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    Cade rno s d e

    a

    CO

    LEO

    Tecnologiae Trabalho

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    A o longo de sua histria, o Brasil tem enfrentado o problema da excluso social quegerou grande impacto nos sistemas educacionais. Hoje, milhes de brasileiros aindano se beneficiam do ingresso e da permanncia na escola, ou seja, no tm acesso a um

    sistema de educao que os acolha.

    Educao de qualidade um direito de todos os cidados e dever do Estado; garantir o

    exerccio desse direito um desafio que impe decises inovadoras.

    Para enfrentar esse desafio, o Ministrio da Educao criou a Secretaria de Educao

    Continuada, Alfabetizao e Diversidade Secad, cuja tarefa criar as estruturas necessrias

    para formular, implementar, fomentar e avaliar as polticas pblicas voltadas para os grupostradicionalmente excludos de seus direitos, como as pessoas com 15 anos ou mais que no

    completaram o Ensino Fundamental.

    Efetivar o direito educao dos jovens e dos adultos ultrapassa a ampliao da oferta

    de vagas nos sistemas pblicos de ensino. necessrio que o ensino seja adequado aos que

    ingressam na escola ou retornam a ela fora do tempo regular: que ele prime pela qualidade,

    valorizando e respeitando as experincias e os conhecimentos dos alunos.

    Com esse intuito, a Secad apresenta os Cadernos de EJA: materiais pedaggicos para o

    1. e o 2. segmentos do ensino fundamental de jovens e adultos. Trabalho ser o tema da

    abordagem dos cadernos, pela importncia que tem no cotidiano dos alunos.A coleo composta de 27 cadernos: 13 para o aluno, 13 para o professor e um com

    a concepo metodolgica e pedaggica do material. O caderno do aluno uma coletnea

    de textos de diferentes gneros e diversas fontes; o do professor um catlogo de ativi-

    dades, com sugestes para o trabalho com esses textos.

    A Secad no espera que este material seja o nico utilizado nas salas de aula. Ao con-

    trrio, com ele busca ampliar o rol do que pode ser selecionado pelo educador, incentivan-

    do a articulao e a integrao das diversas reas do conhecimento.

    Bom trabalho!Secretaria de Educao Continuada,

    Alfabetizao e Diversidade Secad/MEC

    Apresentao

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    Sumrio

    TEXTO Subtema

    1. Encontro felizRelicostumes 6

    2.A tecnologia que reduz o mercado de trabalho 8

    3. Quem foi Santos Dumont?Diversidades regionais 10

    4. O desemprego tecnolgico Maturidade social 12

    5. Revoluo tecnolgica destri empregos, mas cria trabalhosMiscigenao15

    6. Novas diferenas sociais Crtica social 16

    7. Queremos saber Trabalhadores 19

    8. Memria telefnicaultura suburbana 20

    9. O relgio de ponto 23

    10. Revoluo industrial e mudana 24

    11. Brasil: 500 anos inventando 28

    12. Caminho errado 31

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    13. Nmeros do IBGE detectam a extino de empregos ndios do Brasil 32

    14. Ford e seus 25 sistemistas produzem um carro a cada 80 segundos 34

    15. Mas quem tem acesso tecnologia?Direitos civis 37

    16. Feito para durar Origens dos trabalhadores 38

    17. Tecnologia socialndios do Brasil 44

    18. Aptido 47

    19. A peleja do cordel de feira com a Internet Olhos da alma 50

    20. Technological overdosesArte culinria 53

    21. El imprescindible telfono mvilArte culinria 54

    22. Luzes mal distribudasArte culinria 56

    23. Admirvel mundo novo Arte culinria 57

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    Tecnologia e Trabalho6

    Histr ia da tecnologiaTEXTO 1

    Tecnologia uma palavra de origem

    grega, que tem um significado muito

    abrangente: de uma forma geral, re-

    presenta o encontro entre cincia e enge-

    nharia.

    O termo tecnologia pode incluir desde

    as ferramentas mais simples, como as que

    se usam para fabricar uma colher de ma-

    deira, e processos como a fermentao dauva, at as ferramentas e os processos mais

    complexos j criados pelo ser humano, por

    exemplo, a Estao Espacial Internacional

    e a dessalinizao da gua do mar, respec-

    tivamente. Freqentemente, a tecnologia

    entra em conflito com algumas preocu-

    paes naturais de nossa sociedade, como

    o desemprego, a poluio e muitas outras

    questes como as ecolgicas, filosficas e

    sociolgicas.

    Dependendo do contexto, a tecnologia

    pode significar:

    P As ferramentas e as mquinas que

    ajudam a resolver problemas.

    P Um mtodo ou processo de constru-

    o e trabalho (tal como a tecnologia

    de manufatura, a tecnologia de infra-

    estrutura ou a tecnologia espacial).

    P A aplicao de recursos para a reso-

    luo de problemas.

    P O termo tambm pode ser usado

    para descrever o nvel de conheci-

    mento cientfico, matemtico e tc-nico de uma determinada cultura.

    P Na economia, a tecnologia o estado

    atual de nosso conhecimento de como

    combinar recursos para produzir os

    produtos desejados (e nosso conheci-

    mento do que pode ser produzido).

    Tecnologia e economia

    O equilbrio entre as vantagens e asdesvantagens que o avano da tecnologia

    traz para a sociedade muito tnue. A prin-

    cipal vantagem refletida na produo

    industrial: a tecnologia torna a produo

    maior e mais rpida e, ainda assim, o resul-

    A unio entre cinciae engenharia produz a

    alavanca que move o mundo

    ENCONTROFELIZ

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    tado final um produto mais barato e com

    maior qualidade.

    Porm, as desvantagens que a tecnolo-

    gia traz so de tal forma preocupantes, que

    quase superam as vantagens. Uma delas

    a poluio, que, se no for controlada a

    tempo, evoluir para um quadro irrevers-

    vel. Outra desvantagem se refere ao desem-

    prego gerado pelo uso intensivo das m-

    quinas na indstria, na agricultura e no

    comrcio. Esse tipo de desemprego, em que

    o trabalho do homem substitudo pelo

    trabalho das mquinas, chama-se desem-

    prego estrutural.

    Histria da tecnologia

    A histria da tecnologia quase to

    antiga como a histria da humanidade, des-

    de quando as pessoas comearam a usar

    ferramentas para caar e se proteger.

    Para serem criadas, todas as ferramen-

    tas necessitaram, antes de tudo, utilizar um

    recurso natural adequado. Assim, a histria

    da tecnologia acompanha a cronologia do

    uso dos recursos naturais, desde as ferra-

    mentas e fontes de energia mais simples s

    ferramentas e fontes de energia mais com-

    plexas. As tecnologias mais antigas con-

    verteram recursos naturais em ferramentas

    simples: a raspagem das pedras, e as ferra-

    mentas mais antigas como a pedra lascada

    e a roda, foram meios simples para a con-

    verso de materiais brutos e crus em pro-

    dutos teis. Os antroplogos descobriram

    muitas habitaes e ferramentas feitas dire-

    tamente a partir dos recursos naturais.

    Tecnologia e Trabalho 7

    Os implementos de trao

    animal e rabia (esq.) e asmodernas mquinas

    motorizadas (dir.) tm

    duas diferenas essenciais:

    o custo de operao da

    segunda s serve para os

    grandes, e o primeiro

    respeita mais o solo.

    Fonte P Wikipedia A Enciclopdia Livre.

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    A

    ntes de analisarmos a fundo a questo

    dos empregos, preciso ter uma basede como os avanos tecnolgicos in-

    fluram at hoje na vida do homem. Em seu

    livroA Idade do Acesso, o americano Jeremy

    Rifkin dividiu a histria dos meios de pro-

    duo em trs perodos (Primeira, Segunda

    e Terceira Revoluo Industrial). A expres-

    so "Revoluo Industrial" talvez seja um

    exagero no caso da terceira, pois atualmente

    essas grandes mudanas englobam muitomais do que a indstria. No caso da primeira

    e segunda, a expresso ainda se aplica, pois

    se tratava de pocas em que a sociedade e o

    progresso da humanidade giravam em torno

    de fbricas ou indstrias.

    Inicio do sculo 20: cada pea

    exigia um montador

    Fbrica moderna, com

    robs substituindo operrios

    Foto: Iconografia

    A TECNOLOGIAQUE REDUZ O

    MERCADO

    DE TRABALHO

    Tecnologia e desempregoTEXTO 2

    Tecnologia e Trabalho8

    Foto: Itamar Miranda / AE

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    Tecnologia e Trabalho 9

    Primeira Revoluo Industrial

    Na Primeira Revoluo Industrial, a

    energia movida a vapor foi usada para a

    extrao de minrio, na indstria txtil e na

    fabricao de uma grande variedade de

    bens que anteriormente eram feitos a mo.

    O navio a vapor substituiu a escuna e a

    locomotiva a vapor substituiu os vages

    puxados a cavalo, melhorando significati-

    vamente o processo de transporte de

    matria-prima de produtos acabados. Subs-

    tituindo, assim, muito do trabalho fsico.

    Segunda Revoluo Industrial

    A Segunda Revoluo Industrial ocorre

    entre 1860 e a Primeira Guerra Mundial. O

    petrleo comeou a competir com o carvo

    e a eletricidade foi efetivamente utilizada

    pela primeira vez, criando uma nova fonte

    de energia para operar motores, iluminar

    cidades e proporcionar comunicao instan-

    tnea entre as pessoas. A exemplo da revo-

    luo do vapor , o petrleo a eletricidade e

    as invenes que os acompanharam na

    Segunda Revoluo Industrial continuaram

    a transferir a carga da atividade econmica

    do homem para a mquina.

    Terceira Revoluo Industrial

    A Terceira Revoluo Industrial surgiu

    imediatamente aps a Segunda Guerra

    Mundial e somente agora est comeando

    a ter um impacto significativo no modo

    como a sociedade organiza sua atividade

    econmica. Robs com controle numri-

    co, computadores e softwares avanados

    esto invadindo a ltima esfera humana

    os domnios da mente. Adequadamente

    programadas, essas novas "mquinas in-

    teligentes" so capazes de realizar funes

    conceituais, gerenciais e administrativas e

    de coordenar o fluxo da produo, desde

    a extrao da matria-prima ao marketing

    e distribuio do produto final e de

    servios.

    Extrado do site www.ime.usp.br/~is/ddt/mac333/ projetos/

    fimdos-empregos/revolucoes.htm

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    O

    14bis tem esse nome porque foi tes-

    tado por Santos Dumont, acoplado

    ao seu dirigvel de n 14. Dumontpreferiu cham-lo de bis, em vez de dar

    um novo nmero.

    O relgio de pulso tambm foi criao

    de Santos Dumont. Enquanto pilotava seus

    dirigveis, Dumont no tinha como acom-

    panhar os segundos e minutos em que per-

    manecia no ar com o relgio de bolso. O

    aviador sugeriu ento ao amigo relojoeiro

    Cartier que adaptasse alas ao objeto. Omodelo do relgio foi chamado de Sants

    e existe at hoje.

