44
NOVA-LIMENSES Organizado por Else Dorotéa Lopes Núcleo de Atividades Literárias

CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

  • Upload
    others

  • View
    3

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

NOVA-LIMENSES

Organizado por Else Dorotéa LopesNúcleo de Atividades Literárias

Page 2: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

Índice

01. Apresentação 02. Adriana Lopes Barbosa03. Alessandra Nunes Silva de Lima

04. Alessandra Ribeiro de Mendonça

05. Ana Luíza Dolabela de Amorim Mazzini

06. Andrilha Marinete Santos08. Clara Margarida Morais de Souza

09. Cleiner Heliane Pessoa Braga

10. Else Dorotéa Lopes11. Fabíola Maria Simões Félix13. Fátima Couto14. Gianetti Lopes Pereira16. Gleice Fernandes e Loid Eunice

17. Ilza Francisca Martins 18. Juliana Rocha19. Kátia Amaral

20. Marcela Martins22. Maria das Virgens Miranda Costa

23. Marize Clemente Mol24. Marlene de Assis Datto25. Marlene do Carmo26. Nanci Otoni Oliveira27. Nancy Maura Couto Konstantin

29. Patrícia Monteiro Vieira Batista

30. Piedade Soares Araújo Belloni

33. Shirley Ribeiro34. Simone Cristina Ribeiro35. Sônia Sérgio37. Valéria Gurgel40. Vilacy Pessoa Geckler41. Virgínia Paulina de Paiva Silvestre

Page 3: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

Else Dorotéa Lopes

Apresentação

O Núcleo de Atividades Literárias do Centro Cultural de Nova Lima, dá voz a trinta mulheres escritoras nova-limenses em comemoração ao Dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Mas nem sempre as mulheres tiveram voz. Os livros de algumas escritoras só foram publicados porque usaram pseu-dônimos masculinos. Por exemplo: George Eliot era Mary Ann Evans; George Sand era a francesa Amantine Dupin. Nos anos 1990, a escritora britânica J.K. Rowling escondeu seu primeiro nome, Joanne, por sugestão da empresa que publicou sua série de livros Harry Potter. No Brasil, também, as mulheres não tinham voz. Júlia Lopes de Almeida integrava o grupo de escritores e intelectu-ais que planejou a criação da Academia Brasileira de Letras (ABL). Seu nome constava da primeira lista dos 40 "imortais" que fundariam a entidade.Na primeira reunião da ABL, em 20 de julho de 1897, porém, seu nome foi excluído. Os fundadores optaram por manter a Academia exclusivamente masculina, da mesma forma que a Academia Francesa, que lhes servia de modelo. No lugar de Júlia Lopes de Almeida entrou justamente o seu marido, o português Filinto de Almeida, que chegou a ser chamado de "acadêmico consorte". O veto à participação de mulheres só terminou em 1977, com a eleição de Rachel de Queiroz para a cadeira nº 5 da ABL. Apresentamos para vocês poemas de mulheres escrito-ras nova-limenses, relatos da participação das mulheres no Lions Clube e no Movimento das “Amigas Pró-Cultura”.

01

Page 4: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

Eu furacãoAquela que, em vermelho,Atesta a força do feminino.Eu furacãoO vento que rodopiaE destrói medos e expectativas.Feminino meuAcorda em você O que existe de melhor em nós.Quente Quente Quente.Em cores e doresProvoco o profundo.EuFemininoFuracão. Força Vontade Atuação.InstintoDestinoMenstruação.

MulherAdriana Lopes Barbosa

02

Page 5: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

Perfeição moldada pelas mãos de Deus A obra mais importante da criaçãoCriada realmente por fazer faltaCompanheira do homem na jornada da vidaDelicada, feminina, forte, especial...Era tudo que faltava e foi muito bem-vinda.

Realmente faltava um toque final na realizaçãoDurante a criação, Para finalizar com o coração...Feita com muita emoção,Da costela do AdãoFoi criada com perfeição.

03

MulherAlessandra Nunes Silva de Lima

Page 6: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

Nova-limenses

Firme pulsar

Mulher,Bela e singelaDoçura,Força e valentia.

Alma transbordandoNo olhar.Visão,Um futuro de esperanças.

Coração batendoFora do peito.Pulsar firme,Aceleração constante.

Ninho,Colo,Abrigo.

04

Singela esperançaAlessandra Ribeiro de Mendonça

Page 7: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

Mulher guerreiraDa criação, obreiraDa família, conselheiraDo sofrimento, enfermeira.

Da alegria, festeiraDos valores, mensageiraDa tradição, ordeiraE no amor, certeira.

Mulher rendeiraMulher parteiraMulher engenheiraMulher alvissareira.

Mulher empreendedoraMulher lutadoraMulher estruturadoraMulher vencedora.

Mulher primordialMulher essencialMulher criativaMulher participativa.

Mulher sonhadoraMulher pacificadoraMulher que é ouroE sempre um tesouro. 05

Mulher

Ana Luiza Dolabela deAmorim Mazzini

Page 8: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

Mulher, mãe, maduraAndrilha Marinete Santos

Sou MULHER,Sou MÃE,Sou MADURA. Na beleza de ser MULHER!Na maravilha de ser MÃE!Na propriedade de ser MADURA!

