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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES Professora: Cristiana Mendes Pós-Graduação em Direito das Famílias e Sucessões Profa. Cristiana Mendes. Bibliografia: 1. Acesso à Justiça. Mauro Cappelletti e Bryan Garth. Sergio Antonio Fabris Editor. 2. Manual de direito processual civil, NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Volume único. Salvador: Ed. JusPodivm, 2019.O Novo Processo Civil Brasileiro. CÂMARA, Alexandre Freitas. São Paulo: Atlas, 2019. 3. Liberdade e Família. Renata Vilela Multedo. Rio de Janeiro: Editora Processo, 2018. 4. Processo Civil no Direito de Família. Fernanda Tartuce. Teoria e Prática. São Paulo: Editora Gen, 2019. FAMÍLIA, ESTADO E O PROCESSO O caráter transubstancialdo processo (Fernanda Tartuce) O perfil dos conflitos familiares Realidade processual em harmonia com a realidade da relação familiar Afeto e Direito não estão dissociados Direito de Família e intervenção estatal Sistema adversarial “suavizado(Clinton Guimarães dos Santos) NOÇÃO DA JURISDIÇÃO. “DIZER O DIREITO”. PODER-FUNÇÃO-ATIVIDADE. PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO. EQUIVALENTES JURISDICIONAIS.

CA N D I D O M E N D E S · 2020. 2. 29. · Processo Civil no Direito de Família. Fernanda Tartuce. Teoria e Prática. São Paulo: Editora Gen, 2019. FAMÍLIA, ESTADO E O PROCESSO

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    U N I V E RSI D A D E

    CANDI DO M ENDES

    Professora: Cristiana Mendes

    Pós-Graduação em Direito das Famílias e Sucessões

    Profa. Cristiana Mendes.

    Bibliografia:

    1. Acesso à Justiça. Mauro Cappelletti e Bryan Garth. Sergio Antonio Fabris Editor.

    2. Manual de direito processual civil, NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Volume único. Salvador: Ed.

    JusPodivm, 2019.O Novo Processo Civil Brasileiro. CÂMARA, Alexandre Freitas. São Paulo: Atlas,

    2019.

    3. Liberdade e Família. Renata Vilela Multedo. Rio de Janeiro: Editora Processo, 2018.

    4. Processo Civil no Direito de Família. Fernanda Tartuce. Teoria e Prática. São Paulo: Editora Gen,

    2019.

    FAMÍLIA, ESTADO E O PROCESSO

    • O “caráter transubstancial” do processo (Fernanda Tartuce)

    • O perfil dos conflitos familiares

    • Realidade processual em harmonia com a realidade da relação familiar

    • Afeto e Direito não estão dissociados

    • Direito de Família e intervenção estatal

    • Sistema adversarial “suavizado” (Clinton Guimarães dos Santos)

    NOÇÃO DA JURISDIÇÃO. “DIZER O DIREITO”. PODER-FUNÇÃO-ATIVIDADE. PRINCÍPIO

    CONSTITUCIONAL DA INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO. EQUIVALENTES JURISDICIONAIS.

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    U N I V E RSI D A D E

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    Professora: Cristiana Mendes

    JURISDIÇÃO NOS CONFLITOS FAMILIARES. DO CONTENCIOSO FAMILISTA. O ESTADO DEVE

    INTERVIR EM TODA A QUESTÃO FAMILIAR?

    APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. CONDENAÇÃO

    EM FAVOR DE MENOR DE IDADE. LEVANTAMENTO DO VALOR POR SUA REPRESENTANTE. Ação de

    responsabilidade civil em decorrência de atraso de voo nacional. Acordo realizado entre as partes.

    Homologação em sentença que, no entanto, determinou que fosse aberta conta poupança judicial para transferir

    a quantia devida ao menor. Desnecessidade. Reforma que se impõe. No caso dos autos, não há notícia acerca

    de eventual conflito de interesses entre a menor e sua genitora. Do mesmo modo, não há notícia de discussão

    quanto à correção do exercício do poder familiar, daí porque inexiste motivo plausível ou justificado que

    imponha restrição a mãe, titular do poder familiar, de dispor dos valores recebidos por menor de idade. Art.

    1.689 CC. Precedentes do Eg. STJ e desta Corte Estadual. RECURSO PROVIDO. Íntegra do Acórdão - Data

    de Julgamento: 17/09/2019 - Data de Publicação: 19/09/2019 (*) TJRJ 0026261-30.2015.8.19.0209 –

    APELAÇÃO Des(a). DENISE NICOLL SIMÕES - Julgamento: 17/09/2019 - QUINTA CÂMARA CÍVEL.

    Vida sem conflitos existe?

    NÃO

    MARIA TEREZA MALDONADO afirma que como as pessoas diferem entre si, divergências podem surgir com

    posteriores conflitos, na medida em que: a) os envolvidos acham que não há como satisfazer suas necessidade

    simultaneamente; b) há diferenças de valores, visões de certo/errado, diferentes estilos de vida, religiões,

    culturas, etc; c) comunicação ruim, emoções fortes, comportamentos, falta de confiança, etc; d) desigualdade

    na distribuição de recursos, de poder, de autoridade; ( TARTUCE, Fernanda apud MALDONADO, Maria Tereza.

    O bom conflito, 2008, p.19).

    - NAMORO QUALIFICADO. Conceito em evolução. Mais de 30 citações no STJ. Vide

    REsp.1.454.643/2015.

    - POLIAMOR ou POLIAFETIVIDADE. CITAÇÃO no STJ (AREsp 1008399)

    - CONCUBUNATO IMPURO. Mais de 100 citações no STJ.

    - REPRODUÇÃO ASSISTIDA. 3 citações no STJ.

    ESCOPOS DA JURISDIÇÃO

    ESCOPO JURÍDICO

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    Professora: Cristiana Mendes

    ESCOPO SOCIAL

    ESCOPO EDUCACIONAL (PARCELA DA DOUTRINA)

    ESCOPO POLÍTICO

    PRINCIPAIS OBSTÁCULOS:

    A) ELIMINAÇÃO CONCRETA E REAL DAS DESAVENÇAS FAMILIARES.

    B) ELIMINAÇÃO DE ATOS EMULATIVOS. OBSERVÂNCIA DA TEORIA DO ABUSO DE

    DIREITO NAS RELAÇÕES FAMILIARES.

    C) ELIMINAÇÃO DA LIDE SOCIOLÓGICA E NÃO APENAS DA LIDE JURÍDICA.

    Trechos de entrevistas Ministro Luís Roberto Barroso

    "Parte do problema do Judiciário é uma litigância espantosa". A lentidão do Judiciário

    brasileiro está ligada a uma “visão romântica de que não se deve impedir a parte de postular até o limite

    do possível”. Mas pondera: “a avalanche de processos que imobiliza o Judiciário também frustra

    direitos”. Site: Consultor Jurídico.

    O Poder Judiciário finalizou o ano de 2018 com 78,7 milhões de processos em tramitação,

    aguardando alguma solução definitiva. Desses, 14,1 milhões, ou seja, 17,9%, estavam suspensos,

    sobrestados ou em arquivo provisório, aguardando alguma situação jurídica futura. Dessa forma,

    desconsiderados tais processos, tem-se que, em andamento, ao final do ano de 2018 existiam 64,6

    milhões ações judiciais. Fonte: CNJ.

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    Eram 95 milhões de processos no Brasil, significando que existiam 2,1 processos para cada

    brasileiro (CNJ, 2014). Em torno de 80% dos processos e recursos que tramitam nos tribunais

    superiores tratam de interesses dos governos (RENAULT, 2005). O setor público (federal, estadual e

    municipal), bancos e empresas de telefonia representam 95% do total de processos dos 100 maiores

    litigantes do Brasil (CNJ, 2011).

    CRISE DA JURISDIÇÃO

    • EXCLUSÃO SOCIAL E OBSTÁCULOS AO ACESSO À JUSTIÇA

    • SUPERPOPULAÇÃO DE ADVOGADOS NO MERCADO

    • EXPLOSÃO DA LITIGIOSIDADE

    • ESGOTAMENTO DAS TRADICIONAIS FORMAS DE TRATAMENTO DE CONFLITOS DENOTA UMA

    CRISE DE LEGITIMAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO (INOPERÂNCIA DO SISTEMA ADVERSARIAL

    TRADICIONAL BINÁRIO).

    • INEFICIENTE SISTEMA PROCESSUAL

    • A DESJUDICIALIZAÇÃO (OU INFORMALIZAÇÃO) NO CPC/2015 E AS DEMANDAS CONSENSUAIS

    DE FAMÍLIA. É preciso “dessacralizar o acesso à justiça” (Rodolfo de Camargo Mancuso).

    • CRÍTICA DOUTRINÁRIA ACERCA DO CAPÍTULO NO CPC/2015 DE DEMANDAS CONSENSUAIS DE

    FAMÍLIA.

    • LUIZ GUILHERME MARINONI leciona que jurisdição voluntária não seria jurisdição, mas verdadeira

    atividade administrativa de interesses privados.

    O Judiciário é um poder que presta um serviço

    “lento, caro e difícil de utilizar” (FGV Relatório ICJ Brasil).

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    Um novo “sistema” que comportou:

    A) SIMPLIFICAÇÃO E ORGANICIDADE DO SISTEMA;

    B) HARMONIZAÇÃO DA LEI ORDINÁRIA EM RELAÇÃO À CONSTITUIÇÃO FEDERAL DA REPÚBLICA.

    PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NA SUA VERSÃO PROCESSUAL.

    C) AMPLIAÇÃO DOS ESPAÇOS DE CONVENCIONALIDADE;

    D) CRIAÇÃO DE MAIORES CONDIÇÕES PARA QUE O JUIZ POSSA PROFERIR DECISÃO DE FORMA

    MAIS RENTE À REALIDADE FÁTICA SUBJACENTE À CAUSA;

    E) FIXAÇÃO DO PAPEL DOS TRIBUNAIS DE SUPERPOSIÇÃO NA APLICAÇÃO JURISDICIONAL

    ISONÔMICA PELAS INSTÂNCIAS INFERIORES: A JURISPRUDÊNCIA DO STF E DOS TRIBUNAIS

    SUPERIORES DEVE NORTEAR AS DECISÕES DE TODOS OS TRIBUNAIS E JUÍZOS SINGULARES DO

    PAÍS;

    F) NOVOS INSTITUTOS INSERIDOS NO SISTEMA PROCESSUAL CIVIL, TAIS COMO COOPERAÇÃO

    INTERNACIONAL, INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA, INTERVENÇÃO

    DO AMICUS CURIAE, AÇÕES DE FAMÍLIA, INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS,

    ETC;

    G) ELIMINAÇÃO DE INSTITUTOS PROCESSUAIS DESNECESSÁRIOS, COMO A EXCEÇÃO DE

    INCOMPETÊNCIA, AÇÃO DECLARATÓRIA INCIDENTAL, NOMEAÇÃO À AUTORIA, PROCEDIMENTO

    SUMÁRIO, DENTRE MUITOS OUTROS.

