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Associação Nacional de Sindicatos Unidos Pra Lutar blog: unidospralutar.blogspot.com Outubro 2011 UNIDOS: O governo Jatene diz que está atendendo as reivindicações dos trabalhadores da educação. Por que a greve? Silvia Letícia: O governo não resolve as questões centrais da educação no Estado. Jatene iniciou o ano efetivando cortes nas despesas, o que afetou a educação por meio de uma portaria que suspendeu a eleições diretas nas escolas, UMA VERDADEIRA INTERVENÇÃO, além da ameaça de retirada da hora atividade dos professores e do corte de direitos com a liberação para estudo. Iniciou apresentando suas metas para a educação com eixo na avaliação de desempenho e na meritocracia. Foi por isso que o Sintepp iniciou a campanha salarial em fevereiro de 2011. Durante as “negociações”, exigimos valorização profissional através de um Piso Salarial que recuperasse nossas perdas que estão em torno de 78%. O governo pagou em setembro, 30% de R$ 94,77 que a lei do Piso determina que seja pago aos docentes. Depois de 7 meses de “negociação” recebemos cerca de R$ 14,21, ou seja, R$ 0,14 por hora/aula de trabalho para um professor que trabalhe 100 horas mensais. Isso é um absurdo, e Jatene fala em adiantamento do piso quando na verdade nos deve valores retroativos de 2009 a 2011. O governo deveria repassar cerca de R$ 66,34 aos nossos salários Um professor ganhava até agosto, R$ 1.090,00 para 8h de trabalho. A Lei do Piso determina que esse valor seja de R$ 1.187,00, mas o governo Jatene descumpriu a Lei. Esse é um dos motivos de nossa greve. . “Abusivo é o descaso do governo na garantia da educação pública!” Entrevista com a professora Sílvia Letícia sobre a greve da educação, a situação do governo Jatene e as perspectivas da categoria na campanha salarial desse ano. O enquadramento na carreira do magistério feito pelo governo não atendeu nossas expectativas, pois reduziu salários. Além disso, o governo quer retirar 40% de hora/atividade de quem trabalha 200h mensais; teremos muitas lutas adiante. abusividade da greve afirmando que o movimento prejudica os estudantes. Tu concordas? Silvia Leticia: O governo Jatene poderia ter evitado a greve e não quis, ou seja, o governo prefere prejudicar alunos e professores com o atraso no calendário escolar do que atender as necessidades dos trabalhadores e das escolas. Estamos trabalhando em jornadas duplas e com alto grau de endividamento por causa desse salário que não cobre as despesas que temos ao final de cada mês. A escola onde trabalho foi periciada e está na lista das escolas que deverão ter reforma total do prédio, mas não houve reforma até agora. O UNIDOS: A justiça decretou a teto de uma das salas de aula caiu; há curtos circuitos diários; nos banheiros as alunas reclamam de contrair infecções urinárias, a água é poluída, a merenda escolar precária, há falta de professores e servidores para atender a demanda; já ocorreram assaltos dentro da escola com armas sob nossas cabeças; as empresas terceirizadas não realizam a limpeza adequada dos prédios e vivemos em meio ao lixo, ratos, mosquitos e goteiras permanentes. Essa é a realidade de nossas escolas. Abusivo é o descaso do governo na garantia da educação pública! O direito constitucional de assegurar a educação pública é dever do Estado, porém a justiça não condena tal descaso. Nossa greve é legítima e a justiça deveria obrigar o governo do estado a pagar o que nos deve: 100% do Piso Salarial Nacional que já é uma miséria. Enquanto o piso é negado aos professores, parlamentares reajustaram seus salários em 66%. Isso sim é abusivo.

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Associação Nacional de Sindicatos Unidos Pra Lutar blog: unidospralutar.blogspot.com Outubro 2011

UNIDOS: O governo Jatene diz que está atendendo as reivindicações dos trabalhadores da educação. Por que a greve? Silvia Letícia: O governo não resolve as questões centrais da educação no Estado. Jatene iniciou o ano efetivando cortes nas despesas, o que afetou a educação por meio de uma portaria que suspendeu a eleições diretas nas e s c o l a s , U M A V E R D A D E I R A INTERVENÇÃO, além da ameaça de retirada da hora atividade dos professores e do corte de direitos com a l iberação para estudo. Iniciou apresentando suas metas para a educação com eixo na avaliação de desempenho e na meritocracia. Foi por isso que o Sintepp iniciou a campanha salarial em fevereiro de 2011. Durante as “negociações”, exigimos valorização profissional através de um Piso Salarial que recuperasse nossas perdas que estão em torno de 78%.

O governo pagou em setembro, 30% de R$ 94,77 que a lei do Piso determina que seja pago aos docentes. Depois de 7 meses de “negociação” recebemos cerca de R$ 14,21, ou seja, R$ 0,14 por hora/aula de trabalho para um professor que trabalhe 100 horas mensais. Isso é um a b s u r d o , e J a t e n e f a l a e m adiantamento do piso quando na verdade nos deve valores retroativos de 2009 a 2011.

O governo deveria repassar cerca de R$ 66,34 aos nossos saláriosUm professor ganhava até agosto, R$ 1.090,00 para 8h de trabalho. A Lei do Piso determina que esse valor seja de R$ 1.187,00, mas o governo Jatene descumpriu a Lei. Esse é um dos motivos de nossa greve.

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“Abusivo é o descaso do governo na garantia da educação pública!”Entrevista com a professora Sílvia Letícia sobre a greve da educação, a situação do governo

Jatene e as perspectivas da categoria na campanha salarial desse ano.

