Estadual do Ambiente – INEA, Prefeitura Municipal de Angra dos Reis - PMAR, Instituto Socioambiental da Baía da Ilha Grande – ISABI, Oikos Consultoria, Igara Consultoria Ambiental, Associação de Moradores da Vila Velha e funcionários do Ecoresort Vila Galé, sendo conduzida pelo moderador Ney Aleixo. Utilizou-se as seguintes ferramentas metodológicas:

Entrevista semiestruturada – diálogo com antigas moradoras da comunidade – história, alteração da paisagem, relação hotel/comunidade, expectativa de futuro; validação de pesquisas.

Grupos de trabalho – apresentação do resultado pelo relator junto a plenária (FOFA,Plano de Trabalho, etc)

Chuva de ideias ou “toró de parpite”: zoneamento

Análise de FOFA (Fortalezas, Oportunidades,Fraquezas e Ameaças) Partindo-se da premissa de que fraquezas correspondem aos aspectos que, considerados como problemas ou pontos fracos inerentes à RPPN, impedem ou dificultam o alcance de seus objetivos de criação, os participantes identificaram e elencaram os de maior gravidade de acordo com o apresentado na Tabela 77. Tabela 77 – Fraquezas da RPPN apontadas na Oficina de Planejamento.

Aspectos relevantes 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

1 Indefinição do envolvimento da Funcef, do Hotel e

da RPPN

2 Fragilidade da estrutura geológica

3 Ausência de fiscalização da caça e da extração de

palmito

4 Tendência de degradação da mata “de fora para

dentro”- efeito de borda

5 Risco de acidentes com animais e visitantes nas

trilhas - sinantropismo

6 Baixa frequência de famílias botânicas (variedade

de plantas) favorecendo as queimadas

7 Captação de água não outorgada

8 Deficiência de Informações técnicas e científicas

sobre a diversidade de flora e fauna

9 Presença de espécies exóticas de vegetais e

animais

10 Limite da RPPN não demarcado fisicamente

11 Existência de armadilhas, trilhas e barracos para

caça

12 Presença de estação de tratamento de água com

lançamento de produtos químicos

De forma análoga, as fortalezas constituem os pontos que contribuem com o alcance dos seus objetivos de criação, sendo elencadas e priorizadas as relacionadas na Tabela 78.

Page 127: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

107

Tabela 78 – Fortalezas da RPPN apontadas na Oficina de Planejamento.

Em uma segunda etapa de análise, os participantes identificaram as ameaças e oportunidades para o manejo da Unidade de Conservação. Inicialmente, os participantes identificaram os principais aspectos inerentes ao contexto que, considerados como ameaças, impedem ou dificultam o alcance dos objetivos da RPPN. Os aspectos identificados foram organizados de acordo com a Tabela 79. Tabela 79 – Ameaças à RPPN apontadas na Oficina de Planejamento.

Na continuidade da análise, os participantes identificaram os principais aspectos que, considerados como oportunidades, contribuem para que a Rebio cumpra seus objetivos de criação, os quais se encontram listados na Tabela 80.

Aspectos relevantes 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

1 Presença de espécies da flora e fauna ameaçadas

de extinção e endêmicas

2 Área produtora de água e de relevante interesse

de visitação

3 Potencial para Educação Ambiental

4 Interessantes atributos de visitação

5 Potencial de encontro de novas espécies de

aranhas

6 Potencial para pesquisa

7 Alta biodiversidade

8 O tamanho reduzido da RPPN facilita a

administração

9 Existência de abrigos naturais de fauna (grutas)

10 Maioria dos problemas com soluções através de

medidas simples

11 Estação de tratamento de água pode servir como

capacitação de estudantes

Aspectos relevantes 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

1 Não materialização do Plano de Manejo por

parte da Funcef – nenhum representante na

Oficina de Planejamento

2 Caçadores e extrativistas no entorno da

RPPN

3 Não socialização de informações junto a

comunidade

4 Imagem negativa da RPPN vinculada ao

passivo socioambiental da Funcef pode

dificultar sua implantação

5 Tráfego de veículos e transeuntes na Estrada

do Contorno

6 Tendência de expansão das comunidades do

entorno em direção a RPPN

7 Desmatamento no entorno – comunidade do

Bulé

8 Descarte de resíduos no entorno da RPPN

(esgoto e lixo)

9 Incêndios recorrentes na Praia da Bica e

Praia da Gruta

10 “Tromba d‟água” – Movimento da massa

condicionado a muita chuva

Page 128: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

108

Tabela 80 – Oportunidades associadas à RPPN apontadas na Oficina de Planejamento.

Em uma análise geral, na visão dos participantes da Oficina, as fraquezas da unidade estão principalmente relacionadas a duas vertentes. A primeira de caráter administrativo, que perpassa as incertezas da gestão da RPPN relacionadas ao envolvimento da FUNCEF e do Ecoresort Vila Galé. Ou seja, considera-se que a implantação e efetiva operacionalização da RPPN só serão possíveis se o proprietário investir financeiramente na RPPN objetivando estruturá-la com a infraestrutura necessária e que a autossustentabilidade financeira da unidade será facilitada se o hotel motivar seus hóspedes para a utilização dos serviços e atrativos que a unidade se propõe a disponibilizar. A segunda vertente é de caráter ambiental relacionada especificamente à fragilidade geológica da gleba face ao seu relevo acidentado, chamando a atenção de que a ações e estruturas a serem implantadas deverão ser realizadas sob bases técnicas e legais. Nesta linha, levanta-se, ainda, a necessidade de se estabelecer uma fiscalização eficiente para coibir a prática da caça e extração de recursos florestais, especialmente o palmito Jussara, o que leva, necessariamente, ao estabelecimento de investimentos nesta área. Ficou evidente que os principais pontos fortes dizem respeito à biodiversidade existente na RPPN, com a presença de espécies ameaçadas, além da microbacia caracterizar-se como uma área produtora de água, abastecendo, além do hotel, algumas comunidades do entorno. A importância destes atributos por si justificam a criação da RPPN e constituem em elementos potenciais para o desenvolvimento de trabalhos de educação ambiental objetivando a conscientização da preservação destes recursos naturais como salvaguarda para a atual e futuras gerações. Ainda na visão dos participantes, a RPPN encontra-se ameaçada pela tendência natural da ocupação urbana, promovendo a degradação ambiental, da cultura da caça e da extração

Aspectos relevantes 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

1 Geração de trabalho e renda para a

população do entorno

2 Capacitação da comunidade do entorno

3 Parcerias com outras instituições para

pesquisa, educação ambiental e lazer

4 A RPPN está inserida no corredor turístico da

Estrada do Contorno

5 Interesse/envolvimento da comunidade

6 Oportunidade de lazer para turistas e

moradores

7 Fortalecimento da economia do turismo

(arranjos produtivos locais) com diversificação

da oferta local

8 Existência de relativa diversidade genética da

flora

Instalação de Banco de Sementes para

intercâmbio genético

9 A existência da RPPN estruturada melhora a

pontuação do município, através do aumento

da arrecadação

10 Existência de Universidades relativamente

próximas, potencializando atividades de

pesquisas

11 Existência de um passivo socioambiental da

Funcef aumenta o poder de negociação da

RPPN

12 Possibilidade de obtenção de renda através

do artesanato utilizando fibras, sementes, etc.

13 Integrar a RPPN ao mosaico de UCs do

Parna da Serra da Bocaina

Page 129: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

109

vegetal realizada por moradores do entorno. Assim, a efetiva implantação do Plano de Manejo é a garantia de que este processo não ocorrerá, o que não ficou demonstrado pelo fato de não haver participantes da FUNCEF no evento. Outra preocupação é a possível imagem negativa da RPPN associada ao hotel sob a bandeira Blue Tree Park, face ao ocorrido no passado ao longo de sua implantação, associada à pouca socialização das informações junto aos moradores do entorno. A mudança da bandeira para o Vila Galé pode contribuir para minimizar este problema. No entanto, indubitavelmente, a implantação da RPPN é vista como uma grande oportunidade na geração de emprego e renda para os moradores das comunidades do entorno, os quais poderão ser capacitados e contratados para trabalhar na RPPN, além da possibilidade de se garantir espaço comercial para a venda de artesanatos locais. Nas discussões, sugeriu-se identificar os caçadores e contratá-los como fiscais da RPPN. A diversidade biológica da RPPN constitui-se em oportunidade e atrativo para os establecimentos de ensino e pesquisa da região, podendo levantar, através dos estudos, subsídios para uma melhor gestão da unidade através de ações de manejo. 7. POSSIBILIDADE DE CONECTIVIDADE

7.1. As unidades de conservação da Baía da Ilha Grande A Baía da Ilha Grande é uma das regiões que apresenta maior número de unidades de conservação no Estado, constituindo em um verdadeiro mosaico de áreas protegidas em âmbito federal, estadual e municipal. Tem-se na região unidades de conservação inseridas nos ecossistemas continentais, insulares e marinhos, podendo ser assim sistematizadas: UC Federais (administradas pelo Instituto Chico Mendes de Proteção da Biodiversidade) Parque Nacional da Serra da Bocaina: compreende uma área de 97.953 hectares, abrangendo seis municípios distribuídos nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, incluíndo os municípios de Paraty e Angra dos Reis. Em alguns trechos, a área do Parque chega a abranger o ambiente marinho. Tem como principal objetivo a proteção e conservação de remanescentes da Mata Atlântica. Possui Plano de Manejo. Categoria: proteção integral. Estação Ecológica dos Tamoios: abrange 29 ilhas, ilhotas e rochedos distribuídos na Baía da Ilha Grande, nos municípios de Angra dos Reis e Paraty. Além do ambiente insular, integra à unidade a área de 1000 metros de entorno marinho das feições insulares. O principal objetivo da UC é a proteção e conservação dos ambientes insulares e marinhos. A unidade posssui Plano de Manejo, oficializado no ano de 2006. Categoria: proteção integral. Área de Proteção Ambiental do Cairuçu: situa-se no extremo Sul do Município de Parati, tendo como acesso principal a BR-101. Compõe-se de uma parte continental, com uma área de 33.800 ha, que se inicia no Rio Mateus Nunes e termina na fronteira com o Estado de São Paulo, e de uma parte insular, com 63 ilhas, desde a Ilha do Algodão, em Mambucaba, até a Ilha da Trindade, em Trindade. Faz também limite com o Parque Nacional da Serra da Bocaina. Possui Plano de Manejo. Categoria: uso sustentável.

Page 130: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

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RPPN Gleba Saquinho do Itapirapuã: compõe uma área de manguezal com 3,97 ha no município de Angra dos Reis. Categoria: uso sustentável UC Estaduais (administradas pelo Instituto Estadual do Ambiente) Parque Estadual da Ilha Grande: foi criado em 28 de Julho de 1971 e teve sua implantação e utilização regulamentada em 25 de Agosto de 1978. O PEIG foi criado para assegurar a preservação dos recursos naturais e o incentivo às atividades turísticas na Ilha Grande. Com a lei 3058/2005 assinada pelo Governador do Rio de Janeiro em 02/02/2007, 87% da ilha estão agora protegidos (um total de 16.972 hectares), é dominado pela Floresta Atlântica e por uma rica fauna. Plano de Manejo em elaboração. Categoria: proteção integral Parque Estadual Cunhambebe: criado através do Decreto Estadual nº 41.358, de 13 de Junho de 2008, o Parque Estadual Cunhambebe tem área de 38 mil hectares e abrange parte dos municípios de Mangaratiba, Angra dos Reis, Rio Claro e Itaguaí. Esta nova unidade protegerá uma região de vegetação nativa, formando um contínuo florestal com o Parque Nacional da Serra da Bocaina e a Terra Indígena de Bracuhy, o que assegura a preservação de espécies animais e vegetais ameaçadas com a fragmentação dos remanescentes da Mata Atlântica. Do total da área prevista para o parque, 95% é composta por florestas bem conservadas. O parque também vai preservar importantes fontes de abastecimento de água para a população do sul do estado, como a Bacia da Represa de Ribeirão das Lajes. Categoria: proteção integral Reserva Biológica da Praia do Sul e Praia do Leste: foi criada em 1981 (Decreto nº 4.972 de 02.12.81) e é administrada pela FEEMA (Fundação Estadual de Engenharia e Meio Ambiente). São 34 km2 abrangendo desde a ponta do Drago até a Parnaioca e estendendo-se até a vertente das montanhas (divisores de mananciais). A Reserva Biológica abriga todos os ecossistemas litorâneos existentes no Estado do Rio de Janeiro, talvez seja o único no Brasil com essa característica. O objetivo da Reserva é preservar integralmente as espécies de fauna e flora raras, ameaçadas de extinção. Categoria: proteção integral Parque Marinho do Aventureiro: é adjacente à Reserva Biológica da Praia de Sul e seus limites compreendem toda a área de costeira e praias desde a ponta da Tacunduba (Parnaioca) até a ponta do Drago. Sua área total é de 15,5 km2. Foi criado pelo Decreto Estadual No 15.983 - de 27 de novembro de 1990 com o objetivo de resguardar atributos excepcionais da natureza, conciliando a proteção da flora e fauna e das belezas naturais, com a utilização para objetivos educacionais, recreacionais e científicos. Categoria: proteção integral Reserva Ecológica da Joatinga: localiza-se no extremo sul do Estado, no Município de Paraty, e está inserida na Área de Proteção Ambiental de Cairuçu. Foi criada pelo Decreto Estadual nº 17.981, de 30 de outubro de 1992, com o objetivo de preservar o ecossistema local, composto por remanescentes florestais de Mata Atlântica, restingas, manguezais e costões rochosos, além de tentar preservar a típica cultura caiçara. A área da Reserva, com cerca de 8.000 hectares (80 km2), abriga doze núcleos de ocupação de populações

Page 131: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

111

tradicionais, que se distribuem em trechos ao longo do litoral e vivem de pesca artesanal, agricultura de subsistência, e mais recentemente, do turismo. Esta categoria não consta no SNUC. Categoria: proteção integral Área de Proteção Ambiental de Tamoios: foi criada através do Decreto-lei nº 9.452 em 1982 e assinada em 1986 com o objetivo de assegurar a proteção do ambiente natural, das paisagens de grande beleza cênica e dos sistemas geo-hidrológicos da região, que abrigam espécies biológicas raras e ameaçadas de extinção, bem como comunidades caiçaras integradas naqueles ecossistemas. A Parte Insular abrange todas as terras emersas da Ilha Grande e de todas demais ilhas que integram o Município de Angra dos Reis, na baías da Ilha Grande, da Ribeira e da Jacuecanga. A parte continental corresponde aos terrenos de marinha e seus acrescidos. Possui Plano Diretor. Categoria: uso sustentável UC Municipal (administrada pela Prefeitura Municipal de Paraty)

Área de Proteção Ambiental Municipal da Baía de Paraty e Saco do Mamanguá: criada pela Lei Municipal 685/1984 e ampliada pela Lei Municipal 744/1987. Categoria: uso sustentável

7.2. O Mosaico da Bocaina O Mosaico Bocaina foi instituído pela Portaria MMA nº 349, de 11 de dezembro de 2006 e abrange uma área de 221.754 hectares, 9 municípios, e 10 Unidades de Conservação e suas zonas de amortecimento, localizadas no Vale do Paraíba do Sul, litoral sul do Estado do Rio de Janeiro e litoral norte do Estado de São Paulo (Figura 132), a saber: I - No Estado de Rio de Janeiro: a) sob a gestão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade: 1. Parque Nacional da Serra da Bocaina; 2. Estação Ecológica de Tamoios; 3. Área de Proteção Ambiental de Cairuçu; b) sob a gestão do Instituto Estadual do Ambiente: 1. Área de Proteção Ambiental de Tamoios; 2. Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul; 3. Parque Estadual Marinho do Aventureiro; c) sob a gestão da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Pesca e Agricultura de Paraty/ Prefeitura Municipal de Parati: 1. Área de Proteção Ambiental Baia de Paraty, Paraty-Mirim e Saco do Mamanguá; II – no Estado de São Paulo:

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a) sob a gestão do Instituto Florestal de São Paulo/ Secretaria de Estado do Meio Ambiente – IF/SMA: 1. Parque Estadual da Serra do Mar (Núcleos – Picinguaba, Cunha e Santa Virgínia); 2. Parque Estadual Ilha Anchieta; 3. Estação Ecológica de Bananal

7.3. Possibilidade de conectividade A estrutura fitofisionômica apresentada pela RPPN Fazenda do Tanguá é caracterizada por formas Remanescentes de Floresta Atlântica distribuídas sobre terrenos de média a alta declividade (perfazendo uma área total de 61% de toda a Unidade de Conservação) podendo chegar a altitudes que variam de 300 até 385 m. Estes atributos f‟ísicos são reflexos da proximidade da Serra do Mar para todo o contínuo de terra na região Sul Fluminense (Mangaratiba, Angra dos Reis e Paraty) resultando em apenas pequenas faixas de terra de relevo regular (planícies). Como analisado nos históricos de colonização do município, a irregularidade geomorfológica foi um dos fatores mais limitantes para o parcelamento do solo pelas comunidades da época. Estes aspectos ocasionalmente resultaram em uma maior conservação dos fragmentos devido à dificuldade da exploração. No entanto, o recente processo de urbanização associado aos grandes empreendimentos na região (Usina Nuclear, Terminal Petrolífero, Verolme/BrasFells) levou a um forte processo de ocupação desordenada, especialmente nos morros do centro de Angra dos Reis, ocasionando uma intensa fragmentação , formando-se “ilhas de vegetação” com consequente aumento do efeito de borda (Figura 133).

