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Caderno Final de TGI II

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Caderno contendo o processo desenvolvido durante as disciplinas de TGI I e TGII

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E S P A Ç O S D E P A S S A G E MU m s i s t e m a d e á r e a s p ú b l i c a s

M A R Í L I A C . D E T O L E D O . T G I

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U N I V E R S I D A D E D E S Ã O P A U LO

INSTITUTO DE ARQUITETURA E URBANISMO

TRABALHO DE GRADUAÇÃO INTEGRADO

MAR Í L IA C. DE TOLEDO

Caderno de apresentação de processos e desenvolvimento do projeto

CAP

EULALIA PORTELA NEGRELOS JOUBERT JOSÉ LANCHA

KARIN CHVATAL PAULO CÉSAR CASTRAL

PAULO YASSUHIDE FUJIOKA

S IMONE HELENA TANOUE V IZIOLI

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O presente caderno tem por objetivo registrar todo o processo pelo qual se deu o desenvolvimento do projeto elaborado nas disciplinas de Trabalho de Graduação Integrado 1 e 2, cursadas em 2011.

O caderno é uma síntese de referências, estudos, análises e leituras nas quais se pautaram todo o trabalho, bem como pretende demonstrar e justificar o projeto em suas mais diversas dimensões.

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Conceito___________________________________________________________________________________________________9

Lugar_______________________________________________________________________________________________________29

Projeto______________________________________________________________________________________________________43

Bibliografia__________________________________________________________________________________________________89

SUMÁRIO

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As pranchas desenvolvidas no decorrer da disciplina traziam referências que demonstravam preocupações importantes no

que diz respeito à discussão de espaços públicos e à inserção do objeto arquitetônico na cidade. Estiveram presentes também

conceitos como materialidade, o papel social da arquitetura e outras tantas variáveis que se restringem mais ao campo disciplinar

específico arquitetônico. A partir da síntese destes conceitos foi pedida a elaboração de um objeto, processo este que se demonstrou

difícil dado que muitos conceitos seriam privilegiados em detrimento de outros. O objeto acabaria por se tornar uma representação

narrativa de idéias que não necessariamente conseguiria transmitir todos os pontos considerados importantes.

O objeto então foi elaborado partindo-se da idéia de que a arquitetura se constrói não a partir de conceitos, mas sim de um

processo, cujo desenvolvimento conduz ao reconhecimento dos conceitos mais importantes. A arquitetura, portanto, constrói-se a

partir de procedimentos formais que carregam consigo métodos, sistemas, opiniões, juízos, sínteses e conceitos, que justificam a obra,

mas que não bastam individualmente para compreender a arquitetura em toda sua complexidade.

Para materializar esta concepção foram utilizadas superfícies modulares que, unidas em um ponto alternado, constroem uma

volumetria que pode ser rígida, ortogonal e contida, bem como pode ser desconstruída, expandida e variável. A manipulação de um

procedimento conduz a experimentação formal que tensiona fundamentos arquitetônicos – como o equilíbrio e a volumetria – e que

permite elaborar a forma a partir dela mesma. As diversas camadas do objeto são sempre presentes e íntegras, independentemente

do resultado obtido, e assim a variação e a experimentação depende dos gestos e não dos elementos.

PRÉ- TGI

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Com o início das atividades de TGI era necessário que se definisse o procedimento a partir do qual fosse possível desenvolver os

conceitos considerados os mais interessantes para serem trabalhados. O processo deveria permitir a experimentação destes

conceitos, mas também deveria orientar, focar e delimitar a forma pela qual eles são desenvolvidos.

Mas em um primeiro momento foi preciso tornar mais claras, quais seriam estas idéias, em sua dimensão mais fundamental,

logo foi preciso rever as referências consideradas mais importantes. Assim, foi criado um diagrama que analisava os principais pontos

de interesse de cada referência e ao cruzá-las foi possível determinar dois binômios a serem tratados. O primeiro deles era a relação

entre materialidade e significado da obra arquitetônica e o segundo era a relação entre espaços de passagem e espaços de

permanência.

