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Estudo de caso de uma RPPN e seu uso para o turismo.
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Universidade de São Paulo
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Relações Públicas, Publicidade e Turismo
ATIVIDADE TURÍSTICA EM RESERVAS PARTICULARES
DO PATRIMÔNIO NATURAL (RPPN) - ESTUDO DE CASO:
POUSADA DAS ARARAS – SERRANÓPOLIS / GO
Vinicius Moraes Raszl
São Paulo
2005
Vinicius Moraes Raszl
ATIVIDADE TURÍSTICA EM RESERVAS PARTICULARES
DO PATRIMÔNIO NATURAL (RPPN) - ESTUDO DE CASO:
POUSADA DAS ARARAS – SERRANÓPOLIS / GO
Monografia apresentada ao curso de
graduação em turismo da Escola de
Comunicações e Artes da Universidade de
São Paulo, como requisito parcial à
obtenção do título de bacharel em turismo.
Orientador: Prof. Msc. Reinaldo Miranda de
Sá Telles
São Paulo
2005
II
BANCA EXAMINADORA
III
Dedico este trabalho aos meus pais, que
presente para minha vida: o conhecimento.
possibilitaram a realização de todos os meus
estudos; só posso agradecer por este imenso
IV
AG
Ao Professor Reinaldo, pela isponibilidade no auxílio da
conclusão deste trabalho.
la de Comunicações e Artes, que me acompanharam na
ida acadêmica e propiciaram os anos mais memoráveis da minha vida.
onibilizou o
poio necessário para a pesquisa de campo.
RADECIMENTOS
disposição, paciência e d
Aos meus amigos da Esco
v
À senhora Ivana Ramos, proprietária da Pousada das Araras, que disp
a
V
RESUMO
As Reservas Particulares do Patrimô RPPN) foram regulamentadas pelo
governo em 1990 e elevadas à categoria de Unidade de Conservação no ano de
nio Natural (
2000, com a entrada em vigor do Sistema Nacional de Unidades de Conservação,
que criou uma legislação especial para sua implementação e manutenção. As
reservas particulares desenvolveram-se no Brasil de maneira quase espontânea,
enquanto o sistema das reservas privadas em outros países ocorre de maneira
diversa. Este desenvolvimento atualmente ocorre também em quantidade, pois, nos
últimos cinco anos, observou-se um aumento importante de RPPNs no Brasil. Este
aumento destaca características muito peculiares no que tange à administração, ao
relacionamento com a sociedade, ao meio ambiente e principalmente ao turismo.
Palavras chave: reserva particular; Unidade de Conservação; ecoturismo.
RASZL, Vinicius Moraes. Atividade de Ecoturismo em Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN). Estudo de Caso: Pousada das Araras –Serranópolis/GO, 2005. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade de São Paulo, 2005.
VI
ABSTRACT
The Private Reserve from Natura NP) was regulated by govern in
1990 and transformed into Unit of Conservation in 2000, with the validity of the
cotourism.
l Patrimony (PR
National System of Unities of Conservation, that created a special law for its
implementation and maintenance. The development of private reserves in Brazil
occurred in an almost spontaneous way, while the private reserves system in other
countries is very different. Nowadays that development also occurs in quantity since
in the last five years there was an important enlarging of the PRPNs in Brazil. The
PRPNs enlarging detaches singular features on management, relationship with
society, environment and especially with tourism.
Key Words: private reserve; unit of conservation; e
RASZL, Vinicius Moraes. Tourism Activity in Private Reserves From Natural Patrimony. Case Study: Pousada das Araras – Serranópolis/GO, 2005. Curse
onclusion Work – Universidade de São Paulo, 2005. C
VII
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Localização da reserva..............................................................................62
Figura 2 - Manejo para evitar erosão. .......................................................................66
Figura 3 - Manejo para subida em pedra.. ................................................................66
Figura 4 - Vista do mirante no 1.. ...............................................................................66
Figura 5 - Piscina natural .. ........................................................................................67
Figura 6 - Passarela para pinturas.. ..........................................................................69
Figura 7 - Passarela e deque para aulas.. ................................................................69
Figura 8 - Centro de visitantes: área externa.. ..........................................................70
Figura 9 - Centro de visitante: área interna.. .............................................................70
Figura 10 - Piscina de água tratada.. ........................................................................71
Figura 11 - Vista do chalé: externo.. ..........................................................................73
Figura 12 - Vista do chalé: interno.. ...........................................................................73
Figura 13 - Área de camping.. ...................................................................................75
Figura 14 - Gráfico de distribuição etária dos visitantes.. ..........................................76
Figura 15 - Gráfico de distribuição de renda dos visitantes.. ....................................77
Figura 16 – Organograma.. .......................................................................................81
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Preços de hospedagem em chalés.. ........................................................73
Tabela 2 - Preços de hospedagem em quartos simples.. .........................................74
Tabela 3 - Preços de hospedagem em camping.. .....................................................75
VIII
Sumário
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................14
1.2 Problema...............................................................................................14
1.6
2.
3.1 Conservacionismo e preservacionismo.................................................23
1.1 Tema.....................................................................................................14
1.3 Hipóteses..............................................................................................14
1.4 Justificativa............................................................................................15
1.5 Objetivos...............................................................................................16
1.5.1 Objetivo geral...............................................................................16
1.5.2 Objetivos específicos...................................................................16
Metodologia...........................................................................................17
TURISMO E ECOTURISMO............................................................................18
3. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO...................................................................23
3.2 Conceito de Unidade de Conservação.................................................25
3.3 Histórico de Unidade de Conservação..................................................26
3.3.1 Mundial.........................................................................................26
3.3.2 Brasil............................................................................................28
3.4 Histórico de RPPN................................................................................31
3.4.1 Histórico mundial........................................................................31
3.4.2 Histórico brasileiro......................................................................35
IX
3.5
3.6
4.
4.1
4.2 Caracterização do bioma que integra a região em estudo...................59
Araras ........
....61
4.4
Legislação.............................................................................................38
Exigências e burocracias para implantação de uma RPPN..................43
3.7 Atividades econômicas permitidas em RPPN e plano de manejo........45
3.8 Vantagens e desvantagens para os proprietários de RPPN.................48
3.9 Conflitos entre gestão privada e pública...............................................50
3.10 Ecoturismo em RPPN...........................................................................53
ESTUDO DE CASO...................................................................................56
Aspectos econômicos do estado de Goiás...........................................56
4.2.1 Flora e fauna..............................................................................60
4.3 Dados, localização e histórico da criação da RPPN Pousada das
... ..............................................................................................................61
4.3.1 Dados.......................................................................................
4.3.2 Localização..................................................................................62
4.3.3 Histórico da criação......................................................................63
Recursos turísticos................................................................................64
4.4.1 Trilhas.........................................................................................65
4.4.2 Mirantes......................................................................................66
4.4.3 Piscina natural............................................................................67
4.4.4 Histórico-arqueológico................................................................67
4.5 Infra-estrutura básica............................................................................69
4.5.1 Centro de recepção ao visitante..................................................69
4.5.2 Lanchonete e restaurante............................................................70
X
4.5.3 Estacionamento...........................................................................71
4 Áreas de lazer e entretenimento...........................................................71 .6
4
.7
4.6.1 Piscina de água tratada...............................................................71
4.6.2 Áreas de práticas desportivas......................................................72
.6.3 Churrasqueira...............................................................................72
4 Infra-estrutura de hospedagem.............................................................72
4.7.1 Chalés..........................................................................................73
4.7.2 Quartos simples...........................................................................74
4.7.3 Camping.......................................................................................74
4.8 Público visitante....................................................................................75
4.9 Administração........................................................................................78
4.9.1 Marketing e divulgação................................................................79
4.9.2 Organograma...............................................................................80
4.10 Interferência de organizações na RPPN Pousada das Araras.............82
4.10.1 Associação dos proprietários de RPPN de Goiás......................83
4.10.2 Governos municipal e estadual..................................................84
4.10.3 ONGs..........................................................................................85
4.10.4 Operadoras de turismo...............................................................86
4.10.5 IBAMA........................................................................................86
4.11 Vantagens e desvantagens da RPPN, segundo o proprietário.............87
4.11.1 Vantagens..................................................................................87
4.11.2 Desvantagens.............................................................................88
4.12 Plano de manejo...................................................................................89
XI
5. Considerações finais...........................................................................................91
Anexo A Total de RPPNs criadas por anos segundo o IBAMA..............100
Bibliografia................................................................................................................96
Anexos.....................................................................................................................100
Anexo B Mapa de localização das RPPNs no Brasil..............................101
XII
LISTA DE SIGLAS
o Florestal
o
FNMA - Fundo Nacional do Meio Ambiente
FUNATURA - Fundação Pró-Natureza
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBDF - Instituto Brasileiro de Desenvolviment
IUCN - União Internacional para a Conservação da Natureza
IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
ITR - Imposto Territorial Rural
ONG - Organização Não-Governamental
ONU - Organização das Nações Unidas
OSCIP - Organização Social Civil de Interesse Públic
RADAM - Radar da Amazônia
RPPN - Reserva Particular do Patrimônio Natural
SEMA – Secretaria de Meio Ambiente
SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação
WWF - World Wildlife Fund
XIII
1 Introdução
1.1 Tema
O tema escolhido para ser discutido por esta monografia é a atividade
turística em Reservas Particulares do Patrimônio Natural - Estudo de Caso: Pousada
das Araras – Serranópolis/GO.
1.2 Problema
Como se dá a relação da propriedade privada com uma área de proteção
ambiental onde existem limitações para seu uso comercial, sendo o turismo possível
fonte de renda e importante meio de contato entre a sociedade e a reserva natural
protegida?
1.3 Hipóteses
• A maior parte das RPPNs tem a possibilidade de desenvolver a atividade
turística.
• Tendo em vista as restrições legais de uso das RPPNs, a atividade do turismo
se torna o maior benefício que o proprietário pode obter.
• O status de reserva é mais um fator de vantagem do que um dificultador em
relação à implantação do turismo.
14
1.4 Justificativa
As Unidades de Conservação (UC) representam um assunto que já recebe
ma considerável importância no meio acadêmico brasileiro e mundial. Existem
divers
As Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) no Brasil têm
m aumento considerável, segundo o Instituto Brasileiro do Meio
mbiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). O crescimento dessas
unidad
e legal, faz-se necessário levantar os aspectos relativos à utilização, por
teresse privado, de áreas ambientalmente protegidas, tais como a relação dos
m a área protegida e sua capacidade de gestão da RPPN em relação
os aspectos ecológicos e turísticos. Também é preciso verificar até que ponto este
tipo
salvaguarda do meio ambiente e, ainda, relacionar a função do ecoturismo como
ativ
imento dos aspectos
leg
Natural (RPPN) como empreendimentos de pequeno porte que se relacionam com o
coturismo no contexto do surgimento deste tipo de unidade de conservação no
u
os livros, artigos científicos e trabalhos acadêmicos que tratam deste assunto,
porém há uma lacuna nos estudos de Unidades de Conservação, que são reservas
de caráter privado.
passado por u
A
es tem sido bem expressivo: existem hoje 408 RPPNs, sendo que em 2001
foram oficializadas 53 delas, segundo dados do IBAMA (2005). Com todo esse
aumento e tendo em vista que o uso dessas áreas para o ecoturismo é uma
possibilidad
in
proprietários co
a
de iniciativa de proteção ao meio ambiente substitui o poder público no papel de
idade de proteção ambiental.
Para tanto, será necessário focalizar o estudo no conhec
ais e na possibilidade de vislumbrar as Reservas Particulares do Patrimônio
e
15
Brasil, na realidade atual do turismo ecológico e no interesse e capacidade dos
roprietários de RPPNs para gerir este tipo de empreendimento.
•
p
1.5 Objetivos
1.5.1 Objetivo geral
Entender o funcionamento das Reservas Particulares do Patrimônio Natural
(RPPNs) e, portanto, a relação entre seu aproveitamento econômico e social
para o turismo.
1.5.2 Objetivos específicos
• Analisar o funcionamento de uma reserva e traçar paralelos entre
administrações privada e pública de Unidades de Conservação.
• Identificar o funcionamento do ecoturismo em RPPNs e a maneira como a
legislação trata esta atividade.
• Buscar as normas e indicações oferecidas pelos órgãos responsáveis pelo
turismo no Brasil e no mundo para este tipo de reserva.
16
1.6 Metodologia
Visando atingir os objetivos sugeridos para esta pesquisa, realizou-se um
ibliográfico exploratório em publicações nacionais e internacionais,
or meio de livros, artigos de revistas científicas especializadas impressas e online
nuários estatísticos.
Concluída esta etapa e, tendo assim, um conjunto de informações teóricas sobre
o a
A p
para s -se na propriedade a prática de turismo estruturada, já que o
tuito desde o início da pesquisa era analisar a prática do turismo e não o potencial
fator importante para seleção da RPPN era a
isponibilidade de tempo e interesse do proprietário para acompanhar as visitas e
res
A p 17 de junho
de
hosped o da RPPN, além de catalogação fotográfica.
Ne
turistas s guias da Reserva.
oram também colhidos dados que tratavam da gestão da Reserva através de uma
ntrevista realizada com os proprietários da RPPN.
levantamento b
p
na Internet, além de a
ssunto estudado, segue-se para a pesquisa de campo.
esquisa in loco iniciou-se com a seleção da RPPN, sendo que como critérios
eleção, buscava
in
turístico nas RPPNs. Outro
d
ponder as indagações levantadas.
esquisa de campo foi feita através de uma visita realizada no dia
2005. Nesta visita foi feita uma verificação de todos os atrativos e instalações de
agem, alimentação e recreaçã
sta verificação foram analisados as funções e capacidades para recepção de
de cada item. Toda a visita foi acompanhada por um do
F
e
17
2. Turismo e ecoturismo
do turismo. Para vários pesquisadores,
ess
: 36). Em relação a esta
difi
essa permanência ser feita em
hospedagem paga ou não.
• Temporalidade: a permanência sem a transferência de residência fixa ou
temporária também é preceito básico do turismo.
Conceituar turismo é algo muito complexo, aliás, uma tarefa que um
expressivo número de importantes autores procura fazê-lo. A grande quantidade de
definições resultantes do trabalho destes autores acaba por revelar a faceta
multidisciplinar e a extensão do fenômeno
a complexidade do fenômeno turístico, com abrangência em diversos campos do
conhecimento, dificulta uma definição precisa (BENI, 2001
culdade de definir esse termo, ANDRADE (1992: 35) diz que “o turismo é
fenômeno recente como objeto de estudo, embora antigo como fato socioeconômico
e político-cultural [...]”.
Para alguns autores, no entanto, existem elementos que são comuns nos
estudos de turismo, independentemente da definição que se busque, como os que
se seguem:
• Viagem ou deslocamento: é a questão do movimento do turista, pois, sem
o deslocamento do indivíduo, não existe a possibilidade do turismo.
• Permanência fora do domicílio: a permanência fora de seu ambiente
residencial domiciliar também é parte integrante da idéia de turismo. Para
se configurar a atividade turística, é necessário que o indivíduo pernoite
fora de sua residência, independente de
18
• Objeto de turismo: este ponto refere-se às funções receptivas e aos
serviços em geral, que visam à satisfação do turista. Para BENI (2001: 37),
que as atividades turísticas ocorrem sempre mediante um
conjun
o direta e indireta de diversos setores socioeconômicos.
e tange aos subsistemas, destaca-se, no caso deste trabalho, o
ecológico.
também t tados
horizo
meditação
ou seja, e
questão d
O subsistema ecológico é a base para os outros subsistemas. Isto não
signific
das déca reocupado mais com a
ecologia, pois é por meio da natureza que a espécie humana se mantém viva no
“pode-se conceituar bem turístico como todos os elementos subjetivos e
objetivos ao nosso dispor, dotados de probabilidade, passíveis de receber
um valor, ou seja, um preço”.
