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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE Karine Káthia Bandeira BRUCELOSE BOVINA Cascavel- PR 2011 KARINE KÁTHIA BANDEIRA

BRUCELOSE BOVINA - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/05/BRUCELOSE-BOVINA2.pdf · 7 No Brasil, assim como em outros países, a brucelose é uma das principais

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE

Karine Káthia Bandeira

BRUCELOSE BOVINA

Cascavel- PR 2011

KARINE KÁTHIA BANDEIRA

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BRUCELOSE BOVINA

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Especialista, no Curso de Especialização em Produção de Leite da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná.

Orientador: Prof. M. Sc. Sérgio J. M. Bronze

Cascavel-PR 2011

SUMÁRIO

RESUMO.........................................................................................................05

4

ABSTRAT............................................ ............................................................06

1. INTRODUÇÃO...........................................................................................07

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................. ........................................08

2.1. MODO DE TRANSMISSÃO....................................................................09

2.2. FATORES DE RISCO............................................................................11

2.3. PATOGÊNESE.......................................................................................12

2.4. ACHADOS CLÍNICOS............................................................................14

2.5. DOENÇA NO SER HUMANO.................................................................16

2.6. CONTROLE E PROFILAXIA..................................................................17

2.7. DIAGNÓSTICO......................................................................................19

2.8. ERRADICAÇÃO.....................................................................................21

3. CONCLUSÃO........................................ ..................................................22

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................... .................................23

5

RESUMORESUMORESUMORESUMO

A Brucelose é uma zoonose de ampla distribuição que causa grandes perdas

econômicas na pecuária, bem como risco à saúde pública. Em bovinos leiteiros, as

principais manifestações como abortos e baixa produção de leite, contribuem para

uma queda na produção de alimentos, além da possibilidade de transmissão através

do leite contaminado. A Brucelose nos bovinos recebeu atenção maior, por parte dos

órgãos públicos, nas últimas duas décadas, culminando com a criação do Programa

Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose – PNCEBT.

Porém o desconhecimento e a falta de consciência dos próprios produtores, que

facilitam a entrada de animais contaminados em rebanhos sadios, dificultam a

erradicação desta doença no Brasil.

Palavras chave: Zoonose, Brucelose, PNCEBT.

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ABSTRATABSTRATABSTRATABSTRAT

Brucellosis is a zoonosis of large distribution that cause great economic losses

in the animals farms, as well as risk to the public health. In dairy cattles, the main

clinical signs such as abortions and low milk yield, contribute for a reduction in the

food production, besides the possibility of transmission through contaminated milk.

The Brucellosis in cattle received greater attention on the part of public agencies, in

the last 2 decades, culminating with the creation of the National Program for Control

and Eradication of Brucellosis in of Tuberculosis – PNCEBT. But the ignorance and

lack of awareness of the producers themselves, which facilitate the entry of infected

animals in herds healthy hamper the eradication of this disease in Brazil.

Key Words: Brucellosis, Zoonosis e PNCEBT.

1 INTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

7

No Brasil, assim como em outros países, a brucelose é uma das principais

causas de abortos em bovinos. Segundo o Programa Nacional de Controle e

Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal - PNCEBT, os dados de

notificações oficiais indicam que a prevalência de animais soropositivos para

brucelose se manteve entre 4% e 5% no período de 1988 a 1998 (MERIAL, 2011). É

estimado que a brucelose cause perdas de 20-25% na produção leiteira, devido aos

abortos nascimentos prematuros, e aos problemas de fertilidade.

A brucelose é uma antropozoonose, isto é, uma doença que se transmite dos

animais ao homem, de distribuição mundial, sendo causada por bactérias

intracelulares facultativas pertencentes ao gênero Brucella, que infectam o sistema

mononuclear fagocitário. A importância da brucelose animal varia de um país a

outro, dependendo da população animal exposta, da espécie de Brucella envolvida e

das medidas tomadas para combatê-la. (COSTA,1998).

2 REVISÃO BIBLREVISÃO BIBLREVISÃO BIBLREVISÃO BIBLIOGRÁFICAIOGRÁFICAIOGRÁFICAIOGRÁFICA

8

As espécies da Brucella e seus principais animais pecuários hospedeiros são

a Brucella Abortus (bovinos), Brucella Melitensis (cabras), Brucella Suis (suínos) e

Brucella Ovis (ovinos). A brucelose também é uma importante zoonose que causa

doença debilitante nos humanos. Por causa do maior impacto econômico sobre a

saúde animal e risco de doença no humano, a maioria dos países tenta fornecer o

recurso para erradicar a doença da população de animais domésticos.