CONCEITOS INICIAIS

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A tectônica é então abordada a partir do viés proposto por Frampton e é, portanto, compreendida como sintaxe da

construção, enquanto desenvolvimento de uma determinada tecnologia que permite exprimir estados e condições pelos quais

objeto se mostra e se realiza. Assim a arquitetura se constrói a partir de questões colocadas pelo próprio edifício, desde sua

espacialidade até o desenho da estrutura.

Partindo disso, foram estudados os princípios a partir dos quais Aldo Van Eyck elabora seus projetos: através da malha reticulada

que permite uma grande variação de espaços, é possível compor cheios e vazios de forma a criar vários ambientes, usos e

percepções do objeto edificado.

A MATERIALIDADE

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O percurso interessa na medida em faz com que o edifício extrapole o espaço arquitetônico e estabeleça reais relações com a

cidade, visto que é capaz de conectar lugares, direcionar fluxos, enviesar olhares e criar novas compreensões da própria urbanidade

circundante.

A circulação dos edifícios ao invés de se tornar algo “indistinto” ou meramente “intermediário” é o cerne a partir do qual se

pensam as relações espaciais, é ela que articula os mais distintos níveis do projeto, seja no que diz respeito ao que é público e o que é

privado, seja para criar espaços de estar que permitam novas esferas de convivência, em tecidos pouco qualificados da cidade. A

circulação enquanto espaço de movimento pode ser aquilo que une os processos técnicos e conceituais ( sobre os quais o arquiteto

elabora o projeto) e a percepção do usuário acerca dos mesmos, ou seja, ao circular o indivíduo pode compreender o raciocínio por

trás da concepção dos espaços.

Os percursos são portanto, para este projeto, a possibilidade de explorar os espaços “não-programados”, extrapolar sua

condição de in-between, e pensar os programas a partir das articulações espaciais por eles permitidas.

O PERCURSO

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A referência estruturalista se mostra importante para o projeto na medida em que compreende o edifício enquanto

conglomerado de numerosos componentes, onde há a diferenciação entre blocos de uso e galerias de circulação. Desta forma o

edifício, como entidade autônoma, é entendido através de sua articulação de um grande número de componentes arquitetônicos

programáticos e isto também se aplica ao princípio de acesso adotado, ou seja, é possível entrar na edificação a partir de qualquer

ponto, gradualmente e em diversos estágios

.

Assim justifica-se a escolha no projeto por formas geométricas simples e sua estruturação matricial, pois através dela são

criadas relações entre os espaços de passagem e de permanência, estabelecem-se relações de transição entre usos e espaços

distintos. Ela cria um código construtivo que se aplica ao projeto em sua totalidade, enquanto raciocínio estrutural, que permite a

delimitação dos diversos níveis do projeto. A malha não é compreendida aqui como uma estrutura complexa formada por módulos,

mas sim como uma matriz a partir da qual se determinam as unidades modulares: parte-se do todo para pensar a unidade.

A totalidade da edificação é concebida a partir da grelha e o seu preenchimento determina módulos de uso, assim são

criadas relações entre usos e circulação através do binômio “cheio/vazios. Desta maneira existe uma co-dependência entre o

permanências e passagens, pois um forma e é formado pelo outro. O módulo, em planta, é justamente o elemento que define o

espaço programado, enquanto a sua ausência é entendida como espaço de percurso.

A MALHA

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O projeto constitui-se de uma lógica rígida composta por espaços sólidos, mas entremeada pelas passagens, que são mais

fluidas e que surgem a partir da percepção dos fluxos de circulação já existentes no lugar. Assim há uma requalificação urbana através

da questão dos acessos, e a circulação, em planta, tem uma lógica que se reporta à estrutura de base que contém o conjunto, mas

que em corte se descreve livremente pelo território e de acordo com as demandas de uso.

São sobrepostos os sistemas estrutural, de uso, de circulação e de fechamento, havendo, entretanto, relações intrínsecas entre

todos. É possível realizar subtrações dentro da totalidade da malha e criados os espaços de passagem que podem ser entendidos

das mais diversas maneiras: são rampas, escadas, elevadores, corredores, terraços, mezaninos, átrios e até mesmo estares que se

estabelecem pontualmente ao longo do trajeto.

As subtrações existem também no fechamento externo, propondo áreas de acesso ou de abertura do edifício, e na própria

volumetria como um todo como forma de demarcar eixos de circulação ou de interferência da infra-estrutura urbana no projeto.

