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0 0 0 0 Açores – O Paraíso no meio do Oceano Atlântico – 9 ilhas, nomes lindos, terra de Júlia Maria da Caridade, Matriarca das Famílias de Minas Gerais, dos Gonçalves Valim, de Bernardo Homem da Silveira e dos Faleiros Os Açores e os Açorianos no Mundo: Hoje aqui, amanhã no Corvo! A cada filho que imigrou, um seio de cá chorava Partimos em busca de pão Para por aos filhos na mesa Levamos o coração Todo cheio de tristeza Deixamos na Ilha Terceira Nossos pais, que crueldade! Veja aqui mais imagens e notícias dos Açores: https://capitaodomingos.wordpress.com/0-0-p-acores-santa-maria-e-pico-dos- valim-silveira-pacheco-velho-e-faleiro-e-braga/ Nosso amado Arquipélago dos Açores, hoje, está em dificuldades: Amamos nossa terrinha, os Açores: http://www.rtp.pt/play/p56/e112363/telejornal-acores

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0 0 0 0 Açores – O Paraíso no meio do Oceano Atlântico – 9 ilhas, nomes lindos, terra de Júlia Maria da Caridade, Matriarca das Famílias de Minas Gerais, dos Gonçalves Valim, de Bernardo Homem da Silveira e dos Faleiros

Os Açores e os Açorianos no Mundo:

Hoje aqui, amanhã no Corvo!

A cada filho que imigrou, um seio de cá chorava

Partimos em busca de pão

Para por aos filhos na mesa

Levamos o coração

Todo cheio de tristeza

Deixamos na Ilha Terceira

Nossos pais, que crueldade!

Veja aqui mais imagens e  notícias  dos Açores:

https://capitaodomingos.wordpress.com/0-0-p-acores-santa-maria-e-pico-dos-valim-silveira-pacheco-velho-e-faleiro-e-braga/

Nosso amado Arquipélago dos Açores, hoje, está em dificuldades:

Amamos nossa terrinha, os Açores:

http://www.rtp.pt/play/p56/e112363/telejornal-acores

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 “Essa gente ordeira, laboriosa, prolifera, antes ilhada nos Açores, não encontraria limites

para sua expansão em terras brasileiras. Unindo seu nome ao dos paulistas que povoaram as

Minas Gerais, no Brasil transformaram-se em novos bandeirantes”.

Somos os Açorianos do Brasil:

Dívida global dos Açores supera os 2,3 mil milhões de euros

Expresso – Há 53 minutosInspeção Geral de Finanças diz que o orçamento regional dos Açores corre “efetivos riscos de derrapagem orçamental”. A dívida global da Região Autónoma dos Açores, incluindo a administração direta e indireta, empresarial e local, ultrapassava 2,3 mil …Dívida global dos Açores ascende a 2,3 mil milhões de eurosTSF OnlineDívida global dos Açores sobe aos 2,3 mil M€, diz IGFDiário Digital

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Ver todas as fontes 9 »

http://bagosdeuva.blogspot.com/2009_03_01_archive.html

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Dificuldades esta que são muito menores que aquelas no nosso tempo:

Em 1677, as ilhas do Faial (da JULIA MARIA DA CARIDADE) e do Pico (dos Valim e dos Bernardes da Silveira) são sacudidas por fortes abalos sísmicos que destruíram algumas freguesias, deixando as respectivas populações na miséria e na desgraça.

PORISSO NOS ÓBITOS DE NOSSOS AVÓS VINHA REGISTRADO:

” NÃO DEIXOU TESTAMENTO POR SER NOTORIAMENTE MUITO POBRE”.

