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LÍNGUA PORTUGUESA Prof.ª Luana Lopes LINGUAGEM Todas conquistas que o homem alcançou no curso de sua história estão de alguma forma relacionadas à linguagem. Sem ela, não haveria cultura – conjunto de crenças, valores e comportamentos próprios de uma comunidade -, pois, os conhecimentos de cada indivíduo não seriam transmitidos e assim desapareceriam com a sua morte. Mas... O que é linguagem? Linguagem é todo sistema formado por símbolos que permite a comunicação entre os indivíduos. Considerando esse sentido amplo de linguagem, podemos falar de várias linguagens: a linguagem verbal, modelo de todas as outras, e as linguagens não-verbais. A linguagem verbal é aquele que tem por unidade a palavra, as linguagens não verbais têm outros tipos de unidade, como o gesto, o movimento, a imagem, a nota musical, etc... Exemplos de atividades que predomina a linguagem não verbal são: a mímica, a dança, a pintura. - Linguagem Verbal e Linguagem Visual Leia as figuras abaixo e procure observar qual delas é capaz de veicular a mesma informação com maior rapidez. Comparando as linguagens utilizadas nos exemplos, percebemos que a linguagem verbal é a mais eficaz, porque é mais clara, enquanto a linguagem visual é a mais econômica, porque veicula a informação com maior rapidez. A linguagem verbal permite transmitir de forma mais objetiva e completa o que pensamos, sentimos e ou desejamos – por isso é mais eficaz. É também a única linguagem capaz de traduzir as outras linguagens. O que é mais objetivo: a explicação de um poema com uma pintura? Daí a nossa opção pela linguagem verbal quando o que temos a comunicar apresenta maior complexidade. Já a linguagem visual é altamente econômica porque sua base é um ícone, isto é, uma figura, cuja percepção se dá de forma imediata e global. Palavra é Símbolo O mais importante de todos os sinais, é a palavra, sem a qual não seria possível a convivência humana, e a própria sociedade inexistiria, dada a impossibilidade de intercâmbio lingüístico. Sem esse extraordinário suporte, desapareceria a cosmovisão que o homem tem das coisas, e nem se chegaria ao desenvolvimento com a ausência do código lingüístico oral ou escrito. Sem idéias ou conceitos, seria possível existir cultura, progressos e civilização? Óbvio que não, pois as palavras são o sustentáculo de toda essa gigantesca arquitetura chamada civilização, como sinais convencionais. Quando se destruiu a Biblioteca de Alexandria, o mundo chorou; mas por quê? Será preciso responder? Alberto Mesquita de Camargo DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO: 1 Língua Portuguesa

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LINGUAGEM

Todas conquistas que o homem alcançou no curso de sua história estão de alguma forma relacionadas à linguagem. Sem ela, não haveria cultura – conjunto de crenças, valores e comportamentos próprios de uma comunidade -, pois, os conhecimentos de cada indivíduo não seriam transmitidos e assim desapareceriam com a sua morte. Mas...

O que é linguagem?

Linguagem é todo sistema formado por símbolos que permite a comunicação entre os indivíduos.

Considerando esse sentido amplo de linguagem, podemos falar de várias linguagens: a linguagem verbal, modelo de todas as outras, e as linguagens não-verbais. A linguagem verbal é aquele que tem por unidade a palavra, as linguagens não verbais têm outros tipos de unidade, como o gesto, o movimento, a imagem, a nota musical, etc...

Exemplos de atividades que predomina a linguagem não verbal são: a mímica, a dança, a pintura.

- Linguagem Verbal e Linguagem Visual

Leia as figuras abaixo e procure observar qual delas é capaz de veicular a mesma informação com maior rapidez.

Comparando as linguagens utilizadas nos exemplos, percebemos que a linguagem verbal é a mais eficaz, porque é mais clara, enquanto a linguagem visual é a mais econômica, porque veicula a informação com

maior rapidez.

A linguagem verbal permite transmitir de forma mais objetiva e completa o que pensamos, sentimos e ou desejamos – por isso é mais eficaz. É também a única linguagem capaz de traduzir as outras linguagens. O que é mais objetivo: a explicação de um poema com uma pintura? Daí a nossa opção pela linguagem verbal quando o que temos a comunicar apresenta maior complexidade.

Já a linguagem visual é altamente econômica porque sua base é um ícone, isto é, uma figura, cuja percepção se dá de forma imediata e global.

Palavra é Símbolo

O mais importante de todos os sinais, é a palavra, sem a qual não seria possível a convivência humana, e a própria sociedade inexistiria, dada a impossibilidade de intercâmbio lingüístico. Sem esse extraordinário suporte, desapareceria a cosmovisão que o homem tem das coisas, e nem se chegaria ao desenvolvimento com a ausência do código lingüístico oral ou escrito. Sem idéias ou conceitos, seria possível existir cultura, progressos e civilização? Óbvio que não, pois as palavras são o sustentáculo de toda essa gigantesca arquitetura chamada civilização, como sinais convencionais. Quando se destruiu a Biblioteca de Alexandria, o mundo chorou; mas por quê? Será preciso responder?

Alberto Mesquita de Camargo

DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO:

Na ânsia de comunicar-se, o homem procura usar a palavra ou o signo de acordo com as situações que se apresentam na sua vida diária.

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Veja:

Na cena acima, o signo pedra está sendo empregado no seu sentido próprio, dicionarizado, convencional, objetivo, não permitindo mais de uma interpretação. Ao ouvir a palavra pedra, neste contexto, imaginamos logo o mineral duro e sólido.

Denotação é o uso do signo em sentido objetivo e restrito, admitindo apenas uma interpretação.

Um signo também pode ser empregado com novas significações, com interpretações diferentes, dependendo das situações que se apresentam: é o sentido afetivo, figurado, conotativo. Veja:

Você é uma pedra no meu caminho.Ao ouvirmos a palavra pedra, neste contexto,

associamo-la a obstáculo, dificuldade a ser superada, empecilho. E este não é o seu sentido objetivo e convencional, mas sim o sentido conotativo que ela assume nesta frase.

Conotação é o uso do signo em um sentido mais rico, novo ou abrangente.

SINÔNIMOS

Leia com atenção, os dois trechos abaixo:

“Cai o crepúsculo, e era como um triste sorriso de mártir.”

(Manuel Bandeira)

“Nem mesmo sinto falta do que me completa e é quase sempre melancólico.”

(Carlos Drummond de Andrade)

As duas palavras destacadas nesses trechos têm o mesmo sentido, o mesmo significado. Elas formam um par de palavras sinônimas. Podemos dizer, então, que:

Sinônimos são palavras que apresentam, entre si, o mesmo (ou aproximadamente o mesmo) significado.

Outros exemplos de palavras sinônimas: Resgatar = recuperarMaciço = compactoDigno = decente = honestoReminiscências = lembrançasRatificar = confirmarInsipiente = ignoranteRetificar = corrigirEfêmero = transitório

A relação de sinonímia entre duas palavras raramente é exata, perfeita. Por isso, ao escrever, você deve procurar escolher, entre duas ou mais palavras sinônimas, aquela que seja mais adequada ao contexto e à idéia a ser transmitida.

ANTÔNIMOS

“Buscou no amor o bálsamo da vidaNão encontrou senão o veneno da morte.”

(Manoel Bandeira)

Nesses versos, as palavras destacadas têm sentido contrário, por isso são denominadas antônimas.

Antônimos são palavras que apresentam, entre si, sentidos opostos, contrários.

Outros exemplos de palavras antônimas.

