caderno de projeto

F U N D A O A R M A N D O A LVA R E S P E N T E A D O FAAP - PS-GRADUAO

C U R S O D E P S - G R A D U A O L AT O - S E N S U E M DESIGN DE INTERIORES: REPERTRIO PROJECTUAL

Christiane Pacheco de Angelo

A N L I S E D O E S PA O C N I C O LARANJA MECNICA

SO PAULO 2010

ANLISE DE ESPAO CNICO!

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Anlise do quarto do protagonosta do filme Laranja Mecnica sob os preceitos da Disciplina Interiores: Signos e Representao Orientador: Arq. Carlos Eduardo L. Perrone Ps-graduao em Design de Interiores: Repertrio Projetual 1 de junho de 2010 INTRODUO 1. Apresentao ao tema de pesquisa a. Escolher um filme dentre os apresentados pelo orientador; b. Selecionar um dos espaos do filme; 2. Desenvolvimento a. Analisar o espao escolhido a partir dos textos e contedos da disciplina; b. Preparar um projeto escrito sobre esta anlise e apresentar; c. Preparar apresentao audio-visual sobre o tema; d. Desenvolver Caderno de Pesquisa com textos, imagens, etc; PROJETO DE ESTUDO I. Escolha do filme Laranja Mecnica foi o lme escolhido pela riqueza dos detalhes dos espaos criados. II. Resumo do lme Laranja Mecnica O lme, produzido em 1971, conta a histria de Alex De Large, um rapaz lder de uma gangue que batia, violentava, maltratava e aterrorizava a sociedade. Alex e sua gangue espancam um mendigo, estupram uma mulher e batem em seu marido e nalmente matam uma mulher. Neste ltimo ato de violncia, Alex trado por seus seguidores, preso e condenado a 14 anos de priso. Nesta primeira parte do lme, os cenrios so bem futuristas, com cores vibrantes, mobilirio com apelo futurista e roupas coloridas e com materiais tecnolgicos. Dentro da priso, Alex submetido a um experimento que prometia curar o delinquente em apenas 15 dias e solta-lo novamente a sociedade. Durante o experimento, Alex torturado com lmes ultraviolentos, muitas vezes com trilhas sonoras. Aps as sesses, Alex criava averso ao tipo de violncia e a msica apresentadas nas sesses e cada vez que se via inclinado a vivnciar de alguma maneira a violncia, sentia-se muito mal. Alex se tornou intolerante a toda violncia que praticara e incapaz de revidar ou iniciar qualquer ato de violncia. Este fato o torna vulnervel diante da fria de suas vtimas que so implacveis em seus desejos de vingana. Fundao Armando Alvares Penteado - FAAP


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Os prprios pais o negam quando, aps sair da priso, Alex regressa a sua casa. Alugaram seu quarto a um outro rapaz mais educado e carinhoso e no o retiram do quarto quando o lho regressa. Nas ruas Alex torturado pelo mendigo que havia espancado antes da priso e, ao ser salvo pela polcia, v que os policiais eram seus antigos amigos de gangue. Estes o espancam novamente e o deixam em um descampado. Alex comea a andar sem rumo, chega a uma casa e pede ajuda. S no percebe, a princpio, que era a casa do casal que Alex estuprou e mulher e espancou o marido. Como usava mscaras no dia do ato violento, Alex achou que no seria descoberto, mas pecou ao cantarolar a mesma cano que cantou no momento em que espancava o homem: Singing in the Rain. O homem que fora espancado por Alex e que estava paraplgico devido ao espancamento, junto com amigos, d remdio para Alex dormir e quando ele acorda est em um quarto trancado com a 9 sinfonia de Beethoven tocando no mais alto volume. Esta msica, que era a preferida de Alex, ao ser includa em um dos lmes durante seu tratamento, gerou uma averso de Alex por ela e o deixava muito mal quando a escutava. Ao se ver sem ter como se anular com a msica tocando, Alex se joga da janela do quarto. Os jornais intitulam sua atitude como uma tentativa de suicdio e recai sobre o governo a culpa pelo jovem ter tentado se matar devido a frustrao em relao ao tratamento. Aps este ato, Alex consegue a ateno de seus pais e do governo, que o trata com mimos e mordomias am de no deixa-lo descontente em relao ao tratamento, voltando Alex ao seu temperamento anterior, para que ele no voltasse a se tornar um peso para o governo e seus anseios. III. Justicativa pela escolha do lme A primeira cena em um Bar com paredes e forro pintados de preto com textos e esculturas brancas de mulheres nuas com perucas coloridas servindo de mesas. Um cenrio criado para chocar o espectador e apresentar o lme. Diante da primeira cena, dos olhos do protagonista Alex, e deste cenrio podemos esperar um lme que falar sobre juventude, drogas, sexo e violncia. O lme se passa no futuro, mas no muito distante, pelas roupas dos atores e decorao dos interiores mostrados. O cenrio criado para cada histria deste lme ricamente produzido. A casa de Alex um apartamento de classe mdia, todo decorado com com cores fortes, escuras, materiais tecnolgicos. Papis de parede no sanitrio em formato de losango e na cozinha em quadrados nas cores amarelo, laranja e prateado. A sala tem uma textura de bolas metlicas em uma das alvenarias. Nas demais papis de parede coloridos em vermelho e azul, carpete, forro vermelho, um bar prateado, equipamentos Fundao Armando Alvares Penteado - FAAP