    DESAPARECE O FORO PRIVILEGIADO DA MULHER

    O CPC/2015 acertou?

    “O novo CPC traz uma visão de futuro e não de presente. Ainda que a situação da mulher frente ao homem

    tenha evoluído para se afastarem discriminações e injustiças, ainda, em termos de remuneração, a mulher

    ganha menos que o homem e tem situação econômica menos favorável. Ademais, não se pode esquecer,

    que em parte sensível da população, cabem apenas à mulher os serviços domésticos, o que reduz seu tempo

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    Professora: Cristiana Mendes

    de trabalho fora do lar conjugal. Assim, o novo CPC antecipa uma nova tendência, mas não espelha uma

    realidade em que a igualdade é formal, mas não material”. ( J. Fernando Simão)

    Em 13 anos, lei Maria da Penha passou por diversas alterações

    - LEI Nº 13.827, DE 13 DE MAIO DE 2019

    Altera a Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), para autorizar, nas hipóteses que

    especifica, a aplicação de medida protetiva de urgência, pela autoridade judicial ou policial, à mulher em

    situação de violência doméstica e familiar, ou a seus dependentes, e para determinar o registro da medida

    protetiva de urgência em banco de dados mantido pelo Conselho Nacional de Justiça.

    - LEI Nº 13.894, DE 29 DE OUTUBRO DE 2019

    Altera a Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), para prever a competência dos Juizados

    de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher para a ação de divórcio, separação, anulação de

    casamento ou dissolução de união estável nos casos de violência e para tornar obrigatória a informação

    às vítimas acerca da possibilidade de os serviços de assistência judiciária ajuizarem as ações

    mencionadas; e altera a Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), para prever a

    competência do foro do domicílio da vítima de violência doméstica e familiar para a ação de divórcio,

    separação judicial, anulação de casamento e reconhecimento da união estável a ser dissolvida, para

    determinar a intervenção obrigatória do Ministério Público nas ações de família em que figure como

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    parte vítima de violência doméstica e familiar, e para estabelecer a prioridade de tramitação dos

    procedimentos judiciais em que figure como parte vítima de violência doméstica e familiar.

    Art. 2º A Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), passa a vigorar com as

    seguintes alterações:

    "Art. 53. ..........................................................................................................................

    I - ......................................................................................................................................

    d) de domicílio da vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006

    (Lei Maria da Penha);

    ................................................................................................................................." (NR)

    "Art. 698. .......................................................................................................................

    Parágrafo único. O Ministério Público intervirá, quando não for parte, nas ações de família em que figure como

    parte vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria

    da Penha)." (NR)

    "Art. 1.048. .............................................................................................................

    ...........................................................................................................................................

    III - em que figure como parte a vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei nº 11.340, de 7 de

    agosto de 2006 (Lei Maria da Penha).

    RELEMBRANDO:

    1. CAPÍTULO INÉDITO SOBRE NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL.

    CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL. MELHORA SIGNIFICATIVA DAS

    MEDIDAS DE URGÊNCIA NO DIREITO DAS FAMÍLIAS.

    CPC/2015 Art. 1º O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as

    normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se

    as disposições deste Código.

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    Professora: Cristiana Mendes

    a) Força normativa da Constituição. Konrad Hesse. HESSE, Konrad. A Força Normativa da Constituição. Die

    Normative Kraft der Verfassung. Tradução de Gilmar Ferreira Mendes. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris,

    1991, p. 11-12.

    b) A Constituição necessita de existência vinculada à realidade? NEOCONSTITUCIONALISMO E PÓS-

    POSITIVISMO JURÍDICO.

    c) Mutação constitucional do conceito de família. Novos arranjos familiares não previstos no seio

    constitucional. Do papel do STF no processo informal de mudança na interpretação da lei maior. Famílias

    plurais eudemonistas?

    PRIMAZIA DA DECISÃO DE MÉRITO

    CPC/2015 Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a

    atividade satisfativa.

    CPC/2015 Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo

    razoável, decisão de mérito justa e efetiva.

    PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA RAZOAVEL DURAÇÃO DO PROCESSO COMO COROLÁRIO DO

    ESTADO DE DIREITO.

    CRFB Art. 5º, inciso LXXVIII EC 45/2004 - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a

    razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

    PROCESSOS CONTENCIOSOS DE FAMÍLIA

    Apuração do significado da expressão: “razoável duração do processo”.

    Critérios de definição:

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    Professora: Cristiana Mendes

    1. OTIMIZAÇÃO NO TRÂMITE PROCESSUAL. SIMPLIFICAÇÃO E ORGANICIDADE DO SISTEMA

    PROCESSUAL. CRIAÇÃO DE UM RITO-PADRÃO PARA AS AÇÕES DE FAMÍLIA. PROCESSO MAIS

    CÉLERE ATRAVÉS DO JULGAMENTO CONJUNTO DE DEMANDAS QUE GRAVITAM EM TORNO DA

    MESMA QUESTÃO DE DIREITO.

    2. COMPLEXIDADE DA CAUSA LEVADA AO CONHECIMENTO E JULGAMENTO DOS MAGISTRADOS. O

    DESAFIO NA PACIFICAÇÃO DAS LIDES SOCIOLÓGICAS, POIS O CONTEXTO FAMILIAR EXTRAPOLA

    AS FRONTEIRAS DO PROCESSO JUDICIAL.

    Leading Case

    1

    Em decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), um homem terá de pagar aluguel à ex-mulher

    pelo uso exclusivo de imóvel pertencente a ambos. Inicialmente, o Tribunal de segunda instância havia

    decidido pela inviabilidade da compensação financeira, sob a justificativa de que, para tal, seria

    primordial a realização da partilha de bens.

    Entretanto, a decisão foi reformada pelo STJ, que, por meio do relator, ministro Raul Araújo,

    afirmou que “admitir a indenização antes da partilha tem o mérito de evitar que a efetivação dessa seja

    prorrogada por anos a fio, relegando para um futuro incerto o fim do estado de permanente litígio que pode

    haver entre os ex-cônjuges, senão, até mesmo, aprofundando esse conflito, com presumíveis consequências

    adversas para a eventual prole”. STJ Segunda Seção. Ministro Relator Raul Araújo. Processo em segredo

    de justiça.

    3. NECESSÁRIA OBEDIÊNCIA ÀS GARANTIAS PROCESSUAIS E CONSTITUCIONAIS QUE VINCULAM O

    CASO CONCRETO. Devido processo “adequado” na concepção pós- positivista e neoconstitucional.

    Princípio constitucional do contraditório no seu aspecto substancial e na sua versão processual. Essa

    é a dimensão consagrada pelo CPC/2015.

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    Professora: Cristiana Mendes

    CPC/2015 Artigo 7º “É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e

    faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais,

    competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório”.

    CPC/2015 Art. 9o Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.

    Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:

    I - à tutela provisória de urgência;

    II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III;

    III - à decisão prevista no art. 701.

    CONTRADITÓRIO (CPC/1973) =

    INFORMAÇÃO + POSSIBILIDADE DE REAÇÃO

    CONTRADITÓRIO (CPC/2015) =

    PARTICIPAÇÃO + PODER DE INFLUÊNCIA

    O contraditório se justifica a partir do: a) direito de informação, que obriga o julgador a informar

    a parte contrária todo o ato praticado no processo, com explicação de seus elementos; b) direito de

    manifestação, que assegura ao litigante a possibilidade de manifestar-se sobre os elementos fáticos e

    jurídicos constantes do processo; c) direito de ver seus argumentos considerados, que exige do julgador

    a capacidade, apreensão e isenção de ânimo para contemplar as razões apresentadas.

    PRECEDENTES STJ 2ª Seção do Superior Tribunal de Justiça: LOCAL DE JULGAMENTO PODE SER

    MUDADO NO MEIO DA AÇÃO SE BENEFICIAR MENOR. PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA

    CRIANÇA OU DO ADOLESCENTE. FLEXIBILIZAÇÃO DA REGRA DA PERPETUATIO

    JURISDICTIONIS QUE IMPÕE A ESTABILIZAÇÃO DA COMPETÊNCIA.

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    CANDI DO M ENDES

    Professora: Cristiana Mendes

    Parte da doutrina aponta a inconstitucionalidade do artigo 695, § 1º CPC/2015 sobre regras especiais

    da citação nas ações de família. Violação dos princípios da ampla defesa, contraditório, igualdade

    e publicidade.

    • O mandado desacompanhado de cópia da petição inicial.

    • O direito do réu de examinar o conteúdo da petição inicial a qualquer tempo.

    4. RACIONALIZAÇÃO DO TEMPO. REPÚDIO AOS DITOS “TEMPOS MORTOS” (períodos que nada acontece

    no processo). EFICIÊNCIA E A EFETIVIDADE DO PROCESSO (ARTIGOS 4º e 6º DO CPC/15).

    4.1) A TÉCNICA DAS MEDIDAS JUDICIAIS ATÍPICAS PARA GARANTIR A EFETIVIDADE PROCESSUAL

    NAS AÇÕES DE FAMÍLIA E NOS ENCARGOS ALIMENTARES.

    Vide artigo 139, IV CPC. Incumbe ao juiz “determinar todas as medidas indutivas, coercitivas,

    mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial,

    inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária”. Exemplos: (1) SUSPENSÃO DO

    DIREITO DE DIRIGIR; (2) PROIBIÇÃO PARA TIRAR PASSAPORTE; (3) RECOLHIMENTO DE

    PASSAPORTE; (4) A PENHORA DA RESTITUIÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA; (5) PROIBIÇÃO DE

    PARTICIPAÇÃO EM CONCURSOS PÚBLICOS OU LICITAÇÕES.

    STJ (04/2019) NÃO é possível adotar meios executivos atípicos contra devedor sem sinais de ocultação

    patrimonial.

    • O juiz deve intimar previamente o executado para pagar o débito ou apresentar bens destinados a

    saldá-lo, seguindo-se aos atos de expropriação típicos.

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    Professora: Cristiana Mendes

    • A fundamentação a partir das circunstâncias específicas do caso, como a observância da boa-fé (art.

    5º), cooperação voltada à obtenção de decisão de mérito justa e efetiva (art. 6º), isonomia e contraditório (art.

    7º) e proporcionalidade (art. 8º), sem prejuízo da vedação das decisões-surpresa (arts. 8º e 9º);

    • ESGOTAMENTO PRÉVIO DOS MEIOS TÍPICOS DE SATISFAÇÃO DO CRÉDITO EXEQUENDO.

    • Além disso, a decisão deve atender aos fins sociais do ordenamento jurídico, resguardando e

    promovendo a dignidade da pessoa humana, como exige o artigo 8° do CPC.

