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Sinfonia n. 3 A obra foi escrita no verão de 1883 em Wiesbaden, quase seis anos depois de Brahms completar a sua Segunda Sinfonia. Nesse interim, Brahms havia escrito algumas das suas mais importantes obras, incluindo o Concerto para Violino, duas aberturas (Abertura Trágica e Abertura Festival Acadêmico), e o Segundo Concerto para Piano . A estreia aconteceu em 02 de dezembro de 1883, com a Orquestra Filarmónica de Viena, sob a direção de Hans Richter. É a menor das quatro sinfonias de Brahms; uma execução típico dura entre 30 e 40 minutos. A sinfonia é escrita para duas flautas, dois oboés, dois clarinetes, dois fagotes, um contrafagote , quatro trompas, dois trompetes, trombones, três tímpanos e cordas. A sinfonia é composta por quatro movimentos: - Allegro con brio (F maior), em forma de sonata; - Andante (C maior), em uma forma de sonata modificada; - Poco Allegretto (C menor), em forma ternária (ABA); - Allegro - Un poco sostenuto (F minor - Fá Maior), em uma forma sonata modificada. A Terceira Sinfonia é a mais curta e ao mesmo tempo mais coesa de suas sinfonias. Seu tema e substância veio a ele em um surto relativamente súbito: a maioria da obra foi escrita em menos de quatro meses, um lampejo de inspiração em comparação aos vinte anos que passou escrevendo sua Primeira Sinfonia. Brahms estava a passeio em uma viagem para o Reno, na época. Ele terminou por interromper a viagem e alugar uma morada em Wiesbaden, onde ele poderia trabalhar em paz, e

Brahms

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Sinfonia III

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Page 1: Brahms

Sinfonia n. 3

A obra foi escrita no verão de 1883 em Wiesbaden, quase seis anos depois de

Brahms completar a sua Segunda Sinfonia. Nesse interim, Brahms havia escrito algumas das

suas mais importantes obras, incluindo o Concerto para Violino, duas aberturas (Abertura

Trágica e Abertura Festival Acadêmico), e o Segundo Concerto para Piano .

A estreia aconteceu em 02 de dezembro de 1883, com a Orquestra Filarmónica de

Viena, sob a direção de Hans Richter. É a menor das quatro sinfonias de Brahms; uma

execução típico dura entre 30 e 40 minutos.

A sinfonia é escrita para duas flautas, dois oboés, dois clarinetes, dois fagotes, um

contrafagote , quatro trompas, dois trompetes, trombones, três tímpanos e cordas.

A sinfonia é composta por quatro movimentos:

- Allegro con brio (F maior), em forma de sonata;

- Andante (C maior), em uma forma de sonata modificada;

- Poco Allegretto (C menor), em forma ternária (ABA);

- Allegro - Un poco sostenuto (F minor - Fá Maior), em uma forma sonata

modificada.

A Terceira Sinfonia é a mais curta e ao mesmo tempo mais coesa de suas sinfonias.

Seu tema e substância veio a ele em um surto relativamente súbito: a maioria da obra foi

escrita em menos de quatro meses, um lampejo de inspiração em comparação aos vinte anos

que passou escrevendo sua Primeira Sinfonia. Brahms estava a passeio em uma viagem para o

Reno, na época. Ele terminou por interromper a viagem e alugar uma morada em Wiesbaden,

onde ele poderia trabalhar em paz, e cancelou seus planos de verão em Bad Ischl. Toda a

sinfonia em Fá maior foi escrita sem parar em Wiesbaden.

Brahms compôs a Sinfonia Nº 3 após um longo período sabático de cerca de cinco

anos afastados de trabalhos sinfônicos. Ainda hoje é frequentemente considerada a "irmã

pobre" das outras três sinfonias, pois para alguns críticos ela possuiria uma característica

proeminente sim, mas não seria exatamente o mesmo auge impressionante de realização

sinfônica que cada uma das outras três sinfonias são. Mas essa noção sobre a sinfonia 3 de

Brahms tem mudado definitivamente.