OS SISTEMAS

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A interferência da infra-estrutura se dá através da presença de indicadores do traçado urbano, de elementos considerados

relevantes na definição do entorno ou de eixos. A gramática do projeto estabelece-se como índice, visto que sobrepõe, na volumetria

e nas camadas do edifício, indicadores sobre o processo de elaboração do projeto (através da explicitação da lógica da malha em

alguns pontos), sobre as informações dadas pela própria cidade nas cercanias, sobre os diferentes tipos de uso, graus de público e

privado, sobre os percursos conectados aos fluxos urbanos. Enfim, há a intenção de criar uma arquitetura que parte de uma lógica

rígida mas que é tensionada por elementos externos ou internos ao projeto e que podem tanto se incorporar à malha quanto podem

surgir como uma quebra na mesma, e que são explicitados através de gestos projetuais presentes no volume edificado.

As dimensões de público e privado partem do princípio, generalizante, que as passagens, enquanto extensão do percurso da

rua são públicas e os usos são privados, mas são criados espaços intermediários e, na medida em que a circulação se descreve,

surgem espaços públicos de permanência.

OS ÍNDICES

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Lugar

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A definição do lugar deveria se pautar pela percepção de diferentes fluxos que demonstrassem demandas de ligações, de

criação de percursos qualificados, de equipamentos e lugares que superassem sua condição de mero espaço de passagem.

Portanto a escolha de uma área se balizaria muito mais pela apreensão de espaços de intenso movimento, de pontos de interesse

que pudessem ser conectados, do que por estudos de cartas, levantamentos de usos e outros procedimentos de olhar distanciado do

arquiteto em relação à intervenção.

Assim a escolha se justificou na percepção de uma área que permitisse a circulação em vários níveis, que tivesse potencial de

concentrar fluxos diversos de pedestres, que demandasse a diversificação de usos e que necessitasse destas ligações e

passagens.

Localizada no centro de Bragança Paulista, uma cidade de cerca de160 mil habitantes, a área abrange a principal rua

comercial da cidade, a mais importante avenida e um terminal de ônibus interurbano e configura-se como articulação entre os bairros

mais dinâmicos e populosos da cidade. Ali temos a convergência de grandes fluxos de pedestres, tanto de quem chega ou sai do

terminal, quanto de quem faz compras. Com um declive de, aproximadamente 20 metros, os acessos e circulações são

fragmentados e não permitem percursos que incorporem as edificações públicas no trajeto.

A proposta do projeto se justifica na área, pois permite a requalificação urbana a partir da ótica do pedestre e, através dos

acessos, estabelece-se enquanto eixo de permanências e passagens em diversas camadas e níveis, de acordo com as demandas,

com a topografia e com os usos múltiplos existentes e possíveis.

A ÁREA

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Planta da situação atual

Av. Marrey Jr

Rua

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v. P

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ente

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O Mercado Municipal Waldemar de Toledo Funck encontra-se hoje sub-utilizado visto que, tanto sua localização quanto o

próprio potencial de uso que um mercado pode desempenhar na dinâmica de um centro comercial, não são aproveitados. Ele é

praticamente um espaço vazio do centro, sem valor arquitetônico ou histórico, sendo que a edificação atual foi construída na

década de1950 como substituição ao primeiro mercado municipal, que tinha uma participação importante no comércio local.

O atual mercado tem, enquanto espaços mais ativos de uso, as atividades localizadas nas suas laterais, que são voltadas para

a rua, portanto é raro ver um grande movimento de pessoas fazendo compras em seu interior.

O MERCADO

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Entre o centro comercial da cidade e o terminal de ônibus há um desnível de 7 metros e há uma rotatória que dificulta travessia

de pedestres num ponto de alto fluxo. A solução atual dada a este problema é um túnel que realiza a travessia subterrânea, mas que é

pouco utilizado, sendo ocupado por camelôs e, devido à existência de comércio ilegal ele é visto pelos transeuntes como um lugar

pouco seguro.

O terminal João Sólis Garcia recebe um grande número de passageiros dos ônibus municipais, da Zona rural, outras cidades

menores da região e do sul de Minas Gerais e é um galpão sem nenhuma qualificação, encontra-se em péssimo estado de

conservação e não tem uma estrutura interna que receba os passageiros, dê informações e seja uma área de espera. Sua área é

cortada por um córrego que hoje encontra-se tamponado apenas neste quarteirão.