Bom x mau condenar x absolverBem x mal simplificar x complicar

HOMÔNIMOS

Leia:

O delegado da pequena cidade interiorana de São Paulo ficou estupefado ao ler o bilhete que lhe deixara seu ajudante:

“Senhor delegado,É bom apreçar a limpeza das celas, pois

recebemos a notícia de que o inspetor estadual chegará para uma visita. É bom providenciar também o concerto do mural de avisos que está quase despencando, por isso fui ao armazém buscar algumas taxas.”

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Com certeza, o delegado entendeu o recado; deve Ter percebido, porém, que seu ajudante necessita urgentemente conhecer o significado de alguns termos. Apreçar, concerto e taxas são, respectivamente, homônimos de apressar, conserto e tachas. Essas palavras possuem a mesma pronúncia; entretanto, a grafia e o sentido são diferentes.

Homônimos são palavras escritas ou pronunciadas da mesma maneira, mas com significados diferente.

HOMÔNIMOS HOMÓGRAFOS

Compare a grafia e a pronúncia das palavras destacadas na frase:

No tempo da seca, o açude seca.

Note que são escritas da mesma forma, isto é, têm a mesma grafia. No entanto, as pronúncias são diferentes: na primeira pronuncia-se ê (sêca) e; na segunda, pronuncia-se é (séca).

Essas duas palavras formam um par de homônimos homógrafos.

Homônimos homógrafos são palavras que apresentam a mesma grafia, mas são diferentes quanto à pronúncia e também quanto ao significado.

Outros exemplos de homônimos homógrafos:

Almoço (substantivo) – almoço (verbo)Colher (verbo) – colher (substantivo) Jogo (substantivo) – jogo (verbo)Molho (substantivo) - molho (verbo)Pêlo (substantivo) - pélo (verbo)Sede (necessidade de líquido) – sede (local)HOMÓNIMOS HOMÓFONOS

Compare as palavras destacadas em:

O mecânico terminou o conserto do carro.Nós assistimos a um concerto da

orquestra sinfônica.Observe que elas apresentam grafias

diferentes, mas têm a mesma pronúncia. Elas formam um par de homônimos homófonos.

Ou seja:

Homônimos Homófonos são palavras que apresentam a mesma pronúncia, mas são diferentes na grafia e no sentido.

Outros exemplos de homônimos homófonos:Acender (pôr fogo) – ascender (subir)Apreçar (dar preço) – apressar (pôr pressa)Acento (tom de voz) – assento (lugar onde se senta)Caçar (prender, matar) – cassar (anular os direitos)Censo (recenseamento) – senso (juízo)Cerrar (fechar) – serrar (cortar)Concertar (harmonizar) – consertar (reparar)Cessão (doação) – seção ou secção (divisão)

- sessão (reunião)Coser (costurar) – Cozer (cozinhar)Espiar (olhar) – expiar (pagar uma culpa)Espectador (o que vê) – expectador (o que tem expectativa)Extrato (fragmento, resumo) – estrato (camada de rocha)Externo (o lado de fora) – esterno (nome de um osso)Insipiente (ignorante) – incipiente (principiante)Mal (advérbio) – mau (adjetivo)Paço (palácio) – passo (verbo passar)Sessão (reunião) – cessão (ato de ceder) – seção/secção (setor de repartição)Taxar (botar preço) – tachar (acusar)

Observação:

Há certos pares de palavras que são, ao mesmo tempo, homógrafas (mesma grafia) e homófonas (mesma pronúncia).

Exemplo:Sela (verbo selar) – sela (arreio)Leve (verbo levar) – leve (de pouco peso)

PARÔNIMOS

Leia:Para ratificar o pedido da diretoria, foi

necessário retificar o erro no documento.

Observe que as palavras ratificar e retificar possuem a grafia e a pronúncia parecidas, mas significados diferentes.

A palavra foi cumprida com eficiência.A fila estava muito comprida.

Nas frases, as duas palavras destacadas têm sentidos diferentes, mas são bastante semelhantes na grafia e na pronúncia. Elas formam um par de palavras parônimas.

Pode-se, portanto, dizer que:

Parônimos: são palavras que apresentam entre si, uma certa semelhança tanto na grafa quanto na pronúncia.

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Outros exemplos:Acidente (desastre) – incidente (episódio)Amoral (sem moral) – imoral (contra a

moral)Arrear (pôr arreios) – arriar (abaixar)Comprido (longo) – cumprido (realizado)Comprimento (extensão) – cumprimento

(saudação)Conjetura (hipótese) – conjuntura

(situação)Diferir (diferenciar) – deferir (aceitar)Descrição (ato de descrever) – discrição

(reserva)Despensa (lugar para mantimento) –

dispensa (desobrigação)Emergir (vir à tona) – imergir (afundar)Eminente (ilustre, importante) – iminente

(que está para acontecer)Flagrante (evidente, no ato) – fragrante

(perfumado)Infligir (aplicar) – infringir (desobedecer)Pleito (disputa eleitoral) – preito

(homenagem)Soar (produzir som) – suar (transpirar)Sortir (abastecer) – surtir (originar)

Obs.: O estudo dos homônimos e parônimos não tem razão de ser fora do contexto, por isso é imprescindível o seu conhecimento no momento da elaboração de texto, para que não se cometam erros, tais como: “Você percebeu o seu comprimento? Não foi nada simpático!”

Vícios de Linguagem

Em matéria de correção de linguagem, devemos pautar-nos pelos três seguintes princípios:1. não cometer erros que perturbem a

compreensão;2. não cometer também os que revelem

insuficiência do domínio da língua culta e do seu ideal normativo;

3. não dar a impressão de que somos originais na maneira de falar ou escrever.O desrespeito ao 3º princípio insinua-se

capciosamente através das prescrições gramaticais, excessivamente conservadoras e rígidas, que não levam em conta as inovações inelutavelmente dito e discordância de uso. Com isso só obtemos um resultado contraproducente, por um ou outro dos seguintes motivos.a) colocamo-nos na posição de pessoas

esquisitas e até pouco sensatas, que não se exprimem como tanta gente;

b) mesmo que sejamos por isso admirados, a atenção geral se desvia do pensamento para a forma surpreendente em que ele assim se consubstancia.

J. Mattoso Câmara Jr.

Neste texto, o autor finaliza a necessidade de termos uma linguagem correta, mas que não seja obsessivamente rígida, pois o fundamental é a clareza, na qual consiste a qualidade essencial da expressão lingüística de quem fala ou escreve.

No entanto, descuidos ou desconhecimento dos mecanismos lingüísticos podem gerar distorções que contrariam essa norma. Os vícios de linguagem englobam alguns dos erros mais comuns que os usuários da língua podem cometer ao utilizá-la para exprimir seus pensamentos,

Assim, de modo geral, vícios de linguagem são expressões que, às vezes corretas, podem dar margem a vários modos de interpretação. Os mais comuns são: ambigüidade, barbarismo, cacofonia, pleonasmo vicioso, estrangeirismo, solecismo, colisão e arcaísmo.

AMBIGÜIDADEOcorre ambigüidade de sentido quando não há clareza no enunciado:O professor protestou contra a sua falta de atenção.

Sua de quem? Da pessoa com quem se fala ou de quem se fala.

Saíram a passear: a mãe e a sua filha.

De quem? Da mãe ou da pessoa com quem se fala.

homófonos.