    Santos Dumont foi o primeiro aeronau-

    ta a utilizar motores a petrleo em diri-

    gveis. Muitos inventores da poca acre-

    ditavam haver risco de exploso ao colocar

    o motor em proximidade com o gs (hi-

    drognio) que preenchia os bales. SantosDumont provou que era possvel a utiliza-

    o dos motores a petrleo nos bales.

    Santos Dumont foi o nico dentre seus

    irmos a no concluir curso superior. O

    inventor nunca teve uma formao regular.

    Era um esportista, como relatou um amigo

    da poca de estudos: aluno pouco aplica-

    do, ou melhor, nada estudioso para as teo-

    rias, mas de admirvel talento prtico emecnico e, desde a, revelando-se, em

    tudo, um gnio inventivo.

    Em 1909 Santos Dumont apresen-

    tou seu ltimo invento aeronutico: o

    Demoiselle 20. Foi o primeiro ultraleve da

    InvenesTEXTO 3

    QUEM FOISANTOS DUMONT?

    QUEM FOISANTOS DUMONT?

    Tecnologia e Trabalho10

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    Tecnologia e Trabalho 11

    histria, com apenas 115 kg, envergadura

    de 5,50 m e comprimento de 5,55 m, era

    acionado por um motor de 24 cavalo-vapor. Santos Dumont publicou os planos

    do Demoiselle 20 e permitiu que ele fosse

    construdo por algumas firmas. O apare-

    lho foi copiado e tornou-se um modelo

    popular.

    Santos Dumont instruiu a primeira

    mulher a voar sozinha em um dirigvel

    construdo por ele. Aps trs lies, em

    29 de junho de 1903, a jovem cubana AdaDAcosta decolou no n 9 do inventor,

    fazendo o percurso de Neuilly-Saint-James

    ao campo de Bagatelle (Paris, Frana).

    Alberto Santos Dumont nasceu em 20

    de julho de 1873, em Minas Gerais, no stio

    de Cabangu, prximo cidade que hoje

    leva seu nome.

    O jovem Alberto Santos Dumont foi alfa-betizado por sua irm Virgnia. Estudou

    ainda em Campinas, no Colgio Culto

    Cincia, e, em So Paulo, nos colgios Kopke

    e Morton e na Escola de Ouro Preto.

    Em 1910, Santos Dumont anunciou

    sua inteno de parar de voar. Ele comea-

    va a sentir os sintomas da esclerose mlti-

    pla que o perseguiria at o final da sua

    vida. Seu avio Demoiselle foi vendido aum piloto aspirante que, mais tarde, seria

    um dos maiores ases da Primeira Guerra

    Mundial: Roland Garros.

    O dirigvel nmero 6

    contornaria a Torre Eiffel

    na disputa do Prmio Deutsch

    vencido pelo inventor brasileiro.

    Em um de seus primeiros bales,

    Santos Dumont instalou o

    primeiro motor embarcado em

    uma aeronave.

    Extrado do site www.santosdumont.14bis.mil.br

    Campo de Bagatelle, Paris,

    1906: o 14 bis em seu

    histrico primeiro vo.

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    O DESEMPREGO

    Relaes no trabalhoTEXTO 4

    Tecnologia e Trabalho12

    TECNOLGICOLauro A.MonteclaroCsar Jr.

    Ilustrao:Alcy

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    Oproblema mais grave destes pri-

    meiros anos do terceiro milniotalvez seja a ameaa do chamado

    desemprego tecnolgico o desempregogerado pela combinao da utilizao emgrande escala da tecnologia de informti-ca e telecomunicaes, aliada s novastcnicas como meio de aumentar a pro-dutividade das empresas, com a conse-qente reduo da mo-de-obra.

    Os estudiosos do problema costumamse dividir em dois grupos com opiniesdivergentes. De um lado, os pessimistasque pensam que a automao eliminarrapidamente os empregos industriais e osde servios. Consideram que o desem-prego global atingiu seu nvel mais altodesde a dcada de 1930, com mais de 800milhes de pessoas no mundo desempre-gadas ou subempregadas.

    Essas idias costumam ser refutadaspelos otimistas, que acreditam que a ativi-dade econmica mudaria da produo debens para a prestao de servios. O fim doemprego rural seria seguido pelo fim doemprego industrial, em benefcio doemprego do setor de servios. E este consti-tuiria a maioria esmagadora das ofertas deemprego. A nova economia aumentaria a

    importncia das profisses com grandecontedo de informao e conhecimentosem suas atividades. As profisses adminis-trativas, especializadas e tcnicas cres-ceriam mais rpido que qualquer outra, e

    constituiriam o cerne da nova estrutura

    social.Assim, de acordo com o partido oti-

    mista, no h nada com o que se preocu-par: depois de um perodo de ajustes, o fimde empregos nos setores convencionaisseria compensado por uma grande ofertade colocaes. Essas colocaes, no entan-to, exigiriam alta qualificao profissional.

    A soluo, portanto, seria simples: aumen-

    tar o nvel de escolaridade e a capacitaotcnica da populao.Infelizmente, no o que se observa no

    dia-a-dia, e os nmeros demonstram queo partido pessimista tem razo. At mes-mo os otimistas concordam que para tudodar certo necessrio haver um espetcu-lo do crescimento em termos globais: seos governos no forem capazes de intervirpara reduzir as jornadas de trabalho, asconseqncias seriam aquelas descritaspelos pessimistas.

    Vamos analisar como cada pas deveragir para se inserir na nova economia. Apartir de discursos de empresrios e econo-mistas, o que fica claro o seguinte:

    necessrio o aumento de produtivi-dade mesmo custa do aumento dodesemprego, pois o supervit gerado

    poder ser usado para criar novosempregos.

    Alegam que a expanso do comr-cio global faria com que essa com-petio entre naes no tivesse

    Tecnologia e Trabalho 13

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    como resultado uma soma zero,

    ou seja, o aumento da riqueza glob-al. Na realidade, faria com que osupervit obtido por cada pas fossemaior a cada ano, de modo que to-dos ganhariam.

    a que est o problema. Porque oque se observa o seguinte:

    As empresas se valem das novas tecnolo-gias para transferir empregos de seus

    pa-ses para outros onde a mo-de-obra mais barata. O supervit obtido investido, cada vez

    mais, em tecnologias substitutivas demo-de-obra em seus prprios pases.

    Os governos so cada vez mais impo-tentes para influir sobre qualquer de-ciso importante que envolva a eco-nomia global.

    Ora, uma das condies absolutamentenecessrias para o aumento da demanda o aumento da renda das populaes. Mas oquesito bsico para a insero de qualquerpas pobre na economia global acaba sendoo de sua populao permanecer pobre. Seos salrios e benefcios aumentarem, o pasdeixar de ser competitivo e sua populao

    voltar imediatamente excluso.Para os pases ricos sobra a opo de

    transferir seus cidados de empregos comaltos salrios para empregos terceirizados,temporrios, de meio perodo, contratadospor projeto etc. Em todos os casos hreduo de salrios e/ou benefcios. Ento

    fica a pergunta: se a renda nos pases ricos

    deve cair e nos pases pobres deve se man-ter baixa, de onde vir o aumento da de-manda? Apenas o consumo de luxo ser ca-paz de ger-la?

    Por outro lado, toda a presso polticaque vem sendo feita, tanto em pases ricosquanto nos subdesenvolvidos, no sentidode uma menor interferncia do Estado naeconomia. Quanto menos governo me-

    lhor. Por toda parte se fala em desregula-mentao, em flexibilizao das leis traba-lhistas etc. Outra pergunta: de onde viruma possvel reao capaz de reduzir as

    jornadas de trabalho e no o emprego?Apesar de haver um aumento das exign-

    cias em termos de educao e treinamento, amaioria dos profissionais apenas conseguemanter em parte sua renda. De outro lado,

    um pequeno grupo passou a obter salrioscada vez maiores e os empresrios de suces-so fizeram fortunas inimaginveis.

    O aumento das desigualdades gera con-flitos sociais de todo tipo. urgente reequi-librar as sociedades para evitar os confli-tos. Quem poder fazer isso? Os governose partidos polticos atuais? Ser possvelfaz-lo por meios pacficos e institucionais?

    Essas so de fato as perguntas mais

    importantes, cuja capacidade de respostadepender futuro das novas lideranaspolticas e sociais.

    Tecnologia e Trabalho14

    Extrado do site www.espacoacademico.com.br/036/36ccesar.htm

    Revista Espao Acadmico N. 036 maio de 2004

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    Renato Pompeu

    Os avanos tecnolgicos das ltimas trsdcadas destruram uma grande massade empregos permanentes e de carreiras

    estveis, mas criaram muitos trabalhos tempor-rios. A robotizao e a informtica tornaramdesnecessria grande parte da mo-de-obraque havia sido imprescindvel no setor da pro-duo nos perodos anteriores. Os operriose funcionrios administrativos foram sendosubstitudos por equipes cada vez maisenxutas, que trabalham com equipamentosde altos nveis de produtividade e qualidade.

    No Brasil isso se refletiu na queda rela-tiva do nmero de empregos com carteiraassinada no setor de produo, tanto nasfbricas como nas sees administrativas.Est acabando a era do emprego estvel,com frias e descanso semanal remunera-

    dos, com direito a indenizao no caso dedispensa sem justa causa.

    Mas isso no significa necessariamenteque as pessoas fiquem sem oportunidades derenda. Est surgindo um novo tipo de traba-

    lhador, em especial no setor de servios, quetem renda por tarefas executadas. Esse tra-balhador, ao contrrio do antigo, no temuma profisso fixa em que se especializa e sequalifica, seguindo uma carreira: uma jovem,por exemplo, pode passar um tempo comofaxineira, ou como cabeleireira, depois tra-balhar em algum lugar como auxiliar admi-nistrativo temporria, em seguida, como

    bab ou acompanhante de pessoa idosa, oucomo modelo de publicidade para pequenasempresas, ou para calendrios. a era emque a grande massa de trabalhadores garan-te a sua renda pulando de bico em bico.

    TEXTO XX

    Tecnologia e Trabalho 15

    Foto:FBar

    Relaes do trabalhoTEXTO 5

    Desenvolvimento diminuiu empregos e gerou novas profisses

    Oficina de informtica da Casagua e Vida para moradores de

    baixa renda de Garulhos,9 de agosto de 2006.

    REVOLUO TECNOLGICA DESTRIEMPREGOS,MAS CRIA TRABALHOS

    Texto escrito por Renato Pompeu, escritor e jornalista.

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    Acesso tecnologiaTEXTO 6

    Tecnologia e Trabalho16

    Ainformtica facilitou a vida dos tra-balhadores, mas ao mesmo tempo

    aumentou as diferenas entre as

    classes sociais. Quem no sabe utilizar um

    computador ou desconhece um vocabul-

    rio mnimo de ingls a lngua mais falada

    na Internet est condenado a perder boas

    oportunidades de emprego. Para evitar que

    as portas se fechem aos mais pobres e

    menos escolarizados, um projeto governa-mental comeou a tomar forma em Mato

    Grosso, em 2003, e est espalhado por todo

    o pas. Trata-se do programa Comunidade

    Brasil, que monta centros de informtica

    para comunidades carentes.