O TERMINAL

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O supermercado foi incorporado à área por se localizar no eixo de circulações que o projeto propõe e porque é um

equipamento comercial que é dispensável nesta área da cidade, visto que a menos de um quarteirão de distância há outro

supermercado. A área implanta-se entre duas avenidas que ligam o centro aos bairros operários tradicionais e mais populosos da

cidade e, portanto tem acesso facilitado de diversas partes do município. Apesar de sua localização privilegiada, juntamente com os

outros dois equipamentos, este supermercado compõe um trecho urbano que está sendo paulatinamente abandonado.

O SUPERMERCADO

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Há um grande número de pessoas que diariamente fazem compras na Rua Cel. Teófilo Leme, que se localiza à frente do

mercado, ali concentram-se as principais lojas da cidade, que, por sua vez, tem um centro comercial extremamente ativo. A Avenida

Pires Pimentel, onde se encontra a rotatória, também tem um significativo papel comercial, liga a cidade praticamente de ponta à

ponta e tem um intenso fluxo de automóveis, entretanto sua ligação com a Avenida Marrey Jr. (fundamental na conexão do centro

com bairros operários e com a área industrial da cidade) é dificultada pelo binômio que existe ao redor do terminal.

Claramente há um eixo importante de circulação de pedestres que se encontra entre o mercado e o terminal, mas o grande

desnível de, ao todo, 21 metros e a avenida exigem que haja ligações que abranjam vários níveis. A solução do túnel é interessante,

mas tem problemas de segurança, o que torna o espaço hostil e cada vez mais vazio, assim há a necessidade de se criar passagens

que transponham diversas dificuldades: o desnível, as ruas e a ausência de cuidados, manutenção e uso.

OS FLUXOS

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Projeto

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Inicialmente foram propostos diversos programas e configurações espaciais, a malha estava príncipalmente sendo

compreendida enquanto estrutura do objeto e não do território, assim os esforços se concentraram, a princípio, na elaboração das

volumetrias baseando-se nas operações formais que pudessem criar espacialidades internas e circulações diversas. Entretanto este

raciocínio mostrou que a área perdia sua dimensão de um sistema de equipamentos públicos único e se tornava fragmentada. A

primeira sequência de croquis a seguir, demonstra um pouco do desenvolvimento do projeto, pautando-se pela procura de uma

lógica que pudesse estabelecer uma totalidade urbana e arquitetônica. Este processo culminou na proposta inicial de projeto cujo

desenvolvimento final é representado aqui pelo segundo conjunto de croquis.

AS PROPOSTAS

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De maneira a tornar a área proposta uma estrutura territorial que pudesse ser compreendida segundo uma só lógica, o

projetual inicial e concreto que orientou o processo a partir daí, foi a simples sobreposição de uma malha de 3,5m x 3,5m com o

desenho da área. Esta medida se baseou em um tamanho aproximado de um box de mercado, tomando esta unidade

individualizada do projeto como um ponto de partida para criar toda a estrutura que se impõe e que ordena a área.

Seguindo a diretriz dada pela malha, bem como respondendo às observações feitas em campo, as mudanças no viário têm

por objetivo a maior conexão entre vias importantes e uma maior fluidez do tráfego. O binário do terminal foi eliminado e a Avenida

Marrey Jr. foi ligada até a Rua Cel. Teófilo Leme, passando pela Avenida Pires Pimentel, sendo esta ligação intermediada por

semáforos, a rotatória foi eliminada e a avenida agora segue linearmente, assim ela volta a ser de tráfego mais rápido (como era

antes da construção da rotatória, há 12 anos). A outra rua que margeia a lateral do mercado foi transformada em calçadão, como

uma continuação do calçadão já existente no quarteirão acima. A rua que antes pertencia ao binário foi tornada de tráfego exclusivo

de ônibus, para que haja facilidade de acesso ao terminal. As três edificações foram demolidas.

gesto

A SOBREPOSIÇÃO E O VIÁRIO

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O mercado foi mantido como tal, o terminal de ônibus foi associado à biblioteca municipal (que hoje se encontra numa sub-

sala da câmara municipal) e a área do supermercado foi transformada em teatro, de forma a atender às demandas por um espaço

para festivais e apresentações diversas, visto que a cidade não conta hoje com nenhum equipamento cultural a não ser dois

pequenos museus. A idéia é criar um eixo de usos diversificados a partir do qual se acesse toda a área, ainda que ele se descreva em

diversos níveis.

