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1 O novo contrato social entre universidade e sociedade. (da extensão à vinculação, da teoria à prática, do ensino ao aprendizado) Claudio Rama 1º Seminário de Extensão e Inovação Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Curitiba, Paraná, Brasil, 7 de novembro 2011

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O novo contrato social entre universidade e sociedade.

(da extensão à vinculação, da teoria à prática,

do ensino ao aprendizado)

Claudio Rama

1º Seminário de Extensão e Inovação

Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Curitiba, Paraná, Brasil, 7 de novembro 2011

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“Os professores a ensinar menos, os alunos a aprender mais na experiência”

Comenius (Século XVII)

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Mudança nas pertinências tradicionais

• A universidade, no discurso, foi investigação, docência e extensão, mas na realidade, na AL foi apenas formação profissional. (TLP)

• Entrou em crise diante de novas demandas que estabelecem um novo rol da prática na criação de conhecimento, da investigação como aliança e o aprendizado como eixo da docência.

• Além disso, o mercado de trabalho é internacional, requer mobilidade acadêmica, TIC e novas competências.

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Novo enfoque em relação ao ambiente

• Novo enfoque sobre a articulação entre a universidade e o ambiente que impõe uma mudança de pertinência para melhor responder às novas demandas

• Múltiplas mudanças: educação permanente, excesso de profissionais, novas pedagogias, foco nas competências, novas formas de criar, transmitir e apropriar-se do conhecimento

A extensão,

a docência

e a

investigação

se

transformam.

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Mudanças no trabalho profissional

• Antes: operador de controle dentro de linhas de montagem de atividades padronizadas, simples e repetitivas, organizador de informação dos processos, supervisor de colarinhos azuis (cronometro). Criava informação

• Agora: Inserção em campos produtivos complexos, flexíveis, variáveis, que implicam diversas e complexas interações sociais em ambientes multiculturais que impõem outras competências não apenas associadas aos conhecimentos disciplinares mas também a outros saberes. Processa informação

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Desajustes entre educação e mercado

• Desajuste entre universidade e sociedade devido a pedagogias obsoletas, falta de investigação, estruturas de gestão ineficientes diante da expansão do conhecimento.

• O desequilibrio entre o mercado educativo e o mercado laboral em termos de qualificações é estrutural, mas nas últimas décadas a defasagem tem aumentado

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Novo contrato social entre universidades e sociedades

• A maneira de ajustar os desequilibrios são as reformas. Educação, acreditação, competências, estágios, recertificação são formas de resolver esses desajustes

• A mudança na docência, na extensão e na investigação está construindo uma nova articulação entre universidade e sociedade.

• As mudanças na pertinência se veem associadas às competências e à busca de uma maior empregabilidade

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As mudanças na articulação entre Universidade e sociedade

Mudanças na investigação: inovação, incubadoras de empresas, parques tecnológicos, redes e grupos de investigação, sistemas de financiamento externos, alianças com o mercado.

Mudanças na extensão: vinculação social através de estágios certificados, coavaliados e conveniados

Mudanças na docência: informatização pedagógica, flexibilidade, mobilidade acadêmica, especialização, enfoque nas competências, pós-graduações,

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Da extensão à vinculação

• A extensão foi uma modalidade de articulação Universidade - sociedade que buscava transferir saberes a setores excluidos da educação de forma paternalista, cultural ou ideológica

• Hoje o novo formato é “vinculação” através de estágios, como parte da (1) responsabilidade social e de (2) novas formas de aprendizado através da prática

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O caminho teórico da revalorização da prática

• O enfoque racionalista e o método científico abandonaram os velhos enfoques empiristas para chegar ao conhecimento.