    “Respeitado esse contexto, portanto, o juiz está autorizado a adotar medidas que entenda adequadas,

    necessárias e razoáveis para efetivar a tutela do direito do credor em face de devedor que, demonstrando

    possuir patrimônio apto a saldar o débito em cobrança, intente frustrar sem razão o processo executivo”,

    explicou Nancy Andrighi. Leia os acórdãos do Superior Tribunal de Justiça no REsp 1.782.418 e no REsp

    1.788.950.

    ENUNCIADO Nº 48 DA ENFAM – SISTEMÁTICA APLICÁVEL APENAS AO CHAMADO “DEVEDOR

    PROFISSIONAL” QUE, POSSUINDO CONDIÇÕES FINANCEIRAS, CONSEGUE BLINDAR SEU

    PATRIMÔNIO CONTRA OS CREDORES – ELEMENTOS INDICIÁRIOS NO SENTIDO DE QUE O PADRÃO

    DE VIDA E NEGÓCIOS REALIZADOS PELO DEVEDOR SE CONTRAPÕEM À UMA POSSÍVEL SITUAÇÃO

    DE PENÚRIA FINANCEIRA – EVIDENTE MÁ-FÉ DO COMPORTAMENTO ADOTADO PELO DEVEDOR.

    AGRAVO DE INSTRUMENTO - CUMPRIMENTO DE SENTENÇA - ALIMENTOS - PEDIDO DE

    RECOLHIMENTO DA CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO DO EXECUTADO COMO FORMA DE

    COMPELI-LO A PAGAR A DÍVIDA ALIMENTAR - DEFERIMENTO - IRRESIGNAÇÃO DO EXECUTADO -

    ACOLHIMENTO - INOBSERVÂNCIA DOS PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E DA RAZOABILIDADE

    - INADEQUAÇÃO DA MEDIDA COERCITIVA PARA O FIM ALMEJADO - RECURSO CONHECIDO E

    PROVIDO. - Cuida a hipótese de Agravo de Instrumento, com pedido de atribuição de efeito suspensivo,

    interposto contra a decisão proferida nos autos da Execução de Alimentos, que determinou a expedição de

    ofício ao DETRAN visando ao recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação do Executado, aqui Agravante.

    - Pretensão de desconstituição da decisão agravada. Acolhimento. - Em que pese o Código de Processo

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    Professora: Cristiana Mendes

    Civil, em seu artigo 139, IV, autorize a adoção de medidas coercitivas atípicas para assegurar o

    cumprimento da prestação pecuniária, a providência requerida pela Exequente não se revela adequada

    ao fim almejado, tendo em vista que o Executado exerce a atividade de taxista e a retenção de sua CNH

    obstaculizará o exercício de sua atividade laborativa, inviabilizando, via de consequência, a satisfação

    do seu crédito. - Violação aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. - Julgados do E.

    Superior Tribunal de Justiça nesse sentido. - Recurso conhecido e provido. TJRJ 0009818-

    10.2019.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO Des(a). CAETANO ERNESTO DA FONSECA COSTA -

    Julgamento: 21/08/2019 - SÉTIMA CÂMARA CÍVEL.

    4.2) A TÉCNICA DA RESOLUÇÃO PARCIAL DE MÉRITO NAS AÇÕES DE FAMÍLIA. Artigo 356 CPC.

    - Observância do Princípio da Celeridade “o intervalo de tempo entre a propositura da ação e a sua

    decisão”.

    - Os meios dissolutivos da união estável e do casamento não exigem tempo ou causa.

    Veja Enunciado n. 18 do IBDFAM, aprovado no seu X Congresso Brasileiro, in verbis: “nas ações de divórcio

    e de dissolução da união estável, a regra deve ser o julgamento parcial do mérito (art. 356 do Novo CPC),

    para que seja decretado o fim da conjugalidade, seguindo a demanda com a discussão de outros temas”.

    TJRJ 0068747-70.2018.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO Des (a). CLEBER GHELFENSTEIN -

    Julgamento: 10/07/2019 - DÉCIMA QUARTA CÂMARA CÍVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO. FAMÍLIA. AÇÃO

    DE DIVÓRCIO LITIGIOSO. SENTENÇA PARCIAL DE MÉRITO, DECRETANDO O DIVÓRCIO DAS PARTES.

    ALEGAÇÃO DE NECESSIDADE DE APRECIAÇÃO CONJUNTA DO DIVÓRCIO A DA PARTILHA DE BENS.

    COM O ADVENTO DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, ESTE PASSOU A AUTORIZAR O

    JULGAMENTO PARCIAL DO PEDIDO, PERMITINDO A DECRETAÇÃO DO DIVÓRCIO, CASO NÃO HAJA

    ACORDO SOBRE A PARTILHA DOS BENS DO EX-CASAL, NOS TERMOS DO ARTIGO 731, PARÁGRAFO

    ÚNICO DO NCPC. POR CERTO, A DECRETAÇÃO DO DIVÓRCIO ANTES DA APRECIAÇÃO DA PARTILHA

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    U N I V E RSI D A D E

    CANDI DO M ENDES

    Professora: Cristiana Mendes

    DOS BENS NÃO POSSUI O CONDÃO DE ESVAZIAR A PARTILHA, NÃO CAUSANDO QUALQUER

    PREJUÍZO A AGRAVANTE. NESTE DIAPASÃO, NÃO SE VISLUMBRA QUALQUER ILEGALIDADE NA

    DECRETAÇÃO DO DIVÓRCIO, COM O PROSSEGUIMENTO DO FEITO EM RELAÇÃO A PARTILHA DOS

    BENS. QUANTO AO PLEITO DE EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO PARA A OBTENÇÃO DE SALDOS E EXTRATOS

    ÀS ENTIDADES BANCÁRIAS EM NOME DAS EMPRESAS DAS QUAIS O AGRAVADO PARTICIPA COMO

    SÓCIO, MELHOR SORTE NÃO ACOMPANHA AGRAVANTE. EM VERDADE, COM O ADVENTO DO NOVO

    CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, LEI NACIONAL Nº 13.105/2015, O CABIMENTO DE AGRAVO DE

    INSTRUMENTO PASSOU A TER ROL TAXATIVO, CONFORME PREVISÃO EXPRESSA NO ARTIGO 1.015,

    SEUS INCISOS E PARÁGRAFO ÚNICO. COM EFEITO, NÃO SE ENCONTRA PRESENTE NO ALUDIDO

    ELENCO A DECISÃO ORA AGRAVADA, QUANTO TAL QUESTÃO. INSTA SALIENTAR QUE A DECISÃO

    RECORRIDA NÃO SE ENCONTRA ABARCADA PELA DECISÃO DO STJ NO RESP Nº 1.704.520/MT QUE

    MITIGOU A TAXATIVIDADE DO ARTIGO EM QUESTÃO, MOTIVO PELO QUAL NÃO CABE AGRAVO DE

    INSTRUMENTO CONTRA TAL PONTO. ENTENDIMENTO DESTE E. TRIBUNAL ACERCA DO TEMA.

    CONHECIMENTO PARCIAL. DESPROVIMENTO. Íntegra do Acórdão em Segredo de Justiça - Data de

    Julgamento: 10/07/2019 - Data de Publicação: 11/07/2019 (*)

    4.3) A IMPORTÂNCIA DA TÉCNICA PROCESSUAL DIFERENCIADA.

    - Modelos de procedimentos diferentes do comum ou da via processual ordinária.

    - O futuro do processo civil: o emprego das técnicas diferenciadas dentro do próprio procedimento comum

    (ALEXANDRE FREITAS CÂMARA).

    Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre

    eles não haja conexão.

    (...) § 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será admitida a cumulação se

    o autor empregar o procedimento comum, SEM PREJUÍZO DO EMPREGO DAS TÉCNICAS PROCESSUAIS

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    U N I V E RSI D A D E

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    Professora: Cristiana Mendes

    DIFERENCIADAS PREVISTAS NOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS A QUE SE SUJEITAM UM OU MAIS

    PEDIDOS CUMULADOS, que não forem incompatíveis com as disposições sobre o procedimento comum.

    Assunto Interessante!

    Julgamento Recente STJ

    MOROSIDADE DO JUDICIÁRIO E A ESCUSA ABSOLUTÓRIA DA INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS

    HUMANOS E MATERIAL

    RESPONSABILIDADE CIVIL. RECURSO ESPECIAL. RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO. LESÃO.

    DESPACHO DE CITAÇÃO. DEMORA DE DOIS ANOS E SEIS MESES. INSUFICIÊNCIA DOS RECURSOS

    HUMANOS E MATERIAIS DO PODER JUDICIÁRIO. NÃO ISENÇÃO DA RESPONSABILIDADE ESTATAL.

    CONDENAÇÕES DO ESTADO BRASILEIRO NA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS.

    AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

    CARACTERIZADA. 1. Trata-se de ação de execução de alimentos, que por sua natureza já exige maior

    celeridade, esta inclusive assegurada no art. 1º, c/c o art. 13 da Lei n. 5.478/1968. Logo, mostra-se excessiva

    e desarrazoada a demora de dois anos e seis meses para se proferir um mero despacho citatório. O ato, que é

    dever do magistrado pela obediência ao princípio do impulso oficial, não se reveste de grande complexidade,

    muito pelo contrário, é ato quase que mecânico, o que enfraquece os argumentos utilizados para amenizar a

    sua postergação. 2. O Código de Processo Civil de 1973, no art. 133, I (aplicável ao caso concreto, com norma

    que foi reproduzida no art. 143, I, do CPC/2015), e a Lei Complementar n. 35/1979 (Lei Orgânica da

    Magistratura Nacional), no art. 49, I, prescrevem que o magistrado responderá por perdas e danos quando, no

    exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude. A demora na entrega da prestação jurisdicional, assim,

    caracteriza uma falha que pode gerar responsabilização do Estado, mas não diretamente do magistrado atuante

    na causa. 3. A administração pública está obrigada a garantir a tutela jurisdicional em tempo razoável, ainda

    quando a dilação se deva a carências estruturais do Poder Judiciário, pois não é possível restringir o alcance e

    o conteúdo deste direito, dado o lugar que a reta e eficaz prestação da tutela jurisdicional ocupa em uma

    sociedade democrática. A insuficiência dos meios disponíveis ou o imenso volume de trabalho que pesa sobre

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    U N I V E RSI D A D E

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    Professora: Cristiana Mendes

    determinados órgãos judiciais isenta os juízes de responsabilização pessoal pelos atrasos, mas não priva os

    cidadãos de reagir diante de tal demora, nem permite considerá-la inexistente. 4. A responsabilidade do Estado

    pela lesão à razoável duração do processo não é matéria unicamente constitucional, decorrendo, no caso

    concreto, não apenas dos arts. 5º, LXXVIII, e 37, § 6º, da Constituição Federal, mas também do art. 186 do

    Código Civil, bem como dos arts. 125, II, 133, II e parágrafo único, 189, II, 262 do Código de Processo Civil de

    1973 (vigente e aplicável à época dos fatos), dos arts. 35, II e III, 49, II, e parágrafo único, da Lei Orgânica da

    Magistratura Nacional, e, por fim, dos arts. 1º e 13 da Lei n. 5.478/1965. 5. Não é mais aceitável hodiernamente

    pela comunidade internacional, portanto, que se negue ao jurisdicionado a tramitação do processo em tempo

    razoável, e também se omita o Poder Judiciário em conceder indenizações pela lesão a esse direito previsto

    na Constituição e nas leis brasileiras. As seguidas condenações do Brasil perante a Corte Interamericana de

    Direitos Humanos por esse motivo impõem que se tome uma atitude também no âmbito interno, daí a

    importância de este Superior Tribunal de Justiça posicionar-se sobre o tema. 6. Recurso especial ao qual se dá

    provimento para restabelecer a sentença". STJ REsp 1.383.776/AM, ocorrido em 6/9/2018, 2ª Turma do

    Superior Tribunal de Justiça, em acórdão relatado pelo Ministro Og Fernandes.