    Como funcionam os telecentrosCada telecentro equipado, no mni-

    mo, com dez computadores, um servidor,

    uma impressora e um scanner, que ficam

    disposio de qualquer pessoa que queira

    utiliz-los, sem custo algum. Trs morado-

    res do local so treinados para ajudar os

    usurios a se conectar Internet, a realizar

    trabalhos escolares e a organizar cursos via

    web em diversas reas de interesse.

    Estgio difcil

    De acordo com os relatrios do Ins-

    tituto Euvaldo Lodi (IEL), que coloca estu-

    dantes para estagiar em empresas, cerca de

    NOVASDIFERENASSOCIAISQuem no sabe usar umcomputador hoje est condenadoa perder bons empregos

    Ilustrao:Alcy

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    60% dos candidatos a estgio de nvel

    mdio so analfabetos em informtica. Oteste para medio de conhecimentos

    composto por dez perguntas simples como:

    Voc sabe ligar um computador? Quem

    no consegue responder pelo menos cinco

    questes considerado analfabeto em in-

    formtica e aconselhado a procurar um

    curso para se atualizar. O fator renda est

    associado ao desconhecimento de noes

    de informtica, pois quase 90% dos candi-datos a estgio em nvel mdio no tm

    computador em casa. A situao se inverte

    no topo da pirmide escolar: s 3% dos

    candidatos a vagas em nvel superior so

    analfabetos digitais. Desse universo, cerca

    de 90% possuem computador em casa.

    A estudante Carla Cristina Amaral

    Abreu, de 20 anos, moradora de Luzinia,Mato Grosso, teve dificuldade para conseguir

    estgio por causa da falta de conhecimentos

    de informtica. No havia computador na

    escola de ensino mdio onde estudava: no

    IEL ficou sabendo que todas as vagas ofere-

    cidas exigiam noes de informtica. A estu-

    dante fez um curso de quatro meses no Senac

    e obteve colocao rapidamente. Sem o

    curso, jamais teria conseguido a vaga, diz.A utilizao da informtica facilita mui-

    to a vida. O que antigamente levava horas

    para fazer principalmente enfrentando

    filas hoje se faz em segundos pela Inter-

    net. Cerca de 70% dos servios do governo

    federal so oferecidos na rede mundial de

    computadores. O mais conhecido a decla-

    rao de rendimentos pela Receita Federal.

    A Internet a maior biblioteca do mun-

    do. Em poucos minutos possvel reunir

    informaes suficientes para a realizao de

    um bom trabalho escolar e dados importan-

    tes para a execuo de tarefas profissionais.

    A comunicao por e-mail permite a trans-

    ferncia de uma quantidade enorme de co-

    nhecimento de um ponto a outro do planeta.

    Conversas pela rede mundial de computadores

    so muito mais baratas do que por telefone.

    Desigualdade em nmeros

    Hoje no Brasil, apenas um percentual

    reduzido da populao, em torno de 10%,

    tem contato com microcomputadores e In-

    Tecnologia e Trabalho 17

    A maioria fica de fora

    Veja como esto distribudos os inter-

    nautas no Brasil e no mundo, em %

    3,54Amrica Latina

    27,68Europa

    22,83sia

    0,61frica

    45,35Estados Unidos

    6CA10T11P4.qxd 15.01.07 15:52 Page 17

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    ternet, seja no trabalho ou em casa. Por esse

    motivo h um esforo coletivo envolvendogoverno, empresas privadas e organizaes

    no-governamentais (ONGs) para resolver

    esse problema, como o CDI (Comit para

    Democratizao da Informtica, www.cdi.

    org.br). O CDI foi uma das primeiras orga-

    nizaes a atacar a excluso digital na Am-

    rica Latina. Criado em maro de 1995, j

    capacitou milhares de pessoas de baixa ren-

    da em dez pases.Cerca de 90% dos atendidos so brasi-

    leiros, espalhados por dezenove Estados.

    So escolas auto-sustentveis, em que o

    aluno paga uma mensalidade simblica, de

    10 reais, por um curso com durao de trs

    meses.

    *para a revista Desafios do Desenvolvimento, abril de 2005

    Texto 6 / Excluso dig ital

    Tecnologia e Trabalho18

    Internet no Brasil

    5,46

    20,51

    32,58

    9,59

    17,58

    6,89

    Ensinobsico

    Ensinomdio(comp.)

    Ensino mdio(incomp.)

    Ensinosuperior(comp.)

    Ensinosuperior(incomp.)

    Ps-graduao

    Outros

    7,36

    13,6 milhesde pessoas, 8% da populao,acessam a Internet de seusprprios computadores.

    OS ACEITOS NA FESTAPesquisa feita em 49,1 milhes de domiclios mostraa diferena entre ricos e pobres no acesso tecnologia

    Com microcomputadorSem microcomputadorCom acesso Internet

    AT 10 SALRIOSMNIMOS

    AT 20 SALRIOSMNIMOS

    38.129,6 mil

    1.511,1 mil

    3.413,9 mil2.134,3 mil

    1.377,8 mil

    418,5 mil

    Veja o perfil do internauta brasileiro por graude instruo, em %.

    6CA10T11P4.qxd 15.01.07 15:52 Page 18

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    Tecnologia e Trabalho 19

    Letra e msica: Gilberto Gil, 1976

    Acesso tecnologiaTEXTO 7

    Queremos saberO que vo fazerCom as novas invenesQueremos notcia mais sria

    Sobre a descoberta da antimatriaE suas implicaesNa emancipao do homemDas grandes populaesHomens pobres das cidadesDas estepes, dos sertes

    Queremos saberQuando vamos terRaio laser mais barato

    Queremos de fato um relatoRetrato mais srioDo mistrio da luzLuz do disco voadorPra iluminao do homemTo carente e sofredorTo perdido na distnciaDa morada do Senhor

    Queremos saberQueremos viverConfiantes no futuroPor isso se faz necessrioPrever qual o itinerrio da iluso

    A iluso do poderPois se foi permitido ao homemTantas coisas conhecer melhor que todos saibamO que pode acontecer

    Queremos saber

    Queremos saberTodos queremos saber

    Gege Edies Musicais Ltda (Brasil e Amrica do Sul)

    Preta Music (Resto do mundo) in O Viramundo

    Ilustrao:Alcy

    QUEREMOS SABER

    7CA10T25P4.qxd 15.01.07 16:00 Page 19

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    20/64

    A tecnologiano pra de

    mudar a vida

    das pessoas

    Tecnologia e cot id ianoTEXTO 8

    Tecnologia e Trabalho20

    8CA10T26P4.qxd 12/16/06 4:30 PM Page 20

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    Renato Pompeu

    Ahistria do telefone um bom exem-

    plo das mudanas provocadas na vida

    das pessoas nos ltimos dois sculos.

    Com efeito, a histria do telefone pas-

    sou por diversos estgios desde a sua inven-

    o na segunda metade do sculo 19. Noincio, s era possvel ligar de um telefone

    para outro e s na segunda metade do scu-

    lo 19 que foram instaladas as primeiras

    redes urbanas de telefones, com cada assi-

    nante podendo ligar para qualquer outro

    assinante. No decorrer das dcadas foram

    sendo sucessivamente instaladas, j no scu-

    lo 20, as redes interurbanas, inter-regionais

    e em escala mundial.Os aparelhos tambm foram mudando.

    Um dos primeiros modelos foi o telefone a

    magneto, no qual se movimentava uma

    manivela para acionar distncia a cam-

    painha de outro telefone. Esse modelo foi

    usado at a Segunda Guerra Mundial nas

    comunicaes durante as batalhas, com o

    uso do chamado telefone de campanha.

    Na passagem do sculo 19 para o scu-lo 20, surgiu o chamado telefone manual.

    Por esse sistema no era possvel ligar dire-

    tamente de um aparelho para outro; era

    necessria a mediao de uma telefonista.

    O telefone no tinha nem disco, nem tecla-

    do, nem manivela: erguendo-se o fone em

    uma casa ou escritrio, acionava-se auto-

    maticamente a mesa de uma telefonista em

    alguma estao - e l vinha a frase que se

    tornou clebre: Nmero, faz favor? A pes-

    soa dizia o nmero e a telefonista comple-tava a ligao, acionando o telefone dese-

    jado.

    Esse sistema se manteve at recente-

    mente nas ligaes interurbanas e interna-

    cionais.

    O telefone manual era to entranhado

    nos hbitos da populao que foi objeto de

    versos de canes populares, como o cle-

    bre Telefone ao menos uma vez para o 34-4333, e ordene ao seu Osrio que nos traga

    um guarda-chuva aqui para o nosso escri-

    trio, de Noel Rosa, e o no menos cle-

    bre Pennsylvania 6-500, consagrado pelo

    americano Glenn Miller; ambas as canes

    dos anos 1930.

    Depois de dominar durante dcadas, o

    telefone manual foi substitudo aps a

    Segunda Guerra Mundial pelo telefone adisco, que prescindia da telefonista, inicial-

    mente, nas ligaes locais. A pessoa disca-

    va o nmero desejado, mas ainda tinha de

    discar para a telefonista se quisesse fazer

    uma ligao interurbana ou internacional.

    Tecnologia e Trabalho 21

    8CA10T26P4.qxd 15.01.07 15:59 Page 21

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    Nos anos 1980 surgiu o telefone a tecla-

    do, em que a ligao mais rpida, menos

    complicada, com menos riscos de erro (o

    chamado engano) e mais segura. O telefo-

    ne acoplou-se na mesma poca Internet.

    Mais alguns anos e, com o celular, come-

    ou uma verdadeira revoluo permanente

    na telefonia. Com ele possvel ligar-se

    internet, e televiso; localizar alguem em

    qualquer lugar do mundo; baixar msicas efilmes, tirar fotografias, etc.

    Essa sucesso de avanos primeiramen-

    te graduais, por meio de estgios tecnol-

    gicos de grande durao, seguida do atual

    perodo de grande instabilidade e eferves-

    cncia tecnolgicas reflete o andamento,

    nos dois ltimos sculos, das revolues

    tecnolgicas, que primeiro se deram por

    meio de sucessivos patamares estveis atchegar ao atual patamar instvel.

    Primeiro, na passagem do sculo 18 para

    o 19, houve a introduo da mquina a

    vapor. Depois, j na segunda metade do scu-

    lo 19, surgiram o petrleo, a eletricidade e a

    qumica pesada. Na primeira metade do s-

    culo 20, surgiram o fordismo e o taylorismo,

    ou seja, a linha de montagem e a cronome-

    tragem de aes regulares no interior das

    fbricas. Foi nesse estgio do fordismo e do

    taylorismo que se desenvolveu o comunis-

    mo, com sua planificao centralizada e au-

    sncia de concorrncia.

    Entretanto, se possvel planejar a

    indstria, a agricultura e o comrcio, no possvel planejar o desenvolvimento tecno-

    lgico, que no capitalismo se d pela con-

    corrncia. Quando o patamar relativamen-

    te estvel do fordismo e do taylorismo foi

    substitudo pelo atual patamar eminente-

    mente instvel da robtica, computadori-

    zao, bioengenharia e qumica fina, a im-

    possibilidade de um planejamento central

    e nico para as mudanas levou derroca-da do comunismo.