Os programas de controle empregam dois métodos principais: a vacinação

dos animais jovens, bem como o abate dos animais infectados com base em uma

reação a um teste sorológico (RADOSTIS et al., 2002).

A brucelose, também chamada de mal de Bang ou aborto infeccioso, é uma

das doenças mais importantes nos bovinos, nos quais é quase sempre causada por

Brucella abortus, que foi reconhecida pela primeira vez por Bang em 1897 (ROCA,

1988).

A infecção persistente (por toda a vida) é uma característica desse

microrganismo intracelular facultativo com eliminação nas secreções reprodutivas e

mamárias.

As Brucellas resistem bem à inativação no meio ambiente. Se as condições

de pH, temperatura e luz são favoráveis, elas resistem vários meses na água, fetos,

restos de placenta, fezes, lã, feno, materiais e vestimentas e, também, em locais

secos (pó, solo) e a baixas temperaturas. No leite e produtos lácteos sua

sobrevivência depende da quantidade de água, temperatura, pH e presença de

outros microrganismos. Quando em baixa concentração, as Brucellas são facilmente

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destruídas pelo calor. A pasteurização, os métodos de esterilização a altas

temperaturas e, mesmo, a fervura elimina as Brucellas. Em produtos não

pasteurizados elas podem persistir durante vários meses.

Na carne sobrevivem por tempo, dependendo da quantidade de bactérias

presentes, do tipo de tratamento sofrido pela carne e, mesmo, da correta eliminação

dos tecidos que concentram um maior número da bactéria (tecido mamário, órgãos

genitais, linfonodos). A maioria dos desinfetantes (formol, hipoclorito, fenol, xileno)

são ativos contra as Brucellas em soluções aquosas. Os desinfetantes amoniacais

não apresentam uma boa atividade contra as brucellas. Os raios ultravioleta e

ionizante destroem, também, essas bactérias (COSTA, 1998).

2.1 MODO DE TRANSMISMODO DE TRANSMISMODO DE TRANSMISMODO DE TRANSMISSÃOSÃOSÃOSÃO

A infecção ocorre nos bovinos de todas as idades, porém é mais comum nos

animais sexualmente maduros, particularmente nos bovinos leiteiros. Os

abortamentos ocorrem mais comumente em surtos nas novilhas não vacinadas após

o quinto mês de gestação. Os touros são acometidos com orquite, epididimite e

vesiculite seminal (RADOSTIS, et al,2002).

A doença é transmitida através da ingestão, penetração da pele e da

conjuntiva intactas, e pela transmissão transplacentária, bem como contaminação do

úbere durante a ordenha. Após a penetração, as Brucellas são levadas aos

linfonodos regionais. Após a fagocitose pelos macrófagos e células reticulares, a

10

degradação ocorre no interior dos fagolisossomos, provocando a liberação da

endotoxina e outros antígenos. O microrganismo não se multiplica no meio

ambiente, porém, persiste meramente, e a viabilidade do microrganismo fora do

hospedeiro é influenciada pelas condições ambientais existentes. Sua sobrevivência

no interior das células fagocitárias ocorre devido à inibição da fusão do lisossomo

com os grânulos secundários.

Assim, são transportadas até os linfonodos e, após, disseminam-se pelo

organismo. Aparentemente, localizam-se e multiplicam-se no interior do retículo

endoplasmático rugoso. A resistência à lise intracelular é dependente da espécie de

Brucella e, também, da espécie do hospedeiro. Nos ungulados existe um grande

tropismo pela placenta. O aborto seria o resultado do choque causado pelas

endotoxinas e pela morte do feto (COSTA, 1998).

A infecção congênita pode ocorrer nos bezerros nascidos de fêmeas

infectadas, mas sua frequência é muito baixa. A infecção ocorre no útero e pode

permanecer latente no bezerro durante o inicio de vida; o animal pode permanecer

sorologicamente negativo até seu primeiro parto, quando em seguida começa a

eliminar o microrganismo. Mesmo as novilhas vacinadas de fêmeas soropositivas

podem albergar uma infecção latente, mas existe um risco das filhas de fêmeas

sorologicamente positivas, reagirem na fase adulta inicial e constituírem uma

ameaça ao rebanho (RADOSTIS et al, 2002).

