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#0005 COPA 2014 Belo Horizonte, a capital dos mineiros, está pronta para receber a Inglaterra pela segunda vez em Copas >> Páginas 12 e 13 www.brasilobserver.co.uk FREE LONDON EDITION UKstudy.com University Partners INVISTA NO SEU FUTURO PROFISSIONAL! FAÇA A SUA GRADUAÇÃO E PÓS NO REINO UNIDO COM A AJUDA GRÁTIS E HONESTA DA UKstudy! CONTATE [email protected] | www.ofertasukstudy.com.br | UKstudyBrazil Foto: Divulgação READ IN ENGLISH É PÊNALTI Entidades de proteção a crianças e adolescentes lançam campanha “It’s a Penalty”, com o objetivo de combater a exploração sexual e abuso de menores durante a Copa do Mundo >> Páginas 10 e 11 Foto: Divulação February 13th - 26th 2014

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Campanha 'It's a Penalty' contra a prostituição infantil no Brasil durante a Copa.

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COPA 2014 Belo Horizonte, a capital dos mineiros, está pronta para receber a Inglaterra pela segunda vez em Copas >> Páginas 12 e 13

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É PÊNALTI Entidades de proteção a crianças e adolescentes lançam campanha “It’s a Penalty”, com o objetivo de combater a exploração sexual e abuso de menores durante a Copa do Mundo >> Páginas 10 e 11

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February 13th - 26th 2014

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LONDON EDITION

EDITORA - CHEFE Ana Toledo [email protected]

EDITORES Guilherme Reis [email protected] Kate Rintoul [email protected]

RELAÇÕES PÚBLICAS Roberta Schwambach [email protected] Antonio Veiga, Bruja Leal, Clarice Va-lente, Deise Fields, Gabriela Lobianco, Luciane Sorrino, Michael Landon, Na-thália Braga, Renato Brandão, Ricardo Somera, Rômulo Seitenfus, Rosa Bitten-court, Shaun Cumming, Zazá Oliva

PROJETO GRÁFICO & DIAGRAMAÇÃO wake up colab

[email protected]

DISTRIBUIÇÃO BR Jet [email protected] Emblem Group [email protected]

IMPRESSÃO Iliffe Print Cambridge iliffeprint.co.uk

ASSESSORIA CONTÁBIL Atex Business Solutions [email protected]

BRASIL OBSERVER é uma publicação quinzenal da ANAGU UK MARKETING E JORNAIS UN LIMITED (Company number: 08621487) e não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos as-sinados. As pessoas que não constarem do expediente não tem autorização para falar em nome do Brasil Observer. Os conteúdos publicados neste jornal podem ser reprodu-zidos desde que devidamente creditados ao autor e ao Brasil Observer.

CONTATO [email protected] [email protected] 020 3015 5043

SITEwww.brasilobserver.co.uk

COLABORADORES

A maioria já sabia: o ano de 2014 não seria tranquilo para o Brasil. Mas só agora começamos a perceber na pele a real abrangência desta transição de ciclo. Começamos o ano com um cenário confuso: polêmicas rondam a mídia e as redes sociais a e transformam cada semana em uma nova batalha de ideias, opiniões e visões.O Brasil ainda é uma jovem democracia e muita coisa precisa amadurecer. No entanto, como disse Geraldo Vandré em versos que não envelhecem, não podemos parar: “quem sabe faz a hora”. O resultado de nossa imaturidade é a exposição a qual nossos erros são submetidos por uma mídia carente de regulamentação e, muitas vezes, de bom senso. Leia nas páginas 4 e 5 desta edição um panorama geral do processo de democratização da mídia no Brasil.Emblemático ano para o Brasil, sou obrigada a rea-firmar. Somos o país da Copa, queremos mostrar ao mundo que somos modernos. Mas, ao mesmo tempo,

somos o país onde crianças se prostituem. Fechar os olhos para isso seria um erro crasso, por isso desta-camos nesta edição a campanha “It’s a Penalty”, que visa combater a exploração sexual de menores durante a Copa do Mundo.Seguindo nosso especial com as cidades-sede da Copa 2014, nesta edição você vai poder saber mais da prepa-ração da capital mineira, Belo Horizonte, para o torneio – nas páginas 12 e 13. Assim como poderá saborear as atrações turísticas que BH oferece com todo o acolhi-mento que só o jeitinho mineiro é capaz de oferecer!Confira também, na reportagem de capa do Brasil Ob-server Guide, por que o carioca Egberto Gismonti é o erudito mais popular do Brasil – e por que ele está de volta a Londres para mais uma apresentação.Com mais uma edição nas ruas de Londres, espera-mos que você se informe, reflita e se divirta! E não esqueça, mantenha contato através do e-mail [email protected]!

E D I T O R I A L

CAMINHANDO E CANTANDO EM 2014por Ana Toledo – [email protected]

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EM FOCO

REPORTAGEM DE CAPA

BRASIL NO UK

CONECTANDO

UK NO BRASIL

BRASIL OBSERVER GUIDE

PERFIL

BRASILIANCE

COPA 2014

Morre cinegrafista atingido por rojão no Rio

Brasil-UK contra a prostituição infantil

Democratizar a mídia é preciso

Especial cidades-sede: Belo Horizonte

Casa Brasil completa 25 anos em Londres

O beijo de Nico e Félix... e a vida real

Egberto Gismonti e muito mais...

David Bowie desembarca em São Paulo

Lúcia Fukuthi: A dama da beleza

16 - 17 CAPA DO GUIA18 GRINGO`S VIEW19 NINETEEN EIGHT-FOUR20 - 21 TRAVEL 22 GOING OUT23 COOL HUNTER24 MIND & SOUL 25 FOOD

16 - 17 18 19 20 - 21 22 23 24 25

Feb 13th - 26th 2014

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3brasilobserver.co.uk

EM FOCO

O rojão do descompasso

A morte de um cinegrafista da TV Bandeirantes na segunda-feira 10 de fevereiro, dias após ser atingido por um rojão durante a cobertura de um protesto no centro do Rio de Janeiro, escancarou o que há algum tempo já podia ser notado: o completo descom-passo dentro das manifestações que desde junho do ano passado tomam as ruas das principais cidades do Brasil, ora em maior, ora em menor escala. Descompasso também no rito de pas-sagem entre a insatisfação popular e a solução dos problemas pelas institui-ções políticas. Santiago Ilídio Andrade, de 49 anos,

foi atingido por um rojão quando fil-mava um protesto contra o aumento das passagens de ônibus na cidade do Rio de Janeiro, dia 6 de fevereiro. Ele teve afundamento do crânio e perdeu parte da orelha esquerda. Câmeras re-gistraram o momento em que o cine-grafista foi atingido pelo rojão (foto).Até o fechamento desta edição, uma

pessoa havia sido presa: Fábio Rapo-so, de 22 anos, que admitiu ter pas-

sado o rojão ao homem que acendeu o artefato, indiciado por tentativa de homicídio e crime de explosão. O res-ponsável por acionar o rojão, já iden-tificado pela polícia como Caio Silva de Souza, 23 anos, ainda não havia sido encontrado, apesar do mandado de prisão expedido por homicídio do-loso qualificado por uso de explosivo. Desde junho do ano passado, as

manifestações legítimas que ocorrem no país, sejam contra os preços abu-sivos do transporte público ou contra os gastos e a realização da Copa do Mundo, entre outros motivos, trazem consigo o ingrediente da violência, ora por parte do aparato militar de se-gurança pública do Estado, a Polícia Militar, ora por parte de parcela dos manifestantes. Como se sabe, a violência por parte

da polícia na repressão das primeiras manifestações de 2013 foi o estopim para que as mesmas tomassem propor-ções maiores – sem levar em conta a já notória insatisfação por conta de um longo histórico de truculência por

parte das polícias militares, principal-mente em áreas pobres, o que remete aos tempos em que o país estava sob comando da ditadura militar.A resposta à violência do Estado

se deu mais notadamente sob a figura dos Black Blocs, grupo de pessoas en-capuzadas e com inspirações anarquis-tas que se misturam aos manifestantes ditos pacíficos e praticam atos como depredação de símbolos do capitalis-mo, principalmente bancos e catracas de metrô. Ao que parece, os dois responsáveis pelo disparo do rojão que matou o cinegrafista da TV Bandeiran-tes são membros do Black Bloc.Em um primeiro momento, as táticas

desses manifestantes foram considera-das legítimas e defendidas por setores da população, pois não se comparava à violência praticada pelo Estado: afi-nal, o que é mais violento, o preço do transporte ou uma catraca quebrada, os assassinatos cometidos pela polícia na favela ou colchões queimados no meio da rua? O sentido desses protestos, porém, perdeu valor com o passar do

tempo, pois tais ações não levavam a uma solução efetiva dos problemas, e pior: fazia com que a polícia passas-se a ter o aval para agir de maneira ainda mais truculenta e intimidadora. A morte de Santiago, portanto, é

o estopim trágico de uma tática que até aqui se mostrou totalmente fali-da, ao promover a desconstrução sem que nada de efetivo seja construído, dividindo os manifestantes e diluindo a força de pressão legítima que os movimentos das ruas poderiam exercer sobre os governantes. Não é aceitável que, mesmo depois de quase um ano de protestos pelo país, a prefeitura do Rio de Janeiro decida aumentar o pre-ço dos transportes coletivos da cidade – justamente o motivo que levou ao início da onda de manifestações – sem que melhorias significativas tenham sido feitas na área.Os protestos pelo país certamente

irão continuar. Resta saber se o mo-vimento das ruas será levado para o caminho da construção democrática ou do caos generalizado.

Por Guilherme Reis

Foto: Agência Brasil

À esquerda, cinegrafista da TV Bandeirantes sendo atingido por rojão; à direita, colegas realizam homenagem

Foto: Agência BrasilFoto: Reprodução

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4 brasilobserver.co.uk

BRASILIANCE

Lei dos meios; marco regulatório, democra-tização ou “reforma agrária” da mídia. Estas são algumas das denominações para um tema sempre barrado nos veículos de comunicação tradicionais, hegemônicos, razão pela qual tal assunto encontre dificuldades para ecoar pe-rante a opinião pública. No entanto, cada vez mais setores da sociedade começam a se dar conta de que, na área das comunicações so-ciais, algo no Brasil não funciona como deve-ria funcionar, não está como poderia estar ou não é como precisa ser. Fatos ocorridos nas últimas semanas despertaram nos brasileiros essa sensação, o que torna o momento fértil para discutir a questão.Os acontecimentos recentes que levaram bra-

sileiros à reflexão vieram de dois dos mais tradicionais canais de televisão. Mesmo aqueles cidadãos menos envolvidos ou ainda não intro-duzidos ao tema demonstraram constatar que os veículos de comunicação não estão a agir como se espera numa sociedade democrática. E, mais que isso, de que é preciso instru-

mentos para fazer com que esses veículos estejam a serviço da sociedade, e não de seus interesses privados. A conclusão nem sempre é expressa com essas palavras, mas, em síntese, foi a esse ponto a que se chegou – a partir dele, é imperioso que o debate se mantenha em pauta.O mais recente desses acontecimentos se

deu com o Sistema Brasileiro de Televisão, conhecido pela sigla SBT, do empresário e co-municador Sílvio Santos (que inclusive chegou a se candidatar à Presidência da República, em 1989). Na edição do dia 4 de fevereiro do Jornal do SBT, transmitido em horário nobre, a apresentadora Rachel Sheherazade, ao opinar sobre uma determinada notícia, fez evidente apologia à barbárie, ao crime. A notícia era a de um menor de idade, de 16 anos, negro, acusado de cometer furtos, que foi amarrado, nu, a um poste, no bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro. A apresentadora deixou a sua condição de

jornalista e assumiu o papel de juíza. Em seu “comentário” de pouco mais de um minuto, por duas vezes chamou o menor de idade de “marginalzinho”; defendeu o que classificou de “legítima defesa coletiva” e “contra-ataque aos bandidos” a ação dos que fizeram “justiça com as próprias mãos” ao amarrarem e exporem o adolescente na rua. Por fim, desdenhou dos defensores dos direitos humanos. Pode ser repugnante, mas é uma opinião

e todo mundo tem o direito de expressá-la, muitos disseram pelas redes sociais em defesa da apresentadora. Há, porém, algo a se consi-derar: a jornalista utilizou, para expor apenas um ponto de vista, um canal de televisão, que deve ser “isento”, “imparcial” - ou, na impos-sibilidade disso, deve ser “plural”, deve ceder igual espaço ao contraditório. Além disso, um canal de televisão é uma

concessão pública. A emissora, no caso o SBT, é privada, do Sílvio Santos, contudo o espaço (espectro) que o SBT ocupa para fazer sua programação chegar aos aparelhos de te-levisão é público, como públicas são as ruas, avenidas, estradas, linhas de energia. É, ape-nas, concedido à iniciativa privada, da mesma maneira que as rodovias e a distribuição de luz são concedidas a operadoras privadas.Por essa razão, o Ministério Público Federal

está sendo instado a agir. O Partido Socialis-mo e Liberdade (Psol) emitiu nota que prepara representação para ser ingressada no Ministé-rio Público. “A jornalista e o SBT fizeram in-citação ao crime, à tortura e ao linchamento”, argumentou o líder do Psol na Câmara dos Deputados, Ivan Valente, de São Paulo. Dois dias depois do comentário, a apresentadora procurou se retratar, utilizando o próprio Jor-nal do SBT. Nem se desculpou, tampouco reti-rou seu comentário. Apenas tentou se justificar dizendo que foi mal interpretada, que ela, Ra-chel, não era aquela que estavam pintando. A emissora, por sua vez, fez questão de deixar claro que a opinião emitida pela apresentadora era um posicionamento seu, particular, e não a opinião do SBT.