    Texto 8 / Tecnologia e cot id iano

    Tecnologia e Trabalho22

    Texto escrito por Renato Pompeu, escritor e jornalista.

    8CA10T26P4.qxd 15.01.07 15:59 Page 22

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    quase dia, a cama no esquenta,e ela pensa no relgio de ponto.O jantar, mal engoliu, ainda o sente,

    e ela pensa no relgio de ponto.O caf, meio fraco, o p, quase no deu,e ela pensa no relgio de ponto.O tecido to macio, linha, tesoura,e ela pensa no relgio de ponto.

    A mquina de costura a contragosto,resmungandoe ela pensa no relgio de ponto.O marido, os filhos, tudo certo, mas nem tanto,

    e ela pensa no relgio de ponto.A dor da unha encravada, o teto alto da fbrica,e ela pensa no relgio de ponto.O dinheiro do gs, a regra atrasada,e ela pensa no relgio de ponto.O futebol insuportvel, a vizinha de saia curta,e ela pensa no relgio de ponto.O choro do caula, o doce de banana,e ela pensa no relgio de ponto.O tecido macio, a regra atrasada, o teto alto, omarido, o docede banana, o caf fraco, e a mquina de costuraresmungando...O sono e o relgio de ponto.

    Fonte: DEDIC Escreve poesias e contos Mobitel s/a p. 55 2005.

    Tecnologia e Trabalho

    TEXTO 12Tecnologia e cot id iano

    TEXTO 9

    23

    O RELGIO DE PONTORosene Mara Monteiro de Toledo

    Ilustrao:Alcy

    9CA10T04P4.qxd 15.01.07 16:02 Page 23

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    Ainveno mais notvel do comeo da

    Revoluo Industrial foi obra do

    operrio ingls James Watt. Ele no

    criou a mquina a vapor, ele a aprimorou.

    Em 1765, ele criou a primeira mquina a

    vapor realmente eficaz. A idia bsica era

    colocar o carvo em brasa para aquecer a

    gua at que ela produzisse muito vapor. A

    mquina girava por causa da expanso e dacontrao do vapor posto dentro de um

    cilindro de metal. As mquinas a vapor ti-

    nham muitas utilidades. Retiravam a gua

    que inundava as minas subterrneas. Mo-

    vimentavam os teares mecnicos, que pro-

    duziam tecidos de algodo. Com isso, a

    Inglaterra se tornou a maior exportadora

    mundial de tecidos. Nas primeiras dcadas

    do sculo 19, as mquinas a vapor equipa-ram navios e locomotivas. A Inglaterra, a

    Frana, a Alemanha e os EUA instalaram

    milhares de quilmetros de ferrovias e

    desenvolveram espetacularmente as inds-

    trias de ferro e de mquinas.

    REVOLUOINDUSTRIAL E

    MUDANA

    Tecnologia e Trabalho24

    Desenvolvimento tecnolgicoTEXTO 10

    Acervo Iconographia

    A indstria, por natureza, a depositria final de todaa tecnologia produzida

    pelo homem, no importapara que setor tenha sidodesenvolvida

    Setor de

    produo de tear

    de fbrica de rede,

    So Bento, PB.

    10CA10T02P4.qxd 15.01.07 16:05 Page 24

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    A mquina a vapor

    As primeiras mquinas a vapor foramconstrudas pelos gregos antigos, mas nun-

    ca foram muito usadas. Na Inglaterra, du-

    rante o sculo 18 foram desenvolvidas as

    primeiras mquinas a vapor economica-

    mente viveis. Retiravam a gua acumula-

    da nas minas de ferro e de carvo e fabri-

    cavam tecidos. Graas a essas mquinas, a

    produo de mercadorias aumentou muito.

    E os lucros dos proprietrios de fbricascresceram na mesma proporo. Por isso,

    os empresrios ingleses comearam a inves-

    tir na instalao de indstrias. As fbricas

    se espalharam rapidamente pela Inglaterra

    e provocaram mudanas to profundas,

    que os historiadores atuais chamam aquele

    perodo de Revoluo Industrial. O modo

    de vida e a mentalidade de milhes de

    pessoas se transformaram numa velocida-de espantosa. O mundo novo do capitalis-

    mo, da cidade, da tecnologia e da mudan-

    a incessante triunfou.As carruagens viajavam a 12 km/h e os

    cavalos, quando se cansavam, tinham de

    ser trocados durante o percurso. Um trem

    da poca alcanava 45 km/h e podia seguir

    centenas de quilmetros. Assim, a Revolu-

    o Industrial tornou o mundo mais veloz.

    Efeitos na sociedade

    Na esfera social, o principal desdobra-mento da revoluo foi a tranformao

    nas condies de vida nos pases indus-

    triais em relao aos outros pases da

    poca, havendo uma mudana progressi-

    va das necessidades de consumo da popu-

    lao conforme novas mercadorias foram

    sendo produzidas.

    A Revoluo Industrial alterou profun-

    damente as condies de vida do traba-lhador braal, provocando inicialmente

    Tecnologia e Trabalho 25

    1733

    John Kay inventa a

    lanadeira volante.

    1740

    Benjamin Huntsman desen-

    volve o processo de pro-

    duzir ao tipo crucible.

    1767

    James Hargreaves inventa a

    spinning jenny, que permi-

    tia a um s arteso fiar 80

    fios de uma nica vez.

    Linha dotempo

    1768James Watt inventa a

    mquina a vapor.

    1769Richard Arkwright inventa a

    water frame(corte de pre-

    ciso com o emprego de

    um filatrio hidrulico).

    1779Samuel Crompton inventa a

    mule, uma combinao da

    water framecom a spinning

    jennycom fios finos e

    resistentes.

    1785Edmond Cartwright

    inventa o tear

    mecnico.

    10CA10T02P4.qxd 15.01.07 17:31 Page 25

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    um intenso deslocamento da populao

    rural para as cidades, criando enormesconcentraes urbanas. A populao de

    Londres cresceu de 800.000 habitantes em

    1780 para mais de 5 milhes em 1880, por

    exemplo. Durante o incio da Revoluo

    Industrial, os operrios viviam em condi-

    es horrveis se comparadas s condies

    dos trabalhadores do sculo seguinte. Ten-

    do um cortio como moradia, ficavam

    submetidos a jornadas de trabalho enor-mes, que chegavam at a oitenta horas por

    semana. O salrio era medocre (em torno

    de 2,5 vezes o nvel de subsistncia) e

    tanto mulheres como crianas tambm

    trabalhavam, recebendo um salrio ainda

    menor.

    A produo em larga escala e dividida

    em etapas iria distanciar cada vez mais o

    trabalhador do produto final, j que cadagrupo de trabalhadores passava a dominar

    apenas uma etapa da produo, mas sua

    produtividade ficava maior. Como sua

    produtividade aumentava, os salrios reais

    dos trabalhadores ingleses aumentaram em

    mais de 300% entre 1800 e 1870. Devido

    ao progresso ocorrido nos primeiros noven-

    ta anos de industrializao, em 1860 a

    jornada de trabalho na Inglaterra j sereduzia para cerca de cinqenta horas

    semanais (dez horas dirias em cinco dias

    de trabalho por semana).

    Horas de trabalho por semana para

    trabalhadores adultos nas indstrias txteis:

    Movimento ludista

    Reclamaes contras as mquinas in-

    ventadas aps a revoluo para poupar a

    mo-de-obra j eram normais. Mas foi em1811 que o estopim estourou e surgiu o

    movimento ludista, uma forma mais radical

    de protesto. O nome deriva de Ned Ludd,

    um dos lderes do movimento. Os ludistas

    chamaram muita ateno pelos seus atos.

    Invadiram fbricas e destruram mquinas,

    que, segundo os ludistas, por serem mais

    eficientes que os homens, tiravam seus

    trabalhos, requerendo, contudo, duras ho-

    ras de jornada de trabalho. Os manifestan-

    tes sofreram uma violenta represso, foram

    condenados priso, deportao e at

    forca. Os ludistas ficaram lembrados como

    "os quebradores de mquinas".

    Anos depois, os operrios ingleses mais

    experientes adotaram mtodos mais efici-

    entes de luta, como a greve.

    Movimento cartista

    Em seqncia veio o movimento cartis-

    ta, organizado pela Associao dos Oper-

    rios, que exigia melhores condies de

    trabalho, como:

    Tecnologia e Trabalho26

    1780 em torno de 80 horaspor semana

    1820 67 horas por semana

    1860 53 horas por semana

    Texto 10 / Desenvolvimento tecnolgico

    10CA10T02P4.qxd 15.01.07 16:05 Page 26

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    particularmente a limitao de oito

    horas da jornada de trabalho

    regulamentao do trabalho

    feminino

    extino do trabalho infantil

    folga semanal

    salrio mnino

    Alm de direitos polticos, como o esta-

    belecimento do sufrgio universal, a extin-

    o da exigncia de propriedade para se

    integrar ao parlamento e o fim do voto

    censitrio. Esse movimento se destacou por

    sua organizao e por sua forma de atua-

    o, pela via poltica, chegando a conquis-

    tar diversos direitos polticos para os traba-

    lhadores.

    As trade unions

    Os empregados das fbricas tambm

    formaram associaes denominadas trade

    unions, que tiveram uma evoluo lenta em

    suas reivindicaes. Na segunda metade do

    sculo 19, as trade unions evoluram para

    os sindicatos, forma de organizao dos

    trabalhadores com um considervel nvel de

    ideologizao e organizao, pois o sculo

    19 foi um perodo muito frtil na produo

    de idias antiliberais que serviram luta da

    classe operria, seja para obteno de con-

    quistas na relao com o capitalismo, sejana organizao do movimento revolucion-

    rio cuja meta era construir o socialismo

    objetivando o comunismo. O mais eficiente

    e principal instrumento de luta das trade

    unions era a greve.

    Fonte P Wikipdia, a enciclopdia livre.

    Site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Industrial

    Tecnologia e Trabalho 27

    Enterro do

    sapateiro

    Martinez, morto

    durante a greve

    de 1917, em

    So Paulo.

    Acervo

    Iconographia

    10CA10T02P4.qxd 15.01.07 16:05 Page 27

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    InvenesTEXTO 11

    Tecnologia e Trabalho28

    Das armas primitivas dos ndios aos avies de Santos Dumont,

    a criao brasileira numa exposio

    BRASIL: 500 ANOSINVENTANDO

    Crianas moradoras do Jardim ngela na periferia da zona Sul visitam a mostrado redescobrimento no Parque do Ibirapuera. Na foto, Espao Barroco.

    Foto:SebastioMoreira/A

    E

    11CA10T05P4.qxd 15.01.07 16:14 Page 28

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    29/64

    Tecnologia e Trabalho 29

    Quando se fala em inveno, a gen-te logo imagina algum cheio deidias malucas, num laboratrio

    onde a qualquer momento alguma coisapode explodir, no mesmo? E quem nogostaria de conhecer um desses invento-res e pedir que ele criasse, quem sabe,uma mquina que resolvesse todos osnossos problemas? Afinal, idias geniais

    que no faltam na cabea das pessoas.E isso nem de hoje! Na exposio 500Anos de Inventiva no Brasil, que percorreuo pas em 2001 como parte das comemora-es pelo aniversrio de 500 anos do Brasil,foi possvel conhecer as invenes realiza-das desde que a nossa terra foi descoberta.

