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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS GERENCIAIS UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS GERENCIAIS Caderno de Atualidades Curso de Administração São Paulo / 2013-02

Caderno de Atualidades - silviabertani.files.wordpress.com · Atualidades Curso de Administração São Paulo / 2013 -02 . 1 SUMÁRIO 1. O NOVO PADRÃO DE CONSUMO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS GERENCIAIS

UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS

GERENCIAIS

Caderno de

Atualidades Curso de Administração

São Paulo / 2013-02

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SUMÁRIO

1. O NOVO PADRÃO DE CONSUMO DA SOCIEDADE BRASILEIRA E AS DIFERENÇAS REGIONAIS (página 2)

Jefferson Mariano

2. JOVENS ENDIVIDADOS – FAMÍLIAS ENDIVIDADAS (página 08)

Alex Sandro Da Silva

3. COOPERAR PARA INOVAR E INOVAR PARA COOPERAR (página 11)

Priscila Rezende da Costa

4. RESPONSABILIDADE SOCIAL E EMPRESARIAL E A EDUCAÇÃO (página 18)

Magda Mônica Pereira da Costa

5. GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS: UM ESTUDO SOBRE AÇÕES INOVADORAS DE SUSTENTABILIDADE (página 26)

José Rafael Motta Neto

6. RESPONSABILIDADE SÓCIO-AMBIENTAL: SUSTENTABILIDADE NO MEIO AMBIENTE (página 31)

Delmário Ferreira Lima

7. CONSTRUINDO A TESSITURA DAS RELAÇÕES ENTRE DEMOCRACIA SOCIEDADE E ÉTICA (página 34)

Neuza Abbud

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (página 35)

EDIÇÃO E REVISÃO

Alzira Jorri de Tomei Jose Rafael Motta Neto

Luciano Sant Anna da Silva Neuza Abbud Prado Garcia Vanuzia Almeida Rodrigues

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1. O NOVO PADRÃO DE CONSUMO DA SOCIEDADE BRASILEIRA E AS DIFERENÇAS REGIONAIS

Jefferson Mariano 1.1 O crescimento econômico

O recente processo de crescimento da economia brasileira, especialmente a partir de 2004, provocou

mudanças importantes no que se refere ao padrão de consumo da população. Esse desempenho deveu-se à combinação de fatores como a reversão da política monetária até então vigente e ao processo de valorização das matérias primas, aspectos que beneficiaram o setor externo da economia brasileira.

Fonte: IBGE – Sistema de Contas Nacionais

O êxito em relação aos indicadores econômicos não se traduziu em melhoria no perfil da distribuição de renda e redução das desigualdades regionais no país. Números divulgados pelo Censo Demográfico 2010 sinalizam que ocorreu uma tímida reversão desse processo. Houve aumento da participação da população

que se encontrava na base da pirâmide de distribuição de rendimentos e uma redução daqueles que se encontravam no topo.

Tabela 1 - Classes acumuladas de percentual em ordem crescente de rendimento dos domicílios. Brasil – 2000/2010

Classes acumuladas de percentual em ordem crescente de rendimento

Ano

2000 2010

Até 10 % 1,07 1,14

Até 20 % 3,35 4,62

Até 30 % 5,71 8,86

Até 40 % 8,63 13,11

Até 50 % 12,69 17,73

Até 60 % 17,70 23,70

Até 70 % 24,42 31,31

Até 80 % 33,70 40,85

Até 90 % 48,71 55,59

Até 100 % 100,00 100,00

Fonte: IBGE – Censo Demográfico.

-1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

2,2

3,4

0

0,3

4,3

1,3

2,7

1,1

5,7

3,24

6,15,2

-0,3

7,5

2,7

Anos

Taxas de Crescimento do PIB - Brasil (%)

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De acordo com esses números, em 2000, os 50% mais pobres ficavam com 12,69% da renda nacional e em 2010 passaram a auferir 17,73%. No outro extremo, os 10% mais ricos ficavam com 51,29% da renda em 2000 e em 2010 se apropriaram de 44,41%. Esse fenômeno pode ser atribuído, dentre outros aspectos, ao dinamismo da economia e à política de valorização do salário mínimo.

O quadro de melhora no desempenho da atividade econômica trouxe mudanças importantes no que se refere ao padrão de consumo no país.

1.2 O padrão de consumo

A leitura da evolução do padrão de consumo no Brasil pode ser realizada por meio da Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE. Essa pesquisa, de periodicidade quinquenal, investiga os hábitos de consumo das famílias no Brasil, subsidiando o cálculo dos índices de preços ao consumidor.

A mudança do perfil do consumo das famílias brasileiras foi muito debatida, especialmente devido à nova ponderação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgada em janeiro de 2012. Essa mudança na ponderação revelou a queda na participação dos gastos com alimentação e expansão de outros grupos de consumo, como habitação e transportes.

Fonte: IBGE. Sistema Nacional de Preços ao Consumidor.

Sabe-se que, na medida em que ocorre aumento da renda das famílias, há menor comprometimento no

percentual dos gastos com alimentação, pois parte dos recursos acaba tendo como destino a aquisição de bens de consumo duráveis. Além disso, nas famílias de maior poder aquisitivo, parcela significativa dos rendimentos auferidos não tem como destino o consumo.

Existem diferenças entre as regiões do país, no que se refere à aquisição de gêneros alimentícios. O consumo de produtos industrializados é mais intenso nas regiões de maior poder aquisitivo. Por exemplo, na região Sul, o consumo per capita de laticínios chegava a 67 kg em 2009 e na Sudeste 50,5 kg. Já nas regiões Norte e Nordeste, os números eram 23 e 27 kg respectivamente, como pode ser observado na tabela 2.

22,7822,09

13,1614,25

4,25

5,416,63 6,21

19,69

21,97

10,7511,06

9,869,22

6,94

4,22

5,95 5,57

0

5

10

15

20

25

Ali

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nic

ão

Estrutura de Ponderação - IPCA (%)

2003

2009

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Tabela 2 - Aquisição alimentar domiciliar per capita anual por forma de aquisição e grupos e subgrupos de produtos. Brasil – 2009.

Aquisição alimentar domiciliar per capita anual (Quilogramas)

Brasil

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Cereais e leguminosas 39,0 42,1 43,6 35,7 32,3 50,2 Hortaliças 27,1 19,4 22,1 28,0 38,6 26,7 Frutas 28,9 20,5 26,8 29,7 36,5 26,0 Farinhas, féculas, massas 18,1 34,0 24,3 11,0 21,7 10,1 Carnes 25,4 31,4 22,0 23,1 35,7 24,9 Laticínios 43,7 23,0 27,0 50,5 67,0 42,2 Bebidas e infusões 50,7 40,4 41,1 55,8 2,5 43,4 Alimentos preparados 3,5 3,1 1,9 4,3 2,9 3,2

Fonte: IBGE. Pesquisa de Orçamentos Familiares, 2009. Um aspecto que evidência a sofisticação no padrão de consumo refere-se ao aumento dos gastos com

alimentos processados industrialmente. Na tabela abaixo, percebe-se a expansão no consumo de bebidas e infusões e também de alimentos preparados entre 2003 e 2009. Em alguns casos, como por exemplo, as bebidas na região Norte, houve aumento em torno de 65%.

Tabela 3 - Aquisição alimentar domiciliar per capita anual – 2003/2009.

Brasil e Regiões

Bebidas e infusões

Alimentos preparados e misturas industriais

2003 2009 2003 2009

Brasil 45,30 50,70 2,56 3,50 Norte 24,51 40,40 1,87 3,10 Nordeste 34,52 41,10 1,03 1,90 Sudeste 55,28 55,80 3,33 4,30 Sul 52,77 64,13 3,99 2,90 Centro-Oeste 34,78 43,40 1,73 3,20

Fonte: IBGE. Pesquisa de Orçamentos Familiares, 2003/2009.

Assim, é lícito afirmar que, no caso específico do consumo de alimentos, entre 2003 e 2009 há uma tendência de sofisticação do consumo em todas as regiões do país. Em relação aos demais grupos de despesa das famílias ocorreram algumas alterações importantes. Houve aumento na participação do gasto com transportes e com habitação em praticamente todas as regiões do país, no intervalo entre 2003 e 2009. Apenas na região Sul, no caso específico do grupo Habitação não se observa alteração significativa.

Tabela 4 - Participação das Despesas de consumo.

Brasil e Grande Região

Tipos de despesa X Ano

Alimentação Habitação Transporte

2002 2008 2002 2008 2002 2008

Brasil 20,7 19,8 35,5 35,9 18,4 19,6 Norte 27,2 25,8 33,4 33,6 15,7 16,5

Nordeste 26,8 24,2 32,3 32,8 16,1 18,2 Sudeste 18,9 18,3 36,7 37,2 18,4 19,5

Sul 19,9 18,5 35,5 35,1 20,6 21,9 Centro-Oeste 18,1 17,7 35,9 37,9 20,7 21,2

Fonte: IBGE. Pesquisa de Orçamentos Familiares, 2009.

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Na região Nordeste, há inclusive aumento em termos monetários dos gastos com habitação (além do aumento na participação total), decorrente da expansão dos mecanismos de crédito. Ainda em relação ao grupo Habitação, é interessante observar na região Sudeste e Centro-Oeste, a maior ocorrência de imóveis ocupados na modalidade alugados. Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro são, inclusive, localidades nas quais o índice é muito superior à média nacional, devido ao dinamismo da economia e à elevada mobilidade da força de trabalho. Além disso, são regiões que apresentam preços mais elevados dos imóveis.

No que se refere aos gastos com os transportes, o aumento na participação foi intensificado pelo consumo de veículos novos.

As despesas com veículos também evidenciam as diferenças no que se refere ao potencial de consumo por região. As regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste apresentam elevadas participações, em contraste com Norte e Nordeste. Nesse caso, o consumo do item depende não só do nível de renda, mas da capacidade de crédito, por sua vez, associada à estrutura produtiva e de oferta de emprego.

Nas despesas com eletrodomésticos e eletroeletrônicos, também ocorreu um incremento expressivo no período. Há que se destacar que parte do consumo desses itens está diretamente associada às condições de infraestrutura existentes.

Impressiona, no intervalo em questão, o comportamento do consumo de celulares e acessórios. Em 2003, no Nordeste e Norte do país, houve expressiva expansão no consumo desse item. Em contrapartida, houve significativa retração no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. O boom do consumo de telefonia celular, nas regiões Nordeste e Norte de 2009, aconteceu em momentos anteriores, nas demais regiões do país. 1.3 A posse de bens

Além do gasto das famílias, a posse de bens é outra variável que possibilita compreender o comportamento do consumo no Brasil, ao longo dos últimos anos. Em 2000, de acordo com o Censo Demográfico, menos de 10% dos domicílios da Região Nordeste possuíam máquinas de lavar e menos de 5% forno de micro-ondas. No Sudeste, esse número chegava a 44% e 15% respectivamente. No caso do automóvel, menos de 15% dos domicílios possuíam esse bem, na região Nordeste.

Em 2010, houve aumento expressivo do consumo na região Nordeste e, no caso das máquinas de lavar, passam a um aumento de 10 a 19% dos domicílios. Apesar do expressivo aumento, ainda é muito baixa a presença desse bem de consumo nos domicílios, quando comparado com as regiões Sul e Sudeste, onde os valores chegaram a mais de 60% em 2010. No caso dos domicílios com automóvel, todas as regiões apresentaram crescimento. No entanto, na Região Nordeste, o crescimento ainda foi relativamente pequeno. Norte e nordeste apresentaram em 2010 cerca de 20% dos domicílios com automóvel.

Posse de Automóveis por domicílios – 2010 (em percentual – fonte: IBGE).

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No Censo de 2010, foi inserida uma questão a respeito da presença do bem de consumo motocicleta, nos domicílios. Observou-se que, nas regiões Norte e Nordeste do país, há maior presença dessa modalidade de veículo em comparação com os automóveis. Muitos municípios localizados nessas regiões e também no Centro-Oeste do país apresentam grande dependência dessa modalidade de meio de transporte. O mapa abaixo destaca a distribuição geográfica da posse desse bem. Observa-se que Rondônia, Roraima, Mato Grosso e Piauí apresentam taxas elevadas, no que se refere à presença desse meio de transporte nos domicílios.

Posse de Automóveis por domicílios – 2010 em % (fonte: IBGE)

A posse de computador também reflete esse comportamento. Nota-se o desequilíbrio entre as regiões, no que se refere à aquisição desse bem. É verdade que a ocorrência de domicílios com computador e especialmente com acesso à internet, ainda é baixa quando se realizam comparações internacionais e entre as Unidades da Federação. No entanto, é incontestável que, em um período muito curto, ocorreu um significativo avanço na posse desse bem por parte dos domicílios brasileiros. Por fim, vale destacar que a ênfase da analise está direcionada para o consumo domiciliar.