BARBARISMO

Barbarismo ocorre quando se pronunciam ou se escrevem de forma incorreta certas palavras ou, ainda, quando se dá à palavra ou expressão um significado errado. São considerados barbarismo:

Mendingo em vez de mendigoPaecambu em vez de PacaembuRúbrica em vez de rubrica

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Circuíto em vez de circuitoMisântropo em vez de misantropoUmano em vez de humano

Observe o texto a seguir, no qual o autor registra barbarismo da linguagem popular:

“O grafiteiro pixou no muro caiado: Herrar é umano”

Esta é uma questão de múltipla escolha.1. Você corrige um erro.2. Você corrige dois erros.3. Você não corrige nada e elogia a

criatividade do grafiteiro.4. Você fica louco da vida, xinga o cara

de ignorante e manda repintar o muro” (Lourenço

Diaféria)

CACOFONIAA cacofonia consiste na junção de duas

palavras formando uma terceira no sentido inconveniente ou desagradável. Temos cacofonia em:

Senti que a boca dela se aproximava de mim. cadela

Distribuiu os presentes aos alunos um por cada. Porcada

Veja alguns cacófagos cunhados pelo povo:“Meu coração por ti gela.”

tigela

“Meus afetos por ti são.” Tição

“Já nela não penso então.” janela

“Vamos cá indo”. caindo

“Meus ideais como os concebo”como os com sebo

“Se é por tão grande motivo, desisto.”Portão

PLEONASMOO pleonasmo só será vicioso quando a

repetição do termo ou expressão for considerada desnecessária ou quando a redundância não trouxer acréscimo ou reforço algum à idéia. Assim, mão há inovação alguma em dizer:Subir para cima sair para fora

Descer para baixo entrar para dentroGrande maioria

ESTRANGEIRISMOEstrangeirismo é o emprego de certas

palavras ou expressões estrangeiras no lugar de termos correspondentes na própria língua. É também chamado de:

Galicismo: quando a palavra é de origem francesa.

Anglicismo: quando a palavra é de origem inglesa

Germanismo: quando a palavra é de origem alemã, etc...

Algumas palavras estrangeiras já se incorporaram ao nosso vocabulário, mas há outras, cujo uso é desnecessário, visto que temos vocábulos correspondentes em nosso idioma, Veja, a seguir, alguns estrangeirismos com a opção correspondente na nossa língua:Buquê – ramalheteChance = oportunidadeChofer – motoristaEnquete – inquérito, pesquisaGafe – disparateMarcante – notável, ilustreMenu – cardápioPerformance – atuação, desempenhoRevanche – desforra

SOLECISMOSolecismo é o erro que infringe as regras

da sintaxe. Pode ser concordância, regência ou colocação.

Fazem dois anos que ela morreu.Faz

Ela necessitava que a socorressem imediatamente.

De que Assiste-se bons filmes em São Paulo.Assiste-se a

Vou no correio agora.Vou aoMe veja um café.Veja-me

COLISÃOA colisão é a seqüência desagradável de fonemas consonatais idênticos. Veja:

Viajarei já em janeiro.

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Sem cessar, só sei sofrer por você

ARCAÍSMOArcaísmo é o uso de palavras ou

expressões que já pertencem a um etapa ultrapassada da evolução da língua. Veja alguns exemplos:

Fremosa em vez de formosaVos mecê em vez de você

Co’a em vez de com a

EXERCÍCIOS DE LINGUAGEM

Os desastres de Sofia

Qualquer que tivesse sido o seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de profissão e passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos dele.

O professor era gordo, grande e silencioso, de ombros contraídos. Em vez de nó na garganta, tinha ombros contraídos. Usava paletó curto demais, óculos sem aro, com um fio de ouro encimando o nariz grosso e romano. E eu era atraída por ele. Não amor, mas atraída pelo seu silêncio e pela controlada impaciência que ele tinha em nos ensinar e que, ofendida, eu adivinhara. Passei a me comportar mal na sala. Falava muito alto, mexia com os colegas, interrompia a lição com piadinhas, até que ele dizia, vermelho:

- Cale-se ou expulso a senhora da sala.Ferida, triunfante, eu respondia em

desafio: pode me mandar! Ele não mandava, senão estaria me obedecendo. Mas eu o exasperava tanto que se tornara doloroso para mim ser o objeto do ódio daquele homem que de certo modo eu amava. Não o amava como a mulher que eu seria um dia, amava-o como uma criança que tenta desastradamente proteger um adulto, com a cólera de quem ainda não foi covarde e vê um homem forte de ombros tão curvos. (...)

LISPECTOR, Clarice. A legião estrangeira. São Paulo. Ática, 1977, p. 11

Questão 1

Na linha 3, o narrador afirma que o professor tinha “ombros contraídos”.

Esta característica, fora do contexto em que está inserida, pode sugerir várias interpretações, como, por exemplo:

- que o professor era velhinho;- que era frágil fisicamente;- que era corcunda;- que era acovardado e submisso às

pressões sociais.

Mas, levando-se em conta o contexto, apenas uma dessas possibilidades contém uma interpretação adequada. Indique qual é essa possibilidade, com outras passagens do texto, justifique a sua escolha.

Questão 2

Há várias passagens do texto em que o narrador dá a entender que o professor era uma pessoa que tomava atitudes contrárias à sua vontade ou tinha características que não combinava entre si

Cite ao menos duas passagens do texto que comprovem essa afirmação.

Questão 3

Segundo o texto, os sentimentos da aluna pelo professor eram ambíguos, isto é, eram sentimentos que se contrariavam.

a) Cite algumas passagens em que se manifesta essa contradição.

b) Qual o motivo dessa ambigüidade?

Questão 4

Na linha 9, o professor diz: “Cale-se ou expulso a senhora da sala”.

Perante essa explosão, a aluna tem dupla reação.

Procure explicar:a) Por que se sentiu ferida?b) Por que se sentiu triunfante?

Questão 5

Nas linhas 13 e 14, a menina diz que amava o professor “com a cólera de quem ainda não foi covarde”. Tente explicar o significado de ainda nesse contexto.

Questão 6

Segundo o texto, em que consistia a covardia do professor?

Questão 7

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Como se sabe, todo o texto revela a visão de mundo de quem o produziu. No caso desse texto, pode-se dizer que ele foi produzido para mostrar que:(a) Todo aluno nutre pelo professor um grande

afeto e se irrita quando não é correspondido.(b) Todo professor se dedica à tarefa de ensinar

com extremo cuidado e prazer.(c) O professor não tinha mais condições físicas

para executar seu trabalho.(d) A relação professor e aluno é sempre tensa e

contraditória.(e) As condições da vida prática e a necessidade

de seguir regras e normas podem levar o homem a reprimir suas emoções.

AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Todos nós, quando organizamos nossos discursos, efetuamos duas operações: a seleção e a combinação.

Escolhemos dentre todas as possibilidades que a língua oferece – em termos lexicais, sintáticos, semânticos – os elementos que nos interessam e os combinamos em vista de transmitir determinado conteúdo, ou seja, os signos articulam-se de um modo específico segundo a função para que se destinam.

Segundo o lingüista Roman Jakobson, s eis são as funções da linguagem: referencial, emotiva, conotativa, fática, poética e metalingüística.

1- A Função Referencial: Para falar-se em função referencial, é

necessário antes distinguir dois níveis de linguagem: o denotativo e o conotativo.

A conotação é também conhecida como linguagem figurada, aquela que faz uso de todo o arsenal retórico de que a língua dispõe como forma de expressão.

Exemplo:Quero afogar-me no azul do teu olhar.

Houve aqui, a associação por similaridade azul/ água e daí ver / afogar-se (apaixonar-se). Assim um signo “emprestou” sua significação a outro, o que é a base da metáfora, figura que estudaremos nos próximos capítulos.