LUIZA X MAINARDI

Líder de audiência e maior conglomerado de mídia do país, a Rede Globo também está presente nessa lista de acontecimentos recentes que evidenciam a distorção nas comunicações sociais que historicamente marca o Brasil. Quem, meio que sem querer, expôs e fez

os telespectadores notarem a deturpada atuação da mídia foi a empresária Luiza Trajano, dona de uma das maiores redes de lojas de móveis e eletrodomésticos do país, a Magazina Luiza. A empresária fez sucesso nas redes sociais, no final de janeiro, por deixar desconsertados os apresentadores do Manahatan Conection, programa transmitido dos Estados Unidos pela Globo News, canal pago da Rede Globo. O mais desconsertado foi o articulista Diogo Mainardi, popular entre os mais conservadores e, principalmente, entre os opositores dos go-vernos de Lula e Dilma. O debate no Manahatan Conection era sobre

economia. Durante todo o ano de 2013, a grande mídia brasileira, por meio da distorção de dados e da apresentação de análises sob o ponto de vista do neoliberalismo, espalhou na opinião pública que o Brasil vivia (vive) uma crise econômica iminente. No debate com Luiza Trajano, esse era o único ponto de vista lançado pelos apresentadores, que se esforça-vam para tirar da empresária a confirmação dessa tese.O episódio fez sucesso porque Luiza não

só se safou da manipulação como, de forma espontânea e simples, expôs ao telespectador a desinformação ou a total parcialidade dos apresentadores ali presentes no debate – e

que, por tabela, retratavam a completa falta de imparcialidade da mídia de um modo geral. Numa derradeira tentativa de acuar a dona

do Magazine Luiza, Diogo Mainardi ouviu da empresária que ele dispunha de informações incompletas, desatualizadas. Luiza foi além: “te passo os dados [corretos e atualizados] por e-mail”. Constrangido, mas tentando fingir não se sentir derrotado, Mainardi tentou escapar com um “me poupe”. Luiza não poupou: dias depois, enviou o e-mail a Mainardi, segundo noticiou o portal Estadão, do jornal O Estado de São Paulo.

CAMPANHA

Diante do cenário de oligopólio midiático, de programação que não respeita os preceitos constitucionais – promoção da cultura nacio-nal, de valorização das diversidades, de re-púdio a qualquer tipo de discriminação – e, principalmente, diante de uma sociedade cada vez mais ciente de que algo está errado e precisa ser corrigido, o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) pre-tende intensificar sua atuação. A campanha

Episódios recentes – que expõem a falta de pluralidade das emissoras de televisão do Brasil e o desres-peito às premissas constitucionais – dão impulso à luta por um novo marco regulatório, que democrati-ze a comunicação no país

DEMOCRATIZAÇÃO DA MÍDIA: PAUTA OBRIGATÓRIA PARA 2014

Por Wagner de Alcântara Aragão

Page 5: Brasil Observer #005 Portuguese Version

5brasilobserver.co.uk

Marco Civil da Internet segue emperrado

/ Informações: Fundação Perseu Abramo

Na Secom, expectativa de mudanças

Depois de pouco mais de três anos no car-go, a titular da Secom, que tem status de ministério, jornalista Helena Chagas, pediu demissão e deixou o posto em fevereiro.

A gestão de Helena Chagas à frente da secretaria foi bastante criticada por inte-grantes do próprio governo, alinhados mais à esquerda, e por manifestantes do campo progressista.

Sob o argumento do “critério técnico”, a gestão de Chagas beneficiou as emissoras tradicionais na distribuição de verba publi-citária oficial. Só a Globo ficou com quase 44% (R$ 495,3 milhões, só em 2012) de toda a publicidade governamental feita na tele-visão.

Não à toa a saída de Helena Chagas foi lamentada pelos veículos de comunicação tradicionais. O sucessor, o jornalista Tho-mas Traumann, já era porta-voz da pre-sidenta Dilma Rousseff, desde janeiro de 2012. A expectativa é a de que o novo secre-tário equilibre os investimentos da Secom, voltando as ações para o jornalismo digital.

Por incontáveis vezes, desde outubro pas-sado, o projeto de lei que institui o Marco Ci-vil para a Internet no Brasil (PL 2126/2011) entra na pauta de votações do plenário da Câmara dos Deputados – a expectativa é a de que seja apreciado ainda em fevereiro.

Ocorre que na essência do projeto – o ponto que garante a neutralidade da rede, ou seja, que proíbe a cobrança de acesso à internet por conteúdo acessado – não há consenso.

O Executivo, autor da proposta, defende a manutenção da neutralidade da rede. A bancada do PMDB, sob a influência de seu líder, o deputado federal Eduardo Cunha (do Rio de Janeiro), não aceita esse ponto. A neutralidade da rede desagrada as presta-doras de serviço, hoje feito pelas operadoras de telefonia.

A pedido do Executivo, o projeto de lei tramita em regime de urgência. Quando é assim, a pauta das sessões ordinárias do plenário é trancada, e só liberada quando o projeto em questão é apreciado. Até o fecha-mento desta edição, a Agência Câmara dava conta de que não havia consenso que pudes-se levar o projeto a votação.

“Para Expressar a Liberdade – Uma Nova Lei para Um Novo Tempo” tem sua primeira plenária do ano em fevereiro com objetivo de planejar ações mais efetivas. “Durante todo o ano de 2013 a sociedade

se organizou para divulgar e coletar assina-turas do projeto (Lei da Mídia Democrática) e levar o debate às ruas. Agora seguimos em luta, neste que será um ano de inten-sificação de batalhas. Temos de reivindicar a democratização da comunicação, inclusive, como parte das plataformas das campanhas eleitorais”, diz, em texto publicado no site oficial da iniciativa, a coordenadora nacional do FNDC, Rosane Bertotti. Segundo o FNDC, o projeto de lei de

iniciativa popular batizado de “Lei da Mídia Democrática” tem alcançado “grande apoio de vários setores da sociedade e já conta com mais de 50 mil assinaturas”. O docu-mento propõe um novo marco regulatório para os setores de rádio e televisão brasilei-ros. O marco atual é de 1962. Desnecessário dizer que, criado há 50 anos, o marco se encontra extraordinariamente desatualizado. “A campanha ‘Para Expressar a Liberdade’

é fruto de anos de luta da sociedade civil organizada para regulamentar a comunicação no Brasil. Ela nasceu em 2012, resultante das propostas apresentadas na I Conferência Nacional da Comunicação (Confecom), rea-lizada em 2009. Em 2013, recebeu centenas de novos apoios de entidades de vários seto-res”, assinala o FNDC.

POSIÇÃO DO GOVERNO

Foi da Confecom, em 2009, que saíram sub-sídios para o governo federal preparar, em2010, ainda no governo Lula, uma proposta de novo marco regulatório. Coordenado pelo então ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República,

Franklin Martins, o projeto foi deixado para ser aprimorado pelo governo Dilma. Toda-via, permaneceu na gaveta nos últimos três anos. Nem a sucessora de Franklin Martins, a ministra Helena Chagas (que deixou o cargo em fevereiro), nem o ministro das Co-municações, Paulo Bernardo, demonstraram empenho em levar o projeto adiante.Pelo contrário. O próprio Paulo Bernardo,

em diversas declarações à imprensa, negou qualquer intenção de viabilizar a proposta deixada por Franklin Martins. Só dias atrás, no início de fevereiro, é que o ministro das Comunicações reconheceu que o setor de radiodifusão carece de um novo marco regulatório, que contemple as inovações tec-nológicas das últimas décadas. As declarações de Bernardo, no entanto,

denotam preocupação primordial apenas em garantir aos atuais grupos espaço no mercado (sobretudo publicitário). Disse Paulo Bernar-do, em entrevista a jornalistas, logo depois da cerimônia de transmissão do cargo de Helena Chagas ao novo titular da Secom, Thomas Traumann: “Acho que o Google está se tor-nando o grande monopólio da mídia. E a gente vê assim uma disputa entre teles e TVs que, provavelmente, se durar mais alguns anos, o Google vai engolir os dois”. Sobre corrigir aberrações como o oligopólio e a falta de canais públicos ou comunitários para dar voz e vez a mais segmentos da socieda-de, Paulo Bernardo não tem se pronunciado.

Hábitos de mídia no Brasil

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6 brasilobserver.co.uk

BRASIL NO UK

Casa Brasil: 25 anos de história em Londres Da Redação

Perto da estação de Queensway do metrô de Londres há um cantinho espe-cialmente brasileiro. Para os “brazucas” que moram a mais tempo na capital britânica, não precisa nem dizer – certa-mente já passaram por lá ou, no mínimo, já ouviram dizer. Para os recém chega-dos, talvez seja questão de tempo. Fato é que qualquer brasileiro com saudades da terrinha tem ali um ambiente propício para se sentir em casa. E o nome do lugar não poderia ser outro: Casa Brasil, que agora em fevereiro comemora seus 25 anos. À frente da loja, onde é possível en-

contrar uma ampla variedade de produtos brasileiros, está Itamara Dall Alba, que chegou a Londres há dez anos e que, por obras do acaso nem sempre tão fá-ceis de digerir, vestiu as cores da Casa Brasil e encarou o desafio: “Criar uma loja é como criar um bebê”, diz ela nes-ta entrevista ao Brasil Observer.Itamara conta também como come-

çou a história da Casa Brasil, em 1989, quando surgiu para ser um divulgador cultural brasileiro; reflete sobre o que levou o empreendimento a completar 25 anos e aproveita para agradecer aos clientes e parceiros que estiveram junto com a Casa durante todo esse processo. Confira a seguir: Como começou a história da Casa Brasil?

Começou em 1989, com o objetivo de importar produtos do Brasil, pois não havia oferta de produtos brasileiros por aqui. Mas acabou se tornando um di-vulgador cultural. Meu falecido marido realizava noites de sarau com literatura brasileira, e também trabalhava com tu-rismo. Há mais ou menos 15 anos houve a mudança para Queensway, então come-çamos a vender produtos brasileiros. Na realidade já vendíamos, mas aqui foi cria-da a primeira loja física.

E como sua história cruzou com a da Casa Brasil?

