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Cadernos de Tipografia e Desing Nr23 Maio de 2012

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  • Cadernos de Tipografia e Design Nr. 23 / Maio de 2012 / Papel

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    Cadernos, 23 / Maio de 20122 verso, corrigida. 20 de Junho de 2012.

    ndice de temasModo de usar os Cadernos .........................................................3O livro completo mais antigo ....................................................4

    Design alemo do ps-guerra .............................. 6Onde colocar os botes? Dieter Rams sabe ...........................11Hans Gugelot .................................................................................22A Era Rams ................................................................................24

    Papel ................................................................. 36O Moinho do Papel em Leiria ....................................................38O Museu Papeleiro em Paos de Brando ..............................39O Moinho de Chuva ......................................................................44Mol Paperer de Capellades .......................................................46Papel online ...................................................................................47Pontusais, corondis, marcas dgua .......................................48Marcas de papeleiro ....................................................................52Brevssima histria do papel .....................................................57

    Dieter Rams. Foto: Dr. Ren Spitz, www.wortbild.de/

    Caros leitores

    Chegou o fim do papel pelo menos para os Cadernos de Design e Tipografia! Conscientes de que so muito poucos os leitores que imprimem estes Cadernos em papel, optamos por um novo

    formato, mais apropriado para a leitura no ecr. Mesmo a propsito, o tema principal deste nmero o papel no s como suporte da escrita, mas em (quase) todas as suas manifestaes. Na rea do Design, optamos por um assunto actual: a mistificao da figura de Dieter Rams, evangelista do Design alemo do ps-guerra.

    Agradeo a Birgit Wegemann vrias crticas e suges-tes, assim como a Vitor Miguel Barros Pinto a reviso dos textos sobre a Braun/Rams. A Ruben Dias, um obri-gado pelos seus apontamentos sobre o paperfolding. Boa Leitura! Paulo Heitlinger

    Temas

    30 tipos de papel ................................................ 67Papel no qual o ouro brilha ........................................................75Buntpapier aus Augsburg ...........................................................76Colher flores no jardim ...............................................................87Papel de parede .............................................................................88

    Moda de papel .................................................... 93

    Bonecas de papel ............................................... 95

    A indstria do papel nos EUA .............................. 103

    Papis orientais ................................................. 110Papel Hanji, da Coreia .................................................................112A versatilidade do papel japons ..............................................120

    Dobrar papel ...................................................... 140Transformers: afinal, existem! ..................................................144

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    Termos de utilizao

    Para uso pessoal do leitor. autorizada a citao de tex-tos. No permitida a venda a terceiros, ou a dissemina-o deste PDF por outros sites. permitido imprimir e citar os Cadernos de Design e Ti-pografia. permitido imprimir este documento e colo-c-lo em bibliotecas pblicas. A licena concedida ao lei-tor no permite copiar e/ou vender os contedos (tex-tos, imagens e grafismos) a terceiros. No permitido co-locar este PDF em sites como ISSUU, etc. terminante-mente proibido colocar esta verso noutros sites! Pela simples razo: passados alguns dias (ou semanas) depois do primeiro lanamento, recebemos reaces, suges-tes e comentrios dos leitores, que nos permitem me-lhorar o contedo. Deste modo, aparecem segundas (ou mesmo) terceiras edies, que incluem esses melhora-mentos. As cpias ilegais, difundidas noutros sites, no beneficiam desses melhoramentos.

    O que que os Cadernos no so

    Os Cadernos no so uma revista cientfica ou acad-mica. Em Portugal e no Brasil, o nvel geral das publica-es ditas cientficas, universitrias ou acadmi-cas to baixo, que no nos interessa ser comparados com estas publicaes.

    Citaes

    Quem quiser incluir no seu trabalho acadmico, jorna-lstico, etc. uma referncia aos artigos aqui publicados, deve fazer a citao e a respectiva referncia segundo a praxe acadmica:Nome(s) do(s) autore(s)Ttulo do artigoCadernos nr ...., data ....Publicado em: www.tipografos.net/cadernos

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    Os Cadernos so redigidos, paginados e publi cados por Paulo Heitlinger; so igualmente pro prie dade intelectu-al deste editor. Qualquer comu nica o dirigida ao editor calnias, louvores, ofertas de dinheiro ou outros valo-res, propos tas de subor no, etc. [email protected].

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    Modo de usar os CadernosAconselhamos os nossos leitores a usar a verso 10 do Acrobat Reader a verso X. Esta ferramenta, mais evoluda, no s permite clicar todos os hiperlinks inseridos neste texto digital, como permite adicionar comentrios. Deste modo, pode personalizar melhor esta sua cpia do livro!

    Temas

    Os Cadernos inci dem sobre temas relacionados com o Design, o Typeface Design, o Design Grfico e de produto e a anlise so cial e cultural dos fen menos rela cio nados com a visualizao, edio, publicao e repro duo de textos, smbolos e imagens. Publicados em portugus, e tambm em castelhano, galego e catalo, diri gem os seus temas a leitores em Portugal, no Brasil, na frica, na Es-panha e na Amrica Latina. Os Cadernos no professam qualquer orien tao nacionalista, chauvinista, partid-ria, religiosa, misticista ou obscurantista. No discuti-mos temas pseudo-cientficos, tais como a Semi tica ou o Lateral Thinking, por exemplo.

    Em 2012, a distribuio continua a ser feita gr-tis, por divulgao da verso em PDF posta disposi-o dos interessados em www.tipografos.net/cadernos. 2007, 8, 9, 10, 11,12 by Paulo Heitlinger. All rights reserved.

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    O livro completo mais antigo

    Curiosamente, um dos mais antigos livros intactos que conhecemos, tambm um dos mais pequenos do tama-nho de uma mo aberta, apro xi madamente. Escrito com letra uncial, a cpia manuscrita do Evangelho segundo So

    Joo, o St Cuthbert Gospel, foi caligrafado no Norte da Inglaterra nos finais do longnquo sculo VII. O cdice foi enterrado perto do Mosteiro de St Cuthbert on Lindisfarne, aparentemente em 698. Mais tarde foi achado dentro da sepultura do santo, na Catedral de Durham, em 1104. Tanto o encadernamento como as folhas de pergaminho encontram-se em aprecivel estado de conservao para um livro que conta cerca de 1.300 anos de existncia e que passou bastante tempo dentro de um caixo, para sobreviver... O tipo de letra usado neste pequeno livro a Uncialis, uma Romana redonda j foi amplamente tematizado nos Cadernos de Tipografia e Design, Nr. 18, publicados em Janeiro de 2011.

    English text

    The British Library has announced that it has successfully acquired the St Cuthbert Gospel, a miraculously well-pre-served 7th century manuscript that is the oldest European book to survive fully intact and therefore one of the worlds

    most important books. The 9 million purchase price for the Gospel has been secured following the largest and most success-ful fundraising campaign in the British Librarys history.

    A manuscript copy of the Gospel of St John, the St Cuthbert Gospel was produced in the North East of England in the late 7th

    century and was placed in St Cuthberts coffin on Lin-disfarne, apparently in 698. The Gospel was found in the saints coffin at Durham Cathedral in 1104. It has a beau-tifully worked original red leather binding in excellent condition, and it is the only surviving high-status manus-cript from this crucial period in British history to retain its original appearance, both inside and out. As such, it represents a major addition to the Librarys world-class

    collections relating to the early history and culture of Bri-tain, and its unrivalled collection of texts associated with the worlds great faiths.

    Now in public ownership, the St Cuthbert Gospel is on display in the Sir John Ritblat Treasures Gallery in the British Librarys flagship building at St Pancras. Following a conser-vation review led by the British Library and involving inter-national conservation and curatorial experts, the Gospel will be displayed open for the first time.

    To celebrate the acquisition, the Library has opened a special display exploring the creation, travels and sur-vival of the Gospel across 13 centuries. In addition, the man-uscript has been digitised in full, allowing it to be made

    Fotos: British Library.

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    freely available online for the first time via the Librarys Digitised Manuscripts webpage: http://www.bl.uk/manuscripts/FullDisplay.aspx?ref=add_ms_89000

    The Chief Executive of the British Library, Lynne Brindley, said: To look at this small and intensely beautiful treasure from the Anglo-Saxon period is to see it exactly as those who created it in the 7th century would have seen it. The exquisite binding, the pages, even the sew-ing structure survive intact, offering us a direct connection with our forebears 1300 years ago. Its importance in the history of the book and its association with one of Britains foremost saints make it unique, so I am delighted to

    announce the successful acquisition of the St Cuthbert Gospel by the British Library. This precious item will remain in public hands so that present and future genera-tions can learn from it.

    The acquisition of the St Cuthbert Gos-pel by the British Library involved a part-nership between the Library, Durham Uni-versity and Durham Cathedral and an agreement that the book will be displayed to the public equally in London and the North East. The first display in Durham is anticipated to be in July 2013 in Durham Universitys Palace Green Library on the UNESCO World Heritage Site.

    lingua balbus Hebes ingenio uiris doctis sermonem facio sed quod loquor qui nulli uestrum Su Et

    Uncialis. Fonte digital, da autoria de Paulo Heitlinger, extrada do documento Homiliae in numeri 15-19, Abadia de Corbie (?); ltimo quartel do sculo VII. Ms Burney 340, British Library. A semelhana com a uncial do St Cuthbert Gospel evidente.

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    Design alemo do ps-guerraSixties Design, made in Germany

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    Este modelo americano de 1939 pe em evidncia a evoluo geral no design de rdios de mesa, antes e depois da guerra. Design futurista, tpico do styling americano, ao estilo de Raymond Loewy. Airline Midget Table Radio Model 04BR-420B. O corpo deste receptor de rdio de baquelite. EUA, 1939. Foto: Collection Mark Meijster, Amsterdam, 2011.

    Parece uma torradeira de po de forma, mas um rdio porttil, o modelo Kofferradio Piccolo 50. Designer desconhecido, 1949. Mostrado na exposio Dieter Rams: Less and More, no Museum fr Angewandte Kunst, Frankfurt am Main, de 22 de Maio a 5 de Setembro de 2010.

    Rdio de mesa Braun RT 20. Tischsuper. Dieter Rams. 1961.

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    A Braun comeou a produzir em 1921; era ento uma pequena empresa que tinha sido fundada por Max Braun em Frankfurt. Comeou por produzir peas de r-dio, para pouco depois fabricar tambm os apa-relhos de rdio da marca Braun. To cedo como 1935, a Braun tinha lanado no mercado um pe-queno rdio porttil, com todas as caractersiti-cas mais tarde associadas a Dieter Rams. Depois da ii. Guerra Mundial, a empresa ampliou a a sua linha de produtos com batedeiras e barbeadores elctricos.

