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Boletim Epidemiológico de Cachoeirinha 1 Volume III - Abr/Mai/Jun 2014 Boletim Epidemiológico de Cachoeirinha EQUIPE DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA | VIGILÂNCIA EM SAÚDE | SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE Volume III - Abr/Mai/Jun 2014

Boletim Epidemiológico · 2014-11-03 · 1 Enfermeira Coordenadora das Políticas em Saúde da Mulher e do Homem da Secretaria Municipal de Saúde de Cachoeirinha. Especialista em

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de Cachoeirinha

1Volume III - Abr/Mai/Jun 2014

BoletimEpidemiológico

de Cachoeirinha

EQUIPE DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA | VIGILÂNCIA EM SAÚDE | SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE

Volume III - Abr/Mai/Jun 2014

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Apresentação

NotificaçãoVigilância Epidemiológica

Atualmente, é obrigatória a notificação de doenças, agravos e eventos de saúde pública constantes da Portaria nº 1271, de 6 de junho de 2014, do Ministério da Saúde.

A notificação compulsória consiste na comunicação da ocorrência de casos individuais, agregados de casos ou surtos, suspeitos ou confirmados, do rol de agravos relacionados na Portaria, que deve ser feita às autoridades sanitárias por profissionais de saúde ou qualquer cidadão, visando à adoção das medi-das de controle pertinentes. Além disso, alguns eventos ambientais e doença ou morte de determinados animais também se tornaram de notificação obrigatória.

// Observações importantes

1. A notificação compulsória é obrigatória a todos os profissionais de saúde: médicos, enfermeiros, odontólogos, médicos veterinários, biólogos, biomédicos, farmacêuticos e outros no exercício da profissão, bem como os responsáveis por organizações e estabelecimentos públicos e particulares de saúde e de ensino;

2. A notificação compulsória imediata (NCI): notificação compulsória reali-zada em até 24 (vinte e quatro) horas, a partir do conhecimento da ocorrência de doença, agravo ou evento de saúde pública, pelo meio de comunicação mais rápido disponível;

3. A comunicação de doença, agravo ou evento de saúde pública de notifi-cação compulsória à autoridade de saúde competente também será realizada pelos responsáveis por estabelecimentos públicos ou privados educacionais, de cuidado coletivo, além de serviços de hemoterapia, unidades laboratoriais e ins-tituições de pesquisa.

Realizar a comunicação para a vigilância epidemiológica sobre a ocorrência de doenças infecciosas contidas nessa portaria e outras doenças transmissíveis comuns na infância, como, por exemplo: caxumba, casos de diarreia aguda, va-ricela, entre outras.

Para notificação e comunicação

Vigilância Epidemiológica 30418654 ou 30418655, de segunda a sexta, das 8 às 18h. Demais horários por e-mail: [email protected]

Para leitura da portaria na íntegra acesse:

http://dtr2004.saude.gov.br/sinanweb/novo/Documentos/Portaria_1271_06jun2014.pdf

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EQUIPE DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA | VIGILÂNCIA EM SAÚDE | SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE4

Paula Ferrarese Tavares1

// Introdução

A violência contra a mulher configura um fenômeno complexo e um proble-ma de saúde pública, sendo o serviço de saúde um dos locais mais procurados por mulheres nessa situação. Incluem-se nas principais formas de violência a agressão física, sexual, psicológica e econômica. A falta de instrumentos e ma-nejo no acolhimento e o déficit resolutivo para este problema fazem com que o mesmo se torne ainda mais complicado e de difícil abordagem, de modo que o reconhecimento do perfil da violência cometida contra a mulher se torna de extrema importância para a formação de políticas de saúde voltadas para a sua prevenção.

// Objetivos

• Determinar a prevalência de violência cometida contra mulheres entre usu-árias de serviço de saúde do município de Cachoeirinha;

• Identificar as características dessas mulheres e os fatores associados às situações de violência contra o gênero feminino;

• Reconhecer características dos agressores e da agressão.

// Metodologia

Foram avaliadas as Fichas de Notificação/Investigação Individual do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), referentes a violência do-méstica, sexual e/ou outras violências, preenchidas pelos serviços de saúde mu-nicipais ao prestarem atenção à mulher vítima das mesmas, que posteriormente foram inseridas no SINAN através da digitação pelo departamento de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde, compondo o banco de dados do Ministério da Saúde. O período escolhido para análise foi de um (1) ano, entre maio de 2013 e maio de 2014.