Figura 132 – Mosaico de Unidades de Conservação da Bocaina.

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Fonte: Google (2009)

Figura 133 – Fragmentos florestais no entorno da RPPN da Fazenda do Tanguá.

Para muitos animais, especialmente alguns mamíferos e aves, permite-se um trânsito entre estes fragmentos florestais, incluindo-se as ilhas próximas (aves). No entanto, é indubitável que os núcleos urbanos trazem dificuldades e riscos à fauna, “confinando-as” nestas matas e ao mesmo tempo expondo-as à caça e captura. A rodovia Mário Covas (BR-101) promoveu uma secção do ambiente e propiciou ao longo de seu eixo a ocupação urbana que agravou a situação pela grade viária urbana. Assim, a possibilidade de conectividade com os demais fragmentos e unidades de conservação só é viável através de um processo de reflorestamento visando o estabelecimento de corredores ecológicos, além de mecanismos que possam vencer os obstáculos ora apresentados. Recentemente (Nov./2009) o governo do Estado do Rio de Janeiro anunciou pequenas ampliações de três unidades de conservação e a criação de uma RPPN, que irão possibilitar a integração, numa faixa contínua, de mais de dez unidades de conservação entre as serras da Bocaina, no sul do estado, e a dos Órgão, na Região Serrana. É o chamado corredor verde, que formará uma área protegiada de quase quatro mil Km2, prevendo-se o reflorestamento de áreas degradadas.

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8. DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA Apesar da área da RPPN ter sido palco de intervenções antrópicas no passado relacionadas à agricultura, pecuária e extração seletiva de produtos florestais, atualmente caracteriza-se como um remanescente de mata de encosta de Floresta Ombrófila Densa Submontana em estádio de recuperação, abrigando exemplares da flora ameaçados de extinção, como o palmito Jussara (Euterpes edulis) e o samambaia-açu (Dicksonia sellowia), além das majestosas figueiras (Ficus sp) e canelas (Nectandra membranaceae ), que impressionam pelo porte e por constituirem em importantes recursos para a fauna. Associado a este fragmento florestal, encontra-se uma diversidade de grupos animais de relevância ambiental, seja por constituírem espécies endêmicas do bioma Mata Atlântica, assim como presentes na lista de espécies ameaçadas de extinção, podendo-se destacar os anuros Scinax angrensis, Dendrophryniscus brevipollicatus e Psyllophryne didactyla, o crustáceo Atya scabra, as aves Leucopternis lacernulatus, Triclaria malachitacea, Sporophila falcirostris, Ramphodon naevius, Dsythamnus stictothorax, Procnias nudicollis e Pyroderus scutatus. Além disso, a presença de novas espécies, ainda não descritas, como as prováveis 19 espécies de aranhas encontradas no levantamento de campo. A microbacia hidrográfica da RPPN, quase totalmente coberta por vegetação arbórea da Mata Atlântica, caracteriza-se como uma produtora de água de excelente qualidade e presta serviços ambientais à sociedade através do abastecimento de água, da regulação do clima local, além de apresentar grande potencial para pesquisa, educação ambiental, recreação e lazer.

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9. PLANEJAMENTO E GESTÃO A Lei que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC define como objetivo das reservas privadas a realização de atividades de educação ambiental, pesquisas científicas e turismo, além do objetivo principal que é a proteção da biodiversidade e a garantia de manutenção dos processos ecológicos. O planejamento das ações e atividades da unidade de conservação deve ser baseado nos resultados obtidos na fase do diagnóstico ambiental, o qual subsidia o zoneamento da Unidade de Conservação. O zoneamento é definido pela lei do SNUC como a “definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com objetivos de manejo e normas específicos, com o propósito de proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz”. Durante a fase de diagnóstico ambiental deste trabalho, realizou-se uma Oficina de Análise Integrada, onde se buscou definir preliminarmente o zoneamento da unidade. Posteriormente, foi realizada entre os dias 8 e 10 de outubro de 2009 a Oficina de Planejamento no Vila Galé Eco Resort de Angra Conference & Spa, definindo-se mais precisamente o estabelecimento das zonas de acordo com o Roteiro Metodológico para a Elaboração de Planos de Manejo para Reserva Particular do Patrimônio Natural. Esta oficina contou com a participação de pesquisadores, moradores do entorno, o representante da empresa supervisora do Plano, Oikos - Consultoria Estratégica em Turismo e Meio Ambiente e da equipe técnica da empresa Igara - Consultoria em Aquicultura e Gestão Ambiental. Com base nas informações levantadas no diagnóstico ambiental e nos resultados das oficinas realizadas, a equipe de planejamento da empresa Igara finalizou o zoneamento, as diretrizes e normas que subsidiarão as ações e atividades a serem desenvolvidas na RPPN no horizonte temporal de cinco anos.

9.1. Objetivos Gerais

Contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território nacional;

Proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;

Contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais;

Promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;

Promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de desenvolvimento;

Proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;

Proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, e cultural;

Proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;

Recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;

Proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental;

Valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;

Favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico;

Proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente.

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9.2. Objetivos Específicos

Promover o enriquecimento da floresta situada nas Zonas de Proteção através do plantio de espécies nativas.

Promover a recuperação natural da mata situada nas Zonas de Recuperação.

Proteger as nascentes, os tributários e os córregos no interior da unidade, especialmente o córrego do Tanguá.

Alcançar a sustentabilidade econômico-financeira da RPPN por meio de estratégias de arrecadação de receita.

Promover a integração dos moradores do entorno da unidade através da inserção na participação das atividades comerciais (artesanatos, lanchonetes, suvenires).

Proteger as espécies vegetais do extrativismo, com destaque para o Euterpe edulis (palmito-jussara) e as consideradas raras, como a Dicksonia sellowiana (samambaia-açu).

Controlar a população de espécies exóticas, tais como Artocarpus integrifólia (Jaqueira), Cofea arábica (café) e Musa sp (banana).

Proteger os remanescentes da mata primária, tais como Gallesia integrifólia o (pau d‟ álho), Ficus sp (figueira), Nectandra membranaceae (canela) e Piptadenia gonoacantha (pau-jacaré).

Ampliar o inventário da aracnofauna presente na unidade, identificando as espécies indicadoras da qualidade ambiental.

Realizar o inventário da entomofauna da unidade, identificando as espécies indicadoras da qualidade ambiental.

Proteger as espécies da fauna identificadas como raras, endêmicas ou ameaçadas, destacando-se o Atya scabra (camarão), Scinax angrensis (perereca), Psyllophryne didactyla (sapo-pulga), Triclaria malachitacea (sabiá-cica), Ramphodon naevius (beija-flor-rajado), Dysithamnus stictothorax (choquinha-de-peito-pintado), Sporophila falcirostris (cigarra-verdadeira), Leucopternis lacernulatus (gavião-pombo-pequeno), Procnias nudicollis (Araponga), Accipiter superciliosus (gavião-miudinho), Spizaetus tyrannus (gavião-pega-macaco), Pyroderus scutatus (Pavó), Ramphocaenus melanurus (bico-assovelado).

Proteger as espécies de aves sensíveis à pressão da caça, como as Crypturellus tataupa (inhambu-chintã), Penelope superciliaris (jacupemba), Aramides cajanea (saracura-três-potes), Aramides saracura (saracura-do-mato), Columbina talpacoti (rolinha-roxa), Patagioenas picazuro (pombão), Patagioenas cayennensis (pomba-galega), Leptotila verreauxi (juriti-pupu), Leptotila rufaxilla (juriti-gemedeira), Geotrygon montana (pariri).

Proteger as espécies de mamíferos sensíveis à pressão da caça, como Hydrochoeris hidrochoeris (capivara), Dasypus novemcinctus (tatu-galinha), Cuniculus paca (paca), Didelphis aurita (gambá) e Dasyprocta aguti (cutia).

10. ZONEAMENTO O zoneamento busca o ordenamento territorial, consistindo em uma técnica usada para atingir os melhores resultados de manejo de uma UC, estabelecendo usos diferenciados para cada espaço, segundo seus objetivos, potencialidades e características encontradas no local. Ao identificar e agrupar áreas com as qualificações citadas, constituem-se zonas específicas que terão normas próprias. Dessa forma, o zoneamento torna-se uma ferramenta que contribuirá para uma maior efetividade na gestão da UC. O zoneamento da RPPN da Fazenda do Tanguá baseou-se no roteiro metodológico, o qual estabelece minimamente seis zonas, a saber: Zona Silvestre, Zona de Proteção, Zona de Visitação, Zona de Recuperação, Zona de Administração e Zona de Transição. Destas, somente a Zona Silvestre não foi contemplada no zoneamento da RPPN.

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A Zona Silvestre é aquela que contém áreas inalteradas, ou seja, que têm maior grau de integridade e destinam-se essencialmente à conservação da biodiversidade por apresentar características excepcionais, como espécies raras, espécies ameaçadas de extinção, locais com maior fragilidade ambiental (áreas úmidas, encostas, solos arenosos, margens de cursos d„água, entre outros), manchas de vegetação única, topo de elevações e outras, que mereçam proteção máxima. A zona silvestre funciona como reserva de recursos genéticos silvestres, onde podem ocorrer pesquisas, estudos, monitoramento, proteção e fiscalização. Embora se tenha identificado nos estudos algumas espécies ameaçadas de extinção e outras raras, optou-se por não caracterizar nenhuma área como Zona Silvestre ao analisar o grau de conservação da unidade como um todo, preferindo-se utilizar-se da Zona de Proteção para as áreas mais conservadas, porém, com certo grau de alteração. A Zona de Proteção possui a maior área territorial, correspondendo a 61,63 % do total, seguida pela Zona de Recuperação com 20,21 %. Em terceira posição está a Zona de Transição, com 11,63 %. A Zona de Visitação abrange em torno de 6,28 % da área da unidade e a Zona de Administração somente a 0,24 %. A Figura 134 apresenta o zoneamento da unidade com os respectivos setores, os quais passarão ser descritos a seguir. A área da RPPN ficou dividida em 16 setores, dos quais quatro estão classificados como Zona de Proteção, sete como Zona de Recuperação, uma como Zona de Visitação, três como Zona de Transição, e uma área como Zona de Administração.(Figura 135)

Figura 134 – Zoneamento da Unidade.

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Figura 135 – Mapa do zoneamento da Unidade e respctivos setores.

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10.1. Zona de Proteção É aquela que contém áreas naturais ou que tenham recebido grau mínimo de intervenção humana, onde podem ocorrer pesquisa, estudos, monitoramento, proteção, fiscalização e formas de visitação de baixo impacto. a. Descrição As Zonas de Proteção da RPPN da Fazenda do Tanguá são compostas por quatro setores, denominadas neste Plano de Manejo de Setores 1, 3, 7 e 8. O somatório das áreas correspondentes a estes setores totalizam 78,40 ha. Setor 1 – É a maior área classificada como Zona de Proteção da unidade, com 52,07 ha, caracterizada como um fragmento da Mata Atlântica em estágio secundário, abrigando o maior trecho do córrego do Tanguá e seus tributários. É delimitada pela Zona de Transição nos trechos limítrofe da unidade (Setor 4), pela Zona de Recuperação do Setor 2, 12 e 16. (Figura 136)

A poligonal deste setor é definida pelas seguintes coordenadas geográficas: Tabela 81 – Coordenadas geográficas em UTM do setor 1 na Zona de Proteção.

COORDENADAS GEOGRÁFICAS

PONTO E N PONTO E N PONTO E N

0 567445 7455294 29 567375 7454758 228 566793 7455212

1 567451 7455253 30 567347 7454741 230 566721 7455237

2 567462 7455233 33 567278 7454715 232 566683 7455272

3 567473 7455206 34 567269 7454697 246 566724 7455295

4 567493 7455180 37 567276 7454628 263 566745 7455327

5 567509 7455153 38 567205 7454642 291 566736 7455388

7 567513 7455082 41 567198 7454642 308 566704 7455412

9 567488 7455018 42 567080 7454638 310 566665 7455481

Figura 136 – Setor 1 da Zona de Proteção.

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11 567448 7455021 49 566964 7454708 312 566665 7455543

15 567378 7455032 71 566959 7454741 318 566709 7455587

19 567346 7454975 91 566927 7454792 319 566749 7455619

20 567354 7454943 99 566946 7454850 324 567578 7455388

21 567388 7454912 121 566932 7454930 330 567596 7455350

22 567377 7454884 122 566882 7455118 332 567529 7455333

24 567364 7454868 163 566852 7455184 334 567465 7455307

26 567347 7454827 227 566855 7455287

Setor 3 – Corresponde ao fragmento florestal delimitado pela Zona de Recuperação do Setor 11, margeando as Trilhas da Mata e Rapel e por um trecho da Zona de Transição do Setor 10 nos limites da unidade, perfazendo uma área de 13,49 ha. Nesta zona encontra-se a Mata Atlântica em estágio secundário de regeneração.(Figura 137)

A poligonal deste setor é definida pelas seguintes coordenadas geográficas: Tabela 82 – Coordenadas geográficas em UTM do setor 3 na Zona de Proteção.

COORDENADAS GEOGRÁFICAS

PONTO E N PONTO E N PONTO E N

3 566901 7454677 90 566406 7454903 211 566813 7454848

9 566801 7454652 91 566427 7454905 212 566837 7454840

11 566724 7454602 92 566469 7454907 226 566821 7454821

12 566671 7454580 108 566528 7454909 247 566819 7454807

16 566500 7454616 109 566548 7454896 276 566825 7454790

17 566381 7454624 125 566570 7454889 277 566835 7454777

18 566274 7454724 126 566598 7454871 307 566849 7454766

28 566317 7454745 166 566643 7454864 308 566876 7454757

52 566327 7454755 170 566670 7454870 309 566890 7454744

53 566357 7454810 171 566686 7454871 311 566904 7454704

Figura 137 – Setor 3 da Zona de Proteção.

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87 566392 7454863 172 566716 7454859

89 566393 7454886 209 566778 7454839

Setor 7 – Área delimitada pela da Zona de Recuperação do Setor 9, a qual margeia trechos das Trilhas da Mata e das Águas, e pela Zona de Visitação do Setor 6. Caracteriza-se por fragmento florestal da Mata Atlântica em estágio secundário de regeneração, além de abrigar espécies raras e ameaçadas, especialmente anuros. A área deste setor é de 7,75 ha. (Figura 138)

A poligonal deste setor é definida pelas seguintes coordenadas geográficas: Tabela 83 – Coordenadas geográficas em UTM do setor 7 da Zona de Proteção.

COORDENADAS GEOGRÁFICAS

PONTO E N PONTO E N PONTO E N

0 566637 7455223 57 566866 7454893 138 566551 7455058

2 566665 7455201 80 566814 7454908 139 566543 7455089

9 566668 7455198 86 566793 7454906 140 566528 7455127

17 566673 7455195 94 566772 7454900 143 566509 7455185

24 566693 7455184 99 566739 7454914 150 566521 7455193

37 566714 7455174 122 566689 7454932 153 566533 7455203

38 566774 7455155 132 566659 7454929 155 566546 7455218

39 566799 7455146 134 566628 7454925 160 566553 7455229

40 566816 7455135 135 566615 7454956 164 566575 7455238

44 566824 7455104 136 566598 7454981 171 566603 7455227

45 566873 7454915 137 566578 7455007 174 566611 7455226

Setor 8 – Área delimitada pela Zona de Transição do Setor 5, nos limites da unidade, pela Zona de Recuperação do Setor 14, contigua a trechos das Trilhas da Mata e do Rapel, e pela Zona de Recuperação do Setor 13. Caracteriza-se com fragmento florestal da Mata

Figura 138 – Setor 7 da Zona de Proteção.

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Atlântica em estágio secundário de regeneração. A área deste setor é de 5,09 ha.(Figura 139)

A poligonal deste setor é definida pelas seguintes coordenadas geográficas: Tabela 84 – Coordenadas geográficas em UTM do setor 8 da Zona de Proteção.

