135
FEN/UERJ Dissertação de Mestrado Modelagem Numérica da Construção de Aterro Instrumentado na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro Autor: Bruno Teixeira Lima Orientadora: Denise Maria Soares Gerscovich Co-orientadora: Ana Cristina Castro Fontenla Sieira Centro de Tecnologia e Ciências Faculdade de Engenharia PGECIV – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil Universidade do Estado do Rio de Janeiro Agosto de 2007

Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

FEN/UERJ

Dissertação de Mestrado

Modelagem Numérica da Construção de Aterro Instrumentado na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro

Autor: Bruno Teixeira Lima

Orientadora: Denise Maria Soares Gerscovich

Co-orientadora: Ana Cristina Castro Fontenla Sieira

Centro de Tecnologia e Ciências

Faculdade de Engenharia

PGECIV – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Agosto de 2007

Page 2: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo
Page 3: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

Ficha Catalográfica

L732 LIMA, BRUNO TEIXEIRA Modelagem Numérica da Construção de Aterro Instrumentado na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro [Rio de Janeiro] 2007. xxii , 135 p. 29,7 cm (FEN/UERJ, Mestrado, PGECIV - Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil - Área de Concentração: Geotecnia, 2007.) v, 135 f. : il. ; 30 cm Dissertação - Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ

1. Argila mole 2. Aterro 3. Modelagem numérica

I. FEN/UERJ II. Título (série) CDU.551.52

Page 4: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

À minha mãe e ao meu avô Teixeirinha, sem eles eu nunca teria chegado aqui.

Page 5: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

Agradecimentos

À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção,

apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo o curso de mestrado, quanto nas

matérias de graduação. Agradeço a ela por todos os ensinamentos e conhecimentos

transmitidos ao longo das matérias, bem como fora da sala de aula, indispensáveis para a

realização deste trabalho.

À minha co-orientadora, Prof.ª Ana Cristina Castro Fontenla Sieira pelo incentivo e

pelos debates sobre o Plaxis e outros assuntos.

Aos professores do PGECIV, em especial a Prof.ª Bernadete Ragoni Danziger.

A toda equipe do LABBAS pela enorme ajuda, em especial ao Rodolfo, pelas boas

risadas, e a Márcia por toda ajuda prestada.

Aos companheiros de mestrado pela ajuda, colaboração e incentivo. Em especial aos

amigos Wisner Coimbra e Mariana Duarte Santos pelas horas intermináveis no LABBAS,

que passam muito rápido. Ao Anderson Bastos pela amizade e companherismo, nas

matérias desde os tempos de 2º Grau.

Aos amigos do GECAD, pelo companherismo durante a graduação, e pelas

convesas semi-técnicas durante o mestrado.

Ao Oukurt ou Desce, e filiados, por tudo.

À minha mãe, Ana Maria, e ao MSc. Renato Lima, meu irmão, por estarem sempre

ao meu lado. Aos meus avós e tios, pelo apoio.

À FAPERJ pelo apoio financeiro.

A todos que colaboraram para a conclusão deste trabalho.

Page 6: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

Resumo

Lima, Bruno Teixeira Lima; Gerscovich, Denise Maria Soares (Orientadora); Sieira, Ana Cristina Castro Fontenla (Co-orientadora). Modelagem Numérica da Construção de Aterro Instrumentado na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2007. 135p. Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

A complexidade na previsão do comportamento de aterros sobre solos

compressíveis representa um desafio para os engenheiros geotécnicos, mesmo os mais

experientes. As limitações das teorias de análise e a dificuldade na seleção de parâmetros

muitas vezes acarretam em estimativas de recalque incoerentes com a observação de

campo.

O presente trabalho tem como objetivo reproduzir a seqüência construtiva de extenso

aterro, instrumentado, executado na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, para implantação

da indústria Rio Polímeros, utilizando o programa PLAXIS.

Os parâmetros geotécnicos foram definidos a partir de ensaios oedométricos, tendo

sido realizado um estudo prévio sobre a qualidade das amostras. Estes parâmetros foram

confrontados com a experiência local, que resume mais de 30 anos de investigações na

argila mole da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Apesar da distância entre os locais

de investigações, não houve diferenças significativas entre os parâmetros geotécnicos.

As análises numéricas foram realizadas considerando-se diferentes hipóteses para o

coeficiente de permeabilidade, de forma a reproduzir adequadamente as leituras de placa de

recalque e poropressão registradas no campo. Este parâmetro teve grande influência na

resposta da modelagem numérica, tendo sido obtidos bons resultados com valores de

permeabilidade variando em função da profundidade.

Palavras-chave Argila Mole; Aterro; Modelagem Numérica.

Page 7: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

Abstract

Lima, Bruno Teixeira Lima; Gerscovich, Denise Maria Soares (Advisor); Sieira, Ana Cristina Castro Fontenla (Co-Advisor). Numerical Modeling of na Instrumented Embankment Constructed at Baixda Fluminense, Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2007. 135p. M.Sc. Dissertation – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

The complex prediction of the behavior of embankments on soft soils is a challenge for

geotechnical engineers, even for the most experienced. The limitations of analytical theories,

besides the uncertainties of parameters selection lead many times to incoherent prediction

when compared to field observation.

The present research aims at reproducing the sequence of construction of a large

instrumented embankment in Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, using PLAXIS program.

The embankment was built for the implantation of a Polymeric industry.

The geotechnical parameters were defined by oedometric tests, which were previously

analyzed according to the quality of sampling. These parameters were compared to local

data, which have been obtained through more than 30 years of investigations in the soft clay

of Baixada Fluminense. In spite of the distances between investigation sites, no significant

differences have been observed.

The numeric analyses were accomplished considering different hypothesis of

permeability coefficient, in a tentative of appropriately reproducing the plate readings and

piezometers recordings. The permeability has a great influence in the numerical modeling

response and the alternative of varying permeability with depth has provided the best results.

Key-words Soft Soil; Embankment; Numerical Modeling;

Page 8: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

Sumário

1. Introdução ........................................................................................................................ 19

1.1. Estrutura da Dissertação............................................................................................................. 20

2. Revisão Bibliográfica ...................................................................................................... 21

2.1. Previsão do Processo de Adensamento.................................................................................... 21

2.1.1. Teoria de Terzaghi .................................................................................................................. 21 2.1.2. Método de Asaoka .................................................................................................................. 23 2.1.3. Determinação de Parâmetros de Compressibilidade e Adensamento ................................... 24

2.1.3.1. Ensaios de laboratório...................................................................................................... 24 2.1.3.2. Ensaios de campo............................................................................................................ 28

2.1.4. Qualidade das Amostras ......................................................................................................... 28 2.2. Técnicas de Projeto e Execução de Aterros Sobre Solos Moles............................................ 34

2.2.1. Remoção da Camada de Solo Mole ....................................................................................... 34 2.2.2. Sobrecarga.............................................................................................................................. 35 2.2.3. Vácuo ...................................................................................................................................... 36 2.2.4. Aterro sobre Estacas............................................................................................................... 37 2.2.5. Estabilização do Solo .............................................................................................................. 37

2.2.5.1. Material Cimentante ......................................................................................................... 37 2.2.5.2. Aumento da Temperatura ................................................................................................ 38 2.2.5.3. Eletrosmose ..................................................................................................................... 39

2.2.6. Estacas de Material Granular.................................................................................................. 39 2.2.7. Drenos Verticais ...................................................................................................................... 41

2.2.7.1. DVP .................................................................................................................................. 42 2.2.8. Aterro Leve.............................................................................................................................. 43

2.3. Casos Históricos de Aterros no Rio de Janeiro........................................................................ 45

2.3.1. Baixada de Jacarepaguá......................................................................................................... 45 2.3.1.1. Margem da Lagoa de Jacarepaguá ................................................................................. 45 2.3.1.2. Aterro do SESC/SENAC .................................................................................................. 47

2.3.2. Baixada Fluminense................................................................................................................ 48 2.3.2.1. Aterros Experimentais – Rio Sarapui ............................................................................... 49

2.3.2.1.1. Aterro Experimental I................................................................................................. 49 2.3.2.1.2. Aterro Experimental II................................................................................................ 51

2.3.2.2. Aterro Rio Polímeros ........................................................................................................ 53 2.3.2.3. Caracterização Geotécnica da Camada de Argila Mole .................................................. 54

2.4. Casos Históricos de Modelagem Numérica para Previsão de recalques .............................. 62

Page 9: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

2.4.1. Malásia - Programa ABAQUS................................................................................................. 62 2.4.2. Tailândia – Programa PLAXIS ................................................................................................ 67 2.4.3. Singapura – Programa PLAXIS .............................................................................................. 69 2.4.4. Aterro experimental IPR/DNER............................................................................................... 73

3. Análise dos Parâmetros Geotécnicos - Rio Polímeros................................................ 76

3.1. Confiabilidade dos Resultados de Laboratório ........................................................................ 78

3.1.1. Peso Específico....................................................................................................................... 78 3.1.2. Qualidade da Amostra............................................................................................................. 79

3.2. Definição dos Parâmetros para Modelagem Numérica............................................................ 82

3.2.1. Peso Específico....................................................................................................................... 84 3.2.2. Índice de Vazios ...................................................................................................................... 84 3.2.3. Razão de Pré-Adensamento (OCR) ....................................................................................... 85 3.2.4. Índices de Compressibilidade ................................................................................................. 87 3.2.5. Coeficiente de Adensamento .................................................................................................. 89 3.2.6. Coeficiente de Permeabilidade ............................................................................................... 91

3.3. Resumo dos Dados e Comparação............................................................................................ 92

4. Análise Numérica............................................................................................................. 94

4.2. Programa PLAXIS......................................................................................................................... 94

4.3. Parâmetros Geotécnicos e Considerações............................................................................... 97

4.4. Seções Analisadas..................................................................................................................... 100

4.4.1. Área Central .......................................................................................................................... 100 4.4.1.1. Velocidade de recalque.................................................................................................. 103 4.4.1.2. Variação da permeabilidade durante o processo de adensamento .............................. 105 4.4.1.3. Piezômetros ................................................................................................................... 106

4.4.2. Área Leste ............................................................................................................................. 109 4.4.2.1. Seção A – Placa de recalque PR-05.............................................................................. 109 4.4.2.2. Seção B – Placa de recalque PR-06.............................................................................. 111

4.4.2.2.1. Piezômetros ............................................................................................................ 114 4.4.2.3. Seção C – Placa de recalque PR-07 ............................................................................. 115 4.4.2.4. Seção D – VWP – 05 e 06 ............................................................................................. 117

4.4.3. Área Oeste ............................................................................................................................ 119 4.4.3.1. Seção A – Placa de recalque PR-18.............................................................................. 119 4.4.3.2. Seção B – Placa de recalque PR-21.............................................................................. 122

4.4.4. Resumo dos resultados......................................................................................................... 124

5. Conclusões e Sugestões .............................................................................................. 126

Page 10: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

Lista de Figuras

Figura 2.1 – Construção gráfica do método de Asaoka (Almeida, 1996) ............................................. 23 Figura 2.2 – Tipos de Construção de Asaoka (Almeida, 1996) ............................................................ 24 Figura 2.3 – Curva de compressibilidade típica da argila de Sarapuí (Ortigão, 1980) ......................... 26 Figura 2.4 – Curva de adensamento com compressão secundária baseada em Martins (2007) ........ 27 Figura 2.5 – Variação das tensões efetivas no processo de amostragem (Adaptado de Ladd e Lambe,

1963) ............................................................................................................................................. 29 Figura 2.6 – Resultados de ensaios CRS para diferentes tipos de amostragem (Adaptado de Lunne et

al., 1997)........................................................................................................................................ 30 Figura 2.7 – Curvas εv x σ´v obtidas com diferentes amostradores (Coutinho et al., 2001) ................. 31 Figura 2.8 – Curvas e x log σ´ para amostras de Boa e Má Qualidade (Coutinho et al., 1998)........... 32 Figura 2.9 – Faixas de classificação propostas por Coutinho et al. (2001) para argilas de Recife...... 33 Figura 2.10 – Processo de Vibro-substituição (Almeida, 1996)............................................................ 40 Figura 2.11 – Planta de Localização da Obra (Bedeschi, 2004) .......................................................... 45 Figura 2.12 – Seção típica da Área C (Bedeschi, 2004)....................................................................... 46 Figura 2.13 – Localização do aterro estaqueado reforçado do SESC/SENAC (adaptado de Spotti,

2006) ............................................................................................................................................. 48 Figura 2.14 – Baixada Fluminense e localização dos aterros (modificada de Spannerberg, 2003) .... 49 Figura 2.15 – Perfil geotécnico no Aterro Experimental I (Gerscovich, 1983)...................................... 50 Figura 2.16 – Geometria do aterro e localização das trincas (Ortigão, 1980) ...................................... 51 Figura 2.17 – Seções do Aterro II do IPR. (Almeida 1996)................................................................... 52 Figura 2.18 – Foto da obra – Outubro, 2000 (Formigheri, 2003).......................................................... 53 Figura 2.19 – Planta baixa esquemática do aterro (Formigheri, 2003)................................................. 53 Figura 2.20 – Valores de OCR – Baixada Fluminense ......................................................................... 56 Figura 2.21 – Faixa de valores de e0 – Baixada Fluminense................................................................ 56 Figura 2.22 – Parâmetros de compressibilidade do solo. (Lima et al., 2006)....................................... 57 Figura 2.23 – Valores de cv (Formigheri, 2003; Ortigão, 1980) ............................................................ 58 Figura 2.24 – Faixa de valores de cv da argila do Rio de Janeiro obtida em ensaios oedométricos

(Spannerberg, 2003) ..................................................................................................................... 58 Figura 2.25 – Distribuição do coeficiente de permeabilidade com a profundidade. ............................. 59 Figura 2.26 – Localização de alguns depósitos de argila na Malásia e localização dos aterros

experimentais (Indraratna et al., 2005) ......................................................................................... 62 Figura 2.27 – Seção transversal do Aterro 1 (Indraratna et al., 2005).................................................. 63 Figura 2.28 – Malha de elementos finitos utilizada para o Aterro 1 (Indraratna et al., 2005)............... 63 Figura 2.29 – Resultados medidos x previstos – Aterro 1 (Indraratna et al., 2005) ............................. 64 Figura 2.30 – Seção transversal do Aterro 2 (Indraratna et al., 2005).................................................. 65 Figura 2.31 – Malha de elementos finitos utilizada para o Aterro 2 (Indraratna et al., 2005)............... 65 Figura 2.32 – Curva Tempo x Recalques superficiais do Aterro 2 (Indraratna et al., 2005) ................ 66

Page 11: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

Figura 2.33 – Excesso de Poropressão no Piezômetro 6 (Indraratna et al., 2005).............................. 66 Figura 2.34 – Deslocamentos laterais do inclinômetro I1 após 300 dias (Indraratna et al., 2005)....... 67 Figura 2.35 – Seção do aterro e condições de contorno (Hossain e Nag, 2005)................................. 68 Figura 2.36 – Comparação entre recalques previstos e medidos (Hossain e Nag, 2005) ................... 69 Figura 2.37 – Áreas de estudo do aterro do “Local Piloto” (Arulrajah, 2005) ....................................... 70 Figura 2.38 – Perfil geotécnico e instrumentação “Local Piloto” (Arulrajah ,2005)............................... 71 Figura 2.39 – Célula axial considerada na modelagem (Arulrajah, 2005)............................................ 72 Figura 2.40 – Modelagem plana do aterro (Arulrajah, 2005) ................................................................ 72 Figura 2.41 – Comparação entre curvas tempo x recalque numérica e experimental (Arulrajah, 2005)

....................................................................................................................................................... 73 Figura 2.42 – Seção transversal típica prevista da Seção A (DNER/IPR 1980). ................................. 74 Figura 2.43 – Curva Recalque x Tempo (Lima et al., 2006) ................................................................. 75 Figura 3.1 – Parâmetros geotécnicos subáreas Tanques e Utilitários. (Spannenberg, 2003 e

Formigheri, 2003) .......................................................................................................................... 77 Figura 3.2 – Valores de índice de compressão virgem Cc x γnat ........................................................... 79 Figura 3.3 – Amostra com qualidade “Muito Bom” – Amostra 50/2 ...................................................... 80 Figura 3.4 – Amostra com qualidade “Ruim” – Amostra 68/1............................................................... 80 Figura 3.5 – Planta de localização das sondagens com retiradas de amostras indeformadas

(adaptado de Formigheri, 2003).................................................................................................... 82 Figura 3.6 – Variação do peso específico com a profundidade (adaptado de Ortigão, 1980). ............ 84 Figura 3.7 – Valores de e0 ao longo da profundidade (adaptado de Ortigão, 1980) ............................ 85 Figura 3.8 – Variação de σ´vm ao longo da profundidade (adaptado de Ortigão, 1980) ....................... 86 Figura 3.9 – Variação de OCR ao longo da profundidade (adaptado de Ortigão, 1980) ..................... 86 Figura 3.10 – Parâmetro de compressibilidade Cc do solo................................................................... 87 Figura 3.11 – Índice de compressibilidade Cr do solo........................................................................... 88 Figura 3.12 – Valores de CR e RR ao longo da profundidade ............................................................. 89 Figura 3.13 – Faixa proposta para os valores de cv na área da Baixada Fluminense (adaptado de

Spannenberg, 2003)...................................................................................................................... 90 Figura 3.14 – Valores de ky em função do índice de vazios (e)............................................................ 91 Figura 4.1 – Espessura da argila mole e instrumentos utilizados nas análises ................................. 100 Figura 4.2 – Malha de elementos finitos – Seção Área Central.......................................................... 101 Figura 4.3 – Evolução dos Recalques x Tempo em função do alteamento do aterro – Área Central.102 Figura 4.4 – Evolução dos Recalques x Tempo em função do alteamento do aterro – kx e ky em

amostras próximas a PR-04........................................................................................................ 104 Figura 4.5 – Evolução dos Recalques x Tempo em função do alteamento do aterro – kx e ky variando

com a profundidade para a PR-04. ............................................................................................. 105 Figura 4.6 – Evolução dos Recalques x Tempo em função do alteamento do aterro – ky variando com

índice de vazios (ck) .................................................................................................................... 106 Figura 4.7 – Evolução do ∆u ao longo do tempo e alteamento do aterro – Piezômetros VWP-01.... 107 Figura 4.8 – Evolução do ∆u ao longo do tempo e alteamento do aterro – Piezômetro VWP-03...... 107

Page 12: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

Figura 4.9 – Malha de elementos finitos – Área Leste – Seção A...................................................... 110 Figura 4.10 – Evolução dos recalques x tempo após 95 dias de consolidação e alteamento do aterro –

Área Leste – Seção A ................................................................................................................. 110 Figura 4.11 – Malha de elementos finitos – Área Leste – Seção B.................................................... 112 Figura 4.12 – Recalques x tempo após 59 dias de consolidação e alteamento do aterro – Área Leste –

Seção B ....................................................................................................................................... 113 Figura 4.13 – Evolução das poropressões após 70 dias de consolidação e alteamento do aterro –

Área Leste – Seção B ................................................................................................................. 114 Figura 4.14 – Malha de elementos finitos – Área Leste – Seção C.................................................... 115 Figura 4.15 – Recalques x tempo após 45 dias de consolidação – Área Leste – Seção C ............... 116 Figura 4.16 – Malha de elementos finitos – Área Leste – Seção D.................................................... 118 Figura 4.17 – Evolução das poropressões – Área Leste – Seção D .................................................. 119 Figura 4.18 – Malha de elementos finitos – Área Oeste – Seção A ................................................... 120 Figura 4.19 – Recalques x tempo após 2 dias de consolidação – Área Oeste – Seção A ................ 121 Figura 4.20 – Malha de elementos finitos – Área Oeste – Seção B ................................................... 123 Figura 4.21 – Recalques x tempo após 14 dias de consolidação e alteamento do aterro – Área Oeste

– Seção B .................................................................................................................................... 123

Page 13: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

Lista de Tabelas Tabela 2.1 – Aplicabilidade dos ensaios de campo para a determinação dos parâmetros de

compressibilidade e adensamento (Almeida, 1996 e Campanella e Robertson, 1986) ............... 28 Tabela 2.2 – Critério de qualidade proposto por Lunne et al. (1997) ................................................... 30 Tabela 2.3 – Critério de qualidade adaptado por Oliveira (2002) de Lunne et al. (1997)..................... 34 Tabela 2.4 – Pesos específicos dos materiais leves para aterros (DNER, 1998) ................................ 43 Tabela 2.5 – Características das seções e sistemas drenantes. (DNER/IPR 1980; Almeida 1996).... 52 Tabela 2.6 – Alturas do aterro e de sobrecargas no aterro. (adaptado de Formigheri, 2003) ............. 54 Tabela 2.7 – Resumo dos resultados obtidos para a argila mole da Baixada Fluminense. (adaptada de

Spannerberg 2003) ....................................................................................................................... 60 Tabela 3.1 – Qualidade das amostras de acordo com o critério de Lunne et al. (1997). ..................... 81 Tabela 3.2 – Parâmetros geotécnicos das amostras indeformadas..................................................... 83 Tabela 3.3 – Valores de Cc médios e desvio padrão para cada área................................................... 88 Tabela 3.4 – Valores de Cr médios e desvio padrão para cada área. .................................................. 89 Tabela 3.5 – Valores de cv médios e desvio padrão para cada área.................................................... 91 Tabela 3.6 – Valores de ky médios para cada área. ............................................................................. 92 Tabela 3.7 – Parâmetros geotécnicos do presente trabalho (Indústria Rio Polímeros) e de outros

autores na argila de Sarapuí. ........................................................................................................ 93 Tabela 4.1 – Parâmetros geotécnicos da argila utilizados na modelagem numérica........................... 98 Tabela 4.2 – Parâmetros geotécnicos do aterro e colchão drenante. .................................................. 98 Tabela 4.3 – Seqüência de carregamento – Área Central.................................................................. 101 Tabela 4.4 – Estimativa de recalque total – Área Central................................................................... 103 Tabela 4.5 – Permeabilidade da argila variável com a profundidade. ................................................ 104 Tabela 4.6 – Erros nas análises de ∆u ............................................................................................... 108 Tabela 4.7 – Seqüência de carregamento – Área Leste – Seção A................................................... 109 Tabela 4.8 – Estimativa de recalque total – Área Leste – Seção A.................................................... 111 Tabela 4.9 – Seqüência de carregamento – Área Leste – Seção B................................................... 112 Tabela 4.10 – Estimativa de recalque total – Área Leste – Seção B.................................................. 113 Tabela 4.11 – Seqüência de carregamento – Área Leste – Seção C................................................. 115 Tabela 4.12 – Estimativa de recalque total – Área Leste – Seção C.................................................. 117 Tabela 4.13 – Seqüência de carregamento – Área Leste – Seção D................................................. 118 Tabela 4.14 – Seqüência de carregamento – Área Oeste – Seção A................................................ 120 Tabela 4.15 – Estimativa de recalque total – Área Oeste – Seção A................................................. 122 Tabela 4.16 – Seqüência de carregamento – Área Oeste – Seção B................................................ 122 Tabela 4.17 – Estimativa de recalque total – Área Oeste – Seção B................................................. 124 Tabela 4.18 – Resultados das análises numéricas em termos de recalques..................................... 125

Page 14: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

Lista de Símbolos

Af Parâmetro de Skempton na ruptura

av Coeficiente de compressibilidade

c’ Intercepto da envoltória de resistência τ vs. σ

Cc Índice de compressão virgem

Cc1 Índice de compressão virgem do trecho 1

Cc2 Índice de compressão virgem do trecho 2

Cr Índice de recompressão

Cs Índice de expansão

Cα Coeficiente de compressão secundária

CR Razão/Relação de compressão virgem

ch Coeficiente de adensamento horizontal

ck Coeficiente de variação da permeabilidade

cv Coeficiente de adensamento vertical

ds Diâmetro do solo amolgado

dw Diâmetro equivalente do mandril

E Módulo de deformabilidade

E 50 Módulo de deformabilidade referente ao ponto 50% de qf

e Índice de vazios

eo Índice de vazios inicial ou de campo

ef Índice de vazios final

eσ´vo Índice de vazios para tensão efetiva vertical inicial

Gs Densidade relativa real dos grãos

IL Índice de liquidez

IP Índice de plasticidade

kh Coeficiente de permeabilidade horizontal

k´h Coeficiente de permeabilidade horizontal do solo amolgado

kv Coeficiente de permeabilidade vertical

Ko Coeficiente de empuxo lateral no repouso

LL Limite de liquidez

LP Limite de plasticidade

M Módulo de deformabilidade unidimensional

mv Coeficiente de variação volumétrica

NSPT Número de golpes no ensaio SPT

Page 15: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

OCR Razão de pré-adensamento (Over Consolidation Ratio) = RPA

p’ Tensão octaédrica

RPA Razão de pré-adensamento = OCR

RR Razão/Relação de recompressão

rs Raio da zona de solo amolgado

rw Raio equivalente dos drenos

S Grau de Saturação

Su Resistência ao cisalhamento não drenada indeformada

T Fator tempo

t Tempo

u Poropressão

ub Poropressão na base

U Porcentagem média de adensamento

w Teor de umidade

wnat Teor de umidade natural

z Profundidade

∆e Variação do índice de vazios

∆u Variação de poropressão

∆σ´v Variação de tensão efetiva vertical

εa Deformação axial

εaf Deformação axial na ruptura

εf Deformação axial na ruptura

εv Deformação vertical

εv0 Deformação vertical no nível da tensão inicial de campo

φ’ Ângulo de atrito efetivo

γ Peso específico

γd Peso específico seco

γnat Peso específico natural

γs Peso específico dos grãos

γsat Peso específico saturado

γt Peso específico total

γw Peso específico da água

λ Parâmetro do modelo constitutivo Cam-Clay

ν Coeficiente de Poisson

ρ Recalque

Page 16: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

ρtotal Recalque total

σ Tensão

σh Tensão total horizontal

σ´h Tensão efetiva horizontal

σ’ho Tensão efetiva horizontal inicial ou no campo

σv Tensão total vertical

σvo Tensão total vertical inicial ou no campo

σ’v Tensão efetiva vertical

σ’vm Tensão efetiva de pré-adensamento – Tensão efetiva vertical máxima

σ’vo Tensão efetiva vertical inicial ou no campo

τ Tensão cisalhante

τ´ Tensão efetiva cisalhante

ϖ Parâmetro auxiliar

Page 17: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

Lista de Abreviaturas

CB Sondagem a percussão

CP Piezômetro de Casagrande

CID Ensaio consolidado isotropicamente drenado

CIU Ensaio consolidado isotropicamente não drenado

CKoU Ensaio consolidado na linha Ko – não drenado

CPT Cone penetration test

CPTU Cone penetration test com medida de poropressão

CRS Constant rate of strain

DMT Dilamometer Marchetti test

DNER Departamento Nacional de Estradas de Rodagem

DVP Dreno vertical pré-fabricado

EPS Poliestireno expandido

FEN Faculdade de Engenharia

GCE Geossintético condutor elétrico

IPR Instituto de Pesquisas Rodoviárias

MEF Método dos elementos finitos

M.O. Matéria orgânica

NA Normalmente adensado

NGI Norwegian Geotechnical Institute

PA Pré-adensado

PAF Pressiômetro atuoperfurante

PGECIV Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil

PMT Pressiometer Ménard test

PR Placa de recalque

SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

SESC Serviço Social do Comércio

SIC Standart incremental consolidation

SGI Swedish Geotechnical Institute

SPT Standart penetration test

UU Ensaio não consolidado não drenado

UERJ Universidade do Estado do Rio de Janeiro

VWP Piezômetro de corda vibrante

Page 18: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

“Quanto mais aprendemos, mais ignorantes nos sentimos.”

Bruno Teixeira Lima

Page 19: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

19

1. Introdução

A crescente necessidade de novas construções faz com que sejam utilizados

terrenos com baixa capacidade de suporte e alta compressibilidade. Ao longo de toda a

costa brasileira são encontrados estes tipos de terrenos constituídos de argilas moles.

A complexidade da construção em terrenos constituídos de solos compressíveis e a

dificuldade da previsão da magnitude e da taxa de recalque de aterros sobre solos moles,

representam um desafio até para experientes engenheiros geotécnicos.