Uma só lógica construtiva ordena o projeto e assim estes usos distintos acontecem em volumetrias específicas, mas são

costurados através deste grande percurso que faz com que todos eles façam parte de uma única concepção espacial. Os

programas e a construtibilidade de cada equipamento são relativamente simples, mas foram repensados a partir dos espaços

públicos de circulação, fazendo uma releitura da própria situação urbana, propondo concepções espaciais capazes de unir usos e

ao mesmo tempo dinamizá-los. A complexidade do projeto é dada por esta linha que entremeia os espaços programados, sendo

assim, o projeto extrapola a lógica do lote e amplia o percurso do pedestre, antes limitado pelos espaços físicos e infraestruturais da

cidade.

O EIXO E OS USOS

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Principais linhas de circulação do projeto

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O declive é o ponto de partida do projeto, visto que é a grande quantidade de níveis do terreno que permite a elaboração de

diversos patamares e pavimentos que se relacionam de com a cidade e ente si. Com a retirada da rotatória há um corte que traz o

arrimo de 7 metros para o novo alinhamento da avenida, de forma expandir a área do quarteirão onde se localiza o terminal, havendo

a possibilidade de criar uma edificação laminar capaz de absorver o programa da biblioteca o que, por sua vez, possibilitou a

extensão da Avenida Marrey Jr.

Já no caso do Mercado Municipal o edifício possui acessos intermediários que permitem cruzar a quadra em nível, é também

realizado um corte que cria uma grande área subterrânea de estacionamentos, necessários para o fluxo cotidiano do centro

comercial, mas principalmente para o uso dos três equipamentos que são criados.

A TOPOGRAFIA

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Corte da situação atual

Corte da proposta

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Em nível, o pedestre acessa o eixo principal de circulação através da rua comercial, sendo esta entrada do mercado uma

forma de extensão do passeio público, assim há facilidade de se chegar à passarela que cruza a avenida, sem que seja necessário

subir para atravessar a rua. Este eixo oferece acesso aos usos internos ao mercado, prossegue sobre a avenida e chega até a

biblioteca, descrevendo-se por seus pavimentos através de uma série de rampas que ligam ao terminal. O eixo prossegue até o

teatro, demarcado tanto pelo desenho da praça, quanto através da própria manipulação da topografia. Ao longo de todo o projeto

existem diversos núcleos de circulação vertical que permitem o acesso, por exemplo a todos os 7 níveis do mercado, levando à

passagem subterrânea que permite a travessia da avenida e o acesso direto ao terminal. Existem também eixos secundários de

circulação que possuem a finalidade de permitir o percurso em nível pelas quadras.

Esta nova dinâmica de circulação criada permite que os três equipamentos sejam pensados sob uma única lógica que

abrange tanto os percursos internos de cada programa, os externos que conectam os usos como um todo e também os percursos

públicos urbanos.

CIRCULAÇÕES

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Fluxograma de pedestres

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Implantação

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Corte Longitudinal pelo eixo da passarela

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Pavimento de acesso à passarela - 833,00

Pavimento Térreo de todas as edificações - 815,00

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O programa do mercado permite uma abordagem quase literal da lógica matricial, assim os boxes são vistos como um

módulo e as circulações são delimitadas pela ausência do mesmo. A malha estabelece-se como plano de piso, demarca o espaço

dos boxes, a estrutura e os fechamentos externos, que por sua vez são pensado de maneira a tornarem claros os quadrados de 3,5m

x 3,5 m. Uma pátio central confere iluminação a todos os pavimentos e permite a criação de jardins escalonados.

São dois pavimento de pé direito duplo, com mezaninos que são voltados para o espaço interno ajardinado, de forma a criar

estares comuns a todos os pavimentos no pátio, assim, onde é possível criar permanências elas são associadas aos espaços verdes e

através desta estrutura central se tem a visão do edifício como um todo.

