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de crescimento, fortalecendo e consolidando o cooperativismo de economia e crédito. Cooperativa Central

Book 25 Anos - Sicoob Central Cecresp

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  • de crescimento, fortalecendo e consolidando o cooperativismo de economia e crdito.

    Cooperativa Central

  • de crescimento, fortalecendo e consolidando o cooperativismo de economia e crdito.

    Livro comemorativo de 25 anos do Sicoob Central Cecresp

    Cooperativa Central

  • InstitucionalVisoSer reconhecida como a principal instituio nanceira propul-sora do desenvolvimento econmico e social dos associados.

    MissoGerar solues nanceiras adequadas e sustentveis, por meio do cooperativismo, aos associados e as suas comunidades.

    Valores Transparncia Comprometimento Respeito tica Solidariedade Responsabilidade

    Poltica de QualidadeAtender as necessidades e expectativas de nossas associadas; desenvolver o crdito cooperativo na sociedade em geral; aprimorar continuamente os servios oferecidos e a competncia de nossos colaboradores.

  • ndice

    29Pgina

    Captulo 2 1991

    14

    10Pgina

    Pgina

    Prefcio Dr. Srgio Darcy da Silva Alves

    Apresentao

    45Pgina

    Captulo 5 1994

    16Pgina

    Mensagem do Conselho de Administrao - Carlos A. de Macedo Chiaraba

    Mensagem do Conselho de Administrao - Luiz Roberto

    Nahun

    52Pgina

    Captulo 6 1995

    18Pgina

    Mensagem do Presidente da Diretoria Executiva - Manoel Messias da Silva

    20Pgina

    Introduo

    22Pgina

    Captulo 1 1959 a 1990

    11Pgina

    40Pgina

    Captulo 4 1993

    34Pgina

    Captulo 3 1992

    Cecresp ganha na justia o pleno direito livre escolha para suas associadas

    Educar, orientar e expandir o crdito mtuo

    Crise poltico-econmico do Governo Collor atrasa a expanso da Cecresp

    Depoimento Srgio Darcy da Silva Alvez

    Depoimento Benedito Nascimento

    Em 14 de outubro de 1989, criada a ento Cecresp Depoimento Luiz Antonio Pizzi

    Central atinge em 1993, a meta de US$ 1 milho de giro Depoimento Mauro Parra

    Depoimento Professor Vander Boaventura

    Cecresp aproxima-se ainda mais das cooperativas associadas Depoimento Cleide Margarete Silva

  • 68

    8374

    91

    Pgina

    Pgina

    Pgina

    Pgina

    Captulo 8 1997

    Captulo 10 1999

    Captulo 9 1998

    Captulo 11 2000

    136Pgina

    Captulo 17 2006

    103Pgina

    Captulo 13 2002

    112Pgina

    Captulo 14 2003

    62Pgina

    Captulo 7 1996

    121Pgina

    Captulo 15 2004

    129Pgina

    Captulo 16 2005

    97Pgina

    Captulo 12 2001

    152Pgina

    Captulo 19 2008

    144Pgina

    Captulo 18 2007

    O ano do fomento criao do Banco Cooperativo

    Nova gesto, mudar para melhor

    Conselho reeleito com o dobro de votos

    Novo Sistema de Pagamento Brasileiro dita as regras para instituies nanceiras

    Central adere Marca Sicoob

    Sicoob Central Cecresp revisa Misso, Viso e Objetivos Estratgicos

    Manoel Messias da Silva completa 10 anos frente da Central A histria do Dr. Luiz Dias Th enrio Filho se confunde com a prpria histria do cooperativismo de crdito mtuo no Brasil

    Banco Central aprova a criao do Bancoob

    Cecresp completa 10 anos frente do segmento cooperativo de crdito mtuo em So Paulo

    Cecresp conquista Certifi cao ISO 9002

    Movimento cooperativista aposta no governo Lula

    Seminrio do Cooperativismo de Crdito se torna o evento brasileiro mais importante do Sistema

    Um ano de mudanas signi cativas na estrutura da Central

    Depoimento Joo Aparecido Carnelosso

    Depoimento Manoel Messias da Silva

    Depoimento Margarida Tereza Mancuzo

    Depoimento Alexandre Euzbio Silva

    Depoimento Geni Marlene de Siqueira

    Depoimento Clodoaldo Pal

    Depoimento Jos Shigueo Koshiyama

    Depoimento Marcelo Carfora

    Depoimento Jussara Machado

    Depoimento Irineu Aparecido

    Depoimento Fbio Luz

    Depoimento Carlos Augusto M. Chiaraba

    Depoimento Flaviana Garcia Gouvea

  • 214Pgina

    Bibliografi a

    210Pgina

    Patrocnios

    163

    191

    178

    201

    169

    197

    183

    202

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    Captulo 20 2009

    Captulo 24 2013

    Captulo 22 2011

    Um Lder Cooperativista

    Captulo 21 2010

    Captulo 25 2014

    Captulo 23 2012

    Linha do Tempo

    Sicoob Central Cecresp completa 20 anos a servio do desenvolvimento cooperativista

    Centralizao de recursos nanceiros das singulares atinge de R$ 500 milhoes

    Reviso do Planejamento Estratgico foi o foco da atuao do Sicoob Cecresp em 2011

    Depoimento Francisco Fernando da Silva

    Depoimento Sr. Hlio Romualdo

    Depoimento Mylton Mesquita

    Depoimento Claudia Celeste da Costa Cruz

    Sicoob lana nova marca e reformula sua comunicao visual

    Unesco institui 2012 como ano internacional do cooperativismo

    Cooperativismo ganha Fundo Garantidor de Crdito

    Depoimento Luiz Flavio Gonalves Borges

    Depoimento Hugo Mesquita

    Depoimento Ivanira Inaba Christianini

  • 10

    Apresentao

    Cooperar signi ca somar esforos e trabalho para atingir um mesmo m. A cooperao uma prtica ancestral da

    humanidade em prol de sua prpria sobrevivncia ou de uma comunidade, uma civilizao, um pas ou, ainda, de uma

    classe social ou pro ssional.

    A histria do Sicoob Central Cecresp, iniciada

    h 25 anos, mais precisamente em 14 de outubro de 1989, comove e inspira. Para

    aqueles que a vivenciaram no dia-a-dia, v-la recontada por alguns dos seus principais protagonistas equivale a reviver por meio deles uma trajetria que merece ser

    divulgada, valorizada e eternizada.

    Afi nal, so duas dcadas e meia de memrias

    que, consolidadas neste livro comemorativo, traam o per l da instituio que nasceu em meio a uma memorvel Assembleia Geral de Constituio e hoje se tornou a maior Central

    de crdito do Pas, certi cada pela IS0 9001 e fi scalizada pelo Banco Central do Brasil.

    Essas lembranas riqussimas esto contadas nesta publicao especial. Aqui

    esto depoimentos e relatos de algumas pessoas que so peas-chave no apenas para a consolidao da Central, mas que tambm fazem parte da prpria histria

    do cooperativismo brasileiro, que tambm no seria escrita no fosse o trabalho dirio e incansvel de homens simples, lderes e sonhadores, mas, sobretudo, trabalhadores e determinados, que se empenharam fortemente na difuso e na implementao do ideal cooperativista, ainda que a duras penas e sem apoio o cial.

    Neste livro, voc ter a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a Central e o seu crescimento. Bem como poder

    resgatar suas prprias lembranas.

    Boa leitura!

  • 11

    PrefcioPor uma coincidncia que julgo importante

    ressaltar, a fundao da Cecresp se deu exatamente quando o Banco Central do Brasil

    (Bacen) estava conduzindo um processo de

    reavaliao e conhecimento do segmento cooperativista, cujas normas estavam

    completamente ultrapassadas e impediam o desenvolvimento e expanso do segmento, cuja contribuio para a interiorizao de

    nosso mercado nanceiro inegvel.

    Apesar de opinies recentes, inclusive manifestadas no excelente trabalho elaborado pelo Banco Central do Brasil, Diretoria de

    Normas e Regulao do Sistema Financeiro

    (Denor) sobre Governana Cooperativa,

    de cuja idealizao participei, sob a

    coordenao geral de Elvira Cruvinel, com apoio na coordenao de Marden Marques Soares e Joaquim Rubens, e, tenho certeza,

    com a participao efetiva das principais lideranas do cooperativismo, entre as quais representantes da Cecresp, com um resultado excepcional, importante assinalar que a evoluo signi cativa das normas sobre o cooperativismo de crdito ocorreu bem antes de 2003. Medidas signi cativas foram aprovadas a partir de 1992, conforme mencionarei em seguida, que merecem uma profunda e correta avaliao a respeito quando se estuda a evoluo normativa ocorrida no segmento, com re exos altamente positivos para o seu desenvolvimento.

    A Central das Cooperativas de Economia e Crdito

    Mtuo do Estado de So Paulo Cecresp, fundada

    no dia 14 de outubro de 1989, est comemorando 25

    anos de profcua atuao no seio do cooperativismo

    de crdito, tendo seus dirigentes participado

    ativamente ao longo desse perodo do crescimento do segmento no mbito

    nanceiro, contribuindo sobremaneira para a expanso da incluso

    nanceira em nosso Pas.

  • 12

    Em 1985, foi criado o Departamento de Normas

    do Sistema Financeiro (Denor), Unidade

    integrante da ento Diretoria de Mercado de Capitais (Dimec), tendo como Diretor na

    oportunidade o Sr. Roberto Castello Branco,

    e che ada por Gustavo Loyola, com a minha participao como chefe adjunto. De imediato,

    vrios projetos foram colocados em execuo,

    todos de grande profundidade, com o objetivo

    de atualizao normativa do sistema nanceiro, e tendo sempre como diretriz o debate dos temas com as principais lideranas indicadas pelas entidades de classe, para que os resultados obtidos fossem os melhores possveis.

    Nessa linha de atuao no posso deixar de ressaltar que o marco inicial para a retomada dos estudos sobre o cooperativismo de crdito no Brasil foi a criao de um Grupo de Trabalho no

    mbito do Denor, ento che ado pelo Gustavo Loyola, quando fui designado coordenador do Projeto, trabalhando em conjunto com o Marden

    M. Soares, e que contou com a participao efetiva de representantes do segmento, e, conforme ressaltado acima, no perodo em que criada a Cecresp, cujo resultado efetivo foi a

    edio da Resoluo CMN (Conselho Monetrio Nacional) 1.914, em 11.03.1992, um grande

    passo dado para a consolidao do Sistema cooperativista em nosso Pas.

    relevante assinalar que, a partir da edio do referido ato normativo, todos os estudos foram efetuados em coordenao com os dirigentes, principalmente aqueles integrantes das Centrais, com uma viso de expanso

    das possibilidades de atuao de suas associadas, mas entendendo com bastante propriedade as preocupaes do rgo

    regulador com respeito s regras prudenciais a serem implantadas, sempre com o objetivo

    de participar de forma mais equitativa na concorrncia que se desenvolvia com as demais instituies do Sistema Financeiro

    Nacional (SFN). E assim aconteceu de forma

    sistemtica aps a edio de cada normativo,

    sendo na poca o presidente da Cecresp, Sr. Manoel Messias da Silva, um dos principais interlocutores dessa nossa forma de conduzir a normatizao do segmento, que acredito tenha sido reconhecida como saudvel para todos, reguladores e regulados.