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De acordo com o Censo Demográfico, em 2010 o Brasil possuía 57,3 milhões de domicílios. Desses, 25

milhões estavam no Sudeste e 14,9 na região Nordeste, as duas maiores concentrações do país. No Nordeste, cerca de sete milhões de domicílios ou quase 50% auferiam renda domiciliar per capita de até meio salário mínimo e o contingente com renda, até dois salários mínimos, representava 5,8 milhões. Em contrapartida, no Sudeste, 13,9 milhões de domicílios possuíam renda domiciliar per capita na faixa de dois salários mínimos e 4,7 estavam na faixa de até dois salários mínimos.

As desigualdades na apropriação da renda explicam o mapa do consumo no Brasil. Em síntese, é possível afirmar que há expansão do consumo e um tímido processo de sofisticação, especialmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Porém, esse processo se dá com mais intensidade no consumo popular ou de itens de menor valor adicionado.

11,4

4,93 4,46

15,6

13,1110,78

36,54

20,2321,29

46,07

41,96

38,57

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Existência de microcomputador com internet

2003 2011

25

14,9

4,77,01

13,9

5,8

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5

10

15

20

25

30

Sudeste Nordeste

Em

milh

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Domicílios por faixa de rendimento nominal domiciliar per capita - Em Salário mínimo

Total Até 1/2 Até 2

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1.4 Considerações Finais

Os resultados da Pesquisa de Orçamentos Familiares e do Censo Demográfico 2010 possibilitam observar um quadro significativo de mudança no padrão de consumo da população brasileira. Pode-se afirmar que, ao longo do período investigado, ocorreu um processo de “sofisticação” do padrão de consumo. Houve um aumento no consumo de itens industrializados em detrimento de gêneros in natura. Também ocorreu a incorporação na cesta de consumo dos trabalhadores, de modo cada vez mais intenso de itens considerados supérfluos, especialmente no grupo higiene pessoal e limpeza.

Aumentaram também, de modo expressivo, despesas com consumo de bens de consumo duráveis, que apresentaram expansão facilitada pela incorporação de inovações tecnológicas. Além disso, o barateamento de alguns itens, decorrentes da escala de produção, foi outro elemento a contribuir para o estabelecimento desse novo padrão. Alterações na política monetária levaram à expansão do crédito, incrementando as despesas em bens de consumo duráveis e no mercado imobiliário.

No entanto, cabe destacar que os números apresentados ainda evidenciam profundas desigualdades regionais, no que se refere ao padrão de consumo. Ainda existe um grande fosso que separa o padrão de consumo apresentado no eixo Sul/Sudeste em relação ao padrão apresentado nas regiões Norte, Nordeste e em menor medida no Centro Oeste. Desse modo, acredita-se na necessidade de se pensar estratégias de desenvolvimento para o país que não sejam meras reedições de experiências pretéritas. 2. JOVENS ENDIVIDADOS – FAMÍLIAS ENDIVIDADAS.

Alex Sandro Da Silva

Observamos, no início dos semestres, mais alunos na fila do stand do Banco do que em aula. Sim, os Bancos montam stands dentro das escolas oferecendo contas universitárias, o qual inclui limite de cheque especial, cartão de crédito, boné, squeeze, caneta e algo oculto e perigoso: DIVIDAS...muitas dívidas!

Em dezembro de 2012, o jornal Folha de São Paulo relatou a história de Larissa Moreira, 21 anos, estudante de Letras, que se aventurou por essa conta universitária, recebendo um cartão de crédito, o qual pretendia usar em eventualidade, mas:

"A máquina de lavar da república onde eu morava quebrou. Resolvi comprar uma nova e ir pagando as prestações", diz. Na época, Larissa tinha 18 anos. Sem renda própria, vivia com os R$ 900,00 que a mãe mandava de Lorena (190 km de São Paulo). Não conseguiu conciliar as contas do mês com as prestações e ficou com o "nome sujo".

Esse relato é muito comum, que faz questionar a responsabilidade social tanto exposta pelas instituições financeiras. Será que é certo dar crédito para quem não pode pagar?

Samy Dana, professor de economia da Fundação Getúlio Vargas, define essas transações de "empréstimos para NINJAS (No Income, No Job, No Assets)" sigla em inglês que significa: sem renda, sem trabalho e sem ativos. De acordo com o professor, a inadimplência entre jovens de até 25 anos é a maior entre todas as faixas etárias, aspecto horrível, já que essa é uma faixa etária para desenvolvimento acadêmico e profissional e não para ficar endividado.

Quando o jovem universitário se enrola nas dividas, ele gera profundos problemas acadêmicos, exemplo evidenciado nas disciplinas de formação profissional. Na disciplina de Mercado de Capitais, objetiva-se a avaliação de portfólio de ações e de carteira de ativos financeiros de curto e longo prazo e elaboração de relatórios que possam orientar as decisões de investimento. O aluno endividado não visualiza a oportunidade de ser um investidor. Jovens Endividados é resultado de futuras famílias endividadas.

A Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, divulgada em fevereiro de 2013 pela Confederação Nacional do Comércio - CNC, demonstra que 61,5% de famílias se declararam endividadas, resultado superior ao verificado em Janeiro de 2013 (60,2%) e também superior ao de Fevereiro de 2012 (57,4%). Esses números apertam o gatilho para uma das variáveis de composição no custo do dinheiro (juros), fazendo com que o crédito no mercado seja maior do que já são²:

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Linhas % ao mês % ao ano

Cartão de Crédito 9,37 192,94

Cheque Especial 7,72 144,09

Pessoal - Financeiras 6,88 122,21

Comércio 4 60,10

CDC - automóveis 1,52 19,84

Fonte: ANEFAC (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) divulgado em Março de 2013.

É impressionante observar que o tipo de dívida mais cara é o que as famílias mais utilizam; com esses juros é difícil pagar o cartão. Exemplo de uma compra de R$ 3.000 parcelada em 10 meses custará R$ 7.347, são R$ 4.347 só de juros.

Quem tem dívidas e quer se livrar delas precisa, primeiro, reconhecer que o problema existe, estabelecer o pagamento dos débitos como um objetivo e fazer um planejamento. Mapear todas as dívidas, elencar da maior para menor e definir um cronograma, priorizando aquela que tiver os juros mais altos.

As piadas somente são engraçadas quando somos espectadores em show de “Stand-Up”, porém quando você é o protagonista da piada perde logo a graça, portanto, precisamos questionar a nossa relação com o dinheiro e como esse dinheiro faz parte do nosso cotidiano.

O primeiro grande mito é pensar no dinheiro como algo incorreto, pecaminoso e inerente apenas aos que integram ao selvagem sistema capitalista. Bobeira...basta estudarmos a origem da moeda e concluímos que o dinheiro foi a grande invenção da sociedade para organizar as necessidades básicas do ser humano. Lembram-se do escambo (troca de mercadorias)?

Tratarmos da necessidade de planejamento financeiro a fim de não entulhar a nossa vida com mais um obstáculo é a luz no fim do túnel. Alguns colocam toda a culpa da falta de alegria no bendito dinheiro. Será verdade? Uma boa dica para construir uma opinião sobre esse tema é assistir ao filme “À Procura da Felicidade” (The Pursuit of Happyness -2006) com a dupla familiar Will Smith e Jaden Smith.

Vamos compreender a relação do dinheiro em nossa vida, anotando algumas dicas:

JUROS = é o custo do dinheiro. Portanto, quando financiamos iremos pagar esse custo, por isso, temos obrigação de pesquisar o menor custo, então:

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1) Poupe no mínimo 10% de tudo o que você ganha para eventualidades e para ter um dinheiro extra 2) Manter o dinheiro na poupança é melhor do que mantê-lo em casa, pois evita a tentação e ainda faz

o dinheiro render 3) Com R$ 30,00 já dá para investir em títulos do Tesouro Nacional esta é a dica clássica para jovens e

alguns adultos 4) Evite ter um cartão de crédito antes de começar a trabalhar e não aceite que o Banco lhe dê um

limite superior ao seu ganho mensal

A ideia do custo do dinheiro para quem investe também é a mesma. Você que planejou, guardou parte de suas remunerações quer um ganho sobre esse dinheiro, portanto, você vai emprestar para alguém e por isso deve pesquisar quem vai pagar mais. Vale lembrar que após a estabilização econômica brasileira (1994 – Plano Real) é ilusão sonhar com ganho de dois dígitos, porém a pesquisa é válida, levando em consideração investimentos tributados.

Exemplo valores acima de R$ 50 mil possuem rendimento tributado por Imposto de Renda na caderneta de poupança.

Vejam que quando compreendemos a nossa relação com o dinheiro, a mudança de hábitos de consumo e a visão com a educação financeira são questão de tempo, assim como mudar o seu status de endividado para investidor. Recordamos da Teoria da Escassez: na economia tudo está pautado na busca de produzir o máximo de bens e serviços com os recursos limitados disponíveis, não sendo possível a produção de uma quantidade infinita de cada bem capaz de satisfazer completamente os desejos humanos. Uma vez que os nossos desejos materiais são virtualmente ilimitados e insaciáveis e os recursos produtivos, escassos, não podemos ter tudo o que desejamos e, portanto, é imperativo que o homem faça escolhas.

Então, refletindo sobre as nossas escolhas financeiras, certamente algumas disciplinas como Contextos Financeiros, Mercado de Capitais e Empreendedorismo terão outro sentido.

Informações adicionais

As famílias brasileiras nunca estiveram tão endividadas quanto no fim do primeiro trimestre de 2013.

De acordo com o Banco Central (BC), o índice de endividamento subiu de 43,79% para 43,99% em março.

Isso significa que as famílias devem às instituições financeiras quase a metade do que ganham durante

o ano. O endividamento chegou ao maior nível desde quando a autoridade monetária começou a

registrar os dados, em 2005. Naquela época, as famílias tinham um endividamento de 18,39% da renda

bruta anual (O GLOBO, 2013).

Para o economista-chefe do Conselho Federal de Economia, Júlio Miragaya, o aumento do

endividamento das famílias é um reflexo da facilitação de acesso ao crédito bancário no país. De 2005

para cá, o volume dos empréstimos no país saltou de 28,1% para 54,1% do Produto Interno Bruto (PIB,

conjunto de bens e serviços produzidos no país). No entanto, segundo o especialista, essa alta não deve

continuar. Pelo menos, não no mesmo ritmo (O GLOBO, 2013).

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/endividamento-das-familias-

bate-recorde-4399-da-renda-8516655#ixzz2epAtT7un

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3. COOPERAR PARA INOVAR E INOVAR PARA COOPERAR

Priscila Rezende da Costa

Inúmeros autores contemporâneos que se dedicam a escrever sobre a dinâmica da inovação tecnológica possuem posicionamento unânime sobre a contribuição do economista Joseph Schumpeter que, pela primeira vez, colocou a inovação como principal fonte de dinamismo do sistema capitalista. Schumpeter (1988) mostrou a relação entre inovação tecnológica e ciclos longos de crescimento econômico, advindos do aumento de investimentos que se seguem à introdução das inovações mais significativas. Para esse autor, o capitalismo desenvolvia-se em razão de estimular o surgimento de empreendedores, isto é, de capitalistas ou inventores criativos que eram responsáveis pelas ondas de prosperidade do sistema.

Na ótica de Schumpeter (1988), toda a inovação implica em uma "destruição criadora". O novo não nasce do velho, mas sim ao seu lado, superando-o. Dessa forma, as inovações caracterizam-se pela introdução de novas e mais eficientes combinações produtivas ou mudanças nas funções de produção, que constituem o impulso fundamental que aciona e mantém em movimento a máquina capitalista. Para o autor, existem cinco tipos básicos de inovações: desenvolvimento de um novo bem, ou de uma nova qualidade de um bem já existente; desenvolvimento de um novo método de produção, ou de uma nova logística comercial; desenvolvimento de um novo mercado; desenvolvimento de novas fontes de suprimento das matérias-primas ou produtos semi-industrializados; desenvolvimento de uma nova organização industrial, como a criação ou a fragmentação de uma posição de monopólio.

Sobre a conceituação e os tipos de inovação, o Manual de Oslo apresenta quatro tipos distintos de inovação (OECD, 2005), cujos conceitos centrais e exemplos práticos são apresentados, respectivamente, na figura 1 e na figura 2:

Figura 1. Conceitos de inovação (OECD, 2005).

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Figura 2. Os tipos de inovação e exemplos práticos (COSTA, 2008).

Cabe ressaltar que a inovação não está necessariamente associada às grandes descobertas ou à

introdução de novos produtos e serviços por meio de tecnologias sofisticadas ou inéditas, pois a maioria das inovações de sucesso tem sua base no efeito cumulativo de mudanças incrementais em produtos e processos ou na combinação criativa de técnicas, ideias ou métodos existentes. Apesar de, aparentemente, as inovações radicais terem um significado maior do que as incrementais, as evidências científicas indicam que estas últimas têm ao longo do tempo uma relevância econômica maior. Isto é, as melhorias incrementais introduzidas em uma inovação radical, após a sua primeira aparição no mercado, podem ter implicações acumuladas cujo resultado é economicamente superior àquele obtido pela inovação radical em sua forma original (REIS, 2004).

Diante desta discussões teóricas, nota-se que nas últimas décadas o conceito de inovação migrou do significado mais estreito de inovação de produtos e processos para um significado mais amplo de inovação organizacional e de mercado, sejam elas radicais e/ou incrementais. Além disso, a inovação passou a depender cada vez mais de processos interativos de natureza explicitamente social, sendo, portanto, caracterizada por necessárias interações entre diferentes departamentos de uma mesma companhia ou entre diferentes organizações e instituições (CASSIOLATO; LASTRES, 2005).