Na relutância de ser MULHER!Na árdua tarefa de ser MÃE!Na tribulação do cotidiano de ser MADURA!

Na diversidade de ser MULHER!Na distinção de ser MÃE!Na discrepância de ser MADURA!

Na glória de ser MULHER!Na virtude de ser MÃE!Na fortuna de ser MADURA!

Na designação de ser MULHER!Na aptidão de ser MÃE!Na capacidade de ser MADURA!

06 ...

Page 9: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

07

Na habilidade de ser MULHER!Na efetividade de ser MÃE!Na força de ser MADURA!

Na porção de ser MULHER!Na dimensão de ser MÃE!Na dose de ser MADURA!

Na condição de ser MULHER!Na determinação de ser MÃE!Na exigência de ser MADURA!

Precedentemente de ser MÃE,Sou MULHER,Posteriormente sou MÃE,Custe o que custar,Tenho que ser MADURA!

Sou MULHER,Sou MÃE,Sou MADURA!

...

Page 10: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

Linda mulherClara Margarida Morais de Souza

Nasceu! Que alegria!Risos,choros,flores e palmas.Recebam nossa menina,Pequena mulher,grande alma.

Querem saber o seu nome?O próprio título já diz,É Linda, Linda é seu nome,Pois outro me contradiz.

Um anjo chegou à terra,E crescendo ELE vai,Agora, uma adolescente,Amanhã, mulher madura,Um mais puro sentimento.

Presságio de novo tempo,Tempo de amar e ser livre,Apropriar-se de seus direitos,Ser mulher, vencendo etapas,Conquistando o mundo.

Mulher assumida,Que mudou a nossa História,Dando-nos coragemPara tudo conquistar,Sentindo-se empoderada,Dona do mundo... Brilhar.

08

Page 11: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

Não sou negraNão sou brancaNão sou amarelaNem vermelha eu sou.

Qual minha cotaNeste mundoDe cores variadas?

Sou verde esperançaAzul espaçoBranco amenidadePreto continuidadeCinza eternidade?Não!Não tenho corSou pardaCoitada!!!

09

Que cor?Cleiner Heliane Pessoa Braga

Page 12: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

MulherElse Dorotéa Lopes

Sou ElseSou mulherSou multifacetada.

Às vezes sou famíliaIrmã, sobrinhaTia, tia-avó, tia-bisavó...

Às vezes sou trabalhoProfessora, pedagogaCoordenadora, presidente...

Às vezes sou voluntáriaContadora de históriasProfessora de recuperandos...

Às vezes sou só ElseAmiga, confidenteLeitora, escritora...

Sou ElseSou mulherSou multifacetada.

10

Page 13: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

Sempre fui fascinada pelas bolsas das mulheres. O que tem lá dentro? Maquiagem. Iguarias. Joias. Dinheiro. Notícias boas, ou não. Mistérios. A bolsa das mulheres para mim é como se fosse a caverna de Ali Babá. Quando vejo alguém abrindo sua bolsa, sou tomada de emoção, pois um mistério será revelado e, com o abre-te Sésamo para o misté-rio, minha mente e meu olhar são tomados de assalto. E vamos entran-do, passo a passo, temerosos. Lá estavam tudo o que a imaginação permite: tesouros, magia, fadas e bruxas. Na bolsa/caverna, quanto mais se entra, menos se chega. Nossa vida é como a entrada da caverna. Sou prisioneira dela? Ou sou alguém do mundo externo que procura entrar nos mistérios de si mesmo, da própria mente e do coração? Abre-te Sésamo! Temos a cora-gem de entrar na própria caverna? Ou preferimos renunciar a tesouros, a duendes e bruxas, para ficar do lado de fora, cheios de frustração? Grito para a pedra: Abre-te! Porque ela é teimosa e dura, e resistente. Pedindo não se abrirá. Suplicando permanecerá fechada. Abre-te! Ordeno. E a segurança da minha voz fará abrir-se? Ninguém abre a porta da própria caverna sem a decisão e a coragem, que emprestam à voz o tom de afirmação e a inflexão de ordem a ser cumprida. Se decidida ordenar à pedra que se abra, precisarei de cora-gem e determinação para entrar na caverna. Luz não há! O interior da caverna, só desvendo com uma lanterna, ou facho de luz, ou fogo: vendo apenas o que focalizo naquele momento. Logo após volta o iluminado a se revelar. Sem luz e de labirintos é a caverna. O labirinto mostra que há muitos caminhos, todos sedutores, porém só um me conduz à Verdade. Preciso entrar pelos descaminhos, errar, ameaçar-me de perda e derrota

... 11

Abra-te bolsaFabíola Maria Simões Félix

Page 14: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

Abre-te Sésamo! Para que eu descubra o caminho. Quero conhecer suas cavidades, esconderijos e depressões. Preciso defrontar, afrontar e enfrentar os monstros que me assustam, voejam e ameaçam. Hei de descobrir que maturidade e integra-ção, só surgem com a compreensão de que anjos e monstros me acompanham, mas optei pela Luz. A caverna é o lugar ideal, para se esconder tesouros. Tesouro verdadeiro não aparece. É capaz de gestos silenciosos e sem exibição, que não precisa de promo-ção, aplauso ou louvor. É o verdadeiro. A caverna é a mais profunda representação do meu ser interior, e da sofrida e infinita procura de elo e significação. Representa os labirintos dos caminhos interiores. Conduz para dentro e para o fundo, região desconhecida apesar do tesouro, o saber, a verdade, na qual existe a relação primordial como o elo cósmico, o gerador da vida, o mistério e a luz: Deus. Abre-te Sésamo!