Aí viemos construir Minas Gerais, conseguimos sesmarias de terras e fomos nos esparrando por este mundão…

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O Maremoto de 1755 na Ilha Terceira e o Padre pedindo para nós nos emendarmos, para pecar menos:

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Acha-se a fl. 211 do livro dos óbitos na igreja Matriz da vila da Praia a seguinte declaração:

Em sábado, 1º de Novembro, dia da festividade de todos os Santos do presente ano

de 1755, pelas nove para as dez horas do dia, e a tempo que se cantava missa de

Tércia, estando o mar em ordinária tranquilidade, se elevou tanto em três contínuas

marés ficando quase seca a sua profundidade por largo espaço, e nunca visto de

pessoas de maior idade: e com estas três elevações insólitas entrou pelo porto desta

vila, inundou a lagoa dela, chamada o Paul da Praia, e todo o seu areal, desde o dito

porto até o lugar da Ribeira Seca, demolindo 15 casas a fundamentis, e entre elas a

ermida do Apostolo S. Tiago, sita no lugar do Porto Martins; areando terras e vinhas,

derribando paredes, que ficaram cravadas nos prédios de seus donos, que com

grandes despesas as não restituíram ao antigo estado; nem em muitos anos

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produziram os frutos que antes rendiam: neste admirável e inopinado

acontecimento, que seria castigo da Divina Justiça contra os depravados costumes

dos homens se recorreu logo à Divina Misericórdia, com preces em todas as igrejas e

mosteiros desta vila, e no dito dia saio em procissão a milagrosa imagem do Santo

Cristo da Casa da Misericórdia; e no 32 dia se fez segunda procissão por toda esta

vila, com assistência do clero, e mais comunidades dela: e ainda se continuam outras

deprecações à Senhora dos Remédios, Rosário, e Piedade, para que por sua intercessão possamos alcançar de Deus Senhor nosso e Cristo Jesus seu filho a suspensão deste castigo, e a reforma na vida dos homens.Deixo escrito neste livro a fatalidade deste caso sempre memorando, e não menos

do que já aconteceu na mesma vila em 24 de Maio de 1614, que sempre será

lembrado: e permita Deus que de um e outro se lembrem os homens, para

comporem os seus procedimentos, e acções, regulando-as sempre pelas leis do

mesmo Deus, e sua igreja.

Neste naufrágio lamentável faleceram Mateus Teixeira, pescador, marido de Ignez da

Conceição, morador desta ilha, que no dia seguinte foi achado defunto, e sepultado

na igreja da Misericórdia. E também faleceu Simão Machado Evangelho, marido de

Rosa Maria, que não apareceu depois da inundação; D. Catarina Teresa, mulher de

Inácio Paim da Câmara , e Ana, menor, que se diz filha do mesmo, e Josefa Antónia,

fâmula dos ditos, que todos três naufragaram na mesma casa, em que no dito tempo

assistiam em o lugar do Cabo da Praia; mas ainda casa pertencente a esta paróquia.

E ultimamente faleceu no dito dia Manoel Vieira Luiz, marido de Angela da Ascensão,

nosso paroquiano, morador na Canada d’Angra, que também com os mais não saio

do naufrágio, em que pereceram. E para que assim conste se fez este termo em 13

do dito Novembro de 1755, por se esperar poderem sair do mar os corpos de

defuntos em alguns deles.

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Dos Açores vieram os BERNARDES DA SILVEIRA, os GONÇALVES VALIM, os FALEIROS, Júlia Maria da Caridade e o Capitão Diogo Garcia.

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Belas imagens da ILHA TERCEIRA:

http://mariaconceicaobanza.blogspot.com.br/2011/08/acores-terceira.html

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http://www.azorestv.com/index.php?pageNum_estacategoria=1&totalRows_estacategoria=36&vid=186&mod=videocategoria&cate=26

index.php?pageNum_estacategoria=1&totalRows_estacategoria=36&vid=186&mod=videocategoria&cate=26

=

http://www.destinazores.com/pt/index.php?region_id=4&stat_id=134

=

http://www.acores.net/noticias/index.php?cat=28

=

Que lugar do mundo tem nomes mais lindos que estes?

Ponta Delgada, Angra do Heroísmo, Praia da Vitória, Fontinhas, Rua do Faleiro, Rua do Biscoito e Ilha…

===Hoje aqui, amanhã no Corvo.

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Mapa antigo em alta resolução da Ilha Terceira, nossa terrinha.

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http://www.eccn.edu.pt/alunos/sara_joana/territorio_clima.htm

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AQUI A MARAVILHOSA FONTINHAS, na Ilha Terceira nos Açores, berço dos Faleiros de Franca-SP, Brasil, nossa terrinha:

VEJA QUE VIDEO MARAVILHOSO,  Onde  mais no mundo pode ter uma Rua do Biscoito?