Quanto ao papel da inovação nas sociedades atuais, Etzkowitz e Leydesdorff (2000) apresentam dois pressupostos centrais. No primeiro, a ciência e a tecnologia são elementos fundamentais para o desenvolvimento de um país. No segundo, a transformação do conhecimento e das pesquisas científicas e tecnológicas em riqueza só acontece pela sua aplicação e transformação em bens e serviços. Nesse ponto, defronta-se com a cooperação do setor produtivo com a academia como alternativa de acesso a círculos nacionais e internacionais mais restritos, tanto em termos científicos como tecnológicos e produtivos.

A partir destas reflexões sobre inovação e as ligações dos setores de produção material e intelectual, surge então o termo “cooperação empresa-universidade” que se refere a toda relação baseada na transferência de conhecimento, na qual atores públicos e privados contribuem conjuntamente com os recursos financeiros, humanos e/ou de infraestrutura. Nessa perspectiva, as colaborações não se constituem apenas em mecanismos de pesquisa contratual para subvencionar a pesquisa e o desenvolvimento (P&D) industrial, mas traduzem-se em acordos formais ou informais, onde são traçados os objetivos gerais e específicos da pesquisa, não deixando de lado os aspectos relacionados à comercialização dos resultados (GUSMÃO, 2002). Como exemplos nacionais de cooperação empresa-universidade, destacam-se as empresas Embrapa, Embraer e Petrobras (Figura 3).

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Figura 3. Empresas Brasileiras com estruturas formais para a cooperação empresa-universidade (COSTA, 2008).

As universidades e as empresas usam uma variedade de arranjos a fim de viabilizar o fluxo dinâmico da

cooperação empresa-universidade. Esses arranjos variam de acordo com a intensidade das relações pessoais, dos tipos de conhecimento transferidos e do sentido do fluxo do conhecimento. Do ponto de vista da universidade, vale citar como exemplos brasileiros de arranjos para a inovação cooperativa: a existência de aproximadamente 450 pontos de apoio ao empreendedorismo inovador, incluindo Parques Tecnológicos e Incubadoras, além dos Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) e dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (aproximadamente 123) (Figura 4).

Figura 4. Representação geográfica dos habitats de inovação (COSTA, 2008).

Do ponto de vista da empresa, vale citar como exemplo de arranjo para a cooperação as Redes Temáticas, os Núcleos Regionais da Petrobras e os Grupos de pesquisa (GP), cujos detalhes serão apresentados a seguir (Figura 5).

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Figura 5. Redes Temáticas e os Núcleos Regionais da Petrobras (COSTA, 2008).

Além dos arranjos organizados para alavancar a cooperação e a inovação nas universidade e empresas,

vale frisar as ações governamentais, com destaque para a promulgação da Lei de Inovação (Lei 10.973/04) no contexto nacional que regulamentou em 2004 as atividades de inovação, além de 17 estados com leis estaduais de inovação já sancionadas. Destaca-se ainda a vigência de incentivos fiscais para inovação e também a existência de ações de fomento e financiamento à inovação, como (MCT, 2013):

(1) A Lei do Bem (n.º 11.196/05) consolidou os incentivos fiscais que as pessoas jurídicas podem usufruir de forma automática desde que realizem pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica.

(2) A Lei da Informática (nº 8.248/91 alterada pelas Leis nº 10.176/01 e 11.077/04) é uma lei que concede incentivos fiscais para empresas do setor de tecnologia (setores de hardware e automação) que realizem pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica.

(3) O Programa FAPESP de Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) para apoiar a execução de pesquisa científica e/ou tecnológica em pequenas empresas sediadas no Estado de São Paulo.

(4) O Programa FAPESP de Apoio à Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE) para financiar projetos de pesquisa em instituições acadêmicas ou institutos de pesquisa, desenvolvidos em cooperação com pesquisadores de centros de pesquisa de empresas.

(5) O Programa do CNPq de Formação de Recursos Humanos em Áreas Estratégicas (RHAE) para agregar pessoal altamente qualificado em atividades de P&D nas empresas, além de formar e capacitar recursos humanos que atuem em projetos de pesquisa aplicada ou de desenvolvimento tecnológico.

(6) O Fundo Tecnológico (BNDES Funtec) para apoiar financeiramente projetos que objetivam estimular o desenvolvimento tecnológico e a inovação de interesse estratégico para o país.

(7) O Programa FINEP de Subvenção Econômica para promover um significativo aumento das atividades de inovação e o incremento da competitividade das empresas e da economia do país e consiste na aplicação de recursos públicos não reembolsáveis (que não precisam ser devolvidos) diretamente em empresas, para compartilhar com elas os custos e riscos inerentes a tais atividades.

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(8) Capital Inovador BNDES para apoiar empresas no desenvolvimento de capacidade para empreender atividades inovativas em caráter sistemático.

(9) O programa FINEP Inova Brasil para apoiar os Planos de Investimentos Estratégicos em Inovação das Empresas Brasileiras, detalhados em metas e objetivos pretendidos durante o período de tempo do financiamento, em consonância com o Plano Brasil Maior - PBM do Governo Federal.

No que tange à abordagem gerencial adequada a estes diferentes arranjos cooperativos envolvendo empresa-universidade-governo, destaca-se o modelo de inovação aberta, cujos fundamentos centrais estão baseados na utilização de caminhos internos ou externos para avançar no desenvolvimento de novas tecnologias, ou seja, fluxos de entrada e saída de conhecimentos são usados de forma intencional pelas empresas, para acelerar a inovação interna e ampliar, respectivamente, os mercados e as inovações externas. Essa abordagem requer um diferente modo de pensar e suas formas de utilização podem ser inúmeras, podendo ser colaborativas ou de simples troca, tais como: relacionamento com outras empresas, relacionamento com universidades, relacionamento com clientes, relacionamento com fornecedores e também importando e exportando ideias (CHESBROUGH, 2003, 2004, 2008; CHESBROUGH; CROWTHER, 2006).

Os principais fundamentos da inovação aberta são: 1) é necessário trabalhar com pessoas inteligentes dentro e fora da empresa; 2) o P&D externo pode criar significativo valor e o P&D interno é necessário para captar e efetivamente incorporar à empresa este valor; 3) não é obrigatoriamente necessário desenvolver internamente pesquisa para lucrar com ela; 4) construir um bom modelo de negócio pode ser melhor que ser a primeira empresa a colocar uma inovação no mercado; 5) e o ganho advém do uso dos projetos de inovação e é recomendável compartilhar e comprar ideias para alavancar o modelo empresarial. Assim, o paradigma da

inovação aberta considera que as competências necessárias para gerar grandes inovações tecnológicas de forma sistemática estão dispersas em outras inúmeras instituições além da empresa, mas que por outro lado, a empresa deve ter a capacidade de devidamente absorver e explorar este conhecimento disponível no ambiente externo para, então criar valor a partir dele (VAN DER MEER, 2007; FERRO, 2010).

Incorporar estas novas proposições sobre a inovação e cooperação e, paralelamente, enfrentar a concorrência internacional e promover inovações tecnológicas tornam-se, portanto, tarefas desafiadoras para os países em desenvolvimento como o Brasil que ainda enfrenta os seguintes desafios científicos, legais e tecnológicos que serão pontuados a seguir (itens de 1 a 6). 1. Baixa taxa de inovação de novos produtos e processos na indústria e no setor de serviços ao considerar o mercado nacional, evidenciando que o esforço de inovação com foco no mercado precisa ser potencializado por parte das empresas, dado que são elas as principais responsáveis pelo esforço de inovação de um país (Gráfico 1). Gráfico 1. Taxa de inovação de produto e processo por atividades da indústria, dos serviços selecionados e

de P&D (2006 a 2008).

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2. As atividades internas e externas de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) assumem baixa relevância na Indústria e nos Serviços, além disso, nota-se que a fonte de inovação de maior relevância se dá pela aquisição de máquinas e equipamentos que em muitos casos são provenientes de importação, evidenciando, potencialmente, uma situação de dependência tecnológica estrangeira (Gráfico 2).

Gráfico 2. Importância das atividade inovativas realizadas, por atividades da indústria, dos serviços selecionados e de P&D (2006 a 2008).

3. Os dispêndios nacionais em pesquisa e desenvolvimento (P&D) ainda são modestos quando comparados aos países dos BRICS, sendo que o Brasil fica à frente apenas da África do Sul (Gráfico 3). Gráfico 3. Dispêndios nacionais em pesquisa e desenvolvimento (P&D) de países selecionados, 2000-2010.

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4. No Brasil, o governo ainda é o principal financiador da pesquisa e do desenvolvimento (P&D), já na China, Alemanha e Coréia é o setor empresarial o principal financiador (Gráfico 4). Gráfico 4. Distribuição percentual dos dispêndios nacionais em pesquisa e desenvolvimento (P&D), segundo

setor de financiamento, países selecionados, 2000-2010.

Fonte: IBGE (2010). 5. A fixação de pesquisadores em equivalência de tempo integral nas empresas ainda é modesta no Brasil, já na China, Rússia, Alemanha e Coréia são as empresas que mais empregam pesquisadores em tempo integral (Gráfico 5).

Gráfico 5. Distribuição percentual de pesquisadores em equivalência de tempo integral, por setores institucionais, de países selecionados, 2000-2010.

Fonte: IBGE (2010).

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6. A cultura de propriedade intelectual precisa ser ampliada no Brasil, visto que em 2011 o país acumulou aproximadamente 600 pedidos de patentes no USPTO (escritório de patentes dos USA), enquanto que a China acumulou, aproximadamente, 10.000 pedidos nesse mesmo ano (Gráfico 6).

Gráfico 6. Pedidos de patentes de invenção junto ao escritório norte-americano de patentes (USPTO),

segundo países de origem selecionados, 1998-2011.

Diante destas discussões, nota-se que uma nova onda de inovação está em curso, o que exigirá do sistema

nacional de inovação (empresas, universidades e governo) uma gestão focada em prioridades tecnológicas, portanto, além de um sistema regulatório e de fomento (papel do governo) e de habitats de inovação e empreendedorismo (papel da universidade), será necessário que a empresa, gênese da inovação, assuma de forma mais expressiva o seu papel na gestão e na criação de inovações para o mercado e, para tal, será necessário realizar, efetivamente: atividades internas de P&D e/ou estabelecer parcerias tecnológicas, empregar pesquisadores e/ou investir cooperativamente em pesquisas externa vinculadas a negócios nascentes e ampliar as práticas de propriedade intelectual. Assim, inovação e cooperação deverão se tornar as prioridades estratégicas para as instituições produtivas, científicas e governamentais que priorizam o desenvolvimento tecnológico, mas além de “cooperar para inovar”, será também necessário “inovar para cooperar”. O desafio está lançado! 4. RESPONSABILIDADE SOCIAL E EMPRESARIAL E A EDUCAÇÃO

Magda Mônica Pereira da Costa

Sabe-se que no Brasil, a educação ainda carece de muito mais do que até o momento as esferas públicas

têm realizado. A sociedade clama por escolas melhores; pais, professores e alunos reclamam da qualidade do ensino, conteúdo e principalmente da ausência de condições saudáveis de convivência que proporcionem um aprendizado construtivo e transformador.

O modelo atual assemelha-se em muito com a educação bancária expressa por Paulo Freire que critica tal configuração padrão:

Em lugar de comunicar-se, o educador faz ‘comunicados’ e depósitos que os educandos, meras incidências, recebem pacientemente, memorizam e repetem. Eis aí a concepção ‘bancária’ da educação, em

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Fonte(s): USPTO.

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que a única margem de ação que se oferece aos educando é a de receberem os depósitos, guardá-los, e arquivá-los. Margem para serem colecionadores ou fixadores das coisas que arquivam. No fundo, porém, os grandes arquivados são os homens, nesta (na melhor das hipóteses) equivocada concepção “bancária” da educação. Arquivados, porque, fora da busca, fora da práxis, os homens não podem ser. Educador e educandos se arquivam na medida em que, nesta destorcida visão da educação, não há criatividade, não há transformação não há saber. Só existe saber na invenção, na reinvenção, na busca inquieta, impaciente, permanente, que os homens fazem no mundo, com o mundo e com os outros. Busca esperançosa também. (FREIRE, 1987, p. 33)

Ainda, segundo o raciocínio de Freire (1987), pode-se afirmar que a educação exerce um papel fundamental no processo de libertação do indivíduo. A concepção bancária da educação é apresentada com instrumento alienante do indivíduo, classificando-o como um mero “repositório de conteúdos” responsável por armazenar, arquivar e repetir o que foi transmitido.

