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UNIVERSIDADE DO ESTA
Dezembro de 2010 ISSN 1413-9022 CCAADD
SSéérriiee
Teoria das Filas Minério de Ferro da Madeira Gustavo Rossa CameloBorges; Rosimeri Maria de Souza
Qualidade eOrganizacional pFabiana Letícia Pereira Alves SteccaFabiane Tubino Garcia
Análise de Parâmetros Operativos Brasileiro Maria Luiza Viana LisboaTathiana Conceição JustinoMaria Elvira Piñeiro Maceira
Avaliação dBásico através dMaria Ivete Basniak
UNIVERSIDADE DO ESTA
apoio
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
DDEERRNNOOSS DDOO IIMMe EEssttaattííssttiiccaa –– VVoolluummee
as Filas e da Simulação Aplicada ao Embarque e Ferro e Manganês no Terminal Marítimo
a Madeira Gustavo Rossa Camelo; Antônio Sérgio Coelho; Renata Massoli
Rosimeri Maria de Souza
Qualidade em Serviços Hoteleiros: um Estudo do Clima Organizacional por Meio da Análise de CorrespondênciaFabiana Letícia Pereira Alves Stecca; Michele Severo GonçalvesFabiane Tubino Garcia; Luis Felipe Dias Lopes
e Parâmetros Operativos do Sistema Hidrotérmico
Maria Luiza Viana Lisboa; Luiz Guilherme Barbosa MarzanoConceição Justino; Carlos Henrique Medeiros de Sabóia
Maria Elvira Piñeiro Maceira
Avaliação de Recursos Tecnológicos Implantados no Ensino través da Análise de Correlação Canônica
Maria Ivete Basniak; Anselmo Chaves Neto
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRODO DO RIO DE JANEIRO
MMEE ee 2299
o Embarque de o Terminal Marítimo de Ponta
Renata Massoli
1
do Clima o da Análise de Correspondência
Michele Severo Gonçalves;
17
o Sistema Hidrotérmico
Luiz Guilherme Barbosa Marzano; Carlos Henrique Medeiros de Sabóia;
31
tados no Ensino 47
DO DO RIO DE JANEIRO
CADERNOS DO IME Série Estatística
Publicação semestral, com circulação em junho e dezembro, do Instituto de Matemática e Estatística (IME), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Ricardo Vieiralves de Castro Reitor Maria Christina Paixão Maioli Vice-Reitora Maria Georgina Muniz Washington Diretora do Centro de Tecnologia e Ciência Sérgio Luiz Silva Diretor do Instituto de Matemática e Estatística Geraldo Magela da Silva Vice- Diretor do Instituto de Matemática e Estatística Normalização, divulgação e distribuição: Biblioteca do Centro de Ciências de Tecnologia A (CTC/A) da rede Sirius de Biblioteca da UERJ – [email protected] Editor: Prof. Dr. José Fabiano da Serra Costa - UERJ Corpo Editorial: Prof. Dr. Albert Cordeiro Geber de Melo - CEPEL Prof. Dr. Annibal Parracho Sant’Anna - UFF Prof. Dr. Carlos Alberto Nunes Cosenza - UFRJ Prof. Dra. Fernanda da Serra Costa - UERJ Prof. Dr. Fernando Antonio Lucena Aiube - PUC-RJ/PETROBRAS Prof. Dr. Helder Gomes Costa - UFF Prof. Dr. Jorge Machado Damázio - UERJ Prof. Dr. Luis Felipe Dias Lopes - UFSM Os artigos enviados para publicação deverão ser inéditos, com exceção de resumos ou teses, são de responsabilidade de seus autores, e não refletem, necessariamente, a opinião do IME. Sua reprodução é livre, em qualquer outro veículo de comunicação, desde que citada a fonte.
EEddiittoorriiaall
A revista Cadernos do IME - Série Estatística lança o volume 29, relativo a dezembro de 2010 com muito orgulho e satisfação por trazer para seu grupo de apoiadores o Cepel – Centro de Pesquisas de Energia Elétrica do Grupo Eletrobrás através de convênio firmado com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
A revista é semestral, sendo publicada em junho e dezembro. Além da publicação impressa, também é disponibilizada através da http://www.ime.uerj.br/cadernos/cadest e está atualmente indexada aos seguintes portais: DOAJ (www.doaj.org), LivRe! (http://portalnuclear.cnen.gov.br/livre), Latindex (http://www.latindex.unam.mx) e Portal de Periódicos da Capes (http://www.periodicos.capes.gov.br).
O volume 29 da revista Cadernos do IME - Série Estatística relativo a dezembro de 2010 apresenta uma seleção de 04 artigos científicos abordando temáticas variadas.
O primeiro artigo, de autoria de Camelo, Coelho, Borges e Souza, utiliza a Teoria das Filas, para analisar características de atendimento aos navios que atracam no Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, em São Luís, Estado do Maranhão.
No segundo artigo Stecca, Gonçalves, Garcia e Lopes apresentam uma pesquisa que procura identificar o Clima Organizacional em empresas hoteleiras do Estado do Rio Grande do Sul utilizando Análise Multivariada.
O terceiro artigo, de autoria de Lisboa, Marzano, Justino, Sabóia e Maceira apresenta uma análise compreensiva das mudanças do modo de operação dos diversos tipos de usinas que compõem o parque gerador brasileiro com a evolução da matriz elétrica.
No quarto artigo Basniak e Chaves utilizam a Análise de Correlação Canônica para avaliar a correlação existente entre os recursos tecnológicos implantados nas escolas da rede estadual do município de União da Vitória no Estado do Paraná.
Aproveitamos a oportunidade para agradecer aos revisores, consultores ad-hoc pertencentes ao corpo de avaliadores da revista Cadernos do IME - Série Estatística, que têm trabalhado com muito entusiasmo para o desenvolvimento da revista.
Saudações Acadêmicas,
José Fabiano da Serra Costa – Editor
Dezembro de 2010 ISSN 1413-9022 CCAADDEERRNNOOSS DDOO IIMMEE
SSéérriiee EEssttaattííssttiiccaa –– VVoolluummee 2299
Teoria das Filas e da Simulação Aplicada ao Embarque de Minério de Ferro e Manganês no Terminal Marítimo de Ponta da Madeira Gustavo Rossa Camelo; Antônio Sérgio Coelho; Renata Massoli Borges; Rosimeri Maria de Souza
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Qualidade em Serviços Hoteleiros: um Estudo do Clima Organizacional por Meio da Análise de Correspondência Fabiana Letícia Pereira Alves Stecca; Michele Severo Gonçalves; Fabiane Tubino Garcia; Luis Felipe Dias Lopes
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Análise de Parâmetros Operativos do Sistema Hidrotérmico Brasileiro Maria Luiza Viana Lisboa; Luiz Guilherme Barbosa Marzano; Tathiana Conceição Justino; Carlos Henrique Medeiros de Sabóia; Maria Elvira Piñeiro Maceira
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Avaliação de Recursos Tecnológicos Implantados no Ensino Básico através da Análise de Correlação Canônica Maria Ivete Basniak; Anselmo Chaves Neto
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TEORIA DAS FILAS E DA SIMULAÇÃO APLICADA AO EMBARQUE DE MINÉRIO DE FERRO E MANGANÊS NO
TERMINAL MARÍTIMO DE PONTA DA MADEIRA
Gustavo Rossa Camelo Universidade Federal de Santa Catarina
Antônio Sérgio Coelho
Universidade Federal de Santa Catarina [email protected]
Renata Massoli Borges
Universidade Federal de Santa Catarina [email protected]
Rosimeri Maria de Souza
Universidade Federal de Santa Catarina [email protected]
Resumo
Dentre as principais técnicas disponíveis utilizadas em processos de análise e resolução de problemas sobressaem a Teoria das Filas e a Teoria da Simulação: aquela, um método analítico para abordagem do assunto; esta, uma técnica de modelagem que busca melhor representar o sistema em estudo. Este trabalho investiga o uso da Teoria das Filas e da Simulação aplicadas ao embarque de minério de ferro e manganês no Terminal Marítimo de Ponta da Madeira. Com a Teoria das Filas, pretende-se analisar características de atendimento aos navios que atracam no Píer I e Píer III para carregamento de minério de ferro e manganês, tais como: número médio de navios na fila e no sistema, tempo médio em que um navio permanece na fila e no sistema etc. E, com a técnica da Simulação, pretende-se simular a operação do Píer IV, que consumirá R$ 2 bilhões em investimento, aumentará a capacidade do terminal em 100 milhões de toneladas/ano e terá capacidade de carregar 53 navios por mês.
Palavras-chave: Teoria das Filas, Simulação, Minério de Ferro, Manganês, TMPM.
CADERNOS DO IME – Série Estatística Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ
Rio de Janeiro – RJ - Brasil ISSN 1413-9022 / v. 29, p. 01 - 16, 2010
Cadernos do IME – Série Estatística Teoria das Filas e da Simulação Aplicada...
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1. Introdução
Na atual conjuntura econômica, o Brasil é uma das economias que mais crescem
no mundo. Esta ascensão brasileira, nos últimos anos, coloca o país como um dos
destaques do atual cenário econômico mundial. De acordo com analistas, a ascensão de
Brasil, Rússia, Índia e China – o chamado BRIC, grupo de países que formam o pelotão
de elite das economias emergentes – irá mudar o rumo da economia mundial.
No Brasil, empresas e setores inteiros têm se beneficiado com a onda de
prosperidade que o país tem passado nos últimos anos. A Vale, mineradora privatizada
em 1997, foi uma das inúmeras empresas brasileiras que souberam tirar proveito deste
atual momento, transformando-se no maior fenômeno do capitalismo brasileiro.
A Vale é a maior empresa privada da América Latina e maior produtora de
minério de ferro do mundo. Em números, a Vale é responsável por 16% da
movimentação de cargas no Brasil e 30% da movimentação portuária brasileira. O
sistema logístico da Vale divide-se em: Sistema Sul e Sistema Norte.
No Sistema Sul, o minério extraído no Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais,
é transportado para o Complexo Portuário de Tubarão, em Vitória, e para o Porto de
Itaguaí, no Rio de Janeiro; enquanto, no Sistema Norte, o minério extraído em Carajás,
no Pará, é transportado para o Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, em São Luís.
Este artigo pretende, através da Teoria das Filas, analisar características de
atendimento aos navios que atracam no Terminal Marítimo de Ponta da Madeira para
carregamento de minério de ferro e manganês e, através da teoria da Simulação,
pretende-se simular a operação do Píer IV, que está em fase de implantação.
2. Terminal Marítimo de Ponta da Madeira
O Terminal Marítimo de Ponta da Madeira (TMPM) é um porto privado de
propriedade da mineradora Vale, localizado próximo ao porto público de Itaqui, na Ilha
de São Luís, Nordeste do Brasil.
Escolhido como término da Estrada de Ferro Carajás, é responsável pelo
escoamento de minério de ferro, pelotas, cobre, manganês, ferro gusa e soja para o
exterior, principalmente para a Europa e a Ásia Oriental.
O porto é o segundo em movimentação de cargas no Brasil, com um fluxo anual
de 72.941.142 toneladas, ficando atrás apenas do Porto de Tubarão, também de
propriedade da Vale, de acordo com o Anuário EXAME de Infra-Estrutura 2008-2009.
Cadernos do IME – Série Estatística Camelo, Coelho, Borges & Souza
3
O TMPM, responsável pelo escoamento de 86% de toda a carga movimentada
no Maranhão, é considerado o melhor porto do país, de acordo com pesquisa realizada
pela COPPEAD/UFRJ junto às empresas industriais exportadoras, agentes e armadores,
terminais e administrações portuárias (VIEGAS, 2009).
Para fazer jus ao título de melhor do País, o porto receberá investimentos de
peso na expansão da capacidade que deverá em 2015, atingir 200 milhões de toneladas.
3. Teoria das Filas
Todas as pessoas já passaram pelo aborrecimento de ter que esperar em filas
para um atendimento. As filas podem ocorrer no desenvolvimento de qualquer atividade
humana e todos nós, por experiências cotidianas, as conhecemos. Inclusive, as filas
representam um dos sintomas mais visíveis de funcionamento deficiente de um sistema.
Apesar de causar enfado e prejuízos, temos que conviver com filas na vida real, visto
que é economicamente inviável superdimensionar um sistema para que nunca existam
filas. O que se pretende é obter um balanceamento adequado que permita um
atendimento aceitável que obedeça à relação custo-benefício (ANDRADE, 2004;
COSTA, 2009; PORTUGAL, 2005; PRADO, 2006).
Exemplos reais de aplicação dessa técnica podem ser encontrados nas mais
diversas áreas, tais como: telecomunicações, banco, call center, hospitais, aeroportos,
restaurantes, supermercados, programação de ônibus (por exemplo, BROWN et al.,
2002; BRUIN et al., 2005; GREEN, 2006; JOSHI et al., 1992; XIAO & ZHANG, 2010).
A formação de filas ocorre quando a procura por determinado serviço é superior
à capacidade do sistema em atender essa procura. Dessa forma, a Teoria das Filas, por
meio de fórmulas matemáticas, tenta encontrar um ponto de equilíbrio que satisfaça o
cliente e que seja economicamente viável para o prestador do serviço.
Um sistema de filas, como o representado na Figura 1, pode ser descrito como
clientes chegando à procura de um serviço, esperando em fila, se não forem atendidos
imediatamente e saindo do sistema após serem atendidos.
Os principais elementos de um sistema de filas são: 1) cliente – unidade que
requer atendimento, podendo ser máquina, pessoas e, neste trabalho específico, navios;
2) fila – representa os clientes que esperam para serem atendidos e 3) canal de
atendimento – processo ou sistema que realiza o atendimento do cliente.
Cadernos do IME – Série Estatística Teoria das Filas e da Simulação Aplicada...
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Figura 1: Sistema de Filas
3.1. Características Básicas
Em geral, são seis características básicas do processo de filas (ABAD, 2002;
ANDRADE, 2004; BANKS et al., 1999; FARRERO et al., 2009; MIRANDA, 2005;
PRADO, 2006):
3.1.1. Processo de chegada dos clientes
O processo de chegada do cliente, no sistema de filas, é medido pelo número
médio de chegadas por uma dada unidade de tempo (λ – taxa média de chegada) ou pelo
tempo médio entre chegadas sucessivas (IC – intervalo médio de tempo entre chegadas).
3.1.2. Padrões de serviço dos atendentes
O padrão de serviço é descrito pela taxa de serviço (µ – número de clientes em
atendidos em um dado intervalo de tempo) ou pelo tempo de serviço (TA – tempo
necessário para atender o cliente).
3.1.3. Disciplina da Fila
Refere-se à maneira como os clientes são escolhidos para entrar em serviço após
uma fila ser formada. A mais comum se dá pela ordem de chegada, na qual o primeiro
que chega é o primeiro a ser atendido (First in, First out - FIFO). Outras alternativas
são: o último a chegar é o primeiro a ser atendido (Last in, First out - LIFO); pelo
atendimento com prioridade para certas classes de cliente, independente da hora de
chegada no sistema (Priority service – PRI); e pela seleção de atendimento de forma
aleatória, independente da ordem de chegada na fila (Service in randon order – SIRO).
3.1.4. Número de canais de serviços
Servidores
Fila
Clientes
Atendimento População
2
1
3
Cadernos do IME – Série Estatística Camelo, Coelho, Borges & Souza
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Refere-se ao número de servidores em paralelo que prestam serviços simultâneos
aos clientes. Um sistema de filas pode apresentar um ou múltiplos canais de
atendimento, operando independentemente um do outro. Nesse último caso, pode-se ter
uma fila única ou uma fila para cada canal.
Figura 2 - Estrutura dos sistemas de filas
3.1.5. Capacidade de Armazenamento do Sistema
É o número máximo de usuários, tanto aqueles sendo atendidos, quanto aqueles
nas filas, permitidos no estabelecimento de prestação de serviços ao mesmo tempo,
podendo ser finito ou infinito.
3.1.6. Etapas do Serviço
Um sistema de filas pode ter apenas um único estágio de atendimento, como no
caso de supermercados e barbearias, ou pode ter vários estágios. Nesse caso,
denominado de multiestágio, o cliente precisa passar por vários estágios até deixar o
sistema. A Figura 3 apresenta um sistema de filas com múltiplos estágios.
