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Candombá – Rev ista Virtua l, v . 1, n. 1, j an – j un 2005 ISSN 1809-0362
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Licenciatura em Ciências Biológicas; Faculdades Jorge
Amado. Ano 1; Nº 1; Salvador, Junho/2005.
Tendo como objetivos proporcionar aos
professores e graduandos dos cursos de
Licenciatura do ISE/FJA a oportunidade de conhecer
experiências de gestão escolar, que se des tacam
por envolverem o compromisso com a cidadania
consciente e ativa e com a emancipação dos seres
humanos; de refletir sobre as possibilidades de
continuidade articulada entre as etapas da
Educação Básica, através de ações cooperativas e
sinérgicas entre os professores das referidas
etapas; e, ainda, de aprofundar a relação do
ISE/FJA com escolas locais , com vis tas ao
desenvolvimento de parcerias, foi realizado o
seminário Escolas que são a Nossa Cara , no dia
3 de junho, no auditório Zélia Gattai das Faculdades
Jorge Amado.
O evento teve como foco o tema A Escola e a
Constituição de Identidades Individuais e
Coletivas, de modo que se evidenciasse que a
prática pedagógica não deve restringir-se aos
poucos recursos disponíveis , mas , s im,
comprometer-se com a busca de criatividade e de
envolvimento da comunidade escolar. O evento foi
organizado pelos alunos do segundo semestre letivo
do Curso de Licenciatura em Ciênc ias Biológicas ,
sob a coordenação geral da P rofessora Rosiléia
Oliveira de Almeida e da aluna Maria Cicília Caldas
Barbosa, contando, ainda, com a orientação dos
professores de Prática de Ensino II e de Dimensões
do Sistema Educacional Brasileiro.
Fig. 1. Alunos da Comissão Organizadora.
Sabe-se que, com os mesmos ingredientes, pode-
se ter sucesso ou insucesso. Mas, afinal, o que faz
a diferença?
Uma das pretensões dos organizadores do
evento foi a de semear a atitude c rítica diante do
discurso amplamente difundido nos espaços
formativos de professores de que as escolas ,
especialmente as públicas , são organizações
homogêneas , desorganizadas, com professores sem
compromisso e alunos desmotivados . Para alcançar
essa pretensão, optou-se pela valorização de
experiências desenvolvidas nas escolas convidadas ,
que, mesmo em situações adversas , buscam, no
seu cotidiano, fazer a diferença.
Boletim Informativo
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Fig. 2. Participantes: professores e alunos dos cursos de Licenciatura das FJA.
O seminário foi realizado em dois momentos: o
primeiro aconteceu à tarde, contando com a
participação do Colégio Estadual Hamilton de Jesus
Lopes - Complexo Educacional Jiquitaia, cujos
expositores Ableni Argollo (Coordenadora
Pedagógica), I raneide Freitas Gonçalves
(Professora), Jacira da P urificação Adami
(Professora), apresentaram o projeto “Tempo de
Aprender”; e a Escola Estadual José Augusto
Tourinho Dantas , cujas expositoras Rita Cordeiro
(Professora de Ciências e Horticultura) e Denivalda
Lima Anas tácio (Professora de Informática da
escola e aluna do curso de Licenciatura em Ciências
Biológicas – FJA), apresentaram o projeto “Em se
plantando, nem tudo dá...”.
O segundo momento foi realizado à noite e
envolveu a apresentação do projeto “Uma Viagem
Histórica ao Subúrbio Ferroviário”, pela
Professora Telma Conceição da Cunha
(C oordenadora do projeto) e por Tércio Conceição
da Silva (Ex-professor da escola e aluno do curso
de Licenciatura em Ciências Biológicas – FJA); em
seguida, a Escola e Clube A rela relatou sua
experiência, com o trabalho “Uma Prática da
Educação Inclusiva”, tendo como expositoras a
ps icopedagoga Isadora Sales Côrtes (Coordenadora
Pedagógica da escola), Genice Oliveira, Alzeni
Suzarth e Noélia Almeida (professoras da escola e
alunas do curso Normal Superior das FJA).
