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CADERNOS UniFOACENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA

FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA

ISSN 1809-9475

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CADERNOS UniFOACENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA

FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA

ANO V - Nº 14 - dezembro/2010

FOA

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Comitê Editorial

Agamêmnom Rocha SouzaMauro César Tavares de Souza

Rosana Aparecida Ravaglia Soares

Conselho EditorialAntônio Henriques de Araújo Junior

Carlos Roberto XavierClifford Neves Pinto

Edson Teixeira da Silva JuniorFlávio Edmundo N. HegenbergIlda Cecília Moreira da SilvaRenato Porrozzi de Almeida

Denise Celeste Godoy de Andrade Rodrigues

Revisão de textos

Língua PortuguesaMaricinéia Pereira Meireles da Silva

Claudia Maria Gil Silva

Língua InglesaMaria Amália Sarmento Rocha de Carvalho

Conselho Editorial ad hoc

Claudinei dos SantosDoutor em Engenharia de Materiais - Escola de Engenharia de

Lorena - Universidade de São Paulo - EEL/USP

Diamar Costa PintoDoutor em Biologia Parasitária - Fundação Oswaldo Cruz

Fabio Aguiar AlvesDoutor em Biologia Celular e Molecular

Universidade Federal Fluminense

Igor José de Renó MachadoDoutor em Ciências Sociais - Universidade Estadual de Campinas

- Professor do Departamento de Antropologia - UFSCAR

Maria José Panichi VieiraDoutora em Engenharia Metalúrgica pela Pontifícia Universidade

Católica do Rio de Janeiro

Ruthberg dos SantosDoutor em Administração pela Universidade de São Paulo

Douglas Mansur da SilvaDoutor em Antropologia Social – Universidade Federal de Viçosa

FOAPresidente

Dauro Peixoto Aragão

Vice-PresidenteJairo Conde Jogaib

Diretor Administrativo - FinanceiroIram Natividade Pinto

Diretor de Relações InstitucionaisJosé Tarcísio Cavaliere

Superintendente ExecutivoEduardo Guimarães Prado

Superintendência GeralJosé Ivo de Souza

UniFOAReitor

Alexandre Fernandes Habibe

Pró-reitora AcadêmicaCláudia Yamada Utagawa

Pró-reitora de Pós-Graduação,Pesquisa e Extensão

Maria Auxiliadora Motta Barreto

Cadernos UniFOAEditora Executiva

Flávia Lages de Castro

Editora CientíficaMaria Auxiliadora Motta Barreto

EXPEDIENTE

CapaDaniel Ventura

EditoraçãoDanila Gomes

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FICHA CATALOGRÁFICABibliotecária Gabriela Leite Ferreira - CRB 7/RJ - 5521

C122 Cadernos UniFOA / Centro Universitário de Volta Redonda. - ano V, n°. 14, dezembro, 2010. - Volta Redonda: FOA, 2010.

Quadrimestral

ISSN 1809-9475

1. Publicação periódica. 2. Ciências exatas - Periódicos. 3. Ciências sociais aplicadas - Periódicos. 4. Ciências da saúde - Periódicos. I. Fundação Oswaldo Aranha. II. Título.

CDD – 050

Centro Universtitário de Volta Redonda - UniFOA

Campus Três Poços

Av. Paulo Erlei Alves Abrantes, nº 1325Três Poços, Volta Redonda /RJ

CEP 27240-560Tel.: (24) 3340-8400 - FAX: 3340-8404

www.unifoa.edu.br

Versão On-line da Revista Cadernos UniFOAhttp://www.unifoa.edu.br/cadernos

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SUMÁRIO

EDITORIAL .................................................................................................................................................................. 09

CIÊNCIAS EXATAS

Avaliação do uso de agente compatibilizante no comportamento mecânico dos compósitos PEBD reforçados com Fibras de Coco Verde Taysa Ávila Oliveira, Alison Teixeira, Daniella Regina Mulinari e Shane Aparecida Soares Goulart ........................................................ 11

Comportamento Eletroquímico da Liga Ti-12mo-13nb envelhecida para aplicação BiomédicaTales Vieira Silva, Iranildes dos Santos e Sinara Borborema Gabriel ......................................................................................................... 19

SMC: Uma Ferramenta Computacional para apoio ao Ensino dos Movimentos CircularesCarlos Vitor de Alencar Carvalho e Janaina Veiga Carvalho ...................................................................................................................... 25

CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS E HUMANAS

A fé e o direito: a exegese canônicaMário Arthur de Souza Fontes e Marcos Machado .................................................................................................................................... 31

Crianças em notícias: uma perspectiva sob a análise do discurso Ismael Gonçalves Alves ............................................................................................................................................................................... 41

Reflexões sobre possibilidades metodológicas da Teoria Ator-RedeJúlio Cesar de Almeida Nobre e Rosa Maria Leite Ribeiro Pedro .................................................................................................. 47

CIÊNCIAS DA SAÚDE

Fatores predisponentes para o uso precoce de drogas por adolescentesMárcia Figueira Canavez, Alisson Rubson Alves e Luciano Simões Canavez ................................................................................ 57

Pneumonia: Tratamento e EvoluçãoDaniel Machado, Leandro Tristão Abi-Ramia de Moraes, Mariana de Oliveira Escareli e Itamar Alves Vianna .................................. 65

Tmj Arthralgia: a rarely described internal joint derangement and characterization regarding factors of age, pain descrip-tion, and prevalence in craniomandibular disorders individuals (Cmds).Omar Franklin Molina, Raphael Navarro Aquilino, Ed Wilson César, Sérgio Elias Cury, Ricardo Léllis Marçal e Margarida M de Miranda ............................................................................................................................................................................................ 71

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LIST OF CONTRIBUTIONS

EDITORIAL .................................................................................................................................................................. 09

ACCURATE SCIENCES

Evaluation of the use of compatibilizer in the mechanical behavior of LDPE reinforced with green coconut fibers compositeszTaysa Ávila Oliveira, Alison Teixeira, Daniella Regina Mulinari e Shane Aparecida Soares Goulart ........................................................ 11

Electrochemical corrosion behavior in aged Ti-12mo-13nb aged to Biomedical ApplicationsTales Vieira Silva, Iranildes dos Santos e Sinara Borborema Gabriel ......................................................................................................... 19

SMC: A Computational Tool for the Circular Movement TeachingCarlos Vitor de Alencar Carvalho e Janaina Veiga Carvalho ...................................................................................................................... 25

SOCIAL SCIENCES APPLIED AND HUMAN BEINGS

Faith and law: the canonical exegesisMário Arthur de Souza Fontes e Marcos Machado .................................................................................................................................... 31

Children in news: a discourse analysis perspectiveIsmael Gonçalves Alves ............................................................................................................................................................................... 41

Reflections about methodological possibilities of the Actor-network TheoryJúlio Cesar de Almeida Nobre e Rosa Maria Leite Ribeiro Pedro .................................................................................................. 47

SCIENCES OF THE HEALTH

Predisponents factors for the precocious use of drugs for adolescents abstractMárcia Figueira Canavez, Alisson Rubson Alves e Luciano Simões Canavez ................................................................................ 57

Pneumonia: Treatment and EvolutionDaniel Machado, Leandro Tristão Abi-Ramia de Moraes, Mariana de Oliveira Escareli e Itamar Alves Vianna .................................. 65

Artralgia da ATM: Um distúrbio interno raramente descrito. Caracterização em relação a fatores da idade, descrição da dor e prevalência em pacientes com distúrbios craniomandibulares (Dcms)Omar Franklin Molina, Raphael Navarro Aquilino, Ed Wilson César, Sérgio Elias Cury, Ricardo Léllis Marçal e Margarida M de Miranda ............................................................................................................................................................................................ 71

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Editorial

A Revista Cadernos UniFOA – publicação multidisciplinar do Centro Universitário de Volta Redonda – apresenta, neste número, dez artigos que demonstram – mais uma vez – a capacidade científica de nossos docentes, discentes e da comunidade nacional que tem, cada vez mais, desejado contribuir para a feitura deste periódico. O primeiro artigo avalia as fibras de coco verde reforçadas com polietileno de baixa densidade, tendo em vista suas propriedade mecânicas. O segundo artigo apresenta o comportamento eletroquímico da liga Ti-12mo-13nb envelhecida para aplicação biomédica. O objetivo das professoras Iranildes dos Santos e Sinara Borborema Gabriel e do aluno Tales Vieira Silva, que realizaram a pesquisa é buscar novos materiais – mais resistentes e de menor custo – para implante. Os Mestrandos Carlos Vitor de Alencar Carvalho e Janaina Veiga Carvalho da Universidade Severino Sombra trouxeram para este número de nossa revista o resultado da pesquisa que busca uma ferramenta computacional de apoio ao ensino dos movimentos circulares. Na área de saúde apresentamos o artigo que analisa a artralgia da articulação temporo-mandibular, o artigo que demonstra a evolução e o tratamento da pneumonia e outro que – extremamente atual – apresenta uma pesquisa que buscou os fatores predisponentes para o uso precoce de drogas por adolescentes. Por fim temos, na área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, artigos que discutem desde uma reflexão acerca das possibilidades metodológicas da Teoria Ator-Rede (TAR) para a abordagem do social, passando pela apresentação e debate do projeto da exegese canônica no Brasil que discute o direito à religião, bem como o direito religioso no país, chegando ao artigo que analisa o discurso a respeito das crianças ditas abandonadas que foram veiculados na mídia impressa sul catarinense num período em que múltiplas representações infantis se proliferavam nos mais diversos veículos de comunicação do país.

Boa Leitura

Flávia Lages de CastroEditora Executiva - Cadernos UniFOA

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Avaliação do uso de agente compatibilizante no comportamento mecânico dos compósitos PEBD reforçados com Fibras de Coco Verde

Evaluation of the use of compatibilizer in the mechanical behavior of ldpE reinforced with green coconut fibers composites

Taysa Ávila Oliveira1

Alison Teixeira1

Daniella Regina Mulinari2

Shane Aparecida Soares Goulart2

Resumo

Nesta pesquisa, amostras de polietileno de baixa densidade (PEBD) e compósitos de fibra de coco verde reforçados em polietileno de baixa densidade, não compatibilizados e compatibilizados, foram avaliadas quanto às propriedades mecânicas (tração). As superfícies fraturadas dos compósitos ensaiados foram analisadas. Os resultados obtidos revelaram que os compósitos de fibras de coco reforçados com polietileno de baixa densidade compatibilizados apresentaram melhores propriedades mecâ-nicas quando comparados aos compósitos não compatibilizados.

1 Discentes do Curso de Engenharia Ambiental / UniFOA2 Docentes do Curso de Engenharia Ambiental / UniFOA

Abstract

In this research samples of low density polyethylene and green coconut fibers reinforced by low density polyethylene composites, compatibilizer and non compatibilizer, were evaluated concerning their mechanical properties (tensile). The fractured surface of the tested composites were analyzed. The results showed that the green coconut fibers reinforced by low density plyethylene composites compatibilizer presented better mechanical properties when compared to the non compatibilizer.

Palavras-chave:

Compósitos poliméricos

Fibras de Coco Verde

Propriedades mecânicas

Agent Compatibilizante

ArtigoOriginal

Original paper

Key words:

Polymerics composites

Green coconut fibers

Mechanical properties

Compatibilizer

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Introdução1.

Nos últimos anos, houve um aumento no desenvolvimento de novas tecnologias e tecnologias que possibilitem a utilização de produtos com menor impacto ambiental. A sustentabilidade ambiental é um objetivo a ser atingido, mas nem tudo que apresenta algumas melhorias em temas ambientais pode ser con-siderado realmente sustentável1. Nesse contexto, os compósitos polimé-ricos reforçados com fibras naturais têm rece-bido especial atenção devido às vantagens das fibras naturais quando comparadas às fibras sintéticas, tais como; são de provenientes de fontes renováveis, possuem baixa densidade e baixo custo, não são tóxicas, podem ser inci-neradas, são biodegradáveis e, principalmente, por serem consideradas sustentáveis 2,3. Outro fator importante que favorece o emprego de fi-bras naturais como insumo renovável é a cres-cente perspectiva de economia de energia por meio da redução de peso dos componentes, bem como os aspectos ligados à recuperação das matérias-primas e ao reaproveitamento dos materiais no final do ciclo de vida do pro-duto4. Além disso, os resíduos dessas fibras são gerados em grande quantidade e a proposta de utilização, como por exemplo, o coco verde é muito interessante. A fibra proveniente do coco verde possui relativa vantagem com re-lação à abundância e custo, já que é o Brasil é um grande consumidor de coco verde. No entanto, a compatibilidade entre um material lignocelulósico e uma matriz polimé-rica possui um papel determinante nas pro-priedades do compósito final, pois, é através da interface que ocorre a transferência de car-ga da matriz para a fibra. Quando há incompatibilidade, a interfa-ce é a região mais fraca do material, local onde ocorre a falha, que acaba comprometendo o reforço do compósito, devido à transferên-cia ineficiente de esforços na interface fibra/matriz5. Muitos trabalhos indicam que a mo-dificação superficial das fibras naturais antes de ser incorporada como reforço em matrizes poliméricas reduz a diferença de polaridade e melhora a compatibilidade entre fibra e matriz6-

12. Outros trabalhos também indicam adicionar agentes compatibilizantes13. Os agentes com-

patibilizantes mais utilizados são o polipropi-leno graftizado com anidrido maleico (PP-g-MA) e o polietileno graftizado com anidrido maleico (PE-g-MA). Além da incorporação do agente compatibilizante, um processo de mis-tura adequado deve ser conduzido e o tamanho das fibras, controlado. Nos estudos de propriedades mecâni-cas, entre os quais estão os ensaios de tração, impacto e flexão, tem-se observado que a in-corporação de agentes compatibilizantes é im-prescindível para a obtenção de resistências à tração e flexão superiores àquelas obtidas nos polímeros puros. Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o uso do agente compatibilizante no compósito polimérico reforçado com fibras de coco verde, agregando-se valor à matéria-prima pelo uso mais nobre e contribuindo com a criação de um material que possui proprieda-des mecânicas e físico-químicas satisfatórias para o uso industrial. O compósito polimérico reforçado com fibras naturais é um material interessante, por ser altamente eficiente e, principalmente, por não poluir o ambiente de trabalho, que é um dos grandes problemas para quem trabalha com polímeros. Além disso, a ISO 14000 dá a esses compósitos a chance de serem conside-rados não somente como uma alternativa iso-lada, mas também uma estratégia para reduzir problemas ambientais.

Materiais e Metódos2.

2.1 Obtenção das Fibras de Coco Verde

As fibras de coco foram gentilmen-te fornecidas pelo Projeto Coco Verde. Primeiramente as fibras foram cortadas em tamanhos de aproximadamente 5 cm e moídas em um moinho de facas. Em seguida foram peneiradas em uma peneira de 25 mesh. A morfologia das fibras de coco verde foi anali-sada pela técnica de microscopia eletrônica de varredura (MEV).

2.2 Preparação dos Compósitos

Os compósitos foram obtidos em um homogeneizador de plásticos de laboratório

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da MH Equipamentos (modelo MH-50H), disponível na Divisão de Materiais (AMR) do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA). A mistura entre as fibras de coco, o po-límero e o agente compatibilizante ocorreram dentro da cápsula bipartida, com arrefecimen-to de água. As palhetas de homogeneização giraram com, aproximadamente, 2600 rpm na primeira velocidade e 5250 rpm na segunda, tornando o processo de homogeneização rápi-do. A primeira velocidade serviu para tirar o motor e o eixo do ponto de inércia e a segunda para misturar os materiais. E foi nesse mo-mento que o equipamento foi desligado para que não ocorresse a degradação do material. Para a obtenção dos compósitos, primei-ramente as fibras de coco verde foram secas em estufa a 50 ºC por 3 h. O PEBD, fornecido pela CROMASTER, também foi seco á mesma temperatura, porém, por 1 h. Posteriormente, os materiais foram pesados nas proporções de 5 (m/m) de fibras. Foram preparados cerca de

400 g de cada material compósito em batela-das de 50 g no homogeneizador de plásticos. Após a mistura, o material fundido passou entre rolos de aços inox (calandras), seguido de resfriamento com imersão em água. Após a imersão em água os compósitos foram moídos em moinho granulador (RONE), disponível na Divisão de Materiais (AMR) do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA). Os compósitos moídos, previamente secos, foram injetados em molde contendo cavidades com dimensões específicas para en-saios mecânicos, utilizando uma Injetora Jasot 300/130, disponível na Divisão de Materiais (AMR) do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA). Os compósitos obtidos com e sem o uso do PE-g-MAH como agente compatibilizante estão relacionados na Tabela 1. Esse estudo foi realizado para verificar a influência do PE-g-MAH como agente com-patibilizante nas propriedades mecânicas dos compósitos.

Tabela 1 - Descrição dos compósitos utilizando agente compatibilizante

Amostra Fibra reforçada Quantidade de PEBD (% m/m)

Quantidade de reforço (% m/m)

Quantidade de PE-g-MAH (phr)

CSC5% Fibra de coco 95 5 0

CCC5% Fibra de coco 95 5 5

2.3 Ensaios Mecânicos

Os ensaios de tração dos compósitos com e sem agente compatibilizante e do polietileno de baixa densidade puro foram realizados no Laboratório de Ensaios Mecânicos do Centro Universitário de Volta Redonda – UniFOA, em um equipamento da marca EMIC modelo DL10.000 a uma velocidade de 5 mm.min-1, com dimensões de acordo com a norma ASTM D 638 – 03 com 13 mm de largura, 165 mm de comprimento e 3 mm de espessura.

2.4 Microscopia Eletrônica de Varredura

A morfologia e a microestrutura das fi-bras de coco e dos compósitos foram analisa-das por microscopia eletrônica de varredura (MEV) para avaliar a superfície das fibras e a fratura dos compósitos.

As amostras das fibras de coco verde e a superfície dos compósitos fraturados foram ana-lisadas em um microscópio eletrônico de var-redura JEOL JSM5310, disponível no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais/INPE em São José dos Campos, operando de 15 a 20 kW e utilizando detector de elétrons secundários. As amostras foram fixadas em um suporte, com auxílio de uma fita de carbono autocolante du-pla face e submetidas ao recobrimento metáli-co com ouro.

Resultados E Discussão3.

As micrografias obtidas por MEV per-mitiram avaliar os aspectos morfológicos das fibras. A Figura 1 evidencia as micrografias das fibras de coco in natura obtidas em dife-rentes ampliações.

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Figura 1 - Micrografias das fibras de coco in natura: (a) 100X; (b) 500X;

Analisando-se as micrografias das fibras de coco in natura observou-se

uma superfície lisa, e a presença de extrativos cerosos envolvendo toda a

superfície da fibra. As ceras e graxas que envolvem as fibras naturais

impermeabilizam a celulose diminuindo a área de adesão entre a matriz e o

reforço, sua remoção é de fundamental importância para o aumento das

propriedades mecânicas dos compósitos ou o uso do agente compatibilizante

poderá melhorar essas propriedades. A Figura 2 mostra um esquema da interação

entre a superfície das fibras de celulose e o PE-g-MAH.

Figura 1 - Micrografias das fibras de coco in natura: (a) 100X; (b) 500X;

Analisando-se as micrografias das fibras de coco in natura observou-se uma superfície lisa, e a presença de extrativos cerosos envol-vendo toda a superfície da fibra. As ceras e graxas que envolvem as fibras naturais imper-meabilizam a celulose diminuindo a área de adesão entre a matriz e o reforço, sua remoção

é de fundamental importância para o aumento das propriedades mecânicas dos compósitos ou o uso do agente compatibilizante poderá melhorar essas propriedades. A Figura 2 mos-tra um esquema da interação entre a superfície das fibras de celulose e o PE-g-MAH.

Figura 2 - Representação da interação entre as fibras de celulose e o PE-g-MAH

O tempo de mistura das fibras de coco in natura e da matriz com ou sem o

uso do agente compatibilizante (PE-g-MAH) no homogeneizador de plásticos não

ultrapassou 85 s. O uso do PE-g-MAH como agente compatibilizante nos

compósitos influenciaram nas propriedades mecânicas dos compósitos quando

comparados aos compósitos processados sem o uso do agente compatibilizante.

A Tabela 2 mostra os valores do limite de resistência à tração e seus

respectivos alongamento e módulo.

Analisando-se os dados da Tabela 2 observou-se que a resistência à tração

dos compósitos PEBD reforçados com fibras de coco compatibilizados (CCC5%) e

Figura 2 - Representação da interação entre as fibras de celulose e o PE-g-MAH

O tempo de mistura das fibras de coco in natura e da matriz com ou sem o uso do agente compatibilizante (PE-g-MAH) no homogenei-

zador de plásticos não ultrapassou 85s. O uso do PE-g-MAH como agente compatibilizante nos compósitos influenciaram nas propriedades

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mecânicas dos compósitos quando compara-dos aos compósitos processados sem o uso do agente compatibilizante. A Tabela 2 mostra os valores do limi-te de resistência à tração e seus respectivos alongamento e módulo. Analisando-se os dados da Tabela 2 obser-vou-se que a resistência à tração dos compósi-

tos PEBD reforçados com fibras de coco com-patibilizados (CCC5%) e não compatibilizados (CSC5%) aumentou, quando comparada ao PEBD puro. No entanto, os compósitos compa-tibilizados apresentaram melhores resistências à tração. Além disso, os compósitos compatibiliza-dos apresentaram maior rigidez, quando compa-rados aos compósitos não compatibilizados.

Tabela 2 - Valores do limite de resistência à tração dos compósitos

Amostras

Propriedades

Alongamento no limite de resistência à tração (%)

Limite de resistência à tração (MPa)

Módulo de Elasticidade (MPa)

PEBD 5,6 ± 0,8 12,2 ± 1,1 655,4 ± 91,6

CSC5% 4,4 ± 0,3 13,4 ± 0,7 742,3 ± 69,5

CCC5% 3,6 ± 0,1 17,1 ± 0,2 955,3 ±51,2

Essa diferença da rigidez nos compósitos ocorreu, pois o compatibilizante em contato com a superfície do reforço interagiu forte-mente com as fibras através das ligações cova-lentes ou ligações de hidrogênio causando uma melhor interação entre fibra e matriz.

No entanto, a inserção de fibras na matriz de PEBD sem o uso do agente compatibilizan-te também influenciou na rigidez, quando com-parado ao PEBD puro. A Figura 3 evidencia os módulos de elasticidade obtidos nos compósi-tos compatibilizados e não compatibilizados.

Figura 3 - Módulo de elasticidade em tração dos compósitos PEBD reforçados

com fibras de coco com e sem agente compatibilizante.

O alongamento na tensão máxima dos compósitos diminui comparado ao

PEBD puro. Comparando-se os compósitos notou-se que o uso do agente

compatibilizante influenciou no alongamento na tensão máxima, devido à

interação entre fibra/matriz, a qual contribui para o aumento da resistência.

A interação entre fibra e a matriz dos compósitos foi analisada por

microscopia eletrônica de varredura (MEV) após a fratura. O estudo da fratura

através do MEV revelou áreas nas quais ocorreram algumas das possíveis falhas.

As superfícies da fratura dos compósitos podem ser visualizadas na Figura 4,

as quais mostraram que os compósitos apresentaram fluxo da matriz, ou seja,

deformação plástica do polietileno de baixa densidade. Comparando-se as

Figura 3 - Módulo de elasticidade em tração dos compósitos PEBD reforçados com fibras de coco com e sem agente compatibilizante.

O alongamento na tensão máxima dos compósitos diminui comparado ao PEBD puro. Comparando-se os compósitos notou-se que o uso do agente compatibilizante influenciou no alongamento na tensão máxima, devido à inte-ração entre fibra/matriz, a qual contribui para o aumento da resistência.

A interação entre fibra e a matriz dos com-pósitos foi analisada por microscopia eletrônica de varredura (MEV) após a fratura. O estudo da fratura através do MEV revelou áreas nas quais ocorreram algumas das possíveis falhas. As superfícies da fratura dos compó-sitos podem ser visualizadas na Figura 4, as

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quais mostraram que os compósitos apresen-taram fluxo da matriz, ou seja, deformação plástica do polietileno de baixa densidade. Comparando-se as micrografias, observou-se que os compósitos PEBD reforçados com fi-bras de coco compatibilizados apresentaram

melhor adesão entre fibra/matriz, quando comparadas aos compósitos PEBD reforça-dos com fibras de coco não compatibilizados. Além disso, foi observado que os compósitos não compatibilizados apresentaram pull out e arrancamento de fibras.

micrografias, observou-se que os compósitos PEBD reforçados com fibras de

coco compatibilizados apresentaram melhor adesão entre fibra/matriz, quando

comparadas aos compósitos PEBD reforçados com fibras de coco não

compatibilizados. Além disso, foi observado que os compósitos não

compatibilizados apresentaram pull out e arrancamento de fibras.

(a) (b)

Figura 4 - Compósitos PEBD reforçados com fibras de coco: (a) sem agente

compatibilizante; (b) com agente compatibilizante.

Dessa forma, pode-se afirmar que a adição de agente compatibilizante nos

compósitos influenciou nas propriedades mecânicas, resultando em um material

de diferentes propriedades dos componentes puros, constituindo uma opção para

a redução de custos em aplicações industriais e também ajudando na preservação

do meio ambiente.

400µm 400µm

Figura 4 - Compósitos PEBD reforçados com fibras de coco: (a) sem agente compatibilizante; (b) com agente compatibilizante.

Dessa forma, pode-se afirmar que a adição de agente compatibilizante nos com-pósitos influenciou nas propriedades mecâ-nicas, resultando em um material de dife-rentes propriedades dos componentes puros, constituindo uma opção para a redução de custos em aplicações industriais e também ajudando na preservação do meio ambiente.

Conclusões4.

O uso do agente compatibilizante in-fluenciou nas propriedades mecânicas dos compósitos quando comparado aos compósi-tos não compatibilizados, pois o compatibili-zante em contato com a superfície do reforço interagiu fortemente através das ligações de hidrogênio, causando uma melhor interação entre fibra e matriz. A técnica de microsco-pia eletrônica de varredura evidenciou esse resultado. No entanto, os compósitos não compatibilizados com PE-g-MAH apresen-taram melhores propriedades mecânicas quando comparados ao PEBD puro.

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MULINARI, D. R.; VOORWALD, H. 12. J. C.; CIOFFI, M. O. H.; DA SILVA, M. L. C. P.; LUZ, S. M. Preparation and properties of HDPE/sugarcane bagasse cellulose composites obtained for thermokinetic mixer. Carbohydrate Polymers, v.75, p.317-320, 2009b.

13. ARAÚJO, J. R.; WALDMAN, W. 13. R.; DE PAOLI, M. A. Thermal properties of high density polyethylene composites with natural fibres: Coupling agent effect. Polymer Degradation and Stability, v.93, p.1170-1175, 2008.

Endereço para Correspondência:

Daniella Regina [email protected] de Engenharia - UniFOA

Centro Universitário de Volta RedondaCampus Três PoçosAv. Paulo Erlei Alves Abrantes, nº 1325,Três Poços - Volta Redonda / RJCEP: 27240-560

Informações bibliográficas:Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:OLIVEIRA, Taysa Ávila; TEIXEIRA, Alison; MULINARI, Daniella Regina; GOULART, Shane Aparecida Soares. Avaliação do uso de agente compatibilizante no comportamento mecânico dos compósitos Pebd reforçados com Fibras de Coco Verde. Cadernos UniFOA. Volta Redonda, Ano V, n. 14, dezembro 2010.Disponível em: <http://www.unifoa.edu.br/cadernos/edicao/14/11.pdf>

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Comportamento Eletroquímico da Liga Ti-12mo-13nb envelhecida para aplicação Biomédica

Electrochemical corrosion behavior in aged Ti-12mo-13nb aged to Biomedical Applications

Tales Vieira Silva1

Iranildes dos Santos2

Sinara Borborema Gabriel2

Resumo

Consideráveis esforços têm sido feitos para explorar novas ligas de Ti visando aplicações ortopédicas que reúnam as seguintes propriedades: baixo módulo de elasticidade, excelente resistência mecânica, assim como boa resistência à corrosão, fácil conformabilidade e sem à presença de elementos tóxicos. Estudos preliminares mostraram que a liga Ti-12-Mo-13Nb envelhecida a 500ºC/24 h apresentou alta razão dureza/módulo de elasticidade. Diante do contexto, o objetivo deste trabalho foi anali-sar o comportamento eletroquímico da liga Ti-12Mo-13Nb envelhecida a 500ºC/24 h, visando seu uso como material biomédico. O comporta-mento eletroquímico foi realizado por curvas de polarização potencio-dinâmica usando solução de NaCl 0,9 % para simular o fluido corpóreo. Os resultados mostraram que, a liga Ti-12Mo-13Nb apresentou menores valores de densidade de corrente que a liga Ti-6Al-4V em praticamente toda a faixa estudada.

1 Discente do Curso de Engenharia de Produção / UniFOA2 Docente do Curso de Engenharia de Produção / UniFOA

Abstract

Considerable efforts have been made to explore new Ti alloys for orthopedics applications that combine the following properties: low elastic modulus, excellent mechanical strength, as well as good corrosion resistance, easy adjustment and without the presence of toxic elements. Previous studies had shown that the Ti-12-Mo-13Nb alloy aged 500ºC/24h presented high hardness/modulus ratio elasticity. Therefore, the objective of this work was to analyze the electrochemical behavior of the Ti-12-Mo-13Nb alloy aged 500ºC/24h, aiming at its use as biomedical material. The electrochemical behavior was carried through potentio/dynamic polarization curves using solution of NaCl 0.9% to simulate the body fluid. The results had shown that Ti-12-Mo-13Nb alloy presented lower current density values than the Ti-6Al-4V alloy in, practically, all the levels studied.