Alguns autores, como Huzinker e Krapf (apud: FUSTER:74), afirmam que: “o
turismo é um sistema complexo que engloba o deslocamento desde seu local de
residência até o ponto a ser visitado e sua permanência e retorno [...]”. Ainda na
temática de sistemas, Beni (2001: 23) busca definir o turismo abordando a teoria
geral dos sistemas, em
to de relações ambientais interligadas por subsistemas, sendo estes sistemas
o ecológico, social, econômico e cultural. Esta ligação dos subsistemas produz uma
movimentaçã
No qu
Este subsistema abrange, em parte, o subsistema cultural, porque
rata, segundo Beni (2001: 55) “da busca de espaços abertos, dila
ntes, belas paisagens, ambiente saudável e tranqüilo, contemplação e
, ou dedicar-se a atividades de recreação, entretenimento ou desportivas”,
m relação ao turismo, o subsistema ecológico tem como ponto de partida a
a fuga dos grandes centros urbanos.
a que o ecológico seja mais importante, mas, na atualidade, diferentemente
das anteriores a 1980, as pessoas têm se p
19
planet
de todas
contém a
O
segmento demanda e as possibilidades de marketing
para um determinado momento da história (BENI, 2001). Dentre esses segmentos
de tur
a, ecoturismo
signific
baixo impacto da visita, e provêm de maneira
a população local (IUCN, 1998).
se desenvolver realmente com o
aumen
a. Sobre este assunto, Beni (2001: 55) afirma que “a Ecologia é o sustentáculo
as manifestações de vida planetária e do Sistur (Sistema de Turismo) que
teoria dos subsistemas”.
caráter multifacetário do turismo possibilitou os mais diversos tipos de
s turísticos, de acordo com a
ismo, um que merece destaque é o turismo no ambiente natural, também
chamado de ecoturismo.
O ecoturismo pode ser realizado em diversos tipos de áreas. No Brasil,
destacam-se as Unidades de Conservação de administração pública federal,
estadual e municipal, além de propriedades particulares, sendo que, incluídas neste
último tipo, estão as RPPNs. Entretanto, antes de tratar da prática, deve-se pensar
na questão teórica da definição do ecoturismo.
Segundo a União Internacional para a Conservação da Naturez
a:
Viagens e visitação responsável em áreas naturais com baixas alterações ambientais, tendo o interesse de interagir e apreciar a natureza, ao mesmo tempo em que promove conservação, tem
benéfica atividades socioeconômicas envolvendo
O interesse pelo ecoturismo começou a
to das preocupações ambientais no início dos anos 70. O marco para essa
busca mais engajada da causa preservacionista se deu com a conferência de
Estocolmo em 1972, a Primeira Conferência sobre Meio Ambiente Humano
promovida pela Organização das Nações Unidas – ONU (RUSSO, 1999).
20
Em 1992, ocorreu no Rio de Janeiro a ECO 92, como resultado subseqüente
da conferência de Estocolmo. A partir de então, muitas ONGs começaram a surgir, e
algumas organizações internacionais passaram a ter repercussão na mídia mundial,
como
os estudos decorrentes dessa destruição. O aquecimento
global
e da motivação que se observa nos
a turística se utiliza das atividades mais variadas de recreação e lazer,
esmo que estas tenham somente ligações marginais com o meio ambiente, e a
rotulam com o termo
Observando p o, Wearing & Neil
(2001: 10) determin a conceituação da
ecoturismo: viagem restrita a áreas protegidas ou relativamente
tranqü
o Greenpeace e a World Wildlife Fund (WWF), que têm ajudado a ampliar as
discussões sobre preservação da natureza.
Atualmente a questão de proteção à natureza está em evidência, pois o
processo de devastação nunca esteve tão visível para os seres humanos, graças à
intervenção da mídia e a
é o maior exemplo dessa devastação.
O ecoturismo tem sido visto como uma chance de contribuição positiva para a
preservação do meio ambiente (WEARING; NEIL, 2001:02). Muito se tem levantado
a bandeira da busca por um turismo que traga menos impactos à natureza. Assim,
como verifica TULIK (1993: 35), aproveitando-s
consumidores de turismo e, portanto, potenciais consumidores do ecoturismo, a
propagand
m
ecológico.
ossíveis distorções na idéia de ecoturism
am quatro fatores como primordiais para
atividade de
ilas; motivação baseada na natureza; fator de conservação, ou seja, o
ambiente deve aparentar ter sido minimamente alterado pelo ser humano; e papel
educativo, transformando a viagem de conhecimento do meio ambiente em atitude
de preservação da natureza.
21
A exploração do turismo em atividades ecológicas ainda deve ser vista com
algumas restrições no que se refere à preservação. O pouco planejamento em
relação ao meio ambiente ainda faz do ecoturismo um potencial devastador do meio
ambiente. A teoria prevê realmente o ecoturismo como atividade de preservação,
mas a prática, no geral, faz com que a busca de lucro desrespeite princípios básicos
ismo é a de que se possa aproveitar o
meio a
efício deve ser possibilitado por uma política não
consu
dentemente com as adaptações necessárias ao meio
ambiente e também à cultura de preservação de cada país.
de preservação, transformando áreas de preservação em pontos de turismo massivo
com graves conseqüências para o próprio empreendimento de turismo.
O ecoturismo requer assim baixo impacto na atividade de visitação. Para
WEARING; NEIL (2001: 9), a idéia do ecotur
mbiente sem causar impactos maiores, como aqueles que, por exemplo, uma
atividade extrativista poderia trazer. Mais ainda: espera-se que o ecoturismo
possibilite a recuperação de áreas naturais que tenham sido afetadas de alguma
maneira por atividades antrópicas.
Em circunstâncias ideais, o ecoturismo deve trazer ganhos financeiros para a
comunidade local, melhorias de infra-estrutura, e, de uma maneira mais indireta,
melhorar as atividades comerciais de municípios eventualmente próximos à área de
visitação, sendo que esse ben
mista dos recursos disponíveis para a prática do ecoturismo (STERN et al.,
2003: 323).
Enfim, há uma forte tendência em praticar o ecoturismo em áreas
preservadas, delimitadas em Unidades de Conservação ou não. No caso específico
das Unidades de Conservação, objeto deste estudo, estas podem ser configuradas
como públicas ou privadas. Seu histórico é bem antigo, mas tem de certo modo se
padronizado pelo mundo, evi
22
3. Un
o de áreas
natura
uso racional dos bens, acreditando que a
transfo
recursores da teoria do desenvolvimento sustentável (DIEGUES,
1996:2
antas e até as rochas e
idades de Conservação
3.1 Conservacionismo e Preservacionismo
As Unidades de Conservação ganharam um grande destaque, principalmente
a partir da metade do século XX, quando se começou a discutir de modo mais
globalizado, internacionalmente, os conceitos de uso e preservaçã
is primitivas. Mas a história das Unidades de Conservação tem seu início no
século XIV, como será visto a seguir.
Logo com o surgimento dos primeiros parques nacionais nos Estados Unidos,
na década de 1870, iniciou-se uma discussão a respeito de duas correntes de
proteção à natureza. Nesta época, os conservacionistas, representados pela figura
de Gifford Pinchot, defendiam um
rmação de bens não renováveis deveria atender a padrões de eficiência que
mantivessem uma linha dentro de limites aceitáveis de aproveitamento para ambos
os lados. Pinchot determinou três princípios básicos sobre o conservacionismo: o
uso dos recursos naturais; a prevenção do desperdício e o uso dos recursos naturais
para benefício da maioria dos cidadãos. Pode-se dizer que os conservacionistas
foram os p
8).
Os preservacionistas tiveram como seu principal representante John Muir, que
começou a formular sua teoria em 1857. Diegues (1996: 29) argumenta sobre o
preservacionismo descrito por Muir que “a base do respeito pela natureza era seu
reconhecimento como parte de uma comunidade criada à qual os humanos também
pertenciam”. Para Muir, “não somente os animais, mas as pl
23
a água eram fagulhas da Alma Divina que permeava a natureza”. Assim, o
reservacionismo via a salvaguarda como maneira de proteger os recursos naturais,
ureza.
Estas duas correntes de pensamento - o conservacionismo e o
preser
es de Conservação, bem como sua legislação pertinente, acabaram por
coloca
p
e assim uma forma de preservação pura da nat
vacionismo - nortearam, em um primeiro momento, as políticas de proteção à
natureza nos Estados Unidos, já que estas discussões ocorreram
concomitantemente à criação dos primeiros parques nacionais desse país, que
acabaram por servir de modelo para criação de outros parques pelo mundo
(DIEGUES, 1996).
Em geral, a elaboração de teorias antagônicas sobre um mesmo tema leva à
radicalização da discussão. O radicalismo, por sua vez, freqüentemente perde a
razão e ofusca as possibilidades de integração entre os pontos positivos de
diferentes teorias sobre um mesmo tema. É interessante então, agregar o
conservacionismo e o preservacionismo em um modelo único de uso do ambiente
natural protegido, em que ambas as correntes têm coincidentes em relação a temas
de preservação: a razão e a inadequação. A flexibilização desses conceitos parece
ideal quando se trata da elaboração de modelos administrativos de áreas protegidas
que lidam com diferentes culturas e mesmo com diferentes biomas.
Esta discussão é importante, já que, no Brasil, de um modo geral, a criação
das Unidad
r os preceitos do conservacionismo e do preservacionismo em ordem de
discussão. Tais discussões levaram o Projeto de lei do Sistema Nacional de
Unidades de Conservação (SNUC) a diversas modificações. No Brasil, foram
adotados preceitos de ambos os lados com, talvez, uma tendência maior para o
conservacionismo. Como exemplo dessa mescla, pode-se citar a questão da
24
obrigatoriedade da possibilidade de visitação em parques nacionais, ao mesmo
tempo em que todas as populações, inclusive as tradicionais e residentes na área do
parque, têm suas terras desapropriadas.
A idéia de RPPN aproxima-se muito dos conceitos do conservacionismo, pois
se trata de uma área criada para proteger o meio ambiente, e que, ao mesmo tempo,
seja utilizado de maneira responsável e até mesmo com fins lucrativos. O
mecanismo das RPPNs é então uma maneira de regulamentar o uso de uma área
que, de certa forma, poderia ser vista como um incômodo para o proprietário. Um
ambiente frágil sob proteção e uso é um exemplo que corrobora com a idéia do
conse
incluindo as águas jurisdicionais, com
garantias adequadas de proteção.
rvacionismo.
3.2 Conceito de Unidade de Conservação
Os conceitos de Unidade de Conservação não têm muitas divergências entre
os diferentes autores. Inicialmente será observado aqui o conceito da União
Internacional para a Conservação da Natureza, IUCN (1998):
Superfície de terra ou mar consagrada à proteção e manutenção da diversidade biológica, assim como dos recursos naturais e dos recursos culturais associados, e manejada por meios jurídicos e outros eficazes.
Já o SNUC (2000) afirma que Unidade de Conservação é:
Espaço territorial e seus recursos ambientais,
características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam
25
A primeira definição é de uma ONG que dá apoio à preservação de Unidades
de Conservação, inclusive às RPPNs, e a segunda é uma definição contida em um
instrumento governamental de proteção à natureza. Como se vê, a grande diferença
entre
.3 Histórico de Unidades de Conservação
.3.1 Mundial
stabeleceram reservas
ntes do nascimento de Cristo. Na Europa Medieval, a palavra “parque” designava
uma área delimitada e do rei. Os incas já
estabeleciam, no an ão a caça; a Índia
mbém reservava algumas áreas, colocando-as como protegidas (MORSELLO,
2001).
A concepção das atuais Unidades de Conservação, no entanto, deu-se
realmente com a cria s Unidos, o parque
de Yellowstone, pr de uma lei do
Congresso, em 1o
as duas definições é justamente a questão de quem institui a Unidade de
Conservação.
A definição do SNUC deixa claro que essa atribuição é do Poder Público.
Tendo em vista que se trata neste trabalho de um instrumento jurídico, no caso a
RPPN, será adotada essa definição, já que aborda de maneira mais específica as
relações governo sociedade em projetos de preservação do meio ambiente.
3
3
O conceito de reservas da natureza é de longa data. Alguns estudos dizem
que civilizações do Oriente, como, por exemplo, os assírios, e
a
onde animais viviam sob a responsabilidad
tigo Peru, limites físicos que permitiam ou n
ta
ção do primeiro parque nacional nos Estado
omulgado pelo presidente Grant, através
de eguiram o exemplo março de 1872. A partir daí, outros países s
26
norte
es nacionais surgiram então como uma forma de preservar áreas de
inestim
23).
Na América do Sul, os primeiros parques nacionais surgiram da iniciativa
cavam à preservação da natureza. Na
rgentina, destaca-se Francisco Moreno, autêntico pioneiro, sendo que nesse país o
nacional foi criado em 1903. Ainda na América do Sul, vale também
itar o Equador, que teve o seu primeiro parque em 1934, com a preservação do
arquip
lvimento econômico mais acelerado que a humanidade tem presenciado.
Assim
americano, criando parques nacionais com a conceituação de áreas
protegidas, idealizadas na ótica que valoriza a manutenção de áreas naturais
consideradas “ilhas” de beleza e importância estética, as quais conduziam o homem
à meditação (COSTA, 2002: 10).
Os parqu
ável beleza natural e que pudessem servir ao bem coletivo. Nos Estados
Unidos, a concepção de parque nacional surgiu também com uma conotação de
enfrentamento dos valores de usufruto da natureza no Velho Mundo, onde
patrimônios naturais eram uma exclusividade das elites (MORSELLO, 2001:
concentrada em algumas pessoas que se dedi
A
primeiro parque
c
élago de Galápagos, fonte principal dos estudos de Charles Darwin e que
deram origem à teoria da evolução (COSTA, 2002: 13).
Como visto, inicialmente os parques nacionais tinham como principal função
fornecer estabilidade a um ambiente para que pudesse ser contemplado pelas
pessoas. Gradualmente, este conceito de reservas, que preservariam belezas
cênicas unicamente, foi evoluindo com o surgimento da ecologia moderna e com o
desenvo
, tornou-se crucial, além da preservação de locais de rara beleza cênica,
proteger ambientes ecológicos que sofrem com as pressões urbanas e com a
abertura de novas fronteiras agrícolas. Esta evolução, de certa forma, leva à questão
do preservacionismo e do conservacionismo novamente. Visualizando o histórico da
27
utilização das reservas, observa-se que, aos poucos, as áreas protegidas têm se
movimentado do conceito de preservação pela intocabilidade da unidade para a
preservação com o uso fruto controlado. De alguma forma, pode-se dizer que a
utilização caminha do preservacionismo para o conservacionismo. Entretanto, o
conce
o regime imperial, sugeriu a
criaçã
ito de preservacionismo, de certa forma, prende o ideal de proteção do meio
ambiente, já que o conservacionismo, pela sua maleabilidade ao uso, pode recair
em desvirtuamentos de exploração econômica abusiva, mesmo que trate somente
da visitação. Enfim, cada vez mais uma fusão desses dois conceitos aparenta ser o
caminho mais viável nas políticas de proteção à natureza.
3.3.2 Brasil
O processo de criação de Unidades de Conservação no Brasil não foi
diferente de outros países, sendo a principal influência o modelo norte americano de
parques naturais. As primeiras iniciativas nesse sentido surgiram por meio do
engenheiro André Rebouças, que em 1876, ainda sobre
o de dois parques nacionais: um para as Sete Quedas, no estado do Paraná, e
outro para a Ilha do Bananal, nos rios Tocantins e Araguaia, hoje estado do
Tocantins. Em 1891, no território do Acre, uma reserva florestal com cerca de 2,8
milhões de hectares foi delimitada, mas não chegou a ser implantada. O primeiro
parque efetivo no Brasil foi criado em âmbito estadual, em São Paulo, o Parque
Estadual da Cidade, em 1886 (PÁDUA, 1997:216).
O primeiro Parque Nacional Brasileiro foi criado somente em 1937, na região
de Itatiaia no estado do Rio de Janeiro. Segundo o Código Florestal de 1934, que
definia os conceitos de parques nacionais, florestas nacionais e florestas protetoras,
28
o parque de Itatiaia tinha como função, além das suas finalidades de caráter
científico, atender às de ordem turística (COSTA, 2002:22).