O evento foi aberto com a projeção da mídia A
Canção de Cada Um:
Quando uma mulher, de certa tribo da África,
sabe que está grávida, segue para a selva com outras
mulheres
e juntas rezam e meditam até que aparece a “canção da
criança”.
Quando nasce a criança, a comunidade se junta
e lhe cantam a sua canção.
Logo, quando a criança começa sua educação,
o povo se junta e lhe cantam sua canção.
Quando se torna adulto, a gente se junta novamente e
canta.
Quando chega o momento do seu casamento a pessoa
escuta a sua canção.
Finalmente, quando sua alma está para ir-se deste
mundo,
a família e amigos aproximam-se e,
igual como em seu nascimento,
cantam a sua canção para acompanhá-lo na "viagem".
Nesta tribo da África há outra ocasião na qual os índios
cantam a canção.
Se em algum momento da vida a pessoa comete um crime
ou um ato social aberrante, o levam até o centro do
povoado
e a gente da comunidade forma um círculo ao seu redor.
Então lhe cantam a sua canção.
A tribo reconhece que a correção para as condutas
anti-sociais não é o castigo;
é o amor e a lembrança de sua verdadeira identidade.
Quando reconhecemos nossa própria canção
já não temos desejos nem necessidade de prejudicar
ninguém.
Teus amigos conhecem a "tua canção"
e a cantam quando a esqueces.
Aqueles que te amam não podem ser enganados pelos
erros que cometes
ou as escuras imagens que mostras aos demais.
Eles recordam tua beleza quando te sentes feio;
tua totalidade quando estás quebrado;
tua inocência quando te sentes culpado
e teu propósito quando estás confuso."
Tolba Phanem
(www.inverso.org.br/blob/115.pps)
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Em seguida, houve o pronunc iamento da
professora Lúcia Maria Souza da Silva (Diretora
Geral e Diretora Acadêmica das FJA), que ressaltou
a importânc ia da idealização e desenvolvimento de
projetos pedagógicos que envolvam ações
educativas nas comunidades em que as escolas
es tão inseridas . Além disso, enfatizou a
responsabilidade das FJA na formação de
educadores comprometidos com uma educação
inclusiva, preocupados com a humanização dos
homens , a consciênc ia ecológica e o educar para a
paz.
Fig. 3. Abertura do evento pela Diretora Geral das FJA.
Após as apresentações das escolas , as
experiências por elas relatadas foram comentadas ,
respectivamente, pelos professores José Augusto
Ramos da Luz, Marcus Welby Borges Oliveira,
Juvenal de Carvalho Conceição e Josilda Batista
Lima, pertencentes ao quadro docente do ISE/FJA .
Todos eles valorizaram as experiências de gestão
escolar empreendidas nas escolas . O público
também participou ativamente, formulando
perguntas ou comentando as apresentações dos
palestrantes .
Projeto “Tempo de Aprender”
O Colégio Estadual Hamilton de Jesus Lopes -
Complexo Educac ional Jequitaia “Centro Múltiplo
Oscar Cordeiro” é uma unidade voltada para a
Educação de Jovens e Adultos que desenvolve o
projeto “Tempo de Aprender”. O projeto visa
preparar os alunos para o mercado de trabalho,
através de uma proposta pedagógica que abrange
diversas modalidades educativas e que permite
flexibilidade no cumprimento dos programas de
es tudos . Tem por meta a educação para a
participação social, comprometida com a prática
cidadã.
O “Tempo de Aprender” é destinado a alunos
com idade acima de 20 anos , contando atualmente
com 1500 alunos . Sua metodologia de ens ino toma
como referênc ia os conhecimentos prévios dos
alunos , na perspectiva de uma aprendizagem
significativa dos conteúdos , os quais são articulados
à realidade social. Envolve o uso de telesalas ,
sendo que, em cada uma delas , trabalha-se com
uma disciplina (Matemática, Português , Biologia
etc .), sendo o rodízio feito pelo aluno. As aulas de
Biologia, Física, Química e Matemática são
desenvolvidas com atividades práticas , envolvendo
visitas a feiras-livres, cervejarias , indústrias e
laboratórios .