    Os nossos inventos comeam com o so-nho dos portugueses de desbravar o oceano

    Atlntico. Para isso, os navegadores precisa- vam enfrentar o que chamavam de MarTenebroso onde imaginavam existir serpen-tes e monstros marinhos para encontrar umcaminho martimo para as ndias. Antes decomear a aventura, foi preciso criar vrios

    instrumentos de navegao para ajudar osmarinheiros a determinar a localizao dobarco e a gui-lo pelo oceano.

    Em vez de chegar s ndias, a esquadrade Pedro lvares Cabral chegou a um lugarque mais tarde se chamou Brasil. Ao desem-barcar, os portugueses encontraram os n-dios, habitantes nativos daquela bela terra,e se surpreenderam com as suas invenes:

    com argila, fibras tranadas, madeiras eossos, eles faziam desde belos enfeites parao corpo at eficientes armas de guerra!

    No incio da colonizao, os portugue-ses foraram os ndios a trabalhar comoescravos, mas eles acabaram substitudospelos negros africanos. Trazidos fora nospores de navios negreiros, os africanos tra-balharam na agricultura, principalmentenas fazendas de cana-de-acar, e na mine-rao. Para realizar essas atividades, os por-tugueses trouxeram instrumentos como amoenda de trs cilindros verticais, utiliza-da nos engenhos do acar.

    O Demoiselle,

    trigssima obra aeronutica

    de Santos Dumont, o

    primeiro avio como

    conhecemos hoje

    Acervo

    Iconographia

    11CA10T05P4.qxd 13.12.06 22:23 Page 29

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    Tecnologia e Trabalho30

    Na virada do sculo 19 para o 20, ascidades e a populao brasileira crescerammuito e as invenes se voltaram para otransporte e o saneamento: para o trans-

    porte porque as pessoas precisavam se des-locar rapidamente de um lado a outro dacidade; e para o saneamento porque haviaa epidemia de peste bubnica, uma gravedoena transmitida por ratos. A doena,porm, no era a nica preocupao dapoca: por causa do sucesso do cultivo decaf, moas e rapazes que haviam enrique-cido passaram a valorizar mais a aparn-

    cia. Roupas e adereos precisavam estar namoda. S que alguns modismos eram bas-tante curiosos...

    Em 1907, o brasileiro Santos Dumont foinotcia no mundo todo por ter voado com oseu Demoiselle, no cu parisiense (em fran-

    cs, demoiselle quer dizer senhorita), assimchamado por sua leveza e graa. Dois anosdepois, aprimorou o modelo e estabeleceuum recorde de velocidade: 96 quilmetros

    por hora a 200 metros de altura! At ento,quem imaginava que o homem poderia

    voar? Vendo do cho, as pessoas devem terficado muito espantadas!

    E voc? Ficaria de queixo cado se visseum trem que levita? Ou se soubesse quebambus podem se tornar formidveis equi-pamentos para deficientes fsicos? Pois :essas so algumas invenes brasileiras

    recentes que foram apresentadas ao pbli-co na exposio.

    Texto 11 / Invenes

    No final do sculo 19,

    a moda e os costumes

    europeus foram

    copiados. Na foto,

    pedestres caminham

    pelas ruas do Rio

    do Janeiro.

    Acervo Iconographia

    Extrado do site http://cienciahoje.uol.com.br/materia/view/2864

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    Tecnologia e Trabalho 31

    Acervo Iconographia

    CAMINHO ERRADO

    Tecnologia e transporteTEXTO 12

    Foto: Sebastio Moreira / AE

    A matriz de transportesurbanos brasileira, privilegia

    a pior opo a individual

    So Paulo ontem...

    e hoje

    Nos horrios de pico, entre

    as 7 e as 9 horas da manh,

    e as 18 e as 20 do anoitecer,os nibus e automveis

    provocam congestionamento

    de at 150 quilmetros das

    vias urbanas. So Paulo tem

    hoje um carro para cada 2

    habitantes.

    Bondes na Praa da S,

    em 1922, quando So Paulo

    tinha cerca de 580 mil

    habitantes

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    Tecnologia e desempregoTEXTO 13

    NMEROS DO IBGEDETECTAM A EXTINODE EMPREGOS

    Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios

    2003 indica que o desemprego da Era da

    Informao j est presente no Brasil

    Tecnologia e Trabalho32

    Por Lauro Monteclaro

    Ilustra

    o:Alcy

    13CA10T18P4.qxd 15.01.07 16:16 Page 32

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    Tecnologia e Trabalho 33

    Quando se considera que as novas tec-

    nologias de informao e telecomu-nicaes, aliadas s novas tcnicas

    gerenciais, tendem a gerar desemprego nosnveis mdios da hierarquia empresarial, osnmeros no surpreendem.

    De fato, as novas tecnologias no substi-tuem abruptamente os empregos dos traba-lhadores braais por mquinas, como ocor-reu na Revoluo Industrial do passado. Elas

    provocam, principalmente, um forte dese-quilbrio nas relaes entre capital e traba-lho, favorecendo enormemente o primeiro.

    Depois dos processos de reengenharia,que hoje no so mais restritos apenas sindstrias, nota-se que os trabalhadoressobreviventes tornam-se muito mais d-ceis quanto a reivindicaes por aumentosde salrios, reposio de perdas inflacion-

    rias e novos benefcios. Isso explica as per-das progressivas de poder aquisitivo, mes-mo para os que continuam empregados.

    Os demitidos, depois de um longo pero-do de procura, vo acabar aceitando em-pregos com remunerao inferior querecebiam anteriormente. Outros aceitarofunes bem abaixo de suas qualificaes;e outros simplesmente abandonaro o

    mercado de trabalho, seja para se tornarautnomos, empresrios informais oudesempregados permanentes, vivendo custa de parentes. Isso explica a reduodrstica da renda por domiclio.

    Outro dado revelador que, no con-

    tingente de mulheres, o nvel da ocupao

    de 2003 permaneceu igual ao de 2002(44,5%), que praticamente havia alcana-do o de 1995 (44,6%), o mais alto desde oincio da dcada de 1990. Como interpre-tar isso? simples, o trabalho femininoest concentrado ou nas funes de menorrenda, ou em atividades pouco afetadaspelas novas tecnologias, como as ligadasao preparo de alimentos, limpeza e conser-

    vao, cuidado com doentes, deficientes,crianas, idosos etc.

    Mesmo a reduo do trabalho infantilpode ser relacionada aos programas gover-namentais baseados na troca de comidapor estudo. Assim, no mbito da econo-mia da famlia, a criana na escola garantea cesta bsica, enquanto o adulto desem-pregado passa a ocupar as funes que a

    criana ocupava.Isso no perceptvel na agricultura,

    onde o trabalho infantil complementarao do adulto e sempre foi uma fonte derenda perfeitamente aceitvel. Mas, nascidades, basta notar a substituio dotomador de conta de automveis infantilpelo flanelinha, sempre um adulto.Tambm notamos o progressivo envelhe-

    cimento dos encarregados de transportede documentos e pequenos volumes. Sai oguarda-mirim e entra o moto-boy.

    Extrado do site www.midiaindependente.org/eo/blue/2004/

    10/291926.shtml

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    UM CARRO A CADA

    80 SEGUNDOS

    Substituio de mo-de-obraTEXTO 14

    FORD E SEUS 25 SISTEMISTASPRODUZEM

    Linha de montagem do Ford KA na

    Ford Company do Brasil em So

    Bernardo do Campo, So Paulo.

    Tecnologia e Trabalho34

    Foto: Robson Fernandjes / AE

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    Tecnologia e Trabalho 35

    Para produzir quatro portas de trs

    modelos de carros no muito sofisti-

    cados so necessrias 250 peas. A

    combinao entre componentes e corespode resultar em 1.700 modelos diferentes

    de portas do Fiesta hatch, Fiesta sed e

    EcoSport. Mas a Ford no precisa se preo-

    cupar com nenhum detalhe dessa comple-

    xa operao. O trabalho todo feito pelos

    255 funcionrios da Faurecia, um dos for-

    necedores que trabalham ligados linha de

    montagem em Camaari, na Bahia os cha-

    mados sistemistas.Desde a inaugurao, em 2001, a fbri-

    ca da Ford na Bahia recebeu milhares de

    pesquisadores, estudantes e executivos da

    indstria automotiva do Brasil e do exte-

    rior. Somente no ano passado foram 1.400

    visitas, a maior parte de grupos.

    Todos querem conhecer o modelo de

    produo j diferente daquele que o pr-

    prio fundador da companhia, Henry Ford,

    pai da linha de montagem, inventou h

    um sculo. Cinco anos depois da insta-

    lao da fbrica, a inveno foi renova-

    da, com opo de atrair os principais for-

    necedores para perto da linha de montagem.

    A flexibilidade do mtodo permitiu

    empresa ultrapassar a capacidade da fbri-

    ca, feita para produzir 250.000 autom-

    veis por ano. So 912 veculos por dia um a cada 80 segundos em trs turnos

    de jornadas de 42 horas semanais, execu-

    tadas por 8.500 trabalhadores. Os da Ford

    somam 3.800. O restante dos 25 forne-

    cedores que dividem o mesmo espao.

    Outra curiosidade que leva tantos visi-

    tantes at Camaari entender como foi

    que a Ford conseguiu instalar uma fbrica

    de carros a mais de 4.000 quilmetros doprincipal centro fornecedor de autopeas e

    onde tambm est o maior mercado con-

    sumidor de veculos do pas. E ainda em

    um lugar onde os operrios nem sequer

    sabiam como era uma linha de montagem.

    Novas relaes

    Hoje j existe um toque de conhecimen-

    to automotivo na cultura baiana. O ritmo

    frentico dessa indstria alterou parte dos

    costumes locais, como o tradicional Car-

    naval de uma semana inteira. Quem traba-

    lha na Ford s tem trs dias de folia.

    Mas a fbrica vai parar sexta-feira e

    14CA10T19P4.qxd 15.12.06 14:13 Page 35

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    Tecnologia e Trabalho36

    sbado prximos, vspera e dia de So

    Joo. A multinacional americana entendeu

    que precisa respeitar essa cultura. Para o

    baiano, o dia de So Joo sagrado, diz

    Vagner Galeote, diretor de compras da Ford

    na Amrica do Sul, que fica em Camaari

    porque ali que se concentra hoje a maior

    parte da movimentao de compras da

    montadora no Mercosul.

    Para ele, atrair os fornecedores para

    dentro da fbrica foi o segredo do sucesso

    do projeto da Ford. Um fabricante de peas

    no faria um investimento para construir aprpria estrutura num local onde no exis-

    te mais do que uma montadora, explica

    Galeote. Para uma fbrica de alternadores

    dar certo, por exemplo, no se pode pensar

    em volumes de produo anual inferiores a

    500.000 peas, afirma.