    CAPÍTULO X

    DAS AÇÕES DE FAMÍLIA

    Art. 695. Recebida a petição inicial e, se for o caso, tomadas as providências referentes à tutela provisória,

    o juiz ordenará a citação do réu para comparecer à audiência de mediação e conciliação, observado o disposto

    no art. 694.

    TUTELAS PROVISÓRIAS DE URGÊNCIA

    CONSIDERAÇÕES INICIAIS

    a) UNIFICAÇÃO DAS TUTELAS DE URGÊNCIA

    b) DESAPARECIMENTO DAS CAUTELARES ESPECÍFICAS RETIRANDO-LHE A AUTONOMIA

    CONSAGRADA NO CPC 1973.

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    c) JUÍZO DE PROBABILIDADE E NÃO DE SIMPLES PLAUSIBILIDADE

    d) COGNIÇÃO SUMÁRIA (NÃO EXAURIENTE): “TUTELA SUMÁRIA DE DIREITOS” (Luiz Fux)

    LIVRO V

    DA TUTELA PROVISÓRIA

    TÍTULO I

    DISPOSIÇÕES GERAIS

    Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência.

    Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser concedida em caráter

    antecedente ou incidental.

    O Código de Processo Civil (Lei 13.105, de 16 de março de 2015) que entrou em vigor em 18.03.2016 trouxe

    significativas mudanças nas Tutelas Provisórias (art. 294 a 311) que devem ser compreendidas por um tríplice

    aspecto.

    PRIMEIRO ASPECTO: análise do objeto da tutela provisória

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    U N I V E RSI D A D E

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    Professora: Cristiana Mendes

    i. Providência de natureza cautelar ou conservativa (resguardo para a futura realização do direito).

    Ex: PEDIDO CAUTELAR DE SEQUESTRO DE ATIVOS FINANCEIROS SONEGADOS NA CONSTÂNCIA DO

    CASAMENTO. Vale a pena a leitura acerca de PEDIDO DE SOBREPARTILHA no Resp 1.525.501, STJ.

    ii. Providência de natureza satisfativa (realiza o próprio direito).

    Ex: PEDIDO DE SEPARAÇÃO DE CORPOS INCIDENTALMENTE NA PRETENSÃO DE DIVÓRCIO PARA

    FIM DO CASAMENTO. DESARTICULAÇÃO OU RUÍNA DO AFETO. IMPOSSIBILIDADE DE

    RECONSTITUIÇÃO DA VIDA EM COMUM.

    CASO PRÁTICO-PROFISSIONAL

    TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA ANTECIPADA OU CAUTELAR?

    1“Separação de corpos” (CPC 1939/1973) – pretensão cautelar

    2 “Afastamento temporário de um dos cônjuges da morada do casal”. (CPC 2015) - pretensão de

    antecipação da tutela pretendida

    - Previsão no Código Civil, art. 1.562 sem correspondente no CPC 2015 (tratado no CPC 1973 como

    procedimento cautelar no artigo 888, VI “o afastamento temporário de um dos cônjuges da morada do casal”).

    - Precedentes judiciais na aplicação da medida provisória urgente na união estável, pois os valores éticos que

    a medida visa proteger estão presentes no casamento e fora dele.

    A separação de corpos é reconhecida como medida satisfativa, consequentemente, antecipa-se um

    dos efeitos da tutela principal baseado no dever de coabitação que cessa na separação judicial ou divórcio (o

    cônjuge agredido pode pedir para sair do lar conjugal ou a retirada do cônjuge agressor).

    CAPÍTULO VIII

    Da Invalidade do Casamento

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    U N I V E RSI D A D E

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    Professora: Cristiana Mendes

    (CC 1.562): Antes de mover a ação de nulidade do casamento, a de anulação, a de separação judicial, a de

    divórcio direto ou a de dissolução de união estável, poderá requerer a parte, comprovando sua necessidade, a

    separação de corpos, que será concedida pelo juiz com a possível brevidade.

    AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE SEPARAÇÃO DE CORPOS. RECURSO INTERPOSTO CONTRA

    A DECISÃO QUE INDEFERIU O PEDIDO CAUTELAR DE AFASTAMENTO DA AGRAVADA DO LAR

    CONJUGAL. RECURSO PROVIDO. 1. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra decisão proferida

    pelo Juízo da Segunda Vara de Família Regional da Barra da Tijuca que, em ação de separação de corpos,

    proferiu decisão indeferindo o pedido cautelar de afastamento da agravada do lar conjugal. 2. Necessários três

    requisitos para a concessão da tutela provisória de urgência, a saber: (I) quando houver elementos que

    evidenciem a probabilidade do direito; (II) perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo; (III)

    reversibilidade dos efeitos da decisão (art. 300, incisos c/c parágrafo 3º). 3. A probabilidade do direito resta

    consubstanciada nas alegações das partes e documentos acostados ao feito que evidenciam o clima bélico

    existente no lar devido as constantes desavenças entre as partes e a impossibilidade de convívio mútuo,

    notadamente em virtude da alegada violação aos deveres conjugais por parte da agravada, ocasionando uma

    situação insustentável entre o ex-casal. 4. Cotejo probatório coligido aos autos que revela evidente a ruptura

    da relação conjugal. 5. Sabe-se que o pedido cautelar de afastamento temporário de um dos cônjuges da

    morada do casal visa resguardar a integridade física, moral e psíquica do requerente e/ou de seus filhos, de

    forma a impedir que o outro permaneça coabitando com o beneficiário da tutela a residência do ex-casal. 6.

    Desse modo, restando comprovada a impossibilidade de manutenção da convivência entre as partes e,

    sobretudo, da coabitação sob o mesmo teto, podendo comprometer inclusive a integridade psíquica e física das

    partes, assim como o bem-estar dos filhos do ex-casal, mostra-se impositiva a concessão da medida de

    urgência. 7. De outro turno, vislumbra-se o perigo de dano a justificar o deferimento da antecipação da tutela

    recursal com base na narrativa dos fatos e documentos colacionados aos autos, preservando-se, assim, a

    integridade física, mental e moral das partes e dos filhos do ex-casal. 8. Possibilidade de reversibilidade dos

    efeitos da tutela concedida, acaso seja julgado improcedente o pedido autoral. 9. Recurso provido. TJRJ

    0062782-82.2016.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO Des(a). MÔNICA MARIA COSTA DI PIERO -

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    Julgamento: 30/05/2017 - OITAVA CÂMARA CÍVEL. Íntegra do Acórdão em Segredo de Justiça - Data de

    Julgamento: 30/05/2017 (*)

    SEGUNDO ASPECTO: análise da fundamentação (razões que autorizam sua concessão)

    i. DE URGÊNCIA (perigo de dano- periculum in mora OU ato ilícito (tempo) + probabilidade do direito).

    Vide artigos 300 c/c 497, § único CPC.

    ii. DE EVIDÊNCIA (probabilidade do direito - realização imediata mesmo não havendo perigo,

    dispensando-se a demonstração de urgência)

    Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do

    direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

    Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente o pedido,

    concederá a tutela específica ou determinará providências que assegurem a obtenção de tutela pelo

    resultado prático equivalente.

    Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a inibir a prática, a reiteração ou a

    continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da

    existência de culpa ou dolo.

    ATENÇÃO:

    No CPC/2015, o juiz pode conceder a tutela cautelar ou antecipada em razão de elementos

    meramente argumentativos da parte, sem a necessidade, portanto, de provas que corroborem tais

    alegações. Dispensou-se na nova legislação a “prova inequívoca”.

    TERCEIRO ASPECTO: análise do momento processual em que é requerida

    i. INCIDENTE: QUANDO JÁ FORMULADO O PEDIDO DE TUTELA FINAL

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    U N I V E RSI D A D E

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    ii. ANTECEDENTE: QUANDO O PEDIDO DE TUTELA FINAL É ADIADO

    O CPC 2015 traz duas novidades:

    a) O reconhecimento do instituto do dano processual nas tutelas provisórias (art. 79).

    b) Exigência de caução real ou fidejussória idônea, o que pode ser dispensado se a parte for

    hipossuficiente economicamente e não puder oferecê-la (art. 300, § 1º). Caução de contracautela.

    TÍTULO II

    DA TUTELA DE URGÊNCIA

    CAPÍTULO I

    DISPOSIÇÕES GERAIS

    Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do

    direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

    § 1 o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória

    idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se

    a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.

    § 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.

    § 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de

    irreversibilidade dos efeitos da decisão.

    (...)

    Art. 302. Independentemente da reparação por dano processual, a parte responde pelo prejuízo que a

    efetivação da tutela de urgência causar à parte adversa, se:

    I - a sentença lhe for desfavorável;

  • 22

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    Professora: Cristiana Mendes

    II - obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, não fornecer os meios necessários para a citação do

    requerido no prazo de 5 (cinco) dias;

    III - ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer hipótese legal;

    IV - o juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da pretensão do autor.

    Parágrafo único. A indenização será liquidada nos autos em que a medida tiver sido concedida, sempre que

    possível.

    TUTELA DE URGÊNCIA

    A) Requisitos positivos: probabilidade de existência do direito + perigo de dano iminente.

    B) Requisito negativo: tutela antecipada que seja capaz de gerar efeitos irreversíveis, diante da sua

    provisoriedade /art. 300, § 3º)

    Exceção: tutela provisória de urgência satisfativa com efeitos irreversíveis. Fixação de alimentos provisórios.

    FPPC, Enunciado 419: “Não é absoluta a regra que proíbe a tutela provisória com efeitos irreversíveis”.

    - Situação jurídica chamada “irreversibilidade recíproca”.

