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HABITUS HABITUS CAMPO CAMPO CAPITAL CAPITAL BREVE INTRODUÇÃO SOBRE BREVE INTRODUÇÃO SOBRE PIERRE BOURDIEU PIERRE BOURDIEU Apresentação elaborada por Apresentação elaborada por SONIA REGINA SOARES DA CUNHA SONIA REGINA SOARES DA CUNHA Orientanda da Prof.Dra. GRAÇA PINTO Orientanda da Prof.Dra. GRAÇA PINTO COELHO COELHO PPGEM/UFRN PPGEM/UFRN Setembro 2010 Setembro 2010

Breve Introdução sobre Pierre Bourdieu

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Esta apresentação foi feita para utilização pelos alunos da Graduação em Comunicação Social (Jornalismo 2010-2) da UFRN. Introdução sobre os conceitos de Habitus, Campos e Capital de Pierre Bourdieu.

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Page 1: Breve Introdução sobre Pierre Bourdieu

HABITUSHABITUS

CAMPOCAMPO

CAPITALCAPITAL

BREVE INTRODUÇÃO SOBREBREVE INTRODUÇÃO SOBREPIERRE BOURDIEUPIERRE BOURDIEU

Apresentação elaborada porApresentação elaborada porSONIA REGINA SOARES DA CUNHASONIA REGINA SOARES DA CUNHAOrientanda da Prof.Dra. GRAÇA PINTO COELHOOrientanda da Prof.Dra. GRAÇA PINTO COELHOPPGEM/UFRNPPGEM/UFRNSetembro 2010Setembro 2010

Page 2: Breve Introdução sobre Pierre Bourdieu

Diretamente relacionados com a posição do intelectual, encontram-se, ao longo do trabalho de Bourdieu, três conceitos fundamentais: poder simbólico,campo e habitus.Poder simbólico surge como todo o poder que consegue impor significações e impô-las como legítimas. Os símbolos afirmam-se, assim, como os instrumentos por excelência de integração social, tornando possível a reprodução da ordem estabelecida. Campo surge como uma configuração de relações socialmente distribuídas. Através da distribuição das diversas formas de capital - no caso da cultura, o capital simbólico - os agentesparticipantes em cada campo são munidos com as capacidades adequadas ao desempenho das funções e à prática das lutas que o atravessam. As relações existentes no interior de cada campo definem-se objetivamente, independentemente da consciência humana. Na estrutura objetiva do campo (hierarquia de posições, tradições, instituições e história) os indivíduos adquirem um corpo de disposições, que Ihes permite agir de acordo com as possibilidades existentes no interior dessa estrutura objetiva: o habitus. Desta forma, o habitus funciona como uma força conservadora no interior da ordem social.

(BOURDIEU, P. O Poder Simbólico. RJ:Bertrand Brasil, 2009.)

O poder simbólicoO poder simbólico

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"O efeito da dominação simbólica (seja ela de etnia, de gênero, de cultura, de língua etc.) se exerce não na lógica pura das consciências cognoscentes, mas através dos esquemas de percepção, de avaliação e de ação que são constitutivos dos habitus e que fundamentam, aquém das decisões da consciência e dos controles da vontade, uma relação de conhecimento profundamente obscura a ela mesma. Assim a lógica paradoxal da dominação masculina e da submissão feminina, que se pode dizer ser, ao mesmo tempo e sem contradição, espontânea e extorquida, só pode ser compreendida se nos mantivermoss atentos aos efeitos duradouros que a ordem social exerce sobre as mulheres (e os homens), ou seja, às disposições espontaneamente harmonizadas com esta ordem que as impõe. A força simbólica é uma forma de poder que se exerce sobre os corpos, diretamente, e como que por magia, sem qualquer coação física" (BOURDIEU, P. A dominação masculina. RJ:Bertrand Russel, 1999, p.49-50).