...

12

Page 15: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

Dizem que mulher rima com florMas também rima com dor,Que pode ser de amorOu mesmo por perder o seu valor

De dez mulheres, todas são diferentesMulher é ser indefinidoUm anjo criado para ser amado

Unidas, guerreiras corajosasDão ao mundo um brilho intensoConstroem vínculos e descobrem calorAté mesmo no gelo do dissaborDe amar sem receber nada em trocaExceto o favor do Criador

De facetas poderosasDe lágrimas consoladorasA mulher é simples e melindrosaForte e apoiadora, de nobres gestos

Um dia eufórica, no outro melancólicaE assim a caminhada da vidaDe gratidão se torna leveDe beleza se enche com graçaSem nunca poder faltar no mundoO olhar de uma mulher. 13

Rima de mulherFátima Couto

Page 16: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

Mulher, obra divina da criaçãoCarne da carne, osso do ossoPor amor ao mundo veioVeio ao mundo pela dor.

Mulher, sonho lindo de Deus,Parte integrante de um supremo ser,Alma benigna da paz.No ventre a semente traz Para assim frutificarE na terra se espalhar.Resultado do amorQue tanto tem para dar

Mulher, exemplo de mãe,Fonte de carinho e amor.Como gesto de coragemSe esconde sempre na dor.Na alegria só ela é capazDe espalhar em sorrisosGestos profundos de paz.

14 ...

MulherGianetti Lopes Pereira

Page 17: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

15

Na busca dos sonhosEncontra vitórias.Na busca do amor Encontra a paz.Do ódio se escondePra coragem encontrar.Do mal se afastaPara o bem realizar.

Desde sua criaçãoPelo homemdominada,Sabendo-se que deste homemSurge sua namorada.É para esse homemQue seu amor é doado.

Quea igualdade se façaIndependente do gênero,Da língua, raça e cor.Que o homem seja capazDo respeito demonstrar.E de poder transformarTodo sofrimento e dorEm momentos de amor.Como o desabrochar de uma florQue a conquista da mulherA arte de ser feliz

...

Page 18: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

Quem é?

Gleice Fernandese Loid Eunice

16

Quem é que ama, chora, canta?Quem amamenta e trabalha?Quem faz tudo em um só dia?

Quem é amiga, solidária, confiante?Quem tem o maior coração do mundo?Quem luta sem sair do salto?

Quem é adulta e às vezes criança?Quem muda de humor muito fácil?Quem é fera e empoderada?

Quem carrega o mundo por seu filho?Quem é frágil e forte ao mesmo tempo?Quem sempre sabe o que quer?

Simplesmente... Mulher.

Page 19: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

O ser mulherIlza Francisca Martins

Mulher!!!!Luz Força e coragem Sua razão!!!!Equilíbrio com emoçãoÉ um encanto por si sóSua doçura exprime na beleza,Única do ser Mulher.Expressão que transcende o seu Ser Na quietude do dia a dia.Já nasce esculpida!Privilégio impar da naturezaSua veracidade e silêncio,Leva em direção ao que querNão se intimida às dificuldades e desafios Sua persistência impera ao sucessoSuas cicatrizes são marcas de força e coragemPara seguir em frenteEla é esplendor de virtudes milMulher, você será o que você quiser SER

17

Page 20: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

Quando me percebi mulherJuliana Rocha

Quando me percebi mulherFoi de um silêncio ensurdecedorComo num vendaval que faz do avessoO peso e a leveza de ser quem se é

Quando me percebi mulherVi ecoar uma voz há muito escondida no peitoGrito de pássaro preso no tempoDos nãos e dos olhares da vida que se quer

Ser colo, ser calo, ser força no alentoSer frágil, no choro profundo de dentroSer terra fértil e sementeira do serSer ar, com os olhos marejados no renascer

Resgato e curo as minhas feridasSubmersa após um mergulho sem fim Respiro fundo, estou viva!Descubro a mulher, a dor e o amorque moram em mim.

18

Page 21: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

Mulher, obra divina da criaçãoCarne da carne, osso do ossoPor amor ao mundo veioVeio ao mundo pela dor.

Mulher, sonho lindo de Deus,Parte integrante de um supremo ser,Alma benigna da paz.No ventre a semente traz Para assim frutificarE na terra se espalhar.Resultado do amorQue tanto tem para dar

Mulher, exemplo de mãe,Fonte de carinho e amor.Como gesto de coragemSe esconde sempre na dor.Na alegria só ela é capazDe espalhar em sorrisosGestos profundos de paz.