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Sanitrio - Apartamento de Alex

Sala de estar - Apartamento de Alex

Cozinha - Apartamento de Alex

Sala de estar - Apartamento de Alex

Corredor Apartamento Alex

Entrada Apartamento Alex

Wall Bubble element Verner Panton

Sala de estar - detalhe alvenaria

Fundao Armando Alvares Penteado - FAAP


5 tecnolgicos como um piano eletrnico, televisor, luminrias de formato de cubo, luminrias em trilho, sof com estofado em tecido estampado em azul e estrutura em madeira laqueada branca. Alguns quadros de retratos de mulheres, pouco expressivos. No corredor as alvenarias possuem papis de parede dourado por todos os

Casa moderna

lados J a casa em que Alex e seus amigos da gangue uma casa com formas modernas, bastante vidro, pouqussimos mveis. Na maioria so de vidro e inox. A chaise em que a mulher dona da casa est no momento em que eles tocam a campainha tem um design futurista. Quando Alex vai para a priso os cenrios mudam e se transformam em lugares sem cor, com pouca luz e impessoal como uma cadeia.

Casa moderna

Priso

Priso

Ao retornar a sua casa, Alex tem uma surpresa. Seu quarto, que tinha um mobilirio futurista com cores esculturas e quadros modernos, se tornou um quarto comum, com mobilirios bsicos, iluminao simples e cortinas oridas. At a colcha sobre a cama era simples. Os equipamentos de som, mquina de escrever etc, tinham dado lugar a um amontoado de equipamentos de ginstica e demais ornamentos sem o menor cuidado de decorao e personalidade.


ANLISE DE ESPAO CNICO! IV. Escolha do espao a ser analisado

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Escolhi como objeto de anlise deste projeto de estudo o quarto de Alex em dois momentos no lme. Irei identicar os objetos encontrados nos quartos e posteriormente justicar a montagem das duas cenas de acordo com o momento do personagem no lme. V.Anlise do espao 1 Fase: Analisando seu quarto, podemos denir um pouco da personalidade de Alex. No incio da trama, Alex um jovem que cultua a violncia gratuita, o que eles chamam de Horrorshow. Gosta de passar um ar de superioridade para as pessoas e de humilha-las publicamente quando esto, de certa maneira, fragilizadas. Esta superioridade demonstrada pelo seu gosto pelas msicas de Beethoven. Alex se sentia superior aos demais por gostar de msica clssica e estampava em seu quarto esta superioridade ao colocar como cortina de seu quarto a imagem de Beethoven. Sempre que voltava de uma de suas noites de arruaas, Alex deitava-se em seu quarto e ouvia a 9 sinfonia de Bethoven. Como adorador de msica, em seu quarto havia um grande aparelho de som e caixas de som por todos os lados. At as luminrias tinha um design de lembrava as caixas de som da poca. Todo o mobilirio tinha um ar futurista. A luminria acima de sua cabeceira era em ao escovado e luz incandescente e, ao acender dava a iluso de uma esfera de luz enorme que iluminava todo o ambiente. Outras duas luminrias, disposta acima do mvel que ocupava toda a alvenaria a frente de sua cama uma em cada extremidade do mvel. Era uma espcie de abajur sendo um prisma retangular branco com trs repeties, em cada lado do prisma, da mesma luminFundao Armando Alvares Penteado - FAAPVista geral Quarto Alex


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ria acima da cabeceira, mas em menor formato enleiradas verticalmente. No havia nenhum tipo de iluminao no forro deste ambiente. O mvel abaixo do espelho era em madeira clara. No havia nenhum fechamento neste mobilirio. Acima dele estavam dispostos seus aparelhos eletrnicos (som, mquina de escrever, toca disco, cadernos etc) e na prateleira que havia em baixo haviam LPs. Ao redor do espelho e por toda a alvenaria onde estava o espelho haviam cubos brancos de caixas de som criando uma textura na parede. Todos estes objetos mostram que Alex, apesar de ser arruaceiro era extremamente organizado com suas coisas. As caixas de som na parede so simtricas e tudo est no lugar. Mesmo quando acorda o quarto est em ordem.