Tal constatação denominada por Freire (1987) de “educação bancária”, ainda está presente no país, representando um grande obstáculo a ser superado. No entanto, este desafio tem sido enfrentado por ações sociais, fruto de parcerias público-privadas que têm gerado resultados e benefícios à coletividade. Assim, este trabalho, analisou a parceria da General Motors e da Escola Municipal de Ensino Alcina Dantas Feijão, que vem quebrando o paradigma da educação que pressupõe a verticalidade na relação educador-educando que leva a reprodução do saber. A parceria da GM e da Escola oportuniza o estudo de práticas educativas, que podem ser potencialmente centradas na Pedagogia Freireana que tem a educação como prática libertadora (ao invés de uma educação retrógrada e obtusa), utilizando os quatros pilares da educação definidas pela UNESCO: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser.

Nas décadas de 1970 e 1980, vários estudiosos, entre eles Paulo Freire (1970), já faziam a crítica aos modelos tradicionais de currículo que, em nome de uma pseudoneutralidade, atuavam no sentido de reproduzir a sociedade capitalista. Para estes autores, a escola transmite a ideologia dos grupos ou classes dominantes através de seu currículo, que privilegia os conhecimentos e a cultura das classes dominantes em detrimento dos conhecimentos e da cultura das classes dominadas. Um currículo que não se pergunta sobre o papel da escola na transformação da sociedade, mas que ao contrário, preocupa-se em como fazer a sociedade funcionar, em como preparar para o mercado de trabalho. Os dados onde os respondentes reconhecem o predomínio da dimensão técnica em detrimento de outras dimensões fazem pensar que o sistema capitalista tem conseguido se impor nas escolas através dos currículos (ALVES, 2007, p. 7).

Na educação com prática libertadora, a realidade é inserida no contexto educativo, valorizando assim o diálogo, a reflexão e a criatividade do educando. (Freire, 1987) Portanto, quando toda a sociedade trabalha de forma conjunta para melhorar a educação, todos são beneficiados. As escolas ganham com o aumento de disposição entre os professores, devido ao fato de os pais darem mais credibilidade e consideração aos mestres e a imagem da escola junto à comunidade é modificada para melhor. Os empresários se beneficiam com o desenvolvimento da comunidade e passam a contar com uma força de trabalho mais qualificada e os alunos se beneficiam por meio de um melhor aprendizado.

Neste contexto, percebe-se a valorização do conhecimento como fonte de orientação do progresso da sociedade, consequentemente, é necessária a administração racional deste conhecimento, sua geração, difusão e aplicação, promovendo a educação no centro das preocupações das políticas públicas e dos projetos privados, garantindo a democracia e maior inclusão social e competitividade global. A este respeito: [...] el conocimiento es visto como el mecanismo fundamental por médio del cual a empresa, la nación o la región adquieren su capacidad de generar, procesar y aplicar eficientemente la información que se transforma em conocimiento (knowledge). Así, se desplaza la idea de que una economia sólo puede generar riqueza mediante el capital físico, ya que ahora la base de cualquier economía es el capital intangible y el capital humano en suversión contemporânea del término (Garcia, 2003, p. 126).

Portanto, observa-se que a escola é reconhecida com uma peça importante na engrenagem social, e desta forma, mudando a escola estar-se-á alterando também a sociedade. A observação acima compartilha com o texto de Paulo Freire: Terceira carta do assassinato de Galdino Jesus dos Santos – índio pataxó: “se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda” (Freire, 2000, p. 31).

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4.1 Conceitos Básicos de Responsabilidade Global

Não se pode tratar de Responsabilidade Social Empresarial, sem antes salientar a Responsabilidade Global, ou melhor, sobre a importância do Pacto Global da ONU.

O Pacto Global é um programa que foi desenvolvido pelo secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, lançado em 1999. O Pacto tem procurado mobilizar a comunidade empresarial internacional na promoção de valores fundamentais nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho e meio ambiente. As empresas devem contribuir para a criação de uma estrutura sócia ambiental consistente que facilite a existência de mercados livres e aberta, além de assegurar oportunidade a todos para desfrutar dos benefícios da economia global. Constitui-se numa plataforma baseada em valores para disseminar boas práticas empresariais dentro de princípios universais, com transparência e diálogo.

O referido programa propõe atuação das empresas em nível mundial em torno de dez princípios básicos, inspirados em declarações e princípios internacionais e que, por serem aceitos pela maioria dos governos, são considerados “universais”.

De acordo com o site http://www.unglobalcompact.org, a definição de Pacto Global é: Um marco para empresas comprometidas em alinhar suas operações e estratégias com dez princípios universalmente aceitos nas áreas de direitos humanos, direitos do trabalho, meio ambiente e anticorrupção. Na condição de maior iniciativa mundial em cidadania empresarial – com milhares de participantes em mais de 100 países ao redor do mundo – o Pacto Global se preocupa, primeiramente, em apresentar e construir a legitimidade social de empresas e mercados. Uma empresa que assina o Pacto Global compartilha a convicção de que práticas empresariais enraizadas em princípios universais contribuem para um mercado global mais estável, igualitário, inclusivo e ajuda na construção de sociedades prósperas (UNGLOBALCOMPACT, 2010 ).

• Respeitar e proteger os direitos humanos; 2) Impedir violações de direitos humanos; 3) Apoiar a liberdade de associação no trabalho; 4) Abolir o trabalho forçado; 5) Abolir o trabalho infantil; 6) Eliminar a discriminação no ambiente de trabalho; 7) Apoiar uma abordagem preventiva aos desafios ambientais; 8) Promover a responsabilidade ambiental; 9) Encorajar tecnologias que não agridem o meio ambiente; 10) Combater a corrupção em todas as suas formas inclusive extorsão e propina. Disponível em: http:// http://www.unglobalcompact.org/Languages/portuguese.html#OPactoGlobal, acesso em 12 de outubro de 2011.

Aderindo ao Pacto Global, os empresários demonstram aos empregados e à comunidade sua decisão de agir como cidadãos empresariais globais e responsáveis. A forma de assumir este compromisso é livre e varia de acordo com o perfil de cada empresa. Por ser instrumento promocional, não tem implicações legais. A empresa compromete-se a incorporar princípios. Os empregadores devem ter práticas que justifiquem sua adesão.

As agências das Nações Unidas comprometidas no Comitê de Discussão do Pacto Global são: OIT (Organização Internacional do Trabalho), UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), UNIFEM (Fundo das Nações Unidas para a Mulher) e PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente). O PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) está designado a prestar ajuda às agências para o exercício de atividades e projetos específicos nos países em desenvolvimento.

Fora as agências das Nações Unidas e das empresas com práticas de interesse público, o Pacto envolve outros atores sociais como governos e ONGs. Esses diversos integrantes colaboram com fomento e experiências, aprimorando a aprendizagem do Pacto Global.

Com mercados livres e interligados, a cidadania e a responsabilidade social empresarial tornam-se estratégias e práticas empresariais necessárias e desejadas pela sociedade. O ritmo constante do processo de globalização ampliou o debate internacional sobre questões sociais e ambientais. A abertura dos mercados promove crescimento por meio da expansão de oportunidades de negócios e da transparência de tecnologias e habilidades, devendo, paralelamente, proporcionar melhorias na saúde e segurança ocupacional, condições ambientais e qualidade de vida para toda a população mundial sem exclusões.

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O Pacto Global não é um código de conduta, instrumento regulatório ou de prescrição sujeito à monitoria ou auditoria. Ele não substitui ações governamentais efetivas, nem iniciativas voluntárias, apenas fornece estrutura complementar que motivam agentes a convergirem em torno de princípios de universalidade e legitimidade.

O programa visa motivar empresários e gestores de empresas a mudarem suas concepções e maneiras de fazer negócios. Pretende assegurar que, com um tratamento justo, os empregados sejam capazes de aperfeiçoar e potencializar seu desempenho. Além disso, o programa propõe estabelecer indicadores objetivando monitorar a redução dos efeitos ambientais negativos, melhorar padrões de qualidade, desempenho e visibilidade, essenciais para a competitividade empresarial moderna.

Portanto, as empresas, ao adotarem o Pacto Global, por meio de seus 10 princípios de forma voluntária, garantem práticas empresariais responsáveis e constróem paz e capital social, contribuindo para um desenvolvimento amplo e mercados sustentáveis. As diferenças entre o que vem a ser Pacto Global e o que não é estão logo abaixo elencadas no Quadro 1:

Quadro 1 - O Pacto Global é... O Pacto Global não é...

O Pacto Global é… O Pacto Global não é …

Uma iniciativa voluntária para promover desenvolvimento sustentável e boa cidadania

corporativa.

Uma obrigação legal.

Um conjunto de valores baseados em princípios universalmente aceitos.

Um mecanismo para monitorar o comportamento empresarial e obrigar ao

cumprimento de regras.

Uma rede de empresas e outros stakeholders. Um standard, sistema de gestão ou código de conduta.

Um fórum para aprendizado e troca de experiências.

Um organismo regulador ou um canal para relações públicas.

Fonte: http://www.unglobalcompact.org/Languages/portuguese.html#OPactoGlobal

Fica evidenciado que o Pacto Global, além de complementar as práticas de responsabilidade social empresarial e ser um compromisso mundial, é também iniciativa importante e base para a criação da ISO 26000 de RSE. 4.2 O que é Responsabilidade Social Empresarial

A Responsabilidade Social Empresarial (RSE) está atualmente no centro dos debates das principais economias do mundo e é praticamente inseparável do conceito de desenvolvimento sustentável.

O conceito da RSE está intrinsicamente relacionado à ética e à maneira de gerir os negócios e deve estar presente nas decisões diárias que podem causar interferências no meio ambiente, na sociedade e até mesmo no futuro dos próprios negócios, assim, somente poderá haver ética nos negócios quando as decisões de interesse de determinada empresa também respeitem os direitos, daqueles que podem ser afetados.

A responsabilidade social empresarial implica em: parceria efetiva com clientes e fornecedores, gerando produtos de qualidade e assegurando durabilidade, confiabilidade e preços competitivos. Supõe contribuições para o desenvolvimento da comunidade (via projetos que aumentem o seu bem estar), além de investimentos em pesquisa tecnológica para inovar processos e produtos, e para melhor satisfazer os clientes ou usuários. Exige a conservação do meio ambiente através de intervenções não predatórias (consciência da vulnerabilidade do planeta) e através de medidas que evitem externalidades negativas. Requer desenvolvimento profissional dos trabalhadores e participação deles em decisões técnicas, inversões em segurança do trabalho, em melhores condições de trabalho e em benefícios sociais. Prescreve a não discriminação e o tratamento equânime para as muitas categorias sociais que habitam as organizações (SROUR, 1998, p.48).

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Pode-se então concluir que a Responsabilidade Social Empresarial para a maioria dos autores (CARROL, 1991; SROUR, 1998; MELO NETO E FROES, 2001; KLIKSBERG, 2006;), pode ser definida como um conjunto de iniciativas:

a) Que preconizam o desenvolvimento de negócios sustentáveis, tanto do ponto de vista econômico, quanto do ponto de vista social e ambiental

b) De caráter voluntário c) Voltadas aos seus diferentes públicos ou “partes interessadas” d) Focalizadas na dimensão ética de suas relações com esses públicos, bem como na qualidade dos

impactos da empresa sobre a sociedade e o meio ambiente Para uns, é tomada como uma responsabilidade legal ou obrigação social. Para outros, é o

comportamento socialmente responsável em que se observa a ética, e para outros ainda, não passa de contribuições de caridade que a empresa deve fazer. Há também os que admitem que a responsabilidade social é, exclusivamente, a responsabilidade de pagar bem aos empregados e dar-lhes bom tratamento. Logicamente, responsabilidade social das empresas é tudo isto, muito embora não seja somente estes itens isoladamente (OLIVEIRA, 1984, p. 4).

Conforme Melo Neto e Froes (2001), as empresas socialmente responsáveis tendem a se destacar das demais em função do seu padrão de comportamento ético-social, demonstrando comprometimento com a comunidade local e com seus funcionários por meio de ações sociais cujo principal objetivo não é o marketing, mas o desenvolvimento local.

Assim, equipara-se uma empresa que pretende oferecer para os seus concorrentes e consumidores, um produto ou serviço de alta qualidade, até então não oferecido pelo mercado, sem se preocupar com as questões éticas ao desenvolver nesta atividade de produção a contaminação das águas de um córrego ou rio, provocando grandes alterações no meio ambiente.

Portanto, a transparência se faz presente no conceito que muito tem a ver com ética. A falta dela pode fazer com que a empresa omita informações relevantes sobre os produtos ou serviços que poderão comprometer a responsabilidade da empresa. Desta forma, a maneira como as empresas realizam seus negócios priorizando suas tomadas de decisões embasadas nos relacionamentos com todos os públicos com os quais estão envolvidos, pode configurar como Responsabilidade Social Empresarial.

No entanto, o movimento pela Responsabilidade Social Empresarial não pode ser banalizado e servir, por exemplo, para lustrar o nome e a imagem de empresas que não têm uma gestão socialmente responsável. Por isso as empresas devem dar peso equivalente tanto aos seus indicadores financeiros e econômicos, quanto aos de responsabilidade social. Elas não devem se preocupar somente com o seu próprio bem-estar, mas também com o da sociedade, pois, com a sociedade deteriorada, poucas empresas sobrevivem. 4.4 O Terceiro Setor

Texto adaptado pelo autor Eduardo Sergio U. Pace Metodologias de avaliação de desempenho com a criação de valor como contribuição ao planejamento das organizações sem fins lucrativos, tese de doutorado, FEAUSP, 2009.