Cheguei à empresa por acaso. Conhe-ci o dono, me apaixonei, casei com ele e vim para Londres para passar um tempo, pois tinha tirado licença do meu trabalho no Brasil. A ideia era ficar um período aqui e retornar ao Brasil. Mas a coisa não saiu como a gente planejou; meu marido adoeceu e faleceu não muito tempo depois, em 2005.

Então eu decidi tocar a empresa por um tempo, para ver o que acontecia até eu me organizar e depois voltar para o Brasil. Nessa brincadeira já são oito anos à frente da Casa Brasil como diretora. A princí-pio eu decidi tocar a empresa por conta do meu marido, por uma questão emocional, pois criar uma loja é como criar um bebê, e ele que fez a Casa Brasil acontecer nos primeiros 15 anos.

Qual o segredo para a Casa Brasil ter chegado aos 25 anos?

São vários pontos. Um dos fatores são a credibilidade e a confiança que passamos aos clientes pelo fato de estar no mesmo lugar há 15 anos. Ou seja: se você está a 15 anos no mesmo local, você passa a sen-sação de estabilidade, solidez, confiabili-dade. Por isso que o nosso lema é diversi-dade, qualidade e tradição. Não vendemos só o que os distribuidores locais oferecem, mas também importamos.

Outro ponto é não desistir. Quando meu marido faleceu, eu não falava uma palavra de inglês, passei seis meses para resolver meu visto, tinha que sair com um tradu-tor junto comigo para falar com gerente de banco, advogado etc. Foi um período muito difícil, mas foi superado. A gente tem que se adaptar de acordo com a ne-cessidade.

Outro ponto que as pessoas elogiam muito é o fato de a loja ser ampla, lim-

pa, aberta; não é aquela coisa com caixa jogada. Outro diferencial é que a gente faz a distribuição das revistas da Editora Abril para toda a Europa e Japão, isso há quase 20 anos.

Quem são os clientes da Casa Brasil?

A maioria dos clientes é de brasileiros. Mas tem muito russo que procura a linha de cosméticos, portugueses também. E muitos ingleses: hoje nossa clientela de ingleses já está em torno de 25%, 30%. São ingleses casados com brasileiras, que já viajaram para o Brasil ou que se interessam por nos-sa cultura. O que os ingleses mais procu-ram é a linha de produtos para feijoada: feijão, arroz, farinha... Essas coisas. Gua-raná, havaianas, cachaças e açaí também.

O que há de especial para comemorar os 25 anos?

Estamos realizando sorteios durante todo o mês. Já temos 30 prêmios. Toda sexta-feira tem sorteio para as pessoas que deram “like” no Facebook da Casa Brasil, para pessoas que compraram no website e para as pessoas que compraram na nossa loja – basta preencher o formulário e dei-xar seus dados.

Também criamos uma sacola especial de aniversário e estamos dando uma garrafa de vinho pra quem comprar acima de 80 libras na loja, além de desconto de 25% numa série de produtos.

Gostaria de deixar alguma mensagem?

Gostaria de, em nome da Casa Brasil, tornar público meu agradecimento aos clientes que fizeram parte da nossa histó-ria. Estamos aqui porque os clientes são o nosso suporte. Quando administramos um negócio tendo em vista o cliente, vamos para frente. Então temos muito a agrade-cer aos clientes e parceiros que estiveram conosco nesses 25 anos.

Foto: Divulgação

Itamara Dall Alba, diretora da Casa Brasil

Casa Brasil

Queensway Market | Queensway 23 - 25t | W2 4QJ

+44 (0) 20 7792 2931

www.casabrasillondres.co.uk

www.facebook.com/casabrasillondres

Page 7: Brasil Observer #005 Portuguese Version

7brasilobserver.co.uk

Macacão usado na turnê de Aladdin Sane, em 1973 Foto: Divulgação / The David Bowie Archive

Exposição de David Bowie estreia em São Paulo Brasil é o primeiro país da América Latina a re-ceber a mostra organizada pelo V&A Museum de Londres, em mais uma parceria que demonstra que os tempos são promissores para trocas criativas e artísticas entre os dois países. Da Redação

Conhecido como “camaleão do rock” e consolidado como uma das expressões artísticas mais fortes do Reino Unido, o músico inglês David Bowie ganhou recentemente sua primeira exposição in-ternacional. Desde o dia 31 de janeiro, até 20 de abril, o Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, exibe mais de 300 itens relacionados ao ar-tista, que chegam ao Brasil depois de uma temporada de muito sucesso no Victoria & Albert Museum de Londres. A curadoria é de Victoria Broackes e Geoffrey Marsh.O V&A, um dos mais importantes

museus do mundo na área de design, teve acesso sem precedentes ao The David Bowie Archive para criar esta exposição. Além de set lists, letras de músicas, manuscritos, instrumentos e desenhos, a mostra brasileira inclui 47 figurinos, trechos de filmes e shows ao vivo, videoclipes e fotografias. Organizada tematicamente, leva os vi-

sitantes a uma viagem por meio de inúmeros personagens de Bowie e per-formances lendárias, destacando suas in-fluências artísticas e suas experiências com o surrealismo, o expressionismo alemão, a mímica e o teatro Kabuki. Entre os figurinos que compõem o

inventário da mostra, estão peças do álbum Aladdin Sane, como o maca-cão assimétrico feito de vinil (Tokyo Pop) assinado por Kansai Yamamoto e a bota plataforma vermelha, ambos usados na turnê do álbum em 1973; o terno azul claro usado na gravação do curta feito para Life on Mars? e o con-junto de calça e jaqueta multicoloridos, de Freddie Burretti, feito para a turnê Ziggy Stardust. A produção fotográfica também traz

interessante material, como a foto pro-mocional feita para a banda The Kon--rads, quando Bowie tinha apenas 16 anos; uma colagem feita por Bowie a partir de stills do vídeo de The Man Who Fell to Earth; e outra imagem dele com o escritor William Burroughs, fo-

tografados por Terry O’Neill, e colorida manualmente pelo cantor. A exposição coloca os visitantes den-

tro do processo criativo de Bowie e mostra como sua obra influenciou diver-sos movimentos artísticos. Ela apresenta o artista como um astuto observador da nossa sociedade, que sempre fez inter-venções significativas na cultura, dei-xando um poderoso legado.

DIPLOMACIA Durante a pré-abertura para a imprensa da exposição “David Bowie is”, o Em-baixador do Reino Unido, Alex Ellis, começou sua fala dizendo que Bowie é “internacional, global e essencialmente britânico”. Para Beatriz Correa, estudan-te de Relações Públicas da USP, as pa-lavras do embaixador a fizeram refletir sobre como Bowie traduz perfeitamente as razões que fazem do Reino Unido, e da cultura britânica como um todo, um agente de apelo mundial.“Bowie é uma ferramenta do soft po-

wer britânico e um porta-voz da mú-sica, cultura, criatividade e inovação únicas do país. Essas são áreas em que o Reino Unido se destaca e possui expertise para trocar experiências com o Brasil”, escreveu Beatriz em artigo para o blog Speaker’s Corner, da Embaixada Britânica no Brasil.“O famoso raio pintado na face de

Bowie, na capa do álbum Aladdin Sane, é um símbolo que tem força e alcance similares à bandeira britânica. O can-tor reflete o Reino Unido no sentido em que ambos possuem uma imagem muito forte e característica, mas difícil de definir. Excentricidade e quebra de valores são questões sempre associadas à Bowie, ao mesmo tempo em que a tolerância com relação ao ‘diferente’ é um ponto sempre exaltado com relação à Grã Bretanha. A natureza multicultu-ral de Bowie fala direto com um Reino Unido que vive a diversidade em seu dia a dia”, concluiu Beatriz.

UK NO BRASIL

Foto: Divulgação

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8 brasilobserver.co.uk

PERFIL

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Um trabalho desafiante, que envolve a realização de muitos sonhos de brasileiros que vêm a Londres para se aprimorar e, de quebra, entender a ousadia que sai das passarelas para as ruas da capital britânica.Entrevista e Foto: Rômulo Seitenfus

Lúcia Fukuthi organiza cursos para ca-beleireiros, maquiadores e profissionais de moda e beleza, em Londres. Sua empresa, a LF Cursos - em parce-ria com academias de moda e bele-za, entre eles: Toni&Guy, Vidal Sas-soon, Saco Hair, London College of Fashion e Make Up Atelier – mostra profissionais renomados, que compõem os looks apresentados nos desfiles do London Fashion Week, a semana de moda da Europa. Fukuthi fala sobre os desafios e pra-zeres ao realizar sonhos de brasileiros na terra da rainha, explica a política de ingresso nas academias de moda e beleza onde trabalha, e salienta o estilo ousado dos europeus como reflexo da cultura moderna e evoluída.

Como foi largar a carreira de profes-sora no Brasil, há 14 anos, e abrir uma empresa voltada à educação e ensino no exterior?

Cheguei em Londres no final do ano 2000. Em São Paulo,trabalhava em uma escola, na Lapa, que se chamava Colégio Marcel Proust, por dez anos, e enquanto estava lá decidi abrir uma escola de cursos livres, loca-lizada ao lado do colégio. Ali dávamos aulas de inglês e espanhol utilizando um moderno laboratório de línguas, aulas de atendimento ao cliente com inserção dos alunos no mercado de trabalho, e reforço escolar para os alunos do Marcel Proust. Em 2000, o meu esposo faleceu. Vendi a escola e decidi vir com a minha filha para Londres; eu já havia vindo a passeio e tinha duas amigas de faculdade que já estavam estabelecidas aqui. Na verdade, tentei fugir das lembranças e desejei que o tempo passasse bem depressa.

Quais são os maiores desafios ao or-ganizar cursos e receber brasileiros em Londres? E qual é o maior prazer nesse contexto?

Acho que o maior desafio não está na organização dos cursos, e sim nas dife-renças culturais, a começar pelo paga-mento. No Brasil existe um processo de parcelamento, compra-se com o cartão de crédito e paga-se a prazo. Isso não existe em Londres e dificulta o meu tra-balho, uma vez que os cursos, hotéis e

outros serviços são pagos à vista. O que tento fazer é aconselhar a pessoa que re-almente quer vir fazer um curso comigo, a programar-se. A política da minha em-presa é pagar a prazo sim, mas quitan-do até um mês antes do início do curso; sem pendência. Sinto um prazer enorme quando as pessoas conseguem planejar--se e chegam aqui; isso exige disciplina e força de vontade.

Quais são os requisitos para estudar no Toni&Guy, Vidal Sassoon, Saco Hair, London College of Fashion ou Make Up Atelier?

Geralmente no Toni&Guy, Sassoon Aca-demy, Saco Hair, Andrew Jose - para fa-zer um curso de curta duração - o pro-fissional deve ter no mínimo três anos de experiência. Já a London College of Fashion que faz parte da University of the Arts London, apresenta cursos curtos para iniciantes, assim como para profis-sionais. Inclusive, a LFC oferece cursos gratuitos em maquiagem e beleza para jovens iniciantes com residência perma-nente, ou que façam parte da comunida-de europeia. Possuímos mais de 200 cur-sos que vão desde joalheria, fotografia, moda, beleza e maquiagem, até cursos para fazer sapatos.

Qual é o público que escolhe estudar em uma das academias de Londres?

São profissionais já formados que que-rem aprender novas técnicas, ou aque-les que almejam fazer uma reciclagem. Como em qualquer profissão, profissio-nais que buscam aprimoramento no ex-terior destacam-se no mercado de traba-lho, ganham prestígio e reconhecimento, além de apresentar novidades interna-cionais para seus clientes, levam tam-bém a experiência de ter vivenciado uma cultura diferente que muito influencia no oferecimento de seus serviços. A nossa empresa oferece tradutores na maioria dos cursos, portanto não falar inglês não é uma barreira.

Quais as diferenças no ensino e no mercado de trabalho na moda e na es-tética, entre a Inglaterra e o Brasil?