A morbidade é bastante variável, mas ao nível de um lote, conforme a maior

ou menor coabitação esse índice geralmente varia entre 10 e 50%, às vezes mais. A

11

doença se mantém endêmica e propriamente não há letalidade nem mortalidade, a

não ser que se computem os fetos abortados ou neonatos doentes que vêm a

morrer; o adulto infectado não morre pela enfermidade. A única ocasião em que a

brucelose se comporta como epidemia, causando surto de abortos, é quando recém

ingressa numa criação. Vários inquéritos sorológicos têm sido feitos em bovinos e,

no Brasil praticamente todos têm assinalado mais de 10% de bovinos positivos

(CORREA & CORREA, s.d).

2.2 FATORES DE RISCOFATORES DE RISCOFATORES DE RISCOFATORES DE RISCO

Os fatores de risco que influenciam a iniciação, a disseminação, a

manutenção e controle da brucelose bovina estão relacionados à população de

animais, ao manejo e a biologia da doença:

• Tamanho das instalações existentes na propriedade;

• Porcentagem de animais da propriedade que são inseminadas

artificialmente;

• Número de vacas que abortaram nos anos anteriores;

• Plano de ação do proprietário com referencia à eliminação dos animais

reagente/positivos.

Quanto mais tempo os animais infectados ficarem em contato com os animais

não doentes, maior será o numero de animais soropositivos.

12

Os fatores de risco associados com a disseminação da doença dentro do

rebanho consistem nos animais não vacinados, tamanho do rebanho, modos de

abrigo e uso de baias maternidade. Os rebanhos muito populosos são

frequentemente mantidos pela venda dos bovinos de reposição que podem estar

infectados e também pela dificuldade e possível erro do manejo, permitindo assim a

disseminação da brucelose.

2.3 PATOGÊNESEPATOGÊNESEPATOGÊNESEPATOGÊNESE

A Brucella abortus tem predileção pelo útero prenhe, úbere, testículo,

glândulas sexuais masculinas acessórias, linfonodos, cápsulas articulares e

membranas sinoviais. Após a invasão corpórea, a localização ocorre inicialmente

nos linfonodos que drenam a área e se espalha para outros tecidos linfoides, como o

baço, os linfonodos mamários e ilíacos.

Na orofaringe, no tubo entérico ou na mucosa genital o agente se instala e se

multiplica durante duas semanas, podendo ser encontrado no local e no linfonodo

regional; entre 2 e 4 semanas faz bacteremia, seja livre, seja transportado no interior

de neutrófilos e de macrófagos e ao libertar-se dos neutrófilos que morrem vai sendo

fagocitado exclusivamente por macrófagos dos diferentes órgãos em que se

encontra e neles se multiplicará, constituindo assim uma retículo-endoteliose difusa.

Inicialmente o organismo se sensibiliza e só após 4 a 6 semanas desenvolve

e apresenta anticorpos humorais das classes IgM e a seguir IgG. Onde quer que a

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Brucella se encontre há então formação de inflamação com modulação de

macrófagos em células epitelióides e infiltração por linfócitos e plasmócitos; o centro

dos focos pode então sofrer necrose de caseificação enquanto ao seu redor o tecido

conjuntivo começa a proliferar, tendendo a desenvolver cápsula. Muitas vezes a

distribuição do agente é tão difusa que praticamente não há formação dos nódulos

descritos. Raras vezes, por outro lado, pode haver grande concentração do

microrganismo e formação de abscesso. As lesões não são patognomônicas. Os

órgãos e tecidos podem apresentar uma aparência normal ou necrose localizada,

edemas, líquido sero-hemorrágico nas cavidades, broncopneumonia e pneumonia

intersticial. No homem a infecção é praticamente limitada ao sistema retículo

endotelial (CORREA & CORREA, s.d).

Nas vacas adultas não grávidas, a infecção localizasse no úbere, e no útero

se ocorrer prenhês, se infecta nas fases de bacteremia periódicas originárias do

úbere. Os úberes infectados são clinicamente normais, mas são importantes como

fonte de reinfecção uterina, como fonte de infecção para bezerros e para o homem

que ingere o leite.