    Sob a gesto dos irmos Artur e Erwin Braun, que tinham herdado a empresa ao pai, a Braun ti-nha ganho um perfil tendencialmente progressis-

    Rdio e gira-discos Braun, modelo RC 55 UK. Cerca de 1955, antes da Era Rams. Foto: Museu do Som e da Imagem, Vila Real, Portugal.

    ta, providenciando tratamento mdico gratui-to e generosas penses de reforma aos seus em-pregados. Artur Braun foi um engenheiro de ta-lento, que tratou de garantir que a Braun esti-vesse sempre na liderana dos produtos elec-trotcnicos uma nova classe de produtos do-msticos que tinha comeado a inundar os mer-cados europeus depois da ii. Guerra Mundial.

    Como complemento vocao de Artur, Erwin Braun tinha um especial interesse pela Gestalt aquilo a que hoje chamamos de-sign. Quando Dieter Rams entrou na Braun, em 1955, j Erwin Braun tinha encetado uma exemplar colaborao com a hfg, a escola de de-sign de Ulm, dirigida por designers como Hans Gugelot, Otl Aicher e Max Bill. Da colabora-o com a escola de design em Ulm iria resul-tar o icnico modelo Braun SK 61, assinado por Dieter Rams e Hans Gugelot.

    A evoluo da Braun

    Radio Braun exporter 1Designer: desconhecido, 1954.Exposio do Museum fr Angewandte Kunst, Frankfurt am Main, de 22 de Maio a 5 de Setembro de 2010. Este aparelho remonta a um modelo de 1935.

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    Aps a morte de Max Braun, em 1951, os seus dois filhos, Artur e Erwin, assumiram o controlo da empresa e introduzi-ram um novo conceito de gesto em-presarial: um Designstudio, ou seja, um Departamento para Formgestaltung, mais tarde designado Abteilung fr Produktgestaltung.

    Esta seco, onde foram concebidos e desenhados todos os produtos que de-ram fama e prestgio Braun, foi mon-tada pelo Dr. Fritz Eichler, historiador de Arte, cineasta e cenarista. Ao lado de Eichler, outros nomes marcaram os pri-meiros anos do Braun-Design: Wilhelm Wagenfeld (pioneiro da Bauhaus), Inge Aicher-Scholl (hfg), Otl Aicher, Hans Gugelot (hfg), Albrecht Schultz e Herbert Hirche. Seria esta seco que Dieter Rams iria comandar, a partir de 1961.

    Em 1954, Erwin Braun entrou em contacto com a recm-fundada hfg (hochschule fr gestaltung), em Ulm (www.hfg-archiv.ulm.de). Esta escola superior, fundada para dar continuida-de herana da Bauhaus, desenvolveu vrios projectos de parceria com a in-dstria alem; a mais notria destas co-

    Braun SK 25. Design de Artur Braun e de Fritz Eichler, 1955. Este aparelho, cuja autoria frequente, mas erradamente atribuda a Dieter Rams, marca o incio de toda uma nova era na empresa Braun. Design claro e ordenado, parco. Um forte contraste com os opulentos mveis para rdio e gira-discos, caractersticos do Design dos anos 50, que ainda pedia emprestado os ornamentos dourados ao Design do

    perodo antes da guerra. O corpo do receptor de rdio SK25 de baquelite, pintado cor de grafite. O SK 25 tambm foi vendido numa verso cinzento claro. A grelha frontal feita de lata perfurada (!) Os botes (Ein/Aus, Lautstrke, Frequenzeinstellung) so de plstico. Os precursores SK 1, SK 2, SK 3 foram vendidos em cor grafite, mas tambm em azul claro, verde claro, e beige claro.

    O Designstudio

    laboraes foi a parceria com a Braun. A Braun nunca apresentou qualquer

    inovao tcnica substancial, como o iram fazer consrcios japoneses como a SONY (Walkman, CD-ROM, etc.) Depois da guer-ra, os produtos da Braun continuaram a usar as mesmas tecnologias que j usavam antes da guerra. Alguns materiais foram substitudos: a bakelite deixou de ser usa-da, adoptou-se o plexiglas, etc.

    O factor distintivo foi que a Braun sou-be usar o Design como uma fachada que lhe garantiu, durante dcadas, boas ven-das junto a uma clientela elitista, vida por design de vanguarda.

    Braun Tischradio TS-G. Design: Hans Gugelot e Helmut Mller-Khn/hfg Ulm, 1955. Exposio do Museum fr Angewandte Kunst, Frankfurt a.M., em 2010.

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    A evoluo da Braun: novos materiais

    Antes do aparecimento do secador de ca-belo elctrico vrias tcnicas pouco c-modas eram utilizadas. Por exemplo, secava-se o cabelo com um ferro de engomar e utilizava-se ferros cilndricos, previamente aquecidos no fogo, para formar caracis.

    Em 1920 surgiram os primeiros secadores de cabelo elctricos, nascidos da combinao en-tre uma resistncia idntica dos aquecedores e um motor semelhante ao dos aspiradores. Os primeiros modelos foram feitos de crmio, alu-mnio ou ao inoxidvel e o cabo do aparelho era feito de madeira, o que os tornava pesados e mais difceis de manejar.

    Nos anos 30, um novo material comeou a ser utilizado: a baquelite, um plstico resistente

    ao calor e, para alm disso, que pode ser molda-do e assumir vrias cores e feitios, como a imita-o da madeira do secador de cabelo Supreme da Hawkins, Inglaterra.

    A descoberta do plstico como material ba-rato, mais facilmente moldvel, mais leve e mais atraente, permitiu criar uma maior variedade de formas e estilos, tendo sempre em conta o lado prtico do aparelho. Vrios modelos foram pos-tos no mercado a partir de ento at aos nossos dias, como por exemplo, o secador porttil da Braun, desenhado por Reinhold Weiss (1964). considerado um elemento indispensvel em casa ou no cabeleireiro, principalmente se tiver-mos em conta a importncia que a moda e a bele-za assumem nos dias de hoje.

    Ventilador de mesa HL 70. Reinhold Weiss. Braun. 1971.

    Supreme Hawkins Hairdryer.

    Primitivismo ou celebrao do minimalismo funcionalista? O icnico modelo Braun SK 61, assinado por Dieter Rams e Hans Gugelot. Rdio e gira-discos, integrados. Tampo de plexiglas.

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    Com a orgulhosa idade de 79 anos, Rams hoje

    uma incontornvel referncia no Design. Durante

    os 40 anos que esteve ao servio da Braun, definiu

    um sbrio e elegante visual para acentuar a

    funcionalidade dos seus produtos.

    Concentrou-se na concepo de aparelhos

    ergonmicos, para serem facilmente utilizados.

    Fabricados em grandes sries. Na Braun, todas as

    caractersticas suprfluas j tinham sido

    eliminadas. Rams marcou a sua posio pela

    persistncia na continuao desta linha, numa

    qualidade manifestada em cada objecto, possesso

    por uma obsessiva ateno aos detalhes, que ele

    considerava essenciais. Comeou a praticar a srio

    o que se viria a chamar Interaction Design.

    Tudo comeou com uma aposta. Dieter Rams, ento um jovem de 23 anos, trabalhava como assistente no gabinete de Otto Apel, um arquitecto de Frankfurt. Um colega descobriu um anncio

    num jornal; uma empresa que ningum conhecia pro-curava um arquitecto. O colega desafiou Rams a candi-datar-se ao posto, paralelamente sua prpria candida-tura vamos ver quem ganha.

    Nascido em 1932, Rams tinha estudado Arquitectura em Wiesbaden de 1947 at 1953 e at fez uma formao

    como carpinteiro antes de comear a trabalhar para o arquitecto Otto Apel, a partir de 1953.

    Rams ganhou a aposta e ficou com o emprego. O seu novo patro era a Braun, uma empresa produ tora de electrodomsticos. Comeou a trabalhar a em 1955, para s sair em 1995. Durante esses 40 anos, Rams escre-veu histria do Design, desenhando torradeiras, cafe-teiras, bate dei ras, mquinas de cozinha, rdios, grava-

    Onde colocar os botes? Dieter Rams sabe

    dores, gira-discos, relgios, calculadoras, gravadores e diversos equipamentos integrados de high-fidelity.

    Quando Rams entrou na Braun, a sua perspectiva era continuar uma carreira de arquitecto, de pre-ferncia no planeamento urbano. Mas a Braun no fazia arquitectura, como o anncio o podia ter

    sugerido. Quando muito, a arquitectura era um assunto perifrico.

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    Se bem que Rams comeasse a trabalhar em projectos arquitect-nicos, passado um ano j estava metido no Design de produto, produ-zindo o seu primeiro tarbalho a solo, o projector de slides PA1 (1956). J nos primeiros trabalhos se notava a sua obsesso pelos detalhes exac-tos e os acabamentos 100% perfeitos. Qualquer pormenor teria que exibir a virtude do as little design as possible.

    O processo de planeamento de Rams foi sempre minucioso e con-trolado. Comeando com croquis desenhados a lpis sobre rolos de papel, passando para prottipos onde os colaboradores podiam veri-ficar com preciso a posio de motores, ventoinhas, botes e demais comandos at aos desenhos tcnicos finais que se passavam aos construtores, para se passar produo em srie.

    O design vintage da Braun (que no tem quase nada a ver com o design contemporneo desta empresa) ficou a ser considerado 100% exemplar: esttico, funcional e simples de usar, discreto e comedido. Nada de exageros la Raymond Loewy, zero de decorao, tudo clean, plano, geomtrico e plido de cores, sem arestas duras. Lembrando sempre a Bauhaus, claro. Muitos dos seus produtos encontram-se hoje no acervo de museus famosos, como o do MoMA, em New York.

    Para um pblico mais jovem, interessado em Design, o excelente documentrio de Gary Husqwitt Objectified foi a primeira pos-sibilidade de conhecer um pouco a originalidade da abordagem de Rams e dos seus contemporneos, atravs de vrios depoia-

    mentos feitos para este filme. Num livro recentemente publicado Dieter Rams: As Little Design as Possible (Editora Phaidon) , a his-toriadora de design britnica Sophie Lovell (www.sophielovell.com) traa o percurso de Rams como um dos mais influentes designer ale-mo da segunda metade do sculo xx.

    Jonathan Ive, o director de Design da celebrrima Apple, escre-veu a introduo para As Little Design as Possible. Esta publicao segue-se a outra, no menos importante, que surgiu h j dois anos:

    O mais purista dos designers industriais alemes: Dieter Rams, no auge da sua carreira.