O aluno cujo ritmo de aprendizagem é
diferenciado tem chance de cursar aceleração ou
fazer exames através da Comissão Permanente de
Avaliação (CPA). Segundo depoimento de uma
aluna, “é muito bom o método utilizado pela escola,
que, assim, dá oportunidade a mães e pais de
famílias que trabalham de terem chances de voltar
a estudar”.
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Fig. 4. Apresentação do Projeto “Tempo de Aprender”.
Segundo a professora Jacira, o maior desafio
encontrado e superado pelo projeto “Tempo de
Aprender” foram os problemas sociais , e não os
disciplinares , visto que todos os alunos são adultos .
O desafio de mantê-los na escola é grande devido
às dificuldades que eles enfrentam, tais como:
doenças de filhos , falta de dinheiro para transporte,
mudanças de horário do trabalho etc ., o que exige
a atuação da escola no sentido de buscar informar-
se sobre o que está acontecendo, inclusive
telefonando para suas casas e ajudando-os a
superar tais dificuldades .
Já ancorado na Antártida, um ruído me chamou a
atenção. Pensei: será que até aqui os chineses
também fritam pastéis? Eram cristais de gelo que
caíam e, ao entrarem em contato com a água do
mar, causavam aquele ruído e o efeito visual era
maravilhoso. Pensei em filmar, mas desisti, pois
iria ter tempo. Ficaria atracado ali por alguns
meses. 365 dias se passaram e o fenômeno não
mais aconteceu. Concluí que algumas
oportunidades são únicas e nem o tempo pode
fazer com que elas ressurjam. (Torbem Graew)
No Colégio Estadual Hamilton de Jesus Lopes
muitos jovens e adultos abraçaram a oportunidade,
talvez única para eles , de continuar sua
escolarização, através da adesão ao Projeto
“Tempo de Aprender”.
Endereço: Av. Oscar Pontes, s/n, Água de Meninos – Centro Múltiplo Oscar Cordeiro – CEP 40.460-130 – Salvador – BA – (71) 3312-2245.
“Em se plantando nem tudo dá...”
O projeto da escola Tourinho Dantas teve início
no ano de 2002, envolvendo ações interessantes ,
tais como: horticultura, rádio comunitária e
Congresso de Pais , com a participação intensa da
comunidade. Além disso, os alunos da escola, que
“querem entrar para a história”, envolvem-se nos
projetos de forma entus iasmada e comprometida.
No projeto de horticultura, os legumes ,
hortaliças e frutas são plantados , cuidados e
colhidos pelos próprios alunos , sendo utilizados na
merenda escolar e distribuídos na comunidade,
para serem consumidos nas residências. A
experiência tem mostrado que não basta apenas
lançar a semente ao solo. É necessário tratá-lo com
carinho, para que as sementes germinem...
Fig. 5. Ovos e fr1utas produzidos pelos alunos na escola.
A rádio jornal CNT (Central de Notícias
Tourinho) é outro projeto da escola. Visa inserir o
jornalismo no currículo, com a utilização de novas
tecnologias da informação, divulgando as atividades
desenvolvidas na escola para o público interno e
para a comunidade. C ontém entrevistas com alunos
que se destacaram em concursos (Alunos Nota 10),
relatos de atividades culturais , opiniões dos alunos
sobre temas de natureza política, manifestações de
dificuldades enfrentadas nas disciplinas , galeria de
trabalhos de Artes Plásticas , poesias e propostas de
solução para problemas enfrentados pelo Brasil e
pela comunidade.
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Fig. 6. Capa da Revista CNT.