Figura 3 - Sistema multiestágio de filas
3.2. Variáveis Fundamentais
Um sistema de filas, em situação estável, em que clientes chegam e esperam
para serem atendidos por “c” servidores, conforme representado pela Figura 4,
apresenta as seguintes variáveis, detalhadas na Tabela 1:
UMA FILA, CANAIS MÚLTIPLOS EM SÉRIE
Fila 1 Atendente 1 Saída Chegada Fila 2 Atendente 2
UMA FILA, UM CANAL
Fila Atendente Saída Chegada
UMA FILA, MÚLTIPLOS CANAIS
Fila
Atendente 1
Saída Chegada Atendente 2
Atendente 3
Saída
Saída
VÁRIAS FILAS, MÚLTIPLOS CANAIS
Saída Chegada
Fila 1
Fila 2
Fila 3
Atendente 1
Atendente 2
Atendente 3 Chegada
Chegada
Saída
Saída
Cadernos do IME – Série Estatística Teoria das Filas e da Simulação Aplicada...
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Figura 4 - Variáveis num sistema de filas
Fonte: Adaptado de Prado (2006, p. 39)
Tabela 1 – Medidas de desempenho
Variáveis referentes ao processo de chegada λ = taxa média de chegada ou ritmo médio de chegada IC = intervalo médio entre chegadas
Variáveis referentes à fila TF = tempo médio de permanência na fila NF = número médio de clientes na fila
Variáveis referentes ao processo de atendimento ou de serviço TA = tempo médio de atendimento ou de serviço c = capacidade de atendimento ou quantidade de servidores (atendentes) NA = número médio de transações ou clientes que estão sendo atendidos µ = taxa média de atendimento ou ritmo médio de atendimento de cada servidor
Variáveis referentes ao sistema TS = tempo médio de permanência no sistema NS = número médio de transações ou clientes no sistema
Fonte: Prado (2006, p. 43)
A Tabela 2 mostra as relações básicas entre as variáveis de um sistema de filas:
Tabela 2 - Relações básicas entre variáveis
VARIÁVEIS FÓRMULA Intervalo Entre Chegadas IC = 1 / λ Tempo do Atendimento TA = 1 / µ Taxa de Utilização dos Atendentes ρ = λ / c µ Intensidade de Tráfego i = | λ / µ | = | TA / IC |
Relações entre Fila, Sistema e Atendimento
NS = NF + NA NA = λ / µ NS = NF + λ / µ = NF + TA / IC TS = TF + TA NA = ρ = λ / c µ
Fórmulas de Little NF = λ . TF NS = λ . TS
Ciclo Ciclo = TS + TFS Ciclo = Tamanho da População / λ
Fonte: Prado (2006, p. 43)
Fila
TF NF
Atendimento
c TA NA µ
Saída Chegada
IC λ
Sistema
TS NS
Cadernos do IME – Série Estatística Camelo, Coelho, Borges & Souza
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3.3. Medidas de Desempenho
Para Andrade (2004), são três as medidas de desempenho que buscam refletir a
eficiência de um sistema de filas em estudo: 1) as relacionadas ao tempo de espera do
cliente na fila e no sistema; 2) as relacionadas ao número de clientes na fila e no
sistema; 3) as associadas à utilização e ao tempo ocioso dos servidores.
Tabela 3 – Medidas de desempenho
Referentes ao sistema TS = Tempo médio que o cliente gasta no sistema NS = Número médio de clientes no sistema
Referentes à fila TF = Tempo médio que o cliente gasta na fila de espera NF = Número médio de clientes na fila ou tamanho médio da fila
Referente à utilização e ao tempo ocioso dos servidores P0 = Índice de ociosidade das instalações ρ = Taxa de utilização dos atendentes
Fonte: Prado (2006, p. 43)
3.4. Modelos de Fila
De uma maneira geral, um modelo de filas pode ser descrito pela notação de
Kendall: A/B/c/K/m/Z, conforme mostrada na Tabela 4, em que: A descreve a
distribuição dos intervalos entre chegadas; B descreve a distribuição do tempo de
serviço; c é o número de canais de serviço ou capacidade de atendimento; K é o número
máximo de clientes permitidos no sistema; m é o tamanho da população que fornece
clientes e Z é a disciplina da fila.
Tabela 4 - Processos de filas
Características Símbolos Explicação
A Distribuição de tempo entre
chegadas
M D Eδ GI
Lei de Poisson (Markoviano) Determinística Erlang δ (δ = 1,2,...) Independência Geral
B Distribuição de tempo de
serviço
M D Eδ GI
Lei de Poisson (Markoviano) Determinística Erlang δ (δ = 1,2,...) Independência Geral
c Número de canais de serviços 1,2,..., infinito - K Capacidade do sistema 1,2,..., infinito - m Tamanho da população 1,2,..., infinito -
Z Disciplina da fila
FIFO LIFO SIRO PRI
1º que chega é o 1º a ser atendido Último que chega é o 1º a ser atendido Serviço com ordem aleatória Prioridade
Fonte: Adaptado de Portugal (2005, p. 20)
Cadernos do IME – Série Estatística Teoria das Filas e da Simulação Aplicada...
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Assim, por exemplo, a notação M/E5/1/10/∞/FIFO indica uma processo com
chegadas Marcoviana (Exponencial negativa ou Poisson), atendimento Erlang de quinto
grau, 1 atendente, capacidade máxima do sistema igual a 10 clientes, população infinita
e o primeiro que chega é o primeiro a sair do sistema.
4. Simulação
A simulação é uma técnica da Pesquisa Operacional que permite “imitar” o
funcionamento de um sistema real. Simular significa reproduzir o funcionamento de um
sistema, com o auxílio de um modelo.
Esta técnica está presente em inúmeras aplicações do mundo real. Comenta-se
que “tudo que pode ser descrito pode ser simulado” (PRADO, 2006).
A simulação é um instrumento poderoso de análise que pretende determinar o
melhor sistema a ser implementado ou melhorado, permitindo quantificar os efeitos de
várias mudanças no sistema, sendo muito usado em situações em que é muito caro ou
difícil o experimento na situação real.
Algumas linguagens são mundialmente conhecidas, como ARENA,
AUTOMOD, GASP, GPSS, SIMAN, SIMIO, PROMODEL, WITNESS, entre outros.
5. Estudo de Caso: embarque de minério de ferro e manganês no Terminal Marítimo de Ponta da Madeira
O embarque de minério de ferro (pellet feed, sinter feed, granulado e pelota) e
manganês pela Vale, no corredor Norte (Carajás – São Luís) é realizado em três berços,
um no Píer I, com capacidade de carregamento de 16.000 ton/h e dois no Píer III
(cognominados de Norte e Sul), com capacidade de 8.000 ton/h cada. O Píer II,
localizado dentro da estrutura do Porto do Itaqui, é destinado a embarque de soja e gusa.
O TMPM possui três canais de serviços com características de fila em paralelo,
pois cada berço apresenta características únicas de: Comprimento, Calado, Air draft
(distância entre a linha d’água e a lança do carregador de navios), TPB máximo,
Capacidade de embarque, etc. Destarte, este trabalho irá analisar, caso a caso (berço a
berço), a capacidade de atendimento aos navios.
A Tabela 5 apresenta as principais características de cada Píer do TMPM.
Cadernos do IME – Série Estatística Camelo, Coelho, Borges & Souza
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Tabela 5 - Características do TMPM
Características Píer I Píer II Píer III Comprimento: 490 m 280 m 571 m
Calado: 23 m 18 m 21 m Air Draft: 22,4 m 18 m 22.4 m
TPB Máximo: 420.000 150.000 200.000 Capacidade de
Embarque: 16.000 t/h
1.500 t/h (soja) 2.00 t/h (gusa)
8.000 t/h
Fonte: Vale (2009a)
Com base nos dados de atracações e desatracações do Terminal Marítimo de
Ponta da Madeira, durante os meses de junho, julho e agosto de 2009, pode-se tirar que:
Tabela 6 - Dados de atracações e desatracações
Píer I Píer III - Norte Píer III – Sul Ritmo Médio de Chegada (λ) 0,63 0,59 0,58
Intervalo Médio entre Chegadas (IC) 1,59 1,69 1,73 Ritmo Médio de Atendimento (µ) 0,74 0,73 0,69
Tempo Médio de Atendimento (TA) 1,36 1,37 1,44
Durante o trabalho de coleta, observou-se que alguns valores medidos não
obedeciam à tendência dominante. Como estes valores, que fogem à tendência, não
podem ser descartados sem que haja um critério consistente de eliminação, utilizou-se o
critério de Chauvenet que permite determinar se um valor amostral é anormal em
relação aos valores restantes da amostra (TAYLOR, 1997). Utilizando este critério,
foram eliminados dois valores amostrais, relacionados ao Píer I, não condizentes com a
tendência.
Com base nos dados obtidos, pode-se definir este problema de filas como sendo
do tipo M/M/1/∞/∞/FIFO, ou seja, as chegadas e o atendimento são marcovianos
(seguem a Distribuição de Poisson ou a Exponencial Negativa); há apenas um único
canal de atendimento, não há restrições de capacidade e de população e a ordem de
atendimento é do tipo FIFO.
A Tabela 7 apresenta as principais variáveis utilizadas como medidas de
desempenho em um sistema de filas com um único atendente.
Tabela 7 - Fórmulas para um único atendente
Nome Descrição Fórmula
Ρ Taxa de Utilização � = ��
NF Número Médio de Clientes na Fila �� = ��
�(� − �)
Cadernos do IME – Série Estatística Teoria das Filas e da Simulação Aplicada...
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NS Número Médio de Clientes no Sistema �� = �� − �
TF Tempo Médio durante o qual o Cliente fica na Fila � = ��(� − �)
TS Tempo Médio durante o qual o Cliente fica no Sistema � = 1� − �
P0 Probabilidade de existirem n Clientes no Sistema �� = �1 − ��� ��
���
Com a posse dos dados de atracações e desatracações, aplicaram-se estes às
fórmulas apresentadas, de modo que se pode observar o desempenho do sistema
existente para carregamento de minério de ferro e manganês.
5.1. Sistema existente (Píer I e Píer III)
Os resultados obtidos, através da Teoria das Filas, são apresentados na Tabela 8.
Tabela 8 - Resultado Obtido
MEDIDAS DE DESEMPENHO – TERMINAL MARÍTIMO DE PONTA DA MADEIRA Medida Píer I Píer III – Norte Píer III – Sul ρ 0,854 ≌ 85% 0,813 ≌ 81% 0,836 ≌ 84%
NF 5,0 3,5 4,3 NS 5,9 4,3 5,1 TF 8,0 5,9 7,4 TS 9,3 7,3 8,8 P0 15% 19% 16%
Ao analisar os resultados obtidos, fica evidente a eficiência do terminal, que
apresenta uma taxa média de ocupação (ρ) dos berços superior a 80%. A maior taxa de
ocupação é observada no Píer I. Este, devido às características já apresentadas, é o único
com capacidade de receber os grandes graneleiros (acima de 200.000 TPB).
A probabilidade de que o sistema fique ocioso, ou seja, de haver zero navios no
sistema é muito baixa. Por exemplo, em um trabalho correlato, desenvolvido por Silva
et al. (2006), a probabilidade de não haver navios no Porto de Itajaí – SC é de 36,74%,
ou seja, praticamente o dobro dos valores observados para o TMPM.
É importante, ainda, considerar que a Vale exporta, pelo Terminal Marítimo de
Ponta da Madeira, minério de manganês e quatro tipos diferentes de minério de ferro
(pellet feed, sinter feed, pelota e granulado). A cada operação de embarque de um
minério diferente do anterior embarcado é obrigatória uma parada operacional para a
limpeza dos transportadores e do carregador de navio, para garantir que não ocorra a
contaminação do minério requerido pelo cliente com outro operado pela Vale. Se
Cadernos do IME – Série Estatística Camelo, Coelho, Borges & Souza
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desconsiderar o tempo obrigatório para a limpeza da estrutura física utilizada nos
embarques, a ociosidade do sistema cai ainda mais.
Através do uso da simulação computacional, tem-se que, para o período de um
ano, 661 navios passaram pelo sistema, resultando uma média de 55 navios por mês. O
Píer I foi responsável pelo carregamento de 218 navios enquanto o Píer III – Norte
carregou 235 e o Píer III – Sul carregou 219.
Com uma taxa de ocupação muito alta, o terminal está operando no limite da sua
capacidade operacional. Desta forma, para garantir a produção e transporte dos
minerais, no médio e longo prazos, a Vale irá ampliar a capacidade atual do Terminal.
Para tal, irá construir um novo píer para carregamento de minério de ferro e manganês,
o Píer IV.
5.2. Sistema futuro (Píer I, Píer III e Píer IV)
O Píer IV faz parte do programa de capacitação do sistema logístico da Vale, na
região Norte/Nordeste do país, um investimento total de 2 bilhões de dólares. O objetivo
da mineradora é ampliar em 100 milhões de toneladas por ano a capacidade do terminal.
Com profundidade mínima de 25 metros, o Píer IV terá dois berços de atracação
e capacidade para receber navios de até 400 mil toneladas de porte bruto (TPB). Com
uma ponte de acesso de 1.620 metros, terá capacidade de carregamento de dois navios
simultaneamente num total de 53 navios por mês (VALE, 2009b).
O Píer IV terá estrutura simular ao Píer III, possuindo dois berços para atracação
e desatracação, porém, com características de Píer I, com carregadores com capacidade
para 16 mil ton/hora e podendo receber navios até 400 mil toneladas.
Através do uso da simulação computacional, software Arena 12.0, pretende-se
simular a operação do novo píer para carregamento de minério de ferro e manganês.
Na aplicação da Teoria das Filas, utilizou-se o modelo M/M/1 com atendimento
obedecendo à distribuição da Exponencial Negativa. Embora, muito utilizado na Teoria
das Filas, este modelo não dimensiona filas corretamente, existindo outros modelos que
apresentam melhores resultados. O Arena permite o uso de diversos tipos de
distribuição de frequência, tal como mostrado na Tabela 9.
Cadernos do IME – Série Estatística Teoria das Filas e da Simulação Aplicada...
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Tabela 9 - Modelo do Píer IV
Distribuição Abrev. Parâmetros Melhor aplicação Poisson POIS Média Chegada
Exponencial EXPO Média Chegada Triangular TRIA Min/Media/Max Atendimento (aproximação inicial) Uniforme UNIF Min/Media/Max Atendimento (aproximação inicial) Normal NORM Média/Desvio Atendimento (tempos de máquina) Johnson JOHN G, D, L, X Atendimento
Log Neperiano LOGN Média Logarítmica Atendimento Weibull WEIB Beta, Alfa Atendimento (tempo de equipamentos) Discreta DISC P1, V1, ... Chegada/Atendimento Contínua CONT P1, V1, ... Chegada/Atendimento
Erlang ERLA Média/K Atendimento Gamma GAMM Beta, Alfa Atendimento (tempos de reparo)
Fonte: Prado (2008, p. 70)
Desta forma, para melhor dimensionar o sistema em análise, utilizou-se o
modelo M/Ek/1/∞/∞/FIFO, em que: Chegadas seguem Poisson e Atendimentos seguem
a Distribuição Erlang de grau k.
Para simular a operação do Píer IV, utilizaram-se os dados coletados de
atracações e desatracações do Píer I, já que este possui características similares ao píer
que será construído. Através da simulação no aplicativo Arena, obtiveram-se os
seguintes resultados demonstrados na Tabela 10 a seguir:
Tabela 10 - Resultados Obtidos com a Simulação
Navios de grande porte 100% 90% 80% 75%
Navios operados Modelo Por ano Por mês Por ano Por mês Por ano Por mês Por ano Por mês
M/M/1/∞/∞/FIFO 456 38 507 42 577 48 624 52 M/E2/1/∞/∞/FIFO 461 38 509 42 574 47 637 53 M/E5/1/∞/∞/FIFO 456 38 497 41 563 46 638 53
Ao analisar os resultados da simulação do Píer IV, conclui-se que este só
conseguirá operar um total de 53 navios por mês, conforme previsto em seu plano de
construção, se até 75% da sua capacidade for utilizada para navios de grande porte.
Atualmente, o Píer I concentra toda a demanda dos grandes navios por ser o único com
capacidade de carregar navios acima de 200.000 toneladas de porte bruto. Com a
entrada do Píer IV, serão três berços que poderão carregar os grandes graneleiros.
Portanto, poderá haver uma melhor distribuição de navios entre estes berços, porém,
para que esta distribuição não prejudique a performance do Píer IV, a nova demanda de
navios deverá ser composta por, no máximo, 62% de graneleiros de grande porte.
Assim, o Píer I terá aumento no número de navios operados pelo sistema, passando dos
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13
atuais 18 para, aproximadamente, 26 navios por mês. Desta forma, o berço do Píer I terá
performance similar aos berços do Píer IV, de igual capacidade, e não similar aos berços
do Píer III, com metade da capacidade, como ocorre no sistema existente.
Através do uso do simulador Arena pode-se gerar as principais medidas de
desempenho do sistema em análise, tais como as apresentadas na Tabela 11.