    O primeiro trabalho de Rams na Braun: o pequeno projector de slides PA1. 1956.

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    Less and More: The Design Ethos of Dieter Rams (Edi-tora Gestalten), da autoria de Keiko Ueki-Polet e Klaus Kemp. Esta ltima por ocasio de uma grande exposio retrospectiva realizada no Museu de Artes Aplicadas, em Frankfurt.

    Sophie Lovell focou a sua ateno no processo de design praticado por Rams, dando-nos uma descri-o realista do mesmo. Em vez de esboar Rams como heri omnipotente um chavo comum na literatura de design , Lovell mostra a complexa rede de relaes e interdependncias que Rams teve que navegar para pr os seus projectos em marcha no Departamento de Design que liderou na Braun. No se esquecendo de assi-nalar os microscpicos detalhes em que Rams se capri-chva, quando projectva um novo aparelho. Os botes, as arestas, os cantos eram detalhes em que 0 perfeicio-nista Rams gostava de focar toda a sua ateno to demoradamente, at levar todos os seus colaboradores beira do desespero.

    Porque que agora se fala tanto de Rams? O que hoje a Apple para o Design industrial, foi a Braun durante a Era Rams: as dcadas de 1960, 1970 e 1980. provvel que os designers da Apple con-

    siderem uma comparao destas como uma vnia aos seus produtos. O desenho do digital keypad do iPhone Calculator , supostamente, uma homenagem a Rams a rplica do calculador desenvolvido em 1977 para a Braun por Rams, em parceria com o seu colega Dietrich Lubs.

    O barbeador Braun Sixtant SM2, assinado por Dieter Rams (ou por Richard Fischer?).Mais do que um genial inovador, Rams foi bem um

    produto do seu tempo e da sua geografia a Alemanha do ps-guerra. O seu estilo de design tinha sido pr-tra-ado por inovadores aqueles dentro da Braun e outros, associados hochschule fr gestaltung, em Ulm. Lem-bremos que produtos to icnicos como a Radio-Phono--Kombination studio 1 foram desenhados para a Braun

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    por Hans Gugelot e Herbert Lindinger, ambos da hfg Ulm, em 1957 por-tanto, quando Rams j tinha entrado aos servio da Braun...

    A hochschule fr gestaltung, em Ulm

    Curiosamente, a Braun nunca apresentou qualquer inovao tcnica substancial, como o iram fazer, por exemplo, consrcios japoneses como a SONY (Walkman, CD-ROM, etc.) Depois da guerra, os produ-tos da Braun continuaram a usar as mesmas tecnologias que j se usa-vam antes da guerra. Contudo, a Braun soube usar o design como uma fachada que lhe garantiu, durante dcadas, boas vendas junto a uma clientela elitista, vida por design de vanguarda.

    Em 1954, Erwin Braun entrou em contacto com a recm-fundada hfg (hochschule fr gestaltung), em Ulm (www.hfg-archiv.ulm.de). Esta escola superior, fundada para dar continuidade herana da Bauhaus, desenvolveu vrios projectos de parceria com a indstria

    alem; a mais notria destas colaboraes foi a parceria com a Braun. Hans Gugelot, arquitecto, designer e docente da hfg, foi encarregado

    do design dos rdios e gira-discos da Braun. Otl Aicher realizou as novas instalaes para a exposio dos produtos e reformulou as Relaes Pblicas da empresa. Peter Seitz, sob a direco de Aicher, desenhou o estacionrio da empresa, quando ainda era estudante na hochschule fr gestaltung em Ulm.

    Vejamos que Rams no pisou terreno virgem. Quando, em 1955, entrou na Braun, j uma nova srie de produtos tinha sido desenvolvida a tempo de ser apresentada na Exposio Internacional de Radiodifu-so em Dsseldorf.

    O novo estilo fez furor: tudo o que fosse desnecessrio ao funciona-mento do produto tinha sido eliminado. Linhas simples, durabilidade, equilbrio e unidade eram os aspectos fundamentais. O design de todos os produtos da Braun era semelhante e portanto coerente, em geral com

    Em cima: Braun Radio-Phono-Kombination RC62 atelier 1 com alto-falantes destacveis. Dieter Rams, 1957-58. Em baixo: o rdio de mesa spectra futura da Nordmende, produzido em 1968 1970, um design do francs/norte-americano Raymond Loewy. A marca alem Nordmende nasceu em Dresden, renasceu em Bremen e liderou o mercado de aparelhos TV e rdio at fins da dcada de 1970.

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    acabamento exterior em branco ou beige, com o logtipo bem visvel.

    Mas com a aco continuada de Rams, a Braun tor-nou-se uma das empresas que mais influenciaram o design industrial con tem porneo. Vagamente orientada pelos princpios minima listas da Bauhaus, a fbrica de electro-domsticos sedeada em Kronberg criou vrias sries de produtos funcionais, de valor permanente, cul-tivando um styling prprio, frequentemente copiado e plagiado por outras empresas.

    A influncia de Wagenfeld

    No incio, o design dos produtos da Braun no era significativamente diferente do de outras empre-sas. Depois da morte do fundador, os irmo Artur e Erwin Braun tinham assumido a gerncia da

    empresa. Embora continuando o trabalho do pai, segui-ram o novo caminho que se revelou atravs do design funcionalista dos produtos e das estratgias de marke-ting da Braun.

    Foi uma palestra de Wilhelm Wagenfeld (19001990), docente da Bauhaus e designer industrial, que deu um impulso notvel para esta orientao. Para ser melhor que os outros, um produto precisa de um fabricante inte-ligente, que reflicta sobre a sua utilidade e a sua durabi-lidade. A busca da forma adequada pode causar proble-mas, que tm de ser resolvidos pela pesquisa cientfica como a pesquisa feita nos laboratrios de Qumica e Fsica. Quanto mais simples um produto industrial for, maior ser o esforo necessrio para realiz-lo, afirmou Wagenfeld em 1954.

    O calculador Braun 4955, ET23. Este aparelho no foi uma inveno original da Braun, antes um desenvolvimento da calculadora de bolso desenvolvida por Sinclair, o pioneiro que lanou a mercado os Sinclair Computer.

    Antes de ouvirem a palestra de Wagenfeld, os irmos Braun j tinham assimilado a lio. O ano 1950 tinha sido marcado por um novo produto da Braun, que ainda hoje frequentemente referenciado quando se fala da marca o barbeador elctrico Braun S50.

    Design de Interaco

    Graas aos talentos e iniciativa do engenheiro Artur Braun, a sua empresa foi pioneira no lan-amento de vrios produtos. Para estes apa-relhos inovativos, o Departamento de Design

    criado por Fritz Eichler e chefiado por Rams (a partir de 1961) tinha a misso de ensinar as pessoas a us-los.

    Ser importante constatar que, finda a ii. Guerra Mundial, tinha surgido uma nova classe de produ-tos domsticos: os que incorporavam no s Electrici-dade, mas tambm, e cada vez mais, Electrotcnica, e que tinham muitas funes incorporadas. Se a ventoi-nha elctrica que Peter Behrens desenhou em 1907 para AEG se limitava a ter um nico interruptor, com duas posies ligado e desligado , j os rdios-giradiscos da Braun necessitavam de bastante mais botes...

    Eu nunca fiz confiana nos manuais de instru-es, comentou Dieter Rams, todos ns sabemos que as pessoas no os lem. Por isso, Rams insis-tia que os modos de operao dos produtos da Braun deviam de ser to simples e lgicos quanto possveis.

    O pioneiro do Design de Interaco primava por colocar os botes, interruptores e comandos na sequncia mais lgica possvel. Integrando apenas o mnimo necessrio. Usando tambm, quando acon-

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    selhvel, um cdigo de cores para guiar o utilizador: verde para ligar, vermelho para desligar.

    Rams apreciava aquilo que s no idioma alemo tem um termo prprio: a qualidade tctil e hptica das coisas (Handschmeischlereigenschaft). Para atin-gir esse feeling, as arestas e os cantos, assim como os botes de comando dos aparelhos eram ligeiramente arredondados, para suavizar o contacto com a mo humana.

    Os interruptores do isqueiro de mesa da Braun foram desenhados medida do dedo que os pressiona. Rams misturou plstico rgido com plstico macio para tornar o barbeador Braun Micron Vario 3 (1985) mais fcil de segurar na mo.

    Dentro do Departamento de Design da Braun a poltica de produto nem sempre foi transparente. Um exemplo: embora Rams tenha sido creditado com a autoria da torradeira de po Braun HT 2 (1963), o seu verdadeiro autor Reinhold Weiss, um designer colega de Dieter Rams. Mais tarde, os rapazes da Apple, sob a direco de Jonathan Ives, iriam orientar-se fielmente por estas solues de Dieter Rams.

    O aparelho de audio (rdio+gira-discos) lan-ado em 1978, j com componentes integrados, foi o precursor dos aparelhos audio modernos. Nomeado director do Departamento de Design

    em 1961, Dieter Rams ditou doravante a esttica dos electrodomsticos da Braun, tornando-os famosos (e copiados) pelo mundo fora. Rams definiu o seu credo: o produto tem de ser inovador, esttico, prtico, dura-douro, facilmente manusevel e ecologicamente cor-

    Wilhelm Wagenfeld (19001990), docente da Bauhaus e designer industrial.

    Braun Radiosuper RT20. Design: Dieter Rams, 1961.

    Braun Informationszentrum. Frankfurt am Main. 1960

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    Dieter Rams e Jrgen Greubel conceberam e desenharam o Braun Lectron System (1967-1969) uma ferramenta didctica para escolas e universidades. Integra um extenso leque de mdulos, que se ligam uns aos outros por magnetismo, para formar circuitos electrotcnicos funcionais.Segundo Rams, o propsito desta abordagem era desmistificar a Electrotcnica, encorajando jovens a construir circuitos funcionais: medidores de luz, termmetros elctricos, rdios transistor, etc. A maioria dos mdulos era transparente, permitindo ver a pea no seu interior, contudo, a parte superior era branca, com o icne diagramtico impresso no topo.

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    recto. Dominava a sua preocupao de produzir apare-lhos com usabilidade evidente produtos que dispen-sassem o uso de manuais. Com a ascenso metrica de Rams, os seus colegas e colaboradores na Braun fica-ram na sombra: Reinhold Weiss, Dietrich Lubs, Arne Jacobsen, G. A. Muller e Wilhelm Wagenfeld.