O enquadramento na carreira do magistério feito pelo governo não atendeu nossas expectativas, pois reduziu salários. Além disso, o governo quer retirar 40% de hora/atividade de quem trabalha 200h mensais; teremos muitas lutas adiante. abusividade da greve afirmando que o movimento prejudica os estudantes. Tu concordas? Silvia Leticia: O governo Jatene poderia ter evitado a greve e não quis, ou seja, o governo prefere prejudicar alunos e professores com o atraso no calendário escolar do que atender as necessidades dos trabalhadores e das escolas. Estamos trabalhando em jornadas duplas e com alto grau de endividamento por causa desse salário que não cobre as despesas que temos ao final de cada mês.

A escola onde trabalho foi periciada e está na lista das escolas que deverão ter reforma total do prédio, mas não houve reforma até agora. O

UNIDOS: A justiça decretou a

teto de uma das salas de aula caiu; há curtos circuitos diários; nos banheiros as alunas reclamam de contrair infecções urinárias, a água é poluída, a merenda escolar precária, há falta de professores e servidores para atender a demanda; já ocorreram assaltos dentro da escola com armas sob nossas cabeças ; as empresas terceirizadas não realizam a limpeza adequada dos prédios e vivemos em meio ao lixo, ratos, mosquitos e goteiras permanentes. Essa é a realidade de nossas escolas.

Abusivo é o descaso do governo na garantia da educação pública! O direito constitucional de assegurar a educação pública é dever do Estado, porém a justiça não condena tal descaso.

Nossa greve é legítima e a justiça deveria obrigar o governo do estado a pagar o que nos deve: 100% do Piso Salarial Nacional que já é uma miséria. Enquanto o piso é negado aos p r o f e s s o r e s , p a r l a m e n t a r e s reajustaram seus salários em 66%. Isso sim é abusivo.

UNIDOS: Como você avalia o governo

Jatene?

Silvia Leticia: Muitos ficaram iludidos

com o discurso de Jatene. Ele teve

habilidade para aplicar um ajuste

feroz e atacar a categoria jogando a

culpa no governo passado. Nesse

sentido os 4 anos de Ana Julia

ajudaram o PSDB. O governo do PT

em aliança com Jader foi tão de

direita, repressor e neoliberal que

transformou um inimigo histórico da

educação num personagem que

gerou expectativa em várias escolas.

Felizmente isso começou a mudar. A

crise na Santa Casa, na segurança

pública, como na colônia agrícola de

americano, fez muitas pessoas

refletirem sobre o caráter desse

governo. O escândalo de corrupção

na ALEPA atrapalha muito Jatene. É

visível que o governo está em crise e

em 6 meses nada fez. O governo está

mais fraco.

UNIDOS: E como andam os

trabalhadores da educação em outros

estados?

Silvia Leticia: Em todo país as escolas

paralisaram atividades. Houve greves

fortíssimas como a de Minas Gerais. E

isso foi parte de uma série de greves

que começaram com a rebelião de

Jirau e nos canteiros de vários estados,

assim como a forte greve dos

bombeiros do Rio de Janeiro. Houve

greve dos trabalhadores das

universidades e escolas técnicas,

assim como correios e bancários. A

educação também está em greve no

Ceará, lá o governo está reprimindo

duramente nossos colegas que estão

acampados na Assembléia Legislativa,

“O governo Jatene descumpriu a Lei. Esse é um dos motivos de nossa greve”.

a notícia que temos é que mesmo com

a repressão a greve se fortalece.

UNIDOS: então o cenário e favorável?

Silvia Leticia: Sim! Completamente!

Joga a nosso favor a crise do governo

Dilma. Já caíram 5 ministros! Além

disso, o país já sente os efeitos da crise

econômica e já reflete, de alguma

forma, as mesmas greves, revoluções

ou lutas que ocorrem na Europa, no

norte da áfrica ou no Chile.

Na verdade, os trabalhadores estão se

indignando cada vez mais com a

roubalheira nesses governos, não

podemos considerar isso normal

enquanto que o povo pobre morre de

fome, amarga desemprego e precárias

condições de trabalho e salário.

UNIDOS: por fim, nas últimas

assembléias surgiram debates sobre o

eixo da greve. Qual a tua posição?

Silvia Leticia: A direção do Sintepp

precisa ser firme em torno do eixo da

greve, exigindo o pagamento de

100% do piso salarial e a não redução

de direitos. O PCCR não atende

nossas necessidades e seguiremos

lutando, mas hoje precisamos

fortalecer a greve e unificar nossa

categoria em torno do Piso Salarial.

Existem lideranças na greve que não

ajudam no debate com o governo,

como o grupo ligado à CUT/PT e

CTB/PCdoB que atuam para dividir a

categoria justificando as políticas do

governo anterior de Ana Júlia e Lula e

as medidas adotadas por Dilma

Roussef. Outros ainda não têm a

unidade necessária em torno dos

eixos para fortalecer essa greve.

Precisamos apostar na mobilização

dos trabalhadores. A busca pela

unidade com os estudantes é

fundamental para derrotar o governo.

A greve segue forte!

Nenhum passo daremos atrás!

*Silvia Letícia da Luz é professora, mestre em políticas públicas educacionais pela UFPA, da Coordenação Nacional da Associação Nacional de Sindicatos Livres e Independentes, Unidos Pra Lutar, e da direção estadual do PSOL/PA.

Contatos: 0800 280 [email protected]@[email protected]

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Passeata da educação pela Augusto Montenegro, realizada no dia17/08 em direção à Secretaria de Educação