    Com tantos fornecedores juntos, mistu-

    rar culturas de multinacionais de pases dis-

    tintos foi a maior dificuldade, na opiniodo executivo. Aqui dentro temos culturas

    de americanos, japoneses, franceses. O

    maior desafio foi padronizar o que no

    necessariamente era padro em cada uma

    dessas empresas, diz.

    Just in time

    No caso das portas, a francesa Faurecia

    conta com a sua prpria linha de monta-

    gem, que est ao lado da linha da Ford.

    Ambas funcionam simultaneamente para

    que cada carro encontre suas respectivas

    portas com o acabamento pronto. O mesmo

    ocorre com painis, bancos e outros con-

    juntos que seguem uma linha de produo

    que funciona em ziguezague. Como resul-

    tado, a Ford fica dispensada de manter o

    caro estoque de peas.

    Na Bahia, a Ford tem 240 robs e umdos mais altos ndices de automao entre

    fbricas brasileiras. Nas reas de estampa-

    ria e cabine no existe mo-de-obra huma-

    na. Braos mecnicos colocam as placas de

    ao nas prensas e um verdadeiro bal de

    robs toma conta de todo o setor de mon-

    tagem de cabines.

    Adaptado de texto do jornalValor Econmico

    (http://revistaautoesporte.globo.com)

    Texto 14 / Transformaes Cl imticas

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    MAS QUEMTEM ACESSO TECNOLOGIA?

    Foto:Flvia

    Perin/AE

    Apropr iaoTEXTO 15

    Tecnologia e Trabalho 37

    Antes de responder pergunta, im-

    portante levar em considerao que,

    apesar dos avanos na agricultura

    brasileira, a estrutura agrria ainda ex-

    tremamente concentrada. Dos 4,6 milhes

    de agricultores do pas, cerca de 4,1 milhes

    so agricultores familiares, com pouca terra

    e acessos limitados a crditos, conhecimen-

    tos e tecnologias. Os outros 500.000 agri-

    cultores so os que tm mais terra, maior

    acesso tecnologia e produzem mais. Essa

    desigualdade histrica explica por que os

    avanos tecnolgicos, em sua maioria,

    ainda so realidades distantes da maioria

    dos produtores rurais. "O desenvolvimento

    de uma tecnologia geral, no leva em con-

    siderao se vai ser usada por um grande

    ou pequeno produtor. O desenvolvimento

    final dela que vai focar o mercado", expli-ca um economista de So Paulo, especia-

    lizado no agronegcio.

    Fonte P www.agco.com.br/%5CNoticia%5CRepositorio%5C24_dest_col-

    heitadeira2.jpg (acesso em 08 de maio de 2006)

    No Brasil ainda predomina a agricultura familiar.

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    Para conhecer a herana doconfeiteiro francs Nicolas Appert,

    basta olhar para as prateleirasdo supermercado mais prximoda sua casa!

    Tecnologia al imentciaTEXTO 16

    Tecnologia e Trabalho38

    FEITO PARA

    DURAR

    16CA10T_alimentos 12/16/06 4:52 PM Page 38

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    Aconservao de alimentos surgiu com a civilizao. En-

    tretanto, todos os processos utilizados at o final dosculo 18 foram desenvolvidos de forma totalmente

    emprica, sem nenhum conhecimento ou embasamento terico

    e, normalmente, utilizando ou simulando processos existentes

    na natureza (secagem, defumao, congelamento). Nessa

    poca, j se sabia que as frutas e algumas hortalias podiam

    ser conservadas em acar e certas hortalias toleravam o

    vinagre. Porm, todos esses procedimentos conservavam os

    alimentos por pouco tempo e nem sempre dava certo.

    O avano cientfico

    Foi somente no incio do sculo 19, que o confeiteiro

    francs, Nicolas Appert (1749-1841), depois de 15 anos de

    experimentos, desenvolveu um processo que no era baseado

    em nenhum fenmeno natural j conhecido.

    Foi para resolver as questes prticas do dia-a-dia de sua

    confeitaria, que ele teve a genial intuio de que se colocasse

    os alimentos previamente fervidos em garrafas de vidro

    grossas (como as usadas para o champagne) com algum

    lquido e lacrando-as com rolha de cera, conseguiria uma

    prolongao da vida de prateleira destes alimentos. Sups que,

    como no vinho, a exposio ao ar estragava a comida. Assim,

    se a comida fosse colocada num recipiente que vedasse a

    entrada do ar, ficaria fresca e com boa qualidade. Funcionou.

    Tecnologia e Trabalho 39

    16CA10T_alimentos 12/16/06 4:52 PM Page 39

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    Colocando em prtica suas descobertas em escala in-dustrial, em 1802, ele instalou nas cercanias de Paris a

    primeira fbrica de conservas do mundo, que empregava cercade 50 funcionrios. Encomendou a um vidreiro garrafas comgargalos mais largos que os habituais e deu incio suaproduo.

    Amostras com comidas preservadas pelo mtodo deAppert foram enviadas para o mar por mais de quatro meses.Carnes e vegetais estavam entre os 18 diferentes itens emrecipientes de vidro; todos retiveram seu frescor e nenhumasubstncia passou por mudanas substanciais.

    Seu mtodo conseguiu crescente sucesso comercial, e foiutilizado por Napoleo Bonaparte no abastecimento de suastropas e na marinha mercante, para as longas viagenstransatlnticas. Em 1809, o ministro de Administrao Internada Frana, Conde Mantalivet, providenciou um prmio de 12mil francos franceses para que Appert tornasse pblicas suasdescobertas.

    Assim, em 1810, foi publicado o livro "A Arte de ConservarTodas as Substncias Animais e Vegetais", em que ele descrevia,

    detalhadamente, o processo de conserva de mais de 50 ali-mentos. Muito rapidamente, tradues foram publicadas emoutros pases, como Alemanha, Inglaterra, Blgica e EstadosUnidos. Logo aps a publicao do mtodo Appert, surgiram v-rias fbricas de conservas tanto na Frana quanto no exterior.

    Louis Pasteur

    Na poca, Appert acreditava que a preservao do ali-mento devia-se a ausncia de ar no interior do frasco. Estahiptese foi derrubada por Pasteur algumas dcadas depois,em 1864, ao provar que os pequenos seres vivos que j haviamsido identificados por Leeuwenhoek em 1675 eram res-ponsveis por deterioraes nos alimentos e doenas no ho-mem. As pesquisas de Pasteur demonstraram que o efeito datemperatura na preservao dos alimentos era na realidade

    Texto 16 / Tecnologia al imentcia

    Tecnologia e Trabalho40

    16CA10T_alimentos 15.01.07 16:25 Page 40

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    Tecnologia e Trabalho 41

    sobre os microrganismos, observando que uma temperaturade 62-63C mantida por um perodo de uma hora e meia erasuficiente para eliminar os microrganismos presentes nossucos de frutas. Este processo, que recebeu o nome depasteurizao, provocou uma grande alavancagem na qua-lidade dos vinhos franceses, principal indstria do pas napoca, concedendo a Pasteur um grande prestgio junto ao

    governo da Frana.O processo de preservao criado por ele, em sua home-nagem, foi batizado de pasteurizao, englobando todo aquelemtodo que depende de um tratamento trmico para com-bater a deteriorao do alimento. , at hoje, o mais utilizadona indstria de conservas.

    As primeira latas de conserva

    No mesmo ano em que Appert publicou o seu livro, 1810,Peter ou Pierre Durand (discute-se se era ingls ou francs)recebeu uma patente do Rei George III pela idia de preservarcomida em "garrafas ou outros vasilhames de vidro, potes ourecipientes de estanho, ou outros materiais adequados".

    O alto preo das latas era atribudo baixa demanda demercado e do mtodo artesanal de fabricao e envasamento.

    Louis Pasteur inventou

    a pasteurizao, utilizada

    at hoje pela indstria

    de alimentos.

    16CA10T_alimentos 15.01.07 16:25 Page 41

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    Ocurioso da histria do abri-

    dor de latas que ele s foi

    inventado mais de 45 anos

    depois das primeira latas de conser-

    vas, que surgiram em 1813.

    Isto aconteceu porque as pri-

    meiras latas possuam grossas pare-

    des de ferro que para serem abertas

    exigiam o uso do cinzel e do marte-

    lo (e no caso dos soldados com a

    ponta da baioneta ou o tiro do fuzil).

    O abridor de latas surgiu em

    1858, quando as latas se tornaram

    mais leves, e foi inventado por Ezra.

    Warner, de Waterbury, no estado

    norte-americano de Connecticut. Era

    um aparato volumoso e impressio-

    nante, que se parecia, em parte com

    uma baioneta e em parte com uma

    foice. Introduzia-se sua grande folha

    curva na borda da lata e empregan-

    do a fora, fazia-se com que ela des-

    lizasse sobre toda a lateral. Uma dis-

    trao poderia gerar srios acidentes.

    O abridor tal como utilizamos

    hoje, com uma roda cortante que

    gira ao redor da borda da lata, foi

    inventado pelo americano Willian

    Lyman, que o patenteou em 1870. A

    Star Can Opener Company, de San

    Francisco, aperfeioou o aparelho de

    Lyman, agregando-lhe uma roda

    dentada, denominada roda alimen-

    tadora, graas qual a embalagem

    girava pela primeira vez em sentido

    contrrio roda. Este princpio bsi-

    co segue sendo utilizado at hoje e

    foi a base do primeiro abridor de

    latas eltrico, patenteado em 1931.

    Texto 16 / Tecnologia al imentcia

    Tecnologia e Trabalho42

    O Abridor de LatasO Abridor de Latas

    16CA10T_alimentos 12/16/06 4:52 PM Page 42

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    O americano Gail Borden foi um pioneiro no enlatamento

    de alimentos. Em 1856, produziu, com sucesso, o leite con-densado em lata e lhe foi concedida uma patente do processo. A

    demanda para o leite condensado foi pequena no incio, mas,

    durante a guerra civil americana (1861-1865), passou a ser

    consumido em larga escala.

    A guerra civil contribuiu significativamente para a po-

    pularizao dos alimentos enlatados de uma forma geral. O

    exrcito tinha de ser alimentado, para isso, o governo fez

    contratos com diversas empresas de conservas. No final da

    guerra, estes soldados retornaram para casa cheios de elogiospara os alimentos seguros, portteis, e armazenveis. Sob

    circunstncias difceis, os povos aprenderam que os alimentos

    enlatados, tais como o leite condensado, podem ser saborosos

    e nutritivos. A inveno de abridores de lata prticos, no fim

    sculo 19, tornou-as mais fceis de abrir e mais convenientes

    para consumidores.

    Em 1868, primeiramente nos Estados Unidos e depois na

    Europa, as latas feitas a mo foram substitudas pelas feitas a

    mquina.

    Hoje, h mquinas especficas para o preparo e envase de

    cada tipo de enlatado e conserva, cada um com seus distintos

    processos e diferentes tempos de coco, segundo os micro-

    organismos que devem ser eliminados. As conservas, sobretudo

    os enlatados, so encontrados em toda parte, disponibilizando

    aos consumidores alimentos seguros, saudveis e de qualidade.