    Lembro-me de sempre destacar nas inmeras reunies de que participei ao longo de quase 20 anos, que, a cada passo no sentido de um fortalecimento da atuao dos seus associados, nossas regras poderiam ser exibilizadas, desde que de forma prudencial, e foi o que aconteceu at chegarmos formao de cooperativas de livre admisso de associados, um grande passo na solidi cao e expanso do sistema cooperativista.

    Como no deixar de mencionar a criao dos bancos comerciais controlados por cooperativas de crdito, possibilidade essa criada em 1995, sendo que, em 2000, permitiu-se a criao de bancos mltiplos cooperativos?

    A Resoluo n 1.914 perdurou at maio de 1999, ao ser editada a Resoluo n 2.608,

  • 13

    quando se reconheceu a importncia das centrais de crdito para um crescimento ordenado do cooperativismo, atribuindo-se a elas o papel de supervisionar o funcionamento e de realizar auditoria nas cooperativas associadas. Desde ento, o papel das Centrais tem se tornado cada vez mais relevante no aprimoramento das operaes exercidas pelas associadas, e no atendimento s regras prudenciais cada vez mais relevantes na normatizao do SFN como um todo.

    A partir de ento, diversos normativos foram editados pelo CMN, exibilizando a possibilidade de constituio de cooperativas formadas por diversos segmentos da sociedade, culminando em 2003, com a permisso para a constituio de cooperativas de livre adeso.

    Foi um longo caminho percorrido at o presente

    momento, desde o fi nal dos anos 80, em que

    as Centrais desempenharam e continuam a desempenhar um papel preponderante no debate das ideias com os responsveis pela normatizao do segmento, cabendo lembrar que ao assumir a Denor, em setembro de 1997,

    mantive a mesma forma de trabalhar adotada nos anos anteriores, e que, tenho certeza, em nenhum momento foi modi cada pelos diretores que se seguiram a partir de 2006, ano de minha sada da organizao.

    Tenho certeza que o Banco Central, em momento

    algum, deixou de dar continuidade ao processo de transparncia no debate das ideias para o aprimoramento do segmento cooperativista em

    nosso Pas, com as Centrais de crdito mantendo sua participao efetiva no processo, responsveis que foram e continuam sendo pela forma pro ssional com que conduzem as questes de interesse da comunidade, sempre entendendo os objetivos dos normatizadores, como era o

    meu caso, de ver o crescimento sustentvel do segmento cooperativista, sem retornos como se veri cou no passado.

    No se pode esquecer igualmente as visitas feitas Alemanha, a convite da Confederacin

    Alemana de Cooperativas (DGRV), sempre

    acompanhados pelos principais dirigentes das Centrais, oportunidade em que tivemos condies de avaliar como poderamos estudar os caminhos futuros de nosso segmento, em razo da semelhana entre nossas instituies e aquelas sediadas naquele Pas, com a preocupao em preparar nossas cooperativas para uma concorrncia cada vez mais forte com as demais instituies nanceiras bancrias, reduzindo seus custos de uma forma saudvel, e expandindo suas atividades em todos os cantos de nosso imenso Pas.

    Ao mesmo tempo em que parabenizo a Cecresp pela data comemorativa de sua fundao, presto meus agradecimentos a todos que interagiram conosco ao longo desses 25 anos, para a consolidao hoje visvel do

    segmento cooperativista em nosso Pas.

    Srgio Darcy da Silva Alves - ex-Diretor de Normas e Organizao do Sistema Financeiro (Denor), de setembro de 1997 a abril de 2006

  • 14

    Mensagem do Presidente do

    Conselho de Administrao

    25 anos de uma histria que no para de crescer

    Em 2014, quando lanarmos este livro comemorativo, estarei perto de completar trs anos frente do Conselho de Administrao do Sicoob Central Cecresp. Neste perodo, muitos desa os se levantaram diante da Central, muito trabalho foi executado, muitas vitrias foram conquistadas. No entanto,

    ao olhar para uma trajetria ainda mais

    longa, a de 25 anos de sua fundao, j que

    de alguma forma sempre estive envolvido com sua histria, percebo o quanto a Central

    produziu, aprendeu, desenvolveu e entregou sociedade em forma de servios e parcerias com as cooperativas associadas, associados, o Governo e, principalmente, ao Sistema cooperativista.

    Viajar pela histria do Sicoob Central Cecresp

    signi ca no apenas um resgate da nossa trajetria, mas uma refl exo profunda sobre

    a nossa misso, porque o nosso sucesso re exo dos passos que damos, galgados

  • 15

    em conquistas, escolhas e coleguismo. E esta uma grande responsabilidade, e apenas o compromisso contnuo e o prprio tempo

    podem se encarregar de nos fazer cumprir esse propsito com excelncia.

    Desde a sua criao em 1989, a Central passou

    a trabalhar para suprir a necessidade da falta de parceiros comerciais e ofi ciais, cujo nico

    interesse era o de captar recursos do sistema, sem oferecer nada em contrapartida. Com a Cecresp foi possvel captar recursos no prprio

    Sistema cooperativista por meio de repasse de emprstimos para as cooperativas.

    Os prximos passos seriam ento calcados em

    prol da realizao dos objetivos. Entre eles,

    o de possuir um banco que representasse o prprio Sistema e funcionasse em razo dele:

    um banco cooperativo. Devido s circunstncias econmicas do pas e de cincia do segmento, isso s veio a acontecer em 1995, com a

    autorizao do Bacen para a criao do Bancoob.

    Igualdade a todos. Esse lema foi perseguido e atingido quando a Central conseguiu fazer com que os diretores das cooperativas tivessem os mesmos direitos dos associados, podendo, assim,

    tomar emprstimos. Outra falha do segmento

    sanada foi a carncia de pro ssionais para atender e desenvolver o Sistema cooperativo.

    Na verdade, o segmento cooperativista evoluiu muito, principalmente, para algum que pode vivenci-lo nos ltimos anos. E o Sicoob Central Cecresp tem papel fundamental nesse cenrio.

    Em 2014, estamos completando 25 anos de histria: pouco tempo para tantas conquistas,

    visto que a Central cada vez mais respeitada e reconhecida no segmento.

    E tudo isso resultado dos investimentos em melhoria contnua, que permitem fazermos mais, a cada ano. Estamos nos inter-relacionando, trabalhando em equipe, todos com o mesmo empenho, de ser cada vez melhor, fortalecendo ainda mais o compromisso com nossas associadas.

    Pelos resultados conquistados, agradecemos a todos que permitiram essas realizaes, como as associadas, colaboradores e parceiros, sem os quais no completaramos essa data com tantos motivos a comemorar.

    Carlos A. de Macedo Chiaraba - Presidente

  • 16

    Mensagem do

    Conselho deAdministrao

    H muitas maneiras de se narrar a histria de uma instituio. Uma delas contar como ela se relaciona com as pessoas e entidades do seu lugar ao longo do tempo. O aniversrio de atividades do Sicoob Central Cecresp, em 2014, foi a oportunidade de reunir antigos e novos colaboradores e dirigentes da instituio para registrar e recordar os seus respectivos esforos na construo de uma Central que, desenvolvendo trabalhos de suporte s cooperativas, foram fundamentais para o desenvolvimento do cooperativismo de crdito no Brasil.

    A memria de uma instituio, assim como a memria nacional, forja a identidade coletiva. Assim, evitar o esquecimento um ato de profundo signi cado poltico, pois, com a preservao da memria institucional possvel evidenciar como se construram os saberes. Garantir a perpetuao da

    16

    A longevidade se conquista com muito trabalho e dedicao

    161616

  • 17

    memria conquistar conhecimento. Assim, esse livro memorial uma reminiscncia tcnica, histrica e cultural da Central que busca, a um s tempo, preservar sua identidade social construda ao longo desses anos e de nir o espao da instituio no segmento do cooperativismo de economia de crdito mtuo.

    A luta e a capacidade de sobreviver uma das principais competncias do ser humano e no Brasil a longevidade uma conquista de nosso povo que bate recorde a cada ano. Poucas so as instituies em nosso segmento que se orgulham em poder comemorar 25 anos de atividade contnua.

    Queremos compartilhar com voc leitor, a grande alegria e o prazer desta comemorao. Esta obra traa um paralelo entre os principais acontecimentos polticos, sociais e econmicos do Pas nas ltimas dcadas e a prpria histria de nossa Central. Esperamos que aproveite a leitura

    e saboreie cada passagem dessa linha do tempo, revendo as di culdades pelas quais passamos e que, com nosso jeito especial, superamos.

    Orgulho-me por participar da trajetria do Sicoob Central Cecresp. Por ter me dedicado de corpo e alma construo desta instituio que hoje referncia de seriedade, transparncia e crescimento contnuo. Esse livro consagra nosso passado e presente. E inaugura um futuro ainda mais brilhante com a promessa de fazermos sempre o nosso melhor!

    Finalmente, este livro dirigido a um pblico abrangente, visando principalmente o leitor interessado na histria contempornea do desenvolvimento do cooperativismo.

    Luiz Roberto Nahun - membro do Conselho

    Administrativo do Sicoob Central Cecresp e

    gerente do Sicoob Barracred

  • 18

    Mensagem do Presidente da

    Diretoria Executiva

    Em 1998 quando fomos eleitos pela primeira vez no Conselho de Administrao da Central, no imaginvamos que Deus e as circunstncias fossem to generosos conosco, e nos permitisse participar de momentos grandiosos no mbito do Crdito Cooperativo, no apenas no Estado de So Paulo, mas em todo o Brasil.

    Nessa primeira eleio, de nimos e vimos mantendo um compromisso baseado em trs princpios bsicos: gesto participativa, democrtica e transparente, o que pode parecer bvio para muitos por se tratar de aes esperadas de todo administrador de entidades de propriedade coletiva, o que ns pretendamos e com o apoio do quadro de associadas conseguimos, era que esse conceito de gesto fosse destacado por ser efetivo e intenso, e assim o zemos.

    18181818

    Uma rica histria contada em 25 captulos

  • 19

    De 1998 at o presente momento, vivenciamos e protagonizamos seis processos eleitorais, e em quatro deles o quadro de associadas pode optar entre as propostas de duas chapas o que no deixa margens de que em nosso sistema transborda a democracia.

    En m, so 16 anos de intenso relacionamento e interao com um conjunto enorme de dirigentes, empregados e associados das cooperativas associadas a Central, que nos permitiu atuar, acompanhar e fazer parte da evoluo normativa e operacional do segmento, iniciada como bem destaca o querido doutor Srgio Darcy, ex-diretor do Banco Central do Brasil com a edio da Resoluo 1.914, de maro/1992, que autorizava as cooperativas a captar depsitos, passando pela Resoluo 2.608 que fortalece o papel de superviso das Centrais, at a Resoluo 3.859 de maio/2010 que amplia a rea de ao das associadas, demarcando um

    perodo importante e inovador para o Sistema. Nesse perodo nossa cooperativa Central foi protagonista em muitas ocasies, coadjuvante em outras, presenciando fatos e momentos histricos como a criao do Banco Cooperativo e da Confederao do Sicoob.

    Ao completar 25 anos de existncia, no poderamos deixar de trazer uma narrativa extensa, em forma de livro, para registro e conhecimento de todos que participam, participaram e ho de participar desse movimento fantstico denominado no passado de cooperativismo de economia e crdito mtuo e renomeado atualmente como cooperativismo nanceiro.

    So fatos memorveis que esperamos que gostem.

