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1. Breve Comparação Sobre o Marco Regulatório dos Ministérios Públicos no Brasil, Estados Unidos e Japão. A Brief Comparison of the Legal Benchmark of the Public Prosecution Services in Brazil, the United States of America and Japan Luiz Fernando Voss Chagas Lessa * RESUMO As inovações trazidas pela Constituição de 1988 à instituição aumentaram de forma significativa o papel do Ministério Público na tutela de interesses não penais. Apesar disso, o MP continua sendo uma instituição eminentemente voltada para a persecução penal. O modelo de Ministério Público adotado pelo Brasil encontra raízes no modelo europeu-continental fortemente identificado no qual o MP está, via de regra vinculado, ao Poder Judiciário. No Brasil isso não ocorre, tendo a instituição, hoje independente, sempre tido algum tipo de ligação com o Poder Executivo. Aqui, o que se busca é analisar como o modelo de Ministério Público adotado pelo Brasil na persecução penal se compara com modelos constitucionais em que o órgão de persecução penal não está vinculado ao Poder Judiciário. Não se trata de um estudo exaustivo, mas de um pequeno exercício que busca examinar como instituições estrangeiras, no caso os órgãos de persecução federal dos Estados Unidos e do Japão, se comparam ao modelo brasileiro. ABSTRACT The Brazilian Constitution, amongst many innovations, gave the Brazilian Ministério Público a predominant role in the protection of the collective good through the prosecution of class * Procurador da República no Estado do Rio de Janeiro, Doutor em Direito e Mestre em Ciência Jurídicas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC-Rio, professor do Programa de Graduação em Direito da PUC-Rio e integrante do Conselho Penitenciário do Estado do Rio de Janeiro. Página 1 de 15

Breve Comparação Sobre o Marco Regulatório dos Ministérios ... · O Ministério Público brasileiro, ao contrário do que ocorre com o americano e o japonês é dotado de estatuto

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1.

Breve Comparação Sobre o Marco Regulatório dos Ministérios Públicos no Brasil, Estados Unidos e Japão.

A Brief Comparison of the Legal Benchmark of the Public Prosecution Services in Brazil, the United States of America and Japan

Luiz Fernando Voss Chagas Lessa*

RESUMO As inovações trazidas pela Constituição de 1988 à instituição aumentaram de forma

significativa o papel do Ministério Público na tutela de interesses não penais. Apesar disso, o MP

continua sendo uma instituição eminentemente voltada para a persecução penal. O modelo de

Ministério Público adotado pelo Brasil encontra raízes no modelo europeu-continental fortemente

identificado no qual o MP está, via de regra vinculado, ao Poder Judiciário. No Brasil isso não

ocorre, tendo a instituição, hoje independente, sempre tido algum tipo de ligação com o Poder

Executivo. Aqui, o que se busca é analisar como o modelo de Ministério Público adotado pelo

Brasil na persecução penal se compara com modelos constitucionais em que o órgão de persecução

penal não está vinculado ao Poder Judiciário. Não se trata de um estudo exaustivo, mas de um

pequeno exercício que busca examinar como instituições estrangeiras, no caso os órgãos de

persecução federal dos Estados Unidos e do Japão, se comparam ao modelo brasileiro.

ABSTRACT

The Brazilian Constitution, amongst many innovations, gave the Brazilian Ministério

Público a predominant role in the protection of the collective good through the prosecution of class

* Procurador da República no Estado do Rio de Janeiro, Doutor em Direito e Mestre em Ciência Jurídicas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC-Rio, professor do Programa de Graduação em Direito da PUC-Rio e integrante do Conselho Penitenciário do Estado do Rio de Janeiro.

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actions before Civil Courts. That notwithstanding, the Ministério Público's principal task continues

to be the prosecution of criminal offenses. The Brazilian Ministério Público has its origins in the

European model in which the public prosecutors usually belong to the Judiciary branch of

government. In Brazil, the Ministério Público has always had a strong connection with the

Executive branch, from which it has gained its autonomy. This article aims to compare the Brazilian

Ministério Público to other prosecution services which are not tied to the Judiciary branch. The

article does not intends to provide an exhaustive analysis, but, rather, provide a small glimpse on

how foreign institutions, in this particular case the U.S' and Japan's prosecution offices, compare

with the Brazilian model.