COORDENADAS GEOGRÁFICAS

PONTO E N PONTO E N PONTO E N

0 566298 7455055 132 566102 7454884 187 566173 7455006

2 566309 7455037 133 566104 7454895 202 566202 7455006

9 566312 7455034 134 566102 7454913 208 566213 7455010

29 566322 7455027 135 566115 7454914 215 566225 7455018

38 566357 7455008 137 566118 7454954 221 566233 7455027

52 566388 7454960 138 566107 7454966 222 566234 7455029

58 566376 7454956 139 566095 7454981 223 566236 7455032

75 566367 7454950 142 566083 7455003 224 566236 7455032

81 566364 7454947 143 566065 7455020 225 566237 7455034

84 566341 7454917 145 566065 7455029 226 566237 7455034

99 566336 7454908 155 566103 7455003 227 566250 7455062

111 566332 7454885 158 566110 7455002 228 566262 7455069

116 566332 7454873 170 566133 7455002 234 566284 7455058

129 566306 7454841 175 566142 7455005 235 566286 7455057

130 566279 7454793 180 566160 7455012

131 566227 7454767 186 566172 7455006

b. Normas de Uso Será permitida nessa zona a colocação de infraestrutura, desde que estritamente voltada para o controle e a fiscalização, como: postos e guaritas de fiscalização, aceiros, portão de entrada, estradas de acesso, trilhas de fiscalização e torres de observação. As formas

Figura 139 – Setor 8 da Zona de proteção.

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primitivas de visitação nessa zona compreendem exemplos como turismo científico, observação de vida silvestre, trilhas e acampamentos rústicos (também chamados acampamentos selvagens), ou seja, sem infraestrutura e equipamentos facilitadores, entre outros. c. Justificativa Os setores correspondentes à Zona de Proteção caracterizam-se por áreas florestadas, com predominância de espécies nativas da Mata Atlântica em estágio secundário, abrigando exemplares arbóreos de médio a grande porte. A fauna associada a estes setores é bem diversificada, com ocorrência de espécies endêmicas, raras e ameaçadas.

10.2. Zona de Visitação É aquela constituída de áreas naturais, permitindo alguma forma de alteração humana. Destina-se à conservação e às atividades de visitação. Deve conter potencialidades, atrativos e outros atributos que justifiquem a visitação. As atividades abrangem educação ambiental, conscientização ambiental, turismo científico, ecoturismo, recreação, interpretação, lazer e outros. a. Descrição A Zona de Visitação é composta pelo Setor 6, que caracteriza-se por uma gleba periférica da unidade extendida pelas faixas correspondentes ao entorno dos caminhos e trilhas, totalizando uma área de 7,98 ha. Nesta zona estão previstas as instalações do Centro de Interpretação, lanchonetes e lojas de artesanatos e souvenires, além dos Circuitos dos Caminhos e das Trilhas, incluindo o Mirante da Ribeira e local para atividades de rapel.(Figura 140)

Figura 140 – Setor 6 da Zona de Visitação.

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A poligonal deste setor é definida pelas seguintes coordenadas geográficas: Tabela 85 – Coordenadas geográficas em UTM do Setor 6 da Zona de Visitação.

b. Normas de Uso Esta zona permite a instalação de infraestrutura, equipamentos e facilidades, como centro de visitantes, trilhas, painéis, mirantes, pousadas, torres, trilhas suspensas, lanchonete, alojamentos e hotel, para os quais deve-se buscar adotar alternativas e tecnologias de baixo impacto ambiental. c. Justificativa Na área periférica é possível instalar o Centro de Interpretação, lanchonetes, lojas e demais instalações, sem intervenções significativas no ambiente, além de possibilitar caminhos e trilhas de fácil acesso, inclusive para cadeirantes, com amostras representativas da RPPN. Permite, ainda, o estabelecimento de trilhas que adentram a unidade, apresentando um maior grau de dificuldade e oportunidades de realização de atividades e esportes da natureza, como arvorismo, tirolesa e rapel, além de espaços contemplativos como o Mirante da Ribeira e torres de observação com fins técnico-científico.

COORDENADAS GEOGRÁFICAS

PONTO E N PONTO E N PONTO E N

3 566607 7455268 279 566357 7454905 468 566528 7455127

9 566619 7455265 290 566385 7454938 469 566543 7455089

13 566667 7455260 299 566434 7454946 470 566551 7455058

15 566711 7455220 316 566318 7455061 472 566598 7454981

16 566727 7455212 318 566341 7455062 475 566625 7454925

22 566856 7455288 330 566388 7455033 492 566576 7454950

67 566870 7455274 331 566451 7454957 523 566511 7454969

68 566799 7455188 337 566512 7454949 531 566464 7454973

73 566817 7455181 338 566537 7454949 532 566404 7455045

88 566853 7455154 348 566568 7454931 561 566385 7455065

89 566863 7455114 349 566585 7454926 570 566343 7455113

91 566913 7454924 355 566618 7454906 576 566356 7455128

99 566926 7454854 360 566665 7454910 587 566370 7455132

127 566926 7454643 369 566695 7454911 589 566401 7455102

130 566924 7454705 373 566770 7454879 591 566420 7455111

131 566922 7454725 385 566819 7454888 593 566441 7455165

133 566887 7454774 391 566861 7454874 597 566387 7455188

144 566851 7454789 422 566879 7454827 599 566388 7455203

170 566853 7454856 426 566865 7454803 621 566413 7455243

185 566766 7454859 427 566886 7454796 627 566449 7455252

250 566305 7454761 428 566906 7454856 641 566459 7455216

253 566254 7454736 429 566893 7454920 642 566461 7455215

254 566230 7454724 431 566843 7455109 653 566479 7455216

255 566214 7454739 435 566781 7455174 671 566502 7455229

258 566247 7454755 442 566702 7455202 677 566537 7455286

259 566293 7454777 451 566654 7455244 689 566552 7455292

264 566324 7454833 458 566583 7455256

270 566352 7454884 463 566530 7455231

Page 145: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

125

O trecho médio do córrego Tanguá possibilita a implantação da Trilha das Águas, onde se poderá realizar trabalhos de educação e conscientização ambiental quanto a importância da conservação dos recursos hídricos.

10.3. Zona de Recuperação Sua indicação justifica-se quando houver significativo grau de alteração, a critério da visão do planejamento. Nesse caso, o plano de manejo definirá ações de recuperação. A recuperação poderá ser espontânea (deixada ao acaso) ou induzida, feita a partir da indicação de pesquisas e estudos orientadores. a. Descrição Neste plano, a Zona de Recuperação engloba sete setores denominados de 2, 9, 11, 12, 13, 14 e 16, totalizando uma área de 23,78 ha. Setor 2 – É a segunda maior área, com 15,29 ha, caracterizada por vegetação nativa da Mata Atlântica, em estágio médio de recuperação. Situa-se na parte alta da unidade, delimitada pelo Setor 1 (Zona de Proteção) e Setor 4 (Zona de Transição), nos limites da RPPN. E neste setor que encontra-se uma das nascentes do córrego Tanguá.(Figura 141)

A poligonal deste setor é definida pelas seguintes coordenadas geográficas: Tabela 86 – Coordenadas geográficas em UTM do Setor 2 da Zona de Recuperação.

COORDENADAS GEOGRÁFICAS

PONTO E N PONTO E N PONTO E N

0 567276 7454628 17 567354 7454943 38 567465 7455307

2 567269 7454664 18 567346 7454975 39 567492 7455317

3 567269 7454697 21 567364 7455009 40 567529 7455333

4 567278 7454715 23 567391 7455031 41 567563 7455339

5 567302 7454720 25 567424 7455025 48 567606 7455348

Figura 141 – Setor 2 da Zona de Recuperação.

Page 146: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

126

6 567322 7454726 27 567472 7455018 49 567719 7455256

7 567347 7454741 29 567502 7455033 50 567751 7455210

8 567375 7454758 30 567513 7455082 61 567659 7455106

9 567377 7454773 31 567516 7455121 62 567616 7454880

10 567360 7454795 33 567493 7455180 63 567574 7454748

12 567353 7454855 35 567462 7455233 64 567433 7454664

14 567371 7454876 36 567451 7455253 65 567346 7454623

16 567388 7454912 37 567445 7455294

Setor 9 – Corresponde a área de 2,73 ha delimitada pela faixa marginal contígua à Zona de Visitação das Trilhas da Mata e das Águas, e dos Setores 6 e 7 (Visitação e Proteção, respectivamente). Tem como função atuar como zona tampão entre as Zonas de Proteção e Visitação.(Figura 142)

A poligonal deste setor é definida pelas seguintes coordenadas geográficas: Tabela 87 – Coordenadas geográficas em UTM do Setor 9 da Zona de Recuperação.

COORDENADAS GEOGRÁFICAS

PONTO E N PONTO E N PONTO E N

0 566612 7455246 96 566665 7454910 262 566702 7454929

2 566647 7455243 99 566637 7454904 267 566740 7454914

4 566654 7455244 100 566618 7454906 287 566816 7454908

9 566682 7455213 107 566568 7454931 304 566826 7454907

13 566702 7455202 121 566511 7454948 310 566869 7454892

19 566720 7455193 123 566473 7454947 317 566873 7454915

20 566781 7455174 124 566451 7454957 321 566824 7455104

21 566807 7455164 136 566377 7455047 322 566816 7455135

23 566834 7455146 138 566333 7455074 324 566774 7455155

25 566843 7455109 139 566341 7455098 329 566713 7455174

Figura 142 – Setor 9 da Zona de Recuperação.

Page 147: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

127

26 566893 7454920 140 566354 7455078 361 566665 7455201

28 566886 7454796 158 566394 7455059 362 566637 7455223

30 566861 7454807 170 566404 7455045 372 566582 7455234

36 566879 7454829 173 566486 7454965 398 566502 7455203

60 566880 7454864 181 566512 7454969 400 566518 7455217

68 566860 7454874 209 566553 7454964 401 566530 7455231

76 566816 7454888 210 566576 7454950 404 566540 7455247

82 566770 7454879 226 566598 7454942 405 566551 7455270

85 566732 7454896 229 566636 7454924 409 566607 7455247

90 566692 7454912 246 566692 7454932

Setor 11 – Corresponde a área de 1,98 ha delimitada pela faixa marginal contígua à Zona de Visitação das Trilhas do Rapel e da Mata e do Setor 3 da Zona de Proteção.(Figura 143)

A poligonal deste setor é definida pelas seguintes coordenadas geográficas: Tabela 88 – Coordenadas gegráficas em UTM do setor 11 da Zona de recuperação.

COORDENADAS GEOGRÁFICAS

PONTO E N PONTO E N PONTO E N

0 566534 7454929 87 566908 7454647 346 566385 7454844

6 566561 7454912 88 566906 7454677 347 566357 7454810

7 566578 7454908 89 566904 7454704 381 566314 7454743

9 566609 7454888 91 566890 7454744 386 566271 7454722

23 566640 7454884 92 566876 7454757 388 566230 7454724

24 566667 7454890 99 566845 7454768 389 566254 7454736

25 566689 7454892 127 566824 7454791 392 566265 7454741

26 566724 7454877 186 566825 7454827 404 566309 7454765

36 566771 7454858 190 566804 7454847 405 566340 7454821

40 566800 7454867 227 566758 7454841 418 566372 7454881

Figura 143 – Setor 11 da Zona de recuperação.

Page 148: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

128

41 566816 7454868 228 566716 7454859 419 566374 7454895

45 566862 7454838 230 566670 7454870 421 566400 7454922

67 566841 7454802 287 566549 7454896 422 566425 7454925

74 566853 7454786 293 566514 7454909 429 566488 7454925

80 566906 7454757 308 566469 7454907 430 566513 7454929

81 566922 7454725 309 566427 7454905

Setor 12 – Corresponde a área de 1,24 ha delimitada pela faixa marginal contígua à Zona de Visitação da Trilha das Águas e Setor 1 da Zona de Proteção.(Figura 144)

A poligonal deste setor é definida pelas seguintes coordenadas geográficas: Tabela 89 – Coordenadas geográficas em UTM do setor 12 da Zona de Recuperação.

COORDENADAS GEOGRÁFICAS

PONTO E N PONTO E N PONTO E N

3 566970 7454664 27 566904 7454786 85 566857 7455181

4 566971 7454633 37 566926 7454857 99 566869 7455168

5 566950 7454637 39 566912 7454924 167 566940 7454777

7 566948 7454669 40 566863 7455114 184 566962 7454733

8 566946 7454679 55 566842 7455167 194 566964 7454708

9 566944 7454706 61 566799 7455188

26 566921 7454770 67 566824 7455200

Setor 13 – Área de 1,23 ha localizada na porção periférica próxima à Estrada do Contorno, entre o Setor 8 da Zona de Proteção e Setor 5 da Zona de Transição.(Figura 14)

Figura 144 – Setor 12 da Zona de Recuperação.

Page 149: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

129

A poligonal deste setor é definida pelas seguintes coordenadas geográficas: Tabela 90 – Coordenadas geográficas em UTM do setor 13 da Zona de Recuperação.

COORDENADAS GEOGRÁFICAS

PONTO E N PONTO E N PONTO E N

0 566063 7455029 5 566095 7454981 10 566102 7454913

1 566065 7455020 6 566107 7454966 11 566104 7454895

2 566083 7455003 7 566118 7454954 12 566102 7454884

3 566096 7455000 8 566118 7454945 13 565930 7455044

4 566100 7454992 9 566115 7454914 14 565993 7455040

Setor 14 – Área de 0,94 ha delimitada pela faixa marginal contígua à Zona de Visitação de um trecho da Trilha da Mata e da totalidade da Trilha do Rapel, e pelo Setor 8 da Zona de Proteção.(Figura 146)

Figura 145 – Setor 13 da Zona de Recuperação.

Page 150: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

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A poligonal deste setor é definida pelas seguintes coordenadas geográficas: Tabela 91 – Coordenadas geográficas em UTM do setor 14 da Zona de Recuperação.

COORDENADAS GEOGRÁFICAS

PONTO E N PONTO E N PONTO E N

0 566237 7454750 41 566337 7454910 148 566330 7455045

1 566214 7454739 54 566341 7454917 153 566372 7455021

2 566198 7454753 66 566369 7454952 157 566423 7454945

3 566221 7454765 83 566378 7454957 173 566380 7454935

4 566227 7454767 97 566395 7454962 178 566356 7454903

5 566232 7454770 99 566356 7455008 187 566352 7454882

6 566279 7454793 135 566309 7455037 188 566352 7454866

9 566306 7454841 136 566298 7455055 193 566323 7454831

31 566332 7454888 137 566318 7455061 194 566293 7454777

Setor 16 – Área de 0,27 ha delimitada pela faixa marginal contígua à Zona de Visitação de um pequeno trecho da Trilha das Águas, pelo Setor 1 (Zona de Proteção), pelo trecho de acesso ao Centro de Pesquisa da Mata Atlântica e pelo Setor 4da Zona de Transição.(Figura 147)

Figura 146 – Setor 14 da Zona de Recuperação.

Page 151: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

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A poligonal deste setor é definida pelas seguintes coordenadas geográficas: Tabela 92 – Coordenadas geográficas em UTM do Setor 16 da Zona de Recuperação.

COORDENADAS GEOGRÁFICAS

PONTO E N PONTO E N PONTO E N

0 566793 7455212 4 566694 7455229 8 566683 7455272

1 566779 7455195 5 566667 7455260 9 566707 7455245

2 566727 7455212 6 566662 7455269 10 566721 7455237

3 566711 7455220 7 566682 7455275 11 566735 7455230

b. Normas de Uso Esta zona permite visitação, desde que as atividades não comprometam a sua recuperação. Ela é temporária, pois, uma vez recuperada, deve ser reclassificada como permanente. c. Justificativa Os Setores 2 e 13 apresentam vegetação em estágio de recuperação, com presença de clareiras e evidências de atividades antrópicas do passado. Os demais setores correspondem à faixa marginais às trilhas, mais suscetíveis ao efeito de borda ocasionado pela abertura das trilhas.

10.4. Zona de Administração Preferencialmente localizada em áreas alteradas e na periferia da UC, conterá todos os serviços e infraestrutura administrativa.

Figura 147 – Setor 16 da Zona de Recuperação.

Page 152: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

132

a. Descrição e localização Corresponde a uma área de 0,30 ha do Setor 15, imbricada na Zona de Visitação, na periferia da unidade. Neste local deverão ser instaladas as infraestruturas administrativas.(Figura 148)

A poligonal deste setor é definida pelas seguintes coordenadas geográficas: Tabela 93 – Coordenadas geográficas em UTM do setor 15 na Zona de Administração.

COORDENADAS GEOGRÁFICAS

PONTO E N PONTO E N PONTO E N

1 566371 7455133 36 566389 7455175 41 566401 7455102

5 566376 7455136 37 566441 7455165 42 566395 7455112

9 566380 7455139 38 566435 7455143

30 566391 7455168 39 566420 7455111

b. Normas de Uso Esta zona é destinada à implantação das infraestruturas como escritórios, alojamentos, almoxarifados, estacionamento, dentre outras, onde deverão se desenvolver os serviços de caráter administrativo. c. Justificativa Área situada na periferia da unidade, com terreno pouco inclinado, com vegetação relativamente degradada e próxima à Estrada do Contorno.

Figura 148 – Setor 15 da Zona de Adminitração.