    Extrado do site www.correiogourmand.com.br/info_culturagastronomica_11.htm

    Tecnologia e Trabalho 43

    16CA10T_alimentos 15.01.07 16:34 Page 43

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    Tecnologia social compreende produ-tos, tcnicas ou metodologias reapli-cveis, desenvolvidas na interao

    com a comunidade e que representemefetivas solues de transformao social.

    uma proposta inovadora que consi-dera a participao coletiva no processode organizao, desenvolvimento e im-plementao de determinado programa.

    Baseia-se na disseminao de soluespara problemas de alimentao, educa-o, energia, habitao, renda, recursoshdricos, sade, meio ambiente, dentreoutras.

    As tecnologias sociais podem aliar

    sabedoria popular, organizao social econhecimento tcnico-cientfico. O querealmente importa que sejam efetivase reaplicveis, propiciando desenvolvi-mento social em escala.

    Bons exemplos de tecnologia social:o clssico soro caseiro (mistura de 2colheres, das de sopa, cheias de acar e1 colher das de ch, rasa, de sal com 1

    litro de gua, que combate a desidrata-o e reduz a mortalidade infantil); ascisternas de placas pr-moldadas queatenuam os problemas de acesso a guade boa qualidade populao do semi-rido nordestino, entre outros.

    Foto:Rodrigo

    Lobo

    /JC/

    AE

    TECNOLOGIA SOCIAL

    Desenvolvimento sustentvel

    TEXTO 17

    Tecnologia e Trabalho44

    Os pases buscam produtos, tcnicas ou sistemas que funcionemefetivamente e promovam desenvolvimento social em escala

    Cisternas de placas

    pr-moldadas: solues

    localizadas, baratas

    e eficientes

    17CA10T22P4.qxd 15.12.06 14:25 Page 44

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    O que uma cisterna de placas?

    A cisterna de placas um tipo de reser- vatrio para gua, cilndrico, coberto esemi-enterrado, que permite a captao e oarmazenamento de guas das chuvas, apro-

    veitadas a partir do seu escoamento nostelhados das casas por calhas de zinco ouPVC. A cisterna de placas permite o arma-zenamento de gua para consumo humanoem reservatrio protegido da evaporao e

    das contaminaes causadas por animais edejetos trazidos pelas enxurradas.

    O tamanho da cisterna varia de acordocom o nmero de pessoas da casa e dotamanho do telhado. A experincia temprovado que ela pode garantir gua potvelpara a famlia beber e cozinhar durante oitomeses. fcil preparar profissionais comoos pedreiros, capazes de chefiar o mutiro

    que constri uma cisterna, e perfeitamen-te possvel que todas as casas a possuam.A cisterna muda para melhor a vida

    das mulheres e das crianas, que no maisprecisaro buscar gua longe de casa; mu-da para melhor a sade de todos, especial-mente a das crianas e dos idosos.

    Cofres de gua

    Chover, at que chove. O problema que a chuva se concentra no incio do anoe rapidamente absorvida pelo solo. Nosoutros meses, os brasileiros que moram nosemi-rido sofrem com a seca. Uma solu-o para evitar o desperdcio de um bem

    to precioso como a gua a construo de

    cisternas, recipientes feitos com placas decimento pr-moldadas, capazes de guardar,de seis a oito meses, toda a gua da chuvaque cai dos telhados. So como cofres, queguardam a gua poupada. O programaUm Milho de Cisternas para o Semi-rido, uma iniciativa liderada pela Articu-lao do Semi-rido (ASA), frum compos-to de 750 organizaes da sociedade civil

    da regio, surgiu em 2002 para divulgar atecnologia e estimular sua implantao. Ocusto de cada cisterna sai por volta de1.400 reais e armazena 16.000 litros degua, o suficiente para abastecer uma fam-lia de cinco pessoas durante seis a oitomeses. O programa tem a participao dogoverno federal e j beneficiou 58.000famlias.

    O sucesso do programa depende, des-de o princpio, da participao popular. Issoporque quem decide quais sero as fam-lias beneficiadas uma comisso local,tambm responsvel pela organizao doscursos de capacitao e dos trabalhos demutiro, administrao e prestao de con-tas. Nesse processo, 2.000 pedreiros jforam treinados para construir cisternas.

    Nos cursos, os pedreiros, alm de apren-derem as tcnicas de armazenamento emanejo da gua da chuva, so treinados apassar seus conhecimentos para outraspessoas, multiplicando assim o nmero deinteressados em usufruir desse grande bene-

    Tecnologia e Trabalho 45

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    fcio. Tambm aprendem os procedimentostcnicos para a localizao das cisternas e a

    definir o volume de gua a ser armazenadacom base nos clculos de dimenso e narea de captao.

    A associao tambm tem o projetoUma Terra, Duas guas, ainda em constru-o, que envolve quatro pontos: reforma

    agrria, terras regularizadas, gua paraconsumo humano e gua para produo de

    alimentos bsicos. Um projeto-piloto j foirealizado em Acau, alto serto da Paraba,que beneficiou 130 famlias. A idia espa-lhar o programa pela regio.

    Extrado do site www.cliquesemiarido.org.br

    Tecnologia e Trabalho46

    MOS A OBRA!

    1 Primeiro o traado da cisterna

    2 escavando e colocando

    as placas laterais

    3 fixandoas placas laterais

    4 impermeabilizando

    as paredes externas

    5 agora s chover, cabra!

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    O homem e a mquinaTEXTO 18

    Luis Fernando Verissimo

    A

    bre a porta. Entra o Senhor Pacheco.

    Bom dia, Senhor Pacheco. Sente-se, por favor. Temos

    uma tima notcia para o senhor.Sim, senhor.

    Como o senhor deve saber, Senhor Pacheco, contratamos

    uma firma de psicomputocratas para fazer testes de aptido

    nos dez mil empregados desta firma. Precisamos nos atualizar.

    Acompanhar os tempos.

    APTIDO

    Ilustrao:Alcy

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    Tecnologia e Trabalho48

    Sim, senhor.

    Os dez mil testes foram submetidos a um computador, h

    dois minutos, e os resultados esto aqui. O senhor o primeiro

    a ser chamado porque o computador nos forneceu os resulta-

    dos em rigorosa ordem alfabtica.

    Mas o meu nome comea com P.

    Hum, sim, deixa ver. Pacheco. Sim, sim. Deve ser por

    ordem alfabtica do primeiro nome, ento. Este computador

    de quarta gerao. Nunca erra. Como seu primeiro nome?

    Xisto.

    Bom, isso no tem importncia. Vamos adiante. Vejo aqui

    pela sua ficha que o senhor est conosco h vinte e oito anos,

    Seu Pacheco. Sempre na seo de entorte de fresos. O senhor

    nunca falhou no servio, nunca tirou frias, e j recebeu nosso

    prmio de produo, o Alfinete de Alumnio, dezessete vezes.

    Sim, senhor.

    O senhor comeou na seo de entorte de fresos como faxi-

    neiro, depois passou a assistente de entortador, depois entorta-

    dor, e hoje o chefe de entorte.

    Sim, senhor.

    Me diga uma coisa, Senhor Acheco...

    Pacheco.

    Senhor Pacheco. O senhor nunca se sentiu atrado para

    outra funo, alm do entorte de fresos? Nunca achou que

    entortar no era bem sua vocao?

    Nunca, no Senhor.

    Pois veja s, Senhor Pacheco. O computador nos revela que

    a sua verdadeira vocao no o entorte de fresos e sim o bis-toque de tronas!

    Texto 18 / O homem e a mqu ina

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    Sim, senhor.

    O senhor um bistocador de tronas nato, segundo o com-

    putador. No fantstico? E ainda tem gente que critica a tec-

    nologia. O senhor era um homem deslocado no entorte de fre-

    sos e no sabia. Se no fosse o teste, nunca ficaria sabendo.

    Claro que essa situao vai ser corrigida. O senhor, a partir

    deste minuto, deixa de entortar.

    Sim, senhor.

    Quanto o senhor ganha conosco, Senhor Pacheco, depois

    de vinte e oito anos? Mil, mil e duzentos?

    Quinhentos, no contando os alfinetes.

    Pois, sim. E sabe quanto ganha um iniciante no bistoque

    de tronas? Mil e quinhentos! No fantstico?

    Sim, senhor.

    S tem uma coisa, Senhor Pacheco. Nossa firma no traba-

    lha com tronas. Pensando bem, ningum trabalha com tronas,

    hoje em dia.

    Olha, tanto faz. No mesmo? Eu estou perfeitamente satis-

    feito no entorte, faltam s vinte anos para me aposentar e...

    Senhor Pacheco, ento a firma gasta um dinheiro para

    descobrir a sua verdadeira vocao e o senhor quer jog-la

    fora? Reconheo que o senhor tem sido um chefe de entorte

    perfeito. Alis, o computador no descobriu ningum com apti-

    do para o entorte. Vai ser um problema substitu-lo. Mas no

    podemos contestar a tecnologia. O senhor est despedido. Por

    favor, mande entrar o seguinte, por ordem alfabtica, o Senhor

    Roque Lins. Passe bem.

    Sim, senhor.Sai o Senhor Pacheco. Fecha a porta

    Extrado do livro O nariz Coleo Para Gostar de Ler, volume 14.

    So Paulo: tica, 2005.

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    Vou lhe contar, cidado,Uma histria bem brejeiraQue comeou numa feiraPelas bandas do sertoE de forma bem ligeiraChegou terra inteiraCausando admirao.

    Severino Rio Grande

    Fazia muito cordelFalava at de bordel

    Assim a arte se expandeDe soldado, coronel,Matuto, arranha-cu,Falava at de Gandhi.

    Com ele no tinha manha,Sofria mas agentava,Sabia que a dor passava,Pois foi at na AlemanhaCom tudo ele rimavaE o povo se admirava um homem de faanha

    Seus cordis ele vendia

    Numa feira bem pequenaEra sempre a mesma cenaCom risada e cantoriaDesde o tempo da galenaEra uma mensagem plenaDe amor e alegria

    Desenvolvimento tecnolgicoTEXTO 19

    Tecnologia e Trabalho50

    Walter Medeiros

    A PELEJA DO

    CORDEL DE FEIRACOM A INTERNET

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    Com uns tipos manuais

    Muitos impressos faziaE assim ele viviaQuerendo um mundo de pazMas ningum compreendiaQuando dizia que um idaIa sair nos jornais.

    Pois aquele cordelistaDanou-se pra capital

    Foi morar no arealAli bem perto da pistaSua cidade natalSoube um dia, afinal,Que se tornou jornalista.

    Mexendo com linotipoTelex e off setNo fax pintou o seteSem falar no teletipoFazia at enqueteS no comia giletePois no achava bonito.

    Mas com aquele seu dom

    Muita coisa ele faziaSempre tinha uma poesiaRecitada em bom tomTinha saudade da tiae qualquer hora do diaescutava acordeon

    Os anos foram passandoo tempo no vai pra trs

    e aquele nosso rapazia se adaptandoa tudo que a vida traznada nunca demaise foi se modernizando.

    A maquininha OlivettiQue usou anos seguidosInda tinha nos ouvidosQual serpentina e confeteMas a marca dos sabidosQue ganhou novos sentidos

    Agora era a Internet.