Palavras-chave:

Biomateriais

Ligas de Titânio

Corrosão

Microestrutura

ArtigoOriginal

Original paper

Key words:

Biomaterials

Titanium Alloys

Corrosion

Microstructure

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Introdução1.

Titânio e suas ligas são amplamente usadas como implantes ortopédicos por apre-sentarem resistência à corrosão, biocompatibi-lidade, maior resistência e menor módulo de elasticidade que outros biomateriais metálicos tais como aço inoxidável e as ligas a base de Co-Cr [1]. A liga de Ti mais utilizada em aplica-ções ortopédicas é a Ti-6Al-4V. Embora essa liga apresente um menor módulo de elastici-dade quando comparada com o aço inoxidável e as ligas de Co-Cr, esse valor (110-120 GPa) é alto comparado ao do tecido ósseo (~10-40 GPa). A diferença entre o módulo do metal e do tecido ósseo pode resultar em reabsorção óssea e eventual falha do implante [2]. Além disso, estudos desta particular liga têm mos-trado que a liberação de pequenas quantida-des dos elementos V e Al no corpo humano podem induzir efeitos citotóxicos e desordens neurológicas, respectivamente [3]. Consideráveis esforços têm sido reali-zados para explorar novas ligas de Ti visando aplicações ortopédicas que reúnam as seguin-tes propriedades: baixo módulo de elasticidade, excelente resistência mecânica, boa resistência à corrosão, fácil conformabilidade e sem à pre-sença de elementos tóxicos. A fase β, presente nas ligas de titânio, exibe um menor módulo de elasticidade que as fases α e α + β, e também, satisfazem a maioria dos pré-requisitos para uma bioliga ideal [4,5] Vários trabalhos na literatura vêm desenvolvendo ligas do tipo β compostas de elementos não tóxicos [4,5,6]. Estudos realizados por Gabriel et al. [7,8] sobre o processamento da liga Ti-12Mo-13Nb mostraram que, a maior relação dureza específi-ca, módulo de elasticidade foi obtida na condição envelhecida a 500ºC/24 h. Esse resultado repre-sentou um valor da ordem de 37% em relação à liga Ti-6Al-4V e, portanto, mostrou ter maior po-tencial para ser aplicada como substituto ósseo, em locais sujeitos a carregamentos mecânicos. Porém, são necessários estudos adicionais como a avaliação da resistência à corrosão desta liga. Sabe-se que a biocompatibilidade do Ti está intimamente relacionada às propriedades da camada de óxido superficial, em termos de sua estrutura, morfologia e composição [9,10]. Segundo OKAZAKI GOTOH [11], os metais são liberados dos implantes ortopédicos por vários mecanismos:

corrosão, desgaste e processos eletroquímicos me-canicamente acelerados tais como corrosão acele-rada por tensão, corrosão por fadiga e corrosão por atrito. Essa liberação tem sido associada com falha do implante, osteólise e reações alérgicas. Diante do contexto, o objetivo deste trabalho foi analisar o comportamento ele-troquímico da liga Ti-12Mo-13Nb obtida sob diferentes condições, visando seu uso como material biomédico.

Procedimento Experimental2.

A liga Ti-12Mo-13Nb foi preparada a partir de Ti, Mo e Nb de pureza comercial por fusão a arco com eletrodo não consumível de tungstênio em atmosfera de argônio. O lin-gote obtido foi tratado a 1200ºC por 4 h em um forno tubular com resfriamento em água a temperatura ambiente e então forjado a frio até redução de ~ 20%. Em seguida foi tratado a 1000 ºC por 24h e resfriamento em água e forjado até redução de 55 %. O lingote forjado foi submetido a um tratamento de envelheci-mento a 500ºC/ 24h e resfriado em água. As curvas de polarização potenciodinâ-mica foram realizadas em potenciostato/gal-vanostato EG&G Princeton Applied Research modelo 273-A, tendo como interface o cartão controlador GPIB STD-8410 e aquisição de dados pelo programa Resarch Electrochemistry Software 4.00 (1992) modelo 270 da EG&G Instruments. Esses testes foram realizados para avaliar o comportamento eletroquímico da liga de Ti-12Mo-13Nb para uso em aplicações bio-médicas. As medidas foram realizadas na fai-xa de potencial entre -0,4 e 1,6V a uma taxa de varredura de potencial de 0,03 V.min-1. Os ensaios foram realizados a 25oC usando uma célula de vidro com tampa de teflon contendo 15 mL de solução de 0,9% de NaCl. Ligas de Ti-12Mo-13Nb e Ti-6Al-4V, ambas com área de 0,17 cm2, foram usadas como eletrodo de trabalho. Fio de platina em espiral foi utilizado como contraeletrodo e prata/cloreto de prata (Eo=0.222V), em solução de 1 mol.L-1 de KCl, como eletrodo de referência. As curvas poten-ciodinâmica foram realizadas em duplicata e antes de cada teste, as ligas foram polidas com alumina e ácido oxálico, rinsadas com água destilada e álcool, e secas.

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Resultados e Discussão3.

A Figura 1 apresenta duas imagens de cam-po claro obtidas por microscopia eletrônica de transmissão da liga envelhecida a 500 ºC / 24 h. A primeira imagem (a) mostra lamelas da fase α na

matriz β e a segunda (b) mostra a fase α na forma de partículas não lamelares na matriz β. A Figura 1 (c) mostra o padrão de difração da liga onde se identifica as fases α e β, respectivamente. Portanto, com o envelhecimento a microestrutura desta liga é composta somente por fase α na matriz β [7,8].

Figura 1 – Análises por MET da liga Ti-12Mo-13Nb envelhecida a 500 ºC / 24 h: (a) imagem de campo claro de lamelas da fase α (branco) em uma matriz β (b) imagem de campo claro de partículas não lamelares da fase α (branco) em uma matriz β e (c) padrão

de difração com indicação das fases α e β [7,8].

Em relação às propriedades mecânicas da liga nesta condição, o módulo de elasticidade e a dureza da liga foi de aproximadamente 84 GPa e 320 HV, respectivamente. Para medir a desempenho de biomateriais com baixo módulo de elasticidade e alta resistên-cia para serem utilizados como substituto ósseo, geralmente utiliza-se a razão resistência por mó-dulo de elasticidade, onde quanto maior o valor resultante, maior será o potencial para uso nestas aplicações. Assim sendo, a razão dureza específi-ca por módulo da liga nesta condição representou

um valor da ordem de 37 % em relação à liga comercial Ti-6Al-4V [7,8]. As curvas de polarização potenciodinâmica das ligas Ti-12Mo-13Nb envelhecida a 500 ºC / 24 h e Ti-6Al-4V em solução de 0,9% de NaCl, simulando a agressividade do corpo humano, foram realizadas para avaliar a resistência à cor-rosão da liga Ti-12Mo-13Nb, conforme mostra a Figura 2. A liga Ti-6Al-4V foi utilizada para efei-to de comparação, por se tratar de um material comumente usado em implantes ortopédicos [6].

Figura 2- Curvas de polarização potenciodinâmica das ligas de Ti-12Mo-13Nb e Ti-

6Al-4V em solução de 0.9% de NaCl a uma taxa de varredura de potencial de 0,03

V.min-1 e a 25oC.

A região anódica da curva de polarização da liga Ti-12Mo-13Nb entre 0,2 e

1,5V indica a formação de uma região passiva, associada à formação de um ou mais

filme protetor [12]. Não foi observada região de formação de pite e nem oscilação da

densidade de corrente na região passiva, indicativo da presença de corrosão por

pite[12]. Observa-se ainda que, ocorreu uma estabilização parcial da densidade de

corrente em 8x10-7 A.cm-2, indicando que o filme de óxido de titânio foi formado [13].

Entretanto, esse filme torna-se mais estável em potenciais superiores a 0,16V onde

se observa uma leve estabilização da densidade de corrente com o aumento do

potencial. Através da curva potenciodinâmica da liga Ti-12Mo-13Nb, foram obtidos

os seguintes resultados: Ecorr. = -15,717 mV, Icorr. = 0,0544 µm.cm-2 e Ipass. = 622 µm.

cm-2. Os resultados mostraram ainda que, a liga Ti-12Mo-13Nb apresentou menores

10-7 10-6 1x10-5 1x10-4 10-3 10-2

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

E (V

vs.

Ag/

AgC

l)

log i (A/cm-2)

Ti-12Mo-13Nb Ti-6Al-4V

Figura 2- Curvas de polarização potenciodinâmica das ligas de Ti-12Mo-13Nb e Ti-6Al-4V em solução de 0.9% de NaCl a uma taxa de varredura de potencial de 0,03 V.min-1 e a 25oC.

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A região anódica da curva de polariza-ção da liga Ti-12Mo-13Nb entre 0,2 e 1,5V indica a formação de uma região passiva, as-sociada à formação de um ou mais filme prote-tor [12]. Não foi observada região de formação de pite e nem oscilação da densidade de cor-rente na região passiva, indicativo da presença de corrosão por pite[12]. Observa-se ainda que, ocorreu uma estabilização parcial da densida-de de corrente em 8x10-7 A.cm-2, indicando que o filme de óxido de titânio foi formado [13]. Entretanto, esse filme torna-se mais estável em potenciais superiores a 0,16V onde se ob-serva uma leve estabilização da densidade de corrente com o aumento do potencial. Através da curva potenciodinâmica da liga Ti-12Mo-13Nb, foram obtidos os seguintes resultados: Ecorr. = -15,717 mV, Icorr. = 0,0544 µm.cm-2

e Ipass. = 622 µm. cm-2. Os resultados mostra-ram ainda que, a liga Ti-12Mo-13Nb apresen-tou menores valores de densidade de corrente que a liga Ti-6Al-4V em praticamente toda a faixa estudada.

Conclusão4.

Conclui-se que a liga Ti-12Mo-13Nb na condição envelhecida com uma microestru-tura α + β apresentou além de baixo módulo de elasticidade e alta dureza em relação a liga comercial Ti-6Al-4V, uma boa resistência à corrosão. Quando comparada com a liga co-mercial Ti-6Al-4V, apresentou menores va-lores de densidade de corrente que esta em praticamente toda a faixa estudada. Portanto, esta avaliar a resistência à corrosão da liga em função do tempo de exposição em solução de 0,9% de NaCl liga é um promissor candidato para ser utilizado como implante, porém, se-rão necessários estudos adicionais envolvendo outras análises como: testes de fadiga, citoto-xicidade, teste in vivo e medidas de potencial de circuito aberto (OCP) para melhor.

Agradecimento5.

Os autores agradecem ao Departamento de Engenharia de Materiais da Escola de Engenharia de Lorena (EEL/USP) pelo desen-volvimento deste trabalho.

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Endereço para Correspondência:

Sinara Borborema [email protected]

Centro Universitário de Volta RedondaCampus Três PoçosAv. Paulo Erlei Alves Abrantes, nº 1325,Três Poços - Volta Redonda / RJCEP: 27240-560

Informações bibliográficas:Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:SILVA, Tales Vieira, SANTOS, Iranildes dos; GABRIEL, Sinara Borborema. Comportamento Eletroquímico da Liga Ti-12mo-13nb envelhecida para aplicação Biomédica. Cadernos UniFOA. Volta Redonda, Ano V, n. 14, dezembro 2010. Disponível em: <http://www.unifoa.edu.br/cadernos/edicao/14/19.pdf>

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SMC: Uma Ferramenta Computacional para apoio ao Ensino dos Movimentos Circulares

SMC: A Computational Tool for the Circular Movement Teaching

Carlos Vitor de Alencar Carvalho1

Janaina Veiga Carvalho2

Resumo

Este trabalho apresenta o desenvolvimento do programa SMC para apoio ao ensino dos Movimentos Circulares Uniforme e Uniformemen-te Variado. É uma ferramenta de grande utilidade para professores e estudantes de Física, pois ela permite visualizar o sistema, modificar alguns dos seus parâmetros e estudar os seus comportamentos através de animações do movimento, ajudando bastante à compreensão do fe-nômeno físico.

1 Centro Universitário de Volta Redonda – UniFOA – Volta Redonda – RJ Universidade Severino Sombra – Programa de Mestrado Profissional em Educação Matemática - Vassouras – RJ Instituto Superior de Tecnologia – IST/FAETEC – Paracambi – RJ2 Universidade Severino Sombra – Programa de Mestrado Profissional em Educação Matemática – Vassouras – RJ

Abstract

This work presents the development of the software SMC as a support to the teaching of the uniform circular movement and uniformly varied circular movement. It is a very useful tool for teachers and students of Physics, because it allows to visualize the system, to modify some of its parameters and to study its behavior through animation, helping the understanding of the physical phenomenon.

Palavras-chave:

Ensino de Física

Computação Gráfica

Sistema Computacional Educacional

Key words:

Teaching of Physics

Computer Graphics

Educational Software

ArtigoOriginal

Original paper

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Introdução1.

O uso do computador para melhorar o processo ensino-aprendizagem já vem sen-do discutido há algum tempo. A informática aplicada à educação tem sido utilizada de duas formas: para o próprio ensino da informática e para o desenvolvimento do ensino em ou-tras áreas, como um recurso didático de apoio. Uma das formas desta utilização é o uso de programas computacionais para simular situ-ações que, em determinados casos, só seriam possíveis de serem analisadas em experiências elaboradas em laboratórios. No ensino da Física, esse aspecto é de grande importância, uma vez que além de si-mular diversos problemas físicos baseados em livros ou criados pelo professor/aluno, estes sistemas computacionais, ajudam no entendi-mento teórico de um sistema físico. Um campo de ensino e pesquisa que tem evoluído nos últimos anos é a Computação Gráfica. Esse campo tem o objetivo de auxi-liar na melhor percepção de conjunto de da-dos, descrevendo ambientes e visualizando processos de simulações por meios de suas técnicas (FOLEY et al, 1999). A Computação Gráfica pode atuar como mecanismo adicional para o desenvolvimento de programas compu-tacionais educativos como, por exemplo, o uso de animações e gráficos, que podem tornar o conteúdo muito mais interessante. O sistema SMC, que foi desenvolvido neste artigo, utiliza a Computação Gráfica como apoio para as visualizações. Eles foram desenvolvidos utilizando bibliotecas de códi-go aberto e livre uso. Segundo Valente (1993), um programa computacional educativo, pode estar inserido em uma das seguintes catego-rias: Sistemas tutoriais, Sistemas de exercícios e práticas, Simulações e Jogos educacionais. Os sistemas desenvolvidos neste artigo estão inseridos no tipo simulações.

Formulação Teórica e 2. Desenvolvimento Computacional

Nesta seção serão mostradas as formula-ções teóricas o Movimento Circular Uniforme e Uniformemente Variado, bem como o seu desenvolvimento computacional.

2.1 Formulação Teórica do Mcu e do Mcuv

Os movimentos circulares utilizam ex-pressões parecidas com as do Movimento Retilíneo Uniforme (COSTA et al, 2005) e Movimento Retilíneo Uniformemente Variável (SOBREIRA et al, 2006) com adapta-ções como velocidade angular ( ) e aceleração angular ( ). No movimento circular uniforme (MCU), a trajetória é circular e a velocidade escalar é constante não nula. A equação ho-rária do espaço do MCU pode ser obtida divi-dindo ambos os membros da equação pelo raio R da trajetória circular. Logo, tem-se:

educacionais. Os sistemas desenvolvidos neste artigo estão inseridos no tipo

simulações.

2. FORMULAÇÃO TEÓRICA E DESENVOLVIMENTO COMPUTACIONAL

Nesta seção serão mostradas as formulações teóricas o Movimento Circular

Uniforme e Uniformemente Variado, bem como o seu desenvolvimento

computacional.

2.1 FORMULAÇÃO TEÓRICA DO MCU E DO MCUV

Os movimentos circulares utilizam expressões parecidas com as do

Movimento Retilíneo Uniforme (COSTA et al, 2005) e Movimento Retilíneo

Uniformemente Variável (SOBREIRA et al, 2006) com adaptações como velocidade

angular ( ) e aceleração angular ( ). No movimento circular uniforme (MCU), a

trajetória é circular e a velocidade escalar é constante não nula. A equação horária

do espaço do MCU pode ser obtida dividindo ambos os membros da equação pelo

raio R da trajetória circular. Logo, tem-se:

t 0 (1)

Para o movimento MCUV, as equações horárias da velocidade e do espaço

podem ser obtidas de forma similar. Logo, tem-se para a equação horária da

velocidade:

t 0 (2)

Para o movimento MCUV, as equações horárias da velocidade e do espaço podem ser obtidas de forma similar. Logo, tem-se para a equação horária da velocidade:

educacionais. Os sistemas desenvolvidos neste artigo estão inseridos no tipo

simulações.

2. FORMULAÇÃO TEÓRICA E DESENVOLVIMENTO COMPUTACIONAL

Nesta seção serão mostradas as formulações teóricas o Movimento Circular

Uniforme e Uniformemente Variado, bem como o seu desenvolvimento

computacional.

2.1 FORMULAÇÃO TEÓRICA DO MCU E DO MCUV

Os movimentos circulares utilizam expressões parecidas com as do

Movimento Retilíneo Uniforme (COSTA et al, 2005) e Movimento Retilíneo

Uniformemente Variável (SOBREIRA et al, 2006) com adaptações como velocidade

angular ( ) e aceleração angular ( ). No movimento circular uniforme (MCU), a

trajetória é circular e a velocidade escalar é constante não nula. A equação horária

do espaço do MCU pode ser obtida dividindo ambos os membros da equação pelo

raio R da trajetória circular. Logo, tem-se:

t 0 (1)

Para o movimento MCUV, as equações horárias da velocidade e do espaço

podem ser obtidas de forma similar. Logo, tem-se para a equação horária da

velocidade:

t 0 (2)

e para a equação horária do espaço:

e para a equação horária do espaço:

2

2

0tto

(3)

Onde:

é a posição final;

0 é a posição inicial;

2.2 DESENVOLVIMENTO COMPUTACIONAL

A implementação das equações descritas acima foi feita em linguagem C,

utilizando o sistema de interface IUP (LEVY,1993) e o sistema gráfico OpenGL

(WRIGHT et al.,1999). O OpenGL (Graphics Library) é uma interface para aplicações

gráficas 2D e 3D, independente do sistema de janelas e trabalha com primitivas

geométricas e imagens. Possui uma arquitetura bem definida, boa performace,

disponível em diversas plataformas e está bem documentado.

A interface desenvolvida pode ser visualizada na Figura 1. Nela, o usuário

deve definir qual o movimento que será estudado (MCU ou MCUV) para dois objetos

(pontos azul e vermelho) e visualizar os seus comportamentos através da uma

animação gráfica. As funções horárias dos objetos são montadas a partir dos

parâmetros definidos pelo usuário. Quando as posições de cada objeto são

definidas, automaticamente as suas trajetórias circulares (em vermelho e azul na

Figura 1) são desenhadas juntamente com a localização dos mesmos facilitando a

interpretação do futuro movimento.

Onde: • φ é a posição final;• φ0 é a posição inicial;

2.2 Desenvolvimento Computacional

A implementação das equações descritas acima foi feita em linguagem C, utilizando o sistema de interface IUP (LEVY,1993) e o sis-tema gráfico OpenGL (WRIGHT et al.,1999). O OpenGL (Graphics Library) é uma interface para aplicações gráficas 2D e 3D, independente do sistema de janelas e trabalha com primitivas geométricas e imagens. Possui uma arquitetura bem definida, boa performace, disponível em diversas plataformas e está bem documentado. A interface desenvolvida pode ser vi-sualizada na Figura 1. Nela, o usuário deve definir qual o movimento que será estudado (MCU ou MCUV) para dois objetos (pontos azul e vermelho) e visualizar os seus compor-tamentos através da uma animação gráfica. As funções horárias dos objetos são montadas a partir dos parâmetros definidos pelo usuário.

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Quando as posições de cada objeto são de-finidas, automaticamente as suas trajetórias circulares (em vermelho e azul na Figura 1)

são desenhadas juntamente com a localização dos mesmos facilitando a interpretação do fu-turo movimento.

Figura 1 – Interface do módulo de Movimentos Circulares considerando um

objeto em MCU e outro em MCUV.

As Figuras 2 mostram um exemplo da utilização do sistema. Nele são

definidas as posições iniciais dos objetos e suas respectivas velocidades. Depois de

uma volta na trajetória, podem-se verificar as funções horárias e verificar as novas

posições dos objetos (Figura 3).

Figura 1 – Interface do módulo de Movimentos Circulares considerando um objeto em MCU e outro em MCUV.

As Figuras 2 mostram um exemplo da utilização do sistema. Nele são definidas as posições iniciais dos objetos e suas respectivas

velocidades. Depois de uma volta na trajetória, podem-se verificar as funções horárias e verifi-car as novas posições dos objetos (Figura 3).

Figura 2 – Exemplo da aplicação do sistema mostrando as posições iniciais dos

objetos.

Figura 3 – Exemplo da aplicação do sistema mostrando as posições finais dos

objetos depois de uma volta na trajetória.

Figura 2 – Exemplo da aplicação do sistema mostrando as posições iniciais dos objetos.

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4. Considerações Finais

O módulo descrito neste trabalho faz parte de um sistema mais amplo, composto de diversos outros módulos da Física, abran-gendo as áreas da cinemática e dinâmica (CARVALHO et al 2007). A ferramenta de-senvolvida, pode, como uma ferramenta com-plementar ao estudo tradicional, ajudar muito a compreensão dos fenômenos físicos envolvi-dos no sistema em questão. Com ela pode-se, em um curto espaço de tempo, fazer diferentes observações, contribuindo bastante para o en-tendimento da teoria abordada sobre o sistema em sala de aula. Porém, é importante ressaltar a integração com atividades desenvolvidas em sala de aula para que o aluno aumente o enten-dimento sobre o MCU e MCUV e a capacida-de de resolver problemas desse tipo.

5. Agradecimentos

O primeiro autor agradece ao CNPq pelo apoio financeiro através da Bolsa de Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora – DT.

6. Referências Bibliográficas

CARVALHO, Carlos Vitor de Alencar 1. e Carvalho, Janaina Veiga Carvalho. Relatório Final do Projeto de Pesquisa : Pesquisa e Desenvolvimento de um Simulador e Interativo para Ensino da Cinemática e Dinâmica, Universidade Severino Sombra, 2007.

COSTA, Guilherme Cordilha Porto 2. Coelho da; MENDES, Jorge Luís de Souza; CARVALHO, Janaina Veiga; CARVALHO, Carlos Vitor de Alencar. Um sistema gráfico-Interativo para apoio ao ensino do movimento retilíneo uniforme. In: IV Encontro de Iniciação Científica e Pesquisadores da USS, Vassouras. IV Encontro de Iniciação Científica da USS. Rio de Janeiro : FUSVE, 2005. v. 1. . p. 1-3.

FOLEY, J.D. and VAN DAM, A. and 3. FEINER, S. K. and HEGHES, J. F. Computer Graphics Principles and Practice, second edition in C, Addison-Wesley publish company, 1999.

Figura 2 – Exemplo da aplicação do sistema mostrando as posições iniciais dos

objetos.

Figura 3 – Exemplo da aplicação do sistema mostrando as posições finais dos objetos depois de uma volta na trajetória.

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Endereço para Correspondência:

Carlos Vitor de Alencar [email protected]

Av. Expedicionário Oswaldo de Almeida Ramos, 280Centro - Vassouras - RJCEP: 27.700-000

LEVY, C. H., 4. IUP/LED: Uma Ferramenta Portátil de Interface com o Usuário. PUC-Rio, Rio de Janeiro1993 63f. Dissertação de Mestrado.

SOBREIRA, Guilherme; CARVALHO, 5. Janaina Veiga; CARVALHO, Carlos Vitor de Alencar. MRUV: Um sistema computacional gráfico interativo para apoio ao ensino do Movimento Retilíneo Uniformemente Variado. In: V Encontro de Iniciação Científica e Pesquisadores da USS, Vassouras. V Encontro de Iniciação Científica e Pesquisadores da USS. Vassouras : FUSVE, 2006. v. 1. p. 1-3.

VALENTE, J. A. 6. Diferentes Usos do Computador na Educação. Em J.A. Valente (Org.), Computadores e Conhecimento: repensando a educação (pp.1-23). Campinas, SP: Gráfica da UNICAMP, 2003.

WRIGHT, R. S. Jr. and SWEET, 7. M. OpenGL Super Bible, 2nd ed. Indianapolis, Indiana: Waite Group Press, 696 p, 2000.

Informações bibliográficas:Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:CARVALHO, Carlos Vitor de Alencar; CARVALHO, Janaina Veiga. SMC: Uma Ferramenta Computacional para apoio ao Ensino dos Movimentos Circulares. Cadernos UniFOA. Volta Redonda, Ano V, n. 14, dezembro 2010. Disponível em: <http://www.unifoa.edu.br/cadernos/edicao/14/25.pdf>

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A fé e o direito: a exegese canônica

Faith and law: the canonical exegesis

Mário Arthur de Souza Fontes 1

Marcos Machado 2

Resumo

Já no seu trigésimo ano o projeto da exegese canônica no Brasil, é uma realidade e cuja, a intenção consiste em ler os textos individuais, no con-junto da única Escritura, onde todos os textos particulares acendem a uma nova luz, luz esta, que desde a constituição do Concílio Vaticano II, per-dura sobre a Revelação, um princípio fundamental da exegese teológica; e, aquele que procura entender a Escritura dentro do contexto no qual foi escrita, terá de considerar o conteúdo e a unidade de toda a Escritura; por outro lado, a tradição viva de toda a igreja e a analogia da fé e o direito desta proteção, antes das releituras empreendidas onde gerou algumas al-terações e esta cisão entre o Jesus histórico e o Cristo da fé, tornou-se cada vez mais profunda, afastando-se ambos rapidamente um do outro; mas o que é que pode significar a fé em Jesus Cristo “o filho do Deus vivo” se o homem Jesus, foi totalmente diferente daquele que os evangelistas o re-presentam e daquele que a igreja, partindo dos evangelhos, anuncia! Por-tanto este artigo por um lado indica o sentido do método histórico–crítico com a Fé e por outro a visão do Direito com a Boa–fé Canônica.

1 Mestrado Em Engenharia Civil2 Mestrando em Gestão e Desenvolvimento Regional

Abstract

In its third year the project of the canonical exegesis in Brazil is a reality which aims to read the individual texts in the Scripture, which all the private texts come on a new light. The one that since the constitution of the Vatican council II beholds a Revelation, the fundamental principals of the theological exegesis which the person who tries to interpret the Scripture in the context which was written will have to consider the content and the unit of the whole Scripture. On the other hand the alive tradition of the whole church and the analogy of faith and the law to this protection, before the reading that generated some alterations and the division between the historical Jesus and the Christ of faith, became deeper, taking them apart. But what can the faith in Jesus Christ “the son of God alive” mean if the man Jesus was totally different from what the evangelists represented him and from what the church, starting from the gospels, announce! So this article shows the sense of the historical-critical method of Faith and on the other hand the sense of Law and the canonical good-faith.

Palavras-chave:

Exegese

Escrituras

Teologia

Igreja

Direito

ArtigoOriginal

Original paper

Key words:

Exegesis

Scriptures

Theology

Church

Faith

Law

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Introdução1.

A exegese canônica, ou seja, ler os textos particulares da Bíblia na sua totalidade é uma dimensão essencial da explicação, que não está em contradição com o método histórico–crítico, mas que de algum modo orgânico o desenvolve e lhe permite tornar-se autêntica teologia. O artigo irá evidenciar mais dois aspec-tos da exegese teológica: a explicação históri-co-crítico do tema e procurará indagar o senti-do no seu espaço e no seu momento temporal. Isto será muito interessante e importante, pois independentemente da certeza, que na ver-dade, é apenas relativa de tais reconstruções, mas vital é ter presente, que cada palavra hu-mana, pelo seu próprio peso, já transporta em si mais do que aquilo de que se pode momen-taneamente estar conscientemente escrevendo. Temos como definição:

Exegese é a interpretação profunda de um texto bíblico, jurídico ou literário. A exegese como todo saber, tem práti-cas implícitas e intuitivas. A tarefa da exegese dos textos sagrados da Bíblia tem uma prioridade e anterioridade em relação a outros textos. Isto é, os textos sagrados são os primeiros dos quais se ocuparam os exegetas na tarefa de inter-

pretar e dar seu significado. A palavra exegese deriva do grego exegeomai, exegesis; ex tem o sentido de ex-trair, ex-ternar, ex-teriorizar, ex-por; quer di-zer, no caso, conduzir, guiar.1

Essa será a força interior da palavra, que transcende o seu momento e alcança a sua validade, a partir das palavras que foram amadurecidas pelo processo da história de fé. Durante a pesquisa e as análises ao tema, viu-se que não se consegue falar a partir de nós mesmos. Somente fala-se a partir de uma história comum, que nos transporta e na qual está presente o tempo todo em surdina, pos-sibilitando um futuro pelo vasto caminhar. Portanto, o processo das leituras continuadas e do desenvolvimento das palavras não teria sido possível, se não estivessem presentes nas próprias palavras, em até íntimos raciocínios. Nesta pesquisa para o artigo, podemos por assim dizer, pressentir mesmo que historicamente, o que significa inspiração: Há dimensões da pala-vra às quais a antiga doutrina dos quatro sentidos da Escritura, aludiu no seu núcleo de um modo inteiramente próprio, pois são sentidos individu-ais, precisamente na dimensão da palavra, que transcende o instante em uma influencia mística. Tem-se que a Escritura cresceu a partir da cisão do sujeito vivo que é o povo de Deus

¹LÚCIA, Cláudia. Hermenêutica e Exegese - Princípios básicos. Disponível em: <http://claudialucia2007.blogspot.com/2007/11/hemenutica-exegese-princpios-bsicos.html>. Acesso em: 13 abr. 2010.