Page 153: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

133

10.5. Zona de Transição Corresponde a uma faixa ao longo do perímetro da UC, no seu interior, cuja largura será definida durante a elaboração do plano de manejo e de acordo com os resultados dos estudos e levantamentos. a. Descrição e localização Esta zona está representada por três setores, designados como Setor 4, 5 e 10, totalizando uma área de 14,78 ha. Setor 4 – Área de 9,20 ha, limítrofe à unidade, correspondente ao trecho que inicia-se junto ao Portal do Tanguá ao Mirante da Ribeira. Faz limite, ainda, com o Setor 1 da Zona Proteção, Setor 2 da Zona de Recuperação e Setores 12 e 16 da Zona de Recuperação.(Figura 149)

A poligonal deste setor é definida pelas seguintes coordenadas geográficas: Tabela 94 – Coordenadas Geográficas em UTM do Setor 4 da Zona de Transição.

COORDENADAS GEOGRÁFICAS

PONTO E N PONTO E N PONTO E N

0 566428 7455231 69 567790 7455208 91 567616 7454880

4 566464 7455245 73 567447 7454637 99 567663 7455117

9 566474 7455246 74 567352 7454593 103 567751 7455210

25 566557 7455322 76 567273 7454598 104 567719 7455256

33 566630 7455293 77 567200 7454612 111 567600 7455354

36 566666 7455301 78 567077 7454608 119 567573 7455404

57 566656 7455426 79 566971 7454633 120 566749 7455619

59 566633 7455503 80 566970 7454664 125 566705 7455585

60 566635 7455554 81 567080 7454638 139 566719 7455404

62 566690 7455611 85 567205 7454642 169 566749 7455343

Figura 149 – Setor 4 da Zona de Transição.

Page 154: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

134

63 566742 7455652 87 567299 7454623 206 566682 7455275

64 567597 7455429 88 567346 7454623 217 566598 7455271

67 567625 7455371 89 567433 7454664 223 566543 7455295

68 567741 7455276 90 567574 7454748 264 566464 7455215

Setor 5 – Área de 3,43 ha, limítrofe à unidade, correspondente ao trecho que inicia-se no Portal do Tanguá e finaliza no final da Trilha do Rapel. Faz limite com a Zona de Visitação, o Setor 8 da Zona de Proteção, os Setores 13 e 14 da Zona de Recuperação.(Figura 150)

A poligonal deste setor é definida pelas seguintes coordenadas geográficas: Tabela 95 – Coordenadas geográficas em UTM do Setor 5 da Zona de Transição.

COORDENADAS GEOGRÁFICAS

PONTO E N PONTO E N PONTO E N

0 566434 7455266 173 566128 7455001 215 566121 7455030

9 566411 7455240 194 566087 7455012 218 566134 7455034

25 566414 7455230 196 566063 7455029 219 566161 7455049

26 566388 7455203 197 565993 7455040 226 566198 7455036

33 566390 7455174 198 565930 7455044 230 566210 7455047

46 566389 7455154 199 566102 7454884 233 566234 7455087

65 566373 7455134 201 566227 7454767 234 566261 7455103

83 566342 7455122 203 566189 7454762 237 566292 7455087

91 566341 7455098 204 566091 7454853 250 566311 7455099

94 566332 7455073 205 565859 7455068 258 566314 7455133

99 566295 7455056 206 565889 7455067 260 566339 7455157

113 566250 7455062 207 565911 7455075 276 566357 7455193

120 566232 7455026 208 565996 7455070 277 566358 7455215

134 566210 7455008 209 566059 7455060 278 566419 7455279

154 566172 7455006 210 566077 7455057

Figura 150 – Setor 5 da Zona de Transição.

Page 155: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

135

Setor 10 – Área de 2,15 ha, limítrofe à unidade, correspondente ao trecho que inicia-se no final da Trilha do Rapel e finaliza no Mirante da Ribeira. Faz limite com a Zona Proteção no Setor 3 e com aZona de Recuperação no Setor 11.(Figura 151) A poligonal deste setor é definida pelas seguintes coordenadas geográficas: Tabela 96 – Coordenadas geográficas em UTM do setor 10 da Zona de Transição.

COORDENADAS GEOGRÁFICAS

PONTO E N PONTO E N PONTO E N

0 566245 7454709 7 566671 7454580 21 566816 7454626

1 566274 7454724 8 566724 7454602 22 566738 7454575

2 566381 7454624 9 566800 7454651 23 566674 7454549

3 566500 7454616 19 566906 7454677 24 566498 7454586

6 566504 7454616 20 566908 7454647 25 566369 7454595

b. Normas de Uso Sua função básica é servir de filtro, faixa de proteção, que possa absorver os impactos provenientes da área externa e que poderiam resultar em prejuízo aos recursos da RPPN. Tal zona poderá receber, também, toda a infraestrutura e serviços da RPPN, quando for o caso. c. Justificativa Por situar-se nos limites da unidade, sofre forte influência do efeito de borda. Atua como uma barreira de proteção da unidade contra as ameaças internas.

Figura 151 – Setor 10 da Zona de Transição.

Page 156: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

136

11. PROGRAMAS DE MANEJO Entende-se como programas de manejo o conjunto de ações e diretrizes previstas para a unidade, no horizonte de cinco anos, por meio do estabelecimento de atividades e normas com vistas a atingir os objetivos de criação da unidade. Para uma melhor compreensão, o Programa de Manejo foi subdividido em seis programas, a saber: Programa de Administração, Programa de Proteção e Fiscalização, Programa de Pesquisa, Manejo e Monitoramento, Programa de Visitação, Programa de Comunicação e Programa de Sustentabilidade. O Programa de Visitação foi subdivido em função das atividades a serem desenvolvidas na UC relacionadas a trechos territoriais, ficando assim definido: Portal do Tanguá, Centro de Interpretação, Circuito dos Caminhos, Circuito das Trilhas, Circuito dos Esportes da Natureza, Turismo Científico. Para cada programa foi definido os objetivos, os resultados esperados, os indicadores e as atividades e normas. Neste documento, as atividades foram numeradas sequencialmente, assim como as sub-atividades, e as normas identificadas com o ícone seta, conforme exemplo abaixo:

1. Atividade 1.1. Sub-atividade

Norma

11.1. Programa de Administração O Programa de Administração objetiva assegurar os meios que viabilizam o funcionamento da RPPN, componentes estratégicos de planejamento, estabelecimento de objetivos e metas de forma a melhoria contínua do sistema de gestão. No programa deverá constar a descrição de todas as atividades e normas referentes a administração da unidade, tais como: infraestrutura, gestão de pessoal e gestão financeira. a. Objetivos

Estabelecer diretrizes que garantam o funcionamento da RPPN, definindo as normas e atividades administrativas.

Estabelecer quadro funcional quantitativo e qualitativo.

Definir ações visando a implantação e manutenção da infraestrutura e o controle administrativo da UC.

Capacitar funcionários, condutores de visitantes e outros prestadores de serviço para o trabalho dentro da UC.

Proceder à gestão da UC.

Assegurar a manutenção regular da infraestrutura da UC.

Dotar e manter a infraestrutura da UC de forma apropriada ao atendimento de suas necessidades.

Manter atualizado o Plano de Sustentabilidade Econômica da UC.

Dotar a UC de pessoal necessário para a execução de suas atividades levando-se em conta a qualificação e experiência.

Implementar o Plano de Manejo e adequações anuais. b. Resultados Esperados

RPPN Fazenda do Tanguá funcionando adequadamente.

Quadro funcional da UC preenchido, com pessoal capacitado e qualificado.

Incremento dos recursos financeiros para a administração da UC.

Plano de Manejo implementado.

Page 157: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

137

Planejamento da unidade avaliado e ajustado anualmente.

Plano de Sustentabilidade Econômica atualizado anualmente.

c. Indicadores

Conselho Diretor criado.

Regimento Interno definido.

Quantidade de funcionários contratados.

Quantidade de infraestruturas implantadas.

Quantidade de funcionários capacitados.

d. Atividades e Normas

1. Criar e empossar o Conselho Diretor da RPPN.

O Conselho Diretor da RPPN deverá ser designado pela administração da FUNCEF, dentro de suas atribuições legais.

O Conselho deverá ser composto por minimamente três funcionários da FUNCEF.

O Conselho deverá ter caráter deliberativo.

2. Implantar o quadro funcional da UC para atender as atribuições administrativas, conforme tabela abaixo:

Tabela 97 – Quadro funcional com perfil e atribuições da UC.

Área Cargo Quant Perfil

Administração

Administrador 1 Nível superior / experiência em gestão e administração de unidades de conservação.

Secretária 1 Nível médio / Auxiliar nos serviços administrativos

recepcionista 1 Recepcionar os visitantes no Centro de Interpretação.

Pesquisa e Proteção

Coordenador 1 Nível superior / experiência em análise de projetos e acompanhar trabalhos de fiscalização

Vigilante 8 Nível médio, com experiência em segurança patrimonial, fiscalização no interior da mata e relação com o público.

Serviços Gerais 2 Nível médio / experiência em serviços elétrica, hidráulica, jardinagem, manutenção de trilhas.

Educação Ambiental e

Visitação

Coordenador 1 Nível superior, com experiência mínima de três anos, em projetos de Ed. Ambiental e visitação.

Gerente de EA 1 Nível superior, com experiência mínima de três anos, em projetos de Ed. Ambiental

Monitores EA 2 Nível médio / Atuar em conjunto com a equipe de educação ambiental.

Monitores Visitação 4 Nível médio / Atuar em conjunto com a equipe de visitação.

Total de funcionários: 22

As atividades administrativas da UC foram definidas conforme

organograma abaixo:

Page 158: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

138

3. Contratar o administrador, os coordenadores e gerentes para a RPPN.

O administrador deverá ser selecionado pelo Conselho Diretor e contratado pela FUNCEF.

Ficará a critério do Conselho selecionar os coordenadores ou passar esta atribuição ao administrador contratado.

Caberá ao administrador a seleção dos Gerentes. Os cargos de administração e coordenação deverão ser ocupados por

profissionais de nível superior devidamente capacitados para o exercício da função.

As contratações serão efetuadas após a homologação pela FUNCEF.

4. Elaborar e implementar o Regimento Interno da UC com suas normas administrativas.

O Regimento Interno deverá ser elaborado em conjunto com

representantes do Conselho Diretor e Administrador da RPPN. O regimento deverá contemplar as competências e atribuições dos

cargos projetados neste Plano, obedecendo minimamente as diretrizes aqui estabelecidas.

Compete ao Conselho Diretor:

garantir a implantação e a operacionalização da RPPN por meio da

viablilização de recursos financeiros orçados no Plano de Manejo: Custos estimados de implantação.

aprovar os planos, programas e projetos para a unidade apresentados pela administração da UC, conforme este Plano de Manejo.

supervisionar o andamento das ações realizadas pela Administração da RPPN, assim como de sua contabilidade financeira e fiscal através das prestações de contas.

deliberar sobre a realização de convênios e termos de cooperação técnica com instituições de ensino e pesquisa, públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras.

Compete a Administração da RPPN:

Figura 152 – Organograma da RPPN Fazenda do Tanguá.

COORDENAÇÃO DE PESQUISA E PROTEÇÃO

COORDENAÇÃO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

E VISITAÇÃO

ADMINISTRAÇÃO

CONSELHO DIRETOR

GÊRENCIA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

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139

organizar, dirigir, orientar, administrar, supervisionar a execução das atividades de competência da respectiva unidade, assim como avaliar, responder e representar a UC;

elaborar e executar o planejamento orçamentário e financeiro da RPPN;

encaminhar ao Conselho Diretor os elementos necessários à formulação das propostas programáticas e orçamentárias relativas à unidade;

designar o gestor substituto para atuar quando da sua ausência ou impedimentos;

opinar sobre assuntos relativos a UC que dependam de decisão superior do Conselho Diretor e propor as providências necessárias;

realizar a interlocução junto ao Conselho Diretor objetivando sensibilizá-la na implantação de planos, programas e projetos para a unidade;

fazer cumprir a legislação ambiental e as normas vigentes no âmbito público federal, estadual e municipal para meio ambiente, acatando as recomendações do seu Plano de Manejo e demais instrumentos oficiais de planejamento;

definir a política institucional da unidade, em parceria com representantes de instituições governamentais federal, estadual e municipal, não governamentais e representantes da sociedade civil, visando o estabelecimento de objetivos da UC;

reajustar, sempre que se fizer necessário, a estrutura organizacional visando modernização e adequação à realidade vigente;

firmar convênios, termos de cooperação técnica com universidades, instituições públicas e privadas, nacionais ou estrangeiras, visando intercâmbio técnico, científico e cultural e/ou a realização de serviços técnicos especializados para a melhoria da unidade.

Compete a Coordenação de Pesquisa e Proteção:

avaliar os projetos de pesquisa, sistematizar as informações técnico-científicas;

divulgar os resultados das pesquisas através da realização de eventos e publicações;

articular junto as universidades e instituições de pesquisa no interior da UC;

garantir a segurança dos pesquisadores durante a realização dos trabalhos e apoiar a realização das pesquisas.

estabelecer estratégias de fiscalização;

acompanhar os trabalhos de fiscalização para garantir a sua efetividade;

sistematizar as ocorrências registradas e articular fiscalização integrada com os órgãos ambientais.

Compete a Coordenação de Educação Ambiental e Visitação:

estabelecer estratégias para divulgação da UC;

elaborar programação para divulgação das datas comemorativas sobre meio ambiente;

promover oficinas de educação ambiental e de reciclagem de resíduos domiciliar;

planejar e garantir o ordenamento da visitação;

coordenar os trabalhos dos monitores e condutores de visitantes;

elaborar instrumentos para contratação de projetos específicos para edificações, para capacidade de suporte e esportes da natureza e perfil dos visitantes.

Page 160: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

140

5. Estruturar e implementar duas Coordenadorias, a saber: de Pesquisa e Proteção e de Educação Ambiental e Visitação.

Havendo justificativas, a administração da UC poderá desmembrar em novas coordenações.

O planejamento anual da UC será realizado em conjunto com as coordenações.

6. Iniciar as ações de planejamento a partir da aprovação do Plano de Manejo.

Estas ações deverão respeitar o cronograma de atividades constante

deste plano. As atividades administrativas deverão estar implantadas no primeiro ano

da publicação deste plano.

7. Elaborar e implantar projetos executivos de infraestruturas para a operacionalização e funcionamento da UC.

A contratação de profissionais para a elaboração de projetos de infraestruturas deverá ser efetuada pela Coordenação de Visitação.

Para a contratação dos projetos deverão ser elaborados termos de referências.

O projeto deverá respeitar o padrão arquitetônico estabelecido para todas as edificações da UC.

O projeto deverá utilizar de técnicas e processos construtivos de baixo impacto ao meio físico, evitando grande movimentação de terra, estruturas de grande porte e materiais de outras regiões, dentre outros.

Os projetos deverão respeitar o zoneamento da UC, ter licença ambiental emitida pelo órgão competente e ter acompanhamento técnico especializado.

7.1. Projetos para as edificações:

a. Portal do Tanguá - sala para vigilância e controle, com local para a instalação de

cabine com bilheteria eletrônica, sanitário privativo e pequena copa.

b. Centro de Interpretação (CI) - áreas e estruturas para as seguintes atividades:

Recepção e controle de visitantes (agendamento das escolas, etc.);

Sala para exposição interpretativa;

Sala de múltiplo uso / auditório com local para acervo de livros;

Sala para administração do ci;

Loja para suvenires;

Depósito de mercadorias da loja;

Lanchonete;

Sanitários masculino, feminino e para portadores de necessidades especiais;

Sala para voluntários;

Pequena copa e depósito de material de limpeza.

c. Sede Administrativa – áreas e estruturas para as seguintes atividades:

Recepção;

Sala de administração;

Sala para coordenação de pesquisa e proteção (4 pessoas);

Sala para coordenação de educação ambiental e visitação (4 pessoas);

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141

Sanitário masculino e feminino adaptados para portadores de necessidades especiais;

Almoxarifado;

Depósito de material de limpeza.

d. Alojamento para Pesquisadores e Fiscalização

2 quartos para pesquisadores (4 pessoas por quarto);

Banheiros masculino e feminino;

Copa / cozinha;

Sala de estar / tv;

Área de serviço coberta e descoberta;

Vestiário masculino e feminino para fiscalização;

Depósito para material de campo;

Depósito para material de prevenção e combate a incêndios.

e. Centro de Pesquisas da Mata Atlântica (Base de apoio à pesquisadores)

Edificação de pequeno porte para pernoite, triagem de material da biota, banheiro e copa.

7.2. Projetos para os Circuitos dos Caminhos e Circuito de Trilhas:

Definição do trajeto com o levantamento plani-altimétrico para cada trilha e caminho estabelecidos no Programa de Visitação.

7.3. Projetos para tirolesa, arvorismo e rapel:

Definição dos locais para a instalação das infraestruturas para a prática dos esportes da natureza definidos no Programa de Visitação.

8. Estabelecer procedimentos para a manutenção das edificações, das estruturas dos

esportes da natureza, trilhas e caminhos, sinalização, trilhas de serviço e cerca.

Os serviços de manutenção serão identificados por pessoas responsáveis pela proteção, pesquisa e visitação.

A identificação dos serviços de manutenção será feita por escrito contendo a descrição da ocorrência e indicação do local.