O Brasil é o terceiro maior consu-midor de produtos de beleza do mundo,

ficando atrás apenas dos Estados unidos e Japão. O País é também referência na área da estética e cirurgia plástica, em-bora a moda brasileira ainda se inspire nos lançamentos europeus. No Brasil há faculdades que oferecem cursos superio-res de tecnologia nas áreas de estética e cosmética, algumas com ênfase em ma-quiagem profissional. O visagismo tam-bém é altamente valorizado e muitos pro-fissionais qualificados estão fazendo seus nomes com o uso da psicologia aliada a esse tema. Já aqui na Inglaterra estamos tão acostumados a ver tantas pessoas ou-sadas que isso não é novidade. Os brasi-leiros não são tão ousados quanto aqui na Europa. O que mais escuto dos brasi-leiros quando vêm para Londres estudar em uma das academias que mencionei é “se eu fizer um corte ou uma coloração como essa no cabelo de uma de minhas clientes ela me mata”... Mas no decor-rer do curso eles percebem que podem adaptar as técnicas europeias, podendo mudar progressivamente o pensamento de suas clientes.No ensino na Inglaterra são abordadas as coleções que as academias lançam todos os anos, começando no London Fashion Week que acontece duas vezes por ano e finalizando no Salão Internacional. As academias que trabalho são responsá-veis por abrilhantar esses eventos e, por essa razão, esses profissionais educado-res possuem o conhecimento necessário para transmitirem a moda corrente.O mercado de trabalho é vasto já que, como não há tanto conservadorismo, as pessoas tendem a experimentar o novo.

Qual foi a situação que mais lhe mar-cou ao realizar sonhos de brasileiros na terra da rainha?

Uma profissional veio estudar na Acade-mia Toni&Guy e no último dia do cur-so, durante um corte de cabelo com a modelo ainda na cadeira, ela começou a chorar. Então o professor perguntou à intérprete o que havia acontecido e se es-tava bem. A aluna respondeu que estava emocionada por ter tido a oportunidade de estar lá e que aquilo era um sonho que havia se tornado realidade. Eu olhei para o professor e percebi que ele tam-bém se emocionou e saiu para tomar um copo de água, disfarçando os olhos cheios de lágrimas.

Lúcia Fukuthi: A dama da beleza

ID

O momento mais marcante da sua vida:O nascimento da minha filha.Um medo:De altura.Seu maior defeito:É achar que não os tenho.Sua maior qualidade:Generosidade.Uma grande extravagância:Tomei escondido três sorvetes Magno com castanhas (risos).Algo que adora:Comida mineira.Algo que detesta:Pessoas ansiosas, que falam alto e se mos-tram apressadas.Ocupação favorita:Fazer o meu trabalho bem feito.Um momento inesquecível:A primeira vez que vi o pai da minha filha.Quem escolheria para abraçar:O meu clínico geral.Um produto cultural surpreendente:O filme Canadense Incendies, do diretor De-nis Villeneuve... realmente surpreendente!O lugar mais maravilhoso que seus olhos já viram:Florença, Itália.Um lugar que quer conhecer:Japão.Uma personalidade:O ex-jogador de futebol alemão Ballack.Um livro:Zorba, o Grego.Uma música:How Can I go on, com Freddie Mercury e Montserrat Caballe.Um restaurante:Terraço Italia, em São Paulo.O que deseja hoje?Relaxar.O que a atrai em alguém interessante:A delicadeza e a consideração formam um conjunto interessante.Qual é o defeito mais fácil de perdoar?Quando as pessoas erram tentando acertar.Se sua vida fosse uma música, qual seria?Are you lonesome tonight? (laughing version) - Elvis Presley. Essa vale a pena ouvir...

Para conferir o trabalho de Lúcia Fukuthi, acesse www.lfcursos.com

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CAPA

Entidades de proteção aos direitos das cri-anças e adolescentes lançaram no início do mês a campanha ‘It’s a Penalty’, com o objetivo de combater a exploração sexual de menores de idade durante a Copa do Mundo

Da Redação

Dados do Mapa da Violência no Brasil, elaborado pelo Centro Brasi-leiro de Estudos Latino-Americanos, apontam que, em 2011, um total de 10.425 crianças e adolescentes foram vítimas de violência sexual no país. A grande maioria, de acordo com o mesmo estudo, é do sexo feminino: 83,2%. Ao todo, naquele ano, foram 16,4 atendimentos para cada 100 mil crianças e adolescentes. A maior in-cidência de atendimentos registrou-se na faixa de 10 a 14 anos, com uma taxa de 23,8 notificações para cada 100 mil adolescentes.Ainda mais alarmantes são os nú-

meros do Fórum Nacional de Preven-ção e Erradicação do Trabalho In-fantil, uma rede de organizações não governamentais cujos estudos indicam que o número de trabalhadores infan-tis na indústria do sexo estacionou em 500 mil em 2012 – o número aponta um largo crescimento desde 2001, quando 100 mil crianças tra-balhavam na indústria do sexo, de acordo com iniciativas da Unicef, li-gada à ONU. Tal realidade fez com que entidades

que atuam em defesa dos direitos das crianças juntassem forças com figuras importantes do mundo do futebol e lançassem, no início do mês, a cam-panha “It’s a Penalty” (“É Crime, em tradução livre), cujo objetivo é proteger crianças e adolescentes da exploração e abuso sexual durante a Copa do Mundo deste ano, que acon-tece nos meses de junho e julho.Lançada pelas organizações não

governamentais Happy Child Inter-national, Jubilee Campaign e A21 Campaign, a iniciativa conta com o suporte do técnico da Seleção da In-glaterra, Roy Hodgson, e de joga-dores como Frank Lampard, David Luiz e Ramires, além do aval dos governos brasileiro e britânico, assim como a participação da Metropolitan Police Service e da Polícia Federal do Brasil. A campanha conta com um vídeo

que será transmitido nos vôos da Bri-tish Airways para o Brasil durante a Copa do Mundo, destacando a ques-tão de exploração sexual de menores. Espera-se que, por meio da Associa-ção de Futebol da Inglaterra (Football Association), os 5 mil torcedores in-gleses que vão viajar para o Mundial sejam alertados sobre a campanha.“Tendo trabalhado com meninos de

rua no Brasil desde 1991, estou muito agradecida por todo o apoio que con-seguimos levantar para esta importan-te campanha. Se nos unirmos contra este crime horrível, centenas de vidas

de crianças serão salvas desse efei-to catastrófico da exploração sexual”, afirmou, em nota, Sarah de Carvalho, CEO da Happy Child International.Há mais de 20 anos no Brasil,

a Happy Child International começou sua atuação com uma pequena casa em Belo Horizonte, e hoje conta 14 centros de emergência para crianças de rua e sob risco pelo país e tam-bém em Angola, na África. Desde sua fundação, a entidade já ajudou mais de dez mil crianças brasileiras a se reabilitarem e voltarem para suas famílias, comunidades e sociedade.

O RISCO DA COPA No ano passado, o Comando de Ex-ploração das Crianças e de Proteção Online (CEOP) da Agência Nacional de Crimes do Reino Unido já havia alertado, em seu relatório anual, que o fluxo elevado de turistas durante a Copa do Mundo poderia aumentar o mercado de prostituição infantil no Brasil. De acordo com Embratur, 600 mil turistas estrangeiros devem ir ao Brasil durante o evento.“A maioria dos torcedores que via-

jará ao Brasil durante as finais da Copa do Mundo ficaria horrorizado com o pensamento de causar mal a crianças brasileiras. No entanto, nós sabemos que há riscos significativos para as crianças antes, durante e de-pois desses eventos esportivos de grande magnitude e algumas pessoas explorarão as crianças por dinhei-ro”, disse Johnny Gwynne, diretor do CEOP.“Crianças brasileiras são submeti-

das a abusos no mercado de pros-tituição e talvez mudem a aparência para parecer mais velhas. Não ache que porque elas se aproximam de você isso significa que elas estão consentindo com a relação sexual e você não será responsável criminal-mente. Elas são crianças, e elas são ameaçadas e intimidadas por pessoas inescrupulosas que querem ganhar di-nheiro com isso”, alertou Gwyne aos turistas britânicos.“A lei não vai se importar se você

não sabia que a pessoa com quem você praticou sexo é menor de idade. Você corre risco de ser detido e preso no Brasil ou em seu retorno ao Reino Unido. Se você estiver em dúvida, não vá em frente”, acrescentou. O mesmo alerta foi feito por pes-

quisadores em 2012, após a divul-gação em Paris de um estudo que mapeia a relação entre o turismo de lazer e a exploração sexual de meno-res no Brasil. O pesquisador Miguel Fontes, que

B R A S I L E R E I N O U N I D O U N E M F O R Ç A S C O N T R A A P R O S T I T U I Ç Ã O I N F A N T I L

Prostituição infantil é mais comum na região Nordeste do Brasil, em áreas periféricas das grandes cidades onde o consumo de drogas é

feito quase que livremente

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B R A S I L E R E I N O U N I D O U N E M F O R Ç A S C O N T R A A P R O S T I T U I Ç Ã O I N F A N T I L

além de atuar na área de pesquisas estratégicas do Sesi (Serviço Social da Indústria) também está ligado à Universidade John Hopkins, analisou na ocasião a relação existente entre o número de entradas de turistas estran-geiros em São Paulo e na Bahia de 2008 a 2010 e o total de denúncias de exploração sexual infantil nesses dois Estados no período.“Na Bahia, onde o turismo é de

lazer, os resultados demonstram que para cada 372 turistas internacionais, houve o aumento de uma denúncia de exploração sexual de crianças. Em São Paulo, onde o turismo de negó-cios é maior, somente com o aumento de 2,5 mil turistas se detecta o au-mento de uma denúncia de explora-ção sexual infantil”, disse Fontes em entrevista para a BBC Brasil.“A exploração sexual de crianças e

adolescentes está ligada às atividades turísticas de lazer. Por isso, podemos projetar que a realização de grandes eventos esportivos mundiais, ao pro-mover um aumento do fluxo de pes-soas (para o Brasil), pode ampliar o número de casos desse tipo”, concluiu o consultor.Segundo Fontes, as crianças explo-

radas sexualmente no Brasil têm por volta de 11 anos em média. As meni-nas representam quatro de cada cinco casos. E a região nordeste concentra 37% das denúncias.

NA MÍDIA No começo deste mês, a SKY News transmitiu uma reportagem de aproximadamente cinco minutos na qual mostra que adolescentes de 12 anos estão se vendendo por sexo por até três reais em Recife, uma das cidades-sede da Copa do Mun-do no Brasil. A matéria mostra como os casos de

prostituição infantil são mais recor-rentes em áreas periféricas da cidade, onde não há qualquer tipo de assis-tência a mães que são viciadas em crack e que, para conseguir dinheiro para comprar a droga, vendem suas próprias filhas. Há também o uso de cola por parte das adolescentes. A Secretaria de Direitos Humanos

da Presidência da República designou R$ 8 milhões para que as cidades--sede da Copa do Mundo desenvol-vam projetos de combate à prostitui-ção infantil. Um valor bastante baixo se comparado com os mais de R$ 30 bilhões em estádios, transporte e outros projetos de infra-estrutura para a realização do torneio conforme as exigências da Fifa.

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Prostituição infantil é mais comum na região Nordeste do Brasil, em áreas periféricas das grandes cidades onde o consumo de drogas é

feito quase que livremente

itsapenalty.com

facebook.com/itsapenaltycampaign

happychild.org

jubileecampaign.co.uk

thea21campaign.org

nationalcrimeagency.gov.uk

Foto: Divulgação

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12 brasilobserver.co.uk

HISTÓRIA

Belo Horizonte foi uma das primeiras cidades planejadas do Brasil. A cidade foi construída para substituir a capital Ouro Preto, ideia que surgiu ainda na época da Inconfidência Mineira, no sé-culo XVIII, e que só foi consolidada após a Proclamação da República em 1889. Naquela época, BH era apenas a vila

de Curral Del Rei, depois foi nomeada como Cidade de Minas, sendo oficial-mente inaugurada no ano de 1897. Em 1906, o nome foi alterado para o atual.O projeto da cidade não previa um

crescimento tão rápido como aconteceu, fazendo com que os bairros fossem ex-pandidos, entre eles um dos símbolos da cidade, a Pampulha, com projeções do arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer.