// Resultados

Um total de 325 fichas de notificações compôs a amostra analisada. Destas, 324 foram preenchidas e enviadas pela Unidade de Pronto Atendimento 24 ho-ras municipal e apenas 1 foi enviada pelo Hospital Padre Jeremias.

Com relação ao perfil da mulher vítima de violência, a faixa etária mais pre-valente foi entre 31 e 40 anos (36%), seguida por mulheres entre 21 e 30 anos (24%), 12 e 20 anos (20%), 41 e 50 anos (13%), e 51 e 59 anos (7%).

O perfil da violênciacontra a mulher em Cachoeirinha

1 Enfermeira Coordenadora das Políticas em Saúde da Mulher e do Homem da Secretaria Municipal de Saúde de Cachoeirinha. Especialista em Saúde Pública, Docência em Ensino Superior e Saúde da Mulher. Contato: [email protected].

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5Volume III - Abr/Mai/Jun 2014

A raça/cor Branca foi a que apresentou maior número de vítimas, 55%, en-quanto a Preta apresentou 8%, mas 32% das notificações não possuíam esta informação.

O estado civil com maior número de vítimas foi Casada ou vivendo em União Consensual (40%), seguido por Solteira (36,6%), Separada (21,2%), Viúva (0,6%) e 1,3% não foram informados.

A escolaridade das vítimas encontrada foi de: 1 Analfabeta, 86 com Ensino Fundamental Incompleto, 73 com Ensino Fundamental Completo, 27 com Ensino Médio Incompleto, 37 com Ensino Médio Completo, 27 com Ensino Superior em Curso ou Completo e 77 não foram informadas.

A ocupação destas mulheres foi apresentada como 2% Aposentadas ou Pen-sionistas, 3% não foram informadas, 8% Estudantes, 28% do Lar e 59% exerciam alguma atividade remunerada fora do domicílio.

Das vítimas de violência, 7 eram gestantes e 12 apresentavam deficiências ou transtornos, entre estas dez relacionados aos transtornos mentais e duas defi-cientes físicas.

Relacionados à violência cometida, os casos foram separados por bairros do município de Cachoeirinha, tal como nos mostra a tabela abaixo:

Tabela 1 – Distribuição dos casos de violência contra mulher de acordo com os bairros do município

BAIRRO NÚMERO DE CASOS DE VIOLÊNCIA

Vila Anair 59

Vista Alegre 34

Granja Esperança 34

Vila Fátima 30

Jardim Betânia 22

Parque da Matriz 22

Canarinho 16

Nova Cachoeirinha 12

Marechal Rondon 8

Navegantes 7

Parque Brasília 7

Outros (com 5 ou menos notificados) 74

O local de ocorrência em que mais foram praticadas as violências foi o do-micílio (268), sendo a via pública (33) o segundo local com maior incidência, seguidos pelos locais de comércio e prestadores de serviços (9), a residência de outros (7), bar ou casa noturna (2), indústrias ou construções (2) e 4 não foram informados.

65% das mulheres referiram já ter sofrido algum tipo de violência anterior-mente à atual notificação, 32% relataram ser a primeira vez de ocorrência e 3% não informaram.

O tipo de violência está descrito no gráfico 1, ressaltando que foram descritas múltiplos tipos.

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1%1%

3%3% 3%

236

9%4%

4%

4%

252

42%

FÍSICA

CÔNJUGE

24%EX-CÔNJUGE

7SEXUAl

20

1%

1%

tortUrA

dESCoNhECIdoMÃE

tIo

pAI

MAdrAStA

pAdrASto

pSIColóGICA/MorAl

AMIGo/CoNhECIdo

NAMorAdo

EX-NAMorAdo

IrMÃo

FIlho

16

19

171

242

1

1

ESpANCAMENto

ArMA dE FoGo

SUbStâNCIA/obJEto qUENtE

15obJEto

pérFUro-CortANtE

ENForCAMENto

obJEtoCoNtUNdENtE

AMEAçA

Gráfico 1 – Tipos de violência

O meio de agressão está apresenta-do no gráfico 2, também apresentado em múltiplos meios.

Gráfico 2 – Meios de agressão

Houve 9 casos de violên-cia sexual, sendo 3 em for-ma de assédio, 3 estupros, 2 atentado ao pudor e 1 explo-ração sexual.

Relacionado ao perfil do agressor, o vínculo do mes-mo com a vítima está de-monstrado no gráfico abaixo.

Gráfico 3 – Vínculo com o agressor

O sexo do agressor encontra-do foi de 93,5% masculino e 6,4% feminino. Destes, 46% apresen-tavam indícios de alcoolização, 45% não apresentavam e 9% não informaram.