O eritritol, uma substância produzida pelo feto, é capaz de estimular o

crescimento de Brucella abortus, ocorre naturalmente em grande concentração na

placenta e fluídos fetais e é provável responsável pela localização da infecção. A

invasão do útero prenhe resulta em uma grave endometrite ulcerativa dos espaços

intercotiledonários. O alantocórion, os líquidos fetais e os cotilédones placentários

são invadidos, e as vilosidades destruídas. O microrganismo possui uma forte

14

predileção pela placenta dos ruminantes, nas infecções agudas de vacas prenhes,

até 85% das bactérias estão nos cotilédones, nas membranas placentárias e no

liquido alantóide O aborto ocorre no terço final da gestação, sendo o período de

incubação inversamente proporcional ao estágio de desenvolvimento do feto no

momento da infecção. A Brucella abortus é um microrganismo que se abriga dentro

da célula. É provável que essa localização seja um importante fator para sua

sobrevivência no hospedeiro e pode ser uma explicação para os títulos transitórios

que ocorrem em alguns animais após episódios isolados de bacteremia e para a

ausência de títulos em animais com infecção latente (RADOSTIS et al, 1983).

2.4 ACHADOS CLÍNICOSACHADOS CLÍNICOSACHADOS CLÍNICOSACHADOS CLÍNICOS

Os achados clínicos dependem do estado imune do rebanho. No gado prenhe

não vacinado altamente suscetível, o abortamento após o quinto mês de gestação é

uma característica da doença em bovinos. Nas gestações subsequentes o feto

normalmente é gerado, mas pode ocorrer um segundo ou terceiro aborto na mesma

vaca. A retenção de placenta e a metrite são sequelas comuns do abortamento. As

infecções mistas costumam ser a causa da metrite, que pode ser aguda, com

septicemia e óbito em seguida, ou crônica levando a esterilidade (RADOSTIS et al,

2002).

O feto, ao ser abortado, deixa retenção placentária e nas células

cotiledonárias podem ser observadas imensas quantidades do agente; geralmente

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está um pouco edematoso, o que pode ser difícil de estimar; pode apresentar líquido

sanguinolento nas cavidades abdominal e torácica e quase sempre apresenta

broncopneumonia que microscopicamente mostra predomínio amplo de macrófagos

sobre o componente neutrófilo. Após o aborto a Brucella tende a ser eliminada do

útero, porém em muitos animais resta endometrite difusa de longa duração que

interfere com a fertilidade e fecundidade das vacas. Em geral, por período de alguns

meses é possível isolar brucelas do útero (CORREA & CORREA, s.d).

Orquite e epididimite:

No touro a orquite e a epididimite ocorrem ocasionalmente. Uma ou ambas as

bolsas escrotais podem estar acometidas com edema doloroso, agudo, duas vezes

o tamanho normal, embora os testículos possam não se encontrar

macroscopicamente aumentados de volume. O edema persiste por considerável

período, e o testículo sofre necrose de liquefação e é eventualmente destruído. As

vesículas seminais podem ser acometidas, e seu aumento de tamanho pode ser

detectado na palpação retal (RADOSTIS et al, 2002).

Sinovite:

A Brucella abortus pode ser frequentemente isolada dos tecidos de sinovite

não supurativa nos bovinos. Edemas higromatosos, especialmente nos joelhos deve

ser considerado com suspeita. A artrite não supurativa progressiva e erosiva da

junção das articulações ocorre nos bovinos jovens de rebanhos livres de brucelose

vacinados com a vacina contra a cepa 19 (RADOSTIS, et al, 2002).

16

2.5 DOENÇA NDOENÇA NDOENÇA NDOENÇA NO SER HUMANOO SER HUMANOO SER HUMANOO SER HUMANO

A brucelose humana é uma doença importante, mas de difícil diagnóstico

porque apresenta sintomatologia inespecífica.

A transmissão da doença ocorre pelo contato do agente com mucosas ou

soluções de continuidade da pele. O grande risco para a saúde pública decorrente

da ingestão de leite cru ou produtos lácteos não submetidos a tratamento térmico

(queijo fresco, iogurte, creme, etc.), oriundos de animais infectados. A carne crua

com restos de tecidos linfáticos e o sangue de animais infectados podem conter

microrganismos viáveis e, portanto, de igual modo representam risco para a

população humana consumidora.