O terceiro setor pode ser identificado como decorrência do sistema de bem-estar (welfare system) composto pelo mercado, o Estado e o conjunto privado das famílias, tratando-se de uma área intermediária do espaço público das sociedades civis. Tradicionalmente, existe concordância entre os autores Evers (1994) e Salamon (1994) sobre os fatores simultâneos que levam a uma percepção da perda de parte do papel do Estado em suas sociedades e que atingiu o Estado do Bem-Estar, combinado com a crise do desenvolvimento dos países do Terceiro Mundo (decorrente da inadimplência na dívida externa), com a crise da consciência ambiental e a crise do socialismo, como modelo de planejamento e gestão.

Para Evers (1994:161), o “terceiro setor deve ser concebido como uma dimensão do espaço público das sociedades civis, sem uma clara fronteira, sendo visualizado como espaço de tensão com a interseção de diferentes discursos e debates”.

Cabe observar que a primeira referência ao terceiro setor ocorreu em 1972, com a publicação do artigo The untapped potential of the “third sector”, de Amitai Etzioni, na Business and Society Review. Nele o autor defende uma política social de governo que deveria incentivar a criação e o fomento de organizações privadas sem fins lucrativos. Cabe ao Johns Hopkins Comparative Nonprofit Sector Project a recuperação do termo “terceiro setor” e sua divulgação uniforme, internacionalmente. Outras denominações – como “setor

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da caridade”, “setor independente”, “setor voluntário”, “organizações não governamentais”, “economia social”, “filantropia” –, que explicam partes de um movimento setorial maior, tornam mais difíceis os estudos relativos aos desafios genéricos de gestão: como ser capaz de avaliar as mudanças que influenciam seu desempenho, como avaliar seu desempenho, como garantir sua sustentabilidade.

Vale destacar que a análise do setor voluntário, na maioria dos estudos, é tida como o real terceiro setor. Nos anos 1980, surgem autores com a expressão “sem fins lucrativos”, em vez de setor voluntário, setor independente ou terceiro setor (SALAMON e ABRAMSON, 1982; JAMES, 1989; WEISBROD, 1988) sem, contudo desaparecerem os termos voluntário (VAN TIL, 1990), independente (HODGKINSON e WEITZMAN, 1986) e terceiro setor (KRAMER, 1984; WEISBROD, 1988).

A definição de setor sem fins lucrativos consiste na rede de organizações caracterizadas por limites, legais ou éticos, e com a distribuição dos resultados das operações aos stakeholders (HANSMANN, 1987). Já o trabalho voluntário, que tão bem caracteriza o setor, é definido como a atividade não obrigatória, de participação sem coerção e sem remuneração direta ou equivalente ao valor do trabalho, em favor de pessoas fora da família. Quando as sociedades são capazes de identificar objetivos comuns, universais e indivisíveis, passíveis de serem alcançados com amplo e diversificado conjunto de linhas de ação coletivas, eles constituem o que Lohmann (1992) denomina de bens comuns. Dado que é praticamente impossível uma ação coletiva vingar sem recorrer a recursos econômicos, é necessário que se formem grupos ou associações que originem a economia comum e os bens comuns a ela associados. 4.5 O Terceiro Setor e as OSFL no Brasil

A introdução da expressão terceiro setor e o início das pesquisas no Brasil para o setor decorrem da difusão da pesquisa do Johns Hopkins Comparative Nonprofit Sector Project no país, com Leilah Landim e Rubem César Fernandes. Há, em diferentes trabalhos, a associação do termo terceiro setor aos termos “sem fins-lucrativos”. Para Alves (2002), trata-se de um termo guarda-chuva em que se incluem vários tipos de organizações e no qual, ao mesmo tempo, incluem-se também diferentes marcos teóricos.

As OSFL estão em transformação no Brasil desde os anos 1970, quando se constituíram em movimentos sociais relativos a direitos civis e combate à pobreza, operando com uma atitude altamente crítica em relação ao Estado e ao setor privado. O crescimento das OSFL data, especialmente, da crise estabelecida no Estado nos anos 1980. O Estado tido como sustentáculo do modelo de desenvolvimento defronta-se, segundo Bresser (1998), com uma crise definida em três dimensões: a crise fiscal, decorrente da perda de crédito e da poupança pública negativa, dados os níveis de inflação; a crise do modo de intervenção do Estado, que consiste no esgotamento do modelo de industrialização baseado na substituição de importações; e a crise do modelo burocrático de gestão pública, associada aos elevados custos e à baixa qualidade dos serviços prestados.

A consciência, segundo a qual o Estado não é o provedor único de bens e serviços destinados a um interesse coletivo, decreta o fim do paternalismo, cultura em que compete à sociedade a mera reivindicação ao setor público dos impasses sociais, sem que ela adote uma postura pró-ativa. Cardoso (2003) mostra que nas últimas décadas o papel do Estado transforma-se significativamente. Isso se dá à medida que fica evidente a impossibilidade de continuar existindo uma dicotomia entre os setores público e privado nas ações, visando suprir necessidades sociais. Ocorre, então, um importante e rápido crescimento da identificação dos vazios deixados por ambos os setores, com a paralela ocupação desses espaços pelas entidades da sociedade civil.

O Estado toma conhecimento de sua incapacidade de operar no nível micro, com a flexibilidade e agilidade necessárias para atender às demandas da sociedade. A essas dificuldades, devem ser somadas a escala e a abrangência dos projetos que, no nível comunitário, buscam uma eficácia não disponível na burocracia estatal. Dessa forma, a sociedade civil, juntamente com o setor privado, ocupa parte desse espaço.

O setor privado por meio das empresas inicia um processo de conhecimento de sua responsabilidade social, passando a fazer parte de suas atividades estratégicas. Assim, além do preço e da qualidade de produtos e serviços, as mudanças na qualidade das relações com os stakeholders e com o meio ambiente passam a ser reconhecidas como capazes de agregar valor, afirma Itacarambi (2003).

Entidades são formadas a partir de três pressões externas: movimentos populares, ações de agentes públicos e privados e políticas de governo. Os movimentos populares surgem das ações comunitárias, tendo em vista uma necessidade não atendida. O apoio externo é, também, crucial, a partir de parcerias, doações

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e intercâmbio com empresas e outras entidades. Seu principal agente externo é a igreja, cujos efeitos remontam aos primórdios da história. As políticas governamentais, por sua vez, agem no sentido de aliviar a tributação, criar secretarias especiais e reformas estruturais. O Estado brasileiro tem buscado criar o ambiente legal necessário para acolher e facilitar a formalização das relações entre os três setores.

Os gestores, o governo e a sociedade necessitam saber de forma clara e transparente o valor dos recursos recebidos, a forma de aplicação dos recursos e se as atividades desenvolvidas realmente geram benefícios para a sociedade. Essas informações ajudam a todos os interessados a procederem à análise sobre a gestão dessas organizações. O lucro não é o objetivo dessas instituições, porém é necessário que exista um superávit de caixa em suas atividades para sua manutenção e continuidade. Além de importantes para a sociedade, elas prestam relevantes serviços à comunidade nas diversas áreas onde atuam, principalmente no campo da assistência social. Por outro lado, há, agora, mais espaço para sua expansão, dada a tendência de descentralização na gestão das políticas sociais (desde a Constituição de 1988) pelo Estado, sendo o maior desafio encontrar formas de gestão adequadas às particularidades dessas organizações.

De acordo com o estudo “As fundações privadas e as associações sem fins lucrativos no Brasil 2002” (IBGE, 2004), o país tinha naquele ano 275.895 fundações privadas e associações sem fins lucrativos cadastradas oficialmente ou cerca de 5% do total de organizações públicas, privadas lucrativas e não lucrativas existentes.

Para Bettiol et al. (2005:71), a avaliação dos resultados das OSFL deve ser: (...) realizada com foco na sociedade, apurando-se tanto os custos e benefícios diretos quanto os custos e benefícios secundários (externalidades), sendo que o custo de oportunidade do superávit apurado nas atividades comerciais e/ou de prestação de serviços corresponderia à totalidade ou parte das despesas das atividades-fim. Contudo, a contabilidade ainda não se encontra em um estágio de evolução em que seja possível computar tanto os custos/despesas quanto as receitas das atividades-fim. O processo de determinação e mensuração do resultado em cada período não é uma tarefa fácil, pois é preciso reconhecer os benefícios diretos e indiretos gerados (receitas) e o momento, bem como estabelecer uma relação direta com os sacrifícios de recursos (custos) para obtê-los. Sendo assim, a abordagem de apuração de resultados é restrita e se reconhecem apenas as despesas/custos das atividades sociais. Tais elementos são lançados contra resultado no momento em que a entidade incorre nesse dispêndio, independente do momento em que o ativo será a unidade geradora de recursos. O resultado desta, por sua vez, é reconhecido em conformidade com os princípios fundamentais de contabilidade.

Para evitar a confusão que costuma ocorrer entre o conteúdo do termo efeito ou outcome com os termos resultado ou output e impacto ou impact, Paton (2003) e Austin (1996) explicam que resultados seriam todos os produtos e serviços propiciados como parte da atividade da OSFL, como treinamentos, cursos, seções de apoio ou publicações; efeitos seriam as mudanças provocadas pelos resultados do projeto; impactos seriam os efeitos do projeto verificados em um nível mais elevado, amplo e de mais longo prazo, após a consecução de diferentes efeitos.

A literatura sobre as Organizações Sem Fins Lucrativos (OSFL) pode arranjá-las, basicamente, em três grupos em relação aos problemas econômicos para cuja solução elas são capazes de contribuir: a falha do mercado, a falha do Estado e a falha das OSFL. A Falha do Mercado

Weisbrod (1975) procura identificar os possíveis papeis cabíveis às OSFL na economia e identifica na falha de mercado (market failure) uma explicação possível, como decorrência de ineficiências de produção ou de alocação de produtos e serviços. Existem três fontes possíveis para explicar essa falha: alguns produtos necessários têm uma oferta insuficiente, o acesso a produtos pode ser restrito, a quantidade ou a qualidade dos produtos não coincide com o prometido ao cliente.

A ocorrência de fontes de falha de mercado, a oferta insuficiente, o acesso restrito a produtos e a quantidade ou a qualidade dos produtos não coincidente com o prometido ao cliente provocam uma resposta do governo e do setor sem fins lucrativos. A Falha do Estado

O governo resolve o problema da oferta insuficiente produzindo bens coletivos ou contratando o setor privado para fazê-lo. O acesso restrito a bens por ele produzidos pode ser feito de forma seletiva ou

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subsidiada. Ele supera a falha de contrato e de assimetria de informação impondo transparência, aplicando legislação contra fraudes, limitando o acesso a mercados por meio de licenças e orientando o consumidor na identificação de maus procedimentos. Esses problemas podem ser, em parte, combatidos pelo governo, pela coerção, fazendo uso de impostos discriminantes, mas ele sofre limitações físicas em sua capacidade de fiscalização e restrições de normas e regulamentos que subordinam as agências governamentais, forçando a delegação de seu fornecimento. A proposta de entrega de valores sociais pelo governo implica que eles estejam amplamente aceitos pelos cidadãos; como há heterogeneidade na população, o consenso é difícil, podendo ocorrer escassez para atender a todos os interessados, afirmam Weiss (1986) e Steinberg (1993). Já as OSFL não são limitadas e podem entregar as atividades sociais esperadas até o ponto em que a demanda seja plenamente satisfeita. A Falha do Setor Sem Fins Lucrativos

Salamon (1987) inova ao identificar as razões das falhas das OSFL, não se restringindo apenas aos aspectos

relativos à sua eficiência econômica. A teoria por ele proposta é denominada de falência do voluntariado e aborda quatro características da filantropia: o problema da insuficiência filantrópica, que ocorre quando doadores se percebem usados no momento em que outros doadores e fundos de governos se retiram do processo de doar a uma organização; o particularismo filantrópico com foco em grupos étnicos, políticos ou religiosos levando a duplicações e a tratar os problemas na ótica de suas prioridades e não das necessidades sociais mais prementes; as filantropias paternalistas e aquelas amadoras que fazem uso de profissionais menos qualificados em sua gestão.

Informações adicionais

A Petrobras foi incluída, pelo oitavo ano seguido, no Índice de Sustentabilidade de Bolsa de Nova York,

nos Estados Unidos, que avalia as melhores práticas de gestão social, ambiental e econômica no mundo.