    Um forte abrao a todos

    Manoel Messias da Silva - Diretor Presidente

  • 20

    Introduo

    Princpios e fundamentos do cooperativismo

    Cooperativa uma associao autnoma de pessoas que se unem, voluntariamente, para satisfazer aspiraes e necessidades econmicas, sociais e culturais comuns, por meio de uma empresa de propriedade coletiva e democraticamente gerida. Essas associaes se baseiam em valores de ajuda mtua,

    responsabilidade, democracia, igualdade, equidade e solidariedade.

    O cooperativismo atual apoia-se nos princpios

    elaborados pelos Probos Pioneiros de Rochdale, Inglaterra, e de suas posteriores evolues: adeso

    voluntria e livre; gesto democrtica; participao econmica dos membros; autonomia e independncia; educao, formao e informao; intercooperao e interesse pela comunidade.

    A sua moral se vale do lema um por todos, todos por um, usado pelos personagens do livro Os

    Trs Mosqueteiros, do escritor francs Alexandre Dumas, publicado em 1844.

    Honestidade, transparncia, responsabilidade

    social e preocupao pelo semelhante tambm so valores ticos adotados. Dentro do princpio de autonomia e independncia, prega-se a neutralidade politica, religiosa e social.

    As cooperativas so entidades jurdicas sujeitas a

    direitos e obrigaes. Seu propsito servir aos

    associados, visando sua melhoria econmica: nas

    cooperativas de produtores, o empreendimento busca assegurar aos associados o preo justo de

    seus produtos, eliminando a etapa intermediria; nas de trabalho, transformam o empregado em empregador; nas de crdito, o fornecedor e o tomador do dinheiro se confundem, formando uma unidade dentro de um mesmo contexto cooperativo.

    Vinte ou mais pessoas podem constituir uma cooperativa. Qualquer indivduo pode ser membro, desde que sua participao v ao encontro dos objetivos propostos no estatuto

    daquela sociedade.

  • 21

    Os sete princpios do cooperativismo so as linhas orientadoras

    por meio das quais as cooperativas levam os seus valores prtica. Foram aprovados e utilizados na poca em que foi fundada a primeira

    cooperativa do mundo, na Inglaterra, em 1844. So eles:

    1 - Adeso voluntria e livre 2 - Gesto democrtica 3 - Participao econmica dos membros 4 - Autonomia e independncia5 - Educao, formao e informao6 - Intercooperao 7 - Interesse pela comunidade

    Fonte: portal da Organizao das Cooperativas Brasileiras (OCB) - www.ocb.org.br

    Para saber mais sobre a histria do cooperativismo de crdito mtuo,

    acesse o hotsite especial do projeto www.cecresp25anos.com.br.

    Princpios Cooperativistas

  • 22

    Para saber mais sobre a linha do tempo com a histria do cooperativismo no Brasil e sobre a trajetria da Cecresp, visite o hotsite de 25 anos: www.cecresp25anos.com.br.

    Ano

    90191959 a

    Captulo 1 Mais antigo que o fogo, a roda e que a prpria humanidade, o cooperativismo foi o promotor do desenvolvimento da raa humana. Ns aprendemos com os animais, que caavam em conjunto, a fora da unio.

    Max Gehringer, que revelou ter sido o segundo membro associado de uma cooperativa de crdito aos 16 anos de idade.

  • 23

    O perodo da dcada de 1960 foi marcado por con itos e revoltas que mudaram a

    histria do Brasil e do mundo. No Brasil,

    os Movimentos Estudantis (ME) iniciavam

    uma luta a favor da melhoria de ensino, da

    democracia poltica e liberdade de expres-

    so, que, desde 1964, vinham sendo alvo de

    discursos por partidos da esquerda poltica.

    Porm, necessrio fazer uma retrospectiva

    sobre os contextos que levaram ao perodo

    da ditadura militar.

    O golpe de 64 no foi um acontecimento do

    dia para a noite. Fatores internos favorece-

    ram a situao, como a renncia de Jnio

    Quadros, ocorrida devido aos rumos que o

    mesmo deu ao seu governo. A partir de ento,

    seu governo perdeu as bases quando decidiu

    criada a ento Cecresp

    Em 14 de outubro de 1989,

    Assembleia Fecresp

  • 24

    assumir uma poltica econmica que favore-

    cia a exportao dos produtos brasileiros e

    tambm uma poltica externa independente.

    Em 3 de agosto, foi criada no Rio de

    Janeiro, a Federao Leste Meridional

    das Cooperativas de Economia e Crdito

    Mtuo (Feleme), por quatro cooperati-

    vas de crdito mtuo (Cooperativa dos

    Colaboradores da Cooperativa dos Cola-

    boradores da Confederao Nacional dos

    Bispos do Brasil (CNBB) Pax; Coope-

    rativa de Economia e Crdito Mtuo dos

    Colaboradores da Re naria Piedade;

    Cooperativa de Economia e Crdito M-

    tuo dos Empregados do Crculo Operrio

    da Leopoldina; e Cooperativa de Econo-

    mia e Crdito Mtuo dos Empregados do

    Crculo Operrio da Leopoldina), com o

    objetivo de fomentar o setor e assessorar

    tecnicamente as cooperativas de crdito

    associadas. Alm da capital carioca, a

    Feleme tambm atuou nos Estados de So

    Paulo, Esprito Santo, Minas Gerais e Pa-

    ran. Com o apoio da Credit Union Natio-

    nal Association (CUNA), entidade de 3

    grau das cooperativas de crdito mtuo

    dos Estados Unidos, foi a grande mola

    propulsora do desenvolvimento do coope-

    rativismo de crdito mtuo no Brasil.

    Aps mais de 20 anos de atuao, o re-

    gistro da Feleme foi cassado pela recm-

    criada Secretaria Nacional do Coopera-

    tivismo (Senacoop), sob alegao de que

    a Federao no era um rgo adequado

    para congregar cooperativas de crdito,

    por estas con gurarem-se em instituies

    nanceiras e, portanto, subordinadas ao

    Banco Central do Brasil.

    Aps decidir pelo desmembramento da

    Feleme, em Assembleia Geral Extraordi-

    nria, realizada em maro de 1984, delibe-

    rou-se por unanimidade, a constituio de

    uma Confederao, to logo as Federaes

    estivessem regularizadas. O intuito da nova

    entidade era representar o Sistema Coope-

    4 Conferncia Internacional das Cooperativas de Economia e Crdito Mtuo

  • 25

    Dr. Thenrio em discurso pelo cooperativismo

    A ATA de constituio da Cecresp foi assinada por 20 cooperativas

    fundadoras, a seguir:

    - CECME da Embraer Ltda

    - CECME Albarus S/A SP Ltda

    - CECME da Paoletti Ltda

    - CECME Fbrica de Ao Paulista Ltda

    - CECM S/A Indstria Votorantim Fbrica de Tecidos Ltda

    - CECMF das Empresas Rhodia Contr. Coligadas SP Ltda

    - CECME de Plast. Plavinil Ltda

    - CECME Rhodia Div. Txtil Valisere Ltda

    - CECM Magistrados SP Ltda

    - CECMF do Grupo CLC Ltda

    - CECMF da Rhodia So Jos Ltda

    - CECM Del. Fed. Agric. SP Ltda

    - CECMF da Abril Ltda

    - CECME da Cimaf Ltda

    - CECMF Grupo Spamwol Ltda

    - CECME da Alcanbrasil Ltda

    - CECME da Cia. Vidraria Santa Marina Ltda

    - CECME da Ind. Dako Ltda

    - CECMF do Grupo Atlantis Ltda

    - CECMF Massey Perkins S.B.C. Ltda

  • 26

    rativista de Crdito Brasileiro em mbito

    internacional e nacional, alm de prestar as-

    sistncia tcnica e educativa s associadas.

    Em 2 de fevereiro de 1985, ocorreu a lti-

    ma Assembleia de desmembramento da

    Feleme, que j contava com mais de 300

    cooperativas associadas e cerca de 350

    mil associados. Na ocasio, surgiram as

    seguintes federaes estaduais: Federao

    das Cooperativas de Economia e Crdito

    Mtuo do Estado de So Paulo (Fecresp),

    Federao das Cooperativas de Economia e

    Crdito Mtuo do Estado do Rio de Janeiro

    (Fecocrerj), Federao Mineira das Coo-

    perativas de Economia e Crdito Mtuo

    (Femicoop) e Federao das Cooperati-

    vas de Economia e Crdito do Estado do

    Esprito Santo (Fecoces).

    A exemplo do xito alcanado pela Cen-

    tral das Cooperativas de Economia e Cr-

    dito Mtuo do Estado do Rio de Janeiro

    (Cecrerj) que, em pouco tempo, apresen-

    tou resultados animadores, os dirigentes

    das Federaes pensaram em transform

    -las tambm em Centrais, a m de cen-

    tralizar os recursos nanceiros das asso-

    ciadas. O presidente da Fecresp, Sr. Luiz

    Antonio Pizzi, apresentou um projeto

    estruturado para transformar a Federao

    em uma Central, sob a forma de incorpo-

    rao, sem grandes modi caes em sua

    estrutura. No dia 14 de outubro de 1989

    foi fundada a Central das Cooperativas

    de Economia e Crdito Mtuo do Estado

    de So Paulo (Cecresp), no auditrio da

    empresa Vidraria Santa Marina, no bairro

    da gua Branca, na capital paulista, colo-

    cando em prtica o lema associativista do

    juntos somos fortes.

  • 27

    Em 1986, eu era diretor de

    controladoria da CLC Comunicaes, Lazer e Cultura S/A,

    grupo empresarial que surgiu com a ciso do

    Grupo Abril.

    Fui poca, convidado para participar da diretoria da cooperativa da CLC, como diretor presidente, onde quei at 1998. Iniciou-se assim o meu envolvimento com este movimento que me encantou.

    A Diretoria da cooperativa da CLC me indicou para participar da Fecresp como Conselheiro Fiscal. Em 1987, fui eleito vice-presidente da Fecresp para o mandato de 1987/1989 e, em 1989, fui eleito presidente, para o mandato de 1989 a 1991. Em 1989, quando da fundao da Cecresp fui eleito presidente, para o mandato de 1989 a 1993. Depois deixei a presidncia com a eleio do Joo Carnelosso e passei a ocupar o cargo de diretor, com mandato de 1994 a 1998.

    Tambm exerci mandato na Confebras - Confederao Brasileira das Cooperativas de Crdito Ltda, como diretor presidente, e na Fundao Educativa da COLAC (Confederacin Latinoamericana de Cooperativas de Ahorro y Crdito) - FECOLAC, no Panam, como diretor.

    Durante o perodo em que fui presidente da Fecresp observava que era uma entidade frgil nanceiramente, enquanto suas associadas tinham uma estrutura nanceira bem mais slida. A razo principal desta diferenciao era que a Fecresp, por no ser uma instituio nanceira, no podia fazer operaes nanceiras com suas associadas, como as singulares podiam fazer com seus associados.

  • 28

    Tendo como base o modelo da Central das cooperativas de Economia e Crdito Mtuo do Estado do Rio de Janeiro (Cecrerj), na poca presidida pela nossa grande amiga Alzira da Silva e Souza, resolvemos, juntamente com a Diretoria da Fecresp, fundar uma Central em So Paulo.

    Fizemos diversos estudos e simulaes, e quando constatamos a sua viabilidade, a fundamos em 14 de outubro de 1989, numa AGO no auditrio da Vidraria Santa Marina, cedido gentilmente por sua cooperativa.