As previsões mais utilizadas para a determinação da deformação das camadas de

solos compressíveis são normalmente baseadas em teorias analíticas com hipóteses

simplificadoras que não reproduzem o comportamento real. Adicionalmente, são

extremamente dependentes da seleção dos parâmetros geotécnicos.

Assim sendo, além da obtenção desses parâmetros em ensaios de campo e/ou

laboratório, é fundamental o monitoramento de campo e, se possível, a execução de aterro

piloto ou experimental, instrumentados.

As amostras necessárias para a realização de ensaios de laboratório não podem

sofrer nenhum tipo de amolgamento, para que sejam determinados os seus exatos

parâmetros geotécnicos, como na condição in situ. Assim, a qualidade da amostra, se esta

sofreu ou não amolgamento, é um item essencial na confiabilidade dos parâmetros obtidos.

Com todas as dificuldades existentes, tanto quanto à problemas de estabilidade da

obra, quanto a problemas de deformações, o engenheiro geotécnico necessita responder a

2 perguntas, em termos de recalques: qual é a magnitude dos recalques e como estes

ocorrem ao longo do tempo. Com o intuito de se responder estas duas perguntas,

ferramentas numéricas têm sido desenvolvidas. Estes programas minimizam simplificações

utilizadas nos cálculos analíticos e permitem reproduzir seqüências construtivas. Com isso,

é possível a reprodução do comportamento da obra e a obtenção de respostas em termos

de variação no estado de deformação, tensão total e poropressão.

O presente trabalho tem como objetivo reproduzir a seqüência construtiva de extenso

aterro executado na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, para implantação da indústria Rio

Polímeros, utilizando o programa PLAXIS. Os parâmetros geotécnicos foram definidos a

partir de ensaios oedométricos, tendo sido realizado um estudo prévio sobre a qualidade

das amostras. Estes parâmetros foram confrontados com a experiência local.

Page 20: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

20

1.1. Estrutura da Dissertação

Após a introdução, será realizada no capítulo 2 uma revisão bibliográfica sobre

processos de previsão de adensamento, seguido por técnicas de projeto e execução de

aterros sobre solos moles. Também é apresentado no capítulo 2 aterros sobre solos moles

construídos na Baixada Fluminense, apresentando os parâmetros geotécnicos observados

nas camadas de argila mole. Finalizando, apresentam-se exemplos de análises numéricas

realizadas com o intuito da verificação de recalques.

O capítulo 3 trata da análise dos parâmetros geotécnicos das amostras de argila

mole retiradas no local do aterro da Indústria Rio Polímeros. Foi incluída uma verificação da

qualidade das amostras, determinação dos parâmetros geotécnicos a serem utilizados na

análise numérica, realizada no capítulo 4, e comparação com valores já observados

anteriormente. Ao final do capítulo é apresentada uma tabela com os valores dos

parâmetros geotécnicos obtidos por diversos autores e os obtidos no presente trabalho.

O capítulo 4 analisa o uso do programa PLAXIS (programa de Elementos Finitos) e

os modelos constitutivos utilizados nas análises numéricas. Em seguida analisam-se os

resultados obtidos na análise numérica, em termos de deslocamentos verticais e

poropressões, em diferentes seções do aterro, comparando-os com os dados experimentais

e com as previsões anteriores, obtidas dos métodos empíricos.

Por fim, apresentam-se no capítulo 5 as principais conclusões do trabalho, as

dificuldades enfrentadas durante a sua confecção e as sugestões para pesquisas futuras.

Page 21: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

21

2. Revisão Bibliográfica

Este capítulo aborda, inicialmente, teorias e modelos para compreensão e previsão

do processo de adensamento de camadas de solos compressíveis. Apresenta as principais

técnicas construtivas de aterros sobre solos moles, bem como a descrição de aterros

históricos disponíveis na literatura técnica.

2.1. Previsão do Processo de Adensamento

2.1.1.Teoria de Terzaghi

No intuito do conhecimento do processo de adensamento dos solos compressíveis,

Terzaghi (1943) desenvolveu a primeira teoria, conhecida também como teoria clássica de

adensamento, para análises do comportamento dos solos compressíveis sujeitos a

carregamentos verticais.

O processo de adensamento, em solos saturados, parte do princípio da transferência

gradual das tensões da água para o arcabouço sólido dos solos. Esta transferência de

cargas somente ocorre quando é possível a drenagem da água e, com isso, ocorre a

dissipação dos excessos de poropressão. Por se tratar de um fenômeno de drenagem,

utiliza-se a equação de fluxo com a finalidade de descrever analiticamente o processo.

No âmbito do conhecimento do processo de adensamento, a teoria de Terzaghi foi

baseada nas seguintes hipóteses:

• Solo homogêneo e saturado;

• A compressibilidade dos grãos sólidos e da água é desprezível em relação à do

solo;

• Não há diferença de comportamento entre massas de solo de pequenas e

grandes espessuras;

• A compressão é unidimensional;

• O fluxo de água é unidirecional;

• É válida a lei de Darcy;

• A compressibilidade é admitida constante;

• O índice de vazios varia linearmente com o aumento da tensão efetiva;

• Pressupõem-se pequenos deslocamentos e pequenas deformações.

Page 22: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

22

A partir destas hipóteses simplificadoras, Terzaghi (1943) apresentou uma equação

(equação. 2.1) que descreve a variação da poropressão com o tempo, conhecida como

Equação de Adensamento de Terzaghi:

t∆u

z²u².cv ∂

∂−

∂∂

=∂∆∂

( 2.1 )

onde ∆u = excesso de poropressão no tempo t; t = tempo ; z = distância vertical entre um ponto e a

superfície de aplicação do carregamento; σ = tensão vertical ; cv = coeficiente de adensamento

vertical, definido como:

vw

v

vw

vv .mγ

k.aγ

e).(1kc =

+= ( 2.2 )

onde: kv = coeficiente de permeabilidade vertical; γw = peso específico da água; e = índice de vazios;

mv = coeficiente de compressibilidade volumétrica; av = coeficiente de compressibilidade

(av= -∆e / ∆σ’v); ∆e = variação de índice de vazios; ∆σ’v = variação da tensão vertical efetiva.

Admitindo, como hipótese, que o carregamento é instantaneamente aplicado, isto é

não varia no tempo, o último termo da equação σ∂ / t∂ passa a ser nulo e a equação reduz-

se a:

t∆u

z²u².cv ∂

∂=

∂∆∂

( 2.3 )

O coeficiente de adensamento vertical reflete as características do solo, como as

propriedades de permeabilidade e compressibilidade. A velocidade do processo de

transferência de tensões entre a água (poropressão) e o arcabouço sólido (tensão efetiva) é

diretamente afetada pelo valor de cv.

Integrando-se a equação 2.3 calculam-se os excessos de poropressão ao longo da

profundidade e do tempo. Para um determinado tempo a distribuição de poropressão ao

longo da profundidade é parabólica e denominada isócrona. O cálculo do recalque (ρ) em

determinado tempo é feito somando as contribuições de dissipação de poropressão de cada

ponto ao longo da camada. Com isso tem-se que:

totalUxtempo ρρ =)( ( 2.4 )

onde: U é a porcentagem média de adensamento de toda a camada

Page 23: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

23

2.1.2. Método de Asaoka

O método de Asaoka (1978), modificado por Magnan e Deroy (1980), foi

desenvolvido com o intuito de se calcular o valor do recalque final e os coeficientes de

adensamento vertical e horizontal, através dos dados de placas de recalque instaladas no

campo. Por utilizar as informações de campo, este método não impõe restrições quanto a

variações dos coeficientes de compressibilidade e permeabilidade ao longo do tempo;

porém admite o coeficiente de adensamento constante ao longo do processo de

adensamento (Almeida, 1996).

O método de Asaoka utiliza um processo gráfico. A curva tempo × recalque,

observada no campo, é subdivida em intervalos iguais e os valores de recalque (S) no

tempo i (Si) são plotados conforme mostra a Figura 2.1. No tempo infinito os valores de Si e

Si+1 são iguais. A inclinação da reta que melhor se ajusta aos resultados de campo (β1)

também pode ser usada para estimativa do coeficiente de adensamento (Almeida, 1996).

Figura 2.1 – Construção gráfica do método de Asaoka (Almeida, 1996)

O método gráfico de Asaoka pode ser estendido para casos de construção de aterros

em etapas ou para incorporação da parcela de compressão secundária, como mostra a

Figura 2.2.

Para que o método de Asaoka seja utilizado com segurança, são necessários

registros de placas de recalque com magnitudes de pelo menos 60% do valor de recalque

final. Detalhes adicionais sobre o método de Asaoka podem ser obtidos em Almeida (1996).

Page 24: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

24

Figura 2.2 – Tipos de Construção de Asaoka (Almeida, 1996)

2.1.3. Determinação de Parâmetros de Compressibilidade e Adensamento

2.1.3.1. Ensaios de laboratório

A determinação das características de compressibilidade e adensamento de solos

compressíveis pode ser feita em laboratório a partir da realização de ensaios de

adensamentos convencionais (conhecidos também como SIC) ou do tipo CRS (Constant

Rate of Strain – Taxa Constante de Deformação).

No ensaio convencional, aplica-se uma carga no corpo de prova e mede-se o

deslocamento vertical ao longo do tempo (ensaio de tensão controlada). Após 24 horas

a) Construção de Asaoka em caso de compressão secundária.

b) Construção de Asaoka em caso de carregamento por etapas.

c) Construção de Asaoka em caso de carregamento por etapas com compressão secundária no final.

d) Construção de Asaoka em caso de carregamento por etapas com compressão secundária a cada etapa.

Page 25: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

25

aplica-se um segundo carregamento 2 vezes maior e observa-se o comportamento da

amostra. Este processo é repetido até níveis de tensão pré-definidos, em geral no período

de 7 dias. O intervalo entre etapas de carregamento é necessário para que ocorra a

dissipação dos excessos de poropressão. Apesar de a prática preconizar um intervalo de 24

horas é possível reduzir este tempo, desde que ocorra a estabilização dos deslocamentos

verticais ou a verificação do fim do adensamento primário.

No caso do ensaio CRS, a velocidade de deformação vertical é controlada e mantida

constante. O ensaio é mais rápido do que o convencional, porém este ensaio apresenta

problemas quanto à determinação da velocidade ideal de deformação. Há propostas que

estabelecem o limite de deformação com base na geração de poropressão na base do corpo

de prova. Outras propostas baseiam-se na sua magnitude.

A Figura 2.3 mostra uma curva de compressibilidade típica para argila da Baixada

Fluminense. A primeira reta é a de recompressão, aonde as tensões atuantes no corpo de

prova são inferiores às maiores tensões já sofridas pelo solo. Neste trecho define-se o

índice de recompressão (Cr). A segunda reta é denominada de virgem, pois, neste trecho, as

tensões atuantes são as maiores sofridas pelo solo. Neste trecho define-se o índice de

compressão virgem (Cc). A interseção das duas retas estabelece o valor da tensão efetiva

de pré-adensamento (σ´vm).

Martins e Lacerda (1994) argumentam que em amostras de argila de boa qualidade,

que não sofreram amolgamento, a reta virgem é mais bem representada por um trecho

curvo, pois há uma notável mudança de direção dos pontos que compõem o gráfico e x log

σ´v. Coutinho et al. (2001) sugerem que o trecho virgem possa ser representado por duas

retas, com índices de compressibilidade Cc1 e Cc2, estas duas retas podem ser observadas

na Figura 2.3 – Retas 2 e 3.

A teoria clássica preconiza que, quando o excesso de poropressão gerado pelo

incremento de carga em solos compressíveis é dissipado, a fase de adensamento primário

chega ao fim. Porém, em solos moles observam-se, ainda, variações de volume após o

adensamento primário. Em outras palavras, os recalques ocorrem sem haver variações na

tensão efetiva, sendo esta fase denominada de compressão secundária. A determinação do

coeficiente de compressão secundária (Cα) pode ser feita plotando-se, para cada estágio de

carga, a variação do índice de vazios em função do logaritmo do tempo (Lambe e Whitman,

1979). A partir desta abordagem, o recalque por compressão secundária depende do Cα e

do tempo estimado para a vida útil da obra. Em outras palavras, o recalque ocorre

indefinidamente segundo um gradiente dado por Cα.

Page 26: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

26

Figura 2.3 – Curva de compressibilidade típica da argila de Sarapuí (Ortigão, 1980)

De acordo com Bjerum (1972), o coeficiente de compressão secundária diminui com

o tempo chegando a zero no tempo infinito. Admitindo que a tensão vertical permaneça

constante e que a variação de volume esteja associada à variação da tensão octaédrica p´,

(=σ´v +2σ´h ) chega-se a conclusão de que σ´h cresce ao longo do tempo.

A Teoria clássica de Terzaghi, pressupõe que o processo de adensamento seja

essencialmente 1D, não havendo deformações horizontais. Neste caso, a relação entre as

tensões horizontal e vertical permanece constante e igual à equação. 2.5:

v

hKσσ

′′

= ( 2.5 )

Com o adensamento primário tensões efetivas horizontais (σ´h) são geradas, cuja

magnitude é função do valor de K0. Adicionalmente há alteração no estado de tensões,

cisalhantes. Estas tensões cisalhantes mobilizam o deslocamento relativo entre partículas

fazendo com que as σ´h cresçam. Em outras palavras, ocorre uma deformação secundária

em função da busca das partículas para uma condição mais estável de seu arranjo

estrutural. Assumindo que a tensão vertical não se altera, a relação entre tensão efetiva

Cr

Cc1

Cc2

σ´vm Reta 1

Reta 2

Reta 3

Def

orm

ação

Axi

al (%

)

Page 27: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

27

horizontal e vertical cresce até K0 se igualar a 1. Este fenômeno é conhecido como

relaxação de tensões (Almeida, 1996).

Segundo Martins e Lacerda (1985), a compressão secundária é resultado do

fenômeno da relaxação de tensão; isto é, aumento da σ´h enquanto a σ´v mantém-se

constante; com consequente aumento de p´. A partir desta premissa, ao contrário da teoria

clássica, a compressão secundária também seria uma resposta à variação da tensão

efetiva, enquadrando-se no princípio das tensões efetivas.

De acordo com Martins (2007), com base nos estudos realizados por Feijó (1991)

nas argilas de Sarapuí, a compressão secundária atinge valores da ordem de 12% a 15% da

espessura da camada de argila. A partir da curva de compressibilidade, esquematicamente

mostrada na Figura 2.4, o autor sugere que a parcela total correspondente à compressão

secundária possa ser estimada de acordo com a equação 2.6, sendo ϖ uma constante igual

a 1,5 ou 2. Utiliza-se o valor de ϖ igual a 2 para casos em que, em todos os estágios de

carga, o ensaio foi interrompido ao final do adensamento primário. No caso de ensaios em

que os estágios de carga têm duração de 24 horas recomenda-se o valor de ϖ igual a 1,5.

Nestes casos o adensamento primário já terá ocorrido juntamente com uma parte do

adensamento secundário; portanto a curva de adensamento estará mais próxima da curva

de OCR igual a 2.

ϖρ log11 ⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛−

+=

c

r

o

cos C

Ce

CH ( 2.6 )

logσ´v

e

OCR≈ 2

OCR= 1

cc

cr

compressão primaria

compressão secundaria

Figura 2.4 – Curva de adensamento com compressão secundária baseada em Martins (2007)

Page 28: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

28

2.1.3.2. Ensaios de campo

Ensaios de campo mais usuais são os que utilizam equipamentos como o piezocone,

pressiômetro e dilatômetro. Os ensaios de campo apresentam a vantagem de avaliar o solo

em seu ambiente natural, sem a necessidade da retirada de amostras. Alguns tipos de

ensaios, como por exemplo, o ensaio de piezocone, possibilitam a determinação contínua

da estratigrafia do solo. No entanto, como desvantagens citam-se, por exemplo, a não

definição clara das condições de contorno do ensaio e do grau de amolgamento que a

ferramenta e instrumentos de medições provocam no solo natural. Apesar das

desvantagens os ensaios de campo são de fundamental importância no conhecimento do

subsolo.

A Tabela 2.1 apresenta o grau de aplicabilidade de cada ensaio na determinação dos

parâmetros de compressibilidade, adensamento e permeabilidade dos solos.

Tabela 2.1 – Aplicabilidade dos ensaios de campo para a determinação dos parâmetros de compressibilidade e adensamento (Almeida, 1996 e Campanella e Robertson, 1986)

Ensaio Compressibilidade (mv, Cc)

Adensamento (cv, ch)

Permeabilidade (k)

CPT 3 N.A. N.A.

Piezocone (CPTU) 3 1 2

Permeabilidade in situ N.A. 2 1

Pressiômetro (PMT) (com cravação estática) 3 1 2

Pressiômetro autoperfurante (PAF) 1 1 2

onde: N.A. = Não Aplicável; 1, 2 e 3 são aplicabilidade Alta, Moderada e Limitada,

respectivamente.

Almeida (1996) recomenda ensaios de piezocone ou de permeabilidade in situ para

determinação de coeficientes de permeabilidade, e ensaios de dissipação com o piezocone

para obtenção dos coeficientes de adensamento. Por outro lado, o autor recomenda que

parâmetros de compressibilidade sejam determinados preferencialmente em ensaios

oedométricos.

2.1.4. Qualidade das Amostras

Os efeitos da amostragem são particularmente importantes em argilas. Antes da

execução do ensaio, a amostra é extraída, levada para o laboratório e o corpo de prova é

preparado para o ensaio. Estas operações geram variações no estado de tensões efetiva da

amostra conforme mostra a Figura 2.5.

Page 29: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

29

Figura 2.5 – Variação das tensões efetivas no processo de amostragem (Adaptado de Ladd e Lambe, 1963)

Lunne et al. (1997) propuseram um critério de avaliação da qualidade da amostra

baseado nos valores de índices de vazios (e) e na razão de pré-adensamento (OCR – Over

Consolidation Ratio). Esta proposta tem como finalidade classificar a amostra quanto ao

grau de distúrbio sofrido no processo de amostragem. Os autores compararam resultados

de ensaios de adensamento e de resistência em amostras obtidas de diferentes tipos de

amostradores. No estudo, foram analisadas amostras extraídas de blocos, de amostrador

Sherbrooke, que apresentam um menor nível de amolgamento, além de amostras retiradas

com o uso dos amostradores de pistão de 54 mm do Norwegian Geotechnical Institute (NGI)

e do amostrador de pistão de 75 mm da Japanese Committee of Soil Sampling. Neste

trabalho observou-se que as amostras retiradas com o amostrador Sherbrooke

apresentaram reta de compressão virgem mais definida, com melhor definição do valor da

tensão efetiva de pré-adensamento (σ´vm). Foi também observado que tanto a

compressibilidade, traduzida em termos de módulo confinado (D=∆σ´vm/∆εv), quanto os

valores de σ´vm, mostraram-se superiores no caso das amostras em bloco, como mostrado

na Figura 2.6.

Page 30: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

30

Figura 2.6 – Resultados de ensaios CRS para diferentes tipos de amostragem (Adaptado de Lunne et al., 1997)

Baseados nas informações obtidas em diversas amostras, Lunne et al. (1997)

propuseram um critério de avaliação do grau de amolgamento sofrido pela amostra, com

base na diferença entre o índice de vazios inicial da amostra e o índice de vazios

correspondente ao nível de tensão efetiva vertical de campo. Os autores classificaram a

amostra como: muito boa a excelente; boa a aceitável; ruim; e muito ruim; como mostrado

na Tabela 2.2.

Tabela 2.2 – Critério de qualidade proposto por Lunne et al. (1997)

∆e/e0 Razão de pré-adensamento

(RPA ou OCR) Excelente a Muito Bom Boa a Aceitável Ruim Muito Ruim

1 - 2 < 0,04 0,04 – 0,07 0,07 – 0,14 > 0,14

2 - 4 < 0,03 0,03 – 0,05 0,05 – 0,10 > 0,10 onde ∆e = e0 - eσ´v0 ; e0 – Índice de vazios inicial da amostra; eσ´v0 – índice de vazios para σ´v0.

Este critério de qualidade também foi apresentado por Lunne et al. (1997) em termos

da deformação axial no nível de tensão inicial de campo (εv0), para isto multiplica-se o valor

de ∆e/e0 por e0/(1+ e0).

Page 31: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

31

Coutinho et al. (2001) apresentaram um resultado semelhante na argila mole de

Recife. Foram comparados ensaios de adensamento em amostras retiradas com o

amostrador Sherbrooke e amostradores Shelby de 100 mm (Oliveira, 1991; Coutinho et al,

1993) e 60 mm (Amorim Jr., 1975). Os resultados, mostrados na Figura 2.7 indicam que as

amostras retiradas com o uso dos amostradores Shelby apresentam um maior nível de

deformação no valor da tensão inicial de campo (diferenças de quase 300%).

Figura 2.7 – Curvas εv x σ´v obtidas com diferentes amostradores (Coutinho et al., 2001)

A má qualidade das amostras tem influência significativa nos parâmetros de

compressibilidade, pois o amolgamento da amostra afeta diretamente a forma da curva de

compressão dos ensaios oedométricos. A Figura 2.8 apresenta resultados de ensaios de

adensamento em diferentes depósitos, onde se observa que a influência da qualidade da

amostra é traduzida pelos seguintes aspectos (Coutinho et al., 1998):

a. Diminuição do índice de vazios (ou aumento da deformação) para um valor de

tensão de adensamento;

b. Dificuldade na definição do ponto de menor curvatura para a determinação da

tensão vertical de pré-adensamento (σ´vm);

c. Redução do valor de σ´vm pelo método de Casagrande;

d. Aumento da compressibilidade na região de recompressão e redução na

região de compressão virgem.

Page 32: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

32

Figura 2.8 – Curvas e x log σ´ para amostras de Boa e Má Qualidade (Coutinho et al., 1998)

Coutinho et al. (1998) também ressaltaram que a forma do trecho de compressão

virgem não se apresenta de forma retilínea para amostras de boa qualidade e sim de uma

maneira curvilínea. Esta característica da curva em amostras de boa qualidade foi

observada anteriormente por Martins e Lacerda (1994).

Com base em diversos ensaios realizados nas argilas da cidade de Recife, Coutinho

et al. (2001) concluíram que a classificação proposta por Lunne et al. (1997) se apresenta

muito rigorosa para as argilas de Recife. Os autores propõem um aumento na faixa de

classificação considerada “satisfatória” (amostras com qualidade “excelente” a “aceitáveis”)

para as amostras de argila de Recife, que seriam classificadas como satisfatórias quando

apresentarem valores de εv0 menores que 8%. A comparação entre as faixas de

classificação propostas por Lunne et al. e a nova faixa proposta por Coutinho et al. (2001)

pode ser observada na Figura 2.9.

Page 33: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

33

Figura 2.9 – Faixas de classificação propostas por Coutinho et al. (2001) para argilas de Recife

Oliveira (2002) apresentou diversos resultados de ensaios oedométricos em

amostras de argila nas cidades do Rio de Janeiro e Recife, retiradas com amostradores de

pistão (100 mm e 127 mm), Shelby (60 mm e 100 mm) e Sherbrooke. O autor verificou que

as amostras Shelby de 60 mm apresentaram qualidade insatisfatória pelo critério de Lunne

et al. (1997). As amostras retiradas com o uso do amostrador Sherbrooke ora apresentavam

comportamento superior às retiradas pelos amostradores de Pistão (100 e 127 mm) e

Shelby (100 mm), ora apresentavam qualidade inferior, sendo algumas amostras

classificadas como insatisfatórias. Oliveira et al. (2000) também apresentaram resultados de

ensaios de amostras Sherbrooke e Shelby, classificadas como de alta qualidade. Os autores

verificaram que todas as amostras apresentavam curvas coincidentes nos ensaios

oedométricos.

Oliveira (2002) concluiu que os amostradores de grande diâmetro (100 a 127 mm)

utilizados no Brasil possuem dimensões e geometria adequadas para a retirada de amostras

indeformadas de boa qualidade. O autor ressaltou também que, apesar do amostrador

Sherbrooke apresentar uma menor variabilidade quanto à qualidade das amostras, a relação

custo/benefício não justifica seu uso em campanhas práticas de sondagem. Oliveira (2002)

também propôs uma modificação nos valores limites das faixas de variação da qualidade

das amostras, mostrada na Tabela 2.3.

Page 34: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

34

Tabela 2.3 – Critério de qualidade adaptado por Oliveira (2002) de Lunne et al. (1997)

Excelente a Muito Bom Boa a Aceitável Ruim Muito Ruim

∆e/e0 < 0,05 0,05 – 0,08 0,08 – 0,14 > 0,14

2.2. Técnicas de Projeto e Execução de Aterros Sobre Solos Moles

Problemas estruturais e construtivos podem ocorrer durante a construção de um

aterro sobre argila mole, não só devido a sua baixa resistência, mas também por seu

elevado grau de deformabilidade. Para a redução da deformabilidade que o terreno irá sofrer

após a obra finalizada e aumento de sua resistência, diversas técnicas de projeto e

execução de aterros sobre solos moles foram propostas, com os intuitos básicos de

aceleração das deformações ou redução da magnitude das deformações do terreno, com ou

sem aumento da resistência das camadas compressíveis.

Serão apresentadas a seguir algumas alternativas de projeto e técnicas de execução

de obras que envolvem camadas de solo compressível. As soluções podem ser adotadas

individualmente ou em conjunto.

Ressalta-se que independentemente da solução adotada, quase sempre há a

necessidade da construção de um aterro de conquista (aproximadamente 60 cm de

espessura) para dar inicio à execução das obras. Em obras de grande porte, tem sido usual

a adoção de geossintético na base do aterro de conquista, com o intuito de separação do

material e aumento da estabilidade do conjunto aterro-argila mole.

2.2.1. Remoção da Camada de Solo Mole

Uma das soluções para se evitar os recalques da camada de solo mole consiste na

remoção completa ou parcial da camada compressível. Na prática, esta remoção pode ser

realizada através do uso de escavadeiras ou por expulsão.

O DNER/IPR (1990), em seu manual para projetos de aterros sobre solos moles,

apresentou uma série de recomendações para a alternativa de remoção da camada de solo

mole, as quais estão reproduzidas abaixo:

• Remoção completa – Trechos em que a espessura de solo mole é pequena

recomenda-se a remoção completa deste material, com posterior reaterro

com outro material, a fim de se evitar as grandes deformações da camada

compressível. Porém esta solução apresenta aspectos importantes quanto ao

volume de material a ser escavado: i) existência de material de empréstimo

Page 35: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

35

próximo à obra para reaterro, ii) questões ambientais quanto ao despejo do

material escavado, bem como o local de corte do material do reaterro, iii) área

lateral à plataforma para simultaneidade das operações e iv) altura do nível

d´água.

• Remoção parcial – A remoção parcial consiste de uma técnica interessante

quando a camada superior possui menor resistência e uma maior

deformabilidade. Porém esta solução apresenta os mesmos problemas da

remoção completa da camada de solo mole.

• Deslocamento da camada de solo mole – Uma alternativa para a remoção da

camada de solo mole é sua expulsão através do peso de um aterro. A idéia

principal desta alternativa é a utilização de aterros que irão aumentar as

tensões no estrato de solo mole até sua eventual ruptura e deslocamento

lateral. O material do aterro irá ocupar o local do solo expulso lateralmente. A

etapa seguinte é o aumento do peso do aterro através da construção de mais

camadas de solo, visando o aumento das tensões, e, conseqüentemente,

novas rupturas e novos deslocamentos do solo mole. Este método se repete

até que a camada de solo mole seja removida e em seu local esteja o solo

depositado para o aterro. Para a utilização deste método é necessário

considerar os seguintes aspectos: i) existência de grandes quantidades de

materiais para substituição, ii) os deslocamentos laterais do solo não devem

afetar construções vizinhas e iii) necessidade de um destino para o material

deslocado (solo mole). É importante a instrumentação correta desta medida

para que não haja a incidência não desejada de bolsões de solo mole.