A empresa recebeu nota máxima nos critérios Transparência, pela sétima vez, e Liberações ao Meio

Ambiente. Também se destaca nos critérios Impacto Social nas Comunidades, Políticas e Sistemas de

Gestão Ambiental e Gerenciamento de Risco e Crise (Portal Brasil, 2013). Nesta edição, o índice tem 333

empresas de 59 setores da indústria de 25 países. Somente no setor de petróleo e gás são 27

companhias. A Petrobras foi incluída ainda no índice regional Dow Jones Sustainability Emerging

Markets, que reúne 81 empresas de 20 países em desenvolvimento (Portal Brasil, 2013). Para a

presidenta da companhia, Graça Foster, a inclusão no índice reforça o trabalho que a Petrobras faz na

área de sustentabilidade. "A transparência é um valor muito forte para a Petrobras. Quando vemos o

mais importante índice mundial de sustentabilidade reconhecer a empresa e avaliá-la com nota máxima

em transparência, temos a certeza de que estamos no caminho certo de crescimento com

sustentabilidade", analisou (Portal Brasil, 2013). Em 2012, os investimentos e gastos operacionais

totalizaram R$ 2,9 bilhões, um aumento de 7% em relação ao ano anterior. Nesse valor, está incluído

projeto de gestão ambiental e patrocínio a projetos externos. Entre os resultados dos projetos de gestão

ambiental, destaca-se a economia de 4 mil barris de óleo equivalente por dia (boed) ou 8,6 milhões de

gigajoules (GJ) de energia (Portal Brasil, 2013). Leia mais sobre esse assunto em

http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2013/09/13/pelo-8-ano-petrobras-e-incluida-no-indice-

de-sustentabilidade-da-bolsa-de-nova-york

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5. GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS: UM ESTUDO SOBRE AÇÕES INOVADORAS DE SUSTENTABILIDADE

José Rafael Motta Neto 5.1 Introdução e Objetivos

O estudo tem como finalidade a análise dos processos desenvolvidos em empresas de médio porte do segmento metalúrgico em relação ao descarte de seus resíduos, informando como a organização demonstra sua preocupação com a sustentabilidade ambiental, por meio de ações inovadoras

Em tempos de rápidas mudanças na sociedade e nos hábitos de vida, as empresas desempenham importante papel ao oferecer ao mercado produtos e serviços que atendam as necessidades dos consumidores em particular e da sociedade em geral.

Isso significa acompanhar as tendências que se apresentam no momento e além dos constantes avanços na tecnologia, preocuparem-se com o meio ambiente em que vivemos.

Uma tendência que vem se tornando imperativa no mundo contemporâneo é o do desenvolvimento sustentável, ou seja, conforme SILVEIRA (2011, pag.22) “o desenvolvimento que atende às necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades”.

Para que esse cenário de desenvolvimento sustentável seja factível, é necessário que os seus protagonistas que são as empresas e seus agentes transformadores, seus gestores, promovam ações que possam servir de modelos para serem seguidos por outros e dessa forma num futuro que esperamos possa estar próximo, possamos ter um planeta livre dos perigos ameaçadores do meio ambiente, que são os resíduos tóxicos, os gases efeito estufa, a poluição das águas, os ataques à biodiversidade e a poluição em todas as suas formas.

As ações que devem ser empreendidas deverão ser de caráter inovador, uma vez tratar-se de questões que dificilmente foram alvo de atenções por parte dos empreendedores, mas que experimentadas e aplicadas devidamente em seus domínios, poderão e deverão oferecer a proteção tão desejada ao meio ambiente por conta de suas operações.

Silveira (2011, pag. 31) evidencia “que a inovação é condição fundamental para que uma organização possa reajustar o seu nível de competitividade ante as demais forças competitivas presentes em seu ambiente, e assim mantenha o sucesso ao longo do tempo”. Sucesso que antes de ser mantido precisa ser alcançado e para tal as empresas devem arriscar, fator crítico fundamental para o sucesso, e um dos riscos pode ser a tentativa de realizar algo inédito, ou inovador, melhorando processos e produtos existentes.

Um dos elementos necessários ao empreendimento de ações inovadoras é a conscientização que deve estar presente não só no mercado consumidor com vistas ao consumo responsável como nas empresas que devem se ajustar aos tempos que estão chegando, e que determinam preocupações ambientais.

O propósito deste trabalho é apresentar as ações que estão sendo empreendidas em uma empresa de médio porte representativa de setor econômico da economia bastante significativo, que é o setor metalúrgico. O estudo focalizou-se nas ações dessa empresa que se adéquam ao pensamento exposto, e no caso, em particular, no gerenciamento de resíduos, e de que forma a empresa alvo está contribuindo para a sustentabilidade.

A seguir foram apresentados alguns conceitos importantes para a compreensão desse estudo e que servirão de parâmetros de comparação para com os resultados obtidos no estudo de caso. 5.2 Gestão Socioambiental

Como afirma TACHIZAWA (2011) o “movimento ambientalista cresce em escala mundial” e como tal será o diferencial competitivo nas estratégias empresariais para aquelas que desejarem sobreviver.

Para que esse diferencial seja implantado é necessário que as empresas adotem a Gestão Socioambiental, ou o que podemos resumir como adoção de práticas cujo resultado é a proteção da qualidade do meio ambiente. Portanto, na escolha das matérias primas, nos processos produtivos, nos produtos acabados e no descarte dos dejetos de produtos pós-uso, deve estar presente a consciência da preservação do meio ambiente para que se façam cumprir todos os objetivos pretendidos pela humanidade de redução e até eliminação dos agentes poluidores.

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TACHIZAWA (2011) afirma que a “gestão ambiental envolve a passagem do pensamento mecanicista para o pensamento sistêmico, na qual um aspecto essencial dessa mudança é que a percepção do mundo como máquina cede lugar à percepção do mundo como sistema vivo”. Portanto deve-se tratar o empreendimento como um sistema operacional onde não está presente apenas o lucro, mas também a ética ecológica pensando-se nas gerações futuras.

Para tal é preciso adotar medidas que sejam contributivas a esse pensamento como o investimento em Gestores Ambientais, novo profissional sendo oferecido ao mercado, e setores estruturados para que se possa planejar, organizar, implantar e controlar medidas de proteção ao meio ambiente, a partir dos fornecedores ou Supply Chain, passando pelos processos industriais ou operacionais, pela entrega dos produtos acabados ao consumo e o pós uso desses produtos, compreendendo a destinação dos dejetos decorrentes da utilização, logística reversa das embalagens utilizadas, ou para reutilização ou para reciclagem, assim como destinação dos resíduos decorrentes da própria produção. Esses elementos devem ter tratamento que não contribua para o aumento da poluição ambiental e se inevitáveis num primeiro momento, que possam ser pensados para serem antipoluentes no futuro, exigindo do gestor o investimento e a ação que se comparados ao momento do surgimento das empresas poderemos chamar de uma Segunda Revolução Industrial. 5.3 Gerenciamento de Resíduos

Um dos aspectos importantes na Gestão Sócio Ambiental é o gerenciamento dos resíduos provenientes do processo industrial. O destino dado aos resíduos em todas as suas formas tem sido complexa, pois a população e o consumo em constante crescimento, geram materiais que são lançados, muitas vezes no meio ambiente. Esses materiais são considerados ou inutilizáveis, indesejáveis ou descartáveis em estados sólidos, semi-sólidos ou semi-líquidos que são insuficientemente líquidos para fluir livremente.

Os resíduos como sinônimos de lixo, podem ser classificados como secos ou molhados, orgânicos ou inorgânicos, com riscos ou inertes para o meio ambiente, domiciliares, comerciais, hospitalares, industriais, agrícolas e entulhos.

No caso deste trabalho, por se tratar de um estudo sobre uma indústria podem ser destacados como originados da metalurgia, química e petroquímica, papel e celulose, alimentícia entre outras. Na metalurgia, os resíduos são contaminantes como óleos e ácidos, considerados na sua maioria como lixo tóxico. No Brasil, e particularmente em São Paulo, são conhecidos os trabalhos da CETESB na preservação do meio ambiente, por meio do cumprimento de várias normas legais que obrigaram às empresas a instalação de filtros, tratamento de resíduos e ações de proteção ambiental, para obtenção da licença ambiental, necessária para operacionalizar os diversos processos utilizados na indústria.

No caso industrial, o lixo deve ser destinado a locais apropriados, o que é difícil nos dias atuais, e como exemplo das consequências dessa dificuldade, nota-se a bacia fluvial brasileira que está em muitos casos comprometida pelo lançamento de efluentes em suas águas, por empresas que ainda não estão conscientizadas do problema. A dispersão de gases na atmosfera ainda é um grande problema, sendo o maior causador do efeito estufa, e que já está provocando mudanças climáticas com suas consequências em vários locais do planeta, obrigando aos governos a tomada de ações corretivas em vez de haver a preocupação preventiva.

Uma das soluções para os resíduos, é o reaproveitamento em suas formas de reciclagem, com o reaproveitamento cíclico de matérias primas, a recuperação de resíduos como óxidos e metais e a reutilização de produtos como embalagens, água, entre outros. 5.4 Certificações

A empresa que pratica Gerenciamento Socioambiental, em busca da credibilidade de suas ações, procura obter certificações que atestem a veracidade dessas ações.

As certificações são inúmeras para diversos ramos e segmentos de negócios da economia e são concedidas ou conferidas àquelas empresas que cumprem exigências estabelecidas pelos órgãos certificadores. Para tal, são efetuadas medições das atividades empresariais por meio de indicadores de desempenho nos diversos campos de atuação, como no financeiro, que são inúmeros e conhecidos os indicadores dessa área.

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Na Gestão Socioambiental apresentam-se vários indicadores de sustentabilidade que, se bem medidos, oferecem à respectiva empresa em análise, a credibilidade necessária e adequada às suas operações. As métricas adotadas servem para dar o grau de comprometimento da empresa com as questões ambientais, além de fornecer elementos para o bom funcionamento da Gestão. O velho adágio “O que pode ser medido pode ser gerenciado” é o fio condutor dessa questão.

Podemos citar os mais conhecidos indicadores em uso no meio empresarial, com base no portal Para Mudar o Futuro em trabalho publicado por KRUGLIANSKAS e MARCOVITCH (2012) e que são:

- Norma ISO 9.000 - Norma ISO 14.000 - Norma ISO 26.000 - Norma SA 8.000 - CDP – Carbon Disclosure Protocol - ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial da BOVESPA - Indice Dow Jones - GRI – Global Report Initiative - LEED - A certificação LEED é estar reconhecido na medição da sustentabilidade e construções - FSC - Forest Stewardship Council - Indicador ETHOS de Responsabilidade Social Empresarial

Esses indicadores, além de medir o desempenho das empresas nas suas operações de sustentabilidade, procuram avaliar se a empresa está cumprindo a legislação vigente e, nesse caso, podemos indicar que a empresa é seguidora das normas, caracterizando-a como de Comando e Controle, mas se ela produzir ações que possam destacá-la como de iniciativa própria, independente de normas reguladoras, podemos caracterizá-la como sendo de Produção Mais Limpa, ou P+L, na linguagem da Sustentabilidade.

Ocorre que a maioria dos indicadores citados, entre outros existentes, carecem de averiguação e constatação por meio de entidades independentes, como são as Auditorias Públicas Certificadas que têm fé pública para atestar a veracidade de balanços publicados, verificando se cumprem os Princípios Contábeis Geralmente Aceitos e de aplicação universal, respeitadas as particularidades fiscais de cada nação. Outra crítica que pode ser aplicada aos indicadores é de que suas métricas são, em muitos casos, similares, o que chega a desgastar as empresas ao serem convidadas a responder aos questionários declaratórios de suas ações, pois, se são similares, por que não há consenso entre eles? Esta é uma das questões que são levantadas ao se tratar do assunto certificações e indicadores.

Está disponível também o Greenhouse Gas Protocol , que estipula como o carbono e outros gases efeito estufa devem ser contabilizados, para que ações possam ser empreendidas no sentido de contribuir com a atmosfera do planeta e se está sendo bem aceito pela comunidade empresarial para esse fim, na busca de obtenção de certificações que as caracterizem como de Produção mais Limpa. 5.5 Avaliação de Ciclo de Vida e o Triple Bottom Line ou o Tripé da Sustentabilidade

A Sustentabilidade foi descrita por ELKINGTON (1999) apud SILVEIRA (2011), como sendo o equilíbrio entre as questões econômicas, ambientais e sociais, hoje conhecido como o Tripé da Sustentabilidade ou Triple Bottom Line que está direcionando os esforços públicos e privados na direção da sociedade sustentável. Exemplo disso é a Política Nacional de Resíduos Sólidos promulgada em 2010, impondo obrigações às empresas de práticas sustentáveis e reafirmando a importância da logística reversa como ferramenta de vital importância para o cumprimento das metas estabelecidas nessa Política.

Se pensarmos as empresas sob um enfoque ecológico como nos relata GIANNETTI e ALMEIDA (2006), veremos que uma organização e seus produtos passam pelo que podemos chamar de ciclo de vida do produto e, nesse aspecto, podemos descrevê-lo como uma ferramenta indispensável para acompanhar os produtos e identificar alternativas de melhorias de seus processos industriais. Avaliar o ciclo de vida de um produto significa segundo o SETAC (Society of Environmental Toxicology and Chemistry) como sendo: “Avaliação que inclui o ciclo de vida completo do produto, processo ou atividade, ou seja, a extração e o processamento de matérias-primas, a fabricação, o transporte e a distribuição: o uso, o reemprego, a

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manutenção, a reciclagem, a reutilização e a disposição final.” (SETAC, Bruxelas, 1993, apud GIANNETTI e ALMEIDA, 2006)

Comumente, descreve-se o ciclo de vida como a análise do produto do “berço ao túmulo”, dando condições aos Gestores Ambientais de identificarem oportunidades de inovarem em seus processos e produtos, de forma a atender à ideia da Sustentabilidade Socioambiental, além de criar diferenciais competitivos que proporcionem vida longa à empresa, de acordo com a Ecologia Organizacional, não só descrita por GIANNETTI e ALMEIDA (2006) como por CLEGG (1998). 5.6 Ações Inovadoras e Impacto Ambiental de Processos Industriais

Os impactos ambientais se caracterizam pelo que as empresas praticam e afetam ao meio ambiente, em termos de prejuízos ao ar, solo e águas.