    Outro fato importante foi a implantao da correo monetria para os balanos das cooperativas associadas, por meio da Portaria do Banco Central. Em face de nossa elevada in ao, vnhamos recomendando s singulares que aplicassem a correo monetria nos seus balanos, mas havia muita resistncia. Fizemos entrevistas em jornais (A Gazeta Mercantil) da poca pregando este procedimento, mas a resistncia de nossos associados era muito forte.

    Numa conversa informal com o Banco Central, sugeri a eles que baixassem uma norma, impondo esta correo, o que foi feito. Com isto, os valores patrimoniais dos associados de nossas cooperativas ganharam uma proteo contra a in ao, mesmo que para isto tivssemos que recorrer a uma imposio do Banco Central.

    Ao fundarmos a Cecresp, o nosso objetivo era manter nela a mesma Diretoria da Fecresp, mas s vsperas da AGO de Fundao, a cooperativa do Sesc/Senac retirou o apoio ao nosso saudoso amigo Carlos Kleber Lemos Marques, o que o impediu de compor a Diretoria da Cecresp.

    Fiquei numa situao muito delicada, pois isto aconteceu no nal da tarde anterior AGO. Como conseguir um substituto de ltima hora, em uma situao emergencial?

    Recorri cooperativa da Abril, na poca presidida pelo meu amigo Antonio Ramos, que de pronto indicou o Agnaldo Sanches da Silva, seu diretor para o cargo.

    Faltava apenas o convite formal ao Aguinaldo, e consegui fazer isto noite, aps uma partida de futebol na qual ele estava participando. Para meu alvio ele concordou em participar da Diretoria.

    En m, tenho muito orgulho de ter dado um forte impulso para a modernidade do movimento cooperativista de crdito do Estado de So Paulo, ao participar, desde os primrdios, da constituio do Sicoob Central Cecresp.

    Luiz Antnio Pizzi - ex-presidente da Cecresp

  • 29

    Para saber mais sobre a linha do tempo com a histria do cooperativismo no Brasil e sobre a trajetria da Cecresp, visite o hotsite de 25 anos: www.cecresp25anos.com.br.

    Ano

    9119Captulo 2 Qualquer sistema criado pelo Homem deve adaptar-se aos tempos e mudar constantemente para ajustar-se s suas crescentes necessidades. Estou certo de que o movimento Cooperativo de Economia de Crdito Mtuo pode desenvolver-se sem necessidade de sacri car seus propsitos intrnsecos. No incio pudemos produzir algo grandioso porque no sabamos o que amos enfrentar. Fomos capazes de derrotar os drages do nosso tempo porque no sabamos quo perigosos eram. Entretanto, em nossa experincia s ser meritria se formarmos no movimento uma nova gerao de vencedores.

    Roy F. Bergengren percursor do Cooperativismo e Primeiro Diretor Executivo de CUNA Credit Union National Association dos Estados Unidos.

  • 30

    Depois de 2 anos de atuao, a Cecresp

    continuou fortemente, em 1991, a luta pe-

    los direitos de suas associadas. Para isso,

    incorporou em maro a Fecresp. Entre-

    tanto, devido s di culdades enfrentadas

    pela conjuntura econmico- nanceiras do

    Pas no perodo, a Central no atingiu to-

    das as metas estipuladas no ano anterior

    e, com isso, no obteve uma expanso

    mais vigorosa. Foram re exo da crise, que

    afetou o segmento de crdito mtuo como

    um todo, as demisses em massa, alm

    dos achatamentos salariais e dos altos

    ndices in acionrios. Mas o horizonte se

    mostrou propcio para o fortalecimento

    da Cecresp e seu o processo de consoli-

    dao. Prova disso foi o balano positivo

    apresentado pelo giro mensal de suas

    aplicaes nanceiras. Alm disso, mais

    de 30% das associadas passaram a operar

    com a correo monetria.

    A Cecresp aumentou o seu quadro social

    para 165 cooperativas, das quais 12 foram

    atrasa a expanso da Cecresp

    Crise poltico-econmica do Governo Collor

    Material de comunicao utilizado pela Central na dcada de 90

  • 31

    II Seminrio de Cooperativismo de Crdito Fecresp

    criadas e 5 se filiaram. Com isso, a Cen-

    tral passou a contar com 10 cooperati-

    vas conveniadas, localizadas na Bahia,

    Paran, Mato Grosso, Santa Catarina,

    Rio Grande do Sul e Maranho expan-

    dindo sua rea de atuao.

    A seriedade e profissionalismo das ati-

    vidades realizadas pela Cecresp passa-

    ram a se refletir tambm nas coirms de

    outros Estados, como o Esprito Santo

    que, em novembro de 1991, passou por

    um processo de incorporao semelhan-

    te ao da Central.

    Foram realizados no perodo, diversos en-

    contros para debater a gesto da Cecresp,

    como a I Assembleia Geral Ordinria e

    Extraordinria, em 23 de maro, no au-

    ditrio do Hotel Estncia Atibainha, em

    Atibaia, com a presena de 27 delegados

    que representaram 16 associadas. Hou-

    ve ainda, um maior entrosamento com

    todos os rgos ligados ao cooperativismo

    de crdito mtuo, principalmente com a

    Secretaria de Agricultura e Abastecimen-

    to do Estado de So Paulo, com o Banco

    Central do Brasil, Confebras, Organizao

    das Cooperativas Brasileiras e Ocesp.

    II Seminrio de Cooperativismo de Crdito Fecresp

  • 32

    Plano Collor II

    No mbito poltico-econmico, o ano de

    1991 foi marcado pelo Plano Collor II. Devi-

    do aos insucessos do Plano Collor I, a Mi-

    nistra Zlia Cardoso de Mello foi substituda

    por Marclio Marques Moreira e, em 1 de

    fevereiro, foi lanado o Plano Collor II, cujo

    objetivo era conter as taxas de in ao.

    O Plano pretendia controlar a in ao

    por meio da racionalizao dos gastos nas

    administraes pblicas, do corte das des-

    pesas e da acelerao do processo de mo-

    dernizao do parque industrial. Tambm

    almejava acabar com toda forma de indexa-

    o da economia. Desta maneira, extinguiu

    o Bnus do Tesouro Nacional (BTN), dando

    origem ao Fundo de Aplicaes Financei-

    ras (FAF), que teria por rendimento a Taxa

    Referencial (TR).

    Com isso, ao invs da indexao se basear

    em movimentos da in ao passada, como

    um instrumento de correo monetria, a

    TR embutia expectativas de in ao futura,

    o que possibilitou durante alguns meses, a

    queda da taxa de in ao. Porm, a srie de

    escndalos polticos, que levaram ao

    impeachment do presidente Fernando Col-

    lor em 1992, tornou invivel qualquer tipo

    de ao poltico-econmica que dependesse

    da credibilidade do governo.

    Conselho de Administrao

    PresidenteLuiz Antonio Pizzi (CECMF do Grupo CLC Ltda.)

    Vice-presidenteJos Carlos Piskor (CECMF do Grupo Atlantis Ltda.)

    Diretor FinanceiroBenedito O. do Nascimento (CECMF da Ma-xion Ltda.)

    Diretores Adjuntos- Aguinaldo Sanches da Silva (CECMF da Abril Ltda.)- Artur Correia (CECME da Alcanbrasil Ltda.)- Carlos Kleber Lemos Marques (CECMS da Federao do Comrcio Sesc/Senac So Paulo Ltda.)- Claudin Perretti (CECME da Embraer Ltda.)- Hlio Roberto Dal Coleto Salto (CECME F-brica de Ao Paulista Ltda.)

  • 33

    Iniciei no cooperativismo em 1971, como gerente da cooperativa da Massey Ferguson. Primeiro, eu entrei para o Conselho Fiscal da Cecresp a convite do ento presidente Carlos Kleber, e posteriormente participei da Diretoria Executiva em dois mandatos, como diretor nanceiro e diretor vice-presidente.

    Ao longo desses anos, foram muitos acontecimentos importantes, mas o que eu destaco foi a prpria criao da Central. Como Federao, vivamos momentos difceis, assim que a transformamos em Central, muita coisa melhorou, em seguida veio a criao do Bancoob. Quando a nossa equipe de dirigentes decidiu deixar a Administrao da Cecresp e pass-la para novas lideranas, o processo de transformao j estava bem encaminhado. Outra grande conquista, foi a queda do artigo 34 da Lei 4.595/64 e a iseno da Contribuio Provisria sobre Movimentao Financeira (CPMF) para as operaes da cooperativa, inclusive ns participamos da redao do texto que originou a Lei.

    A histria que mais me emocionou foi a aquisio da nossa modesta, mas primeira sede prpria, embora no tenham chegado a ocup-la.

    Como Federao, vivamos momentos difceis, assim que a transformamos em Central, muita coisa

    melhorou, em seguida veio a criao do Bancoob

    O Sicoob Central Cecresp essencial para a sobrevivncia e o desenvolvimento do Sistema cooperativista. E, pro ssionalmente, uma das melhores realizaes da minha vida.

    Benedito O. Nascimento (Ben)

    ex-diretor nanceiro da Cecresp e diretor da

    Coopaz Brazil

  • 34

    Para saber mais sobre a linha do tempo com a histria do cooperativismo no Brasil e sobre a trajetria da Cecresp, visite o hotsite de 25 anos: www.cecresp25anos.com.br.

    Ano

    9219Captulo 3 O homem cooperativo honesto, justo, solidrio e responsvel. Atua animado por um esprito co-operativista, isto , por uma atitude interior de compreenso, de aprovao e de adeso moral cooperativa. Assim como as nalidades e objetivos de todos nas cooperativas, constituem o meio e, ao mesmo tempo, as razes de serem qualitativas e profundas. No se trata to somente de uma crena intelectual, como tambm de um sentimento e de uma vontade situados no nvel da conscincia moral. O homem cooperativo encontra a verdadeira liberdade, tornando-se, ao mesmo tempo, um associado-empresrio-usurio.

    Georges Lasserre em A La Recherche de I Homme Coopratif trecho transcrito do livro Evolucion del Pensamento Cooperativista, de Diva B. Pinho

  • 35

    O objetivo da Cecresp nos anos 90, as-

    sim como o das cooperativas de crdito

    mtuo e urbano, era crescer, profissio-

    nalizar-se e oferecer mais benefcios

    aos seus associados. Ao longo de trs

    dcadas, desde que o cooperativismo foi

    implantado no Brasil, as cooperativas de

    crdito tinham como poltica econmica

    e financeira cobrar de seus associados a

    menor taxa de juros possvel o que foi

    vivel nos 60, 70 e parte dos 80, j que

    a inflao existente era to baixa que

    no deixava margens para preocupaes

    como corroso do capital e desvaloriza-

    o no retorno do emprstimo.

    Entretanto, nos anos 90, com a taxa

    inflacionria cada vez mais alta e a relu-

    tncia dos dirigentes cooperativistas em

    adotarem uma atualizao monetria

    nos emprstimos e capital dos associa-

    dos, as cooperativas tiveram seu patri-

    mnio reduzido a nveis alarmantes. A

    Cecresp, lutando contra os pensamentos

    radicais, passou a orientar suas associa-

    das para a aplicao da correo mone-

    tria nos emprstimos, remunerando

    tambm o capital social do associado.

    Depois de dois anos, o receio de a Cen-

    expandir o crdito mtuo

    Educar, orientar e

    Primeira marca da Central

  • 36

    tral transformar-se em uma entidade

    exclusivamente financeira tornou-se in-

    frutfero, j que o volume de benefcios

    prestados aumentou consideravelmen-

    te. Ao cobrar a atualizao monetria

    e corrigindo o capital do associado, foi

    possvel a ampliao dos diversos servi-

    os, o que resultou em um crescimento

    acima da inflao para as cooperativas

    se elas estivessem operando sem a

    correo, estariam descapitalizadas ou

    emprestando uma quantia irrisria.