• Expulsão da camada através do uso de explosivos – A utilização de

explosivos visa à expulsão da camada de argila através das ondas de choque

da explosão. Seu uso é restrito a áreas onde as ondas de choque não

causem danos a construções vizinhas. Este método além de apresentar custo

elevado, pela quantidade de explosivos, necessita de um cuidado especial

para que após as explosões não ocorram bolsões de solo mole, o que

ocasionaria deformações futuras.

2.2.2. Sobrecarga

A magnitude dos recalques depende diretamente das tensões aplicadas na camada

compressível de solo. Quanto maiores as tensões aplicadas maior será o valor dos

recalques. Seguindo esta linha de raciocínio utiliza-se o uso de sobrecargas (temporárias ou

não) para a aceleração dos recalques.

Page 36: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

36

Em projetos geotécnicos, a espessura do aterro é calculada em função da cota final

do empreendimento e deve considerar as reduções geradas pelos recalques. A sobrecarga

é um sobreaterro que é construído em cima do aterro calculado no projeto. Este sobreaterro

aumenta o nível de tensões e, consequentemente, a magnitude dos recalques para uma

determinada porcentagem de adensamento.

Depois de alcançados os recalques esperados para o aterro de projeto, esta

sobrecarga é retirada, podendo o material retirado ser utilizado em outro local. A sobrecarga

não é considerada temporária quando é incorporada ao corpo final do aterro, isto ocorre,

quando é necessária a aceleração dos recalques em alguma etapa construtiva da obra.

Esta alternativa é mundialmente utilizada e divulgada, sendo uma das mais adotadas

no Brasil. É usualmente aplicada em conjunto com outras técnicas, como por exemplo, o

uso de drenos verticais, que tem como objetivo a aceleração dos recalques.

Porém, para que a técnica de sobrecarga seja empregada, há a necessidade de um

volume de material para ser utilizado como sobrecarga, assim como locais de origem e

futuros despejos do material do aterro. O cálculo de capacidade de carga do aterro também

deve ser feito com muita precisão, pois se trata de uma carga aplicada, muitas vezes, em

um sistema não drenado. A utilização de bermas laterais, visando à estabilização da obra,

também é uma solução adotada em conjunto com a sobrecarga.

2.2.3. Vácuo

A utilização de vácuo para a aceleração do adensamento foi proposta inicialmente na

década de 50. O objetivo desta técnica é o pré-adensamento (preload) do solo através do

aumento das tensões efetivas, com a redução das poropressões existentes na camada

mole, mantendo as tensões totais constantes. O aumento da tensão vertical efetiva pode ser

gerado até cerca de 75 kPa (Marques, 2001).

Esta técnica é usualmente utilizada em conjunto com o dreno vertical pré-fabricado

(DVP), onde estes são utilizados como extremos do sistema de vácuo. (Bergado et al.,

1998).

O uso do sistema de vácuo em conjunto com a técnica de sobrecarga temporária,

acelera o processo de recalque. Com isso, reduz-se a altura do aterro de sobrecarga assim

como o tempo necessário de sua utilização. Consequentemente, pode-se tornar uma

alternativa econômica visto à redução do volume necessário de material de aterro.

Page 37: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

37

2.2.4. Aterro sobre Estacas

Neste tipo de solução, a maior parte do peso do aterro é transferida para as estacas

que, por sua vez, transmitem as cargas para camadas competentes, mais profundas. A idéia

principal desta solução é eliminar a existência de recalques por acréscimos de tensão na

camada compressível. Os recalques possíveis seriam provenientes somente das

deformações elásticas das estacas.

A construção do aterro sobre estacas se inicia com a instalação de estacas no solo

mole, em profundidades com capacidade de carga compatível com a de projeto, arasamento

das estacas, construção de capitéis ou blocos e construção de uma laje que englobe todos

os capitéis/blocos. Essa laje tem como finalidade servir de base para o aterro a ser

construído, bem como criar uma rigidez do conjunto de estacas, reduzindo assim as

deformações causadas pelas tensões provenientes do aterro (tanto horizontais quanto

verticais).

A desvantagem desta alternativa é o custo de sua construção, visto que,

dependendo da magnitude do projeto e das condições de campo, há a necessidade de um

grande número de estacas e/ou comprimentos elevados das estacas, e a necessidade da

construção de uma laje de dimensões significativas, para servir de base para o aterro.

Spotti (2000) sugere o uso de geossintéticos em substituição à laje de ligação. O

aterro transfere seu peso para o geossintético que o retransmite para os capitéis. Através do

efeito de arqueamento, as cargas verticais do aterro são transmitidas para os blocos/estacas

sem a necessidade de utilização da laje. O geossintético tem como funções principais: (i) a

separação do material do aterro do material natural; (ii) distribuição e transmissão das

cargas para as estacas que não foram transmitidas pelo efeito de arqueamento; (iii)

distribuição e transmissão das cargas horizontais provenientes do aterro para as estacas;

(iv) reforço da base do aterro.

2.2.5. Estabilização do Solo

A estabilização do solo refere-se a qualquer ação química, física ou biológica usada

para melhorar suas características de resistência e deformabilidade.

2.2.5.1. Material Cimentante

O uso de misturas de solo local e material cimentante tem sido uma técnica

recomendada para solos moles. Esta técnica pode envolver a remoção da camada e

posterior substituição com a mistura tratada ou ser empregada a partir da injeção da mistura

formando estacas de material tratado (chemical-pile).

Page 38: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

38

A injeção de colunas de mistura de cal quimicamente tratada com o solo tem sido

altamente empregada no Japão. As estacas de solo+cal produzem os seguintes efeitos: (i)

rápida redução do teor de umidade do solo ao redor das estacas; (ii) aumento das tensões

horizontais no solo em conseqüência da variação de volume (expansão) da coluna,

melhorando suas características geotécnicas. As colunas de solo e cal apresentam

resistência ao cisalhamento de 10 a 50 vezes maior do que a do solo, em geral da ordem de

10 a 15 kPa. (Hossain e Nag, 2005).

2.2.5.2. Aumento da Temperatura

A Swedish Geotechnical Institute (SGI) (1995 e 1997) apresentou estudos sobre os

efeitos do aumento da temperatura nas propriedades geotécnicas das argilas. Em seus

relatórios, a SGI demonstra que um aumento na temperatura da argila provoca um aumento

inicial da poropressão, ocasionando uma redução da resistência ao cisalhamento, um

aumento do seu volume e o início do processo de adensamento da argila. No caso

apresentado a temperatura máxima foi de 70ºC.

Mantendo-se a temperatura do solo elevada, as poropressões geradas pelo

aquecimento são dissipadas, com velocidade dependente das características de drenagem

da argila. Se houver uma redução da temperatura haverá um aumento negativo na

poropressão original do terreno (SGI, 1995 e 1997). Marques (2001) concluiu que em uma

argila aquecida as dissipações das poropressões geradas por um carregamento se dariam

com uma maior velocidade.

Através de ensaios oedométricos, verificou-se que o aumento da temperatura

provoca uma diminuição da tensão de pré-adensamento. Isto foi observado a partir da

elevação da temperatura dos ensaios. Porém, em testes em campo, essa redução não foi

evidenciada (SGI, 1995 e 1997). O cálculo da redução de σ´vm e conseqüente diferença no

valor de recalque estão bem detalhados nos relatórios da SGI (1995 e 1997).

Porém, deve ser levado em consideração que ao serem aplicadas tensões nos solos

aquecidos, com a redução de σ´vm devida ao calor, a propensão para o efeito de fluência na

argila possa ter aumentado, causando assim, conjuntamente, maiores deformações.

O efeito de fluência da argila continua a ocorrer mesmo quando as poropressões

geradas pelo aumento da temperatura são dissipadas (SGI, 1995 e 1997).

É importante ressaltar que durante os testes realizados pela SGI (1995 e 1997), não

foram introduzidas cargas externas, como carregamentos, portanto os efeitos da

temperatura e seus cálculos foram considerados independentes dos níveis de tensões.

A técnica do aumento da temperatura em camadas compressíveis pode ser utilizada

para aceleração do processo de adensamento da argila, em conjunto com sobrecargas

temporárias.

Page 39: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

39

2.2.5.3. Eletrosmose

O uso da técnica de eletrosmose tem como objetivo o aumento da velocidade de

percolação da água nos solos de baixa permeabilidade. Esta técnica pode ser combinada

com a utilização de drenos verticais pré-fabricados (DVPs) e sobrecarga nos aterros para

uma maior eficiência na aceleração dos recalques.

A técnica da eletrosmose consiste na utilização de eletrodos que irão funcionar ou

como anodo, repelindo a água, ou como catodo atraindo a água para uma posterior

drenagem (Nascimento, 2005). Estes eletrodos podem ser introduzidos nos DVPs, que

passam a formar geossintéticos condutores elétricos (GCEs), o que facilita a drenagem da

água, pois a água é captada pelos DVP catodos. A utilização de GCEs acarreta em uma

maior velocidade de percolação da água, diminuindo assim o tempo necessário para o

adensamento da camada de solo mole.

O primeiro a realizar tais experiências foi Casagrande (1930), o qual analisou o efeito

no adensamento de solos. Nascimento (2005) apresenta estudos em laboratórios de

amostras submetidas a eletrosmose onde foi registrado, através de placas de recalque e

piezômetros tipo Casagrande, que com a aplicação da eletricidade o gradiente elétrico

tornou-se maior que o gradiente hidráulico, acelerando o processo de adensamento.

2.2.6. Estacas de Material Granular

Estacas de material granular, brita ou areia, são introduzidas no solo com o intuito de

reforçar o solo, através da substituição do solo mole compressível por colunas de materiais

mais rígidos, criando assim um conjunto estaca-solo com maior rigidez e reduzindo os

deslocamentos verticais e horizontais (Almeida, 1996).

Além de contribuir para o aumento de rigidez do solo, as estacas granulares também

possuem função drenante, atuando como drenos verticais (DNER/IPR 1990).

As estacas de material granular apresentam os mesmos problemas dos drenos de

areia, quanto ao cálculo de sua estabilidade/integridade e possibilidade de deformação

causada por seu peso próprio ou deslocamentos do terreno. Estes problemas podem ser

minimizados com a utilização de um geossintético que envolva toda a estaca de material

granular, não permitindo a mistura do material com o material do solo e aumentando a

integridade da estaca.

Os seguintes processos de instalação de estacas de areia/brita podem ser utilizados

(DNER/IPR, 1990; Almeida, 1996):

• Tubo de ponta aberta – Consiste na execução de um furo no terreno

mediante a cravação de um tubo de aço (revestimento) como ponta aberta;

após a limpeza do material que penetra no tubo, este é preenchido com areia

Page 40: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

40

inundada e removido simultaneamente. Tem como desvantagem: a

necessidade de um destino final do material que é retirado de dentro do tubo,

por problemas ambientais e de limpeza na obra; e a necessidade de um

equipamento robusto para a remoção e introdução do tubo no solo;

• Tubo de ponta fechada – neste caso o tubo tem um tampão na ponta, de

modo que, ao ser cravado, a argila é deslocada; após seu preenchimento

com areia o tubo é retirado, perdendo-se o tampão; no processo tipo Franki, o

tampão é uma bucha de brita, que é expulsa com pancadas do martelo e o

revestimento é sacado simultaneamente. Necessita também de um

equipamento para o tubo, e no método Franki para a compactação do

preenchimento;

• Jateamento – neste processo não há revestimento, sendo o furo formado pela

desagregação provocada por um jato rotativo de água sob alta pressão, que

sai de uma haste vertical; as paredes do furo se mantêm abertas graças ao

empuxo da água em seu interior e ao pequeno tempo (minutos) necessário

para preenchê-lo com areia. Faz-se necessária a utilização de bombas de alta

pressão e um volume grande de água (dependendo do projeto). Este método

é o mais rápido, e teoricamente o mais eficiente, já que o seu processo de

instalação produz menos amolgamento do solo mole.

• Vibro-substituição – Este processo usa a técnica de jateamento para abertura

do furo inicial até a profundidade desejada. Em seguida, o material granular é

lançado no furo e com o uso de vibrador, através de movimentos curtos de

subida e descida, o material granular é compactado. A operação é repetida

até que se chegue à superfície, criando uma coluna de material granular

maior do que o furo inicial (Figura 2.10).

Figura 2.10 – Processo de Vibro-substituição (Almeida, 1996)

Page 41: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

41

Os drenos de material granular apresentam como desvantagem a necessidade de

um alto volume de material, dependendo do projeto, podendo esta solução se tornar inviável

em locais com escassez dos materiais de construção.

A construção dos drenos verticais deve exercer a menor perturbação possível, pois o

amolgamento da argila (efeito smear) em torno dos drenos não só aumenta o valor do

recalque total bem como torna a argila mais impermeável, dificultando assim o fluxo da água

pela camada compressível (Bedeschi, 2004).

Semelhante ao aterro sobre estacas, o aterro construído sobre um solo reforçado

com material granular pode se beneficiar do efeito de arqueamento, a partir da instalação de

geossintético na base do aterro, reduzindo assim as tensões transmitidas ao solo e

conseqüentemente a magnitude dos recalques.

2.2.7. Drenos Verticais

Os drenos verticais, originalmente construídos com materiais filtrantes (areia e brita),

têm como função a aceleração do recalque em solos moles com valores elevados de

umidade. Os drenos verticais criam uma rede de fluxo no solo, onde a água contida no solo

é direcionada para os drenos, possibilitando assim uma redução da distância de drenagem.

Com a implantação dos drenos cria-se um fluxo horizontal de água fazendo com que haja

tanto expulsão da água pelas superfícies horizontais de drenagem quanto pelos drenos

implantados, reduzindo assim a distância de drenagem.

Usualmente, em conjunto com a instalação dos drenos verticais é construída uma

camada de material drenante na superfície, podendo ser constituída de material granular

(areia) ou de geossintético, com o intuito de captar as águas provenientes dos drenos e do

terreno abaixo e as redirecionar para outro local.

O projetista deve estar atento ao fato de que a presença de água no colchão

drenante gera um gradiente que pode reduzir a capacidade de drenagem do sistema interno

de drenagem. Em casos extremos, recomenda-se o uso de dreno francês, com

bombeamento. Há várias proposições na literatura quanto ao espaçamento de drenos mais

efetivo. O ideal é a execução de aterro piloto para atender as especificações do projeto

(Almeida, 2007).

Existem basicamente dois tipos de drenos verticais: os drenos de material granular

(brita e areia) e os drenos verticais pré-fabricados, chamados de DVP.

Muitos autores comentam que os drenos verticais não influenciam a magnitude dos

recalques. Os DVP são materiais que quando incorporados ao solo não causam grandes

aumentos na rigidez do solo, porém os drenos de areia criam um conjunto solo-drenos mais

rígido que o solo, o que pode ocasionar uma redução na magnitude dos recalques.

Page 42: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

42

A construção dos drenos verticais deve exercer a menor perturbação possível. O

tamanho da zona amolgada é proporcional ao diâmetro do dreno (areia/brita) e às

dimensões do mandril e da sapata de cravação utilizados, no caso de DVP. Através destas

dimensões estima-se o diâmetro da área amolgada no entorno dos drenos (ds). Usualmente

calcula-se a área circular equivalente à área do mandril (em geral retangular), obtendo-se

então o diâmetro equivalente do mandril dm, relacionando-se então ds e dm (Almeida, 1996 e

2007).

Indraratna et al. (2005) apresentam um resumo de recomendações de dez estudos

da literatura sobre o efeito do amolgamento. Com relação à geometria da zona amolgada a

faixa de valores da literatura indica relações de ds/dm entre 1,5 e 5,0, com valor médio ds/dm

= 2,3.

A zona amolgada apresenta, geralmente, uma permeabilidade menor do que a

região intacta. Estudos indicam faixas de valores de kh/k´h entre 1 a 6, com valor médio kh/k´h

= 2,5, onde kh é a permeabilidade da zona intacta e k´h é a permeabilidade da zona

amolgada (Almeida, 2007).

2.2.7.1. DVP

Os DVP são constituídos basicamente de um núcleo de plástico ranhurado envolto

por um material filtrante, onde o material filtrante tem como finalidade impedir que as

partículas de solo penetrem no núcleo ranhurado, colmatando o filtro e reduzindo sua

eficiência (Bedeschi, 2004). O DVP tem a vantagem de poder absorver pequenas

deformações horizontais do solo sem grandes diminuições no fluxo de água no seu interior.

O processo de instalação consiste no posicionamento do dreno no interior de haste

metálica vazada, sendo este conectado a uma âncora. A âncora tem a função de evitar a

penetração de solo no interior da haste e garantir a fixação do dreno no terreno, impedindo

que se solte na ponta da haste ou que volte a subir durante a retirada da haste metálica.

Este tipo de dreno possui as seguintes vantagens principais:

• Não necessita de água para instalação, mantendo limpo e acessível o canteiro

de obras;

• Não há remoção de solo para instalação;

• Possui sistema de proteção contra a colmatação;

• Toda área lateral do dreno funciona como superfície livre captando água;

• O sistema de cravação permite uma elevada produtividade e protege totalmente

o dreno, podendo atravessar ou deslocar, sem causar danos ao dreno, camadas

de solo de elevada resistência, pedaços de madeira ou matacões de pequenas

dimensões. (SiteEngenharia, 2006)

Page 43: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

43

A capacidade de descarga dos DVPs precisa ser considerada em princípio em casos

de drenos longos, pois a capacidade de descarga é influenciada pela área disponível para o

fluxo, nível de tensões horizontais atuantes nos drenos, dobramento decorrente de

recalques da camada de argila mole e infiltrações de partículas finas nos drenos.

Bedeschi (2004) cita um estudo de Saye (2001) onde foi constatado que a instalação

do DVP gera perturbações maiores ou iguais às geradas na construção de drenos de

material granular com a técnica de ponta fechada. Neste estudo, foi verificado que esta

perturbação ocorre independentemente do espaçamento dos drenos e este efeito aumenta

quando há espaçamentos menores, chegando ao limite, com espaçamentos de drenos

inferiores a 1,75 m. Neste caso, o ganho na aceleração dos recalques torna-se pouco

significativo. Usualmente, nas obras brasileiras, os DVPs são instalados com espaçamentos

mínimos de 0,90m.

2.2.8. Aterro Leve

A magnitude dos recalques dos aterros sobre camadas de solos moles é

proporcional ao peso do aterro, pois quanto maior a tensão aplicada no solo maior sua

deformação. A solução dos aterros leves é uma alternativa à construção de aterros

convencionais. Os materiais mais leves substituem os solos do aterro, diminuindo assim a

tensão transmitida a fundação do aterro.

O DNER (1998) apresenta uma tabela (Tabela 2.4) com os tipos de materiais que

são usualmente empregados em aterros leves, bem como seus pesos específicos

respectivos.

Antes da colocação dos materiais leves, lança-se uma camada de solo, ou material

geossintético, com a função de separação. Após a implantação do material leve, é

construída uma camada superficial de solo que servirá como subleito para a pavimentação.

Dependendo do material leve empregado há a necessidade de uma manta plástica ou

geossintética entre o material leve empregado e a camada superior de solo.

Tabela 2.4 – Pesos específicos dos materiais leves para aterros (DNER, 1998)

Material Peso específico (kN/m³)

Poliestireno expandido – EPS (isopor ou similar) 1,0 a 1,5

Argila expandida 5,0 a 10,0

Serragem 8,0 a 10,0

Cinza volante 10,0 a 14,0

Page 44: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

44

Na utilização de aterros leves, principalmente quando é utilizado o EPS, é de grande

importância a verificação do nível d´água máximo da região em períodos de chuvas e

inundações. Se a região, aonde será construído o aterro com EPS, for propícia a

alagamentos, o EPS pode flutuar durante a elevação do NA e assim comprometer a

integridade física do aterro. No caso da possibilidade de flutuação do EPS, deve-se colocar

uma camada de aterro acima do EPS, suficientemente pesada, para evitar que este flutue,

ou fazer uso de um tipo de EPS que possua uma menor flutuabilidade, evitando assim o

rompimento do aterro.

Ensaios de tensão x deformação do conjunto pavimentação-material leve, devem ser

conduzidos em aterros experimentais, dependendo da importância da obra, para a

verificação das deformações futuras do aterro.

A utilização de materiais que introduzem vazios nos aterros também pode ser

considerada como materiais leves para aterros. Estes materiais podem ser tubos de PEAD

ou dutos/galerias de concreto (preferencialmente protendido para a redução da espessura

das paredes), preenchidos ou não com algum material leve para maior resistência. Estes

materiais incorporam vazios no corpo do aterro diminuindo a tensão aplicada no solo de

fundação e conseqüentemente reduzindo a magnitude dos recalques.

Tanto a utilização destes materiais, quanto à de outros com funções semelhantes

deve atender, também, às deformações e aos recalques máximos permitidos, além da

verificação da resistência com o uso corrente do aterro.

Obras como a da vila olímpica do Pan-americano 2007 usaram EPS como alternativa

ao aterro para via de acesso ao local e em conjunto com eucaliptos para execução do aterro

de conquista. Sandroni (2006) comenta que foi usado no aterro da via de acesso EPS com

peso específico de 20 kg/m3. Sandroni (2006) também apresenta várias características e

recomendações do aterro leve com o uso de EPS.

Gan e Tan (2003) descreveram uma obra em que o EPS foi utilizado no aterro de

transição, próximo aos pilares de uma ponte de via expressa localizada na Malásia. Esta

solução foi adotada com o intuito de se reduzir os valores dos recalques diferenciais entre a

estrutura de concreto e o aterro acesso.

O Road Research Laboratory em 1971 (Murray, 1971) apresentou informações sobre

aterros construídos em Nova York, com a troca do material usual do aterro por cinza de

combustível pulverizada, que possuía um peso específico saturado de 13,6 kN/m³.

Page 45: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

45

2.3. Casos Históricos de Aterros no Rio de Janeiro

2.3.1. Baixada de Jacarepaguá

2.3.1.1. Margem da Lagoa de Jacarepaguá

O aterro foi construído às margens da Lagoa de Jacarepaguá para implantação de

empreendimento imobiliário. A Figura 2.11 apresenta a localização da área da construção.

Figura 2.11 – Planta de Localização da Obra (Bedeschi, 2004)

Bedeschi (2004) estudou uma das regiões do aterro, que abrangia uma área de

aproximadamente 30.200 m². O aterro apresentou altura variável de 1,3 m a 3,0 m,

dependendo de sua posição, e peso específico de 19,0 kN/m³ na condição natural e 19,5

kN/m³ na condição saturada.

Devido ao prazo de execução da obra foi previsto a aceleração dos recalques,

através da instalação de drenos verticais pré-fabricados, com 8 metros de comprimento,

totalizando 88.000 metros de drenos (11.000 drenos). Os drenos foram dispostos em malha

triangular (com espaçamento de 1,50 m). A seção típica do aterro, demonstrada na Figura

2.12, era composta de um tapete de areia com 50 cm de espessura, visando a captação

Page 46: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

46

d’água, coberto por uma camada de geotêxtil. O aterro foi construído em etapas, com

camadas de 50 cm de altura.

O terreno apresenta um perfil geotécnico não horizontalizado, com uma camada

superficial de turfa, seguida de camada de argila orgânica sobrejacente a uma camada

arenosa. A camada de solo mole possui espessuras variáveis de 3,0 m a 7,5 m,

apresentando o nível d’água na superfície ou bem próximo (0,10 cm de profundidade).

Figura 2.12 – Seção típica da Área C (Bedeschi, 2004)

O teor de umidade natural é de 350% na camada superior turfosa e da ordem 100 a

150 % na camada inferior de argila. O Limite de Liquidez (LL) apresenta valores, em média,

pouco inferiores aos valores de umidade. O índice de plasticidade (IP) é da ordem de 150 %

para as camadas superiores e de 100 % para as camadas inferiores.

Ensaios de adensamento em amostras retiradas de 2 locais apresentaram valores de

coeficiente de adensamento (cv) entre 9 x 10-6 cm²/s e 4 x 10-3 cm²/s. A razão de

compressão virgem (CR = Cc/(1+e0)) foi da ordem de 0,42 para toda a camada argilosa. Os

3,0 m superiores de argila apresentaram OCR igual a 6,6, e as demais camadas

apresentaram OCR de 3,3.

O aterro foi construído com camadas de geotêxtil adicionais e com uma maior

inclinação dos taludes. Tendo em vista essa diferença de geometria utilizada e a importância

da área, foi instalada uma instrumentação especial, que compreendeu 5 estações, cada

uma composta de 1 vertical de inclinômetro no pé do talude, 1 piezômetro Casagrande e

Page 47: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

47

placas de recalque. Adicionalmente, em três destas estações foram instalados medidores de

nível de água.

Os instrumentos de medição do aterro foram instalados após a cravação dos drenos

pré-fabricados. No total, foram instalados 97 instrumentos de medição: 54 placas de

recalque, 16 medidores de NA, 16 Piezômetros Casagrande, 2 bench-marks, 2 piezômetros

elétricos de corda vibrante, 2 aranhas magnéticas e 5 inclinômetros.

Os recalques medidos foram comparados com os recalques finais previstos pelo

método de Asaoka. Observou-se uma boa concordância entre a previsão e a

instrumentação, com erro relativo de 6,5 %.

Apesar dos valores significativos de recalque, em torno de 2 m (28 % do valor da

camada compressível), os drenos continuaram com um funcionamento satisfatório.

2.3.1.2. Aterro do SESC/SENAC

O aterro do SESC/SENAC (Serviço Social do Comércio e Serviço Nacional de

Aprendizagem Comercial) localiza-se na baixada de Jacarepaguá, e possui

aproximadamente 86.000 m² de área. Na área em questão foram construídos um aterro

convencional, com drenos de areia e um aterro estaqueado reforçado em uma área de

aproximadamente 12.000 m² (Figura 2.13) (Spotti, 2000 e 2006).

O aterro convencional foi construído em duas etapas. A 1ª etapa consistiu da

construção de um colchão drenante com 60 cm de altura, seguido da instalação de uma

manta geotêxtil e dos DVP. A malha dos DVP era triangular, sendo a distância entre os

centros dos drenos de 1,7 m. A 2ª etapa de construção do aterro só ocorreu 3 anos após a

1ª etapa, quando grande parte dos recalques primários causados pela 1ª etapa já tinham

ocorrido. O 2º aterro, composto de silte arenoso com γnat = 18 kN/m³, atingiu alturas entre 2,0

a 3,3 m.

Entre 1995 e 1997, foram executados 30 furos de sondagem. Foi constatado que o

perfil do subsolo era composto de 1 m a 2 m iniciais de turfa, e uma camada de argila mole

com espessuras médias de 3 m, 9 m e 11 m (espessura máxima de 12 m), nos locais (1), (2)

e (3), respectivamente, do terreno (Figura 2.13). Após a camada argilosa tem-se uma

camada de solo arenoso compacto seguido por um solo residual (Spotti, 2000 e 2006).

Ensaios de caracterização das amostras, retiradas de 4 diferentes locais,

apresentaram valores de umidade entre 180 a 500 %, nos 3 m iniciais, 200 %, até 5 m de

profundidade, e uma faixa de valores entre 10 a 190 % até 12 m. Os valores de LP se

apresentaram em sua maioria próximos a 100 %. O LL apresentou valores entre 100 e

400%, com valores de IP na faixa de 100 a 250% . O peso específico total médio calculado

foi de γ =12,5 kN/m³.

Page 48: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

48

Figura 2.13 – Localização do aterro estaqueado reforçado do SESC/SENAC (adaptado de Spotti, 2006)

Ensaios de adensamento forneceram valores de OCR médios linearmente

decrescentes até 4 m de profundidade, com valor máximo de 3,2. Para profundidades

superiores, observaram-se valores médios de 1,5. O valor médio de índice de compressão

(CR) foi de 0,52, com uma relação de Cs/Cc = 0,1.

Segundo os diversos ensaios apresentados por Spotti (2000 e 2006), os valores do

coeficiente de adensamento vertical e horizontal (cv e ch ) situaram-se entre 5 x 10-5 cm²/s e

6 x 10-4 cm²/s, e 8 x 10-5 cm²/s e 13,7 x 10-4 cm²/s, respectivamente.