Tabela 11 - Relatório Arena para o modelo do Píer IV
Relatório Arena – Píer IV Tempo Médio na Fila (TF) 3,77 dias Tempo na Fila – Valor Mínimo 0,00 dias Tempo na Fila – Valor Máximo 14,80 dias Tamanho Médio da Fila (NF) 4,79 dias Tamanho da Fila – Mínimo 0,39 dias Tamanho da Fila – Máximo 15,97 dias Navios que entraram no sistema 648 navios Navios que saíram do sistema 638 navios
Relatório Arena detalhado por Entidade (em dias)
Variáveis Berço
I Berço
II Quantidade em uso 0,85 0,93 Taxa de Utilização 0,85 0,93 Número de vezes que o recurso foi utilizado
311,00 329,00
Tamanho Médio da Fila (NF) 1,87 4,79 Tempo Médio na Fila (TF) 2,19 5,26
Com a inclusão do Píer IV, haverá, no Terminal, uma redução no tamanho
médio da fila de 4,2 para 3,9 navios e, no tempo médio na fila, de 7,1 para 5,8 navios.
Ademais, percebe-se que o TMPM manterá sua eficiência operacional, apresentando
baixa ociosidade e taxas médias de ocupação superiores aos 80%.
6. Conclusão
Com os resultados obtidos, após a aplicação da Teoria das Filas, pôde-se ver a
eficiência do Terminal Marítimo de Ponta da Madeira para embarque de minério de
ferro e manganês. Os três berços destinados ao carregamento de navios com estes
minerais apresentam alta taxa de utilização, acima de 80%. Desta forma, para garantir a
demanda crescente, principalmente da Ásia e do Oriente Médio, a Vale precisará
investir na ampliação da capacidade do terminal.
De acordo com a mineradora, serão investidos R$ 2 bilhões na construção de um
novo Píer que elevará a capacidade do terminal em 100 milhões de toneladas por ano e
terá capacidade de carregar um total de 53 navios por mês.
Através da Teoria da Simulação e do uso do simulador Arena, percebe-se que,
para carregar 53 navios por mês, o Píer IV deverá receber a demanda de navios de
pequeno e médio porte. Se o novo Píer operar apenas navios de grande porte, este
carregará, aproximadamente, 38 navios por mês. Para carregar 53 navios, como
preterido pela mineradora, o Píer IV terá que operar um máximo de 75% dos grandes
graneleiros.
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Isto será possível, pois, com a entrada do novo píer, a demanda por minério dos
grandes navios que, antes, era concentrada no Píer I, por ser o único com capacidade de
receber navios acima de 200.000 TPB, será distribuída para os dois novos berços com
capacidade para operar tais navios, no Píer IV.
Dessa forma, o Píer I, também ,será beneficiado com a construção do Píer IV,
tendo um aumento significativo do número de navios que passarão pelo sistema, uma
vez que os navios de grande porte serão mais bem distribuídos entre os três berços.
Com a entrada em operação do Píer IV, o Terminal Marítimo de Ponta da
Madeira terá 5 berços para carregamento de minério de ferro e manganês e 1 berço
(arrendado do Itaqui) para carregamento de soja e gusa. Com estes investimentos em
ampliação, o TMPM será não apenas o melhor, mas o maior porto do Brasil.
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QUEUEING THEORY AND SIMULATION APPLIED TO SHIPMENT OF IRON ORE AND MANGANESE IN THE
PONTA DA MADEIRA MARITIME TERMINAL
Abstract
Among the available techniques used in key processes of analysis and resolution of outstanding problems of queuing theory and simulation theory: that an analytical method to approach the matter, this, a modeling technique that seeks to better represent the system study. Using these modeling techniques for complex problem solving and dynamic, has grown significantly in recent years, though, there is a perceptible gap in the literature of applications in real situations. In contribution, this work explores the use of queuing theory and simulation applied to the shipment of iron ore and manganese in the maritime terminal of Ponta da Madeira - TMPM, owned by Vale. Queuing Theory With one tries to analyze characteristics of services rendered to vessels berthing at Pier Pier I and III for shipment of iron ore and manganese, such as average number of vessels in the queue and the system, average time for which the vessel remains in the queue and the system etc. And with the technique of simulation is to simulate the operation of the Pier IV, which consume R $ 2 billion investment, will increase the terminal capacity by 100 million tons per year and will be able to load 53 ships per month.
Key-words: Queuing Theory, Simulation, TMPM.
QUALIDADE EM SERVIÇOS HOTELEIROS: UM
ESTUDO DO CLIMA ORGANIZACIONAL POR MEIO DA ANÁLISE DE CORRESPONDÊNCIA
Fabiana Letícia Pereira Alves Stecca Universidade Federal de Santa Maria
Michele Severo Gonçalves Universidade Federal de Santa Maria
Fabiane Tubino Garcia Universidade Federal de Santa Maria
Luis Felipe Dias Lopes Universidade Federal de Santa Maria
Resumo
Este trabalho tem como objetivo identificar, a partir de um estudo de caso, o Clima Organizacional em empresas hoteleiras de uma mesma rede, situadas na região central do Estado do Rio Grande do Sul. Utilizou-se um questionário como instrumento de coleta de dados e as variáveis definidas no estudo foram: conformidade, comunicação, padrões, condições de trabalho e saúde, o trabalho e o espaço total da vida, calor humano e apoio, aprendizagem, reconhecimento e recompensa, oportunidade de crescimento, liderança e responsabilidade. Por meio da análise multivariada, foi possível cruzar algumas variáveis, identificando um Clima Organizacional favorável, e, a partir desses resultados, desenvolveu-se uma proposta de otimização dos pontos considerados satisfatórios, bem como a melhoria dos pontos insatisfatórios na percepção dos colaboradores. O estudo é importante, porque colabora para a qualidade dos serviços prestados, contribuindo para o desenvolvimento dos profissionais no setor hoteleiro.
Palavras-chave: Hotelaria; Clima Organizacional; Qualidade; Análise Multivariada.
CADERNOS DO IME – Série Estatística Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ
Rio de Janeiro – RJ - Brasil ISSN 1413-9022 / v. 29 p. 17 - 30, 2010
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1. Introdução
No cenário concorrido em que estão inseridas as empresas, os colaboradores
assumem um papel de relevância no momento em que são considerados o grande
diferencial competitivo. No setor hoteleiro, tal afirmação é potencializada, porque os
colaboradores mobilizam recursos para que a atividade seja executada e fornecida com
qualidade ao cliente. Desta forma, estudar o ambiente interno das organizações de
serviços, conforme a percepção dos seus colaboradores e, a partir deste entendimento,
buscar uma melhoria do clima organizacional é fator chave para a excelência em
qualidade nas empresas.
Conforme Kundu (2007) existem três abordagens principais sob as quais todos
os estudos anteriores de Clima Organizacional podem ser classificados amplamente: a
primeira enfatiza o modelo organizacional; a segunda considera comportamento
organizacional como o conjunto de características e tentativas consideradas na maneira
como a organização lida com as percepções de seus colaboradores; e a terceira investiga
essas percepções individuais sobre o ambiente organizacional. As dimensões para Clima
Organizacional evoluíram a partir de várias pesquisas, considerando as três abordagens.
O objetivo desta pesquisa é identificar o Clima Organizacional em empresas
hoteleiras de uma mesma rede, situadas na região central do Estado do Rio Grande do
Sul. Este estudo busca contribuir para a análise do clima organizacional tendo como
foco a satisfação dos clientes, bem como auxiliar os gestores na tomada de decisão
proporcionando um ambiente de trabalho favorável no qual as potencialidades dos
colaboradores possam ser incentivadas.
2. Revisão Bibliográfica
O mercado de turismo, principalmente o segmento de hospedagem abriga uma
série de considerações em relação às expectativas dos clientes. Albrecht (1992) explica
que qualidade em serviços é a capacidade que uma experiência tem em satisfazer uma
necessidade, resolver um problema, ou fornecer benefícios a alguém.
Para Dessler (2003), quando um cliente não conhece um hotel, a escolha é feita
levando-se em consideração dois aspectos: preço e classificação. Assim, as empresas do
setor hoteleiro têm pouco a vender além de seus bons serviços, o que as tornam
dependentes das atitudes e comportamento dos funcionários.
Cadernos do IME – Série Estatística Stecca, Gonçalves, Garcia & Lopes
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Em estudos realizados por Schneider (1973, apud MANNING, 2004, p. 449), o
clima que os funcionários criam para os clientes é uma extensão do ambiente que a
administração proporciona para os funcionários.
Segundo Kundu (2007), o clima organizacional foi conceituado pela primeira
vez por Aygyris, que o definiu em termos de políticas organizacionais formais,
necessidades dos empregados, valores e personalidades.
Coda (1997) define clima organizacional como o medidor do grau de satisfação
dos membros de uma empresa, em relação aos diferentes aspectos da cultura ou
realidade aparente da organização. Por sua vez, Litwin e Stringer (1968) descrevem
clima como a qualidade do ambiente organizacional que é percebida por seus membros
e que influencia seu comportamento.
Conforme relata Lemos (2007), nos conceitos de clima organizacional,
constatam-se dois aspectos: o caráter perceptivo e o individual. A percepção é um
processo subjetivo e desempenha um importante papel na motivação para compreender
o comportamento no trabalho e na organização. Já o caráter individual está ligado ao
processo da percepção pessoal, pois os indivíduos interpretam ou percebem o mesmo
fenômeno de maneiras diferentes. Estas informações são obtidas através da pesquisa de
clima, que é um método formal de se avaliar o clima de uma empresa e, como referenda
Luz (2005), busca fornecer subsídios capazes de aprimorar o ambiente de trabalho.
O modelo de Litwin e Stringer foi o primeiro a ser testado em empresas de
grande porte, demonstrando distintos climas em organizações que tinham diferentes
políticas para seus recursos humanos. Os resultados comprovaram a importância dos
estudos sobre o clima organizacional nas empresas e reforçaram algumas teses do
movimento comportamentalista. A partir deste modelo, outros foram desenvolvidos,
como o de Kolb, por exemplo, que surgiu duas décadas depois, após estudos de sua
equipe sobre o modelo desenvolvido por Litwin e Stringer, na tentativa de aperfeiçoá-lo
a partir dos progressos dos estudos da Psicologia Aplicada às Organizações.
Elaborado por Levering, o modelo do Great Place to Work Institute evidenciou a
estreita relação entre o desempenho e o clima organizacional. Este modelo indica a
qualidade de vida dos colaboradores das empresas pesquisadas e sua relação com a
imagem e o desempenho organizacional.
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Atualmente o interesse em conhecer a percepção das pessoas sobre a
organização na qual trabalham torna crescente o uso de instrumento para a obtenção
desse diagnóstico. A análise do comportamento organizacional acontece de acordo com
a complexidade e especificidade das organizações. Com base na análise dos fatores ou
variáveis nos diferentes modelos existentes, principalmente do Great Place to Work
Institute (1984), foram estabelecidas, na sequência, as variáveis analisadas para o estudo
do clima organizacional com sua respectiva conceituação.
A Conformidade, segundo Kolb et al. (1986, apud RIZZATI, 2002, p. 34), é o
sentimento de que existem muitas limitações externamente impostas na organização.
Nesse grau os membros sentem que há inúmeras regras, procedimentos, políticas e
práticas às quais devem seguir ao invés de serem capazes de fazer seu trabalho como
gostariam.
A Comunicação, para Luz (2005), verifica o grau de conhecimento dos
funcionários em relação a fatos relevantes da empresa e identifica a eficiência dos
canais de comunicação.
Kolb et al. (1986) descreve Padrões como a ênfase que a organização coloca na
qualidade do desempenho e na produção elevada, incluindo o grau de percepção pelos
membros da organização sobre os objetivos estimulantes, comunicando-lhes o
comprometimento com esses objetivos.
Segundo Luz (2005), as Condições Físicas de Trabalho referem-se à
identificação do grau de conforto das instalações, horários, entre outros aspectos. Por
sua vez, para Rizzatti (2002), a Condição de Trabalho identifica se o ambiente é
adequado, nos aspectos físicos e de organização no trabalho, na perspectiva de que os
servidores apresentem melhor desempenho em suas atividades funcionais.
No entender de Búrigo (1997), Trabalho e o Espaço Total de Vida é o sentido de
equilíbrio existente entre o trabalho e a vida pessoal do trabalhador, que leva em conta o
tempo para lazer e para a família, papel balanceado do trabalho e seu significado. A
variável é considerada de suma importância, já que no setor hoteleiro é normal existir
variedade de horários, determinados por meio de escalas que variam dependendo de
cada setor da empresa. Ainda na visão do referido autor, Oportunidade de Crescimento
destina-se à valorização do trabalhador através de oportunidades para manifestar,
expandir e desenvolver suas potencialidades.
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Kolb et al. (1986) identifica Calor humano e Apoio como um sentimento de
amizade que é valorizada na organização, em que os membros confiam uns nos outros e
oferecem apoio mútuo.
Robbins (1999) descreve que Aprendizagem é qualquer mudança relativamente
permanente no comportamento que ocorre como resultado de experiência, sendo assim,
mudanças no comportamento indicam que a aprendizagem aconteceu.
Para Silva (2003), Reconhecimento descreve o quanto a organização valoriza os
esforços individuais diferenciados e acima do padrão por parte de seus colaboradores, já
Recompensa, de acordo com Kolb et al. (1986, apud RIZZATI, 2002, p. 35) é o grau em
que os colaboradores sentem que estão sendo recompensados por bom trabalho, e não
apenas ignorados, criticados ou punidos, quando algo sai errado.
Conforme Coda (1997), Liderança é o encorajamento para o desenvolvimento e
crescimento profissional, é o grau de feedback oferecido pelo chefe aos subordinados
sobre assuntos que afetam o trabalho, discutindo os resultados de desempenhos
individuais, tendo em vista melhor orientação no trabalho.
Responsabilidade, para Kolb et al. (1986) é o grau em que os colaboradores
podem tomar decisões e resolver problemas sem necessitar de consulta a seus
superiores.
O Clima Organizacional deve ser visto como um dos mecanismos de
viabilização do processo da qualidade total, para a satisfação dos clientes, que deve
ocorrer tanto interna como externamente. Desta forma, a opinião dos colaboradores é
um indicador eficiente para a mudança do pensamento empresarial, já que o mesmo
passa a ser visto não somente como um cumpridor de ordens, e sim como um aliado.
3. Materiais e Métodos
O presente trabalho é um estudo de caso que foi realizado em dois hotéis
localizados na região central do Estado do Rio Grande do Sul, que fazem parte de uma
mesma rede, e aqui estão denominados como Hotel 1 e 2, respectivamente.
Esta investigação foi realizada em fevereiro de 2009 e trata-se de uma pesquisa
quantitativa por meio de utilização survey, com uso de questionários contendo perguntas
fechadas e a escala Likert. O instrumento aplicado continha 62 afirmativas com as
seguintes alternativas de resposta: (0) Não se aplica; (1) Discordo Totalmente; (2)
Discordo; (3) Concordo em parte; (4) Concordo; e (5) Concordo Totalmente.
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Na interpretação dos resultados na escala Likert, as médias 0, 1 e 2 representam
pontos fracos da empresa na opinião dos colaboradores e devem receber uma atenção
especial por parte dos gestores. A média 3 classifica-se como pontos parcialmente
negativos, que estão em uma zona crítica merecendo uma análise aprofundada antes que
se tornem pontos fracos. A média 4 compõe os pontos parcialmente positivos que
devem ser melhorados. Já a média 5 representa os pontos positivos e fortes da empresa,
que devem ser mantidos pelos gestores da organização.
A população deste trabalho engloba 85 colaboradores, sendo que 65
responderam ao questionário (28 representados pelo Hotel 1 e 37 do Hotel 2). Destaca-
se que somente os que estavam em férias ou em licença não participaram deste estudo.
O instrumento de obtenção dos dados foi baseado no modelo do Great Place to
Work Institute (1984), desenvolvido por Levering, sendo adaptado com base nos
modelos teóricos de Kolb et al. (1968), Coda (1997), Luz (2005), Litwin e Stringer
(1968). E, as variáveis que avaliaram o clima organizacional nos Hotéis 1 e 2 foram:
conformidade, comunicação, padrões, condições de trabalho e saúde, o trabalho e o
espaço total da vida, calor humano e apoio, aprendizagem, reconhecimento e
recompensa, oportunidade de crescimento, liderança e responsabilidade.
Para análise dos dados, optou-se, por aplicar a técnica de estatística descritiva
para identificar o perfil dos colaboradores, bem como as percepções dos mesmos em
relação às variáveis em estudo.
Na seqüência foi utilizada a análise multivariada por meio de tabelas cruzadas e
a análise de correspondência.
A análise multivariada, de modo geral, refere-se a todos os métodos estatísticos
que simultaneamente analisam múltiplas medidas sobre cada indivíduo ou objeto em
investigação (HAIR JR et al., 2005; CORRAR, 2007).