    O que tambm ajudou a Cecresp em

    suas orientaes foi a edio da Cir-

    cular 2173 do Banco Central do Brasil,

    que tornou obrigatria, a partir de 1 de

    julho de 1992, a aplicao da sistemtica

    da correo monetria patrimonial das

    demonstraes financeiras, prevista na

    Legislao e Regulamentao em vi-

    gor. Assim, ao longo de 1992, a Central

    mostrou uma faceta slida financeira-

    mente, alm de contar com uma equipe

    de tcnicos gabaritados para oferecer o

    necessrio respaldo aos anseios e neces-

    sidades das associadas o que tambm

    foi corroborado pelo fortalecimento da

    parceria com os rgos governamentais e

    as entidades coirms.

    No perodo, foi intensi cada a poltica de

    fomento e divulgao, o que possibilitou

    a criao de um nmero signi cativo de

    novas cooperativas (em 31 de dezembro,

    contava-se 152 cooperativas e 13 conve-

    Primeiras Edies do Jornal da Cecresp

  • 37

    Impeachment de Collor

    Em 29 de setembro de 1992, a Cmara

    dos Deputados aprovou por 441 votos o

    afastamento do ento presidente Fernan-

    do Collor de Mello - o primeiro presiden-

    te eleito por voto direto aps o regime

    militar (1964-1985) e o nico deposto por

    um processo de impeachment no Brasil.

    Os planos econmicos do governo Col-

    lor pecaram pelo autoritarismo e pelo

    intervencionismo exagerado que carac-

    terizavam uma violncia contra o siste-

    ma econmico brasileiro. Com eles, foi

    macia a transferncia de renda do setor

    niadas). Dando continuidade preocu-

    pao com a capacitao e atualizao de

    dirigentes e funcionrios das cooperati-

    vas, foi estabelecida uma programao

    tcnico-educativa forte e constante, cul-

    minando no VI Seminrio de Cooperati-

    vismo de Crdito Mtuo, realizado entre

    os dias 26 e 28 de junho, em guas de

    Lindia, que bateu recorde de pblico e

    discusses. Ainda com esse foco, foi lan-

    ado o informativo Notcias Cecresp,

    que contava, a cada dois meses, com a

    divulgao de informaes importantes

    para o segmento, tanto nacional quanto

    internacional, alm de relatar as ativida-

    des da Central a primeira edio foi a

    de agosto/setembro, com a cobertura do

    VI Seminrio.

    Outra inovao da Central no perodo foi

    a criao, operacionalizao e implanta-

    o nas cooperativas de um tipo indito

    de seguro no mercado nacional, o Seguro

    Cecresp, um produto que incidia sobre as

    operaes de emprstimos das associadas.

    O cooperativismo de crdito, em 1992,

    recebeu algumas multas aplicadas pelo

    Banco Central, que resultaram na anis-

    tia concedida s cooperativas infratoras

    de todo o territrio nacional. Somado a

    isso, as di culdades apresentadas pelo

    cenrio econmico- nanceiro levaram

    muitas empresas a declararem falncia

    e, juntamente com elas, algumas das

    associadas da Cecresp o que diminuiu

    a quantidade de associados bene ciados

    com o crdito cooperativo.

    A Assembleia Geral Ordinria da Ce-

    cresp foi realizada em 28 de maro, em

    terceira e ltima convocao, no audi-

    trio da Federao do Comrcio Sesc

    Senac, com a presena de 72 delegados,

    representando 40 associadas.

  • 38

    privado para o setor pblico. As radicais

    mudanas econmicas impostas nao

    - congelamentos, con scos, bloqueios,

    interferncia nos sistemas de contratos

    econmicos - no conseguiram eliminar

    a in ao nem dar estabilidade econo-

    mia. Somente o primeiro plano bloqueou

    o equivalente a 80 bilhes de dlares.

    Como re exo do impacto causado na-

    o, o Produto Interno Bruto (PIB) caiu

    Conselho de Administrao

    PresidenteLuiz Antonio Pizzi (CECMF do Grupo CLC Ltda.)

    Vice-presidenteBenedito O. do Nascimento (CECMF da Maxion Ltda.)

    Diretor FinanceiroHlio Roberto Dal Coleto Salto (CECME Fbrica de Ao Paulista Ltda.)

    Diretores Adjuntos- Carlos Kleber Lemos Marques (CECMS da Federao do Comrcio Sesc/Senac So Paulo Ltda.)- Jos Carlos Piskor (CECMF do Grupo Atlantis Ltda.)- Jos Miguel Nunes (CECMS da Fundao para o Desenvolvimento da Educao Ltda. FDE)- Paulo Tadeu Machado (CECME da Indstria Dako Ltda.)- Wladmir Firmiano Campos (CECME da Cimaf Ltda.)

    6% nos trs primeiros meses do governo.

    Entretanto, em termos econmicos, o

    projeto de governo no foi um insucesso

    total: a iniciativa de privatizar as empresas

    estatais, a modernizao de indstrias, a

    abertura da economia para novos merca-

    dos externos e as solues tomadas para

    resolver o problema da dvida externa

    modi caram a mentalidade de muitos em-

    presrios e arejaram os meios econmicos

    tradicionais do pas.

  • 39

    Aps a criao do Departamento de Normas do Sistema Financeiro (Denor) em 1985, sendo o chefe

    do departamento o Gustavo Loyola e eu o chefe adjunto, foi deliberada a criao de um Grupo de Trabalho Coordenado por mim e contando

    com a participao efetiva de representantes do cooperativismo, e, internamente, com uma atuao tambm relevante pelo Banco Central do Marden

    Marques Soares

    Ao trmino dos trabalhos foi divulgada a Resoluo CMN n 1.914, de 11.03.92, que considero um marco para o desenvolvimento do cooperativismo de crdito em nosso Pas que, a partir de ento, passou a contar com o apoio efetivo da rea de regulao do Sistema Financeiro, com possibilidades concretas de um dilogo construtivo que se mantm at hoje, tenho certeza.

    Com a forma de atuar da ento Diretoria de Mercado de Capitais (Dimec), aberta ao dilogo com todos os segmentos do Sistema Financeiro, passou-se a contar com a participao efetiva das Centrais de crdito na discusso dos caminhos que deveriam ser seguidos pelas cooperativas de crdito, sempre de forma segura para que o seu crescimento fosse constante. Elegemos as Centrais como nossas interlocutoras, por representarem seus associados com qualidade no debate das ideias que eram colocadas para debate em nossas reunies. Pela sua importncia, a Cecresp esteve sempre presente nos debates, contribuindo de forma signi cativa para a consolidao do segmento em nosso Pas.

    Diria que a atuao do Sicoob Central Cecresp ao longo de todo o processo de amadurecimento do Sistema cooperativista em nosso Pas

    foi bastante efetiva, contribuindo de forma excelente para que as normas aplicveis aos seus associados os conduzissem a um nvel de maturidade equivalente aos das demais Centrais existentes. Entendo que tal importncia pode ser constatada claramente pelo nvel de responsabilidade assumido pelas Centrais em relao s cooperativas em razo dos normativos editados pelos rgos reguladores.

    Srgio Darcy da Silva Alves - ex-diretor de Normas

    e Organizao do Sistema Financeiro e Denor

  • 40

    Para saber mais sobre a linha do tempo com a histria do cooperativismo no Brasil e sobre a trajetria da Cecresp, visite o hotsite de 25 anos: www.cecresp25anos.com.br.

    Ano

    9319Captulo 4Ns podemos ter dez vezes mais resultados se deixarmos o mundo saber o que a cooperativa de crdito tem e o que est realizando.

    Edward A. Filene patrono das cooperativas de crdito.

  • 41

    No Brasil, existiam em 1993, 650 entida-

    des cooperativas, sendo de crdito mtuo,

    produo, consumo, mdicas e de outros

    segmentos, que, justamente por serem bem

    administradas, traziam segurana aos seus

    cooperados, desenvolvimento para o Esta-

    do e contribuio para o fortalecimento do

    Movimento Cooperativista no pas.

    Mais especi camente a respeito das coope-

    rativas de economia e crdito mtuo, da qual

    a Cecresp uma entidade representativa,

    elas bene ciavam com emprstimos, con-

    vnios, promoes e auxlios a cerca de 230

    mil trabalhadores assalariados que podiam

    contar com respaldo nanceiro, tanto em

    a meta de R$ 1 milho de giro

    Central atinge em 1993,

    emergncias quanto nas di culdades do

    dia-a-dia.

    E para realizar todo esse trabalho, as coo-

    perativas no possuam concesses gover-

    namentais, no tomavam emprstimos

    nos bancos e nem possuam dvidas com

    terceiros elas trabalhavam apenas com o

    dinheiro dos scios, emprestando-o para

    eles mesmos com uma taxa bem abaixo do

    mercado. O capital do associado, portanto,

    con gurava-se em uma poupana remune-

    rada mesma taxa em que o emprstimo

    era concedido. E todas as sobras ou perdas

    eram rateadas entre os associados que se

    utilizavam da cooperativa.

    Medalha do Mrito Cooperativista, entregue a personalidades do cooperativismo

  • 42

    A administrao das cooperativas de cr-

    dito mtuo era realizada, como continua

    sendo at hoje, por associados eleitos em

    assembleias. Elas no possuam nalidade

    lucrativa apesar de estarem enquadra-

    das como instituies nanceiras e, nessa

    poca, tambm no ameaavam o poder

    de um banco. O sentimento que reinava

    entre o movimento era o de que, por meio

    das cooperativas, poderia ajudar a reerguer

    o Brasil, cuja economia estava envolta em

    escndalos nanceiros, especulaes banca-

    rias e sensacionalismo.

    Nesse cenrio, a Cecresp terminou o ano

    com uma gesto que apresentou s suas

    associadas um excepcional resultado -

    nanceiro, ao atingir a meta de R$ 1 milho

    de giro na Central. Alm de evidenciar que

    estava se consolidando cada vez mais no

    plano econmico- nanceiro, sem perder o

    lado educativo/social, a cooperativa com-

    provou, sobretudo, o grau de con ana que

    as associadas depositaram na entidade (em

    31 de dezembro, a Cecresp contava com 172

    associadas e 16 conveniadas).

    Apesar desse desempenho, boa parte das

    cooperativas no conseguiu se refazer

    do impacto causado pela implantao da

    correo monetria, ocorrida no segundo

    semestre do ano quadro que s iria se

    reverter em 1994, com o Plano Real.

    Em 1993, a Central continuou atuando

    fortemente em sua representatividade

    junto aos rgos governamentais, na defesa

    incessante dos interesses do setor. Tambm

    foi um ano no qual a entidade entendeu

    que ainda havia muito por fazer, principal-

    mente na rea da educao, e se compro-

    meteu, com a eleio do novo Conselho de

    Administrao em 27 de maro, a continuar

    fomentando aes com esse foco, como o

    VII Seminrio de Cooperativismo de Crdi-

    to Mtuo, realizado no Hotel Mendes Plaza,

    em Santos, entre 2 a 4 de julho (contou com

    a presena de 150 cooperativistas), e a inau-

    gurao em abril, da sala de treinamento e

    reunies, com capacidade para 50 pessoas.