    Dispensa da caução de contracautela.

    FPPC, Enunciado 497: (art. 297, parágrafo único; art. 300, §1º; art. 520, IV) As hipóteses de exigência de

    caução para a concessão de tutela provisória de urgência devem ser definidas à luz do art. 520, IV, CPC.

    (Grupo: Tutela de urgência e tutela de evidência).

    FPPC, Enunciado 498: (art. 297, parágrafo único; art. 300, §1º; art. 521) A possibilidade de dispensa de caução

    para a concessão de tutela provisória de urgência, prevista no art. 300, §1º, deve ser avaliada à luz das

    hipóteses do art. 521. (Grupo: Tutela de urgência e tutela de evidência)

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    TJRJ 0010804-61.2019.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO Des(a). RENATA MACHADO COTTA -

    Julgamento: 29/05/2019 - TERCEIRA CÂMARA CÍVEL

    AGRAVO DE INSTRUMENTO. REVISIONAL DE ALIMENTOS. DECISÃO QUE INDEFERIU TUTELA DE

    URGÊNCIA. INCIDÊNCIA DO VERBETE Nº 59 DESTE TRIBUNAL. MANUTENÇÃO DO DECISUM. A

    antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional foi consolidada em nosso ordenamento jurídico, a partir do

    advento da Lei nº 8.952/94 em resposta aos anseios dos doutrinadores e da jurisprudência pátria, como uma

    das formas de celeridade e garantia da efetividade da prestação jurisdicional. O artigo 273 do Código de

    Processo Civil/73, de maneira prudente, estabeleceu os pressupostos para a sua concessão. Em que pesem

    as alterações realizadas pelo NCPC sobre a matéria, com inovações de procedimento e a previsão da tutela

    de evidência, os requisitos de concessão da tutela antecipada de urgência permanecem íntegros, ex vi do art.

    300 ("a tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito

    e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo"). Logo, a referida prova deve levar o julgador

    ao convencimento da verossimilhança da alegação. Ademais, é imprescindível que haja receio de dano

    irreparável ou de difícil reparação. No caso em apreço, a decisão agravada não se afigura teratológica,

    contrária à lei ou à prova dos autos. Como destaquei na decisão de indeferimento do efeito suspensivo,

    mostra-se temerária a pronta redução da verba alimentar, considerando que um dos alimentados sofre de

    autismo severo, o que demanda altas despesas mensais, não servindo a priori a constituição de nova

    família como fundamento suficiente para a acolhida da pretensão autoral. Nessa esteira, afirma o art.

    1.636 do Código Civil que o pai ou a mãe que contrai novas núpcias, ou estabelece união estável não

    perde, quanto aos filhos do relacionamento anterior, os direitos ao poder familiar. Em contrapartida,

    tampouco os deveres inerentes à autoridade parental, conforme nomeado pela doutrina

    contemporânea, sofrem interferência do novo cônjuge, companheiro ou mesmo da nova prole. Se assim

    não fosse, o nascimento de novos descendentes configuraria incentivo à paternidade irresponsável, o

    que afrontaria a Magna Carta, como se depreende do art. 226, § 7 do referido diploma. No caso em

    comento, aliás, como bem notou a Douta Procuradoria de Justiça, muito embora o alimentante sustente ter

    perdido uma fonte de renda ao deixar de prestar serviços para HAPVIDA, também afirma que percebe

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    Professora: Cristiana Mendes

    mensalmente cerca de 20 mil reais, de modo que a manutenção da verba alimentar, 8 salários mínimos a Pedro

    e 4 salários mínimos a Luana, não compromete toda sua renda. Nessa esteira, oportuno consignar, ainda, que

    a verba alimentar nos moldes perseguidos pelo recorrente - 4 salários mínimos a Pedro e 1,5, a Luana - além

    de não ser compatível com as necessidades de menores de 14 e 17 anos, respectivamente, especialmente

    considerando a condição de autista severo de Pedro, não pode ser comparada com as despesas de uma

    criança recém-nascida, como o filho do novo enlace, nascido em janeiro do ano corrente. Por tais motivos,

    impõe-se a manutenção da decisão agravada, cabendo reiterar que, nos termos do verbete nº 59, deste TJRJ,

    não é possível a reforma de decisão antecipatória dos efeitos da tutela se o r. decisum encontra-se em

    consonância com prova dos autos, o que se verifica na hipótese em tela. Recurso desprovido.

    1) Antecedente

    • Primeiro pede-se a tutela e indica-se o pedido final (art.303, CPC)

    • Após a concessão, adita-se a inicial para arrazoá-la (15 dias ou mais).

    • Se não aditar, extinção!

    • Possibilidade de estabilização da tutela provisória (CPC art. 304)

    CAPÍTULO II

    DO PROCEDIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE

    Art. 303. Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição inicial pode

    limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a exposição

    da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo.

    § 1o Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput deste artigo:

    I - o autor deverá aditar a petição inicial, com a complementação de sua argumentação, a juntada de novos

    documentos e a confirmação do pedido de tutela final, em 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior que o

    juiz fixar;

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    U N I V E RSI D A D E

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    II - o réu será citado e intimado para a audiência de conciliação ou de mediação na forma do art. 334;

    III - não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado na forma do art. 335.

    § 2o Não realizado o aditamento a que se refere o inciso I do § 1o deste artigo, o processo será extinto sem

    resolução do mérito.

    § 3o O aditamento a que se refere o inciso I do § 1o deste artigo dar-se-á nos mesmos autos, sem incidência

    de novas custas processuais.

    § 4o Na petição inicial a que se refere o caput deste artigo, o autor terá de indicar o valor da causa, que deve

    levar em consideração o pedido de tutela final.

    § 5o O autor indicará na petição inicial, ainda, que pretende valer-se do benefício previsto no caput deste artigo.

    § 6o Caso entenda que não há elementos para a concessão de tutela antecipada, o órgão jurisdicional

    determinará a emenda da petição inicial em até 5 (cinco) dias, sob pena de ser indeferida e de o processo

    ser extinto sem resolução de mérito.

    Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303, torna-se estável se da decisão que a

    conceder não for interposto o respectivo recurso.

    § 1o No caso previsto no caput, o processo será extinto.

    § 2o Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever, reformar ou invalidar a tutela

    antecipada estabilizada nos termos do caput.

    § 3o A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não revista, reformada ou invalidada por decisão de

    mérito proferida na ação de que trata o § 2o.

    § 4o Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento dos autos em que foi concedida a medida, para

    instruir a petição inicial da ação a que se refere o § 2o, prevento o juízo em que a tutela antecipada foi concedida.

    § 5o O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada, previsto no § 2o deste artigo, extingue-se após

    2 (dois) anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o processo, nos termos do § 1o.

    § 6o A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a estabilidade dos respectivos efeitos só será

    afastada por decisão que a revir, reformar ou invalidar, proferida em ação ajuizada por uma das partes, nos

    termos do § 2o deste artigo.

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    Professora: Cristiana Mendes

    Estabilização da Tutela Antecipada de Caráter Antecedentes se compatibiliza com os processos

    contenciosos de família?

    ENFAM Enunciado n. 500. (art. 304) O regime da estabilização da tutela antecipada antecedente aplica-se

    aos alimentos provisórios previstos no art. 4º da Lei 5.478/1968, observado o §1º do art. 13 da mesma lei.”

    TJRJ 0009632-84.2019.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO Des(a). MÔNICA MARIA COSTA DI PIERO

    - Julgamento: 25/04/2019 - OITAVA CÂMARA CÍVEL

    AGRAVO DE INSTRUMENTO. TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA EM CARÁTER ANTECEDENTE.

    INFÂNCIA E JUVENTUDE. FALTA DE INSUMO (GÁS DE COZINHA) QUE IMPEDE A PREPARAÇÃO DE

    ALIMENTAÇÃO. CASA DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL VILA SORRISO, LOCALIZADA NO MUNICÍPIO

    DE NOVA FRIBURGO. PRESENÇA DOS REQUISITOS LEGAIS. DESPROVIMENTO DO RECURSO. 1.

    Cuida-se de agravo de instrumento interposto contra decisão do Juízo da Primeira Vara de Família,

    Infância, Juventude e Idoso da Comarca de Nova Friburgo que, em requerimento de tutela provisória de

    urgência em caráter antecedente formulado pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, acolheu

    o pleito antecipatório para determinar que Município de Nova Friburgo disponibilize, no prazo de vinte e quatro

    horas, gás de cozinha o suficiente para atender a demanda da Casa de Acolhimento Institucional Vila do Sorriso.

    2. A decisão recorrida acolheu o pleito antecipatório para determinar que Município de Nova

    Friburgo disponibilize, no prazo de vinte e quatro horas, gás de cozinha o suficiente para atender a

    demanda da Casa de Acolhimento Institucional Vila do Sorriso. 3. De acordo com o novo regramento

    processual, a tutela provisória poderá ser consubstanciada em urgência, que se subdivide em satisfativa ou

    cautelar, ou em evidência (art. 294). 4. Necessários três requisitos para a concessão da tutela provisória

    de urgência, a saber: (i) quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito; (ii) perigo

    de dano ou o risco ao resultado útil do processo; (iii) reversibilidade dos efeitos da decisão (art. 300,

    incisos c/c parágrafo 3º). 5. A jurisprudência é majoritária no sentido da possibilidade da antecipação dos

    efeitos da tutela em face da Fazenda Pública, desde que preenchidos os requisitos legais. Entendimento este

    sumulado no verbete 60 deste Egrégio Tribunal de Justiça. 6. De outro lado, afasta-se a preliminar de

  • 27

    U N I V E RSI D A D E

    CANDI DO M ENDES

    Professora: Cristiana Mendes

    nulidade da decisão recorrida, por inobservância à disciplina estabelecida no artigo 2° da Lei nº 8.437/92, tendo

    em vista que o conteúdo do disposto nesse dispositivo pode ser mitigado na hipótese de motivo relevante,

    quando presentes os requisitos legais para conceder medida liminar em Ação Civil Pública. 7. O novo CPC

    permite que a tutela antecipada, com base na urgência, seja requerida de forma contemporânea à propositura

    da ação, veiculada de forma simplificada, que será complementada (ou aditada) depois da análise da tutela de

    urgência, procedendo-se à juntada de novos documentos e à confirmação do pedido de tutela final, sob pena

    de extinção do feito sem resolução do mérito (art. 303, §2º, do CPC/2015). 8. Não há, portanto, que se falar

    em inépcia da petição inicial, tendo em vista que se encontram devidamente preenchidos os requisitos previstos

    no art.319, do CPC, estando a causa de pedir devidamente especificada, sendo o pedido certo e determinado

    quanto ao gênero e dos fatos trazidos decorre logicamente a postulação, na medida em que o autor afirma a

    existência do fato constitutivo do direito alegado, bem como o evento violador desse direito. 9. Ademais, de

    acordo com a orientação do e. Superior Tribunal de Justiça, a petição inicial só deve ser considerada inepta

    quando ininteligível e incompreensível. 10. Exsurge presentes os requisitos para a concessão da tutela

    provisória de urgência em caráter antecedente, eis que demonstrados a probabilidade do direito e o risco ao

    resultado útil do processo, nos termos dos artigos 300 e 303, do CPC. 11. De certo que a criança e o

    adolescente não podem ficar privados do seu mínimo existencial ¿ núcleo essencial do princípio da dignidade

    da pessoa humana ¿ dentro do qual, inquestionavelmente, inclui-se o direito à alimentação, intimamente ligado

    ao direito à vida. 12. Na forma da Lei 8069/96, em seu art. 4º, se constitui dever da família, da comunidade, da

    sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes

    à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,

    ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. 13. Preceitua, ainda, o art.5º, do referido ato

    normativo, que nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação,

    exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão,

    aos seus direitos fundamentais. 14. Não há dúvidas de que a falta de disponibilização de gás de cozinha pelo