Palavras Chaves Ministério Público; Direito Comparado; Persecução Penal; Brasil; Japão;

Estados Unidos.

Keywords Ministério Público; Comparative Law; Criminal Prosecution; Brazil; Japan;

United States.

1. Introdução

Atualmente é comum se deparar em textos doutrinários ou matérias jornalísticas com a

afirmação de que um dos grandes avanços da Constituição de 1988 foi o status assegurado ao

Ministério Público Brasileiro, que acabou por equipará-lo às estruturas que compõem a clássica

tripartição de Poderes do Estado1. Ao assegurar ao Ministério Público nacional uma série de

garantias, atribuições e prerrogativas o constituinte teria assegurado ao M. P. os instrumentos

efetivos para atuar no seu papel de defensor da sociedade, seja no campo da persecução penal,

seja na defesa dos interesses coletivos e difusos2. Sem colocar em discussão a validade dessas

1 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 16ª edição, atualizada até a EC nº 44/04, São Paulo: Editora Atlas, 2004, pp. 384-287, 516 e 517.2 MAZZILI, Hugro de Nigro. Regime Jurídico do Ministério Público. 3ª edição, revista, ampliada e atualizada,

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afirmativas, parece interessante estudar como os órgãos encarregados das tarefas incumbidas ao

MP em outros países são estruturados e que garantias são asseguradas pela legislação. Essa é a

intenção deste estudo.

Algumas questões preliminares, no entanto, devem ser colocadas a fim de que se

entendam os critérios aqui utilizados. Em primeiro lugar, há de ser ter em mente que a idéia de

Ministério Público enquanto instituição tem origem na Europa Continental3. Sendo estranha ao

direito inglês4 ou norte-americano. Em segundo lugar, o desenho atual do Ministério Público

surge na Europa como forma de assegurar no Continente Europeu a imparcialidade do Juiz no

processo criminal5. Mais tarde é que são criadas ou reforçadas aquelas atribuições não criminais

exercidas em prol da coletividade e dos incapazes. No Brasil, como sabido, o Ministério Público

seguindo o modelo europeu continental, passou a intervir em causas cíveis para fiscalizar a

prestação da tutela jurisdicional àqueles considerados pela sociedade como sendo carecedores

de uma proteção especial, como é o caso dos incapazes ou naqueles casos em que, mesmo sendo

as partes capazes, os interesses deduzidos em juízo são considerados como sendo indisponíveis,

como ocorre nas ações reguladas pelo Direito de Família. Posteriormente, pelo menos no caso

brasileiro, o Ministério Público passou a funcionar nas ações trabalhistas e cada vez mais na

tutela dos chamados interesses difusos e coletivos, não mais como fiscal da prestação

jurisdicional, mas como seu provocador, na defesa dos interesses sociais, papel que lhe foi

São Paulo: Saraiva, 1996, p. 146.3 *Mazzili ensina que, embora a maioria da doutrina afirme que o Ministério Público encontra suas origens no direito francês, mais precisamente na Ordenança de 25 de março de Felipe IV, a instituição já era objeto de menção em 1289, durante o reinado de D. Afonso III, em Portugal, sendo certo que em ambos os países, assim como na Itália no resto da Europa, a instituição se desenvolveu paulatinamente. in Hugro de Nigro. Regime Jurídico do Ministério Público. 3ª edição, revista, ampliada e atualizada, São Paulo: Saraiva, 1996, pp. 04-07.4 * Historicamente o sistema processual inglês carecia de acusação pública, cabendo a iniciativa da ação penal exclusivamente à vítima e, mesmo com a criação de cargo denominado Director of Public Prosecutors, já em 1880. Somente a partir do The Prosecution of Offences Act de 1985 é que a acusação pública ganhou espaço na Inglaterra, com a criação do Crown's Prosecutor Service. Frise-se que trata-se de órgão de persecução criminal, sem qualquer atuação no cível. in The Crown Prosecution Service “The History of The Crown Prosecution Service” disponível em: http://www.cps.gov.uk/about/history.html, acessado em 28 de junho de 2008, ver também section 3, Part I, do “The Prosecution of Offences Act 1985”