Em seguida ao Parque de Itatiaia, criaram-se os Parques Nacionais de Iguaçu
(PR) e Serra dos Órgãos (RJ), ambos em 1939. Entre 1939 e 1959, houve um vácuo
em relação ao trato das Unidades de Conservação; nesse espaço de tempo foram
criados somente a Floresta Nacional do Araripe-Apodi (CE), em 1946, o Parque
Nacional de Paulo Afonso, na Bahia, em 1948 - posteriormente extinto para a
construção de uma usina hidrelétrica - e a pequena Reserva Biológica de Serra
Negra (PE), em 1950 (PÁDUA, 1997:216). Demorou então praticamente vinte anos
ara que novos Parques Nacionais a ser implementados. Nas décadas de 1960 e
a criação de diversos parques nacionais sem que essa delimitação de
reas protegidas fosse baseada em critérios técnicos. Buscava-se preservar
localid
rios com poucas propriedades
privad
p
1970, houve
á
ades de rara beleza cênica, porém muitas vezes a extensão desses parques
era muito reduzida, o que dificultava a proteção da fauna e flora, atendendo somente
a interesses políticos. A Amazônia, por exemplo, foi contemplada somente com
algumas reservas florestais em 1961, e estas serviam muito mais como uma
estratégia política de defesa territorial do país do que como área de preservação. O
primeiro Parque Nacional da Amazônia somente surgiu em 1974. A extensão de
área preservada ainda era pequena e mal distribuída, somando somente 2.400.000
hectares, ou 0,28% do território nacional.
A década de 1970 trouxe a criação quase que aleatória de áreas de
preservação. As áreas em geral ocupavam territó
as, ou que, de alguma forma, atendessem a interesses de governantes locais.
Não existiam ainda critérios científicos, mesmo que em teoria, para a criação de
parques nacionais e áreas de proteção ambiental.
29
Em 1976 foi publicado um documento pelo Instituto Brasileiro de
Desenvolvimento Florestal (IBDF), chamado “Uma Análise de Prioridades em
Conse
abandonaram-se novamente os critérios
técnico
ureza no Brasil. A Caatinga, o
rvação da Natureza na Amazônia”. Este texto norteou a primeira e a segunda
etapas do Plano do Nacional de Unidades de Conservação no Brasil. A partir desse
plano, foi proposta uma série de reservas biológicas e parques nacionais, baseada,
pela primeira vez no Brasil, em critérios científicos. Foram compiladas informações
relativas às regiões fitogeográficas, tais como formações vegetais, refúgios do
pleistoceno e regiões de desenvolvimento. Essas informações foram transpostas
para cartas com a ajuda do projeto RADAM, Radar da Amazônia, um sistema de
monitoramento e vigilância via satélite.
A grande crítica a esse processo de seleção é a de que o projeto RADAM só
abrangia cerca de 60% da área estudada. Naquele momento houve um grande
avanço, depois que a teoria de refúgios foi abandonada e as áreas passaram a ser
eleitas por critérios científicos. Das 13 áreas propostas na primeira etapa do plano,
nove foram implementadas. A maioria foi em 1979, e o bioma mais preservado
passou a ser o amazônico. Estas novas áreas contavam com 8.000.000 hectares. A
segunda etapa do Plano Nacional de Unidades de Conservação já não teve tanto
fôlego, pois ficou carente de vontade política e, das 18 áreas propostas, somente
quatro foram implementadas (PÁDUA, 1997:219;220).
Nas décadas de 1980 e 1990,
s instituídos no Plano Nacional de Unidades de Conservação, até mesmo por
terem demonstrado restrições de aplicabilidade em sua metodologia, e tornou-se a
tratar a criação das Unidades de Conservação de forma aleatória e casuística.
Porém, vale observar que as áreas tornadas parques nacionais nessa época têm
muito valor no processo de conservação da nat
30
Cerrad
nte 408 Unidades, perfazendo 436.393,27
hectar
mundo foi a partir de uma
atitude
o e o Pantanal, biomas até então esquecidos, ganharam nessa época suas
primeiras áreas de conservação (MORSELLO, 2001:159).
No atual SNUC, o Brasil contabiliza 175 Unidades de Conservação da esfera
federal, sendo 38 parques nacionais. A política brasileira para a criação de parques
nacionais e áreas de proteção ambiental tem sido mais agressiva nos últimos dez
anos, mas ainda está longe de atingir o percentual ideal de área protegida
recomendado pela ONU, que é de aproximadamente 10% do território. No Brasil
temos cerca de 35.574.039 hectares de área preservada, o que representa 4,18%
do território nacional. Atualmente, o tipo de Unidade de Conservação que mais
cresce são as RPPNs, sendo atualme
es ou aproximadamente 0,05% do território nacional. Mas as propriedades
particulares como unidades de conservação já existem há mais tempo, tanto no
Brasil como no mundo (IBAMA, 2005).
3.4 Histórico de RPPN
3.4.1 Histórico mundial
O surgimento da primeira reserva particular no
totalmente desvinculada de incentivos do poder público. Em 1899, um grupo
de pessoas, na Inglaterra, tinha o interesse de preservar um certo conjunto de
plantas e para isso formaram o National Trust; contando com contribuições pessoais,
adquiriram uma área chamada Wicken Fen, formando assim a primeira reserva da
natureza naquele país, conseqüentemente a primeira reserva particular do mundo
(MORSELLO, 2001:37).
31
Na Europa, de uma maneira geral, existe uma relação muito estreita entre as
Unidades de Conservação e a iniciativa privada. A Inglaterra se destaca em relação
servas. Suíça e Holanda também têm ações
ue datam do começo do século XX, e as áreas privadas são responsáveis pela
es de Conservação destes países. A Suécia é um caso
teressante, já que o governo nesse país oferece incentivos financeiros para os
mecanismos de restrição à utilização econômica de áreas
e relevante interesse natural. Existem ainda diversos países como Itália, Espanha,
Grécia
da de aves migratórias. O desgaste natural já avançado tira
à fundação de reservas particulares, e as ONGs destacam-se na criação de
Unidades de Conservação, não requerendo do governo contrapartidas financeiras
para sua manutenção. A maioria das Unidades Particulares de Conservação
encontra-se nas mãos de três ONGs: o National Trust, a Royal Society for the
Protection of Birds e a Northumberland Wildlife Trust (MORSELLO, 2001:38).
Na França, existem as Reservas Particulares Voluntárias, que possuem um
tempo limitado de duração de seis anos e podem ser abolidas a qualquer tempo, por
pedido do proprietário ou do governo. Alemanha e Áustria, em 1909, adquiriram,
através da Associação Verein Naturschutzpark, duas áreas para a criação de
Unidades Particulares de Conservação, devido a uma insatisfação com a
morosidade do governo na criação de re
q
maior parte das Unidad
in
proprietários que criarem
d
e países escandinavos, que incentivam de alguma forma a criação de
reservas particulares. (MORSELLO, 2001).
É importante notar que, na Europa, as principais ações referentes à criação
de reservas dizem respeito às ONGs. A degradação já avançada das áreas naturais
primitivas também faz com que muitas Unidades sejam criadas por interesses
específicos de Organizações que buscam proteger determinadas áreas, como, por
exemplo, pontos de para
32
do go
tina e
África. Essa ONG conta com 3.000.000 hectares, em 1.330 reservas. As
ntação de reservas particulares. A ONG
inglesa
verno responsabilidades de preservação da natureza e, por conseguinte, a
criação massiva de Unidades de Conservação.
Os Estados Unidos têm um sistema de parques nacionais públicos bem
amplo, mas, ainda assim, as ONGs desempenham um papel fundamental na
aquisição e criação de reservas particulares. Vale destacar o trabalho da The Nature
Conservancy, que começou a atuar em 1951 e possui atualmente o maior sistema
de reservas particulares do mundo, sendo algumas em países da América La
universidades americanas também são responsáveis por um expressivo número de
reservas que utilizam para pesquisa e ensino (IUCN, 1998:58).
O continente africano possui diversas reservas particulares naqueles países
que permitem a propriedade particular de terras. Nesse continente existe uma
grande tradição de propriedades particulares transformadas em reservas para as
práticas de turismo e caça esportiva. Assim, recebe um grande apoio de ONGs
européias e americanas como a World Conservation Monitoring, que fez um estudo
demonstrando a importância relativa das reservas privadas ante as públicas (IUCN,
1998:62).
Na América Latina, a atuação de ONGs estrangeiras também se faz sentir
muito forte. A The Nature Conservancy auxiliou ONGs locais no México e Venezuela
com treinamentos e ajuda legal para a impla
Car Survival Trust angariou fundos para a compra de uma área de 10.000
acres, que seria vendida a uma companhia madeireira na Província de Misiones, no
nordeste da Argentina (BIODIVERSITAS, 2005).
Em Belize, a maioria das reservas particulares tem o intuito de explorar o
ecoturismo, e existem algumas ações em menor escala que buscam a proteção de
33
espécies animais ameaçadas de extinção. Outro ponto interessante em Belize é o
arrendamento de propriedades do governo à iniciativa privada para a exploração do
ecotur
aem sobre ONGs ou
institui
rivadas costumam ficar também a cargo de ONGs, porém estas, em sua
grande
essas reservas é de propriedade
ismo (MORSELLO, 2001:43).
Na Costa Rica, também é bem difundida a figura das reservas particulares, e
a grande maioria delas é de propriedade de investidores estrangeiros. O turismo é a
principal fonte de renda desse país e a maioria dos turistas que chegam ao local
vêem motivados por seus atrativos naturais (BIODIVERSITAS, 2005).
Resumidamente, pode-se observar que, salvo algumas exceções, a
instituição e a manutenção de RPPNs no mundo se configura de duas formas
diferentes. Em países desenvolvidos, as responsabilidades rec
ções educacionais com fins de pesquisa. Esta posição é reflexo de uma
sociedade civil mais organizada e consciente em relação ao meio ambiente que,
devido a sua condição econômica mais desenvolvida, acaba financiando estas
ONGs, que também conseguem renda própria por meio da pesquisa e do turismo,
tendo assim independência política e financeira do governo. Já nos países em
desenvolvimento, especialmente os mais pobres, o manuseio e implantação de
Reservas P
maioria, têm origem em outros países mais desenvolvidos economicamente.
O governo federal costuma atuar como incentivador, já que tem interesse nas
possíveis divisas econômicas que podem ser obtidas com o turismo nessas áreas,
sem necessidade de grandes investimentos.
O Brasil apresenta uma heterogeneidade em relação à configuração
administrativa de RPPNs: A grande maioria d
particular. Apesar de as ONGs possuírem somente algumas RPPNs, elas têm um
34
papel mais direcionado ao apoio técnico na administração, manutenção e
fiscalização destas reservas.
Um país que merece destaque na América Latina é a Colômbia, isto porque,
em 19
rminações da autoridade competente
no qu
93, foi instituída, por pressão da sociedade civil, a figura legal das reservas
privadas na legislação colombiana, aproximando-se assim do Brasil em termos de
legislação, já que foi também na década de 1990 que o Brasil reconheceu a figura
legal das RPPN (BIODIVESITAS, 2005).
Como visto, reserva particular no mundo é um conceito bem difundido e que
data desde o começo do século XX. Na maioria dos países desenvolvidos, quem
incentiva a criação de reservas e as mantém são as ONGs. Estas organizações
atuam em todo o mundo incentivando e mesmo comprando áreas para a instituição
de reservas particulares. São poucos os países nos quais as reservas estão
verdadeiramente sob o jugo de proprietários particulares.
3.4.2 Histórico brasileiro
O primeiro Código Florestal Brasileiro já definia, dentro da categoria de
floresta protetora, a possibilidade de posse privada de uma área protegida. A
instituição de tal área era de responsabilidade pública exclusiva e, para a área, era
determinada a isenção total de impostos. Em contrapartida, a lei dizia que a
propriedade estava sujeita a observar as dete
e se refere “ao plantio, à extensão, à oportunidade e à intensidade de
exploração” (WIEDMANN, 2001:410).
35
O novo Código Florestal Brasileiro, de 1965, em seu artigo 6o, da Lei 4.771,
diz o seguinte:
O proprietário de floresta não preservada, nos termos desta lei, poderá gravá-la com perpetuidade, desde que verificada a existência de interesse público pela autoridade florestal. O vínculo constará do termo assinado perante a autoridade florestal e será averbado à margem da
Na prática, o que se observa é
inscrição do Registro Público.
a substituição da denominação floresta
protetora para áreas de proteção permanente. A propriedade passaria a ser tratada
com uma maior voluntariedade, no que se refere ao manejo; no entanto, sem
benefícios para o proprietário, já que, em 1966, a Lei no 5.106 revoga o artigo 38 do
Código Florestal, que previa a isenção de impostos (MAURY, 1994).
Em 1977, o IBDF institui, através da Portaria no 327-P, os Refúgios
Particulares de Animais Nativos, por pressão de proprietários de fazendas do Rio
rande do Sul, que queriam impedir a caça em suas propriedades. Onze anos
ade evoluiu para Reserva Particular da Fauna e Flora
IEDMANN, 1997:7) .
dade privada, esta será mantida como tal. É
um tipo de Unidade de Proteção Integral e não oferece contrapartidas e
incentivos ao proprietário, que fica impossibilitado de alterar o ambiente.
G
depois, esse tipo de unid
(W
Sobre possíveis tipos de Unidades de Conservação - que também poderiam
ser de propriedade particular, tratadas pela legislação vigente até 1999, mesmo que
não de forma exclusiva a este tipo de posse, ou seja, sendo também públicas e em
caso raro até mesmo de administração mista (JMA, 2005) - determinava-se o
seguinte:
• Área de Proteção Ambiental (APA): é decretada pelo governo, mas, se a
área indicada for de proprie
36
• Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE): a legislação não esclarece
muito bem como se dá a relação fundiária deste tipo de Unidade com a
propriedad possibilidade da
privatizaçã e possa ser isenta
de tributaçã
• Reserva Ecológica: pode ser decretada pelo governo ou voluntariamente;
então proibida
lar de Proteção da Natureza foi instituída no ano de 1990,
pelo D
e privada; poder-se-ia entender que existia a
o. É decretada pelo governo e admite-se qu
o.
recebe isenção fiscal.
• Reserva Legal: não é uma Unidade de Conservação, mas sim uma área
de preservação obrigatória. No caso das propriedades rurais, estas áreas
estão previstas no Código Florestal e devem conter no registro de imóvel a
quantidade de mata nativa em sua propriedade; assim, fica
a destruição desta vegetação em porcentagem que varia de 20% a 50%
da área total da propriedade, de acordo com o tipo de bioma em que a
propriedade está localizada.
A Reserva Particu
ecreto Federal no 98.914, de 31 de janeiro. Esse decreto vem regulamentar o
artigo 6o da Lei Florestal, de 1965, que previa, como já citado acima, a possibilidade
do uso particular de floresta preservada, desde que ocorresse por um plano de
manejo aprovado pelo órgão responsável. O artigo do Decreto de 1990 foi atualizado
em 1996 pelo Decreto no 1.922, de 5 de junho (WIEDMANN, 2001:401).
instituídas
de Conse
Como descrito, as RPPNs são um fato recente no Brasil, já que foram
somente há 15 anos, e passaram a ser consideradas realmente Unidade
rvação em 2000, através da Lei no 9.985, que dispõe sobre a homologação
. do SNUC
37
Em relação à proteção do meio ambiente por meio de iniciativas particulares,
já possui um histórico mais longínquo, mas efetivamente com a
tação do programa de RPPN é que o país passou a verificar um interesse
tários rurais. E, segundo Wiedmann:
o Brasil
implemen
de proprie
s recursos naturais, a existência de is significativas em propriedades
particulares e o exercício pleno do direito de
De
após 199
O engajamento dos proprietários nos esforços de conservação, a manifestação expressa da vontade de proteger oáreas natura
propriedade constituem os pressupostos que fortalecem o programa. (WIEDMANN 2001: 400)
fato, as RPPNs têm aumentado muito nos últimos anos, principalmente
6, quando, através da Lei no 9.393, o Imposto Territorial Rural (ITR)
e aumentou o interesse dos proprietários pela isenção de tal imposto
2005). Além disso, com o turismo sendo apregoado pela mídia e pelo
encareceu
(IBAMA,
governo como atividade econômica em crescimento, existe também um interesse
econômico pelo desenvolvimento de tal atividade por muitos proprietários.
acionais e
Flores
3.5 Legislação
A legislação brasileira que trata de Unidades de Conservação teve seu início
em 15 de setembro de 1934, com a criação do Código Florestal Brasileiro. Neste
código foram definidos os conceitos de Parques Nacionais, Florestas N
tas Protetoras. Em 1937 foi promulgada uma nova constituição, que endossou
o Código Florestal de 1934, demonstrando a preocupação com a preservação do
meio ambiente, como no artigo 134, que coloca o ambiente natural:
38
Sob proteção e cuidados especiais da Nação, dos estados e dos Municípios, os monumentos históricos, artísticos e naturais, assim como as paisagens ou locais particularmente dotados pela
Em 1948, o Decreto Legislativo n
natureza (IBAMA, 1992).
o 3 foi aprovado, corroborando então a
onvenção para Proteção da Flora, da Fauna e das Belezas Cênicas dos Países da
América Latina. Ess s de Unidades de
Conservação, como natural e reserva
de região virgem. Na gorias já existentes
(COSTA, 2002:40).