9. Capacitar e treinar, periodicamente, os funcionários, condutores de visitantes e

prestadores de serviços.

Os funcionários deverão receber informações objetivando a compreensão da RPPN, sua operacionalização e as normas de conduta condizentes com a unidade de conservação.

Os condutores de visitantes, atendentes de agências e de operadoras de turismo deverão receber informações sobre os objetivos e normas de conduta para a RPPN.

Os prestadores de serviços terceirizados (empreiteiros, estagiários, monitores ambientais) deverão receber as principais informações sobre as normas de conduta de forma que seus serviços não conflitem com os objetivos da RPPN.

Deverá ser considerado como prioritários os cursos de gestão e administração de UC, manejo e pesquisa dos recursos naturais.

Os cursos de relações públicas, abordagem e atendimento ao público, relações interpessoais, ética, noções de inglês e espanhol, legislação

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142

ambiental, conhecimentos básicos de flora e fauna, em especial do bioma da Mata Atlântica, primeiros socorros, combate a incêndios florestais, uso e operação de GPS deverão ser priorizados, apoiados e incrementados.

10. Promover treinamento sobre preenchimento de formulários de rotina (Auto de

Constatação e Notificação, etc.) como suporte à atividade de fiscalização.

11. Estimular a participação dos funcionários da UC em seminários, palestras e cursos que venham a contribuir para o aprimoramento das atividades que esses desenvolvem.

12. Definir meios e oferecer vagas para estagiários e voluntários, que poderão

desenvolver atividades no escritório, tais como alimentação da base de dados, sistematização e cadastramento de informações e documentos, organização do centro de documentação, atendimento de visitantes, participação em pesquisa, dentre outros.

13. Divulgar a necessidade de pessoal para o UC, incluindo a descrição das funções e

perfis desejados.

14. Delegar aos coordenadores a elaboração de material de divulgação.

O material de divulgação atenderá as necessidades das área de fiscalização, visitação e educação ambiental.

15. Incentivar a publicação de trabalhos científicos em revistas indexadas, no Brasil e no

exterior, promovendo os meios necessários para a sua consecução.

16. Promover parceria com instituições nacionais e internacionais visando o aprimoramento técnico dos funcionários da UC e a troca de experiências.

17. Elaborar o Plano Operacional da RPNN, contemplando as atividades indicadas neste Plano de Manejo e os ajustes decorrentes de sua avaliação anual, e buscar recursos externos.

Além dos recursos orçamentários, a administração da RPPN deverá identificar fontes financiadoras para as atividades previstas, de modo especial aquelas que envolvam as zonas de recuperação e de transição, permitindo assim que as atividades compartilhadas como áreas de visitação e recuperação de matas ciliares, dentre outras, sejam implementadas.

18. Encaminhar aos órgãos financiadores, brasileiros e internacionais os projetos

específicos com vistas a obter recursos para financiamento de pesquisas e outras atividades indicadas no Plano.

19. Detalhar as atividades definidas no cronograma físico, elaborando uma agenda de

trabalho anual.

Cada coordenação deverá detalhar as atividades previstas no Plano e que lhes são afetas, distribuindo-as por mês e incluindo a rotina de tarefas.

As agendas deverão ser submetidas à administração da UC para avaliação e controle, bem como incorporação na agenda anual da Unidade.

20. Elaborar um calendário anual de funcionamento para UC incluindo, entre outras, datas comemorativas.

Page 163: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

143

Na elaboração do calendário serão considerados, além dos feriados brasileiros, os regionais.

Estabelecer dias comemorativos para datas importantes para a UC, elementos da natureza a valorizar, dias fatos especiais para serem lembrados.

Essas datas serão divulgadas na região, buscando atrair a atenção do entorno sobre a RPPN e a conservação da natureza.

21. Fechar a UC para visitação pública às segundas-feiras, para os procedimentos de

manutenção e limpeza.

22. Estabelecer o horário de funcionamento do Parque, observando as especificidade deste Plano.

O horário de funcionamento da RPPN deverá ser diferenciado para as

estações de outono/inverno e primavera/verão. A abertura da UC, além dos horários de funcionamento para eventos só

será permitida com a autorização da administração.

23. Elaborar e implantar projeto de sinalização para o Parque, contemplando todas as suas áreas de atuação, seus limites e imediações.

A administração do RPPN poderá identificar concessionário e/ou

patrocinador para elaboração e implantação do projeto de sinalização da UC.

O projeto de sinalização deverá seguir as orientações do Manual de Apoio ao Gerenciamento de Unidades de Conservação Federais - Guia do Chefe, que trata do assunto.

24. Promover periodicamente a manutenção e a reposição das placas de sinalização da

RPPN. 25. Instalar sinalização (avisos) todas as vezes em que forem necessárias à eliminação

de espécies exóticas, a poda de vegetação, a alteração da paisagem para construção de instalações e facilidades, reparos e manutenção das trilhas e caminhos.

Serão aproveitadas essas oportunidades para trabalhar o tema de

Educação Ambiental.

26. Implementar os marcos demarcatórios dos limites da UC conforme o estabelecido no Programa de Pesquisa e Proteção.

27. Providenciar anualmente uniformes e identificação para os funcionários, prestadores

de serviço, condutores de visitantes e monitores da UC.

Os uniformes deverão ser diferenciados para as diversas atividades (fiscalização, apoio administrativo, monitores ambientais, condutores de visitantes).

A identificação deverá ser feita por crachá.

28. Contratar, por meio de terceirização, os serviços para o estacionamento, lanchonete, loja de suvenires, segurança patrimonial e limpeza das instalações.

29. Avaliar e adequar os contratos de terceirização após a aprovação deste Plano de Manejo e posteriormente, a cada ano, no que couber.

Page 164: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

144

Serão avaliadas as falhas no cumprimento dos contratos e adotadas medidas corretivas.

30. Exigir dos prestadores de serviços um bom nível técnico para atendimento dos

visitantes e divulgação adequada da UC.

Os condutores de visitantes deverão estar capacitados para oferecer informações sobre o ambiente que está sendo apresentado, mencionando claramente a existência da UC e seu papel na atividade desenvolvida.

Os condutores deverão falar, preferencialmente, além do português, o inglês.

No caso da necessidade do atendimento em outros idiomas, a Coordenação de Vistitação poderá contratar condutores autônomos que falem outro idioma, mas deverão estar capacitados/credenciados pela RPPN.

31. Coletar e tratar adequadamente o lixo produzido no interior da UC.

32. Instalar lixeiras no interior da UC que deverão ser especialmente desenhadas à

prova de abertura por animais.

O modelo deverá considerar que o lixo não poderá ficar em contato com envoltório externo da lixeira, que não acumule água e que seja lavável.

O lixo deverá ser separado em quatro grupos: vidros, metais, plásticos e orgânicos.

Será de responsabilidade da lanchonete a coleta e destinação dos resíduos sólidos gerados.

33. Estabelecer parceria com as comunidades vizinhas a UC para o projeto de

reciclagem de lixo.

11.2. Programa de Proteção e Fiscalização Este programa visa incrementar ações de proteção e fiscalização da RPPN por meio da definição de número de efetivos, capacitação de vigilantes, elaboração de estratégias e rotinas de fiscalização, aquisição de equipamentos, sinalização, dentre outras ações, no sentido de garantir a segurança dos visitantes e funcionários e a manutenção dos recursos naturais. Os vigilantes, embora sem poder de polícia ambiental, tem por atribuição atuar no sentido de evitar, impedir ou minimizar os crimes ambientais, os danos aos patrimônios físicos da unidade, a integridade física dos visitantes e funcionários, devendo para tanto agir de forma integrada com os órgãos competentes. a. Objetivos

Proteger os recursos naturais e as futuras instalações da RPPN.

Fiscalizar a área da RPPN e seu entorno imediato, especialmente quanto à invasão, caça, coleta vegetal e desmatamento.

Proporcionar segurança aos visitantes, pesquisadores e funcionários da RPPN.

b. Resultados esperados

Equipe de fiscalização capacitada e treinada.

Atividades de caça e coleta da fauna e flora reduzidas.

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145

Visitantes e funcionários seguros.

Unidade de conservação ambientalmente protegida.

Invasão por moradias irregulares impedidas.

Sinalização e marcos físicos implantados.

c. Indicadores

Quantidade de vigilantes capacitados.

Quantidade de boletins de ocorrência.

Quantidade de reclamações efetuadas por visitantes e funcionários.

Quantidade de novas moradias irregulares.

Quantidade de placas e marcos físicos instalados.

d. Atividades e normas

34. Criar, estruturar e implantar o serviço de fiscalização específico da RPPN, por meio de contratação de empresa terceirizada.

34.1. Contratar oito vigilantes para exercer a fiscalização diária na RPPN, por meio de

turnos de 24 por 48 horas.

Na seleção dos vigilantes, deverá dar-se preferência na contratação de moradores das comunidades do entorno, com conhecimento da região.

A fiscalização compreenderá ações de proteção aos recursos naturais e patrimoniais da unidade.

Os vigilantes em serviço ficarão subordinados ao Coordenador de Pesquisa e Proteção.

34.2. Capacitar os vigilantes para exercerem a fiscalização na RPPN com base na

legislação vigente e nas normas estabelecidas neste Plano de Manejo.

Além da atribuição específica da fiscalização, os vigilantes deverão ser instruídos e capacitados para orientar os visitantes quanto aos atributos e restrições da RPPN.

Os vigilantes deverão ser capacitados a atendimento de primeiros socorros e prevenção e combate a incêndios.

34.3. Providenciar uniformes e equipamentos de segurança para os vigilantes,

considerando-se como conjunto básico pessoal o seguinte: calça, camisa, casaco, boné, cinto, botas, cantil, lanterna, apito, faca e facão.

Os vigilantes portarão arma de fogo e, em situações de risco, deverão

buscar o apoio da Polícia Militar ou Batalhão Florestal. Os uniformes deverão ser de coloração escura de maneira a dificultar a

visualização do vigilante no interior da mata. 34.4. Adquirir equipamentos complementares ao serviço de fiscalização, conforme a

seguinte especificação: três binóculos e três GPS.

34.5. Adquirir equipamentos de prevenção e combate a incêndios no interior da unidade.

35. Implantar um sistema de rádio comunicação (VHF) e telefonia celular eficiente.

35.1. Contratar empresa especializada para elaborar e implantar o projeto conforme a demanda da RPPN.

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146

Os vigilantes em serviço deverão estar sempre munidos de rádio portátil, além dos demais equipamentos.

36. Estabelecer rotina de fiscalização, por meio de turnos, objetivando a fiscalização em

tempo integral, inclusive nos finais de semana e feriados.

Cada turno deverá ser de 24/48 horas, exercido por dois vigilantes que deverão realizar as vistorias em conjunto e portando armas.

Dois vigilantes deverão permanecer no Portal do Tanguá, enquanto outros dois percorrerão os limites e interior da unidade.

Deverão ser realizadas, minimamente, duas incursões noturnas focadas na atividade de caça, dando ênfase especial aos setores 1 e 4.

Os vigilantes em serviço no Portal do Tanguá, de preferência, não deverão portar armas de fogo.

As operações de fiscalização nunca deverão ser realizadas individualmente.

Toda ocorrência deverá ser registrada em formulários próprios e sempre georreferenciadas.

Nos casos de crimes ambientais, a ocorrência deverá ser encaminhada aos órgãos ambientais competentes (estadual ou federal).

Poderão ser realizadas operações em conjunto com os órgãos ambientais das diferentes esferas, desde que previamente planejadas e acordadas.

Os vigilantes em serviço deverão atentar-se à identificação dos visitantes e, deparando com visitantes não identificados, os mesmos deverão ser encaminhados ao Coordenador de Pesquisa e Proteção.

Havendo atividades de pesquisa no interior da UC, especialmente em horário noturno, os vigilantes deverão ser informados no sentido de evitar possíveis incidentes.

As atividades de pesquisa poderão também ser acompanhadas pelos vigilantes no sentido de evitar possíveis danos ambientais à Unidade, devendo os mesmos ser previamente orientados pelo Coordenador de Pesquisa e Proteção.

Em caso de incêndio, os vigilantes deverão adotar as medidas de combate imediato e, quando necessário, acionar imediatamente o Corpo de Bombeiros.

37. Fixar placas de advertência nos limites da unidade, em locais visíveis e nos acessos

à unidade, especialmente no setor 4.

As placas deverão atender as especificações técnicas estabelecidas pelo ICMBio.

38. Demarcar a unidade através de marcos físicos, especialmente nos limites externos

do setor 4.

38.1. Contratar a elaboração do projeto específico de demarcação física da RPPN em função de suas necessidades.

Os marcos físicos deverão ser visíveis, porém, sua implantação não

deverá acarretar em danos ambientais significativos na unidade. Havendo necessidade, poderão ser instaladas cercas objetivando

dificultar o acesso de pessoas à unidade, porém, garantindo o trânsito da fauna silvestre local.

39. Elaborar um Plano de Contingência para incêndios induzidos e riscos geológicos no

interior da unidade.

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147

39.1. Contratar profissionais, empresas ou instituições de pesquisa para elaborar o

Plano de Contingência.

Este plano deverá ser precedido de um estudo de análise de risco. Deverá ser dada atenção especial à Zona de Visitação.

11.3. Programa de Pesquisa, Manejo e Monitoramento

O Programa de Pesquisa, Manejo e Monitoramento subsidia os conhecimentos básicos sobre os elementos, atributos e fenômenos naturais que se manifestam no interior da unidade, permitindo seu manejo e o alcance dos seus objetivos de criação. A revisão do Plano de Manejo deve ser realizada no horizonte de 5 anos. Assim, a ampliação do conhecimento ao longo deste período é fundamental para o aprimoramento do plano. Neste programa, foram planejadas os procedimentos mínimos para a realização das pesquisas e apontadas as linhas prioritárias, baseadas nas lacunas de conhecimento detectadas na fase de diagnóstico. Foram previstas as ações de manejo a serem realizadas na vigência deste plano e elaborados planos de monitoramento ambiental e de visitação. a. Objetivos

Estabelecer diretrizes básicas para a realização de pesquisas na unidade.

Apoiar e fomentar a pesquisa científica na UC e seu entorno imediato.

Acompanhar e controlar as atividades de pesquisa desenvolvidas na UC.

Viabilizar as pesquisas através de fontes externas de financiamento.

Recuperar áreas degradadas através de ações de manejo.

Ampliar o conhecimento sistemático através de planos de monitoramento ambiental.

Divulgar os resultados das pesquisas junto à comunidade científica.

Repassar os resultados das pesquisas aos visitantes por meio de ações de educação ambiental.

b. Resultados esperados

Procedimentos e normas para a realização de pesquisas estabelecidos.

Ampliação do conhecimento da unidade por meio das pesquisas e monitoramento.

Pesquisas científicas financiadas por fontes externas.

Recuperação das áreas degradadas.

Conhecimento técnico-científico amplamente divulgado no meio científico.

Visitantes informados sobre os atributos e importância da RPPN. c. Indicadores

Quantidade de projetos de pesquisas pleiteados.

Quantidade de projetos de pesquisas selecionados.

Quantidade de projetos de pesquisas em andamento.

Quantidade de projetos de pesquisas concluídos.

Quantidade de convênios firmados.

Quantidade de eventos científicos realizados.

Quantidade de publicações técnico-científicas.

d. Atividades e Normas

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148

40. Estruturar uma equipe de consultores ad hoc para auxiliar na seleção e avaliação dos projetos de pesquisa submetidos à RPPN.

A equipe deverá ser composta minimamente de três consultores com conhecimentos específicos nas seguintes áreas de conhecimento: conservação da biodiversidade, manejo de fauna e fitosociologia.

Em função da demanda, a equipe de consultores ad hoc poderá ser ampliada, não sendo recomendado mais de 5 projetos mensais por consultor.

O consultor deverá ser devidamente habilitado e possuir comprovadamente conhecimento específico na sua área de atuação.

Os consultores serão remunerados baseados na hora/homem demandadas na avaliação dos projetos.

A seleção dos consultores ficará a cargo do Coordenador de Pesquisa e Proteção.

41. Efetuar a pré-seleção dos projetos baseados na lista de pesquisas prioritárias

apontadas neste Plano de Manejo e submetê-los à apreciação dos consultores ad hoc.

A pré-seleção deverá ser realizada pela Coordenação de Pesquisa e

Proteção. A pré-seleção deverá ocorrer baseada em critérios pré-estabelecidos pela

Coordenação de Pesquisa e Proteção, considerando-se necessariamente a prioridade da pesquisa, sua importância para a UC, sua exequibilidade, a idoneidade da instituição proponente e o currículo do pesquisador responsável.

A definição do número máximo de projetos de pesquisas a serem executados anualmente ficará a critério do Coordenador de Pesquisa e Proteção, devendo-se considerar a tipologia da pesquisa e seus impactos na unidade de conservação.

Projetos de pesquisa de estudantes de graduação deverão ser estimulados, garantindo-se um percentual mínimo de 30% do total selecionado.