Resumen:

En su trigésimo año, la exégesis canónica del proyecto en Brasil, que es una realidad y la intención es leer los textos individuales en toda la Escritura único, donde todos los textos privado iluminar una nueva luz, la luz de lo anterior, que desde la creación del Concilio Vaticano II, sigue en el Apocalipsis, un principio fundamental de la exégesis teológica, y uno que trata de comprender las Escrituras en el contexto en que fue escrito, usted tiene que considerar el contenido y la unidad de toda la Escritura, para Por otra parte, la tradición viva en toda la Iglesia y la analogía de la fe y el derecho de protección, antes de emprenderse la releituras que ha generado algunos cambios y esta división entre el Jesús histórico y Cristo la fe, se ha convertido cada vez más profunda, distanciando rápidamente tanto el uno del otro, pero lo que puede significar la fe en Jesus Cristo el Hijo de Dios vivo “si el hombre Jesús, era totalmente diferente del que representan a los evangelistas y que la iglesia, comenzando con los evangelios, anuncia ! Por lo tanto, este artículo, por un lado, indica la dirección del método histórico-crítico con la Fe y la otra la visión de la ley con la buena fe Canônica.

Palabras clave:

Exegese

Escritura

Teología

Iglesia

Fe

Derecho

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peregrino e que habita nesses, o Jesus históri-co e o Cristo da fé. “O Jesus histórico é aquele personagem reconstruído pelas informações que chegaram até nós através de vários do-cumentos históricos”². Sempre os livros das Escrituras se referem, a três sujeitos que atuam uns com os outros e que pertencem ao sujei-to do povo de Deus. A relação com o sujeito “Povo de Deus” é importante e vital para a Escritura, pois é a medida que tem em Deus a sua origem e a força que dirige esse povo, mas por outro lado, a Escritura vive só e precisa-mente neste povo e se supera assim: a partir da palavra encarnada, que precisamente se torna o povo de Deus. E esses: o povo de Deus, a Igreja e as Escrituras, são o sujeito vivo, pois as palavras bíblicas, estão sempre presentes; em última instância e a partir de Cristo: se dei-xe ordenar, se conduzir e ou se dirigir por ele, pois ai esta a representação de Jesus o que sig-nifica, a confiança nos Evangelhos, na posição do Concílio e a moderna exegese nos diz pelos gêneros literários, uma intenção narrativa sem rodeios, mas em contexto vivo. O artigo tenta representar o Jesus dos Evangelhos, como o Jesus real, como o Jesus histórico no sentido autêntico. Há que se ter o sentimento dessa figura “o Jesus dos Evangelhos” racional e manifestamente histórica. É assim o histórico–crítico com a fé e a visão do Direito, com a boa-fé Canônica. Quando se deu algo de extraordinário, na figuração e nas palavras de Jesus, radicalmente ultrapassam a média de todas as esperanças e expectativas, que se esclareceu na sua crucifi-cação e também na sua ação. Pois cerca de vin-te anos depois da morte de Jesus, já começa-se a encontrar no grande hino cristológico na car-ta aos filipenses (Fl. 2, 6-11) uma desenvolvida proclamação a Jesus, o igualando a Deus, fenô-meno esse que se desfez de si mesmo, pois se fez homem, se humilhou e foi humilhado até a morte na cruz e agora, lhe é devida uma vene-ração cósmica, esta foi a indulgente adoração que Deus o Pai, anunciou ao profeta Isaías (Is. 43, 23) para Jesus o seu filho.

²MARTINEZ, João Flávio. Manipulando o Jesus histórico. Disponível em: <http://www.cacp.org.br/movimentos/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=844&menu=12&submenu3>. Acesso em: 30 maio 2010.³BÍBLIA SAGRADA. Tradução portuguesa da versão francesa dos originais, traduzidos pelos Monges Beneditinos de Maredsous (Bélgica). 178. ed. São Paulo: Ave Maria, 2008, p. 234. 4Ibid., p. 333 – 334.

Das escrituras a esperança e o 2. mistério de Jesus

A descida do Espírito Santo sobre Jesus, que dá-se no batismo, institui formalmente o seu mistério. Por isso o clero, estudiosos, exe-geta católico de várias línguas o pesquisam e o estudam. No livro do Deuteronômio encontra-se uma promessa, que sendo inteiramente dife-rente da esperança messiânica de outros livros do antigo testamento é, no entanto de signi-ficado decisivo para a compreensão da figu-ra de Jesus. Não foi prometido nem um Rei a Israel ou ao mundo, nem um novo Davi, mas um novo Moisés e esse indicado como profeta, de natureza diferente, uma particularidade da fé em Deus que foi oferecida a Israel, porque em todos os tempos, o homem não se inter-rogou apenas a respeito do seu final, quer ter esperança em maior escala do que a obscuri-dade das suas origens, ocupar-se por tudo o homem, com a reserva do futuro do qual ele se aproxima, sempre tentando rasgar a corti-na e novamente, com a esperança de saber o que acontecerá, para escapar do mal e para ir ao encontro da salvação. As religiões não es-tão apenas ordenadas para o futuro, elas são importantes, precisamente, porque sabem me-diar sobre o que há de vir e podendo assim indicar ao homem o caminho que deve tomar, para não fracassar, no seu intuito de salvar-se, como as prescrições nas Escrituras. O livro do Deuteronômio refere-se a diversas formas de abertura para o futuro, tanto que em (Dt. 18, 9-12) está: “... porque o Senhor, teu Deus, abo-mina aqueles que se dão a essas práticas...”³, mas nas Escrituras temos uma controvérsia:

Saul antes da batalha contra os filisteus, tinha pela frente, um silêncio sepulcral por parte de Deus, era insuportável, não se contendo, sai a cavalo e vai encontra-se com uma vidente em Endor, pedindo que lhe chamasse o espírito de Samuel, a fim de lhe abrir a visão, sobre o futuro da batalha.4

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Temos em (1Sm 28), tem-se a polêmica: “Se o Senhor não fala, então um outro deve retirar o véu do amanhã”, na procura da es-perança, assim está nas Escrituras, o homem encontra os Mistérios de Jesus. No Capítulo 18 em Deuteronômio, tam-bém estigmatiza, todas as formas de capturar o futuro, como abominação aos olhos de Deus, contrapondo a esta advinhação um outro cami-nho de Israel–caminho da fé e isto na forma de uma promessa: “O Senhor, teu Deus, te susci-tará dentre os teus irmãos um profeta como eu: é a ele que deverá ouvir” (Dt 18,15)5 . Em pri-meiro passar d’olhos, parece que é um peque-no anúncio da “Instituição” do profetismo em Israel e ao Profeta fica a atribuição da explica-ção do presente e do futuro, como crítica aos falsos profetas, que repetidamente se encontra nos livros proféticos, que com grande severi-dade, mostra o perigo que há de os profetas assumirem o papel de advinhos, o que seria uma de suas missões, exatamente o contrário: impedir, assim está nas Escrituras. Ainda em Deuteronômio retorna a promessa e dá-lhe uma surpreente virada, que vai muito além da instituição do profetismo, assim oferecendo a figura do profeta o seu autentico sentido: “Não se levantou mais em Israel profeta comparável a Moisés, com quem o Senhor conversava face a face”6 (Dt 34,10). No livro de Êxodo cita que Moisés fez um pedido a Deus, Qual seja: “Mostrai-me vossa glória”7 (Ex 33,18), mas o pedido não é aten-dido. E Deus falou: “Mas, ajuntou o Senhor, não poderás ver a minha face, pois o homem não me poderia ver e continuar a viver.”8 (Ex 33,20) mas, em sua infinita misericórdia com aqueles que lhe são fieis, Deus cobre-o duran-te a sua passagem com a sua própria mão, e quando a retira diz: “Retirarei depois a mão, e me verás por detrás. Quanto à minha face, ela não pode ser vista.”9 (Ex 33,23). Estes mis-térios desempenharam um papel essencial na história da mística cristã e Judaica e a partir dele, procurou distinguir-se até onde pode ir

5Ibid., p. 234. 6BÍBLIA SAGRADA, op.cit., p. 253.7Ibid., p. 136.8 Ibid., p. 136.9Ibid., p.136.10Ibid., p. 626.11BÍBLIA SAGRADA, op. cit., p. 1351.12Ibid., p. 1023.

o contato com Deus nesta vida e por onde po-dem passar os limites da visão mística. Mas uma coisa importante se torna evi-dente nos estudos e análises feitas para este ar-tigo: na comunhão filial de Jesus com o Pai a alma humana de Jesus era envolvida no ato da oração, “Quem vê Jesus vê o Pai”10 (Jô 14,9). O discípulo que caminha com Jesus, será assim introduzido com ele na comunhão com Deus e isto é que é autenticamente redentor, ou seja, a superação dos limites da humanidade, que já está desde a criação, tem na imagem de Deus, conforme as Escrituras, a esperança e a possi-bilidade de um melhor futuro. “Mistérios do Cordeiro de Deus”.

O Messias – Cristo e o direito 3. de unção

A descida do Espírito Santo sobre Jesus, no seu batismo, institui formalmente o seu Mistério. Por isso nestes estudos e análises vi-mos uma analogia com o “Direito da Unção”, com a qual Reis, Ministros e os Sacerdotes, eram elevados aos mistérios em Israel. A mor-fologia da palavra “Messias–Cristo”, que sig-nifica o ungido, isto porque a Unção era con-siderada na Antiga Aliança, o sinal visível da dotação com os talentos do Ministério, com o Espírito de Deus. Em (Is 11,2), deixa-nos em conseqüência a “esperança” a respeito de um verdadeiro ungido, cuja “Unção” consiste pre-cisamente em sobre ele descer o Espírito do Senhor, o Espírito da sabedoria e da inteligên-cia, o Espírito do conselho e da força, o Espírito do conhecimento e do temor de Deus. Segundo o relato de Lucas, Jesus apresentou-se a si mes-mo e a sua missão na Sinagoga de Nazaré, com uma citação análoga a de Isaias: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu”11 (Lc 4,18) e “O espírito do Senhor repousa so-bre mim, porque o Senhor consagrou-me pela unção”12 (Is 61,1); por isso concluirmos que a verdadeira “Unção” é a do batismo, em que

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perante o povo de Jesus recebeu a Dignidade Real e a Dignidade Sacerdotal. É neste ponto, que começa a inserção de um “ato jurídico”, a relação com o Direito Legado e foi neste batis-mo, que Jesus atém legalmente a “Unção”, para falar por Deus e decidir por Ele mesmo.

BÍBLICAMENTE: Unção vem do substantivo grego, chrisma; daí, vem o verbo chrío, ungir; e o adjetivo chris-tós, que significa “ungido”. No hebrai-co, o termo ungido é Messias, aplicado a Cristo. A unção, na Bíblia, pode ser entendida de modo espiritual e literal, com a aplicação do azeite ou óleo sobre alguém ou sobre algum objeto.13

A partir de então, Ele está subordinado a missão de conhecer os perigos enfrentados pelos homens, porque só assim pode o ho-mem caído ser levantado, Jesus deve adentrar no drama da existência humana, atravessá-la, ir até o fundo, para encontrar a ovelha perdi-da, colocá-la nos ombros e levá-la para casa. Jesus por sua missão, deve assemelhar-se em tudo aos seus irmãos, para que seja o Sumo Sacerdote misericordioso e fiel nos serviços de Deus, para expiar os pecados do povo, até por-que ele mesmo foi tentado e porque pode so-correr os que são tentados (Hb 2, 17s)14 e (Hb 4,15)15. Assim deve restaurar aquela paz que Isaias anunciou, para os tempos do messias: “Então o lobo será hóspede do cordeiro, a pan-tera se deitará ao pé do cabrito...”16 (Is 11,6), onde o pecado é vencido, onde a harmonia do homem com Deus é restaurada e segue-se a reconciliação da natureza, a criação dilacerada transforma-se em lugar de paz e “Por isso, a criação aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus”17 (Rm 8,19). Por ter recebido a Unção, na espetacular visão Jurídica nos tempos de hoje, onde um herdeiro é dono, fica claro que Jesus poderia ter respondido com a expressão do Direito Legado e a altura quando era argüido: “Se

és Filho de Deus, ordena que estas pedras se transformem em pães”18 (Mt 4,3) e outra foi em calvário pelos escarnecedores junto à cruz: “Se és filho de Deus, então desce da cruz e salva-te”19 (Mt 24,40). O livro da sabedoria, já havia previsto esta situação: “Se o justo é filho de Deus, Deus o defenderá...”20 (Sb 2,18). Tal como em Mateus, também em Marcos a história se confirma: “...e os anjos aproximaram-se dele para servi-lo”21 (Mt 4,11) e “E os anjos o serviram”22 (Mc 1,13). Ainda em nossas pesquisas, também se cumpre em (Sl 91,14)23 : “Os anjos servem-no, Ele provou ser o filho de Deus e por isso sobre ele, como novo Jacó, o pai de Israel tornado universal, está em céu aberto”24 (Gn 28,12).

O direito e a boa fé canônica4.

Quando Joseph Ratzinger foi eleito papa há pouco tempo atrás, escolhendo o nome de Bento XVI, para seu pontificado em uma dupla homenagem a São Bento de Núrsia (480-547), fundador da Ordem Beneditina da idade mé-dia e considerado o padroeiro da Europa, por causa do papel dos Mosteiros Beneditinos na resistência às invasões bárbaras naquela época e ao Papa Bento XV (1854-1922), responsável por uma das mais importantes reformas admi-nistrativas da Igreja Católica e de inúmeras tentativas fracassadas de trazer paz a Europa durante a primeira grande guerra. As duas ho-menagens prestadas por Ratzinger apontam em uma mesma direção, qual seja: os dois de-safios mais caros que o cristianismo enfrentou e ainda enfrenta, desde que vindo do Oriente e chegando ao continente Europeu: “Manter a paz entre os seus povos e construir uma uni-dade ao redor dos valores cristãos”, por isso a preocupação central de Bento XVI, em indicar o sentido que pretende dar ao seu pontifica-do, que está muito restrito e a esse duplo de-safio, também há lógico, razões para vislum-

13LIMA, Elinaldo Renovato. As Bases Bíblicas da Unção. Disponível em: < http://www.assembleiadedeus-rn.org.br/familia/port/estudos01.htm>. Acesso em: 13 abr. 2010.14BÍBLIA SAGRADA, op. cit., p. 1528.15Ibid., p. 1529.16Ibid., p. 954.17Ibid., p. 1457. 18BÍBLIA SAGRADA, op. cit., p. 1287. 19Ibid., p. 1315.20Ibid., p. 837.21Ibid., p. 1287.22Ibid., p. 1322.23Ibid., p. 731.24Ibid., p. 75.

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brar um pontificado tão burocrático quanto ao conclave que o elegeu, já que a “Unificação Secular da Europa” se parece dar, em passos, bem largos e muito maior que os da constru-ção de uma Unidade Religiosa Mundial. Em verdade deixa-nos a pesquisa feita para esse artigo, que esse Papa, entretanto, não é somen-te um intelectual da Unidade Européia, ele é também e, principalmente, um intelectual do Direito e da Boa Fé Canônica. Seu anteces-sor Bento XV, também era um intelectual do Direito, era o sucessor de Pio X, um Papa não muito diferente de João Paulo II, em carisma e ênfase da missão evangélica do papado e nos deixou o “Codex Iuris Canonici” (Código do Direito Canônico), promulgado em 1917, tem algumas diferenças de Bento XVI, no entanto, preocupou-se com as leis em tempos de guerra e extrema incerteza jurídica no plano secular. Tentou, sem nunca conseguir, colocar o va-ticano nas principais mesas de negociações, para o fim da guerra. Bento XV fracassou no terreno do Direito Internacional, então se vol-tou a partir de 1918, ao Direito Administrativo da Instituição que comandava como Papa, lo-gicamente, ainda é precoce tentar vislumbrar qual a marca que o Papa Bento XVI deixará na Igreja Católica, mas na sua atuação como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cargo que ocupou até assumir o papado, há indícios que esse intelectual do Direito buscará colar sua imagem pastoral à de seu antecessor e procurará dar maior visibilidade e penetração aos valores morais e éticos do tipo de cristianismo que pratica. Nesse sentido e em muito pouco tempo, já conquistou es-paço em debates públicos internacionais, que Bento XV jamais conseguiu, ademais antes mesmo de ser tornar Papa, o Cardeal Joseph Ratzinger, já era conhecido como um intelec-tual importante, astuto e visível da Doutrina Tomista do Direito Natural; particularmente, preocupado em realizar um ordenamento e uma atualização desta doutrina aos tempos e aos temas de hoje. Sempre muito solícito, seus estudos foram discutidos com respeito pelo mundo jurídico e em palestras, seminá-rios, congressos e conferências. Em uma des-sas ocasiões mais precisamente em novembro de 2002 na Itália, então o cardeal Ratzinger proferiu sobre o tema: “A Crise e o Direito” este tema foi tão bem aceito que a Faculdade

de Direito da LUMSA, lhe ortogou o título de “Doctor Honoris Causae”. Em outra ocasião o famoso filósofo e estudioso do Direito Jürgen Habermas, em uma conferência em Frankfurt, em outubro de 2003 intitulada “A Fé e o Saber Jurídico”, deixou claro o seu posicionamen-to sobre a religião em encontro com o saber e como se auto definiu, “Sem ouvido musical para a religião” e concluindo sua intervenção defendendo a possibilidade da fé não contri-buir para a constituição da consciência e da linguagem democrática dos consensos que le-gitimam o mundo dito liberal e as instituições jurídicas laicas. O mundo culturado Europeu esperava até uma reação violenta, por parte de Ratzinger, logicamente em palavras, mas o Cardeal, por sua vez, como foi dito ante-riormente, de quem se esperava uma postura defensiva arraigada ao dogma da religião com uma apresentação até burocrática dos argu-mentos conservadores tradicionais acerca dos dilemas morais e polêmicos. Certamente na opinião pública da atuali-dade e na opinião de um outro também famoso filósofo Basco, Fernández Veja, se comportou como um Ratzinger “Polemista Urbano” um pluralista, a ponto de incluir em sua fala sobre o assunto, menções a antigos e também inimigos da Igreja nos embates teológicos, que dirigia, en-quanto Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, na ocasião foi alcunhado pelos seus de-batedores como: “O Cardeal Advogado”. Agora é analisar com parcimônia e mui-ta cautela, entretanto, esta aparente aproxi-mação entre o “Filósofo Laico” e o “Teólogo Advogado” cristão na sua essência, afinal o contexto desta passagem com os dois filó-sofos favorecia harmonias pouco dissonan-tes, ainda que polifônicas. O que se tornava repentinamente musica para os ouvidos de Habermas, pode acirrar uma discussão, bem como uma contribuição que a ética religiosa plurarista, pode dar ao debate democrático que não coincide necessariamente com aquilo que Ratzinger denomina ao final de sua interven-ção de “O Contexto Intercultural da nossa atu-alidade e a essencial complementaridade entre a razão e a fé nesse contexto”. Portanto, o tema de Ratzinger de 2002 “A Crise e o Direito”, ajuda a elucidar o enorme abismo que separa o pensamento do “Filósofo Laico” e do “Teólogo Advogado”,

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bem como, os surpreendentes pontos de con-tato entre essas premissas, tanto que ele vê um ponto de tensão, entre a Soberania e os Direitos Humanos, que estão profundamente marcados, por uma contraposição milenar entre o caráter evangélico do modelo de virtude do “Novo Testamento” e o caráter jurídico do modelo de virtude do “Velho Testamento” e diferen-te do Apóstolo Paulo e de Lutero, Ratzinger não reconhece essa tensão, como real e como Mateus e São Thomaz de Aquino, estudioso antes dele ao tema, não creram também que isto seria possível de imaginar: “Primeiro a Lei” e “Depois a Fé”... .

Verdade – tolerância – liberdade5.

Para entender o ensinamento da comple-xidade da palavra fé e direito, dentro de mundo macro sociocultural e jurídico, devemos nos reportarmos a alguns conceitos básicos, entre eles – verdade; tolerância e liberdade – que são os degraus para a compreensão filosófica, cultural e jurídica, que ronda os dias atuais em busca das verdades; ou por outro lado, poderí-amos chamar apenas de premissas. É dentro desses dogmas, que o universo cresce de forma acelerada e desenfreada, numa velocidade além da luz, para tentar alcançar a compreensão dos eventos que ocorrem ao nos-so redor. É nesse contexto que surge a neces-sidade de conhecer alguns conceitos básicos acerca dessas premissas, que são vertentes in-trínsecas dentro da pesquisa.

Verdade significa o que é verdadeiro. Esta qualificação implica as de real e de imaginário, de realidade e de ficção, questões centrais tanto em antropologia cultural como na filosofia. A verdade é uma interpretação mental da realidade transmitida pelos sentidos, confirmada por outros seres humanos com cérebros normais e despidos de preconceitos (desejo de crer que algo seja verdade), e confirmada por equações matemáticas e lingüísticas formando um modelo ca-paz de prever acontecimentos futuros diante das mesmas coordenadas. O pa-radoxo da realidade ou verdade objeti-

va afirma que a realidade ou a verdade, para serem provadas objetivamente, devem permanecer assentes após uma hipotética sucumbência de todos os se-res humanos da face da terra.25

Conforme se depreende da leitura do texto citado acima, podemos afirmar com a devida prudência que a verdade não é absolu-ta, pois existem vários fatores que afetam de maneira direta e/ou indireta a construção desta – premissa – durante o processo de cognição do ser humano. Esta afirmação é bastante peculiar, pois como o homem está num constante procedi-mento de aprendizagem universal, onde busca encontrar as respostas certa e que, primeira-mente válidas, aproximam-se mais da tão al-mejada verdade; para saciar a sua, insaciável gula pelo saber, mas, por outro lado como ter a certeza absoluta de ter encontrado a verda-deira resposta para suas indagações? Daí surge à necessidade de buscar um aprofundamento intelectual, no sentido de tentar alcançar as entranhas do conhecimento, e para que isso ocorra de maneira natural in-terna, precisamos compreender um pouco do sentido da palavra tolerância.

A tolerância, do latim tolerare (susten-tar, suportar), é um termo que define o grau de aceitação diante de um elemen-to contrário a uma regra moral, cultu-ral, civil ou física. Do ponto de vista da sociedade, a tolerância define a capa-cidade de uma pessoa ou grupo social de aceitar, noutra pessoa ou grupo so-cial, uma atitude diferente das que são a norma no seu próprio grupo. Numa concepção moderna é também a atitude pessoal e comunitária face a valores di-ferentes daqueles adotados pelo grupo de pertença original.26

Agora diante de um precógnito dos con-ceitos de verdade e tolerância; podemos partir para tentar alcançar a premissa maior, que é no tocante a liberdade, e neste particular tam-bém beberemos da mesma fonte para construir um pensamento mais sólido, mas preliminar, a respeito do tema desta premissa maior.

25WIKIPÉDIA. Verdade. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Verdade>. Acesso em: 13 abr. 2010.26WIKIPÉDIA. Tolerância. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Toler%C3%A2ncia>. Acesso em: 13 abr. 2010.

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Em filosofia, “liberdade” designa, de uma maneira negativa, a ausência de submissão, de servidão e de determina-ção, isto é, ela qualifica a independência do ser humano. De maneira positiva, liberdade é a autonomia e a espontanei-dade de um sujeito racional. Isto é, ela qualifica e constitui a condição dos com-portamentos humanos voluntários.27

Depois desse preâmbulo, o qual nos pos-sibilita ter uma compreensão imparcial e sin-gular a respeito dessas “premissas”, podemos tecer mais alguns comentários no tocante – fé e o direito – que é o foco principal desse nosso artigo científico, e nesse ponto crucial, nos re-portamos alguns fragmentos de textos pinçados da obra escrita pelo próprio Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI) – O cristianismo e as gran-des religiões do mundo, traduzida pelo escritor Sivar Hoppner Ferreira, a qual possui um fun-do filosófico e cultural, que serve de base para uma reflexão a acerca do mundo, demonstrado como agi e interagi essas “premissas”.

Haverá contradição entre tolerância e fé na verdade revelada? Dito de ou-tra forma: fé cristã e modernidade são compatíveis? Se a tolerância é um dos fundamentos da Idade Moderna, não será uma arrogância ultrapassada a afir-mação de se ter conhecido a essência da verdade? Essa pretensão não deveria ser rejeitada, se quisermos quebrar a espi-ral de violência que perpassa a história das religiões? Essa pergunta se levanta, cada vez de forma mais dramática, nas religiões entre o cristianismo e o mun-do de hoje. Cada vez mais se amplia a convicção de que a renúncia da fé cristã à sua pretensão à verdade é a condição básica para uma nova paz do mundo e para reconciliação do cristianismo com a modernidade.28

Na consciência dos homens de hoje, a liberdade aparece de longe como o bem máximo, ao quais todos os outros bens estão subordinados. Na linguagem do direito, quase sempre a liberdade da arte, a liberdade de expressões das

próprias opiniões, tem a primazia sobre qualquer outro valor moral. Valores que concorrem com a liberdade, valores que possam tornar necessária sua limitação aparecem como grilhões, como “ta-bus”; ou seja; resíduos de proibições e temores arcaicos.29

Partindo dos pontos esculpidos no cor-po dessas singelas linhas, e em especial neste subtítulo, verificamos que a verdade não é ab-soluta, pois como o próprio universo é dinâmi-co; o que significa dizer que todos os eventos e/ou seres vivos estão sempre em processo de aperfeiçoamento, e o ser humano não é dife-rente desta afirmação. Daí podemos concluir que nada é absoluto e sim relativo, pois o que hoje é real amanhã pode não ser tão real, como creditamos ontem. A verdade é um eterno e constante pro-cesso de expansão de cognição, e para que isso ocorra de maneira natural e harmoniosa, pre-cisamos ter uma dose de tolerância, dentro de cada um de nós, para aceitarmos as mudanças que vem com a liberdade de expressão huma-na, a qual possibilita o crescimento da própria humanidade.

Conclusão6.

O processo dos estudos e análises, para o fechamento deste artigo histórico, teológico e polêmico, que conduziu-nos a distinções re-finadas e críticas das movimentações da pes-quisa no esforço de produzir uma exegese de contexto científico, agradável, de fácil leitura e próprio ao tema. Chegou-se a um momento apoteótico, onde os movimentos da fé, criação do homem, de sua vida temporal e da ação do Direito..., do Direito Legado em sua ação na História de Jesus na sua passagem entre nós, documentada pelas Escrituras, num aceite, que perdura nos estudos de exegetas de varias nações católicas e não católicas, sobre a revelação o princípio fundamental da exegese teológica. Temos esta fé arraigada e própria em cada homem ou mu-

27WIKIPÉDIA. Liberdade. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Liberdade>. Acesso em: 13 abr. 2010.28RATZINGER, Joseph. Fé, Verdade, Tolerância: O cristianismo e as grandes religiões do mundo. Tradução Sivar Hoeppner Ferreira. Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência “Raimundo Lúlio” (Ramon Llull), 2007, p. 191.29RATZINGER, Joseph. Fé, Verdade, Tolerância: O cristianismo e as grandes religiões do mundo. Tradução Sivar Hoeppner Ferreira. Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência “Raimundo Lúlio” (Ramon Llull), 2007, p. 209.

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lher em todos os tempos e a visão do Direito em todas as passagens bíblicas, um exemplo de proteção do que é certo e daquilo que não seria a palavra deixada por Deus. “Negar a passagem de Jesus pela terra seria hoje como assinar um atestado de obtusidade histórica ou se declarar descontextualizado com as novas descobertas.”30

Também trouxe o artigo, uma trans-parência, ao conceito do filho do Deus vivo, apresentado pelos evangelistas e daquela par-tindo das Escrituras, que a Igreja de Roma apresenta como o Cristo da Fé. Estes estudos, ao analisar, o Direito atri-buído, no sentido de encontro com a Boa Fé Canônica enriqueceu o texto com uma simbio-se interessante com a figura do Cardeal Joseph Ratzinger, “Filósofo do Direito” e agora “Papa Bento XVI” e a Boa Fé Canônica, com pas-sagens interessantes, nos deixando bastante à vontade para o discernimento da palavra nas Escrituras do Direito Natural e da Fé. A conotação que temos neste artigo, claramente o temor teofanico típico, o temor que invade o homem que se vê exposto ime-diatamente à presença de seus dogmas religio-sos. Todas estas imagens desfilarão em suas reflexões, em uma variação talvez única, sem nenhuma pretenção maior, a não ser de trazer o conhecimento deixado em (Jô 10,10) em que “Jesus o filho de Deus Vivo veio para que o ho-mem tenha vida e a tenha em abundância.”31

Esta nova leitura esclarecerá em diver-sos e difíceis processos de distinção e de luta, assegurado pelos estudos e pesquisas nas bi-bliografias citadas, contra interpretações tanto mítico-politeístas, como as políticas e das di-visões de credos. Servimo-nos do exemplo do concílio de Nicéia (325 D.c.), para declarar nossa “Igual Essência” guardadas as devidas proporções e no preparo deste artigo, fruto da obediência e do temor a Deus.

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30MARTINEZ, João Flávio. Manipulando o Jesus histórico. Disponível em:< http://www.cacp.org.br/movimentos/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=844&menu=12&submenu=3>. Acesso em: 30 maio 2010. 31BÍBLIA SAGRADA, op. cit., p. 622.