• São Tomás: as 2 formas da palavra de Deus• O racionalismo científico foi a base do aprendizado teórico

e catedrático • O empirismo inglês estabeleceu que a única fonte do

conhecimento é a experiência. • O pragmatismo (Dewey) nega o valor do conhecimento

teórico se este não se comprova na realidade.• O enfoque da ciência de Khun como paradigma e a

explosão dos conhecimentos, desgastaram o valor absoluto das teorias

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A prática como mecanismo para a construção de competências

• A prática é o novo instrumento para a aquisição de competências. Tanto em sua forma presencial como através de ferramentas informatizadas de simulação da realidade.

• Estas pedagogias se associan a novos aprendizados práticos, contrastando teoria e praxis, e competências relacionais e sociais fundamentais na vida e no exercício laboral

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Aptidão, conhecimento, formação, competências

Conhecimentos

(o que sabemos)

Formação(o que estudamos)

Competências

(o que construimos de saber fazer)

Atitudes

(o que somos)

As competências como integração de

diversidades de Circunstâncias, mas que

requerem a prática

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O enfoque por competências impulsiona a inclusão da prática

• As competências como metodologia ao privilegiar o aprendizado acima do ensino, impulsiona a incorporação da prática.

• O enfoque por competências, resulta na análise das pedagogias e didáticas específicas que permitam adquiri-las.

• A competência é a capacidade real de mobilizar conhecimentos e construir esquemas referenciais de ação para a resolução de problemas complexos.

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• O aumento da oferta de profissionais, o foco nas competências, as complexidades dos mercados laborais, o desenvolvimento de teorias cognitivas construtivistas, a alta velocidade de criação do conhecimento promovem a introdução no currículo da educação prática expressa nas práticas estudantis e nos estágios pré-profissionais

• Os mercados laborais estão establecendo como requisito de ingresso em todos os campos profissionais e de disciplinas, uma formação por competências que geram estas pedagogias.

Estágios estudantis e práticas profissionais

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As competências derivadas da prática

• Capacidade para aplicar conhecimentos práticos

• Capacidade para aplicar os conhecimentos teóricos

• Capacidade de resolver problemas• Capacidade para envolver-se no trabalho• Capacidade de trabalhar sob pressão• Capacidade de trabalhar em grupo• Conhecimentos das organizações e do mercado

de trabalho • Disposição para compartilhar conhecimentos • Capacidade reflexiva de seu trabalho

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Nova dinâmica ensino - aprendizado

Saberes disciplinares e epistemológicos

Competências específicas

Processo educativo de graduação

Competências genéricas

Estágios com créditos incluídos no currículo,

com supervisão docente e institucional Educação Prática

Educação Teórica

Atualização de competências / Competências laborais

Práticas profissionais

Trabalho no marco do direito laboral, mas com

objetivos educativos

licenciaturaformatura

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Os estágios e as práticas profissionais

1. Estágios estudantis: Atividade pre- profissional em nivel de graduação e requisito para a formatura. Têm créditos, estão integradas ao currículo, são coavaliadas. Substituem os trabalhos de final de curso como sínteses de aprendizagens.

2. Práticas profissionais (ex: residências médicas) anteriores à licenciatura. É um trabalho no âmbito do direito laboral. Expressa-se no exercício profissional supervisionado e no conhecimento laboral.

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Mudanças no ingresso ao mercado laboral

Estudos Exercicio profissional

Formatura

AN

TE

SF

UT

UR

O

Estudos Formatura Exercício profissional

AG

OR

A

Estudos FormaturaPleno

Exercicio profissional

Estágioestudantil

Estágio estudantil

Prática profissional

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Expressões organizacionais dos estágios

Requisito obrigatório para a graduação Realizam-se em diversas áreas de trabalho São do tipo acadêmico e se diferenciam de

acordo com a lógica laboral Tendem a criar conhecimento, sintetizar

aprendizados e inovar soluções no âmbito laboral

Estão organizadas através de convênios e, portanto, têm presença docente e laboral e há coavaliação dos aprendizados

Tendem a incluir componentes éticos e de solidaridade

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O paradigma da educação prática

• Apenas a transmissão de informações produz um aprendizado baseado na memorização e não na criação de idéias.