Conforme ALIGLERI, ALIGLERI e KRUGLIANSKAS (2009, pag. 87), “produzir mais com menos recursos” caracteriza a sustentabilidade e, junto com o pensamento dos empresários voltado para o meio ambiente, caracterizam um novo paradigma organizacional. Podemos, inclusive, afirmar que se trata de uma nova contingência estrutural (CLEGG 2006), impondo às empresas novas estratégias e, por decorrência, alterando suas estruturas funcionais.

Na busca do equilíbrio econômico, ambiental e social, a produção desempenha importante papel no desenvolvimento de ações inovadoras, com vistas a reduzir o impacto ambiental da operação dos processos industriais, a preocupação empreendedora deve estar voltada aos processos que agregam valor, mas principalmente aos processos que causam menor impacto ao meio ambiente. Os resíduos lançados na natureza se constituem em externalidades que, se não tratados,,contaminam o ar, o solo e as águas, não havendo necessidade de se ressaltarem as consequências decorrentes.

O que muitas empresas fazem, quando seus processos são poluentes, é buscar formas de compensar a natureza com ações, que possam ajudar o meio ambiente como plantio ou replantio de florestas, para colaborar com a neutralização das emissões de carbono, redirecionar os resíduos a tratamentos controlados, que minimizem danos ao meio ambiente, reduzir por meio das inovações a quantidade de matérias prima utilizadas, bem como reduzir os formatos dos produtos, para que ocupem embalagens menores e com elementos de decomposição mais rápida.

A Produção mais Limpa (P+L) deve ser buscada, a fim de antecipar a redução dos impactos ambientais em setores que forem sendo identificadas como alvo de ações inovadoras. Cumprir apenas as regulações não é suficiente para a redução dos impactos, e a adoção de consciência da melhoria socioambiental proporcionará o surgimento das ações inovadoras e, consequentemente, a melhoria do ambiente para as gerações futuras. 5.7 Benefícios Obtidos com Ações Sustentáveis

Conforme descrito anteriormente, da Sustentabilidade Socioambiental é possível capitalizar diferenciais competitivos, que influenciam na imagem da empresa. Sendo o marketing uma importante ferramenta para os negócios, conforme ALIGLERI, ALIGLERI e KRUGLIANSKAS (2009, pag. 135) afirmam, não só no sentido de promover a reputação da empresa, como para informar ao público das ações empreendidas, indicando aos consumidores quais produtos são mais confiáveis e, dessa forma, contribuindo para a fixação de boa reputação e para a fidelização desses consumidores.

As ações sustentáveis dentro de um ambiente de Gestão Socioambiental num primeiro momento podem representar aumento de custos, devido a investimentos com altos custos financeiros, que certamente serão necessários para as inovações serem implantadas, mas, a longo prazo, e com a diluição desses custos dos investimentos, surgirá a redução de custos totais que poderão ser repassados ao mercado, construindo uma imagem responsável à empresa,, além do atendimento às necessidades imediatas e eco ambientais dos consumidores.

Mas ALIGLERI, ALIGLERI e KRUGLIANSKAS (2009, pag. 135) alertam para que as ações propagadas sejam realmente praticadas, pois a falta dessas lembra que a “mentira não se sustenta” e o mercado, ao dar-se conta de qualquer farsa poderá, pelo marketing viral, conforme KOTLER & ARMSTRONG (2007, p. 451) levar a empresa ao fracasso, com a descaracterização da imagem construída.

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Informações adicionais

A geração de Resíduo sólido urbano (RSU) no Brasil registrou crescimento de 1,8%, de 2010 para 2011, índice percentual que é superior à taxa de crescimento populacional urbano do país, que foi de 0,9% no mesmo período, conforme demonstram os dados apresentados na figura a seguir. O aumento observado segue tendência constatada nos anos anteriores, porém, em ritmo menor (ABRELPE, 2012).

Conforme pode ser observado na Figura a seguir, em termos percentuais, houve uma singela evolução na destinação final ambientalmente adequada de RSU, em comparação ao ano de 2010. No entanto, em termos quantitativos, a destinação inadequada cresceu 1,4%, o que representa 23,3 milhões de toneladas de RSU dispostos em lixões e aterros controlados (ABRELPE, 2012).

Leia mais sobre esse assunto em: http://www.cidadessustentaveis.org.br/sites/default/files/arquivos/panorama_residuos_solidos_abrelpe_2011.pdf

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6. RESPONSABILIDADE SÓCIO-AMBIENTAL: SUSTENTABILIDADE NO MEIO AMBIENTE

Delmário Ferreira Lima 6.1 Introdução

A prática da responsabilidade sócio-ambiental se encontra cada vez mais presente no âmbito das organizações e representa o compromisso da empresa com seu comportamento ético e com o desenvolvimento econômico. As enormes carências e desigualdades sociais com as quais deparamos atualmente em nosso país dão relevância ainda maior à responsabilidade social empresarial. A sociedade brasileira espera que as empresas cumpram um novo papel no processo de desenvolvimento, sejam agentes de uma nova cultura, atores de mudança social ou construtores de uma sociedade melhor. Tais atitudes promovem, ao mesmo tempo, a melhoria de qualidade de vida para a comunidade local e à sociedade como um todo.

Para as empresas que visam o crescimento, o desenvolvimento e a preferência dos clientes tornaram-se indispensáveis à existência de valores éticos e à responsabilidade social, visando a sustentabilidade, a viabilidade econômica e financeira, a contribuição com a preservação e conservação do meio ambiente. ROSA, NASS E PACHECO (2009; p. 4).

Através de um estudo elaborado pelo Centro de Informações e Pesquisa Atmosférico(5) da Inglaterra, São Paulo é a quinta cidade mais poluída do Mundo e recebe, anualmente, aproximadamente três milhões de toneladas de poluentes. Está comprovado que a maior parte desta poluição vem dos carros, pois poluem mais que as indústrias e superam até mesmo a queima de produtos que geram material particulado.

A poluição do ar é, atualmente, um dos problemas mais graves que afetam os grandes centros urbanos, comprometendo a saúde, principalmente de idosos e crianças. Por tudo isso, ambientalistas, médicos, técnicos da área de poluição ambiental e autoridades em Saúde Pública defendem a implantação do Programa de Inspeção Ambiental Veicular em São Paulo, como uma medida eficaz e definitiva para melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Seguindo esta polêmica, a pesquisa procura apresentar, utilizando um estudo de caso da Empresa Controlar, informações que possam responder algumas perguntas que se mostram extremamente importantes para confirmar ou não a eficácia deste processo de inspeção veicular para a cidade de São Paulo.

O trabalho contempla o levantamento de informações junto ao Centro de Inspeção, mais precisamente com a Gerencia de Marketing da Empresa Controlar, para identificar os seus objetivos, suas metas, desafios para atenuar o problema da poluição ambiental, que merece especial atenção, pois põem em risco a nossa saúde e a de todos os habitantes do planeta.

A Controlar foi pioneira no Brasil em Inspeção Ambiental Veicular. Junto à inspeção veicular a empresa promove projetos de responsabilidade sócio-ambiental chamado Movimento Respirar, são diversas ações para conscientização de crianças das escolas públicas no entorno do centro de inspeções Barra Funda. Com as ações geradas pela Controlar, fica visível a preocupação dela como empresa e com o meio ambiente em que está inserida, não só pelo seu serviço/produto final, como para com a sociedade através da educação conscientizando as gerações futuras. PROBLEMA DE PESQUISA: Na cidade de São Paulo, os problemas ambientais têm se tornado uma questão de difícil resolução e, para atenuar essa questão, são procuradas alternativas diversas, que buscam responder ao seguinte questionamento: Como melhorar a qualidade de vida dos cidadãos paulistanos?

A frota de veículos particulares na cidade aumenta a cada dia, fazendo com que o ar fique cada vez mais

poluído e prejudicial à saúde da população e ao meio ambiente. O Problema de pesquisa deste trabalho contempla as seguintes indagações:

• Será que há eficácia na Inspeção Veicular que adota o controle da qualidade do ar para a cidade de São Paulo?

• Será que há uma melhoria na saúde dos habitantes metropolitanos por conta deste processo de inspeção veicular ? E, como consequência:

• Será que esse processo aumenta a expectativa de vida dos habitantes de São Paulo ?

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6.2 Referencial Teórico

Observamos, nos últimos 20 anos, nos grandes centros urbanos do nosso país, um crescimento acelerado da população, devido aos benefícios que o homem vem obtendo com o avanço em seus estudos e pesquisas, o que efetivamente tem proporcionado um ganho significativo em várias áreas que cercam a sua saúde e o seu bem estar. Por outro lado, esta melhoria tem atraído outros problemas com a questão ambiental. Vamos ver o que dizem alguns autores sobre a questão.

Como o crescimento das cidades e dos centros urbanos é acelerado, o problema da poluição do ar se agrava ainda mais com o passar do tempo, e esse é um problema antigo causado pela crescente concentração de tráfego de veículos em espaços limitados. (SANTIN apud RUSSO, 2006).

“A poluição do ar como a presença ou lançamento no ambiente atmosférico de substâncias em concentrações suficientes para interferir direta ou indiretamente na saúde, segurança e bem estar do homem, ou no pleno uso e gozo de sua propriedade”. DERÍSIO (2000; p. 87).

Essa poluição poderia ser em grande parte minimizada pelo nosso meio ambiente, porém, com a situação que nos deparamos atualmente, é impossível obter resultados significativos, visto que o nosso verde sofre interferências desenfreadas do homem e totalmente sem consciência das consequências. Por meio ambiente, entende-se um hábitat socialmente criado, configurado enquanto um meio físico modificado pela ação humana”. O modelo de desenvolvimento que caracteriza a nossa civilização nos dois últimos séculos conduz irremediavelmente à situação de degradação ambiental atual nas nossas cidades. JACOBI (2008; p. 28).

Segundo o relato deste autor e, analisando o contexto histórico, o homem tem sido o principal influenciador dos impactos gerados no meio ambiente, e o assunto principal tem sido o aumento da poluição a dificuldade de se respirar, de ter qualidade de vida neste ambiente o que tem levado atualmente a diversas discussões e estudos sobre o tema em questão, no intuito de criar soluções para a conciliação entre a conservação ambiental e o desenvolvimento econômico. Os indivíduos precisam modificar sua forma de pensar, e, então, agir de forma consciente a favor do meio ambiente, para diminuir a escassez dos recursos naturais através da criação de uma educação ambiental.

Os princípios da responsabilidade sócioambiental buscam uma mudança de costumes que denigrem o nosso planeta, para uma atuação mais presente nessa busca pela preservação do planeta e das pessoas que vivem nele. O meio ambiente é responsável pelas nossas vidas, então é necessária uma harmonia entre o desenvolvimento e o meio ambiente, e as empresas devem se adaptar a essas mudanças, de modo a atender não só aos seus objetivos, mas também o respeito pelo próximo e ao planeta. ROSA, NASS e PACHECO (2009; p. 18).

Responsabilidade socioambiental é um conceito novo para muitos, e, de uma forma geral, significa assumir uma postura ética frente à sociedade, tendo compromisso com os impactos causados a consumidores, meio ambiente e trabalhadores. (IDEC; 2004).

De acordo com a CETESB: Os padrões de qualidade do ar (PQAr), segundo publicação da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2005, variam de acordo com a abordagem adotada para balancear riscos à saúde, viabilidade técnica, considerações econômicas e vários outros fatores políticos e sociais que, por sua vez dependem, entre outras coisas, do nível de desenvolvimento e da capacidade nacional de gerenciar a qualidade do ar. As diretrizes recomendadas pela OMS levam em conta está heterogeneidade e, em particular, reconhecem que, ao formularem políticas de qualidade do ar, os governos devem considerar cuidadosamente suas circunstâncias locais antes de adotarem os valores propostos como padrões nacionais. Os poluentes emitidos pelos veículos no ar atmosférico têm levado muitas pessoas a contraírem doenças respiratórias e muitas outras que afetam sua saúde e dificultam o seu bem-estar.

De acordo com Jacobi (2008; p. 10), a população é exposta a elevados índices de poluição do ar, principalmente durante os meses de outono/ inverno em virtude dos efeitos da inversão térmica, quando o monóxido de carbono e as partículas inaláveis costumam atingir altas concentrações. O principal efeito deste volume excessivo de poluentes lançados no ar pelos automóveis, principalmente automóveis particulares, é o aumento de pessoas afetadas que demandam internação hospitalar referentes às enfermidades associadas à poluição atmosférica.