Além disso, a escola vem se destacando pelas
aulas de campo. Os alunos visitaram o rio Ipitanga,
que está morrendo devido ao alto índice de
poluição. Enfim, es ta escola vem se tornando um
referencial para as demais escolas , por es tar
desenvolvendo um excelente trabalho, visando à
melhoria do ensino e provando que ...em se
plantando... e cuidando... tudo dá!.
Fig. 7. Alunos em trabalho de campo no Rio Ipitanga.
Segundo Rita Cordeiro (P rofessora de Ciências e
Horticultura), o Colégio Tourinho Dantas é marcada
pela participação da comunidade. É uma escola
nova, com quatro anos de fundação, sendo que a
direção investiu em projetos , a maioria realizados
através de parcerias com órgãos públicos e ONGs.
Os motivos que levaram a escola a desenvolver o
projeto foram “a carência da comunidade e as
necessidades dos alunos , diante da falta de
recursos liberados pelo governo para as escolas
públicas”.
Em relato de estágio realizado na Escola José
Augusto Tourinho Dantas uma aluna do 2º
semestre do curso de Licenciatura em Ciências
Biológicas , deslumbrada com as práticas educativas
desenvolvidas pela escola, escreveu:
a visita à escola, para nós alunos do segundo
semestre, foi a iniciação do elo entre o futuro
professor e o seu fut uro ambiente de trabalho. Foi
a certeza de que o professor não é meramente um
técnico que só passa i nformações, mas sim um
empreendedor, ou, como diria Lulu Santos, um
desbravador dos setes mares, que é o caminho do
saber. Ser professor assemelha-se ao plantio. O
agricultor observa a terra em que irá plantar. Logo
em seguida, escolhe as sementes que
possivelmente germinarão naquela terra e vai
atrás dos melhores procedimentos para garantir
uma boa colheita.
Endereço: K2, Estrada do CIA, Fazenda Cassange, Parque São Cristóvão – CEP 40.000-20 – Salvador – BA – (71) 3377-5473. tourinhot [email protected]
“Uma Viagem Histórica ao Subúrbio
Ferroviário”
A apresentação do projeto “Uma Viagem
Histórica ao Subúrbio Ferroviário”, realizada
pela Escola Municipal de Paripe, começou com a
exposição de uma frase ilustrativa dos princ ípios
pedagógicos da escola: “uma pessoa que não sabe
sua história, que não sabe sobre o lugar em que
vive, não está integrada à sua comunidade, à sua
cidade, ao seu país ”. Adotando uma abordagem
interdisciplinar dos conteúdos e uma gestão
participativa, a escola tem inserido em seu
currículo, desde o segundo semestre de 2004,
atividades que valorizam o patrimônio his tórico,
cultural e ambiental do Subúrbio Ferroviário.
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Fig. 8. Apresentação do Projeto “Uma Viagem Histórica ao Subúrbio Ferroviário”.
Os alunos são envolvidos em ações que
propiciam o resgate da his tória local, tais como:
leitura e discussão de reportagens sobre o Subúrbio
Ferroviário; identificação de atrativos locais ;
realização de entrevistas com moradores antigos da
região; produção de textos e cartilhas com a
história do Subúrbio Ferroviário; e, ainda,
elaboração de roteiros turísticos no subúrbio, tanto
para a população local, carente de lazer, quanto
para visitantes . Tais ações exigem a apropriação de
linguagens para registrar, interpretar e sistematizar
o saber localmente produzido. O conhecimento
construído pelos alunos é compartilhado com outras
comunidades municipais , es taduais e internacionais ,
fazendo-se o uso humanizador das novas
tecnologias da informação.
A fixação de panfletos com curiosidades sobre
os bairros do Subúrbio Ferroviário nos ônibus de
Salvador é uma outra importante ação, que foi
viabilizada através da parceria da escola com as
empresas de transporte urbano que atendem à
região.
Fig. 9. Exemplo de panfleto afixado nos ônibus urbanos de Salvador.