    Município de Nova Friburgo de forma suficiente para atender a demanda da Casa de Acolhimento Institucional

    Vila do Sorriso viola frontalmente a ordem constitucional e legal vigentes, notadamente quando se constitui um

    dever do ente político assegurar à efetivação dos direitos fundamentais da criança e do adolescente, conferindo

  • 28

    U N I V E RSI D A D E

    CANDI DO M ENDES

    Professora: Cristiana Mendes

    proteção e mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e seu

    desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. 15. A dignidade da pessoa

    humana se constitui fundamento do Estado Democrático de Direito, servindo de parâmetro de interpretação e

    orientação para todo o ordenamento jurídico. 16.Nesse passo, a conduta do município não se mostra legítima,

    cabendo ao Poder Judiciário zelar pela efetivação dos direitos fundamentais. 17.Assim, não há que se falar em

    invasão do Poder Judiciário na esfera do Poder Executivo na hipótese de conflito que envolva o direito

    fundamental, incluso no conceito de mínimo existencial. 18. O perigo de dano resta consubstanciado

    na situação de risco e nos danos gravíssimos e irreversíveis à saúde e ao bem-estar das crianças e

    adolescentes advindos da demora na satisfação das necessidades basilares dos acolhidos submetidos

    à tutela estatal. 19. Noutro passo, a imposição de multa diária por inadimplemento da obrigação estipulada

    encontra-se revestida de caráter coercitivo e, por isso, deve ser fixada em valor pecuniário expressivo,

    notadamente quando o seu cumprimento envolve providências que resvalam no comprometimento do direito à

    vida. 20. Inexiste, de outro lado, receio de dano de difícil reparação aos interesses do agravante, uma vez que

    a prioridade dentro de um Estado de Direto é a efetivação dos direitos fundamentais do cidadão. 21.

    Irreversibilidade da medida se opera contra os infantes que necessitam do atendimento médico

    e arcam com suas obrigações tributárias para o fornecimento de um serviço adequado e que não é

    prestado, sendo certo que a vida ou saúde devem se sobrepor a eventual antecipação econômica do

    ente estatal. 22. Desprovimento do recurso. Íntegra do Acórdão em Segredo de Justiça - Data de Julgamento:

    25/04/2019 - Data de Publicação: 02/05/2019 (*)

    Cautelar ( Conservativa)

    1) Antecedente

    • Lide e seu fundamento (art. 303)

    • Exposição sumária do direito

    • o perigo de dano ou risco ao resultado processual

    • Contestação em 5 dias

    • Em 30 dias deverá ser formulado o pedido principal, distribuído por dependência, sem recolhimento de custas

    complementares.

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    U N I V E RSI D A D E

    CANDI DO M ENDES

    Professora: Cristiana Mendes

    CAPÍTULO III

    DO PROCEDIMENTO DA TUTELA CAUTELAR REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE

    Art. 305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em caráter antecedente indicará a

    lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco

    ao resultado útil do processo.

    Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem natureza antecipada, o juiz observará

    o disposto no art. 303.

    Art. 306. O réu será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, contestar o pedido e indicar as provas que pretende

    produzir.

    Art. 307. Não sendo contestado o pedido, os fatos alegados pelo autor presumir-se-ão aceitos pelo réu como

    ocorridos, caso em que o juiz decidirá dentro de 5 (cinco) dias.

    Parágrafo único. Contestado o pedido no prazo legal, observar-se-á o procedimento comum.

    Art. 308. Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser formulado pelo autor no prazo de 30 (trinta)

    dias, caso em que será apresentado nos mesmos autos em que deduzido o pedido de tutela cautelar, não

    dependendo do adiantamento de novas custas processuais.

    § 1o O pedido principal pode ser formulado conjuntamente com o pedido de tutela cautelar.

    § 2o A causa de pedir poderá ser aditada no momento de formulação do pedido principal.

    § 3o Apresentado o pedido principal, as partes serão intimadas para a audiência de conciliação ou de mediação,

    na forma do art. 334, por seus advogados ou pessoalmente, sem necessidade de nova citação do réu.

    § 4o Não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado na forma do art. 335.

    Art. 309. Cessa a eficácia da tutela concedida em caráter antecedente, se:

    I - o autor não deduzir o pedido principal no prazo legal;

    II - não for efetivada dentro de 30 (trinta) dias;

  • 30

    U N I V E RSI D A D E

    CANDI DO M ENDES

    Professora: Cristiana Mendes

    III - o juiz julgar improcedente o pedido principal formulado pelo autor ou extinguir o processo sem resolução

    de mérito.

    Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a eficácia da tutela cautelar, é vedado à parte renovar o pedido,

    salvo sob novo fundamento.

    Art. 310. O indeferimento da tutela cautelar não obsta a que a parte formule o pedido principal, nem influi no

    julgamento desse, salvo se o motivo do indeferimento for o reconhecimento de decadência ou de prescrição.

    TJRJ 0016581-27.2019.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO Des(a). CEZAR AUGUSTO RODRIGUES

    COSTA - Julgamento: 25/06/2019 - OITAVA CÂMARA CÍVEL

    AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO DE FAMÍLIA. AÇÃO CAUTELAR INOMINADA. TUTELA DE

    URGÊNCIA. AFASTAMENTO DO LAR CONJUGAL. ANIMOSIDADE ENTRE AS PARTES. INDÍCIOS DE

    AGRESSÕES MÚTUAS. INVIABILIZADA A CONVIVÊNCIA HARMÔNICA DAS PARTES NO MESMO

    ENDEREÇO. PRESERVAÇÃO DA INTEGRIDADE FÍSICA E PSICOLÓGICA DO EX-CASAL. MANUTENÇÃO

    DA DECISÃO PARA QUE O CÔNJUGE VARÃO SE AFASTE DA MORADA. Cinge-se a controvérsia recursal

    sobre o afastamento temporário de um dos cônjuges da morada do ex-casal considerando as dificuldades de

    convívio, os intensos conflitos e alegações de agressões mútuas, extensivas a familiares. Considerando a

    gravidade dos eventos alegados pelo cônjuge virago, que vão desde abuso sexual a ameaças de morte, assim

    como a declaração própria de situação de desemprego e de consequente fragilidade econômica e que,

    aparentemente, detém o marido a administração das finanças do casal, podendo alojar-se em outra residência,

    por cautela, a medida mais adequada é, de fato, o afastamento temporário do marido, ora agravante, do lar

    conjugal. CONHECIMENTO e DESPROVIMENTO do recurso.

    TJRJ 0016581-27.2019.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO Des(a). CEZAR AUGUSTO RODRIGUES

    COSTA - Julgamento: 25/06/2019 - OITAVA CÂMARA CÍVEL

  • 31

    U N I V E RSI D A D E

    CANDI DO M ENDES

    Professora: Cristiana Mendes

    AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO DE FAMÍLIA. AÇÃO CAUTELAR INOMINADA. TUTELA DE

    URGÊNCIA. AFASTAMENTO DO LAR CONJUGAL. ANIMOSIDADE ENTRE AS PARTES. INDÍCIOS DE

    AGRESSÕES MÚTUAS. INVIABILIZADA A CONVIVÊNCIA HARMÔNICA DAS PARTES NO MESMO

    ENDEREÇO. PRESERVAÇÃO DA INTEGRIDADE FÍSICA E PSICOLÓGICA DO EX-CASAL. MANUTENÇÃO

    DA DECISÃO PARA QUE O CÔNJUGE VARÃO SE AFASTE DA MORADA. Cinge-se a controvérsia recursal

    sobre o afastamento temporário de um dos cônjuges da morada do ex-casal considerando as dificuldades de

    convívio, os intensos conflitos e alegações de agressões mútuas, extensivas a familiares. Considerando a

    gravidade dos eventos alegados pelo cônjuge virago, que vão desde abuso sexual a ameaças de morte, assim

    como a declaração própria de situação de desemprego e de consequente fragilidade econômica e que,

    aparentemente, detém o marido a administração das finanças do casal, podendo alojar-se em outra residência,

    por cautela, a medida mais adequada é, de fato, o afastamento temporário do marido, ora agravante, do lar

    conjugal. CONHECIMENTO e DESPROVIMENTO do recurso.

    Íntegra do Acórdão em Segredo de Justiça - Data de Julgamento: 25/06/2019 - Data de Publicação: 27/06/2019

    (*)

    TJRJ 0037127-06.2019.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO Des(a). MÔNICA MARIA COSTA DI PIERO

    - Julgamento: 27/06/2019 - OITAVA CÂMARA CÍVEL

    AGRAVO DE INSTRUMENTO. TUTELA CAUTELAR ANTECEDENTE INDEFERIDA. AUSÊNCIA DE

    FUNDAMENTAÇÃO. NULIDADE. 1. Cuida-se de agravo de instrumento interposto contra a decisão do juízo

    da Segunda Vara de Família Regional da Barra da Tijuca que, em arrolamento de bens com pedido de tutela

    cautelar antecedente, indeferiu a medida pleiteada, por entender ausente fundado receio de dano irreparável

    ou outra circunstância que justifique a postergação do contraditório. 2. Os atos judiciais de conteúdo

    decisório devem ser motivados, consoante estabelecem os artigos 489, §1º, I, III, do CPC/15 e 93, X, da

    CRFB/1988. 3. O provimento jurisdicional recorrido encontra-se desprovido de motivação, o que resulta

    em violação ao direito a ampla defesa, constitucionalmente assegurado. Precedentes do Superior

    Tribunal de Justiça. 4. Decisão que se anula, de ofício, determinando-se que nova seja proferida,

  • 32

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    CANDI DO M ENDES

    Professora: Cristiana Mendes

    devidamente fundamentada. 5. Recurso prejudicado. Decisão monocrática - Data de Julgamento: 27/06/2019

    - Data de Publicação: 02/07/2019 (*)

    TUTELA PROVISÓRIA DE EVIDÊNCIA

    “Tutela antecipada não urgente” (ALEXANDRE FREITAS CÂMARA)

    “ ÓBVIO ULULANTE” (Nelson Rodrigues, 1950)

    HIPÓTESES DE CABIMENTO

    PROCEDIMENTO

    HIPÓTESES NÃO CUMULATIVAS

    TÍTULO III

    DA TUTELA DA EVIDÊNCIA

    Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano

    ou de risco ao resultado útil do processo, quando:

    I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte;

    II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em

    julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante;

    III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso

    em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa;

    IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a

    que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.

    Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.

    ÔNUS DA IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA: DÚVIDA RAZOÁVEL NO NOVO CPC

  • 33

    U N I V E RSI D A D E

    CANDI DO M ENDES

    Professora: Cristiana Mendes

    - Ônus da impugnação específica, incumbe ao réu se manifestar especificamente sobre os fatos articulados

    pelo autor, sob pena de vê-los considerados como verdadeiros (assim ontem, artigo 302 do CPC/1973, e hoje,

    art. 342 do CPC/2015.

    - NOVIDADE: a impugnação deve opor prova capaz de gerar dúvida razoável (reasonable doubt).

    SEGUNDA PARTE

    1) RESSIGNIFICAÇÃO DO ACESSO À JUSTIÇA

    2) Antecedentes históricos:

    2.1) O devido processo legal que tem sua origem como due process of law no direito

    medieval inglês e tem sua origem mais remota na Magna Carta de João Sem Terra

    (1215).

    2.2) O Estado de Direito (1789);

    a.2) O Projeto Florença. Relatório de Acesso à Justiça, sob coordenação de Mauro Cappelletti e

    Bryan Garth (1978-1979) por meio de um diálogo internacional da comunidade jurídica.

    Elemento constitutivo do próprio exercício da cidadania. Ondas renovatórias.

    a.2.1) Novos rumos do Acesso à Justiça. Lançamento do Global Access do Justice Project com

    o surgimento de uma nova pesquisa mundial sobre acesso à justiça. Revisitando algumas premissas

    do projeto Florença conduzido pelos Professores Mauro Cappelletti e Bryant Garth. Participação

    de importantes juristas brasileiros.

    a.3) Estado de arte no “plano internacional” sobre Acesso à Justiça em matéria de direitos

    humanos fundamentais. Novo Estudo de Francisco Francioni (Instituto Universitário Europeu), em

    2007.

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    CANDI DO M ENDES

    Professora: Cristiana Mendes

    a.4) Estudo desenvolvido na ONU com a participação de países desenvolvidos e em

    desenvolvimento. Legal Empowerment of the Poor (empoderamento legal do pobre). Em

    matéria de educação fundamental, existem decisões determinando (i) a efetiva realização do

    investimento mínimo em educação exigido pela Constituição (que é de 25% da receita de impostos,

    no caso dos Municípios), (ii) a obrigatoriedade da matrícula de crianças em creches e em pré-escolas

    próximas da residência ou do trabalho dos pais ou responsáveis, (iii) o oferecimento de transporte

    da residência até a escola, (iv) a contratação de professores e (v) a realização de obras de

    recuperação de prédios de escolas (LUIS ROBERTO BARROSO. JUSTIÇA, EMPODERAMENTO

    JURÍDICO E DIREITOS FUNDAMENTAIS).

    ACESSO À JUSTIÇA

    REFORMA DO JUDICIÁRIO NO BRASIL

    1. ACESSO À JUSTIÇA: GRATUIDADE DA JUSTIÇA, ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA E ASSISTÊNCIA

    JURÍDICA

    2. Da Justiça “coexistencial” na visão de Mauro Cappelletti. MEIOS ALTERNATIVOS DE SOLUÇÃO DE

    CONFLITOS. Fortalecimento dos métodos autocompositivos de solução de conflitos no Direito de Família

    (troca-se o “bate-boca” pelo “bate-papo”/ Rodrigo da Cunha Pereira. Presidente do IBDFAM). Sistema

    multiportas com verdadeira política pública.

    3. A pluralização do fenômeno de carência (José Augusto Garcia de Souza): consumidor vulnerável, idoso,

    criança e adolescente, vítimas de violência e deficientes abordados por leis especiais (CRFB, arts. 1º, III e 3º,

    III)

    4. A gratuidade de justiça. Benefício ou direito fundamental?

    4.1 Gratuidade nas ações de família

    4.1.1 Ação de alimentos, de revisão de alimentos e de oferta de alimentos, as quais continuarão a ser

    regulamentadas pela Lei 5.478/68.

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    Professora: Cristiana Mendes

    4.1.2 LA 1º e parágrafos 2º e 3º / não subsiste a determinação de que a impugnação à assistência judiciária

    seja feita em autos apartados (LA 1º parágrafo 4º). Deve ser veiculada como preliminar da contestação

    (CPC/2015 337 III).

    O Superior Tribunal de Justiça vem adotando o entendimento de que na análise dos elementos dos

    autos para a concessão da gratuidade de justiça, não cabe ao magistrado apenas averiguar a renda da

    parte solicitante, mas a real condição econômico-financeira do requerente.

    GRATUIDADE DE JUSTIÇA. CRITÉRIO JURÍDICO PARA CONCESSÃO. CAPACIDADE FINANCEIRA

    ECONÔMICA. ANÁLISE DO CONJUNTO DE ELEMENTOS DOS AUTOS. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ.

    1. A ausência de particularização do dispositivo de lei federal a que os acórdãos - recorrido e paradigma - teriam

    dado interpretação discrepante consubstancia deficiência

    bastante a inviabilizar a abertura da instância especial. Súmula 284/STF. 2. O critério jurídico para avaliação

    de concessão do benefício da gratuidade de justiça se perfaz com a análise de elementos dos autos,

    considerando que o magistrado pode analisar a real condição econômico-financeira do requerente.

    Verificar se a parte é realmente hipossuficiente de modo a obter tal benefício não limita o magistrado a

    averiguar apenas a renda da parte solicitante da benesse. 3. Inviabilidade de incursão na seara fático-

    probatória para afastar a conclusão do tribunal de origem de que a parte recorrente não revelou hipossuficiência

    que permita ser beneficiária da gratuidade de justiça. Incidência da súmula 7/STJ. 4. Agravo interno não provido.

    (AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.022.432 – RS (2016/0310352-2) RELATOR: MINISTRO

    LUIS FELIPE SALOMÃO. QUARTA TURMA. DJe 19/05/2017) (grifo nosso).

    SÚMULA TJRJ Nº 39 (2002)

    "É FACULTADO AO JUIZ EXIGIR QUE A PARTE COMPROVE A INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS, PARA

    OBTER CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA (ART. 5º, INCISO LXXIV, DA CF),

    VISTO QUE A AFIRMAÇÃO DE POBREZA GOZA APENAS DE PRESUNÇÃO RELATIVA DE

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    CANDI DO M ENDES

    Professora: Cristiana Mendes

    VERACIDADE."

    RELEMBRANDO:

    • CPC/39 trazia um capítulo próprio sobre gratuidade de justiça (art. 72) em que a parte postulante

    deveria apontar na petição inicial, o rendimento ou vencimentos que percebia e os encargos

    pessoais e de família.

    • Lei 1060/1950 trouxe regramento equivalente sobre a necessidade de informar a parte sobre sua

    renda.

    • Lei 7510/86 modificou o artigo 4º da Lei 1060/1950 para simples declaração de que o requerente

    não tinha condições para pagar custas ds processo e honorários de advogado, sem prejuízo próprio

    e de sua família, presumindo-se verdadeira a declaração, até prova em contrário.

    • CRFB art. 5º, LXXIV “o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que

    comprovarem insuficiência de recursos”.

    AGRAVO DE INSTRUMENTO. INVENTÁRIO. INDEFERIMENTO DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA.

    AFERIÇÃO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA DO ESPÓLIO. HIPOSSUFICIÊNCIA DOS HERDEIROS QUE NÃO

    AUTORIZA A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO, UMA VEZ QUE AS DESPESAS COM O INVENTÁRIO DEVEM

    SER ARCADAS PELO ESPÓLIO. GARANTIA DE ACESSO À JUSTIÇA. DEFERIMENTO DE CUSTAS AO

    FINAL. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Interposição de recurso contra decisão do juízo a quo,

    fundamentada no alto valor do monte, que indeferiu o pedido de gratuidade de justiça, ainda que exclusivamente

    para pagamento da taxa judiciária. 2. A declaração de hipossuficiência financeira da parte constitui

    presunção relativa, passível de aferição judicial específica, sob a ótica das condições pessoais da

    requerente. 3. Em se tratando de inventário, deve ser analisado também o patrimônio inventariado,

    constatando-se, no caso, que esse não corresponde à situação de miserabilidade jurídica que justifique

    a concessão da gratuidade. Todavia, deve-se assegurar ao agravante o direito de acesso à justiça que lhe é

    constitucionalmente garantido, uma vez que alega dificuldades para arcar com a despesa referente à taxa

  • 37

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    CANDI DO M ENDES

    Professora: Cristiana Mendes

    judiciária. 4. A jurisprudência deste Tribunal, há algum tempo, passou a mitigar a obrigatoriedade de

    antecipação das despesas processuais, permitindo o pagamento das custas ao final do processo,

    conforme o Enunciado nº 27 do Fundo Especial deste Tribunal de Justiça. 5. Autorização de

    recolhimento da taxa judiciária ao final do processo. 6. Recurso parcialmente provido. TJRJ 0009642-

    31.2019.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO Des(a). ELTON MARTINEZ CARVALHO LEME -

    Julgamento: 10/04/2019 - DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL.

    CPC/2015 Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos

    para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da

    justiça, na forma da lei.

    "A gratuidade da justiça passou a poder ser concedida a estrangeiro não residente no Brasil após a entrada

    em vigor do CPC/2015". (Informativo nº 0622, de 20.4.2018). STJ, Pet 9.815-DF, Rel. Min. Luis Felipe

    Salomão, por unanimidade, julgado em 29/11/2017, DJe 15/03/2018.

    SÚMULA STJ Nº 481

    FAZ JUS AO BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA A PESSOA JURÍDICA COM OU SEM FINS LUCRATIVOS

    QUE DEMONSTRAR SUA IMPOSSIBILIDADE DE ARCAR COM OS ENCARGOS PROCESSUAIS

    O uso das expressões “benefício” e “favor legal”, para designar a justiça gratuita, e dos vocábulos

    “beneficiário” e “miserável”, para indicar aqueles que fazem jus ao exercício deste direito, são incompatíveis

    com a norma estabelecida no art. 5º, inciso LXXIV, da Constituição da República, porque retratam locuções

    impregnadas pelo culto ao assistencialismo, às políticas clientelistas típicas dos períodos eleitorais e ao

    paternalismo estatal. OLIVEIRA, Rogério Nunes de. Assistência jurídica gratuita. Rio de Janeiro: Lumen Juris,

    2006.