FUTEBOL

Assim como o resto do país, os mi-neiros são apaixonados por futebol e o belo-horizontino geralmente se divide entre dois times de muita tradição no Brasil e na América do Sul, o Clube Atlético Mineiro e o Cruzeiro Espor-

Capital mineira receberá seis partidas no Mundial; ingleses e argen-tinos jogam na cidade na primeira fase do torneio

Belo Horizonte, uai!

Capital do Estado que é conhecido pelo jeito mineirinho de ser, Belo Ho-rizonte (BH para os íntimos) não ficou para trás e foi escolhida como uma das cidades-sede para a Copa do Mundo 2014. E mais: a cidade vai receber seis partidas, entre elas uma semifinal, sediando o mesmo tanto de jogos do que São Paulo e Salvador, e mais jogos do que Recife ou Natal, grandes centros turísticos do país. Reconhecimento merecido, já que en-

tre os critérios usados pela Fifa para a escolha das cidades estão, além dos projetos entregues pelas mesmas, opções de hotéis e lazer e segurança públi-ca. Sendo assim, a sexta maior cidade brasileira e seus quase 2,5 milhões de habitantes não poderiam ficar de fora.Belo Horizonte é ainda o quinto mu-

nicípio mais rico do país, com 1,37% do PIB nacional, ficando atrás de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Curiti-ba, segundo dados de 2010 do Institu-to Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A capital foi ainda indicada pelo Population Crisis Committee, da ONU, como a cidade com melhor qua-lidade de vida da América Latina.

BELO HORIZONTE – MINAS GERAIS Região: Sudeste

População: 2,479,175 habitantes

Área: 330,95 km²

Clima: Tropical com estação seca, média anual

de 21ºC

Vegetação: Mata Atlântica e Cerrado

Altitude: 884.1 metros

ESTÁDIO MINEIRÃOValor investido: R$ 677 milhões

Capacidade: 62 mil pessoas

Dimensões do campo: 105 x 68 metros

LINKS ÚTEIS belohorizonte.mg.gov.br/copa2014

visitbrasil.com

http://pt.fifa.com

COPA 2014

C O PA 2 0 1 4

Por Nathália Braga

Agora, sediando partidas da Copa do Mundo 2014, a expectativa é de que a cidade se desenvolva cada vez mais. “Ao sediar a Copa-2014, o PIB da microrregião de Belo Horizonte cres-ce aproximadamente 1,1% acima do que ocorreria sem os investimentos da Copa-2014, na fase de obras”, diz um estudo feito pelo Centro de Desenvol-vimento e Planejamento Regional, da Faculdade de Economia da Universidade Federal de Minas Gerais. A grande aposta é no setor de turis-

mo. Cerca de 600 mil turistas são espe-rados em BH, que irá receber seleções de alto escalão, como a Inglaterra e a Argentina (leia mais sobre o turismo na região nas páginas 20 e 21).

Fotos: Portal da Copa

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te Clube, conhecidos pela torcida como galo e raposa, respectivamente – sendo a segunda equipe a responsável por revelar o craque Ronaldo “Fenômeno”. O estádio do Mineirão, que já foi

palco de grandes disputas entre os dois times, além de outras equipes nacionais, recebeu no ano de 2013 três partidas da Copa das Confederações. Após uma reforma que custou mais de R$ 677 milhões, de acordo com informações ofi-ciais, o estádio obteve capacidade para 62 mil torcedores. Colômbia e Grécia inauguram os gra-

mados durante a Copa na primeira fase da competição, no dia 14 de junho. Depois, ainda no mesmo mês, é a vez de Bélgica e Argélia jogarem no dia 17, seguidos pelos “hermanos” da Argenti-na, que disputam partida contra o Irã. Fechando a primeira fase, o Mineirão recebe ainda Costa Rica e Inglaterra, no dia 24. Os mineiros irão ter ainda uma disputa pelas oitavas de final, no dia 28 de junho, e o último jogo será uma semifinal que acontecerá na terça, 8 de julho.

MÁ RECORDAÇÃO

Na Copa do Mundo de 1950, também no Brasil, a seleção inglesa jogou na mesma cidade de Belo Horizonte um dos jogos mais emblemáticos da história da competição. Foi contra os Estados Unidos, adversário considerado muito inferior à Inglaterra naquela ocasião. O resultado foi surpreendente: 1 a 0 para os americanos. Contra a Costa Rica, em junho, a Inglaterra entrará em campo com amplo favoritismo. Qual será que vai ser o resultado desta vez?

POSITIVO: TRANSPARÊNCIACapital da transparência. É assim que Belo Horizonte pode ser chamada após ser apon-tada pelo Instituto Ethos, em dezembro do ano passado, como uma das três cidades--sede da Copa do Mundo de 2014 que tem um nível de transparência em seus projetos e ações acima da média. Porto Alegre e Bra-sília também se destacaram.

O apontamento avalia diferentes aspectos dos portais de acesso à informação, criados pelas diversas instâncias governamentais, que fornecem dados dos investimentos públi-cos para a realização da Copa. Critérios de disponibilidade de informação e informação popular são avaliados e recebem uma nota. A partir daí são elaborados os indicadores de transparência.

Em 2012, o instituto havia divulgado o mesmo estudo em que a capital tinha 49,86 pontos. Já em dezembro de 2013, os mineiros avançaram 20 pontos, ficando com 70,33.

A Prefeitura de BH lançou o portal Trans-parência Copa 2014 em março de 2012. “A Copa é um dos assuntos de grande interesse da população, por isso decidimos criar um canal específico sobre a preparação da cida-de. Alcançamos o nível de alta transparên-cia graças ao processo contínuo de aprimo-ramento da informação”, afirmou Cristiana Fortini, controladora geral do município.

A Controladoria Geral do Município e a Secretaria Especial de Prevenção da Cor-rupção e Informações Estratégicas traba-lham juntas para cumprirem com a respon-sabilidade de divulgar periodicamente os dados sobre os projetos da Copa do Mundo.

NEGATIVO: BRIGA ENTRE TORCEDORES Durante a Copa das Confederações, o trans-porte até o estádio foi o item que apresentou menor avaliação positiva por parte dos estran-geiros que visitaram o país. De acordo com o Ministério do Turismo, em uma análise parcial dos dados na época, 61,5% dos estrangeiros entrevistados avaliaram positivamente o trans-porte, enquanto o processo de compra dos in-gressos obteve 69% de avaliação positiva e a sinalização do estádio, 78,8%. A pesquisa foi feita em junho de 2013.

Já em janeiro deste ano, durante o Tour de Inspeção de Estádios, realizado pela Fifa e Co-mitê Organizador Local (COL), o Mineirão foi elogiado, mas o transporte foi motivo de preo-cupação dos organizadores. Um dos represen-tantes do comitê, o gerente geral de Integração Operacional, Tiago Paes, chegou a afirmar à imprensa que seria preciso ter algumas mu-danças. Segundo ele, a Copa do Mundo trata--se de um evento mais complexo, sendo que em termos operacionais o transporte precisa “ser um pouco ajustado, algumas variações de um evento para o outro”. Linhas especiais devem ser criadas para os dias de jogo.

Também em janeiro deste ano, o Centro da cidade recebeu protestos por mudanças no transporte público. Os manifestantes pediram redução do preço do transporte coletivo, tarifa zero e investigação dos custos do serviço. Al-guns também manifestaram contra a Copa do Mundo, reclamações que vem se repetindo em várias cidades.

Ainda no caso do transporte, a Prefeitura de Belo Horizonte afirmou que, diferentemente do esquema adotado durante a Copa das Con-federações, a cidade não terá ônibus gratuito para torcedores que apresentarem ingresso para assistirem aos jogos. A justificativa é de que os torcedores têm condições financeiras de arcarem com mais esse custo para ver um jogo do Mundial. Os preços das tarifas ainda não foram definidos.

BELO HORIZONTE – MINAS GERAIS Região: Sudeste

População: 2,479,175 habitantes

Área: 330,95 km²

Clima: Tropical com estação seca, média anual

de 21ºC

Vegetação: Mata Atlântica e Cerrado

Altitude: 884.1 metros

ESTÁDIO MINEIRÃOValor investido: R$ 677 milhões

Capacidade: 62 mil pessoas

Dimensões do campo: 105 x 68 metros

LINKS ÚTEIS belohorizonte.mg.gov.br/copa2014

visitbrasil.com

http://pt.fifa.com

C O PA 2 0 1 4

Fotos: Portal da Copa

Estádio do Mineirão foi totalmente reformado por dentro e ganhou uma co-bertura, mas a marquise

foi mantida

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CONECTANDO

No fim de janeiro a novela “Amor à vida”, da TV Globo, terminou com um desfecho em-blemático: o primeiro beijo entre homens gays em uma novela da emissora e uma declaração de afeto entre pai e filho - este último, chamado Félix (protago-nizado por Mateus Solano), um homossexual rejeitado pelo pai durante toda a trama. As duas cenas retrataram a redenção de um personagem que, apesar de sua homossexualidade, se ade-quou direitinho à sociedade e até conseguiu ser feliz. E acre-ditem: o mundo não acabou!Bom, eu não sou noveleiro

faz muito tempo, mas quando era torcia por personagens “tipo Nazaré Tedesco”, mais próximos da caricatura humana, o que me soa mais interessante como crí-tica social. Afinal, a loucura é muito mais verdadeira do que a regra velha e chata de “o bem vence o mal”. No entanto, como era de se imaginar, pude acompanhar as dores e logros de Félix através das redes so-ciais, e como muita gente fiquei atento às manifestações de ódio e amor.O rancor veio daqueles que

não conseguem aceitar que o mundo não funciona exatamente como eles querem, assim como dos defensores de uma hétero-normatividade compulsória: con-troladora de corpos e afetos e promotora da felicidade exclu-dente, típica dos donos da ar-rogância e da prepotência que desejam mandar em todos. Outros usaram do discurso

religioso, cheio de preconceito, nojo e medo dignos da “cara de pau” humana em expor seus sentimentos mais sórdidos e vis usando o nome de Deus. E pior: ainda há aqueles que, sem saber

do que estão falando, arrotam violência e ignorância alegando que cenas assim destroem as fa-mílias e educam para a liber-tinagem. Daí eu me pergunto: você quer que a TV eduque seus filhos? Motorista, pára na próxima que eu quero descer…Por outro lado, houve muita

felicidade, choro e festejo. Em todos os rincões do país, e inclu-sive no exterior, milhões de pes-soas comemoram o beijo tímido de Félix e Nico. Muitas famílias se viram representadas naquela cena. Estavam ali irmãos, ami-gos, conhecidos e nós mesmos. Outros tantos se emocionaram com a piedade do pai homo-fóbico e a redenção do filho que, agora do bem, cuidava do progenitor doente. OK, ok, ok! Já sabemos que há muitos casos assim, quando só se reconhece o afeto quando um precisa do outro, que aquela cena messiâ-nica fez com que pais e mães revissem suas posturas. Eu mes-mo recebi uma linda e singela mensagem de um irmão. Mas não dá para dizer que os meios de comunicação são transgresso-res da ordem, que são de van-guarda. A TV Globo só vendeu mais um de seus produtos – e muito bem, diga-se.No começo do mês, o jornal

Folha de São Paulo, em repor-tagem sobre a violência homo-fóbica na cidade, dá dicas para que LGBTs (gays, lésbicas, bis-sexuais, travestis e transexuais) se protejam de possíveis agres-sores. Poderia até ser interes-sante, se a lógica não tivesse sido invertida. Em vez de forne-cem os contatos para denúncias e proteção do Estado, o jornal orienta as pessoas a não aparen-tarem ser homossexuais. Afinal, você até pode ser gay, mas bi-

cha já é demais. Se você for comportadinho, for higienizado, tudo bem. Caso contrário, você vai apanhar sim, e a culpa é toda sua. Você pode até dar um beijinho de bom dia no seu boy, mas romper com os códigos heterossexuais de convivência? Nem morta, santa!Eu sou daqueles que valoriza

a pinta, seja ela do “bofe”, da “perua”, da “bee”, da “sapa”... Cada um com sua forma de expressar, desde que isso não gere opressão, violência e pre-conceito. A riqueza da “bichice” está

em transgredir com o rótu-lo, com o lugar comum, com o modelo binário. Essa é uma valorosa contribuição da cultura gay para o mundo. E não me venham com o discurso de que há hora para tudo. Pode até ser, mas eu topo um acordo desde que mulheres, negros, LGBTs, pobres e todos os outros grupos discriminados estejam em pé de igualdade quando da construção das regras sociais. Senão, estou fora.Félix e Nico são apenas perso-

nagens do folhetim; 20 milhões de LBGTs são seres de carne e osso que sofrem cotidianamente com o preconceito, a discrimi-nação e a violência homofóbica. A vida da gente não é novela. O Brasil precisa de um conjunto de políticas públicas contunden-tes e eficazes, a nível nacional, estadual e municipal, no com-bate a “trans-lesbo-homofobia”, além da promoção da cidadania de LGBTs. Um passarinho me contou que estão esperando as eleições passarem... Por acaso LGBT não vota?