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7Volume III - Abr/Mai/Jun 2014

// Discussão

Os achados referentes ao perfil das mulheres vítimas de violência destoam com outros estudos, uma vez que a faixa etária mais frequente encontrada é entre 31 e 40 anos e os estudos comparados demonstram vítimas com idade inferior a 30 anos com maior incidência.

Também há diferenciação quanto à raça/cor, pois os dados analisados mos-traram uma maioria branca como vítimas, contrário aos achados de estudos an-teriores, nos quais as negras eram as vítimas em maior número.

Contudo, o estado civil com maior incidência encontrado, casada ou vivendo com um companheiro (união consensual) também é o mais encontrado nos es-tudos comparativos.

As mulheres com escolaridade mais baixa, Ensino Fundamental Incomple-to ou Completo, apresentaram maior número entre as vítimas de violência, tal como referido por Adeodato et al (2005) considerando que o esclarecimento da mulher leva a menor tolerância à violência.

Apesar da baixa escolaridade, a maioria das vítimas exerce alguma atividade de trabalho e é geradora de renda fora do lar, contudo são atividades de baixa remuneração. Rabelo e Caldas Junior (2007) relatam que esta situação de me-nor poder aquisitivo e pobreza, e a falta de padrões morais, são grandes condu-tores à violência.

O espaço doméstico mostrou-se o local onde a maior parte das agressões contra mulheres ocorrem. Este fator pode estar associado à cumplicidade e in-diferença da sociedade para com a violência que ocorre no interior da família, que, muitas vezes, acaba por se constituir em um espaço de arbítrio e de violên-cia, por ser legitimada pela organização familiar patriarcal, onde a dominação masculina é vista como natural, dificultando atitudes de resistência e ruptura do ciclo de violência, por parte da mulher, com a situação vivenciada (GALVÃO, ANDRADE, 2004).

Segundo o artigo 7º da Lei nº 11.340/2006, são formas de violência contra a mulher, entre outras:

• Violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integri-dade ou saúde corporal;

• Violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, com-portamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humi-lhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autode-terminação;

• Violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a pre-senciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante in-timidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;

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• Violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure re-tenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;

• Violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.

A agressão física é a forma mais comum de violência contra a mulher, segui-da pela violência psicológica/moral, estando estas associadas, na maioria das vezes. Schraiber et al (2002) e Marinheiro, Vieira e Souza (2004) também en-contraram dados semelhantes em suas pesquisas.

O homem, companheiro foi identificado como principal agressor. Autores como Giffin (2002) relacionam as relações violentas masculinas com algum pro-blema pessoal dos mesmos que resulta em desestruturação da identidade mas-culina, refletindo violentamente em suas parceiras, bem como o poder do macho na sociedade contemporânea, que foi deslocado da rua para a casa e depois para o corpo.

Rocha, Gonçalves e Darossi (2009) propõem que, entre os motivos que le-vam o homem a se tornar agressor, destacam-se o não provimento das necessi-dades materiais, o não reconhecimento dos significados dos seus atos violentos, a perda da sensibilidade, a passividade da vítima e uma cultura familiar desestru-turada. O perfil do agressor se caracteriza por autoritarismo, dominando assim os seus integrantes familiares, especificamente a mulher.

Relacionada à suspeita de uso de álcool pelo agressor, a diferença entre o uso e o não uso foi insignificante, contudo Rabello e Caldas Junior (2007) rela-tam que o álcool parece ser a droga mais nociva ao funcionamento familiar, pois, por ser aceito socialmente, há largo consumo.

// Conclusão

A violência não é caracterizada como um problema específico da área da saúde, mas ela afeta a saúde e, tradicionalmente, vem sendo tratada nas investi-gações através dos estudos de mortalidade e morbidade, sendo muito precários os dados devido ao hábito dos serviços de saúde de não realizar as notificações, o que sugere que os números apresentados podem ser ainda maiores. No en-tanto, os dados já disponíveis permitem sugerir hipóteses e conclusões, apontar tendências e, a partir daí, propor ações pra que esta realidade seja modificada.