O outro nível de linguagem é a denotação, tenta uma aproximação mais direta entre o termo e o objeto.

Exemplo:

Quase me afoguei no mar...

Nesta frase percebemos que afogar está sendo usado no seu sentido próprio: matar-se ou morrer por asfixia na água. E mar também: massa de água salgada, A denotação é, pois, a base da função referencial.

Nela os signos organizam-se em função do referente, procurando transmitir informações precisas sobre ele. A mensagem está apoiada em ambigüidade. Esta função, que tem por objetivo informar o leitor transmitindo dados e conhecimentos exatos, marca-se pelo uso da terceira pessoa do discurso e da denotação.

Exemplo:

O índice de Preços – Fipe – Estadão, que aponta a tendência de bens e serviços competitivos, apresentou variação de 31,665 nos 30 dias encerrados em 18 de agosto de 1993, mantendo a tendência de alta, ainda pressionada pelo grupo dos alimentos protéicos, além dos insumos básicos da construção civil (pedra britada e areia).

O índice Fipe-Estadão de Preços Públicos, que mostra o comportamento dos bens e serviços controlados pelo governo, mostrou variação de 34,52% para o período de 30 dias encerrado ontem, mantendo a tendência da semana passada. A exceção ficou com energia elétrica, que teve alta de 8%.

(O Estado de São Paulo, 19/08/93).

Temos, nesse texto, o predomínio absoluto da informação fornecida de maneira direta. Objetiva, precisa e denotativa. Trata-se de informação bruta, enxuta, sem comentários nem juízos.

2- A Função Emotiva:

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Esta função centra-se no emissor que deixa transparecer suas intenções marcando suas mensagens com verbos e pronomes na primeira pessoa, com interjeições, com adjetivos e com sinais de pontuação (exclamação, reticências) que apontam seu ponto de vista ou estado de espírito.

Exemplo:

Introspecção

Nuvens lentas passavamQuando eu olhei o céu.Eu senti na minha alma a dor do céuQue nunca poderá ser calmo.

Quando eu olhei a árvore perdidaNão vi ninhos nem pássaros.Eu senti na minha alma a dor da árvoreEsgalhada e sozinhaSem pássaros cantando nos seus

ninhos.

Quando eu olhei minha almaVi a treva.Eu senti no céu e na árvore perdidaA dor da treva que vive na minha alma.

(Vinícius de Moraes. Poesia Completa e Prosa,

RJ, Editora Nova Aguilae S/A, 1981, pág. 64.

Neste texto percebe-se a predominância da função emotiva já no título: o poeta propõe um voltar-se para dentro dele mesmo. E é apartir de sua emoção, do seu estado de espírito que ele “lerá” o mundo fora dele. Tudo é triste e doloroso porque sua alma está em trevas. É evidente que existe neste texto, também, uma outra função bastante importante: a poética, que se centra na organização da mensagem.

Não se deve pensar, no entanto, que somente textos que apresentem essa irrupção de elementos subjetivos sejam aqueles em que predomina a função emotiva. Ela pode ocorrer também em cartas e estar na base de textos aparentemente referenciais, como artigos críticos, relatórios, editoriais de jornais e revistas.

Na Varagem do Vício, de George Stevens (Something To Live for, EUA, 1952)

Melodramão que gostaria de ser tão criativo e importante quanto o clássico Farrapo Humano (1945, de Billy Wilder), mas fica só na vontade. Ex-bebum e agora militante dos Alcoólicos Anônimos, o publicitário e aparentemente bem casado Alan (Ray Milland, que abafou justamente em Farrapo Humano) se apaixona por uma jovem e bela atriz (Joan Fontaine) que bebe mais que um Dodge Charger 75. Com Teresa Wright (versão original com legendas, preto-e-branco, 88 min), Globo (5), 1h.

Veja, S.P. 19 a 25/07/93, pág. 89

Nesta mini-resenha, percebe-se claramente a posição do emissor através da seleção de palavras, das comparações, do uso de sufixos aumentativos. Todos esses índices da função emotiva, convivem, no entanto, com a função referencial, informativa do texto.

3- A Função Conativa

A palavra “conativa” tem sua origem no termo latino conatum, que significa tentar influenciar alguém através de um esforço. Essa função – também chamada de apelativa – representa um esforço de tentar convencer o receptor através de uma ordem, exortação, chamamento, saudação ou súplica. Ela produz textos que “falam a mesma língua que o

receptor”. Isto quer dizer que, no projeto de elaboração dos textos, sempre se consideram as características do destinatário para que o texto se adapte às condições sociais, psicológicas e lingüísticas de quem o recebe. Assim a característica gramatical desse tipo de texto é a segunda pessoa do discurso, ou ainda, os pronomes de tratamento (você, o senhor, a senhora, etc...). o imperativo e o vocativo. A mensagem publicitária é o exemplo mais flagrante desse tipo de função.

Veja São Paulo 12 a 18 de julho/93, pág. 35

PELA FEDERAL EXPRESS

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Nesse texto, além do uso do imperativo, existe toda uma série de argumentos para convencer o leitor a enviar sua encomenda pela Federal Express.

4- A Função Fática

Quando a mensagem centrar-se no contato, no suporte físico, no canal, a função será fática. O objetivo desta função é testar o canal, interromper ou reafirmar a comunicação, não no sentido de informar, mas de assegurar a transmissão da mensagem.

No nosso cotidiano, certos tiques lingüísticos como “entende?”, “tá?”, “certo?”..., são elementos conectores que reforçam a mensagem, embora não transmitam nenhuma informação.

A conversa sobre o tempo, dentro de um elevador ou quando não se tem o que dizer, é fática.

São fáticos também, recursos, que facilitam a leitura e asseguram a transmissão da mensagem tais como: recursos gráficos, escolha de palavras mais curtas e mais fáceis, extensão das frases, etc...

Recentemente, o jornal Estado de S. Paulo passou por uma reprogramação visual cujo objetivo era ganhar mais “legibilidade”.

Leitor elogia mudança no

“Estado”Comprador em banca diz que alterações deixaram o jornal mais leve, diferente e jovem

Os leitores aprovam o novo visual do Estado. Os entrevistados foram unânimes em afirmar que a nova diagramação melhorou a leitura, tornando-a mais leve. O comerciante Martinho Alexandre, 58 anos, um dos herdeiros da Floricultura Dora, no Largo do Arouche, é assinante do Estado há 20 anos, mas a sua curiosidade em ver a mudança gráfica foi tão grande que ele não esperou ela entrega do jornal na manhã de Domingo.

Às 18 horas de sábado Alexandre foi até a banca mais próxima e gostou do que viu. “Está belíssimo, é um jornal classe A”, não se cansava da repetir para os amigos, “O colorido é muito bonito, está mais fácil de ler e até parece uma revista.” (...)

O Estado de São Paulo, 23/08/93, pág. 10

Os trechos grifados apontam para o caráter fático das modificações : elas não trouxeram informação nova, mas garantiram a transmissão da mensagem porque, através delas, a leitura ficou mais fácil e agradável.4- A Função Poética

Esta é a função que se centra sobre a própria mensagem. Ela opera um trabalho com a própria linguagem colocando em evidência o lado palpável do signo. Isso vale dizer que o significante é trabalhador na sonoridade, no ritmo, na disposição gráfica das palavras na página em branco, na utilização da figuras de linguagem, etc...Meu canto de morteGuerreiros, ouvi,Sou filho das selvas,Nas selvas, cresci;Guerreiro, descendoDa tribo tupi. (...)