“A eficácia do poder simbólico se concretiza em situações em que os agentes se encontrem preparados para receber seus veredictos e contribuam, à sua revelia ou contra a sua vontade, para a própria dominação, aceitando, tacitamente os limites impostos.” (BOURDIEU, 1999)

A força simbólicaA força simbólica

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O habitus de cada ator (agente) social condiciona seu posicionamento espacial e, na luta social, permite identificar-se com sua classe social. Bourdieu afirma que para o ator social tentar ocupar um espaço é necessário que ele conheça as regras do jogo dentro do campo social e que esteja disposto a lutar (jogar).O habitus é uma forma de disposição à determinada prática de grupo ou classe, ou seja, é a interiorização de estruturas objetivas das suas condições de classe ou de grupo sociais que gera estratégias, respostas ou proposições objetivas ou subjetivas para a resolução de problemas de reprodução social.BOURDIEU explica que "falar de estratégias de reprodução não é atribuir ao cálculo racional, ou mesmo à intenção estratégica, as práticas através das quais se afirma a tendência dos dominantes, dentro de si mesmos, de perseverar. É lembrar somente que o número de práticas muito diferentes organizam-se sem ter sido explicitamente concebidas e postas com relação a este fim, de tal modo que essas práticas contribuem para a reprodução do capital possuído. Isto porque essas ações têm por princípio o habitus, que tende a reproduzir as condições de sua própria produção, gerando, nos domínios mais diferentes da prática, as estratégias objetivamente coerentes e as características sistemáticas de um modo de reprodução" (1989, p.387).

HabitusHabitus

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Funciona como esquemas mentais e comportamentais, inconscientes da ação, da percepção e da reflexão.

Produto do aprendizado que se torna inconsciente e que se traduz, a seguir, em habilidade aparentemente natural e em capacidade livre de atuar no meio social.

Dois componentes:ETHOS (princípios, valores, a moral cotidiana) eHEXIS (corporal, posturas, relação com o corpo). Ethos = grade de leituraHexis = produtor de práticas

HabitusHabitus

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Bourdieu compreende que os atores sociais estão inseridos espacialmente em determinados campos (espaços) sociais.A posse de certos capitais (cultural, social, econômico, político, artístico, esportivo etc.) condiciona seu posicionamento espacial. O que é este capital no conceito de Bourdieu?O campo apresenta no seu interior uma distribuição desigual de capitais de diferentes tipos. Ele usa a terminologia do capital pela natureza e pelas propriedades do capital (recurso, acumulação, reprodução). Dentro do campo, os agentes buscam ter mais capital específico do campo, ou então lutam para redefinir este capital específico.Capital econômico = fatores de produção, renda, patrimônio, bens materiais.Capital cultural = qualificações intelectuais (no sistema educativo ou obtidas na família). Três formas: incorporados no corpo (expressão oral), objetivos (posse de quadros ou obras de arte) e institucionalizados (diplomas e títulos).Capital social = recursos produzidos pelas redes sociais (convites recíprocos).Capital simbólico = ligados à honra e ao reconhecimento (ritos, etiqueta, protocolo). É uma representação, um modelo de excelência.

CapitalCapital

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Mas, não devemos induzir a esquematizações simplistas. Freqüentar, por exemplo, um determinado estabelecimento, degustar um prato, beber de um vinho raro, possuir um carro fora-de-série ou praticar uma modalidade de esporte não significa uma distinção automática. Por exemplo, a mudança de costume de um "novo-rico" pode ser visto mais como ostentação do que um sinal de distinção.

"... o mesmo comportamento ou o mesmo bem pode parecer distinto para um, pretensioso ou ostentatório para outro e vulgar para um terceiro" (1996, p. 22).

DistinçãoDistinção

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Nas sociedades desenvolvidas as alavancas mais eficientes de distinção são as posses de capital econômico e de capital cultural.

Logo, os sujeitos ocuparão espaços mais próximos quanto mais similar for a quantidade e a espécie de capitais que detiverem.

Bem como os atores sociais vão se posicionar mais distantes no campo social, quanto mais distante (diferente) for o volume e o tipo de capitais.

Assim, pode-se dizer que a riqueza econômica (capital econômico) e a cultura acumulada (capital cultural) geram internalizações de disposições (habitus) que diferenciam os espaços a serem ocupados pelas pessoas.

CapitalCapital

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Campo socialEste conceito faz referência aos espaços sociais nos quais os agentes e as instituições “[...] profissionais da produção simbólica enfrentam-se em lutas que têm como alvo a imposição de princípios legítimos de visão e de divisão do mundo natural e social” (BOURDIEU, 1996, p.83).