    Outros fatos importantes que ocorreram no

    perodo foram: a Assembleia Geral Extraor-

    dinria, em 21 de janeiro, com o objetivo de

    aprovar a venda do imvel do Rio de Janei-

    ro; a III Assembleia Geral Ordinria, em 27

    de maro, com a presena de 50 pessoas; as

    reunies dos Conselhos; a realizao dos En-

    contros Regionais de Integrao Cooperati-

    vista em Botucatu, Campinas, Ribeiro Preto

    e So Jos dos Campos, por meio do Projeto

    Educativo Interior, que tinham o objetivo

    de levar informaes in loco, patrocinados

    pelo Departamento de Cooperativismo e As-

    sociativismo (Denacoop) e Banco do Brasil,

    com a participao de 151 pessoas.

    Aconteceu ainda, a sesso solene Dia In-

    ternacional do Cooperativismo de Crdito

    Mtuo, na qual foi lanada a Medalha do

    Mrito Cooperativista, que passaria a ser

    entregue a personalidade que, de alguma

    forma, contriburam para o desenvolvimen-

    to do segmento. Em 3 de dezembro, o j

    tradicional jantar de confraternizao teve

    como tema Na transparncia das cores, e

    contou com a presena de 200 pessoas.

  • 43

    Repblica do Po de Queijo

    Itamar Franco foi empossado Presidente

    da Repblica em outubro de 1992, aps

    a renncia de Fernando Collor, que en-

    frentava um processo de impeachment.

    Vice-presidente poca, o mineiro de Juiz

    de Fora governou de 1992 a 1995, perodo

    que cou conhecido como Repblica do

    Po de Queijo.

    O principal legado do presidente est

    ligado ao Plano Real, um pacote de me-

    didas econmicas que vinha na esteira de

    outros planos apresentados anteriormen-

    te, nos governos de Sarney e Collor, com

    o intuito de controlar a in ao e estabili-

    zar a economia.

    A equipe que elaborou o Plano Real era

    formada por economistas oriundos da

    PUC do Rio de Janeiro, sendo alguns for-

    mados nos Estados Unidos, e tinha como

    coordenador Fernando Henrique Cardoso

    (FHC), socilogo nomeado ministro da Fa-

    zenda por Itamar Franco em maio de 1993.

    O objetivo do plano era criar condies

    para enfrentar a in ao, principalmente

    atravs do controle cambial, e garantir

    condies para o investimento de capitais

    estrangeiros para recuperar a economia

    nacional. Durante a transio do cruzeiro

    para o real (a nova moeda), seria utilizada

    a Unidade Real de Valor (URV), um inde-

    xador cuja funo era corrigir diariamente

    os preos at a adoo da nova moeda.

    Conselho de Administrao

    PresidenteLuiz Antonio Pizzi (CECMF do Grupo CLC Ltda.)

    Vice-presidenteBenedito O. do Nascimento (CECMF da Maxion Ltda.)

    Diretor FinanceiroCarlos Kleber Lemos Marques (CECMS da Federao do Comrcio Sesc/Senac So Paulo Ltda.)

    Diretores Adjuntos- Jos Carlos Piskor (CECMF da Reckitt & Colman Brasil Ltda.)- Jos Miguel Nunes (CECMS da Fundao para o Desenvolvimento da Educao Ltda. FDE)- Paulo Tadeu Machado (CECME da Indstria Dako Ltda.)- Wladmir Firmiano Campos (CECME da Cimaf Ltda.)

  • 44

    Meu pai, um entusiasta do cooperativismo e outras formas de associativismo, conheceu Maria Tereza Roslia Teixeira Mendes, lder cooperativista no Rio de Janeiro (idealizadora do cooperativismo de crdito urbano no Brasil) e fundou a Coop. em 1966.

    De 1971 a 1972 trabalhei na Feleme. Em 1972 fui convidado a gerenciar a CECM dos Empregados da Cimaf, em Osasco, local onde quei at 1986. Nesse perodo, eu j era diretor da Fecresp em diversas gestes. Em 1986, perodo na qual a Fecresp estava desacreditada e mal gerenciada, possuindo somente 75 cooperativas associadas, fui chamado para me tornar gerente, convite que aceitei de imediato.

    Orgulho-me de contar que apenas nos primeiros trs meses da minha gesto (agosto/outubro/1986), mais de 20 cooperativas liaram-se Fecresp, amparados no meu nome e trabalho.

    Outro momento difcil foi quando o Governo Federal, por meio do Banco Central do Brasil, contingenciou as instituies nanceiras (incluindo as cooperativas), fato este que nos proibia de continuar emprestando recursos. A medida seria um desastre pra ns, ento, formamos uma comisso de dirigentes e junto com o presidente da poca, Carlos Kleber Lemos Marques (falecido em 2014), fomos a Braslia para debater o assunto com o presidente do Bacen - Lus Eduardo Alves de Assis. O resultado da reunio foi um sucesso e conseguimos convenc-lo do contrrio.

    Tambm unimos foras para reverter outra situao quando o Bacen (poca do Presidente Joo Batista Figueiredo) no homologava a

    Incentivado pelo meu falecido pai, Miguel Parra Ribas, comecei em 1968 trabalhando como

    auxiliar na 3 cooperativa de crdito de So Paulo a CECM dos Empregados da Nami Haddad,

    famosa tecelagem no bairro do Ipiranga.

    abertura de novas cooperativas de crdito sem argumentos plausveis. Unimos cooperativas, entramos com mandados de segurana e a o governo cedeu.

    Tambm considero parte da minha histria a constituio da Cecresp em 1989, no auditrio da Cooperativa de Crdito da Vidraria Santa Marina, com apenas 20 cooperativas associadas/fundadoras.

    Uma das decepes foi em 1996/1997, quando, aps 40 palestras proferidas no Estado de SP a todas as associadas, no conseguimos convenc-las a aderir na capitalizao ao Banco Cooperativo do Brasil S/A- Bancoob, apesar do entusiasmo do ento presidente da Cecresp - Joo Carnelosso; ocasio na qual apenas 12 cooperativas aderiram ao Bancoob.

    O que eu acredito que sem a Cecresp e sua histria, 90% das cooperativas no existiriam mais. As presses tcnicas/exigncias do Bacen e de outras organizaes nos levariam ao insucesso e inviabilidade.

    Mauro L. Parra - gerente geral do Sicoob CredMetal

  • 45

    Para saber mais sobre a linha do tempo com a histria do cooperativismo no Brasil e sobre a trajetria da Cecresp, visite o hotsite de 25 anos: www.cecresp25anos.com.br.

    Ano

    9419Captulo 5Os cooperativistas, armados com sua potncia individual, multiplicada pela associao, so como um exrcito da paz social, que se move na primeira la das grandes batalhas e obtm grandes vitrias.

    Luzzatti - 1907

  • 46

    Quando as cooperativas comearam a ser

    criadas, houve trs fases distintas. A pri-

    meira, a da credibilidade: no incio, eram

    poucos os que acreditavam no segmento;

    para a maioria, a simples ideia de coope-

    rao tinha algo a ver com inviabilidade,

    a nal, gerir uma empresa era direcionado

    unicamente a homens de negcios e no a

    pessoas comuns. A promulgao de uma

    legislao espec ca para as cooperativas

    levou bastante tempo, ou seja, a con abi-

    lidade nesse novo negcio no foi algo

    que se con gurou facilmente na realidade

    brasileira. Quando ajudadas ou encoraja-

    das, na maioria das vezes, isso ocorreu de

    um modo paternalista por parte de pessoas

    in uentes nas quais ainda estava imbu-

    da a sensao de que o movimento no iria

    para frente.

    Conquistada a credibilidade, a crise foi

    diminuindo e o cooperativismo passou a ser

    das cooperativas associadas

    Cecresp aproxima-se ainda mais

    Dona Therezita homenageada com Medalha ao Mrito Cooperativista

  • 47

    visto como algo nobre e factvel. E surgiu

    a segunda fase: a da administrao. As

    cooperativas foram reconhecidas por sua

    utilidade e seu valor, nas quais as pes-

    soas poderiam administrar e gerenciar.

    Em diversos pases e durante uma ou

    duas geraes, as cooperativas tornaram-

    se sinnimo de empresas mal geridas,

    desaparecendo s centenas. Quando

    conseguiam sobreviver, padeciam de

    carncias crnicas. Mas, aos poucos, esta

    crise tambm amainou e foi credita-

    do, s Centrais e Federaes, um papel

    importante nessa superao, por meio do

    aperfeioamento dos dirigentes e a ajuda

    em criar mecanismos slidos para que

    as cooperativas passassem a apresentar

    liquidez e con ana.

    Em 1994, o movimento cooperativista

    atraia um grande nmero de jovens tc-

    nicos competentes que ajudavam essas

    empresas a serem e cazes e modernas. E

    cresceu ainda, o nmero de administra-

    dores pertencentes ao cooperativismo,

    que passaram a fazer carreira dentro dele

    da a importncia do papel da Cecresp

    em treinar e reciclar seus pro ssionais.

    Com isso, o movimento se uniu e foi ca-

    paz de verticalizar-se nas suas entidades

    de segundo e terceiro graus.

    Foi nessa poca, em uma anlise feita

    pela Cecresp e publicada em seu Relat-

    rio Anual de Gesto, que apesar de serem

    numerosos os sistemas cooperativistas

    de diversos tipos e bem implantados, eles

    comearam a se encaminhar para uma

    terceira crise: a da ideologia. poca,

    as perguntas que acometiam os pro s-

    sionais do setor eram se as cooperativas

    assumiriam realmente um papel distinto

    e espec co e se elas iriam constituir-se

    numa forma original de empresa.

    As Assembleias sempre foram o ponto alto da democracia

  • 48

    Alm do mais, se o mundo se trans-

    forma, s vezes de maneira estranha e

    inslita, as cooperativas devem seguir

    o mesmo caminho ou deveriam, ao in-

    vs disso, dirigir-se para outra direo,

    visando criar um novo tipo de ordem eco-

    nmica e social? Ns apostaremos nessa

    hiptese, pois acreditamos que ao lado

    dos dois sistemas clssicos econmicos

    vigentes h tanto tempo o comunismo

    (estatizante) e o capitalismo (selvagem),

    o cooperativismo a terceira via e a me-

    lhor alternativa, pois aproveita o melhor

    de ambos: o social do comunismo sem o

    seu lado estatal e o melhor do capitalis-

    mo, sem o seu lado selvagem com es-

    sas palavras, o ex-presidente da Cecresp,

    Carlos Kleber Lemos Marques, realizou

    uma profecia que, hoje, 10 anos depois,

    con gurou-se em algo verdadeiro.

    Ao longo do ano, a Central promoveu uma

    completa reengenharia no seu quadro de

    trabalho e dinamizou o conceito de parce-

    ria com as cooperativas. Um exemplo dessa

    aproximao foi o lanamento do carto de

    A nidade Cecresp/Visa Internacional. Em

    agosto, Campos do Jordo foi palco, nos

    dias 26 a 28, do VIII Seminrio do Coope-

    rativismo de Crdito, com recorde de 209

    presentes, representando 98 cooperativas

    do Brasil. Em 20 de outubro, na sede da

    Central, foi realizada a sesso solene Dia

    Internacional do Cooperativismo de Cr-

    dito, com entrega da Medalha do Mrito

    Cooperativista para a Sra. Therezita e Jos

    Maria Eymael.

    Em 25 de novembro, com o tema Brilho

    e Magia, 170 pessoas se reuniram para o

    jantar anual de confraternizao.