C
a Convenção definiu as novas categoria
parque nacional, reserva natural, monumento
prática, pouco se alterou em relação às cate
No ano de 1965, através da Lei no 4.771, pôs-se em vigor um novo Código
Conservação, definindo limites de utilização. As florestas nacionais, estaduais e
ser de uso indireto, ou seja, só podem ser utilizados desde que sejam resguardado
Florestal, indicando um avanço em termos de conceituação de Unidades de
municipais passam a ser de uso direto, com possibilidade de exploração econômica.
Já os parques nacionais, estaduais e municipais e as reservas biológicas passam a
s
os atributos naturais excepcionais e os fins científicos (SOAVINSKI, 1997:323).
uto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF),
ligado ao Ministério da Agricultura. Este órgão tinha a atribuição de manter as
Unidades de Conservação já existentes e definir a criação de novas unidades
Em 1974, foi criada a Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), que seria o
No caso da SEMA, ficaria sob sua responsabilidade as Unidades de Uso Direto
(MORSELLO, 2001:156).
Em 1967, foi criado o Instit
(MORSELLO, 2001:156).
segundo órgão a acumular funções de administração de Unidades de Conservação.
39
O IBDF, visa a implantação de
Unidades de Conser finidas por critérios
cnicos, publicou, em 1976, um documento chamado “Plano para o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação”.
ativo, foram instituídas as Reservas Particulares de
Proteç
o
ndo a uma mudança nos conceitos para
vação, a fim de que estas pudessem ser de
té
Este documento foi dividido em duas
etapas, o qual norteou a implantação de parques nacionais e reservas biológicas até
o ano 1982. Este Plano trazia também as bases com nomenclaturas e conceitos
para um futuro Sistema das Unidades de Conservação (PÁDUA, 1997:218).
Na década de 1990, houve a criação de algumas poucas Unidades, mas, em
1994, por meio de decreto legisl
ão à Natureza. A efetivação desta nova Unidade de Conservação ocorreu
através do Decreto Federal n 98.914, de 31 de janeiro. Desse modo, pela primeira
vez, abriu-se a possibilidade de criação de uma reserva ambiental por interesse
único e exclusivamente voluntário.
O ato mais importante do governo federal em relação às Unidades de
Conservação ocorreu em 1988, através do extinto IBDF, que encomendou para a
Fundação Pró-Natureza (FUNATURA), ONG do Distrito Federal, a elaboração de um
Plano
ponsabilidade do IBAMA, tendo em vista a extinção do
IBDF.
me de dano ambiental à Unidade de Conservação
(MERCADANTE, 2001:195).
do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, em forma de Projeto de
Lei.
No ano de 1989, ficou pronto o anteprojeto de Lei, produzido pela
FUNATURA já sob a res
O anteprojeto foi encaminhado ao Conselho Nacional do Meio Ambiente, que
aprovou o texto com pequenas modificações, sendo enviado, então, para a
Secretaria da Casa Civil da Presidência da República, e passou por uma alteração
em relação à punição para o cri
40
Em 1992, teve início a tramitação do referido Projeto de Lei, encaminhado
pelo presidente Fernando Collor de Mello ao Congresso. Entre os anos de 1993 e
1994, o deputado Fábio Feldmann apresentou um projeto substitutivo da lei,
tornando-a mais pendente ao conservacionismo, pois acrescentava alguns objetivos
que tratavam de ampliar os usos econômicos e sociais das unidades
(MERCADANTE, 2001:195). Nesse substitutivo, foi eliminada a categoria reserva
biológica e, por meio de um artigo, foram acrescentados princípios orientadores do
SNUC
o Fernando Gabeira. Foram feitas audiências
ervação a RPPN, que até então era somente um mecanismo de incentivo à
preser
. A maioria das discussões sobre as alterações elaboradas para o SNUC
ocorre por conta de preservacionistas e conservacionistas, que tentam forçar as
alterações de acordo com seus interesses.
Em 1995, o deputado Fábio Feldmann deixa o Congresso para assumir a
Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, e, então, torna-se relator
desse Projeto de Lei, o deputad
públicas em cinco cidades: Cuiabá, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador.
Tendo em vista o resultado dessas audiências, foi proposta pelo deputado
Gabeira a criação de quatro novas categorias, e a maioria delas acabou excluída no
texto final aprovado pela Câmara. Também foi elevada à categoria de Unidade de
Cons
vação. A RPPN integrava inicialmente o grupo das Unidades de Proteção
Integral; porém, na tramitação pelo Congresso, acabaram por admitir a extração de
recursos naturais, exceto de madeira, nessas Unidades, o que deslocou a RPPN
para a categoria de uso sustentável. Mais tarde, o presidente Fernando Henrique
Cardoso vetou o inciso que tratava da extração em RPPN (WIEDMANN, 2001:420).
41
O artigo 21, apresentado a seguir, é o que trata das RPPNs no SNUC:
“Art. 21 – A Reserva Particular do Patrimônio Natural é uma área privada,
gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica.
§ 1o O Gravame de que se trata este artigo constará de termo de
compromisso assinado perante o órgão ambiental, que verificará a existência de
interesse público, e será averbado à margem da inscrição no Registro Público de
Imóveis.
§ 2o Só poderá ser permitida na Reserva Particular do Patrimônio Natural,
conforme se dispuser em regulamento:
I – a pesquisa científica;
II – a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais;
III – (Vetado)
§ 3o Os órgãos integrantes do SNUC, sempre que possível e oportuno,
presta
para o Poder Legislativo (MERCADANTE, 2001:225).
rão orientação técnica e científica ao proprietário de Reserva Particular do
Patrimônio Natural para elaboração de um Plano de Manejo e Gestão da unidade.”
Na tramitação pelo Congresso, várias alterações foram novamente impostas
ao SNUC, principalmente por pressão de grupos preservacionistas. As alterações
principais tratavam de aumentar as restrições da permanência de populações
tradicionais em Unidades de Conservação, a possibilidade de uma unidade ser
administrada por Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) e a
mudança do poder de criação de Unidades de Conservação do Poder Executivo
42
Após muitas discussões, o Projeto de Lei acabou aprovado, com alguns vetos
residenciais, como a Lei 9.985/2000, de 19 de julho de 2000, após 11 anos de
No
lantação das Reservas Particulares do Patrimônio
A, ou no
aso d ma RPPN estadual, o pedido deve ser encaminhado para a
Título de domínio, com matrícula no Cartório de Registros de Imóveis
p
tramitação. O SNUC modernizou as definições de categorias de Unidades de
Conservação e deu melhores instrumentos legais para áreas preservadas.
entanto, as Unidades de Conservação ainda sofrem com a precariedade financeira
do IBAMA para fiscalização, a regularização fundiária e a criação de novas
Unidades.
3.6 Exigências e burocracias para implantação de uma RPPN
As exigências para imp
Natural não são tão complexas. Após o requerimento inicial para o IBAM
c a opção de u
Secretaria do Meio Ambiente ou órgão responsável. Os seguintes documentos são
necessários para a implantação da RPPN:
•
competente.
• Ato de designação de representante, no caso de pessoa jurídica.
• Quitação do Imposto sobre Propriedade Rural (ITR).
• Planta de Situação, indicando os limites, os confrontantes, a área a ser
reconhecida como RPPN e a localização da propriedade no município ou
região.
43
A partir daí, caberá ao escritório do IBAMA regional realizar os trâmites sob
sua responsabilidade e, ao proprietário, esperar pelo ato de publicação no Diário
Oficial, firmando o reconhecimento da área como RPPN.
As responsabilidades do IBAMA no estado são as seguintes:
• Abrir o processo de criação da RPPN.
• Verificar se a documentação protocolada pelo proprietário e se o termo de
compromisso anexo ao Decreto sobre RPPN está completo.
endo a vegetação,
hidrologia e os atributos naturais mais destacados, o estado de
Seguem-se então os trâmites, mas agora sob responsabilidade do IBAMA, em
âmbito d
ra da portaria de
• r o processo para a Superintendência Estadual, para que o
proprietário possa fazer a averbação da propriedade.
• Realizar a vistoria da propriedade e emitir laudo descrev
conservação da área que pleiteia o título de RPPN. Indicar também as
potenciais pressões degradadoras do meio ambiente e relacionar as
principais atividades econômicas desenvolvidas na propriedade.
• Encaminhar o processo para o IBAMA, na sede em Brasília.
fe eral, sendo as seguintes atribuições da sede em Brasília:
• Emitir parecer, incluindo análise da documentação apresentada.
• Homologar o reconhecimento, com a assinatu
reconhecimento da RPPN pelo presidente do IBAMA, e publicar no Diário
Oficial.
Retorna
44
• Emitir o título de reconhecimento que é enviado ao IBAMA estadual, que,
por sua vez, repassa ao proprietário.
É de responsabilidade do proprietário, após a comunicação da
superi eis e gravar em
caráte e o, ficam obrigados os herdeiros e
mesm
RPPN pa
entendido
Isso se d
receber o
justifiquem área com
algum o (WWF, 2003).
ste fato fica comprovado ao se observar que no Brasil existe uma grande
quanti
de preservação
ública têm preferência nos trâmites de reconhecimento, já que podem servir como
extens s lo, a área
proteg
prazo ma
ntendência estadual, dirigir-se ao Cartório de Registro de Imóv
r p rpétuo a área da reserva. Desse mod
o um possível novo proprietário a se comprometer em manter a área como
ra sempre.
Sobre a possibilidade de uma área tornar-se RPPN, segundo a legislação, fica
que teoricamente qualquer área natural pode ser transformada em RPPN.
á porque, segundo o Decreto que regulamenta estes trâmites, a área a
título de reconhecimento deve possuir características ambientais que
sua preservação ou recuperação. Assim praticamente qualquer
tip de vegetação preservada pode ser transformada em RPPN
E
dade de RPPNs com tamanho inferior a 100 hectares.
A lei também dispõe que propriedades contíguas a áreas
p
õe ou fazer parte de uma zona de amortecimento, como, por exemp
ida de um parque nacional. Esta preferência, no entanto, não justifica um
ior do que os sessenta dias previstos em lei.
45
3.7 At
No SNUC está prevista a obrigatoriedade do plano de manejo para qualquer
uma d
s do meio para determinar seu uso econômico, mas um estudo
muito
sárias em árvores e
vegeta
ividades econômicas permitidas em RPPNs e plano de manejo
as Unidades de Conservação. O planejamento para áreas naturais, segundo
Milano (1997:152),“é nome dado ao processo de identificação e ordenamento de
fatores e meios, aí incluídos processos e tempo, necessários ao alcance de objetivos
previamente definidos”. Ou seja, o plano de manejo não trata somente de um
levantamento com fin
elaborado que envolve diversas áreas a serem pesquisadas, como biologia,
geografia, turismo etc. A partir deste estudo, verificam-se primeiro as fragilidades e
necessidades do ambiente em questão e depois se definem as atividades mais
recomendadas para o ambiente protegido, que, no caso das RPPNs, podem ser as
práticas de educação ambiental, pesquisas científicas e limites para a exploração do
ecoturismo.
O plano de manejo deve ser minucioso ao informar ações que devem ser
desenvolvidas, desde construções até intervenções neces
ção em geral para construção de trilhas e demais dispositivos que permitam a
utilização da propriedade. O plano deve ser apresentado em um prazo máximo de
cinco anos após a criação da Unidade de Conservação. O plano entrará em vigor
após apreciação e aprovação da superintendência estadual do IBAMA.
No artigo 2o, inciso VIII, do SNUC, manejo está especificado como todo e
ualquer procedimento que vise assegurar a conservação da diversidade biológica e
os ecossistemas.
q
d
46
No mesmo artigo, no inciso XVII, plano de manejo está definido como:
gestão da unidade.
os levantamentos feitos sobre a RPPN, bem como as alterações e
dispõem de
stacar a ONG FUNATURA, com grande atuação principalmente
nas reservas privadas que preservam o Cerrado.
Documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à
Até outubro de 2004, não existia uma regulamentação oficial do governo
sobre planos de manejo para as RPPNs, por isso mesmo não estavam sendo
exigidos pelo IBAMA. A partir do Congresso Brasileiro de Proprietários de RPPN, em
Curitiba, definiram-se diretrizes para a implantação de planos de manejo em RPPN.
Nestas diretrizes, verificam-se os tipos de profissionais indicados para a
realização do plano e definem-se quais os dados geológicos, biológicos, históricos,
dentre outros, devem ser abrangidos pelo plano e de que forma devem ser
apresentados
recuperações a serem implementadas pelo plano, seguidas de cronogramas e
atividades detalhadas a serem realizadas.
A elaboração de planos de manejo esbarra num grande problema: os custos.
Entram em cena então as ONGs que atendem proprietários de RPPN fornecendo
apoio técnico para a elaboração do plano de manejo. Existem diversas ONGs no
Brasil que trabalham como movimentos ambientalistas, e, por sua vez,
apoio técnico e até financeiro para o auxílio das reservas na elaboração de planos
de manejo. É importante mencionar que existem ONGs de apoio exclusivo às
RPPNs, valendo de
47
Para as possíveis atividades econômicas previstas no plano de manejo, o
NUC esclarece que o permitido, no caso de RPPN, são as seguintes: pesquisa
científica e visitação onais.
Para este estu ica da Unidade e os
desdobramentos pro ara a reserva.
3.8 Va
l
Rural
a. A propriedade que possuir uma RPPN
dentro
ática de atividades de educação
S
com objetivos turísticos, recreativos e educaci
do, o que mais importará é a visitação turíst
venientes da atividade para o proprietário e p
ntagens e desvantagens para os proprietários de RPPNs
A primeira vantagem a ser apontada é a que traz benefícios imediatos com a
transformação de uma propriedade rural em RPPN: a isenção do Imposto Territoria
para a área da reserva. Esta isenção, direito do proprietário, como previsto no
SNUC, deve ser requerida após a homologação do título.
Uma segunda vantagem é a prioridade que as RPPNs têm na aquisição de
empréstimos junto ao Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA), uma linha de
crédito disponibilizada pelo Ministério do Meio Ambiente que tem aplicabilidade em
projetos de gestão e implantação da reserv
de sua área, mas que tenha ainda áreas cultivadas, terá prioridade também
na análise de concessão do crédito agrícola junto às intuições oficiais de crédito. O
sistema de crédito brasileiro, porém, muitas vezes dificulta a obtenção de verbas
para os proprietários, devido às elevadas garantias exigidas pelos bancos.
O próprio uso da RPPN pode trazer benefícios econômicos para o
proprietário, pois, dependendo da disponibilidade de recursos naturais, permite
explorar a prática de ecoturismo, atividade muito em voga na sociedade de consumo
atual. A área também pode ser utilizada na pr
48
ambie
científica.
dem
erar convênios com ONGs e universidades, e, de acordo com a habilidade de
o às áreas de
lanejamento e desenvolvimento ambiental e de infra-estrutura da reserva.
de. Esse apoio se dá no
campo
e existe
certa f
manutenção da RPPN, pois a preservação da vegetação por si só gera custos. A
ntal, atraindo assim muitas excursões escolares de diversos níveis
educacionais.
Existe ainda a possibilidade de utilização da reserva para pesquisa
Esse uso científico da área deve ser comunicado ao IBAMA, porém, na prática, o
proprietário tem autonomia para liberar pesquisas na RPPN. Estas pesquisas po
g
negociação do proprietário, podem trazer benefícios em relaçã
p
As ONGs e instituições em geral também são um ponto de apoio importante
para o proprietário de RPPN. ONGs e instituições privadas, como indústrias e
empresas de serviços, fornecem apoio técnico e financeiro ao desenvolvimento de
projetos para a utilização da RPPN em troca da publicida
de recuperação e manutenção da área, tanto na proteção da fauna como da
flora e até mesmo para a gestão da Reserva (WWF, 1999).