O MERCADO

MALHA E USO

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Perspectiva lateral do Mercado

Corte

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A passarela corta o edifício longitudinalmente e transpassa o pátio, sendo o seu guarda corpo uma viga treliçada metálica de

1,20m que permite a sustentação sem que haja a necessidade de uma estrutura auxiliar. Os outros eixos de circulação são criados

quando há compatibilidade do nível de um pavimento com o nível da rua, estabelecendo-se como um rasgo na volumetria, sendo

isto uma demarcação da topografia na estrutura interna do edifício. A circulação vertical é presente em dois pontos, um deles dá

acesso aos sete pavimentos e localiza-se junto ao arrimo de gabião, outro circunda a passarela e dá acesso direto aos espaços

comerciais subterrâneos, permitindo a continuidade da atividade de camelôs que já existe na passagem subterrânea atual. A

circulação de cada pavimento circunda o pátio e perpassa os rasgos do edifício na forma de pequenas passarelas, assim o edifício

cria não só a continuidade dos percursos públicos, mas também permite, mesmo nos espaços internos de circulação, a passagem

por espaços abertos e visões da cidade.

O edifício deixa claro o processo pelo qual se constitui: a malha estruturadora a partir do qual foi elaborada toda a distribuição

do programa, é tornada aparente através do fechamento. Já as circulações, que são a forma pela qual se subverte a lógica estrutural

do projeto, demarcam-se como rasgos na volumetria e pátios, havendo uma interferência formal direta dos percursos nos espaços de

permanência. Assim o edifício é resultado plástico, em diversas instâncias, do processo lógico pelo qual é gerado e tensionado de

acordo com a as diretrizes de circulação indicadas pelas urbanidade circundante.

O MERCADO

CIRCULAÇÃO E ÍNDICE

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Corte tranversal dos Pavimentos

Corte Longitudinal dos Pavimentos

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Pavimento 833,00 Pavimento 836,50

Pavimento 829,50Pavimento 826,50

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Pavimento 821,00

Pavimento 815,00

Pavimento 818,00

Detalhamento do jardim na laje

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A lógica estruturadora neste caso segue a mesma medida do mercado, mas ao invés de definir módulos de uso define

unidades organizacionais que determinam o layout. A malha, entretanto é rompida com a interferência do córrego que se delimita

enquanto eixo de infraestrutura urbana que tensiona a matriz.

Os usos são determinados pela divisão do edifício em duas partes, de um lado concentra-se a biblioteca em si e seu acervo,

com acesso restrito a dois pavimentos onde existe controle de entrada a saída, de outro há usos mais públicos, como salas de internet

livre, café e restaurante. No térreo se concentram as atividades do terminal, venda de passagens, balcão de informações e algumas

unidades comerciais, como uma livraria e uma banca de jornal.

O TERMINAL-BIBLIOTECA

MALHA E USO

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Perspectiva do Terminal

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A circulação se divide entre rampas de circulação externa, que cruzam o edifício de ponta a ponta à revelia do rasgo da

volumetria, e eixos de circulação vertical, uns servindo aos espaços restritos da biblioteca, outros permitindo a transposição direta do

desnível ao usuário do terminal que chega do centro comercial da cidade. As rampas são uma extensão da passarela que cruza a

avenida e são uma costura do edifício fraturado, percorrendo o desnível desde o acesso do mercado até o nível térreo, assim o eixo

estabelecido em planta é seguido, mas descreve-se em diversas camadas.

Novamente o processo de constituição do edifício é deixado claro através do fechamento, as circulações são determinadas

segundo a medida modulada, mas configuram-se claramente como desenho do percurso proposto. O córrego indica uma

importante linha estruturadora enquanto interferência da estrutura urbana já existente no projeto, e embora permaneça tamponado

a demarcação de sua existência no quarteirão foi incorporada devido à necessidade de relacionar formalmente a imposição rígida

da grelha com informações fornecidas pelas tessituras urbanas, que pudessem agregar ao projeto uma dimensão de enraizamento

da proposta com o lugar.

Assim como no mercado, onde estabelece-se uma malha e cria-se um módulo correspondente ao programa do edifício, na

biblioteca o módulo é demarcado através das estantes, que tanto estabelecem estares internos, como são elementos de

fechamento opacos.