=

FONTINHAS no YOUTUBE:

NÃO TEM COMO ASSISTIR ESSE VIDEO SEM CHORAR!

=

Fontinhas, ó freguesia!

Digna de altos valores

Tu és mãe por valentia

E sacerdote d´alturas

Tua beleza é infinda

Parece um jardim de flores

E teus poetas ainda são cérebres cantadores

Tens mais pontos importantes que te guardam lealdade

Os teus filhos imigrantes que te deixaram de saudades

Entrei nessa freguesia de nossa Ilha Terceira

Tens beleza noite e dia

Também é hospitaleira

Recebe esta visita então nos entregaram

Nós somos a carne escrita que teus filhos mandaram

Numa hora de aceijo disseram-me com louvor

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Dá um abraço em meus pais que deles nunca me esqueço

É com a saudade que corta

Que estamos a essa missão

Batendo a vossa porta de alma e coração

E a porta já se abriu

Que nos enche de alegria

Foi o pano que subiu

Estamos em vossa moradia

E no meu dever insisto

E a leis que nos embalam

Visando que a paz de Cristo aqui esteja em nossa sala

Em festas é a primeira

Teu povo tem alegria

Ó minha Ilha Terceira

Por quem choro dia a dia

És um cantinho importante

Desde a tenra idade

Onde teu filho imigrante

Foi matar sua saudade

A saudade é uma dor

Que penetra toda hora

Só pode dar valor quem

É quem tem os seus lá fora

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Partimos em busca de pão

Para por aos filhos na mesa

Levamos o coração

Todo cheio de tristeza

Deixamos na Ilha Terceira,

Nossos pais, que crueldade!

E passamos a vida inteira, sempre cheios de saudade

A cada filho que imigrou, um seio de cá chorava

Irmãos, pai e mãe deixou, sem saber se regressava.

Anos mais tarde voltou para matar uma saudade

Seus pais, velhinhos, encontrou, que graande felicidade!

Porque a outros com o mau trato da vida que é um mistério

Só viram um retrato nas capas do cemitério.

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===

=

A Minha Ilha:

A minha ilha é de prata.

Um Rochedo Navegante,

Numa saudade que mata

toda sua, alma errante!

A minha ilha é de mar.

Tem touros para a defender,

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Castelos de sonho ao luar,

corações para prender!

A minha ilha é dos amores.

Um altar sem igual,

Fica nestes lindos Açores

o Coração de Portugal!

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ESSE TEXTO FALA SÓ DOS AÇORIANOS DO SUL DO BRASIL, MAS TAMBÉM SOMOS MUITO NUMEROSOS EM MINAS GERAIS:

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A EMIGRAÇÃO AÇORIANA PARA O BRASIL:

              A mais antiga notícia que nos fala da saída de alguns casais para o Brasil é nos fornecida por Gaspar Frutuoso, primeiro historiador micaelense (1522-1591), que escreveu as suas crônicas no terceiro quartel do século XVI.

Escreve o cronista a dado passo que:

“… no ano de mil quinhentos e setenta e nove, sendo de muita esterilidade, como haviam

sido muitos atrás desse, ficaram os moradores da ilha tão atribulados e pobres, que não se

podiam manter nela, vendo ele, Diogo Fernandes Faleiro, alguns parentes seus em

semelhante aflição, os persuadiu que se quisessem sair daquela miséria e se fossem para o

Brasil, para o que gastou com eles, provendo-os de todo o necessário para sua embarcação,

duzentos mil reis…”

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Conquanto se tenha estabelecido que a primeira saída de famílias açorianas para Terras de Santa Cruz se tenha verificado no ano de 1677, causada por cataclismos vulcânicos ocorridos nas ilhas do Faial e Pico, não há dúvida nenhuma de que o testemunho de Gaspar Frutuoso, atrás citado, é claro, tendo o cronista, além do mais, sido contemporâneo do acontecimento, o que lhe confere um elevado grau de credibilidade. As causas aduzidas pelo historiador micaelense e que estão na origem do mais antigo movimento emigratório açoriano são na verdade causas econômicas – a esterilidade dos campos. É natural, como ficou lavrado na crônica, que aquele movimento emigratório apenas se circunscrevesse a duas ou três famílias não encontrando, até ao século seguinte, grande adesão por parte de outras.