    Rams ajudou a reposicionar a Alemanha como pas lider do Design, e influenciou pelo menos duas geraes de designers. Entre muitos outros, citemos Jonathan Ive (chefe designer da Apple) e

    o japons Naoto Fukasawa. Na Braun, nem tudo correu bem. Em 1967, a norte-

    -americana Gillette j era accionista maioritria da Braun. Mais tarde, os norte-americanos comearam a questionar o famoso design minimalista dos produtos, mudando os objectivos da Braun. Hoje, os principais produtos da empresa alem so barbeadores e escovas de dentes elctricas, secadores para cabelos, mquinas de cozinha e relgios.

    Ao longo dos ltimos anos, o design inicial desvir-tuou-se completamente. Como todas as outras multi-nacionais do ramo, a Braun comeou a produzir onde a mo-de-obra mais barata: Irlanda, Frana, Espa-nha, Mxico, China e Estados Unidos. Hoje, a Braun per-tence multinacional Procter & Gamble. O actual chefe do Departamento de Design Oliver Grabes, professor de Technisches Produktdesign na Bergische Universi-tt Wuppertal.

    Rams tambm fez design de mveis; a partir de 1957 para a empresa Otto Zapf, mais tarde para a Vitsoe e Zapf, depois Wiese Vitsoe, e, a partir de 1995, sdr+.Vrios dos seus sistemas de prateleiras foram premiados. Os mais conhecidos so o Regalsystem 606 (1960) e o programa de cadeires 620 (1962). Desenhos mais recentes so o Garderobenprogramm 030 (2003) e o Satztischprogramm 010 (2001). No ano de 1964 os seus trabalhos foram expostos na documenta III em Kassel, na seco Industrial Design. A partir de 1981 fez docncia em Industriedesign na Hochschule fr bildende Knste Hamburg (at 1997). De 1987 at 1997 foi presidente do Rat fr Formgebung. Desde 2003, consultor da revista de Design form.

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    BibliografiaLovell, Sophie. Dieter Rams: As Little Design as Possible.

    Editora Phaidon.

    Wolfgang Peters. Braun-Design - Puristisch. Praktisch. Gut.

    Statt die Eliten von einst zu suchen und nicht mehr zu

    entdecken, orientiert sich das neue Braun-Design am

    Wert fr den globalen Kunden. Heute existieren die

    Produkte in einem Zustand zwischen Designprioritt

    und Begreifbarkeit ohne Lifestyle-Diplom. 31.3.2010.

    Frankfurter Allgemeine Zeitung. www.faz.net/artikel/

    C31374/braun-design-puristisch-praktisch-gut-30003258.

    html

    Mehr oder weniger. Braun - Design im Vergleich,

    Ausstellungskatalog, Museum fr Kunst und Gewerbe,

    Hamburg, 1990

    Bernd Polster: Braun. 50 Jahre Produktinnovationen. 2005.

    504 Seiten. Kln, Dumont Literatur und Kunst Verlag.

    Die Produktbersichten wurden von der Dokumentation

    Braun+Design Collection bernommen.

    Jo Klatt und Gnter Staeffler: Braun+Design Collection. 40

    Jahre Braun Design von 1955 bis 1995. 280 Seiten mit 664

    SW-Abbildungen. Die erste vollstndige Dokumentation

    mit mehr als 1000 Produkten. Design+Design Verlag

    Hamburg, ISBN 3-9803485-3-9.

    Design+Design. Zeitschrift fr Designsammler, im

    Schwerpunkt Braun Design. Design+Design Verlag

    Hamburg. www.design-und-design.de

    Bernd Polster, com ilus. de Peter Volkmer. Braun: Fifty Years

    of Design and Innovation. Edition Axel Menges, Kln.

    1. edition 2010, 504 pages, ca. 560 colour & b/w photos.

    ISBN 10: 3-936681-35-X.

    Weltempfnger T1000 (aberto). Design: Dieter Rams, 1963

    Braun Weltempfnger T1000(fechado) Design: Dieter Rams, 1963. Foto: Dr. Ren Spitz, www.wortbild.de/

    Less and More Design Ethos of Dieter Rams will

    run at the Design Museum in London and is the

    first UK definitive retrospective of Dieter Rams

    career in over 12 years, showcasing landmark

    designs for both Braun and Vitsoe from the 1950s

    onward alongside archive film footage, models,

    sketches and prototypes. The exhibition was

    originally organized by Sutory Museum, Osaka

    and Fuchu Art Museum, Tokyo and is supported

    by Vitsoe.

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    Era tipicamente suo, o Design grfico praticado pela Braun. Abertos de pgina duma brochura sobre o barbeador elctrico de bolso Braun special DL 3. Design grfico de Otl Aicher, 1955.

    Barbeador elctrico. Braun combi DL 5. Dieter Rams + G. A. Mller 1957

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    A cafeteira Kaffeemhle KMM 1 foi desenhada, no por Rams, mas por Reinhold Weiss para a Braun, em 1965. Um produto que se mantem h dezenas de anos nas preferncias dos fs do design vintage da Braun. O primeiro modelo, mostrado nesta imagem, foi alterado em alguns detalhes, mas o design geral manteve-se inalterado. Reinhold Weiss (n. 1934) estudou na hfg em Ulm. De 1959 at 1967 trabalhou para a Braun. A partir de 1962, deteve a posio de Stellvertretender Leiter do departamento de Design da Braun. Em 1967 emigrou para Chicago. Trabalhou para, entre outras empresas, a NAD.

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    Hans GugelotArquitecto e designer de produto, inventor do

    Systemdesign, baseado em mdulos pr-

    fabricados. Realizou diversos trabalhos para

    a empresa alem Braun.

    Hans Gugelot (Indonsia, Massakar, 1920 Ulm, 1965) trabalhou como docente na Escola de Design hfg, em Ulm, e tambm na India. Estudou Arquitectura em Lausane de 1940 at 1942 e ter-

    mi nou os seus estudos na Eidgenssische Technische Hoch schule em Zurique, no ano de 1946. Sobre os anos de estudo, Gugelot comentou: Ich hatte genau so wie alle, die in der Schweiz im Kriege studiert haben, nicht die Gelegenheit, speziell Design zu studieren. Eine sol-che Schule gibt es in der Schweiz nicht. Ich fhlte mich anfnglich vor allem zum Flugzeugbau und zum Flie-gen hingezogen, und ich habe deshalb auch den Ver-

    such gemacht, in Lausanne ein entsprechendes Studium zu absolvieren. Aber schon sehr bald mute ich diesen versuch wegen der sprachlichen Schwierigkeiten aufge-ben. Ich habe in den darauf folgenden Jahren in Zrich an der Technischen Hochschule studiert und im Jahre 1945 das Architektendiplom dieser Schule, das mit dem Bauingenieurdiplom anderer europischer Lnder iden-tisch ist, bekommen. Die Idee, entwrfe fr die Industrie zu machen, ist mir eigentlich erst viel spter gekommen, weil es in der Schweiz damals wirklich kaum Beispiele fr diesen Beruf gab. Vielleicht interessiert es Sie, wenn ich in wenigen Worten erklre, wie ich mich dann schlus-sendlich entschieden habe, in dieser Richtung weiter zu gehen. In den ersten drei Jahren nach meinem Diplom habe ich in verschiedenen Architekturbros gearbei-tet. In der Zeit habe ich mich sehr dafr interessiert, ob es nicht mglich wre, in der Schweiz mit vorgefertigten

    Elementen zu bauen. Wenn sie die damalige Situation in der Schweiz kennen, werden sie sich vorstellen knnen, auf welche groen Schwierigkeiten ich gestoen bin. In der gleichen Zeit habe ich mich auch sehr fr Mbel interessiert, und einige Ent-wrfe aus dieser Zeit sind in Serie gegangen ... meine Ideen fr vorgefertigte Bauteile mute ich bald fr lange Zeit begraben; aber ich sah die Mglichkeit, wenn nicht Aussenelemente zu machen, doch zumindest fr die Unterteilung groer Rume vorgefertigte Schrankwnde zu entwerfen ... (Palestra Der Designer in der heutigen Gesellschaft. Stockholm, 1963).

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    Nos seguintes anos, trabalhou como freelancer no gabinete do suo Max Bill at 1954. Naquele mesmo ano conheceu Erwin Braun, proprietrio da empresa Braun, e embarcou numa importante parceria no Depar-tamento de Design da empresa Braun, juntamente com Dieter Rams e membros da Escola de Ulm.

    Na Braun, ajudou a desenvolver uma identidade visual baseado no Funcionalismo e no Essencia-lismo. Os electrodomsticos da Braun foram pro-jectados num estilo baseado em formas geomtri-

    cas, sbrias, com uma reduzida palete de cores e a ausn-cia total de decorao. O xito de Dieter Rams teria sido impensvel sem a ajuda de colaboradores como Gugelot, no Departamento de Design.

    Entre 1954 e 1965, Gugelot, na sua qualidade de docente da hfg, dirigiu o Grupo de Desenvolvimento 2 da Escola de Ulm, que havia sido fundada um ano antes. Gugelot fez oposio ao que conhecido como o Detroit Style e as exuberantes prticas de Raymond Loewy.

    Hans Gugelot percebeu que bom design no deve ser apenas um meio para aumentar as vendas, mas sim a concretizao duma necessidade cultural. Entre as suas obras mais conhecidas est o rdio-giradiscos Phonosu-per SK4 (1956), que projectou conjuntamente com Die-ter Rams. Este aparelho ficou com a alcunha Caixo da Branca de Neve por causa da sua cor clara, da tampa de acrlico e do formalismo geomtrico.

    Hans Gugelot tambm trabalhou como designer para a fbrica de mquinas de costura Pfaff. Em 1964 desen-volveu o projector de diapositivos Carousel S-AV 1000,

    para a Kodak. Para a empresa Bofinger, Hans Gugelot desenhou mveis modulares como o armrio modular M125, em 1954. Para a BMW, desenvolveu uma carroce-ria de plstico. Entre 1959 e 1962, Hans Gugelot, junta-mente com Herbert Lindinger, Peter Croy e Otl Aicher desenvolveram o sistema de transportes metropolitano de Hamburgo. Como arquitecto, Hans Gugelot desenvol-veu casas pr-fabricadas.

    Em 1965, o multifacetado Hans Gugelot faleceu pre-maturamente; contava apenas 45 anos.

    Mais infos: http://www.hansgugelot.com/

    The all-plastic, BMW-engined, 1967 Bayer K67, designed by Gugelot Design. Gugelot Design was founded by Hans Gugelot.

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    Dr. Fritz Eichler, historia-dor de Arte, cineasta e cenaris-ta, concebeu o Design-Studio.

    Hans Gugelot (hfg)

    Wilhelm Wagenfeld, pioneiro da Bauhaus.