O SNUC prevê ainda para a propriedade que contém uma RPPN, a
impossibilidade de desapropriação para a reforma agrária e para a criação de
Unidades de Conservação de administração pública. Para proprietários de regiões
com conflitos fundiários, a transformação em RPPN pode ser uma grande vantagem
em termos de pressões de movimentos sociais, como os de reforma agrária. Para o
governo, no entanto, este benefício previsto em lei pode ser perigoso, já qu
acilidade em transformar uma propriedade em RPPN e, com a ausência da
possibilidade de desapropriação, processos legítimos de desapropriação podem ser
emperrados.
As desvantagens, por outro lado, referem-se principalmente aos custos para a
49
falta de apoio técnico e econômico por parte de ONGs e do governo pode gerar a
impossibilidade de aproveitamento da área. Caso o proprietário não tenha condições
idade do
órgão,
mplo, terceirizações e repasse administrativo para OSCIP como está
previs
de explorar de alguma maneira a propriedade, sua preservação pode se tornar um
fardo muito pesado, e, como a RPPN não pode ser desfeita, vender a propriedade
pode ser um sério problema para o proprietário.
Em relação à fiscalização da propriedade, em geral não existem grandes
problemas, pois as agressões ambientais à RPPN, desde que não advindas do
proprietário e comunicadas imediatamente ao IBAMA, são de responsabil
tanto na apuração de responsabilidades como na aplicação de penas
cabíveis. Afinal, consta do SNUC que as reservas particulares de proteção da
natureza também são de responsabilidade do IBAMA.
3.9 Conflitos entre gestão privada e pública
O SNUC permite a administração pública e privada de acordo com cada tipo
de Unidade de Conservação. Para cada modalidade de gestão, existem aspectos
peculiares que os diferenciam, ou mesmo, criam conflitos de interesse.
A administração pública esbarra freqüentemente nas suas deficiências
estruturais e financeiras. Em muitos dos parques nacionais brasileiros, existe um
vazio estrutural em relação à fiscalização e mesmo à infra-estrutura para a recepção
de visitantes. A centralização administrativa governamental pode também interferir
em ações que visem à melhoria dessa administração de Unidades de Conservação,
como, por exe
to no SNUC (CUNHA; COELHO, 2003:44).
50
Em relação especificamente às RPPNs, por exemplo, o próprio texto do
SNUC trata do apoio governamental. No seu artigo 21, que dispões sobre as
RPPNs, parágrafo 3o, são definidas as responsabilidades do governo com as RPPNs
a saber:
possível e oportuno, prestarão orientação técnica
portuno”. Sabe-se que o
rgão carente de recursos, basta ver a situação da maioria dos parques
s não têm sua situação fundiária
gularizada, realidade que contribui para a procura do auxílio às ONGs. Muitas
vezes
Unidade de
públicas também costuma causar
problemas, principalmente quanto a pressões econômicas, como expansões de
fronteiras agrícolas. Um exemplo de problemas advindos dessa situação são as
Os órgãos integrantes do SNUC, sempre que
e científica ao proprietário de Reserva Particular do Patrimônio Natural para a elaboração de um Plano de Manejo ou de Proteção e de Gestão da unidade.
O grande problema desse apoio oferecido pelo governo é o fato de que no
próprio texto da lei está escrito “sempre que possível e o
IBAMA é um ó
nacionais, onde faltam funcionários e vário
re
a sociedade civil organizada realiza atividades muito mais eficientes que o
próprio governo (SOUZA, 2002:72).
De certa forma, o governo, ao admitir as RPPNs como uma
Conservação, tem como intuito tirar parte da responsabilidade de preservação das
suas mãos. Os proprietários de RPPNs, normalmente produtores agrícolas, não têm
conhecimento técnico suficiente para transformar a área preservada em local de
visitação, ou mesmo para preservação integral. Desse modo, o apoio técnico e
financeiro de instituições privadas e do terceiro setor é indispensável, já que o
governo não tem disponibilidade para isso.
O entorno de Unidades de Conservação
51
queim
observar um grande interesse no que tange à implantação de RPPNs. As
áreas no entorno das Unidades de Conservação são consideradas áreas de
amortecimento e sofr do entorno dessas
áreas poderiam entã s, em parceria com
o governo, para criarem RPPNs, aum
reservação do parque e possibilitando uma nova oportunidade de negócio para os
proprie
a discussão sobre as contrapartidas que o
govern
es nacionais.
adas, provocadas por fazendeiros para limpar suas propriedades, que atingem
áreas preservadas, como no Parque Nacional da Serra da Canastra, localizado no
município de São Roque de Minas, em Minas Gerais. Para essas áreas específicas,
podemos
em restrições legais de uso. Os proprietários
o ser estimulados pelo governo, ou por ONG
entando assim a área garantida de
p
tários rurais da região. É importante, no entanto, saber que nem todas as
áreas limítrofes de Unidades de Conservação têm possibilidades de exploração
econômica como RPPN, e que, muitas vezes, somente a isenção do Imposto
Territorial Rural não significaria uma grande vantagem para o proprietário. Assim, a
RPPN não necessariamente coloca-se como uma possível alternativa para casos de
pressão ambiental sobre as áreas de proteção.
Aqui se levanta também um
o poderia oferecer para proprietários rurais, já que não é necessária a criação
de planos mirabolantes para esses incentivos. Sabe-se, por exemplo, que a maioria
dos proprietários rurais busca empréstimos em bancos para comprar sementes e
maquinário agrícola; então, poderiam ser oferecidos descontos ou até mesmo
subsídios em taxas de juros, bem como uma compensação financeira adequada,
como se fossem royalties para estes proprietários agrícolas, como um modo de
incentivar a preservação do entorno de parqu
A própria Constituição Brasileira influencia nesses conflitos de propriedades
públicas e privadas. Em seu artigo 225, parágrafo 4, diz que:
52
A Floresta Amazônica Brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-grossense e a Zona Costeira são Patrimônios Nacionais e sua utilização far-se-á na forma de lei dentro de
ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos
Este dispositivo legal faz que muitas vezes as propriedades rurais com matas
nativas tenham empecilhos em sua utilização comercial. Novamente, a RPPN, de
acordo com uma possível situação de oportunidade, pode ser uma boa saída para
áreas com dificuldades de manejo para agricultura; o mesmo ocorre para reservas
legais, que são áreas reservadas de acordo com o bioma em que se encontram e
são proibidas de serem utilizadas. A transformação em reserva pode tornar-se uma
boa saída.
Observa-se então que uma aproximação entre diferentes agentes sociais
pode tornar a preservação mais eficiente. No que tange à dualidade público-privado,
o SNUC já fornece diversos meios para a transformação de áreas em reservas
particulares, e mesmo as ONGs podem repr
condições que assegurem a preservação do meio
naturais.
esentar um papel de união entre
socied
PNs dependerá muito do
tipo de
o proprietário querer
ade governo e meio ambiente.
3.10 Ecoturismo em RPPN
O ecoturismo em RPPN funciona da mesma forma que em uma Unidade de
Conservação pública na questão de planejamento, pois, assim como os parques
nacionais, requer um plano de manejo para ser realizado nos limites da reserva.
O tipo de atividade praticada em cada uma das RP
recurso turístico presente na reserva. A análise dos recursos é fundamental
na elaboração de projetos de utilização turística. Não adianta
53
implementar trilhas se somente será
englobada vegetação ais atrativos, como
cachoeiras, riachos, e para esse tipo de
ilha seria, talvez, corrida de aventura, mas tal esporte é para um público limitado e
que n
as RPPNs, ainda existe uma possibilidade real para empreendimento
planej
dessas áreas, durante grande parte de sua
xistência, nunca foi pensada como centro de ecoturismo.
o da RPPN e da quantidade de atrativos é relativa em
relação à exploração do ecoturismo. A reserva pode ter somente um grande atrativo,
que, s
ses
atrativ
de longo percurso em sua propriedade,
densa e fechada em solo plano e sem m
mirantes em montanhas etc. A única utilidad
tr
ão representaria um fluxo contínuo de visitantes. Evidente que o fato da
inexistência de um fluxo constante não impede a implementação de tal trilha; apenas
se coloca que muito provavelmente a lucratividade de tal atividade não compensaria
os custos de implementação. Para BOO (1996:35) o grande crescimento da
atividade de ecoturismo requer planejamentos para a implantação de infra-estrutura,
integrando os interesses de turistas e os recursos naturais presentes na área.
Para
ado. Pode-se abrir mão de transformar parte da propriedade em reserva para
que se construam equipamentos de hospedagem de maior porte, como o que foi
feito na RPPN Salto Morato (PR). Assim, a hospedagem pode ser um atrativo
agregado aos atrativos naturais da RPPN. Essa transformação, no entanto, requer
investimento, pois a grande maioria
e
A questão da dimensã
e for bem estruturado e complementado com infra-estrutura de alimentação e
hospedagem, pode se consolidar como de interesse ante ecoturistas. A importância
de atrativos naturais é evidente mesmo para RPPNs de pequeno porte. Es
os definem uma maior possibilidade de sucesso na exploração do ecoturismo
em RPPNs.
54
As reservas particulares têm seu lugar no mercado de ecoturismo,
principalmente no campo de interesse de preservação. Podem ser áreas com
grandes possibilidades de aproveitamento, desde que adaptadas de maneira
coerente e planejadas para não agredir o meio ambiente, de maneira a deteriorar
irreversivelmente o bem explorável, no caso a natureza. Em suas principais
possibilidades de uso, a preservação, as atividades de lazer e turismo e a pesquisa
científica devem ser mais bem observadas pelos gestores da área (BARANY et al.,
2001:98).
As RPPNs nem sempre apresentarão condições para o desenvolvimento do
ecoturismo, restando sempre a possibilidade de pelo menos as visitas recreativas ou
de edu
rvação ambiental.
cação ambiental. Atualmente o Brasil tem passado por uma fase em que o
turismo é apregoado, principalmente por governos federal, estaduais e municipais,
como atividade de desenvolvimento incondicional. Assim, para esse planejamento,
vale reforçar a importância das parcerias com ONGs e empresas privadas, para que
as RPPNs não se tornem grandes decepções e deixem de ser implementadas no
ritmo elevado dos últimos anos, fornecendo a grande possibilidade de uma parceria
voluntária entre a sociedade e o governo, na busca da prese
No item 4, será feita uma análise de uma RPPN que já há algum tempo vem
explorando o turismo. Dessa reserva, serão estudados os aspectos da utilização
para o ecoturismo e atividades de lazer no meio ambiente, para que se possa
entender melhor o funcionamento de uma RPPN e a relação dos proprietários com a
gestão do meio ambiente.
55
4. Estudo de caso
4.1 Aspectos econômicos do estado de Goiás
A região sudoeste do estado de Goiás é uma das denominadas novas
fronteiras agrícolas brasileiras. A região central do Brasil passou por uma forte
expansão agrícola, principalmente após a construção de Brasília, o que possibilitou
a abertura de novas rodovias. A favor da expansão, também contou o preço da terra,
que no
ente
para o
cuária de corte e leiteira, que se expandiu devido à
facilidade de derrubada de matas do Cerrado e conseqüente plantio de gramíneas
para o pasto. A criação avícola também se destaca, inclusive com a presença de
começo dos anos 70 era muito baixo. Tal fato incentivou o movimento de
pequenos e médios produtores do Sul e Sudeste para o Centro-oeste, tendo em
vista que, com o valor da venda de suas propriedades nessas regiões, conseguiam
comprar grandes áreas de terras no Centro-oeste, caracterizando a região
atualmente como de forte concentração fundiária. A busca por um aumento na
produção de grãos, motivada pelo aumento da demanda no mercado internacional,
levou à mecanização da produção, o que reduziu a competitividade dos pequenos
produtores, sem acesso ao maquinário agrícola, incentivando-os à venda das terras
e à procura em recolocar-se no escasso mercado de trabalho urbano, principalm
s menos qualificados (RIBEIRO et al., 2002).
O milho e a soja são os dois tipos de grãos que predominam na cultura
agrícola local. O estado de Goiás é o maior produtor brasileiro de soja, e cerca de
40% da produção estadual se concentra no Sudoeste do estado. Outra atividade
tradicional na região é a pe
56
uma grande indústria de produtos derivados do frango no município de Rio Verde
EPIN, 2005) (GEOGOIÁS, 2005).
as é então muito rica
or causa de produção ligada principalmente à agropecuária, atividade que gera
grande
atrativos naturais ligados ao Cerrado, destacando-se o Parque Nacional das Emas,
(S
A região onde se encontra a RPPN Pousada das Arar
p
s ameaças às matas preservadas do Cerrado, devido à crescente
necessidade de expansão dá área de plantio. Esta riqueza está extremamente
concentrada nas mãos de latifundiários, fazendo que atividades alternativas,
principalmente ligadas ao setor de serviços, possam representar uma forma de
distribuição de renda, mesmo que ainda pequena.
O setor terciário tem uma maleabilidade muito maior que as indústrias. Para
se abrir uma empresa de serviços em geral, é necessário menos infra-estrutura e
equipamentos específicos. O turismo encaixa-se no setor terciário, e pode ser
destacado como uma atividade que, apesar de requerer conhecimento técnico, pode
ser implementada em muitas fases, exigindo investimentos financeiros não muito
grandes. Por este motivo, o turismo poderia ser visto como uma alternativa à
agropecuária, principalmente no caso de áreas preservadas do Cerrado. O estado
de Goiás não possui um grande fluxo de turistas, mas apresenta boas possibilidades
para tais empreendimentos.
O governo estadual controla o turismo por meio de uma agência de
desenvolvimento turístico, a AGETUR, cuja função é a de definir planos plurianuais
para investimento em divulgação e marketing, infra-estrutura turística, capacitação,
captação de dados de pesquisas para um banco central de informações e
investimento no setor privado.
Goiás apresenta uma variada rede de atrativos, como: estações termais;
57
patrimônio natural da humanidade; atrativos históricos, como a Cidade de Goiás,
também patrimônio da humanidade devido aos seus casarões coloniais preservados,
e, aind
s Alves, além do Parque Nacional
das Em
estado de Goiás conta com 43 reservas, todas
proteg
sse deste trabalho a RPPN Pousada das Araras,
selecio
a, um setor de eventos concentrado principalmente na capital, Goiânia, ligado
principalmente ao agronegócio (AGETUR, 2005).
O governo estadual dividiu os atrativos em roteiros, englobando aspectos
semelhantes de atratividade, mas nestes não foram contempladas proximidades
regionais. No caso de Serranópolis, o município está no roteiro Caminho do Sol, com
atrativos ligados à vegetação preservada do Cerrado, que inclui ainda os municípios
de Araguaia, Aragarças, Aruanã, Bandeirante e Lui
as (AGETUR, 2005).
Em termos de Unidades de Conservação, especificamente, o estado contém
dois parques nacionais: o Parque Nacional das Emas, que é incluído em roteiros
turísticos juntamente com a RPPN Pousada das Araras, e o Parque Nacional da
Chapada dos Veadeiros. Conta ainda com o Parque Estadual de Terra Ronca, tendo
os três uma estrutura de visitação implantada. O Parque da Chapada dos Veadeiros
e o de Terra Ronca ficam bem ao norte do estado, bem distantes da Pousada das
Araras, objeto de nosso estudo.
A rede de RPPNs no
endo o Cerrado. Suas áreas somadas chegam a 19029,60 hectares (IBAMA,
2005). Algumas têm desenvolvido programas de visitação com a ajuda de ONGs,
que realizam seus planos de manejo. Tais reservas estão congregadas em uma
associação estadual que será abordada de forma específica mais adiante.
Destaca-se como intere
nada após diversas consultas a outras reservas, que não se encaixaram no
58
estudo por ainda não apresentarem estrutura com capacidade para recepcionar
visitantes.