Através do projeto, os alunos estudam os
lugares do bairro com significação histórica, tais
como: a linha ferroviária e a Avenida Suburbana,
que distinguem o Subúrbio Ferroviário das outras
regiões de Salvador, por oportunizar duas
alternativas de transporte aos moradores; o bairro
do Lobato, local em que foi descoberta pela
primeira vez a exis tência de petróleo no Brasil e
que, por isso, foi visitado pelo presidente Getúlio
Vargas; as praias e as belas vistas ; o Parque de
São Bartolomeu, patrimônio não só ambiental, mas
também cultural, por estar vinculado à religiosidade
do povo baiano; as feiras-livres , que dão
dinamismo ao comérc io local; e, ainda, o bairro de
Plataforma, que participou da luta pela
Independência do Brasil e que teve grande
importância econômica no século passado, por
sediar uma indústria de tecidos que chegou a
empregar 1500 funcionários .
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Além de ampliarem seus conhecimentos
históricos e culturais sobre o Subúrbio Ferroviário,
os alunos desenvolvem habilidades ligadas à
oralidade e à comunicação. Tornam-se capazes de
construir hipóteses e de resolver problemas ,
refletindo sobre as causas dos problemas sociais e
ambientais e propondo formas de intervenção na
comunidade, visando superá-los .
O professor Gey Espinheira, es tudioso do
Subúrbio Ferroviário, em seu trabalho sobre a
ocupação de Bate Coração (Paripe) ouviu de um
dos seus informantes , que contemplava a paisagem
tranqüila e bela da Baia de Todos os Santos ,
olhando-a do alto de P aripe, no cume de Bate-
Coração, as seguinte palavras: " - Essa é uma terra
cara para gente barata.". Isso reflete como a baixa
es tima cons truída socialmente leva os sujeitos a
não se sentirem merecedores do acesso a uma bela
vista, sendo isso privilégio para aqueles que detêm
o dinheiro, "os brancos".
Segundo o aluno Tércio, atualmente no quarto
semestre do Curso de Licenciatura em Ciências
Biológicas , o projeto “Uma Viagem Histórica ao
Subúrbio Ferroviário” tem contribuído para que
os moradores de P aripe se reconheçam como
cidadãos , mudando sua visão do espaço em que
vivem, o que incide em suas relações , em seus
comportamentos e em sua possibilidade de ação
política na vida social.
Na visão da professora Telma (Coordenadora do
Projeto), os bairros do subúrbio de Salvador são
apresentados na mídia de forma preconceituosa,
exibindo apenas imagens que mostram violência,
pobreza, epidemias , desabamentos , sujeiras e
outras características negativas , o que implica em
uma visão distorcida da realidade. O projeto
contribuiu para que os alunos da escola tivessem
uma compreensão c rítica desse discurso
discriminatório, passando a assumir sua condição
de sujeitos históricos , que contribuíram e
contribuem para o desenvolvimento de nossa
cidade.
Endereço: Vila Nossa Senhora Aparecida, nº 53, Paripe – Salvador – BA – (71) 3521-3132.
“Uma Prática de Educação Inclusiva”
Tomando o entusiasmo como a mola propulsora
da ação educativa, a coordenadora pedagógica da
Escola e Clube Arela, Isadora Côrtes , apresentou os
diferenciais da escola que a des tacam como uma
experiência pioneira e bem sucedida na Bahia de
inclusão, em classes regulares , de c rianças que
apresentam necessidades especiais .
Além de apresentarem uma infra-estrutura
planejada e, em certos casos , adaptada, os
ambientes de aprendizagem da escola são
organizados para atender um número reduzido de
alunos , sendo as atividades didáticas especialmente
planejadas para propiciar a integração plena dos
alunos com necessidades especiais . Concebidas
numa perspec tiva sóc io-interac ionista, as atividades
propiciam a convivência e a ajuda mútua entre os
alunos e são bastante diversificadas: música,
dramatização, culinária, educação fís ica, esportes
(judô, dança, natação), artes , atividades de campo
(como, por exemplo, vis ita ao Pelourinho e idas ao
cinema e ao teatro).