Informações bibliográficas:Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:FONTES, Mário Arthur de Souza; MACHADO, Marcos. A fé e o direito: a exegese canônica. Cadernos UniFOA. Volta Redonda, Ano V, n. 14, dezembro 2010. Disponível em: <http://www.unifoa.edu.br/cadernos/edicao/14/31.pdf>

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Endereço para Correspondência:

Marcos [email protected]

Centro Universitário de Volta Redonda – UniFOAAv. Paulo Erlei Alves Abrantes, nº 1325Três Poços, Volta Redonda - RJCEP 27240-560.

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Crianças em notícias: uma perspectiva sob a análise do discurso

Children in news: a discourse analysis perspective

Ismael Gonçalves Alves1

Resumo

Este artigo tem o objetivo de analisar o discurso a respeito das crianças consideradas abandonadas veiculados na mídia impressa do sul catari-nense num período em que múltiplas representações infantis se prolifera-vam nos mais diversos veículos de comunicação do país. Analiticamente, buscaremos perceber como estes discursos foram construídos, que pode-res os forjaram e quais suas intencionalidades ao criar uma determinada imagem de Infância.

1 Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Paraná – PGHIS/UFPR. Bolsista CAPES.

Abstract

This article aims to analyze the discourse about children considered abandoned presented by the press in southern Santa Catarina state. It was at the time when the multiple children representation multiplied in several means of communication in the country. Analytically, we try to understand how these discourses were constructed, which powers formed them and what their intentions were by creating a certain image of childhood.

Palavras-chave:

Infância

Análise do Discurso

Jornais

ArtigoOriginal

Original paper

Key words:

Childhood

Discourse Analysis

Newspapers

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Introdução1.

Este artigo parte do princípio que no de-correr de todo o século XX os discursos sobre a infância e suas diversas representações sociais – menor, carente, abandonada e delinquen-te – adquiriram grande circularidade nas mais diferentes instituições: no Estado, no aparelho jurídico e assistencial, nas famílias, nos consul-tórios médicos e na mídia. Importa aqui anali-sar, a partir de uma notícia em especial, como esta discursividade foi construída e, que poderes forjaram estes enunciados, dentro de um corpus analítico específico, que é o jornal impresso. Como ferramenta analítica utilizaremos a metodologia da Análise do Discurso (AD) que entende a linguagem “como um traço dis-cursivo em uma história, um nó singular em uma rede”,1 “estratégias de interlocução, em posições sociais ou em conjunturas históricas [...] atravessadas pelos embates subjetivos e sociais”.2 Partindo dessa constatação, compre-endemos que a AD não está restrita apenas a interpretações linguísticas e suas unidades for-mais, ou então, a busca por verdades ocultas, aquilo que o texto suprime e que supostamente deveria ser encontrado. Ao contrário disso, en-tendemos a AD como possibilidades interpre-tativas, das quais cabe ao analista através, de ferramentas que lhes são próprias “analisar os discursos enquanto efeitos de sentido, produ-zidos no momento mesmo da interlocução”,3 processo este, que consiste em tratar intera-ções existentes entre os indivíduos, através da linguagem verbal e não-verbal. A AD busca perceber os sentidos produ-zidos pelo sujeito ao elaborar um determinado discurso, suas intencionalidades; desprendendo especial atenção para a forma como é recebi-do por quem lê ou ouve suas palavras/signos. O discurso pode ser entendido então como um efeito de sentido entre enunciador e enunciatá-rio, ou seja, ele “nada mais é do que um jogo, de escritura, no primeiro caso, de leitura, no se-gundo, de troca, no terceiro, e essa troca, essa leitura e essa escritura jamais põem em jogo senão signos”.4 É através dessa interação entre

enunciador e enunciatário, na qual ambos for-mam imagens de si mesmos e dos outros, é que buscaremos fundamentar nossas análises. Para construir o processo investigativo, proposto para este trabalho buscaremos tratar dos conceitos fundamentais da AD, dividindo este artigo em três partes. No primeiro mo-mento apresentaremos o corpus documental a ser analisado (o texto). Em seguida trabalhare-mos alguns conceitos elementares da Análise do Discurso ao mesmo tempo em que realiza-remos o procedimento analítico intercalando texto e metodologia da AD. Por último apre-sentaremos nossas considerações finais.

Texto:2.

Menores pedintes

Problema dos mais graves e complexos é, sem dúvida, o dos menores abandonados. Diante de sua gravidade e complexidade, chega-se mes-mo a conclusão de que extingui-los torna-se pra-ticamente impossível, ao menos nas contingên-cias atuais. Elevadíssimo e sempre crescente é o numero de menores em nossa cidade, em nosso município, vivendo na mais extrema miséria, pa-decendo de fome e outras privações, prescindin-do de amparo material e moral. Temos, é bem verdade um SCAN e algu-mas outras instituições de fundo filantrópico, que procuram na medida do possível e reduzir à proporções menos aflitivas os múltiplos efei-tos decorrente do mal . Admirável a grandiosi-dade do criciumense, que já compreendeu per-feitamente que, diante da impraticabilidade de uma solução definitiva, o melhor que pode-se fazer é procurar minorar o problema. E por isto, não tem limite de sua generosidade. Mas, é preciso compreender, por outro lado, que os menores desprotegidos não ne-cessitam da proteção material tão somente. É mister, que lhes dê, também, amparo moral; que, além do pão recebam êles bôa também orientação, para que mais sólido lhes apre-sente o futuro.

1PÊCHEAUX, Michel. Sobre os contextos epistemológicos da análise de discurso. In: Cadernos de Tradução. Nº 1. Ed. UFGRS: Novembro de 1998. p. 48. 2MAINGUENEAU, Dominique. Análise do discurso: novas perspectivas. Campinas: Ed. Unicamp, 1989. p. 11-12. 3FISCHER, Rosa Maria Bueno. A análise do discurso: para além das palavras e as coisas. In: Educação Realidade. 20(2). Julho/Dezembro de 1995. p. 22. 4FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. 11ª edição. São Paulo: Ed. Loyola, 1996. p. 49.

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Há, por exemplo, uma causa que muito contribuí para o agravamento da questão que, segundo se tem observado, não vem sendo en-carada com necessária seriedade. É o caso dos menores pedintes. É freqüente sermos assediados por ga-rotos, esmoleres que, com um cinismo à tôda prova, perdoável no entanto por originar-se na natural ingenuidade das crianças, encontram sempre uma história comovente com que ten-tam persuadir-nos a entregar-lhes nosso troca-do. Quase sempre a frase que nos chega aos ouvidos é: “Me dá um trocadinho para com-prar um pão!”, ou então, “ Por que o papai é entrevado e não pode trabalhar”, ou ainda, “Por que a minha mãe é viúva e não tem o que comer!”. Não se duvida absolutamente que a família dêsses sofram privações. Mas, a verda-de, que não admite objetivações, é quê a maio-ria desses pequenos, que vivem a pedinchar de porta em porta, uso o dinheiro adquirido em futilidades, tais como, bombinhas, foguetes, balas e outras mais. Involuntária e impensa-damente estamos incentivando-os à malandra-gem, à preguiça. E o futuro dessas crianças como conseqüência natural do ambiente que lhes foi propiciado, não poderá ser promissor. Por esta razão, criciumense, quando um menor lhe pedir um níquel, não lhe dê. Dê-lhe um pedaço de pão, uma xícara de café, ou uma roupa usada. Não colabore para sua desmoralização futura, e não seja cúmplice de sua desgraça no porvir. E quando vir um dêsses pequenos, talvez daqui a dez ou quinze anos, bem educado e bem orientado na vida esteja certo: ali encontrará um amigo, um co-ração reconhecido por daquilo que você não fez, mas deixou de fazer.

Fonte: LIMA, Ézio. Menores pedintes. In: Tribuna Criciumense, 22 de Junho de 1955.

Sujeito/Enunciador3.

Ao examinar a construção do sujeito/enunciador, a AD não busca identificação do que este fala sobre si mesmo, mas procura re-conhecer sua aparência através de seus atos de fala. O sujeito interpelado pela AD não é aque-

le que supostamente decide sobre as possibili-dades de sentido de seu enunciado, operando com total autonomia sobre seus atos de fala; mas aquele que ocupa uma determinada posi-ção social e a partir dela fala, representando-a. Para Michel Foucault, o sujeito se vê como fonte e ponto de partida de seu discurso; ele atua como se tivesse pleno domínio sobre o que enuncia, quando na verdade, ele nada mais é do que o suporte e o efeito destes enunciados encharcados de ideologias que determinam os discursos.5 Assim, o autor do texto que será por nós analisado terá sua construção identi-tária baseada na noção de que como sujeito, ele ocupa uma determinada posição social e a partir dela fala, influenciado por um conjunto ideológico que determinam seus atos de fala.

O poder das palavras é apenas o poder de-legado do porta-voz cujas palavras (quer dizer, de maneira indissociável, a matéria de seu discurso e sua maneira de falar) constituem no máximo um testemunho, um testemunho entre outros da garantia de delegação de que ele esta investido.6

Por ser oriundo das classes médias da ci-dade, o autor do texto se coloca em uma posição de superioridade em relação ao suposto “proble-ma” das crianças, atribuindo o abandono destes infantes à falta de moralidade das famílias po-bres urbanas. Como membro da burguesia este se apresenta como um dos guardiões da moral, cabendo a ele a outros membros de seu circu-lo social providenciar esta moralidade perdida. Por isso, ele alerta seus pares sobre o problema, reforçando a idéia de que apenas o amparo ma-terial não era suficiente para se construir bons cidadãos: “É mister, que lhes dê, também, am-paro moral; que, além do pão recebam êles bôa também orientação, para que mais sólido lhes apresente o futuro”. Seu artigo foi escrito em um momento em que a cidade, assim como o Estado bra-sileiro, colocavam as crianças na centralidade de seus discursos, pois estas eram percebidas como futuro da nação, embrião sobre o qual se ergueria a grande nação brasileira “problema dos mais graves e complexos é, sem dúvida, o dos menores abandonados”. Identificando a condição da criança desamparada como com-

5FOUCAULT, Michel. Op. Cit, 1996. p. 05-06.6BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas linguísticas: o que falar quer dizer. São Paulo: Edusp, 1999. p. 87.

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plexa, ele busca dissuadir seus leitores para importância do caso, convocando-os para par-ticiparem dessa cruzada. Ao colocar também no texto suas experi-ências pessoais relativas ao suposto problema, “É freqüente sermos assediados por garotos, esmoleres que, com um cinismo à tôda prova” ele tenta legitimar sua posição como enunciador, agindo como alguém que também é interpelado por esta problemática, sendo tocado por ela. Sobre o lugar e a cena Dominique Maingueneau afirma, “ela submete o enunciador a suas re-gras, ela igualmente o legitima, atribuindo-lhe a autoridade vinculada institucionalmente a este lugar”.7 Essa relação entre enunciador e suas experiências pessoais, “Quase sempre a fra-se que nos chega aos ouvidos é” “encontram sempre uma história comovente com que tentam persuadir-nos a entregar-lhes nosso trocado”, tratam de dar legitimidade ao texto, localizan-do-o no tempo e no espaço. Segundo Michel Foucault, isso se dá devido à forte pressão do enunciatário/leitor para a existência de um autor o que daria uma suposta condição de veracidade e identidade ao texto.

[...] eis que, agora, se lhes pergunta, quem o escreveu; pede-se que o autor preste contas da unidade do texto posta em seu nome; pede-se-lhe que revele, ou ao menos sustente, o sentido oculto que os atravessa; pede-se-lhe que os articule com sua vida e suas experiências vividas, com a história real que os viu nascer.8

Esta relação encontrada no texto entre experiências vividas pelo autor e a cena enun-ciativa, leva-nos para a próxima tarefa analí-tica, que é a de nos aproximar dos enuncia-tários, desvelando a quem o texto se destina tentando perceber ainda os efeitos de sentido que o enunciador buscou produzir sobre seus enunciatários.

Enunciatário/Destinatário4.

Apesar de ser um discurso dirigido à so-ciedade como um todo, sem um destinatário explícito, a veiculação de um texto sobre a si-

tuação dos menores na cidade de Criciúma em um jornal de considerável rotatividade, tem a específica intenção de alcançar sujeitos per-tencentes às classes médias (destinatário im-plícito), já que nesse período o referido meio de comunicação por seu valor monetário, não se destinava às camadas populares, agravado ainda pelo fato de boa parte da população de a cidade não ser letrada. Por serem detentores dos meios de pro-dução e financiadores de instituições filantró-picas “que procuram na medida do possível e reduzir à proporções menos aflitivas”, o autor busca apresentar-lhes uma situação que não era nova, mas que se agravava a cada dia “Elevadíssimo e sempre crescente é o nume-ro de menores em nossa cidade”, cabendo a eles tomarem posições mais enérgicas a fim de minorar a situação, pois a mesma “não vem sendo encarada com necessária seriedade”. Essa construção textual empreendida pelo enunciador, buscava comprometer seus lei-tores com a situação da criança desamparada transformando-os, em cúmplices ou heróis de uma “cruzada” pró-infância.

Sobre O Texto/Discurso5.

O texto por nós apresentado está relacio-nado à intensa veiculação nos jornais locais para a problemática da infância desampara-da, no momento em que o município passa-va por um acelerado processo de industriali-zação impulsionado pela indústria carvoeira, trazendo consigo um número considerável de novos moradores sem experiências urbanas. Diferente do que ocorria com as classes mé-dias em que a família nuclear burguesa era o sustentáculo de suas relações sociais, as ca-madas pobres urbanas não engendraram da mesma forma a norma familiar, onde a crian-ça era o principal objetivo da união conjugal. Para Michel Foucault, desde o final do século XVIII a criança e a infância aparecem como principal finalidade de governo, não bastava apenas gerar filhos, era preciso fomentar sua vida através de condições econômicas que ga-

5FOUCAULT, Michel. Op. Cit, 1996. p. 05-06.6BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas linguísticas: o que falar quer dizer. São Paulo: Edusp, 1999. p. 87.7MAINGUENEAU, Dominique. Op. Cit., 1989. p. 33.8FOUCAULT, Michel. Op. Cit., p. 27-28.

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rantissem sua sobrevivência e, nesta empreita-da, a família aparece como principal guardiã destes pequenos sujeitos.9 Desta forma, podemos compreender que esses discursos sobre a infância, produziram as condições necessárias para a emergência de uma discursividade sobre a criança pobre, ou seja, aquela que estava em desacordo com os padrões burgueses da criança universal, cerca-da de carinho e cuidados, herdeira de um futuro promissor “E o futuro dessas crianças”, “não poderá ser promissor”. Segundo Dominique Maingueneau, através das condições de produ-ção é possível perceber por que em determina-do período um discurso adquiriu maior circu-laridade que outro, provocando até mesmo sua anulação ou invalidação de seus concorrentes.

Através dela [condições de produção], designa-se, geralmente o “contexto so-cial” que “envolve” um corpus, isto é, um conjunto desconexo de fatores entre os quais são selecionados previamen-te elementos que permitem descrever “uma conjuntura”.10

Ao ampliarmos o foco de nossas análises ao percebermos que o momento de enunciação do texto corresponde ao período que os temas relativos à infância povoavam os semanários locais, a fim de chamar a atenção das autorida-des locais e da população em geral sobre o tema “Admirável a grandiosidade do criciumense, que já compreendeu perfeitamente”. A partir de algumas passagens do texto, “é frequente sermos assediados”, “tentam persuadir-nos”, “nos chega aos ouvidos”, “múltiplos efeitos decorrente do mal”; é possível deduzirmos que até o momento da enunciação do referido discurso, o enunciatário não tenha se envolvi-do de forma consistente com o tema; apenas quando o “problema” chega até ele, deixando de ser um evento restrito das periferias, é que ele se torna alvo do seu discurso. Outra característica do documento anali-sado diz respeito à sua tipologia. Através dela é possível capturar os objetivos específicos da interação entre linguagem e condição de pro-dução. Para Eni Orlandi é possível estabelecer

uma tipologia através da relação entre enun-ciador e enunciatário, “onde o locutor leva em conta seu interlocutor de acordo com uma certa perspectiva” onde a reversibilidade ou a troca de papéis determina a dinâmica da interlocu-ção, derivando daí a polissemia, ou seja, maior ou menor relação dos interlocutores com o ob-jeto do discurso.11 A partir desta constatação é possível caracterizar esse texto como polê-mico, pois ele permite uma certa reversibili-dade entre os interlocutores. Ao conclamar os habitantes da cidade a se envolverem com a questão da criança abandonada, ele tenta dis-suadir a população, através da opção “escolha de lados” a ocupar um papel de centralidade na questão do “menor”, ao mesmo tempo em que ele atribui a ela responsabilidade por tal situação “Involuntária e impensadamente estamos incentivando-os”, ele afirma que ao tomar uma posição consciente o cidadão seria retribuído por sua boa ação “daqui a dez ou quinze anos, bem educado”,“ali encontrará um amigo, um coração reconhecido por da-quilo que você não fez, mas deixou de fazer”. Percebe-se ainda por diversas passagens do texto a presença de uma interdiscursivida-de, onde o texto é perpassado por outros dis-cursos. Para Freda Indursky, o interdiscurso opera sobre os enunciados transformando seus elementos permitindo a incorporação elemen-tos exteriores, princípios constitutivos que in-terferem em seu sentido ligando-o a uma noção de heterogeneidade.12 Encontram-se presentes no texto um forte apelo à moral do trabalho “uso o dinheiro adquirido em futilidades”, “impensadamente estamos incentivando-os à malandragem, à preguiça”, no qual o me-nino desde pequeno deveria ser encaminhado ao mundo do labor, pois esperava-se que no futuro ele fosse capaz de manter e sustentar uma família, moral e economicamente. Além disso, ao se referir às crianças, o enunciador as entende como não sujeitos, incapazes de produzir sua própria história, cabendo aos adultos zelarem por seu desenvolvimento psi-cossomático “originar-se na natural ingenui-dade das crianças”, “bem orientado na vida”. Imbuído sobre os preceitos da medicina higie-

9FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 15.ed. Rio de Janeiro: Graal, 2000, p.99.10MAINGUENEAU, Dominique. Op. Cit., 1989. p. 33.11ORLANDI, Eni Pulcinelli. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1999. p. 142.12INDURSKY, Freda. A fala dos quartéis e as outras vozes. Campinas: Edcampi, 1997. p. 35.

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nista que tratava não só do corpo físico, mas expandia sua atuação para o campo da moral, “os múltiplos efeitos decorrentes do mal”, o autor chama atenção para a incapacidade de essas crianças se transformarem em futuros cidadãos responsáveis pelo engrandecimen-to da pátria brasileira “desmoralização futu-ra”, “cúmplice de sua desgraça no porvir”. Observamos, ainda, como uma das principais características do texto a contradição, pois ao mesmo tempo em que ele conclama a socie-dade para minorar a situação de miséria das crianças/menores “Por esta razão, criciumen-se, quando um menor lhe pedir um níquel, não lhe dê”, ele também afirma que “extingui-los torna-se praticamente impossível”. Com base nos elementos acima ana-lisados podemos perceber a tentativa de se construir uma discursividade homogeneizante sobre a criança pobre, que eram apresentadas como depauperadas e portadoras da incivilida-de, dignas da compaixão de homens e mulheres longânimes capazes de resgatá-las da barbárie. Esse discurso midiático tratou de construir e fortalecer estereótipos sobre a infância negli-genciada pelo Estado e pela sociedade, ofere-cendo soluções simplistas e discriminatórias para a solução do “problema”, sem com isso questionar o real papel da coletividade na mi-noração da condição de pobreza que envolvia a população infantil da cidade.

Considerações Finais6.

Esta aventura analítica teve a intenção de compreender os discursos de uma determinada classe social historicamente privilegiada sobre outra menos favorecida. Tendo sempre a seu lado poderosos aparelhos ideológicos, como a mídia impressa que “[...] selecionam, orde-nam, estruturam e narram, de uma determinada forma, aquilo que elegem como fato digno de chegar até o público”,13 esta classe privilegiada disseminou práticas e valores produzidos por ela mesma, sem dar espaço para que discursos divergentes fossem apresentados.

Referências7.

BOURDIEU, Pierre. 1. A economia das trocas linguísticas: o que falar quer dizer. São Paulo: Edusp, 1999.

DE LUCA, Tania Regina; MARTINS, Ana 2. Luiza. Imprensa e cidade. São Paulo: Ed. UNESP, 2006.

FISCHER, Rosa Maria Bueno. A análise 3. do discurso: para além das palavras e as coisas. In: Educação Realidade. 20(2). Julho/Dezembro de 1995.

FOUCAULT, Michel. 4. A ordem do discurso. 11ª edição. São Paulo: Ed. Loyola, 1996.

FOUCAULT, Michel. 5. A ordem do discurso. 11ª edição. São Paulo: Ed. Loyola, 1996.

FOUCAULT, Michel. 6. Microfísica do poder. 15.ed. Rio de Janeiro: Graal, 2000.

INDURSKY, Freda. 7. A fala dos quartéis e as outras vozes. Campinas: Edcampi, 1997.

MAINGUENEAU, Dominique. 8. Análise do discurso: novas perspectivas. Campinas: Ed. Unicamp, 1989.

ORLANDI, Eni Pulcinelli. 9. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1999.

PÊCHEAUX, Michel. Sobre os contextos 10. epistemológicos da análise de discurso. In: Cadernos de Tradução. Nº 1. Ed. UFGRS: Novembro de 1998.

13DE LUCA, Tania Regina; MARTINS, Ana Luiza. Imprensa e cidade. São Paulo: Ed. UNESP, 2006. p. 10-11.

Endereço para Correspondência:

Ismael Gonçalves [email protected]

Rua General Carneiro, n° 460sala 716 - 7º andar - Ed. Dom Pedro ICentro - Curitiba - PR CEP: 800.060-150

Informações bibliográficas:Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:ALVES, Ismael Gonçalves. Crianças em notícias: uma perspectiva sob a análise do discurso. Cadernos UniFOA. Volta Redonda, Ano V, n. 14, dezembro 2010. Disponível em: <http://www.unifoa.edu.br/cadernos/edicao/14/41.pdf>

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Reflexões sobre possibilidades metodológicas da Teoria Ator-Rede

Reflections about methodological possibilities of the Actor-network Theory

Júlio Cesar de Almeida Nobre1

Rosa Maria Leite Ribeiro Pedro2

Resumo

O presente artigo busca realizar uma reflexão acerca das possibilidades metodológicas da Teoria Ator-Rede (TAR) para a abordagem do social. Nesse sentido, busca-se, inicialmente, caracterizar essa teoria, cujos conceitos procuram dar conta de uma realidade que vai sendo produzi-da, apontando para um processo de constante redefinição. Em seguida, defende-se a controvérsia como um observatório diferenciado para o ras-treamento do fluxo dessas redes. Por fim, considera-se a importância de um método cartográfico que possibilite uma ampliação da presença de diferentes mediadores, que participam da descrição das redes; descrição esta que, nessa perspectiva, reveste-se de expressiva relevância metodo-lógica na produção dos relatos.

1 Centro Universitário de Volta Redonda/UniFOA2 Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ

Abstract

The present article aims to accomplish a reflection concerning Actor-network Theory (ANT) methodological possibilities for approaching the social. In that sense, we first characterize this theory, as well as its concepts that try to account for a reality that is constantly produced, pointing to a process of permanent redefinition. Then, we point out the controversies as a differentiated laboratory to follow the flow of these nets. Finally, we consider the importance of the cartographic method in the way it makes possible an enlargement of the presence of different mediators, that take part in the description of the networks; the description assumes, then, an expressive methodological importance in the production of the reports.

Palavras-chave:

Redes

Controvérsia

Cartografia

Mediação.

ArtigoOriginal

Original paper

Key words:

Networks

Controversy

Cartography

Mediation

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Introdução1.

A teoria Ator-Rede- desenvolvida por Bruno Latour, John Law entre outros pesqui-sadores- apresenta um olhar voltado para as práticas cotidianas a envolver ciência, tecno-logia e sociedade. Temos amarrações de hu-manos e não-humanos – que, por sua vez, são também mais amarrações - configurando, por-tanto, um emaranhado de redes que fragmen-tam qualquer solidez em microconexões ou desconexões. Tal emaranhado nos possibilita pensar não mais em termos de unidade, mas a partir de um dinamismo processual e sempre constante de associações. Diferentemente de uma perspectiva so-ciológica mais tradicional, Latour (2008) não busca uma visão focada apenas nos interesses que envolvem um fato para explicá-lo – o que configuraria uma realidade explicada a partir de seu “contexto”. Para ele, a disputa de inte-resses é insuficiente para compreender a pro-dução dos fatos e não deve ser tomada como um fator determinante nesta produção. O soci-ólogo das ciências aponta que os não-humanos – os artefatos tecnológicos – têm importante participação na construção de toda e qual-quer solidez. No referencial das redes existe uma simetria no tratamento do social e do tecnocientífico. A análise das redes, portanto, deve adquirir uma perspectiva sociotécnica, seguindo os processos conectivos sociedade afora (TEIXEIRA, 2001). A circulação nas tramas da rede se dá por meio de hibridações/traduções e, neste processo de deslocamentos diversos, uma realidade vai sendo produzida. A constante busca por uma pureza – a decan-tação entre natureza e sociedade – acaba por renovar, criar novos problemas que apontam para uma existência sempre bifurcada e uma instabilização da realidade social e natural. Purificar é, portanto, igualmente misturar/hi-bridar. É traduzir. As purificações deslocam os ordenamentos em processos não lineares e os híbridos entram em cena como potência de criação e imprevisibilidade, inerente aos agenciamentos diversos proporcionados pelas próprias purificações. Apostando na fertilidade da teoria Ator-Rede, o presente artigo tem por objetivo re-alizar uma reflexão acerca das possibilida-des metodológicas de tal proposta teórica.

Diferentemente de uma perspectiva que aca-ba por sedimentar um rígido contexto social utilizado para explicar a realidade, buscamos conferir potência aos mediadores e seus agen-ciamentos produtores de existências.

A Perspectiva das Redes2.

Na concepção de redes, as mediações ganham destaque e apontam para um proces-so de constante redefinição. Não há nenhuma garantia de uma estabilidade pré-determinada , a priori, por um centro normatizador que es-teja fora do campo imanente de tais processos de agenciamentos e nenhuma transcendência normatizadora fora do tempo. Todo mediador é entendido, aqui, como seres/agenciamentos que não são nem puros humanos e nem puros não-humanos. Latour os denomina actantes. Nas próprias palavras do sociólogo:

O segredo é definir o ator com base na-quilo que ele faz – seus desempenhos (...). Uma vez que, em inglês, a palavra actor (ator) se limita a humanos, utili-zamos muitas vezes actant (atuante), termo tomado à semiótica, para incluir não-humanos na definição (LATOUR, 2001: 346).

Tais mediações geram redefinições da realidade, tecendo novas geografias e novos controles. Novas coerções exercem pressão sobre velhas coerções e as deslocam, des-centram. A produção em rede aponta para o transbordamento de tais campos que delineia novos ordenamentos na justa proporção de seus movimentos. A produção de um coletivo vai se dando por intermédio desses fluxos que se reapropriam da existência na construção do novo. Segundo John Law (1987), toda rede é

(…) um processo de “engenharia hete-rogênea”, no qual elementos do social, do técnico, do conceitual e do textual são acoplados e, então, convertidos (ou “traduzidos”) em um conjunto de pro-dutos científicos igualmente também heterogêneo. Isto acontece na ciência. Mas eu também já afirmei que a ciên-cia não é muito especial. Logo, o que é verdadeiro para a ciência, também pode sê-lo para outras instituições. Assim,

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a família, a organização, os sistemas computacionais, a economia e as tecno-logias – toda a vida social – podem ser delineadas de modo similar. Todos são redes organizadas de materiais hetero-gêneos cuja resistência foi superada. Este é o movimento crucial feito pelos au-tores da teoria ator-rede: a sugestão de que o social não é nada mais do que redes de materiais heterogêneos (LAW, 1992: 2).

Annemarie Mol (2007) parece estar em grande sintonia com Latour e Law quando desenvolve sua concepção de uma Política Ontológica. O termo política pontua um cará-ter sempre ativo e indeterminado no processo de modelação das ontologias. Evidencia-se aqui, o termo ontologias no plural. O objetivo é apontar para uma realidade sempre múltipla, que não é dada anteriormente às práticas co-tidianas. Annemarie Mol, porém, diferencia claramente o conceito de múltiplo do conceito de plural, este último intimamente associado às concepções de perspectivismo e constru-tivismo. No perspectivismo, concebe-se um real único diante de diferentes perspectivas. Podemos considerar aqui, uma primeira ver-são do pluralismo. Outra versão pode ser en-contrada no construtivismo, por meio de histó-rias que desenrolam o nascimento de um fato. Tais histórias deixam evidente como qualquer fato nunca está dado a priori e, ainda, que ou-tras possibilidades sempre acabam por deixar de se fazer presentes no decorrer do tempo. Essa abordagem indica que existem diversas e plurais possibilidades no passado. Temos aqui mais uma versão do pluralismo – que aponta para os vencidos da história. Quando Mol desenvolve o conceito de múltiplo, busca conceitos que saiam do plura-lismo simples, o que implica afirmar a possibi-lidade de diferenças que não se comunicam e colocar ênfase nas conexões. Assim como em Latour, o foco está na cozinha dos fatos, nas mediações, nas práticas. Annemarie encontra tal possibilidade no conceito de performance.