 Em 1677, as ilhas do Faial e do Pico são sacudidas por fortes abalos sísmicos que destruíram algumas freguesias, deixando as respectivas populações na miséria e na desgraça.

Em face dessa situação alarmante, dezenas de famílias abandonam a sua terra e embarcam para o Brasil em busca de uma vida melhor. Os emigrantes assentaram arraiais sobretudo em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, onde se formaram, no decorrer do século XVIII, grandes colónias. Ainda hoje, em Porto Alegre, existe no “centro” da cidade um monumento e um viaduto dos açorianos magnificamente enquadrado na parte nova da cidade e conservado como relíquia, em homenagem aos que foram praticamente os fundadores da cidade. A sua adaptação ao novo ambiente tropical não foi penosa, pelo contrário, houve

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uma íntima comunhão do emigrante com o meio, rápida e eficaz, tornando-o aventureiro, com espírito vivo e caráter franco.

Foi no decorrer do século XVIII que a corrente emigratória para o Brasil se tornou bastante forte. No século XVII, como ficou atrás escrito, houve um grande declínio na economia, com uma acentuada quebra na produção do trigo, da cana do açúcar e do vinho. Apesar da introdução de novas culturas, a crise não diminuiu, atingindo as classes mais desfavorecidas que se viram obrigadas a emigrar para o Brasil. Daí que a emigração açoriana tivesse começado a sério no século XVII, embora só atinja verdadeiro significado no decorrer do século seguinte.

No reinado de D. João V era ainda bastante acentuado o êxodo dos açorianos para o Brasil. O fato de no século XVIII ser bastante forte a corrente emigratória dos Açores pode explicar-se não só por causas econômicas, mas também pela existência já de causas psicológicas (o exemplo dos conterrâneos que melhoraram suas vidas) e familiares (a tendência humana e natural de juntar o agregado familiar no mesmo local). No entanto, não se pode perder de vista que o leit motiv foi, e ainda hoje continua a ser, a necessidade de angariar sustento, de conseguir melhores condições de vida, negadas na sua terra natal.

Em meados do século XIX, porém, e contrariando um pouco a idéia exposta de que o surto emigratório açoriano para terras brasileiras termina por volta de 1807, verifica-se uma saída de mulheres açorianas para os prostíbulos do Rio de Janeiro. No volume décimo das “Farpas”, Ramalho Ortigão esclarece-nos sobre esse “cristianíssimo” comércio de carne humana, expressão mais degradada e degradante do mercantilismo a que, em muitos casos, não escapa a emigração, que, por seu turno, mais não é do que a venda da força do trabalho em troca do sustento. Meditemos neste trecho extraído da mencionada obra:

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“Os Açores são a parte do país que exporta maior número de mulheres. Estas mulheres são escrituradas ao chegarem ao Rio de Janeiro, muitas delas a bordo mesmo dos navios que as transportam. Escolhem-se pelo aspecto físico: uns preferem as louras, outros as morenas. As mais bonitas são as que se acomodam mais depressa. Os fazendeiros encomendam-nas do interior aos seus correspondentes: “Quando chegar o paquete próximo mande-me duas caixas de vinho do Porto e uma ilhoa gorda, de dezoito anos e olho preto.”

Santa Catarina e Rio Grande do Sul foram os locais preferidos pelos imigrantes açorianos. Em conseqüência desse fato, constituíram-se nessas regiões grandes colónias de açorianos, cuja linguagem e maneira de falar típica influenciaram o português do Brasil. Ao contrário do que durante muito tempo se pensou, não foi a língua brasileira que exerceu influência sobre alguns sons da língua portuguesa, dando origem ao que vulgarmente se chama “brasileirismos”.