Rotulada como a “Eroica” pelo amigo do compositor, maestro Hans Richter, a

Terceira Sinfonia é, no entanto, nem tão cosmicamente grande nem tão incisivamente

humanista ou épica como a sinfonia de mesmo número de Beethoven. O heróico no caso da

obra de Brahms está em um outro nível, o que quer dizer que ela está cheia de conflitos e

resoluções, turbulência e sentimentos suaves, desolação e genialidade. E termina com uma

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visão bastante pessoal do crepúsculo e da serenidade.

Sua abertura possui um tema musical composto por três notas, F – Ab - F, e trata-se

de um dos poucos exemplos na obra de Brahms que carregam um significado extra musical.

Em 1853, seu amigo Joseph Joachim tinha tomado como lema "Livre, mas solitário" (em

alemão "Frei aber einsam"), e das notas representadas pelas primeiras letras dessas palavras,

F-A-E, Schumann, Brahms e Dietrich tinham composto em conjunto, uma sonata para violino

dedicado a Joachim. Na época da Terceira Sinfonia, Brahms era um solteirão de cinqüenta

anos de idade, que se declarou ser frei aber froh, ou seja, livre mas feliz. Esse lema F-Ab-F, e

algumas variações dele ele, pode ser ouvido em toda a sinfonia.

 No início da sinfonia o lema é a melodia dos primeiros três compassos, e é a linha

de baixo subjacente ao tema principal nos três compassos seguintes. O lema persiste, quer

corajosamente ou disfarçadamente, como melodia ou como acompanhamento durante todo o

movimento. Para o terceiro movimento, poco Allegretto, em vez do scherzo rápido, padrão

em sinfonias do século XIX, Brahms criou um tipo original de terceiro movimento que é

moderado no tempo (Poco Allegretto) e intensamente lírico em caráter. O movimento final é

lírico, apaixonado, e rico em melodia. Esta melodia é intensamente explorada, sendo alterada

e desenvolvida de inúmeras maneiras. O movimento termina com uma referência ao tema

ouvido no primeiro movimento, para em seguida, desaparecer em um final tranquilo.

Como estrutura geral, pode-se organizar a sinfonia da seguinte maneira:

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Movimento 3 Poco Alegretto

O terceiro movimento possui uma forma ternária, ABA, na tonalidade de Cm. Esse

movimento de andamento moderado representa o auge de uma escrita romântica, lírica e

melancólica. É constituído de um scherzo (A), um trio (B), reapresentação do Scherzo (A), e

por fim uma coda. O scherzo possui uma estrutura interna ternária (ABA) e o trio, por sua

vez, possuía uma estrutura binária (ABAB).

O tema principal M1 é de grande beleza e pujança, sendo apresentado primeiramente

na voz do violoncelo em um registro bem agudo, e depois é reapresentado em outros

instrumentos, como violino, flauta e trompas. O tema principal:

constitui um exemplo clássico de uma curva melódica, em que o M1 se estende criando uma

sentença estendida, estruturada da seguinte maneira (aabb’ - 2 + 2 + 3 + 4 c.). Destaca-se

também as frases de tamanho irregulares e o fluxo constante do ritmo ao fundo (tercinas de

semicolcheias nos violinos e padrões de arpejo em semicolcheia nas violas). Em cada

repetição do tema principal, existem diferenças sutis em instrumentação no plano de fundo

(como os arpejos das cordas ou o contrassujeito que aparece no cello quando o violino

executa o tema). Este tema acontece todo na tonalidade de Cm.

O motivo M2 baseia-se numa estrutura de um compasso repleto com semicolcheias.

Trata-se de um padrão rítmico, ou um motivo rítmico, que inicia-se no cello, e depois o

violino passar a fazer também. Esse tema é usado bastante em sequência ou em contraponto

imitativo. Diferente do primeiro motivo, o M2 está escrito em C.