Podemos perceber a pertinência de nos preocuparmos com o ar da cidade de São Paulo, pois a poluição atmosférica toma conta da cidade inteira, desde o centro até as regiões periféricas, portanto, é necessário facilitar o acesso à informação ambiental principalmente aos grupos de classes mais baixas, para que possam

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conhecer o problema e os processos para resolvê-los, criar campanhas educativas orientadas a reduzir a contaminação do ar veicular, desenvolver uma consciência ambiental nas crianças, nas escolas, nas organizações comunitárias.

A sociedade deve mudar sua postura e entender que os resultados desejados acontecerão através de uma ação coletiva junto ao governo, mas o que atualmente se vê é, independente da classe social, uma atitude passiva em face da existência dos problemas; as pessoas aceitam a convivência com esses agravos ambientais. O desafio da ação governamental é, portanto, aproveitar a parcela da população que conhece os problemas e que contribui com ações para sua diminuição e, então, conseguir multiplicar esse potencial, influenciando os demais através de um crescente processo de implantação de políticas públicas, onde mostrem a existência de uma co-responsabilização na prevenção e solução dos problemas ambientais no contexto urbano, mesmo sendo mais reivindicada a ação do governo, devido ao seu poder coercitivo.

A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB – tem um papel destacado nessa complexa tarefa de realizar a gestão da qualidade ambiental estadual, já que são diversas as pressões ambientais vividas pelo nosso território. As cobranças e a participação dos cidadãos estão cada vez mais intensas. (CETESB; 2010). Dessa forma, para atenuar o problema da poluição do ar, foi criada com esse único intuito a Empresa Controlar, pioneira e de Capital Nacional, detentora do licenciamento da prefeitura para realizar a Inspeção Veicular na cidade de São Paulo. Da década de 1970 aos dias de hoje, é indiscutível a relevância do assunto meio-ambiente, ou sustentabilidade, ou ainda responsabilidade social, nas pautas das reuniões organizacionais, que passaram a planejar estrategicamente suas ações socioambientais. STROBINO, TEIXEIRA e NAKATANI (2008; p. 377 ) 6.3 Considerações Finais

Portanto, pode-se concluir com a presente pesquisa, que a Inspeção Veicular tem melhorado a qualidade do ar na cidade de São Paulo. Essa afirmação pode ser confirmada visto que, após a implantação do processo, houve redução de emissão de poluentes no ar, provindas de veículos em mal estado de circulação e conservação. Segundo pesquisa realizada pelo IBOPE, foi encontrado um índice de 85% de satisfação entre os entrevistados, que confirmam que a Inspeção Veicular ajuda a melhorar o ar. Acredita-se que, com a obrigatoriedade da adesão de 100% da frota circulante à inspeção Veicular, a empresa conseguirá atingir o nível desejado de qualidade. São medidas que, ajustadas devidamente, gerarão um grande benefício a todos.

Estudos do Laboratório de Poluição Atmosférica da USP (Universidade de São Paulo) mostram que, em dias de alta contaminação do ar, o risco de morte por doenças respiratórias e cardiovasculares em São Paulo aumenta em 12% a 17% e as internações hospitalares aumentam em até 25%. Entre 10 e 12 pessoas morrem diariamente em São Paulo, em decorrência da poluição do ar. Os habitantes de cidades como São Paulo vivem em média um ano e meio a menos do que pessoas que moram em cidades de ar mais limpo. Segundo dados da CETESB, no ano de 2003 morreram 1.630 pessoas acima de 65 anos, devido a problemas respiratórios causados pela má qualidade atmosférica.

Após visita a campo e entrevista à Gerência de Comunicação Corporativa, concluímos que a ausência de um programa com o intuito específico de reduzir a poluição do nosso ar geraria grandes implicações para a sociedade, pois uma cidade como São Paulo, com tamanha concentração de veículos veria seu quadro de poluição apenas aumentando, consequência da inexistência de um método que se mostrasse eficaz na redução do problema.

Portanto, nossa pesquisa revelou que a melhoria do ar na cidade de São Paulo é consequência de adesão ao programa existente de Inspeção Veicular, mas também devemos ressaltar a importância do papel que cada empresa, cada habitante tem nesta mudança de cenário. Pode-se concluir que, à medida que o programa for se estendendo e a forma de pensar da população for se transformando, a preocupação com suas ações referentes à qualidade do ar, será constante no cotidiano das pessoas, o que criará um ambiente favorável à manutenção da qualidade de vida das gerações futuras.

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7. CONSTRUINDO A TESSITURA DAS RELAÇÕES ENTRE DEMOCRACIA SOCIEDADE E ÉTICA

Neuza Abbud

A concepção de ética é estudada por grandes filósofos desde a antiguidade (IV A.C), advém do termo Grego "ethos", que significa: costumes, enquanto a moral vem do Latim “moris”, que significa: hábito/costumes, contudo as possíveis diferenciações, baseiam-se em sua abordagem, pois enquanto, a ética é uma reflexão crítica das condutas morais e, portanto é imutável, a moral refere-se às condutas individuais passíveis de modificações ao longo do tempo.

Conforme Sour (2008), ao mesmo tempo abrange tanto a crítica das relações entre os grupos e dos grupos nas instituições perante elas, quanto a dimensão das ações pessoais. Trata-se, portanto, de discutir o sentido ético da convivência humana nas suas relações com os vários aspectos da vida social: o ambiente, a cultura, a saúde etc.

Distingue-se da moral, onde os costumes são tidos como mutáveis, modificando-se de acordo com o contexto em cada período histórico, ou seja, baseia-se em sustentações variáveis e circunstanciais e, por isso mesmo, a ética é concebida como fundamento de princípios universais e imutáveis.

A concepção de ética é estudada por grandes filósofos desde a antiguidade (IV A.C), advém do termo Grego "ethos", que significa: costumes, enquanto a moral vem do Latim “moris”, que significa: hábito/costumes, contudo as possíveis diferenciações, baseiam-se em sua abordagem, pois enquanto, a ética é uma reflexão crítica das condutas morais e, portanto é imutável, a moral refere-se às condutas individuais passíveis de modificações ao longo do tempo.

Ao mesmo tempo, abrange tanto a crítica das relações entre os grupos e dos grupos nas instituições perante elas, quanto a dimensão das ações pessoais. Trata-se, portanto, de discutir o sentido ético da convivência humana nas suas relações com os vários aspectos da vida social: o ambiente, a cultura, a saúde etc.

Posicionando-se contrariamente a Platão, para o qual numa sociedade é impossível a prática da ética neste contexto do doxa (mundo da opinião-empiria), posiciona-se Aristóteles (2008), identificando as normas e legislações que deverão compreender o cultivo das paixões e interesses individuais dos seres humanos e promover instituições que visem à prática do bem, pois é possível a convergência entre estes interesses e os coletivos.

A primeira pergunta é sobre o que é o bom ou o bem. Seu livro inicia-se com uma afirmação: todo o indivíduo, assim como toda ação e toda escolha tem em mira um bem e este bem é aquilo a que todas as coisas tendem. O fim de nossas ações é o Sumo Bem, mas, como o conhecimento de tal fim tem grande importância para nossa vida, devemos determiná-lo para saber de qual ciência o Sumo Bem é objeto.

Tal ciência é a ciência mestra (que é a Política) e seu estudo caberá à Ética, pois em política, as ações belas e justas admitem grande variedade de opiniões, podendo até ser consideradas como existindo por convenção, e não por natureza. O fim que se tem em vista não é o conhecimento do bem, mas a ação do mesmo e esse estudo será útil àqueles que desejam e agem de acordo com um princípio racional, por isso não será útil ao jovem que segue suas paixões e não tem experiência dos fatos da vida.

Mas, se todo o conhecimento e todo trabalho visa a algum bem, qual será o mais alto de todos os bens? O fim certamente será a felicidade, mas o vulgo não a concebe da mesma forma que o sábio. Para o vulgo, a felicidade é uma coisa óbvia, vista como riqueza. Defende Aristóteles em sua obra Ética a Nicomâno (2008), que há duas espécies de virtudes: as intelectuais e as morais. As virtudes intelectuais são o resultado do ensino, e por isso precisam de experiência e tempo; as virtudes morais são adquiridas em resultado do hábito, ou seja, será por meio dos atos que praticamos, nas relações com os homens, que nos tornamos justos ou injustos. Por isso, faz-se necessário estar atento para às qualidades de nossos atos; tudo depende deles, desde a nossa juventude existe a necessidade de habituar-nos a praticar atos virtuosos.

Weber (2002), em sua obra A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, avança a tese de que a ética e as ideias puritanas influenciaram o desenvolvimento do Capitalismo, pois sabe-se contudo, que a Igreja Católica sempre rejeitou os assuntos mundanos mas, este teórico assume a posição de que será possível conciliar lucro com ética, desde que o ser humano a pratique com moderação, colocando a serviço dos princípios e valores humanos.

A fundação ABRINQ, que é uma organização não-governamental empresarial arrecada recursos entre pessoas físicas e jurídicas e os utiliza em ações que : a) oferecem a crianças e adolescentes o acesso à

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educação, saúde, cultura, lazer, formação profissional e inclusão digital; b) protegem as crianças e os adolescentes que sofrem violação de seus direitos ou que estão em situação de risco, por meio de combate ao trabalho infantil e da proteção de crianças e adolescentes nas diferentes formas de violência; c) sensibilizam e conscientizam a sociedade, o setor público, as organizações da sociedade civil e as empresas para que se posicionem e participem das questões da infância e adolescência. Mais de cinco milhões de crianças e adolescentes foram beneficiados com ações desenvolvidas pela Fundação ABRINQ e seus parceiros em todo o Brasil.

Nesta postura de viabilização enquanto destaque ao fator humano, o universo de acordo com Guiddens (2010), vem contribuir para o cenário da transformação da sociedade, conduzindo à uma imersão sobre o sentido dos alicerces da ética nos parâmetros da existência humana, a saber:

Olhar o mundo e dele comungar com seu Sentido Na Trilha de um Caminho que se realiza no artefato de sua moldura Ética na tessitura da Imagem de uma Colcha de Retalho Liames de uma Colcha que se entrelaçam e se perfilam em Atitude Integridade de caráter que ao tempo se cultiva e se Testemunha Na Lealdade de uma Transparência que se solidifica no Acontecer Momentos e lampejos do ser na prática da Humildade Honestidade e Compromisso nas Tomadas de Decisões Desapego e Benevolência no cultivo da Dignidade Humana Estes são os Instantes que tornam presentes os registros do ACONTECER......e do SER 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALIGLERI, Lilian, ALIGLERI, Luiz Antonio, KRUGLIANSKAS, Isak. “Gestão Sócio Ambiental: Responsabilidade e Sustentabilidade do Negócio. São Paulo: Atlas, 2009. ALVES, M. L.. As armadilhas da globalização hegemônica: seus impactos na educação infantil e no ensino fundamental. São Paulo, s.d. Disponível em http://alb.com.br. Acesso em: 03 mai. 2012. ARCHER, N. P.; GHASEMZADEH, F. An integrated framework for project portfolio selection. International Journal of Project Management, London, v. 17, n. 4, p. 207-216, 1999. ARISTÓTELES. Ética a Nicômano. São Paulo: Martin Claret, 2008. ASHLEY, P. A. (Coord.) Ética e Responsabilidade Social nos Negócios. São Paulo: Saraiva: 2002. AZAGRA-CARO, J. M. et al. Faculty support for the objectives of university–industry relations versus degree of R&D cooperation: The importance of regional absorptive capacity. Research Policy, v. 35, p. 37-55, fev. 2006. BARBIERI, J. C.; CAJAZEIRA, J. E. R. Responsabilidade Social Empresarial e Empresa Sustentável: Da teoria à prática. São Paulo: Saraiva: 2009. BARNES, et al. Effective university-industry interaction: A multi-case evolution of collaborative R&D projects. European Management Journal, v. 20, p. 2272-285, 2002. BECKER, W.; DIETZ, J. R&D Cooperation and Innovation Activities of Firms - Evidence for the German Manufacturing Industry. Research Policy, v. 33, n. 2, p. 209-223, 2004. BONACCORSI, A.; PICCALUGA, A. A Theorical Framework for de Evaluation of University-Industry Relationships. R&D Management, v. 24, nº 3, p. 229-247, 1994. BOWEN, H. R. Social Responsibilities of the Businessman.New York: Harper & Row, 1953. CARROLL, A.; BUCHHOLTZ, A. Business and society: ethics and stakeholder management. 4 ed. Cincinnati: South-Western College, 2000. CARROLL, A.; SCHWARTZ, M. Corporate social responsability: a three-domain approach. Business Ethics Quaterly, v.13, n.4, p. 503-530, 2003. CARROLL, A.The pyramid of corporate social responsibility: toward the moral management of corporate CHIESA, V. Global R&D Project Management and Organization: a taxonomy. Journal of Product Innovation Management, v. 17; n° 5, p. 341-359, Set. 2000. CHIESA, V. Globalizing R&D around centres of excellence. Long Range Planning, v. 28, n° 6, p. 19-28, 1995. CLEGG, Stewart e outros, Handbook de Estudos Organizacionais. São Paulo: Ed. Atlas: 1996

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