As pesquisas que envolverem coleta de organismos ou intervenções no ambiente deverão ser encaminhadas previamente para a aprovação do SISBIO.

O calendário para submissão dos projetos de pesquisa ficará a cargo do Coordenador de Pesquisa e Proteção.

42. Elaborar as normas gerais para o desenvolvimento dos projetos de pesquisa na

RPPN.

As normais gerais serão elaboradas pelo responsável pela Coordenação de Pesquisa e Proteção.

O Coordenador de Pesquisa e Proteção deverá fornecer aos pesquisadores as normas gerais antes da submissão dos projetos de pesquisas.

As pesquisas selecionadas só poderão ser iniciadas após a autorização do Coordenador de Pesquisa e Proteção.

O Coordenador de Pesquisa e Proteção deverá acompanhar o andamento das pesquisas através dos planos de trabalhos e relatórios apresentados.

Nos projetos de pesquisas deverão estar previstos o cronograma de entrega de relatórios de acordo com a tipologia das atividades.

Os trabalhos poderão ser interrompidos a qualquer momento, caso estejam induzindo impactos significativos na unidade.

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149

O trabalho sendo interrompido e tiver auxílio financeiro externo, a agência financiadora deverá ser imediatamente informada pela Administração da UC;

Todo material produzido deverá ser encaminhado à Coordenação de Pesquisa e Proteção na forma digital e impressa, e deverá ser disponibilizada aos estudantes e pesquisadores.

Os dados georreferenciados produzidos em pesquisas acadêmicas deverão ser compatíveis com o software utilizado pela RPPN e disponibilizados em meio digital.

Os resultados das pesquisas fornecidos pelos pesquisadores deverão ser catalogados de acordo com as normas do Centro Nacional de Informação Ambiental (CNIA/IBAMA).

Os resultados das pesquisas deverão ser direcionados aos programas de educação e interpretação ambiental voltados aos visitantes.

O pesquisador que não disponibilizar os resultados de sua pesquisa, conforme as determinações da Coordenação de Pesquisa e Proteção, ficará impossibilitado de realizar novas pesquisas na unidade enquanto durar a inadimplência, podendo a proibição ser estendida à instituição responsável a critério do Coordenador.

43. Apoiar a realização das pesquisas selecionadas por meio da disponibilização de

infraestrutura, transporte e hospedagem.

Nos projetos de pesquisa contemplados por bolsas, os custos relacionados às atividades de pesquisa ficarão por conta do pesquisador.

44. Cadastrar os pesquisadores e instituições de pesquisa.

O cadastro deverá ser realizado via internet ou diretamente na

administração da Unidade, por meio de formulários próprios.

45. Implantar e estruturar um banco de dados georrefenciados com vistas a organizar um Sistema de Informação Geográfica da unidade.

O banco de dados deverá conter informações sobre os estudos e

pesquisas formuladas nos limites da RPPN. O banco de dados deverá ser disponibilizado às instituições oficiais de

pesquisa e órgãos ambientais.

46. Buscar junto às instituições de fomento à pesquisa, organizações públicas e privadas, recursos financeiros para o desenvolvimento das pesquisas na RPPN.

47. Priorizar as seguintes linhas de pesquisa:

Relações tróficas de populações e espécies endêmicas, raras, vulneráveis e ameaçadas de extinção;

Levantamentos sistemáticos de espécies da flora e fauna indicadoras das variações do meio, que possam ter sua distribuição espacial mapeada pelo tipo e disposição do relevo, altitude e condições de qualidade florestal;

Inventário das espécies de interesse comercial, especialmente o euterpe edulis palmito jussara;

Balanço hídrológico da microbacia do morro do tanguá associado à demanda hídrica utilizada pelo vila galé eco resort de angra conference & spa e comunidades do entorno;

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150

Suscetibilidade ambiental relacionada a estrutura geológica da microbacia, aos processos de deslizamento de terra e erosão;

Avaliação dos efeitos de borda e fragmentação da vegetação;

Ocorrência, número e a distribuição das populações de diferentes espécies de mamíferos entre as áreas das zonas de proteção e recuperação;

Identificação das populações de espécies de mamíferos que apresentam comportamento sinantrópico entre as zonas de recuperação e visitação;

Avaliação da dinâmica de nicho ecológico entre roedores e marsupiais (coexistência, sobreposição e justaposição);

Estudo do comportamento das populações de callithrix jacchus (mico-estrela) e suas interações ecológicas frente aos demais pongídeos e a avifauna;

Caracterização da quiropterofauna e suas interações ecológicas;

Interação entre mamíferos (caxinguelê, cotia, ouriço) e a vegetação (brejaúva);

Bioecologia das espécies de aves accipiter superciliosus, molothrus rufoaxillaris, leucopternis lacernulatu, triclaria malachitacea e sporophila falcirostris;

Caracterização qualitativa das espécies de aves representativas de ambientes aquáticos/marinhos nas diferentes épocas do ano;

Ocorrência de espécies de aves dependentes ou semidependentes de fragmentos florestais consideradas de comportamento sazonal;

Estudos populacionais das espécies de aves: parâmetros de abundância relativa de indivíduos, densidade populacional e variação sazonal;

Levantamentos de média e longa duração relativos à herpetofauna: aspectos sobre o manejo das espécies e paisagens, flutuações sazonais no tamanho das populações de répteis e anfíbios e os fatores que influenciam essas variações;

Estudos da dinâmica populacional da herpetofauna: historia natural em seus habitats preferenciais, dieta e comportamento;

Aspectos bioecológicos das espécies de anuros scinax angrensis, dendrophryniscus brevipollicatus e psyllophryne didactyla: sítios de ocorrência, período e aspectos ligados a reprodução e comportamentos relacionados a distúrbios ambientais;

Análise dos efeito da construção de barragens para captação de água sobre a ictiofauna e carcinofauna;

Avaliação quantitativa da população da espécie de atya scabra (camarão), de suas flutuações populacionais, período reprodutivo e principais pontos de ocorrência;

Levantamento da araneofauna, enfocando os aracnídeos, especialmente opiliões e escorpiões como indicadores do estado de conservação da área, além das aranhas;

Investigação da presença de aranhas sinantrópicas ou introduzidas na reserva, especialmente nas áreas mais antropizadas ou que possuam construções;

Estudos dos insetos terrestres como organismos indicadores de qualidade ambiental e biodiversidade, para subsidiar o delineamento de programas de monitoramento ambiental;

Controle da proliferação de espécies invasoras no da rppn, principalmente nas regiões ocupadas por campo antrópico;

Avaliação da erradicação das espécies exóticas, com ênfase nas bananeiras e jaqueiras, e consequente impacto sobre a fauna local.

48. Elaborar manual/guia ilustrado da fauna e flora para visitantes e funcionários.

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151

O manual deverá conter fotos das espécies mais comuns e facilmente

avistadas na RPPN, com pequeno texto com as características gerais sobre as espécies, seu comportamento e sua relação com a floresta.

Poderá ser buscados parceiros ou patrocinadores para a confecção do manual.

O manual poderá ser comercializado diretamente aos visitantes ou doados.

49. Erradicar gradativamente as espécies exóticas existentes no interior da unidade de

conservação, especialmente bananeiras e jaqueiras.

A retirada de espécies exóticas deverá ocorrer baseada nos resultados das pesquisas específicas.

Deverá buscar a substituição gradativa das espécies exóticas por espécies nativas.

50. Induzir a recuperação natural das áreas inseridas nas Zonas de Recuperação por

meio de técnicas de transferência de sementes e serapilheira.

51. Enriquecer as áreas das Zonas de Proteção com espécies nativas da Mata Atlântica através do plantio direto de mudas.

52. Promover o controle de cipós e lianas objetivando estimular a sucessão natural das

espécies nativas.

53. Controlar as clareiras no interior da unidade por meio do plantio de com plântulas nativas (locais) de diferentes estágios sucessionais.

54. Monitorar o processo de recuperação, enriquecimento ou regeneração da vegetação

por meio das ações de manejo realizadas nas Zonas de Recuperação e Proteção.

55. Desenvolver um Programa para o Controle e Monitoramento para as áreas de visitação pública.

O Programa deverá monitorar as áreas de recreação, as trilhas

interpretativas, estacionamento e edificações destinadas a visitação pública.

As áreas deverão ser monitoradas para minimizar os impactos decorrentes da visitação.

O monitoramento deverá registrar as ocorrências verificadas ao longo das trilhas: sinais de acidentes com fauna, evidências de extração de madeiras e palmito, deslizamentos, assoreamentos, compactação de solo, raízes expostas e outras.

56. Desenvolver ações de controle e monitoramento para as áreas com risco de erosão,

movimentos de massas e impactos evidentes das trilhas. Deverão ser priorizadas as áreas de visitação, como as trilhas

interpretativas e de fiscalização. Deverão ser instaladas balizas milimetradas para monitoramento do risco

de erosão e deslocamento de massas de terra nas trilhas interpretativas com declividade superior a 30º.

57. Instalar uma estação meteorológica no interior da RPPN, equipada para o registro de

temperatura do ar, precipitação, umidade relativa do ar e vento.

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152

A Administração da RPPN deverá proporcionar cursos de treinamento para funcionários da UC para manuseio dos equipamentos e coleta de dados meteorológicos.

58. Proceder ao acompanhamento das vazões dos corpos hídricos da microbacia do

Tanguá (ravinas e canais tributários) nas áreas de acesso ao público, sendo estimado o percentual de segurança ou risco em períodos chuvosos.

Quando comprovado elevados percentuais de risco a segurança deverá

ser desencadeado um plano geral para prevenção e controle. Deverão ser implantadas junto aos corpos d‟água abertos à visitação

pública, áreas amostrais para monitorar os efeitos de borda e fragmentação da vegetação, objetivando induzir a recuperação das áreas danificadas.

Estes estudos deverão ser orientados pela Coordenação de Pesquisa e desenvolvidos por especialistas em avaliação de impacto, monitoramento ambiental e avaliação da capacidade de suporte.

59. Monitorar o uso, a qualidade de água e a vazão da microbacia do Tanguá.

60. Realizar seminários científicos a cada dois anos objetivando a divulgação dos

resultados das pesquisas e monitoramentos.

11.4. Programa de Visitação O Setor de Visitação corresponde a área onde deverão ser instaladas as infraestruturas para a recepção dos visitantes, lazer, educação e interpretação ambiental, como o Centro de Interpretação, os Circuitos dos Caminhos, das Trilhas, dos Esportes da Natureza e do Turismo Científico.

Também serão disponibilizadas informações sobre a diversidade da flora e fauna da Mata Atlântica, da importância da unidade de conservação, além de possibilitar caminhadas contemplativas, trilhas interpretativas e a prática de esportes de natureza.

O Portal do Tanguá é o único local de acesso a RPPN Fazenda do Tanguá e este situado próximo à Estrada Vereador José Adelino (Estrada do Contorno).

Este setor é coberto quase que na totalidade por vegetação nativa, característica da Mata Atlântica, em estágio médio de sucessão, encontrando-se em áreas mais antropizadas e sob o efeito de borda, próximas à Estrada do Contorno.

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Figura 153 – Mapa da RPPN da Fazendo do Tanguá destacando a infraestrutura e atrativos.

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154

11.4.1. Portal do Tanguá O Portal do Tanguá constitui de uma edificação destinada ao controle dos visitantes e cobrança de ingressos, além de promover a identidade visual da Unidade de Conservação.

a. Objetivos

Permitir e controlar o acesso dos usuários aos diversos setores da RPPN, em especial ao Setor de Visitação.

Orientar e recepcionar os visitantes.

Proceder a cobrança de ingressos aos visitantes.

Ordenar o fluxo de pedestres.

b. Resultados esperados

Acesso ao Setor de Visitação controlado.

Recepção e cobrança de ingressos aos visitantes efetivadas.

Instalações construídas e em funcionamento.

Equipamentos de controle para venda de ingressos instalados.

Deslocamento ordenado e com segurança realizado dentro do Setor de Visitação.

c. Indicadores

Quantidade de bilhetes vendidos.

Quantidade de visitantes orientados.

Quantidade de incidentes ocorridos com visitantes.

d. Atividades e normas

61. Elaborar e implantar projeto executivo de arquitetura para a construção do Portal do Tanguá.

O projeto deverá prever uma sala para vigilância e controle, com local

para a instalação de cabine com bilheteria eletrônica; um sanitário privativo e pequena copa.

O projeto deverá respeitar o padrão arquitetônico estabelecido para todas as edificações da UC.

62. Instalar painel informativo contendo os valores dos ingressos de acordo com o

estabelecido pela Administração.

63. Implantar sistema de cancela eletrônica para controle de acesso ao Setor de Visitação.

Os visitantes terão acesso assegurado por meio de aquisição de

ingressos magnéticos que serão reapresentados por ocasião da saída do Setor.

As escolas terão seu acesso liberado mediante agendamento junto a Administração.

Os alunos receberão passaporte adquirido na portaria e serão identificados pelos adesivos de visitante escolar.

64. Respeitar o sistema de operação da portaria estabelecido pela Administração.

Deverá ser mantido na portaria, no mínimo dois funcionários,

simultaneamente, que se encarregarão da cobrança do ingresso e

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155

fiscalização e do encaminhamento dos visitantes ao Centro de Interpretação.

Deverá ser mantido um serviço de vigilância por 24 horas.

65. Instalar uma placa de identificação no Portal do Tanguá, contendo um mapa com os setores da unidade de conservação destacando o Setor de Visitação e informando o horário de funcionamento e as áreas de visitação.

11.4.2. Centro de Interpretação – CI

O Centro de Interpretação é o local destinado para a educação e interpretação ambiental e recepção dos visitantes que deverá ser feita por pessoa capacitada para o fornecimento de informações sobre o bioma Mata Atlântica, a conscientização ambiental e a distribuição de mapas e folhetaria, principalmente para as escolas das comunidades vizinhas à Unidade de Conservação.

a. Objetivos

Recepcionar e orientar os visitantes.

Disponibilizar informações para melhor conhecimento sobre a Unidade de Conservação.

Proporcionar atividades de educação ambiental.

Permitir e controlar o acesso dos usuários às diversas atividades recreativas e interpretativas.

b. Resultados Esperados

Recepção e orientação aos visitantes efetivada.

Instalações construídas e em funcionamento.

Exposição interpretativa implantada.

c. Indicadores

Quantidade de visitas ao Centro de Interpretação.

Quantidade de atividades de educação ambiental realizadas.

Resultados das pesquisa do grau de satisfação dos visitantes.

d. Atividades e normas

66. Elaborar e implantar projeto executivo de arquitetura e engenharia para o funcionamento do Centro de Interpretação.

O projeto deverá prever áreas e estruturas para as seguintes atividades:

Recepção e controle de visitantes (agendamento das escolas, etc.);

Sala para exposição interpretativa, sala de múltiplo uso com local para acervo de livros;

Sala para administração do ci;

Loja para suvenires;

Lanchonete;

Sanitários masculino, feminino e para portadores de necessidades especiais;

Sala para voluntários;

Pequena copa e depósito de material de limpeza.

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O projeto deverá respeitar o padrão arquitetônico estabelecido para todas as edificações da UC.

O projeto deverá utilizar de técnicas e processos construtivos de baixo impacto ao meio físico, evitando grande movimentação de terra, estruturas de grande porte e materiais de outras regiões, dentre outros.

67. Identificar local para estacionamento de viaturas oficiais especialmente ambulâncias,

bombeiros e viaturas policiais. 68. Elaborar e implementar o projeto específico para a exposição interpretativa.

O projeto de museologia/museografia deverá destacar a importância do

bioma mata atlântica, educação e consciência ambiental. Deverão ter ambientes temáticos para a história natural, história sobre o

descobrimento, fatos históricos e lendas locais. Deverão ser utilizados recursos expositivos interativos.

69. Designar funcionários, servidores conveniados e/ou terceirizados para manter, de

forma adequada, o seu funcionamento.

70. Realizar o levantamento do perfil dos visitantes para subsidiar os programas de educação ambiental.

71. Instalar uma placa de identificação do Centro de Interpretação, contendo um mapa

com os setores da unidade de conservação, e com os locais permitidos para visitação.

72. Elaborar e implementar o projeto específico para a exposição interpretativa.

O projeto deverá destacar a importância do bioma mata atlântica,

educação e consciência ambiental. Deverão ser utilizados recursos expositivos interativos.

73. Implementar Programa de Educação Ambiental.

73.1. Realizar oficinas e cursos relacionados a Educação Ambiental contemplando os

temas sobre a fauna, flora, reaproveitamento de resíduos, interações ecológicas, dentre outros.

As oficinas e os cursos deverão ser planejados pela coordenação da

Educação Ambiental. Deverão ser priorizado os alunos das escolas do entorno da RPPN.

73.2. Elaborar material educativo e informativo impresso e audiovisual para ampla

divulgação da UC.

O material educativo deverá ser distribuído, principalmente, nas escolas e comunidades vizinhas a UC.

O material informativo deverá ser distribuído nas instituições públicas, agencias de turismo, hotéis e pousadas, dentre outros.