Campo PolíticoO campo político é um campo de produção simbólica em que os agentes estão em luta a fim de impor suas categorias de visão e divisão do mundo social.

CampoCampo

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Campo é um universo social PARTICULAR constituído de AGENTES ocupando posições específicas dependentes do VOLUME e da ESTRUTURA do capital eficiente dentro do campo considerado. É um sistema de posições – que podem ser alteradas e contestadas.

Quantidade e Qualidade

Campo artístico, religioso, econômico

CampoCampo

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Cada campo tem seu NOMOS (lei fundamental) e DOXA (pressupostos cognitivos e avaliativos aceitos e reconhecidos pelos agentes no campo).

O campo é um microcosmo dotado de leis próprias. Há uma importância crescente do campo econômico em relação aos demais.

As estratégias dos agentes dentro do campo, determinadas pelo habitus, repousam nos mecanismos estruturais de competição e dominação. Mas as estratégias de reprodução predominam dentro dos campos, assim como a permanência das estruturas sociais.

Da tradição para a modernidade > autonomização crescente dos campos (articulados).

CampoCampo

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O quê?!

Você quer

uma

geladeira

e também

um rádio?

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Interessante.A distância entreo rico e o pobrenão é tão grandecomo nós pensavamos.

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O campo esportivo é rico em exemplos de distinção. Um mesmo esporte pode ser praticado e assistido de modos diferentes. No circo da "Fórmula l" o ingresso mais barato custa quase um salário-mínimo (cerca de 500 reais), enquadrando-se, provavelmente dentro do padrão de consumo de funcionários públicos graduados, pequenos comerciantes e trabalhadores qualificados. A entrada mais cara pode passar dos cinco mil reais. Este ticket permite ao seu portador frequentar locais com serviços de buffet, transporte aéreo (helicópteros), serviço de atendimento médico de urgência e, livre-acesso aos carros e pilotos oficiais. O paddock é o espaço dos profissionais liberais bem-sucedidos, das manequins internacionais, dos altos políticos, dos grandes industriais e dos donos do dinheiro. Isso mostra, que o mesmo esporte destina lugares diferentes para a platéia. As fronteiras, não seria necessário dizer, são guardadas por rígidos esquemas de segurança.

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As reações à dominação simbólica não acontecem apenas

através das armas da consciência e da vontade, mas na

construção dos sentidos dos objetos de uma cultura que

encerra a reprodução dos sentidos hegemônicos e a

submissão aos mesmos. “O poder simbólico não pode se

exercer sem a colaboração dos que lhe são subordinados e

que só se subordinam a ele porque o constroem como

poder”. Os sistemas simbólicos, como instrumentos de

conhecimento e de comunicação, só podem exercer um

poder estruturante porque são estruturados.

ReflexãoReflexão

Page 19: Breve Introdução sobre Pierre Bourdieu

Habitus (citação)“Sistema de disposições duráveis, estruturas estruturadas predispostas a funcionarem como estruturas estruturantes, isto é, como princípio que gera e estrutura as práticas sociais e as representações que podem ser objetivamente ‘regulamentadas’ e ‘reguladas’, sem que por isso sejam os produtos da obediência de regras objetivamente adaptadas a um fim, sem que se tenha a necessidade de projeção desse fim ou o domínio de operações para atingi-lo, mas sendo ao mesmo tempo, coletivamente orquestradas sem serem o produto da ação organizadora de um maestro” (BOURDIEU, 1977, p. 72).

Bourdieu pensa os “sistemas simbólicos” (arte, religião, língua) como estruturas estruturantes

Na representação que Saussure fornece da língua: sistema estruturado, a língua é fundamentalmente tratada como condição de inteligibilidade da palavra, como intermediário estruturado que se deve construir para se explicar a relação constante entre o som e o sentido.

Page 20: Breve Introdução sobre Pierre Bourdieu

HabitusHabitus

PercepçãoPercepção

Práticas SociaisPráticas Sociais

EstruturasEstruturas

CircunstânciasCircunstânciasHistóricasHistóricas

EspecíficasEspecíficas

Fonte: HARKER, 1990, p. 101

Page 21: Breve Introdução sobre Pierre Bourdieu

Habitus: disposição, estruturada por esquemas de percepção, apreciação e ações incorporadas corporalmente (hexis/habilidade) e cognitivamente.