Gonçalves Dias

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Percebe-se no texto um trabalho com o ritmo binário (seqüência de sílabas forte / fraca / forte / fraca) que dá ao leitor a impressão dos tambores indígenas preparando-se para a guerra.Neste fragmento de Cruz e Sousa

“Vozes veladas, veludosas vozes,Volúpias dos violões, vozes veladasVagam nos velhos vórtices vorazesDos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas... (...)”.

O trabalho se dá ao nível da repetição de fonemas fricativos (/v/, /z/, /s/), que nós dá a idéia de vozes abafadas, de murmúrios.

E uma simplificação excessiva e enganadora, no entanto, tenta reduzir a função poética à poesia. Na prosa, pode-se apontar o uso da função poética não só na utilização das figuras de linguagem ou na estrutura do texto, como também na atribuição de nomes às personagens. Guimarães Rosa, um mestre da invenção na literatura brasileira, em seu conto “Desenredo”, cria personagens cujos nomes apontam para suas principais características psicológicas.

Jó Joaquim, o protagonista, tem uma personalidade apaziguadora e é sobretudo paciente, daí ser Jó (símbolo de paciência na Bíblia). Mas é tão paciente, que é Jó ao quadrado: Jó Joaquim. Enquanto que sua amante á apresentada no conto como Livíria, Rivília, Irlívia. Sob esses nomes mutantes, esconde-se a mulher volúvel que tem vários amantes. Mas ao final do conto, quando é purificada pelo paciente trabalho de Jó Joaquim, ela aparece com o nome de Vilíria: virgem e lírio (símbolo da pureza), isto é, sem culpa, sem mácula, sem pecado.

Esta função também extrapola o campo do literário e pode aparecer em qualquer tipo de texto onde se perceba um trabalho com a linguagem. O publicitário, por exemplo:

Exemplo:

“Sinta a suave sensação de Nívea Loção.”

Aqui a repetição do fonema /s/ enfatiza a suavidade que o creme proporciona aos consumidores, além de operar o entrecruzamento de sensações táteis com sensações sonoras, promovendo o que se chama de sinestesia.

6- A Função Metalingüística:

A função metalingüística explica o próprio código, isto é, num espelhar-se, a linguagem fala da própria linguagem.

A poesia - e toda -

é uma viagem ao desconhecido.

A poesia - é como a lavra do rádio um ano para cada grama.

Para extrair uma palavra Milhões de toneladas de palavra-prima

Vladimir Maiakovski

(tradução de Augusto Campos)

A poesia disseca o ato de fazer poesia. O poder poético é o próprio tema da poesia.

Um dicionário, uma gramática e mesmo este nosso livro são exemplos de exercício metalingüístico.

Para terminar este capítulo, devemos ainda fazer duas observações.

A primeira é que o esquema dos elementos da comunicação superpõe-se exatamente ao esquema de funções da linguagem.

Observe o quadro a seguir:

Referente

Função referencial

MensagemFunção poética

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Emissor Receptor

Função FunçãoEmotiva Conotativa

CanalFunção fática

CódigoFunção

metalingüística

A segunda, extremamente importante, é a de que existe sempre, dentro de qualquer texto, uma hierarquização de funções. Isto vale dizer que, numa dada mensagem, não há uma só função, mas um jogo de várias funções com a preponderância de uma delas.

Voltando ao texto de Vinícius de Moraes da página 90, vemos aí a função emotiva contracenando com a poética de “Sinta a suave sensação de Nívea Loção” dividindo espaço com a função conativa. Ou quaisquer outras combinações possíveis.

A noção de hierarquização é importante para que se percebam as intenções do produtor do texto e as várias nuanças de significação desse mesmo texto.

EXERCÍCIOS - FUNÇÕES DE LINGUAGEM

Leia os textos e identifique as funções de linguagem predominantes

01.“A mãe estava na sala, costurando. O

menino abriu a porta da rua, meio ressabiado, arriscou um passo para dentro e mediu cautelosamente a distância. Como a mãe não se voltasse para vê-lo, deu uma corridinha em direção ao seu quarto.”

(Fernando Sabino)

02.“Aproveita a oferta! Compre já seu novo

aparelho de televisão. Assista à Copa do Mundo com visão colorida.”

03.“Eu vivo bem sem amar ninguémSer feliz é sofrer por alguémZombo de quem sofre assim:Quem me fez chorar, hoje chora por mim,Quem ri melhor é quem ri no fim.”

(Noel Rosa)

04. “- Alô, está me ouvindo?- Ahn?- Tá me ouvindo?

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- Ligo depois”

05. “Não se pode mudar o curso do rio, pelo

menos, não sem tocá-lo; e o sonho era como o rio, ia e vinha sem se dividir, sem parar. E nele a vida.”

(Mônica Mazzonni)

06. “Protegei, ó São Cosme e Damião! –

protegei os meninos protegidos pelos asilos e orfanatos, e que aprendem a rezar e obedecer andar na fila e ser humildes...”

(Rubem Braga)

07.“A cidade é passada pelo rio como uma rua é passada por um cachorro uma fruta por uma espada.”

(João Cabral de Melo Neto)

08. “Façam a festa

cantem, dancem que eu faço o poema duro

o poema-murro sujo como a miséria brasileira.”

(Ferreira Gullar)09.

“A linguagem é fundamental, pois através dela que o homem se comunica, transmite experiências, ouve outras, troca informações e aprendem além de aprender os valores que o integrarão na comunidade social. Também é através da linguagem que ele poderá contribuir para a mudança dos valores da sociedade.

(Noel Rosa)

10.“Senhor fazei de mim um instrumento de vossa

paz;onde houver ódio, consenti que eu

semeie amor”(Prece de São Francisco)

11. “Vamos visitar a estrela de manhã raiada que eu pensei perdidapela madrugadamas que vai escondidaquerendo brincar”.

(João de Aquino e Paulo César Pinheiro)

12. “Agora, o cheiro áspero das floresleva-me o olhos por dentro de suas

pétalas.”(Cecília Meireles)

13.“- É a Lila? Olha, estou no banco para

pagar sua prestação, mas o caixa não quer receber em cheque, só em dinheiro. Está me ouvindo? O que faço? Estou sem dinheiro.”

14. “A população invade a avenida Paulista,

pula, canta, acompanha o trio elétrico; em casa sorriso e no ritmo da batucada, a vitória certa contra o adversário. Conseguiremos o tetra? Buzinas explodem, samba no coração, nos pés, bola na cabeça e no arrepio de emoção que custa a passar. Céu estrelado. O frio, a garoa e o cinzento dos prédios ficam aquecidos pela força e alegria da multidão.

15. “Sujo, pés descalços, aparentando dez

anos, calça curta, justa, no meio daquele frio, poucos dentes na boca, mas muitos dedos para segurar os jornais que vendia toda manhã na esquina mais movimentada. Preto, olhos grandes, raquítico e uma barriga avolumada.”

16.“No dia 12 de junho de 1948, a rede de

lojas ‘Exposição Clipper’ lançou a campanha do Dia dos Namorados, com o objetivo de levar os casais a trocarem presentes.”

17. “Escolha seu patrão no Classifolha

EMPREGOS. Todo Domingo na Folha de S. Paulo.”

18.“O pacotinho com os desenhos estava em

cima da mesa e as malas, fechadas. Quer dizer: uma velha malinha de papelão prensado sem fecho, que ele teve de amarrar com uma cordinha fina”

(Murilo Carvalho)

19. “Quando você me deixou, meu bem

Me disse pra ser feliz e passar bem

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Quis morrer de ciúme, quase enlouqueciMas depois, como era de costume, obedeci.”