A doença produzida pela Brucella abortus que é o agente mais difundido no

meio veterinário e responsável pelo real problema da brucelose no país, na grande

maioria das vezes é caracterizada por sintomas inespecíficos presentes nos

processos bacterianos generalizados nos quais se destacam a febre, a sudorese

noturna, e as dores musculares e articulares. Seu curso pode ser dividido em duas

fases, sendo a febre intermitente recorrente uma característica marcante. Na fase

aguda prevalecem a, febre, a debilidade, a cefaleia, as dores musculares e

articulares, a sudorese noturna intensa, calafrios e prostração. O quadro agudo pode

evoluir para toxemia, trombocitopenia, endocardite e outras complicações podendo

levar a morte. Geralmente é confundida com gripe recorrente, sendo observadas

fadiga, cefaleia, dores musculares e sudorese.

17

Em geral, o tratamento é feito pela administração de uma associação de

antibióticos por seis semanas. As drogas mais utilizadas são as tetraciclinas,

doxiciclina e rifampicina. Caso a infecção acidental com a amostra RB51, o uso da

rifampicina é contra indicado (PNCEBT,2006).

2.6 CONTROLE E PROFILAXIACONTROLE E PROFILAXIACONTROLE E PROFILAXIACONTROLE E PROFILAXIA

A maioria dos países com brucelose possui programas para controlar e

erradicar a infecção dos bovinos, a fim de reduzir as perdas econômicas e proteger

os seres humanos da doença.

A vacinação com a cepa B-19, uma vacina viva atenuada, produzida com

amostra lisa da Brucella. abortus é a mais utilizada atualmente, sendo a única

liberada e aprovada para utilização no Brasil. Esta vacina induz uma proteção

eficiente, duradoura, mas com alguns efeitos indesejáveis, como a produção de

anticorpos que interferem no diagnóstico diferencial, causar aborto em fêmeas

adultas e ser patogênica para o homem. Essa vacina deve ser utilizadas em

bezerras entre 3 e 8 meses de idade.

Amostras rugosas de Brucella abortus que perderam componentes do

lipopolisacarídeo –LPS foram testadas para utilização em vacinas. Dentre estas

amostras a que tem apresentado resultados mais eficientes, sendo atualmente

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utilizada em muitos países, como EUA, México e Chile em seus programas de

erradicação é a RB51.

Nos EUA a RB51 foi introduzida em 1996 sendo atualmente a única vacina

utilizada naquele país. Apesar de ainda possuir uma liberação condicionada esta

vacina, produzida a partir de uma mutante rugosa da amostra 2308 da Brucella

abortus apresenta algumas vantagens quando comparada a B-19. Passagens

sucessivas em meio contendo rifampicina resultaram na perda da cadeia-O, não

havendo assim a indução de anticorpos normalmente detectados nos testes

sorológicos convencionais. Estudos preliminares sobre a biossegurança desta

vacina têm demonstrado que ela não provoca reversão de virulência e aborto em

fêmeas gestantes. Ao nível de campo, em áreas de alta e baixa prevalência, a

imunidade é similar ou superior a induzida pela B-19. Apesar das vantagens a RB51

não obteve o seu registro liberado nos EUA por faltarem dados estatísticos que

comprovem a sua igualdade ou superioridade a B19. Outro ponto importante que foi

levantado por autoridades sanitárias americanas é a sua patogenicidade para o

homem.

Veterinários e trabalhadores rurais expostos a RB51 serão negativos quando

testados pelos métodos sorológicos convencionais, por ser uma vacina não indutora

de anticorpos aglutinantes, dificultando assim o tratamento desta população de risco.

2.7 DIAGNÓSTICODIAGNÓSTICODIAGNÓSTICODIAGNÓSTICO

19

O diagnóstico de brucelose pode ser feito tanto pela identificação da bactéria

(diagnóstico direto) como pela pesquisa da resposta imunológica à infecção

(diagnóstico indireto). O diagnóstico direto de brucelose se faz através da

bacteriologia e coloração direta, utilizando os tecidos e produtos dos animais

infectados (tecidos fetais e placentários, sangue, útero, testículos, leite, queijo,

secreções genitais).