Segundo Hair et al. (2005, p.108), a análise de correspondência é uma técnica de
interdependência que reduz a dimensionalidade e o mapeamento percentual. É uma
técnica composicional, porque o mapa percentual é baseado na associação entre objetos
e um conjunto de características descritivas ou atributos especificados pelo pesquisador.
Sua aplicação mais direta é retratar a “correspondência” de categorias de variáveis,
particularmente aquelas medidas em escalas nominais.
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Os procedimentos estatísticos foram realizados por meio do auxílio dos
programas computacionais SAS versão 8.02 e Statistica versão 7.0.
4. Resultados e Discussão
Na análise descritiva para identificar o perfil dos colaboradores, verificou-se que
dos 65 respondentes, 27,69% tem de 1 a 5 anos de empresa, 23,08% de 5 a 10 anos e
32,31% menos de 1 ano e apenas 16,93% tem mais de 10 anos. Em relação à idade,
60% tem de 18 a 35 anos e 40% acima de 35 anos. Quanto ao sexo, 49,23% são do sexo
feminino e 50,77% do sexo masculino. Observou-se que 50,79% são casados, 33,33%
solteiros e 14,29% tem relação estável.
Com referência à faixa salarial familiar, 49,23% possuem renda de 1 a 2 salários
mínimos, 36,92% de 2 a 5 salários mínimos e 12,31% acima de 5 salários mínimos. Dos
respondentes 32,81% são do setor de Recepção, 23,44% de Governança e, 21,88% de
A&B. O restante está dividido entre os setores Administrativo, Comercial/Eventos e
Manutenção. Quanto à formação, 17,19% cursaram até a 8ª série, 45,32% concluíram
ou estão cursando o Ensino Médio, 10,94% tem curso técnico completo, e 26,57%
possuem ou estão cursando curso superior.
Na seqüência foram analisadas as medidas descritivas das variáveis em estudo
(Quadros 1 e 2).
Quadro 1 – Medidas descritivas resultantes das variáveis: Conformidade; Comunicação; Padrões e Condições de Trabalho e Saúde.
Variável Afirmativa Nº Hotel 1 Hotel 2 Geral
Conformidade
Conheço a missão, os valores e o princípio da Empresa 18 4 4 4 Conheço todos os ambientes da empresa e filial 29 5 2 5 O processo de integração dos novos funcionários transmite claramente as informações necessárias para que se possa entender o funcionamento da Empresa
55 4 3 4
Comunicação
Conheço os objetivos e metas do meu setor e recebo informações suficientes e adequadas sobre os resultados, dificuldades e avanços no atingimento delas
9 4 3 4
Tenho as informações que necessito sobre os benefícios oferecidos pela empresa.
15 5 4 5
Sinto-me beneficiado sobre o que se passa na Empresa, seus planos para o futuro, metas e objetivos e as mudanças que vêem ocorrendo
16 3 3 3
Acredito que os meios de comunicação (e-mails, murais, informativos, etc.) utilizados pela empresa são eficientes
44 4 4 4
Padrões
Na empresa os funcionários que recebem promoções são os que realmente merecem devido a qualidade do seu trabalho e suas competências
36 4 3 3
Recebo feedback constante do meu superior imediato sobre como estou realizando meu trabalho, de forma clara e honesta, que ajudam a melhorar meu desempenho
45 3 3 3
O meu setor busca permanentemente melhorias de produtividade e de qualidade no trabalho
50 4 4 4
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Condições de trabalho e
saúde
A relação volume de serviço/jornada de trabalho não compromete a qualidade do trabalho que realizo
18 4 4 4
Recebo os equipamentos e os recursos necessários para realizar o meu trabalho com qualidade
23 3 4 4
A empresa esta comprometida em melhorar a minha segurança no local de trabalho e fornece equipamentos de segurança adequados para me proteger
30 4 3 3
Tenho informações sobre riscos existentes em meu local de trabalho e os equipamentos de proteção individual (EPI) que devo utilizarr
37 4 4 4
Fonte: Dados da pesquisa.
Quadro 2 – Medidas descritivas resultantes das variáveis O Trabalho e o Espaço Total da Vida; Calor Humano e Apoio; e Aprendizagem.
Variável Afirmativa Nº Hotel 1 Hotel 2 Geral
O trabalho e o espaço total da
vida
Considero que há um equilíbrio entre jornada de trabalho, exigências de carreira e convívio familiar
52 4 4 4
Acredito que o tempo destinado ao lazer a ser desfrutado com minha família está atendendo as minhas necessidades
59 4 3 4
Calor humano e apoio
Relacionamento
interpessoal
Espírito de Equipe
Sinto orgulho em trabalhar na empresa e costumo indicá-lo como alternativa de emprego para amigos e parentes
10 4 4 4
Sinto que as relações interpessoais no hotel são harmoniosas, prevalecendo uma atmosfera amigável, de confiança e cooperação
12 4 4 4
No meu local de trabalho existe liberdade para mudar o modo de trabalhar
17 4 3 3
Sinto existir respeito e ajuda mútua no setor de trabalho 21 4 3 5
Os conflitos são administrados através do diálogo e da negociação 25 4 4 4
Percebo ausência de preconceitos no tratamento de todos os funcionários independente de cor, sexo, idade, ou posição na empresa
32 4 4 4
No meu setor existe elevado grau de abertura e confiança mútua entre a chefia e membros da equipe
39 4 3 4
Em treinamento me senti a vontade para questionar minhas dúvidas, sendo atendido e compreendido com harmonia
41 4 4 4
Sinto prazer em vir trabalhar todo o dia e trabalho bem disposto porque sinto que meu trabalho é importante e sou valorizado pessoal e profissionalmente na empresa
42 5 3 3
Posso contar com o apoio e compreensão de chefes e colegas quando estou com dificuldades no trabalho ou com problemas pessoais
48 4 4 4
Aprendizagem
Quando surge algum problema em relação ao meu trabalho não costumo questioná-lo, apenas corrigi-lo
14 3 4 3
Gosto de assumir responsabilidades adotando altos padrões de desempenho para mim e tenho clareza dos objetivos que desejo alcançar
18 5 4 4
Quando surge algum problema em relação ao meu trabalho procuro refletir sobre os mesmos e modificar a forma de atuar na empresa
53 4 4 4
Sinto necessidades de estabelecer amizades dentro da empresa, necessito de reconhecimento dos colegas e prefiro situações de cooperação ao invés de competição
58 4 4 4
Fonte: Dados da pesquisa
No Quadro 2 percebe-se, que os colaboradores estão satisfeitos com O Trabalho
e o Espaço Total da Vida, Calor Humano e Apoio e Aprendizagem, já que apresentaram
média geral 4, considerado pontos parcialmente positivos. A Q12, Q17 e Q42, referente
Calor Humano e Apoio e a Q14, na Aprendizagem, obtiveram média geral 3,
considerados pontos parcialmente negativos, e devem, portanto, serem analisadas pelos
gestores da empresa, já que obtiveram índice de insatisfação.
Cadernos do IME – Série Estatística Stecca, Gonçalves, Garcia & Lopes
25
Quadro 3 – Medidas descritivas resultantes das variáveis Reconhecimento e Recompensas; Oportunidade de Crescimento; Liderança; e Responsabilidade.
Variável Afirmativa Nº Hotel 1 Hotel 2 Geral
Reconhecimento e recompensas
Na empresa, os elogios e recompensas superam as críticas, punições e advertências.
8 3 3 3
Sou recompensado, de forma diferenciada, de acordo com a minha contribuição para os resultados da empresa.
20 4 0 0
Considero os benefícios oferecidos pela empresa adequados às minhas necessidades.
24 3 4 3
Na empresa, existe uma relação adequada entre desempenho individual e remuneração.
26 3 3 3
Considero justo o critério de distribuição de pontinhos na empresa, levando em consideração o tempo de serviço e função.
28 4 3 3
Acredito que os hóspedes estão satisfeitos com todos os serviços oferecidos pela empresa.
33 3 3 3
Considero o plano de saúde oferecido pela empresa adequado às minhas necessidades.
35 3 3 3
Considero meu salário justo se comparado com o salário que é pago pelo marcado de trabalho.
46 4 3 3
Acredito ser de boa qualidade a alimentação oferecida pela empresa.
60 0 4 4
Acredito ser justa a relação produtividade coletiva dos pontinhos oferecidos pela empresa.
61 3 3 3
Oportunidade de crescimento
T&D Segurança no Trabalho
Tenho oportunidade para aprender e progredir dentro da empresa, através de cursos, treinamentos e planos definidos de crescimento e desenvolvimento.
11 3 0 0
Estou satisfeito com as oportunidades de treinamento que a empresa tem oportunizado, pois são adequados e suficientes às minhas necessidades de desenvolvimento profissional.
31 4 2 2
Sinto-me capacitado para realizar meu trabalho. 47 5 4 4
Liderança
É fácil se aproximar dos superiores imediatos e dialogar com eles. 13 4 5 5 Meu superior imediato sabe distribuir tarefas, definir prazos, coordenar e desenvolver pessoas adequadamente.
22 4 5 5
Recebo do meu superior imediato, com claeza, todas as informações e explicações de que necessito para executar meu trabalho, bem como as informações sobre mudanças e novos planos que afetam meu trabalho.
27 4 4 4
Considero que meu superior imediato age de acordo com o que fala, cumpre o que promete e, por isso, tem credibilidade junto a sua equipe.
34 4 3 3
Os superiores imediatos deixam claro que esperam de nosso trabalho.
40 5 4 4
Meu superior imediato conhece bem o trabalho que realiza e é a pessoa mais indicada para a função que ocupa.
49 5 4 4
Meu superior imediato acompanha os resultados do meu trabalho e quando erro me orienta e me faz aprender com o erro.
54 4 4 4
Meu superior ouve, leva em conta as minhas idéias, sugestões e preocupações e é receptivo a críticas relativas ao trabalho.
57 4 4 4
Meu superior imediato estimula a equipe a assumir responsabilidades.
62 4 4 4
Responsabilidade
A empresa mantém uma imagem de confiabilidade e credibilidade junto a seus clientes resolvendo suas queixas com agilidade e eficiência.
43 4 4 4
Considero meu salário justo diante das responsabilidades que tenho na empresa.
56 3 3 3
Recebo das outras áreas as informações de que necessito para o bom desempenho das minhas atividades.
51 4 3 4
Fonte: Dados da pesquisa.
Verifica-se, no Quadro 3 que a variável Reconhecimento e Recompensas
obtiveram média 3, considerados pontos parcialmente negativos. Já a Q20 obteve média
0, considerado ponto negativo para a organização. Na variável Oportunidade de
Crescimento, a Q47 obteve média 4, considerado ponto parcialmente positivo. Já as
Cadernos do IME – Série Estatística Qualidade em Serviços Hoteleiros...
26
Q11 e Q31 obtiveram médias 0 e 2, respectivamente, considerados pontos negativos da
empresa.
Nas variáveis Liderança e Responsabilidade, a média geral foi 4, considerado
como ponto parcialmente positivo. Já a Q34, referente à Liderança, e a Q56, referente à
Responsabilidade, atingiram média 3, considerado pontos parcialmente negativos, que
representam insatisfação por parte dos colaboradores em relação às ações praticadas
pelos líderes e iniquidade entre o salário e suas responsabilidades.
O Reconhecimento e Recompensas oferecidos pela empresa aparecem como
fator negativo. Isso deve ser reavaliado de maneira que as pessoas compreendam como
foi realizado o processo de distribuição de pontos da empresa (pontos é o nome dado a
remuneração variável oferecida aos colaboradores através da receita da empresa). Existe
um problema nesta questão, pois as pessoas desconhecem o sentido dessa remuneração.
Os colaboradores antigos sabem como foi realizado este processo, mas os novos não
têm idéia do funcionamento, necessitando de esclarecimentos. Percebe-se que a Q60
não apresenta média no Hotel 1, pois o mesmo não oferece alimentação aos seus
colaboradores. Já o Hotel 2 atingiu média 4, com pontos parcialmente positivos.
Em relação à Oportunidade de Crescimento a avaliação foi negativa, pois, as
possibilidades de desenvolvimento na organização são restritas. Por outro lado, a
percepção de Segurança é experimentada com otimismo. Com isso, pode-se vincular a
segurança no emprego ao bom desempenho das funções de cada colaborador, embora
com poucas tendências de ascensão profissional.
Outro fator importante é a falha no processo de Treinamento oferecido pela
empresa, devido à falta de alternativas na cidade. Portanto, mandar seus colaboradores
para outras cidades, ou trazer profissionais de fora para ministrar cursos de treinamento,
resulta muitas vezes em um alto custo. Uma das alternativas seria criar processos de
padronização dos serviços, selecionando colaboradores capacitados em treinar os
colegas, usufruindo do manual de processos criado pela própria empresa.
Por isso, é de suma importância incentivar e motivar os funcionários,
principalmente os gerentes, a cursos de aperfeiçoamento, buscando sempre melhor
qualificação, para que sejam capazes de transmitir tudo a seus subordinados.
Cadernos do IME – Série Estatística Stecca, Gonçalves, Garcia & Lopes
27
A seguir foram realizados cruzamentos das variáveis em estudo e a análise de
correspondência selecionando algumas questões que apresentaram índice baixo de
satisfação nos hotéis, conforme Figuras 1 e 2.
Figura 1 – Análise de correspondência referente à Reconhecimento e Recompensas e Responsabilidade
Hotel:1Hotel:2
Q_20:0
Q_20:1
Q_20:2Q_20:3
Q_20:4
Q_20:5
Q_56:0
Q_56:1Q_56:2Q_56:3
Q_56:4
Q_56:5
-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Dimensão 1; (14,22% da Inércia)
-4,5
-4,0
-3,5
-3,0
-2,5
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5D
imen
são
2; (
13,1
6% d
a In
érci
a)
Fonte: Dados da pesquisa
Percebe-se que o Hotel 1, em relação a Q20, está mais associado ao item 4, e a
Q56 ao item 3. Já no Hotel 2, o mais próximo é a Q20 e a Q56 associadas ao item 0.
Figura 2 – Análise de correspondência referente à Oportunidade de Crescimento e Liderança
Fonte: Dados da pesquisa
Observa-se que o Hotel 1, em relação a Q11 e a Q22 estão mais associados ao
item 3. Já no Hotel 2, o mais próximo é a Q11 associada ao item 0, e a Q22, ao item 1.
Hotel:1 Hotel:2
Q_11:0
Q_11:1
Q_11:2
Q_11:3
Q_11:4
Q_11:5
Q_22:0
Q_22:1
Q_22:2
Q_22:3
Q_22:4Q_22:5
-1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
Dimensão 1; (16,48% da Inércia)
-2,5
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
Dim
ensã
o 2;
(11
,76%
da
Inér
cia)
Cadernos do IME – Série Estatística Qualidade em Serviços Hoteleiros...
28
5. Considerações Finais
Com a preocupação em melhorar a qualidade dos serviços prestados pelos
colaboradores, a realização de um estudo de clima organizacional em empresas
hoteleiras facilita a identificação de fatores que potencializam e restringem as ações
organizacionais.
Neste estudo, percebeu-se a falta de um setor estruturado de gestão de pessoas na
organização. Esse papel é desempenhado pelos gerentes, e muitas das ações não estão
satisfazendo as expectativas de seu corpo funcional. Desta forma, a contratação de uma
pessoa capacitada permitiria uma reorganização de funções e responsabilidades e
concentraria os esforços no desenvolvimento de políticas específicas para as variáveis
que apresentaram insatisfação, como Reconhecimento, Oportunidade de Crescimento e
Treinamento.
A partir da análise de correspondência referente à Reconhecimento e
Responsabilidade, percebeu-se em relação a Q20 e Q56, que o Hotel 2 apresenta maior
índice de insatisfação, o que revelou possível desconhecimento por parte dos
colaboradores da política de remuneração variável implantada pela empresa. Desta
forma, faz-se necessário reavaliar o sistema de distribuição de pontos e atualizar as
descrições de cargos.
No cruzamento das variáveis Oportunidade de Crescimento e Liderança
identificou-se, na Q11 e Q22, que os menores índices também se encontram no Hotel 2.
Em relação aos valores, a Q22 obteve média 5, considerado ponto positivo. Já o
cruzamento das mesmas variáveis revelou média 1 no Hotel 2. Pode-se, assim, inferir
que os colaboradores sentiram receio em apontar problemas em relação à Liderança. Os
dados demonstram diferenciação de um hotel para o outro em relação à Liderança e
Reconhecimento, o que merece um novo estudo específico para estas variáveis.
Conclui-se que o estudo apontou variáveis com índice de insatisfação, mas que
não comprometeram o resultado de um clima organizacional favorável. Muitos são os
fatores que devem ser melhorados, porém, os pontos positivos existentes devem ser
mantidos e reforçados, aumentando assim o tempo de permanência das pessoas na
empresa.