73.3. Desenvolver atividades de visitas guiadas, envolvendo professores, grupos de

estudantes e grupos de comunidades vizinhas à UC.

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157

11.4.3. Circuito dos Caminhos O Circuito dos Caminhos é formado pelo Caminho das Bromélias e pelo Caminho dos Sentidos e encontram-se localizados próximo do Centro de Interpretação.

A utilização do Caminho das Bromélias será direcionada, preferencialmente, às pessoas Portadoras de Necessidades Especiais - PNE, planejada com estrutura adequada para atender, especialmente aos cadeirantes permitindo assim a visitação com qualidade e segurança deste público.

O Caminho dos Sentidos será para o desenvolvimento da percepção ambiental utilizando-se dos estímulos sensoriais (tato, olfato, audição, visão e paladar) em contato com a natureza. Este caminho poderá ter trechos com passarelas elevadas ou suspensas. a. Objetivos

Proporcionar aos PNE a interação com a UC e seus atributos naturais.

Permitir uma maior acessibilidade dos PNE fortalecendo sua inclusão social.

Estimular o desenvolvimento da percepção sensorial por meio do contato com o ambiente natural associado ao conhecimento técnico-científico.

b. Resultados esperados

O circuito dos caminhos implantado e sinalizado.

Sensibilização dos visitantes para as questões ambientais atendida.

Aumento significativo do número de visitantes portadores de necessidades especiais.

Interação dos visitantes com a natureza através da percepção sensorial.

c. Indicadores

Quantidade de estruturas e placas de sinalização implantada;

Quantidade de visitantes ao circuito.

Resultados das pesquisa do grau de satisfação dos visitantes.

d. Atividades e normas

74. Elaborar e implantar o projeto de arquitetura e engenharia para o Circuito dos Caminhos.

O projeto do Caminho das Bromélias deverá atender à legislação e

normas específicas para a promoção da acessibilidade às pessoas Portadoras de Necessidades Especiais – PNE e, em especial aos cadeirantes.

A concepção do projeto para o Caminho dos Sentidos deverá assegurar que as obras e intervenções garantam o desenvolvimento das atividades sensoriais.

O projeto deverá definir o traçado com a indicação da infraestrutura a ser instalada.

A infraestrutura do circuito dos caminhos poderá prever trechos suspensos ou elevados (passarelas).

Deverá se prever as áreas para descanso dos usuários. O projeto deverá buscar soluções que reduzam o impacto ao meio físico

evitando banhados, declividades acentuadas, solos arenosos e compactações do solo, dentre outras.

O projeto deverá evitar áreas de ocorrência de espécies da fauna, sensíveis a presença humana, endêmicas, raras e/ou ameaçadas, além das áreas de reprodução.

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Deverá evitar locais onde a vegetação apresenta-se em áreas frágeis, de baixa resistência ou com baixa capacidade de recuperação, dispersão de raízes, dentre outras.

Deverá demarcar os locais representativos da flora e fauna para a interpretação ambiental das pessoas Portadoras de Necessidades Especiais e para o desenvolvimento da percepção sensorial.

75. Instalar equipamentos facilitadores para a segurança dos visitantes e do ambiente,

nos locais onde for identificada a necessidade. 76. Realizar a abertura do Circuito dos Caminhos

Os caminhos deverão ser abertos respeitando ao projeto executivo e,

havendo necessidade, poderão ser feitas as adaptações e adequações para melhor atendimento às exigências dos PNE e das atividades sensoriais, desde que autorizadas pela administração da UC.

77. Proceder a manutenção periódica do Circuito dos Caminhos assegurando o seu bom

estado de conservação.

78. Estabelecer a capacidade de suporte para o Circuito dos Caminhos.

78.1. Contratar estudos para estabelecimento da capacidade de suporte.

Até que seja estabelecido um estudo para a capacidade de suporte, fica definido o número máximo de:

10 pessoas, por grupo, 2 grupos diários, para o Caminho das Bromélias;

20 pessoas, por grupo, 2 grupos diários, para o Caminho dos Sentidos.

79. Elaborar folhetos interpretativos para o Circuito dos Caminhos contendo um mapa esquemático dos percursos, os elementos ambientais interpretados e as normas de conduta para estas áreas.

Os folhetos deverão conter informações pertinentes a cada caminho.

80. Elaborar e implantar projeto de sinalização para o Circuito dos Caminhos.

O projeto deverá identificar os locais para interpretação da fauna e flora.

80.1. Demarcar e instalar placas de sinalização informativa, orientadora e

interpretativa ao longo dos dois caminhos.

Instalar no início da trilha um totem informativo com o mapa. A sinalização deverá destacar a distância e o tempo estimado para o

percurso e os pontos de interesse na trilha.

81. Realizar o monitoramento do circuito dos caminhos.

82. Proceder a fiscalização da área de forma a assegurar a proteção dos recursos naturais e dos visitantes.

11.4.4. Circuito das Trilhas O Circuito das Trilhas é formado pelas trilhas interpretativas denominadas como Trilha da Mata, Trilha do Rapel e Trilha das Águas.

Page 179: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

159

As atividades de visitação ocorrerão a partir do Centro de Interpretação. Para ter acesso a Trilha da Mata, percorre-se pequeno trecho do Caminho dos Sentidos. Esta é a trilha principal que através dela os visitantes terão acesso às demais trilhas e aos locais para a prática de atividades dos esportes da natureza como arvorismo, rapel, tirolesa e observação das copas de árvores. O arvorismo oferece aos participantes a possibilidade de percorrer um circuito de visitação em altura, no nível das copas das árvores, integrando-se com a natureza em locais regularmente não acessíveis. Já o rapel consiste de esporte de aventura com atividade vertical praticada com uso de cordas e equipamentos adequados para a descida de paredões e vãos livres bem como em edificações. A atividade de tirolesa não exige esforços físicos do praticante e permite a sensação de voar observando a natureza de um ângulo diferente. Percorre-se pequeno trecho de mata secundária, onde se observa alguns exemplares arbóreos de grande porte e de espécies representativas da fauna. Após pequena caminhada encontra-se uma bifurcação à direita que dá acesso a Trilha do Rapel, local para a prática desta atividade. Seguindo a Trilha da Mata à partir da bifurcação percorre-se outro trecho da Mata Atlântica até o local de acesso ao Mirante da Ribeira, retornando para a trilha principal, até o local de captação de água e que passa a ser denominada Trilha das Águas. Esta é uma trilha interpretativa que será utilizada para educação ambiental, preferencialmente, pelos alunos da rede escolar do município e moradores das comunidades do entorno. Deverá ser guiada com acompanhamento de professores ou de monitores e utilizada para a interpretação da importância de proteção das nascentes, do sistema de captação, do tratamento e da destinação da água. a. Objetivos

Proporcionar um ambiente de lazer em contato com a natureza de forma lúdica e radical para os visitantes.

Proporcionar aos visitantes a interação com a UC e seus atributos naturais.

Fornecer oportunidade para a prática de esportes da natureza.

Compreender o significado da relação corpo e natureza através dos esportes de aventura.

Conscientizar a população local e demais visitantes da importância da floresta na proteção dos recursos hídricos.

Estimular o desenvolvimento da percepção sensorial por meio do contato com o ambiente natural associado ao conhecimento técnico-científico.

b. Resultados Esperados

Visitação sistemática ao Circuito das Trilhas, especialmente por estudantes e moradores do entorno.

Compreensão da relação corpo x natureza por meio da prática de esportes da natureza.

Conscientização e sensibilização dos moradores do entorno e visitantes sobre a importância da UC.

c. Indicadores

Quantidade de visitantes ao circuito.

Quantidade de estudantes.

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160

Quantidade de moradores do entorno que visitam a unidade.

Quantidade de praticantes de esporte da natureza.

d. Atividades e normas

83. Elaborar e implantar o projeto executivo de arquitetura e engenharia para o Circuito das Trilhas: Trilha da Mata, Trilha do Rapel e Trilha das Águas.

O projeto deverá definir o traçado para as trilhas com a indicação das

infraestruturas a serem instaladas. A concepção do projeto deverá assegurar que as obras e intervenções

atendam aos objetivos das atividades de uma trilha interpretativa, se necessário, poderão ser previstos trechos suspensos ou elevados (passarelas).

O projeto deverá buscar soluções que reduzam o impacto ao meio físico evitando banhados, declividades acentuadas, solos arenosos, compactação do solo, dentre outras.

O projeto deverá evitar áreas de ocorrência de espécies da fauna, sensíveis a presença humana, endêmicas, raras e/ou ameaçadas, além das áreas de reprodução.

Deverá evitar locais onde a vegetação apresenta-se em áreas frágeis, de baixa resistência ou com baixa capacidade de recuperação, dispersão de raízes, dentre outras.

O projeto deverá atender aos objetivos do projeto de interpretação ambiental estabelecido no programa de educação ambiental para a RPPN Fazenda do Tanguá.

Deverá demarcar os locais representativos da flora e fauna para interpretação ambiental.

84. Realizar a abertura e implantação das trilhas integrantes do Circuito das Trilhas para

atendimento aos diversos tipos de visitantes.

O traçado da trilha deverá ser aberto respeitando ao projeto executivo e, havendo necessidade, poderão ser feitas as adaptações e adequações para melhor desenvolvimento das atividades de visitação desde que autorizadas e supervionadas pela administração da UC.

85. Elaborar e implantar o projeto específico para as atividades de arvorismo, rapel e

tirolesa.

85.1. Fornecer o detalhamento e os cálculos estruturais para implantação das atividades de modo a garantir a segurança e a proteção dos usuários e dos equipamentos.

Para as atividades de arvorismo e rapel, o projeto deverá proceder ao

levantamento de dados preliminares como o perfil do público a ser atendido e o número estimado de pessoas para atendimento diário.

Para o arvorismo deverão ser identificadas árvores de grande porte, verificação do tamanho e local da área para instalação das estruturas (escadas, passarelas), estabelecimento do comprimento do percurso linear, a demarcação dos pontos de apoio para as estruturas e sua fixação e a instalação de escadas para acesso às trilhas suspensas.

Para o rapel deverão ser identificados os locais de paredões e vãos livres, verificação dos locais para instalação das estruturas (acessos, trilhas, escadas), a estimativa das alturas do percurso vertical,

Page 181: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

161

demarcação dos pontos de apoio para sua fixação e a instalação de equipamentos facilitadores para acesso aos locais.

Para a atividade de tirolesa, o projeto deverá proceder ao levantamento de dados preliminares para identificação do tipo de tirolesa a ser implantada, se de alta velocidade ou de deslocamento suave (contemplativa).

Para a tirolesa deverá proceder ao levantamento topográfico para identificação e demarcação dos pontos de apoio para instalação das estruturas (acessos, trilhas, escadas), estabelecimento do comprimento do percurso linear, demarcação dos pontos de apoio para sua fixação e a instalação de equipamentos facilitadores para os locais para a prática da tirolesa.

86. Proceder à manutenção periódica do Circuito das Trilhas assegurando o seu bom estado de conservação.

87. Estabelecer a capacidade de suporte para o Circuito das Trilhas.

87.1. Contratar estudos para estabelecimento da capacidade de suporte.

Até que seja estabelecido um estudo da capacidade de suporte, fica

definido o número máximo de:

15 pessoas, por grupo, 6 grupos diários, para as Trilhas da Mata e do Rapel.

87.2. Estabelecer indicadores de impacto para avaliação da capacidade de suporte.

87.3. Realizar o monitoramento dos caminhos com vistas aos indicadores de impacto identificados.

88. Elaborar folheto interpretativo para o Circuito das Trilhas contendo um mapa

esquemático dos percursos, os elementos ambientais interpretados e as normas de conduta para estas áreas.

Os folhetos deverão conter informações específicas pertinentes a cada

trilha.

89. Elaborar e implantar projeto de sinalização para o Circuito das Trilhas.

O projeto deverá identificar os locais para a prática das atividades de tirolesa, rapel e arvorismo e para a instalação do observatório das copas das árvores.

A placa deverá conter informações sobre cada atividade, normas de segurança e conduta.

Deverá indicar o local para instalação da estrutura do Observatório a ser utilizado para interpretação das copas das árvores.

90. Demarcar e instalar placas de sinalização informativa, orientadora e interpretativa ao

longo das trilhas.

Instalar no início das trilhas um totem informativo com o mapa de cada uma das trilhas.

A sinalização deverá destacar a distância e o tempo estimado para o percurso e os pontos de interesse de cada uma das trilhas.

91. Realizar o monitoramento para o Circuito das Trilhas.

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162

92. Proceder a fiscalização da área de forma a assegurar a proteção dos recursos naturais e dos visitantes.

93. Elaborar e implantar o projeto de executivo de arquitetura para a Trilha das Águas,

para atendimento, em especial, aos alunos da rede escolar pública e privada do município.

O traçado da trilha deverá ser aberto respeitando ao projeto executivo e,

havendo necessidade, poderão ser feitas as adaptações e adequações para melhor atendimento ao desenvolvimento das atividades de educação e interpretação ambiental.

O projeto deverá ter como objetivo principal a interpretação da importância de proteção às nascentes, forma de tratamento da água e sua destinação.

As adaptações e adequações só poderão ocorrer desde que autorizadas e supervionadas pela administração da UC.

Avaliar as condições físicas do leito da trilha, verificando a necessidade de intervenções de manejo e recuperação, visando minimizar impactos erosivos decorrentes do uso intensivo.

Implementar as intervenções apontadas no levantamento das condições físicas da trilha e na readequação do projeto de interpretação ambiental.

94. Realizar a implantação da Trilha das Águas.

95. Proceder a manutenção periódica da Trilha das Águas assegurando o seu bom

estado de conservação.

96. Estabelecer a capacidade de suporte para a Trilha das Águas.

96.1. Contratar estudos para estabelecimento da capacidade de suporte.

Até que seja estabelecido um estudo da capacidade de suporte, fica definido o número máximo de:

20 pessoas, por grupo, sendo 2 grupos pela manhã e 2 grupos à tarde, para a Trilha das Águas.

96.2. Estabelecer indicadores de impacto para avaliação da capacidade de suporte.

97. Realizar o monitoramento da Trilha das Águas com vistas aos indicadores de impacto identificados.

98. Elaborar folheto interpretativo para a Trilha das Águas contendo um mapa

esquemático do percurso, os elementos ambientais interpretados e as normas de conduta para estas áreas.

Os folhetos deverão conter informações específicas pertinentes a Trilha

das Águas. O material produzido deverá ser disponibilizado para os visitantes.

99. Realizar o monitoramento para o Circuito das Trilhas.

100. Proceder a fiscalização da área de forma a assegurar a proteção dos recursos

naturais e dos visitantes. 101. Elaborar e implementar projeto de educação ambiental para a Trilha das Águas, com

ênfase na importância dos recursos hídricos.

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163

A existência de represas possibilita o repasse de informações do histórico do uso da água e as várias formas de filtragem existente.

A coordenação de Educação Ambiental deverá promover cursos e oficinas utilizando materiais reciclados.

102. Elaborar material educativo/informativo impresso e audiovisual, bem como

especificações de conteúdos educativos sobre os recursos hídricos.

103. Desenvolver atividades de visitas guiadas, envolvendo professores, grupos de estudantes e comunidades.

104. Destacar voluntários para percorrer a trilha no acompanhamento de grupos escolares pré-agendados, objetivando orientá-los quanto a sua conduta em uma unidade de conservação.

Esse trabalho deverá ser feito por uma dupla de voluntários munidos com

um aparelho de radiocomunicação. A fiscalização deverá apoiar o voluntário em sua atividade, quando

necessário.

105. Eliminar espécies exóticas existentes ao longo da trilha, de acordo com a orientação técnica da UC.

11.4.5. Turismo científico

O turismo científico é voltado para o conhecimento, conscientização, questionamento, e pesquisas em relação ao ecossistema Mata Atlântica, tendo como apoio o Centro de Pesquisas da Mata Atlântica. Deverão ser fornecidas atividades de visitação técnico-científica como dia de campo, trilhas noturnas, vivência na mata e o observatório das copas de árvores. O Centro de Pesquisas consistirá em uma edificação de pequeno porte, para utilização de pesquisadores sobre o bioma. Visitantes poderão ter oportunidade de conhecer as pesquisas em andamento com o programa “Dia de Campo” que consiste em uma visitação com o acompanhamento de pesquisadores e de trilhas noturnas para observação de espécies da fauna com acompanhamento de especialista no assunto. Estas visitas deverão ser previamente agendadas. As atividades “dia de campo” e “vivência na mata” poderão ser complementadas com visitas guiadas e direcionadas para iniciantes em fotografias para desenvolvimento da percepção do olhar adquiridos mediante observação orientada por especialistas. A atividade de “vivência na mata” consistirá em pernoite na Cabana da Mata, pequena edificação, bastante rústica com o mínimo de infraestrutura destinadas aos visitantes com interesse em contato com o ambiente natural. O Observatório das copas de árvores é uma atividade praticada em estruturas projetadas em planos inclinados para a observação e interpretação da vegetação local, em especial a fitofisionomia e morfologia vegetal.

a. Objetivos

Estimular o desenvolvimento da percepção sensorial por meio do contato com o ambiente natural associado ao conhecimento técnico-científico.