MulherKátia Amaral

Colo que abriga...Sustenta no ventre, o amor.Mãe, mulher, guerreira...Nas palavras, direçãoNo olhar, a compaixão.

Mulher, fragrância das floresDoçura ímpar.Carrega o brilho de mil estrelasNas noites vazias.

Mulher... mulheres!Trazem com elas todos os versos.Na dor se transforma em poesia.Na delicadeza dos seus dias.

19

Page 22: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

Eu mulherMarcela Martins

Às vezes, consigo fugir de algumas coisasConsigo não ser quase tudo que é importanteE que me faz quase tudo - menos ser mulher

Ser mulher paira sobre mim como nuvem fixaSer mulher mora em mim, me consomeSer mulher crava em mim os dentes e as unhasMe dá prazer e dorAceito

Ser mulher está em mim mais do que eu mesmaMais do que poeta, gente, pessoaSer mulher está em mim mais do que areia da praiaEstá quando não estouMais que qualquer coisa no universoMais do que os ciclos atemporais da alma

Ser mulher me gasta quase todo tempoMe joga em fases, como a luaMe lembra em sangue: “acorda…Renasce, seja do que for”

20 ...

Page 23: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

21

Ser mulher eu conquistei, apesar de tudo que menegaram e das vezes que me apontaram os dedosDe quando me quiseram quieta, calada, menorDe quando minimizaram os amores que desperteiDe quando fugiram, nos deixaram sós

Ser mulher eu sou, mesmo assimMesmo com os medos que incutiram, com as jaulasMesmo com os jogos que eu não mereciaMesmo com tudo isso, eu enxergueiVi alémFui mulher

Hoje sou mulher, mesmo que não queiramMesmo quando tentam me fazer qualquer outra coisa que sejaHoje sou mulher, e não abro mãoDe nenhum milímetro do milagre do meu sexo

...

Page 24: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

Mulher

Maria das VirgensMiranda Costa

No seu jeito mulher, quase angelical.Sabe sempre ser genial.Quando sofre e chora seu existir.Está quase sempre a sorrir.

Tem a de aparência singela.Que sabe como ser bela.Não aparenta ser tão forte.Mas sempre olha para o norte.

Carrega fardos gigantes.Só acham que não vai avante.Extrai força de onde não tem.Confiante, que a vitória vem.

Há as que são mães, ou até mais.Vida sofrida que segue.Sempre lutam, por demais.Fazendo até papel de pai.

Mulher ser sempre constante.Mesmo com olhar distante.Está sempre confiante.Prosseguindo sempre avante.

22

Page 25: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

RevelaçãoMarize Clemente Mol

Num momento de grande inspiraçãoDeus criou um ser de pura emoçãoDe ternura transbordou seu coraçãoDerramando sobre a Terra a gratidão.

De grande percepção envolveu o novo serCapacidade infinita de observaçãoUm ser de grande compaixãoCapaz de amar, perdoar e se doar.

E toda Terra se alegrou e rendeu graçasAo momento da Divina inspiraçãoQue derramou sobre nós sua bênçãoAo nos doar tão sublime criatura!

Coração Movido pelo amor e afetoEmoção, Um sentimento constanteDoação, Liberdade e imaginaçãoComo um Hino de exaltação!Menção Especial de felicitaçãoAo ser de Rara beleza e sensibilidade!

23

Page 26: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

MulherMarlene do Carmo

Eu sei que me queres menina...A brincar em seus quintais, com meus cabelos ao vento,Suor no rosto e gargalhadas no olhar.Sei que me queres mocinha...Com meu olhar tímido,Sorriso entreaberto e mãos trêmulas.Quadris bailarinos e passos largos.Te ofereço uma mulher.Com minha pele chocolate e olhar ardente;Com gestos cadenciados e meus cabelos emoldurados;Fala mansa e rouca e cheiro de fêmea.Com minhas responsabilidades e atitudes sérias...Silhueta não tão perfeita, Com meu jeitinho calculadamente sensual...Não me importo em ser o que queres.Sou o que sou. Assim, te ofereço a melhor versão de mim.O que eu quero? (sorrio matreira pra ti).Que tenhas bom gosto.

24

Page 27: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

MulherMarlene de Assis Datto

Que dizer de ti?Mulher amada, mulher rejeitada. Mulher disciplinada, que caminha compassos firmes para sua jornada.Mulher ternura!Mulher bravura!Solidária, capaz de sacrifícios, de enfrentarbatalhas para salvar os seus. Mulher que tenta alcançar um lugar que éseu e jamais perdeu. Mas às vezes se sente triste e desencantada com os seus. Mulher mãe, extremosa, que quer que seusfilhos sejam do bem, sejam felizes, nada além.Mulher Anciã, trêmula fatigada pela luta. Incompreendida... sem ser escutada.Se põe a rezar pela conduta Daqueles que não sabem amar.Mulher presente, em uma sociedade ausente. Mulher Valente que encara o dia a dia.Pensa contente!...Não vou parar.Vale perseverar.