Cada um com sua forma de expressar, desde que isso não gere opressão, violência e pre-conceito.

ENTRE BEIJOS E PINTAS

COMO PARTICIPAR?Conectando é um projeto desenvol-vido pelo Brasil Observer que visa colocar em prática o conceito de comunicação ‘glocal’, ou seja, uma história local pode se tornar global, ser ouvida e lida em diferentes par-tes do mundo. Mande sua história para nós! Saiba como participar entrando em contato pelo [email protected].

Por Caio Varela

Cena de “Amor à Vida” levou a reações diversas, mas a vida de 20 milhões de LGBTs não é novela

Foto: Reprodução

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Brasil Observer

GUIDE

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Do o orhc

clube

uk

CLUBE DO CHORO UK IS BACK IN 2014 FOR A NEW SEASON OF MUSIC, DANCE AND HAPPINESS!!! LEAVE LONDON AT THE DOOR

AND ENTER LAPA FOR THE EVENING!TOCA DE TATU WILL BE PERFORMING ON

MARCH 8th! FULL DETAILS ON OUR WEBSITE, WWW.CLUBEDOCHORO.CO.UK !!

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GISMONTI: A MODERN VIRTUOUS Brazilian multi-instrumentalist Egberto Gismonti is back in London for a sell-out one night concert at the Barbican. We found out more about his rare talent and unique sound>> Read more on pages 16 and 17

Multi-instrumentista brasileiro Egberto Gismonti está de volta a Londres para apresentação de uma noite no Barbican >> Leia mais nas páginas 16 e 17

Page 16: Brasil Observer #005 Portuguese Version

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Gismonti the music man returns to London

A year and a half after impressing audiences and critical acclaim for his appearance at the London Jazz Festival in 2012, the multi-instrumentalist Eg-berto Gismonti, is back in the British capital, one of the cities where his music is most recognised and admired. The gig will take place on Thursday, the 27 February at the Barbican.“There is simply no one out there remotely like

Gismonti. He plays with intensity, holding the audience in rapt attention and hardly daring to breathe until the applause at the end of each piece. The music simply flows, engrossing and entrancing”, according to the website London Jazz News.Gismonti enjoys international prestige as he has

always made his own path with an individual sound throughout his career. With a sound considered “not commercial” by Brazilian labels in the late 1960s and early ‘70s, Gismonti found more than a refuge in Europe but also an experimental environment that enabled him to emerge then mature and garner admir-ers wherever he played.Born in Rio de Janeiro in 1947 to a family of musi-

cians, he began studying piano as a boy, aged just six. Not long after he began to master many other instru-ments including guitar, flute and clarinet, there was no limit for the apprentice, later on his travels around the

world he discovered and perfected the use of synthesiz-ers, which were still scarce in Brazil at the time.The appreciation from the wider public came in 1968

with the song “O Sonho” (The Dream), presented at a TV Globo Festival. His first album, recorded in France, came a year later, however, the album did not have classic French ingredients, for it showcased the great influence of the Bossa Nova sound that had conquered the world ten years earlier.With a rare talent on piano and guitar (right from

six to ten strings), Egberto Gismonti solidified his career in instrumental music. Drawing upon the influ-ences of Brazilian rhythms, interpreted in his own way, with the help of legendary composers including, the master Heitor Villa- Lobos, Gismonti enjoyed success for their work on the “Trem Caipira” album in 1985. It is also well worth a mention that Villa- Lobos, will be celebrated in a day of concerts, lectures and film screenings, also at the Barbican, on 8 March.Experimentation with collaborators has always been

a huge part of Gismonti’s music, he played alongside other legends including Hermeto Pascoal, with whom recorded an album in 1983, and the respected percus-sionist from Pernambuco, Nana Vasconcelos, whom he workeded with extensively at various stages of his life.Egberto Gismonti has deservedly become known as

the most popular alternative musician to come out of Brazil with his ability to express the rhythmic diversity that exists within and outside the country, and through-out Brazilian history.For all this and more, Gismonti can be considered a

genius, that’s why he wowed audiences in London in 2012 and why the concert later in February is great opportunity to enjoy and understand an irrepressible Brazilian Master of Sound.

Those lucky enough to attend the concert, will also have the opportunity to enjoy the music another multi-instrumentalist: Ralph Towner. The organiser’s choice to have Towner perform on

the same night as Egberto Gismonti is a great one as both share a common love for experimentation. Just as Gismonti unites classic rhythms from Brazil with other popular sounds, the American mixes jazz with folk music of the United States. The concert will be a great way to experience rare musical talent and vision so is the top choice for discernable Londoners.

WITH SPECIAL GUESTS

By Antônio Veiga

photos: Divulgation

Egberto Gismonti

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O erudito mais popular do Brasil está de volta

Um ano e meio após ser aclamado pelo público e elogiado pela crítica em sua apresentação no Lon-don Jazz Festival 2012, o multi-instrumentista carioca Egberto Gismonti volta para se apresentar na capital britânica, uma das cidades onde sua música e virtu-osidade são mais reconhecidas e admiradas. O show do brasileiro está marcado para quinta-feira, dia 27, às 19h30, no Barbican Hall.“Não há ninguém por aí parecido com Gismonti. Ele

toca com intensidade, prende o público, que mal ousa respirar até os aplausos no final de cada peça”, descre-ve o London Jazz News, que complementa: “A música simplesmente flui, cativante e fascinante”. Egberto goza de tanto prestígio internacional por con-

ta do caminho que trilhou em sua longa carreira. Com um som considerado “pouco comercial” pelas gravado-ras brasileiras, no final dos anos 1960 e começo dos anos 1970 encontrou na Europa mais que um refúgio, mas também um ambiente que o possibilitava emergir no universo experimental, amadurecer musicalmente e angariar admiradores.Nascido em 1947, no seio de uma família de mú-

sicos, começou a estudar piano ainda garoto, aos seis anos. Não demorou muito para que começasse a do-minar outros instrumentos, como violão, flauta e cla-rinete. Daí em diante, não houve limites para o então aprendiz, que em suas andanças pelo velho mundo conheceu e dominou também o uso de sintetizadores, ainda escassos no Brasil na época.

O desabrochar para o público em geral aconteceu em 1968, com a canção “O Sonho”, apresentada no Fes-tival da TV Globo. Seu primeiro álbum viria no ano seguinte, após fase de estudos na França. No entanto, o disco não possuía ingredientes franceses, pois trazia grande influência da Bossa Nova, som que conquistara o mundo dez anos antes e que apresentava uma sono-ridade que seria marca da música brasileira.Com um talento fora de série e a mesma capacidade

para tocar piano e violão – seja este de seis, sete, oito, nove e até dez cordas – Egberto Gismonti solidificou a sua carreira na música instrumental. Passeou pela va-riedade rítmica brasileira e interpretou, à sua maneira, compositores que são verdadeiras lendas da música do Brasil, como, por exemplo, o maestro Heitor Villa--Lobos, homenageado por Gismonti no álbum “Trem Caipira”, de 1985. Villa-Lobos, aliás, será tema de um dia de concertos, palestras e filme no mesmo Barbican Centre, dia 8 de março. O experimentalismo também sempre foi uma marca

do carioca, que tocou ao lado de outras lendas do gêne-ro, como Hermeto Pascoal, com quem chegou a gravar um disco, em 1983, e o respeitado percussionista per-nambucano Naná Vasconcelos, com quem tocou, gravou, somou e multiplicou em diversas fases de sua vida.Podemos dizer que se o poeta Vinicius de Moraes,

compositor de clássicos como Garota de Ipanema – ao lado de Tom Jobim –, é considerado o branco mais preto do Brasil, Egberto Gismonti pode carregar a al-

cunha de o erudito mais popular, tamanha capacidade em passear pela diversidade rítmica que encontra dentro e fora de seu país, e também pelo amplo domínio ins-trumental, que o possibilita adicionar música clássica a sons que emergiram do folclore brasileiro.Por tudo isso e muito mais, Gismonti pode sim ser

considerado um gênio. E como toda pessoa que esbanja genialidade, ele conquistou o público de Londres sem-pre que exibiu sua música por aqui. Portanto, dia 27 é uma oportunidade de entender e deixar os ouvidos viajarem pela musicalidade que o brasileiro leva para as suas apresentações.

Quem comparecer ao show do brasileiro, de quebra, terá a oportunidade de apreciar outro multi-instrumen-tista: o músico Ralph Towner. O jazz pedirá passagem quando o americano levar para o palco as fusões que faz em suas canções.Colocá-lo para se apresentar na mesma noite que

Gismonti é um grande acerto, pois Towner também passeia pelo experimentalismo e, assim como o brasilei-ro une ritmos clássicos do Brasil com outros de origem popular, o americano tempera o jazz com música folk dos Estados Unidos. “Bela música de um mestre do violão”, define a BBC Music Magazine.

RALPH TOWNER

Por Antonio Veiga

photos: Divulgation Ralph Towner

Egberto Gismonti + Ralph TownerWhen: 27 February 2014 / 19:30

Where: Barbican Hall

Tickets: £17.50 – 25

Info: www.barbican.org.uk

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GRINGO’S VIEW

On a Saturday evening in mid-January, Camden had a different kind of buzz to it. Gone were the usual crowd of perma-goths with dubious long hair and hooded gar-ments. In their place were a dare I say it, all together more chic crowd drawn ready to descend upon Koko for the Worldwide Awards.Now in its 15th year, with

nine live awards ceremonies behind it, this annual show-down of the best tracks and albums, headed up by Gilles Peterson is firmly on the cal-endar for those people who might have outgrown the Lon-don club scene (if one even exists anymore), but still love to listen to dance, hip hop, soul and all those genres that have never been big enough to go mainstream in the UK.The live acts were a good

mix of the different sounds Peterson plays out from the Finnish Jimi Tenor with his weird and wonderful sounds to Mount Kimbie, who met in Elephant and Castle’s South-bank Uni and started record-ing in a home studio in Peck-ham. In between there were some fantastic acts – I was enthralled by the performance

given by Memphis-born, Brook-lyn-residing Valerie June. Perhaps a little more vari-

ety in the line up would have gone down well. For a night of worldwide music, it seemed a little sad that most acts were American or British. Writing for a Brazilian

newspaper, I felt sad there weren’t any Latin American acts to see and was reminded of a panel discussion I went to last summer at the Brazil-ian Embassy, on which Pe-terson was a panellists. The speakers included Luiz Gabri-el Lopes (Graveola e o Lixo Polifônico) who was talking about the high costs for Bra-zilian bands who are starting out to travel to events. I suppose that’s why so

many people still tune in to listen to Peterson, now in his cosy Saturday Afternoon slot on BBC 6 Music -ra-dio remains a fantastic low-cost means of connecting the world and sharing experiences and it’s on been improved by the internet.Peterson has long been a

great advocate of Brazilian music and while this annual awards ceremony might not be a great platform for it,

don’t worry he has much more up his sleeve. GP had just returned from Brazil two days before the Awards, where he’s been working on a new album that’s going to be released in just ahead of the World Cup in June. According to a report in O

Globo Culture while he was in Rio, Gilles has been col-laborating with the likes of Elza Soares, Ed Motta, Wil-son das Neves, Arlindo Cruz, Mart’nália, Lucas Santtanna, Emanuelle Araújo and Gabriel Moura. Currently without a ti-tle, with acts like these there is no doubt this is going to be a great follow up to GP’s last foray into Brazilian mu-sic “Gilles Peterson back in Brazil” that was released in 2006.He told O Globo “I have

been in love with Brazilian music since I heard the ‘Bra-zilian Love Affair’ album by George Duke, and with this album I hope to show what sparked this love, from a con-temporary point of view, with the participation of these art-ists that I admire so much and with a bit of my touch.”More information: www.

gillespetersonworldwide.com.