Vista geral Quarto Alex

A cortina, como j foi mencionado era um rol com a imagem de Beethoven em preto e branco. Todo o dormitrio era revestido em carpete vermelho. Ao lado da janela havia um mvel com gavetas pintado de azul escuro e laranja. Este era o nico mvel colorido do espao. Sobre sua cama havia uma colcha com aspecto de espuma em forma de pirmides que cavam iadas parecendo espetos. Esta colcha era colorida em tons que iam do amarelo ao vermelho, com detalhes em preto. Ao lado de sua cama havia, xado na parede sem moldura, uma gravura de uma mulher nua. Esta gravura, em preto e branco no

Corttina

era a imagem romntica de uma mulher e sim uma cena ertica sem o menor apelo roFundao Armando Alvares Penteado - FAAP


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mntico. Representava o seu gosto pelo prazer puro e simples e no pela mulher em si. Tanto que a mulher no tem traos fsicos e at endeusados das gravuras romnticas. Outro objeto que chama a ateno a imagem de cristo crucicado danando. Esta mais uma representao de seus prazeres. Para ele a felicidade estava na dor alheia. O quarto de Alex mostra um jovem que tem adorao pelo prazer e no mede esforos para demonstr-los e pratic-los no importa o que os outros acham. A meu ver, este jovem no tem conscincia do mal que faz as pessoas por satisfazer seu prazer. Veja as caixas de som no quarto. No interessa a quem pode afetar seu gosto por msica, Alex as liga para ouvir a msica que gosta. 2 Fase: A segunda fase a que me rero, quando o quarto passa a no ser mais de Alex e ocupado por um inquilino. Nesta fase notamos uma grande diferena em relao ao quarto anterior. O espao agora no tem expresso, no tem personalidade. No h espelho e sim recortes de revistas, jornais e fotos. O mvel que antes era ocupado por equipamentos eletrnicos agora tinha objetos diversos espalhados e equipamento de ginstica, sem ordem e sentido. As prateleiras do mvel foram fechadas por cortinas de pano rosa. As luminrias foram trocadas por luminrias comuns. A cortina, que antes era uma imagem de Beethoven, agora era orida, sem expresso. At a msica que toca de fundo uma msica popular. Notamos que o espao agora no tinha vida. No tinha personalidade. Qualquer um poderia ocupar este ambiente. Passa a idia de que o ocupante deste quarto agora era uma pessoa sem expresso, sem vontade prpria. No h nenhuma referncia dos gostos deste ocupante a no ser o esporte.


ANLISE DE ESPAO CNICO! VI. Identicao dos objetos utilizados no espao cnico 1 fase Escultura de Cristo - Crist Unlimited Artista: Herman Makkink

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Quadro de mulher Artista: Cornelis Makkink


ANLISE DE ESPAO CNICO! Toca discos (1971): Designer: David Gammon Transcriptions Limited Hidraulic Reference

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Mquina de escrever: Valentine Typewriter - Olivetti (1969) Designer: Arquiteto Ettore Sottsass Jr.

Cadeira: Tulipa (1955) Designer: Eero Saarinen (arquiteto nlandes)



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Luminrias: Para as luminrias no encontrei uma referencia que apontase para um designer autor das peas. Devido a este motivo, selecionei alguns designers que desenvolveram luminrias semelhantes no mesmo perodo em que foi gravado o lme. So eles: Luminaria Spiegel (1969) Designer: Verner Panton Luminaria sem Ttulo (1969) Designer: Verner Panton

Luminaria Teti (1970) Designer: Vico Magistretti

Luminria Padina Designer: Pier Giacomo Castiglioli e Achile Castiglioli


ANLISE DE ESPAO CNICO! VII. Paletas de Cores Quarto Alex 1 Fase

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Quarto Alex 2 Fase

VIII.Concluso nal

Analisando o lme Laranja Mecnica sobre o ponto de vista do comportamento de Alex. O quarto uma simbologia da prpria vida de Alex. Quando era livre Alex era feliz, tinha seus desejos e vontades. Podia fazer suas escolhas para o bem ou o mal e aps a sua cura Alex tornou-se um jovem sem expresso, sem vontade prpria, sem atitude. A violncia que lhe fazia to bem fora a sua decadncia e a razo da privao de sua felicidade. Os objetos convertem-se em extenso da identidade dos prprios indivduos. (Dario Caldas - Observatrio de Sinais)



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IX. Bibliograa Caldas, Dario - Observatrio de Sinais; Site: www.drecreon.com/makkink www.marscompany.eu www.lagaleriemoderne.com www.vernerpanton.com X. Crditos do lme: Laranja Mecnica ( A clockwork orange) Local: Gr Bretanha - 1971 Produo: Stanley Kubrick, Warner Bros, Oak Films, Polaris Production Co-produo: Bernard Wiliams Produtor Executivo: Max L. Raab, Si Litvinoff; Produtor Assistente: Andros Epaminondas e Jan Harlan Realizador assistente: Derek Cracknell e Dusty Simonds; Diretor de Fotograa: John Alcott Design: John Barry Diretor de cenograa: Russel Hagg, Peter Shields Pintura e escultura: Herman Makkink, Corneilius Makkink, Liz Moore, Christiane Kubrick Msica original: Walter Carlos Som: Brian Blamey; Montagem: Bill Butler; Figurino: Milena Canonero; Conselheiro tcnico: Jon Marshall


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