Às vezes, consigo fugir de algumas coisasConsigo não ser quase tudo que é importanteE que me faz quase tudo - menos ser mulher

Ser mulher paira sobre mim como nuvem fixaSer mulher mora em mim, me consomeSer mulher crava em mim os dentes e as unhasMe dá prazer e dorAceito

Ser mulher está em mim mais do que eu mesmaMais do que poeta, gente, pessoaSer mulher está em mim mais do que areia da praiaEstá quando não estouMais que qualquer coisa no universoMais do que os ciclos atemporais da alma

Ser mulher me gasta quase todo tempoMe joga em fases, como a luaMe lembra em sangue: “acorda…Renasce, seja do que for”

25

Page 28: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

Simplesmente MulherNanci Otoni Oliveira

Simplesmente mulherNa eficiência e na ilusãoMulher de cor e de muito valorSabe, com amor, enfrentar a dor.

Mulher humana, carente e quentePessoa amiga e sempre presenteNa dor, no amor, no sorriso e no ardorCom que faz suas preces de louvor.

Mulher que sabe rir e chorarQuando sente seu mundo desabarMas não se deixa abalarPois põe a intuição pra funcionar.

Mulher, mãe e esposaSustenta sua casa na mãoÉ a última que toma o pãoMas é a primeira que entrega o coração.

Como não amar alguém tão fascinanteSimplesmente apaixonanteQue não cansa de lutar, de até se anularPara que a situação vivida possa transformar?

26

Page 29: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

Mulheres admiráveis

Nancy MauraCouto Konstantin

...

O Lions Clube é a maior organização de clubes do mundo. Tem cadeira cativa na ONU. Estamos em 185 países e regiões geográficas diferentes em todos os 5 continentes. Falamos em 19 idiomas, somos cerca de 1 milhão e 800 mil associados. Nosso lema: “Nós servimos”. Pagamos para servir. Todos somos companheiros: o Companheiro Leão (CL) e a Companheira Leão (CaL) pagam a mesma mensalidade, a Domadora (Dm), esposa do Leão, paga metade da mensalida-de. Trabalhamos unidos ou em comissões; visitamos e faze-mos doações em asilos, casa de repouso de idosos, creches, hospitais, campanhas de alimentação (cestas básicas e aga-salho), festas beneficentes, Natal, Dia da Criança, colabora-mos com desabrigados de enchentes, etc... Nosso “Clube de Mães” ministra semanalmente aulas gratuitas de: Corte e Cos-tura, Economia Doméstica, Pintura, Bordado, Crochê, Tricô, Manicure, etc... Vou destacar a vida de uma mulher que se superou e fez um trabalho surpreendente em todo o universo e motivou o empenho e foco do Lions Clube Internacional: a cegueira evitá-vel e amparo aos mais carentes; trabalho contínuo das doma-doras, companheiras e companheiros encaminhando para consultas, doações de armações de óculos, lentes, cirurgias de catarata e outras oftalmológicas... Quem motivou e influenciou o maior trabalho em prol das vítimas da cegueira?

27

Page 30: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

Foi uma mulher extraordinária e vitoriosa que nasceu em 1880, no Alabama, Estados Unidos. Helen Adams Keller era uma criança que, aos 18 meses, se tornou cega e surda. Vivia prati-camente isolada do mundo. Alexander Grambell orientou os pais a procurarem a professora Anne Sullivan para cego e mudos. A menina teve uma melhora extraordinária com a aprendizagem. Aos 10 anos pediu: “Ensinem-me a falar e sole-trar”, se esforçou e desenvolveu tanto que foi a primeira surdo-cega a graduar-se em nível superior (Filosofia). Tornou-se defensora incansável das pessoas com deficiência. Estudou várias línguas e escreveu livros em inglês, francês, espanhol e alemão, tornou-se ativista, conferencista, viajando para vários países, adquirindo fundos em prol dos portadores de deficiên-cia. Recebeu honrarias de vários países como Inglaterra, França,Portugal, Espanha, Alemanha, Índia, Brasil, no Brasil insígnia “Cruzeiro do Sul”. Em 1925, participou da Convenção Internacional de Lions Clube e desafiou os Leões a se tornarem “Os Paladinos dos Cegos na cruzada contra a escuridão”. Os Leões aceitaram o desafio e, desde então, passou a incluir e dedicar trabalhos de visão focados na cegueira evitá-vel, em todos os clubes do mundo. Em 1971, o Lions Internacional declarou dia 1° de junho como o “Dia de Helen Keller”. Homenagem muito justa à mulher que dedicou parte de sua vida aos portadores de doenças visuais e auditivas...

28

...

Page 31: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

Mulheres

Patrícia MonteiroVieira Batista

29

Menosprezadas pelo que são.Por causa de seu gênero, diminuídas.Mundo machista tem a razão,E as mulheres desmerecidas.

Se há emprego, melhor o homem,Fica excluída a profissional.Aos poucos as esperanças somem,De ter um mundo igual pra igual.

Capazes sei que somos,De conseguir nossos direitos.Com a cabeça erguida à luta vamos,De ser a maioria tomemos proveito.