disponível em: http://www.statutelaw.gov.uk/legResults.aspx?LegType=All+Primary&title=Prosecution+of+Offences&Year=1985&searchEnacted=0&extentMatchOnly=0&confersPower=0&blanketAmendment=0&TYPE=QS&NavFrom=0&activeTextDocId=538061&PageNumber=1&SortAlpha=0 acessado em 28 de junho de 2008.5 "... O Ministério Público no Estado Moderno surge como reação ao absolutismo, indica alguns dos princípios surgidos após o fim da época bárbara, constituindo precedentes históricos válidos para o surgimento da instituição: I. a superação da vingança privada (só possível ao poderoso e ao rico); II. a entrega da ação penal a um órgão público tendente à imparcialidade; III a distinção entre Juiz e acusador...." in SALLES. Carlos Alberto de ."Entre a Razão e a Utopia: A Formação Histórica do Ministério Público" Ministério Público II Democracia. São Paulo: Atlas, 1999, p. 16, ver ainda PRADO, Geraldo. Sistema Acusatório A Conformidade Constitucional das Leis Processuais Penais. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1999, p. 126.

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consagrado pela Constituição de 1988.

Apesar disso, é na persecução penal que se encontra a própria essência da atividade

ministerial, podendo-se dizer que se determinado órgão, em um dado Estado, exerce a

titularidade da ação penal pública, com exclusividade ou como atividade preponderante, esse

órgão provavelmente é o Ministério Público local, cabendo a outros órgãos, como os

Ombundsmen, o Defensor do Povo ou figuras assemelhadas, o exercício daquelas incumbências

cíveis que caracterizam a atuação do Ministério Público nacional6.

Por isso, preferiu-se aqui comparar apenas o Ministério Público brasileiro enquanto ator

da persecução penal, deixando as demais facetas de suas atribuições para outra oportunidade.

Nesse passo, aparece uma terceira preliminar, qual seja, mesmo na persecução penal, o papel

do Ministério Público é cambiante, quer se esteja a tratar de países que adotam o sistema

acusatório, de países que adotam o sistema inquisitivo ou ainda, de países que adotam o sistema

misto. A fim de delimitar ainda mais o tema, a comparação ficou restrita a países que, como o

Brasil, adotam o sistema acusatório, no qual a acusação é exercida, por órgão estatal distinto do

encarregado de julgar a pretensão punitiva numa situação concreta e o processo se desenvolver

por meio do diálogo travado entre o acusador, titular da ação penal, e o réu, titular do direito

de defesa, ante um juiz imparcial7. A escolha dos serviços de persecução penal japonês e norte-

americano resultou principalmente dessa última característica.

2. Justificação das variáveis

Tendo por norte as garantias e atribuições na esfera criminal conferidas ao Ministério

Público pela Constituição de 1988, pareceu-nos apropriado examinar como essas garantias e

funções são exercidas nas estruturas objeto de comparação. Assim, foram escolhidas como

6 O Ombundsman Parlamentar, por exemplo, detém na Finlândia a tarefa de fiscalizar o cumprimento da lei pelas autoridades públicas, lutar pela implementação e o respeito aos direitos fundamentais e, inclusive, zelar pela legalidade de determinadas atividades policiais e penitenciárias, e, inclusive, ingressar em juízo contra violações aos direitos por ele protegidos, inclusive criminalmente. O Ombudsman convive na estrutura constitucional filandesa com o Chanceler da Justiça e o Promotor-Geral, o Chanceler tem atribuições assemelhadas e muitas vezes sobrepostas às do Ombudsman, enquanto o Promotor-Geral é o titular do órgão encarregado de realizar a maior parte da atividade de persecução criminal. Cf. artigos 104, 108, 109, 110, 113 e 114 da Constituição Finlandesa in “Constitution of Finland” disponível para download em http://web.eduskunta.fi/Resource.phx/parliament/relatedinformation/constitution.htx, acessado em 01 de julho de 2008.7 PRADO, Geraldo. Sistema Acusatório A Conformidade Constitucional das Leis Processuais Penais. Rio de

Janeiro: Lumen Juris, 1999, p. 119.