(Chico Buarque de Holanda)

20. “Pega a palavra como armaPontiagudaDe furarEnche de sangue as sílabasMenos flexíveis”

(Jorge Miguel Marinho)

Indique as funções da linguagem predominantes em cada um dos textos seguintes:

21.Ossada misteriosa achada em Campos

Muitos curiosos já foram ver, em Campos, a ossada da cabeça de um animal de grande porte encontrado no fundo do mar, perto da cidade. Ninguém conseguiu identificar a ossada, sabendo-se apenas que era de um mamífero. Só os ossos da cabeça pesam 50 quilos.

O Globo, 13/03/80

22.Eu sei que vou te amar Por toda a minha vida eu vou te amarVinícius de Moraes. “Eu sei que vou te amar”.

23.Você que é tão avoadaPossui em meu coraçãoMoça, escuta esta toadaCantada em sua canção.

Milton Nascimento. “Canto Latino”

24.- O que quer dizer “cativar”?- “Cativar” significa “criar laços”. Antoine de Saint-Exupéry. O Pequeno

Príncipe.

25.- Olá, como vai?- Eu vou indo e você, tudo bem? Paulino da Viola. Sinal Fechado”

26.(...) e além do som e das dobrasdo que sobra ai olho nu –vem outro além, mas já sopra o verde alento do azul. Gilberto Mendonça Teles. “Viagem”

27.Alô, Dona Maria, como vai sua tia?Alô. Dona Aurora, como vai a senhora?

Chacrinha

28.- ‘Quadrado’ é uma gíria! Quer dizer que

você é desatualizada!...Uma ‘por fora, sabe?- Então tenho que ficar por dentro? Por dentro do quê, hein?

29.Agora não pergunto mais aonde vai a estradaAgora não espero mais aquela madrugada.

Milton Nascimento. “Fé Cega”

30.No dia 12 de junho, dê uma flor à sua

namorada.Ela vai “vibrar” de emoção.

31.Amanhã não haverá aula.

32.Refogue as folhas e misture com ovos

batidos com um pouco de farinha de trigo. Leve à frigideira. Depois é só servir!

33.Era uma casaMuito engraçadaNão tinha tetoNão tinha nadaNinguém podiaEntrar nela nãoPorque a casaNão tinha chão (...)

Vinícius de Moraes “A Casa”34. A descoberta de uma vacina contra a hepatite do tipo B pelo instituto Pasteur, da França, foi anunciada ontem pelo professor Jean Bernard.

Jornal da Tarde, 19/12/80

35.- Bem! - disse o rapaz.- Bem! – respondeu ela.

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- Bem, cá estamos! – disse ele.- Cá estamos, - confirmou ela – não

estamos?- Pois estamos mesmo! – disse ele.

Upa! Cá estamos.- Bem! – disse ele.- Bem! Confirmou ela – Bem!

Roman Jakobson. Lingüística e Comunicação

36.A soja é o cultivo que mais cresceu no Brasil

nos últimos quinze anos e representa, atualmente, o ramo mais importante do setor oleaginoso.

37.Conheça Portugal viajando pela TAP.Voe com quem sempre soube voar.

38.(...) Eu sei que um outro deve estar falandoAo seu ouvidoPalavras de amor como eu faleiMas eu duvidoDuvido que ele tenha tanto amorE até os erros do meu português ruimE nessa hora você vaiVai lembrar de mim.

Roberto e Erasmo Carlos. “Detalhes”

39. (UF-GO) Leia o texto que segue:

É massa, brother

Brother, dentro dessa nova edição do Vestibular 500 Testes tem tudo para que o próximo vestiba role na maior.

Só de português são 80 questões, sendo 50 testes e 30 escritas.

Fora as questões de física, química, biologia, história, geografia, matemática e inglês.

Ah, tem uma lista de livros e uma série de dicas que você precisa ficar por dentro antes de encarar os exames.

Vestibular 500 testes, especial do Guia do Estudante,

Desencana, brother.Vestibular agora é manha.

(Veja, São Paulo, ed. de 23.10.1991, pág. 13)

O texto que você acabou de ler é de um anúncio publicitário. Observe que a linguagem se organiza em torno de um determinado objetivo, ou seja, o seu uso é deliberado e revela intenções. O leitor é tratado com intimidade; o coloquialismo tenta envolvê-lo.

Tendo em vista as considerações anteriores, identifique e explique a principal função que preside a linguagem do anúncio.

* * *

FIGURAS DE LINGUAGEM

A linguagem poética explora o sentido conotativo das palavras, recriando, alterando e enfatizando o significado institucionalizado dessas mesmas palavras. Incidindo sobre a área da conotação, as figuras dividem-se em:

Figuras de Construção (ou de sintaxe) - têm esse nome porque mexem com a estrutura gramatical da frase;

Figuras de Palavras (ou tropos) – constituem-se de figuras que adquirem novo significado num contexto específico;

Figuras de Pensamento que realçam o significado das palavras ou expressões.

Figuras de Linguagem (ou Sintaxe)

1- PleonasmoRepetição de um termo ou idéia. O efeito é o reforço da expressão. Ex.: Vi-o com meus próprios olhos.Rolou pela escada abaixo.Resta-me a mim somente uma esperança.

2- AliteraçãoConsiste na repetição de um som consonatal para sugerir um objeto ou a idéia desse objeto (já falamos desta figura no capítulo sobre Poesia). Ex.:“Acho que a chuva ajuda a gente a se ver.”

(Caetano Veloso)

A repetição dos fonemas fricativos remete à idéia de água escorrendo, correndo.

3- OnomatopéiaConsiste na imitação de um som. Ex.:O tique-taque do relógio enervava.Veio o vento e zupt! Levantou-lhe a saia.

4- HipérbatoConsiste na inversão da ordem natural das palavras ou das orações do período. Ex.:

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“Ó Netuno, lhe disse, não te espantesDe Baco nos teus reinos receberes,Porque também c’os grandes e possantesMostra a fortuna injusta deus poderes.”

(Camões)

O Hipérbato foi muito usado no Classicismo (século XV) porque a imitação dos modelos greco-romanos exigia que também a sintaxe portuguesa se aproximasse da sintaxe latina caracterizada pela inversão dos termos da oração.

“Ouviram do Ipiranga às margens plácidas

de um povo heróico o brado retumbante.” (Osório Duque

Estrada)

Constitui um exemplo de hipérbato para que a frase se ajustasse ao ritmo da música. Em ordem direta, teremos: “As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico”.

5- SilepseÉ a chamada concordância ideológica. Ocorre quando a concordância deixa de ocorrer com o elemento gramatical claro, expresso na frase, para fazê-lo em função da idéia a eles associada em nossa mente. A silepse pode ser:

a) de gênero : Santos é muito poluída (poluída concorda implicitamente com a palavra cidade)Vossa Majestade mostrou-se generoso. (generoso concorda com a palavra soberano, não explícita na frase).

b) de número :O povo lhe pediram que cedesse. (pediram não concorda com a palavra povo mas com a idéia de coletivo, de plural presente em povo)

c) de pessoa :Todos os brasileiros somos assim. (somos indica que o narrador integra o sujeito).