[As performances] sugerem uma reali-dade que é feita e performada [enacted], e não observada. Em lugar de ser vista por uma diversidade de olhos (...) a rea-lidade é manipulada por meio de vários instrumentos, no curso de uma série de diferentes práticas. Aqui é cortada a

bisturi; ali está a ser bombardeada por ultrasons; acolá será colocada numa ba-lança e pesada. Mas enquanto parte de actividades tão diferentes, o objeto em causa varia de um estádio para o outro (MOL, 2007: 6).

Instrumentos e práticas acabam por per-formar as existências dos objetos – de diferen-tes objetos. As técnicas aqui não são neutras, são actantes de uma realidade sempre múlti-pla. Estamos, portanto, diante de uma multi-plicidade de performances, traduções da exis-tência. Sempre que nos deparamos com uma realidade aceita como “natural”, podemos ras-treá-la como uma produção, um efeito de uma cadeia de transformações, de processos de hi-bridação. Existem etapas em que se subtraem elementos e acrescentam-se outros e cada elo segue sempre materializado em um mediador. De elo em elo, a realidade é construída em ca-madas. Trata-se de um processo de endureci-mento da vida em certezas, as quais dependem de todas essas amarrações. Vejamos tais pro-cessos apoiados nos estudos de Latour (2000), que afirma que um fato pode ser entendido a partir do conceito de caixa preta, que em teo-ria de sistemas é suposta quando um compo-nente é considerado por demais complexo. Abordar tal complexidade como uma caixa-preta equivale afirmar que toda e qual-quer discussão sobre seu conteúdo – da caixa-preta - se encerra e faz-se necessário apenas o conhecimento de suas entradas e saídas. Uma caixa-preta começa a ser formada, isto é, um enunciado começará a ganhar a solidez de um fato sempre que for introduzido em novas for-mulações na condição de premissa inquestio-nável. Sempre que uma produção é exporta-da e “comprada” dessa forma – sem maiores controvérsias – por outros, ela se solidifica um pouco mais. A cada nova “compra”, maior a solidez. Qualquer fato deixa sempre um rastro de “compras”, onde segue cada vez mais im-plícito em todos os novos aliados que o “com-praram”. Sendo assim, pode-se perceber que a solidez de um fato depende sempre de todos aqueles que o mantêm em movimento – tanto humanos como não-humanos – e formam uma legião de aliados interligados. Vemos um ver-dadeiro exército alinhado para a batalha. Porém, sempre que um fato encontrar alguma oposição, algum obstáculo em sua cir-

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culação, será empurrado para a “falsidade”. A tentativa, aqui, é de que alguns aliados traiam seus porta-vozes. Muitas vezes encontraremos, nesse momento, um ambiente de controvérsias. Entraremos em uma batalha dos fatos, que pos-sibilita a “abertura” de uma caixa-preta. Latour faz uma diferenciação entre modalidades posi-tivas – são sentenças que afastam o artefato de sua condição de produção – e modalidades ne-gativas – argumentos que conduzem o artefato para sua condição de produzido. Tais modali-dades não se situam apenas no campo da políti-ca, mas no campo do tecnológico também. São processos de tradução. Outra possibilidade de controvérsias está no que Latour (in PEDRO, 2005) chama de caixa-cinza. Caixa-cinza seria a condição de um artefato que ainda não conseguiu se es-tabilizar. Se caixa-preta designa o fim das dis-cussões e ausência de controvérsia, é na caixa cinza que estas retornam com toda a força. Em meio a tais controvérsias, podemos ver aquilo que Latour denomina como forma-ção de grupos e antigrupos. Tal conceito in-dica que o surgimento e desenvolvimento de uma controvérsia se dão simultaneamente à produção de grupos fortemente dispostos em oposição. Desse modo, deparamo-nos com ar-gumentos bastante fortes a favor das frontei-ras grupais. A fronteira dos grupos é sempre mantida ao se delinear os outros vínculos de agrupamentos como negativizados. É na com-paração com os demais vínculos que se atenta para os próprios, formando, assim, os grupos e antigrupos, os de dentro e os de fora. E, con-forme pudemos observar, os próprios atores acabam construindo um mapa de análise das relações estabelecidas. Muitos são os alia-dos trazidos pra a defesa dos limites grupais. Ciência, filosofia, religiões, leis, tecnologias, etc. A existência de um grupo depende sempre de um constante trabalho. Consequentemente, entendemos que um ponto interessante do es-tudo das redes reside exatamente nas contro-vérsias acerca dos diferentes sentidos de per-tencimentos/traduções, formados. Quanto maior a discordância, mais “pro-funda” – e cara – ficará tal controvérsia, visto que muitos serão os actantes que precisarão ser trazidos à cena para que sirvam de aliados para os argumentos utilizados. Estes passarão a ser sustentados por muitos. A solidez nada

mais é que um efeito de um alinhamento de aliados, articulados na defesa de um argumen-to. A controvérsia ressurge sempre que essas ligações são postas à contraprova. Para tal ta-refa, o postulante terá que se embrenhar em um mundo de caixas-pretas interconectadas, uma rede que mistura papéis, dinheiro, pesso-as, universidades, máquinas, enfim, humanos e não-humanos, fazendo com que os aliados mudem de lado e traiam o argumento que se apresenta como fato.

Quem está certo? Em quem deve o lei-tor acreditar? A resposta a essa pergunta não está em nenhuma das afirmações, mas naquilo que todos irão fazer com elas daí por diante. (...) o destino das coisas que dizemos e fazemos está nas mãos de quem as usar depois (...). Atentando apenas para eles, para suas propriedades internas, ninguém conse-gue decidir se são verdadeiros ou fal-sos, eficientes ou ineficientes (...). Essas características só são adquiridas pela incorporação em outras afirmações, ou-tros processos e outras máquinas (LA-TOUR, 2000: 51-52).

Quando um fato se torna uma caixa-preta, significa que este criou uma autonomia, uma independência. Porém, quanto mais inde-pendente este parece ser, mais humanos e não-humanos trabalham para mantê-lo. John Law aborda a aparente autonomia de um artefato utilizando-se do termo pontualização.

(…) se uma rede age como um bloco único, ela desaparece e é substituída pela própria ação e pelo aparentemen-te simples autor desta ação. Ao mesmo tempo, é apagada a maneira pela qual o efeito é gerado: ele deixa de ser visível ou relevante. É desse modo que algo muito simples – uma televisão que fun-ciona, um banco bem gerenciado ou um corpo saudável – acabam mascarando, por um tempo, as redes que o produzem (LAW, 1992: 5).

Tentativas de pontualizações sempre pre-cárias e ameaçadas pela falha se dão. Porém,

(…) recursos pontualizados propiciam um modo de desenhar rapidamente as redes do social sem ter que lidar com uma complexidade infinita. E a medida

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que são incorporadas nesses esforços de ordenamento, são performadas, re-produzidas e se ramificam através das redes do social (LAW, 1992: 5).

Observamos muita luta. Invariável tensão. Nada é totalmente íntegro, inteiro. Pontualizações são também processos, produções – um trabalho sempre presente no sentido de tentar uma vitória sobre as resistências. Portanto,

(…) a análise da batalha pelo orde-namento é central à teoria ator-rede. O objetivo é explorar e descrever os processos locais de ordenação social, ordenamento e resistência. Em resumo, explorar o processo que é frequente-mente chamado de translação, que gera efeitos de ordenamento, tais como dis-positivos, agentes, instituições ou orga-nizações (LAW, 1992: 5).

Situando-nos permeados por tais emba-tes, podemos vislumbrar os processos de aber-tura e fechamento de caixas-pretas e a forma-ção de solidez em meio às redes. Desse modo, diferentemente de um entendimento do social como um estado estável de coisas, um sólido fator que interconecta humanos, um denso contexto a que costumamos nos reportar sem-pre que desejamos explicar certos aspectos da realidade, a Teoria Ator-Rede entende que um social enrijecido não pode dar conta de insta-bilidades. Em momentos de fortes controvér-sias, por exemplo,

(...) em que são incertas as fronteiras dos grupos, nas que flutuam a varieda-de de entidades a considerar, a sociolo-gia do social já não é capaz de rastrear as novas associações dos atores (...): já não é suficiente limitar os atores ao rol de informantes que oferecem casos de alguns tipos muito conhecidos. Há que restituir-lhes a capacidade de criar suas próprias teorias do que compõe o social (LATOUR, 2008: 27).

A direção aqui é dada pelos próprios ac-tantes. A ordem é trazida pelo próprio desdo-bramento das controvérsias em que estes estão imbricados. Faz-se necessário rastrear as suas articulações controvertidas sem procurar impor-lhes um sentido a priori. A busca de padrões.

(...) É comparável ao que faz um car-tógrafo ao tratar de registrar a forma de uma costa estranha em um pedaço de papel. (...) Do mesmo modo, a TAR sustenta que é possível rastrear relações mais robustas e descobrir padrões mais reveladores ao encontrar a maneira de registrar os vínculos entre marcos de referência instáveis e mutantes em vez de tratar de manter estável um marco (LATOUR, 2008: 43).

Deixam-se as diversas categorias so-ciológicas, psicológicas, etc, de lado e dá-se voz aos mediadores. Muitas são as incertezas com que se tem que debruçar no processo de construção de uma existência sempre bastante instável. Nas redes, os mediadores não trans-portam, simplesmente, as forças sociais ou materiais. O que temos são circuitos de agen-ciamentos. Estes exercem coerções, fazendo com que os associados sejam transformados, “(...) de tal modo que façam os outros fazerem coisas” (LATOUR, 2008: 156). A partir desse referencial, não existe um sólido macro – social – a explicar um mundo micro. Temos sim, um circuito de mediadores que, de tradução em tradução, tece a realidade. A análise das redes precisa, sim, tentar descre-ver tais mediações. Annemarie Mol aponta, igualmente, para todas essas conexões quando afirma que

(...) os objetos performados não vêm sozinhos: trazem consigo modos e mo-dulações de outros objectos. (...) Com a anemia laboratorial, vem a agulha, a extracção de sangue do corpo, a aplica-ção involuntária de dor. E assim suces-sivamente (MOL, 2007: 13).

A pesquisadora salienta, aqui, a impor-tância daquilo que ela chama de fenômeno da interferência. Estas são modulações com-plexas, articulações diversas que performam a realidade dos fatos. A avaliação das perfor-mances, portanto,

Com efeito, (...) nunca chegará a ne-nhum termo estável, porque há ele-mentos a mais. Tal implica que é pouco provável que a política ontológica es-tabilize, uma vez concluídas as des-crições que dela sejam feitas – porque jamais serão concluídas. Tolerar fins

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em aberto, enfrentar dilemas trágicos e viver sob tensão, é mais isto que se passa (MOL, 2007: 16).

É importante notar que toda essa ativida-de não emana de um centro único, capaz de ge-renciá-la, o que não significa dizer que não há poder. Há sim um poder difuso, espalhado pela rede, às vezes distribuído, outras vezes crista-lizado em alguns nós. Os ordenamentos que a partir daí se produzem serão mais ou menos estáveis, mas nunca totalmente fixos. Trata-se de uma produção de ordenamentos a partir de mediações. Os movimentos que a partir daí se produzem desenham novos espaços.

(...) o que a multiplicidade implica é que embora as realidades possam oca-sionalmente colidir umas com as outras, noutras alturas as várias performances de um objecto podem colaborar e mes-mo depender umas das outras (MOL, 2007: 16).

Assim, se as redes são, por um lado, coerção, por outro são possibilidades, abertu-ra. A abertura se encontra, precisamente, nos escapes da coerção, nos escapes dos lugares, nessa espécie de quase-lugar das mediações. Os conceitos de recalcitrância e de plasma de-senvolvidos por Latour se fazem bastante im-portantes nesse ponto.

A recalcitrância do objeto será uma questão de não domínio, enquanto desconsideração, por parte do actante quanto às teorias que pretendem en-caixá-lo num referencial interpretativo estável (ARENDT, 2008: 7).

Se a recalcitrância revela certa resistência às estabilizações, o plasma aponta para aquilo que não está sequer conectado às redes e que segue invisível, desconectado. O plasma não tem ainda uma forma. Escapa por entre as ma-lhas das conexões até então estabelecidas. É aquilo que ainda não é conhecido, mas que está presente como virtualidade. Não é um fora do mundo, mas uma presença muda. Tais abertu-ras, escapes, parecem estar bastante evidencia-das em momentos de controvérsias. Estas pare-cem gerar vertigens em espaços cristalizados. Propomos, para lidar com tais escapes, misturas, instrumentalizar a noção de redes ou coletivos.

Construindo um Método – 3. Uma Cartografia de Redes de Controvérsias

Conforme já abordamos anteriormente, a condição de algo que ainda não se estabilizou como caixa-preta é chamada, pelos sociólogos das ciências e das técnicas, de caixa-cinza. Ao nos valermos da condição de caixas-cinza de certos artefatos, podemos apreender um co-letivo de mediações, negociações de interes-ses que mantêm articulados humanos e não-humanos. Como ressalta Pedro (2008), esse corpo conceitual requer uma metodologia de trabalho que possa lhe fazer ressonância, ca-paz de cartografar tais redes em termos de sua geografia – principais actantes, porta-vozes e respectivas conexões – e de sua dinâmica – fluxos das diferentes traduções:

Nesse sentido, cartografias são sempre provisórias, funcionais até o momento em que novas cartografias – portanto, novas paisagens – se imponham. O ofí-cio do cartógrafo envolve, assim, uma implicação nas redes que ele cartografa, um entendimento sem exterioridade de seus movimentos e desvios. Para tanto, lhe é conveniente um equipamento bas-tante “minimalista” (...) sempre aberto a redefinições (PEDRO, 2008: 11-12).

Bruno Latour (2000) considera algumas regras como necessárias para uma abordagem das redes , cuja negligência acarretaria uma perda de caminho em relação ao acompanha-mento de redes ou coletivos. Seriam sete, as regras metodológicas a serem seguidas:1. Devemos objetivar um fato sempre em ação – e nunca cristalizado –, situando-nos em momentos de construção de caixas-pretas, isto é, momentos em que o tema em questão ainda é objeto de controvérsias.2. A condição de artificialidade ou de natu-reza de um fato é efeito dos processos de circu-lação nas redes.3. A estabilização da natureza é sempre consequência de resolução de controvérsias – e não a sua causa.4. A estabilidade da sociedade é sempre, também, consequência da resolução de con-trovérsias.

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5. Devemos nos colocar em simetria no que tange ao estabelecimento de qualquer polari-dade e observar todos os nós que estão sendo amarrados nesses processos.6. Precisamos atentar para a extensão da rede que é construída em toda situação de controvérsias que envolvam acusação de ir-racionalidade e busca de explicações sociais ou lógicas que justifiquem tal acusação.7. Faz-se necessário o rastreamento da rede que sustenta qualquer qualidade especial a qual atribuímos uma dose de estabilidade. Podemos perceber, nesses passos suge-ridos por Latour, que um observatório de di-ferenciada importância para o rastreamento de redes está, exatamente, nas controvérsias. É apenas no processo da produção de novas associações que o social se faz visível. A vi-sibilidade é sempre momentânea. Após as co-nexões terem sido feitas, apesar de continuar havendo bastante trabalho para fazê-las exis-tir, tal trabalho acaba por ficar invisível nos processos de fechamento das caixas-pretas. Os mediadores seguem agora como sendo simples intermediários. Desse modo, para analisar um social, é preciso existir alguma prática de pes-quisa que traga visibilidade a eles – que faça com que objetos mudos possam falar. Segundo Latour (2000, 2001, 2008), uma solução para tal problema – e que foca-lizaremos no presente trabalho – seria estu-dar os processos de inovações, a cozinha dos fatos, pois é nesses ambientes que os objetos ganham maior visibilidade. Nesses momentos, as conexões ficam bastante expostas por meio de controvertidas tramas.

No geral, a grande vantagem de visitar uma obra em construção é que oferece um ponto de vista ideal para observar as relações entre humanos e não-huma-nos. Uma vez que os visitantes têm os pés bem metidos no barro, sentem rapi-damente o espetáculo de todos os parti-cipantes trabalhando duro no momento (LATOUR, 2008: 131).

A perspectiva das redes demanda uma metodologia que nos possibilite trabalhar entre a solidez dos fatos endurecidos e os fluxos – na dinâmica de construção e desconstrução de caixas-pretas. Isso requer que nos coloquemos em simetria no que tange ao estabelecimento de

qualquer polaridade, discernindo o que está sen-do mobilizado em cada argumento. No acompa-nhamento das controvérsias, precisamos atentar para a extensão da rede que é construída, ou seja, perceber que os actantes são sempre pontu-alizações de redes bem mais vastas e heterogê-neas. Desse modo, pensamos que a análise das controvérsias pode nos ser uma ferramenta de singular importância para mapear as redes que articulam humanos e não-humanos. A análise das controvérsias ganhou des-taque no período de 1970, quando ocorreu um crescimento das pesquisas sociológicas que procuravam entender os fundamentos do com-portamento da comunidade científica e da for-mação e evolução das ideias dessa comunida-de. Foi a partir de pesquisas feitas por Nelkin e Mazur (in VELHO & VELHO, 2002) que se começou a desenvolver, com maior intensida-de e profundidade, os estudos de controvérsias. Tais autores se permitiram focalizar e entender a maneira pelo qual o poder do conhecimento científico dependia de negociações e debates entre as partes interessadas, envolvendo dife-rentes segmentos da sociedade – o que já nos dá uma pista de que acompanhar as controvér-sias é, igualmente, apreender a mistura entre conhecimento e sociedade. O termo controvérsia refere-se a uma disputa em que se alegam razões pró ou con-tra, onde se podem evidenciar movimentos cujo desdobramento será a consecução de um objetivo comum. Para se originarem tais con-trovérsias, necessita-se que exista algum tipo de produto ou processo – foco da disputa e que existam porta-vozes de modalidades negativas e positivas respectivamente, isto é, construam argumentações que conduzam ou afastem os artefatos para/de uma condição de produzidos. A partir da análise de tais embates, alguns au-tores sugerem que uma das principais revela-ções dos estudos de controvérsias é o uso que as partes oponentes fazem de informações e conhecimentos conflitantes. O que se busca evidenciar, com isso, é que não há “fatos pu-ros” e tampouco a informação é algo neutro; em outras palavras, que os argumentos mobi-lizados implicam jogos de poder e força que se expressa na solidez que os fatos vão adquirin-do. De acordo com Pedro (2005), compreender e mapear as controvérsias requer uma especial atenção aos dispositivos de saber-poder que

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estão em ação nas redes, lembrando que os argumentos lançados não são apenas técnicos, mas estão fortemente entrelaçados com cren-ças, interesses e com as outras redes em que os cientistas estão inseridos. Logo, o passo inicial no sentido do entendimento das controvérsias é o de compreender as forças que geram essas pontualizações e conhecimentos em conflito. Como nos diria Bruno Latour (2000), preci-samos nos manter simétricos e não assumir nenhuma polaridade. A análise de controvérsias, portanto, parece sintonizada com o pressuposto de que procedimentos experimentais e regras objetivas não são suficientes para resolver disputas sobre fatos; vemos uma imbricação de humanos e não-humanos a construir a existência. Em sin-tonia com o referencial das redes, sempre que ocorre a resolução de uma controvérsia ou dis-puta nessa área, tal resolução é alcançada a par-tir de pressões, acordos que não incluem ape-nas os conhecimentos aceitos, mas também os interesses e objetivos dos humanos, bem como a mobilização de não humanos que lhes servem de “aliados”. Conhecimentos e humanidades, natureza e sociedade se misturam em meio à controvérsia e sua possível resolução. Uma en-genharia bastante heterogênea é produzida. Assim como um detetive que rastreia as ruelas enigmáticas do seu caso investigativo, nós devemos seguir as pistas que aparecem a cada momento, os mediadores que nos convo-cam a desviar, construir caminhos, costurar circuitos. Uma frase ecoa nesse momento: “(...) registrar, não filtrar; descrever, não dis-ciplinar” (LATOUR, 2008: 86). Desse modo, devemos buscar seguir tais indícios, aplainan-do um terreno ruidoso, por meio de uma carto-grafia, focalizando nos mediadores; nenhuma explicação que reporte a uma dimensão de profundidade, apenas o terreno sinuoso dos deslocamentos e seu mapeamento. As con-trovérsias são de importância crucial para a realização de tal intento. Estas trazem a possi-bilidade da visibilidade de processos – caixas-cinza – que, em outros momentos, são bastan-te opacos – como caixas-pretas. Acreditamos que a abordagem das controvérsias nos traz a possibilidade de rastrearmos as fluidas co-nexões que constroem a existência. Trata-se de um trabalho de descrição, cuja principal característica, segundo Latour, é que se deve

avançar lentamente. Uma descrição não é algo simples, pois

Descrever, estar atento ao estado de coisas concreto, encontrar a única for-ma adequada de descrever uma situação dada, para mim isso é sempre incrivel-mente difícil (LATOUR, 2008: 209).

O objetivo seria uma descrição mais plana, sem apelar para uma “profundidade” que agregue volume à realidade. Não quere-mos, portanto, produzir uma dimensão ainda mais profunda que as anteriormente construí-das. Nosso foco é outro. A descrição, a partir dos rastros deixados pelos mediadores, acaba por apontar para um processo de produção da existência. Uma análise de tais processos deve avançar lentamente de tradução em tradução, e objetivar a produção daquilo que Latour de-nomina como um relato. É importante salien-tar que esse relato nada mais é que outro me-diador. Um texto nunca é um intermediário de uma sólida verdade, mas sempre será artificial de ponta a ponta. O foco, aqui, é apenas seguir os actantes e descrever. Apoiada em Bruno Latour, Pedro apon-ta que o processo descritivo deve, minimamente:

1) Buscar uma porta de entrada – É pre-ciso encontrar uma forma de “entrar na rede (...) e, de algum modo, participar de sua dinâmica. 2) Identificar os porta-vozes – (...) é preciso identificar aqueles que “falam pela rede”, e que acabam por sintetizar a expressão de outros actantes (...), não se pode deixar de tentar buscar as ‘vozes discordantes’ (...). 3) Acessar os dispositivos de inscrição, ou seja, tudo o que possibilite uma exposição visual (...) e que possibilitam ‘objetivar a rede’; 4) Mapear as ligações da rede – Trata-se aqui de delinear as relações que se estabelecem entre os diversos atores e nós que compõem a rede. Envolve as múltiplas traduções produzidas pelos atores, ressaltando-se suas articulações, em especial: os efeitos de sinergia ou de cooperação na rede; os efeitos de en-cadeamento ou de repercussão da rede; as cristalizações ou limitações da rede (PEDRO, 2008: 12).

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Segundo Castro (2008), tal método per-mite que identifiquemos os distintos porta-vozes envolvidos na controvertida trama e que possamos deixá-los falar. O pesquisador, no caso, é mais um dos porta-vozes que fala por muitos, coletando e mediando argumentos.

Quando o pesquisador se permite esco-lher os caminhos privilegiados para se-guir os atores e o faz conscientemente, produz-se assim uma cartografia que diz respeito a uma situação específica, a um momento específico, segundo determi-nado pesquisador (CASTRO, 2008: 61).

Tais relatos devem ser entendidos como relevantes para a produção de conhecimento, possibilitando novas performances e novas produções de existência.

Considerações Finais4.

A partir da concepção de uma cartografia, entendemos que um texto acadêmico precisa funcionar como um laboratório, em que diferen-tes actantes possam falar. Flertar com a incerte-za, atentando para os processos de mediação. O objetivo seria traduzir o social por intermédio de novos dispositivos – nesse caso, os textuais.

Se o social é um rastro, então o social pode ser re-rastreado; se é um articulação, pode ser re-articulado (...): um bom informe da TAR é uma narrativa ou uma descrição ou uma proposta onde os atores fazem algo e não se limitam a cair sentados. Em vez de somente transportar efeitos sem transformá-los, cada um dos pontos no texto pode converter-se em uma bifurca-ção (LATOUR, 2008: 186-187).

Desse modo, a objetividade de um texto é garantida com a “vida” que ele traz a cada passo, buscando manter o indeterminado das conexões sempre presente. Redes não são sólidas. Não se deve abordar um coletivo como uma estrutura dura e a representar no papel. Faz-se necessário seguir seus movimentos indeterminados e “co-lar” nele nossos instrumentos textuais. Desse modo, conforme aborda Latour, busca-se criar uma continuidade articulada entre o evento es-tudado e a performance literária. Não se inten-ciona alcançar um relato fiel de uma realidade.

Se tivermos êxito, (...) um bom informe representará o social no preciso senti-do de que alguns dos participantes na ação – através da controvertida agencia do autor – serão articulados de tal modo que possam ser reunidos (LATOUR, 2008: 200).

O foco deve residir sobre uma multidão de actantes, nas mediações que subvertem, transformam, buscando acompanhá-los em seu percurso. Contornos vão se delineando na justa medida de nossos próprios movimentos. Se estes são mediadores – e não simples inter-mediários da figuração – cada amarração tem sempre o potencial para trair a figura produ-zida pelos atores. Temos indeterminação em todos os pontos.

A qualidade de concreto não resulta de preferir uma figuração antes de outras em lugar dos atores, senão do incre-mento, as explicações, da quantidade relativa dos mediadores acima da dos intermediários (LATOUR, 2008: 94).

Uma produção sempre processual. Uma intensa circulação, mediação que “faz fazer”. Tais mediadores se encontram um ao lado do outro e não, como na lógica dos intermediários, um dentro do outro, delineado por um centro. O terreno é, assim, aplainado. Esse é o projeto político da Teoria Ator-Rede. Não procuramos usar um mesmo vocabulário já estabelecido para “ler” as novas mediações, pois estaríamos fazendo delas apenas um exemplo das forças já estabilizadas. Nesse sentido, a cartografia de um quadro controvertido que se procura traçar tem por foco permitir a emergência de argu-mentos diversos, dar voz a actantes múltiplos que se entrelaçam, se imbricam.

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Endereço para Correspondência:

Júlio Cesar de Almeida Nobre [email protected]

Rua Marcelo Monteiro Cesar, 140/402São Geraldo - Volta Redonda - RJCEP: 27.253-600

Informações bibliográficas:Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:NOBRE, Júlio Cesar de Almeida; PEDRO, Rosa Maria Leite Ribeiro. Reflexões sobre possibilidades metodológicas da Teoria Ator-Rede. Cadernos UniFOA. Volta Redonda, Ano V, n. 14, dezembro 2010. Disponível em: <http://www.unifoa.edu.br/cadernos/edicao/14/47.pdf>

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Fatores predisponentes para o uso precoce de drogas por adolescentes

predisponents factors for the precocious use of drugs for adolescents abstract

Márcia Figueira Canavez1

Alisson Rubson Alves2

Luciano Simões Canavez3

Resumo

Este estudo consiste numa revisão de literatura acerca do crescente, e cada vez mais precoce, consumo de drogas lícitas e ilícitas por adoles-centes bem como dos fatores causais deste consumo. São objetivos deste identificar os principais aspectos levantados em publicações científicas relacionadas ao tema e realizar um levantamento bibliográfico dos princi-pais fatores de risco para o uso precoce de drogas por adolescentes. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica qualitativa, descritiva de caráter explo-ratório. A coleta de dados deu-se a partir dos sites de pesquisa ADOLEC, LILACS, SCIELO e literaturas clássicas. A análise ocorreu através das seguintes categorias: fatores de risco para uso de drogas e identificação com o grupo e história familiar. Conclui-se a importância acerca da iden-tificação de fatores de risco que possam desencadear o envolvimento de adolescentes com o uso de drogas, considerando o contexto em que o mesmo vive, e sobre a inserção de substâncias psicoativas como meio facilitador de vida.

1 Enfermeira, Docente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário de Volta Redonda - UniFOA. Mestranda da Universidade Federal do Estado do Rio do Rio de Janeiro - UNIRIO, Especialista em Estratégia Saúde da Família, Docência do Ensino Superior e Gerenciamento em Unidade Básica de Saúde.2 Enfermeiro, Especialista em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, Mestre em Ensino de Ciências da Saúde e do Meio Ambiente pelo UniFOA.3 Psicológo, Pós-Graduado em Dependência Química pela UNIFESP, coordenador do CAPS ad Volta Redonda, Rio de Janeiro.

Abstract

This study consists on a bibliographical survey concerning the increase of a precocious consumption of permissible and illicit drugs by adolescents and the factors that causes this consumption. It aims to identify the main aspects in scientific publications related to the theme and to accomplish the main risk factors for the precocious use of drugs by adolescents. It is a qualitative exploratory descriptive bibliographical research. The collection of data occurred in sites such as ADOLEC, LILACS, SCIELO and classic literatures. The analysis happened through the following categories: risk factors for use of drugs, identification with the group and the family history. It presented the importance concerning the identification of the risk factors that can lead the adolescents to be involved with drugs, considering the context in which this person lives and the insertion of psychoactive substances as a way to facilitate life.

Palavras-chave:

Adolescente

Dependência química

Fatores de risco

ArtigoOriginal

Original paper

Key words:

Adolescent

Drugs

Risk factors

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Introdução1.