A Pousada das Araras apresenta características peculiares em relação a seus
atrativos e sistema administrativo, mas também se encaixa em um quadro
repres
utras pertinentes ao assunto das reservas particulares
foram
istrito Federal. É caracterizado como um bioma de
transiç
, vê-se a
neces
em fiscalização e na resolução dos problemas fundiários (COUTINHO, 2000). Desse
entativo das RPPNs que desenvolvem a atividade de turismo no Brasil. A
reserva atingiu um ponto de destaque devido a seus atrativos e organização. Por
exemplo, retomando a questão dos roteiros turísticos desenvolvidos pelo governo de
Goiás, verifica-se que o município de Serranópolis está incluso no roteiro Caminho
do Sol pela presença dos sítios arqueológicos encontrados na RPPN Pousada das
Araras. Esta característica e o
detalhadas no prosseguimento do trabalho.
4.2 Caracterização do bioma que integra a região de estudo
O Cerrado é um bioma característico da região central do Brasil, encontrado
principalmente nos estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
parte de Minas Gerais, Bahia e D
ão entre a Mata Atlântica e Amazônia. O bioma do Cerrado ocupa
aproximadamente dois milhões de quilômetros quadrados ou 25% de todo o território
nacional (AZIZ AB`SABER, 2003). Atualmente existe um processo muito acelerado
de degradação das áreas preservadas, com cerca de 45% do Cerrado já convertido
em pastagens ou lavouras. Neste rápido avanço da fronteira agrícola
sidade da criação da maior quantidade possível de Unidades de Conservação.
O Poder Público em geral não consegue manter suas Unidades, investindo pouco
59
modo, temos então a importância das RPPNs que podem funcionar como um
mecanismo mais dinâmico na preservação do Cerrado.
A vegetação típica do Cerrado apresenta árvores de troncos retorcidos,
e metros de altura.
ormalmente essas árvores nascem em meio a arbustos e gramíneas. O Cerrado
brasile
4.2.1 Flora e fauna
O Cerrado apresenta uma diversidade muito complexa de vegetação, gerando
subclassificações de acordo com as suas características. As principais
subclassificações fisionômicas são: o cerradão, o cerrado típico, o campo cerrado, o
campo sujo de cerrado e o campo limpo de cerrado, que apresentam altura e
biomassa vegetal em ordem decrescente. Somente o cerradão tem características
de vegetação florestal (IBAMA, 2005).
cascas densas e folhas grossas, não tendo mais do que vint
N
iro é considerado a savana mais rica em biodiversidade do mundo
(COUTINHO, 2005).
Na RPPN Pousada das Araras, os tipos de cerrado encontrados são o
cerrado típico e o cerradão. Há ainda matas ciliares nas proximidades de nascentes,
córregos e do rio Verdinho. Além da área preservada como RPPN, existem, ainda,
aproximadamente 250 hectares de vegetação preservada.
A fauna do Cerrado é rica e de grande variedade, exceto pelas aves, que
ocorrem em pouca quantidade. A presença de diversas espécies pode ser
observada na propriedade, durante as visitas, caminhando pela mata. Existe ainda
um casal de araras vermelhas, vistas com grande freqüência e que habitam na gruta
principal. As principais espécies observadas na propriedade, em sua maioria,
60
ameaçadas de extinção, são: tucano, urubu-rei, lobo guará, onça-parda, tamanduá-
bandeira, anta e arara vermelha.
Todo este cenário encontrado na RPPN Pousada das Araras é componente
lização da prática do turismo. Claro que não se descarta a
ecessidade de uma boa estrutura para recepcionar os visitantes com qualidade,
porém
4.3.1 D
to Legal de criação pelo IBAMA: 1998, Portaria 173/98N.
propício para a rea
n
, é inegável que a riqueza da vegetação da primeira natureza, aliada às
intervenções pré-históricas encontradas na propriedade, trouxeram uma
possibilidade da visita calcada no lazer e na educação.
4.3 Dados, localização e histórico da criação da RPPN Pousada das Araras
ados
- Nome Oficial: Reserva Particular do Patrimônio Natural Pousada das Araras.
- Proprietários: Marcos Ramos da Silva e Ivana S. Braga Ramos
- Data e número do A
61
4.3.2 Localização
A RPPN Pousada das Araras encontra-se na zona rural do município de
Serranópolis, na região Sudoeste do estado de Goiás, na região Centro-oeste do
Brasil
Figura 1 - Lo
calização da reserva Fonte: www.pousadadasararas.com
Meio de Acesso
O meio de acesso direto à Pousada é o transporte rodoviário. Deve-se tomar
Rodovia GO 184 e, no Km 70, seguir por uma estrada de terra por cerca de 16 km
té a entrada da RPPN. Todo o caminho pela estrada de terra é sinalizado.
-
a
a
62
- Distâncias
Serranópolis: 32 km
Jataí:
Nacional das Emas: 130 km
Brasília: 587 km
São Paulo: 1115 km
- Área da propriedade e utilização
A fazenda Pousada das Araras possui uma área de 1600 hectares, dos quais
175 são componentes da RPPN, e, desses, cerca de 1/3 é utilizado para a visitação.
Existe ainda cerca de 250 hectares de mata preservada, porém ainda sem o
gravame de reserva; já o restante da fazenda atende à exploração de pecuária para
corte.
4.3.3 Histórico da criação
A propriedade em que se encontra a reserva é de posse da família há
ão dos remanescentes
de Cerrado na fazenda, e o interesse pela proteção da natureza acabou caminhando
RPPN há dez anos. Segundo as palavras da proprietária Ivana
Ramos:
65 km
Goiânia: 389 km
Parque
quarenta anos. Sempre existiu uma tendência de preservaç
para a criação da
Este projeto originou-se da necessidade de recuperação e conservação desta área, e de desenvolvimento das atividades de ecoturismo, de educação ambiental e pesquisa da biodiversidade e arqueologia da área.
63
Assim temos uma idéia inicial do interesse dos proprietários na preservação e
a exploração da visitação. É importante citar que, atualmente, a
renda da família que administra a RPPN advém da visitação no local,
o no Brasil. A grande maioria das RPPNs no país foi implementada
os, com a promulgação do SNUC. Percebe-se,
a maioria delas ainda não conseguiu implementar estruturas de
m ao público de maneira a propiciar ganhos substanciais e
ontínuos para o proprietário, permitindo, assim, a dedicação exclusiva à RPPN.
.4 Recursos turísticos
o. Em caso da utilização do recurso turístico como elemento da prática do
turismo, esse se transforma em atrativo.
ousada das Araras, a própria vegetação de Cerrado
xtremamente preservada constitui-se num atrativo, funcionando como uma moldura
para o
ambém como mirantes. Um último recurso é a piscina natural de águas
s, resultado do acúmulo de água em uma pequena lagoa que
é abastecida pelo afl
conseqüentemente n
única fonte de
um caso raríssim
especialmente nos últimos quatro an
no entanto, que
visitação que atenda
c
4
Os recursos turísticos são os elementos naturais ou culturais formadores da
paisagem de uma localidade (EMBRATUR, 2005). Estes elementos podem ser
utilizados na atividade turística, à medida que sofrem, ou não, intervenções do ser
human
No caso da RPPN P
e
s demais recursos presentes na propriedade. Na reserva existem também
recursos culturais que se mesclam ao ambiente natural, como as formações
rochosas que serviram como abrigos primitivos para populações indígenas e hoje
servem t
extremamente límpida
oramento direto de água do subsolo.
64
Os recursos foram agregados de elementos que permitem o seu uso para a
prática do turismo. As pinturas rupestres, destacadamente, acabaram por se
caracterizar como um recurso de grande interesse, sendo a base dos atrativos da
RPPN. Na seqüência, tem-se uma descrição detalhada dos recursos, bem como as
transformações operadas para sua utilização turística.
4.4.1 Trilhas
As trilhas percorrem um trajeto que segue em meio ao Cerrado. Os percursos
a atravessar as grutas e as formações rochosas, onde se
ncontram as pinturas rupestres. Estas trilhas possuem pouca sinalização
interpr
que evitam a erosão do solo com o
escorr
são planejados de modo
e
etativa, com cerca de cinco placas que falam dos animais do Cerrado. Além
disso, elas foram manejadas de modo a não sofrerem com a erosão nem com o
alargamento. Dentre as atividades de manejo, destacam-se as implementações de
degraus feitos com troncos de madeira, conforme mostram as figuras a seguir,
proteções rasteiras laterais da trilha,
imento de água da chuva, e também escadas de madeira nas pedras, que
levam aos mirantes naturais, construídas de modo a não intervir visualmente no
ambiente. A trilha principal, que leva aos sítios arqueológicos, segue de maneira
circular de modo que as pessoas que estão entrando na trilha não se encontrem
com as que estão saindo.
65
Figura 2- Manejo em trilha para evitar erosão Figura 3- Manejo em trilha para subida em pedra
4.4.2 Mirantes
Existem dois mirantes naturais, localizados na mesma formação rochosa onde
está o sítio arqueológico principal. O acesso é simples e sem maiores dificuldades,
pois não requer escalada nas rochas. Desses mirantes avista-se toda a área de
mata preservada, como mostra a figura 4, e também uma das duas torres de pedra.
No mirante no 2, no período da tarde, quando o sol está do lado contrário da rocha, é
possível observar um casal de araras vermelhas que habitam o local há muitos anos.
o Figura 4 - Vista do mirante n 1
66
4.4.3 Piscina Natural
Existe uma piscina natural de cerca de 100 m2, que se forma no local onde
uma nascente aflora do solo, tornando a água seja sempre límpida e translúcida.
Nesta piscina pode ser observada a olho nu uma grande quantidade de peixes. Está
em implementação um sistema a limpeza das plantas aquáticas de uma segunda
objetivo o afastamento da piscina da nascente, objetivando preservar melhor a área
e oferecer mais espaço e conforto aos visitantes. Atualmente, na borda da piscina
natural, existe uma estrutura de concreto para facilitar o acesso, no entanto, devido
ao solo pouco firme, esta estrutura está afundando, como demonstrado na figura 5,
e requer manutenção urgente.
lagoa, que se forma logo em seguida da piscina natural. Esta medida tem como
Figura 5 - Piscina natural
4.4.4 Sítio arqueológico
ês sítios arqu lógicos. Atualmente
ara os visitantes a interação com os sítios é feita por meio da visualização das
inturas rupestres, que constituem marcas de civilizações indígenas que habitaram o
Na RPPN Pousada das Araras existem tr eo
p
p
67
local há dez mil anos. Essas pinturas foram descobertas em 1974, pelo arqueólogo
inômio Costa Lima.
e foi encoberto pela erosão natural da rocha onde
estão as inscrições. Estudos geológicos indicam que o solo naquela região fora
aproximadamente seis metros mais baixo. Estima-se, pela área escavada, que
naquela região viveram cerca de quinhentas gerações com média de idade de 15 a
20 anos (FUNATURA, 1998).
O acervo de pinturas da reserva está entre os mais importantes do Brasil e da
América do Sul. Para a visitação no sítio principal - uma parede rochosa de
aproximadamente vinte metros de comprimento - foi construída uma passarela de
proteger as pinturas do contato direto
com os visitantes e ordenar o caminho para visualização destas. No meio da
extensão da passarela, existe um deque de madeira onde as pessoas se acomodam
para ouvir explicações ou para aplicação de técnicas de educação ambiental, uma
solução bem eficiente, pois permite uma boa integração visual com o ambiente.
B
Escavações na localidade indicaram, através de ossadas, objetos de
cerâmica, madeira, pedra e ossos, a existência de três diferentes culturas, não
necessariamente consecutivas. A primeira cultura, chamada de Parnaíba, existiu de
nove a onze mil anos atrás. Apesar de ser a mais antiga cultura, os utensílios ali
encontrados demonstraram que esta foi a mais avançada que ali viveu. Em seguida,
temos a cultura Serranópolis, que viveu há cerca de 8000 anos, e por último a mais
recente, a cultura Jataí, de cerca de mil anos atrás. Todas essas culturas indígenas
eram caçadoras e coletoras.
As pinturas rupestres que podem ser observadas atualmente são apenas uma
parte de um grande acervo qu
madeira com corrimões, com o objetivo de
68
Existem dois pontos negativos a serem colocados. O primeiro é que não há
placas de interpretação das pinturas nas rochas, mesmo que estas constem do
plano de manejo. Elas poderiam ser uma maneira de melhorar a interatividade entre
visitantes e o local, e, conseqüentemente, a qualidade da visitação. Outro problema
é a permissão de fotografias com flash acionado. Sabe-se que a luz intensa liberada
pelo flash potencializa algumas substâncias químicas, como o fósforo, que causam
descoloração das pinturas.
Figura 6 - Passarela para pinturas Figura 7 - Passarela e deque para aulas
4.5 Infra-estrutura de atendimento ao público
4.5.1 Centro de recepção ao visitante
A RPPN Pousada das Araras possui um centro de recepção ao visitante na
entrada da reserva, composto por uma sala com cerca de trinta cadeiras, televisão e
videocassete. Murais de fotos e amostras de animais mortos, preservados em
formol, compõe a sala. Há também um espaço para a venda de souvenir, utilizada
também para projetos de educação ambiental desenvolvidos com escolas. Na
recepção é cobrada a taxa de visitação da RPPN para aqueles que passarão
somente um dia. O valor de R$ 12,00 dá direito à utilização de toda a infra-estrutura
69
de lazer e entretenimento, exceto da trilha que leva às pinturas, que só pode ser
feita com os guias da Pousada. Não existe número mínimo de visitantes para entrar
na trilha, mas um máximo de vinte pessoas por grupo, com cobrança de R$ 3,00 por
pessoa.
Figura 8 - Centro de visitantes (área externa) Figura 9 - Centro de visitantes (área interna)
4.5.2 Lanchonete e restaurante
te, encontra-se a lanchonete, onde
ão servidos salgados e porções diversas. Existe certa limitação na produção da
des que cheguem sem aviso prévio.
Na seqüência da lanchonete, há um restaurante com capacidade para
cinqüe
Logo após o centro de recepção ao visitan
s
lanchonete como no caso de grupos gran
nta pessoas por vez. As refeições são servidas em sistema self-service, sobre
um grande fogão a lenha. Contam com dezesseis pratos quentes e saladas
diferentes. Refeições no restaurante somente são servidas com solicitação
antecipada, determinando o número de pessoas. O preço por refeição avulsa é de
R$ 16,00.
70
4.5.3 Estacionamento
Há uma grande área de estacionamento, capaz de comportar 15 carros e até
ônibus de excursões.
4.6 Áreas de lazer e entretenimento
4.6.1 Piscina de água tratada
Próxima à recepção fica a piscina de água tratada, construída em vinil, com
medidas de 15 por 8 metros. O uso é liberado para todas as pessoas que pagam o
preço de entrada na RPPN.
Figura 10 - Piscina de água tratada
71
4.6.2 Áreas de práticas desportivas
a quadra de vôlei de areia, construída no caminho para a
iscina natural.
.6.3 Churrasqueira
A churrasqueira encontra-se em um local coberto com mesas e bancos. Ela
norma
.7 Infra-estrutura de hospedagem
Existe uma infra-estrutura de hospedagem variada na Pousada das Araras,
que, apesar do nome, não se caracteriza realmente como uma pousada. As
acomodações são usadas por um público muito diverso, atendendo a grupos
escolares, excursões a caminho do Parque Nacional das Emas, casais e famílias. As
acomodações têm um bom nível de qualidade, e o fato de a maioria delas somente
uada, pois s possibilidades de
ância do núcleo urbano também prejudica a
possibilidade de alimentação fora da RPPN. Com relação a este item, ainda existe a
de um aumento na sua margem de lucro,
pois o preço de utilização das estruturas físicas de entretenimento é baixo, se se
Existe na RPPN um campo de futebol gramado, de pequenas proporções, ao
lado da piscina, e um
p
4
lmente é utilizada por campistas que preferem preparar suas próprias
refeições, mas o uso dela é irrestrito para os visitantes.
4
ser feitas com pensão completa parece mais adeq a
cozinhar no local são precárias e a dist
questão de os proprietários necessitarem
72
pensar na necessidade de manutenção geral da propriedade. A seguir, serão
escritos os tipos de acomodações bem como seus preços.
xistem dois chalés, chamados de Sol e Lua, com acomodações melhores e
com uma cama de casal e uma cama de solteiro. Os quartos
m ainda ventiladores de teto e frigobar, além de varandas individuais com rede de
balanç
chalés
d
4.7.1 Chalés
E
mais caras. São suítes
tê
o. Os preços incluem pensão completa, com três refeições diárias, sendo
necessário pagar a taxa de entrada na RPPN.