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variáveis: o estatuto, compreendido como a sede legislativa da regulação das instituições sob

escrutínio; a localização dos órgãos de persecução dentro do esquema de repartição de poderes

de cada Estado; a relação entre a forma de organização do Estado e forma de governo adotada,

com a estrutura do respectivo Ministério Público; os critérios de investidura dos ocupantes das

funções ministeriais; as garantias à atuação; a duração do mandato; e, por final, as funções

desempenhadas.

Os critérios escolhidos podem se mostrar incapazes de esgotar o tema, no entanto,

permitem uma generosa visão da forma pela qual os Ministérios Públicos em referência se

organizam dentro da estrutura estatal, bem como quais são as suas responsabilidades.

3. Comparação

3.1 Instituições objeto da comparação

Das instituições comparadas, somente no Brasil se adota a denominação Ministério

Público, seguindo a tradição portuguesa e francesa. O serviço americano da União é intitulado

de U.S. Attorney's Office, variando a denominação adotada pelos integrantes dos entes

federados, enquanto o congênere japonês é denominado, na tradução inglesa, de Public

Prosecutor’s Office. Como será visto abaixo, as diferenças entre as instituições são maiores que

as semelhanças.

3.2 Semelhanças

As semelhanças encontradas dizem respeito às funções exercidas, principalmente no que

toca à persecução criminal, tanto em juízo quanto fora dele. Além disso, a única garantia

comum aos três Ministérios Públicos é a independência e a imparcialidade de seus membros

dentro de suas respectivas esferas de atuação. A nomeação do chefe da instituição, nos três

casos, é feita pelo titular do Poder Executivo e, de alguma forma, é controlada pelo Legislativo.

No mais, especialmente quanto à forma de suas estruturas, embora a identidade de funções

permita vislumbrar uma semelhança entre as instituições, elas são bem distintas.

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3.3 Diferenças

O Ministério Público brasileiro, ao contrário do que ocorre com o americano e o japonês

é dotado de estatuto constitucional, o qual é regulamentado por meio de legislação

infraconstitucional. A organização de cada Ministério Público examinado depende, em quase

tudo, da forma de Estado e de Governo adotada pela respectiva Constituição. Os critérios de

investidura, tanto dos Procuradores-Gerais, quanto dos demais integrantes das carreiras, são

totalmente distintos, como são o tempo de permanência nos cargos. Existem diferenças ainda

quanto a natureza das garantias dos promotores e a forma pela qual são instituídas.

3.4 Comparação

A principal semelhança entre os Ministérios Públicos objeto de investigação reside na

função desempenhada pelas instituições na esfera penal. A função precípua das três instituições

examinadas é a persecução criminal em juízo, por meio do manejo da ação penal pública. Ao

contrário do que ocorre no Brasil, os Ministério Público dos Estados Unidos e do Japão não

parecem exercer a função de fiscal da lei, nos casos em que se permite a ação penal privada.

Nos três casos, não existe vedação expressa à investigação pelo órgão ministerial, sendo certo

que em todas as estruturas examinadas, a investigação preliminar é papel exercido

primordialmente, mas não exclusivamente, pelos organismos policiais. No Japão a investigação

criminal se encontra dentro das atribuições do MP, nos Estados Unidos, embora não seja comum,

o MP pode investigar, principalmente através dos grand juries, no Brasil, embora não exista

vedação expressa e tal possibilidade seja admitida inclusive pelo STJ8, a questão está posta

perante o STF9. Os Ministérios Públicos do Japão e dos Estados Unidos são regulados

exclusivamente pela legislação infraconstitucional. O U.S. Attorney’s Office foi criado pelo

Judiciary Act de 1789 e regulado pelo 28, US Code §541. A atividade do Public

Prosecutor’s Office é regulada pela legislação infraconstitucional, em especial a Public

Prosecutors Law, e pelas normas editadas pela Suprema Corte do Japão, que, na forma do art.