Fornecer oportunidade de conhecimento técnico aos visitantes.

Realizar observações e coletar dados para utilização científica.

Divulgar as atividades de conhecimento científico para estudantes de áreas afins.

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164

b. Resultados Esperados

Infraestrutura de apoio científico implementada.

Infraestrutura de apoio aos pesquisadores instalada.

Conhecimento científico incentivado. c. Indicadores

Quantidade de visitantes ao Centro de Pesquisa da Mata Atlântica.

Quantidade de visitantes no “Dias de Campo” e trilhas noturnas.

Quantidade de visitantes na Cabana da Mata.

d. Atividades e normas

106. Elaborar e implantar projeto executivo de arquitetura e engenharia para o Centro de Pesquisas da Mata Atlântica.

O projeto de arquitetura deverá prever áreas para a instalação de quarto, pequeno laboratório, sanitário e copa.

O projeto deverá ser condizente com o padrão arquitetônico das demais edificações a serem construídas.

107. Instalar equipamentos e mobiliários no Centro de Pesquisas da Mata Atlântica.

108. Elaborar estudo de viabilidade econômica para instalação da Cabana da Mata.

Após os resultados do estudo, se viável economicamente, deverá ser

contratado o projeto de arquitetura e engenharia. O estudo de viabilidade econômica definirá o número de cabanas de

forma que esta atividade apresente um retorno financeiro sustentável. O projeto para a Cabana da Mata deverá ter capacidade para abrigar, no

máximo, duas pessoas por cabana, com equipamentos rústicos, como saco de dormir ou esteiras.

O projeto da cabana deverá identificar o local que cause o menor impacto físico e visual na mata.

O projeto deverá ser condizente com o padrão arquitetônico das demais edificações a serem construídas.

109. Elaborar estudos para identificação de fatos históricos da região.

Os estudos deverão ser feitos por profissionais de história, arqueologia

ou antropologia e, preferencialmente, em parcerias com instituições públicas ou privadas.

110. Incrementar as pesquisas científicas com ênfase nos aspectos biofísicos e histórico-

culturais.

111. Elaborar e implantar projeto de arquitetura e engenharia para o Observatório das Copas de Árvores.

O projeto deverá identificar as árvores representativas da Mata Atlântica

com a participação de profissionais de ciências biológicas. Deverá ser projetado de modo a atender o número máximo de 6 pessoas. O projeto deverá fornecer o detalhamento e os cálculos estruturais para

sua implantação de modo a garantir a segurança e a proteção dos usuários e dos equipamentos.

Page 185: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

165

11.5. Programa de Comunicação

O Programa de Comunicação aborda questões relacionadas à divulgação da RPPN, estratégias de marketing e inserção na mídia, relações públicas, envolvimento e cooperação interinstitucional, relação com moradores do entorno da área, e demais atividades necessárias a divulgar os objetivos da RPPN e suas atividades.

a. Objetivos

Divulgar a Reserva Particular do Patrimônio Natural.

Criar e participar de atividades culturais na região.

Participar e inserir a Reserva Particular do Patrimônio Natural na política ambiental na região, inclusive no Mosaico de Áreas Protegidas da Serra da Bocaina.

b. Resultados esperados

Coordenação de Educação Ambiental e Visitação atuante.

Plano de manejo divulgado.

RPPN Fazenda do Tanguá reconhecida nas políticas regionais.

c. Indicadores

Quantidade de informativos e cartilhas distribuídos.

Quantidade de eventos realizados.

Inclusão da RPPN no Mosaico da Bocaina.

d. Atividades e normas:

112. Divulgar o plano de manejo na mídia local e regional.

113. Contratar o Resumo Executivo do plano de manejo, assim que aprovado.

114. Confecção da logomarca da UC.

A elaboração de concurso de idéias para confecção da logomarca da RPPN Fazenda do Tanguá envolvendo as escolas do entorno da UC.

A logomarca selecionada deverá ser encaminhada para um profissional de desenho gráfico para artefinalização.

115. Elaborar a página da internet para a RPPN para ampla divulgação.

116. Contratar profissionais para elaboração do material de divulgação.

Os materiais de divulgação deverão ser em linguagem adequada

salientando os benefícios ambientais decorrentes da existência da UC e da proteção de seu entorno.

Cartilhas, preferencialmente, para os alunos da rede escolar.

Folhetaria para divulgação da RPPN, da programação de eventos e datas comemorativas.

O folheto da UC deverá ser elaborado contendo informações em português e inglês.

Banner para as atividades de educação ambiental.

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166

Formação de parcerias para publicação de material de cunho científico, como guias de campo de espécies da fauna e flora, resultados das pesquisas realizadas na UC.

117. Relacionar os benefícios com os recursos naturais utilizados pela população local,

especialmente a água.

118. Editar informativo periódico sobre a RPPN, nos formatos digital e impresso, divulgando os resultados das pesquisas.

Essa atividade ficará sob a responsabilidade da Coordenação de

Pesquisa e Proteção com a supervisão da Administração da UC. O informativo deverá ser elaborado sempre que houver demanda de

matéria a ser divulgada, cuidando para que não seja deixado um período maior que um semestre para que este circule.

Essa atividade deverá contar com a colaboração dos pesquisadores e instituições de pesquisas que desenvolverem seus projetos na UC.

119. Buscar um patrocinador para o informativo devendo ser reservado local para

divulgação de sua logomarca, exemplos: Eletronuclear, Transpetro, Marinas da Região, dentre outros.

120. Fornecer periodicamente notícias sobre a RPPN para divulgação na imprensa

(emissoras de rádios, emissoras de televisão, jornais, revistas e outros periódicos).

121. Promover atividades culturais.

121.1. Realizar e participar de eventos para divulgação da RPPN Fazenda do Tanguá.

Deverão ser intensificadas a aproximação iniciada na oficina de planejamento com as Prefeituras, as associações e as comunidades envolvendo-os como agentes de aproximação com a sociedade local.

121.2. Organizar campanhas populares para divulgar e integrar a UC no contexto

local.

Deverão ser promovidos concursos de poesia com temas da estação ecológica, peças teatrais abordando a flora e fauna da UC, campanhas contra a pesca predatória, deposição final do lixo, preservação dos mangues e outras.

121.3. Promover palestras no Centro de Interpretação às comunidades locais,

associações de moradores, sindicatos e entidades trabalhistas, entidades vinculadas ao turismo (hotéis e hospedarias, camping, agências de turismo, associações de guias), indústria da construção civil e outras organizações.

Deverão ser abordados a importância da UC e os problemas ambientais

gerados pelas atividades na UC, objetivando a sensibilização e a mudança de postura.

122. Informar a todas as autoridades judiciárias e policiais da região sobre a existência da

Reserva Particular do Patrimônio Natural, seus objetivos e sua base legal.

123. Participar de programas e projetos relativos ao turismo na região, atuando junto às entidades de turismo (hotéis, agências de turismo, secretarias municipais de turismo) salvaguardando os interesses da UC.

Page 187: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

167

124. Promover e participar de fóruns de discussão sobre políticas municipais e regionais, que estejam relacionadas à Unidade.

125. Buscar a realização de convênios e/ou termos de cooperação técnica com

instituições de pesquisa ambiental, de monitoramento ambiental, de proteção ambiental e de ONG‟s ambientais visando à divulgação da RPPN, sua importância e finalidades.

126. Estabelecer instrumento de cooperação técnica com as UC estaduais e municipais

lindeiras a unidade de conservação com vistas a atividades integradas nas áreas de interesse comuns.

11.6. Programa de Sustentabilidade

O Programa de Sustentabilidade Econômica é destinado a auxiliar na identificação de potenciais fontes de recursos financeiros e formas de captação. Também trata das atividades desenvolvidas pela própria RPPN para captar recursos como cobrança de ingressos, venda de produtos, prestação de serviços, dentre outros. a. Objetivos

Manter a sustentabilidade quanto às questões econômicas.

Identificar potenciais fontes de recursos financeiros e formas de captação.

Acompanhar e controlar os recursos financeiros advindos da cobrança de ingressos, venda de produtos, prestação de serviços, dentre outros.

Buscar parcerias com as empresas regionais.

b. Resultados esperados

Estratégia de sustentabilidade econômico-financeira estabelecida.

Balanço contábil controlado e atualizado.

Fontes potenciais de recursos financeiros identificadas.

Parceirias com o setores públicos e privados estabelecidas.

c. Indicadores

Resultados dos balanços contábil.

Quantidade de convênios e parcerias firmados.

Volume de recursos financeiros externos arrecadados.

d. Atividades e normas

127. Identificar os investimentos e os custos estimados para a implantação física e operacional da UC.

Deverá ser elaborada, pelo administrador e coordenadores, o plano

orçamentário para RPPN. Os recursos financeiros serão destinados para a construção das

edificações, implantação dos circuitos, das cercas e da sinalização indicativa de limites.

Os recursos financeiros para implantação operacional deverá prever os recursos humanos, aquisição de equipamentos, mobiliários, implantação da exposição interpretativa e da sinalização educativa.

128. Contratar profissionais capacitados para elaboração de estudo de viabilidade

econômica.

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168

O estudo de viabilidade econômica deverá contemplar o valor para a

prática atividades de visitação. O resultado dos valores determinará o valor de cobrança do ingresso dos

visitantes. Deverá prever um sistema diferenciado de cobrança para a comunidade

do entorno, crianças até 7 anos de idade e melhor idade.

129. Elaborar pesquisa de campo observando os aspectos de relevância para sustentabilidade econômica.

130. Elaborar cronograma de desembolso (físico-financeiro) para implantação da UC.

O cronograma físico-financeiro deverá ser elaborado pelo Conselho

Diretor e Administração. O Conselho Diretor deverá acompanhar o cumprimento das etapas do

cronograma físico-financeiro.

131. Identificar as potenciais parcerias com empresas públicas, privadas e organizações não governamentais, visando a minimizar os custos de administração e manutenção do empreendimento.

132. Estabelecer contratos ou convênios com empresas públicas, privadas e

organizações não governamentais.

133. Buscar alternativas para estimular a prática do ecoturismo como uma alternativa para os resultados financeiramente viáveis.

As atividades de visitação deverão ser implantadas a partir dos dados

fornecidos no estudo de viabilidade econômica. Os estudos deverão indicar a prioridade de implantação e futuros

empreendimentos.

134. Elaborar o Plano Operacional da RPNN, contemplando as atividades indicadas neste Plano de Manejo e os ajustes decorrentes de sua avaliação anual, e buscar recursos externos.

Page 189: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

169

12. PRONOGRAMA DE ATIVIDADES

12.1. Programa de Administração

Atividades Ano I / Trimestre Ano

II Ano III

Ano IV

Ano V 1º 2º 3º 4º

Implantar o quadro funcional da UC. x

Iniciar as ações de planejamento. x

Elaborar e implantar projetos específicos. x

Estabelecer procedimentos para a manutenção da UC.

x x x x x x x

Capacitar e treinar os funcionários, condutores de visitantes e prestadores de serviços.

x x x x x x

Elaborar o Plano Operacional da RPNN. x x x x x x

Apresentar a órgãos financiadores, brasileiros e internacionais, projetos específicos.

x x x x x x x

Detalhar as atividades definidas no cronograma físico, elaborando uma agenda de trabalho anual.

x x x x x

Contratar serviços por meio de terceirização.

Implantar sistema de cancela eletrônica para controle de acesso ao Setor de Visitação.

x

12.2. Programa de Proteção e Fiscalização

Atividades Ano I / Trimestre Ano

II Ano III

Ano IV

Ano V 1º 2º 3º 4º

Criar, estruturar e implantar o serviço de fiscalização.

x

Implantar um sistema de rádio comunicação (VHF) e telefonia celular eficiente.

x

Estabelecer rotina de fiscalização, por meio de turnos.

x

Fixar placas de advertência nos limites da unidade.

x

Demarcar a unidade através de marcos físicos nos limites externos.

x

Elaborar um Plano de Contingência para incêndios.

x

12.3. Programa de Pesquisa, Manejo e Monitoramento

Atividades Ano I / Trimestre Ano

II Ano III

Ano IV

Ano V 1º 2º 3º 4º

Estruturar uma equipe de consultores ad hoc. x x

Efetuar a pré-seleção dos projetos baseados na lista de pesquisas prioritárias.

x x x x x x

Elaborar as normas gerais para o desenvolvimento dos projetos de pesquisa.

Apoiar a realização das pesquisas selecionadas. x x x x x x

Cadastrar os pesquisadores e instituições de pesquisa.

x x

Implantar e estruturar um banco de dados georreferenciados.

x x x x x x x

Buscar junto às instituições de fomento à pesquisa, organizações públicas e privadas.

x x x x x x x x

Page 190: RPPN – Reserva Natural da Fazenda do Tanguá: diagnóstico

170

Priorizar as linhas de pesquisa a serem desenvolvidas no interior da unidade.

x x x x x x

Elaborar manual/guia ilustrado da fauna e flora para visitantes e funcionários.

x x

Erradicar as espécies exóticas existentes no interior da UC.

x x x x x x x x

Induzir a recuperação natural das áreas inseridas nas Zonas de Recuperação.

x x x x x x x

Enriquecer as áreas das Zonas de Proteção com espécies nativas da Mata Atlântica.

x x x x x x x

Promover o controle de cipós e lianas. x x x x x x x x

Controlar as clareiras por meio do plantio com plântulas nativas.

Monitorar o processo de recuperação, enriquecimento ou regeneração da vegetação.

x x x x x x x

Desenvolver Programa para o Controle e Monitoramento para as áreas de visitação pública.

x

Instalar uma estação meteorológica no interior da RPPN.

x

Proceder ao acompanhamento das vazões dos corpos hídricos da microbacia do Tanguá.

x x x x x x x

Monitorar o uso, a qualidade de água e a vazão da microbacia do Tanguá.

x x x x x x x

Realizar seminários científicos para divulgação das pesquisas.

x x x x x

12.4. Programa de Visitação

Atividades Ano I / Trimestre Ano

II Ano III

Ano IV

Ano V 1º 2º 3º 4º

Elaborar e implantar projetos executivos de arquitetura/engenharia para as edificações, trilhas, caminhos e para os esportes da natureza.

x x

Instalar equipamentos e mobiliários. x

Elaborar e instalar projeto de sinalização informativa, indicativa e interpretativa.

x x

Identificar local para estacionamento de viaturas oficiais.

x

Realizar o levantamento do perfil dos visitantes. x x

Elaborar e implementar o projeto específico para a exposição interpretativa.

x x x x x x x x

Implementar Programa de Educação Ambiental. x x x x x x x x

Elaborar material educativo e informativo para ampla divulgação da UC.

x

Realizar a implantação das trilhas e caminhos. x

Instalar equipamentos facilitadores para a segurança dos visitantes e do ambiente.

x

Proceder a manutenção periódica do Circuito dos Caminhos e circuito das trilhas.

x x x x x x x

Contratar estudos para capacidade de suporte/ indicadores de impacto.

x

Realizar o monitoramento do circuito dos caminhos.

x x x x x x x x

Desenvolver atividades de visitas guiadas. x x x x x x x x

Destacar voluntários para percorrer a trilha de grupos escolares pré-agendados.

x x x x x

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171

Eliminar espécies exóticas existentes ao longo da trilha.

x x x x x x x x

12.5. Programa de Comunicação

Atividades Ano I / Trimestre Ano

II Ano III

Ano IV

Ano V 1º 2º 3º 4º

Divulgar o plano de manejo na mídia local e regional.

x

Contratar o Resumo Executivo do plano de manejo, assim que aprovado.

x

Confecção da logomarca da UC. x

Elaborar a página da internet para a RPPN para ampla divulgação.

x

Contratar profissionais para elaboração do material de divulgação.

x

Editar informativo periódico sobre a RPPN. x x x x x x x

Fornecer periodicamente notícias sobre a Estação para divulgação na imprensa.

x x x x x x x

Promover atividades culturais. x x x x x x x

Informar às autoridades judiciárias e policiais sobre a existência da RPPN.

x

Participar de programas e projetos relativos ao turismo na região.

x x x x x x x x

Promover e participar de fóruns de discussão sobre políticas municipais e regionais.

x x x x x x x x

Buscar a realização de convênios e/ou termos de cooperação técnica.

x x x x x x x x

Desenvolver campanha para sensibilizar a população local.

x x x x x x x x

12.6. Programa de Sustentabilidade

Atividades Ano I / Trimestre Ano

II Ano III

Ano IV

Ano V 1º 2º 3º 4º

Identificar os investimentos e os custos para a implantação física e operacional.

x x x x x

Contratar profissionais para elaboração de estudo de viabilidade econômica.

x

Elaborar cronograma de desembolso (físico-financeiro) para implantação da UC.

x

Identificar as potenciais parcerias com empresas públicas, privadas e ONGs.

x

Estabelecer contratos ou convênios com empresas públicas, privadas e ONGs.

x x x x x x

Buscar alternativas para estimular a prática do ecoturismo.

x x x x x x x x

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