Cadernos do IME – Série Estatística Stecca, Gonçalves, Garcia & Lopes
29
Referências
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BÚRIGO, C. C. Qualidade de Vida no Trabalho: diretrizes e perspectivas. Florianópolis: Insular, 1997.
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Cadernos do IME – Série Estatística Qualidade em Serviços Hoteleiros...
30
QUALITY IN HOTEL SERVICES: A STUDY OF
ORGANIZATIONAL CLIMATE THROUGH MULTIVARIATE ANALYSIS
Abstract This study has as its objective to identify, from a case study, the Organizational Climate in hotel enterprises which to the same chain located in the central region of Rio Grande do Sul. A questionnaire was used as collect data and variables defined in the study were: compliance, communication, patterns, work conditions and health, work and the total space of life, human warmth and support, learning, recognition and reward, opportunity of growth, responsibility and leadership. Through multivariate analysis, it was possible to cross some variables, identifying a favorable organizational climate, and from these results, a proposal of optimizing the matters considered satisfactory, as well as the improvement of the unsatisfactory matters by the collaborator´s perception was developed. The study is important because it cooperates to the quality of the rendered services, contributing to the hotel sector professional’s development. Key-words: Hospitality; Organizational Climate; Quality; Multivariate Analysis.
ANÁLISE DE PARÂMETROS OPERATIVOS DO SISTEMA HIDROTÉRMICO BRASILEIRO
Maria Luiza Viana Lisboa UERJ/CEPEL
Luiz Guilherme Barbosa Marzano
CEPEL [email protected]
Tathiana Conceição Justino
CEPEL [email protected]
Carlos Henrique Medeiros de Sabóia
CEPEL [email protected]
Maria Elvira Piñeiro Maceira
CEPEL/UERJ [email protected]
Resumo
Neste trabalho será apresentada uma análise compreensiva das condições operativas do parque gerador brasileiro com um número crescente de usinas hidrelétricas com menor capacidade de regularização e uma maior penetração de usinas eólicas e de usinas termelétricas movidas a bagaço de cana de açúcar. Os fatores de participação térmicos adotados no modelo MELP são parâmetros utilizados para definição dos limites de geração média anual de usinas termelétricas nas condições de hidrologia média e crítica. Estes parâmetros são função da configuração do sistema e de dados econômicos como o custo de operação de usinas termelétricas. Será feita uma análise das possíveis alterações dos valores destes fatores ao longo do horizonte de planejamento até 2019, utilizando o programa NEWAVE. Resultados de simulações obtidos com o MELP levando em consideração a característica sazonal da geração serão mostrados e discutidos.
Palavras-chave: Planejamento da Expansão da Geração, Perfil Sazonal de Geração, Matriz Elétrica Brasileira.
CADERNOS DO IME – Série Estatística Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ
Rio de Janeiro – RJ - Brasil ISSN 1413-9022 / v. 29 p. 31 - 45, 2010
Cadernos do IME – Série Estatística Análise de Parâmetros Operativos...
32
1. Introdução
O Brasil é um país com dimensões continentais que possui um parque gerador de
eletricidade com predominância hidráulica. Existe ainda um enorme potencial
hidrelétrico economicamente viável na região amazônica que deverá ser explorado para
atender à demanda crescente do país. Mantida a tendência de se evitar a construção de
grandes reservatórios na exploração do potencial hidroelétrico da Amazônia, não será
possível mitigar a característica altamente sazonal das afluências dos rios dessa região.
Portanto, o perfil de geração será semelhante ao perfil sazonal das afluências aos
reservatórios, o que impactará a operação das usinas hidrelétricas das outras regiões do
país e das usinas termelétricas. Usinas eólicas e termelétricas a bagaço de cana também
apresentam perfil de geração sazonal, e assim, neste cenário de uma maior participação
de fontes de geração sazonais na matriz elétrica brasileira, a análise da operação em
base anual em estudos de planejamento de longo prazo torna-se pouco adequada.
Um modelo de planejamento da expansão da geração com análise da operação
em base sazonal faz-se necessária tanto para determinar a geração adicional requerida
pelo sistema elétrico no período de estiagem nos rios da Amazônia, quanto para
determinar os reforços de interligação necessários para exportação da energia produzida
nesta região no seu período de maiores afluências. A capacidade de operação
complementar das usinas a bagaço de cana e usinas eólicas também pode ser melhor
avaliada em base sazonal.
O programa MELP (TERRY et al., 2004), desenvolvido pelo Cepel e utilizado
em estudos oficiais do Ministério de Minas e Energia-MME e da Empresa de Pesquisa
Energética-EPE, adotava uma análise da operação em base anual em sua versão
original. Recentemente, a análise em base sazonal foi incluída no modelo, definindo-se
fatores sazonais de geração que limitam a geração das usinas em cada estação do ano de
acordo com seus perfis de geração. Estes fatores são calculados com base nos resultados
de simulações do programa NEWAVE (MACEIRA et al., 2002).
Este trabalho tem por objetivo apresentar uma análise compreensiva das
mudanças do modo de operação dos diversos tipos de usinas que compõem o parque
gerador brasileiro com a evolução da matriz elétrica, em que haverá uma maior
participação de usinas hidrelétricas com menor capacidade de regularização, além de
uma maior participação de usinas termelétricas a bagaço de cana e usinas eólicas. Será
Cadernos do IME – Série Estatística Lisboa, Marzano, Justino, Saboia & Maceira
33
discutida a relevância dos eventuais impactos destas mudanças de modo operativo nas
premissas adotadas no modelo MELP.
2. Modelo MELP
Trata-se de um modelo de otimização inteira mista que tem por objetivo
determinar um cronograma de expansão de usinas geradoras e troncos de interligação
capaz de atender a demanda crescente de energia elétrica, de forma econômica e
confiável, em um horizonte de longo prazo. O suprimento econômico é obtido pela
minimização dos custos de investimento e de operação ao longo do horizonte de
planejamento. Os investimentos incluem a construção de usinas geradoras e troncos de
interligação. As incertezas das afluências aos reservatórios são consideradas através de
restrições operativas para duas condições hidrológicas definidas como média e crítica.
Para a condição de hidrologia média, a geração média anual das usinas está limitada ao
seu valor médio anual de geração, e na condição de hidrologia crítica, está limitada ao
seu valor de energia firme. Os valores de energia média e firme das usinas termelétricas
são definidos com base no conceito de fator de participação térmico médio e crítico, que
correspondem às probilidades de a usina operar em sua capacidade máxima durante as
condições de hidrologia média e crítica, respectivamente. Os fatores podem ser
calculados através dos resultados de simulações com o programa NEWAVE para as
duas condições de hidrologia (LISBOA et al., 2005).
O programa MELP encontra-se em constante desenvolvimento, tendo sido
recentemente incorporada a representação do sistema de gás natural (LISBOA et al.,
2008) e a representação da sazonalidade da geração em sua formulação matemática. No
último caso, a análise da operação, que originalmente era feita em case anual, é agora
feita em base semestral. Em cada estação, os limites de geração em condição de
hidrologia média e crítica são definidos aplicando-se fatores sazonais de geração aos
valores de energia média anual e firme. Estes fatores são definidos a partir de perfis
típicos de geração que também podem ser calculados a partir de resultados de
simulações do programa NEWAVE.
3. Análise da Operação Hidrotérmica
O programa NEWAVE é a ferramenta computacional utilizada pelo setor
elétrico brasileiro em estudos de planejamento da operação energética e estudos de
Cadernos do IME – Série Estatística Análise de Parâmetros Operativos...
34
planejamentos decenais da expansão do sistema interligado nacional (SIN). É um
modelo de otimização baseado na técnica de programação dinânica dual estocástica, que
minimiza os custos de operação para uma dada configuração do parque gerador
hidrotérmico. Neste trabalho ele será utilizado para analisar as possíveis mudanças do
modo operativo de usinas hidráulicas e termelétricas com a participação crescente de
usinas geradoras com perfil sazonal na matriz elétrica.
As simulações com o programa NEWAVE serão feitas utilizando os arquivos de
dados com base naqueles associados ao Plano Decenal de Energia 2019 (PDE, 2019)
disponíveis no portais do MME e EPE (MME/EPE, 2010). Para cada ano do horizonte
de estudo foram feitas simulações semelhantes àquelas necessárias para o cálculo de
energia garantida, ou seja, para cada ano de estudo considerou-se uma configuração
estática referente ao seu último mês e simulou-se o programa NEWAVE repetidas
vezes, alterando-se em cada simulação os valores de demanda até atingir o critério de
convergência de igualdade dos do custo marginal de expansão (CME) e dos valores
esperados operação (CMO), com risco de déficit de energia não superior a 5%. Nestas
simulações foram considerados 2000 séries sintéticas de energia natural afluente, limites
de intercâmbios abertos, valor de CMO igual a 113,00 R$/MWh e período de estudo
igual a 10 anos.
A análise será feita com base em valores médios mensais e anuais de algumas
variáveis como a geração hidráulica e térmica, energia armazenada ao final de mês,
vertimentos etc. Estas médias serão calculadas para as condições de hidrologia média e
crítica – na primeira, as médias serão calculadas considerando os 2000 cenários de
afluências, e na condição de hidrologia crítica, as médias serão calculadas considerando
apenas as séries em que ocorrem um ou mais períodos críticos. A relevância da
consideração ou não destas mudanças de modo de operação em estudos de planejamento
de longo prazo será então avaliada através de simulações com o programa MELP.
4. Sistema Teste
A configuração do sistema elétrico utilizada no PDE 2019 considera 9
subsistemas elétricos: Sul (S), Sudeste/Centro-Oeste (SE), Nordeste (NE), Norte (N),
Norte-Madeira (MAD), Manaus (MAN), Belo-Monte (BM), Tapajós (TAP) e Itaipu
binacional (IT), e os nós fictícios: Ivaiporã (100) e Itacaiunas (200).
Cadernos do IME – Série Estatística Lisboa, Marzano, Justino, Saboia & Maceira
35
Os subsistemas e suas interligações estão ilustrados de forma simplificada na
Figura 1-(a) onde as linhas cheias representam as interligações existentes e as linhas
pontilhadas as interligações a serem construídas até 2019. Na Figura 1-(b) são
mostradas as expansões hidráulicas previstas para cada subsistema ao longo do
horizonte.
Figura 1. Configuração, expansões hidráulicas e térmicas anuais e composição hidrotérmica do
sistema elétrico brasileiro
(a) (b)
(c)
(d)
Por simplicidade, as usinas termelétricas foram agrupadas de acordo com seus
custos operacionais em classes com intervalo de 50 R$/MWh, e as expansões anuais
previstas para as mesmas são mostradas na Figura 1-(c). A composição da matriz
elétrica resultante com as expansões previstas é mostrada, para cada ano do horizonte,
na Figura 1-(d). A participação hidráulica, que inicialmente é cerca de 85% (81.128
MW) reduz para 76% em 2013, em decorrência das significativas expansões de usinas
termelétricas com custos operacionais mais elevados previstas para os primeiros 4 anos
Expansões Hidráulicas Anuais
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
MW
SE/CO SUL NORDESTE NORTE MAD MAN B.MONTE TAP
EXPANSÕES TÉRMICAS ANUAIS
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
MW
C250+
C250C200C150C100C050
COMP OSIÇÃO HIDROTÉRMICA
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
HIDRO C050 C100 C150 C200 C250 C250+
Man
IT
Mad
100
200 BM
Tap
N
NE
SE
S
Cadernos do IME – Série Estatística Análise de Parâmetros Operativos...
36
do horizonte. A participação hidráulica, no entanto, volta a crescer até o valor de 80%
em 2019, em função das expansões hidráulicas significativas previstas para os
subsistemas da região Norte, notadamente no segundo quinquênio do horizonte. Não
estão incluídos nestes percentuais as participações das fontes alternativas.
5. Discussão dos Resultados
Os resultados das simulações com o programa NEWAVE são aqui analisados
através dos valores médios mensais e anuais das principais variáveis do problema. Na
Figura 2 são mostrados, para a condição de hidrologia média, os valores médios anuais
de geração hidráulica, nível de armazenamento ao final do mês e vertimentos para os
diversos subsistemas, e os fatores de participação térmicos para cada classe térmica e
configuração, os quais são obtidos a partir dos correspondentes valores de geração
térmica. As linhas cheias referem-se aos resultados obtidos com as configurações inicial
e final do horizonte, 2009 e 2019 respectivamente, e as linhas pontilhadas referem-se
aos resultados obtidos com as configurações dos anos intermediários.
Figura 2. Médias de geração hidráulica, nível de armazenamento, vertimentos dos diversos subsistemas e fatores de participação térmicos - Condição de hidrologia média
(a) (b)
(c)
(d)
Geração Média Anual
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
MW
me
d
SE/CO SUL NORDESTE NORTE ITAIPU
AC/RO M AN/AP B.M ONTE TAP/TPIRES
Fator de Participação Térmico - Hidrologia Média
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 200 400 600 800 1000 1200
Custo Operativo (R$/MWh)
FP
med
20092010201120122013201420152016201720182019
Nível de armazenam ento ao final de cada mês
0
50000
100000
150000
200000
250000
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
MW
me
d
SE/CO SUL NORDESTE NORTE ITAIPU AC/RO MAN/AP B.MONTE TAP/TPIRES
Vertimen to s
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
MW
me
d
SE/CO SUL NORDESTE NORTE ITAIPU AC/RO MAN/AP B.MONTE TAP/TPIRES
Cadernos do IME – Série Estatística Lisboa, Marzano, Justino, Saboia & Maceira
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Pode-se observar o crescente aumento de geração hidráulica, principalmente a
partir de 2012, com início da entrada em operação das usinas hidrelétricas da região
Norte. Nota-se também o crescente aumento dos fatores de participação ao longo do
horizonte para as usinas termelétricas de classe térmica com custo operacional inferior a
170 R$/MWh. Este aumento se deve ao aumento da participação térmica na matriz
elétrica e ao critério de garantia de suprimento adotado nas simulações. Visto que a
capacidade instalada aumenta ao longo do horizonte, a convergência para cada
configuração estática é obtida com valores crescentes de carga crítica. Com valores
mais elevados de carga crítica e de participação térmica na matriz elétrica, será
demandada uma maior geração das usinas termelétricas mais baratas.
De maneira geral, os gráficos das Figuras 2-(c-d) indicam um decréscimo dos
níveis de armazenamento e vertimentos em todos os subsistemas. Estes resultados são
consequência direta da construção de usinas com reservatórios de dimensões reduzidas
na região Norte, onde os rios apresentam afluências com característica altamente
sazonal e distinta das afluências dos rios das demais regiões do país. Para um melhor
entendimento das mudanças verificadas, são mostrados nas Figuras 3. (a-b) os gráficos
referentes aos valores médios mensais de geração hidráulica dos subsistemas Sudeste e
Madeira. Apesar de a análise se restringir a estes dois subsistemas, as observações a
respeito do Madeira são pertinentes aos subsistemas da região Norte, e as conclusões
obtidas para o subsistema Sudeste são válidas, em menor escala, para os demais
subsistemas do país (não localizados na região Norte).
As afluências dos rios da Amazônia são significativamente mais elevadas no
primeiro semestre do ano, consequentemente, a produção de energia elétrica das usinas
desta região também será mais elevada neste período do ano, conforme pode-se
verificar no gráfico da Figura 3-(a) referente ao subsistema Madeira. Para acomodar
esta oferta de energia e otimizar a operação do sistema elétrico brasileiro, as usinas
hidráulicas do Sudeste (e as dos demais subsistemas não localizados na região Norte)
que possuem reservatórios com capacidade de armazenamento, irão ajustar seu perfil de
geração, passando a gerar mais no segundo semestre.
Esta mudança de operação auxilia o atendimento da demanda neste semestre,
quando a oferta de energia proveniente do Norte é reduzida, com consequente redução
dos níveis de armazenamento de seus reservatórios (Figura 3-(c)). Assim, no primeiro
Cadernos do IME – Série Estatística Análise de Parâmetros Operativos...
38
semestre do ano seguinte, para recuperar o nível de armazenamento de seus
reservatórios e permitir a maximização da geração das usinas do Norte, a geração das
usinas do Sudeste será reduzida, conforme pode-se verificar no gráfico da Figura 3-(b).
Figura 3. Médias mensais de geração hidráulica, nível de armazenamento e vertimento -
Subsistemas Sudeste e Madeira
(a)
(b)
(c)
(d)
Com níveis inferiores de armazenamento em seu período de chuvas, os
vertimentos serão consequentemente reduzidos (Figura 3-(d)). Vale ressaltar que, neste
cenário de operação, algumas usinas a fio d´água, como é o caso de Itaipu, passarão a
ter um nível de geração mais elevado. Esta variação de geração pode ser observada no
gráfico da Figura 4-(a) e na Tabela 1, que descreve os valores médios anuais de geração
hidráulica de todos os subsistemas para as condições de hidrologia crítica e média. A
geração média anual de Itaipu passa de 7870 MWmed em 2009 para 9782 MWmed em
2019, um acréscimo de aproximadamente 25%.