Este estudo consiste numa revisão de li-teratura acerca do crescente e, cada vez mais precoce, consumo de drogas lícitas e ilícitas por adolescentes bem como dos fatores cau-sais deste consumo. O problema abordado aqui possui dimensões expressivas e aspecto multifacetado, com evidentes repercussões so-ciais, clínicas e psicológicas. A idéia de desenvolver este estudo sur-giu a partir da vivência como enfermeira do CAPS-ad II do município de Volta Redonda e como docente no estágio curricular na área de saúde mental em um centro universitário, onde a pesquisadora teve a oportunidade de prestar uma assistência compatível com as necessi-dades dos adictos na fase adulta. Essa prática nesses ambientes de trabalho despertou o in-teresse em conhecer os motivos que levam os adolescentes a fazerem uso destas substâncias precocemente. O uso de álcool e outras drogas está presente nas mais diversas sociedades desde os tempos mais remotos. Atualmente, vários autores têm focado suas atenções para um público específico: o adolescente (SEIBEL; JÚNIOR1, 2001). Baseando-se em uma pesquisa reali-zada pelo CEBRID (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas), no ano de 2001, o número de adolescentes usu-ários de drogas só vem aumentando nos últi-mos anos Fliglie2 et al (2004), Silber e Souza3 (1998, p.12) sendo cada vez mais precoce este início. Há vários questionamentos que se pode fazer sobre o porquê deste uso se iniciar especificamente na adolescência. A adolescência é vista como uma fase de transição entre a fase inicial a infância, para a fase permanente, a adulta. Muitas modifica-ções ocorrem neste ser ainda em maturação, consistindo no despertar do (...) “desenvol-vimento biopsicossocial de um individuo” (FLIGLIE2 et al 2004). Pode-se então avaliar o quanto essa fase é importante na formação de um indivíduo e constatar as consequências que o mesmo sofrerá se esta maturação não ocorrer de forma apropriada. Figlie, Bordin e Laranjeira4 (2004) relatam que as transfor-mações sofridas, em geral, vêm permeadas de dúvidas, instabilidade emocional e a famosa

crise da adolescência e de identidade; a droga entra nesse contexto como uma resposta pos-sível para amenizá-las. Além de questões internas, que embo-ra tempestuosas, são vistas como normais no período da adolescência, pode-se ainda dizer que há influências de fatores externos. A droga pode ser utilizada pelo adolescente como uma solução para os problemas gerados por uma cultura em crise (SILBER; SOUZA3, 1998, p.14), pode-se supor que eles buscam nas dro-gas respostas para os conflitos que estão vi-vendo no meio que os rodeia: família, escola e grupos afins. Portanto, a adolescência consiste em uma fase turbulenta, mas essencial à formação de um individuo. O uso de uma determinada substância, como por exemplo, a maconha, acalmará essa turbulência por um lado, cau-sando, entretanto, consequências na fase adul-ta. A necessidade de medidas preventivas, com intuito de impedir que as drogas afetem esta fase da vida, devem se pautar na compreensão dessa clientela a fim de auxiliá-la a atravessar essa fase complexa. O enfermeiro tem um papel relevante frente às ações preventivas para este público, pois são agentes-chave no processo de transfor-mação social, por meio da promoção à saúde. Faz-se necessário, no entanto, o preparo de profissionais para atuarem junto a essa clien-tela, pois a assistência deve voltar-se para a ne-cessidade de diagnosticar o abuso de drogas e os prejuízos causados por ela à vida do adoles-cente de forma precoce, com isso os problemas levantados poderão ser amenizados. A família também deve fazer parte deste atendimento, dado o significado do contexto familiar nessas situações. Esta será atuante na responsabilização do adolescente perante seu tratamento, e ainda necessitará de apoio para lidar de forma compreensível com a situação. Faz-se também necessário ampliar o de-senvolvimento de estratégias de participação efetiva do adolescente e seus pares na cons-trução de um saber coletivo sobre as drogas. O profissional deverá participar da busca de estratégias e parcerias envolvendo uma sen-sibilização para as causas e consequências do problema; num entendimento biopsicossocial, oferecendo informações sobre as substâncias psicoativas e os problemas relacionados ao

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seu uso; proporcionando oportunidades para explorar as perdas e ganhos ocorridos no pla-no pessoal e social quando se escolhe ou se abdica do uso de drogas. Um estudo que busque dar ênfase a uma revisão da literatura sobre o uso/abuso de dro-gas por adolescentes, torna-se relevante, pois o uso dessas substâncias tem se tornado um dos principais problemas de Saúde Pública em todo o mundo, por afetar várias dimensões na vida do indivíduo, tais como o relacionamen-to familiar, convívio social, trabalho e saúde. Em face disso, são necessárias políticas de controle e combate a este uso/abuso, de varias ordens, abarcando múltiplos setores da socie-dade: segurança pública, apoio social, saúde entre outros. Porém, é de interesse no momen-to, realizar um levantamento sobre o crescente e cada vez mais precoce consumo de drogas licitas e ilícitas pelos adolescentes. À medida que realizamos esta pesquisa surgem algumas indagações:

Quais os principais aspectos levantados • pelos autores sobre o precoce uso de dro-gas entre os adolescentesQuais os principais fatores de risco que • levam os adolescentes a fazerem uso de drogas?

Para responder a esses questionamentos, traçamos os seguintes objetivos:

identificar os principais aspectos levanta-• dos em publicações científicas acerca do uso precoce de substâncias psicoativas entre adolescentes.realizar uma revisão da literatura sobre os • principais fatores de risco para o uso pre-coce de drogas pelo adolescente.

O estudo poderá contribuir para a comu-nidade acadêmica, na medida em que levará o discente a uma reflexão crítica sobre o uso/abuso de drogas na adolescência, evidencian-do um problema de Saúde Pública. Também favorecerá a prática profissional que, em pos-se desta literatura, poderá aperfeiçoar-se no âmbito das mais nobres habilidades humanas, através de atividades reflexivas e analíticas propostas neste estudo, que pretende contri-buir para a produção cientifica considerando que as publicações sobre a temática em ques-tão se fazem cada vez mais necessárias.

Metodologia2.

Trata-se de uma revisão da literatura que se insere nos pressupostos metodológicos qua-litativos, descritivos, de caráter exploratório, procurando certificar-se de que o assunto foi estudado por outros pesquisadores e analisa-do dentro dos parâmetros científicos, contri-buindo assim, este trabalho, como fonte para orientar as inúmeras dúvidas que envolvem o contexto referido. Este tipo de pesquisa torna-se relevante por buscar conhecer o pensamento dos autores ao que tange ao uso/abuso de drogas na fase da adolescência. As pesquisas descritivas têm como ob-jetivo principal a descrição das características de determinada população ou fenômenos ou o estabelecimento de relações entre variáveis obtidas através da utilização de técnicas pa-dronizadas de coleta de dados, como o ques-tionário e a observação sistemática. Teixeira6

(2007) também relata que essas pesquisas são, juntamente com as exploratórias, as que habi-tualmente são realizadas pelos pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática. Os artigos científicos levantados se deram pelo site de busca BIREME e através dos bancos de dados ADOLEC, SCIELO e LILACS. Onde se buscou por meio de palavras-chave como adolescente e dependência química, autores que levantaram dados sobre esta temática nos últi-mos 10 anos na área da saúde. No ADOLEC, foram encontrados 134 artigos, sendo que destes 129 eram em inglês e 5 em português. Optou-se pela utilização dos artigos que estavam dispo-nibilizados na íntegra e em português, sendo, portanto, 2(dois). No site LILACS, foram en-contrados 5(cinco) artigos, sendo os mesmos do ADOLEC e foram utilizados 2(dois) por esta-rem disponibilizados na íntegra. No SCIELO foram encontrados 3(três) artigos, sendo todos utilizados. Além dos artigos científicos, foram utilizados, também, livros que abordam temas relacionados ao uso precoce de drogas por ado-lescentes. A partir da leitura do material encontrado, foi realizado levantamento nos textos em busca de pontos-chave que levassem ao esclarecimen-to da proposta deste estudo, através de destaque e agrupamentos de informações que possibili-tassem a categorização de dados.

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A análise dos dados deu-se a partir da or-ganização do material em categorias.

Discussão Dos Resultados3.

Ao ser realizado o estudo desses artigos, pode-se observar que as principais categorias em relação aos motivos que levam os adoles-centes a fazerem uso de drogas são: fatores de risco, identificação com o grupo e influências familiares.

Fatores De Risco Para O Uso 4. De Drogas

Entendemos fatores de risco como sendo as condições que aumentariam, no caso deste artigo, a probabilidade de um adolescente vir a fazer uso de qualquer substância psicoativa. E esses fatores podem ser divididos nos mais diversos âmbitos tais como biológico, indivi-dual, familiar, ambiente, cultural entre outros, sendo que como cada um irá interferir com seu potencial dependerá e muito do fator de resili-ência de cada um. Baixa autoestima, sintomas depressivos, rebeldia, baixa ou falta de responsabilidade, ausência de limites, necessidade de buscar fortes emoções, caráter onipotente, sensação de invulnerabilidade entre outros comporta-mentos ,vistos como disfuncionais para uma pessoa considerada normal, é completamente aceitável em se tratando de um adolescente. Seibel e Junior1 (2001) também relatam que a maioria dos dependentes de drogas apre-sentaria um tipo de estruturação de personali-dade depressiva, caracterizada por importante imaturidade afetiva e problemas de identida-de, levando a um prolongamento da crise da adolescência, ficando o individuo a mercê das influências dos grupos de semelhantes. Conviver num lugar onde o consumo de substâncias psicoativas é aceitável é uma porta que se abre para que o adolescente tam-bém seja aceito. Viver numa sociedade que incentiva o uso, como por exemplo, pela mí-dia, venderá a ideia de que uma droga, mesmo que lícita, seja algo bom e consequentemente será adotado por um consumidor influenciável como o adolescente.

A falta de relações afetivas genuínas e de apoio familiar, a pressão do grupo, a violência doméstica, familiares dependentes químicos e baixa autoestima têm sido relatadas como fato-res de risco para uso e dependência de substân-cias (ANDRETA; OLIVEIRA7, 2005). É fácil ver um adolescente problemático fazendo uso de uma determinada substância psicoativa e compreender o motivo do uso. Não é tão fácil que este usuário não tenha sido “tão problemático”. O que então diremos de alguém que tenha todos os pré-requisitos (leia-se fa-tores de risco) para se tornar um usuário, mas mesmo assim não chega nem a experimentar? O que fez com que esta pessoa conseguisse su-perar suas dificuldades de uma maneira saudá-vel e não optar, como de se esperar, pelo uso de drogas? Seria essa característica inata ou surge gradualmente pelo aprendizado? Essas ainda são questões com poucas respostas, porém, cer-tamente nos mostram que, quando alguém fala que “ele usa porque tem motivos para usar”, necessita ser melhor esclarecido.

Uma questão que muito tem interessa-do aos profissionais da área da saúde é o porquê alguns adolescentes buscam as drogas para solucionar conflitos, enquanto outros, submetidos às mes-mas condições (por exemplo: irmãos), não o fazem. A esse fenômeno dá-se o nome de resiliência (termo originá-rio da Física, que significa a “força de recuperação” e retorno de um material ao seu estado original, após ser subme-tido a forças de distensão, até seu limite elástico máximo). Nesse sentido, um ser resiliente é aquele que, submetido às adversidades da vida, consegue en-frentar e superar problemas (FIGLIE; BORDIN; LARANJEIRA4, 2004).

As possibilidades de fatores genéticos envolvidos nos aspectos de dependência quí-mica são de relevância na contemporaneida-de, uma vez que investigações genômicas têm apontado características para o fato de funções neurobiológicas tornarem o sujeito predispo-nente ao uso de eventuais substâncias ilícitas. Histórias pregressas de antecessores familiares vitimados pela drogadicção, dificuldades no desempenho da recuperação acerca da depen-dência, e quadros constantes de recaídas são

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algumas características que reforçam a teoria genética da dependência química. Apesar da influência genética, não se deve utilizar do reducionismo e dizer que é so-mente uma questão biológica para explicar esta situação, pois a forma de criação irá contribuir em muito para a formação deste indivíduo.

Identificação Com O Grupo5.

A adolescência é uma fase do desenvol-vimento humano que tem o seu início marcado pelas modificações físicas e psicológicas da pu-berdade. Tem importância fundamental, tanto para a formação da identidade, quanto para o desenvolvimento da personalidade. Na esfera social, surge a forte adesão ao grupo, que fun-ciona como um novo modelo de identificação e aceitação pelos amigos. Por estar vulnerável a essas modificações e pressões que sofre e pelos grupos de pares, o adolescente pode ver a droga como algo fantástico para solucionar essa espécie de “crise”, aliviando a angústia e possibilitando um estado de força e prazer. De acordo com o levantamento biblio-gráfico, pode-se constatar que o início do uso de drogas ocorre na adolescência e por in-termédio de uma pessoa próxima, um amigo ou um parente. Simões8 (apud SILVEIRA; MOREIRA, 2006), relata que a influência so-cial exercida através da vizinhança e princi-palmente do grupo de pares é muito poderosa, sendo que as atitudes sociais têm um papel mais importante que a disponibilidade de dro-gas ou a anomia social. Estar em um ambiente onde usar uma substância, em geral o álcool, é considerado comum, deve-se ao fato de o adolescente beber porque todos do seu meio também o fazem.

“Um dos mais poderosos fatores pre-disponentes ao uso de substâncias é a influência do grupo de iguais. Um ado-lescente cujos melhores amigos usam o fumo, o álcool e outras drogas será mais facilmente levado a experimentar do que aquele cujos amigos evitam as drogas e não estão de acordo com seu uso” (SIL-BER; SOUZA3, 1998, p.13).

No tocante as discussões propostas nos estudos mencionados, percebe-se sobre a con-

gruência de autores em apontar sobre a iden-tificação com grupos de risco como fator de vulnerabilidade e de incitação a adolescen-tes no envolvimento com substâncias ilícitas como drogas. A experimentação inicial se dá pelo fato de o adolescente ter amigos que usam drogas, gerando uma pressão do grupo na direção do uso. Ao mesmo tempo, Brook e Brook in Pechansky et al 9 ressaltam que valores, calor humano e performance escolar dos pares tam-bém podem ser um importante elemento na prevenção do uso de drogas. Os autores tam-bém descrevem o efeito de “loops”, ou seja, a potencialidade de que retroalimentações possam acontecer entre o uso de drogas pelos pares e o uso pessoal de drogas: adolescentes que estão usando droga têm mais chance de estarem associados a pares que usam drogas e, essa associação, aumenta a chance de que eles mantenham ou incrementam o seu envol-vimento com as drogas.

História Familiar6.

A estrutura familiar é um dos marcado-res para o desenvolvimento biopsicossocial do adolescente.

“Falta de suporte parental, uso de dro-gas pelos próprios pais, atitudes per-missivas dos pais perante o uso de dro-gas, incapacidade de controle dos filhos pelos pais, indisciplina e uso de drogas pelos irmãos são todos fatores predis-ponentes à maior iniciação ou conti-nuação do uso de drogas por parte dos adolescentes”(BARRETO10, 2000).

Se houver uma ruptura no desenvolvi-mento sadio do adolescente como a presença somente da mãe no domicílio, uso de drogas pelos pais, atitudes permissivas dos pais, se-paração, relação ruim com o pai, brigas e agressões entre outros, estes fatores estarão associados com o aumento da probabilidade do adolescente vir a fazer uso de drogas.

“Estudos demonstram que os padrões alcoólicos dos pais e de seus filhos adolescentes e adultos estão altamen-te correlacionados. Entretanto existe

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ainda considerável incerteza quanto à maneira pela qual o abuso de álcool paterno aumenta o risco de problemas de alcoolismo dos filhos. Os efeitos individuais representam o impacto do comportamento de uma pessoa sobre a consequência no filho. Os estudos des-ses efeitos concentram-se nos papeis de modelagem paterna e expectativas referentes ao álcool. A percepção dos filhos quanto a quantidade e constância do alcoolismo paterno parece influen-ciar sua própria frequência de ingestão alcoólica” (GROB; RIOS12, 2006).

Após a análise dos autores sobre esta temática, pode-se constatar que para conhecer quem é esse adolescente usuário de álcool e outras drogas não devemos ignorar sua histó-ria familiar. Durante os anos iniciais da vida de uma pessoa este ser é totalmente influenciado por seus pais, antes mesmo de ter direitos de es-colha, um bebê escolherá sua mãe de forma instintual. Essa mãe é que proverá proteção, cuidado e, juntamente com a presença do pai, irá formar esse indivíduo (BLOISE13,2006). Espera-se que essa formação se dê de influ-ências positivas, entretanto soa inúmeros os exemplos de lares onde fazem parte agressões, maus tratos e outros tipos de violência. Por outro lado, onde ocorre a presença de pais bem intencionados pode-se acabar pas-sando para seus filhos conceitos negativos tais como falta de limites e liberdade em excesso, o que certamente contribuirá mais de forma negativa do que positiva. Outro dado levantado nos artigos e de fun-damental relevância é que crianças aprendem por modelos. Pais usuários de qualquer substân-cia, sendo elas lícitas ou ilícitas, estão ensinando aos seus filhos esse tipo de comportamento. Filhos de dependentes químicos têm mais probabilidade de desenvolver o uso, principal-mente em questão do alcoolismo como foi dito anteriormente, uma vez que os pais ao apresen-tarem comportamentos errantes e/ou discor-dantes diante dos filhos geram tendências, que estes realizem introjeções desses modelos com-portamentais onde a dependência por drogas é apreendida ainda na vida infante. Adolescentes que convivam com uma família disfuncional buscarão referências ex-ternas e poderão se juntar com outros mem-

bros de famílias disfuncionais, podendo se tornar um futuro usuário. Conviver num lugar onde o consumo de substâncias psicoativas é aceitável é uma porta que se abre para que ele também seja aceito.

Conclusão7.

O estudo permitiu apreender que, entre os fatores de risco apresentados no levanta-mento bibliográfico, foram destacados aspec-tos que enfatizaram as distorções no afeto, vitimização pela violência doméstica, baixa resiliência, personalidade depressiva, hipótese genética, concretizando a formação do cará-ter volvido por baixa autoestima. Todos esses pontos são definidos como fatores de vulnera-bilidade para que adolescentes corram maior risco de se tornarem usuários de drogas. No tocante as características que le-vam adolescentes a fazerem uso de drogas, verificou-se como circunstâncias motivadoras a convivência com grupos de risco os quais façam uso de substâncias psicoativas, possi-bilitando, na visão do adolescente, meios de conviver satisfatoriamente com o grupo e ser reconhecido através de costumes e valores que possam promover semelhança. Através da pesquisa, ainda pôde-se cons-tatar sobre a existência de influências advindas do contexto familiar onde o comportamento disciplinador dos pais torna-se insuficiente em relação a limites e a liberdade em excesso, ou ainda o uso de drogas pelos pais ou irmãos bem como dificuldades nos relacionamentos com o pai. Conclui-se sobre a importância acerca da identificação sobre fatores de risco que possam desencadear o envolvimento de ado-lescentes com o uso de drogas, consideran-do o contexto em que vive este sujeito e seu pensamento sobre a inserção de substâncias psicoativas como meio facilitador de vida que proporcione medidas prazerosas, integração pelos grupos de pares, e como alívio para as modificações físicas e psicológicas inerentes a esta fase da vida.

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Informações bibliográficas:Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:CANAVEZ, Márcia Figueira, ALVES, Alisson Rubson; CANAVEZ, Luciano Simões. Fatores predisponentes para o uso precoce de drogas por adolescentes. Cadernos UniFOA. Volta Redonda, Ano V, n. 14, dezembro 2010. Disponível em: <http://www.unifoa.edu.br/cadernos/edicao/14/57.pdf>

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Pneumonia: Tratamento e Evolução

pneumonia: Treatment and Evolution

Daniel Machado1

Leandro Tristão Abi-Ramia de Moraes1

Mariana de Oliveira Escareli1

Itamar Alves Vianna2

Resumo

Tendo em vista o uso indiscriminado dos antimicrobianos atualmente, este trabalho, através de um relato de caso e de uma pesquisa bibliográ-fica, discute sobre como aplicar os antibióticos empiricamente. Uma vez que o desconhecimento do agente etiológico, assim como da sua sensi-bilidade aos antimicrobianos pode resultar no insucesso da terapêutica e aumentar a resistência do microorganismo aos antibióticos. Nós relata-mos o tratamento de uma criança de um ano e dez meses de idade, hos-pitalizada com pneumonia, sendo que o projeto da pesquisa foi aprovada pelo CoEPS sob o protocolo 213/09 em 14/12/2009.

1 Discente do Curso de Medicina / UniFOA2 Docente do Curso de Medicina / UniFOA

Abstract

This work, through a case report and a literature review, discusses how to apply antibiotics empirically, once that nowadays the use of antimicrobial is indiscriminate. The ignorance of the agent, as well as its sensitivity to antimicrobials can result in the failure of the therapy and it can increase the microorganisms resistance to the antibiotics. We report the treatment of a child aged one year and ten months old, hospitalized because of pneumonia. The project of the research was approved by COEPS under the register 213/09 in 14/12/2009.

Palavras-chave:

Pneumonia

Antimicrobianos

Agentes Etiológicos

ArtigoOriginal

Original paper

Key words:

Pneumonia

Antimicrobial

Agents

Etiologic Agents

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Introdução1.

“As infecções respiratórias agudas são responsáveis por um terço das mortes e me-tade das hospitalizações e consultas médicas entre menores de cinco anos nos países em de-senvolvimento.” (CÉSAR, 1997, p. 54). Para KLIEGMAN et al (2006, p. 507), a pneumonia é uma infecção do trato respira-tório inferior, que compromete as vias aéreas e o parênquima, com ou sem consolidação dos espaços alveolares. Quando nos referi-mos à pneumonia lobar, fazemos entender uma pneumonia “típica”, localizada em um ou mais lobos do pulmão, em que o lobo ou lobos afetados estão completamente consolidados. Para pneumonia “atípica” cabem outros pa-drões que diferem da pneumonia lobar. O ter-mo broncopneumonia refere-se à inflamação do pulmão, que é centrada nos bronquíolos e leva à produção de um exsudato mucopurulen-to, que obstrui algumas dessas pequenas vias aéreas e causa consolidações distribuídas em focos nos lóbulos adjacentes. A pneumonia aguda, assim como qualquer doença aguda, tem um curso acelerado, com convalescença ou morte no período de três meses. Cerca de 10% a 20% de todas as crian-ças menores de cinco anos, nos países pobres, apresentam pneumonia aguda (PA) a cada ano (FERREIRA e BRITO, 2003, p. 478). No Brasil, a pneumonia é a terceira causa da mor-talidade infantil (FERNANDES , 2004, p. 208), em 1998, 5,4% e 12,8% dos falecimentos de menores de um ano e de crianças entre um e quatro anos, respectivamente, foram produ-zidos pela PA, em 1999, 8,1% das hospitaliza-ções em todas as idades foram produzidas por PA (FERREIRA e BRITO, 2003, p. 478). No município de Volta Redonda, em 2005, houve duas mortes por pneumonia em crianças entre um e quatro anos de idade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005) 1. Pneumonia aguda é causa de morte evitável por medidas simples, acessíveis, de baixo custo e que não exigem tecnologia diag-nóstica nem recursos terapêuticos sofistica-dos, na maioria das vezes (idem FERREIRA e BRITO).

Relato de Caso2.

Paciente do sexo masculino, com 1 ano e 10 meses de idade, deu entrada no hospital com queixa principal de febre. Na história da moléstia atual, há relato de febre há 7 dias, de 38/39ºC, acompanhada de tosse e queda do estado geral. História de asma em uso de Predsim® + nebulização (fenoterol e brome-to de ipratrópio). No exame físico, o paciente encontrava-se prostrado, hipoativo, dispneico, com a frequência respiratória (FR) de 46 ipm e retração de fúrcula esternal. A avaliação do aparelho respiratório mostrava murmúrio ve-sicular (MV) audível universalmente, apre-sentando sibilos e roncos difusos. A tempera-tura axilar (TAx.) encontrada no momento do exame foi de 39,5ºC. Os resultados de relevância encontrados nos exames solicitados com o paciente inter-nado foram: bastões 5%, VHS: 100mm, pla-quetas: 543.000/ mm3. Foi iniciada terapêuti-ca com penicilina cristalina (200.000 UI/ kg/ dia em quatro doses), nebulização com fenote-rol e brometo de ipratrópio, hidratação venosa (HV) e hidrocortisona (5mg/ kg/ dose a cada seis horas). No segundo dia de internação, a TAx. era de 36ºC e a FR de 32 ipm, sem sinais de es-forço respiratório. A ausculta respiratória mos-trava sibilos difusos. A prescrição foi mantida com suspensão do brometo de ipratrópio. Ao terceiro dia, a FR foi de 54 ipm. O MV encon-trava-se diminuído, associado a crepitações e roncos difusos. A conduta foi mantida. Na avaliação do quarto dia de internação, o paciente apresentava FR de 48 ipm, leve ti-ragem subcostal, além de MV diminuído com roncos e crepitações difusas. Foi identificada piora da imagem radiológica e do estado geral. À prescrição, foi acrescentado oxigênio sob cateter, trocada a penicilina cristalina por oxa-cilina (200mg/ kg/ dia em quatro doses) mais ceftriaxone (100 mg/ kg/ dia em duas doses) e suspensa a hidrocortisona. Ao avaliar o aparelho respiratório no quinto dia de internação, foi evidenciado FR: 40 ipm, roncos difusos, estertores em pulmão direito e sopro tubário em pulmão esquerdo.

1 Retirado do site do Ministério da Saúde, DataSUS, sem referência à paginação: <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/obtrj.def> em: 13/ jul/ 2010

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A TAx. aferida foi de 36,5°C. A conduta foi alterada apenas na redução da HV. No dia seguinte, o paciente apresentava-se afebril, ativo e reativo. Foram evidencia-dos, além do esforço respiratório, MV dimi-nuído, estertores e roncos difusos. A conduta, nesse dia, ficou inalterada. No sétimo dia de internação o paciente apresentava melhora do estado geral com diminuição da tosse, ainda produtiva, e dos estertores e roncos, a FR foi de 28 ipm e a TAx. de 36,5ºC. Foi solicitada radiografia de tórax e a conduta medicamento-sa foi mantida. Nas avaliações do oitavo e nono dias de internação, houve melhora do estado geral com MV presente, estertores difusos e roncos esparsos, ausência de febre. A prescrição foi alterada com suspensão da HV. Ao décimo dia o lactente apresentava bom estado geral, taquipneico, FR: 32 ipm, com estertores em ambos os pulmões e sua TAx. era de 36ºC. Foi solicitado novo raio-x de tórax e a conduta medicamentosa foi mantida. No 11º dia de internação, o paciente esta-va em bom estado geral, mas, ainda, apresen-tando estertores, principalmente em pulmão esquerdo. A TAx. era de 36,5ºC. A conduta foi alta hospitalar com receita de cefalexina (275mg/ dose, quatro vezes ao dia, por sete

2 NASCIMENTO-CARVALHO e SOUZA-MARQUES, 2004, p. 383 apud PAIVA et al, 1998, p. 101-108; MANDEL e WUNDERINK, 2008, p. 16233 Tabela completa encontra-se no texto do autor.

dias) e dipirona (oito gotas em caso de febre, até quatro vezes ao dia). A perfusão encontrou-se sem alterações durante toda a internação.

Discussão3.

Para as crianças com idade igual ou maior que 2 meses, a classificação em pneu-monia grave baseia-se na presença de tiragem subcostal. A classificação em pneumonia mui-to grave baseia-se na presença de convulsões, sonolência, estridor em repouso, desnutri-ção grave, ausência da ingestão de líquidos ou sinais de insuficiência respiratória gra-ve, como cianose central (NASCIMENTO-CARVALHO e SOUZA-MARQUES, 2004, p. 383 apud AIDPI, 2000, p. 38). Destaca-se a importância da contagem da frequência res-piratória da criança e a pesquisa de tiragem subcostal antes de qualquer manobra para a re-alização do exame físico, uma vez que o reco-mendado é que o paciente esteja tranquilo ou até mesmo dormindo (AMARAL e PAIXÃO, 2004, p. 24). Devido à dificuldade do pronto diagnós-tico etiológico das pneumonias, o tratamento instituído por via de regra é empírico 2.

Tabela 1. Agentes etiológicos mais prováveis de pneumonia comunitária entre 4 meses e 4 anos de idade (NASCIMENTO-CARVALHO e SOUZA-MARQUES, 2004, p. 383) 3:

AGENTE ASPECTO CLÍNICO RELEVANTE

Vírus sincicial respiratório, parainfluenza, influenza, adenovírus, rinovírus.

Frequentemente causam pneumonia entre as crianças mais jovens deste grupo etário.

Streptococcus pneumoniae. Causa mais provável de pneumonia lobar ou segmentar, mas também pode causar outras formas

Haemophilus influenzae.Tipo b em desaparecimento devido ao uso da vacina conjugada em larga escala; outros tipos e não-tipáveis também causam pneumonia.

Staphylococcus aureus. Doença grave, freqüentemente complicada entre os mais jovens deste grupo etário.

Mycoplasma pneumoniae. Crianças mais velhas neste grupo etário.

Mycobacterium tuberculosis. Exposição a paciente bacilífero, ausência de resposta ao tratamento para os agentes mais comuns.