    CPC/2015 Artigo 98 § 1º

    A gratuidade da justiça compreende:

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    I - as taxas ou as custas judiciais;

    II - os selos postais;

    III - as despesas com publicação na imprensa oficial, dispensando-se a publicação em outros meios;

    IV - a indenização devida à testemunha que, quando empregada, receberá do empregador salário integral,

    como se em serviço estivesse;

    V - as despesas com a realização de exame de código genético - DNA e de outros exames considerados

    essenciais;

    VI - os honorários do advogado e do perito e a remuneração do intérprete ou do tradutor nomeado para

    apresentação de versão em português de documento redigido em língua estrangeira;

    VII - o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida para instauração da execução;

    VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para propositura de ação e para a prática de

    outros atos processuais inerentes ao exercício da ampla defesa e do contraditório;

    IX - os emolumentos devidos a notários ou registradores em decorrência da prática de registro, averbação ou

    qualquer outro ato notarial necessário à efetivação de decisão judicial ou à continuidade de processo judicial

    no qual o benefício tenha sido concedido.

    Lei Estadual RJ 3.350/1999

    Art. 10 - Consideram-se custas ou despesas judiciais, a serem contadas para efeitos processuais, o valor

    monetário correspondente:

    (...)

    X - a taxa judiciária;

    Art. 17 – São isentos do pagamento de custas judiciais:

    I - o beneficiário da justiça gratuita, observado o que dispuser a legislação federal e estadual específica;

    (...)

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    X – os maiores de 60 (sessenta) anos que recebam até 10 salários mínimos.

    1ª POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:

    A ISENÇÃO SE RESTRINGE AS CUSTAS PROCESSUAIS E NÃO ALCANÇA A TAXA JUDICIÁRIA.

    A) Diferença entre custas e taxa judiciária.

    “AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. GRATUIDADE DE JUSTIÇA INDEFERIDA. AUTOR

    AGRAVANTE IDOSO, QUE RECEBE PROVENTOS LÍQUIDOS INFERIORES A 10 (DEZ) SALÁRIOS

    MÍNIMOS. ARTIGO 17, X, DA LEI ESTADUAL 3.350/1999. ISENÇÃO QUE NÃO SE ESTENDE À TAXA

    JUDICIÁRIA (ARTIGO 112 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO ESTADUAL)” TJRJ OITAVA CÂMARA CÍVEL DO

    TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Agravo de Instrumento nº. 0035681-

    36.2017.8.19.0000.

    2ª POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:

    STF Reclamação 24.575/TJRJ 19 CC. Violação do princípio da reserva de plenário. TESE DE

    INCONSTITUCIONALIDADE DO DISPOSITIVO ESTADUAL.

    * Assim, segundo a Lei Estadual 3.350/1999, os maiores de 60 anos, que recebam até 10 salários mínimos,

    estão isentos de custas ou despesas judiciais, aí incluída a taxa judiciária.

    A Lei Estadual 3.350/99 não preenche nenhum dos requisitos previstos no art. 150, § 6º da CF para

    conceder validamente isenção da taxa judiciária, eis que não é lei específica que regule exclusivamente

    a isenção ou regulamente a taxa judiciária, como tributo que é. Muito ao revés, a Lei Estadual 3350/99

    trata de custas judiciais, cuidando, en passant, de incluir a taxa judiciária como despesa processual.

    Em verdade, o estatuto da taxa judiciária encontra-se no Código Tributário Estadual e nele não se

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    encontra a referida isenção que aqui se pretende ver concedida ao agravante. Ademais, se isenção

    houvesse, ali deveria estar contida, segundo o comando constitucional do art. 150, § 6º, e não escondida

    em obscuros dispositivos de outra lei, estranha à matéria.

    CPC/2015

    Artigo 98 § 2º A concessão de gratuidade não afasta a responsabilidade do beneficiário pelas despesas

    processuais e pelos honorários advocatícios decorrentes de sua sucumbência.

    § 3º Vencido o beneficiário, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva

    de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos 5 (cinco) anos subsequentes ao trânsito em

    julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência

    de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do

    beneficiário.

    § 4º A concessão de gratuidade não afasta o dever de o beneficiário pagar, ao final, as multas processuais

    que lhe sejam impostas.

    § 5º A gratuidade poderá ser concedida em relação a algum ou a todos os atos processuais, ou consistir na

    redução percentual de despesas processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso do

    procedimento.

    § 6o Conforme o caso, o juiz poderá conceder direito ao parcelamento de despesas processuais que o

    beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento.

    (...)

    § 8º Na hipótese do § 1º, inciso IX, havendo dúvida fundada quanto ao preenchimento atual dos

    pressupostos para a concessão de gratuidade, o notário ou registrador, após praticar o ato, pode

    requerer, ao juízo competente para decidir questões notariais ou registrais, a revogação total ou parcial

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    do benefício ou a sua substituição pelo parcelamento de que trata o § 6º deste artigo, caso em que o

    beneficiário será citado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se sobre esse requerimento.

    SOBRE CARTÓRIOS EXTRAJUDICIAIS

    Leading Case:

    Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 1800, a outra é a Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC)

    5. A ADI 1800 foi ajuizada pela Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg) contra a edição da

    lei, sob o argumento de que houve ofensa ao princípio da proporcionalidade. A entidade alegou que os cartórios,

    entes pertencentes à esfera privada, terão que arcar com o ônus da gratuidade, fato que ensejaria o trabalho

    forçado e a ofensa ao princípio da liberdade profissional. Assim, estaria configurada “ilegítima intervenção

    estatal nos serviços exercidos em caráter privado”, conforme prevê o artigo 236 da Constituição Federal. Por

    outro lado, a ADC 5 visou a declaração de constitucionalidade dos mesmos artigos pelo Supremo.

    A possibilidade de parcelamento de custas se encontra prevista no Enunciado Nº 27 do Aviso 57/2010.

    Em relação ao recolhimento de custas ao final, deve-se observar a previsão estipulada no art. 22, caput, da Lei

    Estadual Nº 3350/99, para o recolhimento de custas a final nos processos de natureza orfanológica.

    TJRJ 0010325-40.2016.8.19.0011 - APELAÇÃO - 1ª Ementa Des(a). MÔNICA DE FARIA SARDAS -

    Julgamento: 25/07/2018 – VIGÉSIMA CÂMARA CÍVEL

    APELAÇÃO CÍVEL. INVENTÁRIO. INDEFERIMENTO DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA. SENTENÇA DE

    EXTINÇÃO SEM EXAME DO MÉRITO POR AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO DAS CUSTAS.

    IMPOSSIBILIDADE. INCABÍVEL A EXTINÇÃO DO FEITO POR INÉRCIA DO INVENTARIANTE. APLICAÇÃO

    DO ART. 622 DO CPC/15. INTERESSE PÚBLICO NO RECOLHIMENTO DE TRIBUTOS. VERBETE Nº 297

    DA SÚMULA DO TJRJ. ERROR IN PROCEDENDO. SENTENÇA ANULADA. ILIQUIDEZ DO PATRIMÔNIO

    VERIFICADA, MEDIANTE O EXAME DAS PRIMEIRAS DECLARAÇÕES. DEFERIMENTO DO

    RECOLHIMENTO DAS CUSTAS AO FINAL, NA FORMA DO ENUNCIADO Nº 27 DO FETJ. PRECEDENTES

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    DESTA CORTE. 1. Em se tratando de inventário, a inércia do inventariante não resulta em extinção,

    devendo, se for o caso, ser nomeado outro representante do espólio em substituição ao inventariante

    desidioso. 2. Flagrante interesse público na ultimação do inventário e recolhimento dos impostos aos cofres

    estaduais. Aplicação do Verbete nº 297 do TJRJ. 3. Gratuidade de Justiça. O autor da demanda é o Espólio,

    sendo deste o ônus das custas e honorários. A hipossuficiência dos herdeiros e/ou inventariante não se

    confunde com a do espólio. 4. Jurisprudência do STJ que confirma a extensão do direito à assistência

    judiciária ao espólio, desde que verificada a reduzida expressão do monte, todavia o espólio apelante

    possui patrimônio incompatível com a condição de hipossuficiência afirmada. 5. Contudo, ante o

    patrimônio do espólio e, mediante sua dificuldade momentânea em arcar com as despesas processuais,

    deve ser deferida a possibilidade de efetuar o pagamento ao final do processo, todavia, antes da

    prolação da sentença, na forma do Enunciado n.º 27 do FETJ. PROVIMENTO DO RECURSO. Íntegra do

    Acórdão - Data de Julgamento: 25/07/2018. (grifo nosso)

    TJRJ 014471-89.2018.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO - 1ª Ementa

    Des(a). ALCIDES DA FONSECA NETO - Julgamento: 27/06/2018 - VIGÉSIMA

    CÂMARA CÍVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO DE FAMÍLIA. PARTILHA DE BENS. DIFERIMENTO

    DO RECOLHIMENTO DAS CUSTAS JUDICIAIS PARA A FASE FINAL DO PROCESSO. POSSIBILIDADE.

    ENUNCIADO 27 DO FUNDO ESPECIAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA. COMPROVADA IMPOSSIBILIDADE

    MOMENTÂNEA DO AGRAVANTE DE ARCAR COM O ADIANTAMENTO DAS DESPESAS PROCESSUAIS.

    REFORMA DA DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU. Agravo de instrumento interposto em face da decisão de

    primeiro grau que indeferiu o diferimento do recolhimento das custas para o final do processo ou, ao menos, o

    parcelamento dos valores devidos, no processo em que pretendeu a partilha de bens adquiridos na constância

    do casamento. Irresignação acolhida. Enunciado 27 do Fundo Especial do Tribunal de Justiça que prevê a

    possibilidade de recolhimento das custas ao final do processo ou o parcelamento do valor apurado, caso a

    parte comprove a impossibilidade de

    antecipar o pagamento, como forma de se prestigiar o princípio do acesso à Justiça. In casu, a despeito dos

    fundamentos apresentados pelo magistrado a quo para o indeferimento da gratuidade de Justiça ao agravante,

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    infere-se dos documentos anexados ao feito que não possui ele, atualmente, condições financeiras de adiantar

    o recolhimento das despesas processuais sem comprometer o próprio sustento. Agravante aposentado pelo

    INSS, que aufere proventos da ordem de R$3.438,35, além do que é portador de grave doença cerebral e

    necessita fazer uso contínuo de medicamentos de alto custo. Simples fato de o agravante possuir patrimônio

    pouco mais relevante do que a maioria da população que não elide a presunção que gravita em seu favor, razão

    pela qual o indeferimento do referido pedido deve ser calca