Fig. 10. Alunos do Arela, em excursão ao Pelourinho.
A construção do conhecimento ocorre através
da realização de projetos didáticos (supermercado,
comunicação – sintonia com o mundo; o ser
humano integral no mundo atual etc .), que
mobilizam a busca de informações pelos alunos em
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Fig. 11. Professora do Arela e aluna do Curso
Normal Superior - FJA, em rel ato de experiênci a.
fontes variadas e resultam na aprendizagem
significativa, através da mediação dos professores .
A formação dos alunos para o convívio social e para
o exercício da cidadania, em bases éticas , perpassa
todas as atividades pedagógicas .
A professora Teres inha Falcão (Diretora da
Escola e Clube Arela) prestigiou o evento, dando
seu depoimento sobre o desafio que tem sido
trabalhar, durante os últimos 21 anos , na
perspec tiva da inclusão, em c lasses regulares , de
c rianças portadoras de necessidades especiais .
Os relatos de três professoras da escola, que
também são alunas do Curso Normal Superior das
FJA , sobre os desafios que encontram, no cotidiano,
ao lidarem com as c rianças com necessidades
especiais , sensibilizaram todos os participantes do
evento. E las destacaram o papel significativo da
escola em suas vidas , propiciando a aquisição de
conhecimentos e competênc ias em serviço, não
propiciados pela faculdade. Esses relatos alertaram
todos os presentes para a importânc ia dos cursos
de formação de professores incorporarem em seus
currículos atividades voltadas para a capacitação
docente com vistas ao atendimento às crianças
especiais , em c lasses regulares .
Num certo dia, um dos alunos da escola, um
menino de seis anos , muito pirracento e danado, foi
chamado por sua mãe, que lhe pediu que lesse com
ela um texto muito interessante: “A Canção de
Cada Um”, projetada na abertura do evento. Após a
leitura, ela perguntou qual a canção que ele
escolheria para que ela lhe cantasse pelo resto de
sua vida, para que ele não se esquecesse nunca de
quem ele era. E le escolheu a canção de sua escola:
o “H ino do Arela” e cantou um trecho: “Nosso
sonho assim tão sonhado, nos anima e dá
satis fação! Pois quem sonha estando acordado,
obedece à voz do coração! ” A apresentação da
Escola e Clube A rela permitiu que todos nós ,
professores e alunos das FJA presentes ao evento,
também fôssemos embalados pelo sonho da
inclusão, em c lasses regulares , das crianças
portadoras de necessidades especiais .
Endereço: Rua do Rouxinol, 115, Imbuí – Salvador – BA – (71) 3231-7716; 3231-7458.
Atividades Culturais
Foram momentos especiais , que contaram com
a participação do cantor e compositor Pedro Sales ,
do músico André e do DJ Luiz Magalhães , os quais
apresentaram seu trabalho no intervalo das
palestras . O cantor Pedro Sales interpretou uma
mús ica que marcou a todos que estavam na platéia,
“A parthaide Mascarado”, sendo cantada duas vezes ,
a pedido do público.
Fig. 12. Apresentação do cantor Pedro Sales.
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Agradecimentos
O evento foi prestigiado por um total de 326 participantes ,
aos quais agradecemos a presença,
o que resultou na arrecadação de 162 kg de alimentos ,
que foram doados a um orfanato.
www.fja.edu.br/candomba
Se você deseja... assistir integralmente as palestras , gravadas em vídeo, entre em contato com:
Coordenação do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas: P rof. Edinaldo Luz das Neves -
Coordenação Geral do Evento: P rofa. Rosiléia Oliveira de Almeida - [email protected]
Faculdades Jorge Amado
Rua Luiz Vianna Filho, n.6775, Paralela – CEP 41.745-130 – Salvador – BA.
Este Boletim Informativo encontra-se disponível na Revista Virtual Candombá,
uma publicação do Curso de Licenc iatura em Ciências Biológicas