A Tabela 1 também mostra outra informação relevante, que é não a coincidência
dos períodos críticos dos subsistemas Madeira, Belo Monte, Manaus e Tapajós com os
dos outros subsistemas situados nas demais regiões do país, os quais definem o período
Geração Hidráulica - Madeira
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Jan Fev Mar Abr M ai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
MW
med
2009 2010 2011 2012 2013 20142015 2016 2017 2018 2019
Geração Hidráulica - Sudeste
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezM
Wm
ed
2009 2010 2011 2012 2013 2014 20152016 2017 2018 2019
Nível de armazenamento ao final do mês - Sudeste
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
2009 2010 2011 2012 2013 2014
2015 2016 2017 2018 2019
Vertimentos - Sudeste
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
MW
med
20092010201120122013201420152016201720182019
Cadernos do IME – Série Estatística Lisboa, Marzano, Justino, Saboia & Maceira
39
crítico do sistema elétrico brasileiro. Nas séries em que ocorrem os períodos críticos, os
subsistemas anteriormente citados geram em média cerca de 760 Mwmed a mais do que
em média nas 2000 séries de afluências, o que pode auxiliar na recuperação dos níveis
de armazenamento dos reservatórios do Sudeste. Isto se reflete no perfil de geração
destes subsistemas, que apresentam um nível de geração um pouco mais elevado na
primeiro semestre na condição de hidrologia crítica, conforme pode ser observado no
gráfico da Figura 4-(d), referente ao subsistema Madeira (perfis descritos em termos de
percentuais da geração média anual).
Figura 4. Geração de Itaipu, perfis de geração hidráulica do Sudeste, Sul e Madeira
(a)
(b)
(c)
(d)
Tabela 1. Sumário de alguns resultados das simulações para as configurações de 2009 e 2019
G eração Hidráu lica - I taipu
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
MW
me
d
2009 2010 2011 2012 2013 2014
2015 2016 2017 2018 2019
Perfis de geração hidráulica - Sudeste
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
140%
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Hidrologia média-2019
Hidrologia crítica-2019
Hidrologia média-2009
Hidrologia crítica-2009
Perfis de geração hidráulica - Sul
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
140%
160%
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Hidrologia média-2009Hidrologia Crít ica-2009
Hidrologia média-2019
Hidrologia Crít ica-2019
Perfil de geração hidráulica - Madeira2019
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
140%
160%
jan fev mar abr m ai jun jul ago set out nov dez
Hidrologia média-2019
Hidrologia crítica-2019
Hidrologia média (MWmed)
Hidrologia crítica (MWmed)
Hidrologia média (MWmed)
Hidrologia crítica (MWmed)
SE 19852 17283 22452 19553S 6829 5858 9158 8001
NE 6679 6326 7542 6949N 4453 4447 7181 6629IT 7870 8061 9782 8675
MAD 85 87 3994 4162MAN 0 0 525 555BM 0 0 3411 3778TAP 0 0 5035 5231
Déficit de energiaNúmero de períodos críticos Risco de déficit máximo -SE
162 1171.97% 1.66%
Subsistemas
14% 10%
2009 2019Geração hidráulica anual
Cadernos do IME – Série Estatística Análise de Parâmetros Operativos...
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Nestes gráficos também são mostrados os perfis de geração para a condição de
hidrologia crítica. Para o subsistema Sudeste, na configuração de 2009, o perfil de
geração na condição de hidrologia crítica difere daquele para a condição de hidrologia
média, apresentando um nível de geração quase constante ao longo do ano. Esta
diferença de perfis ocorre também para o subsistema Itaipu, que é impactado pelo modo
de operação do Sudeste. No entanto, para os demais subsistemas, os perfis para as
condições de hidrologia crítica e média são bastante semelhantes, conforme indicam os
perfis do subsistema Sul mostrados na Figura 4-(c).
Ao final do horizonte, com a entrada em operação das usinas do Norte, pode-se
afirmar que os perfis de todos os subsistemas apresentam uma maior sazonalidade, e
que os perfis são semelhantes para ambas as condições de hidrológia crítica e média,
inclusive os perfis dos subsistemas Sudeste e Itaipu. Ainda, os perfis de geração dos
subsistemas são complementares, o que resulta em um bloco de geração hidráulica total
do SIN com pequenas flutuações ao longo do ano. Como consequência, os perfis de
geração das usinas termelétricas apresentam sazonalidade menos acentuadas.
A Figura 5 mostra os fatores de participação térmico de todas as classes térmicas
para a condição de hidrologia crítica e para cada configuração considerada. Pode-se
observar que, de maneira geral, as usinas termelétricas mais baratas são chamadas a
operar igualmente em todas as configurações, e apresentam fatores de participação
elevados. Porém, ao final do horizonte, as usinas termelétricas mais caras operam em
sua capacidade máxima menos vezes. Estes resultados são consistentes com o menor
déficit de energia e períodos críticos observados na configuração de 2019 e descritos na
Tabela 1.
De uma maneira geral, com base nos resultados com o programa NEWAVE, em
um cenário com uma maior participação térmica na matriz elétrica brasileira e uma
maior participação no parque gerador hidráulico de usinas com reservatórios de pequena
capacidade de armazenamento, pode-se afirmar:
− A oferta significativa de energia elétrica de origem hidráulica com perfil
altamente sazonal proveniente dos subsistemas da região Norte resulta em
modicações nos níveis de produção e nos perfis sazonais de geração
hidráulica dos outros subsistemas.
Cadernos do IME – Série Estatística Lisboa, Marzano, Justino, Saboia & Maceira
41
− Os perfis de geração hidráulica para as condições de hidrologia crítica e média
são semelhantes para todos os subsistemas;
− Usinas termelétricas mais baratas apresentam um maior nível de produção de
energia elétrica em condição de hidrologia média;
− Usinas termelétricas mais caras apresentam um menor nível de produção de
energia elétrica em condição de hidrologia crítica.
Figura 5. Fatores de participação térmico críticos
A produção de energia elétrica dos subsistemas da região Norte será
majoritariamente exportada para os demais subsistemas localizados a grandes
distâncias. Sendo esta oferta de energia com perfil sazonal, a análise da operação em
modelos de planejamento da expansão da geração de longo prazo em base anual pode
tornar-se pouco adequada, principalmente no que concerne ao cálculo dos reforços de
interligações necessários para escoar os grandes blocos de energia produzidos nesta
região no primeiro semestre do ano. Este aspecto será avaliado na seção seguinte
comparando os resultados das simulações com o programa MELP com e sem a
representação da sazonalidade. Nestas simulações serão considerados perfis de geração
nas duas condições hidrológicas idênticos, tendo em vista que os mesmos serão bastante
semelhantes no horizonte de longo prazo.
6. Resultados do MELP
As simulações do MELP foram feitas utilizando o sistema teste brasileiro
descrito em (5) e adotando um gap de convergência igual a 0,5%. Vale ressaltar que este
subsistema teste inclui o nó fictício de Itacaiúnas e apresenta possibilidades de conexões
Fator de Participação Térmico - Hidrologia Cr ítica
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
0 200 400 600 800 1000 1200
Custo Operatico R$/MWh
FP
crí
tic
o
ano09ano10ano11ano12
ano13ano14ano15ano16ano17ano18ano19
Cadernos do IME – Série Estatística Análise de Parâmetros Operativos...
42
entre subsistemas distintas daquelas do PDE 2019. Por simplicidade, o horizonte de
planejamento foi mantido de 2006 a 2030.
As simulações com representação da sazonalidade foram realizadas assumindo
dois semestres que se iniciam em janeiro e julho, os quais refletem os períodos de maior
e menor produção de energia elétrica pelas usinas hidráulicas da região Norte. Os
fatores de sazonalidade semestrais foram definidos pela relação entre a geração média
semestral e a geração média anual, utilizando os resultados do NEWAVE referentes à
configuração de 2019.
Os principais resultados das simulações com o MELP estão sumarizados na
Tabela 2. Pode-se observar que ao incluir a representação da sazonalidade, a expansão
hidráulica até 2030 reduziu cerca de 6694 MW, que é compensada por um acréscimo de
expansão térmica de 5000 MW. No primeiro caso, sem sazonalidade, a participação
hidráulica resultante em 2030 é cerca de 77%, que reduz para 74% no resultado da
simulação em que a sazonalidade é levada em consideração.
Tabela 2. Capacidade instalada em 2030 (MW)
Esta redução da expansão hidráulica se deve à necessidade de maiores
investimentos em interligações para escoar a energia média produzida no primeiro
semestre nos subsistemas da região Norte, que é bastante superior à energia média
anual. Ao levar em conta estes custos, reduz-se um pouco a competitividade dos
projetos de usinas hidráulicas nesta região.
7. Conclusões
Este trabalho teve por objetivo fazer uma análise compreensiva das condições
operativas do parque gerador brasileiro em um cenário de matriz elétrica com uma
maior participação de termelétricas e com uma maior participação de usinas
hidrelétricas com menor capacidade de regularização no parque gerador hidráulico. Para
Hidráulica Térmica Hidráulica Térmica
SE 51705 19317 50220 22817S 22122 13990 22122 14990
NE 13176 14879 13116 15379N 17172 650 16101 650IT 14000 0 14000 0
BM 16729 0 15988 0MAD 7983 0 7935 0MAN 8162 2035 5036 2035TAP 17791 0 17628 0Total 168840 50871 162146 55871
Participação (%) 77% 23% 74% 26%
Capacidade Instalada 2030 (MW)Sem sazonalidade Com sazonalidade
Capacidade Instalada 2030 (MW)Subsistemas
Cadernos do IME – Série Estatística Lisboa, Marzano, Justino, Saboia & Maceira
43
isto foram feitas simulações com o programa NEWAVE utilizando os dados referentes
ao Plano Decenal de Expansão de Energia 2019. Neste plano, a participação térmica na
matriz elétrica cresce de 15% para 20%, e a participação das usinas hidrelétricas da
região Norte, que inclui as usinas dos subsistemas Norte, Belo Monte, Manaus, Madeira
e Tapajós, cresce de 25% para 44% do parque gerador hidráulico. Para este cenário de
matriz elétrica, os resultados das simulações realizadas indicaram que:
− A oferta significativa de energia elétrica de origem hidráulica com perfil
altamente sazonal proveniente dos subsistemas da região Norte resulta em
modificações dos perfis sazonais atuais de geração hidráulica dos subsistemas
Sul, Sudeste e Itaipu e em menor escala, o do do subsistema Nordeste;
− O sistema interligado brasileiro opera com níveis menores de armazenamento e
de vertimentos;
− A intensidade dos déficits em perídos críticos reduz a custa de uma geração
térmica mais intensa;
− Os períodos críticos dos subsistemas da região Norte não são totalmente
coincidentes com os da região Sul, Sudeste e Nordeste do país;
− Os perfis de geração hidráulica para as condições de hidrologia crítica e média
são semelhantes para todos os subsistemas;
− Usinas termelétricas mais caras apresentam um menor nível de produção de
energia elétrica em condição de hidrologia crítica;
− Usinas termelétricas mais baratas apresentam um maior nível de produção de
energia elétrica em condição de hidrologia média.
Foram feitas simulações com o programa MELP para avaliar o impacto no
cronograma de investimentos ao adotar uma análise da operação em base semestral na
modelagem do problema de planejamento da expansão da geração de longo prazo do
sistema elétrico brasileiro. Os resultados indicaram que, devido ao perfil sazonal de
geração dos projetos de usinas hidráulicas da regão Norte, o cronograma de
investimentos resultante de uma simulação em que a análise da operação é feita em base
semestral difere daquele resultante de uma simulação em base anual, apresentando uma
redução de investimentos em projetos hidráulicos e aumento de investimentos em
projetos termelétricos e projetos de intercâmbios.
Cadernos do IME – Série Estatística Análise de Parâmetros Operativos...
44
Verificou-se que os fatores de participação térmicos são influenciados pela
composição hidrotérmica do parque gerador, em particular pela participação hidráulica.
Um aprimoramento do modelo é a possibilidade de se considerar fatores de participação
térmicos distintos ao longo do horizonte. Evidentemente, a definição a priori de fatores
que são função de uma composição hidrotérmica que, a princípio, deseja-se determinar,
só poderá ser feita de forma aproximada, assumindo um cenário provável de evolução
da matriz elétrica. Uma análise mais detalhada desta questão deve ser objeto de pesquisa
futura.
Referências
TERRY, L.A., MELO, A. C. G., LISBOA, M. L. V., MACEIRA, M. E. P., SABOIA, C. H. M., SAGASTIZABAL, C., DAHER, M. J., SALES., P.R.H. Application of the MELP Program to Define a Long Term Generation and Interconnection Expansion Plan for the Brazilian System. In: IX Simpósio de Especialistas em Planejamento da Operação e Expansão Elétrica- SEPOPE, Rio de Janeiro. Anais... RJ, Brasil, 2004.
MACEIRA, M. E. P., TERRY, L. A., COSTA, F. S., DAMAZIO, J. M., MELO, A. C. G. Chain of Optimization Models for Setting the Energy Dispatch and Spot Price in the Brazilian System. In: 14th Power Systems Computation Conference - PSCC, Sevilha. Anais... Sevilha, Espanha, 2002.
LISBOA, M. L. V., MACEIRA, M. E. P., MELO, A. C. G., MARZANO, L. G. B., SABOIA, C. H. M., JUSTINO, T. C. A Simplified Approach to Estimate The Energy Producion of Thermal Plants for Long Term Generation Expansion Planning Studies. In: VI Congresso Latino-Americano de Geração e Transporte de Energia Elétrica - CLAGTEE, Mar del Plata. Anais... Mar del Plata, Argentina, 2005.
LISBOA, M. L. V, SABOIA, C. H. M., MARZANO, L. G. B., DAMAZIO, J. M. Representação do Sistema de Gás Natural no Modelo Computacional MELP. In: XI Simpósio de Especialistas em Planejamento da Operação e Expansão Elétrica- XI SEPOPE, Belém. Anais... Belém, Brasil, 2008.
MME/EPE, Plano Decenal de Expansão de Energia 2019. 2010.
Cadernos do IME – Série Estatística Lisboa, Marzano, Justino, Saboia & Maceira
45
ANALYSIS OF THE BRAZILIAN HYDROTHERMAL
SYSTEM OPERATING PARAMETERS
Abstract
This paper presents a comprehensive analysis of the Brazilian generation system operating conditions with an increasing number of hydroplants with small reservoirs, wind farms and thermal plants using sugarcane bagasse. These kind of plants present a seasonal generation profile that, depending on their future installed capacity, may change the current Brazilian system operation pattern. Thermal participation factors are parameters used in MELP model to define the annual average generation of thermal plants for a given hydrological condition. By definition, this parameter represents the probability of a thermal plant be in operation at its upper limit in a given hydrological condition and it is a function of the system configuration and operating costs. Based on simulation results of the Brazilian system operation using the NEWAVE program, an analysis of the main system operating parameters is carried out for the planning horizon up to 2019. The impact of the system configuration evolution over the thermal generation pattern is evaluated. MELP simulation results taking into account the seasonal generation profile are also shown and discussed in this paper.
Key-words: Generation Expansion Planning, Generation Seasonal Profile, Brazilian Electrical Matrix.
46
AVALIAÇÃO DE RECURSOS TECNOLÓGICOS IMPLANTADOS NO ENSINO BÁSICO ATRAVÉS DA
ANÁLISE DE CORRELAÇÃO CANÔNICA
Maria Ivete Basniak
PPGMNE - Universidade Federal do Paraná FAFIUVA – Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória
Anselmo Chaves Neto
PPGMNE/DEST - Universidade Federal do Paraná [email protected]
Resumo
O presente trabalho foi motivado pela necessidade constante de avaliação de novos procedimentos metodológicos e administrativos na educação a fim de verificar possíveis equívocos entre o objetivo inicial e o que realmente foi alcançado, de forma que se possa melhorar a qualidade do ensino, pois toda mudança para que seja bem sucedida necessita de avaliação para que as tomadas de decisão sejam realmente eficazes. O objetivo deste trabalho é avaliar a correlação existente entre os recursos tecnológicos implantados nas escolas e colégios da rede estadual de educação básica do município de União da Vitória no Estado do Paraná nos últimos anos e o desempenho dos alunos, sua motivação em estudar e permanecer na escola e, também verificar se a tecnologia implantada contribui para a capacitação dos professores e para que estes preparem suas aulas de maneira a torna-lás mais atrativas. Para isso aplicou-se uma técnica de análise estatística multivariada que avalia a correlação entre dois conjuntos de variáveis, denominada Análise de Correlação Canônica, através da qual se verificou forte correlação entre os dois conjuntos de dados.