77 da Constituição Japonesa, tem o poder de legislar sobre matéria processual e procedimental,

sobre a advocacia e toda matéria relativa à praxe forense. O Ministério Público Brasileiro, como

8 Superior Tribunal de Justiça, editou em 13 de dezembro de 1999, a Súmula nº 234: "A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia."

9 Inq 1.968-DF, INFORMATIVO n° 325 do Supremo Tribunal Federal. Brasília, 13 a 17 de out. 2003, disponível em: : http://www.stf.gov.br/noticias/informativos/anteriores/info325.asp.

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sabido é regulado pelos artigos 127 a 130-A da Constituição, dispositivos complementados pelo

determinado pela Lei Complementar nº 75/93 e pela Lei Orgânica Nacional do Ministério Público

Lei nº 8.625/93, além de dispositivos isolados em uma série de diplomas legais.

Os Ministérios Públicos dos três países estudados se organizam de acordo com a forma de

estado adotada. No Japão, um estado unitário, o Ministério Público é organizado em uma só

instituição, repartida de acordo com as atribuições de seus respectivos órgãos e as cortes

perante as quais atuam. Assim o MP Japonês se divide em gabinete do Promotor Supremo,

gabinete dos Altos Promotores, gabinetes dos Promotores Distritais e gabinetes dos Promotores

Locais. Nos Estados Unidos e no Brasil, o exercício do Poder estatal se dá de forma

descentralizada, principalmente por meio de estados federados e de municípios, sendo que os

Estados Unidos admitem ainda outras figuras de descentralização política, como, por exemplo,

os condados. Em ambos os países, o Ministério Público segue essa tendência, existindo de forma

independentes órgãos do Ministério Público na esfera da União, quanto na esfera dos Estados e,

no caso americano, dos municípios e condados. Ao contrário do que ocorre no caso americano,

em que a função criminal do Ministério Público é cometida por um só órgão, o U.S. Attorney’s

Office10, no Brasil, o Ministério Público da União se divide em quatro: Ministério Público

Federal; Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; Ministério Público Militar; e

Ministério Público do Trabalho. Os três primeiros têm atribuição criminal, dentro de suas

respectivas esferas de atuação.

Em sua relação com a forma de governo o U.S. Attorney’s Office e o MP japonês, se

assemelham na medida em que estão localizados dentro do Poder Executivo, ligado aos

respectivos Ministérios da Justiça. Nisso contrariam o MP brasileiro, seja na esfera da União, seja

na esfera estadual, e grande parte dos órgãos americanos estaduais, distritais e condadenses.

No Brasil, assim como em grande parte dos Estados americanos, o Ministério Público funciona em

uma estrutura autônoma, mesmo quando, no caso daqueles, for vinculada parcialmente ao Poder

Executivo. O Ministério Público brasileiro apresenta uma autonomia maior que as demais

instituições estudadas, pelo menos formalmente, na medida em que o próprio texto

constitucional confere à instituição garantias semelhantes às dos três Poderes.

No que toca à nomeação da chefia da instituição os critérios adotados são distintos. No

10 Nos Estados Unidos o sistema de justiça militar faz parte da organização das forças armadas e não da Justiça Federal, incluindo em um só órgão, os Judge Advocate General's Corps, defensores e promotores.

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Brasil, o cargo de Procurador-Geral da República ou de Justiça nos estados é privativo de

membro do Ministério Público e, apesar de a nomeação ser feita pelo chefe do Poder Executivo,

em ambos os casos, para um mandato de 2 anos, renováveis, a Constituição e a legislação

infraconstitucional lhes asseguram os instrumentos necessários para atuarem de forma

independente. Deve ser lembrado que se trata de integrante da carreira que, não só não pode

ser demitido do MPF, como não pode ser exonerado do cargo enquanto durar o seu mandato. O

mesmo ocorre nos Estados da Federação. No Japão, o Procurador-Geral é nomeado pelo

Gabinete e deve prestar contas a este, que por sua vez presta contas ao parlamento. Nos

Estados Unidos, o Attorney-General é nomeado e demissível ad nutum pelo Presidente, sendo

parte do seu secretariado (cabinet). A sua investidura, no entanto, depende de aprovação pelo

senado, o mesmo ocorrendo no Brasil. Nos estados, municípios e condados, a situação varia,

sendo comum, tanto a réplica do sistema adotado pela União, quanto a eleição do Procurador-

Geral.