    Otl Aicher (hfg)

    A Era Rams

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    Receptor de rdio porttil (Kofferradio) Piccolino, Braun. Designer desconhecido, 1951. Pea mostrada na exposio do Museum fr Angewandte Kunst, Frankfurt am Main. 22. Mai0 - 5. Setembro de 2010. Foto: Ren Fritz.

    1951

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    1956

    Rdio porttil Braun Exporter. 1955/6. Ulm hfg. Designer desconhecido.

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    A me de todas as mquinas elctricas de cozinha (Kchenmaschinen): a KM 3 de 1957. Design de Gerd Alfred Mller. (Grand Prix Trienale Milano, para o conjunto KM). Um design deveras intemporal: produzida at 1993, quase sem alteraes.

    1957

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    Braun SK 5 (Schneewitchensarg). Dieter Rams + Hans Gugelot. 1958

    1958

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    Ventoinha de mesa. HL 1 Multiwind. Reinhold Weiss. 1961

    1961

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    Balana Braun Tonarmwaage. Dieter Rams. 1962.

    1962

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    Radio-Phonotruhe Phonosuper Braun SK 61 (Schneewittchensarg). Gehuse aus Ahornholz und wei lackiertem Metall, Plexiglashaube. In den rechteckigen Korpus eingelassener Plattenteller und Radio, H. 24 cm, L. 58 cm, T. 29 cm. Projecto de Hans Gugelot e Dieter Rams 1956. Produtor: Braun, 1962-64.

    1962-64

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    Televisor Braun FS 80. TV. Dieter Rams. 1964. Foto: Koichi Okuwaki.

    1964

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    Radio com alarme. ABR 21 signal radio. Dieter Rams + Dietrich Lubs. 1978. Foto: Koichi Okuwaki.

    1978

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    Relgio digital de pulso Braun DW 30. Dieter Rams + Dietrich Lubs. 1979.

    1979

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    Braun AB 2 table / alarm clock. Dieter Rams + Jurgen Greubel, 1984.

    1984

  • Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 36 TemasSearch: CTRL+F

    PapelPaper

  • Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 37 TemasSearch: CTRL+F

    Usando uma frma de madeira (peneira) para o fabrico artesanal de papel, na sia.

    Fabrico artesanal de papel no Museu de Basileia, na Basler Papiermhle. Foto: Museu.

    Nos primeiros sculos que definem a produo de papel, tudo feito manualmente, sem auxlio de qualquer tipo de mquinas.

  • Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 38 TemasSearch: CTRL+F

    Tambm em Leiria a corrente das guas de um rio

    que fornece a fora motriz para mover as azenhas

    de um moinho de papel. Situado na margem do Rio

    Lis (ou Liz), junto Ponte dos Canios, o Moinho

    do Papel abriu as suas portas ao pblico em 2009,

    aps interminveis atrasos nas obras de

    requalificao do edifcio construdo em 1411.

    Considerada a primeira fbrica de papel de

    Portugal, o moinho volta a acolher as diversas

    actividades de moagem e produo que conheceu

    ao longo de seis sculos de actividade.

    A requalificao do Moinho do Papel foi feita por uma equipa multidisciplinar: o arquitecto Siza Vieira; Susana Carvalho, responsvel pela parte arqueolgica; a museloga Maria Jos Santos

    (Directora do Museu do Papel em Santa Maria da Feira) e o moleiro Manuel Meneses, entre outros. O projecto foi financiado em parte atravs do programa de sub-venes Polis, desviando fundos para metas que no so as estipuladas neste programa. Contou com cerca

    de 1 milho de euros (!!!) para a recuperao do edifcio e ainda com 300 mil euros da Cmara de Leiria para o mobilirio do moinho. Agora pode expor ao pblico a moagem de cereais, o fabrico artesanal de papel e de azeite atravs da ener-gia hidrulica fornecida pelo rio Lis. um espao museol-gico com componente educa-tiva, onde as crianas apren-dem a fazer papel artesanalmente, cozer po, trabalhar no jardim temtico. Pode-se comprar farinha moda no interior do moinho.

    Os primeiros registos do Moinho do Papel so de 1411. Nesta data foi criada a primeira fbrica de papel e uma das primeiras oficinas tipogrficas do reino. Joo I permitiu a Gonalo Loureno de Gomide que instalasse junto ponte dos canios, moinho para fazer ferro, serrar madeira, pisar burel e fazer papel ou

    O Moinho do Papel em Leiria

    outras coisas que se faam com o artifcio da gua, con-tando que no sejam moinhos de po.

    Escavaes arqueolgicas encontraram uma cons-truo do sculo xii, destinada a moagem de cereais. Foi uma actividade retomada posteriormente no moinho, e j no sculo xx foi acrescentado a produo de azeite. O Moinho do Papel foi comprado pela Cmara de Lei-ria, que em 2007 encerrou o edifcio para iniciar as obras. Detalhes para planear uma visita: http://cmleiria.wire-maze.com/pagegen.asp?SYS_PAGE_ID=856866

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    O Museu do Papel das Terras de Santa Maria um

    dos poucos museus em Portugal dedicado

    Arqueologia Industrial. Mostra o fabrico artesanal

    e proto-industrial do papel. Localiza-se perto da

    cidade do Porto, num dos mais importantes ncleos

    papeleiros de Portugal, existente h j 300 anos.

    Mostra a reciclagem de trapos para a produo de

    papel de qualidade inferior, destinado a

    embalagens o papel pardo.

    O exorbitante consumo de papel sendo a maior parte produzida por mtodos insus ten tveis define uma das actividades indus triais mais nega ti vamente impactantes no planeta Terra. O

    consumo mundial de papel cresceu mais de seis vezes desde a primeira metade do sculo xx, segundo dados do Worldwatch Institute, podendo chegar a mais de 300 kg anuais per capita em alguns pases. Nesta escalada de consumo e desperdcio, cresce tambm o volume de lixo no reciclado, que outro gigantesco problema em todos os centros urbanos. Este breves dados podem servir para reflectir sobre a produo e o uso do papel; um dos stios que poder fomentar essa reflexo um museu de papel tradicional. Em Portugal, existem dois desses museus.

    Recentemente, visitmos o de Paos de Brando, no Norte de Portugal, prximo da cidade do Porto. Curiosamente, os processos antiquados aqui empregues so os que esto mais prximos da imperiosa necessidade de reciclar o papel, em vez de o deitar ao lixo. Inicialmente, para fazer papel, reciclavam-se tecidos e trapos de algodo e linho, que eram recolhidos pelos trapeiros junto s populaes. No sculo xix, comeou-se a reciclar papel velho. Curiosamente, na fbrica que hoje museu, nunca se produziu papel a partir de celulose de madeira, como hoje a norma...

    O Museu Papeleiro em Paos de Brando

    Na fbrica de papel que hoje o museu de Paos de Brando, a partir de 1923 o papel comeou a ser fabricado a partir da reciclagem de papel velho atravs desta mquina de produo em contnuo, que substituiu o fabrico folha a folha. Tinha 8 m de comprimento, 1,7 metros de largura e produzia 4 metros de papel por minuto. Um bom desempenho poca, mas que no pode competir com algumas mquinas actuais, que produzem 1.200 metros de papel por minuto. Foto: PH.

  • Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 40 TemasSearch: CTRL+F

    De facto, nesta fbrica proto-industrial em Paos de Brando nunca foi alcanada a tecnologia da polpa de madeira. Alis, os papis aqui fabrica-dos eram de m qualidade, tratando-se essencial-

    mente do papel pardo usado pelo pequeno comr-cio para embalar produtos como o acar, arroz, feijes, etc. Mas, ateno: sacos e cartuchos deste tipo de papel poderiam ser facilmente reintroduzidos no comrcio para substituir o pernicioso saquinho de plstico.

    Em Pao de Brando fundou-se, em 1708, a Real Fbrica de Nossa Senhora da Lapa, com alvar real de Pedro II. A implementao de moinhos de papel nas Ter-

    Fardos de papel. Foto: http://engenhonopapel.blogspot.com/ Mary Rosas.

    ras de Santa Maria foi motivada pelos rios e ribeiros, que tinham a necessria rpida corrente das suas guas para que servissem como fonte de energia para mover as aze-nhas as rodas hidrulicas e tambm para lavar os tra-pos, refinar a pasta e produzir o papel. Em 1822 e 1824 nas-ceram a Fbrica de Custdio Pais e a Fbrica dos Azeve-dos, a primeira inicialmente designada de Engenho da Lourena, segundo o nome da sua primeira proprietria.

    Estas duas fbricas foram adquiridas pela Cmara Municipal de Santa Maria da Feira nos anos 90 e adaptadas para servirem de sede ao de Museu do Papel de Paos Brando, que abriu as suas por-

    tas ao pblico em 2001. Anualmente recebe uns 10.000 visitantes, mostrando-lhes as oficinas, exposies, pro-pondo colquios. Santa Maria da Feira continua a ser um plo papeleiro, embora em meados do sculo xx, com a introduo do plstico como material de embala-gem, muitas empresas tenham fechado. Contudo, a pou-cos passos deste Museu do Papel encontramos uma empresa mdia, em plena actividade; fabrica papel higi-nico. No muito mais longe, a escassas centenas de metros, laboram outras fbricas de dimenses mdias.

    O Museu do Papel aproveitou o esplio da fbrica que ainda estava funcional, o conhecimento e os teste-munhos dos/das operrios/as papeleiros/as. Estes tra-ba lhavam em condies extremas, vtimas da explora-o dos proprietrios das fbricas. Normalmente, a pro-duo era continua, sem interrupo, 24 horas por dia, por turnos.

    Devido necessidade de ventilar as zonas onde o papel era produzido e posto a secar, em vez de janelas encontramos sistemas de ventilao que deixam entrar o ar do exterior, produzindo temperaturas extremas no Inverno.

    Neste ncleo museolgico o visitante pode ver mquinas em funcionamento. Uma das mquinas que permaneceu in situ que diz respeito Casa do Lixa-dor, um dos espaos das fbricas de papel na qual se acabava e embalava o papel.

  • Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 41 TemasSearch: CTRL+F

    Os visitantes podem conhecer as fases da produo do papel percorrendo os trs pisos do moinho pape-leiro: o piso trreo, onde se preparava a matria--prima, se elaborava a pasta e se fazia o papel (casa

    da mquina), o segundo piso (casa do espande) at ao qual as operrias subiam com o papel ainda hmido para o pendurar a secar, e o piso intermdio, onde se faziam os acabamentos e embalagem (casa do lixador). Num espao contguo pode-se aprender a fazer os antigos cartuchos de papel, que eram usados como embalagem para artigos de mercearia, por exemplo.