Palavras-chave: Recursos Tecnológicos, Correlação Canônica, Avaliação de Recursos.
CADERNOS DO IME – Série Estatística Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ
Rio de Janeiro – RJ - Brasil ISSN 1413-9022 / v. 29, p. 47 - 62, 2010
Cadernos do IME – Série Estatística Avaliação de Recursos Tecnológicos...
48
1. Introdução
Desde meados de 2006 novas tecnologias foram implantadas nas escolas
pertencentes ao NRE (Núcleo Regional de Educação) de União da Vitória. Além dos
laboratórios de informática, todas as salas de aula possuem, atualmente, uma TV
Multimídia e todos os professores receberam pendrive com capacidade de 2 GB para
preparar suas aulas e incorporar os recursos disponíveis no Portal Dia-a-dia Educação e
internet. Os professores podem ainda participar de capacitações presenciais,
semipresenciais e a distância para apropriarem-se desses recursos e trocar experiências
com colegas e outros profissionais da área, aperfeiçoando seus conhecimentos e sua
prática docente. Podem também publicar suas produções no Portal Educacional através
da construção de OACs e FOLHAS, cujas melhores produções constituem o livro
didático público do Paraná.
Através destas ações espera-se que a partir do uso das tecnologias com
propósito, método e significados discutidos e estabelecidos na realidade das escolas com
os educadores, os recursos tecnológicos tornem-se de fato recursos de apoio aos
movimentos em sala de aula que priorizam a aprendizagem.
Como as novas tecnologias encontram-se já há algum tempo no ambiente escolar
surge a necessidade de avaliar os impactos sobre o ensino, pois considera-se necessária
a constante avaliação de novos procedimentos metodológicos e administrativos na
educação a fim de verificar possíveis equívocos entre o objetivo inicial e o que
realmente foi alcançado, de forma que se possa melhorar a qualidade do ensino, pois
toda mudança para que seja bem sucedida necessita de avaliação para que as tomadas de
decisão sejam realmente eficazes (BARBOSA, 2007). Assim, este trabalho buscou
verificar através da análise de correlação canônica a relação existente entre essas ações e
a qualidade do ensino, verificando se os investimentos em tais recursos têm de fato
contribuído para uma educação de qualidade, tendo como principal objetivo avaliar a
correlação existente entre os recursos tecnológicos implantados nas escolas e colégios
da rede estadual de educação básica do município de União da Vitória no Estado do
Paraná nos últimos anos e o desempenho dos alunos, sua motivação em estudar e
permanecer na escola e, também verificar se a tecnologia implantada contribui para a
capacitação dos professores e para que estes preparem suas aulas de maneira as tornar
mais atrativas.
Cadernos do IME – Série Estatística Basniak & Chaves Neto
49
2. Fundamentação Teórica
2.1. Correlação Canônica
De acordo com Vessovi (1998) existem diversas formas de analisar dois
conjuntos de dados, sendo que um dos modelos mais comuns de análise é a regressão
múltipla. Na regressão múltipla, um dos conjuntos é composto por apenas uma variável,
enquanto o outro é composto por várias variáveis. Assim, essa variável única é
denominada de variável resposta (dependente) e é função das variáveis do outro
conjunto, p variáveis explicativas (independentes), por meio de uma combinação linear.
No modelo clássico de regressão linear múltipla denota-se a variável resposta por Y e as
p-1 variáveis explicativas por X1, X2, .... , Xp-1, ou seja em (1):
Yi = β0 + β1 X1i + β2 X2i + ... + βp -1 Xp – 1i + ε i (1)
onde a parte sistemática do modelo é β0 + β1 X1i + β2 X2i + ... + βp -1 Xp – 1i e a parte
estocástica é ε i com i variando de 1 a n. Na forma matricial tem-se para n observações
das variáveis Y = X β + ε onde Y é um vetor de dimensão n (existem n observações da
resposta e das variáveis explicativas), X é a matriz do modelo de ordem nxp, β é o vetor
de parâmetros de dimensão p e β é o vetor de erros de dimensão n.
Segundo Hair et al. (2005) a correlação canônica pode ser vista como uma
extensão lógica da análise de regressão múltipla. Na Regressão Múltipla as variáveis
explicativas formam o conjunto de variáveis X com p–1 variáveis e a variável resposta
Y comporá outro conjunto unitário. A solução do problema de regressão múltipla trata
de achar a combinação linear (C.L.) β’X que é altamente correlacionada com Y. Já na
Análise de Correlação Canônica tem-se o conjunto X vetor de dimensão p, que contém
p > 1 variáveis e o segundo conjunto Y, vetor de dimensão q, que contém q > 1 outras
variáveis. Então, procuram-se os vetores c1 e c2 para os quais a correlação entre as
combinações lineares c'1 X e c
'2 Y é máxima. Se X é interpretado como o causador de
Y, então c'1 X pode ser chamado o melhor preditor e c
'2 Y o mais provável critério.
A correlação canônica tem como princípio básico desenvolver uma combinação
linear em cada um dos conjuntos de variáveis, de forma que a correlação entre os dois
conjuntos seja maximizada. Assim, a correlação canônica identifica uma estrutura ótima
para cada princípio de variáveis que maximize o relacionamento entre as variáveis
dependentes e independentes (CARDOSO & SANTOS, 2001). Dessa forma determina-
Cadernos do IME – Série Estatística Avaliação de Recursos Tecnológicos...
50
se o primeiro par de C.L’s que tenha maior correlação e logo após, o segundo par de
C.L’s, seguinte, que tenha maior correlação, escolhido entre todos os pares não
correlacionados com o primeiro par já selecionado. E assim sucessivamente. Os pares
de C.L’s são chamados de variáveis canônicas e suas correlações são as correlações
canônicas. Basicamente, o objetivo dessa técnica é determinar as combinações lineares
c'1 X e c
'2 Y tais que tenham a maior correlação possível. Tais correlações informam
sobre a existência de relacionamento significativo entre os dois conjuntos de variáveis.
A forma de expressar as variáveis canônicas é através da combinação linear entre X e Y,
em (2) e (3):
U = a1 x1 + a2 x2 + ... + an xn (2)
V = b1 y1 + b2 y2 + ... + bn yn (3)
tal que a correlação ρ(U,V) seja máxima. Assim, supondo X um vetor de dimensão p e
Y o vetor de dimensão q tem-se a matriz de covariância do vetor composto por
Y
...
X é Σ
que tem a forma seguinte em (4):
Σ =
∑∑
∑∑
qxq2
qxp21
pxq12
pxp1
(4)
Observando a matriz Σ percebe-se que as covariâncias entre as variáveis dos
diferentes conjuntos, X e Y correspondem a V(X) = Σ1 e V(Y) = Σ2, respectivamente e
Σ12 é a matriz de covariância cruzada cuja transposta é Σ21. Analisar essas covariâncias
pode ser exaustivamente trabalhoso, principalmente se p e q forem grandes. A
correlação canônica é capaz de reduzir as associações entre X e Y em função de
algumas poucas correlações escolhidas, ao invés das pxq correlações. Para isso têm-se
os resultados:
U = a’ X, V = b’Y, V(U) = a’V(X) a = a’Σ1ª, V(V) = b’V(Y)b = b’Σ2b e V(U,V)
= a’cov(X, Y)b = a’Σ12b
A correlação canônica entre os vetores X e Y é dada em (5):
corr(U,V) = ρ(U, V) = 2/1
21
12
)b'ba'a(
a'a
ΣΣ
Σ (5)
Cadernos do IME – Série Estatística Basniak & Chaves Neto
51
Existirão min(p,q) - 1 pares de variáveis canônicas independentes do par de
correlação máxima. A correlação máxima, maxa,bCorr(U,V) = ρ*1 , é dada considerando
a '1 = e
'1 ∑
2/11−
e b '2 = f
'1 ∑
2/12−
, onde e1 é o autovetor correspondente ao maior
autovalor 2*
1ρ de ∑2/1
1−
∑ 12 ∑1
2−
∑ 21 ∑2/1
1−
que tem p autovalores 2*
iρ i = 1, 2, ..,
p e p autovetores ei = 1, 2, ... , p. Já f1 é o autovetor correspondente ao maior autovalor
de ∑2/1
2−
∑21∑1
1−
∑12∑2/1
2−
que tem q autovetores fi correspondentes aos autovalores
2*iρ i = 1, 2, ... , q. Então, o primeiro par de variáveis canônicas é composto em (6):
U1 = e'1 ∑
2/11−
X e V1 = f'1 ∑
2/12−
Y (6)
E, os autovetores ei e fi são determinados assumindo-se a pradronização e'1 ∑e1
= f'1 ∑2f 1 = 1 para que a correlação não dependa da escala de e1 e f1. Assim, o
primeiro par de variáveis canônicas é definido pelo par de C.L’s U1 e V1 que tendo
variâncias unitárias maximizarão a correlação ρ(U,V); o segundo par pode ser obtido da
mesma forma entre todas as escolhas não correlacionados com a primeira escolha e
assim sucessivamente.
2.2. Recursos tecnológicos implantados e capacitação dos professores
2.2.1. CRTE – Coordenação Regional de Tecnologia na Educação
O Paraná conta atualmente com 32 Coordenações Regionais de Tecnologia na
Educação que estão diretamente vinculadas aos Núcleos Regionais de Educação (NREs)
e a Coordenação de Apoio ao Uso de Tecnologias (CAUTEC), que desempenha ações
que buscam a formação continuada dos 55.000 professores da Rede Pública Estadual de
Ensino.
Na formação continuada contempla-se a inclusão sócia digital no contexto de
integração das mídias web, televisiva e impressa, compreendidas como Tecnologias de
Informação e Comunicação, dando ênfase ao diálogo entre os educadores em formação
e daqueles que a oportunizam (DIA-A-DIA EDUCAÇÃO, 2009).
As CRTEs têm como objetivos:
- contribuir para formação continuada dos profissionais da Educação Básica e na
implementação de tecnologias na prática pedagógica em âmbito escolar;
Cadernos do IME – Série Estatística Avaliação de Recursos Tecnológicos...
52
- oportunizar nas ações de assessoria a apropriação do uso de recursos
tecnológicos em sala de aula técnica e pedagogicamente;
- buscar o desenvolvimento da cultura de uso e produção colaborativa em
comunidades de aprendizagem virtuais e/ou presenciais;
- ter na integração das mídias web, televisiva e impressa, bem como, na relação de
“novos” e “antigos” recursos tecnológicos, suportes à prática docente.
2.2.2. Laboratórios de Informática e Conexão com a Internet
Para que os laboratórios tivessem acesso à internet foi firmado um convênio em
fevereiro de 2005 com a Copel Telecom, que acertou que a Copel ficaria responsável em
estender o anel de fibras ópticas que ela possui às 2060 escolas da rede estadual de
ensino e também aos 32 Núcleos Regionais de Educação, além das unidades de apoio da
SEED, o que totalizaria 2100 pontos de acesso a internet.
Para compor o laboratório foram usados equipamentos com tecnologia que é
utilizada há mais de seis anos pela Universidade Federal do Paraná que é a de Cliente-
Servidor. Essa tecnologia funciona da seguinte forma: tem-se um computador do qual se
exige mais, uma máquina mais completa chamada de servidor e outras máquinas que
passam a ser “escravas” desse servidor. Então, as máquinas que estiverem conectadas a
este servidor funcionam na velocidade dele, podem utilizar a mesma capacidade de
memória e o disco desse servidor.
2.2.3. Portal Educacional Dia-a-Dia Educação
O Portal Educacional Dia-a-dia Educação (DIA-A-DIA EDUCAÇÃO, 2009) é
destinado aos educadores, alunos, escola e comunidade. Prevê a instrumentalização dos
educadores por meio do acesso a conteúdos concernentes às diversas áreas do
conhecimento e outras informações e recursos didático-pedagógicos, a divulgação de
informações institucionais, a estruturação de uma rede de comunicação efetiva entre
todos os envolvidos no processo educativo e comunidade educacional, resgate da
identidade do professor da escola pública paranaense, propiciando a veiculação de sua
produção intelectual e fomentando a criação de comunidades virtuais de aprendizagem.
2.2.4. Projetos TV Multimídia e pendrive
A TV Multimídia é um projeto que implantou televisores de 29 polegadas, com
entradas para VHS, DVD, cartão de memória, pendrive e saídas para caixas de som e
projetor multimídia, para todas as 22 mil salas de aula da rede estadual de educação,
Cadernos do IME – Série Estatística Basniak & Chaves Neto
53
com possibilidade de ler arquivos de áudios, vídeos e imagens nos formatos MP3,
MPEG1, MPEG2, DIVX, e JPG. Pode-se ainda conectar computadores a TV através de
um cabo supervídeo (DIA-A-DIA EDUCAÇÃO, 2009).
O projeto abrangeu ainda a entrega de um dispositivo pendrive para cada
professor. Assim, os professores podem por meio do pendrive, salvar objetos de
aprendizagens para serem utilizados em sala de aula.
2.2.5. TV Paulo Freire
A TV Paulo Freire é um canal de TV com uma programação concebida
exclusivamente para a comunidade escolar e integrada com outras mídias já existentes.
Sua programação está organizada em quatro categorias de programas: formação do
professor, informativos, conteúdos complementares ao currículo e campanhas de
mobilização (DIA-A-DIA EDUCAÇÃO, 2009).
Os programas apresentam e debatem temas de acordo com a demanda da Rede
Educacional, com o objetivo de aprofundar conhecimentos pertinentes à educação, com
enfoques diferentes. São transmitidos via satélite para 2.100 escolas, atingindo
diretamente um público-alvo em torno de 1.500.000 pessoas (comunidade escolar) e,
indiretamente, o público em geral, visto que o sinal transmitido pode ser captado por
qualquer antena parabólica, com receptor de sinal digital, direcionada para o satélite
Brasil Sat.
2.2.6. GTR – Grupo de Trabalho em Rede
Dentre as atividades previstas no Programa de Desenvolvimento Educacional –
PDE/PR, destaca-se a do Grupo de Trabalho em Rede – GTR, que possibilita a
integração do Professor PDE com os Professores da Rede, por meio de encontros
virtuais, para a discussão das temáticas de sua área de formação e/ou atuação. Os
participantes desses grupos poderão estabelecer relações teórico práticas em sua área de
conhecimento, visando o enriquecimento didático-pedagógico, por meio de leituras,
reflexões, troca de idéias e experiências.
Com o objetivo de implementar essa atividade, validando-a para a obtenção de
carga horária com vistas à progressão na carreira, e mediante a disponibilidade de vagas,
seu nome será incluído no GTR, de acordo com os critérios estabelecidos na Instrução
005/2007/SUED. O Grupo de Trabalho em Rede tem carga horária de 60 (sessenta)
horas e seu participante terá pontuação de 09 (nove) pontos para a progressão.
Cadernos do IME – Série Estatística Avaliação de Recursos Tecnológicos...
54
2.2.7. PDE – Programa de Desenvolvimento de Educacional
O PDE é uma política pública que estabelece o diálogo entre professores da
Educação Superior e professores da Educação Básica, através de atividades teórico
práticas orientadas. Está integrado às atividades da formação continuada em Educação,
disciplina a promoção do professor para o Nível III da Carreira, conforme previsto no
Plano de Carreira do Magistério Estadual, Lei Complementar nº 103, de 15 de março de
2004. O seu principal objetivo é proporcionar aos professores da rede pública estadual
subsídios teórico-metodológicos para o desenvolvimento de ações educacionais
sistematizadas, e que resultem em redimensionamento de sua prática (PDE, 2009).
O PDE oferece cursos e atividades, nas modalidades presencial e à distância e,
disponibilizará apoio logístico e meios tecnológicos para o funcionamento do Programa.
O professor que ingressar no PDE terá garantido o direito a afastamento remunerado de
100% de sua carga horária efetiva no primeiro ano e de 25% no segundo ano do
Programa. Este afastamento é regulamentado pela Resolução n. 4341/2007.
2.2.8. FOLHAS, Livro Didático Público e OAC
O Projeto FOLHAS é um projeto de Formação Continuada que oportuniza ao
profissional da educação a reflexão sobre sua concepção de ciência, conhecimento e
disciplina, que influencia a prática docente. É a produção colaborativa, produzida pelos
profissionais da educação, de textos de conteúdos pedagógicos que constituirão material
didático para os alunos e apoio ao trabalho docente (DIA-A-DIA EDUCAÇÃO, 2009).