EXERCÍCIOS

01) Identifique as figuras de construção:a) Coisa irritante é gente velha: como se

queixam.b) Os clássicos, todos devemos lê-los.c) A maior parte dos meus amigos são médicos.d) Amores passados, é melhor não recordar.e) “Levo uma pena leve

de não ter sido bom.”(Thiago de Mello)f) A vítima não ficou com da perna.g) Aqueles olhos verdes parecia que o coração

pegava fogo.h) “Por que está escrevendo à mão? Por que

não usa a máquina?- Porque o tic-tic, toc-toc ou puc-puc da máquina me picota a cuca.”(Mário Quintana)

i) Alguns estudam, outros não.j) O menino resmunga, e chora, e esperneia, e

grita, e bate a cabeça na parede.k) “Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere,

tudo acaba." (Padre Vieira)l) Ela não descansa e repete, repete, repete a

mesma frase.

02. Levando em consideração as figuras de construção, relacione as colunas:

1- Pleonasmo 5- Anacoluto2- Silepse 6- Polissíndeto3- Aliteração 7- Onomatopéia4- Hipérbato( ) Vamos ver quem é que sabe soltar fogos de São João?Foguetes; bombas, chuvinhas Chios, chuveiros, chiandoChiandoChovendoChuvas de fogo !Chá-Bum!” (Jorge de Lima)

( ) Gato em casa, eu não quero mais.( ) O que você pensa, isso não me interessa,( ) “E o olhar estaria ansioso esperando e a cabeça ao sabor da mágoa balançando e o coração fugindo e o coração voltando e os minutos fugindo e o coração voltando e os minutos fugindo e os minutos passando...”

(Vinícius de Moraes)

( ) Minha vida tudo não passa de alguns anos sem importância,( ) A gente somos inútil” (Roger Rocha Medeiros)( ) As árvores farfalharam ao vento.

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FIGURAS DE PALAVRASOu Tropos

As figuras de palavras baseiam-se no emprego simbólico, figurado de uma palavra por outra, quer por contiguidade (relação de proximidade), quer por similaridade (associação, comparação). Como já vimos, estes são os dois conceitos básicos que nos permitem reconhecer a metonímia e a metáfora.

1- MetáforaA metáfora fundamenta-se numa relação

subjetiva, ela consiste na transferência de um termo para um âmbito de significação que não é o seu e para isso parte de uma associação afetiva, subjetiva entre dois universos. É uma espécie de comparação abreviada, à qual faltam elementos conectores (como, assim como, que nem, tal qual, etc...) Ex.:

Murcharam-lhe (assim como murcham as flores)

os entusiasmos da mocidade.

Costuma-se distinguir a metáfora pura da metáfora impura (ou símile): é aquela em que os dois termos da comparação vêm expressos. Ex.:

A noite é um manto negro sobre o mundo. (noite e manto negro são os dois termos da comparação).

Metáfora pura: é aquele em que não está presente nenhum termo da comparação. Ex.:

O manto negro desceu sobre o mundo.Esquematizando:Essa mulher é perigosa qual uma cascavel =

comparação.Essa mulher é uma cascavel = metáfora

impuraConvivo com uma cascavel = metáfora pura

2- MetonímiaA metonímia consiste na substituição de um nome por outro porque entre eles existe alguma relação de proximidade. Essa relação de substituição surge quando se emprega:a) a parte pelo todo (ou vice-versa):

Estava novamente sem teto. (teto = casa)b) O gênero pela espécie (ou vice-versa):

Os mortais são covardes. (mortais = homens)

c) O singular pelo plural (ou vice-versa):O francês gosta de um bom vinho. (francês = franceses)

d) A matéria pelo objeto:

Colocou seus cristais à venda. (cristais = copos ou objetos de cristal)OBS.: Os casos acima exemplificados são denominados por alguns autores como sinédoque. Modernamente a metonímia engloba a sinédoque.

e) o autor pela obra:Devolva o Neruda que você me roubou e nunca leu ... (Chico Buarque). (Neruda = livro de poesias de Pablo Neruda)

f) a causa pelo efeito (ou vice-versa):Comerás o pão com o suor do teu rosto.”(suor = efeito da causa que é o trabalho, isto é, “Comerás a comida com o fruto do teu trabalho.” Temos aqui, também a parte pelo todo: o pão designa o alimento em geral.

g) O continente pelo conteúdo:Tomou duas latas de cerveja. (lata = a cerveja contida na lata).

h) O instrumento pela pessoa que o utiliza:Ele é um bom garfo. (garfo = glutão, guloso, o homem que come muito)

i) O lugar pelo produto.O presidenciável gosta de um bom havana. (Havana = charuto fabricado em Havana, capital de Cuba)

j) O concreto pelo abstrato (ou vice-versa)A juventude brasileira está desorientada. (juventude = as pessoas jovens)

k) O sinal pela coisa significada.O trono estava abalado. (trono = império, reino)

3- Antonomásia

Consiste na substituição de um nome por outro ou por uma expressão (perífrase) que facilmente o identifique.

Ex.: A Cidade Maravilhosa, depois das

chacinas e dos arrastões, já está sendo chamada de Cidade Perigosa. (Cidade Maravilhosa e Cidade Perigosa = Rio de Janeiro).

EXERCÍCIOS

01. Identifique as figuras de palavras (ou tropos):a) Gostaria de conhecer a Cidade-Luz.b) Serra Pelada é um formigueiro humano.c) Um grito agudo cortou o silêncio.d) “No jardim as flores flamejam”(Érico

Veríssimo)

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e) Joguei duas pratas no chapéu do pedinte.f) O Pai da Aviação suicidou-se.g) “Na guerra os meus dedos disparam mil

mortes” (Junqueira Freire)h) “O uniforme era lembrança viva do perigo

constante, da ceifadora implacável” (Orígenes Lessa)

i) “O luar amacia o mato sonolento”(Raul Bopp).

FIGURAS DE LINGUAGEM

1. Antítese:

É a figura que evidencia a oposição entre idéias. Foi uma das figuras mais utilizadas no Barroco para expressar a condição do homem dividido entre o céu e a terra, entre o pecado e a salvação.

Ex.: Buscas a ida, eu, a morte.Toda a vida se tece de mil mortes.“Falou que o mal é bom e o bem cruel”

(Caetano Veloso)

“Nasce o sol, e não dura mais que um dia,

Depois da luz, se segue a noite escura,

Em tristes sombras morre a formosura,

Em contínuas tristezas, a alegria.”(Gregório de Matos)

2. Hipérbole:

É uma afirmação exagerada para conseguir-se maior efeito estilístico.

Ex.: Chorou um rio de lágrimas.Toda vida se tece de mil mortesUm oceano de cabeças ondulava à sua

frente.

3. Eufemismo:

Consiste no abrandamento de expressões cruas ou desagradáveis.

Ex.: Foi acometido pelo mal de Hansen = (contraiu lepra).

O hábil político tomou emprestado dinheiro dos cofres públicos e esqueceu-se de devolver. (o hábil político roubou dinheiro público).

4. Ironia:

Consiste em sugerir, pela entonação e contexto, o contrário do que as palavras ou as frases exprimem, por intenção sarcástica. Ex.: Que belo negócio! (= que péssimo negócio!)O rapaz tem a sutileza de um elefante.

5. Prosopopéia (ou Personificação)

Consiste na atribuição de qualidades e sentimentos humanos a seres irracionais ou inanimados. Ex.:

“Meu cachorro me sorriu latindo”(Roberto Carlos)

As árvores são imbecis; despem-se justamente quando começa o inverno.6. Comparação

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É uma figura que consiste em estabelecer uma relação de qualidade entre dois termos da oração a fim de destacar a semelhança entre eles. Ex.: “A sombra das roças é macia e doce, é como uma carícia” (Jorge Amado).

“Tal qual um dois de paus, ela mantinha-se calada.” Essa figura é marcada lingüisticamente pelas

expressões que ligam os dois termos:Como, tal qual, assim como, tão...

quanto.