Os testes sorológicos permitem a pesquisa de anticorpos no soro e leite dos

animais infectados. As técnicas internacionalmente indicadas para o diagnóstico no

soro são a AAT Teste do Antígeno Acidificado Tamponado como prova de triagem e,

para confirmação, as provas de fixação do complemento e 2-mercaptoetanol, como

provas complementares. Para identificar rebanhos leiteiros infectados pode-se

utilizar o teste do anel no leite (individual ou de mistura).

A prova do Antígeno Acidificado Tamponado (AAT) consiste em uma soro-

aglutinação em placa, onde o antígeno é tamponado em pH ácido, o que reduz a

atividade da IgM, tornando a prova seletiva para IgG1. Este teste é utilizado como

prova de triagem em rebanhos e apresenta grande sensibilidade em animais

vacinados com a B19. Recomenda-se, entretanto, que os animais positivos neste

teste sejam retestados em provas complementares (MEGID et al., 2000; PAULIN,

2003).

O 2-mercaptoetanol (2-ME) é utilizado como teste complementar. A prova

fundamental na ação de certos compostos que degradam a configuração do

pentâmero da IgM, determinando assim a perda da sua atividade aglutinante. Dessa

20

forma, este teste é também seletivo para IgG. Esta prova gera reações falso

positivas em menor quantidade que a prova do AAT (MEGID et al., 2000; PAULIN,

2003).

Geralmente a Fixação de Complemento (FC) é considerada superior aos

outros testes com relação à sensibilidade e especificidade sendo a mesma

considerada como teste confirmatório na maioria dos países, até os últimos anos

(MOLNÁR et al., 2002; PAULIN, 2003). Entretanto, vários artigos foram publicados

sobre as falhas de diagnóstico quando se utilizou somente a FC para a detecção da

infecção por B. abortus. Podem ocorrer tanto resultados falso positivos quanto falso

negativos, além de não ser possível diferenciar os títulos produzidos pelas vacinas

ou por infecção (MOLNÁR et al., 2000).

Para o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e

Tuberculose (PNCEBT), do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento), a prova do AAT, que é muito sensível e de fácil execução, é o único

teste de triagem. Os animais que reagirem a este teste devem ser submetidos a um

teste confirmatório, o 2-ME, que é mais específico. Para efeitos de trânsito

internacional é utilizada a FC; esta é também utilizada em casos inconclusivos ao 2-

ME.

2.8 ERRADICAÇÃOERRADICAÇÃOERRADICAÇÃOERRADICAÇÃO

Exigir atestado negativo de brucelose na compra de animais - Recomenda-se

adquirir somente matrizes de propriedades livres e, de preferência, que tenham sido

vacinadas na idade de 3-8 meses;

21

Quarentena – somente deve incorporar ao rebanho os animais adquiridos

após duas provas negativas intervaladas de 60 dias, especialmente quando não foi

possível atender às condições do item anterior.

Outras medidas:

· Levantamento sorológico regular de todo o rebanho;

· Enterrar fetos e restos placentários;

· Ferver o leite destinado ao consumo humano;

· Usar luvas descartáveis ao manejar animais com problemas reprodutivos ou

com material contaminado. (Viana, et all,1984).

E o mais importante, os produtores devem estar cientes do tamanho dos

danos que essa doença pode causar nos rebanhos e principalmente nos seres

humanos, e ainda, estar dispostos a colaborar com o programa de erradicação,

3 CONCLUSÃOCONCLUSÃOCONCLUSÃOCONCLUSÃO

Podemos concluir que a brucelose é uma doença infecciosa de caráter

crônico, caracterizada por processos inflamatórios específicos, de grande

importância por ser uma zoonose.

22

Conclui-se ainda que a brucelose bovina seja endêmica em todo o território

nacional e existe heterogeneidade entre as regiões quanto à sua frequência. O

histórico brasileiro mostra que as atividades de vacinação e diagnóstico devem

merecer especial atenção no programa de controle e erradicação dessa doença.

Como a brucelose bovina gera consequências econômicas desastrosas para

os pecuaristas, ainda hoje, o abate clandestino de animais brucélicos e o comércio

clandestino de leite são práticas comuns em várias regiões do Brasil.

A brucelose continua ocorrendo como um grave problema sanitário em

bovinos. Logo, o diagnóstico dessa doença em animais abatidos para consumo

reveste-se de importante significado para a defesa sanitária animal e para a saúde

humana.

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4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASREFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASREFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASREFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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