Tabela 1 - Preços de hospedagem em
Figura 11 - Vista do Chalé (externo) Figura 12 - Vista do Chalé (interno)
Tipo de hospedagem Preço Individual R$ 177,60
Duplo R$ 244,20 Triplo R$ 321,90
Crianças 0 a 8 anos R$ 54,39 9 a 13 anos R$ 64,38
73
4.7.2 Quartos simples
Os quartos simples possuem somente as camas e ventiladores de teto. São
m que acomoda oito pessoas e o outro, sete. Os cômodos possuem
ama de casal e beliches. O banheiro é coletivo, sendo utilizado por visitantes da
RPPN
4.7.3 Camping
A área de camping é composta por aproximadamente 1.000 m2, muito bem
arborizada, com capacidade para quarenta pessoas. Existe a possibilidade da
hospedagem sem refeições e ainda um desconto para grupos que escolham a
hospedagem sem alimentação inclusa. Na área há espaço para realização de
churrasco.
Tipo de Hospedagem Preço
dois quartos, u
c
e campistas. Assim como nos chalés, os preços incluem pensão completa
com três refeições diárias, sendo necessário pagar a taxa de entrada na RPPN.
Tabela 2: Preços de hospedagem em quartos simples
Individual R$ 122,10 Duplo R$ 183,15 Triplo R$ 227,55
Crianças 0 a 8 anos R$ 35,52 9 a 13 anos R$ 45,51
74
Tabela 3: Preços de hospedagem em camping
Pensão completa Hóspedes Preço
Adulto R$ 72,15
Criança 0 a 8 anos R$ 31,10
9 a 13 anos R$ 35,52
Sem refeições
Adulto R$ 38,85
Criança 0 a 8 anos R$ 10,00
9 a 13 anos R$ 21,00
Grupos acima de dez pe
Rssoas
$ 25,00
Figura 13: Área de camping
4.8 Público visitante
Não foi aplicado nenhum tipo de questionário para o público visitante, já que
este não é o alvo principal do estudo. No entanto, no plano de manejo, constam
alguns dados socioeconômicos dos visitantes, que, por serem interessantes, são
citados nos gráficos seguintes. É importante colocar que os proprietários não
possuem um método eficiente de controle do número de visitantes, a não ser pelo
75
livro de visitas, uma fonte não tão confiável, já que nem todos os visitantes o
assinam. Fica como s ntrole de entrada ou
então o uso de talões de o ao número absoluto de
isitantes, segundo inform a proprietária, varia mensalmente de 300 a 500
essoas, sendo qu spedam sada.
Quanto à questão dos ervar que a
distribuição etária ocorre de maneira razoavel forme. Verifica-se certo
destaqu para as s e 31 porém as outras faixas
apresen m valores relevant erença adamente apenas 7 a 8
pontos percentuais para as duas de maior destaque. Já no gráfico de distribuição de
renda, observa-se uma discrepância um pouco maior entre as faixas de renda,
porém, mesmo as que demonstraram menor número de visitantes, apresentam
dados que não podem ser ignorados, por apresentarem uma relevância razoável no
montante geral. A constatação deste gráfico vem ao encontro do constatado pelos
proprietários: o público visitante é bem diversificado e, portanto, existe um segmento
de mercado muito variado para a Pousada das Araras. A seguir serão representados
os gráficos para uma amostra de aproximadamente cem questionários:
Figura 14 - Gráfico de distribuição etária dos Visitantes
ugestão a instalação de catracas para o co
ingressos numerados. Em relaçã
v ações d
p e, destes, 40 a 50% ho -se na Pou
dados dispostos nos gráficos, pode-se obs
mente uni
e faixas de 26 a 30 ano a 40 anos,
ta es e uma dif de aproxim
(adaptado de: FUNATURA. Plano de Manejo da RPPN Pousada das Araras. Brasília: Funatura, 1998).
Distribuição Etária
20,00%
25,00%
30,00%
1
16 - 2021 - 2526 - 30
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%31 - 4041 - 50
76
visitantes por salários mínimo
Pousada das Araras. Brasília: Funatura, 1998)
ar o dia,
io à natureza. Essas famílias, em sua
grande maioria, são originárias eserva nesse caso
fácil a áreas naturais para pessoas que
muitas veze r atrativos mais exclusivos, como são as
áreas naturais.
Outro tipo de público é o de excursões escolares, para atividades de
educação histórico-ambiental complementadas pelos recursos de lazer da RPPN.
Algumas excursõe da. Outro turista
Figura 15 - Gráfico de distribuição da renda dos
(adaptado de: FUNATURA. Plano de Manejo da RPPN
Há um ponto importante no interesse dos visitantes, reflexo de uma tendência
mundial pela fuga do ambiente urbano. É o turista chamado de “turista verde”, que
tem uma motivação pela busca do meio ambiente, para uma maior vivência com a
natureza e, comumente, uma consciência da importância da preservação de áreas
naturais, além de aliar a interação ao meio ambiente com atividades de recreação.
Esse turista não é necessariamente caracterizado por ser aventureiro, mas também
inclui famílias (SWARBROOK & HORNER, 2002:257), que, no caso, freqüentam a
Pousada. Em geral, visitam a RPPN em fins de semana para pass
Distribuição por Renda
5%
15%
20%
25%
10%
0%1
22 a 4 5 a 78 a 1011 a 20.+ de 20
motivados pelos atrativos de lazer em me
de cidade próximas à região. A r
cumpre uma função de fornecer um acesso
s não têm condição de acessa
s chegam a realizar hospedagem na Pousa
77
característico são aqueles adv iânia, São Paulo e Rio de Janeiro, por
meio de pacotes das entura que, costumeiramente,
incluem um ou dois complemento à visita no Parque
Nacional das Emas. Estes turistas si tinos que possam
significa olvimento
com a natureza.
4.9 Administração
esas, o que vem novamente ao encontro dos
pequenos empreendimentos
indos de Go
operadoras de turismo de av
pernoites na pousada, em
m vão em busca de des
r uma relação com menos atividades de recreação e mais de env
A administração da Pousada das Araras é de cunho familiar, ou seja, uma
empresa de pequeno porte. Conforme destaca Cancellier (2004), as empresas de
pequeno porte qualitativamente são classificadas por não terem uma administração
especializada, por serem de organização simples, terem baixo investimento em mão-
de-obra, falta de acesso à capital ou crédito e estreita relação dos proprietários com
empregados, fornecedores e clientes.
Considerando que as RPPNs brasileiras não superam os 1.000 hectares,
quando exploram o turismo, este se demonstra uma atividade bastante adequada,
ainda mais porque a área de visitação costuma ser limitada a um espaço menor
ainda. Comumente a visitação ocorre em pequena escala, mas, nos casos mais
estruturados, como no caso da Pousada das Araras, pode ocorrer em média escala.
A administração desse local não é calcada em estratégias de longo prazo,
como ocorre em grandes empr
e, assim, com exceção do que estiver definido no plano
de manejo, as estratégias são motivadas por oportunidades de momento,
necessidades de transformação econômica e espacial da reserva e em visões do
78
tino empreendedor do proprietário. Este tipo de administração, em termos de
pequenas propriedades preservadas, é o mais eficiente, já que não demanda custos
gerenciais, e ainda conta com conhecimento e fácil controle da área da propriedade.
O quadro apresentado encaixa-se com o sistema administrativo da Pousada
das Araras. Vale colocar que, atualmente, os proprietários têm como fonte de renda
exclusiva para sobrevivência os lucros obtidos com as atividades de visitação da
ousada. A área toda da fazenda, incluindo a parte da reserva, é de propriedade
oel Vieira Braga, pai do Sr. Marcos Ramos da Silva. A
dministração das áreas, bem como os lucros obtidos, são colocados, porém, de
manei
que e
p
oficial do Sr. Man
a
ra diferenciados e independentes: a atividade pecuária da fazenda tem seus
lucros direcionados a uma pessoa, e a RPPN Pousada das Araras tem seus lucros
destinados a outras pessoas.
4.9.1 Marketing e divulgação
A Pousada não possui nenhuma estratégia ativa definida de marketing. No
entanto, existem algumas estratégias passivas, representadas por parcerias
propostas pela iniciativa de agentes privados externos.
Em relação à divulgação, a única ferramenta utilizada pela RPPN é um site na
Internet (http://www.pousadadasararas.com), que apresenta um grave problema, já
xistem diversos sites de outras pousadas com nomes similares, tais como
<http://www.pousadadasararas.com.br> e <http://www.pousadaararas.com>. Uma
pequena alteração, como a inserção da sigla “rppn” no início do endereço do site da
RPPN Pousada das Araras, já seria uma boa diferenciação.
79
Existem algumas possibilidades de melhoria nas ferramentas de comunicação
da Pousada, que serão citadas no item sobre as parcerias, devido a sua estreita
relação com o tema.
Não existe uma consciência de auxílio direto à comunidade local com o
ra moradores da região, no caso do município de
erranópolis, mas com a necessidade de dedicação integral e conseqüente
residê
icidade em relação à gestão
4.9.2 Organograma
Como dito anteriormente, a Pousada das Araras tem um porte de pequena
empresa. Assim sendo, a estrutura de cargos e funções é bem simples e objetiva,
com uma hierarquização mínima. A quantidade total de funcionários é nove, sendo
dois diretores-proprietários, a secretária, que é nora dos proprietários, e mais seis
funcionários contratados. Não há contratação temporária de funcionários em épocas
de maior fluxo de turistas.
oferecimento de empregos pa
S
ncia dos funcionários na reserva, os empregos acabam sendo distribuídos
localmente.
O organograma da Pousada demonstra a simpl
do empreendimento e também a grande proximidade entre os diretores e
funcionários, já que se observa uma subordinação direta.
80
Diretores
nizar parcerias, fazer a compra dos suprimentos
tatos com empresas, escolas e turistas para confirmação de reservas,
a lanchonete.
• Guias: também em número de três, são responsáveis pelos visitantes na
trilha que leva até os sítios arqueológicos, sendo esta uma função
obrigatória. Ainda são responsáveis pela manutenção da trilha, além de
auxiliar nos reparos gerais da Pousada.
Supervisor
Cozinheiras Secretária Guias
Figura 16 – Organograma
• Diretores: Os dois diretores são os proprietários da RPPN; a eles cabe a
função de orga
necessários para a Pousada, coordenar quantidade de refeições a serem
preparadas no restaurante, organizar reservas de hóspedes, e ainda
cuidar dos serviços burocráticos, como pagamento de impostos.
• Secretária: tem como responsabilidades o agendamento de visitas,
con
cuidar do serviço de correspondência e auxiliar na recepção de turistas.
• Cozinheiras: são três e trabalham de maneira conjunta no preparo de
refeições e limpeza, tanto no restaurante como n
81
• Supervisor: nunca existiu uma pessoa preenchendo este cargo, porém é
desejo dos proprietários
cuidar do gerenciamento da RPPN, aliviando o trabalho deles e
melhorando ainda mais a qualidade dos serviços da pousada.
Todos os funcionários residem gratuitamente na RPPN e, além do salário,
recebem alimentação gratuita. Realmente é inviável a utilização de funcionários que
moram na c tenham que se os os dias a tendo em
ento e o tempo perdido no trajeto.
4.10 In r
As
atividades
ou com p é um fato
recent
entre emp
é possíve o,
preser
profission stratégicas
requer
Noleto:
s, apesar dos as áreas, e
fortalecerem-se ao encontrar outras organizações com as quais possam cooperar. (NOLETO 2000 :20)
futuramente ter um funcionário que pudesse
idade e deslocar tod té a pousada,
vista os custos para deslocam
te ferência de organizações na RPPN Pousada das Araras
parcerias são muito importantes no processo de desenvolvimento das
da RPPN, pois se constituem em possibilidades de melhorias sem ônus
ouco investimento por parte da RPPN. O conceito de parcerias
e na administração empresarial (FISCHER, 2002), mas tem se disseminado
resas privadas, do terceiro setor e Poder Público. Por meio das parcerias,
l operar mudanças em diversos campos, como marketing e divulgaçã
vação da propriedade, melhorias na infra-estrutura de visitação e capacitação
al de proprietários e funcionários. As parcerias e alianças e
em uma análise consciente e prática de sua real importância, e, segundo
Envolvem a cooperação entre duas ou mais entidades. Representam um meio de instituições manterem suas estratégias individuairecursos limitados em algum
82
Existem diversas possibilidades de se firmar parcerias e alianças estratégicas.
sibilidades se desvendam de acordo com a área com necessidade de
imento. Os agentes dessas parceiras transitam por todos os setores da
, ou seja, a iniciativa privada, a sociedade civil organizada ou te
Essas pos
desenvolv
economia rceiro setor
e o Poder Público. A seguir serão descritos agentes que já atuam com a RPPN ou
que te
4.10.1 Associação dos proprietários de RPPNs de Goiás
A RPPN Pousada das Araras é afiliada à Associação dos Proprietários de
RPPNs do estado de Goiás e do Distrito Federal. A atuação da associação é restrita
à promoção de eventos para esclarecimento e auxílio em atividades de capacitação
de proprietários e funcionários e métodos para melhorar a eficiência da preservação,
além de promover discussões em relação a políticas do governo para tomada de
posição da associação junto a deputados.
Evidente que estas atividades são importantes, porém seria muito importante
criar possibilidades mais práticas de integração e valorização das RPPNs. A
associação poderia ser responsável pela captação de recursos de patrocínio ou
mesmo de linhas de financiamento governamental para implementação de projetos
constantes dos planos de manejo. Poderiam ser contratados técnicos que avaliariam
as RPPNs mais carentes de recursos. A associação poderia ser responsável
também pela participação em eventos de turismo para a divulgação das RPPNs,
além de estruturar um atrativos próximos.
Claro que toda esta rande quantidade
de recursos, mas é necessário pelo menos levantar a discussão.
riam possibilidade de fazê-lo.
site com roteiros que as integrassem aos
articulação não é tão simples, já que requer g
83
4.10.2
os
s
roprietários esperam demais do governo, talvez
ela cultura brasileira de intervencionismo estatal nas áreas de proteção ambiental.
O governo deixa a desejar no que tange à divulgação e principalmente ao
planejamento turístico macro e micro regional. O problema do planejamento acaba
por refletir ainda um despreparo do governo no trato com o turismo.
Deve-se salientar que o poder público pode se beneficiar com o sucesso das
RPPNs como empreendimento turístico. Por exemplo, no caso do município de
Serranópolis, existe uma divulgação natural do município, promovida pela Pousada
das Araras. Segundo a proprietária, as maiores veiculações jornalísticas sobre o
município de Serranópolis aconteceram vinculadas com a RPPN. Evidentemente
que a RPPN conta com um atrativo muito grande, no caso, as pinturas rupestres,
mas, por outro lado, a visitação a estas pinturas somente acontece porque existe
uma organização do turismo no local e principalmente porque a Pousada das Araras
as divulga.
Vemos então que a RPPN, possuindo um atrativo de real valor e organizando
a visitação a este local, pode expandir os benefícios ao município e até mesmo ao
estado onde se localiza. No caso de Goiás, a divulgação com outros atrativos
próximos, como a lagoa de águas quentes, no município de Itajá, ou o parque
Termal de Jataí, ou ainda o Parque Nacional das Emas, enfim, a divulgação conjunta
em turismo, deve ser entendida como uma possibilidade maior, e até mesmo a
Governos municipal e estadual
A atuação dos governos deixa a desejar em relação à obtenção de recurs
financeiros, já que a maior parte das linhas de crédito ainda requer exigências
burocráticas muito grandes e não possuem taxas de juros interessantes. Em termo
de auxílio técnico, muitas vezes os p
p
84
propriedade da RPPN poderia ser mais bem explorada em termos de marketing pela
rópria pousada.
organi
. A manutenção
da áre
NG citada realizou, por conta própria, retoques nas pinturas rupestres.
p
4.10.3 ONGs
O terceiro setor, ou a sociedade civil organizada, como são chamadas as
ONGs, representa a maior fonte de parceiras para as RPPNs. Normalmente estas
zações ocupam lacunas deixadas pelo estado (FISCHER, 2002). No caso das
RPPNs, a principal atuação das ONGs não se dá necessariamente em uma área de
descaso ou incompetência do estado, que é a área de auxílio técnico
a preservada requer algumas providências que por vezes têm um custo muito
elevado, como a elaboração do plano de manejo. Além disso, as ONGs têm uma
maior facilidade de captar verbas para a implementação de estruturas e programas
solicitadas no plano de manejo.