Ensaios de palheta tradicionais, em uma primeira campanha, em 1995, indicaram

valores de resistência não drenada (Su) crescentes com a profundidade, variando de 8 a

40kPa. A argila apresenta valores médios de sensibilidade próximos a 5. Ensaios de palheta

elétrico forneceram valores de Su entre 5 e 23 kPa.

Ensaios de piezocone indicaram um perfil de subsolo semelhante ao fornecido pelas

sondagens SPT. O coeficiente de adensamento horizontal (ch) foi calculado também a partir

do ensaio de piezocone, com valores entre 2,4 x 10-4 cm²/s a 13,7 x 10-4 cm²/s.

A instrumentação do aterro consistiu na instalação de 6 piezômetros elétricos e 17

piezômetros do tipo Casagrande, 6 medidores de nível d´água, 2 verticais de extensômetros

magnéticos, 2 referências de nível profundas e 20 placas de recalque.

2.3.2. Baixada Fluminense

A Baixada Fluminense (Figura 2.14) engloba os municípios de Mangaratiba, Itaguaí,

Seropédica, Paracambi, Queimados, Japeri, Nova Iguaçu, Mesquita, Nilópolis, São João de

Meriti, Belford Roxo, Duque de Caxias, Magé e Guapimirim. A Figura 2.14 apresenta a

localização dos aterros que serão descritos no presente trabalho.

(1)

(2)

(3)

Page 49: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

49

Figura 2.14 – Baixada Fluminense e localização dos aterros (modificada de Spannerberg, 2003)

2.3.2.1. Aterros Experimentais – Rio Sarapui

Na década de 70, o DNER/IPR, em conjunto com instituições de pesquisa, realizou

vários experimentos visando à compreensão do comportamento geotécnico de depósitos de

argila mole.

Os aterros foram instrumentados com placas de recalque, extensômetros magnéticos

verticais, piezômetros e inclinômetros.

2.3.2.1.1. Aterro Experimental I

Em 1977, foi construído o 1º Aterro Experimental, o qual foi levado à ruptura (Ortigão,

1980). Em 1978, iniciou-se a construção do 2º Aterro Experimental, com o intuito de avaliar

diversos tipos de elementos drenantes para a aceleração dos recalques. O local escolhido

para a construção dos aterros foi a Baixada Fluminense, no km 7,5 da Rodovia Rio -

Petrópolis, próximo ao Rio Sarapuí.

Indústria Rio Polímeros

Rio Sarapuí

Page 50: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

50

O perfil geotécnico da região apresenta uma camada de argila mole, com SPT nulo

até cerca de 11 metros de profundidade, seguida por uma camada de areia fina argilosa,

com 2 metros de espessura, sobrejacente a uma camada de areia fina a grossa (com 1 m

de espessura). Antes do impenetrável existe, ainda, uma camada de areia fina argilosa. O

perfil do local está apresentado na Figura 2.15.

Figura 2.15 – Perfil geotécnico no Aterro Experimental I (Gerscovich, 1983)

O 1º aterro, construído com taludes de 1V:2H (Figura 2.16), rompeu com uma altura

máxima de 3,1 m. Durante a construção, foram observadas fissuras a partir do momento em

que o aterro atingiu 2,5 m de altura.

Placas de recalque instaladas no eixo principal apresentaram valores de recalque de

400 a 500 mm.

Ortigão (1980) e Sayão (1980) apresentam valores do coeficiente de compressão

secundária da argila de Sarapuí variando de 2 a 4,5%.

Page 51: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

51

Figura 2.16 – Geometria do aterro e localização das trincas (Ortigão, 1980)

2.3.2.1.2. Aterro Experimental II

O 2° aterro foi construído com seu eixo distante 209,9 m do início da ponte sobre o

Rio Sarapuí. Suas dimensões eram de 315 m de comprimento, 35 m de largura na base e

25 m no topo, com previsão de altura de 2,5 m, que não pôde ocorrer nos aterros devido a

problemas técnicos e econômicos (DNER/IPR, 1980).

No local a camada de argila mole apresenta pequenas variações de espessura, entre

8 e 10 m. Após a camada compressível existe um substrato arenoso (Figura 2.17 – Corte

AA).

Este 2º aterro foi dividido em 7 seções, denominadas sequencialmente por letras A a

G. Em cada seção foi utilizado um determinado tipo de dreno vertical, com exceção das

seções A e G, localizadas nas extremidades do aterro (Tabela 2.5). As seções A e G, sem

drenos verticais, serviram como seções de controle para futuras comparações. Com

exceção da seção A, na qual foi instalado um geotêxtil na base, a camada inicial do aterro,

com 50 cm de espessura, era constituída de material arenoso que funcionava como colchão

drenante (Figura 2.17).

Page 52: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

52

Figura 2.17 – Seções do Aterro II do IPR. (Almeida 1996)

Tabela 2.5 – Características das seções e sistemas drenantes. (DNER/IPR 1980; Almeida 1996)

Seção L (m)

Altura máxima de aterro

(m)

Tipo de Dreno S (m) N Ld

(m)

A 60 1,79 Sem drenos. Colchão drenante de geotêxtil − − −

B 45 1,84 Dreno de areia de ponta fechada 2,50 216 12,0 C 35 1,88 Dreno de areia de ponta aberta 2,50 168 12,0

D 35 2,12 Dreno de areia executado com jato d´água 2,50 168 12,0

E 35 1,92 DVP – Fibro-Químico – Cravação estática 1,70 320 12,0

F 45 1,96 DVP – Geotêxtil (Bidim OP-60) Cravação dinâmica 2,00 322 12,0

G 60 1,91 Sem drenos. Colchão drenante areia − − − onde L = comprimento da seção; S = espaçamento dos drenos; N = número de drenos;

Ld = comprimento do dreno

O 2º aterro, após 41 meses, apresentou recalques de aproximadamente 685 mm

(seção A) a 1325 mm (seção D). Os valores de recalques medidos pelas placas de recalque

e pelos extensômetros magnéticos verticais, no 2º aterro, tiveram boa concordância. Porém

os valores calculados foram superiores aos medidos em campo, com diferenças de 150 a

600 mm (IPR/DNER, 1980).

Page 53: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

53

2.3.2.2. Aterro Rio Polímeros

Formigheri (2003) e Spannenberg (2003) estudaram o comportamento do aterro de

implantação da Indústria Rio Polímeros, localizada ao lado da Refinaria de Duque de

Caxias, na Baixada Fluminense, RJ.

O aterro cobria uma extensão de aproximadamente 500.000 m² e foi dividido em 7

regiões de estudo, as quais foram nomeadas de acordo com sua futura utilidade (Figura

2.18 e Figura 2.19). As regiões de estudo foram agrupadas em 3 grandes áreas: LESTE,

englobando o Parqueamento, Depósitos e Prédios; CENTRAL, com Polietileno e Etileno; e a

área OESTE, que continha Tanques e Utilitários.

Aterro

Geotêxtil

Colchão drenante

Figura 2.18 – Foto da obra – Outubro, 2000 (Formigheri, 2003)

Figura 2.19 – Planta baixa esquemática do aterro (Formigheri, 2003)

A previsão de cota final a ser atingida pelo aterro era de 2,50 m. Foi executada

inicialmente uma camada de areia, com espessura variável de 0,60 a 0,80 m, de acordo

com a necessidade de regularização do terreno, e em seguida foi construído o aterro

composto de silte argiloso. Tendo em vista a irregularidade do terreno no local, e as

diferentes espessuras de argila, os aterros foram construídos com alturas diferentes em

cada área (Tabela 2.6).

Page 54: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

54

Tabela 2.6 – Alturas do aterro e de sobrecargas no aterro. (adaptado de Formigheri, 2003)

Área Cota original do terreno

(m)

Espessura da camada de areia

(m)

Espessura de aterro incluindo

camada de areia (m)

Etileno 0,80 0,60 3,00

Polietileno 0,60 0,60 3,00

Utilitários 0,70 0,80 2,90

Tanques 0,70 0,80 3,20

Depósito 0,70 0,80 2,60

Prédios 1,00 0,60 2,20

Parqueamento 1,20 0,80 2,30

Nas vias de acesso foram instalados drenos verticais, juntamente com a técnica de

sobrecarga, em toda área do aterro, para a aceleração dos recalques. A utilização de um

geotêxtil tecido entre a camada de solo mole e o aterro teve a finalidade de separação dos

materiais, bem como a função de reforço de fundação.

Piezômetros de corda vibrante e tipo Casagrande, inclinômetros e placas de recalque

foram instalados em diferentes fases da obra. A primeira campanha restringiu-se às áreas

Etileno, Polietileno, Utilitários e Tanques, nas quais alguns aterros já tinham alcançado sua

cota final. Após a execução dos demais aterros, nas áreas Depósito, Prédios e

Parqueamento, novos instrumentos foram instalados. As leituras destes instrumentos estão

apresentadas por Formigheri (2003).

Os recalques monitorados durante a construção e até 800 dias depois variaram de

valores de 100 mm até aproximadamente 1300 mm. Formigheri (2003) estimou os recalques

primários segundo a teoria de Terzaghi e verificou que houve superestimativa de até 60% do

valor de campo. Por outro lado, a previsão de acordo com a proposição de Asaoka (1978)

forneceu valores bastante satisfatórios.

2.3.2.3. Caracterização Geotécnica da Camada de Argila Mole

Vários pesquisadores estudaram a camada de argila mole da região adjacente ao rio

Sarapuí (por exemplo, Almeida et al. 2005; Futai et al., 2001; Gerscovich 1983; Ortigão e

Lacerda, 1980; Ortigão, 1980; Sayão, 1980; Coutinho, 1976; Coutinho & Lacerda, 1976;). Na

região da Indústria Rio Polímeros, as investigações foram realizadas pela empresa

Tecnosolo e por Spannerberg (2003). O programa de investigação de laboratório constituiu

Page 55: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

55

de ensaios de caracterização, de adensamento convencional e de deformação controlada, e

ensaios triaxiais - UU, CIU, CK0U, entre outros.

Na região adjacente ao rio Sarapuí, a camada compressível apresenta espessuras

variando de 9,0 a 11,0 m e nível d´água coincidente com a superfície do terreno. Abaixo da

camada compressível existe uma camada de transição com pequena espessura (em torno

de 50 cm) e, em seguida, há a presença de um estrato de areia fina.

A estratigrafia da área do aterro Rio Polímeros foi definida a partir de 106 sondagens

SPT. Foi verificada a existência de camada de argila mole, variando de 3 a 6 metros de

profundidade, com SPT nulo ao longo de toda a espessura. Na maioria das sondagens, esta

camada se iniciava no nível do terreno. Subjacente à camada de solo mole ocorre uma

camada de argila siltosa e arenosa, apresentando Nspt médio de 12 golpes, e espessuras

variando de 5 a 12 m.

Em ambos os locais, foi detectada a existência de uma camada ressecada

superficial, pré-adensada, com espessura da ordem de 2,5 m.

Na área do rio Sarapuí, o peso específico saturado (γsat) da argila varia com a

profundidade (z), em metros, segundo as equações. 2.7 e 2.8: (Ortigão e Lacerda, 1980).

)4(9,12)/( 3 mzmkNsat ≤= Kγ ( 2.7 )

)4(18,02,12)/( 3 mzzmkNsat >+= Kγ ( 2.8 )

A Figura 2.20 mostra as distribuições de OCR ao longo da profundidade, observada

por diversos autores na argila da Baixada Fluminense. Pode ser observada uma camada

superficial, em torno de 2 m de espessura, que possui valores de OCR mais altos, de 3 até

5. Abaixo de 2 m de profundidade os valores de OCR se reduzem até alcançar um valor

mínimo de 1,5 (a 10 m de profundidade).

Ortigão (1980), Futai et al. (2001) e Almeida et al. (2005), apresentam valores de

índices de vazios iniciais (e0) entre 2,5 e 4,5 na argila da baixada Fluminense, condensados

na Figura 2.21. Nos 3 m iniciais, e0 é constante, da ordem de 4,3, reduzindo para

profundidades maiores.

Page 56: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

56

-10

-9

-8

-7

-6

-5

-4

-3

-2

-1

00 1 2 3 4

OCR

Prof

undi

dade

(m)

DNER/IPR (1980)

Sayão (1980)

Ortigão(1980)

Futai et al. (2001)

Rio PolímerosSpannenberg (2003)

Spannenberg (2003)

Figura 2.20 – Valores de OCR – Baixada Fluminense

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

2,00 3,00 4,00 5,00e0

Prof

undi

dade

(m)

Ortigão (1980)

Futai et al. (2001)

Almeida et al. (2005)

Figura 2.21 – Faixa de valores de e0 – Baixada Fluminense

Page 57: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

57

As distribuições dos índices de compressibilidade Cc (índice de compressão virgem)

e Cr (índice de recompressão) com a profundidade, obtidas pelos diversos autores, estão

mostradas na Figura 2.22. Observa-se uma razoável dispersão e tendência de redução do

valor de Cc com a profundidade. Os índices de compressibilidade Cc e Cr variam entre 1,31 e

2,57 e 0,19 e 0,65, respectivamente.

Coeficiente de Compressibilidade

-12

-10

-8

-6

-4

-2

00 1 2 3

Prof

undi

dade

(m)

CcCr

Figura 2.22 – Parâmetros de compressibilidade do solo. (Lima et al., 2006)

O coeficiente de compressão secundária (Cα) foi estimado por Sayão (1980) com

valor da ordem de 0,045 e por Ortigão (1980) com valores próximos a 0,035. Spannenberg

(2003) observou valores de Cα iguais a 0,06, um pouco superiores aos observados na

região.

Ortigão (1980) apresentou uma faixa de valores do coeficiente de adensamento

vertical (cv) observados na argila de Sarapuí. A Figura 2.23 apresenta os resultados

observados por Ortigão (1980), bem como os valores de cv obtidos por Formigheri (2003),

na área denominada Rio Polímeros. Na Figura 2.24 estão incluídos os valores do coeficiente

de adensamento vertical verificados por outros autores. Observa-se que os resultados na

área da Rio Polímeros apresentam um comportamento similar ao descrito por Ortigão (1980

e 1993). Para tensões inferiores ou aproximadamente iguais à tensão de pré-adensamento

Page 58: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

58

(σ’vm), a dispersão é significativa, ocorrendo valores de cv altos e até mesmo externos à faixa

proposta. Já para tensões superiores a σ’vm, no trecho de compressão virgem, o valor de cv

mantém-se aproximadamente constante. Os resultados apresentados se enquadram

próximos à faixa proposta por Ortigão (1980 e 2007).

0

1

2

3

4

5

6

7

8

1,00 10,00 100,00 1000,00σ´ (kPa)

Cv

( cm

²/seg

) x 1

0-³

Formigheri (2003)

Figura 2.23 – Valores de cv (Formigheri, 2003; Ortigão, 1980)

Figura 2.24 – Faixa de valores de cv da argila do Rio de Janeiro obtida em ensaios

oedométricos (Spannerberg, 2003)

Page 59: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

59

As características de permeabilidade da argila foram estudadas por Coutinho e

Lacerda (1976). Os autores observaram que os coeficientes de permeabilidade horizontal

(kx) e vertical (ky), variam em função do índice de vazios. Para uma faixa de índice de vazios

entre 1,0 e 4,0, os coeficientes podem ser estimados a partir das equações 2.9 e 2.10.

0445,9824,0)/(log −= escmkx ( 2.9 )

613,9941,0)/(log −= escmk y ( 2.10 )

As equações 2.9 e 2.10 não se aplicam à crosta ressecada. Nesta região,

Gerscovich (1983) observou valores que variam de 1,5 x 10-5 cm/s a 1 x 10-7 cm/s, conforme

o nível de tensões.

A Figura 2.25 mostra a variação do coeficiente de permeabilidade com a

profundidade, obtida pos vários autores. Observa-se que a relação entre o coeficiente de

permeabilidade horizontal e o coeficiente de permeabilidade vertical varia entre 1,3 e 1,9,

tendo como valor médio 1,55. Ressalta-se que os valores apresentados por DNER/IPR

(1980) são uma compilação de dados de diversos pesquisadores.

Coeficiente de Permeabilidade (m/dia)

-12

-11

-10

-9

-8

-7

-6

-5

-4

-3

-2

-1

01E-051E-041E-031E-02

Prof

undi

dade

(m)

ky (Gerscovich, 1983)kx (DNER/IPR, 1980)ky (DNER/IPR, 1980)ky (Spannerberg, 2003)

Figura 2.25 – Distribuição do coeficiente de permeabilidade com a profundidade.

A Tabela 2.7 resume os principais resultados obtidos em ensaios de laboratório

realizados na argila mole da Baixada Fluminense.

Page 60: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

60

Tabela 2.7 – Resumo dos resultados obtidos para a argila mole da Baixada Fluminense. (adaptada de Spannerberg 2003)

Adensamento Triaxiais Caracterização

SIC CRS UU CIU

Wnat LL LP IP IL γs

argi

la

M.O

. cc cs cr cvc / cvr kx /

ky cc cs cr cvc cvr Su εf E50 Af Su cv E50 Af c’ φ’

(º) Fonte

Mat

eria

l de

estu

do

% % % % %

kN/m

3

% %

OC

R

cm2 /s

m/d

ia

OC

R

cm2 /s

cm2 /s

kPa

kPa

kPa

cm2 /s

kPa kP

a

Sayão

(1980) Sar

apuí

140,

5

98

49

49

26,4

85

11,8

1,41

a 2

,56

0,16

a 0

,39

0,25

a 0

,55

<4

1 x

10-4

/

5,9

x 10

-4

6 a

14

4,7

x 10

-4

180

± 28

0,82

± 0

,05

3 24

Ortigão

(1980) Sar

apuí

106

a 17

5

86 a

161

33 a

73

44 a

102

1,11

a 1

,7

55

1,65

a 2

,43

0,25

a 0

,58

1

1 x

10-4

/

5,0

a 9,

9

1,9

a 9,

0

1110

a 2

810

3,5

a 12

,6

<1,0

0 25

Gerscovich

(1983) Cam

ada

ress

ecad

a /

Sar

apuí

133

a 17

7

90 a

100

― /

8,64

x

10-5

a 5,

36 x

10

-3

2,1

a 7,

4

2,2

a 5,

2

< 0,

4

3,5

a 8,

8

1 x

10-3

0,3

a 1,

2

0 a

16

24 a

31

Futai et. al. (2001)

Sar

apuí

143

± 21

,7

120,

3 ±

18,1

20 a

80

73 ±

16,

1

70

9 x

10-4

8,64

± 3

,26

23 a

42

Page 61: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

61

Adensamento Triaxial Caracterização

SIC CRS UU CIU

Wnat LL LP IP IL γs

argi

la

M.O

. cc cs cr cvc / cvr kx /

ky cc cs cr cvc cvr Su εf E50 Af Su cv E50 Af c’ φ’

(º) Fonte

Mat

eria

l de

estu

do

% % % % %

kN/m

3

% %

OC

R

cm2 /s

m/d

ia

OC

R

cm2 /s

cm2 /s

kPa

kPa

kPa

cm2 /s

kPa kP

a

Almeida et al. (2005)

Sar

apui

í

150

± 40

125

± 25

24,9

a 2

6,8

69

4 a

6

1,3

a 3,

2

11 a

1,3

4 a

12

4 a

13

0(N

A)1

,5(P

A)

30 (C

rost

a) e

25

a 3

0

Formigheri (2003) R

io-

Pol

ímer

os

151

a 18

7

55 a

200

25 a

75

30 a

130

26,3

<10

(Rea

valia

dos

no P

rese

nte

Trab

alho

)

4 a

40

0

19 a

27

Spannerberg(2003) R

io-

Pol

ímer

os

106,

7

113,

7

28,7

85

26,2

17

6,6

1,8

a 1,

9

0,20

a 0

,23

1,4

4 a

6 x

10-4

/

1,5

a 4

x 10

-4

― /

2,68

x 1

0-5 a

5 ,79

x 1

0-4

1,51

0,26

1,5

1 a

20 x

10-4

20 a

200

x

10-4

5,4

a 12

,5

5 a

8

540

e 82

0

22,0

a 6

0,5

1100

e 5

270

0,9

a 1,

21

0 24

DNER/IPR

(1980) Sar

apuí

1,51

a 2

,52

0,14

a 0

,36

4,4

a 1,

3

1 x

10-3

7,41

x10-5

a 1,

46x1

0-3 /

3,83

x10-5

a 1,

15x1

0-3

Page 62: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

62

2.4. Casos Históricos de Modelagem Numérica para Previsão de recalques

Neste item serão apresentados casos históricos de aterros sobre solos moles nos

quais a previsão dos recalques foi realizada a partir de modelagem numérica.

2.4.1.Malásia - Programa ABAQUS

Em 1986, o departamento de transportes da Malásia construiu 15 aterros com o

intuito de verificar os diversos métodos de construção de aterros sobre argila mole. (Figura

2.26). Os aterros foram instrumentados com piezômetros, inclinômetros, placas de

recalques, pinos de recalque e extensômetros magnéticos. Dois destes aterros foram

simulados numericamente com o programa ABAQUS (Indraratna et al., 2005). O Aterro 1 foi

construído sem nenhum tipo de melhoria do solo e o Aterro 2 contou com a instalação de

drenos verticais pré-fabricados (DVP) com espaçamentos de 1,30 m e malha triangular. Na

simulação numérica de todos os aterros, foi utilizado o modelo Cam-Clay para as camadas

de argila.

Figura 2.26 – Localização de alguns depósitos de argila na Malásia e localização dos aterros experimentais (Indraratna et al., 2005)

Page 63: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

63

O Aterro 1 foi construído prevendo-se sua ruptura. A Figura 2.27 mostra a seção

transversal e a Figura 2.28 apresenta a malha de elementos finitos, com a indicação da

estratigrafia (4 camadas) considerada nas análises.

Figura 2.27 – Seção transversal do Aterro 1 (Indraratna et al., 2005)

Figura 2.28 – Malha de elementos finitos utilizada para o Aterro 1 (Indraratna et al., 2005)

A Figura 2.29 apresenta, na área central, a variação de excesso de poropressão,

recalque superficial e a deformação lateral a 10 metros do ponto médio do aterro, para uma

altura de aterro de 5,0 m. A modelagem apresentou valores de poropressões e recalques

bem próximos aos observados em campo, porém valores superiores de deslocamentos

laterais. Os autores concluíram que estas diferenças podem ser explicadas por variações do

parâmetro λ, do modelo constitutivo Cam-Clay.

Page 64: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

64

(a) excesso de poropressão

(b) recalques superficiais

(c) Deslocamentos laterais a 10 m do centro

Figura 2.29 – Resultados medidos x previstos – Aterro 1 (Indraratna et al., 2005)

Page 65: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

65

O Aterro 2 (Figura 2.30) foi construído em duas etapas, a 1ª com duração de 14 dias,

atingindo uma altura final de 2,57 m e uma segunda etapa de carregamento 90 dias após o

início da consolidação com altura máxima de 4,74 m, que foi executada em 24 dias.

Indraratna et al. (2005) apresentam também fatores que influenciam na eficiência da

drenagem vertical como o efeito do amolgamento do solo e a well resistence (quando a

capacidade do dreno é inferior à vazão requerida pela obra). Metodologias de cálculo que

incorporam a consideração de cada um desses efeitos são apresentadas pelos autores.

O coeficiente de permeabilidade equivalente do dreno foi estimado em 0,0005 m/s.

Foi considerado um raio equivalente dos drenos de rw = 0,03 m e um raio da zona de

amolgamento rs = 0,15 m.

A Figura 2.30 mostra a seção transversal e a Figura 2.31 apresenta a malha de

elementos finitos. A camada de argila foi dividida em 4 sub-camadas, que possuem juntas

18 m de espessura.

Figura 2.30 – Seção transversal do Aterro 2 (Indraratna et al., 2005)

Figura 2.31 – Malha de elementos finitos utilizada para o Aterro 2 (Indraratna et al., 2005)

Page 66: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

66

A Figura 2.32 e Figura 2.33 apresentam resultados da modelagem computacional,

levando-se em conta diferentes fatores que influenciam na eficiência do dreno. Pode-se

observar uma boa concordância na previsão dos recalques, porém a consideração de um

dreno perfeito, sem efeito de amolgamento e resistência do dreno (well-resistance),

superestima os valores de recalques esperados. Em termos de geração de poropressão, a

consideração de um dreno perfeito subestima os valores observados em campo. Ressalta-

se que o piezômetro apresentou um mau funcionamento na segunda etapa de carregamento

e, por esse motivo, há uma diferença entre as leituras do piezômetro e a previsão da

modelagem computacional, como pode ser observado na Figura 2.33.

Figura 2.32 – Curva Tempo x Recalques superficiais do Aterro 2 (Indraratna et al., 2005)

Figura 2.33 – Excesso de Poropressão no Piezômetro 6 (Indraratna et al., 2005)

Page 67: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

67

A comparação das leituras dos inclinômetros com as previsões pelo MEF conduziu

novamente a uma sub-estimativa da magnitude das deformações laterais, quando se

considera na modelagem um dreno perfeito. Melhores resultados foram obtidos quando se

considerou os efeitos de amolgamento do solo e a resistência do dreno, como mostra a

Figura 2.34.

Figura 2.34 – Deslocamentos laterais do inclinômetro I1 após 300 dias (Indraratna et al., 2005)

2.4.2. Tailândia – Programa PLAXIS

Hossain e Nag (2005) modelaram numericamente o aterro teste para o projeto do

segundo Aeroporto Internacional de Bangkok (SBIA), localizado na Província de

Samutprakan, a 30 km a leste da Metrópole de Bangkok.

A estratigrafia local é uniforme. A camada de argila mole de 12m de espessura

apresenta uma crosta superficial, e é sobrejacente a uma camada de argila rígida que se

estende até 20 – 24m de profundidade.

O aterro teste possuía base de seção quadrada de 15 m de lado. A altura final do

aterro, juntamente com a sobrecarga, foi de 2 m de altura. Foram instaladas colunas solo/cal

com 0,4 m de diâmetro e 16 m de comprimento, instaladas a intervalos de 1,2 m (malha

quadrada), a fim de melhorar as características do solo. A Figura 2.35 mostra a seção do

aterro teste. Toda a área foi instrumentada com piezômetros, inclinômetros, marcos

superficiais e profundos.

O aterro teve sua construção iniciada 90 dias após a instalação das colunas de

solo/cal e as leituras foram efetuadas durante 42 dias. O aterro de 2,0 m de altura foi

construído em camadas ao longo de 4 dias.

Page 68: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

68

Figura 2.35 – Seção do aterro e condições de contorno (Hossain e Nag, 2005)

A modelagem foi realizada utilizando-se o programa de elementos finitos PLAXIS,

considerando o estado plano de deformação. A fundação foi subdividida em 4 camadas. A

malha de elementos finitos foi constituída por elementos triangulares de 15 nós. As colunas

com cal tratada, foram simuladas como elementos estruturais de vigas com 5 nós. A

interação solo-estrutura foi representada por elementos de interface ao longo das colunas.

As condições de contorno adotadas nas análises numéricas estão mostradas na Figura

2.35. O nível d´água foi definido na superfície do terreno natural. Foram consideradas duas

etapas de carregamento do aterro, ambas com 1 metro de altura, a 1ª ocorrendo a 2 dias e a

2ª após 4 dias (Hossain e Nag, 2005).

O solo foi representado pelo modelo constitutivo de Mohr-Coloumb (M-C). Este

modelo foi adotado em função dos parâmetros disponíveis dos solos, obtidos a partir de

ensaios de campo e laboratório sob condição não drenada.

A Figura 2.36 mostra a evolução dos recalques previstos e medidos na área central

do aterro. Nos 25 primeiros dias, a magnitude dos recalques previstos na superfície foi maior

do que os monitorados em campo. Após este período os recalques observados foram bem

próximos. Comportamento semelhante foi observado comparando-se os deslocamentos

verticais no interior da massa. A diferença entre os resultados foi atribuída a diferenças na

seqüência construtiva do aterro.

Devido ao tipo de cálculo selecionado no programa PLAXIS, durante a fase de

construção do aterro, cálculo plástico, o programa apresenta uma resposta onde o solo

atinge um estado último, o que não representa a situação em campo, já que este tipo de

solo tem como característica a consolidação ao longo tempo.