Gilles Peterson: um caso de amor com a música brasileira

Gilles Peterson: a case of love with Brazilian music

Numa tarde de sábado no meio de janeiro, a região de Camden estava com uma cara diferente. No lugar de roupas e cabelos inusitados estavam, di-gamos: os mesmos cabelos inu-sitados, mas roupas um pouco mais chiques. E a aglomeração dessas pessoas descia para o Koko, onde aconteceria o Worl-dwide Awards. Agora em sua 15ª edição,

com nove cerimônias ao vivo já realizadas, esse evento anual de melhores músicas e álbuns, li-derado por Gilles Peterson, está fortemente inserido no calendá-rio daqueles que ainda amam ouvir dance, hip hop, soul e outros gêneros que nunca se tornaram grandes suficientes para virar algo popular no Rei-no Unido.As apresentações ao vivo fo-

ram uma boa mistura de di-ferentes sons selecionados por Peterson, desde Jimi Tenor com seus belos e estranhos sonidos até Mount Kimbie. No meio disso outras exibições fantásti-cas – uma das que mais me entusiasmaram foi Valerie June. Talvez um pouco mais de va-

riedade na line-up teria caído bem. Para uma noite de música global, foi um pouco frustrante o fato de a maioria das apre-sentações ter sido de britânicos e americanos.Escrevendo para um jornal

brasileiro, senti falta de atra-ções latino-americanas, o que me lembrou de um debate que eu fui no verão passado na Em-baixada do Brasil em Londres, no qual Peterson era um dos convidados. Entre os participan-tes estava Luiz Gabriel Lopes, da banda Graveola, que falou sobre o alto custo para grupos

brasileiros que estão começando a viajar para eventos. Eu suponho que seja esta a

razão para que tantas pessoas ainda sintonizem seus rádios para ouvir Peterson, agora em seu aconchegante programa de sábado à tarde na BBC 6 Mu-sic – o rádio segue sendo uma forma fantástica e barata de co-nectar o mundo e compartilhar experiências. Há anos Peterson tem sido

um grande divulgador da músi-ca brasileira e, embora a ceri-mônia deste ano não tenha sido uma plataforma para isso, ele guarda uma carta debaixo da manga. Antes do evento, Gilles estava no Brasil, onde ele tem trabalhado em um novo álbum que será lançado pouco antes da Copa do Mundo em junho. De acordo com uma reporta-

gem do jornal O Globo, Gil-les está trabalhando junto com artistas como Elza Soares, Ed Motta, Wilson das Neves, Ar-lindo Cruz, Mart’nália, Lucas Santtana, Emanuelle Araújo e Gabriel Moura. Ainda sem tí-tulo, não há dúvidas de que o álbum será uma ótima conti-nuação da última aventura de Peterson pela música brasileira, “Gilles Peterson back in Bra-zil”, de 2006. Ele disse ao O Globo: “Tenho

um caso de amor com a música brasileira desde que ouvi o ál-bum ‘Brazilian Love Affair’, de George Duke, e com esse novo álbum eu espero mostrar o que deflagrou esse amor, a partir de uma visão contemporânea, com a participação desses artistas que eu admiro muito e com o meu toque também”. Mais em www.gillespeter-

sonworldwide.com.

Gilles Peterson has been

working on a new album

that’s going to be released

in just ahead of the World

Cup in June

Por Kate Rintoul

By Kate Rintoul

Photo: Divulgation

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NINETEEN EIGHT-FOUR

Filmmaing loses two

great talents

Cabrasmarcados

para morrer

By Ricardo Somera

Por Ricardo Somera

At the beginning of February, Brazilian cin-ema lost Eduardo Coutinho, one of the most important documentary filmmakers in its his-tory. Coutinho, responsible for modern classics like “Edifício Master” (2002), “Peões” (“Peons”, 2004), along with historical works like “Cabra Marcado Pra Morrer” (“Man Marked to Die”, 1984), was murdered by his son in his Rio de Janeiro home, according to initial investigations.Coutinho was a great listener and director who

created surprising documentaries as he brought out people’s experiences and at times surreal sto-ries. From “Edifício Master”, in which Coutinho documented the lives of families living in a 12-storey apartment block in Copacabana to the legion of peons (labourers) strikes, led by former

President Lula, head of the union at the time, in the 1980s he brought unique experiences to the wider public. Though his technique of conduct-ing lengthy interviews meant that not many of his films were translated so they were not well known outside of Brazil. Coutinho liked to tell the story of real Brazil-

ian people, the factory labourers, residents of Rio’s hills and those who were part of the syn-cretism of Brazilian religions. The recent social history of Brazil passed through the lens of Eduardo Coutinho and thanks to him is part of those who watch his films.The country lost a major talent who had cast

a light on the various “Brazils” to audiences at home and afar. To know the work of Coutinho,

is to understand the nation and the Brazilian people a little more of - essential for those who want a deeper insight into the country.Tragically, on the same day – 2 February, the

world of cinema lost another talent and the most versatile actor of our time, Philip Seymour Hoff-man who died of a drug overdose aged just 46. Hoffman won an Oscar his lead in for “Capote” (2005) and was well known and respected for countless memorable roles including cult-leader Lancaster Dodd (“The Master”), Rock journal-ist Lester Bangs (“Almost Famous”) and Father Brendan Flynn (Doubt). Hoffman did announce that he had sought help through rehab last year though his death came as a surprise to many and leaves an immutable gap in the performing arts.

No começo do mês de fevereiro o cinema brasileiro perdeu um grande nome, Eduardo Cou-tinho, um dos mais importantes cineastas do Bra-sil. O documentarista responsável por clássicos modernos como Edifício Master (2002) e Peões (2004), além de registros históricos como Cabra Marcado Pra Morrer (1984), foi assassinado a facadas em seu apartamento no bairro do Jardim Botânico (Rio de Janeiro) pelo próprio filho, de acordo com as primeiras investigações.Coutinho era conhecido por ser um bom ou-

vinte, um diretor que deixava os personagens surpreender os expectadores a cada frame, com histórias surreais que pareciam roteirizadas de tão criativas – como o caso de Paulo Mata

(Edifício Máster), técnico de futebol que diz ter tirado a roupa em protesto a jogos comprados no campeonato carioca, ou a legião de peões que contam como foi a época vivida no ABC Paulista e a participação nas greves lideradas pelo ex-presidente Lula, na época sindicalista, na década de 1980 (Peões).Eduardo gostava de contar a história do

povo brasileiro, do trabalhador braçal das fá-bricas, dos moradores dos morros cariocas e do sincretismo das religiões brasileiras. A his-tória do Brasil recente passou pelas lentes de Eduardo Coutinho e está nas memórias dos cinéfilos e também no Youtube.O país perdeu um grande nome do cinema e

da sociedade que mostrava os diversos “Brasis” para os próprios brasileiros e para o mundo. Co-nhecer a obra de Coutinho é entender um pouco mais da nação e do povo brasileiro – indispensá-vel para quem quer ter uma visão mais profunda de quem realmente somos e como agimos.Coincidentemente, no mesmo dia 2 de feve-

reiro, o cinema mundial perdeu o mais talentoso e versátil ator da atualidade, Philip Seymour Hoffman. Hoffman ganhou o Oscar pelo filme Capote (2005) e fez papéis memoráveis como o guia religioso Lancaster Dodd (O Mestre), o padre Brendan Flynn (A Dúvida) e o radialista The Count (Os Piratas do Rock). Vai deixar uma lacuna nas artes cênicas.

The loss of Eduardo Coutinho and Philip Seymour Hoffman leaves cinema a poorer place

photos: Divulgation

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TRAVEL

Belo Horizonte: Packed with great local food, natural wonders and archi-tectural beauties

BH: Das comidas típicas às belezas naturais e arquitetônicas

Minas Gerais in Belo Horizonte is famed for it’s vibrant social and nightlife, and any duration of a stay will show that it really lives up to this expectation. Around restaurant and bar tables, “mineiros”, as the locals of Minas Gerais are ni-cknamed, treat eating and drinking as sacred acts and are quick to encourage visitors to join in this carefree way of life. Inspiring architecture, breath taking natural beau-

ty, good weather and of course great regional food, enchant many tourists, city catering for all tastes. If you visit and wish to understand what the

state of Minas Gerais and city of BH have ac-counted to the history of Brazil, reserve a day to tour the Liberty Square Cultural Circuit. Opened in 2010, the complex features of eight museums and cultural spaces and is home to one of the most

famous views of the city.If you are more of a design junkie than history

buff, make sure you visit the Pampulha architectu-ral complex designed by Niemeyer, which can be found 12 km from the centre. The area is a work of art in open space, the Church of St. Francisco de Assis, on the shores of the lagoon, is the most beautiful icon of BH.Gastronomic tour To enjoy the flavours Minas can offer, begin the

day with a tasty breakfast, accompanied with local coffee and cheese bread. Then wonder around the Central Market and go on a discovery of colours, smells and sounds. Have lunch at one of the numerous restaurants specialising in local food, usually cooked to order right in front of diner’s eyes, proving that the flavours of Minas Gerais are

O que pensar de uma cidade que tem média de um bar para cada 170 pessoas? Pois é, este dado dá fama à badalada vida social de Belo Horizonte. E faz jus a tradição de que, nas mesas dos minei-ros, os prazeres de beber e comer são sagrados, aproximando as pessoas com o jeitinho acolhedor que o mineiro recebe seus visitantes. As belezas arquitetônicas e naturais, as comidi-

nhas típicas e o clima agradável de BH encantam e deixam a capital mineira mais charmosa, com muitas opções para todos os gostos.Para entender o que o Estado de Minas Gerais

e BH representam para a história do Brasil, indis-pensável fazer o Circuito Cultural Praça da Liber-dade. Inaugurado em 2010, o complexo reúne oito museus e espaços culturais na região central, num dos cartões-postais da cidade, com experiências

sensoriais além apreciação visual.Já o Conjunto Arquitetônico da Pampulha, proje-

tado por Niemeyer, a 12 km do centro, é uma obra de arte a céu aberto. A Igreja de São Francisco de Assis, às margens da lagoa, é a mais bela da cidade e um dos símbolos de Belo Horizonte.Roteiro gastronômicoApreciar os sabores mineiros pode começar cedi-

nho com um saboroso café de minas, acompanha-do de um pão de queijo. Em seguida, partir para uma descoberta de cores, cheiros e sons num lugar único, que abriga diversos aspectos da cultura mineira: o Mercado Central. Deixe o almoço por conta das inúmeras opções de comidas típicas e feitas praticamente aos olhos do freguês, provando os sabores mineiros que são um verdadeiro patri-mônio histórico.