Temos que nos conscientizarmos,Que se lutarmos, mudamos o mundo.Nossos direitos que precisamos,Não se realizam se ficarmos mudas.

Page 32: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

Movimento “Amigas Pró-cultura”Piedade Soares Araújo Belonni

30 ...

Não podemos negar que, o inicialmente chamado “Movimento em prol da Cultura” e, depois, denominado Movimento “Amigas Pró-Cultura”, foi um marco importante na cultura de Nova Lima, promovendo encon-tros, atividades sociais e filantrópicas. Plantou sementes que frutificaram ao longo do tempo. O perfil das componentes do grupo de apoio, responsável pelo movimento, com certeza, ajudou, e muito, para que a realização dos encontros e a participação das pessoas, se dessem sempre de uma forma bastante gratificante. A alegria e versatilidade de Marina Cesário, o carisma de Maria Helena Lima, o discernimento e ponderação de Maria Helena Araújo (Lili), a simpatia e amizade de Fátima Reis Borges, as iniciativas, contatos e participação de Carmem Lopes dos Santos, as valiosas opiniões da Rita Silveira, o comprometimento de Piedade Soares Araújo Belloni (Didi Belloni) e, posteriormente, a intelectualidade e a competência de Else Dorotéa Lopes, foram as chaves que abriram as portas para que o Movi-mento “Amigas Pró-Cultura”, fizesse história e sobrevivesse ao longo dos anos. Inspiradas nas atividades realizadas no Curso “Mulher de Hoje”, em 1997, idealizadas por Avelina Otero Gomes Ramos, em que os assun-tos de interesse social eram tratados por especialistas, através de pales-tras, o Movimento “Amigas Pró-Cultura”, no ano seguinte, no dia 2 de setembro de 1998, promoveu o seu primeiro encontro no salão nobre do prédio da Sobras. A princípio, os encontros eram frequentes, nas tardes das quar-tas-feiras, sendo convidados, mediante convites personalidades, amigos e pessoas interessadas. O número de pessoas que aderiu ao movimento foi surpreendente.

Page 33: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

Entusiasmadas com a receptividade, o grupo de apoio, ampliou o projeto inicial, inserindo na programação dos encontros, números de diversos segmentos artísticos e literários: números musicais, instrumen-tais e cantos (solo e corais), danças clássicas, folclóricas, de salão e típicas de vários países, além da apresentação de grupos de teatro. Sem contar com as exposições artesanais, visitas a asilos, como a Vila Vicentina, creches como a do Centro Educacional Professor Estêvão Pinto (CEPE), em Belo Horizonte, visita ao Colégio Logosófico, em Belo Horizonte, visita à Fabrica de Fuxicos em São Sebastião das Águas Claras (Macacos), onde foi realizado um almoço de confraternização do grupo. Seria relevante pontuar algumas das inúmeras exposições arte-sanais: de pintura em porcelana, tecidos e telas; de bijuterias; de peças em argila, de arranjos em flores; em madeirae couro; bolsas, sacolas e bordados em geral. Outro momento feliz do Movimento foi a biblioteca, criada com a doação de livros pelas integrantes do Movimento. No dia dos encontros, as participantes tinham a oportunidade de retirar livros, para lerem em suas casas, devolvendo-os no dia do próximo encontro. Anualmente, no mês de setembro, comemoramos seu aniversário de fundação. Ao longo de todos os anos, esta celebração se deu, como a participação das “Amigas do Pró-Cultura”, em Ato Litúrgico, durante o setenário de Nosso Senhor do Bonfim, na igreja, zelado por Áurea Silva e Neuza Miranda. Nessas ocasiões, as “Amigas Pró-Cultura”, habitualmen-te, sempre fizeram o seu ato concreto, fazendo doações materiais ou em valores para diversas instituições filantrópicas. Seria muito difícil enumerar o nome de todas as pessoas da comu-nidade, e mesmo de outras localidades, que nos deram força e estímulo durante todo o percurso do Movimento “Amigas Pró-Cultura”, mas algu-mas não podemos omitir, ao falar da História do Movimento, por estarem diretamente envolvidas em todo processo dos acontecimentos narrados, Faz-se justo registrar os párocos da Igreja de Nossa Senhora do Pilar, o Espaço Cultural Letícia Svizzero (do casal Dely e Paulo Damasce-no dos Santos), Lions Clube de Nova Lima, Secretaria Municipal de Cultu-ra, através de seus secretários (Abílio Abdo Lopes, Lecy Alves Campos, Marcos Augusto e Tatiana Pessoa Geckler), Dr. Ely da Conceição Souza, Nancy Maura Couto Konstantin, as irmãs Cardoso (Maria Helena, Livalda eMargarida), Maria Raimunda Cunha e Alcebíades Campbell.

... 31

...