    Nem mesmo questionouA nova moda lanadaE de forma enviesadaSeus cordis l colocouFoi uma festa danada

    A homepage lanadaQue ao mundo lhe levou

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    Pois agora na InternetO cordel vai mais distante

    Basta somente um instanteE a histria se repeteSo Gonalo do AmaranteParis, Itu, num berranteTodo mundo se derrete

    Sempre aparece questoSobre esse novo meioMas somente esperneioDe gente falando em voBasta fazer um passeioSem cavalo e sem reioPara entender o bordo.

    Quando veio pra cidadeSeverino no deixouNa terra que lhe criou

    A sua habilidadeFoi com ele e ele usou

    O dom que Deus lhe legouPra sua felicidade.Se por falta de cordelPra seus versos pendurarConfesso que vou mandar

    Desenhar assim ao luDepois vou fotografarE no site publicar

    Ao lado do meu farnel.

    Do jeito que algum falaDo cordel que foi pra webCom certeza no concebe

    Algo que chegou salaDo pequenino casebreQue no pode criar lebreMas tem um micro na mala

    Por que o computadorPode chegar ao sertoE na Internet noTem lugar pra rimador? uma aberraoGrande discriminaoQue ele no tolerou.

    Acho que dei o recadoQuem quiser diga o contrrioPois em todo abecedrioTem algum inconformadoE nesse rimar dirioQuero o futuro no preo

    Mas no esqueo o passado.

    Tecnologia e Trabalho52

    Texto 19 / Transformae s no Trabalho

    Walter Medeiros: [email protected]

    Extrado do site http://paginas.terra.com.br/arte/ cordel

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    Tecnologia e cot id ianoTEXTO 20

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    TECHNOLOGICAL OVERDOSES Randy Glasbergen

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    Hoy tanto en Europa como en Latinoa-

    mrica el telfono mvil se ha trans-

    formado en un elemento impres-

    cindible para la vida de las personas, tanto

    chicos como adultos. Y su uso habitual ha

    cambiado los modos de comunicacin dia-

    rios, que son ms por motivos personales

    que profesionales.La posesin de un telfono mvil era

    smbolo de riqueza y ascenso social. Ese

    escenario cambi rpidamente en Amrica

    Latina, al mismo tiempo que el capital

    privado irrumpa en las telecomunicacio-

    nes. Millones de personas de ingresos mo-

    destos accedieron en los ltimos aos a su

    primer telfono, que fue un celular.

    Segn la Unin Internacional de lasTelecomunicaciones (UIT), en 1990 haba

    100.000 lneas de telefona mvil en

    Latinoamrica, y en 1999 la agencia de la

    ONU calcul que eran 38 millones. Hoy,

    expertos del sector privado, aseguran que

    120 millones de celulares resuenan bajo el

    cielo latinoamericano.

    Brasil tena apenas cinco millones

    cuando se privatizaron las telecomunica-

    ciones en 1998, y slo entre enero y agosto

    incorpor al mercado otras 5,2 millones.

    Este ao, las lneas celulares superaron los

    40 millones, un milln ms que las fijas.Una de las causas de este fenmeno es

    que la telefona mvil se abarat nota-

    blemente mediante las tarjetas prepa-

    gas, nica modalidad para que muchos

    latinoamericanos pobres pudieran acceder

    a un telfono. A esto se sum el surgi-

    miento de un mercado informal de telfono

    mvil de usados y robados, incluso en pues-

    tos callejeros.En algunos pases, como Brasil y Uru-

    guay, adoptar la telefona mvil permiti

    superar la histrica brecha entre la de-

    manda y la oferta del servicio, notable-

    mente en zonas rurales.

    Tecnologia de comunicaoTEXTO 21

    Tecnologia e Trabalho54

    EL IMPRESCINDIBLETELFONOMVIL

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    Oficina de bolsillo

    Un telfono mvil dice ahora muy

    poco sobre la condicin social o econmica

    de quin lo porta. Para un amplio sector

    de la poblacin, s un artculo de primera

    necesidad: electricistas, fontaneros, alba-

    iles, pintores y trabajadores informales

    hacen del celular su oficina mvil y pueden

    as ser llamados en cualquier momento,

    donde estn, para pequeos servicios. Para

    ellos es un instrumento de trabajo.

    Los delincuentes tambin aprovechan

    esta tecnologa

    El celular prepagado, ideal para la

    accin clandestina, es indispensable para

    el narcotrfico en Brasil. Tanto que las

    autoridades establecieron un registro obli-

    gatorio de usuarios.

    Hoy es tan comn el uso del telfono

    mvil que la imagen ya no tiene mucho

    que ver con tener o no, sino con el tipo y

    marca de telfono mvil que se posee.

    Texto adaptado de La Revista (Uso livre): www.publispain.com/

    revista/el-imprescindible-telefono-movil.htm

    El telfono mvil se

    ha transformado

    en un elemento

    imprescindible para

    la vida de las

    personas.

    Opinin: Yo lo hago y les aseguro que como elms comn de los mortales hace 10 aos, no lo

    necesito. Que en situaciones es til, no lo dudo,

    que genera dependencia tampoco. Una escalera

    tambin es til en algunos momentos y no la

    llevamos por la calle. Respeto a quienes lo llevanpero les animo a tratar de dejarlo una temporada

    y sopesen si les interesa la comunicacin telefni-

    ca inmediata o su tiempo libre. Por cierto puedo

    pagarlo y no tengo tecnofobia, utilizo Internet:

    televisin, DVD,MP3 No utilizarlo es una opcin

    libre.

    Se puede vivir sin mvil?

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    Oconsumo de energia eltrica parailuminao no mundo no igual-mente distribudo pela superfcie da

    Terra, como se pode observar pelo mapaacima*. Ao lado de concentrao de con-sumo h espaos vazios significativos.

    O continente africano, por exemplo, pos-

    sui pontos de grande consumo no extremonorte e no extremo sul, alm de pontos aolongo do litoral, mas seu interior, apesar depovoado, tem consumo reduzido. A regioda Amaznia internacional, na Amrica doSul, possui pequeno contingente populacio-

    nal apesar da imensido da rea, e, ao con-trrio, os Estados Unidos, o Canad, a Euro-pa e o Japo apresentam uma luminosidademuito grande. China e ndia tambm sedestacam, mas no em proporo gran-deza de suas populaes. Podemos afirmarque os pases mais desenvolvidos do mundo

    so os que mais consomem energia eltricapara iluminao.

    Extrado da revista Desafios do Desenvolvimento Ano II,

    n 11 Junho de 2005.

    *O mapa em questo uma montagem, pois o planeta Terra no permite captar

    imagem noturna, simultaneamente, em toda a sua superfcie.

    LUZES MAL DISTRIBUDAS

    Acesso tecnologiaTEXTO 22

    Tecnologia e Trabalho56

    Aumento do consumo

    de energia eltrica

    Entre 1994 e 2004Fonte: Ipedata/Eletrobras Foto: Nasa

    36,4%

    72,1%

    40,3%36,8%

    42% o aumentoregistradono perodo

    Indstria Comrcio Residencial Outros

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    ProjeoTEXTO 23

    Ser admirvel o nosso novo mundo? A quem serve esta civi-

    lizao que se diz moderna e funcional e, ao aparato das

    tcnicas, sacrifica o esprito?... O esprito, considerado reali-

    dade menor, o esprito tolerado, quando no reprimido... Qual o

    lugar do homem, numa sociedade dominada pela mquina? Qual

    o caminho para o indivduo que reivindique a liberdade interior

    e o direito sua... individualidade, sua singularidade? Para o

    indivduo que queira caminhar pelos prprios ps? Aldous

    Huxley, um dos maiores escritores contemporneos, descreve,

    em Admirvel Mundo Novo, com fantasia e ironia implacvel, a

    sociedade futura totalitarista. Simplesmente, o universo que ogrande romancista ingls anima pertence, de certo modo, aos

    nossos dias. Quase j no pode considerar-se uma ameaa:

    tomou corpo. O que empresta leitura dessa obra uma fora tr-

    gica invulgar. Mundo novo? Mundo intolervel? Mundo inabit-

    vel? Mundo de onde se deve fugir, de qualquer maneira? Ou

    mundo a reconstruir pedra por pedra? Com uma pureza recon-

    quistada? Aldous Huxley deixa esse montinho de problemas que

    o leitor poder se quiser e souber... resolver...

    Captulo primeiro

    Um edifcio cinzento e atarracado, de apenas trinta e quatro

    andares, tendo por cima da entrada principal as palavras:

    Centro de Incubao e de Condicionamento de Londres-

    Central e, num escudo, a divisa do Estado Mundial:

    ADMIRVELMUNDO NOVO

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    Texto 23 / Projeo

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    COMUNIDADE, IDENTIDADE, ESTABILIDADE

    A enorme sala do andar trreo estava virada ao norte. Apesardo vero que reinava no exterior, apesar do calor tropical da pr-

    pria sala, apenas fracos raios de uma luz crua e fria entravam

    pelas janelas. As batas dos trabalhadores eram brancas, e as suas

    mos, enluvadas em borracha plida, de aspecto cadavrico. A

    luz era gelada, morta, espectral, apenas dos cilindros amarelos

    dos microscpios ela recebia um pouco de substncia rica e viva,

    que se espalhava ao longo dos tubos como manteiga.

    Isto disse o diretor, abrindo a porta a Sala da

    Fecundao.No momento em que o diretor da Incubao e do Condicio-

    namento entrou na sala, trezentos fecundadores, curvados sobre

    os seus instrumentos, estavam mergulhados naquele silncio em

    que apenas se ousa respirar, naquela cantilena ou assobio incons-

    ciente com que se traduz a mais profunda concentrao. Um

    grupo de estudantes recm-chegados, muito novos, rosados e

    imberbes, comprimia-se, possudo de uma certa apreenso e tal-

    vez de alguma humildade, atrs do Diretor. Cada um deles leva-

    va um caderno de notas, no qual, cada vez que o grande homemfalava, rabiscavam desesperadamente. Bebiam a sua sabedoria

    na prpria fonte, o que era um raro privilgio. O D.I.C. de

    Londres-Central empenhava-se sempre em conduzir pessoalmen-

    te a visita dos novos alunos aos diversos servios.

    Unicamente para lhes dar uma idia de conjunto, explica-

    va-lhes ele, pois era necessrio, evidentemente, que possussem

    um simulacro de idia de conjunto, j que se desejava que fizes-

    sem inteligentemente o seu trabalho. Era conveniente, porm,

    que essa idia fosse o mais resumida possvel se se quisesse que,mais tarde, eles fossem membros disciplinados e felizes da so-

    ciedade, dado que os pormenores, como se sabe, conduzem

    virtude e felicidade, e as generalidades so, sob o ponto de

    vista intelectual, males inevitveis. No so os filsofos, mas

    sim aqueles que se entregam s construes de madeira e s

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    colees de selos, que constituem a estrutura da sociedade.

    Amanh acrescentou, dirigindo-lhes um sorriso cheio debonomia, mas ligeiramente ameaador comearo a trabalharseriamente e n