    Nas mquinas ainda operativas faz-se muito do papel que o museu utiliza na sua divulgao ou que vende na loja, reciclando papel e gerando dinheiro. O Museu recebe papel que as pessoas vo entregar, tendo a boa prtica de dar papel reciclado a quem levar papel para reciclar.

    Num espao mais antigo do edifcio funciona o Engenho da Lourena, que servia para a produo manual de papel, folha a folha; a matria-prima era o trapo de algodo ou de linho. Na antiga Fbrica dos Azevedos funcionam os servi-os de acolhimento, recepo, oficinas educativas, audit-rio e o centro documental. Paulo Heitlinger

    Devido necessidade de ventilar as zonas onde o papel hmido era pendurado para secar, em vez de janelas, encontramos persianas sistemas de ventilao simples que deixam entrar o ar do exterior. Nas grades penduradas do tecto, o papel recm-fabricado era posto a secar. Foto: Museu.

  • Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 42 TemasSearch: CTRL+F

    Museu do PapelRua de Rio Maior, 338, 4535-301 Paos de BrandoTelefone: 227 442 947E-mail: [email protected]: de tera a sexta das 9h30 s 12h00 e das 14h30 s 17h00 | sbados e domingos das 14h30 s 17h00Visitas guiadas: de tera a sexta s 10, 11, 15 e 16 h | sbados e domingos s 15h00 e 16h00. A marcao de grupos deve ser efectuada para: tel. 22 744 29 47 | [email protected]: Adultos 3 | At 5 anos grtis | 6-18 anos, carto jovem e snior 1,5Acesso em transporte pblico:Autocarros a partir do Porto, Espinho e Santa Maria da Feira. Comboio a partir de Espinho e Santa Maria da Feira.Acesso de carro:GPS - N 405852,08 | W -8358,74

    Porto - Ponte Arrbida - A1 - A29 (Santa Maria da Feira-Aveiro) - Sada 5 Paos de BrandoExiste estacionamento no Museu.Mais info: www.museudopapel.org

  • Na regio papeleira de Paos de Brando/So Paio de Oleiros continua-se a produzir papis com estes, usados para embrulhar ou para fabricar cartuchos simples, que ainda so usados nas mercearias tradicionais da regio do Porto. Pinho Leal, nas Memrias Paroquiais que escreveu em 1758, refere que Oleiros no s tem moinhos [de gua], mas tambm engenho de papel.

  • Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 44 TemasSearch: CTRL+F

    O Moinho de ChuvaRoupa velha feita 100% de algodo e desperdcios

    da indstria txtil so transformados em folhas de

    papel brancas ou coloridas na Moinho de Chuva,

    uma fbrica de Vouzela que pretende preservar o

    ambiente.

    Com o lema de roupa velha se faz papel, a fbrica artesanal Moinho de Chuva a nica de Portugal que produz papel usando como matria-prima apenas algodo. Utilizamos 100% algodo e trans-

    formamos em papel, utilizando s produtos naturais, ecologicamente amigos do ambiente, frisa o propriet-rio, Rui Silva.

    A empresa Moinho de Chuva SA, sedeada no Lugar do Xideiro, Vouzela (entre Aveiro e Viseu) entrou no mercado em 1993. Foi a primeira empresa por-tuguesa a produzir e comercializar papel de txtil

    reciclado. O conceito, inalterado desde ento, baseia-se na produo artesanal de papel, usando, exclusivamente, desperdcios txteis e roupa usada, de algodo.

    Uma das componentes da empresa de Rui Silva a dimenso pedaggica; como empresa com responsabi-lidades sociais, tem uma filosofia de portas abertas para a promoo da conscincia ambiental, atravs de visi-tas organizadas. Ao mesmo tempo que feita uma breve introduo histrica produo artesanal de papel, os visitantes acompanham as vrias fases do processo.

    Desde a entrada das matrias primas, os desper-dcios txteis e a roupa usada, passando pelas pilhas holandesas, onde estes so transformados em pasta de papel, ao tanque misturador em que se procede mis-tura com todos os outros produtos necessrios produ-o, finalizando no manuseio dos diversos artigos finais folhas A4, embalagens ou pastas de arquivo. Alm dos dois museus do papel em Portugal, em Leiria e Paos de Brando, o Moinho de Chuva o nico espao em Portu-gal onde possvel testemunhar o mtodo tradicional de fabrico de papel.

    Apesar do modo artesanal de todas as fases de pro-duo, a Moinho tem a capacidade de produzir grandes

    A primeira pasta de papel que se obtem dos desperdcios txteis e roupas velhas. Foto: Facebook/Moinho

    quantidades de papel, sem comprometer a preocupao de minimizar o impacto ecolgico dos seus processos e produtos finais.

    O catlogo da empresa Moinho (veja online) disponi-biliza papel em forma de resmas de folhas, com todos os tamanhos e gramagens convencionais, assim como rolos contnuos com quaisquer outras quantidades e tama-nhos de papel pretendidos. Entre outros produtos, des-tacamos os lbuns, livros, blocos, sacos e outros arti-

  • Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 45 TemasSearch: CTRL+F

    gos vrios nas reas da decorao, embalagem, gift e papelaria, todos produzidos a partir de papel txtil reciclado.

    Todos os artigos Moinho podem ser aromatizados e decorados com elementos naturais, tais como sementes, folhas, fetos, serrim ou brilhantes.

    A Moinho pretende representar a conscin-cia de que os objectos do nosso quotidiano podem ter outra vida para alm da originalmente projectada. O fim de umas calas de ganga pode ser o incio de uma resma de papel A4, trazendo para o mercado a velha

    mxima de que na terra nada se cria, nada se perde, tudo se transforma se as pessoas assim o quiserem...

    A enpresa Moinho exporta para a Espanha e Angola. A curto prazo pretende chegar Frana e Alemanha, para cativar mercados mais atentos Ecologia e que privilegiam produtos que so feitos de forma natural.

    Como chegar: Moinho de Chuva S.A. / Lugar do Xideiro, Cercosa 3670-057 Campia - Portugal / Tel. +351 232 758 999 / [email protected] / web-site www.moinho.pt

  • Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 46 TemasSearch: CTRL+F

    OMuseu Mol Paperer de Capellades, distante cerca de 70 km de Barcelona, um dos museus mais relevantes sobre a fabricao de papel tradicional na Pennsula Ibrica. Instalado num antigo moinho papeleiro do sculo XVIII onde se pode ver como se fabricava papel manualmente e participar em

    variados cursos e workshops. Integra uma importante coleco de maquinaria e ferramentas usadas na feitura de papel entre o sculo XIII e XX.

    Os moinhos papeleiros da Pennsula Ibrica destacaram-se entre as primei-ras manufacturas papeleiras da Europa. Porm, aps 1450 j no acompanharam o grande desenvolvimento dos moinhos italianos e franceses. Somente no sculo XVIII os papeleiros da Pennsula Ibrica conseguiram recuperar parte dos espa-os perdidos, mas sem poder impedir que grande parte das necessidades nacio-nais fosse coberta com papis vindos da Itlia e do Sul da Frana. O maior pro-gresso ocorreu na Catalunha, onde se conseguiram excelentes qualidades de papis porta dores de filigranas de moinhos situados em Capellades ou nos seus arredores.Mol Paperer de Capellades, Catalunha: http://mmp-capellades.net/

    Mol Paperer de Capellades

  • Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 47 TemasSearch: CTRL+F

    Museus de Papel, onlineMol Paperer de Capellades, Catalunha http://mmp-capellades.net/Paper Mill Museum of Xtiva, Banyeres (Valencia) http://molipaperer.blogspot.com/Paos de Brando www.museudopapel.orgAwagami Factory http://www.awagami.com/Basel Basileia http://www.papiermuseum.chGomez Mill House http://www.gomez.org/Historic RittenhouseTown http://www.rittenhousetown.orgPaper and Watermark Museum, Fabriano, http://www.museodellacarta.comThe Paper Museum, Tokyo http://www.papermuseum.jp/en/Tumba Bruksmuseum http://www.tumbabruksmuseum.se

    Papermaking and Book Arts SchoolsColumbia Center for Book and Paper ArtsCorcoran College of Art and DesignDieu Donne PapermillPenland School of CraftsSUNY Buffalo PrintmakingThe University of Alabama Book Arts ProgramThe University of Iowa Center for the Book

    PapermakersJoan GiordanoKyoko IbeRobert LangSteve MillerSusan OlsenLynn Sures

    Resources & HistoryScull Shoals Historic SiteThe Whatmans and Wove PaperArizona State University Paper ProjectTAPPI Paper UniversityThomas L. Gravell Watermark ArchivePapermakers DreamlineHand Papermaking MagazineDard Hunter Book CollectionDard Hunter StudiosThe Friends of Dard HunterFoundation at RoycroftRoycroft At Large AssociationRoycroft Campus CorporationRoycroft InnThe Roycrofters

    Papel online

    AssociationsAmerican Forest and Paper AssociationAtlanta Journal-Constitution Decatur Book FestivalGeorgia Association of Museums and GalleriesGeorgia Forestry AssociationThe International Association of Hand Papermakers and Paper ArtistsInternational Association of Paper HistoriansJapanFest AtlantaMetro Atlanta Arts and Culture CoalitionPapermakers of VictoriaPaper OnlineSan Diego Book ArtsThe Society for the Preservation of Old MillsTechnical Association of the Pulp and Paper IndustryWorld Crafts CouncilWorld Crafts CouncilNorth America

  • Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 48 TemasSearch: CTRL+F

    Examinada contraluz, uma folha de papel artesanal exibe as vergaturas, os pontusais e a marca de gua (aqui visvel no canto superior direito). Esta marca de origem (watermark, ingls; Wasserzeichen, alemo) est includa no molde (=peneira) em que o papel fabricado. Permite identificar o fabricante e por vezes datar o fabrico do papel. Tambm designada por filigrana. Hoje, a marca de gua serve para autenticar selos de correio e/ou notas de banco e outros documentos. Segure uma nota contra a luz e ver marcas de gua em tons que variam do claro ao escuro.

    Durante sculos, a produo de papel foi manual; as folhas eram feitas uma a uma. Inicialmente (veja o artigo sobre o Museu de Leiria (veja pgina 38) e o de Paos de Brando (veja pgina 39) era feito

    de fibras vegetais, obtidas de restos e farrapos de tecidos (linho, cnhamo e algodo). Este papel de farrapos foi utilizado em grandes quantidades at fins do sculo xvii; pontualmente, at hoje. Devido macerao, as fibras entrelaam-se, tornando o papel resistente. As fibras no eram cortadas, para que ficassem longas, possibilitando assim um melhor entrelace entre si. O papel resultante mais resistente ao rasgo.