O TERMINAL-BIBLIOTECA

CIRCULAÇÃO E ÍNDICE

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Corte longitudinal dos pavimentos

Corte longitudinal do eixo Corte transversal dos pavimentos

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Pavimento 833,00

Pavimento 829,50

Pavimento 826,00

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Pavimento 822,50

Pavimento 815,00

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A malha se aplica neste caso tanto como constituinte da casca externa que delimita o espaço do teatro, quanto na definição

de módulos internos que criam uma estrutura que pode se adaptar a diversas formas de eventos que hoje não têm lugar para

acontecer na cidade. Assim a malha é o que garante a variabilidade de arranjos espaciais, que permite abrigar vários tipos de

apresentações, sendo a idéia de módulo aplicada como uma tradução do programa, na forma de praticáveis. Além desta estrutura,

que encontra-se no mesmo nível da praça, há um mezanino que possui aproximadamente 300 lugares fixos e a sala de som. Apesar

de o espaço poder ser utilizado, por exemplo, como teatro de arena ou elisabetano, existe um palco permanente que permite a

criação de um teatro italiano, com capacidade de cerca de 1000 espectadores.

Tanto o teatro em si, quanto o foyer são entendidos como uma extensão coberta da praça, podendo ser mantidos abertos

durante o dia e utilizados como uma grande marquise, sendo que todos os espaços de apoio, como camarins, vestiários e depósitos

são alocados num bloco independente da volumetria principal

O TEATRO MALHA E USO

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Perspectiva do Teatro

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Nos outros dois equipamentos a forte presença de desníveis faz com que haja a possibilidade de deslocamentos horizontais e

verticais em diversos sentidos, já nesta quadra o terreno tem uma declividade menor, que é evidenciada através da elevação do

terreno ao redor da volumetria principal, assim o talude demarca o eixo de circulação do projeto e a topografia circunda o prédio que

fica abaixo do nível da rua. Há acessos em nível desde a praça da biblioteca até o piso dos praticáveis, que permitem ao pedestre

passar por baixo do bloco de apoio, além de acessos elevados ao piso do mezanino.

Nesta quadra a informação pré-existente da cidade é incorporada através de uma linha paralela à diagonal que forma o

quarteirão e que delimita o desenho do bloco de apoio do teatro. Assim a rua diagonal, que seria um ruído na lógica ortogonal da

estrutura, é englobada ao projeto de forma a determinar uma segunda estrutura que se choca com a definida pela grelha. Este bloco

parte da lógica matricial, mas se distorce quando chega ao limite do quarteirão e conta com banheiros, camarins e salas técnicas

que, se fossem alocadas internamente ao espaço do teatro limitariam a lógica modulada adaptável definida para os espaços de

apresentação. Este bloco cria também espaços de estar para o público, como o café que se expande sobre a cobertura do foyer, e

para os artistas que podem utilizar o pátio elevado que existe entre os edifícios como área de convivência.

O TEATRO CIRCULAÇÃO E ÍNDICE

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Corte longitudinal

Corte transversal

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Pavimento 815,00

Pavimento 819,00

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1 2

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1 - Faixas de 3,5 m com largura variando entre 0,13m e 0,38m, de vidro temperado transparente incolor de 10mm intercalado com vidro temperado com aplicação de padrão serigrafado de malha reticulada com 80% de cobertura - este módulo encontra-se presente no mercado, na biblioteca e no bloco de apoio do teatro

2 - Painel de vidro do tipo profiglass de 3,5m de altura por 0,32m de largura com revestimento interno de película branca - este módulo compõe o fechamento dos boxes do mercado, das estruturas adminstrativas e de serviços da biblioteca, do bloco de apoio e de toda a fachada do teatro

3 - Brise vertical composto por hastes metálicas de perfil caixão de 0,4m de largura e com espaçamento de 0,8m entra cada barra - módulo presente no mercado e no fechamento externo das rampas da biblioteca

4 - Painel de gesso acartonado com revestimento externo vinílico fosco apoiado em estrutura metálica e montantes horizontais que permitem também uma sustentação extra para o fechamento externo e para as estantes - presente no acervo da biblioteca

Em todos os casos as estruturas de fixação são semelhantes, sendo compostas por vigas I nas quais são soldados os perfis L que fixam e demarcam o perímetro de cada módulo

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