Page 69: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

69

(a) superficial

(b) em profundidade

Figura 2.36 – Comparação entre recalques previstos e medidos (Hossain e Nag, 2005)

2.4.3. Singapura – Programa PLAXIS

Arulrajah (2005) realizou estudos experimentais e numéricos em aterros

experimentais localizados na cidade de Changi em Singapura. Esta pesquisa teve como

objetivo fornecer subsídios para futuras obras de expansão do Aeroporto Internacional de

Changi. A área a ser aterrada é submersa com elevações entre -2,0 e -8,0 m, abaixo do

Page 70: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

70

nível do mar. Dois locais na área norte do projeto foram estudados por Arulrajah (2005). No

presente trabalho serão apresentadas somente as análises da área denominada Piloto.

O local englobou 4 aterros, como mostra a Figura 2.37. Em 3 áreas foram instalados

drenos, com malha retangular e espaçamentos variando entre 2,0 m a 3,0 m. Os aterros

foram instrumentados com placas de recalque superficiais, medidores de recalque

profundos, piezômetros pneumáticos e de corda vibrante, e medidores de nível d´água.

Figura 2.37 – Áreas de estudo do aterro do “Local Piloto” (Arulrajah, 2005)

A Figura 2.38 mostra o perfil geotécnico, onde se observa que a espessura de argila

atinge valores em torno de 40 metros. A elevação média da superfície do terreno é de 6m,

com uma lâmina d´água de 7,6 m.

Inicialmente foi lançado um aterro de recuperação até a cota +4,0 m, em seguida

instalaram-se os instrumentos de medição e, posteriormente, os drenos. Após a instalação

dos drenos foi lançada uma sobrecarga de 3,0 m de altura, atingindo-se a cota de +7,0 m. A

leitura da instrumentação foi realizada até 32 meses após a colocação da sobrecarga,

totalizando 42 meses de leituras.

Após 32 meses de aplicação da sobrecarga verificou-se um grau de adensamento

em torno de 90% para as áreas com espaçamentos de dreno de 2,0 e 2,5 m, 80 % para a

área com espaçamento de 3,0 m, e 37 % para a área sem drenos.

Page 71: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

71

Figura 2.38 – Perfil geotécnico e instrumentação “Local Piloto” (Arulrajah ,2005)

Arulrajah (2005) utilizou o programa PLAXIS v.8.0 para a simulação numérica do

comportamento dos aterros. Para simular o dreno vertical, Arulrajah (2005) se utilizou do

elemento de dreno vertical, existente no programa PLAXIS, e considerou 2 hipóteses de

cálculo, uma considerando uma célula axial composta de dreno e solo (em torno do dreno)

(Figura 2.39) e uma modelagem completa na qual foi introduzida toda a geometria do aterro

(Figura 2.40).

Foi definido o modelo de Mohr-Coloumb para simular o aterro arenoso e o modelo

Soft Soil para as camadas de argilas compressíveis. Foi considerada a construção do aterro

em etapas, porém Arulrajah (2005) não indica outros detalhes quanto a alguns parâmetros

da modelagem (como por exemplo, as etapas construtivas) e comenta que a calibração da

modelagem foi feita conforme experiências anteriores nas argilas locais. Os parâmetros dos

solos utilizados para a modelagem são apresentados detalhadamente por Arulrajah (2005).

Na modelagem considerando uma célula axial (Figura 2.39), considerou-se o modelo

axissimétrico com a permeabilidade horizontal equivalente, levando-se em conta a zona

amolgada e não amolgada do solo; isto é, o efeito smear que ocorre na instalação dos

drenos verticais.

Page 72: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

72

Figura 2.39 – Célula axial considerada na modelagem (Arulrajah, 2005)

No caso da modelagem completa (Figura 2.40), considerando toda a geometria do

aterro, Arulrajah (2005) calculou a permeabilidade plana equivalente, também considerando

o efeito de amolgamento do solo (smear).

Figura 2.40 – Modelagem plana do aterro (Arulrajah, 2005)

A Figura 2.41 apresenta a curva tempo x recalque para as modelagens realizadas.

Observa-se uma boa concordância dos resultados obtidos nas modelagens utilizando os

modelos axissimétrico e plano, quando comparados com os valores obtidos em campo

através da instrumentação instalada.

Dreno Vertical

Page 73: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

73

Na comparação com os valores de recalques finais esperados, o recalque final

calculado pelo PLAXIS apresentou magnitudes próximas com diferenças máximas de

0,09m.

Figura 2.41 – Comparação entre curvas tempo x recalque numérica e experimental (Arulrajah, 2005)

2.4.4. Aterro experimental IPR/DNER

Lima et al. (2006) estudaram o comportamento da seção A do Aterro Experimental II

do Instituto de Pesquisas Rodoviárias (DNER/IPR) através de modelagem numérica. Os

autores usaram o programa PLAXIS.

O aterro foi instrumentado com placas de recalque e extensômetros magnéticos

verticais, instalados ao longo do eixo principal e do eixo de cada seção.

O modelo constitutivo selecionado para as camadas de argila mole foi o Soft Soil,

que é um modelo do tipo Cam-Clay utilizado para solos moles, como argilas normalmente

adensadas e turfas. O aterro construído e a camada inferior de areia foram modelados

utilizando-se o modelo constitutivo Mohr-Coloumb.

Page 74: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

74

Nas etapas de construção do aterro e de adensamento, o cálculo foi feito com

atualização das poropressões e da malha de elementos finitos. Esta opção se deveu à

existência do adensamento das camadas de argila mesmo durante a construção do aterro.

A seção A apresentava uma espessura de camada de argila mole da ordem de

10,5m e altura máxima de aterro de 1,79 m. A Figura 2.42 apresenta o corte transversal

típico previsto para esta seção.

Figura 2.42 – Seção transversal típica prevista da Seção A (DNER/IPR 1980).

Ao longo do eixo longitudinal do aterro foram instaladas 8 placas de recalque. Os

registros dos extensômetros verticais não foram incluídos na análise, face às incertezas

relativas aos dados disponíveis (Lima et al., 2006).

A modelagem do aterro reproduziu as 2 etapas de construção. A 1ª etapa consistiu

no lançamento de 1,06 m de aterro e na 2ª etapa atingiu-se a altura máxima de 1,79 m. A

fase de adensamento teve a duração de 6000 dias, a fim de se determinar o recalque final.

A camada argilosa foi subdividida em 5 subcamadas de acordo com a semelhança

de seus parâmetros geotécnicos. A permeabilidade aterro foi considerada isotrópica e

infinitamente superior à da camada argilosa; isto é kx = ky = 1 m/dia.

O resultado da simulação numérica da seqüência de construção do aterro da seção

A está apresentado na Figura 2.43 em conjunto com os registros de 3 placas de recalque

(PR-3, 12 e 13), além do valor médio das leituras de campo (Média PR). Observa-se, em

todo processo, uma evolução dos recalques próxima à observada em campo. Após 4445

dias do final da construção, previu-se numericamente um recalque de 921 mm, 7% superior

ao previsto pelo método de Asaoka (Lima et al., 2006).

Page 75: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

75

Figura 2.43 – Curva Recalque x Tempo (Lima et al., 2006)

Page 76: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

76

3. Análise dos Parâmetros Geotécnicos - Rio Polímeros

O aterro construído na indústria Rio Polímeros foi escolhido para ser estudado no

presente trabalho devido à existência de um grande banco de dados referente às leituras

das instrumentações instaladas e diversos ensaios de campo e laboratório. Formigheri

(2003) e Spannenberg (2003) apresentam em seus trabalhos diversos parâmetros

geotécnicos do local.

A campanha experimental para implantação do aterro da Indústria Rio Polímeros

envolveu ensaios de campo e laboratório: caracterização, permeabilidade, triaxiais (CIU e

UU), adensamento e análises químicas, realizados pela Tecnosolo e pela PUC-Rio

(Formigheri, 2003, e Spannenberg, 2003).

As amostras indeformadas de 100 mm de diâmetro, usadas pela Tecnosolo, foram

extraídas com amostradores Shelby e Osterberg em profundidades variando de 1,30 m até

8,30 m. Vale ressaltar que os amostradores Shelby foram cravados por percussão e não por

cravação estática, como deveriam ter sido executadas. No total foram retiradas 37 amostras

e realizados 41 ensaios de adensamento, sendo 36 convencionais e 5 do tipo CRS.

A Figura 3.1 mostra resultados dos ensaios de adensamento realizados na argila

coletada nas subáreas Tanques e Utilitários (Figura 2.19). Estes resultados podem ser

considerados como típicos de toda a camada. Observa-se claramente uma grande

dispersão nos valores dos parâmetros de compressibilidade (Cc, Cs). Face ao fato de que

algumas amostras foram obtidas com métodos de extração inadequados, optou-se por

realizar uma cuidadosa reavaliação de todos os ensaios, visando identificar a qualidade das

amostras.

Os itens subseqüentes apresentam uma discussão sobre os dados disponíveis, de

forma a selecionar os parâmetros que serão adotados nas análises numéricas. Vale

ressaltar que todos os resultados dos ensaios de adensamento foram reavaliados, com

intuito de eliminar incertezas relativas à metodologia de cálculo e eventuais problemas na

qualidade da amostragem.

Page 77: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

77

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

0.0 2.5 5.0 7.5 10.0

OCR

Pro

fun

did

ade

(m)

0.0 1.0 2.0 3.0

Cc0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

Cs

(a) variação de OCR, índices de compressibilidade cc e cs com a profundidade

0.01

0.10

1.00

10.00

1 10 100 1000

Tensão Efetiva (kPa)

Coef

icie

nte

de A

dens

amen

to

CV

( x 1

0-3cm

²/s) CB 39 1

CB 39 2

CB 41 1

CB 41 2

CB 41 3

CB 41 5

CB 49 1

CB 49 2

CB 49 3

CB 50 1

CB 50 2

CB 50 3

(b) Coeficiente de adensamento vs tensão efetiva vertical

Figura 3.1 – Parâmetros geotécnicos subáreas Tanques e Utilitários. (Spannenberg, 2003 e Formigheri, 2003)

Page 78: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

78

3.1. Confiabilidade dos Resultados de Laboratório

O projeto para implantação do aterro da indústria Rio Polímeros envolveu a

realização de 34 ensaios de adensamento. As investigações de campo foram apresentadas

por Formigheri (2003). Para facilitar a identificação dos pontos de amostragem, optou-se

neste trabalho, por criar uma nomenclatura, onde o 1º número define a sondagem a partir da

qual a amostra foi retirada e o 2º número corresponde ao número da amostra, naquela

sondagem (Sondagem/Amostra).

Spannenberg (2003) também realizou ensaios de laboratório em amostras extraídas

na subárea Prédios, a profundidades de 2,5 m, 3,4 m e 4,3 m. Foram executados ensaios de

adensamento convencionais e ensaios de deformação controlada (CRS), considerando

diversas velocidades de deformação. No presente trabalho, os resultados dos ensaios

convencionais serão identificados como SS-01 e SS-02 e o ensaio do tipo CRS como SC-

03. O ensaio SC-03 foi realizado a uma velocidade de 0,002mm/min, mantendo-se o valor

da razão de poropressão (ub /σv) inferior a 10%. Esta velocidade atende aos critérios

considerados aceitáveis para o ensaio CRS.

3.1.1. Peso Específico

A Figura 3.2 mostra os valores de pesos especificos obtidos em todas as campanhas

de ensaios. Observa-se a obtenção de valores de pesos específicos superiores a 15,0

kN/m³, incompatíveis com a experiência local. Futai et al. (2001) e Ortigão (1980), dentre

outros, têm registrado valores inferiores a 14,0 kN/m³. Acredita-se que os elevados valores

de γ sejam relativos a solos mais arenosos, observadas nos ensaios de piezocone. Esta

hipótese pode ser confirmada avaliando-se os índices de compressão virgem (Cc). A Figura

3.2 também apresenta a relação entre os valores obtidos para Cc e o peso específico natural

(γnat). Observa-se que amostras com valores de γnat superiores a 14,0 kN/m³ apresentaram

valores Cc mais baixos (inferiores a 1,20) e com um desvio significativo com relação às

demais. Assim sendo, para o presente trabalho, 11 ensaios foram descartados.

Page 79: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

79

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

12,00 14,00 16,00 18,00 20,00

γnat (kN/m³)

Cc

Figura 3.2 – Valores de índice de compressão virgem Cc x γnat

3.1.2. Qualidade da Amostra

A informação de que, em alguns casos, a retirada de amostras foi feita por

percussão, levou à necessidade de avaliação da qualidade da amostragem. No presente

trabalho adotou-se o critério de Lunne et al. (1997), proposto para classificação corpos de

prova de argilas com OCR entre 1 e 4.

A Tabela 3.1 apresenta as relações entre ∆e/eo e as respectivas classificações. No

caso das amostras com OCR acima de 4, adotou-se a mesma classificação da faixa de

OCR entre 2 e 4. Os resultados mostram que grande parte das amostras apresenta

qualidade satisfatória (Muito Bom e Bom). As 3 amostras classificadas como qualidade

“Ruim” foram descartadas para futuras análises. A Figura 3.3 e Figura 3.4 apresentam o

gráfico dos ensaios oedométricos de amostras consideradas “Muito Bom” e “Ruim”,

respectivamente.

Cabe ressaltar que, a menos de 2 amostras, o critério de classificação proposto por

Oliveira (2002) forneceria os mesmos resultados.

Resultados Descartados

Page 80: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

80

0

5

10

15

20

25

30

35

40

451 10 100 1000

Tensão vertical efetiva (kPa)

Def

orm

ação

Axi

al (%

)

Figura 3.3 – Amostra com qualidade “Muito Bom” – Amostra 50/2

0

10

20

30

40

50

601 10 100 1000

Tensão vertical efetiva (kPa)

Def

orm

ação

Axi

al (%

)

Figura 3.4 – Amostra com qualidade “Ruim” – Amostra 68/1

Page 81: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

81

Tabela 3.1 – Qualidade das amostras de acordo com o critério de Lunne et al. (1997).

ÁREA Amostra OCR ∆e/e0 Classificação

Central 10/1 1,67 0,026 Muito Bom

Central 17/1 2,32 0,006 Muito Bom

Central 25/1 1,01 0,057 Bom

Central/Leste 31/1 3,47 0,012 Muito Bom

Central/Leste 31/3 ― ― Sem classificação (*)

Leste 39/1 2,64 0,051 Ruim

Leste 39/2 1,11 0,026 Muito Bom

Leste 41/1 2,56 0,003 Muito Bom

Leste 41/2 ― ― Sem classificação (*)

Leste 41/3 1,00 0,125 Ruim

Fora 49/1 2,67 0,010 Muito Bom

Fora 49/2 1,47 0,038 Muito Bom

Fora 49/3 ― ― Sem classificação (*)

Leste 50/1 2,64 0,014 Muito Bom

Leste 50/2 1,37 0,033 Muito Bom

Oeste 55/1 4,76 0,006 Muito Bom

Oeste/Central 68/1 2,78 0,067 Ruim

Oeste 83/1 6,19 0,006 Muito Bom

Oeste 84/1 3,33 0,005 Muito Bom

Oeste 84/2 2,02 0,037 Bom

Oeste 84/3 1,70 0,025 Muito Bom

Central 87/1 2,86 0,007 Muito Bom

Central 100/1 ― ― Sem classificação (*)

Oeste SS-01 1,40 0,027 Muito Bom

Oeste SS-02 1,40 0,039 Muito Bom

Oeste SC-03 ― ― Sem classificação (*) (*) impossibilidade / incerteza de determinação gráfica de OCR

Page 82: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

82

3.2. Definição dos Parâmetros para Modelagem Numérica

Após a análise criteriosa dos resultados experimentais, foram selecionadas 18

amostras, cujas principais informações estão resumidas na Tabela 3.2. As amostras foram

agrupadas em 3 grupos, de acordo com sua localização: Áreas OESTE, CENTRAL e LESTE

(Figura 3.5).

Figura 3.5 – Planta de localização das sondagens com retiradas de amostras indeformadas (adaptado de Formigheri, 2003)

Page 83: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

83

Tabela 3.2 – Parâmetros geotécnicos das amostras indeformadas.

Amostra Prof. da amostra Umidade Índice de

Vazios

Peso especifico

(γnat) σ´v0 σ´vm OCR Cc Cr CR RR Local ÁREA

m % kN/m³ kN/m² kN/m² 10/1 2,40 182,54 4,976 12,77 6,84 12,00 1,75 2,029 0,229 0,340 0,038 Etileno 17/1 2,30 161,80 4,483 12,89 6,56 16,00 2,44 2,000 0,156 0,365 0,028 Etileno 25/1 2,40 177,75 4,938 12,63 6,84 7,30 1,07 1,655 0,128 0,279 0,022 Etileno 87/1 2,33 135,95 3,760 13,38 6,64 20,00 3,01 1,571 0,155 0,330 0,033 Polietileno

Central

31/1 2,40 183,39 4,953 12,85 6,84 25,00 3,65 2,767 0,302 0,465 0,051 Eti./Útil. Cent./Leste 39/2 3,30 172,92 4,710 12,91 9,41 11,00 1,17 1,884 0,209 0,330 0,037 Tanques 41/1 1,30 170,64 4,722 12,77 3,71 10,00 2,70 1,905 0,276 0,333 0,048 Tanques 50/1 1,30 203,67 5,688 12,26 3,71 10,30 2,78 2,058 0,250 0,308 0,037 Tanq./Útil. 50/2 3,90 205,13 5,689 12,32 11,12 16,00 1,44 2,628 0,096 0,393 0,014 Tanq./Útil.

Leste

55/1 1,40 182,81 5,065 12,59 3,99 20,00 5,01 2,319 0,080 0,382 0,013 Prédios 83/1 1,40 161,14 4,509 12,80 3,99 26,00 6,52 2,455 0,327 0,446 0,059 Depósitos 84/1 1,30 166,89 4,713 12,61 3,71 13,00 3,51 1,787 0,176 0,313 0,031 Depósitos 84/2 3,30 157,95 4,328 13,07 9,41 20,00 2,13 1,834 0,254 0,344 0,048 Depósitos 84/3 5,30 149,90 4,044 13,38 15,11 27,00 1,79 1,535 0,174 0,304 0,034 Depósitos

SS-01 3,20 113,50 3,177 13,35 25 35 1,40 1,94 0,06 0,464 0,014 Prédios SS-02 3,25 128,71 3,321 13,82 25 35 1,40 1,83 0,10 0,424 0,023 Prédios

Oeste

49/1 1,25 193,08 5,306 12,55 3,56 10,00 2,81 2,051 0,269 0,325 0,043 (*) (*) 49/2 3,85 206,97 5,691 12,39 10,97 17,00 1,55 3,116 0,337 0,466 0,050 (*) (*)

Média 2,05 0,196 0,36 0,037 (*) fora do aterro

Page 84: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

84

3.2.1. Peso Específico

O peso específico natural (γnat) variou na faixa entre 12,3 e 13,1 kN/m³, tendo

apresentado uma média de 12,85 kN/m³. A Figura 3.6 apresenta a distribuição de pesos

específicos ao longo da profundidade, em conjunto com valores apresentados por outros

autores (Ortigão (1980), Futai et al (2001) e Spannenberg (2003)). Futai et al (2001) mostra

somente os limites máximo e mínimo, sem fornecer indicação de tendência de crescimento

com a profundidade.

Os resultados mostram significativa dispersão dos resultados obtidos em amostras

coletadas na área do aterro Rio Polímeros, em comparação com os obtidos na Baixada

Fluminense, na área do Rio Sarapuí. Assim sendo, nas análises numéricas será adotado um

valor de γnat constante e igual a 12,85 kN/m³.

.

0

1

2

3

4

5

6

12 13 14

γnat (kN/m³)

Pro

fund

idad

e (m

)

Ortigão (1980)

Futai et al. (2001)

Área OESTE

Área OESTESpannenberg (2003)Área CENTRAL

Área LESTE

Fora do Local

Figura 3.6 – Variação do peso específico com a profundidade (adaptado de Ortigão, 1980).

3.2.2. Índice de Vazios

O índice de vazios apresentou uma ligeira tendência de redução com a profundidade,

como mostra a Figura 3.7. Na média, o índice de vazios foi da ordem de 4,67, com o desvio

padrão de 0,74. Por outro lado, é possível associar a mesma tendência de variação

observada por Ortigão (1980). Com isso, sugere-se adotar nas análises numéricas um valor

Page 85: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

85

de eo constante e igual a 4,7 nos 2,5 m iniciais, e uma redução do índice de vazios com a

profundidade, de acordo com a equação 3.1.

)5,2(2,02,50 mzze >−= K ( 3.1 )

onde: z = profundidade (m)

0

1

2

3

4

5

6

2,00 3,00 4,00 5,00 6,00

e0

Prof

undi

dade

(m)

Ortigão (1980)

Futai et al. (2001)

Área OESTE

Área OESTESpannenberg (2003)Area CENTRAL

Área LESTE

Fora do Local

Presente Trabalho

Figura 3.7 – Valores de e0 ao longo da profundidade (adaptado de Ortigão, 1980)

3.2.3. Razão de Pré-Adensamento (OCR)

Os valores da tensão efetiva de pré-adensamento (σ´vm) e OCR estão mostrados

respectivamente na Figura 3.8 e Figura 3.9. Pode-se observar a redução do valor de OCR

ao longo da profundidade. Ressalta-se que, para o cálculo de OCR, a estimativa do valor da

tensão efetiva vertical de campo (σ´vo) foi feita com base no valor médio de γnat igual a 12,85

kN/m³ e um perfil hidrostático de poropressões.

Comparando-se os valores de OCR observados por Ortigão (1980) com os obtidos

na área do aterro observa-se que, independentemente da espessura da camada de argila, a

redução mais significativa do valor de OCR ocorre nos 3 m iniciais. Abaixo desta

profundidade há uma redução contínua até um valor de OCR da ordem de 1,5. Assim

Page 86: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

86

sendo, a variação de OCR com a profundidade, mostrada na Figura 3.9, pode ser descrita

pela equação 3.2, que será adotada nas análises numéricas.

14,116,2+=

zOCR ( 3.2 )

onde: z = profundidade (m)

0

1

2

3

4

5

6

0 10 20 30 40

σ ´vm (kPa)

Prof

undi

dade

(m)

Ortigão (1980)

Área OESTE

Área OESTESpannenberg (2003)

Área CENTRAL

Área LESTE

Fora do Local

Figura 3.8 – Variação de σ´vm ao longo da profundidade (adaptado de Ortigão, 1980)

0

1

2

3

4

5

6

0 1 2 3 4

OCR

Ortigão (1980)

Área OESTE

Área OESTESpannenberg (2003)Área CENTRAL

Área LESTE

Fora do Local

Presente Trabalho

Figura 3.9 – Variação de OCR ao longo da profundidade (adaptado de Ortigão, 1980)

Faixa Ortigão (1980)

Faixa Ortigão (1980)

Page 87: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

87

3.2.4. Índices de Compressibilidade

A Figura 3.10 mostra que os valores do índice de compressão virgem (Cc), obtidos

neste trabalho, apresentam faixa de variação semelhante à já observada por outros autores.

Nota-se uma ligeira tendência de redução do valor de Cc com a profundidade. No entanto,

devido à grande dispersão de pontos não é possível estabelecer uma correlação clara entre

Cc e a profundidade. Em termos médios os ensaios na área do aterro para implantação da

indústria Rio Polímeros forneceram Cc = 2,05 ± 0,43.

Convém aqui ressaltar que, durante o cálculo dos valores de Cc, foi verificado que

este apresenta grande variação dependendo da interpretação do engenheiro geotécnico.

Pequenas variações no estabelecimento da inclinação da reta virgem acarretam em

diferenças significativas nos valores de Cc, visto que o gráfico tensão efetiva (σ´) x índice de

vazios (e), se apresenta em escala logarítmica em seu eixo horizontal.

-6

-5

-4

-3

-2

-1

01 2 3

Prof

undi

dade

(m)

Área OESTE

Área OESTESpannenberg (2003)Área CENTRAL

Área LESTE

DNER/IPR (1980)

Ortigão (1980)

Sayão (1980)

Futai et al (2001)

Cc

Figura 3.10 – Parâmetro de compressibilidade Cc do solo

Separando-se os ensaios de acordo com as áreas OESTE, CENTRAL e LESTE, em

que as amostras foram retiradas, foi possível calcular o Cc médio, e o desvio padrão para

cada área, como mostra a Tabela 3.3. Não pode ser definida uma tendência de variação do

valor de Cc com a profundidade para ser adotada na modelagem numérica da construção do

aterro. Assim sendo, optou-se por adotar nas análises numéricas um valor de Cc médio,

constante, igual a 2,05.

Page 88: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

88

Tabela 3.3 – Valores de Cc médios e desvio padrão para cada área.

Área Valor Médio de Cc Desvio Padrão

OESTE 1,90 ±0,34 CENTRAL 2,00 ±0,47

LESTE 2,25 ±0,42

No caso do índice de recompressão (Cr), os valores obtidos na área do aterro da Rio

Polímeros foram comparados com os observados por outros pesquisadores, na região da

Baixada Fluminense (Figura 3.11). Análogamente ao índice de compressão virgem (Cc), há

grande dispersão de Cr com a profundidade, com valores variando de 0,06 a 0,34. Futai et

al. (2001), por exemplo, apresentam variações de até 600%. Apesar da dispersão, os

valores encontrados no presente trabalho se encontram dentro da faixa observada por

outros autores, sendo o valor médio calculado de 0,196 ± 0,085, que será utilizado na

análise numérica. A Tabela 3.4 mostra os valores médios de Cr para as áreas OESTE,

CENTRAL e LESTE.

-6

-5

-4

-3

-2

-1

00 0,2 0,4 0,6 0,8 1

Prof

undi

dade

(m)

Área OESTE

Área OESTESpannenberg (2003)Área CENTRAL

Área LESTE

DNER/IPR (1980)

Ortigão (1980)

Sayão (1980)

Futai et al (2001)

Cr

Figura 3.11 – Índice de compressibilidade Cr do solo

Page 89: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

89

Tabela 3.4 – Valores de Cr médios e desvio padrão para cada área.

Área Valor Médio de Cr Desvio Padrão

OESTE 0,165 ±0,090 CENTRAL 0,194 ±0,071

LESTE 0,227 ±0,081

Os índices Cc e Cr podem ser normalizados em relação ao índice de vazios,

passando a ser denominados de Relação de Compressão (CR) e Relação de

Recompressão (RR), respectivamente. O uso dos parâmetros CR e RR são freqüentes no

âmbito de projetos geotécnicos, pois enquanto os valores de Cc e Cr usualmente variam com

a profundidade, os valores de CR e RR, em grande parte dos casos, apresentam valores

razoavelmente constantes ao longo da profundidade. No caso dos ensaios na área do aterro

para implantação da Indústria Rio Polímeros (Figura 3.12), CR e RR apresentam valores

médios de 0,36 ± 0,06 e 0,037 ± 0,014, respectivamente.

-6

-5

-4

-3

-2

-1

00,2 0,3 0,4 0,5 0,6

Prof

undi

dade

(m)

CR0 0,05 0,1 0,15

Área OESTE

Área OESTESpannenberg (2003)

Área CENTRAL

Área LESTE

DNER/IPR (1980)

Ortigão (1980)

Futai et al (2001)

RR

Figura 3.12 – Valores de CR e RR ao longo da profundidade

Nas análises numéricas, são fornecidos os valores de Cc, Cr e e0, não sendo

necessário definir o valor de CR e RR.

3.2.5. Coeficiente de Adensamento

O coeficiente de adensamento vertical (cv) foi calculado para os diversos níveis de

tensão efetiva, utilizando-se o método de Taylor (método t ). Apesar de usualmente

apresentar valores superiores ao método de Casagrande, chegando até a 15 % de diferença

Page 90: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

90

(Ladd,1973), o método de Taylor foi aplicado devido à possibilidade de obtenção de cv a

partir do trecho inicial da curva deslocamento vertical x tempo. Adicionalmente, nos estágios

iniciais (baixos níveis de tensão efetiva), as curvas deslocamento vertical x tempo não

costumam apresentar o aspecto da curva teórica utilizada para o método de Casagrande.