// Referências

ADEODATO, VG; CARVALHO, RR; SIQUEIRA, VR; SOUZA, FGM. Qualidade de vida e depressão em mulheres vítimas de seus parceiros. Rev. Saúde Pública. v.39, n.1, p. 108-13, 2005.BRASIL. Lei nº 11.340/2006 – Lei Maria da Penha.GALVÃO, EF; ANDRADE, FM. Violência contra a mulher: análise de casos atendidos em serviço de atenção à mulher em município do Sul do Brasil. Saúde e Sociedade v.13, n.2, p.89-99, maio-ago 2004.GIFFIN K. Pobreza, desigualdade e equidade em saúde: considerações a partir de uma perspectiva de gênero transversal. Cad. Saúde Pública. v.18, Supl, p.103-12, 2002. MARINHEIRO, ALV; VIEIRA, EM; SOUZA, L. Prevalência da violência contra a mulher usuária de serviço de saúde. Rev. Saúde Pública, v.40, n.4, p. 604-10, 2006. RABELLO, PM; CALDAS JÚNIOR, AF. Violência contra a mulher, coesão familiar e drogas. Rev. Saúde Pública, v.41, n.6, p. 970-8, 2007.ROCHA, DVM; GONÇALVES, M; DAROSSI, M. Violência doméstica contra a mulher: breve análise sobre a igualdade entre homens e mulheres no decorrer de situações históricas. Rev. UNIFEBE, 2009. SCHRAIBER, LB; D’OLIVEIRA, AFLP. Violência contra mulheres: interfaces com a saúde. Comunicação, Saúde, Educação, v.3, n.5, 1999.

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Segurança do paciente em sala de vacinaçãoGisele Cristina Tertuliano2

// Princípios fundamentais para a segurança

1. Identificação do paciente.A identificação do usuário é prática indispensável para garantir a segurança do

paciente em qualquer ambiente de cuidado à saúde. Este procedimento inclui a pre-venção na troca de fichas e o chamamento por extenso do nome de cada usuário antes da vacinação para certificação de que é mesmo aquela pessoa que deve ser vacinada.

2. Cuidado limpo e cuidado seguro – higienização das mãos.3. Paciente envolvido com sua própria segurança - comunicação.• Identifique características específicas quanto à maturidade, condições clínicas

e legais que possibilitam assumir suas responsabilidades, como usuários pediátricos, psiquiátricos, etc.

• Analise as fragilidades do usuário.• Propicie o fortalecimento do vínculo do usuário e família com a equipe, pois es-

tes fornecem informações sobre os sintomas, a história e o tratamento.• Compartilhe informações sobre potenciais benefícios e eventos.• Avalie as dificuldades de comunicação, barreiras de linguagem, falta de enten-

dimento das orientações, fatores sociais e de personalidade.• Utilize meios adequados e linguagem compreensível para disponibilizar as infor-

mações aos diferentes grupos de pessoas.• Utilize recursos que se adaptem aos usuários que tenham barreiras visuais, au-

ditivas e de fala.• Respeite o tempo de cada usuário para compreender as informações fornecidas.• Crie estratégias para verificar se o usuário compreendeu as informações, repe-

tindo-as, caso os objetivos não tenham sido alcançados.• Entenda que o usuário tem o direito de saber se os profissionais que irão cuidar

dele são competentes para prestar uma assistência segura.• Leve em consideração perguntas, queixas e observações do usuário, pois ele é

a última barreira para impedir que eventos adversos ocorram.• Eduque o usuário para a cidadania, estimulando-o a conhecer seus direitos e

responsabilidades.• Disponibilize tempo para responder aos questionamentos do usuário e família,

ouvir suas observações e promover a educação para a saúde.4. Comunicação efetiva.5. Prevenção de queda.• Atenção para os quadros de síncope6. Segurança na utilização de tecnologia.• Novas vacinas• Equipamentos 7. Aplicação das normas de rede de frio.8. Aplicação das técnicas de administração.9. Conhecimento do esquema vacinal.

// Fatores humanos que contribuem para os erros• Institucionais: gerenciamento, falhas de equipamentos, manutenção, etc.• Ambientais: barulho, agitação, calor, excesso de estímulos visuais, etc. • Conhecimentos e habilidades: ausência de treinamento, ausência de reciclagem,

procedimentos técnicos inadequados, formação inadequada.• Psicológicos: estresse, tédio, frustração, ansiedade.• Fisiológicos: sono, fadiga.• Os erros ocorridos em sala de vacina devem ser comunicados e acompanhados.

2 Enfermeira Coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Cachoeiri-nha. Mestra em Saúde Coletiva. Contato: [email protected].

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// SíncopeA síncope é uma alteração transitória da consciência acompanhada por perda

da consciência e do tônus postural, causada pela diminuição do fluxo sanguíneo no cérebro, com recuperação espontânea. A maioria ocorre nos primeiros 15 mi-nutos após a vacinação. Ocorre por estimulação do sistema nervoso autônomo. O paciente apresenta ansiedade, palidez, sudorese, extremidades frias e, às vezes, hipotensão.