A Pousada das Araras já teve um acordo com a ONG FUNATURA, que
inclusive foi a responsável pela elaboração do plano de manejo da RPPN. Esta ONG
também angariou verbas para a construção do atual centro de recepção aos
visitantes. Um fato que até povoou notícias de jornais e fez a parceria esmorecer foi
quando a O
Este fato acabou sendo descoberto pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN), que aplicou uma pesada multa à Pousada. Atualmente não existe
parceria vigente com nenhuma ONG, mas os proprietários se dizem abertos a
propostas.
85
4.10.4 Operadoras de turismo
A Pousada das Araras faz parceria com algumas operadoras especializadas em
entura do Rio de Janeiro e de São Paulo. Estas operadoras não
rganizam excursões de maneira constante para a Pousada, mas levam uma grande
quanti
ada até a pedra do guardião.
•
stante do órgão governamental em relação à Pousada das Araras. A
roprietária disse que sempre que solicitado auxílio em relação à fiscalização, o
turismo de av
o
dade de visitas durante todo o ano. Em geral, os pacotes vendidos pelas
operadoras usam a Pousada das Araras como um atrativo intermediário na visita ao
Parque Nacional das Emas, ou, no caso de operadoras de Goiânia, a Pousada entra
como atrativo principal. A seguir, alguns pacotes oferecidos por operadoras:
• Walker Turismo: pacote de três dias duas noites, sendo a Pousada o atrativo
principal. Preço: R$ 505,00, quarto duplo. Passeios oferecidos: trilhas para as
pinturas rupestres, pôr-do-sol no paredão, banho na piscina natural, saltos I e
II do rio Corrente, e caminh
Freeway: pacotes de seis dias e sete noites, sendo dois dias na Pousada das
Araras e quatro dias no Parque Nacional das Emas. Preço: R$ 1.908,00,
quarto duplo. Passeios oferecidos: trilhas e caminhadas na Pousada e no
Parque Nacional das Emas.
4.10.5 IBAMA
O contato com o IBAMA acontece de maneira esporádica, não existindo uma
atuação con
p
86
IBAMA atende prontamente, mas reclama que o IBAMA poderia dar um auxílio
oprietários de RPPNs.
O IBAMA, no entanto, não pode simplesmente abdicar do auxílio ao
pro e
maneir
necess
promo são das RPPNs em
pro
preser
de pro
respon
e desvantagens da RPPN, segundo o proprietário
4.11.1
possibilidade de se estar protegendo o meio ambiente, tanto por sua importância
técnico aos pr
Existe aqui um ponto a ser considerado. É evidente que não é solicitado aos
proprietários de RPPNs, ao requererem o reconhecimento do IBAMA, que tenham
conhecimento técnico em biologia e gestão ambiental, porém é de responsabilidade
legal do proprietário a preservação da sua reserva. O fato de as RPPNs terem sido
incluídas no SNUC por parte do governo representa, além de um reconhecimento de
sua importância, a busca de diminuição da atribuição do poder público em relação à
preservação de matas nativas.
pri tário, e para isso pode promover algumas ações simples, como atuar de
a mais próxima às associações estaduais de proprietários, informar sobre
idade de cuidados específicos para cada tipo de bioma e até mesmo
ver parcerias com o ministério do turismo para a inclu
gramas de ecoturismo e de divulgação da EMBRATUR. O auxílio direto na
vação realmente deve ficar restrito à fiscalização, já que medidas específicas
teção à reserva deverão estar previstas no plano de manejo, que não é de
sabilidade do IBAMA.
4.11 Vantagens
Vantagens
Na visão dos proprietários, as grandes vantagens são em relação à
87
ecológica como pela ligação sentimental e afetiva que existe com a propriedade.
Além disso, segundo a proprietária, o ganho de qualidade de vida é muito grande, já
que há
ito diretamente com o proprietário. O fato de os
s o plano de manejo, que, porém, acabou congelado
ela falta de verba para investimento. Segundo a proprietária, o auxílio financeiro
epassada via
overno municipal ou através de ONGs, que por sua vez não distribuem de maneira
os. Mesmo a Pousada tendo uma boa infra-estrutura de visitação
instalada e com um fluxo de turistas fixo, a falta de capital para investimento ainda
é um p
uma satisfação enorme em residir numa área protegida, onde a convivência
com o meio ambiente é constante. Ainda pode-se dizer que o programa de visitação
demonstra um sentimento de hospitalidade dos proprietários. A hospitalidade,
segundo Grinover (2002:25), vem ao encontro “da segurança, do conforto psíquico
do hóspede por meio de estruturas físicas e culturais”. A hospedagem transcende a
questão do pernoite, principalmente em se tratando de uma área natural onde o
contato com o hóspede é fe
proprietários terem orgulho em mostrar ao visitante o trabalho de preservação ali
realizado não configura a exacerbação de um sentimento ingênuo, mas sim de um
referencial para o turista que vai à reserva.
4.11.2 Desvantagens
Realmente o apoio técnico e financeiro é o maior empecilho na administração
da propriedade. Em relação ao apoio técnico, a Pousada das Araras ainda está bem
servida, já que tem em mão
p
nunca chega de maneira direta às RPPNs, pois a ajuda é sempre r
g
adequada os recurs
já
roblema.
88
4.12 Plano de manejo
A RPPN Pousada das Araras é uma das poucas reservas particulares que
possuem um plano de manejo, elaborado em 1998. Este plano, porém, somente foi
produzido graças à parceria com a ONG FUNATURA, parceria mais tarde desfeita
devido a fatos já explicados anteriormente. Além do levantamento geográfico,
ambiental e econômico da propriedade, foram elaborados projetos de
desenvolvimento nas seguintes áreas:
1 Manejo de meio ambiente
2 Pesquisa
3 Manejo de recursos
4 Uso público
6 Interpretação
7
te não é utilizado na propriedade por falta de verbas para
plementação dos projetos citados acima. É claro que algumas das atividades
5 Recreação
Educação ambiental
8 Turismo
9 Operações turísticas
10 Manutenção
11 Administração
12 Relações públicas e extensões
Infelizmente, sobre a aplicabilidade do plano de manejo, não há muito que se
discutir, pois es
im
89
sugeridas no plano são realizadas hoje em dia, mas são as atividades de
ncionalidade natural da reserva, como guiamento, manutenção de trilhas e
ope
fu
rações turísticas. Tendo em vista a não utilização do plano de manejo, parece
melhor não estender a discussão, pois seria somente discutir o plano em si e não
sua aplicabilidade na Pousada.
90
5 Considerações Finais
As Reservas Particulares se mostraram a partir dos anos 90 como uma
tendência de crescimento no Sistema Brasileiro de Unidades de Conservação. Essa
tendência é comprovada na quantidade de RPPNs que foram criadas na última
écada, chegando ao número de 408 no ano de 2005. Mesmo com esse grande
úmero, a área preservada em hectares ainda é bem menor que o das reservas
úblicas, porque as reservas privadas são, em geral, apenas uma pequena parte
eparada da fazenda, com a função de preservar vestígios de vegetação ainda
tocada na propriedade, tendo assim dimensões pouco extensas. Este fato pode
er evidenciado na RPPN Pousada das Araras, onde, além da área da reserva,
inda existe atividade pecuária no restante da propriedade.
As Reservas Particulares surgiram no Brasil com um modelo aproximado do
tual, através das reservas de caça e pesca. Essas reservas foram implementadas
or uma necessidade de preservação do meio ambiente e dos limites de
ropriedades rurais contra caçadores ilegais. O modelo atual das RPPNs demonstra
omo fator de efetivação, além da preservação, uma participação muito forte do
pulso econômico, calcado na isenção do Imposto Territorial Rural e na
ossibilidade da exploração do turismo.
Os proprietários que decidem criar uma RPPN, em sua grande maioria, não
speram contribuir somente para a preservação da natureza, mas também obter
anhos financeiros com a atitude da criação de uma área protegida. A questão
nanceira, além de incentivo, faz parte de um ciclo de sustentabilidade da reserva.
o entanto, para que não se desvirtue a idéia principal da RPPN, que é a
reservação do meio ambiente, fazem-se necessárias ações de conscientização
d
n
p
s
in
s
a
a
p
p
c
im
p
e
g
fi
N
p
91
ambiental dos proprietários, que deveriam ser, em grande parte, responsabilidade do
overno federal; mas como observado no estudo, o governo não demonstra
interes
dos recursos turísticos,
natura
quer muita dedicação administrativa do
proprie
g
se no envolvimento intensivo com as RPPNs, acreditando que a reserva
particular é uma maneira de se desvencilhar o máximo possível das
responsabilidades de preservação daquele local. Em geral, quando existe apoio
público às RPPNs, este é estadual ou municipal e refere-se à publicidade em mídias
governamentais e inclusão da RPPN em eventuais roteiros estaduais de turismo.
Mesmo com o pouco apoio despendido às RPPNs, o poder público pode ser
considerado indiretamente um incentivador na criação das RPPNs. Isto porque, nos
últimos anos, a obsessão da administração pública pelo turismo como uma
possibilidade de desenvolvimento com teórico retorno rápido, propagou na mídia
uma falsa imagem de potencialidade de turismo em to
is e culturais principalmente, possíveis e imagináveis. Esta falsa imagem por
sua vez gerou uma euforia a respeito do turismo, principalmente nos leigos, que
chegou a atingir proprietários rurais e influenciar no surto de criação de RPPNs nos
últimos dez anos.
Os proprietários de RPPNs que pretendem desenvolver o turismo baseiam-se
na idéia de obter uma fonte extra de ganhos paralelos à atividade agrícola. A
atividade de turismo, no entanto, re
tário, dedicação esta, que muitas vezes, não pode ser empreendida sem o
prejuízo da administração agrícola da propriedade rural. Necessita-se inclusive de
uma estrutura de pequena empresa para gerir uma RPPN com utilização turística.
Sobre o interesse dos proprietários rurais, é importante analisar uma das
hipóteses propostas no começo do trabalho: “A maior parte das RPPNs tem a
possibilidade de desenvolver a atividade turística”. Durante o estudo, foi verificado
92
que esta hipótese é refutável, já que, na verdade, a atividade de turismo está restrita
às propriedades que tenham uma diferenciação em termos de atrativos próprios e
próximos, e cujo proprietário tenha o tino empresarial para o desenvolvimento do
potencial turístico da área. O sucesso da RPPN Pousada das Araras, por exemplo, é
reflexo da presença de várias características especiais, como recursos de grande
atratividade, proximidade do Parque Nacional das Emas e dedicação integral dos
proprietários.
Outra hipótese levantada no início do trabalho foi a de que: “Tendo em vista
as restrições legais de uso das RPPNs, a atividade do turismo se torna o maior
benefício que o proprietário pode obter”. Esta hipótese foi confirmada pelo estudo à
medida que as demais atividades permitidas (educação ambiental e pesquisa
científica) não se demonstram tão lucrativas, ainda que requeiram menos
investimentos em sua implantação. Reforce-se que a atividade de turismo requer
planejamento e, principalmente, condições naturais que se demonstrem como
fatores de atratividade.
A última hipótese colocada no trabalho é a que declara: “O status de reserva
é mais
s
se de
um fator de vantagem do que um dificultador em relação à implantação do
turismo”. Isso também foi confirmado, pois, principalmente no que tange às relações
com atividades de marketing, demonstra-se realmente como um agregado de valor.
Em relação ao funcionamento administrativo das RPPNs, observou-se que os
proprietários que não tem conhecimento técnico para desenvolver o turismo em
geral recorrerem a parcerias estratégicas. Dentre os possíveis parceiros, as ONG’
stacam, até mesmo pelos vários projetos já desenvolvidos com RPPNs. A
parceria com empresas do terceiro setor se caracteriza como fundamental, cobrindo
a lacuna do governo federal em relação ao apoio técnico. Este apoio de ONGs
93
muitas vezes é a única maneira da RPPN não se tornar apenas uma área não
pagadora de impostos, ou pior ainda, um empreendimento deficitário.
Em termos de investimentos financeiros ou linhas de crédito, a pesquisa
demonstrou que o governo criou algumas linhas para os proprietários de RPPN,
porém não com condições muito vantajosas. Assim, quem acaba conseguindo
recorrer a estes empréstimos são as ONG’s, que, por sua vez, utilizam a verba em
projetos que contemplam múltiplos proprietários de RPPN, com projetos
desen
uma importante função como norteador do possível
desen
das R
volvidos de acordo com o que é determinado pelas ONG’s que repassam as
verbas.
Toda essa dificuldade de acesso a recursos técnicos e financeiros se reflete
também na elaboração do plano de manejo, que tem um custo muito elevado. Os
planos de manejo devem demorar a se tornar uma realidade em RPPNs,
principalmente porque o governo não tem como cobrar sua obrigatoriedade, tendo
em vista que a grande maioria dos Parques Nacionais não possui planos de manejo.
Esses planos cumprem
volvimento do turismo em RPPNs de maneira conciliada com a preservação
do meio ambiente.
O turismo cumpre então uma função fundamental no casamento do interesse
privado de obtenção de ganhos e como uma ferramenta para a verdadeira função
PPNs, ser uma Unidade de Conservação. As reservas privadas são
instrumentos mais eficientes de preservação que as áreas protegidas sob a
responsabilidade do poder público, exatamente pelo fato de não estarem presas na
burocracia pública. As RPPNs, que têm uma versatilidade muito grande, ainda
carecem do auxílio não privado para o seu desenvolvimento, e assim as RPPNs no
Brasil somente serão uma unidade de conservação de sucesso quando for possível
94
equacionar as necessidades e potencialidades da reserva entre o setor público e
privado.
Especificamente sobre a RPPN Pousada das Araras, é importante citar que
esta reúne características especiais que a favoreceram em muito quanto à
aplicabilidade da atividade turística, e mais importante, é um bom exemplo a ser
avaliado e seguido por outros proprietários que desejam desenvolver o turismo em
suas propriedades, já que demonstra todo um caminho planejado até chegar ao
atual status de desenvolvimento da exploração do turismo.
Este trabalho, no geral, buscou informações que contribuem para demonstrar
a situ
ação atual de desenvolvimento do turismo em RPPNs, bem como as
possibilidades e limitações desse modelo de Unidade de Conservação. Devido à
escassez de material escrito sobre as Reservas Particulares do Patrimônio Natural,
este estudo pretende contribuir para novas pesquisas, esperando que as
constatações aqui realizadas dêem margem a novos estudos deste vasto tema.
95
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99
ANEXOS
Anexo A: Total de RPPN criadas por ano segundo o IBAMA
Ano: 1990 Área (ha) Nº de RPPNs 22.961,04 10
Ano: 1991 Área (ha) Nº de RPPNs
Ano: 1992 Área (ha) Nº de RPPNs 14.992,23 14
Ano: 1993 Área (ha) Nº de RPPNs 3.237,19 10
Ano: 1994 Área (ha) Nº de RPPNs 32.957,23 22
Ano: 1995 Área (ha) Nº de RPPNs 4.412,79 13
Ano: 1996 Área (ha) Nº de RPPNs 5.571,67 16
Ano: 1997 Área (ha) Nº de RPPNs 147.036,22 45
Ano: 1998 Área (ha) Nº de RPPNs 78.316,84 49
Ano: 1999 Área (ha) Nº de RPPNs 6.706,49 58
Ano: 2000 Área (ha) Nº de RPPNs 24.940,54 47
Ano: 2001 Área (ha) Nº de RPPNs 58.633,95 70
Ano: 2002 Área (ha) Nº de RPPNs 32.112,22 41
Ano: 2003 Área (ha) Nº de RPPNs 1.321,00 2
Ano: 2004 Área (ha) Nº de RPPNs 13,00 1
Ano: 2005 Área (ha) Nº de RPPNs 92,19 1
Total 436.327,09 405
INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS DIRETORIA DE ECOSSISTEMAS
COORDENAÇÃO GERAL DE ECOSSISTEMAS SCEN, Trecho 2 - Edif. Sede IBAMA - Brasília/DF - CEP: 70.818-900
Telefone: (61) 316-1078 / 316-1756
3.022,49 6
100
101
Anexo B: Mapa de localização das RPPNs no Brasil