• A educação prática se associa à busca de soluções a partir da identificação prática dos problemas.

• É uma educação-fazendo contrastada com uma educação-aprendendo e se associa à solução de problemas.

• O conhecimento prático tem estado tradicionalmente afastado do mundo das universidades já que estas têm como foco o ensino de conhecimentos abstratos ou teóricos, que se apoiam em teorias.

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O aprendizado baseado em problemas (ABP)

• O ABP é uma pedagogia que se articula com a educação prática como novo paradigma de aproximar a educação à realidade, diminuir as aulas catedráticas, expositivas, dar um conteúdo real aos corpos conceptuais e apropriar-se dos paradigmas construtivistas do conhecimento.

• Contribui para a promoção de espaços interdisciplinares dos processos de ensino-aprendizagem, reafirma o pensamento conceitual e a solução de problemas e incorpora outras competências (comunicação, trabalho em grupos, etc)

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Conhecimento prático

• Acontece em situações práticas e está associado à capacitação para a solução de problemas

• Não é a aplicação de alguma disciplina acadêmica a situações práticas

• Contém elementos teóricos visto que tem conhecimentos de conteúdo, mas rearticula a teoria e a prática para criar competências

• É integrado e não fragmentado em disciplinas acadêmicas e tende a ser interdisciplinar em trabalho de grupos

• Tem uma exposição em sistemas de simulação. 22

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Pedagogias informáticas e de realidade simulada: Uma nova prática ?

• Desenvolvem-se tanto através da Internet como das ferramentas digitais de aprendizado que impulsionam a passagem a um aprendizado centrado no estudante sob um foco nas competências.

• Sua raiz tem sido as práticas de laboratório e os estudos de casos e atualmente se expõem modelos de simulação e realidade virtual e ferramentas de autoaprendizagem digital.

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O estágio como trabalho acadêmico

• O estágio não é um trabalho flexibilizado ou uma prática pré-profissional encoberta, que altera os deveres e direitos estudantis, as leis do trabalho e o exercício profissional.

• Estão associados à aquisição de determinadas competências genéricas delimitadas e se concebem como a expressão da educação prática.

• Existem, na prática, tensões em sua aplicação que propõem a necessidade de seu desenvolvimento conceitual e normativo, uma supervisão, convênios e contratos delimitados, enfoque socioacadêmico e grande participação estudantil que facilitem a articulação entre o trabalho, o conhecimento, o aprendizado, a empregabilidade e o exercício profissional posterior.

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Rol das práticas profissionais

• Expressam novas modalidades de ingresso aos mercados de trabalho

• Criam competências• Estão centradas no aprendizado• Confirmam a interação dos saberes com a

realidade e o trabalho• Incorporam-se em todos os níveis

educacionais

SÍNTESE

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O estágio antes da formatura na ALArgentina

BoliviaPeru

Obrigatório (máx. 9 meses e quatro horas diárias. Inclui beneficios sociais – gratuito – acadêmico). Discussão de seu caráter laboralNão é obrigatório. É uma opção da graduaçãoVoluntário

Brasil Voluntário ou obrigatório. Grande instituição que promove os estágios e a relação universidade - empresa

Colombia Obrigatório (E.Medio – 80 horas) – ES (voluntário), mas incluido nos padróes mínimos, nos criterios de avaliação e como política do ME de alcançar 60% das Universidades com programas de estágios em 2010

Equador Obrigatório. Requisito de graduação

El Salvador Obligatório - gratuito

Honduras Obrigatório– 800 horas – se articula obrigatoriamente ao trabalho de final de curso

Nicarágua Legalmente não é obrigatório

México Obrigatório– Mínimo 6 meses – gratuito. Não se supervisiona bem

R. Dominicana Legalmente não é obrigatório

Uruguai Legalmente não é obrigatório

Venezuela Obrigatório– gratuito