É uma das causas mais comuns de perda parcial ou total da consciência e, em-bora seja um distúrbio benigno, com boa evolução, de modo geral, tem potencial para produzir lesões.

Geralmente há um estímulo desencadeante, como dor intensa, expectativa de dor ou choque emocional súbito. Vários fatores, como jejum prolongado, medo da injeção, ambientes muito quentes ou superlotados, permanência de pé por longo tempo, podem aumentar a ocorrência de síncope.

Portanto, para reduzir risco de quedas e permitir pronta intervenção caso ocorra a síncope, a adolescente deverá permanecer sentada e sob observação por aproximadamente 15 minutos após a administração das vacinas, em especial a vacina contra o HPV.

// Referências

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de vigilância das doenças transmissíveis. Co-ordenação geral do Programa de Nacional de Imunizações. Informe técnico sobre a vacina contra o papilomavírus humano (HPV). Brasília: Dez 2013.Conselho Regional de Enfermagem do Estado de São Paulo-COREN-SP. Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente-Polo São Paulo. 10 passos para a segurança do paciente. São Paulo, 2010.PROQUALIS. Informações sobre segurança do paciente para desenvolvimento do Portal PROQUALIS. Centro colaborador para a qualidade do cuidado e a segurança do paciente. ICICT/FIOCRUZ. Rio de Janeiro, RJ, 2007.

Tabela comparativa dos casos notificados e investigados que constam no SINAN - Sistema de Informação dos Agravos de Notificação de Cachoeirinha, diagnosticados de janeiro a junho de 2014.

AGRAVOS CASOS NOTIFICADOS CASOS CONFIRMADOS

Atendimento Antirrábico 1 337 337

Dengue 2 06 00

Doença de Chagas 00 00

Gestante HIV 05 05

Hepatites Virais 28 28

Leptospirose 04 01

Meningite Meningocócica / Outras Meningites

01 01

Sífilis Congênita 02 02

Rubéola 00 00

Sarampo 02 00

Sífilis em Gestante 01 01

Sífilis não especificada 3 04 04

Varicela 55 55

Violência Doméstica, Sexual e/ou outras violências

208 208

Tuberculose 54 54

Síndrome Respiratória Aguda Grave 4 00 Influenza A / H3 Sazonal: 00Influenza A H1N1: 00

Influenza B:00VSR/5: 00

Não especificada: 00

Coqueluche 03 00

1 Atendimento antirrábico: ferimentos causados, principalmente, por cães e gatos e que necessitam de avaliação, acompa-nhamento do animal e vacina antirrábica.2 Caso confirmado importado.3 Ocorrência em homens e mulheres.4 Síndrome Respiratória Aguda Grave: em pacientes com Síndrome Gripal com idade maior que 6 meses com febre de início súbito, mesmo que referida, acompanhada de tosse e/ou dor de garganta e pelo menos um dos sintomas: mialgia, cefaleia, artralgia, dispneia, conjuntivite, mal estar geral e perda do apetite, e pacientes menores de 6 meses de idade, com febre de inicio súbito, mesmo que referida e sintomas respiratórios. Os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave, ou seja, em indivíduo em qualquer idade que atenda a definição de caso de Síndrome Gripal e dispneia ou saturação de oxigênio menor que 95% em ar ambiente ou sinais de desconforto respiratório e que necessitam de internação hospitalar. Nessa situação os casos são notificados e investigados com coleta de secreções das vias aéreas superiores para identificação do agente etiológico.5 VSr: o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), é um RNA vírus, não segmentado, envelopado, da família Paramyxoviridae. Causa infecção aguda do trato respiratório em indivíduos de todas as idades. A maioria das crianças é infectada no primeiro ano de vida e, virtualmente, todas as crianças serão expostas a ele até o segundo ano de idade. Reinfecções ocorrem durante toda a vida.

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Expediente

PrefeitoVicente Pires

Secretário Municipal de Saúde João Augusto Tardeti

Diretor GeralGerson Luís Cutruneo

Direção de Vigilância em SaúdeTânia Bretschneider Ramos

Coordenação Vigilância EpidemiológicaGisele Cristina Tertuliano

Membros da Equipe de Vigilância Epidemiológica Aura da Costa Viana /Andreia Carvalho dos Santos / Daiane

Barbosa dos Santos / Elder Franco Nunes / Gisele Cristina Tertuliano / Inei Loeblein / Lorena de Fátima B. Carpes / Rafael

Feijó / Sandra Luciana Halberstadt / Tânia Bretschneider Ramos / Tatiana Tavares

TIRAGEM150 exemplares

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