Page 34: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

32

Perdoe-nos as que deixamos de mencionar – Gratidão! Olhando a trajetória do Movimento “Amigas Pró-Cultura”, temos de admitir que uma luz, pequena e frágil, foi acesa, despertando e des-cortinando horizontes para um Amanhã Cultural, maior e melhor em nossa cidade. Obrigada à nossa gente, por nos dar voz e oportunidades de reali-zar nossos sonhos e anseios! Nova Lima, que sempre nos abraçou com presença, carinho e apoio, nossa profunda gratidão! Aguardemos com fé... pós-pandemia, nos encontraremos nova-mente! Se Deus assim quiser!

...

Page 35: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

Mulher de verdadeShirley Ribeiro

Ah! mulher!Que parece ser frágil... influenciável... intolerável!Ah mulher!Que mero engano... insano...

Tu és uma fortalezaCaminha com destrezaContigo não tem tristezaApenas a força do amor...

Age com sabedoria... alegria... soberania.

Luta sempre como guerreiraCheia de féÉ exímia aventureiraE pelos seus jamais encontra barreira.

Ah! mulher!Deus te fez tão completa... discreta... correta...Repleta de tão doce euforiaE se expressa com categoriaJamais se vangloria.

Mulher...força da humanidadeA mais pura bondadeTraduzida em sua verdade.

33

Page 36: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

A gramática de ser mulherSimone Cristina Ribeiro

Por tantas vezes se fez conjugarPalavras variáveis como o verbo amar.Vigor, bravura e destemor Adjetivos que inspiram o seu fulgor.

Um superlativo de atribuiçõesMovimentos em número, gênero e grauque intensificam ainda maisa sensação de estar no mais alto degrau.

Analiticamente superando obstáculospor onde passa ganha status.Faltam preposições para destacar o modo, a intensidade, o tempo, ou o lugar.

Mu - lherPalavra dissílaba que traduz tamanho esplendor.Um brilho esfuziante,capaz de afagar no seu colo seguro, toda e qualquer dor.Lamentos de um cansaço sem fim,Interjeições que intensificam a pureza de ser o que ée pelo ato de reconhecimento merecem bis.

Mulher: substantivo simples e comum.Próprio de toda a sua existência,e composto de pequenas dosesque fazem deste ser, uma busca constante de sua aquiescência.

Mulher simples e unicamente Mulher.

34

Page 37: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

Mulheres, quem somos?Sônia Sergio

... 35

O que temos a comemorar?Por que temos de lembrar a todos que existimos?Como mulher, ainda não sei o porquê deste dia.

Cada duas horas um feminicídio aqui ou ali acontece.Uma facada, um tiro direcionado,Implosão, vontade de matar.O macho se apoderando da vida,De quem nunca lhe pertenceu.

Mulher espancada pelo seu homem,Marido, companheiro, namorado, amante, não importaTodo dia, toda hora, seja na favela ou na mansão de rico.Amor distorcido, posse do corpo que a outro não será.

Menina, ainda nem menstruada ficou, já ouriçouDesejo no olhar despudorado do tio, do vizinho, o malfeitor.Adolescente, sonhos a sonhar com a vida cotidianaArrancada é em seus devaneiosUltrajada em sua virgem e nascente sexualidade.

E ainda em pleno século XXI,As inimigas das mulheres são as próprias mulheresAmargas que debocham, julgam,Inveja que atormenta a alma aprisionada,Agridem as próprias irmãs, calcadas num machismo doentio.

Page 38: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

36

...

Elogios nem palavras adocicadas não preenchemAs necessidades de respeito e reconhecimentoDe todas as mulheres sejam brancas, negras, amarelas ou pardas.Somos líderes, altivas amazonas de nossas vidas.Vamos à guerra todos os diasNo cansaço do trabalho, parco salário, da amamentação,Á louça lavada, a roupa passada, o filho na camaÁ “live” na tela, chamada para a hora do estudo.

Não somos objetos, nem tampouco coisaPara nos queimarem na fogueiraDo desamor, do machismo, da devassidão.Somos apenas “MULHER”, criatura divina do Criador,Abrigo do novo, do despertar da vida.

Mulheres, acordem! Deem-se ao respeitoExijam deferência e consideração.A célula mater da humanidade, sempre seremos,Útero da procriação, corpo abençoado.

Mulheres santas, mulheres bruxasMulheres selvagens somos.

Page 39: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

37...

Deu-se luz a uma mulher, porque ela nasceu para iluminar!Não lhe deram a ruptura das algemas de sua expressividadeNem cortaram sua mordaça, por medo dela se comunicar.Deu-se a ela a oportunidade de procriar Muitas vezes não lhe deram o direito de se realizarPreviram que a mulher pudesse, por demais, criarNem sempre lhe deram o direito da palavra e do poderEmbora há muitos anos a mulher já soletrasse a sabedoria.Entre a mulher e o direito de sê-la existem distânciasDesconhecidas ou percorridas pela discriminação. Trançaram seus cabelos e, no alto de uma torreA deixou trancafiada, disfarçada de princesa Sem direito à liberdade ou à razão.Uma sociedade patriarcal lhe impõe massacressubentendidosPor um coronelismo arrogante nos ares e nos gestos, Em hierarquias de distintas famílias de várias nações.Esse fantasma de cor anil, lhe rouba o afetoRouba-lhe o respeito e o amor entre quatro paredesCravadas de ouro e entre alvos e rendados lençóis.Rouba-lhe a dignidade e o compromisso verdadeiroCom alianças de rubis, diamantes e cristais,Rouba-lhe a gratidão em abraços sombrios E a sinceridade em beijos traiçoeiros.Falta-lhe respeito cálido nesse desamparo cotidiano,Calado e massacrado entre casebres De adobe caiado e telhados de sobro.Falta-lhe carinho sincero nas relações eólicasDos encantamentos corriqueiros

MulheridadesValéria Gurgel

Page 40: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

...