Os critérios de investidura dos integrantes da carreira são completamente distintos nos

três países. No Brasil o concurso público, nos Estados Unidos, eleição, indicação política ou

processo de contratação equivalente aos das empresa privadas e, no Japão, um sistema distinto

onde o acesso ao cargo depende da aprovação no exame de ordem e de treinamento específico.

O tempo de investidura ou o mandato dos integrantes do Ministério Público diferem nos três

países.

Nos Estados Unidos, via de regra, a contratação dos promotores assistentes é feito por

meio de um processo de seleção simples, consistindo na análise do currículo, entrevista e

investigação da vida pregressa. Além do Attorney-General, cada um dos 93 U.S. Attorneys é

nomeado pelo Presidente da República e sujeito à sabatina pelo Senado. Os U.S. Attorneys, por

sua vez, selecionam os demais integrantes de cada escritório regional, os Assistant U.S.

Attorneys. Os U.S. Attorneys são designados para períodos de 4 anos, permanecendo no cargo

após esse período, salvo se exonerados. No caso de vacância por mais de 120 dias, competia ao

Tribunal Federal Distrital a nomeação de um U.S. Attorney temporário, o que foi modificado por

meio do U.S. Patriot Act. A tarefa agora cabe ao Presidente norte-americano, sendo que

recentemente foi aprovada legislação recuperando o modelo antigo11. Nos estados, condados e

11 Public Law nº: 110-34 disponível em: http://frwebgate.access.gpo.gov/cgi-bin/useftp.cgi?IPaddress=162.140.64.181&filename=publ034.pdf&directory=/diska/wais/data/110_cong_public_laws, acessado em 02 de julho de 2008.

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municípios norte-americanos, os promotores geralmente são contratados em processo seletivo

simples, mediante a apresentação de currículo e entrevista e a permanência no cargo é

condicionada, geralmente, à permanência do incumbente na chefia da Instituição.

No Japão, o recrutamento de juízes e promotores se dá do mesmo modo. Naquele país,

somente podem exercer a advocacia, a magistratura e a promotoria, os estudantes de direito

que passarem no exame da ordem, coisa rara já que apenas 3% conseguem lograr aprovação

anual, e concluírem um treinamento de 18 meses promovido por instituto da Suprema Corte do

Japão12. Uma vez investidos no cargo, os promotores são estáveis, somente sendo demissíveis em

função da prática de falta grave. No Brasil os cargos são providos por concurso público,

tornando-se vitalícios após algum tempo. Nesse caso, o promotor ou procurador somente pode

ser demitido após sentença judicial transitada em julgado.

Quanto às garantias oferecidas aos integrantes dos Ministérios Públicos nos três países,

somente no Brasil estas são expressas no texto constitucional, sendo que no Japão a praxe e a

legislação - Public Prosecutors Law - equiparam as garantias dos promotores às dos juízes, de

modo a garantir a imparcialidade e independência na atuação dos promotores13. Como visto, em

relação à permanência no cargo, o regime brasileiro garante a vitaliciedade, o japonês a

estabilidade, enquanto o americano nada diz expressamente a respeito. A importância dessa

garantia, da estabilidade na função e no cargo, pode parecer a primeira vista irrelevante ou

mesmo corporativa. Entretanto, a estabilidade ou vitaliciedade diz respeito direto à

independência dos integrantes do MP.

Isso ficou claro recentemente quando, nos Estados Unidos o atual U.S. Attorney-General,

Alberto Gonzales, levou a cabo uma série de demissões de U.S. Attorneys, causando grande

controvérsia no Congresso americano, cujo efeito foi a revogação de dispositivos do U.S.