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Para os indivíduos com mais de 2 meses de idade e que necessitam de tratamento hos-pitalar, o esquema antimicrobiano deverá ser escolhido conforme a gravidade, por exemplo:

para os casos graves, inicia-se a penicilina cristalina ou a ampicilina, e para os casos mui-to graves, a oxacilina associada ao cloranfeni-col ou à ceftriaxona.4

Tabela 2. Posologia dos principais antimicrobianos para tratamento de pneumonia em crianças com idade igual ou maior do que 2 meses de idade e adolescentes (NASCIMENTO-CARVALHO e SOUZA-MARQUES, 2004, p. 385).5

TRATAMENTO HOSPITALAR (VIA ENDOVENOSA) DOSAGEM INTERVALO ENTRE

TOMADAS (HORAS)DURAÇÃO

(DIAS)

Penicilina cristalina 200.000 UI/kg/dia 6 em 6 7 a 10

Ampicilina 150 mg/kg/dia 6 em 6 7 a 10

Oxacilina 200 mg/kg/dia 6 em 6 21

Cloranfenicol 50 mg/kg/dia 6 em 6 7 a 10

Ceftriaxona 75 mg/kg/dia 24 em 24 7 a 10

Vancomicina 40 mg/kg/dia 6 em 6 21

Assim foi conduzido o paciente do caso, sendo utilizada a penicilina cristalina (200.000 UI/ kg/ dia, divididas em quatro doses) como o antimicrobiano de escolha ao se detectar um quadro de pneumonia grave. Após 48h, o qua-dro evoluiu para uma pneumonia muito grave, havendo, então, uma adequação do tratamento empírico substituindo-se a penicilina cristali-na por oxacilina (200mg/ kg/ dia em quatro doses) mais ceftriaxone (100 mg/ kg/ dia em duas doses). Por outro lado, quando há possibilidade da investigação e detecção do agente etio-

lógico causador da pneumonia em questão, usam-se antibióticos apontados através do antibiograma, sendo estes, mais eficazes para cada patógeno. Desse modo, para S. aureus recomenda-se oxacilina, cefalosporinas de primeira gera-ção, ou amoxacilina com ácido clavulânico. Em casos resistentes são utilizados vancomi-cina, teicoplamina, aminoglicosídeo + van-comicina, associações de oxacilina ou van-comicina à rifampicina ou aminoglicosídeo (NASCIMENTO-CARVALHO e SOUZA-MARQUES, 2004, p. 384).

Tabela 3. Terapia antimicrobiana para pneumonia causada por patógenos específicos (KLIEGMEN et al, 2006, p. 513): 6

PATÓGENO RECOMENDADO ALTERNATIVO

S. pneumoniae Ceftriaxona, cefotaxima , penicilina G ou penicilina V

Cefuroxima axetila, eritromicina ou vancomicina

S. aureus Nafcilina ou oxacilina Vancomicina

Mesmo sugerindo os antibióticos especí-ficos para cada agente etiológico, deve-se seguir o estudo epidemiológico local (KLIEGMEN et al, 2006, p. 513). Segundo MANDEL e WUNDERINK (2008, p. 1623-1624), pacientes que apresen-

tam necessidade de um tratamento hospitalar da pneumonia adquirida na comunidade devem ser submetidos a uma radiografia de tórax, a uma avaliação microbiológica imediatas e receber an-tibióticoterapia segundo a coloração de Gram do escarro e o conhecimento da sensibilidade atual

4 NASCIMENTO-CARVALHO e SOUZA-MARQUES, 2004, p. 384; KLIEGMEN et al, 2006, p. 512-513.5 Tabela completa encontra-se no texto do autor.6 Tabela completa encontra-se no texto do autor.

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dos antimicrobianos. A penicilina ou a ampici-lina são os fármacos de escolha para infecções por pneumococos. Cepas resistentes à penicilina são sensíveis a vancomicina, e a terapia deve in-cluir esse antibiótico. Se não estiver disponível o resultado da coloração de Gram, recomenda-se fazer tratamento empírico de pacientes hospitali-zados com um β-lactâmico sozinho ou combina-do com um inibidor de β-lactamase. Medidas de apoio devem ser adotadas, tais como: oxigênio suplementar e líquidos in-travenosos; auxilio da eliminação de secreções e assistência ventilatória serão empregados se necessário (MANDEL e WUNDRINK, 2008, p. 1624). Essas medidas também foram soma-das aos antibióticos no tratamento da criança do caso em questão, a fim de oferecer suporte e au-xiliar na sua recuperação. Havendo melhora do estado clínico do paciente, o tratamento pode ser mudado de intravenoso para oral dentro de 3 dias, a fim de completar um ciclo de 7 a 10 dias sem interromper o tratamento (MANDEL e WUNDRINK, 2008, p. 1627), para o pacien-te com a pneumonia relatada, foi receitado, na alta hospitalar, cefalexina oral, após as remis-sões dos sintomas e da gravidade clínica. Dessa maneira, quando o tratamento da pneumonia for empírico e nosocomial, como primeira escolha, deve-se utilizar penicilina cristalina ou ampicilina. No caso da detecção de gravidade, usa-se oxacilina associada a clo-ranfenicol ou a ceftriaxona, além da associa-ção de um inibidor da β-lactamase, como por exemplo, amoxicilina com ácido clavulânico ou ampicilina com sulbactan na suspeita de Haemophilus influenzae ou outro agente pro-dutor de β-lactamase.

Referências4.

CÉSAR, Juraci A. 1. et al. Hospitalização por pneumonia: influência de fatores socioeconômicos e gestacionais em uma coorte de crianças no Sul do Brasil. São Paulo. Rev. Saúde Pública v. 31, n. 1. p. 53-61. fev. 1997, Disponivel em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-89101997000100008& script=sciarttext& tlng=es>. Acessado em: 09. out. 2009.

KLIEGMAN, Robert M. 2. et al. Pneumonia. In: Nelson - Princípios de Pediatria. Tradução da 5.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. cap. 110, p. 507-514.

FERREIRA, Otelo S. e BRITO, Murilo C. A. 3. Pneumonia aguda – tema que todos devemos estudar. Porto Alegre. Jornal de Pediatria. v. 79, n. 6. p. 478-479. nov./ dez. 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0021-7 5 5 7 2 0 0 3 0 0 0 6 0 0 0 0 3 & s c r i p t = s c i _arttext&tlng=es>. Acessado em: 09.out.2009.

FERNANDES, José C.; FERNANDES, 4. Iracema C. O. F. e EJZENBERG, Bernardo. Pneumonias Bacterianas. In: MARCONDES, Eduardo et al. Pediatria básica: Pediatria Clínica Especializada. 9. ed. São Paulo: Sarvier, 2007. Tomo III. Cap. 8, p. 207-215.

Ministério da Saúde.5. Disponível em: <http://tabnet.datasus. gov.br/cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/obtrj.def>. Acessado em: 13/ 07/ 2010.

NASCIMENTO-CARVALHO, C. M. e 6. SOUZA-MARQUES, H. H. Recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria para antibioticoterapia em crianças e adolescentes com pneumonia comunitária. Rev Panam Salud Publica. v.15, n.6, p. 380-387, 2004;.

AMARAL, João Joaquim Freitas do e 7. PAIXÃO, Antônio Carvalho da. AIDPI para o Ensino Médico: Manual de Apoio. 3ªed. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2004.179p.

MANDEL, Lionel A. e WUNDERINK, 8. Richard. Pneumonia. In: FAUCI, Anthony S. et al. Harrison - Medicina Interna. 17.ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill Interamericana do Brasil, 2008. cap. 251, p. 1619-1628.

Endereço para Correspondência:

Daniel [email protected]

Av. Puglisi, 81 - apto. 31Centro - Guarujá-SPCEP: 11.410-001

Informações bibliográficas:Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:MACHADO, Daniel; MORAES, Leandro Tristão Abi-Ramia de; ESCARELI, Mariana de Oliveira; VIANNA, Itamar Alves. Pneumonia: Tratamento e Evolução. Cadernos UniFOA. Volta Redonda, Ano V, n. 14, dezembro 2010. Disponível em: <http://www.unifoa.edu.br/cadernos/edicao/14/65.pdf>

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Tmj Arthralgia: a rarely described internal joint derangement and characterization regarding factors of age, pain description, and prevalence in craniomandibular disorders individuals (Cmds).

Artralgia da ATM: Um distúrbio interno raramente descrito. Caracterização em relação a fatores da idade, descrição da dor e prevalência em pacientes com distúrbios craniomandibulares (dcms).

Omar Franklin Molina1

Raphael Navarro Aquilino2

Ed Wilson César3

Sérgio Elias Cury4

Ricardo Léllis Marçal5

Margarida M de Miranda6

Abstract

Aims: Characterize Craniomandibular Disorders (CMDs) and arthralgia in-dividuals regarding factors of age, joint noises, frequency of burning pain and severity of pain. Material and Methods: 25 CMD and arthralgia pa-tients, 39 CMDs and capsulitis patients were retrieved from a large sample of CMD patients and were compared with a control Non CMD group. History of sign and symptoms, questionnaires, clinical examination, description of pain, diagnostic tests and criteria for CMDs were used.Results: Mean age in the experimental (CMD+arthralgia group) was about 40.2 years old. The frequency of joint noises was about 72% in the CMDs+arthralgia group as compared to the other two control groups (56.4% and 40.6%) . Bilateral reciprocal click was also more frequently in the experimental group than in the controls and the difference was statistically significant. The frequency of severe pain was much higher in the CMD+arthralgia than in the CMD+capsulitis group (80% and 10.2% respectively). The description of burning pain was observed exclusively in the CMD+arthralgia group. Finally, the frequency of pain incre-ased from the Non CMD to the CMD+capsulitis and to the CMD+arthralgia group. Conclusions: The results of this study indicate that arthralgia is a more chronic disorder characterized by burning pain, more severe pain and higher frequency of joint noises, specifically unilateral reciprocal click.

Resumo

Objetivos: Caracterizar indivíduos com Distúrbios Craniomandibualares (DCMs) e artralgia em relação com fatores da idade, ruídos articulares, freqüência de dor que queima e severidade da dor. Materiais e Métodos: 25 pacientes com artralgia da ATM e 39 pacientes com DCMs e capsulite foram selecionados de uma população grande de pacientes com Distúrbios Craniomandibulares. Os dois grupos foram comparados com um grupo controle de 32 indivíduos sem DCMs. História dos sinais e sintomas, questionários, exame clínico, descrição da dor, testes diagnósticos e critérios para DCMs, artralgia e capsulite,

Key words:

Craniomandibular

Disorders

Arthralgia

Joint noises

Burning Pain

ArtigoOriginal

Original paper

palavras-chave:

Distúrbios

Craniomandibular

Artralgia

Ruídos articulares

Dor

1Master of Sciences UFSC-SC, PA (AES, Chicago, USA), Post Doctoral in Orofacial Pain (Harvard University, USA), Professor of Occlusion, Orofacial pain and Immunology UNIRG-TO.2MDS, PhD in Radiology, UNICAMP, Professor of Radiology, UNIRG-TO3Master of Sciences, Professor of Restorative Dentistry, UNIRG-TO4MDS, Ph.D in Oral Pathology, Professor of Pathology,UNIFOA, Volta Redonda,RJ.5MDS, Professor of Restorative Dentistry, UNIRG-TO6MDS in Orthodontics, Private Practice, Colinas-TO.

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foram usados. Resultados:A idade média no grupo experimental foi de 40.2 anos. As freqüências de ruídos articulares nos grupos com DCMs e artralgia, DCMs e capsulite e controle sem DCMs foram 72%, 56.4% e 40.6% respectivamente. O estalo recíproco unilateral foi mais freqüente no grupo experimental do que nos controles e a diferença foi estatisticamente significante. A freqüência de dor severa foi mais alta no grupo com artralgia (80%) do que no grupo com capsulite da ATM. A descrição da dor que queima ou arde foi observada exclusivamente no grupo com artralgia. A freqüência de dor aumentou do grupo controle para o grupo com capsulite e para o grupo com artralgia. Conclusão: Este estudo indica que a artralgia é um distúrbio mais crônico caracterizado por dor que queima ou arde, dor mais severa e prevalência mais alta de ruídos articulares, especificamente, estalo recíproco unilateral.

Introduction1.

Pain in and around the temporomandibular joints (TMJs) and associated headache are common presenting complaints in patients with facial pain thought to be related to TMJ disorders. A perplexing clinical aspect of TMJ dysfunction is the wide variability in pain and headache between different patients (1). Because a wide variety of disorders in the temporomandibular joints can be described, the clinician who treats those problems must have an intimate knowledge of all conditions affecting such joints in order to achieve an accurate diagnosis (2). Temporomandibular joints Internal derangements (TMJ-IDs) may be defined as a disruption within the internal aspects of the TMJ in which there is a displacement of the disc from its normal functional relationship with the mandibular condyle and the articular portion of the temporal bone (3). The intra-articular components may be either deranged or degenerated (4). TMJ-IDs consists of sequential stages (5) and longitudinal studies have demonstrated that progression of TMJ-IDs is not observed in all individuals. Such phenomena have hampered epidemiological studies (6). TMJ-IDs involve progressive slipping or displacement of the joint disc. Because the deranged joint will continue to function, even in an impaired manner, TMJ-IDs often get progressively worse with time (7). In advanced stages of internal derangements, there are concurrent degenerative changes in the condyle and glenoid fossa (4).

Literature Review2.

TMDs can be classified as joint, muscular disorders or both. Joint disorders include internal derangements (disc displacement with and without reduction), dislocation, inflammatory conditions (synovitis, capsulitis, retrodiscitis), arthritides (osteoarthrosis and osteoarthritis), ankilosis (fibrous and bony) and deviation in form (8). Rasmussen (9) was probably one of the first researchers who described TMJ-IDs. He used 119 consecutive patients to described 6 stages in TMJ-IDs: Phase I was characterized by clicking, stage II by periodic locking, stage 3 by TMJ pain at rest, stage 4 by TMJ pain on function, phase 5 by residual symptoms other than pain and phase 6 by absence of symptoms. One study (5) described the mechanisms of closed-lock symptoms and suggested that TMJ-IDs consist of a sequential stages described as follows:

Stage I is disc displacement with • reductionStage II is characterized by intermittent • lockingStage III is disc displacement without • reductionStage IV is perforation of the disc or • posterior attachment.

Pullinger and Seligman (10) evaluated TMJ osteoarthrosis and diagnostic subgroups by symptom history and demographics and reported that there are at least three distinct arthrosis populations that can be differentiated by age and sex. Such observation suggests

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that different clinical characteristics can be found in a single category and/or that one category may present with different sub-stages. It is important to determine whether independent clinical subgroups can be differentiated to avoid incorrectly prediction that all derangement patients will progress along the same continuum symptom (10). Because description of some internal joint derangements leaves considerable variability within some groups, some individuals may go through a transitional stage before they reach the osteoarthritis stage. Thus there is increasing need to improve classification of internal joint derangements (11). Some studies about TMJ-IDs can be criticized as having heterogeneous patients and intra-articular pathosis pools (12.). TMJ-arthralgia is a rarely described TMJ internal derangement characterized by inflammation and tissue degeneration which precedes osteoarthritis in the internal derangement process (13). Most investigations about TMJ-IDs have focused on general sign and symptoms, particularly in patients presenting pain and dysfunction without emphasizing other joint disorders which diagnoses may be important not only in relation to their representation in patients presenting CMD but also regarding their treatment (14). One study (14) emphasizes that the most difficult diagnosis to differentiate is ID without chronic reduction from other diagnosis, especially due to the heterogeneous clinical and tomographic presentation with this diagnosis. Once again such observation suggests that a different group/subgroup can be found in certain categories of TMJ-IDs. Because diagnosis is fundamental to the treatment of TMJ-IDs and classification of such disorders is distant to be complete the goal of this study is to characterize arthralgia clinically by testing the following hypothesis:

If CMD + Arthralgia is a more chronic 1. TMJ-ID therefore patients should be younger as compared to Osteoarthritic individuals. Albeit older as compared to less progressive TMJ-IDs and to control Non-CMD individuals; Joint noises or a particular type of 2. joint noise occur more frequently in individuals presenting TMJ arthralgia;

If TMJ arthralgia is a more 3. advanced TMJ-ID, thus pain should be reported as more severe. Additionally, “burning” should be a description exclusively used by patients presenting TMJ arthralgia.

Material and Methods3.

Information about the presence and frequency of specific TMJ-IDs including arthralgia and capsulitis was gathered from a population of 221 CMD patients referred consecutively to a Center for the Study of CMD and Facial Pain for diagnosis and treatment in the period of 2003-2010. From this group of 221 CMD patients, all patients presenting arthralgia (n=25) and capsulitis (n=39) were selected to form different subgroups. Control Non-CMD individuals were those presenting, to the same center, a specific complaint not sufficient to include individuals in the category of CMD. Such individuals constituted a second control group (Non-CMDs). There were 23 females and 2 males in the CMD-arthralgia group and the mean age was about 40.2 years old (SD=9.99, Range 23-75). There were 4 males and 35 females in the CMD+Capsulitis group and the mean age was about 30.4 years old, SD=11, Range=13-53. There were 12 males and 20 females in the control Non-CMD group, and the mean age was about 33 years old, SD=13.7 and Range 19-73 years. The CMD and arthralgia group and the CMD+capsulitis group presented a number of CMDs signs and symptoms and bruxing behavior that were determined by the use of a questionnaire, taking a history of sign and symptoms, clinical examination, evaluation of jaw movements, palpation for tenderness of the joints and masticatory muscles and use of established diagnostic criteria for specific TMJ-IDs. Panoramic, transcranial and tomographic images were requested when necessary to complement examination and diagnosis. The Non-CMD control group consisted of individuals who presented a specific stomatognathic complaint for diagnosis and treatment which was not sufficient to consider a specific individual as a CMD. Therefore, he or she would be assigned

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to a Non-CMD control. Inclusion criteria to allocate an individual in the CMD+Arthralgia group included a complaint of pain in the masticatory system (TMJ and/or masticatory muscles), presence of joint noises, muscle tenderness, difficulties to perform normal jaw movements, a long history of TMJ-IDs, a burning description of the pain and seeking active treatment for their complaints. . Exclusion criteria for CMD patients presenting arthralgia and capsulitis included presence of neurological disorders, severe psychological disturbances, and a neurological/neuropathic description of the pain. Criteria to include CMD/Capsulitis patients in the group included presence of CMD signs and symptoms, pain on wide jaw opening, pain on palpation of the lateral and posterior aspect s of the capsule, pain following wide jaw opening could be arrested by pressing the teeth on the maximal intercuspal position (13) and absence of more advanced internal TMJ derangements, for instance, retrodiscal and disk-attachment pain. Specific criteria to include individuals in the Non-CMD control group included absence of pain in the masticatory muscles, no tenderness in such muscles and no restriction of jaw movements. Usually individuals in such group presented a complaint of headache, tooth wear, earache and other less disabling disorders. CMD patients (Arthralgia and capsulitis) and controls were assessed using a comprehensive protocol: history of sign and symptoms, a questionnaire for bruxing behavior and CMDs, palpation of the masticatory muscles, description of the pain

(particularly its quality), use of diagnostic test to assess the presence of specific internal joint derangements, description of joint noises using patients history and confirmation of such noises (when present) with the use of a stethoscope. As an additional information, CMD patients presenting a description of burning pain suggesting arthralgia were subjected to biomechanical tests including fast opening and jaw movements which produce pain indicating arthralgia (13). We did not use more sophisticated imaging techniques such as routine use of invasive or expensive procedures like arthrography or MRI because it is not realistic. It is not practical to use such imaging tools in investigating a large population. Such techniques should be preserved for difficult or confusing diagnostic cases and for research purposes (11, 14). Furthermore, there is evidence that a thorough clinical exam, noting history, joint sounds and mandibular range of motion are the most accurate correlates to surgical findings (15). Statistical methods: Basic statistics (mean, standard and range deviation), Umpaired t test, Fisher´s exact test and Chi-square for independence will be used to substantiate the hypothesis delineated previously in the current investigation.

Results4.

The results of this investigation are presented from tables I through IV.

Table I: Sociodemographic data in CMD individuals presenting CMD+arthralgia (experimental group), capsulitis (control A), and no CMDs (Control B).

CMD/Arthralgia CMD/capsulitis (A) Non/CMDs (B)

N=25 N= 39 N=32

GENRE n % n % n %

Males 2 8 4 10.3 12 37.5

Females 23 92 35 89.7 20 62.5

Total 25 100 39 100 32 100

Mean age 40.2 30.4 33

SD 9.99 11 13.7

Range 23-75 13-53 19-73

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Table II: Frequency of joint noises and burning pain description in Arthralgia individuals and controls.

Arthralgia/CMD group Capsulitis/CMD group No CMDs group

N=25 N= 39 N=32

n % n % n %

Joint noises 18 72 22 56.4 13 40.6*

No Joint noises 7 28 17 43.6 19 59.4

Total 25 100 39 100 32 100

Burning pain 25 100 0 0 0 0**

No Burning pain 0 0 39 100 32 100

Total 25 100 39 100 32 100

*Joint noises arthralgia group versus CMD/capsulitis group: p>0.3, non significant Joint noises arthralgia group versus Non-CMD control group: p<0.03 considered statistically significant.

Joint noises CMD/capsulitis group versus control group: p>0.2, not significant difference.** Burning pain was described exclusively in the CMD-Arthralgia group.

Table III: Joint noises type in the groups presenting CMD/arthralgia, CMD/capsulitis (Control A) and Controls (B).

Joint noise CMD/arthralgia CMD/capsulitis Control B

N: 25 N:39 N:32

n % n % n %

Unilateral single click 4 16 11 28.2 4 12.5*

Bilateral single click 0 0 4 10.3 2 6.3

Unilateral reciprocal click 0 0 0 0 2 6.3

Bilateral reciprocal click 12 48 7 17.9 6 18.8**

Unilateral crepitus 2 8 0 0 0 0

Bilateral crepitus 0 0 0 0 0 0

Total joint noises 18 72 22 56.4 14 43.8

No joint noises 7 28 17 43.6 18 56.2

Total 25 100 39 100 32 100

*Unilateral single click arthralgia group versus CMD/capsulitis group: p=0.36, considered statistically not significant.Unilateral single click arthralgia group versus control group: p>0.71, considered not significant. Unilateral single click CMD/capsulitis group versus

Non-CMD control group: p>0.14, considered not significant.**Bilateral reciprocal click arthralgia versus CMD-capsulitis group: p<0.01 considered statistically significant. Bilateral reciprocal

click arthralgia versus Non-CMD control group: p<0.02 considered statistically significant. Bilateral reciprocal click CMD/capsulitis group versus control: p=1.0 considered not significant.

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Table IV: Severity of joint pain in the CMD/arthralgia, CMD/capsulitis and non/CMD controls.

CMD/arthralgia CMD/capsulitis No CMDs

N:25 N:39 N:32

n % n % n %

Severe pain 20 80 4 10.2 0 0**

Moderate pain 5 20 15 38.5 4 12.5

Mild pain 0 0 15 38.5 3 9.4

Total with pain 25 100 34 87.2 7 21.8**

No Pain 0 0 5 12.8 25 78.2

Total 25 100 39 100 32 100

*Frequency of pain in the CMD/arthralgia versus CMD/capsulitis group: p=0.14, considered not significant. Frequency of pain comparing the CMD/arthralgia versus the Non-CMD control group: p<0.0001, considered extremely significant. Frequency of pain in

the CMD/Capsulitis group versus the Non-CMD group: p<0.0001, considered extremely significant. ** Comparing severe pain in the arthralgia versus the CMD/capsulitis group: P<0.0001, considered extremely significant. Severe pain

was not reported in the Non-CMD control group.

Table I demonstrates that the mean ages in the CMD/arthralgia, CMD/capsulitis and Non-CMD controls were about 40.2, 30.4 and 33 years, respectively (CMD+Arthralgia ver-sus CMD+capsulitis, Umpaired t test p=0.0008 considered an extremely significant differen-ce). Table II shows that the frequency of joint noises were about 72% in the CMD+arthralgia group, 56.4% in the CMD+capsulitis control group and 40.6% in the Non-CMD control group. The difference in such frequency betwe-en the CMD+Arthralgia and CMD+Capsulitis group was not statistically significant (Fisher´s exact test p>0.3), but such difference was statistically different and significant from the CMD+arthralgia group to the Non-CMD Control group (Fisher´exact test p<0.03). Burning pain was used exclusively by arthral-gia patients to described their pain. Table III shows that the frequencies of unilateral single click were about 16%, 28.2% and 12.5% in the CMD+Arthralgia, CMD+capsulitis and Non-CMD Control respectively. When comparing the CMD+Arthralgia with the CMD+Capsulitis group, the CMD+Arthralgia with the Non-CMD group and the CMD+Capsulitis with the Non-CMD group, such differences were not statistically significant (Fisher´s exact test p>0.3, p>0.7 and p>0.1, respectively). The frequency of bilateral reciprocal cli-ck was about 48% in the CMD+Arthralgia group, 17.9% in the CMD+Capsulitis group and 18.8% in the Non-CMD Control group. Such frequency was statistically different

and significant from the CMD+Arthralgia to the CMD+Capsulitis group (Fisher´s exact test p<0.01) and from the CMD+Arthralgia to the Non-CMD control group (Fisher´s exact test p<0.02). The frequency of bilate-ral reciprocal click was not different from the CMD+Capsulitis to the Non-CMD Control group (Fisher´s exact test p=1.0). Table IV demonstrates that the frequency of pain was 100% in the CMD+Arthralgia group, 87.2% in the CMD+Capsulitis group and 21.8% in the Non-CMD Control group. Such frequency was not different from the CMD+Arthralgia to the CMD+Capsulitis group (Fisher´s exact test p>0.1), but it was different and extremely sig-nificant from the CMD+Arthralgia to the Non-CMD Group (Fisher´s exact test p<0.0001). The frequency of severe pain was about 80% in the CMD+Arthralgia group and 10.2% in the CMD+Capsulitis group. This difference was extremely significant (Fisher´s exact test p<0.0001). Patients in the Non-CMD Control group did not report severe pain.

5. Discussion

1. The factor age in the CMD + Arthralgia group

One of the hypothesis of this study was that arthralgia patients would be older when com-pared to the control groups and to other CMD groups reported in literature. Arthralgia patients

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should also be younger as compared to osteo-arthritic groups reported in literature. Because mean age in the group of CMD+arthralgia in-dividuals was about 40.2 years as compared to 30.4 years in the CMD+Capsulitis and 33 years in the Non-CMD controls, the results of our study are supported by one investigation (16) reporting a mean age of about 34 years in the CMDs group. Additional support for this cur-rent investigation comes from other studies re-porting mean ages of about 47 years (16) and 45.8 years (10) in TMJ osteoarthritic patients. Data about age in the current investigation and in other studies provide support for the notion that arthralgia is a previous stage of osteoarthritis in the internal derangement process. Additional support for this point of view comes from one study (15) in TMJ-ID patients reporting that one of three osteoarthritic patients “had low grade pathosis that was noted only during surgical operation”. One investigation (17) used MRI to evaluate 102 joints in 64 patients and reported a strong correlation between age and degenerative changes in the study group.

2. Joint noises, bilateral reciprocal clicking

The frequency of joint noises was about 72% in the CMD+arthralgia group, 56.4% in the CMD+Capsulitis group and 40.6% in the Non-CMD control group. The differen-ce was not statistically significant from the CMD+Arthralgia to the CMD+Capsulitis group (P>0.3), but it was different and statis-tically significant from the CMD + Arthralgia group to the Non-CMD control group (p=0.03). Although we contrasted only two TMJ internally deranged groups with a control wi-thout CMDs, the evidence points to a higher frequency of joint noises with the severity and/or progression of the disorder. However, because single unilateral click +bilateral reci-procal clicking (16/25=64%) indicating disk displacement with reduction (rather than disk displacement without reduction) and severe pain were reported by 80% in such an advan-ced internal derangement, the results of this investigation are in accordance to a study (18) indicating that the degree of disk displacement do not seem to be related to the degree of man-

dibular dysfunction and that significant levels of mandibular pain can exist without signifi-cant pain and dysfunction. In the progression of internal derange-ment from arthralgia and osteoarthrosis not only the position but also, to a considerable extent, the configuration of the disk might be involved (19). Clinical and radiographic ob-servations extending over a decade have reve-aled that degenerative arthritis of the TMJ is a natural consequence of derangement of the disc and condyle (20). The frequencies of single unilateral cli-ck were about 16%, 28.2% and 12.5% in the CMD+arthralgia, CMD+Capsulitis and Non-CMD control group respectively. The diffe-rences from the arthralgia to capsulitis, from the arthralgia to the Non-CMD group and from the Capsulitis to the Non-CMD control group were not statistically significant (p=0.36, p=0.14 and p=0.7) respectively. The frequencies of reciprocal bilateral click were about 48%, 17.9% and 18.8% in the CMD+Arthralgia, CMD+Capsulitis and Non-CMD Control respectively. There was a statistically significant difference from the CMD+Arthralgia to the CMD+Capsulitis group (p=0.01) and from the CMD+Arthralgia to the Non-CMD Control group (p=0.02). Because we observed a higher frequency of bi-lateral reciprocal click in the arthralgia group the results of this investigation are partially su-pported by one study (21) reporting that reci-procal clicks were more frequent in joint with slight, early or no OA, whereas crepitus was more frequent in joints with advanced OA. It may be that many TMJ-ID patients progress to arthralgia and radiographically detectable hard tissue signs of osteoarthritis are late manifes-tations of a complex process of internal joint derangement. Increased frequency of bilateral reciprocal click is associated with higher fre-quency of abnormality in both disk position and configuration and also with functional impairment in both joints. It also indicates progression of the disorder. Disks in partial or complete anterior position are associated with advanced internal joint derangements (19). Single and reciprocal clicks (16%, 48% respectively) indicating disk displacement with reduction were observed relatively fre-quently in the CMD + arthralgia group. Such

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findings indicate that disk displacement with and without reduction are found in arthralgia patients. Such observation is supported at least in part by one research (22), studying the mor-phology of the disc, indicating that 17% of the joints that had previously displaced disc with reduction also had degenerative joint disease. Indirect support for the results in the current investigation comes from other study (1) indi-cating that 50% of the non reducing meniscus group had reached the stage of osteoarthritis. It may be that some patients of such group may present characteristics of arthralgia, the pre-vious stage in the internal derangement pro-cess. The combined frequency of single click and reciprocal click in the CMD+arthralgia group was about 64%. Such finding suggests that there are many patients in this group pre-senting partial disk displacement with reduc-tion. In other words, even though arthralgia is considered an advanced internal joint deran-gement, it is not necessarily equated with disk displacement without reduction. Because we consider arthralgia an early stage of osteoar-thritis findings in the current investigation are supported at least in part by one study (19), in necropsy specimens reporting that osteoarthro-sis was associated with partially anterior and completely anterior disk positions. Bean and associates (23) proposed that the definition of osteoarthrosis for the temporomandibular joint should be broadened to include the state of the subchondral change occurring simultaneously with intact articulating surfaces. 28% individuals with arthralgia presen-ted no joint noises yet the prevalence of severe pain in this group was about 80% . It may be that some of these individuals with arthralgia presented with disk displacement without re-duction and had not reached the stage of os-teoarthritis to report the presence of crepitus. Supporting this point of view one study (24) evaluated 29 advanced /severe cases of inter-nal TMJ derangements with a similar mean age and reported a frequency of 20.7% silent joints, a figure which is similar to that we re-port in the current study. Because crepitus was noted in only 2 patients (2/25=8%) in the painful joint, who based in the description of burning pain, their internal derangement was diagnosed as “ar-thragia”. The results of this study are suppor-

ted at least in part by one investigation (25) reporting that crepitus was reported in both arthritic and non-arthritic joints implying that crepitus does not occur exclusively in osteo-arthritic joints. Rasmussen (9) reported that crepitus does not occur in the intermediate stage of internal TMJ derangements and an investigation (24) indicates that crepitus is a rather unreliable sign of arthrosis. Because in the current investigation we report two cases describing crepitus in the population of ar-thralgia individuals the results of this inves-tigation are further substantiated by a study (26) indicating that in type 3 internal joint derangements preceding osteoarthritis crepi-tus may be auscultated and tomograms may or may not show evidence of early degenerative changes. Rasmussen (9) reported that crepitus does not occur in the intermediate stage of in-ternal TMJ, however he may be referring to disk displacement with reciprocal clicking and probably intermittent locking.