...

Faltam-lhe olhares e ações acolhedoras nesse fétido desvalor.Ansiedades machistas burlam corpos de violãoE seus sonhos e inteligências.Quantas Hipátias de Alexandria ainda terão que morrer?A feminilidade oculta, sedenta e carente,Acredita nessa mera emoção,Golpeiam seus corpos, rasgam seus vestidos cinturadosE floridos, sejam chitão ou pura seda,Deixam em frangalhos suas almas nuasQueimam-se Joanas D’Arcs em fogueiras E as suas doces ilusões do porvirSufocam seus desejos de plenitude e ação.Morrendo essa mulheridadeEsquecem de si mesmas,de quem são,De quem ainda poderiam ser, mesmo sem o saber.Abusam de sua força interior, de seu ser divinalPela fragilidade de seus sentimentos mascaradosDe olhares ofuscados por sonhos trincados E medos desvalidos por violências tamanhas E psicologicamente transparentes.Entre sussurros grita por socorro uma mulherParece que ninguém deseja ouvir, ou impedir.Sabe-se que o feminicídio segue descomedidoTalvez a própria humanidade tenha medos incutidos.Desde os primeiros raios de sol deste universo fêmeoA força da mulher é autossuficiente e coerentePara mover o mundo e a engrenagem do globo.E charpes douradas encobrem tristes e cruéis sinas Roxas marcas obscuras presas com seus nós nas gargantas Essa mulher “Mãe Terra” ainda dá frutos maduros e sadios Ao toque sensível de suas delicadas mãos.Mulheres são mantras de desejos e lágrimas abortadas Por inocências petrificadas pela prostituiçãoNo estalido de um verãoAinda que absentes razões mórbidas descoloridasQueiram justificá-las

38

Page 41: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

39

Ainda que sejam mascaradas entre a multidão, Queimadas em fogueiras dos séculos mudosSeu seio nutre a vida, seu leite não tem cor, Tem o sabor do verdadeiro amorE seus anseios não estão nos tons de sua pele, Nem na textura de seus cabelosMulher é estado de graça, Não é alegoria subentendidaEntre turbantes e saias rodadas.Em parábolas segue contando a sua trajetória, De salto alto ou com pés no chão,Transcende do ventre à própria vida Abre os seus braços para a evolução.

...

Page 42: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

40

Quem é essa criaturaTraduzida de sentimentosQue é feita de mistériosE traz resíduos de estrelas...

Que é afeto e compreensãoAmor e sutilezaQue não quer prova de nadaPorque sente com a almaPois é filha da emoção...

Quem é elaQue tem os pés no chãoE o DNA de sonhadora?

Ah! A mulherQue é sorrisos e lágrimasUtopias e veracidadesFlores e versosBorboletas e estrelas.Poderosa sendo frágilVolúvel e versátilSem se perder de si mesma!

MulherVilacy Pessoa Geckler

Page 43: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

O feminino não está apenas Nos cabelos bem pintadosNos apelos da modaNas formas esculturais Nas plásticas e no botoxNa pele macia como pétala de rosaNa cintilação das joias e bijuteriasNo rosto bem maquiadoNo salto alto e nas rasteirinhas Nos cremes e cosméticos Na postura ereta e na elegância Na formosura cantada pelos poetasMas também e sobretudoNo corpo que a gravidez alterouNo leite que alimenta o infanteNo colo que aconchega a criançaNas mãos que transbordam carinhoNa paciência com a dor e o sofrimentoNas mãos que cuidam da casa e do alimentoNas lágrimas derramadas pelo filho perdidoNas múltiplas tarefas do dia a diaNo trabalho árduo no lar e fora deleNas rugas e cabelos brancos da avóNa inteligência e na capacidade criativaNa luta por direitos e pela autoafirmação Como mulher.

41

Mulher

Virginia Paulinade Paiva Silvestre

Page 44: CADERNO - MULHERES NOVALIMENSES - Versão Digital

PRODUZIDO PORSecretaria Municipal de Cultura Núcleo de Atividades Literárias

PREFEITO MUNICIPAL DE NOVA LIMA João Marcelo Dieguez Pereira

VICE-PREFEITODiogo Ribeiro

SECRETÁRIO MUNICIPAL DE CULTURAE TURISMO DE NOVA LIMA

Leonardo Costa

IDEALIZAÇÃO E ELABORAÇÃOElse Dorotéa Lopes

REVISÃOElse Dorotéa Lopes

Juliana Rocha - MG 13406 JP

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃORaphael Alencar

NOVA-LIMENSES