Formação de interesses materiais e simbólicos impostos pelo parentesco, vizinhança, e trabalho. Ainda sem um senso de limite reconhecível, mas assegurada pela disposição do habitus.

Inculcação (repetição de ideias, memorização) de esquemas de oposição:pela aprendizagem através da simples familiarização ou da exploração explícita e expressa, produzindo um senso de limite ou senso de realidade.

EstratégiasPrimeira Ordem: Formas para obter materiais escassos e bens simbólicos.Segunda Ordem: Formas para fazer tais aquisições parecerem necessárias e regulamentá-las.

Implementação de Estratégiascom estilo e tempo específicos para produzir práticas que serão reproduzidas socialmente

Ordem objetivadeterminada formação social e econômica estruturada pelas relações de poder

Fonte: (ACCIAIOLI, 1981, P. 51)

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Uma contribuição central na concepção do poder

Poder utilitário versus poder simbólico (M. Procópio, 2003)

Concepção de poder

Ação Fontes do poder Legitimidade

Controle Exemplo

Utilitário Ocorre no nível do agente do poder e consiste na ação deliberada e calculada de submeter um terceiro a uma condição desejada e necessária para a consecução de um objetivo pretendido (exercício do poder)

Recursos empregados de forma sistemática e estratégica pelo ator no exercício do poder.

Desejada e cultivada pelo ator.

Estrategicamente definido.

Para manter meu controle sobre recursos naturais, eu invado o território e conquisto as fronteiras.

Simbólico Representa a própria percepção do sentido do poder, por parte de todos os agentes envolvidos na relação (não implica um exercício direto do poder).

Parâmetros da relação social do campo (habitus e capitais).

Percebida no campo e no âmbito das relações sociais.

No nível macro-social e se manifesta no interior do campo.

Defino as regras do jogo político quanto ao uso daquele mesmo recurso natural.

ComparaçãoComparação

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INSTRUMENTOS SIMBÓLICOS

COMO COMO COMO

Estruturas EstruturantesEstruturas Estruturantes Estruturas EstruturadasEstruturas Estruturadas Instrumentos de DominaçãoInstrumentos de Dominação

Instrumentos de Conhecimento e de

construção do mundo objetivo

Meios de Comunicação

(língua ou culturas X Discurso ou Conduta)

Poder

Divisão do trabalho (classes sociais)

Divisão do trabalho ideológico (manual/intelectual)

Função de Dominação

Formas Simbólicas Objetos Simbólicos Ideologias

Estruturas subjetivas (modus operandi)(modo de agir)

Estruturas objetivas (opus operanti) (obra) (versus Mitos, Línguas)

Kant - Cassirer Hegel - Saussure Karl Marx - Max Weber

Sapir - WhorfDurkheim - Mauss (Formas Sociais de Classificação)

  Lévi - Strauss (Semiologia)Corpos de Especialistas em concorrência pelo

   monopólio da produção cultural legítima

Significação: objetividade como

concordância dos sujeitosSignificação: Sentido objetivo como produto da comunicação que é a  

consenso condição da comunicação  

Sociologia das formas simbólicas Poder ideológico como contribuição

contribuição do poder simbólico específica de violência simbólica

para a ordem gnoseológica. (ortodoxia)

Senso = Consenso, isto é, doxa para a violência política

    (dominação)

    Divisão do Trabalho de Dominação

Fonte: BOURDIEU (Sobre o Poder Simbólico, 2009, p.16)

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HABITUSHABITUS

CAMPOCAMPO

CAPITALCAPITAL

BREVE INTRODUÇÃO SOBREBREVE INTRODUÇÃO SOBREPIERRE BOURDIEUPIERRE BOURDIEU

Apresentação elaborada porApresentação elaborada porSONIA REGINA SOARES DA CUNHASONIA REGINA SOARES DA CUNHAOrientanda da Prof.Dra. GRAÇA PINTO COELHOOrientanda da Prof.Dra. GRAÇA PINTO COELHOPPGEM/UFRNPPGEM/UFRNSetembro 2010Setembro 2010

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