Foi o português falado nos Açores que exerceu influência, sobretudo nas regiões de Santa Catarina e Rio Grande do Sul onde a presença açoriana foi um facto entre 1617 e 1807, sobre o português do Brasil. Assim, a palavra “ sinhá” (senhora) talvez tivesse origem em “senhara”, ainda hoje ouvida em várias localidades da ilha de S. Miguel, sobretudo entre as pessoas mais humildes. A troca do “lh” por “i” como em “muié” (mulher), “óia” (olha), “fôia” (folha), “mio” (milho), “taião” (talhão) muito vulgar na língua brasileira de certas regiões (Santa Catarina e Rio Grande do Sul) foi também influência exercida pelos emigrantes provindos dos Açores aí radicados, principalmente da Ilha de S. Miguel.

Com efeito, na freguesia de Arrifes do distrito de Ponta Delgada (uma das maiores senão a maior de Portugal), ouve-se pronunciar do mesmo modo esse lh  intervocálico. O t que os brasileiros pronunciam th, como em quintha, é também vulgar em certas regiões micelenses: ditho, vinthá (vinde cá). Em certas regiões do Brasil o l  intervocálico pronuncia-se lh como em elhéctrico (elétrico), ilhuminação (iluminação).  Na ilha Terceira é vulgar ouvir-se o mesmo som para o l intervocálico. É muito natural que o emprego do gerúndio: estou comendo, estou fazendo, estou trabalhando, etc., tão comum na língua brasileira, fosse também influência dos açorianos radicados no Brasil. De fato, ainda hoje, a conjugação perifrástica no gerúndio é vulgaríssima nos Açores, onde as formas verbais estou

a correr, estou a fazer, etc., não se ouvem ou raramente se ouvem.

A influência lingüística reflete de maneira acentuada um longo e profundo contacto entre dois povos. Foi o que aconteceu no caso específico do povo açoriano e brasileiro. A corrente emigratória que se estabeleceu a partir dos princípios do século XVII até os princípios do século XIX para as regiões onde essa influência lingüística mais se fez sentir, leva-nos à conclusão de que certas formas típicas do falar brasileiro, como aquelas que acabamos de enumerar, não são mais do que a transposição para o Brasil do português insular. Em abono do que se acaba de afirmar, está o fato de que o emigrante açoriano, uma vez embarcado,

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muito raramente regressa, excluindo-se, portanto, a hipótese de uma influência de retornados luso-brasileiros sobre o português insular.

Cristovão de Aguiar, Alguns dados sobre a Emigração Açoriana, Editora Vértice, 1976.

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1. Josué de Oliveira Valim Says: 7 de março de 2011 às 2:38 pm | Responder

Olá! Muito interessante a matéria. Gostei, pois meus ancestrais fizeram a migração, no período

citado(190 anos). Meu pentavô, por volta de 1750, migrou fixando-se no Sul de Minas Gerais;

Barbacena, São João Del Rei, Carrancas. Foi João Gonçalves Vallim c.c. (1764) Margarida

Francisca do Evangelho, formando grande linhagem dos Gonçalves Vallim, direcionando

também, ao Estado de São Paulo.

o capitaodomingos Says: 8 de março de 2011 às 10:24 am | Responder

é exatamente essa familia que nós todos pesquisamos.

2. Rikardo Gil Says: 6 de novembro de 2012 às 10:21 pm | Responder

De tanta curiosidade pela nossa história, acabei descobrindo que minha origem é Ilha da

Graciosa, meu antepassado aportou no Brasil – Santa Catarina no ano de 1750. Daí

estabeleceu-se em Santo Antonio da Patrulha no Rio Grande do Sul, local de onde emergiram

os “GiL” que se encontram por ali e arredores até hoje.

3. Roberto Says: 14 de agosto de 2016 às 9:01 pm | Responder

Açorianos no Brasil são mais antigos do que o registro de Gaspar Frutuoso. Dentre os

considerados fundadores do Rio de Janeiro em 1565 estava o faialense Aleixo Manoel que

fundou a ermida onde construíram o Mosteiro de São Bento. Também André Villalobo, da ilha

São Jorge, e Luis de Barcelos da Ilha Terceira. Toda a região do café fluminense, São João

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Marcos, Vassouras, Piraí, Valença, Resende, Rio das Flores são cidades povoadas e fundadas

por açorianos, e ninguém nunca estudou isso seriamente. fazendas abertas por açorianos, é só

ver a arquitetura. É uma colonização tão grande quanto Porto Alegre e Santa Catarin