(Ortigão, 2007). Ressalta-se, ainda, que, apesar da diferença de valores encontrados pelos

dois métodos, esta diferença não é significativa dado o grau de dispersão nos valores de cv,

relatados na literatura (Ortigão, 2007).

Os valores de cv, na área do aterro da Indústria Rio Polímeros, estão apresentados

na Figura 3.13, em conjunto com os resultados de Spannenberg (2003), obtidos em

amostras extraídas no mesmo local, e com resultados de outros pesquisadores que

estudaram a argila da Baixada Fluminense.

Os resultados indicam que a dispersão na faixa de tensões inferiores ou

aproximadamente iguais à tensão de pré-adensamento é ainda mais significativa do que a

observada por Garcés (1995), Ortigão (1980) e Spannenberg (2003), apresentada na Figura

2.24. Assim sendo, sugere-se uma ampliação da faixa de variação de valores de cv,,

superior à sugerida por Ortigão (Figura 3.13), visto que já foram observados valores de cv

próximos a 10 x 10-3 cm²/seg para baixos valores de σ´v.

0,01

0,1

1

10

100

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500Tensão Efetiva (kPa)

Coe

ficie

nte

de A

dens

amen

to

CV

( x 1

0-3cm

²/s)

Rio Polímeros I - Formigheri (2003)

Rio-Polímeros II (SIC)

Rio-Polímeros II (CRS-05)

Sayao / Ortigão (1980)

Ortigão (1993) - faixa

Faixa Proposta

σ'vm

Figura 3.13 – Faixa proposta para os valores de cv na área da Baixada Fluminense (adaptado de Spannenberg, 2003)

Page 91: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

91

A Tabela 3.5 mostra os valores médios de cv, correspondentes as 3 grandes áreas do

aterro. Como já era esperado, observa-se que os valores de desvio padrão são altos,

superiores ao próprio valor médio. Cabe ressaltar, porém, que este desvio se deve em parte

à metodologia de ensaio.

Nas análises numéricas, não há necessidade de fornecer o valor de cv. Este é

calculado pelo programa a partir dos valores de compressibilidade e permeabilidade.

Tabela 3.5 – Valores de cv médios e desvio padrão para cada área.

Área Valor Médio de cv x 10 -3 (cm²/seg)

Desvio Padrão

OESTE 1,00 13,6 x 10 -3 CENTRAL 0,67 8,1 x 10 -3

LESTE 1,15 12,9 x 10 -3

3.2.6. Coeficiente de Permeabilidade

O valor do coeficiente de permeabilidade vertical foi calculado indiretamente a partir

dos resultados dos ensaios de adensamento. A relação entre índice de vazios e

permeabilidade vertical (ky) está mostrada na Figura 3.14. Apesar da dispersão, pode-se

definir uma relação linear entre os parâmetros, com inclinação igual a 1,5.

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

1,000E-06 1,000E-05 1,000E-04 1,000E-03

ky(m/dia)

e

Área OESTE

Área OESTESpannenberg (2003)Area CENTRAL

Área LESTE

Fora do Local

Figura 3.14 – Valores de ky em função do índice de vazios (e)

Inclinação igual a 1,5

Page 92: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

92

A Tabela 3.6 apresenta os valores médios obtidos para cada área do aterro, sendo a

média global igual a 1,594 x 10-4 m/dia.

Nas análises numéricas, foram adotadas várias hipóteses sobre a variação do

coeficiente permeabilidade vertical com a profundidade. Vale ressaltar que a relação entre

coeficiente permeabilidade vertical e horizontal foi mantida constante e igual a 1,55,

conforme observado na Figura 2.25.

Tabela 3.6 – Valores de ky médios para cada área.

Área Valor Médio de ky x 10-4 (m/dia) Desvio Padrão

OESTE 1,59 2,20 x 10-4

CENTRAL 1,14 1,30 x 10-4

LESTE 2,07 2,24 x 10-4

3.3. Resumo dos Dados e Comparação

A Tabela 3.7 compara os índices físicos, parâmetros de compressibilidade, índice de

vazios, coeficiente de permeabilidade e de adensamento observados na área do aterro para

implantação da Indústria Rio Polímeros com valores observados por outros autores (Sayão,

1980; Futai et al., 2001, Almeida et al., 2005; Ortigão, 1980; DNER/IPR, 1980; Gerscovich,

1983) em outras áreas da Baixada Fluminense.

A indicação do elevado grau de compressibilidade da camada de argila mole pode

ser corroborada observando-se valores de umidade elevados e consistentemente superiores

aos Limites de Liquidez.

O índice de vazios na área estudada mostrou-se cerca de 25% mais alto do que os

valores de eo observados por outros autores, e o índice de compressão virgem (Cc) mostrou-

se ligeiramente mais elevado. Assim sendo, obteve-se relações de Compressão (CR) e

Recompressão (RR) mais baixas. Segundo a teoria de Terzaghi, este fato leva a conclusão

de que para uma mesma variação de tensão efetiva, os recalques na área do aterro Rio

Polímeros tendem a ser inferiores aos que seriam esperados na região do rio Sarapuí.

Independentemente do nível de tensões, os valores de cv mostraram-se semelhantes

aos encontrados por Futai et al. (2001), tendo sido observado uma média de cv igual a 0,9 x

10 -3 cm²/s. Para a faixa de baixas tensões efetivas, a dispersão no valor de cv foi mais

acentuada.

Esta tabela é de grande ajuda para projetos que possam ser desenvolvidos na região

da Baixada Fluminense, bem como uma contribuição para o conhecimento de parâmetros

geotécnicos da argila mole da Baixada Fluminense.

Page 93: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

93

Tabela 3.7 – Parâmetros geotécnicos do presente trabalho (Indústria Rio Polímeros) e de outros autores na argila de Sarapuí.

Presente Trabalho Parâmetro OESTE CENTRAL LESTE GERAL

Sayão (1980)

Futai et al (2001) /

Almeida et al (2005)

Ortigão (1980)

DNER/IPR (1980)

Gerscovich(1983)

e0 4,17 ±0,70 4,62 ±0,52 5,15 ±0,50 4,67 ±0,74 3,71 ±0,77 3,71 ± 1,2 3,76 ±0,57 3,50 ±0,67 ─ γnat (kN/m³) 13,1 ±0,46 12,9 ±0,28 12,6 ±0,30 12,9 ±0,42 13,3 ±0,64 13,5 ± 1,0 13,2 ±0,44 12,9 a 14,0 13,0

w (%) 151,6 ±23,5 168,3 ±20,1 187,2 ±16,5 169,7 ±26,1 140,5 150 ± 40 149,4 ±21,2 143,2 ±16,9 ─ LL (%) 90 ± 55(*) 140 ± 50(*) 180 ± 60(*) ─ 98 125 ± 25 124,7 ± 21,5 129,8 ±14,5 ─

Cc 1,90 ±0,34 2,00 ±0,47 2,25 ±0,42 2,05 ±0,43 1,41 a 2,56 1,3 a 3,2 1,93 ±0,30 2,00 ±0,35 ─ Cr 0,165 ±0,090 0,194 ±0,071 0,227 ±0,081 0,196 ±0,085 0,25 a 0,55 ─ 0,403 ±0,125 0,246 ±0,071 ─ CR 0,38 ±0,06 0,36 ±0,07 0,37 ±0,06 0,37 ±0,06 0,38 ±0,07 0,41 ±0,07 0,41 ±0,03 0,45 ±0,06 ─ RR 0,032 ±0,017 0,034 ±0,011 0,037 ±0,014 0,035 ±0,014 0,073 ±0,019 0,061±0,008 0,086 ±0,003 0,056 ±0,019 ─

cv x 10-3

(cm²/s) 1,00 ±1,36 0,67 ±0,81 1,15 ±1,29 0,9±1,15 0,1 (NA) 0,6 (PA) 0,9 0,1 (NA)

1 a 8 (PA) 0,1 a 4,5 2,1 ±1,7 (< 2,5 m)

0,1 (outras)

ky (m/dia) 1,59 x 10-4 1,14 x 10-4 2,07x 10-4 1,59 x 10-4 8,64 x 10-5 a 3,02 x 10-3 ─ ─ 3,83 x 10-5 a

1,15 x 10-3 8,64 x 10-5 a 5,36 x 10-3

Nota: * - Spannenberg (2003);

Page 94: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

94

4. Análise Numérica

A modelagem numérica teve como objetivo reproduzir a seqüência construtiva do

aterro, de forma a prever a evolução dos recalques e poropressões com o tempo. Face à

grande dimensão da área construída e à variabilidade das espessuras da camada de argila

mole, foram feitas análises em diferentes regiões do aterro.

A análise numérica tem como vantagem a determinação dos deslocamentos verticais

da camada compressível, bem como a previsão antes da obra e uma retroanálise de seu

comportamento.

As análises consideraram seções transversais de 50 m a 90 m de largura. Em todos

os casos, o aterro foi considerado como sendo infinito e a camada de argila mole assente

em subsolo arenoso drenante. Em determinadas regiões, um colchão drenante de areia,

com espessura variando entre 0,60 m a 0,80 m (Tabela 2.6), foi instalado antes do

lançamento do aterro. Adicionalmente, é interessante notar que pelo fato das análises

imporem uma condição de fluxo 1D, a relação entre as permeabilidades na direção vertical e

horizontal não têm qualquer influência nos resultados.

A qualidade da previsão do comportamento da obra foi avaliada comparando-se os

recalques previstos com os medidos pelas placas de recalque. As placas de recalque foram

instaladas entre a camada de argila mole e o colchão drenante. Assim sendo, os recalques

previstos corresponderam a deslocamentos verticais em nós localizados nesta interface.

Adotou-se como critério de erro a seguinte equação (4.1):

( )

( )∑∑

=

== −=

2

2

ˆ

ˆ

it

ititErroρ

ρρ ( 4.1 )

onde it=ρ̂ é o recalque medido no tempo i e it=ρ o recalque calculado no mesmo tempo.

4.2. Programa PLAXIS

Através do advento do uso de computadores na prática atual da engenharia, cada

vez mais o Método dos Elementos Finitos (MEF) é utilizado na solução de projetos. A

capacidade de simular diversas condições de contorno, incorporando diferentes etapas

construtivas e modelos constitutivos diversos, tornou o MEF uma ferramenta útil para

problemas geotécnicos, que muitas vezes apresentam alto grau de complexidade.

Page 95: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

95

Apesar de ter sido originalmente desenvolvido para análise de problemas estruturais,

a teoria original do MEF foi modificada de forma a permitir a análise de situações

envolvendo outros campos da engenharia. Na resolução de um problema pelo MEF são

utilizadas as aproximações baseadas no método dos deslocamentos, método de equilíbrio e

método misto. As incógnitas principais são os deslocamentos, no método dos

deslocamentos, enquanto que no método de equilíbrio as incógnitas são as tensões. Já o

método misto apresenta como incógnitas tanto os deslocamentos quanto as tensões.

Programas de elementos finitos, específicos para a Geotecnia, têm sido

desenvolvidos a fim de prever o comportamento dos solos. Estes programas conseguem

realizar milhares de cálculos por segundo, permitindo minimizar certas simplificações

utilizadas em cálculos convencionais, além de permitir a previsão e a reprodução do

comportamento do solo/estrutura das obras.

Neste trabalho optou-se pela utilização do programa de elementos finitos PLAXIS. O

programa PLAXIS apresenta uma interface gráfica, de ambiente Windows, muito prática.

Como dados de entrada para o programa, desenha-se a geometria do seu problema, são

definidas as condições de contorno, posição do nível d´água, é selecionado o tipo de

material para cada item, o modelo constitutivo de cada tipo de solo e define-se o tipo de

análise a ser realizada – Axissimétrica ou plana de deformação. A malha de elementos

finitos é gerada automaticamente pelo programa, com elementos triangulares, optando-se

por elementos de 6 ou 15 nós. A malha pode ser refinada globalmente ou em locais

específicos a serem definidos.

O programa PLAXIS possui 6 modelos constitutivos que governam o comportamento

do material – Mohr-Coulomb, Jointed Rock, Hardening Soil, Soft Soil Creep, Soft Soil e

Linear-Elástico. Os modelos constitutivos necessitam de diferentes parâmetros e dados de

entrada. Optou-se neste trabalho, face os dados disponíveis e tipo de problema, o uso de 2

destes modelos constitutivos para a representação dos materiais – o Mohr-Coulomb, Soft

Soil e o Soft Soil Creep.

O modelo constitutivo Mohr-Coulomb é um modelo elástico perfeitamente plástico,

empregado para representar a ruptura por cisalhamento de solos e rochas. O modelo Mohr-

Coulomb é assim classificado devido à hipótese de que o material comporta-se como linear

elástico até atingir a ruptura, não havendo endurecimento devido ao fluxo plástico, ou seja, a

superfície de plastificação é fixa. Portanto, o material apresenta um comportamento linear

elástico até atingir uma determinada tensão de escoamento, que se mantém constante com

o acréscimo de deformações plásticas.

Os principais parâmetros geotécnicos necessários como dados de entrada para este

modelo são: φ´, c´, E, kx, ky, γsat, γd, K0 e ν.

Page 96: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

96

O modelo Soft Soil Creep é um modelo do tipo Cam-Clay utilizado para solos moles,

como argilas e turfas. As principais características deste modelo são:

• Rigidez de acordo com o nível de tensões; • Distinção entre carregamento primário e descarregamento-recarregamento; • Compressão secundária (dependente do tempo), ocorrendo juntamente com o

adensamento primário; • Registro de tensão de pré-adensamento; • Critério de ruptura de acordo com o modelo de Mohr-Coulomb.

Os principais parâmetros geotécnicos necessários como dados de entrada para o

modelo Soft Soil Creep são: φ´, c´, Cc, Cr, Cα, kx, ky, γsat, γd, e0, OCR e ν.

A diferença do modelo Soft Soil, em comparação ao modelo Soft Soil Creep, é que

este não leva em consideração a compressão secundária, não sendo assim necessário a

introdução do parâmetro Cα.

Maiores informações quanto aos modelos constitutivos podem ser obtidos em

Brinkgreve (2002), que é o manual de utilização do programa. A teoria utilizada para o

cálculo de adensamento é a Teoria de Biot (1941).

O programa PLAXIS permite simular a construção da obra em etapas, definindo o

tempo utilizado para cada etapa (estágio de carregamento), além da possibilidade da

criação de intervalos entre as diversas etapas de construção, inserindo assim um período de

adensamento. Com o uso do modelo Soft Soil Creep, o PLAXIS dispõe da simulação do

processo de adensamento durante a construção, denominada Consolidation, bem como a

introdução do recalque por compressão secundária nas análises numéricas.

Nas etapas de construção é possível o uso das opções de atualização das

poropressões e da malha de elementos finitos. A atualização da malha é recomendada em

situações em que se prevê a ocorrência de grandes deformações, que normalmente

ocorrem em aterros convencionais sobre solos compressíveis. A matriz de rigidez é

atualizada com base na geometria deformada da etapa. A opção de atualização das

poropressões é uma opção utilizada a fim de se introduzir o efeito da submersão dos

materiais, o que resulta, normalmente, em uma redução da tensão efetiva atuante nas

camadas compressíveis.

Para a obtenção dos deslocamentos de um ponto específico a ser estudado na

análise numérica, opta-se no programa pela seleção de um ou mais pontos, específicos a

fim de se determinar deslocamentos, poropressões ou tensões atuantes ao longo da

construção do aterro, tendo como saída um gráfico ou uma tabela com os valores obtidos.

Page 97: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

97

Para a validação do programa foram realizados estudos com reproduções de ensaios

triaxiais e aterros simples sobre camadas compressíveis. Ambas as validações

apresentaram resultados satisfatórios.

4.3. Parâmetros Geotécnicos e Considerações

Os parâmetros utilizados na modelagem numérica foram estimados com base nos

resultados das campanhas experimentais realizadas na argila da Baixada Fluminense,

apresentados no Capítulo 3.

Os parâmetros de resistência (c´ e φ´) da camada argilosa foram adotados a partir de

ensaios triaxiais CIU realizados no local do aterro (Formigheri, 2003 e Spannenberg, 2003).

O peso específico (γt) foi adotado como sendo constante e igual a 12,85 kN/m³.

O índice de vazios (eo) foi considerado constante e igual a 4,7 nos 2,5 m iniciais e

decrescente com a profundidade, de acordo com a equação 3.1.

A razão de pré-adensamento (OCR) também varia com a profundidade segundo a

equação 3.2.

Apesar da variabilidade na distribuição dos índices de compressão (Cc e Cr), com a

profundidade (Figura 3.10 e Figura 3.11), optou-se por adotar nas análises numéricas

valores de Cc e Cr médios, constantes, iguais a 2,05 e 0,196, respectivamente.

O parâmetro de compressão secundária (Cα) foi adotado igual a 0,06, de acordo com

ensaios realizados por Spannenberg (2003). Para fins de cálculo do recalque secundário, o

tempo final de consolidação primária será estimado considerando-se fator tempo (T) igual a

1,128 (porcentagem média de adensamento = 95%) e um valor médio de coeficiente de

adensamento (cv) igual a 9,00 x 10 -3 cm²/seg. Estes valores serão adotados em todas as

seções analisadas no presente trabalho.

O coeficiente de permeabilidade vertical (ky) foi definido a partir do valor médio

calculado nos diversos ensaios de adensamento realizados nas amostras do local, ky = 1,59

x 10 -4 m/dia. A permeabilidade horizontal (kx) foi considerada 1,55 vezes maior do que a

vertical. Esta relação baseou-se na experiência observada na região de Sarapuí, conforme

observado na Figura 2.25.

O coeficiente de empuxo no repouso (Ko) foi estimado a partir da equação 4.2.

´0 )´)(1( φφ senOCRsenK −= ( 4.2 )

Assim sendo, a camada compressível foi dividida em subcamadas de 1,0m de

espessura e os parâmetros inicialmente adotados estão apresentados na Tabela 4.1.

Page 98: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

98

Tabela 4.1 – Parâmetros geotécnicos da argila utilizados na modelagem numérica.

Profundidade (m) Parâmetros

0 – 1 1 – 2 2 – 3 3 – 4 4 – 5 5 – 6 6 – 7 7 – 8

OCR 5,46 2,58 2,00 1,76 1,62 1,53 1,50 1,50

e0 4,70 4,70 4,70 4,50 4,30 4,10 3,90 3,70

K0 1,18 0,87 0,79 0,75 0,72 0,71 0,70 0,70

Cc 2,050

Cr 0,196

Cα 0,060

φ´ (º) 24,0

c´ (kPa) 0,0

γt (kN/m³) 12,85

kx (m/dia) 2,47 x 10-4

ky (m/dia) 1,59 x 10-4

Os parâmetros utilizados para os solos granulares (aterro e colchão drenante) estão

apresentados na Tabela 4.2. Os valores do módulo de deformabilidade (E) foram baseados

em Ortigão (1980) e os demais em Formigheri (2003). Para garantir a condição efetiva de

drenagem, adotou-se uma permeabilidade de 1,0 m/dia, o que corresponde a um valor

superior a 1000 vezes o valor da permeabilidade da argila.

Tabela 4.2 – Parâmetros geotécnicos do aterro e colchão drenante.

Parâmetros Aterro Colchão Drenante

E (MPa) 6,5 6,5

φ´ (º) 32,0 35,0

c´ (kPa) 10,0 0,0

γt (kN/m³) 18,00 17,50

kx = ky (m/dia) 1,0 1,0

Ko 0,47 0,43

A modelagem do comportamento das camadas de argila foi feita adotando-se o

modelo Soft Soil Creep e as demais camadas foram representadas pelo modelo Mohr-

Coulomb. A título de avaliação da influência da parcela de compressão secundária, foram

realizadas análises com o modelo Soft Soil para as camadas de argila, a fim de se

determinar o valor somente do recalque primário.

Page 99: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

99

As malhas de elementos finitos foram constituídas por elementos triangulares de 15

nós. Os contornos laterais foram considerados indeslocáveis horizontalmente e a base

indeslocável vertical e horizontalmente. Ressalta-se que as dimensões da malha foram

suficientes para evitar a influência dos contornos na magnitude dos deslocamentos

previstos. Todas as análises foram executadas sob estado de deformação plana.

O cálculo das etapas construtivas do aterro foi realizado pelo programa PLAXIS,

através da opção de cálculo denominada Consolidation, com atualização da malha e das

poropressões em cada etapa. O processo de cálculo foi dividido em fases, permitindo a

ativação de um estágio de carregamento e a inserção de períodos de adensamento.

Em todas as análises foram consideradas etapas finais de construção com altos

tempos de duração, com o intuito de se verificar o valor do recalque final calculado na

modelagem numérica.

O cálculo do recalque secundário pela teoria Clássica de Terzaghi foi realizado

utilizando-se para tempo de vida útil da obra o mesmo tempo utilizado na etapa final da

modelagem numérica.

Em determinadas regiões em que se dispunha de registros piezométricos foi também

realizada a comparação entre o monitoramento de campo e a previsão numérica. Os dados

disponíveis de medições de poropressões estavam apresentados em termos de diferença

de poropressões (∆u), sendo o valor de ∆u calculado subtraindo-se do valor da poropressão

lido o valor da poropressão existente no momento da instalação do piezômetro. Como

alguns piezômetros foram instalados após o início da construção do aterro, poropressões já

haviam sido geradas e parcialmente dissipadas. Assim sendo, ∆u pode apresentar valores

negativos sempre que as poropressões na camada argilosa forem menores do que as lidas

no momento da instalação do piezômetro.

A Figura 4.1 apresenta as curvas de iso-espessura das camadas de argila, geradas a

partir dos dados obtidos nas sondagens a percussão (em torno de 100 sondagens SPT).

Apresenta-se, também, a localização dos instrumentos utilizados nas análises.

Page 100: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

100

Figura 4.1 – Espessura da argila mole e instrumentos utilizados nas análises

4.4. Seções Analisadas

4.4.1. Área Central

A seção analisada situa-se na área central do aterro (sub-área Etileno), como

mostrado na Figura 4.1.

Nesta região, foram instalados 03 piezômetros de corda vibrante (VWP – 01, 02 e

03) e 01 placa de recalque (PR-04), antes da construção do aterro (Formigheri, 2003).

A sondagem a percussão (CB-010), realizada próxima à PR-04, indicou uma camada

compressível de cerca de 8 metros de espessura, seguida por uma camada silto argilosa

com areia. O nível d’água encontra-se na superfície do terreno. Os parâmetros geotécnicos

adotados (Camadas 1 a 8) estão apresentados na Tabela 4.1.

A construção do aterro foi feita em etapas e a seqüência construtiva foi reproduzida

numericamente, respeitando-se as diversas etapas de carregamento, bem como o intervalo

entre elas (tempos de consolidação). As etapas de construção do aterro estão apresentadas

na Tabela 4.3.

Page 101: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

101

Tabela 4.3 – Seqüência de carregamento – Área Central.

Etapas Tipo Altura do aterro (m)

Tempo de Duração (dias)

1 Construção do colchão drenante de areia 0,0 – 0,6 5

2 Construção do aterro 0,6 – 2,0 5

3 Consolidação 2,0 60

4 Construção do aterro 2,0 – 3,0 20

5 Consolidação Final 3,0 12000 A seção considerada foi construída com uma largura igual a 50 m. A Figura 4.2

mostra a geometria e a malha de elementos finitos, composta de 1420 elementos e 11573 nós.

Figura 4.2 – Malha de elementos finitos – Seção Área Central

A Figura 4.3 mostra a evolução dos recalques ao longo do tempo em conjunto com

os valores registrados pela placa de recalque, e com o alteamento do aterro. Os resultados

foram interrompidos 600 dias após o inicio da construção uma vez que drenos verticais

foram instalados nesta data. Observa-se uma razoável concordância das formas das curvas

tempo x recalque. Entretanto, após 300 dias de construção, a modelagem tende a

superestimar o valor do recalque e após 600 dias a diferença é da ordem de 15%.

Considerando-se todos os registros, o Erro calculado foi de 9,8 %.

Aterro

Camada Drenante

50 m

Argila

Page 102: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

102

0 100 200 300 400 500 600Tempo (dias)

-1000-900-800-700-600-500-400-300-200-100

0

Rec

alqu

e (m

m)

1.0

2.0

3.0

Altu

ra d

o at

erro

(m)

PR 04PLAXIS: kx e ky - média global

Figura 4.3 – Evolução dos Recalques x Tempo em função do alteamento do aterro – Área Central.

A instalação de drenos verticais acelera a evolução de recalques, mas a princípio

não interfere no valor do recalque final. Assim sendo, o recalque final estimado pelo PLAXIS

foi de 1,568 m, usando o modelo Soft Soil Creep. O valor do recalque primário, obtido com o

modelo Soft Soil, permitiu a estimativa numérica do valor do recalque secundário. Segundo

os métodos correntes de previsão de recalque, seriam estimados valores da ordem de 1,846

m, pela Teoria Clássica de Terzaghi, e 1,550 m, pelo método gráfico de Asaoka. A

estimativa pelo método de Asaoka baseou-se em leituras de campo correspondentes a 80%

do recalque previsto pela teoria clássica. Observa-se que a previsão numérica foi

satisfatória, como mostrado na Tabela 4.4, tendo em vista que o método de Asaoka

reproduz melhor o comportamento da obra.

A Tabela 4.4 também inclui a estimativa do recalque secundário (ρs) de acordo com

Martins (2007). O autor considera que a compressão secundária ocorra em decorrência da

variação da tensão efetiva horizontal e que a estimativa da parcela total de adensamento

secundário possa ser feita a partir da equação 2.6. Os resultados mostrados na Tabela 4.4

mostram um valor de ρs significativamente maior do que o previsto pela Teoria de Terzaghi,

para 11.000 dias após o final da compressão primária. Segundo o autor, esta diferença pode

ser atribuída ao fato do coeficiente de compressão secundária (Cα) não se manter constante

durante o processo de adensamento. Observa-se que o valor de recalque secundário obtido

na análise numérica é maior do que o obtido no método clássico, porém menor do que o

estimado por Martins (2007).

Page 103: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

103

Tabela 4.4 – Estimativa de recalque total – Área Central.

Método Recalque Primário

Recalque Secundário

Recalque Total (Erro)*

Convencional 1,797 m 0,097 m 1,894 m (+22%)

Martins (2007) ― 0,493 m ―

Método de Asaoka ― ― 1,550 m

Análise Numérica 1,407 m 0,161 m 1,568 m (+1%)

* Erro com base no valor calculado pelo método de Asaoka

4.4.1.1. Velocidade de recalque

A fim de se melhorar a estimativa da evolução dos recalques com o tempo (Figura

4.3) foi realizada nova análise, ajustando-se os valores de permeabilidade (kx e ky), já que

este parâmetro interfere diretamente na velocidade de consolidação.

A análise anterior considerou valores de permeabilidade correspondentes a média

global de todos os ensaios de adensamento. Entretanto, ensaios oedométricos realizados

em amostras próximas à seção analisada (PR-04) indicavam um valor médio (ky =1,16 x 10-4

m/dia) 30% inferior à média global. A simulação do aterro foi então refeita, mantendo-se a

relação entre a permeabilidade horizontal (kx =1,8 x 10-4 m/dia) e vertical igual a 1,55. Os

resultados, apresentados na Figura 4.4, mostram que esta alternativa melhora

significativamente a previsão dos recalques nos tempos superiores há 300 dias; sendo a

diferença após 600 dias de construção de apenas 9 mm. No entanto, pode-se observar que

as diferenças entre os resultados numéricos e experimentais se acentuam no trecho inicial.

Neste estudo, o Erro total foi de 10,8 %.