O Livro Didático Público é uma forma de Política Pública educacional que faz
coincidir com o professor a figura do escritor, sendo um material produzido por
profissionais da rede pública estadual paranaense, envolvendo as doze disciplinas de
tradição curricular no Ensino Médio. Caracteriza-se como material de apoio para
estudantes e professores do Ensino Médio das escolas públicas estaduais de todo o
Estado do Paraná.
O OAC é um Objeto de Aprendizagem Colaborativa. É um sistema
informatizado de inserção e acesso de dados, existente no Portal Educacional Dia-a-dia
Educação. Possui uma interface gráfica com seis subdivisões. Cada uma delas
constituindo-se em grupos específicos de informações e de recursos. São elas:
identificação do conteúdo, recursos didáticos, recursos de expressão, recursos de
informação, recursos de investigação, recursos de interação.
Cadernos do IME – Série Estatística Basniak & Chaves Neto
55
3. Material e Método
Os dados abrangeram 41 das 42 escolas e colégios pertencentes ao NRE de
União da Vitória, visto que uma das escolas, por ser uma escola do campo e não ter
prédio próprio ainda não recebeu laboratório de informática, o que impossibilitou a
coleta de dados de diversas variáveis que estão direta ou indiretamente na dependência
desse recurso. As escolas conveniadas (APAEs) foram excluídas da pesquisa pelo
mesmo motivo anteriormente citado. Os Centros de Educação de Jovens e Adultos
(CEEBJAS) também não foram incluídos por não apresentarem taxa de aprovação,
reprovação e evasão, pois possuem um sistema diferenciado de avaliação.
Os dados obtidos mediante aplicação de questionário foram coletados durante a
semana de capacitação dos professores em julho de 2009, evitando assim que ocorresse
duplicidade de respostas, uma vez que inúmeros professores trabalham em mais de uma
escola e ou colégio. Para tal tarefa contou-se com a colaboração de um funcionário de
cada escola/colégio. Porém, em algumas escolas foi relatado por esses funcionários que
alguns professores não responderam ao questionário por motivos desconhecidos.
Após a coleta os dados foram tabulados, sendo que a operacionalização da
análise de correlação canônica foi feita com o software StatGraphic e abordou dois
grupos de variáveis. O primeiro grupo refere-se às variáveis de decisão e está
diretamente relacionado aos recursos tecnológicos implantados nas escolas e aos meios
de acesso e apropriação desses. Foi definido a partir dos recursos tecnológicos
implantados nas escolas a partir do ano de 2007, embora em anos anteriores alguns
desses recursos já existissem, como por exemplo, o Portal Dia-a-dia Educação.
Entretanto, não havia recursos na escola que possibilitasse o acesso a outro recurso,
como no exemplo específico do Portal, a maioria das escolas não dispunha de
computadores com acesso a internet. Foi definido fevereiro de 2008 o período de início
para a coleta dos dados das variáveis, visto que em 2007 a maioria dos recursos
encontrava-se ainda em fase de implantação e assim, não estavam disponíveis na
maioria das escolas e colégios. Assim, obteve-se o primeiro grupo de variáveis,
denominadas variáveis de decisão:
X1. Quociente entre o número de professores atuantes na escola/colégio em 2009 e o
número de computadores PRD disponibilizado na escola/colégio.
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56
X2. Estatística em horas de uso do Laboratório PRD. Valor acumulado desde 01 de
fevereiro de 2008 até 01 de agosto de 2009 (PARANÁ DIGITAL, 2009).
X3. Número de professores da escola/colégio em 2009 que declararam acessar
frequentemente o Portal Dia-a-dia Educação.
X4. Número de assessorias realizadas pela CRTE de União da Vitória à escola e/ou
colégio. Valor acumulado desde 01 de fevereiro de 2008 até 01 de agosto de 2009.
X5. Número de professores que receberam assessoria da CRTE de União da Vitória na
respectiva escola e/ou colégio. Valor acumulado desde 01 de fevereiro de 2008 até
01 de agosto de 2009.
X6. Número de professores que conhecem a Programação da TV Paulo Freire e a usam
para preparar e/ou ministrarem suas aulas.
X7. Número de professores pertencentes ao NRE de União da Vitória que participaram
e/ou participam de cursos voltados ao uso das tecnologias na educação.
X8. Quociente entre o número de alunos pertencentes à escola e o número de TVs
Multimídia disponibilizadas na escola e/ou colégio.
X9. Número de Livros Didático Público distribuídos ao colégio.
X10. Número de OACs e/ou FOLHAS publicados pelos professores pertencentes à
escola.
X11. Número de professores pertencentes à escola que fazem uso do pendrive para
preparar e/ou ministrar suas aulas.
X12. Número de professores pertencentes à escola e/ou colégio que participam e/ou
participaram do GTR.
O segundo grupo de variáveis, chamadas variáveis de resposta foi definido
mediante fatores que são consideram indicativos de qualidade na educação. Assim esse
grupo, constituiu-se das seguintes variáveis:
Y1. Taxa de aprovação.
Y2. Taxa de reprovação.
Y3. Taxa de abandono.
Y4. Número se professores que consideram a maioria de seus alunos motivados a
estudar.
Y5. Média das notas atribuídas pelos professores à qualidade de ensino em sua escola.
Y6. Número de professores que se consideram preparados para exercer sua profissão.
Cadernos do IME – Série Estatística Basniak & Chaves Neto
57
Y7. Média das notas atribuída pelos professores às pesquisas realizadas pelos alunos.
Y8. Número de professores que declararam utilizar metodologias diferenciadas.
Os dados que se referem às variáveis X1, X2, X8, X9, X10, Y1, Y2 e Y3 foram
coletados online do Portal Dia-a-dia Educação e os referentes às variáveis X4 e X5 na
CRTE de União da Vitória. Os demais dados foram coletados mediante aplicação de
questionário aos professores.
Analisando ainda os dois conjuntos de variáveis canônicas é possível observar
que há um ponto que se distancia dos demais. Esse ponto refere-se a determinado
colégio do NRE de União da Vitória, que denotaremos apenas como sendo o colégio
número 20. Analisando as variáveis desse colégio, percebe-se que é um dos colégios
que apresentou os dados mais elevados para algumas variáveis, como publicação de
FOLHAS e OACs e dados referente ao uso de alguns recursos tecnológicos. Assim,
pode-se dizer que as escolas estão ordenadas em ordem decrescente de eficiência em
relação ao uso dos recursos tecnológicos, podendo assim serem classificadas de acordo
com sua eficiência em relação ao uso dos recursos tecnológicos. O gráfico 1 apresenta
as relações entre as primeiras variáveis dos dois conjuntos, U1 e V1. Observa-se que os
valores de V1 podem ser obtidos através de U1. Assim, pode-se prever o desempenho
de uma escola em função dos equipamentos instalados.
GRÁFICO 1: Variáveis canônicas
Fonte: Análise de Dados – Programa Statgraphics
4. Resultados e Discussão
Fazendo a análise de correlação canônica para inferir a associação existente
entre a disponibilidade e o acesso aos recursos tecnológicos nas escolas X1 a X12 e o
desempenho dos alunos e a prática docente dos professores Y1 a Y8 tem-se a tabela 1:
Cadernos do IME – Série Estatística Avaliação de Recursos Tecnológicos...
58
Tabela 1: Resultados da Análise de Correlação Canônica
No. Autovalor Correlação Canônica Lâmbda deWilks Estatística qui-quadrado G.L Valor-p
1 0,968044 0,983892 0,000585531 219,568 96 0,0000 2 0,731121 0,855056 0,0183228 117,989 77 0,0019 3 0,69183 0,831763 0,0681451 79,2404 60 0,0488 4 0,449006 0,670079 0,221128 44,5159 45 0,4923 5 0,406101 0,637261 0,401326 26,9329 32 0,7210 6 0,23217 0,48184 0,675748 11,5621 21 0,9507 7 0,0822664 0,286821 0,880075 3,76856 12 0,9873 8 0,041034 0,202569 0,958966 1,23604 5 0,9414
Fonte: Análise dos Dados
Observando o valor-p, verifica-se que as três primeiras correlações canônicas
são estatisticamente significativas. Verifica-se, ainda, que o autovalor da primeira
função canônica, bem como sua raiz quadrada (correlação canônica) é mais significativo
que os outros dois. O autovalor da primeira função canônica é 0,968044 cuja raiz
quadrada é 0,983892 e o autovetor associado é [0,123958; -0,0559951; 0,0605119; -
0,0499395; 0,112918; 0,155591; -0,101204; -0,0958222; 0,0514832; -0,197712; -
0,850643; -0,17327; 0,177602; 0,146355; 0,114834; -0,112813; -0,020523; -0,444365;
0,0825469; -0,50581]’. Então, os coeficientes canônicos estão na tabela 2.
Tabela 2: Coeficientes da Variáveis Canônicas (1° Par)
Variáveis de Decisão
Coeficientes Variáveis Resposta Coeficientes
X1 0,123958 Y1 0,177602 X2 -0,0559951 Y2 0,146355 X3 0,0605119 Y3 0,114834 X4 -0,0499395 Y4 -0,112813 X5 0,112918 Y5 -0,020523 X6 0,155591 Y6 -0,444365 X7 -0,101204 Y7 0,0825469 X8 -0,0958222 Y8 -0,50581 X9 0,0514832
X10 -0,197712 X11 -0,850643 X12 -0,17327
Fonte: Análise dos Dados
Assim, com ρ*1 = 0,983892 pode-se afirmar que existe forte correlação entre os
dois conjuntos de variáveis. Estimando a matriz de correlação ρ do vetor composto por
todas as 20 variáveis é possível observar na tabela 3, adiante, que as variáveis mais
fortemente correlacionadas (p < 0,05) são:
Cadernos do IME – Série Estatística Basniak & Chaves Neto
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Tabela 3: Correlações entre as Variáveis
X3 e X7 X3 e X11 X3 e Y6 X3 e Y8 X4 e X5
X7 e X11 X3 e Y6 X3 e Y8 X11 e Y6 X11 e Y8 Y6 e Y8
Fonte: Análise de dados
Onde X3, X4, X5, X7, X11, Y6 e Y8 referem- se respectivamente:
• X3 (número de professores da escola/colégio em 2009 que declararam acessar
frequentemente o Portal Dia-a-dia Educação)
• X4 (número de assessorias realizadas pela CRTE de União da Vitória à escola
e/ou colégio. Valor acumulado desde 01 de fevereiro de 2008 até 01 de agosto
de 2009)
• X5 (número de professores que receberam assessoria da CRTE de União da
Vitória na respectiva escola e/ou colégio. Valor acumulado desde 01 de
fevereiro de 2008 até 01 de agosto de 2009);
• X7 (número de professores pertencentes ao NRE de União da Vitória que
participaram e/ou participam de cursos voltados ao uso das tecnologias na
educação);
• X11 (número de professores pertencentes à escola que fazem uso do pendrive
para preparar e/ou ministrar suas aulas);
• Y6 (número de professores que se consideram preparados para exercerem sua
profissão);
• Y8 (número de professores que declararam utilizar metodologias diferenciadas
durante as aulas).
5. Conclusão
A análise estatística permite concluir que há forte correlação entre o primeiro
conjunto, das variáveis de decisão e o segundo conjunto, das variáveis resposta. Isto
implica em que os recursos tecnológicos implantados nas escolas e as capacitações
voltadas ao uso destes recursos pelos professores têm relação com os indicadores de
qualidade de ensino. Nota-se, ainda, que algumas variáveis estão mais fortemente
correlacionadas, entre as quais se pode citar o número de professores da escola/colégio
em 2009 que declararam acessar frequentemente o Portal Dia-a-dia Educação apresenta
Cadernos do IME – Série Estatística Avaliação de Recursos Tecnológicos...
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forte correlação com número de professores pertencentes ao NRE de União da Vitória
que participaram e/ou participam de cursos voltados ao uso das tecnologias na
educação, também com número de professores pertencentes à escola que fazem uso do
pendrive para preparar e/ou ministrar suas aulas e com número de professores que se
consideram preparados para exercerem sua profissão e ainda com número de
professores que declararam utilizar metodologias diferenciadas durante as aulas. A
variável número de assessorias realizadas pela CRTE de União da Vitória à escola e/ou
colégio apresentou correlação forte com número de professores que receberam
assessoria da CRTE de União da Vitória na respectiva escola e/ou colégio. E a variável
número de professores pertencentes ao NRE de União da Vitória que participaram e/ou
participam de cursos voltados ao uso das tecnologias na educação, correlacionou-se com
número de professores pertencentes à escola que fazem uso do pendrive para preparar
e/ou ministrar suas aulas e com número de professores que se consideram preparados
para exercerem sua profissão e ainda com número de professores que declararam
utilizar metodologias diferenciadas durante as aulas. Número de professores
pertencentes à escola que fazem uso do pendrive para preparar e/ou ministrar suas aulas,
apresentou correlação com número de professores que se consideram preparados para
exercerem sua profissão e com número de professores que declararam utilizar
metodologias diferenciadas durante as aulas. E a variável número de professores que se
consideram preparados para exercerem sua profissão com a variável número de
professores que declararam utilizar metodologias diferenciadas durante as aulas.
Referências
BARBOSA, S. G. Avaliação das Escolas do Núcleo Regional de Educação de Paranavaí Através de Data Envelopment Analysis, Análise de Regressão e Correlação. Dissertação (Mestrado em Métodos Numéricos em Engenharia) – UFPR: Curitiba, PR, 2007.
CARDOSO, R.; SANTOS, J. A. N. O Uso da Correlação Canônica na Análise das Relações Causais Entre Práticas-Chave de Melhoria de Gestão: Uma Aplicação Prática. In: V Simpósio de Pesquisa Operacional e Logística da Marinha (SPOLM). Anais... Instituto Militar de Engenharia (IME) – Departamento de Engenharia de Sistemas. Praia Vermelha: RJ. 2001.
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HAIR, J. Jr.; ANDERSON, R.; TATHAN, R.; BLACK, W. Análise Multivariada de Dados. Tradução: Adonai Schlup Sant´Anna e Anselmo Chaves Neto. São Paulo 5ed. Bookman, 2005.
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VESSOVI, F. Correlação Canônica. MV2 Sistemas de Informação. Versão Preliminar, 1998.
Cadernos do IME – Série Estatística Avaliação de Recursos Tecnológicos...
62
EVALUATION OF TECHNOLOGICAL RESOURCES IMPLANTED IN SCHOOL THROUGH CANONICAL
CORRELATION ANALYSIS
Abstract
The following work is motivated by the permanent need of evaluation of new methodological and administration procedures in education aiming to check possible mistakes from the initial objective to what was really reached, so that it can improve the quality of education, because all change planned to be successful needs an evaluation in order to turn taken decisions into something really effective. The aim of this work is to evaluate the existing relation among technological resources installed in schools and high schools of the state network of basic education of União da Vitória town in Paraná state in the last years and the performance of pupils, their motivation in studying and staying in school and, also to check the installed technology has helped in teachers' training program and teachers' class preparation in order to turn classes more attractive. For that a technique of multivariate statistic analysis called Canonical Correlation Analysis, which evaluetes the relation between the two groups has been applied and it was confirmed a strong connection between the two database.
Key-words: Technological Resources, Canonical Correlation, Resources Evaluation, Teaching.
CADERNOS DO IME Série Estatística
A revista Cadernos do IME é um veículo de divulgação de trabalhos acadêmicos publicado pelo Instituto de Matemática e Estatística da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
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Ricardo Vieiralves de CastroReitor
Maria Christina Paixão Maioli
Vice-Reitora Maria Georgina MunizDiretora do Centro de Tecnologia e Ciência
Sérgio Luiz SilvaDiretor do Instituto de Matemática e Estatística Geraldo Magela da SilvaVice- Diretor do Instituto de Matemática e Estatística Rubens Andre SucupiraDepartamento de Análise Matemá Jéssica Ruth Gavia ZuritaDepartamento de Estruturas Matemáticas Mara de Carvalho de SouzaDepartamento de Geometria e Representação Gráfica Mariluci Ferreira PortesDepartamento de Informática e Ciência da Computação Guilherme Caldas de CastroDepartamento de Estatística Maurício Pereira dos SantosDepartamento de Matemática Aplicada
apoio
Ricardo Vieiralves de Castro
Maria Christina Paixão Maioli
Maria Georgina Muniz Washington Diretora do Centro de Tecnologia e Ciência
Sérgio Luiz Silva Diretor do Instituto de Matemática e Estatística
Geraldo Magela da Silva Diretor do Instituto de Matemática e Estatística
Rubens Andre Sucupira Departamento de Análise Matemática
Jéssica Ruth Gavia Zurita Departamento de Estruturas Matemáticas
Mara de Carvalho de Souza Departamento de Geometria e Representação Gráfica
Mariluci Ferreira Portes Departamento de Informática e Ciência da Computação
Guilherme Caldas de Castro Departamento de Estatística
Maurício Pereira dos Santos Departamento de Matemática Aplicada