    Cecresp sempre fomentou os Encontros Regionais com suas associadas

  • 49

    A era do Real

    Em julho de 1994 entrou em vigor o Real,

    moeda vinculada ao dlar cuja emisso

    de novas quantidades estava condiciona-

    da ao volume de dlares existentes nos

    cofres do Banco Central do Brasil. Ini-

    cialmente, o dlar valia 90 centavos de

    real, e posteriormente, um dlar passou

    a valer um real.

    As consequncias principais destas

    medidas foram o controle da in ao;

    o aumento dos investimentos de capital

    estrangeiro, em razo dos altos juros

    praticados no pas; e a maior abertura da

    economia s importaes, estimulando

    a concorrncia produtiva da indstria

    nacional com o mercado externo. Essa

    medida adotada pelo Governo Itamar

    Franco aprofundou a insero do Brasil

    no contexto da globalizao econmica e

    deu novo impulso s medidas neoliberais

    que seriam adotadas pelo governo se-

    guinte, como as privatizaes de empre-

    sas estatais e diminuio da interveno

    do Estado na economia.

    Apesar de ter sido gestado sob o comando

    de Itamar Franco, foi FHC quem colheu

    os louros dessa vitria, apresentando-se

    como pai do real, o que lhe garantiu a

    vitria nas eleies presidenciais de 1994

    sobre Luiz Incio Lula da Silva.

    Conselho de Administrao

    PresidenteCarlos Kleber Lemos Marques (CECMS da Federao do Comrcio Sesc/Senac So Paulo Ltda.)

    Vice-presidenteJos Carlos Piskor (CECMF da Reckitt & Colman Brasil Ltda.)

    Diretor FinanceiroBenedito O. do Nascimento (CECMF da Iochpe Maxion Ltda.)

    Diretores Adjuntos- Antnio Esteves (CECME Cia. Vidraria Santa Marina Ltda.)- Luiz Antonio Pizzi (CECMF do Grupo CLC Ltda.)- Valdir lcio Rullo (CECME da CICA Ltda.)- Joo Aparecido Carnelosso (CECME da Cimaf Ltda.)

  • 50

    Comecei a trabalhar no ano de 1980, no Rio de Janeiro, na Federao Leste Meridional das Cooperativas de

    Crdito, que tinha como associadas as

    cooperativas dos Estados de So Paulo,

    Rio de Janeiro e Esprito Santo.

    Na poca fui contratada por Maria Theresa Roslia Teixeira Mendes, a Therezita, como todos a conheciam. Esta mulher de um metro e meio de altura foi a idealizadora e responsvel pela constituio da Feleme.

    Aps dois anos no Rio de Janeiro, por motivo de morte na famlia, vim para a Feleme de So Paulo que, aps alguns anos, foi desmembrada em trs Federaes: Fecresp de So Paulo, Fecrerj do Rio de Janeiro e Fecremg de Minas Gerais que tambm liou as cooperativas do Esprito Santo.

    Ainda na dcada de 80 houve a necessidade de investir numa entidade de maior poder administrativo, nanceiro e tambm poltico. Foi a que a Fecresp foi incorporada pela Cecresp, cujo presidente do Conselho de Administrao era Luiz Antonio Pizzi e o gerente Mauro Parra. Um dos diretores, Carlos Kleber Lemos Marques, tambm exerceria o cargo na presidncia por alguns mandatos.

    Iniciei minhas funes no Rio como monitora de cursos de Economia Domstica, passando em So Paulo a colaborar no Departamento de Promoo, Educao e Treinamento DPET com a professora Stalina Gama, tempos depois como coordenadora e nalmente como gerente do referido setor.

    O que presenciei de mais marcante foi o processo de criao da Cecresp, o crescimento e desenvolvimento do cooperativismo de crdito, o reconhecimento dos rgos institucionais e abertura das portas para a Central, iniciado no mandato do Kleber, que

  • 51

    foi muitas vezes a Braslia para lutar pelos direitos das cooperativas.

    Foram muitos os momentos emocionantes, principalmente nos eventos que a Cecresp promovia por meio do DPET. Tivemos tambm histrias engraadas, como a do Kleber e do Mauro que, quando viajavam, dividiam apartamento. O Kleber contava que eles conversam animadamente, mas quando um dos dois apagava a luz, o Mauro no pronunciava mais nenhuma palavra. O Kleber dizia que o Mauro funcionava com energia eltrica.

    Nos dezoito anos que quei na Cecresp como um todo, meu lho nasceu e cresceu ano a ano participando comigo, desde o primeiro seminrio, quando ainda no tinha completado 1 ano de vida.

    Por meio de projetos educativos do governo representado pelo Denacoop, pudemos proporcionar muitas atividades a custo zero e estreitar o relacionamento da entidade com as suas associadas, representantes e familiares.

    Alm disso, fomentamos parcerias com as cooperativas em servios e benefcios, lanamento da Compra Cooperada, intensi cao de cursos de Economia Domstica realizados na sede da Cecresp e nas associadas.

    As grandes amizades, conservadas at hoje com pessoas como Pizzi, Mauro e Kleber este ltimo falecido recentemente e um dos homens mais inteligentes, que

    apostou e investiu muito na Cecresp. Para mim, o Sicoob Central Cecresp um rgo representativo que incentiva, trabalha, luta pelos direitos das cooperativas associadas. Que promove o intercmbio entre as coirms, que cria oportunidades nanceiras, apoia, scaliza e proporciona educao cooperativista. En m, uma representao necessria, fundamental e totalmente imprescindvel para a unio, fortalecimento do Movimento Cooperativista e crescimento das cooperativas.

    Cleide Margarete Silva - gerente do antigo DPET

    51

  • 52

    Para saber mais sobre a linha do tempo com a histria do cooperativismo no Brasil e sobre a trajetria da Cecresp, visite o hotsite de 25 anos: www.cecresp25anos.com.br.

    Ano

    9519Captulo 6Por excelente que seja em seus princpios e por til que se nivele na prtica, a cooperao dos trabalhadores, enquanto permanecer limitada a um crculo reduzido, enquanto somente alguns cooperados se esforarem, suceda o que for a que eles digam respeito, essa cooperao nunca ser capaz de criar di culdades para os monoplios, que crescem em proporo geomtrica. Mas, s seremos capazes de liberar as massas e de aliviar de uma forma sensvel o peso da misria existente, se nos unirmos, lutarmos e comungarmos do mesmo ideal.

    Autor desconhecido

  • 53

    Em 1995, a economia brasileira sofreu

    diversos ajustes ao longo do ano, com re-

    exos importantes para o cooperativismo

    de crdito o enxugamento da liquidez

    promovido pelo Governo pegou a muitos

    de surpresa e a inadimplncia atingiu n-

    dices alarmantes. Como consequncia, as

    cooperativas tiveram excesso de deman-

    livre escolha para suas associadas

    Cecresp ganha na justia o pleno direito

    Cooperativistas unidos para criao de Banco Cooperativo

    das por emprstimos, o que provocou, de

    um lado, forte escassez de moeda, e de

    outro, problemas no uxo de caixa para

    atender a demandas de todos.

    Por conta da capacidade de mutao e

    adaptabilidade do Sistema, foi possvel a

    ultrapassagem dessas barreiras e o resul-

  • 54

    tado do enxugamento monetrio e a es-

    tabilizao da economia trouxe o poder

    aquisitivo de volta - ajudou o fato de a

    inflao permanecer sob controle.

    Como consequncia, ocorreu o aumento

    de capitalizao das cooperativas o que

    fez com que o crescimento da Cecresp,

    tanto em termos de volume de emprs-

    timos, quanto de patrimnio lquido,

    evolusse de forma surpreendente (em 31

    de dezembro de 1995, a entidade contava

    com 173 cooperativas e 11 conveniadas,

    em um universo de 196.752 associados).

    O nico entrave foi o desaquecimento da

    economia sem a perspectiva de gerao

    de empregos, fato extremamente doloso

    ao Sistema de crdito.

    De qualquer forma, ao longo do ano,

    para o cooperativismo de crdito houve

    algumas conquistas polticas importan-

    tes: a no-obrigatoriedade do segmen-

    to em trabalhar exclusivamente com o

    Banco do Brasil (esse fato era arbitrrio

    e a Cecresp foi a nica entidade que

    lutou na justia e ganhou, garantindo o

    pleno direito livre escolha para suas

    associadas); e o reconhecimento das

    autoridades de que o Sistema tinha a

    necessria competncia para administrar

    o seu prprio Banco, o que resultou na

    autorizao de sua criao. Alm da con-

    tinuidade a uma relao forte e cada vez

    mais estreita com os rgos nacionais, a

    Cecresp deu continuidade a seus eventos

    anuais. De 31 de agosto a 2 de setembro,

    foi realizado o j tradicional IX Semin-

    rio de Cooperativismo de Crdito, desta

    vez, em Barra Bonita, interior de So

    Paulo (contou com 242 pessoas de 107

    cooperativas).

    Em 24 de outubro foi a vez da sesso sole-

    ne Dia Internacional do Cooperativismo

    de Crdito, com entrega da Medalha do

    Mrito Cooperativista para Benedito Ro-

    berto Zurita, Josephina S. S. Rocha, Luiz

    Dias Thenrio Filho e Mylton Mesquita. E

    para premiar as associadas e conveniadas

    com maior nmero de pontos obtidos nos

    itens adeso, patrimnio lquido mdio,

    nmero e valor de emprstimos, foi cria-

    do, em 1995, o Trofu Cecresp Melhores

    do Ano a 1 liada contemplada foi a

    Copercana e a 1 conveniada foi a Orga-

    nizao Hering. J o jantar de confrater-

    nizao, em 1 de dezembro, embalou os

    250 presentes com o tema Alegria Tropi-

    cal, no Sesc Interlagos.

    A Cecresp marcou presena em dois

    importantes eventos para o setor que

    ocorreram em 1995: de 15 a 27 de setem-

  • 55

    bro, no Congresso Centenrio da Alian-

    a Cooperativa Internacional (ACI), em

    Manchester, na Inglaterra. E de 4 a 11 de

    dezembro, participou ativamente da Con-

    ferncia da ACI, realizada em Miami, nos

    Estados Unidos, que tratou de alianas

    estratgicas e liao da Confebras.

    Em 31/08/1995, o ento presidente Fer-

    nando Henrique Cardoso, pressionado

    pelas lideranas do cooperativismo de

    crdito e pelo fato do governo dele ter

    permitido a entrada de um banco coope-

    rativo internacional no Brasil , cedeu aos

    apelos do segmento e atravs da Reso-

    luo 2.193/95 do Conselho Monetrio

    Nacional e permitiu s cooperativas de

    crdito constiturem bancos cooperativos.

    Editada a Resoluo os Sistemas, ainda

    no organizados at o terceiro nvel, com

    exceo do Sicredi, se renem para a

    criao de um nico Banco Cooperativo.

    Fracassada a tentativa, o sistema gacho

    constituiria o seu banco exclusivo, o Ban-

    sicredi, restando aos demais segmentos

    a opo de viabilizarem um outro banco

    cooperativo surge ento o Bancoob

    Banco Cooperativo do Brasil, de proprie-

    dade do Sistema Sicoob. Tambm ocorreu

    neste ano a inaugurao da Biblioteca

    Luiz Dias Thenrio Filho, em parceria

    com a Confebras, na sede da Cecresp.

    Alm disso, com o objetivo de desenvol-

    ver um software prprio para melhorar

    a informatizao de suas associadas, a

    Central adquiriu um programa com a

    linguagem Progress, que era um geren-

    ciador de Banco de Dados de 4 gerao.