Page 104: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

104

-1000

-900

-800

-700

-600

-500

-400

-300

-200

-100

00 100 200 300 400 500 600

Tempo (Dias)

Rec

alqu

e (m

m)

PR-04

PLAXIS: Kx e Ky - média global

PLAXIS: Kx e Ky - local

Figura 4.4 – Evolução dos Recalques x Tempo em função do alteamento do aterro – kx e ky em amostras próximas a PR-04

Uma segunda alternativa de análise para melhorar a resposta quanto a velocidade

de recalque foi introduzir a permeabilidade variando ao longo do perfil. De acordo com a

tendência apresentada na Figura 3.14 a permeabilidade pôde ser calculada como função do

índice de vazios. Assim sendo, foram estimados diferentes valores de permeabilidade para

as camadas, como mostra a Tabela 4.5. Analogamente aos casos anteriores, manteve-se a

relação de kx = 1,55ky. A Figura 4.5 mostra que a curva tempo x recalque obtida nesta

análise se apresenta bem mais próxima aos valores observados na PR-04, principalmente

após 240 dias. O valor de recalque obtido pela modelagem após 600 dias de construção foi

de 745 mm, bem próximo a leitura da placa de recalque (≈ 729 mm). Neste estudo, o Erro

total foi de 7,1 %.

Tabela 4.5 – Permeabilidade da argila variável com a profundidade.

PROFUNDIDADE (m) Parâmetros

0 – 1 1 – 2 2 – 3 3 – 4 4 – 5 5 – 6 6 – 7 7 – 8

e0 4,70 4,70 4,70 4,50 4,30 4,10 3,90 3,70

ky (m/dia) x 10-4 2,00 2,00 2,00 1,40 1,10 0,87 0,64 0,50

kx (m/dia) x 10-4 3,10 3,10 3,10 2,17 1,71 1,35 0,99 0,78

Page 105: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

105

-1000

-900

-800

-700

-600

-500

-400

-300

-200

-100

00 100 200 300 400 500 600

Tempo (Dias)

Rec

alqu

e (m

m)

PR - 04

PLAXIS: Kx e Ky - constante c/prof. - média globalPLAXIS: Ky e Kx - variável c/ prof. -f = (e0)

Figura 4.5 – Evolução dos Recalques x Tempo em função do alteamento do aterro – kx e ky variando com a profundidade para a PR-04.

Convém ressaltar que não há influência da permeabilidade do solo no valor final do

recalque esperado. Portanto, o recalque final previsto não foi alterado nestas análises.

4.4.1.2. Variação da permeabilidade durante o processo de adensamento

O Programa PLAXIS, em suas opções avançadas, possui a possibilidade de entrada

de um parâmetro que expressa a variação da permeabilidade com o índice de vazios (e)

durante o processo de adensamento. Este parâmetro, denominado ck, é obtido através da

inclinação da reta que melhor se ajusta ao gráfico de log k x e.

Nas análises anteriores, o valor de ck foi considerado igual a 1,5 x 105, que é o valor

padrão adotado pelo programa. De acordo com o manual de utilização do programa, este

valor é suficiente para que não haja variação no valor da permeabilidade durante o processo

de adensamento.

Nos ensaios oedométricos realizados nas amostras da Rio Polímeros (Figura 3.14)

obtém-se um valor de ck igual a 1,5. Ressalta-se que o manual do programa PLAXIS sugere

que o valor de ck seja próximo ao do coeficiente de compressibilidade (Cc). Assim sendo

foram realizadas 2 análises: ck = 1,5 e ck = 2,05 (valor médio de Cc para a região do aterro).

Page 106: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

106

A Figura 4.6 apresenta as curvas tempo x recalque estimadas utilizando a alternativa

de variação da permeabilidade durante o processo de adensamento. Observa-se uma

grande defasagem entre os valores obtidos nas modelagens e os registrados pela placa de

recalque (PR 04). Para melhorar o ajuste, o valor de ck deveria ser próximo a 50. Este valor,

entretanto, não é representativo da variação da permeabilidade em função do índice de

vazios do solo em estudo.

Devido à baixa qualidade de ajuste (Erros totais de 43 a 50 %), esta alternativa foi

descartada para as análises subseqüentes.

-1000

-900

-800

-700

-600

-500

-400

-300

-200

-100

00 100 200 300 400 500 600

Tempo (Dias)

Rec

alqu

e (m

m)

PR-04PLAXIS: Ky - variavel -f(e0) .PLAXIS: ck = 1,5 - ky = f(e0)PLAXIS: ck = 2,05 (Cc) - ky = f(e0)

Figura 4.6 – Evolução dos Recalques x Tempo em função do alteamento do aterro – ky variando com índice de vazios (ck)

4.4.1.3. Piezômetros

Na seção analisada foram instalados 3 piezômetros de corda vibrante VWP–01, 02 e

03, nas profundidades de 4,50 m, 3,50 m e 5,50 m, respectivamente.

No entanto, o piezômetro VWP–02 apresentou valores de excesso de poropressão

(∆u) negativos e crescentes ao longo do tempo. Este comportamento é inesperado, face ao

tipo de carregamento, e discordante dos registros observados nos outros piezômetros (VWP

– 01 e 03). Assim sendo, acredita-se que pode ter havido um mau funcionamento do

instrumento e suas leituras foram descartadas.

Os piezômetros foram instalados 20 dias após o início da construção do aterro, e as

1as leituras foram realizadas 106 dias após a instalação. Para a consideração dessa

Page 107: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

107

defasagem nas datas, foi realizada uma correção na resposta da modelagem numérica,

subtraindo-se o valor de poropressão obtido na modelagem para o 20º dia de todos os

valores obtidos posteriormente.

A Figura 4.7 e Figura 4.8 apresentam uma comparação dos resultados obtidos pelas

análises em termos de diferença de poropressão (∆u), para os piezômetros VWP–01 e

VWP–03. Foram incluídas todas as previsões de poropressão considerando as diferentes

alternativas de consideração da permeabilidade vertical. Os resultados mostram que os

piezômetros apresentam a mesma tendência à dissipação de poropressão. Verifica-se,

ainda, que, após 600 dias, o processo de adensamento encontra-se em curso.

0 100 200 300 400 500 600Tempo (dias)

02468

1012141618

∆u

(kPa

)

1.0

2.0

3.0

Altu

ra d

o at

erro

(m)

VWP 01PLAXIS: kx e ky - média global

PLAXIS: kx e ky - local

PLAXIS: ky - variável

PLAXIS: ck = 1,5

Figura 4.7 – Evolução do ∆u ao longo do tempo e alteamento do aterro – Piezômetros VWP-01

0 100 200 300 400 500 600Tempo (dias)

02468

1012141618

∆u

(kPa

)

1.0

2.0

3.0

Altu

ra d

o at

erro

(m)

VWP 03PLAXIS: kx e ky - média global

PLAXIS: kx e ky - local

PLAXIS: ky - variável

PLAXIS: ck = 1,5

Figura 4.8 – Evolução do ∆u ao longo do tempo e alteamento do aterro – Piezômetro VWP-03

Page 108: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

108

Os resultados das análises do VWP-01 apresentam um melhor resultado para a

consideração dos valores de permeabilidade globais, porém as análises com

permeabilidades locais e variáveis com a profundidade também apresentaram bons

resultados, com diferenças médias nos valores de ∆u menores do que 5 kPa.

No caso do VWP-03 verifica-se um melhor ajuste considerando os valores de

permeabilidade constantes com a profundidade. Porém, semelhantemente à análise do

VWP – 01, somente a análise numérica aonde foi utilizado o valor de ck igual a 1,5,

apresenta diferenças médias de ∆u acima de 5kPa.

Estas diferenças nas leituras de ∆u podem ser atribuídas à correção utilizada para a

obtenção de ∆u, visto que pode haver diferenças entre os valores de poropressão, há 20

dias após o início da construção do aterro, das análises numéricas e dos resultados obtidos

em campo. Como comentado anteriormente, o cálculo de ∆u é realizado subtraindo-se dos

valores de poropressões o valor obtido na leitura do piezômetro na hora da instalação.

Os erros nas medidas de ∆u para cada análise estão apresentados na Tabela 4.6.

Tabela 4.6 – Erros nas análises de ∆u

VWP - 01 VWP - 03 ANÁLISES

ERRO Diferença Média (kPa) ERRO Diferença

Média (kPa)

kx e ky – Média Global 40 % 3,3 19 % 1,5

kx e ky – Local 55 % 4,5 19 % 1,4

ky – variável 60 % 4,9 40 % 3,5

ck = 1,5 83 % 6,8 62 % 5,5

Ressalta-se, entretanto, que apesar do Erro na análise de ∆u ser alto quando se

considera a permeabilidade variável, a diferença média entre os valores é aceitável, tendo

em vista sua pequena magnitude e a correção utilizada. As diferenças nos valores de ∆u,

em torno de 5 kPa, correspondem a aproximadamente 10 % do valor da poropressão

hidrostática. Ressalta-se ainda que a permeabilidade da argila variando com o índice de

vazios representa uma melhor reprodução das características de campo. Além disto, as

análises numéricas considerando valores de permeabilidades variáveis reproduziram

adequadamente a tendência de dissipação de poropressão.

Page 109: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

109

4.4.2. Área Leste

4.4.2.1. Seção A – Placa de recalque PR-05

A seção analisada situa-se na área leste do aterro (sub-área Utilitários), indicada na

Figura 4.1 e inclui uma placa de recalque (PR-05)

O perfil geotécnico do local (Formigheri, 2003) foi baseado em 3 sondagens (CB-032,

CB-034 e CB-036). Entre as sondagens CB-032 e CB-034, a espessura de argila situa-se

em torno de 6 metros. Já na sondagem CB-036, a espessura reduz para 4,0 m. A camada

argilosa está sobrejacente a uma camada silto-argilosa com areia, considerada na

modelagem como camada drenante. O N.A. se encontra na superfície do terreno. A placa de

recalque PR 05 situa-se próxima à sondagem CB 034. Os parâmetros geotécnicos adotados

para argila (Camadas de 1 a 6) e aterro estão apresentados nas Tabela 4.1 e Tabela 4.2. Os

valores de permeabilidade adotados na presente análise variam com a profundidade e estão

listados na Tabela 4.5.

A construção do aterro foi executada em etapas e a seqüência construtiva está

apresentada na Tabela 4.7

Tabela 4.7 – Seqüência de carregamento – Área Leste – Seção A

Etapas Tipo Altura do aterro Tempo de Duração (dias)

1 Construção do colchão drenante de areia 0,0 – 0,6 1

2 Consolidação 0,6 2

3 Construção do aterro 0,6 – 1,9 110

4 Consolidação 1,9 18

5 Construção do aterro 1,9 – 2,1 18

6 Consolidação 2,1 353

7 Construção do aterro 2,1 – 2,5 9

8 Construção do aterro 2,5 – 2,8 22

9 Consolidação Final 2,8 11000

A seção transversal da área leste do aterro foi construída com largura igual a 90m. A

malha de elementos finitos era constituída de 1814 elementos e 14777 nós. A Figura 4.9

apresenta a geometria e malha de elementos finitos.

Page 110: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

110

Figura 4.9 – Malha de elementos finitos – Área Leste – Seção A

A placa de recalque PR-05 foi instalada 95 dias após o início da construção do aterro

(Formigheri, 2003). Para a consideração dessa defasagem entre as datas de inicio de

construção e monitoramento, foi utilizado o mesmo critério de correção de leituras adotado

na Seção da Área Central. As informações obtidas na análise numérica após 95 dias de

consolidação foram consideradas como nulas; isto é, os valores de deslocamento obtidos

em datas posteriores, foram subtraídos dos estimados para o 95º dia.

A Figura 4.10 mostra a evolução dos recalques ao longo do tempo em conjunto com

os valores registrados pela placa de recalque e alteamento do aterro. Os resultados foram

interrompidos 700 dias após o inicio da construção devido à falta de dados da

instrumentação. Observa-se uma razoável concordância das formas das curvas tempo x

recalque. Entretanto, após 400 dias de construção a modelagem tende a subestimar o valor

do recalque e após 700 dias a diferença é da ordem de 9%. Considerando-se todos os

registros, o Erro calculado foi de 8,9 %.

0 100 200 300 400 500 600 700 800Tempo (dias)

-1000-900-800-700-600-500-400-300-200-100

0

Rec

alqu

e (m

m)

1.0

2.0

3.0

Altu

ra d

o at

erro

(m)

PR 05PLAXIS: ky - variável

Figura 4.10 – Evolução dos recalques x tempo após 95 dias de consolidação e alteamento do aterro – Área Leste – Seção A

90 m

Aterro

Camada Drenante

Argila

Page 111: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

111

A Tabela 4.8 apresenta uma comparação entre os diversos métodos de cálculo de

recalque. O recalque final estimado pelo PLAXIS foi de 1,29 m, muito próximo ao previsto

pela Teoria Clássica de Terzaghi, que foi de 1,40 m.

A previsão de recalque pelo método de Asaoka indicou um valor em torno de 1,05m.

Este recalque corresponde ao somatório de deslocamentos verticais posteriores ao 95º dia

(dia de instalação da placa). Desprezando-se os 95 dias iniciais do processo de

consolidação (recalque de 0,24m), o recalque estimado pelo PLAXIS para o período

subseqüente é praticamente idêntico ao do método de Asaoka. Assim sendo é possível

estabelecer a porcentagem média de adensamento para esta análise utilizando os

resultados da modelagem; isto é:

PLAXIStotal

tempotU ⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡=

ρρ

)( ( 4.3 )

Com isso estima-se que em 800 dias tenha havido cerca de 76% do recalque total.

Analogamente ao resultado observado na área Central, a estimativa do recalque

secundário (ρs) de acordo com Martins (2007) mostrou-se superior ao previsto pelo método

convencional, para 10.600 dias após a consolidação primária. A análise numérica

apresentou um valor de recalque secundário próximo ao obtido na metodologia

convencional.

Tabela 4.8 – Estimativa de recalque total – Área Leste – Seção A

Método Recalque Primário

Recalque Secundário Recalque Total

Recalque Total ocorrido

após 95 dias (Erro)*

Convencional 1,300 m 0,100 m 1,400 m ―

Martins (2007) ― 0,357 m ― ―

Método de Asaoka ― ― ― 1,050m

Análise Numérica 1,157 m 0,133 m 1,290 m 1,050 m ( 0 %)

* Erro com base no valor calculado pelo método de Asaoka

4.4.2.2. Seção B – Placa de recalque PR-06

Nesta seção foram instalados a placa de recalque PR-06, 59 dias após o início da

construção do aterro, e o piezômetro de corda vibrante VWP–08, 70 dias após o início da

construção do aterro.

Page 112: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

112

O perfil geotécnico foi baseado nas sondagens próximas ao local que apresentaram

espessuras de argila variando de 6,50 a 7,00m. As análises numéricas consideraram uma

espessura média de 6,75 m.

A construção do aterro foi executada em etapas e a seqüência construtiva está

apresentada na Tabela 4.9.

Tabela 4.9 – Seqüência de carregamento – Área Leste – Seção B

Etapas Tipo Altura do aterro Tempo de Duração (dias)

1 Construção do colchão drenante de areia 0,0 – 0,8 3

2 Construção do aterro 0,8 – 2,1 75

3 Consolidação 2,1 34

4 Construção do aterro 2,1 – 2,3 7

5 Consolidação 2,3 347

6 Construção do aterro 2,3 – 3,0 31

7 Consolidação Final 3,0 11000

A seção analisada foi construída com 50 m de largura, e era constituída de 11589

nós e 1422 elementos (Figura 4.11).

Figura 4.11 – Malha de elementos finitos – Área Leste – Seção B

A Figura 4.12 mostra a evolução dos recalques ao longo do tempo em conjunto com

os valores registrados pela placa de recalque. Cabe ressaltar que os valores previstos

numericamente foram corrigidos, subtraindo-se o valor do deslocamento vertical calculado

no 59o dia. Os resultados da instrumentação foram interrompidos 700 dias após o inicio da

construção. Observa-se uma razoável concordância entre os resultados; com uma diferença

de apenas 1% após 700 dias. Considerando-se todos os registros, o Erro calculado foi de

4,8 %.

Camada Drenante

Aterro

Argila

50 m

Page 113: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

113

0 100 200 300 400 500 600 700 800Tempo (dias)

-1000-900-800-700-600-500-400-300-200-100

0

Rec

alqu

e (m

m)

1.0

2.0

3.0A

ltura

do

ater

ro (m

)

PR 06PLAXIS: ky - variável

Figura 4.12 – Recalques x tempo após 59 dias de consolidação e alteamento do aterro – Área Leste – Seção B

A Tabela 4.10 compara os recalques previstos numericamente com os estimados

pela teoria clássica de Terzaghi, pelo método de Asaoka e a proposta de Martins (2007). O

método de Asaoka foi calculado com leituras da placa de recalque iguais a 60% do recalque

previsto (utilizando-se a equação 4.3). Vale ressaltar que o método de Asaoka não pôde ser

aplicado desde o início da construção do aterro, visto que a instalação da placa ocorreu

após 59 dias da construção. A previsão numérica indicou a magnitude do recalque total

muito próxima às obtidas pelos métodos de previsão, sendo o erro da ordem de 7%. A

estimativa do recalque secundário (ρs) de acordo com Martins (2007) mostrou-se superior ao

previsto pela Teoria de Terzaghi, para 10.340 dias após consolidação primária. Novamente,

a análise numérica obteve um resultado intermediário, entre o método convencional e o de

Martins (2007), mas mais próxima ao obtida no método convencional.

Tabela 4.10 – Estimativa de recalque total – Área Leste – Seção B

Método Recalque Primário

Recalque Secundário Recalque Total

Recalque ocorrido após

59 dias (Erro)*

Convencional 1,59 m 0,089 m 1,679 m ―

Martins (2007) ― 0,407 m ― ―

Método de Asaoka ― ― ― 1,25m

Análise Numérica 1,317 m 0,183 m 1,50 m 1,33 m (+ 6 %)

* Erro com base no valor calculado pelo método de Asaoka

Page 114: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

114

4.4.2.2.1. Piezômetros

Na seção analisada foi instalado 1 piezômetro de corda vibrante VWP – 08 a 3,0 m

de profundidade, 70 dias após o início da construção do aterro. O 1º registro de leitura

ocorreu 114 dias após a instalação.

A Figura 4.13 mostra a comparação entre as leituras do piezômetro e os resultados

da simulação, corrigidos pelo fato de haver uma defasagem entre o inicio da construção e a

data de instalação do instrumento.

Observa-se até 400 dias e após 500 dias de leitura, que a análise numérica

apresenta diferenças de no máximo 5 kPa. Em termos práticos e devido à correção

efetuada, essa diferença pode ser considerada aceitável. Os valores negativos de ∆u da

análise numérica, observados entre 400 e 500 dias, podem ser explicados pela correção

realizada, pois esta teve como base o valor de poropressão há 70 dias. Como este valor não

é necessariamente igual ao de campo é razoável esperar que os resultados não sejam

necessariamente coincidentes, mas que apresentem a mesma tendência de dissipação de

poropressão. De fato, a Figura 4.13 apresenta este comportamento.

A diferença entre o comportamento das curvas entre 400 e 600 dias pode ser

explicada pelo mau funcionamento da instrumentação ou diferenças nas datas de

alteamento real x anotações no relatório.

0 100 200 300 400 500 600 700Tempo (dias)

02468

1012141618

∆u

(kPa

)

1.0

2.0

3.0

Altu

ra d

o at

erro

(m)

VWP 08PLAXIS: ky - variável

Figura 4.13 – Evolução das poropressões após 70 dias de consolidação e alteamento do aterro – Área Leste – Seção B

Page 115: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

115

4.4.2.3. Seção C – Placa de recalque PR-07

Nesta seção, localizada na sub-área Utilitários, a placa de recalque PR-07 foi

instalada 45 dias após o início da construção do aterro.

O perfil geotécnico do local, baseado nas sondagens CB-044 e CB-046, próximas a

PR-07, indicam espessuras de argila variando entre 4,00 m e 7,00 m, respectivamente.

A construção do aterro foi feita em etapas e a seqüência construtiva está

apresentada na Tabela 4.11.

Tabela 4.11 – Seqüência de carregamento – Área Leste – Seção C

Etapas Tipo Altura do aterro Tempo de Duração (dias)

1 Construção do colchão drenante de areia 0,0 – 0,8 2

2 Consolidação 0,8 12

3 Construção do aterro 0,8 – 2,1 73

4 Consolidação 2,1 12

5 Construção do aterro 2,1 – 2,3 7

6 Consolidação 2,3 346

7 Construção do aterro 2,3 – 3,2 53

8 Consolidação Final 3,2 11000

A seção analisada foi construída com 80 m de largura. A Figura 4.14 mostra a

geometria e a malha de elementos finitos (com 1608 elementos e 13109 nós).

Figura 4.14 – Malha de elementos finitos – Área Leste – Seção C

A Figura 4.15 mostra a evolução dos recalques ao longo do tempo em conjunto com

os valores registrados pela placa de recalque. Os valores previstos numericamente foram

corrigidos, subtraindo-se o valor do deslocamento vertical calculado no 45o dia. Os

resultados da instrumentação foram interrompidos 750 dias após o início da construção.

Observa-se a mesma tendência entre o formato das curvas tempo x recalque (Figura 4.15).

Aterro

Camada Drenante

Argila

80 m

Page 116: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

116

Porém a modelagem superestimou os valores esperados de deslocamentos, com diferenças

em torno de 100 mm. Após 750 dias esta diferença é de 0.149 m (24%). Considerando-se

todos os registros, o Erro calculado foi de 26,3 %.

0 100 200 300 400 500 600 700 800Tempo (dias)

-900-800-700-600-500-400-300-200-100

0

Rec

alqu

e (m

m)

1.0

2.0

3.0

Altu

ra d

o at

erro

(m)

PR 07PLAXIS: ky - variável

PLAXIS: ky - mínimo

PLAXIS: ky - máximo

Figura 4.15 – Recalques x tempo após 45 dias de consolidação – Área Leste – Seção C

As diferenças entre a curva de campo e a curva fornecida pela análise numérica

podem ser atribuídas a diferenças no valor da permeabilidade desta região com relação à

média global, visto que o valor de recalque final da análise numérica foi próximo ao obtido

pelo método de Asaoka (Tabela 4.12). A análise foi então refeita considerando valores de ky

máximo e mínimos, em função do maior e do menor valor de e0 das camadas de solo, 4,7 e

3,7, respectivamente, dentro da faixa observada na região (Figura 3.14). Assim foram

consideradas novas análises com valores de ky iguais para todas as camadas de argila, com

valores de 0,5 x 10-4 m/dia e 2,0 x 10-4 m/dia, mínimo e máximo, respectivamente. A Figura

4.15 apresenta a comparação entre as diversas análises, demonstrando a influência da

permeabilidade na estimativa da evolução dos recalques ao longo do tempo. A adoção de

um menor valor de coeficiente de permeabilidade provê melhores resultados. Porém o uso

de uma permeabilidade constante para toda camada não reproduz perfeitamente a situação

de campo. O Erro calculado para os limites máximo e mínimo foi de 42% e 10%,

respectivamente.

Por outro lado, como a previsão de recalque total independe da velocidade com que

estes ocorrem, os resultados mostraram-se satisfatórios. A Tabela 4.12 compara os

recalques previstos numericamente com os estimados por diferentes métodos. A variação

da espessura da camada compressível resulta numa estimativa de recalque primário pela

Page 117: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

117

teoria de Terzaghi entre 0,9 m a 1,34 m. Entretanto, a espessura na área da placa de

recalque é de 5,5 m o que equivale a um recalque de 1,15 m. A previsão numérica indicou

valores muito próximos dos obtidos pelos outros métodos, com diferenças máximas de

recalques em torno de 11 centímetros. A estimativa do recalque secundário (ρs) de acordo

com Martins (2007) mostrou-se superior ao previsto pela Teoria de Terzaghi, para 10.550

dias após a consolidação primária. O valor de recalque secundário observado na análise

numérica se mostrou o dobro do calculado convencionalmente, porém, metade do valor

obtido utilizando-se Martins (2007).

Tabela 4.12 – Estimativa de recalque total – Área Leste – Seção C

Método Recalque Primário

Recalque Secundário Recalque Total

Recalque Total ocorrido

após 45 dias (Erro)*

Convencional 1,150 m 0,082 m 1,232 m ―

Martins (2007) ― 0,325 m ― ―

Método de Asaoka ― ― ― 1,250 m

Análise Numérica 1,180 m 0,160 m 1,340 m 1,200 m (- 4 %)

* Erro com base no valor calculado pelo método de Asaoka

4.4.2.4. Seção D – VWP – 05 e 06

A seção analisada situa-se na Área Leste do aterro (sub-área Utilitários), seu local

pode ser observado na Figura 4.1. A seção possuía 50,0 m de comprimento. Nesta região

foram instalados os piezômetros de corda vibrante VWP – 05 e 06, antes do início da

construção do aterro, a profundidades de 4,0 m e 3,0 m, respectivamente (Formigheri,

2003). No entanto, as leituras só foram iniciadas 66 dias após lançamento do aterro.

O perfil geotécnico do local foi baseado nas Sondagens CB 032, CB 031 e CB 047. A

camada argilosa apresenta espessuras variando de 6,00 m (CB 032 e CB 047) a 7,00 m (CB

031), seguida por uma camada silto argilosa com areia, considerada como camada drenante

na modelagem. O N.A. se encontrava na superfície do terreno. A seqüência construtiva foi

reproduzida numericamente, respeitando-se as diversas etapas de carregamento, bem

como o intervalo entre elas (tempos de consolidação). As etapas de construção do aterro

estão apresentadas na Tabela 4.13. A Figura 4.16 mostra a malha de elementos finitos,

constituída de 1929 elementos e 15671 nós, e a geometria utilizada.

Page 118: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

118

Tabela 4.13 – Seqüência de carregamento – Área Leste – Seção D

Etapas Tipo Altura do aterro Tempo de Duração (dias)

1 Construção do colchão drenante de areia 0,0 – 0,6 2

2 Consolidação 0,6 35

3 Construção do colchão drenante de areia + aterro

0,6 – 0,8 (colchão) 0,8 – 1,1 (aterro) 33

4 Consolidação 1,1 15

5 Construção do aterro 1,1 – 1,9 36

6 Consolidação 1,9 36

7 Construção do aterro 1,9 – 2,1 2

8 Consolidação 2,1 352

9 Construção do aterro 2,1 – 2,5 13

10 Consolidação Final 2,5 11000

Figura 4.16 – Malha de elementos finitos – Área Leste – Seção D

A Figura 4.17 mostra a evolução das poropressões ao longo do tempo em conjunto

com os valores registrados pelos VWP – 05 e 06, respectivamente. Os resultados foram

interrompidos 700 dias após o inicio da construção devido à falta de dados da

instrumentação. Observa-se na a mesma tendência de dissipação entre o monitoramento e

a previsão. Próximo aos 500 dias de lançamento do aterro, há uma diferença entre as

curvas numérica e de campo, estas diferenças já foram observadas na Seção B da área

Leste.

Ressalta-se que a modelagem foi capaz de prever a velocidade de dissipação com o

tempo. A magnitude das leituras fica questionável face a não se dispor do valor da

poropressão e sim da diferença em leituras de poropressão.

Aterro

Argila

Camada Drenante

50 m

Page 119: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

119

0 100 200 300 400 500 600 700 800Tempo (dias)

05

101520253035404550

∆u

(kPa

)1.0

2.0

3.0A

ltura

do

ater

ro (m

)

VWP 05PLAXIS: ky - variável

(a) VWP -05

0 100 200 300 400 500 600Tempo (dias)

05

101520253035404550

∆u (k

Pa)

1.0

2.0

3.0

Altu

ra d

o at

erro

(m)

VWP 06PLAXIS: ky - variável

(b) VWP -06

Figura 4.17 – Evolução das poropressões – Área Leste – Seção D

4.4.3. Área Oeste

4.4.3.1. Seção A – Placa de recalque PR-18

A seção analisada situa-se na área Oeste do aterro (sub-área Depósitos), indicada

na Figura 4.1. Nesta região foi instalada a placa de recalque PR-18, 2 dias após o início da

construção do aterro.

Page 120: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

120

O perfil geotécnico do local foi baseado em 2 sondagens (CB-081 e CB-082), que

apresentaram espessuras de argila, constantes, em torno de 6,00 metros. A camada

argilosa era seguida por uma camada silto argilosa com areia, considerada como camada

drenante na modelagem. O nível d’água se encontrava na superfície do terreno. Os

parâmetros geotécnicos adotados nas análises numéricas (Camadas de 1 a 6) estão

apresentados nas Tabela 4.1 e Tabela 4.2. A Tabela 4.5 lista os valores de coeficiente de

permeabilidade adotados na presente análise, variáveis ao longo da profundidade.