7. Sinestesia É um recurso estilístico em que o poeta faz inusitadas combinações entre sons, cores e perfumes para expressar imagens e sensações. Ou seja, é a percepção da realidade através dos sentidos.Ex.:

Há perfumes frescos como carnes de crianças,

Doces como aboés, verdes como as pradarias,

- e outros, corrompidos, ricos, triunfantes.”

(Charles Baudelaire)

“Ó formas aluas, brandas, formas claras de luares, de neves, de neblinas!...

Ó formas vagas, fluídas, cristalinas...Ó formas vagas, fluídas, cristalinas...Incensos dos turíbulos dos aras...

* * *

FIGURAS DE LINGUAGEM - EXERCÍCIOS

01. (LAVRAS-MG)

Senhor, nada valhoSou a planta humilde dos quintais pequenos e das lavouras pobres.Meu grão, perdido por acaso,Nasce e cresce na terra descuidada.”“O Justo não consagrou o Pão da Vida, nem lugar me foi dado nos altares.”(Cora Coralina)

Nos versos transcritos acima, Cora Coralina, através de uma figura de linguagem, contrapõe dois cereais.

Responda:a) Qual a figura de linguagem?b) Quais os cereais contrapostos?c) O que eles simbolizam?

02. (OSWALDO CRUZ-SP) Observe a oração: “O tique-taque do relógio nos perturbava”.

Qual é a figura de linguagem da expressão destacada?03. (CESGRANRIO-RJ) Na frase: “O fio da idéia

cresceu, engrossou e partiu-se” ocorre o processo de gradação. Não há gradação em:

a) O carro arrancou, ganhou velocidade e capotou.

b) O avião decolou, começou a subir e apagou.c) O balão inflou, começou a subir e apagou.d) A inspiração surgiu, tomou conta de sua

mente e frustou-se.e) João pegou um livro, ouviu um disco e saiu.

04. (OSWALDO CRUZ-SP) “Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.” Temos aqui a seguinte figura de linguagem, típica do Barroco:

a) antíteseb) pleonasmoc) elípsed) hipérbole

05. (UM-SP) Qual dos períodos abaixo apresenta um desvio das normas propostas pela Gramática, conhecido no domínio da linguagem figurada como catacrese?a) Os olhos piscavam mil vezes por minuto

diante do horrível espetáculo.b) Eu parece-me que vivo em função de um

áspero orgulho.c) Com o espinho enterrado no pé,

levantou-se rápida à procura do pai.d) Suas faces avermelhadas traduziam-se

em chamas encolerizadas por causa dos males imaginados.

e) A perversidade secreta daquelas montanhas selvagens assustava as calmas águas do riacho.

06. (UM-SP) Texto para a questão de nº 06:Vozes veladas, veludosas vozes,Volúpias dos violões, vozes veladas,Vagam nos velhos vórtices velozesDos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”

(Cruz e Sousa)

No texto de Cruz e Sousa temos exemplo de:a) paralelismob) versos brancosc) eufemismod) aliteraçãoe) hipérbole

07. (SÃO MARCOS-SP) Na frase “Ao pobre não lhe devo nada”, encontramos um caso de:

a) anacolutob) pleonasmo

c) elipse

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d) zeugmae) solecismo

08. (PUC-SP) Nos trechos:“... nem um dos autores nacionais ou nacionalizados de oitenta pra lá faltava nas estantes do major.”“... o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja”

encontramos, respectivamente, as seguintes figuras de linguagem:

a) prosopopéia e hipérboleb) hipérbole e metonímiac) perífrase e hipérboled) metonímia e eufemismoe) metonímia e prosopopéia

09. (FMU-SP) Nos dois primeiros versos:“O vento voaa noite toda se atordoa”aparece a mesma figura:a) metáforab) metonímiac) hipérboled) personificaçãoe) antítese

10. (FMU-SP) Observe a letra destacada nos dois primeiros versos.“O vento voaA noite toda se atordoa.”Na consoante que se repete, você vê:a) aliteraçãob) assonânciac) ecod) rimae) onomatopéia

11. (UM-SP) Aponte a alternativa em que não haja uma comparação.

a) “Rio como um regato que soa fresco numa pedra.”

b) “É mais estranho do que todas as estranhezas que as cousas sejam realmente o que parecem ser.”

c) “Qual um filósofo; o poeta vive a procurar o mistério oculto das cousas.”

d) “Os pensamentos das árvores a respeito do mistério das cousas são tão estranhos quanto os dos rios.”

e) “Os meus sentidos estavam tão aguçados, que aprenderam sozinhos o mistério das cousas.”

12- (PUC-SP) Nos trechos:“O pavão é um arco-íris de plumas.”

e

“... de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira...“

enquanto procedimento estilístico, temos, respectivamente:a) metáfora e polissíndetob) comparação e repetiçãoc) metonímia e aliteraçãod) hipérbole e anacolutoe) anáfora e metáfora13. Construa frases com parônimos das palavras destacadas:a) O trato entre o peão e o fazendeiro não foi

cumpridob) Era necessário sortir a despensa a fim de

que os convidados fossem bem servidos.c) O castigo infligido ao pequeno garoto,

segundo as irmãs, foi severo.d) A descrição das testemunhas permitiu à

polícia chegar até os bandidos.e) O incidente entre as duas mulheres

provocou uma longa fila no caixa do supermercado.

14. Preencha as lacunas com cessão, seção ou sessão.

a) A _______________ dos donativos à Santa Casa permitiu a compra de remédios para o ambulatório.

b) Quando chegamos do cinema, a __________ das oito já havia iniciado.

c) Na ____________ de biscoitos, as crianças ficavam agitadas.

15. (VUNESP-SP) – Vocábulos como bom e bem, mau e mal, em virtude da variedade de seu uso em nossa língua, não podem ser classificados senão após examinar o contexto de cada frase. Isto se verifica no poema em pauta. Com base nestas observações,

a) Aponte a classe e a função sintática de bem, no sétimo verso de Camões;

b) Aponte a classe a função sintática de mau, no oitavo verso de Camões.

ESPARSA – AO DESCONCERTO DO MUNDOOs bons vi sempre passarNo Mundo graves tormentosE para mais me espantar,Os maus vi sempre nadarEm mar de contentamentos.Cuidando alcançar assimO bem tão mal ordenado,

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Fui mau, mas fui castigado,Assim que só para mimAnda o Mundo concentrado.CAMÕES, Luís Vaz de. In: Redondilhas –

Obra Completa. Rio de Janeiro: Aguillar, 1963.

16. Complete com homônimos adequados:a) Para _________________ sua culpa, ele

subia todos os dias a escadaria do Mosteiro da Penha. (espiar/expiar)

b) As ____________ espalhadas pelo chão mostravam que as crianças continuavam com o trabalho iniciado antes do almoço. (tachas/taxas)

c) ______________ de tempos melhores, o homem luta para que a natureza não seja depredada. (Expectador/Espectador)

d) Quando foram ______________ as portas, todos respiraram aliviados. (serradas/cerradas)

e) Os noivos foram à loja de móveis ______________ o custo dos tapetes orientais. (apressar/apreçar)

17. Na Língua Portuguesa, a mesma palavra, por vezes, possui significados diferentes. A esse fato lingüístico dá-se o nome de polissemia. Veja: pena = pluma; peça de metal para escrever; punição; dó. Construa frases, usando as palavras dadas em, pelo menos, duas diferentes acepções:a) mangab) linhac) pontod) capa

ANOTAÇÕES

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LÍNGUA PORTUGUESA Prof.ª Luana Lopes

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