Photo: Cris Bonfatti Photo: Visit Brazil

Belo Horizonte overviewChurch of St. Francisco de Assis

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something to be very proud of in the heritage of Brazilian culture.End the day in the capital of “botecos” (a kind

of pub), with great regional delicacies like sausage, cracklings, cassava or pasties, washed down with a cold beer or an authentic “cachaça”. For those looking to embrace tradition to the

most sophisticated foodies and hipsters there’s gre-at local food and drink for everyone, especially if you head to the Savassi and Lourdes neighbou-rhoods.EcotourismThe imposing mountain ranges of Serra do Cur-

ral almost as a frame to Belo Horizonte, visible from different parts of the city. Serra do Curral stands as one of the main symbols of the city and in late 2012, the site became a Municipal Park

filled with trails and places to explore. For those looking to connect with nature, the park has ten lookouts, three of which can be accessed quickly by walking along safe and well-marked roads, so you don’t need to be an intrepid explorer to dis-cover them!Though if you see yourself as a Bear Grylls

type, you can explore the whole mountain, though you will need to schedule this with park’s authori-ties beforehand. For more information visit: www.parqueserradocurral.com.br.

Para acabar o dia na capital dos botecos, nada mais justo que um tour acompanhado por linguiça, torresmo e mandioca ou o pastelzinho de angu, chope gelado e em uma autêntica cachaça. Dos mais simples e tradicionais aos mais sofisticados e moderninhos, uma característica é comum a todos eles: o capricho na hora de preparar os petiscos tipicamente mineiros. Uma sugestão é são os bair-ros Savassi e Lourdes.EcoturismoMoldura de Belo Horizonte, visível de diferen-

tes pontos da capital, a Serra do Curral se im-põe como um dos principais símbolos da capital mineira. No final de 2012, o local virou Parque Municipal e agora conta com trilhas, mirantes e praças de convívio.Para quem busca o contato com a natureza sem

muitos obstáculos, o parque conta com dez miran-tes e os três primeiros podem ser acessados com pequenas caminhadas em estradas largas, seguras e bem sinalizadas.Já os mais aventureiros têm a opção de fazer a

travessia completa da serra. Neste caso, é neces-sário fazer o agendamento no parque. A duração estimada da trilha é de três horas. Mais informa-ções: www.parqueserradocurral.com.br.

Time Tunnel: Historic towns of MinasAfter the discovery of gold and diamonds in the region, there was a massive migration of Portuguese people who previously lived on the coasts of Brazil. Between 1700 and 1800, the period of the Gold Cycle in Brazil, the historic towns in Minas Gerais were founded and much of the baroque architecture has been preserved till today. This, coupled with the natural beauties of the landscape means that more tourists are attracted to the area, which is thankfully well equipped to deal with the influx of tourists with everything provided whether it’s hiking or eating that you’re there to do.Here we give you a closer look at four of the region’s nine cities:

Tiradentes: This city is rich in traditional handicrafts (wood, brass, weaving), also some modern perks – known for its large supply of local sweets. In Lago das Forras, there is a monument to the martyrs of the Minas Conspiracy, which sparked the independence movement in Brazil and gave the city it’s name.

Ouro Preto: The best known of all the cities of the region thanks to the magnifi-cence of its buildings and the preservation of historic streets, Ouro Preto was named after the colour of the gold nuggets that were found in its mines, black on the outside and shiny within.

Túnel do Tempo: Cidades históricas de Minas Depois da descoberta de ouro e diamante na região, houve uma massiva migração de portugueses que até então viviam no litoral do Brasil. Entre 1700 e 1800 - período do Ciclo do Ouro - surgiram as cidades históricas de Minas Gerais, que até hoje preservam igrejas e monumentos que documentam a arte barroca da época. Com as belezas naturais que formam o cenário da região, cada vez mais turistas são atraídos para o local, que conta com infra-estrutura necessária para a prática de esportes voltados à natureza, como caminhadas, rafting e escalada. Das nove cidades da região, o Brasil Observer selecionou quatro que são as mais conhecidas.

Tiradentes: Cidade rica em artesanato (em madeira, latão, tecelagem), com grande oferta também de doces mineiros. No Lago das Forras, há um monumento ao mártir da Inconfidência Mineira que dá nome ao município.

Ouro Preto: Mais conhecida entre todas as cidades de região pela magnificên-cia de suas edificações e pela preservação das ruas, Ouro Preto ganhou o nome da cor das pepitas de ouro que foram encontra-das em suas minas, pretas por fora e reluzentes por dentro. Em sua praça principal foram expostas partes do corpo de Tiradentes.

Photo: Visit Brazil Photo: Visit Brazil

and city of Tiradentes Central Market

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GOING OUT

London-based designers, Barbara Casasola (photo), Lucas Nascimento and Fernando Jorge, as well as two emerg-ing talents from Brazil, Vitorino Campos and Guilherme Vieira, participate in Brazil’s inaugural International Fash-ion Showcase exhibit.

The ABC Trust Danceathon will feature a diverse range of Brazilian dance lessons, including Axé, Frevo, Carnival Samba, Gafiera, Forro and Coco. You can buy a ticket for £35 and take part in as many of the classes you like, or you can register for free and pledge to raise £100 to help thou-sands of children across Brazil.

There’s no doubt Villa-Lobos was an iconoclast whose raw, zestful music gave expression to a vibrant new poly-glot culture. We welcome Celso Antunes (photo) from Sao Paolo to conduct the BBC Singers, and soprano Anu Komsi, who is soloist in the popular and beautiful Bachiana brasileira No. 5. The concert is part of a day dedicated to the Brazilian composer.

Eight piece Afro-Brazilian band led by Adriano Adewale (photo) and singer/keyboard player Dele Sosimi will explore the magic of Brazil and Ni-geria’s music, playing styles such as samba and Afro-beat.

El Caracazo is 2005 Venezuelan historical film that deals with the events of El Caracazo on 27 Febru-ary 1989 in and around Caracas. It was produced and directed by the veteran Venezuelan filmmaker Roman Chalbaud. Part of the Bolíwood season.

Where Embassy of Brazil / Tickets Free>> culturalbrazil.org

Where Albany Theatre / Tickets £5 per show or £12 per evening>> stonecrabs.co.uk

Where Barbican Hall / Tickets £10-32 >> http://goo.gl/BtSKJl

Where Bolívar Hall / Tickets Free>> http://goo.gl/g0GM7L

Where Rich Mix / Tickets from £12>> http://goo.gl/el53W8

February 10 – 18, 2014

February 27, 28 & March 1, 2014

March 8, 2014

February 25, 2014

March 7, 2014

PENTA: BRAZILIAN FASHION EXHIBITION

E L C A R A C A Z O

Total Immersion: VILLA LOBOS STONECRABS

YOUNG DIRECTORS FESTIVAL

Adriano Adewale & DELE SOSIMI

Mudança Doméstica e Internacional

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Sara, 27

Ida, 25

Meri, 20

Charlote, 21

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MIND & SOUL

VALUES OF THE SOUL

VALORES DA ALMA

The soulful spiritual being, has faculties of the mind to think, imagine, dream, wish; the intellect to analyse, reason, discern, decide and also the archive of memory, where we store our experiences, beliefs, habits and conditioning.

When we are aware of it, we realize that we are spiritual beings ha-ving a physical experience, not physical beings trying to have a spiritual experience. This awareness is like a five-pointed star, with each point representing one of the core values of the soul.

A alma, o ser espiritual, tem faculdades da mente para pensar, ima-ginar, sonhar, desejar; do intelecto para analisar, raciocinar, discernir, decidir; e também dos arquivos da memória, onde estão as lembranças, as crenças, os hábitos e os condicionamentos.

Quando estamos conscientes disso, sabemos que somos seres espiri-tuais tendo uma experiência física, e não seres físicos tentando ter uma experiência espiritual. Esse ser é como uma estrela de cinco pontas. Cada uma dessas pontas representa um dos valores essenciais da alma.

By Inner Space (innerspace.org.uk)

Por Inner Space (innerspace.org.uk)

A PAZÉ serenidade e não violência. É reconectar--se com a harmonia e estar tranqüilo consigo mesmo. A paz com os outros, a paz com seu passado – se houver algum aspecto do passado que você não superou ou integrou, isso afeta o presente – e ser coerente com o que faz.

A PUREZAA autenticidade, a sinceridade, a honestidade, a transparência. Hoje em dia isso é o que mais sentimos falta, porque deixamos o centro mais autêntico, real e puro do ser e residimos na periferia do ser: em identidades, papéis e rótulos temporários e passageiros.

O AMORO amor verdadeiro é o que se dá ao outro sem desejar, sem se amarrar, sem controlar, sem a outra pessoa perder a liberdade e nem você a sua. Com a meditação, você aprende a recuperar essa dimensão do amor universal.

A SABEDORIA INATAÉ a sabedoria da nossa intuição, a que nos orienta. Quando você se conecta com sua in-tuição, não falha. Você, o ser, é sábio. Para acessar essa sabedoria, precisamos estar com essa “ligação” entre intuição e consciência bem apurada. E precisamos dar ouvidos a ela.

A LIBERDADEA base da felicidade é a verdadeira liberda-de. Sentir a verdadeira plenitude do ser, uma plenitude que não vem de fora para dentro, mas que emerge e se transmite de dentro para fora. Cada um de nós é uma estrela com cinco pontas. Cada um é único e não deve temer brilhar, ser único e ser diferente. A meditação ajuda a ouvir a voz que sintoniza com seu ser originalmente pacífico, autêntico, amoroso, sábio e livre.

PEACEThis is calmness and non-violence. It can relate to a reconnection with harmony and quite self contemplation. This can be peace with yourself, with others and with your past - if there is any aspect of the past that you have not reflected and accepted it will continue to affect the present, try and move on and be consistent in what you do.

PURITYThis relates to the authenticity, sincerity, honesty and transparency of the soul. In modern life this is what we miss most, because we often leave the more authentic, real and pure self and reside in the periphery of being, taking up identities, roles, temporary and permanent labels.

LOVETrue love is what you give to others without desire, without tethering, without control, without you or the other person losing their freedom. With meditation, you can learn to recover this dimension of universal love.

THE INNATE WISDOMIt is the wisdom of our intuition that guides us. When you connect with your intuition, not fail-ures, you become wise. To access this wisdom, we need to find this “connection” between intu-ition and conscience and we need to listen to it.

FREEDOMThe basis of happiness is true freedom. Feel the true fullness of being, not a fullness that comes from the outside, but what emerges and spreads from the inside out.Each of us is a star with five points. Each one is unique and should not be afraid to shine, be unique and be different. Meditation helps to hear the voice that tunes your being with originally peaceful, authentic, loving, wise and free.

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FOOD

In a casserole dish, heat the olive oil and fry the garlic and onion until soft and trans-lucent (about 7 minutes). Add the lentils, salt and 3 cups of hot water. Leave on medium heat until the lentils soften, about 20 minutes.

Add the potatoes, carrots, chorizo, pep-per, basil and 2 cups of water cook for 10 minutes. Turn off the heat and stir in the parsley and chives. Serve immediately with crusty bread – perfect on a cold spring day!

Em uma panela de pressão aquecer o óleo ou azeite e refogar o alho e a cebo-la. Acrescentar lentilha, sal e três xíca-ras de água quente. Deixar no fogo até amolecer a lentilha, cerca de 20 minutos.

Acrescente batata, cenoura, calabresa, manjericão, pimenta e mais duas xícaras de água quente. Deixar por 10 minutos após pegar pressão. Desligar o fogo e colocar a salsinha e cebolinha. Servir em seguida.

By Luciane Sorrino

LentiL Soup Sopa de LentiLha

Ingredients

1 and 1/2 cups lentils 3 potatoes, peeled and diced

1 large carrot, diced 1 red chili, deseeded (optional)

Salt, basil, parsley and chives to taste 1 onion, chopped

2 cloves of garlic squeezed 10 cm chorizo, diced

2 table spoons olive oil

Ingredientes

Ingredientes: 1 xícara e meia de lentilha3 batatas descascadas e cortadas em cubos1 cenoura grande em cubos1 gomo de linguiça calabresa em cubos1 pimenta dedo de moça sem sementes picadinha (opcional)

Sal, manjericão, salsinha e cebolinha a gosto1 cebola picada2 dentes de alho espremidos2 colheres (sopa) de óleo ou azeite

P R E P A R A T I O N P R E P A R A Ç Ã O