A construção do aterro foi feita em etapas e a seqüência construtiva está

apresentada na Tabela 4.14.

Tabela 4.14 – Seqüência de carregamento – Área Oeste – Seção A

Etapas Tipo Altura do aterro Tempo de Duração (dias)

1 Construção do colchão drenante de areia 0,0 – 0,6 2

2 Consolidação 0,6 15

3 Construção do aterro 0,6 – 0,8 25

4 Construção do aterro 0,8 – 1,8 7

5 Construção do aterro 1,8 – 2,8 45

6 Consolidação Final 2,8 11000

A seção analisada possuía 1373 elementos, 11199 nós e 50 m de largura. A Figura

4.18 apresenta a geometria e malha de elementos finitos utilizada.

Figura 4.18 – Malha de elementos finitos – Área Oeste – Seção A

A Figura 4.19 mostra o alteamento do aterro, a evolução dos recalques ao longo do

tempo e os valores registrados pela placa de recalque. Os resultados foram interrompidos

300 dias após o inicio da construção devido à falta de dados da instrumentação.

Aterro

Camada Drenante

Argila

50 m

Page 121: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

121

Considerando a permeabilidade variável com a profundidade, observa-se uma

concordância das curvas tempo x recalque até 50 dias. Porém após esta data a análise

numérica superestima os valores dos recalques. Após 300 dias a diferença atinge 0,158 m

(45%), com um Erro total de 50,6 %.

A análise foi então refeita considerando-se um valor de ky médio e igual a 3,47 x 10-5

m/dia, para todas as camadas, e mantendo-se a relação com o valor de kx. Este valor

corresponde a resultados de ensaios de adensamento em amostras próximas à placa PR-18

(sondagem CB–083). Os resultados (Figura 4.19) mostram uma significativa melhora no

ajuste entre o resultado numérico e o monitoramento de campo. O Erro calculado para esta

nova análise foi igual a 16,5 %. Esta situação é semelhante com a observada na Seção C

da área Leste, ressaltando-se todas as observações já realizadas.

0 100 200 300Tempo (dias)

-600

-500

-400

-300

-200

-100

0

Rec

alqu

e (m

m)

1.0

2.0

3.0

Altu

ra d

o at

erro

(m)

PR 18PLAXIS: ky - variável

PLAXIS: ky - local

Figura 4.19 – Recalques x tempo após 2 dias de consolidação – Área Oeste – Seção A

A Tabela 4.15 compara os recalques previstos numericamente com os estimados

pelos métodos atuais de previsão de recalques. O método de Asaoka forneceu um recalque

total muito inferior ao previsto pela análise numérica e pela teoria clássica de Terzaghi. As

leituras de placa de recalque foram limitadas há 300 dias. De acordo com Terzaghi este

tempo corresponde à porcentagem de adensamento de 30%, inferior ao recomendado por

Almeida (1996). Erros de previsão com base no trecho inicial da curva recalque x tempo

foram identificados por Almeida (1996) e resultam numa sub-estimativa do valor final.

Por outro lado a previsão por Terzaghi foi próxima à calculada pelo programa

PLAXIS, com diferenças máximas de 27 centímetros. Consistentemente, a proposta de

Martins (2007) resultou em valores totais de recalque secundário superiores aos da Teoria

de Terzaghi para um tempo de 10.450 dias após a consolidação primária. Como já

Page 122: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

122

observado em análises anteriores, o valor do recalque secundário da análise numérica é

próximo ao obtido no método convencional. O valor de recalque secundário da análise

numérica é menor do que o obtido pela metodologia de Martins (2007), e próximo ao obtido

convencionalmente.

Tabela 4.15 – Estimativa de recalque total – Área Oeste – Seção A

Método Recalque Primário

Recalque Secundário Recalque Total

Recalque Total ocorrido

após 2 dias (Erro)*

Convencional 1,390 m 0,084 m 1,474 m ―

Martins (2007) ― 0,357 m ― ―

Método de Asaoka ― ― ― 0,600 m

Análise Numérica 1,091 m 0,109 m 1,200 m 1,170 m (+ 95 %)

* Erro com base no valor calculado pelo método de Asaoka

4.4.3.2. Seção B – Placa de recalque PR-21

Nesta seção (sub-área Prédios) foi instalada a placa de recalque PR-21, 14 dias

após o início da construção do aterro (Figura 4.1).

O perfil geotécnico do local foi baseado nas sondagens CB-053, CB-055 e CB-056. A

camada argilosa apresenta espessuras variando de 6,00 m (CB 053 e CB 056) a 7,00 m (CB

055), seguida por uma camada silto argilosa com areia, considerada como camada drenante

na modelagem.

A construção do aterro foi feita em etapas e a seqüência construtiva está

apresentada na Tabela 4.16. A seção analisada possuía 50 m de largura e sua geometria e

malha de elementos finitos, constituída de 1421 elementos e 11583 nós, pode ser vista na

Figura 4.20.

Tabela 4.16 – Seqüência de carregamento – Área Oeste – Seção B

Etapas Tipo Altura do aterro Tempo de Duração (dias)

1 Construção do colchão drenante de areia + aterro 0,0 – 1,8 10

2 Construção do aterro 1,8 – 2,0 11

3 Construção do aterro 2,0 – 2,3 4

4 Consolidação Final 2,3 11000

Page 123: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

123

Figura 4.20 – Malha de elementos finitos – Área Oeste – Seção B

A resposta da análise numérica juntamente com os valores registrados pela placa de

recalque PR-21 estão apresentados na Figura 4.21, bem como o alteamento do aterro. Os

resultados foram interrompidos 260 dias após o inicio da construção devido à falta de dados

da instrumentação. Observa-se uma boa concordância das curvas tempo x recalque ao

longo de todo o processo de adensamento, com diferenças máximas de 20 mm. O Erro

calculado nesta análise foi de 4,6 %.

0 50 100 150 200 250 300Tempo (dias)

-400

-350

-300

-250

-200

-150

-100

-50

0

Rec

alqu

e (m

m)

1.0

2.0

3.0

Altu

ra d

o at

erro

(m)

PR 21PLAXIS: ky - variável

Figura 4.21 – Recalques x tempo após 14 dias de consolidação e alteamento do aterro – Área Oeste – Seção B

A Tabela 4.17 compara os recalques previstos numericamente com os estimados a

partir dos diferentes métodos. A variação da espessura da camada compressível resulta

numa estimativa de recalque primário pela teoria de Terzaghi entre 1,23 m a 1,34 m.

Entretanto, a espessura na área da placa de recalque é de 6,5 m o que equivale a um

recalque primário de 1,29 m.

Aterro

Camada Drenante

Argila

50 m

Page 124: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

124

Observa-se na Tabela 4.17 que semelhantemente ao ocorrido na Seção A (Área

Oeste) o método de Asaoka apresenta um valor de recalque final abaixo do esperado. Isto

pode ser explicado devido à ocorrência de somente 37 % do recalque total após 260 dias do

lançamento do aterro. Esta porcentagem média foi calculada de acordo com a equação 4.3.

A previsão de recalque secundário por Martins mais uma vez foi superior à Teoria de

Terzaghi, considerando um prazo de 10.380 dias posterior ao fim do recalque primário.

Observa-se no valor de recalque secundário calculado pela análise numérica um

comportamento semelhante ao observado na Tabela 4.12.

Tabela 4.17 – Estimativa de recalque total – Área Oeste – Seção B

Método Recalque Primário

Recalque Secundário Recalque Total

Recalque Total ocorrido

após 14 dias (Erro)

Convencional 1,29 m 0,088 m 1,378 m ―

Martins (2007) ― 0,390 m ― ―

Método de Asaoka ― ― ― 0,600 m

Análise Numérica 0,929 m 0,186 m 1,115 m 1,002 m (+67%)

* Erro com base no valor calculado pelo método de Asaoka

4.4.4.Resumo dos resultados

As análises aqui apresentadas compararam resultados de placas de recalque e de

piezômetros com a previsão numérica com o programa PLAXIS. Foram adotadas diferentes

hipóteses com relação ao coeficiente de permeabilidade. A Tabela 4.18 apresenta os

resultados, em termos de recalques, para as análises numéricas realizadas.

Os Erros nas curvas tempo x recalque observados nas análises numéricas das

Seções C da Área Leste, e A da Área Oeste, superiores a 10%, podem ser atribuídos à

diferença de permeabilidade do local quando comparado à média global, visto que o

recalque final calculado nestas análises foi próximo aos obtidos por outros métodos, e foi

utilizada uma permeabilidade variável com a profundidade (k=f(eo,z)). Esta diferença de

permeabilidade pode ser observada na Seção A da Área Oeste, onde o valor médio de ky,

obtido em uma amostra retirada neste local, é 78% menor que a média global.

Observa-se na Tabela 4.18 que a análise numérica apresentou um Erro máximo de

16%, quando comparado aos valores de recalques calculados pela Teoria de Terzaghi. Este

resultado pode ser atribuído ao cuidado na seleção dos parâmetros da camada

compressível, calculados para cada camada de 1 metro de espessura de argila mole.

Page 125: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

125

Tabela 4.18 – Resultados das análises numéricas em termos de recalques.

Área Seção Hipótese de

permeabilidade k

Erro na curva Recalque x Tempo

Erro na previsão do Recalque Total

em relação à Asaoka

Erro na previsão do Recalque Total

em relação à Terzaghi

Média global 9,8 %. Média local 10,8 %. ky = f(z,eo) 7,1 %.

Central A

ky = f(ck, eo, σ') 46,0%

+ 1% - 15%

A ky = f(z,eo) 8,9 %. 0% - 3% B ky = f(z,eo) 4,8 %. + 6 % - 8%

ky = f(z,eo) 26,3 %. ky máx. 41,9%

Leste C

ky mín. 10,4%

- 4 % - 12 %

ky = f(z,eo) 50,6% A

Média local 16,5 % + 95% - 16%

Oeste

B ky = f(z,eo) 4,6 % + 67% - 16%

Quanto aos piezômetros, as análises numéricas foram capazes de prever a

tendência de dissipação de poropressão ao longo do processo de adensamento. Ressalta-

se que sua magnitude fica prejudica face a não se dispor do valor da poropressão e sim da

diferença em leituras de poropressão (realizada subtraindo-se dos valores de poropressões

o valor obtido na leitura do piezômetro na hora da instalação).

Page 126: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

126

5. Conclusões e Sugestões

O comportamento do aterro construído para implantação da indústria Rio Polímeros,

localizada na Baixada Fluminense, foi avaliado através de análises numéricas respeitando-

se toda seqüência construtiva. O aterro foi instrumentado com placas de recalque e

piezômetros tipo Casagrande e de corda vibrante. A qualidade da previsão numérica foi feita

com base na comparação da evolução dos recalques e poropressões ao longo do tempo.

O uso da instrumentação de campo em obras de aterro sobre solos compressíveis é

de extrema importância, bem como o bom planejamento de sua localização. A criação de

ilhas de instrumentação, onde são instalados diversos instrumentos, faz com que seja

possível comparações entre diversos dados dos instrumentos, possibilitando um

acompanhamento mais completo do processo de adensamento e a verificação do

comportamento da obra.

Há diversas soluções disponíveis para a construção de aterros sobre solos moles,

esta grande diversidade se deve à complexidade do problema, aspectos técnicos da

construção (tempo necessário, recalque máximo possível, altura de aterro, etc.) bem como

as características geotécnicas do solo mole. Cabe ao engenheiro geotécnico apresentar a

solução, ou as soluções, técnica para o aterro em estudo. No caso do aterro da Rio

Polímeros, o projeto envolveu a colocação de geossintético na base do aterro e a instalação

de dreno.

Os parâmetros geotécnicos foram obtidos por meio da reavaliação dos ensaios de

adensamento. A boa qualidade da amostra a ser utilizada é fundamental para garantir

confiabilidade nos resultados. Com base no critério de classificação proposto por Lunne et

al. (1997), de um total de 37 ensaios oedométricos somente 18 foram considerados de

qualidade satisfatória e utilizados para a determinação dos parâmetros geotécnicos. Estes

parâmetros foram comparados com os valores reportados em trabalhos anteriores e

apresentaram valores próximos aos observados na região do rio Sarapuí, também

localizado na Baixada Fluminense.

A grande extensão do aterro, associada a uma quantidade significativa de

informação de campo, possibilitou a realização de estudos em 3 diferentes áreas do aterro.

Os resultados da modelagem numérica foram comparados com dados colhidos no

monitoramento de campo e com teorias de previsão de recalques.

Os recalques totais observados nas análises numéricas foram muito próximos aos

calculados pelo método de Asaoka, com diferenças máximas de 6%. A Teoria de Terzaghi

também se mostrou adequada para a previsão do recalque total. Este resultado demonstrou

Page 127: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

127

que os parâmetros de compressibilidade adotados nas análises possibilitaram a reprodução

do comportamento da obra.

A curva tempo x recalque obtida com o programa PLAXIS mostrou-se altamente

influenciada pelo valor do coeficiente de permeabilidade. Foram consideradas diversas

hipóteses para este coeficiente, a saber: média global de todos os ensaios, média dos

valores obtidos em ensaios próximos a região estudada; permeabilidade variável com a

profundidade, já que o índice de vazios varia com a profundidade. Dos casos analisados, a

última hipótese (k=f(eo,z)) foi a que forneceu o melhor ajuste com relação as leituras de

placa de recalque.

A alternativa fornecida pelo PLAXIS para considerar a redução do coeficiente de

permeabilidade ao longo do tempo (parâmetro ck) mostrou-se inadequada, visto as grandes

diferenças observadas entre as curvas tempo x recalque da análise numérica e a de campo.

Em termos de poropressão, a análise numérica somente foi capaz de possibilitar

uma comparação qualitativa, visto que a magnitude das leituras fica questionável face a não

se dispor do valor da poropressão e sim da diferença em leituras de poropressão. A

modelagem computacional previu a tendência de dissipação da poropressão para todos os

piezômetros de corda vibrante analisados.

As principais conclusões observadas no presente trabalho estão listadas a seguir:

A modelagem numérica mostrou-se uma ferramenta adequada para previsão

de recalques totais;

A qualidade da amostra é fundamental para previsão do comportamento de

aterros sobre solos compressíveis;

A teoria de Terzaghi forneceu valores de recalques finais próximos aos obtidos

nas análises numéricas; resultado atribuido ao cuidado na seleção dos

parâmetros da camada compressível.

A estimativa do recalque secundário (ρs) de acordo com Martins (2007)

mostrou-se superior ao previsto pela Teoria de Terzaghi, para,

aproximadamente, 10.500 dias após a consolidação primária;

A opção disponibilizada pelo PLAXIS (parâmetro ck) para introdução da

variação da permeabilidade ao longo do processo de adensamento, não

forneceu bons resultados;

A modelagem numérica com o PLAXIS da curva tempo x recalque mostrou-se

fortemente afetada pelo valor do coeficiente de permeabilidade adotado;

Os melhores resultados da curva tempo x recalque foram obtidos

considerando-se permeabilidades variáveis ao longo da profundidade,

condição essa que mais se aproxima da realidade de campo.

Page 128: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

128

Como sugestão para pesquisas futuras ressalta-se:

Comparação dos resultados da análise numérica através de uma análise

paramétrica dos dados da argila, dentro de suas faixas de variação;

Comparação das curvas tempo x recalque entre a análise numérica e a Teoria

Clássica, e outras teorias de adensamento, considerando a variação dos

parâmetros geotécnicos ao longo do processo de adensamento;

Análise numérica com a introdução de drenos verticais pré-fabricados,

simulando também os efeitos de sua instalação;

Page 129: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

129

Referências Bibliográficas

1 ALMEIDA, M. S. S., Aterro sobre Solos Moles: da Concepção à Avaliação do

Desempenho. Editora da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro.

Brasil. 215 p, 1996.

2 ALMEIDA, M. S. S., MARQUES, M. E. S., LACERDA, W. A. e FUTAI, M. M.,

Investigação de Campo e de Laboratório na Argila de Sarapuí. Revista Solos e

Rochas. V. 28. Nº 1. p. 3-20, 2005.

3 ALMEIDA, M. S. S., Comunicação pessoal, 2007.

4 ARULRAJAH, A., Field Measurements and Back-Analysis of Marine Clay. Geotechnical Characteristics under Reclamation Fills. Tese de Doutorado. Curtin

University of Technology, Austrália, 2005.

5 AMORIM JR., W. M., Contribuição ao Estudo das Argilas Orgânicas de Pernambuco, Dissertação de Mestrado, COPPE/UFRJ. 1975

6 ASAOKA, A, Observation Procedure of Settlement Prediction, Soil and Foundation, Japanese Society of soil mechanics and Foundation Engineering, Vol 18,

n° 4, December, pp 87-10, 1978.

7 BEDESCHI, M. V. R., Recalques em Aterro Instrumentado Construído Sobre Depósito Muito Mole com Drenos Verticais na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro,

Dissertação de Mestrado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, 172 f., 2004.

8 BERGADO, D. T., CHAI, J. C., MIURA, N., BALASUBRAMANIAM, A. S., PVD improvement of soft Bangkok clay with combined vacuum and reduced sand embankment preloading. Geotechnical Engineering, Southeast Asian Geotechnical

Society, Vol. 29, No. 1, pp. 95-121, 1998.

Page 130: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

130

9 BIOT, M. A., General Theory of Three-Dimensional Consolidation.Journal of Applied Physics, Vol. 12, No 2, pp. 155-164, 1941.

10 BJERUM, L., Embankment on Soft Ground. Proc. ASCE Sp. In: Conference on

Performance of Earth and Earth Supported Structures, v.2, p. 1-45, 1972

11 BRINKGREVE, R. B. J., Finite Element code for Soil and Rock Analyses – PLAXIS – 2D user’s manual. Rotterdam, Netherlands, Balkema, 2002.

12 CAMPANELLA, R.G. e ROBERTSON, P.K., In Situ Testing of Soils - Try it - You'll like it!. Geotechnical News, Vol. 4, No. 2: 24-27. June. 1986.

13 CASAGRANDE,L., Electro-osmosis. Geotechnique, v. 1, n3, p.159-177. 1930

14 COUTINHO, R. Q. e LACERDA, W. A., Características de adensamento com drenagem radial e vertical da argila cinza do Rio de Janeiro – Relatório de pesquisa

2.019-02. 2/03/42 – Instituto de Pesquisas Rodoviárias, DNER, Brasil, 1976

15 COUTINHO, R. Q., Características de adensamento com drenagem radial de uma argila mole da Baixada Fluminense, Dissertação de Mestrado, COPPE/UFRJ, Rio de

Janeiro, Brasil, 1976.

16 COUTINHO, R. Q., OLIVEIRA, J. T. R. e DANZIGER, F. A. B., Parâmetros Geotécnicos de uma Argila Mole do Recife. Ensaios de Laboratório e Campo.

COPPEGEO´93, ABMS. Rio de Janeiro, Vol. Único, p. 41 a 54. 1993.

17 COUTINHO, R. Q., OLIVEIRA, J. T. R. e OLIVEIRA, A. T. J., Estudo Quantitativo da Qualidade de Amostras de Argilas Moles Brasileiras - Recife e Rio de Janeiro, XI

COBRAMSEG – Vol. 2, p. 927-936-Brasília – DF, 1998.

18 COUTINHO, R.Q., OLIVEIRA J. T. R., OLIVEIRA A. T. J., Características Geotécnicas das Argilas Moles de Recife. Em: Anais do Encontro Propriedades de

Argilas Moles Brasileiras, pp. 1-28, ABMS-COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, Mar. 2001.

Page 131: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

131

19 DNER/IPR, Relatório sobre a pesquisa de aterro sobre solos compressíveis – 2ª Fase – Aterro II sobre diversos tipos de elementos drenantes verticais, DNER, Rio

de Janeiro, Brasil, 104 p. 1980.

20 DNER/IPR, Manual de Projeto e Execução de Aterros Sobre Solos Moles, DNER,

Rio de Janeiro, Brasil, 227 p. 1990.

21 DNER, Projeto de aterros sobre solos moles para obras viárias, DNER, Rio de

Janeiro, 37 p. 1998

22 FEIJÓ, R. L., Relação entre a Compressão Secundária. Razão de Sobreadensamento e Coeficiente de Empuxo no Repouso, Dissertação de

Mestrado, COPPE/UFRJ. Rio de Janeiro. 1991.

23 FORMIGHERI, L. E., Comportamento de um Aterro Sobre Argila Mole da Baixada Fluminense, Dissertação de Mestrado, Puc-Rio, Rio de Janeiro, 182 f. 2003

24 FUTAI, M. M., ALMEIDA, M. S. S. e LACERDA, W. A., Propriedades Geotécnicas das Argilas do Rio de Janeiro, Encontro Propriedades de Argilas Moles Brasileiras, p.138-

165. ABMS-COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, Mar. 2001.

25 GAN, C. H. e TAN, S. M., Some Construction Experiences on Soft Soil Using Light Weight Materials, 2nd International Conference on Advances in Soft Soil Engineering

and Technology, Putrajaya, Malaysia. 2003.

26 GARCÉS, V.A.N., Características de Deformabilidade e Adensamento de Alguns Depósitos de Argila Mole no Rio de Janeiro. 195 f. Dissertação de Mestrado, Puc-

Rio, Rio de Janeiro. 1995.

27 GERSCOVICH, D. M. S., Propriedade da Camada Ressecada do Depósito de Sarapuí, Dissertação de Mestrado, Puc-Rio, Rio de Janeiro, 246 f. 1983.

Page 132: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

132

28 HOSSAIN, S. e NAG, K. R. Performance Evaluation and Numerical Modeling of Embankment over Soft Clayey Soil Improved with Chemico-Pile, TRB 2006, Annual

Meeting. 2005

29 INDRARATNA, B., SATHANANTHAN, I., BAMUNAWITA, C. e BALASUBRAMANIAM,

A.S. Theoretical and Numerical Perspectives and Field Observations for the Design and Performance Evaluation of Embankments Constructed on Soft Marine Clay, Ground Improvement - Case Histories, Elsevier, p 51 – 89. 2005

30 LADD, C.C. & LAMBE, T.W. The strength of undisturbed clay determined from undrained tests. NCR - ASTM Symposium on Laboratory Shear Testing of Soils,

ASTM STP 892. Americam Society for Testing and Materials, Otawa. 1963.

31 LADD, C. C., Estimating settlement of structures supported on cohesive soils, MIT

Soils Publication, nº 272, 99 p. 1973

32 LAMBE, T.W. & WHITMAN, R.V., Soil mechanics. New York: John Wiley & Sons, USA.

553p. 1979

33 LIMA, B. T., Gerscovich, D. M. S., Sieira, A. C. C. F., Modelagem Numérica de Seção de Aterro Experimental Executado na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro; 2º

GEOJOVEM, Nova Friburgo, Brasil. 2006

34 LUNNE, T.; BERRE, T. e STRANDVIK, S., Sample Disturbance Effects in Soft Low Plastic Norwegian Clay, Recent Developments in Soil and Pavement Mechanics.

COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, Vol. único, p. 81-102. 1997

35 MAGNAN, J. P. e DEROY, J. M., Analyse graphique des Tassement Observes Sons ler Ouvrager, Bull-Liaison Laboratoire des Ponts e Chausés, Paris, 109, set-out, p. 9-

21.1980.

36 MARQUES, M. E. S., Influência da Viscosidade no Comportamento de Laboratório e de Campo de Solos Argilosos, Tese de Doutorado, COPPE/UFRJ, 320p. 2001.

Page 133: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

133

37 MARTINS, I. S. M., LACERDA, W. A. (1985). A Theory of Consolidation with Secondary Compression, Proceedings, XI International Conference on Soil Mechanics

and Foundation Engineering, San Francisco, vol. 1, pp. 567-570. 1985

38 MARTINS, I. S. M., LACERDA, W. A., Sobre a Relação Índice de Vazios – Tensão Vertical Efetiva na Compressão Unidimensional. Revista Solos e Rochas . V. 17. Nº

13. p. 157 – 166. 1994.

39 MARTINS, I. S. M., (2007). Comunicação pessoal.

40 MURRAY, R. T.. Embankment constructed on soft ground: settlement study at Avonmouth. Department of the Enviroment, Road Research Laboratory, Report LR

419. 1971

41 NASCIMENTO, A.. Aceleração da consolidação de solos argilosos com uso da eletrosmose, Dissertação de Mestrado, UNB, Brasília, 117 f. 2005.

42 OLIVEIRA, J. T. R., Ensaios de Piezocone em um Depósito de Argila Mole da Cidade do Recife. Dissertação de Mestrado. COPPE/UFRJ. 1991.

43 OLIVEIRA, J. T. R., DANZIGER e F. A. B., COUTINHO, R. Q. Amostragem de Alta Qualidade em Argilas Moles, SEFE IV – Vol. 3: 199-208. 2000.

44 OLIVEIRA, J. T. R.. A Influência da qualidade da amostra no comportamento tensão-deformação-resistência de argilas moles, Tese de Doutorado,

COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 264 p. 2002.

45 ORTIGÃO, J. A. R., Aterro experimental levado à ruptura sobre argila cinza do Rio de Janeiro, Tese de Doutorado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, 715p. 1980.

46 ORTIGÃO, J. A. R. e LACERDA, W. A., Aterro experimental lavado a ruptura sobre argila cinza do Rio de Janeiro - Relatório de pesquisa – Instituto de Pesquisas

Rodoviárias, DNER, Brasil. 1980.

Page 134: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

134

47 ORTIGÃO, J. A. R. Introdução à mecânica dos solos dos estados críticos. 3ª

edição. Rio de janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora Ltda.374p. 2007

48 SANDRONI, S. S., Sobre a Prática Brasileira de Projeto Geotécnico de Aterros Rodoviários em Terrenos com Solos Muito Moles, XI COBRAMSEG, CD-Rom,

Curitiba - PR. 2006.

49 SAYÃO, A. S. F. J., Ensaios de laboratório na argila mole da escavação experimental de Sarapuí, Dissertação de mestrado, Puc-Rio, Rio de Janeiro. 1980.

50 SGI, Geotechnical Properties of Clay at Elevated Temperatures, Report nº 47, 72 p.,

1995.

51 SGI, Heat Storage in Soft Clay Field Tests with Heating (70 ºC) and Freezing of the Soil, Report nº 53, 132 p., 1997.

52 SAYE, S. R., Assessment of Soil Disturbance by the installation of Displacement Sand Drains and Prefabricated Vertical Drains, Geotechnical Special publication ,

ASCE, n° 119. 2001

53 SITEENGENHARIA, Fundações - Dreno Fibroquímico. Disponível em: http://

www.sitengenharia.com.br. (acesso em 15 de mar. 2006). 2006.

54 SPANNENBERG, M. G., Caracterização Geotécnica de um Depósito de Argila Mole da Baixada Fluminense. Dissertação de Mestrado, Puc-Rio, Rio de Janeiro, 162 f.

2003.

55 SPOTTI, A. P., Monitoramento de Aterro Sobre Argila Orgânica Mole com Drenos Verticais, Dissertação de Mestrado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 2000.

56 SPOTTI, A. P., Aterro Estaqueado Reforçado Instrumentado Sobre Solo Mole,

Tese de Doutorado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 394 p. 2006.

Page 135: Bruno Teixeira Lima - v1.14Agradecimentos À minha orientadora, Prof.ª Denise Maria Soares Gerscovich, por toda atenção, apoio, dedicação e paciência dada a mim, durante todo

135

57 TAN, S.A., Empirical Method for Estimating Secondary and Total Settlement, Proceedings 4th Asian Regional Conference on Soil Mechanics and Foundation

Engineering, Bangkok, vol2, pp 147-151. 1971.

58 TAN, S.A., Validation of Hyperbolic Method fot Settlement in Clays with Vertical Drains, Soils and Foundations, Japanese Geotechnical Society, 35, (1), pp. 101-113.

1995.

59 TERZAGHI, K. , Theoretical Soil Mechanics. New York: John Wiley and Sons. 1943.