    A polpa (ou pasta) deste papel de farrapos obtida pela macerao de restos de tecidos na gua. Quando pronta, -lhe adicionada gua, numa grande tina (Btte, alemo). Na tina se mergulha o molde que d origem a uma folha de papel. Esse molde, ou grelha, ou peneira (Schpfrahmen, alemo), constitudo por uma grade de fios metlicos. Imerso esse molde na tina com a polpa em suspenso aquosa, permite recolher parte dessa polpa, que fica acomodada na superfcie, formando o rectngulo da folha de papel.

    Na China e na Coreia, a grade era (e ) feita de bambu; na Europa, de arame ou de fios de cobre. A prensagem, a secagem e a lixagem eram as fases finais da elabora-o de um produto papeleiro perfeito para a Tipografia tradicional.

    Aps a imerso e suspenso da polpa dentro do molde, depositava-se a folha entre feltros. Posterior-mente levava-se uma pilha de folhas e feltros at a uma prensa para eliminar o mximo de gua excedente. Depois era posta a secar ao ar livre. Quando seca, era aplanada manualmente (lixada).

    A tpica frma papeleira tem uma peneira (=grade) feita de finos fios de arame ou cobre, paralelos entre si e justapostos de modo muito apertado para deixar pouco espao entres eles e

    assim impedir a passagem das fibras pelos interstcios que os separam. Apenas permitem que a gua escorra.

    Os fios paralelos estreitamente justapostos so os pontusais1 e descansam sobre outros fios paralelos os corondis que os cruzam perpendicularmente em pontos mais distanciados entre si que o estreito espaamento entre os pontusais. Nos pontos de cruza-mento, os pontusais ficam amarrados sobre os coron-dis para mant-los imobilizados e assim fixar o seu posicionamento da frma mais conveniente para a reteno das fibras.

    1. Na indstria de papel, pontusal (pontuseau, francs) designa cada um dos fios metlicos que integram a grade da frma usada na manufactura do papel tradicional. Designa tambm cada uma das linhas, mais ntidas e afastadas que as vergaturas, que se vem no papel avergoado, e que foram marcadas pelos fios pontusais.

    Pontusais, corondis, marcas dgua

  • Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 49 TemasSearch: CTRL+F

    O conjunto de fios denominado vergatura (vergeure, fran-cs). Da palavra vergatura deriva o papel avergoado (laid paper, ingls; papier verg, francs; geripptes Papier, alemo), que o papel com linhas horizontais e verticais, visveis ou directamente, ou transparncia. tambm chamado papel linha dgua.

    A peneira formada pelo entrecruzamento de pontuais e corondis est fixa sobre a borda da moldura da frma. O conjunto de fios desta peneira forma uma superfcie hori-zontal sobre a qual ficacolocada uma quantidade de pasta, retirada da suspenso aquosa e espessa de fibras.

    A pasta de consistncia pastosa depositada sobre a peneira da frma papeleira adquire a forma dessa grade o tamanho de uma folha de papel. Em pases com grande tra-dio papeleira, como a China, o Japo e a Coreia, as frmas tm grandes dimenses, e so manejadas com sistemas de suspenso por cordas, o que permite uma utlizao mais racional e uma enorme poupana da considervel energia braal a ser investida na produo.

    BibliografiaMelo, Arnaldo Faria de Atade e, 1886-1949? O papel como elemento

    de identificao. Lisboa : Biblioteca Nacional, 1926. - 88 p., [8] f.

    desdobr. ; 18 cm http://purl.pt/182. Marcas de gua- -[Repertrios] /

    Papel- Histria

    Gatti, Thrse Hofmann. A histria do papel artesanal no Brasil. So

    Paulo: ABTCP, 2007. 150 p. A obra apresenta a histria do papel, no

    mundo e no Brasil. Mostra os pioneiros da produo artesanal no

    sculo XX responsveis pela sua difuso no Brasil. Apresenta como

    fazer papel artesanal e um glossrio de termos tcnicos sobre o

    assunto. De linguagem acessvel e didctica pretende compartilhar

    informaes incentivando a prtica da manufactura do papel

    Frma/peneira para fabrico artesanal de papel. Robert C. Williams Paper Museum. Laid mold made by E. Amies, England.

    artesanal. A autora professora da Universidade de Braslia desde 1991

    sendo responsvel pela disciplina Materiais em Artes e coordenadora do

    Laboratrio de Materiais Expressivos e do Laboratrio de Papel Artesanal.

    Tem registo de duas patentes do INPI, uma sobre reciclagem de papel

    moeda e a outra sobre reciclagem de bitucas de cigarro. Ministrou

    vrios cursos de papel artesanal e coordena o Projeto Reciclando Papis

    e Vidas de capacitao de egressos do sistema penitencirio. directora

    cultural da ABTCP onde actua em comisses tcnicas sobre papel

    artesanal.

    A magia do papel. Porto Alegre: RIOCELL, 1994. 144 p.

    ABRO, Fatima Mohamed. Papel mach e seus usos. Curitiba: Ed. Do Autor,

    2002. 79 p.

    ADEODATO, Sergio; FIORAVANTI, Carlos; BECCARI, Alfio. O papel que po

    polui: pesquisa. In: Globo cincia, Rio de Janeiro vol. 4, n. 38 (set. 1994), p.

    63-65.

    BERND, Zila. A magia do papel. 1. ed. Porto Alegre: Riocell, 1994. 143 p.

  • Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 50 TemasSearch: CTRL+F

    CASA BRANCA, Tene De. Criana, cola e papel. 1. ed. So Paulo:

    Nobel, 1988. 62 p.

    CASEY, James P. Pulp and Paper : chemistry and chemical

    technology. New York: Interscience, 1952. 2 v.

    CASEY, James P. Pulp and paper : Chemistry and chemical

    technology. 2. ed. New York: Interscience, 1960. 2 v.

    Hunter, Dard. Papermaking Through Eighteen Centuries. New York: William Edwin Rudge, 1930. First Edition. Octavo. A more comprehensive work than Hunters Old Paper Making and contains additional text and a great variety of illustrative material.

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    (1955 : London). WOLSTENHOLME, G. E. W. MILLAR, Elaine C. P.

    Paper Electrophoresis. London: J. & A. Churchill, 1956. 224 p.

    CLAPERTON, Robert Henderson. Modern paper-making. 2. ed.

    Oxford: B. Blackwell, 1941. 396 p.

    COSTA, Simone Souza Thomazi. Economia do Meio Ambiente:

    produo versus poluio. 2002. 117 p. Dissertao (mestrado

    profissional)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

    Faculdade de Cincias Econmicas. Programa de Ps-Graduao

    em Economia. Porto Alegre, BR-RS, 2002.

    Hillbrecht, Ronald Otto. El Papel: historia, su fabricacion, su uso.

    Barcelona: Escuela Grafica Salesiana, s.d. 72 p.

    FEBRE, Lucien. O aparecimento do livro. Lisboa : FCG, 2000. So

    Paulo : Ed. UNESP, 1992.

    FIGUEIREDO, Paulo Jorge Moraes. A sociedade do lixo : Os residuos,

    a questo energtica e a crise ambiental. 2. ed. So Paulo:

    Unimep, 1994. 240 p.

    GRANT, Julius. Manual sobre la fabricacion de pulpa y papel :

    Laboratorio. 1. ed. Mexico: Continental, 1968. 678 p.

    Handboock of pulp and paper technology. 2. ed. New York: Van

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    O papel. So Paulo, SP: ABTCP, 1939.

    PLASTICS, rubber, and paper recycling: a pragmatic approach.

    Washington, D.C.: American Chemical Society, 1995. 532 p. (ACS

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    REINFELD, Nyles. Sistemas de reciclagem comunitria. So Paulo:

    Makron, 1994. 285 p.

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  • Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 51 TemasSearch: CTRL+F

    Marcas de gua, as chamadas filigranas, identificadas no livro de Arnaldo Mello.

    Materiais para a identificao dos documentos manuscritos e impressos em papel at final do sculo XIX em Portugal esta a proposta da importante obra de Arnaldo Melo. Online no site da BN.

    Como conhecer a origem do papel usado para determinado livro? As marcas dgua deixadas no papel pelos pontusais e corondis doavergoado so complementadas pelas filigranas da forma papeleira usada na manufactura da folha. O estudo sistemtico das filigranas permite estabelecer semelhanas ou acentuardiferenas entre duas folhas de papel. A sistemtica visa estabelecer umaimagem abrangente e completa da produo papeleira. O estudo das filigranas, a sistemtica inclui as relaes formais e espaciais que existem entre os elementos caractersticos. A morfologia das filigranas permite o reconhecimento de um grupo determinado e sua diferenciao de outros mesmo que eles se apresentem muito semelhantes primeira vista.

  • Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 52 TemasSearch: CTRL+F

    Marcas de papeleiro

    As marcas de papeleiro mostradas nesta e nas seguintes pginas eram aplicadas no s folhas de papel, mas aos embrulhos que continham as res-mas de papel da a designao anglo-saxnica

    ream wrappers. Os embrulhos continham vrias resmas de papel e eram atados com slidas cordas, para serem trans-portados at aos clientes finais os impressores.

    Bibliografia

    Voorn, Henk. Old Ream Wrappers. An Essay on

    Early Ream Wrappers of Antiquarian Interest.

    North Hills, PA: Bird & Bull Press, 1969.

    Limited to 375 copies on hand-made paper.

    Weeks, Lyman Horace. A History of Paper-

    Manufacturing in the United States, 1690-1916.

    New York: Lockwood Trade Journal Co., 1916.

    Resmas de papel de G.J.W. Pannekoek, Apeldoorn, ca. 1850.

  • Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 53 TemasSearch: CTRL+F

    After handmade paper was manufactured, the sheets were pressed into quires (25 folded sheets), the quires pressed into a ream (20 quires), and the reams, wrapped in cheap paper and tied-up with cord, collected into bales of ten to fourteen reams (depending upon the size and weight of the paper) each for shipment to the end customer, printers.

    Paper was expensive; it needed to be carefully pack-aged, particularly for export. The paper used to wrap the reams was typically printed with an identifying manufac-turers mark, which generally stated the name of the maker, the quality of the paper, often specific mill, etc.

    The design of the printmark was sometimes identical to the makers watermark. The earliest used woodcut engrav-ings, the later copper- and steel-engraved illustrations. Great care and pride were invested in the creation of ream wrapper marks. They are the wine labels of the world of old paper.

    Most marks of French paper makers are in red, and Dutch and Swiss ream wrappers are printed in either red or black. There has been some question about whether the marks were printed by commercial printers or by the paper makers themselves. The evidence leans toward commer-cial printers. It cost the papermaker nothing; the printer was paid in paper.

  • Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 54 TemasSearch: CTRL+F

    Peter Smidt van Gelder, Zaanland, Hollandc. 1810. This mark possesses the initials of the mills original owner, Maarten Schouten. Van Gelder, the most famous name in papermaking, is still in existence, and is currently Hollands largest paper manufacturer. http://www.booktryst.com/2010/11/art-of-old-ream-wrappers-unwrapped.html

    Pierre Dexmier, Angoulme, France, c. 1695-1700. The lion and unicorn in the Amsterdam armorial device designate sale to England and Scotland through a Dutch paper merchant. http://www.booktryst.com/2010/11/art-of-old-ream-wrappers-unwrapped.html

    Abraham Janssen, Puymoyen Mill, Angoumois, France, c. late 16th century. Note the reams tied-up.Foolscap was the standard size sheet of the era.I.M. is likely the master papermaker, Jean Morineau.

  • Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 55 TemasSearch: CTRL+F

  • Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 56 TemasSearch: CTRL+F

  • Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 57 TemasSearch: CTRL+F

    Papermaking Workshop. Estas aprendizes repetem o processo bsico de produo de papel. Tudo feito manualmente, sem auxlio de qualquer tipo de mquinas.

    Brevssima histria do papel

    No percurso deste estranho ser que o texto, o escrito, graas ao qual se pode transmitir o pensamento atra-vs do tempo e do espao, surgem bruscamente carac-tersticas novas e revolucionrias. Se de incio o seu aspecto pouco se altera o livro do sculo xv asseme-lha-se, o mais que pode, ao manuscrito , o material de que feito novo, pelo menos na Europa: uma pelcula de natureza vegetal, o papel, que se pode fabricar em grandes quantidades, substitui o pergaminho, de ori-gem animal, raro e sempre caro. Por outro lado, graas aos caracteres mveis, reproduz-se infinitamente mais depressa e mais facilmente .... Paul Chalus1.

    A mitologia mais frequentemente citada sobre a origem do papel explica que Tsai Lun, um alto funcionrio da dinas-tia Han, no ano 105 n.E. criou folhas de papel inspirado na observao das vespas que faziam os seus ninhos, masti-

    gando lentamente casca de amoreira e bambu com a sua saliva, e esticando as bolas vegetais com as patas at fazer folhas que depois usavam para revestir os seus ninhos. Tsai Lun adaptou o mtodo e apresentou as suas folhas de papel ao imperador Ho Ti. A histria reza ainda que o imperador estava cansado da escrita

    1.) Paul Chalus, no prlogo excelente obra O Aparecimento do Livro, de Lucien Febvre e Henri-Jean Martin, publicada em 1958.

  • Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 58 TemasSearch: CTRL+F

    em pergaminho (o que nos parece pouco provvel), pelo que reconheceu de imediato o valor da inveno.

    Osegredo da fabricao do papel na China tran-sitou para a Coreia e da para o Japo. Tambm foi obtido pelos rabes e levado para a Espanha, onde se localiza a primeira fbrica europeia. Na

    Pennsula Ibrica comeou-se a produzir papel a partir do sculo xi, pelo processo introduzido pelos invasores islamitas. Em 1056, em Jativa (Espanha), funcionou o pri-meiro moinho a papel da Europa. O Missal de Silos o mais velho manuscrito europeu escrito sobre papel; ter sido criado em 11511.

    Em Portugal, temos conhecimento do primeiro documento em papel de Jativa na chancelaria do rei Dinis. Moinhos de papel, utilizando trapos como matria-prima e recorrendo aos cursos de

    gua como fora motriz, h j muito poucos a funcionar em todo o mundo.

    O modo de produo mais antigo usava um pesado martelo (pilo), movido pela roda de gua (azenha), pisando a traparia encharcada em gua, reduzindo-a a uma pasta (polpa) qual posteriormente se dava a forma pretendida, com uma frma de madeira. Por vezes, mis-

    1 O Mosteiro de Santo Domingo de Silos, beneditino, est situado na aldeia Santo Domingo de Silos, na provncia de Burgos (Espanha). Fundado em 929, ter sofrido severas penalizaes pelas incurses das foras islmicas, aps o que foi restaurado por So Domingo de Silos (c. 10001073), abade entre 1041 e 1073. O scriptorium deste mos-teiro foi particularmente importante, dando origem a um Beatus (Comentrio sobre o Apcalipse), cujo texto ter sido completado por dois monges relacionados, em 1091, mas cujas iluminaes tero sido realizadas mais tarde, pelo prior, que acabou o trabalho em 1109.

    turava-se fibras de pinheiro e at flores para melhorar a consistncia do produto final.

    Em meados do sculo xiii, o papel comeou a ser fabricado na Itlia, em seguida a inveno expan-diu-se por todo o continente europeu. A fabrica-o do papel artesanal era feita base de trapos e

    fibras vegetais, sendo produzido folha por folha tc-nica morosa, mas ainda hoje preferida, quando se deseja papis de altssima qualidade.

    A Frana estabeleceu os seus primeiros moinhos de papel: em 1326, Ambert (Puy-de-Dme); 1338, La Pielle;

    Mestre papeleiro usando uma frma de madeira (peneira) para o fabrico artesanal de papel. No fundo v-se os pesados martelos (piles), movimentados pela roda movida pela gua (azenha), pisando a traparia encharcada em gua, reduzindo-a a uma pasta (polpa) a que posteriormente se d a forma pretendida. Gravura de Jost Amman (1539-1591): Eygentliche Beschreibung aller Stnde auff Erden hoher und nidriger, geistlicher und weltlicher, aller Knsten, Handwerken und Hndeln ... (Frankfurt am Main, 1568)

    1348, Troyes; 1355, Essonnes; 1376, Saint-Cloud; 1383, Beaujeu; 1400, Clermont e Sorgues. Cerca de um sculo mais tarde instalava-se em Leiria, junto do rio Lis, Ponte dos Canios, o primeiro moinho de papel em Portugal.

    Em 1670 foi inventada a mquina chamada holan-desa, que transformava mais rapidamente a fibra em polpa aquosa, utilizando-se um sistema de lminas e que ainda permitia o acrscimo de corantes, cargas e colas na prpria mquina.

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    Na dcada de 17501760, James Whatman (17021759), proprietrio da melhor papermill de Inglaterra, modificou as grades para produzir papel, tecendo os fios de cobre de modo inovador. Estas grades per-mitiam fabricar papel com uma superfcie mais lisa (ptima para desenhar e pintar com aguarelas).

    O primeiro livro impresso sobre este novo suporte foi um belssimo Verglio (Bucolica, Georgica et Aeneis), sado da oficina tipogrfica de Baskerville em Birming ham, no ano de 1757.

    Papel de celulose

    Em 1719, o cientista francs Ren-Antoine de Rau-mur1 sugeriu o uso da madeira para produzir papel aps ter investigado como a vespa faz o seu ninho. Este animal utiliza resduos masti-

    gados de madeira para construir uma tela fina e leve, semelhante a um papel.

    Tal descoberta passou a esboar o cenrio futuro de desmatamento e de destruio ambiental. A forte con-

    1. ) Ren-Antoine Raumur (La Rochelle, 1683 Saint-Julien-du-Ter-roux, 1757) foi um notvel investigador e fsico francs. Estabelecido em Paris desde 1703, deu a conhecer as suas capacidades, com a idade de 25 anos, quando ingressou na Academia das Cincias. Em 1710 recebeu o encargo de redigir a descrio das artes, indstrias e ofcios em Frana. Em 1730 concebeu o termmetro de lcool com graduao directa, com uma escala dividida em 80 partes. Os seus interesses estenderam-se a muitos outros campos da Cincia. Foi um naturalista muito apreciado; estudou vrios tipos de animais: moluscos, aves, fauna marina e insectos. A sua obra em 6 volumes Mmoires pour servir lhistoire des insects foi publicada em Paris entre 1734 e 1742.

    Azenha (roda hidrulica) do Museu do Papel em Basel, Sua. Basler Papiermhle, St.Alban-Tal. Foto: Werner Kast.

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    Envelope de carta, manufacturado nos EUA com papel avergoado, de cor parda. V-se claramente a vergadura e vrias marcas de gua. Tamanho 7, 83 x 140 mm. Stationery envelope, Size 7, Watermark 6, fawn color, laid paper. Plimpton series of 1883. No selo impresso e cunhado, a efgie de George Washington. Fonte: U.S. Government - 1883 stamped envelope.

    Marca de gua, filigrana, de fins do sculo XVII, no papel do Libro de Acuerdos del Concejo (16981722), do Archivo del Ayuntamiento de Navamorales, Salamanca. Mostra guia e coroa.

    Confira tambm a coleco de marcas de gua Piccard: http://www.piccard-online.de/start.php

    corrncia da indstria txtil dificultava e encarecia as principais matrias usadas na poca: o algodo e o linho. Logo, descobriu-se que as fibras de celulose existentes nas rvores so uma excelente matria--prima para o fabrico de papel. O alemo Friedrich Keller desenvolveu um processo industrial para transformar a madeira em pasta de celulose, pre-missa para que se fabricasse papel como hoje se faz.

    No sculo xviii, o francs Louis Nicolas Robert (1761 1828) tinha criado a mquina de pro-cesso contnuo para fabricar papel, forne-cendo-o em longas tiras, enroladas em bobi-

    nas. Esta mquina foi aperfeioada pelos irmos Henrique e Sealy Fourdrinier, que a intro-duziram na Inglaterra por volta de 1804. At hoje, este tipo de equipamento conhecido como mquina Fourdrinier.

    A qualidade do papel industrial depen de, entre outros factores, da percentagem de celu-lose integrada, assim como de outras com-po nentes, como o pls tico, por exemplo. Os

    principais tipos de papel distinguem-se pelos pro-cessos de elaborao, pelas matrias-primas usadas e a incluso de substncias, como branqueadores.

    A madeira continua a ser a matria-prima essen-cial. Para produzir uma tonelada de papel so neces-srias 2 a 3 toneladas de madeira, uma grande quan-tidade de gua, e muita energia (est em quinto lugar na lista dos processos industriais). O uso de produ-tos qumicos altamente txicos na separao e no

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    branqueamento da celulose representa um srio risco para a sade humana e para o meio ambiente compro-metendo a qualidade da gua, do solo e dos alimentos.

    Pois para se transformar madeira em polpa, neces-srio separar a lignina, a celulose e a hemicelulose que constituem a madeira. Para tal, usam-se vrios proces-sos mecnicos e qumicos. Os mecnicos trituram a madeira, separando ap