Patriot Act que afetavam a nomeação de promotores federais temporários. Apesar de os

promotores americanos não gozarem de garantias de permanência no emprego, o Congresso

norte-americano repudiou14 o que foi visto como uma tentativa de retirada da independência e

12 “Criminal Justice in Japan” UNAFEI – United Nations Asia and Far East Institute for the Prevention of Crime and the Treatment of Offenders, chapter 1, pp.04-05, disponível para download em http://www.unafei.or.jp/english/pages/CriminalJusticeJapan.htm, acessado em 28 de julho de 2008.13 “Criminal Justice in Japan” UNAFEI – United Nations Asia and Far East Institute for the Prevention of Crime and the Treatment of Offenders, chapter 1, pp.04-05, disponível para download em http://www.unafei.or.jp/english/pages/CriminalJusticeJapan.htm, acessado em 28 de julho de 2008.14 O Senador Patrick Leahy, Chairman do Judiciary Comittee foi enfático "Eu estou profundamente preocupado

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de politização do órgão, por meio da demissão de promotores considerados como lenientes com

políticos do Partido Democratas ou responsáveis pela persecução de políticos ligados ao Partido

Republicano.

Nos EUA, a legislação varia de um ente federado para outro, sendo reconhecida pela

doutrina e pela jurisprudência, no entanto, ao promotor uma ampla discricionariedade (wide

discretion) e independência no exercício de suas atribuições, o que, em princípio, impede a

interferência do Procurador-Geral. No Brasil a autonomia conferida pela Constituição à

instituição e o princípio da independência vetam a ingerência de quaisquer dos Poderes ou do

Procurador-Geral sobre a atuação dos promotores. O Japão, por ser um país submetido a um

governo parlamentarista, a coisa muda de figura. Como sabido, no sistema parlamentarista

existe um clara predominância do parlamento, sendo certo que a regra é que o Poder Executivo,

geralmente consubstanciado no Gabinete formado em torno do Primeiro Ministro, seja oriundo

do parlamento e a ele preste contas. Ora, no Japão, o Promotor Supremo é subordinado ao

Ministério da Justiça, que por sua vez presta contas das atividades do Ministério Público à Dieta.

Mesmo assim, a legislação japonesa impede que o Ministério da Justiça interfira nas atividades

dos promotores, com exceção daquelas exercidas com exclusividade pelo Promotor Supremo.15

Por derradeiro, quanto a irredutibilidade salarial, nada existe na legislação pesquisada

que assegure isso expressamente, a exceção é o caso Brasileiro, onde essa irredutibilidade é

asssegurada a todos os trabalhadores pelo disposto do artigo 7º, VI da Constituição.

4.Conclusão

Os dados acima indicados permitem concluir que, embora com funções semelhantes, os

Ministérios Públicos do Brasil, Japão e Estados Unidos se estruturam de forma bastante diferente

distinta. Estruturalmente, os três órgãos tem o fato de ter sua chefia nomeada pelo Poder

com o que parece ser uma tentativa da Casa Branca em transformar o Departamento em um braço político... O povo americano merece um Departamento de Justiça forte e independente, liderador por pessoas que aplicam a lei sem medo ou favor" LEAHY, Patrick. "Opening Statement of Senator Patrick Leahy Chairman, Senate Judiciary Committee Hearing on “Preserving Prosecutorial Independence: Is the Department of Justice Politicizing the Hiring and Firing of U.S. Attorneys? – Part V”June 5, 2008 disponível em http://judiciary.senate.gov/member_statement.cfm?id=2799&wit_id=262915 “Criminal Justice in Japan” UNAFEI – United Nations Asia and Far East Institute for the Prevention of Crime and the Treatment of Offenders, chapter 1, pp.04-05, disponível para download em http://www.unafei.or.jp/english/pages/CriminalJusticeJapan.htm, acessado em 28 de julho de 2008.

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Executivo, em ato controlado pelo Legislativo. No mais, as instituições são estruturadas de

acordo com a forma de Estado e Governo de cada país.

Embora poucas, as semelhanças encontradas demonstram a importância da instituição.

Fica claro o predomínio do Ministério Público sobre qualquer órgão na persecução penal. Mesmo

naqueles casos em que a investigação não aparece como função essencial do Ministério Público,

a legislação permite a sua atuação. Além disso, importa ressaltar ainda que, mesmo nos casos

do Japão e Estados Unidos, países em que o Ministério Público pertence à estrutura do Poder

Executivo, a manutenção da independência da atuação dos promotores é vista como uma

garantia do próprio povo, mesmo quando essa garantia não consta expressamente de texto legal.