3. Frequency of pain, burning pain and severe pain

The frequencies of pain were about 100% in the CMD+arthralgia group, 87.2% in the CMD+Capsulitis group and 21.8% in the Non-CMD Control group. This differen-ce was not statistically significant from the CMD+Arthralgia to the CMD+Capsulitis group (p=0.14), but it was extremely signifi-cant from the CMD+Arthralgia to the Non-CMD control group (p=0.0001) and from the CMD+Capsulitis to the Non-CMD Control group (p=0.0001). The frequency of severe pain was 80% in the CMD+arthralgia group and 10.2% in the CMD+Capsulitis group and this diffe-rence was extremely significant (p=0.0001). Individuals in the Non-CMD control group did not report severe pain. The results of the current investigation are supported by a study in patients presenting very chronic TMJ arthri-tis (27) reporting a frequency of severe pain in 100% of the cases. Another investigation (24) evaluated 29 patients in the same age range and reported a frequency of 100% severe pain. The results of this investigation are in agree-ment with another study (16) reporting that the severity of pain increased with the severity of

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internal joint derangement. Lobbezzo-Scholte and associates (16) assessed CMD patients presenting different internal joint derange-ments and reported that OA patients presented a higher prevalence of steady increase in pain when compared to patients with disk displa-cement with and without reduction. They also reported that the intensity of pain increased in the group presenting disk displacement with and without reduction to the OA group. It may be that as the internal derangement pro-cess continues the biomechanical conditions into the joint favors the development of an inflammatory process. Supporting this line of evidence an investigation (17) reported that painful temporomandibular joints were more likely to demonstrate joint effusion indicating inflammation. The degree of joint pain cor-relates well with nitric oxide concentration, a mediator of inflammation and pain (28). Because TMJ-ID arthralgia is very closely re-lated to Osteoarthritis the results of our study are also reinforced by another investigation (29) reporting that severer pain on chewing was observed in the 40 joints with osteoarthri-tis as compared with the 156 joints without. Furthermore, researchers reported that higher degrees of pain correlated with higher signal intensity suggesting inflammation. Burning pain was reported solely by indi-viduals in the CMD+Arthralgia group (100%). One investigation (7) reported that TMJ pain is normally described as deep, dull and some-times aching or throbbing. On the other hand, deep tissue joint pain is diffuse, aching or bur-ning, often triggered in response to innocuous stimuli and may be referred to skin sites. Burning joint pain does not occur exclusively in the TMJ joint as such pain description is a characteristic of knee pain caused by inflam-mation (7). Because we observed that many arthralgia patients also described their pain as “throbbing” which is a common but not an ex-clusive description in cases of bone, pathosis, such description provides additional support that arthralgia is a separate internal derange-ment very closely related to osteoarthritis. The key symptom of pain ranging from aching and burning to sharp and stabbing may assist the clinician in the diagnosis of temporoman-dibular disorders (30). Signs and symptoms of osteoarthritis usually include dull, aching

pain with occasional burning of the joint and palpable joint tenderness sometimes accom-panied by swelling (31). Bell (13) used the terms “arthritic pain or inflammatory arthritis” to denote inflammation of the articular surfa-ces of the joint. Normally, these surfaces are nonvascularized and noninnervated so than an inflammatory reaction cannot occur. In order to get the joint surfaces inflamed, fundamental arthropatic changes must occur (7). It may be that such changes including severe pain, pain on movement, and pain described as burning, precedes the development of osteoarthritis. This assumption is strongly substantiated by one investigation (31) indicating that pain in more advances stages of TM- ID can be des-cribed occasionally as burning. Because severe pain and burning pain were characteristics of the group presenting arthralgia as compared to the CMD+Capsulitis and to the Non-CMD controls, the results of this study are substantiated by another inves-tigation (11) indicating that the description of some internal joint derangement leaves varia-bility within some groups, some individuals may go through a transitional stage before they reach the osteoarthritic stage. To con-clude, there is strong evidence in this study to suggest that arthralgia is a relatively common internal TMJ derangement which precedes or is very similar to osteoarthritis. Additionally, arthralgia is a chronic disorder characterized by a higher frequency of joint noises, and more severe pain described as “burning”.

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Suenagas, S.; Abeyama, K.; 31. Hamasaki, A.; Mimura, T.; Noikura, T. Temporomandibular disorders: Relationship between joint pain and effusion and nitric oxide concentration in the joint fluid. Dentomaxilofacial Radiology, v.30, p.214-218, 2001.

Yajima, A.; Sano, T.; Otonari-Yamamoto, 32. M.; Otonari, T.; Ohkubo, M.; Harada, T.; Wakoh, M. MR evidence of characteristics in symptomatic osteoarthritis of the Temporomandibular joint: Increased signal intensity ratio on proton density-weighted images of bone marrow in the mandibular condyle. Journal of Craniomandibular Practice, v.25, p. 250-256, 2007.

Nelson, D.A.; Landau, W.M. Jaws: 33. diversities of gnathological history and temporomandibular joint enterprise. Journal of Neurology, Neurosurgery and Psychiatry, v.67, p.141-147, 1999.

Pertes, R.A. Differential diagnosis of 34. orofacial pain. Mount Sinai Journal of Medicine, v.65, p.348-354, 1998.

Endereço para Correspondência:

Omar Franklin [email protected]

Avenida Pará, 1544Gurupi - TOCEP: 77.400-020

Informações bibliográficas:Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:MOLINA, Omar Franklin; AQUILINO, Raphael Navarro, CÉSAR, Ed Wilson; CURY, Sérgio Elias; MARçAL, Ricardo Léllis; MIRANDA, Margarida M de. Tmj Arthralgia: a rarely described internal joint derangement and characterization regarding factors of age, pain description, and prevalence in craniomandibular disorders individuals (CMDS). Cadernos UniFOA. Volta Redonda, Ano V, n. 14, dezembro 2010. Disponível em: <http://www.unifoa.edu.br/cadernos/edicao/14/71.pdf>

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Instruções para Autores

Cadernos UniFOA é uma publicação quadrimestral arbitrada. Visa sustentar um espa-ço editorial de natureza inter e multidisciplinar. Publica prioritariamente pesquisas originais e contribuições de caráter descritivo e interpreta-tivo, baseadas na literatura recente, bem como artigos sobre temas atuais ou emergentes e co-municações breves sobre temas relevantes e inéditos desenvolvidos em nível de Graduação, e Pós-graduação Lato e Stricto Sensu. Seleção de artigos: na seleção de ar-tigos para publicação, avaliam-se a originalida-de, a relevância do tema e a qualidade da meto-dologia científica utilizada, além da adequação às normas editoriais adotadas pelo periódico. Revisão por pareceristas: todos os artigos publicados são revisados por parece-ristas resguardado o anonimato dos autores para uma avaliação mais acurada. Ineditismo do material: o conteúdo do material enviado para publicação na Revista Cadernos UniFOA não pode ter sido publicado anteriormente, nem submetido para publicação em outros locais. Para serem publicados em ou-tros locais, ainda que parcialmente, necessitam aprovação por escrito dos Editores. Os concei-tos e declarações contidos nos trabalhos são de total responsabilidade dos autores. Direitos Autorais: ao encaminhar um original à revista, os autores devem estar cientes de que, se aprovado para publicação, os direitos autorais do artigo, incluindo os de reprodução em todas as mídias e formatos, de-verão ser concedidos exclusivamente para a Revista Cadernos UniFOA. Para tanto é soli-citado ao autor principal que assine declaração sobre o Conflito de interesses e Transferência de Direitos Autorais e envie para Editora FOA - Campus Três Poços - Av. Paulo Erlei Alves Abrantes, nº 1325, Três Poços, Volta Redonda - RJ. CEP: 27240-560. (Conferir anexo).

Serão aceitos trabalhos para as seguintes seções:

(1) Revisão - revisão crítica da literatura sobre temas pertinentes à saúde pública (máximo de 10.000 palavras); (2) Artigos - resultado de pesquisa de natureza empírica, experimental ou conceitual (máximo de 10.000 palavras); (3) Notas - nota prévia, relatando resultados parciais ou preliminares de pesquisa (máximo de 2.000 palavras); (4) Resenhas - resenha crítica de livro relacionado ao campo temático de CSP, publicado nos últimos dois anos (máximo de 1.200 palavras); (5) Cartas - crítica a artigo publicado em fascículo anterior do Cadernos UniFOA – Pós-graduação ou nota curta, relatando observações de campo ou laboratório (máximo de 1.200 palavras); (6) Artigos especiais – os interessados em contribuir com artigos para estas seções

deverão consultar previamente o Editor: (7) Debate - artigo teórico que se faz acompanhar de cartas críticas assinadas por autores de diferentes instituições, convidados pelo Editor, seguidas de resposta do autor do artigo principal (máximo de 6.000 palavras); (8) Fórum - seção destinada à publicação de 2 a 3 artigos coordenados entre si, de diferentes autores, e versando sobre tema de interesse atual (máximo de 12.000 palavras no total). O limite de palavras inclui texto e referências bibliográficas (folha de rosto, resumos e ilustrações serão considerados à parte).

Apresentação do Texto:

Serão aceitas contribuições em português ou inglês. O original deve ser apresentado em espaço duplo e submetido eletronicamente, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12, com margens superiores de 3,0 cm e as demais em 2,5 cm. Entre linhas deve-se respeitar o espaçamento de 2,0 cm. Deve ser enviado com uma página de rosto, onde constará título completo (no idioma original e em inglês) e título corrido, nome(s) do(s) autor(es) e da(s) respectiva(s) instituição(ões) por extenso, com endereço completo apenas do autor responsável pela correspondência. Notas de rodapé não serão aceitas.

Ilustrações: as figuras deverão ser enviadas em alta qualidade, em preto-e-branco e/ou diferentes tons de cinza e/ou hachuras. Os custos adicionais para publicação de figuras em cores serão de total responsabilidade dos autores. É necessário o envio dos gráficos, separadamente, no formato do programa em que foram gerados (SPSS, Excel, Harvard Graphics etc.), acompanhados de seus parâmetros quantitativos, em forma de tabela e com nome de todas as variáveis. Também é necessário o envio de mapas no formato WMF, observando que os custos daqueles em cores serão de responsabilidade dos autores. O número de tabelas e/ou figuras deverá ser mantido ao mínimo (máximo de sete tabelas e/ou figuras). Resumos: Com exceção das contribuições enviadas às seções Resenha ou Cartas, todos os artigos submetidos em português deverão ter resumo na língua principal e em inglês. Os artigos submetidos em inglês deverão vir acompanhados de resumo em português, além do abstract em inglês. Os resumos não deverão exceder o limite de 500 palavras e deverão ser acompanhados de 3 a 5 palavras-chave. Nomenclatura: devem ser observadas rigidamente as regras de nomenclatura zoológica e botânica, assim como abreviaturas e convenções adotadas nas disciplinas especializadas. Pesquisas envolvendo seres humanos: A publicação de artigos que trazem resultados

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de pesquisas envolvendo seres humanos está condicionada ao cumprimento dos princípios éticos contidos na Declaração de Helsinki (1964, reformulada em 1975, 1983, 1989, 1996 e 2000), da World Medical Association (http://www.wma.net/e/policy/b3.htm), além do atendimento a legislações específicas (quando houver) do país no qual a pesquisa foi realizada. Artigos que apresentem resultados de pesquisas envolvendo seres humanos deverão conter uma clara afirmação deste cumprimento (tal afirmação deverá constituir o último parágrafo da seção Metodologia do artigo). Em caso de dúvida e em não havendo Comitê especializado na IES de origem, o(s) autor(res) pode(m) entrar em contato com [email protected] (Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos) para maiores esclarecimentos e possível envio da pesquisa para avaliação neste. Agradecimentos - Contribuições de pessoas que prestaram colaboração intelectual ao trabalho como assessoria científica, revisão crítica da pesquisa, coleta de dados entre outras, mas que não preencham os requisitos para participar de autoria devem constar dos “Agradecimentos”. Também podem constar desta parte agradecimentos a instituições pelo apoio econômico, material ou outros. Referências: as referências devem ser identificadas indicando-se autor(es), ano de publicação e número de página, quando for o caso. Todas as referências devem ser apresentadas de modo correto e completo. A veracidade das informações contidas na lista de referências é de responsabilidade do(s) autor(es) e devem seguir o estabelecido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Exemplos:

1 Livro:MOREIRA FILHO, A. A. Relação médico paciente: teoria e prática. 2. ed. Belo Horizonte: Coopmed Editora Médica, 2005.

2 Capítulo de Livros:RIBEIRO, R. A.; CORRÊA, M. S. N. P.; COSTA, L. R. R. S. Tratamento pulpar em dentes decíduos. In:CORRÊA, M. S. N. P. Odontopediatria naprimeira infância. 2. ed. São Paulo: Santos, 2005. p. 581-605.

3 Dissertação e Tese:EZEQUIEL, Oscarina da Silva. Avaliação da acarofauna do ecossitema domiciliar no município de Juiz de Fora, estado de Minas Gerais, Brasil. 2000. Dissertação (Mestrado em Biologia Parasitária)___FIOCRUZ, Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2000.CUPOLILO, Sonia Maria Neumann. Reinfecção por Leishmania L amazonensis no

modelo murino: um estudo histopatológico e imunohistoquímico. 2002. Tese (Doutorado em Patologia)___FIOCRUZ, Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2002.

4 Artigos:ALVES, M. S.; RILEY, L. W.; MOREIRA, B. M. A case of severe pancreatitis complicated by Raoultella planticola infection. Journal of Medical Microbiology, Edinburgh, v. 56, p. 696-698, 2007.COOPER, C. W.; FALB, R. D. Surgical adhesives. Annals of the New York Academy of Sciences, New York, v. 146, p. 214-224, 1968.

5 Documentos eletrônicos:INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER (Brasil). Estimativa 2006: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/ >. Acesso em 4 ago. 2007.

Envio de manuscritos:Os artigos devem ser enviados exclusivamente para o seguinte endereço eletrônico: [email protected] adicionais, devem ser enviados para UniFOA - Campus Universitário Olezio Galotti - Av. Paulo Erlei Alves Abrantes, nº 1325, Três Poços, Volta Redonda - RJ. CEP: 27240-560 – Prédio 15 –EDITORA FOA.

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Instructions For Authors

UniFOA Reports is a six-monthly journal that publishes original publishes ori-ginal research and contributions of descriptive character, based in recent literature, as well as articles on current or emergent subjects and brief communications on developed excellent and unknown subjects in level of Lato and Stricto Sensu pos graduation programs. The journal accepts articles for the following sections: (1) Literature reviews - critical reviews of the literature on themes pertaining to public health (maximum 10,000 words); (2) Articles - results of empirical, ex-perimental, or conceptual research (maximum 8,000 words); (3) Research notes - short com-munications on partial or preliminary resear-ch results (maximum 2,000 words); (4) Book reviews - critical reviews of books related to the journal’s thematic field, published in the last two years (maximum 1,200 words); (5) Letters - critiques of articles published in previous issues of the journal or short notes reporting on field or laboratory observations (maximum 1,200 words); (6) Special arti-cles - authors interested in contributing arti-cles to this section should consult the Editor in advance; (7) Debate - theoretical articles accompanied by critiques signed by authors from different institutions at the Editor’s invi-tation, followed by a reply by the author of the principal article (maximum 6,000 words); and (8) Forum - section devoted to the publication of 2 or 3 interrelated articles by different au-thors, focusing on a theme of current interest (maximum 12,000 words for the combined ar-ticles). The above-mentioned maximum word limits include the main text and biblio-graphic references (the title page, abstracts, and illustrations are considered separately). Presentations of Papers

Contributions in Portuguese or En-glish are welcome. The original should be dou-ble-spaced and submitted eletronically, using Arial or Times New Roman size 12 font with 2.5cm margins. All manuscripts should be sub-mitted with a title page, including the comple-te title (in the original language and English) and running title, name(s) of the author(s) and institutional affiliation(s) in full and the com-plete address for the corresponding author only. All manuscripts should be submitted with a diskette or CD containing the article’s file and identifying the software program and version used (Windows-compatible programs only). Footnotes will not be accepted. Authors are required to send a letter informing whether the article is being submitted for the first time or re-submitted to our Secretariat.

When sending a second version of the article, one print copy should be sent, to-gether with the diskette or CD. Illustrations: figures should be sent in a high-quality print version in black-and-white and/or different tones of gray and/or ha-chure. Any additional cost for publication of color figures will be covered entirely by the author(s). Graphs should be submitted sepa-rately in the format of the program in which they were generated (SPSS, Excel, Harvard Graphics, etc.), accompanied by their quanti-tative parameters in table form and with the names of all the variables. Maps should also be submitted in WMF format, and the cost of colored maps will be covered by the author(s). Maps that have not been generated electroni-cally must be submitted on white paper (do not use tracing paper). Tables and/or figures should be kept to a minimum (maximum se-ven tables and/or figures). Abstracts: with the exception of contributions submitted to the Book review or Letters sections, all manuscripts submitted in Portuguese should include an abstract in both the principal language and English. Articles submitted in English should include an abs-tract in Portuguese, in addition to the English abstract. The abstracts should not exceed 250 words and should include 3 to 5 key words. Nomenclature: rules for zoological and botanical nomenclature should be strictly followed, as well as abbreviations and con-ventions adopted by specialized disciplines. Research involving Ethical Princi-ples: publication of articles with the results of research involving human beings is conditio-ned on the ethical principles contained in the Helsinki Declaration (1964, revised in 1975, 1983, 1989, 1996, and 2000), of the World Medical Association (http://www.wma.net/e/policy/b3.htm), in addition to complying with the specific legislation (when existing) of the country in which the research was performed. Articles presenting the results of research in-volving human beings must contain a clear statement of such compliance (this statement should be the last paragraph of the article’s Methodology section). After acceptance of the article for publication, all the authors are re-quired to sign a form provided by the Editorial Secretariat of UniFOA Reposts – Pos gradua-tion stating their full compliance with the spe-cific ethical principles and legislation. Acknowledgements: Contributions of people, grants and institutions must consist the section of Acknowledgements. Declaration: the main author must send, by post office, declaration on the Con-flict of Interests and Transference of Copyri-ghts.

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References

References should be numbered con-secutively according to the order in which they appear in the manuscript. They should be identified by superscript Arabic numerals (e.g., Oliveira1). References cited only in ta-bles and figures should be numbered accor-ding to the last reference cited in the body of the text. Cited references should be listed at the end of the article in numerical order. All references should be presented in correct and complete form. The veracity of the informa-tion contained in the list of references is the responsibility of the author(s).

Examples:

a) Periodical articlesHedberg B, Cederborg AC, Johanson M. Care-planning meetings with stroke sur-vivors: nurses as moderators of the com-munication. J Nurs Manag, 15(2):214-21, 2007.b) Institution as authorEuropean Cardiac Arrhythmia Society - 2nd Annual Congress, April 2-4, 2006, Marseille, France.Pacing Clin Electrophysiol. Suppl 1:S1-103, 2006.c) Without author specificationRubitecan: 9-NC, 9-Nitro-20(S)-campto-thecin, 9-nitro-camptothecin, 9-nitrocamp-tothecin, RFS 2000, RFS2000. Drugs R D. 5(5):305-11, 2004.d) Books and other monographsFREIRE P e SHOR I. Medo e ousadia – O cotidiano do professor. 8 ed. Rio de Janei-ro: Ed. Paz e Terra, 2000. · Editor or organizer as authorDuarte LFD, Leal OF, organizers. Doen-ça, sofrimento, perturbação: perspectivas etnográficas. Rio de Janeiro: Editora Fio-cruz; 1998.· Institution as author and publisherInstitute of Medicine recommends new P4P system for Medicare. Healthcare Benchma-rks Qual Improv., 13(12):133-7, 2006.

e) Chapter of bookAggio A. A revolução passiva como hipó-tese interpretativa da história política lati-no- americana. In: Aggio, Alberto (org.). Gramsci: a vitalidade de um pensamento. São Paulo: Unesp, 1998.f) Events (conference proceedings)Vitti GC & Malavolta E. Fosfogesso - Uso Agrícola. In: Malavolta E, Coord., SEMI-NÁRIO SOBRE CORRETIVOS AGRÍ-COLAS. Campinas,SP. Fundação Cargill, p. 161-201, 1985.g) Paper presented at an eventBengtson S, Solheim BG. Enforcement of data protection, privacy and security in me-

dical informatics. In: Lun KC, Degoulet P, Piemme TE, Rienhoff O, editors. MEDIN-FO 92. Proceedings of the 7th World Con-gress on Medical Informatics; 1992 Sep 6-10; Geneva, Switzerland. Amsterdam: North Holland; 1992. p. 1561-5.h) Theses and dissertationsRodriques GL. Poeira e ruído na produção de brita a partir de basalto e gnaisse nas regiões de Londrina e Curitiba, Paraná: Incidência sobre os trabalhadores e Meio Ambiente. Tese (Doutorado). Universidade Federal do Paraná.Curitiba, 2004.i) Other published work· Journal articleLee G. Hospitalizations tied to ozone pollution: study estimates 50,000 admis-sions annually. The Washington Post 1996 Jun 21; Sect. A:3.· Legal documentsMTE] Ministério do Trabalho e Emprego. Secretaria de Segurança do Trabalho. Por-taria N°. 25 de 29/12/1994. Norma Regu-lamentadora N° 9: Programas de Preven-ção de Riscos Ambientais.

j) Electronic material· CD-ROMSeverino LS, Vale LS, Lima RLS, Silva MIL, Beltrão NEM, Cardoso GDC. Repi-cagem de plântulas de mamoneira visan-do à produção de mudas. In: I Congresso Brasileiro de Mamona - Energia e Susten-tabilidade (CD-ROM). Campina Grande: Embrapa Algodão, 2004· InternetUMI ProQuest Digital Dissertations. Dis-ponível em: <http://wwwlib.umi.com/dis-sertations/>. Acesso em: 20 Nov. 2001.

The articles must be sent for the follo-wing electronic address: [email protected] (declaration, photos, maps), must be sent to UniFOA - Campus Universitário Olezio Galotti - Av. Paulo Erlei Alves Abran-tes, nº 1325, Três Poços, Volta Redonda - RJ. CEP: 27240-560 – A/C Núcleo de Pesquisa/NUPE.

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Permutas Institucionais informações sobre [email protected]

ABMES - Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior – Brasília/DF

ANGRAD - Associação Nacional dos Cursos de Graduação em Administração - Duque de Caxias/RJ

Centro de Ensino Superior de Jatí - Jataí/GO

Centro Universitário Assunção - São Paulo/SP

Centro Universitário Claretiano - Batatais/SP

Centro Universitário de Barra Mansa - Barra Mansa/RJ

Centro Universitário de Goiás - Goiânia/GO

Centro Universitário Evangélica - Anápolis/GO

Centro Universitário Feevale - Novo Hamburgo/RS

Centro Universitário Leonardo da Vinci - Indaial/SC

Centro Universitário Moura Lacerda - Riberão Preto/SP

Centro Universitário Paulistano - São Paulo/SP

Centro Universitário São Leopoldo Mandic - Campinas/SP

CESUC - Centro Superior Catalão - Catalão/GO

CESUPA - Centro de Ensino Superior do Pará - Belém/PA

EBAPE - Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas - Rio de Janeiro/RJ

Escola de Serviço Social da UFRJ - Rio de Janeiro/RJ

FABES - Faculdades Bethencourt da Silva - Rio de Janeiro/RJ

FACESM - Faculdade de Ciencias Sociais Aplicadas do Sul de Minas - Itajubá/MG

FACI- Faculdade Ideal - Belém/PA

Facudade 2 de Julho - Salvador/BA

Facudades Integradas de Cassilândia - Cassilândia/MS

Faculdade Arthur Sá - Petrópolis/RJ

Faculdade de Ciências - Bauru/SP

Faculdade de Direito de Olinda - Olinda/PE

Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas - UFBA - Salvador/BA

Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro - Uberaba/MG

Faculdade de Minas - Muriaé/MG

Faculdade de Pimenta Bueno - Pimenta Bueno/RO

Faculdade de Tecnologia e Ciência - Salvador/BA

Faculdade Internacional de Curitiba - Curitiba/PR

Faculdade Metodista IPA - Porto Alegre/RS

Faculdade SPEI - Curitiba/PR

Faculdades Guarapuava - Guarapuava/PA

Faculdades Integradas Antônio Eufrásio de Toledo - Presidente Prudente/SP

Faculdades Integradas Curitiba - Curitiba/PR

Faculdades Integradas de Cassilândia - Cassilândia/MS

Faculdades Integradas do Ceará - Fortaleza/CE

Faculdades Integradas Torricelli - Guarulhos/SP

Faculdades Santa Cruz - Curitiba/PR

FAFICH - Universidade Federal de Minas Gerais - Belo Horizonte/MG

FAFIJAN - Faculdade de Jandaia do Sul - Jandaia do Sul/PA

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FAFIL - Filadélfia Centro Educacional - Santa Cruz do Rio Pardo/SP

FAPAM - Faculdade de Pará de Minas - Pará de Minas/MG

FCAP: Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco - Recife/PE

FECAP - Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado - São Paulo/SP

FGV - Fundação Getúlio Vargas - Rio de Janeiro/RJ

FOCCA - Faculdade Olindense de Ciências Contábeis e Administrativas - Olinda/PE

FUNADESP - Fundação Nacional de Desenvolvimento do Ensino Superior Particular - Brasília/DF

Fundação Educacional de Patos de Minas - Patos de Minas/MG

Fundação Santo André - Santo André/SP

Fundação Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Rio Grande/RS

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - Centro de Documentação e Disseminação

de Informações - Rio de Janeiro/RJ

Instituição São Judas Tadeu - Porto Alegre/RS

Instituto Catarinense de Pós-Graduação -Blumenau/SC

Instituto de Administração do Rio de Janeiro - IARJ - Tijuca/RJ

Instituto de Estudo Superiores da Amazônia - Belém/PA

Instituto Municipal de Ensino Superior - São Caetano/SP

Mestrado em Integração Latino-Americana - Santa Maria/RS

MPF - Ministério Público Federal - Brasília/DF

MPRJ - Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro/RJ

Organização Paulista Educacional e Cultural - São Paulo/SP

PUC - Campinas: Pontifícia Universidade Católica - Campinas/SP

PUC - SP: Pontifícia Universidade Católica - Campinas/SP

TCE - Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais - Belo Horizonte/MG

The U.S. Library Of Congress Office - Washington, DC/USA

TJ - Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro/RJ

TRF - Tribunal Reginal Federal - RJ - Rio de Janeiro/RJ

Ucam - Universidade Cândido Mendes - Rio de Janeiro/RJ

UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro/RJ

UFF - Universidade Federal Fluminense - Niterói/RJ

UGB - Faculdades Integradas Geraldo Di Biase - Volta Redonda/RJ

UNB - Universidade de Brasília - Brasília/DF

UNIABEU - Assossiação de Ensino Superior - Belford Roxo/RJ

União das Faculdades de Alta Floresta - Alta Floresta/MT

Unibrasil - Faculdades Integradas do Brasil - Curitiba/PR

Unicapital - Centro Universitário Capital - São Paulo/SP

Unicastelo - Universidade Camilo Castelo Branco - São Paulo/SP

UNIDERP - Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal - Campo Grande/MS

UNIFAC - Assossiação de Ensino de Botucatu - Botucatu/SP

Unifeso - Centro Universitário da Serra dos Órgãos - Teresópolis/RJ

UniNilton Lins - Centro Universitário Nilton Lins - Amazonas/AM

Uninove - Universidade Nove de Julho - Vila Maria/SP

Permutas Institucionais informações sobre [email protected]

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Formando para vida.

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