    Para fortalecer o cooperativismo de cr-

    dito, tambm em 1995, a entidade desen-

    volveu o Projeto de Cooperao Tcnico-

    Financeira SDR-Denacoop-Cecresp, com

    o apoio do Ministrio da Agricultura, do

    Abastecimento e da Reforma Agrria,

    levando s associadas a oportunidade de

    capacitao de dirigentes, associados e

    funcionrios, no qual pode oferecer cur-

    sos de clculos financeiros, seminrios

    de fomento e o Simpsio de Reengenha-

    ria e Marketing Cooperativo.

    Visando-se uma modernizao dos

    softwares existentes e substituio

    quase total no sistema, foi executada a

    implantao de Plataforma Windows

    Multiusurios, para produo, criao e

    fornecimento dos mais variados traba-

    lhos. Com o Projeto, tambm foi possvel

    divulgar o cooperativismo por meio de

    uma campanha publicitria.

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    O presidente da poca, Kleber Leme em visita ao Museu dos Pioneiros de Rochdale, na Inglaterra

    Modelo Europeu de cooperativa de crdito

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    FHC toma posse como presidente

    Fernando Henrique tomou posse em

    1 de janeiro de 1995, sucedendo ao

    presidente Itamar Franco. Com o

    sucesso da nova moeda, a principal

    preocupao era controlar a in ao.

    Para isto, o governo elevou as taxas

    de juros da economia.

    Outra iniciativa de destaque de FHC

    foi privatizar empresas estatais, como

    a Vale do Rio Doce e Sistema Telebrs.

    Enfrentou muitas crticas de vrios

    setores da sociedade, principalmente

    de partidos de oposio.

    Surgiram muitas denncias relacio-

    nadas s privatizaes, de favoreci-

    mentos para determinadas empresas

    internacionais na compra das esta-

    tais. Porm, no impediram o plano

    do governo de levantar verbas para

    promover as reformas necessrias no

    plano poltico.

    Conselho de Administrao

    PresidenteCarlos Kleber Lemos Marques (CECMS da Federao do Comrcio Sesc/Senac So Paulo Ltda.)

    Vice-presidenteJos Carlos Piskor (CECMF da Reckitt & Colman Brasil Ltda.)

    Diretor FinanceiroBenedito O. do Nascimento (CECMF da Iochpe Maxion Ltda.)

    Diretores Adjuntos- Antnio Esteves (CECME Cia. Vidraria Santa Marina Ltda.)- Luiz Antonio Pizzi (CECMF do Grupo CLC Ltda.)- Valdir lcio Rullo (CECME da CICA Ltda.)- Joo Aparecido Carnelosso (CECME da CIMAF Ltda.)

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    tcnica, ministrado para docentes de todo o Brasil e, nessa oportunidade, novamente o cooperativismo apresentou-se diante de mim com uma atrao irresistvel. Tive o privilgio de conhecer e tornar-me admirador de outro grande lder cooperativista, o mdico e professor Valdecir Manoel A onso Palhares. O Prof. Palhares no s proferiu uma palestra sobre cooperativismo de crdito para os participantes do curso na Fundao

    Os meus primeiros contatos com o movimento cooperativista aconteceram em fevereiro de 1967 por ocasio de um curso idealizado e

    ministrado sob inspirao do Prof. Dr. Theodoro Henrique Maurer Jr., ilustre professor titular

    da Faculdade de Letras da USP.

    Detentor de atributos in ndos de sabedoria e conhecimentos profundos em inmeras reas, principalmente no domnio de lnguas contemporneas e clssicas, ele despontou-se tambm como um grande lder cooperativista, tanto como militante acadmico, tendo escrito inmeros artigos e a importante obra Cooperativismo, Uma Economia Humana como tambm no plano das aes prticas. Ele incentivou a criao de dezenas de cooperativa de consumo de 1 grau nos Estados de So Paulo e Minas Gerais, como organizou, tambm, uma cooperativa de consumo de 2 Grau, a Federao Meridional de Cooperativas de Consumo, agrupando em uma Central todas as cooperativas de consumo existentes nas reas de sua atuao. Por um perodo de quase quadro anos atuei nesse ramo do cooperativismo sob a orientao e inspirao desse grande lder.

    Durante um interregno de 22 anos deixei de atuar no cooperativismo. Nesse perodo, realizei minha formao acadmica e dediquei-me ao magistrio em instituies de ensino pblico do Sistema Estadual de Ensino e na Escola Tcnica Federal de So Paulo. A poucos anos de minha aposentadoria fui convidado a participar de um curso voltado para a gesto da educao

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    Joo Pinheiro em Belo Horizonte, como tambm, orientou-me como proceder nessa empreitada, da criao de uma cooperativa de crdito numa instituio pblica.

    De volta a So Paulo, imediatamente promovi o envolvimento de um grupo de servidores da Escola Tcnica Federal de So Paulo em torno da ideia e em menos de seis meses foi criada a Cootefesp, Cooperativa de Crdito Mtuo dos Servidores da Escola Tcnica Federal de So Paulo. A homologao da ata de fundao pelo Banco Central do Brasil aconteceu em 25/08/1993. Atualmente, depois de estender-se para a Universidade Federal de So Paulo (Unifesp), a cooperativa mudou sua denominao para Coopemesp, Cooperativa de Crdito Mtuo dos Servidores do Ministrio da Educao em So Paulo, hoje intitula-se Sicoob Coopemesp pelo fato de ter ocorrido sua adeso pela marca Sicoob. Sua rea de ao abrange o Instituto Federal de So Paulo (IFSP) e a Universidade Federal de So Paulo (Unifesp), com potencial para outras instituies do Ministrio da Educao em So Paulo.

    Alm da in uncia e contribuio dos dois cooperativistas citados para meu engajamento no movimento cooperativista, assinalo com muita nfase a importncia de outra personalidade ilustre, cuja vasta obra no mbito do cooperativismo, permitiu-me a oportunidade mpar de aprofundar-me razoavelmente nas questes

    tericas e doutrinrias do cooperativismo brasileiro. Trata-se da Professora Emrita da Faculdade de Economia e Administrao da Universidade So Paulo, Dra. Diva Benevides Pinho, detentora do importante ttulo de autora que mais escreveu sobre o cooperativismo em Lngua Portuguesa.

    O nosso envolvimento foi inicialmente como um aprendiz. Na condio de presidente da Diretoria da Cootefesp e apoiado permanentemente pelo tesoureiro, Prof. Synval Bitencourt Jr., comparecamos em todas as reunies programadas pela Central, institucionalizadas como Reunio de Gerentes e Dirigentes. Nesses encontros ocorria uma troca muito profcua de experincias entre as cooperativas mais consolidadas e as recm-instaladas como a nossa. Alm dessa troca, a presena de uma equipe de altssimo gabarito de dirigentes e tcnicos, atuando nos diversos setores da Central, propiciou-nos as condies de colocar em funcionamento as recm constitudas cooperativas. Atribuo a essas duas contingncias o xito que alcanamos na introduo do cooperativismo de crdito nas coletividades de trabalhadores em empresas privadas e instituies pblicas no Estado de So Paulo. Alm disso, em duas oportunidades concorri eleio de Conselho de Administrao.

    O momento mais importante que vivenciei , indiscutivelmente, o advento do Banco

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    Cooperativo do Brasil S.A., o Bancoob. Com a liquidao do BNCC, banco estatal que dava suporte s cooperativas, principalmente as de crdito agrcola, as lideranas do cooperativismo nacional passaram a se organizar e mobilizar-se na reinvindicao, junto ao Conselho Monetrio Nacional, para a autorizao criao de Bancos Cooperativos. Essa importante iniciativa aconteceu mediante a aprovao da Lei n 4.595 em 30.08.1995 e, de imediato foi instalado o Bansicredi, organizado pelas lideranas cooperativistas no Rio Grande do Sul.

    Em seguida, lderes cooperativistas de outras Unidades da Federao, em que se destacavam Minas Gerais, So Paulo, Gois, Rio de Janeiro, Esprito Santo e outros Estados, resolveram inovar no sentido de criar um banco comercial com abrangncia nacional e no um estabelecimento prprio de cada Estado como o primeiro criado no Rio Grande do Sul. Essa ideia prosperou-se e em menos de dois anos depois surge o Bancoob. Ao mesmo tempo em que representa o maior avano do cooperativismo de crdito no Brasil, paradoxalmente essa iniciativa, nos primeiros anos de sua implantao, teve pouca repercusso entre a maioria das cooperativas ligadas Central Cecresp.

    Durante um perodo relativamente longo, aps a criao do Bancoob, poucas cooperativas singulares de crdito do grupo Cecresp aderiram ao banco. Menos de

    duas dezenas adotaram em suas rotinas operacionais a compensao bancria e, consequentemente, trabalhavam com depsito a prazo e vista. Atualmente esse grupo dobrou, mas infelizmente persiste ainda essa resistncia entre a maioria absoluta de cooperativas do Sistema. No entanto, as cooperativas conveniadas ao Banco adquiriram outro status, pois alm de prestar aos seus associados todos os servios e disponibilizar os produtos prprios dos bancos comerciais, apresentam tambm importante caracterstica que a participao no Sistema Sicoob. Tendo feito a adeso marca Sicoob, com seus inmeros desdobramentos, essas cooperativas adquirirem uma abrangncia nacional, deixando de ter apenas um papel local, permitindo que cumpram uma vocao mais ampla e completa como importante estabelecimento nanceiro para seus liados.As cooperativas conveniadas ao Bancoob, como a Coopemesp, no incio de suas atividades com compensao e conta corrente, tiveram uma grande di culdade operacional, principalmente em funo das limitaes tecnolgicas. Os dirigentes e acionistas do Banco recm criado, adotaram como soluo do problema a elaborao de um sistema de informtica, elaborado por uma equipe de pro ssionais da rea de tecnologia montada no prprio Banco. Esta iniciativa deu origem ao Sisbr. Alm de viabilizar operacionalmente as rotinas bancrias das conveniadas junto ao banco,

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    o Sisbr permitiu a essas cooperativas, ligadas s Centrais do Sicoob, inclusive Cecresp, dar um salto vertiginoso no seu objetivo de cumprir o papel de cooperativas de crdito junto aos seus associados. At o advento dos bancos cooperativos, as cooperativas de crdito s poderiam realizar operaes bancrias pela intermediao dos bancos particulares, enquanto que com a aprovao do Conselho Monetrio Nacional, autorizando a criao dos bancos cooperativos, as singulares passaram a oferecer aos seus associados todos os produtos prprios dos bancos em geral.

    Entre as experincias que tive oportunidade de participar na Central e que no poderia deixar de registrar a que mais valorizei: a colaborao dada equipe encarregada de desenvolver em todas as cooperativas de crdito no Estado de So Paulo o Curso de Cooperativismo Distncia. Esse curso foi disponibilizado pela Confebrs Confederao Brasileira de Cooperativas de Crdito a todas as Centrais de Cooperativas de Crdito no Brasil, inclusive Cecresp.A minha participao inicial nesta tarefa foi providenciar junto ao Diretor da Escola Tcnica Federal de So Paulo a autorizao do Ministrio da Educao para reconhecer o Curso e registrar os certi cados expedidos pela Confebras. Aps elaborao pelo procurador da Escola de um convnio envolvendo a ETFSP, a Cecresp e a Confebras, foi montada uma logstica responsvel pela