O conteúdo, a finalidade do órgão, sobressai para justificar o respeito a independência da

atuação dos promotores.

Quadro Comparativo

Variáveis Brasil Estados Unidos JapãoEstatuto Constitucional

e legalInfraconstitucional. No caso da União o Judiciary Act de 1789, Lei (28 US Code §541)Estados, Distritos e Condados - constituições e leis estaduais.

Infraconstitucional

Localização na estrutura dos poderes

Anômala, leve vinculação ao executivo - art. 50 CRFB - mas totalmente autônoma.

União é parte de ministério Executivo.Nos Estados e nos distritos, onde existem, são escritórios autônomos, ligados ao executivo, no primeiro caso.

Executivo, Ministério da Justiça.

Relação entre a organização da instituição e a forma de organização do Estado forma de governo adotada.

Existe na União, como MPU, dividido em MPF, MPDFT, MPT e MPM – todas instituições autônomas- e nos Estados é ógão único.

União – é o principal órgão do Department of Justice, que embora faças as vezes de Ministério da Justiça do Poder Executivo é órgão tradicionalmente dotado de autonomia.Nas forças armadas funcionam os oficiais dos JAG’s Judge Advocate

Estrutura vertical, Promotor Supremo, Altos Promotores, Promotores Distritais e Locais.

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General’s Corps.Nos Estados e nos distritos escritórios autônomos, ligados ao executivo, no primeiro caso.

Critérios de investidura

Concurso público

União -Nomeação pelo presidente e confirmação pelo senado. O Attorney-General que integra o secretariado – ministério – do presidente, os assistentes são escolhidos através de processo de contratação e nomeados pelo Attorney General.Nos casos de vacância do cargo, o Attorney General pode nomear US Attorneys temporários e, após 120 dias sem a nomeação de um novo titular, cabia, até a edição do Patriot Act, à corte federal distrital a nomeação de um “interim US Attorney”A alteração foi vista como uma burla do procedimento de confirmação pelo Senado e foi alterada pelo Congresso em 1º de maio de 2007, por meio da Public Law nº: 110-34

Após aprovação no exame de ordem e 18 meses de treinamento remunerado em instituto da Suprema Corte Japonesa, sendo 12 meses de prática em escritórios do MP, tribunais ou escritórios de advocacia. Findo o treinamento, os advogados escolhem onde querem trabalhar.

Garantias Independência, irredutibilidade salarial, vitaliciedade e inamovibilidade

Nenhuma equiparável, tem autonomia – wide discretion -

A lei assegura irredutibilidade e paridade salarial com os juízes e a independência dos promotores, bem como impede a sua demissão ad nutum.No entanto o Ministro da Justiça pode dar diretivas genéricas e controlar o trabalho do Procurador – Geral em casos individuais de sua

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competência.Mandato Vitalício Na União, cada US Attorney

tem um mandato de 4 anos, que se prolongam até a nomeação de sucessor. O presidente pode demiti-los. Os assistentes são demitidos pelo Attorney General.Nos estados e distritos a duração é variada.

Indefinida, é assegurada a estabilidade, somente sendo possível a demissão por falta disciplinar.

Atribuições criminais

O Ministério Público é o titular da ação penal pública, funcionando como custos legis, nas hipóteses em que a admite-se a ação penal privada.Discute-se a investigação criminal pelo MP, sendo que não existe norma proibitiva.

União - Persecução penal, (Title 28, Section 547 US Code). O U.S Attorney’s Manual dá ao órgão a autoridade de requisitar investigações e formar forças-tarefas compostas por várias agências para determinados casos. Não existe norma proibindo a investigação, podendo esta ser realizada pelo U.S. Attorney por meio do Grand Jury.

Estados - Persecução Penal de crimes praticados contra o Estado e parte do crime organizado, geralmente em função do seu caráter intermunicipal ou interestadualDistritais – Persecução penal Condados – Persecução penal.

Persecução e investigação criminal.

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